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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JAQUELINE DIAS DE MORAES RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JAQUELINE DIAS DE MORAES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CURITIBA

2008

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CURITIBA

2008

JAQUELINE DIAS DE MORAES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientadora Acadêmica: Msc. Taís Marchand Rocha Moreira Orientador (a) Profissional: Wagner Luiz Bueno

CURITIBA

2008

Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Prof ª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel Santos Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Prof ª. Neide Mariko Tanaka Metodologia Científica Prof. Jair Mendes Marques

Campus Prof. Sydnei Lima Santos (Barigüi) e Reitoria R. Sydnei Antônio Rangel Santos CEP 82.010-330 – Santo Inácio Fone (41) 3331-7700

TERMO DE APROVAÇÃO

Jaqueline Dias de Moraes

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Este trabalho de conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção de título de Médica Veterinária por uma banca examinadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 16 de junho de 2008.

Curso de Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: Profª: Taís Marchand Rocha Moreira

Universidade Tuiuti do Paraná

Profº: Ricardo Maia

Universidade Tuiuti do Paraná

Profª: Maria Fernanda Lima

Universidade Tuiuti do Paraná

Aos meus pais, Vera Regina e Valdecir Dias de Moraes

pelo apoio, dedicação e esforço

DEDICO

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter iluminado meu caminho, permitindo

a realização deste grande sonho.

Agradeço os meus pais, Vera Regina e Valdecir Dias de Moraes, que foram

e sempre serão meu porto seguro e que de uma forma especial e carinhosa, me

deram força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades.

Agradeço aos meus amigos, que fizeram parte dessa etapa da minha vida.

Um agradecimento especial para as minhas amigas Graziela Zoculotto, Heloísa

Gomes Farinha, Karen Cristina Curkarevickz, Maria Eliza Alfanio e Andrea Camargo

da Silva. Nunca esquecerei vocês.

Agradeço ao médico veterinário Wagner L. Bueno, que me acolheu em sua

clínica e que com certeza enriqueceu muito a minha vida profissional.

Agradeço aos professores desta Universidade pelo aprendizado que me

proporcionaram durante todo período do curso. Um agradecimento muito especial a

minha orientadora profª. Taís M. R. Moreira, pelo carinho e dedicação na orientação

e ajuda na elaboração deste trabalho.

E finalmente, agradeço a todos que me ajudaram direta e indiretamente

para o desenvolvimento e conclusão deste trabalho.

APRESENTAÇÃO

Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de

Médico Veterinário, na qual são descritas as atividades realizadas por Jaqueline

Dias de Moraes durante o período de 03 de março a 16 de maio de 2008, na Clínica

Paranaense de Medicina Veterinária cumprindo estágio curricular.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é descrever as atividades desenvolvidas durante o

período do estágio curricular, assim como descrever alguns casos clínicos

acompanhados, tais como Eclâmpsia, Demodicose e Glaucoma. Este trabalho foi

elaborado pela acadêmica Jaqueline Dias de Moraes do curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, onde realizou o estágio curricular na

Clínica Paranaense de Medicina Veterinária no período de 03 de março a 16 de

maio de 2008.

Palavra chave: estagio curricular, casos clínicos, Medicina Veterinária.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - PACIENTE COM AUMENTO DE VOLUME DAS MAMAS .............30

FIGURA 02- PACIENTE APRESENTANDO ÁREAS DE ALOPECIA DEVIDO A

SARNA DEMODÉCICA.....................................................................40

FIGURA 03 - PACIENTE COM LESÃO ERITEMATOSA NA REGIÃO

PERIOCULAR...................................................................................40

FIGURA 04 - RASPADO DE PELE VISTO NO MICROSCÓPIO

ÓPTICO.............................................................................................41

FIGURA 05 - ÁCARO DE DEMODEX CANIS EM FASE

ADULTA.............................................................................................42

FIGURA 06 - PACIENTE APRESENTANDO OLHO CONGESTO COM

BUFTALMIA......................................................................................53

FIGURA 07 - PACIENTE APRESENTANDO GLAUCOMA NO OLHO DIREITO E

CATARATA NO OLHO ESQUERDO................................................53

FIGURA 08 - EXAME COMPLEMENTAR COM FLUORESCEÍNA DETECTANDO

UMA ÚLCERA DE CORNEA............................................................54

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Procedimentos clínicos, relacionados a números e porcentagens, que

foram realizadas no período de março a maio de 2008...................17

TABELA 02 - Cirurgias realizadas, relacionados a números e porcentagens, no

período de março a maio de 2008...................................................18

TABELA 03 - Exames complementares realizados, com relação a número e

porcentagem, no período de março a maio de 2008.......................19

TABELA 04 - Internamentos e fluidoterapias, relacionados a números e

porcentagens, que ocorreram no período de março a maio de

2008.................................................................................................20

TABELA 05 - Casos clínicos de Distúrbios Cutâneos e Auditivos relacionados a

números e porcentagens, acompanhados no período de março a

maio de 2008....................................................................................21

TABELA 06 - Casos Clínicos de Distúrbios Oftalmológicos, relacionados a números

e porcentagens, acompanhados no período de março a maio de

2008.................................................................................................22

TABELA 07 –- Casos Clínicos de Distúrbios Gastrentéricos e Urinários, relacionados

a números e porcentagens, acompanhados no período de março a

maio de 2008...................................................................................23

TABELA 08 - Casos Clínicos de Oncologia, relacionados a números e

porcentagens, acompanhados no período de março a maio de

2008.................................................................................................23

TABELA 09 - Casos Clínicos de Ortopedia, relacionados a números e

porcentagens, acompanhados no período de março a maio de

2008........................................................................................................

....24

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................13

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO..............................................................14

2.1 LOCALIIZAÇÃO E ESTRUTURA FÍSICA DA CLÍNICA.....................................14

2.2 HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO E CORPO CLÍNICO...................................15

2.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.......................................................................16

3 CASUÍSTICA.........................................................................................................17

3.1 CLÍNICA MÉDICA...............................................................................................17

3.2 CLÍNICA CIRÚRGICA........................................................................................17

3.3 EXAMES COMPLEMENTARES........................................................................18

3.4 INTERNAMENTOS E FLUIDORETAPIA...........................................................19

3.5 SISTEMAS ACOMETIDOS................................................................................20

3.5.1 Distúrbios Cutâneos e Auditivos......................................................................20

3.5.2 Distúrbios Oftalmológicos................................................................................21

3.5.3 Distúrbios Gastrentéricos e Urinários..............................................................22

3.6 ONCOLOGIA......................................................................................................23

3.7 ORTOPEDIA......................................................................................................24

4 DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS ..................................................................25

4.1 ECLÂMPSIA.......................................................................................................25

4.2 DEMODICOSE...................................................................................................33

4.3 GLAUCOMA CANINO........................................................................................44

5 CONCLUSÃO........................................................................................................57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................58

13

1 INTRODUÇÃO

O presente relatório refere-se ao estágio realizado na Clínica Paranaense

de Medicina Veterinária, no período de 03 de março a 16 de maio de 2008. A Clínica

Paranaense de Medicina Veterinária está localizada na Rua Alberto Bollinger n°626

no bairro Juvevê, em Curitiba – Paraná. As consultas de rotina são realizadas de

segunda a sexta-feira das 08h00min às 12h00min e das 14h00min às 19h00min.

Nos sábados as consultas são realizadas das 08h00min às 12h00min e das

14h00min às 18h00min. Durante o estágio curricular obrigatório a discente recebeu

orientação profissional do médico veterinário Wagner Luiz Bueno sob supervisão

acadêmica da docente Msc. Taís Marchand Rocha Moreira.

A acadêmica, durante o período de estágio, cumpriu um total de 360 horas,

na qual foi possível realizar atividades que desenvolveram prática de medicina

veterinária para um bom desenvolvimento profissional.

No período do estágio, foram acompanhados casos clínicos de

dermatologia, oftalmologia, oncologia, nefrologia e urologia, endocrinologia,

cardiologia, e assim foram escolhidos alguns casos para serem revisados e

relatados cujos temas são Eclâmpsia, Demodicose e Glaucoma.

14

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

2.1 LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA FÍSICA DA CLÍNICA

A Clínica Paranaense de Medicina Veterinária foi fundada em 1995 e fica

localizada na Rua Alberto Bollinger n° 626 no bairro Juvevê, em Curitiba - Paraná. É

composta por uma recepção, um ambulatório, dois consultórios, sala de radiologia,

centro cirúrgico, setor de banho e tosa e um pet shop. A recepção é o local onde os

proprietários fazem o cadastro dos animais e a carteira de controle de vacinação e

vermífugo e uma ficha clínica. Nessa área, também são realizados os pagamentos

relativos a serviços realizados por meio de consultas, cirurgias, atendimentos de

banho e tosa e hospedagem.

O ambulatório é o local onde são realizadas coletas de materiais biológicos,

fluidoterapia bem como as observações de animais internados. O estabelecimento

possui aparelho de dermatoscopia, microscópio óptico, balanças para pesagens dos

pacientes, refrigerador para armazenagem de vacinas, corantes para citologia, fitas

para urinálise, incubadora para neonatos e de paciente pós–cirúrgico. Nesse local

são realizadas análises citológicas, raspagem de pele, dermatoscopia e

observações pós-cirúrgicas. O local possui depósito para tratamento adequado de

agulhas, seringas usadas e as lâminas, que são levadas a um coletor de lixo

específico e descartadas. Há também uma farmácia com medicamentos a serem

utilizados nos atendimentos.

Os consultórios médicos possuem mesas em aço inox para realização dos

procedimentos como exames físicos, vacinações e administração de medicamentos;

15

mesa auxiliar para o médico veterinário realizar a anamnese e armários para

armazenagem de seringas, fluido, medicamentos, instrumentação e lâminas de

vidro.

A sala de diagnóstico por imagem possui equipamento de radiologia e sala

de revelação, seguindo as normas de biossegurança (Lei n 11.105 de 24 de março

de 2005, portaria 453 de 02/06/98). O centro cirúrgico possui uma mesa cirúrgica em

aço inox, e está equipado com monitor cardíaco, oxímetro de pulso, luz ultravioleta

para a esterilização e uma estufa para esterilização do instrumental, aventais e

campos cirúrgicos.

2.2 HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO E CORPO CLÍNICO

O horário de funcionamento da Clínica Paranaense de Medicina Veterinária

é de segunda a sexta das 08h00min às 12h00min e das 14h00min às 19h00min e

nos sábados das 08h00min às 12h00min e das 14h00min h às 18h00min. Não há

plantão e por isso se houver necessidade de algum serviço fora do horário de

funcionamento normal da clínica o atendimento será solicitado por telefone.

Trabalham na clínica dois profissionais habilitados, de segunda a sábado

um veterinário e nas quartas-feiras nos sábados e feriados a um auxílio de uma

outra veterinária. A recepção é composta por dois funcionários e o departamento de

banho e tosa por mais dois profissionais.

16

2.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

No período de março a maio de 2008 o estágio foi realizado de segunda a

sexta com início as 08h00min e saída às 18h00min horas. Durante esse período

eram agendadas as cirurgias preferencialmente pelas manhãs. As cirurgias são

realizadas pelo médico veterinário Wagner Luiz Bueno com o auxílio do anestesista

José Kloss, salvo quando solicitada a presença de um profissional de áreas muito

específicas. Para a participação nas cirurgias, foi necessário estar devidamente

paramentado, podendo assim, auxiliar se preciso ou somente acompanhar o

procedimento. Após os procedimentos cirúrgicos, fazia-se o acompanhamento das

consultas, auxiliando nas pesagens, contenções, exames clínicos, coletas de

materiais biológicos, vacinações e desverminações.

Uma vez diagnosticado definitivamente, era acompanhado o processo de

terapêutica e orientação do médico veterinário frente ao caso. Nas manhãs e nos

finais de tarde eram feitos exames nos animais internados e realizadas as

administrações de medicamentos se necessário, eram realizadas pesquisas

bibliográficas após a consulta médica e apresentadas ao orientador profissional, um

texto ou apresentação sobre o caso solicitado, para assim melhorar o aprendizado.

17

3 CASUÍSTICA

3.1 CLÍNICA MÉDICA

Durante o período de estágio foram acompanhados 257 procedimentos

(tabela 1), nos quais os que obtiveram as maiores freqüências foram às consultas.

TABELA 1 – Procedimentos clínicos, relacionados a números e porcentagens, que

foram realizadas no período de março a maio de 2008.

PROCEDIMENTOS Números (%)

Consultas 95 (37)

Reconsultas 50 (19,5)

Vacinas 62 (24)

Desverminações 50 (19,5)

TOTAL 257 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.2 CLÍNICA CIRÚRGICA

Durante o período do estágio foram acompanhadas e auxiliadas 24 cirurgias

(tabela 2), das quais 88% foram feitas em cães e 12% em gatos.

18

TABELA 2 – Cirurgias realizadas, relacionados a números e porcentagens, no

período de março a maio de 2008.

CIRURGIAS CANINO Número (%)

FELINO Número (%)

TOTAL Número (%)

Periodontia 7 (31,9) 2 (66,7) 9 (36)

Ovariosalpingohisterectomia 3 (13,5) 0 3 (12)

Orquiectomia 1 (4,5) 0 1 (4)

Exodontia 3 (13,5) 0 3 (12)

Mastectomia parcial 2 (9) 1 (33,3) 3 (12)

Exérese da cabeça do fêmur 2 (9) 0 2 (8)

Trocleoplastia 2 (9) 0 2 (8)

Facectomia extracapsular 1 (4,5) 0 1 (4)

TOTAL 21 (88) 3 (12) 24 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.3 EXAMES COMPLEMENTARES

Para confirmação dos diagnósticos, foram realizados 79 exames

complementares (tabela 3) e dentre eles, o exame mais freqüente foi a citologia em

cães.

19

TABELA 3 – Exames Complementares realizados, com relação a números e

porcentagens, no período de março a maio de 2008.

EXAMES COMPLEMENTARES CANINOS Número (%)

FELINOS Número (%)

TOTAL Número (%)

Citologia 18 (25,4) 2 (25) 20 (25,3)

Eletrocardiografia 7 (9,9) 1 (12,5) 8 (10,1)

Colheita de Sangue 9 (12,7) 2 (25) 11 (14)

Raspado de Pele (Parasitologia) 10 (14) 0 10 (12,7)

Radiografia 11 (15,5) 1 (12,5) 12 (15,2)

Dermatoscopia 4 (7,5) 0 4 (5)

Tricograma 3 (5,6) 0 3 (3,8)

Histopatologia / Biópsia 2 (2,9) 2 (25) 4 (5)

Ultrassonografia 1 (1,5) 0 1 (1,3)

Endoscopia 2 (2,9) 0 2 (2,6)

Coproparasitológico 4 (7,5) 0 4 (5)

TOTAL 71 (89,9) 8 (10,1) 79 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.4 INTERNAMENTO E FLUIDOTERAPIA

As fluidoterapias foram realizadas nos casos onde os animais necessitavam

de hidratação bem como situações de pós-cirurgias. Os internamentos foram feitos

nos casos de emergências e para preparações pré-cirurgicas, pós-cirurgicas e para

observações dos pacientes.

20

TABELA 4 – Internamentos e fluidoterapias, relacionados a números e

porcentagens, que ocorreram no período de março a maio de

2008.

PROCEDIMENTOS CANINO Números (%)

FELINO Números (%)

TOTAL Números (%)

Internamentos 12 (54,5) 6 (66,7) 18 (58,1)

Fluidoterapias 10 (45,5) 3 (33,3) 13 (41,9)

TOTAL 22 (71) 9 (29) 31 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.5 SISTEMAS ACOMETIDOS

3.5.1 Distúrbios cutâneos e auditivos

Durante o período de estágio foi observado uma predominância maior de

pacientes com dermatopatias (tabela 5), onde a atopia foi a doença que mais

acometeu os animais de companhia (48,3%),

21

TABELA 5 – Casos Clínicos de Distúrbios Cutâneos e Auditivos, relacionados a

números e porcentagens, acompanhados no período de março a

maio de 2008.

DISTÚRBIOS CANINO Número (%)

FELINO Número (%)

TOTAL Número (%)

Atopia 13 (48,2) 1 (50) 14 (48,3)

Otite 3 (11,1) 0 3 (3,5)

Demodicose 2 (7,4) 0 2 (6,9)

Malassezíase 3 (11,1) 0 3 (10,3)

DAPP 2 (7,4) 1 (50) 3 (10,3)

TOTAL 27 (93,1) 2 (6,9) 29 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.5.2 Distúrbios oftalmológicos

Observou-se que a Ceratoconjuntivite seca é o caso com menor prevalência

dos distúrbios oftalmológicos (tabela 6), durante o período de estágio.

22

TABELA 6 – Casos Clínicos de Distúrbios Oftalmológicos, relacionados a número e

porcentagem, acompanhados no período de março a maio de 2008.

DISTÚRBIOS CANINO Números (%)

Catarata 2 (28,6)

Ceratoconjuntivite seca 1 (14,2)

Úlcera de Córnea 2 (28,6)

Glaucoma 2 (28,6)

TOTAL 7 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.5.3 Distúrbios gastrentéricos e urinários

Foram observados casos de enterite e um único caso de distúrbio urinário

(tabela 7). Esses pacientes apresentavam diarréia e a alimentação era irregular.

23

TABELA 7 – Casos Clínicos de Distúrbios Gastrentéricos e Urinários, relacionados a

números e porcentagens, acompanhados no período de março a maio

de 2008.

DISTÚRBIOS CANINO Números (%)

FELINO Números (%)

TOTAL Números (%)

Enterite 9 (90) 0 9 (90)

Infecção Urinária 1 (10) 0 1 (10)

TOTAL 10(100) 0 10 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

3.6 ONCOLOGIA

Foi observado durante o período de estágio um número maior de

adenocarcinoma mamário (tabela 8), nos animais de companhia (83,3%).

TABELA 8 – Casos Clínicos de Oncologia, relacionados a número e porcentagem,

acompanhados no período de março a maio de 2008.

ONCOLOGIAS CANINO Números (%)

FELINO Números (%)

TOTAL Números(%)

Adenocarcinoma Mamário 3 (100) 2 (66,7) 5 (83,3)

Melanoma amelanótico 0 (0) 1 (33,3) 1 (16,7)

TOTAL 3 (50) 3 (50) 6 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

24

3.7 ORTOPEDIA

Foram observados nos casos ortopédicos (tabela 9) uma incidência maior de

desvio de patela, com toda prevalência na espécie canina (66,4%).

TABELA 9 – Casos Clínicos de Ortopedia, relacionados a número e porcentagem,

acompanhados no período de março a maio de 2008.

ORTOPEDIA CANINO Número (%)

FELINO Número (%)

TOTAL Número (%)

Luxação de Patela 4 (66.4) 0 4 (66,4)

Discopatia Lombar 1 (16,3) 0 1 (16,3)

Luxação coxo-femoral 1 (16,3) 0 1 (16,3)

TOTAL 6 (100) 0 6 (100)

Fonte: Clínica Paranaense de Medicina Veterinária.

25

4 DESCRIÇÃO DE CASOS

4.1 ECLÂMPSIA

A eclâmpsia (Tetania Puerperal, Hipocalcemia Puerperal) é uma condição

aguda com risco de vida e é caracterizada por convulsões (NELSON & COUTO,

2001). A tetania puerperal em cadelas ocorre no período pós-parto, e os sinais são

provocados por hipocalcemia. A causa da hipocalcemia normalmente não é

determinada, mas pode resultar de problemas como perda de cálcio materno para o

esqueleto fetal e a produção de leite (NELSON & COUTO, 2001). Segundo a

Birchard e Sherding (1998) a hipocalcemia ocorre também no uso excessivo de

cálcio no estágio pré-natal, que pode promover atrofia da paratireóide que inibe a

liberação do paratormônio, interferindo assim, nos mecanismos normais para

mobilização das reservas adequadas de cálcio, ou com a utilização das fontes de

cálcio presentes nos alimentos, além de ficar estimulada a liberação de calcitonina.

Os sinais clínicos da hipocalcemia puerperal se desenvolvem durante o pico

de lactação (entre as 1ª e 3ª semanas pós-parto) em cadelas pequenas com

ninhadas grandes. A fêmea é saudável sob outros aspectos e os neonatos estão em

pleno desenvolvimento. A hipocalcemia puerperal pode, entretanto, acometer gatas

e quaisquer raças de cães, com qualquer tamanho de ninhada e em qualquer época

da lactação, em cadelas, raramente ocorre no estágio final de lactação (NELSON &

COUTO, 2001)

26

Características clínicas

Os sinais clínicos são provocados pela hipocalcemia e inclui respiração

ofegante, tremores, fasciculações musculares, fraqueza, hipertermia e ataxia

(NELSON & COUTO, 2001). Segundo Fenner (2003), o reflexo pupilar à luz poderá

estar deprimido.

Estes sinais iniciais progridem rapidamente para tetania, com convulsões

tônico-clônicas e opistótono. Os batimentos cardíacos, a freqüência respiratória e a

temperatura retal podem estar elevados principalmente durante as convulsões. Os

sinais clínicos são rapidamente progressivos e podem ser fatais se o animal não

for tratado com a máxima urgência (NELSON & COUTO, 2001).

Diagnóstico

O diagnóstico da hipocalcemia puerperal é estabelecido com base na

presença dos sinais clínicos consistentes em uma fêmea em lactação, e pode ser

confirmado pela determinação das concentrações séricas do cálcio, que

normalmente são inferiores a 7 mg/dl. O tratamento é normalmente iniciado antes da

confirmação laboratorial, caso ele seja feito. Apesar de a hipoglicemia poder

provocar os mesmos sinais da hipocalcemia ela constitui um distúrbio pós-parto raro

em gatas e cadelas (NELSON & COUTO, 2001).

27

Tratamento

O tratamento consiste na administração intravenosa lenta de uma solução

de gluconato de cálcio a 10%, até a obtenção do efeito. A dose total geralmente é de

3 a 20 ml, dependendo do tamanho e peso da fêmea. Como o cálcio é cardiotóxico,

deve ser realizada a auscultação cardíaca e ecocardiografia do animal junto com a

administração de cálcio, para detecção de bradicardia ou arritmias. Caso ocorra

bradicardia a administração deve ser interrompida imediatamente e se for

necessário cálcio adicional, ele deve ser administrado após a normalização do ritmo

cardíaco, mas em velocidade bem reduzida da primeira aplicação. A resposta ao

tratamento é notável, e os sinais clínicos se resolvem em geral durante a

administração intravenosa do cálcio. Visto que o animal possa estar em uma crise

convulsiva, o uso de diazepan (1 a 5 mg IV) ou barbitúricos podem ser utilizados. É

contra-indicado administração de corticosteróides durante a tetania puerperal, pois

estes agentes reduzem as concentrações séricas de cálcio, por promoverem a

calciúria (NELSON & COUTO, 2001).

Alguns clínicos recomendam que assim que os sinais neurológicos tenham

sido controlados com o gluconato de cálcio intravenoso, seja administrada infusão

subcutânea de volume igual, diluído a 50% com solução salina, até que o caso se

estabilize e a fêmea seja enviada para casa. Os filhotes não devem mamar durante

12 a 24 horas. Deve ser administrado cálcio por via oral, diariamente e durante toda

a lactação. A dieta da fêmea deve ser ajustada de acordo com a necessidade para

assegurar que esteja nutricionalmente completa, balanceada e própria para

lactação. Se a hipocalcemia recidivar, os filhotes devem ser desmamados (NELSON

& COUTO, 2001).

28

Em alguns casos a hipoglicemia pode coexistir, então a administração de

glicose a 50%, 2 a 20 ml via intravenosa, ajuda na estabilização do caso (FENNER,

2003).

Prognóstico

Segundo Fenner (2003), o prognóstico é excelente para a recuperação, o

problema geralmente recidiva nas lactações subseqüentes, a menos que o equilíbrio

nutricional adequado seja mantido.

Prevenção

Existem várias formas para prevenir a hipocalcemia puerperal em gatas e

cadelas. Para isso, deve ser fornecida dieta balanceada de boa qualidade durante a

gestação e a lactação, e água a vontade. Se necessário, a fêmea pode ser separada

dos neonatos por 30 a 60 minutos várias vezes ao dia para ser estimulada a se

alimentar. Os filhotes podem receber aleitamento artificial suplementar precoce na

lactação e alimentação sólidos podem ser oferecidos com 3 a 4 semanas de idade,

principalmente em ninhadas grandes. É contra-indicado a suplementação com cálcio

oral durante a gestação, pois está prática pode agravar, em vez de prevenir, a

hipocalcemia puerperal pós-parto (NELSON & COUTO, 2001).

29

Caso Clínico

Nome: Dolly

Espécie: Canina

Raça: SRD

Sexo: Fêmea

Idade: 4 anos

Peso: 5,9 kg

Anamnese

Relata-se um caso clínico de um paciente encaminhado à Clínica

Paranaense de Medicina Veterinária, apresentando aumento de volume das mamas

e galactorréia, associado a presença de tremor muscular e sem sustentação nos

membros sem conseguir ficar em pé. Segundo a proprietária, os filhotes já com duas

semanas de idade estavam relativamente bem e a paciente apresentava-se apático,

com anorexia e adipsia, porém, deixava os filhotes mamar normalmente.

Exame físico

No exame físico havia aumento de volume das mamas (figura 01), a

temperatura era de 42°C, freqüência cardíaca de 114 batimentos por minuto (bpm),

30

as mucosas se apresentavam normocoradas, tempo de preenchimento capilar (TPC)

de 2 a 3 segundos e os linfonodos normais. O paciente encontrava-se em um grau

leve de desidratação e auscultação respiratória normal. Notava-se uma grande

presença de pulgas.

FIGURA 01 – PACIENTE COM AUMENTO DE

VOLUME DAS MAMAS

Exame complementar

Realizou-se o eletrocardiograma e observou-se que a onda T estava

aumentada, indicando assim a possibilidade de diagnosticar um caso de

hipocalcemia puerperal.

Tratamento

O tratamento realizou-se primeiramente na tosa de todo animal, devido a

infestação de pulgas, a administração de gluconato de cálcio 10% na dosagem 4 ml

31

por via intravenosa, fluidoterapia e uso de glicose 50% na dosagem 3 ml. O animal

foi recepcionado, tosado, medicado e avaliado, e nessa avaliação se concluiu que o

animal deveria permanecer internado por num período de 48 horas. Após 72 horas

de internamento o animal foi liberado para retornar à sua residência, com a

prescrição de carbonato de cálcio (Calcigenol®) 3ml por via oral, a cada 24 horas,

durante 10 dias, e a orientação para os proprietários permitirem que os filhotes

mamassem a cada 24 horas e aplicação de antipulgas.

Após quatro dias, a paciente retornou à clínica devido a uma convulsão e

dispnéia. O animal imediatamente foi colocado na fluidoterapia e administrado

diazepan por via intravenosa. Logo após o controle da convulsão, foi administrado

gluconato de cálcio 10% na dose 4 ml por via intravenosa e o animal ficou internado

para observação.

Após 72 horas o animal recebeu alta, retornando para seu domicílio, em

condições satisfatórias de saúde.

Discussão e conclusão

A eclâmpsia desenvolve-se após a perda acentuada de cálcio para o leite,

durante o período de amamentação. É uma doença emergencial, pois a paciente

corre sério risco de vida, e como tal, deve-se estabelecer uma rápida reposição de

eletrólitos e cálcio.

A paciente acima descrita, apresentou sinais clínicos compatíveis descrito

por Nelson e Couto (2001) tais como apresentação de tremores musculares,

fraqueza, hipertermia e convulsões. Porém, neste caso o primeiro diagnóstico não

seguiu como a literatura de Nelson e Couto (2001) apresenta, através dos sinais

32

acima descritos, e sim através do uso de equipamentos de eletrocardiograma, pela

elevação da onda T. A partir da segunda internação os sinais coincidiram

integralmente.

O protocolo de tratamento utilizado neste caso foi muito favorável. A

paciente em aproximadamente 10 dias, com reposição diária de cálcio e

fluidoterapia obteve um excelente resultado e a manutenção desse tratamento é

muito importante, pois o manejo nutricional inadequado com deficiência de cálcio

implicará na saúde do animal.

33

4.2 DEMODICOSE CANINA

A demodicose (sarna demodécica, sarna folicular ou sarna vermelha) é uma

doença parasitária inflamatória comum em cães (WILLEMSE, 1998). É caracterizada

pela presença de números maiores do que o normal de ácaros demodécicos.

Segundo Muller e Kirk (1996) a proliferação inicial de ácaros pode ser devido a

distúrbios genético ou imunológico. Quando generalizada e crônica, a demodicose é

uma afecção frustrante e difícil de trata.

Etiologia

O ácaro Demodex canis é parte da fauna normal da pele canina e está

presente em pequenos números na maioria dos cães saudáveis. A pele dos cães

com demodicose é ecologicamente favorável à reprodução e crescimento de ácaros

demodécicos. Eles lançam mão da oportunidade para colonizar os folículos pilosos e

povoar a pele às centenas. A alopecia e eritema resultantes são conhecidos como

demodicose. Todo o ciclo vital do ácaro é passado na pele. O parasita reside dentro

dos folículos pilosos e raramente nas glândulas sebáceas, onde subsiste

alimentando-se de células, sebo e debris epidérmicos (MULLER e KIRK, 1996).

Segundo Muller e Kirk (1996), Os quatro estágios do D. canis podem ser

demonstrados nos raspados de pele. Os ovos fusiformes eclodem em larvas

pequenas e com seis patas, que mudam para ninfas com oito patas e, em seguida,

para adultos. Os ácaros (todos os estágios) podem ser encontrados nos linfonodos,

na parede intestinal, no baço, no fígado, no rim, na bexiga, no pulmão, na tireóide,

34

sangue, urina, e fezes. Entretanto, os ácaros encontrados nesses locais

extracutâneos estão geralmente mortos e degenerados, e representam a drenagem

simples dessas áreas pelo sangue ou pela linfa.

O Demodex. canis é um residente normal da pele canina. Acredita-se que a

transmissão de um animal para outro seja limitada à mãe e sua ninhada, e restrita

ao período pós-natal imediato (HARVEY e MCKEEVER, 2004). Os ácaros podem

ser encontrados nos folículos pilosos dos filhotes quando estão com 16 horas de

vida. Os ácaros são primeiramente observados no focinho dos filhotes, o que

enfatiza a importância do contato direto e do cuidado materno. Quando os filhotes

são retirados por cesariana e alimentados fora do contado da cadela infectada eles

não albergam os ácaros, indicando que a transmissão in utero não ocorre. Da

mesma forma, os ácaros não podem ser demonstrados em filhotes natimortos

(MULLER e KIRK, 1996).

São identificados geralmente dois tipos de demodicose: localizada e

generalizada (WILKINSON, HARVEY, 1996). A demodicose localizada ocorre com

uma a diversas áreas de alopecia, pequenas, eritematosas, circunscritas,

escamosas, pruriginosas, não pruriginosas, mais comumente na face e nos

membros anteriores. O curso é benigno e na maioria dos casos resolve-se

espontaneamente. A demodicose generalizada geralmente cobre grandes áreas do

corpo, mas pode ser mais localizada, especialmente quando a doença se inicia. Um

cão com cinco ou mais lesões localizadas que tem envolvimento de uma região

inteira do corpo ou apresenta envolvimento completo de dois ou mais pés possui

demodicose generalizada. A doença pode ficar restrita em seu objetivo ou pode

tornar-se mais generalizada. Mesmo com as localizações das lesões, a patogenia, o

35

prognóstico e os esquemas de tratamento permanecem os mesmos (MULLER &

KIRK, 1996).

Os cães com demodicose generalizada frequentemente se tornam

debilitados, anoréticos, letárgicos, deprimidos e febris. Pode ocorrer pododermatite,

que se caracteriza por tumefação das patas, com desenvolvimento de cistos

interdigitais que ulceram e drenam um material serossanguinolento ou exsudativo. A

pododemodicose tem um mau prognóstico, pois é muito difícil de eliminar os ácaros

(HARVEY e MCKEEVER 2004).

Segundo Muller e Kirk (1996) a demodicose generalizada geralmente

começa durante a fase infantil (3 a 18 meses). Se as lesões não se resolverem

espontaneamente nem receberem tratamento adequado, o paciente leva a doença

para a fase adulta. Não é incomum fazer o diagnóstico de demodicose generalizada

em cães acima de dois anos de idade. A maioria destes casos ocorre em cães entre

dois a cinco anos de idade e muitos destes animais possuem uma doença de pele

crônica. Esses cães tipicamente tiveram a demodicose desde a infância, mas

ficaram sem diagnóstico.

Patogenia

Se a maior parte dos cães alberga o ácaro Demodex como parte da sua

fauna normal, a questão a ser respondida é por que alguns cães desenvolvem a

demodicose e outros não (MULLER e KIRK, 1996). Estudos mostraram que existe

um fator sério, presente em cães com a sarna demodécica generalizada, que resulta

em supressão de linfócito. Entretanto, essa supressão também é influenciada por

infecção bacteriana secundária. Portanto, parece que os ácaros demodécicos, assim

36

como a piodermatite bacteriana secundária, resultam em supressão de linfócito, que

pode propiciar a proliferação excessiva da população de ácaros. Um fator hereditário

também parece ter alguma participação, pois a eliminação dos cães acometidos

assim como dos portadores (pais e irmãos) de um programa de reprodução reduz

muito a incidência da doença clínica (HARVEY e MCKEEVER, 2004).

Características clínicas

Na demodicose localizada aparece uma área de pele que desenvolve

eritema médio e alopecia parcial. O prurido pode estar presente e a área pode estar

recoberta de capas prateadas. Podem estar presentes de uma a diversas manchas

escamosas. O local mais comum é a face, especialmente a área periocular e as

comissuras labiais. A segunda em ordem de ocorrência são as patas dianteiras.

Mais raramente, uma ou mais manchas são vistas no tronco ou nas patas traseiras.

Quando a doença está controlada, o pêlo começa a crescer de novo dentro de 30

dias. As lesões podem aparecer e desaparecer em período de diversos meses

(MULLER e KIRK, 1996).

Nos casos generalizados, a doença pode disseminar-se desde o

estabelecimento, mas geralmente começa com um múltiplas áreas mal circunscritas

da doença, que piora mais do que melhora com o tempo, numerosas lesões aparece

na cabeça, membros e tronco. Cada lesão torna-se maior, e algumas coalecem para

formar manchas. A hiperceratose folicular é freqüentemente acentuada, e um exame

das lesões quase sempre revela aberturas foliculares acentuadas e preenchidas por

hiperceratoses cônicas, ao passo que os tampões foliculares são proeminentes em

37

vários níveis nas hastes dos pêlos. Apesar de alguns cães com demodicose

apresentarem apenas modificações seborréicas, os ácaros que se desenvolvem no

folículo piloso geralmente provocam uma foliculite. Quando a piodermite secundária

complica essas lesões, o edema e a formação de crostas elevam as manchas em

placas. Depois de alguns meses, a pele cronicamente infectada fica recoberta por

lesões crostosas, piogênicas, hemorrágicas e foliculares furunculares (MULLER e

KIRK, 1996).

Diagnóstico

O exame microscópico de raspado de pele geralmente revelará os ácaros

demodécicos (HARVEY e MCKEEVER, 2004). O diagnóstico é feito por

demonstração de grandes números de ácaros adultos ou pelo achado de uma

relação aumentada de formas imaturas (ovos, larvas e ninfas) em relação aos

adultos. O cão deve ser raspado em diversos locais diferentes antes do diagnóstico

de demodicose ser descartado (MULLER e KIKR, 1996).

Segundo Muller e Kirk (1996) na histopatologia, as amostras de biópsia

cutânea de cães com demodicose localizada ou generalizada demonstram os

folículos contendo ácaros e debris ceratinosos e perifoliculite inflamatória, foliculite

ou furunculose supurativa.

Tratamento

Na demodicose localizada deve-se ter uma importância no tratamento tópico

das lesões com gel de peróxido de benzoíla, aplicados diariamente (HARVEY e

38

MCKEEVER, 2004). Em uma visita de retorno, 2 a 3 semanas após, o veterinário

responsável deve avaliar as lesões e repetir o exame de raspado de pele para

analisar a ainda há presença de ácaros (MULLER & KIRK, 1996).

A demodicose generalizada é uma doença de difícil tratamento. Os animais

têm os pêlos cortados, a seborréia secundária é tratada semanalmente com xampus

antiseborréicos e a piodermatite é tratada com antibióticos. Os ácaros são

erradicados por aplicações diárias de amitraz (10 ml de uma solução-estoque a

12,5% em 1 litro de água), em metade da superfície corporal a cada dia, até que não

sejam encontrados ácaros durante um período de 2 semanas (WILKINSON e

HARVEY, 1996).

Segundo Wilkinson e Harvey (1996) em cães, a demodicose persistente

pode ser efetivamente tratada em 50% dos casos com milbemicina (0,5 mg/kg 1-

2xdia) ou ivermectina (0,4-0,6 mg/kg 1xdia) por via oral, durante alguns meses.

Ivermectina está contra-indicada em Collies, Shetland sheepgogs e Bobtails.

Caso Clínico

Nome: Assustado

Espécie: Canina

Raça: SRD

Sexo: Macho

39

Idade: 3 meses

Peso: 1,9 kg

Anamnese

Relata-se um caso clínico de um animal encaminhado à Clínica Paranaense

de Medicina Veterinária, com a proprietária queixando-se do aparecimento de lesões

por todo corpo do animal.

Segundo a proprietária, essas lesões teriam aparecido há umas 3 semanas

aproximadamente, começando pela região do focinho e dos membros torácicos e

depois as lesões apareceram por todo corpo do animal. Relata-se também que há

áreas de alopecia, prurido moderado e que o animal tem um odor muito forte.

Exame físico

No exame físico o animal apresentava-se levemente desidratado, estado

nutricional magro, as mucosas estavam hipocoradas, tempo de preenchimento

capilar (TPC) de 4 a 5 segundos, temperatura retal de 37,3°C, com freqüência

cardíaca de 135 batimentos por minuto (bpm) e freqüência respiratória de 44

movimentos por minuto (mpm). Na inspeção e exame dermatológico observaram-se

áreas de alopecia (figura 02), lesões eritematosas (figura 03) e em algumas regiões

havia secreções mucopurulentas.

40

FIGURA 02 – PACIENTE APRESENTANDO

ÁREAS DE ALOPECIA DEVIDO A SARNA

DEMODÉCICA.

FIGURA 03 – PACIENTE COM LESÃO

ERITEMATOSA NA REGIÃO PERIOCULAR.

41

Exame complementar

O exame complementar realizado foi o raspado de pele (figura04), onde

este confirmou o diagnóstico de Sarna Demodécica, devido à presença de ovos e

pelo número elevado de ácaros do gênero Demodex canis (figura 05).

FIGURA 04 – RASPADO DE PELE VISTO

NO MICROSCÓPIO ÓPTICO.

42

FIGURA 05 – ÁCARO DE DEMODEX

CANIS EM ESTÁGIO ADULTO.

Tratamento

O tratamento, se baseou no internamento do paciente e administrado

ivermectina por via oral um comprimido a cada 48 horas, durante quatro dias.

Banhos com amitraz porque poderiam ser feitos, porém, havia lesões e poderia ser

muito doloroso para o animal devido à alta vascularização nesses locais, por isso foi

feito o uso de ivermectina durante alguns dias e depois poderiam ser feitos os

banhos. A manutenção do tratamento se baseou no uso de ivermectina por via oral

meio comprimido a cada 48 horas, durante 30 dias.

Após alguns dias de tratamento, o paciente apresentou uma boa melhora, o

odor forte já havia diminuído e as lesões sem exsudato.

43

Discussão e conclusão

Demodicose é uma doença muito comum em cães, causada pelo ácaro

Demodex canis, encontrados nos folículos pilosos. A transmissão do ácaro pode

ocorrer por contato direto logo nos primeiros dias do período pós-natal (HARVEY e

MCKEEVER, 2004), mas isso não significa que o animal esteja doente.

De um modo geral, o prognóstico de demodicose é favorável, mas no caso

de demodicose generalizada e de forma adulta é reservado. Em alguns casos, após

o tratamento pode ocorrer recidiva, tornando o tratamento para a vida toda

(MEDLEAU, 2003).

Os sinais clínicos citados por Muller e Kirk (1996) são compatíveis com o

relatado no caso. O animal apresentava áreas de alopecia, lesões eritematosas e

regiões com secreção mucopurulenta. O protocolo de tratamento utilizado neste

caso foi favorável, o paciente em aproximadamente duas semanas com uso de

ivermectina a cada 48 horas obteve um excelente resultado.

44

4.3 GLAUCOMA CANINO

O humor aquoso tem um papel essencial na entrega dos nutrientes e na

retirada dos metabólitos da córnea, da úvea, cristalino e, possivelmente, do vítreo e

da retina. Também mantém a pressão necessária para conformação do olho e para

refração (STADES et al, 1999).

Introdução

O glaucoma pode ser definido como uma pressão intra-ocular elevada que

está acima dos limites fisiológicos e que leva à perda da função do olho (STADES et

al, 1999). O aumento da pressão é quase sempre devido a alterações teciduais que

reduzem o efluxo do humor aquoso, e muitas causas e processos diferentes podem

ser responsáveis. Assim, o glaucoma resulta de uma elevação da pressão intra-

ocular como resultado da obstrução no efluxo do humor aquoso na região da câmara

anterior e malha trabecular (THOMSON, 1998).

A pressão intra-ocular é entre 15 e 25 mm Hg, já pressões entre 25 e 30

mm Hg são considerados glaucomas, e pressões de mais de 30 mm Hg podem ser

consideradas glaucomas avançados (STADES et al, 1999).

Segundo Gelatt (2003), o glaucoma consiste em cinco estágios, onde o

primeiro consiste em um evento inicial ou uma série de eventos, o segundo em uma

obstrução do sistema de drenagem do humor aquoso resultando de um evento

inicial ou de uma série de eventos, o terceiro consiste em uma pressão intra-ocular

elevada que é muito alta para o fluxo axoplamático do nervo óptico e fluxo

45

sangüíneo, o quarto em um disfunção das CGRs com resultante degeneração do

nervo óptico e por último perda do campo visual e cegueira.

Etiologia

Etiologicamente é dividido e classificado como, primário, secundário e

absoluto (STADES et al, 1999).

O glaucoma primário é definido como um glaucoma não acompanhado ou

precedido por outra doença. Ocorre regularmente em cães e é raro em gatos

(STADES et al, 1999). Ele está geralmente relacionado à raça e tem freqüentemente

natureza hereditária (BIRCHARD & SHERDING, 1998). Freqüentemente, cães se

apresentam com episódios congestivos agudos de glaucoma primário porque o dono

não está atento a alterações incipientes que ocorreram. Estas são refratárias a

tratamento médico efetivo. É por isso que o reconhecimento precoce é tão

importante na conduta desta doença (STADES et al, 1999). Em cães com evidência

clínica, os ângulos de filtração da íris estão deslocadas para frente, em aposição

com a córnea, e há colapso dos plexos venosos da esclera. Outras alterações

encontradas em globos oculares incluem sinéquias anteriores extensas, distensão

da esclera e colapso da fenda ciliar e da malha trabecular (THOMSON,1998).

O glaucoma secundário pode ocorrer como resultado de anormalidades

correlacionadas com o cristalino (luxação de cristalino, secundário a uveíte como

resultado de liberação de proteínas do cristalino, no pós-operatório de extração do

cristalino), com a úvea (trauma, uveíte), ou devido ao uso de medicamentos

(STADES e colaboradores, 1999). Segundo Thomson (1998), a maioria dos casos é

unilateral e ocorre no globo que apresenta as lesões causadoras.

46

O glaucoma absoluto em uma proporção consideravelmente grande de

casos, as alterações devidas ao glaucoma já estão tão graves que não é mais

possível determinar se o glaucoma é primário ou secundário. Esses casos são

descritos como glaucoma absoluto (maligno) (STADES et al, 1999).

Características clínicas

Os sinais clínicos dependem do estágio da doença e de algum modo, do

tipo do glaucoma. O estágio pode ser assimétrico no mesmo cão, com um olho em

um estágio avançado da doença e o outro aparentemente normal ou em um estágio

bem inicial (GELATT, 2003).

No estágio leve, o animal pode ser assintomático, leve midríase, edema

corneano transitório, congestão episcleral variável, aparência do nervo óptico

normal, pressão intra-ocular de aproximadamente 20 a 30 mm Hg, visível. No

estágio leve à moderado, ocorre midríase variável, congestão episcleral, variáveis

graus de edema e estrias corneano, leve buftalmia, início de subluxação da lente ,

variáveis alterações da retina e disco óptico, pressão intra-ocular de 30-40 mm Hg,

visão normal a algum prejuízo. E no estágio avançado, ocorre midríase persistente,

edema corneano com estrias corneanas, sinéquias anteriores periféricas e

fechamento do ângulo, buftalmia, descolamento da lente da fossa hialóidea,

formação de catarata cortical, degeneração do humor vítreo e sinérese,

degeneração extensiva da retina e do disco óptico, pressão intra-ocular maior que

40-50 mm Hg, visão prejudicada intermitente a cegueira total (GELATT, 2003).

A pressão intra-ocular deve ser avaliada em qualquer olho que se mantenha

persistentemente vermelho e, especialmente, em raças com predisposição familiar

47

para glaucoma. Individualmente, os sinais clínicos (pupila dilatada, edema de

córnea) não são patognomônicos de glaucoma na ausência de elevação

concomitante da PIO (FENNER, 2003).

Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se no histórico, exame físico e exame oftálmico do

animal. No exame oftálmico deve ser feito a tonometria, gonioscopia e

oftalmoscopia. A tonometria está disponível em digital, indentação e aplanação. A

tonometria digital pode detectar o globo extremamente mole, mas a avaliação da

firmeza também é influenciada pela conformação racial e não é confiável (FENNER,

2003). Já a de aplanação é a mais confiável, com o uso de somente anestesia

tópica, o exame é realizado, depois a leitura com medidas consistentes da PIO

devem ser obtida (GELATT, 2003). A gonioscopia é o exame diagnóstico do ângulo

iridocorneano e da abertura da fenda ciliar ou ângulo de filtração, embora seja útil

para o especialista, o exame não é essencial para o diagnóstico ou tratamento de

glaucoma (FENNER, 2003). Uma combinação de oftalmoscopia direta (maior

magnificação) e indireta (maior campo de visão) é recomendada para o manejo

clínico dos pacientes glaucomatosos caninos (GELATT, 2003). Tanto a cabeça do

nervo óptico quanto a retina são cuidadosamente examinadas para degeneração,

pois este avalia se existe atrofia do nervo óptico reversível. No glaucoma crônico,

observa-se o nervo óptico escuro ou pálido, atrofiado ou em forma de cálice, atrofia

retinal peripapilar e, em alguns casos, hemorragia retinal. Uma observação de nervo

óptico normal não assegura que a visão será restabelecida (FENNER, 2003).

48

Segundo Fenner (2003), No exame oftálmico ainda examina-se a câmara

anterior com a lanterna pequena e amplificação, em busca de uveítes e massa intra-

ocular e para avaliar a posição do cristalino. Devem-se avaliar os reflexos luminosos

pupilares direto e consensual. A pupila acometida está semidilatada a dilatada. A

ausência de reflexo luminoso pupilar consensual indica lesão do nervo óptico, mas

não determina se a lesão é reversível. A presença de reflexo luminoso pulilar normal

pode contribuir para a diferenciação de edema corneano difuso causado por distrofia

de endotélio corneano provocado por glaucoma. Avalia-se a visão e observação do

olho oposto para verificar a predisposição ao glaucoma e a necessidade de terapia

profilática.

Tratamento

Nenhum regime de tratamento isolado para os glaucomas caninos é possível,

por causa dos muitos tipos que existem. Em glaucomas secundários, a causa

iniciante é identificada e, se possível removida ou suprimida (GELATT, 2003). A

terapêutica inicial para caso agudo ou crônico é a mesma. O glaucoma crônico

geralmente responde melhor ao tratamento, portanto as doses e concentrações

podem ser reduzidas mais rapidamente aos níveis de manutenção e o tratamento

cirúrgico é indicado com menor freqüência (STADES et al, 1999).

49

Tratamento clínico

Segundo Gelatt (2003), o tratamento medicamentoso para glaucoma é o

aspecto mais importante, porque os procedimentos cirúrgicos freqüentemente ainda

requerem concomitante terapia medicamentosa.

O tratamento clínico é mais efetivo quando o diagnóstico de pressão intra-

ocular elevada pode ser feito antes de advirem os sinais clínicos. Isso requer

reconhecimento precoce e educação dos veterinários. O glaucoma é ainda incurável

e é controlado somente por tratamento clínico, que deve ser monitorado

constantemente com objetivo de ser efetivo. Animais, independente da espécie,

apresentando sinais avançados de glaucoma raramente respondem efetivamente a

tratamento clínico e são, portanto, candidatos para aqueles procedimentos para

reduzir a dor, mesmo sem restaurar ou manter a visão (STADES et al, 1999).

Segundo Stades et al (1999), os princípios básicos da terapia do glaucoma

incluem à redução da produção de aquoso, melhora do fluxo de saída e redução do

volume intra-ocular.

Segundo Gelatt (2003), o tratamento profilático do olho contralateral em

cães apresentando glaucoma primário unilateral parece adiar o aparecimento de

glaucoma nestes olhos. Parassimpaticomiméticos ou mióticos podem ser utilizados

na maioria dos glaucomas e são freqüentemente combinadas com IACs e

antagonistas B-adrenérgicos. Os IACs sistêmicos (acetazolamina, metazolamina) e

tópicos (dorzolamina e brinzolamina) reduzem a pressão intra-ocular em 20 a 30%.

O efeito máximo usualmente ocorre em 4 a 8 horas após a administração oral, e os

efeitos hipotensores não dependem de diurese.

50

Agentes adrenérgicos tais como a epinefrina baixam a PIO, mas eles devem

ser combinados com outras drogas para alcançar a maior diminuição. B-

adrenérgicos ou B-bloqueadores (timolol, betaxolol) são freqüentemente utilizados

clinicamente duas vezes ao dia em cães com glaucoma.

Agentes hiperosmóticos tais como o manitol são utilizados sistemicamente

no tratamento de curto prazo para glaucoma agudo e antes de procedimentos

cirúrgicos para glaucoma. Com a osmolaridade sangüínea aumentada, água é

removida do humor aquoso e do corpo vítreo, assim reduzindo a PIO. Manitol é

administrado intravenosamente na dose de 1,0 a 1,5 g/kg. Hipotensão ocular torna-

se evidente dentro de 30 minutos e dura por pelo menos 5 horas.

Certas prostaglandinas baixam a PIO. E quando instiladas uma ou duas

vezes ao dia, baixam a PIO em aproximadamente 20 a 30%.

Posteriormente à instituição desse regime terapêutico, deve-se reavaliar o

olho quanto a visão. Se este possuir visão, manter a terapia tópica e a oral em dose

baixa. Mais tarde, a cirurgia pode ser necessária para controlar a pressão. Se o olho

estiver cego e se o glaucoma ainda estiver presente, a prótese intra-ocular, a

enucleação ou a repetição do tratamento podem ser opções (FENNER, 2003).

Tratamento cirúrgico

Segundo Gelatt (2003), procedimentos para prevenir a dor ocular, para

reduzir o aumento de volume do bulbo ocular cego para um tamanho próximo do

normal, e para fornecer um olho mais bem aceito esteticamente, que não necessita

mais de medicações, incluem destruição farmacológica do corpo ciliar com injeção

intravítrea de gentamicina; prótese intra-escleral ou intra-ocular, na qual uma bola de

51

silicone é colocada no bulbo ocular eviscerado; esclerotomia posterior combinada

com vitrectomia e enucleação.

Existe outro método, segundo Stades et al (1999), como drenagem do

humor aquoso com ajuda de um implante (tubo fino de silicone), que drena o fluido

para o espaço subconjuntival\retrobulbar, onde é absorvido pelos vasos conjuntivais.

Destruição farmacológica do corpo ciliar com injeção intravítrea de

gentamicina é um procedimento utilizado em olhos caninos glaucomatosos cegos.

Ela é citotóxica para o epitélio do corpo ciliar e retina, e tal terapia quando bem

sucedida baixa a PIO em 65% dos pacientes. Aproximadamente 50% de olhos não

respondem à primeira injeção de gentamicina, também não respondem após a

segunda e aproximadamente 10% de olhos se tornarão colapsados após o

tratamento (GELATT, 2003).

Se o custo não é uma limitação, a preferência é pela evisceração e prótese

intra-escleral. Este procedimento trata a dor associada com o glaucoma, dirige-se à

exposição corneana, fornece um tamanho previsível do bulbo ocular e elimina a

necessidade de tratamento para glaucoma (GELATT, 2003).

Prognóstico

A visão residual pode ser avaliada em 1-2 semanas após a restauração da

pressão intra-ocular normal. O olho bom deve ser protegido para avaliar a visão do

olho tratado. Apesar da terapêutica, o prognóstico quanto à visão em longo prazo

deve ser reservado. Em mais de 50% dos pacientes o olho afetado torna-se cego,

apesar de todos os esforços terapêuticos (STADES et al, 1999).

52

Caso Clínico

Nome: Yago

Espécie: Canina

Raça: Cocker

Sexo: Macho

Idade: 12 anos

Peso: 17,5 kg

Anamnese

Relata-se um caso clínico de um paciente encaminhado à Clínica

Paranaense de Medicina Veterinária, apresentando aumento de volume no olho

direito.

A proprietária relata que desde o início do ano o animal apresentava o olho

direito congesto (figura 06), mas há umas 2 a 3 semanas o caso estava piorando e

que as vezes ele se batia nos móveis da casa.

Exame físico

Ao exame físico a temperatura retal era de 38,3° C, freqüência cardíaca de

128 bpm, freqüência respiratória de 48 mpm, mucosas normocoradas, tempo de

preenchimento capilar (TPC) de 3 segundos. No exame oftálmico, com o

53

oftalmocóspio, observou-se que o animal havia perdido a função daquele olho e que

ele não voltaria a ter visão após o tratamento.

FIGURA 06 – PACIENTE APRESENTANDO OLHO

CONGESTO E COM BUFTALMIA.

FIGURA 07 – PACIENTE APRESENTANDO

GLAUCOMA NO OLHO DIREITO E CATARATA

NO OLHO ESQUERDO.

54

Exame complementar

Realizou-se o teste com fluoresceína (figura 08), detectando uma úlcera de

córnea, devido à elevação da pressão intra-ocular e o animal não conseguir fechar

totalmente o olho.

FIGURA 08 – EXAME COMPLEMENTAR COM

FLUORESCEÍNA DETECTANDO UMA ÚLCERA

DE CÓRENEA.

Tratamento

O tratamento baseava-se em terapêutico ou cirúrgico, onde a escolha seria

feita pela proprietária. Então com o tratamento escolhido a indicação terapêutica foi

a administração do Timolol® 0,5%, duas gotas a cada 6 horas, durante 7 dias e

Epitezan a cada 8 horas, durante 7 dias e administração sistêmica com furosemida

20mg|kg a cada 8 horas, durante 7 dias.

55

Uma semana após foi marcado a reconsulta para nova avaliação do olho,

porém não houve nenhuma melhora e a pressão intra-ocular ainda estava

aumentada, notava-se uma extensa vascularização corneana abaixo da área de

úlcera. Um novo tratamento foi recomendado, pois o uso dos medicamentos

prescritos não haviam tido resultado, então se fez uma nova prescrição com a

administração tópica de Xalatan® 2 gotas a cada 8 horas, durante 7 dias.

Após 7 dias em uma nova reavaliação, o olho direito havia melhorado

parcialmente 50% e a PIO havia diminuído. O uso do medicamento seria continuado

por mais uma semana e reavaliado novamente.

Na nova reconsulta a pressão intra-ocular havia aumentado e a temperatura

do animal estava um pouco aumentada com 38,2°C. Assim, recomendou-se a

cirurgia novamente, porém a proprietária não queria e achava esteticamente feio,

então foi marcado uma última consulta após mais 7 dias e que era para encerrar o

uso do medicamento. Após sete dias o olho direito do animal estava melhor, e a

úlcera corneana já estava convalescida. Sendo assim, o tratamento feito teve um

bom resultado, porém, o olho continuava sem visão, e o animal foi liberado.

Discussão e conclusão

O glaucoma é uma doença grave, caracterizada pelo aumento da pressão

intra-ocular (PIO), causando danos na retina e promovendo cegueira. Nas fases

iniciais de elevação da PIO a capacidade de resolução visual nos cães assim como

em humanos, ainda não está perdida (GELATT, 2003).

As técnicas cirúrgicas que visam a formação de uma nova via de drenagem

tem sido uma opção para diminuir a PIO, em vista de que as causas de aumento da

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pressão intra-ocular, são geralmente por obstrução ou dificuldade na drenagem do

humor aquoso. A grande barreira em oftalmologia veterinária é que os pacientes

com glaucoma chegam ao especialista em estágios avançados da doença. Quando

se trata de glaucoma agudo, até que seja recomendado pelo clínico geral, a

condição de cegueira definitiva já está instalada e quando o glaucoma é crônico, não

chega a ser percebido inicialmente. A medição periódica da PIO é importante, no

que diz respeito ao diagnóstico e tratamento precoce, principalmente nos cães de

raças predispostas.

Somente com o tratamento precoce poderemos retardar ou até mesmo

evitar os danos funcionais irreversíveis do glaucoma. Embora sejam mínimas as

chances de devolver a função ao olho, pelo menos a estética pode ser preservada, e

o conforto, proporcionado ao paciente (FENNER, 2003).

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5 CONCLUSÃO

A realização do estágio obrigatório na Clínica Paranaense de Medicina

Veterinária proporcionou a oportunidade de interagir com outros profissionais

qualificados na área, permitindo aumentar os conhecimentos para a vida

profissional.

Para a preparação deste trabalho, o critério de escolha dos casos

relatados baseou-se na incidência da ocorrência e pela afinidade com certas

doenças, tornando o trabalho de conclusão de curso mais interessante.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Pequenos Animais: Guia para o Diagnóstico. 2 ed. São Paulo: Manole, 1996.

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