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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA CURSO DE PEDAGOGIA / PARFOR JOSSE KELY SILVA DE CARVALHO MARIA DOMINGAS CASTELO PEREIRA APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA PARAGOMINAS-PA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA

CURSO DE PEDAGOGIA / PARFOR

JOSSE KELY SILVA DE CARVALHO

MARIA DOMINGAS CASTELO PEREIRA

APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA

PARAGOMINAS-PA

2017

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JOSSE KELY SILVA DE CARVALHO MARIA DOMINGAS CASTELO PEREIRA

APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso licenciatura Plena em Pedagogia, como o requisito para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal Rural da Amazônia. Orientador (a): Cláudia Waléria da Silva Ferreira

PARAGOMINAS-PA 2017

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JOSSE KELY SILVA DE CARVALHO MARIA DOMINGAS CASTELO PEREIRA

APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA

Trabalho de conclusão de curso apresentada à Universidade Federal Rural da

Amazônia/PARFOR, como parte das exigências do Curso de graduação, para

obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

_________________________ Data da Aprovação

Banca Examinadora

_____________________________________ Orientadora

Profª. Cláudia Waléria da Silva Ferreira PARFOR / Universidade Federal Rural da Amazônia

_____________________________________ Membro 1

Prof. Luis André Silva Malato PARFOR / Universidade Federal Rural da Amazônia

_____________________________________Membro 2

Profª. Rosenilde Fonseca Santos PARFOR / Universidade Federal Rural da Amazônia

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Dedicamos este trabalho aos nossos filhos, motivo da nossa luta e que de forma heroica suportaram nossa ausência, durante todo nosso percurso acadêmico.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por sua infinita misericórdia, pelo seu amparo e providência. As nossas famílias pelo apoio e motivação. Ao coordenador Denes Barros pelo empenho. A Professora Rosenilde Fonseca pela sua contribuição voluntária na tirada de dúvidas e que com boa vontade nos ajudou quando possível.

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“A primeira linguagem que a criança compreende é a linguagem do corpo, a linguagem da ação”

Jean Piaget

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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso trata da relação entre psicomotricidade e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, abordando sobre a aplicabilidade das atividades psicomotoras na Escola Municipal de Ensino Infantil Nossa Senhora Aparecida, objetivando descrever os principais pensamentos sobre psicomotricidade no campo teórico e sua relevância para as atividades na pré-escola, também propõe-se pontuar a relação entre a ciência psicomotora com o referencial norteador do seguimento de ensino ao qual a escola pertence e verificar o planejamento das ações psicomotoras a serem desenvolvidas nas aulas analisando as possibilidades de aplicação. Com pesquisa de campo realizada na escola acima citada e situada no município de São Miguel do Guamá no Estado do Pará, gera dados analisados em forma de quadros e gráficos, onde os resultados ao longo trabalho mostram o descaso com a formação dos profissionais que atuam na pré-escola no que diz respeito ao conhecimento sobre psicomotricidade, além da notória falta de estrutura física para a realização de atividades com enfoque psicomotor. PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade. Pré-escola. Elementos Psicomotores. Movimento.

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ABSTRACT

The present Work of Conclusion of Course deals with the relation between psychomotricity and the Reference National Curriculum for Early Childhood Education, addressing the about of psychomotor activities in the Municipal School of Early Childhood Education Nossa Senhora Aparecida, aiming to describe the main thoughts about psychomotricity In the theoretical field and its relevance to pre-school activities, It is also proposed to point out the relationship between a psychomotor science and the guiding with reference of follow-up teaching to a school of competence and verify The planning of the psychomotor actions to be developed in the classes analyzing how possibilities of application. With the field research carried out at the school mentioned above and located in the municipality of São Miguel do Guamá in the state of Pará, generates data analyzed in the form of tables and graphs, Where results throughout the work show rest for the training of professionals working in preschool With regard to knowledge about psychomotricity, besides the notorious lack of physical structure for the performance of activities with psychomotor focus.

KEY WORDS: Psychomotricity; Pre school; Psychomotor Elements; Movement.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – PERFIL DOS PARTICIPANTES .................................................... 33

QUADRO 2 – CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ................34

QUADRO 3 – ESPAÇO FÍSICO E QUANTIDADE DE ALUNOS POR SALA ...... 37

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – JOGOS E BRINCADEIRAS EM SALA........................................... 35

GRÁFICO 2 – ESPAÇO FÍSICO.......................................................................... 36

GRÁFICO 3 – FORMAÇÃO CONTINUADA ......................................................... 38

GRÁFICO 4 – FORMAÇÃO ACADÊMICA ........................................................... 39

GRÁFICO 5 – UTILIZAÇÃO DO RCNEI .................................................................40

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LISTA DE SIGLAS

ABP – Associação Brasileira de Psicomotricidade

E.M.E.I – Escola Municipal de Ensino Infantil

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

U.M.E.I – Unidade Municipal de Educação Infantil

UNESCO – Organização das Nações Unidas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12

2 PREMISSAS TEÓRICAS....................................................................................14

2.1 Conceituação e Historicidade Da Psicomotricidade........................................ 14

2.2 Elementos Psicomotores................................................................................. 16

2.2.1 Evolução e desenvolvimento da lateralidade............................................... 20

2.2.2 Perturbações da lateralização...................................................................... 20

3 REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E

SUA RELAÇÃO COM A PSICOMOTRICIDADE...................................................

22

3.1 Contexto Histórico Educacional da Criação do RCNEI.................................. 22

3.2 Eixos Temáticos.............................................................................................. 23

3.2.1 Eixo movimento........................................................................................... 24

3.2.2 Eixo música.................................................................................................. 24

3.2.3 Eixo artes visuais.......................................................................................... 25

3.3 Contribuições da Psicomotricidade na Pré-Escola......................................... 26

4 PERCURSO METODOLÓGICO...................................................................... 29

4.1 Tipo de Pesquisa............................................................................................ 29

4.2 Caracterização e Histórico da Escola Campo da Pesquisa......................... 29

4.3 Delimitação, Instrumentos e População da Pesquisa................................... 31

4.4 Análise dos Dados........................................................................................... 32

5 CONSIDERAÇÔES FINAIS............................................................................... 41

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 43

APÊNDICE 1- QUESTIONÁRIO USADO NA PESQUISA....................................46

APÊNDICE 2 - SUGESTÃO DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS DE DOMÍNIO

PÚBLICO............................................................................................................... 48

APÊNDICE 3 - ACEITE DO ORIENTADOR......................................................... 52

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ANEXO 1 - RESOLUÇÃO Nº 46/2015-CME-SMG................................................53

ANEXO 2 – TERMO DE ADMISSIBILIDADE...................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

A psicomotricidade tem grande espaço no campo teórico das pesquisas

educacionais, mostrando que sua existência é inseparável do ser humano, e que um

direcionamento educativo de suas práticas proporciona ao indivíduo um preparo

maior para a aprendizagem de modo geral.

O Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil – RCNEI (1998)

indica que o movimento constitui um fator de importante contribuição para o

processo de ensino-aprendizagem, bem como direciona as ações pedagógicas que

contribuem para o desenvolvimento psicomotor das crianças.

Podemos presenciar algumas dessas práticas na Escola Municipal de Ensino

Infantil Nossa Senhora Aparecida, no Município de São Miguel do Guamá, que por

sua vez, constitui o “lócus” da pesquisa de campo deste Trabalho de Conclusão de

Curso – TCC.

A problemática de estudo surge com a necessidade de analisar se as

atividades aplicadas para crianças em fase pré-escolar propiciam de forma

adequada às conquistas necessárias para essa faixa etária, no campo da

psicomotricidade? Tendo como objetivo geral a análise de tal questão.

Ao longo deste estudo, objetivamos especificamente discorrer sobre o

conceito de psicomotricidade, apresentando uma breve revisão conceitual, de forma

a caracterizar a mesma, conferindo-lhes um caráter de pesquisa analítica, discursiva

e reflexiva, a respeito da importância e significado da psicomotricidade no

desenvolvimento infantil.

A revisão conceitual reporta-nos as referências de autores como Le Boulch,

Oliveira, Fonseca , entre outros que discorrem sobre o tema, ressaltando sua

importância para o desenvolvimento da criança nos campos de mente, corpo e

afetividade.

Neste sentido, o estudo busca ainda pontuar os vínculos entre

Psicomotricidade e as recomendações do Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil, estabelecendo a articulação do binômio teoria e prática,

sustentando-se ainda nos dados obtidos junto a E.M.E.I. Nossa Senhora Aparecida

(Município de São Miguel do Guamá), ao que se refere a implementação de

atividades que promovam o desenvolvimento da psicomotricidade enquanto

componente no processo de formação das crianças na Educação Infantil.

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Neste contexto, o cotidiano das escolas de Educação Infantil, está repleto de

jogos, brincadeiras e muito movimento, no entanto, fora de um contexto de

acompanhamento e objetivos claros, essas ações tornam-se reproduções de

atividades programadas fora da realidade onde serão aplicadas. Portanto, é de

fundamental importância que se conheça o real valor do desenvolvimento

psicomotor, presente na vida de todo ser humano cuja fase de maior transformação

e aprendizagem corresponde a infância, assim como, é importante que se

estabeleça dentro do ambiente escolar atividades que vislumbrem este fim,

otimizando os elementos psicomotores básicos, responsáveis por grande parte das

aprendizagens futuras das crianças.

O efeito causado em cada ato motor acompanha o indivíduo por toda a vida

tendo grande influência sobre seu desenvolvimento mental, social e cognitivo, ou

seja, a medida que o indivíduo amadurece, perpassa por níveis diferentes, como

uma escada do progresso psicomotor, mostrando a necessidade de um olhar sério

para as brincadeiras em sala, que irão contribuir no avanço de tal progresso.

A fim de embasar os conhecimentos necessários para nosso estudo,

efetuamos pesquisa bibliográfica, com o intuito de formular o entendimento sobre

psicomotricidade necessário para a atuação na educação infantil, uma das áreas de

atuação do profissional de pedagogia.

Em campo optamos pelo uso de questionários e análise de documentos com

o propósito de conhecer as práticas já utilizadas relacionadas pelos profissionais

com o tema de estudo.

Organizamos o trabalho inicialmente destacando o conceito e importância da

psicomotricidade, enfatizando os principais pensamentos dos teóricos a esse

respeito e sua importância para o campo educacional.

No momento seguinte relacionamos Psicomotricidade com o Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil, que apesar de não citar em seu

conteúdo o termo psicomotricidade, denota na revisão teórica adotada neste estudo

a grande aproximação dos focos dessa relação.

Para a demonstração dos resultados gerados pela análise dos dados, demos

continuidade com a abordagem final, fazendo uma análise sucinta, porém objetiva

para finalmente propormos nas considerações finais nossa contribuição gerada pelo

estudo sistemático do tema.

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2 PREMISSAS TEÓRICAS

A proposta deste capítulo consiste em descrever sobre psicomotricidade e

sua relevância para a aprendizagem da criança em fase pré-escolar, discorrendo

sobre a origem e definição do tema, pontuando os elementos que compõem o

desenvolvimento psicomotor.

2.1 CONCEITUAÇÃO E HISTORICIDADE DA PSICOMOTRICIDADE

A motricidade humana, de acordo com Fonseca (2008 p. 50), pode ser

compreendida como aquilo que subsidia as funções mentais próprias e exclusivas

do ser humano, vindo da sua identidade singular e plural em muitos aspectos do seu

desenvolvimento, do seu poder de adaptação, construção de conhecimento e

interação social, declarando que, diz respeito a dar a ação motora uma significação,

não em si mesma, mas na relação que esta terá com o meio, ou objetivo de sua

execução. Segundo o autor vemos ainda que:

A motricidade surge aqui como a materialização corporal da conduta total e mental do indivíduo ao interagir e organizar o campo operacional onde se desenrola a ação, no qual efeito e resultado a obter são uma mesma coisa, ou seja, consubstanciam a transição do ato ao pensamento (FONSECA, 2008, p.39).

Outra definição para psicomotricidade, porém semelhante à citada

anteriormente é a apresentada pela Associação Brasileira de Psicomotricidade

(ABP), considerando “ser um termo empregado para uma concepção de movimento

organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é

resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização” (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2017).

Sobre psicomotricidade também é apresentado que,“O movimento, o jogo, a

ação corporal e a vivência das sensações constituem o elo entre o eu o mundo e os

outros, o primeiro plano de um fazer mental e expressivo” (Colello, 1993, p.60).

Dessa forma, fazer parte de uma sociedade e interagir com os demais indivíduos

inseridos nela.

Segundo Fonseca (2008, p. 56), a psicomotricidade demanda de habilidades

psicomotoras inerentes ao ser humano, já que as ações motoras estão atreladas as

ações psíquicas, fazendo da movimentação corporal a tradução da mente.

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O liame entre mente e ação, se faz presente no ser humano desde muito

cedo, como nos faz entender Henri Wallon (2007 p. 45-53), ao expor as ideias sobre

“o ato e o efeito”. Onde mesmo o mais sutil dos gestos, que preludia as ações

motoras nos bebês, vistos por muitos como simples reflexos sem nenhuma

contribuição com a vida psíquica, tem como efeito um suscitar de novas sensações

que estimulam novos movimentos, que por sua vez gera novas sensações.

Encontramos nas obras de Wallon (2007, 2015) a demonstração expressiva da

relação entre ação e pensamento, que se completam nas vivências do indivíduo,

sendo por meio dessa relação que o ser humano, em especial a criança, apropria-se

do seu meio-social internalizando os conhecimentos a sua volta, percebendo-o e

sentindo-o por meio de sua mente e seu corpo em uma interação dinâmica do “Ato

ao Pensamento”.

Desse modo, compreendemos a Psicomotricidade como a junção de mente e

movimento objetivada pela influência mútua entre meio social e afetivo, e que

permite a apropriação de novas aprendizagens.

A nomenclatura psicomotricidade surge em primeiro plano na Neurologia,

introduzida por Dupré em 1920, resultado de suas análises com relação as

condições patológicas que afetam a mobilidade humana (Oliveira, 1997 p. 28).

Encontramos em Piaget (1974 p. 105), a evidenciação da relação movimento

e pensamento na construção da inteligência, onde o desenvolvimento mental

acontece de forma gradativa simultaneamente com a interação do indivíduo e o

meio, apropriando-se cognitivamente dos resultados gerados pela sua “adaptação”.

Diante dos estudos de Jean Piaget, e outros autores, Wallon (2007, 2015)

discorre a respeito da significação do movimento envolvido em uma esfera afetiva

como formador do desenvolvimento mental, afirmando que a evolução cognitiva está

submetida a uma maturidade motora.

A ideia de união entre corpo e mente, ação e pensamento, se faz presente na

própria palavra em estudo, “Defontaine define os dois componentes da palavra:

psico significando os elementos do espírito sensitivo, e motricidade traduzindo-se

pelo movimento” (Oliveira, 1997, p.35). Dessa forma percebemos a unificação de

termos distintos, que suscitam em um novo termo com identidade e características

próprias.

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Nas crianças menores, devido a ausência da fala, a motricidade ganha maior

destaque e expressão, pois o movimento é a expressão de suas necessidades

básicas e emoções, a esse respeito:

A motricidade torna-se, [...] a primeira estrutura de relação e de co-relação [sic] com o meio, com os outros propriamente, e com os objetos posteriores, a partir das quais se edificará o psiquismo, e é, em síntese, a primeira forma de expressão emocional e de comportamento (FONSECA, 2008, p.14).

A identidade própria da psicomotricidade, assim como sua influência no

desenvolvimento da criança, estabelece o campo da educação psicomotora que

surge “das insuficiências na educação física que não teve condições de

corresponder às necessidades de uma educação real do corpo” (Le Boulch, 1982,

p.23). Como principal objetivo da Educação Psicomotora Le Boulch (1982a)

apresenta a visão da Comissão Francesa de renovação pedagógica para o primeiro

grau:

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas (Comissão de renovação pedagógica para o primeiro grau, apud LE BOULCH, p.24).

A psicomotricidade dentro do ambiente escolar oportuniza a criança um

aumento do seu potencial motor, e como consequência facilita o desempenho

cognitivo, pois permite ao aluno utilizar-se de suas percepções para o entendimento

do mundo que o rodeia.

2.2 ELEMENTOS PSICOMOTORES

A psicomotricidade é composta por vários elementos responsáveis por

distintas áreas e funções do nosso corpo, esses elementos psicomotores serão

apresentados e analisados aqui de maneira sucinta e objetiva dando ênfase em sua

contribuição para o desenvolvimento psicomotor infantil. Na tentativa de uma melhor

compreensão eles estarão postos da seguinte maneira: Coordenação global e

óculo–manual, lateralidade, estruturação espaço-temporal e discriminação visual e

auditiva.

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a) Coordenação global

Conforme Oliveira (1997, p.41), “a coordenação global diz respeito à atividade

dos grandes músculos. Depende da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo”,

a autora ainda destaca que possivelmente quando a criança é encaminhada a uma

instituição de ensino já dispõe de um grau de desenvolvimento considerável em sua

coordenação global, já que atividades inerentes ao dia a dia do ser humano são

praticados por elas quando estão andando, correndo, saltando, rolando, pulando,

arrastando-se, nadando1, e até mesmo sentando.

b) Coordenação fina e óculo-manual

Brandão (1984, apud OLIVEIRA 1997, p 42). Define-a como a execução dos

movimentos desde o mais comum ao mais variado, sendo resultantes das

movimentações musculares e coordenadas pelo sistema nervoso.

Sobre esse contexto, destaca Oliveira (1997,p. 42):

A coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenação global. Temos que ter condições de desenvolver formas diversas de pegar os diferentes objetos, uma coordenação elaborada dos dedos da mão facilita a aquisição de novos conhecimentos. É através do ato de preensão que uma criança vai descobrindo pouco a pouco os objetos de seu meio ambiente.

Neste sentido, entendemos a coordenação motora fina como o controle das

ações musculares pequenas, como por exemplo o movimento das mãos, já que a

manipulação dos objetos alcançados pelo indivíduo, em variados ambientes,

acontece basicamente com uso das mãos, fica claro a sua importância

considerando-a como meio fundamental utilizado para a criança se apropriar de

habilidades que facilite a sua sobrevivência no meio social, sabendo que além dessa

apropriação é necessário que a coordenação caminhe em consonância com o

movimento dos olhos, ou seja, a visão acompanhando o movimento da mão

notamos também a importância do uso do que se define como coordenação óculo-

manual ou viso-motora, que diz respeito justamente do uso conjunto dos olhos e

mãos na realização de tarefas.

c) Estruturação espaço- temporal

1 Quando possível dentro da realidade do indivíduo.

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Considerada como a habilidade humana de reconhecer-se e também

reconhecer outros seres e objetos, como pontos de referência para a construção dos

conceitos de espaço2 e tempo3, pois os dois termos são indissociáveis. É o que

declara Piaget (1974 apud OLIVEIRA, 1997, p. 85).

O tempo é a coordenação dos movimentos: quer se trate deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória, mas cujo desfecho e o objetivo final é também espacial.

Assim, ao nos referirmos a estruturação espaço-temporal compreendemos que

ele pode ser considerado fundamental, para o desenvolvimento no indivíduo de suas

habilidades essências para viver em sociedade pois é através da noção de espaço e

tempo que é possível estabelecer relações entre seres e também objetos,

observando-os, comparando-os e combinando-os, possibilitando a descoberta das

características comuns e as não comuns também entre objetos, pessoas e seres

gerais.

d) Discriminação visual

Possui grande importância para a aquisição da memória visual, que é

responsável pela retenção dos símbolos visuais, habilidade importante no processo

de alfabetização em circunstâncias como a identificação das letras a exemplo. Este

elemento psicomotor é apresentado por Oliveira (1997) como a habilidade de

discernir entre as nuances das formas existentes nos objetos ao alcance da visão.

e) Discriminação auditiva

Oliveira (1997, p.102), define ser “a capacidade do indivíduo de captar e notar

a diferença entre vários sons e entre intensidades diferentes”. A autora também

relata a grande valia para a conquista da linguagem oral e escrita, como exemplo

temos a ação de relacionar som e grafia. Dessa forma a memória auditiva torna-se

importante ao favorecer a recordação das palavras ouvidas.

f) Lateralidade

Define-se como o uso lateral do corpo, com a preferência de um lado em

detrimento do outro, e segundo Oliveira (1997a) essa predominância acontecerá nas

2 Na pré-escola, conceitos como: dentro, fora, atrás, frente, esquerda, direita, em cima, em baixo, dentre outros. 3 Na pré-escola, conceitos como: ontem, hoje, amanhã, de manhã, de tarde, de noite, primeiro, último, dentre outros.

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categorias de mão, olho e pé, em que a variação e/ou combinação da dominância

nos níveis citados apresentarão definições que concerne em:

*Lateralidade homogênea; quando a pessoa tem o domínio igual nas três categorias

mão, olho e pé. Quando sendo o direito nomeia-se de destra homogêneo e do lado

esquerdo chamamos de Canhoto ou sinistro homogêneo.

*Lateralidade cruzada; quando a criança possui dominâncias diferentes níveis já

citados, a exemplo temos olho canhoto, mão destra e pé destro em um mesmo

indivíduo, ou qualquer outra combinação de níveis que não aconteça de forma

uniforme.

*Ambidestro; momento em que a criança ainda não determinou sua preferência por

um dos dois lados do corpo e executa os mesmos movimentos de ambos os lados.

Oliveira (1997b) afirma ainda que, a criança nas fases que sucedem ao seu

nascimento até um ano de idade não tem preferência pelo uso das mãos e não

demostra qualquer dominância. Durante o passar do tempo e com as experiências

adquiridas durante a vivência da criança, uma das mãos se torna mais hábil

começando se evidenciar a lateralidade, mas sua definição se dá entre os 5 e 6

anos.

Conforme Le Boulch (1982,p. 93), a lateralidade também consiste em uma

dominância lateral do corpo, tendo um dos hemisférios esquerdo ou direito como

ponto de inicial da ação motora, sendo seu resultado a consolidação das praxias4.

Essa dominância acontece segundo o autor através dos estímulos sociais e culturais

aos quais a criança pertence, apesar de mencionar a existência de uma propensão

genética para se tornar canhoto ou destro.

2.2.1 Evolução e desenvolvimento da lateralidade

A criança percorre muitas fases que vão desde o nascimento da criança até a

completa definição da lateralidade. É o que nos que nos demostra Brandão (1984,

apud OLIVEIRA, 1997, p.68-69) ao concluir que,

O bebê de 16 semanas era ambidestro; com 40 semanas será unidestro, com 28 semanas é biunidestro (Gesel). O bebê entre 7 e 8 meses tanto pode usar a mão direita como a esquerda, mas, com o tempo, uma das mãos torna-se mais ligeira e hábil [...] Até um ano de idade, portanto, não se

4 Consiste na realização de movimentos intencionais e organizados, que visam a obtenção de um fim ou de um resultado determinado.

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verifica nenhuma preferência pelo uso de uma das mãos e só a partir daí uma se torna mais hábil, apresenta mais facilidade e começa a dominar mais. A lateralidade, portanto, começa a se evidenciar neste período, mas só podemos falar em dominância propriamente dita entre os 5 e 7 anos.

Nessas circunstancias em consonância com Le Boulch (1982, p. 92-95),

constatamos que a criança necessita experiênciar os dois lados, sejam membros

superiores ou inferiores, sem interferências. A liberdade de escolha da dominância

lateral do corpo é importante para a evolução motora e cognitiva da criança, ficando

aos pais e adultos de convívio com o infante a incumbência de deixar que a criança

faça a escolha do uso de um dos lados conforme sua preferência. Para que isso

aconteça deve-se deixar objetos e utensílios sempre a sua frente, possibilitando que

a criança adquira o manuseio com autonomia.

2.2.2 Perturbações da lateralização

Considerando que cada ser humano tem suas particularidades desde seu

nascimento, a lateralidade é definida partindo da interação social do indivíduo,

fatores culturais e hereditários. Oliveira (1997 p. 71-74), apresenta a ideia de que

uma lateralidade cruzada ou mal definida acarreta dificuldades no manuseio de

objetos no meio vivido, gerando em consequência dificuldades e transtornos de

aprendizagem como, comprometimento no direcionamento gráfico da escrita,

obstáculos na aquisição conceitual de esquerda e direita, impedimentos na distinção

de itens através de um direcionamento visual, frustrações geradas pelo não

atendimento das demandas opostas a preferência lateral da criança, baixa

autoestima, “distúrbio da linguagem e do sono [...] gagueira [...] e o aparecimento de

maior número de sincinesia5” (OLIVEIRA, 1997, p.73). A autora ainda aponta que:

[...] a ambidestria não pode ser tolerada, pois prejudica o desenvolvimento da criança e acarreta várias consequências como diminuição da habilidade e velocidade manuais [...] influência no desenvolvimento das funções intelectivas, no ajustamento emocional e afetivo, um atraso inicial da linguagem e alterações na escrita. (BRANDÃO, 1984 apud OLIVEIRA, 1997, p.71).

Dessa forma fica evidente a continuidade de atividades que estimulem a

afirmação da dominância lateral da criança, de modo que essa venha se concretizar,

5 “O comprometimento de alguns músculos que participam e se movem, sem necessidade, durante a

execução de outros movimentos envolvidos em determinada ação” (OLIVEIRA, 1997, p.73).

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sendo o espaço escolar um otimizador das práticas que estimulam esse

desenvolvimento através das brincadeiras e jogos direcionados de forma adequada.

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3 REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E

SUA RELAÇÃO COM A PSICOMOTRICIDADE

Como proposição este capítulo tende por versar sobre um breve relato do

contexto histórico na criação do RCNEI, salientando as contribuições das práticas

psicomotoras no cotidiano da pré-escola, seguindo com uma análise das orientações

contidas no Referencial relacionando-as com a psicomotricidade, assinalando o

liame entre esses dois grandes norteamentos para os professores de pré-escola.

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO EDUCACIONAL DA CRIAÇÃO DO RCNEI

O RCNEI teve sua elaboração executada pelo Ministério da Educação.

Publicado em 1998, de cunho facultativo, o Referencial foi imaginado de forma a ser

utilizado como um facilitador para reflexões educacionais sobre objetivos, conteúdos

e ações pedagógicas, auxiliando os profissionais que trabalham com a educação

infantil.

A década de 90 apresenta um quadro de tentativa de adaptação dos sistemas

educacionais às novas necessidades apresentadas pelos organismos internacionais

através de eventos, que deram origem a um rico material documental e cientifico,

que reforçam a ideia de que o acesso à educação deve ser universal, atingindo a

todas as pessoas em diferentes esferas e níveis.

FRIGOTTO, et al (2003), apresenta como marco inicial desses eventos a

“Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, ocorrida em Jomtien na

Tailândia, no período de 5 a 9 de março de 1990, e organizada pela Organização

das nações Unidas (UNESCO), teve a presença de delegações de 155 países,

dentre eles o Brasil, onde firmaram o pacto através da declaração resultante da

referida conferência, objetivando uma educação de qualidade para todos, com

afirmativas como:

Cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deverá estar em condições de aproveitar as oportunidades educacionais oferecidas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Estas necessidades abarcam tanto as ferramentas essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas) como os conteúdos básicos da aprendizagem (conhecimentos teóricos e práticos, valores e atitudes) necessários para que os seres humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas capacidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de sua vida, tomar decisões fundamentais e continuar aprendendo. A amplitude

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das necessidades básicas de aprendizagem varia de país a país em sua cultura e muda inevitavelmente com o transcurso do tempo. (WCEA, 1990, p. 157 apud FRIGOTTO et al 2003, p. 98)

Em consequência às discursões, argumentações e conclusões geradas na

conferência em Jomtien, o Banco Mundial que foi um dos patrocinadores do evento,

no ano de 1995 produz orientações com o propósito da erradicação do

analfabetismo, ampliar a eficiência do ensino, aperfeiçoar os serviços educacionais e

ainda aconselha uma nova estruturação financeira e administrativa dos governos

para com a educação básica. Onde a mesma deveria focar na redução da “pobreza

aumentando a produtividade do trabalho dos pobres, reduzindo a fertilidade,

melhorando a saúde” e contribuindo com o surgimento de condutas cooperativas na

economia e na sociedade (SHIROMA et al , 2002 apud FRIGOTTO et al 2003).

Foi durante esse contexto histórico de lutas internacionais pela melhoria da

educação, impulsionadas pelas cobranças de órgãos influentes que, aqui no Brasil

surge a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) recebendo o nº

9394/96. Aprovada sob críticas severas, pois o substitutivo de autoria do até então

senador Darcy Ribeiro, ignorava anseios e necessidades fundamentais da nação

brasileira, (Brito, 1997, p. 80-87).

A então lei criada ao falar sobre educação infantil, em seu Art. 29 determina

que essa constitui o primeiro período da educação básica, portanto agregando uma

nova face a essa etapa de ensino, desvinculando-se do antigo estereótipo

assistencialista que lhe era depositado. A publicação da lei faz surgir uma nova

demanda, que é a regulamentação das ações executadas na primeira etapa do

ensino básico, assim surge o RCNEI como forma de suprir tal demanda.

3.2 EIXOS TEMÁTICOS

As disposições das orientações contidas no RCNEI acontecem em forma de

Eixos Temáticos, equivalentes às disciplinas no ensino fundamental. Como o

referencial não apresenta a psicomotricidade no desenvolvimento de seu texto,

procuramos estabelecer a ponte entre esses parâmetros para a educação infantil,

discorrendo sobre alguns dos eixos contidos no RCNEI dando ênfase na relação

com a psicomotricidade.

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24

3.2.1 Eixo movimento

No primeiro eixo apresentado pelo referencial encontramos o movimento que

possui presença confirmada no cotidiano de qualquer criança, o seu uso como eixo

temático para a educação infantil objetiva o autocontrole motor da criança através de

jogos, brincadeiras e danças, facilitando a construção da imagem do corpo.

As orientações didáticas para esse eixo reforçam o desenvolvimento

psicomotor infantil, diversificando as possibilidades de ações motoras de uma forma

lúdica e prazerosa para criança estimulando a afetividade e resolução de conflitos. O

que nos chama a atenção é a orientação de que os espaços para a execução das

atividades tanto extra como intraclasse deve ser amplo de modo a comportar de

forma segura os alunos, e permitir o agir confortável das atividades, porém perceber

que há uma necessidade de espaço para o desenvolvimento das atividades não é o

suficiente, se na prática as escolas ainda enfrentam uma realidade diferente.

As brincadeiras de faz de conta permitem a existência da imitação já retratada

por Wallon (2007 e 2015), que mostra ser fundamental essa experiência da criança

na construção do seu próprio eu, da sua identidade construída a partir dos modelos

com os quais a criança tem apreço. O uso do espelho incorporado na atividade,

como sugere o RCNEI, ainda contribui na evolução da imagem corporal.

3.2.2 Eixo música

Este eixo utiliza a música como instrumento de aprendizagem justificando-se

pelo uso continuo dessa expressão sonora nas várias culturas pelo mundo e no

nosso país, um instrumento facilitador de interação e afetividades entre os indivíduos

de um mesmo grupo.

No cotidiano das pré-escolas a música está presente na rotina da classe, com

ela são determinados o momento da chegada, do lanche, da tarefa, da brincadeira e

de voltar para casa. Esse procedimento contribui na formação da noção temporal da

criança, a medida que ela entende a seriação do tempo, a sequência cronológica do

seu dia, Le Boulch (1982 p. 108-109) afirma que o ritmo contido na música e o

ajustamento do corpo para acompanha-lo também representa um dispositivo para a

evolução da percepção temporal, assim como uma experiência que permite um

grande avanço no campo da linguagem em crianças menores.

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A música também é utilizada como forma de fixação de conceitos, no ensino

das letras e números. Canções que trabalham os conceitos de dentro e fora, frente e

traz, esquerda e direita, são percebidas como contribuição no desenvolvimento da

percepção espacial, uma vez que o ajustamento do corpo para a reprodução da

coreografia irá permitir à criança visualizar a posição de seu corpo em relação a

diversas direções.

Como objetivo para o trabalho com esse eixo o referencial apresenta a ideia

de “explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os

outros e ampliar seu conhecimento do mundo” Brasil, (1998, p. 55). A música

coreografada, que envolve os alunos em uma grande brincadeira, os permite a

interação com os demais estreitando os laços de afeto e lhes permitindo expressar

os sentimentos quando dispostos ou não para a execução da atividade proposta, a

música com coreografia livre vai além, permite ao aluno expressar sua

personalidade, seu jeito, Wallon (2007 p. 144-145) diz que essa demonstração

acontece ainda como forma de imitação daqueles que são preciosos para aquele

que demonstra, mas ainda assim fundamental na construção e evolução da sua

mente.

3.2.3 Eixo artes visuais

A proposta do RCNEI, apresentando a arte como um eixo com características,

objetivos e conteúdo específicos, não possui um grande espaço em sala de aula,

julgada como secundárias tem sua execução vinculada com os demais eixos, ou

ainda como fixação para o ensino das letras e números, com isso perde-se a

oportunidade do estimulo da representação daquilo que é abstrato através da

imaginação e livre expressão da criança.

Wallon (2007, 2015) demonstra a grande importância da representação

concreta do abstrato e vice-versa, para uma evolução cognitiva. Sendo o

simbolismo, segundo o autor, de cunho afetivo entende-se sua execução como

espontânea, para que possa aflorar as preferencias da criança, fruto de suas

relações com o meio.

A arte está presente no cotidiano da criança, e ela já faz uso através da

televisão, materiais impressos que tenha acesso, algumas sem o enfoque

pedagógico, acreditamos ser louvável a tentativa de direcionar o fazer artístico da

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criança, pois fará com que ela perceba de forma diferente a arte fora da escola

também. No desenvolvimento psicomotor ela contribui com a coordenação óculo-

manual à medida que o olho acompanha o movimento das mãos, quando produz

sua própria arte.

Como é possível perceber, mesmo que o RCNEI não trate de

psicomotricidade de forma declarada, suas recomendações equivalem a

recomendações psicomotoras, com o propósito do desenvolvimento motor, mental e

afetivo da criança.

3.3 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA PRÉ-ESCOLA

A criança em fase pré-escolar possui curiosidade e energia aguçadas, fator

que as impulsiona na exploração constante do ambiente vivido, o movimento e as

brincadeiras estão presentes vigorosamente em seu cotidiano, expressando o ato

motor como resposta aos estímulos externos. Para Le Boulch (1982 p. 139), essa

etapa permite ao aluno seguir com a ordenação de sua “imagem do corpo”, daí a

importância de promover atividades que estimulem o ajustamento da criança dentro

do desenvolvimento psicomotor.

Fonseca (2008), descreve 7 (sete) estágios que compõem o desenvolvimento

psicomotor sendo eles: Impulsivo, Tônico-emocional, Sensório-motor, Projetivo,

Personalístico, Categorial e puberdade e adolescência. Porém, apesar de cada

estágio ter sua importância e caracterização própria, iremos concentrar nossos

trabalhos no estágio foco da proposta de nossa pesquisa, que corresponde ao

estágio personalítico iniciado por volta dos 3 (três) anos de idade e com termino por

volta dos 6 (seis) anos com o inicio do estágio categorial.

O estágio personalístico é descrito por Fonseca (2008, p. 32) como o

momento de integração entre imagem corporal e linguagem, a expressão da

subjetividade permitida pela fala em sincronia com a gnosia6 que permite o

reconhecimento do corpo. Marcada pela afetividade, nesta fase a criança interioriza

como modelo os atores sociais que se apresentam a ela, neste momento a

motricidade evidencia-se como algo além de uma conduta motora, “a motricidade

passa, então, a estar ao serviço da representação mental permeada por relações

6 Utilização de um dos sentidos para a compreensão do que está fora ou dentro do seu corpo.

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sociais, conquistas e conflitos, contradições e crises de afirmação”.Fonseca,( 2008,

p.33).

Entendemos como imagem corporal a representação mental do próprio corpo

conquistada pelos elementos psicomotores e organizado ao longo da vida pelos

estágios do desenvolvimento psicomotor. A criança em fase pré-escolar, segundo Le

Boulch (1982,p. 102), encontra-se em um período de enriquecimento da sua própria

imagem, o autor também alerta sobre a necessidade de permitir ao aluno a

conquista do domínio sobre seu corpo em interação com o espaço para o

aprimoramento dessa imagem, e a importância do reforço verbal dessas aquisições,

o autor ainda afirma que, “É importante que as experiências perceptivas da criança

em relação ao seu próprio corpo estejam associadas à verbalização”. Dessa forma,

a associação verbal com à percepção visual, contribuem na tomada de consciência

de si e como consequência “a criança acaba por se diferenciar do outro, e assume a

constituição da sua personalidade” Fonseca,( 2008, p.32).

Contudo o auto reconhecimento da imagem corporal que evidencia para si

próprio o corpo que ali sempre esteve, é essencial para que o indivíduo sistematize

suas ações diante do mundo que o cerca assim entendido em Le Boulch (1982a),

Oliveira (1997,p. 49-51) e Fonseca (2008a), porém não é um conceito ou conteúdo

escolar que possa ser ensinado, mas vivido e formulado pelo próprio indivíduo a

medida que,

Ele se organiza pela experienciação do corpo da criança [...] é uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo com o uso do que faz de seu corpo. É um resumo e uma síntese de sua experiência corporal (OLIVEIRA, 1997, p.52).

Le Boulch (1982b), propõe três etapas de construção do esquema corporal,

sendo elas: Corpo vivido, corpo percebido e corpo representado. A etapa

correspondente a faixa etária alvo de nossa pesquisa e a etapa do corpo percebido,

descrita pelo autor como uma fase em que os movimentos tornam-se mais

coordenados, onde a criança descobre sua dominância corporal e ainda noções

temporais.

Percebemos a grande relevância das atividades psicomotoras na fase pré-

escolar, já que elas visam o aprimoramento dos elementos psicomotores que por

sua vez contribuem na construção do esquema corporal, a esse respeito Oliveira diz

que,

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Um esquema corporal organizado, portanto, permite a uma criança se sentir bem, na medida em que seu corpo lhe obedece, em que tem domínio sobre ele, em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo para alcançar um maior poder cognitivo (OLIVEIRA, 1997, p.51).

Ao falarmos de pré-escola, nos portamos a etapa escolar específica definida pela

legislação vigente que corresponde à segunda e última etapa da Educação Infantil,

assim define o Art. 30 da Lei 9.394/96,

Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 (três) anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade (BRASIL, 2015, p.22).

Para essa faixa etária direciona-se o Referencial Curricular Nacional para

EducaçãoIinfantil, que apresenta um direcionamento educacional voltado para o

movimento, a interação social e o conhecimento do próprio corpo, proporcionados

por meio de atividades lúdicas, jogos e brincadeiras espontâneas e/ou direcionadas,

ou seja, traduz-se a educação infantil mediante o RCNEI como uma Educação

Psicomotora.

Sobre educação psicomotora, Le Boulch (1982, p.129) expõe um fato

corriqueiro às escolas de educação infantil, que mesmo sendo um tema bastante

desenvolvido e discutido, alguns educadores e pais ignoram a relevância da

educação psicomotora podendo prejudicar ou até travar o desenvolvimento e

progressos escolares da criança. A educação psicomotora possibilita, ainda segundo

o autor, o aprimoramento dos movimentos uma vez que o trabalho coordenado feito

quando se dá uma intenção ao movimento envolve a aplicação de força, velocidade

e ritmo de forma a atingir o objetivo do movimento. O aprimoramento da percepção,

também torna-se uma resultante da educação psicomotora, pois a compreensão dos

dados fornecidos pelo ambiente e pelo próprio corpo dá-se através dos órgãos dos

sentidos que permite a criança uma tomada de conciencia sobre os acontecimentos

dentro e fora de seu corpo.

Acreditamos que as atividades psicomotoras, isto é, jogos e brincadeiras que

estimulem o movimento, percepção e afetividade da criança merecem não só uma

espaço dentro das salas de aula, mas também um planejamento cauteloso que

tenha de fato o compromisso de promover o desenvolvimento psicomotor do aluno.

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29

4 PERCURSO METODOLÓGICO

Neste capitulo serão encontrados características e procedimentos da

pesquisa, com a descrição do campo de estudo e análise das ações e resultados

obtidos. Aqui se encontra a essência de nosso trabalho, geradora de inquietações e

novos questionamentos.

4.1 TIPO DE PESQUISA

Identificamos nossa pesquisa como qualitativa por ser direcionada com

critérios que envolvem o manejo de ações, procurando o entendimento sobre fatores

que influenciam as ações pedagógicas, no que diz respeito a motricidade. Sobre a

pesquisa qualitativa, Godoy (1995, p.21) expõe que,

[...] o pesquisador vai a campo buscando “captar” o fenômeno em estudo a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes. Vários tipos de dados são coletados e analisados para que se entenda a dinâmica do fenômeno.

Essa característica presente na abordagem qualitativa, reforça nossa escolha

por esse tipo de pesquisa, já que dessa forma, foi possível verificar as ações

envolvendo a temática, captando de forma satisfatória os dados necessários para o

alcance dos nossos objetivos.

A pesquisa também foi de cunho quantitativo, pois foram levantados dados

numéricos. A escolha mútua pelos tipos qualitativo e quantitativo de pesquisa,

seguem o que recomenda Günther (2006,p. 206), pois de acordo com o autor as

lacunas deixadas por uma serão sanadas pela outra, defendendo a abordagem

mista quando o pesquisador identificar a necessidade de assim o fazer.

4.2 CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DA ESCOLA CAMPO DA PESQUISA

Durante muitos anos após a chegada dos primeiros moradores ao bairro Vila

França no município de São Miguel do Guamá, não houve nenhum tipo de ação que

pudesse amparar esses moradores quanto à educação de seus filhos, sendo

comuns crianças fora da escola sem receber uma educação escolar.

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Sem uma instituição de ensino que abrigasse as crianças em menor idade,

tais indivíduos eram postos numa faixa de risco social, pois muitos ao transitarem

livremente pelas ruas sem a presença de um responsável, e sob as rédeas da

ociosidade, ficavam vulneráveis a todo tipo de risco que uma criança desprovida de

segurança pode sofrer.

Preocupado com o tipo de cidadãos que seriam formados a partir de tal

situação, o até então Padre Alberto Maria Trombinni resolve tomar uma iniciativa

que mudaria a realidade dessas pessoas. Foi assim que na data de 09 de janeiro de

1994 é fundado, pelo Pe. Alberto, o Casulo Nossa Senhora Aparecida oferecendo o

ensino em educação infantil para crianças de 03 a 06 anos de idade.

No ano de sua fundação a instituição de ensino funcionou no salão paroquial

do bairro, onde atendia 320 crianças de 03 (três) a 06 (seis) anos de idade com o

apoio de 17 funcionários mantidos pela prefeitura, tendo como primeira diretora a

professora Maria Teresinha de Jesus. Não havia salas, o salão era dividido em

pequenos espaços que simulavam uma sala de aula utilizando pedaços de

compensado.

Sancionada a lei nº 11.274/20067, o até então casulo N. Sr.ª Aparecida

passou a atender crianças de 03 (três) a 05 (cinco) anos, já que as crianças de 06

(seis) anos a partir da data de divulgação da lei passaram a ser incorporadas ao

ensino fundamental e não mais à educação infantil.

Observando-se a real falta de estrutura para atender a sua clientela, no ano

de 2012 o Casulo N. Sr.ª Aparecida passa por grandes transformações. Com a

mudança para um novo prédio ainda inapropriado, mas em melhores condições que

o anterior, recebe o nome de Unidade Municipal de Educação Infantil (U.M.E.I.)

Nossa Senhora Aparecida, passando a atender crianças de 04 (quatro) e 05 (cinco)

anos de idade.

Por seu funcionamento acontecer em prédios alugados, até a presente data a

U.M.E.I já possuiu vários endereços, porém sempre se manteve no bairro.

No ano de 2014 um dos endereços em que esteve lhe causou grandes

transtornos, situada na rua Estrada São Miguel a conhecida “Casa do Seu

Cavalcante”, onde no momento funcionava a escola, era situada em frente a uma

7Altera a redação dos art. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade.

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fábrica de tijolos. A poluição causada pelas chaminés da fábrica era algo

assombroso, alunos chegaram a desistir do ano letivo por problemas respiratórios,

era comum que funcionários se ausentassem também por problemas de saúde

ocasionados pela inalação da fumaça tóxica.

O próximo endereço ocupado pela escola ficava na Rua Francisco de Araújo

nº 919, bairro Vila França, longe da fumaça que lhe causara tantos transtornos.

Atendia 128 crianças de 04 (quatro) e 05 (cinco) anos divididas em 06 (seis) turmas

nos turnos matutino e vespertino, mudando sua nomenclatura para Escola Municipal

de Ensino Infantil (E.M.E.I) Nossa Senhora Aparecida. Apesar de conseguir

atualmente suprir a demanda de alunado do bairro, ainda sonham – funcionários e

comunidade – com a construção do prédio próprio para uma instituição de ensino

infantil, que comporte de forma adequada as crianças que a ela recorrem, já que

ainda funciona em prédio alugado cuja planta não foi direcionada para o

funcionamento de uma escola, mas sim de uma residência.

Atualmente situada na Rua Francisco Araújo, Nº 539, no bairro Vila França no

município de São Miguel do Guamá, a E.M.E.I. Nossa senhora Aparecida tem seu

funcionamento autorizado pela Resolução Nº 46/2015-CME-SMG, funcionando em

um espaço improvisado. Trata-se de uma residência que abrigaria uma família com

uma média de 6 (seis) pessoas, porém é utilizada para atender a demanda

educacional de 116 crianças, divididas em 3 (três) turmas de Pré I, e 3 (três) turmas

de Pré II.

Em um terreno com área total de 300m², a casa possui um pátio em sua

entrada que é utilizado como hall de espera, uma sala ampla dividida em dois

ambientes8, 3 (três) quartos usados como sala de aula, uma cozinha, uma

lavanderia, 2 (dois) banheiros, uma varanda gourmet também dividida em dois

ambientes9.

4.3 DELIMITAÇÃO, INSTRUMENTOS E POPULAÇÃO DA PESQUISA

A busca por informações, fatos e materiais, que contribuam para o

desenvolvimento da pesquisa realizada no local dos eventos de estudo, caracteriza

o que se espera de uma pesquisa de campo Lakatos,(2003,p. 186), portanto

8 Os ambientes correspondem a secretaria e uma sala de aula. 9 Os ambientes correspondem ao refeitório e brinquedoteca.

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escolhemos esse víeis com o intuito de alcançar êxito na compreensão da relação

entre a teoria e a prática no campo da psicomotricidade aplicada na pré-escola,

focando os nossos estudos na Escola Municipal de Ensino Infantil (E.M.E.I.) Nossa

Senhora Aparecida, que representada por sua gestora, gentilmente cedeu suas

instalações para a realização de nosso trabalho. Na escola também fizemos análise

documental por concordarmos com o que afirma Godoy (1995, p.21) ao dizer que,

Como comumente pensamos que o trabalho de pesquisa sempre envolve o contato direto do pesquisador com o grupo de pessoas que será estudado, esquecemos que os documentos constituem uma rica fonte de dados. O exame de materiais de natureza diversa [...], constitui o que estamos denominando pesquisa documental.

Com a afirmação acima, selecionamos alguns documentos pertencentes ao

ambiente da pesquisa, sendo eles planos de aulas aplicados pelas professoras na

instituição de ensino, o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e o currículo

seguido por ela, para uma análise das propostas pedagógicas referentes a aplicação

das atividades psicomotoras.

Como forma de coleta de dados também utilizamos questionário, que

segundo afirma Lakatos (2003, p. 201), é “constituído por uma série ordenada de

perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador”. Formulamos o questionário com perguntas abertas e fechadas, onde

foi direcionado a 5 (cinco) professoras da instituição e a 2 (duas) gestoras, as

perguntas tentam relacionar o que se conhece como educação psicomotora e as

práticas educativas desenvolvidas por tais profissionais.

4.4 ANÁLISE DOS DADOS

Durante a pesquisa foram coletados dados cuja análise será exibida adiante,

este momento é apresentado por Lakatos (2003,p,166) como o de maior importância

na pesquisa, afinal “a importância dos dados está não em si mesmos, mas em

proporcionarem respostas às investigações” (LAKATOS, 2003, p. 167), evidenciando

a necessidade de relacionar as respostas obtidas com as inquietações que moveram

a ação do pesquisador. Seguindo o que orienta a autora, a apresentação desses

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dados se dará em forma de quadros e gráficos, gerados respectivamente por

perguntas abertas10 e fechadas11, como veremos a seguir.

QUADRO 1 – Perfil dos participantes

Nome12 Formação Função Tempo De

Atuação13

CLÍVIA Pedagogia Professora Pré I 11 anos

GARDÊNIA Magistério e graduanda em

pedagogia Professora Pré II 06 anos

MARGARIDA Pedagogia Brinquedista14 06 anos

ORQUÍDEA Pedagogia Professora Pré I 06 anos

ROSA Licenciatura em Educação

Física Professora de

Educação Física 17 anos

TULIPA Pedagogia e especialização em

gestão e supervisão escolar Coordenadora 21 anos

VIOLETA Pedagogia Diretora 04 anos

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

É possível verificar a predominância, no perfil das participantes, de uma

formação e nível superior. O tempo de atuação das participantes como profissionais

da educação também nos chama atenção, com longas trajetórias no exercício do

magistério acumulam uma vasta e rica bagagem de experiências que contribuem

nas suas atividades diárias na escola em que atuam.

O perfil diversificado das participantes demonstrado no quadro, revela o

contato variado permitido aos alunos com diferentes profissionais em funções

também diversificadas. Esse contato possibilita aos alunos experiências múltiplas já

que tais profissionais possuem metodologias particulares, possibilitando um maior

dinamismo na vivência da criança dentro do ambiente escolar, ação necessária para

os educandos da pré-escola, pois como já foi dito anteriormente em nosso trabalho,

elas encontram-se segundo Fonseca (2008, p. 32-34) no estágio personalístico,

10 Sem limitações nas respostas, possibilitando ao participante responder livremente usando seu próprio vocabulário para expressar sua opinião. 11 Com alternativas fixas para a resposta, ex.: sim ou não. 12 Os nomes apresentados são fictícios, como forma de preservar a imagem dos participantes. 13 Como profissional da educação. 14 Professora responsável pela brinquedoteca.

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34

marcado pelo desenvolvimento do eu, a formação da personalidade adquirida com

as experiências múltiplas da criança oportunizando um desenvolvimento maior a

medida que variam suas experiências.

Wallon (2007,p.144) identifica nas crianças em idade pré-escolar a formação

do seu eu, através de um modelar tendo como referência aqueles que a rodeiam,

expressa a importância da imitação para a evolução da mente, onde a reprodução

do que se vê exige um trabalho mutuo entre corpo e mente desencadeando novas

aprendizagens. Acreditamos que as relações heterogêneas oportunizam além de

experiências variadas, um enriquecimento psicomotor a medida que as referências

da criança aumentam.

1) O que você entende por desenvolvimento psicomotor?

QUADRO 2 – Conceito de desenvolvimento psicomotor

Participante Resposta

CLÍVIA “Acredito ser o desenvolvimento do corpo da criança a partir das atividades propostas”

GARDÊNIA “O desenvolvimento cognitivo, através do movimento e do lúdico”

MARGARIDA “Entendo como a ampliação dos movimentos do corpo de cada indivíduo através de atividades do cotidiano”

ORQUÍDEA “É o desenvolvimento dos membros superiores e inferiores de cada pessoa”

ROSA “É aquisição das habilidades motoras e psíquicas em conjunto”

TULIPA “São o desenvolvimento e aprimoramento dos movimentos do corpo humano”

VIOLETA “Compreende-se como um conjunto de movimentos efetuados por cada indivíduo”

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Depositar nas experiências de treino motor toda a responsabilidade do

desenvolvimento psicomotor, como vimos em algumas respostas no quadro acima, é

um grande risco, pois a psicomotricidade vai além dos mecanismos motores que

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35

mantem a funcionalidade do nosso corpo, Le Boulch (1982) mostra que para a

psicomotricidade a ação precisa de uma significação dada pela mente onde essa

relação de ação e pensamento vinculada às relações afetivas do indivíduo

proporciona um maior conhecimento de si e do mundo que o rodeia, ou seja, o

desenvolvimento psicomotor acontecendo.

Entender o desenvolvimento psicomotor é fundamental para profissionais que

atuam nas séries iniciais, afim de possibilitar de forma adequada o acesso das

crianças às atividades que permitam a aquisição da aprendizagem necessária para

essa etapa da vida que, de acordo com autores como Le Boulch (1982,p. 130) e

Fonseca ( 2008,p. 50), corresponde ao momento de ampliação e consolidação dos

elementos psicomotores, bem como a afirmação da imagem corporal da criança.

Percebemos ao analisarmos o quadro nº 02 que o entendimento sobre

psicomotricidade foi contemplado na maior parte dos depoimentos das participantes.

2) Os jogos e brincadeiras em sala são escolhidos mediante objetivos para

desenvolvimento psicomotor infantil?

GRÁFICO 1 – Jogos e brincadeiras em sala

Fonte: Dados da Pesquisa (2017)

O resultado obtido com essa pergunta, confronta o que percebemos ao

analisarmos os documentos pertencentes a escola que tivemos acesso, e que dizem

respeito às práticas educativas, pois notamos a total ausência de objetivos que

43%

57%

SIM NÃO

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busquem o desenvolvimento psicomotor. O que nos mostra o gráfico nº 01, é uma

parcela existente desses objetivos, porém ainda pequena.

Le Boulch (1982,p. 88-105), alerta sobre os riscos de se deixar de lado a

aplicação das atividades psicomotoras na fase pré-escolar, podendo levar a criança

a prejuízos futuros em seu desenvolvimento. Sobre esses prejuízos, percebemos ao

ler Oliveira (1997,p. 117-118) que, problemas como a dislexia15 estão associados

aos elementos psicomotores como discriminação visual e estruturação espacial,

onde o segundo também se relaciona com a discalculia16, também vemos a relação

entre discriminação auditiva e a dislalia17, dentre outras.

Percebemos aqui que a realidade descrita por Le Boulch (1982, p. 129), de

que mesmo diante dos estudos e evidências que demonstram a necessidade da

educação psicomotora na pré-escola, ainda persiste a cultura da alfabetização

precoce sem o preparo psicomotor adequado para isso, atropelando etapas

fundamentais do desenvolvimento infantil.

3) O espaço físico da escola permite o desenvolvimento dos jogos e

brincadeiras?

GRÁFICO 2 – Espaço físico

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

15 Transtorno de aprendizagem que interfere na leitura e escrita 16 Transtorno de aprendizagem que interfere na compreensão e manejo de números 17 Alteração na pronuncia fonética das palavras

14%

86%

SIM NÃO

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37

Das entrevistadas apenas uma considerou adequado o espaço para a

realização das atividades como jogos e brincadeiras, a professora Rosa de

educação física realiza suas atividades na área externa na escola que comporta

confortavelmente uma turma por vez, ou seja, somente as aulas da professora Rosa

acontecem nesse espaço, pois fica inviável que duas turmas ocupem

simultaneamente o local. Assim sendo, as atividades das outras professoras

concentram-se em suas salas de aula que de fato possuem um espaço limitado.

Concordando com o que foi exposto no gráfico anterior, resultado das

respostas fornecidas pelas professoras e gestoras da escola campo de estudo,

apresentamos o quadro nº 03.

QUADRO 3 – Espaço físico e quantidade de alunos por sala.

SALA ÁREA m² TURMA Quant. de

ALUNOS TURNO

1 11,5 Pré II (A) 19 Matutino

2 11,5 Pré I (A) 19 Matutino

3 10,5 Pré I (B) 19 Matutino

4 13,3 Pré II (B) 19 Matutino

1 11,5 Pré II (C) 20 Vespertino

2 11,5 Pré I (C) 20 Vespertino

3 10,5 ------------------- ------------------- Vespertino

4 13,3 ------------------- ------------------- Vespertino

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Como pode ser visualizado no Quadro nº 03, o espaço disponibilizado para os

alunos é bastante limitado, cerca de 0,5m² por criança, correspondente a ⅓ do

espaço recomendado pelo Ministério da Educação quando diz:

Que a área mínima para todas as salas para crianças de 0 a 6 anos contemple 1,50 m² por criança atendida considerando a importância da organização dos ambientes educativos e a qualidade do trabalho. (BRASIL, 2006, p. 27)

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38

Le Boulch (1982), como sugestão de atividades psicomotoras descreve

práticas que exigem espaço para sua execução, muitas são completamente

inviáveis em um espaço tão pequeno, a exemplo temos correr, jogar bola, dançar e

outros.

4) Nas formações continuadas são trabalhadas as questões psicomotoras?

GRÁFICO 3 – Formação continuada

Fonte: Dados da Pesquisa (2017)

Como podemos observar no gráfico em destaque, as respostas dadas pelas

professoras foram unânimes afirmando não ser abordado questões relacionadas a

educação psicomotora nas formações ministradas na rede pública de ensino. Isso

dificulta a compreensão sobre o assunto e sua aplicação, uma vez sendo

desconhecido pelo aplicador.

Apesar do tema psicomotricidade não ser convenientemente abordado nas

formações continuadas, percebemos ao analisar o conteúdo programático para

educação infantil pertencente ao município, sugestões de atividades psicomotoras

ainda que não levem essa nomenclatura, assim como ações diárias das professoras

também contemplam o desenvolvimento psicomotor, mesmo que não programadas

para isso, no entanto tem seus resultados comprometidos mais pela estrutura de

sala de aula e grande quantidade de alunos do que pelo desconhecimento técnico

dos profissionais que atuam na escola.

100%

SIM NÃO

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39

Le Boulch (1982, p 177), discorre sobre essa importância estrutural e

limitação na quantidade de crianças atendidas em sala, afirmando que se essas

problemáticas fossem sanadas a simples desinformação técnica do professor seria

atenuada por sua “intuição e o sentido educativo”.

5) Sua formação acadêmica fornece subsídios para o trabalho com educação

psicomotora?

GRÁFICO 4 – Formação acadêmica

Fonte: Dados da Pesquisa (2017)

Surpreendentemente apenas a professora Rosa diz ter recebido de sua

formação acadêmica subsídios adequados para atuar frente a uma educação

psicomotora. Observamos também em nossa formação a inexistência de uma

disciplina com enfoque psicomotor.

Sendo o RCNEI uma transcrição da psicomotricidade, apesar de não usar

essa nomenclatura em nenhum momento, e até agora termos apresentado as

argumentações de vários autores que definem a educação infantil como uma

educação Psicomotora, notamos a necessidade de uma abordagem sobre a

temática na formação dos profissionais que atuarão nessa área.

6) O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI é fonte de

consulta constante para o planejamento escolar? Quando a resposta for negativa

justifique.

14%

86%

SIM NÃO

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40

GRÁFICO 5 – Utilização do RCNEI

Fonte: Dados da Pesquisa (2017)

Como já exposto em nosso trabalho, o RCNEI configura uma ferramenta

crucial em auxílio a aplicação de atividades para o desenvolvimento psicomotor. Em

resposta ao questionário a maioria das entrevistadas respondeu negativamente

quando indagadas sobre o uso dessa ferramenta, como justificativa afirmaram não

existir o exemplar na escola.

As propostas contidas no RCNEI apesar de não serem obrigatórias, facilitam

a evolução dos elementos psicomotores no indivíduo, contribuindo com a

estruturação corporal básica para a aquisição de novas aprendizagens na etapa

vindoura que é o ensino fundamental.

Autores como Le Boulch (1982, p. 129-138) e Oliveira (1997, p. 117-132),

mencionam os prejuízos causados pela negligencia do trabalho com a

psicomotricidade, reforçando a importância de uma educação psicomotora na pré-

escola.

29%

71%

SIM NÃO

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA CURSO …

41

5 CONSIDERAÇÔES FINAIS

Este trabalho ao discorrer sobre psicomotricidade, expõe as contribuições de

vários autores para a compreenção do tema e sua relevancia para o cotidiano das

instituições de ensino em nível pré-escolar, foram apresentados os conceitos de

alguns elementos psicomotores embasados por autores fundamentais na construção

do conhecimento sobre o tema.

A relação entre a psicomotricidade e o Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil foi apresentada por eixo temático, apontando as similaridades de

procedimentos entre os dois. Onde mais uma vez fica exposto a importancia, do

jogo, da brincadeira, da música não como um mero passa tempo, mas como um

meio de desenvolvimento mental, motor e afetivo.

Ao longo de nossa pesquisa foi possível constatar a grande importancia da

aplicabilidade das atividades psicomotoras na pré-escola, praticada pelos

profissionais que assim o fazem mesmo que de forma intuitiva, já que os

profissionais que trabalham nessa área não recebem subsídios teóricos o suficiente

para um conhecimento concreto capaz de gerar autonomia em suas ações, no

entanto, percebemos, que o maior impedimento para um desenvolvimento adequado

das atividades na Escola Municipal de Ensino Infantil Nossa Senhora Aparecida é

sua estrutura física impropria para o funcionamento de um ambiente escolar.

Notamos através dos resultados que a formação inicial dos profissionais que

trabalham na educação infantil, não recebem um enfoque psicomotor suficiente para

para um conhecimento aprofundado, assim como as formações continuadas não

abordam o tema, no entanto, as práticas que envolvem o desenvolvimento

psicomotor estão presentes nas salas de aula mesmo que os profissionais não as

associem com essa função, tendo seus resultados mais prejuticados pela falta de

estrutura e de material adequado. Portanto é visivel uma negligência nessa área,

mas não em uma esfera local e sim mais ampla, falta o investimento legislativo e

executivo, para que de fato dê-se a real importância para o inicio da educaçao

básica.

Ao analisarmos as propostas das atividades, e observamos os recursos para

a sua realização percebemos a completa inviabilidde para a obtenção de resultados

satisfatórios no campo psicomotor, deduzimos assim que as crianças finalizam essa

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA CURSO …

42

etapa educacional sem a aquisição de um desenvolvimento adequado dificultando

seu progresso nas demais etapas.

Como proposta viável apresentamos o enriquecimento do currículo nos

cursos de pedagogia, formação inicial para os professores que atuarão na educação

infantil, incorporando à graduação a disciplina de psicomotricidade afim de

proporcionar o conhecimento teórico necessário para a atuação nessa etapa.

Também sugerimos a criação de uma legislação mais rigorosa, acompanhada de

fiscalização efetiva para com a normatização dos prédios onde funcionam as pré-

escolas.

Percebemos que o RCNEI desde sua públicação, a quase duas décadas, até

a presente data nunca passou por uma reformulação, mostrando o descaso e a

pouca importância dada para as ações desenvolvidas na fase pré-escolar. Isso

evidencia a necessidade de colocar-se em pauta nos congressos educacionais a

atualização do referencial.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA CURSO …

43

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. ABP conceitua psicomotricidade. Disponível em: < http://psicomotricidade.com.br/sobre/o-que-e-psicomotricidade/>. Acesso em 10 de fev. 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de infra-estrutura para instituições de educação infantil : Encarte 1. Brasília : MEC, SEB, 2006. BRASIL. LDB nacional: Lei de diretrizes e bases da educação nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 11. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. – (Série legislação; n. 159) BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. BRITO, Ana Rosa Peixoto de. LDB da “conciliação” possível à lei “proclamada”. Belém: Graphitte, 1997. COLELLO, Silvia M. Gasparian. Alfabetização e motricidade: revendo essa antiga parceria. Cadernos de Pesquisa, n. 87, p. 58-61, 2013. FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Dados eletrônicos – Porto Alegre: Artmed. 2008. FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria. Educação básica no Brasil na década de 1990: subordinação ativa e consentida à lógica do mercado. Educação e sociedade, v. 24, n. 82, p. 93-130, 2003. GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de empresas, v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995.

GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 22, n. 2, p. 201-210, 2006. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. – 5. Ed. – São Paulo: Atlas 2003. LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Trad. Por Ana Guardiola Brizolara. Porto Alegre, Artes médicas, 1982. OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Trad. De Álvaro Cabral, 2ª ed., Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA CURSO …

44

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Com introdução de Émile Jalley; tradução Claudia Berliner; revisão técnica Izabel Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2007. (Coleção psicologia e pedagogia) __________. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Tradução de Gentil Avelino Titton. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. (Coleção textos fundantes de educação)

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45

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO USADO NA PESQUISA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA / UFRA

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA / PARFOR

APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM SÃO

MIGUEL DO GUAMÁ-PA

Questionário para Profissionais atuantes na Rede Municipal de Ensino na cidade de

São Miguel do Guamá

Função:_________________________

Formação:_______________________

Tempo de atuação:________________

1ª) O que você entende por desenvolvimento psicomotor?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2ª) Os jogos e brincadeiras em sala são escolhidos mediante objetivos para

desenvolvimento psicomotor infantil?

( ) Sim ( ) Não

3ª) O espaço físico da escola permite o desenvolvimento dos jogos e brincadeiras?

( ) Sim ( ) Não

4ª) Nas formações continuadas são trabalhadas as questões psicomotoras?

( ) Sim ( ) Não

5ª) Sua formação acadêmica fornece subsídios para o trabalho com educação

psicomotora?

( ) Sim ( ) Não

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46

6ª)O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI é fonte de

consulta constante para o planejamento escolar? Quando a resposta for negativa

justifique.

( ) Sim ( ) Não

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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APÊNDICE 2 – SUGESTÃO DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS DE DOMÍNIO

PÚBLICO

COORDENAÇÃO MOTORA GLOBAL

TÍTULO: Quente e frio.

OBJETIVO: Estruturação espacial, lateralização e coordenação óculo-manual.

MATERIAIS: Bola de borracha media, bola de tênis, arcos, cordas e elásticos.

METODOLOGIA: O docente informa aos alunos que as bolas utilizadas nas

recreações ficarão todas camufladas. Tendo elas que buscar encontra-las dentro

do ambiente. A medida que se aproximarem do escondedouro, o instrutor falará está

quente e ao se distanciar será utilizado o termo está frio. A partir dessas indicações

as crianças deverão encontrar todas as bolas seguindo para a próxima brincadeira.

TÍTULO: Cadência de ritmos.

OBJETIVO: Direção do espaço com música em ritmos cadenciados.

MATERIAIS: Caixa amplificada, Pen drive, repertório de músicas infantis.

METODOLOGIA: Formar duas fileiras seguindo em frente a outra, parar variadas

vezes obedecendo a cadência da música e a organização do enfileiramento. Ainda

em fila só que em direção contrária executar o mesmo movimento emparelhando os

membros do corpo lado direito com direito e lado esquerdo com esquerdo

começando pelos membros superiores ombros e depois as inferiores pernas, na

sequência com uma fila diante da outra, os alunos se dão a mão direita, e fazendo

uma roda em dupla se soltam e retornam para refazer a fila com os mesmos amigos,

se posicionando do outro lado.

COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL

TITULO: Jogos gráficos

OBJETIVO: Consolidar o ato de preensão e pressão para a ampliação da

coordenação viso-manual.

MATERIAIS: Caixa de madeira em estilo de bandeja com areia.

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METODOLOGIA: O professor deve Utilizar linhas ziguezague, círculos ,forma de

caracol os traçados em papel A-4 ,ou cartaz com a figura do traçado que deseja

para que a criança tenha um norteamento a seguir .com os alunos em duas filas

solicitar que retratem o tracejado na areia auxiliando apenas quando a criança

estiver desorientado.

TITULO: Originando e modelando formas

OBJETIVO: Ampliação da coordenação óculo-manual

MATERIAIS: massa de modelar de variadas cores e toalhas de plástico.

METODOLOGIA: Organizar as crianças em duplas utilizar a forma conforme o tema

trabalhado em sala podendo ter uma infinidade de nuances como animais, objetos,

formas geométricas ,números, letras e outros .O professor deverá produzir um

modelo para que sirva de norteamento entregando a cada dupla e na sequência

deverá acompanhar a produção dos alunos respeitando sua criatividade, no termino

da atividade cada dupla fala sobre sua criação.

TITULO: Espelho ao contrário

OBJETIVO: Coordenação global, e coordenação óculo manuaL.

MATERIAIS: duas cadeiras e dois bonés

METODOLOGIA:O professor organiza em duplas sentados um frente ao outro nas

cadeiras. Ambos com o boné na cabeça. A professora deve selecionar o primeiro

para ser imagem e o outro para ser o imitador dos movimentos.Com atenção

observar que o espelho é o contrário quando um sentar o outro fica de pé, quando

um colocar o boné na cabeça o outro deverá tirar e assim por diante. Será eliminado

quem errar E considerado ganhador aquele que permanecer no jogo por um período

maior.

Observação: além dessas atividades sugerimos outras como: pinturas com tinta

usando diversas técnicas seja com os dedos , cotonete ou pinceis, além do giz de

cera .E brincadeiras com bolinha de papel, a enfiagem com canudinhos e outras

ações que envolva o movimento de pinça, colagem com sementes , lã, barbante e

outros materiais sobre traçados, figuras , números e letras de preferência o nome da

criança.

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DISCRIMINAÇÃO VISUAL

Para trabalhar esse tipo de coordenação deve haver uma consonância com a

coordenação motora fina. Ex: Atividades com bola pingue-pongue, desenhar,

colorir,emfiagem com canudinhos fazer pulseiras com miçangas, o movimento de

pinça com grãos, colagem com barbante com linha, e até as atividades do cotidiano

como: Amarrar o cadarço dos sapatos, abotoar a roupa, pentear os cabelos dentre

outras.

DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA

TITULO: Descobrir quais os sons

OBJETIVO: Distinguir qual o som

MATERIAIS: uma venda para olho aparelho de som, um CD ,com vários sons:

Natureza, objetos, transporte entre outros.

METODOLOGIA: O professor deverá trabalhar individualmente vendado os olhos do

aluno, vai apresentando o som para que a criança possa desvendar quando a

criança errar o som passa para a próxima criança até todos participarem.

TITULO: Dança dos nomes

OBJETIVO: reforçar a discriminação auditiva possibilitar que a criança perceba o

ritmo tendo concentração nos comandos e som apresentado.

MATERIAIS: cadeiras, e os nomes das crianças

METODOLOGIA:O Instrutor deve organizar as cadeiras em círculos com o nome

das crianças colados individualmente, selecionar uma música animada e quando

começar a tocar os alunos deverão dançar em círculos das cadeiras , quando a

canção parar devem sentar na cadeira mais próxima, o aluno que não se acomodar

deverá encontrar a cadeira que consta se nome e destacar.

Estruturação espaço-temporal

TÍTULO: Dança com bambolê

OBJETIVO: Organizar-se no espaço e percepção de imagem corporal

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MATERIAIS: Áudio com caixa amplificada ou micro system, cd ou pendrive,

bambolês e repertório musical infantil.

METODOLOGIA: Espalhar uma quantia de bambolês de acordo a quantidade de

integrantes em um ambiente de sua preferência. Com início da melodia acionada

pelo professor organizador as crianças começam a dança circulando em volta dos

bambolês; ao pausar a música, eles devem saltar no centro de um bambolê

qualquer; retornar a música com todos saindo de seus bambolês prosseguindo a

dança. Neste percurso o instrutor deve retirar os bambolês, permanecendo o

número de crianças, devendo se atentar com a quantidade de bambolês que deverá

ser adequada para que os alunos brinquem sem se machucar, possibilitando que

compartilhe uma quantidade mínima de bambolês, com o intuito de dividir o espaço

de forma que todos caibam sem ninguém ficar de fora.

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Apêndice 3 ACEITE DO ORIENTADOR

DECLARAÇÃO:

Eu, Cláudia Waléria da Silva Ferreira aceito orientar a pesquisa intitulada:

“APLICABILIDADE DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM

SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA”, de autoria das Graduandas, Josse Kely Silva de

Carvalho e Maria Domingas Castelo Pereira, da Universidade Federal Rural

Amazônia / PARFOR, declaro ter total conhecimento das normas de realização de

trabalhos científicos vigentes, estando inclusive ciente da necessidade de minha

participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Declarando

ainda ter conhecimento do conteúdo do anteprojeto ora entregue para qual dou meu

aceite pela rubrica das páginas.

Paragominas (PA) 12 de Maio de 2017

______________________________________

Profª. Esp. Cláudia Waléria da Silva Ferreira

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ANEXO 1 – RESOLUÇÃO Nº 46/2015-CME-SMG

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Anexo -02 TERMO ADMISSIBILIDADE

PARECER DE ADMISSIBILIDADE DE TCC - II

Eu, Cláudia Waléria da Silva Ferreira, professora orientadora das alunas Josse Kely

Silva de Carvalho e , declaro que o trabalho com o título “APLICABILIDADE DAS

ATIVIDADES PSICOMOTORAS NA PRÉ-ESCOLA EM SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-

PA”, poderá ser apresentado em defesa pública, na data 06/05/2017.

Paragominas (PA) 12 de Maio de 2017

______________________________________

Profª. Esp. Cláudia Waléria da Silva Ferreira