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FEBRE AMARELA A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores artrópodes e causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. O vírus é mantido na natureza por transmissão entre primatas não humanos (PNH) e mosquitos silvestres arbóreos, principalmente dos gêneros Haemagogus e Sabethes (no Brasil) e Aedes (Stegomyia) na África. O ser humano pode ser infectado esporadicamente quando frequenta as matas e é picado pelo mosquito silvestre infectado, apresentando a febre amarela silvestre. Epidemiologicamente, a doença pode se apresentar sob duas formas distintas: FAU - Febre Amarela Urbana FAS - Febre Amarela Silvestre Diferenciando-se uma da outra apenas pela localização geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro. Modo de transmissão Na FAS o ciclo de transmissão se processa através da picada do mosquito Haemagogus e/ou o Sabethes, no ciclo:

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FEBRE AMARELA

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores

artrópodes e causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. O vírus é

mantido na natureza por transmissão entre primatas não humanos (PNH) e mosquitos

silvestres arbóreos, principalmente dos gêneros Haemagogus e Sabethes (no Brasil) e

Aedes (Stegomyia) na África. O ser humano pode ser infectado esporadicamente

quando frequenta as matas e é picado pelo mosquito silvestre infectado, apresentando

a febre amarela silvestre.

Epidemiologicamente, a doença pode se apresentar sob duas formas distintas:

FAU - Febre Amarela Urbana

FAS - Febre Amarela Silvestre

Diferenciando-se uma da outra apenas pela localização geográfica, espécie vetorial e

tipo de hospedeiro.

Modo de transmissão

Na FAS o ciclo de transmissão se processa através da picada do mosquito Haemagogus

e/ou o Sabethes, no ciclo:

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Na FAU a transmissão se faz através da picada do mosquito Aedes aegypti, no ciclo:

Há também um “Ciclo Intermediário” com interação entre os Ciclos Silvestre e Urbano,

onde humanos infectados em áreas silvestres, podem ser vetores para disseminação

urbana.

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O período de incubação varia entre 3 e 6 dias. O período de transmissibilidade vai de

24 a 48 horas antes até 3 a 5 dias após o início dos sintomas.

O espectro clínico da febre amarela pode variar desde infecções assintomáticas (estas

estimadas em metade dos casos infectados) até quadros graves e fatais.

O quadro clínico caracteriza-se pelo surgimento súbito de febre alta, geralmente

contínua, cefaleia intensa e duradoura, inapetência, náuseas e mialgia. O sinal de

Faget (bradicardia acompanhando febre alta) pode ou não estar presente.

Nas formas leves e moderadas os sintomas duram cerca de dois a quatro dias e são

aliviados com o uso de sintomáticos, antitérmicos e analgésicos, e ocorrem em cerca

de 20% a 30% dos casos.

As formas graves e malignas acometem entre 15% a 60% das pessoas com sintomas

que são notificadas durante epidemias, com evolução para óbito entre 20% e 50% dos

casos. Na forma grave, cefaleia e mialgia ocorrem em maior intensidade,

acompanhadas de náuseas e vômitos frequentes, icterícia e pelo menos oligúria ou

manifestações hemorrágicas, como epistaxes, hematêmese e metrorragia.

No Brasil, no cenário atual, todos os casos registrados foram por transmissão silvestre.

Classicamente os casos de evolução maligna podem apresentar um período de remissão dos sintomas de 6 a 48 horas entre o 3º e 5º dias de doença, seguido de

agravamento da icterícia, insuficiência renal e fenômenos hemorrágicos severos.

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Manifestações Clínicas e Laboratoriais Comuns na Febre Amarela

Exames laboratoriais

a) Diagnóstico laboratorial específico

A investigação laboratorial é importante, e pode ser realizado por meio do isolamento

do vírus amarílico (por testes de fixação do complemento e imunofluorescência indireta

e ainda a Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)), ou por detecção de antígenos virais

e do RNA viral, cuja colheita deve ser feita entre o primeiro e o quarto dia do início dos

sintomas, além de sorologia com captura de IgM em ensaio enzimático, este a partir

do sexto dia do início dos sintomas. Em casos fatais, sem tempo para obtenção de

amostras in vivo, faz-se detecção de antígenos específicos por imunohistoquímica em

tecidos de fígado, rins, coração, baço ou cérebro que devem ser coletados

preferencialmente dentro das primeiras oito horas após o óbito. Os materiais coletados

podem ser encaminhados para os Laboratórios de Referência dos locais de ocorrência

dos casos. (ANEXOI)

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Exames laboratoriais para diagnóstico de Febre Amarela

b) Diagnóstico laboratorial inespecífico

Observa-se leucopenia, linfocitose e plaquetopenia acentuada nas formas graves sem

correlação direta com níveis e sangramentos ou ainda leucocitose acentuada,

aminotransferases muito elevadas, alteração dos fatores de coagulação, principalmente

protrombina, fator VIII e tromboplastina com modificação dos tempos de sangria e de

coagulação se encontram alterados. Na análise urinária observa-se bilirrubinúria,

hematúria, proteinúria acentuada, com valores acima de 500 mg/100 mL de urina.

Nos casos assintomáticos e oligossintomáticos, o hemograma pode ser normal.

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DEFINIÇÃO DE CASO HUMANO

a. Suspeito

Indivíduo com quadro febril agudo (até 7 dias), de início súbito, acompanhado de

icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, residente em (ou procedente de) área

de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epizootia confirmada em

primatas não humanos ou isolamento de vírus em mosquitos vetores, nos últimos

Como a doença na forma leve não cursará com icterícia nem manifestações

hemorrágicas, em situações de surto considerar caso suspeito o indivíduo febril,

mesmo que não apresente esses sinais.

b. Confirmado

I. Critério clínico-laboratorial

Todo caso suspeito que apresente pelo menos uma das seguintes condições:

- Isolamento do vírus da febre amarela;

- Detecção do genoma viral;

- Detecção de anticorpos da classe IgM pela técnica de MAC-ELISA em

indivíduos não vacinados ou com aumento de 4 vezes ou mais nos títulos de

anticorpos pela técnica de inibição da hemaglutinação (IH), em amostras

pareadas.

- Achados histopatológicos com lesões nos tecidos compatíveis com febre

amarela.

Também será considerado caso confirmado o indivíduo assintomático ou

oligossintomático, originado de busca ativa, que não tenha sido vacinado e que

apresente sorologia (MAC-ELISA) positiva ou positividade por outra técnica laboratorial

conclusiva para a febre amarela.

II. Critério de vínculo epidemiológico

- Todo caso suspeito de febre amarela que evoluiu para óbito em menos de dez

dias, sem confirmação laboratorial, em período e área compatíveis com surto ou

epidemia, em que outros casos já tenham sido confirmados laboratorialmente.

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c. Descartado

Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, desde que comprovado que

as amostras foram coletadas em tempo oportuno para a técnica laboratorial

realizada; ou caso suspeito com diagnóstico confirmado de outra doença.

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

A doença é de notificação compulsória e imediata, portanto todo caso suspeito deve

ser prontamente comunicado por telefone, fax ou e-mail às autoridades (centros de

vigilância epidemiológica das secretarias de saúde dos estados e municípios), por se

tratar de doença grave com risco de dispersão para outras áreas do território

nacional e mesmo internacional.

A notificação deve ser registrada por meio do preenchimento da Ficha de

Investigação de Febre Amarela, do Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (Sinan). http://portalsinan.saude.gov.br/febreamarela- neste site se

encontra o contato para envio da notificação.

Ficha De Investigação:

http://portalsinan.saude.gov.br/images/documentos/Agravos/Febre%20Amarela/Fe

bre_Amarela_v5.pdf

Instruções de Preenchimento da Ficha de Investigação:

http://portalsinan.saude.gov.br/images/documentos/Agravos/Febre%20Amarela/Fe

bre_Amarela_v5_instr.pdf

Caso o profissional de saúde receba ou fique sabendo de algum macaco ATENÇÃO!

morto encontrado pela população, orientar que todo macaco morto deve ser

capturado e encaminhado (com urgência) para realização de exames. O serviço de

captura é realizado gratuitamente por profissionais dos órgãos competentes

definidos pelas secretarias de saúde locais.

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QUANDO SUSPEITAR DE CASO DE FEBRE AMARELA

1. Paciente sem história de vacinação para febre amarela;

2. Paciente reside ou esteve nos últimos 15 dias em localidade com registros de

circulação do vírus da febre amarela (casos em primatas não-humanos ou em

humanos);

3. Paciente apresenta sintomas compatíveis com FA, tais como febre de início súbito

(>37,8°C), cefaleia retro-orbitária, mal estar, mialgias, calafrios, tonturas, dor

lombar, sem rash cutâneo aparente;

4. Na evolução do quadro clínico, o paciente desenvolve icterícia, náuseas, vômitos,

podendo ou não manifestar sangramentos (hemorragia conjuntival, epistaxes,

gengivorragia,hematêmese, hemoptise).

COMO PROCEDER NO CASO SUSPEITO

1. Considere e trate o paciente como caso incidente provável de febre amarela;

2. Notificar imediatamente o caso suspeito, comunicando por telefone, fax ou e-mail

às autoridades (centros de vigilância epidemiológica das secretarias de saúde dos

estados e municípios);

3. Solicite os exames inespecíficos e veja como proceder para enviar as amostras

para confirmação do caso;

4. Avalie a necessidade ou não de internação;

5. Atue, enquanto equipe multidisciplinar, buscando integrar o apoio da

administração e do conjunto de profissionais;

6. Uso de precauções padrão;

7. Mantenha a investigação de diagnósticos diferenciais: malária, hepatites virais,

leptospiroses, outras arboviroses, doenças exantemáticas virais etc.

CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO

Deve ser internado o paciente que apresentar pelo menos uma das seguintes

condições:

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- Piora clínica dos sinais e sintomas;

- Dor abdominal intensa;

- Hemorragias (gengivorragia, epistaxes, hematêmese, hemoptise);

- Elevação de aminotransferases (acima de 10 vezes o valor de referência);

- Icterícia;

- Alterações no coagulograma, com aumento nos TP ou TTPA;

- Diminuição da diurese;

- Alterações respiratórias;

- Alterações neurológicas;

- Alterações hemodinâmicas.

CONDUTA EM ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL

1. Orientar hidratação oral na dose de 60 mL/kg/dia. Em caso de impossibilidade da

hidratação por via oral, utilizar 30 mL/kg/dia de cristaloides (soro fisiológico 0,9%

ou Ringer lactato) por via venosa;

2. Prescrever sintomáticos:

- Não usar o ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios não esteróides (AINEs);

- Evite o uso do paracetamol, dando prioridade ao uso da dipirona por via oral;

- No caso de necessidade uso de paracetamol (alergia a dipirona), não prescrever

doses superiores a 3 gramas por dia. Medidas de resfriamento físico para a

diminuição da temperatura corporal podem ser usadas;

3. Solicitar exames laboratoriais: hemograma, coagulograma (TAP, TTPA), AST

(TGO), ALT (TGP), bilirrubinas, ureia, creatinina, sódio, potássio, urina tipo I

(sumário de urina ou EAS). Repetir a cada 24 horas;

4. Manter o paciente em observação clínica e laboratorial pelo período de 7 a 10

dias. Realizar busca ativa em caso de não comparecimento do paciente para

reavaliação no período máximo de 24 horas.

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CONDUTA EM CASO DE INTERNAÇÃO

1. Medidas gerais:

- Internar o paciente em unidade crítica (semi-intensiva ou UTI, na dependência da

organização da unidade), se alteração do nível de consciência, hipotensão arterial,

desconforto respiratório, alteração da coagulação, oligúria, sangramentos

significativos ou outros critérios de gravidade baseados no protocolo institucional;

- Manter cabeceira elevada entre 30 e 45°;

- Verificar a necessidade de profilaxia de trombose venosa profunda, que deverá ser

ponderada pelos resultados do coagulograma e contagem de plaquetas, com o uso

de heparina nãofracionada;

- Avaliar a glicemia capilar. Se resultado menor que 70 mg/dL, corrigir e monitorar

até atingir níveis acima de 80 mg/dL;

- Preferencialmente, evitar o uso de paracetamol para controle da temperatura

corporal. Utilize dipirona por via endovenosa, se temperatura axilar > 38°C;

- Realizar medidas de prevenção de lesão por pressão, com mudança de decúbito a

cada 3 ou 4 horas;

- Monitorizar de forma não invasiva o paciente, com controle dos parâmetros vitais

de forma contínua;

- Solicitar hemograma, VHS, proteína C reativa, sódio, potássio, ureia, creatinina,

TGO, TGP, bilirrubinas totais e frações, gama-GT, TP, TTPA, produtos de

degradação da fibrina (se disponível), lactato (arterial ou venoso), gasometria

arterial, hemoculturas, CPK, e outros exames que possam constar do protocolo

institucional;

- Proceder à coleta de exames para confirmação do diagnóstico específico, pela

detecção do vírus em amostras clínicas (sangue e/ou tecidos) ou de forma indireta

pela detecção de anticorpos.

SINAIS DE ALERTA PARA A FORMA GRAVE DA FEBRE AMARELA

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Diante de sinais de gravidade descritos no quadro acima:

- Proceder a reposição volêmica com cristaloides entre 15-20 mL/kg por hora,

podendo iniciar com infusão rápida em 20 minutos, se necessário;

- Iniciar aminas vasoativas, se pressão arterial média < 65 mmHg, ou de acordo

com protocolo institucional;

- Proceder a intubação orotraqueal e uso de ventilação mecânica (VM) para os

pacientes que apresentem alteração do estado mental (Escala de Coma de Glasgow

– escore menor que 8), ou quadro de insuficiência respiratória aguda

(hipoventilação, SatO2 < 90%, relação PaO2/FiO2 menor do que 250), ou por

outros critérios institucionais que justifiquem o uso da VM;

- Avaliar a necessidade de transfusão de hemoderivados de acordo com orientações

do protocolo institucional. Avalie o uso de concentrado de hemácias, se

hemoglobina < 7,0g/dL ou em níveis mais elevados, na dependência da condição

clínica do paciente;

- Avaliar a transfusão de concentrado de plaquetas. Em geral, não há indicação de

transfusão profilática de plaquetas na ausência de sangramentos significativos,

mesmo com contagens plaquetárias abaixo de 20.000/mm3, uma vez que a

transfusão não resulta geralmente em incremento plaquetário satisfatório. No

entanto, em pacientes com sangramentos intensos, ou com plaquetopenia severa

(< 20.000) e manifestações hemorrágicas, a transfusão plaquetária pode ser

realizada e repetida até a cada 6 horas nos casos mais graves de sangramento

ativo;

- Verificar a necessidade de utilização de plasma fresco nas seguintes situações: -

Sangramentos ativos intensos em pacientes com atividade de protrombina (TP) -

<60% ou relação TTPA/Controle > 1,5. - Antes da realização de procedimentos

invasivos em pacientes com sangramentos ativos e atividade de protrombina (TP)

<60% ou relação TTPA/Controle > 1,5.

- Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos.

MEDIDAS RELACIONADAS A COMPLICAÇÕES RENAIS E NEUROLÓGICAS

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- Iniciar diálise se houver disfunção renal que produza as seguintes condições

clínicas: - Sobrecarga hídrica (congestão pulmonar, disfunção cardíaca); -

Hipercalemia grave (concentração plasmática de potássio > 6,5 mEq/L) ou níveis de

potássio em rápida elevação;

- Sinais de uremia, tais como pericardite, encefalopatia ou declínio de estado

mental de outro modo inexplicável;

- Acidose metabólica grave (pH <7,1).

- Avaliar e graduar o comprometimento neurológico pela disfunção hepática aguda

(encefalopatia hepática), através dos seguintes escores de gravidade:

Grau I: Modificações do comportamento, confusão mental leve, fala

arrastada,mudanças no sono;

Grau II: Letargia, confusão moderada;

Grau III: Confusão mental acentuada (estupor), fala incoerente, mantém-se

dormindo o tempo todo, mas pode ser acordado através de estímulos físicos;

Grau IV: Coma, não responsivo inclusive a estímulos dolorosos.

- Em sinais de encefalopatia hepática, utilizar lactulose 30 a 45 mL, 2 a 4 tomadas

por dia, por via oral ou enteral, com o objetivo de manter 3 a 5 evacuações diárias.

Avaliar o uso de metronidazol (400 mg por via oral ou enteral, 3 tomadas diárias)

ou vancomicina oral (125 mg por via oral ou enteral, 4 tomadas diárias), avaliando-

se caso a caso.

- Iniciar antibioticoterapia de amplo espectro para tratamento de possíveis

infecções bacterianas secundárias, de acordo com protocolo institucional e padrão

de sensibilidade local;

- Considerar avaliação por grupo especializado em transplante hepático, caso o

paciente apresente critérios de hepatite fulminante.

ALTA HOSPITALAR

Quando o paciente apresentar todos os critérios relacionados:

1. Após dez dias de doença, para pacientes sem febre nas últimas 24 horas, com

aspectos clínicos melhorados e exames laboratoriais com índices decrescentes

das transaminases e estabilização das plaquetas OU após três dias sem febre

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independente do tempo de doença, com índices decrescentes das transaminases

e estabilização das plaquetas

2. Ausência de manifestações hemorrágicas, com normalização dos parâmetros

de Coagulação

3. Retorno à normalidade da função renal

4. Estabilidade hemodinâmica, sem necessidade de uso de drogas vasoativas

5. Ausência de parâmetros de insuficiência respiratória

6. Normalização do estado neurológico, sem manifestações de encefalopatia

hepática.

RETORNO AMBULATORIAL

O retorno para revisão do quadro clínico deve ser em até 7 dias após a alta

hospitalar.

Realizar exames de controle: hemograma, AST (TGO), ALT (TGP), gama-GT,

bilirrubinas totais e frações, TP, TTPA, sódio, potássio, ureia, creatinina.

Orientar, caso os sintomas voltem, retornar ao posto de atendimento.

Pode-se observar um período de convalescença de até oito semanas, com

recuperação gradual das atividades habituais.

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MANEJO DE PACIENTES COM SUSPEITA DE FEBRE AMARELA

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IMUNIZAÇÃO

A vacinação contra febre amarela (VFA – atenuada) é a medida mais importante e

eficaz para prevenção e controle da doença.

Durante a ocorrência de um surto da doença recomenda-se vacinação das pessoas

não vacinadas que residem ou vão se deslocar para a área de risco. As áreas com

recomendação da vacina (ACRV) são determinadas pelo Ministério da Saúde e

mudam periodicamente, de acordo com o resultado de estudos de vigilância em

primatas não humanos e com a ocorrência de surtos.

A imunidade ocorre cerca de dez dias após a primeira dose da vacina, portanto

deve-se recomendar outras medidas para a proteção de indivíduos recém-vacinados

que residem ou vão se deslocar para a área de risco: Usar repelente de insetos

enquanto estiverem acordados. Devem ser aplicados em toda a área de pele

exposta respeitando os intervalos orientados pelos fabricantes, as condições

climáticas com elevada umidade e temperatura, e após contato com a água. Os

indicados são repelentes à base de ICARIDINA e DIETILTOLUAMIDA, que afastam

os mosquitos.

O esquema vacinal consiste em uma dose única a partir dos 9 meses de idade.

Em crianças menores de 2 anos de idade nunca vacinadas com vacina de febre

amarela, não administrar simultaneamente com a vacina tríplice viral (sarampo,

caxumba e rubéola) nem com a tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).

O intervalo mínimo deve ser de 30 dias entre as vacinas, salvo em situações

especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado.

PRECAUÇÕES

Algumas situações representam maior risco de eventos adversos pós-vacinação,

sendo necessária avaliação criteriosa e individualizada do benefício-risco para a

recomendação da vacina, levando-se em consideração as situações onde se

encontram as pessoas ou para onde vão se deslocar: em áreas com recomendação

de vacina (ACRV) ou em situações de surtos ou de intensificação de vacinação

contra a febre amarela.

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São elas:

- Doenças agudas febris moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até

a resolução do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da

doença.

- Primovacinação de pessoas com 60 anos e mais.

- Doadores de sangue ou órgãos: pessoas vacinadas devem aguardar quatro

semanas após a vacinação para doar sangue e/ou órgãos.

- Pessoas infectadas pelo HIV, assintomáticos e com imunossupressão moderada,

de acordo com a contagem de células CD4.

- Pessoas com doenças de etiologia potencialmente autoimune devem ser avaliados

caso a caso tendo em vista a possibilidade de imunossupressão.

- Pessoas com doenças hematológicas devem ser avaliados caso a caso.

- Pacientes que tenham desencadeado doença neurológica de natureza

desmielinizante (Síndrome de Guillain Barre, Encefalomielite Disseminada Aguda

(ADEM) e Esclerose Múltipla) no período de seis semanas após a aplicação de dose

anterior da VFA.

- Gestantes e mulheres amamentando: a vacinação de gestantes e lactantes não é

recomendada em áreas sem circulação viral. Nas áreas com confirmação de

circulação viral (epizootias, casos humanos e ou vetorinfectados com o vírus da

febre amarela), as gestantes e lactantes devem ser vacinadas. Recomenda-se a

suspensão do aleitamento materno por dez dias após a vacinação. É importante

procurar um serviço de saúde para orientação e acompanhamento a fim de manter

a produção do leite materno e garantir o retorno à lactação. Esta recomendação é

baseada nas evidências atuais e pode ser modificada futuramente.

CONTRA INDICAÇÃO

- Crianças menores de 6 meses de idade.

- Pessoas com história de eventos adversos graves em doses anteriores.

- Pessoas com história de anafilaxia comprovada em doses anteriores ou

relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados,

gelatina bovina ou a outras).

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- Pacientes com imunossupressão grave de qualquer natureza: – Imunodeficiência

devido a câncer ou imunodepressão terapêutica.

Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de

células CD4 < 200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para

crianças menores de 13 anos.

- Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides,

quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores).

- Pacientes submetidos a transplante de órgãos.

- Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma,

casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica).

- Pacientes portadores de lúpus eritematoso sistêmico tendo em vista a

possibilidade de imunossupressão.

- Gestantes - A administração deve ser analisada caso a caso na vigência de surtos.

É considerada imunossupressora a dose superior a 2 mg/kg/dia de prednisona ou

equivalente para crianças e acima de 20 mg/kg/dia para adultos por tempo superior

a 14 dias. Doses inferiores às citadas, mesmo por período prolongado, não

constituem contraindicação. O uso de corticoides por via inalatória ou tópicos ou em

esquemas de altas doses em curta duração (menor do que 14 dias) não constitui

contraindicação de vacinação.

FRACIONAMENTO DAS DOSES DA VACINA

Nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, passa a ser utilizada dose

fracionada (0,1ml) em suas campanhas de vacinação.

Esta ação pelo Ministério da Saúde está de acordo com as recomendações da OMS

para intensificar a vacinação num curto espaço de tempo em áreas de risco.

A dose integral (0,5 ml) continuará sendo aplicada nas seguintes situações, por não

haver estudos específicos suficientes que demonstram a imunização:

- Crianças de 9 meses até 2 anos de idade.

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- Pessoas com AIDS, doenças hematológicas ou término recente de tratamento

quimioterápico.

- Gestantes

- Viajantes internacionais (apresentando comprovante de viajem no ato da

vacinação)

A vacina pode causar reações como mal-estar, fraqueza, febre, dores musculares e

dor de cabeça importante.

Ao apresentar tais efeitos colaterais, um médico deverá ser consultado para receitar

medicamentos para controle destes sintomas.

Por ser uma vacina de vírus vivo atenuado, em situações raras, pode-se ocorrer

óbito.

TRATAMENTOS COM IMUNOSSUPRESSORES E/OU IMUNOBIOLÓGICOS

Quando se fizer extremamente necessário, é possível administrar a vacina febre

amarela se a medicação imunossupressora for suspensa temporariamente. O tempo

recomendado entre a suspensão e a administração de vacinas atenuadas varia

conforme o medicamento (ver quadros abaixo). A reintrodução dos

imunossupressores não deve ser em tempo inferior a três semanas após a

administração da vacina.

USO DE DROGAS IMUNOSUPRESSORAS E INTERVALO DE DESCONTINUIDADE DE

TRATAMENTO PARA APLICAÇÃO DE VACINAS ATENUADAS

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USO DE IMUNOBIOLÓGICOS E INTERVALO DE DESCONTINUIDADE DE

TRATAMENTO PARA APLICAÇÃO DE VACINAS ATENUADAS

ANEXO I

LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA NACIONAL

Instituto Evandro Chagas – IEC / PA Responsáveis: Sueli Guerreiros Rodrigues

([email protected]) Substituta: Raimunda do Socorro da Silva Azevedo

([email protected]) Tel.: (91) 3214-2277 / Fax: (91) 32142299

LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA REGIONAL

Instituto Evandro Chagas – IEC / PA Responsáveis: Sueli Guerreiros Rodrigues

([email protected]) Substituta: Raimunda do Socorro da Silva Azevedo

([email protected]) Tel.: (91) 3214-2277 / Fax: (91) 32142299 Instituto Adolfo Lutz –

IAL / SP Responsável: Renato Pereira de Souza ([email protected]) Tel.: (11) 3068-

2901/2902 / Fax (11): 3085-3505 -Instituto Adolfo Lutz – IAL / SP Responsável: Renato Pereira de

Souza ([email protected]) Tel.: (11) 3068-2901/2902 / Fax (11): 3085-3505 Laboratório

Central de Saúde Pública do Distrito Federal – DF Responsável: Grasiela Araújo da Silva

([email protected]) Tel: (61) 3321-2772 / Fax: (61) 3321-2642 E-mail:

[email protected] Laboratório de Flavivírus da Fiocruz / RJ

Responsável: Rita Maria Nogueira ([email protected]) Tel.: (21) 2598-1920 / Fax: (21) 2598-4373/

4215 Instituto Nacional de Infectologia – INI/Fiocruz / RJ Responsável: Dr.José Cerbino Neto

([email protected]) Tel.: (21) 3865-9595

/Revisão sobre o manejo da Febre Amarela, baseado no guia para profissionais de Saúde, publicado

pelo Ministério da Saúde, em 2017

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_amarela_guia_profissionais_saude.pdf) e no

documento publicado pela Sociedade Brasileira de Infectologia - FEBRE AMARELA EM PACIENTES

Page 20: FEBRE AMARELA - d2cle67qrrrsy0.cloudfront.net · FEBRE AMARELA A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores artrópodes e causada por um vírus do

ADULTOS MANEJO IMEDIATO DAS FORMAS CLÍNICAS

https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2018/01/878e426ce2333a48916ef481b55f7e883d3

6d5eaad2ffd287691ae86702f76ae.pdf