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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Rosmeri Aparecida Schopetian A RELEVANCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOG OS NA EDUCA~Ao INFANTIL Curitiba 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Rosmeri Aparecida Schopetian

A RELEVANCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOG OS NA EDUCA~AoINFANTIL

Curitiba

2006

A RELEVANCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS NA EDUCA<;:AoINFANTIL

Curitiba

2006

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Rosmeri Aparecida Schopetian

A RELEVANCIA DAS BRINCADEIRAS E DOS JOG OS NA EDUCA<;AoINFANTIL

Trab.-qlho AcAdemiCQ apresentado ~ disci lina deSe:rnintHia de PfOdu~o Cientifica do Curso dePedagogia, de Faculdade de Ci!ncias Humnnas,letras e Arte.sda Uiliv rs(tade nliuti do Parana.

OlieJltadon~:Mlch Ile Souza Julio

Curitiba

2006

~ Universidade Tuiuti do Parana"'-./"

FACULDADE DE ClENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

Curso de Pedagogia

TERMO DE APROVAI;:AO

NOME DO ALUNO: ROSMERI APARECIDA SCHOPETIAN

TiTULO: As Teorias e Controversias das Brincadeiras e dos jogos naEducat;ao Infantil

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL

PARA A OBTENI;:AO DO GRAU DE L1CENCIADO EM PEDAGOG lA, DO CURSO DE

PEDAGOGIA, DA FACULDADE DE ClENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, DA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.

MEMBROS DA COMISSAO AVALIADORA:

PROF(a). MIC~~L10

ORIENTADOR(A) nf'0\,:tlv\ }-AvY ..v14d" ..

PROF(a). MARCIA MEDEIROS MACHADO

MEMBRO DA BANCA •~.

PROF(a) OLG~~ILVt'i~OS

MEMBRO DA BANCA

DATA: 18/11/2006

MEDIA: "lJ _CURITIBA - PARANA

2006

AGRADECIM ENTO

Agrade<;o primeirarnente a Deus, depois em especial a minha mae por ter me gerado eme criado, ao meu marido David, par ter me compreendido e me ajudado esse tempotodo; par ter investido em mim e acreditado que este sonho era passivel, aos meusamigos que sempre estiveram ao meu lado nas horas faceis e dificeis, em especial aIda Reglane Pereira que sempre me ajudau muita, e pela pessaa que e. Em especial arninha Orienladora Michele Souza Julio, que sempre soube das minhas dificuldades eme deu fon;a para veneer, a coordenadora do Curso Maria lolanda Fontana peloincentivD, e as professoras Marli Lemke e Marilza do Rocio e todes as professores queestiveram cornigo durante a rninha caminhada

"Nenhum homem e uma ilha, qualquer

homem e uma parte do todo. A morte de

qualquer homern me diminui, por que fa90

parte da humanidade; assim, nunca procures

saber par quem dobram os sinos: Eles

dabram par ti"

John Donne (1572-1631)

RESUMO

o presente estudo tern como objetivo geral, mostrar qual a irnportancia das brincadeirase dos jogos para a educa~o infantil; e como objetivos especificos; conceituar jogos ebrincadeiras; Analisar as discuss6es a respeito da importancia das brincadeiras e dosjogos para crian9<3s de 0 a 6 anos de idade; propor alguns passos para que 0 brincarem sala de aula seja reconhecido como urn recurso de valor para a aquisi9ao daaprendlzagem na educa<;aainlanti!. Para atingir as abjetivas propastas loramselecionados alguns estudiosos como: Piaget, Kishimoto, Kami, entre outros. Saodescritos alguns aspectos a fim de discutir a tematica, como a importancia do brinear edos jogos, 0 faz-de-conta e a criancr8, 0 valor dos jogos em grupo, as rases dodesenvolvimento da criancr8, a funcrEio simb6lica, a brincar na escola e alguns passospara que a brincar seja reconhecido na sala de aula. Assim sendo, pode-se considerarque a brincadeira desenvolve a mente da crianc;a, e e a forma dela desgastar energia;sendo mUlto importante para a sua saude. A brincadeira esta relacionada acomportamentos naturais e sociais. 0 professor deve fazer uma triagem junto com osalunos para que possa trabalhar os jogos na sala de aula.

Palavras-chave: Brincadeiras; Jogos, Educay80 Infantil.

SUMARIO

1INTRODUi;Ao 72 FUNDAMENTAi;Ao TEORICA 102.1 CONCEITOS DE JOGOS E BRINCADEIRAS E A IMPORTANCIA DO BRINCAR.103 FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANi;A NA EDUCAi;Ao INFANTIL.. 173.1 PERioDO SENSORIO-MOTOR.... . 173.20 PERioDO PRE-OPERACIONAL.... . 194 A FUNi;Ao SIMBOLICA SEGUNDO PIAGET E VYGOTSKY 244.1 0 FAZ-DE CONTA E A CRIANi;A .2650 VALOR DOS JOGOS EM GRUPO 2960 BRINCAR NA ESCOLA 316.1 ALGUNS PASSOS PARA A VALORIZACAO DAS BRINCADEIRAS E DOS JOG OSEM SALA DE AULA.. . 337 CONSIDERAi;OES FINAlS.... ..35REFERENCIAS.............. . 38

1 INTRODU<;:AO

A crjan~ esta imersa, desde 0 nascimento, em um contexto social que a

identifica enquanto ser historico; assim e importante superar algumas controversias a

respeito da brincadeira e suas possibilidades educacionais. Na educayao infantil, a

brincadeira se faz presente em diversos momentos, pois nesta fase a criam;a vive 0 faz

de conta, au seja, utiliza 0 imaginario para vivenciar e aprender 0 real.

Atraves da brincadeira e do jogo, a criant;:8 experimenta, descobre, irlventa,

aprende habilidades e descobre suas capacidades. 0 desenvolvimento da crianc;a,

atraves da brincadeira e dos jogos e fundamental, pois alem de estimular a curiosidade,

autoconfianya e autonomia, proporciona 0 desenvolvimento da linguagem, do

pensamento, da concentrar;ao e da atenc;ao.

Para Carneiro (2002), a crianc;a tem na brincadeira um elemenlo que permite

dislillguir a fazer, 0 criar, 0 descabrir, a experimentar, 0 conhecer-se e 0 significar

Portanto e necessaria que a brincadeira e as jogos, como instrurnentos de

aprendizagem da educa<;80 infantil, sejam compreendidos e trabalhados com 0 intuito

de inserir a crianca no mundo como um sujeito de direitos e nc10 urn adulto em

miniatura.

Wlnnicott (1975, p. 79) atribui uma elevada importancia ao brincar, deslacando

que "e no brincar, e talvez apenas no brincar, que a crianc;.a au 0 adulto fruem sua

liberdade de cria~o"

Oentro deste contexto, do reconhecimento da importancia da brincadeira e dos

jogos para a crian~a da educa<;f]o infantil, justifica-se este trabalho pela necessidade de

com preen sao do verdadeiro valor das brincadeiras e dos jogos, sendo que ainda ha

controversias entre 0 entendimento da aplicabilidade das brincadeiras e dos jogos na

educac;ao infanti!.

A partir deste entendimento, surgiu a problematica deste trabalho: qual a

importancia das brincadeiras e dos jogos para a educac;ao infantil?

Para isso, descrevemos como objetivo geral:

• Demonstrar a importancia das brincadeiras e dos jogos para a crianga da

educa9~0 infanti!.

E como objetivos especfficos:

• Conceituar jogos e brincadeiras;

• Analisar as discussoes a respeito da importancia das brincadeiras e dos

jogos para a educac;ao infantil; propor alguns passos para que 0 brincar

em sala de aula seja reconhecido como um recurso de valor para a

aquisic;:ao da aprendizagem na educa~o infantil.

o trabalho foi desenvolvido atraves de pesquisa bibliografica. POis, para a

autora Minayio, na formulag~o de um problema cientifico, e preciso considerar 0 acervo

de dados que falam a respeito do assunto a ser pesquisado

Procuramos estruturar 0 trabalho em capitulos para melhor entendimento do

leitor.

No segundo capitulo deste trabalho, trataremos os conceitos de jogos e

brincadeiras da importancia do brincar.

No Terceiro Capitulo trataremos as fases do desenvolvimento da crianya na

Educayao Infanti!.

Na quarta parte sera enfocada a fun9~o simb61ica segundo Piaget e Vygotski.

No quinto capitulo fala-se do valor dos jogos em grupo.

No sexto capitulo da pesquisa analisa-se 0 brincar na escola e alguns passos

para a valoriza930 das brincadeiras e dos jogos em sala de aula.

E finalmente, para melhor compreender a importancia do brincar na educa980

infantil, dernonstra-se atraves das considera90es finais, algumas sugestoes de como 0

professor pode fazer para selecionar os jogos que ira trabalhar na escola.

2 FUNDAMENTAc;:AO TE6RICA

2.1 CONCEITOS DE JOGOS E BRINCADEIRAS E A IMPORTANCIA DO BRINCAR

Segundo 0 Mini Oicionario Aurelia (1993), define brincadeira como ato au efeito

de brincar, imitando as situa¢es do dia-a-dia a crianya realiza 0 que os adultos a sua

volta fazell1.

o jogo e a atividade fisica ou menial fundada em sistema de regras que

definem perda au ganho.

8rincar eodivertir-se infantilmente, entreter-se. gracejar. 0 brincar e sem duvida

urn meio pelo qual as crianyas exploram urna variedade de experiencias em diferentes

situaynes, para diversos prop6sitos.

A tradicionalidade e unillersalldade das brincadeiras assentam-se no fata de

que pavas distintos e antig05, como as da Gn§cia e do Oriente, brincavam de

amarelinha, empinar papagaios, jogar pedrinhas e ate hoje as crianc;:as 0 fazem q1l8se

da mesma forma. Tais brincadeiras foram transmitidas de gerar;ao em gera~o atrav' 5

de conhecimentos empiricos e permanecem na mem6ria infantil (KISHIMOTO, 2000, P

38).

Para as crianc;as nao e suficiente prodigalizar-Ihes 05 cuidados e aretos; eta

precisa de alga l11ais que a estirTlule para tornar-se mais comunicativa, independenle e

alegre, 0 que provem em grande parte das atividades ludicas originadas par eta propria

all proporcionadas pelas pessoas que a atendelll (OLIVEIRA et al. 2000)

II

alegre, 0 que provem ern grande parte des atividades ILidicas originadas por ala propria

au proparcianadas pelas pessaas que a atandem (OLIVEIRA et al. 2000).

o brincar e altarnente recomendado para a saude mental de criangas e adultos:

brincar e essencial a saude fisica, emocional e intelectual do ser humano. Brincar e

coisa seria, porque na brincadeira a crianr;a se reequilibra, reeicla suas 9111090e5 e

sacia sua necessidade de conhecer e reinventar a realidade. (LIMA. 2004, p.S)

o brincar e LIma atividade pr6pria da crian9a que permite varias aprendizados

no decorrer do seu desenvQlvimento. Brincando, a crian~ resignifica seu universo ja

simb6lico, posto que 0 inicio da capacidade de significar esta nas palavras, mas antes

na brincadeira. Id. IlJid. p.7).

Segundo Moura "0 jogo e considerado como uma atividade ILJdica e urna

estrutura, urn sistema de regras que existe e subsiste de modo abstrato

independenternente dos jogadores, fora deles sua realiz89ao concreta em um jogo

entendido no primeiro sentido." (2004, p. 14).

QUi1t1do brinca a Gri(ln~ aSSilTlila 0 Il'lulldo IIsua Inaneira, sern compromisso com a rea1idflde, l>oi5sua illteri'l~~Ocom 0 objeto nao depende elil naturezado objetCi, mas da sua flln~'() (IUe a eriellC6 Ille alribui.(KiSl1imgto apud VYQotsky,l 984;p,!)O),

o jogo e a brincadeira sao com freqO~ncia, percebidos pelo adulto como

oportunidades de uma certa liberdade au, de certa forma deturpada, coma sendo

contrarios ao trabalho, recebendo a ·paper de inuteis.

A respeita da inutilidade da inffincia. faiau Rubern Alves (apud LIMA, 2004) que,

ao brincar, ninguem fica mais rico, nenhuma divida e paga, iss a e lIerdade. Realmente.

o simples fata de estar brincando ja e a paga de uma vida inteira.

Segundo Kishimoto, 0 jogo nao pode ser vista apenas como divertimento au

brincadeira para desgastar energia, pais ele favorece 0 desenvolvimento fisico,

cognitivo. afetivo, social e moral 2000 p. 95).

A importfmcia do j090 esta nas possibilidades de aproximar a crianc;a do

conhecimento cientifico, levando a vivenciar "virtualmente" situac~es de solu¢es de

problemas que a aproximem daquelas que 0 homem realmente enfrenta au enfrenlou

Para Piaget. a logo e a constru,ao do conhe.cimento, principalmente nos

periodos sensoria - motor e pre-operat6rio. Agindo sabre os objetos, as criant;as desde

pequenas. estruturam seu espago e 0 seu tempo, desenvolvem a nogao de

causalidade, chegando a representa,ao e, finalmente a 16gica.A no,ao de jogo e 0

conjunto de linguagem que funciona em um contexto social e a utiliza9ao do termo logo,

que deve ser considerada como urn fata social; tal designagaa remete it irnagem do

jogo encontrada no seio da sociedade ern que ele e utilizado. A noc;ao de jogo, nao vern

da lingua particular de uma ciemcia, mas de Uln usa cotidiano.O jogo e a atividade dos

seres; crian,as pequenas, animais, que nao usam a fala (apud Fontana, 1997, p 95).

Para Claparede (1956), a brincadeira desempenha um papel importante cerno

o motor do auto-desenvolvimento e, em consequ~ncia,metodo natural de educat;:ao e

instrurnento de desenvolvimento natural.

13

A brincadeira da crianc;a aparece como um processo metaf6rico relacionado a

comportamentos natura is e socia is. KISHIMOTO (2000 p. 34)

Para Vygotski (1984), 0 que define 0 brincar e a situa9flo imaginada pela

crian9C3. Alem disso, devemos levar em conta que brincar preenche necessidades que

mudam de accrdo com a idade.

Segundo afirma Vygotsky (apud Ki5himoto 2000):

~da enfase a 89aO e lIO significado no brinct1r. Pilfa ele epraticllrnente impassivel uma crian<;<, corn menos de tr!:sanos erlllolver-se em uma situa<;:i\o imagin.iria, porque aopassar do concreto para 0 abstrato, nao ha continuidade,mas descontinuidade'

S6 brincando e que ela vai come9C3r a perceber 0 objeto nao da maneira que ele

e, mas como desejaria que fosse.

Vygotsky apud Fontana (1997, p.126), ve a brincadeira infantil como um recurso

que possibilita a transi9~o da estreita vincula9ao entre significado e objeta concreto aoperac;ao com significados separados dos objetos. Na brincadeira, a crian9a ainda

utiliza urn objeto concreto para promover a separa9~o entre significado e abjeto. Ela 56

e capaz de operar, por exemplo com a significado de cavalo (sem se referir ao cavalo

real) utilizando um objeto, com 0 cabo de vassoura, que Ihe permita realizar a mesma

ayeo possivel com 0 cavalo real: mantar au cavalgar.

E desse modo nao e qualquer objeto que pede 5ubstituir outro. Uma bola, uma

caneta, ou uma mesa nao poderiam representar um cavalo, porque a crianc;a n~o

poderia agir com esses objetos como se fosse um cavalo, nao poderia manta-los au

cavalga-105.

14

A brincadeira infantil constitui uma transic;ao: ao agir com urn objeto com S8

fosse Dutro, a crianc;.a separa do objeto real, concreto, 0 significado. Mas, para realizar

essa separa~o, ainda ha necessidade de urn objeto substituto que possibilite a mesma

ayao que 0 objeto real.

Piaget apud Fontana (1997; p.120), a brincadeira infantil quase pura do real ao

eu, n~o tendo nenhuma finalidade adaptativa.

"A crianya pequena sente constantemenlenecessidade de adaptar-se ao rnunda soci<ll dosadulla,. cujos interesses e reoras ainoCl the saoestranhos, e it lIma infinidade de objelos,acontecimentos e relay(les que ela aiooa naocompreende" (Piaget apud Fontana; 1997).

A brincadeira e, ent~o, uma atividade que transforma 0 real, par assimilacyao

quase pura as necessidades da crianc;a, em fazao dos seus interesses afetivos e

cognitivos. Ela tem uma maneira natural de brincar, desenvolve suas brincadeiras como

se estivesse realizando aquela a~o.

Vygotsky apud Fontana (1997,p.123), a situayao imaginaria da brincadeira

decorre da a<;llo da crian<;a de reproduzir as 8¢es do adulto em condic;6es diferentes

daquelas em que etas ocorrem na realidade e que da origem a situac;ao irnaginc1lria. Isso

significa que a crianc;a n~o imagina uma SitU8C;80 para depois agir, brincar. Ao contrario,

para imaginar, ela precisa agir

As brincadeiras preservam sua estrutura inicial, outras modificam-se recebendo

novas conteudos; pelo poder da express80 oral, a brincadeira e a manifestac;ao da

cultura popular; e tern a func;ao de perpetuar a cultura infantil, desenvolvendo novas

formas de convivencia social e permite 0 prazer de brincar.

Para Winnicott, a brincadeira universal que e propria da saude, faCllita 0

crescimento e portanto; conduz aos relaeionamentos grupais; a brincar pode ser uma

forma de cOlTIunicaQllo na pSicoterapia; finall11ente a psicam:'i!ise fot desenvolvida como

uma forma especializada do brincar, a servir;o da comunica~o consigo mesmo e com

as QuIros. (1975, p. 63)

Este mesmo autor coloca ainda que, os jogos e sua organizayao devem ser

encarados como uma parte de tentar prevenir 0 aspecto assustador do brinear.

o brincar na psicoterapia da a crian<;a a possibilidade de introduzir

enriquecirnento a respeito da aprendizagell1. 0 professor visa ao enriquecimento; em

contraste, 0 terapeuta se interessa pelos proeessos de crescimento da crian<;a e pela

remo911o dos bloqLleios ao desenvolvimento que podem ter S6 tornado evidentes.

o brincar par si mesma e uma terapi8. Conseguir que as crianyas possam

brincar e em si mesma urna pSicoterapia que possui urna aplicayao imediata e universal

e inelui 0 estabelecimento de urna atitude social positiva com respeito ao brinear. Essa

atitude deve incluir 0 reconhecimento de que 0 brincar e passlvel de tornar-se

assustador.

Pessoas responsaveis devern estar disponiveis quando crianc;as brincarn. mas

isso nao significa que precisem ingressar no brincar das crianr;.as. Quando a

organizador tern de se envolver, numa posir;:ao de administrador, ocorre ent~o a

implicar;~a de que a criaru;:a ou crianyas s~a incapazes de brincar no s.entido criativo

que pretendo expressar nessa comunicayao.

A caracteristica essencial do que desejo comunicar refere-se ao brincar como

urna experi~ncia criativa, uma experiencia na continuidade espa90-tempo, urna forma

bas.iea de viver.

Na brincadeira a crian9a pode agir como ela quiser, pois nao ha uma rela9~o de

passos a serem segLJidos numa li,,.re brincadeira, salvo as jogos de regras que devem

ser respeitados.

o jogo e a pr6pria atividade da crianc;a pequena para desgastar energia, muda

de natureza no decorre de seu desenvolvimento. Pode ser de jmjta~o (proje~ao de

desejos) eu de regras Uogo socializado), no qual a prazer esta relacionado ao respeito.

as regras e as dificuldades a serem vencidas. au ao ganho que aprova a competi~o.

As atividades ILlIjicas com 0 fim de Qtimizar a desenvollJimento dos pequenos.

os estudos e experiencias educacionais sabre as resultada satisfat6rios quando

aquelas sao apropriadas aos nlveis do process a evolutivo da crianya, a seu ritmo e a

outras caracteristicas de cada urna individualrnente. Umas crescem mais aceleradas do

que as Qutras, e ainda, Qutras mais, mostram-se mais aiivas do que calmas, sendo ate

seletivas nos seus brinquedos e brincadeiras desde os primeiras m6ses de vida

I~

17

3 FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIAN9A NA EDUCA9AO INFANTIL

3.1 PERioDO SENSORIO-MOTOR

o periodo sen so rio-motor inicia-se no nascimento ate os 2 anas de idade, anda

Piaget denornina sensoria-motor 0 periodo mais primitiv~ do desenvolvimento cognitivQ,

porque as prirneiras rnanifestar;Oes da intelig~ncia do be~ aparecem em suas

percep90es sensoriais e suas atividades rnotoras.

Seus olhos seguern os objetos m6veis; sua cabeya se volta em resposta aD um

ruido; ele come98 a estender OS brayos e agarrar-se aos brinquedos.

Nesta fase, a be~ 8sM equipado COrll poueos reflexos neonatais, corno sugar. agarrar,

ernpurrar, morder, oll1ar. Alem desses, seu comportamento consiste ern movimentos

motores grosseiros, a prindpia sem coordenayao e sem objetivo.

Antes de um m~s de ida de. suas rnAos se movem, seus ethos nao conseguern

focalizar um objeto, seus pes se esperneiam no ar, mas com um mes de idade, 0 be~

acidentalmente encontra 0 caminho de sua boca e come~ a suga-Ia e achando

satisfat6ria essa at;vldade e acaba repetindo varias vezes a movimento e aprende a

levar a mao na boca SQZint1a.

Para Piaget. esta fase do beb~ e essencialmente uma coisa para sugar.

Entre quatro a oito meses a be be ja asta familiarizado com sell proprio corpo e sua

atenyao se desvia de si mesma para os acontecimentos de seu ambiente. Pode chacar-

se au bater contra alguma caisa, produzindo um novo e interessante ruido OU

18

l11ovimento, em busca de novidades, 0 beba se vira novamente procurando repetir a

experiemcia.

Neste estagio os babes comeyam a reagir a sinais como a voz da mae mesma

quando ela nao e vista. As brincadeiras de esconde-esconde sao infaliveis devida ao

aparecimento do objeto Deulto, mas esperado, assa.s atividades desenvolvem a

previsao e ajudam afirmar na crianya a no~ao de permanencia do objeto, que e uma

conquista fundamental do perfodo sensoria-motor

De 12 a 18 meses a crianc;a comeya a experimentar para descobrir movimentos

diferentes. Outre aspecto desse estagio e que a crianya aprende a Llsar novas meiDs

para atingir urn fim, au seja, descobre que pode puxar os objetos ate ela corn um fio au

um bastao, au inelina-Ios para que passem entre as barras do cercado onde brinca,

ond Piaget denomina tatearnento orientado

De 18 a 24 meses a crianya corne<;a a fazer este tateamento mentalll1snte e

nao fisicamente. Para Piaget a ~o fisica e interiorizada, a criant;a representa para s;

propria, atrav8S de a¢es simb6licas sem realmente executa-las

Ern resumo, 0 bebe, em seus dois prirneiros anos, assimila uma boa dose de

conhecimentos praticos sobre 0 mundo. Seu corpo ern rapido crescimento se tera

acornodado a muitas tnudan9as. Imitando as pessoas e aoontecimentos a seu redof,

constr6i imagens mentais de SLI8S experiencias externas. Essas Ihe permitem

representar mais do que a reaJidade imediatamente presente diante de seus sentidos e

antecipar acontecimentos futuros, sem realrnente executa-los.

A oianc.n se adapta ao nlundo ao sell redorprincipnlmenfe ntrnves de acOe.s; clHunado par Pianetde il1teli!:l~m:ia prfltica. Ele G<lpncita a criatl~a a

19

intefagir com as pes5Qas e coisas dil vida (llmv s deseus gestos, gritos e rnovilllentos iJulo-regutndor.Esse perlOdo que vai desde 0 Il(lscimento ate HIrneses ou 2 .mos, Pil.lgel chama de periodo sensorio-rTlotof.(SPENCER;1960p.39)

3.2 0 PERioDO PRE-OPERACIONAL

o periodo pre-operacional Piaget descobriu atrav9S de perguntas que para

estas crianr;as rneninos e rneninas de 4 a 9 anos tudo tern uma razao e uma finalidade.

Ern Qutras palavras, no perfodo pne-operacional, a crian98, com suas necessidades e

objetivos, ainda e raison d'etre no universo: tudo e feita para as homens e as crian~s,

segundo urn plano determinado e bern elaborado que lem 0 homem em seu centro

o bebe abre mao de seu ponto egocentrico no periodo sens6ria motor, no plano

fisico a medida que toma consci~ncia da pennanencia dos objetos e das pessoas ao

seu redor. No nivel mental, ainda sera preciso muito tempo para que ele desista de seu

egocentrismo. As novas experiencias, palavras e problemas sao assimilados a seu

fundo muita 1imitada de informa<;oes. A criancta s6 pade interpreta-Ios em term os de

suas pr6prias experiencias, necessidades e desejos. Durante a primeira infancia a

crianc;a foi cuidada e suas necessidades foram antecipadas como que magicamente

A suposi~o da crianc;a de que 0 munda fai criado para ela ravela seu

egocentrismo. Piaget atraves de questionamento para as crianc;as descobriu atraves de

um quadro de como as criangas 'Yeem 0 mundo, bastante diferente de como se afigura

ou presumimos.Por isso suas descobertas no jogo au na conversa~o sao

encantadoras: assim como penetrantes. Ai surgem as perguntas: as pessaas sempre

20

jogaram como jogam agora .. E assim par diante, desde as problemas da puni<;ao ate a

seu desenvolvimento da ideia de justi9a.

o egocentrismo da criang8 pequena a leva a presumir que lodos pensam da

mesma forma que ela e a mundo inteiro compartilha de seus sentimentas e desejos.

Esse sentimento de unicidade com 0 mundo conduz, natural mente, a pressuposiyao

infantil da onipotemcia magica e uma extensao de seu poder de levar as aduUos acuidar dela

Outra manifesta~o do egocentrismo da crianya e a sua incapacidade de

colocar·se na posiyao de Dutra pessoa. IS50 S8 torna evidente tanto no nivel fisico

quanta no intelectuaL A crianc;a que aprendeu qual e 0 seu lado direito e esquerdo, nao

e capaz de identificar as mesmas posi<;6es em uma Dutra pessoa que esteja de frente

para ela.

Da mesma forma, a crianya tem dificuldade de cornpreender 0 ponto de vista

intelectual au emocional de outra pessoa; ha provas consideraveis de que, no nivel

emocianal, as criarn;as em idade pre-escolar reagem umas as outras com empatia mais

que depressa.

Outra caracteristica e conhecida como animismo. A crianya acredita que a

munda da natureza e vivo, consciente e dotado de objetivos, da mesma forma que ela.

Isso surge por que a crian9a, nao tendo consciencia de si mesma, confunde-se com 0

universo. Surge ent~o um perfodo transicional em que ela experimenta urn conflito

cognitivo e pode desrnentir~se au contradizer-se.

S6 as objetos que se movem estao vivos como as nuvens flutuantes au as

carras em movimento, estao vivos. Seus movimentos podem ser determinados por uma

compulsao fisica au necessidade moral. No terceiro estagio, 56 as objetos que se

~l

movem espontaneamente eslao vivos,os carras e as bicicietas, que 56 S8 mOl/em

quando dirigidos pr urn agente externo nao estao.

Ja no arlificialisrno a criam;;a acredita que as seres hurnanos criaram as fenemenos

naturais. Ex: a filha de Piagel, venda as nuvens de fumaya subirem do cachimbo de seu

pai, presumiu que ele era 0 responsavel pelas nuvens no cell e pela neblina ern torn a

do cume das rnontanhas da Sutya.

A crianca pequena encara sua pr6pria perspectiva como imediatamente objet iva

e absolula. Para ela lodas as eoisas sao igualmente reais-palavras,retratos, sonhos au

sentimentos.lsso Piagel denomina de realismo; a criant;:a ignora 0 fata de que S6 Irata

apenas de um ponto de vista e pensa que a que e real para ela deve existir

objetivamente. Par exemplo as names, sao reais e existem como parte da caisa

nomeada. A crianya pequena nao consegue imaginar que Ihe pudesse ter side dado

Dutro nome

Piaget fez lima pesquisa do realismo nos sonhos infantis e descobriu que as

crianQas pequenas tern perfeita conviC9<30 de que seus sonhos sao reais. No estagio

mais primitivo. aD serem indagadas sabre a origem de seus 50nh05, as crian~s lhe

alribuem uma origem externa. Ex: algun"t8s acreditam que as pessoas com quem

sonham e que causam os sonhos.

Assim 0 sonl1O e acusado externamente e aparece externamente S6 quanclo as

crianyas sabem que sellS sonhos se ori9inam internamente, embora pare~rn e.xternos,

e que 58 alcan((a uma consci~ncia da rea\idade objetiv8. Hi! varias graus de confusao

quanta 8 como 0 sonho"sai", logo ql..Ie a pessoa adorrnece. para que a sua origem seja

interna, mas a sua apar{mcia externa.

A criany8 neste e5ta9io confunde ser com parecer:"o sonho deve e.star do lado

de fora, por que voce nao pade ver oque esta dentro da cabeya". Uma Fonte adicional

de confusao e que a crianya recorda de ver-se no 50nho, mas sabe que estava na

cama a hora que sonhou

Piaget divide a periodo de pensamento pre-opsracional em dois est8gi05. 0

primeiro que corresponde dos dais aos quatro anos, e e chamado de estagio pre-

conceitual. A pre-concepyao representa a primeira vaga tentativa da crianya na

generalizavao: situa-se ern algurTI ponto entre uma imagem e urn verdadeiro conceito. A

pre-c.oncepyao revela a confusao da crianc;a entre uma dasse de objetos e seus

mel11bros. Exemplo: Se um homem e papai todos os homens sao chamados de papai.

Na segunda meta de do periodo pn9-operacional, contudo a mente da crian~ carneya a

aprender intuitiva e duvidosamente as relar.;;6es dos grupos e esp€cies uns com os

outros e a raciocinar da parte para 0 todo. Piaget tambern denomina esse estagio

intuitivo de quatro a sete anos, por faltar-Ihe 0 carater estavel e re"l/ersivel do verdadeiro

pensamento operacional. 0 raciocinio ainda e sirnoolico. baseado mais na intlllyao

subjetiva do que na 16gica objetiva.

Nesse tipo de busca intuitiva da verdade nos varios estagios de indeci.sao e

desiqullibrio que examinamos, quer na sLla compreensao das normas au dos sonhos

pela crianr;a, quer em seu entendill1ento dos e)(perimentos. He um periodo transicional

do qual acrianya nao tern certeza se a salsicha de argila e au nao do tarnanho de uma

bola: par i550 a crian~ acerta pelos motivos errados, e par vezes erra pelas raz~es

carr etas - porque esta no caminho certo em dire~o ao raciocinio logicD, mesmo que

sua compreensao ainda seja incompleta, ou apenas, semil6gica.

o pensmnento cia crianya pre-escolar ainda eegool!ntnco. vinculado a sua exper'i~nci(l limilada.Seus conceilos iniciais sAo vagos e confU50SLenlamenle, ela tl"abalha por con~ruir seu caminhoem direclio a id -ia'S urn pouco mais 100icasdo mundo.a que Piaget chRm" semil6gi s. E5se periodo, quevni ~proximadamentedos dois at 5eis e meio ou~Ic, hamada pre-opera ional, pois. a (ian amdan.:lo atingiu flS ve •.drtdeiras operaf(6es descritas.(SPENCER;1980,P.40).

Nessa fase entao a crianya nao consegue assimilar 0 que e 16gico,ela ainda econfusa, e nao atingiu um certo nivel operacional. Para complementar esta ideia einteressante citar no item a seguir as coloca<;6esde Piaget e Vygotski sobre a fungao

simb6lica.

4 A FUN<;AO SIMBOLICA SEGUNDO PIAGET E VYGOTSKY

Piagel diz que 0 jogo e simb6lico, e parte de uma fun"ao fundamenlal do

processo cognitiv~ da crianr;a, a funyao simb6lica. Essa fun~o aparece na crian9CI aos

2 anos mais au menos e permite que ela possa representar uma coisa(um objeto, urn

acontecirnento,etc.)por intermedio de Dutra coisa, como a lingua gem, a desenho ou 0

gesto simb61ico (apudFontana 1997, p,128)

Piagel apud Fontana;(1997), considera que a brincadeira tern fmalidade

adaptativa, !'laO provoca urn aprimoramento dos esquemas mentais, au de ayao da

crianya. Sua importancia para 0 desenvolvimento consiste no fata de possibi1itar pela

aplica~o de esquemas conhecidos, a objetos "inadequados" - a transforma98o do

significado dos objetos e a cria980 de simbolos Itldices.

Assirn, 0 jogo simb61ico retaciona-.se ao aparecimento da capacidade de

representar even los e objetos. E com a representa"ao, a Crial1t;8 lorna-se capaz de

pensar os objetos que nao estao presentes em seu campo perceptivo. de lembrar-se de

acontecimentos. de preyer mental mente 0 resultado de slias ayoes.

De acordo com Piaget (1997, p, 128) a fun"ao simb61ica torna-se indispensavel

para a amplia9ilo das fronteiras da inteligencia, e de acordo com 0 llleSilla autar, ela s6

progrida com 0 desenvolvimento da propria inteligencia. Ou seja, e a medida que 0

pensamento da criant;8 se desenvolve que sua linguagem e 0 proprio joga eVOllJem

Portanto, a jogo simb61ico e importante para a conslituir;:ao de simbolos que

servem para representar objetos au acontecimentos, arnpliando 0 campo de agao da

intelig~ncia, seu de5envolvimento esta subordinado ao desenvoivimento da propria

inteligencia.

Vygotsky jil caloca que a brincadeira tern urn papel fundamental no

desenvoivirnento do pensamento da crian<;:a. Ao substituir um objeto par urn Dutro, a

crianc;a opera com 0 significado das eoisas e de um passo importante em dire930 aD

pensamento conceitual, que se baseia nos significados. e nao nos objet05 (apud

Fontana, 1997, p.128).

E quando a crianca assume um papel na brincadeira, ela opera com 0

significado de sua a~o e submete seu comportamento a determinadas regras_ 1550

conduz ao desenvolvimento da vontade, da capacidade de fazer escolhas eonscientes,

que estao intrinsecamente relacionadas a capacidade de atuar de acordo com 0

significado de acoes au de situacoes ou de situacoes e de controlar 0 propno

cornportarnento par meio de regras

Vygotsky apud Fontana (1997;p.128) diz ainda que no Jogo a crianc;a faz coisas

que nao consegue no cotidiano. Nas atividades cotidianas, a crianca em ldade pre-

escolar age de acordo com 0 meio, as objetos e as situa¢es concretas, tendo

dificuldade em controlar voluntariamente sel.! comportamelito e submete-Io a regras

Vygotsky apud Fontana(1997;p.129) fala que a crianc;a dessa idade tem dificuldade

para fazer distin~o entre 0 significado dos objetos e suas caractedsticas_ UlTIa crianc;.a

que tenha aprendido it utilizar a palavra anima! para se referir a marn iferos de quatro

patas, provavelmente tera dificuldade em reconhecer lim inseto ou uma ave como

animals. 0 significado da palavra animal permanece ligado as caracterfsticas dos seres

que concretamente ela conhece como animal: as quatro patas

Segundo Vygotsky apud Fontana (1997, p.129), a brincadeira cria uma zona de

desenvolvimento proximal, all seja, a crian9B para brincar eu jogar ela precisa do auxilio

de urn adulto. amigo au professor, mas as vezes ela fara tudo sozinha. No brinquedo, a

crian9<l sernpre se comporta al8m do comportamento habitual de sua idade. alem de

seu comportamento diario, no brinquedo e como se ela fosse maior do que e na

realidade.

Assim, a brincadeira para a crianya, e a atividade em conex3o com a qual

ocorrem as mais importantes mudanyas no sell desenvolvimento psiquico e dentro da

qual se desenvolvem processos que preparam 0 caminho da transi~ao para urn novo e

mais elevado nivel de desenvolvimento. A atividade de brir1car e essenclai para 0

desenvolvimento da crian~a em idade pre-escolar. Ela deve ter seu tempo e espa~o

para realizar atividactes ludicas ja que isso e fundamental para as fases da sua infancia.

41 0 FAZ-OE CONTA E A CRIANCA

A brincadeira de faz-de-conta, tambenn conhecida como simb6lica, de

representayao de papeis OU s6ciodrsl11c3tica. e a que deixa mais evidente a presencya da

situayao imaginaria

Ela surge com 0 aparecimento da representa~o e da linguagem, em torna de

2/3 anos, quando a crianca come<;a a alterar 0 significado dos objetos, dos event OS, a

expressar sellS sonhos e fantasias e a assumir papeis presentes no seu contexto

social. 0 faz-de-conta permite nao 56 a entrada no imaginario, mas a e)l:pressao de

regras impllcitas que se materia1izam nos temas das brincadeiras. E imporiante

registrar que 0 conteudo do imaginario provem de experiemcias anteriores adquiridas

pelas crran<;:as, em diferentes conte.tos. (KISHIMOTO, 1996, p. 39)

ldeias e a90es acIquiridas pelas crian~s provem do mundo social, incluindo a

familia eo seu circul0 de relacionamento, 0 curricula apresentado pela eseola, as ideias

discutidas em classe, as materia is pares. Os conteudos veiculados durante as

brincadeiras infantis bem como os temas de brincadeiras infantis bem como os temas,

as materiais para brincar, as oportunidades para interacOes socia is e 0 tempo

disponivel sao todos as fatores que dependem basicamente do curricula proposto pela

escola

A inclusao do jogo infantil nas propostas pedag6gicas rernete-nos para a

necessidade de sell estudo nos tempos atuais.

A importancia dessa rnodalidade de brincadeira justifica--se pel a aquisi~o do

simbolo. E alterando 0 significado de objetDs e de situa¢es, e crianda novaS

signifiC8dos que se desenvolve a fun<;~o simb6lica. 0 elemento que garante a

racionalidade ao ser human~. Ao brincar de faz-de-conta a crianc;a esta aprendendo a

criar simbolos. Kishimoto;(1996.p.40l

Ao vermos uma crian<;a brincanda de fez-de-conta, sentimos-nos atraidas pelas

representacOes que ela desenvolve. A primeira impressao que nos causa e que as

cenas se desenrolam de maneira a n~o deixar duvida do significado que 0 objeto

assume dentro de Uill contexto. Assim, as papeis sao desetnpenhados com clareza: a

menina torna-se m~er paiS brinca de boneca fazendo de conta que e sua filha, brinca

de casinha imitando ser dona de casa; imita a professora fezendo atividades com os

amigos imaginando uma sala de aula, em que ela rnanda e as alunos obedecem. 0

menina torna-se pai, india, policia ladr~o, sem script sem diretor. Sentimo-nos como

diante de um miniteatro, em que papeis e objetos sao improvisados. Ele imita a

profissao do pai, brinca de ser motorista e com objetos realiza suas atividades

assimilanda a realidade da profissao.

Esse tlPO de Jogo da origem ao jogo simb6lico (0 faz- de- conta), que SL"ge na

criant;a quando seu pensamento torna-se capaz da representac;ao simb61ica (mais au

menDS 2 anos). Diferentemente do jogo de exercicio, que nao sllp6e 0 pensamento

nem a representayao mental de objetos Oll situac;Oes, 0 jogo simbalieD, impliea a

representat;~o de objetos e acontecimentos ausentes

De acordo com Piagst, 0 jogo simb61ico comet;a par comportamentos pel os

quais a crian9C3 imita objetos, pessoas au sltuac;.6es. Aos POlICOS, a brincadeira

simb61ica com outras crian~s (casinha, escolinha etc.), comet;a a ter lugar, e a

simbolismo Illdico vai se tornando rnais complexo. 0 sfmbolo ludico pouco a pouco leva

as representar;:oes adaptadas, em que verdadeiras dramatizar;.oes corn papeis definidos

ocupam a lugar do faz-de-conta. Construy6es com madeira, pedras, modeiagem,

passam a ser utilizadas, substituindo as transformavoes mais rudimentares dos objetos

que ocorrem no Jogo de faz-de-<:onta (apud Fontana, 1997, p.133),

50 VALOR DOS JOGOS EM GRUPO

A autora Kami fala que muitos pais e diretores de escola se op6em aos jOg05

em grupo e outros tipos de jogo na sala de aula. "Alguns pais dizem: porque deveria

mandar meu fitho para a eseola se tudo a que faz la e brincarT "Esses pais

freqOentemente fieam mais satisfeitos quando seus fithos voltam com lir;;6es para casa

como prova de trabalho e aprendizagem. Para pessoas que acreditarn que a

aprendizagem e cOlTlprovada atraves de exames de leitura, 0 j090 aparece apenas

destinado a diversao e a recrea~o (1980. p.31).

As criant;as tem uma tendl!ncia forte, natural, de se envolver em jogos de

grupo. A crian!):8 tem curiosidade de descobrir e praticar certos tipos de jOg05, com is50

ela aprende e desenvo/ve seu raciocinio.

Varios autores cltam em suas obras, que existe lUl1a grande variedade de jogos

de rua que as crianyas mais veJhas jogam no seu tempo livre. Nesse contexto, as

professoras de 1° grau sabem que a atividade favorita das criam;as no reereio sao os

jogos, pais ern cada canto de uma escola no intervalo, percebe~se equipes variadas de

crian98s realizando luna brincadeira com jogos, e 0 jogo xadrez, bolas de gude,

queimada, futebol, varetas, volei, bets, quebra cabeya, domino, dama, etc. Uma rapida

visita as lojas de brinquedos na epoca de natal nos convenee de que jog os sao e muito,

OP90es procuradas para presentear uma crian~.

o fato de os jogos em grupo serem uma atividade human a espontanea e

satisfat6ria nao necessita de maiores evidencias. 0 que necessitamos e de uma

justificativa para seu usa na sal a de aula

,0

Os jOg05 em grupo t~rn uma significa~o diferente e especial para as crianyas

pequenas em comparayao com as maiores, e que na primeira inf~ncia aprendem muito

mais pelo j090 do que com 1iy6es e lima infinidade de exercicios

Segundo Kami, quando as crianyas mais velhas jogam jOg05 em grupo, tern

prazer em repetir urna forma de atividade que ja conhecern. Assim os pais estariam

corretos em discordar de jOg05 de bola de gude para crian985 de 12 anos na sala de

aula. Para as crian<;as pequenas, no entanto, as jogos em grupo sao uma nova forma

de ativldade que naa era passivel antes. A habilidade crescenta de jagar jagas em

grupo e uma conquista cognitiva e social muito importante para as crian98s de cinco

arms que deveria ser estimulada antes dos cinco anos e aprofundada depois dessa

idade (1980, p.34).

Os jogos em grupo devem ser usados na sal a de aula nao pelo mera fata de

ensinar as crian~s a joga-Ios, mas para promover sua habilidade de coordenar pontos

de vista. Assim, as crianyas aprendem no seu cotidiano de aula de uma forma mais

dinamica e prazerosa de freqLlentar as aulas.

31

60 BRINCAR NA ESCOLA

A definil"3o de brincadeira, como atividade social especifica e fundamenlal.

Garante a interac;ao e construc;ao de conhecimentos da realidade pelas crianyas, e que

nos faz estabelecer vinculo com a fun9£lo pedag6gica da pre-escola. A brincadeira

encontraria um papel educativo importante na escolaridade das crian9as que vao se

desenvolvendo e conhecendo a mundo nesta instituic;:ao que se constr6i a partir dos

intercambios sociais que nela vao surgindo a partir das diferentes hist6rias de vida das

crianyas, dos pais e dos professores que compoe 0 corpo de usuarios da instiluic;ao e

que nela inleragem cOlidianamente. (WAKSJOP, 2001, p. 26).

Na escola a crian<;a brincando adentra 0 mundo pel a representa<;ao e

experimenta9ao; a espa<;o da institui9ao deve ser um espa<;o de vida e interat;aO e as

materia is fornecidos para as crian<;as, pais isso pode ser fundamental para construir e

apropriar-se do conhecimento universal. A professora deve ter alternativas de

brincadeiras para facilitar a aprendizagem da crianc;a, quando esta tem dificuldades

para aprender uma determinada lil"3o.

A brincadeira infantil e definida numa concep<;ao s6cio-antropol6gica de que e

urn fato social, espaQ<) privilegiado de interac;ao infantil e de constitui~o do sujeito-

criant;a como sujeito humano, prod uta e produtor de hist6ria e cultura. A brincadeira e

urn tipo de atividade cuja base genetica e cornurn a arte, trata-se de uma atividade

social, humana que supOe contextos sociais e culturais, a partir dos quais a crian<ya

recria a realidade atraves da utilizal"3o de sistemas simbolicos proprios ( WAKSJOP,

2001, p. 28).

32

Como atividade social especifica, ainda, a brincadeira e partilhada pelas

crianyas, supondo urn sistema de comunica~o e interpretayao da realidade.

Waksjop(2001, p.30), a brincadeira e uma forma de atividade social infantil,

cuja caracterfstica imaginativa e diversa do significado cotidiano da vida fornece uma

ocasi8o (lnica e educativa para as crianyas.

Na brincadeira, as crianr;as podem pensar e experimentar situa96es novas ou

mesmo do seu cotidiano, isenta das pressoes situacionais. A brincadeira pode ser a

espayo de reitera9~o de val ares retrogrados, conservadores, com os quais a maioria

das crianc;.as se comporta cotidianamente. A garantia do espa90 da brincadeira na pre-

escola, e a garantia de uma possibilidade de educayao da crianya em uma perspectiva

criadora, voluntaria e consciente.

A brincadeira de faz-de-conta, a brincadeira protagonizada au a brincadeira de

papeis como atividade do brincar par excelencia. 0 fundamental desta brincadeira e 0

papel que e assumido pelas crianyas e que possibilita, ao mesmo tempo, 0

desenvolvimento das regras e da imaginayao atrav8s de gestos e a¢es significativas.

A brincadeira pode ser um espa90 privilegiado de intera9ao e confronto de

diferentes pontos de vista. A brincadeira infantil pode constituir-se em urna atividade em

que as crianc;as, sozinhas ou em grupo, procuram compreender 0 mundo e as a¢es

humanas nas quais se inserem cotidianamente (Id. Ibid. p. 33)

33

6.1 ALGUNS PASSOS PARA A VALORIZAC;;Ao DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS

EM SALA DE AULA

Para Kami (1991, p. 6)"0 valor do conteudo de um jogo deve ser considerado

em rela~o ao estagio de desenvolvimento em que se encontra a crianc;a-

Kami nao se refere aos estagios formais descritos por Piaget e oulros

estudiosos, mas sim a maneira como a crianc;a obtem 0 conhecimento e raciocina, isto

pede ser inferido pelo professor atraves da "Ieitura" fundamentada por Piaget e

aprende a dialogar com as crian<;as (1991, p. 6).

o jogo de encaixe, "0 prendedor "colabora com 0 desenvolvimento do

raciocinio espacial, do conhecimento Fisico e das relac;!3es l6gico-matematicas quanto a

correspondencia e a construc;:ao do numero.

Segundo Kami (1991, p.8), se a crian<;a acha que 0 jogo esta facil e

desinferessante ela, invenla maneiras mais dificeis de jogar. Crianc;as com cinco anos

tarnam-se capazes de estabelecer regras de arganizac;ao do jogo e de se revezarem na

vez de jogar. Os menores tern interesse em jagar todas ao mesma tempa, mas cada

com seu recipiente e material.

Unindo teoria e pratica, 0 professor podera canstruir um trabalho cada vez mais

profundo e equilibrado, com jogos relevantes para 0 desenvolvimento das crianc;as

(Kami apud Drivesl991, p 8).

o processo de avaliac;ao e escolha de jogos adequados para cada grupo ou

classe deve ser feito com cuidado e incluir a analise e a participac;ao das crianc;as.

o professor deve fazer uma triagem simples, descartando aqueles jogas que

por 5i mesma n~a tem conteudo significative e desencadeador de process os de

pensal1'1ento na crianya.

Ern outra etapa com relaryao aos jogos de mode geral s~o desafiadores, sera

precise apresenta-los as proprias crian9ClS e observar a relac;ao do grupo, classe com 0

jego para avaliar se e adequado au nao para elas. Urn jogo que esperamos ser

apropriado acaba se revelando muito dincil

3:"

CONSIDERA<;OES FINAlS

A proposta desta pesquisa foi mostrar qual a importfmcia das brincadelras e dos

Jogos para a edLICa,ao infantil. Dessa forma, revisando a literatura que aborda este

aSsllnto, descobre-se que pode ser feitc um estudo mais aprofundado sobre como

ensinar e tambem algumas estrategias de jogos e brincadeiras para a fase da infancia

Obtendo esta resposta, fica claro que as brincadeiras e jog os ja tiveram muitas

conotag6es e hoje faz parte do cotidiano infant;l, atraves do folcJore e do anonimato em

muitas culturas vai aos pouces preenchendo a necessidade de todas as crianyas em

rnuitas fases das suas vidas.

A brincadeira comeya a se transpor talvez ate pelo simples fato de as crian9Cfs

estarem brincando em casa ou na escola; e aos pouces vai se modificando de acordo

com a epoca e 0 contexto em que a brincadeira e a crian~ estao inseridas

A brincadeira desenvo!lIe a mente da crian<;a, e e a forma dela desgastar

energia; sen do muito importante para a sua saude. A brincadeira esta relacionada a

comportarnentos naturais e sociais. 0 brincar preenche necessidades que mudam de

acordo com a idade e varia de acordo com a necessidade de cada crianl!ta. A

brincadeira tradicional vai passando de gerary80 em gerat;8o. e e5t8 presente ate nos

dias atuais

E que a crianya atraves da brincadeira usa a simbolismo, imita as situary6es

cotidianas e as objetos que quiser e representa atraves do faz de conta muitos papeis

o jogo e a brincadeira podem ser utilizados nas escolas para ajudar no processo ensina

aprendizagem dos alunas. Pais atraves do ludico a crianya aprende tudo Illuito rapido

bnncando e sem se preocupar, pode-se criar situayOes para que isso acontec;.a

Colocada entao a importflncia de uma estrategia para trabalhar os jogos e as

brincadeiras na Educayao infantil aliando nestas haras a que 0 professor pode fazer

para rnelhorar 0 espac;o e favoreear que acontec;:a natural mente na escola, e que 0 jogo

e a brincadeira podem ser utilizados como conteudo significativo na cJasse QU grupo

que as crianyas estao inseridas.

Falar que as jogos e brincadeiras devem fazer parte do cotidiano infantil e facit

mas nao e bem assim, 0 professor deve utilizar as seguintes estrategias:

• Deve escolher os jogos e as brincadeiras que vai trabalhar na eseola;

• Pedir ate para as erian""s que a ajudem na escclha dos jogos faceis ou dificelS,

e as brincadeiras de seus interesses au n:io

• Trazer as jogos de acordo com a faixa eta ria dos alunos que vai trabalhar

• Arrumar urn espaC;o propicio para os momentos de jogos e brincadeiras.

• Favorecer 0 ambients para qlJe se propiciern naturalmente os Jogos e

brincadeiras pelas crianc;as.

• Fazer uma triagem, descartando as jog os e brincadeiras que nao possuern

conteudo significatlvo; e e desencadeador de processos de pensall1ento na

criant;a

• A brincadeira e 0 jogo podem estar presentes no tempo preparado pelo professor

na sal a de aula, e este deve saber a que agrada au desinteressa 0 aluno

37

Destaca-se entao que e importante superar algumas controversias a respeito da

brincadeira e suas possibilidades educacionais. Refletindo-se entao, considera-se que

todos os objetivos pesquisados foram atingidos.

Finalizando, prop6e-se que esta pesquisa seja vista como reflexao no trabalho

com brincadeiras para 0 aprendizado da crian98, que seja reconhecida como urn

recurso de grande valor para Educac;ao Infantil.

38

REFERENCIAS

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