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Os mandamentos da mutualidade cristã Uns aos Outros 1º TRIMESTRE • 2012• Nº 298 Ouça os podcasts e leia os comentários adicionais www.portaliap.com.br

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Os mandamentos damutualidade cristã

UnsaosOutros

1º TRIMESTRE • 2012• Nº 298

Ouça os podcasts e leia os comentários adicionais • www.portaliap.com.br

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VISÃO GRÁFICA DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DAS CONVENÇÕES DAS IGREJAS ADVENTISTA DA PROMESSA

Para um melhor entendimento do organograma, consulte os estatutos e regimentos no website da IAP:

www.portaliap.com.br

ASSEMBLEIA GERAL DA CONVENÇÃO

ASSEMBLEIA GERAL DA CONVENÇÃO REGIONAL

JUNTA GERAL DELIBERATIVA

JUNTA REGIONAL

Diretoria da Convenção Regional

Comissões permanentes

Comissões temporárias

• Administração• Finanças• Teológica

DERME • RESOFAP • RUMAPDIJAP • DASAP • DEMAP

Departamentos regionaisDepartamentos regionais

IGREJA LOCAL

Conselho Fiscal

Conselho Fiscal

CâmaraRecursal Regional

CâmaraDisciplinar Regional

Câmara Teológica

Comissão Eleitoral

Colegiado

Colégio Eleitoral

Câmara Recursal

Câmara Disciplinar

DIRETORIA GERAL DA CONVENÇÃO

ConselhoEditorial

DECDEMAPDEMI

FESOFAPFUMAPDIJAP

DepartamentosJunta de Missões

FATAP

Editora

CEAP

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MISSÃO DA ESCOLA BÍBLICA

Transformar as pessoas em discípulas de Cristo, através do ensino e da prática da palavra de Deus.

——— ——— ——— ——— ——— ——— ——— ———— ———

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REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS1º TRIMESTRE – 2012 – Nº 298

Copyright © 2012 – Igreja Adventista da PromessaRevista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial

ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Diretor interino José Lima de Farias Filho

Conselho Editorial Adelmilson Júlio Pereira Aléssio Gomes de Oliveira Edney Rodrigues de Brito Fernando dos Santos Duarte Gilberto Fernandes Coêlho José Lima de Farias Filho Manoel Pereira Brito Otoniel Alves de Oliveira Sebastião Lino Simão Valdeci Nunes de Oliveira

REDAÇÃO

Jornalista responsável Pr. Elias Pitombeira de Toledo MTb. 24.465

Redação e preparação Alan Pereira Rocha, Cláudia dos Santos Duarte, Edney Rodrigues de Brito, Eleilton William de Souza Freitas, Eudoxiana Canto Melo, Jailton Sousa Silva, Valdeci Nunes de Oliveira,Virgínia Ronchete David Perez e Willian Robson de Souza

Revisão de textos Eudoxiana Canto Melo

Editoração Farol Editora

EXPEDIENTE

REDAÇÃO – Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro – São Paulo – SP – CEP 01014-030Fone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3119-2544 – www.portaliap.com.br – [email protected]

de originais

Capa Marco Murta

Seleção de hinos Silvana A. de Matos Rocha

Leituras diárias Jailton Sousa Silva

Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141

Assinaturas Informações na página 96

Impressão: Gráfica Regente Av. Paranavaí, 1146 – Maringá, PR – Fone: (44) 3366-7000

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SUMÁRIO

ABREVIATURAS 4

APRESENTAÇÃO 5

1 Amem uns aos outros 7

2 Unam-se uns aos outros 14

3 Aceitem uns aos outros 20

4 Saúdem uns aos outros 27

5 Honrem uns aos outros 34

6 Sirvam uns aos outros 41

7 Admoestem uns aos outros 47

8 Suportem uns aos outros 54

9 Ajudem uns aos outros 60

10 Sujeitem-se uns aos outros 66

11 Encorajem uns aos outros 72

12 Edifiquem uns aos outros 80

13 Perdoem uns aos outros 87

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ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIAUTILIZADAS NAS LIÇÕES

ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES

ANTIGO TESTAMENTOGênesis GnÊxodo ExLevítico LvNúmeros Nm Deuteronômio DtJosué JsJuízes JzRute Rt 1 Samuel 1 Sm 2 Samuel 2 Sm1 Reis 1 Re2 Reis 2 Re1 Crônicas 1 Cr 2 Crônicas 2 CrEsdras Ed Neemias NeEster EtJó JóSalmos SlProvérbios PvEclesiastes EcCantares CtIsaías IsJeremias JrLamentações LmEzequiel Ez Daniel DnOséias OsJoel JlAmós AmObadias Ob Jonas JnMiquéias MqNaum NaHabacuque HcSofonias SfAgeu AgZacarias ZcMalaquias Ml

NOVO TESTAMENTOMateus MtMarcos McLucas LcJoão JoAtos AtRomanos Rm1 Coríntios 1 Co2 Coríntios 2 CoGálatas Gl Efésios EfFilipenses Fp Colossenses Cl 1 Tessalonicenses 1 Ts 2 Tessalonicenses 2 Ts1 Timóteo 1 Tm2 Timóteo 2 TmTito TtFilemon FmHebreus HbTiago Tg1 Pedro 1 Pe2 Pedro 2 Pe1 João 1 Jo2 João 2 Jo3 João 3 JoJudas JdApocalipse Ap

AM – A MensagemARA – Almeida Revista e AtualizadaARC – Almeida Revista e CorrigidaAS21 – Almeida Século 21ECA – Edição Contemporânea de AlmeidaNVI – Nova Versão Internacional

KJA –Tradução King James AtualizadaBV – Bíblia VivaNBV – Nova Bíblia VivaBJ – Bíblia de JerusalémTEB – Tradução Ecumênica da BíbliaNTLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje

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APRESENTAÇÃO

Depois que o Espírito Santo convence o pecador do pecado, da justi-ça e do juízo, e a pessoa se rende a Cristo, recebendo a justificação dos pecados, que vem depois? Qual é o projeto de Deus para as pessoas, depois de salvas pela fé em Jesus? Eis a resposta: Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho (Rm 8:29). O grande projeto de Deus é tornar os pecadores salvos em pessoas parecidas com seu Filho.

Como isso é feito? Depois de justificada pela fé, a pessoa recebe o Espírito Santo na vida, e este, em parceria com o salvo, começa a grande obra de santificação, que durará a vida inteira. Uma das mais belas obras espirituais que essa parceria proporciona é a vida mútua, a vida em co-munidade, a vida de amor fraternal, a vida dedicada aos outros salvos.

O manual dessa nova vida, a Bíblia Sagrada, revela os principais aspec-tos dessa vida superior, tendo como base um dos maiores mandamen-tos, segundo Jesus: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mc 12:31). Desse alicerce, desdobram-se ensinamentos extraordinários e elevados, que, se cridos e praticados, vão transformando a vida do salvo numa vida cada vez mais próxima da que Jesus viveu neste mundo.

A fé cristã vivida nos moldes propostos no evangelho de Cristo se-guramente produz as maiores alterações que uma sociedade pode ex-perimentar. Imagine a igreja de que você faz parte. Pense nos membros amando uns aos outros, unindo-se uns aos outros, aceitando uns aos outros, saudando uns aos outros, honrando uns aos outros, servindo uns aos outros, admoestando uns aos outros, suportando uns aos outros, ajudando uns aos outros, sujeitando-se uns aos outros, encorajando uns aos outros, edificando uns aos outros e perdoando uns aos outros.

O evangelho de Cristo não nos foi dado apenas para sonharmos. Ele nos foi entregue para o vivermos. Ele é a maior e melhor proposta de vida. Uma proposta que todos os salvos devem abraçar e pela qual devem lutar. Do maior ao menor, todos os justificados pela fé em Cristo têm o dever de viver a mutualidade da fé, a cordialidade nas relações fraternais, a manifestação do amor em atos concretos, a demonstração das virtudes elevadas e ce-lestiais entre seres humanos lavados e redimidos pelo sangue do Cordeiro.

Os que vieram de vários lugares, os que possuem histórias singulares, os que viveram um passado complexo, os que andaram por caminhos

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6 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

tortuosos, um dia se encontram. Em Cristo, eles se encontram e se tor-nam um. Formam a igreja de Jesus! Chegaram ali para experimentar uma vida superior. Níveis elevados de comportamento serão vivenciados a cada dia, com o auxílio indispensável do Espírito Santo, até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a ho-mem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (Ef 4:13).

Essa é a proposta que Jesus Cristo, o Senhor da igreja, tem para nós, neste primeiro trimestre de 2012. Uma proposta de reflexão profunda sobre a forma como temos vivido e como devemos viver os mandamen-tos da mutualidade Cristã; uma proposta espiritual que, levada a cabo – e precisa ser levada a sério –, mudará a vida de milhares de salvos que desejam viver a fé cristã com seriedade e santidade na Igreja Adventista da Promessa.

Nossa justa gratidão aos trabalhadores do Departamento de Educa-ção Cristã – DEC –, e demais colaboradores, por terem se colocado nas mãos do Espírito Santo, como humildes instrumentos pelos quais o texto desta série de lições bíblicas foi produzido. A maior recompensa destes trabalhadores virá quando ouvirem que houve mudança de vida dos es-tudantes. Isso lhes será a maior alegria.

Glória a ti, Senhor Jesus! Deus soberano sobre nossas vidas.

Pastor José Lima de Farias FilhoDiretor Interino do DEC

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TEXTO BÁSICO: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. (Jo 13:34)

INTRODUÇÃO: O que Jesus espera do relacionamento entre seus se-guidores? Como podemos superar as dificuldades de convivência entre nós, a ponto de sermos uma igreja saudável e testemunha eficaz de Cris-to no mundo? Com esta nova série de lições bíblicas, desejamos encon-trar as respostas para essas questões. O nosso desejo é que o Pai nos transforme pela sua palavra e cure os nossos relacionamentos. Durante esse primeiro trimestre de 2012, vamos examinar os mandamentos da mutualidade cristã. Estes estão espalhados por todo o Novo Testamento e podem ser identificados pela expressão “uns aos outros”. Para começar, estudaremos a mais profunda e desafiadora das responsabilidades mú-tuas dos crentes em Cristo: Amem uns aos outros.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

A expressão “uns aos outros”, no grego allelon, aparece mais de 50 vezes, no Novo Testamento. Merece máxima atenção, pois está sempre

7 JAN 2012

1Hinos sugeridos: BJ 232/ BJ 108

Amem uns aos outros

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Domingo, 01 de janeiro: ................1 Co 13:4 Segunda, 02: ..........................................1 Ts 1:5 Terça, 03: ................................................1 Ts 3:12 Quarta, 04: ..............................................1 Ts 4:9 Quinta, 05: ..........................................2 Tm 2:22 Sexta, 06: ..............................................Hb 10:24Sábado, 07: .......................................... 1 Jo 3:16

Ensinar que o amor cristão é sacrificial e recíproco e que este é o mais profundo mandamento que o Senhor Jesus deixou a sua igreja.

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ligada ao que chamamos de mandamentos recíprocos. Curiosamente, es-tes muitos mandamentos podem ser resumidos em um somente: “Amai--vos uns aos outros”. De fato, nesta série de lições, veremos diversas ma-neiras práticas de obedecer a essa ordem de Jesus. Então, não querendo antecipar o conteúdo dos próximos estudos, vamos, neste momento, ater-nos apenas ao significado do amor mútuo dos cristãos. Com a Bíblia aberta em João 13:34-35 e olhando as palavras do Mestre, vejamos al-guns aspectos desse seu ensino.

1. A ordem de amar uns aos outros: Foi com Jesus, na forma huma-na, que o amor começou a ser ensinado de modo mais claro e intenso do que em qualquer outro momento da história dos homens. Não po-dia ser de outro jeito, visto que ele era a prova viva do amor do Pai pela humanidade. Ele não apenas teorizava sobre o amor, mas expressava-o por palavras, gestos e atitudes. De acordo com os evangelhos, Jesus era o amor em pessoa. Como diz Clark: “Por onde passava, deixava no ar o perfume do amor”.1 Observe como começa João 13. O texto informa que, lá no cenáculo, antes de lavar os pés dos discípulos, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13:1 – NVI – grifo nosso).

A expressão “amou-os até o fim”, no texto grego, significa, literal-mente, que Jesus amou-os até o limite se sua capacidade de amar. Mas como pode haver limites em quem é infinito? Na realidade, o texto quer dizer que Jesus os amou até as últimas consequências. Amou-os intensamente e com toda força. Então, imagine o tamanho deste amor! E foi para esses homens que ele ordenou que amassem uns aos outros. Não com um amor humano qualquer, mas com o amor com que ele os amou. Assim que Judas se ausentou para traí--lo, sabendo que a cruz estava cada vez mais próxima, o Senhor, na intimidade com os discípulos, declarou: Eu lhes dou este novo man-damento: amem uns aos outros (Jo 13:34a).

Ali, no Cenáculo, só havia tempo para as lições urgentes, e Jesus de-cidiu ensinar-lhes sobre o mandamento do amor. Tal ensino era tão im-prescindível que, só nesta conversa com os discípulos, o mesmo man-damento foi repetido cinco vezes (Jo 13:34-35, 15:12,17). Uma vez que Deus é amor, a lição mais importante que ele quer que aprendamos na

1. Clark (1999:11).

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terra é como amar. Na Bíblia, há dois verbos gregos para referir-se ao amor: agapao e phileo. Mas, sem dúvida, o preferido do Espírito Santo para designar a prática do autêntico amor cristão é verbo agapao. É este que Jesus usa em João 13:34. Este amor não é apenas um senti-mento ou uma emoção, mas, acima de tudo, uma atitude. É a escolha de agir em favor do outro, sem exigir nada antes e nem requerer nada depois. É uma ação consciente, criativa, incondicional e sincera de se aproximar de alguém com o objetivo de ajudá-lo.2 Amar é o ato altru-ísta de respeitar e de se importar com o outro, querendo o seu bem e não o seu mal (1 Co 13:8-10).

2. O modo de amar uns aos outros: O amor, por si só, é de difícil definição. Todavia, em Cristo, ele se torna ainda mais profundo e com-plexo. Veja que curioso: ao se referir ao amor mútuo dos cristãos, Jesus chama-o de “novo mandamento” (Jo 13:34). Mas, se pensarmos bem, veremos que, em certo sentido, o mandamento do amor não era novo, pois os dez mandamentos ensinavam o amor a Deus e ao próximo. Pau-lo, por exemplo, explica que estes mandamentos: “Não adulterarás”, “não matarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Rm 13:9). Depois, com toda persuasão, o apóstolo conclui dizendo: O amor é o cumprimento da lei (Rm 13:10b).

Assim sendo, qual é a novidade, neste mandamento? O que há de completamente inédito é a maneira com que este amor foi de-monstrado a nós por Cristo, na cruz, tornando-se o modelo para nos amarmos mutuamente. Por isso, está escrito: Assim como eu os amei, amem também uns aos outros (Jo 13:34b – RA). O modo de amar uns aos outros está estabelecido: Jesus Cristo é o padrão! Piper afirma: “A novidade é que o antigo mandamento de amar nunca havia sido exemplificado de forma tão perfeita quanto pelo Filho de Deus”.3 De fato, antes de Jesus, nenhuma outra pessoa foi capaz de falar com tanta autoridade: “Amem como eu amei”, ou: “Eu dei o exemplo; agora, façam o mesmo”.

O apóstolo João foi, entre os doze, o que melhor entendeu essa verda-de; por isso, escreveu em uma de suas cartas: Esta é a mensagem que vo-cês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros (1 Jo 3:11). Após esclarecer o que não é o amor cristão, João explica o verdadeiro

2. Schwarz (1997:24).3. Piper (2008:295).

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significado desse amor: Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos (1 Jo 3:16). Sabemos que o amor mostrado por Jesus é incondicional, cons-tante e autossacrificial (cf. Rm 5:8; Jo 13:1; 2 Co 5:14). É dessa maneira que amamos verdadeiramente.

3. O efeito de amar uns aos outros: O texto de João 13:34-35 mostra--nos que é exigido do cristão um grau altíssimo de amor. Quem ama como Jesus amou, compadece-se, sofre com a dor do outro, e, ainda mais, abre mão de seu próprio bem-estar para ajudar o semelhante; é também capaz de dar vida pelo irmão. No exemplo de Jesus, aprendemos que o amor cris-tão não deve ser exercido apenas sobre aqueles pelos quais se descobre alguma afinidade. Ele nos ensinou, inclusive, a amar os nossos inimigos (Mt 5:43-44), ou seja, procurar o seu bem e não o seu mal (cf. Rm 13:10; 15:2). Contudo, o amor cristão deve ser ainda mais intenso no meio da família de Deus. Está escrito na Bíblia: Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé (Gl 6:10 – NVI).

O desejo do Senhor da igreja é que esse amor profundo, ardente, sacrificial e recíproco seja a marca registrada do relacionamento entre irmãos. Por isso, ele revelou: Nisto conhecerão todos que sois meus discí-pulos: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13:35). Quando o mandamento do amor mútuo é obedecido pelos cristãos, dois efeitos são logo perce-bidos. O primeiro ocorre nas pessoas, dentro da igreja: elas se tornam mais parecidas com Jesus, pois passam a viver o verdadeiro discipula-do e a experimentar o cristianismo autêntico. O segundo efeito ocorre nas pessoas de fora da igreja: elas passam a olhar para igreja com bons olhos, pois começam a ver Cristo nos cristãos.

O amor de uns pelos outros é a prova irrefutável de que pertencemos a Jesus. Essa verdade pôde ser constatada na igreja primitiva. Lá, o con-vívio entre os irmãos era tão bonito que a cidade inteira tinha simpatia por eles (At 2:47 - BV). Além disso, Tertuliano, um dos pais da igreja, que viveu cerca de um século, após a morte dos apóstolos, relatou, num de seus escritos, o que, em sua época, os pagãos falavam a respeito dos cris-tãos: “Vejam como eles se amam! (...). Vejam, estão dispostos até mesmo a morrer uns pelos outros!”.4 Que belo exemplo dos primeiros crentes. Que, hoje, ouçamos as mesmas palavras dos não-cristãos e sejamos tes-temunhas eficazes de Cristo no mundo.

4. Hendriksen (2004:638).

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Diante de tudo que foi dito até agora, neste estudo, cabe-nos reco-nhecer que não é nada fácil praticarmos esse amor recíproco. Não é algo natural aos humanos decaídos. Ao contrário, a Bíblia diz que esse amor é divino: Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor proce-de de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus (1 Jo 4:7 – NVI). É por isso que, logo após ter dado o “novo mandamento”, Jesus prometeu o Consolador (Jo 14:15-26). É o Espírito Santo que nos capacita a nos amarmos mutuamente. A seguir, veremos três ensinos práticos a respeito do amor recíproco.

01. Após ler Jo 13:1 e 34a, responda: Onde Jesus estava e qual era o contexto em que ele deu a ordem aos seus discípulos de amarem uns aos outros?

02. Leia Jo 13:34-35, 15:12,17, e responda: Qual foi a lição urgente ensinada pelo Mestre, naquele Cenáculo? Qual o significado do amor cristão? Baseie-se no item 1.

03. Com base em Jo 13:34b e 1 Jo 3:11,16, explique: O que significa amar como Jesus amou? Comente a frase: “O amor mostrado por Jesus é incondicional, constante e autossacrificial”.

04. Quais são os efeitos percebidos, quando os irmãos em Cristo se amam mutuamente? Recorra ao item 3 e a Jo 13:35.

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II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Vivamos o amor recíproco como uma necessidade da igreja.O tema mais enfatizado por Jesus, no fim de seu ministério terreno, foi

o amor recíproco. Isso porque essa virtude cristã, cultivada pelo Espírito Santo, fez com que a igreja continuasse a existir, mesmo na ausência física do Mestre e mesmo depois do martírio dos apóstolos. O amor é a essência da unidade da família de Deus. O amor de uns pelos outros é o oxigênio da igreja. É o que mantém o corpo de Cristo vivo e dinâmico. Além de ser uma ordem do Senhor igreja, é, sobretudo, uma necessidade da igreja do Senhor. Sem esse amor mútuo, não existe relacionamento saudável, dentro da igreja. É ele que nos torna irmãos, que fortalece nos-sa amizade e nos mantém em comunhão. Portanto, cultivemos o amor recíproco entre nós. É uma questão de sobrevivência! A vida cristã é rela-cionamento, e, sem amor cristão, não há bom relacionamento.

05. Por que o amor de uns pelos outros é uma necessidade da igreja? O que ocorreria com a igreja, se nela não houvesse, pelo menos, um pouco de amor?

2. Vivamos o amor recíproco como uma característica da igreja.Começamos esta lição com uma pergunta: O que Jesus espera do re-

lacionamento entre seus seguidores? A resposta é simples: Que vivamos o amor que ele nos ensinou. A marca do verdadeiro discípulo não é um crucifixo colocado no pescoço, nem uma maneira diferente de se vestir, mas é o amor para com seus irmãos em Cristo.5 Esse amor profundo e sacrificial de uns pelos outros é a característica que distingue a igreja de Cristo dos demais grupos. Porém, esse amor não é vivido na teoria, mas na prática. João exortou: Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade (1 Jo 3:18). O que caracteriza a igreja não é o falar, mas o praticar o amor. O respeito com o semelhante, o atendimento

5. MacDonald (2008:303).

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ao pobre necessitado, o perdão mútuo e a ajuda recíproca são algumas maneiras práticas de demonstrar o amor recíproco.

06. Leia 1 Jo 3:18 e comente a frase: “Este amor profundo e sacrificial de uns pelos outros é a característica que distingue a igreja de Cristo dos demais grupos”. Cite maneiras práticas de demonstrarmos o amor cristão.

3. Vivamos o amor recíproco como um testemunho da igreja. A amizade entre os crentes em Cristo é um dos mais excelentes meios

de pregar o evangelho do reino. Nesta sociedade individualista em que vivemos, quando a igreja pratica verdadeiramente amor cristão e recí-proco, torna-se um manancial no deserto. Ela é sal da terra e luz do mun-do, como Jesus ensinou. Era isso o que acontecia com a igreja primitiva. Naquele tempo, os cristãos desfrutavam da simpatia dos não-crentes, por causa do belo relacionamento existente entre eles, e, nisso, o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos (At 2:47). Por isso, quando pensarmos na evangelização, não devemos esquecer que o amor de uns pelos outros, vivenciado na igreja, é uma das mais eficientes formas de apresentarmos Jesus ao mundo.

07. Por que a amizade entre os crentes em Cristo é um dos mais excelentes meios de pregar o evangelho do reino? Baseie-se em At 2:42-47.

CONCLUSÃO: No estudo de hoje, exploramos o significado de amarmos uns aos outros como o Mestre nos ensinou. Vimos que o amor recíproco é uma norma dada a todos os seguidores de Cristo e que o padrão desse amor foi estabelecido por Jesus, no Calvário: Assim como eu os amei, amem tam-bém uns aos outros (Jo 13:34b). Quando nos amamos dessa forma, vivemos o relacionamento que o Senhor planejou para nós. Durante este trimestre, descobriremos mais doze maneiras práticas de vivenciarmos o amor cristão na mutualidade da família de Deus. Então, não perca os próximos estudos!

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14 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

TEXTO BÁSICO: Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (...). Então, tende o mesmo sentimento uns para com os outros. (Rm 12:5,16)

INTRODUÇÃO: Do mesmo modo como o Pai está unido ao Filho e o Filho está unido ao Pai, os cristãos devem viver unidos entre si. Viver em união com os seus irmãos na fé constitui a melhor prova que o cristão pode dar de sua união com Deus. Esse foi o desejo expresso por Jesus em sua oração ao Pai: Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. O Mestre completa seu pedido, dizendo: Eu ne-les, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (Jo 17:21,23). É dessa união entre os fiéis que trata a lição desta semana.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Com base nos ensinos de Cristo e dos apóstolos, trataremos, neste estudo, a questão da união espiritual entre os cristãos. Antes de tudo, porém, cumpre-nos dizer que o viver em união constitui uma das mais

14 JAN 2012

2Mostrar ao estudante da Bíblia a necessidade de união entre os membros do corpo de Cristo, bem como o modo de desenvolvê-la e preservá-la.

Domingo, 08 de janeiro: .................Ec 4:9-11 Segunda, 09: ........................................ Jo 17:23Terça, 10: ..............................................Rm 12:15Quarta, 11: ..................................................Ef 4:3Quinta, 12: .................................................Fp 2:1Sexta, 13: ....................................................Fp 2:2Sábado, 14: ................................................Fp 2:4

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Hinos sugeridos: BJ 145/ BJ 298

Unam-se uns aos outros

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importantes recomendações da palavra de Deus. O apóstolo Paulo, por exemplo, escreve aos Coríntios e solicita desses irmãos, em nome Jesus, que sejam unidos entre si. Ele diz: ... que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sen-tido e em um mesmo parecer (1 Co 1:10). O cristão que ainda não apren-deu a viver em harmonia com seus irmãos de fé, ainda não entendeu a verdadeira essência do evangelho de Cristo.

1. Os mandamentos da unidade: Para tornar mais clara a questão da nossa unidade, temos a contribuição dada por Paulo, na comparação que fez entre a igreja e o conjunto de membros que formam o corpo humano. No corpo humano, como sabemos, cada membro tem a sua maneira própria de operar e nenhum pode dispensar a participação dos demais. Sobre isso, o apóstolo diz que, assim como, em um corpo, exis-tem muitos membros e nem todos têm a mesma função, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (Rm 12:4-5).

Considerando a comparação feita entre a igreja de Cristo e o corpo humano, há algo que jamais podemos esquecer: cada membro desse corpo está de tal modo ligado aos demais que aquilo que acontece com um deles afeta, de alguma forma, os outros. A Bíblia afirma: Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é hon-rado, todos os outros se alegram com ele (1 Co 12:26 – NVI). Em virtude dessa dependência que há, entre os membros do corpo de Cristo, Paulo novamente sugere: Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram (Rm 12:15).

A frase anterior nos mostra que precisamos aprender a ter empatia, a ponto de sofrermos com os que sofrem e alegrar-nos com os que se ale-gram. Devemos nos importar e nos preocupar uns com os outros. Não estamos num campeonato dentro do corpo de Cristo (igreja), competindo para saber quem é o mais talentoso, o mais espiritual ou para saber quem é o maior ou o melhor. Somos companheiros e não concorrentes. Aos Efé-sios, Paulo recomendou vida cristã em união, dizendo: Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Ef 4:3 – NVI). Isso porque a convivência dos irmãos em união é boa e agradável (cf. Sl 133:1).

2. Os destruidores da unidade: O modo de tratamento dos membros da igreja de Cristo em relação aos outros pode fortalecer ou enfraquecer a unidade entre ambos. A atitude partidarista, por exemplo, uma vez adotada, pode destruir a comunhão, porque divide as pessoas entre si, colocando-as umas contra as outras, gerando contendas e desenten-

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16 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

dimentos. Esse tipo de atitude não pode existir entre os cristãos. Daí a recomendação do servo de Deus: Nada façais por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3).

Para que os irmãos vivam em união, é necessário, ainda, que cada um reconheça as virtudes que existem nos outros. Foi seguindo esta linha de pensamento que o apóstolo dos gentios escreveu aos filipenses as seguin-tes palavras: Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros (Fp 2:4). Quando subvalorizamos os outros e nos supervalorizamos, tornamo-nos egoístas, e o egoísmo leva--nos ao orgulho, que, por sua vez, pode determinar a ruína da unidade existente entre nós, igreja de Cristo. Precisamos ver e reconhecer as virtu-des dos outros e evitarmos em nós qualquer sentimento de superioridade.

Além disso: não há unidade onde não há humildade! O humilde ale-gra-se com o bem-estar do outro e se entristece com a tristeza do outro. A partilha dos sentimentos fortalece a unidade. A palavra de Deus nos exorta: De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp 2:5-6). Se quisermos permanecer unidos, como Cristo deseja que sejamos, sigamos o exemplo do Mestre, que foi humilde por excelência. Todos nós somos iguais. Não devemos nos achar superiores, ao contrário, devemos nos ver inferiores aos demais irmãos. De outra forma, estaremos contribuindo para a destruição de nossa unidade.

3. A preservação da unidade: A “unidade cristã” não é criada pelos cristãos, mas é produzida pelo Espírito Santo (cf. Ef 4:3). Portanto, é nosso dever preservá-la como algo indispensável à boa convivência entre os cristãos. O desejo que o apóstolo expressou, no tocante aos filipenses, ilustra o desejo de Deus em relação a todos nós. Paulo dizia: ... comple-tem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude (Fp 2:1 e 2). Na carta aos Efésios, o mesmo Paulo ensina que essa preservação da unidade deve ser feita com toda diligência e amor (Ef 4:2-3), ou seja, precisamos trabalhar de maneira esforçada e amorosa pela integração da igreja.

Para conservarmos a unidade de pensamento entre os irmãos, precisa-mos cultivar, entre estes, uma boa relação de amizade. O apóstolo Pedro ensinou: Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes. Não retribuam mal com mal, nem insulto com insulto (1 Pe 3:8-9 – NVI). Tiago, por sua vez, ensina que não devemos falar mal uns dos outros (Tg 4:11). Paulo também diz que não devemos mentir (Cl 3:9), nem invejar

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(Gl 5:26), nem odiar (Tt 3:3) uns aos outros. Ao contrário, devemos amar cordialmente uns aos outros com amor fraternal (Rm 12:10).

Em suma, a comunhão uns com os outros se desenvolve e prevalece através do esforço comum e da boa vontade de todos. Prezado estudan-te, a maior prioridade de sua vida deve ser cuidar de seu irmão, e a do seu irmão deve ser cuidar de você. É assim que acontece com o corpo humano. Por exemplo: você, às vezes, gosta de um tipo de comida; toda-via, o médico o proíbe de comê-la, por não ser boa para a sua saúde. As-sim, você deixa de comer tal alimento. Por que você deixa de comer? Por causa da saúde do corpo! Imagine que você esteja com dor de cabeça. Você precisa tomar um analgésico. Então, as suas “mãos”, que não têm nada a ver com a sua dor de cabeça, se envolverão, levando o remédio até a boca, o que lhe produzirá o alívio. Isso quer dizer que um membro sofre pelo outro e trabalha em benefício de todo o corpo.1

Até aqui, tratamos sobre a necessidade de união entre os filhos de Deus. Através deste estudo, vimos a comparação feita pelo apóstolo Pau-lo entre a igreja de Cristo e o corpo humano. Nesta comparação, ficou claro que, assim como no corpo humano, no corpo de Cristo, cada mem-bro tem a sua maneira própria de operar. Só há regularidade no fun-cionamento geral da igreja quando cada um dos seus membros estiver operando em perfeita harmonia com os demais. Unir-nos uns aos outros é mandamento do Senhor. Por isso, no que depender de nós, devemos cultivar e preservar a unidade entre os irmãos.

01. Leia Rm 12:4 e 5; 1 Co 12:12-14; o item 1, e responda: Que relação existe entre a igreja de Cristo e o corpo humano?

02. Leia 1 Co 12:26; Rm 12:15-16; o item 1, e responda: Comente sobre a integração e a interdependência que deve haver entre nós, o corpo de Cristo.

1. Lopes (2008:236/237).

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18 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

03. Leia Fp 2:3-6; o item 2, e responda: O que é necessário para que haja união entre os membros da igreja local e qual o maior exemplo que temos neste sentido?

04. Leia Rm 12:10, 16-18; 1 Jo 3:18; o item 3, e responda: Que mais é necessário aos membros da igreja para que estes vivam em união? Por que precisamos nos importar e nos preocupar uns com os outros?

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Unidade já: nada de caminharmos sozinhos! Se “é melhor andar só, do que mal acompanhado”, muito melhor é

andar bem acompanhado do que andar só. Foi isso que disse o sábio: Melhor é serem dois do que um. E ele explica a razão: ... porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companhei-ro; mas ai do que estiver só, pois caindo não haverá outro que o levante (Ec 4:9-11). Em nossa caminhada cristã, que tipo de companheiros temos sido? O que ajuda quem precisa ou o que precisa de ajuda? Biblicamente, cada um tem o dever de ajudar o outro.

05. Leia a primeira aplicação e debata com a classe o tipo de “companheiro” que cada um tem sido: o que ajuda quem precisa ou o que precisa de ajuda?

2. Unidade já: nada de nos acharmos superiores! Em muitos casos, a comunhão da igreja é prejudicada em decorrên-

cia da falta de humildade. Há nela algumas pessoas que, por terem a seu favor uma maior experiência religiosa, por terem mais tempo de ca-

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minhada cristã, por serem financeiramente mais favorecidas, por serem intelectualmente mais esclarecidas, por serem socialmente mais bem re-lacionadas etc., julgam-se superioras às demais, chegando a demonstrar isso com gestos, palavras e atitudes. Essas coisas não deveriam existir entre os filhos de Deus, porque, segundo Jesus, não somos nem maiores e nem melhores do que ninguém. Todos nós somos iguais!

06. Leia a segunda aplicação e responda: Que motivos podem levar algumas pessoas na igreja a se sentirem superioras às demais? A despeito disto, porém, como Jesus as considera?

3. Unidade já: nada de promovermos divisões! O apóstolo Paulo parece ter sido, entre os apóstolos, aquele que mais

sofreu, em consequência das divisões entre os membros da igreja, no seu tempo. Para algumas delas, ele pediu com “rogos” que se mantivessem uni-das (Rm 16:17; 1 Co 1:10; Fp 2:2). Em sua primeira carta aos Coríntios, ele diz textualmente: Para que não haja divisões no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros (1 Co 12:25). O cris-tão deve ser não só uma pessoa pacífica, mas também um pacificador, pro-movendo e incentivando a unidade e o bom relacionamento entre os irmãos.

07. Leia 1 Co 12:25; 1 Pe 3:18; a terceira aplicação, e responda: Como deve agir um membro do corpo de Cristo em relação aos outros? O que significa ser um pacificador?

CONCLUSÃO: A lição que acabamos de estudar tratou da necessidade de união entre os irmãos. Na comparação feita entre os membros da igreja e os membros do corpo humano, ficou claro que Deus quer que, como irmãos que somos, vivamos em integração e dependência uns dos outros, assim como acontece com as diversas partes do corpo humano. Para que haja união entre os irmãos, é necessário também que haja humildade. Em maté-ria de humildade, nenhum exemplo pode ser comparado ao que Cristo nos deixou. Foi ele que, sendo Deus, fez-se homem. Fez de tudo para nos unir a ele e para nos unir uns aos outros, assim como ele está unido com o Pai.

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TEXTO BÁSICO: Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus. (Rm 15:7)

INTRODUÇÃO: Em busca de uma conduta cristã mais correta, alguns irmãos criam regras extra-bíblicas para seguir e, infelizmente, passam a desprezar seus próprios companheiros de fé, considerando-se melhores ou mesmo julgando que os padrões daqueles sejam menos criteriosos que os seus. Os outros, por sua vez, julgam estes irmãos como legalistas ou radicais. Não há nada mais prejudicial à união do corpo de Cristo que este tipo de divisão interna, marcada por julgamentos e por uma falsa es-piritualidade. Nesta lição, estudaremos a importância da aceitação entre os irmãos a despeito de suas diferenças.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Para entendermos a razão de Paulo insistir com os irmãos que acei-tassem uns aos outros, precisamos verificar o contexto em que tal orientação se encontra. Este assunto começou no capítulo 14, e, se

21 JAN 2012

3Hinos sugeridos: BJ 21/ BJ 404

Levar o estudante da palavra de Deus a compreender a importância da aceitação para a união do corpo de Cristo.

Domingo, 15 de janeiro: .....................Rm 5:6Segunda, 16: .......................................Rm 5:7-8Terça, 17: ..............................................Rm 12:13 Quarta, 18: .............................................Rm 14:1 Quinta, 19: ............................................ 2 Co 7:2Sexta, 20: ................................................ Hb 13:2Sábado, 21: ................................................ 3 Jo 8

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Aceitem uns aos outros

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você ler o texto, verá que os irmãos da igreja de Roma vinham dis-cordando entre si por questões secundárias, ou seja, não referentes aos mandamentos. Ao longo do capítulo, Paulo procura exortar aos irmãos a que não criticassem ou julgassem seus companheiros na fé e conclui o ensinamento no nosso texto básico. Veremos, a seguir, a explicação para tal conselho do apóstolo.

1. Aceitação, o procedimento adequado: O texto básico diz: ... aco-lhei-vos uns aos outros. A palavra grega traduzida pelos verbos acolher, receber ou aceitar é proslambano e significa tomar como companheiro, receber em casa, conceder acesso ao coração, acolher em amizade. O acolhimento que Paulo ensina visa à unidade da igreja e à aceitação en-tre membros. Numa mesma comunidade cristã, sempre haverá diferen-ças entre os irmãos; entretanto, estas não devem ser relacionadas a dou-trinas, ou seja, aquilo que Deus deixou claro como padrão. As diferenças normalmente estão relacionadas a tradições ou preferências pessoais. Este era o problema da igreja de Roma.

A igreja era composta por judeus e gentios convertidos a Jesus. Os judeus, os quais Paulo chama de fracos na fé, não compravam carne, porque seguidores de outras religiões ofereciam-nas aos seus ídolos e, depois, colocavam-nas à venda. Sendo assim, só se alimentavam de vegetais, pois criam que, se ingerissem carne consagrada, fariam participação na idolatria. Ainda queriam impor aos gentios a partici-pação nas festas, feriados e jejuns. E os gentios, que são chamados de fortes na fé, sabiam que não havia problema em comer as carnes de animais limpos oferecidas, pois o ídolo em si não é nada. Isso não significa que os cristãos gentios iam ao templo pagão participar da mesa deles e comprar carnes. O fato é que, no mercado da cida-de, a carne comercializada era oferecida aos ídolos primeiro, pois os comerciantes eram idólatras. Sobre as datas da tradição judaica, compreendiam que, com a morte de Cristo, estas perderam seu sig-nificado na cruz. A discussão não tem relação com a abstinência de carnes imundas de Levítico 11, nem com o sábado.

Havia desprezo de ambos os grupos devido à intolerância com os graus de maturidade espiritual. Paulo ensina que essas questões secundárias não deveriam ser motivo de brigas e julgamentos, mas insiste em que a falta de tolerância é considerada pecado, diante de Deus, pois ameaça a unidade. O ideal é que pessoas maduras na fé suportem as imaturas, compreendendo suas limitações e encorajan-do-as ao crescimento. As imaturas não devem julgar as maduras pelo

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22 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

seu procedimento. O conhecimento do forte leva à aceitação e não ao desprezo.1 A responsabilidade é de ambas as partes, pois devem visar à união do corpo de Cristo. O verdadeiro amor implica aceita-ção. Quem aceita, preserva a comunhão. Assim como havia diferentes grupos entre os cristãos de Roma, hoje temos também, em nossas igrejas, grupos distintos, tais como: os jovens, os mais velhos, os mais tradicionais, os que gostam de orar mais etc. Isso pode gerar confli-tos, diferença de opiniões e choque de preferências. A aceitação é a solução correta apontada pela Bíblia.

2. Jesus Cristo, o modelo excelente: Precisamos ter em vista o modelo de aceitação, que é Jesus. A sequência do texto diz: ... como também Cristo nos acolheu. O motivo para aceitarmos o outro é que fomos aceitos primeiramente por Jesus. A palavra também indica que a aceitação deve ser feita justamente como Jesus fez. O livro de Roma-nos esclarece que todos são iguais, diante de Deus (Rm 10:12), e que Jesus doou a sua vida por todos, indistintamente, trazendo benefícios aos que o aceitam. Veio à terra prestar serviço; tomou o nosso lugar (Is 53:4-7; Jo 10:15); pagou o preço pelo pecado (Rm 6:23a); tornou-nos justos perante Deus (Rm 3:24-28); aceitou-nos em sua família, e nos conferiu a possibilidade de vida eterna (Rm 6:23b).

Cristo não impôs condições para aceitar qualquer pessoa (Rm 5:6); não acolhe ninguém baseado em etnia, status, classe social ou sexo. Ele aceita incondicionalmente (Ef 2:8-9).2 Não apenas nos tolerou, mas, pela graça, nos aceitou como somos; contudo, recusa-se a deixar-nos como estamos. Quando compreendemos isso, não podemos mais nos avaliar como melhores que nossos irmãos. Todos éramos pecadores; não tínha-mos vantagens sobre outros irmãos. Se tivermos mais maturidade espi-ritual, isso irá nos conferir responsabilidade e não direitos. Precisamos, como Cristo, aceitar e servir uns aos outros (Fp 2:5-8).

Quando há lealdade a Cristo, nenhum outro padrão além da Bíblia é necessário. Quanto mais concordamos com Jesus, mais concordamos uns com os outros. Ele é o foco da nossa unidade.3 Mesmo assim, ha-verá diferenças na igreja por questões de preferências que não ferem a doutrina, pois ter a mesma fé não significa que a igreja seja unânime em todos os detalhes. Neste caso, lembremos do conselho de Paulo: ...

1. Lopes (2010:458).2. Getz (2006:61).3. Stott (2000:449).

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aceitem uns aos outros (NTLH). Cada membro do corpo de Cristo tem sua importância (Rm 12:3-8). Nenhum deve ser tratado com menos-prezo, mas com amor, respeito e tolerância. Não deve haver dissen-sões, favoritismos e julgamentos.

3. Glória de Deus, a motivação correta: O texto se encerra desta forma: ... para a glória de Deus. A motivação que Paulo dá aos cristãos é a glorificação do único que merece tal honra e exaltação. A glória sempre será exclusiva de Deus. Portanto a busca da aceitação entre irmãos, e, consequentemente, a união da igreja nunca será para a exaltação pessoal de qualquer membro, mas somente de Deus. O mérito nunca é humano, mas divino. Todas as ações na igreja devem visar à glória de Deus, porque, se há outra intenção além desta, a motivação está errada e deve ser reavaliada.

Quando os irmãos se preocupam simplesmente com servir ao Se-nhor, passam a não se importar com questões não essenciais ao reino de Deus.4 Se todos se ocupam da obra do Senhor, estarão dispostos a fazer juntos um bom trabalho para glorificar a Deus. Não haverá tempo para criticar as condutas dos irmãos, nem para questionar suas preferências. Os irmãos devem ser pacientes e amorosos com aqueles que estão em processo de crescimento espiritual. Aceitar implica buscar primeiramente os interesses do outro (Rm 15:1-2). As lutas travadas na igreja são con-trárias ao modelo de aceitação e em nenhum aspecto glorificam a Deus; ao contrário, desagradam-no.

O que agrada a Deus é o culto que provém de corações unidos em amor (1 Jo 3:16, 18) e compaixão (Rm 12:15).5 Um versículo antes do texto básico usa a palavra concordemente, para referir-se ao modelo que glorifica a Deus. Essa palavra é a tradução de homothumadon (gr.), que nos ensina como deve ser a comunhão cristã que agrada a Deus. É um vocábulo composto pelas palavras impedir e em uníssono, que dão a ideia de um conjunto de notas diferentes que se harmonizam. Da mesma forma, a igreja, como vários instrumentos de uma só orquestra harmô-nica, é conduzida pelo Espírito Santo, de modo que pessoas diferentes se harmonizem.6 Na igreja de Cristo, não deve haver lugar para racismo, preconceito ou discriminação. O povo de Deus é a união de diferentes. É uma unidade na diversidade (cf. 1 Co 12:12).

4. Wiersbe (2006:730).5. Lopes (2010:460).6. Biblioteca digital da Bíblia: Sistema de biblioteca digital Libronix. (2005).

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24 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

A igreja unida louva a Deus, dando bom testemunho, e os de fora en-xergam isso. A ideia que Romanos 15:7 traz é que a aceitação deve ser prioridade na igreja de Cristo. Nenhum mandamento bíblico incentiva qualquer comportamento diferente deste. O que promove divisão é a natureza carnal e egocêntrica do homem. Jesus nunca incentivou bri-gas por tradições ou preferências; ao contrário, incentivou-nos a aceitar cada pessoa, tendo em vista que todos estão em processo de cresci-mento espiritual. O ideal de Deus para seu povo é a unidade, que não pode existir, sem, antes, haver aceitação. Vejamos, a seguir, que ações nos auxiliam a aceitar os outros.

01. Leia o item 1 e responda: Qual era a dificuldade da igreja de Roma? Por que isso ameaçava a aceitação entre os irmãos?

02. Leia o segundo tópico e responda: Por que Jesus é o modelo de aceitação?

03. Ainda sobre o segundo tópico, responda: Como fazer com que as preferências pessoais não afetem a comunhão da igreja?

04. Leia o terceiro tópico e responda: Qual a motivação correta para a aceitação entre irmãos? Comente sobre as motivações erradas.

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II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Para aceitar o outro, precisamos reconhecer quem somos. Aprendemos que Jesus morreu por todos. Logo, não há pessoas me-

lhores que outras. Todos eram maus (Rm 3:10,23). Sendo assim, de-vemos identificar nossas fraquezas ao invés de olhar somente para as dos outros. Lembre-se de que a natureza carnal é egocêntrica, ou seja, busca somente seus interesses, quer estar em evidência e fazer sobres-sair suas opiniões. Essa natureza não visa à aceitação dos irmãos; ao contrário, aponta-lhes os erros. Como cristãos em processo de amadu-recimento espiritual, precisamos olhar mais nossas falhas e nos corrigir, pois, assim, olharemos com mais compaixão para os outros e aceitare-mos as suas dificuldades (Ef 4:32).

05. Por que reconhecer quem somos nos ajuda a aceitar os outros?

2. Para aceitar o outro, precisamos evitar julgamentos. O problema da igreja de Roma não era heresia, mas tradições enraiza-

das no coração de alguns. Ali, os cristãos estavam se desentendendo por causa de opiniões pessoais e de questões periféricas. Com isso, julgavam e menosprezavam uns aos outros. Será que as coisas estão diferentes, em nossos dias? É lamentável, mas, ainda hoje, irmãos em Cristo brigam e se magoam com discussões sem sentido. Discutem por preferências musicais, por causa de opiniões pessoais deste ou daquele assunto, ou porque gostam mais deste ou daquele estilo de culto. E igrejas se divi-dem por essas razões. Querido estudante, se o seu irmão está falhando em algo crucial da fé cristã ou está desobedecendo a um dos manda-mentos de Deus, exorte-o, como nos ensina a Bíblia. Contudo, por causa de opiniões pessoais e de questões periféricas, não julgue, nem despreze ninguém (Rm 2:1). Se, para você, o irmão está errado, que Deus o julgue. Não o receba como inferior a você; não brigue com ele, mas tenha paci-ência. Ore por ele e o aceite.

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26 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

06. Por que os julgamentos impedem a aceitação? Qual o nosso dever em relação aos outros?

3. Para aceitar o outro, precisamos visar a sua edificação. Precisamos ter em vista que Deus nos confere maturidade espiritual

para ajudar os outros irmãos. Não podemos viver de maneira egoísta, mas humilde e altruísta.7 Devemos colocar os interesses do outro em primeiro lugar, como fez Jesus (Fp 2:5-11), e tomar cuidado com o favo-ritismo, pois é fácil aceitar alguém pelo que tem. Mas o que Deus quer é que aceitemos os que são diferentes de nós. Além disso, temos que dar suporte aos mais fracos na fé, a fim de que sejam edificados (Rm 15:2). Lembremos que, quando abrimos mão de algo que sabemos que não é errado para não ferir o outro, agradamos a Deus, pois nossa intenção é não fazer ninguém tropeçar.

07. Por que, para aceitar o outro, precisamos visar ao interesse dele?

CONCLUSÃO: Todas as pessoas devem ser aceitas no corpo de Cristo, porque Deus amou a todas. Infelizmente, algumas igrejas travam bata-lhas por questões secundárias, que não afetam a santificação. Famílias brigam; grupos distintos se desentendem. Isso macula a comunhão da igreja e dá mau testemunho para os não crentes. Como aprendemos, temos de deixar as diferenças que não se referem a pecados de lado para que exista unidade. Isso é possível por meio da aceitação. Devemos aceitar os irmãos assim como Jesus nos aceitou para, juntos, glorificar-mos a Deus. Isso é mandamento.

7. Lopes (2010:459).

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TEXTO BÁSICO: Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam. (Rm 16:16)

INTRODUÇÃO: Esta é a quarta lição desta série de estudos bíblicos. Já aprendemos sobre a importância de amar uns aos outros, de unir-nos uns aos outros e de aceitar uns aos outros. No presente estudo, iremos refletir sobre a relevância do ato de saudar ou de cumprimentar, que deve haver entre os membros do corpo do corpo de Cristo, entendendo que este princípio é um dos mandamentos da mutualidade, e que deve-mos exercitá-lo visando ao bem comum da comunidade cristã. Veremos que tanto Jesus quanto os apóstolos valorizavam essa prática tão bonita e nos ensinaram a fazer o mesmo.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

A igreja local é uma família (pelo menos, deveria ser), e toda família sau-dável é composta por pessoas que se amam, que se aceitam e que se cum-primentam. Um dos primeiros sinais de que algo não vai bem entre as pes-soas é que estas deixam de se saudar. Assim, acaba-se o “bom dia”, a “boa

28 JAN 2012

4Hinos sugeridos: BJ 343/ BJ 36

Levar o estudante da palavra de Deus a refletir sobre a importância de saudar uns aos outros para o desenvolvimento e a manutenção do bom relacionamento entre os membros do corpo de Cristo.

Domingo, 22 de janeiro: .............1 Sm 25:14 Segunda, 23: .....................................1 Cr 18:10 Terça, 24: ..................................................Mt 5:47Quarta, 25: .............................................Lc 15:20 Quinta, 26: ............................................ At 20:37 Sexta, 27: ............................................... At 25:13Sábado, 28: ...............1 Co 16:20; 2 Co 13:12

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Saúdem uns aos outros

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28 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

noite”. Abraço e beijo, então, nem pensar! Sabemos que o toque e a troca de olhares ou de palavras fazem parte do convívio e do relacionamento entre pessoas que ocupam o mesmo espaço, que frequentam os mesmos lugares e professam a mesma fé. Assim, saudações entre os crentes não é apenas “uma questão de educação e boas maneiras é um primeiro passo dado no processo de aceitação”.1 Sobre essa questão, o apóstolo Paulo nos ensina algumas lições valiosas em Romanos, capítulo 16; vejamos:

1. A importância do nome: A carta de Paulo aos Romanos é, sem dúvida, um dos textos mais impressionantes de toda a Escritura. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, faz uma explanação fantástica acerca de temas relevantes e polêmicos do cristianismo, como, por exemplo: a lei e a graça, que encontramos nos capítulos 5, 6 e 7. Muitos estudiosos já se debruçaram sobre esses capítulos, a fim de extrair deles detalhes importantes para a defesa da fé. Mas temos de admitir que o último ca-pítulo da carta passou despercebido por muitas pessoas. O capítulo 16, ao contrário do que muita gente pensa, possui princípios elementares sobre relacionamentos interpessoais.

Esse texto começa com uma recomendação pessoal de Paulo (v.1-2). O apóstolo aproveita a oportunidade da carta para pedir aos irmãos de Roma que recebam e auxiliem uma irmã de nome Febe, possível portadora da car-ta.2 Em seguida, Paulo faz uma série de saudações a pessoas amigas, que, provavelmente, estavam vivendo em Roma (v. 3-15). Ele cita vinte e seis no-mes, sendo que nove eram de mulheres, o que mostra a diversidade de gê-neros. Não há como negar: Paulo “é um mestre de relacionamentos huma-nos. É um pastor experiente e sabe o valor de tratar as pessoas pelo nome”.3

Paulo, a exemplo de Jesus (Lc 10:41; 19:5), era alguém que se envolvia e se importava com as pessoas. Ele as conhecia e as saudava pelos seus nomes. É, no mínimo, educado, em qualquer parte do mundo, chamar as pessoas pelos seus próprios nomes. Quando assim fazemos, estamos respeitando-as, valorizando-as e dando-lhes a distinção que merecem. Por outro lado, a não preocupação com o nome das pessoas pode signi-ficar falta de interesse por elas. Então, aqui temos a primeira lição deixa-da pelo apóstolo: ao cumprimentarmos alguém, procuremos lembrar seu nome. Essa prática é essencial.

1. CAMARGO, Roberto. O valor de uma saudação. Disponível em: evol.com.br > acesso em 12 de setembro de 2011.

2. Wiersbe (2006:738).3. Lopes (2010:492-493).

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2. A beleza do reconhecimento: É importante observar que Paulo, além de mencionar o nome das pessoas, faz algumas considerações so-bre elas. Ele demonstra o devido reconhecimento pelo carinho, empenho e dedicação dessas pessoas. Que belo exemplo do apóstolo! Ele reco-nhecia a importância daquelas pessoas em sua vida e em seu ministério. Observe o que ele diz sobre Febe: Porque tem sido protetora de mui-tos e de mim inclusive (v. 2). A palavra grega traduzida por protetora é prostatis, que pode, também, ser traduzida por “ajudadora”, “benfeitora”, “patrocinadora”.4 Febe era uma mulher que usava suas posses para aju-dar a igreja e o ministério do apóstolo.

Priscila e Áquila também receberam o reconhecimento de Paulo. Se-gundo o próprio apóstolo, eles chegaram a arriscar suas próprias vidas para defender a dele (v. 3-4). Paulo ainda expressa sua estima especial por outras pessoas: Epêneto é chamado de “querido” (v. 5); Amplíato, de “dileto amigo” (v. 8); Estáquis, de “amado” (v. 9); Pérside, de “estima-da” (v. 12). Esta lista revela-nos algo extraordinário, “mostra o papel que as pessoas desempenharam no ministério de Paulo e no ministério das igrejas”,5 e mostra que Paulo reconhecia isso. Esse servo de Deus era ma-duro e espiritual o suficiente para entender que o Senhor havia levantado homens e mulheres para cooperarem com ele no evangelho.

As saudações proferidas pelo apóstolo revelam o seu coração. Paulo expõe sua afeição e sua apreciação aos seus leais amigos. É como se ele fizesse questão de deixar bem claro aos cristãos em Roma: “Eu reconhe-ço o que vocês fizeram por mim!”. Para que haja um bom relacionamento entre os membros do corpo de Cristo, é necessário que cada um, indi-vidualmente, assim como Paulo, reconheça que é dependente do outro e não tenha vergonha de assumir isso. É fundamental e gentil reconhe-cermos a importância das pessoas em nossas vidas. Na verdade, a nossa afeição pelas pessoas é que nos leva a cumprimentá-las com sinceridade. Assim sendo, quando você for saudar algum irmão, é importante que expresse o que sente por ele e o que pensa dele. Diga ao seu irmão o quanto a amizade dele é importante a você.

3. A compreensão do mandamento: Após fazer alusão a vários com-panheiros de fé e ministério, mencionando seus nomes, feitos e valo-res, Paulo deixa um mandamento para toda a igreja: Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo (Rm 16:16). Para uma melhor compreensão do

4. Idem.5. Wiersbe (2006:739).

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texto, é necessário entender a diferença entre “ordem” e “forma”. Há, neste texto, uma ordem e uma forma. “Saudai-vos uns aos outros” é uma ordem, um mandamento. “Com ósculo santo” é a forma. A ordem é universal, supracultural. A forma é cultural. Cumprimentar com um beijo fazia parte da cultura dos apóstolos.

Alguns textos bíblicos nos comprovam isso. Judas beijou Jesus para entregá-lo aos soldados (Mt 26:48-49). Jesus censurou Simão, o fariseu, por não o ter recebido em sua casa com beijo (Lc 7:36-50). Na parábola do “filho pródigo”, o filho é beijado pelo pai (Lc 15:20). Os presbíteros de Éfeso beijaram Paulo, antes de sua partida (At 20:37). Pedro, a exemplo de Paulo, orientou seus patrícios, dizendo: Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor (1 Pd 5:14). O beijo era a forma utilizada na época para demonstrar amor cristão.6 É importante ressaltar, ainda, que o beijo ja-mais deveria ser malicioso, mas deveria ser santo.

Devemos entender que a forma de cumprimentar pode mudar de um lugar para o outro. Dependendo da cultura, cumprimenta-se com beijos, abraços, apertos de mãos, inclinação do corpo para frente. Todavia, a ordem é imutável e vale para todos os cristãos, de todos os lugares, em todas as épocas, independentemente de raça, língua, povo ou nação. A forma pode ser adaptada à cultura, mas o mandamento não pode ser ignorado. A preocupação dos apóstolos Paulo e Pedro “não era quanto à forma que a saudação devia ter. O que importava era que fosse ‘santa’, uma saudação santificada, uma expressão de verdadeiro amor cristão”.7 Nós temos o costume de estender a mão e saudar com a paz do Senhor. Este é um gesto simples, porém, precioso que devemos conservar. É uma demonstração de atenção, mas também de carinho entre os irmãos.

Saudar uns aos outros é um dos mandamentos da mutualidade cristã. Os apóstolos, como vimos, praticaram e incentivaram a igreja a fazer o mesmo. Temos relatos de que os chamados “Pais da igreja” deram continuidade a essa tradição. Justino, o Mártir, escreveu: “terminadas as orações, nós saudamos uns aos outros com um beijo”.8 Os cristãos do século XXI, assim como Jesus, os apóstolos e os pais da igreja, devem va-lorizar os relacionamentos interpessoais, observando todos os princípios bíblicos para estes, inclusive os relacionados ao mandamento “saúdem uns aos outros”.

6. Murray (2003:594).7. Getz (2006:88).8. Stott (2000:479).

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01. Comente a frase: Um dos primeiros sinais de que algo não vai bem entre as pessoas é que estas deixam de se saudar.

02. Leia Rm 16:3-15; o item 1, e responda: Por que Paulo é um mestre de relacionamentos humanos? O que podemos aprender com ele?

03. Com base em Rm 16:1-4 e no comentário do item 2, responda: Paulo era alguém que reconhecia a importância das pessoas em sua vida e em seu ministério? Justifique sua resposta.

04. Com base no item 3, explique o mandamento: Saúdem uns aos outros com ósculo santo.

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Ao saudarmos uns aos outros, valorizemos a identificação das pessoas.

Com raras exceções, as pessoas gostam de ser chamadas pelo nome. Por isso, ao saudar alguém, valorize o nome da pessoa. Como vimos, Paulo nos dá uma aula de relacionamento interpessoal. Ele poderia ter escrito: “Saúdo a todos que cooperaram comigo no evangelho”. Todavia, valorizou, individualmente, aquelas pessoas, citando seus nomes. Esse foi um homem que viajou milhares de quilômetros, que conheceu inúmeros

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lugares e diferentes culturas. Paulo valorizava as pessoas a sua volta. Esse é um dos princípios fundamentais, na arte dos relacionamentos interpes-soais: saudar as pessoas citando os seus nomes.

05. Após ler a primeira aplicação, comente a importância de saudar uma pessoa chamando-a pelo nome.

2. Ao saudarmos uns aos outros, reconheçamos a importância das pessoas.

Vivemos dias de individualismo, de egocentrismo, de muitas vaidades pessoais. Infelizmente, essa “onda” tem invadido até mesmo a igreja de Cristo. Por isso, é fundamental atentarmos para o exemplo de Paulo em reconhecer a cooperação e a importância das pessoas em nossas vidas e ministérios. Quando não valorizamos as pessoas, a tendência é que as ignoremos, seja no supermercado, na rua ou no corredor da igreja. Se não reconhecermos sinceramente a importância delas em nossas vidas, nunca nos sentiremos à vontade para saudá-las. Portanto, reconheça a impor-tância das pessoas. Você já disse a algum irmão em Cristo o quanto a ami-zade dele é valiosa para você? Você já agradeceu por algo que este irmão lhe fez? A hora dos cumprimentos é um bom momento para se fazer isso.

06. Leia a segunda aplicação e comente a frase: Quando não damos o devido valor às pessoas, a tendência é que as ignoremos, seja no supermercado, na rua ou no corredor da igreja.

3. Ao saudarmos uns aos outros, demonstremos interesse pelas pessoas.

Saudar uns aos outros não é uma opção: é uma ordem bíblica e pre-cisa ser compreendida como tal (1 Co 16:20; 2 Co 13:12). É preocupante ver tantas pessoas indiferentes no corpo de Cristo; gente que se cruza no corredor da igreja ou nas suas dependências, sem se olhar nos olhos ou se estender as mãos; pessoas que congregam juntas há tanto tempo

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e não se conhecem pelo nome. Isso precisa ser mudado. Por outro lado, é também triste ver cristãos cumprimentando-se friamente, sem dar a devida atenção um ao outro. Por isso, ao cumprimentar alguém, olhe-o nos olhos; pergunte-lhe como está; pare por um momento e demonstre preocupação. Fazendo isso com sinceridade, realmente, você cumprirá este mandamento.

07. Leia 1 Co 16:20; 2 Co 13:12; a terceira aplicação, e responda: Saudar uns aos outros deve ser encarado pelos cristãos como um mandamento? O que significa dedicar a devida atenção à pessoa, no cumprimento?

CONCLUSÃO: Pela graça de Deus, chegamos ao final de mais um es-tudo. Estejamos certos de que o Senhor Jesus é o primeiro e principal interessado no bom convívio entre os membros de seu corpo, que é a igreja (Ef 1:22-23). Para que isso aconteça, é necessário que entendamos este princípio fundamental: Saúdem uns aos outros com ósculo santo (Rm 16:16). Lembre-se: a forma pode até ser alterada, de acordo com a cul-tura, mas o mandamento permanece. Manifeste interesse pelas pessoas; procure cumprimentá-las pelos seus nomes; reconheça o valor delas no corpo de Cristo, e dedique-lhes a devida atenção no cumprimento; afi-nal, todo o corpo bem ajustado e consolidado pelo auxilio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para edificação de si mesmo em amor (Ef 4:16).

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4 FEV 2012

5Hinos sugeridos: BJ 259/ BJ 272

TEXTO BÁSICO: Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fra-ternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. (Rm 12:10)

INTRODUÇÃO: Em uma série de Lições Bíblicas, cujo título era: Mais que palavras: o que Deus fala ao seu povo,1 um dos estudos tra-tava especialmente sobre a honra que Deus merece. Aprendemos que devemos honra ao seu nome porque ele é nosso Pai e nosso Senhor. É importante resgatarmos esse ensino porque, no estudo de hoje, também trataremos sobre honra, mas, desta vez, em relação aos nos-sos irmãos em Cristo. Veremos, com base em Rm 12:10, também no ensino e no exemplo de Jesus, que a prática de nos honrarmos mu-tuamente é demonstração de amor a Deus e ao próximo, renúncia ao desejo de reivindicarmos nossa própria honra e submissão à vontade de nosso Senhor Jesus Cristo.

1. Lições Bíblicas: revista para estudos nas Escolas Bíblicas, nº 291. São Paulo: GEVC, 2010, 2º trimestre.

Conscientizar o estudante de que os discípulos de Jesus devem honrar uns aos outros e de que a honra mútua entre os filhos de Deus desfaz a rivalidade, evita a inimizade e promove a união na família de Deus.

Domingo, 29 de janeiro: .....................Dt 5:16 Segunda, 30: .........................................Rm 13:7Terça, 31: ............................................1 Co 12:26Quarta, 01 de fevereiro: .......................Ef 5:33 Quinta, 02: ..............................................1 Ts 2:6Sexta, 03: ...................................................Fl 4:12Sábado, 04: ......................................... 1 Pd 2:17

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Honrem uns aos outros

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I – ENTENDA O MANDAMENTO

É difícil para o ser humano ceder privilégios, abrir mão de um lugar de honra para que outra pessoa o ocupe. As pessoas querem ser home-nageadas e estar em evidência e, naturalmente, não estão dispostas a honrar o próximo. Isso se deve ao fato de que honrar o outro é uma ati-tude divina, não humana. Todavia, o fato de ser divina não significa que se trata de algo impossível ou que não nos diz respeito. Temos, no ensino e no exemplo de Jesus, a confirmação de que não somente podemos, com a ajuda de Deus, mas também devemos, como seguidores de Cristo, honrar uns aos outros. É isso que veremos neste estudo.

1. O amor precede a honra: É importante observarmos que o texto-base deste estudo inicia-se com um apelo à prática do amor: Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal (Rm 12:10), e é precedido de uma evocação a essa prática: O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem (Rm 12:9). Nesses textos, as palavras gregas (agape, no v.9; philostorgoi e philadelphia, no v.10), traduzidas, respectivamente, por “amor”, “amai-vos cordialmente” e “amor fraternal”, estão relacionadas a amabilidade, ternura e boa vontade, que fazem parte dos relacionamentos saudáveis entre familiares, especialmente entre pais e filhos e entre irmãos.

A partir daí, podemos entender que, na perspectiva cristã, o amor pre-cede a honra. Considerando que a igreja é a família de Deus, que ele é o nosso Pai e nós somos seus fi lhos e irmãos uns dos outros, só o honra- nós somos seus fi lhos e irmãos uns dos outros, só o honra- filhos e irmãos uns dos outros, só o honra-ó o honra- o honra-mos se o amamos como Pai, bem como só nos honramos mutuamente se nos amamos como irmãos. Tudo começa com o amor, porque tudo deve estar fundamentado em Deus, e Deus é amor. Nesse sentido, a hon-ra mútua na família de Deus é genuína se procede do amor. É pelo amor que temos uns pelos outros que seremos conhecidos como filhos de um mesmo Pai e discípulos de Jesus (cf. Jo 13:35).

Como está claramente expresso, em Rm 12:9-10, não se trata de qualquer tipo de relacionamento: Paulo está se referindo a um vínculo profundo entre os crentes, o mesmo que une os membros de uma fa-mília. Esse vínculo só pode ser estabelecido pelo amor. Não honramos genuinamente um irmão para cumprirmos um protocolo, muito menos para nos promovermos a sua custa: honramos um ente querido porque o amamos e mantemos um vínculo afetivo com ele, a ponto de a sua

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alegria ser a nossa alegria, o seu bem-estar ser o nosso bem-estar, a sua realização ser a nossa realização. Honramos uns aos outros porque ama-mos a Deus, nosso Pai, que nos fez um só em Cristo.

2. Honrar significa ceder: Já vimos que não conseguimos honrar genui-namente, sem amar. De forma resumida, podemos dizer que honrar é eno-brecer o outro, torná-lo distinto. Todavia, isso se choca com o nosso próprio desejo de sermos honrados pelos outros, o que é próprio de todo ser hu-mano. O desafio que Paulo apresenta é, justamente, o de resistirmos, com a graça de Deus, a este nosso desejo e cedermos o lugar de honra para o nosso irmão. Sendo assim, quando honramos uns aos outros, estamos cedendo os nossos privilégios, ou os que gostaríamos de receber, ao nosso irmão.

A expressão paulina preferindo-vos em honra uns aos outros, em Rm 12:10, está relacionada à demonstração de respeito e apreço pelo outro. Preferir em honra é ter o irmão em tão alta consideração a ponto de querer que ele esteja em destaque. Na verdade, é mais que querer: é promover a sua honra; é conduzi-lo ao reconhecimento da igreja. Nesse sentido, enaltecemos nosso irmão, quando reconhecemos suas virtudes e capacidades e colaboramos para que estas beneficiem o corpo de Cris-to e o reino de Deus. Honramos nosso irmão, especialmente, quando tornamos público esse reconhecimento, através de elogios sinceros, por exemplo, ao seu amor pela causa de Cristo, à sua competência e às suas virtudes. João Batista tornou pública a superioridade de Jesus, ao dizer: Convém que ele cresça e que eu diminua (Jo 3:30).

Na verdade, é assim que devemos nos relacionar uns com os outros, no corpo de Cristo: evidenciando as virtudes e os talentos dos nossos irmãos, não as suas imperfeições, em nossas conversas e em todas as demais atividades. É assim que procedem os filhos da luz. Quem “puxa o tapete” ou “queima o filme” do outro para se sobressair, para manter ou conquistar prestígio, está agindo como os filhos das trevas. Ainda não está mostrando as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pd 2:9). Por mais difícil que seja aceitar essa verda-de, é o que a Bíblia ensina (Ef 5:8-11; Cl 1:13; 1 Jo 1:5-7, 2:9-11).

3. O exemplo divino: Temos em Jesus o modelo de como devemos honrar e a quem devemos honrar. Aprendemos com ele que honrar im-plica atitude de despretensão, pois a honra genuína nasce a humildade e não precisa ser reivindicada. Jesus denunciou os escribas e fariseus, que se consideravam superiores às demais pessoas e buscavam o reconheci-mento popular (Mt 23:1-12; Mc 12:38-40; Lc 20:45-47). Ele mesmo nunca precisou reivindicar honra para si. Por isso, sentiu-se livre para lavar os pés

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dos discípulos, no Cenáculo (Jo 13:1-17). Da mesma forma, quando enten-demos que não precisamos reivindicar nossa honra, tornamo-nos livres para servir a Deus e aos nossos irmãos.

Aprendemos também com Jesus a não honrar um irmão por ele possuir riqueza, beleza exterior, inteligência superior ou qualquer outro tipo de po-der, mas por ser humilde e saber servir. Foi isso que o Senhor ensinou aos seus discípulos, quando estes queriam saber qual deles era o mais importante (Mc 9:33-37; cf. Mt 18:1-5; Lc 9:46-48). Jesus nos ensinou, ainda, a honrar os desprovidos de poder e os desfavorecidos pelo mundo, que também devem estar em nosso meio servindo a Deus (Mt 23:11-12; Lc 14:7-14; cf. Tg 2:2-17). O Pai foi honrado, quando Cristo veio habitar entre nós, para garantir a nossa redenção e a nossa participação na sua glória (Ef 2:6-7; Cl 3:4). Da mesma for-ção na sua glória (Ef 2:6-7; Cl 3:4). Da mesma for-a sua glória (Ef 2:6-7; Cl 3:4). Da mesma for-ma, ele é glorificado, quando honramos os que são desprezados pelo mundo.

Sem dúvida, nosso exemplo máximo de honra aos outros é Jesus, cuja humildade o levou a se esvaziar de toda a sua glória junto ao Pai para servir seres humanos (Fp 2:5-10). Por causa desse exemplo de humildade deixado por Cristo, sabemos que honrar nosso irmão não é impossível, que Deus não nos daria um mandamento que não pudéssemos cumprir com a sua ajuda. Por causa da sua intervenção na discussão dos seus dis-cípulos, sabemos que devemos dar honra aos outros, especialmente aos mais humildes, e reconhecer que precisamos aprender com eles, porque somos discípulos desse Jesus, que é manso e humilde (Mt 11:29).

Nós, que somos a família de Deus na terra, temos virtudes, talentos e recebemos dons do Espírito Santo para servirmos a Deus e colaborarmos no seu reino. Se olharmos uns para os outros e valorizarmos as virtudes e os dons que cada um recebeu, todos nós seremos igualmente respeitados. Não haverá, entre nós, o menor e o maior, porque todos seremos servos uns dos outros. Se amamos o nosso Deus, devemos tratar nossos irmãos como ele nos ensinou a tratá-los: com respeito e consideração pelo seu serviço. Se honramos o Deus a quem servimos, honramos também aque-les que lhe servem e reconhecemos que dependemos uns dos outros.

01. Após ler Rm 12:9-10, e o item 1, responda: A que tipo de amor se referem as expressões amor, amai-vos cordialmente e amor fraternal? Por que não é possível honrar verdadeiramente sem amar?

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02. Leia Rm 12:10, o item 2 e explique a expressão preferindo-vos em honra uns aos outros.

03. Leia Mt 23:1-12; Mc 12:38-40; Lc 20:45-47; Jo 13:1-17; o item 3, e responda: Que atitudes Jesus condenou nos escribas e fariseus? Por que o Mestre nunca precisou reivindicar a própria honra e que exemplo de honra ao próximo ele nos deixou?

04. A partir do ensino de Jesus, em Mt 18:1-5, Mc 9:33-37 e Lc 9:46-48, quem é o mais importante entre aqueles que o seguem? De acordo com Mt 23:11-12; Lc 14:7-14; Tg 2:2-17, a quem devemos honrar?

II – AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Honrar uns aos outros desfaz a rivalidade na família de Deus. Não há algo tão contrário ao mandamento de nos honrarmos mu-

tuamente quanto o espírito de rivalidade ou porfia, que é obra da carne (Gl 5:19-21), fomentada em nós por todas as instâncias da so-ciedade. Desde cedo, somos encorajados a competir e pressionados a superar uns aos outros para conquistarmos honra. Mas o evangelho de Cristo aponta um caminho oposto: ... porque aquele que entre vós for o menor de todos, esse é que é grande, disse Jesus (Lc 9:46-48; cf. Mt 18:1-5; Mc 9:33-37). Se apreciarmos as virtudes uns dos outros, não nos veremos como rivais; não haverá lugar para a inveja e o ciúme entre nós. Por isso, a honra de uns para com os outros, na família de Deus, é o antídoto contra a rivalidade.

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05. De que maneira a rivalidade prejudica o nosso relacionamento, na família de Deus, e como a desfazemos?

2 Honrar uns aos outros evita a inimizade na família de Deus. Numa comunidade em que as pessoas aprendem a se ver como ri-

vais, ninguém é amigo de ninguém, porque ninguém pode confiar em ninguém. Se, ao invés de honrarmos nossos irmãos em Cristo, olhar-mos para eles como nossos rivais, concorrentes aos mesmos cargos de liderança a que aspiramos, veremos uns aos outros como ameaças. Consciente ou inconscientemente, nós nos tornaremos inimigos uns dos outros. No reino de Deus, não deve ser assim. Cada crente tem uma vocação especial dada por Deus, tem dons dados pelo Espírito Santo, e todos devem exercer sua vocação e usar os seus dons para a glória de Deus, honrando a vocação e os dons dos demais irmãos. Assim, a honra de uns para com os outros, na família de Deus, é o antídoto contra a inimizade.

06. Por que honrar uns aos outros é um antídoto contra a inimizade? O que você pode fazer para valorizar as virtudes e os dons dos seus irmãos?

3 Honrar uns aos outros promove a união da família de Deus.Como já podemos prever, onde prevalecem a rivalidade e a inimiza-

de, prevalecem, também, as divisões, as discórdias, as contendas, en-fim, prevalece a desunião, tudo por falta de humildade e consideração de uns para com os outros. Todavia, o respeito e a admiração entre os filhos de Deus promove a união porque cria laços fortes de amizade e dependência entre estes, de modo que cada um passa a reconhecer o seu irmão como superior e, ao mesmo tempo, como parceiro no serviço a Deus. É este o desejo de Jesus: que seus discípulos sejam um (Jo 17:21). A honra de uns para com os outros, na família de Deus, é o antídoto contra a desunião.

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07. Por que honrarmos uns aos outros é tão necessário para a união da família de Deus? Que atitudes devemos ter uns para com os outros para que a vontade de Jesus, expressa em Jo 17:21, se realize na sua igreja?

CONCLUSÃO: O estudo de hoje é um alerta a todos nós e um desafio a nossa fé, pois a prática da honra mútua entre os crentes em Jesus é uma atitude de renúncia as nossas ambições pessoais e à vontade da nossa carne, por amor a Deus, que nos fez seus filhos. Honrar o nosso irmão tem tudo a ver com a prática do amor a Deus e ao próximo. Como aprendemos, aqui, a honra só é genuína se procede do amor. Honrar, portanto, tem tudo a ver com imitar Cristo, em sua humildade e em seu serviço despretensioso. Honramos o seu nome, quando honramos aque-Honramos o seu nome, quando honramos aque-les que o servem com dedicação e quando o servimos sem a pretensão de sermos engrandecidos pelos outros.

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TEXTO BÁSICO: Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; po-rém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. (Gl 5:13)

INTRODUÇÃO: O título da lição de hoje, “Sirvam uns aos outros”, é, por si só, um grande desafio. Isso porque o que está na moda não é o ato de servir, mas de ser servido. Nesse mundo, não é maior quem serve, mas quem é servido. Estes e não aqueles são comumente reverenciados pela mídia. Os que servem nem sempre aparecem. Estar nos bastidores, para muitos, não é tão agradável. Esse é o pensamento predominante em nossos dias. Porém, não é essa a visão bíblica sobre o ato de servir. Fomos chamados para nos servirmos mutuamente. Sobre isso, a Bíblia tem muito a nos ensinar.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

A igreja é um corpo. Seguindo esse raciocínio, Paulo diz que o corpo tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo (1 Co 12:12). Um corpo não se desenvolve de modo inteiramente

11 FEV 2012

6Hinos sugeridos: BJ 165/ BJ 175

Ensinar ao estudante da palavra de Deus que o serviço mútuo é dever de todo cristão e que, portanto, devemos servir uns aos outros com espontaneidade, despretensão e convicção.

Domingo, 05 de fevereiro: .............Mt 20:28 Segunda, 06: .......................................Mc 10:43 Terça, 07: .................................................Lc 22:24 Quarta, 08: .............................................Lc 22:27Quinta, 09: ...........................................Jo 13:4-5Sexta, 10: ............................................... Jo 13:15Sábado, 11: ......................................... 1 Pd 4:10

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Sirvam unsaos outros

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saudável, se todos os membros não se servirem uns aos outros. A lógica é muito simples: todos os membros precisam uns dos outros para fun-cionar bem. Desse modo, não é difícil perceber o considerável grau de importância do serviço mútuo entre aqueles que se propuseram a servir a Deus. O serviço mútuo, contudo, não deve ser feito de qualquer maneira. É preciso analisar a sua definição, a sua prontidão e o seu método.

1. O cristão e a definição de serviço mútuo: Em sua primeira carta, Pe-dro, inspirado pelo Espírito Santo, nos orienta: Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu (4:10). Servir ao próximo é um dever de todo cristão. Todavia, para o cumprirmos, é fundamental conhecermos a defini-ção bíblica sobre essa prática. Há duas palavras muito usadas no Novo Tes-tamento, traduzidas por “servir”, “servo”, “servindo”: douleo e diakoneo.1 O significado de cada um desses termos nos ensina lições muito importantes acerca do ato de servir. Cabe-nos, aqui, enfatizar, pelo menos, duas.

Em primeiro lugar, o serviço mútuo tem a ver com solidariedade. O verbo servir, de 1 Pd 4:10, é a tradução da palavra grega diakoneo, que significa dar ajuda, importar-se com as necessidades materiais dos outros, servir ao interesse de outrem. É daí que tiramos a palavra diácono.2 Nesse sentido, todos aqueles que se preocupam e se esforçam em suprir as necessidades do próximo são servos ou diáconos. Servir, portanto, tem tudo a ver com a prática da solidariedade, de modo que esta deve ser algo comum no meio do povo de Deus, como o era entre os irmãos da igreja primitiva (At 2:45).

Em segundo lugar, o serviço mútuo tem a ver com abnegação. O texto de Gl 5:13c, diz: Sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Aqui, a palavra servos significa ser escravo, servir, prestar serviço. Nesse caso, a orientação de Paulo é que sirvamos uns aos outros de modo voluntário, pelo amor. A ideia é de abnegação, ou seja, renúncia voluntária aos pró-prios interesses. Assim, doulos ou servo “significa alguém que abdica de si mesmo completamente em favor do desejo de outro”.3

2. O cristão e a prontidão no serviço mútuo: O servo que agrada a Deus é aquele que se prontifica em servir. Ele vê a necessidade do outro, mas não fica de braços cruzados. Ele sacode a poeira, arregaça as man-gas e vai à luta em prol do próximo. Foi exatamente isso que faltou aos discípulos na ocasião da cerimônia do lava-pés. Ninguém queria se sub-meter a um ato tão humilhante, visto ser esta uma tarefa de doulos, isto

1. Getz (2006:93)2. Idem, p.94.3. Idem

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é, de escravos. Além disso, ignoraram o fato de que Cristo não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Mt 20:28). Caso contrário, teriam começado a lavar os pés uns dos outros.

Nesse episódio, é possível observar, pelo menos, duas falhas dos dis-cípulos. A primeira delas é a omissão. Jesus se prontificou em tomar uma toalha, pôr água numa bacia e a lavar os pés dos discípulos (Jo 13:4-5). E quanto a estes? Omitiram-se e recuaram; não se portaram como ser-vos. Mesmo tendo o vaso de água, a bacia, a toalha-avental, todos ali, dispostos à vista de todos, acusando-os, esses “utensílios constituíam uma acusação silenciosa contra esses homens! Mesmo assim ninguém se mexia”.4 Quem se omite de servir o semelhante, comete pecado (Tg 4:17). O pecado da omissão tem impedido muitos cristãos de cumprirem o seu papel neste mundo: o de servir prontamente.

Além da omissão, a segunda falha dos discípulos foi o orgulho. Este é um dos motivos pelos quais muitos se tornam displicentes em servir uns aos outros. Os discípulos tinham mais orgulho do que humildade em seus corações. A glória e não a humilhação era o intento deles. Estavam inte-ressados em saber qual deles era o maior (Lc 22:24). Contudo, no reino de Deus, maior é o que se prontifica a servir e não o que é servido (v.26); os humildes e não os orgulhosos serão exaltados (Lc 14:11). A estes, Deus resiste; mas, àqueles, ele dá graça (Tg 4:6). Cristo, ao lavar os pés dos discí-pulos, mostrou-lhes que servir é um privilégio (Jo 13:14). Logo, todo cris-tão autêntico deve estar pronto à prática do serviço em favor de outrem.

3. O cristão e o método do serviço mútuo: O serviço mútuo não é uma prática carnal, mas espiritual. Não se trata de algo banal, mas de uma ordem bíblica (Gl 5:13), exemplificada por Jesus (Jo 13:5). No en-tanto, não é esta a visão de muitos cristãos, quando se propõem a servir. Por imaginarem que o serviço mútuo não é algo tão relevante, ignoram o método bíblico ao realizá-lo. Isso é lamentável. Então, qual é o método do serviço mútuo? O amor. Quem diz isso? A Bíblia. Observe: Sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor (Gl 5:13c – grifo nosso).

O amor, no ato de servir uns aos outros, é uma preocupação de Paulo. Ele deixa suficientemente claro que somos livres: ... fostes chamados à liberdade (v.13a). Observe que, no mesmo versículo, o apóstolo diz que somos livres e servos. Seria isso uma contradição de Paulo? Obviamente, não. Nesse contexto, ser servo e ser livre são a mesma coisa. Isso por-

4. Hendriksen (2004:606)

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que fomos chamados a servir aos outros com voluntariedade, por amor. Quem não ama, não serve e vice-versa. Após lavar os pés dos discípulos, Cristo lhes disse: ... como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13:15). Cristo se fez servo voluntariamente. Ele era livre, mas cingiu-se de humildade. O método utilizado por Cristo no servir sempre foi o amor.

Paulo deixa também um alerta muito oportuno: ... não useis da liberda-de para dar ocasião à carne (v.13b). Não resta dúvida de que “é possível, portanto, servir de maneira inapropriada e carnal”.5 Servimos de maneira carnal, quando o fazemos no intuito de receber glória, quando fazemos questão de que as pessoas vejam o quanto somos generosos. Mas Cristo nos ensina a agir diferente: ... que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita (Mt 6:3 – NVI). Quem serve legitimamente, isto é, com amor, não lança mão das obras da carne, mas do Espírito (Gl 5:22-23). Bem escreveu o servo Paulo: Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros (Gl 5:26).

Diante de tudo o que estudamos até aqui, a sua visão, quanto ao ato de servir, tem sido de acordo com a palavra? Tem você se prontificado a servir aos outros, sem omissão e sem orgulho? Ao servir, que método você tem utilizado? Pense nisso. Servir uns aos outros pode não ser algo lucrativo; afinal, quem serve doa e nem sempre recebe algo em troca. Contudo, mais importantes do que valores financeiros são os relaciona-mentos alicerçados no sublime amor de Cristo. A seguir, veremos algu-mas lições que nos motivarão a praticar os ensinos do Mestre.

01. Leia 1 Pd 4:10; Gl 5:13c; o item 1, e responda: Por que o serviço mútuo tem a ver com solidariedade e abnegação?

02. Após ler Lc 22:24 e o item 2, responda: Quais as falhas dos discípulos em relação ao serviço mútuo?

5. Getz (2006:96)

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03. Diante da atitude negativa dos discípulos, como agiu Jesus? É possível imitá-lo? Baseie-se em Jo 13:4-5 e no item 2.

04. Com base em Mt 6:3; Jo 13:15; Gl 5:13, e no item 3, responda: É possível servirmos uns aos outros de maneira carnal? Qual o método correto a ser utilizado no serviço mútuo?

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Sirvam uns aos outros de modo espontâneo. João, em seu evangelho, observa o comportamento de Jesus: ... levan-

tou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos (Jo 13:4-5). Perceba: Cristo se fez servo voluntariamente. Ninguém o coa-giu a isso. Diante da omissão dos discípulos, Cristo se dispôs a servi-los. É isso que ele espera dos seus servos: espontaneidade em servir uns aos outros. Portanto, não espere alguém lhe dizer o que fazer. Simplesmente, faça! Seja espontâneo! Tome a atitude! O servo destemido não pode ficar à mercê somente das circunstâncias favoráveis (Ec 11:4).

05. Com base na primeira aplicação, responda: Como podemos servir mutuamente de modo espontâneo?

2. Sirvam uns aos outros de modo despretensioso.As virtudes de um cristão não se caracterizam pelo que ele recebe, mas

pelo que ele dá. De fato, há maior felicidade em dar do que em receber (At 20:35 – NVI). Contudo, muitos pensam o contrário. Ao servir, fazem-no com

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pretensões egoístas, com o fim de aparecerem ou receberem algum tipo de lucro. Todavia, não é isso que o evangelho nos ensina (Mt 6:3). A des-pretensão faz parte do serviço mútuo. Você já parou para pensar se Cristo fosse cobrar por tudo o que ele fez como servo em nosso favor? Estaríamos perdidos! Mas ele jamais fará isso. E por que não? Porque ele se fez ser-vo por amor, não por cobiça. Portanto, sirvamos uns aos outros de modo despretensioso. Que a nossa motivação seja tão somente, o amor (Gl 5:13).

06. Com base na segunda aplicação, responda: Como podemos nos servir mutuamente de modo despretensioso?

3. Sirvam uns aos outros de modo convicto. Além de servirmos uns aos outros de modo espontâneo e despreten-

sioso, devemos servir-nos de modo convicto. Em outras palavras, deve-mos ser servos uns dos outros porque Cristo é o nosso modelo. Ele disse: Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13:15). Não interessa se, para o mundo, o serviço mútuo não está na “moda”. O que importa é que as palavras de Cristo jamais serão revogadas. Logo, o cristão autêntico serve ao próximo porque sabe que Cristo faria o mesmo, porque imita o seu Mestre, porque é convicto de sua fé, pois sabe em quem tem crido (2 Tm 1:12). Façamos o mesmo: imitemos a Jesus!

07. Com base na terceira aplicação, responda: Como podemos servir mutuamente de modo convicto?

CONCLUSÃO: Pela misericórdia e para a glória de Deus, chegamos ao final de mais um estudo desta série de lições. Contudo, é importante que se diga que de nada adiantará se os ensinamentos aqui aprendidos não saírem da teoria. O serviço mútuo tem a ver, principalmente, com prática, pois é no dia a dia que Cristo quer que o imitemos. Por isso, após estudarmos sobre a definição, a prontidão e o método do serviço mútuo, resta-nos servirmo-nos com espontaneidade, despretensão e convicção. Que o Senhor nos ajude a adotarmos cada vez mais este importante princípio da sua palavra: serviço.

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TEXTO BÁSICO: Pessoalmente estou convicto, irmãos, de que estais cheios de bondade e repletos de todo o conhecimento e em grau de vos poder admoestar mutuamente. (Rm 15:14 – BJ)

INTRODUÇÃO: Você ainda deve se lembrar da lição 3 desta série, que tratou do dever de nos aceitarmos uns aos outros. A lição desta semana, de alguma maneira, tem muita ligação com ela. Afinal, até que ponto devemos aceitar o comportamento pecaminoso de um irmão nosso em Cristo, sem lhe dizer nada? Devemos aceitar o pecador, mas não o seu pecado, que deve ser confrontado à luz da Escritura. A bem da verdade, ninguém gosta de ser confrontado, e, com medo de sofrer rejeição, muitos também hesitam em confrontar o outro, quando necessário. Todavia, admoestar uns aos outros é mais um dos mandamentos da mutualidade cristã. Nesta lição, vamos estu-dar o que é a admoestação, quais são os pré-requisitos para admoestarmos alguém, com que motivação devemos proceder e como devemos proceder.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Segundo os dicionários, “admoestar” é fazer ver, lembrar, avisar, ad-vertir. A palavra grega traduzida pelo verbo admoestar, em nossas Bí-

18 FEV 2012

7Hinos sugeridos: BJ 202/ BJ 303

Mostrar ao estudante da palavra de Deus que a admoestação é um mandamento da mutualidade cristã, que deve ser praticado, levando-se em conta as condições, as motivações e os métodos apresentados na Bíblia.

Domingo, 12 de fevereiro: .................Ec 4:13Segunda, 13: ........................................ At 20:31Terça, 14: ...................................................At 27:9 Quarta, 15: ..........................................Rm 15:14 Quinta, 16: ...................................1 Co 4:14, 16 Sexta, 17: ...............................................1 Ts 5:14 Sábado, 18: ...........................................1 Ts 5:12

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Admoestem uns aos outros

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blias, é noutheteo, cujo significado literal é “colocar na mente”. A ideia é “colocar juízo na cabeça de alguém”. Significa alertar a pessoa das graves consequências das suas ações. É mais do que uma comunicação casual ou um aconselhamento comum. É um aviso de perigo. Não significa re-provar com acidez de críticas e nem com grosserias, mas com suavidade e firmeza, com base nas Escrituras. Através da admoestação, a pessoa que está andando em um caminho errado pode voltar para o eixo, e o seu comportamento pode ser consertado. Por isso, essa é uma prática extremamente saudável para a igreja de Cristo, quando feita de acordo com o padrão bíblico, levando em conta as condições, as motivações e os métodos corretos, conforme veremos.

1. As condições para a admoestação: Admoestar não é tarefa para qualquer um. Todos o podem fazer, mas não sem, antes, levar em conta alguns pré-requisitos básicos, a fim de se evitar a incoerência. No texto base deste estudo, escrevendo aos cristãos romanos, Paulo disse estar convencido de que eles eram capazes de admoestar uns aos outros (Rm 15:14). Por que ele chegou a essa conclusão? Paulo apresenta duas ra-zões, que são as condições necessárias para que a admoestação seja realizada com êxito. Leia o texto novamente: ... estais cheios de bondade e repletos de todo o conhecimento e em grau de vos poder admoestar mutuamente (Rm 15:14 – BJ – grifo nosso).

Em primeiro lugar, os crentes romanos eram cheios de bondade. A pa-lavra “bondade”, neste texto, tem a ver com retidão, com possuir bons sentimentos, ser prestativo e generoso, “tem a ver com a disposição de investir tempo e energia para socorrer as outras pessoas em suas ne-cessidades. É a disposição de tratar bem aqueles cujas virtudes não os recomendam”.1 Os cristãos romanos estavam “cheios” desta virtude, se-gundo Paulo, ou seja, suas vidas estavam tomadas por esse sentimento. Apesar de estes crentes não serem perfeitos, eram maduros o suficiente para admoestarem uns aos outros.

Em segundo lugar, os crentes romanos eram cheios de conhecimento. O conhecimento a que o texto se refere é o relacionado à fé cristã. Eles conheciam a palavra de Deus. Este conhecimento não veio deles, mas foi recebido. Poderíamos traduzir assim esta frase de Romanos 15:14: ... tendo sido enchidos de todo o conhecimento, estão dotados de poder para admoestar uns aos outros. É óbvio que eles não sabiam tudo, que tinham

1. Lopes (2010:468).

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muito a aprender, mas sabiam o bastante. E esta é a segunda exigência para estarmos aptos para admoestar os outros: O “conhecimento ade-quado da Palavra de Deus. Paulo aprovou os cristãos romanos por sua maturidade nesta área”.2

2. As motivações para a admoestação: Já sabemos que é a bon-dade aliada ao conhecimento bíblico que nos torna aptos para cum-prirmos este mandamento da mutualidade cristã. Agora, tratemos das motivações apropriadas para a admoestação. Paulo disse que não admoestava os Coríntios para “envergonhá-los” (1 Co 4:14). A nossa motivação ao chamar a atenção de alguém nunca deve ser a de causar embaraço à pessoa. Acreditamos haver duas principais razões para a admoestação. Em primeiro lugar, admoestemos visando ao bem da-quele que é admoestado. Paulo inicia o versículo de Romanos 15:14 chamando os crentes de Roma de “irmãos”. Ele usa uma palavra grega que era usada não só para indicar irmãos de sangue, mas aqueles que eram “irmãos” pelo vínculo da afeição.

Os crentes em Jesus têm esse vínculo por causa da cruz. Fazemos par-te de uma família que nasceu com a cruz. Todo o que recebe a Cristo como Senhor, passa a ser chamado filho de Deus. Tem um Pai, que é Deus, e ganha irmãos em Cristo. A admoestação de uns para com os outros é feita dentro desse ambiente. Em Tessalonicenses, Paulo diz que devemos admoestar os desobedientes como irmãos (2 Ts 3:15). Somos irmãos, e, se estamos vendo nosso irmão caminhando rumo ao precipí-cio, não vamos permitir que isso aconteça sem alertá-lo; afinal, queremos o seu bem, porque o amamos. Para os presbíteros de Éfeso, Paulo disse que os admoestava com lágrimas (At 20:31). Havia verdadeiro interesse por aqueles que recebiam a admoestação.

Em segundo lugar, admoestemos com desejo real do crescimen-to daquele que é admoestado. Como já afirmamos, a admoestação visa, também, corrigir a conduta. Na carta à igreja de Colossos, le-mos que Cristo foi anunciado àquela igreja, e um dos expedientes usados foi o da admoestação, com o objetivo de apresentar todo o homem perfeito a Cristo (Cl 1:28). Quando formos admoestar, não podemos nos esquecer disso. O propósito da admoestação não é tornar os outros mais parecidos conosco, mas ajudá-los a tornarem--se maduros e a refletirem Cristo.

2. Getz (2006:75).

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3. Os métodos para a admoestação: Já vimos as condições e as motivações para a admoestação. A partir de agora, vamos meditar so-bre os métodos para a sua prática. Como deve ser desenvolvido o pro-cesso de admoestação de alguém? Em primeiro lugar, a admoestação comumente é pessoal e particular. Pode até acontecer que, numa ou noutra ocasião, seja necessária uma admoestação geral, mas o mais comum é que esta seja pessoal. No livro de Atos, lemos que Paulo, quando admoestava, fazia a “cada um” (At 20:31). Paulo teve tempo para cada pessoa, levou “cada pessoa plenamente a sério, investindo nela o coração”.3 É assim que deve ser.

O problema é que muitos, ao admoestar, por não terem coragem de procurar a pessoa em particular e confrontá-la, fazem-no a toda igreja, esperando que aquele que necessita de correção ouça. Além de pessoal, a admoestação deve ser insistente. De novo, no texto de Atos, Paulo diz: ... durante três anos jamais deixei de advertir cada um de vocês (At 20:31 – NVI – grifo nosso). Paulo admoestava tantas vezes quantas eram ne-cessárias. Ele era persistente e nunca deixava de falar o que precisava ser dito. Se você confrontou alguém sobre sua conduta, e a pessoa continua num caminho rumo ao precipício, insista com ela mais uma vez.

Além de pessoal e insistente, a admoestação deve ser feita com amor: Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados (1 Co 4:14 – grifo nosso). Paulo fundou a igreja de Corinto. Foi ele que pregou o evangelho ali. A maioria dos que lá estavam eram frutos do ministério desse apóstolo. Paulo era o “pai na fé” dos Coríntios. Segundo a carta aos Efésios, os pais devem admoestar os seus filhos (Ef 6:4), e, como um pai que ama os seus filhos, Paulo admoestava os Coríntios. E sua admoestação “se origina no amor que ele lhes tem”.4 Lembre-se disso, quando tiver de admoestar alguém. Faça com amor.

Chegamos ao final desta primeira parte da lição desta semana. Até aqui, já vimos que a admoestação é mais um mandamento da mutuali-dade cristã. Devemos admoestar uns aos outros. É inadmissível vermos um irmão nosso caminhando para um buraco e não fazermos nada para impedir. Os pré-requisitos para a admoestação são dois: bondade (dis-posição para ajudar os necessitados) e conhecimento bíblico. As moti-vações: o bem e o crescimento de quem é admoestado. Os métodos: a

3. Boor (2002:299).4. Allen (1987:371).

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admoestação deve ser pessoal (não deve ser pública, para não causar embaraço), insistente e amorosa. Mas, agora, vamos à prática.

01. Leia a introdução, o primeiro parágrafo do item 3 e responda: devemos aceitar o comportamento pecaminoso do nosso irmão em Cristo, sem lhe dizer nada? O que é admoestação?

02. Leia Rm 15:14; o primeiro item do comentário anterior, e responda: Quais são as condições para o exercício da admoestação?

03. Leia Rm 15:14a; 1 Co 4:14; At 20:31; Cl 1:28; o item 2 do comentário anterior, e comente com a classe as motivações da admoestação.

04. Leia At 20:31; 1 Co 4:14; o item 3 do comentário anterior, e comente com a classe sobre os métodos da admoestação.

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Seja coerente ao admoestar alguém.Se você vai admoestar alguém a andar num determinado caminho,

para que o aviso faça sentido, você precisa, no mínimo, estar neste cami-nho; do contrário, sua admoestação poderá ser rejeitada. Admoestação do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, via de regra,

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não logra êxito. O mesmo Paulo que admoestou os crentes de Corinto (1 Co 4:14) teve coragem de dizer: ... suplico-lhes que sejam meus imitadores (1 Co 4:16). Ele não era perfeito, nem a igreja de Corinto o era, e nem estamos sugerindo, aqui, que alguém deve ser perfeito para admoestar. Todavia, quem está sendo admoestado, deve, no mínimo, perceber que você está se esforçando para viver o que ensina. Sejamos coerentes.

05. Por que precisamos ser coerentes, ao admoestarmos outra pessoa?

2. Seja bíblico ao admoestar alguém.A admoestação a um irmão em Cristo não deve estar baseada “naqui-

lo que pensamos que outros cristãos deveriam ou não deveriam estar fazendo”,5 mas na palavra de Deus. O ensino de Paulo sobre isso é claro: A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedo-ria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros (Cl 3:16). A Pala-vra é sempre a base da admoestação. Se ignoramos isso, vamos acabar impondo padrões extra-bíblicos aos outros. Muito cuidado! Não use o nome de Deus para pedir que alguém ande num caminho que ele nunca pediu que a pessoa andasse. Seja bíblico. Leve em conta sempre a von-tade de Deus, conforme revelada na Escritura. Está aí a razão por que alguém precisa ter conhecimento para admoestar.

06. Por que precisamos ser bíblicos, ao admoestarmos outra pessoa?

3. Seja prestativo ao admoestar alguém.Admoestar um irmão em Cristo é muito mais do que dizer a ele que

está errado e apontar um caminho a andar, envolve também estar dis-posto a caminhar com ele. Não esqueça que, quando admoestar, deve estar pronto a caminhar com o seu irmão, se preciso for. Paulo procurou

5. Getz (2006:75).

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admoestar os Coríntios. Disse que eles deveriam ser seus imitadores, mas fez mais: enviou-lhes Timóteo, para que eles se lembrassem da maneira correta de viver (1 Co 4:17). A admoestação verbal se tornaria “carne”. Alguém estaria com os Coríntios para ajudá-los a viver daquela maneira. Ao admoestar os irmãos Colossenses, a fim de que fossem maduros, Paulo disse ter se “esforçado” (Cl 1:28-29). Sejamos prestativos, ao admo-estar: se preciso for, por causa do amor, caminhemos com o nosso irmão.

07. Por que precisamos ser prestativos, ao admoestarmos outra pessoa?

CONCLUSÃO: Você se lembra de algum cristão a quem você tem acesso, que vive numa prática pecaminosa contínua? O que você já fez sobre isso? É seu irmão em Cristo. Se você é cheio de amor, se tem co-nhecimento bíblico suficiente para mostrá-lo, à luz da palavra de Deus (e não à luz do que você acha), que ele está andando num caminho errado, faça isso! Deseje o bem e o crescimento dele. Assim como Paulo, esta-mos certos de que, em nosso meio, há irmãos, que estão cheios de bon-dade e repletos de todo o conhecimento e em grau de (...) poder admoestar mutuamente (Rm 15:14 – BJ).

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54 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

25 FEV 2012

8Hinos sugeridos: BJ 108/ BJ 272

TEXTO BÁSICO: Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e ama-dos, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de man-sidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros. (Cl 3:12 e 13a)

INTRODUÇÃO: A lição da semana passada teve como tema: Admoestem uns aos outros. Vimos, através daquele estudo, que é dever do cristão aju-dar o outro em sua santificação pessoal, indicando o erro que ele praticou e, por meio de admoestação, ajudá-lo a se corrigir. Na lição desta semana, o assunto é: Suportem uns aos outros. Suportar é também uma forma de ajudar, com a diferença de que, neste caso, a ajuda deve ser caracterizada pela paciência e pela tolerância para com aqueles que cometeram alguma falta contra nós. A fundamentação para tal ensinamento está em Efésios 4:2 e Colossenses 3:12 e 13a. Portanto, abra a sua Bíblia e vamos ao estudo.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Existem regras que precisam ser observadas adequadamente, a fim de facilitar a convivência entre as pessoas. Visando a um relacionamento pacífico e harmonioso entre os humanos foi que Deus estabeleceu essas

Mostrar ao estudante da palavra de Deus que é nosso dever suportar as fraquezas das outras pessoas, do mesmo modo que queremos que as nossas fraquezas sejam suportadas por elas.

Domingo, 19 de fevereiro: ................Mt 7:12 Segunda, 20: ......................................Rm 12:18Terça, 21: .................................................Rm 15:1 Quarta, 22: ..............................................Ef 4:1-2 Quinta, 23: ..........................................1 Co 9:12Sexta, 24: .............................................1 Co 13:7Sábado, 25: ............................................ Hb 12:3

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Suportem uns aos outros

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regras. Uma delas consiste em o cristão ser paciente e tolerante com as outras pessoas. De outra maneira, não deve esse mesmo cristão ser uma pessoa demasiadamente sensível ou melindrosa, ao ponto de se deixar ofender e magoar por qualquer motivo. Precisa também levar em conta que, em boa parte dos casos, as ofensas podem ter sido involuntárias.

1. A ordem bíblica para suportar uns aos outros: Na qualidade de cris-tãos, temos o dever de suportar uns aos outros, porque isto é mandamento do Senhor. Além de ser mandamento, é, também, um meio eficaz de melho-rar o nosso relacionamento e a nossa convivência com as demais pessoas. Assim nos manda a palavra do Senhor: Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor (Ef 4:2). A des-peito, porém, desta recomendação de Deus, temos de admitir que não se trata de uma tarefa fácil, se considerarmos que cada pessoa tem o seu modo particular de ser ou estar, que nem sempre coincide com o das outras.

O apóstolo já havia dito: Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens (Rm 12:18). Ora, para que vivamos em paz com todos os homens é necessário que sejamos pacientes, tolerantes e compreensi-vos, como está escrito: Revesti-vos, pois, (...) de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade (Cl 3:12 e 13a). Só os misericordiosos, benignos, humildes, mansos e longânimos podem suportar as fraquezas dos outros. O curioso em tudo isso é que ninguém está isento dessas fraquezas, nem mesmo os mais fortes entre os homens.

Em nosso relacionamento com as outras pessoas, devemos lembrar-nos sempre de que fomos chamados por Deus para sermos santos em toda a nossa maneira de viver, e isto implica levarmos uma vida de harmonia e entendimento com aqueles que, como nós, também foram feitos filhos de Deus. Como mostram, claramente, os textos que estamos analisando: Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados (Ef 4:1); e ainda: Revesti-vos, pois, como elei-tos de Deus, santos e amados (Cl 3:12a). Devemos suportar uns aos outros porque somos eleitos, santos e amados; também porque, fazendo assim, estamos andando de maneira digna do chamado que Deus nos deu. Cum-prir essa ordem é possível porque Jesus nos capacita para isso.

2. A maneira adequada de suportar uns aos outros: A palavra “su-portar” tem diferentes significados: Pode ter o significado de: dar su-porte, apoiar, ajudar etc., mas pode ter também o significado de: tolerar, ter paciência e ser compreensivo. Nos textos em discussão, a ênfase in-dicada pelo contexto aponta para o segundo significado. O crente em Jesus deve, muitas vezes, relevar a ofensa vinda de um companheiro de

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jornada. Deus quer que sejamos tolerantes, pacientes e compreensivos uns para com os outros, porque este modo de viver de uma pessoa em relação às demais facilita a convivência entre elas. É assim que Deus quer que vivamos: em harmonia. Sem isso, não haverá boa convivência.

Para conseguirmos suportar os erros e as faltas das outras pessoas, precisamos ter virtudes e sentimentos adequados, tais como: humildade, mansidão, paciência, tolerância etc. Sem essas virtudes, é praticamente impossível suportarmos suas fraquezas. Outra coisa que não pode faltar em nós, para que possamos suportar os erros dos outros, é a consciência de que também temos nossas próprias fraquezas. Ora, se eu não sou perfeito para com os outros, porque devo exigir dos outros que o sejam em relação a mim? Não temos o direito de exigir de ninguém senão aquilo que nós mesmos estamos em condições de fazer.

O que o apóstolo Paulo pediu aos Colossenses constitui um dever para to-dos nós, cristãos. Diz ele: Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e ama-dos, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade, suportando-vos uns aos outros (Cl 3:12). “Suportar uns aos outros” significa ser paciente com as fraquezas alheias. Ninguém é perfeito; todos nós falhamos, principalmente, no que diz respeito aos relacionamentos humanos. Como é fácil esperar mais dos outros do que de nós mesmos!1 A regra ideal, nesses casos, foi dada por Jesus Cristo: Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam (Mt 7:12). Temos tratado as ou-tras pessoas da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados por elas?

3. A disposição correta de suportar uns aos outros: Para fazer qual-quer coisa, há sempre uma maneira mais apropriada, mais adequada de fazê-la. Assim, é nosso dever fazer tudo o que Deus nos pede, da melhor maneira possível, ainda que esta não seja a maneira preferida por nós. É possível, por exemplo, suportarmos algumas pessoas que tenham falha-do conosco, sem, contudo, fazermos isso com boa disposição. Segundo o apóstolo Paulo, suportar uns aos outros não é algo que devamos fazer sob constrangimento ou pesar. Devemos fazê-lo com alegria.

Se considerarmos que, como seres humanos, estamos sujeitos às mes-mas circunstâncias, não será difícil suportar as fraquezas dos outros. De-vemos manter sempre em nossa lembrança o fato de que, se, hoje, somos nós que temos o dever de suportar os outros, quem nos garante que amanhã não seremos nós que precisaremos disso? Além do mais, somos

1. Getz (2006:123).

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alvos, constantemente, da tolerância divina. Sobre isso, o profeta Jeremias anotou: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos (Lm 3:22). Por que não suportar os nossos irmãos? Veja a advertência que a Bíblia nos traz: Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão (Gl 6:1 – NVI).

De acordo com Efésios, capítulo 4, versículos 2 e 3, o ato de suportar deve ser feito em amor e cultivado por nós com toda a diligência, isto é, empenhando-nos e esforçando para isso. Essa é a maneira adequada de suportar uns aos outros! Tal atitude é fundamental para a manutenção da unidade da igreja de Jesus Cristo. Observe com este texto está na NVI: Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço (Ef 4:2-3). Portanto, para que a paz e a unidade possam prevalecer no relacionamento entre os membros da igreja de Deus ou de qualquer outra comunidade, é neces-sário que cada um dos seus integrantes aprenda a suportar os outros.

De acordo com as considerações já feitas, através deste estudo, po-demos afirmar que a tolerância para com as outras pessoas constitui um dever cristão. Mostramos que, embora se trate de uma ordenação divina, ser tolerante constitui um desafio à nossa fé, porque tudo o que as outras pessoas fazem de errado em relação a nós nos incomoda e nos ofende. Não podemos revidá-las na mesma proporção. Aqui, cabe a per-gunta: Mas é só as outras pessoas que erram? De outra maneira, se não podemos tolerar nem ter paciência com essas pessoas, como podemos esperar que nos tratem, quando estivermos errados?

01. Leia o item 1 do comentário e responda: Por que tolerância é um meio eficaz de melhorar o nosso relacionamento e a nossa convivência com as demais pessoas?

02. Leia Rm 12:18; Cl 3:12-13a; o item 1, e responda: O que nos ensinam esses textos da palavra de Deus? Que mandamento bíblico é encontrado neles?

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03. Leia o item 2; Cl 3:12b; Ef 4:2a, e responda: O que significa o verbo “suportar”? Comente com a classe sobre qual a maneira mais adequada para suportarmos aos outros.

04. Leia Gl 6:1; Ef 4:2, o item 3, e responda: O que nos ensinam esses textos sobre a disposição correta de suportar uns aos outros?

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Suportemos as pessoas no ambiente familiar. O lar é o ambiente no qual as pessoas podem desenvolver e prati-

car suas virtudes. É ali que, no convívio com os familiares, cada um deve aprender e exercitar seu amor, sua paciência, sua tolerância e sua bondade. É evidente que, se essas coisas não forem aprendidas no ambiente familiar, onde a relação de amizade é mais forte, dificilmente serão aprendidas em outro lugar. Os pais devem ser pacientes e tolerantes entre si e com os fi-lhos; os filhos devem ser pacientes, compreensivos e obedientes para com os pais. Entre os irmãos, precisa haver harmonia. No ambiente familiar, a correspondência deve ser mútua, marcada pela boa vontade de todos.

05. Leia a primeira aplicação e responda: Qual o principal lugar onde devemos aprender e aplicar a paciência, a tolerância e a bondade? Cite exemplos práticos.

2. Suportemos as pessoas no ambiente eclesial. Como já o dissemos, o lar, ou o ambiente familiar, é o lugar ideal para

o exercício das virtudes cristãs. Continuando o trabalho iniciado nesse ambiente, vem, em seguida, o ambiente eclesial, isto é, a igreja, que é

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uma extensão da família. Comparada com a família, a igreja contem um número maior de membros, o que significa que o envolvimento, do pon-to de vista social, é maior do que na família. Por isso, é necessário que as pessoas envolvidas nas atividades da igreja dispensem mais atenção umas às outras, sejam mais pacientes e mais tolerantes. Isso deve ser manifesto em relação aos irmãos na fé e à direção da igreja.

06. Leia a segunda aplicação e responda: O que aconteceria, se não houvesse tolerância e paciência entre os irmãos na igreja?

3. Suportemos as pessoas no ambiente secular.Se, na família e na igreja, a tolerância deve estar sempre presente,

o mesmo deve acontecer também fora desses ambientes. A boa con-vivência é bem-vinda em qualquer lugar. Isto significa que precisamos ser pacientes com os membros de nossa família, com os nossos colegas de faculdade ou de trabalho, com os nossos vizinhos, no transporte, no trânsito etc. Em qualquer lugar em que estivermos, a paciência deve ser uma marca do nosso comportamento. Este é o desejo de Deus para co-nosco e deve ser o nosso para com os nossos semelhantes.

07. Lida a terceira aplicação, cite alguma situação em que você precisou suportar pessoas difíceis, no ambiente secular? Você tem sido paciente no trânsito e no trabalho? Tem sido tolerante com os seus vizinhos?

CONCLUSÃO: Concluímos este estudo reafirmando a ideia segundo a qual o cristão, mais do que qualquer outra pessoa, tem muito mais faci-lidade de viver em paz com os outros, em virtude do conhecimento que tem da palavra de Deus. Foi instruído pela palavra a relevar os pequenos e até os grandes aborrecimentos, ao invés de transformá-los em grandes obstáculos ao seu relacionamento. Agindo assim, consegue evitar que muitos conflitos que, de outra forma, seriam insuperáveis sejam resolvi-dos sem maiores complicações. Isso porque a paciência, o amor e a lon-ganimidade, então presentes em sua vida, é que controlam suas ações.

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60 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

3 MAR 2012

9Hinos sugeridos: BJ 337/ BJ 353

TEXTO BÁSICO: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. (Gl 6:2)

INTRODUÇÃO: Ele pecou e nunca mais conseguiu se reerguer. Esta tem sido a história de muitos. História que seria outra, se as ajudas necessárias tivessem chegado em tempo hábil. Ainda é tempo de ajudar, para que mui-tas histórias sejam diferentes e melhores. Falhas podem ser transformadas em valiosos testemunhos daquilo que Deus pode fazer nas pessoas, e ele o faz por intermédio de seus filhos, pessoas que foram lavadas e purificadas pelo sangue de Cristo. Quando ajudar, como e a quem, bem como os requi-sitos para quem ajuda, são questões a serem tratas neste estudo.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Legalistas infiltraram-se entre os cristãos da Galácia, ensinando questões que consistiam em fardos pesados sobre os outros (cf. At 15:10). Isso levou Paulo a escrever a estes irmãos sobre as verdades do cristianismo. No capí-tulo 6 da Carta aos Gálatas, o apóstolo dá orientações seguras sobre a ajuda aos que falharem e caírem em pecado. Diferentemente dos legalistas que

Refletir com toda a igreja sobre a necessidade, a responsabilidade e os requisitos indispensáveis para se prestar, de forma correta e bíblica, a ajuda necessária aos outros irmãos em suas falhas.

Domingo, 26 de fevereiro: ...... Mt 11:28-30 Segunda, 27: .................................... Lc 6:41-42Terça, 28: .................................................Lc 11:46Quarta, 29: .............................................Lc 23:43Quinta, 01 de março: .......................Jo 8:1-11Sexta, 02: .............................................2 Co 1:11Sábado, 03: .................................................Gl 6:1

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Ajudem uns aos outros

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se utilizavam das fraquezas do outro para se promoverem, Paulo mostra o quanto é “justo” e “santo” o cristão que não se porta com arrogância, mas com compaixão, humildade e amor genuíno, para ajudar aquele que caiu.

1. É preciso ajudar os que caírem: O capítulo 6 desta carta come-ça assim: Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta. A palavra “surpreendido” tem, aqui, o sentido de colhido ou agarrado despreve-nidamente. Refere-se àquelas situações inesperadas, quando o cristão é apanhado por uma situação pecaminosa ou por um elemento surpresa, sem condições de se defender, e logo se vê pisando fora do caminho.1 Situações assim precisam de intervenção e, geralmente, são momentos difíceis para o irmão que sofreu o fato. Ele precisa de ajuda; porém, aju-dar em tais circunstâncias não é fácil.

A carga a que Paulo se refere, em Gálatas 6:2, é o terrível peso da culpa que pressiona o cristão para baixo e o escraviza no pecado.2 A tentação o pegou e, de imediato, outros cristãos precisam encontrar meios para restaurá-lo. Levar as cargas uns dos outros significa que o fardo que era apenas daquele que caiu, agora, passa a ser também dos outros irmãos, que conseguem olhar para este com misericórdia. Isso não é missão para uma pessoa, mas para a comunidade. Por isso, Paulo usa a figura do corpo para ilustrar a igreja (1 Co 12:12). O que afeta um membro torna--se responsabilidade de todos. O cristão tem responsabilidade, quando o outro peca, no sentido de fazer o possível para ajudá-lo a se levantar.

A igreja jamais deve ignorar a sua responsabilidade para com os fal-tosos. É questão de obediência à palavra de Deus. Levar as cargas uns dos outros é um mandamento cristão. E obedecer-lhe sempre traz bons resultados, pois, quando se trata um caso no momento certo e na forma correta, escândalos, dores, sofrimentos e mal-entendidos podem ser evi-tados. O mais importante é que pessoas podem ser restauradas para a glória de Deus. Vale dizer que o texto trata sobre os cristãos espirituais, e Paulo se inclui entre eles (Gl 5:25). Crentes espirituais são distinguidos pela evidência do fruto do Espírito em suas vidas (Gl 5:22-23). Estes estão de pé, firmes e vigilantes e, portanto, podem levar as cargas dos outros. Somente crentes maduros conseguirão lidar com pecados mais sérios, sem se prejudicar e esmorecer na fé (Lc 6:39,41-42).

2. Os cuidados na ajuda aos que caírem: Nem todos estão aptos para ajudar os faltosos, razão pela qual Paulo se refere aos cuidados necessários

1. Guthrie (1988:183).2. Getz (2006:109).

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para esse tipo de ajuda. Em primeiro lugar, é preciso ter maturidade cristã: Vós que sois espirituais (Gl 6:1). Nestas palavras, fica claro o contraste entre os crentes que obedecem à palavra de Deus e os que não lhe obedecem. Em se-gundo lugar, é preciso ter acompanhamento: Paulo declara: ... corrigi-o (Gl 6:1). No texto grego, o tempo está no presente, o que indica ação continuada, ou seja, ações persistentes, até a restauração da pessoa. Corrigir significa levar ou restaurar algo ou pessoa à posição anterior de pureza ou integridade.

Em terceiro lugar, é preciso ter ternura e humildade: ... com espírito de bran-dura (Gl 6:1). Inferiorizar o outro não ajudará, em nada, o processo de restau-ração. Quem se dispõe a ajudar, precisa ter consciência de que não é mere-cedor de tal honra e de que é apenas instrumento da graça de Deus. Paulo convida o crente a olhar para trás e relembrar de onde veio (Tt 3:3-5). Quem realmente entende que foi salvo exclusivamente pela graça de Deus, jamais se aproximará de outra pessoa (salva ou não), com arrogância, superioridade ou orgulho.3 A ajuda aos fracos deve ser feita com genuína humildade.

Em quarto lugar, é preciso ter exame pessoal: Diz-nos o texto: guarda--te (Gl 6:1). É importante notar que, aqui, Paulo muda do plural para o singular, o autoexame tem que ser individual. O verbo grego skopeo in-dica consideração firme, como o atirador que contempla seu alvo, antes de dar o tiro.4 Em quinto lugar, é preciso ter vigilância: ... para que não sejas também tentado (Gl 6:1). É fundamental cuidar-se, para não cair em armadilha, ao tentar ajudar. Sempre que possível, é bom ter mais de uma pessoa envolvida na restauração, porque a carne pode engendrar processos enganosos e atraentes, que se tornam verdadeiras armadilhas para quem está atuando no processo de restauração de um irmão.

3. O objetivo da ajuda aos que caírem: É preciso ser cuidadoso e não ser muito rápido em julgar os outros. Quando se julga com rapidez, sem conhecer detalhes sobre os acontecimentos e sem conhecer as motiva-ções de quem pecou, corre-se o risco de não se conseguir o resultado necessário, que é a restauração, e isto por falta de bondade, humilda-de, compaixão e mansidão, requisitos que, conforme as orientações de Paulo, são fundamentais na ajuda aos faltosos. Sem estes requisitos, é possível ter bons acertos na avaliação do pecado, mas poucos resultados positivos na restauração da pessoa em sua vida espiritual.

Apesar de todos os cuidados tomados, haverá situações em que o crente carnal não reagirá positivamente às abordagens. Em situação

3. Idem, p. 113.4. Guthrie (1984:184).

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semelhante, Paulo deu aos seus leitores oportunidade de escolha: Que preferis? Irei a vós outros com vara ou com espírito de mansidão? (1 Co 4:21). Alguns estão envolvidos demais no pecado e não conseguem rea-gir; outros estão enganados, com a visão comprometida pelo pecado e não conseguem visualizar a necessidade de mudança, ainda que as abor-dagens sejam feitas com amor e humildade. A igreja não pode mudar o coração das pessoas, mas o seu papel é ajudar.

Ainda que os cuidados com a restauração dos faltosos sejam uma responsabilidade da igreja local, geralmente não há necessidade de en-volver cada uma das pessoas da comunidade no processo, pois nem todas estão preparadas e nem todas foram afetadas. Por prudência, o aconselhável é que somente o corpo de conselho da igreja e as pesso-as que foram afetadas sejam envolvidos, e mais ninguém. O problema deve ser tratado com amor compassivo e com maturidade cristã para ter solução. O verbo “corrigir” tem também o sentido de reparar, consertar. É quando um osso do corpo é fraturado e o médico age para que seja curado. Essa é a visão que devem ter todos os envolvidos no processo de restauração de faltosos.

01. Leia o item 1 e comente sobre a responsabilidade da igreja na ajuda aos que caírem em pecado. Nesse sentido, o que significa levar as cargas uns dos outros?

02. Leia Lc 6:39,41-42, o terceiro parágrafo do item 1 e fale sobre a necessidade de maturidade espiritual para ajudar os faltosos.

03. Leia Gl 6:1; o item 2, e discorra sobre os cuidados na ajuda aos que caíram. Por que esses cuidados são indispensáveis?

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04. Qual é o objetivo no processo de ajuda aos que caírem? Por que bondade, humildade, compaixão e mansidão são fundamentais, neste processo? Todos da igreja deve se envolver no tratamento do faltoso?

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Carreguemos os fardos dos outros com sensibilidade. Somente com sensibilidade será possível compreender o infrator

e suas necessidades e também só assim se pode perceber e seguir as orientações do Espírito Santo, como fazem os crentes espirituais. A omis-são e a indiferença são graves erros. Fazem com que o crente não enten-da ou não se envolva com as necessidades dos outros. Neste momento, existem pessoas debatendo-se para não serem vencidas pelo pecado, pessoas com problemas familiares e problemas emocionais. Levar as car-gas uns dos outros é colocar o ombro debaixo da carga que o outro está levando para aliviar-lhe o peso. Só quem tem um coração sensível pode fazer isso. Seus ombros estão sendo instrumentos de ajuda?

05. Defina o que é sensibilidade. De que maneira as necessidades dos outros tocam seus sentimentos?

2. Carreguemos os fardos dos outros com responsabilidade. Alguns se colocam a ajudar, até por causa da função que ocupam

na igreja local. Contudo, aproveitam-se da ocasião em que o outro está fragilizado para ofendê-lo, sendo ríspidos e injuriosos; aproveitam o mo-mento para ir à forra por alguma situação anterior. Nesses casos, boa-tos tornam-se mais importantes que fatos. Isso é horrível e pecaminoso! Foge completamente do objetivo bíblico de carregar as cargas dos fra-cos. A ajuda deverá sempre ser de natureza positiva e nunca negativa. Nunca pode ter o objetivo de prejudicar, mas sempre de ajudar o infra-

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tor. Sua ajuda tem sido como objetivo de aliviar as cargas do irmão ou oprimi-lo ainda mais? Pense sobre isso.

06. Aproveitar-se do momento de fraqueza do outro é irresponsabilidade cristã e também maldade. Comente sobre injustiças que podem ser cometidas nestes casos e como Deus espera que sejam nossas atitudes.

3. Carreguemos os fardos dos outros com complacência. Quando levamos as cargas uns dos outros, cumprimos a lei de Cristo,

que é o amor (Jo 13:34). Observe a ternura com que Cristo tratou a mu-lher adúltera (Jo 8:1-11); veja a compaixão dispensada por ele ao ladrão da cruz (Lc 23:43); note a misericórdia demonstrada por ele á mulher pecadora (Lc 7:36-50). O crente carnal geralmente é muito exigente com os outros e pouco ou nada exigente consigo mesmo; mas o crente es-piritual exige muito de si e sabe ser complacente com os outros. Aquele que caiu no pecado é como o osso que foi fraturado. Colocar o osso no lugar e esperar que ele se calcifique pode ser um processo longo e do-loroso. Você tem sido complacente e misericordioso com os irmãos que falharam? Você tem oferecido seus ombros para estes?

07. Comente sobre como devemos demonstrar, na prática, a ternura, a compaixão, a misericórdia e a complacência na ajuda aos faltosos.

CONCLUSÃO: Ombro amigo. Mais que palavras, isso precisa ser reali-dade na igreja. Todos precisam de um ombro amigo e precisam também ser um ombro amigo. Ajudar os outros a carregar suas cargas é nobre, produz a experiência de se sentir útil, para que aquele “osso fraturado” seja colocado no lugar e se calcifique. Essa é uma tarefa a ser realizada por muitos ombros; uma missão que, quando bem cumprida, traz honra e glória ao Senhor da igreja, fortalece a unidade e a confiabilidade da igreja, aumenta o conforto e a fé nos seus membros, em especial, naqueles que falharam e experimentaram o poder restaurador do sangue de Cristo.

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66 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

TEXTO BÁSICO: Dando sempre graças a Deus por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. (Ef 5:20-21)

INTRODUÇÃO: No estudo da semana passada, tivemos o privilégio de aprender lições importantes sobre a ajuda mútua. Ajudar uns aos outros, no âmbito espiritual e material, é fundamental para a comunhão da igreja de Cristo. Hoje, focaremos o nosso estudo no que diz respeito à sujeição ou submissão mútua. A propósito, a palavra submissão parece soar um tanto áspera aos ouvidos de muitos. Por isso, menosprezam e desprezam este princípio fundamental do evangelho de Cristo. Nós, contudo, devemos agir do mesmo modo? Claro que não! A Bíblia nos ensina a fazermos o contrário.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Sujeição mútua era uma significante preocupação do apóstolo Paulo. Por isso, ele escreveu: ... sujeitando-vos uns aos outros (Ef 5:21). Esse homem de Deus não via no evangelho um meio para se alcançar a glória pessoal. Ele era um líder muito sábio, educado aos pés de Gamaliel, que era mestre

10 MAR 2012

10Hinos sugeridos: BJ 11/ BJ 404

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Domingo, 04 de março: ......................At 5:29Segunda, 05: ....................................Rm 13:1, 5 Terça, 06: ............................................ Ef 5:22, 25 Quarta, 07: ...............................................Ef 6:1,4Quinta, 08: .................................................Fp 2:7Sexta, 09: ................................................1 Pd 5:3Sábado, 10: .................................................Tt 2:5

Ensinar ao estudante da palavra de Deus que a sujeição mútua precisa ser levada a sério por cada cristão, sendo que estes devem evitar a manipulação, aborrecer a desavença e partilhar o cuidado.

Sujeitem-se unsaos outros

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das Escrituras (At 22:3), mas não se aproveitou disso para subjugar os de-mais membros do corpo de Cristo. O conselho dele não foi “subjuguem uns aos outros”. Os cristãos da atualidade, sejam estes líderes ou não, precisam ter em mente a importância da sujeição mútua. Por isso, é necessário que todos atentem para o significado, os limites e os obstáculos da mesma.

1. A sujeição mútua e seu significado: A expressão sujeitando-vos uns aos outros, de Ef 5:21, é profunda. Paulo não a escreve à toa. O verbo “sujeitar” é a tradução para um verbo, no grego, que se origina da pala-vra hupotasso, que, na voz ativa, significa “sujeitar”, “subordinar” e, na voz passiva, tem o sentido de “ficar subordinado”, “ser submetido”.1 É na voz passiva que o texto bíblico em questão é aplicado. Em outras palavras, o cristão é instigado não a sujeitar os outros a si, mas, ao contrário, a se su-bordinar aos outros. A sujeição, nesse texto, caracteriza-se não somente pela obediência a alguém, mas, também, pela ação de se abrir mão dos próprios direitos em prol do próximo, com humildade e amor; sacrificar--se para fazer que o relacionamento com o outro seja saudável.2 Cristo a si mesmo se esvaziou (Fp 2:7).

Nesse sentido, o versículo 21 de Éfesios 5 mostra que a sujeição é ex-tensiva a todos os cristãos, independentemente do título que possuam. Se, por um lado, uma pessoa deve obedecer às ordens de um líder, por outro, este deve sacrificar seus interesses pessoais, a fim de cuidar dos seus liderados. Paulo diz que as mulheres devem ser submissas aos seus maridos, mas estes devem amá-las de modo sacrificial (vv.22,25); os fi-lhos devem obedecer aos pais, mas estes não podem provocar-lhes a ira (Ef 6:1,4); o empregado deve ser obediente ao seu patrão, mas este deve tratá-lo com dignidade (vv.5,9); o cristão deve honrar as autoridades, mas estas devem fazer-lhe o bem (Rm 13:1,4).

Observe que o evangelho faz com que todos sejamos sujeitos uns aos outros. Além disso, é necessário frisar que a sujeição proposta em Ef 5:21 tem a ver com voluntariedade. No versículo 20, Paulo encoraja--nos: ... dando sempre graças a Deus. Perceba: sujeição e gratidão andam juntas. Dificilmente haverá alegria e gratidão no coração de uma pessoa que está submetida a outrem de modo não voluntário, coagido. O ideal é que, por exemplo, o pastor submeta-se ao sofrimento, juntamente com suas ovelhas, por amor a elas e a Cristo, e estas, com a mesma motivação, submetam-se às orientações de seu pastor. É assim que deve ser.

1. Champlin (1983:627). 2. Lopes (2007:32).

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2. A sujeição mútua e seus limites: O que agrada a Deus não é simples-mente o ato de alguém sujeitar-se a outrem, mas a maneira de essa sujeição ser praticada. O apóstolo Paulo tinha, também, essa preocupação em men-te. Por isso, escreveu: ... sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo (Ef 5:21 – grifo nosso). A palavra “temor” (do gr. phobos), aqui, significa reverên-cia, respeito a Cristo. Logo, há de se convir que a sujeição tem limites, pois, se não estiver firmada no respeito a Cristo e sua palavra, de nada valerá. Sobre os limites da sujeição, precisamos analisar, pelo menos, dois princípios.

Em primeiro lugar, a sujeição não ignora o valor pessoal. O que isso quer di-zer? É simples: quer dizer que a “submissão a alguém que está em autoridade não implica a inferioridade do que se sujeita nem a superioridade do que está em autoridade”.3 No reino de Deus, todos têm o seu valor. O fato de a mulher ser submissa ao seu marido não significa que ela é inferior a ele ou vice-versa. Quando não se entende isso, acontecem algumas aberrações, no meio do povo de Deus, ou seja, muitos maridos tratam suas esposas com menosprezo, como se elas tivessem menos valor; muitos pastores tratam o rebanho com “mãos de ferro”, ignorando a orientação bíblica de que não devem agir como dominadores (1 Pd 5:3). Esse tipo de sujeição não agrada a Deus.

Em segundo lugar, a sujeição não ignora o valor da palavra. Isso signi-fica que a sujeição mútua não é cúmplice do erro de quem quer que seja. A Bíblia diz que toda autoridade foi constituída por Deus (Rm 13:1), mas não diz que estas estão acima dos princípios divinos (At 5:29). Por isso, a sujeição entre marido e mulher, patrão e empregado, governo e socieda-de, pastor e ovelha, pais e filhos e entre os membros do corpo de Cristo, limita-se aos padrões da palavra de Deus. Se alguém pedir para que fa-çamos algo de errado, devemos rejeitá-lo, pois antes de sujeitarmo-nos uns aos outros, sujeitamo-nos a Cristo, que é santo.

3. A sujeição mútua e seus obstáculos: A sujeição mútua, por mais que seja um mandamento bíblico, não é levada tão a sério pelos cristãos de nossos dias como deveria. Quem disse que é fácil ser submisso, num mundo insubmisso? Fácil não é, mas possível, sim. Porém, há obstácu-los a serem superados. Isto mesmo: há obstáculos que, se não forem vencidos, nos impedem de praticar a submissão mútua. Quais são eles? Primeiro, o orgulho. Isso tem a ver com a soberba. Uma pessoa assim se acha grande demais para se sujeitar a alguém igual a ela. Cuidado: o or-gulhoso será logo humilhado (Pv 11:2a – NTLH), diz a palavra.

3. Idem, p. 33.

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O segundo obstáculo é o egoísmo. Quem é egoísta tem dificuldade de sujeitar-se aos outros, porque só pensa em si. Entende que somente os outros devem se sujeitar à sua pessoa, mas se recusa a fazer o mesmo em favor do próximo. Assim, a orientação bíblica: Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu (Fp 2:4a) não faz sentido para tal pessoa. O terceiro obstáculo é a contenda. Na igreja de Corinto, por exemplo, este era um problema grave, a ponto de Paulo repreendê-los: ... não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo (1 Co 3:1). Se houver brigas, facções, discórdias dentro do corpo de Cristo, dificilmente haverá sujeição.

O que fazer para superar tais obstáculos? Seguir, insistentemente, o exemplo de nosso Mestre. Como fazer isso? A Bíblia responde: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus (Fp 2:5). Em breves palavras, Paulo nos mostra, nos versículos 6 a 8 de Filipenses 2, como Jesus venceu esses obstáculos, sujeitando-se, desse modo, aos mortais. Ele não se apegou a seus direitos como Deus (v.6); mas se esva-ziou, assumindo a forma de servo (v.7); se humilhou, tornando-se obedien-te (v.8). É com esse sentimento de Cristo que superaremos o orgulho, o egoísmo, a contenda e nos sujeitaremos uns aos outros.

Mediante o que aprendemos até agora sobre sujeição mútua, levando em consideração o seu significado, os seus limites e os seus obstáculos, carecemos fazer um autoexame. Será que temos sido cristãos sujeitos uns aos outros? Será que temos autoridade moral para repetirmos as palavras de Paulo, em 1 Co 11:1, que diz: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo? Cabe a todos nós refletirmos a respeito. Se a sua resposta a essas perguntas for positiva, amém! Caso contrário, ainda há tempo de mudar. De que modo? Praticando o ensino que hoje apren-demos. É disso que trataremos a seguir.

01. Após ler o item 1, responda: O que é sujeição mútua?

02. Leia At 5:29; Ef 5:21; 1 Pd 5:3, e responda: Quais são os limites da sujeição mútua? Baseie-se, também, no item 2.

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03. Após ler o item 3, responda: Quais os obstáculos da sujeição mútua?

04. Leia Fp 2:5-8; o item 3, e responda: O que fazer para superar os obstáculos da sujeição mútua?

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Para que haja sujeição mútua, evite a manipulação. A Bíblia nos ensina como praticar a sujeição mútua: ... considerando cada

um os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3). O texto bíblico em si é sufi-cientemente claro, mas, geralmente, é ignorado. Muitos dos que estão em posição de liderança, tanto no âmbito eclesiástico quanto familiar, fazem da sujeição um meio de forçar as pessoas a uma obediência cega e muda, incondicional; não se permitem contrariar, nem mesmo pela Bíblia! Isso não é sujeição mútua, mas egoísmo e manipulação. Não usemos de autoridade para subjugar as pessoas e conduzi-las ao erro. Ao contrário, tratemos-lhes com respeito, consideração, amor e humildade, no temor de Cristo (Ef 5:21).

05. Com base na primeira aplicação, responda: Como podemos evitar a manipulação para que haja sujeição mútua?

2. Para que haja sujeição mútua, aborreça a desavença. A contenda faz muito mal à igreja de Cristo. É provocada, dentre ou-

tras coisas, pelo ódio, pelo rancor, pela intolerância, pelo preconceito.

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Onde há contenda, há carnalidade, pois segundo Tg 4:1, ela procede dos prazeres que militam na nossa carne. A contenda ofusca a submissão mútua. Logo, o melhor a ser feito é observar o mandamento: Nada façais por partidarismo ou vanglória (Fp 2:3). A sujeição mútua, ao contrário da contenda, não é carnal, mas espiritual. A contenda destrói, mas a sujeição edifica. Aborreçamos a desavença e sujeitemo-nos uns aos outros.

06. Com base na segunda aplicação, responda: Como podemos aborrecer a desavença, para que haja submissão mútua?

3. Para que haja sujeição mútua, partilhe o cuidado. A sujeição mútua não é egoísta; não é pesada, mas prazerosa. Isso

porque quem se propõe à sua prática, se dispõe a cuidar do outro, visan-do à felicidade deste. Assim, a esposa, com amor, respeita o seu marido e este, do mesmo modo, cuida dela (Ef 5:33); os filhos respeitam os pais, e estes os ensinam, com amor, a servir a Deus (Ef 6:1,4); os membros do corpo honram o seu pastor, e este os pastoreia pelo bom exemplo, sem autoritarismo (1 Pd 5:3). Esse cuidado mútuo agrada a Deus. Partilhemo--lo, portanto, com todos.

07. Com base na terceira aplicação, responda: Como podemos partilhar

o cuidado, para que haja submissão mútua?

CONCLUSÃO: Chegamos ao final de mais um estudo. A lição de hoje trouxe ao conhecimento da igreja de Cristo o que diz a Bíblia sobre sujei-ção ou submissão mútua. Obviamente, a sua prática é um mandamento destinado a todos. Logo, não foi à toa que abordamos, aqui, o significa-do, os limites e os obstáculos da sujeição mútua. Sujeitarmo-nos uns aos outros, sem dúvida, fará de cada um de nós, cristãos melhores. Assim, cresceremos na santificação pessoal, se evitarmos a manipulação, abor-recermos a desavença e partilharmos o cuidado.

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TEXTO BÁSICO: Portanto, animem-se uns aos outros e edifiquem-se uns aos outros, tal como já estão fazendo. (1 Ts 5:11 – BV)

INTRODUÇÃO: Você já ouviu falar no “dom do desencorajamento”? De cara, é bom que se diga que ele não está nas listas de dons da Bíblia, e, ob-viamente, não é concedido pelo Espírito. Mas, mesmo que não queiramos aceitar, parece que alguns cristãos o possuem. Estes só chegam às pessoas quando têm algo negativo para dizer, algo que derruba, algo que fere, algo que desmotiva, ou, então, chegam para não dizer nada, “o que pode ser inclusive tão ou mais desencorajante ainda”.1 O mundo em que vivemos e a igreja onde congregamos estão cheios de pessoas precisando de uma palavra de estímulo. Você já teve a experiência de se deparar com uma de-las? Já foi ou é uma? O que fez? O que ouviu? O que você disse para tentar ajudar ou o que disseram a você? No estudo de hoje, trataremos sobre a prática do encorajamento, um mandamento da mutualidade cristã.

1. Getz (2006:149).

17 MAR 2012

11Hinos sugeridos: BJ 317/ BJ 346

Mostrar ao estudante da palavra de Deus o mandamento do encorajamento mútuo, que é necessário, imperativo e recompensador, e deve ser exercitado com palavras apropriadas, apoiadas na Bíblia, e com interesse genuíno.

Domingo, 11 de março: ......................Dt 3:28 Segunda, 12: ...........................................Jo 14:1Terça, 13: ................................................ Jo 14:16Quarta, 14: ............................................ At 11:23 Quinta, 15: ........................................2 Co 13:11 Sexta, 16: ...............................................1 Ts 4:18 Sábado, 17: ..........................................Hb 10:24

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Encorajem uns aos outros

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I. ENTENDA O MANDAMENTO

Certa vez, um assaltante deu voz de assalto a uma senhora: “A bolsa ou vida”, disse ele. Sem alterar seu semblante, ela respondeu: “Pode escolher, moço, pois tanto a minha bolsa quanto a minha vida estão vazias”.2 Esta é uma história simples, mas que retrata a realidade de muitas pessoas, com as quais cruzamos diariamente, e, talvez, nem nos damos conta de que estão assim. Muitos destes cristãos são irmãos nossos, que se sentam conosco para adorar a Deus, mas não conseguem fazê-lo. Eles precisam, urgentemente, de uma palavra de consolo. Daí a importância da prática do encorajamento mútuo entre nós. O dicionário diz que encorajar é animar ou estimular. Será esta prática necessária? Como realizá-la?

1. Encorajamento mútuo, uma prática necessária: Todo ser humano precisa de motivação ou incentivo em sua vida. Os cristãos não são dife-rentes. A jornada cristã não é só flores: é árdua, o que faz com que muitos se cansem ou desanimem. Daí a necessidade de encorajamento mútuo. O próprio Jesus sabia disso. Quando anunciou aos seus discípulos que voltaria para o Pai, não querendo que eles se “turbassem” em seus cora-ções (Jo 14:1) – isto é, não querendo que eles fossem agitados, sacudidos e perdessem a paz interior –, fez-lhes a seguinte promessa: Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, afim de que esteja para sempre convosco (Jo 14:16). A palavra grega traduzida para o português por “Con-solador” é Parakletos, que indica “alguém chamado para estar ao lado”.

O Espírito Santo veio para estar ao lado dos crentes em Jesus. Mas não somente para estar ao lado: ele veio também para encorajá-los, por-que uma das tarefas do parakletos, no mundo grego, era de ser aquele que animava e incentivava marinheiros e soldados medrosos a entrarem na batalha com coragem. Um parakletos é, portanto, um encorajador, alguém que injeta coragem nos acovardados, que anima o braço fraco para a luta.3 O Espírito Santo é o grande encorajador do povo de Deus. No contexto dos apóstolos, tendo em mente tudo o que aconteceria nos anos subsequentes a esta fala de Jesus, saber disso foi extremamente importante, porque, diante das perseguições que eles enfrentariam, não

2. Disponível em: http://www.sitedopastor.com.br/ilustracoes/vidassecas.htm > Acesso em 28/09/2011.

3. Barclay (1985:157).

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seria mesmo fácil continuar. Saber que há alguém com quem poderiam contar para estar ao lado, nesses momentos, seria vital.

O Espírito Santo veio e cumpriu essa promessa de Jesus. Até os nossos dias, podemos contar com esse encorajador. Para essa tarefa, ele tem usado também pessoas. Um dos maiores presentes do Espírito Santo, deixado para que desenvolvamos essa importante tarefa, é a própria Es-critura Sagrada. Ele inspirou homens para escreverem a Bíblia (1 Pd 1:21; 2 Tm 3:16). A base “que temos para encorajar outros crentes é a Palavra de Deus”.4 Paulo disse a Tito que os líderes têm de ser capazes de enco-rajar (gr. Parakalein) outros pela sã doutrina (1:9), isto é, pela palavra de Deus, que nos foi dada pelo Espírito Santo, o encorajador por excelência. As igrejas estão repletas de pessoas que precisam ouvir uma palavra de encorajamento, por uma infinidade de razões. Deixe o Espírito lhe usar para esta necessária tarefa.

2. Encorajamento mútuo, uma prática imperativa: Justamente por ser tão necessário, o encorajamento mútuo é um dos mandamentos da mutualidade cristã. Todo cristão tem o dever de desenvolver este tra-balho, que é vital para o corpo de Cristo. Em sua saudação final, em 2 Coríntios, Paulo orienta: ... exortem-se mutuamente (13:11). “Exortar”, neste texto, pode ser traduzido por “encorajar”. Temos, aqui, uma ordem relacionada ao encorajamento mútuo. Mas não é só em 2 Coríntios que temos essa ordem. Em sua carta à recém-fundada igreja de Tessalônica (diga-se de passagem: debaixo de muita oposição), Paulo tratou de um problema que estava incomodando aqueles cristãos.

Muitos deles, convertidos do paganismo (1:9), ainda tinham dúvidas so-bre assuntos elementares à fé cristã, o que, no caso deles, era até comum, pois ainda não haviam conseguido tempo suficiente para aprender a Escri-tura de forma mais ampla. Eles estavam com dúvida sobre a situação daque-les que haviam morrido, desde que Paulo lhes havia pregado o evangelho (4:13), o que lhes causava grande descontentamento (4:13b). Então, Paulo lhes ensinou, pela Palavra do Senhor (4:15 - NVI), o que aconteceria com os justos vivos e com os justos mortos, no dia da vinda do Senhor (4:14-17). Paulo não lhes disse que não sofreriam. Sempre haverá tristeza por aqueles que nós amamos e não estão mais conosco. Todavia, essa não é uma tristeza sem esperança (4:13); afinal de contas, sabemos que todos os justos vivos que morreram retornarão à vida, um dia, para viver eternamente.

4. Getz (2006:151).

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Como Paulo termina este parágrafo? Com a ordem: Portanto, confor-tem-se e encorajem-se mutuamente com esta notícia (1 Ts 4:18 – BV). A pa-lavra que traz a ideia de “encorajar” é parakaléo (palavra correlata com pa-rakletos), que tem o sentido mais comum de “chamar para o lado”, com o sentido de “encorajar”. O termo está no imperativo, ou seja, é uma ordem. No capítulo 5, Paulo continua tratando sobre a vinda de Cristo. No trecho em que o apóstolo trata da necessidade de vigilância, termina novamente com a ordem: Portanto, animem [gr. Parakaléo – encorajar] e ajudem uns aos outros, como vocês tem feito até agora (1 Ts 5:11). Essa ordem pode ser aplicada a nós. A igreja cristã de hoje necessita tanto de encorajamento quanto a dos tessalonicenses. Encorajamento é um dos mandamentos da mutualidade cristã, até a volta de Cristo. Não o negligenciemos.

3. Encorajamento mútuo, uma prática recompensadora: Além de ser uma necessidade e um mandamento, o encorajamento mútuo é uma bênção, quando praticado, pois traz resultados fantásticos para a igreja. Não é à toa que o autor de Hebreus diz: … procuremos encorajar-nos uns aos outros (Hb 10:24). Esse incentivo é dado logo após ele ter dito que é importante prestarmos um culto comunitário a Deus, isto é, logo após ter tratado da importância de congregar. No contexto da congre-gação, o encorajamento é abençoador, pois proporciona crescimento na fé (10:22), na esperança (10:23) e no amor (10:24).5 No Novo Testamento, temos um exemplo notável de cristão que desenvolveu o mandamento do encorajamento. Seu nome era José, mas os apóstolos chamavam-no de Barnabé, que significa “encorajador” (At 4:37).

A razão de esse seguidor de Jesus ser chamado assim é clara: ele era um cristão encorajador, alguém que injetava ânimo nos acovardados, que fortalecia os fracos. Estava sempre pronto a “chamar ao lado” para ajudar. Por exemplo, quando Paulo foi a Jerusalém, tempos depois de sua conversão, para se apresentar aos apóstolos, estes ainda estavam com um “pé atrás” em relação a ele. Estavam desconfiados de sua conversão. A pessoa que o ajudou, animou e o defendeu, nessa ocasião, foi Barnabé (At 9:26-27). Tempos depois, quando os cristãos dispersos anunciaram a palavra de Deus em Antioquia, o que resultou na conversão de mui-tas pessoas, a igreja de Jerusalém enviou Barnabé até lá para conferir o trabalho. Chegando lá, Barnabé ficou alegre e os animou [gr. Parakaléo – encorajar] a permanecerem fiéis ao Senhor de todo o coração (At 11:23).

5. Idem, p. 152.

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Além de encorajá-los, foi procurar Paulo para trabalhar naquele lugar e lançou, desse modo, o fundamento para toda a vida desse apóstolo; afinal, foi ali que ele se desenvolveu e foi enviado as suas três viagens missionárias (At 11:25-26).6 Na primeira viagem missionária de Paulo, Barnabé o acompanhou. Na segunda, entretanto, os dois se desentende-ram, antes do início, e não viajaram juntos. A razão? O fato de Barnabé ainda acreditar no jovem João Marcos e desejar levá-lo junto deles na-quela viagem (At 15:36-41). É que, na primeira viagem missionária, João Marcos havia desistido no meio do caminho (At 13:13). Paulo, então, não o quis na segunda viagem. Mas Barnabé se colocou do lado dele e resol-veu dar-lhe mais uma chance. Paulo seguiu viagem com Silas, e Barnabé navegou com Marcos para Chipre.

No final de sua vida, entretanto, Paulo reconheceu a importância de Marcos (2 Tm 4:11). O ministério desse jovem poderia ter acabado, se não fosse um cristão encorajador em seu caminho para animá-lo e dar--lhe mais uma chance. Barnabé ajudou Paulo e Marcos, quando estes foram descartados. Ele estava ali com uma palavra de ânimo. Hoje, dos 27 livros do Novo Testamento, 16 estão ligados a estes dois homens (13 cartas de Paulo, o evangelho de Marcos e os evangelhos de Mateus e Lucas – conforme se acredita, estes utilizaram o evangelho de Marcos, quando estavam escrevendo). É ou não recompensadora a prática do encorajamento? É fácil jogar água fria sobre o ânimo dos outros. Nosso dever, entretanto, é acender o ânimo no coração das pessoas desani-madas que pensam em “jogar a toalha” e impedir que elas desistam da caminhada cristã. Vale a pena fazer isso!

01. Leia a introdução e o primeiro parágrafo do item 1 e comente sobre a prática do encorajamento. Será que existem pessoas precisando de uma palavra de encorajamento na igreja?

02. Leia Jo 14:1, 16; 1 Pd 1:21; 2 Tm 3:16; o item 1, e comente sobre o nosso encorajador por excelência e sobre o instrumento que ele nos deixou para que nos encorajemos uns aos outros.

6. Boor (2002:173).

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03. Leia 1 Ts 4:18; 5:11; 2 Co 13:11, o item 2 do comentário anterior e responda: A ordem presente, nestes textos, pode ser aplicada a nós, também? Justifique a resposta.

04. Leia Hb 10:22-24; At 4:37; o item 3, e comente com a classe sobre os benefícios do encorajamento mútuo. Fale sobre Barnabé.

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Escolha palavras apropriadas, ao encorajar alguém.Todo crente em Jesus é incentivado a falar apenas palavras que pro-

movam edificação (Ef 4:29). Jó era uma pessoa assim. Elifaz dá um testemunho brilhante sobre isso, quando diz a Jó: Suas palavras davam firmeza aos que tropeçavam (4:4 – NVI). Veja, então, o quanto é im-portante o falar que edifica! No livro de Provérbios, temos as seguin-tes declarações neste sentido: … uma palavra amiga renova as forças (12:25); Palavras agradáveis são doces como o mel, são doces para o paladar e trazem cura para a alma (16:24). O mundo está repleto de pessoas desalentadas, precisando de uma palavra agradável. Em mui-tos casos, “uma palavra de elogio, de agradecimento, de avaliação ou de estímulo consegue impedir que alguém desabe. Bem-aventurado é o homem que fala de tal maneira”.7

7. Barclay (2002:130). A tradução do texto citado é de Carlos Biagini.

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05. Leia a primeira aplicação e comente sobre a importância de se escolher palavras apropriadas ao encorajar alguém.

2. Utilize a Escritura Sagrada, ao encorajar alguém. Já vimos a importância de trazer uma palavra apropriada ao encorajar

alguém; agora, veremos que essa palavra apropriada tem como funda-mento a palavra de Deus. O Espírito Santo, que é o encorajador por exce-lência, inspirou a Bíblia Sagrada, que é o nosso “Manual de Encorajamen-to”. A Bíblia é a base para encorajarmos outros crentes. De acordo com 2 Tm 4:2, em que temos o imperativo da pregação da palavra, uma das características da pregação é o fato de ela conter exortação. A palavra exortação é parakaléo, com o sentido de animar ou encorajar. A Escritura Sagrada é a base do encorajamento. Você sabe aproveitar essa ferra-menta? A Bíblia tem mensagem para o fraco, para o desprezado, para o indigno, para o pecador, para o doente, para o rebelde, para o desanima-do, para o insatisfeito, para o desesperançado, para o desiludido, para o deprimido, enfim, para todos aqueles que precisam de uma palavra de encorajamento. Aprenda a utilizar a Escritura para encorajar a outros.

06. Leia a segunda aplicação e comente sobre a importância de se utilizar a Escritura Sagrada ao encorajar alguém.

3. Mostre interesse autêntico, ao encorajar alguém.Provavelmente, seu encorajamento não será totalmente eficaz, se,

mesmo usando palavras apropriadas, pautadas na palavra de Deus, você não mostrar verdadeiro interesse por aquele a quem está encorajando. Se o seu encorajamento é do tipo decorado, se você diz, mas não trans-mite vida e não se preocupa, de fato, com o encorajando, sua obediência a este mandamento será falha. Talvez, seja por isso que, no livro de He-breus (10:25), o pedido para que nos encorajemos uns aos outros esteja bem ligado ao pedido para que nos consideremos uns aos outros (10:24).

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A ideia da palavra “considerar” é “considerar atenciosamente”, “fixar os olhos ou a mente em alguém”. Importar-se com a pessoa que alvo do encorajamento é parte fundamental do processo. Lembre-se disso!

07. Leia a terceira aplicação e comente sobre a importância de se mostrar interesse autêntico ao encorajar alguém.

CONCLUSÃO: Um garoto de 4 anos tinha um vizinho idoso ao lado, cuja esposa havia falecido recentemente. Ao vê-lo chorar, o menino foi para o quintal do vizinho e simplesmente sentou-se em seu colo. Quando a mãe perguntou-lhe o que havia dito ao velhinho, ele respondeu: “Nada. Só o ajudei a chorar”.8 Como estão as nossas igrejas? Há gente que se importa em simplesmente “chorar com o outro”? Se não houver esse in-teresse, dificilmente haverá encorajamento eficaz, mas apenas palavras de autoajuda, que, no final das contas, não ajudarão em nada! Oremos para que Deus levante Barnabés em nosso meio! Oremos para que o Espírito Santo nos faça entender, a cada dia, a importância do encorajamento mú-tuo e a maneira correta de utilizarmos a palavra para realizá-lo! Amém.

8. Disponível em: http://recursoshomiletica.blogspot.com/search/label/choro > Acesso em 28/09/2011.

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80 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

TEXTO BÁSICO: Por isso, exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão fazendo. (1 Ts 5:11)

INTRODUÇÃO: Vivemos num período em que a sociedade estimula e valoriza o individualismo. Somos instigados a pensar primeiro em nós mes-mos, sempre valorizando os nossos interesses pessoais e os nossos próprios desejos, muitas vezes, em detrimento dos interesses das pessoas que nos são próximas. Desse modo, o que uma pessoa realiza e constrói, ao longo de sua existência, tem por principal objetivo somente satisfazer os seus an-seios e as suas necessidades, sem a preocupação com os seus semelhantes, e em alguns casos, nem mesmo com a sua família. Mas a palavra de Deus é categórica ao afirmar que devemos nos preocupar uns com os outros, sen-do essa preocupação expressa no dever de nos edificarmos mutuamente (cf. 1 Ts 5:11). Mas o que significa edificar uns aos outros? Como posso ser edificado e edificar? É o que vamos estudar na lição de hoje.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

O que significa edificar, no texto bíblico que tomamos por base para este estudo? A palavra grega equivalente a esse verbo tem o sentido de “cons-

24 MAR 2012

12Hinos sugeridos: BJ 286/ BJ 79

Mostrar ao estudante que Deus ordena que edifiquemos uns aos outros, auxiliando, assim, no crescimento e na maturidade da igreja do Senhor.

Domingo, 18 de março: .................Rm 14:19 Segunda, 19: .........................................Rm 15:2 Terça, 20: ....................................................Ef 4:29 Quarta, 21: .........................................Ef 5:25-27 Quinta, 22: ..................................................Cl 2:7Sexta, 23: ............................................. 1 Pd 1:22Sábado, 24: ......................................... 2 Pd 3:18

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Edifiquem unsaos outros

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truir, levantar”. Mas, ao invés de construção de prédios ou de edifícios, a palavra de Deus nos orienta a edificar as nossas vidas e a dos nossos irmãos em Cristo, auxiliando e cooperando com o desenvolvimento espiritual de todos. Em 1 Ts 5:11, Paulo encoraja os cristãos tessalonicenses a exortar e edificar uns aos outros: Por isso, exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão fazendo. Nesse versículo, podemos observar que edificar uns aos outros é um princípio fundamental para a vida cristã.

1. O edificador por excelência: Em Mateus 16:18, lemos que o edifica-dor por excelência da igreja é o próprio Cristo: ... e sobre esta pedra edifi-carei a minha igreja. Portanto, a igreja é edificada não por mãos ou obras humanas, mas por mãos e obras divinas. A igreja é alicerçada e construída na rocha, que é Cristo Jesus. Ele é o sustentador e a cabeça do corpo (Cl 1:18). Cristo é a razão e o motivo de a igreja crescer na graça e no co-nhecimento. Ele faz a sua noiva amadurecer espiritualmente e crescer em santidade. Para isso, morreu por ela (Ef 5:25-27). Todos nós, crentes em Cristo, fomos alicerçados e edificados nele (Cl 2:7), para nos tornarmos morada de Deus, por meio de seu Espírito Santo (Ef 2: 22). Deste modo, somos comparados a um prédio ou a templo que está sendo construído.

A edificação não é estática; ao contrário, é um processo constante e crescente. A vida cristã deve ser dinâmica. Se for diferente disso, repre-sentará um retrocesso, já que o indivíduo não crescerá e nem amadure-cerá espiritualmente. O objetivo do Senhor para cada um de nós é que cresçamos na graça e no conhecimento dele (2 Pd 3:18). Esse objetivo somente é alcançado por meio da edificação (processo de construção es-piritual) de nossas vidas. Como, então, podemos ser edificados? Quando nos entregamos a Cristo, nossa vida cristã é edificada sobre o alicerce da fé e por meio da motivação do amor, sempre tendo um estilo de vida orientado pela palavra e pelas promessas do Senhor (Jd 20-21).

Além disso, cada cristão deve edificar-se através do estudo e da medi-tação na palavra de Deus e da oração, pois, através destas duas práticas, podemos amadurecer. A Bíblia é absolutamente fundamental ao cresci-mento espiritual: devemos meditar em seus ensinamentos, buscando a vontade de Deus, seguindo a verdade nela escrita, em amor (Ef 4:15-16). Portanto, não nos esqueçamos de sempre nos alimentar das Escrituras Sagradas, orando em todo tempo, sem cessar (cf. 1 Ts 5:17). Contudo, vale dizer, que esse processo de edificação não pode ser vivido no isola-mento ou no individualismo, mas na coletividade. Esse é um dos motivos da existência da igreja. Só conseguimos crescer por meio da mutualida-de na comunidade cristã. Embora Jesus Cristo seja o edificador de sua

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82 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

igreja, um dos meios mais eficazes usados por ele nesta edificação é o relacionamento entre os irmãos. Jesus usa você para edificar seu irmão, do mesmo modo que usa o seu irmão para edificar você.

2. O valor da edificação mútua: O capítulo 5 da primeira carta do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses vai abordar basicamente a volta do Senhor e sua relação com os incrédulos e com os crentes: para os que não estão em Cristo e rejeitam sua vinda, só resta a condenação. Já os servos do Senhor devem estar vigilantes e atentos, pois foram destinados à salvação por meio dele (1 Ts 5:9). Por isso, enquanto esperam a volta de Cristo, devem “edificar uns aos outros” (1 Ts 5:11). Esse termo vai repre-sentar uma relação entre irmãos, em que um não é superior ou melhor que o outro, mas todos são iguais perante o Senhor. Dessa maneira, cada crente deve auxiliar o outro no processo de crescimento espiritual em direção à maturidade cristã. Nisto consiste edificarem-se uns aos outros.

Esse versículo vai demonstrar que os cristãos devem ajudar uns aos outros. Qual a importância da edificação mútua para a igreja? Conforme a Bíblia Sagrada, se nos amarmos, buscaremos a edificação uns dos ou-tros; promoveremos a unidade da fé, o crescimento mútuo e a maturida-de espiritual (Ef 4:12-16). Essa é uma premissa básica do amor fraternal que Deus requer de cada um de nós: que utilizemos a nossa consciência e o nosso conhecimento (sempre equilibrados ao amor e à misericórdia) para que edifiquemos uns aos outros (1 Pd 1:22; Rm 14:19), para que ajudemos o nosso irmão crescer na fé.

Cada um de nós pode influenciar a vida das pessoas de várias maneiras. Podemos tornar-nos pedra de tropeço (Mt 18: 6) ou canal de bênção na vida das pessoas (Rm 15:2). O anseio divino é que não haja divisões no meio do seu povo. Por isso, Deus orienta para que um irmão se preocupe com o outro, sempre exortando e edificando uns aos outros. A unidade na igreja é promovida, quando os membros descobrem sua dependência mú-tua (1 Co 12:21-26), ou seja, precisamos de nossos irmãos em Cristo e eles precisam de nós também. Completamo-nos uns nos outros. Dessa forma, podemos observar que Deus chama a cada um de nós para cooperar com o seu corpo, edificando os nossos irmãos com amor e em amor (Rm 14:19).

3. Meios da edificação mútua: A ordem do Senhor é para que edifi-quemos uns aos outros (1 Ts 5:11; Rm 15:2, 14:19), mas como podemos cumprir esse mandamento divino? A Bíblia afirma que esse processo de edificação do corpo de Cristo ocorre também por meio dos dons espi-rituais, que estão enumerados, principalmente, em 1 Co 12:8-10 e 28, Ef 4:11 e Rm 12:6-8. O apóstolo Paulo trata desses dons, a fim de nos re-

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cordar que eles nos unem, em nossas funções distintas, em só um corpo, que é a igreja de Jesus. Cada um de nós pode ter um dom diferente do outro irmão, mas todos esses dons são para o benefício da igreja toda (1 Co 14:12) e não para satisfação pessoal de uma determinada pessoa.

Nesse sentido, o simples convívio entre os cristãos é extremamente edificante. Os dons exercidos com amor e sabedoria sempre resultarão em aperfeiçoamento e enlevo espiritual. Por exemplo, somos edificados, quando um irmão que tem o dom de pregar é usado por Deus para nos trazer uma mensagem; quando ouvimos um cântico inspirador entoa-do por um adorador talentoso; quando somos aconselhados por alguém que tem o dom da palavra da sabedoria; quando alguém fala em línguas estranhas e elas são interpretadas; quando alguém profetiza; quando um cristão, que tem o dom do ensino, faz-nos ver algo tão profundo na Bíblia que, por nós mesmos, jamais conseguiríamos ver; quando recebemos um abraço, um incentivo, um elogio e um sorriso. Mas também edificamos os outros, quando convivemos com eles e exercemos nossos dons.

Além dos dons espirituais, as nossas palavras podem ser instrumentos de edificação para o nosso irmão. Com relação a esse ponto, o apóstolo Paulo vai enfatizar a importância do que falamos, já que as nossas palavras tanto podem edificar quanto podem destruir o nosso irmão. Por isso, ele exorta: Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem (Ef 4:29 – grifo nosso). Em Provérbios 21:23, lemos: Quem é cuidadoso no que fala evita muito sofrimento. As pessoas devem ser edificadas não somente por meio do que nós fazemos, mas também por meio do que falamos. Quanto sofrimento pode ser evitado, se as nos-sas palavras tiverem o objetivo claro de edificar a vida do nosso irmão!

Portanto, para edificar uns aos outros, é preciso que os diversos mem-bros do corpo descubram sua dependência mútua, ou seja, tenham sem-pre em mente que necessitam uns dos outros, que o dom de um com-pleta o do outro. A palavra de Deus enfatiza que é necessário termos maturidade para utilizarmos os dons do Espírito Santo, que as nossas palavras devem ser pronunciadas com o firme objetivo de edificar uns aos outros. O próprio crescimento espiritual da igreja do Senhor depen-de e está relacionado à contribuição de cada um dos membros, através do seu agir e do seu falar.

01. Leia Mt 16:18, a primeira parte do comentário e responda: O que significa o verbo “edificar” e quem é o edificador por excelência?

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02. Todos nós estamos num processo de edificação. Lendo o item 1 do comentário e Jd 20:23; Sl 119:11, Ef 4:15-16, 1 Ts 5:17 responda: Que você deve fazer para que a sua vida seja edificada verdadeiramente em Cristo?

03. Qual é a importância da edificação mútua para a igreja de Cristo? Baseie-se em Ef 4:12-16; 1 Co 12:21-26.

04. Após ler Ef 4:11,12,29; 1 Co 14:12; 1 Co 12:4-7, responda: De que maneira podemos edificar-nos uns aos outros? Cite exemplos de situações em que você foi edificado ou edificou alguém.

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Você edifica os outros, quando desempenha seu dom na igreja.Edificamos uns aos outros, quando desempenhamos o nosso traba-

lho na igreja reconhecendo que os dons que temos são concedidos por Deus, para cumprir os seus propósitos. Cada um de nós pode ter diferen-tes dons e diferentes maneiras de trabalhar. No entanto, a Bíblia enfatiza que cada dom provém de Deus. O domínio em que o utilizamos (a igreja) também pertence a ele e a própria disposição para utilizar esse dom é concedida graciosamente pelo Senhor (1 Co 12:4-7), ou seja, Deus é quem nos concede os dons espirituais para que exerçamos o nosso pa-

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pel ou função no corpo de Cristo da melhor maneira possível. Todos os nossos dons são dados pelo Espírito Santo para a glória de Deus e para a edificação da igreja. Portanto, jamais use o seu dom apenas em beneficio próprio. Use-o para edificar o seu irmão!

05. Leia a primeira aplicação e 1 Co 12:4-7 e comente e afirmação: “... jamais use o seu dom apenas em beneficio próprio. Use-o para edificar o seu irmão!”

2. Você edifica os outros, quando entende que é canal de bênção.Somos o meio que Deus usa para abençoar e edificar nossos irmãos.

De fato, somos edificados por Deus para edificar os outros. Paulo, em 2 Coríntios 1:4, afirma que fomos consolados pelo Espírito Santo para po-dermos consolar aos outros. Do mesmo modo, ao nos submetermos ao senhorio de Cristo, ao nos alimentarmos de sua palavra e ao buscá-lo em oração, somos fortalecidos e capacitados para ministrar na vida do outro, em amor. A consciência dessa verdade o faz perceber que Senhor deseja fazer de você um canal de bênção na vida do seu irmão. Se você quiser, poderá ser uma ferramenta útil na mão de Deus para edificar a igreja dele na terra. Então, fale como Isaías: Eis-me aqui, envia-me a mim! (Is 6:8).

06. Leia a segunda aplicação e responda: O que significa ser canal de bênção na vida dos outros?

3. Você edifica os outros, quando entende o objetivo da edificação.Edificamos uns aos outros, quando trabalhamos sabendo que o prin-

cipal objetivo do Senhor para a edificação mútua de seus discípulos é o crescimento espiritual da igreja. Ao reconhecermos e aceitarmos nossos dons com humildade, podemos utilizá-los para promover a harmonia e a união, bem como para auxiliar a igreja (Ef 4: 8-12). O corpo de Cristo tem o objetivo de crescer, servir e viver. Ele cresce quando os seus membros crescem também. Eles crescem quando estes se alimentam da palavra

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de Deus e quando ministram uns aos outros. O alvo do Senhor para a sua igreja é o seu crescimento espiritual, que depende da contribuição de cada um de nós. Sendo assim, que possamos edificar uns aos outros, com a convicção de que estamos contribuindo para que a vontade de Cristo seja feita em seu corpo.

07. Leia a terceira aplicação e responda: Qual é o principal objetivo do Senhor com a nossa edificação mutua?

CONCLUSÃO: O amor cristão e o senso de responsabilidade devem ser a nossa grande motivação para a nossa edificação mútua no corpo de Cristo. Edificar uns aos outros é uma ordem do Senhor para cada um de nós, que fazemos parte do seu povo. Todas as nossas palavras e os dons que o Espírito Santo nos tem dado devem ser utilizados para a edificação da igreja do Senhor, para o seu crescimento e para a sua maturidade es-piritual. Agindo dessa maneira, poderemos ver maravilhosos resultados da edificação mútua: o crescimento, a unidade, a paz e a maturidade na igreja, para a glória de Deus.

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TEXTO BÁSICO: ... perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha mo-tivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós. (Cl 3:13)

INTRODUÇÃO: “Edifiquem uns aos outros” foi o assunto de que nos ocupamos na semana passada. Através daquele estudo, aprendemos o que devemos fazer para promover a edificação espiritual uns dos outros. Na lição de hoje, trataremos sobre a necessidade de perdão. Em busca de fundamentação para tal ensinamento, recorreremos, como de costu-me, às Escrituras Sagradas. É nelas que encontramos a seguinte orde-nação divina: ... perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós (Cl 3:13). A lição de hoje tem como base essa recomendação.

I. ENTENDA O MANDAMENTO

Não somos todos iguais, mas temos interesses comuns, e, por causa do Espírito Santo, que promove a comunhão na igreja (2 Co 13:13), conse-guimos viver em comunidade. Todavia, por causa do pecado, com o qual

31 MAR 2012

13Hinos sugeridos: BJ 343/ BJ 108

Mostrar ao estudante da palavra de Deus o mandamento, a exemplificação e o significado do perdão mútuo, para que este possa exercitá-lo pronta, sincera e continuamente.

Domingo, 25 de março: .....................Mt 6:14 Segunda, 26: ..........................................Mt 6:15 Terça, 27: ...................................................Lc 7:47 Quarta, 28: ...........................................Lc 17:1-4Quinta, 29: .............................................Lc 23:34Sexta, 30: .............................................2 Co 2:10Sábado, 31: .............................................. Cl 3:13

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Perdoem unsaos outros

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ainda lutamos dia a dia, a convivência comunitária não é só um “mar de rosas”. É possível que, nesta nossa caminhada, decepcionemos e fique-mos decepcionados uns com os outros. Mesmo escrevendo para cren-tes, Paulo menciona esta possibilidade: ... caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem ... (Cl 3:13 – grifo nosso). Não é assim que deve ser, mas pode acontecer de nos flagrarmos magoados, rancorosos ou des-contentes com outros membros do corpo de Cristo. O que fazer, quando tivermos queixas uns dos outros? É disso que trataremos nesta lição.

1. O significado do perdão mútuo: O que é perdão? Muitas pesso-as têm sérias dificuldades em perdoar e exercitar essa saudável prática cristã, por não a entenderem corretamente. Quando Paulo diz: ... perdoai--vos, em Cl 3:13, usa a palavra grega charizomenói, da mesma raiz da pa-lavra “graça”, com o sentido de “agir graciosamente”, “ser gracioso para alguém”, enfim, “perdoar”. Perdoar é um ato de graça, não é algo que se faz mediante merecimento. Você não precisa esperar a pessoa mere-cer para perdoá-la. Nós fomos perdoados pela graça e devemos fazer o mesmo. Que grande desafio! A raiz da qual se forma a palavra perdão citada por Paulo é char. Toda palavra que se origina dessa raiz indica coisas que produzem bem-estar. Perdoar faz bem! Quem consegue fazer isso, vive melhor. Não é só o outro que é liberto da dívida: você também!

Cancelar dívida é outro significado de perdão, à luz da palavra de Deus. Quando Jesus fala de perdão, nos evangelhos, usa a palavra grega aphie-mi, que significa “deixar de lado uma dívida”, ou soltar voluntariamente algo ou alguém sobre o qual se tem controle real ou legal (Mt 6:12; 14-15).1 Dispensar alguém de uma dívida era algo elogiado na antiguidade; por isso, Jesus usa essa palavra. Então, juntando o significado das duas palavras, podemos dizer que perdoar é cancelar uma dívida de maneira graciosa, isto é, não cobrando nada em troca, e isso faz bem. Aqui, é impor-tante enfatizarmos que perdoar não significa, necessariamente, esquecer. Ao perdoarmos alguém, não ficamos amnésicos. Nem Deus o fica.

Quando a Bíblia diz que ele perdoa os nossos pecados e não se lembra mais deles, está nos mostrando que Deus nos perdoa definitivamente, por causa de Cristo. Por isso, não fica “trazendo à memória” os pecados que cometemos. Ele escolheu relacionar-se conosco, a despeito dos nossos pecados, por causa de Cristo. Ele cancelou a nossa dívida. Mas isso não significa que ele ficou amnésico. Ele sabe de tudo. É onisciente. Cancelar

1. Coenen; Brown (2000:1643).

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uma dívida não significa que nunca mais possa vir a sua memória que tal pessoa lhe deveu um dia, mas nunca mais você irá cobrá-la por isso, pois você não tem mágoas e nem sentimentos negativos sobre este aconteci-mento. Você se libertou desses sentimentos ao perdoar. Não é mais um prisioneiro da mágoa. Não sofre mais com a antiga dívida. Tem o coração em paz. Isso não significa, é claro, que deve se acomodar e não se esforçar o quanto puder para esquecer, e tentar não lembrar a ofensa. Na verdade, se você fizer o contrário, isto é, se ficar trazendo a ofensa à mente e re-moendo-a, dificilmente conseguirá não sofrer e cancelar a dívida, de fato.

2. O mandamento do perdão mútuo: A prática do perdão é um dever de todo o cristão. No capítulo 3, de Colossenses, versículo 12, há o seguin-te imperativo: ... como santos e amados eleitos de Deus, revesti-vos de um coração cheio de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. O imperativo, neste texto, é o “revesti-vos”. Como sabemos, imperativos são ordens. Então, como diz o texto, uma vez que fomos salvos pela graça e separados para o Senhor, uma vez que recebemos o amor de Deus e fo-mos escolhidos por Deus, temos algumas responsabilidades sérias diante dele. Temos de colocar algumas vestimentas espirituais. Dentre essas ves-timentas, Paulo cita o “perdão”, no versículo 13. Todo cristão deve perdoar.

O perdão, como prática religiosa, foi ensinado por Jesus Cristo. Na ora-ção do “Pai nosso”, por exemplo, uma das coisas que Jesus nos ensinou a pedir, foi: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Mt 6:12). Observe que, para Jesus, é muito claro que os seus discípulos suplicariam e também liberariam perdão. Perdoar é tão im-portante que Jesus chega a dizer, nos versículos 14-15, deste mesmo capí-tulo: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofen-sas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. Este texto não está ensinando que o perdão ao próximo nos outorga méritos para a salvação. Jesus se entregou por nós e fomos perdoados por pura graça. Todavia, uma vez que recebemos o perdão de Deus, precisamos, também, perdoar.

No livro “Scrap para você”, publicado pela FUMAP, temos o seguinte comentário sobre este versículo: “O Deus perdoador, que tem alegria em nos perdoar, também deseja que assim procedamos”.2 Na verdade, o que está em jogo é o fato de que quem não consegue perdoar o próximo, é incapaz de receber o perdão de Deus. O coração fica enfermo, acaba por

2. Mendes Jr. (2010:243).

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90 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2012

alojar sentimentos negativos, e isso prejudica a relação com Deus. Veja que Jesus está falando de relacionamentos com Deus, pois este texto está no contexto do ensino sobre a oração (Mt 6:5-15). Não há como dis-sassociar comunhão com Deus de comunhão com o próximo. Quem não perdoa, tem dificuldades para adorar a Deus, pois adoece interiormente. Por isso, perdoemo-nos uns aos outros, sempre! É um mandamento.

3. A exemplificação do perdão mútuo: Já sabemos o que é perdão e que devemos nos perdoar mutuamente. Agora, levantamos a seguinte questão: Qual é o nosso grande exemplo para essa prática? O apóstolo Paulo nos responde, em Colossenses, no texto que estamos analisando: Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós (Cl 3:13). Observe que ele diz: “Assim como”. Isso significa que o padrão ou exem-plo para o nosso perdão ao próximo é o perdão que recebemos do Se-nhor. Jesus, certa vez, mostrou essa verdade ao apóstolo Pedro, através de uma parábola: a do credor sem compaixão (cf. Mt 18:23-35), que está no contexto da conversa de Jesus com o apóstolo sobre perdão.

Pedro se aproximou do mestre para perguntar quantas vezes deveria perdoar o seu irmão (Mt 18:21). A sugestão dele foi a seguinte: Até sete vezes? A bem da verdade, o que parece é que ele estava querendo ser elogiado por Jesus e mostrar que era um homem de coração bom. As leis rabínicas diziam que a pessoa deveria perdoar três vezes.3 Pedro dobra o número e ainda acrescenta mais um, para chegar ao número sete: Quanta generosidade! Então, Jesus diz: Não te digo que até sete vezes; mas setenta vezes sete (Mt 18:22). O que Jesus está querendo não é que façamos uma conta de multiplicação e cheguemos a um número “x”. Ele quer mostrar que não há limites para o perdão; a “questão mais crucial não é o número correto, mas a atitude correta – estar sempre pronto para perdoar”.4

Para que ficasse bem claro o ensino, Jesus o ilustrou, logo em seguida. Ele contou sobre um rei que quis acertar as contas com seus servos, e fala de um servo que devia 10 mil talentos, algo em torno de 60 milhões de denários. O denário era o valor pago por um dia do trabalho braçal, na época de Jesus. Para tentarmos relacionar com os nossos dias, pensemos no salário de uma diarista. O portal R7 publicou uma matéria segundo a qual, em São Paulo, uma diarista ganha, em média, R$ 4,47 por hora.5

3. Arrington; Stronstad (2003:108).4. Idem.5. Disponível em: http://noticias.r7.com/economia/noticias/diarista-ganha-ate-61-3-mais

-que-mensalista-20100427.html > Acesso em 05/10/2011.

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Se ela trabalhar oito horas por dia, ganhará R$ 35,76. Este seria o seu denário. Se multiplicarmos este valor por 60 milhões, teremos mais de 2 bilhões de reais. Veja o quanto o servo da parábola estava encrencado. Ele não tinha como pagar a dívida (Mt 18:25). Todavia, depois de muito suplicar, recebeu perdão, sem ter de pagar nada. É exatamente assim que o rei celeste faz conosco. Nós lhe devíamos uma soma impagável, mas, por tanto nos amar, ele enviou Jesus. Por causa dele, somos perdoados. É baseado neste imenso perdão que devemos perdoar uns aos outros, sempre que necessário.

Lembramos que o ideal, também, é que, quando houver perdão, haja também reconciliação. Se as pessoas envolvidas na questão se arrepen-derem e desejarem, o Espírito Santo pode restaurar os relacionamentos, promover a reconciliação e até mesmo restaurar a confiança perdida. Oremos por perdão e reconciliação, elementos essenciais para uma boa convivência entre os membros da igreja. O perdão das ofensas é um meio capaz de facilitar o reatamento das relações de amizade que pos-sam ter sido interrompidas em consequência de algum desentendimen-to. Se houver, de nossa parte, a firme disposição de perdoar aqueles que nos ofenderam, nada será capaz de impedir a nossa comunhão com os irmãos. Temos seguido a orientação divina, neste sentido?

01. Leia Cl 3:13; Gl 5:15, 26, e comente: Mesmo escritos para cristãos, o que estes textos mostram que pode acontecer entre os crentes, mas que deve ser evitado?

02. Leia o item 1 e discuta com a classe o significado da palavra “perdão”. O que significa perdoar?

03. Leia Cl 3:12-13; Ef 4:32; Mt 6:12, 14-15; o item 2, e comente sobre a virtude cristã descrita em todos esses versículos. Ela é mesmo necessária?

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04. Leia Mt 18:21-35; o item 3, e comente sobre a exemplificação do perdão mútuo. Com base em que devemos perdoar uns aos outros?

II. AGORA, VAMOS PRATICAR!

1. Perdoe prontamente!Não fique adiando o dia do perdão. Mesmo que a pessoa que lhe

ofendeu, ou de quem você tem queixas, não lhe procure, cancele a dí-vida. Não fique remoendo o assunto. Na parábola de Mateus 18:23-35, o servo inclemente não perdoou quem lhe devia uma quantia irrisória, comparada ao tamanho da dívida da qual havia sido perdoado. O tex-to diz: Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: “Pague o que me deve!” (Mt 18:28 – NTLH). Pense em quanta tensão gera uma atitude destas! Não só quem é sufocado sofre, mas também quem sufoca. Não perdoar gera dor, tensão, ansiedade, amar-gura etc. Por isso, se você tem queixa de alguém, “solte o pescoço” dessa pessoa rapidamente! Isso só está lhe prejudicando! Perdoe prontamente.

05. Leia a primeira aplicação e fale sobre a necessidade de não ficar adiando o perdão. Por que isso é importante?

2. Perdoe sinceramente! No final da parábola do credor sem compaixão, Jesus afirma: Assim

também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão (Mt 18:35 – grifo nosso). Noutra versão, lemos sobre não perdoar sinceramente o seu irmão (Mt 18:35 – NTLH). Não basta apenas dizer que perdoou. Nós podemos até enganar os homens, mas a Deus, não. Por isso, perdoe com sinceridade, do íntimo. Se você tem uma quei-xa contra alguém e está com dificuldades para liberar perdão, ore a Deus e peça que ele o ajude. Se você é cristão, o Espírito Santo, que habita em você, irá ajudá-lo a cancelar essa dívida de forma graciosa.

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06. Leia a segunda aplicação e fale sobre a necessidade de perdoar com sinceridade. Por que isso é importante?

3. Perdoe continuamente!Você ainda se lembra da resposta de Jesus a Pedro, sobre o número de

vezes que devemos perdoar? Setenta vezes sete (Mt 18:22). O que ele estava mostrando é que não há limites para o perdão. Precisamos estar dispos-tos a perdoar sempre. A comunidade de Jesus, a igreja, é uma comunidade perdoadora. Assim como fomos alcançados sem merecermos, vivemos essa virtude em nosso dia a dia. Barclay afirma que nada do que os homens nos façam pode comparar-se com o que nós fazemos a Deus, e, se Deus per-doou nossas dívidas, nós devemos perdoar as dívidas de nosso próximo.6 Mesmo que o ofensor não mereça, mesmo que ele não lhe venha pedir perdão (aliás, nem sempre isso acontece), esteja disposto a perdoar, conti-nuamente. Você verá que, apesar do desafio, vale muito a pena viver assim.

07. Leia a terceira aplicação e fale sobre a necessidade de perdoar continuamente. Por que isso é importante?

CONCLUSÃO: Este é o último estudo desta série de lições bíblicas, em que estudamos treze mandamentos da mutualidade cristã. A convivência harmoniosa entre os membros de uma comunidade cristã é possível, mas isso, infelizmente, não tem acontecido na medida em que deveria acon-tecer. Vez por outra, surgem, entre os fiéis, desentendimentos que podem interromper, ainda que temporariamente, a comunhão entre eles. Porém, nenhum cristão espiritualmente amadurecido deve permitir que situações como essas tomem corpo e impeçam o seu bom relacionamento com seus irmãos em Cristo. Deus quer que vivamos em comunhão uns com os outros. O perdão é uma das práticas que nos ajudam nesta caminhada.

6. Barclay (2001:624).

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