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0 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Denise Kryztyna Parolin R.A. 003200600660 CRÉDITO DE CARBONO POR MEIO DO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Denise Kryztyna Parolin

R.A. 003200600660

CRÉDITO DE CARBONO

POR MEIO DO

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

São Paulo

2010

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Denise Kryztyna Parolin

R.A. 003200600660

CRÉDITO DE CARBONO

POR MEIO DO

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á

Coordenação do Curso de Direito da

Universidade São Francisco, como requisito

parcial para a obtenção do Título de Bacharel

em Direito, orientado pela Professora Maria

Lumena Balaben Sampaio.

São Paulo

2010

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P268c* Parolin, Denise Kryztyna

Crédito de Carbono por meio do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo/ Denise Kryztyna Parolin –

São Paulo: USF, 2010. 72 p.

Monografia do Curso de Direito – Universidade São

Francisco, 2010

Orientadora: Maria Lumena Balaben Sampaio

1. Princípios e Leis Ambientais 2. Protocolo de Quioto

3. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 4. Mercado de

Crédito de Carbono

Universidade São Francisco.

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Denise Kryztyna Parolin

R.A. 003200600660

CRÉDITO DE CARBONO

POR MEIO DO

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado no

curso de Direito, da Universidade São

Francisco como requisito parcial para

obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Data da aprovação: 08/12/2010

Banca Examinadora:

.......................................................................................................................................................

Prof. Orientadora: Graduada Maria Lumena Balaben Sampaio

Universidade São Francisco

.......................................................................................................................................................

Prof. Arguidor: Me. Carlos Ferreira Júnior

Universidade São Francisco

.......................................................................................................................................................

Prof. Arguidor: Ma. Lúcia Maria Messina

Universidade São Francisco

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Este trabalho é dedicado primeiramente a

Deus, que sem ele eu nada seria. E também

dedicado a minha mãe Daisy e minha avó

Talia Cristina, grandes mulheres, que admiro

muito, que sempre fizeram tudo por mim, me

ensinaram a ser quem eu sou, e estão sempre

ao meu lado e com as quais obtive todo o

suporte necessário para conclusão de mais uma

etapa da minha vida. Acredito, que haja o que

houver estas serão as pessoas que sempre

poderei contar. Amo vocês do fundo do meu

coração.

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Agradeço este trabalho à minha orientadora,

Profa. Dr

a. Maria Lumena Balaben Sampaio,

que sempre me ajudou com presteza,

dedicação, sensibilidade e muita paciência,

obrigada por sempre me apoiar e incentivar na

trajetória e conclusão deste trabalho.

Ao meu maravilhoso namorado, Cleber Duarte

Gomes, meu grande amor, amigo e

companheiro, agradeço por toda a paciência,

de ter abdicado de diversos momentos,

incondicionalmente, para me apoiar. Obrigada

por sempre me animar e fazer minha vida mais

completa;

Aos meus queridos amigos Aline, Alex e

Eglae, que estiveram comigo em todos os

momentos, e me ajudaram em todas as fases

de estudo, e com os quais eu aprendi o

verdadeiro significado da amizade, sentirei

muita falta de tudo que passamos juntos, mas

tenho certeza que essa amizade que se iniciou

na universidade perdurará para toda vida,

Obrigada a cada um de vocês pela amizade

sincera, solidária, amável e divertida, vocês

fizeram esse longo e árduo caminho ser mais

fácil e feliz de viver.

Aos professores da Universidade São

Francisco todo meu carinho, e admiração,

grandes professores e pessoas maravilhosas

que levarei sempre como exemplo de vida.

A vocês, o meu muito obrigado.

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"Caso me respondam que a sociedade é constituída de tal modo que cada homem lucra

auxiliando os outros, replicarei que isso seria muito bom se ele não lucrasse mais ainda

prejudicando-os."

(Jean-Jaques Rousseau)

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Parolin, Denise Kryztyna. Crédito de Carbono por meio do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, 72pp. TCC, Curso de Direito, São Paulo: USF, 2010.

RESUMO

O presente trabalho desenvolveu o tema Crédito de Carbono por meio do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo a partir de uma pesquisa bibliográfica. Tem por objetivo esclarecer

as posições doutrinárias controvertidas acerca do mercado de crédito de carbono. Partindo de

uma análise histórica demonstra-se que a ação humana a partir da Revolução Industrial com o

aumento da emissão dos gases de efeito estufa acelerou o aquecimento do planeta e

conseqüentemente as mudanças climáticas da Terra. Com o intuito de demonstrar no ramo

jurídico as preocupações com o meio ambiente se introduziu as principais Leis Ambientais e

Princípios norteadores do Direito Ambiental Brasileiro. Para aprofundar o tema partiu-se de

uma referência mundial o Protocolo de Quioto, a forma de surgimento, os objetivos, as

Conferências das Partes, e o desenrolar da decisão por consenso de se adotar um Protocolo,

segundo o qual os países industrializados reduzam suas emissões de gases de efeito estufa em

pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990 entre o período de 2008 a 2012. Em

conseqüência aborda-se o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, o qual é um mecanismo de

flexibilização que autoriza a emissão de certificado de redução, que podem ser

comercializados. Este mecanismo permite aos países industrializados pertencentes

(signatários) ao Protocolo de Quioto atingir suas metas de redução dos gases de efeito estufa e

aos países em desenvolvimento que prosperem sem destruir suas florestas e o meio ambiente.

Por fim apresentam-se os desafios e perspectivas do mercado de carbono. Contudo, conclui-se

que o desafio está na equidade entre o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento

econômico, ou seja, por não haver regras claras e eficazes que normatizem o Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, carece de fundamento para punir àqueles que infrinjam o objetivo

principal, o meio ambiente saudável.

Palavras-chave: Direito Ambiental Brasileiro, Protocolo de Quioto, Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, Crédito de Carbono, Mercado de Carbono.

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LISTA DE SIGLAS

Siglas

AIC: Atividades Implementadas Conjuntamente

AIE: Agência Internacional de Energia

AND: Autoridade Nacional Designada

Art.: Artigo

BID: Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM&F: Bolsa de Mercadorias & Futuros

CCX: Chicago Climate Exchange

CER: Certified Emission Reduction

CF: Constituição Federal

CH4: Gás metano

CIMGC: Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima

CO2: Gás Carbônico

COPs: Conferência das Partes

CQNUMC: Convenção:Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

CVM: Comissão de Valores Mobiliários

DCP: Documento de Concepção do Projeto

EIA/RIMA: Estudo de impacto ambiental/relatório de impacto ambiental

EOD: Entidades Operacionais Designadas

EUA: Estados Unidos da América

FGV: Fundação Getúlio Vargas

GEEs: Gases de efeito estufa

HFCs: Hidroflucarbonos

INPE: Instituto de Pesquisas Espaciais

IPAM: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

IPCC: Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima

LULUCF: Land Use, Land Use Change and Forestry

MDIC: Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio

MDL: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

N2O: Óxido Nitroso

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OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos

OMC: Organização Mundial do Comércio

OMM: Organização Meteorológica Mundial

ONG: Organização Não Governamental

ONU: Organização das Nações Unidas

OSCIPs: Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

PFC: Perfluorcarbonos

PNMA: Política Nacional do Meio Ambiente

PNMC: Política Nacional sobre Mudança do Clima

PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RCEs: Reduções Certificadas de Emissões

SF6: Hexafluoreto e enxofre

SISNAMA: Sistema Nacional do Meio Ambiente

UE: União Européia

UNFCCC: United Nation Framwork Convention on Climate Change

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10

SEÇÃO 1 - MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AQUECIMENTO GLOBAL ...................... 11

1.1 Considerações Gerais ..................................................................................................... 11

1.2 Problemáticas Globais .................................................................................................... 13

1.3 Desafios no Brasil e no Mundo ...................................................................................... 15

SEÇÃO 2 - PRINCÍPIOS E LEIS AMBIENTAIS .............................................................. 19

2.1 Princípios do Direito Ambiental Brasileiro .................................................................... 19

2.2 Lei nº. 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente ................................................ 25

2.3 Lei nº 12.187/09 – Política Nacional de Mudança do Clima ......................................... 27

SEÇÃO 3 - O PROTOCOLO DE QUIOTO ........................................................................ 30

3.1 Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima .............................. 30

3.2 Conferências das Partes (COPs) ..................................................................................... 32

3.2.1 O Protocolo de Quioto ............................................................................................. 41

3.2.2 Implementação Conjunta ......................................................................................... 46

3.2.3 Comércio de Emissões............................................................................................. 46

3.2.4 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ................................................................. 47

SEÇÃO 4 - MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO E O MERCADO DO

CRÉDITO DE CARBONO ................................................................................................... 48

4.1 Surgimento e Objetivos .................................................................................................. 48

4.1.1 Ciclos do Projeto de MDL ....................................................................................... 53

4.2 O Mercado do Crédito de Carbono ................................................................................ 58

4.2.1 Cenário Atual ........................................................................................................... 60

4.2.2 Perspectivas de mercado .......................................................................................... 61

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema o Mercado de Crédito de Carbono por meio do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, e se justifica pela importância de contribuir com a

sociedade levando elementos que dêem condições de avaliar se a lei que permite o comércio

de crédito de carbono, por meio da emissão de certificados, implicitamente autoriza os países

a poluírem. Em que medida a aplicação da lei privilegia mais o mercado do que o meio

ambiente, essa é a problemática a ser enfrentada pela pesquisa.

As questões que envolvem mudanças climáticas, aquecimento global, leis e tratados de

proteção ao meio ambiente alcançaram o patamar de preocupação mundial. Os sinais de

mudanças estão ficando cada vez mais frequentes e gravosos, podendo citar como exemplo a

intensificação do efeito estufa, as chuvas torrenciais se alternando com ondas de calor, a

aceleração no derretimento das geleiras, os novos ambientes desérticos, e entre outros

acontecimentos ambientais que estão servindo como alerta a humanidade, aos países e seus

governantes.

Para o cumprimento dos objetivos propostos, adota-se a técnica da pesquisa

bibliográfica, baseada em estudos realizados na legislação específica, em livros, revistas,

artigos científicos, dentre outros meios que tratem do assunto. Na fase de relato, com o intuito

de atender à melhor sistematização do assunto, optou-se pela divisão de quatro seções, assim

dispostas:

Na Seção 1 apresentam-se em considerações gerais as mudanças climáticas, o

aquecimento global, as problemáticas das transformações ambientais ao longo dos anos, os

desafios que o planeta está vivendo para combater o efeito estufa, e as grandes catástrofes

ambientais. A Seção 2 é dedicada a demonstrar juridicamente os princípios e leis ambientais

no Direito Brasileiro, abordando os princípios constitucionais, as leis de Política Nacional do

Meio Ambiente e Política Nacional de Mudanças Climáticas. Na Seção 3 é analisado o

Protocolo de Quioto, sua origem, objetivos e perspectivas para o futuro. E por fim, a Seção 4

aborda o tema principal o mercado do crédito de carbono por meio do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, seu surgimento, evolução, e o desafio de identificar se está

ocorrendo um desvio de função da proposta principal, que visava à proteção ao meio

ambiente.

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SEÇÃO 1 - MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AQUECIMENTO GLOBAL

1.1 Considerações Gerais

As mudanças climáticas que vêem ocorrendo no planeta Terra são consideradas hoje um

dos maiores desafios ambientais da humanidade, os sinais estão por toda parte e como

exemplo se pode citar: os furacões com maior freqüência, as fortes chuvas, o calor excessivo,

as secas intensas, a aceleração no derretimento das geleiras dos pólos, entre outros. Esse

cenário de mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos últimos

anos não é conhecido, e por essas e outras características, a população mundial está se dando

conta que algo precisa ser feito para amenizar essas mudanças. O assunto é comentado e

estudado por muitas pessoas no mundo todo, e nos meios de comunicação propaga-se que a

sociedade pode não estar preparada para enfrentar os desafios dessas drásticas mudanças.

Segundo Carlos Klink (2006, p.1), as evidências científicas não deixam margem para

dúvidas: as mudanças do clima ameaçam os ecossistemas, a economia e até mesmo a saúde

das pessoas em escala global. O clima mundial, que se manteve estável desde a Revolução

Industrial, tem se alterado significativamente. As temperaturas, que se mantiveram estáveis

durante o século XIX, têm aumentado consistentemente e ao longo do século XX foram, em

média, 0,6 grau centígrado mais altas.

Pode-se definir como mudanças climáticas, quando há alterações no clima geral da

Terra, e essas mudanças são acompanhadas através de registros científicos apurados durante o

passar dos anos. As alterações no clima global são provocadas por fenômenos naturais ou por

ações dos seres humanos. Neste último caso, as mudanças climáticas têm sido provocadas a

partir da Revolução Industrial (século XVIII), momento em que aumentou significativamente

a poluição do ar.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (da sigla em inglês

IPCC)1, mudança climática é uma variação a longo prazo estatisticamente significante em um

parâmetro climático (como temperatura, precipitação ou ventos) médio ou na sua

variabilidade, durante um período extenso (que pode durar de décadas a milhões de anos).

1 O IPCC foi criado em 1998 e sua função é sintetizar o conhecimento não apenas sobre ciência da mudança do

clima e seus possíveis efeitos como também sobre as conseqüências socioeconômicas desse fenômeno e as

estratégias para lidar com esse problema, realizando um trabalho relevante para a elaboração de políticas. Suas

atividades são realizadas por equipes internacionais e também brasileiros, compostas por muitos dos maiores

especialistas do mundo nos diversos assuntos relacionados à mudança do clima.

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A temperatura da Terra depende do sol, que emite radiação em direção ao planeta. A

radiação solar em parte é refletida para o espaço e o restante é absorvido pela Terra em forma

de calor, esta energia não chega à Terra de maneira uniforme, apesar do sol ser uma estrela

muito estável, essa energia aumenta cerca de 10% a cada um bilhão de anos, ou seja, no início

da vida na Terra, quase quatro bilhões de anos atrás, a energia do sol era em torno de 70% da

atual.2

Conforme argumentado por Klink (2006, p.1):

A ciência já mostrou que em tempos passados o planeta passou por

modificações de temperatura, porém a novidade é que grande parte do fator

causador das mudanças atuais é a ação humana, que leva o acúmulo de gases

do efeito estufa na atmosfera do planeta.

As mudanças climáticas são reais, inequívocas e estão se acelerando. E mais:

não há como reverter o processo de aquecimento global”, diz o pesquisador

do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e membro do IPCC, Carlos

Nobre.3

Cumpre destacar, preliminarmente, que nas informações pesquisadas, o aquecimento

global é resultado do lançamento excessivo de gases de efeito estufa (GEEs), sobretudo o gás

carbônico (CO2), na atmosfera. Esses gases formam uma espécie de cobertor cada dia mais

espesso que torna o planeta cada vez mais quente e não permite a saída de radiação solar. Isso

acontece quando são lançados mais GEEs do que as florestas e os oceanos são capazes de

absorver. O efeito estufa é um fenômeno natural para manter o planeta aquecido. Desta forma

é possível a vida na Terra. O problema é que, ao lançar muitos GEEs na atmosfera, o planeta

se torna cada vez mais quente, e com isso o que se teme é a possibilidade de extinção da vida

na Terra.4

Para aprofundar os estudos e obter maiores informações, quanto às mudanças globais e

o aquecimento da Terra, cientistas, Organizações Não Governamentais (ONGs), governo de

Estados e entre outros, estão realizando pesquisas científicas que indicam:

O uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) e o

desmatamento e queimadas das florestas tropicais têm elevado ao

crescimento das emissões dos gases causadores do efeito estufa na

atmosfera, especialmente o gás carbônico (CO2). A temperatura do planeta já

sofreu uma elevação de quase 1° C ao longo do século XX e a previsão é que

nos próximos cem anos poderá se elevar entre 1,4° C e 5,8° C, ou até mais.

(IPCC,2001). Pode parecer pouco, mas as implicações de tal aumento serão

2 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global >. Acesso em: 27 ago.2010.

3Disponível em:<http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/143?page=0,1>. Acesso em: 07 set.2010.

4Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas

_climaticas/>. Acesso em: 06 set.2010.

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importantes para a “saúde” dos ecossistemas, para a biodiversidade e

consequentemente, para a humanidade. (KLINK, 2006, p.197).

Cardoso (2006, p.25) adverte que: “essas fontes de energia abundantes e baratas

moldaram as sociedades modernas, que hoje já não sabem viver sem elas para movimentar

suas indústrias, aviões e automóveis ou alimentar com eletricidade os aparelhos domésticos.”

1.2 Problemáticas Globais

A comunidade científica vem advertindo sobre as consequências das mudanças

climáticas e ao mesmo tempo muitas populações já conhecem e vivenciam de perto os

impactos do aquecimento do planeta.

Conforme entendimento de Klink (2006, p.23):

Estudos realizados sob os auspícios do IPCC representam importante suporte

para o processo decisório dos países sobre assuntos relacionados à mudança

do clima. Os trabalhos realizados por esse órgão quando de sua criação

constataram a gravidade do problema da mudança do clima em decorrência

da emissão antrópica5 de gases do efeito estufa o que serviu de base para

alertar governos dos países da necessidade de se tomar providências em

relação a essa questão.

De acordo com o IPCC, regiões do Ártico sofreram aquecimento da ordem de 2 graus

centígrados. Nos últimos quatorze anos foram observados os anos mais quentes desde 650

milênios atrás, o que ocasionou a elevação do nível do mar. Este aumento é devido à

expansão térmica da água, além do derretimento de geleiras e água congelada da Antártica,

Ártico e Groenlândia. A cobertura de neve no hemisfério Norte também sofreu uma redução

significativa.

Outro estudo, divulgado em fevereiro de 2009, mostra que, na Antártica e na

Groenlândia, a situação é pior do que se imaginava. De acordo com o maior levantamento

feito sobre os pólos até hoje, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o derretimento

da camada de gelo dessas regiões está acontecendo em velocidade intensa. O manto de gelo

de ambas está perdendo massa e estão se deteriorando cada vez mais rapidamente. Em dez

anos, as águas próximas ao continente Antártico aqueceram duas vezes mais que o resto dos

oceanos nos últimos 30 anos.

A consequência da aceleração dessa velocidade, para o futuro, será uma elevação do

nível do mar acima do previsto pelo IPCC. O órgão havia previsto uma alta de 80 centímetros

5 Antrópica é a ação humana sobre o meio ambiente.

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nos níveis dos oceanos até 2100. Se a cobertura de gelo da Antártica derreter por completo, os

níveis dos mares aumentarão em até um metro e meio, o que poderá levar a extinção das

cidades costeiras.6

De acordo com o pesquisador José Marengo (2009), o Brasil é vulnerável às mudanças

climáticas atuais e, mais ainda, às que se projetam para o futuro, especialmente quanto aos

extremos climáticos. Ele explica que as áreas mais vulneráveis compreendem a Amazônia e a

região Nordeste, conforme registrado no Relatório de Clima do INPE.7

Segue no quadro, o provável impacto das mudanças climáticas, por regiões do Brasil:

Fonte: Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/147>. Acesso em: 07 set.2010.

Quadro 1 – Impactos das mudanças climáticas no Brasil

Ao ensejo da conclusão deste item, outros exemplos e informações foram pesquisadas e

estão aqui colocados com absoluta simplicidade para ilustrar sobre a lógica das

transformações do clima da Terra, abordando as consequências presentes e também o que os

cientistas prevêem para o futuro:

(I) Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no

mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o

nível da águas dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de

muitas cidades litorâneas;

6 Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/143?page=0,2>. Acesso em: 07 set.2010.

7Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/147>. Acesso em: 07 set.2010.

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(II) A elevação da temperatura nos mares poderia ocasionar o desvio de

curso de correntes marítimas, ocasionando a extinção de vários animais

marinhos e diminuir a quantidade de peixes nos mares;

(III) Impactos aos corais que, com o aumento das temperaturas dos oceanos,

perdem cerca de 16% das espécies. Diante disso, os peixes também são

afetados porque não têm onde se abrigar e diminuem suas populações.

Assim, falta comida para o tubarão, que por isso vai às praias de

Pernambuco atacar surfistas. Existem cerca de 4 mil espécies de peixes que

vivem, nos ambientes dos corais, e são o sustento de cerca de 200 milhões de

pessoas em todo o mundo;

(IV) Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura

provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando

vários ecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo,

principalmente em florestas de países tropicais (Brasil, países africanos), a

tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas do planeta Terra;

(V) Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz

com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando

estes tipos de catástrofes climáticas;

(VI) Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as

ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma

intensa onda de calor, de até 40 graus centígrados, provocando até mesmo

mortes de idosos e crianças.8

1.3 Desafios no Brasil e no Mundo

Amenizar as conseqüências do efeito estufa e do aquecimento global é um grande

desafio para o Brasil e para o mundo, segundo o IPCC reduzir as metas de GEEs em 60% é

disso que o Planeta precisa. (IPCC apud Cardoso, 2006, p.57).

Fátima Cardoso (2006, p.47) entende que o mundo está viciado em combustíveis

fósseis, e ao mencionar os desafios da humanidade em reduzir a emissão de gases que causam

o efeito estufa diz que:

Aquecedor de frio, ar-condicionado no calor. Casas e prédios iluminados,

eletrodomésticos e computadores plugados na tomada. Carros, aviões e

ônibus transportando gente e mercadoria para todo lado. Máquinas

industriais funcionando sem parar para produzir de aço a pacotes de

biscoitos. As necessidades e os confortos das sociedades modernas estão

alicerçados em um imenso consumo de energia. O problema é que 85% de

toda a energia que o mundo gasta para mover suas engrenagens e alimentar

seu estilo de vida vem dos combustíveis fósseis: petróleo, gás natural e

carvão - os maiores responsáveis pelo aumento da concentração na

atmosfera do CO2, principal gás do efeito estufa, como já foi mencionado.

O presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, destacou em sua declaração pública em 2008,

que o tempo é escasso. “Temos uma janela de oportunidade de apenas sete anos, pois as

8Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/geografia/aquecimento_global.htm>. Acesso em: 07 set.2010.

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emissões terão que chegar ao máximo até 2015, e diminuir depois disso. Não podemos

permitir um atraso maior”.9

Essas considerações ressaltam a importância em evitar as mudanças climáticas, ou seja,

representa um desafio inédito para a humanidade e mais que isso, não se pode apenas exigir

esforços do Poder Público e de Governantes dos países, e sim que ocorra um envolvimento de

todas as nações, de todos os povos. Principalmente a parte da população mais rica, por ser a

que mais consome e mais gasta energia. Esse esforço deve ser imediato, pois não há mais

tempo para ensaios, antes que seja tarde demais para a presente e principalmente para as

futuras gerações. A cada um cabe fazer a sua parte.

Em última análise, cumpre observar algumas soluções para diminuir o aquecimento

global, evitando as drásticas mudanças climáticas, o que poderia levar ao fim da espécie

humana, não cabe neste trabalho esgotar as soluções para mudanças, mas apenas exemplificar

algumas delas. Sendo as hipóteses:

(I) Diminuir o uso de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, querosene) e

aumentar o uso de biocombustíveis (exemplo: biodíesel) e etanol.

(II) Os automóveis devem ser regulados constantemente para evitar a queima

de combustíveis de forma desregulada. O uso obrigatório de catalisador em

escapamentos de automóveis, motos e caminhões.

(III) Instalação de sistemas de controle de emissão de gases poluentes nas

indústrias.

(IV) Ampliar a geração de energia através de fontes limpas e renováveis:

hidrelétrica, eólica, solar, nuclear e maremotriz. Evitar ao máximo a geração

de energia através de termoelétricas, que usam combustíveis fósseis.

(V) Sempre que possível, deixar o carro em casa e usar o sistema de

transporte coletivo (ônibus, metrô, trens) ou bicicleta.

(VI) Colaborar para o sistema de coleta seletiva de lixo e de reciclagem.

(VII) Recuperação do gás metano nos aterros sanitários.

(VIII) Usar ao máximo a iluminação natural dentro dos ambientes

domésticos.

(IX) Não praticar desmatamento e queimadas em florestas. Pelo contrário,

deve-se efetuar o plantio de mais árvores como forma de diminuir o

aquecimento global.

(X) Uso de técnicas limpas e avançadas na agricultura para evitar a emissão

de carbono.

(XI) Construção de prédios com implantação de sistemas que visem

economizar energia (uso da energia solar para aquecimento da água e

refrigeração). 10

9 Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/143?page=0,3>. Acesso em: 07 set.2010.

10

Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/pesquisa/solucoes_aquecimento_global.htm>. Acesso em: 07

set.2010.

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Neste mesmo sentido, a cartilha do IPAM11

, diz que:

Decisões de grande escala só podem ser tomadas pelo Estado ou empresas,

mas existem pequenas atitudes individuais que também fazem diferença. Do

mesmo modo que pequenos fatores criam grandes problemas climáticos,

indivíduos que lutam contra esses fatores podem evitar os efeitos negativos

do aquecimento global. Energia elétrica e combustíveis são pontos-chave,

assim como hábitos de consumo e informação. IPAM (2008, p.36)

E de modo geral, ainda indica algumas sugestões para evitar o aquecimento global,

sendo elas:

Preferir aparelhos mais econômicos;

Usar lâmpadas fluorescentes;

Desplugar aparelhos fora de uso;

Tomar banhos mais curtos;

Evitar comida congelada;

Evitar o uso de ar-condicionado;

Apoiar políticas ecológicas;

Se manter informado sobre o meio ambiente;

Utilizar mais transporte público ou carona solidária;

Preferir carros mais econômicos;

Manter pneus calibrados;

Preferir alimentos de cultivo local;

Não usar carro para distâncias curtas;

Evitar desperdícios;

Evitar sacola de plástico;

Plantar árvores;

Comer menos carne;

Preferir reutilizáveis a descartáveis;

Rejeitar excesso de embalagem e;

Propagar e discutir idéias sobre o meio ambiente. IPAM (2008, p.36,37)

Diante o exposto, cumpre salientar que a preocupação em mitigar os efeitos do

aquecimento global, e das mudanças climáticas são assuntos para serem levados a sério, na

situação atual pode parecer um sonho utópico chegar à redução de 60% da emissão de GEEs.

Mas é num sentido de superação que a sociedade mundial deve entender essas mudanças e

aprender a respeitar o planeta em que vive.

Segundo Cardoso (2006, p.73):

Reduzir as emissões de gases do efeito estufa significa mexer nos vespeiros

que são as economias atreladas aos combustíveis fósseis. A demanda de

energia só vai aumentar ao longo deste século, expondo os países do mundo

ao desafio de atender ao consumo energético cada vez maior sem detonar o

clima do planeta. Não há solução mágica.

11

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) é uma organização ambiental não governamental

fundada em 1995 com a missão de contribuir para um processo de desenvolvimento da Amazônia que atenda às

aspirações sociais e econômicas da população e, ao mesmo tempo, mantenha a integridade funcional dos

ecossistemas da região. Para tanto, tem como objetivo determinar as conseqüências ecológicas, econômicas e

sociais do desenvolvimento na região.

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Por fim, sabe-se que entrar em acordo é difícil, reduzir emissões, mais ainda, se fosse

simples, todo mundo já teria tomado alguma atitude e não haveria necessidade de tantas

reuniões internacionais em torno do tema. Porém, é necessário urgente, que a humanidade se

desenvolva de forma ambientalmente correta, se comprometendo com o desenvolvimento

sustentável, e que para isso não seja cabível a destruição do planeta Terra, afinal, até o

presente momento, este é o único lugar que se sabe haver possibilidade de vida humana.

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SEÇÃO 2 - PRINCÍPIOS E LEIS AMBIENTAIS

2.1 Princípios do Direito Ambiental Brasileiro

Direito Ambiental é o conjunto de princípios e normas destinadas a impedir a destruição

ou a degradação dos elementos do Meio Ambiente, controlando de forma coercitiva as

atividades co-relacionadas. Tem como maior preocupação a garantia de preservação da

qualidade de vida da presente e futuras gerações, bem como toda espécie de vida no planeta, e

traz consigo a punibilidade para aqueles que venham infringir tais determinações. Suas

normas estão intimamente ligadas aos outros ramos do Direito.

Para a aplicação das normas de Direito Ambiental, assim como em qualquer ramo do

Direito, é importante compreender as noções básicas e adequá-las à interpretação dos

princípios.

Os Princípios do Direito Ambiental visam proporcionar o alicerce das regras

fundamentais do ordenamento jurídico, são relevantes para a lógica normativa e aplicação aos

casos concretos, sendo, portanto disposições que servem de inspiração ao legislador para

elaborar as leis, assim como servem ao intérprete para aplicá-las, seja para pautar esta

interpretação, seja para sanar omissões. Os princípios podem ser expressos ou decorrentes do

ordenamento jurídico.

Princípios gerais de Direito são, na dicção de Reale (1991, p.300), “enunciações

normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento

jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas.”

Ensina Mello (2006, p.287), que:

Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma, pois

implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a

todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou

constitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque

representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores

fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de

sua estrutura mestra.

Na concepção de Mirra (1996, apud Limiro, 2009, p. 52):

Os princípios prestam importante auxílio no conhecimento do sistema

jurídico, no sentido de uma melhor identificação da coerência e unidade de

que fazem de um corpo normativo qualquer, um verdadeiro sistema, lógico e

racional. E essa circunstância é ainda mais importante nas hipóteses daqueles

sistemas jurídicos que – como o sistema jurídico ambiental – têm suas

normas dispersas em inúmeros textos de lei, que são elaborados ao longo dos

anos, sem critério preciso, sem método definido.

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Ademais ao entendimento dos doutrinadores, por força do artigo 4º da Lei de Introdução

ao Código Civil: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os

costumes e os princípios gerais de Direito”, desta forma, entende-se claramente que, quando a

lei for omissa, os princípios poderão ser aplicados diretamente, por força deste artigo.

A nomenclatura e a classificação dos princípios norteadores das normas do Direito

Ambiental Brasileiro não unânime entre os doutrinadores, portanto, no presente trabalho será

feito uma reunião (inter relação) entre os principais entendimentos de cada princípio, para

aprofundar-se no tema central proposto, pois, conforme Carlos Ari Sundfeld apud Sérgio

Gabriel, “é o conhecimento dos princípios, e a habilitação para manejá-los, que distingue o

jurista do mero conhecedor de textos legais”.1

Conforme pondera Fiorillo (2009, p.1e 12):

A Constituição Federal (CF) de 1988, ao indicar, em seu título VIII, Capítulo

VI (Do meio ambiente), artigo 225, a existência do direito “ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado”, não só fixou de maneira clara a

existência do plano constitucional do Direito ambiental brasileiro como

estabeleceu seus parâmetros, ou seja, os critérios fundamentais destinados à

sua correta interpretação. [...]

[...] A par do Direito Ambiental ser considerado uma ciência nova, a

Constituição Federal de 1988 ao lhe conferir estrutura própria, no art. 225,

lhe fez ciência autônoma, contando com diversos preceitos próprios, ou

princípios próprios na nomenclatura forjada pela doutrina tradicional do

Direito. [...]

[...] Aludidos princípios constituem pedras basilares dos sistemas político-

jurídicos dos Estados civilizados, sendo adotados internacionalmente como

fruto da necessidade de uma ecologia equilibrada e indicativos do caminho

adequado para a proteção ambiental, em conformidade com a realidade

social e os valores culturais de cada Estado.

Cumpre ressalvar, que não tem o presente trabalho o objetivo de esgotar o estudo sobre

a questão dos princípios que buscam nortear o intérprete na análise do Direito constitucional

ambiental brasileiro, mas sim demonstrar alguns deles e como são interpretados

doutrinariamente.

1 – Princípio da Cooperação entre os povos.

Conforme mencionado por Limiro (2009, p.52), “é imprescindível os povos cooperarem

entre si.”

[...] A proteção do ambiente é um assunto que está relacionado com todos os

países, haja vista que qualquer agressão a ela infligida comprometerá o

território de um Estado e, não raramente, também os territórios de seus

vizinhos. [...]

1 Disponível em: < http://jusvi.com/artigos/29789>. Acesso em: 01 ago.2010

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[...] Em razão de os efeitos das agressões ao ambiente serem sentidos de

maneira globalizada, os Estados passaram a considerar mais seriamente a

aplicação do dever de cooperação em suas políticas ambientais.

2 – Princípio das Responsabilidades comuns, porém diferenciadas.

Limiro (2009, p.54), entende que “Todos são responsáveis, mas de forma

diferenciada”:

[...] Esse princípio reconhece a desigualdade econômica existente entre os

países desenvolvidos e os em desenvolvimento e atribui que aqueles tiveram

desenvolvimento superior aos destes em razão da anterioridade do processo

de industrialização. [...]

[...] O princípio das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, foi

estabelecido depois de observados que a maior parcela de emissões globais,

históricas e atuais, de gases de efeito estufa é originária dos países

desenvolvidos, pois as emissões per capita dos países em desenvolvimento

ainda são relativamente baixas. [...]

3 - Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Na CF de 1988, este princípio encontra-se esculpido no caput do art. 225:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-

se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo

para as presentes e futuras gerações.

Por meio dos ensinamentos de Celso A. Pacheco Fiorillo (2010) constata-se que os

recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível que as atividades

econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato. Com esse princípio se busca a coexistência

harmônica entre economia e meio ambiente, onde permita o desenvolvimento, mas de forma

sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se

escassos.

Busca-se, na verdade, a coexistência de ambos sem que a ordem econômica inviabilize

um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sem que este obste o desenvolvimento

econômico. (FIORILLO, 2010, p.86)

4 - Princípio do Poluidor Pagador

Explica Limiro (2009, p.57) que:

O princípio não visa a suportar a poluição mediante preço, bem como não se

limita apenas a compensar os danos causados, mas sim evitar o dano ao meio

ambiente. Trata-se de concepção de que quem polui deve arcar com os

danos, e não de que quem pagou pode poluir. O sintagma nominal “poluidor

pagador” é diferente de “pagador poluidor”. Logo, não deixa margem para

equívocos ou ambigüidades na interpretação do princípio.

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Portanto, pode o princípio do “poluidor pagador” ser entendido como o

recurso econômico utilizado para que o poluidor arque com os custos da

atividade poluidora, ou seja, haja a internalização dos efeitos externos,

passando desse modo, a repercutir nos custos finais dos produtos e serviços

oriundos da atividade. Sob outro ponto de vista, o objetivo é fazer com que

os agentes que originaram as externalidades assumam os custos impostos a

outros agentes, produtores e/ou consumidores.

Com relação as mudanças climáticas , o princípio do “poluidor pagador”

incide no processo de internalização de seus efeitos mediante substituição de

tecnologias e equipamentos utilizados atualmente, que permitem a emissão

de gases de efeito estufa para a atmosfera, por outros mais limpos, os quais

reduzirão a emissão dos gases ou removerão o CO2 da atmosfera.

No mesmo sentido Celso A. Pacheco Fiorillo (2010, p.88) identifica neste princípio

duas órbitas de alcance: num primeiro momento busca evitar a ocorrência de danos

ambientais (caráter preventivo), impondo ao poluidor o dever de arcar com as despesas de

prevenção dos danos ao Meio Ambiente que a sua atividade pode ocasionar, e cabe a ele o

ônus de utilizar instrumentos necessários à prevenção dos danos. Em uma segunda órbita de

alcance esclarece esse princípio que, ocorrendo danos ao Meio Ambiente em razão da

atividade desenvolvida, o poluidor será responsável pela sua reparação (caráter repressivo).

Na CF de 1988, encontramos o princípio previsto no art. 225, § 3º:

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos

causados.

Afirma Fiorillo (2010, p.93) que:

O princípio do poluidor pagador determina a incidência e aplicação de

alguns aspectos do regime jurídico da responsabilidade civil aos danos

ambientais:

a) a responsabilidade civil objetiva;

b) prioridade da reparação especifica do dano ambiental; e

c) solidariedade para suportar os danos causados ao Meio Ambiente.

A responsabilidade objetiva não importa em nenhum julgamento de valor sobre os atos

do responsável. Basta que o dano se relacione materialmente com estes autos, para aquele que

exerce uma atividade deve assumir os riscos. (FIORILLO, 2010, p. 94)

Tendo sido adotado o regime de responsabilidade civil objetiva pela CF, não há

possibilidade, em matéria ambiental, por lei infraconstitucional, modificação desse regime

jurídico de responsabilidade.

A grande função do art. 225 é dizer que todos podem encaixar-se no conceito de

poluidor e degradador ambiental. (FIORILLO, 2010, p. 96)

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Wambier (2001) confirma que é difícil a determinação do quantum a ser ressarcido

pelo causador do ato feito, sendo sempre preferível a reparação natural, pela recomposição

efetiva e direta do ambiente prejudicado. (apud, FIORILLO, 2010, p.96)

A reparação do meio ambiente é sempre mais vantajosa a todos que habitam o planeta,

por reconstituir o ecossistema, ou quando não é possível voltar ao status quo, a reparação

minimiza os efeitos da degradação ambiental.

Conforme bem explanado por Fiorillo (2010, p.96-97):

Ainda que não possa ser possível a idêntica reparação é muito mais

vantajosa a reparação especifica, não só ao próprio homem como ao próprio

Meio Ambiente, do que a indenização em pecúnia. Esta, repetimos, deve ser

alcançada e objetivada na total impossibilidade de se conseguir aquela. [...]

[...] Com isso, conclui-se que a única alteração da qualidade ambiental

indenizável é aquela que resulte de uma degradação da qualidade ambiental

(alteração adversa das características do Meio Ambiente) e, ao mesmo

tempo, seja causada por uma atividade direta ou indiretamente praticada por

uma pessoa física ou jurídica. Percebe-se que pode ocorrer degradação

ambiental da qualidade ambiental, mas não haver poluição, já que esta

reclama degradação ambiental, condicionada ao exercício direto ou indireto

de uma atividade.

5 - Princípio da Prevenção ou da Precaução

Na CF de 1988, encontra-se o princípio previsto no art. 225, caput, onde se impõe que é

dever do poder público e da coletividade proteger e preservar o Meio Ambiente para a

presente e as futuras gerações.

Existe discussão doutrinária sobre as denominações: precaução e prevenção, uma

corrente entende que são expressões diferentes, enquanto a outra parte da doutrina entende

que não há diferença entre as expressões.

No entendimento de Antunes (2002, p.35-36), os princípios da precaução e prevenção

são independentes entre si:

O Princípio da precaução é aquele que determina que não se produzam

intervenções no meio ambiente antes de ter a certeza que estas não serão

adversas para o meio ambiente. É evidente, entretanto, que a qualificação de

uma intervenção como adversa está vinculada a um juízo de valor sobre a

qualidade da mesma e a uma análise de custo/benefício do resultado da

intervenção projetada. Isto deixa claro que o princípio da precaução está

relacionado ao lançamento no ambiente de substâncias desconhecidas ou que

não tenham sido suficientemente estudadas [...]

[...] O Princípio da prevenção aplica-se a impactos ambientais já conhecidos

e que tenham uma história de informações sobre eles. É o princípio da

prevenção que informa tanto o licenciamento ambiental como os próprios

estudos de impacto ambiental. Tanto um como outro são realizados sobre

conhecimentos já adquiridos sobre uma determinada intervenção no

ambiente. O licenciamento ambiental, como principal instrumento de

prevenção de danos ambientais, age de forma a prevenir os danos que uma

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determinada atividade causaria ao ambiente caso não tivesse sido submetida

ao licenciamento ambiental.

De forma diversa Milaré (2004, p.144), entende que:

A palavra prevenção, que significa “ato ou efeito de antecipar-se”, possui

caráter genérico, enquanto a palavra precaução, que sugere “cuidados

antecipados, cautela para que uma atitude ou ação não venha a resultar em

efeitos indesejáveis”, é de caráter mais específico. Logo, prefere adotar o

termo “princípio da prevenção”.

Limiro (2009, p.59), deixando as divergências à parte, entende que:

O objetivo primordial do princípio é a utilização racional e parcimoniosa dos

recursos naturais, o que se alcançará pela proteção dada contra um dano

aparentemente irreversível ou de difícil reparação e com a probabilidade de

ocorrer futuramente.[...]

[...] O princípio da precaução é utilizado para se evitarem ou minimizarem as

possibilidades de riscos dos efeitos nocivos da mudança do clima. Para tanto,

determina sejam formuladas políticas globais, por intermédio da cooperação

internacional, bem como políticas internas, sendo que ambas devem

considerar os diferentes contextos socioeconômicos.

6 - Princípio da Participação e da Informação

Este princípio tem como fundamento elementar, que a melhor maneira de tratar as

questões ambientais e manter um meio ambiente saudável seja assegurando às pessoas

interessadas a participação e a livre informação relativas ao meio ambiente.

Conforme corrobora Limiro (2009, p.59), “esses princípios indicam o acesso livre à

informação, à participação pública no processo decisório e à justiça.”

Nessa perspectiva, denotam-se presentes dois elementos fundamentais para a efetivação

dessa ação em conjunto: a informação e a educação ambiental, mecanismos de atuação, numa

relação de complementaridade. (FIORILLO, 2010, p.119)

Com isso observa-se que a educação ambiental é efetivada mediante informação

ambiental, o que é expressamente previsto pela CF no seu art. 225, § 1º, inciso VI.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

[...] VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

Acrescenta Fiorillo (2010, p.120-121) que educar ambientalmente significa:

(I) reduzir os custos ambientais, à medida que a população atuará como

guardiã do Meio Ambiente;

(II) efetivar o princípio da prevenção;

(III) fixar a idéia de consciência ecológica que buscará sempre a utilização

de tecnologias limpas;

(IV) incentivar a realização do princípio da solidariedade, no exato sentido

que perceberá que o Meio Ambiente é único, indivisível e de titulares

indetermináveis, devendo ser justa e distributivamente a todos;

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(V) efetivar o princípio da participação, entre outras finalidades.

Com relação às questões climáticas, tal princípio possibilita a inclusão do Terceiro

Setor, como, por exemplo, ONGs, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

(OSCIPs), Institutos, entre outros. (LIMIRO, 2009, p.60)

Machado (2001, p.79) assevera que:

A informação ambiental não tem o fim exclusivo de formar a opinião

pública. Valioso formar a consciência ambiental, mas com canais próprios,

administrativos e judiciais, para manifestar-se. O grande destinatário da

informação – o povo, em todos os seus segmentos, incluindo o cientifico

não-governamental – temo que dizer e opinar.[...]

7 - Princípio da Ubiquidade

De acordo com Fiorillo (2010, p.123), este princípio vem evidenciar que:

O objeto de proteção do Meio Ambiente, localizado no epicentro dos

Direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma

política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra, etc. tiver

que ser criada e desenvolvida. Isso porque na medida em que possui como

ponto cardeal da tutela constitucional a vida e a qualidade de vida, tudo que

se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes passar por uma consulta

ambiental, enfim, para saber se há ou não a possibilidade de que o Meio

Ambiente seja degradado.

Dessa forma, observa-se que o direito ambiental reclama não apenas que se

“pense” em sentido global, mas também que se haja em âmbito local, pois

somente assim é que será possível uma atuação sobre a causa de degradação

ambiental e não simplesmente sobre seu efeito. De fato, é necessário

combater as causas dos danos ambientais, e nunca somente os sintomas,

porquanto evitando-se apenas estes, a conservação dos recursos naturais será

incompleta e parcial.

Para tanto se observa instrumentos como o estudo prévio de impacto ambiental

(EIA/RIMA), o manejo ecológico, o tombamento, as liminares, as sanções administrativas,

entre outros.

2.2 Lei nº. 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente

A Lei nº. 6.938/81 foi instituída em 31 de Agosto de 1981, está alinhada com

fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da CF, estabeleceu a Política

Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.

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Constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa

Ambiental.2

Apesar desta Lei ser anterior à CF de 1988, foi recepcionada pela CF vigente e, “dentre

todas as leis setoriais referentes ao Meio Ambiente, apresenta uma característica ímpar, como

lei que desempenha um papel de criar mecanismos para que outras normas possam ser

aplicadas.” (ARAÚJO, 2008, p.101).

Cumpre esclarecer que o advento da CF proporcionou a recepção da Lei 6.938/81 em

quase todos os seus aspectos, além da criação de competências legislativas concorrentes.

Guilherme J. Purvin de Figueiredo (2009), afirma que a referida Lei foi um marco

histórico para a disciplina jurídica, pois ofereceu no art. 3º, os conceitos legais basilares sobre

meio ambiente, recursos ambientais, poluição e poluidor e consagrando o princípio da

responsabilidade civil objetiva por danos ambientais. Afirma ainda, que esta lei é a certidão

de nascimento do Direito Ambiental Brasileiro.

Entende Paulo de Bessa Antunes (2006), que a esta lei foi destinado o papel de ser o

instrumento apto ao desempenho da coordenação da aplicação das diversas normas legais

esparsas que cuidam de proteção ambiental no Brasil, e que deve ser compreendida como o

conjunto dos instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à

promoção do desenvolvimento sustentável da sociedade e economias brasileiras.

A Lei nº 6938/81 tem seus princípios previstos no art. 2º, incisos de I a X. Segundo

Sirvinskas (2009, p.135), tais princípios não se confundem com os princípios doutrinários,

mas com eles devem compatibilizar-se. Trata-se dos denominados princípios legais, quais

sejam:

I – princípio da ação governamental na manutenção do equilíbrio

ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser

necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

II - princípio da racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do

ar;

III - princípio do planejamento e fiscalização do uso dos recursos

ambientais;

IV - princípio da proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas

representativas;

V - princípio do controle e zoneamento das atividades potencial ou

efetivamente poluidoras; (v. art. 9º, II, da Lei n. 6.938/81);

VI - princípio de incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias

orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; (v. art.

9º, V, da Lei n. 6.938/81);

VII - princípio do acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

(auditoria ambiental);

2 Artigo 1º da Lei 6938/81, Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938compilada.htm>.

Acesso em: 15 ago.2010.

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VIII - princípio da recuperação de áreas degradadas;

IX - princípio da proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - princípio da educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive

a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa

na defesa do meio ambiente. (art.225,§ 1º, VI, da CF e Lei n. 9.795/99).

A Lei de PNMA em seu art. 4º elencou seus objetivos; menciona Gisele F. de Araújo

(2008, p.103) que, o objetivo geral da referida lei é, sem sombra de dúvida, preservar,

melhorar e recuperar a qualidade ambiental, proporcionando, possibilidades de melhoria de

vida e condições de regeneração aos ecossistemas.

Acrescenta Sirvinskas (2009, p.135) que:

Tais objetivos têm por escopo dar efetividade ao desenvolvimento

sustentável previsto constitucionalmente, garantir o desenvolvimento

socioeconômico e os interesses da segurança nacional e proteger a dignidade

da vida humana previstos na lei infraconstitucional.

E por fim, se faz importante esclarecer, que foi no art. 6º constituído o SISNAMA, este

órgão é constituído de entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e

dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela

proteção e melhoria da qualidade ambiental.

2.3 Lei nº 12.187/09 – Política Nacional de Mudança do Clima

A Lei 12.187 foi sancionada no dia 29/12/2009, e instituiu a Política Nacional sobre

Mudança do Clima – PNMC.

Foi fixado em lei o compromisso voluntário do Brasil de reduzir as emissões de gases de

efeito estufa entre 36,1% e 38,9% projetados até 2020. Entretanto, um decreto do executivo

federal ainda deverá ser editado para definir as projeções das emissões e o detalhamento das

ações para alcançar as metas assumidas. A elaboração tomará por base o segundo Inventário

Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados

pelo Protocolo de Montreal.

Segundo o texto da lei por meio de decreto específico do executivo federal serão

estabelecidos planos setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas para a

consolidação de uma economia de baixo consumo de carbono para os seguintes setores:

- geração e distribuição de energia elétrica,

- transporte público urbano,

- transporte interestadual de cargas e passageiros,

- indústria de transformação e de bens de consumo duráveis,

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- indústrias químicas fina e de base,

- indústria de papel e celulose,

- mineração,

- indústria da construção civil,

- serviços de saúde,

- agropecuária.

Com o objetivo em atender metas gradativas de redução de emissões antrópicas

quantificáveis e verificáveis, considerando as especificidades de cada setor.

Também deverão existir medidas de adaptação às mudanças climáticas e planos de ação

para prevenção e controle do desmatamento em biomas como o Cerrado, a Amazônia e a

Mata Atlântica.3

Outro mecanismo previsto é o do mercado de carbono, no qual países ricos podem

comprar créditos, pagando por projetos que reduzam as emissões poluidoras na atmosfera. A

Lei define os créditos de carbono como títulos mobiliários representativos de emissões de

gases de efeito estufa evitadas e certificadas, os quais podem ser negociáveis em bolsas de

mercadorias e futuros, bolsas de valores e entidades de balcão organizado, autorizadas pela

Comissão de Valores Mobiliários – (CVM).4

As ações previstas na lei serão financiadas com recursos de um fundo específico, além

de linhas de crédito, financiamentos públicos e medidas fiscais e tributárias.

A Lei criou algumas diretrizes, dentre elas, adotar ações para aliviar os efeitos da

mudança do clima em concordância com o desenvolvimento sustentável; promover a

cooperação internacional para desenvolver e difundir tecnologias de redução dos gases; apoiar

e estimular padrões sustentáveis de produção e consumo e os compromissos assumidos pelo

Brasil na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no Protocolo de

Quioto e nos demais documentos sobre mudança do clima dos quais vier a ser signatário. E

uma novidade é o uso de critérios diferenciados em licitações públicas para favorecer

produtos e serviços que signifiquem maior economia de energia, de água e redução na

emissão dos gases.5

3 Disponível em: <http://www.observatorioeco.com.br/index.php/integra-da-lei-de-politica-nacional-sobre-

mudanca-do-clima/>. Acesso em: 26 ago.2010.

4 Disponível em: <http://www.observatorioeco.com.br/index.php/integra-da-lei-de-politica-nacional-sobre-

mudanca-do-clima/>. Acesso em: 19 set.2010.

5 Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=142047>. Acesso em: 11

set.2010.

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Conforme expresso na Lei, as regulamentações por decreto estão previstas para serem

concluídas até o fim do ano de 2010, enquanto isto não ocorre, o que resta é aguardar as novas

normas serem implementadas.

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SEÇÃO 3 - O PROTOCOLO DE QUIOTO

3.1 Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

Conforme abordado por Danielle Limiro (2009, p.34), as possibilidades de uma

mudança climática no planeta Terra evidenciada por estudos científicos, propulsionaram, em

1988, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização

Meteorológica Mundial (OMM) a criarem o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do

Clima (IPCC) após a Conferência sobre Mudanças Atmosféricas, ocorrida em Toronto, no

Canadá.

O IPCC realiza estudos que relacionam o aumento da temperatura global com as

atividades desenvolvidas pelos seres humanos. Transcorridos dois anos de sua criação, o

IPCC publicou seu primeiro relatório, denominado, em inglês, First Assessment Report, onde

alegou que as mudanças no clima significavam ameaças aos seres humanos. Ademais, nessa

oportunidade, invocou os Estados para elaborarem e adotarem um tratado internacional sobre

o assunto, que teve como resultado de uma Assembléia Geral das Nações Unidas instituição

para a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, ao qual foi encomendada a redação de

uma convenção-quadro.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC) (em

inglês United Nation Framwork Convention on Climate Change – UNFCCC) teve seu texto

adotado na Sede das Nações Unidas, em Nova York, no dia 09/05/1992. A Conferência esteve

aberta para assinaturas no Rio de Janeiro, de 4 a 16/06/1992, durante a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento conhecida como Rio-92, e

posteriormente, na sede das Nações Unidas, em Nova York, de 20/06/1992 a 09/06/1993.

Em vigor desde 21/03/1994, verifica-se que, até junho de 2006, a Convenção-Quadro

havia sido assinada por 189 “Partes” países, que assumiram, assim, um compromisso

internacional com os termos da referida Convenção. Os Estados que não a assinaram, poderão

fazê-lo em qualquer momento.

O Brasil aderiu à Convenção-Quadro em 1992, que foi ratificada pelo Decreto

Legislativo 1, de 03/02/1994, e promulgada pelo Decreto 2.652, de 01/07/1998.

A fim de articular as ações do governo brasileiro nessa área, foi criada a Comissão

Interministerial de Mudança Global do Clima, por intermédio do Decreto (sem nº.) de 07, de

julho de 1999.

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A Convenção-Quadro estabeleceu um regime jurídico internacional para atingir o

objetivo principal de alcançar a estabilização das concentrações de GEEs na atmosfera em

nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático, conforme

preconizado no art. 2º de seu texto:

O objetivo final desta Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos com

ela relacionados que adote a Conferência das Partes é o de alcançar, em

conformidade com as disposições pertinentes desta Convenção, a

estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num

nível que uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Esse

nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos

ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure

que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao

desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável.

A Convenção enfatiza que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelas

emissões históricas e atuais, devendo tomar a iniciativa do combate à mudança do clima; que

a prioridade dos países em desenvolvimento deve ser o seu próprio desenvolvimento social e

econômico, porém evitando a degradação do meio ambiente, e que países com ecossistemas

frágeis, como pequenos países insulares e de terreno árido, são especialmente vulneráveis aos

impactos previstos na mudança do clima. Também se propõe a: mitigar os efeitos das

emissões de GEEs na atmosfera pelos Estados; estabilizar os níveis de GEEs; criar a estrutura

de políticas públicas interna dos Estados; levantar os inventários nacionais de GEEs por

setores de atividade; estabelecer metas de redução de GEEs, de acordo com o princípio das

“responsabilidades comuns, mas diferenciadas”.

Neste sentido, explica Klink (2006, p.58), que:

No âmbito da CQNUMC, com base no princípio das responsabilidades

comuns, porém diferenciadas, foram estabelecidos basicamente dois grupos

de países: as partes do Anexo I, ou seja, países relacionados no Anexo I do

texto da Convenção, e as partes não-Anexo I, ou seja, aqueles que não são

relacionados no referido anexo.

O chamado Anexo I da CQNUMC inclui os países industrializados que eram

membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômicos (OCDE) em 1992, mais a Comunidade Européia e países

industrializados da ex-União Soviética e do Leste Europeu.1

Ainda segundo a Convenção, os países do Anexo I deveriam reduzir as emissões dos

GEEs de modo que, no ano de 2000, elas voltassem aos níveis de 1990. Aos outros, do não-

1 Em 1992, as partes incluídas no Anexo I eram: Alemanha, Austrália, Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária,

Canadá, Comunidade Européia, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos da

América, Estônia, Federação Rússia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia,

Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal,

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheca, Romênia, Suécia, Suíça, Tchecoslováquia,

Turquia e Ucrânia.

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Anexo I, nenhuma meta era exigida. Seus únicos compromissos eram seguir os princípios

gerais de promover programas de contenção das emissões dentro dos próprios países.

Embora a Convenção-Quadro não defina a forma de atingir esse objetivo, estabeleceu

mecanismos que dão continuidade ao processo de negociação em torno dos instrumentos

necessários para que esse objetivo seja alcançado.

Para as tomadas de decisões necessárias, visando à promoção efetiva da implementação

da CQNUMC, bem como para a revisão dessa implementação, foi instituída a Conferência

das Partes (COPs), que é o órgão supremo da Convenção.

3.2 Conferências das Partes (COPs)

Limiro (2009, p.36) menciona que, as COPs têm como objetivo promover e revisar a

implementação da Convenção-Quadro, revisar compromissos existentes periodicamente,

levando em conta os objetivos da Convenção, bem como divulgar artigos científicos novos e

verificar a efetividade dos programas de mudanças climáticas nacionais.

As sessões ordinárias das COPs devem ser anuais, e as sessões extraordinárias ocorrerão

quando houver determinação da própria Conferência ou se houver solicitação por escrito de

qualquer dos países-Partes. Cada encontro leva o nome da cidade onde é realizado e seus

resultados dependem das negociações entre os países-partes que participam do acordo e seus

grupos representativos.

COP-1 – (Conferência de Berlim) – realizada em 1995, em Berlim, na Alemanha. De

acordo, com Limiro (2009, p.36), a COP 1 adotou 21 decisões, incluindo o Mandato de

Berlim, em que restou convencionado que um Protocolo para a Convenção que estabelecesse

a redução das emissões de gases de efeito estufa deveria ser negociado e que necessitaria de

estar elaborado para aprovação até a 3ª Conferência das Partes. As Partes entenderam que o

compromisso dos países desenvolvidos de voltar suas emissões para os níveis de 1990, até o

ano 2000, era inadequado para se atingir o objetivo de longo prazo da Convenção, o qual

consistia em impedir uma interferência antrópica (produzida pelo homem) perigosa no

sistema climático.

Conforme citado por Cardoso (2006, p.59), “Nesse mesmo ano, o IPCC divulgou um

relatório associando as mudanças do clima ao aumento do efeito estufa.”

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COP-2 – (Conferência de Genebra) - realizada em 1996, na sede das Nações Unidas

em Genebra, na Suíça. Nessa oportunidade, assinou-se a Declaração de Genebra,

contemplando acordo para a criação de obrigações legais. Tendo em vista a redução de

emissões de CO2. (LIMIRO, 2009, p.37)

Adiciona Seiffert (2009, p.34) que, “Foi apresentado o segundo relatório de Avaliação

realizado pelo IPCC, o qual foi um instrumento de grande importância no processo de

negociações.”

Porém, novas negociações e acordos ficariam ainda para a COP-3.

COP-3 – (Conferência de Quioto) – realizada em 1997, em Quioto, no Japão. Marcou

a adoção do Protocolo de Quioto, onde as nações industrializadas (Anexo I) se

comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 5,2% em relação às

emissões de 1990, no período entre 2008 a 2012.

Cabe ressaltar que o Protocolo de Quioto, não estabeleceu compromissos para as partes

não-Anexo I, ou seja, permaneceram as condições estabelecidas na CQNUMC, no sentido de

que eles não têm compromissos quantificados de redução de GEEs.

Carlos Klink (2006, p.29) explica que de modo geral, as metas eram de 5,2% das

emissões de 1990, porém alguns países assumiram compromissos maiores: Japão – 6%, União

Européia – 8% e Estados Unidos, que acabaram não ratificando o acordo, 7%. Contudo a

entrada em vigor do acordo estava vinculada à ratificação por no mínimo 55 países que

somassem 55% das emissões globais de GEE.

E para facilitar as reduções foram estabelecidos três mecanismos de flexibilização: o

Comércio de Emissões, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e a Implementação

Conjunta. (SEIFFERT, 2009, p.34).

COP-4 – (Conferência de Buenos Aires) – realizada em 1998, em Buenos Aires, na

Argentina. Limiro (2009, p.37) explica que nesta Conferência foi elaborado o pacote de

metas, que ficou conhecido como Plano de Ação de Buenos Aires, a fim de que fossem

decididas as seguintes questões: mecanismos de financiamento; desenvolvimento e

transferências de tecnologias; atividades implementadas conjuntamente em fase piloto e

programa de trabalho dos mecanismos do Protocolo de Quioto. Essas negociações deveriam

ser concluídas até a COP-6, para que possibilitasse a entrada em vigor do Protocolo de

Quioto.

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COP-5 – (Conferência de Bonn) – realizada em 1999, em Bonn, na Alemanha. Este

encontro na Alemanha teve como destaque a implementação do Plano de Ações de Buenos

Aires e as discussões sobre o Uso da Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas (LULUCF),

(em inglês, Land Use, Land Use Change and Forestry). Tratou ainda da execução de

atividades implementadas conjuntamente em caráter experimental e do auxílio para

capacitação de países em desenvolvimento.

COP-6 – (Conferência de Haia) – realizada em 2000, em Haia, Países Baixos, o

encontro foi uma amostra da dificuldade de consenso em torno das questões de mitigação, e

em razão dos muitos conflitos e divergências, não pode ser concluída. A falta de acordo nas

discussões sobre sumidouros, LULUCF, MDL, mercado de carbono e financiamento de

países em desenvolvimento, levaram à suspensão das negociações.

Sobre o assunto, Limiro (2009, p.38) comenta que:

Durante a realização da COP-6, diversas incertezas existiam quanto ao

futuro do Protocolo de Quioto, havendo, também, expectativas de que essa

seria a última Conferência das Partes realizada, pois foi nessa época que os

Estados Unidos renunciaram ao Protocolo.

Entretanto, por causa das questões que permaneceram sem solução durante a

COP-6, acertou-se, então, que ela seria retomada em 2001 e, ao ser

reconvocada para realizar-se em Bonn, na Alemanha, as expectativas foram

superadas e a COP-6 ficou conhecida por ter sido a Conferência que salvou o

Protocolo de Quioto. Seu sucesso se deu sobretudo por um acordo em que

concessões foram feitas para agradar aos interesses dos países em conflito.

Ademais, nessa oportunidade, tomou-se como consenso a necessidade de se

atacarem diretamente os pontos essenciais do Plano de Ação de Buenos

Aires.

Foi então aprovado o uso de sumidouros para cumprimento de metas de

emissão, discutidos limites de emissão para países em desenvolvimento e a

assistência financeira dos países desenvolvidos.

COP-7 – (Conferência de Marrakesh) – realizada em 2001, em Marraquesh, no

Marrocos. Segundo Seiffert (2009, p.35), “na COP-7 foram finalizadas as negociações dos

itens pendentes do Plano de Ação de Buenos Aires.”

Ademais, como explica Limiro (2009, p.38):

Foram definidas as regras operacionais, a fim de que fosse colocado em

prática o Protocolo de Quioto. Essas regras ficaram conhecidas como

Acordos de Marraqauesh, que, entre, outras coisas, definem as regras

operacionais para as questões de Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e

Florestas (LULUCF), mecanismos de flexibilização, inventários nacionais de

emissões, informações adicionais à Convenção-Quadro derivadas do

Protocolo e do processo de revisão das comunicações nacionais.

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COP-8 – (Conferência de Nova Delhi) - realizada em 2002, em Nova Deli, na Índia,

marcou a adesão da iniciativa privada e de ONGs ao Protocolo de Quioto e a apresentação de

projetos para a criação de mercados de créditos de carbono, esta Conferência contou com a

participação de 167 países e 213 organizações não-governamentais e intergovernamentais.

“Durante a COP-8, se insistiu continuar as negociações da Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável (RIO+10) sobre energias renováveis, clima, biodiversidade e

desertificação.” (SEIFFERT, 2009, p.35)

Havia expectativa quanto à definição das modalidades e dos procedimentos para plantio

e reflorestamento, no âmbito do MDL, porém nenhum resultado concreto foi obtido, restou

acordado que tais questões seriam concluídas na COP-9. (LIMIRO, 2009, p.38).

COP-9 – (Conferência de Milão) – realizada em 2003, em Milão, na Itália. Sobre a

COP-9 Limiro (2009, p.39) menciona que:

A discussão foi enfática sobre as regras e os procedimentos para os projetos

florestais no MDL. O grande avanço realizado foi o fechamento das regras

que definem o modo como os projetos de florestamentos2 e reflorestamentos

3

deverão ser conduzidos para reconhecimento junto à Convenção-Quadro das

Nações Unidas sobre Mudanças do Clima e para obtenção de créditos de

carbono, no escopo do MDL.

COP-10 – (Conferência de Buenos Aires) – realizada em 2004, em Buenos Aires, na

Argentina. Essa COP foi marcada pela ratificação Russa, o que fez com que o Protocolo de

Quioto entrasse em vigor no início do ano seguinte, em 16 de fevereiro de 2005. (SEIFFERT,

2009, p.35).

Limiro (2009, p.39) afirma que

A discussão na Conferência circundou na elaboração de modalidades e

procedimentos simplificados para atividades de projetos de pequena escala

de florestamento e reflorestamento no âmbito da MDL. Esse documento era

o que faltava para o projeto do MDL florestal, pois veio, para reduzir os

custos de elaboração dos projetos, podendo, assim, incluir nele pequenos e

médios produtores de baixa renda.

2 Florestamento é a conversão induzida, diretamente pelo homem, de terra que não foi florestada por um período

de, pelo menos, 50 anos, transformando em terra florestada por meio de plantio, semeadura e/ou a promoção

induzida pelo homem de fontes naturais de sementes.

3 Reflorestamento e a conversão, induzida pelo homem, de terra não-florestada em terra florestada, por meio de

plantio, semeadura e/ou a promoção induzida pelo homem de fontes naturais de sementes, em área que foi

florestada, mas convertida em terra não-florestada. Para o primeiro período de compromisso, as atividades de

reflorestamento estão limitadas ao reflorestamento que ocorra nas terras que não continham floresta em 31 de

dezembro de 1989.

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As questões básicas discutidas nesta COP foram os projetos de pequena escala, a

adaptação dos recursos para países em desenvolvimento e o próximo período de

compromissos. (SEIFFERT, 2009, p.35)

COP-11/MOP-1 – (Conferência de Montreal) – realizada em 2005, em Montreal, no

Canadá, juntamente com a 1ª Conferência das Partes do Protocolo de Quioto denominado daí

então de COP11/MOP1. Já entrou na pauta a discussão do segundo período do Protocolo,

após 2012, para o qual instituições européias defendem reduções de emissão na ordem de 20 a

30% até 2030 e entre 60 e 80% até 2050.

Neste sentido, aborda Limiro (2009, p. 39) que:

Foram duas reuniões de extrema importância, uma vez que a COP-11 e

COP/MOP 1 foram as primeiras conferências realizadas após a entrada em

vigor do Protocolo de Quioto (em 16/02/2005). Essas Conferências não

tinham como objetivo decidir sobre novas metas de redução das emissões de

gases de efeito estufa, seja para países desenvolvidos, seja para países em

desenvolvimento. Os países só precisavam concordar em iniciar o processo

de discussão sobre o pós-2012 e como deveria ser essa discussão. Ficou

decidida a iniciação de dois processos de discussão sobre o futuro, quais

sejam, um processo para o estabelecimento e novas metas de redução pós-

2012 das emissões de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos no

Protocolo de Quioto; e um diálogo no âmbito da Convenção para a troca de

conhecimentos e análise estratégica de abordagens para ações de cooperação

de longo prazo, no intuito de combater as mudanças climáticas.

COP-12/MOP-2 – (Conferência de Nairobi) - realizada em 2006, em Nairóbi, no

Quênia, a reunião teve como principal compromisso a revisão de prós e contras do Protocolo

de Quioto, com um esforço de todas as nações participantes de realizarem internamente

processos de revisão.

Nesse momento, também foi discutida a revisão do texto do Protocolo de Quioto, para

que os países em desenvolvimento também assumam compromissos concretos de redução de

emissões de GEEs. (LIMIRO, 2009, p.39)

COP-13/MOP-3 – (Conferência de Bali) - realizada em 2007, na cidade de Bali, na

Indonésia. A expectativa em torno da COP-13/MOP-3 era grande, principalmente pela grande

repercussão que ganhou o Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, divulgado ao longo do ano

de 2007, confirmando mais uma vez, que os fenômenos do aquecimento global e mudanças de

clima são reais e têm forte origem antrópica.

Destaca Limiro (2009, p. 40) que:

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O objetivo da COP-13/MOP-3 era traçar um “mapa” com linhas gerais das

metas e dos compromissos a serem estabelecidos para a segunda fase do

Protocolo de Quioto, isto é, a partir de 2012.

Todavia, essa Conferência não atingiu o seu propósito. A União Européia

não conseguiu a adesão necessária para sua proposta de reduzir de 25% a

40% dos níveis de 1990, até 2020, as emissões dos GEEs nos países

industrializados. O bloco liderado pelos Estados Unidos estava determinado

a evitar qualquer comprometimento com as reduções de suas emissões que

não fosse voluntário. Uma grande parte dos países industrializados exigiu

que os países em desenvolvimento, como China, Índia, Brasil e Coréia do

Sul, que são os maiores emissores de GEEs entre os países em

desenvolvimento, assumam metas para que essas emissões sejam reduzidas.

Apesar de vários percalços enfrentados na Conferência, cujo encerramento

estava previsto para o dia 14/12 e que, porém, teve de ser adiado para o dia

15/12/2007, o “Mapa de Bali” foi produzido. Seu intuito é basicamente

estabelecer parâmetros para as discussões que deverão estar concluídas na

COP-14, que se realizará na cidade de Copenhague, na Dinamarca.

Convém ressaltar que o “Mapa de Bali” estabeleceu medidas para diminuir o

desmatamento, para auxiliar os países mais pobres a fim de que protejam suas economias e a

sociedade dos desastres ambientais, bem como determinou que as negociações incluam a

transferência de tecnologia limpa para os países em desenvolvimento, mas não foram

apontadas quais serão as fontes e o volume de recursos suficiente para essas e outras diretrizes

destacadas pelo acordo, como o apoio para o combate ao desmatamento nos países em

desenvolvimento e outras ações de mitigação.

A anuência dos países em desenvolvimento na questão do desmatamento, entre eles o

Brasil, que era contra essa diretriz, abre espaço para que os Estados Unidos deixem de

bloquear o Protocolo de Quioto. Um dos argumentos para não ratificar o acordo era a falta de

engajamento das Partes não-Anexo I nos compromissos de mitigação. Mas a bastante

criticada posição norte-americana de colocar empecilhos à Conferência de Bali colaborou

para o principal revés do encontro: o adiamento para 2050 de metas compulsórias claras para

redução de emissões, deixando de lado a proposta de metas entre 25% e 40% para 2020.

Danielle Limiro (2009, p.41) acrescenta que, apesar do documento final da COP-13 não

mencionar expressamente metas específicas de redução de emissões, reconheceu a

necessidade de cortes profundos nas emissões globais para que seja atingido o objetivo, o de

evitar o aquecimento global. Declarou também que severos impactos climáticos serão mais

propensos a acontecer se houver mais atrasos nas reduções das emissões dos GEEs.

COP-14/MOP-4 – (Conferência de Poznan) - realizada em 2008, na cidade de

Poznan, na Polônia.

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Mais uma vez, representantes dos governos mundiais reuniram-se para discussão de um

possível acordo climático global, uma vez que na COP-13 chegaram ao consenso de que era

necessário um novo acordo. O encontro de Pozman figurou apenas como um antecessor da

esperada COP-15. Teve seu valor positivo no que diz respeito à mudança oficial de postura

dos países em desenvolvimento. A maioria desses países, por exemplo, esperavam uma

posição do Presidente americano Barack Obama na próxima conferência em Copenhague.4

Nas discussões havidas em Poznan, comenta Stump5 que:

Os países mais vulneráveis pediram a inclusão de parte de receitas advindas

da Implementação Conjunta e do Comércio de Emissões, mecanismos de

flexibilização para o cumprimento de metas do Protocolo de Quioto, assim

como se prevê a contribuição de 2% do valor das RCEs emitidas para

projetos de MDL (art. 12, parágrafo 8º, do Protocolo de Quioto).

Devido à forte oposição de alguns países desenvolvidos, não foi possível

alcançar consenso sobre esse ponto.

As discussões havidas em Poznan sofreram forte influência das alterações

econômicas e políticas de alcance global. O caminho para Copenhagen

passou necessariamente pela definição da posição dos EUA em relação às

mudanças climáticas, pelo fortalecimento da liderança européia para a

condução do tema e pelo equacionamento da crise econômica mundial.

A mudança de postura dos EUA em relação às negociações climáticas, com

a vitória de Barack Obama nas eleições, será decisiva para a construção da

vontade política dos governantes para a assinatura de acordo internacional

com compromissos mais ambiciosos na COP-15.

Embora Obama já tenha se pronunciado a favor da adoção de política de

redução das emissões de gases de efeito estufa dos EUA, prometendo

alcançar em 2020 os mesmos níveis de emissão de 1990, é preciso relembrar

que as boas intenções não ajudaram Bill Clinton a aprovar o Protocolo de

Quioto no Congresso.

Os países partes da Convenção do Clima aguardam um movimento concreto

do presidente americano que seja capaz de influenciar positivamente os

países ainda resistentes a metas mais incisivas.

De outro lado, a União Européia sofre resistências internas para a adoção de

ações de redução de emissões pelo bloco. A Polônia, país que sediou a COP-

14, por pouco não vetou a adoção do pacote europeu que prevê a redução de

20% das emissões em 2020, a elevação de 20% de eficiência energética e o

aumento de 20% de fontes renováveis que compõem a matriz energética

européia.

A Polônia alegou que não conseguirá cumprir o corte de 20% das suas

emissões em 2020, sem grandes prejuízos para o consumidor, vez que 90%

de sua energia elétrica é produzida por termelétricas movidas a carvão.

4 Disponível em: <http://www.oc.org.br/index.php?page=Conteudo&id=100>. Acesso em: 09 set.2010.

5 Disponível em:<http://www.pinheiropedro.com.br/biblioteca/canais-e-relatorios/pdf/relatorio-COP14-MOP-

4.pdf.>. Acesso em: 09 set.2010.

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A Conferência de Poznan foi preparatória para a de Copenhague e apreciou a evolução

dos feitos pelos diversos países nos últimos anos e quais as ações que estão implementando

(ou pretendem adotar) para “proteger o sistema climático”.

COP-15/MOP-5 – (Conferência de Copenhague) – realizada em 2009, em

Copenhague, na Dinamarca.

Conforme explica a ONG Observatório do Clima6, a COP-15/MOP-5 era fortemente

aguardada, pois se acreditava que este era o encontro mais importante da história recente dos

acordos multilaterais ambientais, pois tinha por objetivo estabelecer o tratado que substituirá o

Protocolo de Quioto, vigente de 2008 a 2012.

A expectativa que envolvia a COP-15, não era só por sua importância, mas pelo

contexto da discussão mundial sobre as mudanças climáticas. Apareciam aí questões como o

impasse entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para se estabelecer metas de

redução de emissões e as bases para um esforço global de mitigação e adaptação; os oito anos

do governo Bush, que se recusou a participar das discussões e do esforço de combate á

mudança do clima; a chegada de Barack Obama ao poder nos EUA, prometendo uma nova

postura; os estudos científicos, muitos deles respaldados pelo IPCC, e econômicos.

Entretanto, a Conferência de Copenhague foi considerada em grande parte

decepcionante, por não ter produzido um acordo com força de lei com uma meta global de

redução de emissões de GEEs pós 2012.

Sobre o assunto Ferretti7 discursa que:

A COP 15 teve alguns resultados positivos, o principal foi a mobilização

mundial entorno da COP15 e do tema das mudanças climáticas, que foi

crescendo exponencialmente nos meses que se antecederam ao evento. O

resultado foi a maior das convenções sobre clima realizadas até hoje, com

quase 50 mil inscritos, bem como a mais divulgada pela mídia e

acompanhada pela sociedade do mundo todo. Isto posto, o maior resultado

foi a ampla divulgação do tema das mudanças climáticas e também o grande

interesse do público em geral, que agora está muito mais informado e

interessado pelo assunto.

Outro resultado muito importante foi a volta dos Estados Unidos às

negociações de clima, depois dos oito anos de mandado do presidente Bush.

Afinal, eles são os maiores emissores históricos de gases de efeito estufa, e

atualmente disputam com a China o título de maior emissor atual. Esses dois

países, e alguns outros como Brasil, África do Sul e Índia, pela primeira vez,

assumiram publicamente metas de redução de emissões. Esses países foram

6 Disponível em: <http://www.oc.org.br/index.php?page=Conteudo&id=100>. Acesso em: 09 set.2010.

7 Disponível em: <http://www.oc.org.br/index.php?page=Conteudo&id=229>. Acesso em: 12 ago.2010.

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anunciando suas metas nas semanas e dias que antecederam a COP,

provocando uma grande agitação e muita expectativa por um resultado

expressivo nas negociações.

Paralelamente, empresas, organizações da sociedade civil e governos locais

(estados e municípios) de todo o mundo criaram leis, políticas, projetos,

produtos, planos de ação, dentre outras iniciativas, visando a mitigação e a

adaptação às mudanças climáticas. Infelizmente, os líderes dos 193 países

membros da Convenção do Clima não responderam a altura na hora de

negociar o tão esperado acordo global de clima para vigorar depois de 2012,

quando se encerra o primeiro período de compromisso do Protocolo de

Quioto.

Em suma, do ponto de vista de ações práticas e imediatas para enfrentar a urgência dos

problemas climáticos do Planeta, a COP foi encerrada com o sentimento de frustração e de

que mais uma vez não se garantiu medidas claras de mitigação e de adaptação. Ao final da

COP-15 foi estendido o prazo, em um ano, para que os dois grupos de trabalho que debatem o

novo acordo global sobre clima apresentem suas propostas – que deverão incorporar o Acordo

de Copenhague. Nos três meses que levam até a COP-16 de Cancun, os negociadores de todo

o mundo devem lidar com enormes desafios no encaminhamento desses textos.

COP-16/MOP-6 – (Conferência de Cancun) - A próxima Conferência das Partes da

Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, a COP-16, acontecerá em Cancun, no México,

de 29 de novembro a 10 de dezembro de 2010. E o risco de que o resultado do encontro em

Cancun seja tão decepcionante quanto o de Copenhague é grande.

No que diz respeito às expectativas em relação à próxima Conferência, o professor do

Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Eduardo Viola8 afirma que,

“a COP-16 pode ser usada para alcançar um consenso em áreas específicas, como

financiamento e promoção de tecnologia limpa. E de fato é mais realista esperar acordos

menos ambiciosos em Cancun.” Tanto que o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, tratou

recentemente de baixar as expectativas da opinião pública em relação ao encontro.

"Precisamos ser práticos e realistas. Pode acontecer de não conseguirmos ter um acordo

legalmente vinculante em Cancun”.

Segundo a pesquisadora Stark9:

É importante entender que o foco da COP-16 não será os compromissos de

redução de emissões, como já deixou implícito o próprio secretário-geral da

ONU. Além disso, o bloco dos BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China),

8 Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/content/negociacoes-rumo-cop-16?page=0,3>.

Acesso em: 09 set.2010.

9 Disponível em: <http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/content/negociacoes-rumo-cop-16>. Acesso em:

19 set.2010.

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os países emergentes que mais emitem, poderia ter um papel intermediário

entre as nações desenvolvidas e as em desenvolvimento, facilitando as

negociações.

A própria sociedade civil apela para negociações em bloco para que se

chegue a um êxito em alguns setores na COP-16. “Até Cancun, precisamos

que os governos dêem direções mais claras e fortes para acelerar o processo

e focar nos pontos que podem ser consensuados, em vez de ficarem parados

em questões que tradicionalmente são difíceis”, disse em Bonn Georgina

Woods, integrante da Climate Action Network Austrália. Segundo ela, os

países também devem aproveitar toda a oportunidade de encontros bi ou

multilaterais para discutirem os pontos que têm em comum. “O problema é

que ainda estão focando nos desacordos, e não nas conexões entre eles”.

Nesse sentido, a ministra de Relações Exteriores do México, Patrícia

Espinosa, acredita que o encontro em Cancun deve responder aos desafios da

transferência de tecnologia e as fontes de financiamento. Ou seja, questões

relacionados ao Protocolo de Quioto devem mesmo ficar para depois.

Parecem bons avanços para uma negociação que até agora não apresentou

nada concreto e palpável. Entretanto, diante de questões tão urgentes como a

ajuda a nações mais pobres a lidarem com os impactos das mudanças

climáticas que já vêm sofrendo, a necessidade de efetiva de redução de

emissões no planeta e a chance de um buraco na implementação de

compromissos de reduções, tais avanços não parecem suficientes.

Não se pode negar que muitas das discussões sobre o período pós-2012 são importantes

e legítimas, mas as relativas a esse futuro período estão tirando o foco da necessidade de que

os compromissos do primeiro período sejam honrados, buscando-se a plena implementação da

convenção e do Protocolo de Quioto.

Ademais, consonante entendimento de Carlos Klink (2007, p.33), as discussões sobre o

período pós-2012 abrirão certamente outras discussões sobre compromissos de redução de

emissões para as partes que ainda não ratificaram o Protocolo de Quioto, bem como para

países-chave em desenvolvimento, os quais, na visão de certos países desenvolvidos,

deveriam ser promovidos para um status semelhante ao dos países do Anexo I.

O futuro do regime multilateral de mudanças climáticas ainda é incerto. Entretanto,

qualquer resultado futuro das negociações deve levar em conta a integridade ambiental do

regime, o objetivo final e os princípios da convenção, os quais são os mesmos do Protocolo de

Quioto.

3.2.1 O Protocolo de Quioto

Para o maior entendimento sobre o tema, faz-se necessário a apresentação detalhada do

Protocolo de Quioto.

Em consequência à CQNUMC e observando seus princípios foi criado o Protocolo de

Quioto; afirma Mari E. Bernardini Seiffert (2009, p.33) que este é considerado como um dos

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tratados mais complexos já negociados e sua essência reside em vincular o cumprimento das

metas de emissão dos países desenvolvidos, através de obrigatoriedade legais no período de

2008 a 2012.

Entres os dias 1 e 12 de dezembro de 1997, na cidade de Quioto, no Japão, foi realizada

a 3ª Conferências das Partes, como já mencionado a COP-3, contou com a presença de 166

representantes de países, observadores e jornalistas de todas as partes do planeta.

A conferência culminou na decisão por consenso de se adotar um Protocolo segundo o

qual os países industrializados reduziriam suas emissões combinadas de GEEs em pelo menos

5% em relação aos níveis de 1990 entre o período de 2008 a 2012. Esse compromisso, com

vinculação legal, promete produzir uma reversão da tendência histórica de crescimento das

emissões iniciadas nesses países há cerca de 150 anos.

O Protocolo de Quioto foi aberto para assinatura em 16 de março de 1998. Porém sua

entrada em vigor seria apenas 90 dias após a ratificação por pelo menos 55 Partes da

Convenção, incluindo os países desenvolvidos que contabilizaram pelo menos 55% das

emissões totais de dióxido de carbono em 1990. Enquanto isso, as Partes da CQNUMC

continuariam a observar os compromissos assumidos sob a Convenção e a preparar-se para a

futura implementação do Protocolo.

O Protocolo estimula a cooperação internacional para que sejam adotadas as seguintes

ações básicas, conforme explana Milaré (apud Limiro, 2009, p.41):

(I) Reforma dos setores de energia e transporte;

(II) Promoção do uso de fontes energéticas renováveis;

(III) Eliminação dos mecanismos financeiros e de mercado inapropriados

aos fins da Convenção;

(IV) Limitação das emissões de metano no gerenciamento de resíduos e

dos sistemas energéticos;

(V) Proteção das florestas e de outros sumidouros de carbono.

Cabe ressaltar, que para os países em desenvolvimento (Partes não-Anexo I), o

Protocolo de Quioto não estabelece compromissos adicionais, desta forma, permaneceram as

condições estabelecidas na CQNUMC, no sentido de que eles não têm compromissos

quantificados de redução de GEEs. Além disso, é importante lembrar que o Protocolo tem o

mesmo objetivo final da Convenção.

Limiro (2009, p. 42) explica que:

Apesar de a União Européia ter anunciado seu apoio ao Protocolo de Quioto

o maior emissor de GEEs do mundo, os Estados Unidos da América (EUA),

negou-se a ratificá-lo. Sozinho, o país emite nada menos que 36% dos gases

venenosos que criam o efeito estufa antrópico. Só nos últimos dez anos, a

emissão de gases por parte dos Estados Unidos aumentou 10% e, segundo o

Protocolo, a emissão de gás carbônico deve dar um salto de 43% até 2020.

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Neste sentido, Fátima Cardoso (2006) menciona que, os Estados Unidos se retiraram do

Protocolo de Quioto em março de 2001, em razão dos seguintes argumentos: o custo do pacto

era muito elevado para a economia americana; injusta era a exclusão dos países em

desenvolvimento; não havia provas que relacionassem o aquecimento global com a poluição

industrial; as reduções nas emissões de GEEs prejudicariam a economia do país, pois este é

altamente dependente dos combustíveis fósseis. Todavia, o EUA foi altamente criticado por

todos os lados, por não se unir ao esforço mundial de mitigação dos GEEs. No fim, o EUA

acabou aceitando apenas participar de futuras negociações sobre mudanças climáticas.

Portanto, em vez de reduzir emissões os EUA preferiram trilhar um caminho alternativo

e apostar no desenvolvimento de tecnologias menos poluentes.

Destaca Limiro (2009, p. 42) que:

A saída dos EUA do Protocolo causou incertezas quanto ao seu futuro. Mas,

o impasse teve seu fim em 2004, com a adesão da Rússia, que era o segundo

maior poluidor, responsável por 17% das emissões. Logo, a cota foi atingida.

Até então, apesar da adesão de 127 países, a soma de emissões só era de

apenas 44%. Com a Rússia, esse índice chegou aos 61%.

A Rússia decidiu ratificar o Protocolo por questões econômicas, haja vista

haver descoberto que o pacto poderia servir de moeda de troca junto a UE, a

maior defensora do acordo, para seu ingresso na Organização Mundial do

Comércio (OMC).

Após noventa dias da ratificação da Rússia, em 16/02/2005, o Protocolo de

Quioto entrou em vigor.

O Brasil ratificou o Protocolo de Quioto por intermédio do Decreto

Legislativo 144, de 20/06/2002, publicado no Diário Oficial da União 118, p.

2, aos 21/06/2002. Logo ele é considerado Kyoto-Compliance, aquele que

está de acordo com o Protocolo de Quioto, podendo, portanto, realizar

atividades no âmbito do Protocolo.

Para ser considerado um Kyoto-Compliance, é necessário que o Estado.

Além de ser Parte da CQNUMC, seja Parte também do Protocolo, o que se

concretiza mediante a sua ratificação.

Aqueles países, não Parte da CQNUMC e ainda que possuam legislações

mais rígidas em relação aos padrões máximos permitidos para emissões de

GEEs que a do Protocolo, como é o caso do estado da Califórnia nos EUA,

são considerados Non-Kyoto-Compliance.

Apenas as Partes Kyoto-Compliance podem realizar as atividades previstas

no Protocolo. Para tanto, elas devem cumprir metas e prazos estabelecidos.

As metas de redução dos GEEs são individualizadas, em consonância com o

princípio “das responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, adotado pela

CQNUMC.

O Protocolo de Quioto determina que cada país tenha uma meta a ser alcançada para a

redução de GEEs. Essas metas devem ser cumpridas pelos países que, historicamente, mais

emitiram GEEs, que foram os países desenvolvidos, conforme pode ser verificado na Tabela a

seguir:

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Partes Anexo I Emissões de CO2 Participação percentual (%) sobre

Total Anexo I Total Global

Estados Unidos 4.819.166.00 34,5 21,62

Rússia 3.708.734.33 26,55 16,64

Japão 1.071.444.00 7,67 4,81

Alemanha 1.012.443.00 7,25 4,54

Reino Unido 563.647.33 4,04 2,53

Canadá 425.054.67 3,04 1,91

Itália 399.142.33 2,86 1,79

Polônia 347.838.33 2,49 1,56

Austrália 266.203.67 1,91 1,19

Outros 1.354.931.67 9,7 6,08

Total Anexo I 13.968.605.33 100 62,66

Total Não-Anexo I 8.322.908.00 - 37,34

TOTAL 22.951.513.33 - 100

Fonte: Limiro (2009, p.43)

Tabela 1 – Maiores Emissores de CO2 em 1990 (x 1000 ton. de CO2)

Os países que têm metas a serem cumpridas estão relacionados no Anexo I da

Convenção, sendo denominados como “Parte Anexo I”. São eles: Alemanha, Austrália,

Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária, Canadá, Comunidade Européia, Croácia, Dinamarca,

Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos da América, Estônia, Federação Rússia,

Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia, Liechtenstein,

Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal,

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheca, Romênia, Suécia, Suíça,

Tchecoslováquia, Turquia e Ucrânia.

Há ainda países que ratificaram o Protocolo de Quioto, sendo também Partes Kyoto-

Compliance, porém não possuem metas de redução de GEEs. São os países em

desenvolvimento, como por exemplo, Brasil, China, Índia, México, que, por não estarem

listados no Anexo I da Convenção, são denominados “Partes não-Anexo I”.

O Protocolo ainda é composto por dois anexos: o Anexo A e o Anexo B. No Anexo A

estão relacionados os tipos de GEEs, sendo eles: CO2 (gás carbônico), CH4 (gás metano), N2O

(óxido Nitroso), HFCs (hidroflucarbonos), PFCs (perfluorcarbonos), SF6 (hexafluoreto e

enxofre).

No Anexo B, estão estabelecidos os compromissos de redução ou limitação quantificada

de emissões das Partes Anexo I, com exceção de Belarus e Turquia.

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45

Destarte Limiro (2009, p. 45), destaca que:

O art. 18 do Protocolo de Quioto dispõe que a Conferência das Partes deve

estabelecer procedimentos e mecanismos adequados e eficazes para quem

descumprir o avençado no art. 3º, § 1º, do referido Protocolo; porém as

sanções aprovadas que acarretam conseqüências de caráter vinculante

deverão ser adotadas por outro documento que emende o Protocolo, senão

vejamos:

A Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo

deve, em sua primeira sessão, aprovar procedimentos e mecanismos

adequados e eficazes para determinar e tratar de casos de não-cumprimento

das disposições deste Protocolo, inclusive por meio do desenvolvimento de

uma lista indicando possíveis conseqüências, levando em conta a causa, o

tipo, o grau e a freqüência do não-cumprimento. Qualquer procedimento e

mecanismo sob este Artigo que acarrete conseqüências de caráter vinculante

deve ser adotado por meio de uma emenda a este Protocolo.

Até o presente momento, o citado documento, com as sanções instituídas

para os que descumprirem suas metas, não foi concebido e as especulações

sobre elas são diversas.

De acordo com Libório (2005, apud Limiro 2009, p.45), a aplicação ou não das sanções

será semelhante ao que já ocorre no Direito Internacional, sendo que a efetividade da carga

coativa dependerá do tamanho da potência e do poder do Estado transgressor, o que significa

que os interesses das grandes potências possui forte influência nessa decisão, em razão de

seus poderes bélicos ou financeiros.

Todavia, cogita-se que o mercado possa influenciar as decisões de todos os países

quanto o cumprimento das regras do Protocolo, sejam poderosos ou não. (LIMIRO, 2009, p.

46)

Caso alguma das Partes do Anexo I não cumpra suas metas de redução de GEEs, “uma

das sanções que poderiam ser previstas no Protocolo é justamente a limitação do uso dos

instrumentos de mercado”, conhecidos como mecanismos de flexibilização. (Domingos 2007,

apud Limiro 2009, p.46).

Pensamento semelhante expressa Lamas (2007, apud Limiro 2009, p.46), ao alegar que

seria viável a vinculação ao Protocolo à OMC, cuja sanção à Parte que descumprisse seu

compromisso seria o impedimento de utilizar qualquer vantagem comercial:

Outra solução possível (e pretendida por alguns países) seria a vinculação do

Protocolo à OMC, que tem um órgão de solução de controvérsias e um

sistema de sanções bastante desenvolvido. Esta organização desempenharia

o papel de aplicação das sanções àqueles que não cumprissem com as

obrigações estabelecidas pelo Protocolo de Quioto ou àqueles que não

aderissem a ele, de forma que não poderiam gozar de nenhuma vantagem

comercial por não aderir às normas internacionais.

Em razão, das consequentes sanções que serão determinadas aos países que não

cumprirem suas metas de redução de GEEs, Limiro (2009, p.46), acrescenta que:

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Independentemente de quais sejam as sanções, os passos para determiná-las

serão adotadas pela Conferência da Partes na qualidade de reunião das

Partes, a qual sopesará, para suas aplicações, a freqüência e a gravidade do

descumprimento das regras de implementação pelo país, bem como se houve

ou não capacidade e oportunidade para que a Parte não a cumprisse.

Neste contexto, ressalta Carlos Klink (2007, p.29), que se sabia que o esforço

econômico necessário para o cumprimento das metas estabelecidas implicaria custos muito

altos para a economia de cada país. Assim, além da fixação de compromissos quantificados de

redução ou limitação de emissão de GEEs para os países desenvolvidos, o Protocolo trouxe

uma inovação para ajudar os países do Anexo I no cumprimento de suas metas, o qual

consiste na possibilidade de utilização de mecanismos de flexibilização. Esses mecanismos

são basicamente três: Implementação conjunta, Mecanismos de desenvolvimento limpo e

Comércio de emissões, que objetivam possibilitar que os propósitos de redução sejam

atingidos de maneira mais eficiente do ponto de vista dos custos de cada país, sem, no

entanto, comprometer a meta ambiental em questão.

3.2.2 Implementação Conjunta

Conforme explica Carlos Klink (2007, p.29), a implementação conjunta (em inglês,

joint implementation), está previsto no art. 6º do Protocolo de Quioto, e se resume na

possibilidade que um país tem de financiar projetos em outros países (apenas entre os países

do Anexo I) como forma de cumprir seus compromissos. A idéia consiste em que um projeto

gere “unidades de redução de emissões” que poderão ser posteriormente utilizadas pelo país

investidor para adicionar à sua cota de emissões, sendo deduzidas das cotas de emissão do

país beneficiado.

3.2.3 Comércio de Emissões

Sobre o tema Danielle Limiro (2009) esclarece que, o Comércio de emissões (em inglês,

emissions trade), está previsto no art. 17 do Protocolo de Quioto. Apenas as Partes Anexo I

podem participar deste mecanismo, basicamente proporciona à Partes Anexo I, que além de

cumprirem suas metas se ultrapassando-as, terá a liberdade de vender o excedente de suas

quotas de emissões reduzidas de GEEs para as outras Partes Anexo I que ainda não

conseguiram cumprir suas metas.

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3.2.4 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Danielle Limiro (2009) e Carlos Klink (2007) esclarecem que, o Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (em inglês clean development mechanisn) está previsto no art. 12 do

Protocolo de Quioto, e possibilita a um país, que tenha o compromisso de redução (Anexo I),

financiar atividades de projetos individuais em países em desenvolvimento (não-Anexo I). O

desdobramento do projeto irá gerar Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) (em inglês,

Certified Emission Reduction – CER), que poderão ser utilizados pelo país investidor como

forma de cumprir parte de seus compromissos de redução de emissão de GEEs. Tais projetos

devem implicar reduções de emissões adicionais àquelas que ocorreriam na ausência do

projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação da

mudança do clima.

Entre os Mecanismos de Flexibilização, esse é o único que permite a participação de

países em desenvolvimento, como o Brasil. Maiores detalhes sobre esse mecanismo será

tratado na próxima Seção.

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SEÇÃO 4 - MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO E O MERCADO DO

CRÉDITO DE CARBONO

4.1 Surgimento e Objetivos

O MDL surgiu de uma proposta submetida pelo Brasil como elemento para subsidiar o

aperfeiçoamento do Protocolo de Quioto. O Brasil propôs em 1997, inicialmente o Fundo de

Desenvolvimento Limpo que seria alimentado por multas por excesso de emissões dos países

industrializados e utilizado para financiar a introdução de novas tecnologias que gerassem

menos emissões e permitissem um processo de desenvolvimento mais limpo dos países em

desenvolvimento. Com modificações, e com a influência da atuação política dos Estados

Unidos, esse elemento da proposta brasileira se transformou em Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo e foi sistematizado no mundo jurídico após ser incluído no art. 12 do

Protocolo de Quioto.

O MDL é regulamentado pelo Protocolo de Quioto, e também pelo Acordo de

Marraqueche, o qual foi estabelecido durante a COP 7. É o único, entre os mecanismos,

aplicável apenas às Partes não-Anexo I, isto é, para os países em desenvolvimento que tenham

ratificado o Protocolo de Quioto. Ademais, é mantido sob a autoridade da Conferência das

Partes na qualidade de reunião das Partes no Protocolo de Quioto (COP/MOP) e está, dessa

forma, sujeito às suas orientações.

Neste sentido, esclarece Limiro (2009, p.63) que a proposta do MDL consiste no

desenvolvimento de atividades de projetos nos territórios das Partes não-Anexo I, as quais

reduzam as emissões de GEEs e/ou removam, e, concomitantemente, colaborem para o

alcance do desenvolvimento sustentável. Essas atividades visam, igualmente, a colaborar com

as Partes Anexo I, mediante o cumprimento de parte das metas de redução de emissões,

conforme estabelece o art. 12, § 2º, do Protocolo de Quioto:

O objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo deve ser assistir às

Partes não incluídas no Anexo I para que atinjam o desenvolvimento

sustentável e contribuam para o objetivo final da Convenção, e assistir às

Partes incluídas no Anexo I para que cumpram seus compromissos

quantificados de limitação e redução de emissões, assumidos no Artigo 3.

São consideradas atividades de projeto de MDL, em inglês Project Activities, aquelas

implementadas nos países em desenvolvimento que visam à redução das emissões de GEEs

e/ou remoção, bem como aquelas que colaborem para o seu desenvolvimento sustentável,

“mediante investimentos em tecnologias mais eficientes, substituição de fontes de energia

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fósseis por renováveis, racionalização do uso de energia, florestamento e reflorestamento,

entre outras” (LOPES, 2002, p.13 apud LIMIRO, 2009, p.64).

Podem participar de uma atividade de projeto de MDL entidades públicas, privadas e

parcerias público-privadas das Partes do Anexo I e das Partes não-Anexo I, desde que

devidamente autorizadas pelos respectivos países.

Tendo em vista que as Partes não-Anexo I estão isentas do compromisso de redução de

GEEs durante o primeiro período estabelecido pelo Protocolo (2008-2012), cada tonelada de

CO2 equivalente que as atividades de projetos de MDL deixarem de emitir ou removerem da

atmosfera dará origem à Redução Certificada de Emissão - RCE (em inglês, Certified

Emission Reduction – CER), que poderá ser negociada no mercado mundial. Por sua vez, as

RCEs podem ser adquiridas pelas Partes Anexo I, com a finalidade de contribuírem para o

cumprimento de parte de suas metas internas de redução, listadas no Anexo B do Protocolo.

Assim dispõe o art. 12, § 3º, “a” e “b” do Protocolo de Quioto:

Sob o mecanismo de desenvolvimento limpo:

(a) As Partes não incluídas no Anexo I beneficiar-se-ão de atividades de

projetos que resultem em reduções certificadas de emissões; e

(b) As Partes incluídas no Anexo I podem utilizar as reduções certificadas de

emissões, resultantes de tais atividades de projetos, para contribuir com o

cumprimento de parte de seus compromissos quantificados de limitação e

redução de emissões, assumidos no Artigo 3, como determinado pela

Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo.

Por oportuno, destacam Mari Elizabete B. Seiffert (2009) e Carlos Klink (2007) que a

estrutura do MDL foi originalmente estabelecida para projetos de grande porte, porém para

também viabilizar projetos denominados de Pequena Escala (SSC, da sigla Small Scale em

inglês) buscou-se simplificar os procedimentos para essa modalidade, sem comprometer a

integridade do Protocolo. Neste modo os projetos devem se enquadrar em um dos três tipos a

seguir:

(I) Atividades de projeto de energia renovável que tenham uma capacidade

máxima de geração equivalente de 15 MW (ou equivalente apropriado).

(II) Atividades de projetos de melhoria da eficiência energética que reduzam

o consumo de energia, no lado da oferta e/ou da demanda, em um valor igual

ou inferior a 60 GWh por ano (ou equivalente apropriado).

(III) Outras atividades de projetos limitadas àquelas que resultem em

reduções de emissões iguais ou inferiores a 60 kt de CO2 equivalente por

ano.

É importante frisar que a emissão de RCEs está limitada à quantidade estabelecida para

cada modalidade de projeto de pequena escala. Ou seja, caso um projeto eventualmente

ultrapasse o limite estabelecido para projetos de pequena escala, a redução de emissões

superiores a esse limite não será convertida em RCEs.

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Para serem consideradas atividades de projetos de MDL, as reduções e/ou remoções das

emissões devem contemplar os GEEs listados no Anexo A do Protocolo de Quioto.

Considerando que são seis os tipos de GEEs e que, por conseqüência, causam diferentes

impactos no clima, foi proposto um parâmetro para compará-los entre si, denominado

Potencial de Aquecimento Global (em inglês, Global Warming Potencial – GWP).

Destaca Limiro (2009) que a RCE é quantificada em tonelada métrica equivalente de

dióxido de carbono (CO2 eq./t), ou seja, cada tonelada de CO2 equivalente corresponde a uma

RCE, conforme definição do § 1º, da Decisão 17 da COP 7, em seu art. 1º, alínea “b”:

Uma “redução certificada de emissão” ou “RCE” é uma unidade emitida em

conformidade com o art. 12 e os seus requisitos, bem como as disposições

pertinentes destas modalidades e procedimentos, e é igual a uma tonelada

métrica equivalente de dióxido de carbono, calculada com o uso dos

potenciais de aquecimento global, definidos na decisão 2/COP 3 ou

conforme revisados subsequentemente de acordo com o art. 5.

Uma tonelada de CO2 equivalente corresponde a um crédito de carbono, ou seja, o CO2

equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas de GEEs pelo seu potencial

de aquecimento global. O potencial de aquecimento global do CO2 foi estipulado com a

dessignação de número 1. O potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior

do que o potencial do CO2, portanto o CO2 equivalente do metano é igual a 21. Portanto, uma

tonelada de metano reduzida corresponde a 21 créditos de carbono.

Potencial de aquecimento global dos GEE:

CO2 - Dióxido de Carbono = 1

CH4 - Metano = 21

N2O - Óxido nitroso = 310

HFCs - Hidrofluorcarbonetos = 140 a 11700

PFCs - Perfluorcarbonetos = 6500 a 9200

SF6 - Hexafluoreto de enxofre = 23900

Neste prisma, Mari Elizabete B. Seiffert (2009) analisa que, o Potencial de

Aquecimento Global é um fator de ponderação para somar impulsos de emissões dos

diferentes GEEs, de forma que produzam resultados equivalentes em termos de aumento da

temperatura após um período de tempo específico.

Destarte, o Potencial de Aquecimento Global uniformiza as quantidades dos GEEs em

tonelada métrica equivalente de CO2, o que possibilita a somatória das reduções de GEEs.

De acordo com Danielle Limiro (2009, p.65) os dados do Potencial de Aquecimento

Global foram fornecidos pelo IPCC e acordados pela Conferência das Partes na COP 3. Eles

devem ser utilizados para o primeiro de compromisso (2008-2012), revistos periodicamente e,

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havendo necessidade de revisão, a decisão da Conferência das Partes deve ser considerada.

Conforme assim dispõe o art. 5º, §3º, do Protocolo de Quioto:

Os potenciais de aquecimento global utilizados para calcular a equivalência

em dióxido de carbono das emissões antrópicas por fontes e das remoções

antrópicas por sumidouros dos gases de efeito estufa listados no Anexo A

devem ser os aceitos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do

Clima e acordados pela Conferência das Partes em sua terceira sessão. Com

base no trabalho, do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima e

no assessoramento prestado pelo Órgão Subsidiário de Assessoramento

Científico e Tecnológico, a Conferência das Partes na qualidade de reunião

das Partes deste Protocolo deve rever periodicamente e, conforme o caso,

revisar o potencial de aquecimento global de cada um dos gases de efeito

estufa, levando plenamente em conta qualquer decisão pertinente da

Conferência das Partes. Qualquer revisão de um potencial de aquecimento

global deve ser aplicada somente aos compromissos assumidos sob o Artigo

3 com relação a qualquer período de compromisso adotado posteriormente a

essa revisão.

Importante ressaltar que o Potencial de Aquecimento Global deve considerar os efeitos

do GEEs pelo período de cem anos. Essa exigência está prevista no art. 3º da Decisão 2/ COP

3, também definida na realização da COP 3:

Reafirma que os potenciais de aquecimento global utilizados pelas Partes

devem ser aqueles fornecidos pelo IPCC sobre Mudanças do Clima em seu

segundo relatório de avaliação (“1995 IPCC GWP values” – valores de

potencial de aquecimento global de 1995 do IPCC) com base nos efeitos dos

GEEs considerados em um horizonte de 100 anos, levando em conta as

incertezas inerentes e complexas envolvidas nas estimativas de potenciais de

aquecimento global. Além disso, apenas a título de informação, as Partes

também podem fazer uso de um outro horizonte de tempo, como estipulado

no Segundo Relatório de Avaliação.

Limiro (2009, p.67) acrescenta que, quanto às atividades de remoção de GEEs, apesar

de não inserida no Anexo A do Protocolo, sua previsão foi estabelecida no Acordo de

Marraqueche. Seu art. 7º, “a”, define que apenas as atividades de florestamento e

reflorestamento são elegíveis para o seqüestro de carbono:

Que a elegibilidade das atividades de projeto de uso da terra, mudança no

uso da terra e florestas, no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo, limita-se ao florestamento e reflorestamento.

Conforme Limiro (2009, p.70) menciona, as regras do MDL prevêem duas

possibilidades de escolha de período de obtenção de créditos por parte dos participantes do

projeto:

(I) duração de 7 anos, com no máximo duas renovações, totalizando o

período máximo de 21 anos; ou

(II) duração de 10 anos, sem possibilidade de renovação.

No caso (I) acima, ao fim de cada período de sete anos, tanto a linha de base

quanto as questões inerentes a ela (como fator de emissão utilizado) serão

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reavaliadas com o objetivo de verificar se permanecem aplicáveis e válidas.

Existem três possibilidades: a atividade de projeto deixou de ser adicional e,

portanto, não cabe renovação; a linha de base se modificou, exigindo

alteração; a linha de base se mantém e os parâmetros originais podem ser

utilizados novamente.

Neste caso, os participantes de projeto terão que notificar o Secretariado

sobre sua intenção de renovar o período de obtenção de créditos com

antecedência de 6 a 9 meses da data final do período corrente. Se esta

antecedência não for considerada, os participantes do projeto ficarão

impossibilitados de solicitar a emissão de RCEs a partir do momento em que

expirar o período de obtenção de créditos em questão, permanecendo a

impossibilidade até a data na qual o período de crédito for renovado.

Até que sejam emitidas as RCEs que é a última etapa de uma atividade de projeto de

MDL, verifica-se que os projetos passam por três instituições, sendo que cada uma possui um

procedimento específico, conforme preconizado na Decisão 17 da COP7. São elas, o Comitê

Executivo, a Autoridade Nacional Designada (AND) e as Entidades Operacionais Designadas

(EOD).

Sobre o Comitê Executivo dispõe o Art. 4º do Protocolo de Quioto:

O mecanismo de desenvolvimento limpo deve sujeitar-se à autoridade e

orientação da Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes

deste Protocolo e à supervisão de um conselho executivo do mecanismo de

desenvolvimento limpo.

A Comissão Executiva supervisiona o MDL e toma as decisões finais sobre o registro

de projetos e emissão de créditos. É também responsável pela aprovação das linhas de base,

metodologias de monitoramento e entidades operacionais novas. (LIMIRO, 2009, p.71). Foi

eleita em 2001 na Conferência das Partes em Marraqueche e é constituída por 10 membros,

Partes do Protocolo. A Comissão tem que se reunir não menos de três vezes por ano. E seus

membros são eleitos para um período de dois a três anos.

A AND está prevista no §29 da Decisão 17 da COP7 que dispõe: “as Partes que

participarem do MDL devem nomear uma autoridade nacional para o MDL”.

Conforme explica Danielle Limiro (2009, p.72), a AND é responsável pela aprovação

da implantação da atividade de projeto de MDL no território de seu país. Tal aprovação se dá

por meio da emissão de uma carta, na qual esteja declarada que a participação do país

anfitrião é voluntária e que a atividade do projeto de MDL contribui para o alcance de seu

desenvolvimento sustentável. No Brasil a Autoridade Nacional Designada é a Comissão

Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC).

Sobre o EOD, Carlos Klink (2007, p.110) define como uma entidade certificadora

credenciada pelo Conselho Executivo do MDL, e designada pela COP/MOP, é o instituto que

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garante que as atividades de projeto de MDL estão aplicando corretamente as normas e os

procedimentos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto e pelo Conselho Executivo. No Brasil,

exige-se, adicionalmente, que a EOD esteja legalmente estabelecida no país.

Complementando o entendimento, Limiro (2009, p.74) esclarece que as EODs são

responsáveis por:

(I) Validar as atividades de projetos propostas no âmbito do MDL;

(II) Verificar e certificar as reduções das emissões antrópicas de GEEs por

fontes;

(III) Cumprir as leis aplicáveis às Partes anfitriãs das atividades de projetos

no âmbito do MDL, ao desempenharem a função de validação ou de

verificação e certificação do projeto, a qual, em uma única atividade de

projeto, só pode ser desempenhada pela mesma EOD mediante solicitação ao

Conselho Executivo;

(IV) Manter uma lista aberta ao público de todas as atividades de projetos no

âmbito do MDL para as quais tenha realizado a validação, a verificação e a

certificação;

(V) Submeter um relatório anual de atividades ao Conselho Executivo;

(VI) Manter disponíveis ao público as informações obtidas dos participantes

dos projetos de MDL, conforme solicitado pelo Conselho Executivo, que

não sejam confidenciais ou identificadas como de propriedade exclusiva.

4.1.1 Ciclos do Projeto de MDL

Seguem abaixo os procedimentos de forma geral, os quais devem ser cumpridos para

que um Projeto de MDL possa ser validado e com isso emitido as RCEs.

Para um melhor entendimento, os procedimentos serão divididos em etapas.

Etapa 1 - Elaboração do Documento de Concepção do Projeto (DCP)

Destaca Danielle Limiro (2009) que os participantes do projeto elaboram um

“documento de nascimento do projeto” para uma atividade de projeto elegível de MDL. E

neste documento apresentam informações sobre aspectos técnicos e organizacionais essenciais

da atividade de projeto. Como informações sobre as metodologias selecionadas de linha de

base e monitoramento.

Cumpre aqui esclarecer, conforme explicações de Fátima Cardoso (2006) que linha de

base descreve os acontecimentos, e a quantidade de GEEs que serão emitidos na ausência de

um projeto MDL. A linha de base é o cenário de referência usado para estimar a redução de

emissões obtida com um projeto MDL proposto, ajudando a determinar a sua adicionalidade.

E é adicional se as emissões antrópicas de GEEs são reduzidas a níveis inferiores aos que

teriam ocorrido na ausência da atividade do projeto de MDL registrado.

Essa etapa, portanto, é a base para as etapas subseqüentes.

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Etapa 2 - Validação

Validação é o processo de avaliação independente de uma atividade de projeto por uma

EOD, a qual emitirá um Relatório de Validação, para garantir que as atividades de projeto

estejam sendo aplicados corretamente conforme as normas e os procedimentos estabelecidos

pelo Protocolo de Quioto e pelo Conselho Executivo do MDL.

Etapa 3 – Aprovação

Aprovação é o processo pelo qual uma AND das Partes envolvidas confirmam a

participação voluntária, e a AND da Parte anfitriã atesta que a atividade contribui para seu

desenvolvimento sustentável, bem como confirma que ratificou o Protocolo de Quioto.

Após aprovação, a AND do país anfitrião concederá uma Carta de Aprovação (LoA), e

este é um passo condicionante para que o projeto possa passar à etapa de registro.

Etapa 4 – Registro

Registro é a aceitação formal, pelo Conselho Executivo, de um projeto validado como

atividade de projeto do MDL. Seiffert (2009, p.148) menciona que para registro do Projeto:

Deve ser encaminhado ao Conselho Executivo um formulário preenchido de

solicitação de registro, contendo os seguintes documentos em anexo:

• Documento de Concepção do Projeto (DCP);

• Carta de Aprovação das ANDs das Partes envolvidas (LoA);

• Relatório de Validação;

• informação de como e quando o Relatório de Validação foi tornado

público;

• explicação de como foram levados em conta os comentários sobre a

atividade de projeto;

• informação bancária sobre o pagamento da taxa de registro; e

• declaração assinada pelos participantes do projeto definindo as formas de

comunicação com o Conselho Executivo, particularmente no que se refere às

instruções acerca da alocação das RCEs.

A solicitação de registro é considerada recebida após o pagamento da taxa de registro e

o reconhecimento, pelo Conselho Executivo, de que a documentação enviada está completa.

O processo de registro se completa oito semanas após a entrega da solicitação.

Etapa 5 – Monitoramento

O processo de monitoramento da atividade de projeto inclui o recolhimento e

armazenamento de todos os dados necessários para calcular a redução de emissões de GEEs

(ou remoções de CO2). (SEIFFERT, 2009, p.149)

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Ele deve estar de acordo com o plano de monitoramento estabelecido na metodologia

indicada no DCP registrado.

Neste sentido, explica Limiro (2009, p.112) que:

O Plano de Monitoramento deverá, por conseguinte, atender aos seguintes

objetivos:

• determinar a linha de base, estimar ou medir as emissões antrópicas por

fontes de GEEs que ocorram dentro do limite do projeto durante o período

de obtenção de créditos;

• identificar as causas potenciais de aumento das emissões antrópicas de

GEEs significativas, provenientes de fontes, que ocorrem fora dos limites do

projeto;

• analisar os impactos ambientais associados à atividade de projeto; e

• estabelecer fatores de emissão e procedimentos para o cálculo periódico

dos efeitos das fugas e, principalmente, da redução de emissões antrópicas

promovidas pela atividade de projeto.

Etapa 6 - Verificação e Certificação

A periodicidade da verificação/certificação fica a critério dos proponentes do projeto.

Por existir um custo associado ao processo de verificação os proponentes do projeto devem

decidir em que momento a verificação é mais adequada.

Em relação a essa etapa, Danielle Limiro (2009) esclarece que, verificação é o processo

de auditoria periódica e independente, para revisar os cálculos das reduções de emissões de

GEEs ou da remoção de CO2 resultantes de uma atividade de projeto de MDL registrada.

O primeiro passo é dado pela EOD contratada, que irá enviar o Relatório de

Monitoramento elaborado pelos proponentes do projeto para que o Secretariado o

disponibilize para o público no site da Convenção.

Com esse conteúdo tornado público, a EOD verificará se as reduções de emissões de

GEEs monitoradas realmente ocorreram como resultado da atividade de projeto.

O próximo passo será a certificação, que consiste na garantia escrita pela EOD de que,

durante o período de tempo declarado no Relatório de Monitoramento, uma atividade de

projeto atingiu a redução de emissões de GEEs ou remoções de CO2, conforme análise feita.

Cabe também à EOD divulgar imediatamente o Relatório de Certificação aos participantes do

projeto, às Partes envolvidas, ao Conselho Executivo e ao público.

Etapa 7 – Emissão das RCEs

É a etapa mais esperada pelas partes, pois é nesta fase que o Conselho Executivo

confirma que as reduções de emissões de GEEs (ou remoção de CO2) decorrentes de uma

atividade de projeto são reais, mensuráveis e de longo prazo. E depois de atendidos esses

requisitos, o Conselho Executivo pode emitir as RCEs. Após a emissão, as RCEs são

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creditadas aos participantes de uma atividade de projeto na proporção por eles definida.

Podendo, enfim a Parte do Anexo I utilizar a RCE como forma de cumprimento parcial de

suas metas de reduções de emissões dos GEEs.

Interessante se faz ressaltar que as RCEs possuem natureza jurídica de valor mobiliário

para efeito de regulação, fiscalização e sanção por parte da Comissão de Valores Mobiliários

(CVM).

Cabe aqui um esclarecimento sobre os chamados “créditos retroativos”. Estes foram

criados como forma de incentivar o desenvolvimento de atividades de projeto de MDL antes

mesmo do estabelecimento completo da sua estrutura de funcionalidade. Para tal, foi previsto

que atividades de projeto iniciadas a partir de 2000 poderiam ser analisadas posteriormente e,

se fosse o caso, aprovadas como projetos de MDL. Nesses casos, seria possível contabilizar as

reduções de emissões desde 2000. A possibilidade de contabilizar “créditos retroativos”

expirou em março de 2007. Assim se verifica nos arts. 12 e 13 da Decisão 17 da COP7:

[...] Decide que as reduções certificadas de emissões só devem ser emitidas

para um período de obtenção de créditos com início após a data de registro

de uma atividade de projeto no âmbito de Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo;

Decide ainda, que uma atividade de projeto que tenha tido início a partir do

ano 2000 e antes da adoção desta decisão deve ser elegível à validação e

registro como uma atividade de projeto no âmbito do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo se submetida para registro até 31/12/2005. Caso

registrada, o período de obtenção de créditos para essa atividade de projeto

pode ter início antes da data de registro mas não antes de 01/01/2000.[...]

É importante frisar que a cada reunião do Conselho Executivo, novas deliberações

podem modificar documentos, formulários, ferramentas e procedimentos. Devido a essa

dinâmica, antes de iniciar a concepção de uma atividade de projeto, deve-se consultar o site da

Convenção que se atualiza frequentemente (http://cdm.unfccc.int).

Em razão das particularidades e minúcias que envolvem um contrato internacional de

compra e venda de créditos de carbono, Limiro (2009, p.125) relaciona quais são os

elementos básicos das cláusulas contratuais:

1) identificação dos participantes do projeto e de outros relacionados ao

projeto que venham a ter responsabilidades essenciais;

2) qual é o objeto do contrato, mediante resumo de intenções,

especificando que projeto a ser desenvolvido será na categoria de MDL, e

outras questões pertinentes;

3) definição do bem transacionado, sua natureza e intenção dos direitos

acordados, onde deverão ser incluídos dados sobre a linha de base, os gases

de efeito estufa que serão seqüestrados ou que terão suas emissões reduzidas

e as normas que regem o MDL;

4) delimitação da quantidade de RCEs geradas pelo projeto e a

consignação sobre seus direitos;

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5) o modo e o período em que ocorrerá a aquisição e transferência dos

créditos de carbono;

6) a forma com que se comprovará a validade dos créditos de carbono,

que pode ser mediante apresentação da documentação de suporte,

mensuração da linha de base, verificação, certificação e procedimentos para

atualização das estimativas de redução de emissões e/ou seqüestro de gases

de efeito estufa;

7) minimização dos riscos, o que pode ser realizado por meio da

contratação de um seguro;

8) o valor e as formas de pagamento, para o que se deve considerar os

impostos e as taxas que incidirão na transação;

9) definição de quais serão as responsabilidades e garantias de cada

parte , no caso de descumprimento, quais as indenizações serão suportadas;

10) a inserção de todas as etapas do projeto de MDL estabelecidas pelo

Protocolo de Quioto;

11) as formas de extinção do contrato, como, por exemplo, em caso de

inadimplemento;

12) a possibilidade de realização de auditoria, a fim de se verificar a

conformidade do projeto, o que poderá também ser realizado por terceiros;

13) assegurar as informações do projeto e da comercialização dos créditos

de carbono, por um acordo de confidencialidade;

14) definição das conseqüências de eventos de força maior; e

15) estipulação das formas em que as controvérsias serão solucionadas.

Neste contexto, é prudente afirmar que a participação de profissionais da área jurídica é

fundamental, pois são capacitados para contemplar os fatores legais que envolvem um projeto

de MDL.

Vidigal (2007 apud Limiro, 2009, p.126), enfatiza a necessidade de os contratantes

manterem uma relação baseada na boa-fé em todas as fases da negociação, desde as medidas

preliminares até sua finalização, pois os contratos de compra e venda de créditos de carbono

estão submetidos tanto aos Princípios Gerais do Direito quanto aos Princípios Gerais dos

Contratos, fundamentais para a efetividade de qualquer contrato.

“O cumprimento dos deveres de lealdade, eticidade, informação e

transparência contribuirá para uma contratação saudável, baseada numa

relação contratual justa, além de transparente e inequívoca na distribuição

das obrigações entre as partes.” (VIDIGAL 2007, p.248 apud Limiro, p.127)

Conforme estudo de Mari Elizabete B. Seiffert (2009, p.162), até 20 de junho de 2008,

um total de 3.471 projetos encontravam-se em alguma fase do ciclo de projetos do MDL,

sendo 1.071 já registrados no Conselho Executivo e 2.400 em outras fases do ciclo. O Brasil

ocupa o terceiro lugar em número de atividades de projeto, com 287 projetos (8%), o que

acredita-se movimentar cerca de US$ 30 bilhões anuais, sendo que em primeiro lugar

encontra-se a China, com 1.212 projetos, e em segundo, a Índia, com 987 projetos.

Em termos de redução de emissões projetadas, a China ocupa o primeiro

lugar com, 2.097.221.988 t CO2 e a serem reduzidas (46%), seguida pela

Índia, com 1.111.943.034 de t CO2 e (24%) e o Brasil ocupa a terceira

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posição, sendo responsável pela redução de 294.432.537 t CO2, o que

corresponde a 6% do total mundial, todos os dados considerados para o

primeiro período de obtenção de créditos.Considerando as reduções de

emissões projetadas para o primeiro período de obtenção de créditos, o

primeiro lugar é ocupado por projetos de energia renovável (36%), seguido

por projetos de aterro sanitário (23%) e redução de emissões de N2O (14%);

em seguida aparecem suinocultura (8%), substituição de combustível (7%),

eficiência energética (4%), resíduos (3%) e processos industriais e

reflorestamento (2% cada).(SEIFFERT, 2009, p.163)

Alguns especialistas analisam que o Brasil está em 3º lugar em número de projetos por

já dispor de uma matriz energética limpa. E por este motivo não tem muitos projetos voltados

à área de energia, diferentemente do que acontece com a Índia e a China, que têm muitas

termelétricas e conseguem créditos de carbono cada vez que substituem uma matriz suja por

outra mais limpa.

4.2 O Mercado do Crédito de Carbono

A intenção de se criar o mercado para créditos de carbono, pelo exposto, foi buscar

compensar a emissão de gases que produzem o efeito estufa através de um programa que

despertasse a vontade política dos dirigentes de todos os países em rever os seus processos

industriais e, com isso, diminuir a poluição na atmosfera e o seu impacto no aquecimento do

clima. Sendo assim, ficou estabelecido uma cota máxima para emitir os GEEs, e caso os

países desenvolvidos ultrapassassem a meta estabelecida deveriam comprar os certificados de

crédito de carbono. Esse certificado é negociado no mercado internacional, onde a redução de

GEEs passa a ter um valor monetário para conter a poluição.

Está implicitamente inserido no programa a intenção de que os países classificados

como maiores poluidores, diminuissem suas emissões, e que esse mercado de carbono

servisse de estímulo para incentivar os países em desenvolvimento para que, atraídos pelo

ganho financeiro, cuidassem melhor de suas florestas e evitassem queimadas.1

Encontram-se, no entanto, algumas manifestações, especialmente pulverizadas na via

eletrônica, que criticam esses certificados por entenderem que :

Comprar créditos de carbono no mercado corresponde aproximadamente a

comprar uma permissão para emitir GEEs. O preço dessa permissão,

negociado no mercado, deve ser necessariamente inferior ao da multa que o

emissor deveria pagar ao poder público, por emitir GEEs. Para o emissor,

1 Disponível em: <http://www.blograizes.com.br/o-que-e-credito-de-carbono-e-qual-sua-importancia-em-nossas-

vidas.html >. Acesso em 07 jul.2010.

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portanto, comprar créditos de carbono no mercado significa, na prática, obter

um desconto sobre a multa devida.2

No Brasil, os créditos de carbono são negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros

(BM&F), em leilões, ou em contratos privados. Como exemplo vale citar, o primeiro leilão de

crédito de carbono efetuado na BM&F, oportunidade em que foram vendidos mais de 800 mil

créditos, no valor de € 16,20 cada. Os créditos eram oriundos da negociação entre a prefeitura

de São Paulo e de uma empresa privada que, juntas, implementaram um projeto no Aterro

Bandeirantes e dividiram os lucros com a venda dos créditos.3

Conforme destaca Paula Sato (2009)4, os países em desenvolvimento apesar de não

serem obrigados a cumprir metas de redução, já respondem por quase 52% das emissões de

CO2 mundiais e por 73% do aumento das emissões em 2004. Segundo a Agência de Avaliação

Ambiental da Holanda, em 2006, a China, um país em desenvolvimento, ultrapassou em 8% o

volume de gás carbônico emitido pelos EUA, tornando-se o maior emissor desse gás no

mundo, emitindo, sozinha, quase um quarto do total mundial, mais do que toda a União

Européia.

Um dos motivos dessa elevação das emissões chinesas é a queima do carvão mineral,

que responde por cerca de 68,4% da produção de energia na China. Segundo relatório da

Agência Internacional de Energia - AIE, 40,5% das emissões mundiais do CO2 são

provenientes da queima desse mineral, sendo este considerado o maior contribuidor para o

aquecimento global.

Explica Kenny Fonseca (2009)5 que mesmo com restrição, o mercado de crédito de

carbono está em desenvolvimento, principalmente por causa do chamado mercado voluntário.

Nele, mesmo países que não precisam diminuir suas emissões ou que não assinaram o

Protocolo de Quioto (como as empresas estadounidenses) podem negociar créditos. Um

exemplo de mercado voluntário é o Chicago Climate Exchange – CCX (Bolsa do Clima de

Chicago). Menciona ainda que é muito difícil para os países desenvolvidos conseguirem

atingir suas metas, pois desde que o Protocolo de Quioto foi assinado, houve aumento

2 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%A9ditos_de_carbono>. Acesso em 19 ago.2010

3 Disponível em: <http://www.oeconomista.com.br/o-brasil-e-a-negociacao-internacional-de-creditos-de-

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4 Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/como-funcionam-creditos-carbono-

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5 Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/como-funcionam-creditos-carbono-

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populacional, acompanhado do aumento da necessidade de insumos, por consequência

acarreta um aumento natural da emissão de poluentes.

Como muitos especialistas previam, o Brasil tem um grande potencial para a geração de

créditos de carbono, pois obtém um setor florestal inigualável, matriz energética peculiar e

não faltam fatores físicos, geográficos e climáticos favoráveis ao desenvolvimento de fontes

energéticas ambientalmente sadias.

4.2.1 Cenário Atual

Segundo a Ecosecurities6, a tonelada de carbono está sendo vendida no Brasil, por cerca

de US$ 5, devido ao risco Brasil, o qual consiste que no caso do Brasil, como também no da

África, é exigida uma série de certificações e avais em função dos riscos de crédito, por todas

as questões de credibilidade, devido estes dois países não serem considerados no mercado

internacional bons pagadores, e pelos tristes escândalos financeiros que assustaram

investidores, atraindo aos países investimentos de curtíssimo prazo, capital especulativo e

volátil.

Estudos econômicos baseados em cenários futuros têm sido cada vez mais necessários

para uma compreensão de longo prazo. Atualmente, a tonelada de carbono dos projetos de

MDL é vendida em torno de US$ 5,00 a 6,00, para projetos que obedeçam todas as premissas

do Protocolo de Quioto. Entretanto, os projetos alternativos de comercialização (aqueles de

iniciativas voluntárias) se apresentam, com regras mais flexíveis, como o CCX onde os preços

para a tonelada são mais baixos (em torno de US$ 0,90). Após a ratificação do Protocolo, a

expectativa é de que os valores sofram acréscimos ao longo do tempo.7

No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio - MDIC, em

parceria com a BM&F e subsidiado pela Fundação Getúlio Vargas - FGV criou o Mercado

Brasileiro de Redução de Emissões. A idéia básica é a de organizar o mercado primário, por

meio de um banco de projetos, com sistema de registro, armazenamento e classificação dos

mesmos. Isto terá implicações, como a redução dos custos de transação, conferindo maior

6Disponível em: <http://ecoamigos.wordpress.com/serie-entendento-meio-ambiente/o-que-e-credito-de-

carbono/>. Acesso em: 20 jul.2010.

7 Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/credito_carbono.htm>. Acesso em: 18 ago.2010.

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visibilidade para os investidores, auxiliando inclusive na identificação destes no mercado por

parte dos proponentes.8

4.2.2 Perspectivas de mercado

O jornal O Estado de São Paulo divulgou no dia 31/08/2010, uma matéria na qual fez

repercussão, lançando dúvidas quanto à eficiência e à integridade do mercado de carbono,

segue a íntegra da matéria:

Fraude de até 40 bilhões abala mercado de carbono

Dezenove indústrias chinesas dedicadas à destruição de HFC23, um gás de

alto efeito estufa, estão sob investigação da Organização das Nações Unidas

(ONU) por suspeitas de terem fraudado o mercado de carbono.

A suposta irregularidade pode reduzir as transações realizadas no

mecanismo entre 30 bilhões a 40 bilhões até o fim do ano. O golpe levava

empresas - grande parte delas, ocidentais - a comprarem créditos das

companhias chinesas sem que houvesse a equivalente redução das emissões

de gases estufa, causadores do aquecimento global.

A denúncia é o maior indício de fraudes no Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL), um dos pilares do Protocolo de Quioto e

da política de combate às mudanças climáticas que a ONU tenta implantar.

As primeiras revelações sobre o esquema foram feitas por organizações não

governamentais há cerca de seis meses. Uma investigação foi aberta pela

Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

Mas o caso ganhou impulso nas últimas semanas em razão das estimativas

crescentes sobre o impacto financeiro que a suposta fraude estaria causando

no mercado de carbono.

Segundo o jornal Le Monde, ao menos seis empresas tiveram seus créditos

de carbono proibidos de serem vendidos no mercado enquanto a

investigação segue. O esquema teria sido montado em torno da suposta

superprodução de gás HCF23, um derivado da produção de outro gás, o

HCF22, usado na indústria de refrigeração. O HCF23 é 11 mil vez mais

perigoso que o CO2 para a atmosfera.

Graças a uma supervisão insuficiente dos fiscais do MDL, empresas

chinesas - e, estima-se, indianas - teriam produzido deliberadamente HCF23

para, então, destruí-lo, obtendo créditos de carbono, vendidos no mercado a

empresas interessadas em compensar seu grau de poluição.

Por causa da investigação, só em 2010 o número de créditos à venda do

mercado de carbono deve cair em até 40 bilhões. Até 2012, a suspensão do

comércio de créditos de HCF23 poderia custar até 150 bilhões - de um

universo de 900 bilhões negociados no mercado -, segundo cálculos da

consultoria francesa Orbeo. "As provas são muito fortes", afirma Mark

8 Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/credito-de-carbono/mdl/index.htm>. Acesso em: 29 ago.2010.

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Roberts, membro da ONG britânica Agência de Investigação Ambiental.

"É o maior escândalo da história do MDL e causa vergonha aos esforços

internacionais pela luta contra as mudanças climáticas."9

Para Maria Netto (2010) 10

, especialista em mudança climática do Banco Interamericano

de Desenvolvimento - BID, o mercado de carbono "irá além de 2012". Mas, acentua que um

dos principais desafios a ser atingido, ainda é encontrar um sistema transparente de

precificação. A maior parte dos créditos é vendida em leilões particulares, não em Bolsas.

Logo, por tais razões, uma problématica para esse mercado é justamente o que vem

depois de 2012, pois ainda é uma incógnita o que vai acontecer. As negociações para a efetiva

implantação de um esquema de compensações andam vagarosamente. Há diversos problemas

a contornar: a inclusão ou não de grandes países em desenvolvimento no rol das nações com

metas de redução, a aceitação ou não de novas formas de compensação, por exemplo, manter

florestas intocadas, atrair os Estados Unidos para o comércio global, entre outros.11

E a questão que se coloca, ainda que subjacente às discussões abertas e abordagens

doutrinárias e da mídia de maneira geral, é a especulação de valores inerentes ao comércio

dos créditos de carbono. Em que medida a sedução do jogo de mercado financeiro poderá

contaminar ou até mesmo desviar o propósito original do MDL, sendo esta uma questão a ser

enfrentada inclusive pelos operadores do direito.

9 Disponível em: <http://www.oc.org.br/index.php?page=Noticia&id=191918>. Acesso em: 09 set.2010.

10

Disponível em: <http://www.oc.org.br/index.php?page=Noticia&id=187350>. Acesso em: 09 set.2010.

11 Disponível em: <http://www.oeconomista.com.br/o-futuro-dos-creditos-de-carbono>. Acesso em: 18

ago.2010.

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CONCLUSÃO

A elaboração do presente trabalho de conclusão de curso demonstrou que o objetivo

comum a ser atingido pela emissão dos certificados de crédito de carbono não está restrito à

preservação do meio ambiente, mas ao desenvolvimento sustentável ampliado e progressivo.

Assim, introduz na discussão, a busca do equilíbrio entre o crescimento econômico, a

equidade social, as normas jurídicas e a preservação ambiental. Há a procura de uma nova

racionalidade que garanta a solidariedade e a cooperação, tanto quanto a continuidade do

desenvolvimento e da própria vida para as gerações futuras, ameaçados pelo consumismo e

pela exploração predatória dos recursos naturais.

Grandes problemáticas foram encontradas no estudo do tema, o destaque reside na

forma de interpretação do conceito denominado “desenvolvimento sustentável”. Para alguns

especialistas da área econômica, tornou-se jargão de estratégia comercial e progresso

econômico a defesa e proteção ao meio ambiente, tendo em vista que ao aderir à imagem de

“protetores do meio ambiente” consegue-se atingir um público maior. Porém, o que se busca,

para não haver dúvida quanto a real interpretação do que venha a ser desenvolvimento

sustentável, é o sentido de que o desenvolvimento dos países não pode mais visar somente o

progresso econômico, mas também o uso eficiente dos recursos naturais, com as melhores

tecnologias disponíveis e com a preservação ambiental sempre em foco. Este é um progresso

verdadeiramente duradouro para a humanidade.

Foi possível identificar, doutrinadores que entendem que no mercado de crédito de

carbono, os certificados comercializados são uma espécie de “moeda ecológica”,

considerando que podem ser adquiridas pelos países industrializados signatários do Protocolo

de Quioto, os quais precisam cumprir suas metas de redução de emissão de gases. Estes países

pagariam para terem o direito de poluir e continuar com a má utilização de seus recursos

naturais. Nessa visão de forma geral, se concordarmos com essa posição, a proposta final do

MDL estaria nesse sentido fugindo de seu objetivo principal, à proteção ao meio ambiente

saudável.

Porém, numa análise mais específica e analítica, levando em conta as disposições que

estabelecem os princípios gerais do Direito ambiental brasileiro, fica claro que para

sensibilizar o mundo político e financeiro, apenas com apresentações de fatos modificativos

da natureza, tudo tende a crer que não os comoveriam. Logo, o princípio do poluidor pagador

deve ser reforçado em seu caráter preventivo e repressivo.

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Infelizmente, percebe-se que o mercado do crédito de carbono é ainda muito incipiente

e sem a formulação de regras claras e eficazes, e por isso existe espaço para que

especuladores financeiros se aproveitem da idéia e o que era para ajudar o ambiente pode

acabar se tornando apenas mais um mercado. Diplomas legais importantes orientam o cenário

brasileiro, como a Lei 9795/99 e Decreto 4281/02 que estabelecem a Política Nacional de

Educação Ambiental e a Lei 9605/98 conhecida como Lei dos Crimes Ambientais e o Decreto

6514/08 que dispõem sobre a tipificação de crimes e respectivas sanções, no entanto a

regulamentação jurídica do mercado do crédito de carbono ainda carece de normas.

Em virtude dessas considerações, tendo em vista a falta de regulamentação, aqui se faz

válido uma menção das sanções aplicadas a quem comete crime ambiental em âmbito

nacional, o que poderia ser aplicado àqueles que se aproveitam da carência de normas

específicas para o mercado de crédito de carbono. Desta forma, a referida lei entende que

crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio

ambiente, e prevê penas alternativas à prisão como: prestação de serviços à comunidade ou à

entidade ambiental; interdição temporária de direitos; cassação de autorização ou licença

concedida pela autoridade competente; suspensão parcial ou total de atividades; prestação

pecuniária; custeio de programas de projetos ambientais que contribuam com entidades

ambientais ou culturais, públicas ou privadas. Ademais, contém multas administrativas

inibidoras, pois podem chegar a R$ 50 milhões.

Neste sentido, cumpre assinalar que a Lei de Crimes Ambientais estipula que a Pessoa

Jurídica poderá ser desconsiderada sempre que sua personalidade for obstáculo ao

ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Deste modo, a Pessoa

Jurídica que praticar algum ilícito ambiental responderá juntamente com a pessoa física

causadora do dano e pelos atos praticados por esta em seu nome. Em suma, importante

também é observar que nos casos de condenação civil, vigora a responsabilidade objetiva,

onde o infrator é obrigado, independente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os

danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados pela sua atividade.

A resposta, entretanto, que ainda se procura é: em que medida a sedução do jogo de

mercado financeiro poderá desviar o propósito original do MDL? Para responder essa questão

evidentemente se faz necessário o auxílio e o interesse dos operadores do Direito, tendo em

vista que, cabe a estes a elaboração de normas eficazes, as quais reflitam no texto de lei o real

interesse, a preservação do meio ambiente balanceada com o desenvolvimento do país, bem

como a fiscalização dos estudos de impacto ambiental, a instauração de inquérito, a

propositura de ação, e das ações civil públicas, o julgamento das ações, a elaboração de

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contratos, a pressão aos governos para divulgação de projetos que estimulem a educação

ambiental a todos, entre outros inúmeros exemplos relacionados a ordenamento jurídico.

Outrossim, a matéria ambiental é constituída de características que não são simples, e

necessita de estudo sistemático para garantir, de forma efetiva, a proteção jurídica ao meio

ambiente. O engajamento de todas as nações é um ponto fundamental, pois no direito

comparado poderão advir muitas soluções. Sabe-se que no momento a situação é difícil, pelos

diferentes interesses de cada país, as discussões que não chegam a consenso, a demora na

regulamentação de leis ambientais.

Contudo, imputar aos governantes a obrigação de mudança de visão, e mudança real na

postura em relação ao meio ambiente, é algo super importante, porém não suficiente para a

mitigação da destruição do meio ambiente. Pois a sociedade pode e deve participar

provocando os órgãos públicos, solicitando informações ou apontando as irregularidades,

exercendo seu direito de pedir informações, já que o Estado tem o dever de prestá-las,

participando de audiências públicas, tanto para discutir estudos de impacto ambiental, como

para quaisquer outros fins relativos à questão ambiental; provocando e/ou auxiliando os

legisladores na elaboração de leis de proteção ambiental; cobrando das empresas para que

estas abandonem fontes fósseis de geração de energia, substituindo-as pelas novas renováveis,

pressionando-as para fornecerem produtos baseados em tecnologias que não prejudiquem o

planeta. Aos consumidores cabe esse papel de cobrar dos fornecedores o respeito ao planeta,

pois a demanda do mercado é estimulada pelo poder de escolha, e se houver a recusa de todos

por produtos que destruam o planeta, os fornecedores serão obrigados a se adaptar às novas

tecnologias limpas.

Além do comprometimento em pressionar, provocar e cobrar o poder público e as

indústrias, para as necessárias mudanças é preciso contar com a consciência individual e

coletiva para promover pequenas atitudes que também fazem diferença, como evitar

desperdícios, estimular a reciclagem do lixo, utilizar ao máximo iluminação natural dentro do

ambiente doméstico, preferir aparelhos econômicos, repensar a maneira de se locomover e o

tipo de combustível utilizado nos veículos, e principalmente continuar a propagar e discutir

idéias sobre o meio ambiente.

Por fim, a abrangência das informações apresentadas no presente trabalho é desafiadora

porque evidencia a diversidade e a intensidade dos problemas associados ao tema proposto. O

resultado a que se chegou é que não é necessário impedir o progresso econômico do mundo

para que haja a proteção ao meio ambiente, só é preciso a conscientização do homem para

desenvolve-lo de forma sustentável. Contudo, não tem o presente trabalho a intenção de

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esgotar o entendimento e a pesquisa do assunto, mas contribuir para o conhecimento do tema

abordado, além de colaborar para novas pesquisas e descobertas, bem como auxiliar futuros

trabalhos.

Aos estudiosos do Direito, está incumbida a missão de não se deixar levar pela

correnteza das informações impostas, em massa, mas estimular o questionamento, o estudo,

para a construção ou reconstrução do nosso instrumento de trabalho e, mais ainda,

desenvolver a capacidade analítica para sempre buscar a justiça com seriedade.

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