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Estado de Mato Grosso Secretaria de Estado de Fazenda Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro-Oeste em função da Legislação Ambiental Cuiabá Mato Grosso Janeiro 2006

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Page 1: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

Estado de Mato Grosso Secretaria de Estado de Fazenda

Secretaria Adjunta da Receita Puacuteblica Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

Vantagens e Desvantagens Comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em funccedilatildeo da Legislaccedilatildeo

Ambiental

Cuiabaacute ndashMato Grosso

Janeiro 2006

Paacutegina 2 de 37

1 O CENAacuteRIO AMBIENTAL DO CENTRO-OESTE 3

11 O PANTANAL MATO-GROSSENSE 3 12 BIOMA AMAZOcircNIA NO CENTRO-OESTE 4 13 O CERRADO 4

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA

REGIAtildeO CENTRO-OESTE 5

21 O COacuteDIGO FLORESTAL - LEI Nordm 4771 DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 5 22 A MEDIDA PROVISOacuteRIA Nordm 2166-67 DE 24 DE AGOSTO DE 2001 QUE ALTEROU O COacuteDIGO FLORESTAL

6 23 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - LEI Nordm 9605 DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 7 24 LEI DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HIacuteDRICOS - LEI Nordm 9433 DE 8 DE JANEIRO DE 1997 7 25 LEGISLACcedilAtildeO ESPECIacuteFICA DO PANTANAL 7 26 AacuteREAS PROTEGIDAS DECORRENTES DA LEGISLACcedilAtildeO SOCIOAMBIENTAL ndash LEI Nordm 9985 DE JULHO DE

2000 8 261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal 9 262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal10

27 PROPOSTAS DE ALTERACcedilAtildeO DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL E INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS SOBRE

DISTINCcedilAtildeO DE COMPETEcircNCIA ENTRE UNIAtildeO E ESTADO10

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A

OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL 12

31 RESERVA LEGAL 13 311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte 13 312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste13

32 UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO 14 33 TERRAS INDIacuteGENAS 15 34 SIacuteNTESE DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS ENTRE O CENTRO-OESTE E DEMAIS

REGIOtildeES EM FUNCcedilAtildeO DAS UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO E TERRAS INDIacuteGENAS 15 341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos

estados da Regiatildeo Centro-Oeste 17

4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS

NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 18

41 MUDANCcedilAS EM FUNCcedilAtildeO DA POLIacuteTICA NACIONAL DE OCUPACcedilAtildeO DAS REGIOtildeES CENTRO-OESTE E

NORTE DO BRASIL 18 42 EVOLUCcedilAtildeO DEMOGRAacuteFICA 18 43 MUNICIacutePIOS 20 44 AacuteREA PLANTADA 21 45 EXPANSAtildeO DA PECUAacuteRIA - REBANHO BOVINO22 46 A EVOLUCcedilAtildeO DO PIB REGIONAL 24 47 A VARIAacuteVEL AMBIENTAL DESMATAMENTO 26

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE

CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL 27

51 PROPOSTAS INOVADORAS 27 52 INICIATIVAS FISCAIS COM PRESSUPOSTOS AMBIENTAIS 29 53 COMPENSACcedilOtildeES AMBIENTAIS 31

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 31

7 BIBLIOGRAFIA 35

Paacutegina 3 de 37

1 O CENAacuteRIO AMBIENTAL DO CENTRO-OESTE

A Regiatildeo Centro-Oeste estaacute inserida em trecircs biomas1 Pantanal Amazocircnia e

o Cerrado cada bioma compreendendo uma variedade de ecossistemas

especiacuteficos mas afins

11 O Pantanal Mato-grossense

O Pantanal eacute o uacutenico bioma que soacute existe na Regiatildeo Centro-Oeste natildeo existe

em outras regiotildees brasileiras Mas ele se estende aleacutem das fronteiras brasileiras

ocupando tambeacutem parte da Boliacutevia do Paraguai e da Argentina onde recebe a

denominaccedilatildeo de Chaco

Na Regiatildeo Centro-Oeste o Pantanal se concentra em dois estados Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul Sua aacuterea total eacute de 153 milhotildees de hectares (63

milhotildees de hectares em Mato Grosso e 89 milhotildees de hectares em Mato Grosso do

Sul) correspondendo a 949 da aacuterea total do Centro-Oeste2

O Pantanal eacute formado pela Bacia do Paraguai pelo Rio Paraguai e afluentes

entre eles os rios Cuiabaacute Satildeo Lourenccedilo e o Taquari que nascem na parte de maior

altitude no planalto e descem no sentido Norte-Sul para a planiacutecie pantaneira onde

no periacuteodo de cheia transbordam alagando vasta aacuterea formando baiacuteas (lagoas) e

corixos (canais pequenos cursos drsquoaacutegua) Este fenocircmeno natural de cheia e vazante

caracteriza o Pantanal assim como as aacutereas periodicamente alagaacuteveis ndash que

possibilitam um ciclo de vida apropriado para as espeacutecies vegetais e animais laacute

existentes ou que para laacute migram temporariamente Sua vegetaccedilatildeo eacute uma

combinaccedilatildeo de cerrado com floresta de transiccedilatildeo ora campos de pastagens

naturais ora matas de galeria Eacute um bioma muito sensiacutevel agraves alteraccedilotildees impostas

pela accedilatildeo humana

1 Bioma ndash constitui um conjunto de tipos de vegetaccedilatildeo identificaacutevel em escala regional com suas floras e

faunas associadas 2 Aacuterea correspondente agrave planiacutecie pantaneira segundo Mapa de Biomas do Brasil ndash IBGEMMA ndash 2005

Paacutegina 4 de 37

12 Bioma Amazocircnia no Centro-Oeste

O Bioma Amazocircnia eacute caracterizado por uma grande malha de rios liderado

pelo Rio Amazonas e por uma vasta floresta que varia em densidade e composiccedilatildeo

(em alguns pontos haacute floresta de transiccedilatildeo e em outra parte savanas ou

capinaranas de vaacuterzeas) gozando de altos iacutendices pluviomeacutetricos e baixas altitudes

Um nuacutemero importante de rios da Amazocircnia nasce no Centro-Oeste geralmente no

cerrado ou em aacutereas de transiccedilatildeo cita-se o caso do Xingu do Teles Pires e do

Juruena (que formam o Tapajoacutes) do Guaporeacute e outros

A parcela do Bioma Amazocircnia que se situa no Centro-Oeste estaacute no Estado

do Mato Grosso Segundo o Mapa de Biomas do Brasil cerca de 54 do territoacuterio

de Mato Grosso eacute classificado como Bioma Amazocircnia ou seja cerca de 487813

km2 (48781327 ha) que correspondem a 3037 da aacuterea do Centro-Oeste

Importante ressaltar que o Mapa de Biomas do Brasil que respalda o Coacutedigo

Florestal considera a floresta de transiccedilatildeo como Floresta Amazocircnica

Desnecessaacuterio discorrer sobre a riqueza da flora e da fauna do Bioma

Amazocircnia basta assinalar que mais de 90 da madeira consumida no Brasil eacute de

origem amazocircnica (natildeo se contabiliza a biomassa de florestas plantadas voltadas

para fornecer polpa para a induacutestria de celulose e papel)

Dada as suas dimensotildees (que apenas no Brasil compreende cerca de 4

milhotildees de km2 de floresta tropical e cerca de 10 da aacutegua doce disponiacutevel no

mundo) e sua megadiversidade bioloacutegica o Bioma Amazocircnia assume importacircncia

global As alteraccedilotildees impostas pela accedilatildeo humana na regiatildeo como o desmatamento

ou a seca do ano de 2005 por razotildees naturais ou resultantes de modificaccedilotildees

climaacuteticas globais satildeo motivos de preocupaccedilatildeo e debate internacional

13 O Cerrado

O Cerrado eacute o bioma que mais identifica a Regiatildeo Centro-Oeste vegetaccedilatildeo

variaacutevel desde campos de pastagens naturais com arbustos ateacute matas com

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aacutervores encorpadas cortado por nascentes e rios aleacutem de regime regular de

chuvas alternando um periacuteodo concentrado com um periacuteodo de estiagem

Boa parte do Cerrado eacute regiatildeo de planalto que ultrapassa o Centro-Oeste

atingindo tambeacutem parte do Norte (Tocantins) do Nordeste (Piauiacute e Maranhatildeo) e

Sudeste (Minas Gerais e Satildeo Paulo) O Cerrado ocupa cerca de 905841 km2

(90584185 ha) do territoacuterio do Centro-Oeste que corresponde a 5639 da sua

aacuterea total

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

21 O Coacutedigo Florestal - Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

A Legislaccedilatildeo Ambiental eacute vasta contudo destacamos o Coacutedigo Florestal

dada a sua antiguidade e amplitude porque estabelece as normas e restriccedilotildees de

ocupaccedilatildeo de conversatildeo (da cobertura vegetal natural) e do manejo dos recursos

florestais Para os objetivos deste trabalho merecem destaque os seguintes

conceitos e normas

a) Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente ndash APP aacuterea de cobertura vegetal

natural (seja ela floresta densa arbustiva ou pastagem natural) que

natildeo pode ser convertida (desmatada) ou alterada Situada agraves margens

de rios nascentes e tambeacutem nas encostas dos morros com

declividade acima de 45deg Natildeo varia conforme o bioma varia por

exemplo em funccedilatildeo da largura dos rios A supressatildeo total ou parcial

da APP soacute eacute admitida por permissatildeo do Poder Puacuteblico Federal (ou de

outro Poder Puacuteblico por delegaccedilatildeo daquele) em caso de utilidade

puacuteblica ou de interesse social

b) Reserva Legal ndash RL aacuterea de cobertura vegetal natural de toda e

qualquer propriedade que natildeo pode ser convertida em pastagens ou

culturas plantadas ou seja natildeo pode ser desmatada e usada para

agricultura ou pecuaacuteria Varia conforme o bioma na Floresta

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Amazocircnica a reserva era ateacute meados de 1996 de 50 da aacuterea total da

propriedade No Cerrado era de 20 da aacuterea total da propriedade

c) Manejo Florestal permite o uso comercial da floresta seja ela em

aacuterea de Reserva Legal ou em aacuterea sobre a qual pode ocorrer

conversatildeo desde que seja pelo meacutetodo do manejo florestal

Observaccedilatildeo natildeo permitia e ateacute hoje natildeo permite manejo florestal em

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente -APP

22 A Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que alterou o Coacutedigo Florestal

Em 1996 o Presidente da Repuacuteblica editou a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 (com forccedila de lei) que modificou alguns artigos do Coacutedigo Florestal

vigente ateacute hoje Essa Medida Provisoacuteria sofreu vaacuterias ediccedilotildees sendo a uacuteltima a de

nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que consolidou a seguinte posiccedilatildeo

Reserva Legal

a) em caso de propriedade na Floresta Amazocircnica a Reserva Legal foi

elevada de 50 para 80 de sua aacuterea total

b) em caso de propriedade em Bioma do Cerrado a Reserva Legal foi

aumentada de 20 para 35 da aacuterea total da propriedade desde

que situada na Amazocircnia Legal

Observaccedilatildeo importante a Reserva Legal em propriedade no Bioma do

Cerrado fora da Amazocircnia Legal eacute de 20 Neste caso o tratamento diferenciado soacute

atinge o Estado de Mato Grosso onde a Reserva Legal no Cerrado eacute de 35

Para se ter noccedilatildeo da dimensatildeo quantitativa da restriccedilatildeo imposta por estes

dois conceitos de restriccedilatildeo ambiental (APP e RL) a FEMAMT ndash Fundaccedilatildeo Estadual

do Meio Ambiente3 estimou em 1999 que a aacuterea abrangida e protegida por Reserva

Legal e Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente no Mato Grosso era da ordem de 1314

3 Atualmente SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

Paacutegina 15 de 37

em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

Paacutegina 16 de 37

seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Paacutegina 17 de 37

341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

Paacutegina 19 de 37

Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 2: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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1 O CENAacuteRIO AMBIENTAL DO CENTRO-OESTE 3

11 O PANTANAL MATO-GROSSENSE 3 12 BIOMA AMAZOcircNIA NO CENTRO-OESTE 4 13 O CERRADO 4

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA

REGIAtildeO CENTRO-OESTE 5

21 O COacuteDIGO FLORESTAL - LEI Nordm 4771 DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 5 22 A MEDIDA PROVISOacuteRIA Nordm 2166-67 DE 24 DE AGOSTO DE 2001 QUE ALTEROU O COacuteDIGO FLORESTAL

6 23 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - LEI Nordm 9605 DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 7 24 LEI DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HIacuteDRICOS - LEI Nordm 9433 DE 8 DE JANEIRO DE 1997 7 25 LEGISLACcedilAtildeO ESPECIacuteFICA DO PANTANAL 7 26 AacuteREAS PROTEGIDAS DECORRENTES DA LEGISLACcedilAtildeO SOCIOAMBIENTAL ndash LEI Nordm 9985 DE JULHO DE

2000 8 261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal 9 262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal10

27 PROPOSTAS DE ALTERACcedilAtildeO DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL E INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS SOBRE

DISTINCcedilAtildeO DE COMPETEcircNCIA ENTRE UNIAtildeO E ESTADO10

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A

OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL 12

31 RESERVA LEGAL 13 311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte 13 312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste13

32 UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO 14 33 TERRAS INDIacuteGENAS 15 34 SIacuteNTESE DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS ENTRE O CENTRO-OESTE E DEMAIS

REGIOtildeES EM FUNCcedilAtildeO DAS UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO E TERRAS INDIacuteGENAS 15 341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos

estados da Regiatildeo Centro-Oeste 17

4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS

NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE 18

41 MUDANCcedilAS EM FUNCcedilAtildeO DA POLIacuteTICA NACIONAL DE OCUPACcedilAtildeO DAS REGIOtildeES CENTRO-OESTE E

NORTE DO BRASIL 18 42 EVOLUCcedilAtildeO DEMOGRAacuteFICA 18 43 MUNICIacutePIOS 20 44 AacuteREA PLANTADA 21 45 EXPANSAtildeO DA PECUAacuteRIA - REBANHO BOVINO22 46 A EVOLUCcedilAtildeO DO PIB REGIONAL 24 47 A VARIAacuteVEL AMBIENTAL DESMATAMENTO 26

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE

CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL 27

51 PROPOSTAS INOVADORAS 27 52 INICIATIVAS FISCAIS COM PRESSUPOSTOS AMBIENTAIS 29 53 COMPENSACcedilOtildeES AMBIENTAIS 31

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 31

7 BIBLIOGRAFIA 35

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1 O CENAacuteRIO AMBIENTAL DO CENTRO-OESTE

A Regiatildeo Centro-Oeste estaacute inserida em trecircs biomas1 Pantanal Amazocircnia e

o Cerrado cada bioma compreendendo uma variedade de ecossistemas

especiacuteficos mas afins

11 O Pantanal Mato-grossense

O Pantanal eacute o uacutenico bioma que soacute existe na Regiatildeo Centro-Oeste natildeo existe

em outras regiotildees brasileiras Mas ele se estende aleacutem das fronteiras brasileiras

ocupando tambeacutem parte da Boliacutevia do Paraguai e da Argentina onde recebe a

denominaccedilatildeo de Chaco

Na Regiatildeo Centro-Oeste o Pantanal se concentra em dois estados Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul Sua aacuterea total eacute de 153 milhotildees de hectares (63

milhotildees de hectares em Mato Grosso e 89 milhotildees de hectares em Mato Grosso do

Sul) correspondendo a 949 da aacuterea total do Centro-Oeste2

O Pantanal eacute formado pela Bacia do Paraguai pelo Rio Paraguai e afluentes

entre eles os rios Cuiabaacute Satildeo Lourenccedilo e o Taquari que nascem na parte de maior

altitude no planalto e descem no sentido Norte-Sul para a planiacutecie pantaneira onde

no periacuteodo de cheia transbordam alagando vasta aacuterea formando baiacuteas (lagoas) e

corixos (canais pequenos cursos drsquoaacutegua) Este fenocircmeno natural de cheia e vazante

caracteriza o Pantanal assim como as aacutereas periodicamente alagaacuteveis ndash que

possibilitam um ciclo de vida apropriado para as espeacutecies vegetais e animais laacute

existentes ou que para laacute migram temporariamente Sua vegetaccedilatildeo eacute uma

combinaccedilatildeo de cerrado com floresta de transiccedilatildeo ora campos de pastagens

naturais ora matas de galeria Eacute um bioma muito sensiacutevel agraves alteraccedilotildees impostas

pela accedilatildeo humana

1 Bioma ndash constitui um conjunto de tipos de vegetaccedilatildeo identificaacutevel em escala regional com suas floras e

faunas associadas 2 Aacuterea correspondente agrave planiacutecie pantaneira segundo Mapa de Biomas do Brasil ndash IBGEMMA ndash 2005

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12 Bioma Amazocircnia no Centro-Oeste

O Bioma Amazocircnia eacute caracterizado por uma grande malha de rios liderado

pelo Rio Amazonas e por uma vasta floresta que varia em densidade e composiccedilatildeo

(em alguns pontos haacute floresta de transiccedilatildeo e em outra parte savanas ou

capinaranas de vaacuterzeas) gozando de altos iacutendices pluviomeacutetricos e baixas altitudes

Um nuacutemero importante de rios da Amazocircnia nasce no Centro-Oeste geralmente no

cerrado ou em aacutereas de transiccedilatildeo cita-se o caso do Xingu do Teles Pires e do

Juruena (que formam o Tapajoacutes) do Guaporeacute e outros

A parcela do Bioma Amazocircnia que se situa no Centro-Oeste estaacute no Estado

do Mato Grosso Segundo o Mapa de Biomas do Brasil cerca de 54 do territoacuterio

de Mato Grosso eacute classificado como Bioma Amazocircnia ou seja cerca de 487813

km2 (48781327 ha) que correspondem a 3037 da aacuterea do Centro-Oeste

Importante ressaltar que o Mapa de Biomas do Brasil que respalda o Coacutedigo

Florestal considera a floresta de transiccedilatildeo como Floresta Amazocircnica

Desnecessaacuterio discorrer sobre a riqueza da flora e da fauna do Bioma

Amazocircnia basta assinalar que mais de 90 da madeira consumida no Brasil eacute de

origem amazocircnica (natildeo se contabiliza a biomassa de florestas plantadas voltadas

para fornecer polpa para a induacutestria de celulose e papel)

Dada as suas dimensotildees (que apenas no Brasil compreende cerca de 4

milhotildees de km2 de floresta tropical e cerca de 10 da aacutegua doce disponiacutevel no

mundo) e sua megadiversidade bioloacutegica o Bioma Amazocircnia assume importacircncia

global As alteraccedilotildees impostas pela accedilatildeo humana na regiatildeo como o desmatamento

ou a seca do ano de 2005 por razotildees naturais ou resultantes de modificaccedilotildees

climaacuteticas globais satildeo motivos de preocupaccedilatildeo e debate internacional

13 O Cerrado

O Cerrado eacute o bioma que mais identifica a Regiatildeo Centro-Oeste vegetaccedilatildeo

variaacutevel desde campos de pastagens naturais com arbustos ateacute matas com

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aacutervores encorpadas cortado por nascentes e rios aleacutem de regime regular de

chuvas alternando um periacuteodo concentrado com um periacuteodo de estiagem

Boa parte do Cerrado eacute regiatildeo de planalto que ultrapassa o Centro-Oeste

atingindo tambeacutem parte do Norte (Tocantins) do Nordeste (Piauiacute e Maranhatildeo) e

Sudeste (Minas Gerais e Satildeo Paulo) O Cerrado ocupa cerca de 905841 km2

(90584185 ha) do territoacuterio do Centro-Oeste que corresponde a 5639 da sua

aacuterea total

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

21 O Coacutedigo Florestal - Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

A Legislaccedilatildeo Ambiental eacute vasta contudo destacamos o Coacutedigo Florestal

dada a sua antiguidade e amplitude porque estabelece as normas e restriccedilotildees de

ocupaccedilatildeo de conversatildeo (da cobertura vegetal natural) e do manejo dos recursos

florestais Para os objetivos deste trabalho merecem destaque os seguintes

conceitos e normas

a) Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente ndash APP aacuterea de cobertura vegetal

natural (seja ela floresta densa arbustiva ou pastagem natural) que

natildeo pode ser convertida (desmatada) ou alterada Situada agraves margens

de rios nascentes e tambeacutem nas encostas dos morros com

declividade acima de 45deg Natildeo varia conforme o bioma varia por

exemplo em funccedilatildeo da largura dos rios A supressatildeo total ou parcial

da APP soacute eacute admitida por permissatildeo do Poder Puacuteblico Federal (ou de

outro Poder Puacuteblico por delegaccedilatildeo daquele) em caso de utilidade

puacuteblica ou de interesse social

b) Reserva Legal ndash RL aacuterea de cobertura vegetal natural de toda e

qualquer propriedade que natildeo pode ser convertida em pastagens ou

culturas plantadas ou seja natildeo pode ser desmatada e usada para

agricultura ou pecuaacuteria Varia conforme o bioma na Floresta

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Amazocircnica a reserva era ateacute meados de 1996 de 50 da aacuterea total da

propriedade No Cerrado era de 20 da aacuterea total da propriedade

c) Manejo Florestal permite o uso comercial da floresta seja ela em

aacuterea de Reserva Legal ou em aacuterea sobre a qual pode ocorrer

conversatildeo desde que seja pelo meacutetodo do manejo florestal

Observaccedilatildeo natildeo permitia e ateacute hoje natildeo permite manejo florestal em

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente -APP

22 A Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que alterou o Coacutedigo Florestal

Em 1996 o Presidente da Repuacuteblica editou a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 (com forccedila de lei) que modificou alguns artigos do Coacutedigo Florestal

vigente ateacute hoje Essa Medida Provisoacuteria sofreu vaacuterias ediccedilotildees sendo a uacuteltima a de

nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que consolidou a seguinte posiccedilatildeo

Reserva Legal

a) em caso de propriedade na Floresta Amazocircnica a Reserva Legal foi

elevada de 50 para 80 de sua aacuterea total

b) em caso de propriedade em Bioma do Cerrado a Reserva Legal foi

aumentada de 20 para 35 da aacuterea total da propriedade desde

que situada na Amazocircnia Legal

Observaccedilatildeo importante a Reserva Legal em propriedade no Bioma do

Cerrado fora da Amazocircnia Legal eacute de 20 Neste caso o tratamento diferenciado soacute

atinge o Estado de Mato Grosso onde a Reserva Legal no Cerrado eacute de 35

Para se ter noccedilatildeo da dimensatildeo quantitativa da restriccedilatildeo imposta por estes

dois conceitos de restriccedilatildeo ambiental (APP e RL) a FEMAMT ndash Fundaccedilatildeo Estadual

do Meio Ambiente3 estimou em 1999 que a aacuterea abrangida e protegida por Reserva

Legal e Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente no Mato Grosso era da ordem de 1314

3 Atualmente SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Paacutegina 17 de 37

341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

Paacutegina 18 de 37

4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 3: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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1 O CENAacuteRIO AMBIENTAL DO CENTRO-OESTE

A Regiatildeo Centro-Oeste estaacute inserida em trecircs biomas1 Pantanal Amazocircnia e

o Cerrado cada bioma compreendendo uma variedade de ecossistemas

especiacuteficos mas afins

11 O Pantanal Mato-grossense

O Pantanal eacute o uacutenico bioma que soacute existe na Regiatildeo Centro-Oeste natildeo existe

em outras regiotildees brasileiras Mas ele se estende aleacutem das fronteiras brasileiras

ocupando tambeacutem parte da Boliacutevia do Paraguai e da Argentina onde recebe a

denominaccedilatildeo de Chaco

Na Regiatildeo Centro-Oeste o Pantanal se concentra em dois estados Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul Sua aacuterea total eacute de 153 milhotildees de hectares (63

milhotildees de hectares em Mato Grosso e 89 milhotildees de hectares em Mato Grosso do

Sul) correspondendo a 949 da aacuterea total do Centro-Oeste2

O Pantanal eacute formado pela Bacia do Paraguai pelo Rio Paraguai e afluentes

entre eles os rios Cuiabaacute Satildeo Lourenccedilo e o Taquari que nascem na parte de maior

altitude no planalto e descem no sentido Norte-Sul para a planiacutecie pantaneira onde

no periacuteodo de cheia transbordam alagando vasta aacuterea formando baiacuteas (lagoas) e

corixos (canais pequenos cursos drsquoaacutegua) Este fenocircmeno natural de cheia e vazante

caracteriza o Pantanal assim como as aacutereas periodicamente alagaacuteveis ndash que

possibilitam um ciclo de vida apropriado para as espeacutecies vegetais e animais laacute

existentes ou que para laacute migram temporariamente Sua vegetaccedilatildeo eacute uma

combinaccedilatildeo de cerrado com floresta de transiccedilatildeo ora campos de pastagens

naturais ora matas de galeria Eacute um bioma muito sensiacutevel agraves alteraccedilotildees impostas

pela accedilatildeo humana

1 Bioma ndash constitui um conjunto de tipos de vegetaccedilatildeo identificaacutevel em escala regional com suas floras e

faunas associadas 2 Aacuterea correspondente agrave planiacutecie pantaneira segundo Mapa de Biomas do Brasil ndash IBGEMMA ndash 2005

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12 Bioma Amazocircnia no Centro-Oeste

O Bioma Amazocircnia eacute caracterizado por uma grande malha de rios liderado

pelo Rio Amazonas e por uma vasta floresta que varia em densidade e composiccedilatildeo

(em alguns pontos haacute floresta de transiccedilatildeo e em outra parte savanas ou

capinaranas de vaacuterzeas) gozando de altos iacutendices pluviomeacutetricos e baixas altitudes

Um nuacutemero importante de rios da Amazocircnia nasce no Centro-Oeste geralmente no

cerrado ou em aacutereas de transiccedilatildeo cita-se o caso do Xingu do Teles Pires e do

Juruena (que formam o Tapajoacutes) do Guaporeacute e outros

A parcela do Bioma Amazocircnia que se situa no Centro-Oeste estaacute no Estado

do Mato Grosso Segundo o Mapa de Biomas do Brasil cerca de 54 do territoacuterio

de Mato Grosso eacute classificado como Bioma Amazocircnia ou seja cerca de 487813

km2 (48781327 ha) que correspondem a 3037 da aacuterea do Centro-Oeste

Importante ressaltar que o Mapa de Biomas do Brasil que respalda o Coacutedigo

Florestal considera a floresta de transiccedilatildeo como Floresta Amazocircnica

Desnecessaacuterio discorrer sobre a riqueza da flora e da fauna do Bioma

Amazocircnia basta assinalar que mais de 90 da madeira consumida no Brasil eacute de

origem amazocircnica (natildeo se contabiliza a biomassa de florestas plantadas voltadas

para fornecer polpa para a induacutestria de celulose e papel)

Dada as suas dimensotildees (que apenas no Brasil compreende cerca de 4

milhotildees de km2 de floresta tropical e cerca de 10 da aacutegua doce disponiacutevel no

mundo) e sua megadiversidade bioloacutegica o Bioma Amazocircnia assume importacircncia

global As alteraccedilotildees impostas pela accedilatildeo humana na regiatildeo como o desmatamento

ou a seca do ano de 2005 por razotildees naturais ou resultantes de modificaccedilotildees

climaacuteticas globais satildeo motivos de preocupaccedilatildeo e debate internacional

13 O Cerrado

O Cerrado eacute o bioma que mais identifica a Regiatildeo Centro-Oeste vegetaccedilatildeo

variaacutevel desde campos de pastagens naturais com arbustos ateacute matas com

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aacutervores encorpadas cortado por nascentes e rios aleacutem de regime regular de

chuvas alternando um periacuteodo concentrado com um periacuteodo de estiagem

Boa parte do Cerrado eacute regiatildeo de planalto que ultrapassa o Centro-Oeste

atingindo tambeacutem parte do Norte (Tocantins) do Nordeste (Piauiacute e Maranhatildeo) e

Sudeste (Minas Gerais e Satildeo Paulo) O Cerrado ocupa cerca de 905841 km2

(90584185 ha) do territoacuterio do Centro-Oeste que corresponde a 5639 da sua

aacuterea total

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

21 O Coacutedigo Florestal - Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

A Legislaccedilatildeo Ambiental eacute vasta contudo destacamos o Coacutedigo Florestal

dada a sua antiguidade e amplitude porque estabelece as normas e restriccedilotildees de

ocupaccedilatildeo de conversatildeo (da cobertura vegetal natural) e do manejo dos recursos

florestais Para os objetivos deste trabalho merecem destaque os seguintes

conceitos e normas

a) Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente ndash APP aacuterea de cobertura vegetal

natural (seja ela floresta densa arbustiva ou pastagem natural) que

natildeo pode ser convertida (desmatada) ou alterada Situada agraves margens

de rios nascentes e tambeacutem nas encostas dos morros com

declividade acima de 45deg Natildeo varia conforme o bioma varia por

exemplo em funccedilatildeo da largura dos rios A supressatildeo total ou parcial

da APP soacute eacute admitida por permissatildeo do Poder Puacuteblico Federal (ou de

outro Poder Puacuteblico por delegaccedilatildeo daquele) em caso de utilidade

puacuteblica ou de interesse social

b) Reserva Legal ndash RL aacuterea de cobertura vegetal natural de toda e

qualquer propriedade que natildeo pode ser convertida em pastagens ou

culturas plantadas ou seja natildeo pode ser desmatada e usada para

agricultura ou pecuaacuteria Varia conforme o bioma na Floresta

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Amazocircnica a reserva era ateacute meados de 1996 de 50 da aacuterea total da

propriedade No Cerrado era de 20 da aacuterea total da propriedade

c) Manejo Florestal permite o uso comercial da floresta seja ela em

aacuterea de Reserva Legal ou em aacuterea sobre a qual pode ocorrer

conversatildeo desde que seja pelo meacutetodo do manejo florestal

Observaccedilatildeo natildeo permitia e ateacute hoje natildeo permite manejo florestal em

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente -APP

22 A Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que alterou o Coacutedigo Florestal

Em 1996 o Presidente da Repuacuteblica editou a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 (com forccedila de lei) que modificou alguns artigos do Coacutedigo Florestal

vigente ateacute hoje Essa Medida Provisoacuteria sofreu vaacuterias ediccedilotildees sendo a uacuteltima a de

nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que consolidou a seguinte posiccedilatildeo

Reserva Legal

a) em caso de propriedade na Floresta Amazocircnica a Reserva Legal foi

elevada de 50 para 80 de sua aacuterea total

b) em caso de propriedade em Bioma do Cerrado a Reserva Legal foi

aumentada de 20 para 35 da aacuterea total da propriedade desde

que situada na Amazocircnia Legal

Observaccedilatildeo importante a Reserva Legal em propriedade no Bioma do

Cerrado fora da Amazocircnia Legal eacute de 20 Neste caso o tratamento diferenciado soacute

atinge o Estado de Mato Grosso onde a Reserva Legal no Cerrado eacute de 35

Para se ter noccedilatildeo da dimensatildeo quantitativa da restriccedilatildeo imposta por estes

dois conceitos de restriccedilatildeo ambiental (APP e RL) a FEMAMT ndash Fundaccedilatildeo Estadual

do Meio Ambiente3 estimou em 1999 que a aacuterea abrangida e protegida por Reserva

Legal e Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente no Mato Grosso era da ordem de 1314

3 Atualmente SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

Paacutegina 20 de 37

FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

Paacutegina 25 de 37

TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 4: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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12 Bioma Amazocircnia no Centro-Oeste

O Bioma Amazocircnia eacute caracterizado por uma grande malha de rios liderado

pelo Rio Amazonas e por uma vasta floresta que varia em densidade e composiccedilatildeo

(em alguns pontos haacute floresta de transiccedilatildeo e em outra parte savanas ou

capinaranas de vaacuterzeas) gozando de altos iacutendices pluviomeacutetricos e baixas altitudes

Um nuacutemero importante de rios da Amazocircnia nasce no Centro-Oeste geralmente no

cerrado ou em aacutereas de transiccedilatildeo cita-se o caso do Xingu do Teles Pires e do

Juruena (que formam o Tapajoacutes) do Guaporeacute e outros

A parcela do Bioma Amazocircnia que se situa no Centro-Oeste estaacute no Estado

do Mato Grosso Segundo o Mapa de Biomas do Brasil cerca de 54 do territoacuterio

de Mato Grosso eacute classificado como Bioma Amazocircnia ou seja cerca de 487813

km2 (48781327 ha) que correspondem a 3037 da aacuterea do Centro-Oeste

Importante ressaltar que o Mapa de Biomas do Brasil que respalda o Coacutedigo

Florestal considera a floresta de transiccedilatildeo como Floresta Amazocircnica

Desnecessaacuterio discorrer sobre a riqueza da flora e da fauna do Bioma

Amazocircnia basta assinalar que mais de 90 da madeira consumida no Brasil eacute de

origem amazocircnica (natildeo se contabiliza a biomassa de florestas plantadas voltadas

para fornecer polpa para a induacutestria de celulose e papel)

Dada as suas dimensotildees (que apenas no Brasil compreende cerca de 4

milhotildees de km2 de floresta tropical e cerca de 10 da aacutegua doce disponiacutevel no

mundo) e sua megadiversidade bioloacutegica o Bioma Amazocircnia assume importacircncia

global As alteraccedilotildees impostas pela accedilatildeo humana na regiatildeo como o desmatamento

ou a seca do ano de 2005 por razotildees naturais ou resultantes de modificaccedilotildees

climaacuteticas globais satildeo motivos de preocupaccedilatildeo e debate internacional

13 O Cerrado

O Cerrado eacute o bioma que mais identifica a Regiatildeo Centro-Oeste vegetaccedilatildeo

variaacutevel desde campos de pastagens naturais com arbustos ateacute matas com

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aacutervores encorpadas cortado por nascentes e rios aleacutem de regime regular de

chuvas alternando um periacuteodo concentrado com um periacuteodo de estiagem

Boa parte do Cerrado eacute regiatildeo de planalto que ultrapassa o Centro-Oeste

atingindo tambeacutem parte do Norte (Tocantins) do Nordeste (Piauiacute e Maranhatildeo) e

Sudeste (Minas Gerais e Satildeo Paulo) O Cerrado ocupa cerca de 905841 km2

(90584185 ha) do territoacuterio do Centro-Oeste que corresponde a 5639 da sua

aacuterea total

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

21 O Coacutedigo Florestal - Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

A Legislaccedilatildeo Ambiental eacute vasta contudo destacamos o Coacutedigo Florestal

dada a sua antiguidade e amplitude porque estabelece as normas e restriccedilotildees de

ocupaccedilatildeo de conversatildeo (da cobertura vegetal natural) e do manejo dos recursos

florestais Para os objetivos deste trabalho merecem destaque os seguintes

conceitos e normas

a) Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente ndash APP aacuterea de cobertura vegetal

natural (seja ela floresta densa arbustiva ou pastagem natural) que

natildeo pode ser convertida (desmatada) ou alterada Situada agraves margens

de rios nascentes e tambeacutem nas encostas dos morros com

declividade acima de 45deg Natildeo varia conforme o bioma varia por

exemplo em funccedilatildeo da largura dos rios A supressatildeo total ou parcial

da APP soacute eacute admitida por permissatildeo do Poder Puacuteblico Federal (ou de

outro Poder Puacuteblico por delegaccedilatildeo daquele) em caso de utilidade

puacuteblica ou de interesse social

b) Reserva Legal ndash RL aacuterea de cobertura vegetal natural de toda e

qualquer propriedade que natildeo pode ser convertida em pastagens ou

culturas plantadas ou seja natildeo pode ser desmatada e usada para

agricultura ou pecuaacuteria Varia conforme o bioma na Floresta

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Amazocircnica a reserva era ateacute meados de 1996 de 50 da aacuterea total da

propriedade No Cerrado era de 20 da aacuterea total da propriedade

c) Manejo Florestal permite o uso comercial da floresta seja ela em

aacuterea de Reserva Legal ou em aacuterea sobre a qual pode ocorrer

conversatildeo desde que seja pelo meacutetodo do manejo florestal

Observaccedilatildeo natildeo permitia e ateacute hoje natildeo permite manejo florestal em

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente -APP

22 A Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que alterou o Coacutedigo Florestal

Em 1996 o Presidente da Repuacuteblica editou a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 (com forccedila de lei) que modificou alguns artigos do Coacutedigo Florestal

vigente ateacute hoje Essa Medida Provisoacuteria sofreu vaacuterias ediccedilotildees sendo a uacuteltima a de

nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que consolidou a seguinte posiccedilatildeo

Reserva Legal

a) em caso de propriedade na Floresta Amazocircnica a Reserva Legal foi

elevada de 50 para 80 de sua aacuterea total

b) em caso de propriedade em Bioma do Cerrado a Reserva Legal foi

aumentada de 20 para 35 da aacuterea total da propriedade desde

que situada na Amazocircnia Legal

Observaccedilatildeo importante a Reserva Legal em propriedade no Bioma do

Cerrado fora da Amazocircnia Legal eacute de 20 Neste caso o tratamento diferenciado soacute

atinge o Estado de Mato Grosso onde a Reserva Legal no Cerrado eacute de 35

Para se ter noccedilatildeo da dimensatildeo quantitativa da restriccedilatildeo imposta por estes

dois conceitos de restriccedilatildeo ambiental (APP e RL) a FEMAMT ndash Fundaccedilatildeo Estadual

do Meio Ambiente3 estimou em 1999 que a aacuterea abrangida e protegida por Reserva

Legal e Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente no Mato Grosso era da ordem de 1314

3 Atualmente SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 5: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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aacutervores encorpadas cortado por nascentes e rios aleacutem de regime regular de

chuvas alternando um periacuteodo concentrado com um periacuteodo de estiagem

Boa parte do Cerrado eacute regiatildeo de planalto que ultrapassa o Centro-Oeste

atingindo tambeacutem parte do Norte (Tocantins) do Nordeste (Piauiacute e Maranhatildeo) e

Sudeste (Minas Gerais e Satildeo Paulo) O Cerrado ocupa cerca de 905841 km2

(90584185 ha) do territoacuterio do Centro-Oeste que corresponde a 5639 da sua

aacuterea total

2 RESTRICcedilOtildeES IMPOSTAS PELA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL AOS BIOMAS PRESENTES NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

21 O Coacutedigo Florestal - Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965

A Legislaccedilatildeo Ambiental eacute vasta contudo destacamos o Coacutedigo Florestal

dada a sua antiguidade e amplitude porque estabelece as normas e restriccedilotildees de

ocupaccedilatildeo de conversatildeo (da cobertura vegetal natural) e do manejo dos recursos

florestais Para os objetivos deste trabalho merecem destaque os seguintes

conceitos e normas

a) Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente ndash APP aacuterea de cobertura vegetal

natural (seja ela floresta densa arbustiva ou pastagem natural) que

natildeo pode ser convertida (desmatada) ou alterada Situada agraves margens

de rios nascentes e tambeacutem nas encostas dos morros com

declividade acima de 45deg Natildeo varia conforme o bioma varia por

exemplo em funccedilatildeo da largura dos rios A supressatildeo total ou parcial

da APP soacute eacute admitida por permissatildeo do Poder Puacuteblico Federal (ou de

outro Poder Puacuteblico por delegaccedilatildeo daquele) em caso de utilidade

puacuteblica ou de interesse social

b) Reserva Legal ndash RL aacuterea de cobertura vegetal natural de toda e

qualquer propriedade que natildeo pode ser convertida em pastagens ou

culturas plantadas ou seja natildeo pode ser desmatada e usada para

agricultura ou pecuaacuteria Varia conforme o bioma na Floresta

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Amazocircnica a reserva era ateacute meados de 1996 de 50 da aacuterea total da

propriedade No Cerrado era de 20 da aacuterea total da propriedade

c) Manejo Florestal permite o uso comercial da floresta seja ela em

aacuterea de Reserva Legal ou em aacuterea sobre a qual pode ocorrer

conversatildeo desde que seja pelo meacutetodo do manejo florestal

Observaccedilatildeo natildeo permitia e ateacute hoje natildeo permite manejo florestal em

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente -APP

22 A Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que alterou o Coacutedigo Florestal

Em 1996 o Presidente da Repuacuteblica editou a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 (com forccedila de lei) que modificou alguns artigos do Coacutedigo Florestal

vigente ateacute hoje Essa Medida Provisoacuteria sofreu vaacuterias ediccedilotildees sendo a uacuteltima a de

nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que consolidou a seguinte posiccedilatildeo

Reserva Legal

a) em caso de propriedade na Floresta Amazocircnica a Reserva Legal foi

elevada de 50 para 80 de sua aacuterea total

b) em caso de propriedade em Bioma do Cerrado a Reserva Legal foi

aumentada de 20 para 35 da aacuterea total da propriedade desde

que situada na Amazocircnia Legal

Observaccedilatildeo importante a Reserva Legal em propriedade no Bioma do

Cerrado fora da Amazocircnia Legal eacute de 20 Neste caso o tratamento diferenciado soacute

atinge o Estado de Mato Grosso onde a Reserva Legal no Cerrado eacute de 35

Para se ter noccedilatildeo da dimensatildeo quantitativa da restriccedilatildeo imposta por estes

dois conceitos de restriccedilatildeo ambiental (APP e RL) a FEMAMT ndash Fundaccedilatildeo Estadual

do Meio Ambiente3 estimou em 1999 que a aacuterea abrangida e protegida por Reserva

Legal e Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente no Mato Grosso era da ordem de 1314

3 Atualmente SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Paacutegina 17 de 37

341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 6: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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Amazocircnica a reserva era ateacute meados de 1996 de 50 da aacuterea total da

propriedade No Cerrado era de 20 da aacuterea total da propriedade

c) Manejo Florestal permite o uso comercial da floresta seja ela em

aacuterea de Reserva Legal ou em aacuterea sobre a qual pode ocorrer

conversatildeo desde que seja pelo meacutetodo do manejo florestal

Observaccedilatildeo natildeo permitia e ateacute hoje natildeo permite manejo florestal em

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente -APP

22 A Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que alterou o Coacutedigo Florestal

Em 1996 o Presidente da Repuacuteblica editou a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 (com forccedila de lei) que modificou alguns artigos do Coacutedigo Florestal

vigente ateacute hoje Essa Medida Provisoacuteria sofreu vaacuterias ediccedilotildees sendo a uacuteltima a de

nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 que consolidou a seguinte posiccedilatildeo

Reserva Legal

a) em caso de propriedade na Floresta Amazocircnica a Reserva Legal foi

elevada de 50 para 80 de sua aacuterea total

b) em caso de propriedade em Bioma do Cerrado a Reserva Legal foi

aumentada de 20 para 35 da aacuterea total da propriedade desde

que situada na Amazocircnia Legal

Observaccedilatildeo importante a Reserva Legal em propriedade no Bioma do

Cerrado fora da Amazocircnia Legal eacute de 20 Neste caso o tratamento diferenciado soacute

atinge o Estado de Mato Grosso onde a Reserva Legal no Cerrado eacute de 35

Para se ter noccedilatildeo da dimensatildeo quantitativa da restriccedilatildeo imposta por estes

dois conceitos de restriccedilatildeo ambiental (APP e RL) a FEMAMT ndash Fundaccedilatildeo Estadual

do Meio Ambiente3 estimou em 1999 que a aacuterea abrangida e protegida por Reserva

Legal e Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente no Mato Grosso era da ordem de 1314

3 Atualmente SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

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acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 7: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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milhotildees de hectares dos quais 422 milhotildees de hectares no Bioma Cerrado e 892

milhotildees de hectares no Bioma Amazocircnia que somados correspondem a 145 do

territoacuterio do estado

23 Lei de Crimes Ambientais - Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei de Crimes Ambientais eacute muito importante embora natildeo estabeleccedila

normas diferenciadas para a Amazocircnia Legal ou para o Centro-Oeste Sua principal

norma eacute a criminalizaccedilatildeo de pessoas fiacutesicas e juriacutedicas que infringirem certas

normas ambientais inclusive do Coacutedigo Florestal

24 Lei de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos - Lei nordm 9433 de 8 de janeiro de 1997

Eacute a lei das aacuteguas ela criou o sistema de gerenciamento dos recursos hiacutedricos

por meio dos Comitecircs de Bacias e as normas de acesso da outorga e da cobranccedila

da aacutegua retirada dos rios (por exemplo para agricultura irrigada) controlados pelos

Comitecircs de Bacia

No caso da Regiatildeo Centro-Oeste eacute relevante porque existem muitos rios que

nascem ou atravessam a regiatildeo atingindo mais de um estado e por isto mesmo satildeo

considerados nacionais Existem ainda rios que satildeo de soberania partilhada com

outros paiacuteses como eacute o caso do Rio Paraguai Ainda natildeo existem os Comitecircs de

Bacia dos rios que cortam a Regiatildeo Centro-Oeste mas jaacute existem demandas neste

sentido

25 Legislaccedilatildeo especiacutefica do Pantanal

O Pantanal eacute um bioma que necessita de uma legislaccedilatildeo proacutepria mais

acurada embora seja declarado na Constituiccedilatildeo Federal como Patrimocircnio Nacional

(art 225 sect 4ordm) Seus limites estatildeo prefixados pelo Mapa de Biomas do Brasil

Contudo existe um consenso de que o Pantanal merece um tratamento especiacutefico

dada as suas fragilidades ambientais e suas vocaccedilotildees naturais

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

Paacutegina 18 de 37

4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

Paacutegina 19 de 37

Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

Paacutegina 20 de 37

FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 8: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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A Lei Federal nordm 328 de 1982 estabelece normas de proteccedilatildeo agrave Bacia do Rio

Paraguai e impotildee restriccedilotildees a empreendimentos no bioma Pantanal Existem

resoluccedilotildees do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA mais especiacuteficas

que restringem determinadas accedilotildees antroacutepicas especialmente a conversatildeo da

vegetaccedilatildeo natural

O padratildeo de ocupaccedilatildeo secular do Pantanal (especialmente na planiacutecie

pantaneira) eacute de populaccedilatildeo rarefeita de um lado comunidades ribeirinhas e de

outro fazendas dedicadas agrave pecuaacuteria extensiva Tanto as comunidades ribeirinhas

como as fazendas de pecuaacuteria ndash ao longo dos seacuteculos ndash se adaptaram ao bioma

explorando suas potencialidades sem impor alteraccedilotildees importantes na cobertura

vegetal natural reduzindo seus impactos ambientais

O Brasil contudo eacute signataacuterio da Convenccedilatildeo das Aacutereas Alagadas em funccedilatildeo

da qual parte do Pantanal eacute declarada ldquosiacutetio Ramsarrdquo4 e parte ainda maior foi

declarada ldquoReserva da Biosferardquo5 Alguns paiacuteses fizeram leis especiacuteficas para a sua

implantaccedilatildeo o que lhe confere proteccedilatildeo adicional e restriccedilotildees de conversatildeo da

cobertura vegetal natural

A legislaccedilatildeo do Estado de Mato Grosso por meio da Lei Complementar nordm 38

de 21 de novembro de 1995 em seu art 62 sect3ordm determina

ldquoPara a planiacutecie alagaacutevel do Pantanal natildeo seraacute permitido

nenhum tipo de desmatamento com exceccedilatildeo daquelas

feitas para agricultura de subsistecircncia e limpeza de

pastagens nativas e artificiaisrdquo

26 Aacutereas Protegidas decorrentes da Legislaccedilatildeo Socioambiental ndash Lei nordm 9985 de julho de 2000

Existe um conjunto de aacutereas protegidas pela Lei nordm 9985 de 18 de julho de

2000 ndash Sistema Nacional de Unidade de Conservaccedilatildeo da Natureza - SNUC que satildeo

4 Zonas uacutemidas de importacircncia internacional ndash ver Convenccedilatildeo Ramsar 5 Reserva da Biosfera satildeo instrumentos de gestatildeo e manejo sustentaacutevel que permanecem sob a completa

jurisdiccedilatildeo dos paiacuteses onde estatildeo localizadas Criadas pela UNESCO ndash Comissatildeo das Naccedilotildees Unidas para

Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 9: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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as Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza em regime de proteccedilatildeo diferenciado

daqueles estabelecidos pelo Coacutedigo Florestal para as Aacutereas de Proteccedilatildeo

Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs) Existem tambeacutem as Terras Indiacutegenas

com legislaccedilatildeo especiacutefica bem como outras aacutereas protegidas pela legislaccedilatildeo

federal como por exemplo aacutereas militares que natildeo satildeo objeto deste estudo

261 Unidades de Conservaccedilatildeo conceito e base legal

Unidade de Conservaccedilatildeo eacute um conceito universal que reconhece a

necessidade de se impor restriccedilotildees de acesso uso ou conversatildeo agrave determinada

amostra dos ecossistemas seja pela riqueza de sua biodiversidade beleza cecircnica

ou valor histoacuterico Para tal define-se seus limites territoriais e se estabelece o maior

ou menor grau da accedilatildeo humana sobre os mesmos Este conceito encontra base no

art 225 da Constituiccedilatildeo Federal e em tratados internacionais como a Convenccedilatildeo da

Biodiversidade

Em relaccedilatildeo agraves Unidades de Conservaccedilatildeo a Lei nordm 99852000 estabelece

duas classes

1) Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel satildeo aquelas unidades de

conservaccedilatildeo onde podem existir algumas atividades antroacutepicas Por exemplo

APA = Aacuterea de Preservaccedilatildeo Ambiental RESEX = Reserva Extrativista

FLONA = Floresta Nacional (art 14)

2) Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral onde natildeo satildeo permitidas

atividades produtivas ou ocupaccedilatildeo territorial como Parques Nacionais

Reservas Bioloacutegicas etc (art 8ordm)

No Centro-Oeste existem 15 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo

Integral totalizando 775111 hectares correspondendo a 048 do seu territoacuterio e

13 Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel ocupando 1826232

hectares compreendendo 113 do territoacuterio

Ainda haacute que se considerar as Unidades de Conservaccedilatildeo definidas por leis

estaduais e em menor escala por leis municipais

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

Paacutegina 25 de 37

TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 10: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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Deriva da Constituiccedilatildeo a competecircncia da Uniatildeo dos Estados e dos

Municiacutepios para definir Unidades de Conservaccedilatildeo observados os ritos miacutenimos

definidos na Lei nordm 9985 dos quais eacute importante registrar que somente por meio de

lei eacute possiacutevel alterar os limites territoriais de uma Unidade de Conservaccedilatildeo jaacute

existente

262 Terras Indiacutegenas conceito e base legal

As terras indiacutegenas satildeo territoacuterios reservados aos povos indiacutegenas para que

se possa garantir a sobrevivecircncia fiacutesica e cultural dos mesmos respeitando seus

padrotildees culturais diferenciados

A Constituiccedilatildeo Federal reconhece direitos originaacuterios aos povos indiacutegenas sobre

esses territoacuterios e estabelece as bases de um ldquodireito indiacutegenardquo diferenciado em

vaacuterios aspectos objeto de todo o Capiacutetulo VIII da Constituiccedilatildeo Federal intitulado ldquoDo

Iacutendiordquo

A definiccedilatildeo delimitaccedilatildeo demarcaccedilatildeo e homologaccedilatildeo de uma Terra Indiacutegena

eacute competecircncia exclusiva da Uniatildeo Constituiacuteda a Terra Indiacutegena em qualquer fase

que esteja o processo satildeo estabelecidas restriccedilotildees de ocupaccedilatildeo e uso sobre as

mesmas por pessoas e empreendimentos que natildeo sejam daquela etnia especiacutefica

correspondente agravequele territoacuterio

Os direitos dos povos indiacutegenas estatildeo detalhados na Lei nordm 6001 de 19 de

dezembro de 1973 o ldquoEstatuto do Iacutendiordquo e em outras normas subsequumlentes

detalhando inclusive o processo de demarcaccedilatildeo (Decreto 1775 de 08 de janeiro de

1996)

Na Regiatildeo Centro-Oeste atualmente existem 124 Terras Indiacutegenas

totalizando 14462380 hectares compreendendo 9 do territoacuterio da regiatildeo

27 Propostas de alteraccedilatildeo da Legislaccedilatildeo Ambiental e iniciativas governamentais sobre distinccedilatildeo de competecircncia entre Uniatildeo e Estado

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

Paacutegina 19 de 37

Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

Paacutegina 20 de 37

FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 11: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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Existem vaacuterias iniciativas e propostas de alteraccedilatildeo na Legislaccedilatildeo Ambiental

das quais citaremos as que estatildeo em negociaccedilatildeo entre a Uniatildeo Estados

Municiacutepios Congresso Nacional e representaccedilotildees da Sociedade

1 Projeto de Lei de Gestatildeo de Florestas (PL nordm 47762005) proposta do

Executivo que ldquoCria o Sistema Florestal Brasileiro define Floresta Puacuteblica e a

possibilidade de cessatildeo de uso para iniciativa privada exploraacute-las de forma

sustentaacutevel e transfere competecircncias para oacutergatildeos estaduais de meio-

ambienterdquo Aprovado na Cacircmara dos Deputados em discussatildeo no Senado

2 Ante-Projeto de Lei Complementar que regula o art 23 da Constituiccedilatildeo

Federal (PLC nordm 0122003) ldquoDefine competecircncias da Uniatildeo Estados e dos

Municiacutepios sobre licenciamento ambiental e outras iniciativasrdquo

3 Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA sobre as

Aacutereas de Proteccedilatildeo Ambiental ndash APPs (Resoluccedilatildeo nordm 0101988) detalha as

possibilidades de uso das APPs regulamentaccedilatildeo do passivo jaacute existente

4 Zoneamento Ecoloacutegico Econocircmico ndash ZEE existem iniciativas algumas jaacute

transformadas em leis estaduais que estabelecem normas de ocupaccedilatildeo

territorial conforme as variadas zonas do Estado O Governo Federal em

parceria com os estados da Amazocircnia Legal estaacute fazendo o Macro Zoneamento

Ecoloacutegico-Econocircmico da Amazocircnia Legal Semelhante iniciativa tambeacutem existe

em relaccedilatildeo agrave orla mariacutetima brasileira

5 Existem tambeacutem variadas iniciativas legislativas de parte do Congresso

Nacional em tramitaccedilatildeo aqui natildeo levantadas

Por outro lado independentemente de alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo existente haacute

iniciativas em curso envolvendo Uniatildeo e Estados relevantes para o tema aqui

tratado das quais citaremos duas

a) Acordos de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica envolvendo transferecircncias de

competecircncias administrativas da Uniatildeo para os Estados eou partilha de

competecircncias e coordenaccedilatildeo de gestatildeo nas aacutereas de fiscalizaccedilatildeo

monitoramento e licenciamento ambiental

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

Paacutegina 16 de 37

seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

Paacutegina 18 de 37

4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 12: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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b) Comissotildees Tripartites compostas de representaccedilotildees da Uniatildeo Estados e

Municiacutepios estabelecidas com todos Estados como foacuteruns para dirimir

duacutevidas fazer acordos e agilizaccedilatildeo administrativa

3 VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS DO CENTRO-OESTE EM RELACcedilAtildeO A OUTRAS REGIOtildeES DO PAIacuteS DO PONTO DE VISTA DA LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL

Olhando do ponto de vista da ocupaccedilatildeo territorial da permissatildeo legal para

conversatildeo de cobertura vegetal natural e de uso de seus recursos naturais existem

algumas condiccedilotildees para a Regiatildeo Centro-Oeste que podem ser vistas como

vantagens ou desvantagens econocircmicas conforme a regiatildeo brasileira a ser

comparada Sem esgotar o assunto seguem algumas indicaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves

seguintes variaacuteveis Biomas Reserva Legal Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

Os Biomas constituem uma variaacutevel importante para uma anaacutelise comparativa

de vantagens e desvantagens para a economia decorrente da legislaccedilatildeo

socioambiental A tabela abaixo mostra em que proporccedilotildees estatildeo distribuiacutedos os

territoacuterios das Grandes Regiotildees pelos biomas brasileiros

TABELA 1 - Distribuiccedilatildeo percentual das aacutereas dos Biomas por Regiotildees

Regiatildeo Amazocircnia Mata Atlacircntica Caatinga Cerrado Pantanal Pampa

NO 9397 - - 657 - -

NE 726 1009 5297 2968 - -

SE - 5398 127 4475 - -

SU - 6851 - 070 - 3079

CO 3037 375 - 5639 949 - Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente-MMA Mapa de Biomas do Brasil ndash 2005

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 13: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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31 Reserva Legal

311 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiatildeo Norte

A Regiatildeo Centro-Oeste possui vantagens comparativas (menor restriccedilatildeo

ambiental) em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte quando examinada a variaacutevel Reserva Legal

porque nela predomina o Bioma do Cerrado cuja Reserva Legal eacute inferior a da

Floresta Amazocircnica

TABELA 2 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Norte x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste Norte Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta Cerrado Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 80 35 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

O Centro-Oeste do ponto de vista da restriccedilatildeo de conversatildeo de

desmatamento de cobertura vegetal natural tem vantagem em relaccedilatildeo agrave Regiatildeo

Norte exceto o Estado de Mato Grosso que estaacute submetido agrave mesma restriccedilatildeo da

Regiatildeo Norte

312 Regiatildeo Centro-Oeste x Regiotildees Sul Sudeste e Nordeste

O Centro-Oeste exceto o Estado de Mato Grosso tem maior grau de

restriccedilatildeo que as regiotildees Sul Sudeste e Nordeste contudo em relaccedilatildeo ao Sul e

Sudeste onde jaacute houve desmatamento generalizado haacute restriccedilotildees mais severas

para proteccedilatildeo dos remanescentes da Mata Atlacircntica6

TABELA 3 - Restriccedilatildeo de Conversatildeo da Cobertura Vegetal Natural

Centro-Oeste x Sul x Mato Grosso

Restriccedilatildeo Centro-Oeste SulSudesteNordeste Mato Grosso

Floresta Cerrado Floresta CerradoCaatinga Floresta Cerrado

Reserva Legal

80 20 - 20 80 35

Fonte Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 2001

6 Os remanescentes da Mata Atlacircntica (cerca de 9 do total antes existente) estatildeo sob restriccedilatildeo total de conversatildeo (proibiccedilatildeo de desmatamento) por meio do Decreto nordm 750 de 10 de fevereiro de 1993

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 14: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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32 Unidades de Conservaccedilatildeo

As vantagens e desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em

relaccedilatildeo as demais regiotildees brasileiras do ponto de vista de restriccedilotildees

socioambientais decorrentes da legislaccedilatildeo e accedilatildeo do Governo Federal

representados por Unidades de Conservaccedilatildeo podem ser observadas na tabela

abaixo

TABELA 4 - Restriccedilotildees socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

por Regiotildees do Paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral

Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

Aacuterea (ha) Nordm Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 23592953 42 612 27084770 79 702

NE 155425700 2699073 33 173 3677789 35 236

SE 92451129 791850 32 085 1158209 26 125

SU 57640957 595722 16 103 909765 9 157

CO 160637151 775111 15 048 1826232 13 113

Fontes Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGE e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA

A Regiatildeo Centro-Oeste eacute a regiatildeo que sofre menor restriccedilatildeo quantitativa de

uso do seu territoacuterio decorrente de definiccedilatildeo de Unidades de Conservaccedilatildeo Federal

a) apenas 048 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral (de maior restriccedilatildeo)

contra 612 da Regiatildeo Norte 173 do Nordeste 103 do

Sul e 085 do Sudeste

b) apenas 113 do seu territoacuterio eacute definido como Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal de Uso Sustentaacutevel contra 702 no

Norte 236 no Nordeste 157 no Sul e 125 do Sudeste

Entre os Estados que compotildeem a Regiatildeo Centro-Oeste o Estado do

Mato Grosso eacute a unidade da federaccedilatildeo com mais restriccedilotildees em funccedilatildeo das

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal de Proteccedilatildeo Integral 438068 hectares embora

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 15: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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em proporccedilatildeo bastante reduzida soacute 047 do seu territoacuterio compreendendo 566

da aacuterea total destas Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral da Regiatildeo

33 Terras Indiacutegenas

O reconhecimento de Terras Indiacutegenas por determinaccedilatildeo constitucional

ocorreu mais nas Regiotildees Norte e Centro-Oeste de ocupaccedilatildeo tardia (segunda

metade do seacuteculo XX) pelos descendentes de europeus que ldquodesbravaramrdquo o Brasil

quando o Estado Nacional jaacute praticava uma poliacutetica de proteccedilatildeo aos Povos

Indiacutegenas

TABELA 5 - Terras Indiacutegenas por Regiotildees do paiacutes - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha) Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha) Nordm

NO 385332723 87877060 323 2280

NE 155425700 2208582 68 142

SE 92451129 89661 28 009

SU 57640957 233677 63 040

CO 160637151 14462380 124 900

Fonte Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio- FUNAI Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Possiacuteveis diferenccedilas de pequena monta podem ocorrer em funccedilatildeo da data da emissatildeo dos dados e partilhamento entre regiotildees de algumas Terras Indiacutegenas

A Regiatildeo Centro-Oeste tem a segunda maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo territorial e

agrave conversatildeo de cobertura vegetal natural em funccedilatildeo das Terras Indiacutegenas com

900 do territoacuterio sendo superada apenas pela Regiatildeo Norte que conta com

2280 do seu territoacuterio reconhecido como Terras Indiacutegenas As demais regiotildees

cedem pequena percentagem de seu territoacuterio para Terras Indiacutegenas

34 Siacutentese das vantagens e desvantagens comparativas entre o Centro-Oeste e demais regiotildees em funccedilatildeo das Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

A tabela 6 mostra que a Regiatildeo Norte sofre maior restriccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeo

territorial e agrave conversatildeo de cobertura natural (aleacutem das restriccedilotildees agrave exploraccedilatildeo do

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

Paacutegina 20 de 37

FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

Paacutegina 37 de 37

_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 16: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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seu subsolo e demais recursos naturais) com 3644 do seu territoacuterio ocupado

quando se soma as aacutereas de Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e as

Terras Indiacutegenas Em segundo lugar estaacute a Regiatildeo Centro-Oeste que cede 1062

do seu territoacuterio para tais compromissos socioambientais

Na segunda coluna da tabela 6 somam-se todas as Unidades de

Conservaccedilatildeo Federal (UCs de Proteccedilatildeo Integral e UCs de Uso Sustentaacutevel) com as

Terras Indiacutegenas dando-se uma visatildeo geral da proteccedilatildeo ambiental e do

reconhecimento aos direitos constitucionais dos Povos Indiacutegenas

Neste caso ao se somar as Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

natildeo cabe a mesma anaacutelise referente agrave primeira coluna porque nas Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel natildeo haacute as mesmas restriccedilotildees que nas Unidades

de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas ndash mas natildeo deixam de ser

importantes ambientalmente

TABELA 6 - Aacutereas Protegidas Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas

nas regiotildees brasileiras - 2005

Regiatildeo Aacuterea (ha)

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + TI

Total de aacutereas ocupadas por UCs federais de

Proteccedilatildeo Integral + Uso Sustentaacutevel + TI

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 385332723 113370760 2942 140437530 3644

NE 155425700 3001907 193 6647666 427

SE 92451129 1025527 110 2183736 236

SU 57640957 685383 118 1595148 276

CO 160637151 15237491 948 17063723 1062

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

Paacutegina 19 de 37

Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 17: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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341 Impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de Conservaccedilatildeo + Terras Indiacutegenas nos estados da Regiatildeo Centro-Oeste

Particularizando os impactos das variaacuteveis socioambientais Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel e

Terras Indiacutegenas (TI) definidas pela Legislaccedilatildeo Federal e pela Uniatildeo na Regiatildeo

Centro-Oeste analisando a tabela 7 pode-se ter uma noccedilatildeo dos seus impactos

diferenciados sobre os Estados destacando-se o Distrito Federal quando somadas

as trecircs variaacuteveis em razatildeo do percentual de Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso

Sustentaacutevel Mas quando analisamos as variaacuteveis com maior grau de restriccedilatildeo as

Unidade de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras Indiacutegenas observa-se que o

Estado do Mato Grosso eacute o que tem maior impacto restritivo

TABELA 7 - Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras Indiacutegenas nas Unidades

Federativas da Regiatildeo Centro-Oeste - 2005

UF

Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo

Integral

Terra Indiacutegena Unidades de

Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel

UCs de Proteccedilatildeo Integral + Terras

Indiacutegenas

UCs de Proteccedilatildeo Integral + UCs de Uso Sustentaacutevel +Terras Indiacutegenas

Aacuterea (ha)

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (haacute) Aacuterea (ha)

MT 438068 048 13766416 1523 270493 029 14204484 1572 14474977 1602

MS 106825 029 655601 183 690285 193 762326 213 1345892 376

GO 194829 057 40463 011 386176 113 235292 069 621468 182

DF 35388 609 - - 479277 8260 35388 609 514665 8870

CO 775110 048 14462380 900 1826231 113 15237490 948 16957002 1055

Fontes Fundaccedilatildeo Nacional do Iacutendio ndash FUNAI e Ministeacuterio do Meio Ambiente ndash MMA Nota Dados sujeitos a retificaccedilatildeo Haacute sobreposiccedilatildeo de algumas Terras Indiacutegenas com Unidades de

Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral principalmente na Regiatildeo Norte que se consideradas natildeo alterariam significativamente os totais desta tabela

Como se pode verificar na tabela 7 o Estado do Mato Grosso eacute a Unidade da

Federaccedilatildeo do Centro-Oeste com maior restriccedilatildeo para conversatildeo de cobertura

natural (exploraccedilatildeo dos recursos naturais etc) em funccedilatildeo de ter 1572 do seu

territoacuterio destinado a Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral e Terras

Indiacutegenas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 18: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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4 MUDANCcedilAS NO PADRAtildeO DE OCUPACcedilAtildeO TERRITORIAL E DE USO DOS RECURSOS NATURAIS NA REGIAtildeO CENTRO-OESTE

41 Mudanccedilas em Funccedilatildeo da Poliacutetica Nacional de Ocupaccedilatildeo das Regiotildees Centro-Oeste e Norte do Brasil

A Regiatildeo Centro-Oeste brasileira foi objeto de uma poliacutetica nacional de

incentivo agrave sua ocupaccedilatildeo territorial a partir da deacutecada de 60 do seacuteculo passado por

meio de investimentos estatais em infra-estrutura (estradas e energia) incentivo a

migraccedilatildeo de populaccedilatildeo originaacuteria de outras regiotildees do paiacutes (projetos de

colonizaccedilatildeo) e de incentivos fiscais aos investimentos privados

Entre as iniciativas governamentais que impulsionaram um novo padratildeo de

ocupaccedilatildeo territorial do Centro-Oeste vale registrar a) a construccedilatildeo de Brasiacutelia e sua

consolidaccedilatildeo como Capital Federal b) a construccedilatildeo das rodovias BeleacutemBrasiacutelia

Campo GrandeCuiabaacute CuiabaacuteSantareacutem CuiabaacutePorto VelhoRio Branco c) a

poliacutetica de incentivo a colonizaccedilatildeo privada e a promoccedilatildeo da colonizaccedilatildeo puacuteblica d)

a poliacutetica de incentivos fiscais a empresas que optassem investir em grandes

fazendas de pecuaacuteria

Embora o regime militar (1964-85) tenha sido o grande propulsor desta

poliacutetica ela continuou por mais anos gerando um novo quadro demograacutefico social e

econocircmico para a Regiatildeo Centro-Oeste

Para dimensionar essas mudanccedilas demograacuteficas econocircmicas sociais e

ambientais selecionamos as seguintes variaacuteveis a) populaccedilatildeo b) nuacutemero de

municiacutepios c) aacuterea plantada pela agricultura d) rebanho bovino e) PIB f) aacuterea

desmatada

42 Evoluccedilatildeo demograacutefica

A evoluccedilatildeo demograacutefica da Regiatildeo Centro-Oeste de 1960 ateacute 2005 eacute de

crescimento extraordinaacuterio da ordem de 3861 soacute sendo superada relativamente

pela Regiatildeo Norte que cresceu 40167 enquanto o Brasil como um todo cresceu

apenas 15944

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

Paacutegina 21 de 37

40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

Paacutegina 22 de 37

No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

Paacutegina 37 de 37

_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 19: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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Conclusatildeo houve migraccedilatildeo em grande escala de populaccedilatildeo de outras

regiotildees para o Norte e o Centro-Oeste especialmente de 1960 a 2000

TABELA 08 - Populaccedilatildeo das Regiotildees do Brasil

Regiatildeo 1960 2000 Δ

20001960

2005 Δ

20051960

NO 2930005 12893561 34005 14698878 40167

NE 22428873 47693253 11260 51019091 12747

SE 31062978 72297351 13270 78472017 15262

SU 11892107 25089783 11090 26973511 12682

CO 2678380 11616745 33370 13021576 38617

Brasil 70992343 169590693 13880 184184264 15944

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

Todas as regiotildees reduziram sua participaccedilatildeo relativa no conjunto da

populaccedilatildeo brasileira de 1960 a 2005 exceto a Regiatildeo Centro-Oeste que aumentou

de 377 para 707 e a Regiatildeo Norte de 413 para 798

TABELA 9 - Participaccedilatildeo relativa da populaccedilatildeo regional

1960 2005

Regiatildeo Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa Populaccedilatildeo Participaccedilatildeo

Relativa

NO 2930005 413 14698878 798

NE 22428873 3159 51019091 2770

SE 31062978 4376 78472017 4261

SU 11892107 1675 26973511 1464

CO 2678380 377 13021576 707

Brasil 70992343 10000 184184264 10000

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA Populaccedilatildeo de 2005 estimada

O incremento da populaccedilatildeo tem efeitos econocircmicos do ponto de vista de

transferecircncias constitucionais obrigatoacuterias do Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados ndash

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 20: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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FPE Ateacute 1989 os criteacuterios do FPE eram favoraacuteveis agraves Regiotildees Centro-Oeste e

Norte7

43 Municiacutepios

O aumento da populaccedilatildeo brasileira e sua consequente urbanizaccedilatildeo levou agrave

proliferaccedilatildeo de Municiacutepios O Brasil tinha 3952 Municiacutepios em 1960 jaacute em 2005

atingiu 5563 municiacutepios - um incremento percentual de 4076

Mas as regiotildees brasileiras tiveram crescimento diferenciado do nuacutemero de

municiacutepios A Regiatildeo Norte lidera com o crescimento de 19346 mas a Regiatildeo

Centro-Oeste natildeo acompanhou o ritmo crescendo apenas 12038 o seu nuacutemero

total de municiacutepios

TABELA 10 - Evoluccedilatildeo do nuacutemero de Municiacutepios Brasileiros por Regiatildeo

Regiatildeo 1960 2000 2005 Δ

20051960

NO 153 449 449 19346

NE 903 1787 1793 9856

SE 1085 1666 1668 5373

SU 414 1159 1188 18696

CO 211 446 465 12038

Brasil 3952 5507 5563 4076

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

Na Regiatildeo Centro-Oeste o crescimento do nuacutemero dos municiacutepios no periacuteodo

de 1960 a 2005 natildeo acompanhou o crescimento da populaccedilatildeo o primeiro atingindo

12038 contra 38617 do segundo Isto poderia se explicar porque boa parte da

migraccedilatildeo se concentrou em assentamentos rurais em projetos de colonizaccedilatildeo

oficiais e particulares e em projetos de assentamento do Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria Fato semelhante tambeacutem ocorreu na Regiatildeo Norte com iacutendices de

7 A lei Complementar nordm 62 de 28 de dezembro de 1989 fixou os coeficientes individuais das Unidades da

Federaccedilatildeo e desde entatildeo natildeo foram alterados

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

Paacutegina 23 de 37

A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 21: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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40167 de crescimento de populaccedilatildeo e 19346 de crescimento do nuacutemero de

municiacutepios

Na Regiatildeo Sul onde o iacutendice de crescimento do nuacutemero de municiacutepios

18696 supera o iacutendice de crescimento demograacutefico 12682 ocorreu o inverso

Talvez a explicaccedilatildeo esteja de um lado no processo de urbanizaccedilatildeo diferenciado

mais distribuiacutedo no Sul ou por outro pode ter ocorrido uma estrateacutegia poliacutetica de

promover a expansatildeo do nuacutemero de municiacutepios para se captar mais recursos do

Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios - FPM que ateacute 1989 era influenciado pelo

nuacutemero de municiacutepios de cada Estado8

44 Aacuterea Plantada

A aacuterea plantada eacute relevante para se avaliar simultaneamente o avanccedilo

econocircmico da agricultura e seus impactos ambientais

TABELA 11 ndash Aacuterea plantada de lavoura permanente e temporaacuteria por regiatildeo

Regiatildeo 1960 1996 2004

Aacuterea (ha) Aacuterea (ha) Aacuterea (ha)

NO 432302 151 1968752 370 2773227 440

NE 8727700 3040 12934412 2433 12603737 1999

SE 10042241 3497 12188201 2293 12355967 1961

SU 8144087 2836 18574922 3495 19877715 3153

CO 1365879 476 7486159 1408 15426320 2447

BRASIL 28712209 100 53152446 10000 63036966 100

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica ndash IBGESIDRA

A tabela 11 revela que ocorreu uma expansatildeo maior de aacuterea plantada nas

Regiotildees Centro-Oeste e Norte em relaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutes que

estabilizaram ou reduziram suas participaccedilotildees relativas de 1960 a 2004

8 Lei Complementar nordm 62 de 28121989 art 5ordm paraacutegrafo uacutenico

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 22: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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No periacuteodo de 1960 a 2004 na Regiatildeo Centro-Oeste a aacuterea plantada pela

agricultura teve um crescimento excepcional saltando de 136 milhotildees de hectares

para 1542 milhotildees de hectares ou seja cresceu 1129 vezes em 44 anos quando a

aacuterea plantada pela agricultura no paiacutes cresceu apenas 22 vezes Sua participaccedilatildeo

relativa no total de aacuterea ocupada pela agricultura do paiacutes saltou de 476 para

2447 tornando-se a segunda maior regiatildeo produtora agriacutecola

Tambeacutem a Regiatildeo Norte expandiu a aacuterea plantada que de uma base pequena

em 1960 de 043 milhotildees de hectares passou para 277 milhotildees de hectares

crescimento de 640 vezes no mesmo periacuteodo

Se observarmos os mesmos dados referentes ao ano de 1996 vemos que

deste ano para o ano de 2004 as Regiotildees Nordeste Sudeste e Sul decresceram

suas participaccedilotildees relativas e praticamente estabilizaram suas participaccedilotildees

absolutas ou seja quase natildeo cresceram suas respectivas aacutereas plantadas ndash

periacuteodo este em que as Regiotildees Norte e Centro-Oeste tiveram acreacutescimos nas suas

aacutereas plantadas tanto absoluta como relativamente

Obviamente que esta expansatildeo da agricultura assim como ocorre com a

expansatildeo da pecuaacuteria no Norte e no Centro-Oeste soacute foi possiacutevel devido a

conversatildeo da cobertura vegetal nativa ou seja ao desmatamento Eacute claro tambeacutem

que esta foi a orientaccedilatildeo governamental ateacute o final da deacutecada de 80 do seacuteculo

passado que estimulou a migraccedilatildeo tanto da populaccedilatildeo como dos investimentos

para aquelas regiotildees Alguns destes instrumentos ainda persistem como os Fundos

Constitucionais de Desenvolvimento Regional (FCO FNO) embora o Nordeste

tambeacutem seja beneficiado com seu respectivo fundo o FNE

45 Expansatildeo da pecuaacuteria - rebanho bovino

Durante muitos anos a pecuaacuteria foi a atividade principal que sustentou a

economia e a ocupaccedilatildeo territorial das Regiotildees Centro-Oeste e Norte Desde 1960

ateacute hoje continua sendo uma atividade relevante para a economia regional e a

principal atividade para ocupaccedilatildeo territorial

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

Paacutegina 24 de 37

Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 23: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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A tabela 12 abaixo mostra que em 2004 a Regiatildeo Centro-Oeste concentrou

3480 do rebanho bovino do paiacutes seguida pela Regiatildeo Norte com 1945 do total

enquanto em 1960 o Centro-Oeste detinha 1879 e a regiatildeo Norte apenas 220

do rebanho bovino brasileiro

TABELA 12 - Rebanho Bovino por regiatildeo

Regiatildeo

1960 1996 2004

Nuacutemero de cabeccedilas

Nuacutemero de

cabeccedilas

Nuacutemero de cabeccedilas

NO 1234882 220 17276621 1128 39787138 1945

NE 11555757 2062 22841728 1492 25966460 1270

SE 21131024 3771 35953897 2349 39379011 1926

SU 11678003 2084 26219533 1713 28211275 1379

CO 10532835 1879 50766459 3312 71168853 3480

Brasil 56041835 100 153058275 10000 204512737 100

Fonte IBGE ndash 1960 e 1996 Censo Agriacutecola Brasil 2004 IBGESIDRAPPM

O crescimento do rebanho bovino brasileiro de 264 no periacuteodo de 1960 a

2004 ocorreu fundamentalmente em funccedilatildeo da expansatildeo da atividade pecuaacuteria nas

Regiotildees Norte e Centro-Oeste A regiatildeo Norte com um crescimento 3121 e a

Regiatildeo Centro-Oeste com crescimento de 575 Juntas as Regiotildees Centro-Oeste e

Norte somaram 5425 do rebanho bovino brasileiro em 2004

A expansatildeo da pecuaacuteria bovina ocasionou grandes impactos ambientais Se

aplicarmos a relaccedilatildeo hectarecabeccedila de gado bovino encontrada pelo Censo

Agropecuaacuterio de 199519969 para o ano de 2004 o rebanho bovino do Centro-Oeste

de 7116 milhotildees de unidades exigiria 8753 milhotildees de hectares de pastagens A

Regiatildeo Norte por sua vez em 2004 exigiria 5609 milhotildees de hectares de

pastagens para os 3978 milhotildees de cabeccedilas de gado bovino Contudo para se

avaliar os impactos ambientais eacute preciso levar em conta a utilizaccedilatildeo pela pecuaacuteria

(bovina) das pastagens naturais que em 1996 correspondiam na Regiatildeo Centro-

9 O Censo Agropecuaacuterio do IBGE 19951996 constatou na Regiatildeo Norte a relaccedilatildeo de 141 hectarecabeccedila de

gado bovino e na Regiatildeo Centro-Oeste 123 hectarecabeccedila de gado bovino A mesma fonte informa sobre a

participaccedilatildeo de pastagens naturais nos totais das aacutereas de pastagens das referidas regiotildees

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 24: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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Oeste agrave 273 e na Regiatildeo Norte agrave 3947 do total das pastagens e finalmente haacute

que considerar ndash o que natildeo foi possiacutevel neste texto por falta de estatiacutesticas oficiais

adequadas ndash os ganhos de produtividade ocorridos ao longo deste periacuteodo

promovendo provavelmente a ocupaccedilatildeo de uma menor aacuterea de pastagem por

cabeccedila de gado bovino

46 A Evoluccedilatildeo do PIB Regional

Os dados existentes sobre a participaccedilatildeo do PIB da Regiatildeo Centro-Oeste e

das demais Grandes Regiotildees do Paiacutes no total do PIB brasileiro satildeo indicadores do

maior crescimento econocircmico que ocorreu nas Regiotildees Centro-Oeste e Norte

comparativamente agraves demais Regiotildees

No periacuteodo de 1960 a 1996 a taxa meacutedia anual de crescimento do PIB do paiacutes

foi de 52 enquanto o PIB da Regiatildeo Centro-Oeste cresceu a 81 e o da Regiatildeo

Norte a 86 Igual diferenciaccedilatildeo ocorreu com o PIB per capita enquanto o do

Brasil no periacuteodo cresceu a taxas meacutedias anuais de 28 as da Regiatildeo Centro-

Oeste foram da ordem de 41 e a da Regiatildeo Norte de 42

TABELA 13 - Taxas Meacutedias Anuais de crescimento do PIB total e

per capita Brasil e Regiotildees ndash 1960 ndash 1996

Regiatildeo PIB TOTAL PIB PER CAPITA

NO 86 42

NE 51 30

SE 48 25

SU 51 32

CO 81 41

BRASIL 52 28

Fonte Dados Brutos IBGE e IPEA ndash Aristides Monteiro Neto ndash 1996

Esse crescimento desigual do PIB tambeacutem continuou no periacuteodo 1997-2003

favoravelmente agraves Regiotildees Centro-Oeste e Norte (tabela 14)

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

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relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

Paacutegina 27 de 37

TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

Paacutegina 36 de 37

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

Paacutegina 37 de 37

_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 25: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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TABELA 14 - PIB a preccedilos correntes do Brasil e Regiotildees e Taxa de

crescimento no periacuteodo 1997-2003

Regiotildees 1997 2003 Δ

20031997

No 38507 77346 10086

NE 113942 214598 8834

SE 509961 858723 6839

SU 153945 289253 8789

CO 54389 116172 11359

BRASIL 870743 1556182 7872

Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica - IBGE

A Regiatildeo Centro-Oeste foi agrave regiatildeo que teve maior incremento do PIB no

periacuteodo 1997-2003 cerca de 11359 seguida pela Regiatildeo Norte com 10086 - o

que explica dentre outras coisas o aumento de suas respectivas participaccedilotildees

relativas no PIB do paiacutes porque suas economias regionais tiveram dinamismo

superior ao do conjunto da economia brasileira (tabela 15)

TABELA 15 - Participaccedilatildeo Percentual das Regiotildees no PIB do Brasil

Regiotildees 1970 1985 2003 Δ

20031970 ()

NO 222 384 498 12432

NE 1203 1410 1379 1463

SE 6498 6015 5518 (-) 1508

SU 1711 1710 1859 865

CO 364 481 747 10522

Brasil 10000 10000 10000 1000

Fonte FGV (1970) - IBGE (1985 2003)

Em 1970 a Regiatildeo Centro-Oeste contribuiacutea com apenas 364 do PIB do

paiacutes alcanccedilando 747 em 2003 ndash multiplicando por 2 a sua parcela no PIB

brasileiro A tabela 15 mostra que apenas a Regiatildeo Norte teve um crescimento

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

Paacutegina 28 de 37

No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

Paacutegina 36 de 37

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

Paacutegina 37 de 37

_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 26: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

Paacutegina 26 de 37

relativo maior do que a Regiatildeo Centro-Oeste partindo de uma base pequena da

ordem de 222 em 1970 e atingindo 498 em 2003

O crescimento extraordinaacuterio da participaccedilatildeo relativa das Regiotildees Centro-

Oeste e Norte no PIB brasileiro eacute devido principalmente agraves atividades agropecuaacuterias

dentre agraves quais a cultura da Soja Contudo natildeo se deve menosprezar o avanccedilo das

atividades industriais e de serviccedilos No caso da Regiatildeo Centro-Oeste merece

destaque neste sentido o Distrito Federal e da Regiatildeo Norte o Estado do

Amazonas com a Zona Franca de Manaus

47 A variaacutevel ambiental Desmatamento

Natildeo haacute seacuteries histoacutericas de dados estatiacutesticos de impactos ambientais

provocados pelo padratildeo de ocupaccedilatildeo territorial e do desenvolvimento econocircmico

sobre os Biomas com recortes das Grandes Regiotildees ou mesmo das Unidades da

Federaccedilatildeo que possibilitem uma anaacutelise comparativa Por isto mesmo esta

tentativa empreendida neste texto deve ser entendida como uma aproximaccedilatildeo

bastante primaacuteria indicativa a partir da variaacutevel desmatamento

Dados sistemaacuteticos sobre desmatamentos soacute existem sobre o Bioma

Amazocircnia Trata-se de uma seacuterie histoacuterica de dados anuais produzidos pelo Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Ministeacuterio de Ciecircncias e Tecnologia

desde 197778 por meio da anaacutelise de imagens de sateacutelite cobrindo a Amazocircnia

Legal isto eacute toda a Regiatildeo Norte e as partes amazocircnicas dos Estados do Mato

Grosso e do Maranhatildeo As estimativas sobre os outros biomas satildeo de fontes

variadas gerando dificuldades comparativas e analiacuteticas donde o alerta para

consideraacute-las como uma primeira aproximaccedilatildeo sobre o tema

Os dois Biomas sobre os quais se tem dados mais confiaacuteveis sobre

desmatamento satildeo o Bioma Amazocircnia e o Bioma Mata Atlacircntica O Bioma

Amazocircnia apresenta um iacutendice de desmatamento da ordem de 155 e o Bioma

Mata Atlacircntica cerca de 908

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 27: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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TABELA 16 - Iacutendice de Desmatamento dos Biomas Brasileiro

Bioma Aacuterea do Bioma (km2) (1) Aacuterea desmatada do Bioma

()

Amazocircnia 4196943 155 (2)

Cerrado 2036448 570 (3)

Mata Atlacircntica 1110182 908(4)

Pampa 176496 -

Pampa 150355 -

Brasil 8514877 -

Fontes 1 IBGEMMA ndash Mapa de Biomas do Brasil 2005 2 INPE PRODES 2005 3 Conservation International 4 Rede Mata Atlacircntica

Nas Grandes Regiotildees onde predominam biomas com altos iacutendices de

desmatamento necessariamente apresentam um grande iacutendice de desmatamento

em relaccedilatildeo ao seu territoacuterio Por exemplo a Regiatildeo Sul onde predominava a Mata

Atlacircntica (6936 do seu territoacuterio) ou a Regiatildeo Sudeste cujos domiacutenios da Mata

Atlacircntica correspondiam a 5397 e o Cerrado com 4475 de sua aacuterea

5 INICIATIVAS DE COMPENSACcedilAtildeO ECONOcircMICA PARA ESTADOS E MUNICIacutePIOS QUE CONTRIBUEM PARA PRESERVACcedilAtildeO AMBIENTAL

51 Propostas inovadoras

Assim como eacute aceito o princiacutepio ambiental do ldquopoluidor ndash pagadorrdquo que obriga

o agente causador do dano ambiental a se responsabilizar pela sua reparaccedilatildeo ou

compensaccedilatildeo estaacute crescendo tanto na comunidade internacional como

internamente no Brasil a aceitaccedilatildeo do princiacutepio ambiental de se premiar compensar

ou remunerar aquele agente puacuteblico ou privado que promover a preservaccedilatildeo

ambiental (princiacutepio do ldquopreservador-recebedorrdquo)

O caso claacutessico de aplicaccedilatildeo deste princiacutepio na esfera internacional eacute o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto que

remunera aqueles agentes puacuteblicos e privados que investem em projetos de reduccedilatildeo

de emissatildeo de gases de efeito estufa ou captaccedilatildeo destes mesmos gases

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 28: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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No plano nacional existem algumas tentativas na administraccedilatildeo federal como

o chamado ldquoFPE Verderdquo e na esfera estadual algumas experiecircncias concretizadas

como o chamado ICMS Ecoloacutegico

1 - Medidas Internacionais

a) Protocolo de Kyoto

Eacute um instrumento da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas Climaacuteticas

Concebido em 1987 entrou em vigor em 2005 Parte do princiacutepio das

responsabilidades comuns mas diferenciadas de todos os paiacuteses sobre as

mudanccedilas globais do clima recaindo o ocircnus maior e obrigatoacuterio de reduccedilatildeo

das emissotildees de gases do efeito estufa sobre os paiacuteses desenvolvidos O

Protocolo de Kyoto por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ndash

MDL possibilita que paiacuteses que natildeo tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo das

suas emissotildees dos Gases do Efeito Estufa (GEEs) como o Brasil possam

promover projetos de captaccedilatildeo do carbono atmosfeacuterico (aflorestamento e

reflorestamento) ou que evitem emissotildees de gases como por exemplo

usinas de captaccedilatildeo e destino industrial para gaacutes metano dos aterros

sanitaacuterios e que possam vender os Certificados de Reduccedilatildeo dos GEEs

para os paiacuteses que tecircm metas obrigatoacuterias de reduccedilatildeo destes gases

b) Proposta de Compensaccedilatildeo pelo Desmatamento Evitado

Foi aceita na Conferecircncia das Partes da Convenccedilatildeo Quadro de Mudanccedilas

Climaacuteticas (COP-11) a proposta para discussatildeo sobre uma compensaccedilatildeo

financeira para os paiacuteses que preservam suas florestas (proposta

apresentada por Papua Nova Guineacute Costa Rica e Brasil) Pensa-se em um

mecanismo extra Protocolo de Kyoto que seraacute objeto de discussatildeo nos

proacuteximos 2 anos

II ndash Iniciativas Nacionais

a) Fundo de Participaccedilatildeo dos Estados - FPE ndash PLP 3512002 - Proposta

de Projeto de Lei Complementar da Senadora Marina Silva aprovado no

Senado em tramitaccedilatildeo na Cacircmara dos Deputados Ementa Cria uma

Paacutegina 29 de 37

Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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Reserva do FPE de 2 (dois por cento) do seu total a ser distribuiacutedo agraves

Unidades da Federaccedilatildeo que abriguem Unidades de Conservaccedilatildeo da

Natureza ou Terras Indiacutegenas demarcadasrdquo Esta Reserva seria composta de

05 do total do FPE destinado a Regiotildees Norte Nordeste e Centro-Oeste

(passaria de 85 para 845) mais 15 do total destinado a Regiotildees Sul e

Sudeste (passaria de 15 para 135) Se aprovada esta lei beneficiaria mais

as Regiotildees Norte e Centro-Oeste que mais cedem parte dos seus territoacuterios

para Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas

b) Fundo de Participaccedilatildeo dos Municiacutepios ndash FPM ndash PL 932003 Proposta

de Projeto de Lei do Deputado Pastor Frankembergen Ementa ldquoCria Reserva

do FPM destinado aos municiacutepios que abrigam Terras Indiacutegenas em seus

territoacuteriosrdquo A reserva seria criada por 3 dos recursos do FPM alocada

considerando a porcentagem de territoacuterio de cada municiacutepio abrangido por

Terras Indiacutegenas

III ndash Iniciativas Estaduais

a) ICMS Ecoloacutegico Trata-se de um mecanismo estabelecido por leis

estaduais que estabelecem uma porcentagem do total do Fundo Estadual

composto pelo ICMS destinado aos municiacutepios distribuiacutedo segundo criteacuterios

ecoloacutegicos Alguns estados jaacute instituiacuteram e colocaram em funcionamento o

ICMS Ecoloacutegico por exemplo PR SP MG MT GO MS TO RS

O criteacuterio mais usado eacute aquele que compensa os municiacutepios que cedem

parte dos seus territoacuterios para Unidades de Conservaccedilatildeo e Terras

Indiacutegenas

52 Iniciativas fiscais com pressupostos ambientais

No Brasil natildeo existe uma poliacutetica ambiental baseada em instrumentos

econocircmicos (creditiacutecios tributaacuterios) embora exista uma seacuterie de iniciativas fiscais

com pressupostos ambientais ndash sobre as quais este trabalho faraacute uma referecircncia

Paacutegina 30 de 37

As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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As iniciativas fiscais com pressupostos ambientais geram recursos

orccedilamentaacuterios que satildeo compartilhados pela Uniatildeo Estados e Municiacutepios ndash quase

sempre sem condicionalidade ambiental quanto agrave sua aplicaccedilatildeo ndash conforme se pode

ver a seguir

a) Contribuiccedilatildeo de Intervenccedilatildeo sobre o Domiacutenio Econocircmico ndash CIDE

Incide sobre o consumo de derivados de petroacuteleo e gaacutes natural Estabelecida

pela Emenda Constitucional nordm 332001 regulamentado pela Lei nordm 10336

de 19122001 que obriga a utilizaccedilatildeo de parte dos recursos arrecadados em

projetos ambientais (Art 1ordm Paraacutegrafo 1ordm Inciso II) A partir de 2004 (Lei nordm

108662004) a Uniatildeo passou a transferir parte dos recursos arrecadados via

CIDE (que em 2005 totalizaram 78 bilhotildees de reais) aos Estados

b) Royalty - sobre extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural Incide sobre a atividade

extrativa de petroacuteleo xisto betuminoso e gaacutes natural A Lei nordm 7990 de

28121989 fixou em 5 o montante miacutenimo do valor bruto da produccedilatildeo

alterado para 10 da produccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural pela Lei nordm

94781997 que eacute transferido para Estados e Municiacutepios onde se localizam as

aacutereas de exploraccedilatildeo proporcionalmente ao volume produzido

c) Compensaccedilatildeo pela utilizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos para fins de

geraccedilatildeo de eletricidade Incide sobre a produccedilatildeo de energia por usinas

hidreleacutetricas correspondendo a 6 do valor da energia produzida dos quais

45 satildeo transferidos para os Estados e 45 para os Municiacutepios repartidos

segundo a aacuterea inundada e outros paracircmetros Criada pela Lei nordm 7990 de

28 de dezembro de 1989

d) Compensaccedilatildeo financeira pela exploraccedilatildeo de recursos minerais

Corresponde a 3 do valor do faturamento liacutequido resultante da venda do

produto mineral Criada pela Lei nordm 7990 de 20 de dezembro de 1989 Sua

distribuiccedilatildeo foi assim definida pela Lei nordm 9993 de 24 de julho de 2000 65

para os Municiacutepios 23 para Estados e Distrito Federal e 12 para Uniatildeo

(dos quais 2 para o IBAMA)

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53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

Paacutegina 36 de 37

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

Paacutegina 37 de 37

_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 31: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

Paacutegina 31 de 37

53 Compensaccedilotildees ambientais

Existem algumas compensaccedilotildees que incidem sobre empreendimentos

puacuteblicos e ou privados que usem recursos naturais ou causem danos ao meio

ambiente dos quais merecem destaque

a) Compensaccedilatildeo Ambiental por impacto ambiental dos empreendimentos

Determinada pelo artigo 36 da Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000

(regulamentado pelo artigo 31 do Decreto nordm 4340 de 22082002) que fixa o

valor miacutenimo de 05 do valor total do empreendimento que deve ser

aplicado em Unidades de Conservaccedilatildeo de Proteccedilatildeo Integral diretamente pelo

empreendedor ou por oacutergatildeos puacuteblicos ambientais (Federal Estadual ou

Municipal)

b) Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental ndash TCFA Instituiacuteda pela Lei nordm

10165 de 27 de dezembro de 2000 Incide sobre atividades poluidoras e ou

que usem recursos naturais ndash cobrada diretamente pelos oacutergatildeos de gestatildeo

ambiental Federal Estaduais e Municipais ficando a Uniatildeo com 40 do valor

total

c) Multas Ambientais Multas aplicadas por oacutergatildeos ambientais das 3 esferas

de governo (Federal Estadual e Municipal) a pessoas juriacutedicas e fiacutesicas que

provoquem ou causem danos ambientais natildeo autorizados

d) Preccedilo da Aacutegua Trata-se de uma compensaccedilatildeo cobrada dos detentores de

outorga para o uso da aacutegua atraveacutes dos Comitecircs de Bacia Hidrograacutefica onde

devem ser aplicados os recursos em projetos de gestatildeo ambiental

Determinado pela Lei nordm 9433 de 18 de janeiro de 1997 sendo o preccedilo fixado

por Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos ndash CNRH

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Paacutegina 32 de 37

1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

Paacutegina 33 de 37

Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

Paacutegina 35 de 37

7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

Paacutegina 36 de 37

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

Paacutegina 37 de 37

_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

Page 32: Vantagens e Desvantagens Comparativas da Região Centro ... · Secretaria Adjunta da Receita Pública Assessoria de Relações Federativas Fiscais Vantagens e Desvantagens Comparativas

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1 As caracteriacutesticas ambientais da Regiatildeo Centro-Oeste constituiacuteram em

grande vantagem comparativa para a mudanccedila do seu padratildeo de

desenvolvimento econocircmico e social existente ateacute a deacutecada de 60 no

seacuteculo XX Tambeacutem em relaccedilatildeo a outras regiotildees especialmente Sul e

Sudeste as condiccedilotildees ambientais foram mais favoraacuteveis possibilitando a

implantaccedilatildeo de um padratildeo de desenvolvimento capitalista moderno

baseado na agricultura com elevados iacutendices de produtividade e na

pecuaacuteria extensiva mas com alto iacutendice de competitividade em relaccedilatildeo agraves

outras regiotildees do paiacutes e mesmo de outros paiacuteses

Entre as regiotildees brasileiras o Centro-Oeste ocupa o primeiro lugar em

rebanho bovino e o segundo lugar em aacuterea plantada pela agricultura

revelando uma tendecircncia agropecuaacuteria de longo prazo

2 Dentre as condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis a este desenvolvimento

ressalte-se a abundacircncia de terras virgens agricultaacuteveis favoraacuteveis em

grande parte agrave mecanizaccedilatildeo agriacutecola regime de chuvas mais ou menos

regular e previsiacutevel ao qual se adaptaram variedades de soja milho arroz

algodatildeo e cana de accediluacutecar abundacircncia de fontes daacutegua importante tanto

para agricultura como para a pecuaacuteria grandes recursos florestais

madeireiros ndash fonte de mateacuteria prima para induacutestria e para agricultura

(especialmente para geraccedilatildeo de energia)

3 Essas condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis aliadas agrave transferecircncia de capital agrave

matildeo de obra capacitada ao arrojo dos desbravadores e agraves condiccedilotildees infra-

estruturais explicam em grande parte o desenvolvimento econocircmico

alcanccedilado pela Regiatildeo Centro-Oeste natildeo obstante algumas desvantagens

comparativas decorrentes das restriccedilotildees ambientais em relaccedilatildeo agraves Regiotildees

Sul e Sudeste

4 As desvantagens comparativas da Regiatildeo Centro-Oeste em relaccedilatildeo agraves

Regiotildees Sul e Sudeste em relaccedilatildeo ao meio ambiente (natildeo eacute o caso em

relaccedilatildeo agrave Regiatildeo Norte) dizem respeito basicamente agraves determinaccedilotildees

mais restritivas do Coacutedigo Florestal estabelecidas pela Medida Provisoacuteria

21662001 como a porcentagem mais elevada de aacutereas protegidas

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

Paacutegina 34 de 37

efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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Contudo essas desvantagens comparativas de ordem socioambiental ateacute

2004 natildeo foram empecilho ao crescimento da atividade econocircmica em ritmo

mais elevado que o do conjunto do paiacutes

Dentro da Regiatildeo Centro-Oeste o Estado de Mato Grosso eacute mais afetado

porque partilha dois Biomas sobre os quais pesam maiores restriccedilotildees de

conversatildeo de cobertura vegetal natural para pastagens plantadas e

agricultura no caso o Bioma Amazocircnia e o Bioma Pantanal Com relaccedilatildeo a

este uacuteltimo o Estado de Mato Grosso do Sul tambeacutem eacute afetado

Particularmente as alteraccedilotildees advindas com a Medida Provisoacuteria nordm

15111996 atual MP nordm 2166 de 2001 trouxeram restriccedilotildees adicionais para

o Estado de Mato Grosso tambeacutem na parte do seu territoacuterio compreendido

no Bioma Cerrado

5 Desvantagens ambientais podem se transformar em desvantagens

comerciais afetando a competitividade dos produtos agropecuaacuterios do

Centro-Oeste ndash na medida em que mercados compradores dos produtos

agropecuaacuterios e florestais do Centro-Oeste passem a exigir respeito agrave

Legislaccedilatildeo Ambiental Os casos mais graves dizem respeito ao noticiaacuterio da

miacutedia internacional contra os altos iacutendices de desmatamento em Mato

Grosso referentes a 2003 e 2004 e recentemente em 2005 agrave polecircmica

sobre a construccedilatildeo de usinas de accediluacutecar e aacutelcool nas bordas do Pantanal no

Mato Grosso do Sul

6 Finalmente restriccedilotildees ambientais podem se transformar em vantagens

comerciais o que em parte estaacute ocorrendo no Mato Grosso do Sul ao se

promover agrave induacutestria do turismo no Pantanal e mesmo agrave crescente

valorizaccedilatildeo do boi verde pantaneiro

7 Olhando do ponto de vista fiscal e do ponto de vista econocircmico algumas

limitaccedilotildees determinadas pela Constituiccedilatildeo Federal e pela Legislaccedilatildeo

Socioambiental funcionam como restriccedilotildees econocircmicas ou limitaccedilotildees agrave

expansatildeo da economia e ao desenvolvimento da regiatildeo Deveriam existir

compensaccedilotildees fiscais e financeiras para Estados e Municiacutepios que

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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efetivamente cedem parte de seus territoacuterios para a conservaccedilatildeo ambiental

e respeitam os direitos sociais como por exemplo o direito constitucional

dos povos indiacutegenas

Como se pode observar na tabela 06 que soma as aacutereas cedidas para

Unidades de Conservaccedilatildeo Federal e Terras Indiacutegenas a Regiatildeo Norte cede

3644 do seu territoacuterio e a Regiatildeo Centro-Oeste 1062 e tendem a

crescer estes nuacutemeros nos proacuteximos anos

8 A relaccedilatildeo entre poliacutetica fiscal e poliacutetica ambiental deveria merecer uma

maior atenccedilatildeo por parte das autoridades governamentais brasileiras

federais estaduais e municipais pois estaacute definitivamente integrada agrave

agenda internacional Os paiacuteses da Organizaccedilatildeo de Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento Econocircmico ndash OCDE tecircm se submetido a avaliaccedilotildees de

desempenho ambiental nas quais este tema eacute parte importante

Por outro lado a Comissatildeo Econocircmica para Ameacuterica Latina e Caribe ndash

CEPAL tem promovido eventos e publicaccedilotildees com a participaccedilatildeo de

autoridades brasileiras federais e estaduais destacando-se Secretaacuterios

Estaduais de Fazenda revelando a atenccedilatildeo crescente sobre o tema

Assessoria de Relaccedilotildees Federativas Fiscais

ARFFSARPSEFAZ-MT

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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7 BIBLIOGRAFIA

BRASIL Lei nordm 4771 de 15 de setembro de 1965 Institui o novo Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em ltagovbrgt BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 2166-67 de 24 de agosto de 2001 altera artigos e

acrescenta dispositivos agrave Lei 4771 de 15 de setembro de 1965 que institui o Coacutedigo Florestal Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt BRASIL Decreto nordm 3179 de 21 de setembro de 1999 Dispotildee sobre a especificaccedilatildeo das sanccedilotildees aplicaacuteveis agraves condutas e atividades lesivas ao meio ambiente BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Sistema Nacional de Unidades de Conservaccedilatildeo da Natureza ndash SNUC Lei nordm 9985 de 18 de julho de 2000 decreto nordm 4340 de 22 de agosto de 2002 5ordf ed BrasiacuteliaMMASBF 2004 56p BRASIL (Ministeacuterio do Meio Ambiente) Causas e Dinacircmica do Desmatamento na Amazocircnia BrasiacuteliaMMA 2001 436 p Conservation International lthttpwwwconservationorgbrgt ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente - FEMA Dinacircmica do Desmatamento ateacute o ano de 1999 Cuiabaacute-MT FEMA 1999

ESTADO DO MATO GROSSO Fundaccedilatildeo Estadual do Meio Ambiente FEMA Unidades de Conservaccedilatildeo de Mato Grosso compromisso com a proteccedilatildeo da biodiversidade Cuiabaacute-MT FEMA 2002 80 p

ESTADO DO MATO GROSSO Secretaria de Planejamento e Coordenaccedilatildeo Geral Anuaacuterio Estatiacutestico 2001- Estado de Mato Grosso Cuiabaacute-MT Seplan 2002 648p HADDAD Paulo amp REZENDE Fernando Instrumentos econocircmicos para o desenvolvimento sustentaacutevel da Amazocircnia Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Secretaria de Coordenaccedilatildeo da Amazocircnia 2002 146p FUNDACcedilAtildeO INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Estatiacutesticas Histoacutericas do Brasil Seacuteries estatiacutesticas retrospectivas V3 Seacuteries Econocircmicas

demograacuteficas e sociais 1550 a 1985 Rio de Janeiro 1987 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1995 ndash 1996 Rio de Janeiro IBGE 1998

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE Censo Agropecuaacuterio 1960 1970 1975 1980 1985 19951996 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash IBGE Censo Demograacutefico de 2000 caracteriacutesticas da populaccedilatildeo e dos domiciacutelios ndash resultados do universo Rio de Janeiro 2001 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 1985 - 2003 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS ndash Diretoria de Pesquisas Contas regionais do Brasil 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwsidraibgegovbrgt INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICAS - IBGE MMA Mapa de Biomas do Brasil 2005 INPE PRODES Disponiacutevel em lthttpwwwobrinpeprodesgt JATOBAacute Jorge A coordenaccedilatildeo entre as poliacuteticas fiscal e ambiental no Brasil a perspectiva dos governos estaduais Divisatildeo de Meio Ambiente e de

Assentamentos Humanos da Comissatildeo Econocircmica para a Ameacuterica Latina e o Caribe-CEPAL (Seacuterie Meacutedio Ambiente y Desarrollo) Santiago de Chile 2005 LOPES IgnezVidigal (Coord) O mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Fundaccedilatildeo Getulio Vargas Rio de janeiro 2002 LOUREIRO Wilson O ICMS ecoloacutegico na biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt

_________ Wilson ICMS ndash A consolidaccedilatildeo de uma experiecircncia brasileira de incentivo a Conservaccedilatildeo da Biodiversidade Disponiacutevel em lthttpwwwflorestasufprbrpos-graduacaoseminaacuteriosgt MAGALHAtildeES Edvard Dias (org) Legislaccedilatildeo Indigenista Brasileira e normas correlatas Brasiacutelia FUNAICGDOC 2 ed 2003

MATO GROSSO Lei Complementar Estadual nordm 381995 de 21 de novembro de 1995 Dispotildee sobre o Coacutedigo Estadual do Meio Ambiente MATO GROSSO Decreto Estadual nordm 7901996 de 13 de fevereiro de 1996 Regulamenta dispositivos do Coacutedigo Estadual de Meio Ambiente do Estado de mato Grosso MATO GROSSO DO SUL Lei nordm 2406 de 29 de janeiro de 2002 Institui a Poliacutetica Estadual dos Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hiacutedricos Rede Mata Atlacircntica Disponiacutevel em lthttpwwwredemataatlanticaorgrgt VIANA Gilney Amorim amp MACIEL Joatildeo OF O ICMS Ecoloacutegico de Mato Grosso Cuiabaacute 2002(Seacuterie Coleccedilatildeo Eco-Cidadania nordm 6)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)

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_____ Gilney Amorim Deputado Federal (Relator) Relatoacuterio da Comissatildeo Externa destinada a averiguar a aquisiccedilatildeo de madeiras serrarias e extensas porccedilotildees de terras brasileiras por grupos asiaacuteticos Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados ndash Comissatildeo Externa 1998 (Seacuterie Accedilatildeo parlamentar nordm 88) _____ Gilney Amorim Impactos ambientais da poliacutetica de globalizaccedilatildeo na Amazocircnia In O desafio da sustentabilidade um debate soacutecio-ambiental no Brasil Satildeo Paulo Editora Fundaccedilatildeo Perseu Abramo (Coleccedilatildeo Pensamento Petista) 2001 p 265-288 _____ Gilney Amorim FPE ndash Uma Reforma Necessaacuteria Brasiacutelia Cacircmara dos Deputados Centro de Documentaccedilatildeo e Informaccedilatildeo 1998 (Seacuterie separata de discursos pareceres e projetos nordm 6995)