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RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS: UM PROBLEMA RECORRENTE NO BRASIL 1 MILANI, Mônica 2 MORALES, Eduardo Marin RESUMO O estudo tem como objetivo uma conceituação dos agrotóxicos presentes nos alimentos no Brasil expondo análises de amostragem dos resíduos de agrotóxicos utilizados encontrados acima dos parâmetros permitidos por lei nos últimos anos, bem como agrotóxicos proibidos. Foi utilizada a metodologia de pesquisa literária, objetivando a coleta e avaliação de dados através de vários artigos e sites pesquisados, como Google Acadêmico, Scielo e Capes, referentes ao tema e assuntos relacionados. Os critérios de inclusão dos artigos, incialmente para a revisão levaram em conta textos em português com publicações recentes, realizadas entre 2000 e 2018. O impacto da utilização de agrotóxicos sobre a saúde vem preocupando a população, pelo fato de desconhecimento da porção de agrotóxicos ingerida. No entanto, existem poucos dados sobre intoxicações por agrotóxicos por causa do país não apresentar fiscalização eficaz. Mediante a problemática considera-se a agroecologia um caminho fundamental para conquistarmos a transição para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis, principalmente com relação ao efeito dos agrotóxicos, existe a necessidade de mais pesquisas a longo prazo de seus efeitos múltiplos na saúde do ser humano. Palavras-chave: Agrotóxicos; Alimentos; Resíduos; Agricultura; Brasil. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

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RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS: UM PROBLEMA RECORRENTE NO BRASIL

1MILANI, Mônica

2MORALES, Eduardo Marin

RESUMO

O estudo tem como objetivo uma conceituação dos agrotóxicos presentes nos alimentos no Brasil expondo análises de amostragem dos resíduos de agrotóxicos utilizados encontrados acima dos parâmetros permitidos por lei nos últimos anos, bem como agrotóxicos proibidos. Foi utilizada a metodologia de pesquisa literária, objetivando a coleta e avaliação de dados através de vários artigos e sites pesquisados, como Google Acadêmico, Scielo e Capes, referentes ao tema e assuntos relacionados. Os critérios de inclusão dos artigos, incialmente para a revisão levaram em conta textos em português com publicações recentes, realizadas entre 2000 e 2018. O impacto da utilização de agrotóxicos sobre a saúde vem preocupando a população, pelo fato de desconhecimento da porção de agrotóxicos ingerida. No entanto, existem poucos dados sobre intoxicações por agrotóxicos por causa do país não apresentar fiscalização eficaz. Mediante a problemática considera-se a agroecologia um caminho fundamental para conquistarmos a transição para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis, principalmente com relação ao efeito dos agrotóxicos, existe a necessidade de mais pesquisas a longo prazo de seus efeitos múltiplos na saúde do ser humano.

Palavras-chave: Agrotóxicos; Alimentos; Resíduos; Agricultura; Brasil.

1 Aluna de Graduação em Nutrição – Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFM. E-mail: [email protected]

2 Professor Doutor da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro – FMPFM. E-mail: [email protected]

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ABSTRACT

The study aims at a conceptualization of pesticides present in food in Brazil exposing sampling analysis of the pesticide residues used above the parameters allowed by law in recent years, as well as prohibited pesticides. The methodology of literary research was used, aiming to collect and evaluate data through various articles and websites searched, such as Google Scholar, Scielo and Capes, related to the theme and related subjects. The inclusion criteria of the articles, initially for the review, took into account texts in Portuguese with recent publications, performed between 2000 and 2018. The impact of the use of pesticides on health has been worrying the population, due to the lack of knowledge of the portion of pesticides ingested. However, there is little data on pesticide poisoning because the country lacks effective enforcement. Agroecology is considered a fundamental way to achieve the transition to healthier and more sustainable food systems, especially regarding the effect of pesticides..

Keywords: Pesticides; Foods; Waste; Agriculture; Brazil.

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1. INTRODUÇÃO

Os agrotóxicos apresentam fundamental dificuldade quanto à saúde

pública, tendo em vista o grandioso volume observado nas fábricas de

agrotóxicos e em suas imediações, na agricultura, na contrariedade às

endemias e demais setores, nas redondezas de áreas agrícolas, além de

todos os indivíduos, em geral, consumidores dos alimentos contaminados. O

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(Ibama) publica desde 2000 boletins anuais de comercialização de agrotóxicos

no Brasil. Em 2013, foram 495,7 mil toneladas de pesticidas vendidos,

enquanto em 2017 o número chegou a 539,9 mil toneladas. O recorde foi

registrado em 2016, com 541,8 mil toneladas vendidas. Os valores de 2018

ainda não foram divulgados. Mas a expectativa é que os números tenham

aumento e sigam crescendo neste ano (GRIGORI, 2019).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a

liberação da aquisição, a começar por sementes transgênicas e seu

espalhamento nas áreas agricultáveis estão associadas ao crescimento do

uso, tendo em ideia a utilização intensa de herbicidas, responsáveis por quase

metade do volume usado, seguidos pelos fungicidas e inseticidas (ANVISA,

2013).

Os resultados do Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos

em Alimentos, produzido pela ANVISA (2013), indicam que em 2011 somente

22% das amostras analisadas estavam livres desses contaminantes. Chama a

atenção a figura de ao menos dois agrotóxicos não registrados no Brasil: o

azaconazol e o tebufempirade, sugerindo contrabando dos produtos e

desequilíbrio por parte das políticas públicas. Desta maneira, a problemática

parte da seguinte questão: quais os problemas recorrentes no Brasil oriundos

do consumo de alimentos com agrotóxicos?

Frente ao exposto, o presente estudo tem por objetivo geral ressaltar

informações generalizadas sobre agrotóxicos e suas atribuições estratégicas,

bem como estabelecer dados estatísticos e bibliográficos sobre o consumo

destes através de resíduos em alimentos no Brasil. Para tal, o trabalho

apresenta uma conceituação geral acerca dos agrotóxicos presentes nos

alimentos no Brasil; expõe análises de amostragem dos resíduos utilizados

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não permitidos bem como os encontrados acima dos parâmetros permitidos

por lei nos últimos anos; destaca as formas que o consumo de alimentos com

resíduos de agrotóxicos afeta a vida dos indivíduos brasileiros; e, por fim,

enaltece sistemas orgânicos de produção. Assim, este estudo se justifica por

apresentar os problemas do consumo de alimentos com resíduos de

agrotóxicos no Brasil, visto a necessidade da produção dos estudos e

desenvolvimento de capacidades, com inclusão de profissionais vigentes no

trabalho e na formação científica e social.

O desenvolvimento do presente artigo encontra-se subdivido em quatro

principais tópicos, listados respectivamente da seguinte maneira:

Conceituação acerca dos agrotóxicos no Brasil; Resíduos permitidos e não

permitidos utilizados nos últimos anos; Os malefícios do consumo de

alimentos com resíduos de agrotóxicos; Sistemas Orgânicos de Produção.

2. METODOLOGIA

Foi utilizada a metodologia de pesquisa literária, extraída de artigos

sobre o tema, a coleta de dados foi realizada através de vários artigos e sites

pesquisados, como Google Acadêmico, Scielo e Capes, referentes ao tema e

assuntos relacionados. O método utilizado foi a revisão de literatura, onde os

critérios de inclusão foram estudos relacionados à “Resíduos de agrotóxicos

em alimentos: problema recorrente no Brasil”. A seleção dos artigos foi

realizada com a avaliação do título, seguida pela leitura dos resumos. Entre as

bibliografias selecionadas, destacam-se os autores: Carneiro et al. (2012);

Costa e Rohlfs (2011); Rangel; Rosa e Sarcinelli (2011). Os critérios de

inclusão dos artigos, inicialmente para a revisão levaram em conta textos em

português com publicações feitas entre 2000 e 2018.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Agricultura Brasileira e o Uso de Agrotóxicos

Diminuir perdas na lavoura, bem como garantir alimentos em porção e

qualidade adequados para indivíduos em plena expansão demográfica

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apresenta-se como o grande desafio relacionado à produção de alimentos no

mundo. Assim, a utilização de agrotóxicos é considerada, por diversos

setores, necessária para o crescimento da produtividade das áreas destinadas

à agricultura, especialmente motivadas pelo controle de insetos-pragas,

responsáveis pelas grandes perdas verificadas ao longo da produção de

alimentos (SANTOS; AREAS e REYES, 2007).

A agricultura brasileira tem apresentado números cada vez mais

expressivos, tanto relacionados à produção, plantio, bem como nas

tecnologias empregadas no campo. Análogo desenvolvimento leva

similarmente ao uso de maiores quantidades de agrotóxicos na fabricação

(ANVISA, 2006).

Os possíveis efeitos ocasionados pela exposição a agrotóxicos tantos

dos permitidos como os que não são permitidos variam quanto ao requisito

desta exposição, a frequência, a predisposição, o estado veiculado e o

elemento a qual foi exposto. Segundo a Anvisa (2011) há o aumento do risco

dietético para os consumidores que ingerem o alimento contaminado (entre os

quais o próprio trabalhador pode estar incluído), uma vez que esse uso não foi

considerado no cálculo da Ingestão Diária Aceitável (IDA) e que este risco se

agrava à medida que esse agrotóxico é encontrado em um número maior de

alimentos comercializados.

No Brasil, a ANVISA vem monitorando os teores de agrotóxicos em

alguns tipos de alimentos de consumo diário, por meio do Programa de

Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Os dados

arranjados com este programa evidenciam um alerta aos produtores e

autoridades do meio agrícola conectados aos afazeres na utilização de

agrotóxicos. Dados do PARA em correlação as 3.130 amostras analisadas,

indicaram que 744 possuíam ingredientes ativos não autorizados,

representando 23,8% do total e, 88 amostras tinham graus de agrotóxicos

acima do limite de resíduos (LMR) correspondendo a 2,8% do total (COSTA;

ROHLFS, 2011).

Os dados do PARA relacionados às substâncias proibidas no Brasil nos

alimentos analisados e consumidos pelos indivíduos, demonstra que os

mecanismos de controle do estado são deficitários ou ineficientes para

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garantir que os agrotóxicos já banidos não sejam mais usados em localidade

nacional (COSTA; ROHLFS, 2011).

De acordo com informações do INCA (2015), os agrotóxicos são

produtos químicos sintéticos usados para eliminar insetos ou ervas no local

campestre, que prejudiquem de qualquer maneira a fabricação agrícola. A

cultura da utilização de agrotóxicos no Brasil teve início por meio do decênio

de 1960, quando um plano foi empregado pelo governo e forçou os

agricultores a adquirir uma prestação definida de agrotóxicos para consumo

de influência campestre. Com isto, o uso de agrotóxicos aumentou de forma

demasiada, ajudando para a supressão de costumes opcionais e

ecologicamente saudáveis de controle de pragas (JOBIM et al., 2007). Jobim

et al. (2007) similarmente reforça os efeitos dos agrotóxicos. De acordo com

os autores, o resultado aprofundado acontece especialmente visto que há três

principais vias de absorção de agrotóxicos: a dérmica, a digestiva e a

respiratória. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais comuns,

afetando, principalmente, os indivíduos expostos em seu local de trabalho

(descrição ocupacional). Este tipo de botulismo caracteriza-se pelos seguintes

efeitos: estresse da pele e olhos, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos,

dificuldades respiratórias, convulsões e morte.

Com a expansão das áreas agrárias sem planejamento territorial, houve

o aumento dos impactos ocasionados pela utilização dos agrotóxicos sobre o

local, elevando, desta maneira, a contaminação do ar, do solo, das águas e as

enfermidades em pessoas e animais. O receio dos agrotóxicos nos

ecossistemas e, consequentemente, na saúde humana levanta questões

especialmente pelo fato de que a maior parte dos agrotóxicos usados em

lavouras são capazes de acumular-se em distintos organismos, elevando sua

taxa efêmera e ajudando para a contaminação de alimentos, corpos d’água e

do solo (LIMA, 2010).

De acordo com INCA (2015), as intoxicações crônicas são capazes de

prejudicar todos os indivíduos, uma vez que resultam da exposição múltipla

aos agrotóxicos, ou seja, da inclusão de resíduos desses em alimentos, assim

como também no local. Barros (2010) atenta que a essencial motivação de

contaminação por agrotóxicos se efetua devido ao manuseamento inadequado

desses produtos, por parte dos trabalhadores rurais.

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Percebe-se que a inclusão de resíduos de agrotóxicos não acontece

apenas em alimentos in natura, porém em vários produtos alimentícios

industrializados, como biscoitos, pães, cereais matinais, salgadinhos e demais

outros que contenham ingredientes como o trigo e a soja, podendo existir

similarmente nas carnes e leites de animais que se alimentam de dose com

apontamento de agrotóxicos (INCA, 2015).

O impacto da utilização de agrotóxicos sobre a saúde vem preocupando

cada vez mais a população, principalmente pelo fato de desconhecimento da

porção de agrotóxicos ingerida. A contaminação pode ocorrer por três

principais vias responsáveis pelo impacto direto da contaminação humana: a

ocupacional, que se caracteriza pela contaminação dos trabalhadores que

manipulam essas substâncias; a ambiental, que acontece a partir de

dissipação/subdivisão dos agrotóxicos durante as várias aplicações do meio

local; e a alimentar que se efetua pela contaminação relacionada ao consumo

de produtos contaminados por agrotóxicos (MOREIRA et al., 2002).

Os efeitos à saúde ocasionados pela exposição aos agrotóxicos podem

ser classificados como agudos ou crônicos. Os efeitos agudos ocorrem a

começar por uma única exposição e frequentemente em doses altas, já efeitos

passam a ser considerados crônicos a partir de exposições a doses baixas

durante um longo período. Várias das intoxicações são capazes de provocar

redução das defesas imunológicas, fraqueza, impotência sexual, cefalalgia,

falta de sono, modificações de pressão arterial, distimia e distúrbios de

comportamento (LEVIGARD; ROZEMBERG, 2004).

Contudo, a utilização de pesticidas é uma estratégia essencial no

campo para a prevenção de pragas agrícolas, procurando maior produtividade

com menor esforço (CANTARUTTI, 2005). Já o uso de pesticidas de utilização

veterinária evita perdas na produtividade devido às enfermidades parasitárias.

Ainda que o controle químico de pragas tenha serenado o índice de doenças

para homens e animais e ampliado a produtividade, estes agentes químicos

são capazes de ficar ativos no meio local por longos períodos, afetando os

ecossistemas. Os efeitos desses agentes durante o tempo representam um

grande perigo para a saúde pública, enaltecendo a importância da auditoria e

da vigilância desses produtos em águas, solos, alimentos e ar. A garantia de

mantimento de contaminantes é primordial para a prevenção de doenças,

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especialmente num país como o Brasil, que enfrenta sérias complicações de

esterilidade nutricional e de acesso ao sistema público de saúde (CALDAS;

SOUZA, 2000).

3.2. Conceituação acerca dos agrotóxicos no Brasil

O uso em massa de agrotóxicos na agricultura começa do decênio de

1950, nos Estados Unidos, com a inclusão da “Revolução Verde”, que teria a

finalidade de renovar a área agrícola e reforçar sua produtividade. No Brasil,

este movimento chega no decênio de 1960 e, com a implantação do Programa

Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), ganha estímulo no decênio de

1970. O programa vinculava o uso dessas substâncias à concessão de

créditos agrícolas, sendo o Estado um dos principais incentivadores dessa

execução (SIQUEIRA et al., 2013; JOBIM et al., 2010).

O termo agrotóxico passou a ser empregado no Brasil por meio do

Princípio Federal nº 7.802, de 89, regulamentado pela Prescrição nº 4.074, e

traz o posterior conceito: compostos de substâncias químicas destinadas ao

controle, exterminação ou prevenção, direta ou indiretamente, de agentes

patogênicos para ervas e animais benéficos e aos indivíduos (SANTANA;

MOURA; NOGUEIRA, 2013).

Nos dias de hoje, o Brasil também tem políticas públicas que fomentam

a utilização e o comércio de agrotóxicos mantidos pela influência da bancada

ruralista na Câmara Nacional. Exemplos disso são o esforço irrisório de

repartição de produtos na ANVISA e a dispensa, na maior parte dos estados,

do Imposto sobre a Circulação de Mercadores e Serviços (ICMS) (SOARES;

PORTO, 2012).

De acordo com Jobim et al. (2010), essa tecnologia agrícola, no

entanto, ao mesmo tempo que gera desenvolvimento econômico, está

relacionada à riscos ao ambiente local e à saúde humana. A área agrícola no

Brasil avança a cada ano, e, nos dias de hoje, o país é um dos principais

produtores agrícolas do mundo. Isso levou à uma expansão de 190% o

mercado de agrotóxicos no Brasil no último decênio, colocando o país em

primeiro lugar no ranking mundial de uso a partir de 2008. Somente na safra

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de 2010 e 2011, foram consumidas um total de 936 mil toneladas de

agrotóxicos (RIGOTTO; VASCONCELOS; ROCHA, 2014).

As legislações brasileiras que regulamentam a repartição, a fabricação,

a utilização e o comércio dessas substâncias em sua localidade se iniciaram a

partir da década de 70. Além dos ocasionais processos, exemplificados pela

liberação de produtos proibidos em muitas regiões do mundo, a grande

fraqueza está na fiscalização e nas atitudes adotadas para que tais

legislações sejam cumpridas.

Agrotóxicos são substâncias derivadas de processos físicos, químicos

ou biológicos, usadas na fabricação, armazenamento e beneficiamento de

produtos agrícolas. São normalmente utilizados em pastagens, proteção de

florestas, nativas ou implantadas, e de mais ecossistemas e similarmente de

ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja intenção seja adulterar o

composto da flora ou da fauna, com a finalidade de preservá-las em oposição

aos danos provocados por organismos considerados nocivos; bem como

qualquer elemento e produto, dessecantes, estimuladores e inibidores de

desenvolvimento. Define também como componentes, os princípios ativos, os

produtos técnicos, suas matérias-primas, os ingredientes inertes e aditivos

usados na construção de agrotóxicos e afins (BRASIL, 2002).

Os agrotóxicos passaram a ser usados nas lavouras na plenitude da

Revolução Verde, pacote de técnicas e processos que visavam o invento e

modificação dos costumes agrícolas em sistemas mecanizados, com olhos ao

crescimento da fabricação de alimentos. As indústrias que comercializavam os

agrotóxicos, antes usados como armas químicas, substâncias tóxicas capazes

de sacrificar-se, viram na agricultura um novo negócio lucrativo para o seu

consumo, principalmente derivado da urgência de crescimento da fabricação

de alimentos, (LONDRES, 2011).

Dessa maneira, houve um crescimento da fabricação de distintas

culturas produzidas com a aplicação de fertilizantes e agrotóxicos, com o

pretexto que seria necessário para moderar pragas e doenças que afetassem

as culturas, bem como reforçar a fabricação de alimentos para vencer a fome,

atendendo dessa forma os indivíduos (VEIGA et al., 2006; JARDIM;

ANDRADE, 2009,).

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Além disso, o governo, justificando a necessidade de progresso do

campo, implementou políticas para proporcionar o processamento de

expansão dos agrotóxicos. Recursos financeiros foram destinados para a

instalação de companhias nacionais e multinacionais destes produtos usados

na agricultura, os registros foram facilitados e isenções fiscais e tributárias

para consumo dos mesmos foram concedidas. Nos dias de hoje também são

concedidas vantagens para a repartição de agrotóxicos (LONDRES, 2011).

Se por um lado o uso de agrotóxicos favoreceu a intensificação da

fabricação de alimentos seus efeitos se fazem sentir cada vez mais na saúde

humana e no meio local. A utilização dessas substâncias, somadas ao que

vem ocorrendo nas desse então, apesar dos efeitos úteis em termos de

ganhos produtivos têm produzido grandes prejuízos e efeitos indesejáveis à

saúde humana e do meio ambiente local (RANGEL; ROSA; SARCINELLI,

2001).

Neste entrecho Rangel, Rosa e Sarcinelli (2011) citam que cerca de

dois terços do montante completo de agrotóxicos existentes estão voltados

para utilização na área agrária. Tal fato torna os trabalhadores agrícolas mais

susceptíveis ao contato com esses compostos. De acordo com os autores,

após a exposição ocupacional, as principais fontes de contato humano com

agrotóxicos são as ambientais, uma vez que esses produtos evidenciam a

capacidade de acumular-se no ar, água e solo, podendo, assim, ter

potencialidade de provocar danos ao longo do tempo.

Dessa forma, indivíduos podem estar expostos a graus excessivos de

agrotóxicos ao longo do trabalho, por meio da refeição, contato com solos,

água ou ar. Além destas vias de contaminação Rangel, Rosa e Sarcinelli

(2011) destacam também a capacidade de ocorrerem contaminação das

águas subterrâneas, lagos, rios e mais corpos de água, contaminando peixes

e outras fontes de suprimentos vitais para o bem estar humano.

3.3. Resíduos permitidos e não permitidos utilizados nos últimos anos

Com o intuito de identificar produtos que geram agravos aos indivíduos

e, consequentemente, à saúde humana, a ANVISA estabeleceu programas de

controle da contaminação de alimentos, dentre os quais enaltecemos o

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Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). O

PARA teve seu início em 2001, com o intuito de avaliar os graus de resíduos

de agrotóxicos nos alimentos in natura que chegam aos consumidores. As

análises do PARA utilizam como método o Limite Máximo de Resíduo (LMR),

que trata da porção legalmente reconhecida no mantimento, de acordo com

aplicação correta do produto no campo (ANVISA, 2010).

As coletas dos alimentos são realizadas pelas Vigilâncias Sanitárias

(Estaduais/Municipais) de acordo com princípios e guias internacionalmente

aceitos, como o Codex Alimentarius. Esse certificado recomenda que a coleta

seja feita no local em que os indivíduos adquirem os alimentos, com

amostragem realizada com qualidade semelhante ao que será usado. As

coletas são realizadas toda semana no mercado retalheiro, por exemplo

mercados e sacolões, conduzindo-se esboços que envolvem compilação

prévia dos pontos de coleta e das amostras a serem coletadas (CARNEIRO et

al., 2012). Realizou-se uma pesquisa com base nos relatórios do PARA entre

os anos de 2001 à 2015, expondo o número de amostras coletadas e

analisadas, apresentado como resultado a porcentagem de amostras

insatisfatórias, amostras essas onde os alimentos encontravam-se tanto com

excessos acima dos limites máximos permitidos de resíduos agrotóxicos,

como os resíduos não autorizados pela legislação em vigor (Tabela 1).

Tabela 1 - Relatórios do PARA dos anos de 2001 a 2015

Fonte: ANVISA (2008-2016).

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Gráfico 1 - Porcentagem de amostras insatisfatórias

Fonte: ANVISA (2008 - 2016).O Gráfico 1 mostra a tendência de que os alimentos analisados vêm

sofrendo um crescente avanço no quesito de agrotóxicos tanto acima dos

parâmetros permitidos como também contendo outros não permitidos pela

legislação em vigor (ANVISA, 2016).

Nas primeiras análises do PARA de 2001 a 2007 foram apresentados

os resultados apenas das porcentagens dos agrotóxicos encontrados acima

dos limites e os não permitidos, não sendo divulgados os nomes dos

agrotóxicos encontrados (ANVISA, 2008).

Os resultados do PARA de 2008 até 2015, mostram que, além da

utilização de agrotóxicos acima do limite permitido, agrotóxicos não

autorizados e agrotóxicos com restrições e banidos continuam sendo

utilizados no campo, gerando riscos tanto a trabalhadores quanto aos

consumidores pela sua potencialidade toxicológica (ANVISA, 2009; 2010;

2011; 2013; 2016).

3.4. Os malefícios do consumo de alimentos com resíduos de agrotóxicos

O modelo de cultivo no Brasil com uso intenso de agrotóxicos gera

grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e

da população em geral. As intoxicações agudas afetam principalmente as

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pessoas em exposição ocupacional, já as intoxicações crônicas, podem afetar

toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla dos agrotóxicos

(resíduos de agrotóxicos) em alimentos e no ambiente em doses baixas. Os

efeitos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a

correlação com o agente. Dentre os efeitos à exposição crônica podem ser

citados a infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxidade,

desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer (INCA,

2015).

Agrotóxicos da categoria dos fungicidas e pesticidas amplamente

utilizados no Brasil e que causam vários agravos à saúde, tem sido

encontrados nos alimentos analisados pelo Programa de Análise de Resíduos

de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) (CARNEIRO et al., 2012).

Um dossiê realizado por CARNEIRO et al. (2012), mostrou que diversos

autores têm alertado para agrotóxicos, sendo importante enaltecer os

seguintes levantamentos quanto aos princípios ativos utilizados:

- “A cipermetrina, agrotóxico classificado como altamente tóxico

(classe II), e tóxica para os embriões de ratos, incluindo a perda pós-

implantação dos fetos e más-formações viscerais”.;

- “Em linfócitos humanos tratados com cipermetrina, também foram

observadas aberrações cromossômicas e trocas de cromátides

irmãs”;

- “A cipermetrina induziu a promoção de tumores em camundongos”;

- “O epoxiconazol, do grupo do triazol e da classe toxicológica

medianamente toxica (classe III), é um agrotóxico usado como

fungicida em diversas lavouras e interfere com a produção dos

hormônios sexuais feminino e masculino, como mostrado em estudos

utilizando sistemas in vitro de linhagens celulares humanas”;

- “A fenopropatrina, altamente toxica (classe II), provoca alterações

neuromotoras”;

- “O procloraz, uma imidazolilcarboxamida, classificado como

extremamente toxico (classe I), é um desregulador endócrino de

diferentes eixos, diminuindo a produção e síntese de hormônios

corticosteroides e sexuais masculinos e femininos e prejudicando

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diversas funções fisiológicas fundamentais a vida, como a fertilidade

masculina, o metabolismo de nutrientes e a regulação do sistema

imunológico”;

- “O endosulfan e seus isômeros α e β induziram a proliferação, in

vitro, de células de câncer de mama humanas – MCF-7”;

- “O endosulfan pode afetar o sistema endócrino e o metabolismo

orgânico, através de sua atividade nas glândulas hipófise, tireoide,

suprarrenais, mamas, ovários e testículos, provocando efeitos no

metabolismo do organismo e alterando a produção de hormônios,

entre outros, do crescimento (GH), prolactina (PRL),

adrenocorticotrófico (ACTH), estimulante da tireoide (TSH), folículo

estimulante (FSH), luteinizante (LH), triiodotironina (T3), tiroxina (T4),

hormônios sexuais”;

- “O metamidofos, inseticida que também apresenta pronunciado

efeito imunossupressor, diminui ainda a proliferação dos linfócitos T

do timo e a capacidade de formar anticorpos”;

- “Parationa metílica também e um desregulador endócrino, uma vez

que induz a hiperglicemia e a hipoinsulinemia em ratos”.

Embora existam provas já disponíveis sobre os danos à saúde, a maior

parte das pesquisas existentes apontam somente a ocorrência em animais ou

in vitro, assim, analisam a exposição um único ingrediente ativo, cuja situação

frequentemente não acontece na rotina dos indivíduos, que ingerem muito

mais de um ingrediente ativo em somente um tipo de alimento. (CARNEIRO et

al., 2012).

Caso o consumo de frutas e hortaliças pela população brasileira

alcançasse a recomendação da WHO (World Health Organization /

Organização Mundial da Saúde), seis agrotóxicos excederiam a porcentagem

da Ingestão Diária Aceitável (IDA) para crianças, já para adultos, três

agrotóxicos excederiam o IDA, deflagrando o uso indiscriminado de

inseticidas. (FERREIRA et al., 2018).

Perante essa perspectiva, a avaliação de resíduos de agrotóxicos

apresenta-se de extrema importância, podendo ser usada nos programas de

avaliação do governo e pesquisas acadêmicas, visando a proteção da saúde e

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do meio local. Similarmente há poucos dados sobre intoxicações por

agrotóxicos, por causa do feito do país não apresentar um sistema apropriado

de fiscalização, capaz de identificar especialmente os agrotóxicos envoltos

nos casos de intoxicações agudas e crônicas (FARIA; FASSA; FACCHINI,

2007).

3.5. Sistemas Orgânicos de Produção

As agriculturas biodinâmica, biológica, permacultura, ecológica,

agroecológica, regenerativa, sustentável e natural integram as correntes do

movimento orgânico, e o ponto comum entre elas é o objetivo de identificar um

sistema de produção sustentável mediante o manejo e a proteção dos

recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos à saúde

humana e ao meio ambiente, mantendo a diversidade biológica e respeitando

a integridade cultural dos agricultores, não obstante as pequenas diferenças

existentes (SANTOS; MONTEIRO, 2004).

O mercado de produtos orgânicos apresenta algumas dificuldades

como a baixa escala de produção, necessidade do pagamento da certificação,

fiscalização e assistência técnica que, diferentemente do sistema

convencional, representam custos adicionais aos produtores, porém mesmo

diante desses problemas, alguns estudos comparativos entre os sistemas

orgânico e convencional mostraram que o sistema orgânico pode ser

vantajoso e competitivo tanto economicamente quanto ambientalmente

(SANTOS; MONTEIRO, 2004).

A aceitabilidade dos produtos orgânicos, segundo os consumidores

regulares, descreve que suas características sensoriais são melhores do que

os produtos similares convencionais (cultivados com agrotóxicos). Mas é

importante ressaltar que existem poucos estudos disponíveis na literatura

quanto ao aspecto nutricional e sensorial de alimentos orgânicos, embora

vários trabalhos relatem a superioridade dos alimentos orgânicos nestes

aspectos (SANTOS; MOREIRA, 2004).

O INCA apoia a produção de base agroecológica em acordo com a

Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Este modelo otimiza

a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade

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e dos demais recursos naturais essenciais à vida. Além de ser uma alternativa

para a produção de alimentos livres de agrotóxicos, tem como base o

equilíbrio ecológico, a eficiência econômica e a justiça social, fortalecendo

agricultores e protegendo o meio ambiente e a sociedade (INCA, 2015).

O Brasil foi premiado pela Organização das Nações Unidas para

Alimentação e Agricultura (FAO) no prêmio Políticas para o Futuro (Future

Policy Award) de 2018, que destaca as melhores leis e políticas de promoção

da agroecologia do mundo. A Política Nacional de Agroecologia e Produção

Orgânica (PNAPO) recebeu o segundo lugar (Prêmio Prata) por ter contribuído

para o desenvolvimento sustentável, possibilitando melhoria de qualidade de

vida à população por meio da oferta de alimentos saudáveis e do uso

sustentável dos recursos naturais (VERDI, 2018).

“A agroecologia é um caminho fundamental para conquistarmos a

transição para sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis. As

políticas selecionadas são exemplos excepcionais, que apresentam

importantes elementos agroecológicos que suportam essas transições.

Liderança e vontade política são fundamentais para alcançá-los. A FAO

incentiva essa liderança, e está comprometida em dar as mãos para acelerar a

transição necessária”, afirmou a vice-diretora geral da FAO, Maria Helena

Semedo (VERDI, 2018).

4. CONCLUSÃO

Frente ao exposto deste trabalho, é de grande importância enfatizar a

continuidade do PARA (Programa de Avaliação de Resíduos de Agrotóxicos

em Alimentos). Apesar dos alarmantes dados levantados pelo programa, as

últimas análises datam de 2015, mostrando a falta de apoio ao PARA. Com a

finalidade de garantir o trabalho no monitoramento dos níveis de agrotóxicos

em alimentos em nível nacional e sua divulgação para a conscientização da

população e para suporte das políticas públicas, tais levantamentos deveriam

ser retomados e estudados para a avaliação dos riscos relacionados ao

consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos, inclusive proibidos de

serem utilizados no Brasil.

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Evidencia-se que as pesquisas só avaliam os efeitos de cada princípio

ativo isolado, contudo, o que acontece na vida real é o contato e,

consequentemente, o consumo de vários princípios dentro de um mesmo

alimento, caracterizando a extrema necessidade de mais pesquisas à longo

prazo envolvendo esse assunto.

Hoje com tantas transformações nas políticas públicas, observa-se que

as ações e pesquisas sobre os problemas relacionados ao contato e consumo

de agrotóxicos se tornaram ineficientes. Deste modo uma alternativa menos

conturbada e mais assertiva seria o de promover o consumo de alimentos

orgânicos que, devido ao seu processo produtivo, devem apresentar-se livres

de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos relacionados a tantos malefícios para a

saúde humana.

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