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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO RAPHAELA DE MELO BAÊSSO E SILVA "USO DO ULTRASSOM NO MONITORAMENTO DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE ÓLEOS" Niterói 1 / 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

RAPHAELA DE MELO BAÊSSO E SILVA

"USO DO ULTRASSOM NO MONITORAMENTO DE

PROPRIEDADES FÍSICAS DE ÓLEOS"

Niterói 1 / 2015

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RAPHAELA DE MELO BAÊSSO E SILVA

"USO DO ULTRASSOM NO MONITORAMENTO DE

PROPRIEDADES FÍSICAS DE ÓLEOS"

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Químico.

ORIENTADORES

Profº. Rodrigo Pereira Barretto da Costa-Félix Profº. Fernando Benedicto Mainier

Niterói 1 / 2015

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

S586 Silva, Raphaela de Melo Baêsso e

Uso do ultrassom no monitoramento de propriedades físicas de

óleos / Raphaela de Melo Baêsso e Silva. -- Niterói, RJ : [s.n.],

2015.

70 f.

Trabalho (Conclusão de Curso) – Departamento de Engenharia

Química e de Petróleo, Universidade Federal Fluminense, 2015.

Orientadores: Rodrigo Pereira Barretto da Costa-Félix, Fernando

Benedicto Mainier.

1. Ultrassom. 2. Metrologia mecânica. 3. Incerteza de medição. 4.

Oléo comestível. 5. Propriedade física. I. Título.

CDD 534.5

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AGRADECIMENTOS A Deus.

Aos meus pais, Laporinê José Freitas Silva e Marialma de Melo Baêsso Silva, e meu

irmão, Gustavo Laporinê Baêsso e Silva, por terem sempre acreditado em mim.

Aos meus tios e tias Zezé, Ciant, Antônio e Carlos que, por mais que morem

distante, sempre contribuíram para o meu sucesso de uma forma ou de outra.

À minha querida prima Luluka.

Ao meu avô José Baêsso Zulato.

À minha avó, que mesmo não estando mais presente, sempre estará comigo em

quaisquer que seja o caminho escolhido.

Ao Prof. Dr. Rodrigo Pereira Barretto da Costa-Félix, por ter me aceitado em seu

grupo de pesquisa e por me orientar.

Ao Prof. Dr. Fernando Benedicto Mainier por mais uma vez aceitar meorientare

sempre estar presente na minha trajetória acadêmica.

À minha amiga Aninha que sempre esteve ao meu lado nos momentos bons e ruins.

À minha amiga Be por, mesmo morando longe, sempre me ajudar a superar os

obstáculos que apareciam.

À minha amiga Isabel, que com pouco tempo se tornou um alguém tão próximo e tão

presente na minha vida.

Aos meus amigos da química/engenharia química, Felipe, Isabella e Renata, que,

assim como eu, iniciaram uma nova graduação, dando a possibilidade de vivermos

diversos momentos juntos.

Aos meus amigos do Labus-Inmetro, André, Cris, Débora, Dilton, Douglas, Gabriel,

Jerusa, Pâmella, Raquel, Ruan e Taynara pela amizade e colaboração durante o

desenvolvimento desse projeto e tantos outros.

À minha amiga da UFF Neidemar por sempre me fazer sorrir e dar força.

Ao meu namorado, Vitor Araugio por não ser apenas companheiro, mas um

amigo,me apoiando em todos os momentos e sempre me incentivando.

À banca examinadora por aceitar o convite.

Ao Inmetro pela bolsa concedida e pelos financiamentos ao projeto de pesquisa ao

qual estou vinculada.

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ii

Dedicatória

À minha querida avó que sempre estará

comigo e aos meus pais que sempre

acreditaram em mim.

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iii

"A cada dia que vivo, mais me convenço de

que o desperdício da vida está no amor que não

damos, nas forças que não usamos, na

prudência egoísta que nada arrisca e que,

esquivando-nos do sofrimento, perdemos

também a felicidade.”(Carlos Drummond de

Andrade)

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. VI

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... VIII

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... IX

RESUMO.................................................................................................................... X

ABSTRACT ............................................................................................................... XI

1-INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2- OBJETIVOS ............................................................................................................ 3 2.1- OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 3 2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 3

3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 4 3.1- METROLOGIA ................................................................................................................ 4 3.2- INCERTEZA DE MEDIÇÃO ............................................................................................ 5 3.2.1- AVALIAÇÃO DO TIPO A DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO ........................................... 5 3.2.1.1- CONDIÇÃO DE REPETIBILIDADE ........................................................................... 5 3.2.1.2 - CONDIÇÃO DE PRECISÃO INTERMEDIÁRIA ........................................................ 6 3.2.1.3- CONDIÇÃO DE REPRODUTIBILIDADE DE MEDIÇÃO ........................................... 6 3.2.2- AVALIAÇÃO DO TIPO B DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO ........................................... 6 3.3- ULTRASSOM ................................................................................................................. 7 3.3.1- ANÁLISE DE LÍQUIDOS .............................................................................................. 7 3.3.2- PRINCÍPIOS BÁSICOS ............................................................................................... 8 3.3.3- TÉCNICA PULSO ECO ............................................................................................. 12 3.4 -ÓLEOS VEGETAIS ...................................................................................................... 15 3.4.1 - COMPOSIÇÃO DOS ÓLEOS VEGETAIS ................................................................. 17 3.4.2 - PROCESSAMENTO INDUSTRIAL ........................................................................... 19 3.4.2.1 - PROCESSAMENTO DA MATÉRIA-PRIMA ........................................................... 19 3.4.2.2 - EXTRAÇÃO DO ÓLEO BRUTO ............................................................................. 19 3.4.2.2.1 - EXTRAÇÃO POR PRENSAGEM MECÂNICA .................................................... 20 3.4.2.2.2 - EXTRAÇÃO POR SOLVENTE ............................................................................ 20 3.4.2.3 - REFINO ................................................................................................................. 21

4- METODOLOGIA ................................................................................................... 22 4.1- MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 22 4.2- SOFTWARE ................................................................................................................. 25 4.3- TESTE DE NORMALIDADE ......................................................................................... 26 4.3.1-TESTE DE SHAPIRO WILK ........................................................................................ 27

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 28 5.1 - VISCOSIDADE ............................................................................................................ 28 5.2-MASSA ESPECÍFICA .................................................................................................... 31 5.3- TESTE DE NORMALIDADE ......................................................................................... 34 5.3.1- VISCOSIDADE .......................................................................................................... 34 5.3.2 -MASSA ESPECÍFICA ................................................................................................ 35 5.4 - CÁLCULO DE INCERTEZAS ...................................................................................... 36 5.4.1 - VISCOSIDADE ......................................................................................................... 36 5.4.2 -MASSA ESPECÍFICA ................................................................................................ 42

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v

6-CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ...................................................................... 47

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 48

8- ANEXOS ............................................................................................................... 53

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - CAMPO DE AUDIBILIDADE DAS VIBRAÇÕES MECÂNICAS [20]. .............................. 9

FIGURA 2 – (A) CONTRAÇÃO E EXPANSÃO DO CRISTAL QUANDO SUBMETIDO A UMA ALTA

TENSÃO ALTERNADA NA MESMA FREQUÊNCIA ULTRASSÔNICA EMITIDA PELO CRISTAL, (B)

TRANSDUTOR UTILIZADO NA GERAÇÃO DE ONDAS ULTRASSÔNICAS. [20] ....................... 9

FIGURA 3 - ONDA LONGITUDINAL, COM A PRESENÇA DE ZONAS DE COMPRESSÃO E ZONAS DE

RAREFAÇÃO. [21] ................................................................................................... 10

FIGURA 4 - ONDAS TRANSVERSAIS. [22]......................................................................... 10

FIGURA 5 - ONDAS SUPERFICIAIS, COMPORTAMENTO OSCILATÓRIO. [25] .......................... 11

FIGURA 6 - TÉCNICA DE PULSO-ECO. ............................................................................. 13

FIGURA 7 - SINAL ULTRASSÔNICO E REFLEXÕES. ............................................................ 15

FIGURA 8 - CONSUMO MUNDIAL DOS ÓLEOS VEGETAIS* EM 2010/2011 [28]...................... 16

FIGURA 9 - CONSUMO MUNDIAL DE ÓLEOS VEGETAIS COMESTÍVEIS [30]. ........................... 17

FIGURA 10 - ARRANJO EXPERIMENTAL UTILIZADO NA DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE E

MASSA ESPECÍFICA DOS ÓLEOS. (A) BANHO TERMOSTATIZADO, (B) RECIPIENTE DE VIDRO

QUE CONTÉM O ÓLEO, (C) TRANSDUTOR ACOPLADO AO SISTEMA A SER MEDIDO, (D)

OSCILOSCÓPIO, (E) GERADOR DE SINAIS E (F) UNIDADE DE AQUISIÇÃO DE DADOS. ........ 23

FIGURA 11 - PAINEL FRONTAL QUE CONTÉM A INTERFACE DO PROGRAMA. ........................ 25

FIGURA 12 - PARTE DO DIAGRAMA DE BLOCOS UTILIZADO NO PROGRAMA DESENVOLVIDO. . 26

FIGURA 13 - RELAÇÃO ENTRE VISCOSIDADE DINÂMICA E RAZÃO DE TEMPO DE VOO PARA O

ÓLEO DE CANOLA. .................................................................................................. 29

FIGURA 14 - RELAÇÃO ENTRE VISCOSIDADE DINÂMICA E RAZÃO DE TEMPO DE VOO PARA O

ÓLEO DE SOJA. ...................................................................................................... 29

FIGURA 15 - RELAÇÃO ENTRE VISCOSIDADE DINÂMICA E RAZÃO DE TEMPO DE VOO PARA O

ÓLEO DE GIRASSOL. ............................................................................................... 30

FIGURA 16 - RELAÇÃO ENTRE MASSA ESPECÍFICA E RAZÃO DE TEMPO DE VOO PARA O ÓLEO

DE CANOLA. ........................................................................................................... 32

FIGURA 17 - RELAÇÃO ENTRE MASSA ESPECÍFICA E RAZÃO DE TEMPO DE VOO PARA O ÓLEO

DE SOJA. ............................................................................................................... 32

FIGURA 18 - RELAÇÃO ENTRE MASSA ESPECÍFICA E RAZÃO DE TEMPO DE VOO PARA O ÓLEO

DE GIRASSOL. ........................................................................................................ 33

FIGURA 19 - CURVA AJUSTADA PARA VISCOSIDADE COM BARRA DE INCERTEZAS PARA O ÓLEO

DE CANOLA. ........................................................................................................... 39

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FIGURA 20 - CURVA AJUSTADA PARA VISCOSIDADE COM BARRA DE INCERTEZAS PARA O ÓLEO

DE SOJA. ............................................................................................................... 40

FIGURA 21 - CURVA AJUSTADA PARA VISCOSIDADE COM BARRA DE INCERTEZAS PARA O ÓLEO

DE GIRASSOL. ........................................................................................................ 40

FIGURA 22 - CURVA AJUSTADA PARA MASSA ESPECÍFICA COM BARRA DE INCERTEZAS PARA O

ÓLEO DE CANOLA. .................................................................................................. 44

FIGURA 23 - CURVA AJUSTADA PARA MASSA ESPECÍFICA COM BARRA DE INCERTEZAS PARA O

ÓLEO DE SOJA. ...................................................................................................... 44

FIGURA 24 - CURVA AJUSTADA PARA MASSA ESPECÍFICA COM BARRA DE INCERTEZAS PARA O

ÓLEO DE GIRASSOL. ............................................................................................... 45

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viii

LISTA DE TABELAS TABELA 1- VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO E MASSA ESPECÍFICA DE ALGUNS MATERIAIS

ENCONTRADOS NA LITERATURA. [20,23] .................................................................. 12

TABELA 2 - ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS [31,32]. .......................................................... 17

TABELA 3 - ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS [31,32]. ....................................................... 18

TABELA 4 - COMPOSIÇÃO EM ÁCIDOS GRAXOS DOS ÓLEOS VEGETAIS. [33] ........................ 18

TABELA 5 - VALORES DAS CONSTANTES A1E E PARA EQ.(5) E DADOS DE AJUSTES

ESTATÍSTICOS PARA ÓLEOS VEGETAIS. ..................................................................... 24

TABELA 6 - VALORES DAS CONSTANTES Α E Β PARA EQ. (6) PARA ÓLEOS VEGETAIS PUROS.

............................................................................................................................ 24

TABELA 7 - VALORES DAS CONSTANTES A E B PARA EQ.(8) E DADOS DE AJUSTES

ESTATÍSTICOS PARA ÓLEOS VEGETAIS. ..................................................................... 31

TABELA 8 - VALORES DAS CONSTANTES A E B PARA EQUAÇÃO(10) E DADOS ESTATÍSTICOS

PARA ÓLEOS VEGETAIS. .......................................................................................... 34

TABELA 9 - VALORES CALCULADOS PARA W PARA CADA PARÂMETRO DA VISCOSIDADE DOS

ÓLEOS. ................................................................................................................. 35

TABELA 10 - VALORES CALCULADOS PARA W PARA CADA PARÂMETRO DA MASSA ESPECÍFICA

DOS ÓLEOS. ........................................................................................................... 36

TABELA 11 - VALORES DE INCERTEZA PARA VISCOSIDADE CALCULADOS PARA CADA ÓLEO. . 38

TABELA 12 - VALORES DE INCERTEZA PARA MASSA ESPECÍFICA CALCULADOS PARA CADA

ÓLEO. ................................................................................................................... 42

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LISTA DE ABREVIATURAS

VIM Vocabulário Internacional de Metrologia

MHz megahertz

pH Potencial hidrogeniônico

kHz quilohertz

PIB Produto Interno Bruto

USDA United States Department of Agriculture

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Inmetro Instituto Nacionalde Metrologia, Qualidade e Tecnologia

Labus Laboratório de Ultrassom do Inmetro

LABVIEW Laboratory Virtual Instrument Engineering Workbench

VI Virtual Instruments

GUM Guide to the expression of uncertainty in measurement

mPa milipascal

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x

RESUMO

O controle da qualidade de bens de consumo é de extrema importância para que

haja uma boa comercialização do próprio material e de seus derivados.Os métodos

mais amplamente utilizados para analisar a qualidade dos produtos finais em uma

linha de processo são baseados na cromatografia e na espectroscopia. Estes

métodos já são bem definidos, mas requerem equipamentos de grande

complexidade e o principal, alto custo.O uso de técnicas por ultrassom é

interessante por se tratar de métodos robustos,precisos, não destrutivos e que

podem ser aplicados na linha de processo.Foi realizado o estudo das propriedades

físicas de monitoramento dos óleos de canola, soja e girassol. O método de pulso-

eco permitiu medir a massa específica e a viscosidade dos óleos em tempo real e

com precisão. Os valores das propriedades físicas foram relacionados com a razão

de tempo de voo acústico, parâmetro adimensional que pode ser obtido a partir de

qualquer referência. No nosso caso, foi utilizado o tempo de voo, a 20 °C como

referência e uma distância fixa entre o transdutor e o refletor. A técnica de

monitoramento por ultrassom utilizadas e mostrou promissora na análise de óleos

comestíveis, obtendo-se incertezas nas faixas de 0,4% a 3,9% para a viscosidade e

0,02% a 0,15% para a massa específica.

Palavras-chave: ultrassom, propriedades físicas, monitoramento, incerteza de

medição, metrologia.

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xi

ABSTRACT Quality control of consumer property is of utmost importance for there to be a good

marketing of the material itself and its derivatives.The methods most widely used to

analyze the quality of the final products in a process line are based on

chromatography and spectroscopy. These methods are already well defined, but

require highly complex equipment and the main, high cost.The use of ultrasound

techniques is interesting because they are robust methods, accurate, non-destructive

and can be applied in the process line.The study of the monitoring physical

properties of canola, soybean and sunflower oils was performed. The pulse-echo

method allowed measuring the density and viscosity of the oils in real time and

accurately. The physical property values were related to the acoustic flight time ratio,

dimensionless parameter that can be obtained from any reference. In our case, we

used the time of flight at 20°C as reference and a fixed distance between the

transducer and the reflector. Ultrasonic monitoring technique employed here has

shown promise in the analysis of edible oils, obtaining the uncertainty ranges from

0,4% to 3,9% for viscosity and 0,02% to 0,15% for density.

Keywords: ultrasound, physical properties, monitoring and measurement uncertainty,

metrology.

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1

1-INTRODUÇÃO

Viscosidade e massa específica de líquidos são propriedades importantes

para se projetar equipamentos para as indústrias de ácidos graxos. O conhecimento

dessas propriedades acaba sendo um fator de fundamental importância para

cálculos que envolvem a seleção de equipamentos e o dimensionamento de bombas

e tubulações, assim como para a implementação de um efetivo controle de

processos e garantia de qualidade do produto final.Um exemplo é o seu uso na

estimação da eficiência de colunas de destilação que visam a separação e

purificação dos ácidos graxos. Dados de viscosidades e massa específica de

líquidos também são usados em projetos de transferência de calor, de tubulação de

processo e determinação de queda de pressão[1][2].

Atualmente, em indústrias químicas,alimentícias, petroquímicas, entre outras,

existe uma demanda considerável de instrumentos de medição que sejam capazes

de caracterizar líquidos com elevada sensibilidade, robustez e precisão (acurácia).

Há muitos instrumentos capazes de medir a viscosidade, mas poucos fazem essa

medição em linha e em tempo real. Tal instrumento é necessário para o controle de

processos em diferentes indústrias. Dessa forma, devido à automação dos

processos, medições do tipo in line tornam-se necessárias.

O uso de técnicas por ultrassom é interessante por se tratar de métodos

robustos,precisos, não destrutivos ou invasivos e que podem ser aplicados na linha

de processo [3,4]. São encontrados na literatura trabalhos capazes de mostrar a

possibilidade de se utilizar ultrassom para medir as propriedades físicas e acústicas

dos líquidos [5-7].

O ultrassom vem sendo usado exaustivamente em diversas etapas de um

processo químico, que vai desde a aceleração da reação [8] até a separação de

compostos [7], podendo ser, também, utilizado na identificação e análise [6,9].

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2

Porém, metrologicamente, ainda há muito o quese fazer. Uma abordagem

metrológica éfundamental para comprovar e evidenciar cientificamente as vantagens

das aplicações do ultrassom em sonoquímica, no processo de controle e qualidade

dos processos químicos.

A competitividade das empresas produtorasde bens de consumo está ligada

diretamente ao seu processo produtivo. Segundo FERNANDES (2009) [10],a

metrologia inserida no contexto do processo de produção atua como

sensor,monitorando e controlando variáveis e atributos dos produtos. A Qualidade e

Produtividade, vistas em outros tempos como elementos dissociados, atualmente

andam juntas, impactando fortemente na competitividade das empresas,

melhorando a performance dos processos, a qualidade dos produtos e reduzindo

custos [10].

A indústria brasileira está em constante crescimento, exigindo maior volume e

maior qualidade dos serviços metrológicos. A inserção do Brasil no mercado

globalizado estabelece a necessidade de uma forte base metrológica visando

promover exportações e impedir importações sem qualidade.

O controle da qualidade de bens de consumo é de extrema importância para

que haja uma boa comercialização do próprio material e de seus derivados.

Isto posto, procurou-se nesse trabalho desenvolver uma metodologia rápida,

de baixo custo e capaz de fornecer resultados precisos para a medição de

viscosidade e massa específica de óleos comestíveis.

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3

2- OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral

O objetivo geral desse trabalho foi estabelecer uma relação entre a

viscosidade e massa específica dos óleos de soja, canola e girassol e a razão do

tempo de voo ultrassônico.

2.2- Objetivos específicos

O trabalho visa facilitar a obtenção de dados confiáveis de forma in line e

automatizada, possibilitando aquisição de resultados imediatos e precisos.

Os cálculos das incertezas de medições foram realizados ao longo do estudo e

estão descritos no corpo deste documento.

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4

3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1- Metrologia

Segundo o Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM,2012) [11],

metrologia é a ciência da medição e suas aplicações. A metrologia engloba todos os

aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer que seja a incerteza de medição

e o campo de aplicação.

A cada dia são realizadas diversas medições em laboratórios analíticos por

todo o mundo, tornando-se necessário que os dados obtidos sejam comparáveis e

consistentes, a fim de evitar barreiras técnicas entre países.

As medições estão relacionadas diretamente a diversos aspectos do

cotidiano, que vão desde a pesquisa até a segurança e qualidade nos processos

industriais, permitindo o estabelecimento de padrões para ações em segurança do

trabalho e para conservação do meio ambiente.

Cada vez mais presente nos processos produtivos, em projetos de inovação e

nas ações comerciais, a metrologia contribui para a inserção do produto brasileiro no

exterior.

As normas internacionais, nacionais e os sistemas da qualidade destacam a

importância de se validar métodos analíticos com o objetivo de se obter resultados

confiáveis e adequados ao uso pretendido. A validação de métodos analíticos

comprova através de evidências objetivas que requisitos para uma determinada

aplicação ou uso específico são atendidos [12].

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3.2- Incerteza de medição

Segundo o VIM (2012) [11], incerteza de medição é um parâmetro não

negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurando, com

base nas informações utilizadas.

O parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio padrão denominado incerteza

padrão (ou um de seus múltiplos) ou a metade de um intervalo tendo uma

probabilidade de abrangência determinada [13].

O conceito de incerteza como algo quantificável pode ser considerado novo na

história da medição,apesar de erro e análise de erro terem feito parte da prática da

ciência da medição ou metrologia.

A incerteza de medição compreende muitos componentes, os quais podem,

em sua maioria, ser estimados com base na distribuição estatística dos resultados e

podem ser caracterizadas por desvios-padrão, incerteza do tipo A.As outras

componentes, as quais podem ser estimadas por uma avaliação do tipo B da

incerteza de medição, podem também ser caracterizadas por desvios-padrão

estimados a partir de funções de densidade de probabilidade desde que sejam

baseadasna experiência ou em outras informações [13].

3.2.1- Avaliação do Tipo A da Incerteza de Medição

Avaliação de uma componente da incerteza de medição por uma análise

estatística dos valores medidos, obtidos sob condições definidas de medição [11].

De acordo com o VIM (2012) [11], as condições de medição são dividias em

três.

3.2.1.1- Condição de repetibilidade

Condição de medição com um conjunto de condições, as quais incluem o

mesmo procedimento de medição, os mesmos operadores, o mesmo sistema de

medição, as mesmas condições de operação e o mesmo local, assim como

medições repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares durante um curto

período de tempo [11].

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3.2.1.2 - Condição de precisão intermediária

Condição de medição num conjunto de condições, as quais compreendem o

mesmo procedimento de medição, o mesmo local e medições repetidas no mesmo

objeto ou em objetos similares, ao longo de um período extenso de tempo, mas

pode incluir outras condições submetidas a mudanças [11].

3.2.1.3- Condição de reprodutibilidade de medição

Condição de medição num conjunto de condições, as quais incluem

diferentes locais, diferentes operadores, diferentes sistemas de medição e medições

repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares [11].

3.2.2- Avaliação do Tipo B da Incerteza de Medição

Avaliação de uma componente da incerteza de medição determinada por

meios diferentes daquele adotado para uma avaliação do Tipo A da incerteza de

medição. [11].

Exemplo: Avaliação baseada na informação:

Associada a valores publicados por autoridade competente.

Associada ao valor de um material de referência certificado.

Obtida a partir de um certificado de calibração.

Relativa à deriva.

Obtida a partir da classe de exatidão de um instrumento de medição

verificado.

Obtida a partir de limites deduzidos da experiência pessoal.

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3.3- Ultrassom

3.3.1- Análise de líquidos

Muitos estudos vêm sendo realizados com o intuito de descobrimentos de

novos métodos e sistemas de medição da qualidade de óleos em geral, comestíveis

e combustíveis. Os métodos mais amplamente utilizados para analisar a qualidade

dos produtos finais em uma linha de processo são baseados na cromatografia e na

espectroscopia. Estes métodos já são bem definidos e aplicados nos mais variados

tipos de análises, desde gases até líquidos [14]. Essas análises possuem alta

precisão e confiabilidade, mas requerem equipamentos de grande complexidade e o

principal, alto custo. Deste modo torna-se importante o desenvolvimento de técnicas

robustas, precisas, de baixo custo e não destrutivas, como é o caso do ultrassom.

O ensaio por ultrassom é um método não destrutivo, em que um feixe sônico

de alta frequência é introduzido no material a ser inspecionado com o objetivo de

detectar descontinuidades internas e superficiais. O som que percorre o material

reflete-se nas interfaces e ao ser analisado é capaz de determinar a presença e a

localização de descontinuidades [15].

Em 1995, SHEEN et. al. [16] apresentaram um sistema que determina

simultaneamente a massa específica e a viscosidade de líquidos Newtonianos. Eles

utilizaram um transdutor de ondas longitudinais de 1MHz de frequência central para

medir a massa específica usando a velocidade de propagação e a impedância

acústica da onda no líquido.

SAGGIN e colaboradores em 2001 [17] analisaram a viabilidade de se aplicar

o método de reflexão de ondas de cisalhamento para monitorar viscosidade dos

fluidos usados na indústria de alimentos. Foram feitas medições com óleos vegetais

(milho, oliva e sementes de algodão) e chegou-se à conclusão de que o método

proposto é sensível somente à viscosidade do fluido e não sofre interferência de sua

composição.

Em 2007, KALASHNIKOV et. al.[18] estudaram a variação no tempo de voo

acústico durante o processo de hidrólise de íons de alumínio em solução aquosa. O

trabalho fez uma comparação entre o método ultrassônico e o método mais utilizado

nesta situação baseado na medição de pH, e concluíram que o método ultrassônico

obtém resultados com maior rapidez [18].

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8

A revisão apresentada por KAATZE et.al. em 2008 [19] numerou os princípios

da medição da velocidade de propagação. Resumidamente mostrou os fundamentos

dos métodos acústicos que utilizam ondas de sinais contínuos e de pulsos

modulados. Diferentes métodos foram discutidos acerca de seus méritos e

limitações. Destacou-se a sensibilidade e precisão desses métodos.

Em 2009, KOC [7] fez uso do sistema de medição ultrassônica de baixa

potência com a finalidade de monitorar os produtos da reação de produção do

biodiesel metílico de soja, transesterificação do óleo de soja com metanol. Durante a

reação de transesterificação, houve deposição do glicerol, que possui uma massa

específica maior do que o éster metílico,1,26 g/cm³ e 0,85g/cm³, respectivamente.

Ao se determinar a taxa de deposição de glicerol durante a reação de

transesterificação avaliou-se a taxa de reação e o tempo necessário para que a

reação se complete. As ondas ultrassônicas foram capturadas durante a reação,

registradas e analisadas automaticamente.

Entretanto, apesar da grande evolução na aplicação do ultrassom nas

análises de líquidos, poucos trabalhos na literatura, que utilizam a técnica, possuem

em seu texto o cálculo de parâmetros de incerteza.

Dessa forma, do ponto de vista metrológico, ainda há muito o que se estudar

e fazer, de modo a tornar esta abordagem fundamental para evidenciar

cientificamente as vantagens das aplicações do ultrassom em sonoquímica e

controle de processos químicos de maneira mais abrangente.

3.3.2- Princípios básicos

Ondas ultrassônicas são ondas mecânicas que consistem na oscilação de

partículas atômicas ou moleculares de uma substância, em torno de sua posição de

equilíbrio. Quando as vibrações repetem-se periodicamente durante um determinado

período, o som pode ser classificado em infrassom, som audível ou ultrassom,Figura

1. Esta classificação é feita com referência ao espectro audível pelo ser humano.

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9

Figura 1 - Campo de audibilidade das vibrações mecânicas [20].

O estudo do ultrassom teve início em 1880 quando os físicos franceses

Jacques e Pierre Curie descobriram que era possível gerar uma diferença de

potencial ao se comprimir cristais piezoelétricos. O efeito piezoelétrico tem origem do

grego "piezen" e significa “pressão-eletricidade”, que caracteriza a propriedade que

alguns materiais possuem de produzir diferença de potencial quando deformadas

mecanicamente e vice-versa, Figura 2.

Figura 2 – (a) Contração e expansão do cristal quando submetido a uma alta tensão

alternada na mesma frequência ultrassônica emitida pelo cristal, (b) transdutor

utilizado na geração de ondas ultrassônicas. [20]

As ondas ultrassônicas são, normalmente, geradas por transdutores

construídos a partir de materiais piezoelétricos, que ao sofrerem uma deformação

mecânica e geram ondas que se propagam no meio adjacente ao transdutor. Estas

ondas são refletidas ao atingir objetos que estão presentes no meio e retornam ao

transdutor, que se deforma novamente gerando um sinal elétrico. Esta técnica é

conhecida como técnica de pulso-eco. Estas ondas também podem propagar

através do material e atingir um outro transdutor de mesmas características, que

(a)

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pelo mesmo princípio piezoelétrico capta o sinal. Neste segundo caso, denomina-se

método de emissão-recepção. [20]

Como a onda ultrassônica é uma onda mecânica, é necessário que haja um

meio físico para que ela se propague. Ao se propagar em um meio, as ondas podem

fazê-lo de três maneiras: longitudinalmente, transversalmente e superficialmente.

[20]

As ondas longitudinais, também chamadas de ondas de compressão

possuem partículas que oscilam na direção de propagação da onda, podendo ser

transmitidas a sólidos, líquidos e gases. Na Figura 3 observam-se zonas de

compressão, nas quais as partículas se aproximam uma das outras, e rarefação nas

quais as partículas se distanciam uma das outras.[20]

Figura 3 - Onda longitudinal, com a presença de zonas de compressão e zonas de rarefação. [21]

As ondas transversais ou de cisalhamento são definidas quando as partículas

do meio vibram na direção perpendicular a de propagação.Neste caso, observa-se

que os planos de partículas mantêm-se na mesma distância um do outro, movendo-

se apenas verticalmente, Figura 4.

Figura 4 - Ondas transversais. [22]

As ondas transversais são praticamente incapazes de se propagarem nos

líquidos e gases, pelas características das ligações entre partículas, destes meios,

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podendo ser transmitidas principalmente em sólidos. O comprimento de onda é a

distância entre dois “vales” ou duas “cristas”. [20]

As ondas superficiais, também chamadas de ondas de Rayleigh são ondas

que trafegam na superfície dos meios sólidos e apresentam comportamento

oscilatório das partículas tanto transversal quanto paralelamente à direção de

propagação da onda,Figura 5. [23]

Figura 5 - Ondas superficiais, comportamento oscilatório. [25]

Considerando uma onda sônica se propagando num determinado material

com velocidade “V”, frequência “f”, e comprimento de onda “λ“, pode-se relacionar

estes três parâmetros como segue na equação (1):

(1)

Velocidade de propagação é definida como sendo a distância percorrida pela

onda sônica por unidade de tempo.A frequência de uma determinada onda de

ultrassom, por sua vez, pode ser definida como a quantidade de oscilações que uma

partícula sofre por segundo. Já o comprimento de onda representa a distância entre

duas partículas próximas com o mesmo estado de movimento [24,25].

A velocidade de propagação em um material (v) pode ser determinada

empiricamente, através de experimentos com medição do tempo que um pulso de

ultrassom leva para percorrer uma distância conhecida da amostra a ser analisada,

ou por meio de propriedades bem estabelecidas do material, como seu módulo de

elasticidade (E), o coeficiente de Poisson (σp) e sua massa específica (ρ), através da

equação 2 para ondas longitudinais e da equação 3para as ondas transversais.

Direção de propagação

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12

(2)

(3)

A Tabela 1 traz os valores de velocidade de propagação e massa específica

de alguns materiais.

Tabela 1- Velocidade de propagação e massa específica de alguns materiais encontrados na literatura. [20,23]

Material Velocidade de

propagação (m/s) Massa

específica (kg/m3)

Ar 330 1.3

Alumínio 6300 2700

Aço 5900 7700

Água 1480 1000

Glicerina 1920 1260

Óleo Diesel 1250 800

Acrílico 2700 1180

Ainda que a velocidade de propagação seja considerada uma constante

característica de cada material, existem fatores que podem resultar em variações

nos valores comumente encontrados. No caso de líquidos, o valor da velocidade de

propagação apresenta considerável variação com a temperatura. Como um

exemplo, a velocidade de propagação na água aumenta 3,05 m/s para cada grau

Celsius dentro da faixa de 10 a 30°C. [23]

3.3.3- Técnica pulso eco

A medição por ultrassom que utiliza a técnica de pulso eco consegue

determinar o local de uma descontinuidade ou de uma parte da estrutura com

precisão, a partir da medição do tempo requerido para um curto pulso ultrassônico,

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gerado por um transdutor, para se propagar através de um certomaterial. Em

seguida, ao refletir a partir da superfície ou de uma descontinuidade o pulso retorna

ao transdutor. Ou seja, o transdutor, possui um elemento piezoelétrico que ao ser

excitado por um curto impulso elétrico é capaz de gerar um “burst” de ondas

ultrassônicas. O transdutor é acoplado somente de um lado do material e as ondas

emitidas viajam através dele até encontrar uma parede oposta ou outro limite. As

reflexões, que ocorrem em seguida, voltam para o transdutor, que converte

novamente a energia mecânica em energia elétrica, podendo ser observado na

Figura 6. [26,27]

Figura 6 - Técnica de pulso-eco.

Para o cálculo da distância utiliza-se a equação (4)

(4)

onde:

e - distância entre o transdutor e o fundo refletor

v- velocidade do pulso ultrassônico no meio

t- tempo de voo da onda ultrassônica.

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É importante salientar que a velocidade ultrassônica no meio é uma parte

relevante deste cálculo. Como mostrado anteriormente na tabela 1, diferentes

materiais transmitem ondas ultrassônicas com diferentes velocidades.De uma forma

geral, mais rapidamente em materiais rígidos e mais lentamente em materiais

macios, sendo que a velocidade ultrassônica pode alterar-se,significativamente, com

a temperatura. Dessa forma, torna-se sempre necessário ajustar um medidor de

espessura de ultrassom para a velocidade ultrassônica no meio a ser medido.

Isso,geralmente, é feito com um padrão de referência, cuja espessura é precisamente

conhecida.

Frequências mais elevadas possuem um curto comprimento de onda

associado, o que acaba permitindo a medição de materiais mais finos. As frequências

mais baixas, com um comprimento de onda maior,conseguem penetrar mais e

acabam sendo usadas para testar amostras de grande espessura, ou para materiais

tais como fibra de vidro e de metais fundidos de granulação grossa, em que a

propagação das ondas ultrassônicas é considerada menos eficientes.

As ondas ultrassônicas na ordem de mega-hertz (MHz) não se propagam

eficientemente através do ar, de modo que uma gota de líquido de acoplamento é

utilizada entre o transdutor e a peça de ensaio, com a finalidade de se conseguir a

transmissão do ultrassom com qualidade. Acoplantes geralmente utilizados são

glicerina, propilenoglicol, água, óleo e gel. Uma pequena quantidade é necessária,

apenas o suficiente para preencher a face do transdutor não o deixando em contato

com o ar. [26]

Se a distância entre o transdutor e a superfície refletora for desconhecida,

pode-se calculá-la utilizando o tempo necessário para percorrer o meio até uma

parede oposta. O meio será percorrido duas vezes no mesmo tempo, uma vez até a

parede oposta (superfície refletora) e uma vez até retornar ao transdutor. Se a

velocidade de propagação ultrassônica no material correspondente é conhecida,

pode-se calcular a distância percorrida, que é o tempo de voo ultrassônico dividido

por 2 (percurso de ida e volta da onda ultrassônica) e multiplicado pela velocidade.

Quando a onda retorna ao transdutor, parte de sua energia é refletida

novamente para o objeto de teste, voltando a percorrer o meio e refletindo na parede

oposta. Esta segunda reflexão irá picos semelhantes aos do primeiro conjunto de

picos de parede de fundo, porém como uma parte da energia, no foi perdida, a altura

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de todos os picos será menor. Estas reflexões, chamadas múltiplos, continuarão até

que toda a energia do som seja absorvida ou perdida através da transmissão através

das interfaces,Figura 7 [26].

Figura 7 - Sinal ultrassônico e reflexões.

3.4 -Óleos vegetais

Os óleos vegetais podem ser considerados um dos principais produtos

extraídos de plantas, e cerca de 65% são usados em produtos alimentícios fazendo

parte da dieta humana. Os lipídeos, juntamente com as proteínas e os carboidratos,

são fontes de energia, apresentando grande importância para a indústria, na

produção de ácidos graxos,glicerina, lubrificantes, carburantes, biodiesel, além de

inúmeras outras aplicações. Os óleos vegetais são constituídos principalmente de

triacilgliceróis (> 95 %) e pequenas quantidades de mono e diacilgliceróis.A obtenção

do óleo vegetal bruto é feita por meio de métodos físicos e químicos a partir das

sementes das oleaginosas com o auxílio de um solvente que funciona como extrator.

Nesta fase, o óleo vegetal contém impurezas como ácidos graxos livres, que

prejudicam a qualidade e a estabilidade do produto, tornando-se necessário a

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remoção destas impurezas, pelos processos de refino que envolvam desde a

remoção do solvente até a desodorização [28,29].

Diversas são as oleaginosas para o atendimento da demanda de óleos

vegetais, porém apenas quatro delas respondem pelo equivalente a 85% do

consumo mundial. De acordo com a Figura 8, em 2010/2011 o óleo de palma,

também chamado de óleo de dendê, é o mais consumido com 32% do consumo

mundial de óleos vegetais. O óleo de soja é o segundo mais importante ao

representar 29%, com os Estados Unidos na liderança da produção do grão,

seguidos pelo Brasil e pela Argentina. Canola responde por 16% enquanto girassol

por 8% do total mundial [28].

Figura 8 - Consumo mundial dos óleos vegetais* em 2010/2011 [28].

*Os outros óleos vegetais consistem em oliva, palmiste e coco.

A Figura 9traz os dados atualizados dos óleos comestíveis mais consumidos

mundialmente.

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17

Figura 9 - Consumo mundial de óleos vegetais comestíveis [30].

Segundo o United States Departament of Agriculture (USDA, 2015) [30] o

consumo alimentar dos nove principais óleos vegetais deverá se expandir em 4%

em2015/16, refletindo o crescimento da população e do PIB.

3.4.1 - Composição dos óleos vegetais

Os óleos vegetais possuem de uma a quatro insaturações na cadeia

carbônica, geralmente, estando na fase líquida à temperatura ambiente.

As Tabela 2 e Tabela 3 trazem os ácidos graxos saturados e insaturados,

respectivamente, mais comumente encontrados nos óleos.

Tabela 2 - Ácidos graxos saturados [31,32].

Ácido graxo* Nome Ponto de fusão (°C) Fonte

4:0 Butírico -5.3 Gordura do leite

6:0 Capróico -3.2 Manteiga

8:0 Caprílico 16.5 Óleo de coco

10:0 Cáprico 31.6 Óleo de coco

12:0 Láurico 44.8 Óleo de palmeira

14:0 Mirístico 54.4 Óleo de noz moscada

16:0 Palmítico 62.9 Óleo de palmeira

18:0 Esteárico 70.1 Carne de boi

20:0 Araquidício 76.1 Óleo de amendoim

22:0 Beênico 80.0 Óleo de acácia branca

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18

Ácido graxo* Nome Ponto de fusão (°C) Fonte

24:0 Lignocérico 84.2 Subproduto da lignina

* - Número de carbonos: número de saturações

Tabela 3 - Ácidos graxos insaturados [31,32].

Ácido graxo* Nome Ponto de fusão

(°C)

Fonte

12:1 Lauroléico Gordura do leite

14:1 Miristoléico -4.0 Gordura do leite

16:1 Palmitoléico 0.0 Gordura bovina

18:1 Oléico 16.3 Óleo de oliva

18:2 Linoléico -5.0 Óleo de soja

18:3 Linolênico -11.0 Óleo de peixe

20:1 Gadoléico 25.0 Óleo de peixe

20:4 Araquidônico -49.5 Fígado

22:1 Erúcico 33.5 Mariscos/óleo de

peixe

* - Número de carbonos: número de saturações

A Tabela 4 traz a composição de alguns óleos vegetais mais comumente

utilizados.

Tabela 4 - Composição em ácidos graxos dos óleos vegetais. [33]

(% em peso, do total de ácidos graxos)

ÓLEOS VEGETAIS

Ácido graxo Oliva Milho Girassol Soja Algodão Amendoim Canola

14:0 __ __ 0,08 0,20 0,80 __ 0.06

16:0 14,23 14,03 8,36 11,35 20,13 11,42 3.75

18:0 3,41 3,33 5,03 4,15 3,10 2,82 1.87

20:0 0,58 1,00 0,43 0,15 0,20 2,33 0.64

22:0 __ ____ __ __ __ 2,08 0.35

Total saturados 18,26 18,36 13,90 15,85 24,23 18,65 6.67

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19

14:1 __ __ 0,04 __ __ __ __

16:1 2,52 0,20 0,05 0,05 1,43 __ 0.21

18:1 71,10 35,08 27,65 25,30 22,86 41,69 62.41

18:2 6,76 44,40 56,30 50,60 50,16 38,46 20.12

18:3 1,36 1,96 2,06 8,20 1,32 1,17 8.37

Total insaturados 81,74 81,64 86,10 84,15 75,77 81,32 91.11

Fonte: adaptado de FONSECA (1974) [33].

3.4.2 - Processamento industrial

O processamento industrial de óleos e gorduras pode ser representado de

forma simplificada, em fases, como:

Processamento da matéria-prima

Extração do óleo bruto

Refino e modificação

Cada fase é constituída por diversas etapas.

3.4.2.1 - Processamento da matéria-prima

Os grãos que são colhidos ou armazenados nos centros de distribuição

acabam sendo transportados por via rodoviária, ferroviária ou hidroviária até as

indústrias onde ocorrerá o esmagamento das sementes.

As etapas de processamento da matéria-prima vão desde a pré-limpeza até o

cozimento dos grãos [34].

3.4.2.2 - Extração do óleo bruto

São comumente utilizadas denominações durante a extração do óleo bruto:

Torta: é o sub-produto na extração do óleo por prensagem.

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20

Farelo: é o sub-produto na extração do óleo com o auxílio de solvente.

Solvente: líquido utilizado na extração.

Micela: mistura do óleo extraído com o solvente orgânico [31].

Para se decidir entre qual o processo empregar para extração do óleo bruto,

extração por prensagem ou extração por solvente, utilizava-se um critério baseado no

teor de óleo de cada oleaginosa. Para oleaginosas com teores menores que 20-25%

a extração era realizada por extração com solvente, para as demais, empregava-se

uma pré-prensagem seguida de uma extração por solvente. Atualmente, a extração

por solvente é mais amplamente empregada [31].

3.4.2.2.1 - Extração por prensagem mecânica

Inicialmente, a remoção parcial do óleo ocorre pela prensagem mecânica que

é realizada por prensas contínuas do tipo parafuso, em seguida ocorre a extração

com o solvente orgânico, constituindo um processo misto.

O eixo helicoidal da prensa,gira em um cesto composto por barras de aço

retangulares espaçadas, o espaçamento entre as barras é regulado de forma a

permitir a saída do óleo e, não deixando de atuar como um filtro para as partículas da

torta [31,34].

3.4.2.2.2 - Extração por solvente

O solvente mais utilizado nesse processo é o hexano, com ponto de ebulição

próximo a 70°C.

A extração por solvente combina dois processos: o de dissolução, que é rápido

e fácil, e o de difusão, que é mais demorado, pois dependente da mistura de óleo e

solvente. A extração do material que contém maior teor de óleo inicia com micelas

mais concentradas, que, ao longo do processo, dá lugar a micelas mais diluídas

conforme haja a diminuição do teor de óleo.

A obtenção do equilíbrio no sistema óleo-micela-solvente é definida a partir da

velocidade de extração [31,34].

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3.4.2.3 - Refino

O refino é um conjunto de processos que têm por finalidade a transformação

de óleos brutos em óleos comestíveis. Existem casos em que há o consumo de óleos

brutos, azeite de oliva e de dendê.

De acordo com MANDARINO(2011) [34],as principais etapas do processo de

refinação do óleo bruto de soja são:

Degomagem ou hidratação;

Neutralização ou desacidificação;

Branqueamento ou clarificação;

Desodorização.

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22

4- METODOLOGIA

4.1- Materiais e métodos

O Laboratório de Ultrassom do Inmetro vem avançando consideravelmente

na área de análises de líquidos por ultrassom como mostram os resultados já

publicados. [5,6,9,35,36]

Neste trabalho foi utilizada a técnica ultrassônica de pulso-eco, no qual são

adquiridos os sinais de pulso ultrassônicos que atravessam o corpo de prova,

atingem o refletor e voltam ao mesmo transdutor. O estudo foi realizado com o

auxílio de um transdutor de ultrassom de frequência nominal de 1 MHz e diâmetro

12,7 mm (Panametrcis-NDT - Olympus Corporation, Japan),um gerador de sinais

(33250A, Agilent Technologies, CA, USA), um osciloscópio que digitalizou o sinal de

eco recebido pelo transdutor (DSO-X 3012A, Agilent Technologies, CA, USA), uma

unidade de aquisições de dados (34970A, Agilent Technologies, CA, USA) e um

computador com um programa desenvolvido em LabView® 11, (National

Instruments, Austin, TX, USA - Licença para uso do Inmetro).

Na Figura 10, um esquema do arranjo experimental é mostrado permitindo

identificar as variações que ocorrem na massa específica e viscosidade do óleo de

soja em função das variações de temperatura, através dos sinais de razão de tempo

de voo.

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23

Figura 10 - Arranjo experimental utilizado na determinação da viscosidade e massa

específica dos óleos. (a) Banho termostatizado, (b) recipiente de vidro que contém o

óleo, (c) transdutor acoplado ao sistema a ser medido, (d) osciloscópio, (e) gerador

de sinais e (f) unidade de aquisição de dados.

Foram utilizados 3 tipos de óleos:

Soja (marca Liza®)

Canola (marca Sinhá®)

Girassol (marca Granfino®)

Para cada óleo foram realizadas cinco medições de tempo de voo, cada uma

com tempo médio de 70 minutos.

Todos os dados obtidos foram gravados a cada 20 segundos e analisados em

software desenvolvido em LabVIEW® 11 (National Instruments, Austin, TX, USA -

Licença para uso do Inmetro).

O modelo teórico da relação da viscosidade e massa específica com a

temperatura é válido entre 20oC e 80oC [37]. O transdutor ultrassônico utilizado

suporta, sem ser danificado, até 55 oC. Assim sendo, foi definida a faixa de

temperatura utilizada entre 20 °C e50 °C.

De acordo com a literatura [37,38] a dependência da viscosidade de óleos

vegetais puros com a temperatura pode ser satisfatoriamente descrita pela relação

de Andrade (5)

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24

(5)

onde µ é a viscosidade dinâmica, T é a temperatura absoluta, A1 é uma constante, E

é energia de ativação e R é a constante universal dos gases. Os valores dos

parâmetros A1 e E para os óleos estudados foram retirados da literatura [37], Tabela

5, e utilizados para estabelecer a relação entre a viscosidade dinâmica dos óleos e a

razão de tempo de voo.

Tabela 5 - Valores das constantes A1e E para Eq.(5) e dados de ajustes estatísticos

para óleos vegetais.

Óleo A1*(10-3mPa) E*(J/mol) r² MREa(%)

Canola 1,310 26522 0,9971 2,98

Soja 1,616 25649 0,9964 3,13

Girassol 0,979 26796 0,9974 2,87

* Válido somente na faixa de (293.15 - 353.15)K

a MRE: Erro relativo médio = 100Ʃi

N|calc - exp|/exp/N, onde N = número de pontos medidos.

Fonte: adaptado de NGUYEN(2011) [37].

Estudos demonstram [37,38] que a massa específica de óleos, por sua vez,

varia linearmente com o aumento da temperatura absoluta, através da equação (6)

(6)

Onde α e β são constantes empíricas. Os valores dos parâmetros α e β para o óleo

de soja foram retirados da literatura [37], Tabela 6, e utilizados para estabelecer a

relação entre a massa específica do óleo de soja e a razão de tempo de voo.

Tabela 6 - Valores das constantes α e β para Eq.(6) para óleos vegetais puros.

Óleo α(kg/m³) β(kg/m³ K) r²

Canola 1204.8 -0.991 0.9980

Soja 1197.0 -0.959 0.9978

Girassol 1239.8 -1.098 0.9985

Fonte: adaptado de NGUYEN (2011) [37].

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25

É importante esclarecer que todos os óleos utilizados puderam ser

reutilizados em outras atividades do Laboratório de Ultrassom do Inmetro (Labus),

pois não houve desnaturação dos mesmos.

4.2- Software

Foi desenvolvido um software utilizando a ferramenta LabView para calcular a

viscosidade e massa específica dos óleos e suas respectivas incertezas de medição.

O Labview (abreviação para Laboratory Virtual Instrument Engineering

Workbench) é uma linguagem de programação gráfica originária da National

Instruments. Os principais campos de aplicação do Labview são a realização de

medições e a automação. A programação é feita de acordo com o modelo de fluxo

de dados, o que oferece a esta linguagem vantagens para a aquisição de dados e

para a sua manipulação.

Os programas em Labview são chamados de instrumentos virtuais ou,

simplesmente, Vis

São compostos pelo painel frontal, que contém a interface,Figura 11 e pelo

diagrama de blocos, que contém o código gráfico do programa, Figura 12. O

programa não é processado por um interpretador, mas sim compilado. Deste modo o

seu desempenho é comparável à exibida pelas linguagens de programação de alto

nível. A linguagem gráfica do Labview é chamada "G". [39]

Figura 11 - Painel frontal que contém a interface do programa.

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26

Figura 12 - Parte do diagrama de blocos utilizado no programa desenvolvido.

4.3- Teste de normalidade É necessário analisar o tipo de distribuição dos dados obtidos com o objetivo de se

julgar a possibilidade de aplicação de métodos de interferência estatísticos.

Os testes paramétricos assumem que a distribuição seja conhecida e uma

das condições que deve ser satisfeita é que os dados amostrais pertençam a uma

população distribuída normalmente. [40,41]

Existem testes quali e quantitativos para analisar o comportamento de um

conjunto de dados de uma amostra.

Os testes quantitativos estatísticos mais utilizados são:

Teste de Kolmogorov-Smirnov [42]: utilizado para grandes amostras

(n>30) e quando a média e o desvio-padrão da população são

desconhecidos.

Teste de Lilliefors [43]: adaptação do anterior e aplicado quando

médica e desvio-padrão da população são conhecidos.

Teste de Shapiro-Wilk [40,41]: utilizados em amostras que variam o

tamanho entre 3 e 50.

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27

4.3.1-Teste de Shapiro Wilk

A estatística do teste de Shapiro-Wilk, Wcalculado, é calculada a partir das

equações 11, 12 e 13,

(11)

onde b=

(12)

(13)

onde n é o tamanho da amostra, xi é o valor da medição da amostra sendo analisado

ordenada em ordem crescente, é a média aritmética dos n resultados de medições

e an-i+1 é o coeficiente calculado por Shapiro Wilk, obtido na Tabela A.1 em anexo.

Os valores críticos da estatística Wtabelado ou Wcrítico são extraídos da tabela

A.2 em anexo. A condição para que o conjunto de dados da amostra seja

considerado uma distribuição normal é que Wcalculado≥ Wtabelado.

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28

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo se destina a elucidar o que foi realizado durante o trabalho

proposto e além de expor os resultados obtidos, discuti-los também.

5.1 - Viscosidade

A partir dos dados da literatura [37], tabela 5, e pelo processamento dos

sinais ultrassônicos obtidos dos 5 ensaios de cada óleo foi possível estabelecer

curvas capazes de precisar a relação entre a viscosidade e a razão de tempo de voo

acústico.

Tomando-se como referência o valor de tempo de voo acústico em 20°C para

cada uma das cinco medidas, calculou-se para as subsequentes temperaturas, que

variaram até 50°C, uma razão denominada razão de tempo de voo, equação 7,

(7)

Onde rtf é a razão de tempo de voo, ToFmed é o tempo de voo medido em

determinada temperatura e ToFref é o tempo de voo de referência, nesse caso a

20°C.

É importante dizer que a escolha de se medir rtf evita que seja necessário

conhecer o espaçamento entre o transdutor e o alvo refletor, podendo-se repetir o

experimento para quaisquer distâncias.

A Figura 13, a Figura 14 e a Figura 15 ilustram os resultados obtidos para

canola, soja e girassol, respectivamente.

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29

0 2 4 6 8 10 12

20

30

40

50

60

70 Medida 1 r² = 0,99724

Medida 2 r² = 0,99717

Medida 3 r² = 0,99673

Medida 4 r² = 0,99775

Medida 5 r² = 0,99836

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

rtf

Figura 13 - Relação entre viscosidade dinâmica e razão de tempo de voo para o óleo de canola.

0 2 4 6 8 10

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

rtf

Medida 1 r² = 0.99537

Medida 2 r² = 0.99844

Medida 3 r² = 0.99432

Medida 4 r² = 0.99693

Medida 5 r² = 0.99711

Figura 14 - Relação entre viscosidade dinâmica e razão de tempo de voo para o óleo de soja.

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30

0 2 4 6 8 10

20

25

30

35

40

45

50

55

60

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

rtf

Medida 1 r² = 0.99861

Medida 2 r² = 0.99809

Medida 3 r² = 0.99638

Medida 4 r² = 0.99691

Medida 5 r² = 0.99668

Figura 15 - Relação entre viscosidade dinâmica e razão de tempo de voo para o óleo de girassol.

As figuras 13-15, que descreveram o comportamento da viscosidade em

função da razão de tempo de voo acústico (rtf), ilustram como as cinco

medições realizadas para cada óleo obtiveram resultados próximos, mostrando

repetibilidade em todas as repetições.

Diante do exposto, pôde-se estabelecer curvas que melhor se

ajustassem aos dados obtidos, com coeficientes de determinação (r²) muito

próximos a 1. O modelo matemático que melhor se ajustou para todos os óleos

estava baseado na equação (8)

(8)

onde A e B são constantes encontradas a partir repetições do experimento

para cada óleo.

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31

A Tabela 7 traz os valores obtidos para as constantes A e B através de

suas médias aritméticas para a curva de cada óleo, bem como o desvio padrão

(σA e σB) e o coeficiente de variação (cvA e cvB) das duas constantes

determinadas.

Tabela 7 - Valores das constantes A e B para Eq.(8)e dados de ajustes

estatísticos para óleos vegetais.

Óleo A(mPa.s) σA cvA(%) B σB cvB(%)

Canola 69,28 0,22 0,3 -0,10049 0,001724 1,7

Soja 58,75 0,64 1,1 -0,09864 0,000934 0,9

Girassol 57,30 0,77 1,3 -0,10477 0,003068 2,9

Para a determinação de cvA e cvB utilizou-se a equação 9.

(9)

Onde σi é o desvio padrão calculado para cada parâmetro e é a média

aritmética de cada parâmetro.

5.2-Massa específica

Da mesma forma como feito para a viscosidade, a partir dos dados da

literatura [37], tabela 6, e pelo processamento dos sinais ultrassônicos obtidos

dos 5 ensaios de cada óleo, foi possível estabelecer curvas capazes de

precisar a relação entre a massa específica e a razão de tempo de voo

acústico.

Tomou-se como referência o valor de tempo de voo acústico em 20°C

para cada uma das cinco medidas e calculou-se para as subsequentes

temperaturas, que também variaram até 50°C, uma razão denominada razão

de tempo de voo, equação 7. A Figura 16, a Figura 17 e a Figura 18 ilustram os

resultados obtidos para canola, soja e girassol, respectivamente.

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32

0 2 4 6 8 10 12

880

885

890

895

900

905

910

915

Mas

sa e

spec

ífic

a (k

g/m

³)

rtf

Medida 1 r²=0.99818

Medida 2 r²=0.99757

Medida 3 r²=0.99817

Medida 4 r²=0.99847

Medida 5 r²=0.99941

Figura 16 - Relação entre massa específica e razão de tempo de voo para o óleo de canola.

0 2 4 6 8 10

885

890

895

900

905

910

915

920

Mas

sa e

spec

ífic

a (k

g/m

³)

rtf

Medida 1 r²=0.99741

Medida 2 r²=0.99903

Medida 3 r²=0.99779

Medida 4 r²=0.99796

Medida 5 r²=0.99790

Figura 17 - Relação entre massa específica e razão de tempo de voo para o óleo de soja.

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33

0 2 4 6 8 10

880

885

890

895

900

905

910

915

920 Medida 1 r²=0,99922

Medida 2 r²=0,99868

Medida 3 r²=0,99741

Medida 4 r²=0,99719

Medida 5 r²=0,99666

Mas

sa e

spec

ífic

a (k

g/m

³)

rtf

Figura 18 - Relação entre massa específica e razão de tempo de voo para o óleo de girassol.

As figuras 16-18, que descreveram o comportamento da massa

específica em função da razão de tempo de voo acústico (rtf), demonstram que

as cinco medições realizadas para cada óleo obtiveram resultados próximos,

mostrando repetibilidade em todas as repetições.

Diante do exposto, pôde-se estabelecer curvas que melhor se

ajustassem aos dados obtidos, com coeficientes de determinação (r²) muito

próximos a 1. O modelo matemático que melhor se ajustou para todos os óleos

estava baseado na equação 10

(10)

onde a e b são constantes encontradas a partir repetições do experimento para

cada óleo.

A Tabela 8 traz os valores obtidos para as constantes a e b através de

suas médias aritméticas para a curva de cada óleo, bem como o desvio padrão

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34

(σa e σb) e o coeficiente de variação (cva e cvb) das duas constantes

determinadas.

Tabela 8 - Valores das constantes a e b para equação(10) e dados estatísticos

para óleos vegetais.

Óleo a(kg/m³) σa cva(%) b(kg/m³) σb cvb(%)

Canola 914,14 0,13 0,01 -2,8914 0,06611 2,30

Soja 915,32 0,28 0,03 -2,8604 0,04697 1,64

Girassol 917,51 0,42 0,05 -3,3325 0,10685 3,21

5.3- Teste de normalidade

5.3.1- Viscosidade

Por meio dos dados obtidos a partir das5 repetições e dos anexos A.1 e

A.2, pôde-se calcular o Wcalculado para os parâmetros de cada óleo.

Para a equação da viscosidade, tem-se os dois parâmetros A e B,

provenientes das repetições.

Assumiu-se as seguintes hipóteses:

H0 - A amostra provém de uma distribuição normal.

H1 - A amostra não provém de uma distribuição normal.

Para um nível de significância de 5% (α=0,05) e n =5, tem-se Wcrítico =

0,76.

A Tabela 9 traz todos os valores de Wcalculado para a viscosidade.

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35

Tabela 9 - Valores calculados para W para cada parâmetro

da viscosidade dos óleos.

Óleo Parâmetro Wcalc

Canola A 0,95

Canola B 0,92

Soja A 0,77

Soja B 0,98

Girassol A 0,92

Girassol B 0,95

Assim, como todos os Wcalc>W(0,05:5) aceita-se a hipótese nula, que diz

que os dados possuem distribuição normal.

5.3.2 -Massa específica

Da mesma forma, através dos dados obtidos a partir da 5 repetições e

dos anexos A.1 e A.2, pôde-se calcular o Wcalculado para os parâmetros de cada

óleo.

A equação da massa específica por sua vez, tem os dois parâmetros a e

b, provenientes das repetições.

Assumiu-se as seguintes hipóteses:

H0 - A amostra provém de uma distribuição normal.

H1 - A amostra não provém de uma distribuição normal.

Para um nível de significância de 5% (α=0,05) e n =5, tem-se Wcrítico =

0,76.

A Tabela 10traz todos os valores de Wcalculado para a massa específica

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36

Tabela 10 - Valores calculados para W para cada parâmetro

da massa específica dos óleos.

Óleo Parâmetro Wcalc

Canola A 0,80

Canola B 0,96

Soja A 0,86

Soja B 0,89

Girassol A 0,80

Girassol B 0,93

Dessa forma, como todos os Wcalc> Wcrítico aceita-se H0, na qual assume-

se que os dados possuem distribuição normal.

5.4 - Cálculo de incertezas

O teste de normalidade foi realizado para garantir que os dados obtidos

tivessem uma distribuição normal e o cálculo das incertezas de medição

pudesse ser realizado com base nas fórmulas do GUM.

5.4.1 - Viscosidade

Admitindo-se os tipos de incerteza, tipo A e tipo B e com base na

equação 14 da literatura [13], desenvolveu-se as equações 15 e 16 para o

cálculo das incertezas da viscosidade,

(14)

(15)

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37

(16)

Onde uµ é a incerteza padrão combinada, N é o número de repetições e urtf é a

incerteza do tipo B devido à calibração do osciloscópio utilizado. De acordo

com o fabricante do osciloscópio utilizado a incerteza é 25ppm + 5ppm por ano

de uso multiplicado pela escala de medição, que nesse caso é a razão de

tempo de voo acústico. Neste trabalho utilizamos um valor de incerteza de

60ppm, o equivalente a 7 anos de uso do osciloscópio.

De acordo com o ISO-GUM (2008) [13] embora a incerteza padrão

combinada possa ser universalmente usada para expressar a incerteza de um

resultado de medição, em algumas aplicações comerciais, industriais e

regulamentadoras, é muitas vezes necessário dar uma medida de incerteza,

que defina um intervalo em torno do resultado da medição com o qual se

espera abranger uma extensa fração da distribuição de valores que poderiam

ser razoavelmente atribuídos ao mensurando.

A medida adicional de incerteza descrita no parágrafo acima é chamada

de incerteza expandida e aqui será expressa por Uexp. Seu cálculo é feito

multiplicando-se a incerteza combinada (uc ou uµ) por um fator de abrangência

k, equação 17.

(17)

O valor do fator de abrangência k é escolhido com base no nível da

confiança requerido para o intervalo de medição. Geralmente k estará entre 2 e

3.

Nesse trabalho, k foi determinado com base no número de graus de

liberdade efetivo (ʋeff) e em uma probabilidade de abrangência de 0,95. De

acordo com a literatura [13] para se calcular ʋeff utiliza-se a equação 18.

(18)

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38

A partir de ʋeff é possível calcular o valor de k com a ajuda da função

INVT do excel. Essa função retorna o valor t da distribuição t de Student como

uma função da probabilidade e dos graus de liberdade. Para usá-la basta

digitar no excel "INVT(probabilidade; graus de liberdade)", onde probabilidade é

a probabilidade associada à distribuição t de Student bicaudal, nesse caso

utilizamos 0,95 e graus de liberdade é o número de graus de liberdade (ʋeff)

que caracteriza a distribuição.

A Tabela 11traz os valores das incertezas calculadas para cada óleo

baseado num valor de razão de tempo de voo.

Tabela 11 - Valores de incerteza para viscosidade calculados para cada óleo.

Óleo µ(mPa.s) uµ Uexp(mPa.s) Urel(%)

Canola 0

2

4

6

8

10

69,3

56,7

46,3

37,9

31,0

25,4

0,1

0,1

0,2

0,2

0,2

0,2

0,3

0,4

0,4

0,5

0,5

0,6

0,4

0,5

0,9

1,3

1,8

2,2

Soja 0

2

4

6

8

10

58,7

48,2

39.6

32,5

26,7

21,9

0,3

0,2

0,2

0,2

0,2

0,1

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

1,3

1,4

1,4

1,4

1,4

1,5

Girassol 0 57,3 0,3 1,0 1,7

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39

Óleo µ(mPa.s) uµ Uexp(mPa.s) Urel(%)

2

4

6

8

10

46,5

37,7

30,6

24,8

20,1

0,3

0,3

0,3

0,3

0,3

0,8

0,7

0,7

0,8

0,8

1,7

1,7

2,4

3,1

3,9

Para se obter Urel dividiu-se o valor de Uexp pelo valor obtido de µ e

multiplicou-se por 100 para se obter o resultado em porcentagem, equação 19.

(19)

A Figura 19, a Figura 20 e a Figura 21 trazem as curvas ajustadas para

a viscosidade dos óleos de canola, soja e girassol, respectivamente, e suas

incertezas.

0 2 4 6 8 10

20

30

40

50

60

70

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

rtf

Figura 19 - Curva ajustada para viscosidade com barra de incertezas para o óleo de canola.

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40

0 2 4 6 8 10

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

rtf

Figura 20 - Curva ajustada para viscosidade com barra de incertezas para o óleo de soja.

0 2 4 6 8 10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

rtf

Figura 21 - Curva ajustada para viscosidade com barra de incertezas para o óleo de girassol.

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41

A partir dos dados anteriormente expostos é possível verificar que a

relação entre a viscosidade e a razão de tempo de voo é exponencial. Dessa

forma, ao diminuir-se a viscosidade do meio diminui-se a velocidade de

propagação da onda ultrassônica, aumentando-se assim, o tempo necessário

para se percorrer a mesma distância.

Sabe-se que viscosidade é uma propriedade que está associada à

resistência que o fluido oferece a uma deformação por cisalhamento. A força

de coesão das moléculas, que é resultante da ação das forças de atração,

consegue explicar a viscosidade.

Dessa forma, em fluidos mais viscosos a onda ultrassônica encontra

uma barreira mais resistente fazendo com que sua reflexão seja mais rápida,

maior velocidade e menor tempo. Em contrapartida em fluidos menos viscosos,

a onda acústica necessitará de um maior tempo para conseguir penetrar no

meio e encontrar uma barreira para que ocorra sua reflexão.

Dentre os três óleos utilizados nesse trabalho, o óleo de girassol é o que

apresenta maiores valores de incertezas. E mesmo com esses valores,

comparativamente, maiores, as incertezas obtidas não são altas o suficiente

(máximo de 3,9% para a incerteza relativa) para considerar o modelo proposto

inapropriado para aplicação.

Atribui-se esse maior valor de incerteza a uma possível contaminação do

lote testado, no qual os óleos não possuíam as propriedades físico-químicas

bem estabelecidas.

Diante do exposto, pode-se afirmar que a implementação desse sistema

de medição e monitoramento da viscosidade dos óleos vegetais testados

fornecerá resultados confiáveis e precisos na faixa de 20-50°C, variando no

máximo 3,9%.

É importante destacar que o maior valor da incerteza relativa do óleo de

girassol apesar de significar uma incerteza de apenas 0,8 mPa.s no valor de

20,1 mPa.s da viscosidade, corresponde ao maior valor em porcentagem,

3,9%. Isso ocorre, pois o óleo de girassol é o que possui menores valores para

a viscosidade e, como a equação (19) leva em consideração o valor da

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42

viscosidade naquele ponto, isso acaba aumentando o valor da incerteza

relativa.

5.4.2 -Massa específica

Com o intuito de se obter resultados confiáveis, calculou-se as

incertezas de cada medição para que os valores de massa específica

pudessem ser expressos com os valores de suas incertezas.

Admitindo-se os tipos de incerteza, tipo A e tipo B e com base na

equação 20 da literatura [13], desenvolveu-se a equação 21 para o cálculo das

incertezas da massa específica,

(20)

(21)

Da mesma forma como calculado para a viscosidade, para a massa

específica estabeleceu-se o fator de abrangência k baseado numa

probabilidade associada à distribuição t de Student bicaudal de 0,95.

A Tabela 12 traz os valores das incertezas calculadas para cada óleo

baseado num valor de razão de tempo de voo.

Tabela 12 - Valores de incerteza para massa específica calculados para cada óleo.

Óleo rtf ρ(kg/m³) uρ Uexp(kg/m³) Urel(%)

Canola 0

2

4

914,1

908,4

902,6

0,1

0,1

0,1

0,2

0,2

0,3

0,02

0,02

0,04

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Óleo rtf ρ(kg/m³) uρ Uexp(kg/m³) Urel(%)

6

8

10

896,8

891,0

885,2

0,2

0,2

0,3

0,5

0,7

0,8

0,06

0,08

0,10

Soja 0

2

4

6

8

10

915,3

909,6

903,9

898,2

892,4

886,7

0,1

0,1

0,2

0,2

0,2

0,3

0,4

0,4

0,4

0,4

0,5

0,6

0,04

0,04

0,04

0,05

0,06

0,07

Girassol 0

2

4

6

8

10

917,5

910,8

904,2

897,5

890,9

884,2

0,2

0,2

0,3

0,3

0,4

0,5

0,5

0,5

0,6

0,8

1,1

1,3

0,06

0,06

0,07

0,09

0,12

0,15

A Figura 22, a Figura 23 e a Figura 24 trazem as curvas ajustadas para

a massa específica dos óleos de canola, soja e girassol, respectivamente, e

suas incertezas.

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44

0 2 4 6 8 10

885

890

895

900

905

910

915M

assa

esp

ecíf

ica(

kg/m

³)

rtf

Figura 22 - Curva ajustada para massa específica com barra de incertezas para o óleo de canola.

0 2 4 6 8 10

885

890

895

900

905

910

915

920

Mas

sa e

spec

ífic

a(kg

/m³)

rtf

Figura 23 - Curva ajustada para massa específica com barra de incertezas para o óleo de soja.

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45

0 2 4 6 8 10

880

885

890

895

900

905

910

915

920M

assa

esp

ecíf

ica

(kg/

m³)

rtf

Figura 24 - Curva ajustada para massa específica com barra de incertezas para o óleo de girassol.

Os resultados das regressões lineares para a massa específica de cada

óleo demonstram que o modelo proposto se adéqua muito bem ao propósito de

se medir massa específica em tempo real e com precisão.

Verifica-se que a incerteza pode ser considerada baixa, uma vez que a

maior tem o valor de 0,15% (884,2 ± 1,3 kg/m³).

Da mesma forma como observado para a viscosidade o óleo de girassol

apresentou os maiores valores de incerteza. Como utilizou-se os mesmos

dados obtidos para viscosidade no cálculo da massa específica, propõem-se a

mesma fonte de erro.

Tendo-se em vista que os dados iniciais que relacionavam a viscosidade

e massa específica com a temperatura foram retirados da literatura [37], e que

o autor não especificou os valores das incertezas, menor que ±1%, os valores

encontrados nesse trabalho podem ter sido influenciados pelos valores reais de

incerteza, e por isso a massa específica ter obtido valores, relativamente,

menores de incerteza que a viscosidade.

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46

O uso da técnica proposta visa a expansão desse método para outros

tipos de monitoramento como o de reações químicas. Tendo-se em vista as

variações que ocorrem no meio reacional durante qualquer perturbação

química, o trabalho desenvolvido tem a possibilidade de ser utilizado em

diversas reações que envolvam óleos vegetais.

Estudos preliminares realizados no laboratório de ultrassom do Inmetro

demonstram o poder do ultrassom em perceber as variações ocorridas durante

os processos de transesterificação de óleos.

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6-CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Com o desenvolvimento deste trabalho foi possível propor uma

metodologia utilizando o parâmetro ultrassônico tempo de voo, nesse caso

expresso como razão de tempo de voo, em comparação com uma metodologia

muito bem descrita na literatura que faz uso de densímetros e viscosímetros.

O parâmetro de tempo de voo acústico mostrou-se eficiente na predição

de viscosidade e massa específica de óleos, obtendo-se incertezas

relativamente baixas e evidenciando a repetitividade do parâmetro.

A importância de se utilizar o ultrassom em linhas de produção está não

só na sua possibilidade de proporcionar uma automação ao processo, mas

também, no baixo custo de aquisição e implementação da metodologia frente

às metodologias hoje utilizadas.

Assim, o uso da técnica proposta visa a expansão desse método para

outros tipos de monitoramento como o de reações químicas. Tendo-se em vista

as variações que ocorrem no meio reacional durante qualquer perturbação

química, o trabalho desenvolvido tem a possibilidade de ser utilizado em

diversas reações que envolvam óleos vegetais.

Dessa forma, estudos preliminares realizados no Laboratório de

Ultrassom do Inmetro vem avançando suas pesquisas demonstram o poder do

ultrassom em perceber as variações ocorridas durante os processos de

transesterificação de óleos

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8- ANEXOS

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Typewritten Text
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Vitor Araugio
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Vitor Araugio
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Typewritten Text
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