voz das Águas 8

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Jornal do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ) Ano 2 – n o 8 – Março/Abril 2012 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Av. Getúlio Vargas, 603 - Salas 304/305/306 – Centro – Araruama/RJ – CEP 28970-000 www.VozDasAguas.com – www.LagosSaoJoao.org.br Impresso Especial LAGOS SÃO JOÃO 9912274607 CORREIOS CORREIOS DEVOLUÇÃO GARANTIDA Empossado o Conselho do Parque Estadual Costa do Sol Páginas 4 e 5 Lagoa Vermelha Foto gentilmente cedida por Waldo Siqueira As artesãs da Cooperativa Nós da Trama, Regina, Lucia e Sandra, que trabalham com resíduos da Wetland Ponte dos Leites Página 7 Programa Agenda Água na Escola é uma das “Soluções para Água” recomendadas pelo 6 o Fórum Mundial Página 3 Edimilson Soares

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Oitava edição do Informativo do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ)

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Page 1: Voz das Águas 8

Jornal do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ)

Ano 2 – no 8 – Março/Abril 2012 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITAAv. Getúlio Vargas, 603 - Salas 304/305/306 – Centro – Araruama/RJ – CEP 28970-000

www.VozDasAguas.com – www.LagosSaoJoao.org.br

ImpressoEspecial

LAGOS SÃO JOÃO9912274607

CORREIOS

CORREIOS

DEVOLUÇÃOGARANTIDA

Empossado o Conselho do Parque Estadual

Costa do SolPáginas 4 e 5

LagoaVermelha

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As artesãs da Cooperativa Nós da Trama, Regina, Lucia e Sandra, que trabalham com resíduos da Wetland Ponte dos Leites

Página 7

Programa Agenda Água na Escola é uma das “Soluções para Água” recomendadas pelo 6o Fórum Mundial – Página 3

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2 Março/Abril 2012Voz das Águas

E X P E D I E N T EE D I T O R I A L

Atlas Água Brasil mapeia osmunicípios pela qualidade da água

Um sistema que mapeia a qualidade da água, o saneamento básico e o impacto na saúde da

população foi desenvolvido pela Fiocruz e Ministério da Saúde. Fru-to de uma parceria entre o Institu-to de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (ICICT) e Secretaria de Vigilância em Saúde, o atlas Água Brasil – Sistema de Ava-liação da Qualidade da Água, Saúde e Saneamento foi coordenado pelo pesquisador do ICICT, Christovam Barcellos, que assumiu a tarefa de organizar as informações do Minis-tério da Saúde, onde havia muitos dados, porém dispersos e sem in-formações sistematizadas. Os atuais dados são oriundos de diversas fon-tes como o Censo Demográfico do IBGE, a Pesquisa Nacional de Sane-amento Básico (também realizada pelo IBGE), o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água (Sisagua), além de informações so-bre agravos à saúde do Ministério da Saúde.

O cruzamento de dados visou facilitar o diagnóstico e a interven-ção governamental na questão da qualidade da água, saneamento básico e saúde. Até agora, as in-formações eram coletadas pelas secretarias de Saúde e se revela-

vam insuficientes para monitorar a situação. Com a publicação do atlas Água Brasil, a relação entre água, saneamento e saúde pode ser melhor avaliada. A existência de banheiro nos domicílios e rede de esgoto nas cidades, a incidência de doenças relacionadas à água e à proteção dos mananciais influem diretamente na qualidade de vida e saúde dos cidadãos. O tratamen-to da água é fundamental para que não haja transmissão de doenças como a amebíase, cólera, dengue, esquistossomose, leptospirose, he-patite A e outras.

Voltado para os gestores de saúde, saneamento e planejamento urbano, o atlas também está sendo usado pela sociedade civil e cida-dãos interessados em conhecer e melhorar o acesso à água, com qua-lidade e segurança. Mesmo com fal-ta de informações de algumas cida-des, é possível ter um mapeamento da situação geral em todo o país, com informações de qualidade, de-vidamente contextualizadas. O atlas Água Brasil – Sistema de Avaliação da Qualidade da Água, Saúde e Sa-neamento está disponível através do endereço eletrônico aguabrasil.icict.fiocruz.br, com links para o Mi-nistério da Saúde. Verdadeiro guia para nortear as políticas públicas

para o setor, o atlas insere a coleta e o tratamento de esgoto como um dever de casa de governos e companhias de saneamento. Mas também o cidadão deve investir no saneamento básico, fazendo sua parte, da porta de casa para dentro, com a construção de instalações sa-nitárias adequadas, banheiro e rede interna de água e esgoto. Em situa-ção de miséria, os governos devem ajudar os moradores, oferecendo financiamento e assistência técnica.

No relatório, há ainda uma avaliação dos recursos hídricos do mundo, a descrição das principais mudanças, incertezas e riscos que ocorrem atualmente e suas ligações com os recursos hídricos. A quali-dade da água, sua escassez e a falta ou precariedade do saneamento básico são assuntos debatidos na ONU, que estabeleceu o dia 22 de março como sendo o Dia Mundial da Água. Segundo dados das Na-ções Unidas, estima-se que 1 bilhão de pessoas não tenha acesso a um abastecimento suficiente de água, o que gera problemas não só de saneamento básico como de saúde. Atenta ao problema, a ONU lançou a 4ª edição do Relatório de Desen-volvimento Mundial da Água no 6º Fórum Mundial da Água, realizado em março, em Marselha, França.

Agenda

Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama, Saquarema e dos Rios São João e Una (CBHLSJ)

Decreto de Criação n.° 36.733, de 8 de dezembro de 2004; instalado em 25 de fevereiro de 2005

Mandato 2011-2012Presidente: Marcello Xavier (Zelão) – Prefeito de Silva JardimVice-presidente: Carlos Gontijo – Superintendente da Concessionária Águas de JuturnaíbaSecretário executivo: Jaime Azulay – Engenheiro da Companhia Estadual de Águas de Esgoto (CEDAE)

Membros do CBHLSJ Poder Público: Prefeituras Municipais de Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo

Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Sa-quarema e Silva Jardim, Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (EMATER-RJ), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) , Instituto Estadual do Ambiente

(INEA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Usuários: Concessionária Águas de Juturnaíba, Concessionária Prolagos, Companhia Estadual de Água e Esgotos (CEDAE), Secretaria de Abastecimento de Água e Esgoto (SAAE) de Casimiro de

Abreu, Associação Livre dos Aquicultores das Águas do São João (ALA), Clube Náutico de Araruama (CNA), Esmeraldas Mineração, Reflorestamento e Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas Ltda, Associação das Empresas Produtoras de Areia de Silva Jardim (APAREIA), Associação dos Pescadores Artesanais e Amigos da Praia da Pitória (APAAPP) de São Pedro da Aldeia, RRX Mineração e Serviços

Ltda, Associação de Pescadores de Iguaba Grande, Associação dos Trabalhadores Rurais de Sebastião Lan Gleba II, Associação Unidos Venceremos dos Produtores do Assentamento Cambucaes (AUVPAC), Colônia de Pescadores Z-6 (São Pedro da Aldeia), Colônia de Pescadores Z-24 (Saquarema), Federação

da Indústria do Rio de Janeiro (FIRJAN/Leste Fluminense), Sociedade Industrial de Granitos (SIGIL) e Sindicato Rural de Silva Jardim.

Sociedade Civil Organizada - ONGs: Associação Mico- Leão-Dourado, Universidade Veiga de Almeida (UVA) Campus Cabo Frio, Organização Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), Associação das Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Sa-quarema (AMEAS), Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (ASAERLA), Centro de Logística e Apoio à Natureza (CLEAN), Associação de Defesa da Lagoa de Araruama (Viva Lagoa), Grupo de Educação para o Meio Ambiente (GEMA), Instituto de Pesquisas e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (IPEDS), Lions Clube de Casimiro de Abreu, Movimento Ambiental Pingo d’Água, Conselho

Regional de Biologia (CRBio), Universidade Estácio de Sá / Campus Cabo Frio, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) - Coordenadoria Regional Leste, Associação do Meio Ambiente da

Região da Lagoa de Araruama (AMARLA), Arte por Arte Brasil.

Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ)Entidade delegatária das funções de competência da Agência de Água do Comitê da

Bacia Hidrográfica Lagos São João, de acordo com a Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI-RJ) nº 47, de 26 de maio de 2010

Presidente: André Luiz Mônica e Silva - Prefeito de AraruamaVice-presidente: Ana Paula Medina - Concessionária Prolagos

Secretário executivo: Mário Flávio Moreira

Coordenadores de programa: Agnes Avellan, Artur Andrade, Denise Pena e Natalia Ribeiro; Assistente Administrativo: Bianca Carvalho

Conselho de Associados do CILSJPoder Público: Secretaria Estadual do Ambiente/Instituto Estadual do Ambiente, Prefeituras dos

Municípios de Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Cachoeiras de Macacu, Iguaba Grande, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.

Empresas privadas: AGM Empreendimentos Hoteleiros, Oriente Construção Civil, Concessionária Rodovia dos Lagos, Concessionária Águas de Juturnaíba, Concessionária Prolagos, Construtora Mil/Villa

Rio, Dois Arcos Transporte e Tratamento de Resíduos Sólidos Ltda. e Tosana Agropecuária S/A.

Plenária das Organizações Não Governamentais: OADS - Organização Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (Adelina Volcker / Ana Maria), suplente: GEMA - Grupo de Educação

para o Meio Ambiente (Lucia Lopes / Gleice Máira), IPEDS - Instituto de Pesquisas e Educação para o Desenvolvimento Sustentável ( Dalva Mansur), suplente: MOMIG - Movimento das Mulheres de Iguaba

Grande (Zilda Santos), VIVA LAGOA (Yan Bonder / Arnaldo Villa Nova), suplente: UEPA-RJ União das Entidades de Pesca e Aquicultura do Estado do Rio de Janeiro (Chico Pescador), AMEAS - Associação

das Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema (Laila Garrido), suplente: ALA - Associação Livre dos Aquicultores das Águas do São João (Sival).

Av. Getúlio Vargas, 603 - Salas 304/305/306 – Centro – Araruama/RJ – CEP 28970-000Telefones: (22) 2665-0750 / (22) 8841-2358

www.lagossaojoao.org.br / [email protected]

Voz das ÁguasJornal do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João

Telefone: (22) 2651-7441www.vozdasaguas.com

[email protected]

facebook.com/vozdasaguas | twitter.com/vozdasaguas

Edição: Tupy Comunicações | Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro 18940)Projeto Gráfico: Subito Creative – www.subito.cr | Edição de Arte: Lia Caldas

Fotógrafo: Edimilson SoaresColaboradoras: Alessandra Calazans e Monique Barcellos

Tiragem: 5.000 exemplares | Gráfica EsquemaConselho Editorial: Layla Garrido, Adriana Pereira, Dalva Mansur,

Arnaldo Villa Nova, Jaime Azulay, Mario Flavio Moreira, Ricardo Machado

C O M U N I C A Ç Õ E S

C Ú P U L A D O S P O V O S

Denunciar as causas da crise socioambiental, apresentar soluções práticas e fortalecer movimentos sociais do Brasil e do mundo. Esses são os 3 pilares da Cúpula dos Povos que vai se rea-lizar durante a Rio+20, entre 15 e 23 de junho. Com a denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital, a Cúpula dos Povos pretende expor as razões dos problemas de ordem social e ambiental do planeta. O atual sistema econô-mico, baseado na alta produção e no consumo, é visto pela Cúpula

dos Povos como um entrave ao desenvolvimento sustentável. O capitalismo estaria encontrando novas formas de exploração e mercantilizando os recursos naturais do planeta. Por isso, a economia verde seria uma farsa e não uma solução.

Com a participação de repre-sentantes da sociedade civil de mais de 20 países, a Cúpula dos Povos vai apresentar novos para-digmas para os graves problemas enfrentados hoje no mundo. Mui-tas das soluções já são praticadas; são alternativas, mas não têm visibilidade. Ficam restritas a uma

região e geralmente não são assu-midas pelos governos. Uma delas é a agroecologia, que permite a produção de produtos agrícolas sem o uso de agrotóxicos, não maltrata o solo e, ainda, gera empregos e renda ao estimular a agricultura familiar. Outra prática é a da economia solidária, que valoriza, acima de tudo, o capital humano, com base no cooperati-vismo para a produção de bens e serviços. Além desses modos de produção, a Cúpula também vai mostrar tecnologias sociais, como a construção de cisternas susten-táveis no semiárido nordestino.

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Voz das ÁguasMarço/Abril 2012 3

Com foco na gestão integra-da dos recursos hídricos no Esta-do do Rio de Janeiro, o Programa Agenda Água na Escola teve uma atuação pioneira nos municípios de Arraial do Cabo, Araruama, Armação dos Búzios e Cabo Frio. O objetivo é a formação de jo-vens gestores ambientais para o monitoramento da qualidade da água e controle da ocupação da faixa marginal permanente de rios e lagoas. R e v e l a n d o - s e um eficaz instru-mento de mo-bilização social, gestão integrada dos recursos hí-dricos e conservação ambiental, o programa atingiu diversas escolas da rede pública, municipal e esta-dual nos municípios.

Na primeira fase, o programa capacitou agentes multiplicado-res, trabalhando especificamente as questões relativas ao ciclo da água, os resíduos sólidos e os es-paços de gestão. Sensibilizando professores e alunos, o Agenda

Água na Escola desenvolveu de forma participativa um diagnós-tico socioambiental, promoveu a coleta da água, elaborou relató-rios e organizou dados do monito-ramento da qualidade da água. A partir daí, construiu uma agenda de prioridades, com propostas de ações nos pontos monitorados.

O programa re-alizou também eventos cultu-rais, para divul-gação de dados e pactuação da Agenda Água. E, finalmente, preparou um se-minário de ava-liação.

R e c e n t e -mente, em Casi-

miro de Abreu, o Programa Agen-da Água nas Escolas contou com o apoio do Fórum da Agenda 21, para ações que envolveram estu-dantes da Escola Estadual Mataru-na, de maio a dezembro de 2011. Nos encontros, os alunos apren-deram sobre reflorestamento, plantaram mudas e visitaram a Es-cola da Mata Atlântica, no Distrito de Aldeia Velha, em Silva Jardim.

M U N D O

Capacitação de jovens

para o monitoramento

da qualidade da água

Programa Agenda Água na Escola é considerado “Solução para Água” no 6° Fórum Mundial na França

O 6º Fórum Mundial da Água, maior evento global sobre o tema, ocorreu de 12 a 17 de março em Marselha, na França. Cerca de 20 mil pessoas de 140 países reuniram-

-se em torno da busca de soluções para os principais desafios que envolvem a água, uma das prioridades da agenda interna-cional. Organizado pela Seção Brasil do Conselho Mundial da Água, a participação brasileira ocorreu em 2 frentes: nas mais de 100 sessões oficiais do Fórum e nas atividades do Pavilhão Brasil, organizado por mais de 40 instituições. A delegação bra-sileira foi chefiada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Vários representantes dos Comitês de Bacia do Brasil estiveram presentes. Representantes de todos os Comitês de Bacia do Rio de Janeiro também foram a Marselha, além de téc-nicos do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), entre eles a presidente Marilene Ramos, o subsecretário Luiz Firmino, o superintendente regio-nal Túlio Vagner e a diretora de PSA (Pagamento de Serviços Ambientais) Fátima Casarim e outros. Do Comitê de Bacia Hi-drográfica Lagos São João (CBHLSJ) foi o secretário executivo Jaime Azulay, que fez uma apresentação do programa de reuso da água da CEDAE e Mário Flávio Moreira, secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ).

Jaime Azulay, secretário executivo do CBHLSJ, Marilene Ramos, presidente do INEA e Luiz Firmino,

subsecretário executivo da SEA

O Programa Agenda Água na Escola - Mobiliza-ção Social e Educação Ambiental para Gestão das Águas do Estado do Rio de Janeiro - de-senvolvido pelo Grupo de Educação para o Meio Ambiente (GEMA) foi considerado como

uma das Soluções para Água (Solutions for Water) pelo 6 º Fórum Mundial da Água. Solutions for Water é uma plataforma on line lançada no 6 º Fórum Mundial da Água, realizado em março, em Marselha, na França, que apresentou soluções relacionadas a problemas de água em todo o mundo. O principal objetivo da pla-taforma é se tornar um centro de conhecimento das soluções concretas para o dilema da água. Além disso, que seja um site de rede social, voltado para pessoas, instituições, organizações, empresas e ONGs.

Agenda 21 Casimiro de Abreu

6° Fórum Mundial da Água realizou-se em Marselha

Nas reuniões, os jovens pesquisa-ram sobre a hidrografia local, reali-zaram biomapas e desenvolveram uma agenda de propostas susten-táveis, entre elas a mudança de hábitos relacionados a saneamen-to e à gestão de recursos naturais. O Programa Agenda Água na Es-cola é desenvolvido em parceria com o Consórcio Intermunicipal Lagos São João e Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João.

O Agenda Água na Escola com membros do Fórum da

Agenda 21 de Casimiro de Abreu em ação integrada

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4 Março/Abril 2012Voz das Águas

P R E S E R V A Ç Ã O

Conselho Consultivo do Parque Estadual da Costa do Sol toma posse em São Pedro da Aldeia

Desde o ano passado, rea-lizaram-se no auditório da Uni-versidade Estácio de Sá, em Cabo Frio, reuniões para a formação do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Costa do Sol (PECSol). Inicialmente, foi feito um Diagnós-tico Rápido Participativo (DRP) do PECSol, coordenado pela enge-nheira florestal e chefe do Serviço de Diagnóstico Social do INEA, Márcia Barroso. O PECSol abrange várias unidades de conservação, situadas em 6 municípios (Saqua-rema, Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Búzios) e 3 Áreas de Proteção Am-

biental (APAs): a APA da Massam-baba, a APA de Sapeatiba e a APA do Pau Brasil.

Participaram das reuniões membros dos Conselhos Consulti-vos das 3 APAs, técnicos, ambien-talistas, estudantes, lideranças comunitárias e autoridades civis e militares. A dinâmica de cons-trução do DRP foi feita por eta-pas, a partir da descrição e visão do Parque feita pelos presentes, além dos prós e contras sua im-plantação e gestão. Foram salien-tados pontos importantes como a proteção ambiental, a valorização turística e o potencial econômi-

Realizou-se em abril, a posse do Conselho Con-sultivo do Parque Estadual da Costa do Sol (PECSol), no Teatro Municipal de São Pedro da Aldeia. Os conselheiros foram empossados pelo Diretor de Biodiversidade e Áreas Prote-

gidas do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), André Ilha. Participaram da cerimônia de posse representan-tes de todas as secretarias ou coordenadorias de meio ambiente dos municípios da região, o chefe do PECSol, Sérgio Ricardo, o superintendente regional do INEA, Túlio Vagner, o chefe das APAS da Massambaba e da Sapeatiba, Luiz Vieira, entre outras autoridades.

O PECSol abrange

unidades de conservação

em seis municípios

Mapa do Parque Estadual da Costa do Sol

Mesa das autoridades na posse dos conselheiros do PECSol, realizada no Teatro Municipal de São Pedro da Aldeia

Fotos: Edimilson Soares

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Voz das ÁguasMarço/Abril 2012 5

Conselho Consultivo do Parque Estadual da Costa do Sol toma posse em São Pedro da Aldeia

O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) deslocou guarda- parques de várias

unidades de conservação para combater incêndios no PECSol. Os incêndios ocorreram por cau-sa do longo e atípico período de estiagem na região. Em apenas uma semana, o fogo consumiu uma área de 16 hectares, in-cluindo partes da restinga da Massambaba, em Praia Seca, Araruama, e do bairro de Vilatur, em Saquarema. Foram várias ocorrências combatidas pelos guarda-parques, que vão per-manecer na região até o fim da estiagem.

Além dos 16 hectares atin-gidos, dos quais 11 da APA Mas-sambaba e 4,7 do PECSol, o fogo também atingiu outros 4 hecta-res de áreas fora dos limites das unidades de conservação. Os

guardas-parques permanece-ram na área monitorando toda a área do Parque que se encontra em fase de implantação. Atu-almente, o PECSol conta com apenas 2 guardas-parques, con-tingente que deverá aumentar para 30, após o concurso público que está sendo promovido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. A APA da Massambaba abrange áreas de 3 municípios: Arraial do Cabo, Araruama e Sa-quarema.

Curso de prevenção e combate a incêndios

A Diretoria de Biodiversi-dade e Áreas Protegidas do Inea realizou, em parceria com a Pre-feitura de Arraial do Cabo, um curso de prevenção e combate a incêndios florestais, para formar brigadistas, membros volun-tários das comunidades e dos

bairros próximos às unidades de conservação. Técnicos do Servi-ço de Guardas-Parques do INEA ministraram o curso, que incluiu aulas práticas. O ambientalista Yan Bonder, da ONG Viva Lagoa, por exemplo, atuou como um autêntico brigadista e foi um dos primeiros a denunciar os incên-dios na Massambaba, inclusive registrando em fotos as labare-das e a fumaça do fogo.

“O trabalho dos brigadis-tas é da maior importância para o primeiro combate e alerta aos órgãos ambientais, antes que os incêndios se propaguem e provoquem destruição ainda maior da vegetação nativa. Nos-so objetivo é promover cursos em todos os municípios que compõem o Parque Estadual da Costa do Sol”, disse o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegi-das do INEA, André Ilha.

co intermunicipal e estadual no manejo do PECSol. Entre os pon-tos negativos, foram destacados como ameaças o turismo predató-rio e a ocupação desordenada do solo. Nas reuniões ficou definido que uma das funções mais impor-tantes do PECSol é ficar aberto às pesquisas científicas, biológicas e geológicas, mas para a proteção integral será preciso uma fiscaliza-ção integrada entre o poder públi-co e a comunidade.

O PECSol é uma unidade de conservação integral, segundo a classificação do Sistema Nacio-nal de Unidades de Conservação (SNUC). O SNUC se divide em 2 grupos: Unidades de Proteção In-tegral e Unidades de Uso Susten-tável. As Unidades de Proteção In-tegral são as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Parques Estaduais, os Monumentos Naturais e os Re-fúgios de Vida Silvestre. Em feve-reiro, uma reunião no Horto Escola

de São Pedro da Aldeia definiu a formatação do Conselho do PEC-Sol, com 24 membros. As reuniões do Conselho Consultivo são públi-cas, de caráter consultivo e aber-tas à comunidade. Todas as insti-tuições da sociedade civil podem participar das reuniões. Porém, só os conselheiros terão direito a voto. O mandato dos conselheiros é de 2 anos.

Fazem parte do Conselho do PECSol: a Associação dos Co-merciantes e Amigos da Praia das Conchas (Amaconchas), Associa-ção de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla), Associação de Vela da Costa do Sol (Avecsol), Associação dos Em-presários da Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil (Assemp), Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), Conselho Regio-nal de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ), Grupo de Educação para o Meio Ambiente (GEMA), Instituto de Pesquisas e Educação

Guardas-parques do INEA combatem incêndios no PECSol

para o Desenvolvimento Susten-tável (IPEDS), Instituto Ecológico Búzios Mata Atlântica (IEBMA), Instituto Federal Fluminense - Campus Cabo Frio (IFF), Movimen-to Ressurgência, Núcleo Ecológico José Gonçalves, Organização Am-biental para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), Ordem dos

Advogados do Brasil - 22ª Subse-ção (OAB), União das Associações dos Moradores e Amigos de Cabo Frio, Universidade Estácio de Sá, Universidade Veiga de Almeida, Viva Lagoa e Prefeituras de Araru-ama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Saquarema.

Entre as espécies que habitam a região do Parque encontra-se a rara Borboleta da Praia e o pássaro Formigueiro-do-Litoral, em extinção

O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do INEA, André Ilha, entre os secretários de meio ambiente de São Pedro da Aldeia, Luciano Pinto e de Saquarema, Gilmar Magalhães

O fogo se alastrou destruindo uma extensa área de rica vegetação nativa

Fotos: Luiz FreireYan

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6 Março/Abril 2012Voz das Águas

C I D A D A N I A

Projeto AGente das ÁguasO envolvimento da população no monitoramento dos rios promove o uso sustentável da água

O AGente das Águas foi lan-çado no mesmo dia da entrega à população de um novo sistema de coleta de esgoto em Cem Braças, no município de Búzios, feito pela Prolagos, quando também uma equipe da Cicca (Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais), órgão da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), pro-moveu uma série de remoções de casas construídas irregularmente em áreas de preservação ambien-tal. Na ocasião, também foi lan-çado o Programa Coleta Seletiva Solidária, feito em parceria com a Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), a Prefeitura Municipal de Búzios e a Cooperativa dos Ca-tadores de Materiais Recicláveis em Búzios (Cocare). Ainda pela manhã, uma equipe da Coordena-

doria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (CICA), da SEA, promoveu a remoção de casas construídas irregularmente em áreas de preservação ambiental.

O Projeto Agente das Águas é uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Minis-tério da Saúde, as concessioná-rias de água e esgoto Prolagos e Águas de Juturnaíba, Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) e Comitê de Bacia Hidro-gráfica Lagos São João (CBHLSJ). As concessionárias vão investir R$ 260 mil para manter as atividades do projeto pelos próximos 2 anos. O CILSJ e o CBHLSJ colocarão sua estrutura operacional e técnica para apoiar o processo.

Foram contempladas micro-bacias de 3 rios que são os princi-

pais contribuintes do Reservatório de Juturnaíba (Rio Piripiri, tributá-rio do Rio Bacaxá; Rios Bananeiras e Cambucaes, tributários das mar-gens esquerda e direita do Rio São João; e Rio Imbaú, tributário do Rio Capivari), além do Rio Lontra, tributário do baixo Rio São João e Rio Roncador, principal contri-buinte da Lagoa de Saquarema. O projeto abrange rios que drenam uma área de 327,10 km2, que re-presentam cerca de 9% do total da área da bacia (3.825 km2).

No projeto, está prevista a capacitação de 120 lideranças comunitárias, que vão atuar no monitoramento das águas. O mé-todo integrado alia informações biológicas, ambientais, ecológicas e físico-químicas. A medida per-

mite a avaliação de impactos em larga escala, que devem estabe-lecer diretrizes para os múltiplos usos desses recursos hídricos de forma sustentável. Após a capaci-tação técnica, o trabalho dos gru-pos de agentes voluntários terá acompanhamento periódico dos pesquisadores, a fim de atingir ex-celência nos padrões de eficiência e tornar os dados reconhecidos oficialmente. Coordenado pelo pesquisador Daniel Buss, o proje-to contempla os municípios de Sa-quarema, Araruama, Silva Jardim, Casimiro de Abreu e Rio Bonito.

“Serão realizadas análises in-tegradas: as físico-químicas e bac-teriológicas, as análises ambientais, com base em parâmetros ecológi-cos, como a observação do volume

de vegetação, e o biomonitora-mento”, explica o biólogo Daniel Buss. “Por meio da observação da fauna, que está presente nos rios 24 horas por dia, temos a vanta-gem de alcançar uma análise mais sensível para refletir possíveis im-pactos ambientais ocorridos antes das medições”, continua ele.

O projeto pretende estimular as comunidades a participar dos processos decisórios sobre o uso e conservação dos rios. Segundo Daniel, a participação ajuda no empoderamento das comunida-des com informações científicas e na gestão dos recursos hídricos.

“Cada ator tem seu papel; a comunidade científica, os órgãos ambientais, o poder público e as comunidades”, conclui.

Uma alternativa para garantir o equilíbrio dos ecossistemas dos rios, envolvendo a popu-lação nas decisões sobre o uso sustentável da água. Este é o resumo do Projeto Agente das Águas que pretende mobilizar membros

das comunidades locais que receberão capacitação técnica para realizar a avaliação e o monitoramento de rios na Bacia Hidrográfica Lagos São João. O pro-jeto tem apoio do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, e da presidente do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Marilene Ramos, que participaram da cerimônia de lançamento do Agente das Águas no Hotel Atlântico, realizada em Búzios.

A mesa em Búzios com o prefeito Mirinho Braga falando entre Marilene Ramos, presidente do INEA, Carlos MInc, secretário da SEA, Luiz Firmino, subsecretário executivo e Pólita Gonçalves, diretora de Gestão das Águas e do Território do INEA A confraternização entre os responsáveis pelo Programa

Foto: Edimilson Soares

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Voz das ÁguasMarço/Abril 2012 7

Mas foi nas telinhas da TV, através das novelas e minisséries da Rede Globo, que a Nós da Tra-ma se superou. A beleza dos figu-rinos elaborados com os tecidos da Nós da Trama, que também começaram a atuar nos cenários, principalmente em reconstitui-ções de época, chamaram a aten-ção do grande público, da críti-ca especializada e encantou o público. Nesta emissora, a Nós da Trama par-ticipou dos se-guintes seriados e novelas: A Mu-ralha, Os Maias, A Padroeira, O Clone, O Quinto dos Infernos, Ca-bloca, JK, Sinhá Moça e outras. Na TV Record, a cooperativa vem trabalhando na série bíblica: A história de Ester, Sanção e Dalila e o Rei David.

Hoje, a Nós da Trama man-tém uma parceria com a Conces-sionária Águas de Juturnaíba que fornece os papiros, resíduos das plantas aquáticas da Wetland, que

viram tecidos, bolsas, sacolas, pas-tas, panos de mesa, carteiras, e ou-tros produtos que encantam pela forma, trama e colorido.

“A ideia é transformar o papi-ro na nossa grande vedete. É uma fibra maravilhosa, que não tem ser-rinha, não tem fiapinho e não dá alergia. A fibra da banana tem que

ter um tratamen-to para fungo e mofo; o papiro não”, explica Re-gina Riglei, uma professora de matemática, que nos anos 70 foi morar em Araru-ama, para viver perto da natu-reza. Quando comprou seu pri-meiro tear, não imaginou chegar

aonde chegou. Idealista, consegue manter a cooperativa numa casa, sem nenhum apoio oficial. Somen-te o desejo de trabalhar, mantendo essa chama viva, junto com outras mulheres tão talentosas como ela, tecendo uma trama que se man-tém no tempo, apesar das adversi-dades, renascendo a cada dia.

S U S T E N T A B I L I D A D E

Mulheres produzem artesanato comfibras originadas na Wetland em Araruama

A Nós da Trama começou a se formar em 1990, a partir de um grupo de mulheres que decidiu trabalhar com tecelagem manu-al, visando a geração de renda e a inserção no mercado de trabalho. Em 1996, o trabalho já envolvia quase 20 profissionais e, no ano seguinte, foi constituída a coope-rativa, tendo como missão capaci-tar, sensibilizar e instruir as artesãs, através de uma abordagem conti-nuada, segundo os princípios do

associativismo. Desde o início, a Nós da Trama se voltou para a questão sócio-ambiental e adotou como conceito para a produção a criação e o desenvolvimento de tramas, misturando fios e fibras naturais, algodão, juta, rami, taboa e sisal, criando texturas diferencia-das e exclusivas.

Com um design original, misturando linhas à taboa, fibra de bananeira, piaçava e outros materiais, a Nós da Trama conse-

guiu uma excelente reputação e construiu uma rede de relacio-namentos comerciais. Mas a falta de capital de giro representou dificuldades para as artesãs, ape-sar da credibilidade conquistada. Através de oficinas de capacita-ção, a cooperativa participou na formação de grupos de mulheres, em parceria com o setor público e programas de responsabilidade social da iniciativa privada, en-tre eles, trabalhos desenvolvidos nos municípios Rio Bonito, Silva Jardim e Iguaba Grande, além do grupo de mulheres da comuni-dade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro.

Consagrada no mercado, a Nós da Trama participou de cole-ções de grandes marcas e se pro-jetou em feiras no Brasil e na Ale-manha, participou de programas e projetos do Senai, Sebrae, uni-versidades, Academia Brasileira de Letras, Instituto Zuzu Angel, cul-minando no Fashion Rio e numa parceria com a Firjan, durante vários anos. Das pistas de moda para a pista do samba foi mais um passo, consolidado no desfile das escolas de samba União da Ilha e Mocidade Independente.

O núcleo de tecelagem artesanal de Araruama, Nós da Trama, está criando peças com as fi-bras oriundas da Wetland, a Estação de Tra-tamento de Esgoto Ponte dos Leites, da Con-cessionária Águas de Juturnaíba. Na Wetland,

plantas aquáticas fazem o papel de filtros naturais, num sistema de tratamento terciário do esgoto, abso-lutamente natural, que absorvem resíduos e limpam a água. Papiros e sombrinhas são tipos de plantas que vêm sendo reutilizadas pelas artesãs da Nós da Trama, uma cooperativa de tecelãs, famosa pela qualidade de seus tecidos e produtos, vencedora do Prêmio Top 100, do Sebrae, e imortalizada em figurinos de novelas e seriados de TV.

O papiro e a sombrinha são plantas aquáticas

reutilizadas no artesanato

Regina Riglei, Lúcia Helena e Sandra Regina com um dos teares da Nós da Trama, que funciona numa linda casa em Araruama

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8 Março/Abril 2012Voz das Águas

VII Fórum Brasileiro de Educação Ambientalrealizou-se em Salvador, Bahia

Dalva Mansur

A cidade prometia. Afinal, Salvador foi a primeira ca-pital brasileira e carrega magia no

nome. Resolvi matar as saudades da cidade que tanto frequentei, mas não visitava há mais de 10 anos. Ela estava lá, como uma princesa, incrusta-da no mar da Bahia; mas também como uma ple-beia, com todas as carac-terísticas de invasão, falta de planejamento urbano, onde o ambiente é agre-dido nas encostas, faixas marginais de proteção, topos de morro e línguas negras – muitas línguas negras – que me impedi-ram de entrar na água da praia em frente ao hostel onde me alojei.

O fórum que tinha gran-des pretensões parecia que não acreditava em si próprio pois, no primeiro dia, não havia água para beber. Perguntei no bar se tinha água e me responderam que es-tava no engarrafamento. Pergun-tei: no engarrafamento da água ou no engarrafamento do trân-sito? E a moça me disse: não sei – com aquele simpático sotaque baiano... Depois, tentando verifi-car minha posição na apresenta-ção não tinha ninguém para res-ponder. Soube que se justificava, porque o governador tinha che-gado e todos estavam atendendo ao governador... Na verdade, só no dia seguinte consegui enten-der que trocaram a minha apre-sentação, mas aceitaram colocar meu banner no lugar certo.

Já a educação ambiental, disse-me a garçonete do mer-

O P I N I Ã O

cado modelo, já ouvira falar no curso que fizera, mas meio am-biente ela não via preservado não; era só assunto de ouvir fa-lar. Motoristas estressados resol-vem ultrapassar em frente aos pontos de ônibus deixando a clientela a esperar horas por um transporte. Restam os táxis. Os taxistas, muito simpáticos, fa-zem o possível para cobrar me-nos, porque eles mesmos reco-nhecem que o custo é grande por aqui; a cida-de se espalhou e as distâncias são grandes, com engarrafa-mentos maiores ainda.

Assim foi também o VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental: grande, engarrafado e simpático! As coisas não fun-cionavam, mas as pessoas eram tão simpáticas. O melhor era não ligar mesmo, afinal, estávamos em Salvador! Pena, pois havia muitos trabalhos interessantes que poderiam ser mais bem apro-

veitados, se fossem feitas salas de apresentação de painéis em conjunto, com discussão entre as pessoas. Era necessário andar muito pelos corredores do Centro de Convenções para encontrar o Auditório Yemanjá , ou o Salão Oxalá Pleno... Foi lá que ouvi os melhores painéis, sobre educa-

ção ambiental no âmbito em-presarial.

Discurso uníssono

Em uma roda de discus-são sobre unida-des de conser-vação, tivemos o p o r t u n i d a d e de conhecer o trabalho do pessoal de To-cantins, sobre fogo, e o ges-

tor de ambiente do exército, em Salvador, confirmou que tem sob sua responsabilidade várias áreas de reserva que estão sendo pre-servadas. Em nossa região, Bacia do São João, as áreas mais pre-servadas estão com a Marinha, simplesmente porque eles cum-prem aquilo ao qual se propõem.

Plenária das ONGs se reúne na sede do CILSJ

Investimentos da conces-sionária Prolagos para a captação de esgoto na vala do aeroporto serão

viabilizados, assim como o início das obras de Águas de Jutunaíba na Bacia Novo Ho-rizonte. Chico Pescador, da UEPA, e Arnaldo Villa Nova da ONG Viva Lagoa identificaram a necessidade de captar esgo-to também na Vila do Sol. A questão do esgotamento sa-nitário em Arraial do Cabo foi levada ao Ministério Público e aguarda solução. Também foi identificado o problema das captações da praia no Centro de Araruama. Será investiga-do a vaza de Jacarepiá, em Saquarema, para avaliação de impacto das águas doces na Lagoa de Araruama.

Essas questões sobre sa-neamento foram levantadas na Plenária das ONGs, realiza-da na sede do Consórcio In-termunicipal Lagos São João, em março, em Araruama. Na

reunião, o chefe da APA da Massambaba, professor Luiz Vieira, informou a desativa-ção do Batalhão da Policia Florestal em Praia Seca e sua preocupação com a falta de segurança. A professora So-lange Brisson, da UVA/Cabo Frio, fez uma apresentação de estudo das casuarinas, consideradas árvores “inva-soras” e concluiu que trazem mais benefícios que malefí-cios à região.

A educadora Dalva Man-sur, do IPEDS, solicitou infor-mação sobre a disponibilida-de de verbas para incentivos aos produtores de água. E a pedagoga Layla Garrido falou da audiência pública sobre a dragagem da Lagoa de Sa-quarema, realizada com a pre-sença do secretário municipal de meio ambiente Gilmar Ma-galhães e técnicos do INEA, o superintendente Tulio Vagner e o Dr. José Augusto, respon-sável pela obra.

Simples assim. Acho que a educa-ção ambiental deveria incentivar nossos executivos municipais a terem comportamentos tão sim-ples como os dos militares; se é para preservar, vamos preservar!

Educação ambiental: de-finições e perspectivas muito vagas... Uma das poucas afirma-ções foi de que a rede de educa-dores ambientais tem capilari-dade, formada por atores locais e inúmeras experiências, que devem ser mantidas. Corremos para a perspectiva para a Rio + 20, onde esperávamos falas con-tundentes, mas faltou isso. Fica-mos entre mulheres, Rebal, UCs, etc. A transversalidade, que é o verdadeiro mote da educação ambiental e da educação formal,

foi muito pouco discutida.Mas valeu a pena! Valeu,

porque divulgamos nosso tra-balho e o Comitê da Bacia Lagos São João. Sempre vale. Valeu para saber que a educação am-biental é vista como um recurso de mudança social. Valeu apren-der algo mais e chegar à conclu-são que o importante é estar lá e participar do maior número de eventos possíveis, conhecer pes-soas e constatar que este enor-me Brasil tem discurso uníssono quando se trata de educação am-biental. Isto já é muito, pois reve-la que, apesar de nossas diferen-ças, temos um viés de objetivos comuns e valores universais que nos fazem agir de forma concei-tualmente coordenada.

Dalva Mansur, a secretária executiva do IPEDS na Bahia

Apesar das diferenças, temos um objetivo comum e universal