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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ENGENHARIA AMBIENTAL RESÍDUO DE CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS COMO AGREGADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE COMPONENTES DO CONCRETO POR RESÍDUO DE CORTE DE GRANITO JACKELINE BENATO Campinas, Janeiro de 2014

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

ENGENHARIA AMBIENTAL

RESÍDUO DE CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS COMO

AGREGADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE COMPONENTES DO CONCRETO POR

RESÍDUO DE CORTE DE GRANITO

JACKELINE BENATO

Campinas, Janeiro de 2014

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JACKELINE BENATO – RA: 004200900165

RESÍDUO DE CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS COMO

AGREGADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE COMPONENTES DO CONCRETO POR

RESÍDUO DE CORTE DE GRANITO

Monografia apresentada à disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso II, como

requisito parcial para a obtenção do grau de

Bacharel em Engenharia Ambiental da

Universidade São Francisco.

Orientador: Dr. André Augusto Gutierrez

Fernandes Beati

Campinas

2013

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Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Tatiana Santana Matias CRB 8/8303

B394r Benato, Jackeline. Resíduo de corte de rochas ornamentais como agregado

da construção civil: Substituição parcial de componentes do concreto por resíduo de corte de granito / Jackeline Benato. - - Campinas, SP:

[s.n.], 2013. 83f. Orientador: André Augusto Gutierrez Fernandes Beati.

Trabalho de conclusão de curso (Curso de Engenharia Ambiental) –

Universidade São Francisco – USF

1. Construção Civil. 2. Rochas Ornamentais. 3. Resíduos. I. Beati, André Augusto Fernandes Gutierrez. II. Universidade São Francisco.

USF CDU – 624.183

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JACKELINE BENATO

RESÍDUO DE CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS COMO

AGREGADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE COMPONENTES DO CONCRETO POR

RESÍDUO DE CORTE DE GRANITO

Monografia aprovada pelo Curso de

Engenharia Ambiental e Sanitária da

Universidade São Francisco, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Ambiental e Sanitária.

Data de aprovação: __/__/____

Banca examinadora:

__________________________________________________________________________

Prof. Dr. André Augusto Gutierrez Fernandes Beati (Orientador)

Universidade São Francisco

__________________________________________________________________________

Prof. Mª. Cândida Maria Costa Baptista (Examinador)

Universidade São Francisco

__________________________________________________________________________

Prof. Mª. Carla Andreia Miranda da Costa (Examinadora)

Universidade São Francisco

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Aos que acreditam na quebra de paradigmas como alternativa para a inovação,

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente às oportunidades, e a todas as dificuldades que enfrentei,

pois estas foram meu melhor remédio contra a inércia. A meus familiares e meu noivo por

contribuírem com seu melhor, dentro de suas crenças e possibilidades, com o início e fim

deste ciclo, e em especial a um "avô postiço" que faz brotar uma pontinha de fé na

humanidade.

Minha eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que este objetivo pudesse

ser concretizado. Meus professores e companheiros de sala, alguns hoje também de trabalho,

com quem pude aprender o significado real de agregar. As minhas grandes parceiras, por me

mostrarem que não há um caminho único e nem melhor, mas que pode ser trilhado em equipe,

Fernanda Gava e Renata Amaral.

Agradeço imensamente aos que se propuseram a ajudar, que acreditaram na

importância de investir tempo nesta proposta, ao Adão Ribeiro Neto e demais colaboradores

da concreteira Engemix, e aos companheiros de trabalho Gustavo Nale, Laís Pimenta e

Alejandro Guichon. Ao Jurandir Amaral e ao Waldemar por permitirem a visita técnica e

fornecerem material para o experimento.

Ao meu orientador, André Augusto Gutierrez Fernandes Beati, e a Cândida Maria

Baptista, por contribuirem com o que talvez seja o ingrediente mais escasso no mercado hoje,

a motivação.

Agradeço a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram para a

conclusão desta, umas das etapas da minha formação pessoal e profissional.

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“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”

(Antoine Lavoisier)

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RESUMO

O objetivo principal deste estudo é obter um traço de concreto utilizando resíduo da

pasta de corte de granito em substituição parcial a componentes do concreto, atendendo as

normativas vigentes, sem que a adição do resíduo comprometa o produto final, analisando

principalmente no que diz respeito a resistência mecânica à compressão. Foram levantados os

principais impactos da construção civil, reforçando a relevância do tema, e bibliografias que

definem e explicam os procedimentos para preparo do concreto e caracterizam seus

componentes. Foi realizado um estudo contextual sobre rochas ornamentais, focado em

resíduo de corte de granito, por apresentar maior abundância na região do estudo. Visando

testar a aplicabilidade do resíduo na composição do concreto foram realizados testes com

diferentes traços, substituindo um percentual de areia e de cimento da pasta. Até o momento

do encerramento deste estudo, o corpo de prova apresentava idade igual a 28 dias, e partindo

destes resultados já pudemos concluir a viabilidade da substituição por resíduo de corte de

mármore e granito, uma vez que a resistência se mostrou superior a 25 e 30 Mpa (referência

mínima para lajes e pilares de concreto classe II- NBR 6118- Projeto de estruturas de

concreto -Procedimento), com resultado mais próximo ao traço referência alcançado pelo

traça cujo cimento portland foi substituído em 5% por resíduo.

Palavras-chave: CONSTRUÇÃO CIVIL; CONCRETO; RESÍDUOS; ROCHAS

ORNAMENTAIS

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ABSTRACT

The main objective of this study is obtain a concrete mix using residues from granite

cut process on a partial replacement of concrete components, attending the current norm,

without the addition of residue compromise the final product, analyzing mainly the

mechanical strength. Measuring the main impacts of civil construction, reinforcing the

relevance of the topic, and bibliographies that define and explain the procedures to prepare a

concrete mix and characterize components. A contextual study realized with ornamental

rocks, focused on residues of granite cut process, due to abundance in the region. To test the

applicability of residue on concrete mix composition, tests were performed with different

characteristics, replacing a percentage of sand and cement. Until the end of the study, the

specimen had 28 days, from these results we can already conclude the viability of replacing a

residue from marble and granite, since the resistance is from 25MPa to 30MPa (minimum for

slabs and pillars, class II -NBR 6118 - Design of concrete structures -Procedure), with these

results closest to the concrete mix reference, which results that Portland cement was replaced

by 5% of residue.

Key words: CONSTRUCTION; CONCRETE; WASTE; ORNAMENTAL ROCKS

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1- Via Ápia em Roma (MADRI, 2004) .................................................................... 30

FIGURA 2- Variedade de Bloco de Pavimentação .................................................................. 31

FIGURA 3- Disposição de Blocos de Pavimentação ............................................................... 32

FIGURA 4- Distribuição de Carga ........................................................................................... 32

FIGURA 5- Indústria de Blocos Glasser .................................................................................. 34

FIGURA 6- Chão de Fábrica Glasser ....................................................................................... 34

FIGURA 7- Acumulo de Rejeitos de uma Serraria no bairro Aeroporto em Cachoeira do

Itapemirim ................................................................................................................................ 40

FIGURA 8- Produção residual no ciclo de produção de uma indústria mineral de rochas

ornamentais ............................................................................................................................... 42

FIGURA 9- Disposição inadequada de Lama Abrasiva ........................................................... 43

FIGURA 10- Imapctos da Extração de Rochas Ornamentais .................................................. 45

FIGURA 11- Chapas para Beneficiamento (Matéria Prima) ................................................... 46

FIGURA 12- Pré Decantação (Lama Abrasiva) ....................................................................... 47

FIGURA 13- Acabamento (Produto Final) .............................................................................. 47

FIGURA 14- Poços de decantação ........................................................................................... 48

FIGURA 15- Pavimentação com Resíduo Graúdo de Granito................................................. 49

FIGURA 16- Aspecto: Piso de Lajota de Argamassa com RCMG .......................................... 51

FIGURA 17- Titulação ............................................................................................................. 54

FIGURA 18- Curva de Abrams ................................................................................................ 58

FIGURA 19- Chapman ............................................................................................................. 61

FIGURA 20- Teste: Perda ao Fogo .......................................................................................... 63

FIGURA 21- RCG .................................................................................................................... 66

FIGURA 22- Materiais ............................................................................................................. 67

FIGURA 23- Procedimento de Mistura e Moldagem .............................................................. 67

FIGURA 24- Procedimento para Ensaio de Abatimento ......................................................... 69

FIGURA 25- Prensa Utilizada Para Ensaio .............................................................................. 72

FIGURA 26- Percentual de Evolução da Resistência .............................................................. 75

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Classificação das Consistências de Concreto ...................................................... 19

TABELA 2- Variação da Resistência com Diferentes Tipos de Cimentos Portland ............... 20

TABELA 3- Propriedades das Rochas ..................................................................................... 23

TABELA 4- Classificação de Aditivos segundo a NBR-11768 .............................................. 25

TABELA 5- Resistência à Compressão- Blocos de Pavimentação .......................................... 31

TABELA 6- Volume gasto de EDTA-Na2 para determinação dos íons Ca2+ ........................ 54

TABELA 7- Diâmetro da Brita ................................................................................................ 58

TABELA 8- Traço de Referência (T-01) ................................................................................. 59

TABELA 9- Traço para 20 L descontando a Umidade (T-01)................................................. 60

TABELA 10- Traço 2 (T-02) ................................................................................................... 62

TABELA 11- Traço 3 (T-03) ................................................................................................... 63

TABELA 12- Traço 4 (T-04) ................................................................................................... 64

TABELA 13- Resumo dos Traços ........................................................................................... 65

TABELA 14- Número de Camadas para Moldagem (NBR 5738) .......................................... 69

TABELA 15- Resultados do Ensaio de Resistência a Compressão ......................................... 74

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAF - Autorização Ambiental de Funcionamento

ABCP - Associção Brasileira de Cimento Portland

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI - American Concrete Institute

CAA - Concreto Auto Adensável

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral

FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente

LO - Licença de Operação

MEC - Ministério da Educação

PCI - Portland Cement Institute

PPC- Peças Pré Moldadas de Concreto

RCMG - Resíduo de Corte de Mármore e Granito

RCG - Resíduo de Corte de Granito

RG- Resíduo de Granito

SSS - Saturada Superfície Seca

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 A CONSTRUÇÃO CIVIL: IMPACTOS RELEVANTES .............................................. 17

3 O CONCRETO .................................................................................................................... 19

3.1 Propriedades do Concreto ................................................................................................... 19

3.2 Método de Dosagem ABCP/ACI ....................................................................................... 20

3.3 Componentes do Concreto ................................................................................................. 21

3.3.1 Cimento Portland ............................................................................................................. 21

3.3.2 Agregados ........................................................................................................................ 22

3.3.3 Água..... ........................................................................................................................... 24

3.3.4Aditivos ........................................................................................................................... 24

3.4 Impactos do Processo de Extração e Produção do Concreto .............................................. 25

4 SISTEMAS ESTRUTURAIS ............................................................................................. 27

4.1 Sistemas de Concreto Totalmente Estruturados ................................................................. 27

4.1.1 Concreto Armado ............................................................................................................ 28

4.1.2 Concreto Protendido ........................................................................................................ 28

4.2 Alvenaria Estrutural ........................................................................................................... 28

4.3 Pré moldados para Pavimentação ....................................................................................... 29

4.3.1 Visita Técnica: Empresa Glasser ..................................................................................... 33

5 ROCHAS ORNAMENTAIS ............................................................................................... 36

5.1 Classificação ....................................................................................................................... 36

5.1.1 Rochas Ígneas .................................................................................................................. 36

5.1.2 Rochas Sedimentares ....................................................................................................... 37

5.1.3 Rochas Metamórficas ...................................................................................................... 37

5.2 Mármore e Granito: Contextualização Histórica ................................................................ 38

5.3 Rochas Ornamentais e a Industrialização no Brasil .......................................................... 39

5.4 Propriedades Físicas e Químicas ........................................................................................ 40

5.5 O Resíduo de Mármore e Granito ...................................................................................... 41

5.5.1 Polpa Abrasiva ................................................................................................................. 42

5.6 Extração e Impactos Ambientais ........................................................................................ 43

5.7 Contexto Sócio-Econômico e Saúde Ocupacional ............................................................. 45

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5.8 Visita Técnica- Beneficiamento de Mármores e Granitos - Marmoraria Bragança .......... 46

6 PROPOSTA DE ESTUDO: USO DE PÓ RESÍDUAL DE GRANITO EM

SUSBSTITUIÇÃO PARCIAL DE COMPONENTES DO TRAÇO DE CONCRETO .. 50

6.1 Revisão Bibliográfica- Estudos Publicados ........................................................................ 51

6.2 Análise do Material: Polpa Abrasiva .................................................................................. 52

6.2.1 Dureza: Determinação do Teor de Cálcio ....................................................................... 52

6.2.2 Análise dos Resultados .................................................................................................... 54

6.3 Cálculo do Traço ................................................................................................................ 56

6.3.1 Desenvolvimento Experimental do Traço ....................................................................... 57

6.4 Análise de Resultados Parciais ........................................................................................... 64

7 EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO .................................................................................. 66

7.1 Procedimentos de Execução ............................................................................................... 67

7.1.1 Abatimento do Tronco Cone ........................................................................................... 68

7.1.2 Moldagem e Adensamento ............................................................................................. 69

7.1.3 Cura dos Corpos de Prova ............................................................................................... 70

7.1.4 Ensaios de Resistência à Compressão Simples ............................................................... 71

7.2 Resultados Obtidos ............................................................................................................. 73

7.2.1 Análise de Resultados ...................................................................................................... 74

8 ESTUDO DE VIABILIDADE DA PROPOSTA .............................................................. 76

8.1 Viabilidade Econômica ...................................................................................................... 76

8.2 Segregação, Coleta, Transporte e Armazenamento ........................................................... 76

8.3 Informações Técnicas- Serraria .......................................................................................... 77

9 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 79

10 PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS ................................................................... 80

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81

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1 INTRODUÇÃO

Parte considerável das empresas do segmento de beneficiamento de marmóre e

granito, ainda não possuem uma gestão eficiente para o material resídual oriundo do corte,

muitas vezes não há uma área para descarte licenciada, de acordo com as exigências legais do

Município, que apresente viabilidado para a indústria de beneficiamento de rochas

ornamentais, principalmente no que se refere a custo de transporte e destinação.

Esse material devido a dificuldade de descarte e também às suas propriedades

mecânicas, vem sendo estudado para diversos fins, entre eles, enquanto incremento de um

percentual de adição mineral em CAA (Concreto Auto Adensável), e como componente na

fabricação de cerâmicas. Partindo destes estudos, apresentam-se novas possibilidades de uso

deste Resíduo de Corte de Rochas ornamentais, em especial de Mármore e Granito.

Atualmente o uso de resíduos industriais têm crescido em todo o mundo, mostrando

que essa é agora, uma necessidade em resposta racional ao impacto causado pela falta de

gestão de resíduos no passado. Diversos tipos de dificuldades, econômicas e burocráticas.

resultam muitas vezes no descarte de forma irregular, o que apresenta múltiplos danos

ambientais. Quando adequada aos requisitos legais, muitas vezes a empresa arca com altos

custos com o descarte. É importante o desenvolvimento de pesquisas voltadas à substituição,

ainda que fracionada, do cimento portland, visto que uma tonelada deste representa 0,63

toneladas de dióxido de carbono na atmosfera (CICALISE et al., 2008), e/ou qualquer outro

componente de fonte não renovável utilizado na construção civil.

No presente estudo busca-se explorar a possibilidade de utilizar o RCMG como

substituto parcial de componentes do concreto, confrontando suas características com as

exigidas nas normativas para concreto estrutural, e analisando a possibilidade de aplicação em

pré moldados e blocos de pavimentação.

Quando adequada aos requisitos legais, muitas vezes a empresa tem altos custos com

o descarte, e considera-se então um resultado ideal para esta questão, desenvolver um material

e um processo de gerenciamento não só viável, como rentável, socialmente justo e

ambientalmente correto.

O segundo capítulo apresenta os principais impactos da construção civil, justificando a

proposta e expondo a relevância do tema. O capítulo três define o concreto, sua composição,

propriedades e métodos de dosagem. Define também os agregados, suas propriedades e uma

breve análise bibliográfica sobre o comportamento do resíduo de corte de granito enquanto

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16

agregado, seguida de uma breve revisão baseada em estudos publicados sobre o

comportamento deste resíduo enquanto agregado na confecção de diversos materiais. O

quarto capítulo apresenta uma breve contextualização sobre sistemas estruturais. O Capítulo

cinco apresenta o contexto histórico das rochas ornamentais, em especial o granito, seu

processo de industrialização, propriedades físicas e químicas, os impactos de sua extração e o

material residual de seu processo de beneficiamento dentro de um contexto sócio econômico

em contraste com a saúde ocupacional. O sexto capítulo contém uma proposta de estudo, uma

revisão bibliográfica dos produtos fabricados com material residual de granito que já existem

a nível de pesquisa, análises químicas do RCMG, e o desenvolvimento prático do

experimento, através do cálculo do traço e confecção dos corpos de prova. No sétimo capítulo

são apresentados os resultados dos testes de resistência para determinar se há viabilidade na

fabricação de concreto com RCMG, e chegar a um percentual adequado, tentando a

substituição tanto dos agregados miúdos como do próprio cimento portland. O oitavo capítulo

contém uma análise de viabilidade econômica e logística. A conclusão da pesquisa é

apresentada no nono capítulo.

O objetivo deste estudo é viabilizar o uso do material residual do corte de rochas

ornamentais, em especial do resíduo de granito, conhecido por lama ou polpa abrasiva, como

alternativa para a substituição de um percentual de cimento, e/ou areia, uma vez que no

processo de produção destes, o consumo de recursos naturais é expressivo, e o RCG por sua

vez, ainda é um resíduo, hoje sem valor comercial.

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17

2 A CONSTRUÇÃO CIVIL: IMPACTOS RELEVANTES

A implantação de novas edificações provoca mudanças que interferem na sociedade

através de impactos, sejam ambientais sociais ou econômicos. Uma importante consideração a

ser feita é sobre a grande produção de resíduos, resultante de uma matéria prima quase

sempre não renovável. É importante ressaltar que os impactos provocados por estas novas

intervenções podem criar inconvenientes para as pessoas do entorno, mas podem também

gerar benefícios, e influenciar positivamente no valor imobiliário, gerando tráfego na região e

maior demanda de transporte. Por isso, deve-se sempre levar em consideração a opinião

popular quanto a estas intervenções. Determinados impactos podem ser ocasionadas em longo

prazo, a exemplo do adensamento populacional e, portanto deve haver um planejamento

prevendo uma expansão urbana, este deve considerar o uso e ocupação do solo de acordo com

o plano diretor e as legislações ambientais daquela região.

Em prevenção aos impactos negativos, é necessário planejar, interferindo

minimamente na paisagem urbana e no patrimônio natural e cultural. Os impactos ocorrem

desde a fabricação do cimento e o transporte de materiais até a formação de um lago por uma

barragem ou alteração de uma área por terraplanagem. Esses impactos, e danos, são de cunho

ambiental, social e até mesmo econômico, e são influenciados pelo porte, uso e

funcionalidade da obra em questão, podendo variar de uma pequena a grande significância de

impacto.

Os impactos mais evidentes durante a fase de obras estão relacionados a

impermeabilização de boa parte do terreno, visual causado pela obra, poeira, barulho, e a

geração de resíduos de diferentes tipos. Pensando em Desenvolvimento Sustentável, algumas

medidas devem ser adotadas de forma a evitar ou minimizar os impactos gerados por

construções. A organização da obra evita o desperdício de materiais, propicia um ambiente

mais limpo, agradável e também ajuda no desenvolvimento da construção.

O Brasil é responsável por 685.000.000 toneladas de entulho (SPADOTTO, 2011),

fator que gera custos para a coleta, transporte e disposição destes resíduos. O

reaproveitamento de materiais de demolição também pode ser uma alternativa em

minimização do desperdício. Utilizar madeiras originada de reflorestamento é outra forma de

contribuição em relação a matéria prima, outra é empregar materiais provenientes da mesma

região, diminuindo o custo e a poluição gerados mediante transporte.

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A mineração e o processamento de minerais resultam em desmatamento, erosão do solo e

poluição do ar e da água. Em todo o planeta, o setor minerário é um dos maiores

consumidores de energia, poluidor do ar e o agravante do aquecimento global.

A estratégia de redução de consumo, adotada pela maior parte das indústrias que buscam

o desenvolvimento sustentável, não se aplica a engenharia civil, pois esta não pode reduzir a

quantidade dos materiais necessários para edificar uma obra, sob risco de comprometer a

qualidade e a durabilidade da construção. Em razão disso, é necessário desenvolver

alternativas para o destino dos resíduos, da forma mais prática possível. Compete à

arquitetura e à engenharia encontrar soluções para minimizar esses impactos e atenuar os

efeitos decorrentes destes. Temos hoje como principais pontos de atenção a origem dos

materiais utilizados e a gestão de resíduos no canteiro de obras, uma vez que a cadeia de

ações da construção civil é responsável pelo consumo de aproximadamente 20 a 50% de todos

os recursos naturais disponíveis, renováveis e não-renováveis.

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19

3 O CONCRETO

Depois da pedra e da madeira, o concreto é um dos materiais de construção mais antigos

que se tem conhecimento. Sua origem remonta a 1756, quando John Smeaton utilzou pela

primeira vez uma argamassa calcinada na construção do farol de Eddystone. Em 1824 com o

cimento Portland, o concreto assumiu lugar de destaque na construção, devido a sua

versatilidade, que permitia moldar facilmente. Nesse contexto surgiram as diferentes

especificações do concreto, embasadas em estudos científicos de suas propriedades.

Pode-se definir concreto como um material formado a partir da mistura de cimento,

água, agregados (areia e brita) e, eventualmente alguns aditivos. Segundo (ARAÚJO,

Rodrigues & Freitas1) concreto é "O material resultante da mistura, em determinadas

proporções, de um aglomerante - cimento Portland - com um agregado miúdo - geralmente

areia lavada -, um agregado graúdo - geralmente brita - e água. Pode-se ainda, se necessário,

usar aditivos".

Estima-se que o consumo atual de concreto no mundo seja da ordem de 11 bilhões de

toneladas métricas ao ano (MONTEIRO, 2008), e que o concreto é o segundo material mais

consumido pela humanidade.

3.1 Propriedades do Concreto

A consistência é a propriedade do concreto no estado fresco, relacionada à fluidez da

mistura, devendo ser adequado para garantir a trabalhabilidade do concreto. Para medir a

consistência é feito normalmente o ensaio de abatimento (slump test), no ensaio o concreto é

compactado em um cone com altura de 30 cm, retirando a forma, o concreto sofre um

abatimento, este é medido (em cm) e esse valor é utilizado como referência para um

comparativo de consistência. A consistência e trabalhabilidade variam conforme o traço do

concreto.

TABELA 1- Classificação das Consistências de Concreto

1 ARAÚJO, Rodrigues & Freitas- Materiais de Construção. Disponível em:

http://www.ufrrj.br/institutos/it/dau/profs/edmundo/Concreto%20simples.pdf. Acesso em 25 de maio de 2013..

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Fonte: ANDOLFATO, Rodrigo Piernas. Controle Tecnológico Básico do Concreto. Núcleo de Ensino e

Pesquisa Básica da Alvenaria Estrutural. P. 12. Ilha Solteira, 2002.

A propriedade mecânica mais importante do concreto é a resistência à compressão

simples. O tipo de cimento e as condições de cura determinam a evolução da resistência do

concreto com o tempo. A resistência à compressão é determinada em corpos de prova

cilíndricos padrões, com idade de 28 dias. Os resultados seguem a curva normal de

distribuição, possibilitando abordar a resistência de forma estatística, considerando cura

úmida entre 15ºC e 20ºC, podem ser adotados os valores de referência da tabela abaixo.

TABELA 2- Variação da Resistência com Diferentes Tipos de Cimentos Portland

VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA POR TIPO DE CIMENTO

Idade do Concreto (dias) 3 7 28 90

Cimento portland normal (tipo I) 0,44 0,65 1 1,2

Cimento portland ARI (tipo III) 0,55 0,75 1 1,15 Fonte: Adaptado de ANDOLFATO, Rodrigo Piernas. Controle Tecnológico Básico do Concreto. Núcleo de

Ensino e Pesquisa Básica da Alvenaria Estrutural. P. 18. Ilha Solteira, 2002.

3.2 Método de Dosagem ABCP/ACI

A dosagem representa o proporcionamento dos materiais (cimento, água e agregados),

esta era feita a priori sem nenhum critério científico, ou seja repetiam-se traços que já haviam

sido utilizados com sucesso. Com o tempo desenvolveram-se as técnicas de cálculo estrutural,

com grande progresso e surgimento de estruturas mais elaboradas com concreto armado ou

protendido. o concreto precisou ser submetido a maiores tensões, exigindo novas

metodologias mais precisas, para garantir a resistência e durabilidade necessárias.

O método de dosagem atualmente preconizado pela ABCP desenvolveu-se tendo

como base os métodos do ACI e Portland Cement Institute (PCI) adaptados as condições

brasileiras. Buscou-se fazer uma adaptação cujos agregados atendessem a NBR 7211. Este

método é recomendado para dosagens in loco, devendo ter consistencia semi-plastica à fluida.

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A utilização do método requer conhecimento prévio de informações sobre materiais, como

massa específica, nível de resistência, análise granulométrica e massa específica dos

agregados, bem como a massa unitária compactada do agregado graúdo. Deve-se conhecer

também sobre o concreto, sua dimensão máxima, consistência, finalidade da obra e resistência

de dosagem.

A porosidade da pasta pode ser a principal influência sobre a resistência e pode ser

medida, em concretos sem aditivo incorporador de ar, pela relação água/cimento, temos que

quanto mais alta for esta relação, menor será a resistência. para os concretos de baixa e média

resistências, a relação a/c é a causa principal de alteração nos valores da resistência à

compressão.

3.3 Componentes do Concreto

Na composição do concreto temos, de maneira simplificada as seguintes formações:

Cimento + Água = Pasta

Pasta + Areia = Argamassa

Argamassa + Brita = Concreto

A função da pasta é preencher os vazios envolvendo os agregados, estes por sua vez

contribuem com grãos capazes de resistir aos esforços, ao desgaste e intempéries, reduzir as

variações de volume e também os custos. A água utilizada na mistura não deve conter traços

de resíduo industrial ou susbstâncias orgânicas, sendo preferencialmente potável. Algumas

propriedades como aumento da plasticidade, controle do tempo de pega, do aumento da

resistência, redução do calor e hidratação, podem ser obtidas através de aditivos.

3.3.1 Cimento Portland

A palavra Cimento vem do latim Caementu, espécie de pedra nataltural de rochedos e

não esquadrejada, como era conhecida na velha Roma. O cimento surgiu há cerca de 4.500

anos. A exemplo dos monumentos do Egito antigo, que já utilizavam uma liga constituída por

uma mistura de gesso calcinado.

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Dados do site CIMENTO.ORG destacam que no ano de 2011 o consumo de cimento

no Brasil foi equivalente a 65 milhões de toneladas, representando um aumento de 8,3% com

relação a 2010, calculando per capta, alcançou 333 kg/hab/ano, a maior marca da história.

Houve uma expansão generalizada do consumo, refletindo o ritmo de obras em todo o país.

Residências com renda inferior a 5 salários mínimos representam 8,3% do cimento

consumido no país, e famílias com renda superior a 5 salários mínimos representam 9,9% do

consumo total. Domicílios com renda inferior a 5 salários mínimos correspondem a 61,3% do

total dos domicílios pesquisados, figuraram apenas com 45,5% do consumo formiga, assim,

podemos concluir que, o consumo per capita, daqueles de maior renda é em média 90%

maior que os de renda inferior.

3.3.2 Agregados

A NBR 9935:2011 Apresenta as terminologias para os agregados, definindo agregado

como: "Material granular , geralmente inerte, com dimensões e propriedades adequadas para

preparação de argamassa e concreto".

O Granito pertence a classe de rochas magmáticas, eruptivas ou ígneas. É formado

pela consolidação (mediante esfriamento) do magma. O uso do pó do corte de granito, seria

então pela NBR 9935:11 classificado como Agregado Reciclável, ou seja, material granular

obtido de processos de reciclagem de rejeitos ou subprodutos da produção industrial,

mineração ou construção ou demolição da construção civil, incluindo agregados recuperados

de concreto fresco por lavagem, para uso como agregado. A mesma normativa também define

as dimensões do material com o qual pretende-se trabalhar, neste caso, seria pó de pedra, ou

seja, material granular resultante da britagem de rocha que passa na peneira de malha 6,3mm.

A forma e a textura superficial das partículas do agregado influenciam nas

propriedades do concreto esteja ele no estado fresco ou no estado endurecido. Agregados

miúdos possuem grande capacidade de retenção de água, a umidade da areia se reflete sobre a

massa unitária. Experimentos mostram que a água adsorvida, aderente aos grãos provoca

afastamento entre os mesmos, resultando no inchamento.

O processo de extração de minerais, que compõe os agregados utilizados, envolvem

aspectos ambientais, muitas vezes negligenciados pelos mineradores. Os fatores de

sustentabilidade ambiental que cercam a exploração das jazidas torna a aprovação de novas

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jazidas cada vez mais difícil, quando não inviável econômicamente, sendo assim, e

considerando uma nova realidade mundial, as possibilidades devem ser repensadas, visando

alternativas de agregados como resíduos ou rejeitos (BARRETO, Maria Laura, 2001). Estas

novas alternativas devem ser alvo de muitos estudos para evitar o uso de propriedades

impróprias para o concreto, o meio ambiente e o trabalhador.

3.3.2.1 Propriedades do Agregado

A massa específica é necessária para determinar a contribuição de volume que cada

material fornece à mistura, bem como o volume de vazios do material. No caso do pó residual

de granito, classifica-se como agregado miúdo e a massa específica deve ser calculada por

meio do frasco Chapman (ABNT- NBR 9.775).

Outro aspecto relevante do agregado é sua absorção e umidade superficial, quando os

poros permeáveis estão saturados e nao há película de água em sua superfície, o agregado é

considerado na condição saturada superfície seca (SSS), se além de saturado há umidade livre

na superfície, sua condição passa para úmida saturada. Quando toda água é evaporada a

condição é seca em estufa. A capacidade de absorção é a quantia total de água necessária para

levar um agregado da condição seca em estufa para a condição SSS (CARVALHO; FILHO).

A tabela abaixo apresenta algumas características típicas de rochas.

TABELA 3- Propriedades das Rochas

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Fonte: CARVALHO, Roberto Chust; FILHO, Jasson Rodrigues de Figueiredo. Calculo e detalhamento

de Estruturas Usuais de Concreto Armado. Ed. Edufscar.

3.3.3 Água

A água fornece a hidratação no grau necessário para a cura do cimento, a plasticidade

aumenta quando a relação água/cimento cresce. Para a escolha da relação água cimento (ou

fixação) do concreto, devem ser considerados a durabilidade e a resistência mecânica. A

quantia necessária de água para o concreto fresco depende das características e proporções

dos agregados, e seu grau de intensidade depende da distribuição granulométrica, forma e

textura das partículas, sabendo que as partículas arredondadas e lisas são mais favoráveis a

um menor consumo de água (GOMES, P.C.C; BARROS, A.R., 2008).

3.3.4 Aditivos

Todo concreto minimamente estudado usa aditivos, em países considerados de

primeiro mundo 70 a 80% dos concretos utilizam algum tipo de aditivo. O objetivo principal

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do aditivo é aumentar a trabalhabilidade ou plasticidade do concreto. O aditivo também

contribui para reduzir o consumo de cimento (custo), alterar acelerando ou retardando o

tempo de pega, reduzir a retração, e aumentar a durabilidade (GOMES, P.C.C; BARROS,

A.R., 2008).

TABELA 4- Classificação de Aditivos segundo a NBR-11768

TIPO Finalidade

P

plastificante ou redutor de água (mínimo 6% de

redução);

A acelerador do tempo de pega;

R retardador do tempo de pega;

PR plastificante e retardador do tempo de pega;

PA plastificante e acelerador do tempo de pega;

IAR incorporador de ar;

SP superplastificante (mínimo 12% de redução de água);

SPR superplastificante retardador;

SPA superplastificante acelerador. Fonte: ABNT NBR-11768

3.4 Impactos do Processo de Extração e Produção do Concreto

No Brasil o consumo de agregados naturais somente para produção de concretos e

argamassas atinge 210 milhões de toneladas por ano (SILVA, 2011).

Importante ressaltar os impactos do grande consumo do cimento, considerando

inclusive, que as despesas com combustíveis e energia elétrica representam mais de 50% na

formação do custo direto de produção de uma indústria cimenteira. Estima-se que nos

últimos 200 anos que corresponde à era industrial, as concentrações de gás carbônico na

atmosfera, responsável pelas alterações climáticas, aumentaram em quase 50%, e

considerando que sejam mantidas as mesmas condições atuais a projeção é que continuará

aumentando exponencialmente (SILVA, 2011).

O cimento Portland é o mais considerável dos problemas ambientais causado pelo

concreto. Cerca de uma tonelada de dióxido de carbono é emitido para cada tonelada de

cimento produzido. A fabricação de cimento consiste basicamente na queima de pedra

calcária e de outros minerais a cerca de 1.500°C, o produto intermediário gerado é chamado

clinker, para cada tonelada de clinker produzido temos, aproximadamente, uma tonelada de

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gás carbônico emitida na atmosfera, às custas, inclusive, de ponderável consumo de energia (4

GJ). O cimento portland, atualmente, é um produto composto por uma mistura

homogeneizada da moagem do clinker, com aditivos minerais. Em ambito global ao produzir

1,6 bilhões de toneladas anuais de cimento, a indústria é responsável por 7% do total de

dióxido de carbono lançado na atmosfera, sendo que o Brasil, com produção anual de 40

milhões de toneladas, é responsável por 2,5% desse total.

Globalmente, o setor minerário é um dos maiores usuários de energia, contribuindo

assim para a poluição do ar e o agravamento do aquecimento global.

A produção de areia e brita apresenta baixo valor unitário e grandes volumes.Seria

necessário a fim de minimizar os impactos do transporte, produzir próximo do mercado

consumidor, que afetam inclusive o custo, que chega a 65% do custo final do produto,

entretanto, as regiões metropolitanas estão sujeitas a transporte por distâncias que podem

chegar a 100 km (BESSA, Sofia Araújo Lima apud SILVA FILHO et. al., 2002).

Outro recurso muito utilizado pela industria do concreto é a água potável, que atinge

cerca de 1 trilhão de litros por cada ano, esses dados consideram apenas água de

amassamento, sem considerar a água de lavagem das concreteira e de cura do concreto.

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4 SISTEMAS ESTRUTURAIS

O concreto apresenta dois estados, fresco e endurecido. O concreto fresco tem

consistência plástica, o que lhe permite ser moldado apenas lançando a massa fresca no

interior das formas com material adequado, nas dimensões desejadas. O concreto endurecido

possui elevada resistência à compressão, contudo a resistência à tração é baixa. Quanto a

durabilidade, o concreto pode ser bastante estável, se for bem executado, ao ficar exposto às

intempéries sua resistência cresce em função do tempo, lentamente.

Os antigos utilizavam pedras como material de construção para edificar suas moradias,

vencer vãos de rios, construir templos, entre outras funções. A pedra era durável, resistia bem

à compressão (usada como pilares), aparentemente um ótimo material de construção, até que

as pedras foram utilizadas como viga, e então foram submetidas a forças de tração, e a pedra

se rompia.

Os romanos buscaram vencer as limitações através da construção de pontes em arco,

faziam uso de arcos onde cada peça era estudada para trabalhar apenas em compressão.

Quando o homem passou a trabalhar com o concreto (pedra artificial através da ligação de

cimento, pedra, areia e água) a limitação ainda era a mesma (BOTELHO; MARCHETTI,

2011). O concreto resiste a compressão dez vezes mais do que à tração, e esta era uma

barreira a ser superada para trabalhar esse material em estruturas.

4.1 Sistemas de Concreto Totalmente Estruturados

Os sistemas totalmente estruturados são utilizados quando a estrutura são lajes, vigas e

pilares previamente dimensionados e que precisam resistir a todas as cargas atuantes, além de

seu peso próprio. O material deve ser escolhido de acordo com o projeto, podendo ser

executada em concreto armado, madeira, alumínio ou aço. Para estas estruturas, as paredes

funcio, as mesmas podem ser total ou parcialmente removidas sem comprometer a estrutura.

Este trata-se um sistema normalmente adotado em edificações de grande porte.

Os requisitos básicos exigíveis para projeto de estruturas de concreto simples, armado

e protendido, são fixadas pela NBR 6118/03, que estabelece os requisistos gerais que um

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projeto de estrutura deve atender. São determinados os requisitos mínimos em relação a

qualidade, durabilidade, classe de agressividade e qualidade, propriedades dos materiais, entre

outros. A norma apresenta as características e resistências que o concreto estrutural deve

apresentar.

4.1.1 Concreto Armado

As barras de aço no interior do concreto, um meio alcalino, ficam protegidas contra a

corrosão, essa propriedade torna o concreto armado um material de grande durabilidade

expostas ao meio ambiente.

A abundancia da materia prima a preços competitivos torna o concreto armado

econômico, e utilizado em larga escala. O emprego de mão de obra não qualificada e elevada

resistência ao fogo complementam o quadro de vantagens desse material. Em contrapartida as

vantagens, a massa específica elevada é limitante para grandes vãos, devido as solicitações de

peso próprio, que se tornam excessivas, dessa forma, os vãos devem ser inferiores a 30 ou 40

metros (ANDOLFATO, 2002).

4.1.2 Concreto Protendido

Protender é comprimir o concreto, protensão vem de pré-tensão, que transmite a idéia

de instalar um estado prévio de tensões, no caso, em estruturas. Segundo HANAI, 2005,

protensão é um artifício que consiste em introduzir numa estrutura um estado prévio de

tensões capaz de melhorar sua resistência ou seu comportamento, sob diversas condições de

carga. Sabe-se que a resistência à tração do concreto é bastante inferior a resistência à

compressão, e são necessárias várias medidas para evitar fissuras, a protensão é um meio de

criar tensões de compressão prévias nas regiões em que o concreto seria tracionado.

4.2 Alvenaria Estrutural

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A alvenaria pode ser definida como o sistema construtivo que utiliza peças

industrializadas de dimensões e peso que permite seu manuseio, ligadas por argamassa,

tornando o conjunto monolítico. Estas peças industrializadas podem ser moldadas em

cerâmica, concreto, ou sílico-calcáreo.

A alvenaria estrutural é utilizada há milhões de anos. Inicialmente eram blocos de

rocha, a argila passou a ser utilizada a partir do ano 4.000 a.C. dando início a produção de

tijolos. Inicialmente construía-se pelo simples empilhamento dos tijolos ou blocos. Diversas

obras importantes foram executadas em alvenaria estrutural, a exemplo do Parthenon, na

Grécia, construído entre 480 a.C. e 323 a.C. e a Muralha da China, construída entre 1368 a

1644. Tem, além das funções de vedação, a função de transmitir ao solo ou a estrutura de

transição, todos os esforços que o edificio possa vir a ser submetido. A alvenaria

predominou até o final do século XIX, todavia não se tinha conhecimento de técnicas de

racionalização. Em 1950 surgiram códigos de obras e normas com procedimentos,

acompanhados do crescimento marcante da alvenaria estrutural em todo mundo. No Brasil,

os primeiros prédios em alvenaria estrutural foram construídos em 1966, no Conjunto

Habitacional “Central Parque da Lapa”. O auge no Brasil foi atingido na década de 80, com a

construção dos conjuntos habitacionais, voltado a um público de baixa renda.

Entre as vantagens do uso deste material, temos a eliminação de formas em até 99%, a

redução do volume de concreto e aço em até 80%, menor peso e maior conforto térmico,

menor consumo de argamassa de assentamento, passagens do eletroduto sem cortes,

espessuras mínimas de revestimento e maior produtividade da mão de obra. As fôrmas

representam pelo menos 5% do custo da obra, e aliada aos demais procedimentos da alvenaria

estrutural, pode-se obter uma economia de até 25% do custo total da obra (BUZZO, Juliano,

2011).

4.3 Pré moldados para Pavimentação

Pavimentos são definidos como estrutura de múltiplas camadas construída sobre a

terraplenagem, cuja finalidade é resistir aos esforços oriundos do tráfego e a melhorar as

condições de rolamento. Foi no período da pós renascença que a importância da compactação

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dos pavimentos ganhou destaque, junto com a necessidade de estruturas mais leves, bases

bem drenadas e assim, passaram a ser utilizados revestimentos mais confortáveis, como

cascalhos e paralelepípedos2.

Na história da pavimentação romana, é visível a importância da utilização de pedras

talhadas manualmente, a exemplo da via Ápia, que ligava Roma ao Sul da Itália, numa

extensão de 584 Km, com a finalidade de transportar provisões, tropas e armamentos. A

imagem abaixo apresenta um dos poucos locais em que partes da Via Ápia permaneceram

intactas (GODINHO, 2009).

Fonte: Adaptado de: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MMMD-

8PDFFY/disserta__o_dalter.pdf?sequence=1

FIGURA 1- Via Ápia em Roma (MADRI, 2004)

O consumo de intertravados no Brasil vem sendo registrado pela Associação

Brasiçeira de Cimento Portlan (ABCP) como um dos mais expressivos entre os diversos pré-

moldados que utilizam o cimento portland. Um exemplo é a metragem aplicada em programas

de urbanização, o Rio Cidade e Favela Bairro, que até 2009 já havia assentado mais de

1.000.000 m² de pavimento intertravado(GODINHO, 2009)3.

A função básica de um pavimento é distribuir a carga protegendo o subleito de modo a

não exceder sua capacidade de suporte, tornando este então, flexível, esta capacidade está

diretamente relacionada a espessura, formato e arranjo. A camada de rolamento é constituída

2ANDRADE, Mário Henrique Furtado- UFPR- Introdução à Pavimentação. Disponível em:

http://www.dtt.ufpr.br/Pavimentacao/Notas/MOdulo%201%20-%20Introducao.pdf. Acesso em 03 de Setembro

de 2013. 3 GODINHO, Dalter Pacheco. Pavimento Intertravado: Uma Reflexão sob a Ótica da Durabilidade e

Sustentabilidade. Escola de Arquitetura da UFMG, 2009. Disponível em:

http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MMMD-

8PDFFY/disserta__o_dalter.pdf?sequence=1. Acesso em 03 de Setembro de 2013.

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pelas peças pré-moldadas sobre uma camada delgada de areia. A base é o principal

componente estrutural do pavimento, responsável pela distribuição das tensões solicitadas de

modo a reduzir sua intensidade para as camadas adjacentes. A sub-base normalmente é

constituída de material puramente granular para aumentar a resistência global à baixos custos

(HALLACK, 2001)4.

Os blocos de pavimentação podem ser divididos de acordo com o tipo de tráfego,

adota-se a NBR 9780 e 9781.

TABELA 5- Resistência à Compressão- Blocos de Pavimentação

Tipo de Tráfego Função Altura do

Bloco (cm)

Resistência à

Compressão (Mpa)

Leve Passagem de pedestres, passeios

e até alguns veículos leves

6 35

Médio Caminhões de até três eixos 6 ou 8 35 ou 50

Pesado Até carretas de 6 eixos 8 50

Fonte: : ABNT NBR 9780/87 - Peças de Concreto para Pavimentação - Determinação da Resistência à

Compressão

Para algumas peças especiais, como blocos para guia, pisograma, podotátil e ecopiso,

não existe normativa específica, e podem ser utilizados diferentes modelos.

Fonte:Adaptado de http://glasser.com.br/site2008/NBI/per/INI/default.asp

FIGURA 2- Variedade de Bloco de Pavimentação

A Norma de execução e manutenção do pavimento intertravado com peças de concreto

é a NBR- 15953, esta norma estabelece requisitos para a execução do pavimento, entretanto

não trata requisitos das camadas base. A disposição dos blocos de pavimentação pode seguir

os padrões abaixo:

4 HALLACK, ABDO. “Pavimento Intertravado: uma solução universal”, Revista Prisma, Dezembro 2001,

pp 25-27. Disponível em: http://www.revistaprisma.com.br/novosite/noticia.asp?cod=107. Acesso em 12 de

Setembro de 2013.

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Fonte: ADAMS, Cassandra; CHING, Francis D. K. - Tecnicas de Construcao Ilustradas - pg 23. 1991 - 2ªEd.

Ed. Bookman.

FIGURA 3- Disposição de Blocos de Pavimentação

O preparo da base é de extrema importância, pois a “permeabilidade” e o

preenchimento das juntas são determinantes para o comportamento final do piso, que ainda

que constituído por pequenas peças, adquire comportamento de uma peça única, delimitada

pelas guias laterais. A carga é distribuída para o leito e subleito, o comportamento da carga

deve seguir a imagem abaixo.

Fonte: SILVA, Cláudio Oliveira. Execução e Manutenção de Pavimento Intertravado. Associação Brasileira de

Cimento Portland.

FIGURA 4- Distribuição de Carga

A indústria de pavimentos intertravados vêm crescendo em todo o mundo desde 1980,

acompanhado de sua precisão dimensional. Destacado por sua manutenção simples e de baixo

custo. Peças pré-moldades de concreto (PPC) são bem sucedidas em todo o mundo pela sua

durabilidade e rigidez, tendo simultâneamente a flexibilidade de um pavimento asfáltico.

Analisando a obtenção de matéria prima, o cimento portland - utilizado na fabricação

de pavimentos intertravados - tem um custo ecológico menor, uma vez que seus recursos

ainda são abundantes, e se tratados cuidadosamente, podem agredir menos o meio, permitindo

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sua recuperação, diferente do que ocorre com a matéria prima de outras formas de

pavimentação ligadas a exploração de petróleo.

O pavimento intertravado, feito a partir de blocos de concreto, apresenta um aspecto

visual bastante variado devido a grande gama de produtos, formas e cores, além de ser de fácil

execução, e não requer mão de obra especializada ou equipamentos complexos. A aplicação

dos blocos é feita com travamento nas extremidades, liberando o tráfego imediatamente,

eliminando o processo de cura. A manutenção ou substituição é simples. O custo final é

significativamente inferior ao pavimento flexível, e apresentam grandea resistencia e

durabilidade, uma vez fabricados de acordo com as especificações técnicas da ABNT.

Quando bem instalados, permitem um bom escoamento para os lençóis freáticos,

garantindomaior eficácia da drenagem. O conforto de rolamento adequa-se até mesmo as

necessidades de cadeirantes, além de sua superfície ser anti-derrapante. A coloração clara

reduz a absorção de calor e melhora a sensação térmica, além de proporcionar maior reflexão

de luz, aumentndo a visibilidade e reduzindo o custo com iluminação.

4.3.1 Visita Técnica: Empresa Glasser

A empresa foi fundada em 1971, e é hoje uma renomada indústria de blocos e pisos de

concreto. Está instalada em Guarulhos São Paulo. A indústria conta com máquinas Basser e é

reconhecida pela qualidade dos produtos e atendimento ao cliente. A Glasser oferece

diferentes soluções técnicas, adequação de produtos a projetos, laudos de ensaio de

resistência, transporte paletizado e cursos mensais gratuitos.

Pioneira na participação de programas de qualidade, a política de qualidade da empresa é

"Fornecer produtos de qualidade que atendam às expectativas dos clientes, com pontualidade

na entrega e melhoria contínua dos processos”.

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Fonte: Adaptado de http://glasser.com.br/site2008/NBI/per/INI/default.asp

FIGURA 5- Indústria de Blocos Glasser

Com quatro máquinas Basser, a capacidade produtiva da indústria é de 4 milhões de

blocos ao mês. A cura é feiata através de injeções de vapor, e 70% da resistência final é

desenvolvida em 12 horas.

Fonte: Adaptado de http://glasser.com.br/site2008/NBI/per/INI/default.asp

FIGURA 6- Chão de Fábrica Glasser

Durante a visita técnica foram expostos os procedimentos de fabricação e testes de

resistência, realizados tendo como base as NBRs vigentes. A empresa trabalha com a

reciclagem do próprio bloco, transformando-o em agregado para a confecção de novos blocos,

o Engenheiro Leonardo T. Masseto estima que em torno de 0,5% da composição dos novos

blocos é constituída por resíduos de blocos quebrados ou danificados, e este percentual não

altera nenhuma característica do produto final. O engenheiro Leonardo T. Masseto ressalta

também que o pavimento intertravado tem característica semi-flexível, uma vez que cada

bloco interage formando um piso com comportamento de uma superfície única, e com a

flexibilidade de uma camada formada por peças individuais. Por esse motivo, deve ser dada

grande atenção ao travamento das extremidades, e ao preparo da base.

Hoje o agregado reciclável é utilizado apenas na fabricação dos blocos de alvenaria, e

não nos de pavimentação, Leonardo afirma que acredita que a substituição poderia ser feita

sem nenhum prejuízo à qualidade, que utilizar apenas para blocos de alvenaria foi uma opção

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devido a demanda da indústria, mais significativa para blocos de estrutura do que

pavimentação.

Existe uma parceria hoje da Glasser com a Construtora Even, aonde o resíduo de blocos

perdidos por quebra ou outro motivo, são devolvido à indústria, e utilizados novamente como

matéria prima. O mesmo é feito com os blocos quebrados durante os ensaios (informação

verbal)5.

5 Leonardo T. Masseto – Informação passada durante entrevista, sobre os novos projetos e parcerias para uso de

agregado em massa. Entrevista realizada durante curso e visita técnica à Indústria Glasser. Guarulhos SP (16 de

Setembro, 2013).

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5 ROCHAS ORNAMENTAIS

A mineração no Brasil teve início no século XVII (BARRETO, 2011), na época colonial,

quase dois séculos após a chegada dos portugueses a América do Sul. Como levou um certo

tempo para se descobrir jazidas, acredita-se que os interesses portugueses estavam voltados

para outros recursos naturais. Um século depois, a descoberta do ouro provocou o primeiro

grande boom mineral, e o Brasil passou a ser o primeiro grande produtor mundial de ouro. O

segundo ciclo mineral se deu no século XX, após o fim da Segunda Guerra Mundial, com

foco em outros minérios, assim, pode-se afirmar que grande parte do atual parque mineral foi

construída recentemente.

5.1 Classificação

A crosta terrestre é uma fina camada de rochas sedimentares recobrindo uma enorme

massa de rochas cristalinas (ígneas + metamórficas). Dentre uma gama extremamente

diversificada de rochas disponíveis, as mais comumente utilizadas na construção civil e

ornamental são o mármore e o granito, o que justifica os próximos tópicos serem direcionados

a este resíduo especificamente.

5.1.1 Rochas Ígneas

Rochas ígneas (intrusivas & vulcânicas) vem do termo ignis (latim) e significa ter sua

origem no fogo. Geradas a partir da consolidação de um massa fundida gerada no interior da

Terra. Se originam a partir da cristalização de magmas. Essas rochas compõe grande parte dos

materiais de construção e ornamentos, fonte de minerais e minério e representam 70% da

crosta terrestre. Representam as rochas ígneas o Granito e diorito, labradorito, gabro,

peridotito, pórfiro, dolerito, basalto e andesito, etc. Tecnicamente,os granitos contemplam em

sua composição mineralógica associações variadas de micas, feldspato e quartzo, estes são os

minerais dominantes nas rochas graníticas. A coloração mais escura está relacionada aos

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minerais máficos (silicatos ferro-magnesianos), e a coloração mais clara, essa concentração é

menor, havendo entre 85 e 95% de quartzo e feldspato em sua composição, confirmando

conforme levantado em (AMARAL, 956) as características heterogêneas do granito.

O Granito-pórfiro, possui a composição mineralógica de sua respectiva rocha de

formação através da lenta cristalização de um magma em profundidade, porém em sua textura

porfirítica possui uma massa granular fina com fenocristais.Possui normalmente coloração

avermelhada (LEINZ, 2003).

5.1.2 Rochas Sedimentares

Rochas sedimentares se originam a partir da consolidação de sedimentos da superfície

terrestre. São formadas sob condições de baixa temperatura (até 250º) e pressão, podem

também ser resultado da precipitação de compostos químicos em meios aquosos.

Para a formação do sedimento a rocha dura deve se transformar em material

particulado, essa desintegração ocorre pelos processos de intemperismo e metearização, para

que seja transportada por algum processo sedimentar. A água em contato com os minerais,

pod aderir a sua superfície ou entrar em sua estrutura, formando um novo mineral. Temos

como principais rochas sedimentares o calcário, dolomite e travertino, conglomerado e

brecha, arenito, ónix, alabastro, etc.

5.1.3 Rochas Metamórficas

Rochas metamórficas são originados a partir da transformação de qualquer rocha

exposta a um ambiente cujas condições físicas (pressão e temperatura) e químicas, diferente

de seu local de origem. São rochas metamórficas, o mármore, quartzito, xisto argiloso e

ardósia, brecha metamórfica, serpentina, gneisse, etc.

6 AMARAL, Luciano do. A QUÍMICA. Edições loyola. 1995. São Paulo- SP. Pág. 65.Disponível em:

http://books.google.com.br/books?id=hgNzChPBLkYC&pg=PA65&dq=granito+propriedades&hl=pt-

#v=onepage&q=granito%20propriedades&f=false. Acesso em 24 de Março de 2013.

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5.2 Mármore e Granito: Contextualização Histórica

Registra-se o início da exploração do granito por volta de 2500 Anos a.C, por parte

dos Egípcios para fins ornamentais e estruturais. Nesse sentido (LÓPEZ, 19707) observa

inclusive, que na Grande pirâmide, a lâmina de uma faca não penetra entre dois blocos de

granito, devido a forma como juntavam os blocos uns aos outros.

Na idade média, este material passou a ser amplamente utilizado no interior de casas,

igrejas, pisos e cozinhas, devido as condições de transformação. Na era moderna passou a ser

utilizado na confecção de móveis luxuosos. A evolução na tecnologia para manipulação,

tornou este material matéria prima para revestimento de paredes, pilares, colunas, entre

outros. Apesar da imensa disponibilidade deste recurso no Brasil, sua exploração aqui

somente foi iniciada no século XXI, e desde então, tornou o Brasil um grande exportador de

granito.

O colunista Sérgio Maestrelli8 destaca em uma publicação, alguns elementos que

integram nossa identidade cultural, entre eles, o granito, matéria prima por exemplo, da pia

esculpida por Pietro Bez aonde são feitos batismos desde 1909. Já o conceito comercial de

granito, abrange uma grande variedade de rochas silicáticas tanto de origem ígnea como

metamórfica, não calcária ou dolomítica, com características de bom desdobramento, seguida

de beneficiamento.

O granito é uma das mais conhecidas e abundantes rochas ígneas. Pertencente ao

grupo das rochas intrusivas, apresenta cristais bem desenvolvidos, visíveis a olho nu e,

formados a partir de magmas cristalizados lenta e gradualmente. O granito, assim como outras

rochas cristalinas, constitui a base das massas continentais e é a rocha intrusiva mais comum

da superfície da terra (OLIVEIRA, 20069).

Etimologicamente, a palavra mármore vem do latim “marmor” que significa rocha de

qualidade. O brilho e beleza estética transformam o mármore em uma pedra natural

7 LOPEZ, José Alvares de. O enigma das piramides. Publisher, Hemus, 1970. Disponível em:

http://books.google.com.br/books/about/o_enigma_das_piramides.html?id=uE0zHeveL30C. Acesso em 05 de

Abril de 2013. 8 MAESTRELLI, Sérgio. Panorama SC- Cultura e Granito. Disponível em: http://panorama.sc/cultura-e-granito/

Acesso em 25 de Março de 2013. 9 OLIVEIRA, Elvis Martins de. Impacto Ambiental na Exploração de Pedreiras: Constribuição para uma Prática

Sustentável. P. 67. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/diss_elvis.pdf. Acesso em 25 de

Novembro de 2013.

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mundialmente procurada, utilizada em pavimentos, revestimentos de paredes e na criação de

diversas peças ornamentais10

.

O Mármore começou a ser usado em construções da Grécia, por volta de VI a.C., pois

muitos templos eram perdidos com incêndios, e para se fazer o teto e as colunas era utilizado

madeira. Por volta de V a.C. a arquitetura era usada para expressar a adoração aos deuses, as

conquistas, glórias, poder e riqueza. Com este propósito, os atenienses construiram a

Acrópole (cidade alta), e dentro dela o Partenon, dedicado a deusa Atenea Parthenos, seu

templo mais imponente contou com trinta mil toneladas de mármore11

.

5.3 Rochas Ornamentais e a Industrialização no Brasil

Segundo dados do MEC12

, o Brasil está entre os cinco maiores produtores de rocha

ornamental do mundo, com participação de cerca de 5% da produção mundial de blocos de

mármores e granitos. O país também está atuando como exportador, exportando

aproximadamente 6% do volume mundial, sendo 80% de suas exportações de matéria prima

bruta. São 300 empresas mineradoras e 25 empresas de beneficiamento de blocos de mármore

e granito registradas nesse segmento, que representa quase 1.600 teares e, ainda, 6.500

marmorarias responsáveis pelo trabalho de acabamento final e aplicação. Além dessas, mais

de 500 empresas processam exportações. A mão de obra é estimada em 105 mil funcionários

diretos atuando em 10 mil empresas13

.

O Estado do Espirito Santo é o pioneiro na atividade, iniciada em 1930, detendo hoje

47% da produção interna nacional. A produção hoje se disseminou por todo o estado,

todavia, apresenta uma concentração em Cachoeira do Itapemirim.

10

História- Museu do Mármore. Disponível em: http://museumarmore.cm-vilavicosa.pt/#historia. Acesso em 25

de Novembro de 2013. 11

Via Apia. História- Uso do Mármore na Arquitetura. Disponível em:

http://www.viaapianet.com.br/?sessao=historia. Acesso em: 23 de novembro de 2013. 12

MEC- Rochas Ornamentais. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/publica_setec_rochas.pdf. Acesso em 01 de Abril de 2013. 13

REGAZZI, Renato Dias. SEBRAE: Indústria de Rochas Ornamentais Ocupa Posição de Destaque.

Disponível em: http://www.sebrae.com.br/setor/rochas-ornamentais/110-4-industria-rochas-ornamentais-ocupa-

posicao-destaque/BIA_1104. Acesso em 25 de Novembro de 2013.

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Fonte: FILHO, Heitor Fernandes Mothé; POLIVANOV, Helena; GONÇALVES, Cheila Mothé. Reciclagem dos

resíduos sólidos de rochas ornamentais

FIGURA 7- Acumulo de Rejeitos de uma Serraria no bairro Aeroporto em Cachoeira do Itapemirim

O Espírito Santo concentra hoje mais da metade do parque industrial nacional do setor

de rochas ornamentais, em números de equipamento e crescimento.

O processo produtivo se dá em algumas fases. O processo de beneficiamento é o

desdobramento de materiais brutos extraídos em formas de blocos entre 5 e 10 m³, o processo

mais utilizado é o de serra, cortando o material em chapas. A serragem em teares é

auxiliadapor uma polpa de água, cal e granalha, despejada contínuamente durante o processo

otimizando o corte e resfriamento de lâminas. Posterior a serra, é feito o acabamento final das

chapas, o polimento produz o debaste e o fechamento dos poros entre os grãos minerais,

tornando a superfície impermeável, que é encaminhada para lustro.

A extração de minerais desempenha um importante papel no desenvolvimento da

economia brasileira. As primeiras indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais foram

implantadas por imigrantes italianos e portugueses durante é século XIX, mas as indústrias

tiveram um baixo desenvolvimento, pois seus processos eram rudimentares em relação ao

material importado do Cidade de Carrara, na Itália (MATTA, 2003). Por volta da década de

80 a procura crescente por materiais de acabamento alavancou um crescimento expressivo do

setor no país, período conhecido como "nova idade da pedra". Atualmente o setor se encontra

em expansão, principalmente pelo aquecimento do mercado externo.

5.4 Propriedades Físicas e Químicas

Segundo (LEINZ, 2003) as propriedades físicas dos minerais estão relacionadas a

Estrutura, quase sempre cristalino, onde os átomos são agrupados regularmente; Clivagem,

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que é a propriedade de se dividir em planos paralelos, que pode ocorrer segundo uma ou mais

direções; Dureza, que se refere a resistencia de um material á penetração de uma ponta aguda,

no caso o quartzo apresenta dureza 7; Peso Específico, que indica quantas vezes um

determinado volume de mineral é mais pesado que um mesmo volume de água destilada a

T=4ºC, sendo assim o peso em g/ cm ³.

5.5 O Resíduo de Mármore e Granito

Na maioria das empresas brasileiras, a produção de rochas ornamentais é feita a partir da

serragem de grandes blocos de pedra, que passam por equipamentos chamados teares e são

reduzidas a chapas. Na serragem, cerca de 25 a 30%14

do bloco é transformado em pó, que é

depositado em pátios. Estima-se que no Brasil a geração conjunta de resíduos de corte de

mármore e granito é de 240.000 toneladas/ano, distribuidas entre Espirito Santo, Bahia,

Ceará, Parnaíba, entre outros estados.

De acordo com o estudo realizado por (GONÇALVES, 2000) no Brasil gera-se cerca

de 16.500 toneladas de resíduo de corte de granito por ano. Dentro dessa realidade, devido ao

grande volume de resíduo de corte de granito, o uso de agregados mostra-se uma alternativa a

ser estudada.

A utilização de subprodutos industriais na construção civil tem potencial para a

redução na geração de resíduos, reduzindo o impacto ambiental e favorecendo o

desenvolvimento sustentável, uma vez que a construção civil enquadra-se como potencial

poluidor, além de consumir muitos recursos naturais na matéria prima. Os benefício da

incorporação de resíduos na produção de materiais são diversos, inclusive as distâncias de

transporte de resíduo e consequentemente sua poluição, energia de produção e risco de

acidente no transporte.

Muitas das vezes estes resíduos são estocados em pátios a céu aberto ou em alguns casos,

jogados em rios sem nenhum tipo de tratamento, provocando problemas de assoreamento,

contaminação de águas de rios e córregos e até mesmo contaminação de reservatórios naturais

de água.

14

TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS. Laboratório de Reciclagem,

Tratamento de Resíduos e Metalurgia Extrativa. Disponível em:

http://www.pmt.usp.br/larex/trabalhos/Rochas%20Ornamentais.pdf. Acesso em 11 de Junho de 2013

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Fonte: OLIVEIRA, Elvis Martins de. Impacto Ambiental na Exploração de Pedreiras: Constribuição para

uma Prática Sustentável. P. 67. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/media/diss_elvis.pdf.>

Acesso em 25 de Novembro de 2013.

FIGURA 8- Produção residual no ciclo de produção de uma indústria mineral de rochas ornamentais

5.5.1 Polpa Abrasiva

Durante o processo de serragem para o beneficiamento das rochas, realizado em teares

tradicionais de lâminas de aço, é gerado um resíduo sólido proveniente da lama ou polpa

abrasiva cuja função é lubrificar e resfriar as lâminas de serragem, evitar a oxidação, limpar

os canais entre chapas e servir como abrasivo para facilitar a serragem, além do controle de

poeira.

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A composição da lama abrasiva é basicamente de água, granalha (mini-esferas de aço

ou ferro fundido), cal (calcário ou carbureto de cálcio) e rocha moída (GONÇALVES, 2000).

O material é distribuído por chuveiros sobre o bloco por meio de bombeamento. A lama

infiltra-se nos canais abertos pelas lâminas no bloco, e depois retorna ao tanque de

bombeamento, quando novamente é bombeada, configurando-se assim uma operação em

circuito fechado (CALMON et al., 1997). Existe ainda a opção de utilizar sistemas de

desidratação, como o filtro-prensa, que consiste em um processo de prensagem que elimina da

lama abrasiva o excesso de água e devolve à indústria esta mesma água para ser reutilizada e

o resíduo úmido obtido é então descartado (CALMON et al., 1997).

Este resíduo é transportado e, posteriormente, depositado em poços e lançados em

tanques de deposição final, estes tanques absorvem toda a geração de rejeito do

desdobramento. Após atingida esta capacidade, o volume depositado é removido para que o

tanque fique novamente pronto para estocagem de nova quantidade de resíduo. Entretando,

não se encontram metodologias de descarte ou reciclagem ambientalmente corretas, e

tratando-se de um volume significativo de resíduo, temos significativo custo de descarte, fator

que leva muitas vezes a um descarte irregular do resíduo, situação com alto potencial de dano

ambiental.

Fonte: http://www.manancialprojetos.com.br/home/artigos.aspx?id=17&pg=1&qnt=7

FIGURA 9- Disposição inadequada de Lama Abrasiva

5.6 Extração e Impactos Ambientais

A respeito das exigências legais para a extração de granito, a Fundação Estadual do

Meio Ambiente (FEAM) determina que:

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44

“A exploração do granito deve ser precedida de Licenciamento Ambiental

obrigatório ou Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) emitidas pelas

Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(Supram´s). A AAF e a Licença de Operação (LO) são concedidas após a obtenção

da Portaria de Lavra ou Guia de Utilização, de acordo com o porte do

empreendimento, emitidas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral

(DNPM). Para a pesquisa o empreendedor pode solicitar ao DNPM a Guia de

Pesquisa, que de acordo com o Código Nacional de Mineração o empreendedor tem

o direito de comercializar o produto ainda na fase de pesquisa, em quantidade

limitada.”

A extração do granito apresenta uma diversidade de impactos ambientais, um estudo15

realizado em uma Jazida localizada em Bom Jardim- PE levantou diversos aspectos,

ambientais e socioeconômicos relacionados ao processo de extração, dentre os quais podemos

pontuar poluição da água, ar, sonora e deslizamentos do terreno, bem como impactos externos

como alterações ambientais, conflitos no uso e ocupação do solo, degradação de áreas e

transtornos ao tráfego, normalmente resultantes da falta de informação do empreendedor

previamente a instalação da mineradora. O destaque entre os impactos da extração, está nos

resíduos finos, lançados no embiente em forma de polpa, em tanques ou nos cursos d'água,

alterando os padrões turbidez e aumentando a probabilidade de solubilização de metais

pesados. Os problemas mais visíveis no que diz respeito a impacto ambiental da extração

estão na grande quantidade de rejeito, exposição do solo à erosão, comprometimento de

taludes, formação de depósito de rejeitos resultando em impacto paisagístico, ausencia de

medidas de controle de efluentes e dificuldade de recuperação da área degradada. A

disposição não seletiva de rejeitos, sobre a camada organica de solo é o principal veículo que

desencadea as ocorrências ambientais na área de extração.

15

EXTRAÇÃO DE GRANITO EM BOM JARDIM-PE: IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO E EFEITOS

DIVERSOS SOBRE A POPULAÇÃO RESIDENTE NO ENTORNO DE UMA JAZIDA. Disponível em:

http://relatosinteressantes.blogspot.com.br/2012/04/extracao-de-granito-em-bom-jardim-pe.html. Acesso em: 23

de Março de 2013.

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45

Fonte: IEMA- Instituto Estadual de Meio Ambiente FIGURA 10- Imapctos da Extração de Rochas Ornamentais

5.7 Contexto Sócio-Econômico e Saúde Ocupacional

O granito é um material muito empregado na construção civil enquanto rocha

ornamental para revestimento, pavimentações e outros fins de rocha ornamental. Dados do

MEC apontam que a movimentação do setor brasileiro de rochas ornamentais é de cerca de

US$ 2,1 bilhões/ano, este setor gera cerca de 105 mil empregos diretos em aproximadamente

dez mil empresas.

Além dos benefícios sócio-econômicos mencionados enteriormente, através dos dados

do MEC, existem também estudos voltados a outro ângulo do setor produtivo, é importante

observar que a exploração industrial do granito também amplia o escopo de seus impactos,

abrindo um leque para a saúde ocupacional.

De acordo com o tratado de Toxicologia ocupacional (QUEIROZ, 2010) o processo de

intoxicação por silicose pode ocorrer através da inalação de pequenas partículas de granito,

que serão depositadas nos alvéolos pulmonares. É importante destacarmos que a presença de

contaminantes atmosféricos pode muitas vezes passar despercebida. Silicose trata-se de uma

pneumoconiose, manifestada após longa exposição (superior a dez anos) a inalação de sílica

livre, comum em ocupações de risco, relacionadas a extração ou corte de minerais. Estudos

publicados dão um percentual de ocorrência de silicose de 3,5% no ramo de pedreiras de

exploração de granito.

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46

A expansão rápida e sem planejamento é responsável por diversos danos, muitas vezes

irremediáveis aos moradores, ao meio ambiente e aos operários que atuam nas pedreiras.

Estudos realizados na região de Nova Venécia ES16

apontam que mesmo em um curto tempo

de exploração, a atividade de extração do granito já resulta em um número significativo de

trabalhadores com quadros de doenças ocupacionais, devido a exposição a agentes insalubres,

como o pó residual do corte e o ruído.

5.8 Visita Técnica- Beneficiamento de Mármores e Granitos -

Marmoraria Bragança

A Marmoraria Bragança, localizada no município de Bragança Paulista foi fundada em

1992 por Waldemar Sanfins. Atualmente possui cinco funcionários e tem como principais

clientes as construtoras da região. A produção varia bastante, de acordo com as obras, mas

Waldemar estima uma produção média de 100m² ao mês em material beneficiado.

Na marmoraria a matéria prima são as chapas que já chegam cortadas da serraria.

Fonte: Própria

FIGURA 11- Chapas para Beneficiamento (Matéria Prima)

As chapas passam pelas máquinas de corte, aonde a perda segundo Waldemar é de 2

mm na extensão do corte, ou seja, um valor pouco significativo para a produção da

16

BORSOI, Adriana Maria. Mineração e Conflito Ambiental: atores sociais e interesses em jogo na

extração de granito no município de Nova Venécia- ES. Disponível em:

http://www.uff.br/cienciaambiental/dissertacoes/AMBorsoi.pdf. Acesso em 11 de Junho de 2013.

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47

Marmoraria Bragança, ele estima uma geração de lama abrasiva média de um carrinho ou 45

litros a cada três meses17

.

Fonte: Própria

FIGURA 12- Pré Decantação (Lama Abrasiva)

Após o corte o material vai para a fase de acabamento, e posteriormente é estocado

para venda. O destino da lama abrasiva é doação, Waldemar diz que um conhecido retira o

material e utiliza na fabricação de carâmica, caso não tivesse essa opção, o material seria

enviado ao aterro, mas como a quantia não é suficiente para encher uma caçamba, ele mesmo

transportaria para o aterro, que hoje cobra R$50,00 por tonelada de material descartado.

Fonte: Própria

FIGURA 13- Acabamento (Produto Final)

17

Informação fornecida durante entrevista com Waldemar Sanfins. Bragança Paulista. 21 de Outubro de 2013.

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A marmoraria conta com um sistema de coleta e decantação da água residuária do

corte, dessa forma o material tem uma pré decantação em canaletas ao lado das serras, passa

para um sistema com três tanques de decantação, e a água sem o resíduo retorna ao sistema

para reutilização. No sistema também é utilizada água pluvial.

Fonte: Própria

FIGURA 14- Poços de decantação18

A perda maior durante o beneficiamento consiste em lascas e pedregulhos maiores,

que representam 5 a 10% do material total, entretanto esta perda é 100% beneficiada, na

confecção de pisos, material inclusive que a prefeitura recolhe para pavimentação de áreas

menos favorecidas.

18

O sistema foi adequado para que a água do ladrão não fosse mais lançada no rio, dessa forma, nota-se a tampa

na saída do terceiro poço, impedindo a pasagem para o corpo hídrico.

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49

Fonte: Própria

FIGURA 15- Pavimentação com Resíduo Graúdo de Granito

É possível concluir que para pequenos volumes de corte, como é o caso da Marmoraria

Bragança, o custo e dificuldade de descarte da lama abrasiva não é tão significativo, uma vez

que haja um sistema adequado de decantação para não contaminar corpos hídricos, e parcerias

formais ou informais para recolhimento e beneficiamento do resíduo.

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50

6 PROPOSTA DE ESTUDO: USO DE PÓ RESÍDUAL DE GRANITO

EM SUSBSTITUIÇÃO PARCIAL DE COMPONENTES DO TRAÇO

DE CONCRETO

A respeito das propriedades do agregado, é conveniente acrescentar que durante as

primeiras idades, a resistência do concreto, em especial a de flexão, pode ser afetada pela

textura do agregado, uma textura mais áspera como a do granito, parece propiciar a formação

de uma aderência física mais forte entre a pasta de cimento e o agregado19

.

O resíduo do beneficiamento de granito é descrito basicamente de duas formas:

fragmentos de rochas desperdiçadas por possuírem qualidade inferior ou pouco valor

comercial e o resíduo de granito (RG) ou lama granítica que se caracteriza como uma massa

mineral resultante dos processos de serragem, polimento e corte. Ambos compostos do

mesmo material, possuem classificação como biodegradáveis conforme a norma ABNT NBR

10.004/04 como resíduo classe II B – inerte e sem toxicidade.

Algumas características específicas podem favorecer ou não o aproveitamento e

reciclagem do RG, essas característcas são principalmente aspectos como granulometria fina,

composição química predefinida e a inexistência de grãos mistos entre os componentes

básicos (LIMA et. al., 2010). Não foi localizado entretanto, registro de sua aplicação

diretamente na fabricação de concreto estrutural, pré moldados ou blocos de pavimentação, ou

comercialização de tais produtos. Muitos estudos sugerem sua utillização, mas no mercado

ainda são poucos produtos disponíveis.

Os principais objetivos deste experimento consistem em obter uma mistura

homogênea, plasticidade compatível com o uso proposto, resistência mecânica igual ou

superior a 25 Mpa, valor referência para concreto estrutural, e assegurar a durabilidade do

produto. Os testes realizados nos moldes de concreto estrutural devem servir de referência

para analisarmos, além da possíbilidade de uso em massa do resíduo da polpa abrasiva no

concreto estrutural, a possibilidade de fabricar pré moldados com este material, verificando se

a resistência atingida, tem potencial para propor futuros estudos de fabricação de blocos

estruturais e pavimentos intertravados.

19

MARTINS, Paulo Benjamim Morais. Influência da Granulometria Agregado Miúdo na Trabalhabilidade do

Concreto. Disponível em:

http://civil.uefs.br/DOCUMENTOS/PAULO%20BENJAMIM%20MORAIS%20MARTINS.pdf. Acesso em 02

de Junho de 2013.

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51

6.1 Revisão Bibliográfica- Estudos Publicados

A grande quantia do resíduo oriundo do corte de mármore e granito despertou

interesse de alguns pesquisadores que já estudam a utilização deste material na produção de

argamassas (CALMON et al., 1997), peças cerâmicas (LIMA, et al., 2010) e concretos

(GONÇALVES, 2000).

Estudos relacionados a produção de argamassa para assentamento de piso com RCG

(resíduo de corte de granito) destacam que a viabilidade técnica só é possível feita uma

caracterização física, química e ambiental do material. O intuito, nesse caso, é substituir parte

do agregado miúdo (areia) para argamassa para revestimento e produção de lajotas para piso.

No que diz respeito a produção de argamassas, os estudos apontam que para o teor de 10% de

RCMG, a resistência foi aumentada, e as lajotas produzidas com RCMG apresentaram um

melhor aspecto. A imagem abaixo apresenta o resultado do aspecto final de lajotas produzidas

a partir de RCMG20

.

Fonte:http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/26/utilizacao_do_residuo_de_corte_de_marmore.pdf.

FIGURA 16- Aspecto: Piso de Lajota de Argamassa com RCMG

Estudos do comportamento do RCG como agregado na produção de membranas

cerâmicas apresentam este material como potencial para uso em processos de micro e

ultrafiltração. Os estudos voltados a adição de RCG em concreto auto adensável, apontam um

20

MOURA, Washington A.; GONÇALVES, Jardel P.; LEITE, Rôneison da Silva. Utilização de Resíduo de

Corte de Mármore e Granito em Argamassas de Revestimento e Confecção de Lajotas para Piso. Disponível em: http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/26/utilizacao_do_residuo_de_corte_de_marmore.pdf. Acesso

em 11 de Junho de 2013.

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aumento na coesão, maior resistência a compressão axial, e maior resistência a tração por

compressão diametral, desde que utilizada uma proporção de 10%, sendo assim, o concreto

com adição de RCG apresentam um ganho em relação aos concretos de referência utilizados.

O teor de adição do RCG influencia significativamente na porosidade dos concretos

(GONÇALVES 2000). Dessa forma os estudos já realizados concluem a viabilidade técnica

na proporção de 10%.

6.2 Análise do Material: Polpa Abrasiva

Foram coletadas amostras do resíduo proveniente de corte de granito, este material, de

consistência pastosa, foi fornecido pela Marmoraria Bragança, trata-se de um resíduo

composto do corte de diferentes chapas de granito e mármore.

Para a determinação do pH os materiais utilizados foram: 06 Béqueres de 50 mL, 01

Pisseta, 01 Potenciômetro (peagâmetro), 01 Papel absorvente, amostras. Foi feita a calibração

do peagâmetro, levada a amostra ao aparelho, e o resultado obtido foi 8. Considerando o

resultado, optou-se por realizar a análise para verificação de íons de cálcio solúvel.

Para determinação da massa específica foi pesado 100 gramas do resíduo, o mesmo foi

seco em estufa, e seu peso passou para 99,7 gramas. Divididndo a massa (100 gramas) pelo

volume (60cm³), temos 1,7 g/cm³.

6.2.1 Dureza: Determinação do Teor de Cálcio

O objetivo deste procedimento é determinar a dureza, a partir da quantidade de cálcio

presente na amostra.

Originalmente, água dura era entendido como sendo a capacidade da água em

precipitar sabão, sendo que tal fato se dava em virtude da presença, sobretudo, de íons cálcio

(Ca+2

) e magnésio (Mg+2

). Correntemente, dureza total de uma água é definida como sendo a

soma da concentração desses dois íons, sendo expresso em mg CaCO3/L..

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Princípio deste método é dado pelo quelante Etilenodiaminotetracético sal dissódico

(EDTA) que forma um complexo quando em contato com certos metais; se uma pequena

quantidade de indicador Preto de Eriocromo T é adicionado a solução aquosa contendo íons

cálcio e magnésio, numa faixa de pH de 10 +/-0,1, a solução fica com uma cor rósea. Com a

adição de EDTA, os íons cálcio e magnésio são, por ele, complexados, e a solução fica com

uma coloração azul, indicando o ponto final da reação.

6.2.1.1 Procedimento

Pesou-se 100 g da amostra do resíduo de misto de mármore e granito. Esta amostra foi

retirada da mesma matriz utilizada para construção do corpo prova. A amostra previamente

seca foi colocada em um litro de agua destilada, a fim de realizar o processo de extração e

solubilização dos possíveis íons cálcio. A mistura foi agitada vigorosamente por 5 minutos e

deixada em repouso por 10 minutos, para que as partículas não solúveis e de maior densidade

fossem separadas por decantação. Coletou-se então uma alíquota de 100 mL, e em seguida

filtrou-se por gravimetria.

O filtrado foi colocado em um erlenmayer de 250 mL e adicionou-se 15 mL do tampão

de pH 10 (NH3/NH4Cl) e alguns cristais de KCN para mascarar íons como Zn2+

, Cu2+

e Fe3+

,

que interferem bloqueando o indicador. Em seguida foram adicionados 20 gotas de uma

solução de Mg-EDTA, para bloquear a ação do Magnésio. A amostra foi titulada com EDTA

0,02 mol.L-1

usando Ério-T como indicador. Este experimento foi realizado em triplicata até o

aparecimento da cor azul.

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Fonte: Própria

FIGURA 17- Titulação

6.2.2 Análise dos Resultados

Um dos problemas do excesso de íons cálcios está relacionado às águas brutas do

sistema de abastecimento d'água, que ocorrem em dois vieses. O primeiro deles esta

relacionada à saúde humana, em que excesso deste íon pode ocasionar a redução de minerais,

como magnésio. Também seu excesso pode causar anorexia, dificuldade de memorização,

depressão, irritabilidade e fraqueza muscular, visto que dificilmente são extraídas durante os

tratamentos convencionais. O outro fato deve-se a formação de calcita nas tubulações de

distribuição que vão bloqueando a passagem d’água são bloqueados devido a sua deposição.

Os resultados obtidos pela analise dos íons cálcio presente na água que ficou em

contato com o resíduo de granito são mostrados na Tabela 6 e visa quantificar a dureza da

mesma segundo estabelecido pela Portaria 2.914 de 2011, que permite o máximo de 500 mg/L

para um padrão organoléptico (sentidos). O procedimento operacional realizado obedece a

seguinte reação (1):

1 Ca2+

+ 1 EDTA-Na2 ↔ 1 EDTA-Ca + 2 Na+ (1)

TABELA 6- Volume gasto de EDTA-Na2 para determinação dos íons Ca2+

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Titulação Volume Gasto de EDTA-Na2 Concentração íons Ca2+

1 0,90 mL 2,222 mol/L 8,888 x104 mg/L

2 1,10 mL 1,818 mol/L 7,272 x104 mg/L

3 1,20 mL 1,666 mol/L 6,666 x104 mg/L

Média Aritmética 1,902 mol/L 7,608 x104 mg/L

Fonte: Própria

A preocupação de monitorar elementos químicos é uma prática corriqueira na área

ambiental e crescente no ponto de vista da saúde humana. Se observarmos a Portaria 2.914/11

do ministério da saúde, ela nos mostra uma relação mínima de elementos que são essenciais

serem averiguados, pois nos mostra o equilíbrio mínimo entre os elementos químicos

pertinentes a manutenção não apenas do ser humano, mas principalmente do meio ambiente.

Muitas vezes o desequilíbrio destes elementos traços, como por exemplo, o cálcio, se

manifesta em debilitações subclínicas, sendo de difícil diagnose de certa convalescência da

saúde.

Há diversas maneiras de este tipo de íon se combinar e encontrar o equilíbrio químico,

uma delas é se combinando com sulfato, cloretos, nitratos e outros, dando origem a

compostos solúveis que não podem ser retirados pelo aquecimento, diferentemente de quando

se combinam com carbonatos, que produzem uma dureza temporária e podem ser retiradas

por aquecimento, mas produzem sólidos que podem encrustar em superfícies e podem

impermeabilizar solos e/ou tubulações.

Em analise a Tabela 6, nota-se que o teor de íons cálcio encontrado em resíduos de

granitos são aproximadamente 152 vezes maior o que a legislação permite (Portaria

2.914/11), o que demonstra que este resíduo é classificado como classe II-A, não inerte, pois

pode ser solubilizado em água, o que demonstra que deve ser disponibilizado em aterros

controlados, pois tem potencialidade de solubilização em solo e água a cima dos padrões

permitidos. Mas por outro lado este material é interessante para ser utilizado na indústria da

construção civil, uma vez que suas propriedades físico-químicas apresentam fácil arranjo

químico, devido a sua baixa absortividade de água em seus retículos, o que leva em situações

aumentar sua impermeabilização.

Viabilizar um processo de inertização de materiais mistos derivados do processo de

corte em marmorarias ou serrarias significa redução de distribuição deste material em aterros

e ainda da disponibilidade inadequada em áreas clandestinas, uma vez que é um material de

alta densidade e por isso alto custo para seu descarte. Outro fator que agrava a disposição

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inadequada deste material é o valor da alcalinidade, pois a quantidade de substâncias

presentes numa água e que atuam como tampão se for adicionada pequena quantidade de um

ácido fraco seu pH mudará instantaneamente. Numa água com certa alcalinidade a adição de

uma pequena quantidade de ácido fraco não provocará mudança de seu pH, porque os íons

presentes irão neutralizar o ácido.

No caso do material estudado o valor de pH = 8,0 e grande quantidade de íons cálcio

solúvel garantem um elevado índice na alcalinidade, uma vez que este termo é dado pela

presença de íons como sódio, lítio, magnésio e cálcio. Então o valor alto de pH e a alta

concentração de cálcio na ordem de 104 mg/L garantem ainda a possível existência de

carbonatos e bicarbonatos e, secundariamente, aos íons hidróxidos, silicatos, boratos, fosfatos

e amônia, que passam a existir em uma nova faixa de equilíbrio químico, e neste caso se

estiver presente aguas subterrâneas ou de superfície podem ser considerados poluentes, uma

vez a remoção destes materiais passam a ser de difícil tratamento, ou seja, aumentam etapas

de tratamento e consequentemente o custo para distribuição de agua para atender uma certa

população, pois passamos a considera-la uma agua residual.

6.3 Cálculo do Traço

Visando confirmar viabilidade da proposta de uso do RCG como substituto de

determinados percentuais de componentes do concreto, foi desenvolvido um traço, e

confeccionados os corpos de prova, cuja função é, mediante teste de resistência à compressão,

comprovar a viabilidade do proposto neste estudo.

O experimento foi realizado em conjunto com a concreteira Engemix, na unidade de

Sorocaba, que forneceu toda a infraestrutura, mão de obra e materiais para a execução do

presente experimento. A Engemix possui seu próprio sistema de cálculo de traço, através de

um Software, e o traço apresentado foi calculado seguindo os procedimentos da concreteira. O

desenvolvimento do traço e a moldagem dos corpos de prova foram acompanhados pelo

Engenheiro de Traços Adão Ribeiro, e o procedimento foi executado por um técnico.

A Engemix, companhia do grupo Votorantim, é conhecida como um dos maiores

nomes do segmento de concreto no Brasil. No mercado há mais de 70 anos, a Votorantim

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cimentos possui 90 centrais em 11 estados do país, que oferecem serviços e soluções

construtivas, atualmente com um quadro de mais de 2.200 funcionários21

.

6.3.1 Desenvolvimento Experimental do Traço

Temos que o traço é a razão (em peso ou em volume) entre o cimento e os diferentes

constituintes do concreto. Todos os métodos de dosagem têm em comum o cálculo da

resistência média de dosagem, e a correlação da resistência à compressão com a relação

água/cimento. Nos laboratórios trabalha-se com o traço em massa, já no canteiro de obras o

traço mais usual é o volumétrico (adotando-se como unidade a lata de 18 L). Como não há um

texto consensual de como deve ser um estudo de dosagem, cristalizado numa norma

brasileira, vários pesquisadores propõe seus próprios métodos de dosagem.

Como referência para calcular o traço, temos o método adaptado da ACI (American

Concrete Institute), que fornece uma aproximação da quantidade dos materiais que devem ser

utilizados no traço, para aproximar faz-se necessária a realização de uma mistura

experimental. O método da ACI também apresenta as características físicas e mecânicas dos

materiais: cimento, agregados, concreto, define metodologia para fixar relação a/c (água/

cimento), determina o consumo dos materiais, e finalmente apresenta o traço.

A curva de Abrams permite encontrar a partir do fator a/c a resistência que o concreto

tende a apresentar após os 28 dias de cura.

21

A Engemix.Disponível em: http://www.engemix.com.br/aengemix.html. Acesso em 04 de Novembro de 2013.

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Fonte: Torres, 2003 apud. BESSA, Sofia Araújo Lima (adaptado)

FIGURA 18- Curva de Abrams

O Fck é o fator de compressão esperado após 28 dias da cura. A pedra britada é o

produto de cominuição de rocha que se caracteriza por apresentar tamanhos entre 2,4 mm e 64

mm. A tabela abaixo, baseada na NBR 7225 justifica a escolha do diâmetro de 9,5 m, adotado

para a composição do corpo prova.

TABELA 7- Diâmetro da Brita

Brita # peneiras

pedrisco 4,8 /12,5

1 12,5/25,0

2 25,0/50,0

3 50,0/76,0

4 76,0/100,0 Fonte: Adaptado de ABNT NBR 7.225

Foram calculados quatro traços, um deles, o traço de referência para comparação com

o material parcialmente substituído por Resíduo de Corte de Granito. Adotamos o Cimento

CP II E40, que possui composição intermediária entre cimentos portland comuns e os

Muito utilizadas

em Concreto

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cimentos portland com adições (alto-forno e pozolânico)22

, Pedrisco misto (areia artificial),

Areia média (quartzo), Brita zero, Brita um e Aditivo polifuncional. Foi adotado o Fck de 30

Mpa, e abatimento de 10 +-2, visando alcançar uma maior resistência e trabalhabilidade do

concreto.

6.3.1.1 Traço Referência (T-01)

O Primeiro traço é a referência, ou seja, não contém resíduo de corte de granitotemos

para a produção de 1m ³ de concreto:

TABELA 8- Traço de Referência (T-01)

TRAÇO 1 FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 REF.

MATERIAL DESCRIÇÃO QUANTIDADE

CIMENTO CP II E40 264 kg

AGREGADO MIUDO 1 Pedrisco Misto 223 kg

AGREGADO MIUDO 2 areia média 617 kg AGREGADO GRAUDO 1 brita 0 210 kg AGREGADO GRAUDO 2 brita 1 840 kg

ADITIVO aditivo 2,109 kg

AGUA 174 litros

Fonte: Própria

Calculando o volume necessário para a confecção de dez corpos de prova,

aproximadamente 20 litros, e descontando a umidade do pedrisco misto e da areia média da

quantidade total de água da mistura, temos:

22

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND . Guia básico de utilização do cimento

portland. 7.ed. São Paulo, 2002. 28p. (BT-106). Disponível em: http://www.abcp.org.br/conteudo/wp-

content/uploads/2009/12/BT106_2003.pdf. Acesso em 04 de Novembro de 2013.

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TABELA 9- Traço para 20 L descontando a Umidade (T-01)

VOLUME A CALCULAR 20 LITROS UMD

CP II E40 5,3 kg Pedrisco Misto 4,5 kg 1,5%

areia média 12,3 kg 2,5%

brita 0 4,2 kg

brita 1 16,8 kg

aditivo 42,2 g

Agua 3.480,0 g -4%

Fonte: Própria

Os materiais foram misturados na betoneira por ordem decrescente de granulometria

até a obtenção de um material homogêneo. Foi utilizada uma betoneira com capacidade de

120 litros.

6.3.1.2 Traço 2 (T-02)

Para o cálculo do traço dois foi substituído 10% da quantia total de agregado miúdo

por RCG. O RCG foi disposto em um leito de secagem para retirar o excesso de umidade, o

resultado após um dia de secagem com umidade relativa baixa, foi um material argiloso, e

após quatro dias, o resultado foi um material bastante fino conforme figura abaixo. O material

seco foi socado com o auxílio de uma haste, para homogeneizar a granulometria. O cálculo

para substituição dos agregados miúdos foi proporcional, a proporção do traço obtido foi de

36% de pedrisco em relação a areia, logo 30kg de pedrisco misto, e 54kg de areia média

seriam substituídos por RCMG.

A fim de determinar massa específica e umidade do agregado para calcular a água do

traço, foi feito o experimento de Chapman. Foi colocado água no frasco Chapman até marca

de 200 cm³, deixando-o em repouso, em seguida foi introduzido, 500 g de RCMG seco, o

frasco foi agitado para eliminação das bolhas de ar. A leitura do nível atingido pela água no

gargalo do frasco indica o volume, ocupado pelo conjunto água-agregado miúdo.

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Fonte: Própria

FIGURA 19- Chapman

A leitura do frasco atingiu 450, logo, esse é o valor L, para calcular a massa específica,

temos conforme a NBR 9776 que a massa específica é dada pela expressão: L,

assim temos que resulta em massa específica do agregado miúdo igual a 2

g/cm ³.

Algumas conclusões sobre a umidade superficial do material puderam ser extraídas

pelo procedimento descrito na NBR 9775 – Agregados – Determinação da umidade

superficial em agregados miúdos por meio do frasco de Chapman. Podemos calcular a

umidade superficial presente no agregado miúdo, pelo percentual da massa de material seco,

através da seguinte expressão:

O resultado apontou um material aparentemente sem absorção de água, e com massa

específica igual a aproximadamente 2 g/cm³. No procedimento em laboratório, foi encontrado

um valor aproximado de 1,7 g/cm³, considerando que na construção civil o método de leitura

mais utilizado é o chapman, e que a variação não foi muito significativa, optamos por

trabalhar adotando o valor de 2 g/cm³.

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Considerou-se então, que não seria descontado umidade do RCMG neste traço. O teste

realizado através do método de Chapman, apontou que não havia absorção de água por parte

do RCMG, ou seja, não haveria umidade a ser descontada, sendo assim foi descontada a

umidade apenas para os agregados miúdos novamente.

TABELA 10- Traço 2 (T-02)

TRAÇO 2 FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 RCG SECO 10%

MATERIAL DESCRIÇÃO QUANTIDADE

CIMENTO CP II E 40 264 kg

AGREGADO MIUDO 1 Pedrisco Misto 193 kg

AGREGADO MIUDO 2 Areia Media 563 kg

AGREGADO GRAUDO 1 Brita 1 210 kg

AGREGADO GRAUDO 2 Brita 0 840 kg

ADIÇÃO RCG 84 kg

ADITIVO Aditivo 2,109 kg

AGUA 174 litros

VOLUME A CALCULAR 20 LITROS UMD CP II E 40 5,3 kg

Pedrisco Misto 3,9 kg 1,5% Areia Media 11,3 kg 2,5% Brita 1 4,2 kg Brita 0 16,8 kg RCG 1,7 kg Aditivo 42,2 g Agua 3.480,0 g -4%

Fonte: Própria

6.3.1.3 Traço 3- Ensaio de Umidade por Perda ao fogo (T-03)

Foi pesado aproximadamente 100 gr do RCG e levado ao fogo para determinar a

umidade do material, após aquecido o peso apresentou alteração de 17, 07%. O teste

Chapman e o fato de se tratar de um resíduo de rocha, levam a crer que este material não

absorve água, e que essa diferença deve-se provavelmente a outra possível reação do material

ao fogo. Para verificar o comportamento do concreto e através dele chegar a uma possível

conclusão, calculamos o mesmo traço anterior (T-02), com os mesmos 10% de RCG

proporcionais em relação aos agregados miúdos, mas descontando 17,07% de umidade do

RCG.

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Fonte: Própria

FIGURA 20- Teste: Perda ao Fogo

Para o T-03, o traço adotado segue na tabela abaixo, e posteriormente o traço para 20

litros, e o percentual total de água a ser descontado.

TABELA 11- Traço 3 (T-03)

TRAÇO 3 FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 RCG SECO (UMD)

MATERIAL DESCRIÇÃO QUANTIDADE

CIMENTO CP II E 40 264 kg

AGREGADO MIUDO 1 Pedrisco Misto 193 kg

AGREGADO MIUDO 2 Areia Media 563 kg AGREGADO GRAUDO 1 Brita 0 210 kg

AGREGADO GRAUDO 2 Brita 1 840 kg

ADIÇÃO RCG 84 kg

ADITIVO BF 30 I 2,109 kg

AGUA 174 litros

VOLUME A CALCULAR 20 LITROS UMD CP II E 40 5,3 kg

Pedrisco Misto 3,9 kg 1,5% Areia Media 11,3 kg 2,5% Brita 0 4,2 kg Brita 1 16,8 kg RCG 1,7 kg 17% BF 30 I 42,2 g Agua 3.480,0 g -21%

Fonte: Própria

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6.3.1.4 Traço 4 – Substituição Parcial do Cimento (5%)

O quarto traço foi calculado pensando em substituição parcial do cimento, e não mais

dos agregados miúdos. Neste traço consideramos o resultado do teste Chapman, ou seja,

adotou-se que o RCMG não possui absorção de umidade, e o valor da água não foi

descontado, sendo considerado apenas para os agregados miúdos.

TABELA 12- Traço 4 (T-04)

TRAÇO 4 FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 RCG SECO NO CPII

MATERIAL DESCRIÇÃO QUANTIDADE

CIMENTO CP II E 40 251 kg

AGREGADO MIUDO 1 Pedrisco Misto 193 kg

AGREGADO MIUDO 2 Areia Media 563 kg

AGREGADO GRAUDO 1 Brita 1 210 kg

AGREGADO GRAUDO 2 Brita 0 840 kg

ADIÇÃO RCG 13

ADITIVO BF 30 I 2,109 kg

AGUA 174 litros

VOLUME A CALCULAR 20 LITROS UMD CP II E 40 5,0 kg

Pedrisco Misto 3,9 kg 1,5% Areia Media 11,3 kg 2,5% Brita 1 4,2 kg Brita 0 16,8 kg RCG 0,3 kg BF 30 I 42,2 g Agua 3.480,0 g -4%

Fonte: Própria

6.4 Análise de Resultados Parciais

Após definidos os quatro traços, durante o procedimento de mistura e confecção dos

corpos de prova, foi determinado o abatimento (slump) e a água adicionada, ou sobra. A partir

destas informações obtém-se a relação água cimento real do traço.

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Nota-se que no traço referência (T-01) sobrou 300g de água, no T-02, com 10% de

RCMG em relação aos agregados miúdos, sobrou 320 g, considerando que o RCG não

absorve umidade, e sem descontar portanto nenhum volume de água do seu peso específico.

Assim, temos que, se o RCG for considerado já um material seco no momento em que o traço

for executado, a absorção de água tende a ser menor para o concreto com RCMG em relação

ao concreto referência, traduzindo-se em uma economia de água, um recurso não renovável e

que interfere no custo do produto final. A relação água cimento não sofreu alteração, o que

indica que não foi necessário aumentar a pasta para atingir o abatimento, como imaginou-se

que aconteceria, com base nos estudos de EFFTING, Carmeane, 2013.

No Traço 3, descontando 17,07% de umidade pelo teste ao fogo, o resultado foi um

abatimento de apenas 8 cm para a água calculada no traço, sendo necessário para chegarmos

ao 10+-2, acrescentar 400 g de água, o que cria uma dúvida a respeito do resultado do teste do

fogo, que poderia indicar alguma outra reação que promovesse alteração no peso, e não

necessáriamente umidade, para este traço a relação a/c foi superior a calculado no traço

teórico.

O traço 4 apresentou significativa redução na relação a/c, o que deve-se também ao

fato de que ao reduzir 5% do cimento a relação de água na pasta também seria reduzida

consequentemente. Ainda assim, a redução de 0,08 indica um menor consumo de água, ao

substituir parte do cimento por RCMG, em relação ao traço de referência.

TABELA 13- Resumo dos Traços

TRAÇO AGUA SLUMP INICIAL

SLUMP CORRIG.

AGUA ADIC.

A/C TEORICO

A/C REAL

(T-01) FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 REF. 3.480,0 g 12,0 cm 12,0 cm -300,0 g 0,66 0,60 (T-02) FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 RCG SECO 10% 3.480,0 g 12,0 cm 12,0 cm -320,0 g 0,66 0,60 (T-03) FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 RCG SECO (UMD) 3.480,0 g 12,0 cm 12,0 cm 400,0 g 0,66 0,73 (T-04) FCK 30 MPA BR 0/1 ABAT 10+-2 RCG SECO NO CPII 3.480,0 g 12,0 cm 12,0 cm -400,0 g 0,69 0,61

Data da moldagem

dia mês ano

4 11 13

Fonte: Própria

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7 EXECUÇÃO DO EXPERIMENTO

O resíduo utilizado nos ensaios foi recolhido da Marmoraria Miuraquitan localizada

no município de Bragança Paulista. O material, fornecido pelo proprietário Adriano, foi

recolhido e colocado em tambores para ser transportado. O material foi espalhado sobre uma

lona e exposto ao ar livre, em local abrigado, até se tornar suficientemente seco para ser

manualmente moído, o procedimento de secagem para um volume médio de sete litros levou

em torno de 3 dias.

Fonte: Própria

FIGURA 21- RCG

Foram dosados quatro traços de concreto (um padrão, para servir de referência, dois

com substituição de 10% da areia, um descontando umidade (pelo teste do fogo) e outro sem

descontar umidade do RCMG (Frasco Chapman), e um substituindo 5% do cimento Portland

por RCMG e produzidos corpos de prova, que foram caracterizados experimentalmente

conforme ABNT NBR 5738/03.

Os materiais utilizados foram:

Cimento Portland (CP II E 40)

Resíduo de Corte de mármore e Granito

Areia de quartzo natural

Pedrisco

Brita 0

Brita 1

Aditivo

Água

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Fonte: Própria

FIGURA 22- Materiais

Todos os traços dessa pesquisa foram executados em um misturador basculante com

uma capacidade de 120 litros, conforme figura. As misturas seguem a seguinte seqüência de

execução: primeiramente, a areia, a brita e a água de absorção dos agregados são misturados

juntos, e em seguida, o cimento, e o RCMG, são adicionados aos agregados e misturados, na

sequencia a água é colocada e tudo misturado. Por último é adicionado o aditivo e a água

restante (subtraída as correções) e misturados durante 2 minutos.

Fonte: Própria

FIGURA 23- Procedimento de Mistura e Moldagem

7.1 Procedimentos de Execução

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7.1.1 Abatimento do Tronco Cone

A NM 67 /1998, apresenta o procedimento para determinação da consistência pelo

abatimento do tronco cone. Este método é aplicável aos concretos plásticos e coesivos que

apresentem um assentamento igual ou superior a 10mm. Para o procedimento prático

realizado foi adotado um abatimento (Slump) de 10+ou-2. Amostragem deve ser coletada de

acordo com a NM 33. A moldagem de corpos de prova para os ensaios de resistência deve ser

iniciada no máximo 15min após a obtenção da amostra. Para todos os traços foi feita a

correção da relação a/c para que o slump atingisse 10+-2.

O molde para o corpo-de-prova de ensaio, é feito de metal com espessura igual ou

superior a 1,5mm. Seu interior deve ser liso e livre de protuberâncias criadas por rebites,

parafusos, soldas e dobraduras. O Molde deve ser a forma de um tronco de cone oco, com as

seguintes dimensões internas:

Diâmetro da base inferior = 200mm±2mm

Diâmetro da base superior= 100mm±2mm

Altura = 300mm±2mm

Para realizar a compactação é utilizada uma haste de compactação de seção circular,

reta, feita de aço ou outro material adequado, com diâmetro de 16mm, comprimento de 600

mm e extremidade arredondadas. Para apoio do molde utiliza-se uma placa de base, que deve

ser metálica, plana, quadrada ou retangular, com lados de dimensão não inferior a 500 mm e

espessura igual ou superior a 3mm. Após misturados os materiais na betoneira, o material é

disposto em tronco cone para verificação do abatimento. O abatimento para todos os traços

rodados apresentou 10+-2, o que significa trabalhabilidade ideal.

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69

Fonte: SOUZA, Fábio Albino de. Materiais de Construção Civil II. Propriedades do Concreto no Estado Fresco-

Aula 11.

FIGURA 24- Procedimento para Ensaio de Abatimento

7.1.2 Moldagem e Adensamento

O procedimento para moldagem e cura de corpos de prova de concreto, cilíndricos

utilizados nos ensaios de compressão, é prescrito pela NBR 5738:2003 - ementa 2008. Quanto

as dimensões, a norma prescreve que, o corpo deve ter altura igual ao dobro do diâmetro, que

deve ser de 10, 15, 20, 25, 30 ou 40 cm, com tolerância de 1% para o diâmetro e 2% para

altura. Deve ser determinada uma amostra e o valor do abatimento, de acordo com a NBR

NM 67. Os moldes e suas bases devem ser revestidos internamente com uma fina camada de

óleo mineral. A superfície de apoio dos moldes deve ser rígida, horizontal, livre de quaisquer

perturbações que possam modificar a forma e as propriedades do concreto durante a

moldagem e início de pega. Após realizar a remistura da amostra para garantir a sua

uniformidade, deve-se colocar o concreto dentro dos moldes em número de camadas que

corresponda ao que determina a tabela abaixo, utilizando uma concha de seção U. Ao

introduzir o concreto, deve-se assegurar uma distribuição simétrica e, imediatamente, nivelar

o concreto antes de iniciar o adensamento. Neste caso foram feitas duas camadas, adensadas

manualmente com 12 golpes cada uma.

TABELA 14- Número de Camadas para Moldagem (NBR 5738)

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Fonte: ABNT NBR 5738- 2003.

O concreto deve ser nivelado antes do adensamento, que deve ser feito em função do

abatimento do concreto, conforme o item 7.4 da NBR 5738. Finalizado o adensamento da

última camada deve ser feito o rasamento da superfície com a borda do molde, utilizando uma

régua metálica ou uma colher de pedreiro adequada.

Pelas primeiras 24 h (no caso de corpos de prova cilíndricos), ou 48 h (no caso de

corpos de prova prismáticos), todos os corpos devem ser armazenados em local protegido de

intempéries, e devidamente cobertos com material não reativo e não absorvente, para evitar

perda de água do concreto.

7.1.3 Cura dos Corpos de Prova

A NBR 5738:2003 - ementa 2008, prescreve que s corpos de prova devem ser

armazenados até o momento do ensaio em solução saturada de hidróxido de cálcio a (23

±2)°C ou em câmara úmida à temperatura de (23 ±2)°C e umidade relativa do ar superior a

95%. Os corpos-de-prova não devem ficar expostos ao gotejamento ou água em movimento.

Para o presente experimento foi feita a cura por submersão. Passado o período de cura

especificado para as estruturas, os corpos-de-prova devem permanecer no mesmo local e

expostos às mesmas condições climáticas que as estruturas, até que sejam enviados ao

laboratório para realização dos ensaios.

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7.1.4 Ensaios de Resistência à Compressão Simples

Os corpos a serem ensaiados a partir de um dia de idade, devem ser desmoldados 24 h

após o momento de moldagem, no caso de corpos cilíndricos, ou após 48 h, para corpos

prismáticos. Os corpos devem ser moldados e ensaiados conforme a característica que se

deseja comprovar, seguindo os procedimentos do item 8 da norma. Antes de ensaiar os

corpos-de-prova, é necessário preparar suas bases, que devem ser superfícies planas e

perpendiculares ao eixo longitudinal no momento dos ensaios de compressão. Entre diversas

formas de adequação recomendadas pela NBR 5738:2003, optamos neste experimento pela

retificação, que consiste na remoção, por meios mecânicos, de uma fina camada de material

do topo a ser preparado, de modo que as falhas de planicidade em qualquer ponto não sejam

superiores a 0,05 mm.

Definimos resistência mecânica do concreto a capacidade deste suportar ações físicas

sem que ele entre em colapso (SOUZA, 2012). Na ruptura do corpo de prova de concreto

submetido à compressão ocorre o colapso interno das ligações, dessa forma pose ser que não

ocorra ruptura externa, porém seu estado de deformação interna não suporta acréscimo de

solicitação. Ao ser atingida a tensão última, o material começa a entrar em colapso, e passa a

ocorrer a desagregação, que pode se dar pela ruptura da matriz (pasta de cimento), ou no caso

do concreto de alta resistência, pela ruptura do agregado graúdo. A resistência deve ser

atendida para a aplicação do material, pois na realização do projeto estrutural o

projetista/calculista com base, geralmente nas normas da ABNT NBR 6118:2003 – Projeto de

estruturas de concreto armado – ou outras normas específicas e também em sua experiência,

estima uma resistência que o concreto deve atingir para a confecção de lajes, vigas, pilares,

etc.

O objetivo do traço proposto é um concreto para ser utilizado em estruturas, segundo a

NBR 6118:2007, se classificaria como classe II de agressividade ambiental, portanto

conforme a Tabela 7.2 da norma, para Concreto Armado a resistência a ser atingida deve ser

de 25 Mpa para Lajes e 30 Mpa para Vigas. A tabela 6.1 da norma descreve a classe II como

de agressividade moderada, para ambiente urbano, cujo risco de deterioração da estrutura é

considerado pequeno. A partir destas referências considera-se um resultando satisfatório uma

resistência à compressão axial de 25 Mpa para lajes e 30 Mpa para Vigas, sendo que, aos 28

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dias, se as amostras atingirem 30 Mpa, o resultado será bastante satisfatório e de grande

aplicabilidade.

Fonte: Própria

FIGURA 25- Prensa Utilizada Para Ensaio

Diversos fatores podem influenciar a resistência mecânica, sendo que os principais,

para o caso deste experimento, são:

Tipo, granulometria e qualidade do agregado;

Adensamento;

Tipo de cimento;

Relação água / cimento;

Idade do concreto;

Estado de umidade do corpo-de-prova;

Temperatura de cura e umidade.

Para o rompimento foram realizadas duas seções, sendo assim para cada traço foram

moldados 10 corpos de prova, considerando 5 rompimentos e duas amostras por rompimento.

Foram rompidos os corpos com um, três, sete e quatorze dias, duas amostras foram reservadas

para romper aos 28 dias.

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7.2 Resultados Obtidos

A partir do rompimento do corpo prova após 7 dias de cura, foi realizada uma

estimativa para a projeção da resistência a ser atingida aos 28 dias. Conforme a Tabela 2, para

o Cimento Portland Normal (Tipo I), aos sete dias de cura o concreto deve apresentar variação

de 0,65, ou seja, nessa idade 65% da resistência total deve ser atingida pelo corpo de prova.

Com base nessa referência, temos a projeção de evolução abaixo.

Tendo como objetivo 25Mpa para lajes e 30Mpa para vigas, a projeção ultrapassa para

todos os traços a resistência de 30 Mpa, uns com maior e outros com menor segurança. O

traço referência apresentou maior resistência do que os demais, com percentual de RCMG,

todavia, todos os traços apresentam potencial para ser utilizados em lajes ou pilares, uma vez

que a diferença de resistência varia entre aproximadamente dez e cinco Mpa, e os quatro

traços ultrapassam 30 Mpa.

Analisando o desempenho individual de cada traço, temos que o Traço- 04 atingiu

maior resistência do que o T-2 e T-03, sendo este o mais próximo do referência, com a

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74

proporção de 5% de RCMG em substituição ao cimento. O Traço- 02 apresentou um

desempenho próximo ao do T-04, o que aponta que a substituição de 10% da areia por RCMG

não causa grande impacto na resistência apresentada pelo concreto. No T-03 tivemos um

desempenho inferior, que apesar de ainda estar acima do valor desejado, não apresenta uma

margem de segurança muito significativa, e sugere que descontar umidade do RCMG no

estado em que foi utilizado parece um equívoco, e os dados do teste de umidade por fogo não

condizem com o valor real de umidade do material, ou que o RCMG demanda mais água do

que o traço referência.

7.2.1 Análise de Resultados

Com os valores até o 28º dia de cura, é possível verificar a evolução de cada material a

partir do ponto inicial, considerada a resistência apresentada no primeiro rompimento, com

idade de um dia. Os valores e médias acima de 30 Mpa estão negritados, para evidenciar que

aos 14 dias de cura todos os traço apresentavam resistência média (valor médio entre as duas

séries rompidas) superiores a 30 Mpa.

TABELA 15- Resultados do Ensaio de Resistência a Compressão

R1 Mpa Média R3 MPa Média R7 Mpa Média R14 Mpa Média R28 Mpa Média

17,20 16,60 16,90 20,5 22,6 21,6 29,5 30,2 29,9 39,6 40,0 39,8 40,3 38,3 39,3

16,80 17,10 16,95 19,7 20,3 20,0 24,9 26,4 25,7 32,4 35,1 33,8 36,8 35,2 36,0

15,30 14,80 15,05 18,3 18,7 18,5 23,0 23,9 23,5 35,1 28,5 31,8 38,8 27,0 32,9

13,70 15,30 14,50 19,1 20,1 19,6 26,5 27,7 27,1 34,3 37,3 35,8 34,4 35,4 34,9

Fonte: Própria

O gráfico a seguir apresenta o percentual de evolução da resistência pela idade do

concreto para os três traços, considerando o mesmo ponto de partida, o percentual é calculado

em relação a evolução apresentada no primeiro dia de rompimento. O gráfico apresenta uma

divisão clara para os traços T-01 e T-04 em relação aos demais. Apesar de até o 28º

rompimento o Traço referência (T-01) apresentar maior resistência que os demais, o

percentual de evolução em relação a resistência apresentada no primeiro rompimento é mais

significativo para o T-04, traço composto da substituição parcial de 5% de RCMG em relação

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ao cimento. Mostra-se válido um acompanhamento do material por um período de tempo

maior, para verificação dos valores com 28 e 60 e 90 dias, caso o comportamento do T-04 se

mantenha, sua resistência poderá continuar aumentando enquanto a resistência do traço

referência se estabiliza.

Os resultados do 28º rompimento apontam que o traço (T-04) até o 14º rompimento

com melhor resultado de resistência à compressão, estabilizou-se, apresentando inclusive uma

queda na média de resistência, ainda assim atingindo com segurança o valor esperado e

necessário para a construção de lajes e pilares de agrassividade classe II. Por outro lado o

traço (T-02) continuou evoluindo e apresentou o melhor resultado depois da referência (T-01).

Importante ressaltar que diversos fatores podem apresentar desvios no resultado, entretanto de

baixa significância, devido ao procedimento ter sido executado por técnico habilitado e em

local apropriado.

Fonte: Própria

FIGURA 26- Percentual de Evolução da Resistência

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76

8 ESTUDO DE VIABILIDADE DA PROPOSTA

8.1 Viabilidade Econômica

A concreteira Engemix hoje tem um custo de R$149,74 por tonelada de cimento CP II,

o mesmo utilizado no traço do experimento. Tomando como referência o Traço- 04, uma

redução de 5% do seu uso em massa, representa também uma redução de 5% do custo total

com este material, o que soma R$7,49 por tonelada.

O custo com areia é de R$10,00 por tonelada, adotando o Traço-02 como referência,

temos uma redução de R$1,00 por tonelada23

.

Analisando os custos da concreteira com matéria prima, é possível notar que é muito

mais significativo o custo do cimento, ainda que em um percentual menor a ser substituído no

traço, sendo assim, a maior viabilidade econômica está na substituição parcial do cimento por

RCGM e não da areia. Se o custo com o transporte do resíduo for inferior a R$7,49 por

tonelada, haverá economia, e o ganho passa do nível ambiental para o econômico. Se o

transporte for custeado pelo gerador do resíduo, a viabilidade econômica é certa.

8.2 Segregação, Coleta, Transporte e Armazenamento

Para acondicionar esse resíduo é necessário um leito de secagem, a maior parte das

serrarias possui uma área para decantação e secagem desse resíduo, mas caso não possua, para

viabilizar a coleta, a serraria ou marmoraria deverá providenciar este espaço, para que o

material seja transportado seco, e não com aspecto de lama. Se não for feita a secagem, o

material fica mais denso e difícil de acondicionar, uma vez seco, é possível dispor em

caçambas. Para coletar o material do leito para a caçamba, caso o gerador disponha de

maquinário, seu uso facilitaria bastante a coleta, caso não disponha, deverá ser feito

manualmente.

23

Informações de custos fornecidas por Adão Ribeiro- Engenheiro de Traços da Engemix. Email disponível no

Anexo 1.

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A Engemix possui uma unidade em Atibaia, a unidade fica a uma distância de 32 km

da Indústria de beneficiamento Ideal Stones, não seria necessário uma longa viagem para

fazer o transporte.

Foi feito um levantamento de custo médio de transporte, considerando que a Engemix

não tenha veículo próprio para fazer o transporte, ou considerando que a serraria deveria

contratar o transportador para destinar adequadamente seu resíduo. Uma vez seco, este

meterial pode ser acondicionado em caçambas ou caminhões basculantes. O frete desse tipo

de veículo em Bragança Paulista hoje custa em média de R$2,00 a R$2,50 o km, sendo assim,

o frete custaria de R$64,00 a R$80,00, para carregar em média 17 metros cúbicos, o que

seriam em média 3,7 toneladas de RCMG. É importante que haja controle de transporte desse

resíduo, através de manifestos de carga24

.

O valor médio de um frete para transporte de resíduos é R$120,00 a caçamba com

5m³, ou R$20,00 por m³ para transporte com caminhão basculante com capacidade média de

17 m ³, apenas para o transporte, o custo já seria superior, e ainda seria necessário pagar um

valor médio de R$75,00 a tonelada para dispor este resíduo no aterro. Ao destinar para a

concreteira a serraria teria uma economia significativa com descarte, e um ganho ambiental

relevante, considerando que um material com a proporção de cálcio e magnésio do RCMG

poderia ocasionar problemas sérios se disposto em aterro não controlado ou com falhas na

impermeabilização, podendo resultar na contaminação da água dos lençóis freáticos.

A viabilidade está relacionada também ao armazenamento do material, uma vez

recebido pela concreteira, este deve ser armazenado, nas mesmas condições que o cimento é

armazeno na concreteira, para tal, o material deve estar seco, sempre que o mesmo for

utilizado, assim como se faz com o cimento, deve-se garantir a manutenção da umidade ideal

do material.

8.3 Informações Técnicas- Serraria

Em contato com a Serraria Ideal Stones, localizada no município de Bragança Paulista,

foram coletadas algumas informações, o responsável pelas informações foi Vanessa,

responsável por vendas.

24

Informações fornecidas por Jurandir Amaral, baseadas nos custos de destinação da Empresa Amaral Nutri

Ambiental Ltda.

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Pergunta 1: Alguns estudos mencionam que há uma perda média de 30% do bloco de

mármores e granitos na serraria durante o processo de serragem para a obtenção das chapas,

vocês considera este valor coerente?

Resposta: Sim, consideramos devido o o espassamento das laminas e tambem as sobras

laterais do bloco que chamamos de costaneiras ou cosqueiro.

Pergunta 2: Qual o destino deste material? Qual o custo da destinação?

Resposta: Na nossa empresa existe um bota fora e armazenamos neste local o residuo.

Pergunta 3: Qual o meio de disposição do material? Quais os recusrsos necessários para

coletá-lo?

Resposta: O material fica a disposição em um patio e os recursos para coleta são necessarios

um trator tipo carregadeiras e um caminhão.

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9 CONCLUSÃO

A semântica do termo "desenvolvimento sustentável" é empregada no sentido de

progresso e existe uma desproporcionalidade entre crescimento econômico desenfreado e a

finitude dos recursos ambientais (MOURA, 2002). No presente estudo, foi possível através de

análises simples e bibliografias, levantar a relevância dos impactos ambientais negativos

ocasionados pelo descarte inadequado de resíduo de corte de rochas ornamentais.

Chegou-se a conclusão de que, com esse procedimento de incorporação ao processo

produtivo do concreto, a concreteira poderia ter 5% de economia em relação ao custo com

matéria prima, esse percentual se refere também a redução dos impactos de extração da

matéria prima para fabricação do cimento CP II. Há um custo com transporte e cerregamento,

que sugere-se que seja atribuído ao destinador do resíduo, os aterros que recebem este

material cobram uma taxa de descarte, que não existiria no caso da destinação para a

concreteira. Com essa logística, a concreteira e a serraria conseguiriam reduzir seus custos

com resíduos e matéria prima.

Todos os valores para resistência à compressão atingidos pelos traços experimentados,

sem excessão, ultrapassaram 30 Mpa, o que significa, conforme a NBR 6118 de 2007 que o

concreto com RCMG é apto para uso em confecção de lajes e pilares, atendendo aos critérios

de resístencia a compressão com segurança dentro das proporções utilizadas. Sugere-se que

sejam realizados ensaios para estudar outras propriedades do material, como resistência a

tração e cisalhamento, e um estudo do comportamento em relação a umidade.

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10 PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS

Através desse traço, e do resultado de resistência a compressão obtido, sugere-se para

propostas futuras, estudar um traço para a fabricação também de pré moldados e bloquetes de

pavimentação. Serrarias de grande porte costumam separar por tipo de rocha o beneficiamento

dos blocos em chapas, para esse tipo de processo, sugere-se testar um traço para o resíduo

apenas de mármore, e as demais rochas com as quais a indústria trabalhar, uma vez que este

procedimento foi realizado com resíduo de corte de granito, podendo conter traços de outras

rochas.

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REFERÊNCIAS

A ENGEMIX. < em: http://www.engemix.com.br/aengemix.html>. Acesso em 04 de

Novembro de 2013.

AMARAL, Luciano do. A QUÍMICA. Edições loyola. 1995. São Paulo- SP. Pág.

65.Disponível em:

<http://books.google.com.br/books?id=hgNzChPBLkYC&pg=PA65&dq=granito+propriedad

es&hl=pt-#v=onepage&q=granito%20propriedades&f=false>. Acesso em 24 de Março de

2013.

ANDOLFATO, Rodrigo Piernas. Controle Tecnológico Básico do Concreto. Núcleo de

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