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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Maria Fernanda Caggiano Aidar ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NA REINTRODUÇÃO DE FELINOS NA NATUREZA (MAMMALIA: CARNIVORA: FELIDAE) São Paulo 2015

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Maria Fernanda Caggiano Aidar

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NA REINTRODUÇÃO DE FELINOS

NA NATUREZA (MAMMALIA: CARNIVORA: FELIDAE)

São Paulo 2015

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MARIA FERNANDA CAGGIANO AIDAR

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NA REINTRODUÇÃO DE FELINOS

NA NATUREZA (MAMMALIA: CARNIVORA: FELIDAE)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, como

parte dos requisitos exigidos para obtenção do

grau de Bacharel no curso de Ciências

Biológicas.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Paola Lupianhes Dall’Occo

São Paulo

2015

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MARIA FERNANDA CAGGIANO AIDAR

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NA REINTRODUÇÃO DE FELINOS

NA NATUREZA (MAMMALIA: CARNIVORA: FELIDAE)

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Ciências Biológicas.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Paola Lupianhes Dall’Occo Universidade Presbiteriana Mackenzie

________________________________________________________________ Prof. Dr. Leandro Vieira

Universidade Presbiteriana Mackenzie

________________________________________________________________ Prof. Dr. Magno Botelho Castelo Branco Universidade Presbiteriana Mackenzie

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AGRADECIMENTOS

Ao centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana

Mackenzie, por ter iniciado meus estudos em Biologia e ter me proporcionado

excelentes educadores e momentos maravilhosos.

À minha orientadora Prof. Dra. Paola Lupianhes Dall’Occo pelo apoio durante

o processo, por todo conhecimento compartilhado e por lições aprendidas que eu

vou levar para a vida profissional e pessoal.

Aos meus professores por participarem da minha formação, em especial, ao

Prof. Dr. Leandro Vieira e ao Prof. Dr. Magno Botelho Castelo Branco por terem

aceitado o convite para fazer parte da minha banca examinadora.

À Deus, por me direcionar para o caminho certo.

Aos meus pais Silvia e Paulo por sempre me apoiarem para que eu seguisse

meus sonhos e me incentivarem a continuar adiante.

As minhas Amigas da Biologia, Ana, Dani, Mari, Tha e Vivi, pelo

companheirismo, por todos os trabalhos, as saídas de campo, as risadas, o apoio e

as memórias inesquecíveis.

A todos que trilharam esse caminho comigo, me incentivaram, me mantiveram

focada e não me deixaram esquecer os meus motivos.

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Eu só queria que o mundo fosse duas vezes maior e metade dele estivesse inexplorado. (David Attenborough)

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RESUMO

O enriquecimento ambiental em animais cativos reduz os níveis de estresse e

execução de estereotipias, melhora o desempenho reprodutivo, mantém os

comportamentos naturais da espécie e promove o desenvolvimento de candidatos

mais competentes, comportamentalmente, para reintrodução. Felinos atraem a

atenção de pesquisadores, pois tem uma tendência maior a apresentar estereotipias

e muitas espécies estão ameaçadas, sendo a reintrodução de espécimes um dos

métodos para mitigar a situação. A reintrodução é uma técnica de conservação

utilizada para restaurar ou reforçar populações de espécies que sofreram um

extenso declínio. Assim, o presente estudo tem como objetivo, através de

levantamento bibliográfico, pesquisar e analisar métodos de enriquecimento

ambiental utilizados em programas de reintrodução de felinos, compilando

informações dispersas na literatura, servindo de subsídio para futuras pesquisas e

ações de conservação. Dos artigos pesquisados nas bases de dados, apenas 4

relacionam técnicas de enriquecimento ambiental com a reintrodução de felinos:

desses, todos ofereceram enriquecimento alimentar e físico; 75% ofereceram

enriquecimento social e 25% ofereceram enriquecimento sensorial; o enriquecimento

cognitivo não foi oferecido. Após análise dos estudos, foi possível concluir que há

poucas publicações sobre o assunto e, nas que existem, falta detalhamento quanto

os enriquecimentos utilizados. Estudos de reintrodução utilizando essa técnica

devem ser incentivados, tendo em vista que ela é bem sucedida em animais de

cativeiro. As pesquisas devem ser realizadas de maneira minuciosa e com o apoio

de órgãos fomentadores, já que envolvem alto custo e longo tempo de duração.

Palavras-chave: Conservação ex situ. Manejo. Reabilitação. Fauna Silvestre.

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ABSTRACT

Environmental enrichment for captive animals reduces stress levels and

stereotypic behaviour, improves reprodutive sucess, keeps natural behaviour and

promotes the development of more behaviourally appropriate candidates for

reintroduction. Felids attract the attention of researchers because they have a greater

tendency to presente stereotypies and many of its species are threatened, thus the

reintroduction of specimens is one of the methods used to mitigate the situation.

Reintroduction is a conservation technique used to restore or enhance numeric or

genetically fragile populations. Therefore, this bibliographic survey aims to research

and analyze environmental enrichment methods used in felids reintroduction

programs, compiling information from the literature, used as subsidies for future

research and conservation actions. From all scientifc articles searched in databases,

only 4 of them related environmental enrichment techniques with the reintroduction of

felids were founds: all of them offered feeding and physical enrichment; 75% offered

social enrichment and 25% offered olfactory enrichment; none offered cognitve

enrichment. After analyzing the studies, it was concluded that there are few

publications on the subject and, when there are publications, there’s a lack of details

to caracterize the environmental enrichments used. Reintroduction studies using this

technique should be encouraged whereas it is successful for captive animals.

Researches should be conducted in a thorough manner and with financial support

since high cost and long duration are involved.

Keywords: Ex situ conservation. Husbandry. Rehabilitation. Wild Animals.

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MEKVVRFGJITJIOHJTIJHOSUMÁRIONJOPHGJNPOHGNIO

1. Introdução .......................................................................................................... 10

1.1 Comportamento Animal e Bem-Estar .............................................................. 10

1.1.1 Ação dos Hormônios Relacionados ao Estresse ................................. 11

1.1.2 Corticoides como Indicadores Fisiológicos de Bem-Estar ................. 12

1.2 Enriquecimento Ambiental .............................................................................. 14

1.2.1 Histórico .................................................................................................. 15

1.2.2 Formas de Enriquecimento Ambiental .................................................. 17

1.3 Carnívoros ...................................................................................................... 23

1.3.1 Felinos ..................................................................................................... 24

1.3.2 Felinos Brasileiros .................................................................................. 25

1.4 Conservação e Reintrodução .......................................................................... 31

2. Material e Métodos ............................................................................................. 34

3. Resultados .......................................................................................................... 36

3.1 Palavra-Chave: Reintroduction Programs ....................................................... 36

3.2 Palavra-Chave: Felids Reintroduction ............................................................. 38

3.3 Palavra-Chave: Rehabilitation and Reintroduction .......................................... 39

3.4 Palavra-Chave: Reintroduction Programs Wild Felids .................................... 40

3.5 Palavra-Chave: Rehabilitation and Environmental Enrichment ....................... 42

3.6 Palavra-Chave: Reintrodução de Felinos no Brasil ......................................... 43

3.7 Projetos de Reintrodução ................................................................................ 44

3.7.1 HUNTER, L.T.B. The Behavioural Ecology Of Reintroduced Lions And

Cheetahs In The Phinda Resource Reserve, Kwazulu-Natal, South Africa . 45

3.7.2 HAYWARD, M.W.; ADENDORFF, J.; O’BRIEN, J.; SHOLTO-DOUGLAS,

S.; BISSET, C.; MOOLMAN, L.C.; BEAN, P.; FOGARTY, A.; HOWARTH, D.;

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SLATER, R.; KERLEY, G.I.H. The Reintroduction of Large Carnivores to the

Eastern Cape, South Africa: an Assessment................................................. 48

3.7.3 SANTOS, F.C.C.; NUNES, A.F.; SANTOS, H.F. Manejo de Gato-do-

mato-pequeno (Leopardus tigrinus) (Felidae, Carnivora) em Cativeiro e

Reintrodução em Fragmento de Mata Atlântica, Engenheiro Paulo de

Frontin, RJ ....................................................................................................... 51

3.7.4 HOUSER, A.; GUSSET, M.; BRAGG, C.J.; BOAST, L.K.; SOMERS, M.J.

Pre-release Hunting Training and Post-release Monitoring are Key

Components in the Rehabilitation of Orphaned Large Felids ...................... 52

4. Discussão ........................................................................................................... 56

4.1 Enriquecimento Ambiental na Reintrodução ................................................... 58

4.2 Fatores Para Serem Considerados na Reintrodução ...................................... 63

4.2.1 Origem do Animal: Selvagem x Cativeiro ............................................. 64

4.2.2 Território.................................................................................................. 66

4.2.3 Genética .................................................................................................. 68

4.2.4 Presença de Outros Predadores ........................................................... 69

4.2.5 Doença .................................................................................................... 69

4.3 Reintrodução no Brasil .................................................................................... 70

5. Conclusão ........................................................................................................... 74

Referências Bibliográficas .................................................................................... 75

Apêndice A................................................................................................................94

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1. Introdução

1.1. Comportamento Animal e Bem-Estar

Atualmente, muitos animais silvestres são mantidos em cativeiros, em

zoológicos, centros de reabilitação e parques (JIMENEZ, 2008; CASTRO, 2009).

Apesar de serem motivados a realizar comportamentos naturais importantes para a

sobrevivência (LORENZ, 1950), geralmente, nesses ambientes, não tem

oportunidade ou até mesmo necessidade de exibi-los (MCPHEE, 2002) e, após um

tempo, passam a apresentar padrões de comportamentos atípicos, ditos

estereotipados (DANTZER; MORMEDE, 1983).

De acordo com Hickman et al. (2004), um comportamento estereotipado é

definido como tal quando ele é executado em uma sequência ordenada e previsível.

Entre alguns exemplos de comportamento estereotipado estão: apatia;

automutilação, como morder-se e perseguir a cauda; marcas de agressão

intersexual; pacing, que é caracterizado pela repetição no padrão de deslocamento;

mastigação repetitiva (MARKOWITZ et al., 1995; WIELEBNOWSKI et al., 2002a;

MASON, 2006); balançar a cabeça; pular (VICKERY;MASON, 2003); reingerir;

regurgitar alimento e realizar coprofagia (LYONS et al., 1997 apud CASTRO, 2009).

Mason (2006) sugere que a estereotipia origina-se quando há uma grande

discrepância entre as condições oferecidas pelo cativeiro e o ambiente natural,

fazendo o animal reagir de duas maneiras: ele substitui o comportamento natural

pelo comportamento estereotipado ou ele não exibe nenhum dos dois.

As estereotipias não apresentam um objetivo, função ou propósito e podem

causar estresse ao animal: uma resposta biológica que ocorre quando um indivíduo

percebe uma ameaça a sua homeostase (MASON, 1991; MOBERG, 2000). Essa

resposta imediata a uma situação ameaçadora depende de experiência prévia do

animal com o fator estressor, genética, idade e estado fisiológico e assegura a

sobrevivência (MOBERG, 2000; HILL et al., 2008). Fisiologicamente, ocorre o

redirecionamento do fluxo sanguíneo através da constrição e dilatação de certas

veias e do aumento do débito cardíaco; a cognição é aguçada e a percepção de dor,

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entorpecida (MENDONÇA-FURTADO, 2006). Tal resposta é conhecida como

distresse quando oferece riscos ao bem estar do animal (MOBERG, 2000).

O estresse pode ser classificado em agudo e crônico. O estresse agudo é de

curta duração e o corpo responde com uma resposta breve; já o estresse crônico

envolve a exposição do animal ao fator estressante por um longo período de tempo

ou repetitivamente (HILL et al., 2008).

O estresse crônico, indicado por níveis basais elevados de corticoides, pode

ter um impacto negativo no sistema imunológico e reprodutivo, contribuindo para a

prevalência de doenças e diminuindo o sucesso reprodutivo, além de inibir a taxa de

crescimento, suprimir comportamentos exploratórios, aumentar o comportamento

anormal, causar deficiências fisiológicas e aumentar os batimentos cardíacos

(WIELEBNOWSKI et al., 2002a; TERIO et al., 2004; MORGAN; TROMBORG, 2007;

HILL et al., 2008). Mudanças no ambiente ou um ambiente inadequado, por

exemplo, pode causar estresse nos animais, o que resulta em uma alteração da

atividade adrenal (CONFORTI et al., 2011).

1.1.1. Ação dos Hormônios Relacionados ao Estresse

A glândula pituitária, ou hipófise, consiste de duas porções: a posterior,

conhecida como neurohipófise, que secreta os hormônios antidiurético (ADH) e

oxitocina, e a anterior, conhecida como adenohipófise, que secreta glicocorticoides,

como cortisona, cortisol e corticosterona (ECKERT et al., 1997; HILL et al., 2008).

Os glicocorticoides são hormônios esteroides secretados em resposta ao estresse, o

que inclui: exposição a temperaturas extremas ou outras condições ambientais

hostis, ser forçado a se exercitar vigorosamente, experimentar condições sociais

complicadas ou se ferir (HILL et al., 2008).

Na resposta ao estresse, dois eixos neurais são ativados: o Sistema Nervoso

Simpático e o eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA) (SCHWABE et al., 2012). No

eixo HPA, o estímulo primário origina impulsos nervosos que são transmitidos desde

a periferia até o hipotálamo, onde há a secreção do fator liberador de corticotropina

(FLC), que passa pelo sistema porta hipotálamo-hipófisário até a adenohipófise

(GUYTON, 1988). Lá, o FLC estimula as células adrenocorticotrópicas a produzirem

o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), que é carregado até o córtex da adrenal,

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onde estimula a secreção de glicocorticóides (Fig.1) (HILL et al., 2008). Já a

ativação do Sistema Nervoso Simpático resulta na liberação de catecolaminas a

partir da medula da adrenal (ECKERT et al., 1997), causando o aumento da

frequência cardíaca e do fluxo sanguíneo para os músculos, gerando a resposta

adequada ao estímulo estressante (JOËLS et al., 2006).

A resposta ao estresse pode influenciar alguns aspectos fisiológicos

reprodutivos: enquanto o estresse agudo ativa o sistema adrenomedular simpático,

liberando as catecolaminas noraepinefrina e epinefrina, hormônios que podem estar

relacionados com a ativação sexual, o estresse crônico tem efeitos inibitórios sobre

a reprodução (CARLSTEAD; SHEPHERDSON, 1994).

Sendo assim, é possível concluir que condições estressantes aumentam a

secreção de glicocorticoides e que, elevados níveis desse hormônio, como ocorre no

estresse crônico, influenciam vários processos fisiológicos durante a resposta ao

estresse (HILL et al., 2008).

Figura 1. Mecanismo de liberação de cortisol através do eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal. Fonte: GUYTON (1988).

1.1.2. Corticoides como Indicadores Fisiológicos de Bem-Estar

Bem-estar animal pode ser definido como a manutenção do animal em boas

condições de saúde física e mental, ou seja, é preciso garantir que o animal tenha

suas necessidades atendidas, como acesso a alimento e água, conforto, melhorias

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ambientais e prevenção de doenças infecciosas (YOUNG, 2003 apud BORGES et

al., 2011).

Já Broom e Molento (2004) sugerem que o bem-estar não pode ser

considerado um estado absoluto, mas, sim, uma gama de estados, desde o

adequado/bom até o pobre/ruim. Além disso, também sugerem uma relação entre

estresse e bem-estar, de forma que, se houver estresse, o bem-estar pode tornar-se

pobre.

Hediger (1964) apud Blackshaw (1986) postulou que o bem-estar do animal

depende da possibilidade da realização de certas atividades específicas da própria

espécie. Segundo Clarke et al. (1995) apud Santos et al. (2005), a avaliação do

bem-estar pode ser realizada através de dois parâmetros: fisiológicos e

comportamentais, sendo o nível de cortisol o parâmetro fisiológico mais utilizado. Já

em relação ao parâmetro comportamental, as estereotipias são os indicativos mais

confiáveis (MASON; LATHAM, 2004).

De acordo com Carlstead et al. (1992 apud MOREIRA et al., 2007) a análise

de corticoides no sangue e na urina pode funcionar como indicador fisiológico da

atividade da adrenal e resposta ao estresse; porém as coletas em si podem causar

uma resposta estressante, já que envolvem a imobilização e até anestesia do animal

(REINHARDT et al., 1990 apud MONFORT et al., 1998). Assim, o desenvolvimento

de técnicas não invasivas de monitoramento de esteroides fecais, foi uma nova

forma de pesquisar respostas fisiológicas estressantes (MOREIRA et al., 2007),

sendo bem sucedido em estudos com carneiro selvagem (MILLER et al., 1991 apud

MONFORT et al., 1998), gatos domésticos (GRAHAM; BROWN, 1996) e cães

selvagens africanos (MONFORT et al., 1998).

A medição de metabólitos corticoides fecais oferece diversas vantagens: é

uma técnica simples que não interfere nos resultados do estudo, pode ser usada em

estudos de longa duração e envolve uma análise endócrina não-invasiva e de risco

mínimo para os animais. Além disso, esse método é muito útil para pesquisas

envolvendo manejo, transporte, etologia, biologia da conservação e estudos

ambientais (MOSTL; PALME, 2002).

O trabalho realizado por Wielebnowski et al. (2002b) confirmou a importância

do monitoramento não-invasivo de hormônios fecais como uma ferramenta valiosa

para examinar o impacto de fatores ambientais e sociais e possíveis distúrbios nas

funções reprodutivas e atividade adrenal em espécies selvagens.

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Wielebnowski et al. (2002a) demonstraram que as concentrações de

corticóides fecais refletiam corretamente as respostas da adrenal para os felídeos:

foi observado que leopardos nebulosos contidos em recintos de baixa altura

apresentavam maiores concentrações de metabólitos corticoides fecais se

comparados com os animais que estavam em recintos de maior altura, isso porque

são animais árbóreos e um recinto de maior altura possui maior área para os

animais escalarem.

Em outro estudo, Moreira et al. (2007) observou um aumento na concentração

de metabólitos corticoides fecais em três fêmeas de gato-do-mato-pequeno e duas

fêmeas de maracajá após serem transferidas de um recinto grande para um menor e

estéril. Após enriquecer o recinto pequeno, houve uma recaída dessa concentração,

porém, apenas nos gatos-do-mato-pequeno.

Entretanto, Castro (2009) sugere que, para melhor compreender as respostas

fisiológicas aos estímulos, os dados comportamentais devem se analisados

juntamente com os de glicocorticoides.

1.2. Enriquecimento Ambiental

Com objetivo de reduzir os níveis de estresse e aumentar as atividades

físicas, além de melhorar as condições de saúde e desempenho reprodutivo

(CARLSTEAD, 1996), podem ser implementado um programa de enriquecimento

ambiental, que é uma ferramenta usada para criar ambientes mais estimulantes e

complexos que promovem um melhoramento psicológico e fisiológico de animais em

cativeiro (SKIBIEL et al., 2007).

De acordo com Yu et al. (2009), o enriquecimento ambiental reduz o estresse

crônico causado pelas limitações do cativeiro, pela dificuldade em apresentar um

comportamento de caça e pela perturbação causada por outros animais e humanos.

Além disso, cria um ambiente no qual o animal possa expressar seus

comportamentos naturais, tais como forragear, investigar, caçar e esconder-se

quando não quiser ser visto (CARLSTEAD; SHEPHERDSON, 1994; SWAISGOOD;

SHEPHERDSON, 2005).

Há aspectos morais e éticos envolvidos na questão da implantação do

enriquecimento ambiental, já que, cada vez mais os seres humanos acreditam no

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conceito de que apresentam similaridades funcionais com outras espécies (BOERE,

2001). Sendo assim, comportamentos estereotipados consternam o público e

causam preocupação sobre o bem-estar e o estresse dos animais (SWAISGOOD;

SHEPHERDSON, 2006). Além disso, para Jimenez (2008), o enriquecimento

ambiental repercute de maneira favorável na diminuição de patologias, o que gera

uma diminuição de custos por medicamentos, tratamentos, diagnósticos, tempo de

manejo e gastos de pessoal e instalações.

1.2.1. Histórico

As primeiras tentativas feitas pelo homem de manter animais em cativeiro

datam da pré-história e, por uma série de razões, humanos são atraídos por animais

não-humanos (BLACKSHAW, 1986). Sendo assim, as iniciativas voltadas para a

melhoria da qualidade de vida dos animais cativos têm sido registradas desde 1911

(YOUNG, 2003 apud NASCIMENTO, 2010). De acordo com Linburg (1998), o

desenvolvimento do enriquecimento ambiental ocorreu em três fases: a fase

passiva, seguida pela fase instrumental e, por fim, a fase científica.

Na passiva, a preocupação dos zoológicos estava focada nos custos de

manutenção, em manter o ambiente limpo, e na comodidade para os visitantes

(LINDBURG, 1998). Nessa época, os psicólogos E. L. Thorndyke e J. B. Watson

desenvolveram uma metodologia de estudo através da qual, apenas eventos que

poderiam ser diretamente observados e quantificados, eram considerados. Apesar

de necessária e bem sucedida em sua época, essa abordagem encorajava uma

observação mecânica dos animais, ignorando suas necessidades psicológicas, de

um ponto de vista cientifico (SHEPHERDSON, 1998).

O conceito geral de enriquecimento ambiental foi criado no início do século

passado, sendo que, foi o trabalho de Yerkes com primatas, em 1925, que propôs a

ideia de que deveriam ser oferecidas estruturas adicionais nos recintos dos animais,

fazendo com que a importância do enriquecimento ambiental passasse a ser

reconhecida (SHEPHERDSON, 1998; ADAMS, 2007).

O efeito do enriquecimento ambiental tem sido examinado em diferentes

contextos desde 1960 por psicólogos que estudam a influência do ambiente no

aprendizado. A maioria dessas investigações compara os comportamentos, as

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habilidades de aprendizado e as variáveis fisiológicas entre os animais que vivem

em ambientes enriquecidos e não enriquecidos (SHEPHERDSON, 1998).

Entretanto, as pesquisas mais relevantes da década de 1950 e 1960 foram

realizadas por Hediger: em 1955, ele propôs que treinamento e brincadeiras

deveriam ser usados como terapia ocupacional em animais cativos; em 1964,

expandiu o conceito de enriquecimento ambiental, postulando que a qualidade do

recinto era mais importante do que o tamanho do mesmo; por fim, em 1969, propôs

que os recintos de zoológicos deveriam conter tudo o que fosse necessário para que

o animal pudesse realizar os comportamentos apresentados na natureza

(SHEPHERDSON, 1998; ADAMS, 2007; PIZZUTTO et al., 2009).

Vários estudos com resultados significativos e importantes para o

desenvolvimento do enriquecimento ambiental foram realizados entre as décadas de

1960 e 1970. Em 1960, Kortland aplicou seu conhecimento em comportamento

animal na natureza para o desenvolvimento de recintos de chimpanzés em

zoológicos. Em 1964, Morris descreveu alguns comportamentos anormais que se

desenvolveram quando as necessidades psicológicas dos animais eram ignoradas.

Em 1968, a pesquisa de Meyer-Holzapfel chamou a atenção para o papel dos

fatores ambientais no desenvolvimento de comportamentos anormais em animais de

zoológicos (SHEPHERDSON, 1998). Em 1973, Watson realizou o primeiro estudo

de enriquecimento ambiental em um zoológico (NASCIMENTO, 2010).

Na segunda fase da história do enriquecimento ambiental, denominada

instrumental, houve a introdução de vários objetos ocupacionais, muitas vezes sem

apresentar benefícios aos animais (LINDBURG, 1998). Em 1982, Markowitz adotou

o enriquecimento ambiental para melhorar os recintos de animais de zoológico

(SHEPHERDSON, 1998). Isso fez com que houvesse uma mudança no foco das

pesquisas em laboratórios e zoológicos: ao invés de serem focadas em quais

objetos eram oferecidos, começou-se a se pesquisar o motivo de determinados

objetos serem oferecidos e serem mais benéficos (LINDBURG, 1998).

Por fim, a última fase, chamada de científica, é caracterizada por tentativas de

definir, cientificamente, bem estar psicológico; há uma ênfase maior em planejar

estratégias e responder questões teóricas, por exemplo, entender porque algumas

abordagens funcionam e outras não (LINDBURG, 1998). Em 1990, o enriquecimento

ambiental passou a fazer parte dos programas de manejo das instituições (ADAMS,

2007). Dessa forma, o ambiente de cativeiro deveria replicar, ao máximo, as

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características físicas e sociais essenciais do ambiente natural, de maneira que o

animal conservasse seus comportamentos naturais no novo ambiente (HANCOCKS,

1980).

Ao longo do século passado, quando a maioria dos zoológicos foi

estabelecida, o homem passou a ter maior ciência dos impactos que o ambiente

fechado e restrito tinha sobre os animais selvagens e a maneira como o animal

deveria ser apresentado também passou a ser melhor bem compreendida

(SEIDENSTICKER; FORTHMAN, 1998). Então, a partir dessa época, alguns

zoológicos começaram a substituir os recintos estéreis que eles possuíam por

recintos que simulavam o habitat do animal e não permitia contato direto com o

público (ADAMS, 2007).

1.2.2. Formas de Enriquecimento Ambiental

Existem diversas técnicas de enriquecimento ambiental que podem ser

aplicadas em animais cativos. Essas técnicas são divididas em cinco categorias:

físico, alimentar, sensorial, cognitivo e social (BOSSO, 2008; PEREIRA et al., 2009;

CHESTER ZOO, 2015).

1.2.2.1. Enriquecimento Ambiental Físico

O enriquecimento ambiental físico (Fig.2) tem como objetivo aumentar a

complexidade do recinto, o que pode ser feito com a adição de elementos físicos

como terra, vegetação, palha e árvores, criando barreiras que providenciam abrigo

para os animais se esconderem quando não quiserem ser vistos e promovem um

comportamento territorial e social (SWAISGOOD; SHEPHERDSON, 2005); além

disso, a vegetação e substrato também atraem fauna de fora, como pássaros e

insetos, para dentro do recinto, o que oferece uma grande variedade de estímulos

(PITSKO, 2003). Segundo Morgan e Tromborg (2007), galhos com folhagens

providenciam proteção contra o calor excessivo, funcionando também como isolante

térmico em caso de baixas temperaturas. Os animais também podem brincar com os

galhos (CASTRO, 2009). A área útil do recinto pode ser aumentada ao se adicionar

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acessórios que permitam a movimentação do animal tanto vertical quanto

horizontalmente (MAPLE; PERKINS, 1996).

Figura 2. Recinto de primatas enriquecido com troncos, redes e cordas, no Zoológico de Brasília, Brasília, Brasil. Fonte: Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (2015).

Um ambiente que propicia novas fontes de informação oferece oportunidades

para os animais desenvolverem comportamentos exploratórios, essenciais para sua

sobrevivência, já que é através deles que os animais conseguem reunir informações

sobre potenciais fontes de alimento e distribuição de recursos (CUMMINGS et al.,

2007; YU et al., 2009). Para isso, todos os aspectos do ambiente natural devem ser

incorporados no recinto, na escala correta (SEIDENSTICKER; FORTHMAN, 1998).

1.2.2.2. Enriquecimento Ambiental Alimentar

O enriquecimento ambiental alimentar (Fig.3) tem o propósito de manter o

comportamento de alimentação o mais parecido com o comportamento natural de

caça (CASTRO, 2009). Segundo Szokalski et al. (2012), é possível estimular esse

comportamento através do oferecimento de brinquedos e objetos, itens alimentícios

diferentes e mudanças na rotina de alimentação.

Em cativeiro, a comida oferecida é substancialmente diferente da consumida

na natureza, por isso, alimentar-se não é um desafio para o animal (MORGAN;

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TROMBORG, 2007). Swaisgood e Shepherdson (2006) e McPhee (2002) sugerem

que, nesse tipo de enriquecimento, podem ser ofertadas presas vivas, com o intuito

de estimular um comportamento de captura e, também, carcaças. Manipular a

porção de alimento oferecida aos animais, a qualidade e a forma como ele é

apresentado também podem afetar positivamente os níveis de estereotipias,

entretanto, esse enriquecimento não é universalmente bem sucedido (CLUBB;

VICKERY, 2006).

Figura 3. Girafa interagindo com enriquecimento alimentar oferecido no zoológico de Honolulu, Hawai, Estados Unidos. Fonte: Zoológico de Honolulu (2015).

Markowitz e Aday (1998) observaram que um enriquecimento ambiental

envolvendo a perseguição de uma presa artificial, manteve os animais exercitados e

saudáveis, além de permitir a detecção de uma hérnia em um dos indivíduos.

1.2.2.3. Enriquecimento Ambiental Sensorial

Outro tipo de enriquecimento ambiental é o sensorial (Fig.4). Segundo Yu et

al. (2009), o odor é uma das formas mais eficientes de induzir um comportamento de

exploração. Nesse caso, algumas especiarias podem ser ofertadas, como: canela,

pimenta em pó, cominho (SKIBIEL et al., 2007) e cravo-da-índia (CASTRO, 2009),

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sendo salpicadas por todo o recinto (CARNIATTO et al., 2009), além do uso de

óleos essenciais, ervas, odores estimulantes (YU et al., 2009), fezes de outros

animais, substratos de outros recintos (SZOKALSKI et al., 2012) e urina (CLARK;

KING, 2008).

Em seu estudo com leopardos, Markowitz et al. (1995) distribuiu quatro caixas

de som ao longo do recinto que eram acionadas por sensores de movimento. Como

resultado desse enriquecimento, houve um aumento do nível de atividade e

diminuição de comportamentos estereotipados do animal.

Figura 4. Urso polar interagindo com enriquecimento sensorial. Fonte: Tudo de Cão (2015).

1.2.2.4. Enriquecimento Ambiental Cognitivo

O enriquecimento ambiental cognitivo (Fig.5) envolve soluções de problemas

através de atividades (CHESTER ZOO, 2015). De acordo com Bloomsmith et al.

(1991) apud Nascimento (2010), esse enriquecimento consiste em dispositivos

mecânicos, como quebra-cabeças, que trabalham o psicológico e a capacidade

intelectual do animal. Em seu trabalho, Nascimento (2010) demonstra como essa

prática é importante para o desenvolvimento mental e físico dos animais, já que, em

seus resultados, após aplicação do enriquecimento cognitivo, houve um aumento na

diversidade de comportamentos selvagens, do número de cópulas e do tempo de

forrageio, ao mesmo tempo em que ocorreu uma redução dos comportamentos

estereotipados.

Em seu estudo com macacos-prego, Mendonça-Furtado (2006) observou que

o uso de ferramentas (pedras) para quebra de cocos pode ser bem sucedido,

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contanto que os animais tenham aprendido esse comportamento. Logo, os animais

que quebraram os cocos, interagiram mais com o enriquecimento ambiental do que

aqueles que não quebraram.

Figura 5. Araras azuis interagindo com quebra-cabeça oferecido no Zoológico de Phoenix, Phoenix, Estados Unidos. Fonte: Zoológico de Phoenix (2015).

Essa forma de enriquecimento é de extrema importância, pois, no caso de

uma translocação ou de uma reintrodução, um animal com habilidades cognitivas

reduzidas ficará mais vulnerável, terá dificuldade para se adaptar a um novo

ambiente e sofrerá com diversos problemas, por exemplo: não conseguir realocar

seus recursos alimentares o fará gastar muito tempo e energia procurando novos

recursos, tornando-o suscetível a predadores (TEIXEIRA et al., 2007).

1.2.2.5. Enriquecimento Ambiental Social

O enriquecimento ambiental social (Fig.6) consiste na criação de uma

interação intra ou interespecífica no recinto. Isso pode ser realizado através da

introdução temporária, alternada ou permanente de casais ou grupos, sendo eles da

mesma espécie ou de espécies diferentes (PITSKO, 2003; SOUZA, 2009;

CHESTER ZOO, 2015).

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Figura 6. Grupo de suricatos vivendo no mesmo recinto e interagindo com um enriquecimento ambiental alimentar no Zoológico de Lisboa, Portugal. Fonte: Zoológico de Portugal (2015).

De maneira mais detalhada, Bloomsmith et al. (1991) apud Nascimento

(2010), subdivide o enriquecimento social em: contato (co-específico e

interespecífico) e sem contato (visão, audição, dispositivo cooperativo e humano e

não-humano). É o tipo que traz mais resultados positivos com primatas, já que são

animais que vivem em bandos (REINHARDT; REINHARDT, 2000 apud BOERE,

2001). Porém, também houve resultados positivos no estudo de Macri e Patterson-

Krane (2011) com leopardo das neves: os felinos que permaneceram no recinto com

outro indivíduo da mesma espécie passaram a apresentar comportamentos

específicos da espécie, incluindo comportamento social e vocalização.

Ainda dentro da prática de enriquecimento ambiental, há uma forma

conhecida como Everything-but-the-kitchen-sink (Fig.7), no qual várias formas de

enriquecimento são oferecidas simultaneamente, com o propósito de aumentar a

complexidade do recinto, imitando o ambiente natural, fazendo com que, dessa

forma, haja uma estimulação sensorial por parte do animal (SAWISGOOD;

SHEPHERDSON, 2006), já que um ambiente mais complexo e imprevisível pode

diminuir os comportamentos estereotipados (CARLSTEAD, 1998). Entretanto, ao

aplicá-lo, torna-se difícil avaliar o impacto que cada enriquecimento teve sobre os

animais (CASTRO, 2009) e a grande quantidade de estímulos recebidos

simultaneamente pode causar estresse, gerando um efeito contrário ao esperado

(LINDBURG, 1998).

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Figura 7. Nesse recinto é possível identificar três tipos de enriquecimento ambiental: físico, alimentar e social, no Zoológico de Atlanta, Geórgia, Estados Unidos. Fonte: Gorillas Ssp (2015).

É preciso programar e planejar quais enriquecimentos serão oferecidos, já

que a interação do animal e o estímulo que ele recebe do ambiente do zoológico

varia com a história natural da espécie (SEIDENSTICKER; FORTHMAN, 1998). Em

seu trabalho, Pitsko (2003), observou que nunca é tarde para um animal ter um

ambiente enriquecido, de forma que os animais mais velhos de seu estudo, apesar

de menos ativos, também interagiram com os enriquecimentos ambientais

oferecidos. Ao mesmo tempo, sexo, interação prévia com alguma forma de

enriquecimento e nível de controle que o animal tem em procurar, interagir ou

ignorar esse novo estímulo do ambiente também influenciam a eficácia dessa prática

(LINDBURG, 1998; MENCH, 1998).

Além disso, o enriquecimento ambiental não deve ser oferecido por um longo

período, pois perdem o sentido de novidade, como observado por Pitsko (2003). Em

seu trabalho, Mendonça-Furtado (2006) só manteve os enriquecimentos dentro do

recinto durante o período de observação.

1.3. Carnívoros

Os carnívoros fazem parte da Ordem Carnivora, dentro da Classe Mammalia,

do filo Chordata, no reino Animalia (IUCN, 2013). Essa ordem é composta por

animais que apresentam, em sua maioria, hábitos predatórios, possuem dentes

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adaptados para comer carne (HICKMAN et al., 2004) e as fêmeas apresentam longo

tempo de gestação (JULE et al., 2008). São os membros mais especializados das

comunidades de vida livre e ocupam maiores áreas territoriais, além de

influenciarem na abundância e comportamento de suas presas (RABINOWITZ;

WALKER, 1991). A captura do alimento dos carnívoros envolve perseguir, correr,

emboscar e matar a presa (LINDBURG, 1998). Além disso, esse grupo tem

prevalência na manifestação de estereotipias, sendo que os indivíduos que

apresentam maior estereotipia, geralmente, possuem maiores sinais de estresse

(CLUBB; VICKERY, 2006).

Dentro dessa ordem se encontra a família Felidae, um dos grupos com maior

diversidade de carnívoros e que inclui espécies que variam em tamanho que vão

desde 1 kg até mais de 230 kg (MOREIRA, 2001) e que, devido a sua história

recente na evolução, apresentam morfologia muito similar entre si (KITCHENER et

al., 2010).

1.3.1. Felinos

Felinos atraem a atenção de pesquisadores, pois tem uma tendência maior a

apresentar estereotipias, são considerados animais carismáticos e fazem parte da

fauna que corre risco de ameaça (CLUBB; VICKERY, 2006; HUNTER;

RABINOWITZ, 2009). De acordo com Pitsko (2003), a megafauna carismática é

caracterizada por apresentar espécies de grande porte, atraentes e em estado de

conservação preocupante.

Apesar de haver literatura sobre esses animais, são poucos os trabalhos

práticos de enriquecimento ambiental voltado para felinos. Essa área de pesquisa

ainda pode se expandir, mas já ocorreu um grande progresso quanto ao número de

artigos publicados sobre enriquecimento ambiental (AZEVEDO et al., 2007).

Também há pouca literatura sobre a reintrodução desses animais porque, apesar de

grandes carnívoros serem tema frequente nos esforços de reintrodução, o

monitoramento pós-soltura é pobre, então não se tem informações sobre o resultado

dos projetos (HUNTER, 1998). Além disso, muitos projetos fracassam, com a grande

maioria dos animais morrendo logo após a soltura, ocasionando certa relutância em

denunciar as falhas (SARRAZIN; BARBAULT,1996; TEIXEIRA et al., 2007).

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Na natureza, a maioria das espécies de felinos é solitária (BEKOFF et al.,

1984 apud CARNIATTO et al., 2009), entretanto, em algumas espécies, os adultos

colaboram para defender território, recursos, parceiras ou prole própria

(MACDONALD et al., 2010a). Sendo assim, as interações intraespecíficas podem

ser limitadas ao período de reprodução e de cuidado da prole (SUNQUIST;

SUNQUIST, 2002 apud MACDONALD et al., 2010b). Além disso, são considerados

espécies-chave, pois promovem o equilíbrio direto ou indireto dos níveis tróficos,

sendo que sua conservação determina a área e o tipo de habitat que devem ser

protegidos (HÜBNER; LINK, 2011).

Os felinos enfrentam várias adversidades em seu ambiente natural, tais como,

caça para a comercialização de peles e para troféu; aumento na exploração de

recursos e perda de habitat, que influencia na disponibilidade de presas e os força a

viver próximos de comunidades humanas, resultando em conflito homem-animal,

como ataque a pessoas e gado, o que leva à retaliação contra felinos (INSKIP;

ZIMMERMANN, 2009; HÜBNER, LINK, 2011). A perda de habitat também pode

causar um menor fluxo gênico entre subpopulações, aumentando, à longo prazo, as

chances de endogamia (JOHNSON et al., 2010).

Membros da família Felidae estão presentes em todos os continentes e nas

ilhas de Borneo e Trindad, com exceção da Australasia e Antártica (MACDONALD et

al., 2010b), sendo que 8 das 35 espécies tem ocorrência no Brasil (MATTERN;

MCLENNAN, 2000): Panthera onca Linneaus, 1758, Leopardus pardalis Linneaus,

1758, Leopardus wiedii Schinz, 1821, Leopardus geoffroyi d’Orbigny & Gervais,

1844, Leopardus tigrinus Schreber, 1775, Leopardus colocolo Molina, 1782, Puma

yagouaroundi (Lacépède, 1809) e Puma concolor Linneaus, 1771.

1.3.2. Felinos Brasileiros

A onça pintada, Panthera onca, (Fig. 8A, B), está largamente distribuída (Fig.

8C), entretanto, é mais comum na Floresta Amazônica, Pantanal e Cerrado

(MACDONALD et al., 2010b). É um animal de hábitos noturnos, terrestre, mas que

apresenta afinidade pela água (MATTERN; MCLENNAN, 2000) e se alimenta,

principalmente, de grandes ungulados (SEYMOUR, 1989). Segundo a lista de

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espécies ameaçadas da International Union for Conservation of Nature (IUCN)

(2014), é considerada como quase ameaçada.

Figura 8. Onça pintada. A. Espécime adulto macho. Fonte: Panthera (2015). B. Espécime adulto macho melânico, no Wildcat Sanctuary, em Minnesota (EUA). Fonte: Wildcat Sanctuary (2015a). C. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

A jaguatirica, Leopardus pardalis (Fig. 9A, B), é o único felino de porte médio

encontrado no neotrópico e um dos mais bem distribuídos (MACDONALD et al.,

2010b), sendo encontrado em Manguezais, Pântanos Costeiros, Campos Savânicos

e em todos os tipos de Florestas Tropicais, em todos os países ao sul dos Estados

Unidos, menos o Chile (Fig. 9C) (NOWELL; JACKSON, 1996). Apresenta hábito

noturno e terrestre (MATTERN; MCLENNAN, 2000) e se alimenta principalmente de

mamíferos, como roedores e marsupiais de pequeno porte e aves (BAZILIO et al.,

2011). Seu status de conservação é pouco preocupante (IUCN, 2014).

O maracajá, Leopardus wiedii (Fig.10A), é encontrado do México até o sul da

América Central, na bacia do rio Amazonas, no sul do Brasil e no Paraguai (Fig.

10B) (NOWELL; JACKSON, 1996). Apresenta hábito arbóreo (MATTERN;

MCLENNAN, 2000), predominantemente crepuscular-noturno (OLIVEIRA, 1998). De

acordo com Sunquist e Sunquist (2002 apud MACDONALD et al., 2010b), sua dieta

é baseada em pássaros, répteis, frutas e insetos. Seu status de conservação é

quase ameaçado devido ao desmatamento (IUCN, 2014).

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Figura 9. Jaguatirica. A. Espécime adulto. Fonte: Arkive (2015). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

Figura 10. Maracajá. A. Espécime adulto. Fonte: Globo (2013). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

O gato-do-mato-grande, Leopardus geoffroyi (Fig. 11A), é encontrado em

habitats abertos, incluindo os Pampas, Cerrado e Florestas e próximo ao Deserto,

no noroeste da Argentina até os Andes (Fig. 11B) (MACDONALD et al., 2010b). É

um animal de hábito terrestre, com afinidade pela água e noturno (MATTERN;

MCLENNAN, 2000). No Brasil, pode se alimentar de peixes e sapos (SUNQUIST;

SUNQUIST, 2002 apud MACDONALD et al., 2010b), além de pequenos roedores,

pássaros e pequenos mamíferos (MACDONALD et al., 2010b). Em decorrência de

ataques ao gado doméstico, é uma espécie considerada como quase ameaçada

(IUCN, 2014).

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Figura 11. Gato-do-mato-grande, no Wildcat Sanctuary, em Minnesota (EUA). A. Espécime adulto. Fonte: Wildcat Sanctuary (2015). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

O gato-do-mato-pequeno, Leopardus tigrinus (Fig.12A), habita biomas como

Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Campos Sulinos e Amazônia (OLIVEIRA, 1994

apud MOTTA; REIS, 2009) e está distribuído desde o norte da Costa Rica até o sul

do Brasil e nordeste da Argentina (Fig. 12.B) (OLIVEIRA et al., 2008). Apresenta

hábito crepuscular-noturno, mas com um tempo razoável de atividade diurna,

alimentando-se de pequenos mamíferos, pássaros e lagartos (MACDONALD et al.,

2010b). Devido à perda de habitat, a IUCN (2013) o considera como uma espécie

vulnerável.

Figura 12. Gato-do-mato-pequeno. A. Espécime filhote. Fonte: Jabaquara News (2013). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

O gato palheiro, Leopardus colocolo (Fig. 13A), habita o norte da Argentina,

centro do Brasil, leste do Peru e Bolívia (Fig. 13B) (MATTERN; MCLENNAN, 2000).

Sua alimentação inclui pequenos mamíferos e pássaros (NOWELL; JACKSON,

1996). Por ser impactado pela perda e degradação de habitat e retaliação por

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ataque a aves domésticas (MACDONALD et al., 2010b), seu status de conservação

é quase ameaçado (IUCN, 2014).

Figura 13. Gato palheiro. A: espécime adulto fêmea, no Zoológico de Gramado (RS). Fonte: Diário de Canoas (2014). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

O gato mourisco, Puma yagouaroundi (Fig.14A), habita Floresta Tropical

Pluvial, Desertos abertos, Matagais e Pradarias (NOWELL; JACKSON, 1996). É

tanto terrestre quanto arbóreo, ativo durante o dia e a noite (MATTERN;

MCLENNAN, 2000). É encontrado desde o México até a Bacia Amazônica, além do

Paraguai e Argentina (Fig.14B) e, mesmo ameaçado pela perda de habitat, seu

status de conservação é pouco preocupante (IUCN, 2014).

Figura 14. Gato mourisco. A. Espécime adulto, no Zoológico de São Paulo (SP). Fonte: Maria Fernanda Aidar (2015). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

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A onça parda, Puma concolor (Fig. 15A), está largamente distribuída entre os

mais diversos habitats e ocorre desde o Canadá até o Chile e o Brasil (Fig. 15B)

(JUNIOR et at., 2003). Tem hábito terrestre, tanto diurno quanto noturno (MATTERN;

MCLENNAN, 2000) e alimenta-se de presas de médio porte (MACDONALD et al.,

2010b). Está ameaçada por perda e fragmentação de habitat, redução de suas

presas selvagens e perseguição devido a ataques ao gado doméstico, porém, tem

status pouco preocupante (IUCN, 2014).

Figura 15. Onça parda. A: espécime adulto macho. Fonte: Wildcat Sanctuary (2015b). B. Distribuição geográfica. Fonte: IUCN Red List (2008).

Existem cinco critérios para avaliar as sete categorias da Lista Vermelha da

IUCN (Pouco Preocupante, Quase Ameaçado, Vulnerável, Em Perigo, Criticamente

em Perigo, Extinto na Natureza, Extinto), são eles: redução do tamanho da

população; distribuição geográfica sob a forma de extensão da ocorrência ou de

área de ocupação ou ambas; tamanho estimado da população menor do que 250

indivíduos maturos (declínio continuado em pelo menos 25%); tamanho estimado da

população inferior a 50 indivíduos maturos e análise quantitativa que demonstra que

a probabilidade de extinção na natureza é pelo menos de 50 % em 10 anos ou 3

gerações. Entretanto, uma espécie classificada em uma das categorias não é

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suficiente para determinar a prioridades para ações conservacionistas; essas

categorias apenas apresentam uma avaliação dos riscos de extinção em

circunstâncias atuais (IUCN, 2000).

1.4. Conservação e Reintrodução

Segundo Vidolin et al. (2003) apud Castro (2009), a redução da densidade

populacional de carnívoros do topo da cadeia trófica pode afetar o ecossistema e o

equilíbrio ecológico, por isso a conservação dessas espécies é de extrema

importância. Uma importante estratégia para evitar a extinção de espécies é através

da conservação ex situ, que envolve a manutenção de indivíduos em cativeiro

(CASTRO, 2009). O cativeiro proporciona um ambiente onde é possível realizar

pesquisas em condições controladas, oferecendo uma oportunidade de entender os

fatores relacionados às espécies animais com abordagens que não são viáveis em

estudos em ambiente natural (WIELEBNOWSKI et al., 2002a). Além disso, vários

estudos indicaram que a fecundidade e as taxas de sobrevivência são mais altas

nos animais cativos do que nos animais selvagens (ROBERT, 2009).

Os zoológicos, por exemplo, deveriam desempenhar vários papéis na

conservação ex situ: manter uma população saudável e sustentável, servindo como

fonte de genes das espécies em cativeiro e aumentar a consciência do público

quanto às espécies e sua importância ecológica (CONFORTI et al., 2011), porém, o

uso dos animais como ferramenta educativa é mais efetivo quando os animais

realizam comportamentos naturais da espécie (SHETTEL-NEUBER, 1988). Além

disso, também deveriam realizar o manejo, a propagação e a reintrodução de

espécies ameaçadas (FORTHMAN; OGDEN, 1991).

Apesar de importante, há alguns problemas relacionados com essa forma de

conservação: um ambiente inapropriado de cativeiro tem efeitos danosos ao

comportamento e à fisiologia do animal (CARLSTEAD, 1996). Além disso, manter

uma espécie não doméstica em cativeiro pode atrapalhar a total expressão do

potencial genético e reprodutivo dos indivíduos (CONFORTI et al., 2011). Wiggs et

al. (1997) apud Junior et al. (2003) sugere que animais mantidos em cativeiro tem

maiores chances de apresentar anormalidades dentárias devido ao estresse,

nutrição e textura da dieta.

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Os felinos, por ocuparem grandes áreas territoriais na natureza, sofrem mais

em cativeiro e tornam-se mais vulneráveis a problemas relacionados ao seu bem-

estar (CLUBB; VICKERY, 2006); isso porque passam a maior parte do tempo de

atividade diária fazendo escolhas sobre quando e onde forragear, o que comer, com

qual indivíduo interagir e onde dormir e, no cativeiro, essas escolhas são limitadas

(CUMMINGS et al., 2007).

A conservação e sobrevivência da vida selvagem não é possível sem a

intervenção de conservacionistas, biólogos, zoológicos, aquários e veterinários ao

redor do mundo (KELLY et al., 2013). Um dos fatores que deve ser levado em

consideração para o sucesso da conservação é manter os comportamentos naturais

em animais de cativeiro para serem reintroduzidos em seus habitats naturais

(MCPHEE; CARLSTEAD, 2010). Outro fator é a diversidade genética: a preservação

da variabilidade genética de traços responsivos à seleção que permitam adaptação

e mudanças evolucionárias é essencial (ALLEN et al., 2010).

Uma maneira de restaurar a biodiversidade é através da reintrodução de uma

espécie em uma área que já fora seu território histórico, mas de onde foi extinta e da

translocação de indivíduos de uma área territorial para outra, esperando que esses

animais sobrevivam, estabeleçam uma nova população e se reproduzam (GRIFFITH

et al., 1989; MATHEWS et al., 2006; IUCN, 2013). Entretanto, programas de

reintrodução se deparam com o balanço entre benefícios do tempo em cativeiro com

o dano potencial que o cativeiro causou, em termos de deterioração de

comportamento (VICKERY; MASON, 2003), de forma que as mudanças na história

de vida e no comportamento de indivíduos dessas populações trazem uma

desvantagem quanto à reintrodução dos animais (MCPHEE; CARLSTEAD, 2010).

Os predadores são uma parte importante da comunidade biológica, porém a

reintrodução de felinos é particularmente difícil pois eles vivem em baixas

densidades, necessitam de grandes áreas territoriais com uma grande variedade de

presas e precisam de tempo para aperfeiçoar os comportamentos de caça,

normalmente ensinados pelos adultos da espécie (FORDER, 2006; SUNQUIST;

SUNQUIST, 2002 apud KELLY; SILVER, 2009). Apesar disso, a reintrodução de

animais cativos na natureza se tornou uma potencial ferramenta de conservação e é

amplamente aceita por pesquisadores (SEIDENSTICKER; FORTHMAN, 1998).

Assim, considerando que esses animais são espécies-chave, ou seja,

enriquecem o funcionamento do ecossistema, de forma que a sua diminuição pode

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33

induzir modificações na estrutura do ecossistema e perda da biodiversidade,

alterando todos os níveis tróficos (GARIBALDI; TURNER, 2004) e que a

reintrodução de felinos selvagens na natureza é de extrema importância para a

conservação do ecossistema e das próprias espécies de felinos, o presente estudo

de revisão bibliográfica tem como objetivo pesquisar e analisar métodos de

enriquecimento ambiental utilizados em programas de reintrodução de felinos,

compilando informações dispersas na literatura, servindo de subsídio para futuras

pesquisas e ações de conservação.

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34

2. Material e Métodos

O método utilizado foi o levantamento bibliográfico e seleção de bibliografia

ideal para o objetivo do estudo: pesquisar métodos de enriquecimento ambiental

aplicados a felinos, para melhoria do bem-estar, da qualidade de vida e capacitação

do animal a sobreviver no meio natural após ser reintroduzido.

O levantamento bibliográfico dos artigos selecionados para o resultado foi

realizado através das bases de dados Scielo, Science Direct, Google Acadêmico e

Research Gate; de sites de organizações nacionais e internacionais, como Instituto

Pró-Carnívoros, World Wildlife Fundation (WWF), Wildwood National Park e Projeto

Onçafari; das revistas científicas Biological Conservation, Zoo Biology e Animal

Applied Behaviour Science; da biblioteca online do Instituto Smithosian (Smithsonian

Environmental Research Center), da Universidade de Cambridge e da Universidade

de Oxford. Também foram usados livros disponíveis na biblioteca do Centro de

Ciências Biológicas e Áreas da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie

(UPM), na biblioteca do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP)

e na biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Univeridade de

São Paulo (USP).

Como serão analisados trabalhos que relacionam o enriquecimento ambiental

à reintrodução dos felinos, foi feita uma seleção de bibliografias em que havia uma

relação entre eles. Para isso, foram pesquisados artigos científicos, teses e

dissertações com as palavras-chave ‘programas de reintrodução’, ‘reintrodução de

felinos’, ‘reabilitação e reintrodução’, ‘enriquecimento ambiental e reintrodução’,

‘programas de reintrodução com felinos selvagens’ e ‘reintrodução de felinos no

Brasil’. A pesquisa foi realizada tanto em português quanto em inglês, em um

intervalo de tempo de 20 anos, entre 1994 e 2014.

A seleção dos artigos dependia da relação entre enriquecimento ambiental e

reintrodução. Para escolher tais artigos, foram definidos alguns critérios de exclusão:

o primeiro foi a base de dados escolhida; o segundo foi a palavra-chave, assim,

artigos de outras áreas de pesquisa que não fossem relacionados ao tema do

presente trabalho já eram desconsiderados. O terceiro critério foi as revistas

pesquisadas, ou seja, foram escolhidas revistas que eram mais prováveis de conter

artigos relevantes para o presente trabalho. O quarto critério era o ano da

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35

publicação, de forma que se o artigo não se encontrasse dentro do período de 20

anos da pesquisa, ele era desconsiderado. O quinto critério de seleção foi o título, se

o artigo apresentasse palavras como ‘reintrodução’, ‘soltura’, ‘monitoramento pós-

soltura’ ou se indicasse que se tratava de um programa de reintrodução, ele era

selecionado. O sexto critério foi a espécie, sendo que apenas trabalhos que

envolvessem alguma espécie de felino brasileiro ou exótico, seriam selecionados.

Por fim, o último critério envolvia a leitura do resumo do artigo: se o resumo

estivesse de acordo com o objetivo do presente trabalho, o artigo era lido em sua

totalidade e selecionado; se não, era desconsiderado.

O resultado foi dividido em tópicos por palavras-chave. Dentro de cada tópico,

foi indicado o resultado da pesquisa de acordo com os critérios explicados

anteriormente. No final dos resultados, foram apresentados os resumos dos artigos

selecionados que relacionavam reintrodução com enriquecimento ambiental.

A discussão também foi dividida em tópicos: primeiramente, será discutida a

influência do enriquecimento ambiental no sucesso dos projetos de reintrodução; em

seguida, fatores que influenciam o sucesso da reintrodução e, por fim, será tratada a

reintrodução no Brasil.

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36

3. Resultados

A base de dados que apresentou maior número de artigos totais foi a Science

Direct, com 67,46% (n=1.159) dos resultados, sendo seguida pelo Google

Acadêmico, com 20,43% (n=351), Cambridge Journal, com 12,04% (n=207) e, por

último, base de dados Scielo, com 0,05% (n=1) dos resultados, totalizando 1.718

artigos. Nas outras plataformas, não foram encontrados artigos de importância

significativa para os resultados.

Na base de dados Scielo, apenas 1 artigo foi encontrado com a palavra-chave

‘Reintrodução Animal’, porém após a leitura de seu resumo, ele não foi selecionado

para ser discutido.

3.1. Palavra-Chave: Reintroduction Programs

Na base de dados Science Direct, a pesquisa com a palavra-chave

‘Reintroduction Programs’ resultou em 9.759 artigos. Ao selecionar as revistas

Biological Conservation, Trends in Ecology and Evolution, Applied Animal Behaviour

Science, Animal Behavior, Journal for Nature Conservation, e Encyclopedia of

Biodiversity, esse número diminuiu para 1.074. Dentro do intervalo de tempo de 20

anos, foram encontrados 876 artigos.

Os títulos dos artigos foram lidos, de forma que foram selecionados 48 artigos

que continham a palavra ‘reintrodução’ no título ou que o título indicava que se

tratava de um programa de reintrodução. Após a leitura dos resumos desses 48

artigos, nenhum deles foi selecionado para ser discutido nesse trabalho. Ambos os

resultados estão discriminados na Tabela 1.

A mesma pesquisa foi realizada na base de dados Google Acadêmico. Nesse

caso, foram encontrados 26 artigos, sendo que 3 desses apresentavam a palavra-

chave no título e não apresentavam relação com felinos. Portanto, nenhum artigo

dessa pesquisa foi selecionado.

Através do Cambridge Journal, foram encontrados 1.464 artigos. Após

selecionar as revistas Oryx e Animal Conservation e o intervalo de 20 anos, esse

número diminuiu para 167. Entre eles, 3 foram selecionados pelo título, sendo 2

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37

artigos do ano de 2004 e 1 artigo do ano de 2000; porém, nenhum deles foi

selecionado pelo resumo (Tabela 2).

TABELA 1. Artigos encontrados através da pesquisa na base de dados Science Direct, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra-chave ‘Reintroduction Programs’.

Ano Número de Artigos Totais Número de Artigos Relacionados ao Tema

1994 15 0

1995 25 1

1996 33 1

1997 22 1

1998 14 5

1999 29 3

2000 19 2

2001 31 1

2002 27 3

2003 34 0

2004 47 2

2005 43 4

2006 47 2

2007 68 3

2008 39 2

2009 46 4

2010 50 4

2011 66 2

2012 44 1

2013 111 3

2014 66 4

TOTAL 876 48

TABELA 2. Artigos encontrados através da pesquisa no site do Cambridge Journal, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra-chave ‘Reintroduction Programs’.

Ano Número de Artigos Totais

1998 10

1999 19

2000 15

2001 7

2002 5

2003 14

2004 21

2005 14

2006 7

2008 3

2009 7

2010 5

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Continuação Tabela 2.

Ano Número de Artigos Totais

2013 6

2014 5

TOTAL 167

3.2. Palavra-Chave: Felids Reintroduction

Na base de dados Science Direct, a pesquisa com a palavra-chave ‘Felids

Reintroduction’ resultou em 183 artigos. Ao selecionar as revistas Biological

Conservation, Applied Animal Behaviour Science, Animal Behvaiour, Tigers of the

World, Animal Reproduction Science e Trends in Ecology and Evolution, esse

número diminuiu para 67. Dentro do intervalo de tempo de 20 anos, foram

encontrados 60 artigos. O resultado está discriminado na Tabela 3.

TABELA 3. Artigos encontrados através da pesquisa no site Science Direct, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra-chave ‘Felids Reintroduction’.

Ano Número de Artigos Totais

1994 2

1997 1

1998 1

1999 1

2001 1

2003 1

2004 2

2005 2

2006 2

2007 3

2008 2

2009 4

2010 8

2011 8

2012 3

2013 8

2014 11

TOTAL 60

Após a leitura dos títulos, foram selecionados 4 artigos, sendo que 2 artigos

eram do ano de 1994 e 2 eram do ano de 1995. Após a leitura dos resumos,

nenhum deles foi selecionado para o resultado.

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Na base de dados Google Acadêmico, 33 artigos foram encontrados. Desses,

3 artigos foram selecionados devido a palavra-chave, título e ano de publicação.

Após a leitura dos resumos, 1 (HUNTER, 1998) foi selecionado para ser discutido.

No site do Cambridge Journal, seguindo o mesmo processo de seleção, foram

encontrados 4 artigos; após a leitura de seus resumos, 1 (HAYWARD et al., 2007a)

artigo foi selecionado para ser discutido.

3.3. Palavra-Chave: Rehabilitation and Reintroduction

Na base de dados Science Direct, a pesquisa com a palavra-chave

‘Rehabilitation and Reintroduction’ resultou em 1.252 artigos. Ao selecionar as

revistas Biological Conservation, Journal for Nature Conservation e Encyclopedia of

Biodiversity, esse número diminuiu para 120. Dentro do intervalo de tempo de 20

anos, foram encontrados 111 artigos. O resultado está discriminado na Tabela 4.

TABELA 4. Artigos encontrados através da pesquisa no site Science Direct, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra-chave ‘Rehabilitation and Reintroduction’.

Ano Número de Artigos Totais

1994 20

1997 1

1998 2

1999 3

2000 3

2001 10

2002 3

2003 2

2004 7

2005 3

2006 7

2007 10

2008 6

2009 5

2010 4

2011 11

2012 3

2013 6

2014 5

TOTAL 111

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Após a leitura do título dos artigos, foram selecionados 3 artigos, sendo que 1

artigo era do ano de 2000; 1 artigo era do ano de 2008 e 1 artigo era do ano de

2013. Após leitura dos resumos, nenhum artigo foi selecionado para o resultado.

Através da pesquisa realizada no Google Acadêmico, foram encontrados 3

artigos, sendo que nenhum deles estava relacionado com o objetivo da pesquisa,

portanto, nenhum foi selecionado.

A pesquisa no Cambridge Journal resultou em 78 artigos com essa palavra-

chave; 28 encontravam-se dentro do intervalo de tempo de 20 anos entre 1994 e

2014. Após a leitura dos títulos, nenhum artigo foi selecionado para ser discutido. O

resultado dessa pesquisa está discriminado na Tabela 5.

TABELA 5. Artigos encontrados através da pesquisa no site do Cambridge Journal, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra-chave ‘Rehabilitation and Reintroduction’.

Ano Número de Artigos Totais

1995 3

1997 4

1998 3

1999 3

2000 5

2004 3

2007 3

2008 4

TOTAL 28

3.4. Palavra-Chave: Reintroduction Programs Wild Felids

Na base de dados Science Direct, a pesquisa com a palavra-chave

‘Reintroduction Programs Wild Felids’ resultou em 129 artigos. Ao selecionar as

revistas Biological Conservation, Applied Animal Behaviour Science, Encyclopedia of

Biodiversity, Trends in Ecology and Evolution, Animal Behavior e Encyclopedia of

Animal Behavior, esse número diminuiu para 47. Após selecionar o período de

tempo de 20 anos, esse número diminuiu para 44. O resultado dessa pesquisa está

discriminado na Tabela 6.

Entre os 44 artigos encontrados, 10 artigos estavam relacionados a felinos; 7

artigos estavam relacionados a carnívoros; 5 artigos estavam relacionados a

herbívoros; 5 artigos estavam relacionados a mamíferos; 1 artigo estava relacionado

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a reintrodução; 1 artigo estava relacionado a enriquecimento ambiental e 15 artigos

estavam relacionados a outros assuntos. A Figura 16 apresenta um resumo desses

resultados.

TABELA 6. Artigos encontrados através da pesquisa na base de dados site Science Direct, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra-chave ‘Reintroduction Programs Wild Felids’.

Ano Número de Artigos Totais

1994 1

1998 1

1999 1

2003 1

2004 1

2005 2

2006 2

2007 2

2008 1

2009 2

2010 4

2011 8

2012 1

2013 10

2014 7

TOTAL 44

Figura 16. Artigos encontrados através da pesquisa no site Science Direct, entre os anos de 1994 e 2014, com a palavra chave “Reintroduction Programms Wild Felids”.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Science Direct 1994-2014 Palavra chave: Reintrodcution Programs Wild Felids

Número Total de Artigos

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Após a leitura dos resumos dos artigos relacionados a felinos, reintrodução e

enriquecimento ambiental, nenhum artigo foi selecionado para ser discutido.

No Google Acadêmico, 2 artigos com a palavra chave “Reintroduction of Wild

Felids” foram selecionados. Porém, após a leitura de seus resumos, nenhum deles

foi escolhido.

Através da pesquisa realizada no Cambridge Journal, foram encontrados 4

artigos, sendo que apenas 1 estava dentro das especificações desse trabalho. Ao ler

seu resumo, ele não foi selecionado.

3.5. Palavra-Chave: Rehabilitation and Environmental Enrichment

Na base de dados Science Direct, a pesquisa com a palavra-chave

‘Rehabilitaion and Environmental Enrichment’ resultou em 1.950 artigos. Ao

selecionar as revistas Biological Conservation, Journal of Environmental

Management e Science of the Total Environment, esse número diminuiu para 84.

Dentro do intervalo de tempo de 20 anos, foram encontrados 68 artigos. Após a

leitura do título dos artigos, nenhum foi selecionado. O resultado dessa pesquisa

está discriminado na Tabela 7.

No Google Acadêmico, foram encontrados 8 artigos com essa palavra-chave.

Desses, 3 foram selecionados. Após a leitura dos resumos, apenas 1 (HOUSER et

al., 2011) foi selecionado para ser discutido.

Por fim, a pesquisa realizada no Cambridge Journal resultou em 4 artigos,

porém, nenhum deles foi selecionado para ser discutido.

TABELA 7. Artigos encontrados através da pesquisa no site Science Direct, entre os anos 1994 e 2014, com a palavra chave ‘Rehabilitation and Environmental Enrichment’.

Ano Número de Artigos Totais

1994 4

1995 9

1997 1

1998 1

2002 2

2003 2

2004 2

2005 1

2006 4

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Continuação Tabela 7.

Ano Número de Artigos Totais

2008 3

2009 6

2010 9

2011 3

2012 9

2013 6

2014 6

TOTAL 68

3.6. Palavra-Chave: Reintrodução de Felinos no Brasil

No Google Acadêmico, com a palavra-chave ‘Reintrodução de Felinos no

Brasil’, em um período de 20 anos, foram encontrados 279 artigos. Após a

classificação por título, foi selecionado 1 (SANTOS et al., 2010) para ser discutido.

Na base de dados Science Direct e no site Cambridge Journal, a pesquisa

não obteve nenhum resultado. O Quadro 1 apresenta o resultado final de forma

esquematizada.

Quadro 1: Resultados selecionados, com autor/ano, título do trabalho, veículo de publicação e base de dados onde foi encontrado, em ordem cronológica.

Autor/Ano Título Veículo de Publicação

Base de Dados

HUNTER, 1998 The Behavioural Ecology of Reintroduced Lions and Cheetahs on the Phinda Resource Reserve, Kwazulu-Natal, South Africa

Tese de Doutorado para a Faculdade de Ciências Biológicas e Agrícola, da Universidade de Petroria, África do Sul

Google Acadêmico

HAYWARD et al., 2007a

The reintroduction of large carnivores to the Eastern Cape, South Africa: an assessment

Oryx Cambridge Journals

SANTOS et al., 2010

Manejo de Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) (Felidae, Carnivora) em Cativeiro e Reintrodução em Fragmento de Mata Atlântica, Engenheiro Paulo de Frontin, RJ

I Simpósio de Pesquisa em Mata Atlântica

Google Acadêmico

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Continuação Quadro 1. Autor/Ano Título Veículo de

Publicação Base de Dados

HOUSER et al., 2011

Pre-release Hunting Training and Post-release Monitoring are Key Components in the Rehabilitation of Orphaned Large Felids

South African Journal of Wildlife Reserach

Google Acadêmico

Contraditatoriamente, apesar da base de dados Science Direct apresentar o

maior número de artigos, nenhum deles foi selecionado. 75% (n=3) foi encontrado

na base de dados Google Acadêmico e 25% (n=1) através do Cambridge Journal.

A Tabela 8 mostra uma comparação entre o número de artigos relacionados com o

tema e o número de artigos selecionados, efetivamente, em cada base de dado.

TABELA 8. Comparação entre número de artigos relacionados ao tema encontrados nas bases de dados e número de artigos efetivamente selecionados.

Base de dados Artigos Relacionados ao

Tema

Artigos Selecionados

Science Direct 6 0

Google Acadêmico 10 1

Cambridge Journal 5 3

Scielo 1 0

TOTAL 22 4

Dentro do período de 20 anos, havia uma extensa lista de artigos tratando de

programas de reintrodução, envolvendo diversas espécies de animais. Porém,

apenas 4 artigos relacionam técnicas de enriquecimento ambiental com a

reintrodução de felinos: Hunter (1998); Hayward et al. (2007a); Santos et al. (2010);

Houser et al. (2011), sendo que apenas um deles, Santos et al. (2010), trata de

espécies brasileiras.

A seguir, serão apresentados resumos dos 4 artigos selecionados,

explicitando os métodos empregados, os tipos de enriquecimento e o sucesso do

programa de reintrodução (de acordo com os pesquisadores de cada estudo).

3.7. Projetos de Reintrodução

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3.7.1. HUNTER, L.T.B. The Behavioural Ecology Of Reintroduced Lions

And Cheetahs In The Phinda Resource Reserve, Kwazulu-Natal, South

Africa

Esse projeto teve como objetivo reestabelecer a população de leões

(Panthera leo) e guepardos (Acinonyx jubatus) na Phinda Resource Reserve, na

província de Kwazulu-Natal, África do Sul, uma reserva de 17.000 hectares

delimitada por cercas elétricas e próxima a outras reservas e florestas estaduais.

Para isso, foi realizado um estudo de 40 meses, entre Maio de 1992 e Setembro de

1995, tratando dos seguintes aspectos: reabilitação envolvendo enriquecimento

ambiental; monitoramento pós-soltura, no qual foram registrados os movimentos dos

animais; estabelecimento de território; características das populações; geração de

filhotes; impacto da predação nos herbívoros e pressão dos animais sobre as

presas.

No total, foram reintroduzidos 13 leões e 15 guepardos, sendo que esses

eram originados da Namíbia, África do Sul e Botswana e os guepardos, da África do

Sul, todos nascidos na natureza. O programa foi realizado na reserva Phinda, pois

não havia nenhum indivíduo de nenhuma das duas espécies residindo nela, porém

havia um pequeno número de leopardos (Panthera pardus) e hienas-malhada

(Crocuta crocuta).

A soltura dos animais ocorreu em sete locais diferentes dentro da reserva,

sendo que cada soltura era um evento a parte, para que os animais de cada grupo

tivessem tempo de estabelecer um território antes da chegada de outros indivíduos.

A primeira soltura foi de um grupo de 6 guepardos adultos, sendo 2 machos e 4

fêmeas (nenhum deles aparentado entre si ou entre outros indivíduos

reintroduzidos). A segunda foi de um grupo de 7 leões, sendo 2 fêmeas adultas, 2

machos juvenis e 3 fêmeas juvenis (as fêmeas adultas não apresentavam grau de

parentesco com nenhum outro animal do grupo ou com outros indivíduos

reintroduzidos, enquanto os juvenis eram do mesmo bando).

A terceira soltura foi de um trio de 3 guepardos machos adultos (sendo que 2

deles eram irmãos e 1 não apresentava parentesco com os demais). A quarta

soltura foi de um grupo de 6 leões, sendo 1 fêmea adulta, 3 machos juvenis e 2

fêmeas juvenis (as 3 fêmeas não eram aparentados entre si ou entre outros

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indivíduos reintroduzidos; 2 juvenis eram irmãos e 1 juvenil não era aparentado a

nenhum dos outros indivíduos). A quinta foi de um trio de 3 guepardos fêmeas

juvenis, todas da mesma ninhada. A sexta soltura foi de 1 guepardo fêmea adulta,

cujo o grau de parentesco com os outros animais é desconhecido. Por fim, a sétima

soltura foi de um grupo de 2 guepardos machos adultos que não apresentavam

nenhum grau de parentesco entre si ou entre outros indivíduos reintroduzidos.

Todos os indivíduos do grupo eram mantidos juntos, em um recinto pré-

soltura, que consistia em um espaço de 80m x 80m, com uma cerca de 3,5m de

altura e vegetação densa para o animal se refugiar. Durante o período de

aclimatação (6 a 8 semanas), eram oferecidas carcaças completas de ungulados a

cada 2-5 dias, aproximadamente, 5kg de carne por dia, por indivíduo. Nesse

período, os animais eram acostumados à presença de turistas e veículos. Depois de

soltos, os animais não receberam comida dos tratadores.

Para a soltura, todos os animais receberam identificações na forma de

espécie/sexo/número, por exemplo, CM2 era a identificação para ‘cheetah male 2’

(guepardo macho 2) e assim por diante. Entretanto, apenas determinado macho de

cada grupo que era reintroduzido recebeu um radiocolar, pois a reserva recebe

visitantes que poderiam não gostar de ver uma animal com o aparelho. Então, ao

fazer as observações dos animais após a soltura, só se conseguiriam informações

dos animais que ficassem próximos ao que apresentava o radiocolar.

Após a soltura, as observações eram feitas a uma distância de 20-50m.

Durante a primeira semana após serem soltos, tanto os leões quanto os guepardos

permaneceram dentro do raio de 1km de distância dos recintos, sendo que animais

que foram soltos juntos, tenderam a permanecer juntos. Algumas fêmeas se

separaram após três semanas e, no caso dos leões, os machos e as fêmeas se

separaram logo após a soltura. Nos primeiros três meses, os animais já estavam em

um raio de 10km de distância da área de soltura.

Nos animais que sobreviveram depois da reintrodução, foi observado o

estabelecimento de território muito parecido com o de outras regiões. Isso sugere

que a reintrodução é um método viável para reestabelecer felinos em áreas de sua

antiga distribuição. Entre os indivíduos que não sobreviveram, 38,8% (n=7) das

mortes foram causadas pela caça com laços de arame (2 guepardos e 5 leões);

16,6% (n=3) das mortes foram causadas após um incidente entre 3 leoas e um

turista, que resultou em sua morte; 5,5% (n=1) das mortes ocorreram após uma

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47

fêmea de guepardo com seu filhote escaparem da reserva; 5,5,% (n=1) das mortes

foram causadas por atropelamento (guepardo); 33% (n=6) dos guepardos morreram

devido a conflitos com outros carnívoros. No total, 8 leões e 10 guepardos

morreram. Portanto, 5 leões e 5 guepardos sobreviveram.

Também foi possível ter o controle do ciclo estral de todas as leoas, tendo,

assim, o controle da época de acasalamento e do nascimento de filhotes, de forma

que foi possível estimar que os leões geraram 7,2 filhotes por ano. Os guepardos

também eram monitorados e geraram 8,0 filhotes por ano: 2 fêmeas de guepardos

foram observados filhotes junto de uma delas. A morte de alguns filhotes ocorreu por

causas naturais.

O crescimento da população sofreu flutuações durante a primeira parte do

estudo, o que indica o começo da reprodução e perdas logo após a reintrodução.

Após esse período, houve um crescimento constante do número de indivíduos das

duas espécies, ao mesmo tempo em que houve uma diminuição da mortalidade e

aumento da reprodução.

Após a reintrodução, tanto os leões quanto os guepardos tiveram sucesso no

forrageamento, sendo que as presas principais dos leões eram gnus (Connochaetes

gnou), zebras (Família Equidae), javalis (Gênero Phacochoerus) e nialas

(Tragelaphus angasii), enquanto guepardos caçaram, principalmente, reduncas

(Redunca redunca), nialas e impalas (Aepyceros melampus). Os padrões de

predação dos leões e guepardos introduzidos foram semelhantes aos de animais

selvagens.

A predação de gnus pelos leões causou um declínio da população desses

herbívoros na reserva. O mesmo ocorreu com a população de reduncas caçadas

pelos guepardos. Esse é um dos problemas enfrentados ao se reestabelecer a

relação presa-predador em uma área pequena.

Um grande problema que a maioria dos programas de reintrodução sofre é a

falta de monitoramento, sendo que, sem ele, é praticamente impossível saber o que

aconteceu com os animais. O que ajudou no monitoramento dos animais da Phinda

Reserve foi que é uma reserva protegida por cercas, então, os animais não

poderiam sair do perímetro estabelecido e que os animais ficaram em um recinto

pré-soltura por um tempo antes de serem, efetivamente, reintroduzidos.

Um fator muito importante para se levar em consideração na reintrodução é o

tamanho da reserva na qual os animais serão soltos e o número de indivíduos, para

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que todos os animais consigam estabelecer um território e não haja cruzamentos

consanguíneos.

3.7.2. HAYWARD, M.W.; ADENDORFF, J.; O’BRIEN, J.; SHOLTO-

DOUGLAS, S.; BISSET, C.; MOOLMAN, L.C.; BEAN, P.; FOGARTY,

A.; HOWARTH, D.; SLATER, R.; KERLEY, G.I.H. The Reintroduction of

Large Carnivores to the Eastern Cape, South Africa: an Assessment

O estudo de Hayward et al. (2007a) sobre a reintrodução de carnívoros

africanos foi dividido em 3 artigos que foram publicados no ano de 2007, de forma

que informações de dois deles – Hayward et al. (2007a,b) - foram utilizadas para

maior detalhamento do processo de reintrodução. Entretanto, existem dados

discrepantes ao se considerar os dois artigos, portanto, só os dados congruentes

foram considerados para o presente estudo.

Esse projeto teve como objetivo descrever a reintrodução de várias espécies

de grandes carnívoros na Província de Eastern Cape, na África do Sul. Desde 1996,

onze áreas de conservação delimitadas por cercas (Addo Elephant, Amakhala,

Blaauwbosch, Great Fish River Complex, Kariega, Kwandwe, Lalibela, Pumba,

Samara, Scotia e Shamwari) reintroduziram cães-selvagens africanos (Lycaon

pictus), hienas malhada, hienas-marrom (Hyaena brunnea), guepardos, leopardos,

leões e servais (Leptailurus serval). Como o presente trabalho trata da reintrodução

de felinos, só serão expostos os resultados referentes a eles.

Antes de serem áreas de conservação, os onze locais de soltura eram

fazendas e áreas de pastoreio com solo pobre, que foram transformadas em

reservas, Game Farms e parques, com o propósito de aumentar o ecoturismo da

região. Essas terras já apresentavam chacais-de-dorso-negro (Canis mesomelas),

caracais (Caracal caracal), lobos-da-terra (Proteles cristatus), leopardos e ratéis

(Mellivora capensis) e populações estabelecidas de leopardos, guepardos, servais e

caracais.

No recinto pré-soltura, os animais foram acostumados a cercas elétricas,

veículos e outros indivíduos da mesma espécie dentro de um novo grupo social.

Carcaças foram oferecidas e os animais foram condicionados, de forma a associar o

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som de um apito com alimentação; isso facilitou o manejo dos animais para

determinadas atividades.

A primeira reintrodução de leões foi em Scotia no ano de 1996 e envolveu 6

indivíduos juvenis (3 machos e 3 fêmeas), com 15 meses de idade. No início, eles

caçavam sozinhos, mas quando o número de presas disponíveis diminuiu, eles

receberam alimentação complementar dos tratadores. Até 2005, os indivíduos se

reproduziram 5 vezes, gerando um total de 13 filhotes, porém, 14 indivíduos foram

removidos da população, totalizando uma população final da área de 5 indivíduos.

Os primeiros leões foram reintroduzidos em Shamwari em 2000. Os 6

indivíduos adultos foram divididos em 2 grupos (cada grupo com 1 macho adulto e 2

fêmeas adultas) e se reproduziram 3 vezes até 2005, gerando 13 filhotes; desses, 2

morreram por causas não explicadas. Por fim, 7 indivíduos foram removidos,

resultando em uma população final de 15 indivíduos.

O número de leões reintroduzidos inicialmente em 2001 (2 machos adultos e

2 fêmeas adultas) em Kwandwe triplicou até 2005, totalizando 12 indivíduos

(geração de 16 filhotes, sendo que 8 sobreviveram). Em Lalibela, foram

reintroduzidos 3 indivíduos juvenis (2 machos e 1 fêmea), em 2003, que geraram 2

filhotes, mas um macho foi removido da área após a morte de quatro girafas, de

forma que a população na área era de 4 leões.

Em Addo, foram reintroduzidos dois grupos de leões, em 2003, sendo que a

população fundadora era composta por 6 indivíduos (1 macho adulto, 1 macho

juvenil e 1 fêmea juvenil). Até 2005, quatro ninhadas nasceram, sendo que apenas 3

filhotes da última ninhada sobreviveram, totalizando 9 leões na área.

Em Kariega, houve a reintrodução de 4 indivíduos adultos (2 machos e 2

fêmeas), em 2004, que não se reproduziram até 2005, resultando em uma

população de 4 indivíduos. Leões também foram reintroduzidos em Pumba, porém,

os dados são discrepantes, então, foram desconsiderados.

A reintrodução de leões foi a mais bem sucedida. Considerando os dados

discrepantes, em 2005, a população consistia em 56 indivíduos, sendo que 35 deles

foram frutos da reintrodução e foram observados 49 filhotes nascidos. Por ano, após

a soltura, foram gerados 7,3 filhotes. Apenas 2 leões adultos morreram desde que a

reintrodução começou e os leões foram a causa da maioria das mortes de outras

espécies.

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Um guepardo adulto fêmea foi reintroduzido em Shamwari em 2002.

Kwandwe já apresentava guepardos quando outros 6 indivíduos adultos (4 machos

e 2 fêmeas) foram reintroduzidos em 2001; 3 indivíduos (1 macho juvenil, 1 fêmea

adulta e 1 fêmea juvenil) foram reintroduzidos em 2002 e outros 2 indivíduos (1

macho adulto e 1 fêmea juvenil) em 2003. Os guepardos dessa reserva tiveram alto

índice de mortalidade, sendo que 45,45% (n=5) foram mortos por leões, 27,27%

(n=3) por um grupo de guepardos machos e 9,09% (n=1) de causas desconhecidas.

Até 2005, a área continha 12 indivíduos.

Em Samara, 3 guepardos adultos (1 macho e 2 fêmeas) foram reintroduzidos,

em 2003, e geraram 5 filhotes, de forma que, em 2005, havia 8 indivíduos habitando

a área. Em Amakhala, entre 2004 e 2005, 5 indivíduos adultos (2 machos e 3

fêmeas) foram reintroduzidos e todos sobreviveram. Em Pumba, foram

reintroduzidos 2 indivíduos juvenis (1 macho e 1 fêmea), em 2005. Por fim, em

Lalibela, 2 indivíduos foram reintroduzidos em 2005 e não sobreviveram. Os dados

de Blaauwbosch foram discrepantes, portanto, não foram considerados.

A reintrodução de guepardos foi a menos bem sucedida: considerando os

dados discrepantes, houve a reintrodução de 36 animais e geração de 23 filhotes

(5,8 filhotes por ano), sendo que 69,49% (n=41) dos indivíduos sobreviveram até

2005. Os guepardos sofreram as maiores taxas de mortalidade desde que a

reintrodução começou (23,72%). Ela ainda foi menos bem sucedida quando

predadores dominantes estavam presentes na mesma área. Em Blaauwbosch e

Samara, o número de guepardos aumentou na ausência de espécies ameaçadoras,

como leões ou hienas malhada.

Quanto aos leopardos, 2 indivíduos juvenis (1 macho e 1 fêmea) nascidos na

natureza foram reabilitados e reintroduzidos em Shamwari, em 2001; 2 fêmeas

juvenis em 2003 e 2 adultos (1 macho e 1 fêmea) em 2004; 2 indivíduos (1 fêmea

adulta e 1 juvenil de sexo desconhecido) em Pumba, em 2005. Um jovem macho

adulto foi reintroduzido em Addo, em 2004, e uma fêmea, em 2006. Leopardos

selvagens foram avistados em Blaauwbosch. Não houve avistamento de filhotes em

Shamwari apesar de ter sido avistado cópula entre indivíduos. Devido a dificuldades

no monitoramento, não se sabe o tamanho da população de leopardos em Eastern

Cape, porém, os autores acreditam que, pelo menos, 7 indivíduos estavam vivos.

Os dados relacionados a servais reintroduzidos em Shamwari eram

discrepantes entre os artigos e foram desconsiderados. Em 2005, 5 servais foram

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reintroduzidos em Kwandwe, porém, 1 saiu da reserva e o tamanho da população é

desconhecido. Servais foram observados em fazendas adjacentes a Addo em 2000

e em 2005. Nenhuma das áreas dentro de Eastern Cape apresentava o habitat mais

propício para servais, o que pode explicar a dificuldade em reintroduzir essa espécie

nas reservas da região.

Baseado em observações, todas as espécies reintroduzidas, com exceção do

leopardo, geraram filhotes e todas tiveram um aumento no número de animais a

partir dos primeiros reintroduzidos. Leões se tornaram superabundantes, sendo que

apenas essa espécie passou dos 50 indivíduos em idade reprodutora.

O autor, ao considerar a definição de sucesso como ‘uma população capaz de

se reproduzir após 3 anos e com mais nascimentos do que mortalidade’, concluiu

que as reintroduções que ocorreram nas onze áreas de conservação em Eastern

Cape foram bem sucedidas.

3.7.3. SANTOS, F.C.C.; NUNES, A.F.; SANTOS, H.F. Manejo de Gato-

do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) (Felidae, Carnivora) em

Cativeiro e Reintrodução em Fragmento de Mata Atlântica, Engenheiro

Paulo de Frontin, RJ

O objetivo desse trabalho foi reintroduzir um filhote de gato-do-mato-pequeno

fêmea, através do desenvolvimento das habilidades de caça e comportamento

natural da espécie. O indivíduo foi enviado para o Instituto Zoobotânico de Morro

Azul (RJ, Brasil), pelo IBAMA. Entre Dezembro de 2008 e Abril de 2009 foram

realizadas análises clínicas e comportamentais no indivíduo.

O animal foi mantido em um ambiente de semicativeiro, até completar 9

meses de idade, localizado na Fazenda do Anil, no município de Miguel Pereira, Rio

de Janeiro. O recinto apresentava 12,5m², uma porta de cambiamento, vegetação,

terra batida com rochas e água corrente para simular um pequeno córrego. Não se

sabe a origem do indivíduo.

Durante um mês, para evitar estresse do animal, a alimentação consistia em

carne bovina, aves, ovo cru e banana. Após esse período, foi oferecido o

enriquecimento ambiental alimentar com presas vivas de roedores (camundongo-do-

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mato (Oryzomys flayescens) e camundongo (Mus musculus)), aves (rolinha-roxa

(Columbina talpacoti) e coturnix japonês (Coturnix japonica)) e répteis (Tropidurus

torquatus).

Foi observada uma evolução gradativa no comportamento de caça do

indivíduo: a primeira tentativa de consumir uma presa viva (camundongo-do-mato)

falhou, porém, após quinze dias, outras presas vivas foram oferecidas e

devidamente consumidas. Essa aptidão à caça sugere que o animal estava

preparado para ser reintroduzido.

A soltura ocorreu em Junho de 2009, na Serra do Pau Ferro, um fragmento

florestal que se estende pelo município Engenheiro Paulo Frontin e faz divisa com

outros dois municípios (Miguel Pereira e Paracambi), formando um corredor

ecológico de 4.390 hectares. Essa foi a área escolhida, pois, de acordo com a

literatura, a espécie ocorre na reserva biológica do Tinguá, a 10km de distância da

área de soltura. Até a época da apresentação do resumo em um Simpósio, em 2010,

o indivíduo não havia retornado à área de cativeiro, sugerindo o sucesso de sua

reintrodução.

3.7.4. HOUSER, A.; GUSSET, M.; BRAGG, C.J.; BOAST, L.K.;

SOMERS, M.J. Pre-release Hunting Training and Post-release

Monitoring are Key Components in the Rehabilitation of Orphaned

Large Felids

O artigo de Houser et al. (2011) sobre a reintrodução de felinos africanos faz

parte de sua tese de mestrado (2008), cujas informações foram utilizadas para maior

detalhamento do processo de reintrodução.

O objetivo desse trabalho foi reabilitar e reintroduzir órfãos nascidos na

natureza de 2 espécies de grandes felinos, guepardo e leopardo, através do

desenvolvimento de habilidades de caça e pela limitação do contato humano, com o

propósito de aumentar o sucesso da reintrodução. Para isso, também foi realizado o

monitoramento pós-soltura para confirmar se os indivíduos se estabeleceram com

sucesso no novo ambiente. O estudo foi realizado entre Janeiro de 2005 e

Novembro de 2009, em Botswana, África, sendo que esse é um dos primeiros

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processos documentados de reabilitação e soltura de órfãos nascidos na natureza

de duas espécies de grandes felinos.

Os 3 guepardos eram órfãos nascidos na natureza: as 2 fêmeas (identificadas

como A1 e G2) tinham 3 meses de idade quando foram retiradas da natureza e

levadas para uma fazenda (com propósito de reprodução e venda); o terceiro

guepardos, macho (identificado como D3), tinha 3 meses de idade quando foi

retirado da natureza e levado para uma fazenda, onde ficou preso por uma corda e

interagiu com humanos. Os indivíduos foram confiscados pelo Departamento de

Vida Selvagem e Parques Nacionais (Departament of Wildlife and National Parks –

DWNP) e levados para o Cheetah Conservation Botswana. As fêmeas chegaram ao

centro de conservação com 3 meses de idade e, o macho, com 6 meses: durante

esse tempo de vida, era improvável que tivessem algum conhecimento sobre caça

ou desenvolvido um comportamento de caça característico da espécie.

Os animais foram reabilitados na base Jwaneng do Cheetah Conservation

Botswana, na Jwana Game Reserve (19.000 hectares) no sul de Botswana, no

mesmo recinto com área de 20x40m, coberto por lona para reduzir o contato visual

com humanos ao mínimo, área de cambiamento, abrigo com plataforma de madeira,

duas a três árvores, arbustos e grama, corredor com portão guilhotina para controlar

o acesso e separar os animais quando preciso. Apesar de ficarem no mesmo

recinto, o macho ficou separado das fêmeas por um portão, podendo fazer contato

visual por 3 dias, antes de ser solto para se juntar a elas; nessa ocasião, as fêmeas

tinham 5 meses de idade e, o macho, 8 meses.

Durante o período de reabilitação, os indivíduos eram alimentados com 1,5-

3,0kg de carne com ossos, uma vez por dia, seis dias da semana, com um dia por

semana sem receber alimento. Aos 9 meses (A1 e G2) e 12 meses (D3), foram

introduzidas galinhas vivas pela primeira vez. Com 12-15 meses a quantidade de

vezes na semana que eram alimentados variava (1-3 dias sem alimento) para

simular a imprevisibilidade do sucesso da caça na natureza. Durante o tempo que

ficaram no recinto, os guepardos eram introduzidos a animais mortos e presas vivas,

incluindo aves, coelhos e presas selvagens, para induzir o comportamento de caça e

permitir que eles reconhecessem suas presas quando fossem soltos.

Os animais ficaram nesse recinto pelo período de um ano e meio, no qual,

raramente brincaram ou interagiram com os objetos de enriquecimento oferecidos

(bolas, garrafas de plástico contendo pedras, pernas e caudas).

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No recinto pré-soltura, de 100 hectares, foi oferecida uma carcaça de impala

que foi atacada imediatamente. A primeira vez que os guepardos mataram um

impala foi nesse recinto. Quando separados, todos os indivíduos foram bem

sucedidos ao matar uma presa, porém, quando juntos, as tarefas eram divididas.

Após 2 meses nesse recinto, os guepardos começaram a apresentar um

comportamento mais natural em relação à carcaça, abandonando-a após algumas

horas e nunca voltando a ela, ao invés de se alimentar da mesma carcaça por 3

dias, como faziam no início. O comportamento de brincar foi observado mais vezes

nesse recinto do que no recinto de Jwaneng.

Os guepardos aprenderam, com sucesso, a caçar pequenas e grandes

presas, havendo um melhoramento das habilidades de caça ao longo do tempo: no

começo, havia marcas de estrangulamento nas presas, com gargantas rasgadas,

mas, após 4 semanas, não havia nenhuma marca, o que é característico das

habilidades de guepardos selvagens.

Das 24 vezes que foram observados caçando, os animais tiveram sucesso

em 41,7% (n=10) delas, sendo que, em 75% das vezes, mais de um guepardo

estava envolvido na atividade. Individualmente, A1 apresentou um sucesso de

44,4%; G2, de 16,6% e D3 de 55,5 %, caçando, principalmente impalas (66,6%) e

raficero-comum (Raphicerus campestris) (20,5%), desses, 61,5% eram adultos.

Também se alimentaram de pequenos pássaros, lagomorfos, roedores e um chacal,

só comendo carcaças nos dias que eram caçadas.

Após 7 meses nesse recinto, os guepardos (A1/G2 com 23 e D3 com 26

meses de idade) foram transferidos para a área de soltura em uma Game Farm de

9.000 hectares cercada e com abundância de presas e predadores, como leopardos,

hienas e leões, localizado em Kwalata, Botswana. As observações foram registradas

uma vez a cada 7-10 dias para monitorar suas condições, incluindo comportamento

alimentar e de vigilância sobre a presa, por, aproximadamente, 7 meses depois da

soltura. Após a reintrodução, os animais se separaram e não procuraram um ao

outro novamente. Depois de soltos na fazenda, os indivíduos se separaram e

passaram a viver e caçar sozinhos.

Quanto a mortalidade, nenhum dos indivíduos foi encontrado vivo. O

guepardo A1 foi morto durante uma caçada profissional fora da área de soltura, após

4 meses de soltura, com 31 meses de idade. O guepardo A2 também foi morto por

um transeunte, enquanto atravessava a rodovia principal fora da fazenda de 9.000

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hectares, 5 meses após a soltura, com 32 meses de idade. O guepardo D3 saiu da

fazenda após 7 meses e se aproximou de um vilarejo e, apesar de não ter sido

agressivo ou engajado um ataque à comunidade, foi baleado e morto, com 36

meses, por um oficial do governo, mesmo após receber ordens para não matar o

animal. Em nenhum momento esses indivíduos atacaram o gado doméstico das

fazendas pecuárias.

O leopardo de 6 meses de idade, também nascido na natureza, foi confiscado

pelo DWNP e levado para o Cheetah Conservation Botswana. Ele recebeu a mesma

dieta que os guepardos e as condições corpórea e comportamental foram

monitoradas através de câmeras dentro do recinto. Foi oferecido enriquecimento

ambiental que envolvia alimentos escondidos e trilhas de cheiro. Durante o período

de pré-soltura, recebeu um treinamento de caça similar ao dos guepardos, ao ser

apresentado a várias pequenas presas vivas.

Aos 9 meses de idade foram introduzidas presas vivas no recinto. O leopardo

respondeu rapidamente ao estímulo, matando-as pouco após serem introduzidas ao

recinto; também respondeu rapidamente aos enriquecimentos propostos.

Depois de 18 meses nesse recinto e com 24 meses de idade, o leopardo foi

transferido para o ambiente de soltura em uma área de manejo de vida selvagem,

sem cercas, com abundância de presas, no sul de Botswana. A soltura ‘hard’ foi

realizada porque foi considerado que ela já tinha um maior desenvolvimento das

habilidades de caça, comprovado pela constante caça realizada por ele dentro do

recinto, o que permitiria que o leopardo sobrevivesse na natureza. Depois de solto, o

animal apresentou grande sucesso nas caçadas, sem atacar gado doméstico ou se

aproximar de pessoas.

Por fim, os guepardos apresentaram condutas sexuais e é provável que o

leopardo tenha se reproduzido. Esse resultado, somado ao sucesso nas caçadas e o

estabelecimento de território, por parte das duas espécies, indica que a reintrodução

desses indivíduos na natureza foi bem sucedida.

Uma compilação das informações sobre duração do estudo (em meses), a

espécie reintroduzida, número de indivíduos reintroduzidos, o enriquecimento

ambiental oferecido, quais indivíduos foram monitorados, o tamanho da área de

soltura (em hectares), a presença de predadores na área, se os indivíduos se

reproduziram e a causa da morte dos indivíduos de cada projeto está descrita no

Apêndice A.

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4. Discussão

Os trabalhos selecionados apresentaram baixo nível de detalhamento quanto

aos enriquecimentos ambientais utilizados, sendo que o mais incompleto foi o

estudo de Santos et al. (2010), que apenas cita quais foram utilizados, não

fornecendo detalhes quanto a área de soltura e se o animal foi monitorado de

alguma forma, para determinar o sucesso ou não do projeto.

O estudo mais completo foi o realizado por Houser et al. (2011) que indicou,

em sua tese (2008), quantas vezes os enriquecimentos alimentares foram

oferecidos, qual era a procedência das presas vivas e carcaças; além disso,

caracterizou, detalhadamente, todos os recintos que os animais ficaram e se foram

monitorados após a soltura, tendo, assim, maior certeza quanto o destino dos

animais.

Hunter (1998) e Hayward et al. (2007a), apesar de trabalhos extensos, não

detalharam muito os enriquecimentos alimentares e físicos utilizados, se

preocupando mais em expor o monitoramento que foi realizado e o número de

animais reintroduzidos, quando e onde as solturas ocorreram, respectivamente.

Além disso, o estudo de Hayward et al. (2007a) apresentou discrepâncias quanto ao

de Hayward et al. (2007b); o que indica que os pesquisadores precisam ser mais

minuciosos quando expõem seus resultados.

Apesar da extensa pesquisa realizada, um número muito pequeno de artigos

foi selecionado. Uma das possíveis explicações para isso é que a reintrodução de

carnívoros é limitada por fatores financeiros, biológicos e técnicos (HUNTER;

RABINOWITZ, 2009); é um processo demorado e tem baixa taxa de sucesso

(BREITENMOSER et al., 2011), de forma que resultados negativos geralmente não

são publicados (BECK et al., 1994). Isso faz com que os programas de reintrodução

voltados para essa família sejam muito complexos e tenham muitos fatores a se

considerar.

A literatura escassa sobre reintrodução de felinos não significa,

necessariamente, que esses projetos não estejam acontecendo, apenas sugere que

as metodologias e resultados não estão sendo publicados. Isso causa certo atraso

no desenvolvimento e aprimoramento de técnicas para otimizar a reintrodução, pois

não se sabe se o que já foi feito produziu resultados positivos. Em concordância com

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essa ideia, Breitenmoser et al. (2001) recomendam que os resultados de

reintroduções sejam publicados em frequentes intervalos de tempo para que outros

programas de reintrodução possam se beneficiar de experiências anteriores.

Ao que parece, os estudos que são publicados dão ênfase à área de soltura,

número de animais reintroduzidos, monitoramento e sucesso do projeto, de forma

que não fica clara a contribuição real do enriquecimento ambiental. Para ter mais

certeza quanto o papel do enriquecimento ambiental, é sugerido que futuros estudos

detalhem quais enriquecimentos foram oferecidos, qual foi o custo, o tempo de

observação dos animais com o enriquecimento, para determinar uma progressão no

desenvolvimento de comportamentos e ausência de estereotipias, bem como a

quantificação de corticoides fecais para avaliar o bem-estar do animal.

Os autores dos 4 projetos escolhidos utilizaram definições diferentes para

determinar o sucesso de seus projetos, porém, todos concluíram que foram bem

sucedidos, mesmo com o óbito de todos os animais reintroduzidos, como no caso de

Houser et al. (2011). De acordo com Robert (2009), o sucesso deveria estar

relacionado com o número de indivíduos reintroduzidos; já para Forder (2006), é

preciso que se mantenha uma população estável, o que é influenciada pela área de

soltura, de forma que a área deve ser capaz de manter o mínimo de indivíduos para

formar tal população.

Jule et al. (2008) sugere que o programa de reintrodução poderá ser

considerado como bem sucedido quando os indivíduos da população conseguirem

se reproduzir durante, no mínimo, três anos e o reestabelecimento seja maior do que

a taxa de mortalidade de indivíduos adultos. Matthews et al. (2005) sugerem que o

animal reintroduzido, além de chegar à idade reprodutiva, precisa gerar

descendentes e esses descendentes também precisam gerar filhotes.

Considerando que a reintrodução é uma técnica de conservação utilizada

para restaurar ou reforçar populações de espécies que eram comuns, mas sofreram

um extenso declínio e para aumentar, numérica ou geneticamente, populações

frágeis (BANKS et al., 2002; VICKERY; MASON, 2003), para os propósitos de

discussão do presente estudo, a definição de sucesso utilizada será a de Forder

(2006).

Santos et al. (2010) acredita que a reintrodução do gato-do-mato-pequeno foi

bem sucedida, porém, sem o devido monitoramento, não é possível constatar isso.

No caso de Houser et al. (2011), se tem certeza quanto ao óbito dos 3 guepardos,

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em compensação, o leopardo continuou vivo e acredita-se que estabeleceu território.

Por outro lado, nos estudos de Hunter (1998) e Hayward et al. (2007a), foi possível

manter uma população estável de leões.

Ao se considerar o sucesso, é preciso ter em mente que se trata do sucesso do

projeto como um todo, então, se ele envolve a reintrodução de mais de uma espécie,

todas devem ter sido capazes de estabelecer uma população estável para o projeto

apresentar um resultado positivo. Sem dados disponíveis, só é possível especular

sobre o sucesso de determinadas espécies que apresentam dados e não sobre o

projeto como um todo. A seguir, será discutida a importância que o enriquecimento

ambiental teve para o sucesso dos projetos de reintrodução citados nos resultados.

4.1. Enriquecimento Ambiental na Reintrodução

É sabido que o enriquecimento ambiental é muito importante para manter os

comportamentos naturais da espécie (PARQUE ZOOLÓGICO DE LISBOA, 2015),

reduzir a liberação de hormônio corticotrófico (ACTH) e, por consequência, aumentar

o bem-estar (ZUARDI, 2015), reduzir a execução de estereotipias (JONES et al.,

2011), aumentar o número de acasalamentos bem sucedidos, resultando em um

maior número de filhotes, além de promover o desenvolvimento de candidatos mais

competentes, comportamentalmente, para a reintrodução na natureza

(SWAISGOOD; SHEPHERDSON, 2006).

Após analisar os 4 projetos selecionados, foi possível chegar às seguintes

conclusões: 100% (n=4) dos projetos ofereceram alguma forma de enriquecimento

alimentar; 75% (n=3) dos projetos – Hunter (1998), Santos et al. (2010) e Houser et

al. (2011) – ofereceram enriquecimento físico; 75% (n=3) dos projetos – Hunter

(1998), Hayward et al. (2007a) e Houser et al. (2011) – ofereceram enriquecimento

social e 25% (n=1) dos projetos – Houser et al. (2011) – ofereceram enriquecimento

sensorial; nenhum enriquecimento ambiental cognitivo foi oferecido (Tabela 10).

Esse resultado concorda com os de Azevedo et al. (2007), que constatou que o

enriquecimento alimentar é a forma mais comum de enriquecimento ambiental. Isso

pode ser explicado, pois se alimentar é uma atividade que consome a maior parte do

tempo e da energia do animal, já que ele precisa procurar, farejar, perseguir, matar,

escalar, esconder, e, só então, comer o alimento. Tudo isso também está

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intimamente relacionado com o ambiente no qual o animal se encontra, por isso, os

enriquecimentos alimentar e físico devem ser oferecidos sempre que possível.

Tabela 10: comparação entre os enriquecimentos ambientais oferecidos pelos pesquisadores.

Formas % dos Projetos Autores

Alimentar 100 Hunter (1998)

Hayward et al. (2007a)

Santos et al. (2010)

Houser et al. (2011)

Físico 75 Hunter (1998)

Santos et al. (2010)

Houser et al. (2011)

Social 75 Hunter (1998)

Hayward et al. (2007a)

Houser et al. (2011)

Sensorial 25 Houser et al. (2011)

Cognitivo 0 -

Metade dos projetos – Santos et al. (2010) e Houser et al. (2011) –

ofereceram presas vivas, o que pode auxiliar no processo de desenvolvimento das

habilidades de caça dos animais (HOUSER, 2008). Acredita-se que Hunter (1998) e

Hayward et al. (2007a) não tenham oferecido presas vivas para os leões e

guepardos de seu estudo, pois todos nasceram e viveram na natureza e tinham

comportamentos de caça bem desenvolvidos. O leopardo do estudo de Houser et al.

(2011) era mais velho do que os guepardos e já havia desenvolvido algumas

habilidades de caça, por isso os métodos usados foram diferentes para as duas

espécies.

Um grande problema em oferecer presas vivas a animais que nasceram e

foram criados no cativeiro a vida inteira é que, se o enriquecimento não for oferecido

desde jovem, o animal, muito provavelmente, tratará a presa como brinquedo e não

como alimento e terá um desenvolvimento insuficiente das habilidades de caça

(FORDER, 2006). Isso se aplica ao caso de Houser et al. (2011) que, apesar de não

envolver animais nascidos e criados em cativeiro, envolve animais jovens que não

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tiveram a chance de aprender a caçar com suas mães; se essa forma de

enriquecimento não tivesse sido oferecida, acredita-se que o resultado da

reintrodução fosse outro.

Além disso, 75% (n=3) dos projetos – Hunter (1998), Hayward et al. (2007a) e

Houser et al. (2011) – ofereceram carcaças, o que permite que o animal veja o

alimento como ele será encontrado na natureza, estimulando seu comportamento

para caçá-lo.

Quando comparado a Hunter (1998), Houser et al. (2011) ofereceram

enriquecimentos alimentares mais complexos; isso pode ter sido realizado porque os

indivíduos eram filhotes e ainda não tinham desenvolvido comportamentos e

habilidades de caça. Acredita-se que os métodos utilizados foram essenciais para o

sucesso desse projeto de reintrodução, especialmente com os guepardos, que eram

mais novos e precisaram aprender sozinhos a visualizar, perseguir e atacar a presa.

É importante comentar que oferecer presas vivas em um ambiente de

cativeiro, como zoológico, não é bem visto pelos visitantes. Nos quatro projetos, os

indivíduos ficaram em um ambiente pré-soltura grande e cercado, o que poderia ser

caracterizado como um ambiente de cativeiro, porém, tal ambiente era próximo ou

fazia parte da área de soltura e o contato humano era o mínimo possível.

Enquanto oferecer carcaças permite que o animal visualize a presa como ela

é na natureza e oferecer presas vivas estimula o desenvolvimento de habilidades de

caça, outras formas de enriquecimento permitem que os animais se mantenham

ativos, atentos e saudáveis, como: colocar carne dentro de uma caixa e suspendê-la

no recinto (CARNIATTO et al., 2009), usar um poste e deixar o alimento a

determinada altura para que o animal tenha que escalar (LAW et al., 1997 apud

PITSKO, 2003) e oferecer ossos de animais e peixes congelados dentro de uma

garrafa PET (MONTES; BYK, 2011).

Em se tratando do enriquecimento ambiental físico, todos os recintos em que

os animais ficaram no período pré-soltura simularam, em menor escala, o ambiente

natural. No estudo de Pitsko (2003), em recintos maiores havia maior número de

objetos de enriquecimento ambiental e os animais realizavam menos pacing; o uso

de vegetação e substrato natural e a presença de um corpo da água (piscina,

cachoeira, córrego) também reduziram o pacing e aumentaram o comportamento de

exploração.

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A metodologia aplicada por Pitsko (2003), em seu trabalho com uma espécie

exótica, pode ser aplicada para trabalhos envolvendo espécies brasileiras; nesse

caso, os animais devem permanecer em recintos grandes e complexos durante o

período de pré-soltura. Por exemplo, o gato-do-mato-pequeno do estudo de Santos

et al. (2010) foi reabilitado em um recinto pequeno, de 12,5m² e, mesmo que tal

recinto tenha sido ocupado por apenas um indivíduo, ele deveria ter sido transferido

para um recinto maior, já que, como comprovado por Wielebnowski et al. (2002a),

em recintos maiores, animais apresentam menores concentrações de metabólitos

corticóides fecais.

O enriquecimento social esteve presente em 75% (n=3) dos projetos – Hunter

(1998), Hayward et al. (2007a) e Houser et al. (2011). Ao se considerar as espécies,

apenas os leões são felinos sociais, vivendo em grupos com, geralmente, 18 fêmeas

e entre 1 a 9 machos adultos (MACDONALD et al., 2010a); mesmo assim,

indivíduos de todas as espécies foram colocadas em um recinto com outro indivíduo

da espécie. Pitsko (2003) também observou uma redução no pacing e maior

exploração do ambiente quando animais eram colocados com seus irmãos no

mesmo recinto.

Os animais foram colocados no recinto sozinhos, em pares, trios ou grupos.

No estudo de Hunter (1998), os 15 guepardos e 13 leões foram distribuídos em sete

grupos diferentes para soltura (primeiro grupo com 6 guepardos; segundo grupo

com 7 leões; terceiro grupo com 3 guepardos; quarto grupo com 6 leões; quinto

grupo com 3 guepardos; sexto grupo com 1 guepardo e o sétimo grupo com 2

guepardos); os indivíduos de cada grupo permaneceram juntos durante o período

pré-soltura. Sendo assim, 100% (n=13) dos leões foram distribuídos em grupo,

enquanto 40% (n=6) dos guepardos foram colocados em grupos, 40% (n=6) em trio,

13,33% (n=2) em par e 6,66% (n=1) sozinho. Considerando as duas espécies,

67,85% (n=19) dos animais foram colocados em grupos, 21,42% (n=6) em trios,

7,14% (n=2) em par e 3,57% (n=1) sozinho.

No estudo de Hayward et al. (2007a), apesar de indivíduos terem sido

reintroduzidos em, no máximo trios, não se sabe se os animais permaneceram

juntos no recinto pré-soltura. No estudo de Santos et al. (2010), 100% (n=1) dos

indivíduos foram mantidos sozinhos no recinto. Por fim, no estudo de Houser et al.

(2011), que envolvia 3 guepardos e 1 leopardo, 75% (n=3) dos indivíduos

permaneceram em trio no recinto e 25% (n=1) permaneceram sozinhos: todos os

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guepardos formaram o trio e o leopardo foi colocado sozinho em um recinto

diferente.

No caso dos felinos, manter mais de um indivíduo no mesmo recinto fornece

uma oportunidade para realizar brincadeiras sociais, o que levará ao

desenvolvimento de um comportamento essencial para sobrevivência na natureza.

Esse comportamento é estimulado e aprendido quando filhote, interagindo com os

irmãos (THOMPSON et al., 1996), então, manter indivíduos jovens juntos é de

extrema importância, principalmente se forem considerados para soltura. Outro

importante fator relacionado com o enriquecimento social é a reprodução: animais

que são mantidos juntos interagem mais e se acostumam com a presença do outro,

facilitando a reprodução em cativeiro.

Houser et al. (2011), foi o único a oferecer enriquecimento ambiental

sensorial (trilha de cheiro) que, segundo Szokalski et al. (2012), estimula o

desenvolvimento de um comportamento exploratório. Além da trilha de cheiro,

podem ser utilizadas cebolas, folhas secas de orégano, erva-cidreira, boldo-de-

jardim, bulbos de alho e cheiro verde (BORGES et al., 2011). O mesmo

enriquecimento ambiental não foi oferecido para os guepardos, pois, após

observação do pesquisador, foi sugerido que esses animais tem um olfato pouco

desenvolvido em relação à localização de presas, ou seja, se perdessem contato

visual com o herbívoro ou com a carcaça, eles não conseguiam localizá-la de novo.

Aparentemente, é o deslocamento da presa e não seu cheiro que atrai o guepardo,

apesar de terem um senso adequado de odores como urina e fezes (HOUSER,

2008).

O enriquecimento sensorial está intimamente relacionado com o alimentar. Os

felinos utilizam o olfato para patrulhar e marcar o território (CLARK; KING, 2008;

SZOKALSKI et al., 2012), identificar conspecíficos, determinar seu estado

reprodutivo (RICH; HURST, 1998) e caçar (KITCHENER et al., 2010). Por isso,

estimular esse sentido é importante para manter os animais ativos.

O olfato não é o único sentido que pode ser estimulado: caixas de som

tocando sons naturais também são utilizadas para estimular a audição dos animais

(MARKOWITZ et al., 1995; PITSKO, 2003). Em observação pessoal, no Zoológico

de Sorocaba, SP, enquanto observava o tigre, pude perceber uma mudança do foco

de sua atenção devido ao aparecimento de um macaco em uma árvore próxima ao

seu recinto. Outra maneira de estimular os sentidos é permitir que o animal visualize

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o recinto de alguma espécie que poderia ser uma presa natural, porém, não vice-

versa para não estressar o herbívoro. Fazer a rotação dos animais nos recintos

também pode ser estimulante.

Mason et al. (2013) postulou que animais que se desenvolvem em ambientes

que são muito desafiadores ou deficientes em certos aspectos, podem acabar com

fenótipos mal adaptados quando adultos. Pitsko (2003) conclui que animais que

vivem em ambientes estéreis não aparentam estar estar física e piscologicamente

saudáveis. É possível afirmar, a partir desse resultado, que, se os projetos de

reintrodução avaliados não envolvessem manter os animais em um recinto

enriquecido e grande durante a reabilitação e a pré-soltura, eles provavelmente

sofreriam mais com o estresse, poderiam ficar doentes e até apresentar

comportamentos estereotipados, dependendo do tempo de exposição a um

ambiente estéril.

Apesar de pouco detalhados e simples, os enriquecimentos ambientais

influenciaram, em algum nível, os felinos dos projetos estudados, pois através deles,

os animais que nasceram na natureza e ficaram um período no ambiente de

cativeiro perpetuaram o comportamento natural e os indivíduos muito jovens

desenvolveram comportamentos parecidos com os naturais que permitiram sua

sobrevivência após a reintrodução. A maioria dos óbitos dos indivíduos não esteve

relacionada com a capacidade de sobrevivência dos animais e, sim, com atividade

antrópica e presença de outros predadores próximos às áreas de soltura. Sendo

assim, é sugerido que, em futuros trabalhos, os pesquisadores deem a devida

importância ao enriquecimento ambiental, descrevendo-o minuciosamente.

4.2. Fatores Para Serem Considerados na Reintrodução

Ao realizar a leitura e análise dos quatro projetos de reintrodução abordados,

os autores trataram, não apenas do enriquecimento ambiental, mas de uma série de

fatores que podem influenciar o sucesso da reintrodução de um animal. Nesse

tópico, foram discutidos os seguintes fatores: origem do animal (selvagem ou

cativeiro), território (área, ação antrópica, disponibilidade de presas), genética,

presença de outros predadores e doenças.

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4.2.1. Origem do Animal: Selvagem x Cativeiro

Um fator importante a se considerar na reintrodução de espécies é a origem

do animal, ou seja, se ele nasceu em cativeiro ou na natureza, pois, de acordo com

Jule et al. (2008), o cativeiro influencia negativamente o animal, sendo que

indivíduos nascidos em cativeiro não apresentam habilidades sociais aprendidas,

como caçar, são muito influenciados pela presença humana e exercem

comportamentos inapropriados, portanto, não sendo animais viáveis para soltura.

A origem dos animais dos estudos era conhecida, com exceção do gato-do-

mato-pequeno do estudo de Santos et al. (2010): animais dos estudos de Hunter

(1998) e Hayward et al. (2007a) eram indivíduos nascidos na natureza, adultos ou

juvenis; no caso de Houser et al. (2011), os animais eram de vida selvagem e

filhotes mas foram mantidos em um ambiente não natural (fazenda interagindo com

humanos) enquanto ainda novos.

Durante o processo de reintrodução, todos os animais, inclusive o de Santos

et al. (2010), passaram algum período em um ambiente de cativeiro ou de semi-

cativeiro. Esse procedimento corrobora com Robert (2009) que sugere que

programas de conservação devem preservar os animais através da conservação ex

situ antes que a fase de reintrodução possa ser aplicada.

Ao comparar os recintos dos quatro estudos, é possível concluir que havia

uma estrutura básica semelhante: todos possuíam enriquecimento ambiental

alimentar com presas ou carcaças de animais selvagens e 3 deles apresentavam

enriquecimento físico, fazendo com que o ambiente de cativeiro se assemelhasse,

ao máximo possível, com o ambiente natural. Enquanto alguns recintos eram mais

parecidos com os recintos vistos em zoológicos, por exemplo, o recinto em que os

guepardos, do estudo de Houser et al. (2011), e o gato-do-mato-pequeno, do estudo

de Santos et al. (2010) foram reabilitados, outros se assemelhavam muito às áreas

de soltura, como, por exemplo, o de Hunter (1998). Hayward et al. (2007a) não

forneceu muitos detalhes sobre o recinto pré-soltura, mas, segundo MchPhee

(2003), um ambiente mais complexo pode fazer com que a população exposta a ele

tenha um menor desvio dos comportamentos naturais.

Hunter (1998) e Hayward et al. (2007a) ofereceram enriquecimento ambiental

para indivíduos adultos que nasceram na natureza. É exatamente por terem nascido

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na natureza que os enriquecimentos são necessários: os animais nunca passaram

por uma experiência de cativeiro e isso pode causar grande estresse para eles,

diminuindo seu bem-estar, o que pode levar ao surgimento de doenças e depressão

(JOCA et al., 2003; BROOM; MOLENTO, 2004).

Por outro lado, os guepardos e leopardo do estudo de Houser (2011) eram

filhotes, entre 3 e 6 meses de idade e não haviam aprendido a caçar ainda. A melhor

maneira de promover o desenvolvimento de um comportamento natural é permitir

que os filhotes sejam criados pela mãe em um ambiente diverso e espaçoso e em

um ambiente social que se aproxime do natural (THOMPSON et al., 1996). Como

isso não foi possível nesse caso, os animais desenvolveram seus comportamentos

naturais através da interação com os enriquecimentos ambientais, apresentando

pacing por um curto período de tempo, quando se aproximava do horário em que os

tratadores levavam as carcaças e presas vivas para os recintos (HOUSER, 2008).

Essa situação poderia ser evitada ao se alterar a rotina de alimentação dos

indivíduos (SZOKALSKI et al., 2012). Segundo Matthews et al. (2005), animais que

exercem estereotipias tem menores chances de serem considerados para projetos

de reintrodução, porém, o pacing realizado por esses indivíduos não parece ter

influenciado sua reintrodução.

Hunter (1998), Hayward et al. (2007a) e Houser et al. (2011) ofereceram

enriquecimento ambiental para animais originalmente de vida livre, porém, o valor

conservacionista dessa técnica é mais evidente em programas de reintrodução

envolvendo animais nascidos em cativeiro (SHEPHERDSON, 1998). Apesar disso, o

cativeiro pode ser de grande ajuda para os animais aprenderem e desenvolverem os

comportamentos necessários para sobreviver pois oferece um ambiente com menor

pressão seletiva (MATHEWS et al., 2005). Então, apesar de existirem autores que

não são a favor da reintrodução de animais de cativeiro, ele ainda serve como

ferramenta para a conservação das espécies.

Jule et al. (2008) e Forder (2006) expõem pontos contra a reintrodução de

animais que nasceram em cativeiro. Entretanto, é preciso considerar como é o

ambiente do cativeiro, qual animal será reintroduzido e, principalmente, precisa

haver um programa efetivo de enriquecimento ambiental, de forma a estimular o

animal e mantê-lo saudável, para que ele seja considerado apto para soltura. Para

muitas espécies ameaçadas, que tem números muito baixos de indivíduos na

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natureza, essa abordagem pode ser essencial para a conservação da espécie e,

muitas vezes, um último recurso para salvá-las da extinção em seu ambiente natural.

4.2.2. Território

Grande parte dos fatores que devem ser considerados para a reintrodução de

uma espécie está relacionada com o território. Antes de um indivíduo ser devolvido

ou introduzido na natureza, é preciso realizar um estudo aprofundado sobre a área

de soltura, levando em consideração seu tamanho, corpos da água, quantidade de

presas, vegetação, presença de uma população já estabelecida da espécie,

presença de competidores e presença de comunidades humanas.

Forder (2006) propõe que, para manter uma população selvagem, a área de

soltura deve ser capaz de manter mais do que o número mínimo de indivíduos para

uma população viável de uma espécie. Porém, quando se trata de felinos, que são

predadores e vivem em baixas densidades (EMMONS,1990), o fator territoriedade

também deve ser levado em consideração (KELLY; SILVER, 2009).

No estudo realizado por Hunter (1998), os leões e guepardos foram

reintroduzidos em uma área em que não existiam populações dessas espécies.

Após a soltura, os animais conseguiram manter as características selvagens e

estabeleceram um território. Já no caso de Houser et al. (2011), os guepardos e o

leopardo conseguiram estabelecer territórios, mas os guepardos não sobreviveram

por muito tempo após a soltura. Santos et al. (2010) acreditam que o animal

conseguiu estabelecer um território.

No estudo de Hayward et al. (2007a), sabe-se que guepardos foram capazes

de estabelecer territórios, mesmo com populações já estabelecidas da espécie, de

leopardos e de servais. De acordo com Kelly e Silver (2009), nesse caso, os

indivíduos reintroduzidos podem estar em desvantagem quanto aos animais da

população já estabelecida. Não é possível afirmar com certeza que a presença de

uma população já estabelecida no território influenciou o sucesso de

estabelecimento dos leopardos e servais reintroduzidos, pois não havia dados

precisos sobre os indivíduos após a soltura.

Um fator muito relacionado com a área em que o animal será reintroduzido, é

o impacto antrópico que ocorre na região e se ele está tão presente a ponto de

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prejudicar a sobrevivência dos animais e o sucesso do projeto. No estudo de Hunter

(1998), 61,53% (n=8) dos leões e 26,66% (n=4) dos guepardos reintroduzidos foram

mortos por ação humana, em caçadas, armadilhas de arame e atropelamentos. Já,

no caso de Houser et al. (2011), 100% (n=3) dos guepardos reintroduzidos foram

mortos em caçadas. Até onde foi registrado, 100% (n=1) dos animais do estudo de

Santos et al. (2010) sobreviveu. Por fim, Hayward et al. (2007a) não especificaram

as causas dos óbitos.

O impacto antrópico sobre a natureza causa uma diminuição no habitat dos

animais e aumenta as chances de encontro entre homens e animais que pode

resultar em um conflito homem-animal (INSKIP; ZIMMERMANN, 2009). Portanto, é

preciso pesar os benefícios de se reintroduzir um animal em uma área. Por exemplo,

reintroduzir um animal em uma área que é muito afetada por ações antrópicas pode

ser mais prejudicial para o animal do que seria se ele tivesse sido mantido em

cativeiro.

Além disso, é preciso conhecer a biologia da espécie, qual o seu nicho

ecológico e se a área em que ela será solta apresenta tudo o que é necessário para

que consiga sobreviver. Como exemplo, Hunter (1998), Hayward et al. (2007a) e

Houser et al. (2011) realizaram projetos envolvendo grandes felinos, como leões e

guepardos; esses animais ocupam vastas áreas territoriais e tem seu

comportamento influenciado pelo ambiente (RABINOWITZ; WALKER, 1991), de

forma que ter um conhecimento sobre as necessidades desses animais é necessário

para aumentar as chances de sucesso do projeto de reintrodução.

O sucesso de um projeto de reintrodução também depende da disponibilidade

de presas na área de soltura, já que a falta delas pode causar um desequilíbrio

ecológico. Isso sugere que é preciso haver um monitoramento tanto dos carnívoros

reintroduzidos quanto dos animais dos quais eles se alimentam. Os quatro estudos

reintroduziram os animais em áreas com presas potenciais, entretanto, o número de

presas se tornou um problema tanto nos casos de Hayward et al. (2007a) quanto

nos de Houser et al. (2011): no caso do primeiro, os tratadores precisaram

disponibilizar mais presas para os leões reintroduzidos em Scotia, enquanto no

segundo, o recinto de 100 hectares precisou ser reabastecido com 15 impalas a

cada 1-2 meses para que o número de indivíduos continuasse entre 20-40.

Por fim, acompanhar os movimentos do animal no território após a soltura

permite que os pesquisadores tenham informações sobre sua adaptação ao

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ambiente, seu deslocamento na área (HOUSER et al., 2011), além de determinar se

há prevalência de algum patógeno ou alguma forma nova de parasita (MATHEWS et

al., 2006). No estudo de Hunter (1998), o radio colar foi usado em 46,66% (n=7) dos

leões e 69,23% (n=9) dos guepardos, totalizando 51,14% (n=16) dos indivíduos,

enquanto Houser et al. (2011) monitoraram todos os indivíduos reintroduzidos;

Hayward et al. (2007a) utilizou radio colar em 30% (n=3) dos leopardos. Não se sabe

se Santos et al. (2010) utilizaram alguma forma de monitoramento.

4.2.3. Genética

No estudo de Hayward et al. (2007a) a população de leões aumentou para 56

indivíduos, sendo que a população fundadora consistia de 35 indivíduos. Esse foi o

único caso estudado em que o número de indivíduos passou de 50, número mínimo

para proteger a população contra problemas genéticos (FRANKHAM, 2005 apud

HAYWARD et al., 2005). É preciso levar em consideração que esse era o número de

leões somados de todas as onze áreas de conservação, que totalizam,

aproximadamente, 440.824 hectares; um tamanho significativamente maior do que o

da área de soltura de Hunter (1998) e Houser et al. (2011).

No caso de Hunter (1998), as cercas que delimitavam a reserva dificultaram o

encontro de parceiros sexuais de fora dela. Além disso, não havia uma população

estabelecida de leões e guepardos na reserva, sendo que as únicas populações

eram dos animais reintroduzidos; ao longo do tempo, haverá cruzamentos

consanguíneos e diminuição da variabilidade genética. Os estudos de Hayward et al.

(2007a) e Houser et al. (2011) não enfrentaram tais adversidades; não se tem

informações quanto essa questão no estudo de Santos et al. (2010). Segundo IUCN

(2013), indivíduos que fazem parte de programas de reintrodução devem ser o mais

próximos geneticamente dos animais encontrados originalmente na área, isso é

possível através da translocação de animais entre reservas.

Allen et al. (2010) propuseram um modelo matemático com o propósito de

selecionar os melhores indivíduos para serem transferidos ou translocados para

outra instituição, para maximizar a diversidade genética dentro de duas

subpopulações. No caso de Hunter (1998), 42,85% (n=12) dos indivíduos possuíam

algum grau de parentesco; enquanto no estudo de Houser et al. (2011), 50% (n=2)

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tinham um grau de parentesco. Sendo assim, esse modelo poderia ser usado para

selecionar os animais com maior variabilidade para serem translocados, impedindo,

assim, cruzamentos consanguíneos e aumentando a variabilidade genética.

Continuar mesclando populações é essencial para a conservação in situ,

assim como encontrar novas estratégias de manejo em programas de conservação,

para que seja assegurada a sobrevivência em longo prazo da população

(HAYWARD et al., 2007a; ALLEN et al., 2010).

4.2.4. Presença de Outros Predadores

No estudo realizado por Hayward et al. (2007a) a reintrodução de guepardos

foi menos bem sucedida em reservas em que um predador dominante esteve

presente. Por outro lado, nas reservas Blaauwbosch e Samara, o número de

guepardos aumentou na ausência da ameaça causada por leões e hienas-

malhadas. Segundo o mesmo autor, carnívoros dominantes competitivos são mais

resilientes ao processo de reintrodução do que outras espécies ameaçadas, já que

eles são livres de perseguição competitiva.

No estudo de Hunter (1998), foram reintroduzidos 15 guepardos e 13 leões,

sendo que o primeiro grupo de animais reintroduzidos foi de guepardos e 20% (n=2)

deles foram mortos por leões, 20% (n=2) por leopardos e 20% (n=2) por outro

guepardo. Através desses dados, é possível deduzir que os guepardos são

predadores menos resilientes do que os outros felinos com os quais divide seu

território e que é preciso ter um maior cuidado e planejamento nos projetos de

reintrodução dessa espécie, quando ela é reintroduzida com outra espécie.

Apesar disso, o estudo de Houser et al. (2011) também envolveu a

reintrodução de duas espécies diferentes, guepardo e leopardo, e a presença de

uma espécie não pareceu influenciar na sobrevivência da outra, já que todos os

guepardos foram mortos por ação antrópica.

4.2.5. Doença

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Santos et al. (2010) realizaram vários exames de rotina no gato-do-mato-

pequeno, assim que o indivíduo entrou no cativeiro e antes de ser solto; já Houser et

al. (2011), monitoraram os animais e, quando necessário, realizaram procedimentos

médicos. Mathews et al. (2006) acreditam que vários exames médicos, além de

estudos para identificação de parasitas e patógenos, devem ser realizados, assim, é

possível identificar os indivíduos mais bem equipados para sobreviver na natureza e

impedir a soltura de animais que tem poucas chances de contribuir com o sucesso

do estabelecimento de uma nova população.

4.3. Reintrodução no Brasil

No Brasil, foram realizados alguns trabalhos envolvendo o enriquecimento

ambiental com felinos em cativeiro (por exemplo, SANTOS et al., 2005; CARNIATTO

et al., 2009; CASTRO, 2009; SOUZA, 2009; MACIEL et al., 2011; MONTES; BYK,

2011; SILVA, 2011), porém, foram encontrados apenas dois artigos publicados onde

foi oferecido enriquecimento ambiental para animais a serem reintroduzidos - Santos

et al. (2010) e Barros et al. (2011): o primeiro projeto, mesmo sendo um resumo

apresentado em um Simpósio foi selecionado para ser discutido, enquanto o

segundo não foi selecionado pois, apesar de envolver enriquecimento ambiental, era

muito mais enfático no monitoramento do animal pós-soltura.

A pesquisa do presente estudo indicou uma falta de publicações científicas

sobre o tema de reintrodução de felinos envolvendo o enriquecimento ambiental. É

possível especular os motivos para isso: a falta de apoio financeiro por parte de

órgãos governamentais e iniciativa privada e a falta de áreas adequadas para a

soltura dos animais, que devem ter espaço suficiente para restaurar a população de

presas e erradicar ou reduzir a caça (KELLY; SILVER, 2009).

Além disso, atualmente, a quantidade de publicações está sendo utilizada

como principal critério para avaliar a produtividade de pesquisadores (DOMINGUES,

2013). A pressão para a publicação de artigos científicos, faz com que os

pesquisadores deparem-se com uma situação que os força a publicar trabalhos

incompletos e, às vezes, com dados discrepantes, como ocorreu com Hayward et al.

(2007a,b). Sendo assim, é possível relacionar a pressão para se publicar com a

baixa qualidade de artigos publicados (JUNIOR, 2014). No caso de trabalhos que

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têm um longo período de conclusão, como os de reintrodução envolvendo o

monitoramento de animais por anos, nota-se, também, menor adesão de

pesquisadores e de órgãos de fomento.

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros

(CENAP/ICMBio), localizado em Atibaia (SP), é um centro de pesquisa, manejo e

conservação de espécies de mamíferos carnívoros que tem, entre outros objetivos,

melhorar o estado de conservação desses animais em suas áreas de ocorrência e

desenvolver pesquisas para sua conservação. Os projetos envolvem carnívoros

desde a onça-pintada até cachorro-vinagre (Speothos venaticus) e lobo guará

(Chrysocyon brachyurus) (CENAP, 2015) apesar disso, não foram encontrados

projetos de reintrodução.

Existem projetos conhecidos de conservação e reintrodução de felinos no

Brasil, como o Projeto Wildcats of Brazil, o Projeto Onçafari e o Projeto Carnívoros

do Iguaçu, entretanto, não foram encontradas publicações sobre qualquer

reintrodução de qualquer espécie de felino que tenha sido realizada. Sugere-se a

elaboração uma revista científica voltada apenas para reintrodução e que apresente

critérios pouco elevados para a publicação, de forma que resultados negativos

também sejam aceitos, aumentando, assim, o conhecimento dos pesquisadores

sobre o que já foi realizado.

O Projeto Wildcats of Brazil avalia a viabilidade de felinos de pequeno porte

criados em cativeiro como uma ferramenta para programas de reintrodução. Os

animais passam por um período de treinamento, em que são ensinados a caçar e,

os indivíduos que forem considerados aptos serão reintroduzidos e monitorados

para avaliar o sucesso desse procedimento, assim ele poderá ser aplicado a outras

espécies (OLIVEIRA, 2009).

Um projeto que se assemelha ao de Hunter (1998) e Hayward et al. (2007a) é

o Projeto Onçafari (2015), que, seguindo técnicas utilizadas na África, permite uma

habituação das onças-pintadas aos veículos do Projeto, de forma a facilitar seu

avistamento e promover o ecoturismo. Outro objetivo do projeto é a reintrodução de

filhotes de onças-pintadas; para isso, esses indivíduos passam por uma avaliação

médica e comportamental, permanecem em um ambiente de semicativeiro,

construído no Refúgio Ecológico Caiman (MS), depois são soltos e monitorados

através de câmeras e colares com GPS, assim como realizado nos trabalhos de

Hunter (1998), Hayward et al. (2007a) e Houser et al (2011).

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A Província Eastern Cape, na África do Sul, onde ocorreu a soltura dos

animais do projeto de Hayward et al. (2007a) apresentava áreas de pastoreio que

foram transformadas em reservas e Game Farms, visando o ecoturismo e a

conservação. Conforti e Azevedo (2003) sugerem que a atitude das comunidades

locais em relação a grandes predadores poderia ser mais positiva se eles

obtivessem lucro ao se envolverem em atividades com a finalidade de conservação

de carnívoros selvagens, como o ecoturismo.

O ecoturismo está crescendo cada vez mais no Brasil e é muito vantajoso

economicamente, podendo, inclusive, ser mais vantajoso do que a pecuária; isso foi

provado pelo estudo de Hayward et al. (2007a).

O Projeto Carnívoros do Iguaçu se dedica ao estudo e conservação da onça-

pintada no Parque Nacional do Iguaçu, onde se encontra a maior população da

espécie no Brasil. Através do monitoramento dos animais, da identificação das

ameaças diretas, do impacto das onças sobre a criação de animais domésticos,

entre outros, o projeto tem como objetivos: implantar ações educativas e de manejo

para redução de conflitos, estimar uma população mínima viável para a

sustentabilidade da espécie no corredor do Alto Paraná e propor uma rede de

Unidades de Conservação adequada à preservação dos felinos e da biodiversidade

local (PROJETO CARNÍVOROS DO IGUAÇU, 2015).

Todos os biomas sofrem grande degradação devido ao desmatamento ilegal,

transformação de mata nativa para criação de gado, queimadas e construção de

rodovias. Essa situação dificulta a reintrodução dos animais de volta ao seu habitat

pois é preciso que eles sejam soltos em um ambiente em que interajam o mínimo

possível com humanos e não sejam vitimas de queimada, caça, desmatamentos,

atropelamentos e choques elétricos, porém, caso isso ocorra, os animais são

direcionados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS)

(ASSOCIAÇÃO MATA CILIAR, 2015) .

No caso de uma soltura envolvendo reabilitação, o animal deve ser transferido

para um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde receberá o

auxílio necessário de biólogos, veterinários e tratadores. Primeiramente, os animais

são identificados por espécie, sexo e procedência (DAEE, 2015) e as condições

físicas e comportamentais dos animais são avaliadas para, só depois, começar o

processo de reabilitação: os recintos são enriquecidos para recriar as condições do

ambiente natural, assim há uma melhor aclimatação e recuperação das funções

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biológicas dos animais (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2015). Por fim, os animais

recebem uma anilha ou microchip (DAEE, 2015) e o processo de reintrodução

começa.

Já foi comprovado por Houser et al. (2011) e Barros et al. (2011) que o

monitoramento dos animais após a soltura é essencial para definir o sucesso da

reintrodução. Entretanto, também precisa haver um monitoramento das áreas de

soltura e, para isso, são precisos fiscais qualificados e bem remunerados,

patrulhando a região, o que, na maioria das vezes, não ocorre.

É importante reforçar que a reintrodução não é válida para espécies exóticas,

que devem ser mantidas em instituições destinadas ao seu tratamento e

manutenção, como zoológicos (ROCHA-MENDES et al., 2006). Também é preferível

realizar a reintrodução de animais adultos nascidos na natureza e que já

desenvolveram o comportamento natural da espécie, como os felinos dos estudos

de Hunter (1998) e Hayward et al. (2007a), ao invés de órfãos que foram levados

para o cativeiro em um período inicial da vida, como os de Houser et al. (2011).

Em paralelo ao projeto de reintrodução deve ser colocado em prática um

programa de educação ambiental para conscientizar a população. No caso de

felinos, educar a população sobre a importância ecológica desses animais e ensiná-

los a valorizar a presença deles é essencial para a sua conservação. Programas de

educação ambiental trazem mais resultados positivos quando são realizados com

crianças (CONFORTI; AZEVEDO, 2003), porém, eles deveriam ser realizados com

todas as parcelas da população.

Com 8 espécies de felinos no Brasil e todas em alguma categoria de ameaça,

é importante que haja, não apenas, um maior número de pesquisadores envolvidos

na área, mas também, investimento para que mais projetos sejam realizados e que

seus dados sejam divulgados. Dessa forma, é possível informar outros

pesquisadores da situação atual das pesquisas e qual o rumo que elas devem tomar

para permitir a conservação de espécies tão importantes para a biodiversidade

brasileira.

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5. Conclusão

Nos 4 projetos analisados, os enriquecimentos alimentar foi oferecido; os

enriquecimentos físico e social foram oferecido em 3 projetos, enquanto o

enriquecimento sensorial foi oferecido em apenas um. Em todos os casos, houve um

baixo nível de detalhamento quanto aos enriquecimentos ambientais utilizados,

sendo que o estudo mais incompleto foi o estudo de Santos et al. (2010) e o mais

completo foi o realizado por Houser et al. (2011). Nos trabalhos de Hunter (1998) e

Hayward et al. (2007a) houve maior preocupação em documentar o monitoramento

que foi realizado e o número de animais reintroduzidos, quando e onde as solturas

ocorreram, respectivamente.

Depois de discutir, avaliar e analisar os projetos, foi possível concluir que há

poucas publicações sobre o assunto e, as que existem, não tem uma ênfase no

período em que os animais foram mantidos em cativeiro e reabilitados; isso é

preocupante, tendo em vista que o enriquecimento ambiental é uma técnica que

apresenta grande sucesso quando aplicada em animais de cativeiro. Sendo assim, é

sugerida a publicação de resultados negativos, assim como a padronização do

conceito de sucesso, para que se possa determinar a direção de futuros projetos.

Um trabalho de reintrodução de espécimes requer conhecimento sobre todos

os fatores que podem influenciar seu sucesso, uma equipe multidisciplinar e anos de

estudo. Além disso, são projetos de alto custo.

No caso do Brasil, é preciso que haja uma maior preocupação e urgência por

parte dos órgãos financeiros para incentivar pesquisas, além de leis que favoreçam

a conservação dos biomas e da biodiversidade brasileira, fiscais qualificados e um

programa de educação ambiental para conscientizar a população que vive perto de

áreas de conservação sobre a importância da presença dos animais.

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<http://rnp.fmrp.usp.br/~psicmed/doc/Fisiologia%20do%20estresse.pdf>. Acesso em:

09 fev 2015.

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Apêndice A. Comparação dos projetos, com as seguintes características: duração do estudo (em meses), a espécie reintroduzida, número de indivíduos reintroduzidos, o enriquecimento ambiental oferecido, quais indivíduos foram monitorados, o tamanho da área de soltura (em hectares), a presença de predadores na área, se os indivíduos se reproduziram, a causa da morte dos indivíduos.

Característica/

Autor

Hunter (1998) Hayward et

al. (2007a)

Santos et

al. (2010)

Houser et

al. (2011)

Duração do

estudo (meses)

40 meses 120 meses 12 meses 48 meses

Espécie Leão

Guepardo

Leão

Guepardos

Leopardo e

Serval

Gato-do-

mato-

pequeno

Guepardo

Leopardo

Número de

indivíduos

13 leões

15 guepardos

35 leões

36 guepardos

8 leopardos

5 servais

1 gato-do-

mato-

pequeno

3 guepardos

1 leopardo

Enriquecimento

Ambiental

Alimentar

(carcaça)

Físico (6.400m²,

vegetação densa)

Social (leões em

grupos;

guepardos em

trios, duplas ou

sozinhos)

Alimentar

(carcaça)

Social (no

máximo em

trios)

Alimentar

(presa viva)

Físico

(12,5m²,

terra com

rochas e

água

corrente)

Alimentar

(carcaça e

presa viva)

Físico

(800m²,

plataforma

de madeira,

2-3 árvores

e grama)

Social

(guepardos

em trio)

Sensorial

(trilha de

cheiro para

leopardo)

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Continuação Apêndice A.

Característica/

Autor

Hunter (1998) Hayward et al.

(2007a)

Santos et al.

(2010)

Houser et al.

(2011)

Monitoramento Radiocolar em

5 guepardos e

2 leões

Radiocolar em 3

leopardos

Não se sabe Radiocolar

em todos os

indivíduos

Área de Soltura

(ha)

17.000

(delimitada por

cercas

elétricas)

440.824

(soma das 11

áreas)

4.390

(corredor

ecológico)

9.000

(delimitada

por cercas

elétricas)

Presença de

predadores na

área

Leopardo

Hiena-malhada

Chacal

Lobo-da-terra

Ratel

Leopardo

Guepardo

Serval

Caracal

Não se sabe Leopardo

Leão

Hiena

Reprodução

(por ano)

Leões geraram

7,2 filhotes

Guepardos

geraram 8,0

filhotes

Leões geraram

7,3 filhotes

Guepardos

geraram 5,8

filhotes

Não se sabe Não se sabe

Mortalidade 8 leões (ação

antrópica) e 10

(ação

antrópica,

presença de

outros

predadores)

12 leões

19 guepardos

4 leopardos

Não se sabe 3 guepardos