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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA São Luís 2011 ALÍCIA VALÉRIA DOS SANTOS ZARANZA DE CARVALHO VIRULÊNCIA E SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE AMOSTRAS DE Pseudomonas aeruginosa ISOLADAS EM HOSPITAIS DE SÃO LUÍS - MA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

São Luís

2011

ALÍCIA VALÉRIA DOS SANTOS ZARANZA DE CARVALHO

VIRULÊNCIA E SUSCEPTIBILIDADE

ANTIMICROBIANA DE AMOSTRAS DE

Pseudomonas aeruginosa ISOLADAS EM

HOSPITAIS DE SÃO LUÍS - MA

ALÍCIA VALÉRIA DOS SANTOS ZARANZA DE CARVALHO

VIRULÊNCIA E SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE AMOSTRAS DE

Pseudomonas aeruginosa ISOLADAS EM HOSPITAIS DE SÃO LUÍS - MA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biologia Parasitária como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre em

Biologia Parasitária.

Orientador: Profa. Dr

a. Patrícia de Maria Silva

Figueiredo

Coorientador: Prof. Dr. Valério Monteiro Neto.

São Luís

2011

Carvalho, Alícia Valéria dos Santos Zaranza de

Virulência e susceptibilidade antimicrobiana de amostras de Pseudomonas aeruginosa

isoladas em hospitais de São Luís - MA/Alícia Valéria dos Santos Zaranza de Carvalho – São Luís,

2011.

102 f.

Orientador: Profa. Dr

a. Patrícia de Maria Silva Figueiredo

Coorientador: Prof. Dr. Valério Monteiro Neto

Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária) – Centro Universitário do Maranhão,

UNICEUMA, Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, 2011.

1. Pseudomonas aeruginosa 2. Fatores de virulência 3. Susceptibilidade antimicrobiana 4. Infecção

Hospitalar. I. Título.

CDU: 616.98:378.37(812.1)

1.1.1.1.1.1.1 CDU 616.24 – 002.5

ALÍCIA VALÉRIA DOS SANTOS ZARANZA DE CARVALHO

VIRULÊNCIA E SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA DE AMOSTRAS DE

Pseudomonas aeruginosa ISOLADAS EM HOSPITAIS DE SÃO LUÍS - MA

A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em

Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / , considerou a

candidata:

( ) APROVADO ( ) REPROVADO

1) Examinador _____________________________________

2) Examinador ______________________________________

3) Examinador ______________________________________

4) Presidente (Orientador)_____________________________

Aos meus pais, Araildes e Antônio

Ao meu marido, Cézar Zaranza

À minha avó, Ozita (in memoriam)

À minha irmã, Anneliza.

AGRADECIMENTOS

A Deus, minha força e meu refúgio.

Aos meus pais, pelo amor e carinho.

Ao meu marido, pela paciência e amor inabalável.

À minha irmã e Igor, pelo companheirismo.

À minha orientadora, Profa. Dra. Patrícia de Maria Silva Figueiredo, pela oportunidade e

confiança.

Ao prof. Dr. Valério Monteiro Neto, pela atenção cedida.

À Profa. Dra. Cristina de Andrade Monteiro, por sua colaboração na biologia molecular.

Ao Prof. Ms. Thiago Feitosa Ferro, pela presteza na análise estatística dos resultados.

Ao Hospital Dutra, em especial aos colegas da Microbiologia; à Dra. Ana Luiza e todo o

pessoal da direção do laboratório pelo grande apoio.

A Coordenação e aos colegas do CTA-Lira pela compreensão nos momentos de ausência.

Às minhas amigas do mestrado Roxana, Ione, Francyelle, Adriana e Márcia Boor, pela força

nas horas difíceis e pela ajuda mútua.

A Patrícia Valéria, por sua grande contribuição e dedicação na conclusão deste trabalho.

A Rosália, pela ajuda no isolamento das amostras.

A todos do Laboratório de Pesquisa do UNICEUMA, em especial, Monique, Jéssica e Diogo

pela grande colaboração na realização dos testes.

À Dra. Sirlei Garcia Marques, pelos conselhos e pela amizade.

Ao Centro Universitário do Maranhão, em especial, ao Mestrado em Biologia Parasitária e à

Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão

– FAPEMA.

“A Felicidade mantêm você doce, dores mantêm

você humano, quedas te mantêm humilde, provações

te mantêm forte, mas somente Deus te mantêm

prosseguindo.”

Autor desconhecido

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição de 100 amostras clínicas de P. aeruginosa por sítio anatômico 40

Figura 2 - Setores hospitalares onde foram isoladas cepas de P. aeruginosa no

período de março a julho de 2010 42

Figura 3 - Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos das 100 cepas de P.

aeruginosa isoladas de pacientes atendidos em hospitais de São Luís-MA

(AMI=amicacina, AZT=aztreonam, CEP=cefepime, CAZ=ceftazidima,

GEN=gentamicina, IMP=imipenem, LEV=levofloxacinaa, MER= meropenem,

PPZ=piperacilina/tazobactam, POLB=polimixina B)

43

Figura 4 - Frequência de isolados de P. aeruginosa resistentes aos antimicrobianos

(AMI=amicacina, AZT=aztreonam, CEP=cefepime, CAZ=ceftazidima,

GEN=gentamicina, IMP=imipenem, LEV=levofloxacinaa, MER= meropenem,

PPZ=piperacilina/tazobactam, POLB=polimixina B)

44

Figura 5 - Detecção dos genes bla

CTX, bla

TEM e bla

SHV em cepas multirresistentes de

P. aeruginosa por PCR multiplex. (Visualização em gel de agarose a 2,5 %:

M=ladder de 50pb; 1= ATCC 35218; 2=Pa02; 3=Pa13; 4=Pa14; 5=Pa06; 6=Pa10;

7=Pa89; 8=Pa29; 9=Pa33; 10=Pa34; 11=Pa50; 12=Pa83; 13=Pa86; 14=Pa87;

15=Pa58)

46

Figura 6 - Avaliação da hidrofobicidade de P. aeruginosa em concentrações

crescentes de sulfato de amônio 47

Figura 7 – Frequência dos isolados clínicos de P. aeruginosa produtores e não

produtores de biofilme pelo método de Cristal Violeta por indução in vitro 49

Figura 8 - Produção de cápsula em Ágar Vermelho Congo por cepas de P.

aeruginosa. Colônias pretas indicam resultado positivo e colônias vermelhas

resultado negativo 52

Figura 9 - Formação de biofilme por P. aeruginosa em placas de microtitulação de

poliestireno pelo método do Cristal Violeta (leitura da absorbância em

espectrofotômetro) 52

Figura 10 - Porcentagem das cepas de P. aeruginosa produtoras de exoenzimas 53

Figura 11 - Produção das exoenzimas por cepas de P. aeruginosa. A) halos de

degradação da protease em ágar skim milk 2%; B) gelatinase positiva através da

liquefação da solução de gelatina a 12%; C) halos de degradação da elastase em ágar

elastina a 1%

55

Figura 12 - Atividade hemolítica de isolados de Pseudomonas aeruginosa por tipo de

sangue (A) e em presença de quelantes e cloreto de cálcio (B). * Os isolados

apresentaram menor atividade hemolítica no sangue de cavalo (p < 0,01, Fr =

17,700). #Os meios com os quelantes e Cloreto de Cálcio apresentaram inibição na

sua atividade hemolítica (p> 0,05, Fr= 139,122)

58

Figura 13 - Halos de β-hemólise produzidos por isolados clínicos de P. aeruginosa

em ágar sangue de carneiro a 5% 59

Figura 14 - Produção de hemólise no sobrenadante de cultura de P. aeruginosa pelo

método da microplaca (ausência de botão: teste positivo) 59

Figura 15 - Microscopia óptica da adesão em células HEp-2 de cepas de P.

aeruginosa (1000X). A – Células HEp-2 sem adesão bacteriana (controle); B - Cepa

Pa31 com adesão de padrão agregativo; C - Cepa Pa87 com adesão sem padrão

definido

65

Figura 16 - Detecção dos genes aprA, algD, lasA, lasB, toxA, plcH e plcN por PCR

multiplex. Visualização em gel de agarose a 2,5 %. Canaletas M = marcador de peso

molecular (ladder de 100 pb); 1=cepa n˚ 11; 2=cepa n˚ 34; 3=cepa n˚ 39; 4=cepa n˚

36; 5=cepa n˚ 45; 6=cepa n˚ 50; 7=cepa n˚ 106

68

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fatores de virulência de P. aeruginosa e atividade biológica produzida no

hospedeiro 20

Tabela 2 - Classificação das betalactamases segundo Ambler e Bush 27

Tabela 3 - Sequência de oligonucleotídeos usados na detecção dos genes de

virulência 35

Tabela 4 - Primers usados na amplificação por PCR multiplex 36

Tabela 5 - Correlação entre produção de biofilme (microplaca) e hidrofobicidade

entre os isolados de Pseudomonas aeruginosa 50

Tabela 6 - Correlação entre a presença de fímbrias e cápsula e produção de biofilme

por cepas de P. aeruginosa 51

Tabela 7 - Correlação entre as exoenzimas produzidas por isolados clínicos de P.

aeruginosa e os Setores do Hospital, Sítios de Infecção e Instituição Hospitalar 54

Tabela 8 - Fatores de virulência de isolados de Pseudomonas aeruginosa segundo o

sítio de infecção 61

Tabela 9 - Propriedades de virulência de isolados de Pseudomonas aeruginosa

segundo a instituição hospitalar 62

LISTA DE ABREVIATURAS

ATCC - American Type Culture Collection

ATV - Associação Tripsina-Versene

AVC - Ágar Vermelho Congo

BHI - Brain Heart Infusion

CaCl2 - Cloreto de Cálcio

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute

EDDA - Ácido hidroxifenil-acético

EDTA - Ácido etilenodiaminotetracético

ESBL - Betalactamases de Espectro Ampliado

HEp-2 – Células de carcinoma epidermoide de laringe

LPS - Lipopolissacarídeo

MEM - Meio mínimo essencial

MβLS - Metalo-β-lactamases

PBS - Phosphate Buffered Saline

PCR – Polimerase Chain Reaction (Reação em cadeia de polimerase)

rpm – rotações por minuto

SFB - Soro fetal bovino

SENTRY - Antimicrobial Surveillance Program

SPA - Serviço de Pronto Atendimento

SST3 - Sistema de Secreção Tipo III

UTI - Unidades de Tratamento Intensivo

vol - volume

RESUMO

Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo não fermentador e um agente

oportunista frequentemente envolvido em infecções hospitalares e em situações de resistência

a drogas. As habilidades de invasão, colonização e de destruição tecidual apresentadas por

este patógeno devem-se aos seus múltiplos fatores de virulência. As infecções nosocomiais

causadas por P. aeruginosa são de difícil tratamento devido a sua virulência e resistência a

vários antimicrobianos. O objetivo deste trabalho foi detectar os possíveis fatores de

virulência e analisar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos de diversas amostras

clínicas de P. aeruginosa, provenientes de hospitais de São Luís-MA. Foram estudados 100

isolados de P. aeruginosa obtidos de diferentes amostras clínicas hospitalares. Das 100

amostras examinadas, 52% apresentaram produção de cápsula em AVC, 86% produção de

biofilme em diferentes níveis e apenas 19% das amostras produziram fímbria manose-

sensível. Não houve correlação entre as fímbrias estudadas e o grau de produção de biofilme

(p=0,3). Em relação aos ensaios enzimáticos, 53%, 82%, 52%, 82% e 56% das amostras se

mostraram positivas para lipase, protease, gelatinase, fosfolipase e elastase, respectivamente.

Na detecção dos genes de virulência que codificam a produção das enzimas protease alcalina

(aprA), elastase A (lasA), elastase B (lasB), fosfolipase C hemolítica (plcH), fosfolipase C não

hemolítica (plcN), exotoxina A (toxA) e do gene algD pela técnica de PCR, verificamos que

os isolados clínicos de P. aeruginosa expressaram em maior frequência os genes aprA (64%),

lasA (51%), algD (39%) e plcH (21%). Em relação à atividade hemolítica, os isolados

apresentaram menor atividade no sangue de cavalo; nos meios acrescidos de quelantes e íon

cloreto de cálcio houve inibição de sua atividade hemolítica. Quando se comparou a hemólise

em meio líquido e sólido, verificou-se que houve melhor atividade hemolítica em meio sólido

(p<0,01, Z=7,01). Foram analisadas 34 amostras multirresistentes de P. aeruginosa para os

testes de detecção dos genes de ESBL por PCR, onde 17 (50%) das amostras foram positivas

para o gene bla

TEM; e para os testes de adesão e citotoxicidade em células HEp-2, onde 9

(26,5%) amostras apresentaram adesão de padrão agregativo, 1 (2,9%) adesão de padrão

localizado e 7 amostras (20,6%) adesão sem padrão definido; e, 18 amostras (52,9%)

apresentaram efeitos citotóxicos. De acordo com os resultados, a expressão da maioria dos

fatores de virulência foi observada em percentagens variadas em todas as cepas dos materiais

clínicos analisados. Comparando os isolados entre os hospitais de origem não houve diferença

entre eles quanto a expressão dos fatores de virulência (p>0,05). Quando se comparou as

amostras multirresistentes com as sensíveis, observou-se que não há diferença quanto às

propriedades de virulência. Portanto, de acordo com os resultados encontrados, foi constatado

que a virulência dos isolados de P. aeruginosa independe da resistência apresentada aos

antibióticos e que os fatores de virulência pesquisados são importantes em todos os materiais

clínicos analisados sugerindo que a patogênese das infecções por P. aeruginosa é

multifatorial.

Palavras-chave: Pseudomonas aeruginosa; fatores de virulência; antimicrobianos;

multirresistência.

ABSTRACT

Pseudomonas aeruginosa is a non-fermenting Gram-negative bacillus and a great opportunist

frequently involved in nosocomial infections and in situations of drug resistance. The skill of

invasion, colonization and tissue destruction that this pathogen shows are due to its multiple

virulence factors. Nosocomial infections caused by P. aeruginosa are difficult to treat because

of their virulence and resistance to several antimicrobials. The objective of this study was to

detect possible virulence factors and analyze the profile of susceptibility to antimicrobials of

several clinical samples of P. aeruginosa from hospitals in São Luís-MA. We have studied

100 isolates of P. aeruginosa from different hospital clinical samples. From the 100 examined

samples, 52% showed capsule production in CRA, 86% biofilm production in different levels

and only 19% of samples produced mannose-sensitive fimbriae. There was no correlation

between the studied fimbriae and the biofilm production level (p=0,3). In the enzymatic

assays, 53%, 82%, 52%, 82% and 56% of the samples were positive for lipase, protease,

gelatinase, phospholipase and elastase, respectively. In detection of the virulence genes that

encode production of the enzymes alkaline protease (aprA), elastase A (lasA), elastase B

(lasB), hemolytic phospholipase C (plcH), non-hemolytic phospholipase C (plcN), exotoxin A

(toxA) and the gene algD by PCR, we observed that the clinical isolates of P. aeruginosa

expressed in a higher frequency the genes aprA (64%), lasA (51%), algD (39%) and plcH

(21%). In relation to the hemolytic activity, the isolates showed lower activity in horse blood;

in the media with chelate and calcium chloride ion there was inhibition in the hemolytic

activity. Comparing hemolysis in liquid and solid media, we observed better hemolytic

activity in solid medium (p<0.01, Z=7.01). We analyzed 34 multiresistant samples of P.

aeruginosa in test to detect ESBL genes by PCR, where 17 (50%) samples were positive for

gene bla

TEM; and in tests of adhesion and cytotoxicity in HEp-2 cells, where 9 (26.5%)

samples showed aggregative pattern adhesion, 1 (2.9%) local pattern adhesion and 7 samples

(20.6%) adhesion without a well defined pattern; also 18 samples (52.9%) showed cytotoxic

effects. According to the results, the expression of most virulence factors was observed in

different percentages in all strains from the clinical material analyzed. Comparing the isolates

among the hospitals of origin there was no difference among them related to the expression of

virulence factors (p>0.05). Comparing multiresistant to sensitive samples, we observed that

there is no difference related to the virulence properties. Therefore, according to the results

found, it has been established that the virulence of P. aeruginosa isolates does not depend on

the resistance to antibiotics and that the virulence factors studied are important in all clinical

materials analyzed, suggesting the pathogenesis of infections caused by P. aeruginosa is

multifactorial.

Key words: Pseudomonas aeruginosa; virulence factors; antimicrobials; multiresistance.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 16

2.1 Bacilos Gram-negativos não fermentadores....................................................... 16

2.2 Caracterização de Pseudomonas aeruginosa...................................................... 16

2.3 Patogenia............................................................................................................. 17

2.4 Epidemiologia..................................................................................................... 21

2.5 Infecções causadas por Pseudomonas aeruginosa............................................. 21

2.6 Resistência a antimicrobianos............................................................................. 23

3 OBJETIVOS.............................................................................................................. 29

3.1 Geral.................................................................................................................... 29

3.2 Específicos.......................................................................................................... 29

4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 30

4.1 Isolados bacterianos............................................................................................ 30

4.2 Identificação das cepas de P. aeruginosa........................................................... 30

4.3 Susceptibilidade antimicrobiana......................................................................... 30

4.4 Detecção da atividade lipolítica.......................................................................... 31

4.5 Detecção da atividade hemolítica....................................................................... 31

4.5.1 Pesquisa de hemolisina em meio sólido...................................................... 31

4.5.2 Atividade hemolítica no sobrenadante de cultura (teste em microplaca)... 31

4.5.3 Influência da presença de íons e quelantes na atividade hemolítica........... 32

4.6 Detecção da atividade proteolítica...................................................................... 32

4.7 Detecção da produção fenotípica da fosfolipase................................................. 32

4.8 Detecção da produção de gelatinase................................................................... 32

4.9 Detecção da produção de elastase....................................................................... 33

4.10 Produção de biofilme....................................................................................... 33

4.10.1 Avaliação da produção de cápsula............................................................ 33

4.10.2 Indução de biofilme in vitro...................................................................... 33

4.11 Identificação de fímbrias manose-sensível...................................................... 34

4.12 Determinação da hidrofobicidade celular......................................................... 34

4.13 Detecção dos genes de virulência por PCR...................................................... 35

4.14 Detecção dos genes de Betalactamase por PCR............................................... 36

4.14.1 Extração do DNA bacteriano.................................................................... 36

4.14.2 Detecção de genes bla

TEM, bla

CTX-M e bla

SHV por PCR multiplex........ 36

4.15 Detecção de citotoxina...................................................................................... 37

4.15.1 Preparo das culturas celulares................................................................... 37

4.15.2 Preparo das amostras bacterianas.............................................................. 37

4.15.3 Teste de Citotoxicidade............................................................................. 37

4.16 Pesquisa de Aderência Bacteriana em Células HEp-2...................................... 38

4.16.1 Cultivo e preparo das monocamadas celulares......................................... 38

4.16.2 Realização do teste de adesão................................................................... 38

4.17 Análise estatística.............................................................................................. 38

4.18 Aspectos Éticos da Pesquisa............................................................................. 39

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 40

5.1 Análise epidemiológica...................................................................................... 40

5.2 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos................................................... 42

5.3 Detecção genotípica da produção de ESBLs...................................................... 45

5.4 Avaliação da hidrofobicidade bacteriana............................................................ 47

5.5 Identificação dos isolados produtores de fímbrias.............................................. 48

5.6 Formação de biofilme por cepas de P. aeruginosa............................................ 48

5.7 Produção de exoenzimas por P. aeruginosa....................................................... 53

5.8 Detecção de hemolisina..................................................................................... 56

5.9 Propriedades de virulência quanto ao sítio de infecção e instituição hospitalar. 60

5.10 Citotoxicidade e adesão em células HEp-2..................................................... 63

5.11Perfil genotípico dos fatores de virulência em isolados clínicos de P.

aeruginosa................................................................................................................. 66

6 CONCLUSÃO........................................................................................................... 69

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 71

ANEXO A – LISTA DE MEIOS DE CULTURA E REAGENTES............................ 81

ANEXO B – ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO

DO MARANHÃO – UNICEUMA............................................................................... 85

ANEXO C – APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO XXVIII CONGRESSO DA

SOCIEDADE LATINOAMERICANA DE PATOLOGIA E CONGRESSO

BRASILEIRO DE PATOLOGIA................................................................................. 87

ANEXO D – APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO 26º CONGRESSO

BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA....................................................................... 88

ANEXO E – SUBMISSÃO DE TRABALHO PARA A REVISTA DE

PATOLOGIA TROPICAL........................................................................................... 89

ANEXO F – PROTOCOLO DE SUBMISSÃO DE ARTIGO À REVISTA

ARCHIVES OF MICROBIOLOGY............................................................................ 90

ANEXO G – ARTIGO SUBMETIDO CONFORME AS NORMAS DA REVISTA

ARCHIVES OF MICROBIOLOGY.......................................................................... 91

14

1 INTRODUÇÃO

Pseudomonas aeruginosa é o micro-organismo mais frequentemente envolvido em

infecções hospitalares e pode ser considerado oportunista, uma vez que causa doença em

indivíduos imunocomprometidos (MURRAY et al., 2000). Portadores assintomáticos, assim

como, pacientes com comprometimento imunológico, acompanhado de procedimentos

invasivos, queimaduras e feridas operatórias tornam-se porta de entrada para esta espécie

(OLIVEIRA et al., 1998; FERNANDES, 2001).

Este patógeno tem sido associado a uma ampla variedade de infecções como

bacteremias, infecções do trato urinário e respiratório e infecções de ouvidos e oculares,

resultando muitas vezes em septicemia fatal. As infecções do trato urinário estão relacionadas

ao uso de cateteres contaminados tanto pela flora do paciente como por micro-organismos

presentes nas mãos dos profissionais de saúde, entre outras fontes (SILVA, 1999; FOXMAN,

2002).

P. aeruginosa produz uma série de fatores de virulência considerados como

responsáveis pelo aumento da colonização e infecção dos tecidos do hospedeiro (KONEMAN

et al., 2006). Entre os fatores de virulência caracterizados como adesinas, têm-se os flagelos,

as fímbrias e o alginato; e entre os fatores que facilitam o rompimento da integridade epitelial

e podem degradar ou inativar importantes componentes do sistema imune podem ser citadas

as elastases, protease alcalina, fosfolipase C, entre outros (KIPNIS; SAWA; WIENER-

KRONISH, 2006). Os vários determinantes de virulência extracelular desta bactéria

contribuem para a citotoxicidade, necrose, invasão e disseminação (LYCZAK; CANNON;

PIER, 2000).

A maioria das cepas também produz um ou mais pigmentos, sendo o mais comum a

piocianina, que retarda o crescimento de outras bactérias, facilitando sua colonização

(TORTORA; FUNKE; CASE, 2002).

Normalmente, os carbapenêmicos são os antibióticos mais eficazes no tratamento de

infecções ocasionadas por bactérias Gram-negativas. No entanto, geralmente são empregadas

como drogas de reserva nas infecções por cepas resistentes a outros agentes beta-lactâmicos,

por isso recomenda-se restringir o uso de carbapenêmicos (SANTOS-FILHO et al., 2002).

Devidos às mutações e seleções naturais relacionadas ao uso excessivo de antibióticos,

algumas cepas de P. aeruginosa tornaram-se capazes de produzir potentes betalactamases,

15

enzimas que destroem antibióticos, incluindo os carbapenêmicos. Logo, este micro-organismo

apresenta resistência intrínseca a vários antibióticos, o que representa um grande risco para os

pacientes hospitalizados e um grande desafio para a terapêutica (SANTOS-FILHO et al.,

2002; ROSSI; ANDREAZZI, 2005).

P. aeruginosa é um micro-organismo de grande potencial patogênico e ao longo dos

anos vem se destacando entre os agentes infecciosos mais frequentemente isolados em

ambientes hospitalares. Apesar de todos os avanços médicos dos últimos anos e da alta

tecnologia no suporte de doentes críticos, as infecções nosocomiais por este patógeno

continuam associadas a elevados índices de morbimortalidade. Portanto, faz-se necessário um

estudo que vise pesquisar os possíveis fatores de virulência e analisar o perfil de

susceptibilidade aos antimicrobianos de P. aeruginosa isoladas de amostras clínicas

hospitalares, os quais possam ser importantes na elucidação de seu mecanismo de

patogenicidade e na administração de uma terapia antimicrobiana apropriada buscando a

redução no índice de mortalidade por este patógeno.

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Bacilos Gram-negativos não fermentadores

Os bacilos Gram-negativos classificados como não fermentadores são micro-

organismos aeróbios, não esporulados, que se caracterizam pelo fato de serem incapazes de

utilizar carboidratos como fonte de energia através da fermentação, degradando-os pela via

oxidativa (MURRAY et al., 2003).

Os principais gêneros de bacilos Gram-negativos não fermentadores foram classificados

em cinco famílias: Pseudomonadaceae, Alcaligenaceae, Flavobacteriaceae, Methyloccaceae,

Rhyzobiaceae. A família Pseudomonadaceae inclui o gênero Pseudomonas e outros gêneros

estreitamente relacionados (KONEMAN et al., 2006).

O gênero Pseudomonas, por sua vez, é constituído por dez espécies isoladas a partir de

espécimes clínicos e do ambiente, sendo P. aeruginosa a espécie mais frequentemente

isolada. Os membros deste gênero apresentam ampla distribuição ambiental que se deve ao

fato desses micro-organismos possuírem pequena exigência nutricional e muitos fatores de

virulência que os tornam mais resistentes às condições ambientais e, também, à ação dos

antimicrobianos mais comumente utilizados (MURRAY et al., 2003; KONEMAN et al.,

2006).

2.2 Caracterização de Pseudomonas aeruginosa

P. aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa aeróbica, não fermentadora, que se

apresenta sob a forma de bacilos isolados ou aos pares, movidos por flagelos polares. Tem

tamanho de 0,5 a 0,8 por 1,5 a 3,0 μm e é de natureza ubiquitária comumente habitando o

solo, água, vegetais, animais e os mais variados ambientes hospitalares (TRABULSI;

LINCOPAN, 2008). Apresenta necessidade nutricional mínima, tolera uma ampla variedade

de temperaturas (4ºC a 42ºC), é oxidase positiva, cresce em uma grande variedade de meios

de cultura produzindo colônias grandes e irregulares que são identificadas presuntivamente

pela produção de pigmento azul-esverdeado hidrossolúvel, piocianina e pioverdina, e pelo

odor característico de frutas. Baseado em algumas características bioquímicas, P. aeruginosa

pode ser presuntivamente identificada por métodos manuais e automatizados (MURRAY et

al., 2003; KONEMAM et al., 2006).

17

P. aeruginosa possui genoma com cerca de 6,3 milhões de pares de bases e uma grande

proporção de genes regulatórios, os quais permitem a essa bactéria sobreviver em diversos

ambientes, inclusive crescer em meio com mínimos nutrientes. Conferem ainda resistência

intrínseca a drogas, por alterações de permeabilidade da membrana, efluxo ativo de

antibióticos, secreção de proteínas com função de fator de virulência, como toxinas, lipases e

proteases, sistemas quimiossensores e de quimiotaxia, e secreção de enzimas, como β-

lactamases (STOVER et al., 2000).

2.3 Patogenia

P. aeruginosa é caracterizada como um agente oportunista. Sua patogênese está

intimamente relacionada à condição do hospedeiro. Normalmente, alguma quebra de barreira

cutâneo-mucosa, como presença de cateter, tubo endotraqueal, queimaduras ou diminuição da

imunidade do hospedeiro, estão presentes nas infecções por este patógeno (ZAVASCKI,

2003).

A patogênese do ponto de vista microbiológico está associada à capacidade invasiva e

toxigênica dessa bactéria. Basicamente, o processo infeccioso da P. aeruginosa pode ser

dividido em três fases: 1) adesão e colonização; 2) invasão local; e 3) disseminação e doença

sistêmica. Nenhuma das fases se desenvolve sem que a anterior tenha ocorrido, embora o

processo possa se limitar a qualquer uma delas e cada uma dessas etapas é mediada por

determinantes de virulência bacterianos específicos (TODAR, 2004).

No processo de adesão e colonização, as fímbrias ou pili que possuem moléculas

ligantes (lectinas ligadoras de maltose e lectinas ligadoras de galactose) promovem a

aderência do micro-organismo a receptores de glicosídeos GM-1 presentes na superfície das

células do hospedeiro (principalmente células cutâneo-mucosas) (KIPNIS; SAWA; WIENER-

KRONISH, 2006). A fímbria tipo IV é composta por milhares de subunidades proteicas de

15kDa e é considerada a principal adesina de P. aeruginosa, responsável pela aderência

inicial tanto em material abiótico como na superfície de células epiteliais. Essa aderência é

mediada pela região C-terminal da subunidade estrutural da fímbria (GIRARDELLO, 2007).

O alginato, um exopolissacarídeo mucoide produzido por algumas cepas de P.

aeruginosa, também está relacionado à adesão dessas bactérias a membranas mucosas,

sobretudo em pacientes com fibrose cística. Além de funcionar como uma adesina, o

18

exopolissacarídeo também protege essas cepas da atividade mucociliar, da fagocitase e da

atividade do complemento, bem como diminui a ação dos antimicrobianos por dificultar sua

penetração na bactéria e também apresenta um importante papel na formação da arquitetura

de biofilmes por esta bactéria (ZAVASCKI, 2003; TODAR, 2004).

Biofilme é uma comunidade de micro-organismos sésseis caracterizada por células que

se aderem a um substrato biótico ou abiótico e uma às outras, embebidas em uma matriz ou

polímero extracelular, e constitui um modo de proteção dos micro-organismos permitindo sua

sobrevida em ambientes hostis. Além disso, está envolvido em diversos tipos de infecções

crônicas (DONLAN; CESTERTON, 2002). Bactérias sésseis são fisiologicamente distintas

das planctônicas da mesma espécie, tendo como característica marcante a capacidade de

serem mais resistentes aos antibióticos, pois a maioria dos antimicrobianos não consegue

penetrar na matriz extracelular do biofilme (HENTZER et al., 2001).

O mecanismo responsável pela resistência do biofilme aos antimicrobianos ainda não

está bem esclarecido. Entre as possíveis causas tem-se que dentro do biofilme pode haver: 1)

limitação na difusão do antimicrobiano; 2) as bactérias que compõem o biofilme produzem

enzimas que degradam as drogas; e 3) a justaposição das células no biofilme facilita a

transferência de genes de resistência de uma bactéria para outra por meio de plasmídeos

(GIRARDELLO, 2007).

A formação de biofilme representa um grande problema para pacientes hospitalizados,

pois, permite a colonização de cateteres e de outros dispositivos médicos e protege a bactéria

da ação dos antibióticos e do sistema imunológico do hospedeiro, o que dificulta muito o

tratamento de infecções (SOARES, 2005).

A capacidade de P. aeruginosa invadir os tecidos depende da produção de enzimas

extracelulares e toxinas. Dentre os fatores de virulência extracelulares que facilitam o

rompimento da integridade epitelial e interferem com o sistema imunológico do hospedeiro,

são citados como mais importantes as elastases, protease alcalina, fosfolipase C e hemolisinas

(JAFFAR-BANDJEE et al., 1995). A elastase parece ser a principal enzima envolvida no

processo patogênico, pois diminui a atividade mucociliar, provoca dano ao epitélio

respiratório, hemorragia intra-alveolar, degradação da laminina e elastina dos pequenos vasos,

quebra do colágeno e imunoglobulinas IgG, IgA e de fatores do complemento. A elastase

combinada com outra enzima, a protease alcalina, possui ação proteolítica sobre o interferon-

gama e o fator de necrose tumoral alfa (KIPNIS; SAWA; WIENER-KRONISH, 2006).

19

Além disso, P. aeruginosa produz citotoxinas capazes de ocasionar danos teciduais

pulmonares, diminuição da atividade de polimorfonucleares e ativação de fatores

inflamatórios. Duas hemolisinas, fosfolipase C (hemolisina termolábil) e ramnolipídeo

(hemolisina termoestável) agem sinergicamente na degradação de lipídeos e lectina e esses

fatores contribuem para a invasão tecidual por meio de efeitos citotóxicos. A fosfolipase C

caracteriza-se por sua ação citotóxica direta, aumento da síntese de ácido aracdônico e sua

capacidade de degradação da fosfatidilcolina, um componente do surfactante pulmonar,

ocasionando microatelectasias nos alvéolos pulmonares. O ramnolipídeo diminui a atividade

mucociliar do trato respiratório (ZAVASCKI, 2003; KIPNIS; SAWA; WIENER-KRONISH,

2006).

A virulência desse micro-organismo envolve também inúmeros exoprodutos, entre os

quais se destacam os pigmentos piocianina e pioverdina e a exotoxina A. A piocianina é um

pigmento azul que possui atividade bactericida contra ampla variedade de outras bactérias,

induz apoptose em neutrófilos, diminui a concentração de glutationa reduzida (poderoso

antioxidante) e aumenta a expressão de IL-8 e da molécula de adesão intercelular (ICAM-1),

apresentando toxicidade às células de mamíferos em concentrações micromolares (ALLEN et

al., 2005).

O ferro é um elemento essencial para a maioria das bactérias e para adquiri-lo do

ambiente elas precisam de sideróforos, que são moléculas circulantes. A pioverdina é o

principal sideróforo secretado por P. aeruginosa e regula a produção dos determinantes de

virulência, exotoxina A, endoprotease e sua própria secreção, o que lhe confere um

importante papel na patogênse bacteriana. Em hospedeiros humanos e animais, o pigmento

fluorescente pioverdina compete pelo ferro ligados às proteínas transferrina e lactoferrina dos

fluidos extracelulares e à ferritina e hemoglobina internalizadas em células (LAMONT et al.,

2002).

A exotoxina A é uma proteína termolábil que tem o mesmo mecanismo de ação da

toxina da difteria, pois catalisa a ADP-ribosilação e inativação do fator de elongação 2 (EF-2)

de células eucarióticas resultando na inibição da síntese de proteínas na célula afetada e

levando à morte celular. É conhecida como o componente mais tóxico produzido por P.

aeruginosa, sendo encontrada em aproximadamente 90% dos isolados clínicos (TODAR,

2004).

20

São conhecidas quatro toxinas secretadas por P. aeruginosa diretamente no citosol da

célula hospedeira pelo Sistema de Secreção Tipo III (SST3): exotoxinas S, Y, T e U. A

exotoxina S é a de maior importância na patogênese das infecções e sua função patogênica é

atribuída principalmente à atividade da ADP-ribosiltransferase, que gera uma ruptura na

organização normal do citoesqueleto celular (KIPNIS; SAWA; WIENER-KRONISH, 2006).

A exotoxina S é comumente produzida por cepas de P. aeruginosa advindas de tecidos

queimados e de bacteremias (TODAR, 2004).

Para a disseminação sistêmica da doença, acredita-se que contribuam os mesmos fatores

que determinam a invasividade da bactéria, além da camada lipopolissacarídea (LPS). O

lipopolissacarídeo da parece celular bacteriana é responsável pelas propriedades endotóxicas

do micro-organismo e a causa da síndrome séptica: febre, choque, oligúria, leucopenia ou

leucocitose, coagulação intravascular disseminada e anomalias metabólicas (FERREIRA,

2005). Os fatores de virulência de P. aeruginosa e atividade biológica produzida no

hospedeiro encontram-se resumidas na Tabela 1.

Tabela 1 - Fatores de virulência de P. aeruginosa e atividade biológica produzida no hospedeiro.

Fator de virulência Atividade Biológica

Alginato Aderência à superfície epitelial pulmonar e formação de biofilmes.

Fímbrias Aderência.

Neuraminidase Facilita a aderência.

LPS Síndrome séptica.

Exotoxina A Destrói tecido, inibe síntese proteica, interrompe atividade celular e

atividade dos macrófagos.

Enterotoxina Produz diarreia.

Exoenzima S Inibe a síntese proteica.

Fosfolipase C Destrói a membrana citoplasmática. Destrói o surfactante pulmonar.

Inativa opsoninas.

Elastase Degrada imunoglobulinas e componentes do complemento.

Leucocidina Inibe função dos neutrófilos e linfócitos.

Piocianinas Impede crescimento de outras bactérias e elimina atividade ciliar

respiratória.

Fonte: Koneman et al., 2008.

21

2.4 Epidemiologia

P. aeruginosa é uma bactéria cosmopolita em sua distribuição, isolada do solo, da água,

de plantas, de animais e de humanos. A umidade é um fator crítico para a manutenção de

reservatórios deste micro-organismo em ambiente hospitalar, sendo isolado de equipamentos

respiratórios, soluções de limpeza, medicamentos, desinfetantes, sabões, pias e alimentos

(TODAR, 2004).

P. aeruginosa está algumas vezes presente como parte da microbiota normal de

humanos. A prevalência de colonização em pessoas saudáveis é relativamente baixa. As taxas

de colonização de sítios específicos são as seguintes: pele, 0 a 2%; mucosa nasal, 0 a 3,3%;

orofaringe, 0 a 6,6%; e intestino, 2,6 a 24%. Pacientes hospitalizados têm maior taxa de

colonização destes sítios, que aumenta com o tempo de permanência no hospital e com o uso

de antimicrobianos. São mais propensos à colonização a pele de pacientes com queimaduras

severas, o trato respiratório inferior de pacientes em ventilação mecânica, o trato

gastrointestinal de pacientes em quimioterapia e qualquer sítio em pacientes tratados com

antimicrobianos. Portanto, estima-se que mais de 50% dos pacientes hospitalizados podem

estar colonizados por esse patógeno (ZAVASCKI, 2003).

Pacientes internados, principalmente em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), são

colonizados devido à frequente exposição a instrumentos e aparelhos auxiliares, mãos dos

profissionais de saúde e uso de antimicrobianos de amplo espectro. Nas últimas quatro

décadas, P. aeruginosa foi responsável por 10% de todos os casos de infecções nosocomiais

relatados. Dados do programa SENTRY (Antimicrobial Surveillance Program) mostraram

que no Brasil este foi o patógeno mais frequente em isolados de pneumonia hospitalar, o

segundo em infecções do trato urinário e infecções de ferida cirúrgica e o sétimo patógeno

mais frequente em infecções da corrente sanguínea nos hospitais avaliados pelo programa

(PIRES, 2009). Em um estudo do programa MYSTIC (Meropenem Yearly Susceptibility Test

Information Collection), onde foram investigadas infecções causadas por bactérias Gram-

negativas em vinte hospitais brasileiros, concluiu-se que P. aeruginosa foi a espécie

prevalente com 30,3%.

2.5 Infecções causadas por Pseudomonas aeruginosa

22

As infecções hospitalares e comunitárias têm como agentes etiológicos vários micro-

organismos, sendo de grande relevância as causadas por bactérias. Algumas destas

representam maior risco para o paciente devido ao perfil de sensibilidade reduzido aos

antimicrobianos, como observados em bacilos Gram-negativos não fermentadores. Neste

grupo, P. aeruginosa é a bactéria amplamente isolada nos hospitais em todo o mundo

(MARRA et al., 2006).

Geralmente o processo infeccioso se inicia após quebra de barreira anatômica, como

utilização de procedimentos invasivos. P. aeruginosa tem recebido atenção pela frequência

com que está relacionado a doenças em pacientes com comprometimento imunológico,

acompanhado de procedimentos invasivos, queimaduras e feridas operatórias, que se tornam

porta de entrada para esta espécie (MATA, 2007).

De fato, esta espécie tem sido associada a uma ampla variedade de infecções como

bacteremias, infecções do trato urinário, infecções tegumentares e ósseas, infecções

respiratórias agudas em pacientes submetidos à ventilação mecânica, infecções respiratórias

crônicas em pacientes com fibrose cística, infecções de ouvidos e oculares, resultando, muitas

vezes em septicemia fatal (KIPNIS; SAWA; WIENER-KRONISH, 2006). As infecções no

trato urinário estão relacionadas ao uso de cateteres, que são colonizados tanto pela flora do

paciente como por micro-organismos presentes nas mãos dos indivíduos da equipe de saúde,

entre outras fontes (FOXMAN, 2002).

P. aeruginosa pode causar abscessos cerebrais e meningite, pois o micro-organismo

invade o sistema nervoso central através de uma estrutura contígua, como o ouvido interno ou

seios paranasais, ou é inoculado diretamente por meio de traumatismo craniano, cirurgias ou

procedimentos invasivos de diagnóstico (TODAR, 2004).

As infecções adquiridas na comunidade, como as foliculites, oftalmites e otites externas,

tendem a ser localizadas e associadas ao contato com água contaminada (KISKA; GILLIAN,

2003).

A importância clínica deste patógeno tem se elevado significativamente em razão da

gravidade das infecções, das altas taxas de morbimortalidade em pacientes hospitalizados e de

contínuos fracassos terapêuticos (TORRES et al., 2006), consequência direta da ampla

expressão de fatores de virulência, assim como da resistência intrínseca e adquirida a diversos

agentes antimicrobianos (TRABULSI; LINCOPAN, 2008).

23

P. aeruginosa tem se mantido inalterada na sua posição entre um dos principais

patógenos causadores de infecção em UTI, onde é exercida uma grande pressão seletiva de

agentes antimicrobianos promovendo o aparecimento de cepas resistentes e multirresistentes

(TORRES et al., 2006). Infecções causadas por cepas multirresistentes são de difícil controle,

ocasionando maior tempo de internação hospitalar e alto custo com exames e medicamentos

(MARTINS, 2002).

2.6 Resistência a antimicrobianos

A resistência bacteriana aos antimicrobianos pode ser resultado de mecanismos

intrínsecos ou adquiridos. A resistência intrínseca é uma característica natural de

determinados grupos de bactérias, sendo espécies ou gênero-específica. Provém de herança

genética do micro-organismo, sendo transmitida verticalmente às células filhas. A resistência

adquirida ocorre quando as bactérias naturalmente sensíveis tornam-se resistentes, devido à

aquisição de genes de resistência decorrente da transferência de material genético ou de

mutações em genes cromossomais (POLLOTO, 2010).

Devido às mutações e seleções naturais relacionadas ao uso excessivo de antibióticos,

nos últimos anos tem sido observado um importante aumento nas taxas de resistência aos

antimicrobianos em isolados clínicos de P. aeruginosa (MATA; ABEGG, 2007; SLAMA,

2008).

A baixa permeabilidade da membrana externa a determinadas drogas, a produção de

betalactamases cromossômicas tipo AmpC e a presença constitutiva de bombas de efluxo são

mecanismos intrínsecos de resistência responsáveis pela resistência natural desta espécie às

penicilinas de espectro restrito, cefalosporinas de primeira e segunda geração, trimetoprim e

sulfonamidas. As opções terapêuticas são as penicilinas ticarcilina e piperalicina, as

cefalosporinas de amplo espectro (ceftazidima e cefepime), aztreonam, carbapenêmicos,

aminoglicosídeos e fluoroquinolonas (SPIEGEL, 2005).

Alguns dos mecanismos de resistência adquiridos são a produção de betalactamases de

diferentes classes moleculares, produção de enzimas modificadoras de aminoglicosídeos,

alteração do alvo das fluoroquinolonas, a perda de porinas devido à mutação e a

hiperexpressão de bombas de efluxo (LIVERMORE, 2002). Cepas panresistentes combinam

diversos destes mecanismos e são resistentes praticamente a todos os antimicrobianos

24

comercialmente disponíveis, exceto a colistina e a polimixina B, este último, um agente

antimicrobiano altamente tóxico (ZAVASCKI et al., 2007).

Juntamente com outros bacilos Gram-negativos, P. aeruginosa tem apresentado

aumento no perfil de resistência às cefalosporinas de espectro ampliado de uso hospitalar,

ocasionando uso de antimicrobianos beta-lactâmicos de maior potência, como os carbapenens.

Os carbapenens, por possuírem amplo espectro de atividade e serem estáveis à maioria das

betalactamases, são uma classe de uso reservado para tratar infecções severas causadas por

micro-organismos conhecidamente resistentes às penicilinas e cefalosporinas de última

geração e são uma importante opção terapêutica para as infecções graves causadas por cepas

de P. aeruginosa multirresistentes. (PICOLI, 2008; KATTAN et al., 2008)

São utilizados o imipenem e o meropenem, pois o ertapenem, apesar de seu amplo

espectro de ação apresenta atividade limitada sobre este patógeno. Entretanto, cepas de P.

aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos têm sido isoladas frequentemente e esta resistência

é causada pelos seguintes mecanismos: hiperexpressão de sistemas de efluxo, alteração da

permeabilidade da membrana à droga, mediada pela perda ou diminuição da expressão de

porinas, alteração das proteínas ligadoras de penicilinas e produção de enzimas inativadoras

(LIVERMORE, 2001). A perda de uma porina específica, a OprD, devido a mutação no gene

OprD, que condifica porinas com reduzida afinidade pelo imipenem é considerada uma

importante causa de resistência de P. aeruginosa a esta droga e a resistência ao meropenem é

relatada como consequência da hiperexpressão do sistema efluxo MexAB-OprM

(RODRÍGUEZ-MARTÍNEZ; LAURENT; NORDMANN, 2009).

A produção de carbapenemases, enzimas que inativam os carbapenêmicos, é um

mecanismo de resistência emergente que vem sendo apontado como causa da redução da

utilidade clínica do imipenem e meropenem no tratamento das infecções por P. aeruginosa

(LIVERMORE, 2002).

As betalactamases são enzimas capazes de hidrolisar os antibióticos beta-lactâmicos

através da hidroxilação irreversível da ligação amida do anel beta-lactâmico, gerando

compostos sem atividade antimicrobiana (BUSH, 2001).

Em 1989 foi proposta uma classificação, por Bush, cujo agrupamento inclui enzimas

betalactamases de todos os grupos bacterianos e que correlaciona substratos e propriedades de

inibição, integrando características funcionais e moleculares. Devido ao aparecimento

crescente de betalactamases e de sua diversidade, em 1995, o esquema de classificação

25

desenvolvido por Bush sofreu modificações propostas por Bush, Jacoby e Medeiros, a qual

deu origem a subgrupos, por exemplo, os subgrupos com o prefixo 2b, 2be, 2f, etc., para

melhor caracterizar as diferentes enzimas. Ambler propôs um outro tipo de classificação

molecular, na qual a sequência genética define quatro classes designadas como A, B, C, e D.

As enzimas da classe A, C e D são serinas betalactamases e atuam sobre o antibiótico

rompendo o anel beta-lactâmico por um mecanismo de hidrólise com consequente inativação

da droga; as enzimas da classe B utilizam íons zinco para romper o anel beta-lactâmico e

inativar o antibiótico. Atualmente, utiliza-se a combinação das características estruturais e

funcionais das betalactamases: a classificação molecular de Ambler e a classificação

funcional de Bush-Jacoby-Medeiros (ROSSI; ANDREAZZI, 2005).

As metalo-β-lactamases (MβLS), classificadas no grupo 3 de Bush e B de Ambler, são

enzimas que apresentam um largo espectro de atividade, são codificadas por genes

plasmidiais e ocorrem em espécies particulares de bactérias (JACOBY; MUNHOZ-PRICE,

2005). Elas necessitam de cátions divalentes (Zn++

) como co-fatores enzimáticos, ou seja, a

droga interage com o íon zinco no sítio ativo da enzima, sendo inibidas pela ação de agente

quelante e por componentes derivados de tióis, como o ácido tiolático ou ácido 2-

mercaptopropiônico (2-MPA) (HEMALATHA; UMA, VIJAYLAKSHMI, 2005; MENDES

et al., 2006).

As MβLS, como todas as betalactamases, podem ser divididas em enzimas

cromossomo-mediadas e naquelas codificadas por genes transferíveis. Muitas dessas enzimas

vêm sendo descobertas e elas parecem se espalhar rapidamente devido ao seu potencial de

transferência inter e intra-espécies (JACOBY; MUNHOZ-PRICE, 2005). Essas enzimas

constituem o grupo de carbapenemases de maior importância clínica por apresentarem

atividade hidrolítica não somente sobre os carbapenêmicos, mas também sobre penicilinas,

cefalosporinas, cefamicinas e oxacefamicinas e não serem inibidas pelo ácido clavulânico ou

tazobactam (MENDES et al., 2006).

Atualmente são conhecidas seis subclasses de MβLS adquiridas: imipenemase (IMP),

descoberta no Japão; Verona imipenemase (VIM), descoberta na Itália em 1997, em uma

amostra clínica de P. aeruginosa; São Paulo metalo-beta-lactamase (SPM-1), isolada em 1997

de amostra clínica de P. aeruginosa no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São

Paulo; German imipenemase (GIM-1), descoberta na Alemanha; Seoul imipenemase (SIM-1),

detectada em sete amostras clínicas de A. baumannii provenientes da Coreia, entre 2003 e

2004; e, Australian imipenemase (AIM), descoberta em uma amostra de P. aeruginosa isolada

26

em 2007 na Austrália. No entanto, as variantes de metalo-enzimas dos tipos IMP, VIM, SPM-

1 e GIM-1 são as mais relevantes clinicamente (WALSH et al., 2005). Os tipos de MβLS

detectados no Brasil são SPM, IMP e VIM (FIGUEIREDO et al., 2009).

Nos testes de disco difusão, utilizados para avaliar a susceptibilidade aos

antimicrobianos, geralmente as amostras produtoras de MβLS são resistentes à ceftazidima,

enquanto a susceptibilidade aos carbapenêmicos pode ser variada (FIGUEIREDO et al.,

2009).

Considerando a capacidade das MβLS em degradar todas as classes de beta-lactâmicos

e que está distante de se implantar uma terapêutica inibidora, a disseminação desta enzima

poderá se converter em catástrofe clínica (JACOBY; MUNHOZ-PRICE, 2005).

As Betalactamases de Espectro Ampliado (ESBL) são enzimas mediadas por genes

plasmidiais, não induzíveis, capazes de hidrolisar a cadeia oximino-beta-lactâmica presente na

estrutura química da droga. Isso faz com que seu espectro de ação se estenda aos beta-

lactâmicos como, penicilinas, cefalosporinas de primeira, segunda, terceira e quarta gerações

e monobactâmicos (aztreonam). Mas não conferem resistência às cefamicinas (cefoxitina e

cefotetan) e carbapenêmicos (imipenem e meropenem), sendo inibidas pelos inibidores das

betalactamases, como ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam (ROSSI; ANDREAZZI,

2005).

Estas enzimas pertencem ao grupo 2be e 2d de Bush-Jacoby-Medeiros e ao grupo A de

Ambler, com exceção das ESBL tipo OXA que pertencem a classe D de Ambler e ao grupo

2be e 2d de Bush-Jacoby-Medeiros (PATERSON; BONOMO, 2005).

A existência de P. aeruginosa produtora de ESBL representa um grande desafio na

prática clínica, pois os testes disponíveis para detectar a produção de ESBL no laboratório

clínico não apresentam boa acurácia quando aplicados a este patógeno. Dessa forma, é

provável que sua prevalência nos hospitais seja subestimada (PICÃO; GALES, 2007).

Em 1993, PER-1 foi a primeira ESBL da classe A de Ambler a ser caracterizada em

uma amostra de P. aeruginosa, proveniente da Turquia. As enzimas do tipo TEM e SHV são

bastante comuns em enterobactérias e foram identificadas em isolados de P. aeruginosa entre

1996 e 2002 na França e na Tailândia. Em 1999, foi observado que 93% das amostras deste

micro-organismo resistente à ceftazidima isoladas em um hospital Tailandês produziram uma

nova ESBL denominada VEB-1. O primeiro relato de produção de ESBL por este patógeno

no Brasil data de junho de 2002, onde a amostra clínica produtora de GES-1 foi isolada de

27

uma paciente submetida à histerectomia por uma neoplasia de endométrio e desenvolveu

infecção do sítio cirúrgico, no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo.

Portanto, em P. aeruginosa já foram descritas as ESBL tipo SHV, TEM, PER, VEB, BEL,

GES e CTX-M (PICÃO; GALES, 2005). As classificações das betalactamases encontram-se

descritas na Tabela 2.

As principais drogas consideradas antipseudomonas são: penicilinas com inibidor de

betalactamase (piperacilina combinado a tazobactam), cefalosporinas de terceira, quarta e

quinta geração (ceftazidima, cefepime e ceftobiprole), carbapenêmicos (imipenem e

meropenem), aztreonam, fluorquinolonas (ciprofloxacina e levofloxacina), aminoglicosídeos

(gentamicina e amicacina) e peptídeos catiônicos como polimixina B e colistina. No entanto, a

prevalência de isolados de P. aeruginosa resistentes a três ou mais destes antibióticos tem

aumentado consideravelmente nos últimos anos (SILVA et al., 2010).

Tabela 2 - Classificação das betalactamases segundo Ambler e Bush.

Grupo Classe Substrato Inibição por

clavulanato Enzimas representantes

1 C Cefalosporinas Não AmpC de GN, MIR

2ª A Penicilinas Sim Penicilinases de GP

2b A Penicilinas Sim TEM-1, TEM-2, SHV

Cefalosporinas

2be A Penicilinas Sim TEM-3 a TEM-26, SHV-2a SHV-6,

Penicilinas

K. oxytoca K1

2br A Penicilinas Sim/Não TEM-30 a TEM-36, TRC-1

2c A Penicilinas Sim PSE-1, PSE-3, PSE-4

Carbernicilina

2d D Penicilinas Sim/Não OXA-1, OXA-11, PSE-2

Cloxacilina

2e A Cefalosporinas Sim Cefalosporinases induzíveis

de P. vulgaris

2f A Penicilinas Sim NMC-A de Enterobacter cloacae,

Cefalosporinas

Sme-1 de Serratia marcescens

Carbapenêmicos

3 B

Maioria dos beta-

lactâmicos, inclusive

carbapenêmicos

Não L1 de Stenotrophomonas

maltophilla, CcrA de Bacteroides

fragilis, MBL

4 Indeterminada Penicilinas Não Penicilinases de B. cepacia

GP: Gram-positivos; GN: Gram-negativos. Fonte: Rossi; Andreazzi, 2005.

28

A ceftazidima, o imipenem e o meropenem são os antibióticos mais utilizados para o

tratamento de infecções causadas por P. aeruginosa. Embora o imipenem seja um dos agentes

antimicrobianos mais prescritos no tratamento dessas infecções, essa decisão tem sido cada

vez mais complicada pela crescente resistência exibida, além do que não é rara a resistência

conjunta aos demais antimicrobianos citados. Entretanto, a resistência deste patógeno ao

imipenem tem sido frequentemente reportada na última década no mundo e no Brasil. Esta

bactéria apresenta taxas de resistência aos carbapenêmicos bastante elevadas (ZAVASCKI,

2003; CACCI, 2007), nestas situações a polimixina B tem sido a única opção terapêutica,

embora alguns estudos já tenham mostrado a existência de cepas de P. aeruginosa com

sensibilidade reduzida a este agente (FALAGAS; KASIAKOU, 2005; LANDMAN et al.,

2005).

Atualmente, a atividade antimicrobiana da combinação de diferentes antibióticos é

estudada in vitro e in vivo, com intuito de propiciar nova alternativa terapêutica para infecções

causadas por micro-organismos multirresistentes (MITSUGUI et al., 2008).

29

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Detectar os possíveis fatores de virulência e analisar o perfil de susceptibilidade aos

antimicrobianos de diversas amostras clínicas de Pseudomonas aeruginosa provenientes de

hospitais de São Luís-MA, os quais possam ser importantes na elucidação do seu mecanismo

de patogenicidade.

3.2 Específicos

Identificar as unidades de internação e espécimes clínicos mais acometidos pelas

amostras em estudo;

Conhecer o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos;

Detectar a presença das ESBL nas cepas multirresistentes por PCR;

Detectar fenotipicamente a produção de lipase, protease, elastase, fosfolipase, gelatinase

e hemolisina nas amostras de P. aeruginosa;

Avaliar o tipo de fímbrias e a produção de biofilme;

Verificar a atividade citotóxica e a capacidade de adesão das amostras multirresistentes

de P. aeruginosa em células HEp-2;

Detectar a presença de genes que codificam a produção das enzimas protease alcalina,

elastase A, elastase B, fosfolipase C hemolítica, fosfolipase C não hemolítica, exotoxina

A e a presença dos genes algD;

Analisar a frequência de expressão dos diversos fatores de virulência pesquisados entre

as cepas multirresistentes.

30

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Isolados bacterianos

Foram isoladas 100 cepas de Pseudomonas aeruginosa obtidas de diferentes amostras

clínicas no período de março a julho de 2010. Os isolados foram provenientes de cinco

hospitais (4 públicos e 1 particular) de São Luís do Maranhão, denominados de HospA,

HospB, HospD, HospE (hospitais públicos) e HospC (hospital particular).

4.2 Identificação das cepas de P. aeruginosa

Todas as cepas foram identificadas pelo método automatizado Vitek 2 (bioMérieux)®

em um laboratório de microbiologia local, e posteriormente estocadas em Ágar BHI acrescido

de glicerol (20%) a -20ºC para conservação e manutenção da viabilidade das mesmas. No

laboratório de Microbiologia do Centro Universitário do Maranhão (UniCEUMA) foi

realizado o reisolamento das amostras em placas de Ágar MacConkey e Ágar Sangue de

Carneiro (5%) pela técnica de semeadura em superfície para certificação da pureza das

amostras e posterior utilização na realização dos testes (KONEMAN et al. 2001). Os meios de

cultura e reagentes empregados na metodologia encontra-se no ANEXO A.

4.3 Susceptibilidade antimicrobiana

Os testes de susceptibilidade aos antimicrobianos foram realizados conforme o método

de disco-difusão em ágar Müeller-Hinton (Kirby-Bauer). Os resultados foram reportados

como sensível, intermediário ou resistente conforme recomendações do Clinical and

Laboratory Standards Institute (CLSI, 2010), responsável por estabelecer os critérios e

padronização dos pontos de corte para os diferentes antibióticos. Foram testadas as seguintes

drogas (OXOID): amicacina (30 μg), aztreonam (30 μg), cefepime (30 μg), ceftazidima (30

μg), ciprofloxacina (5 μg), gentamicina (10 μg), imipenem (10 μg), levofloxacina (5 μg),

meropenem (10 μg), piperacilina/tazobactam (100 μg/10 μg) e polimixina B (300 U). Foram

definidas como cepas multirresistentes aquelas que apresentaram resistência a três ou mais

classes de antibióticos. Para o controle de qualidade empregou-se a cepa P. aeruginosa ATCC

27853 (Rockville, Md).

31

4.4 Detecção da atividade lipolítica

Para a detecção da atividade lipolítica foi utilizado o método descrito por Edberg, Gallo

e Kontnick (1996) modificado. As amostras de P. aeruginosa previamente cultivadas em ágar

nutriente a 37oC por 24 horas, foram semeadas por picada em ágar BHI suplementado com

1% de tween-80. As culturas foram incubadas à temperatura ambiente e avaliadas diariamente

por 3 dias. A presença de um halo ao redor do local da inoculação, após 2 a 3 dias, foi

considerado como teste positivo.

4.5 Detecção da atividade hemolítica

4.5.1 Pesquisa de hemolisina em meio sólido

Para a realização do ensaio de hemolisina utilizou-se ágar Müeller-Hinton contendo 5%

de sangue desfibrinado de carneiro, cavalo e humano. Para a detecção da formação de halos

de hemólise, as cepas de P. aeruginosa, previamente semeadas em BHI a 37oC por 24 horas,

foram inoculadas em pontos equidistantes nas placas de Petri, e incubadas a 37oC por 24

horas (BEUTIN et al., 1988). A atividade hemolítica foi verificada pela formação de halos ao

redor das colônias pela ação da enzima hemolítica.

4.5.2 Atividade hemolítica no sobrenadante de cultura (teste em microplaca)

Para a realização desse teste foi utilizado o método descrito por Bhakdi e Tranum-

Jensen (1986), com algumas modificações. As amostras de P. aeruginosa foram semeadas em

BHI e incubadas a 37oC por 18 horas em estufa bacteriológica. Após a incubação as amostras

foram centrifugadas (3600 rpm/15min) para obtenção dos sobrenadantes. Alíquotas de 500 μL

dos sobrenadantes foram diluídas na razão 2 com PBS (pH 7,2). Uma alíquota de 500 μL de

suspensão a 1% de hemácia de carneiro, previamente lavada três vezes com PBS (pH 7,2), foi

adicionada a cada tubo contendo os sobrenadantes e incubadas em banho maria a 37oC por 1

hora. Após esse tempo, uma alíquota de 200 μL foi retirada e adicionada a cada orifício da

microplaca de 96 poços e a atividade hemolítica foi determinada visualmente após 60 minutos

de incubação a 37oC. Foi utilizado como controle positivo de lise a suspensão de hemácias

com água destilada e como controle negativo de lise a suspensão de hemácias com PBS.

32

4.5.3 Influência da presença de íons e quelantes na atividade hemolítica

Este experimento foi realizado segundo a metodologia descrita por Beutin et al. (1988)

com algumas modificações. A atividade da hemolisina foi testada em ágar Müeller-Hinton

com 5% de sangue de carneiro, ao qual foi acrescentado separadamente os quelantes EDTA

(10 mM) e EDDA (12,5 μg/mL) e o íon CaCl2 (10 mM). A atividade hemolítica foi verificada

pela formação de halo ao redor das colônias, após semeadura por picada das amostras e

incubação a 37oC por 24 horas.

4.6 Detecção da atividade proteolítica

Para caracterizar fenotipicamente a produção da protease, empregou-se o método

descrito por Jagger, Bahner e Warren (1983). Inicialmente as amostras de P. aeruginosa

foram inoculadas em BHI e após incubação a 37oC por 24 horas, foram semeadas por picada

nas placas de Petri contendo ágar Müeller-Hinton e skim Milk (2%). A observação de halos

claros em torno dos pontos inoculados indica atividade proteolítica.

4.7 Detecção da produção fenotípica da fosfolipase

A realização do teste seguiu as recomendações descritas por Hobermann e Hardat

(1972), com algumas modificações. As cepas, inicialmente semeadas em BHI a 37oC durante

24 horas, foram inoculadas em placas com ágar Müeller-Hinton enriquecido com egg yolk

10% (vol/vol). O aparecimento de um precipitado branco ao redor ou abaixo do local do

inóculo é indicativo de produção de fosfolipase.

4.8 Detecção da produção de gelatinase

Inicialmente, as cepas foram inoculadas em BHI e após a incubação a 37oC durante 24

horas, o pré-inóculo foi inoculado em tubos (semeados em profundidade) contendo 5 mL de

uma solução de gelatina a 12%, preparada em tampão fosfato pH 7,4. Após incubação a 37oC

por 24 horas, a atividade proteolítica é observada quando ocorre liquefação da gelatina

(WILSON, 1930).

33

4.9 Detecção da produção de elastase

A produção da elastase foi realizada segundo o protocolo de Morihara (1964), com

modificações. Inicialmente, as cepas de P. aeruginosa foram semeadas em BHI, incubadas a

37oC durante 24 horas e posteriormente foram inoculadas pontualmente em placas de Petri

com o meio de cultura contendo 1% de elastina e 2% de ágar bacteriológico, diluídos em

tampão Tris-HCl (hidroximetil) aminometano 0,03M pH 8,0 e incubadas por 48 horas a 37oC

e por mais 5 dias em temperatura ambiente. A atividade de elastase foi determinada pela

observação de zonas claras ao redor do local de inoculação, em decorrência da ação da

enzima.

4. 10 Produção de biofilme

4.10.1 Avaliação da produção de cápsula

A avaliação da capacidade de P. aeruginosa em produzir cápsula foi realizada pelo

método de semeadura em Ágar Vermelho Congo, descrito por Freeman, Falkiner e Keane

(1989), com pequenas modificações. O AVC foi preparado conforme ANEXO A. Colônias de

P. aeruginosa obtidas pelo crescimento prévio overnight em BHI foram semeadas por

esgotamento no meio AVC e incubadas a 37°C por 24 horas. Os resultados foram avaliados

de acordo com a coloração apresentada pelas colônias. As amostras foram consideradas

produtoras de cápsula quando apresentaram coloração preta e as não produtoras de cápsula

quando apresentaram coloração vermelha.

4.10.2 Indução de biofilme in vitro

A formação de biofilme por P. aeruginosa também foi avaliada em placas de

microtitulação de poliestireno pelo método de Cristal Violeta descrito por Stepanovic et al.

(2007), com algumas modificações. Primeiramente, as amostras foram inoculadas em caldo

BHI e incubadas a 37°C por 24 horas. Em seguida, uma porção do caldo de cultivo foi diluída

(1:40) em meio BHI estéril. Os poços das placas de microtitulação foram preenchidos

sequencialmente com alíquotas de 200 μL de cada amostra em triplicata. No controle

negativo, transferiram-se somente 200 μL de caldo BHI em triplicata. Após preenchidas, as

placas foram incubadas a 37°C por 24 horas em estufa microbiológica. Posteriormente foram

lavadas três vezes com PBS (pH 7,4) e deixadas secar à temperatura ambiente. Depois foi

34

adicionado o Cristal violeta (200 μL/cavidade) e as placas foram incubadas por 15 minutos à

temperatura ambiente. Em seguida cada cavidade foi lavada com água destilada estéril por

três vezes e deixadas secar a temperatura ambiente.

A avaliação de formação de biofilme foi realizada através da leitura da absorbância de

cada poço utilizando-se o espectrofotômetro (BIO-RAD Laboratories PR 2100), em

comprimento de onda de 490 nm.

Baseando-se nas densidades ópticas dos isolados (DOi) e tomando-se por base a

densidade óptica do controle negativo (DOc), os isolados foram classificados nas seguintes

categorias:

- Não produtor: DOi < Doc

- Produtor fraco: DOc < DOi (2x Doc)

- Produtor moderado: (2x DOc) < DOi (4x DOc)

- Produtor forte: (4x DOc < DOi)

4.11 Identificação de fímbrias manose-sensível

As amostras foram previamente semeadas em BHI e incubadas a 37°C por 24 horas,

para posteriormente serem centrifugadas três vezes (3600 rpm por 15 minutos) sempre

descartando o sobrenadante e colocando PBS (pH 7,4). O sangue de carneiro foi lavado três

vezes com PBS (pH 7,4), para o preparo de uma solução de hemácias a 1% em PBS com e

sem a adição de manose (5,4g de manose/1000 mL). Cerca de 100 μL dos isolados foram

misturados, em lâminas de vidro, com 100 μL da solução de hemácias com e sem manose. As

amostras que produziram hemaglutinação somente na ausência de manose foram consideradas

manose sensíveis (CLEGG; OLD, 1979).

4.12 Determinação da hidrofobicidade celular

Após crescimento em ágar BHI por 18 horas a 37°C, as culturas foram suspensas com

concentrações crescentes de sulfato de amônio de 0,5 M, 1,0 M, 1,5 M, 2,0 M, 2,5M e 3,0 M.

A formação de grumos em até dois minutos após a suspensão indica resultado positivo

(SCHMIDT et al., 1998).

35

4.13 Detecção dos genes de virulência por PCR

A detecção dos genes de virulência que codificam protease alcalina (aprA), elastase

A (lasA), elastase B (lasB), fosfolipase C hemolítica (plcH), fosfolipase C não hemolítica

(plcN), exotoxina A (toxA) e alginato (algD) foi realizada por PCR multiplex, conforme

descrito por Lanotte et al. (2004), com modificações. As sequências dos primers utilizados

estão descritos na Tabela 3 e os primers foram adquiridos da Invitrogen (Carlsbad, CA). A

extração de DNA total foi obtida pela fervura das células bacterianas por 8 minutos. As

reações de amplificação foram realizadas em um volume final de 25 μL, contendo 2 μL da

lise bacteriana, 2,5 nM de dNTP, 20 pmol de cada primer, 2 mM MgCl2 e 1,0 U de Taq DNA

polymerase em tampão de reação 10x (Flexi Buffer). O DNA foi amplificado no

termociclador Mycicler (BioRad) usando o seguinte protocolo: 94°C por 3 min, 30 ciclos a

94°C por 30s, 55°C por 1 min, 72°C por 1 min e 30s e 72°C por 5 min. Os produtos da PCR

foram detectados após eletroforese em gel de agarose a 2,5% a 80 V por 55 min, sendo

posteriormente corado com brometo de etídio na concentração de 20 μg/100 mL de água e

visualizado em luz ultravioleta com auxílio do transluminador.

Tabela 3 - Sequência de oligonucleotídeos usados na detecção dos genes de virulência.

Genes Sequências de oligonucleotídeos (5'-3') Tamanho da

amplificação (bp) Referência

aprA F GTCCTATACCGTCGACCAGGC 928 (LOMHOLT et al., 2001)

R GTCGCTACCCGAGCCGCCGAT

lasA F CGCCATCCAACCTGATGCAAT 514 (LOMHOLT et al., 2001)

R AGGCCGGGGTTGTACAACGGA

lasB F GGAATGAACGAAGCGTTCTC 300 (LANOTTE et al., 2004)

R GGTCCAGTAGTAGCGGTTGG

plcH F GAAGCCATGGGCTACTTCAA 307 (LANOTTE et al., 2004)

R AGAGTGACGAGGAGCGGTAG

plcN F GTTATCGCAACCAGCCCTAC 466 (LANOTTE et al., 2004)

R AGGTCGAACACCTGGAACAC

toxA F GGTAACCACGTCAGCCACAT 352 (LANOTTE et al., 2004)

R TGATGTCCAGGTCATGCTTC

algD F ATGCGAATCAGCATCTTTGGT 1340 (LANOTTE et al., 2004)

R CTACCAGCAGATGCCCTCGGC

Legenda: F, forward; R, reverse (FONTE: PRADO, 2009)

36

4.14 Detecção dos genes de Betalactamase por PCR

4.14.1 Extração do DNA bacteriano

Para a extração do DNA, foi suspensa uma colônia por isolados em 1 mL de água

destilada estéril. Posteriormente, as cepas foram fervidas durante 8 minutos em banho-maria

e, em seguida, o DNA dos isolados foi mantido à temperatura de -20°C (AGERSBORG;

DAHL; MARTINEZ, 1997).

4.14.2 Detecção de genes bla

TEM, bla

CTX-M e bla

SHV por PCR multiplex

Os primers utilizados no estudo estão listadas na Tabela 4. Os primers foram adquiridos

da Invitrogen (Carlsbad, CA) e todas as reações foram realizadas com 2,5 μL de DNA de cada

micro-organismo, 0,8 μL de primers específicos (1 μM), 0,25 μL Taq DNA polimerase (5

u/μL), 5 μL do tampão Green Go Taq Flexi Buffer (5x), 2 μL MgCl2 (2mM), 0,25 μL dNTPs

(20 mM) e 12,2 μL de água miliQ em um volume total de 25 μL. As condições para

amplificação foram as seguintes: desnaturação inicial a 95°C por 15 minutos, 30 ciclos de

desnaturação a 94°C por 30 segundos, anelamento a 60°C por 30 segundos, extensão a 72°C

por 2 minutos, seguido de uma extensão final a 72°C por 10 minutos. As amplificações foram

realizadas no termociclador Mycicler (BioRad) e o produto amplificado de cada reação foi

separado em gel de agarose a 2,5% durante o período de 1 hora (60/80 volts), sendo

posteriormente corado com brometo de etídio na concentração de 20 μg/100 mL de água e

visualizado em luz ultravioleta com auxílio do transluminador (MONSTEIN et al., 2007).

Tabela 4 - Primers usados na amplificação por PCR multiplex.

Nome do

primer Sequência (direção 5'- 3')

Gene

alvo

Tamanho do

fragmento (pb)

TEM-164. SE TGCCCGCATACACTATTCTCAGAATGA blaTEM 445

TEM-165. AS ACGCTCACCGGCTCCAGATTTAT

CTX-M-U1 ATGTGCAGYACCAGTAARGTKATGGC blaCTX-M 593

CTX-M-U2 TGGGTRAARTARGTSACCAGAAYCAGCGG

bla-SHV. SE ATGCGTTATATTCGCCTGTG blaSHV 747

bla-SHV. AS TGCTTTGTTATTCGGGCCAA

Fonte: Monstein et al., 2007.

37

4.15 Detecção de citotoxina

4.15.1 Preparo das culturas celulares

Foram utilizadas as células HEp-2 (carcinoma epidermoide de laringe) as quais foram

descongeladas rapidamente em banho-maria a 37°C e transferidas para uma garrafa de cultura

de células contendo meio MEM (meio mínimo essencial de Eagle modificado/ Cultilab),

suplementando com 10% de soro fetal bovino (SFB/ Cultilab) e 1% de solução de antibióticos

contendo penicilina (1000 U/mL; Sigma) e estreptomicina (250 μg/mL; Sigma). Os frascos de

cultura foram incubados em atmosfera de 5% de CO2 a 37°C por 48 horas, até a formação do

tapete celular. Depois o meio foi descartado, sendo adicionado à cultura celular uma solução

de ATV (Associação Tripsina-Versene/Cultilab) para o deslocamento do tapete. As células

foram ressuspendidas no meio MEM, acrescido de 10% de SFB e 1% de antibióticos, para um

número estimado de 2,5 x células/mL. A suspensão de células será distribuída em microplacas

de 96 cavidades (COSTAR), em um volume de 100 μL por cavidade. As placas foram

incubadas a 37°C em atmosfera de 5% de CO2 por 24 horas.

4.15.2 Preparo das amostras bacterianas

As amostras de P. aeruginosa foram cultivadas em 3 mL de BHI a 37°C por 18h com

agitação a 150 rpm. Após esse período, as amostras de cada cultura foram centrifugadas (3600

rpm/10min) e seu sobrenadante coletado. O sobrenadante obtido foi centrifugado por mais

três vezes e filtrado, para total retirada das bactérias e mantido a -20°C até o momento dos

ensaios biológicos.

4.15.3 Teste de Citotoxicidade

As placas de cultura de linhagem de célula HEp-2, preparadas como descrito no item

4.15.1, foram utilizadas para detecção de citotoxinas existentes nos sobrenadantes de cultura

das amostras de Pseudomonas aeruginosa (item 4.15.2).

Alíquotas de 100 μL dos sobrenadantes foram utilizadas em duplicata, em diluições

seriadas na razão dois. As placas foram incubadas em estufa a 37°C em atmosfera de 5% de

CO2 e a leitura dos resultados foi feita em 18h, 24h e 72h após incubação. Foi utilizado como

controle positivo a solução de fenol a 2% com PBS (KONOWALCHUK; SPEIRS;

STAVRIC, 1977).

38

4.16 Pesquisa de Aderência Bacteriana em Células HEp-2

4.16.1 Cultivo e preparo das monocamadas celulares

As células HEp-2 foram descongelados em banho-maria a 37°C e transferidas para uma

garrafa de cultura de células contendo meio MEM, suplementando com 10% de soro fetal

bovino e 1% de solução de antibióticos contendo penicilina (1000 U/mL; Sigma) e

estreptomicina (250 μL/ mL; Sigma). Os frascos de cultura foram incubados em atmosfera de

5% de CO2 a 37°C por 48 horas, até a formação do tapete celular. Após esse período, o meio

foi descartado, sendo adicionado à cultura celular uma solução de ATV para o deslocamento

do tapete. As células foram ressuspensas no meio MEM, acrescido de 10% de soro fetal

bovino e 1% de antibióticos, para um número estimado de 2,5 x células/mL. A suspensão de

células foi distribuída em microplacas de 24 cavidades, contendo lamínulas, em volumes de 1

mL por cavidade. As placas foram incubadas a 37°C em atmosfera de 5% de CO2 por 48h ou

até que a monocamada atingisse a semi-confluência.

4.16.2 Realização do teste de adesão

Um inóculo de 40 μL das amostras de Pseudomonas aeruginosa cultivadas em BHI por

18h a 37°C em agitação de 150 rpm foram adicionadas em placas de 24 orifícios, contendo

monocamadas celulares semi-confluentes de células HEp-2 contidas em MEM acrescido de

SFB a 2% na ausência ou presença de D-manose a 2%. Após 2h de incubação a 37°C em

atmosfera de 5% de CO2 (período de infecção), as placas foram lavadas com PBS e

adicionado ao meio 1 mL de MEM acrescido de SFB com e sem manose. Após 2h (período

de multiplicação), cada uma das placas foi lavada com PBS e as células foram fixadas com

metanol por um período mínimo de 10 minutos. As preparações foram coradas com May-

Grunwald/Giemsa e analisadas quanto ao padrão de aderência em microscópio óptico NIKON

(SCALETSKY; SILVA; TRABULSI, 1984).

4.17 Análise estatística

Os procedimentos estatísticos compreenderam o emprego do coeficiente de

contingência C, da regressão logística múltipla e dos testes de Friedman, Qui-quadrado e

Kruskal-Wallis para a análise dos dados. Em todos os testes o nível de significância aplicado

foi de 5%. No processamento eletrônico dos dados foi utilizado o Programa BioEstat 5.0.

39

4.18 Aspectos Éticos da Pesquisa

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do UNICEUMA, segundo

emissão do parecer 303/2010 (ANEXO B), seguindo rigorosamente as normas da Resolução

CNS 196/96.

40

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise epidemiológica

As cepas de P. aeruginosa incluídas neste estudo foram isoladas de amostras clínicas

obtidas de diferentes sítios anatômicos (Figura 1). Secreção traqueal foi a amostra clínica

mais frequente, correspondendo a 25% do total. A urina correspondeu a 19% das amostras,

seguida da ponta de cateter com 12%, secreções diversas com 11%, ferida com 8%, sangue

com 7% e outros materiais clínicos (aspirado faríngeo, escara, escarro, lavado brônquico,

líquido pleural, líquido ascítico, líquor, placa de cavidade oral e swab nasal) com 18% do total

das amostras clínicas.

Figura 1 - Distribuição de 100 amostras clínicas de P. aeruginosa por sítio anatômico.

Estudos relatam que a alta frequência de isolamento de P. aeruginosa a partir de

amostras do trato respiratório está associada à ventilação mecânica, geralmente causando

pneumonias (MENEZES et al., 2004). Um trabalho realizado por Lucchetti et al. (2005),

mostrou que esta bactéria foi o principal agente isolado de infecções do trato urinário e

segundo dados epidemiológico, 35-45% de todas as infecções hospitalares adquiridas são

urinárias, sendo que 80% estão relacionadas ao uso de cateter.

Estudos realizados no Brasil e em outros países da América Latina mostram a alta

frequência de isolamento desta bactéria a partir de amostras do trato respiratório e urina

25%

19%

12% 11%

8%

7%

18% Secreção traqueal

Urina

Ponta de cateter

Secreções diversas

Ferida

Sangue

Outros

41

(SANTOS-FILHO et al., 2002; PIRES et al., 2009; POLLOTO, 2010), corroborando com os

resultados do nosso trabalho. P. aeruginosa foi relatada como causa mais frequente de

pneumonias em pacientes hospitalizados e o terceiro patógeno mais isolado de infecções

urinárias em estudos realizados no País. Foi realizado um estudo nos Estados Unidos, no

período de 1986 a 2003, onde foram analisados isolados bacterianos adquiridos em UTI’s e

verificou-se que P. aeruginosa foi o segundo patógeno mais isolado de pneumonias

hospitalares, a terceira causa mais comum de infecções urinárias, o quarto patógeno mais

comum em infecções de sítio cirúrgico e o sexto mais isolado da corrente sanguínea

(GAYNES; EDWARDS, 2005; POLLOTO, 2010).

Quanto à procedência das cepas de P. aeruginosa, observamos que a UTI foi o setor

onde houve maior isolamento deste micro-organismo, correspondendo a 43%, seguido da

clínica médica com 31% dos isolados (Figura 2). Resultados semelhantes foram encontrados

por Menezes et al. (2004) ao estudarem o percentual de infecção e resistência de bacilos

Gram-negativos não fermentadores em um Hospital do Ceará, onde o setor com maior índice

de amostras positivas para P. aeruginosa foi a UTI.

Pode-se dizer que, este elevado índice de isolamento desta bactéria em UTI deve-se ao

fato de P. aeruginosa ser um patógeno oportunista causador de bacteremias em pacientes

imunocomprometidos, vítimas de queimaduras, portadores de infecções urinárias associadas

ao uso de cateteres e de pneumonias hospitalares associadas com a ventilação mecânica,

especialmente em unidades de terapia intensiva (TORRES et al., 2006; MENEZES et al.,

2007; FIGUEIREDO et al., 2009).

42

Figura 2 - Setores hospitalares onde foram isoladas cepas de P. aeruginosa no período de março a julho de

2010.

5.2 Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos

P. aeruginosa apresenta resistência inata a várias classes de drogas, além de uma

notável habilidade em adquirir resistência a quase todos os antimicrobianos de importância

clínica, seja através de mutações ou pela aquisição de genes de outras espécies

(LIVERMORE, 2002). O monitoramento da susceptibilidade aos antimicrobianos entre

amostras hospitalares de P. aeruginosa é uma ferramenta de extrema importância, auxiliando

na escolha de esquemas adequados para tratamento de infecções por esse agente (MARRA et

al., 2006).

Entre as amostras de P. aeruginosa analisadas neste estudo, as taxas de sensibilidade

mais elevadas foram detectadas frente à amicacina (75%), piperacilina-tazobactam (69%),

fluoroquinolonas (68%), gentamicina (64%) e meropenem (62%), o que os torna boas

escolhas para o tratamento de infecções por este micro-organismo, nos hospitais avaliados

(Figura 3). Figueiredo et al. (2009), em estudo realizado no Hospital Estadual Azevedo Lima

de Niterói-RJ encontraram taxas de sensibilidade mais elevadas para amicacina (73,1%),

piperacilina- tazobactam (72%), meropenem (72,3%) e imipenem (67,4%), já em estudo

realizado nos Estados Unidos, as taxas de sensibilidade para esses antimicrobianos foram

mais elevadas, variando de 80% a 90% (KARLOWSKY; DRAGHI; JONES, 2003).

43

Em concordância com os dados da literatura, a polimixina B foi o único antimicrobiano

capaz de inibir o crescimento de todas as cepas estudadas, com uma taxa de sensibilidade de

100%, conforme Figura 3. (ZAVASCKI et al., 2007; FIGUEIREDO et al., 2009; POLLOTO,

2010).

As cepas estudadas também apresentaram taxas de resistência elevadas em relação ao

aztreonam (48%), ceftazidima (42%) e cefepime (41%), dados apresentados na Figura 4. Em

trabalho realizado por Santos-Filho et al. (2002), gentamicina, cefpiroma e aztreonam foram

os antimicrobianos para os quais as amostras bacterianas se mostraram mais resistentes, sendo

sensíveis a colistina e ceftazidima. Já no trabalho realizado por Marques et al. (2007), em

relação as cefalosporinas, ceftazidima e cefepime, a sensibilidade foi de 50,7% e 36%,

respectivamente, mostrando um perfil de resistência diferente do observado no nosso trabalho.

Figura 3 - Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos das 100 cepas de P. aeruginosa isoladas de pacientes

atendidos em hospitais de São Luís-MA (AMI=amicacina, AZT=aztreonam, CEP=cefepime, CAZ=ceftazidima,

GEN=gentamicina, IMP=imipenem, LEV=levofloxacina, MER= meropenem, PPZ=piperacilina/tazobactam,

POLB=polimixina B).

Da mesma forma como foi observado em nossos resultados, Polloto (2010), no seu

estudo, também encontrou taxas de resistência elevadas em relação à ceftazidima (78,3%) e

cefepime (98,3%). O uso abusivo de cefalosporinas de terceira e quarta geração,

especialmente ceftazidima, parece ser a principal causa desse mecanismo de resistência

75

40

58 57

68 64

57

68 62

69

100

1

12

1 1 3

24

48 41 42

32 33

43

32 38

31

0

20

40

60

80

100

120

AMI AZT CEP CAZ CIP GEN IMP LEV MER PPZ POLB

Pe

rce

ntu

al d

e A

mo

stra

s

Antimicrobianos

Perfil de Susceptibilidade ao Antimicrobianos SENSÍVEL INTERMEDIÁRIO RESISTENTE

44

(BLATT, 2000). Já a resistência ao aztreonam, que foi observada no nosso trabalho, pode ser

atribuída a uma superexpressão do sistema efluxo MexA-MexB-OprM, que também contribui

para a expulsão de cefalosporinas e inibidores de betalactamases (SOARES, 2005).

Em relação aos carbapenêmicos, as amostras foram mais resistentes ao imipenem (43%)

do que ao meropenem (38%) (Figura 4). Variações nas taxas de resistência entre esses

antibióticos já foram descritas anteriormente. Rodríguez-Martínez, Laurent, Nordmann (2009)

observaram maiores taxas de resistência ao imipenem quando comparadas ao meropenem,

corroborando com nossos resultados. Já Silva e colaboradores (2007), em um estudo no

Brasil, descreveram maior resistência ao meropenem. Esta diferença de susceptibilidade entre

os carbapenêmicos explica-se pela ocorrência simultânea ou em diversas combinações de

vários mecanismos de resistência como perda da proteína de membrana externa OprD, que

causa resistência ao imipenem e não ao meropenem; superexpressão dos sistemas de efluxo;

e, produção de carbapenemases (BONOMO; SZABO, 2006; RODRÍGUEZ-MARTÍNEZ;

LAURENT; NORDMANN, 2009).

Figura 4 - Frequência de isolados de P. aeruginosa resistentes aos antimicrobianos (AMI=amicacina,

AZT=aztreonam, CEP=cefepime, CAZ=ceftazidima, GEN=gentamicina, IMP=imipenem, LEV=levofloxacinaa,

MER= meropenem, PPZ=piperacilina/tazobactam, POLB=polimixina B).

Nossos resultados mostraram que 34% (34/100) das cepas estudadas apresentaram um

perfil de multirresistência. Destas, 50% (17/34) foram sensíveis somente à polimixina B. P.

aeruginosa multirresistentes têm sido relatadas com grande frequência na Europa, América do

24

48

41 42

32 33

43

32

38

31

0 0

10

20

30

40

50

60

AMI AZT CEP CAZ CIP GEN IMP LEV MER PPZ POLB

Po

rce

nta

gem

de

Re

sist

ên

cia

Antimicrobianos

Perfil de Resistência

45

Norte e América Latina, sendo que cepas isoladas na América Latina, inclusive no Brasil,

possuem as maiores taxas de resistência aos antimicrobianos, o que representa importante

impacto tanto sobre a morbidade e mortalidade como nos custos de tratamento dos pacientes

internos em ambiente hospitalar. É importante, portanto, que esses micro-organismos

portadores de resistência sejam bem caracterizados e identificados para auxiliar os clínicos em

suas opções terapêuticas (CACCI, 2007). Nestas situações, as polimixinas têm sido a única

opção terapêutica em muitos casos de infecções hospitalares graves por este patógeno

(MITSUGUI et al., 2008; POLLOTO, 2010).

Uma característica marcante das infecções por P. aeruginosa adquiridas em UTI é a

multirresistência. Neste trabalho, 53% (18/34) das cepas multirresistentes analisadas foram

provenientes da UTI. Segundo Ferreira (2005), os percentuais de resistência são mais

elevados nas amostras isoladas nestas Unidades de Tratamento refletindo maior intensidade

de uso de antimicrobianos neste ambiente e, possivelmente, transmissão de cepas

multirresistentes entre os pacientes.

5.3 Detecção genotípica da produção de ESBLs

A dificuldade na detecção de ESBL é maior em cepas de P. aeruginosa, possivelmente

devido à maior impermeabilidade da sua membrana externa quando comparado à família

Enterobacteriaceae, assim como a resistência a antimicrobianos mediada por sistemas de

efluxo e presença de betalactamases cromossomais do tipo AmpC que inativam as

cefalosporinas de amplo espectro e não são inibidas pelos inibidores de betalactamase. As

enzimas AmpC podem mascarar a presença de ESBL, logo, a detecção de ESBL em amostras

de P. aeruginosa é um grande desafio para o laboratório clínico, pois o teste fenotípico

utilizado para sua detecção não apresenta sensibilidade e especificidade satisfatória quando

aplicado à P. aeruginosa. Dessa forma, é provável que sua prevalência nos hospitais seja

subestimada (PICÃO; GALES, 2007; SILVA, 2009).

Embora saibamos que é utópico por um fim à resistência bacteriana, seu controle entre

as amostras hospitalares é indispensável à qualidade da assistência à saúde e o controle da

resistência, depende diretamente da detecção de mecanismos de resistência, como a ESBL e

do uso racional dos antimicrobianos (PICÃO; GALES, 2007). No presente estudo,

propusemos empregar métodos moleculares para a detecção de ESBLs em amostras

46

multirresistentes de P. aeruginosa, tentando contornar a dificuldade da detecção fenotípica

nos laboratórios clínicos.

Neste estudo, do total de 34 isolados multirresistentes submetidos à técnica de PCR

multiplex para a detecção de ESBL, 17 (50%) amostras foram positivas para o gene TEM

(FIGURA 5). Não foi observada a expressão dos genes SHV e CTX-M. Nossos resultados

corroboram com estudos realizados na França, onde quatro variantes do tipo TEM (TEM-4,

TEM-21, TEM-24 e TEM-42) foram descritas em P. aeruginosa neste país (MUGNIER et al.,

1996; MARCHANDIAN et al., 2000). Já no trabalho realizado por Silva (2009), onde ele

pesquisou a prevalência de ESBL em isolados clínicos de P. aeruginosa multirresistentes em

hospitais de São Paulo, entre os seis genes de ESBL pesquisados (bla

CTX-M, bla

OXA, bla

TEM,

blaSHV,

blaGES e

blaPER), foram identificados apenas dois genes em todas as amostras

estudadas: os genes bla

CTX-M e bla

OXA, discordando, assim, dos nossos resultados.

Desta forma, o conhecimento da ocorrência de ESBL entre amostras de P. aeruginosa é

fundamental para que o clínico possa instituir a terapia antimicrobiana adequada, já que a

utilização de cefalosporinas de amplo espectro e monobactans no tratamento das infecções

causadas por amostras produtoras de ESBL pode resultar em falência terapêutica

(BRADFORD, 2001).

Figura 5 - Detecção dos genes bla

CTX, bla

TEM e bla

SHV em cepas multirresistentes de P. aeruginosa por PCR

multiplex. (Visualização em gel de agarose a 2,5 %: M=ladder de 50pb; 1= ATCC 35218; 2=Pa02; 3=Pa13;

4=Pa14; 5=Pa06; 6=Pa10; 7=Pa89; 8=Pa29; 9=Pa33; 10=Pa34; 11=Pa50; 12=Pa83; 13=Pa86; 14=Pa87;

15=Pa58).

47

5.4 Avaliação da hidrofobicidade bacteriana

Para avaliação da hidrofobicidade bacteriana foi realizado o teste de agregação em

concentrações crescentes de sulfato de amônio. Os resultados mostraram que P. aeruginosa

formou grumos em concentração igual ou superior a 2,5M entre a maioria dos isolados

analisados, sugerindo que estas cepas têm uma tendência hidrofóbica elevada (FIGURA 6).

Figura 6 - Avaliação da hidrofobicidade de P. aeruginosa em concentrações crescentes de sulfato de amônio.

Estudos têm demonstrado que a hidrofobicidade da superfície celular bacteriana é um

dos fatores mais importantes que regem o mecanismo de adesão bacteriana a superfícies

inanimadas e biológicas (CAPELLO; GUGLIELMINO, 2006). Portanto, quanto mais

hidrofóbico for o micro-organismo, maior será sua capacidade em formar biofilmes, pois, as

propriedades físico-químicas da superfície podem exercer uma forte influência sobre a adesão

dos micro-organismos, os quais aderem mais facilmente às superfícies hidrofóbicas (plásticas)

do que às hidrofílicas (vidro ou metais). Estudos mostram que a adesão microbiana se torna

melhor com o aumento da hidrofobicidade, tanto da superfície celular como do substrato de

adesão (RODRIGUES et al., 2009).

De acordo com outro trabalho, na fase exponencial de crescimento, as bactérias tendem

a se tornar mais hidrofóbicas e formar grumos, aderindo umas às outras ou a superfícies

presentes no meio de cultura (LOCATELLI et al., 2004).

0

10

20

30

40

50

60

3 M 2,5 M 2,0 M 1,5 M 1,0 M 0,5 M

50 53

32

13 12 7

%

Concentrações de Sulfato de Amônio

Hidrofobicidade

48

Os resultados achados no nosso trabalho são condizentes com a literatura ao corroborar

a hipótese de que a hidrofobicidade celular é importante na adesão, ou seja, a adesão

microbiana torna-se melhor com o aumento da hidrofobicidade. Portanto, P. aeruginosa por

apresentar uma elevada hidrofobicidade, apresenta uma maior tendência para formar biofilme

(FLACH; KARNOPP; CORÇÃO, 2005).

5.5 Identificação dos isolados produtores de fímbrias

A interação física entre o patógeno e o hospedeiro é essencial para a patogênese de

praticamente todas as doenças bacterianas. As fímbrias mediam a ligação entre o patógeno e a

superfície das células do hospedeiro dando início à colonização e formação de um filme de

microcolônias que sofrerão maturação, constituindo o biofilme (GIRARDELLO, 2007).

No nosso trabalho buscamos identificar as fímbrias nos isolados de P. aeruginosa pela

sua habilidade de aglutinar eritrócitos. Observamos que em 19% das cepas analisadas houve

aglutinação na ausência de manose e essas fímbrias foram denominadas manose-sensível. Nas

demais cepas as fímbrias foram consideradas manose-resistente, pois houve aglutinação dos

eritrócitos mesmo na presença de manose.

As fímbrias estão presentes na maioria das bactérias Gram-negativas permitindo a

adesão às células e a outras superfícies. As infecções por P. aeruginosa envolvem diferentes

órgãos e tecidos sendo a maioria das infecções invasivas e toxigênicas, compostas por três

estágios distintos: adesão bacteriana e colonização, invasão local e doença sistêmica cada um

mediado por determinantes de virulência bacterianos específicos (TODAR, 2004).

A adesão às células do hospedeiro é crítica para o estabelecimento da infecção e pelo

menos quatro componentes estruturais da superfície de P. aeruginosa facilitam a adesão,

dentre eles as fímbrias (KIPNIS; SAWA; WIENER-KRONISH, 2006).

5.6 Formação de biofilme por cepas de P. aeruginosa

Existem vários fatores relacionados à formação de biofilmes e os principais são:

características físico-químicas do material sobre o qual estão aderidos e expressão de fatores

de virulência pelos micro-organismos, como produção de cápsula exopolimérica e síntese de

adesinas fimbriais e não fimbriais (FLACH; KARNOPP; CORÇÃO, 2005).

49

A formação de biofilme por P. aeruginosa é um fator de virulência de grande

importância que necessita de diversos estudos para melhor entender seu funcionamento. A

avaliação da capacidade de P. aeruginosa em produzir cápsula como teste presuntivo para a

formação de biofilme foi testada neste trabalho pelo método do Ágar Vermelho Congo,

através do qual foi observado que 52% das amostras analisadas foram produtoras de cápsula

(Figura 8). Já a formação de biofilme por este micro-organismo foi avaliada em placas de

microtitulação de poliestireno pelo método do Cristal Violeta, onde 14% dos isolados não

foram produtores de biofilme; 26% apresentaram-se como produtores fracos; 41% como

produtores moderados e 19% como produtores fortes, como se observa nas Figuras 7 e 9.

Girardello (2007), ao estudar a formação de biofilme em microplacas de poliestireno por

amostras de P. aeruginosa isoladas de pacientes com infecção urinária, obteve resultados

semelhantes aos da nossa pesquisa: 9% foram não produtoras, 33% produtoras fracas, 28%

produtoras moderadas e 30% fortes produtoras de biofilme.

Figura 7 - Frequência dos isolados clínicos de P. aeruginosa produtores e não produtores de biofilme pelo

método de Cristal Violeta por indução in vitro.

Essa grande capacidade de P. aeruginosa em formar biofilme representa um grande

problema para pacientes hospitalizados, pois permite a colonização de cateteres (vasculares,

peritoneais, urinários), tubos nasogástricos, tubos endotraqueais, dispositivos ortopédicos,

dentre outros, podendo desencadear infecções crônicas. Além disso, protege a bactéria do

50

sistema imune do hospedeiro e da ação dos antibióticos tornando-as, portanto, mais resistentes

às drogas (SOARES, 2005).

Na última década, os biofilmes microbianos foram intensamente estudados, uma vez

que há um grande interesse científico do conhecimento de como as bactérias formam e vivem

em comunidades multicelulares (DONLAN; CESTERTON, 2002). Muito ainda tem para se

pesquisar sobre a formação e manutenção do biofilme, buscando encontrar maneiras de

controlar sua formação ou mecanismos efetivos para sua remoção, evitando assim, a infecção

crônica e bacteremias (GIRARDELLO, 2007).

Nesta pesquisa verificamos que houve correlação entre hidrofobicidade e produção de

biofilme por P. aeruginosa (p=0,02) conforme mostra tabela 5. Dados semelhantes foram

observados no trabalho realizado por Rodrigues et al. (2009).

Tabela 5 - Correlação entre produção de biofilme (microplaca) e hidrofobicidade entre os isolados de

Pseudomonas aeruginosa.

Biofilme N=100 (%) Coeficiente de

Contingência C

Valor

de p Não produtora Fraco Moderado Forte

Hidrofobicidade

0,35 0,02

até 1,5M de Sulfato de Amônio 7(7%) 2 (2%) 3 (3%) 6 (6%)

acima de 1,5 de Sulfato de

Amônio 5 (5%) 15 (15%) 25 (25%) 9 (9%)

Nossos resultados também mostraram a grande capacidade de P. aeruginosa na

formação de biofilme e na produção de cápsula, e um dos fatores relativos ao micro-

organismo que pode influir na formação de biofilme é a presença de cápsula, como foi

constatado recentemente por Jain e Agarwal (2009). Em um trabalho realizado no Rio Grande

do Sul, também foi possível estabelecer relação entre a produção de cápsula e formação de

biofilme (FREITAS et al., 2010).

Já em nosso trabalho, foi possível observar que não houve associação entre presença de

fímbrias e/ou cápsula com a produção ou grau de biofilme (Tabela 6), sugerindo que deve

haver a presença de outros tipos de fímbrias ou adesinas não fimbriais, já que 63% dos

isolados de P. aeruginosa que apresentaram biofilme forte e 46% dos moderados não

apresentaram nenhuma das fímbrias pesquisadas (dados não demonstrados). Portanto, além da

cápsula e das fímbrias manose-sensível e manose-resistente, outros componentes desta

bactéria também podem facilitar a adesão e posterior formação de biofilme, como a fímbria

tipo IV, flagelo, alginato e o LPS, que é outro fator de virulência desta bactéria responsável

51

pelo choque tóxico e que também pode agir como adesina não fimbrial (GIRARDELLO,

2007).

Tabela 6 - Correlação entre a presença de fímbrias e cápsula e produção de biofilme por cepas de P.

aeruginosa.

NP: não produtor; FMR: fímbria manose-resistente; FMS: fímbria manose-sensível.

Presença de

Fímbrias e

Cápsula

Biofilme

NP

(n=14)

Fraco

(n=26)

Moderado

(n=41)

Forte

(n=19)

Coeficiente de

Contingência C X² Valor de p

FMR 4 11 17 6 0,32 12,5 0,4

FMS 1 3 5 1

Cápsula + FMR 7 8 16 12

Cápsula + FMS 2 4 2 0

52

Figura 8 - Produção de cápsula em Ágar Vermelho Congo por cepas de P. aeruginosa.

Colônias pretas indicam resultado positivo e colônias vermelhas resultado negativo.

Figura 9 - Formação de biofilme por P. aeruginosa em placas de microtitulação de

poliestireno pelo método do Cristal Violeta (leitura da absorbância em espectrofotômetro).

53

5.7 Produção de exoenzimas por P. aeruginosa

A infecção por P. aeruginosa é um processo multifatorial que envolve fatores

bacterianos e do hospedeiro. A interação entre esses fatores contribui para o largo espectro de

doenças causadas por este micro-organismo, que é considerado a espécie mais virulenta

dentre os bacilos Gram-negativos não fermentadores. Isso se deve à grande variedade de

fatores de virulência celular e extracelular e entre os fatores extracelulares mais importantes

estão as exoenzimas (HOLLANDA, 2001).

P. aeruginosa elabora um grande número de exoenzimas as quais são determinantes nas

infecções causadas por este micro-organismo. Em nossos estudos observa-se que dentre as

100 cepas analisadas, 53% foram positivas para a produção de lipase, 82% foram produtoras

de protease e fosfolipase, 56% foram produtoras de elastase e 52% delas apresentaram a

característica de liquefazer a gelatina, como pode ser observado nas Figuras 10 e 11. Portanto,

esses isolados foram mais propensos a produzirem protease e fosfolipase do que as outras

enzimas (p<0,01; Q=39,39). Esses resultados já eram esperados, já que a capacidade para

degradar proteínas é fundamental na fase de colonização e adaptação do micro-organismo no

hospedeiro.

Figura 10 - Porcentagem das cepas de P. aeruginosa produtoras de exoenzimas.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Lipase Protease Fosfolipase Gelatinase Elastase

EXOENZIMAS

53%

82% 82%

52% 56%

Po

rce

nta

gem

Ensaios Enzimáticos

54

Os resultados apresentados nesse trabalho se assemelham aos relatados por Prado

(2009), onde a expressão dessas enzimas foi detectada em altas porcentagens, com exceção da

elastase em que o percentual foi abaixo de 50%, já nos nossos estudos foi de 56%.

Essas exoenzimas contribuem para a destruição tissular e disseminação de P.

aeruginosa e também interfere com a resposta imune do hospedeiro sendo capazes de

melhorar a virulência bacteriana envolvida na destruição de macromoléculas protetoras do

hospedeiro, tais como muco, lipoproteínas de membrana e imunoglobulinas (EDBERG;

GALLO; KONTNICK, 1996; KVITKO, 2010).

Neste trabalho, não encontramos associação entre a produção de exoenzimas (lipase,

protease, fosfolipase, gelatinase e elastase) e os setores hospitalares, sítios de infecção e os

hospitais de onde foram provenientes as amostras de P. aeruginosa (Tabelas 7).

Tabela 7 - Correlação entre as exoenzimas produzidas por isolados clínicos de P. aeruginosa e os Setores do

Hospital, Sítios de Infecção e Instituição Hospitalar.

Atividade

Enzimática

Sítios de Infecção n (%)

Kruskal-

Wallis

Valor

de p

Outros

(n=28)

Ponta de cateter

(12)

Sangue

(7)

Urina

(19)

Sistema

respiratório (34)

Lipase 13 (46,4%) 5 (41,6%) 5 (71,4%) 10 (52,6%) 20 (58,8%) 2,19 0,7

Protease 24 (85,7%) 10 (83,3%) 6 (85,7%) 14 (73,6%) 27 (79,4%) 1,34 0,85

Fosfolipase 24 (85,7%) 10 (83,3%) 7 (100%) 17 (89,4%) 24 (70,5%) 5,47 0,24

Gelatinase 17 (60,7%) 7 (58,3%) 2 (28,5%) 10 (52,6%) 18 (52,9%) 2,07 0,72

Elastase 18 (64,2%) 7 (58,3%) 4 (57,1%) 12 (63,1%) 15 (44,1%) 2,89 0,58

Atividade

Enzimática

Instituição Hospitalar n (%)

Kruskal-

Wallis

Valor

de p HospE

(n=7)

HospB

(n=21)

HospA

(n=47)

HospD

(n=14)

HospC

(n=11)

Lipase 3 (42,8%) 8 (38,0%) 25 (53,1%) 9 (64,2%) 8 (72,2%) 3,99 0,4

Protease 5 (71,4%) 16 (76,0%) 40 (85,1%) 12 (85,7%) 8 (72,2%) 1,89 0,75

Fosfolipase 6 (85,7%) 18 (85,7%) 38 (80,8%) 11 (78,5%) 9 (81,8%) 0,4 0,98

Gelatinase 6 (85,7%) 9 (42,8%) 23 (48,9%) 10 (71,4%) 5 (45,4%) 3,52 0,47

Elastase 5 (71,4%) 13 (61,9%) 27 (57,4%) 5 (35,7%) 5 (45,4%) 0,92 0,92

Atividade

Enzimática

Setores do Hospital n (%) Kruskal-

Wallis Valor de p Outros (n=9) UTI (n=43) Pediatria (n=8) Clínica Cirúrgica (n=35)

Lipase 7 (77,7%) 24 (55,8%) 3 (37,5%) 17 (48,5%) 2,39 0,66

Protease 5 (55,5%) 35 (81,3%) 6 (75%) 31 (88,5%) 1,54 0,81

Fosfolipase 7 (77,7%) 34 (79%) 7 (87,5%) 30 (85,7%) 1,43 0,83

Gelatinase 2 (22,2%) 23 (53,4%) 4 (50%) 21 (60%) 5,59 0,23

Elastase 5 (55,5%) 23 (53,4%) 4 (50%) 22 (62,8%) 0,75 0,94

55

A

Figura 11 - Produção das exoenzimas por cepas de P. aeruginosa. A) halos de degradação da protease

em ágar skim milk 2%; B) gelatinase positiva através da liquefação da solução de gelatina a 12%; C)

halos de degradação da elastase em ágar elastina a 1%..

B

C

56

5.8 Detecção de hemolisina

Hemolisinas produzidas por bactérias Gram-negativas e Gram-positivas representam um

grupo de toxinas bacterianas que, diferentemente de muitas outras toxinas, não são

internalizadas pelas células atuando como agentes ativos de membranas levando à lise e morte

celular, além de sua característica principal de lisar eritrócitos (ROWE; WELK, 1994).

Quanto à detecção da atividade hemolítica em meio sólido, nos resultados encontrados

em nosso estudo (Figura 12A), podemos observar que houve hemólise em todos os tipos de

sangue analisados. No entanto, os isolados de P. aeruginosa apresentaram menor atividade

hemolítica no sangue de cavalo (p<0,01; Fr=17,700), sugerindo que as hemolisinas podem

variar quanto a sua ação em diferentes eritrócitos.

Quanto ao tipo de hemólise, a presença do halo começou a ser evidenciado após 24

horas de incubação. Observou-se que cerca de 80% das cepas analisadas nesse trabalho

apresentaram halos de hemólise total em ágar sangue de carneiro (Figura 13) e nos demais

tipos de sangue o halo de hemólise foi parcial, sugerindo a presença de diferentes receptores

em diferentes eritrócitos.

A síntese de hemolisinas pode ser dependente de uma série de fatores presentes no meio

de cultura. Em presença de quelantes, a atividade hemolítica em algumas bactérias pode

aumentar ou diminuir. O cálcio foi descrito como sendo essencial para ativação de α-

hemolisina, para sua estabilidade e para a ligação da toxina às membranas dos eritrócitos

(BARATEIA et al., 2001).

A Figura 12B mostra a influência de agentes quelantes e do cloreto de cálcio na

expressão de hemolisinas e observamos que em presença do EDDA, EDTA e CaCl2 houve

inibição da atividade hemolítica quando testada nas hemácias de carneiro (p>0,05;

Fr=139,122). Para as outras hemácias este teste não foi realizado.

Apenas 37% (37/100) das cepas de P. aeruginosa examinadas apresentaram resultado

positivo para o teste de atividade hemolítica no sobrenadante (Figura 14). Quando se

comparou a hemólise em meio sólido e em meio líquido, notou-se que os isolados de P.

aeruginosa apresentaram melhor atividade hemolítica em meio sólido, ou seja, das 100

amostras analisadas, 61 apresentaram hemólise apenas no meio sólido e 37 no meio sólido e

líquido, sugerindo que a hemolisina pode ser parte constituinte da célula bacteriana e precisa

do contato com os eritrócitos para se expressar (p<0,001; Z=7,01).

57

Analisando as diferentes fontes de isolamento das amostras, não houve correlação

quanto à origem dos isolados e a presença da atividade hemolítica.

A hemolisina pode contribuir no processo da doença por ser citotóxica às células do

tecido, afetando os mecanismos de defesa do hospedeiro, permitindo assim a sobrevivência do

micro-organismo; e, pela lise do eritrócito, mecanismo através do qual o patógeno irá obter

ferro para permanecer vivo e talvez continuar a síntese da hemolisina. A produção de

hemolisina aparece como importante determinante de virulência entre as cepas de P.

aeruginosa, nas quais propicia o aumento da capacidade para provocar lesão e colonização do

tecido pulmonar (HOLLANDA, 2001).

58

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Carneiro# Carneiro+EDDA Carneiro+EDTA Carneiro+Cloreto de cálcio

de i

so

lad

os c

om

ati

vid

ad

e h

em

olí

tic

a

B

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Tipo A Tipo B Tipo O

Carneiro Cavalo* Humano Nº

de i

so

lad

os c

om

ati

vid

ad

e h

em

olí

tic

a

Tipo sanguíneo

A

Figura 12 - Atividade hemolítica de isolados de Pseudomonas aeruginosa por tipo de sangue (A) e em

presença de quelantes e cloreto de cálcio (B) * Os isolados apresentaram menor atividade hemolítica no

sangue de cavalo (p<0,01, Fr=17,700). # Os meios com os quelantes e Cloreto de Cálcio apresentaram

inibição na sua atividade hemolítica (p>0,05, Fr=139,122).

59

Figura 13 – Halos de hemólise total produzidos por isolados clínicos

de P. aeruginosa em ágar sangue de carneiro a 5%.

Figura 14 - Produção de hemólise no sobrenadante de culturas de P. aeruginosa

pelo método da microplaca (ausência de botão: teste positivo).

60

5.9 Propriedades de virulência quanto ao sítio de infecção e instituição hospitalar

Quando se comparou os isolados de P. aeruginosa quanto ao sítio de infecção e

instituição hospitalar, verificou-se que não há diferença entre eles na atividade hemolítica,

atividade enzimática, presença de fímbrias e produção de biofilme (p>0,05).

As infecções no trato urinário por P. aeruginosa estão relacionadas ao uso de cateteres

contaminados, que são colonizados tanto pela flora do paciente como pelas mãos

contaminadas dos profissionais da saúde, entre outras fontes (FOXMAN, 2002).

No nosso trabalho, em relação às cepas multirresistentes, foi observado que a maioria

delas (11/34) foi proveniente de pacientes com infecção do trato urinário (p=0,003) (Tabela

8), sugerindo, portanto, que essa bactéria continua sendo uma importante causa de infecções

urinárias hospitalares, principalmente em pacientes cateterizados e essa associação cateter-

bacteriúria está diretamente relacionada ao tempo de duração do uso do implante que não

pode exceder trinta dias (MATA; ABEGG, 2007). Em estudo realizado por Santos-Filho et al.

(2002), a maior parte dos isolados multirresistentes de P. aeruginosa também teve origem no

trato urinário.

Estudos mostram que em nosso país a incidência de infecções hospitalares é maior nos

Hospitais de Ensino do que nos demais Hospitais da Comunidade. Internações hospitalares

mais longas e interação mais efetiva dos pacientes com vários profissionais da área da saúde,

além de estudantes e membros da equipe, contribuem para esse aumento (BOLICK et al.,

2000). Em nossos resultados encontramos que 64% (7/11) das cepas multirresistentes isoladas

do trato urinário foram provenientes do Hospital A, que se trata de um Hospital Público de

Ensino (Tabela 9).

Quando se comparou os hospitais A, B e C em relação às cepas multirresistentes

(Tabela 9), verificou-se que há mais cepas multirresistentes nos hospitais C (p=0,005) e A

(p=0,01) do que no hospital B, dados estes que podem ser explicados pelo fato de o hospital B

ser um hospital infantil e maternidade, sugerindo que nos hospitais pediátricos deve haver um

controle de infecção hospitalar rigoroso incluindo a racionalização na utilização de

antimicrobianos e de procedimentos invasivos.

Quando se comparou as cepas multirresistentes com os outros isolados, verificou-se que

não há diferença entre esses dois grupos quanto às propriedades de virulência, nem quanto ao

setor hospitalar (dados não demonstrados).

61

Tabela 8 - Fatores de virulência de isolados de Pseudomonas aeruginosa segundo o sítio de infecção.

Propriedades de

virulência

Sítio de infecção

Ponta de

cateter

N=12 (%)

Sangue

N=7

(%)

Secreção

Traqueal

N =25 (%)

Trato

Urinário

N = 19 (%)

Ferida

N = 8

(%)

Outros

N = 29

(%)

Biofilme (microplaca)

Fraco 2 1 5 8 2 8

Moderado 8 3 8 9 2 10

Forte 1 3 6 1 2 7

Biofilme (Vermelho

Congo) 5 5 15 8 6 12

Fímbrias

Fímbria manose-sensível 4 1 2 2 1 9

Atividade Hemolítica

Carneiro 12 7 21 16 8 26

Cavalo 6 6 17 11 4 13

Sangue Humano Tipo A 8 5 21 16 5 25

Sangue Humano Tipo B 8 5 20 16 4 27

Sangue Humano Tipo O 8 6 21 15 4 27

Sobrenadante 7 2 7 5 3 13

Atividade Enzimática

Lipase 6 5 14 9 3 15

Protease 10 6 19 14 6 26

Fosfolipase 10 7 19 16 8 24

Gelatinase 6 2 15 10 5 15

Elastase 7 4 15 12 3 10

Isolados Multirresistentes 1 1 7 11* 4 10

*Há mais cepas multirresistentes em pacientes com infecção do trato urinário do que pacientes com infecção por

procedimento com ponta de cateter - X2=8,63, p= 0,003, OR 15,12, IC 1,61 a 142,16. Destas 11 cepas

multirresistentes em infecção urinária 7 (64%) eram provenientes do Hosp A.

62

Tabela 9 - Propriedades de virulência de isolados de Pseudomonas aeruginosa segundo a instituição hospitalar.

Propriedades de virulência

Instituição Hospitalar

Hosp B

N=21(%)

Hosp E

N=7(%)

Hosp C

N=11(%)

Hosp A

N=47(%)

Hosp D

N= 14(%)

Biofilme (Microplaca) Fraco 3 2 2 15 4

Moderado 11 5 4 16 5

Forte 6 0 0 12 1

Biofilme (Vermelho Congo) 14 2 4 24 8

Fímbrias Fímbria manose-sensível 4 2 2 8 3

Atividade Hemolítica Carneiro 18 7 10 42 13

Cavalo 15 4 6 25 5

Sangue Humano tipo A 17 6 4 39 11

Sangue Humano Tipo B 18 6 7 37 12

Sangue Humano Tipo O 18 5 9 37 12

Sobrenadante 8 3 5 17 4

Atividade enzimática Lipase 8 3 8 25 9

Protease 16 5 8 40 12

Fosfolipase 18 6 9 38 11

Gelatinase 9 5 5 24 10

Elastase 13 5 5 27 5

Isolados Multirresistentes 2* 3 6 18 5

Hosp B X Hosp C - há mais cepas multirresistentes nos pacientes internado no Hospital C do que no Hospital

B, p=0,005, OR 11,4, IC 1,74 a 74,6, X 7,62

Hosp B X Hosp A - há mais cepas multirresistentes no Hospital A do que no Hospital B, p=0,01, OR 5,89, IC

1,23 a 28,38 X 6,62

63

5.10 Citotoxicidade e adesão em células HEp-2

Uma série de componentes de superfície e extracelulares sintetizados por P. aeruginosa

contribuem para sua virulência, mas a capacidade de aderir a superfícies inanimadas e

biológicas é uma etapa importante na patogenia das infecções por este micro-organismo

(CAPELLO; GUGLIELMINO, 2006).

Para este teste foram analisadas as 34 cepas multirresistentes de P. aeruginosa isoladas

de pacientes hospitalizados. No teste de citotoxicidade em células HEp-2, 18 amostras

apresentaram efeito citotóxico e foram observadas alterações morfológicas como

arredondamento das células, deslocamento do tapete celular e vacuolização das membranas

celulares. Essa capacidade citotóxica é justificada pelo fato de P. aeruginosa produzir toxinas

hemolíticas que agem ativamente sobre as membranas celulares, causando distúrbios na sua

estrutura e função, manifestados sob a forma de lise e consequentemente morte celular (Di

MARTINO, 2002). Esse fato foi confirmado nesse estudo, pois as 18 amostras que

apresentaram efeito citotóxico também produziram hemolisina, o que é importante na

patogênese desta bactéria.

O primeiro passo para a colonização é a adesão aos tecidos do hospedeiro. No estudo da

capacidade de aderência, os isolados de P. aeruginosa mostraram adesão às células HEp-2 e a

lamínulas. Das amostras analisadas, 26,5% (9/34) apresentaram padrão de adesão agregativo,

2,9% (1/34) padrão localizado e 20,6% (7/34) adesão sem padrão definido (Figura 15).

A adesão em células HEp-2 sugere que P. aeruginosa reconhece receptores nas células

epiteliais e, portanto, pode aderir a outros tipos de células epiteliais, o que foi confirmado por

Di Martino et al. (2002) ao demonstrar a adesão de P. aeruginosa no pneumócito (linhagem

A549), onde se observou os padrões de adesão difuso, localizado e agregativo, sugerindo que

a presença desta bactéria nas células do trato respiratório contribui na patogênese pulmonar

deste micro-organismo, especialmente em pacientes com fibrose cística, nos quais causa uma

infecção pulmonar crônica (Di MARTINO, 2002).

Os isolados bacterianos avaliados quanto ao padrão de adesão, foram obtidos de

infecções hospitalares, 32,3% de infecção urinária e 20,6% da secreção traqueal, e na maioria

dos casos, os pacientes estavam em uso de dispositivos médicos, pois 53% deles se

encontravam na UTI. Desses isolados, 41% (14/34) aderiram mais ao plástico (lamínulas) do

que às células HEp-2, confirmando o que a literatura diz sobre a capacidade desta bactéria em

aderir a superfícies inertes como cateteres, sondas, equipamentos respiratórios, implantes e

64

outros dispositivos médicos, o que representa um importante passo na colonização de

pacientes imunocomprometidos ou em uso desses dispositivos (GARCIA et al., 2002).

Rajan et al. (2000) demonstraram que apenas P. aeruginosa virulentas são capazes de

expressar tanto adesinas como citotoxinas capazes de induzir apoptose em células epiteliais

respiratórias.

65

Figura 15 - Microscopia óptica da adesão em células HEp-2 de cepas de P. aeruginosa (1000X). A – Células

HEp-2 não infectadas (controle); B - Cepa Pa31 com adesão de padrão agregativo; C - Cepa Pa87 com adesão

sem padrão definido.

B

C

A

66

5.11 Perfil genotípico dos fatores de virulência em isolados clínicos de P. aeruginosa

Ao analisarmos os fatores de virulência por PCR, verificamos que os isolados clínicos

de P. aeruginosa apresentaram todos os genes pesquisados neste trabalho (Figura 16), sendo

que, foi detectado em maior porcentagem os genes aprA (64%), lasA (51%), algD (39%) e

plcH (21%). Esses resultados se assemelham aos encontrados por Lanotte et al. (2004) e

Prado (2009), os quais em seus estudos também verificaram altas porcentagens desses genes

de virulência.

Em relação aos genes aprA e lasA, esses resultados já eram esperados uma vez que a

grande maioria dos isolados clínicos e de ambientes de P. aeruginosa são proteolíticos e

elastolíticos e essas duas enzimas contribuem para a destruição tissular e disseminação deste

micro-organismo, além de interferir com a resposta imune do hospedeiro (TODAR, 2004).

As infecções crônicas por Pseudomonas são caracterizadas pela formação de anticorpos

para lasA e lasB, enzimas que degradam a elastina, com deposição de complexos imunes nos

tecidos infectados (KVITKO, 2010).

O cluster gênico algACD é responsável pela síntese do alginato, um dos componentes

da superfície de P. aeruginosa que facilita a adesão. A expressão de algD, que codifica a

enzima GDP manose-desidrogenase, é frequentemente utilizada como indicador da expressão

dos demais genes responsáveis pela biossíntese do alginato, que é o composto primário da

matriz de polímeros orgânicos, matriz essa que envolve o biofilme em P. aeruginosa e é

considerada por alguns autores responsável pela resistência a antimicrobianos, observada em

biofilme, promovendo assim a infecção crônica (TRAUTNER; DAUROICHE, 2004;

CLUTTERBUCK et al., 2007).

No nosso trabalho, em 39% dos isolados foi detectado o gene algD. Já em outro estudo,

das 202 cepas analisadas, 91,1% apresentaram esse gene (MITOV; STRATEVA;

MARKOVA, 2010). Apesar de o alginato ser um exopolissacarídeo mucoide que forma uma

cápsula proeminente na superfície bacteriana favorecendo a adesão e posterior formação de

biofilme, a análise estatística dos dados não mostrou correlação entre a formação de biofilme

e a detecção do gene algD (p=0,13; 2=2,19), sugerindo que outros genes que regulam a

síntese do alginato (algC, algR, algP, algB, algU) possam estar presentes.

P. aeruginosa secreta duas fosfolipases C, uma hemolítica e outra não hemolítica.

Nossos resultados mostraram que 21% das amostras analisadas apresentaram o gene plcH

(fosfolipase C hemolítica) e apenas 11% apresentaram o gene plcN (fosfolipase C não

67

hemolítica). Dos isolados clínicos que apresentaram o gene plcH, 38% (8/21) foram

provenientes do trato respiratório de pacientes hospitalizados, sugerindo que a fosfolipase C

hemolítica (hemolisina termo-lábil) atua como determinante de virulência na patogênese da

infecção pulmonar inativando o surfactante pulmonar que pode ser responsável pelas

atelectasias associadas às infecções pulmonares crônicas e agudas por P. aeruginosa

(KIPNIS; SAWA; WIENER-KRONISH, 2006).

A virulência deste micro-organismo envolve inúmeros exoprodutos, entre os quais se

destaca a exotoxina A. No entanto, apenas 6% das cepas de P. aeruginosa analisadas na nossa

pesquisa apresentaram o gene toxA. Destes isolados, 50% (3/6) foram provenientes do trato

respiratório, 33,3% (2/6) do trato urinário e apenas 16,7% (1/6) do swab de secreção. Sharma

et al. (2004) em seus estudos, sugeriram que a exotoxina A secretada por P. aeruginosa é um

importante fator de virulência durante infecções pulmonares, septicemia e infecções de córnea

e que a contribuição deste fator de virulência em infecções pulmonares agudas e crônicas tem

sido bastante estudada. No entanto, não existe qualquer informação sobre a contribuição da

exotoxina A em infecções do trato urinário causadas por este patógeno.

Ao analisarmos estatisticamente a produção fenotípica de protease e a detecção do gene

aprA (protease alcalina), observamos que não houve correlação, pois, das 82 amostras

positivas no teste fenotípico, em 68% (56/82) não foi detectado esse gene (p=0,09; 2=2,72),

sugerindo que P. aeruginosa pode produzir também outras enzimas proteolíticas, tais como as

proteases neutras, elastase e gelatinase.

Nas amostras que apresentaram hemólise em meio líquido não foi detectado o gene

plcH (p=0,008; 2=20,69) que codifica a fosfolipase C hemolítica, sugerindo que esse micro-

organismo produza outros tipos de hemolisinas. Segundo Delden e Iglewski (1998),

fosfolipase C hemolítica e rhamnolipídeo são duas hemolisinas produzidas por P. aeruginosa

que poderiam atuar de maneira sinérgica para degradar lipídeos e lecitinas, e ambos podem

contribuir para a invasão dos tecidos devido os seus efeitos citotóxicos.

Em relação à elastase, nossos resultados mostraram que das 56 amostras positivas para

o teste fenotípico, 60,7% apresentaram o gene lasA e das 44 amostras de P. aeruginosa que

foram negativas, em 61,4% não foi detectado o mesmo gene, dados estes que foram

estatisticamente significantes (p=0,02; 2=7,08).

68

Figura 16 - Detecção dos genes aprA, algD, lasA, lasB, toxA, plcH e plcN por PCR multiplex. Visualização em

gel de agarose a 2,5 %. Canaletas M = marcador de peso molecular (ladder de 100 pb); 1=cepa n° 11; 2=cepa n˚

34; 3=cepa n˚ 39; 4=cepa n˚ 36; 5=cepa n˚ 45; 6=cepa n˚ 50; 7=cepa n˚ 106.

69

6 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos neste trabalho chegam-se as seguintes conclusões:

A maioria das cepas de P. aeruginosa analisadas foi isolada da secreção traqueal

(25%) e da urina (19%). Quanto a procedência, 43% dos isolados foram

provenientes da UTI seguido da Clínica Médica com 31%;

Quanto ao perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos as amostras foram mais

sensíveis frente à amicacina, piperacilina-tazobactam, fluoroquinolonas,

gentamicina e meropenem e altas taxas de resistência em relação aztreonam,

ceftazidima e cefepima;

Cerca de 34% (34/100) das amostras de P. aeruginosa examinadas foram

multirresistentes e destas, 50% (17/34) foram consideradas panresistentes, pois

só apresentaram sensibilidade à polimixina B;

Nossos estudos mostraram que, das cepas multirresistentes submetidas à PCR

para detecção de ESBL, 50% (17/34) foram positivas para o gene TEM;

Quanto à formação de biofilme, 52% das amostras foram produtoras de cápsula

(Vermelho Congo) e 14%, 26%, 41% e 19% das cepas foram não produtoras,

produtoras fracas, moderadas e fortes, respectivamente, pelo método em

microplaca;

Quanto à avaliação da hidrofobicidade bacteriana, P. aeruginosa foi considerada

com hidrofobicidade elevada e houve correlação entre hidrofobicidade e

produção de biofilme;

Na pesquisa de fímbrias, 19% das cepas apresentaram fímbria manose-sensível;

Não houve associação entre presença de fímbrias e/ou cápsula com a produção

ou grau de biofilme;

Protease e fosfolipase, dentre as exoenzimas, foram aquelas que apresentaram

uma maior frequência, representada por 82% de positividade contra os

percentuais de 56%, 53% e 52% encontrados para elastase, lipase e gelatinase,

respectivamente;

Não houve correlação entre a produção das diferentes exoenzimas estudadas e os

setores hospitalares, sítios de infecção e as instituições hospitalares;

Na detecção de hemolisina em meio sólido, as amostras de P. aeruginosa

apresentaram menor atividade hemolítica no sangue de cavalo e 80% das cepas

70

apresentaram hemólise total em sangue de carneiro. Na presença de EDDA,

EDTA e CaCl2 houve uma inibição da expressão de hemolisina testada em

hemácias de carneiro;

Apenas 37% (37/100) dos isolados mostraram atividade hemolítica no

sobrenadante, portanto, ao comparar hemólise em meio líquido e sólido,

verificou-se que o micro-organismo apresentou melhor atividade hemolítica em

meio sólido;

Não houve correlação entre os vários fatores de virulência detectados neste

estudo e o sítio de infecção e instituição hospitalar;

Em relação às cepas multirresistentes, a maioria delas (11/34) foram

provenientes de infecção do trato urinário devido o uso de cateter e 64% (7/11)

destas cepas foram isoladas de pacientes internados no Hospital A, que se trata

de um Hospital Público de ensino;

O Hospital B, por se tratar de um hospital pediátrico, foi o que apresentou o

menor número de cepas multirresistentes;

Quando se comparou as cepas multirresistentes com os outros isolados, não foi

observada diferença entre eles quanto aos fatores de virulência e o setor

hospitalar;

Das 34 cepas multirresistentes de P. aeruginosa submetidas ao teste de

citotoxicidade e adesão em células HEp-2, 18 amostras apresentaram efeitos

citotóxicos, 9 apresentaram padrão de adesão agregativo, 1 padrão localizado e 7

amostras apresentaram adesão sem padrão definido;

Nos isolados clínicos de P. aeruginosa foi detectado em maior porcentagem os

genes aprA (64%), lasA (51%), algD (39%) e plcH (21%);

Não houve correlação entre a formação de biofilme e a detecção do gene algD;

Houve correlação significativa entre a produção fenotípica de elastase e a

detecção do gene lasA nas amostras analisadas;

Torna-se cada vez mais relevante a busca por estratégias alternativas de

tratamentos das infecções por P. aeruginosa, por isso o interesse crescente no

estudo dos fatores de virulência buscando a elucidação dos mecanismos de

adaptação e de patogenicidade deste micro-organismo, além da interpretação

criteriosa do teste de susceptibilidade aos antimicrobianos, que é fundamental

para auxiliar o clínico na indicação de um tratamento adequado e eficaz.

71

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80

ANEXOS

81

ANEXO A – LISTA DE MEIOS DE CULTURA E REAGENTES

BHI líquido

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (Difco), distribuído em tubos

com volume de 2 mL cada e autoclavado a 121ºC por 15 minutos. O meio foi utilizado para o

crescimento das amostras.

Ágar BHI

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (Difco) e autoclavado a 121ºC

por 15 minutos. O meio foi distribuído assepticamente em placas de Petri estéreis e utilizado

para o crescimento das amostras.

Ágar sangue

O meio Müeller-Hinton foi preparado segundo as especificações do fabricante (Difco) e

autoclavado a 121ºC por 15 minutos, após seu resfriamento foi adicionado 5% de sangue

desfibrinado e, em seguida, distribuído assepticamente em placas de Petri estéreis. Foram

feitas placas de ágar com sangue de carneiro, cavalo e humano A, B e O para os testes de

hemólise.

Ágar Müeller-Hinton

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (Difco) e autoclavado a 121ºC

por 15 minutos. O meio foi distribuído assepticamente em placas de Petri estéreis.

Skim Milk (2%)

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (HIMEDIA) e autoclavado a

121ºC por 5 minutos. Posteriormente foi acrescentado ao Ágar Müeller-Hinton e distribuído

assepticamente em placas de Petri estéreis.

Egg Yolk (10%)

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (Laborclin). Posteriormente foi

acrescentado ao Ágar Müeller-Hinton e distribuído assepticamente em placas de Petri estéreis.

82

Solução de Gelatina (12%)

Foi preparada uma solução de gelatina (DIFCO) a 12% em PBS (pH 7,4), distribuído em

tubos com volume de 2 mL cada e autoclavado a 121ºC por 15 minutos.

Ágar bacteriológico

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (HIMEDIA) e autoclavado a

121ºC por 15 minutos. Posteriormente o meio foi distribuído assepticamente em placas de

Petri estéreis e utilizado para o crescimento das amostras.

Ágar Elastina (1%)

Foi preparada uma solução contento 1% de elastina (INLAB) e 2% de ágar bacteriológico

(HIMEDIA) diluídas em tampão Tris-HCl (hidroximetil) aminometano 0,03M (pH8,0).

Posteriormente foi autoclavado a 121ºC por 15 minutos e distribuído assepticamente em

placas de Petri estéreis.

Ágar Nutriente

O meio foi preparado segundo as especificações do fabricante (HIMEDIA) e autoclavado a

121ºC por 15 minutos. O meio foi distribuído assepticamente em placas de Petri estéreis.

Ágar MacConkey

O meio foi preparado segundo as instruções do fabricante (HIMEDIA) e esterilizado em

autoclave a 121ºC por 15 minutos e posteriormente distribuído assepticamente em placas de

Petri estéreis. O meio foi utilizado para verificação da pureza das amostras de P. aeruginosa.

83

Vermelho Congo

Caldo de BHI 37 g

Sacarose 50 g

Ágar base 15 g

Vermelho Congo 0,8 g

Completar o volume para 1000 mL

Esterilizar por autoclavação por 121ºC por 15 minutos.

Gel de Agarose 2,5%

Agarose 2,5 g

TBE 5x 10 mL

Água destilada 90 mL

PBS 10 X

NaCl 80,0 g

KCl 2,0 g

Na2HPO4 14,4 g

KH2PO4 2,4 g

Água destilada 800 mL

Completar o volume para 1000 ml

Estocar em geladeira.

PBS 1 X

PBS 10x 100 mL

Água destilada 800 mL

Completar o volume para 1000 ml

Ajustar o pH 7,4

Esterelizar por autoclavação por 121ºC por 15 minutos.

TBE 10 X

Tris base (Trizma) 108 g

Ácido bórico 55 g

EDTA 7,44 g

Completar para 1000 ml de H2O milli-Q

Filtrar em nitrocelulose

TBE 0,5 X

TBE 10x 25 mL

Completar o volume para 1000 ml.

84

Cristal Violeta

Solução A Cristal violeta (90-95% de pureza) 2 g

Etanol 95% 20 mL

Filtrar em papel de filtro.

Solução B

Oxalato de amônio 0,2 g

Água destilada 80 mL

Misturar as soluções colocando-se a solução B sobre a A.

Deixar em repouso por 24 horas, filtrando em seguida, Estocar

em frasco âmbar.

Solução Tris-HCl 1 M pH 8,0

Tris-base 121 g

Água destilada (q.s.p) 1000 mL

Solução Tris-HCl 0,03 M pH 8,0

Solução Tris-HCl 1 M 15 mL

Água destilada 485 mL

Corante Azul de Bromofenol

Bromofenol 0,25 g

Xilene cyanol 0,25g

Sacarose 40 g

Água destilada (q.s.p) 100 mL

Brometo de Etídio

Brometo de Etídio 1 g

Água destilada 100 mL

Homogeneizar em agitador magnético até completa dissolução e

transferir a solução para um frasco opaco e estocar em

temperatura ambiente.

85

ANEXO B (frente) – ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO

DO MARANHÃO - UNICEUMA

86

ANEXO B (verso) – ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO

DO MARANHÃO - UNICEUMA

87

ANEXO C – APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO XXVIII CONGRESSO DA

SOCIEDADE LATINOAMERICANA DE PATOLOGIA E CONGRESSO BRASILEIRO

DE PATOLOGIA

88

ANEXO D – APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO 26º CONGRESSO BRASILEIRO

DE MICROBIOLOGIA

89

ANEXO E – SUBMISSÃO DE TRABALHO PARA A REVISTA DE PATOLOGIA

TROPICAL

90

ANEXO F – PROTOCOLO DE SUBMISSÃO DE ARTIGO À REVISTA ARCHIVES OF

MICROBIOLOGY

91

ANEXO G – ARTIGO SUBMETIDO CONFORME AS NORMAS DA REVISTA

ARCHIVES OF MICROBIOLOGY

ANTIMICROBIAL SUSCEPTIBILITY, BIOFILM PRODUCTION AND ADHESION TO HEp-2

CELLS OF Pseudomonas aeruginosa STRAINS ISOLATED FROM CLINICAL SAMPLES

Alicia Valéria Zaranza*;

Francyelle Costa Morais;

Monique Santos do Carmo;

Adriana de Mendonça Marques;

Cristina Andrade-Monteiro;

Thiago Feitosa Ferro;

Valério Monteiro-Neto;

Patrícia de Maria Silva Figueiredo

Núcleo de Pesquisa em Doenças Endêmicas e Parasitárias, Centro Universitário do Maranhão – UniCEUMA,

Rua Josué Montello, n. 01, Renascença II, São Luís – Ma, Cep: 65075-120.

* Corresponding author: e-mail: [email protected]; Fone: (98) 8122-8767; (98) 3226-2954.

ABSTRACT A hundred Pseudomonas aeruginosa strains from several clinical specimens from five hospitals in São Luís-MA

were evaluated for biofilm production, prevalence of the gene algD, adhesion to HEp-2 cells and antimicrobial

susceptibility. The most affected clinical specimens and hospital sectors were also evaluated. Most isolates were

obtained from the tracheal aspirate (21.0%) and the most affected hospital sector was the ICU (43.0%). The

antibiotics with the highest sensitivity rate were amikacin, piperacillin/tazobactam, fluoroquinolones, gentamicin

and meropenem and the ones with the highest resistance rate were aztreonam, ceftazidime and cefepime. All

samples were sensitive to polymyxin B. In relation to the expression of the gene for ESBL, 50.0% (17/34) of the

multiresistant strains showed the enzyme TEM. Most strains showed high hydrophobicity and 96% of the

isolates produced biofilm on a polystyrene microplate, 52% were capsule producers, 19% showed mannose-

sensitive fimbriae and 39% expressed the gene algD. We observed adhesion to HEp-2 cells and to the coverslip.

These factors may be reported in the pathogenesis of this bacterium, what represents a potential risk for

colonization of medical devices which favor the establishment of chronic nosocomial infections.

Keywords: Pseudomonas aeruginosa, antimicrobial, biofilm, adhesion.

INTRODUCTION Pseudomonas aeruginosa is a glucose non-fermenting Gram-negative bacillus, which is widely

distributed in nature and in hospital environment, since it has minimum nutritional necessities, being able to

survive in several surfaces and in humid places. This bacterium rarely causes severe infections in healthy

individuals, nevertheless, it represents a great threat for hospitalized patients (Karlowski et al. 2003). It is an

opportunist bacterium, invasive and toxigenic that, over the last few years, has reached an important position

among the nosocomial pathogens for causing pneumonia related to mechanical ventilation, bacteremia,

endocarditis, meningitis, urinary infections associated to catheters and skin infections, especially in critical ICU

patients and in those who are immunocompromised (Navon-Venezia et al. 2005).

Nosocomial infections caused by P. aeruginosa are related to high morbimortality rates and among the

risk factors for colonization or invasive infection by this pathogen, we can include the prolonged use of

antimicrobials, previous hospitalization, severe base disease, operation and immunosuppression (Picoli, 2008).

This bacterium shows instrinsec resistance to several antibiotics, combined with the ability of getting new

resistance information during treatments, through mutations in porins (decrease in OprD), super expression of

efflux pumps (MexAB-OprM) and/or production of hydrolytic enzymes that degrades antimicrobials, such as

betalactamase and metallo-β-lactamases (Hemaltha et al. 2005; Zavascki et al. 2006).

The carbapenems have been considered the drugs of choice in the treatment of severe nosocomial

infections caused by Gram-negative bacteria. However, the isolation of bacteria is already common in Brazilian

hospitals, especially P. aeruginosa, resistant to these antibiotics and in these cases polymyxin is the only

therapeutic option (Mitsugui et al. 2008).

92

The pathogenesis of the infections caused by P. aeruginosa is multifactorial and involves several

virulence factors (Sharma et al. 2004). Among the factors characterized as adhesins, there are flagella, fimbriae

and alginate. The fimbriae or pili promote the adherence of the bacterium to receptors on the surface of the host

cell, and the type IV fimbria, especially the adhesin of this bacterium, is responsible for the initial adhesion both

in abiotic material and in the surface of epithelial cells, and the flagella, primarily responsible for the motility,

may act also as adhesins to the epithelial cells (Kipnis et al. 2006).

The alginate, a mucoid exopolysaccharide produced by some strains of P. aeruginosa, in addition to

functioning as an adhesin, it also protects the strains from the mucociliary activity, phagocytosis, complement

system activity, reduces the antimicrobial action, making its penetration in the bacterium difficult, and it is also

associated to biofilm production (Zavascki 2003).

Biofilm is a community of bacteria adhered to a biotic and/or abiotic surface, promoting survival

advantages for micro-organisms, as resistance to antimicrobials, protection against antiseptics, disinfectants,

bacteriophages, host’s immune system, among other (Klausen et al. 2006; Clutterbuck et al. 2007).

The objectives of this study were: to identify the inpatient units and the clinical specimens most affected

by P. aeruginosa; to analyze the profile of susceptibility to antimicrobials and the expression of extended-

spectrum betalactamase in multiresistant strains by PCR; to evaluate the type of fimbriae, the hydrophobicity and

the biofilm production; examine the prevalence of the gene encoding the alginate and check the adhesion

capacity of the multiresistant samples in HEp-2 cells.

MATERIAL AND METHOD

Bacterial Strains

We evaluated 100 strains of P. aeruginosa isolated from several clinical specimens of inpatients from one

private and four public hospitals in São Luís–MA, from March to July, 2010. The distribution of samples per

hospital was: HospA (47.0%), HospB (21.0%), HospC (11.0%), HospD (8.0%) e HospE (13.0%). All strains

were identified through the automated method Vitek 2 (bioMérieux) in a local microbiology laboratory. In the

tests, the strains P. aeruginosa ATCC 27853 and E. coli ATCC 25922 were used as positive and negative

control, respectively.

Antimicrobial susceptibility

This test was conducted through the disk diffusion antibiotic sensitivity testing (Kirby and Bauer), with

the following antimicrobials (OXOID): amikacin, gentamicin, cefepime, ceftazidime, ciprofloxacin,

levofloxacin, aztreonam, imipenem, meropenem, piperacillin/tazobactam and polymyxin B. The reading of the

zones of inhibition for each antibiotic followed the criteria established by the Clinical and Laboratory Standards

Institute (CLSI 2010) and the results were reported as susceptible, intermediate or resistant. We considered as

multiresistant those strains that showed resistance to three of more classes of antibacterials.

Amplification of β-lactamase genes by PCR The detection of the genes

blaTEM,

blaCTX-M and

blaSHV, which encodes the β-lactamase (ESBL)

enzymes, was carried out by multiplex PCR, according to what is described by Monstein et al. (2007). The

primers used are described in Table 1. The total DNA extraction was carried out by boiling the bacterial cells for

10 minutes. The amplification reactions were performed with 2.5µL of DNA from each strain, 0.8µL of specific

primers (1µM), 0.25µL Taq DNA polymerase (5u/µL), 5µL of the buffer solution Green Go Taq Flexi Buffer

(5x), 2µL MgCl2 (2mM), 0.25µL dNTPs (20mM) and 12.2µL of milli-Q water in a final volume of 25µL. DNA

was amplified in the thermocycler Mycicler (BioRad), using the following protocol: 95°C for 15min., 30 cycles

at 94°C for 30s., 60°C for 30s., 72°C for 2min and 72°C for 10 min. The PCR products were detected after

electrophoresis in agarose gel 2.5% at 60/80v for 55min., then stained with ethidium bromide (20µg/100mL of

water) and viewed under ultraviolet light with the aid of a transilluminator.

Table 1 Primers used in amplification by multiplex PCR for ESBL detection.

Evaluation of capsule production

This test was performed by the method of inoculation in Congo Red Agar (CRA), described by Freeman

et al. (1989), with minor modifications. The CRA was prepared from 37g.L-1

of BHI, 50g.L-1

saccharose (Difco),

15g.L-1

agar base (Difco) and 0.8g.L-1

Congo Red (Difco). After overnight growth, the strains were inoculated

onto CRA and incubated at 37°C/24hours. The black bacterial colonies were considered as capsule producers

and the red ones were non-producers.

93

Biofilm induction in vitro

This test was performed in microtiter plates of polystyrene by the Crystal Violet method, described by

Stepanovic et al. (2007). After inoculation in BHI and incubation at 37°C/24hours, the samples were diluted

(1:40) in sterile BHI and then, 200µL of each sample in triplicate were added to the wells of the polystyrene

plate, with only 200µL of BHI in triplicate as negative control and the plates were incubated at 37°C/24hours.

They were subsequently washed (3x) with PBS (pH 7.4), left to dry at room temperature, added crystal violet

(200µL/well) and incubated for 15 minutes at room temperature. Then, each well was washed with sterile

distilled water (3x) and left to dry at room temperature. Biofilm formation was evaluated by the reading of the

absorbance of each well using a spectrophotometer (BIO-RAD Laboratories PR 2100), at a wavelength of

490nm. Based on the optical density of the samples (ODi) and on the average of optical density of the negative

control (ODc), the samples were classified as strong (4xODc < ODi), moderate (2xODc < ODi ≤ 4xODc), weak

(ODc < ODi ≤ 2xODc) or non-producer of biofilm (ODi < ODc).

Fimbriae identification

The samples were inoculated in BHI, incubated at 37°C/24h and centrifuged three times

(360rpm/15min.), highlighting the supernatant and adding PBS (pH 7.4). The sheep blood was washed three

times with PBS (pH7.4) to prepare a solution of erythrocytes 1% in PBS with and without mannose addition

(5.4g of mannose/1000mL). On glass slides, 100µL of the isolates were mixed with 100µL of the erythrocytes

solution with and without mannose. The samples that suffered hemagglutination only in the absence of mannose

were considered mannose-sensitive and the one that suffered hemagglutination in presence and absence of

mannose, mannose-resistant (Clegg and Old 1979).

Evaluation of bacterial hydrophobicity

After growth in agar BHI for 18 hours at 37°C, the cultures were suspended in increasing concentrations

of ammonium sulfate (0.5M, 1M, 1.5M, 2M, 2.5M and 3M). The formation of clumps within two minutes after

suspension indicated positive result (Schmidt et al. 1998).

Search for the gene algD by PCR

The PCR technique was performed with the oligonucleotides (F-ATGCGA ATCAGCATCTTTGGT and

R-CTACCAGCAGATGCCCTCGGC) specific for the gene algD, that encodes GDP mannose 6-dehydrogenase

(alginate), amplifying a fragment of 1310 pairs of nitrogenous bases. The total DNA extraction was obtained by

boiling the bacterial cells for 10 min. The amplification reactions were performed in a final volume of 25µL,

containing 2µL of bacterial DNA, 2.5nM of dNTP, 20pmol of the primer, 2mM Mgcl2 and 1.0U of Taq DNA

polymerase in reaction buffer 1x (Flexi Buffer). DNA was amplified in the thermocycler Mycicler (BioRad)

using the following protocol: 94°C for 3min., 30 cycles at 94°C for 30s.,55°C for 1min., 72°C for 1min. and 30s.

and 72°C for 5 min. The PCR products were detected after electrophoresis in agarose gel 2.5% at 80v for

55min., then stained with ethidium bromide (20µg/100mL of water) and viewed under ultraviolet light with the

aid of a transilluminator (Lanotte et al. 2004).

Test of adhesion to HEp-2 cells

Only multiresistant strains were tested. An inoculum with 40µL of each of these strains cultivated in BHI

was added to plates of 24 wells, containing cellular half-confluent monolayer of HEp-2 cells in MEM medium

with SFB 2% in absence or presence of D-mannose 2%. After 2h of incubation at 37°C in atmosphere of 5% of

CO2 (period of infection), the plats were washed with PBS and we added to the medium 1mL of MEM plus SFB

with and without mannose. After 2h (multiplication period), the plates were washed with PBS and the cells were

fixed with methanol for at least 10 minutes. Afterwards, they were stained with May-Grunwald/Giemsa and

analyzed according to the adherence pattern on the optical microscope NIKON (Scaletsky et al. 1984).

Statistical analysis

We used the Contingency Coefficient C and the Chi-squared distribution. Values of p<0.05 were

considered significant. In data electronic processing, we used the program BioEstat 5.0.

RESULTS The highest percentages of P. aeruginosa isolates were in the tracheal secretion, with 25 samples (25.0%)

and in urine, with 19 (19.0%). The places with highest incidence of this bacterium were ICU, with 43 samples

(43.0%), followed by the internal medicine ward, with 31 (31.0%) (Table 2).

Table 2 Distribution of P. aeruginosa samples according to clinical specimens and hospital sectors

94

The strains showed most sensitivity to amikacin (75.0%), piperacillin/tazobactam (69.0%),

fluoroquinolones (68.0%), gentamicin (64.0%) and meropenem (62.0%). The antibiotics with the highest

resistance rates were aztreonam (48.0%), imipenem (43.0%), ceftazidime (42.0%), cefepime (41.0%) and

meropenem (38.0%). All the isolates were susceptible to polymyxin B.

From all the isolates, 34.0% (34/100) showed a multiresistance profile. From these, 50.0% (17/34) were

sensitive only to polymyxin B. Our results also showed that 53.0% (18/34) of the multiresistant strains were

from the ICU. These strains were also submitted to the multiplex PCR technique for detecting ESBLS, and

50.0% (17/34) of the samples expressed the gene TEM, there was no expression of the genes SHV and CTX-M.

In the evaluation of bacterial hydrophobicity, 50.0-53.0% of the isolates had clumps formation in

ammonium sulfate concentrations equal or above 2.5M. In the identification of the isolates which produced

fimbriae, 19.0% were producers of fimbriae mannose-sensitive, and in the others, the fimbriae were considered

mannose-resistant.

The evaluation of the capability of P. aeruginosa in producing capsule as a presumptive test for biofilm

production by the method CRA, showed that 52.0% of the analyzed samples were capsule producers. In relation

to biofilm formation on polystyrene microplates, from the 86 (86.0%) strains that adhered to polystyrene, 19

(22.1%) were strongly adhered, 41 (47.7%) were moderate and 26 (30.2%) were weakly adhered.

From the 100 strains of P. aeruginosa tested, 39% showed presence of the gene algD which participates

in the synthesis of alginate, the main component of the matrix produced by bacteria associated to biofilm. It was

possible to observe a fragment of approximately 1310pb by electrophoresis in agarose gel.

About the capacity of adhesion of multiresistant strains to HEp-2 cells, 26.5% (9/34) showed an

aggregative adhesion pattern, 2.9% (1/34) local pattern and 20.6% (7/34) adhesion without a well defined pattern

(Fig. 1), and 41% (14/34) of the samples adhered more to plastic (coverslips) than to cells.

Fig. 1 Optical microscopy of adhesion on HEp-2 cells of P. aeruginosa strains (1000X). A - HEp-2 cells alone; B - Strain Pa31 with aggregative adhesion pattern; C - Strain Pa87 without a well defined adhesion pattern

DISCUSSION The infections caused by P. aeruginosa are associated to significant morbimortality rates, due to this

pathogen capability of adapting to the environmental conditions, developing resistance to antibiotics and

producing a variety of virulence factors (Mitov et al. 2010).

In this study, most samples were isolated from tracheal secretion and urine of inpatients and the ICU was

the hospital sector with the highest isolation of this bacterium. Studies report that the high frequency of isolation

of this pathogen from respiratory tract samples is related to mechanical ventilation, usually causing pneumonia

(Menezes et al. 2004). A study by Lucchetti et al. (2005) showed that P. aeruginosa was the main isolated agent

causing infections in the urinary tract, and according to epidemiologic data, 35.0% to 45.0% of all acquired

nosocomial infections are urinary and 80.0% are related to catheter use. Similar results were found by Torres et

al. (2006), who found the highest percentual of Pseudomonas spp isolates in the tracheal tract, followed by urine,

and the place with the highest incidence was the ICU.

The high incidence of this bacterium in the ICU is probably due to the fact that P. aeruginosa is an

opportunist pathogen that causes bacteremia in immunocompromised patients, burn victims, patients with

urinary infections related to catheters use and nosocomial pneumonia, related to mechanical ventilation,

especially in this unit (Menezes et al. 2006; Torres et al. 2006; Figueiredo et al. 2009)

Monitoring the susceptibility of P. aeruginosa hospital samples to antimicrobials is a helpful tool for

choosing the right scheme to treat infections caused by this agent (Marra et al. 2006). The analyzed strains

showed high sensitivity rates to amikacin, piperacillin/tazobactam, fluoroquinolones, gentamicin and

meropenem, what makes them good choices for treating infections by this pathogen. Figueiredo et al. (2009)

found high sensitivity for amikacin, piperacillin/tazobactam, meropenem and imipenem.

In agreement to literature data, all strains were susceptible to polymyxin B. Nevertheless, it is indicated

for specific situations, due to its toxicity. There are reports about P. aeruginosa strains with reduced sensitivity

to this drug (Figueiredo et al. 2009; Zavascki et al. 2007).

The isolates showed high resistance to aztreonam, ceftazidime and cefepime, however, in the study by

Santos-Filho et al. (2002), gentamicin, cefpirome and aztreonam were the most resistant. The abusive use of 3rd

and 4th generation cephalosporins, especially ceftazidime (3rd generation), seems to be the main cause of this

resistance. Resistance to aztreonam may be due to a superexpression of the MexA-MexB-OprM efflux pump,

which also contributes to the expulsion of cephalosporin and betalactamase inhibitors (Blatt 2000).

In relation to carbapenems, the samples were more resistant to imipenem than to meropenem. Variations

in the resistance rates between these antibiotics have been previously described. Rodríguez-Martínez et al.

(2009) observed higher resistance rates to imipenem when compared to meropenem, corroborating our results.

Silva et al. (2007), in a study in Brazil, described higher resistance to meropenem. This susceptibility difference

95

among carbapenems is explained by several resistance mechanisms, such as loss of proteins of external

membrane OprD, that causes resistance to imipenem and not to meropenem; superexpression of efflux systems;

and carbapenemase production (Bonomo and Szabo 2006; Rodríguez-Martínez et al. 2009).

Our results also showed that 34.0% of the strains had a multiresistance profile, where 50.0% were

susceptible only to polymyxin B. The emergence of P. aeruginosa multiresistant to drugs has been reported as an

increasing problem in hospitals worldwide (Galles et al. 2001; Bratu et al. 2005).

A remarkable feature in infections by P. aeruginosa acquired in the ICU is multiresistance, what has been

confirmed in this study, in which 53% of the multiresistant strains were from the ICU, suggesting that it might be

indiscriminate use of antimicrobials in the treatment of nosocomial infections.

Currently, the combination of different antibiotics is studied in vitro and in vivo, with the intention of

providing new therapeutic alternatives for infections caused by multiresistant bacteria (Mitsugui et al. 2008).

The difficulty in detecting ESBLs is higher in P. aeruginosa strains, possibly due to the higher

impermeability of the external membrane when compared to the family Enterobacteriaceae and also to the

presence of the enzymes AmpC that may disguise the presence of ESBLs. Therefore, detecting these enzymes in

P. aeruginosa strains is a great challenge for the clinical laboratory, since the phenotypic test of disk

approximation does not have satisfactory sensitivity and specificity when used for this pathogen. Thus, it is

probable that its prevalence in hospitals is underestimated (Picão and Gales 2007).

The dissemination of the genes for these enzymes may play an important role in antimicrobial resistance

and the presence of P. aeruginosa producing ESBL can limit the antibiotics choice for treating severe infections

by this pathogen. That is why it is important to use molecular methods to detect ESBLs in multiresistant samples

of P. aeruginosa (Wedhagen et al. 2003).

In this study, 50.0% (17/34) of the multiresistant strains have expressed the enzyme TEM, what

corroborates studies performed in France, where four variants of TEM (TEM-4, TEM-21, TEM-24 and TEM-42)

were described in P. aeruginosa (Wedhagen et al. 2003).

Thus, knowing about the occurrence of ESBLs in P. aeruginosa samples is essential so that the internist

can choose an appropriate antimicrobial therapy, since the use of broad-spectrum cephalosporin and

monobactams in the treatment of infections caused by ESBL-producers may result in therapeutical failure

(Bradford 2001).

Bacterial adhesion may be divided into primary and secondary stages. The primary is reversible and

determined by physico-chemical variables, as hydrophobic interactions, that determine adhesion between the two

surfaces, the bacterial cell and the surface of interest. In secondary adhesion, a molecular mediation happens

between specific adhesins and the surface and the micro-organism consolidates the adhesion through producing

an exopolysaccharide complex and/or connecting specific receptors in the fimbriae to the material surface. In the

end of this stage, adhesion is irreversible (Vesterlund et al. 2005; Rodrigues et al. 2009). Therefore, adhesion

depends basically on factors that involve features from the micro-organism, the surface and environmental

conditions.

In our study, most strains of P. aeruginosa showed clumps formation in concentrations of 2.5M and 3M

of ammonium sulfate, that is, our isolates had high hydrophobicity. Studies show that the higher the

hydrophobicity, the better the microbial adhesion, both in cell surface and in adhesion substrate (Rodrigues et al.

2009). Thus, this data suggests that P. aeruginosa has a strong adhesion capacity and, consequently, a higher

tendency to biofilm formation, since it has high hydrophobicity (p=0.02; C=0.35).

Fimbriae are structural components of the surface of P. aeruginosa and also ease adhesion (Kipnis et al.

2006). These structures mediate the connection between the pathogen and the surfaces of the host’s cells, starting

colonization and formation of a film of microcolonies which will mature, forming biofilm, critical for the

infection establishment (Trautner and Darouiche 2004). In this study, we identified mannose-sensitive and

mannose-resistant fimbriae.

There are several factors related to biofilm formation, the main are: physico-chemical features of the

material on which it is adhered and expression of virulence factors by the micro-organisms, as exopolymeric

capsule production and fimbrial and non-fimbrial adhesins synthesis (Flach et al. 2005).

One of the factors related to the micro-organism that may influence the biofilm formation is the presence

of capsule, as recently found by Jain and Agarwal (2009) and corroborated by this study.

Adhesion is the first step for biofilm formation. In this model, the assays performed with the crystal violet

method provided information about the adhesion of the micro-organism tested to an abiotic surface, as P.

aeruginosa produced biofilm on a microtiter polystyrene plate. Therefore, this strong capacity of adhering to

non-biological material showed by P. aeruginosa isolates, represents a great problem in the treatment of patients

that need a catheter or other medical device in which this micro-organism can produce biofilm, leading to

chronic infections. In addition to his, biofilm protects the bacterium from the host’s immune system and

antibiotics action, being more resistant to drugs because, according to Trautner and Dauroiche (2004), the

juxtaposition of cells in the biofilm eases the transfer of resistance genes from one bacterium to another through

plasmids.

96

In our study, there was no association between the presence of fimbriae and/or capsule with the

production or degree of biofilm (p=0.4; 2=12.5), suggesting that other kinds of fimbriae or adhesins may be

present, since 63% of P. aeruginosa isolates that were strong biofilm producers and 46% of the moderate

producers did not show any of the studied fimbriae (non-demonstrated data). In addition, not all the isolates that

were biofilm-producers produced capsule, suggesting that, besides the capsule and fimbriae investigated here,

other components of this bacterium can also ease adhesion and biofilm formation with type IV fimbria,

flagellum, alginate and LPS (Trautner and Darouiche 2004).

The genetic cluster algACD is responsible for the synthesis of alginate, which is a component of the

surface of P. aeruginosa that eases adhesion. The expression of algD, that encodes the enzyme GDP mannose

dehydrogenase, is frequently used as an indicator of the expression of the other genes responsible for

biosynthesis of alginate, which is a primary compound of the organic polymer matrix, that involves biofilm in P.

aeruginosa and is considered by some authors as responsible for the antimicrobial resistance, observed in

biofilm (Trautner and Darouiche 2004; Clutterbuck et al. 2007).

In our study, 39.0% of the isolates expressed the gene algD. In another study, from 202 strains analyzed,

91.1% expressed this gene (Mitov et al 2010). Despite alginate is a mucoid exopolysaccharide that forms a

prominent capsule in the bacterial surface, favoring adhesion and later biofilm formation, the statistical analysis

of data did not show correlation between biofilm formation and the expression of gene algD (p=0,13; ²=2,19),

suggesting that other genes governing alginate synthesis (algC, algR, algP, algB, algU) may be present.

Studying the adherence capacity, 34 multiresistant strains of P. aeruginosa were analyzed and they

showed adhesion to HEp-2 cells and glass slides. Three adhesion patterns were observed: aggregative, local and

without a well defined pattern.

Adhesion to HEp-2 cells suggests that P. aeruginosa recognizes receptors in epithelial cells and therefore

can adhere to other epithelial cells, what has been confirmed by Di Martino et al. (2002) when demonstrating the

adhesion of this bacterium to pneumocytes (lineage A549), where they observed diffuse, local and aggregative

patterns, suggesting that the presence of this bacterium in the respiratory tract cells contributes for the pulmonary

pathogenesis of this micro-organism, especially in patients carrying cystic fibrosis, in whom it causes a chronic

pulmonary infection.

The strains analyzed in the adhesion test were from nosocomial infections and in most cases, patients

were using medical devices, once 53.0% of them were in the ICU. Adhesion to plastic (coverslips) of 41.0%

(14/34) of the samples analyzed in this study confirms the literature about the capacity of this bacterium in

adhering to inert surfaces as catheters, tubes, respiratory equipments, implants and other medical devices, what

represents an important step in colonization of patients who are immunocompromised or using these devices

[13].

Data found in this study suggest that antimicrobial susceptibility profiles should be monitored, supporting

the therapeutics and avoiding treatment failures. They also indicate the great capacity of P. aeruginosa being

hydrophobic and forming biofilm on abiotic surface, what may induce colonization of medical devices, with risk

to the hospitalized patient. Besides, samples adhered to HEp-2 cells, and these characteristics confirm that P.

aeruginosa is one of the most important nosocomial pathogens, therefore there is interest on elucidating the

adaptation and pathogenicity mechanisms of this micro-organism.

AKNOWLEDGMENTS We thank Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA), especially the Master Program on Parasite Biology

and Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA),

for financial aid (ATB – 04138/10; Edital FAPEMA n° 026/2010 Bancada; APP – Universal-00442/11).

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Table 1 - Primers used in amplification by multiplex PCR for ESBL detection.

Primer name Sequence (direction 5'- 3') Target

gene

Fragment size

(bp)

TEM-164. SE TGCCCGCATACACTATTCTCAGAATGA blaTEM 445

TEM-165. AS ACGCTCACCGGCTCCAGATTTAT

CTX-M-U1 ATGTGCAGYACCAGTAARGTKATGGC blaCTX-M 593

CTX-M-U2 TGGGTRAARTARGTSACCAGAAYCAGCGG

bla-SHV. SE ATGCGTTATATTCGCCTGTG blaSHV 747

bla-SHV. AS TGCTTTGTTATTCGGGCCAA

Source: Monstein et al., 2007.

Table 2 – Distribution of P. aeruginosa samples according to clinical

specimens and hospital sectors.

Clinical Specimens n %

Tracheal secretion 25 25.0%

Urine 19 19.0%

Catheter tip 12 12.0%

Diverse secretions 11 11.0%

Wound 8 8.0%

Blood 7 7.0%

Other* 18 18.0%

Hospital Sector n %

ICU 43 43.0 %

Internal Medicine Ward 31 31.0 %

Pediatric Ward 8 8.0 %

Orthopedic Ward 6 6.0%

Surgical Ward 4 4.0%

Other** 8 8.0%

Diverse secretions: purulent sec., ear sec., biliary sec., drain sec.,

oropharynx sec., tendon sec., abdominal sec and peritoneal sec.

*Other: liquor, bronchial washing, pleural fluid, sputum, ascitic fluid,

oral cavity plate, nasal swab, blood. **Other: kidney transplant,

nephrology ward, orthopedic ward, urgency and oncology. n =

number of isolates

100

Figure 1 – Optical microscopy of adhesion on HEp-2

cells of P. aeruginosa strains (1000X). A - HEp-2 cells

alone; B - Strain Pa31 with aggregative adhesion

pattern; C - Strain Pa87 without a well defined adhesion

pattern.

A B

C