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vidas EM RISCO Uma agenda para acabar com as mortes evitáveis de crianças

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vidas Em riscoUma agenda para acabar com

as mortes evitáveis de crianças

Foto da capa: Uma menina, de vinte e um anos, sentada com a sua bebé Margaret de três dias numa cama da nova Residencial Materna construída pela Save the Children na clínica de Worhn, na província de Margibi, na Libéria. As grávidas e as mães das zonas rurais têm de caminhar oito horas para chegarem ao posto de saúde mais próximo. A Residencial Materna oferece às grávidas um local para ficarem na clínica durante a última semana antes do parto para assegurar que recebem os cuidados profissionais adequados de que precisam. (Foto: Jonathan Hyams/Save the Children)

VIdaS Em risco

Uma agenda para acabar com as mortes evitáveis de crianças

A Save the Children é a principal organização mundial independente dedicada às crianças. Atuamos em 120 países. Salvamos a vida das crianças; lutamos pelos seus direitos; ajudamo-las a realizarem o seu potencial.

Agradecimentos

Esta relatório foi redigido por Smita Baruah, Steve Haines, Ben Hewitt, Louise Holly, Paul Jensen, Robert Johnson, Patrick Watt e Simon Wright, com contribuições de Michel Anglade, Kitty Arie, Krista Armstrong, Lara Brearley, Michael Kiernan, Grace Kite, Michael Klosson, Karin Lapping, David Oot, Nora O’Connell e David Olayemi. Agradecemos aos colegas de Save the Children no Afeganistão, Bangladesh, Etiópia, Índia, Indonésia, Quénia, Nigéria, Paquistão e Serra Leoa pelos seus contributos. Agradecemos à Kimberly Adis e ao Michael Amaditz pela direção artística e o design gráfico.

Um agradecimento especial à Vishna Shah como gestora do projeto.

Publicado por Save the ChildrenSt Vincent House30 Orange Street Londres WC2H 7HHReino Unidowww.savethechildren.netwww.everyone.org

Primeira publicação em 2013

Copyright © Save the Children Association 2013

Publicado por Save the Children Association, uma organização suíça sem fins lucrativos constituída a termo ilimitado nos termos dos Artigos 60.º a 79.º do Código Civil suíço.

Esta publicação é protegida por direitos de autor mas pode ser reproduzida por qualquer método de forma gratuita ou sem permissão prévia para fins de ensino, mas não para revenda. Para cópias em outras circunstâncias, deve ser obtida permissão prévia por escrito da editora podendo haver pagamento de honorários.

Composição por Kimberly AdisImpresso por Page Bros LtdTraduzido por Ana Luiza IariaRevisão para português europeu por Octávio Gameiro

ÍndicE

SÍNTESE EXECUTIVA 3

O ÍNDICE DA EVERY ONE 8

ANEXO 1: METODOLOGIA DOS ÍNDICES DA EVERY ONE 10

NOTAS FINAIS 13

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SÍNTESE EXECUTIVA

Em 2000, o mundo adotou uma série de objetivos ousados e ambiciosos—os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas (ODMs)—incluindo compromissos para reduzir a pobreza para metade, colocar todas as crianças na escola e reduzir drasticamente as mortes maternas e infantis até 2015. Quando faltam dois anos para a data acordada, foi alcançado um progresso extraordinário em relação aos ODMs. Hoje menos milhões de pessoas vivem em pobreza extrema do que há uma geração atrás, a maioria das crianças conclui o ensino primário e a fome foi reduzida em mais de um terço. Talvez o testemunho mais poderoso deste progresso seja o facto de que há 90 milhões de pessoas cujas vidas teriam sido interrompidas, se as taxas de mortalidade infantil se tivessem mantido nos níveis de 1990, o ano de referência para estes objetivos.

As melhorias recentes em saúde infantil foram consideráveis. Vinte e cinco países já atingiram o objetivo de redução das taxas de mortalidade infantil em dois terços até 2015, inclusive muitos dos países mais pobres: entre eles a Etiópia, Tanzânia, Bangladesh, Malawi, Nepal e Libéria. Para muitos outros países, incluindo o Camboja, Guiné, Níger, Ruanda e Moçambique, está ao seu alcance atingirem o objetivo no período restante.1 Muitos países de rendimento médio, do Brasil à China, já reduziram a mortalidade infantil abaixo dos 2%—ou 20 nascimentos por mil—definido como o limiar para acabar com as mortes infantis evitáveis.2

Esses ganhos são inéditos. Em 1960, a taxa de mortalidade infantil em África era de 27%; hoje, é inferior a 10%.3 Além disso, esse avanço está em aceleração. A África Subsaariana está a reduzir a mortalidade infantil desde 2005 cinco vezes mais depressa do que a taxa atingida entre 1990 a 1995.4 Mesmo nos países que estão atrasados em relação aos objetivos,especialmente na África Ocidental e Central, as taxas de mortalidade foram reduzidas em 40% desde 1990.5 Pela primeira vez na história, há uma perspectiva realista de acabar com as mortes evitáveis de crianças no espaço de uma geração.

Ainda que esses ganhos demonstrem que é possível realizar progressos, mesmo nos países mais pobres, não há espaço para complacência. A cada dia que passa, 18.000 crianças continuam a morrer de causas evitáveis antes do seu quinto aniversário e, desde 1990, 216 milhões de crianças morreram em países em desenvolvimento.6 As reduções da mortalidade entre os recém-nascidos continuam atrasadas face às reduções totais da mortalidade infantil.

VIdaS EM rIScO: UmA AGEndA PArA AcABAr com As morTEs EViTÁVEis dE criAnÇAs

Fatuma, de 20 anos, na cabana da sua família com o filho Mohammed, de 7 meses. Mohammed estava doente e fraco, sendo levado para o PTA (Programa Terapêutico de Ambulatório) mais próximo localizado na aldeia de Wuha Limat na região de Afar. A Fatuma recebeu uma pasta de amendoim altamente nutritiva que dura uma semana para dar ao filho, bem como xarope de amoxicilina para a constipação dele.

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O mundo como um todo permanece longe de atingir o quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milénio de reduzir em dois terços a mortalidade infantil até 2015, e agora é necessário um esforço global intensificado para maximizar os progressos no período que resta até àquela data. Enquanto os governos e as instituições das Nações Unidas trabalham no sentido de acordarem num quadro pós-2015, é igualmente imperativo que o mundo se comprometa explicitamente em concluir o trabalho iniciado pelos ODMs, adotando como meta acabar com as mortes evitáveis de crianças.

Os progressos futuros na redução da mortalidade infantil precisarão de estratégias novas e diferentes das utilizadas e que nos trouxeram até este ponto. Em muitos países que estão em vias de alcançar o ODM da mortalidade infantil, ou que tiveram ganhos significativos, há um risco—realçado no índice deste relatório—que os progressos não sejam sustentados a menos que haja uma mudança de abordagem, apoiada por um investimento e um compromisso político adequados durante um período de tempo prolongado.

As reduções extraordinárias da mortalidade reformularam o desafio da mortalidade infantil de duas maneiras essenciais. Primeiro, como as taxas de mortalidade foram reduzidas, a proporção de mortes infantis que ocorrem no primeiro mês após o nascimento—o período de recém-nascido—está a aumentar. Enquanto em 1990 37% por cento das mortes infantis ocorreram no período neonatal, hoje 44% da mortalidade infantil está justamente entre os recém-nascidos.7 Assim, as reduções adicionais da mortalidade infantil dependerão de um aumento maciço nos cuidados neonatais para mães e bebés, como parte integrante de um movimento para alcançar uma cobertura de saúde universal para todas as crianças e famílias.

Em segundo lugar, a mortalidade infantil está cada vez mais concentrada em determinadas regiões e entre os grupos mais pobres e estruturalmente desfavorecidos, incluindo as populações em zonas rurais remotas e os moradores em bairros de lata urbanos. Enquanto em 1990 a África Ocidental e Central era responsável por 17% da mortalidade infantil, hoje 30% de toda a mortalidade infantil concentra-se justamente nessa região, grande parte dela em países frágeis e afetados por conflitos. A África e o Sul da Ásia respondem atualmente por 80 por cento de todas as mortes de crianças no mundo.8 Nessas regiões, morrem muito mais crianças em agregados familiares pobres do que nos ricos, com um aumento crescente das desigualdades em África durante o período dos ODMs. A redução da mortalidade infantil vai depender de estratégias para melhorar a igualdade, por meio da remoção de obstáculos no acesso à saúde e à nutrição para as famílias mais pobres, e da expansão do acesso aos cuidados de saúde em contextos em que a capacidade estatal é fraca e os conflitos e a insegurança são generalizados.

Embora os progressos tenham colocado novos desafios, existe um outro desafio difícil que persiste e que requer também uma atenção redobrada: a desnutrição. Os avanços na redução da desnutrição, uma causa subjacente a 45% da mortalidade infantil, permanecem estagnados e ameaçam prejudicar avanços futuros. O atrofiamento, causado por desnutrição crónica, foi reduzido em apenas um terço desde 1990.9

Página oposta: Dora Luna Galeano, de 28 anos, foi formada pela Save the Children para assistir a sua comunidade como brigadista, ou técnica voluntária de saúde. Ela está a aconselhar Edixia de los Angeles Lopez Bravo, de 21 anos, sobre como cuidar da filha Jannea Criceyda Lopez, que tem 21 meses.

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Um esforço global intensificado para sustentar os progressos recentes e concluir o trabalho inacabado dos ODMs vai exigir mais recursos centrados em todos estes desafios. De momento, muitos dos países com altas taxas de mortalidade infantil estão a investir pouco em saúde e nutrição e a deixarem de cumprir para com os compromissos existentes. O aumento do financiamento para cuidados de saúde essenciais e para as necessidades de nutrição precisa de ser acompanhado por um investimento adequado em técnicos de saúde, sem os quais muitas das intervenções essenciais não serão realizadas. De momento, 46 milhões de mulheres dão à luz todos os anos sem apoio de um técnico de saúde qualificado, e 57 países continuam abaixo do índice mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde de 23 médicos, enfermeiras e parteiras por cada 10.000 pessoas.10

Mas a experiência de países que fizeram grandes avanços na mortalidade infantil mostra que não chega haver apenas mais recursos. Muitas vezes, as evidências novas e convincentes sobre aquilo que realmente funciona desempenham um papel fundamental como ação catalisadora. Por exemplo, a análise da publicação Lancet sobre as intervenções de alto impacto na nutrição ajudou a lançar as bases para compromissos que impedem 20 milhões de casos de atrofiamento e de ajuda dupla à nutrição na conferência Nutrição para o Crescimento deste ano. Os avanços no ODM 4 são geralmente escorados por um ambiente propício à mudança, com os promotores políticos de alto nível a responderem à procura de ação por parte do público, muitas vezes mobilizados por organizações da sociedade civil, incluindo as ONGs, os grupos religiosos e as associações profissionais. A experiência da Serra Leoa, em que a mobilização popular ajudou a garantir um compromisso de cuidados de saúde gratuitos para mães e crianças em 2010, é disso exemplo.

Por fim, o progresso muitas vezes baseia-se em parcerias amplas. A mortalidade infantil não é simplesmente um problema de saúde, sendo também um desafio político, económico e social. A redução da mortalidade infantil requer coligações amplas para a mudança que combinem conhecimento, recursos, compromissos políticos e responsabilidade para com os resultados. Foi esta visão que levou à criação da estratégia do Secretário-Geral da ONU para a saúde das mulheres e crianças, Every Woman, Every Child, em 2010. São necessárias parcerias novas e inovadoras, a nível global, nacional e local, para construir um movimento imparável de todos os países e comunidades onde as crianças continuem a morrer de causas evitáveis.

A campanha global EVERY ONE da organização Save the Children é uma parte desse movimento mais amplo de mudança. Está enraizada na nossa experiência de trabalho na proteção e promoção da saúde e nutrição das crianças, há mais de 90 anos e em mais de 100 países, e nas parcerias que temos forjado. Acreditamos que esta pode ser a geração que acaba com as mortes evitáveis de crianças e garante o direito de todas as crianças a sobreviverem, independentemente de onde tenham nascido. Este relatório expõe essa agenda.

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Até ao final de 2015 os governos, ativamente apoiados por doadores e outras partes interessadas, devem tomar publicamente quatro medidas para acabar com as mortes evitáveis de crianças:

1. Publicar e implementar planos nacionais de saúde abrangentes e orçamentados nos países mais afetados que respondam às principais causas de mortalidade infantil e garantam a qualidade dos cuidados essenciais de saúde para todas as crianças e mães. Os planos devem incluir:

• As intervenções comprovadas e os cuidados necessários para os recém-nascidos sobreviverem ao primeiro mês crucial de vida;

• Programas que abranjam todas as crianças com imunizações de rotina e planos para incluir vacinas contra o pneumococo e o rotavírus como cobertura de rotina;

• um técnico de saúde, devidamente formado, apoiado e equipado, ao alcance de todas as crianças e uma parteira qualificada para assistir a todos os nascimentos;

• Investimento em intervenções nutricionais diretas que combatam o atrofiamento e a deficiência de micronutrientes.

2. Lançar uma campanha nacional em todos os países mais afetados para reduzir o atrofiamento, dar acesso a todas as crianças a uma alimentação nutritiva e fazer disso uma meta das políticas e programas sociais e agrícolas, e garantir o acesso a água potável e ao saneamento.

3. Comprometer-se publicamente com os níveis apropriados de despesa pública necessários para garantir o acesso a cuidados essenciais de saúde para todas as crianças, de forma igual, independentemente de onde nasçam – ligado a um processo transparente, em que a sociedade civil possa acompanhar ativamente orçamentos e gastos.

4. Comprometer-se a acabar com as mortes evitáveis de crianças e incluir cuidados de saúde para todos na agenda pós-2015, como parte de um quadro de trabalho único que inclua uma estrutura de responsabilização robusta.

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O ÍNDICE DA EVERY ONE

Cada um dos 75 países é classificado de acordo com a sua pontuação total quanto à redução da mortalidade, igualdade e sustentabilidade em U5 (menores de 5 anos). Aos países com dados em falta no referente à igualdade ou sustentabilidade foi atribuída uma pontuação média e a sua posição no Índice tem em conta esta pontuação média.

Nome Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação Posição do país da redução da da igualdade da sustentabili total mortalidade em U5 (em1)12 dade (em1) (em3)13 (em 1)11

Níger 1,0 0,67 0,88 2,54 1Libéria 1,0 — 0,88 2,21 -Ruanda 1,0 0,17 1,00 2,17 2Indonésia 1,0 0,67 0,50 2,17 3Madagáscar 1,0 0,67 0,50 2,17 4India 1,0 0,33 0,75 2,08 5China 1,0 — 0,75 2,08 -Rep. Árabe do Egito 1,0 0,67 0,38 2,04 6Tanzânia 1,0 0,67 0,38 2,04 7Moçambique 1,0 0,50 0,50 2,00 8Nepal 1,0 0,50 0,50 2,00 9Zâmbia 1,0 0,33 0,63 1,96 10RDP do Laos 1,0 — 0,63 1,96 -Etiópia 1,0 0,17 0,75 1,92 11Vietname 0,5 0,67 0,75 1,92 12Sudão do Sul 1,0 — — 1,85 -Benim 1,0 0,33 0,50 1,83 13Malawi 1,0 0,33 0,50 1,83 14Senegal 1,0 0,33 0,50 1,83 15Azerbaijão 1,0 — 0,50 1,83 -Brasil 1,0 — 0,50 1,83 -Rep. Dem. da Coreia 1,0 — 0,50 1,83 -África do Sul 1,0 — 0,50 1,83 -Rep. Dem. do Congo 0,5 — 1,00 1,83 -Gana 0,5 0,67 0,63 1,79 16Burkina Faso 1,0 0,00 0,75 1,75 17Bolívia 1,0 0,33 0,38 1,71 18Eritreia 1,0 — 0,38 1,71 -Afeganistão 0,5 — 0,88 1,71 -Angola 0,5 — 0,88 1,71 -Guiné-Bissau 0,5 — 0,88 1,71 -Iraque 0,5 — 0,88 1,71 -Camboja 1,0 0,00 0,63 1,63 19Mali 1,0 0,00 0,63 1,63 20São Tomé e Príncipe 1,0 — 0,25 1,58 -Bangladesh 1,0 0,17 0,38 1,54 21Peru 1,0 0,00 0,50 1,50 22Uganda 1,0 0,00 0,50 1,50 23Nigéria 0,5 0,50 0,50 1,50 24Paquistão 0,5 0,50 0,50 1,50 25República do Quirguistão 1,0 — 0,13 1,46 -Botswana 0,5 — 0,63 1,46 -Burundi 0,5 — 0,63 1,46 -República Centro-Africana 0,5 — 0,63 1,46 -Tajiquistão 0,5 — 0,63 1,46 -Togo 0,5 — 0,63 1,46 -Usbequistão 0,5 — 0,63 1,46 -Guiné 1,0 0,00 0,38 1,38 26

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Nome Pontuação Pontuaçã Pontuação Pontuaçã Posição do país da redução da o da da sustentabili o total mortalidade em U5 igualdade dade (em1) (em3) (em 1) (em1)

Observações: A pontuação média da igualdade é de 0,333 A pontuação média da sustentabilidade é de 0,512

Camarões 0,5 0,33 0,50 1,33 27Rep. do Congo 0,5 — 0,50 1,33 -Djibuti 0,5 — 0,50 1,33 -Gâmbia 0,5 — 0,50 1,33 -Mauritânia 0,5 — 0,50 1,33 -México 0,5 — 0,50 1,33 -Serra Leoa 0,5 — 0,50 1,33 -Sudão 0,5 — 0,50 1,33 -Quénia 0,5 0,50 0,25 1,25 28Zimbabwe 0,5 0,50 0,25 1,25 29Chade 0,5 0,33 0,38 1,21 30Gabão 0,5 — 0,38 1,21 -Ilhas Salomão 0,5 — 0,38 1,21 -Somália 0,5 — 0,38 1,21 -Suazilândia 0,5 — 0,38 1,21 -Rep. do Iémen 0,5 — 0,38 1,21 -Costa do Marfim 0,5 — 0,38 1,21 -Ilhas Comores 0,5 — 0,25 1,08 -Guatemala 0,5 — 0,25 1,08 -Myanmar 0,5 — 0,25 1,08 -Turquemenistão 0,5 — 0,25 1,08 -Filipinas 0,5 0,17 0,38 1,04 31Lesoto 0,5 0,00 0,50 1,00 32Marrocos 0,5 0,00 0,50 1,00 33Haití 0,5 0,33 0,13 0,96 34Guiné Equatorial 0,5 — 0,13 0,96 -Papua-Nova Guiné 0,5 — 0,13 0,96 -

COMPARAçõES REGIONAIS DE IGUALDADE EM TERMOS DE MORTALIDADE INFANTIL

Região Variação média anual Variação média anual Variação média anual em termos de diferencial em termos de diferencial em termos de diferencial da igualdade (riqueza) da igualdade (género) da igualdade (urbano/rural)

Região do Mediterrâneo Oriental [3 países] -1 +1 -1

Região Africana [21 países] -1 +1 0

Região das Américas [3 países] +2 0 +2

Região do Sudeste Asiático [4 países] -3 0 -1

Região do Pacífico Ocidental [3 países] 0 -1 +9

Total [34 países] -1 0 0

Nota: Uma mudança negativa indica uma redução do Diferencial da Igualdade e, portanto, um aumento na igualdade entre os grupos indicados. Uma mudança positiva indica um aumento do Diferencial da Igualdade e, portanto, uma redução na igualdade.

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Os Índices da EVERY ONE utilizam dados coligidos pelo Grupo Inter-Agências das Nações Unidas para a Mortalidade Infantil e a Contagem Decrescente para 2015, assim como as próprias análises da Save the Children aos inquéritos a agregados domésticos representativos a nível nacional.

Ao focarmo-nos nos 75 países com os maiores índices de mortalidade materna e infantil, atribuímos a cada país uma posição baseada na velocidade com que melhoram o seu desempenho em três importantes dimensões—a redução do número de crianças menores de 5 anos que morrem todos os anos (a mortalidade abaixo dos 5 anos), a igualdade e a sustentabilidade. A nossa abordagem geral foi pontuar melhor os países com taxas de progresso acima da média, ao mesmo tempo que reconhecemos os países que estão a realizar progressos ainda que a um ritmo mais lento. Cada país pode receber um máximo de três pontos, com um ponto atribuível a cada uma das dimensões.

Redução da Mortalidade Abaixo dos 5 Anos

Calculámos a taxa anual média de redução da mortalidade abaixo dos 5 anos entre 2000 e 2012. Os países cujo declínio da mortalidade abaixo dos 5 anos foi mais rápido do que a média receberam a pontuação máxima de 1 ponto. Os países cujo declínio da mortalidade abaixo dos 5 anos foi mais lento do que a média receberam 0,5 pontos. Os países que não tiveram nenhuma redução da mortalidade abaixo dos 5 anos receberam 0 pontos.

Igualdade

Medimos a igualdade analisando as diferenças na variação média da mortalidade abaixo dos 5 anos em três níveis: entre os 10% mais ricos da população e os 40% mais pobres (equidade de riqueza); entre meninos e meninas (igualdade de género); e entre crianças de áreas rurais e de áreas urbanas (igualdade geográfica). Presume-se que a proporção de 1:1 da taxa de mortalidade é representativa de igualdade.

Mais uma vez, calculámos a taxa média de progressos relativamente à igualdade para cada um dos três níveis. Se um país progrediu acima da média ao melhorar a igualdade em um dos níveis, recebeu uma pontuação de 0,333. Se o progresso foi abaixo da média, recebeu a pontuação de 0,167 e se os níveis de igualdade não melhoraram então a sua pontuação foi de 0. Por exemplo, a Índia recebeu 0,167 pela equidade de riqueza, 0 pela igualdade de género (por se estar a afastar da igualdade de género) e 0,167 pela igualdade geográfica, recebendo uma pontuação total de igualdade de 0,33 em 1.

AnExo 1: mETodoloGiA dos ÍndicEs dA EVErY ONE

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Sustentabilidade

Selecionámos quatro indicadores para servirem de medidas representativas da probabilidade de um país conseguir manter os progressos em termos de mortalidade infantil: a existência de uma estratégia nacional estimada para a saúde materna, neonatal e infantil (SMNI), se tem havido melhorias no desempenho dos Indicadores de Eficácia Governamental, os aumentos da despesa pública em saúde em proporção do total dos orçamentos anuais e os aumentos na proporção da população com acesso a instalações sanitárias melhoradas.

No caso das estratégias estimadas de SMNI, um país pontuou 0,25 se teve uma estratégia e 0,125 se houve uma estratégia parcial. Para os outros três indicadores, mais uma vez calculámos uma média. Se um país melhorou o seu desempenho acima da média, recebeu uma pontuação de 0,25. Se o progresso foi abaixo da média, recebeu 0,125 e se o desempenho decaiu então a pontuação foi de 0. Por exemplo, a Nigéria pontuou 0,25 por ter uma estratégia estimada de SMNI, 0 por falta de progressos na eficácia governamental, 0,25 pelo aumento da despesa pública em saúde e 0 por não ter progredido no acesso a saneamento melhorado, obtendo uma pontuação de sustentabilidade total de 0,5 em 1.

Disponibilidade de Dados

Não obtivemos dados suficientes sobre a igualdade em 41 dos 75 países. Atribuímos a esses países uma pontuação média de forma a não os prejudicar injustamente por ausência de dados disponíveis. Reconhecendo as limitações desta aplicação de pontuações médias—que, sem dúvida, resultou na atribuição a alguns países de pontuações mais altas ou mais baixas do que merecem—esta foi a forma mais justa para avaliar o seu desempenho do ponto de vista estatístico. Instamos todos os países a coligirem dados sobre a mortalidade infantil que possam ser separados por rendimento, género, geografia (urbana ou rural) e por outros fatores importantes, como a etnia, para que seja possível monitorizar e tratar a desigualdade.

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Página oposta: Uma criança é pesada pela parteira Meckytildis Amlima para monitorizar o seu crescimento no Centro de Saúde na aldeia de Kilolambwani, no Distrito Rural de Lindi, na Tanzânia.

noTAs finAis

1 iGmE , 2013 levels and Trends in child mortality: report 2013

2 A call to Action identificou o índice 20 mortes por 1.000 nados vivos (2%) como adefinição mínima para o fim da mortalidade infantil evitável. Em muitos países europeus, a taxa de mortalidade infantil é de 3-5 por 1.000 nados vivos. muitos países de rendimento médio que ultrapassaram o limiar dos 2%, como a china, ainda apresentam grupos populacionais com taxas de mortalidade significativamente acima deste nível.

3 Kenny, c., 2011. Getting Better : Why Global Development is Succeeding. Basic Books: nova iorque

4 UnicEf, 2013. Committing to Child Survival: A Promise Renewed. Progress report 2013. september. nova iorque: UnicEf.

5 iGmE, 2013. levels and Trends in child mortality, report 2013. new York: UnicEf.

6 ibid.

7 ibid.

8 ibid.

9 PnUd. 2013. The millennium development Goals report: 2013 report. nova iorque: PnUd.

10 save the children. março 2011. Missing Midwives

11 dataBank. online:http://databank.worldbank.org/data/home.aspx. (Acedido em setembro de 2013).

12 os rácios da taxa de mortalidade dos menores de 5 anos para cada uma das dimensões foram construídos pela save the cildren, com base nos dados dos inquéritos aos agregados domésticos levados a cabo em 34 países representativos entre 1990 e 2011. online. http://www.measuredhs.com/What-We-do/ survey-search.cfm. (Acedido: setembro de 2013).

13 The World Bank dataBank. online. http://databank.worldbank.org/data/home.aspx. (Acedido: setembro de 2013).

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“ NÃO HÁ REVELAçÃO MAIS PUNGENTE PARA A ALMA DE UMA SOCIEDADE DO QUE O MODO COMO TRATA AS SUAS CRIANçAS”

— Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul