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DETERMINAÇÃO DO TEMPO LETAL MÉDIO DA AZADIRACTINA NO CONTROLE DE Plutella xylostella
¹Robson Thomaz Thuler
RESUMO:
Embasamento Teórico - Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae) é um microlepidóptero
de coloração parda, conhecido popularmente como traça-das-crucíferas. É frequentemente
encontrada no cultivo de brássicas, sendo considerada uma das principais pragas em cultivos de
couve, couve-flor, couve-brócolis e repolho, com preferência por essa última variedade, a qual
pode causar perdas de até 100% se não manejada corretamente. O uso de inseticidas é freqüente
nesses plantios e a seleção de populações resistentes vem sendo relatadas em todo mundo.
Problemática investigada - Mediante a seleção de populações resistentes observada em plantios
de brássicas por todo mundo, cada vez mais tem se tornado importante pesquisas para o
desenvolvimento de alternativas para o controle da traça-das-crucíferas, como a utilização de
inseticidas naturais. Nesse contexto, o nim, que possui como composto ativo a Azadiractina, tem
sido uma das principais alternativas, porém, com poucas pesquisas que apresentem resultados
contundentes para pragas de difícil controle como a traça.
Objetivo - O objetivo do trabalho foi determinar o tempo letal médio para mortalidade de P.
xylostella pela utilização de Azadiractina.
Metodologia - A mortalidade foi avaliada 2, 4, 6, 8, 10, 12, 18, 24 e 48 horas após o
confinamento. Foram utilizadas três diferentes concentrações 0,3; 0,5 e 0,7%, tendo em vista a
indicação de não ultrapassar 1% de concentração devido à possibilidade de fitoxidez. A todas as
dosagens foi adicionado o espalhante adesivo Tween® 80 (50ml/100 L de água); com 5 repetições.
Foi utilizada também, uma testemunha composta por água e espalhante adesivo Tween80® 0,05%.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de Probit para obtenção do tempo letal médio
(TL50).
Resultados - As mortalidades aumentaram ao longo do tempo, mostrando a tendência positiva da
mesma e o potencial do nim para o controle da traça. Contudo, tais mortalidades não
ultrapassaram 40% com nenhuma das concentrações. Esse fato indica que para melhorar a
determinação do potencial do nim no controle da praga, deverão ser elaborados novos
experimentos em que a mortalidade seja avaliada num maior espaço de tempo, mesmo que
aumentando o número de horas entre as avaliações.
Conclusão - Avaliando a evolução dos resultados, é possível concluir que a mortalidade
aumentaria, se fosse observada durante mais tempo.
Contribuição do estudo para a área – As respostas obtidas com esse estudo podem auxiliar no
direcionamento de novos estudos com produtos naturais à base de diferentes plantas que possuam
atividade contra espécies-praga de difícil controle.
Lacuna de estudo – Investigação para obtenção de respostas a doses de Azadiractina entre 0,7 e
1,0% e avaliar por período de tempo maior para obtenção de estimativas de controle com posterior
teste em casa de vegetação e campo.
Palavras-chave: Traça-das-cruciferas, inseticida orgânico, brassica oleracea.
INTRODUÇÃO
O controle de pragas agrícolas, como a traça-das-crucíferas é realizado quase que
exclusivamente com aplicação de inseticidas de largo espectro de ação, devido principalmente a
sua eficácia e facilidade de uso. Entretanto, o uso abusivo de inseticidas pode ocasionar a redução
de populações de inimigos naturais, intoxicação do homem, contaminação ambiental e aumento da
possibilidade de surgimento de insetos resistentes (Villas Boas, et al., 1990). Essa situação
evidencia a necessidade de se buscar métodos alternativos de combate a essas pragas, de modo
que, o dano ao meio ambiente e ao homem seja minimizado.
O inseticida usado nesse trabalho – Azadiractina – é derivado do óleo de uma planta da
família Meliaceae originária da Índia e Birmânia, o Neem ou Nim (Azadirachta indica), que
possui atividade biológica sobre o comportamento e o crescimento de artrópodes (Schmutterer,
1990; Conrick, 1994). Essa variedade de componentes reduz de modo significativo a ocorrência de
fenômenos de tolerância e resistência ao fítoterápico (Mulla e Tianyun, 1999). Por ser um
inseticida natural é uma forma alternativa de combate a traça-das-cruciferas, além de não afetar o
ambiente e mamíferos em geral.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Entomologia do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triangulo Mineiro – Campus Uberaba (LE-IFTM).
O experimento foi conduzido num delineamento inteiramente casualisado (DIC) em
esquema fatorial, constando de 3 concentrações do inseticida à base de Azadiractina (Natuneem)
(0,3; 0,5 e 0,7%), adicionando-se espalhante adesivo Tween 80®, e 9 períodos de observação: 2, 4,
6, 8, 10, 12, 18, 24 e 48h após o confinamento das lagartas, além de uma testemunha pulverizada
apenas com água e espalhante adesivo (0,05%). Foram utilizadas cinco repetições por tratamento,
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sendo estas constituídas por uma placa de Petri plástica de 9cm de diâmetro, com o fundo
recoberto por papel filtro circular, levemente umedecido. Círculos de folha de couve foram
pulverizados utilizando-se uma pistola de micropintura, acoplada à bomba de vácuo calibrada a
uma pressão de 0,3650kgf/cm2, de forma a aplicar 0,5mL da suspensão do inseticida por lado do
círculo foliar. O processo de pulverização foi efetuado em capela e direcionado a cinco discos de
folha de couve cv. Manteiga, contidos em um recipiente plástico, para que não houvesse
contaminação nas aplicações decorrentes, tal processo foi realizado uma vez na parte adaxial, e
uma vez na abaxial da folha. Após as pulverizações de um mesmo tratamento a ponteira da pipeta,
o recipiente plástico e o frasco de erlenmeyer foram trocados evitando assim a contaminação dos
demais tratamentos.
Após a pulverização os discos de repolho foram dispostos em placa de Petri forrada com
papel absorvente para que não houvesse escoamento superficial e consequente contaminação dos
tratamentos. Ao final de cada processo de pulverização de um determinado inseticida foi realizada
a tríplice lavagem da micropistola de pulverização, incialmente com uma pulverização de 2,5 mL
de álcool e posteriormente duas pulverizações de 2,5 mL de água por lavagem.
Os discos de repolho já pulverizados e secos foram dispostos em placas de Petri contendo
papel filtro umidificado. Posteriormente foram colocadas dez lagartas por placa de Petri, sobre as
folhas tratadas, fechando-se as placas e lacrando com filme plástico.
As avaliações de mortalidade iniciaram-se imediatamente após 2 horas do confinamento
das lagartas, em cada tratamento/repetição. A contagem consistiu na verificação da mortalidade da
população de lagartas no intervalo de tempo pré-determinado. As lagartas mortas eram eliminadas
e o acompanhamento da mortalidade se deu até a formação das pupas. Os dados obtidos foram
submetidos a análise de Probit (Finney, 1971) para obtenção do tempo letal médio (TL50).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foi possível observar altas mortalidades ocasionadas pela Azadiractina nas diferentes
concentrações utilizadas 0,3; 0,5 e 0,7%, que ocosionaram 36, 38 e 38% respectivamente. No
entanto, após o período de 48 horas a mortalidade nesse tratamento continuou acontecendo, o que
remete à necessidade de programar avaliações em tempos diferentes dos testados.
Em 48 horas, pela inclinação da reta e pelos valores de χ2 obtidos, não significativos para
todas as concentrações de Azadiractina, é possível inferir que a mortalidade total ocorreria após o
segundo dia, tendo em vista ainda o modo de ação da Azadiractina que ocorre de maneira idêntica
ao dos reguladores de crescimento de insetos, como observado por Thuler et al. (2007). Os dados
seguiram o modelo de Probit, o que permite confiar nos valores de TL50 obtidos.
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A inclinação das retas geradas para as concentrações 0,3 e 0,5% foram consideradas iguais,
uma vez que pelo teste de Probit a hipótese de paralelismo entre as retas foi aceito e a de igualdade
entre as mesmas, negada, ou seja, retas diferentes concorrem para uma mesma porcentagem de
mortalidade ao fim de 48 horas, no entanto as hipótese de paralelismo foi negada para a
concentração de 0,7%, indicando um aumento mais acentuado da mortalidade no decorrer do
tempo.
CONCLUSÕES OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que apesar de eficiente, a Azadiractina ocasiona mortalidade de maneira
mais lenta que a esperada, sendo necessários testes com avaliações em maior espaço de tempo.
REFERÊNCIAS
CONRICK, J. Neem - The ultimate herb. Winter Park, Florida: Hopeful Communication,
1994. 66p.
FILGUEIRA, F.A.R. ABC da olericultura: guia da pequena lavoura. São Paulo: Agronômica
Ceres. 1987.
FINNEY, D. J. Probit analisis. 3 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1971. 205 p.
MULLA, S.; TIANYUN, S. Activity and biology effects of neem products against arthropods
of medicai and veterinary importance. J. Am. Mosquito Contr. Assoc., v.15, p.133-152, 1999.
SCHMUTTERER, H. Properties and potencial of nature pesticides from the nim tree
Azadirachta indica. Ann. Rev. Entomol., v.35, p.271-297, 1990.
THULER, R.T.; BORTOLI, S.A; BARBOSA, J.C. Eficácia de inseticidas químicos e produtos
vegetais visando ao controle de Plutella xylostella. Científica, Jaboticabal, v.35, n.2, p.166 -
174, 2007.
VILLAS BOAS GL; CASTELO BRANCO M; GUIMARÃES AL. 1990. Controle químico da
traça-das-cruciferas em repolho no Distrito Federal. Horticultura Brasileira 8: 10-11.
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