participaÇÃo cidadà na gestÃo pÚblica: prÁticas e ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf ·...

41
III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998 Participação cidadã na gestão pública: práticas e representações sociais. (Estudo comparativo entre Argentina, Brasil, Chile, Paraguay e Uruguay) Fernando Guilherme Tenório APRESENTAÇÃO O presente Projeto Piloto tem por finalidade apresentar as bases conceituais e metodológicas de um estudo que pretende analisar as formas e significados de participação da cidadania na gestão pública de governos da América do Sul. Dois são os objetivos centrais desta pesquisa: 1) desenvolver estudo conceitual e metodológico sobre as práticas participativas da cidadania na gestão pública; 2) desenvolver metodologia de interação acadêmica entre centros universitários e pesquisadores latino-americanos. A fim de atender estes dois objetivos, o Programa de Estudos em Gestão Social (PEGS), da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da Fundação Getulio Vargas (FGV) ( ver produção do PEGS no Anexo III ( contatou, inicialmente, pesquisadores da Argentina e Chile através das seguintes instituições: Argentina - Instituto Nacional de Administración Pública, Chile - Universidad Central de Chile e Universidad Los Lagos (Puerto Montt). Dado o universo projetado da pesquisa, América do Sul, o grupo de pesquisadores [1] (Argentina, Brasil e Chile), optou por realizar um estudo preliminar que compreende-se municípios de grande e médio porte. Para este Projeto Piloto foram selecionadas, por razões operacionais, as cidades de Buenos Aires, Rio de Janeiro e Santiago do Chile assim como Nova Friburgo (Brasil) e Puerto Montt (Chile), estes últimos, municípios de médio porte. Posteriormente convidamos para participar da segunda reunião de acompanhamento desta experiência o Paraguay ( Escuela de Administración de Negócios (EDAN) da Universidad del Cono Sur de las Américas e Uruguay ( Faculdad de Administración y Ciencias Sociales da Universidad ORT. Esta segunda reunião teve lugar na cidade de Santiago do Chile entre os dias 08 e 10 de junho de 1998. Estes dois países incorporaram-se ao Projeto. [2] A proposta de iniciar uma pesquisa dessa amplitude através de um Projeto Piloto é, de um lado, dimensionar o potencial de estudos comparados com abrangências plurinacionais e, de outro, verificar a possibilidade de transformar o espaço universitário em um espaço público de saberes compromissado com o social. Com o intuíto de descentralizar a execução da pesquisa, cada país deve desenvolver as seguintes estratégias de ação: a) liberdade no uso do referencial teórico e metodológico sem contudo perder de vista os dois objetivos centrais da pesquisa; b) desenvolvimento de suas atividades segundo a capacidade instalada quanto a recursos humanos [3] e materiais [4] porém sincronizados sob um cronograma comum; c) apoio de suas atividades segundo fonte de finaciamento próprio, objetivando ampliá-las para os demais grupos; 1

Upload: others

Post on 18-Jul-2020

19 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Participação cidadã na gestão pública: práticas e representações sociais. (Estudo comparativo entre Argentina, Brasil, Chile, Paraguay e Uruguay)

Fernando Guilherme Tenório

APRESENTAÇÃO

O presente Projeto Piloto tem por finalidade apresentar as bases conceituais e metodológicas de um estudo que pretende analisar as formas e significados de participação da cidadania na gestão pública de governos da América do Sul. Dois são os objetivos centrais desta pesquisa: 1) desenvolver estudo conceitual e metodológico sobre as práticas participativas da cidadania na gestão pública; 2) desenvolver metodologia de interação acadêmica entre centros universitários e pesquisadores latino-americanos.

A fim de atender estes dois objetivos, o Programa de Estudos em Gestão Social (PEGS), da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da Fundação Getulio Vargas (FGV) ( ver produção do PEGS no Anexo III ( contatou, inicialmente, pesquisadores da Argentina e Chile através das seguintes instituições: Argentina - Instituto Nacional de Administración Pública, Chile - Universidad Central de Chile e Universidad Los Lagos (Puerto Montt).

Dado o universo projetado da pesquisa, América do Sul, o grupo de pesquisadores[1] (Argentina, Brasil e Chile), optou por realizar um estudo preliminar que compreende-se municípios de grande e médio porte. Para este Projeto Piloto foram selecionadas, por razões operacionais, as cidades de Buenos Aires, Rio de Janeiro e Santiago do Chile assim como Nova Friburgo (Brasil) e Puerto Montt (Chile), estes últimos, municípios de médio porte.

Posteriormente convidamos para participar da segunda reunião de acompanhamento desta experiência o Paraguay ( Escuela de Administración de Negócios (EDAN) da Universidad del Cono Sur de las Américas e Uruguay ( Faculdad de Administración y Ciencias Sociales da Universidad ORT. Esta segunda reunião teve lugar na cidade de Santiago do Chile entre os dias 08 e 10 de junho de 1998. Estes dois países incorporaram-se ao Projeto.[2]

A proposta de iniciar uma pesquisa dessa amplitude através de um Projeto Piloto é, de um lado, dimensionar o potencial de estudos comparados com abrangências plurinacionais e, de outro, verificar a possibilidade de transformar o espaço universitário em um espaço público de saberes compromissado com o social.

Com o intuíto de descentralizar a execução da pesquisa, cada país deve desenvolver as seguintes estratégias de ação:

a) liberdade no uso do referencial teórico e metodológico sem contudo perder de vista os dois objetivos centrais da pesquisa;

b) desenvolvimento de suas atividades segundo a capacidade instalada quanto a recursos humanos[3] e materiais[4] porém sincronizados sob um cronograma comum;

c) apoio de suas atividades segundo fonte de finaciamento próprio, objetivando ampliá-las para os demais grupos;

1

Page 2: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

d) desenvolvimento de seminários periódicos de monitoração da pesquisa nas cidades de origem das instituições pesquisadoras;

e) compromisso na divulgação conjunta dos resultados alcançados.

1. INTRODUÇÃO

O fim dos regimes ditatoriais na América Latina foi acompanhado pelo surgimento de novas formas de organização dos grupos sociais excluídos pelas elites hegemônicas. As novas organizações se destacavam não apenas por seu ativismo político, como pelo intenso envolvimento dos participantes no processo decisório. Comunidades eclesiais de base, movimentos sociais urbanos, conselhos de fábrica desempenharam um papel importante na transição para a democracia, em função do atendimento de reivindicações populares e do fato de haverem se tornado autênticas "escolas" de prática participativa para a sociedade civil.

A importância atribuída a esses experimentos colaborou para que fossem incluídas, no texto constitucional, garantias à participação popular no controle das ações governamentais e na tomada de decisões concernentes às políticas públicas. Descentralização, cidadania e participação cívica tornaram-se referências obrigatórias nos discursos dos mais variados atores políticos. Passado o entusiasmo inicial, veio o desencantamento. A crença de que as organizações populares e a existência de normas legais que respaldassem sua atuação bastariam para desencadear ações coletivas transformadoras da realidade social foi, aos poucos, substituída pelo ceticismo. Ceticismo que se traduz em um esforço para compreender a realidade social latino-americana, em que uma institucionalidade democrática combina-se com práticas autoritárias e a aparente indiferença cívica de amplos setores da população.

Desenvolvimento e consolidação democrática com participação cidadã têm sido meta de muitos países e estratégias novas vem sendo traçadas para permitir gestões compartilhadas com a sociedade. No entanto, este processo pressupõe um redimensionamento das relações Estado - Sociedade.

O Programa de Estudos em Gestão Social (PEGS) pretende desenvolver pesquisa que visa identificar o conteúdo, as formas e o significado de participação cidadã nas decisões do poder público, a partir do estudo das práticas e percepções de alguns dos principais sujeitos sociais envolvidos no processo de gestão, formulação e implementação de poíticas públicas, em nível municipal.

É dentro de uma perspectiva metodológica que privilegia as relações Sociedade-Estado que se buscará investigar os mecanismos criados, no Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, para ampliar a autonomia dos municípios e os espaços de participação da sociedade na gestão pública. Parte-se do pressuposto, adotado pelos próprios constituíntes, de que a descentralização permite desenvolver novas formas de gestão, mais eficazes no atendimento das necessidades dos diferentes grupos sociais, especialmente daqueles tradicionalmente excluídos dos processos decisórios.

Embora a participação nos processos de gestão municipal seja uma preocupação anterior ao marco histórico da Constituição de 1988, é a partir daí que ela se institucionaliza. Há muito a

2

Page 3: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

questão é objeto da atenção de administradores públicos, pesquisadores sociais e políticos, ampliando as discussões sobre poder local, cidadania e processos de gestão das cidades.

Conhecer esses processos de participação e sua real interferência nas gestões municipais é fundamental para que se possa criar parâmetros úteis aos governantes, legisladores, lideranças partidárias e populares e, sobretudo, para referenciar estudos comparativos em administração pública e permitir o desenvolvimento de metodologia passível de ser aplicada em novas pesquisas.

Esta pesquisa insere-se num projeto mais amplo, conduzido pelas Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Brasil, pela Universidade de Los Lagos, no Chile, Universidad Central de Chile e Instituto Nacional de Administração Pública (INAP) da Argentina, que tem como objeto investigar e comparar as relações entre políticas públicas e participação cidadã, em municipalidades brasileiras, chilenas e argentinas.

Por se tratar de um Projeto Piloto, momento que tem como finalidade avaliar as possibilidades conceituais e metodológicas de um estudo que se pretende mais amplo, o universo da pesquisa ficará restrito aos municípios do Rio de Janeiro e Nova Friburgo no Brasil; Buenos Aires na Argentina; Santiago do Chile e Puerto Montt, no Chile.

1 . 1 - Objetivo geral

Conhecer e analisar as práticas e as representações dos diferentes grupos sociais do município relacionadas à participação, a fim de avaliar o nível de institucionalização das práticas participativas, bem como o grau de homogeneidade/heterogeneidade das percepções dos diferentes grupos quanto ao conteúdo e vivência de tais práticas.

1. 2 - Objetivos específicos

Identificar e analisar os conceitos, formas e níveis de participação cidadã no discurso da literatura acadêmica;

Identificar os mecanismos legais que institucionalizam a participação a nível municipal;

Verificar os modos pelos quais o tema da participação cidadã é apreendido e interpretado por diferentes grupos sociais do município;

Conhecer a prática efetiva da participação nos municípios estudados;

Identificar as áreas de ação municipal nas quais se possa fazer efetiva a participação.

2 - REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 - Contexto político : democracia na América Latina e no Brasil

A trajetória analítica desenvolvida para encontrar as explicações do "déficit democrático" inicia-se com a seguinte indagação: quais as condições necessárias a um sistema político a

3

Page 4: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

fim de garantir a participação[5] e em que medida tais condições se fazem presentes na realidade latino-americana, mais especificamente, no caso brasileiro?

A própria colocação de tal pergunta significa uma decisão prévia quanto a perspectiva adotada na presente proposta de pesquisa sobre as relações entre os dois sujeitos políticos fundamentais (governantes/governados, Estado/cidadãos). Duas posições, segundo BOBBIO (1995: 63-64), têm se degladiado ao longo da história política do Ocidente: uma que parte do ponto de vista do governante (ex parte principis), outra que adota o ponto de vista do governado (ex parte populi).

Longa tradição privilegiou a primeira perspectiva, até que na modernidade européia produziu-se uma reviravolta. A partir da doutrina contratualista, a sociedade política passou a ser entendida como um produto da vontade dos indivíduos, os quais, por acordo mútuo entre iguais, decidem submeter-se a um poder comum. Em contraponto à visão tradicional, a partir do governante, os princípios fundamentais da nova perspectiva são: "liberdade dos cidadãos; prosperidade e felicidade dos indivíduos; direito a resistir às leis injustas; articulação da sociedade política em partes inclusive contrapostas; divisão e contraposição vertical e horizontal dos centros de poder; determinação do mérito dos governos segundo a quantidade de direitos conferidos aos indivíduos" (BOBBIO, 1995: 64).

Consolidou-se uma filosofia política na qual as paixões individuais, antes consideradas como fonte de corrupção da ordem social, poderiam ser colocadas a serviço do bem coletivo, desde que controladas pela razão e racionalidade intrínsecas do indivíduo. Os indivíduos racionais poderiam construir, por si mesmos, uma ordem social propícia ao bem comum, desde que pudessem agir livremente, na consecução de seus próprios interesses, notadamente os vinculados à maximização do bem-estar material:

"O esforço natural de cada indivíduo para melhorar sua própria condição, quando se permite exercê-lo com liberdade e segurança é, a princípio, tão poderoso que ele, sozinho, e sem nenhum auxílio, não somente é capaz de conduzir a sociedade à riqueza e à prosperidade, mas de superar uma centena de obstáculos inoportunos, colocados muito freq�entemente pela loucura das leis humanas para dificultar suas ações" ( SMITH, Adam, apud CARNOY; 1994: 37).

Nesse novo imaginário, o anteriormente proibido - cobiça e avareza - tornava-se virtude, possibilitando que as ações individuais deixassem de ser interpretadas como essencialmente malévolas, para se transfigurarem em atos que, embora de motivação egoísta, poderiam redundar, independente do cálculo original dos sujeitos individuais, em benefícios coletivos.

A mudança realizada implicava em abandonar a concepção de uma sociedade política centrada na atuação coercitiva ou benevolente do Estado, substituída pela de uma sociedade cujos verdadeiros artífices seriam os indivíduos, agora transformados em cidadãos. O Estado legítimo seria aquele que reconhecesse o novo papel do indivíduo e se devotasse a preservá-lo, mediante a proteção de seus direitos e obediência às leis por eles livremente estabelecidas.

Fundados em bases naturais e, portanto, racionais, os alicerces do governo dos indivíduos livres e iguais, caberia, a partir de então, concretizar esse governo mediante o superar de todos os entraves a sua instauração efetiva. O processo de construção da cidadania

4

Page 5: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

desenrolou-se principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, a partir do século XVII, envolvendo três dimensões: direitos civis, direitos políticos e direitos sociais (MARSHALL; 1967).

Os direitos civis compreendem os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade diante da lei. São garantidos através da existência de tribunais de justiça independentes, de acesso a todos os indivíduos. Os direitos políticos referem-se a garantia de participação no exercício do poder público, como membro de um organismo investido de autoridade política ou como eleitor dos membros de tal organismo. São exercitados por meio da possibilidade de discutir os problemas de governo, de realizar manifestações políticas, de organizar partidos, de votar e ser votado. A instituição-chave para garantir tais direitos é o funcionamento de um parlamento livre e representativo. Finalmente, os direitos sociais significam a garantia de um mínimo de bem-estar econômico e de participação na riqueza coletiva. Incluem o direito a educação, ao trabalho, ao salário justo, a saúde e a aposentadoria. Sua vigência depende de mecanismos eficientes de administração pública (CARVALHO; 1995: 10).

O desenvolvimento histórico da cidadania parece referendar a idéia de que "o conflito social moderno diz respeito ao ataque às desigualdades que restringem a participação cívica integral por meios políticos, econômicos ou sociais, e ao estabelecimento de prerrogativas que constituam um status rico e integral de cidadania" (DAHRENDORF; 1992: 52). Os direitos civis constituiriam a base para a reivindicação e extensão dos direitos políticos; a vigência destes possibilitaria a ascensão das classes sociais desfavorecidas ao cenário político, as quais com o seu peso eleitoral e conseq�ente crescimento de sua representação parlamentar obteriam uma legislação minimizadora das desigualdades sócio-econômicas.

A seq�ência tem as características de um drama, em que os indivíduos e grupos da sociedade civil participam ativamente, logrando, de início em oposição ao Estado, depois com a cooperação deste, fazer prevalecer direitos que se reforçam mutuamente e cuja observância deve ser garantida pelo poder público e seu aparato administrativo.[6]

Robert Dahl (1989), analisando características empíricas da evolução de sociedades democráticas mais antigas do Ocidente, destacou alguns aspectos que considera significativos para explicar a estabilidade de tais democracias. O modelo por ele construído vem sendo regularmente utilizado para aferir os pontos fortes e fracos do processo de democratização em diversos países, dentre eles os da América Latina.

O modelo de Robert Dahl realça como condições decisivas para viabilizar as democracias: a) vigência de garantias institucionais no tocante a liberdades de associação, de expressão, de voto, de competição entre as lideranças políticas pelo voto e de elegibilidade para a coisa pública; eleições livres e imparciais, diversidade de fontes de informação; dependência das políticas governamentais em relação ao voto e outras formas de manifestação das preferências dos indivíduos; b) institucionalização dos mencionados direitos antes de sua extensão a maioria da população; c) distribuição equilibrada, entre governo e opositores, dos meios de uso da violência e de sanções econômicas; d) economia agrária com base em camponeses livres ou economia mercantil-industrial descentralizada; d) alto nível de desenvolvimento econômico; e) ausência de desigualdades extremas na distribuição da renda social; f) crença dos atores políticos na legitimidade, estabilidade e eficácia das instituições democráticas.

5

Page 6: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Robert Dahl enfatiza que as democracias mais tradicionais seguiram uma trajetória em que a liberalização, ou seja, a implantação de instituições formais de corte liberal-clássico, precedeu a ampliação do número de participantes na competição política.

Esse caminho, segundo ele, permitiu que as elites hegemônicas pudessem adaptar-se às regras da política competitiva e fazer com que estas fossem assimiladas e aceitas pelos novos participantes, admitidos em ritmo gradual. Quanto mais acelerado o ingresso de novos participantes, menor a oportunidade de adaptação das elites e maior o risco de que demandas longamente reprimidas prejudiquem a aceitação das regras da competição pelos recém-admitidos.

O processo observado, portanto, nas democracias mais estáveis foi o de uma extensão lenta e gradual da participação, que possibilitou transformar as estruturas e formas de dominação oligárquicas em outras propiciadoras da competição política, dando tempo aos diferentes atores para aceitar a legitimidade da competição e de suas regras, lentamente testadas e amadurecidas.

As oportunidades de participação dos indivíduos no processo político aumentaram diretamente com os avanços na esfera econômica. Uma economia desenvolvida, de acordo com Dahl, não apenas podia investir para erradicar o analfabetismo, promover a instrução universal, ampliar as oportunidades de educação superior e de proliferação dos meios de comunicação, como necessitava fazê-lo para reproduzir-se.

O aumento da instrução e da qualificação da mão-de-obra, os sistemas de comunicação mais rápidos e confiáveis e a multiplicação de organizações permanentes e especializadas acabaram por promover uma automática redistribuição dos recursos políticos, entre os diferentes indivíduos, grupos e organizações. Essa redistribuição diminuiu a possibilidade de tratar autoritariamente as demandas dos diversos grupos, forçando à solução negociada dos conflitos e forjando, com o tempo, uma cultura política que legitimava a negociação e a busca do consenso.

Enquanto para Robert Dahl o crescimento e complexificação das economias capitalistas induz à participação da maioria no processo político e contribui para fortalecer mecanismos institucionais de busca da negociação e do consenso, outro grupo de teóricos, influenciados pelas posições de Joseph Schumpetter, acredita que a modernização das economias provoca a necessidade de reduzir o número de participantes do jogo político.

Teorias que privilegiam o elitismo democrático e a lógica cognitivo-instrumental das ações coletivas constituem, hoje, uma abordagem dominante nas questões relacionadas a democracia. A visão que transmitem é a de um Estado que precisa de relativa autonomia para governar, face ao despreparo da maioria dos governados para exercer, de fato, um papel ativo na tomada de decisões referentes às políticas públicas.

Alguns dos principais conteúdos dessas teorias já se encontravam nas doutrinas clássicas e liberais da democracia: a ênfase na importância das decisões e preferências individuais; a concepção da racionalidade cognitivo-instrumental como atributo indispensável à perseguição do auto-interesse; a adoção do mercado capitalista como paradigma das relações políticas.

6

Page 7: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Contrapondo-se aos clássicos, no entanto, os novos teóricos da democracia entendem a racionalidade cognitivo-instrumental como a única racionalidade autêntica, além de desigualmente distribuída entre a população. Como para eles, a democracia é um mecanismo decisório que precisa, para funcionar a contento, operar segundo uma lógica instrumental, nem todos os indivíduos estariam aptos a contribuir para as decisões, presos que se encontram a valores tradicionais. Além do mais, nem todos estariam interessados em informar-se sobre os fatos a serem decididos ou a enfrentar os custos relativos à participação. A não-participação dos "irracionais" e dos "indiferentes" mostra-se benfazeja ao sistema, justificando também o papel decisivo das elites esclarecidas e racionais no governo.

Outro ponto de distanciamento está em que sendo as decisões coletivas, para tais teorias, nada mais do que o agregado de decisões individuais conflitantes, torna-se quimérico imaginar um "bem comum" consensual. Este ficaria relegado ao limbo da normatividade idealista, incompatível com uma lógica impessoal e estritamente instrumental.

Essa concepção, que se pretende realista, do funcionamento das sociedades democráticas, sustenta-se na crença de que a sociedade é apenas um somatório de indivíduos, movidos exclusivamente pela intenção de maximizar suas utilidades singulares. Levada ao extremo, tal racionalidade impede a ação coletiva em busca de bens públicos, pois a atuação individual não apenas exerce influência muito restrita na ação total, como é absolutamente desnecessária, já que tais bens necessariamente estarão disponíveis para usufruto geral e poderão ser utilizados pelo indivíduo omisso na qualidade de "carona". A inércia individual e mesmo de amplos contingentes de indivíduos causa pouco prejuízo, pois a condução dos negócios públicos cabe preferencialmente a profissionais especializados (políticos e tecnoburocratas).

A política passa a ser vista como um mercado no qual os ofertantes (partidos políticos) buscam adequar-se às preferências individuais dos compradores (eleitores), ajustando-se a elas para se manterem no poder. O livre jogo das forças do mercado político assegura seja alcançado o ponto de equilíbrio entre os interesses conflitantes em disputa. A política prescinde de outra norma que não a da liberdade de negociar no mercado político e a argumentação e negociação constituem apanágio dos líderes dos partidos e da burocracia.

Os óbices de tal modelo são, segundo Leonardo Avritzer (1996: 99-114): a) a redução da lógica democrática à "lógica competitiva e adversarial da economia". A esfera política torna-se uma arena, estruturada sobre um conflito permanente. O consenso torna-se algo volátil, sempre transitório e instável, dificultando a preservação de regras que impeçam a degeneração das relações para uma guerra de todos contra todos; b) a convicção de que as elites são portadoras de racionalidade, sem problematizar os limites dessa racionalidade e possíveis desencontros desta com os interesses da cidadania; c) a sujeição a uma racionalidade monológica, calcada exclusivamente na maximização da utilidade individual e dos benefícios materiais, o que além de ignorar a questão dos bens simbólicos, despreza o fato de que as ações sociais podem ser regidas por lógicas alternativas (afetos e tradições, por exemplo); d) o empobrecimento da concepção de democracia, a qual desde suas origens pressupõe um substrato ético de liberdade e igualdade, responsável por grande parte do poder de atração que exerce sobre o imaginário social.

As teorias até aqui examinadas tomam como paradigmas principais as experiências políticas dos Estados Unidos e da Inglaterra, o que as leva a ressaltar como características essenciais

7

Page 8: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

para a existência de um regime político com elevados níveis de participação: a) autonomia da sociedade em relação ao Estado. A fonte de legitimidade do poder político são os indivíduos e grupos sociais, a quem cabem as decisões referentes ao atendimento dos interesses coletivos; b) universalização da cidadania, no âmbito dos Estados-nação, através da extensão dos direitos civis, políticos e sociais; c) presença de instituições estáveis, capazes de assegurar a normatização e vigência dos direitos de cidadania: tribunais independentes, parlamentos escolhidos em eleições competitivas, burocracias públicas subordinadas aos parlamentos e eficazes no provimento de bens coletivos.

Adotando os mesmos pressupostos, muitos cientistas políticos examinam a realidade latino-americana e brasileira, procurando determinar quais os fatores que impediram a construção, neste continente, de democracias obedientes a este modelo ideal.

Raymundo Faoro (1989) entende o regime político do Brasil como intrinsecamente autoritário. A raiz do autoritarismo pode ser encontrada, conforme Faoro, na formação histórica do Estado nacional, a partir da matriz colonial portuguesa. De acordo com ele, "a realidade histórica brasileira demonstra a persistência secular da estrutura patrimonial", na qual "a comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos depois" (FAORO, op. cit.: 733;736).

A predominância dos interesses estatais sobre os da sociedade civil impede que esta possa se constituir na fonte do poder político. Este é monopolizado pela burocracia estatal, que o exerce em função dos próprios interesses. As relações Estado-Sociedade orientam-se pela visão do Estado, cabendo à sociedade um papel dependente e submisso, o que é assegurado seja pela cooptação, seja pelo uso aberto da coerção estatal.

Simon Schwartzman (1988) adota a perspectiva de Faoro, vendo como principal característica do regime político brasileiro a presença de um "Estado neopatrimonial (...) como passivo de uma burocracia administrativa pesada e uma sociedade civil (...) fraca e pouco articulada" (SCHWRTZMAN, op.cit.:14). Esse fator congênito transforma as relações políticas em uma permanente negociação dos diferentes grupos sociais com o Estado para assegurar "sua inclusão (...) nas vias de acesso aos benefícios e privilégios controlados pelo Estado" (Ibidem.:15).

A negociação contínua possibilita que as lideranças políticas mais atuantes sejam cooptadas pelo estamento burocrático, dado que a alternativa, ou seja a recusa em aceitar as regras do jogo político impostas pelo estamento burocrático, seria o alijamento "dos processos políticos e decisórios relativos à distribuição da riqueza social" (Ibidem.:15). A contrapartida da submissão é a vivência cotidiana de comportamentos clandestinos, em que as normas legais são completamente ignoradas ou distorcidas, pois o que realmente importa não é a lei, mas a obtenção dos favores da burocracia estatal: "a vida cotidiana torna-se desprovida de conteúdos éticos e normativos, caracterizando-se por uma situação endêmica de anomia" (Ibidem:16).

O diagnóstico de Wanderley Guilherme dos Santos (1993) assemelha-se aos de Faoro e Schwartzman no que respeita a estreita dependência da sociedade quanto ao Estado para a arbitragem e regulação dos conflitos. Com isso, os diferentes setores sociais precisam, a fim de atender seus interesses, dos favores clientelísticos distribuídos pela burocracia estatal.

8

Page 9: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

A origem do fato residiria no padrão sequencial de constituição das identidades coletivas dos principais agentes da ordem social contemporânea no Brasil. A burocracia estatal, as forças armadas e a intelectualidade tornaram-se atores políticos antes da burguesia e do operariado, o que lhes possibilitou controlar o Estado e determinar as formas de incorporação dos demais atores ao processo político. Essa forma assumiu o caráter de uma relação direta com o Estado, prescindindo da interveniência dos partidos organizados.

O resultado de tal engenharia política foi que a competição entre os interesses de classe passou a realizar-se no interior do aparelho de Estado, favorecendo a transformação da burocracia em mediadora dos conflitos interclasses. "Cidadania regulada" , na qual o regime político assume a forma de um "híbrido institucional que associa uma morfologia poliárquica, excessivamente legisladora e regulatória, a um hobbesianismo social pré-participatório e estatofóbico" (SANTOS, op.cit.:79). O conflito torna-se um aspecto essencial e permanente nesses países, na medida em que o Estado passa a ser compreendido como poder a serviço da instauração de relações assimétricas entre indivíduos e grupos.

Guillermo O'Donnel (1993) entende as democracias latino-americanas, especialmente as do Brasil, Argentina e Peru, como democracias com reduzido grau de institucionalização, quando comparadas com democracias antigas e tradicionais. Caracteriza-as como "democracias delegativas", isto é, marcadas por uma concepção e prática do Executivo em que este, uma vez eleito, julga haver recebido um mandato para fazer o que julgar mais conveniente. A institucionalidade democrática é vista com aversão, pois implicaria em efetivo controle da sociedade sobre as ações dos representantes eleitos.

Combinam-se em tais países, nos anos 80 e 90, os resultados de prolongada crise na eficiência da burocracia estatal, na efetividade da aplicação da lei e na credibilidade das ações estatais. Os aspectos perversos das democracia delegativas sofrem um reforço que acentua o fortalecimento de esferas autônomas de poder, sustentadas na dominação privada, em detrimento dos espaços de dominação pública. Tais países tornam-se, assim, distinguidos por forte heterogeneidade territorial e funcional da cidadania, com resultados danosos às práticas democráticas e a criação de um padrão de relacionamento social fundamentado na lei.

Hélgio Trindade (1985) vê como traço fundamental do sistema político brasileiro o "hibridismo institucional" em que instituições liberais são mantidas sob a hegemonia do autoritarismo. Esse hibridismo surge logo após a Independência, com resultado de uma estratégia deliberada das elites controladoras do aparelho de Estado, herdado do período colonial, visando controlar as forças desintegradoras da nação: elites regionais, detentoras de interesses econômicos feudalizados. O autoritarismo mantém seu caráter integrador mesmo após as Revolução de 1930 e a supremacia de uma forma de acumulação urbano-industrial, na medida em que permite conciliar os interesses das oligarquias rurais com os da burguesia industrial, mantendo afastada da participação política a mão-de-obra do campo e sob controle do aparelho estatal as reivindicações do proletariado urbano.

Uma vertente culturalista de análise política, sem negar a base histórico-institucional do autoritarismo latino-americano, prefere enfatizar a importância do conjunto de crenças e valores socialmente compartilhados para explicar as características peculiares dos sistemas políticos latino-americanos. Assim, segundo tais autores, a persistência de uma ordem

9

Page 10: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

política autoritária na América Latina engendra e dissemina, entre todos os grupos sociais, uma cultura política favorável a práticas autoritárias.

Esse ethos autoritário torna necessário, de acordo com os mesmos autores, em qualquer estudo da realidade política latino-americana, levar em consideração as formas pelas quais os diferentes sujeitos sociais entendem e vivenciam as relações entre os grupos sociais e destes com o Estado. Qualquer análise deve, portanto, examinar o papel mediador da cultura política autoritária, a fim de compreender a lacuna entre instituições formais de cunho liberal-democrático e a persistência de práticas não-democráticas nas relações sociais e políticas (AVRITZER;1996).

Um dos autores mais representativos dessa corrente culturalista é o antropólogo Roberto da Matta (1991). Para ele a noção de cidadania no Brasil não logrou assumir o caráter individual e universalista que adquiriu nos países setentrionais, em função dos "processos históricos e culturais que deram forma à sociedade brasileira" (DA MATTA, op.cit.:82).

Para Roberto Da Matta, "no Brasil a comunidade é necessariamente heterogênea, complementar e hierarquizada", não encontrando sua unidade em indivíduos, mas "em relações e pessoas, famílias e grupos de parentes e amigos" (Ibidem: 84). A cidadania torna-se assim dependente da intermediação dos laços de amizade ou parentesco, que assumem, dentre outras, as formas do compadrio e do clientelismo. Esse "mundo das relações" sobrepõe-se aos interesses de classes e segmentos sociais, criando redes relacionais e elos ideológicos que percorrem todas as vivências cotidianas, produzindo "uma espécie de combate entre o mundo público das leis universais e do mercado e o universo privado da família, dos compadres, parentes e amigos" (Ibidem: 92).

A breve revisão da literatura permite constatar que não se pode privilegiar uma única perspectiva de estudo da realidade política latino-americana, a fim de investigar os óbices ao esforço de institucionalização da democracia e das práticas participativas a ela normalmente associadas. Há necessidade de proceder a uma investigação que contemple não só aspectos jurídico-institucionais, como o modo pelo qual os diferentes grupos sociais dão significado e reconstroem, na prática histórica concreta, conceitos como democracia, participação e cidadania.

2.2 - Participação cidadã: conceito e tipologia

No quadro da democracia representativa, a direção do governo pode ser partilhada com a sociedade, mas não integralmente delegada. É difícil imaginar que o governo, na prática, abra mão de todo o seu poder de decisão. Por vezes, o esforço do governo com vistas à criação de condições para a participação é muito restrito, de maneira que o processo carece de legitimidade.

Renata Villas Bôas (1994) ressalta que a formalização dos canais de participação popular passa pela clara definição de suas atribuições, critérios de representação e regras de funcionamento, e sua riqueza dependerá da dinâmica de funcionamento cotidiano que vai transformando a própria experiência. Em relação a esse ponto, normalmente a sociedade enfrenta os problemas decorrentes do grau ainda incipiente de organização da sociedade civil que dificulta a criação dos canais, questionando a capacidade de ressonância das representações.

10

Page 11: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Bolívar Lamounier (1981) propõe que os canais de representação devem-se tornar mais densos e encontrar novas fórmulas de participação mais ágeis e diferenciados, capazes de suplementar, não de substituir, a participação através de eleições clássicas. Por outra lado, lembra que não pode haver democracia sem processos formais de representação, embora esse discurso resulte, com certa freq�ência, no estímulo a fórmulas corporativistas de consulta, úteis como veículo de informação antecipada aos que formulam políticas públicas, mas escassamente eficazes como mecanismos de controle sobre elas. Igualmente acontece com a retórica plebiscitária, que confunde o entusiasmo da participação com sua efetividade.

O autor reitera que um dos maiores obstáculos à democracia no Brasil é uma certa atitude compartilhada pela direita autoritária e por setores da esquerda, uma visão puramente instrumental dos procedimentos formais da representação, aceitos somente na medida em que abrem maiores possibilidades de ação para grupos específicos.

Nuria Cunill (1991), destaca dois elementos chaves no conceito de participação: a) Intervenção no curso de uma atividade pública e b) Expressão de interesses sociais. A partir destes dois elementos, a autora faz a identificação dos fenômenos que não podem ser considerados como participação cidadã. Conclui que a participação cidadã não é uma alternativa à democracia representativa, mas apenas um complemento à mesma.

Em relação ao primeiro elemento, a autora esclarece que não devem ser considerados participação cidadã os seguintes fenômenos: a participação social, a participação comunitária e as experiências autônomas da sociedade civil. No caso da participação social, os indivíduos formam parte de organizações que nascem na sociedade para defender interesses sociais, e sua relação não é diretamente com o Estado, mas apenas com outras instituições sociais. Ela pode ser considerada participação cidadã salvo quanto se estabeleça uma relação expressa com a atividade pública, que por sua vez transcenda a obtenção de recursos. Quanto à participação comunitária, ainda existindo relações com o Estado, as mesmas são de caráter assistencial, e geralmente são ações voltadas para resolver questões da vida imediata. Por outro lado, as experiências autônomas da sociedade civil, por definição implicam a intervenção de um só sujeito social. A caraterística básica que está em jogo é a autonomia, que, por definição, restringe a interação de dois sujeitos.

As diferenciações que a autora faz em relação a esse primeiro elemento colocam como questão central a relação que se estabelece com o Estado, em termos da interação que surge entre este e a sociedade. O papel da comunidade é o de beneficiário passivo ou de beneficiário ativo; o do Estado é o de propulsor da iniciativa, dando respostas às demandas dos grupos sociais organizados, contribuindo com seus recursos financeiros (FINQUELIEVICH, In: CUNILL: 1991).

Em relação ao segundo elemento, expressão de interesses sociais, a participação cidadã só se circunscreveria à órbita dos interesses particulares radicados na sociedade civil, referidos especificamente a interesses difusos e coletivos. Miguel Sanchez Morón (CUNILL:1991:49) define interesses difusos como uma proteção diversificada de um bem jurídico, público por um lado, e dos cidadãos, por outro. São os chamados direitos sociais, como o direito ao transporte público, direito a saúde, direito ao trabalho, direito à informação, direito à cultura. Os interesses coletivos seriam precisamente os da comunidade, que se caraterizam por sua permanência.

11

Page 12: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Definidos esses conceitos, seriam excluídos da participação cidadã a intervenção dos cidadãos na administração em função da sua especialidade, a participação política, a colaboração entre administrações, os mecanismos de defessa dos cidadãos individuais frente à administração e os escritórios de informação e reclamações.

A participação implica a criação de novos caminhos ou novas relações entre a sociedade civil e a esfera pública. Segundo a autora, depende de quatro fatores, a saber:

a?

Níveis da participação:

Âmbito político

Âmbito da gestão pública

b) Caráter da intervenção dos cidadãos nas atividades e/ou órgãos públicos:

Consultiva e/ou assessora

Resolutiva e fiscalizadora

Participação na execução

c) Caráter dos sujeitos sociais intervenientes:

Direta

Indireta

d) Origem do impulso a participação:

Ação cidadã

Implicação cidadã

Pedro Jacobi (1990: 132), ao propor o conceito de "participação dos cidadãos", coincide com Nuria Cunill (1991) em relação a uns dos elementos que ela aponta para esclarecer o seu conceito, quando enfatiza que se trata de uma forma de intervenção na vida pública com uma motivação social concreta que se exerce de forma direta e de um método de governo baseado num certo nível de institucionalização das relações Estado-Sociedade.

A participação dos cidadãos na gestão municipal pode ter duas modalidades básicas: a) participação setorial, para temas específicos dos quais se encarregam os órgãos setoriais e b) participação territorial, através da descentralização das competências.

Pedro Jacobi enfatiza que as normas de participação dos cidadãos devem definir obrigações públicas e mecanismos legais, como as entidades de interesse municipal, os conselhos

12

Page 13: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

consultivos da cidade e dos distritos, a iniciativa dos cidadãos e as consultas populares por distrito.

O objetivo principal da participação é o de possibilitar o contato mais direto e cotidiano entre os cidadãos e as instituições públicas, de forma a possibilitar que estes considerem os interesses e concepções político-sociais daqueles no processo decisório.

Assim, conforme José Lucena Dantas (1991), a participação envolve uma conduta ativa dos cidadãos nas decisões e ações públicas, na vida da comunidade e nos assuntos de interesse das coletividades de que sejam integrantes.

Segundo Celso Daniel (1994) os canais de participação na gestão local consistem em espaços (institucionalizados ou não) criados pelo Estado com vistas a servir de ponte com a sociedade. Sempre apresentam a característica comum de serem criados pelo Estado, estando por conseguinte, em seu âmbito. Na prática, assumem as mais variadas denominações (comissões, conselhos, fóruns, etc), podendo, inclusive, não apresentar qualquer denominação e mesmo serem permanentes. O autor afirma que o fundamental é ter claro que a participação democrática real só pode existir caso estejam presentes simultaneamente duas condições: um conjunto de cidadãos, entidades ou movimentos sociais dispostos a participar e canais de participação criados pelo Estado.

Por meio da participação, o poder político passa a ser partilhado entre os integrantes do Estado - eleitos pelo povo ou quadros permanentes dos órgãos estatais - e representantes de interesses expressos pela sociedade. A participação na gestão pública, si se pretende democrática, não pode se limitar a esse ou aquele segmento ou classe social. Deve garantir direitos iguais a todos, pois não existe critério possível para a exclusão a priori. Este argumento questiona a imprecisão da expressão participação popular, porque ela sugere a exclusão de segmentos sociais que não fazem parte das chamadas classes populares.

Por outro lado, variadas formas de relação estabelecidas entre a sociedade e o Estado, embora não signifiquem participação direta das decisões, correspondem a processos que, por tornarem o Estado mais permeável à conquista de direitos, podem ser entendidos, em sentido amplo, como momentos de partilha do poder. São os casos, por exemplo, de audiências públicas democráticas ou processos de consulta ou fiscalização sobre ações de governo em canais formais, em reuniões ou assembléias em bairros e entidades. Mas o objetivo de uma gestão democrática, envolve necessariamente conferir aos cidadãos que participam o real direito de decisão, e não apenas consulta. Há uma diferença de qualidade entre espaços de deliberação e consulta que não pode ser subestimada.

Com a aprovação da nova Constituição Federal em 1988, a participação no Brasil adquiriu nova dimensão institucional, provocando a ruptura do modelo clássico da "democracia representativa" pura para introduzir, no ordenamento juridico-constitucional do país, a concepção de "democracia participativa". Estabeleceu, assim os diversos institutos jurídicos que viabilizam a sua prática: a) Plebiscito, b) Referendo, c) Iniciativa popular de legislação (art. 14), José Lucena (1991).

Maria Vitória Benevides (1991:130-136) esclarece que o texto constitucional não estabelece distinção entre referendo e plebiscito, não especifica se as consultas são obrigatórias ou facultativas, assim como não estabelece se o resultado das consultas traduz um

13

Page 14: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

compromisso vinculante ou é meramente indicativo. Da mesma forma, não esclarece quais matérias podem (ou devem) ser objeto de consulta, e conseq�entemente, o que deve ser excluído.

José Lucena (1991: 7) também destaca os diversos dispositivos, contidos nos capítulos dos direitos individuais e coletivos, na organização dos poderes e na ordem social, onde a Constituição abriu espaço à participação direta dos cidadãos ou de representantes comunitários na formulação, planejamento e gestão das políticas públicas.

Os principais institutos constitucionais dessa forma de participação estão assim definidos:

a) Colegiados de Órgãos Públicos (art. 10)

b) Planejamento Público (art. 29, X)

c) Seguridade Social (art. 194, Parágrafo Único, VII)

d) Sistema Único de Saúde (art. 198, I e III)

e)Assistência Social (art. 204, I e II)

f)Ensino Público (art. 206, VI)

g)Cultura (art. 216, Parágrafo 1)

h)Atendimento aos Direitos da Criança e Adolescente (art. 227, Parágrafo 7)

2.3 - Teoria das representações sociais

A elaboração de uma teoria sobre as representações sociais (RS) resulta, principalmente, dos esforços desenvolvidos por psicólogos sociais franceses, liderados por Serge Moscovici que, em 1961, na obra "Le psychanalyse, son image et son public", propôs a retomada e ampliação do conceito de representações coletivas de Emile Durkheim.

Para Serge Moscovici, o conceito de representação social auxilia a explicar diversos fenômenos coletivos das sociedades modernas, caracterizadas pela pluralidade de participação dos indivíduos nos mais diferentes grupos sociais e por forte interação entre indivíduos e grupos. Tais características, segundo ele, contribuem para fazer do estudo das representações um instrumento privilegiado de compreensão das relações entre os mundos individual e social (MOSCOVICI, In: JODELET, op.cit.:99).

Denise Jodelet (1989), procurando sistematizar os resultados de avanços teóricos e experimentais no campo de estudos das representações sociais, destaca que as representações surgem da necessidade sentida pelos indivíduos de resolverem os problemas colocados pelo mundo social. Elas constituem uma "forma de conhecimento socialmente elaborada e partilhada, que tem um objetivo prático e concorre para a construção de uma realidade comum a um conjunto social" (op.cit.:53).

14

Page 15: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

As representações ligam o sujeito a um objeto, seja ele de natureza social, material ou ideal, possibilitando "orientar e organizar as condutas e as comunicações sociais", interferindo também "nos processos de difusão e assimilação de conhecimentos, de desenvolvimento individual e coletivo, de definição das identidades pessoais e sociais" (op.cit.:53).

Jean Claude Abric (In:JODELET,op.cit.:206) entende que as representações se originam de uma complexa combinação entre fatores individuais e relações do indivíduo com as estruturas sociais e ideológicas que permeiam a vida cotidiana. Ele assinala os aspectos cognitivos e relacionais das representações, enfatizando o seu papel na definição de identidades grupais e na orientação das condutas individuais e coletivas. Avança, além disso, no sentido de entender as representações como um sistema composto por um núcleo central, "estável, coerente, resistente à mudança", e um sistema periférico, "que provendo a interface entre a realidade concreta e o sistema central, atualiza e contextualiza constantemente as determinações normativas e de outra forma consensuais deste último, daí resultando a mobilidade, a flexibilidade e a expressão individualizada que igualmente caracterizam as representações sociais" (SÁ, 1996:73).

Caracterizar as RS como uma forma de conhecimento implica a necessidade de estabelecer sua diferenciação quanto a outras formas de conhecimento, tais como a ciência e o mito. Moscovici entende as RS como o resultado de um trabalho de re-elaboração de elementos das ciências, tornando possível produzir um tipo especial de conhecimento. Esse conhecimento especial é o senso comum, senso primitivo ou natural dos indivíduos e grupos da modernidade.

Também há que diferenciar o conceito de RS das opiniões, atitudes, estereótipos e imagens. Ao contrário dessas noções, que se caracterizam pela passividade do sujeito em relação ao objeto e pela abstração dos aspectos relacionais, a representação é uma atividade criativa, que contribui para a interpretação e modelagem do real, produzindo-o e transformando-o.

Esse aspecto é particularmente importante, pois distingue o estudo das RS dos estudos de opiniões/atitudes conduzidos segundo a ótica da psicologia social norte-americana. Enquanto esta parte da pressuposição de que opiniões/atitudes têm sua gênese nas relações interpessoais ou nas experiências elaboradas a nível intrapessoal, a psicosociologia francesa, a partir do conceito de RS, examina a sociedade a partir de uma perspectiva inter-relacional, em que os níveis posicional e ideológico são articulados com os outros dois: intrapessoal e interpessoal (SÁ, op.cit.:17;ANDRADE, op.cit.:46).

O conceito de RS, na verdade, tem um caráter inclusivo, na medida em que as crenças, opiniões, atitudes, imagens, informações, idéias e valores, são entendidos como conteúdos das representações, sendo organizados e articulados no interior destas, além de submetidos a um constante processo de criação e recriação.

As RS devem assim ser estudadas prefencialmente a partir de três dimensões: a informação, a atitude e o campo de representação. A informação remete ao conhecimento disponível por um grupo social a respeito de um determinado objeto. A atitude pressupõe a tomada de posição a respeito do objeto, pois um objeto será representado a partir do momento em que adquirir significado especial ou relevância para o grupo. O campo da representação, por sua vez, remete à articulação das representações de um grupo com as elaboradas por outros grupos sociais (ANDRADE, op.cit.:54).

15

Page 16: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

A partir da teoria das representações sociais é possível vislumbrar-se um novo paradigma de análise do pensamento social, na medida em que sujeito e objeto devem ser compreendidos a partir de um mesmo processo de interestruturação (ANDRADE, op.cit.:46).

Serge Moscovici (1995:10) considera que a conversação, i.e., a comunicação social, é o meio, por excelência, dentro do qual se elaboram as representações sociais. Semin (In: JODELET, op.cit.:246) diz que as representações sociais "circulam, se cruzam e se cristalizam sem cessar através da palavra", enquanto Maria Antonia Alonso de Andrade (1995) diz que embora tanto se expressem na conduta e na comunicação, é nesta última que se expressam preferencialmente: "são os mecanismos e propriedades da linguagem que tornam possível a atividade representativa, portanto (...) o estudo do processo discursivo é uma metodologia privilegiada para o estudo das RS" (Ibidem:81).

3 - METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa a ser adotada deve atender ao objetivo de conhecer a participação cidadã na gestão municipal segundo uma ótica relacional entre práticas e representações sociais.

Em primeiro lugar, procurar-se-á identificar a expressão de práticas e representações no conteúdo da Legislação. O exame das práticas permitirá saber como de fato se dá a experiência da participação, permitindo responder questões como: onde ela acontece? Como? Quem participa? A participação se dá de acordo com o que é previsto em lei? Que tipo de participação vem acontecendo em cada esfera da gestão pública estudada?

O estudo das representações sociais terá como objetivo saber qual a percepção dos grupos pesquisados sobre a participação. Que idéia fazem dela? Quais os significados que lhe são atribuídos? De que modos pode ser vivenciada? Quais as crenças e valores a ela associados?

Muito mais do que apenas saber se a sociedade participa ou não e se o faz na forma prevista em Lei, torna-se necessário: verificar se a participação decorre do descrédito no sistema representativo; saber se a sociedade, o governo e os legisladores acreditam na participação e se há ou não identidade de interesses e visões sobre o assunto; saber, enfim, se a atitude com respeito à participação corresponde a uma compreensão nova do fenômeno e a uma aspiração de todas as partes envolvidas.

A análise das práticas compreenderá:

Análise documental: levantamento e análise de todos os documentos jurídicos, políticos e institucionais relativos a questão da participação na gestão pública do município. Desta forma se poderá saber onde e como é privilegiada a participação nestes documentos;

Pesquisa de campo: a ser realizada através de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas com representantes de todos os grupos de interesse envolvidos. O objetivo é verificar até que ponto a participação cidadã se dá de acordo com o que é previsto na legislação. Serão portanto entrevistados políticos, legisladores, administradores públicos, sindicalistas, representantes de organizações não governamentais e o cidadão comum. Alguns cuidados deverão ser tomados na seleção desses sujeitos. É importante entrevistar sempre pessoas

16

Page 17: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

que lidem o mais diretamente possível com a questão. No caso dos administradores públicos por exemplo, deverão ser entrevistados funcionários de escalões intermediários e que tenham poder de decisão. De acordo com o referencial teórico já descrito serão então analisadas as entrevistas e comparadas com o que pressupõe a documentação.

O produto desta primeira fase da metodologia será o conhecimento da prática de participação: onde e como se dá.

A análise das representações sociais, segunda fase da metodologia, adotará técnicas de pesquisa diferentes, pois o locus privilegiado das representações é o discurso falado. Oriunda da psicologia social, a metodologia de análise das representações baseia-se nas mensagens contidas e transmitidas na linguagem.

Por isso, é preciso que se trabalhe sobre um discurso bastante livre, onde as percepções possam aflorar. Este discurso deve ser sempre provocado por uma questão inicial, aberta, porém testada suficientemente de modo a fazer com que o indivíduo exponha seus sentimentos e reflexões sobre o assunto. A questão inicial nunca deverá ser direta, como numa entrevista fechada, estruturada. Deve apenas induzir o indivíduo a falar sobre a questão.

Este método de análise é o que Laurence Bardin (1977) conceitua como análise de conteúdo. Segundo Laurence Bardin, análise de conteúdo é:

"Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens."

Ainda segundo Laurence Bardin (1977), este conjunto de técnicas envolve:

análise categorial, em que se desmembram e categorizam partes do textos, formando grupamentos análogos (por exemplo: por tema), visando sua análise. É a mais antiga e usada técnica de análise de conteúdo;

análise de avaliação, que objetiva medir "atitudes" do locutor quanto aos objetos de sua fala. É usada para inferir o perfil do emissor através de seu discurso;

análise de enunciação, na qual se considera a comunicação como um processo e não um dado, e em que são observados outros fatores de comunicação, tais como: respiração, movimentos, silêncios, entre outros. Aplica-se, principalmente, na análise de entrevistas não diretivas;

análise de expressão, na qual se investigam as formas de comunicação (os significantes e sua organização) e se procura encontrar traços típicos de discurso e características de seu locutor ou de seu meio. Normalmente aplicada em: investigação de autenticidade de documentos, na psicologia clínica e nos discursos políticos ou os que são suscetíveis de veicular ideologias;

17

Page 18: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

análise de relações, em que se estudam as relações entre os elementos existentes nas mensagens. Também conhecida como análise das co-ocorrências, ou análise das contingências;

análise do discurso, ou análise automática de discurso, na qual se procura atingir os objetivos analíticos através do conhecimento dos processos de produção e de sua ligação com as manifestações semântico-sintáticas das mensagens.

O objetivo desta metodologia é inferir as premissas subjacentes a um enunciado e o modo pelo qual são apreendidas e interpretadas por eventuais receptores, modelando sua percepção a respeito de um determinado objeto.

A aplicação desta metodologia, na presente pesquisa, buscará verificar de que modo o discurso acadêmico e jurídico sobre a participação cidadã repercute em diferentes grupos sociais dos municípios e em que medida contribuem para construir o senso comum desses grupos a respeito do tema.

Quanto aos meios, esta pesquisa será:

bibliográfica - levantamento da bibliografia relativa aos temas envolvidos no estudo, com o objetivo principal de formar o referencial teórico que norteará a pesquisa e conhecer o conteúdo do discurso acadêmico;

documental - levantamento do marco legal sobre participação cidadã no processo decisório relativo às políticas públicas municipais. Para isso serão pesquisados: Constituição Federal de 1988, Constituições estaduais, Leis Orgânicas municipais, bem como leis, decretos e portarias pertinentes ao assunto. Com estes documentos pretende-se conhecer o discurso jurídico-institucional sobre a participação cidadã;

de campo - levantamento das representações sociais dos atores políticos municipais, através de entrevistas semi-estruturadas; aplicação de formulários de identificação do informante; roteiro de entrevistas. Ouvindo os grupos sociais envolvidos ou mesmo aqueles que se negam a participar nos processos decisórios de políticas públicas municipais, espera-se obter um quadro comparativo entre o que pressupõem os discursos jurídico e acadêmico e o que de fato pensam e vivenciam os atores políticos locais. A pesquisa terá caráter qualitativo, não importando, portanto, em um número excessivo de entrevistados.

3.1 - Universo e amostra

O universo da pesquisa neste Projeto Piloto a ser implementado, será os municípios do Rio de Janeiro e Nova Friburgo no Brasil. (As caracterizações dos municípios do Rio de Janeiro e Nova Friburgo encontram-se no Anexo I e II). Buenos Aires na Argentina e Santiago do Chile e Puerto Montt no Chile. A amostra será formada por representantes dos diferentes grupos sociais envolvidos na vida político-administrativa dos Municípios.

3.2 - Seleção de sujeitos

A seleção será feita entre representantes dos grupos sociais que integram a vida social, econômica e política dos municípios. Identificam-se aqui quatro grupos distintos:

18

Page 19: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

legisladores, gestores públicos de alto poder decisório: prefeito, vice-prefeito, secretários e assessores; lideranças políticas da Câmara de Vereadores, partidárias ou não do Poder Executivo local; lideranças de organizações da sociedade civil: empresários, trabalhadores, associações de moradores, organizações não-governamentais e cidadãos selecionados entre pessoas de diferentes extratos da sociedade.

3.3 - Coleta de dados

As informações e dados necessários ao desenvolvimento do projeto serão coletados através dos seguintes procedimentos:

a) na pesquisa bibliográfica - serão coletadas informações que componham o referencial teórico do assunto em: livros, revistas especializadas, anais de encontros ou congressos, na internet, jornais e revistas, dicionários e na legislação vigente sobre a área, que venham a subsidiar esta pesquisa.

Procurar-se-á através desta pesquisa os dados e informações necessárias à composição do referencial teórico sobre o qual serão construídos os conceitos referenciadores da pesquisa.

b) na pesquisa documental - será realizado um levantamento e análise de documentos internos não publicados, tais como; planos de trabalho, programas, projetos e relatórios, dos órgãos responsáveis pela políticas municipais onde a questão da participação cidadã na gestão municipal esteja envolvida.

Com este meio de pesquisa procurar-se-á identificar, descrever e analisar como estas ações foram planejadas e qual foi sua realidade no campo de ação.

c) na pesquisa de campo - utilizará como instrumento a técnica de entrevistas semi-estruturadas, onde serão exploradas questões específicas com o entrevistado, procurando-se aí esclarecer dúvidas surgidas nas pesquisas bibliográfica e documental, além de checar inferências já realizadas.

3.4 - Tratamento e análise de dados

Os dados serão tratados de forma qualitativa, uma vez que tanto no caso da análise das práticas como na fase da análise das representações sociais, importa saber sobre como se dá a participação social na gestão municipal, não importando uma avaliação quantitativa desta participação. No caso da análise de conteúdo a análise seguirá o seguinte esquema:

A primeira fase, chamada leitura vertical ou intradiscurso, tem como objetivo o estudo do fluxo e da estrutura do discurso. Trata-se da análise qualitativa das entrevistas, que deverá ser feita de forma exaustiva, partindo do princípio de que todo o discurso é significativo, inclusive o silêncio. Para tanto, deverão ser transcritas todas as entrevistas e feitas diversas leituras analíticas das transcrições, onde tudo deve ser anotado, inclusive inflexões e pausas. Em seguida, serão construídos esquemas gráficos que contêm todo o fluxo do discurso e que são chamadas árvores.

A segunda fase, chamada análise horizontal, compreende a comparação entre as entrevistas e visa estabelecer as ligações entre os vários feixes de relações, o que fará surgir o sentido

19

Page 20: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

atribuído ao objeto da pesquisa. Este sistema de relações constitui o campo das representações sociais.

3.5 - Etapas principais para realização da pesquisa

Primeira:

Seminário no Rio de Janeiro com representantes da Argentina e Chile, para discussão dos temas que compõem o marco teórico, metodológico e definição de estratégias da pesquisa.

Estudo da legislação federal e municipal compreendendo: a Constituição do Brasil, Constituição do Estado do Rio de Janeiro, a Lei Orgânica do Município, a Lei Orgânica da Saúde, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros institutos jurídicos.[7]

Seminários internos[8] para elaboração dos roteiros de entrevistas, ajustes na programação e outras necessidades da pesquisa quanto a conteúdo, metodologia e forma.

Pesquisa de campo com entrevistas aos sujeitos selecionados, objetivando validar métodos e instrumento.

Seminário interno para acompanhamento e divulgação dos primeiros resultados.

Elaboração de relatórios parciais (2).

Segunda ( fase preliminar do estudo comparativo):

Preparação do Seminário para Santiago do Chile com a definição da metologia de comparação dos resultados preliminares.

Realização de Seminário no Chile, com todos os grupos envolvidos no Projeto Piloto, a fim de comparar as experiências preliminares quanto a metodologia e instrumentos da pesquisa.

Terceira (desenvolvimento da fase anterior):

Pesquisa de campo com entrevistas com sujeitos selecionados.

Consolidação e análise das entrevistas.

Confronto dos resultados das entrevistas com a legislação pertinente.

Seminário interno de consolidação preliminar do Projeto-Piloto.

Quarta:

Realização de Seminário em Buenos Aires para acompanhamento final do Projeto Piloto e definição de estratégias de continuação da Pesquisa.

20

Page 21: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

4 - CRONOGRAMA GERAL

Atividades:

A - Elaboração do referencial teórico e metodológico.

B - Levantamento da legislação.

C - Levantamentos das práticas.

D - Análise das representações.

E - Relatórios parciais.

F - Análise comparativa.

Atividade Argentina Brasil Chile Paraguay Uruguay

A Nov./98 Ok. Ok. Nov./98 Nov./98

B Nov./98 Ok. Ok. Nov./98 Nov./98

C Mai./99 Nov./98 Nov./98 Mai./99 Mai./99

D Ago./99 May./99 May./99 Ago./99 Ago./99

E Nov./99 Nov./99 Nov./99 Nov./99 Nov./99

F Mai./2000 Idem Idem Idem Idem

Obs.: As reuniões de acompanhamento tem a seguinte previsão: -

Buenos Aires (Argentina): novembro de 1998. -

Assunção (Paraguay): maio de 1999. -

Montivideo (Uruguay): novembro de 1999. -

Rio de Janeiro (Brasil): maio de 2000. -

Estas atividades já foram realizadas por Brasil e Chile entre os 2§ semestre de 1997 e 1ø semestre de 1998. -

Já foram realizados dois seminários: 1§ Rio de Janeiro (Dez./97) e Santiago de Chile (Mai./98).

21

Page 22: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

5 - EQUIPE DO PROJETO PILOTO[9]

Coordenação: Prof. Dr. Fernando Guilherme Tenório

Pesquisador Senior: Prof. Frederico Lustosa da Costa

Pesquisadores Juniores:

- Augusto Paulo G. Cunha

- Gylcilene Ribeiro Storino

- José Antonio Barros Alves

- Lessandra da Silva

- Martha Maria Freitas da Costa

- Zuglemia del Carmem Hildago

Assistente de Pesquisa:

- Luciano Cerqueira

Alunos do Curso de Mestrado em Administração Pública da FGV/EBAP

Bolsista de iniciação científica (PIBIC/CNPq).

5.1 - Equipe prevista (Brasil) para continuar o Projeto até o ano 2000 -

1 Coordenador -

1 Pesquisador Senior -

2 Pesquisadores Assistente I -

2 Pesquisadores Assistente II

6. ORÇAMENTO

Total de recursos financeiros previstos para o primeiro ano da pesquisa é de:

- U$108.196 (R$129.836).

7 - BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Maria Antonia Alonso de. As representaçõpes sociais da política. Brasília: Universidade de Brasília, Tese de Doutorado em Sociologia, 1995. (mimeo.)

22

Page 23: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

AVRITZER, Leonardo. A moralidade da democracia. São Paulo: Perspectiva, 1996.

BAÊTA, Adelaide Maria Coelho. Administração municipal e descentralização política: notas para uma discussão. Revista de Administração Pública /FGV Rio de Janeiro: n. 4, 1989.

BAQUERO , Cesar Marcello. Participação política na América Latina: problemas de conceituação. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, n. 53, jul/1981, pp.7-34.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Persona, 1977.

BENEVIDES, Maria Vitória. Democracia e Cidadania. Polis:. Instituto de Estudos, Formação e Assesoria em Políticas Sociais, n. 14,.1994.

BITTAR, Jorge (org.). O modo petista de governar. São Paulo: Partido dos Trabalhadores - Diretório Regional de São Paulo, 1992.

BOAS, Renata Villas e TELLES, Vera. Poder Local, Participação Popular, Construção da Cidadania. Fórum Nacional de Participação Popular nas Administrações Municipais. Rio de Janeiro: FASE , n. 1 ,1995.

BOBBIO, Norberto.. Estado, governo, sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

CARNOY, Martin.. Estado e teoria política. Campinas: Papirus, 1994.

CARVALHO, José Murilo de. Desenvolvimento de la ciudadanía en Brasil. México: Fondo de Cultura Económica, 1995.

CHARTIER, Roger. A história hoje: dúvidas, desafios, propostas. Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, n. 13, 1994.

CKAGNAZOROFF, Ivan Beck. A nova Constituição - uma nova administração municipal. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: número 4, 1989.

CUNILL, Nuria. Participación Ciudadana. Dilemas y perspectivas para la democratización de los Estados Latinoamericanos. Caracas: Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo (CLAD) 1991.

DA MATTA, Roberto. A casa e a rua. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,1991.

DAHL, Robert A. La poliarquia: participación y oposición. Madrid: Tecnos, 1989.

DAHRENDORF, Ralf. O conflito social moderno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1992.

DANIEL, Celso. Gestão Local e Participação da Sociedade. Polis. Instituto de Estudos, Formação e Assesoria em Políticas Sociais. N 14,1994.

23

Page 24: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

DAVIDOVICH, Fany. Poder local e município, algumas considerações. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: n 1, 1993.

DEMO, Pedro. Participação e planejamento. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 3, 1991.

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 13¦ ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1996.

FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 8. ed. Rio de janeiro: Globo, 1989.

FERNANDES, Rubem Cezar. Privado poder público: o terceiro setor na América Latina. Rio de Janeiro: Relume-Dumara, 1994.

FILHO, José Rodrigues. Participação Comunitária e descentralização dos serviços de saúde. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: n. 3, 1992.

FISCHER, Tânia (Org). Gestão contemporânea: cidades estratégias e organizações locais. Rio de Janeiro: FGV,1996.

FISCHER, Tânia. Poder Local: Um tema em análise. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 4, 1992.

________ O Poder local no Brasil: temas de pesquisas e desafios da transição. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: n. 2, 1991.

________ e TEIXEIRA, Angela. Poder Local e participação Espanha/Brasil - perspectivas constitucionais, avanços e limites. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: n. 4, 1989.

FREY, Klaus. Crise do estado e estilos de gestão municipal. , Lua Nova- Revista de Cultura e Política. São Paulo: Cedec, 1996, pp. 107-138.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. 3¦ ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GONZAGA, Adriana e RANGEL Ronaldo. Cidadania, município e movimentos sociais: o caso do município de Vitória. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 4, 1996.

GUARECHE, P. & JOVCHENOLOVITCH, Sandra (org.) Textoos em representações sociais. Petrópolis: Vozes, 1996.

JACOBI, Pedro. Descentralização Municipal e Participação dos Cidadãos: Apontamentos para o debate. Revista Lua Nova. São Paulo: Maio/90, N. 20.

JODELET, Denise (org.). Les representations sociales. Paris: PUF, 1989.

LAMOUNIER, Bolivar, WEFFORT, Francisco C., BENEVIDES, Maria Vitoria (organizadores). Direito, cidadania e participação. São Paulo: Queirós, 1981.

24

Page 25: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

LEPETIT, Bernard (org.) Les formes de l' experience. Paris: Albin Michel, 1995.

LUCENA DANTAS, José. O Direito da Participação na Constituição Federal de 1988. Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais. Rio de Janeiro:1991.

MACEDO, Marcelo Hernandez. Cidadanias: relações de atendimento nos serviços públicos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, Tese de Mestrado, 1995. (mimeo)

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

MEDEIROS, Antônio Carlos e FILHO, Arlindo Villaschi. O Brasil urbano - perspectiva político-institucional da urbanização brasileira. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n.1, 1990.

MELLO, Diogo Lordello de. O governo municipal brasileiro: uma visão comparativa com outros países. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 4, 1993.

MENDES, Eugênio Lima. Participação Popular e Governo: algumas questões teóricas, conceituais e práticas. In: Anais do XVIII Encontro Anual da ANPAD. Curitiba: ANPAD, 1994.

MENDONÇA, Luís Eduardo Cavalheira. Administração participativa: onde estão as resistências? Revista Brasileira de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 3, 1992.

_________ . A participação do cidadão nas decisões da Administração Pública. Cadernos EBAP, Rio de Janeiro: março de 1994.

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Diagnóstico da Cidade do Rio de Janeiro. Rio sempre Rio. Relatório da Fase do Processo de Diagnóstico do Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 1996.

O'DONNEL, Guillhermo. Estado, democratização e alguns problemas conceituais. Novos Estudos. São Paulo: Cebrap, n.36, jul./93, 1993, pp.123-145.

PIGNATON, Fernando João - O Processo participativo e o poder local em Vila Velha -ES (de 1983-1987). Vitória: IBAM Instituto brasileiro de Administração municipal, Monografia, 1992.

RIBEIRO, Carlos A C. e SIMON, Walter. Políticas Orçamentárias participativas: um estudo de caso de prefeituras paulistas. Rio de Janeiro: RAP/FGV, número 1, 1993.

RÍMOLO, Leonardo. La Reforma del Estado: Reto dela Democracia.: Revista del Clad, n§7, Janeiro, 1997.

SÁ, Celso Pereira de. Os núcleos centrais das representações sociais. Petrópolis, Vozes, 1996.

SANTOS, Wanderley Guilherme dos.(1993). Razões da desordem. Rio de Janeiro, Rocco.

25

Page 26: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

SCHWARTZMAN, Simon.(1988). Bases do autoritarismo brasileiro. 3.ed. Rio de Janeiro, Campus.

SILVA, Paulo R. Guimarães e D'ARC HélŠne RiviŠre. Participação Social: instrumento de gestão pública ? Elementos para um debate sobre gestão de cidades brasileiras. Quais as perspectivas nos anos 90? Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro: RAP/FGV, número 2, 1996.

SOUZA, Celina Maria de e MEDEIROS, Antônio Carlos de. Gestão do território versus estrutura de solidariedade e autoridade. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 3, 1993.

______. Política Urbana e participação popular. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 4, 1989.

SOUZA, Izabel R. Gomes. A estratégia participativa da Administração Pública. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: EBAP/FGV. Jan./Mar, 1987.

SPINK, M. J. P.. A cidadania em construção: uma reflexão interdisciplinar. São Paulo: Cortez, 1994.

TEIXEIRA, S. Fleury. Cidadania, direitos sociais e Estado. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: RAP/FGV, 20(04):115-40, out/dez., 1996.

TELLES, Vera. Poder local, participação popular, construção da cidadania. Brasil. Fórum nacional de participação popular: na administração municipal. 1995.

TENÓRIO, Fernando G. Pesquisa, Cidadania, e Poder Local. Gestão Participativa: Estudos de casos e metodologia de pesquisa. Cadernos EBAP, n. 70. Rio de Janeiro: EBAP/FGV. Agosto 1994.

TENÓRIO, Fernando Guilherme e CARVALHO, Helenice Feijó de. Projetos Comunitários: Elaborando um referencial teórico. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 3, 1991.

_______ O mito da participação. Rio de Janeiro: RAP/FGV, n. 3, 1990.

TRINDADE, Hélgio. Bases da democracia brasileira: lógica liberal e práxis autoritária( 1822/1945). In: Alain Rouquié, Bolívar Lamounier & Jorge Schvarzer ( organizadores). Como renascem as democracias. São Paulo: Brasiliense, 1985, pp. 46-72.

UTZIG, José Eduardo. Notas sobre o Governo do PT em Porto Alegre. Novos Estudos, CEBRAP, N§ 45, julho de 1996, pp. 209-221.

VERGARA, Sylvia Constant. Tipos de Pesquisa em Administração. Cadernos EBAP, n. 52, 1990. '

_______ . Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 1997.

26

Page 27: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

VILLAS BÔAS, Renata. Os Canais Institucionais de Participação Popular. Polis. Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais, n. 14,1994.

NOTAS

[1] . São os seguintes os coordenadores da pesquisa: Argentina - Prof. Hugo H. Chumbita, Brasil - Prof. Fernando Guilherme Tenório e Chile - Prof¦ Margarita Alicia L. Corvalan e Alejandro Handschuh. Texto

[2] . São os seguintes os coordenadores da pesquisa: Paraguay - Prof. José Villalba e Uruguay - Prof. Jorge Papadópulos. Texto

[3] . Professores, pesquisadores e alunos dos cursos regulares das instituições envolvidas. Texto

[4] . Fax, correio eletrônico e outros meios de comunicação que facilitem o intercâmbio de informações. Texto

[5] . O termo participação aqui adotado refere-se a possibilidade de que indivíduos ou grupos sociais possam intervir, em favor de seus interesses, nas decisões relacionadas a escolha e gestão de políticas públicas, independente do caráter convencional ou não convencional de tal intervenção. Cf. BAQUERO , Cesar Marcello. "Participação política na América Latina: problemas de conceituação". Belo Horizonte, Revista Brasileira de Estudos Políticos, n. 53, jul./ 81, pp.7-34. Texto

[6] . A acepção de sociedade política, ex parte populi, tem, geralmente, uma conotação axiológica positiva, denotando o campo de interações sociais livres de regulamentação estatal e, portanto, espaço de afirmação dos direitos de indivíduos livres e racionais contra os poderes coercitivos encarnados no Estado. Cf. BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade. São Paulo, Paz e Terra, 1995, pp. 33-52; CARNOY, Martin. Estado e teoria política. Campinas, Papirus, 1994,pp. 19-61. Texto

[7] . No caso do Brasil. Texto

[8] . Seminários internos significam encontros periódicos da equipe de pesquisadores. Texto

[9] . No Brasil. Texto

[10] . Fonte: IBGE. Censo demográfico de 1991. Texto

[11] . Fonte: Diagnóstico da cidade do Rio de Janeiro, prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1996. Texto

[12] Esta experiência resultou na publicação dos seguintes livros: Elaboração de projetos comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995. (2¦ edição); Administração de projetos comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995; e Avaliação de projetos comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995. (Vide item sobre livros publicados pelo PEGS). Texto

27

Page 28: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998 [13] Esta pesquisa já foi desenvolvida no ano de 1997 e segue neste ano de 1998. Texto

[14] O resultado desta pesquisa está descrita no Capítulo 3 do livro Gestão social: metodologia e casos (vide item sobre livros publicados pelo PEGS). Texto

[15] O resultado desta pesquisa está descrita no Capítulo 4 do livro Gestão social: metodologia e casos (vide item sobre livros publicados pelo PEGS). Texto

[16] Esta pesquisa desenvolveu-se simultaneamente com a execução do Curso de Elaboração de Projetos Comunitários, que resultou na publicação do livro Elaboração de projetos comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995 (2¦ edição). Texto

[17] Idem, do livro Administração de projetos comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995. Texto

[18] Idem, do livro Avaliação de projetos comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995. Texto

[19] Pesquisa que resultou na publicação do livro: Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. Texto

[20] Estes três cursos , 1), 2) e 3), foram desenvolvidos no âmbito do Escritório Modelo de Gestão de projetos comunitários. Texto

28

Page 29: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

A N E X O S

ANEXO I : Caracterização do Município do Rio de Janeiro

Fundada em 1565, a Cidade do Rio de Janeiro foi durante dois séculos a capital do país. Em 1960, com a fundação de Brasília é transformada em cidade-estado, situação que perdurou até 1974 quando, após a fusão entre o Estado da Guanabara e o antigo Estado do Rio de Janeiro, tornou-se a capital do novo estado.

Com um contingente populacional que a coloca entre as vinte mais populosas do mundo é, na América Latina, a quarta cidade de maior concentração populacional metropolitana depois das cidades do México, São Paulo e Buenos Aires. O Rio de Janeiro é o segundo mercado consumidor do País, com uma população de 9.8 milhões de habitantes[10] e se caracteriza por concentrar 76.6% da população do Estado.

Localizado na área de maior desenvolvimento econômico do país - região sudeste - o Rio de Janeiro, próximo dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, num raio de 500 km está diretamente ligado ao mais movimentado eixo rodoviário e comercial do País. Possui sistema portuário e de aeroportos com terminais domésticos e internacionais o que consolida sua já tradicional posição de grande entreposto comercial. O novo porto de Sepetiba, deverá devolver ao Rio de Janeiro sua situação de privilégio como grande porto de entrada e saída comercial do país.

Possui aeroportos ao nível do mar, sendo seu aeroporto internacional capaz de receber aeronaves de grande porte. Embora seu terminal de cargas esteja hoje sobrecarregado, em breve será substituído por outro já em construção. Da mesma forma, o aeroporto vem sendo ampliado.

Desde que perdeu o status de Capital Federal, o Rio de Janeiro começou a viver algumas sérias crises sociais e econômicas. Precisou redescobrir seu papel na economia e na estrutura política do país e esse processo vem tendo um elevado custo social, agravado nos últimos anos devido aos impactos do programa de estabilização e da desregulamentação dos mercados sobre os setores produtivos, o sistema financeiro e o consumo.

Potencialmente, o Rio de Janeiro poderá tornar-se um dos mais importantes pólos turísticos do Brasil, por suas singulares e privilegiadas características de beleza física, facilidades de circulação e de comunicações. Seu potencial turístico, mesmo superficialmente explorado, faz do Rio de Janeiro, porta de entrada para o Brasil e o torna um de seus ícones de paraíso tropical. Desta forma, suas chances de tornar-se um dos grandes centros na área de prestação de serviços são expressivas e merecendo atenção especial gerando grande quantidade de empregos.

A indústria no Rio de Janeiro é essencialmente urbana. Potencialmente é essa indústria de baixa agressividade ao meio ambiente, e forte em inovação e sofisticação tecnológica a que mais cresce na cidade e oferece empregos. Seu amplo litoral determinou desde sua fundação uma forte especialização no campo dos reparos e construção naval. Em decorrência desta tendência, toda uma gama de indústrias ligadas à área mantém-se na região.

29

Page 30: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

No entanto, o Rio de Janeiro convive com uma crítica situação de crise nos setores de educação e saúde, segurança pública e infra-estrutura urbana. Grupos organizados da sociedade procuram interferir nas decisões do poder público e reivindicar soluções para os problemas mais graves da cidade e que afetam tanto sua população. As soluções são urgentes para os problemas que inviabilizam a vida na cidade e o desenvolvimento pleno de suas potencialidades.

A violência urbana crescente, agravada pela crise gerada pelas desigualdades sociais, coloca o Rio numa situação crítica com relação as suas potencialidades. O Rio é tradicionalmente um ponto de referência para todo o país, mas também para o exterior. O que acontece no Rio de Janeiro, pode alterar sensivelmente a imagem do país no mundo. Isto preocupa o poder público e a população, pois o Rio é polo de atração e distribuição de serviços.

O Mercosul, abre para o município do Rio de Janeiro novas possibilidades. Reforça sua posição de entreposto comercial e centro emanador de produção de uma cultura urbana que influencia todo o país e que já repercute nos países vinculados ao acordo. O comércio internacional é uma das maiores vocações da cidade. Ainda é responsável por grande parte dos empregos.

A despeito dos investimentos feitos na área de saúde e das buscas empreendidas nos últimos anos de modelos adequados de gestão, o Rio de Janeiro ainda carece de leitos, profissionais e equipamentos para que seu sistema de saúde atinja o nível desejado de atendimento à uma demanda em crescimento. O atendimento primário à saúde, objeto dos postos de saúde, constitui ainda grave questão não resolvida, pesando sobre os hospitais uma demanda que não lhe compete atender e para a qual não está preparado. Questões graves de saúde pública hoje se concentram sobre o Rio de Janeiro agravando este quadro. A tuberculose, a leptospirose, a dengue e outras epidemias, consideradas, anos atrás, como controladas, alarmam a população e deixam expostas as fragilidades do setor.

Embora tenha uma rede física destinada ao ensino básico, suficiente para toda a população, a queda na freq�ência escolar após os três primeiros anos na escola, é muito elevada no Rio de Janeiro. A posição privilegiada do Rio de Janeiro, com uma das mais elevadas taxas de população com mais de 8 anos de estudo, não chega a ser significativa frente a grave situação da baixa escolaridade em todo o país. Além disso, a carência de opções no ensino médio e no ensino técnico ainda é responsável pela desqualificação profissional de grande parte da população, dificultando o acesso ao emprego.

A crise do emprego que afeta todo o país reflete-se no Rio de Janeiro. No entanto, por ter a cidade um forte setor de serviços com grande tendência ao crescimento através do turismo e conseq�entemente do lazer, do entretenimento e dos serviços urbanos, a crise enfrentada pela cidade é menos alarmante que em muitos outros centros urbanos do país. O excedente de mão-de-obra desempregada dedica-se, de modo geral no Rio de Janeiro, ao setor informal da economia e hoje chega a empregar 30% a 40% da população, concentrada principalmente no centro da cidade e nos bairros mais próximos da atividade comercial.[11] A solução da questão do emprego na cidade do Rio de Janeiro, depende ainda do crescimento de vários setores, especialmente o de serviços. Depende também, da solução dos graves problemas de educação e saúde geradores das maiores distâncias sociais.

30

Page 31: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

ANEXO II : Caracterização do Município de Nova Friburgo

A Vila de Nova Friburgo foi fundada em 03 de janeiro de 1820, por decreto real, com a instalação de 260 famílias suíças. Em 1824 agregaram-se a este núcleo imigrantes alemães, italianos, portugueses e libaneses.

Um rápido progresso elevou Nova Friburgo à categoria de cidade em 1890. Atualmente, as funções de centro industrial, área turística e zona de produção rural fazem com que seja o pólo regional da Região Serrana do Estado Rio de Janeiro.

Sua extensão territorial é de 1.009 km2. Localiza-se a 137 km do Rio de Janeiro. A sede do município atinge 846 metros de altitude e o clima é tropical e de temperaturas amenas, com médias de 18§ C (13§ C no inverno e 24§ no verão). O índice pluviométrico anual é de 1.497mm, com estações mais secas em junho, julho e agosto.

De acordo com dados da Fundação Estadual do Meio-Ambiente (FEEMA) (1990), o município apresenta problemas críticos de erosão do solo, desmatamentos, ocupação de encostas com loteamentos em áreas frágeis, inundações e enchentes, disposição de resíduos sólidos e deslizamentos de encostas. Também são apontados como problemas graves a deficiência do sistema de esgotamento sanitário, a degradação de áreas de preservação, os refúgios de flora e fauna ameaçados e a poluição das águas.

A população do município, de acordo com os dados do censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1991, é de 167.081 habitantes, com densidade de 166 habitantes por km2, sendo que 86,4% reside na zona urbana, indicando um índice de urbanização superior à média regional, que é de cerca de 60%.

A população é predominantemente jovem, sendo 18,3% compostos de pessoas com menos de dez anos (8,8% menores de cinco anos e 9,5% de cinco a nove anos) e 19,3% na faixa etária de dez a 19 anos. A população idosa, com mais de 65 anos, corresponde a 5,7% e o contingente em idade produtiva, de 15 a 59 anos, representa 62,7%.

O município é um importante centro de têxteis e vestuário, tendo sido implantadas as primeiras indústrias em 1824, pelos colonos alemães. Destacam-se na produção industrial, as fábricas têxteis, com 34% do valor da produção industrial, a de calçados e artefatos de tecidos que detem 19%, a metalúrgica com 10%, a de materiais plásticos, também com 10% e a mecânica com 8%. Quanto ao setor terciário, o comércio varejista se destaca com 83% do valor total das vendas em 1985. No setor de serviços, os serviços de alimentação com 41% e o de alojamentos, com 17% do total da renda no setor, foram os que mais se destacaram, expressando a importância do turismo para o município.

Da população economicamente ativa (PEA), empregada em 1980, 10% estavam no setor primário (agricultura e pecuária), 39% no secundário (indústria e construção civil) e 51% no setor terciário ( prestação de serviços e comércio).

Na área da educação, possui uma sólida rede de ensino e a taxa de alfabetização de 85%. Em 1988 possuía 184 estabelecimentos de ensino, sendo 86 municipais, 59 estaduais, um federal e 38 particulares, com 28.000 alunos matriculados do pré-escolar ao 2§ grau, 69% na rede pública.

31

Page 32: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Quanto à área da saúde, dispõe de 14 unidades ambulatoriais públicas e dois hospitais sob gestão pública. Devido ao papel histórico de município pólo, a cidade recebe um grande número de usuários de outros municípios que recorrem ao seu sistema de saúde. Existem, no Município, 45.235 domicílios, com uma média de 3,66 pessoas residentes por domicílio.

Quanto à instalação sanitária, Nova Friburgo tem uma situação peculiar em relação à região e ao Estado, por possuir um sistema municipal com uma extensa rede geral de escoamento, que serve a 76,2% dos domicílios do Município.

Apesar do alto índice de domicílios ligados à rede geral, o Município não possui nenhuma estação de tratamento de esgoto e todo escoamento da rede é feito diretamente nos rios, comprometendo severamente todo o sistema pluvial.

32

Page 33: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Fundação Getulio Vargas

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

P E G S PROGRAMA DE ESTUDOS EM GESTÃO SOCIAL

- P r o d u ç ã o - Coord.: Fernando G. Tenório

1998

APRESENTAÇÃO

O Programa de Estudos em Gestão Social (PEGS) é uma linha de pesquisa desenvolvida no âmbito da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da Fundação Getulio Vargas (FGV). O objetivo central do PEGS é publicar estudos, realizar projetos de capacitação e cooperação técnica em gestão social que promovam a democratização das relações Sociedade-Estado e Trabalho-Capital.

O conceito de gestão social utilizado pelo PEGS privilegia a participação da cidadania nas suas ações e/ou demandas junto ao setor público assim como nas suas ações e/ou demandas junto ao setor privado. Este conceito parte do pressuposto de que exista uma esfera pública de articulação de opinião, crítica e transformação entre os diferentes sujeitos sociais de um dado contexto sócio-econômico.

A fim de atender esta proposta conceitual, o PEGS vêm desde 1990, quando iniciou suas atividades, desenvolvendo suas ações com a participação direta de alunos do Curso de Mestrado em Administração Pública da EBAP/FGV através de projetos de pesquisa, ensino e assessoria, atendendo a dois objetivos: 1) transferir tecnologias em gestão social; 2) promover a prática dos mestrandos em gestão social.

A metodologia utilizada para implementar estes objetivos está, predominantemente, associada ao conceito de pesquisa-ação no qual os pesquisadores têm um envolvimento orgânico e uma relação intersubjetiva com os sujeitos sociais integrantes do processo.

PRODUÇÃO DO PEGS

Pesquisas em andamento (1998):

1) Participação cidadã na gestão pública: práticas e representações sociais (Projeto Piloto)

Apoio:

- Fundação Kellogg (1§ seminário de monitoramento - Rio de Janeiro)

- Fundação João Goulart (2§ seminário de monitoramento - Santiago do Chile)

2) Banco de dados sobre as relações Trabalho-Capital e Sociedade-Estado

33

Page 34: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

3) Escritório modelo de gestão de projetos comunitários[12]

Apoio: Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro

4)Avaliação e Experiências de Agentes de Desenvolvimento Comunitário

Apoio: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro

5)Metodologias participativas, experiências em gestão pública e cidadania.

Apoio: Programa Gestão Pública e Cidadania (Fundação Getulio Vargas / Fundação Ford).[13]

Treinamento em andamento (1998):

1. Primeiro e Segundo Cursos de Capacitação de Gestores Sociais no Estado do Rio de Janeiro.

Apoio: Gabinete Civil da Presidência da República, BID/UNESCO e Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Pesquisas realizadas:

1. Gestão Pública com Participação Popular, estudo de caso: Núcleo de regularização de Loteamento no Município do Rio de Janeiro.[14]

2. Interação ensino-comunidade.[15]

3. Pesquisa para elaboração de um banco de dados sobre Poder Local.

Apoio: Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS)

4.Elaboração de projetos comunitários.[16]

5. Administração de projetos comunitários.[17]

Apoio: Centro Latino-americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD).

6.Avaliação de projetos comunitários.[18]

7.Gestão de ONGs.[19]

Treinamentos realizados:

1. Elaboração de Projetos comunitários.

34

Page 35: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Apoio: Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro

2. Administração de projetos comunitários.

Apoio: Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro

3. Avaliação de projetos comunitários.[20]

Apoio: Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro

4.Gestão Estratégica

Apoio: Centro de Ação Comunitária (CEDAC)

5.Curso Intensivo de Gestão de Projetos Comunitários

Apoio: Fundação Kellogg

Assessoria técnica em andamento:

1.Avaliação do Projeto "Educação em saúde para as comunidades carentes na Arquidiocese do Rio de Janeiro". Parceria entre Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro e Katholische Zentralstlhe f�r Entwuicklungshilfe - MISEREOR.

Assessorias técnicas realizadas:

1. Projeto de estruturação da área de produção artesanal da Obra Social Leste 1 - O Sol.

2. Projeto de revitalização institucional da Associação Brasileira de Educação - ABE.

3. Restruturação organizacional do Centro de Ação Comunitária (CEDAC).

4.Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS). Elaboração do Termo de Referência do Sistema de Informações Gerenciais.

Apoio: Convênio SMDS/FGV-EBAP.

Livros publicados:

1. TENÓRIO, Fernando Guilherme (et all.). Elaboração de Projetos Comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995. (2¦ edição).

2.________. (et All.). Administração de Projetos Comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995.

3. ________. (et all.). Avaliação de Projetos Comunitários: uma abordagem prática. São Paulo, Loyola/CEDAC, 1995.

35

Page 36: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

4. ________. (et all.). Gestão de ONGs - principais funções gerenciais. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas, 1997.

5. ________. (et all.). Gestão Social: metodologia e casos. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas, 1998.

Publicações em periódicos:

1. Boletim PEGS. Encarte da Revista de Administração Pública - RAP. Bimensal, ano III.

2. TENÓRIO, Fernando G. (et all.) "Escritório modelo de elaboração e gestão de projetos comunitários: uma experiência em gestão social." In: Anais do I§ Congresso de Ética, Negócios e Economia na América Latina. São Paulo: EAESP/FGV, 27 a 30 de julho. de 1998.

3. ________. (Coord.). "O trabalho numa perspectiva teórico-crítica: um exercício conceitual." In: Organizações e Sociedade. Salvador: Publicação da Escola de Administração / UFBA, vol. 4, n§ 10, 1998.

4. ________. (Coord.) Políticas Públicas e Cooperativismo. In: Cadernos EBAP, Rio de Janeiro: FGV / EBAP, vol. 32 n§ 2, março/abr. 1998.

5. ________. "Projetos comunitários: elaborando um referencial teórico". In: Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: FGV / EBAP, vol.31 n§ 4, jul./ago. 1997.

6. ________. (Coord.) A Participação do Trabalhador na Gestão Empresarial. In: Cadernos EBAP. Rio de Janeiro: FGV / EBAP, n§ 84, 1997.

7.________. (Coord.) Relações Sociedade-Estado no Contexto Brasileiro. In: Cadernos EBAP. Rio de Janeiro: FGV / EBAP n§ 82, 1996.

8. ARAGÃO, Cecília Vescovi e SANGO, Maria da Conceição de Almeida. "O Método do Caso no Ensino da Administração Pública: um exercício prático." In: Cadernos EBAP, Rio de Janeiro, FGV / EBAP - N§ 77, 1995.

9. ________. "Public Administration, Health Law and Public Health Advocacy: The experience of Academic Institucions in fostering community participation and citizenship in Brasil" In: Technical Reports Series n§43 - Health Legislation Project - Health Policies Program - Health and Development Division Pan American - Health Organization Washington, DC. February, 1995.

10. FEICHAS, Susana. "Proposta de Restruturação Organizacional de uma ONG e Processo de Aprendizagem de mão dupla." In: Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: FGV / EBAP, n§ 3, 1995.

11. TENÓRIO, Fernando G. "A flexibilização da produção significa a democratização do processo de produção?" In: Anais do XVIII Encontro Anual da Associação Nacional dos

36

Page 37: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

Programas de Pós-Graduação em Administração. Curitiba: ENANPAD, vol.09 (Área de Produção Industrial e de Serviços), 1994.

12.________. (et all.). "Gestão Participativa: Estudo de Casos e Metodologia de Pesquisa." In: Cadernos EBAP, Rio de Janeiro: FGV / EBAP, n§ 70, 1994.

13. ________. (Coord.) O Programa de Estudos em Gestão Social na EBAP/FGV e relato de Pesquisas com Metodologias Participativas. In. Cadernos de Pesquisa Rio de Janeiro: FGV / EBAP, n§ 5, outubro, 1993.

14. ________. Gestão pública e cidadania: metodologias participativas em ação. In: Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: FGV / EBAP, vol. 25 n§ 3, jul./set., 1991.

Participação em Encontros, Seminários, Simpósios e Congressos

TENÓRIO, Fernando G. "Cidadania e Trabalho." In: Congresso da Administração do Mercosul - CONAMERCO. Rio de Janeiro, 4 a 7 de agosto de 1998.

TENÓRIO, Fernando G. Third International Conference of the International Society for Third-Sector Research, realizado em Genebra - Suiça, no período de 08 a 11 de julho.

TENÓRIO, Fernando G. "Metodologias participativas, experiências em gestão pública e cidadania." In: Seminário Internacional Reestruturação e Reforma do Estado: o Brasil e a América Latina. São Paulo: USP/CAPES/CNPq/MARE, 18 a 21 de maio de 1998.

TENÓRIO, Fernando Guilherme. (Coord.)."Projetos em andamento no PEGS". In: Quartas de Pesquisa. Rio de Janeiro: EBAP/FGV, 9 de abril de 1998.

LUSTOSA, Frederico. "Representações Sociais da Política". In: Quartas de Pesquisa. Rio de Janeiro: EBAP/FGV, 23 de abril de 1998.

SOUZA, Tânia Maria de. Meio Ambiente e Participação no Setor Elétrico Brasileiro. In: Encontro Nacional sobre Gestão Ambiental e Meio Ambiente. São Paulo: Pleiade, 19-21 de novembro de 1997.

SILVA, Lessandra da; DUTRA, José Luís Abreu e CERQUEIRA, Luciano. Apresentação de trabalhos de pesquisa dentro do PEGS. In: Encontro de Iniciação Científica PIBIC-FGV/RJ. Rio de Janeiro: EBAP/FGV, 14 de junho de 1997.

O Lixo na Rocinha: um projeto de interação academia e comunidade. Menção Honrosa no Concurso de Casos e Textoos sobre Administração Pública - Central de Casos e Textoos FESP (Fundação Escola do Serviço Público). Rio de Janeiro: Novembro 1996.

SOUZA, Tânia Maria de; CARDOSO, Adriana Bezerra e SILVA, Lessandra. Entre Discursos e Práticas em Gestão Social.

III Encontro Nacional de Estudos Estratégicos - ENEE. Rio de Janeiro: 17 de outubro de 1996.

37

Page 38: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

________. Discursos Participativos. In: III Encontro Nacional de Estudos Estratégicos - ENEE. Rio de Janeiro: 16 de outubro de 1996.

________. Ambientalismo e as Questões Sociais: desafios e oportunidades. III Encontro Nacional de Estudos Estratégicos - ENEE. Rio de Janeiro: 17 de outubro de 1996.

________. Participação e Estratégia de Gestão Empresarial no Setor Elétrico. II Encontro Nacional de Estudos Estratégicos. São Paulo: 15-18 de agosto de 1995.

_________. Participação e Planejamento de Políticas Públicas, II Encontro Nacional de Estudos Estratégicos. São Paulo: 15-18 de agosto de 1995.

ARAGÃO, Cecília Vescovi e SANGO, Maria da Conceição de Almeida. O Método do Caso no Ensino da Administração: um exercício prático. XIX Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. João Pessoa:24 a 27 de setembro de 1995.

MENDES, Eugênio Lima. Impasses Institucionais do Orçamento Participativo. XIX Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. João Pessoa: 24 a 27 de setembro de 1995.

CARDOSO, Adriana Bezerra e SOUZA, Tânia Maria de. Estudos em Gestão Social: PEGS (Programa de Estudos em Gestão Social). In: II Encontro Nacional de Estudos Estratégicos - ENEE. São Paulo: 15-18 de agosto de 1995.

MENDES, Eugênio Lima. Participação Popular e Governo: Algumas Questões Teóricas, Conceituais e Práticas. In: Anais do XVIII Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Curitiba: 26 a 28 de set. de 1994.

CARVALHO, Denise et all. Uma Experiência de Integração Ensino- Pesquisa. In: Anais do XVIII Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, Curitiba: 26 a 28 de set. de 1994.

FEICHAS, Suzana. Proposta de Restruturação Organizacional de uma ONG e Processo de Aprendizagem de mão dupla. In: XVIII Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração.Curitiba: 26 a 28 de set. de 1994.

SOUZA, Tânia Maria de. Pressupostos Metodológicos e a Administração: Uma Leitura a Partir de Pedro Demo. In Anais do XVIII Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Curitiba: 26 a 28 de set. de 1994.

Uma Experiência de Integração Ensino-Pesquisa em Administração Pública. Menção Honrosa no Concurso de Casos e Textoos sobre Administração Pública. Central de Casos e

Textoos FESP (Fundação Escola do Serviço Público). Rio de Janeiro, Novembro 1994.

TENÓRIO, Fernando Guilherme. "Avaliação Institucional: Perspectivas e Tendências: Uma Reflexão Crítica." In: Simpósio Nacional sobre Avaliação Educacional. Rio de Janeiro: 1993.

38

Page 39: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

MENDES, Eugênio Lima. Orçamento Participativo. In: XVII Encontro Annual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. 1993.

Fóruns Realizados

Mesa Redonda: Gestão Social: Viável?

III Encontro Nacional de Estudos Estratégicos - ENEE. Rio de Janeiro: BNDES, 18 de outubro de 1996.

Fórum : Políticas Públicas e Cooperativismo

Apoio: Fórum de Desenvolvimento do Cooperativismo Popular / Instituto Victus. Rio de Janeiro: FGV/EBAP, 02 de outubro de 1995.

Mesa redonda: Intervenção Social como Estratégia Empresarial.

Apoio: Associação Brasileira das ONG's - ABONG; Centro de Estudos do Terceiro Setor -CETS/EAESP/FGV).São Paulo: USP, II ENEE ( II Encontro Nacional de Estudos Estratégicos) - organizado pelo Núcleo de Análise Interdisciplinar de Políticas e Estratégias (NAIPPE/USP) 15 a 18 de agosto de 1995.

Fórum: Políticas públicas e gestão social.

Apoio: Centro de Ação Comunitária (CEDAC). Rio de Janeiro: FGV/EBAP, maio de 1995.

Fórum : Relações Sociedade-Estado no Contexto Brasileiro.

Apoio: Centro de Ação Comunitária (CEDAC). Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, maio de 1995.

Mesa Redonda: Movimentos comunitários e gestão social realizado: a experiência do Programa de Apoio à Pequena Produção Rural - PAPP.

Apoio: Fundação Estadual de Serviço Público - FESP e do PRORURAL - Governo do Estado de Pernambuco. Rio de Janeiro: FGV/EBAP, novembro de 1992,

Dissertações de Mestrado Aprovadas

SOUZA, Tânia Maria de. Planejando o país do futuro: planejamento participativo no setor elétrico brasileiro. Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1997.

RIBAS, Mônica Godinho. Gestão social: as novas relações entre Estado e sociedade na área de abastecimento local: o caso de Sertãozinho (SP). Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1997.

BEZERRA, Walter Facó. Avaliação de programas de desenvolvimento comunitário: o caso Fundec. Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1996.

39

Page 40: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

ROZENBERG, Jacob Eduardo. Turismo social e terceira idade: desafios emergentes. Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1996.

MENDES, Eugênio Lima. O orçamento do governo local sob as condições de participação dos cidadãos: um estudo de caso da prefeitura de Santos . Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1995.

PASSOS, Iana Maria Campello. Participação pública na gestão pública do setor de saúde - um estudo de caso. Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1995.

ARRUDA, José Maria. Proteção do patrimônio histórico cultural - ação do Estado e da comunidade. Uma análise do Município de Mariana - MG. Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1994.

CORRÊA, Vera Lúcia de. Avaliação de programas educacionais: a experiência das escolas cooperativas em Maringá / PR. Rio de Janeiro: (EBAP/FGV). Aprovada em 1993.

Projetos de dissertação:

ALVES. José Antônio B. Projeto Mangueira: inclusão ou exclusão? Uma experiência de gestão sócio-esportivo.

BICUDO, Valéria Rosa. Os impactos dos modelos contemporâneos de gestão organizacional na precarização das relações de trabalho.

DUTRA, José Luis Abreu. O processo de tomada de decisão em cooperativas de trabalho.

HIDALGO, Zugleimia. Estudio comparativo sobre la participación ciudadana en la gestión municipal: Brasil, Chile y Venezuela.

STORINO, Gylcelene Ribeiro. Participação cidadão na gestão pública: estudo de caso do Programa Favela-Bairro do Município do Rio de Janeiro.

SILVA, Lessandra. Participação cidadão na gestão p.ública: estudo de caso do Município de Niterói.

Outras participações:

Projeto Fundação Ford/ Fundação Getulio Vargas - Participação no Comitê Técnico do Concurso Gestão Pública e Cidadania, iniciativa conjunta da Fundação Getulio Vargas e Fundação Ford, com o objetivo de premiar as melhores iniciativas, na gestão pública, de governos municipais e estaduais.

Rede Nacional de Capacitação em Gestão de Programas Sociais. Programa de Apoio à Gestão Social no Brasil, da Casa Civil da Presidência da República. Esta rede é formada por representantes de 10 estados brasileiros, que desenvolvem programas de capacitação em gestão social.

40

Page 41: PARTICIPAÇÃO CIDADÃ NA GESTÃO PÚBLICA: PRÁTICAS E ...siare.clad.org/fulltext/0034116.pdf · III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración

III Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid, España, 14 - 17 de Oct. 1998

41

Fórum de Relações Industriais.- Espaço de discussão e pesquisa sobre indicadores de interações entre empresários, trabalhadores e o governo, no que diz respeito aos problemas do trabalho. Envolve a participação de gerentes de empresas, professores e pesquisadores de universidades localizadas no Estado do Rio de Janeiro.

Membro da International Society for Third-Sector Research