universidade tuiuti do parana -...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA
Agnes Lopes Gehrke
A EDUCAI;Ji.O ESCOLAR, NA EDUCAI;Ji.O BAsICA,
DENTRO DA PLURALIDADE CULTURAL,
NA ERA PLANETARIA
Curitiba2006
Agnes Lopes Gehrke
A EDUCAC;Ao ESCOLAR, NA EDUCAC;Ao BAsICA,
DENTRO DA PLURALIDADE CULTURAL,
NA ERA PLANETARIA
Trabalho de: CondlJs~o de Curso apresentado aDCurso de Pedacogia dOl Faculdade de Ciencis$Humanlls, Letms e Artes, da Universidade Tuiutido Parana, como requisito parcial para 8 obtencAodo grau de Pedagogo(s).
Orientadora: Prof. Maria Cristina Borges da Silva
Curitiba2006
,('If Universidade Tuiuti do ParanaFACULDADE DE ClENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
Cursa de Pedagagia
TERMO DE APROVA<;:iiO
NOME DO ALUNO: AGNES LOPES GEHREKE
TiTULO: A Educar;.io Escolar, na Educar;.io Basica, Dentro daPluralidade Cultural, na EraPlanetaria
TRABALHO DE CONCLUsiio DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTEN<;:iio DO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOG lA, DO CURSO DE
PEDAGOGIA, DA FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.
MEMBROS ~A ,C?~ADORA:
PROF(a). ~TINA BORGES DA SILVA
ORIENTADOR(A) ~
PROF(a\Ua~S'~v~s ROCHA
MEMBRO DA BANCA
'tf.c-~~~PROF(a) MARILZA DO ROCIO M1ITDL PESSOA DA SILVA
MEMBRO DA BANCA
DATA: IBIlI 12006
MEDIA: _Hz_Q _CURITIBA - PARANA
2006
Dedico este traba/ho a Minha Mae,
que partiu para junto de Deus poucos dias ap6s a inicio desta minha caminhada,
intercedendo par mim nas horas mais dificeis,
quando a so/idao e 0 desanimo pareciam ser as meus unicos companheiros.
Deixando em mim 0 exemp/o da for9a e da persistencia,
que e/a teve enquanto estava entre n6s.
Agrade90 em primeiro lugar a Memore Restori,
pela confianya, paci~ncia e apoio.
Agrade90 a Cristina Galvao, que mesmo longe,
sempre teve 0 ·o/har materno" necessario nas haras dificeis.
Agradeyo a minha orientadora Maria Cristina,
E tambem a: Ana Paula, Deise, Marize, Rosemar, Toninho e a todos que me
ajudaram de varias formas.
N~o duvidemos que os locos da mudanqa de era se revelarao mliltiplos,
inesperados, disseminados por toda a sLlperficie da Terra. Queiramos au n~o,
saibamos au n~o.a humanidade entrou em sua fase de mundializaqao, e a
civilizaq~o que vial se houver uma, ntJo podera ser senilo planetaria. Resta-nos
saber qual sera 0 faior de atraq8o: a universaliz8q8o do sistema atual, para maior
proveito de alguns, ou a expanseo dos habitantes da Terra para coloear em comum
suas diferenq8s GultL/rais?
Jacques Robin
RESUMO
o abjetivo deste trabalho e apantar novas perspectivas para 0 processo educativD,da educa~o basica, no contexto da globalizac;ao, que vise formar cidadaos comurna consci~ncja aberta ao pluralismo, raspeito as diferenr;8S e responsabilidadecom 0 planeta Terra. As questoes apresentadas abordam os novas desafios paraeducat;:8o trazidos junta mente com 0 fenOmeno da globaliza~o. Faz urnaretrospectiva da defasagem entre as objetivos da educacao e as praticas de ensino.A partir dessas questoes foram feitas pesquisas bibliograficas e pesquisa de campopara subsidiar a analise e assim apantar assas novas perspectivas para educacaodo seculo XXI, e, principal mente verificar sa a educagao escolar asta preparada nao56 para passar as conhecimentos aos alunos, mas formar cidadaos integros.
Palavras-chave: gtobatizac;ao; pluralismo culturat; educac;ao integral.
SUMARIO
RESUMO
1 INTRODUI;:AO . . . 8
2 OBJETIVOS. . 10
2.1 Objetivo geral . . 10
2.2 Objetivos especificos . 10
3 FUNDAMENTA<;:AO TEQRICA.. . 11
3.1 OS NOVOS DESAFIOS PARA A EDUCA<;:Ao .
3.1.1 0 fen6meno da globaliza,ao ..
3.1.2 Pluralidade cultural ..
3.1.3 Rumo a era planetaria.
. 11
. 11
. 16
. 19
3.2 A DEFASAGEM ENTRE OS OBJETIVOS DA EDUCA<;:AO E A pRATICA DE
ENSINO. . 23
3.3 NOVAS PERSPECTIVAS PARA A EDUCA<;:AO DO SECULO XXI 29
3.3.1 Educando a pluralidade cultural.
3.3.2 0 cui dado com a natureza .
4 PROCEDIMENTOS METODOLClGICOS .
5 PESQUISA DE CAMPO ..
5.1 ANALISE DAS ENTREVISTAS ...
5.1.2 Discussao .
6 CONSIDERA<;:ClES FINAlS.
7 REFERENCIAS .
. 32
. 35
. 38
. 39
. 39
. 47
. 50
. 52
1 INTRODU<;:AO
A Educar;ao Escolar, e de modo especial nos anos iniciais, S8 depara com a
complexa realidade social do Pais gerada pela pOs-modernidade. 0 surgimento do
pluralismo cultural favorecido pelo fen6meno da globalizaylio desafia a educac;ao
escolar e as educadores, na busca de novos caminhos, novas metodologias para
estarem a altura dos desafios trazidos par urna sociedade em continua mudan9C3 e
cada vez mais mundializada.
Olema escolhido para este Irabalho de pescuisa e devido a dois motivos: 0
primeiro e par causa da pluralidade cultural tipica do Brasil cujo rosta mais
fascinante encontra-se no ambito esoolar; 0 segundo motivD e por causa das
mudanc;as ocorridas na sociedade mundial durante as ultimas decadas afetando
radical mente 0 contexte social, politico, econOmica, religioso e do meio ambiente.
No Brasil, tambem, desde as anos naventa, foi S8 desenvolvendo 0
fen6meno da globalizac;ao que, com forte aceleraylio imposta pelo neoliberalismo,
inseriu a vida do Pais dentra desta realidade mundial.
A partir do grande desenvolvimento cientifico e tecnol6gico acontecido em
meados do sEkula vinte: KO milagre~ das telecomunicay6es, as viagens
intercontinentais, a globaliza920 dos mercados e das finanyas, a humanidade
deparou~se com uma nova realidade onde possibilidades e desafios, ate entao
inimaginaveis, se apresentam ao mesmo tempo.
Perante este "novo mundo", asia "aldeia global"' onde as interag6es
culturais, socia is, politicas, econ6micas e religiosas multiplicam~se continua mente;
I Tooria de McLuhall sobrc Alckb GlobJl dC1CR:\"C1I0 cfcilo dn mdio nos :tnOS20. :'0 Ir<.lzer:Ue nos um contalol1ulis rfipido e mnis inlimo COlli05 oulros do que alSlIlll1t vcz ilconicctril nnles. 0 termo Aldeia GIOb.llpro"Jvelmenlc deriva d:l obrn de P. Wyndl1.1m Lewis, Atneric..1 and thc Cosmic Mano, primciro pUblic:ld:l llillngi:llcrm CIlI 1948. c 1I0:1Il0 scguinlc 1101 EUA.
torna-se urgente pelos envolvidos na educar.;:ao escolar, uma re-contextualiza~o do
processo de ensino-aprendizagem no ambito desta realidade.
o processo de formatayao da atual sociedade esta sendo trazido, com toda
a sua complexidade, para dentro das salas de aula, pelos alunos atrav8s de suas
diversidades, maneiras de ser, de pensar, agir, de se relacionar. 0 encontro desta
pluralidade desafiando todo a processo educativ~ esta se revelando um elemento de
grande importancia para a constru~o de uma sociedade reestruturada, sobre as
valares mais verdadeiros de cada pav~, cultura e religiao. De fato, e no contexto
escolar que S8 projeta e se colocam as bases de uma nova humanidade.
Portanto, requer-se por parte do corpo docente uma nova compreensao e
reformula~o do processo educativo vi sando proporcionar aos alunos novas
parametros para uma convivencia pacifica e enriquecedora numa sociedade
planetaria cuja Na~o identificar-se-a com 0 Planeta Terra.
10
20BETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar as novas perspectivas do processo educativ~, da educa~o basica,
no contexte da globalizayao, buscando compreender S9 asta S8 formando cidad~os
com urna consci~ncia aberta ao pluralismo, raspaito as diferenyas e
responsabilidade com 0 planeta Terra.
2.2 OBJETIVOS ESPECiFICOS
• Analisar as mudanc;as que Qoorreram e ainda estao ocorrendo no mundo
globalizado que influenciam 0 processo educativo;
• Verificar S9 0 processo de ensino-aprendizagem responde aos noves desafios
trazidos pela globaliza~o;
• Buscar compreender junto aos envolvidos nas praticas educativas sa a
formayao atuat de professores au licenciados favorace 0 desenvolvimento
integral do aluno.
II
3 FUNDAMENTA9AO TEORICA
3.1 NOVOS DESAFIOS PARA A EDUCACAo
A educa<;.3o atraves do seu processo historico paraee que sempre esteve
atrelada a algum tipo de ideologia, e conforme 0 tempo em que S8 encontra,
reproduz a sociedade, adaptando-a sempre num determinado contexto.
Portanto, fazendo uma -leitura- das ultimas decadas, neste capftulo sera
abordada a fenOmena da glabalizal'<3a e suas conseqOencias, tanto na educa<;i!a
quanta na sociedade. Em seguida a abordagem seguira facada em torna da
pluralidade cultural que junto a glabaliza9aa trouxe certa "crise" frente esta questaa
tendo duplo senti do: negativo e positivo. Par fim compreender sabre a "era
planetaria" que vai resgatando a dimensao da humanidade como comunidade
universal.
3.1.1 0 fenOmena da glabaliza9aa
Para a Canselha Episcopal Latino Americana (CELAM)' a glabalizal'<3o, no
seu desenvolvimento S8 apresenta como:
{...] um fenOmeno recente e acelerado, de rnudan~s radicais, caracterizadoprincipalrnente por uma integraylo mais estrei1a entre os paises e as povosdo rnundo, que. revolucionou a econornia e 0 trabalho, a com~rcio e asfinances inlermu;ionais, as cornunica¢es e as culturas do orbe1. (CELAM,2003, p. 10)
: Consetho EpiscojXli Latino Amcricnno) Tod:ls as cuitums do lllundo
12
A complexidade deste fen6meno gerou e ainda asta gerando transformagoes
imprevisiveis, fazendo com que a globaliza9~o represente urn verdadeiro desafio
para a humanidade.
A globaliza<;iio e caracterizada tambEim pelos seguintes fatores: a revolu<;iio
da comunica<;iio e da inlormaylio que aumenta a inter-rela<;iio entre a midia mundial,
a reivindica980 dos direitos humanos que ja estao S8 pondo em escala planetaria, a
questeo da pobreza que asta mostrando 0 aumento do de snivel entre as mais ricas
e as mais pobres, a polftica global cada vez mais contestada palo mundo da cultura
e palas ONGs, 0 fracasso do discurso pseudo-8cologico com todas as SU8S
conseqLH~ncias, a aumento dos fluxes migratorios dos parses excluidos do sui do
mundo e os conflitos cada vez mais acirrados entre mundos culturais e religiOes.
Neste sentido, e bastante interessante analisar as trabalhos de varios
autores, das diversas areas do conhecimento, como soci610gos, ge6graf05, filosofos,
pedagogos, te610gos entre outros, que est:io contribuindo, com suas diferentes
abordagens, na discussao sabre ° fen6meno da globalizaC;Bo, que segundo 0
Conselho Episcopal Latino Americano, ·para alguns, signifiea vida e erialividade,
progresso e realiza9~a; e, para a grande maioria, e egaismo e fruslra9~a, exclus~o e
marte" (2003, p. 13).
A globaliza9ao ou mundializar;Ao pode ser mais perversa do que benefica; isla
porque no sistema capitalista, que tern como objetivo lucros cada vez maiores utiliza-
se sem escrupulos das novas tecnologias: a informatiza9:io e a robotiza9Bo que
podem trazer um eleito devastador no ambito das sociedades do planeta. Por este
motivo Boft aponta estes graves problemas e alerta:
[...] Utilizam-5e tecnologias de ponta, da terceira revoluryao cientifica - dainformatizacao e das comunicacOes - que aumentam enonnemente aproduyao. Entretanto, dispensam a mlio-de-oblll humana. 0 efeilo social e
8••,\\")'?"pervel"5o: grande exdusAo de trabalhadores e de int s·r I~es do mundo.POllCO interessante para acumulay:io do capital dentro de lima mentalidadeda rna is cruel indiferenva. (BOFF, 2004, p. 155-156)
13
Dentro desta perspectiva Bernard (2004), descreve a globaliza9ilo como urn
movimento que impl3e a lei da economia a todas as atividades, sem diferenciar
fronteiras, natureza ou qualidade. Para esse fenOmeno e a economia que regula 0
mundo, um movimento capitalista que induz ao ~crescimento" -4. 0 mesmo autor
ainda acrescenta que a grande maio ria dos cidadaos perdeu seu mundo, 0 senti do e
o controle em relaC;8o a muitos fen6menos devidos a essa mundializa980.
Bauman (1999), fazendo uma leitura projetada no futuro escreve que a
globalizayao e 0 destine irremediavel do mundo e um processo irreversivel; ela tanto
divide quanto une, abrindo urn fossa cada vez maior entre as que tern e as que nao
tern.
Para Santos (1996), a globaliza9ilo tern como objetivo unificar ao inves de
unir, gerando muitos conflitos na tentativa de construir um mundo 56.
Estas e outras analises que apresentam a globaliza980 como uma forma de
domlnio estendendo seus ~tentaculos· atrav9s da economia e da mundializa<;Ao dos
mercados; e, manipulando os meios de comunica<;Ao e informacyao, avanrya com um
processo de homogeneizayao cultural resultando na redug80 da diversidade.
Considerando, 0 que pcderiamos chamar de "efeito colateral" do fen6meno da
globaliza9ilo, Barret-Ducrocq acrescenta que: "[ ... ] geralmente destruidor de
diversidade, ele gera indiretamente em sua esteira uma consideravel soma de
formas culturais reativas ao processo de integra~o e de unificayao que ela
representa" (2004, p. 65).
~Crc9:imcnt coonOmioo: re(cre.-s,c i.a mllllento da rnp.lcid'lde produti,,:t dll CCQI}()min.!>ortnnto, mUllento (tlpJ'odu~ de bcm e scr..j~ de 11111 dettrmin:uio lUis ou setoe e b.1.siealllC:ntcpck'OSindiCC'$de c.resc;imenlo mmllldo Produlo NacionL1! Bruto (PNB). DesenvoiviIllconto (!()On mico: !C\1\m em oontl't os falore,s de cre.scimcntoecont'imiro aoollllxlllh..'l:dru pd!\ mdhori.'l dos padraes de "ida de ullin popub~'o.
14
Porem, a percepyao do fato que "formas culturais reativas' estao nascendo
dentro da propria globaliza,80, mostra 0 que poderiamos chamar de paradoxo da
masma; ista e, a vulnerabilidade do fenomeno expressa na seguinte analise:
o paradoxa de g'obaliUl~o e que, embora represente, de urn lado, urnaamea9B as nossas culluras regionais, nacionsis e minoritarias, ela traz aome!mo tempo 0 meio de garantir-Ihes a perenidade. As culturas nacioniismordam as identidades, e a identidade e urn falor essencial para dar aspessoas urn sentimento de bem-eslar, um objetivo e urn quadro moraldentro dos quais elas podem agir e colaborar urns com 8S outras. Mesmono secul0 XXI, a perspediva de ver urna identidade mundial ecJipsar asidentidades locais e muito longinqu8. A dimensa.o global n!i.o traz 0sentimento de perten9C'l do qual as seres humanos precisam part! preservarurn senlido de seu ego no seio de urns cuJlU/l!I com urn imag;nallel.Efetillamente, embora tenila feito 0 Olobo encolher, deixando pouquissimoslugares sentirem~se estrangeiros, a globalizat;Ao tllmbem permitiu que osPOIiOS tomassem ums consciancia aindll mais viva de sua identidade emrelacao ados lIizinhos pr6ximos ou distantes. Em certos POIIOS, essefenOmeno originou 0 desejo de fechar-se ern particularismos mais estreitos,eliminando os que sAo diferentes. Sem dUlilda Jacques Delors tinha razaoem dizer: 'A causa dos futuros conflitos sertt, mais prollavelmente, de ordemcultural do que de ordem econOmica ou ideol6gica'. (BARRET-DUCROCQ,2004, p. 207-208)
Tudo isso pode ser interpretado como 0 ponto fraco da globaliza,ao ou da
rnundializac;ao que enquanto tenta, com todos os meiDs, nivelar, abafar,
homogeneizar; do outro lado fornece a estopim para urn movimento de justa revolta
que esta se percebendo no mundo inteiro. Isto significa que qualquer acontecimento
que ocorra no planeta, desde a descoberta de algo de novo, como tambem
catastrofes, reviravoltas polfticas, fatos de terrorismo ou eventos rnundiais de
esportes; tudo a que acontecer, seja no bern como no mal, ira afetar a todos: a
humanidade como um todo; porque, e da janela sobre 0 mundo que a globalizayao
abriu atraves dos seus interesses econ6rnicos e que aparecerao as diston;6es do
mesmo fen6meno.
Neste cenario da realidade planetaria feita de encantos e angustias somas
levados a afirmar que estamos num momenta hist6rico mundial que tern, sem duvida
15
alguma, algo de inedito. Perante este "novo· conhecido e ao mesmo tempo
desconhecido, tambem pode S8 colocar uma serie de perguntas relativas aeducayao. Neste sentido e interessante a colocayao de Oliveira:
Ha uma pergunta Que nAo pode ser eliminada, quando, em noS$Osdias,falamos em educaclo: sera que n6s nos situamos, em nosso pensar e emn05S0 agir, realmente, no mundo de hoje? Nossa mundo estt\ passando parmudant:;:as tAo profundus que abalam as bases de nossa cjvjJjzll~o comourn todo e parecem levar ~ construylio das bases para urn novo padraociviliut6rio. Nao se snuncis, hoje, par todos as cantos, uma sociedadeglobal, p6s-industrial, de infonna~o e de comunica~o em processodeplanetarizac,;Ao, ums civilizaylio nova, na qual vigira ums cidadania mundis!e c6smitA:!,Que esta sendo construida pels mOOiaeao de pratica de peSS08S,grupes e comunidades ern todo 0 mundo? Nao e tAo comum falar-.seatualmente de crise de paradigmas? Nossas agendas de discuss!io naoeslAo replets, de temas novas, slJoeridos pelos processos sociais emcurso? As queslOes levanladas pelos novas l!IIores socia is e politicos n~oultrapassam nossos padr~es civilizat6rios? NAo apontam todos eles para aconstruc;aode um mundo novo poli~nlrico, transcultural e multirreligioso?N~o esla emergindo uma nova consci~nci8 que indica a construyao de urnahumanidade nov.? Nao sera que boa parte de nossas matrizes depensamento e de a~o ainda se encontram radicadas nos pres5upostos deurn mundo que esla pusando? Nossa educac;ao nao continua a ser a dovelho mundo? Nossos esquemas de interpretayao do rnundo nao eslAolonge de cultura oontempon\nell? (OLIVEIRA, 2001, p. 253-254)
Portanto, perante estes desafios percebe~se a urgencia de repensar a
formayao docente: um profissional de educayao que saiba ~Ier"as acontecimentos
mundiais com suas liga¢es e interdependencias, estimulando as alunos no
desenvolvimento de suas capacidades crfticas e construtivas, visando sua
parIicipayao ativa e responsavel na sociedade. Porem, a formayao docente parece
estar "cristalizadaM abandonando 0 desejo de novas indagacy6es,novas lances em
busca de novos horizontes para 0 mundo da educayao.
Dentro deste contexto, se faz necessaria refietir como trabalhar com a
pluralidade cultural dentro e fora da escola e no respeito da identidade de cada
sujeito.
16
3.1.2 Pluralidade Cultural
Segundo os Parametros Curriculares Nacionais (1997), 0 Brasil oj um dos
paises com a maior diversidade cultural e etnica do mundo. 0 pavo brasileiro eccmposto por descendentes de povos africanos e indios, brasileiros integrantes de
varias etnlas. Hit urna significativa presenc;a de imigrantes e descendentes de
portugueses, espanh6is, ingleses, franceses, italianos, alemaes. poloneses entre
muitos Quiros. 0 area do pluralismo nao S8 limita 56 ao ambito atnico-cultural,
estende-se tambem a dimensao religiosa: brasileiros cat6licos, evangelicos,
budistas, judeus, mul9umanos, seguidores de tradi<;Oesreligiosas africanas, etc.,
formam a cara multicultural do Brasil.
Dentro deste mesma contexto, as Parametros Curriculares Nacionais sobre
Pluralidade Cultural (1997) mencionam a importancia do 'conhecimento e il
valorizaqao de caracterfsticas etnicas e Gulturaisdos diferentes grupos sociais que
convivem no territ6rio naciona''', Atrav8S deste tema transversal a escola esla sendo
sensibilizada a orientar a conduta de seus alunos para que assumam urna postura
dialogica, rna is aberta e acolhedora frente as diferanvas sejam alas cullurais,
religiosas, de genero, de origem; e, nao posturas discriminatorias, excludentes e
racistas.
Com 0 fen6meno da globalizac;Ao 0 mundo encolheu e tudo ficou mais
proximo: os paises, os povos, as culturas. As rela¢es sociais e intercullurais
intensificaram-se alcanvando dimensCes planetarias que, direta au indiretamente
afetam cada pais gerando serios problemas como menciana Capra:
As ultimas dU3S decadas do nOS50 seculo v4lm registrando um estado deprofunda crise mundial. E uma crise complexa, multidimensional, cujasfacelas afetam lodos 05 aspectos de nossa vida - a saude e 0 modo de
17
vida, a Qualidade do melo ambiente e das relac;Oes sociais, da economia,tecnologia e politica. E uma crise de dimensOes inlelectuais, morais eespirituais; uma crise de escala e premAncia sem precedentes em loda ahist6ria da humanidade. Pels primeiro vez, lemas que nos defrontar com areal ameaya de extin~o da raea humans e de loda a vida no planets.(CAPRA. 1982. p. 19)
Quando falamos de Kcrise- e necessaria dizer que seu senti do tem uma
conota~o dupla: negativa e positiva. E 0 mesmo autor nos lembra que:
[...] as chineses, que sempre tiveram uma vi~o inteiramente din:imica dornunda e uma percepr;Jo acuds da hist6ri., parecem estar bern dentesdessB prorunda conedo entre crise e mudanya. 0 terma que eles usampara 'crise', wei-ji, e composto dos caracteres: 'perigo' e 'oportunidade'.(CAPRA. 1982. p. 24)
Mas, onde esta a perigo, e onde esta a oportunidade? 0 perigo parece estar
presente em uma civiliza~o negadora da alteridade que ainda hoje quer continuar a
dominar a mundo com outras formas de colonizayao. A oportunidade que se esta
enxergando e a fato que a extraordinaria diversidade humana com sua riqueza
cultural se apresenta como urn caleidosc6pio onde nllo ha limite pela cria"ao de
imagens e de cores podendo-se afirmar com toda a razao: "outro mundo e
Esta maior proximidade entre as diferenvas requer uma consciencia de
cidadania com amplo raio, mais abrangente, planetaria. Estamos na presenya de um
novo contexto de rela¢es no qual se geram momentos conjunturais opostos:
condi¢es favoraveis e ao mesmo tempo situa¢es de impasse, abertura e rejei9.Elo,
dialogo e confiito.
Esle novo habitat, que sera 0 ambito natural das novas e futuras geray6es,
nos provoca para agir com uma nova responsabilidade social.
5 LcIllJ do F6rnm Socii'llMundi,,) (Por10 Alegre -2001)
18
A globaliz8c;ao com os riscos que apresenta e ao mesma tempo as
oportunidades que esconde, deve questionar profundamente 0 mundo da educa<;Ao
porque, conforme Gadotti aponta, "e dentro deste cenario da p6s-modernidade que a
escola precisa atuar, um cenario que coloca novos desanos para n6s, educadores"
(2000, p. 41). E para tanto 0 autor se pergunta:
[... ] que tipo de educa~o necessilam as homens e as mulheres dospr6ximos 20 anos, para viver este mundo tao diverso? Certamente, eles eelas necessitam de urna educacAo para a diversidade, necessitarn de urns6lica de dNef$idlJde e de urna cultura dB diversidade. Uma sociedademulticultural deve educar 0 ser humano multicultural, capaz de Quvir, depreslar aten<;Ao tiD diferente, respeila-to. (GADOlTl. 2000, p. 41)
Neste sentido para Sacristan, 0 curricula pode tornar-S9 0 maior aliado para 0
trabalho dentro das escolas e para isso 0 autor escreve:
o curricula comum nao deve ser urna imposi~o de uma determinadaoPCJocultural sobre as outras, mas pode ser entendido como urn espaco detracas, 'produto$' culturais e orienta¢es de valores compartilhados paraserem aprendidos e como posi~e5 e problemas que devem ser resolvidoscom dialogo. (SACRISTAN, 2002, p. 235).
A respeito da questao cultural destaca-se urn trabalho apresentado por
Gadoti, em Pedagogia da Terra e Cultura da Sustentabilidade, onde 0 autor aponta a
necessidade de "formar para compreensAo: formar para etica do g{mero humano,
nao para etica instrumental e utilitaria do mercado. Educar para comunicar-se. NtJo
comunicar para explorar, para tirar proveito do outro, mas para compreendfJ-lo
melhor'. Dito de outra forma pode-sa afirmar que a economia deveria estar a
servic;o da educa<;Ao; mas, "Observa-se, de fato, que no decurso do per/odo
considerado e sob a presstJo do progresso tecnico e da modernizaqao, a procura de
educaqao com nns econ6micos nao parou de crescer na maior parte dos paises"
, F6null Social MundiIll (porto AIC{lfC - 20(5)
19
(DELORS, 2004, p. 70); a mesma autor afirma que 'um dos principais papeis
reservados a educaqtJo consiste, antes de mais, em dotar a humanidade da
capacidade de dominar 0 seu pr6prio desenvolvimento· (2004, p. 82).
A partir destas analises que dizem respeito a formac;ao de alunos com urna
consciencia aberta ao pluralismo, 80 respeito as diferenc;as e a responsabilidade
com 0 planeta Terra, pode-s8 conduir dizendo que a Terra nao e somente 0 lugar
ende a globaliza~o vern S8 Hespalhando~ ditando suas regras; a Terra e muito mais
do que iSso, a humanidade com sua riqueza cultural, os seres com suas variedades
e 0 cosmo com seu esplendor fazam juntos a historia: passada, presente e futura do
planeta.
Portanto, cabe aos educadores, mesma sendo muitas vezes urna minoria nos
diversos lugares do mundo, porem, animados pel a fe desta missao, aprimorar seus
conhecimentos em busca de novas caminhos para dar respostas a altura dos
desafios trazidos pela pluralidade cultural, favorecendo as oportunidades que a
encantro entre as diferen~s pode oferecer e visando a construyao de uma nova
sociedade no ambito local e planetario.
A partir destas quest<~es percebe-se que 0 mundo, a humanidade como um
todo esta envolvido num Mmovimento planetario·; isto 8, com a queda das barreiras
entre as culturas e povos do mundo, desencadeou-se urn processo que sem duvida
levara a humanidade a uma interdependencia cada vez maior e a uma
responsabilidade universal.
3.1.3 Rumo a era planetaria
Segundo Morin (2003), a era planetaria inicia-se no final do saculo XV e 0
inicio do ssculo XVI atravss das grandes navega<;aes, quando a Extrema Ocidente
20
europeu se lan98 aos mares, em busea de novas caminhos para 0 Oriente,
inaugurando assim a era planetaria. Para tanto 0 autor escreve:
[ ... J 0 impulso de dUBs helices que servem de motor a dUBs mundializa¢essimultaneamente unidas e anlagOniCAIs. A mundializac;:Jio da dominac;:Jio, dacolonizayao e da expansAo do Ocidente e a mundializayAo das ideiashumanistas, emancipadoras, intemacionalistas, portadoras de urnsconsci~ncia comum da hurnanidade. (MORIN, 2003, p. 68)
A primeira helice da mundializa,lIo economica, do neoliberalismo, alcan92ra
seu apice no final do seculo XX; mas, como nos lembra 0 autor, no infcio do seaJlo
XXI come92 a sofrer "perturba96es':
Paralelamente a sua decolagem, surge outra dimensao que cresce comoSUi! sombra: a planetariza~o do mal-estar social, que mais tarde seexpressara num protesto, cada vez mais generaHzado, contra aquelssatividades e visOesque motorizam a primeira mundializa~o e pressupOemque 0 mundo seja govemavel como uma mercadoria. (MORIN, 2003, p. 84)
Esse ~mal estar~ que nasceu do "bern estar" como fala Morin,
apresenta-se sob diversos aspectos como: 0 individualismo, a falta de
solidariedade, a fuga atraves das drogas, a degrada~o da qualidade de vida,
as migra¢es compulsivas, a violencia contra a natureza, a perda de sentido,
os conflitos etnicos e religiosos. 0 grito deste "mal estar" esta saindo dos
poroes da hist6ria para que seja ouvido ate os ultimos confins da terra. E um
grito que, de formas diferentes, quer denunciar um projeto de civiliza~o que
largou suas vitimas em todos os cantos do planeta. E do "F6rum Social
Mundial" e, e das manifesta96es contra 0 "Forum Mundial Econ6mico", do
impacto dos aviOescontra as Torres Gemeas e ao Pentagono que esle grito
desencadeia urn pensamento comum, unanime, percorrendo a mundo de
norte ao sui, do leste aD oeste que: Na hist6ria nao podera ser mais a
21
mesma~7. Com Qutras palavras, chegamos a urna Mencruzilhada~ anda, antes
de continuar 0 caminho, precisarn-se tamar novas decis5es, fazer novas
escolhas. Os problemas que loram Irazidos a superticie, com todos esles
latos, e a ponta de um "iceberg" de propor,.ao desconhecida que na base
reune urna serie de problemas fruto das injustic;as estruturais da "nova ordem
mundial" herdada da "guerra Iria', que 0 processo de globaliza,.ao econ6mica
fez emergir e que agora est{lo estourando.
Olhando para a realidade atual do mundo, pode-se afirmar que as
acontecimenlos como os de 11 de setembro de 2001 Icram s6 um alerta de
urn processo que foi desencadeado e que ninguem saba como terminara. E
neste sentido, Gutierrez e Prado escrevem:
o destino dll humanidade, afirrna Manuel Formoso, depende em grandemedida da ~pacidade que tivennos de assumir a planetariedade comocondi~o dos novos processos sociais. Assumir a planetarledade acarreta acon5tru~o e execu~o de urn projeto de civilizayao mencionadoexpressamenle no F6rum Global da ECO 1i12: 'entendemos que a salvayaodo planeta e de seus povos de hoje e de amanhA requer a elaborac;:Aodeurn novo projelo dvi!izaI6rio'. Nessa linha de urna nova civilizac;:ao,acidadania ambiental deve ser enlendida como 0 diillogo e a relac;:aoconver\lente de todos os seres que conform am a comunidade c6smics.(GUTIERREZ. PRADO. 2002. p. 37) ,>\\I~OE rV/6
~ ~.~ ~\\~,lt\:..~".-==:,!I,t.'"Nesta mesma otica Gadotti afirma que:
(...] fonnar para a consci!ncia planetaria e compreender que somosinlerdependentes. A Terra e uma s6 nac;:aoe n6s, os terraqueos, os seuscidadiios. NAo precisariarnos de passaporte. Em nenhum lugar na Terradeverfamos nos considerar eslrangeiros. Separar 0 primeiro do terceiromundo, signifiea dividir 0 mundo para governa-Io s partir dos maispoderosos; essa dMslio globaHsta enlre globalizadores e globalizados, 0contrilrio do processo de plsnetarizacAo. (F6rum Social Mundia!, 2002)
Para Antunes (2005), a lermo planetariza,.ao pode sar anlendido lambem
como uma 'outra" ou "segunda globaliza,.ao". A interpreta,.ao do mundo na viseo da
7 Comem:irios d.1 Midi:!. Illlcion.1j e intern..1cioll:'tiem oc.'lsi:lo dos :'t1:1CjueslerrorisI3s
22
planetariedade sugere uma pedagogia que leve em conta a sustentabilidade e a
formayao para a realizayao do sonho da cidadania planetaria.
Do ponto de vista da glabaliza9aa 0 munda vai cada vez mais se encolhenda
intensificanda as rela95es com uma realidade multifacetada. Par issa a autora
atraves do Forum Social Mundial de 2005 sintetiza estas ideias da seguinte forma:
"E a Terra posta em rela9Bo, densificando os contatas em escala mundial e crianda
novas possibilidades de homens e mulheres ressignificarem a mundo e a si
mesmas".
o novo horizonte que esta se despertando no tecido social mundial, fruta da
"contra-glebaliza~a" e da nova cultura planetaria que cantrasta com a dinamica
impiedosa dos mercados competitivos e desumanos, coleca 0 homem perante novas
questionamentos e novas responsabilidades: consigo mesmo, com as outros, com a
Terra e com a Cosmo.
Esta percep~o ou nova 6tica de enxergar a realidade na sua totalidade foi
bem focalizada por 80ft ao dizer que:
05 fatores econ6mico e politico-ecol6gico geraram outro tator deglobanzn~o: a nova consci~ncia planetaria. Somos corresponsaveis pelonossa destino comum, do ser humano e da Terra. Formamos, na verdade-ser humano e Terra -, uma (mica entidade. (BOFF, 2000, p. 28)
Ou seja, a imagem que ira mudar as consci~ncias, como nos lembra Boft,
sera a vis~o que a astronauta Russell Scheickhart teve, ao regressar a Terra: uma
visao da Terra fora da Terra.
Vista a partir de fora, a Terra e tao pequena e fragil, uma pequeninamancha preciosa que vore pode cobrir com seu polegar. Tudo 0 quesignifica alguma coisa para vo~, tada a histolia, a arte, 0 nascimento, amarte, a amor, a alegria e as lagrimas, tudo iS$O esta naquele pequenopanto azul e branco que voc! pOOecobrir com seu palegar. E a partirdaquelll perspectiva se entende que tudo mudou, que come~ a existir alga
23
novo, que a relacAo nAo e mais a mesma como fora antes. (BOFF, 2000, p.26)
o autor ainda aa-escenta:
Esta consciencia que vai lenlamente se globalizando cna tambem urnsespiritualidade. Entendendo par espiritualidade nao tanto urna atitudereligiosa, mas urna atitude humana de respeito e lIenerayAo pels grandezae majestade do universo e de admirayAo pels complexidade da vida sobre aTerra. (BOFF, 2000, p. 21l-30)
No cora<;1iode cada homem, mulher e criarJ9a,apesar das contradi90es da
vida, devem crescer a convic<;ao de que urn dia podera S8 dizer com certeza:
"estrangeiro eu naD YOUsar!!! cidadao do mundo au sQuH!"e.
3.2 A DEFASAGEM ENTRE OS OBJETIVOS DA EDUCACAO E A PRATICA DE
ENSINO
Analisando a processo educativo percebe-se que e urn elemento base de
cada cultura sendo instrumento para a devida enculturayao dos membros do grupo e
em particular dos mais novas. E urn processa que pade acontecer de diversas
maneiras conforme a rnunda cultural do individua, aferecenda au n~a instituiy6es
proprias para sua educayao: a ch~,a familia, a escola, a re1igi~a,a Estada e autras.
Antigamente, em muitas sociedades nao existia a instituiyao escolar como temos
hoje. Com isso, "A pratica educativa consistia na aquisic;ao de instrumentos de
trabalho e na interiorizayaa de valores e comportamentos, enquanto a meio
ambiente em seu conjunto era um contexto permanente de forma<;1io·(BABETIE,
1980, p. 23). Porem, apesar de uma aparente fragilidade da pratica educativa; a
meta principal da educa<;1io que e a formayao integral do ser humano era
• Trccho dl mll$io "J:mela para 0 Mundo" de Milton N:lscimcnlo c Fcnumdo Br:.1111
24
perfeitamente alcanyada tambem nestes grupos sociais estigmatizados como povos
e cultur8S "atrasadas".
Na medida em que as sociedades S8 desenvolveram as praticas educativas
tiveram que enfrentar novas desafios, criando instituiyoes proprias para este fim que
era a educagao e a formayao de seus membros. E, sabre esta questao a mesma
autor escreve:
Foi somente a partir da Idade Media que, na Europa, a Educayao se tomouproduto da Escala e urn conjunto de pessoas especializou-se natransmissao do saber. A atividade de ensinar passou entao a desenvolver-se em espar;os especificos, cuidadosamente isolados do mundo dos adultose sem qualquer relayao com a vida de todo dia. (BABETIE, 1980, p. 26).
Vale a pena mencionar que desde entao a escola foi urn privilegio de
poucos. Babette ainda acrescenta que, "Durante seculos, este tipo de escola ficou
reservado as elites. Serviu em primeiro lugar aos nobres, passando depois a atender
a burguesia que, na medida de sua ascensao, exigia as mesmos privilegios que
detinham os aristocratas' (1980, p. 27).
Este tipo de escola precisou adaptar-se as novas mudan9as ocorridas na
sociedade que passava da Idade Media para a industrializac;ao. E assim como
aponta Babette, "Com a revolu98-o tecnol6gica, novas classes sociais emergiram: a
nascente burguesia industrial, responsavel pelo progresso tecnico, tomou a poder da
velha aristocracia rural" (1980, p. 29). Ou seja, enquanto a escola estava ainda
reservada para as elites, 0 desenvolvimento industrial provocou novas
questionamentos e tambem novas necessidades que infiuenciariam profundamente
a processo educativo e, portanto a escola como institui9ao. Para tanto Babette
escreve:
25
[ ... } 0 desenvolvimento industrial requer urn numero muito maior de quadrostecnicos e cientlficos. Esta exig!ncia econOmics leva a ums mudancaradical nos oonleudos dOl escoJa. As disciplinas cientiflcas adquiriramimportancia crescente ao lado dos antigos conteudos ciassicos e literarios.Par outro lado, 0 burguesia dominante comecou tam~m a perceber anecessidade de urn minima de instruyAo para a mas,a trabalhadora que 5eaglomerava n05 grandes centros industriais. as 'ignorantes' deveriam5Ocializar-se, isto e, deveriam sef 'educados' para tornarem-se bonscidadAos e trabalhadores disciplinados. Fa; assim que, paralelamente aescola dos ricos, foj surgindo uma outra escola, a escola dos pobres. Suafun~o era dar aos futuros operanos 0 minima de cultura a sua integra~opar baixo na sociedade industrial, A coexistencia desses dais tipos deesoola cria urns verdadeira segregalfAo social. As crian.-;.as do 'povo'freqOentavam a 'escola primsria', que nAo e concebida para dar acesso aestudos rna is aprofundados. As crian.-;.as da elite seguiam um caminho aparte, com acesso garantido ao ensino de nivel superior, monop61io deburguesia. (BABETTE,1980, p. 29)
Se for verdade que, ao Iongo dos seculos, as descobertas da ci'mcia e da
tecnica impuseram mudany8s ao processo educativo e de aprendizagem, e tambem
verdade que cada epoca do desenvolvimento hist6rico impOe a necessidade de
resolver a velho problema de como e quanta instruir quem e destinado nao aos
circulos do poder, mas sim a produyao. Eo a partir desta realidade que, no tecido
social, comeyam a surgir anseios de alcanyar uma escola democratica; isto e, a
acesso para todos a educa~o, a cultura e ao saber. Neste sentido Babette escreve:
o acesso a educayJo e a cullura loma-5e pouco a pouco, reivindica~opriorilana. A classe operafie industrial sa bate pari que lodos tenham adireito de frequentar uma mesma escola em condil;lies de igualdade deoportunidades. 0 ensino p6blico gratuito e obrlgat6rio ~ visto como a melhormaneira de alcanc;ar uma verdadeira democralizayiio dos esludos. Aexpectativa dos operllrios ~ de que a escola - transformada numa especiede servh;:o publico aberto a lodos - seja um instrumento de emancipa~o ede educac;:ao das classes menos favorecidas. (BABETTE, 1980, p. 32)
Realmente as pressaes da sociedade levam a instituic;aoescolar a dar alguns
passos adiante no que se refere ao processo de democratizac;ao; porem, Babette
destaca, ·Se entendemos por democratizayao da escola 0 fato de que alunos vindos
de meios sociais e culturais diferentes disponham das mesmas chances de exito,
entao a luta ainda esta longe de ter alcan<;adoseus objetivos· (1980, p. 33). Embera
o aces so a escola tenha side mais acessivel tambem para as classes trabalhadoras,
a desigualdade social permanece trazendo conseqOencias negativas para os alunos
de baixa renda, que devem enfrentar desafi05 alem de suas possibilidades como: a
reprovayao desde os primeiros an os de escola; exclusao para os cursos superiores
e aces sa 50 para os cursos tecnicos au de aprendiza.gem manual; impassibilidade
certa de entrada na universidade. Afinal, ~a escola reproduz a divisao da sociedade
em categorias sociais distinta.s'"; dito com outras palavras, a escola tern que se
adequar aos "anseios~ e as "necessidades~ da industrializayao e do capital: ela tern
que ser a "engrenagem" de uma maquina que esta programada para produzir cada
vez mais e gastando cada vez menos. Com isso, a escola vai cada vez mais se
fechando criando um mundo "artificial", desconectada da vida com seus problemas,
onde como afirma 0 autor: "0 aluno cala, eSOJta, obedece, e julgado~. 0 que torna 0
mundo uniforme e descontextualizado onda 0 aluno ao entrar tern que se "despir'" de
sua propria vivencia para assim reeeber de forma certa os "pacotes~ de informayao
referentes a cada materia. Com esse enfoque Babette menciona:
[ ... 1 pouco a pollen, as coisns se movern, evoluern, se transforrnam. AEscola - como a fabrica, como a farnilia, como 0 hospital, como a sociedadetoda - nllo existe como urns.coisa fixa, parada, imutavel. [...1 A forma que aescola assurne em cada momento ~ sempre 0 resultado preeMio eprovis6rio de urn movimento permanente de transforrna~o, que 6continuamente impulslonado por tensOes, confiitos, esperanya,s e tentativasalternativ3$. Em funyAo das preS50es dos grupos sociais, das inova¢escientificas au das pr6prias necessidades da economiOl, a escola muda,adaptando--sesempre aos novas tempos. (BABETTE. 1980, p. 107)
Esta abordagem do processo educativo mostra que a escola, embora tenha
conseguido avanc;os significativos rumo a democratiza~o, ainda esta
tremendamente condicionada pelo poder econ6mico. 0 fenbmeno da globaliza980,
que foi analisado no primeiro capitulo, com suas conseqOemcias no ambito social,
leva a coneluir que a educayao fieou ·vltlma da globalizayao neoliberal", E, par eonta
27
de certos organismos internacionais, muitos paises sentiram-se obrigados a escolher
8,,{\\~';'[...) Sendo ocuJtada a dimensao fundamentalmente cu umana daeducatyAo, 0 direito a identidade cultural e a diferent;CI cuttural, jamalrespeitado antes da globalizagao, n~o existe de rnaneira alguma [...J .Em tennas de dignidade e de reconhecimento nlio esla em debate: daeducacJio 5e quer saber spenas a respeito de seU5aspectos econ6micos eprofissionais [...] - 0 papel do Estado em materia de educac;.:lo e contestadoe, de fato, recus. Quanla mais adiante va! 0 alaque do neoliberalismo atodas as fonnas de regulamentar;Ao, portanle, a lodes as espaQas publicose a pr6pria cullura do servic;o publico, mais oonlestado e seu papel. [...J aeducaca,o~, entAD, concebida como sjuda social, e nAo mais como direitohumano e projelo de dimensAo universal e cidadA. (...J - Nessa situacAo,assiste-se a um!!! progresslo do ensino priv!!!do em todos 05 niveis eespecialmente 0 universitario. Assiste·se tamt>em a uma introducAo dal6gica do mercado nas pmprias instituiyOes publiCCls,cads vez mais emconcorr!ncia, nao somente com as instituil;6es privadas, mas tambem entresi. (...J - Os indices de escolaridade de base aumentam, mas asdesigualdades sociais referentes ao acesso ao saber se agravam. Issoporque se pede 8 escola publica de base pars incluir popula¢es cujaexdus~o ou mal1JinaliZ8~o a 16gicaneolibellli provoca; (...J - As primeirasvitimas dessa situa~o sao as populayOes mais frageis: pobres; filhos deimigrantes; comunidades indigenas; jovens que pertencem a minol1asetnicas; religiosas ou culturais dominadas; families, par uma mzlo ou poroutra, marginalizadas. (...J - ... assiste-se a tentativBs para criar um mercadoeducativo a partir das novas tecnologias da informayAo e ds comunica'YAo.Esse mercado, que funciona conforme as leis da rentabilidade, que escapaa todos, anuncia uma forma de excluslo: "a exdusAo digital" (...J - 0pensamento neoliberal privilegia valores dos quais alguns sempre (oramigualmente, e continuam sendo, valores dos educadores progressistas: aliberdade e a autonomia, a descentrnlizac;ao, sobretudo. (CHARLOT, 2005,p.143-144-145)
issoentre pagar a divida externa ou proporcionar educa~o
algumas conseqOencias sao apontadas por Charlot como:
Perante esta realidade se percebe que a cultura do capital, a cultura
neoliberal, difundida pelo mundo atraves do fen6meno da globaliza,ao e como
aponta Arruda e Boff, Ksin6nimo de crescimento economico, de modernizac;.ao
industrial, de progresso tecnol6gico e de acumula,ao ilimitada de bens materiais"
(2000, p. 11). Dentro desta 16gicaa educa,ao e reduzida a mera "engrenagem" a
servic;o do sistema: ~um processo seletivo e de carater predominantemente
funcional, visando formar pessoas dispostas e capazes para perpetuar 0 sistema
dominante de divisiio do trabalho" (ARRUDA, BOFF, 2000, p. 11).
28
Outro problema Iigada a esta visao distorcida de desenvolvimento e todo 0
desequilibrio eeol6gico que S8 criou no planeta, conforme escrevem Arruda e Boff:
A economia centrada no mercado e no lucro tamt:>em nAo e capaz de gerarum equilfbrio 5ustento\vel com a natureza. Provs disso e a crise econOmico-social e a proto-crise ambienta! que vtvem as paises altamenteindustri81izados, justa mente as Que concentram a maior parcels de riquezamundisl e utilizam a maior proporc1o dos recursos do planeta, embora emconjunto sejsm menDS poputados que 0 resIn do mundo. (ARRUDA. BOFF,2000, p. 14)
Os autores tamb6m acrescenlam:
Neste contexto s6ciopolitico de exdusl10 e subordina~o, a educacao edireito apenas de alguns e e rna IS abrangenle e de qualidade, Quanta mai'proximo 0 individuo estiver do topo da pin\mide social. As malorias quecornpOem a base de pirnmide sao OU privadas do acesso a educa<;Jio,ouorientadas para uma educayAo predominantemenle funcional, a qual seconvencionou chamar 'capacitay:io' (em ingl!s, 'capacity building').Aprendem os que podem contribuir para 0 crescimenlo econOmico, 530exduidos os que nao podem au n~o sAo necessarios para esse fim. Queaprendem eles? a necessaria e 0 suficiente para desempenharem um papeldeterminado no sistema produtivo-reprodulivo; urn aprendizado dehabilidades, que da pouca au nenhuma importtlncia ao desenvolvimentofisico, social, cultural, psicol6gico, etico e espiritual do estudante para alemdo que exige a funcao a desempenhar. E justamente este conceito deeduca~o como mera capacita9lo - educa~o reduzida a transmissio decapacidedes, de habilidades - que foi adotada como nllcleo de proposta doprograma 'Educa~o para tados' do Banco Mundia!. A educayAo, paracompreender criticamente a realidade, para desenvolver urns visaoprospective e a potencial de gestao e de tamada de decisao, fica restritaaos membros das elites cuja fun~o sera di~ir a economia, a sociedade e aEstado e, assim. perpetuar a sistema social estratificado do capital.(ARRUDA, BOFF, 2000, p. 16)
Perante esta realidade que esta afetando a vida da humanidade do planeta e
do cosmos comprometendo seriamente a continuidade de vida para as futuras
geragiies nos perguntamos: a) em que medida a institui~o educacional quer mesmo
educar e formar as futuras gerac;6es para um verdadeiro cuidado com a humanidade
e 0 Planeta Terra? b) A capacita~o do corpo docente sera que esta respondendo a
estes desafios? c) Nas nossas escolas e em particular nos primeiros anos como
estao sendo incentivadas estas preocupac;6es?
29
3.3 NOVAS PERSPECTIVAS PARA A EDUCACiio DO SECULO XXI
Dentro do atual cenerio mundial configurado pelo fenOmeno da globaliza<;iio
S8 percebe claramente que a eduC89l1o para 0 seGulo XXI precisa re-configurar seu
papsl numa visao mais abrangente e num processo continuo que vai acompanhando
o indivfduo permanentemente.
o relat6rio da Comissao Internacional sobre a Educa<;iio para 0 seculo XXI
intitulado "Educagao: Um tesouro a descobrir". Publicado em 1996 e conhecido
como "Relat6rio Jacques Delors~,abre urn horizonte com novas perspectivas para a
educar;ao; tendo como abjetivo principal 0 desenvolvimento integral do ser humano,
dentro de urna sociedade ands 0 individuo e chama do a agir e interagir num
contexto caracterizado pela pluralidade.
Ante as multiplos desafios do futuro, a educacAo surge como urn trunfoindispensavel a humanidade na sua constru~o dos ideais da paz, daliberdade, e da justic;a social. Ao tenninar as .seus trabalhos a Comisslio faz,pois, quesUio de afirmar a sua fe no papel essencial da educac;ao nodesenvolvimenlo continuo, lanlo das pessoas como das sociedades. N~ocomo um 'remedio milagroso', nAo como um 'abre-te sesam~' de urn mundoque atingiu a realizayao de lodos os $Cus ideais mas, entre outros caminhose para ah~m deles, como uma via que conduza a um desenvolvimentohumano mais harmonioso, mais auli!nlico, de modo a fazer recuar apobreza, a excluslio social, as incompreensOes, as opressOes, as guerras[... [. (DELORS, 2004, p.11)
De forma diferente, mas focalizando 0 mesmo objetivo principal da educa~o,
Delors enfatiza 0 que poderiamos definir de 'alicerce' da educagao para 0 futuro:
Para dar bons resultados, a educaylo deve evidentemente responder anecessidades especlficas, ensinar habilidades e preparar os individuos paradesempenharem um papel na economia. Mas, seja qual for 0 nivel, umaeduca~o centrada unicamente em objetivos utilitarios estreitos sera dasmais incomplelas e, no final das conlas, n:lo sera capaz sequer de cumprirrazoavelmente sellS objetivos. (DELORS, 2005, p. 7).
30
o autor ainda continua:
Para poder dar resposta 80 conjunto das suas missOes, a edu~yao deveorganizar-se em torna de qualro aprendizagens fundamentais que, 80 longode lode a vida, serao de algum modo para cada indivldua, as pilares doconhecimento: aprender a conflecer, islo e adquil1r os instrumentos dacompreensao; aprender a (dzer, para pader agir sabre 0 meio envolvente;aprender a viver juntos, a tim de participar e cooperar com as Qutros emtodas as atlvidades human as; finatmente aprender a ser, via essencial queintegra as tr~s precedentes. E claro que eslas qualro vias do ~berconstituem apenlls uma, dado que existem entre etas multiplos pontos deconlato, de relacionamento e de permuta. (DELORS, 2004, p. 89-90)
Portanto, a educayao na perspectiva do desenvolvimento integral do ser
humane nao pode ser atrelada 56 a produtyao, ao mercado, ao consumo; uma
educayao integral deve garantir 0 desenvolvimento, cultural, mental e espiritual do
ser humano, e de todas as suas faculdades e potencialidades enquanto pessoa e
ser social. E neste sentido Arruda e 80ff escrevem:
E neste ponto que emerge com dareza a estreita vinculat;;io entredesenvolvimento integral e eduCAly:lo. A propo51a de desenvolvimentohumano 56 ~ vi~vel se 0 vinculamos 8 um processo de constru~o dademocracia integral. E este 56 pode progredir se apoiOldonum movimentoeducativo pennanente, Que abranja lodos os cidad:ios e lodos os aspectose dimen~es da sua exisl!ncia pessoal e social, e vise educ4-los para 0exercido sempre mais plena do poder, tanlo n8 esfers da sua subjelividadee da sua singularidade, quanto na esfera das suas relactles inter-pessosis,sociais e politicas. Tratll-.se de construir, por um lado, as instituictles,mecanismos e relactles socials coerentes com os objetivos dodesenvolvimento humano. Por outro lado, e ao mesmo tempo, lrata-se deedificar os sujeitos que reuerao as mesmas no sentido de realiza~o dosobjetivos mals altos do desenvolvimento. E importante estabelecer urnsdistiny:lo entre educaylio, nesse perspectiva totalizante, e capacita9Ao,justamenle para explicitar a critica do conceito e da pr~tica da educacAoque se exaure na capacltay:io, e afinnar, em contraposi9Ao, a praxiseducativa integral como aquela que conlem a dimensao da capacilac;::Ao,mas vai muito alem dela. (ARRUDA, BOFF, 2000, p. 20-21)
Nesta nova perspectiva de uma educa9<30ligada a uma vis~o renovada do
desenvolvimento abre-se um leque de reflexao desafiador e apaixonante. Como jil.
foi afirmada, uma visao renovada de desenvolvimento, e aquela que coloca no
31
centro de seu interesse 0 homem; isto e, urn desenvolvimento voltado para 0 homem
e 0 atendimento as suas necessidades de urna vida decente, em que ele e nao s6
fator e meio do desenvolvimento, mas, sobretudo, 0 seu fim. Nesta 6tica Charlot
aponta dais principios norteadores para urna educa~o que, voltada para a homem,
erie as condi¢es para a construyao de urna sociedade e um mundo mais solidarios,
democn3ticos, igualitarios e justos.
Em primeiro lugar a educa~o e um direito, e nolo uma mercadoria. E: umdireito universal, vinculado a pr6pria condiyao humans e ~ como direito quedeve ser defendida. Ela nao e prioritartamente instrumento dedesenvolvimento econOrnicoe social, [...] tamMm nAo e preparat;Ao para 0mercado de trabalho tal como ele e, [...]Isso nlio quer dizer que seja preciseopor a educavAodo homem ao trabalho e ao desenvolvimento econOmico esocial. 0 trabalho e uma caraderistica fundamental do homem e dassociedades humanas e deve, pois, ser levado em conta na educa~o; mas 0trabalho e a formay:1Oprofissional devem participar de uma educayAo malsampla, e nao sacrificar esta, como hoje se v~ na sociedade CC'lpitalistae nal6gica neoliberaJda globaliza~o. [...) Ela e movimento de humanizacAo, de5Ocializacio, de subjetivay:!o; e cultura como entrada em universossimb6lico5, como acesso a uma cultura especifica, como movimento deconstrugao de si mesmo; e direito ao sentido, as raizes, a urn futuro; edircito ao universal, ;; diferenca cultural, a originalidade pes50al. [...J Emsegundo lugar, a globaliza~o em sua forma atu81,neoliberal, nAo e a (micapassive!. 0 (ato de lutar contra es.saglobalizay:!o nao impliCC'lurn fechar~seem si, em seu grupo au pais. Muito antes ao contrilrio: as lutasprogressistas sempre fOrlltn lutas par mais 5Olidariedade,dentro de urn paise entre paises. As redes de dinheiro e de poder que esUio globalizando 0mundo, e preciso opor lutas para a construyao de urn mundo aberto, maissolidario: uma outra forma de globalizayAo. [...J A educayAo e uminstrumento e urn dominio impartante para essas lutas na medida em que,par definiyAo, apresenta urns dimensAo universalista: quaisquer que sejamas diferen98s entre culluros, sao tadas construidas par seres humanos.Como urn direito universal e na medida em que a projeto progressista visa aurn mundo solidario, a educacAo e urn instrumento impartante de luta pelapaz, contra todas as fonnas de viol~ncia, de discriminayao, de explorayao ede degradavAo do ser humano. (CHARLOT, 2005, p. 145-146)
Ap6s estas considera~s que estao evidenciando a necessidade e a
urgemcia de uma guinada de rumo em todo a processo educativo: na polftica
educacional, na formayao docente, na elaborac;ilo dos planas curriculares e nas
metodologias adotadas; surge quase que espontaneamente a pergunta: quais as
perspectivas, as pistas que poderiam ser percorridas como tentativa de uma
32
resposta con creta aos novas desafios abordados neste trabalho, em relayao aeducac;iio esoolar, nos anos iniciais, dentro da pluralidade cultural, na era
planetaria?
Considerando as crianyas que freqCJentam as anos iniciais da educayao
esoolar, pode-se afirmar que elas se deparam oom dois grandes desafios: 0
primeiro, sem duvida, sera 0 aprendizagem da convivimcia numa realidade
multicultural que durante 0 processo educativo que como aponta Oliveira, devera
levar a crianc;a ao ~reconhecimento da dignidade incondicional do sar humano~
(2001 p. 310); 0 segundo desafio sera reeducar a crianc;a no que se refere ao seu
relacionamento com 0 meio-ambiente, a natureza, com todos as seres vivos
inclusive a Terra, enfim, despertar nas crianc;as 0 ~cuidadocom a natureza~.(2001,
p.307).
Neste sentido, a pesquisa procura explicitar questOes referentes a esses dois
grandes desafios.
3.3.1 Educando a pluralidade cultural
E verdade que a crianc;a jil. teve urna prime ira experi~ncia, embora lirnitada,
da pluralidade cultural na escola maternal, no seu bairra, na rua de casa. Porem, no
ambito escolar esta pluralidade €I mais marcante criando, as vezes, competitividade
e tam bam conflitos. Na escola enos primeiras contatos socia is a diversidade parece
nao ter fim: a diversidade de genera, social, religiosa, atnico-racial; a diversidade na
educa9€lo recebida em casa, no modo de se comportar, no se expressar; enfim, a
tamanha diversidade que a crianya precisa, quanto ante, ser orientada, apoiada e
aoompanhada na desooberta desta realidade que em um primeiro tempo pode ate
33
assustar, mas que ao longo da caminhada podera se tornar um ~laboratorioM de
experiencias para urna ~viagem"prazerosa em direc;ao ao outro, visando alcanc;ar a
verdadeira cidadania planetaria.
Justamente a MRelatorio Delors· considera a terceiro pilar da educac;.ao para a
seculo XXI: "aprender a viver juntos, aprender a viver com as outros", "Sem duvida,
esta aprendizagem representa, hoje ern dia, urn dos maiores desafios para a
educayiio" (DELORS, 2004, p. 96).
Perante a realidade do mundo atual onde em lugar dos valores humanos esacralizado 0 consumo, sao quebradas as vinculos de cidadania e solidariedade, eespalhado 0 medo, 0 terror e a odio, a ~Relatorio Delors" chega a se perguntar:
·Poderemos conceber uma educa~~o capaz de evitar os confiitos, ou de resolver de
maneira pacffica, desenvolvendo 0 conhecimento dos outros, das suas culturas, da
sua espiritualidade? [ ..] Que fazer para melhorar a situayiio?" (DELORS, 2004, p.
96-97).
A proposta que a relatorio aponta e a seguinte conforme ressalta Delors, "A
educayao deve utilizar duas vias complementares. Num primeiro nivel, a descoberta
progressiva do outro. Num segundo nivel, e ao longo de toda a vida, a participayiio
em projetos comuns·. (2004, p.97), e para isso a descoberta do outro:
[... ) me ensina que 0 mundo nao 5e reduz aos meus vizinhos, a minhafamitia, aos meus amigos, a minha elnia, 010 meu grupo, naryao ou classesocial. Ele [0 outro] me ensina, so devastar 0 meu egoismo e ao chamar-mea responsabilidade, que existe sempre algo mais para aprender. Quantomais proximo achego-me a esse e5tlllnho outro, lanto mais distantepermanesso dos interesses do meu eu e mais perto me encontro do meuverdadeiro eu.o (SCORALlCK, TUROZI, 2006, p. 32)
Portanto,
, Rcvistll Discutindo Filosofb
34
A educagao tern por miss:io, par urn lado. transmitir conhecimentos 50bre adiversidade da especie humana e, por Qutro, levar a·s pessoas a tomarconsciAnci8 das sernelhan98s e da interdependt'!ncia entre as sereshumano! do planeta. De$de tenra idade a esoola deve, pois, aproveitartodas as oc.asiOes palCle5ta dupla aprendizagem. Algumas disciplin3s eslAomais adaptadas a este tim, em particular 8 geografia humane a partir doensino bBsico e as linguas e literaturils estrangeiras mais tarde. Passando adescoberta do Dutro, necessariamellte, pela descoberta de si mesmo, e pordar a crianca e 110adole~cente lima •••i5!0 ajuS1adfl do mundo, a educaylo,seja ela dada pela familia, pela comunidade ou pela escola, deve antes demais ajuda-Ios a descoblir·se a si mesmos. 86 enUlo poderaoverdadeiramente, pOr-se no lugar dos DutroS e compreender as suasrea¢es. Desenvolver esta atitude de empatia, na escota, e muito lHiI paraas comportamentos sociais ao longo de tooa a vida. (DELORS, 2004, p. 97·9B)
No que se refere a participacao em projetos comuns, 0 autor ainda noslembra que:
Quando se trabalhs em conjllnto sobre projetos motivadores e fora dohabitual, as djferen~s e ate os confUtos inter-individuai~ tend em a reduzir-se, chegando ••desaparecer I!'rn alguns casos. 1... 1A educa~o formal deve,pois, reservar tempo e OCBsiiSes sllficientes em seus programas para iniciaros jovens em projetos de cooperilyAo, logo desde a infancia, no campo dasatividades desportivas e culturais, evidentemente, mas tambem es1irnulandoa slIa participaylio em atividades sociais: renovacAo de bairros, ajuda aosmais desfavorecidos, a¢cs humanitanas, services de solidariedade entreoor'.yOe. [.. ,], (DELORS, 200<!, p, 98-99),
Realmente, 0 "terceiro pilar da educa~", conforme 0 "Relatorio Delors" e urn
convite para ir alem de uma simples superayao das discrimina<;:oes de genero e
raya-etnia, dentre outros limitando a experi~ncia social a uma convivencia pacifica
dentro de uma vis~o redutora do conceito de tolerancia. Uma pratica educativa
multicultural que quer trilhar os caminhos rumo a interculturalidade deve ensinar a
olhar mundo e a humanidade contemplando e valorizando a diversidade ou as
diferenyas "tendo como parametro a igualdade, pois sem esse parametro a inclusao
da diversidade social de genera, ra<;aletnia, gera<;!lo, orienta<;!lo sexual nao
assegura que as relac;Oes de poder nao operem, integrando-as de forma
subordinada" (Cf. GODINHO, 2003, p, 15)",
I" (:ldcmo Tenl."'lticode FOflllftV'lo I (&X:ret"ria Municipal de Educa 30 do Eslado de Silo Paulo.
35
3.3.20 cuidado com a Natureza
A Crian<;a que chega a esoola traz urna serie de conhecimentos adquiridos na
familia, na convivencia com as amigos, naquele pequeno meio-social ende faz as
primeiros contatos acompanhados pelos pais. Junto com esta primeira bagagem de
conhecimentos traz, tambem, para a ascola 0 seu jeito de sar, de S8 relacionar com
os Qutros e tambem com a natureza: as animais, as plantas, as f1ores; enfim, com as
seres vivos. E nesta fase inicial que 0 processo educativo dave orientar a crianc;a a
S8 relacionar com a natureza como urn Qutro sar que merace respaito, aten~o e
cuidado. As descon;oes ocorridas no mundo contemporaneo, no que S8 refere ao
relacionamento entre a homem e a natureza, s~o de tamanha gravidade que a
educa~o tern 0 dever e a responsabilidade de corrigir; 8, de forma especial, nos
primeiro anos escolares, para que na aiam;a 58 desperte a respeito, a amor, a
cuidado com a natureza.
o grave problema que a humanidade esta enfrentando par causa da gan~ncia
do mercado pode ser assim sintetizado como diz Oliveira:
A rnodemidade fOI profundarnente rnarcada por urna posturaantropocitntr1ca.Aqui, 0 ser humane entende a si mesmo como sujeito, ouseja, como a instancis que da sentido a toda a realidade, e, enquanto lal, eo centro fI que tudo deve ser referido. A natureza, destiluida de ess~ncia,qualidades e finalidade, e reduzida a meio para a satisfay:io dasnecessidades e desejos humanos, a que desembocou na explorae;lodesenfreada dos recurso5 naturalS, provocando a destru;yao do planeta, aeliminay:io de especies, a degradayl\o dOlvida humana. (OLIVEIRA, 2001,p.307)
Esta distar~o na viseD da natureza com seus recursos foram incentivados
pela competi~o dos mercados, pelo consumismo desenfreado, pel a ilusao de um
pseudo-desenvolvimento baseado no ter e nao no ser. Par isso, a educa~o tern a
missao de resgatar a unidade entre 0 ser humano e a Terra porque como escreve
36
Boff, ~O ser humano, nas varias cultur8S e fases hist6ricas, revelou essa intuic;ao
segura: pertencemos a Terra; somas filhos e filhas da Terra; somas Terra¥ (2000, p.
104).
De outra forma este mesma conceito e sustentado tambem par Oliveira:
[ ... ] Se trata agora, em primeiro lugar, de refazer os vinculos rompidos coma natureza, redescobrir que ela tambem e marcada pelo! principiossupremos e, por essa razAo, e portadora de valores que devem serrespeitidos e que nAo podem ser destrurdos ser r«zio, au scja, 56 0 podemser ern fun(:Ao da visiio humana, que enquanto racional e livre, e, portanto,ser etico, esta no topo de hierarquia dos seres. 0 programa das Naci)esUnkh~s para 0 meio ambiente, a Fundo Mundisl pafll a Natureza e a UniAoInternacional para a Conservayao da NnturezOl tentaNlI11 articular osprincipios fundftl1lentais, pilI<!exprirnir as exigElnciasdessa postUIlI nova emrelacao a 1l00tUIl!'Za:1) construir uma sociedade .'SlJstentavel;2} respeitar ecuidar da comunidade dos seres vivos; 3) melhorar a Qualidade da vidahumana; 4) conservar a vitalidade e a vitalidade do planeta Terra; 5)permanecer nos limites da capacidade de suporte da planeta Terra; 6)modificar atitudes e prlltfcas pessoal,s; 7} permitir que ilS comunidadescuidem de seu proprio meio-ambiente; 8) gerar uma estrutura nadonal paraintegrar desenvolvimento e conservClcao; 9) con$truir uma alianca global.(OLIVEIRA, 2001. p. 308-309)
Perante estes princfpios, 0 fil6sofo coloca uma serie de ~perguntas ousadas
para a nossa civiliza9aa~; perguntas, que tambem a instituic;ao educativa deveria se
fazer e buscar respostas no intuito de esclarecer e reorientar as atitudes dos
educandos demasiadamente condicionadas por uma ideologia neoliberal que passa
a ideia que ° homem vale par aquilo que tern e nao par aquila que e,
A vida Ill/mana esla totalmente orienteda par3 a necessidade e nossosimpulsos se dirigem para a acumulayAo cada vez maior de r'iQuezas?0ideal supremo da vida humana e urn crescimenlo e urn consumo ilimitados?o desenvolvimenla plena d~ vid~ humana implicit isso, necessariamente? Aqmmtidade tem de submeter a si a qualidade das produtos e. sobretudo, aqualidade de vida humana e do meio ambiente? A economia do de.sperdicionao deveriil dar lugar a uma 'economia do suficienle'? (OLIVEIRA, 2001, p.309)
Tudo isso aponta para como escreve Oliveira, "que a rela~o ser humano-
natureza nao seja pensada e efetivada unicamente como dominayao, mas tambem
37
como momenta no processo de comunhao com a totalidade, [... ] a comunh~o
originaria com todos as seres". (2001, p. 309-310)
Considerando a responsabilidade que a ascola e os profissionais da
educac;ao tern com a formayao das novas gerac;6es, que serao os futures
educadores neste sE'>culoXXI; vale a pena mencianar dais valiasas subsidias que ja
deveriam estar presentes no Ambito escolar: a Carta da Terra e a Agenda XXI. A
Carta da Terra: "A medida que 0 mundo torna-S8 cada vez mais interdependente e
tragil, 0 futuro enfranta ao mesma tempo, grandes perigos e grandes promessas.
Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio da magnifica diversidade de
culturas, e form as de vida, somas urna familia humana e urna comunidade terrestre
com urn destino comumM A Agenda 21 criou 0 conceito de Desenvolvimento
Sustentavel: "Trala-s8 de urn modele que preconiza satisfazer as necessidades
presentes sem comprometer as recursos necessarios a satisfac;ao das gera¢es
futuras".
38
4 PROCEDIMENTOS METODOLCGICOS
Procurando buscar respostas as quest6es apontadas nos objetivos deste
trabalho, a pesquisa foi realizada em duas frentes visando urna maior coleta de
informa<;;oes.
Em primeiro lugar foi efetuado um levantamento te6rico sobre as quest6es
apontadas no problema, com bibliografias das diversas areas do conhecimento que
tratam do assunto em questao.
Num segundo momento, para que houvesse urna aproximac;ao maior frente arealidade atual em que se encontra 0 contexte educacional, foi efetuada uma
pesquisa de campo, atraves de tres questOes aplicadas e respondidas por
profissionais responsaveis pela formac;:ao docente das diversas areas do
conhecimento.
Os profissionais entrevistados estao ligados as seguintes instituic;6es:
Universidade Tuiuti do Parana, Universidade Federal do Parana, Conselho Estadual
de Educa<;iio do Estado do Parana e Secretaria Municipal de Educa<;iio de Curitiba.
As entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas para que em seguida
fosse feita a analise das informayaes obtidas; e, com as respectivas sinteses e a
pesquisa bibliografica procurou-se focalizar possfveis linhas de ayao para dar urna
resposta, 0 mais coerente posslvel, ao problema desta pesquisa.
39
5 PESQUISA DE CAMPO
Para urn maior conhecimento da realidade escolar e do seu posicionamento
parante as desafios trazidos peta globalizac;a.o, foi realizada urna pesquisa qualitativa
com prolissionais da area educacional visando entender a que esta sendo leito a
respeito da formac;a.o docente, dos curriculos, dos materiais e metodologias para a
formayao dos alunos.
A pesquisa foi realizada com os seguintes profissionais: Professora Mestre
Wilma de Lara Bueno (Coordenadora das Licenciaturas da Universidade Tuiuti do
Parana); Professor Mestre Josmael Araujo Bonatto (Coordenador do Curso de
Geografia da Universidade Tuiuli do Parana); Doutor Domenico Costella (Vice-
presidente do Conselho Estadual de Educa,.ao); Doutora Valeria Luders
(Coordenadora do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Parana) e
Professora Mestre Maria lolanda Fontana (Coordenadora do Curso de Pedagogia da
Universidade Tuiuti do Parana) e Sra. Vaneska Mazete Pegoraro (Gerencia de
Curricula) da Secretaria Municipal de Educa,.ao de Curitiba - Departamento de
Ensino Fundamental.
5.1 ANALISE DAS ENTREVISTAS
Primeira Pergunta - Considerando as novos desafios trazidos pelo fen6meno
da globalizac;ao:pluralidade cultural, exclusllo social e desequilibrio ambiental; esta
havendo uma reformulac;ao da forma,.ao docente, dos conteudos curriculares, dos
materiais didaticos e das metodologias? De que forma isto esta ocorrendo?
40
A maioria dos entrevistados apontou alguns efeitos negativos a raspaito do
fenomeno da globaliza<;iio como: "0 perigo do desmanche das culturas"
evidenciadas pela Professora Wilma de Lara; "a imposi,~o ou domina,~o de uma
cultura sobre as autras" como afirmou Professor Josmael Araujo e KO neofiberalismo
como ideologia sustentadora da globaliza,80", relatada pelo Doutor Domenico
Costella.
Os masmos entrevistados que abordaram a fenOmeno da globalizayao, ao
mesma tempo focalizaram urn processo -inversoM que este fen6meno traz consigo e
que Ii definido como a "paradoxa da globaliza<;iio".
"A globafiza,ilo ao contrario do que se imaginava ela vem firmando uma
recupera,~o das identidades etnieas, locais, buscas das tradi¢es', assim lalou a
Professora Wilma de Lara.
Ja 0 Professor Josmael Araujo destacou que "as novas tecno/ogias trazem
urn maior conhecimento do planeta e do meio ambiente seja para 0 aluno como para
a docente", isto lavorece a percep<;iio dos limites e das ambigOidades da
globaliza<;iio.
o Doutor Domenico Costella afirmou que "a globaliza,110 sempre existiu e
continua; pocem, hoje atraves da informatica em questl10 de segundo voce se abre
para Quiros universos culturais".
No que se refere a rela<;iio entre globaliza<;ljo e educa<;iio, todos os
entrevistados apontaram elementos de mudanc;a no processo de ensina, embora
limitados, na tentativa de responder a estes novos desafios. Dito de outra forma, os
desafios trazidos pela globaliza<;ljo, estao despertando e questionando a institui<;iio
educacional, que foi buscando caminhos e respostas mais adequadas a esta nova
realidade.
41
Em termos de educac;ao ou de conteudos curriculares, materiais didaticos e
metodologias, a Professora Wilma apontou trlts referenciais que podem nortear a
trabalho presente e futuro do processo educativo que sao: "as diretrizes nadonais,
diretrizes curriculares e a Constitui9aode 1988 que apontam para a recupera980 das
identidades, e das minorias". Para a professora, "esle e urn mov;mento que vern
crescendo desde 0 meado do s&culoXX, promovendo a busca do outro, de um outro
olhar, a critica para 0 racionafismo exagerado do ocidente".
T ambern a Ooutora Valeria LOders afirmou que, "comet;a a se perceber a
presen9a dessas temllticas em discuss6es oportunizadas, nas disciplinas
curriculares obrigat6rias e optativas, e tamMm em eventos de ensino, pesquisa e
extensao".
Neste senlido a Doutora Maria lolanda Fontana mencionou que: "a pariir da
LOB ha um maior cuidado desta discussao que nao e nova, de fato a pariir da
decada de 1990 jll se come9a a pensar sabre isso~ e tambem, "as pofiticas acabam
de ceria forma incfuindo nos seus programas, e exigindo dos cursos de forma9ao
que seja contemplado esse entendimento a pluralidade cultural, a excfusao social, amulticulturalidade, a incfusao e a forma9ao de uma educa9ao de maior qualidade".
Nesta linha de pensamento a Ooutor Domenico Costella focalizou que "as
temas emergentes neste novo contexto sao: a paz, 0 desequifibro social, ecol6gico,
e 0 problema do 'cheque das civifiza<;(Jes'·.
FazMse interessante relatar a que a Professora Wilma de Lara falou sabre "a
experiencia de interculturalidade dentro da Universidade Tuiuti que, tendo como
maxima a proma<;~ohumana, criou uma "ponte'"com 0 continente Africano; e, v~m
promovendo tamMm um discurso bastante antigo a respeito da inclusao e a
42
participar;ao em eventos sobre a quesllio do desequilibro ambiental favorecendo a
discussilo sobre a Agenda 21".
Referente aos materia is didaticos, a Professora Wilma de Lara informou que
"esM havendo uma revisilo de todos os materiais do ensino fundamental e medio,
norteada pela "pedagogia critica" e pela questilo da formar;ao critica do cidadlio; e,
isto nas varies areas do conhecimento",
Ja 0 Doutor Domenico Costella ressaltou "que ainda ha certa defasagem no
que se refere aDs materiais didaticos e metodologias', e acrescenta, "houve sim um
avan90 na entrada das fecnologias nas esco/as, mas nao podemos esquecer que a
tecnologia e s6 um 'instrumento'".
Urna intui~o bastante interessante foi oolocada pela Professora Maria
lolanda Fontana quando afirmou que, "0 discurso politico capta 0 que tem no
discurso te6rico, embora a legis/a,lio esteja ainda insuficiente e as vezes
contradit6ria".
Tambem 0 Ooutar Domenico Costella salientou que, "precisa-se de urn
projeto politico pedag6gico que POSSB responder aos desafios da globalidade; que
precisa de um esforr;o por parte das Universidades e do Conselho Nacional e
Estaduais para implementar esta nova visao do mundo; porque a escola
diferentemente fica naquela rotina do dia-a-dia e nilo abre os horizontes dos alunos"
A Professora Vaneska Mazete Pegoraro, apontou algumas pistas de trabatho
na formayao docente da Secretaria Municipal de Educayao de Curitiba como: "a
participar;ao dos professores na construr;ilo e implantar;ilo das Diretrizes
Curriculares; viabiliza<;30 de uma rede de cursos nas diverses areas do
conhecimento; a Semana PedagOgica com palesfras e oficinas e assessoramento
para escolas".
43
A segunda pergunta - Analisando a educa~o no seu processo hist6rica,
nurn prime ira momento ficou rsfem da aristocracia, depois do sistema capitalista e
hoje, parece estar atrelada a ideologia neoliberal. Podemos ainda pensar numa
educa980 realmente democratica que vise a formac;ao integral do aluno?
Referente a asia pergunta todos as entrevistados forneceram enfoques
diferentes e bastante interessantes sobre quatro vertentes: 0 resgate da escola
publica, a necessaria mudanr.;a de pensamento, a educayBo como direito e naD
objeto de mercado e a necessaria mudany8 nas politicas publicas. Portando, as
enfoques que S9 fazem necessarios ressaltar sao os seguintes:
Para Professora Wilma de Lara, ·pensar a educar;~o de uma forma
democralica e suslenlar pofiticas que incenlive a escola publica', e que" a escola
publica e a escola de formar;ao do palrim6nio crilico', Para a Prolessora, "acabar
com a escola publica e aeabar com um espar;o de discussilo dos problemas
nacjonais~ •a escofa pub#ca e a espB90 ende reime profissionais atentos aos
problemas do nosso pais"; "apesar da ideologia neoliberal lemos muilos professores
que Irabalham com uma poslure politica pensando na qualidade do pais"; "a midia
esla minando 0 espar;o de discusstJo'; e que "a escola publica precisa recuperar
esle espa90 e se lornar a "prar;a publica' das discuss6es como na Anliga Grecia',
Portanto, para a prolessora Wilma de Lara, "e balalhar pela escola publica",
Ja a Professor Josmael Araujo alirmou que, 'precisamos passar por uma
mudanr;a filos6fica~ isto e, "uma mudanr;a de pensamenlo: esquecer do
consumismo e pensar mais no bem estar do homem. Uma reformular;~ofilosofica,
de pensamenlo planetaria",
a Ooutar Domenico Costella destacou as seguintes pontcs: ~no governo
Fernando Henrique, em forqa da ideologia neoliberal, 0 Eslado foi deixando cada
44
vez mais a edllc8(;~Onas maos de privados: a edLlca9~ocomo mercadoria. A escota
nao e uma empresa, e a lugar privilegiado para formar a pessoa, ao saber, il
cidadania. Hoje, no Parana, M uma relomada das pol/ficas publicas e sobre ludo
nos niveis basicos e no ensino medio. Enfim, a educa9~oflaG e objeto do mercado,
educaqao e direilo, e dever do Eslado de pl'Ovidenciar condiqOes de e51udopara
todos os cidadaos·.
Para a Doutora Valeria Luders, "estao sendo desenvolvidas discussCies e
reflextJes que levem 0 aluno il lamada de posiQtJoconsciente e critica a respeito da
realidade na qual esta inserido; valorizando 0 ser humano 0 ser em sua diversidade
e compfexidade, 'aremas rea/mente a acesso e permantmcia no sistema
educacionai".
A Profe5sora Maria lolanda Fontana acrescentou que, "Mm instrumenlos para
que isso aconteqa, t~m produ,ao te6rica para que isso aconteqa; mas, faltam as
politicas publicas para que isso se efetive. Houve urn grande avanqa, mas ainda nao
podemos dizer ter alcanqado uma escola dernocratica. A educaqtJorealmente nao edemocratica, a acesso il escola de qua/idade ainda e para uma elite, porque a
escola publica e uma escola ainda com condiql5es /imiladas. A primeira mudanqa
para uma educa,ao democratica e mexer com 0 valor do trabalho desse profissional
que esM III com uma melhor remLrneraQilopara que possa estudar, se aperfeiqoar,
Irabalhar com mais vontade e expectativa~
A Professora Vaneska Mazete Pegoraro chegou a afirmar que use nao hauver
uma educaqlJo critica, portanto, democralica, /Jem teria sentido a exisMncia da
escola e flem a dos professore~. Para a professora, "uma outra forma de
democrafizaqi1o e a "escola aberta', hoje a escola e urn espaqa de experi~ncia
45
dentro daquela sociedade que esM em volta do aluno, enlim, como a escola esta se
"abrindo' ao mundo, tamMm 0 mundo pode se "abrir" para a escola"
Quanta a terceira pergunta - Existe uma nova visa.o de educayao
apresentada no -Relat6rio Delors" e sustentada par varios autores das diversas
areas do conhecimento. Em que medida estes trabalhos estao cheganda as bases?
Isto e, esta havendo uma reflexao, urn debate par parte dos docentes, alunos, pais,
comunidades das nossas escolas?
Nesta questao pode-se perceber que existiram visOes com enfoques
diferentes.
A Doutara Valeria LOdersdestacou que "as discussl:Jese·staoacontecenda na
Universidade, pocem nas comunidades escolares da eduC8,ilo basica estas
discussl:Jesestao em menor oco((~ncia"
Ja a Dautor Domenico Costela evidenciau que, "0 problema basico eepistemol6gico. Que precisamos refigar os saberes (Epistemalogia da
Complexidade); precisamos integra-los, superando a visilo cartesiana que separava
demasiadamente as ci~ncias humanas das ci~ncias exatas. Ha muitas autares e
escolas que trabalham neste sentido; pocem, na pratica ainda M uma certa
defasagem: nas universidades ainda se fala de "blocos', "blocos" que naa dialogam.
Hoje se fala de interdiscipfinaridade, de transdisciplinaridade porque 0 universo eunico com diferentes olhares. A escola deveria educar os alunos a esta refiga,tio
dos saberes como fala Edgar Morin. Tambem todo 0 discurso universitilrio deveria
incluir a epistemologia para dar a oportunidade a cada aluno de entender como se
de, hOje,0 processo do conhecimento, inclusive uma abordagem a lilosolia politica e
Iietica; a saber desfigado da politica e da etica nilo funciona".
46
No que sa refere especificamente aD ~Relat6rio Delors" percebe-se vis6es
diferentes entre a Professora Wilma de Lara e a Professora Maria lolanda Fontana.
Enquanto a Professora Wilma de Lara frisou a positividade do "Relat6rio" no
sentido de "ter dado uma 'sacudida" no ~mbito 8-scolarchamando a atenqao de que
a escola, nao e so 0 lugar de conhecimento, e aprender a conviver etc: Porem, a
professora falou "do cuidado que precisa ter para nao distanciar-.se do
conhecimento; a compromisso da esco/a, para ela, e com a conhecimento, com esse
patrim6nio da humanidade; a escola Ii 0 espa9(Jem que a crianqa vai ter acesso ao
estudo mesmo, ao estudo e de uma forma socializada".
Ja para a Professora Maria lolanda Fontana, a enfoque e dado -a formaC;8o
integral do ser, ate com certo 'prejuizo" do conhecimento tradicional e que 0 relatorio
Delors aponta para a necessidade de trabalhar a formaqao integral do ser; isto Ii
importante para os que esUlo saindo, agora, da formaqao docente. Uma formaqao
que nao deve desenvolver-se sOno aspe-ctocognitive do aluno, mas uma formaqao
ampla, principalmente voltada para humanizaqao desse sujeito para a vida. Na
pe-dagogia tradicional esta abordagem era se-cundaria, 0 importante era 0
desenvelvimento do conhecimento, da racionalidade. E, talvez tenha se perdido um
pouco do conhecimento no senfido fradicional; porem, leve urn ganho no sentido
social: a crianqa fica mais na escola, h8 dialogo entre professores e pais, h8
abordagem no que se refere aos problemas do cotidiano, etc.; enfim, 0 aluno sai da
escola mais preparado para viver na sociedade"
Uma observa~o bastante interessante da Professora Vaneska Mazete
Pegoraro foi a seguinte: 'para que haja uma escola inserida na sociedade, abe-rta
para os pais e para a sociedade conforme 0 Relatorio Delors, precisa de um certo
cuidado na eleiqao dos diretores dessa escola"
47
5.1.1 Discussao
Atraves destas entrevistas pode-se perceber que a partir dos anos 80 ate as
dias atuais, no que se refere a forma,ilo docente existem trabalhos, pesquisas e
discussOes referentes as quest6es como a pluralidade cultural, inclusao social e 0
cuidado com 0 meio ambiente, embora esla ultima questao tenha side menos
apontada pelos entrevistados. Hi! tambem uma preocupac;ao na forma~o integral
dos alunos presentes nas escolas, embora estas questOes estejam chegando ainda
que de mane ira -Ienla" as bases da estrutura escolar.
Hoje 0 discurso que envolve toda a formac;ao do pedagogo pede urna visao e
a~o crftica frente a atual conjuntura mundial; au seja, as universidades devem
procurar atraves das disciplinas e do pr6prio corpo docente, que 0 futuro profissional
tenha todas as condi<;iies para fazer uma "Ieitura" critica e qualificada da realidade
local e global, para que desta forma enconlre caminhos mais apropriados para
abordar estas quest6es com as alunos em sala de aula.
Neste sentido faz-se necessario perguntar: Se os futuros profissionais da
educac;:ao disp6em do acesso a assas discussoes nas universidades, como preparar
os professores que ja atuam nas ascolas? Sa muitos professores desconhecem a
propria realidade onde a ascola esta inserida, como poderao abordar tais discuss6es
com seus alunos? Hoje 0 professor atuante precisa de suportes e estimulos para
que sua atuac;:ao seja continuamente enriquecida e atualizada, sa indo desta forma
do perigo da "esclerotizac;ao'
Na realidade, hit muitas escolas que ainda fiearn uarnarradasw naquela retina
do dia a dia como datas cornemorativas, festas juninas, dia da crianc:;a e muitas
outras comemora¢es que, num certo sentido, prejudicam 0 trabalho de formac;ao
48
crftica dos alunos em relayao ao consumismo desenfreado, ao desenvolvimento
5ustentavel, ao meio ambiente, a exclus~o social, em relayao a valorizayao das
diferen<;:as, das outras culturas e dos Qutros pavos.
A luz da minha experil!ncia vivenciada como academica nestes quatro anos
do Curso de Pedagogia, com as discussoes em sala de aula, as experiEmcias no
campo de estagia e a pesquisa realizada; pude perceber que a realidade cotidiana
da eseela ainda S8 apresenta com certa defasagem em relayllo a tea ria que esta
sen do elaborada.
Infelizmente ainda sao poucos as profissionais da educac;ao, e em particular
nos anos iniciais, que realmente aderem a estas discussoos nas suas praticas
educativas; seja em sala de aula com seus alunos, como no trabalho com seus
proprios colegas que, juntamente com a equipe pedagogica, deveriam empenhar-se
mais na aborda.gem desses assuntos.
Portanto, com estas entrevistas pode-se chegar a conclusao que, existem
esses discursos, eles estao sendo difundidos nas universidades e atraves de cursos
de capacita~o oferecidos pelo Municipio e Estado. Hoje, com as novas tecnologias,
a profissional de educat;ao tern aces so as mais variadas informavoes para subsidia-
10 na leitura da realidade atual da sociedade. Mas, parece que ainda he profissionais
que ficaram ~cristalizados~ na suas proprias metodologias sem a devida atualizayao.
Cumprir somente as questOes de transmissao dos conhecimentos basicos
aos alunos nao leva a formar capacidade e consci~ncia critica; tambem alcan~r
~certa" porcentaaem no indice de escolaridade de um pais, nao e a suficiente para
fazer com que esse pais melhore 0 seu proprio indica de desenvolvimento.
Enfim, algo de novo esta acontecendo no tlmblto educacional, e preciso
acreditar e arriscar; trilhar os caminhos que estao S8 abrindo no tlmbito da forma~o
49
docente e no cotidiano da aseDla, comeyando a trac;ar as contornos de urna nova
educ8C;80 para este terceiro milenio da hist6ria, que S8 iniciou com urna serie de
desafios parante as quais tada a estrutura de ensina nao pode fiear sem S8
questionar, buscando aperfeiyoar sua func;ao especifica no desenvolvimento integral
do sar humane chamado a viver neste mundo cada vez mais globalizado.
50
6 CONSIDERAyOES FINAlS
Ap6s esta trabalho de pesquisa e a luz dos enfoques trazidos pelas
entrevistas e importante salientar que 0 horizonte do ensina asta sa definindo com
mais "Iuzes' do que "sombras': e a esperanc;a que esta vencendo 0 medo.
o processo de ensina passou e ainda esta passando por diversas
"tuburle!'nciasM; mas hoje a fumo parece estar trayado au pelo menes comel):a a S8
tornar mais definido, mais claro.
Muitas reflex6es audaciosas, pertinentes e livres de condiaonamentos
ideol6gicos, politicos e religiosos estao sando levadas em frente por autores que tern
como objetivo trac;ar linhas para a educa.,ao do futuro, visando a forma.,ao integral
do ser humano, num contexte cada vez mais globalizado, ende asta surgindo
embora com muitas dificuldades e contradi96es urna consci~ncia planetaria e de
cuidado com a Mae Terra.
E importante lambrar, como foi colocado tambem nas entrevistas, que a
forma.,ao e 0 trabalho docente, apesar de tantas dificuldades, estao sen do
conduzidos por estas novas linhas de pensamento, qua visam transformar a libertar
o ensino resgatando seus objetivos fundamentais.
Experiencias interessantes foram relatadas nas entrevistas, como examplo,
de uma nova sensibilidade que esta surgindo em algumas Faculdades, com 0
objetivo de urna maior abertura para a pluralidade cultural, inclusao e a cui dado com
o planeta Terra.
Entretanto, he uma sombra que infelizmente ainda "paira- sobre 0 futuro, que
e 0 das poHticas publicas. E verdade que, como foi dito, "0 discurso polftico capta 0
que tern no discurso te6rico", porem, ainda precisam-se dar muitos passos a diante.
51
E, e neste ponto que a ideologia neoliberal ainda esta fortemente condicionando
mudan~s indispens8veis para urn avan~ significativQ no processo de ensina.
Agora, no que S9 refere a eduC89BO escola nos anos inieiais, percebe-se que
a chegada ate as bases destas reflexOes ainda esta sando mais diticiL A rctina
escolar dos alunos desses anos, as vazes impede a abertura as novas tematicas. 0
problema na administra~o de uma ascola, par vazes acompanhado par escassos
recursos vai S8 criando uma verdadeira diston;ao nas preocupa¢es enos abjetivos
principais da ascola. Tambem, um profissional bem intencionado, mas pression ado
palos problemas do dia-a-dia pode perder 0 entusiasmo para buscar e percorrer
caminhos noves onde tambem sa faz necessario 0 apoio econOmica, de materiais
didaticos e recursos tecnol6gicos.
Uma questao bastante importante que foi lembrada nas entrevistas e que,
hoje a escola "abriu· mais as portas: para os pais e para a comunidade. E esta nova
postura que paderc3 fazer a diferem;a. Em principal nos anas iniciais, porque eatraves deste entrosamenta, desta integrat;:.ao, e que a escola permitira uma abertura
maior perante as problematicas da vida. E a globalizayao da solidariedade entre a
escola enquanto instituic;llo, com os alunos, os pais e tada comunidade. E 0 primeiro
passo rumo a interculturalidade, a inclusao, ao cuidado com todos as seres; enfim, a
uma nova consciencia planetaria e urna formayao integral dos que amanha terao a
diffcil tarefa, de administrar a futuro do mundo.
52
REFERENCIAS
AGENDA 21
ANTUNES, Angela. A leitura do mundo no contexto da planetarizar;ao. Disponivelem: http://www.paulofreire.org/forumresumo.htm. Acesso em: 29 maL 2005.
ARRUDA, Marcos; BOFF, Leonardo. Globalizar;ao: desafios socioecon6micos, eticose educativos. Petropotis, RJ: Vozes, 2000.
BABETIE, H. et al.; Cuidado, escola!: Desiguatdade, domesticac;ao e algumassaidas. Sao Paulo: Brasiliense, 1980.
BAUMAN, Zygmunt. Globalizar;ao: as consequencias humanas. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 1999.
BERNARD, Franyois de. Problematicas da globalizayao. In: BARRET-DUCROCQ,Franyoise (Coord.). Globalizaqao para quem?: uma discussao sabre as rumos daglobalizac;ao.Sao Paulo: Editora Futura, 2004.
BOFF, Leonardo. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. Rio de Janeiro:Sextante, 2004.
CADERNO TEMATICO DE FORMACAo I. Leitura de mundo, letramento ealfabetizaqao: diversidade cultural, etnia, genero e sexualidade. Sao Paulo:Secretaria Municipal de Educac;ao,Autores diversos, v. 1, p. 15-19,2003.
CAPRA, Fritjof. Ponto de mutaqao. Sao Paulo: Cultrix, 2002.
CHARLOT, Bernard. RelaqtJo com 0 saber, formaqtJo de professores e globalizar;tJo:questoes para educayao hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.
CONSELHO EPISCOPAL LATINO AMERICANO. Globalizar;8o e novaevangelizar;ao na America Latina e no Caribe: ReflexOes do CELAM. Sao Paulo:Paulinas, 2003.
DELORS, Jacques. Educar;tJo: um tesouro a descobrir. 9. ed. Sao Paulo: Cortez;Brasilia, OF: MEC: UNESCO, 2004.
DELORS, Jacques. A edUGar;80 para 0 seculo XXI: questoes e perspectivas. PortoAlegre: Artmed, 2005.
GADOTII, Moacir. Pedagogia da Terra e cultura da sustentabilidade. Disponivel em:http://www.paulofreire.orgiforumresumo.htm. Acesso em: 29 maL 2005.
GADOTII, Moacir. Pedagogia da Terra. 3. ad. Sao Paulo: Peiropolis, 2000. (SarieBrasil cidadao)
S3
GADOTII, Moacir. Perspectivas aluais da educa,!jo. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GIANSANTI, Roberto. 0 desafio do desenvolvimento sustenlilvel. 2. ed. Atual, 1999.
GUTIERREZ, Francisco. Ecopedagogia e cidadania planelaria: 3. ed. Siio Paulo:Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002. (Guia da escola cidad~; v. 3)MORIN, Edgar; CIURANA, Emilio-Roger; MOTIA, Raul Domingo. Educar na eraplanelaria: 0 pensamento complexo como metodo de aprendizagem pelo erro eincerteza humana. S~o Paulo: Cortez; Brasilia, DF: UNESCO, 2003.
OLIVEIRA, Manfredo Araujo de. Desafios elicos da globaliza,tio. Sao Paulo:Paulinas, 2001. (Coleqao alica e sociedade)
PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Pluralidade cultural. MINISTERIODA EDUCAI;Ao E DO DESPORTO, jan. 1997.
SACRISTAN, J. Gimeno. Educar e convier na culture global: as exigencias dacidadania. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SANTOS, Milton. Tecnica, espa,o, lempo: globalizaqao e meio tacnico-cientificoinformacional. Sao Paulo: Hucitec, 1996.
TUROZI, Ednilson de Oliveira; SCORALlCK, Klinger. Emmanuel Levinas: atica ealteridade. Disculindo Filosofia, Sao Paulo, n. 4, p. 30-35, 2006.
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Normas lecnicas: elaboraqao eapresentac;aode trabalho academico-cientifico. 2. ed. Curitiba: UTP, 2006.