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GESTÃO PÚBLICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM LINS PUBLIC MANAGEMENT OF SOLID URBAN WASTE ON LINS Éder Wilian Siqueira Leal - Bacharel em Administração - Centro Universitário de Lins Unilins - [email protected] Prof. Dr. Angelo Antônio Sadi - Centro Universitário de Lins - Unilins - [email protected] Prof. Dr. Hemerson Fernandes Calgaro - Centro Universitário UniSALESIANO de Lins - [email protected] RESUMO Este artigo tem por objetivo principal investigar práticas de gestão pública a serem adotadas pelas prefeituras para o manejo e destinação adequada dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Especificamente, objetiva-se relacionar a investigação do sistema de gestão de RSU adotados pela cidade de Lins, descrever os problemas identificados para a gestão adequada destes resíduos, investigar e analisar programas, processos e ações voltadas para a gestão de RSU do município. O artigo mostra através do estudo de caso o histórico da gestão de RSU do município, assim como sua legislação ambiental e de limpeza pública, plano de gerenciamento de resíduos, modalidade de coleta e frequências, infraestrutura para a coleta, instituições sociais envolvidas, infraestrutura das usinas de triagem, renda dos cooperados, educação ambiental e modelo do programa. Palavras-chave: Gestão pública. Resíduos sólidos. Coleta e reciclagem ABSTRACT The main objective of this article is to investigate the appropriate public management practices to be adopted by municipalities for the proper management Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul- dez de 2016

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GESTÃO PÚBLICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM LINSPUBLIC MANAGEMENT OF SOLID URBAN WASTE ON LINS

Éder Wilian Siqueira Leal - Bacharel em Administração - Centro Universitário de Lins Unilins - [email protected]

Prof. Dr. Angelo Antônio Sadi - Centro Universitário de Lins - Unilins - [email protected]

Prof. Dr. Hemerson Fernandes Calgaro - Centro Universitário UniSALESIANO de Lins - [email protected]

RESUMO

Este artigo tem por objetivo principal investigar práticas de gestão pública a serem adotadas pelas prefeituras para o manejo e destinação adequada dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Especificamente, objetiva-se relacionar a investigação do sistema de gestão de RSU adotados pela cidade de Lins, descrever os problemas identificados para a gestão adequada destes resíduos, investigar e analisar programas, processos e ações voltadas para a gestão de RSU do município. O artigo mostra através do estudo de caso o histórico da gestão de RSU do município, assim como sua legislação ambiental e de limpeza pública, plano de gerenciamento de resíduos, modalidade de coleta e frequências, infraestrutura para a coleta, instituições sociais envolvidas, infraestrutura das usinas de triagem, renda dos cooperados, educação ambiental e modelo do programa.

Palavras-chave: Gestão pública. Resíduos sólidos. Coleta e reciclagem

ABSTRACT

The main objective of this article is to investigate the appropriate public management practices to be adopted by municipalities for the proper management and destination of Urban Solid Waste (USW). Specifically, it is intended to relate the investigation to the USW management system adopted by the city of Lins, to describe the problems encountered for the proper management of this waste, to investigate and analyze programs, processes and actions aimed at USW management of the municipality. The article shows through the case study the history of USW management of the municipality, as well as its environmental and public cleaning legislation, waste management plan, collection and frequency modality, infrastructure for collection, social institutions involved, Infrastructure of the sorting plants, cooperative income, environmental education and program model.

Keywords: Public administration. Solid waste. Collection and recycling.

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INTRODUÇÃO

A industrialização trouxe desenvolvimento e melhor qualidade de vida à

população mundial. Com isso, houve também o aumento da população e

consequentemente do consumismo, resultando na geração de diversos tipos de

resíduos e, concomitantemente, problemas quanto à destinação dos Resíduos

Sólidos Urbanos (RSU), pois a maioria dos municípios apresentam limitações

físicas, técnicas, financeiras e principalmente, gerenciais, para gerirem tais resíduos.

Segundo Zaneti (2003), a origem dos problemas associados ao RSU tem

caráter cultural, além de implicações sociais. O tratamento destes resíduos requer

recursos tecnológicos que, dependendo do município, não possui condições para o

devido manejo.

Domingues (2013) salienta que o aumento do Produto Interno Bruto (PIB)

impacta diretamente na geração de resíduos na medida em que quanto maior o

poder aquisitivo da população, maior será seu consumo e isto está diretamente

atrelado às relações com o meio ambiente e saúde humana. A exemplo disso tem-

se o índice do aumento de PIB per capita de 20,8% entre 2003 e 2012 diretamente

proporcional ao aumento de 21% dos rejeitos gerados nas cidades brasileiras.

Nesse contexto, a adequada gestão pública desses resíduos, proporcionará

sustentabilidade aos municípios, aliado a saúde pública e ao desenvolvimento

econômico.

Justifica-se a escolha do presente tema pela sua complexidade e pelas

recentes normativas que relacionam o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS)

estabelecidas pela Lei Estadual nº 12.300/2006 (SÃO PAULO, 2006). Esta

estabelece ações de mobilização social, panorama dos resíduos sólidos no Estado,

estudo da questão regional e propor arranjos intermunicipais, além do estudo em

prospectar um cenário ideal, estabelecendo diretrizes e estratégias para a

implementação de um plano regional. A nível nacional há a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecida pela Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010) que

dentre outros requisitos impuseram prazo para desativação total dos lixões até 2 de

agosto de 2014, sendo substituídos por aterros sanitários. A importância da devida

destinação dos resíduos justifica-se justamente que, pela destinação incorreta gera-

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se problemas de ordem ambiental, de saúde pública, afetando índices de qualidade

de vida.

A Lei nº 12.305/2010 tem como premissas:

- compartilhar o ciclo de vida dos produtos, responsabilizando governo,

empresas e população;

- fomentar o retorno dos produtos pós-consumo à cadeia produtiva e

obrigar o poder público e setor privado a realizarem planos para o

gerenciamento dos resíduos;

- tem como viés social, a prática da coleta seletiva, como meio de

inclusão social dos catadores de materiais recicláveis, integrando-os na

cadeia da reciclagem e, dessa forma, promover a cidadania por meio da

geração de trabalho e renda (MMA, 2013, p. 23).

Neste contexto, nota-se que a PNRS delineia uma diretriz de incentivo à

associação entre municípios para o desenvolvimento de gestão compartilhada de

resíduos sólidos a nível regional. Desta forma, reúnem-se esforços políticos e

técnicos para alcançar melhores índices de qualidade.

Diante dos problemas socioambientais descritos surge a questão que norteia

o estudo: Como o Município de Lins realiza a gestão dos resíduos sólidos urbanos?

O atual modelo de gestão dos resíduos sólidos dos municípios têm-se

mostrado, em muitos casos, ineficaz, ineficiente e inefetivo, sem condições de

alcançar os objetivos e a hierarquização do gerenciamento de resíduos

estabelecidos pela legislação nacional e estadual.

Portanto, este artigo tem por objetivo investigar as práticas de gestão pública

adotadas pela prefeitura de Lins para o gerenciamento dos RSU. Descrever os

problemas identificados na gestão destes resíduos, analisar os programas,

processos e ações implantados e voltados para a gestão de RSU do município.

1 METODOLOGIA

Severino (2000) define metodologia como um instrumental

extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura amadurecida frente aos

problemas científicos, políticos e filosóficos que a educação universitária enfrenta.

São instrumentos operacionais, sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais

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os estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na

filosofia, o que, afinal, é o objetivo intrínseco do ensino e da aprendizagem

universitária.

Segundo Yin (2005), a importância do uso da metodologia cientifica para

responder as questões de uma pesquisa se dá ao fato dela elevar as possibilidades

das respostas encontradas serem precisas e não visadas.

Com isso, o presente artigo enquadra-se como estudo de caso apresentando

uma abordagem qualitativa. A exploração de informações para a pesquisa foi

efetivada primeiramente por meio de dados bibliográficos cujas fontes foram

diversas como livro, artigos científicos, entrevistas com pessoas chaves com

experiência prática no o problema pesquisado. A escolha pela realização de estudo

de caso veio da necessidade de observar a teoria apresentada e confrontá-la com a

prática.

O estudo de caso é um dos meios mais poderosos de pesquisa em gestão de

operações, especialmente no desenvolvimento de novas teorias. Muitos conceitos

inovadores e teorias em gestão foram desenvolvidos com base em estudos de casos

(VOSS et al., 2002).

O estudo de caso é próprio para a construção de uma investigação empírica

que pesquisa fenômenos dentro de seu contexto real, com pouco controle do

pesquisador sobre eventos e manifestações do fenômeno. Sustentada por uma

plataforma teórica, reúne o maior número possível de informações, em função das

questões e proposições orientadoras do estudo, por meio de diferentes técnicas de

levantamento de informações, dados e evidências (MARTINS, 2008). Assim, o

caráter da presente pesquisa é exploratório, pois busca verificar e analisar o

processo produtivo com vistas à gestão de resíduos sólidos urbanos do município de

Lins, Estado de São Paulo.

A investigação das práticas da empresa foi realizada por meio de entrevista

com o Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária da UNILINS que possui um

projeto de reestruturação da Coopersol, cooperativa de recicladores de Lins. Outra

pessoa intrevistada foi o responsável pela gestão da limpeza pública da prefeitura de

Lins, Sandro José da Silva.

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O desenvolvimento do trabalho tem características de pesquisa documental,

pois conforme Marconi; Lakatos (2001) é aquela em que a coleta de dados é feita

por meio de documentos, escritos ou não e no momento em que o fato ocorreu ou

depois, podendo ser estes dados contemporâneos ou retrospectivos.

De acordo com Marconi; Lakatos (2001), este modelo de pesquisa é definido

como um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico,

pois busca respostas para problemas, mediante o emprego de procedimentos

científicos.

Do ponto de vista da forma de abordagem, uma pesquisa pode ser do tipo

qualitativo. Sobre a pesquisa qualitativa, Goldenberg (2000) afirma que: na pesquisa

qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica

do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo

social, de uma organização, de uma instituição, de sua trajetória, entre outros.

1.1 Descrição do sistema de gestão de RSU do Município de LinsForam realizadas entrevistas com representante da prefeitura de Lins e

Centro Universitário de Lins Unilins.

- Representante da pró-reitoria de extensão e ação comunitária do Centro

Universitário de Lins Unilins que apoia a coopersol.

1) Nome, cargo/função/formação, Departamento/Secretaria, Município. 

José Aparecido Silva de Queiroz, engenheiro eletricista, pró-reitor de

extensão e ação comunitária da Unilins. Dentro da formação, desenvolve projetos

junto á comunidade além da coopersol (Cooperativa de Recicladores de Lins) com

alunos da faculdade.

2) Descreva como analisa a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos no

município

Acredita-se que o município precisa avançar em muitas áreas ainda, entre

elas está a dos resíduos de construção civil (RCC), que temos uma empresa voltada

para essa área, a Ecosolutions, localizada ao lado da Coopersol. Essa empresa

passa por algumas dificuldades na questão da gestão, porque depende da

fiscalização do município, pois muitas pessoas (física e jurídica) ainda descartam

esses materiais no perímetro rural e urbano, em locais destinados a galhos de

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árvores e podas, ao invés de destinar no local adequado, ou seja, onde há licença

da CETESB, no caso, na Ecosolutions. Quanto ao material reciclado, a população

ainda precisa evoluir em relação à educação ambiental, pois ainda destinam uma

grande quantidade de material reciclado dentro do lixo úmido (orgânico). Esse

volume de material que é descartada de forma errada no lixo úmido poderia

sustentar algumas famílias que apresentam dificuldade de reinserção no mercado de

trabalho. Com uma boa orientação, poderíamos reduzir a quantidade de material

que vai no lixo úmido que a prefeitura paga e paga caro pra levar esse material até

Piratininga onde tem aterro sanitário licenciado. Então, quando se fala de gestão, é

fundamental melhorar muito a questão da educação ambiental.

3) Quais os principais problemas encontrados na cooperativa no início do

trabalho da Universidade?

Até o momento, a cooperativa passa por grandes dificuldades de gestão. Foi

regularizada essa situação através de eleição envolvendo todos os cooperados,

realizando posteriormente assembleias na universidade, através dessas

assembleias foi feito um processo de educação e orientação sobre o que é uma

cooperativa e qual papel do cooperado nesse processo. Possuíam uma dívida

grande com o INSS, não estavam recolhendo mais INSS, tinham dívidas em

supermercados. Foi resgatado tudo isso e os cooperados tiveram o auxílio

necessário para reestruturar e a montar uma nova diretoria. Essa diretoria teve

orientação quanto ao papel de cada um, inseriram eles na rede nacional dos

catadores, isso fez com que tivessem orientação constante dessa rede, além de

receber ajuda com matérias e equipamentos (recentemente empilhadeira) ainda vão

receber da rede nacional uma nova prensa e uma nova esteira que ajudará a

melhorar o trabalho. Tiveram orientação quanto à organização dentro do galpão,

toda parte de logística para melhorar a qualidade do material. Nessa questão de

qualidade, conseguiram elevar o valor que cada cooperado esta recebendo, num

momento que diminuiu a quantidade de material, ou seja, melhoraram a qualidade

do material que esta sendo vendido pela cooperativa.

4) Como a Universidade pode auxiliar o município na gestão dos Resíduos

Sólidos Urbanos?

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Como mencionado anteriormente, há uma grande necessidade de melhorar a

educação ambiental e a universidade possui cursos de engenharia ambiental,

administração e marketing para uma grande divulgação de como e onde destinar os

materiais de forma correta, auxiliando o município nessa questão.

5) Quais as perspectivas de evolução do trabalho da Universidade com a

Cooperativa?

Os alunos da universidade têm aprendido com esse projeto, até porque a

questão dos resíduos sólidos é um problema que não é só do município, as

universidades também deveriam se preocupar em trabalhar com essa questão,

porque com o aumento da população a problemática dos resíduos sólidos só

aumenta. É uma área que muitos alunos poderão vir a atuar e trabalhar, trabalhar as

cooperativas, a logística deste resíduo, engenharia civil trabalhando os aterros

sanitários, nosso município ainda leva esse material para outra cidade, se

pudéssemos criar um aterro em parceria com outras cidades da região, poderia

reduzir os custos e resolver o problema da nossa região.

6) O município apóia a ação da Universidade?

Sim, o município tem dado total apoio tanto quanto às ações como realmente

apoiar os cooperados, eles recebem a orientação e o acompanhamento da

secretaria municipal de agropecuária, meio ambiente e sustentabilidade (SAMAS).

- Representante da Prefeitura de Lins

1) Nome, cargo/função/formação, Departamento/Secretaria, Município.

Sandro José da Silva. Gerente de limpeza pública. Tecnólogo em agricultura,

topografia e zootecnia. Secretaria de Obras (SUSOP) de Lins.

2) Descreva como é realizada a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos no

município?

Anualmente, é feito planejamento orçamentário municipal e dentro desse

planejamento estão todos os departamentos e secretarias do município, e também o

poder legislativo para o próximo ano de acordo com os gastos previstos, esse

orçamento é passado para aprovação na câmara legislativa de Lins e a população

pode opinar, pois é feita em seção aberta. A liberação desse orçamento é feita

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geralmente no fim ano para o gestor começar a articular os gastos entre fim de

janeiro e o começo de fevereiro. Sendo assim, muitos departamentos e secretarias

ficam praticamente sem recursos até essa liberação.

Atualmente, a prestação de serviço de coleta no município é terceirizada e

isso gera um custo elevado, pois a destinação dos resíduos que não são

aproveitados também chamados como inerte, são encaminhados para o aterro

sanitário na cidade de Piratininga, muito resíduos que poderiam ser aproveitados e

reciclados acabam indo misturado aos resíduos inerte. Com isso, perde-se a

capacidade de produzir e gerar renda aos cooperados da Coopersol.

3) Quantas toneladas de RSU mensal são produzidas no município?

Aproximadamente 1.628 toneladas. Diariamente são produzidas 54,2

toneladas.

4) Resíduos Sólidos Domésticos – RSD; Óleos; Resíduos Serviços de Saúde

– RSS; Resíduos Construção e Demolição – RCD; Resíduos de Equipamentos

Eletroeletrônicos – REEE; Pneus; Madeiras; Feiras livres; Boca de lobo; Varrição;

Podas. Qual a destinação e/ou tratamento?

O óleo é recolhido junto com o reciclado e posteriormente é comercializado. O

RSS humano é terceirizado, a empresa Cheiro Verde Ambiental faz a destinação

para filial da empresa em Bernardino de Campo, já o RSS animal é coletado em vias

públicas pelo município e clínicas, pela empresa Cheiro Verde Ambiental destinando

para a mesma filial. RCD é feito pela empresa Ecosolutions, a qual faz a reciclagem

e comercialização de todo material. Quanto ao REEE, o município conta com

ecopontos distribuídos pela cidade em pontos estratégicos, onde a população

destina esse material e a secretaria de meio ambiente destina para empresas que

fazem a reutilização. Os pneus antigamente eram depositados em valas e a própria

população jogava em qualquer lugar. Atualmente o município possui parceria com a

empresa ANIP (associação nacional da indústria de pneumáticos), a qual faz o

recolhimento em ecopontos espalhados pelo município. Alguns municípios como

Guaiçara, Promissão e Sabino fazem parte desta parceria. Os demais materiais são

levados para um depósito, onde deveriam fazer a trituração de alguns e destinar ao

aterro ou até mesmo comercializar, porém atualmente o município não possui

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recurso para esse serviço, mas já foi notificado pela CETESB e tomará as devidas

providencias para isso.

5) Qual o percentual de destinação deste resíduo para bolsões de resíduos

orgânicos, aterros sanitários, incinerações, usinas de reciclagem, respectivamente?

Quanto aos materiais orgânicos, 100% são coletados e levados a área de

transbordo para depois seguir para o Aterro Sanitário de Piratininga. Para os aterros

sanitários 100% do resíduo domiciliar. Para incineração, hospitalar tem recolhimento

de 100% dos resíduos e carcaça de resíduo animal é recolhido aproximadamente

85%, sendo 100% desse percentual incinerado.

Para usinas de reciclagem (Coopersol) aproximadamente 80 toneladas são

enviadas mensalmente para triagem e análise de agregação de valor, resíduos que

não agregam valor são destinados ao transbordo, posteriormente encaminhados ao

aterro sanitário de Piratininga.

6) Existe a prática da coleta seletiva? Qual é a modalidade? Porta a porta?

PEV s? Qual o percentual de cada sistema?

Sim, classificação de grupos (Grupo A e Grupo E – resíduo de saúde humana

e animal) para tratamento e transformação no Grupo D (resíduos de baixa toxidade).

Feita porta a porta, porém apenas na área urbana. A Coopersol é considerado como

um PEV, pois muitos moradores acabam levando material para reciclagem até o

local. No perímetro urbano, a coleta seletiva é realizada em 100% da área, por outro

lado, na área rural, não há este serviço.

7) Quem faz a coleta seletiva?

Coleta mista. O município dispõe de motorista e veículo, e empresa privada

(Peralta Ambiental, Importação e Exportação LTDA) contrato emergencial nº

190/2016, 180 dias, oferece a mão-de-obra para a coleta.

8) Quantos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) ou ecoponto existem? Onde

estão dispostos?

PEV apenas um (01), Coopersol (Cooperativa de Recicladores de Lins) e

conta com 40 ecoponto distribuídos em pontos estratégicos no município.

9) Qual a periodicidade do recolhimento dos resíduos no sistema porta a porta

e nos ecopontos?

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Para o morador o recolhimento é semanal, porém para o município é diário e

nos ecopontos é feito de acordo com o volume, de duas (02) a três (03) vezes por

semana.

10) Todo o município é abrangido pela coleta seletiva? Caso não, qual o

percentual de bairros atendidos?

Dentro do perímetro urbano é feito 100% de coleta.

11) Qual o valor médio gasto para cada tonelada de resíduo recolhido no

sistema coleta seletiva?

Total gasto por mês = R$38.000,00/81,5 toneladas

Total R$466,26/tonelada

12) Quem patrocina financeiramente a coleta seletiva?

O próprio município.

13) Há parcerias para a coleta seletiva? Quais?

Sim, o município conta com apoio da Coopersol, que disponibiliza dois (02)

funcionários para recolher material em alguns ecopontos.

14) Houve a sensibilização das pessoas por meio da Educação Ambiental?

Como e quem efetuou a campanha de conscientização entre os munícipes?

Quando?

Sim, o Horto Florestal de Lins, através da Secretaria de Agricultura, Meio

Ambiente e Sustentabilidade (SAMAS) promove ações de educação ambiental com

crianças e jovens periodicamente e também quando as escolas solicitam e agendam

datas.

15) Após a triagem dos resíduos, qual o percentual de aproveitamento e de

rejeito?

Aproximadamente 25% do material triado são aproveitados.

16) Dos resíduos aproveitados, qual o percentual de papel, vidro, plástico e

metal respectivamente?

Papel: Aproximadamente 33%

Vidro: Aproximadamente 17%

Plástico: Aproximadamente 29%

Metal: Aproximadamente 21%

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17) Há cooperativas envolvidas na triagem e processamento dos resíduos?

Quantas? Quais?

Sim, apenas uma (01). A Coopersol (Cooperativa de Recicladores de Lins).

18) Essas cooperativas são autossuficientes ou são subsidiadas pelo poder

público?

É subsidiada pelo poder público municipal e estadual. Ainda não é

autossuficiente.

19) Quantas pessoas estão envolvidas nas usinas de reciclagem?

Hoje a cooperativa conta com 17 cooperados.

20) Qual o valor médio recebido por cada cooperado?

Aproximadamente R$ 880,00.

21) Todo o material triado e reciclado é comercializado? Caso não, qual o

percentual de comercialização?

Por parte da cooperativa, sim. Todo material triado acaba sendo

comercializado.

22) Quais as expectativas com a promulgação da Lei 12.305 (PNRS). Quais

são as estratégias com base na legislação?

O saneamento é a questão mais drástica do meio ambiente urbano, pois a

falta de saneamento provoca impactos ambientais em lençóis freáticos e da

superfície. Os resíduos sólidos contaminam a natureza com chorume e gás metano,

entre outros poluentes. A lei nº 11.445/2007 foi publicada no diário oficial, no dia 8

de janeiro daquele ano. Ela estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento

básico. A nova legislação define as regras para o aumento de investimentos

privados e públicos no setor. Os focos são o planejamento, a fiscalização e a

participação social.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que a gestão pública dos resíduos sólidos

urbanos de Lins – SP requer total integração das políticas econômicas, sociais,

ambientais, associada à participação da população.

A gestão correta e adequada desses resíduos proporciona renda aos

cooperados da Coopersol. Além de contribuir com o meio ambiente, caracterizado

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pelo fato sustentável da correta gestão, a saúde pública e a economia local, são

também beneficiadas.

De acordo com as entrevistas realizadas, constatou-se que com uma gestão

adequada dos resíduos, o município otimiza os recursos, contribuindo para a

implementação de melhorias e avanços para o próprio setor, ou outros setores como

saúde, educação e infraestrutura.

A terceirização da coleta de resíduos custa aos cofres municipais cerca de R$

4.500,00 por funcionário. Com esse recurso seria possível contratar 2 funcionários

por cada terceirizado atual, gerando emprego e aquecendo a economia local.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras

providências. Diário Oficial de União. Brasília (DF), 3/8/2010.

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