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O Direito ao esquecimento Dr. Arystóbulo Oliveira Freitas

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O Direito ao esquecimentoDr. Arystóbulo Oliveira Freitas

Introdução

“Direito de ser deixado em paz” ou “Direito de estarsó”

Opinião pública, imprensa e perpetuidade

"Se uma pessoa não quer que seus dados pessoaissejam processados ou armazenados por umcontrolador de dados, e se não há nenhuma razãolegítima para mantê-lo, os dados devem ser removidosde seu sistema.“ (Viviane Reding, Comissária europeiade Justiça)

Direito subjetivo individual ao esquecimento:multidisciplinar

• Penal (antecedentes criminais)

• Civil

• Ambiental

• Administrativo

• Outros

Fundamentos Jurídicos

Artigo 1º, III e artigo 5º, X da Constituição Federal

• Dignidade da pessoa humana

• Intimidade, vida privada, honra e imagem

Artigo 12 e artigos 17/21 do Código Civil

• Direitos da personalidade

Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil doCJF/STJ

“A tutela da dignidade da pessoa humana nasociedade da informação inclui o direito aoesquecimento”

Direito ao esquecimento

Artigo 5º, inciso X e artigo 220, §§ 1º e 2º daConstituição Federal de 1988

• Livre expressão

• Manifestação do pensamento sem restrições

Ponderação de princípios - STF

Liberdade de Expressão,Informação e Memória

X

Experiência estrangeira

Senate Bill No. 568 - Privacy Rights for CaliforniaMinors in the Digital World (EUA)

Case Lebach (Alemanha)

Case Mario Gonzalez (Espanha)

Diretiva 95/46/EC do Parlamento Europeu *

Directive on the protection of personal data

Diferentes níveis de proteção a qualquer informaçãorelacionada a pessoa física identificada ou identificável

Não prevê expressamente o Direito ao esquecimento:interpretação do artigo 12, alínea b c/c artigo 14, 1ºparágrafo, alínea a, da Diretiva 95/46

Direito de acesso

• Artigo 12º. Os Estados-membros garantirão às pessoasem causa o direito de obterem do responsável pelotratamento:∙ b) Consoante o caso, a rectificação, o apagamento ou o

bloqueio dos dados cujo tratamento não cumpra o disposto napresente directiva, nomeadamente devido ao carácterincompleto ou inexacto desses dados;

Direito de oposição da pessoa em causa

• Artigo 14º. Os Estados-membros reconhecerão à pessoaem causa o direito de:∙ a) Pelo menos nos casos referidos nas alíneas e) e f) do artigo

7º, se opor em qualquer altura, por razões preponderantes elegítimas relacionadas com a sua situação particular, a que osdados que lhe digam respeito sejam objecto de tratamento,salvo disposição em contrário do direito nacional. Em caso deoposição justificada, o tratamento efectuado pelo responsáveldeixa de poder incidir sobre esses dados;

Projeto de emenda à Diretiva 95/46/EC doParlamento Europeu

Altera o artigo 17 da Diretiva 95/46/CE, paracontemplar o Direito ao esquecimento

Direito a apagar (right to erasure) ou retificar os dados(right to rectification) – este último em um novo artigo16

Direito de retificação dos dados, quando imprecisos, ede complementá-los, quando insuficientes

Hipóteses de Right to erasure:

• Dados não mais necessários aos fins para os quais foramrecolhidos ou processados

• Interessado não mais consentiu com a permanência,assim como quando expirar o tempo de manutenção noar

• Dados tratados de maneira ilícita

• Determinação de Corte ou autoridade regulatória parasua retirada, com base nas normas europeias

Direito ao esquecimento e os desafiosimpostos pela internet

Dados colocados na web são indeléveis, criandodesafios para preservação da privacidade.

Buscadores devem respeitar "direito aoesquecimento" e remover links de dados pessoais

Takedown notice baseado no direito ao esquecimentoé censura?

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

I. RESP 1.334.097-RJ - CASO CANDELÁRIA

Denunciado pela participação na “Chacina daCandelária”, em 1993 no Rio de Janeiro. Ao final doprocesso, foi absolvido

Programa televisivo “Linha Direta” apontou oabsolvido como pessoa envolvida no crime

Ação de indenização – exposição no programa violouDireito a paz, anonimato e privacidade pessoal

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

I. RESP 1.334.097-RJ - CASO CANDELÁRIA

Julgado improcedente em primeira instância

Em grau de Apelação a sentença foi reformada

4ª Turma do STJ reconheceu a violação ao Direito aoesquecimento ao apontar nome e fotografia doindivíduo absolvido, condenando a rede Globo aopagamento de indenização por danos morais

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

II. RESP 1.335.153-RJ - CASO AIDA CURI

Aida Curi foi abusada sexualmente e morta, em 1958,no Rio de Janeiro. Tal crime se tornou um dos maisfamosos do noticiário policial brasileiro

Programa televisivo “Linha Direta” divulgou o nome davítima e fotos reais

Ação de indenização pelos irmãos da vítima –exposição no programa trouxe lembrança do crime esofrimento

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

II. RESP 1.335.153-RJ - CASO AIDA CURI

A 4ª Turma do STJ entendeu indevida a indenização,pois trata-se de crime histórico, de interesse público.Impossível contar esse crime sem mencionar o nomeda vítima, a exemplo dos históricos casos “DorothyStang” e “Vladimir Herzog”

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

III. RESP 1.316.921-RJ - CASO XUXA

A apresentadora Maria da Graça Xuxa Meneghelajuizou ação requerendo a retirada da ligação de seunome com as buscas das palavras “pornografia”“pedofilia” e “sexo”, na internet em razão de filme de1982

O TJRJ julgou procedente o pedido da apresentadora,atribuindo multa de 20 mil reais para cada link

Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça

III. RESP 1.316.921-RJ - CASO XUXA

O STJ reformou a decisão afirmando que a empresanão é responsável pela produção e divulgação doconteúdo, cumpre apenas o papel de ferramenta depesquisa, organizando os resultados

A decisão não enfrentou a questão relativa ao direitoao esquecimento. Aguarda-se posicionamento doSupremo Tribunal Federal.

Críticas ao Direito ao esquecimento

Direito ao esquecimento constitui atentado àliberdade de expressão e de imprensa?

Direito de fazer desaparecer as informações queretratam uma pessoa significa perda da própriahistória, com afronta ao direito à memória de toda asociedade?

E os registros sobre crimes e criminosos perversos, queentraram para a história social, policial e judiciária,informações de inegável interesse público?

É absurdo imaginar que uma informação que é lícita setorne ilícita pelo simples fato de que já passou muitotempo desde a sua ocorrência?

Stan O'Neal, CEO do banco Merrill Lynch no período dacrise hipotecaria norte-americana. O banco foivendido ao Bank of America, devido às enormes sobsua gestão. Com o pedido de esquecimento destainformação, foi suprimido o Direito de liberdade deimprensa em relação a jornalismo histórico e legítimo?

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