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RELATO DE CASO | CASE REPORT | RELATO DE CASO RELATO DE CASO | CASE REPORT | RELATO DE CASO Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil: um relato da epizootia 2008-2009 Surveillance of yellow fever in Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil: a report on the epizootic of 2008-2009 Control de la fiebre amarilla en Caçapava do Sul (Rio Grande do Sul, Brasil): un relato sobre la epizootia de 2008-2009 Correspondência / Correspondence / Correspondencia: Stefan Vilges de Oliveira CEP: 96570-000 Caixa-Postal: 05 E-mail: [email protected] http://revista.iec.pa.gov.br Stefan Vilges de Oliveira Organização Não Governamental Interação de Trabalhos Ambientais, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil João Tertuliano Silveira Lopes Departamento de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil Sandra Bairros Departamento de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil RESUMO O presente trabalho descreve as ações realizadas pelo Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente de Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, frente à epizootia da febre amarela que acometeu o Estado e o Município nos anos de 2008/2009. Os esforços empregados nas imunizações, bem como a divulgação e esclarecimentos prestados na imprensa local, aliados ao trabalho de campo, monitoramento das mortes e coleta de amostras para o rápido diagnóstico possibilitou o êxito desta operação sem que houvesse casos em humanos no Município. Palavras-chave: Febre amarela; Vigilância Epidemiológica; Zoonoses. INTRODUÇÃO A febre amarela é uma arbovirose (doença transmitida por artrópode) que se tem mantido ativa nas zonas tropicais, tanto da África como das Américas, sendo de importância epidemiológica por suas manifestações clínicas agravadas pela elevada letalidade e pelo potencial de disseminação para áreas urbanas e rurais na presença de Aedes 1,6 (Stegomyia) aegypti e Aedes (Stegomyia) albopictus . Esta arbovirose apresenta dois ciclos epidemiologicamente distintos: a febre amarela silvestre, que possui seu ciclo natural de manutenção enzoótica entre as populações animais, com passagens esporádicas e acidentais no homem; e a febre amarela urbana, que é a expressão do estabelecimento de um ciclo Aedes aegypti – homem, em 13 áreas urbanizadas . Os macacos brasileiros são, em sua totalidade, sensíveis ao vírus da febre amarela. As espécies mais frequentemente implicadas na transmissão deste vírus pertencem aos gêneros Cebus, Alouatta e Callithrix. Esta sensibilidade lhes confere importante papel na 12,3 identificação da circulação do vírus . Os vetores potenciais recenseados no Brasil suscetíveis a desempenhar o papel de propagação da febre amarela são: Haemagogus janthinomys , Haemagogus 5 leucocelaenus , Sabethes chloropterus, e o Haemagogus albomaculatus, espécie nova para o Brasil, cujo papel vetor foi evidenciado pela primeira vez em 1984, em Monte Alegre, Pará. Os mosquitos vetores, uma vez 9 infectados, o são por toda sua vida . O método mais eficaz para prevenção da febre amarela, segundo o Ministério da Saúde, é a vacinação das populações humanas em áreas de risco. Outro procedimento que pode prevenir a ocorrência da febre amarela é o combate aos vetores e o uso de proteção 11 individual . No Estado do Rio Grande do Sul, no ano de 2001, registraram-se as primeiras mortes de primatas não humanos, da espécie Alouatta caraya, nos municípios de Santo Antônio das Missões – neste, com comprovação laboratorial para febre amarela – e Garruchos, – neste, sem confirmação. Logo em 2002, houve outra epizootia em Mata e em Jaguari, com confirmação através do exame Rev Pan-Amaz Saude 2010; 1(1):181-186 181 doi: 10.5123/S2176-62232010000100025

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RELATO DE CASO | CASE REPORT | RELATO DE CASORELATO DE CASO | CASE REPORT | RELATO DE CASO

Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil: um relato da epizootia 2008-2009

Surveillance of yellow fever in Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil: a report on the epizootic of 2008-2009

Control de la fiebre amarilla en Caçapava do Sul (Rio Grande do Sul, Brasil): un relato sobre la epizootia de 2008-2009

Correspondência / Correspondence / Correspondencia:Stefan Vilges de OliveiraCEP: 96570-000 Caixa-Postal: 05E-mail: [email protected]

http://revista.iec.pa.gov.br

Stefan Vilges de OliveiraOrganização Não Governamental Interação de Trabalhos Ambientais, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

João Tertuliano Silveira LopesDepartamento de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

Sandra BairrosDepartamento de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

RESUMO

O presente trabalho descreve as ações realizadas pelo Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente de Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, frente à epizootia da febre amarela que acometeu o Estado e o Município nos anos de 2008/2009. Os esforços empregados nas imunizações, bem como a divulgação e esclarecimentos prestados na imprensa local, aliados ao trabalho de campo, monitoramento das mortes e coleta de amostras para o rápido diagnóstico possibilitou o êxito desta operação sem que houvesse casos em humanos no Município.

Palavras-chave: Febre amarela; Vigilância Epidemiológica; Zoonoses.

INTRODUÇÃO

A febre amarela é uma arbovirose (doença transmitida por artrópode) que se tem mantido ativa nas zonas tropicais, tanto da África como das Américas, sendo de importância epidemiológica por suas manifestações clínicas agravadas pela elevada letalidade e pelo potencial de disseminação para áreas urbanas e rurais na presença de Aedes

1,6(Stegomyia) aegypti e Aedes (Stegomyia) albopictus .

Esta arbovirose apresenta dois ciclos epidemiologicamente distintos: a febre amarela silvestre, que possui seu ciclo natural de manutenção enzoótica entre as populações animais, com passagens esporádicas e acidentais no homem; e a febre amarela urbana, que é a expressão do estabelecimento de um ciclo Aedes aegypti – homem, em

13áreas urbanizadas .

Os macacos brasileiros são, em sua totalidade, sensíveis ao vírus da febre amarela. As espécies mais frequentemente implicadas na transmissão deste vírus

pertencem aos gêneros Cebus, Alouatta e Callithrix. Esta sensibilidade lhes confere importante papel na

12,3identificação da circulação do vírus .

Os vetores potenciais recenseados no Brasil suscetíveis a desempenhar o papel de propagação da febre amarela são: Haemagogus janthinomys , Haemagogus

5leucocelaenus , Sabethes chloropterus, e o Haemagogus albomaculatus, espécie nova para o Brasil, cujo papel vetor foi evidenciado pela primeira vez em 1984, em Monte Alegre, Pará. Os mosquitos vetores, uma vez

9infectados, o são por toda sua vida .

O método mais eficaz para prevenção da febre amarela, segundo o Ministério da Saúde, é a vacinação das populações humanas em áreas de risco. Outro procedimento que pode prevenir a ocorrência da febre amarela é o combate aos vetores e o uso de proteção

11individual .

No Estado do Rio Grande do Sul, no ano de 2001, registraram-se as primeiras mortes de primatas não humanos, da espécie Alouatta caraya, nos municípios de Santo Antônio das Missões – neste, com comprovação laboratorial para febre amarela – e Garruchos, – neste, sem confirmação. Logo em 2002, houve outra epizootia em Mata e em Jaguari, com confirmação através do exame

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anatomopatológico em um bugio da espécie Alouatta 17,16,7guariba clamitans . No início de 2008 ocorreram

vários casos humanos de febre amarela no Brasil (em Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná), Paraguai

7e Argentina . Foi feito um alerta em todo o país, desencadeando uma busca de pessoas não vacinadas, nas áreas de risco, e vacinação de viajantes que se deslocassem para essas regiões. No Estado do Rio Grande do Sul desde outubro de 2008, foram registradas epizootias em inúmeros municípios das regiões Norte, Noroeste e Central, com confirmação laboratorial do vírus

7da febre amarela .

Para enfrentar esta ameaça, o Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde e do Meio Ambiente de Caçapava do Sul, sob abrangência da 8ª Coordenadoria Regional de Saúde, traçou um plano de ação e se estruturou a fim de monitorar as mortes de bugios e promover a vacinação preventiva da população. O presente trabalho descreve as ações realizadas na vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, RS.

MATERIAIS E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

O Município de Caçapava do Sul, RS, está localizado a 53°29'16'' de longitude oeste do meridiano de Greenwich e 30°31'11'' de latitude sul do Equador, fazendo parte do Bioma Pampa, região zoogeográfica da Província Pampeana da Serra do Sudeste (Figura 1).

Caçapava do Sul localiza-se numa área de médias latitudes, na zona extra tropical do planeta, o que confere um papel muito importante no condicionamento climático desta região, classificado como mesotérmico brando super-úmido. O trópico de Capricórnio passa sobre sua extremidade setentrional, enquanto os paralelos de 30° a 34° Sul tangenciam suas terras mais meridionais; portanto seu território está quase todo situado no interior da Zona Temperada. De acordo com as características das zonas climáticas subtropicais, onde se localiza Caçapava do Sul, o tipo de precipitação que atinge esta área é frontal e, quanto à temperatura, tem-se uma amplitude térmica considerável, que determina uma média anual de 18° C, podendo chegar até 38° C no verão, e, no inverno,

10permitindo a formação de 15 a 20 geadas . De acordo 10com o censo demográfico (2007) , a população residente

no município de Caçapava do Sul é de 32.574 habitantes, dos quais aproximadamente 55,8% residem na zona

10urbana .

METODOLOGIA

O monitoramento da febre amarela em Caçapava do Sul se deu por meio de um trabalho multidisciplinar desenvolvido pelo Departamento de Vigilância em Saúde, que contou com a participação de médico veterinário, biólogo, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes de campo e agentes comunitários de saúde. O presente trabalho foi realizado no período de novembro de 2008 a junho de 2009.

Oliveira SV, et al. Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul

Figura 1 – Mapa gerado através do software Track Maker, mostrando a distribuição das mortes de primatas não humanos no Município de Caçapava do Sul, RS, e postos avançados de vacinação no interior do Município

POSTOS AVANÇADOS DE VACINAÇÃO OCORRÊNCIA DE EPIZOOTIAS ZONA URBANA DE CAÇAPAVA DO SUL

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A equipe da Vigilância Epidemiológica, composta por enfermeiros e técnicos de Enfermagem atuou nas imunizações e na digitação das notificações no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN). Os insumos necessários (vacinas e seringas) foram fornecidos pela 8ª Coordenadoria Regional de Saúde, com sede em Cachoeira do Sul /RS.

Os agentes comunitários de saúde atuaram na divulgação da ocorrência da epizootia no meio rural e facilitando, assim, que notificações de mortes de primatas chegassem até à Vigilância Ambiental e pudessem ser investigadas em tempo hábil.

A equipe da Vigilância Ambiental, composta por médico veterinário, biólogo e agentes de campo atuou diretamente nas investigações de mortes de primatas não humanos, bem como no georeferenciamento dos casos, levantamento fotográfico e coleta de amostras biológicas para exame e diagnóstico da febre amarela (Figura 2). As amostras foram enviadas para o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) da Secretaria Estadual de Saúde/RS, sendo posteriormente remetidas ao laboratório de referência para o Sul do País, o Instituto Adolf Lutz – Divisão de Patologia, São Paulo/SP.

Todas as notificações de ocorrência de mortes de primatas feitas ao Departamento de Vigilância em Saúde

foram relacionadas e investigadas oportunamente. A coleta de material biológico para exame diagnóstico

14seguiu norma técnica (Figura 2).

Nas investigações, a presença de bugios foi evidenciada através de observação direta de indivíduos em atividade e carcaças (Figura 2), ou através de vestígios (Figura 3), como pegadas, fezes e pelos. Para identificação

2,4dos vestígios foram utilizados guias de campo . Demais dados referentes à epizootia foram registrados em ficha de investigação padrão SINAN NET, preenchidas in loco.

A imprensa local foi acionada para divulgação da operação preventiva realizada, e, paralelamente, foram realizadas reuniões com técnicos da área da saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde). Palestras, a fim de esclarecer dúvidas da população, foram realizadas em escolas e universidades. Municípios vizinhos foram contatados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas 24 notificações ao SINAN; 42 carcaças de bugios foram georeferenciadas, todas da espécie Alouatta guariba clamitans. Destas, somente em nove casos foi possível a obtenção de material biológico através de necropsia, devido ao tempo necessário, que é prescrito em norma técnica, para realização deste

Oliveira SV, et al. Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul

Figura 2 – Investigações de mortes de primatas não humanos: A. Georeferenciamento; B. Levantamento fotográfico; C. Análise das carcaças; e D. Coleta de material biológico

C

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14procedimento . Em muitos casos, por motivos operacionais, não foi possível a investigação da notificação e, assim, não foram tabulados esses dados, considerados como "rumores de mortes de primatas". A confirmação da presença do vírus amarílico, através de exame laboratorial, fez com que o município entrasse em área de risco e, desta forma, as vacinas, que antes estavam restritas a pessoas que fossem se deslocar para áreas de risco foram disponibilizadas para toda a população.

A partir dos pontos georreferenciados das carcaças, (Figura 2) geraram-se mapas com uso do software Track

8Maker (Figura 1) e assim se obteve um panorama da distribuição das mortes de primatas, facilitando a tomada de medidas mais pontuais nas imunizações. Todas as notificações foram fotodocumentadas. Os municípios vizinhos foram contatados quando as mortes ocorreram em áreas limítrofes.

Ampliaram-se os locais de vacinação, incluindo as regiões estratégicas onde se concentraram as mortes de bugios, e, assim, os moradores destas áreas tiveram acesso à imunização em um menor espaço de tempo, sem que precisassem se deslocar até a sede do município (Figura 1) onde estavam localizados os postos de vacinação. A divulgação feita em jornais, rádios locais e pelos agentes comunitários de saúde possibilitou que as informações referentes à epizootia circulassem até mesmo nos locais mais extremos do Município.

Durante o ano de 2007, somente 16 doses da vacina da febre amarela foram aplicadas, todas administradas na comunidade indígena Mbya Guarani, presente no Município. No ano de 2008, 444 doses foram aplicadas em pessoas que se deslocariam para áreas de risco de febre amarela, e, em 2009, 19.205 doses foram aplicadas até o mês de junho, perfazendo a cobertura de 60,37% da população do Município, não se contabilizando, neste dado, os indivíduos que estavam com a vacina dentro do

12período de validade , os vacinados em outros municípios, antes do ano de 2007 e aqueles portadores de alguma

13contraindicação médica que proscreva a vacina .

No Brasil, a febre amarela urbana foi, nos últimos 50 anos, controlada em parte, por meio do controle do Aedes

8sp . Ultimamente, esse controle foi negligenciado, e a dengue aumentou no sudeste do País, enquanto a febre amarela ocorreu em cidades do Rio Grande do Sul, porém,

17,16,7sem ciclo urbano provavelmente acompanhando a 11destruição das florestas e a migração do vetor . O

crescimento da distribuição municipal da infestação de Ae. aegypti e de Ae. albopictus no Estado do Rio Grande do Sul encerra a potencialidade para registros de epidemia urbana de febre amarela.

Diante da expansão das áreas de risco para febre amarela no País sugere-se que novos estudos avaliem a qualidade do sistema de vigilância da febre amarela, com o objetivo de identificar quais medidas recomendadas

15estão sendo desenvolvidas com eficácia , e quais novos

Oliveira SV, et al. Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul

Figura 3 – Evidências da presença de bugios em investigações realizadas a campo: A. Pegadas de indivíduos que foram beber água no riacho; B. Pegadas de bugio; e C. Fezes de bugio

A

C

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REFERÊNCIAS

1 Acha PN, Szyfres B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y alos animales. Clamidiosis, y Virosi. 3rd ed. Washington: Organización Panamericana de la Salud; 2003. Vol. 2, 425 p.

2 Becker M, Dalponte JC. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um guia de campo. 2. ed. Brasília: UnB; 1999; 180 p.

3 Bicca-Marques JC, organizador. A primatologia no Brasil. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Primatologia; 2007. Vol. 1, 563 p.

4 Borges PAL, Tomás WM, editores. Guia de rastros e outros vestígios de mamíferos do Pantanal. Corumbá: Embrapa Pantanal; 2004. 148 p.

5 Gomes AC, Torres MAN, Ferri L, Costa FR, Silva AM. Encontro de Haemagogus (Conopostegus ) leucocelaenus (Diptera: Culicidae), no Município de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul. Rev Soc Bras Med Trop. 2007 jul-ago;40(4):487-8.

6 Gomes AC, Torres MAN, Gutierrez MFC, Lemos FL, Lima MLN, Martins JF, et al. Registro de Aedes albopictus em áreas epizoóticas de febre amarela das Regiões Sudeste e Sul do Brasil (Diptera: Culicidae). Epidemiol Serv Saude. 2008 mar;17(1):71-6.

Oliveira SV, et al. Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul

elementos devem ser incrementados ao programa atual de vigilância da febre amarela silvestre, para que reduzam as ações de caráter emergencial. A vigilância entomológica deve ter uma programação estratégica para monitoramento das áreas de risco.

A intensi f icação das ações de vigi lância epidemiológica e ambiental realizadas neste período no município de Caçapava do Sul; bem como a divulgação e esclarecimentos prestados a comunidade por meio da imprensa local; aliados ao trabalho de campo, monitoramento das mortes e coleta de amostras para o rápido diagnóstico; possibilitaram o êxito desta operação sem que houvesse a ocorrência de casos em humanos.

Portanto, o presente relato contribui com a experiência acerca dos métodos empregados no monitoramento e

prevenção da febre amarela, no município de Caçapava do Sul, fornecendo assim um modelo de sucesso que poderá ser utilizado por técnicos e gestores do Sistema Único de Saúde.

AGRADECIMENTOS

Os autores deste trabalho agradecem à Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, 8ª Coordenadoria Regional de Saúde, Radio Caçapava AM, Radio Portal FM, Jornal A Gazeta, Jornal de Caçapava, Jornal do Pampa, aos agentes de campo, aos agentes comunitários de saúde, aos médicos, enfermeiros e técnicos da rede municipal de saúde, a brigada militar e especialmente a dra. Maria Amélia N. Torres, ao prof. dr. Almério de Castro Gomes e a Juliano Garcia pelas valiosas sugestões dadas ao manuscrito.

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Surveillance of yellow fever in Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil: a report on the epizootic of 2008-2009

ABSTRACT

This paper describes the actions undertaken by the Department of Health Surveillance of the Municipal Secretariat of Health and Environment of Caçapava do Sul, RS, regarding the yellow fever epidemic that affected the State and Municipality in the years 2008 and 2009. The efforts made in immunizations, the dissemination of information and clarification by the local media, fieldwork, the monitoring of deaths, and the collection of samples for a rapid diagnosis, all contributed to the success of this program, which resulted in no reports of human cases in the City.

Keywords: Yellow Fever; Epidemiologic Surveillance; Zoonoses.

Control de la fiebre amarilla en Caçapava do Sul (Rio Grande do Sul, Brasil): un relato sobre la epizootia de 2008-2009

RESUMEN

Este trabajo describe las medidas adoptadas por el Departamento de Vigilancia en Salud del Departamento Municipal de Salud y Medio Ambiente de Caçapava do Sul (RS), frente a la epizootia de la fiebre amarilla que afectó al Estado y al Municipio en 2008 y 2009. Los esfuerzos realizados en la inmunización así como la difusión y aclaración de información por parte de la prensa local, combinada con el trabajo de campo, el monitoreo de las muertes y la toma de muestras para el diagnóstico rápido, hicieron posible el éxito de esta operación sin que se dieran casos en humanos en el Municipio.

Palabras clave: Fiebre Amarilla; Vigilancia Epidemiológica; Zoonosis.

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7 Governo do Estado (Rio Grande do Sul, BR). Secretaria da Saúde. Serviços [Internet]. Porto Alegre [ c i t ado 2009 jun 17 ] . D i spon í ve l em: http://www.saude.rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=servicos&cod=22246.

8 GPS Track Maker [Homepage on the Internet]. [citado 2009 jun 17]. Disponível em: http://www.gpstm.com/ downloadscontract.php?lang=port&PHPSESSID =041670e814b7296fa65ec578f6bcdf90.

9 Hervé JP, Dégallier N, Sá Filho GC, Rosa APAT. Ecologia da febre amarela silvestre no Brasil. Rev Fund SESP. 1986;31(2):131-4.

10 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades: Rio Grande do Sul, Caçapava do Sul, RS. [Internet]. Porto Alegre [citado 2009 jun 17]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1.

11 Menezes TVN, Pereira SF, Costa ZGA. Febre amarela silvestre no Brasil: um desafio nos últimos anos. Hygeia. 2008 dez;4(7):52-7.

12 Ministério da Saúde (BR). Manual de vigilância epidemiológica de febre amarela. Brasília; 2004. 63 p.

13 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed.

Brasília; 2005.816 p.

14 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de vigilância de epizootias em primatas não-humanos. Brasília; 2005. 56 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

15 Mondet B, Rosa APAT, Vasconcelos PFC. Les risques d'épidémisation urbaine de la fièvre jaune au Brésil par les vecteurs de la dengue: Aedes aegypti et Aedes albopictus. Bull Soc Pathol Exot. 1996;89(2):107-14.

16 Sallis ESV, Garmatz SL, Fighera RA, Barros VLRS, Graça DL. Surto de febre amarela em bugios. Acta Sci Vet. 2003;31(2):115-7.

17 Vasconcelos PF, Sperb AF, Monteiro HA, Torres MA, Sousa MR, Vasconcelos HB, et al. Isolations of yellow fever virus from Haemagogus leucocelaenus in Rio Grande do Sul State, Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2003 Jan-Feb;97(1):60-2.

Recebido em / Received / Recibido en: 17/7/2009Aceito em / Accepted / Aceito en: 22/10/2009

Oliveira SV, et al. Vigilância da febre amarela em Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul

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