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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Divania Fernandes de Araújo O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMATICA EM SITUAÇÕES PROBLEMAS COMO FORMADOR DA CIDADANIA PLENA CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Divania Fernandes de Araújo

O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMATICA EM

SITUAÇÕES PROBLEMAS COMO FORMADOR DA CIDADANIA

PLENA

CURITIBA

2008

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Divania Fernandes de Araújo

O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA EM

SITUAÇÕES PROBLEMAS COMO FORMADOR DA CIDADANIA

PLENA

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Educação Matemática da Faculdade de Ciências Exatas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título em Educação Matemática. Orientador: Prof. Mestre Carlos Petronzelli

CURITIBA 2008

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TERMO DE APROVAÇÃO

Divania Fernandes de Araújo

O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA EM

SITUAÇÕES PROBLEMAS COMO FORMADOR DA CIDADANIA

PLENA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialização em Educação Matemática no Programa de Pós-Graduação da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 23de Junho de 2008

----------------------------------------

Pós-Graduação em Educação Matemática Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.Mestre Carlos Petronzelli Orientador:

CURITIBA 2008

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 2. OBJETIVOS....................................... ................................................................. 3. APRENDER E ENSINAR MATEMÁTICA................... ....................................... 3.1 ESTABELECIMENTO DE UM AMBIENTE DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................................................................... 3.2 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A SITUAÇÃO DIDÁTICA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS................................................................. 3.3 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA..................................................................... 3.4 O CONTRATO DIDÁTICO E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS...................................................................................................... 3.5 EFEITO DO CONTRATO DIDÁTICO................................................................ 3.6 O CONTRATO DIDÁTICO E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM SALA DE AULA................................................................................................................. 3.7 CONTRATO DIDÁTICO; PROBLEMAS MATEMÁTICOS; SALA DE AULA; DISCURSO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA................................................. 4. FORMAÇÃO PARA EXCLUSÃO OU PARA A CIDADANIA?..... ..................... 4.1 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO FLEXÍVEIS......................................................... 4.2 MATEMÁTICA UTILITÁRIA E MATEMÁTICA FORMAL.................................. 5. A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO........................ .............................................. 5.1 A TENDÊNCIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA COM VISTA PARA A CIDADANIA PLENA................................................................................................ 6. CONCLUSÃO....................................... .............................................................. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................

5 11 12 17 20 22 27 28 28 29 35 36 38 42 45 50 52

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1. INTRODUÇÃO

Nos objetivos em termos das capacidades a serem desenvolvidas, como os

conteúdos para desenvolvê-las, são apontados as possíveis conexões entre os

blocos de conteúdos, entre a Matemática e as outras áreas do conhecimento e suas

relações com o cotidiano.

A Matemática faz-se presente para a qualificação do real,ou seja, através da

contagem, medição de grandezas e no desenvolvimento das técnicas de cálculo

com os números e com as grandezas. Fruto da criação e invenção humanas, a

Matemática não evoluiu de forma linear e logicamente organizada. Desenvolveu-se

com os movimentos de idas e vindas, com rupturas de paradigmas. Freqüentemente

um conhecimento foi amplamente utilizado na ciência ou na tecnologia antes de ser

incorporado a um dos sistemas lógicos formais do corpo da Matemática.

O exercício da indução e da dedução em matemática reveste-se de

importância no desenvolvimento da capacidade de resolver problemas, de formular e

testar hipóteses, de deduzir, de generalizar e de inferir dentro de determinada lógica,

o que assegura um papel de revelo ao aprendizado dessa ciência em todos os

níveis de ensino.

Ao longo de sua história, a Matemática tem convivido com a reflexão de

natureza filosófica, em suas vertentes da epistemologia e da lógica. Quando se

reflete, hoje, sobre a natureza da validação do conhecimento matemático,

reconhece-se que, na comunidade científica, a demonstração formal tem sido

aceita como a única forma de validação dos seus resultados.

Essas características permitem conceber o saber matemático como flexível

e maleável às inter-relações entre os seus vários conceitos e entre os seus vários

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modos de representação, e, também, permeáveis aos problemas nos vários outros

campos científicos. Um saber matemático desse tipo pode ser o motor de inovações

e de superação dos obstáculos, desde os mais simples até aqueles que significam

verdadeiras barreiras epistemológicas no seu desenvolvimento.

Por outro lado, para a inserção de cada indivíduo no mundo das relações

sociais, a escola deve estimular a participação coletiva, o desenvolvimento

individual, o respeito mútuo, enfim este sujeito deverá ser estimulado a lutar por uma

sociedade mais justa.

Nesse contexto, o significado da atividade matemática para o aluno também

resulta das conexões que ele estabelece entre os diferentes temas matemáticos e

também entre eles e as demais áreas do conhecimento e as situações do cotidiano.

O estabelecimento de relações a partir do contexto histórico-social é de

fundamental importância para que o aluno compreenda efetivamente os conteúdos

matemáticos. Se eles são abordados de forma isolada, não se tornam uma

ferramenta eficaz para resolver problemas e para a aprendizagem/construção de

novos conceitos, discutirem as dúvidas, supor que as soluções dos outros podem

fazer sentido e persistir na tentativa de construir suas próprias idéias, incorporar

soluções alternativas, reestruturar e ampliar a compreensão acerca dos conceitos

envolvidos nas situações e, desse modo, aprender.

Do ponto de vista educacional, o desafio está em cultivar uma prática,

eliminar posições contraditórias, que busque superação através de uma abordagem

puramente dialética.

A descoberta da matemática passa, por uma etapa de síntese de novo

conhecimento, em seguida, uma formalização através de uma demonstração. Ou

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seja, a atividade cientifica da matemática não consiste somente na solução de

problemas, mas também na criação ou reformulações de novos desafios.

O tempo de aprendizagem é aquele que está mais vinculado com rupturas e

conflitos do conhecimento, exigindo reorganização de informações, e que

caracteriza complexidade do ato de aprender. Há, portanto, um tempo necessário

para o aluno superar os bloqueios e atingir uma nova posição de equilíbrio, o que,

no processo de aprendizagem, leva uma relação dialética entre algo que representa

o novo para o espírito do aluno e o antigo que ele já conhece.

Em face desse conhecimento elaborado, noções paramatemáticas são

idéias que se caracterizam como “ferramentas”, auxiliares à atividade matemática.

Normalmente não se constituem em objetos de um estudo especifico.

Protomatemáticas formam uma categoria de habilidades que não se referem

diretamente às noções matemáticas em si, mas que são exigidas de forma implícita

na sua aprendizagem escolar. Essas habilidades estão associadas à história

individual de cada aluno e certamente às condições sociais e culturais que

determinam sucesso ou fracasso escolar nessa direção.

Pode-se conceituar a prática de referência, evidenciando que a mesma

serve como uma âncora que contextualiza o saber a ser ensinado e permite assim

uma compreensão melhor dos seus possíveis valores educacionais.

A ruptura com o conhecimento empírico consiste na tentativa de reduzir o

saber escolar a um tipo de conhecimento desprovido de valor vocativo para a

matemática, e isola o ensino aos limites internos de sua própria dimensão cientifica,

totalmente isolada da realidade do aluno.

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O método axiomático no ensino da matemática fornece apenas um meio de

apresentação do conteúdo. Esse método desconsidera as questões inerentes ao

desenvolvimento do saber e apaga todos os vínculos com as práticas de referências.

A recomendação do uso de recursos didáticos, incluindo alguns materiais

específicos, é feita em quase todas as propostas curriculares. No entanto, na

prática, nem sempre há clareza do papel desses recursos no processo ensino-

aprendizagem, bem como da adequação do uso dessas matérias, sobre os quais se

projetam algumas expectativas indevidas.

Apresentada em várias propostas como um dos aspectos importantes da

aprendizagem matemática, por propiciar compreensão mais ampla da trajetória dos

conceitos e métodos dessa ciência, a História da Matemática também tem se

transformando em assunto específico, um item a mais a ser incorporado ao rol de

conteúdos. A resolução de problemas, que vem sendo apontada como um bom

caminho para trabalhar conceitos e procedimentos matemáticos, tem sido objeto de

interpretações equivocadas, pois ainda se resume em uma atividade de aplicação ao

final do estudo de um conteúdo matemático.

Sabe-se que alguns conhecimentos precedem outros e que as formas de

organização sempre indicam certo percurso. Essa concepção linear faz com que, ao

se definir qual será o elo inicial da cadeia, tornem-se os chamados fundamentos

como o ponto de partida.

Quando os alunos são solicitados a memorizar qualquer tipo de conteúdo é

importante compreenderem que a simples repetição tem pouco valor, a menos que

seja acompanhada de um envolvimento ativo do aluno. A informação vai –

literalmente- entrar por um ouvido e sair pelo outro, sem uma forte codificação da

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memória. As sessões (aplicação com problemas abertos) curtas de memorização

são em geral, mais produtivas que as sessões longas (processo mecânico).

A educação escolar é um instrumento fundamental para o

desenvolvimento econômico, social, cultural e político de um país, de seu povo, e

para a garantia dos direitos básicos de cidadania e da liberdade pessoal.

A educação é aqui entendida como um instrumento de formação

ampla, de luta pelos da cidadania e da emancipação social, para construir,

coletivamente, um projeto de inclusão e de qualidade social para o país. A educação

de qualidade social tem como conseqüência a inclusão social, através da quais

todos os brasileiros se tornem aptos ao questionamento, à problematização à

tomada de decisões, buscando as ações coletivas possíveis e necessárias ao

encaminhamento dos problemas de cada um e da comunidade onde vivem e

trabalham. Isso significa o acesso a possibilitar e a permanência, com sucesso, nas

escolas, significa gerir democraticamente a educação, incorporando a sociedade na

definição das prioridades das políticas sociais, em especial, a educacional.

A educação vai possibilitar a democratização do acesso e a

permanência do aluno nas escolas, a valorização do profissional da educação e a

qualidade para todos, através da organização da sociedade e do aprofundamento da

cidadania. (PAIS, 1999. p9-40)

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2.OBJETIVOS

Constituir um referencial para a construção de uma prática que

favoreça o acesso ao conhecimento matemático que possibilite, de fato, a inserção

dos alunos como cidadãos, no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura.

Mostrar que é fundamental superar a aprendizagem centrada em

procedimentos mecânicos, indicando a resolução de problemas como ponto de

partida da atividade matemática a ser desenvolvida em sala de aula.

Salientar que a matemática também faz parte da vida das pessoas

como criação humana, ao mostrar que ela tem sido desenvolvida para suprir as

necessidade e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos

históricos.

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3. APRENDER E ENSINAR MATEMÁTICA

O estudo das concepções relacionadas ao ensino e à aprendizagem de

Matemática pressupõe a análise de algumas variáveis envolvidas nesse processo.

Dentre elas, destacam-se três variáveis: aluno, professor e saber matemático, assim

como as relações entre elas.

E, nessa linha de reflexão sobre o ensino de matemática é de

fundamental importância que o professor:

●identifique as principais características dessa ciência, de seus

métodos, de suas ramificações e aplicações.

●conheça seus conhecimentos informais sobre um dado assunto, suas

condições sociológicas, psicológicas e culturais.

●tenha clareza de suas próprias concepções sobre a matemática, uma

vez que a prática em sala de aula, as escolhas pedagógicas, a definição de objetivos

e conteúdos de ensino e as formas de avaliação estão intimamente ligadas a essa

concepção.

Assim, ao se transformar saber matemático acumulado em saber

escolar, exige-se que esse conhecimento seja modificado, pois o pensamento

matemático teórico geralmente é difícil de ser comunicado diretamente aos alunos.

Essa consideração implica rever a idéia, que persiste na escola, de ver nos objetos

de ensino cópias fiéis dos objetos da ciência.

Além disso, essa transposição implica conhecer os obstáculos

envolvidos no processo de construção de conceitos e procedimentos para que o

professor possa compreender melhor alguns aspectos da aprendizagem dos alunos.

Transposição didática é o estudo do processo evolutivo por que passa

a formação do seu objeto de ensino. Diversas são as influências que determinam as

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transformações do saber ensinado na escola. A transposição dos saberes está

entendida no sentido mais amplo da evolução das idéias, e assim pode-se relacionar

o que o aluno já sabe com um saber específico.

Esse processo de transformação do saber científico em saber escola

não passa apenas por mudanças de natureza epistemológica, mas é marcado

significa mente por condições de ordem social e cultural. Através de pesquisas

realizadas, sobre essa questão, analisando também a epistemologia do professor no

cotidiano escolar, concluiu-se que o pensamento predominante na prática docente,

quanto ao significado epistemológico de sua disciplina, é de natureza

essencialmente empírica. E isso conduz a uma prática pedagógica, sobretudo na

repetição e na reprodução do conhecimento. Esse pensamento empírico se refere

tanto às idéias pedagógicas quanto à maneira de concepção, a sua prática

educativa do saber, que é o objetivo de seu ensino.

Por outro lado, um conhecimento só é pleno se for mobilizado em

situações diferentes daquelas que serviram para lhe dar origem. Para que sejam

transferíveis as novas situações e generalizados os conhecimentos, devem ser

descontextualizados, para serem novamente contextualizados em outras situações.

Espera-se, com essa reflexão, que o conhecimento aprendido não fique

indissoluvelmente vinculado a um contexto concreto e único, mas que possa ser

generalizado e transferido a outros contextos.

Nessa perspectivas, salienta-se que necessidades cotidianas fazem

com que os alunos desenvolvam capacidades de natureza prática para lidar com

atividade matemática, o que lhes permitem reconhecer problemas, buscar e

selecionar informações, tomar decisões. E quando essa capacidade é potencializada

pela escola, a aprendizagem apresenta melhor resultado. No entanto, enquanto o

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matemático elimina as condições contextuais e busca níveis mais amplos de

abstração e generalidade, o professor de matemática, ao contrário, deve

recontextualizar o conteúdo, tentando relacioná-lo a uma situação que seja mais

significativa para o aluno. Nesse sentido o aluno deve sempre ser estimulado a

realizar um trabalho. A atitude intelectual do aluno, diante de um problema, deveria

ser semelhante ao trabalho do matemático. Aprender a valorizar sempre o espírito

de investigação. É um os objetivos maiores da educação matemática despertar no

aluno o hábito permanente de fazer uso de seu raciocínio de cultivar o gosto pela

resolução de problemas. É preciso buscar problemas que permitam mais de uma

solução, que valorizam a criatividade, motivação pela busca do conhecimento e

admitam diferentes caminhos para a sua solução. Com a resolução de problemas

redefinem-se os valores educativos de educação matemática. O desenvolvimento

dessas habilidades possibilita ao aluno um desempenho que certamente o capacita

melhor a enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

È fundamental não subestimar o potencial matemático dos alunos,

reconhecer que resolvem problemas, mesmo que razoavelmente complexos, ao

lançar mão de seus conhecimentos sobre o assunto e buscar estabelecer entre o já

conhecido e o novo.

Nessa linha de reflexão ao relacionar idéias entre si, podemos

reconhecer princípios gerais, tais como proporcionalidade, igualdade, composição,

decomposição, inclusão e perceber que processos como estabelecimento de

analogias, indução e dedução estão presentes tanto no trabalho com números e

operações como no trabalho com o espaço, formas e medidas. É preciso salientar

que o estabelecimento de relações é fundamental para que o aluno compreenda

efetivamente os conteúdos matemáticos, pois, se os mesmos forem abordados de

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forma isolada, eles não se tornam uma ferramenta eficaz para resolver problemas e

nem para a aprendizagem/construção de novos conceitos.

Tradicionalmente, a prática mais freqüente no ensino de Matemática

tem sido aquela em o professor apresenta o conteúdo oralmente, partindo de

definições, exemplos, demonstrações de propriedades, seguidos de exercícios de

aprendizagem, fixação e de aplicação, o que pressupõe que o aluno aprenda pela

reprodução.

Essa prática de ensino tem se mostrado ineficaz, pois a reprodução

correta pode ser apenas uma simples indicação de que o aluno aprendeu a

reproduzir alguns procedimentos mecânicos, mas não apreendeu o conteúdo e não

sabe utilizá-lo em outros contextos.

É relativamente recente a atenção ao fato de que o aluno é agente da

construção do seu conhecimento, pelas conexões que estabelece com seu

conhecimento prévio num contexto de resolução de problemas. E, numa perspectiva

de trabalho em que se considere o aluno como protagonista da construção de sua

aprendizagem, o papel do professor ganha novas dimensões. Uma faceta desse

papel é a de organizador da aprendizagem e, para desempenhá-la, além as

condições socioculturais, expectativas e competências cognitivas dos alunos,

precisará, escolher os problemas que possibilitem a construção de conceitos e

procedimentos e alimentar os processos de resolução que surgirem, sempre tendo

em vista os objetivos que se propõe atingir.

Além de organizador o professor também é facilitador nesse processo.

Não mais aquele que expõe todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as

informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho. Nessa

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função, faz explanações, oferece materiais, trabalho com textos, dentre outras

coisas.

Outra de suas funções é a de mediador, ao promover a análise das

propostas dos alunos e sua comparação, ao disciplinar as condições em que cada

aluno pode intervir para expor a sua solução, questionar, contestar. Nesse papel, o

professor é responsável por arrolar os procedimentos empregados e as diferenças

encontradas, promover o debate sobre resultados e métodos, orientar as

reformulações e valorizar as soluções mais adequadas. E também decide se é

necessário prosseguir o trabalho de pesquisa de um dado tema ou se é o momento

de elaborar uma síntese, em função das expectativas de aprendizagem previamente

estabelecidas em seu planejamento.

Como um incentivador da aprendizagem, o professor estimula a

cooperação entre os alunos, e isso é tão importante quanto a própria interação

professor-aluno. O confronto entre o que o aluno pensa e o que pensam seus

colegas, seu professor e as demais pessoas com quem convive é uma forma de

aprendizagem importante, principalmente por pressupor a necessidade de

formulação de argumentos (dizendo, descrevendo, expressando) e de validá-los

(questionando, verificando, convencendo).

Destaca-se ainda a tarefa de avaliador do processo, que também é

parte integrante do papel do professor. Ao procurar identificar, mediante observação,

diálogo e instrumentos apropriados, sinais e indícios das competências

desenvolvidas pelos alunos, o professor pode julgar se as capacidades indicadas

nos objetivos estão se desenvolvendo a contento ou se é necessário reorganizar a

atividade pedagógica para que isso aconteça. Também faz parte de sua tarefa como

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avaliador levar os alunos a ter consciência de suas conquistas e dificuldades para

que possam reorganizar suas atitudes diante do processo de aprendizagem.

Cabe, aqui, portanto, uma reflexão com a finalidade de ratificar que

essa aprendizagem só será possível à medida em que o professor proporcionar um

ambiente de trabalho que estimule o aluno a criar, comparar, discutir, rever,

perguntar e ampliar idéias. (PCN, 1998. p 30-160) (PCN, 1998. p 19-56)

3.1 ESTABELECIMENTO DE UM AMBIENTE DE ENSINO E APRENDIZAGEM

O professor precisa trabalhar com questões abertas, que desafiem as

habilidades de raciocínio do aluno.

Atualmente, o interesse pela matemática evidencia-se não somente nas

aulas de matemática, mas também se faz frente às necessidades do homem

contemporâneo.

No centro da capacidade matemática está a capacidade de resolver e

reconhecer problemas.

Durante as duas últimas décadas, vários relatórios e documentos gerados

por profissionais e organizações têm reivindicado novas formas de ensino da

Matemática, e recomenda-se que o ensino da matemática enfatize a consciência e a

apreciação do papel da matemática na sociedade, a capacidade de raciocinar e

comunicar-se matematicamente, de resolver problemas e de adaptar a matemática à

vida cotidiana dos alunos.

Identificar o que é mais importante no ensino, inclui ensinar as habilidades

do processo de investigação cientifica fazer uso dos conceitos básicos e adequados

e usar da ciência na tomada diária de decisões. E, em conseqüência disso deve-se

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ajudar os alunos a reconhecerem que a matemática, a tecnologia e a sociedade

influenciam umas às outras.

A aprendizagem deve envolver os alunos nas suas habilidades e

competências. Eles devem se tornar aprendizes ativos, desafiados a aplicar seu

conhecimento prévio e passar por situações novas. As abordagens de ensino devem

envolver os alunos no processo de aprendizagem e não apenas lhes transmitir

informações.

Portanto, a ênfase nesse processo de aprendizagem desloca o papel

tradicional ao aluno de um aprendiz passivo para o de um aprendiz ativo. Em

qualquer sala de aula, os processos de aprendizagem melhoram se o professor se

preocupar em:

•Usar diversas estratégias de questionamento.

• Propor aos alunos problemas abertos a serem resolvidos.

• Construir modelos de conceitos fundamentais.

• Fazer os alunos demonstrarem seu conhecimento usando objetos

concretos.

• Prever e verificar resultados lógicos.

• Solicitar aos alunos que justifiquem suas afirmações ou opiniões.

• Proporcionar oportunidades para a observação e a investigação.

• Encorajar os alunos a construírem significado a partir dos seus estudos.

• Relacionar os conceitos ou processos matemáticos a outras disciplinas e à

vida real.

Essas sugestões expandem o conceito do ensino tradicional da matemática,

substituindo a percepção da matemática como uma disciplina que desenvolve

apenas habilidades algébricas. De fato a matemática, atualmente, inclui a resolução

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de problemas, o raciocínio e a realização de conexões, que são habilidades que

beneficiam qualquer campo de estudo. Os processos de aprendizagem sugeridos

ampliam o trabalho dos professores ao ajudarem os alunos a aplicar de maneira

mais confiante o raciocínio lógico em todas as suas oportunidades de aprendizagem.

Por isso, é que se enfatiza que a matemática, uma disciplina normalmente

considerada abstrata e difícil, na verdade serve como um interessante foco de

integração de muitas aulas e unidades curriculares. Os professores podem usar

alguns dos muitos processos didáticos e adaptar aqueles que possam estimular uma

apreciação dos processos de raciocínio matemático. A capacidade de reconhecê-los

e usa-los é um dos instrumentos mais valiosos na resolução de problemas e os

alunos podem explorar descobrir e criar uma harmonia de configuração. Além disso,

quando os alunos são confrontados com atividade abertas de resolução de

problemas, podem usar inúmeras configurações visuais para retratar as possíveis

soluções. (CAMPBELL, 2000. p 50-70)

3.2 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A SITUAÇÃO DIDÁTICA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Também é interessante a análise entre as várias teorias pedagógicas

abordando aspectos que extrapolam e não contemplam a especificidade do saber

matemático.

O processo de ensino aprendizagem da matemática em sala de aula

envolvendo professor, aluno e conhecimento matemático com seus procedimentos

didáticos visam à construção de um conhecimento matemático mais significativo

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para o aluno. Pois, quando o conteúdo matemático é apresentado isoladamente do

mundo do aluno, torna-se desprovido da verdadeira ação educativa. Sem esse

vínculo com a realidade fica impossível possibilitar um processo autêntico de

transposição pela abordagem, ou seja, uma apresentação do conhecimento num

contexto que proporcione ao aluno um verdadeiro sentido.

Uma situação didática caracteriza-se pelo fato de representar determinados

momentos do processo aprendizagem nos qual o aluno trabalha independente, não

sofrendo nenhum tipo de controle por parte do professor. Assim, numa perspectiva

construtiva, o papel principal do professor deve ser o de encontrar problemas

adequados que possam provocar a mobilização de conhecimentos pelo aluno

impulsionando-o para a elaboração de novos saberes matemático.

O aluno deve estar sendo estimulado a tentar superar, certas passagens que

conduzem o raciocínio na direção de sua aprendizagem. Essas interferências

“dedutivas-indutivas” e as informações o mobilizam para o autodidatismo e isso o

controle pedagógico explicito do professor. (ONUCHIC, 1999. p 199-220).

Nesta abordagem pedagógica de natureza construtivista, o objetivo é

sempre fazer com que o aluno possa ativamente reelaborar idéias básicas de seu

conhecimento. Nesse sentido, poderão ser utilizados recursos didáticos variados,

por exemplo: problematização matemática a partir da exploração de material

concreto de manipulação ou de situações-problemas contextualizados, desafios

matemáticos com o uso de programas computacionais que sejam potencialmente

ricos em conhecimentos.

A abordagem construtivista propõe uma tória de assimilação e acomodação

em busca de uma situação de equilíbrio na aprendizagem. Na psicologia genética de

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Piaget “o aluno sempre aprende através de uma adaptação a um meio que é fator

de contradição de dificuldades”.

É importante observar que é necessário ocorrer um equilíbrio para que o

aluno possa reorganizar seu pensamento na construção do seu saber.

Mais recentemente, na concepção de Piaget, a ciência não pergunta mais

somente “por que acontece este ou aquele fenômeno”. Ela quer saber é “para que

serve esta explicação cientifica”.

Assim teria sido a evolução da inteligência da humanidade. Torna-se

importante salientar que o homem levou séculos para ultrapassar o simples

empirismo, para chegar a teorizar, a civilização teve de fazer, manusear e intuir.

Toda obra piagetiana demonstra que este também é o percurso natural de

desenvolvimento da inteligência de cada ser humano. Há uma fase em que a criança

tem uma inteligência prática; há outra em que ela faz afirmações; há outra fase em

que a pessoa realiza uma auto-submissão a uma disciplina qualquer; aplicando a si

própria um plano de vida. (FREITAS, 1999. p 65-87)

3.3 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E O PROCESSO ENSINO

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

A simples reprodução de procedimentos e o acumulo de informações,

dos educadores matemáticos apontam a resolução de problemas como ponto de

partida da atividade matemática. Essa opção traz a convicção de que o

conhecimento matemático ganha significado quando os alunos têm situações

desafiadoras para resolver e trabalham para desenvolver estratégias de resolução.

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A prática mais freqüente consiste em ensinar um conceito, procedimento ou

técnica e depois apresentar um problema para avaliar se os alunos são capazes de

empregar o que lhes foi ensinado. Para a grande maioria dos alunos, resolver um

problema significa fazer cálculos com os números do enunciado ou aplicar algo que

aprenderam nas aulas. Desse modo, o que o professor explora na atividade

matemática não é mais a atividade, mas seus resultados, definições, técnicas e

demonstrações.

A resolução de problemas, na perspectiva indicada pelos educadores

matemáticos, possibilita aos alunos mobilizar conhecimentos e desenvolver a

capacidade para gerenciar as informações que estão a seu alcance. Assim, os

alunos terão oportunidade de ampliar seus conhecimentos acerca de conceitos e

procedimentos matemáticos bem como ampliar a visão que tem dos problemas da

Matemática, do mundo em geral e desenvolver sua autoconfiança.

A própria História da Matemática constitui-se de uma fonte de informações e

métodos adequados de ensino da matemática. Um bom matemático utiliza a

motivação para recorrer a História no processo ensino aprendizagem da

matemática, ele foi construída como resposta a pergunta proveniente de diferentes

origens e contextos, por problemas de ordem prática (cálculos), por problemas

vinculados a outras ciências (Física, Astronomia), bem como problemas

relacionados a investigação internas à própria Matemática.

A resolução de problemas, como eixo organizador do processo de ensino e

aprendizagem de Matemática, pode ser resumida nos seguintes princípios:

• a situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática e não a

definição. No processo de ensino e aprendizagem, conceitos, idéias e métodos

matemáticos devem ser abordados mediante a exploração de problemas, ou seja,

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de situações em que os alunos precisem desenvolver algum tipo de

estratégia para resolvê-las;

• o problema certamente não é um exercício em que o aluno aplica, de

forma quase mecânica, uma fórmula ou um processo operatório. Só há problema se

o aluno for levado a interpretar o enunciado da questão que lhe é proposta e a

estruturar a situação que lhe é apresentada;

• aproximações sucessivas de um conceito são construídas para resolver

um certo tipo de problema, num outro momento, o aluno utiliza o que aprendeu para

resolver outros, o que exige transferências, retificações, rupturas, segundo um

processo análogo ao que se pode observar na História da Matemática;

• um conceito matemático se constrói articulado com outros conceitos, por

meio de uma série de retificações e generalizações. Assim, pode-se afirmar que o

aluno constrói um campo de conceitos que torna sentido num campo de problemas,

e não um conceito isolado em resposta a um problema particular;

• a resolução de problemas não é uma atividade para ser desenvolvida em

paralelo ou como aplicação da aprendizagem, mas uma orientação para a

aprendizagem, pois proporciona o contexto em que se pode apreender conceitos,

procedimentos e atitudes matemáticas. (PCN, 1998. p 20-37)

Um problema matemático é uma situação é uma situação seqüência de

ações ou operações. Ou seja, a solução não está disponível de início, mas é

possível construí-la.

Os problemas usualmente apresentados aos alunos não constituem

verdadeiros problemas, porque, via de regra, não existe um real desafio nem a

necessidade de verificação para validar o processo de solução. Desta forma de

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trabalho, a importância da resposta correta cede lugar a importância do

processo de resolução.

De acordo com essa tendência, o prazer em estudar Matemática é a alegria

de resolver um problema, de sorte que, quanto maior a dificuldade na resolução,

maior a satisfação.

Para que os alunos aprendam Matemática, é preciso que lhes seja dada a

oportunidade de resolver problemas de fato, ou seja, problemas em aberto ( são os

que não contém no seu enunciado pista alguma para sua resolução ) e situações-

problemas ( são aquelas nas quais a primeira coisa a fazer é identificar o problema

inerente, cuja solução vai ajudar “ diagnosticar”, “manejar” as próprias situações).

Se o estudo da Matemática é resolver problemas, então é incumbência do

professor nas aulas de Matemática, ensinar a “arte de resolver problemas”.

Cabe ao professor manejar suas aulas na Tendência da Resolução de

Problemas, saindo da Tendência Tradicional.

A tabela apresenta um esquema de aula nas tendências tradicional e de

resolução de problemas.

Esquema de aula na Tendência

Tradicional

Esquema de aula na Tendência da

Resolução de Problemas

1- o professor explica a matéria (teoria) 1- o professor apresenta um problema escolhido por ele ou pelos alunos

2- o professor mostra exemplos 2-os alunos tentam resolver o problema com o conhecimento que tem.

3- o professor propõe “exercícios” semelhantes aos exemplos dados para que os alunos resolvam

3- quando os alunos encontram algum obstáculo (falta de algum conteúdo necessário para a resolução do problema), o professor apresenta, de

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alguma forma, esse conteúdo.

4- o professor ( ou um aluno ) resolve no quadro de giz os exercícios.

4- resolvido o problema os alunos discutem sua solução se necessário com a ajuda do professor. Essa discussão envolve todos os aspectos da resolução do problema, inclusive os do conteúdo necessário.

5- o professor propõe aos alunos outros “ exercícios “ já não tão semelhantes aos exemplos que ele resolveu.

5- o professor apresenta outro problema, escolhido por ele ou pelo aluno.

6- o professor ( ou um aluno ) resolve os exercícios no quadro de giz

7- o professor propõe “problemas”, se for o caso, ou mais “exercícios”

8- correção dos “problemas” ou e dos “exercícios”

9- o professor começa outro assunto

Fonte: (BURIASCO, Regina Luzia Corio da. Sobre a resolução de problemas.

PROMAT, m.1. Simetria. O homem na busca da ordem e da regularidade, Dezembro

de 1989. p 25-26)

3.4 O CONTRATO DIDÁTICO E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS

O contrato didático depende da estratégia de ensino adotada, adaptando-se

a diversos contextos, tais como; as escolhas pedagógicas, o tipo de trabalho

escolhido aos alunos, os objetivos do curso, as condições de avaliação.

A prática pedagógica mais comum em Matemática é que o professor cumpre

seu contrato dando aulas expositivas e passando exercícios aos alunos. Em suas

aulas ele deve selecionar partes do conteúdo que o aluno possa aprender e propor

problemas cujos enunciados contentam os dados necessários, essa combinação,

aliada aos elementos da aula, permite encontrar a solução. (NOVA ESCOLA, 2005).

Se isso não acontece, o professor deverá ajudar o aluno, dirigindo o seu

trabalho através de indicações que esclareçam suas dúvidas ou de pequenas

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questões elementares que conduzam o resultado. No entanto, há professores só

consegue trabalhar os algoritmos sem que se faça uma reflexão sobre os problemas

e o seu contexto.

Como o contrato didático existe em função do aprendizado dos alunos. A

cada nova etapa da construção do conhecimento é renovado e renegociado. É certo

que a renovação e a renegociado, dependem não só do tipo de trabalho como

também do meio onde se dá a prática pedagógica. (SILVA, 1999. p 40-43)

3.5 EFEITO DO CONTRATO DIDÁTICO

Grandes partes das dificuldades dos alunos estão relacionadas aos efeitos

do contrato didático mal-colocado ou mal-entendido.

Este fato pode estabelecer um acordo tácito entre ele e o aluno o professor

limita sua exigência sua capacidade. Desejando que seus alunos obtenham bons

resultados, tende a facilitar a tarefa de várias maneiras como: fornecendo-lhes

abundantes explicações, ensinando os algoritmos e técnicas de memorização e os

passos da resolução dos problemas. Às vezes isso não funciona, as explicações

excessivas do professor podem na realidade impedir a compreensão. (SILVA, 1999.

p 43-50)

3.6 O CONTRATO DIDÁTICO E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM

SALA DE AULA

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O Objetivo dessa pesquisa foi analisar a estrutura e o funcionamento dos

procedimentos didáticos em duas situações distintas: uma de resoluções de

problemas fechados e outra de resoluções de problemas abertos.

Os problemas matemáticos são fundamentais no desenvolvimento da

matemática, no entanto em sala de aula, são trabalhados como exercícios

repetitivos por meio de procedimentos padronizados, previsíveis por alunos e

professores. Pôr exemplo, o aluno procura palavras no enunciado que indiquem a

operação utilizada na resolução, assim denominamos problemas fechados.

Mas os resultados apontam para mudanças no contrato didático durante

atividades com problemas abertos. (EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 2002)

3.7 CONTRATO DIDÁTICO; PROBLEMAS MATEMÁTICOS; SALA DE

AULA; DISCURSO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA.

O desenvolvimento do conhecimento matemático, ao longo do tempo, nos

levaram a perceber que a atividade de resolução de problemas estão diretamente

relacionada às suas necessidades históricas. O trabalho desenvolvido por boa parte

dos professores, não está servindo para a aprendizagem da matemática, um papel

que ao menos, se aproxime daquele desenvolvido nesse campo do conhecimento. A

propósito, quero destacar que o trabalho desenvolvido pelos professores, tendo a

sua formação, não atinge as reais necessidades do ensino da matemática voltada

para a resolução de problemas. Isso faz com que as licenciaturas e depois de

aperfeiçoamento tenham por base a resolução de problemas como uma estratégia

de ensino e aprendizagem.

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De fato, poucos livros tratam do tema não conseguem atender objetivos

didáticos e educacionais mais amplos, relacionados com a realidade escolar. De

modo geral, os problemas são trabalhos em sala de aula para “fixar” os assuntos

que acabaram de ser estudados. Eles se caracterizam como exercícios repetitivos,

permitindo ao aluno identificar certas características que se repetem no processo de

resolução criando procedimentos “mecânicos para serem utilizados na resolução de

problemas semelhantes” (NOVA ESCOLA, 2005).

Essa forma trabalhar os problemas não contribui para um melhor

aproveitamento dessa atividade, particularmente importante para o desenvolvimento

da matemática em sala de aula.

Pôr isso enfatiza que somente haverá um problema se o aluno percebe uma

dificuldade, numa determinada situação. Há, portanto, uma idéia de obstáculo a ser

superado. Por conseguinte ratificamos a importância do desenvolvimento didática da

resolução.

Portanto, o problema para receber essa denominação precisa ser desafiador

para o aluno, não podendo ser resolvido sem que haja um envolvimento do aluno

apontando algumas hipóteses para a sua resolução. Ou seja, o professor organiza a

aula para que o aluno resolva o problema assumindo determinada hipótese que será

validada no transcorres do desenvolvimento do problema. Essas ações balizadas

pelo professor fazem com que o aluno adquira uma capacidade lógica necessária

para solucionar este e outros problemas matemáticos. (EDUCAÇÃO MATEMÁTICA,

2002).

Investigações recentes mostraram que é comum alguns alunos darem

respostas aos problemas sem que haja envolvimento ou interpretação. É conhecido

o problema da Idade do Capitão , aplicado a 97 alunos, na França, em 1980: em um

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barco há 26 carneiros e 10 cabras. Qual idade do Ca pitão? 78 % dos

alunos, de 8 à 9 anos, responderam combinando números do enunciado,

evidenciado que, para a grande maioria”a resposta de um problema deve ser

sempre um número”, não importando muito o procedimento do cálculo.

Em muitos casos, pouco importa aos alunos como surge esse número. A

maneira descrita, de trabalhar os problemas matemáticos em sala de aula e a

escassez de abordagem dessa questão, sob o ponto de vista didático, nos levou a

analisar, que a atividade de resolução de problemas matemáticos em sala de aula,

precisa ser rediscutida com mais aprofundamento.

Assim, podemos analisar as limitações em resolver problemas matemáticos,

considerando apenas insuficiência de conhecimentos, é necessário considerar a

existência de regras, na maioria das vezes, implícitos presentes na negociação de

um problema matemático.

Nessa perspectiva ratificamos que a grande maioria dos problemas

trabalhados em sala de aula, também conhecido como problema-padrão ou

problema clássico de matemática é colocado no processo ensino/aprendizagem de

uma forma que limita a criatividade dos alunos, porque se apresentam fechados, isto

é, tem certas características mecânicos que não levam os alunos a buscarem outro

caminhos em suas resoluções.

As regras associadas ao contrato didático, no trabalho com problemas

fechados, apresentam algumas características nos problemas que podem ser

resolvidos pela aplicação de algoritmos, para tanto é preciso encontrar a operação

“certa” e realiza-la sem erro. Algumas palavras como “ganhar” e “perder”, permitem

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ao aluno prever a operação a fazer. Com isso, o aluno pode transformar a linguagem

usual em linguagem matemática com mais facilidade.

Portanto, é preciso salientar que o problema vem sempre após a

apresentação de um determinado conteúdo ou algoritmo, e todos os dados

necessários à resolução do problema se encontram no enunciado raramente se

encontram dados inúteis. E nesse processo os números e as soluções são simples,

e o contexto do problema, em geral, não tem nada a ver com a realidade cotidiana.

Nesse quadro acentuamos que é sempre possível encontrar uma resposta para uma

questão matemática. Nessa preocupação, no entanto, é fazer com que o aluno

adquira o hábito de levantando uma hipótese procurar um algoritmo que o legitime,

se por ventura, o caminho adotado não satisfaça o problema ele testará uma outra

hipótese e assim sucessivamente até que o problema seja solucionado.

A maioria dos problemas convencionados é tratada como uma solução de

exercícios variados. O aluno tem por tarefa encontrar a solução esperada pelo

professor e para isso, ele precisa identificar a solução típica daquele problema.

Diante dessa situação, o aluno pode ser levado a uma atitude de dependência, de

memorização de conhecimentos, o professor considera que o aluno aprende por

reprodução, isto é, basta resolver muito desses problemas como estratégia idêntica,

para ele aprender a resolver problemas com o conteúdo estudado. (SILVA, 1999. p

9-54)

Ao trabalhar com os problemas matemáticos em uma atividade diferente da

usual, novas regras “contractuais” poderão ser estabelecidas. Os problemas serão

preparados pelo professor e apresentados aos alunos de outra maneira. Os

problemas abertos, que podem ser apresentados nessa nova atividade podem ser

uma alternativa para provocar rupturas no contrato didático. Essas rupturas

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acontecem quando o professor expõe um conteúdo por meio de uma definição, e

não partindo de uma situação-problema.

Os problemas abertos se caracterizam por não terem vinculo com

linearidade dos conteúdos listados, no nível de exemplo, pelos livros didáticos, pois

evitando as regras já estabelecidas. E por estarem em um domínio conceitual

próximo a sua realidade; os problemas abertos permitem ao aluno compreender

melhor os procedimentos metodológicos adotados na resolução do mesmo. E

importante ainda salientar que um problema aberto poderá ter uma ou mais

soluções. Além disso, ele pode ser trabalhar em grupo, evitando eventuais

desencoraja mentos, diminuindo o medo de não conseguir resolver, aumentando a

chance de produção de conjecturas num intervalo de tempo razoável e

possibilitando o surgimento de novas táticas ou caminhos para se pensar a solução

de uma dada questão.

O objetivo visando na “resolução” de um dado problema é conduzir os

protagonistas a um progresso comum em relação ao conhecimento em jogo na

situação. (EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 1999)

Nessa linha de interpretação ao comparamos os problemas abertos com os

fechados, observamos, que no problema aberto, o objetivo do aluno é obter o

resultado, superando os obstáculos inerentes as hipóteses adotadas. Aqui o

professor e, anteriormente, poderá construir um problema, prevendo os obstáculos,

para que o aluno possa superá-los em uma situação significativa. Em seguida,

ocorre a formalização das aprendizagens, por um processo de análise e síntese da

atividade. Em contrapartida nos problemas fechados, o professor propõe uma

coleção de exercícios variados e usa o método expositivo e finaliza a questão.

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Portanto o objetivo geral dessa pesquisa foi observar como a relação

professor/aluno/conhecimento, inserido nessa nova concepção de trabalho poderia

ser alterada quando passássemos a trabalhar, na sala de aula, com os problemas

abertos. Comparamos a atividade de problemas fechados, com as atividades com

problemas abertos, de fatos identificarem a estrutura e o funcionamento de contrato

didático.

Levando em conta a relação professor/aluno/conhecimento, observamos que

no trabalho com problemas abertos ocorreu uma mudança uma mudança na relação

do professor com o conhecimento e do professor com o aluno. Ou seja: em cada

fase do experimento, houve uma clara diferença nessas relações. No caso da

relação do aluno com o conhecimento, havia uma maior dificuldade de surgir um

novo posicionamento, o qual poderia permitir a exploração de novas estratégias de

resolução. No entanto, podemos dizer que não se tratou mais da relação presente

nos problemas fechados. Em alguns problemas surgiram estratégias que nos

permitiram concluir que o aluno estabeleceu uma nova relação com o conhecimento

(MEDEIROS, 2001, p 38). Finalmente podemos dizer que essa relação é composta

por três pólos: o professor, o aluno e o conhecimento. Esses pólos podem ser visto

como vértices de um triângulo, o triângulo didático, cujos lados representam três

relações: a relação professor – conhecimento, a relação aluno – conhecimento e a

relação professor – aluno.

4. FORMAÇÃO PARA EXCLUSÃO OU PARA A CIDADANIA?

Cabe aqui uma relação com a finalidade de compreender que a nossa

sobrevivência depende de cada vez mais do acesso a conhecimentos, pois diante

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da complexidade da organização social e da falta de recursos para obter e

interpretar informações, o que impede a nossa participação como também a tomada

de decisões frente aos problemas sociais hoje vivenciados.

Também é importante salientar que a compreensão e a tomada de decisões

diante de questões políticas e sociais dependem da leitura crítica e a interpretação

de informações complexas. Portanto, é papel da escola desenvolver uma educação

que não dissocie escola e sociedade, conhecimento e trabalho e que o aluno frente

desafios que lhe permitam compreender as contradições do momento de vida

imposto pelo capitalismo.

Assim, é importante realçar o quanto a lógica de desenvolvimento

(globalização) nos novos mercado que visa o lucro acima de todos os valores – tem

aumentado as desigualdades sociais condenando homens e mulheres a viver a

margem da sociedade, completamente destituída de direitos sociais mínimos como

trabalho, educação, saúde, moradia.

E importante destacar o quanto determinado governos, nas décadas de

setenta, de forma ideológica, nos levaram a acreditar que o acesso a escola e a

formação profissionalizante nos garantiriam os melhores postos de trabalho. E como

conseqüência dessa política promoveria à justiça social, superior as desigualdades

de classe. È importante salientar que a compreensão e a tomada de decisões diante

de questões políticas e sociais dependem da leitura critica e interpretação de

informações complexas, muitas vezes contraditórias. Nesse contexto um currículo de

Matemática deveria contribuir, de um lado, para a valorização da pluralidade

sociocultural e de outro, criar condições para que o aluno transcenda um modo de

vida restrito a um determinado espaço social.

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No entanto, a matemática ensinada na escola é geralmente muito mecânica

restringindo um conjunto de fórmulas. E se continuarmos ensinando conteúdos

nesse processo mecânico apenas estarão contribuindo na geração de mais

analfabetos em matemática. (ROCHA, 2001. p22-31)( MEC,2006).

4.1 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO FLEXÍVEIS

A avaliação só tem função social quando está infinitamente vinculada a um

projeto de vida para os homens. Educamos os nossos alunos para uma sociedade

que se deseja ver transformado. Pôr isso enfatiza que se não existe um projeto de

vida não foi alcançado direito a uma vida digna: educação e saúde, não haverá

necessidade social de avaliação a não ser a de preencher com notas os boletins dos

alunos e livros de chamada.

Vivemos hoje uma crise escolar: crise de conteúdo, crise de competência e

metodologia, crise estrutural. Esta, porém, não é só uma crise da educação, mas é

uma crise da sociedade em que vivemos-a sociedade capitalista. Isto se materializa

porque a educação é uma forma de reprodução da sociedade, uma das formas

ideológicas, nas quais a sociedade se manifesta. No entanto a maioria dos

educadores desconhece a organização, o funcionamento, a história da sociedade,

sendo-lhes, portanto, impossível definir o que é útil, necessário e importante para os

homens terem a sua humanização garantida.

O currículo, enquanto instrumentação de cidadania deve contemplar os

conteúdos e as estratégias de aprendizagem capacitando o nosso aluno para a

realização de atividades em dois campos da ação humana: a vida em sociedade, e a

atividade produtiva. Assim, visando à integração de homens e mulheres universo

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das relações políticas e do trabalho ficariam asseguradas as condições para uma

vida mais digna. (MEC, 2006).

A partir desses princípios gerais, o currículo deve ser articulado em torno de

eixos básico orientadores da seleção de conteúdos significativos, tendo em vista as

reais necessidades dos homens as quais deverão ser discutidas e aprofundadas em

nossas escolas.

É importante ainda salientar que o ensino de Matemática tem reforçado a

exclusão e a reprovação das desigualdades sociais dentro da escola. A escola como

um todo é muito dinâmica, por isso não podemos desistir de lutar pela escola, ou de

acreditar no nosso trabalho, porque são espaços de luta contra a dominação. Mas,

mesmo assim, precisamos refletir sobre nossas práticas e sobre as concepções que

as fundamentam. ( MICOTTI, 1999,p153-167)

O ensino da Matemática é sustentado basicamente por dois argumentos:

primeiro, a matemática desenvolve o raciocínio lógico dos alunos e, segundo a

matemática está presente no cotidiano dos alunos. Essas posições nos fazem

retornar a uma já antiga dicotomia entre matemática formal e matemática utilitária.

4.2 MATEMÁTICA UTILITÁRIA E MATEMÁTICA FORMAL

Os primeiros indícios de construção de conhecimento matemático são

heranças dos povos egípcios (2500 até 320 aC.) e babilônicos (1800 e 600 aC.).

Esses povos usavam a matemática para resolução de problemas práticos

geralmente ligados ao comércio, cálculo de impostos, construção de habitações e

monumentos funerários, (urnas e pirâmides) e medidas de terras.

A resolução de problemas era feita de maneira empírica, não havendo

regras gerais para solução de problemas semelhantes. (D’Ambrósio,1998,p29-60)

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Já a civilização grega, apesar de também desenvolver a matemática

utilitária, dedicou-se fundamentalmente a organização formal da produção egípcia e

babilônica. Assim a matemática ganhou uma linguagem simbólica própria,

substituíram-se as soluções particulares pelas generalizações e as experimentações

pelo método dedutivo. (ROCHA, 2001, p25-31)

“Platão distinguia claramente uma matemática utilitária, importante para

comerciantes e artesões, mas não para intelectuais, para quem defendia uma

matemática abstrata, fundamental para aqueles que seriam os dirigentes, a elite”

(D’AMBRÓSIO, 1996, p 36).

Passou-se então a conceber como matemática formal, baseada em pura,

sem qualquer ligação com o mundo real. Para o pensamento idealista as teorias

desenvolvidas por processos puramente mentais determinariam a realidade, no

entanto, a possibilidade das mesmas terem sido, em sua concepção, influenciadas

pela observação da realidade. Pôr esse motivo, que autores se recusaram a usar

figuras geométricas ou aplicações em seus livros de matemática, para manter certa

assepsia em seus estudos.

Para o pensamento idealista as teorias desenvolvidas por processos

puramente mentais determinariam a realidade, os fenômenos naturais, sem

considerar, no entanto, a possibilidade das mesmas terem sido, em sua concepção,

influenciadas pela observação da realidade. (D’AMBRÓSIO ,1998,p49)

O currículo de matemática está repleto de conteúdos de alto nível de

abstração que não possuem ligação com a vida dos alunos. Com isso aumenta a

dificuldade de compreensão, desestimula e desinteressa os alunos. Não digo que se

deve ensinar apenas aqueles conhecimentos necessários no cotidiano do aluno,

porque isso seria negar-lhe o acesso a outros conhecimentos, resumir suas

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possibilidades. Acredito sim, que é preciso partir da realidade do educando, daquilo

que tem significado para ele então chegar à teoria, para depois retornar à prática e

assim sucessivamente. É importante trazer para aula o método indutivo, as

suposições, as experimentações, as estimativas pois foi assim que egípcios e

babilônicos desenvolveram a matemática que lhes era necessária para a vida

cotidiana e para a sociedade.

Quando um educando nega aos alunos a compreensão das condições

culturais, históricas e sociais de produção do conhecimento, termina por reforçar a

mitificação e a sensação de perplexidade, impotência e incapacidade cognitiva.

(ROCHA, 2001, p 22-31).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o governo, os meios de

comunicação, todas as esferas da sociedade, hoje colocam como o objetivo principal

da educação a formação do cidadão. É relevante então analisar com mais cuidado

aos significados que se tem atribuído a palavra cidadania, os Parâmetros

Curriculares Nacionais apresentam um conceito de cidadania:

Compreender a cidadania como participação social e política, assim como o

exercício de direitos e deveres políticos, civil e social, adotando no dia a dia, atitudes

de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo

para si o mesmo respeito. (PCN, 1992, p11).

Além disso, entende que a educação pode fornecer o status de cidadão a

todos.

Quando falamos de cidadania estamos referindo a uma qualificação da

condição de existência dos homens. O homem só é plenamente cidadão se

compartilha efetivamente dos bens que constituem os resultados de sua tríplice

prática histórica, isto é, das mediações de sua existência. Ele é cidadão se pode

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efetivamente usufruir dos bens materiais necessários para a sustentação de sua

existência física, dos bens simbólicos necessários para a sustentação de sua

existência subjetiva e dos bens políticos necessários para a sustentação de

existência social.

A escola não pode garantir a cidadania, porque não se forma um cidadão, se

é cidadão, mas pode, mesmo assim fornecer os instrumentos que possibilitarão a

luta por uma sociedade cidadã. Como a Matemática pode colaborar para a formação

critica dos educando?

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) afirma que “O

Ensino Fundamental terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante a

compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das

artes, e dos valores em que se fundamenta a sociedade”. (LDB nº 9394/96-art 32 –

incisoII).

Já o ensino da Matemática, como já foi pautado nos itens anteriores, por ser

abstrata, exato, mecanicamente, por não se referir a vida das pessoas, mas, aos

cálculos, aos teoremas e as equações, travaste-se de neutralidade. È devido a esse

caráter de suposta neutralidade, que a matemática tem selecionado e excluído

alunos.

Acredito que o ensino de matemática, assim como o ensino de qualquer

outro assunto nas escolas, é uma atividade política, esse ensino ajuda, de um lado

criar atitudes e modelos intelectuais que, por sua vez ajudarão os educando a

crescer, desenvolver-se critico, mais perspectivo e mais envolvido e assim, tornar-se

mais confiante e mais capaz de ir além das estruturas existentes, de outro lado,

pode-se produzir estudantes passivos, rígidos, tímidos alienados. Parece não existir

nenhum ponto neutro entre essas duas formas de ensinar

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O ensino da matemática pode auxiliar os alunos na percepção da realidade e

na sua intervenção e, portanto, colaborar na formação de um adulto crítico.

Através da matemática podemos entender e discutir economia e política,

entender índices e os gráficos veiculados na imprensa, além disso, a matemática

pode nos auxiliar na tomada de decisões da matemática devido á riqueza de

conceitos envolvidos garantindo a ligação necessária entre teoria e prática. (MEC,

2006).

5. A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. O individual é

formado pelos estados mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade

do homem foi a principal função do século 19, principalmente por meio da psicologia,

entendida então como a ciência do individuo, os professores tentavam construir nos

estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ampliou o foco

conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o

outro lado dos alunos, algo formado por um sistema de idéias que exprimem, dentro

das pessoas, a sociedade de que fazem parte.

Dessa forma, acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo

processo educativo. A educação é a socialização da jovem geração pela geração

adulta, e quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da

comunidade em que a escola esteja inserida.

As conseqüências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao

idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo “espírito” ou pela

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consciência humana. A construção do ser social, feita em boa parte pela educação,

é a assimilação pelo individuo de uma série de normas e princípios, sejam morais,

religiosos, éticos ou de comportamento, que batizam a conduta do individuo num

grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.

Essa teoria, além de caracterizar a educação pela primeira vez as normas

sociais e a cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais tema na

constituição de um desenvolvimento coletivo. Todo o passado da humanidade

contribui para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de

educação, cada uma com as características que lhe são próprias. As sociedades

cristãs da Idade Média, não teriam sobrevivido se tivesse dado o pensamento

racional o lugar que lhe é dado atualmente.

Os métodos pedagógicos desenvolvidos ajudam a compreender o

significado social do trabalho do professor, tirando à educação escolar a perspectiva

individualista, sempre limitada pelo psicologismo idealista. O papel da ação

educativa é formar um cidadão que tomará parte do espaço publico, não somente o

desenvolvimento individual do aluno.

A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estada físicos

e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto. Tais

exigências, com forte influencia no processo de ensino, então relacionadas a

religião, as normas e sanções, a ação política, ao grau de desenvolvimento das

ciências e até mesmo ao estado de progresso da industria local.

Se a educação for desligada das causas históricas ela se tornará apenas

exercício da vontade e do desenvolvimento, o que para ele era incompreensivel.

Como é que o individuo pode pretende reconstruir, por meio do único esforço da sua

reflexão privada, o que não é obra do pensamento individual.

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O individuo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o

contexto em que esta inserida, a saber, quais são suas origens e as condições de

que depende. E não poderá saber sem ir a escola, começando por observar a

matéria bruta que esta la representada, por tudo isso, é também considerada um

dos mentores dos ideais republicanos de uma educação publica, monopolizada pelo

Estado e laica libertada da influencia do clero romano.

A ação educativa funcionasse de forma normativa. A criança estaria pronta

para assimilar conhecimentos e o professor bem preparado, dominando as

circunstancias. A Criança deve exercita-se reconhecer (a autoridade) na palavra do

educador e a submeter-se ao seu ascendente, é por meio dessa condição que

saberá, mas tarde encontra-la na sua consciência e então se conformar a ela

autonomia da vontade só existe como obediência consentida. Defensores da idéia

de que a criança determina seus juízos e relações apenas com estímulos de seus

educadores, sem que estes, exerçam necessariamente força autoriatria sobre ela. A

educação é um ato social. Dentro da Educação moral, psicologia da criança ou

historia das doutrinas pedagógicas. A criança ao nascer, traz consigo só a sua

natureza de individuo, a sociedade encontra-se, a cada nova geração, na presença

de uma tabua rasa sobre a qual é necessário construir novamente, os professores

como parte responsável pelo desenvolvimento dos indivíduos, tem um papel

determinante e delicado, devem transmitir os conhecimentos adquiridos, com

cuidado para não tirar a autonomia de pensamento dos jovens. A proposta é levar o

aluno a avançar sozinho, esse modelo de formação externa contraria a

independência nos estudos, ou seja, uma condição para que a educação cumpra

seu papel social e político.

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A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estada físicos

e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto. (NOVA

ESCOLA, 2003) ( NOVA ESCOLA, 2005)

5.1 A TENDÊNCIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA COM VISTA PARA

A CIDADANIA PLENA.

Os maiores empecilhos a uma melhoria da educação tem sido o alto índice

de reprovação e a enorme evasão. O efeito de um sistema só pode ser avaliado por

meio da analise do comportamento individual e social, que resultada passagem pelo

sistema Uma analise de impacto social, assim como o comportamento dos

indivíduos e da sociedade como um todo. A modernização da gestão exige repensar

nos parâmetros de avaliação para que ela possa aquilatar a efetividade dos

sistemas no desenvolvimento da criatividade individual e social, que inclui o

exercício pleno da cidadania e o aprimoramento material e mora.

O conceito de educação como uma estratégia da sociedade para facilitar

que cada individuo a colaborar com outros em ações comuns na busca do bem

comum, a escola estimula a aquisição, a organização, a geração e a difusão do

conhecimento vivo, integrado nos valores e expectativas da sociedade.

O processo educacional é global e na verdade que sempre produz

resultados positivos, a cada instante da vida a aprendizagem, normalmente sem

interferência da escola ou do professor.

A avaliação deve ser uma orientação para o professor na condução de sua

prática docente e jamais um instrumento para reprovar ou reter alunos na

construção de seus esquemas de conhecimento teórico e pratico. Selecionar,

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classificar, filtrar, reprovar e aprovar indivíduos para isto ou aquilo não é missão do

educador, outros setores da sociedade deve se encarregar disso. A preparação

básica para o trabalho e a sociedade e a cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas

condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores.

A responsabilidade maior do professor vai, portanto, além da sua disciplina

específica. Hoje cidadania implica conhecimento, estamos numa sociedade do

conhecimento, o conhecimento está subordinado ao exercício pleno da cidadania,

deve ser contextualizado no momento atual, com projeções para o futuro.

É fundamental na preparação para a cidadania o domínio de um conteúdo

relacionado com o mundo atual.

A educação para a cidadania, que é um dos grandes objetivos da educação

de hoje, exige uma apreciação do conhecimento moderno, empregado de ciência e

tecnologia.

Com o impacto da tecnologia na vida de cada indivíduo exige-se um

redimensionamento do ensino da Matemática, possibilitando ao aluno o

desenvolvimento de habilidades e procedimentos que he permite reconhecer-se e

orientar no mundo do conhecimento em constante movimento. Assim, o ensino da

Matemática deve levar o aluno a compreender que aprender matemática deve ser

mais que memorizar resultados dessa ciência, e que a aquisição do conhecimento

matemático deve estar vinculada com o domínio de um saber fazer Matemática e de

um pensar matemático.

Assim, o papel do professor de matemática é particularmente importante

para ajudar o aluno nessa apreciação, assim como para destacar alguns dos

importantes princípios éticos e ela associados.

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Para que o aluno aprenda a aprender, o currículo devera ter o mesmo peso

que os conceitos e procedimentos, o desenvolvimento de valores e atitudes.

Dentre esses valores e atitudes, destacar-se ter a iniciativa na busca de

informações, demonstrarem, baseados nos componentes objetivos, conteúdos e

métodos, obedecer as definições absolutas de objetivos de uma sociedade

conservadora, mas o aluno tem grande potencial criativo, porém orientado em

direções imprevistas, e com as motivações mais variadas. O Currículo visto com

estratégia de ação educativa, leva-nos a facilitar a troca de informações,

conhecimentos e habilidades entre alunos e professor/aluno, por meio de uma

socialização de esforços.

A relação dialética é importante a dar oportunidade para essa prática é uma

estratégia que vem sendo mais adotada. O objetivo principal é criar um ambiente

menos inibidor para os ouvintes, buscar o novo, junto com seus alunos interessados

nos seus problemas.

Talvez o mais importante a destacar seja a percepção de uma dicotomia

entre o saber e fazer, que prevalece no mundo chamado “civilizado” e que é própria

dos paradigmas da ciência moderna. Os conteúdos e métodos de educação

precisam ser desenvolvidos para servir as necessidades básicas de aprendizagens

e das sociedades, proporcionando-lhes o poder de enfrentar seus problemas mais

urgentes, o combate à pobreza, aumento da produtividade, melhora das condições

de vida e proteção ao meio ambiente e permitindo que assumam seu papel por

direito na construção ao meio ambiente e permitindo que assumam seu papel por

direito na construção de sociedades democráticas e no enriquecimento de sua

herança cultural.

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A Matemática tem sido conceituada como a ciência dos números e das

formas, das relações e das medidas, das interferências, e as suas características

que apontam para a precisão. Agora contextualizar a matemática é essencial para

todos, para qualquer programa de educação das diferentes populações. O acesso a

um maior numero de instrumentos e de técnicas intelectuais da quando devidamente

contextualizada, muito maior capacidade de enfrentar situações e de resolver

problemas novos, de modelar adequadamente uma situação real para, com esses

instrumentos chegar a uma possível solução.

A educação formal baseada ou mera transmissão de explicações e teorias,

ou nos adestramentos de técnicas e habilidades. A capacidade cognitiva é uma

característica de cada individuo. O grande desafio se encontra na educação é

justamente sermos capazes de interpretar as capacidades e a própria ação cognitiva

não da forma estável e continua. (D’AMBRÓSIO, 1998. p 61-120)

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6. CONCLUSÃO

Em face do quadro anteriormente analisado qualquer das concepções de

ensino de matemática é essencialmente política. O professor que tem compromisso

ético com a classe trabalhadora, que quer uma sociedade justa e igualitária, que se

preocupa com os excluídos da sociedade e com o futuro de seus alunos, não pode

esconder sua posição em nome de uma suposta neutralidade. Como professores

precisam estar a todo o momento, repensando e questionando os fundamentos

teóricos do nosso trabalho, a que ele tem servido e quais os valores que temos

desenvolvido em nossos alunos e, questionando a omissão, fortalece a ideologia

dominante.

Portanto avaliação deve ser uma orientação para o professor de sua prática

docente e jamais um instrumento para reprovar ou reter os alunos. Assim selecionar,

classificar, reprovar ou aprovar alunos não é função dos educadores. A democracia

do saber deve revelar-se, então como objetivo último da escola pública, na

educação de classe trabalhadora com uma sólida base cientifica, formação crítica da

cidadania e solidariedade de classe social.

O ensino de matemática não pode perder de vista princípios, não podemos

negar ao aluno o acesso ao conhecimento, mas este não pode existir como se fosse

algo pronto e acabado. Não podemos continuar entrando e saindo de uma sala de

aula e esquecendo a realidade que cerca a escola, porque o aluno que assiste à

nossa aula é o mesmo que mora na vila, que tem o pai desempregado, que tem que

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trabalhar para auxiliar a família, que tem mais dois ou três irmãos menores para

ajudar a cuidar.

Transformar a experiência em puro treinamento técnico é amesquinhar o

que há de fundamentalmente humano no exercício educativo, o seu caráter

formador. Se respeitar à natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode

se dar alheio à formação crítica do educando.

Portanto, se o ensino está em crise é porque ele já não se justifica mais pela

aplicação de fórmulas, pelo estímulo ao raciocínio ou pela preparação do aluno para

prestar vestibular; isto é treinamento e não educação. Cabe a nós, professores,

despertar o seu interesse.

A Matemática precisa ser ensinada como um instrumento para a

interpretação do mundo em seus diversos contextos. Isso é formar para a

criatividade, para indignação, para a cidadania e não para memorização, alienação

ou para exclusão.

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