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DIMENSIONAMENTO DE UMA COLUNA STRIPPER PARA DESCONTAMINAÇÃO DE TRS DO CONDENSADO DE UM PROCESSO DE EVAPORAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CELULOSE GODOI, Thales Rangel Franco de 1 MORAES, Francisco de Assis Bertini 2 RESUMO: A crescente necessidade na redução de resíduos e consumo de água na indústria da celulose, leva ao investimento em melhorias para seus processos de fabricação. Para obtenção da fibra de celulose, a lignina sofre processos de dissolução no licor de cozimento, gerando o licor preto que, antes de ser aproveitado na queima da caldeira, precisa passar por processo de concentração passando de 15 para 75% de sólidos. Esse processo gera um evaporado que, quando condensado, torna-se toxico, não podendo ser tratado juntamente aos efluentes da fábrica devido a sua concentração de compostos voláteis como: metanol (CH 3 OH), metil mercaptana (CH 3 SH), sulfeto dimetila (CH 3 SCH 3 ), dissulfeto dimetila (CH 3 S 2 CH 3 ) e sulfeto de hidrogênio (H 2 S). Esses compostos voláteis chamados de “gases não condensáveis” com compostos de enxofre (ou TRS – compostos reduzidos de enxofre) precisam ser removidos do condensado, sendo, posteriormente, encaminhados para desumidificação e queimados nos fornos de cal na indústria de celulose. Deste modo o trabalho tem como objetivo a validação de metodologia para o dimensionamento de uma coluna Stripper utilizada no processo de separação de compostos voláteis de TRS da água evaporada no processo de concentração do licor preto, utilizando valores de dimensões calculados, comparando-os a uma coluna pré- 1 Thales Rangel Franco de Godoi é discente de graduação em Engenharia Química (2020) pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E-mail: [email protected] 2 Francisco de Assis Bertini Moraes possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983) e mestrado em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário de Araraquara (2011). Professor da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E-mail: [email protected] 1 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

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DIMENSIONAMENTO DE UMA COLUNA STRIPPER PARA DESCONTAMINAÇÃO DE TRS DO CONDENSADO DE UM PROCESSO DE EVAPORAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CELULOSE

GODOI, Thales Rangel Franco de1

MORAES, Francisco de Assis Bertini2

RESUMO: A crescente necessidade na redução de resíduos e consumo de água na indústria da celulose, leva ao investimento em melhorias para seus processos de fabricação. Para obtenção da fibra de celulose, a lignina sofre processos de dissolução no licor de cozimento, gerando o licor preto que, antes de ser aproveitado na queima da caldeira, precisa passar por processo de concentração passando de 15 para 75% de sólidos. Esse processo gera um evaporado que, quando condensado, torna-se toxico, não podendo ser tratado juntamente aos efluentes da fábrica devido a sua concentração de compostos voláteis como: metanol (CH3OH), metil mercaptana (CH3SH), sulfeto dimetila (CH3SCH3), dissulfeto dimetila (CH3S2CH3) e sulfeto de hidrogênio (H2S). Esses compostos voláteis chamados de “gases não condensáveis” com compostos de enxofre (ou TRS – compostos reduzidos de enxofre) precisam ser removidos do condensado, sendo, posteriormente, encaminhados para desumidificação e queimados nos fornos de cal na indústria de celulose. Deste modo o trabalho tem como objetivo a validação de metodologia para o dimensionamento de uma coluna Stripper utilizada no processo de separação de compostos voláteis de TRS da água evaporada no processo de concentração do licor preto, utilizando valores de dimensões calculados, comparando-os a uma coluna pré-existente já em operação na indústria International Paper do Brasil situada em Mogi Guaçu – SP.

PALAVRAS-CHAVE: Dimensionamento Stripper, Stripping, GNC, Celulose, Lignina

ABSTRACT: The growing need to reduce waste and water consumption in the pulp industry leads it to invest in improvements to its manufacturing processes. To obtain the cellulose fiber, the lignin undergoes dissolution processes in the cooking liquor, generating the black liquor, which before being used in the boiler burning needs to go through a concentration process going from 15 to 75% solids. This process generates an evaporate which, when condensed, is toxic and cannot be treated together with the factory effluents due to its concentration of volatile compounds such as: methanol (CH3OH),

1 Thales Rangel Franco de Godoi é discente de graduação em Engenharia Química (2020) pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E-mail: [email protected] 2 Francisco de Assis Bertini Moraes possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (1983) e mestrado em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário de Araraquara (2011). Professor da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro, Mogi Guaçu, São Paulo. E-mail: [email protected]

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methyl mercaptan (CH3SH), dimethyl sulfide (CH3SCH3), dimethyl disulfide (CH3S2CH3) and hydrogen sulfide (H2S). These volatile compounds called "non-condensable gases" with sulfur compounds (or TRS - reduced sulfur compounds) need to be removed from the condensate and subsequently sent to dehumidification and burned in the lime kilns in the cellulose industry. In this way the work aims to validate the methodology for the dimensioning of a Stripper column used in the process of separating volatile compounds from TRS from evaporated water in the black liquor concentration process, using calculated dimension values, comparing them to a pre-existing column already in operation in the International Paper do Brasil industry located in Mogi Guaçu - SP.

KEYWORDS: Stripper Dimensioning, Stripping, CNG, Cellulose, Lignin

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a necessidade de reduzir a geração de resíduos e

o consumo de água vem incentivando as indústrias a buscar melhorias de

procedimentos e tecnologias, como pesquisas realizadas por Oliveira et al.

(2008) com redução do uso da água em plantas industriais.

A crescente utilização do conceito de tecnologias mais limpas nas

instituições de pesquisas em empresas privadas, em seus trabalhos, mostra a

importância da redução dos contaminantes na fonte de forma prioritária à

redução do volume de efluentes gerados. Nos diversos projetos em unidades

industriais, estas têm adotado práticas preventivas, com vistas à minimização

de resíduos em todas as etapas do processo produtivo (LIN, 2007).

Apesar da atuação na fonte ser a forma mais recomendada em termos

ambientais, alguns equipamentos com tecnologia fim de tubo têm importância

fundamental para adequação dos efluentes orgânicos em operações

industriais.

Na indústria de celulose, a madeira passa por um processo de

cozimento para dissolver a lignina no licor de cozimento e liberar as fibras de

celulose para posterior tratamento. A lignina dissolvida pelo licor de cozimento

gera o licor preto que, antes de ser aproveitado para queima em caldeira de

recuperação química, é concentrado de 15% para 75% de sólidos em

evaporadores múltiplo-efeitos. Neste processo de evaporação é gerado um

evaporado na forma de um condensado contaminado e muito tóxico para o

tratamento de efluentes (MORAES, 2011).

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Este condensado, sendo a maior parte com concentração de compostos

voláteis como metanol (CH3OH4), metil mercaptana (CH3SH), sulfeto dimetila

(CH3SCH3), dissulfeto dimetila (CH3S2CH3) e sulfeto de hidrogênio (H2S), é

enviado para a coluna Stripper que tem como objetivo produzir um condensado

de alto grau de pureza e propiciar sua reutilização, como água limpa no

processo de fabricação de celulose. Os compostos voláteis removidos do

condensado chamados de “gases não condensáveis” com compostos de

enxofre (ou TRS – compostos reduzidos de enxofre), são encaminhados para

remoção de umidade e posterior queima nos fornos de cal na indústria de

celulose (VILARROEL, 2005).

Dentro desse contexto, este trabalho propõe o dimensionamento de uma

coluna de stripping do condensado da evaporação do licor negro na indústria

de celulose visando obter a máxima eficiência com o menor custo de consumo

de vapor na operação de uma coluna stripper. Esta utilizada no processo de

produção de celulose para separar compostos voláteis de enxofre (TRS) no

condensado oriundo da água evaporada na concentração do licor negro em

evaporadores de múltiplo-efeito.

Desta forma, como se determinou na prática industrial o melhor valor

operacional da relação molar (V/L) e consequentemente o melhor valor de fator

de dessorção de fundo (Si), será possível averiguar se o método de Krenser-

Brown e O’Connell para determinação do número real de bandejas é adequado

para projeto, comparando o resultado do número de bandejas dimensionado,

assim como as dimensões da coluna com as existentes em colunas já

instaladas na indústria.

2. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DE UMA COLUNA “STRIPPER”

Coluna Stripper, onde ocorre o arrastamento por vapor, pode ser usada

para a remoção de compostos orgânicos voláteis e difere da remoção com ar

em dois importantes aspectos: o vapor é condensável, e a temperatura de

operação é alta, o que reduz a solubilidade do soluto no líquido de alimentação.

Invariavelmente, a alimentação é uma solução aquosa, e a pressão de

operação pode variar ao longo de uma vasta gama de valores. Um balanço

geral de calor mostra que, há uma mínima taxa de vapor de água para evitar a

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condensação completa (e, portanto, não dessorção) na unidade. O vapor pode

ser direto (vapor vivo) ou gerado num reboiler de reaproveitamento

(BRADBURY, 2008).

Nas colunas de pratos de extração, o condensado contaminado que

contém componentes voláteis é inserido no topo do separador, sobre os pratos

em cascata ao longo da coluna, até atingir a parte inferior. O vapor de stripping

é introduzido abaixo do prato inferior e flui para cima através das bandejas. O

vapor e as fases líquidas são intimamente misturados em cada prato, gerando

uma mistura que tende ao equilíbrio de transferência de calor e massa, quando

a fase líquida libera os componentes voláteis para o vapor, resultando em uma

abordagem para o equilíbrio de transferência de calor e de massa durante a

qual o componente volátil é preferencialmente transferido do líquido para a fase

de vapor, conforme ilustrado na Figura 1 (SANTOS, 2010). No passado, alguns

estudos de transferência de massa em colunas de enchimento não mostraram

adequado contato do vapor de água com o soluto (BRADBURY, 2005).

O número de “bandejas” ou “pratos” exigidos num sistema particular é

determinado pela volatilidade relativa dos componentes voláteis em

comparação com o líquido de transporte. Esta volatilidade relativa determina a

extensão da transferência do componente volátil em cada estágio de equilíbrio

ou estágios "teóricos". Em geral, quanto maior for a volatilidade relativa dos

componentes voláteis, menos estágios teóricos ou pratos será

necessário. Assim, é possível calcular o número de pratos teóricos necessários

para conseguir a remoção desejada, e atingir a concentração de fundo

desejada no condensado limpo. 

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Figura 1 - Escoamento de líquido e vapor numa coluna de stripping Fonte: Santos, 2010.

3. PROJETO DE UMA COLUNA “STRIPPER”

Existem vários métodos para o cálculo do número teórico de bandejas

(N) que são bem descritos na maioria dos livros de transferência de massa.

Utiliza-se o método de Mc-Thielle e mais comumente o de Krenser-Brown para

soluções diluídas, conforme equação abaixo:

N=ln( Esi−S i

Esi−1 )−1Si=K i∗(VL )

Onde:

E si : eficiência da coluna na remoção do soluto da fase líquida pelo

vapor;

Si : fator de dessorção de fundo para o soluto i;

K i : constante de equilíbrio de fases nas condições de temperatura e

pressão de trabalho da coluna;

(VL ): relação de vazão total de vapor por vazão total de líquido na

coluna.

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Como Ki é a relação das frações de soluto em equilíbrio nas fases

líquida e vapor (yi/xi), quando multiplicado pela relação (V/L), o fator de

dessorção de fundo (Si) representa a relação molar de soluto na fase vapor de

saída e o soluto na fase líquida na entrada da coluna, nas condições de

equilíbrio. Portanto, o fator de dessorção de fundo representa a condição

operacional na coluna, onde ocorre a máxima eficiência de remoção de soluto

numa determinada vazão de vapor, adicionado no fundo da coluna, em relação

a vazão de líquido adicionado no topo, ou seja, V/L máximo. Acima deste valor,

a eficiência de remoção de soluto não mais se altera.

A eficiência média das bandejas para a coluna geral (Eoc) é obtida a

partir da Figura 2, elaborada por O”Connell para calcular o número de pratos

real em relação ao teórico, ou seja:

N R=N

( Eoc

100 )A qual, tem como objetivo, promover a máxima aproximação da

concentração de equilíbrio na fase gasosa na saída de torre. Normalmente a

resistência na fase líquida domina, assim, há a necessidade de um número

razoável de pratos (FAIR, 2006).

Figura 2 – Eficiência Média das Bandejas para a coluna geral

Fonte: Fair, 2006

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Seria possível colocar a mesma imagem com melhor resolução?
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Os gases de saída encontram-se bastante úmidos e a condensação da

água se faz necessária através de condensadores e/ou demister´s.

Normalmente, utiliza-se água desmineralizada neste condensador, como forma

de reaproveitamento de calor. Um fluxograma típico de uma dessorção a vapor

é mostrado na Figura 4.

Na indústria de celulose, com produção de 1000 a 4000t/dia de celulose,

utilizam-se colunas que variam de 20 a 60 pratos com fluxo de 90 a 400m3/h de

condensado contaminado, sendo o gás obtido seco em condensadores e

demister´s e encaminhado para a queima em forno de cal ou caldeira auxiliar.

Muitas instalações possuem duas colunas em série, sendo a 2ª coluna

destinada à remoção de metanol, que é condensado em temperaturas

inferiores a 50°C e desta forma separado do GNC (gases não condensáveis)

(VILARROEL, 2005).

O controle da eficiência de remoção de compostos orgânicos voláteis é

feito através da relação de fluxo de vapor em relação ao fluxo de condensado

contaminado alimentado. A retirada de condensado limpo é realizada através

do controle de nível no fundo de coluna e a dos gases pelo controle de uma

determinada pressão negativa na saída do condensador. A Figuras 3 mostra

uma foto da coluna e bandeja e a Figura 4 ilustra o controle operacional.

Figura 3. Fotos de uma coluna e bandeja stripping

Fonte: Autor, 2020.

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Figura 4 - Controle operacional do processo numa coluna de stripping

Fonte: Autor, 2020.

4. METODOLOGIA E RESULTADOS OBTIDOS

A coluna stripper industrial utilizada para comparação com metodologia

de projeto, possui um diâmetro de 2,0m, 30 estágios de pratos espaçados a

cada 0,6m, altura de 18,0m, fundo de 2,5m e topo de 1,0m, com altura total de

21,5m, fazendo parte das instalações industriais da International Paper do

Brasil situada em Mogi Guaçu - SP.

O vapor utilizado é saturado a 5 bar de pressão e a temperatura de

entrada do condensado no stripper é de 90°C, sendo de 60°C antes do

aquecimento com o condensado tratado. Os valores de projeto do condensado

a ser tratado no stripper são 270m³/h a 90°C e uma pressão interna de

operação em 3,0 bar. A Figura 5 ilustra o fluxograma P&I utilizado para o

estudo.

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Figura 5. Fluxograma de processo e instrumentação utilizado no trabalho

Fonte: Autor, 2020

A alimentação de condensado contaminado contém 9.200mg/l de

compostos de TRS e é alimentada para uma coluna de pratos, onde o TRS é

dessorvido com um fluxo em contracorrente de vapor saturado a 5 bar de

pressão. Este projeto tem como objetivo atingir uma eficiência de remoção de

90,0% de TRS e atingir no condensado de saída a concentração de 920mg/l.

Os cálculos determinarão para comparação:

Número de estágios reais;

Altura para a coluna de pratos, topo e fundo;

Diâmetro da coluna de pratos, topo e fundo.

4.1. BALANÇO DE MASSA NO SISTEMA DE STRIPPING

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Eduardo Morales, 29/11/20,
Se possível, melhorar a definição desta imagem.
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A Figura 6 abaixo, ilustra o balanço de massa no sistema de stripping do

condensado contaminado de TRS, oriundo dos 4 primeiros efeitos da

evaporação de múltiplo efeito do licor preto. O condensado limpo é utilizado no

processo de caustificação em substituição a água tratada e o gás de TRS é

queimado na caldeira de biomassa.

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COLUNA

STRIPPER

EVAPORAÇÃO

6 EFEITOS

Figura 6. Fluxograma com Balanço de Massa no Sistema de Stripping

Fonte: Autor, 2020

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4.2. CONSTANTE DE EQUILÍBRIO E RELAÇÃO IDEAL DE FATOR DE DESSORÇÃO

A constante de equilíbrio de fases média na temperatura de trabalho de

130°C na coluna é: K = 8,5, ou seja, para uma determinada fração molar na

fase liquida, a fração molar na fase gasosa é 8,5 vezes maior.

A Figura 7 abaixo, elaborada com base em dados reais, ou seja, em

colunas de stripping já instaladas, mostra que a relação ideal de fluxo de vapor

por fluxo de condensado (V/L) está por volta de 0,12, sendo assim, uma das

principais informações de projeto.

Figura 7. Eficiência de coluna stripper

Fonte: Moraes, 2018

Desta forma, o fator de dessorção é:

S=K∗(VL )=(8,5)∗(0,12)=1,02

4.3. NÚMERO DE ESTÁGIOS IDEAIS PARA OPERAÇÃO

Devido à alimentação muito diluída, o fator de dessorção altera-se pouco

em toda a coluna, possibilitando a utilização da equação de Krenser para o

cálculo do número de estágios ideais:

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E si=XN+1−X1XN+1−X 0

¿ =SiN+1−S i

SiN+!−1

N=

ln (E si−Si

E si−1 )ln Si

−1

Onde,

Esi = eficiência de dessorção do componente i;

XN+1 = moles-i/mol-líquido livre de solutos, entrando no topo;

X1 = moles i por mol de líquido livre de solutos, saindo condição (em

baixo);

X 0¿ = moles i por mol de líquido livre de solutos, determinado como em

equilíbrio com i na entrada de gás dessorvido;

N = estágios ideais;

Si = fator de dessorção para o componente i;

Si=(V∗K i )

L= 1A i '

;

VL = razão molar vapor/líquido.

Substituindo os valores, obtemos:

N=ln( 0,90−1,020,90−1,00 )

ln (0,2 )=9,40

4.4. NÚMERO DOS ESTÁGIOS REAIS DE OPERAÇÃO

Para determinar o número de estágios reais, necessitamos determinar a

eficiência da coluna, obtida pelo gráfico de O'Connell (Figura 8), podendo ser

usado para projetos preliminares e projetos finais.

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Figura 8. Curva de Eficiência da Coluna

Fonte: Fair, 2009

Sabe-se que:

K = 8,5

μL = 0,5%

ρLM = 3,47mol/ft³

Substitundo valores, obtemos:

K∗μLρLM

=8,5∗0,53,47

=1,22→Eoc=30% (obtido pelo gráfico)

Para a determinação do número de estágios reais (NR) utiliza-se a

fórmula:

N R=N

( Eoc

100 )

Substituindo os valores, obtemos:

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N R=9,40

( 30100 )=32

4.5. DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO DA COLUNA

Para determinar o diâmetro da coluna de recheio, é necessário encontrar

a velocidade superficial do gás para um determinado espaçamento de pratos

na coluna, através do gráfico abaixo (Figura 9),

Figura 9. Curva de Csb

Fonte: Fair, 2009

No eixo x, temos:

Parâmetros de Fluxo (PF )= LV

∗( ρGρL )0,5

Onde:

LV

= 1

(VL )→ L

V= 10,12

→ LV

=8,33

15

50

316

317

318319

320

321

322

323

324325326

327

328

329

330

331

332

5152

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Substituindo valores, obtemos:

PF=8,33∗( 1,65141000 )0,5

=0,30

Assim, para PF de 0,30 e espaçamento de pratos de 0,60m, obtemos o

valor de Csb no eixo y:

C sb=0,07

A partir disso é possível determinar a velocidade superficial do gás (Us), para 85% do ponto de inundação, através da equação:

U s=0,85C sb f

A r

AN∗√ ρG

ρL−ρG∗[ 20σ ]

0,2

Substituindo os valores, temos:

U s=0,85∗0,07

{1,10∗[ 1,6514(1000−1,6514 ) ]

0,5

∗(2060 )0,2}

=1,66m /s

Considerando o princípio da continuidade para o gás, temos:

V(m3

s )=A (m2 )∗U s(ms )

→A (m2 )=V (m3 )

U s(ms )

Sendo a área transversal representada pela seguinte expressão:

A=π∗D2

4→ V

U s= π∗D2

4→D=√( 4∗Vπ∗U s )

Sabe-se que a vazão de gás é 32.426,00kg/h, porém é necessário transforma-la para m³/s antes de substituir na equação da área transversal.

V=32.426( kgh )

∗( 1h3600 s )∗( 1m3

1,6514 )=5,45m3

s

A partir disso é possível determinar o diâmetro e a área transversal:

D=√( 4∗5,45π∗1,66 )=2,04m

A=π∗( 2,044 )=3,46m2

16

53

333

334

335

336

337

338

339340341

342

343344

345

346347

348

349350351

352

353354355

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359

360

361

5455

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4.6. DETERMINAÇÃO DA ALTURA DA COLUNA

A altura da coluna (H) pode ser determinada a partir da seguinte

expressão:

H=N R∗espaçamento+Alturado topo+Alturado Fundo

Altura do topo=2∗espaçamento entre pratos

Alturado fundo=5∗espaçamento entre pratos

.

Assim:

H= (32∗0,60 )+(2∗0,60 )+(5∗0,60 )=23,40m

Ou seja: 23,40m entre a tangente das calotas superior e inferior

4.7. COMPARAÇÃO DAS DIMENSÕES DA COLUNA REAL VERSUS PROJETADA

A comparação das dimensões da coluna “Stripper” real e projetada estão

contidas na Tabela 1, que leva em consideração vazão de 270m³/h de

condensado contaminado com 9.200mg/l de TRS e eficiência de remoção de

TRS de 90%.

Tabela 1. Comparação entre coluna “Stripper” real e projetada.

Parâmetro Real Projetada

Estágios Reais 30 32

17

56

362

363364

365

366

367

368

369

370

371

372

373

374

375

376

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378

379380381

382

383

384

385

386

387

388

389

390

391

392

393

394

5758

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Espaçamento de Pratos (m) 0,6 0,6

Altura de Pratos (m) 18 19,2

Altura do Topo (m) 1,0 1,2

Altura do Fundo (m) 2,5 3,0

Altura Total (m) 21,5 23,4

Diâmetro 2,0 2,1

Como podemos observar, não houve diferença significativa entre as

dimensões reais da coluna instalada na International Paper em Mogi Guaçu-SP

e a projetada conforme metodologia demonstrada.

4.8. FICHAS 1 e 2 DE ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DA COLUNA

Abaixo temos as representações das fichas de especificação do

processo de cálculo de coluna de stripper com todos os dados operacionais,

dimensões e material utilizado, sendo a folha de especificação (1) a Figura 10 e

a folha de especificação (2) a Figura 11.

18

59

395

396

397

398

399

400401

402

403

404

405

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6061

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Figura 10. Folha de Especificação (1)

Fonte: Autor, 2020

19

62

407408409

410

6364

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Figura 11. Folha de especificação (2)

Fonte: Autor, 2020

4.9. DESENHO TÉCNICO DA COLUNA STRIPPER

A partir da determinação das dimensões da coluna e com o auxílio do

programa AutoCad 2015 foi possível a elaboração do desenho técnico da

coluna stripper projetada (Figura 12).

20

65

411412413

414

415416

417

418

419

6667

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Figura 12. Desenho técnico da coluna stripper projetada

Fonte: Autor, 2020

21

68

420421422

423

424

6970

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5. CONSIFERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados obtidos nesse trabalho, podemos confirmar

que, o uso de metodologia de engenharia para dimensionar uma coluna

Stripper para descontaminação de TRS do condensado de um processo de

evaporação na indústria de celulose é viável.

Como demonstrado, os resultados obtidos são totalmente semelhantes

aos valores dimensionais de uma coluna Stripper que se encontra em

funcionamento na International Paper de Mogi Guaçu.

As medidas calculadas, possuem correlação numérica, aproximando-se

do modelo real, assim, podemos tomar como confiável a adoção desse método

para um projeto de dimensionamento de uma coluna Stripper, considerando os

valores de substâncias a serem separadas por esse método.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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American Public Health Association, American Water Works Association, Water Environmental Federation.Standard methods for the examination of water & wastewater : TRS(mg-S⁻²/l) 4500-S²⁻Iodometric Method pag.4.176 and COD(mg-O2/l) 5220C-Closed Reflux Titrimetric Method, pag.5.18. 21st. Edition, Washington-DC,2005.

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Bradbury, S. Upgrade of existing foul condensate stripping incorporating metanol recovery on AS pulp mil. TAPPI Journal, 3,61, New Jersey, 2008.

Fair, J. N. Absortion and Stripping of Gases. Albright´s Chemical Engineering Handbook. CRC Press, London, 2009.

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Oliveira, R. Processos de Recuperação Química na Indústria de Celulose e Papel. ABTCP-Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel. Comissão de Recuperação Química, 2008.

Rodrigues, D.V. Tratamento de gases odorosos no processo de celulose kraft. Fíbria Celulose e Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, 2006.

22

71

425426

427

428

429

430

431

432

433

434

435

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439440

441442

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448449

450451452

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457458459

460461462

7273

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Santos, A.C.C. Melhoria do desempenho ambiental de um stripper de amônia. Revista da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, XI-2005 , 2010.

Villarroel, R. Evaporação do Licor Negro na Indústria de Celulose. Universidade Federal de Viçosa. Curso de especialização em celulose e papel. Viçosa-MG, 2006.

Villarroel, R. Metanol como fator de risco na queima de GNCC em caldeiras de recuperação. Fibria celulose e Universidade federal de Viçosa, Curso de especialização em celulose e papel. Viçosa, 2005.

23

74

463464465

466467468

469470471

472

473

474

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7576