contrele do estresse

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  • 7/25/2019 Contrele Do Estresse

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    Mrcia Maria Bignotto

    A EFICCIA DO TREINO DE CONTROLE DOSTRESS INFANTIL

    PUC - Campinas2010

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    Mrcia Maria Bignotto

    A EFICCIA DO TREINO DE CONTROLE DOSTRESS INFANTIL

    Tese apresentada ao Programa dePs-Graduao Stricto Sensu emPsicologia do Centro de Cincias daVida PUC Campinas, comorequisito para obteno do ttulo deDoutor em Psicologia como Profisso eCincia.

    Orientadora: Profa. Dra Marilda E.Novaes Lipp

    PUC - Campinas2010

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    t155.412 Bignotto, Mrcia Maria.B593e A eficcia do treino de controle do stress infantil / Mrcia Maria

    Bignotto. - Campinas: PUC-Campinas, 2010 .98p.

    Orientadora: Marilda Emmanuel Novaes Lipp.Tese (doutorado) Pontifcia Universidade Catlica de Campinas, Centro de Cincias

    da Vida, Ps-Graduao em Psicologia.Inclui anexos e bibliografia.

    1. Stress em crianas. 2. Psicologia infantil. 3. Crianas - Condu-ta. 4. Psicologia educacional. I. Lipp, Marilda E. Novaes. II. PontifciaUniversidade Catlica de Campinas. Centro de Cincias da Vida.Ps-Graduao em Psicologia. III. Ttulo.

    22.ed.CDD t155.412

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo em especial Profa.Dra. Marilda Lipp, que me despertou interesse

    pela pesquisa e direcionou o meu saber, sempre com muita competncia e

    tica em suas atitudes.

    Minha gratido e carinho a todos que me apoiaram neste caminho. O

    ttulo que agora recebo, representa a certeza de que estou lutando pelos

    meus ideais, mantendo a dignidade da prof isso que abracei.

    psicloga Tatiana Regina de Oliveira Moraes que to gentilmente atuou

    como co-terapeuta neste trabalho.

    Profa. Dra. Edwiges Silvares, que sendo uma referncia na rea da

    psicologia infantil, aceitou contribuir com suas valiosas sugestes para o

    aperfeioamento desse trabalho, alm da sua presena no exame de

    qualificao.

    Profa. Dra. Dayse Borges, por ser um modelo de profissionalismo enquanto

    docente e ter contribudo com competncia para o melhor desenvolvimentodesse estudo, por meio de suas idias no exame de qualificao.

    Profa. Dra. Elisabeth Pacheco, que contribuiu com seu conhecimento para a

    minha formao desde a graduao, sendo uma pessoa pela qual tenho um

    carinho especial.

    Aos professores, coordenadores escolares, mdicos e outros profissionais que

    divulgaram o trabalho e colaboraram no encaminhamento dos participantes

    deste estudo.

    Aos meus prestimosos pais Dirce e Gercel que sempre incentivaram o meu

    crescimento profissional.

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    Aos meus queridos primos Eduardo Cavalcante e Edson Souza, que com a

    alegria e o bom humor que possuem perante vida, acompanharam-me nesta

    jornada.

    Jssica Besso, que mesmo jovem, cooperou muito durante a realizao

    deste estudo, conseguindo administrar adequadamente a rotina de minha casa.

    Agradeo tambm a minha amiga Isolina Proena, pela nossa longa amizade e

    por sempre estar presente em momentos importantes de minha vida.

    Gostaria de reconhecer a bolsa outorgada pela Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) que possibilitou a

    realizao de meu doutorado.

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    Aos part ic ipantes...

    Agradeo a todos os participantes, em especial s crianas, que se

    dispuseram a participar deste estudo, sem os quais este trabalho no poderia

    ser realizado.

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    ndice Geral

    Dedicatria..................................................................... iv

    Agradecimentos............................................................. vndice Geral.................................................................... viii

    ndice de Tabelas........................................................... x

    ndice de Figuras............................................................ xi

    Resumo.......................................................................... xii

    Abstract.......................................................................... ix

    Rsum.......................................................................... xvi

    Apresentao................................................................. xviii

    Introduo...................................................................... 01

    Objetivos........................................................................ 15

    Mtodo........................................................................... 16Participantes...................................................... 16Material.............................................................. 18Local.................................................................. 31Pessoal.............................................................. 31Procedimento ................................................... 31

    Resultados..................................................................... 36

    Discusso...................................................................... 66

    Concluso..................................................................... 73

    Referncias Bibliogrficas............................................ 74

    Anexos......................................................................... 79

    Anexo A

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    Termo de consentimento..................................................... 80

    Anexo BFicha de identificao do participante.................................. 82

    Anexo CEscala de reajustamento Social........................................... 84

    Anexo DRoteiro de levantamento de fontes internas de stress.......... 86

    Anexo ELevantamento de estratgias de enfrentamento do stresspara as crianas................................................................... 89

    Anexo FVivncias.............................................................................. 91

    Anexo GCaracterizao detalhada da amostra................................. 98

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    ndice de Tabelas

    Tabela 1. Os cinco sintomas de stress psicolgicos mais mencionadospelas crianas............................................................................................. 40

    Tabela 2. Distribuio dos cinco sintomas psicolgicos comcomponentes depressivos.......................................................................... 41

    Tabela 3. Percentual de participantes que apresentaram sintomasFsicos....................................................................................................... 41

    Tabela 4. Percentual de crianas quanto a meno dos sintomaspsicofisiolgicos.......................................................................................... 42

    Tabela 5. Fontes internas de stress mais mencionados pelas crianas..... 44

    Tabela 6. Distribuio das categorias das fontes internas de stress porGrupos nos dois momentos de avaliao................................................... 49

    Tabela 7. Freqncia das estratgias de enfrentamento para o grupoGTCSI no 1 e 2 momento de avaliaes................................................. 49

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    ndice de Figuras

    Grfico 1. Presena de stress nos grupos GTCSI e GCPs interveno.................................................................... 46

    Grfico 2. Fases de stress nos grupos GTCSI e GC psInterveno........................................................................... 47

    Grfico 3. Total de fontes internas do stress para osGrupos GTCSI e GC ps interveno.................................. 48

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    Resumo

    Bignotto, M.M. (2010). A eficcia do treino de controle do stress infantil. Tese

    de Doutorado em Psicologia, CCV - Pontifcia Universidade Catlica de

    Campinas, PUC Campinas. XVIII: 98..

    Este estudo objetivou testar a eficcia de um mtodo novo de tratamento do

    stress, designado treino psicolgico de stress infantil (TCS-I) na reduo da

    sintomatologia do stress em crianas de 08 anos a 09 anosanos de idade. O

    TCS-I se constituiu de 16 encontros semanais de 90 minutos de durao, em

    grupo, e se baseou na teoria cognitivo-comportamental. Os participantes foram20 crianas distribudas igualmente em dois grupos: GTCSI que recebeu o

    TCS-I e outro (grupo comparativo GC) que teve 16 encontros semanais com a

    psicloga, no direcionados ao controle do stress. A testagem inicial avaliou a

    sintomatologia de stress, os estressores com os quais as crianas se

    deparavam no dia a dia e quais estratgias de enfrentamento elas utilizavam.

    Considerando-se como referencial terico o modelo quadrifsico que enfatiza

    quatro fases no processo do stress: alerta, resistncia, quase exausto e

    exausto, os resultados indicam que 60% das crianas encontravam-se na fase

    de quase exausto, com prevalncia de reaes psicolgicas. Os estressores

    mais mencionados por elas eram de natureza interna e se referiam a

    sentimentos de ansiedade e situaes referentes a uma autoestima

    prejudicada. Verificou-se ainda que faziam uso de um nmero e tipo de

    estratgias que se mostrou insuficiente no controle de seus nveis de tenso.

    Os dois grupos foram comparados antes e aps a interveno do GTCSI. No

    inicio, os grupos no mostraram diferenas significativas quanto ao nvel e fase

    do stress na qual se encontravam. Aps a interveno, observou-se, que o

    GTCSI apresentou uma reduo significativa no seu nvel de stress quando

    comparado ao GC. Concluiu-se que as crianas estressadas quando

    submetidas a um treino de controle de stress especfico s suas necessidades,

    so capazes de desenvolver habilidades de enfrentamento obtendo reduo

    nos nveis de stress. Concluiu-se tambm que o TCS-I muito eficaz na

    reduo do stress infantil e das fontes internas de stress.

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    Palavras-chaves: stress infantil, treino de controle, teoria cognitivo-

    comportamental

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    Abstract

    Bignotto, M.M. (2010). The effectiveness of stress control training in young

    children. Psychology Doctorate Thesis, CCV Pontifical Catholic University ofCampinas, (PUCCampinas). XVIII: 98.

    The aim of this study was to test the effectiveness of a new method for treating

    stress, designated stress control training for children (known locally as TCS-I) in

    the reduction of the symptomatology of stress in children between 8 and 9 years

    of age. The TCS-Iwas composed of 16 weekly meetings lasting 90 minutes

    each, in group session, and was based on cognitive behavior theory. The

    participants consisted of 20 children equally divided into two groups: the GTCSI

    which received the TCS-I training and the GC (control group) who had 16

    weekly sessions with a psychologist, which did not involve stress control. Initial

    testing evaluated the symptomatology of stress, the stressors which the children

    would normally encounter in their everyday lives and what were the

    confrontation strategies they used. Using the quadriphase model as a

    theoretical benchmark which emphasizes four phases in the stress process,

    namely alert, resistance, near-exhaustion and exhaustion, results show that

    60% of children were in the near-exhaustion phase, with a prevalence of

    psychological reactions. The stressors most mentioned by the children were

    internal in nature, and related to feelings of anxiety and situations related to

    impaired self-esteem. It was also found that they made use of numbers and

    types of strategies that were not sufficient to control their levels of tension. The

    two groups were compared before and after the GTCSIsessions. Initially, the

    groups showed no significant differences in terms of the level and phase of

    stress they were facing. After intervention, it was noted that the GTCSIshowed

    a significant reduction in their level of stress when compared to the control

    group. It was concluded that stressed children, when subjected to stress control

    training specific to their needs, are capable of developing confrontation skills

    and achieving a reduction in levels of stress. It was also concluded that TCS-Iis

    very effective in reducing stress in children and the internal sources of this

    stress.

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    Keywords: stress in children, control training, cognitive behavior theory

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    Rsum

    Bignotto, M.M. (2010). L'efficacit de l'entranement de contrle du stressinfantile. Thse de Doctorat en psychologie, CCV - Universit CatholiquePontificale de Campinas, PUC Campinas. XVIII: 98.

    L'objectif de cette tude tait de tester l'efficacit d'une nouvelle mthode detraitement du stress, dsign entranement psychologique du stress infantile(TCS-l) dans la rduction de la symptomatologie du stress chez les enfants de8 a 9 ans.Le TCS-l tait compos de 16 sances hebdomadaires de 90minutes, en groupes, et tait bas sur la thorie cognitive-comportementale.Les participants taient 20 enfants partags galement en deux groupes:GTCSI qui a reu le TCS-I et l'autre (groupe comparatif CG) qui a eu 16sances hebdomadaires avec une psychologue qui na pas soumis au contrlede stress.L'essai initial a valu la symptomatologie du stress, les types destress auxquels les enfants se confrontaient quotidiennement et quelles

    stratgies d'affrontement ils utilisaient. En considrant comme rfrentielthorique le modle quadripartite qui souligne les quatre tapes dans leprocessus du stress: alarme, rsistance, prs de l'puisement et l'puisement,les rsultats indiquent que 60% des enfants taient dans la phase du prs del'puisement, avec une prvalence de ractions psychologiques.Les types destress plus souvent cits par le groupe taient de nature interne auquelfaisaient rfrence des sentiments d'anxit et des situations d'une estime desoi endommage. Nous avons constat que les enfants faisaient galementl'usage d'un nombre et type de stratgie qui se rvlait insuffisant dans lecontrle de leur niveau de stress.Les deux groupes ont t compars avant etaprs l'intervention du GTCSI.Au dbut, les groupes n'ont pas manifestaucune diffrence significative dans le niveau et la phase du stress desquels ilsse trouvaient.Aprs l'intervention, il a t observ que le GTCSI a montr unerduction significative de leur niveau de stress par rapport au GC. Il a tconclu que les enfants stresss lorsqu'ils sont soumis l'entranement decontrle du stress spcifique leurs besoins, sont capables de dvelopperdes habilets d'affrontements en obtenant ainsi une rduction dans les niveauxdu stress. Il a t conclu galement que le TCS-I est trs efficace pour rduirele stress chez les enfants ainsi que leurs sources internes de stress.

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    Mots-cls: stress infantile, entranement de contrle, la thorie cognitive-comportementale

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    Apresentao

    O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficcia de um

    tratamento psicolgico adaptado do Treino de Controle do Stress Infantil de

    Lipp TCS - I (2000) para o tratamento do stress em crianas.

    Os resultados obtidos por meio deste estudo demonstraram que as

    crianas conviviam com uma enorme gama de estressores em funo da

    demanda de exigncias que enfrentam na sociedade atual. Demonstrou ainda

    a eficcia do Treino de Controle do Stress Infantil no tratamento da

    sintomatologia de stress.

    Na introduo deste estudo foram abordados os temas stress, fases e

    sintomas dando-se enfoque ao stress infantil. A seguir apresentou-se um treinode controle de stress especfico para crianas.

    A sesso de mtodo incluiu a avaliao de 20 crianas. Esta parte

    apresentou a descrio dos critrios de seleo dos participantes: o material

    utilizado; o local e pessoal. Demonstrou ainda o procedimento utilizado para a

    execuo deste estudo.

    A parte de resultados apresentou a descrio do mtodo de anlise dos

    dados utilizados, que visou correlaes, comparaes intra e inter grupos. Asanlises realizadas incluem tabelas, grficos e percentuais de ocorrncia das

    variveis em estudo. A fim de ter uma melhor compreenso e organizao dos

    dados, os resultados foram apresentados em quatro partes, sendo estas:

    dados biogrficos; a avaliao do stress e suas caractersticas na amostra total

    e na comparao dos grupos experimental e controle; relato das sesses que

    compem o Treino de Controle do Stress Infantil e finalizando o Perfil das

    crianas elaborado em funo dos resultados obtidos. A discusso e a

    concluso explanaram os resultados significativos obtidos pelas avaliaes e

    do Treino de Controle do Stress Infantil. Finalizando as referncias

    bibliogrficas foram apresentadas, seguida pelos anexos utilizados neste

    estudo.

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    Introduo

    Segundo a literatura internacional Elkind (1981) foi um dos primeiros

    pesquisadores a se dedicar ao estudo sobre o stress infantil. No Brasil amaioria dos estudos nessa rea foram realizados na PUC Campinas, a partir

    da dcada de 90, sob a orientao de Lipp.

    Lipp (2000) define o stress como um desgaste geral do organismo

    causado por alteraes psicofisiolgicas que ocorrem devido a pessoa ver-se

    forada a enfrentar situaes que a irrite,amedronte,excite ou confunda, ou a

    faa muito feliz. Assim o stress pode ocorrer quando h a quebra dahomeostase do organismo.

    Durante o desenvolvimento infantil, que abrange o fsico, o cognitivo, o

    emocional, o afetivo e o social, a criana pode ser obrigada a enfrentar

    momentos em que a tenso de sua vida atinge nveis muito elevados, que

    podem ultrapassar a sua capacidade de amadurecimento para lidar com as

    situaes conflitantes ocorridas (Lipp, 2000). Como consequncia dessas

    situaes associadas ao limitado repertrio de enfrentamento para esses

    momentos pode ser desencadeado um processo de stress nesse ser ainda em

    desenvolvimento.

    Franca e Leal (2003) acreditam que as transformaes ocorrem em

    grande quantidade e numa velocidade bem maior para a criana do que na

    fase adulta, sendo esses perodos propcios ao surgimento de um nvel de

    stress elevado. Townsend (2002) postula que o estilo de vida da criana na

    sociedade contempornea favorece o desencadeamento de um quadro de

    stress.

    Na criana, o stress semelhante ao presenciado no adulto. Os

    sintomas podem acontecer no campo psicolgico, fsico ou em ambos. Lipp e

    Romano (1987) apresentam como sintomas psicolgicos: ansiedade, terror

    noturno, pesadelos, dificuldades interpessoais, introverso sbita, desnimo,

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    insegurana, agressividade, choro excessivo e depresso. Como sintomas

    fsicos podem ser encontrados: dores de barriga, diarria, tiques nervosos,

    dores de cabea, nusea, hiperatividade, enurese noturna, gagueira, tenso

    muscular e ranger de dentes.

    A Sndrome de Adaptao Geral foi definida como a reao de stress,

    por Selye (1965) que a dividiu em trs estgios: alarme, resistncia e exausto.

    Fase de Alarme: durante a qual as defesas foram mobilizadas e o sistema

    simptico, a hipfise e as glndulas supra-renais foram acionados para agir. As

    reaes da fase de Alerta (Alarme) incluem:

    Aumento da freqncia cardaca e da presso arterial possibilitando que

    o sangue circule mais rapidamente com o propsito de fornecer mais nutrientes

    ao crebro, msculos e rgos. A contrao do bao aumenta a quantidade

    dos glbulos vermelhos na corrente sangunea levando mais oxignio ao

    crebro. A liberao de reservas de energia (acar e gorduras) na corrente

    sangunea produz mais iniciativa. O aumento da produo de hormnios

    principalmente a adrenalina, o aumento da freqncia respiratria a fim de

    fornecer oxignio adicional e a tenso dos msculos preparam o organismo

    para a ao. O organismo fica preparado para a luta ou fuga.

    Por meio do crtex cerebral o organismo busca sadas na inteno de

    restabelecer o equilbrio interno, a homeostase. No entanto, uma vez que o

    estressor no tenha sido eliminado, o organismo passa para uma segunda

    fase, denominada fase de Defesa ou Resistncia.Fase de Resistncia: Na

    tentativa do organismo alcanar a homeostase, ocorre uma hiperatividadecorticossupra-renal, consequentemente um gasto exagerado de energia.

    Quando ocorre o equilbrio, os sintomas iniciais, ou seja, os sintomas da fase

    de Alerta desaparecem sendo que dois sintomas surgem de forma bastante

    acentuada: sensao de desgaste fsico generalizado e dificuldades com a

    memria.

    No entanto, quando a situao estressante mantida por um perodo de

    tempo muito prolongado, ou quando o organismo no pode lutar nem fugir, oorganismo esgota suas reservas de energia adaptativa e entra num terceiro

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    estgio ou fase, o de Exausto. Fase de Exausto: nas quais as defesas foram

    exauridas. Este estgio ocorre como decorrncia da falha dos mecanismos

    adaptativos frente aos estmulos estressantes que permanecem excessivos. O

    organismo torna-se ento suscetvel a doenas.

    Lipp (2000) apresentou um modelo quadrifsico do stress baseado no

    modelo trifsico de Selye (1974), segundo a autora existe uma quarta fase do

    stress nomeada quase exausto, que se encontra entre a fase de resistncia

    e a da exausto. Esta fase, caracteriza-se pelo enfraquecimento da pessoa que

    no mais capaz de adaptar-se ou resistir ao stress, e assim, as doenas

    comeam a surgir mas ainda de maneira no to grave quanto na fase de

    exausto propriamente dita.

    O stress de longa durao tambm pode produzir uma progresso de

    efeitos colaterais. A sndrome geral de adaptao, por exemplo, desvia o fluxo

    sanguneo para os grandes msculos esquelticos, diminuindo-o no trato

    gastrointestinal e na pele. Os primeiros sinais podem ser ps e mos frios,

    depois, gradativamente, uma tez plida ou amarelada, e, por fim, enxaqueca ou

    presso sangunea elevada. Tambm as glndulas endcrinas, submetidas a

    um stress de longa durao, provocam a liberao de acares a fim de que

    sejam usadas. Se for produzida insulina em demasia, os nveis de acares do

    sangue tornar-se-o baixos demais (condio a que se d o nome de

    hipoglicemia). A pessoa se sente cansada. Uma produo ainda maior de

    insulina ento estimulada, e o ciclo de baixo teor de acar no sangue

    continua. s vezes o stress de longa durao agrava uma condio ou

    tendncia preexistente.

    Segundo Selye (1965), o G.A.S. (Sndrome de Adaptao Geral) uma

    tentativa de definir o processo de stress at a doena. um modelo trifsico

    pelo qual o choque agudo ou a excitao crnica poderia ao final esgotar os

    constituintes fisiolgicos que normalmente permitem que os rgos alvos

    continuem a funcionar em face da estimulao de stress. A conseqncia seria

    a exausto do rgo alvo..

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    A vulnerabilidade ao stress explicada em funo dos fatores

    endgenos e ambientais. O que determina qual resposta uma pessoa vai ter

    ao stress a forma como ela percebe os estmulos, os estressores, isto suas

    cognies. Cognies so o que a pessoa pensa, sente, seus valores, crenas

    e atitudes que influenciam na sua resposta comportamental ao estressor

    (Range, 1995).

    As abordagens cognitivas, ao stress do nfase ao papel das diferenas

    individuais na avaliao de situaes e das reaes de enfrentamento, na

    determinao das respostas comportamentais e emocionais, s situaes

    causadoras de stress (Beck, 1984). As avaliaes da importncia de um

    acontecimento a disponibilidade e eficcia das reaes de enfrentamento

    interagem na determinao da natureza das reaes ao stress.

    Kobasa et al (1979) sugerem que existe um fator ao qual denominam de

    resistncia, para explicar o porque de algumas pessoas adoecerem e outras

    no em face ao mesmo grau elevado de stress. Um conjunto especfico de

    atitudes frente vida como, abertura para mudanas, sentimento de

    envolvimento com a famlia e quaisquer empreendimentos que a pessoa realiza

    assim como uma sensao de controle sobre os eventos.

    A reao do indivduo resistente ao stress parece ser diferente daqueles

    indivduos sensveis ao stress. Quando expostos a mesma ameaa severa o

    resistente responde ao desafio de maneira controlada sem ser vencido por ele

    (Lazarus, 1991).

    Os estmulos que eliciam a resposta de stress que tanto pode ser um

    evento positivo quanto negativo denominado de estressor, sendo que o

    estmulo que desencadeia a reao de stress torna-se um estressor em funo

    da interpretao cognitiva, ou significado, que a pessoa passa a dar a ele.

    Everly (1989) relata que os estressores podem ser eventos bons ou ruins, mas

    o organismo reage independentemente de sua qualidade. Segundo o mesmo o

    que interfere na magnitude da resposta do stress a interpretao dada aoestmulo pelo organismo. Em funo da presena do estressor, da

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    interpretao que o organismo d a este estressor pode ocorrer a estimulao

    de um rgo-alvo no organismo promovendo doenas relacionadas ao stress.

    Os estmulos que iniciam a resposta de stress, os estressores, segundo

    Girdano e Everly (1989) podem ser divididos em trs classes:

    1) Causas psicossociais decorrentes da interao direta entre

    comportamento social e a interpretao deste comportamento com

    base em experincias passadas e outros processos de

    aprendizagem.

    2) Causas biolgicas decorrentes da interao do indivduo com

    estmulos do ambiente, que geralmente so estressantes pela sua

    prpria natureza

    3) Causas relacionadas personalidade - a percepo negativa de si

    prprio pode constituir um estressor em potencial.

    Folkman e Lazarus (1980) mencionam que o indivduo dispe de cinco

    recursos bsicos, do ambiente ou da prpria pessoa, para enfrentar e lidar com

    o stress.

    1) Sade, energia e moral: indivduos com boa sade tem mais energia

    e fora de nimo para enfrentar situaes estressantes.

    2) Habilidades para resolver problemas: as habilidades para procurar

    informaes, analisar as situaes para identificar o problema,verificar as possveis alternativas e selecionar um curso de ao

    constituem pr-requisitos para uma interveno prtica em situao

    problema.

    3) Apoio social: indivduos com relacionamento social positivo,

    geralmente, tem uma sade melhor e mais fora para enfrentar as

    crises que surgem na vida.

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    4) Recursos utilitrios: recursos monetrios, treinamentos para

    enfrentar o stress, etc., aumentam as opes e o acesso

    assistncia mdica e profissional em geral.

    5) Crenas gerais e especficas: o aspecto cognitivo da crena na sua

    prpria capacidade favorecer resultados mais positivos na

    resoluo de problemas em situaes estressantes.

    Muitas vezes, o evento em si no torna o indivduo irritvel ou tenso,

    mas seu pensamento sobre o acontecido que causa o problema, e os

    indivduos podem mudar a maneira de como pensar e agir. Portanto, o nvel de

    stress experimentado pelo indivduo depende, em grande parte, da

    interpretao que dada ao evento, isto , as crenas que se tem quanto

    quela situao (Lipp et al, 1990). A interpretao racional dos eventos

    favorecer resultados positivos.

    Tambm, Lazarus (1966) prope que estmulos que vem sendo

    avaliados ou interpretados como ameaadores podem passar a ser percebidos

    como inofensivos. Esta reavaliao do evento ansigeno pode ocorrer em

    funo de uma nova evidncia que atribua ao estmulo caractersticas menos

    capazes de gerar ansiedade ou que faa a pessoa compreender que ela pode

    ser capaz de lidar com ele.

    Na criana o stress pode ser originado por fontes externas(Elkind, 1981)

    ou fontes internas, assim como no adulto (Ellis,1973 e Lazarus, 1966).

    Lipp et al (1991) definiram como fontes externas qualquer evento do mundo

    externo que exija uma nova adaptao por parte da criana, exigindo para issomuita energia.

    Algumas fontes externas de stress so as mudanas que ocorrem no

    desenvolvimento da criana, tais como mudar de residncia, de escola, de

    professores, de amigos, a morte de um ente querido, o divrcio ou separao

    dos pais, o excesso de responsabilidades, atividades em excesso, a escola,

    hospitalizao e doenas, entre outras.

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    Holmes e Rahe (1967); e Elkind (1981) afirmam que as mudanas que

    ocorrem na vida da criana exigem, em alguns casos, o uso de muita energia

    para conseguir super-las, e que isto possibilita um desgaste no organismo que

    pode causar srias doenas, pois o organismo dotado de uma quantidade

    necessria de energia para manter-se em homeostase. Toda vez que o

    indivduo passa por uma situao de mudana ele utiliza certa quantidade

    dessa energia para adaptar- se. De acordo com esses autores, quanto maior o

    nmero de mudanas ocorridas no perodo de doze meses, maior a

    probabilidade dessa reserva de energia ficar deficitria e em decorrncia disso

    haver um aumento da probabilidade de um problema de sade ocorrer.

    Baseado nesse conceito Holmes e Rahe (1967) elaboraram uma escala de

    verificao dessa probabilidade de ocorrer doenas em virtude do nmero de

    acontecimentos ocorridos.

    Para avaliar o nvel de fontes externas em crianas Elkind (1981) com

    base no conceito de Holmes e Rahe, elaborou uma escala denominada Escala

    de Reajustamento Social, com o objetivo de verificar esses aspectos de

    mudanas na criana, e com isso detectar quais so as fontes externas e a

    probabilidade de ocorrer doenas, como consequncia de um stress excessivo.

    Alm das fontes externas, existem aquelas criadas pela prpria criana,

    chamadas de fontes internas, que estariam relacionadas ao modo como

    enfrenta situaes cotidianas, aos seus pensamentos e atitudes e as crenas

    que possui. Assim, a partir do tipo de pensamento que a criana tem sobre si

    mesma, sobre os outros e sobre o mundo, os seus sentimentos sero afetados.

    Como consequncia a qualidade da interpretao dos acontecimentos ouseja,os pensamentos automticos, iniciam a cadeia de comportamentos

    funcionais e no funcionais(Rang, 2003).

    Em decorrncia da ao das fontes de stress (estressores) que a

    criana possa conviver, ela pode apresentar uma enorme quantidade de

    sintomas de stress.Lucarelli (1998) elaborou um trabalho de pesquisa cujo

    objetivo foi verificar a existncia ou no de stress em crianas, pela medida dafreqncia com que experimentam sintomas associados ao stress, o que

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    possibilita a determinao do tipo de reao apresentada pela criana. Esta

    escala possibilita a identificao do stress infantil para populaes de 6 a 14

    anos em quatro dimenses: reaes fsicas, reaes psicolgicas, reaes

    psicolgicas com componentes depressivos, reaes psicofisiolgicas. A

    autora afirma que identificar o stress nas crianas torna-se de extrema

    importncia no sentido de que os profissionais da sade possam agir evitando

    a ao do stress excessivo sobre elas e tambm lev-las a reconhecerem os

    seus sinais de stress e dessa maneira desenvolver habilidades para enfrentar

    as situaes estressantes inevitveis em sua vida.

    Em relao prevalncia de sintomas alguns estudos apontam para um

    maior ndice de sintomas psicolgicos em crianas (Bignotto, 1997). Em seu

    estudo, Bignotto (1997) que investigou a relao entre stress e a ontognese e

    manuteno da obesidade infantil, obteve uma presena de 54% quanto aos

    sintomas psicolgicos.

    O stress psicossocial pode estar presente na vida das crianas. Eventos

    e transies especficas que fazem parte da experincia normal na cultura,

    podem ser estressantes como por exemplo o nascimento de um irmo, as

    mudanas na famlia e outras. Algumas crianas podem experimentar essas

    transies como estressantes enquanto outras o fazem tranquilamente e

    adaptam-se.

    Segundo a literatura na rea, o impacto final de um evento estressante

    ou do stress persistente depende da gravidade do estressor, do nvel de

    desenvolvimento da criana e da disponibilidade e capacidade dos adultos noambiente de servir como um amortecedor protetor e de ajudar a criana a

    entender e lidar com o estressor. Segundo Santos (2003), a famlia

    desempenha um papel central no desenvolvimento da criana, pois so os pais

    que iniciam o processo de socializao, por meio dos ensinamentos bsicos

    acerca do contexto social. Assim, a influncia familiar torna-se inegvel, e o

    valor dos primeiros relacionamentos estabelecidos entre pais e filhos sobre a

    capacidade que a criana possui, poder permanecer por toda a sua vida,

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    especialmente no que se refere a maneira de como lidar com os seus

    sentimentos.

    Lipp et al (1991) sugerem que o nvel de ansiedade e timidez, uma auto-

    estima rebaixada e um medo excessivo do poder de Deus tambm podem

    servir como fontes internas desencadeadoras de intenso stress na criana.

    Assim, muitas vezes a prpria criana que o cria por meio de algumas

    caractersticas de sua personalidade.

    A ansiedade infantil com base no DSM IV R (1995) diagnosticada por

    meio de trs categorias descritas, a ansiedade de separao, comportamentos

    de evitao e a ansiedade em excesso. A ansiedade de separao est

    vinculada situaes que envolvem afastamento de pessoas da famlia ou

    situaes muito familiares criana. Os comportamentos de evitao podem

    ser considerados como esquivas de situaes especficas que so aversivas

    criana. Na ansiedade em excesso a criana apresenta preocupaes irreais

    quanto a eventos futuros, autoestima rebaixada e sensao de incompetncia

    em vrias reas como a acadmica, a esportiva e a social.

    Lipp et al (1991) postulam que nas situaes de ansiedade a criana

    pode vivenciar um sentimento de antecipao, de expectativa de um perigo que

    possa ocorrer a qualquer momento, s vezes at quando existe uma ausncia

    da causa para isso. Os sintomas da ansiedade so agitao, irritabilidade

    generalizada, medo e crises de agressividade.

    A timidez faz com que a criana torne-se mais dependente, devido sconstantes respostas de evitao e fuga em decorrncia da dificuldade que tem

    adaptao de novas situaes, o que proporciona freqentes situaes de

    stress ( Lipp et al, 1991). Os sintomas apresentados pela timidez so a

    evitao de contatos com o ambiente, com amigos, a apatia, o interesse por

    colegas mais velhos como uma maneira de sentir-se protegida, entre outros.

    A autoestima rebaixada descrita como um repertrio deficitrio de

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    comportamentos de reforamento e valorizao pessoal. E a ltima fonte

    interna apresentada, o medo excessivo do poder de Deus entendida como

    uma forma de punio.

    Tricoli e Bignotto(1998) observaram a importncia das mensagens de

    socializao que as crianas recebem de seus pais e do meio ambiente ao

    longo de seu desenvolvimento, podendo essas contriburem para a formao

    das fontes internas causadoras de stress. Assim, o stress pode ser criado pela

    prpria criana, de acordo com a sua aprendizagem social, seus pensamentos,

    tipo de personalidade e atitudes; levando a a desenvolver alguns dos

    seguintes comportamentos: timidez, ansiedade, medo de castigos divinos, auto

    estima e auto imagem negativas. Alm de especficas crenas irracionais

    sobre si mesma e o mundo ao seu redor.

    Mondardo, (2000) realizou um levantamento das condies scio

    familiares da criana em idade escolar em Porto Alegre, a fim de investigar

    suas relaes com o estresse infantil. Como concluses ela percebeu que as

    crianas de seu estudo no estavam vivenciando eventos potencialmente

    estressores ao seu desenvolvimento e que possuam uma estrutura familiar

    estvel e saudvel que estava funcionando como apoio scio afetivo para a

    criana, bem como tambm poder estar sendo um fator de proteo ao

    estresse do dia a dia.

    Quanto ao cuidado sobre a fase do desenvolvimento da criana para

    lidar com situaes estressantes foi recomendado por Tricoli (2000) a

    orientao de que as crianas da primeira etapa do Ensino Fundamental ( entre6 e 10 anos de idade) devem ser tratadas de forma acolhedora e afetuosa,

    porm de maneira clara e objetiva quanto a colocao das regras que devem

    seguir. Alm do cuidado com a etapa do desenvolvimento, na qual a criana

    encontra-se importante lembrar que as fontes geradoras do stress podem ser

    amenizadas ou eliminadas, de acordo com a atitude dos pais na educao de

    seus filhos.

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    Moreno Manso,( 2004) em seu estudo realizado na Espanha que teve

    como objetivo estabelecer uma relao entre o stress familiar, o desemprego e

    a precariedade econmica com a violncia contra criana, observou em

    uma amostra composta de 107 famlias e 256 crianas que quanto mais

    intenso o nvel de stress familiar maior era a ocorrncia de violncia contra

    criana. O que demonstra uma das maneiras de como o stress de um dos

    familiares pode ter conseqncias nos outros membros desse mesmo grupo.

    Noriega,J.; Morales e Noriega,C. (2005) em uma pesquisa realizada no

    Mxico, cujo objetivo foi avaliar as diferenas significativas entre tipos de

    famlias quanto ao clima familiar (disciplinada, coesa e sem orientao) e o

    stress da criana, em uma amostra que foi composta de 120 famlias em

    condies de pobreza extrema nas zonas perifricas de Hermosillo, Sonora

    Mxico; encontraram relaes interessantes entre os tipos de famlia e a

    presena ou no de stress em suas crianas. Nas famlias sem orientao as

    mes apresentaram uma percepo negativa da criana e acreditavam sofrer

    restries em decorrncia da maternidade, sendo que nessa categoria de

    famlia, encontrou-se maiores prevalncias de stress em suas crianas. Nas

    famlias coesas houve o menor nmero de crianas estressadas, e como

    caractersticas dessas , foram observadas condutas de expressividade,

    independncia, crescimento pessoal e organizao, onde os conflitos eram

    resolvidos de maneira positiva.

    O stress infantil torna-se de extrema importncia quando so analisadas

    suas consequncias para a criana. Lipp e Malagris (1995) acreditam que o

    stress infantil possa estar associado na patognese de distrbios fsicos epsicolgicos. Os distrbios psicolgicos so: a depresso, a enurese,

    dificuldades de relacionamento, comportamentos agressivos, desobedincia

    inusitada, ansiedade, choro excessivo, gagueira, dificuldades escolares,

    pesadelos, birras e insnia. Os fsicos relacionados ao stress so a obesidade,

    doenas dermatolgicas, cries, a asma, entre outros.

    Berenchtein (2004) em sua dissertao de mestrado investigou ainfluncia do stress na expresso clnica da asma e sua associao com as

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    crises em crianas. Nesse estudo a autora observou que as crianas com

    asma estavam mais estressadas que as crianas do grupo controle ( crianas

    no asmticas),principalmente aquelas com maior gravidade da doena. Os

    resultados indicaram que a presena de stress pode intensificar a freqncia

    de sintomas da asma, limitao atividade fsica, o absentesmo escolar e as

    interrupes do sono. Concluiu-se que o stress um fator importante no

    desencadeamento e agravamento das crises de asma nas crianas.

    Lipp,MEN; Arantes, JP; Buriti, MS e Witzig, T. (2002) realizaram um

    estudo que objetivou pesquisar a prevalncia do stress infantil no contexto

    escolar, averiguar a diferena no nmero de crianas estressadas de trs tipos

    de escolas e nas vrias sries do curso fundamental e estudar a diferena

    entre os gneros no que se refere ao stress. A amostra total se constituiu de

    255 escolares, com idades variando de 7 a 14 anos, oriundos de trs escolas.

    No total, foram testados 113 meninos e 142 meninas. A prevalncia de stress

    na amostra total foi de 12,5%, com 32 crianas com sintomas de stress grave.

    A primeira srie foi identificada como a mais estressante. A prova do qui

    quadrado revelou uma associao entre sries freqentada e ter ou no stress

    com um qui-quadrado = 5,9121 e p=0,01. O que se refere diferena entre os

    sexos, a anlise estatstica, por meio da prova do qui-quadrado, revelou uma

    associao significativa entre gnero e a prevalncia de stress (qui-quadrado=

    3,88, p= 0,04), sendo que a percentagem de meninas com stress era 9,02% e

    a de meninos 3,53%. Portanto, o stress era duas vezes mais comum nas

    meninas do que nos meninos.

    Lipp (2000) tambm aponta a ocorrncia de consequncias sociais, poracreditar que uma criana vulnervel ao stress e sofrendo suas consequncias,

    sem o tratamento adequado, certamente se tornar um adulto frgil, sem

    resistncia s dificuldades da vida. Aps essas apresentaes sobre o stress

    infantil e suas consequncias para a criana, percebe se a importncia da

    elaborao e implementao de programas especficos para ensinar s

    crianas, a lidarem com o stress de modo mais adequado,por meio do

    aprendizado de estratgias de coping para o enfrentamento de situaesestressantes em sua vida.

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    O termo coping ou enfrentamento utilizado na literatura para

    denominar o processo de lidar com demandas; internas ou externas, avaliadas

    pela criana como estando alm de seus recursos ou possibilidades. A

    definio mais conhecida de coping provavelmente a proposta por Lazarus e

    Folkman (1984). Para esses autores, enfrentamento refere-se a esforos

    comportamentais e cognitivos realizados por uma pessoa para lidar com as

    demandas ambientais ou internas, ou com um conflito existente entre ambas.

    Estes esforos influenciam, mas so tambm influenciados pelo ambiente.

    Em seu estudo Raimundo e Pinto (2006) analisaram a relao entre

    eventos estressantes entre pares e as estratgias de coping em 443 crianas e

    adolescentes portuguesas. Os objetivos deste estudo foram, por um lado,

    analisar a prevalncia da freqncia e intensidade percebida dos eventos

    estressantes entre pares e da freqncia e eficcia percebida das estratgias

    de coping utilizadas para lidar com esse estressor e, por outro lado, investigar o

    valor que prediz as variveis scio-demogrficas (sexo, idade e situao scio-

    econmica) relativamente s duas variveis em estudo (eventos estressantes

    entre pares e estratgias de coping). A anlise da estatstica descritiva das

    variveis em estudo revelou a existncia de nveis moderados de stress,

    proveniente do conflito entre pares, quer para a intensidade (M=2.49; DP= .11),

    quer para o resultado global de stress (M=2.15; DP= 1.24) e nveis modestos

    para a sua freqncia (M=1.83; DP=.15). As estratgias de coping ativas foram

    as mais utilizadas (M=1.75; DP=2.51) e consideradas mais eficazes (M=2.20;

    DP = 2.27), pelos alunos, sendo as nicas a situarem-se acima do ponto

    mdio, alm da eficcia percebida das estratgias de distrao cognitivo-comportamental (M=1.69; DP= 5.17). O teste T de diferenas entre mdias

    permitiu encontrar diferenas significativas de gnero, no sentido de as

    meninas evidenciarem nveis elevados dos eventos estressantes entre pares

    (t= - 3.463; p

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    conseqncias potenciais deste estressor, nas crianas e adolescentes em

    geral, e em particular nas meninas, que o experienciam mais intensamente; e

    assim sugerem para a necessidade de elaborao e implementao de

    programas de preveno e interveno escolar em nvel da utilizao, por parte

    das crianas e adolescentes, de estratgias de coping mais adequadas

    situaes percebidas como ameaadoras.

    Pincus, DB e Friedman, AG (2004) realizaram um estudo com o objetivo

    de averiguar e identificar quais eram as estratgias que as crianas de algumas

    escolas em Boston utilizavam para lidar com o stress cotidiano. Eles

    constataram que muitas das crianas no apresentavam um repertrio de

    estratgias que fossem adequadas para o enfrentamento das situaes

    vivenciadas, No final eles sugeriram que fossem realizados programas de

    interveno especficos ao ensino de estratgias (reestruturao cognitiva,

    autocontrole emocional) adequadas ao enfrentamento de stress em seus

    ambientes escolares.

    Outro estudo encontrado em relao ao ensino de um programa que

    ensinasse crianas a gerenciarem adequadamente situaes estressantes foi

    realizado por Kraag,G; Van Breukelen,GJ; Kok,G e Hosman,C (2009) em

    escolas.

    Com essa finalidade Lipp (2000) apresentou um programa brasileiro de

    tratamento especfico ao controle do stress para crianas, que tem sua base

    terica na Terapia Comportamental Cognitiva aplicada criana, seguindo o

    pressuposto terico de Ellis (1973).

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    OBJETIVOS

    Objetivo GeralO objetivo geral do presente estudo foi verificar a eficcia do

    treino de controle do stress infantil proposto por Lipp ( 2000 ) adaptado

    para o presente trabalho, na reduo dos sintomas de stress.

    Objetivos Especficos

    Como objetivos especficos a pesquisa buscou:

    1- Avaliar a sintomatologia do stress de uma amostra de crianasde ambos os sexos antes e aps o tratamento e compar-la com a

    de crianas de um grupo controle que no recebeu o treino de controle do

    stress.

    2- Levantar as fontes estressoras externas e internas na vida

    dessas crianas;

    3 - Conhecer as estratgias que essas crianas utilizam para lidar

    com o stress;

    4 - Avaliar o nvel e a fase de stress dos pais das crianas por meio do

    Inventrio de Sintomas de Stress.

    5- Elaborar um perfil da criana estressada da amostra estudada.

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    MTODO

    Participantes

    A amostra foi composta por 20 crianas que concordaram em participar

    voluntariamente do estudo e que tiveram o consentimento de seus

    responsveis para isso.

    Os critrios para incluso da amostra foram os seguintes: estar na faixa

    etria de 8 anos 0 meses a 9 anos e 11 meses de idade; de ambos os sexos;

    no apresentar retardo mental; estar matriculada e freqentando o ensinofundamental; e ser diagnosticada previamente como estressada, por meio do

    instrumento psicolgico adequado.

    Fundamentao para os Critrios de incluso das crianas na amostra:

    a) Critrio idade: crianas de 8a.0 m. a 9a.11m. de idade. Por compreender

    esta faixa etria ao Estgio Operatrio Concreto, segundo a teoria

    epistemolgica do desenvolvimento humano de Jean Piaget (1896-

    1980). Nesse perodo a criana comea a construir conceitos, por meio

    de estruturas lgicas. Ela desenvolve a capacidade de lidar com alguns

    conceitos abstratos como os relacionamentos. Possui lgica consistente

    e habilidade de solucionar problemas concretos. Alm de ser capaz de

    estabelecer relaes e coordenar pontos de vista diferentes e de integr-

    los de modo lgico e coerente. Este critrio importante para a

    realizao do estudo em virtude de o seu referencial terico ser a

    comportamental cognitiva. Esse critrio tambm foi escolhido pela

    questo de alteraes psiconeurofisiolgicas que ocorrem em crianas

    acima dessa faixa etria em decorrncia do incio da puberdade, o que

    seria uma varivel de difcil controle, por provocar alteraes no

    organismo da criana que poderiam ser confundidas com algumas

    reaes semelhantes s encontradas em um processo de stress.

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    b) Critrio educacional: a criana deve estar matriculada e freqentar o

    ensino fundamental, com o objetivo de estar inserida no processo

    educacional de seu contexto cultural, e com isso estar em pleno

    desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociais.

    c) Critrio diagnstico: apresentar nvel de stress significativo. Somente

    foram includas no estudo as crianas que aps serem avaliadas foram

    diagnosticadas como estressadas, para garantir um maior controle na

    eficcia ou no do treino de controle do stress, quando comparado o

    tratamento aplicado ao grupo experimental e controle, de modo que

    todos os participantes fossem semelhantes quanto varivel estudada.

    De um total de 97 crianas avaliadas no incio deste estudo,

    encontrou-se 34 crianas que no apresentavam nenhum nvel de stress, 43

    que estavam na fase de alerta do stress e 20 crianas que se encontravam

    entre as fases de resistncia e quase-exausto de stress. A partir do

    preenchimento do nmero pr-determinado para a composio da amostra dos

    participantes, duas amostras foram sorteadas aleatoriamente, com a finalidade

    da composio de dois grupos.

    Os grupos foram denominados Grupo de treino de controle do stress

    (GTCS) e Grupo comparativo (GC).

    O GTCS foi composto com o objetivo de oferecer aos participantes um

    possvel treino teraputico especializado no controle do stress infantil (TCSI).

    Este grupo foi formado por dez crianas que participaram do comeo ao final

    da interveno teraputica, tendo sido reavaliadas ao final da mesma.

    O GC foi composto por dez crianas que no receberam interveno

    programada pela pesquisa e que foram reavaliadas aps a realizao domesmo nmero de encontros do GTCS. O objetivo deste grupo foi controlar

    apenas a passagem do tempo, para servir como dimetro de comparao ao

    grupo experimental.

    A opo por dois grupos teve como finalidade testar a eficcia de um

    treino de controle de stress especfico infncia. Dessa forma trabalhou-se

    com um grupo experimental (GTCS) e um grupo comparativo (GC). O grupo

    GTCS recebeu orientaes para lidar com o stress, enquanto que o grupo GC,no contou com o tratamento para lidar com o stress. Dessa maneira o grupo

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    GC teve a funo de controle para o grupo GTCS, sendo que o objetivo foi

    averiguar se um treino em controle do stress infantil seria capaz de modificar os

    nveis de stress no grupo GTCS de maneira significativa em comparao com o

    grupo GC.

    Material

    Alm do termo de consentimento para os responsveis pelos

    partcipantes (Anexo A) foram utilizados os seguintes instrumentos: 1) ficha de

    identificao do participante (Anexo B); 2) Escala de Stress Infantil ESI Lipp

    e Lucarelli, 2005; 3) Escala de Reajustamento Social Elkind, 1981 (Anexo C);

    4) Roteiro de levantamento de fontes internas de stress (Anexo D); 5)

    Levantamento de estratgias de enfrentamento do stress para as crianas

    (Anexo E); 6) Inventrio de Comportamento da Infncia e Adolescncia (Child

    Behavior Checklist CBCL); 7) Inventrio de Sintomas de Stress ISS Lipp,

    2000. Adicionalmente fez-se uso do Manual do treino de controle do stress

    infantil (Anexo I) Este manual foi elaborado a partir dos quatro pilares do

    treino de controle do stress de Lipp (1984) com base no referencial terico da

    rea proposto por Lipp (2004) e nos dados obtidos durante as avaliaes

    realizadas com os participantes deste estudo. Deste modo o processo de

    interveno psicolgica, foi realizado utilizando-se o Manual do Treino de

    Controle do Stress Infantil.

    A descrio dos instrumentos de avaliao utilizados na pesquisa feita

    a seguir.

    Ficha de identificao do participante (Anexo B)

    Instrumento constitudo de perguntas abertas elaborado para o presente

    estudo com o objetivo de coletar dados gerais dos participantes: iniciais donome, sexo, data de nascimento, idade e dados de escolaridade. Nessa ficha,

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    tambm constam os dados de identificao dos pais e irmos, alm da fonte e

    motivos de encaminhamentos.

    Escala de Stress Infantil ESI (Lipp e Lucarelli, 2005 ).

    A Escala de Stress Infantil ESI elaborada em 2005 por Lipp e

    Lucarelli, j validada e publicada pela Casa do Psiclogo visou identificar a

    sintomatologia apresentada pela criana, avaliando, assim, o nvel de stress e

    descriminando as suas reaes. O instrumento tem por objetivo verificar a

    presena de stress em crianas de 6 14 anos de idade , de ambos os sexos.

    A ESI composta de 35 itens relacionados a sintomas fsicos, psicolgicos,

    psicolgicos com componentes depressivos e psicofisiolgicos de stress. Cada

    item apresenta um crculo dividido em quatro partes. A criana submetida ao

    teste deve preencher os desenhos indicando a freqncia com a qual sente o

    que est descrito.

    A graduao do sintoma : crculo em branco se nunca acontece; uma

    parte do crculo pintada se acontece um pouco; duas partes pintadas se

    acontece s vezes; quase sempre trs partes pintadas e todas as partes do

    crculo pintadas se sempre acontece.

    A Escala de Stress Infantil foi totalmente revisada e apresenta na segunda

    edio dados normativos atualizados, alm dos estudos de Preciso e

    Validade. A edio atual foi aprovada pelo Conselho Federal de Psicologia na

    23 Reunio Plenria, realizada em 25 de outubro de 2003.

    A ESI surgiu do interesse em validar o Inventrio de Sintomas de Stress

    Infantil (Lipp e Romano, 1987) pela sua aplicabilidade nas diferentes reas deatuao do psiclogo e por estar sendo, amplamente utilizada em pesquisas

    nesta rea. As diversas modificaes sofridas pela ISS-I original, a partir dos

    resultados apresentados na dissertao de mestrado de Maria Diva Monteiro

    Lucarelli, intitulada Inventrio de Sintomas de Stress Infantil ISS I: Um

    estudo de Validao, defendida no Departamento de Ps-graduao da PUC

    Campinas, em 1997, sob orientao de Marilda E. Novaes Lipp, sugeriram que

    sua verso final fosse considerada um novo instrumento, que foi denominadode Escala de Stress Infantil ESI.

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    As alteraes realizadas, no decorrer deste estudo, referem-se a

    construo, sequncia e a acrscimo de itens, a forma de apresentao e

    instrues. Tambm, passou por uma reviso em 2004, objetivando completar

    os estudos psicomtricos, a fim de enquadrar a escala nas especificaes da

    resoluo CPF n 002/2003, que caracteriza as condies necessrias para a

    publicao de testes psicolgicos.

    Os coeficientes de Preciso e de Consistncia Interna da ESI foram

    calculados e mostraram-se satisfatrios: Ceficiente Alpha de Cronbach = 0,89;

    Coeficiente de Preciso pela tcnica Duas Metades = 0,95 e Correlao de

    Sperman-Brown = 0,97. O coeficiente de correlao de Spearman obtido nas

    duas formas de aplicao foi de 0,73%, o que uma boa correlao.

    Escala de Reajustamento Social ( Elkind, 1981 ). (Anexo C).

    O objetivo desta escala foi verificar a presena de fontes externas de

    stress na vida da criana, ou seja, acontecimentos bons ou maus ocorridos em

    sua vida no perodo dos ltimos doze meses. A escala composta por 43

    situaes nas quais a criana passa por uma mudana em sua vida que exige

    uma nova adaptao de seu organismo. A cada mudana citada na escala

    atribudo um ndice correspondente ao quanto de energia adaptativa foi

    necessrio para que a criana pudesse adaptar-se ao acontecimento ocorrido.

    Para detectar quanto de energia foi utilizada pela criana soma-se o total

    correspondente aos pontos de todos os itens assinalados. Ao encontrar uma

    soma de at 150 pontos significa que a energia gasta atingiu um nvel mdio. A

    soma de 150 a 300 pontos conclui que a criana possui uma probabilidade

    acima da mdia para a ocorrncia de problemas de sade. Os pontos

    correspondentes a cada item so encontrados no instrumento no anexo C..

    Roteiro de levantamento de fontes internas de stress (Anexo D).

    Esse instrumento uma adaptao do Inventrio de fontes internas de

    stress utilizado na Dissertao de mestrado de Bignotto (1997).

    O objetivo deste instrumento foi verificar se o stress apresentado

    decorrente da maneira como a criana enfrenta as situaes cotidianas, dos

    seus pensamentos e do tipo de personalidade. Como fontes internas de stressforam considerados os seguintes itens: ansiedade, auto-estima, timidez e o

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    medo de Deus; citados no livro O stress infantil de autoria de Lipp et al (1987),

    sendo que, para cada categoria correspondem trs questes, distribudas

    aleatoriamente.

    O Roteiro constitudo de afirmaes por meio das quais a criana

    marca a freqncia de ocorrncia relativa a ela. Para responder

    necessrio preencher os crculos indicando a freqncia, se nunca acontece,

    nenhum crculo pintado; se acontece raramente, apenas um crculo pintado;

    se acontece s vezes, dois crculos so pintados; se acontece com freqncia,

    trs crculos so pintados; e se sempre acontece, todos os crculos so

    pintados. Para a avaliao as questes esto separadas em dimenses:

    ansiedade = questes 1, 4 e 12; auto estima = questes 5, 6 e 9; timidez =

    questes = 3, 7 e 10; e medo de Deus = questes 2, 8 e11.

    A resposta considerada pertinente quando acontece com freqncia (3

    crculos pintados) ou acontece sempre (4 crculos pintados) .; e para ser

    considerada presena de fontes internas de stress na criana necessrio

    haver 2 respostas pertinentes em qualquer das dimenses ou 3 respostas

    pertinentes sendo uma em cada dimenso.

    Levantamento de estratgias de enfrentamento do s tress para as

    Crianas (Anexo E).

    Esse instrumento foi elaborado por Dell Aglio e Hutz (2002) em um estudo

    que realizaram quanto s estratgias de coping e estilo atribucional de crianas

    em eventos estressantes. O objetivo desse instrumento verificar como a

    criana reage perante situaes estressantes.

    Para poder ser atingida essa finalidade, trs questes so feitas para a

    criana. A primeira com o intuito de constatar qual a ao efetiva da crianafrente a eventos estressantes ( O que voc fez?). A segunda questo refere-

    se resposta de uma soluo alternativa apresentada pela criana ( Voc

    poderia ter feito alguma outra coisa? ). E a terceira e ltima questo refere-se

    forma como a criana lidou com a emoo resultante do evento ( O que

    voc fez para sentir- se melhor? ).

    Aps as questes serem respondidas, elas so classificadas em 7

    categorias apresentadas pelos autores ( aes agressivas, evitao, distrao,apoio social, ao direta, inao e outras ). .

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    Inventrio de Comportamentos da Infncia e Adolescncia (Child

    Behavior Checklis t CBCL, Achenbach, 1991).

    O Child Behavior Checklist (CBCL) um questionrio que avalia

    competncia social e problemas de comportamento em indivduos de 4 a 18

    anos, a partir de informaes fornecidas pelos pais. A verso brasileira do

    CBCL denominada Inventrio de Comportamentos da Infncia e

    Adolescncia.

    Inventrio de Sintomas de Stress ISS-L ( Lipp, 1989).

    Este instrumento foi elaborado por Lipp (1989) baseado nos conceitos de

    Selye, validado por Lipp e Guevara (1994) e modificado recentemente (Lipp,

    2000). A diferena entre as duas verses consiste no fato de que no ISS

    adulto recentemente publicado, aparece a fase de stress adicional chamada

    de quase exausto, que se instala aps a fase de resistncia e antes da

    exausto. O novo modelo de stress quadrifsico no que se refere ao

    diagnstico do stress mas no difere quanto aos itens includos.

    O instrumento permite avaliar os sintomas de stress que mais comumente

    acometem os indivduos quando estes vivenciam situaes de tenso e stress,

    tanto a nvel cognitivo (psicolgico) como a nvel somtico (fsico). Possibilita

    ainda identificar a fase de stress em que o indivduo se encontra,

    compreendendo quatro fases:

    Fase de Alerta, Fase de Resistncia, Fase de Quase Exausto e Fase de

    Exausto.

    Os sintomas obedecem a uma hierarquia de intensidade, uma vez que comum o sintoma aparecer na fase de alerta com menor intensidade ou

    freqncia entre eles, podendo desaparecer na fase de resistncia, uma vez

    que o organismo resistiu ou se adaptou ao estressor do momento, e reaparecer

    na fase de exausto com uma intensidade maior.

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    Manual do Treino de Controle do Stress Infantil

    O Manual do Treino de Controle do Stress Infantil (TCSI) teve por

    objetivo, fornecer diretrizes para o tratamento do stress junto a essa populao.

    As orientaes contidas no manual baseiam-se nos resultados obtidos

    por meio das avaliaes a que se submeteram os participantes deste estudo e

    no protocolo de tratamento do controle de stress para crianas de Lipp (2000).Em 1984 Lipp sugeriu o Treino de Controle do Stress de Lipp para adultos

    como um mtodo de tratamento elaborado com base nos princpios do treino

    de inoculao de stress de Meichenbaum (1985), na terapia racional emotiva

    de Ellis (1973) e de tcnicas e procedimentos comportamentais cognitivos

    consideradas relevantes. Os objetivos visam a reduo dos nveis de stress por

    meio do aprendizado de estratgias de enfrentamento. A anlise funcional

    adequada das fontes de stress, internas e externas identificadas pelo

    participante no momento atual e a avaliao criteriosa dos seus nveis de

    stress antes e aps a aplicao do TCS est relacionada a eficcia do

    tratamento (Lipp & Malagris, 1995). Esse treino objetivou levar o participante a:

    a) compreender o conceito de stress; b) aprender a identificar e reconhecer em

    si os sintomas de stress; c) reconhecer as suas fontes internas e externas de

    stress; d) aprender a lidar com a ansiedade; e) reestruturar a maneira de

    pensar; f) desenvolver a assertividade; g) aprender a manejar tcnicas de

    resoluo de problemas; h)reconhecer e respeitar os prprios limites; i)

    aprender a utilizar o stress inevitvel a seu favor; j) ser capaz de desenvolver

    um plano pessoal de tcnicas de manejo do stress (Lipp

    & Malagris, 1995). Os mtodos de trabalhos elaborados fundamentam-se na

    abordagem comportamental cognitiva.

    O Treino de Controle do Stress de Lipp foi adaptado e utilizado com

    eficcia em pacientes com hipertenso arterial essencial (Lipp et al, 1991 e

    Lipp, Bignotto & Alcino, 1997); em pacientes com psorase (Lipp & Malagris,

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    1995); em gestantes estressadas (Torrezan, 1999); em pacientes com

    retoculite inespecfica (Brasio, 2000) e em mulheres chefes de famlia

    (Tanganelli, 2000).

    Em 2000, Lipp publicou um protocolo de tratamento do stress infantil

    para atender as especificidades da infncia, o treino de controle de stress

    elaborado especificamente para esta populao tem como objetivo beneficiar

    crianas proporcionando-lhe meios, pelos quais, possam aprender a identificar,

    manejar e reduzir os seus nveis de stress. Para o presente estudo o TCS-I foi

    adaptado de acordo com as necessidades especficas dos participantes, de

    forma que as sesses abrangessem alm da parte terica que transmite os

    conceitos necessrios, tambm a parte prtica, por meio da utilizao de

    estratgias comportamentais e cognitivas.

    As sesses no total de 16, com durao de 90 minutos abordaram

    aspectos relacionados sobre stress, reconhecimento e a magnitude dos

    estressores com os quais as crianas estavam convivendo. O treino visou o

    desenvolvimento de estratgias para lidar com os estressores presentes em

    suas vidas, e de habilidades, para que estas possam suprir as suas

    necessidades. Apresenta ainda orientao quanto ao uso de tcnicas de

    relaxamento, respirao profunda, a prtica de exerccios fsicos, cuidados com

    a alimentao e reestruturao cognitiva denominados por Lipp (1984) como os

    quatro pilares de controle do stress. Alm de, 4 encontros com os pais dos

    participantes, cujo objetivo foi o de inform-los quanto aos aspectos do stress

    na infncia.

    O manual contou com material informativo impresso, entregue e

    discutido com os participantes durante algumas sesses, o objetivo foi inform-

    los quanto ao stress e suas caractersticas, alm de possibilitar futurasconsultas.

    Apresenta-se a seguir a descrio do protocolo realizado, sendo descrito

    o contedo trabalhado em cada encontro realizado.

    Protocolo do Treino de Controle do Stress Infantil (TCSI):

    O protocolo de tratamento do treino de controle do stress infantil foi

    elaborado em duas etapas, a primeira referente ao Eixo I e a segunda ao EixoII. O Eixo I consistiu na reduo sintomatolgica, com o objetivo de promover

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    uma melhora no bem estar da criana. O Eixo II visou abordar a reduo das

    causas do stress. O contedo desses dois eixos foram divididos ao longo das

    sesses.

    As sesses incluam:

    1 Sesso:

    Tema central: Explicar os objetivos da realizao do grupo e

    promover a integrao das crianas participantes.

    Inicialmente feita a apresentao dos membros do grupo, da terapeuta

    e da co-teraputa. Reserva-se um tempo para que os participantes troquem

    idias entre si.

    Para auxiliar o conhecimento dos participantes, utiliza-se uma dinmica,

    onde cada criana fala o seu nome, a sua idade e um animal que gosta e

    depois faz um desenho desse animal e escolhe um nome para ele.No final

    todos apresentam o seu animal para o grupo.

    Coloca-se os objetivos do Treino de Controle do Stress infantil (TCSI) e

    entrega um caderninho para cada criana, que ser utilizado na realizao da

    tarefa de casa.

    Em um segundo momento a terapeuta faz explanao sobre o stress e

    suas caractersticas.

    Tarefa de casa: Pede-se que cada criana anote em seu caderno uma

    situao de stress que ela acredita ter acontecido com ela.

    2. Sesso:

    Tema central: Fontes externas de stress.

    Reserva-se um tempo para que os participantes apresentem a tarefa decasa.

    A terapeuta retoma o assunto sobre o stress, tomando como base as

    situaes trazidas pelas crianas.

    Aborda-se o conceito de fontes externas de stress e exemplifica as mais

    comuns.

    Vivncia: Descobrir o outro (Desenho Presente)

    Tarefa de casa: Solicita-se que cada criana registre em seu cadernoalguns sentimentos que identificar em si mesma durante a semana.

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    Encerra-se a sesso com um exerccio de relaxamento: A nuvem Lipp

    e colaboradoras (1991), Como enfrentar o stress infantil. So Paulo: cone

    Editora.

    3 Sesso:

    Tema central: Identif icar pensamentos.

    Inicia-se com a apresentao da tarefa de casa.

    Rev-se os assuntos da sesso anterior.

    A terapeuta com base no tema sobre os sentimentos, introduz o tpico

    identificar pensamentos.

    Vivncia: Descobrir emoes e sentimentos (Saco das emoes).

    Tarefa de casa: No caderno anotar uma situao de stress que

    vivenciou e registrar os pensamentos que teve quanto situao e quais os

    sentimentos que percebeu ter.

    Encerra-se a sesso com o exerccio de respirao profunda - Lipp e

    colaboradoras, 1991. Como enfrentar o stress infantil. So Paulo: cone

    Editora..

    4 Sesso:

    Tema central: Associao situao pensamento sentimentos.

    Apresentao da tarefa de casa.

    Explicao do tema central: Como a maneira inadequada de pensar

    sobre os eventos da vida influenciam a severidade do stress.

    Vivncia: Jogo dos Sentimentos.

    Tarefa de casa: Fazer o exerccio Jardim de Flor de Pensamento

    (Bernard e Joyce, 1984) no caderno, escolhendo uma situao vivenciada.Realiza-se o Relaxamento: Nuvem.

    5 Sesso:

    Tema central: Fontes internas de Stress (Ansiedade; Autoestima

    prejudicada, Timidez e Medo da punio divina).

    Momento para discusso da tarefa de casa.

    Explicar o conceito de fontes internas.Discutir a ansiedade como uma fonte interna de stress.

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    Vivncia: Descobrir-se (Lixo mental).

    Tarefa de casa: Escrever no caderno 3 situaes que so geradoras de

    ansiedade.

    Ao trmino realiza-se o exerccio de relaxamento de Jacobson..

    6 Sesso:

    Tema central: O controle da ansiedade.

    Apresentao da tarefa de casa.

    Explicar o conceito de ansiedade e os sintomas.

    Enfocar como a ansiedade pode ser desencadeada pelo fator cognitivo.

    A tcnica de parada de pensamento.

    A tcnica do controle de ansiedade.

    Tarefa de casa: Treinar as duas tcnicas ensinadas.

    Relaxamento de Jacobson integrado ao exerccio de respirao

    profunda (Lipp et al, 1991).

    7 Sesso:

    Tema central: Estratgias de enfrentamento para lidar com as

    fontes externas de stress.

    Retomada da tarefa de casa.

    Atividade: o jogo Guerra ao stress- Casa do Psiclogo.

    Discutir as estratgias de enfrentamento em relao s fontes externas

    de stress apresentadas no jogo.

    Tarefa de casa: No caderno fazer uma lista de quais dificuldades

    encontra no relacionamento com seus amigos.

    A sesso finalizada com a prtica de um exerccio de visualizao.

    8 Sesso:

    Tema central: Relacionamento com os amigos.

    Momento para discusso da tarefa de casa.

    O relacionamento interpessoal como uma fonte de stress.

    Assertividade, Expresso de sentimentos, Empatia.

    Vivncia: Aprendendo a olhar e a dizer o positivo ( O que eu mais gostoem meu colega).

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    Tarefa de casa: No caderno a criana registra uma situao em que

    procurou realizar algo para agradar um amigo ou uma amiga.

    Exerccio de relaxamento : Nuvem.

    9 Sesso:

    Tema central: Lidando com a presso do grupo.

    Apresentao da tarefa de casa.

    Explicao do tpico: Como lidar com as presses do grupo ( Os meus

    amigos querem....mas eu no! ).

    Tarefa de casa: Registrar no caderno uma situao que ocorrer na

    semana que a criana consiga agir conforme a sua vontade.

    Relaxamento da luz Lipp, MN (2008). Crianas estressadas, causas,

    sintomas e solues. 5 edio. Campinas,S.P.: Papirus.

    10 Sesso:

    Tema central: Lidando com as diferenas.

    Comentrios sobre a tarefa de casa.

    Explanao do tema: Lidando com as diferenas.

    Vivncia: Sementes.

    Tarefa de casa: No caderno fazer um desenho que represente o

    sentimento de tristeza.

    Relaxamento: Nuvem.

    11 Sesso:

    Tema central: O sentimento de rejeio.

    Momento para que as crianas comentem a tarefa de casa.Explicao do tpico: O sentimento de rejeio.

    Apresentao em DVD de alguns desenhos que trabalham o tema da

    rejeio por ser diferente.

    Discusso sobre os desenhos apresentados.

    Tarefa de casa: Fazer uma lista, no caderno, de apelidos que conhece.

    Exerccio de Relaxamento: O barquinho. Lipp, M.N. (2008). Crianas

    estressadas, causas, sintomas e solues. 5. Edio. Campinas S.P.: Papirus.

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    12 Sesso:

    Tema central: Bullying ( O quanto esse comportamento prejudica o

    outro ).

    Discusso do contedo da tarefa de casa.

    Explicao do termo bullying e a responsabilidade que cada criana tem

    no praticar esse comportamento.

    Vivncia: Descobrir o outro: Olhos.

    Tarefa de casa: Fazer um desenho no caderno de uma situao em que

    a criana fez algo que no queria, mas fez para agradar um amiguinho, ou para

    no se sentir diferente.

    Relaxamento: O tapete mgico. Lipp, M.N. (2008). Crianas

    estressadas, causas, sintomas e solues. 5 edio. Campinas S.P.: Papirus.

    13 Sesso:

    Tema central: A presso do grupo para atos especficos que a

    criana no queira fazer.

    Apresentao do tpico: Quando a presso do grupo prejudicial para a

    criana, por exemplo: fazer esportes de que no gosta, usar roupas que esto

    na moda, mas que no gosta, e outras situaes.

    Tarefa de casa: No caderno anotar 2 atividades que a criana costuma

    fazer com a sua famlia.

    Relaxamento da luz..

    14 Sesso:

    Tema central: A famlia (Hbitos de vida ).

    Momento para apresentao da tarefa de casa.Explicao dos tpicos: Hbitos de vida. Como a famlia influencia na

    formao de nossos hbitos de vida.

    Apresentao do desenho: Os sete monstrinhos ( exibido na TV

    Cultura).

    Aps a apresentao do episdio do desenho, discusso com as

    crianas com relao a cada personagem.

    Tarefa de casa: Registrar no caderno os medos que cada criana tem.

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    Relaxamento: A grama. - Lipp, M.N. (2000). Crianas estressadas,

    causas, sintomas e solues. 5 edio. Campinas, S.P. Papirus.

    15 Sesso:

    Tema central: Medos.

    Apresentao da tarefa de casa.

    Discutir como a maneira de pensar pode desencadear o sentimento de

    medo.

    Vivncia: Medos, Medinhos e Medes.

    Tarefa de casa: A criana deve pensar em tudo o que foi aprendido no

    grupo e anotar no caderno, o que mais gostou.

    Relaxamento: da luz..

    16 Sesso:

    Fechamento.

    Momento para as crianas apresentarem suas dvidas.

    Breve reviso quanto ao termo stress e suas caractersticas.

    Exerccio de relaxamento: Nuvem.

    O Treino de Controle do Stress Infantil, alm das 16 sesses com as

    crianas, tambm constou de 4 encontros de 90 minutos de durao cada um,

    realizados com os pais das crianas. Esses encontros ocorreram

    respectivamentente: o primeiro, aps a quarta sesso do grupo infantil, o

    segundo aps a nona sesso, o terceiro aps dcima terceira sesso e o

    quarto e ltimo encontro aps a dcima sexta sesso. A escolha da poca

    dessas sesses baseou-se na experincia clnica da autora.Os objetivos desses encontros foram informar os pais sobre o stress e

    suas caractersticas, alm de instrumentaliz-los com tcnicas especficas para

    o manejo do stress de seus filhos, e com isso estarem aptos auxiliarem seus

    filhos no tratamento do stress infantil.

    Os encontros com os pais incluam:

    1 Encontro com os pais:

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    Temas abordados: Stress infantil, as fontes de stress (internas e

    externas).Os quatro pilares do controle do stress (relaxamento, exerccio fsico,

    alimentao e reestruturao cognitiva).

    2 Encontro com os pais:

    Temas abordados: O modelo terico da Terapia Comportamental

    Cognitiva (o sistema ABC / situao pensamento sentimentos).

    3 Encontro com os pais:

    Tema abordado:O papel dos pais na preveno do stress infantil.

    4 Encontro com os pais:

    Tema abordado: Breve reviso tos temas abordados.

    Local

    O local para a realizao das entrevistas iniciais foi as instalaes de

    um consultrio prprio para atendimento. Para a realizao da interveno

    teraputica, treino de controle do stress, utilizou-se uma sala confortvel com

    iluminao e ventilao, possuindo todos os recursos. Fazia parte das

    instalaes mesa, cadeiras confortveis, retroprojetor, lousa, som e ar

    condicionado.

    Pessoal

    A pesquisadora contou com o auxlio de profissionais de sade,

    educadores que entravam em contato informando o interesse de crianas, quese enquadravam nos critrios da amostra, em participar da pesquisa.

    A realizao do Treino de Controle do Stress Infantil contou com a

    colaborao de uma psicloga com 11 anos de experincia na rea clnica,que

    atua na mesma clnica psicolgica que a pesquisadora, que atuou como co-

    terapeuta.

    Procedimento

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    Avaliao das cr ianas

    A pesquisadora por meio de contatos com profissionais das reas de

    sade e educacional, alm de outros segmentos da sociedade buscou

    informar-se da existncia de crianas que se enquadrassem nas caractersticas

    da amostra. Das crianas que participaram deste estudo, 4 foram

    encaminhadas por mdicos, 9 pela equipe escolar de suas escolas e 7 crianas

    os prprios pais tiveram interesse que participassem.

    Tendo obtido os dados que possibilitassem os contatos com os pais das

    crianas, a pesquisadora comunicava-se por telefone ou pessoalmente,

    convidando-os a participarem da pesquisa. Informava-os ento que a pesquisa

    fazia parte do Curso de Doutorado em Psicologia da Pontifcia Universidade

    Catlica de Campinas, que o objetivo do trabalho era verificar a eficcia de um

    tratamento especfico ao stress na infncia. Ressaltou que para que fosse

    realizada a pesquisa seriam necessrios alguns encontros com as crianas e

    com os pais. Informou-se que todas as crianas receberiam o TCS-I, embora

    um grupo o recebesse um pouco mais tarde.

    Foi enfocada a questo do sigilo quanto a identificao, e mencionou-se

    que os dados coletados seriam divulgados sem que os participantes pudessem

    ser identificados. Quando havia interesse em participar, a pesquisadora

    marcava um horrio e local para dar incio aos trabalhos.

    Do total de crianas avaliadas inicialmente, 77 delas no preencheram

    os critrios de incluso. Das 20 crianas que preencheram os critrios, todas

    foram autorizadas por seus responsveis em participarem do trabalho.

    Nesse primeiro encontro compareceram os pais e a criana. Os pais que

    concordaram em que seu filho participasse voluntariamente do estudo e

    tambm tendo o consentimento da criana, assinaram um termo deconsentimento (Anexo A). Aps a assinatura que consentia participao da

    criana, os pais preenchiam os seguintes instrumentos: Ficha de identificao

    do participante, a Escala de Reajustamento Social de Elkind e o Inventrio de

    comportamentos da Infncia e Adolescncia (CBCL). Aps a realizao dos

    dois grupos, um novo encontro foi marcado individualmente com os pais de

    cada participante, para que a Escala de Reajustamento Social e o CBCL

    fossem novamente preenchidos.

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    A coleta de dados com a criana foi realizada em duas fases, antes e

    aps o Treino de Controle do Stress e da Passagem do tempo.

    Na primeira fase, todos os participantes responderam a avaliao

    individual. Esta avaliao constou da aplicao dos seguintes instrumentos na

    ordem mencionada: Escala de Stress Infantil ESI, Roteiro de levantamento de

    fontes internas de stress, Levantamento de estratgias de enfrentamento do

    stress para as crianas. Os instrumentos foram lidos e explicados pela

    pesquisadora. Os participantes responderam e questionaram quando surgiam

    dvidas.

    Avaliao dos pais.

    Para a avaliao dos pais foram realizados dois encontros, o primeiro

    antes do incio dos grupos e o segundo, aps o trmino. Os encontros foram

    agendados individualmente para cada par de progenitores das crianas. O

    instrumento aplicado foi o Inventrio de Sintomas de Stress ISSL. A

    pesquisadora leu as instrues e os pais preenchiam cada um o seu

    instrumento.

    Em todas as avaliaes (crianas e pais) a pesquisadora esteve

    presente para garantir a compreenso dos instrumentos. A coleta de dados foi

    realizada em 10 meses.

    Composio dos Grupos: GTCSI e GC.Aps o trmino da primeira avaliao com as crianas, houve a

    realizao de um sorteio para a composio dos dois grupos, denominados

    Grupo de Treino de Controle do Stress Infantil (grupo experimental) e o Grupo

    Comparativo (grupo controle).

    Para os participantes do GTCSI mencionou-se que os mesmos

    receberiam um treino de controle do stress. Para os membros do GC colocou-

    se somente que iriam participar de encontros semanais.

  • 7/25/2019 Contrele Do Estresse

    53/121

    Os encontros de ambos os grupos foram realizados uma vez a cada

    semana, com a durao de 90 minutos para cada reunio, sendo que os dois

    tiveram um total de 16 sesses, realizado em um perodo de 4 meses

    aproximadamente.

    Grupo Comparativo (GC):

    Nas 16 sesses realizadas no GC os temas abordados foram livres e

    que partiam do interesse das prprias crianas.

    Grupo Treino de Controle do Stress Infantil (GTCSI):

    No GTCSI houve a realizao de um tratamento especfico para o stress que

    seguiu o protocolo apresentado no Manual de Treino de Controle do Stress

    Infantil. O treino foi ministrado pela pesquisadora e contou com a ajuda de uma

    co-teraputa, tambm psicloga, que observou o desenvolver de cada sesso

    e prestou auxlio nas tcnicas de Relaxamento, Respirao profunda e nas

    demais vivncias.

    A terapeuta no Treino de Controle do Stress Infantil teve como funo

    ensinar novos comportamentos, ser um agente que auxilia e orienta

    favorecendo que se formasse no grupo uma unidade coesa, com uma

    reciprocidade contnua no dar e receber informaes. A co terapeuta teve a

    funo de anotar as sesses e ajudar na aplicao de tcnicas como por

    exemplo o relaxamento e a respirao profunda.

    Foram realizadas 16 sesses, sendo uma por semana, com durao de

    90 minutos, na sala de um consultrio que acomodou confortavelmente o

    nmero de pessoas que formava o grupo. O tratamento foi ministrado em

    grupo, uma vez que a participao grupal possibilita aos seus membrosperceber que a sua dificuldade no algo exclusivo, que ocorre s consigo.

    Tambm favorece que seus membros percebam sua similaridade com os

    outros e dividam seus conflitos, beneficiando-se muito pela observao de suas

    prprias evolues e pela aceitao de seus problemas por parte de outros

    membros.

    Reavaliaes.

  • 7/25/2019 Contrele Do Estresse

    54/121

    Para a reavaliao dos participantes de ambos os grupos, foram

    utilizados os mesmos instrumentos aplicados na primeira avaliao. Para

    todas as crianas a reavaliao efetuou-se na mesma poca.

    Para as crianas que participaram do GC, aps a reavaliao houve a

    realizao do mesmo tratamento aplicado ao GTCSI, porm os dados no

    foram analisados para a realizao do presente estudo.

    Ganho para os participantes:

    Na ocasio orientaes foram fornecidas sobre como lidar com o stress.

    Tambm houve a entrega de uma apostila com essas orientaes para cada

    participante do estudo. Todas as crianas dos dois grupos receberam o

    tratamento do stress, sendo que o GC o recebeu aps a concluso da coleta

    de dados.

  • 7/25/2019 Contrele Do Estresse

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    RESULTADOS

    Mtodo de Anlise dos Dados

    Para descrever o perfil da amostra segundo as variveis em estudo, foram

    feitas tabelas de frequncia das variveis categricas (sexo, stress,...), com

    valores de frequncia absoluta (n) e percentual (%), e estatsticas descritivas

    das variveis contnuas (idade, escores das escalas, ...), com valores de

    mdia, desvio padro, valores mnimo e mximo, mediana e quartis. Para a

    anlise de consistncia interna das escalas foi calculado o coeficiente alfa de

    Cronbach. Valores de alfa maiores que 0.70 indicam alta consistncia.

    Para comparao das variveis categricas foi utilizado o teste Qui-

    Quadrado de Pearson, ou o teste exato de Fisher, na presena de valores

    esperados menores que 5. Para comparar as variveis contnuas entre os 2

    grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney, devido ausncia de distribuio

    Normal das variveis. Para analisar a relao entre as variveis numricas foi

    utilizado o coeficiente de correlao de Spearman, devido ausncia de

    distribuio Normal das variveis que foi verificado pelo teste Shapiro-Wilk.

    Para comparar as variveis categricas entre as avaliaes pr e ps-

    treino foi utilizado o teste de McNemar (para 2 categorias) e o teste de simetria

    de Bowker (para 3 ou mais categorias), e para comparar as variveis

    numricas entre as 2 avaliaes e os 2 grupos foi utilizada, a anlise de

    varincia para medidas repetidas (Repeated Measures ANOVA), com asvariveis transformadas em postos (ranks) devido ausncia de distribuio

    Normal.

    O nvel de significncia adotado para os testes estatsticos foi de 5%, ou

    seja, p

  • 7/25/2019 Contrele Do Estresse

    56/121

    Quanto ao modelo de pesquisa utilizado o Journal Consulting and

    Clinical Psychology indica que existem dois tipos de pesquisas, a saber,

    pesquisa de processo que se responsabiliza pela avaliao do processo

    psicoterpico e o de resultados (out-come) que visa o resultado final. Neste

    estudo fez-se a opo por uma integrao dos dois modelos, apresentando-se

    dados no s referentes aos resultados do tratamento, mas tambm quanto

    evoluo do processo teraputico.

    Anlise de Consistncia Interna das Escalas.

    A anlise de consistncia interna (alfa de Cronbach) para medir a

    confiabilidade das escalas de Stress Infantil (ESI), Escala de Reajustamento

    Social (ERS) e o Inventrio de fontes internas de stress infantil (IFISI),

    demonstrou uma alta consistncia interna para os instrumentos e domnios.

  • 7/25/2019 Contrele Do Estresse

    57/121

    Parte I

    Dados de identificao:

    Nesta parte do estudo apresentam-se os dados da amostra geral

    constituda por 20 crianas. Os itens avaliados referem-se ao sexo, idade,

    escolaridade, tipo de escola, quantidade de irmos, posio entre os filhos e

    fonte de encaminhamento.

    A caracterizao detalhada da amostra estudada pode ser vista no

    Anexo G.

    Para melhor compreenso dos dados a apresentao feita por itens.

    Sexo e Idade.

    A amostra geral do presente estudo foi composta de 65% de meninas e

    35% de meninos. A faixa etria abrangeu as idades de 8 a 9 anos, sendo 60%

    crianas de 8 anos e 40% de 9 anos; o que proporcionou uma amostra capaz

    de englobar as idades propostas. A mdia de idade foi 8,77 com desvio padro

    0,43.

    Tipo de escola e Escolaridade.

    Quanto ao tipo de escola 75% das crianas freqentavam escolas

    particulares e 25% escolas pblicas. Em relao ao ano escolar, 55% dos

    participantes cursavam o 3 ano do ensino fundamental de 9 anos (antiga 2

    srie) e 45% o 4 ano (antiga 3 srie).

    Quantidade de irmos e Posio entre eles.

    Quanto ao nmero de irmos, a amostra foi co