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V Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santo Domingo, Rep. Dominicana, 24 - 27 Oct. 2000 Especificidades na construção do Sistema Municipal de Saúde Articulações de aspectos ideológicos, humanismo, controle social e democracia Joaquim Nogueira da Cruz Neto Secretário Municipal da Saúde de Limeira - São Paulo, Brasil Vicente Pironti Netto Secretário-adjunto da Secretaria Municipal da Saúde de Limeira Cassiana Carradas Diretora de Administração da Secretaria Municipal da Saúde de Limeira Introdução A ideologia do sistema de saúde no Brasil é fruto de amplo debate nacional, ocorrido nas décadas de 70 e 80, movimento conhecido como reforma sanitária brasileira. Essa ideologia, que reconhece o acesso à saúde como direito social e de cidadania, está expressa na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde – Lei federal 8.080/1990 e 8.142/1990, que criou o Sistema Único de Saúde – SUS. Os princípios definidos para o SUS são: 1- Universalidade do acesso; 2- Integralidade da atenção; 3- Eqüidade das ações; 4- Controle social e 5- Democracia. As diretrizes são: 1- Participação social; 2- Hierarquização; 3- Regionalização e 4- Descentralização. Atualmente, estamos na fase de descentralização do Sistema Único de Saúde. Os municípios habilitados à gestão plena passam a ser os gestores do sistema. Esses municípios enfrentam o desafio de transformar a ideologia escrita nos documentos oficiais em programas e serviços colocados à disposição dos cidadãos. O Sistema Único de Saúde em Limeira Antes do ano de 1997, o município de Limeira não estava habilitado a qualquer forma de gestão pública. Um dos principais objetivos da administração municipal que tomou posse no dia 1º de janeiro de 1997 era atender à demanda popular de melhoria do sistema de atenção à saúde. Tal mudança dificilmente seria concretizada se não fossem definidas políticas públicas adequadas e concebidos Sistema de Saúde de Limeira - 0

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V Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santo Domingo, Rep. Dominicana, 24 - 27 Oct. 2000

Especificidades na construção do Sistema Municipal de Saúde Articulações de aspectos ideológicos, humanismo, controle social e democracia Joaquim Nogueira da Cruz Neto Secretário Municipal da Saúde de Limeira - São Paulo, Brasil

Vicente Pironti Netto Secretário-adjunto da Secretaria Municipal da Saúde de Limeira

Cassiana Carradas Diretora de Administração da Secretaria Municipal da Saúde de Limeira

Introdução A ideologia do sistema de saúde no Brasil é fruto de amplo debate nacional, ocorrido nas décadas de

70 e 80, movimento conhecido como reforma sanitária brasileira.

Essa ideologia, que reconhece o acesso à saúde como direito social e de cidadania, está expressa na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde – Lei federal 8.080/1990 e 8.142/1990, que criou o Sistema Único de Saúde – SUS.

Os princípios definidos para o SUS são: 1- Universalidade do acesso; 2- Integralidade da atenção; 3- Eqüidade das ações; 4- Controle social e 5- Democracia.

As diretrizes são: 1- Participação social; 2- Hierarquização; 3- Regionalização e 4- Descentralização.

Atualmente, estamos na fase de descentralização do Sistema Único de Saúde. Os municípios habilitados à gestão plena passam a ser os gestores do sistema. Esses municípios enfrentam o desafio de transformar a ideologia escrita nos documentos oficiais em programas e serviços colocados à disposição dos cidadãos.

O Sistema Único de Saúde em Limeira Antes do ano de 1997, o município de Limeira não estava habilitado a qualquer forma de gestão

pública.

Um dos principais objetivos da administração municipal que tomou posse no dia 1º de janeiro de 1997 era atender à demanda popular de melhoria do sistema de atenção à saúde. Tal mudança dificilmente seria concretizada se não fossem definidas políticas públicas adequadas e concebidos

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projetos que possibilitassem a implementação de programas sérios e ações práticas. O projeto fundamental era habilitar o município para a Gestão Plena, junto ao Ministério da Saúde.

O novo governo pretendia não apenas melhorar o sistema, mas sim transformar Limeira em um pólo tecnológico e referencial de excelência em gestão na área de saúde.

Essa decisão política desencadeou, no início do mesmo ano, uma série de movimentos da Secretaria Municipal da Saúde – SMS-L. Para que houvesse validação pelo exercício pleno da democracia, o processo demandava envolvimento do corpo de funcionários e principalmente da comunidade.

A caminhada iniciou-se pela atitude concreta do poder executivo municipal, que elaborou um conjunto de projetos de lei aprovados pela Câmara Municipal. Estas leis municipais possibilitaram que a SMS-L materializasse uma estrutura organizacional moderna, adequada às exigências da nova realidade.

A municipalização exigiu iniciativas para promover Recursos Humanos; Participação Comunitária, Controle Social e Democracia; Financiamento; Comunicação Social.

Iniciativas promovidas pela municipalização 1. Recursos humanos

A seleção dos profissionais do núcleo inicial de Recursos Humanos teve como critérios: conhecimento, potencial intelectual, capacidade de trabalho, histórico funcional, comportalmental e intuição.

Progressivamente, esses profissionais passaram a constituir uma equipe de alta-performance, motivada por uma “idéia força” – construir um sistema municipal de saúde digno.

Para atingir o objetivo, o administrador partiu de uma visão sistêmica, evitando reducionismos. Em vez de lidar com a Secretaria unicamente como uma máquina de prestar serviços, valorizou os predicados individuais, as estruturas cognitivas, as emoções, o universo simbólico e subjetividades. Concebeu um sistema que reconhecia os funcionários como seres humanos integrais.

De modo prático, definiu as palavras-chaves que doravante balizariam o “espírito” das ações da SMS-L: mudança, humanização, acolhimento, participação e qualidade.

Uma vez definidos os objetivos e o “espírito”, a equipe foi estimulada a desenvolver seus potenciais humanos e profissionais. As novas lideranças e a atmosfera de compromisso, entusiasmo e ousadia geraram um grau de coesão mínima que permitiu dar um passo à frente.

1.1. O processo do planejamento estratégico Passou-se à elaboração do Planejamento Estratégico Situacional para 1997 a 1998, tendo como

referência inicial o conceito clássico de saúde da Organização Mundial da Saúde: “Saúde é o completo bem-estar biológico, mental, social, espiritual e ambiental”.

Estilo de vida

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1.2. O 1º Plano Diretor O produto final do process

compõem o 1º Plano Diretor, a s

Plano de ações 1997/1998

1. Conselho Municipal da Sa

2. Plano Diretor Municipal d

3. Gestão Plena do Sistema M

4. Fundo Municipal da Saúdfederais;

5. Reestruturação da Secreta

6. Tornar Limeira referencia

7. Municipalizar a Vigilânci

8. Ações para o atendimento

9. Integrar os níveis primárioinformatização; e

10. Estabelecer canais de com

Na mesma ocasião foram def

A origem das políticas púbexpressas através do 1º Plano D

Diretrizes do 1º Plano Diretor

e Sistema de atenção à Saúde

E

Saúde e Valores Humanos

Meio ambiente

Saúd

o de planejamento estratégico é composto por dez projetos que aber:

úde eleito com legitimidade de representação;

a Saúde;

unicipal da Saúde;

e com autonomia para gerir recursos municipais, estaduais e

ria Municipal da Saúde e implantação de plano de cargos e salários;

l de excelência em gestão pública na área de Saúde;

a à Saúde;

à Saúde da população nos níveis primário, secundário e terciário;

, secundário e terciário mediante sistemas de informação e

unicação interno e com a população.

inidas as estratégias para colocar estes projetos em execução.

licas de saúde municipais nascem desses dez projetos e foram iretor de Saúde – 1997/1998.

de Saúde

stado biológico

Saúde e Cidadania

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Ações de Promoção da Saúde, Prevenção, Cura e

Reabilitação de Doenças Gestão de

Qualidade

Intersetorialidade

SMS-L

Princípios e Diretrizes para a nova Proposta

Abordagem da saúde como espaço de promoção da saúde, prevenção, cura e reabilitação de doenças;

S • Abordagem integral do processo saúde-doença,

evitando fragmentação por corporação profissio-nal, faixa etária, fases do ciclo vital ou fases do processo, respeitando as especificidades dos profissionais de saúde e o trabalho em equipe.

• Discussão e definição ampla das diretrizes de

As como ae CartCrianç

Estadesenve ambi

1.3. OO 2

previst

Promoção da Saúde

P

Doença

atuação frente aos grupos de risco ou de patologias de alta prevalência no município, de modo que todas as instituições e serviços de saúde locais e a SMS-L sejam articuladas e integradas nas ações de

D Da a

volen

2º os

Cura e reabilitação de doenças

iretrizes do Plaeclaração Unde Otawa, de

e do Adolesce

isão holística rvimento sustentais.

º Plano DirePlano Diretor.

revenção dedoenças

aúde

promoção, prevenção, cura e reabilitação.

no estão em conformidade com os preceitos de documentos internacionais iversal dos Direitos Humanos, Agenda 21 e Habitat, Carta de Alma Ata ntre outros. No âmbito nacional, seguimos as orientações do Estatuto da nte e do Movimento pela Ética na Política.

epresenta a forma como o setor da saúde pode contribuir para o modelo de tável, levando em conta aspectos humanos, econômicos, sociais, espirituais

tor continuou com as mesmas diretrizes do primeiro. Seguem os projetos

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Plano de Ações 1999/2000 Projeto 1 Informatização da Secretaria da Saúde, Unidades Básicas de Saúde, Central de

Ambulâncias, Central de Medicamentos, Centro de Especialidades e Gabinete do Sr. Prefeito. Criação do Cadastro Único de Usuários do Sistema de Saúde com a implantação do cartão SUS;

Projeto 2 Construção de duas Unidades Básicas de Saúde, sendo uma no Jardim Morro Azul e outra no Jardim Odécio Degan. Término da construção do Centro de Especialidades e do Ambulatório de Saúde Mental, reforma e ampliação dos Postos de Saúde da Cecap e do Nossa Senhora das Dores;

Projeto 3 Aquisição de veículos: três ambulâncias, sendo duas de grande porte tipo UTI móvel, um veículo para coleta móvel, uma Kombi para transporte de hemodialisados, três veículos para as Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica;

Projeto 4 Reequipamento das Unidades Básicas de Saúde visando à prevenção. Adequação das vigilâncias;

Projeto 5 Implantação do telefone 160 para agendamento de consultas; Projeto 6 Implantação do Programa de Saúde do Trabalhador; Projeto 7 Implantação dos Conselhos Locais de Saúde; Projeto 8 Implantação dos Centros de Custos em todas as unidades da Secretaria da Saúde; Projeto 9 Programa de Saúde na área rural com monitoramento do nível de agrotóxicos no

plasma da população que lida com estes produtos; Projeto 10 Criação do ambulatório de hemoglobinopatias; Projeto 11 Realização da 2ª Conferência Municipal de Saúde; Projeto 12 Intensificação do Programa de Qualidade no âmbito da Secretaria Municipal da

Saúde especialmente no que tange ao atendimento de balcão, acolhimento, consultas médicas, odontológicas e tratamentos;

Projeto 13 Intensificação das auditorias nos prestadores de serviços ao Sistema Único de Saúde;

Projeto 14 Realização de Concurso Público para Família Ocupacional Saúde; Projeto 15 Projeto Saúde desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde, que consiste no

estímulo em participar de procedimentos alternativos na saúde, além de oferecer a oportunidade de descontração, relaxamento e integração entre os funcionários;

Projeto 16 Credenciamento no SUS do serviço de radioterapia e braquiterapia, cirurgia cardíaca e transplantes de rim, de córnea e de medula óssea;

Projeto 17 Padronização de medicamentos: aperfeiçoá-la de modo a atender às necessidades da população;

Projeto 18 Manter o sistema de informação à população através de informativos; Projeto 19 Solicitação de uma unidade móvel para consultas médicas e tratamento

odontológico, além de reforma de veículo da Secretaria de Obras e Transportes

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para servir como ambulatório de primeiros-socorros em eventos de grande porte; aquisição ou doação por parte do Governo do Estado de 3 ambulâncias;

Projeto 20 Elaborado Plano Diretor pelas diretorias e assessorias, com manutenção dos serviços já realizados e ampliação dos setores que apresentam-se com demanda muito elevada;

Projeto 21 Reestruturação da Secretaria Municipal da Saúde e implantação de plano de cargos e salários;

Projeto 22 Tornar-se referencial de excelência em gestão pública na área da Saúde, acrescentando ao perfil econômico, o de prestador de serviços com alta- resolutividade. Tornar Limeira pólo regional na prestação de serviços dentro da área da saúde;

Projeto 23 Implantação de pelo menos dois módulos do Programa Médico da Família, obede-cendo as características próprias das regiões do município, onde forem operar;

Projeto 24 Integração da Central de Ambulâncias com o Resgate da Polícia Militar. Projeto 25 Sinalização do Gabinete da Secretaria da Saúde, Centro de Saúde, unidades da

SMS-L, inclusive UBSs; Projeto 26 Programa Município Amigo da Criança; Projeto 27 Programa Limeira Município Saudável; Projeto 28 Planejamento Social em Saúde:

a – Projeto piloto a ser desenvolvido na região de abrangências do Posto de Saúde do Jardim Aeroporto em Parceria com o ISCA; b – Projeto para todo o município a ser financiado provavelmente pela FAPESP;

Projeto 29 Estabelecer canais de comunicação interno e com a população; Projeto 30 Programa de atendimento preventivo aos alunos da EMEIF “Parque Nossa

Senhora das Dores - IV Etapa”; Projeto 31 Projeto Emergencial de Resgate da Saúde “Odécio Degan”; Projeto 32 Programa de vacinação BCG e hepatite para os recém-nascidos nos hospitais.

Inclusão no calendário de vacinação a vacina Hemophylus influenza B para menores de 2 anos;

Projeto 33 Vacinação contra gripe, tétano e difteria em pessoas acima de 65 anos de idade. Aplicação da vacina contra pneumococo em pessoas desta faixa etária institucionalizadas;

Projeto 34 Programa de Prevenção à Aids nas Unidades Básicas de Saúde, com visitas semanais de profissionais capacitados para orientação à população;

Projeto 35 Projeto Redução de Danos. Envolve distribuição e troca de seringas descartáveis aos usuários de drogas injetáveis, visando à prevenção da disseminação de doenças infecto-contagiosas;

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Projeto 36 Projeto VIGISUS. Consiste na solicitação de recursos federais para implementar ações de Vigilância à Saúde no município;

Projeto 37 Programa de Saúde nas feiras, escolas e Igrejas; Projeto 38 Construção do Centro de Controle de Zoonoses; Projeto 39 Projeto Emergencial de Saúde aos Sem-terra no Bairro Lagoa Nova; Projeto 40 Projeto Brasil 500 anos – Saúde; Projeto 41 Projeto para Certificação do Município visando à gestão das ações de Vigilância

Epidemiológica e Controle de Doenças; Projeto 42 Projeto Emergencial de Saúde aos Sem-teto assentados no Jd. Novo Horizonte; Projeto 43 Projeto Escreva para o Secretário; Projeto 44 Ambulatório de Genética Clínica e Aconselhamento Genético.

1.4. O processo de Qualidade na SMS-L No início da gestão, diretores e assessores foram reunidos para discutir uma política de qualidade

para a SMS-L. Destes encontros definiu-se os valores que prevaleceriam na organização: ética, humanismo,

transparência, profissionalismo, cooperação e entusiasmo. Para construir esta estrutura, precisávamos da cooperação da sociedade, dos colaboradores, dos fornecedores e de outras instâncias do Estado brasileiro.

Definimos nossa missão: “Somos uma organização que proporciona aos clientes da saúde pública acolhimento, respeito e profissionalismo”, e nosso objetivo: “Tornar Limeira um referencial de excelência em saúde pública”. Saúde com qualidade e eficácia.

Durante todo o processo combinamos valores espirituais, iluministas e positivistas, a parâmetros de qualidade.

A confiança conquistada e o grau de adesão à nova política permitiram boa capacidade de adaptação às novas necessidades impostas pelas realidades objetivas, fruto da incessante dinâmica comunitária. Foi possível descentralizar decisões e incentivar a criatividade dos colaboradores.

O constante e sincero reconhecimento pelo trabalho executado e a afetividade no trato são comportamentos estratégicos e sobretudo saudáveis para reforçar e elevar a auto-estima e a amizade entre coordenação e colaboradores. Assim, as atividades se desenvolvem em ambiente cordial de convivência humana.

É importante ter presente a noção do todo. Deixar sempre claro para os colaboradores a importância do trabalho que está sendo executado e que os papéis que eles estão desempenhando são para o bem-estar da comunidade. Mostrar resultados de forma que fique claro tratar-se de uma conquista coletiva e não de uma pessoa ou autoridade isolada.

Outro aspecto essencial na humanização da saúde é aproximar-se dos funcionários e da população, abolir a imagem de secretário e diretores como pessoas inacessíveis. O que todo ser humano espera é atenção, reconhecimento, afeto e resultados práticos que melhorem seu viver. Sobretudo, nesta área é preciso gostar de gente.

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A valorização do lado humano é crucial, pois o território emocional é muito sensível. Devemos agir para manter as pessoas, tanto quanto possível, felizes no seu trabalho, mesmo considerando-se que as condições materias e os salários pagos pela municipalidade são insatisfatórios.

Os exemplos concretos de conduta devem partir da administração, enquanto que os colaboradores devem ter presente a sensação de serem capazes e terem seus esforços reconhecidos.

No modelo de administração clássica, o clima praticamente informal nas relações entre funcionários e administração costuma ser combatido porque imagina-se que prejudique a execução das tarefas. Nossa experiência demonstra que tal temor é infundado. Quando as pessoas sentem-se à vontade e respeitadas, trabalham com maior dedicação e executam tarefas que provavelmente não fariam se agissem apenas por temor da severidade do chefe.

A equipe da Secretaria da Saúde funciona hoje como uma eficaz estrutura de serviços à comunidade.

1.5. Desenvolvendo os recursos humanos Uma ampla gama de atividades procura promover o crescimento individual, o entendimento da

alma das pessoas, os componentes emocionais, o exercício de valores subjetivos como a solidariedade, a fidelidade e a cooperação.

Há constante preocupação com o processo de humanização interna e com a comunidade. Seminários, reuniões utilizando recursos audiovisuais ou teatrais procuram recuperar o lado humano das pessoas, muitas vezes sufocado pela rotina do dia-a-dia.

Na SMS-L são realizadas palestras e encontros mensais com diretores, assessores e convidados para discutir temas ligados a sociologia, filosofia, espiritualidade, relações interpessoais, como por exemplo: sociedade pós-industrial, ética, como descarregar o estresse, instituições eficientes, etc. Consultores são contratados para abordar vivências sobre relacionamento interpessoal, liderança, atendimento, comunicação.

Em cada assessoria, são desenvolvidos programas de humanização, adaptando-os aos recursos e às necessidades de cada unidade. De maneira geral, todas as assessorias estão trabalhando com seus funcionários o conceito de humanização: por que o respeito pelo usuário é fundamental, identificando-se e libertando-se de preconceitos, como lidar com a raiva, a irritação, o cansaço e o desgaste, o trabalho em equipe, a importância da iniciativa, como atender os usuários, a importância do tom de voz e da clareza de informações. As assessorias também estão reformulando e padronizando seus formulários, criando informativos sobre serviços disponíveis e legislação vigente.

Desde o começo do ano 2000, a SMS-L conta com o Projeto Tio Barnabé. O Sr. José Francisco, o primeiro ator a interpretar na televisão brasileira o Tio Barnabé, personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo, obra de Monteiro Lobato, percorre as Unidades Básicas de Saúde, para conversar com a população. Através da simpatia e da linguagem popular, Tio Barnabé transmite aos usuários que aguardam o atendimento na sala de espera, informações como: conceito de saúde e de doença, o que é epidemia, doenças mais comuns em crianças, vacinação, verminoses, febre amarela, prevenção de acidentes domésticos. A escolha dos assuntos abordados segue a orientação da SMS-L e da enfermeira coordenadora do serviço local.

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O Projeto Anjos da Saúde tem o objetivo de animar para a Vida e para a Fraternidade funcionários, usuários e a comunidade do entorno das Unidades Básicas de Saúde. Desde o ano passado, o grupo, que atua como clowns, percorre postos de saúde, hospitais, asilos e a própria prefeitura. Os Anjos utilizam peças teatrais, apresentações de mágica e de malabarismo, sessões de meditação, massagem e relaxamento, workshops com temáticas ligadas à qualidade de vida, cursos de capacitação e mobilizações comunitárias para alcançarem seus objetivos. O grupo tem recebido respostas bastante positivas. Para este ano, estuda-se a possibilidade de expandir o trabalho para outras cidades da região. O Projeto Anjos da Saúde conta com o reconhecimento do Secretário de Políticas da Saúde do Ministério da Saúde, Sr. Cláudio Duarte da Fonseca. No ofício 142/00, do dia 22 de março, Sr. Fonseca destaca a riqueza do conteúdo humano e manifesta interesse em conhecer detalhes do projeto, para estudo da viabilidade de implantação em outras cidades.

Desde 1997, a Secretaria oferece terapia de ginástica expressiva aos usuários hipertensos, diabéticos, ou com problemas de depressão e ansiedade. São exercícios de relaxamento, meditação, movimento com música, para ajudar a descarregar o estresse, diminuir a ansiedade e prevenir doenças. A atividade é ministrada por uma especialista em filosofia social e instrutora do sistema Rio Aberto, abordagens psico-corporais.

O corpo de colaboradores da Secretaria da saúde é composto atualmente por 771 funcionários. Em 1996 havia 588. O aumento de 31,2% foi motivado pela operacionalização da gestão plena e ampliação dos serviços prestados à população.

Esta equipe, constituída por humanos dotados de suas propriedades intelectuais, singularidades e características culturais e espirituais conseguiu resolver tarefas espinhosas. Concretizou o imenso trabalho burocrático de atender os requisitos exigidos pelo Ministério da Saúde para a habilitação à Gestão Plena. Foi capaz de pôr em funcionamento unidades que antes não existiam, como o Fundo Municipal da Saúde (FMS), a Unidade de Avaliação e Controle (UAC) e a Vigilância à Saúde (VISA) - sanitária, epidemiológica e ambiental.

Estabeleceu-se convênios de parceria para assistência médica de rotina e de urgência e emergência com a Santa Casa de Misericórdia de Limeira, hospital terciário em franca evolução tecnológica, apto para resolver até mesmo casos de alta-complexidade, e com a Sociedade Operária Humanitária, um hospital de menor porte.

A dedicação e integração da equipe também se expressa em números. Segundo estimativas da Fundação Seade e da Secretaria Municipal de Saúde de Limeira, desde 1996, o número de consultas do SUS subiu 120%, o número de exames laboratorias 45%, o número de pacientes transportados 55%, o número de procedimentos odontológicos 33%. A equipe também tem conseguido baixar os índices de mortalidade, com destaque para a taxa de mortalidade infantil: 28,52:1000 em 1994, 12,85:1000 em 1999. O número de reclamações teve uma queda de 88%, desde 1997.

No mês de fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde escolheu Limeira e Chopinzinho para representarem o Brasil no vídeo produzido pela Organização Pan-americana de Saúde sobre comunidades em processo de se tornarem Municípios Saudáveis.

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2. Participação comunitária, controle social e democracia A Lei Orgânica da Saúde estabelece Conferências Municipais e Conselhos Municipais de Saúde

como instrumentos para a comunidade participar e influenciar a gestão do SUS.

As Conferências de Saúde têm caráter consultivo, servem para avaliar a situação da Saúde e propor as diretrizes da política de saúde em cada nível de governo.

O parágrafo 2º da Lei 8.142/90 define: “O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera de governo”.

No início da gestão houve um chamado geral para a comunidade exercer a cidadania através do controle social democrático do sistema. Foram realizadas reuniões com as entidades da sociedade civil que tivessem interface com o setor saúde. Nessas reuniões, ficou evidenciado que a lei municipal 2.700, que constituía o Conselho Municipal da Saúde de Limeira – CMS-L, estava em desacordo com o que estabelecia a Lei Orgânica da Saúde – LOS.

Foi então construído um consenso ad hoc. Passou a funcionar um CMS segundo a LOS, mesmo sem ser oficializado, cujas deliberações tinham o aval do Secretário Municipal da Saúde.

Também foi pactuado que o CMS deveria redigir um projeto de lei que atendesse aos preceitos legais vigentes. Este foi um passo decisivo no processo de credibilidade e legitimação comunitária do processo. O projeto de lei foi apresentado ao poder Legislativo municipal, e aprovado sob o número 2.840/97. Com essa lei, o sistema passou a ter legitimidade e sustentação legal perante a sociedade e os poderes públicos.

Após o cadastramento das entidades civis na Secretaria Municipal da Saúde, foram realizadas assembléias para definir os conselheiros do CMS-L que atuou de 1997 a 1999. Neste último ano foram realizadas novas assembléias que definiram os conselheiros para 1999 a 2001. Todos os cidadãos escolhidos em assembléias dos respectivos segmentos foram nomeados através de atos do Executivo.

Composição do Conselho Municipal da Saúde 50% Usuários de serviços 25% Prestadores de serviços 25% Setor governamental

Entre 1997 e 1999, realizaram-se duas Conferências Municipais da Saúde “Saúde & Cidadania”. Os dois eventos foram precedidos por pré-conferências que ocorreram nos diversos bairros, sindicatos, entidades, escolas, unidades de saúde, igrejas, etc. Nestas oportunidades foram discutidos pelas comunidades temas relativos à saúde e escolhidos os delegados. A primeira Conferência foi precedida por 56 eventos, elegeu 270 delegados, 23 suplentes e 26 representantes. A segunda Conferência foi precedida por 65 eventos, elegeu 354 delegados, 108 suplentes e 9 representates.

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Nas assembléias gerais dessas Conferências, os delegados definiram e votaram as prioridades nos diversos campos ligados à saúde. Estas decisões nortearam os projetos constantes nos Planos Diretores de Saúde, 1997/1998 e 1999/2000.

Destaca-se, dentre as decisões, a aprovação da solicitação ao Ministério da Saúde da habilitação do município de Limeira à gestão plena do sistema municipal da saúde. Este pleito foi reconhecido no dia 28 de abril de 1998.

A participação e controles sociais estão sendo exercidos através de reuniões mensais do CMS, a cada dois anos pelas Conferências Municipais de Saúde, pelas Audiências Públicas, além de constantes reuniões (81 até o dia 31/03/00) com as comunidades rurais e urbanas nos diversos bairros do município.

A Secretaria da Saúde se faz presente mesmo em situações críticas, que poderiam ser vistas apenas como um desconforto ou oportunidade para manobra política. Em janeiro de 1997, a SMS-L providenciou coleta de lixo e enviou uma equipe da vigilância epidemiológica para fornecer atendimento médico, medicamentos, cloro para desinfecção e orientações sobre higiene para 1.300 famílias do movimentos dos sem-teto, assentadas no Bairro Ernesto Kuhl e para 110 famílias assentadas no Parque Hipólito. O mesmo procedimento foi feito para as 1.200 famílias do movimentos dos sem-terra, assentado no Bairro Lagoa Nova, em 1999, e para as 130 famílias do movimentos dos sem-teto, assentado próximo ao Jardim Novo Horizonte, desde o começo de 2000.

Outra especificidade é o estabelecimento de parcerias com instituições e comunidades. Exemplificamos através da reforma e ampliação das unidades básicas do bairro do Pinhal e do Distrito de Tatu, manutenção da UBS do Jardim Aeroporto, ajardinamento e construção de mini playgrounds nas unidades do Parque Abílio Pedro, Parque Hipólito e Jardim Planalto.

A participação comunitária também se faz através de doações – como instrumentos, móveis, utensílios, etc. – e um ativo corpo de voluntários, hoje com cerca de cem pessoas que atuam em diferentes atividades, tais como programas de prevenção e promoção da saúde, campanhas de vacinação, consultas médicas e odontológicas, distribuição de leite, serviços de recepção, pintura, limpeza e jardinagem.

Limeira foi o primeiro município não capital de Estado a participar do Programa Comunidade Solidária.

A Secretaria Municipal da Saúde também participa do Conselho Municipal de Assistência Social, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, Grupo de Ações Integradas aos Problemas dos Entorpecente, Comissão de Desfavelamento, Comissão de Defesa Civil, Operações Inverno e Verão, Comissão para a Comemoração dos 500 Anos do Brasil, Comissão de Política Hospitalar, Comissão do Concurso Público, Comissão Limeira Saudável, COSEMS – Conselho Estadual dos Secretários Municipais da Saúde e CONASEMS – Conselho Nacional dos Secretários Municipais da Saúde. Estes dois conselhos têm se fortalecido conforme a municipalização da saúde avança no país.

Uma conduta que nos parece fundamental é a presença constante dos administradores nas unidades básicas para verificarem, in loco, o funcionamento destas unidades e ouvirem diretamente as reivindicações da população e dos funcionários.

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Assim, através de envolvimento e delegação de poder e autoridade, os cidadãos ativos da sociedade civil organizada passam a contribuir na construção de seu futuro, definindo prioridades e fiscalizando a execução das deliberações emanadas da sociedade.

De forma semelhante, estamos articulados a instituições públicas. Em nível hierárquico com a Diretoria Regional de Saúde – DIR XV de Piracicaba, Secretaria do Estado e Ministério da Saúde.

Para o constante aperfeiçoamento foram estabelecidos convênios com instituições de saber reconhecido, tais como a Universidade de Campinas - UNICAMP, Universidade Estadual de São Paulo – UNESP, Instituto Superior de Ciências Aplicadas – ISCA e Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCC.

A credibilidade foi alcançada através da transparência e da política de “portas e gavetas abertas”, prestação de contas sistemáticas através de relatórios, conferências, reuniões, artigos, audiências públicas e concursos públicos.

Temos segurança em afiançar que o diálogo sério, o respeito aos predicados da alma humana, a tolerância e o domínio da área são atributos fundamentais na construção de consensos. Este é outro atributo para edificar-se um sistema de saúde, já que os grupos e atores sociais têm interesses muitas vezes conflitantes, pois temos ciência de que o campo público é o local onde os conflitos e confrontos se tornam evidentes.

3. Comunicação social A comunicação eficiente, tanto interna quanto para a população, firmou-se como uma etapa

fundamental na reestruturação do modelo administrativo.

Internamente, promovemos palestras e seminários que podem contar com o uso de aparelho de som, videocassete e retroprojetor. Cartazes, cartazetes, ofícios, editais no jornal oficial e comunicados internos mantém os colaboradores informados. Todos os departamentos, assessorias e unidades básicas de saúde emitem mensalmente relatórios de suas atividades.

Para a população são distribuídos e oferecidos folders, livretos e folhetos. Cartazes e banners são fixados em pontos estratégicos da cidade. Alguns eventos contam com divulgação nos jornais de grande circulação local, ou divulgação pela internet. Semanalmente, artigos são enviados aos jornais. Para divulgar realizações, eventos ou elucidações, através de releases, a Secretaria conta com a Assessoria Geral de Comunicações, que serve a Prefeitura de Limeira. Diretores e assessores usufruem de liberdade para falar com a imprensa, e estão à disposição para informações e esclarecimentos, tendo presença constante nas rádios, jornais e TV.

Para atender reclamações temos o telefone 156, com funcionárias procurando responder pronta-mente às necessidades da população. As reclamações quando pertinentes são respondidas por escrito.

Em março deste ano, iniciou-se o programa “Escreva para o Secretário”. Mediante bilhetes ou cartas escritos em impressos disponíveis nas unidades de saúde, o cidadão tem acesso direto ao gestor.

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Reproduções de atas, ofícios, descrição de programas importantes e relatórios mensais da gestão, são enviados aos meios de comunicação, à promotoria pública e à Câmara de Vereadores.

4. Financiamento O financiamento do sistema é feito através de recursos municipais, federais e estaduais. O Fundo

Municipal da Saúde recebe os tetos financeiros do Fundo Nacional de Saúde e recursos obtidos do Estado mediante convênios. O município, por sua vez, destina em média, cerca de 12% do orçamento para a Secretaria da Saúde.

A Secretaria conseguiu aumentar a participação dos recursos de convênios. Em 1996, os gastos com recursos de convênios representavam 1,97% do total da receita arrecadada. Em 1999, a porcentagem subiu para 14,46%. Graças a esses convênios, a participação no orçamento municipal subiu de 11,51%, em 1996, para 24,59%, em 1999. [Ver Gráfico 1 e Tabela 1]

Resultados A articulação de todos estes elementos no tempo e no espaço trouxe como resultado a considerável

ampliação do número de atendimentos e o aumento da resolutividade, tornando o município pólo tecnológico em saúde e referência em muitas especialidades. Passou-se a vivenciar a definição de saúde proposta por Eugênio Vilaça Mendes:

Saúde é, então, o resultado de um processo de produção social que expressa a qualidade de vida como uma condição de existência de um “viver desimpedido”, “um modo de andar a vida”, prazeroso, seja individual, seja coletivamente. O que pressupõe determinado nível de acesso a bem e serviços econômicos e sociais.

Levantamentos estatísticos Os resultados das decisões políticas assumidas também podem ser expressos em números.

Apresentamos algumas das estimativas sobre o desempenho da SMS-L. A fonte dos dados dos gráficos 2, 3, 4, 5 é a Execução Orçamentária, departamento subordinado à Secretaria Municipal da Fazenda e da Administração de Limeira. A fonte do gráfico 6 é a Fundação Seade e a SMS-L. A fonte do gráfico 7 é o Instituto Superior de Ciências Aplicadas.

O número de consultas do SUS teve um aumento de 120%, entre 1996 e 1999. Em 1996 foram realizadas 224.029 consultas, em 1997 foram 312.226. Em 1998 o número subiu para 432.339 devido ao convênio com o Pronto-socorro da Santa Casa e a subvenção ao Pronto Atendimento da Sociedade Operária Humanitária. [Ver gráfico 2].

Os exames laboratoriais tiveram um aumento de 45%. Subiram de 103.325 em 1996, para 150.010 em 1999. [Ver gráfico 3].

O transporte de pacientes elevou seu número de atendimentos em 55%. Em 1997 foram 47.697 transportes, em 1999 o número subiu para 73.942. A frota de veículos está aumentando, em 1999 houve a importante aquisição de duas unidades de UTIs móveis. [Ver gráfico 4].

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O número de atendimentos feitos pela Assessoria Departamental de Controle de Zoonoses subiu 1888%, devido à implantação do Programa de Erradicação do Aedes aegypti e do Programa Só Cacareco. Em 1996 foram 20.929 atendimentos. Em 1999 o número subiu para 604.454. [Ver gráfico 5].

O índice de mortalidade infantil caiu de 28,52:1000, em 1994, para 12,85:1000, em 1999. [Ver gráfico 6].

O Instituto Superior de Ciências Aplicadas, ISCA, realizou no final de março deste ano uma pesquisa de índice de satisfação dos usuários da Unidade Básica de Saúde do Jardim Aeroporto. A Unidade foi escolhida por abranger uma região ampla e atender um grande número de pessoas de diversos estratos sociais. Foram entrevistadas 344 pessoas. 78,2% dos médicos, 85,75% dos atendentes e 89% dos enfermeiras receberam a classificação “bom ou ótimo”. [Ver gráfico 7].

Dificuldades encontradas Principais dificuldades e fatores inibidores para a implantação deste modelo: 1. Insuficiente base educacional de boa parcela dos colaboradores, principalmente falta de

formação humanística da parte de profisisonais como médicos, dentistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, razão que impede maior velocidade na capacitação funcional e humana;

2. Sistema legal que rege a burocracia brasileira, em especial a Lei 8.666 – Lei das Licitações, que torna lenta a efetivação das decisões tomadas;

3. Evidente descompasso entre os recursos financeiros do setor de saúde, média de U$100,00 por habitante/ano, frente à demanda crescente por serviços abrangentes e de qualidade;

4. Fatores culturais, incluindo a descontinuidade administrativa, o clientelismo e o senso comum (senso comum no sentido que está explicado no texto da conclusão);

5. Despreparo humanístico e profissional da maior parte dos políticos; 6. Corporativismo, o que causa um descompromisso social; 7. Sistema de comunicação precário; 8. Pouca informação da população sobre o conceito de saúde e sistema público que está sendo

implantado; 9. Oposição dos meios de comunicação de massa que, com as exceções de praxe, ampliam os fatos

negativos e pouco destacam, ou até mesmo omitem, o que está sendo feito de positivo; 10. Grande aumento da demanda devido à qualidade do atendimento. Apesar de todos contratempos, eles não são suficientes para inviabilizar o SUS.

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Conclusão O crescimento da Secretaria da Saúde de Limeira é uma história feita de pessoas, dedicação,

coincidências, profissionalismo, desafios e reflexões. Aprendemos muito em termos administrativos, aprendemos mais ainda sobre relações interpessoais.

O voto de confiança ao lado humano dos funcionários revelou-se uma escolha acertada e promissora, mas não ausente de riscos. As consquistas alcançadas até agora devem-se em grande parte ao feliz acaso de encontrarmos entre nossos funcionários pessoas em que repercutiram os ideais humanísticos. Certamente a história teria transcorrido de outra maneira se a equipe representasse o estereótipo negativo do funcionário público.

Ainda temos um longo caminho a percorrer, a transformação, especialmente a consolidação de uma organização administrativa não acontece de uma hora para outra. Além dos freqüentes entraves materiais e salariais, existem outros fatores imunes a nosso desejo de mudança, por maior que seja o empenho na construção do sistema público de saúde.

O despreparo humanístico e profissional é constante entre funcionários e população e, o que é mais grave, entre os representantes da classe política e entre os que trabalham nos meios de comunicação de massa. O cenário com que nos deparamos é composto por pessoas dominadas pelo senso comum. Neste caso, a expressão senso comum não se restringe à neutralidade de “consenso da maioria”, e sim um consenso cego e submisso aos interesses da ideologia dominante.

É comum termos nosso trabalho atravancado pela postura e ação de pessoas que, mesmo quando bem intencionadas, contribuem para a perpetuação do sistema social em que as pessoas possuem pouco ou nenhum controle de suas próprias vidas. Tanto os indivíduos, como as instituições ou os representantes de classes freqüentemente se afastam da visão crítica e abrangente da situação para se prenderem a pequenos detalhes ou mesquinharias. Pessoas que perdem, ou que nunca tiveram, uma visão do processo histórico e dialético dos acontecimentos, que só conseguem focar a atenção em pontos negativos do presente. Incapazes de traçar a evolução do passado para a situação atual, ou projetar os resultados de escolhas difíceis para o futuro, quando não indiferença absoluta.

A concretização do Sistema Único de Saúde, por si só, já se apresenta como um desafio. Além de não podermos contar com a colaboração de todos, temos que aprender a tratar com cordialidade a oposição ativa e passiva e, quando possível, integrá-los a nossa equipe de trabalho.

Apesar dos obstáculos, conseguimos formar um todo abrangente, comprometido com a saúde, dotado de controle social, credibilidade, forte coerência intrínseca e resultados objetivos. Sistema este que funciona segundo os princípios da democracia participativa e respeitando os bens abstratos da civilização.

Enfim, ser radical quanto aos princípios e flexível no trato cotidiano com as pessoas. Uma das formas de revolução tranqüila.

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Bibliografia Adorno, Theodor W. Mínima Moralia: reflexões a partir da vida danificada. São Paulo: Ática,

1993. Berger, Peter L. e Luckmann, Thomas. A Construção Social da Realidade: tratado de sociologia do

conhecimento. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999. Berlinguer, Giovanni. Ética da Saúde. Col. Saúde em Debate, nº 100. São Paulo: Hucitec, 1996. Bobbio, Norberto. Liberalismo e Democracia. 6ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. ________. Qual Socialismo?: debate sobre uma alternativa. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1983. Boutros, Nashaat N.; Clark, David L. The Brain and Behavior. Malden: Blackwell Science, Inc.,

1999. Capra, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1987. Cohn, Amelia; Nunes, Edison; Jacobi, Pedro R.; Karsch, Ursula S. A Saúde como Direito e como

Serviço. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1999. Diggins, Juhn Patrick. Max Weber: a política e o espírito da tragédia. Rio de Janeiro: Record, 1996 LeDoux, J. The Emotional Brain. New York: Simon et Schuster, 1996. Maffesoli, Michel. Elogio da Razão Sensível. Petrópolis: Vozes, 1998. Morin, Edgar. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. Ferraz, Sônia Terra. Cidades Saudáveis: uma urbanidade para 2000. Brasília: Paralelo 15, 1999. Masi, Domenico de. A Emoção e a Regra. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997. Mendes, Eugênio Vilaça. Uma Agenda para a Saúde. São Paulo: Hucitec, 1996. Philippi Jr, Arlindo. Municípios e o Meio Ambiente: Perspectivas para a municipalização da gestão

ambiental do Brasil. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 1999. Platão. Diálogos: apologia de Sócrates, Eutífron, Críton, Fédon. 4ªed.São Paulo: Hemus, s/d. Rhawn, J. Neuropsychology, Neuropsychiatry and Behavior Neurology. New York: Plenum Press, 1989. Simonsen, Mário Henrique. Ensaios Analíticos. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994.

Gestão em Saúde: curso de aperfeiçoamento para dirigentes municipais de saúde: programa de educação à distância. Unidade I Formulação de Políticas. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; Brasília: UnB, 1998.

Gestão em Saúde: curso de aperfeiçoamento para dirigentes municipais de saúde: programa de educação à distância. Unidade III Gestão Operacional de sistemas e serviços de saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; Brasília: UnB, 1998.

Ministério da Saúde. Promoção da Saúde. Ano 1, nº 1, ago/out 1999. Brasília, 1999. Ministério da Saúde. Promoção da Saúde. Ano 1, nº 2, nov/dez 1999. Brasília, 1999.

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Referência bibliográfica Montanhér, Cenir Aparecida da Silva. A Ginástica Expressiva para os Grupos de Hipertensos e

Diabéticos: uma prática facilitadora de mudança de hábitos. Tese de mestrado, em andamento.

Resenha biográfica Joaquim Nogueira da Cruz Neto Secretário Municipal da Saúde de Limeira e Gestor do SUS

Av. Lauro Corrêa da Silva, 3800 Jd. Adélia Cavicchia Grotta CEP 13480-636 Limeira – SP

Fone: (0..19) 440-2602 Fone Fax: (0..19) 441-5042 e-mail: [email protected]

• Médico formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, 1970. Especialidade em neurocirurgia.

• Membro Titular da Academia Brasileira de Neurocirurgia. • Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. • Membro do International College of Surgeons. • Sócio-fundador da PreservAÇÃO – Associação de Proteção ao Meio ambiente de

Limeira, desde 1989. • Membro do Movimento pela Ética na Política – Limeira, em 1992/1993. • Membro do movimento “Ação contra a Fome, a Miséria e pela Vida”, 1993. • Membro da Anistia Internacional, desde 1995. • Secretário Municipal da Saúde de Limeira, 1997/2000. • Presidente do Conselho Municipal da Saúde de Limeira, 1997/2000. • Vice-presidente do Conselho de Defesa do Meio Ambiente de Limeira, 1997/2000 • Gestor do Sistema Único de Saúde de Limeira, desde 1998.

Gráficos e tabelas Gráfico 1 - Recursos aplicados na Saúde

Sistema de Saúde de Limeira - 16

0,00

4.000.000,00

8.000.000,00

12.000.000,00

16.000.000,00

1996 1997 1998 1999

Gastos com Rec. Orçamento

Gastos com Rec. Convênios

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Tabela 1 - Gastos com receita do orçamento e de convênios

Ano/1% 1996 % 1997 % 1998 % 1999 % Rec. Arrecadada 80.662.599,13 93.567.958,77 104.634.728,17 124.580.581,05 Gastos com Rec. Orçamento

7.545.455,96 9,54 9.415.003,11 10,29 13.607.661,54 14,13 11.029.134,24 10,13

Gastos com Rec. Convênios

1.561.796,58 1,97 2.042.249,08 2,23 8.309.021,93 8,63 15.742.250,10 14,46

Total 9.107.252,54 11,51 11.457.252,19 12,52 21.916.683,47 22,76 26.771.384,34 24,59

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Gráfico 2 - Total de Consultas do SUS

224.029

312.226

432.339494.281

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

1996 1997 1998 1999

Gráfico 3 - Exames laboratoriais

103.325111.342

136.047150.010

0

50.000

100.000

150.000

1996 1997 1998 1999

Gráfico 4 - Transporte de pacientes 0

47.697

39.817

73.942

20.000

40.000

60.000

80.000

1997 1998 1999

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Gráfico 5 - Atendimentos feitos pela Assessoria Departamental de Zoonoses

20.92971.068 83.517

604.454

0

200.000

400.000

600.000

1996 1997 1998 1999

Gráfico 6 - Mortalidade infantil

28,52

22,3619,98

16,19

12,3614,22

0

5

10

15

20

25

30

1994 1995 1996 1997 1998 1999

Fonte: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - SEAD www.saude.sp.gov.br/DSAUDE/MORB_MOR/Minf/HTML/Mi_tbh15.htm Gráfico 7 - Avaliação qualitativa dos funcionários da UBS do Jardim Aeroporto

Sistema de Saúde de Limeira - 19

44,5

3,2

10,8

33,7 34

51,7

1,7

8,4

34,6

54,4

1,24,1

0

15

30

45

60

Ótimo Bom Regular Péssimo

MédicosAtendentesEnfermeiras