universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de … - joão... ·...

92
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO JOÃO PAULO VERISSIMO STHEL RAMON BISSOLI LOUREIRO A ENGENHARIA QUÍMICA NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA 4.0: ESTUDO DE CASO EM UMA USINA DE ETANOL Niterói 2018

Upload: others

Post on 10-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

0

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

JOÃO PAULO VERISSIMO STHEL

RAMON BISSOLI LOUREIRO

A ENGENHARIA QUÍMICA NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA 4.0:

ESTUDO DE CASO EM UMA USINA DE ETANOL

Niterói

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

1

JOÃO PAULO VERISSIMO STHEL

RAMON BISSOLI LOUREIRO

A ENGENHARIA QUÍMICA NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA 4.0:

ESTUDO DE CASO EM UMA USINA DE ETANOL

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em

Engenharia Química, oferecido pelo departamento de

Engenharia Química e de Petróleo da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de Engenheiro

Químico.

ORIENTADORES

Prof. Dra. Ana Carla da Silveira Lomba Sant’Ana Coutinho

Dr. Luís Eduardo Terra de Almeida

Niterói

2018

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

2

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

3

z

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

4

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre guiar meu caminho até aqui.

Aos meus pais, Fernando e Eliana, pelo amor, confiança e apoio durante todos esses

anos.

Aos meus irmãos, Fernanda e Victor, por todos os momentos de companheirismo,

alegria, carinho e por me presentearem com meus sobrinhos, Joaquim e Lucas.

Ao Ramon, meu irmão de vida, por todo apoio, carinho e companheirismo não só neste

trabalho, como em todos os momentos da minha jornada.

Aos meus orientadores, Prof. Dra. Ana Carla da Silveira Lomba Sant’Ana Coutinho e

Dr. Luís Eduardo Terra de Almeida, pelo voto de confiança depositado e apoio durante

o trabalho.

Aos meus amigos da UFF, por serem os melhores que poderia ter e tornarem esses

anos de faculdades maravilhosos.

Ao meus amigos do Ciências sem Fronteiras, meu muito obrigado por estarem sempre

presentes, independente da distância.

Aos meus amigos da firma, pelo aprendizado, amizade e todo carinho durante meu

período de estágio.

Aos meus amigos de Cachoeiro, do 404, e aos que me acompanharam em Niterói,

por serem minha segunda família desde que me lembro.

A banca por aceitar o convite.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

5

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre guiar meu caminho.

Agradeço aos meus pais, Antonio e Ivanilda, por todo o apoio, carinho e incentivo

durante todos os anos da minha faculdade. Agradeço também ao meu irmão e minha

cunhada, Vinicius e Lina, por toda confiança e apoio ao longo desses anos.

Agradeço à minha dupla e irmão de vida, João, por toda a cumplicidade e apoio não

somente neste trabalho, como em todos os momentos da minha jornada.

Aos meus orientadores, Prof. Dra. Ana Carla da Silveira Lomba Sant’Ana Coutinho e

Dr. Luís Eduardo Terra de Almeida, pelo voto de confiança depositado e apoio durante

o trabalho.

Aos meus amigos da UFF, por serem os melhores que poderia ter e tornarem esses

anos de faculdades maravilhosos.

Aos meus amigos da GSK, pelo aprendizado, amizade e todo carinho durante meu

período de estágio.

Aos meus amigos de Linhares e Ciências sem Fronteiras, muito obrigado por estarem

sempre presentes, independente da distância.

A banca por aceitar o convite.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

6

RESUMO

Atualmente, vivencia-se a quarta revolução industrial – intitulada Indústria 4.0,

caracterizada pela associação entre os avanços na comunicação e a tecnologia da

informação, que tem por objetivo a intensificação do grau de automatização e

digitalização das operações industriais. O presente trabalho tem como objetivo central

apresentar os aspectos e expor as tecnologias da Indústria 4.0, tais como Internet das

Coisas, Cyber Physical Systems (CPS), Realidade Aumentada, Manufatura Aditiva,

Big Data e Analytics, Robôs Automatizados, Simulação de sistemas, Computação em

Nuvem e Cibersegurança, além de evidenciar as consequências da digitalização na

Indústria Química e no estudante e profissional de Engenharia Química. Para ilustrar

a transformação digital de uma indústria, foi desenvolvido um estudo de caso em uma

usina de etanol fictícia, a Ethan LS, de modo a melhorar os processos através da

integração de toda a cadeia produtiva, desde o fornecimento de insumos para a

manufatura até a distribuição do produto final, evidenciando os ganhos e benefícios

operacionais da adoção do modelo 4.0.

Palavras-chaves: Indústria 4.0. Transformação Digital. Indústria Química. Engenharia Química. Usina de etanol.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

7

ABSTRACT

Nowadays, the world is experiencing the fourth industrial revolution – known as

Industry 4.0, characterized by the association between advances in communication

and information technology, which aims to intensify the level of automation and

digitalization of industrial operations. The main objective of this paper is to present the

aspects and expose the technologies related to Industry 4.0, such as Internet of Things

(IoT), Cyber Physical Systems (CPS), Augmented Reality, Additive Manufacturing, Big

Data and Analytics, Autonomous Robots, Simulation, Cloud Computing and

Cybersecurity, besides highlighting the consequences of the digitalization in both

Chemical Industry and Chemical Engineering students and professionals. A case study

was developed in a fictitious ethanol plant, the Ethan LS, to illustrate how the digital

transformation of an industry could lead to process improvements through the

integration of the entire supply chain, since the inbound to outbound logistics,

emphasizing the operational gains of adopting the model 4.0.

Key words: Industry 4.0. Digital Transformation. Chemical Industry. Chemical Engineering. Ethanol plant.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

8

Lista de Figuras

Figura 1.1 - Percentual de alunos por período que declaram conhecer o termo

Indústria 4.0. .............................................................................................................. 16

Figura 1.2 - Análise do comportamento das universidades no conceito de Indústria

4.0 ............................................................................................................................. 17

Figura 1.3 - Ações empregadas pela universidade para adequar os alunos à Indústria

4.0 ............................................................................................................................. 18

Figura 2.1 - Componentes de uma RSSF ............................................................... 27

Figura 2.2 - Cadeia de valor - Internet das Coisas ................................................... 28

Figura 2.3 - Arquitetura 5C ....................................................................................... 31

Figura 2.4 - Arquitetura 5C adaptada à Indústria 4.0 ................................................ 33

Figura 2.5 - CPPS e seus componentes .................................................................. 34

Figura 2.6 - Diagrama de um Sistema de óptica ...................................................... 36

Figura 2.7 - Diagrama de um Sistema de vídeo baseado em monitores .................. 36

Figura 2.8 - Esboço de um processo de estereolitografia ........................................ 37

Figura 2.9 - Materiais em estudo ou já empregados na MA ..................................... 38

Figura 2.10 - Estimativa anual do número de robôs vendidos por setor industrial ... 43

Figura 2.11 - Distribuição dos erros de design de simulações ................................. 46

Figura 2.12 - Layout 3-D de uma planta desenhada com auxílio do software CADWorx

.................................................................................................................................. 46

Figura 2.13 - Relação entre a computação em nuvem e a cloud manufacturing ...... 48

Figura 2.14 – Ganho de eficiência esperada na indústria química pelo uso das

tecnologias da Indústria 4.0....................................................................................... 54

Figura 4.1 - Projeção da produção de etanol até 2030 ............................................. 59

Figura 4.2 - Cadeia de suprimento do etanol............................................................ 60

Figura 4.3 - Configuração do CPS na Ethan LS ....................................................... 61

Figura 4.4 - Fluxograma de processo da produção de etanol .................................. 64

Figura 4.5 - Etiqueta RFID no rastreio da frota ......................................................... 68

Figura B1 – Programa de disciplina: Introdução à Indústria 4.0 ............................... 91

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

9

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Descrição das técnicas de análise de Big Data .................................... 42

Tabela 2.2 - Descrição, aplicações e vantagens dos diferentes serviços da

computação em nuvem ............................................................................................. 47

Tabela 2.3 - Desafios da cibersegurança na Indústria 4.0 ........................................ 51

Tabela 2.4 – Transição da Indústria Química 3.0 para Indústria Química 4.0 .......... 52

Tabela 3.1 – Exemplos de softwares ........................................................................ 57

Tabela 4.1 - Redução de custos a partir da implementação das tecnologias ........... 69

Tabela 4.2 - Aumento na receita a partir da implementação das tecnologias ........... 70

Tabela 4.3 - Comparação entre o resultado planejado e o real ............................... 70

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

10

Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos

ATSM American Society for Testing and Materials

BASF Badische Anilin & Soda Fabrik

BI Business Intelligence

CAE Computer-Aided Engineering

CAM Computer-Aided Manufacturing

CIMM Centro de Informação Metal Mecânica

CMM Coordinate Measuring Machine

CNI Confederação Nacional da Indústria

COP21 21ª Conferência das Partes

CPPS Cyber Physical Production System

CPS Cyber Physical Systems

CRM Customer Relationship Management

ERP Enterprise Resource Planning

ESSS Engineering Simulation and Scientific Software

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

GE General Eletric

GEE Gases do Efeito Estufa

GL Gay Lussac

GPS Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)

HMD Head Mounted Display

IA Inteligência Artificial

IaaS Infrastructure as a Service (infraestrutura como serviço)

IBM International Business Machines

IDC International Data Corporation

IFR International Federation of Robotics

IIoT Industrial Internet of Things

INPI Instituto Nacional de Propriedade Intelectual

IoT Internet of Things

IP Internet Protocol

LMF Liga com memória de forma

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

11

MA Manufatura aditiva

MC Machine Learning

MES Manufacturing Execution Systems

MME Ministério de Minas e Energia

PaaS Platform as a Service (plataforma como serviço)

PDM Product Data Management

PLM Product Life Management

PMF Polímero com memória de forma

PWC PricewaterhouseCoopers

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

RA Realidade Aumentada

RFID Radio-Frequency Identification (Identificação por Radiofrequência)

ROS Return on Sales (Retorno das vendas)

RSSF Redes de Sensores Sem Fio (Wireless Sensor Network” - WST)

SaaS Software as a Service (software como serviço)

SCM Supply Chain Management

SL Stereolithography (Estereolitografia)

TCP Transmission Control Protocol

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

TO Tecnologia da Operação

USP Universidade de São Paulo

VOR Veículo de Operação Remota

WiFi Wireless Fidelity

WWW World Wide Web

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 14

1.1. Contexto 14

1.2. Justificativa 15

1.3. Objetivo 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO 19

2.1. Aspectos da Indústria 4.0 19

2.1.1. Princípios básicos 19

2.1.1.1. Virtualização 19

2.1.1.2. Descentralização 20

2.1.1.3. Capacidade de operação em tempo real 20

2.1.1.4. Orientação a serviços 21

2.1.1.5. Sistemas modulares 21

2.1.1.6. Interoperabilidade 22

2.1.2. Principais características 22

2.1.2.1. Integração vertical dos sistemas 23

2.1.2.2. Integração horizontal dos sistemas 23

2.1.2.3. Através da engenharia em toda a cadeia de valor 24

2.1.2.4. Aceleração através de tecnologias exponenciais 25

2.2. Tecnologias e ferramentas da Indústria 4.0 25

2.2.1. Internet das Coisas 26

2.2.2. Cyber Physical Systems 30

2.2.3. Realidade Aumentada 34

2.2.4. Manufatura Aditiva 37

2.2.5. Big Data e Analytics 40

2.2.6. Robôs Automatizados 43

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

13

2.2.7. Simulação de sistemas 44

2.2.8. Computação em nuvem 47

2.2.9. Cibersegurança 49

2.3. Digitalização da Indústria Química 51

3. IMPACTO DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA ENGENHARIA QUÍMICA 55

3.1. Contexto 55

3.2. Âmbito acadêmico 55

3.3. Âmbito profissional 56

4. ESTUDO DE CASO 58

4.1. Contexto 58

4.2. Descrição 59

4.2.1. Fornecimento de insumos 61

4.2.1.1. Planejamento 61

4.2.1.2. Compra 62

4.2.2. Armazenagem de insumos 63

4.2.3. Produção de etanol 63

4.2.4. Armazenagem do etanol 67

4.2.5. Logística de distribuição 68

4.3. Resultados 69

5. CONCLUSÕES 71

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 73

APÊNDICES 73

APÊNDICE A: Questionário – Indústra 4.0 nas universidades 87

APÊNDICE B: Programa de disciplina: Indústria 4.0 90

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

14

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto

A tecnologia da informação desempenha um papel fundamental na esfera

mundial, estando presente em diferentes aspectos da sociedade. Atualmente,

observa-se uma grande dependência dessa tecnologia por parte das indústrias. O

conceito de combinar os principais avanços tecnológicos com os processos industriais

está sendo considerado como a Quarta Revolução Industrial, onde áreas como a

agricultura, a manufatura, o transporte, entre outras, estão se adaptando às novas

práticas, técnicas, políticas e processos. De forma simplificada, esta nova Revolução

Industrial foi intitulada como Indústria 4.0.

Bloem et al. (2014) sintetizaram que desde o primeiro aparato mecânico, em

1784, até o momento atual, a indústria passou por uma revolução de 4 estágios

predominantes. A primeira revolução industrial deu início no final do século XVIII,

sendo marcada pela produção mecânica com base em vapor e água. A partir do início

do século XX, a busca do aprimoramento contínuo se tornou imprescindível, onde a

aceleração do ritmo industrial e da produção em massa caracteriza a segunda

revolução industrial. Um dos exemplos mais marcantes desta época é a introdução da

linha de montagem, tendo como referência os renomados Henry Ford e Frederick

Taylor. A terceira revolução industrial, iniciada em meados do século XX, destaca-se

pelo desenvolvimento de novas tecnologias, como a Internet, introduzindo a utilização

de processos automatizados a fim de aumentar o rendimento das operações.

Atualmente, vivencia-se a quarta revolução industrial, caracterizada pela associação

entre os avanços na comunicação e a tecnologia da informação, a fim de potencializar

o grau de automatização e digitalização da produção e dos processos industriais. Além

disso, esta transformação digital promove o gerenciamento efetivo de toda a cadeia

de suprimento, aumentando a produtividade e a qualidade dos serviços e produtos

entregues (ANASTASIA, 2015).

Há inúmeros aspectos relacionados à Indústria 4.0, no qual um dos

fundamentos básicos é interligar sistemas, unidades de trabalho e máquinas, de modo

a promover a descentralização e a virtualização dos processos de forma racional

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

15

(ANASTASIA, 2015). Existem 9 tecnologias associadas a esses aspectos, sendo elas:

Internet das Coisas, Cyber Physical Systems (CPS), Realidade Aumentada,

Manufatura Aditiva, Big Data e Analytics, Robôs Automatizados, Simulação de

sistemas, Computação em Nuvem e Cibersegurança. A utilização de tais tecnologias

impulsionou o ritmo industrial, trazendo mudanças expressivas em diferentes ramos

da indústria moderna.

De acordo com Deloitte (2018), a digitalização concede à indústria química uma

coleta extensiva de dados de forma integrada, com o objetivo de intensificar as

estratégias operacionais da produção. No momento atual, observa-se que muitas

empresas do setor químico já utilizam sistemas automatizados e processos

digitalizados durante a manufatura de seus produtos, como por exemplo na

antecipação da manutenção dos equipamentos através de sensores. Além disso, o

uso da tecnologia da informação contribui não somente para um maior rendimento da

produção, como também fomenta a inovação, à exemplo da implementação de

Realidade Aumentada e Internet das Coisas na pesquisa de novos produtos químicos.

Nesse contexto, a indústria química enfrenta grandes desafios na aplicação e

desenvolvimento desses avanços tecnológicos, como a padronização da linguagem,

a segurança contra ameaças cibernéticas e a falta de mão de obra qualificada (DA

SILVA , 2016). Dessa maneira, a universidade possui um papel fundamental na

formação de profissionais capacitados a este novo cenário, como promover uma maior

interação estudante-empresa através de projetos de pesquisa cooperativos. Além

disso, os profissionais ativos no mercado devem se aperfeiçoar tanto de forma

proativa quanto através de treinamentos fornecidos pelas empresas.

1.2. Justificativa

O interesse pelo tema que irá ser apresentado iniciou-se com a curiosidade em

conteúdos relacionados ao uso da tecnologia como instrumento de criação de

estratégias operacionais, visto que uma parcela desse tema faz parte do escopo do

estágio de um dos autores deste trabalho. Com a busca por este conceito em revistas,

jornais e artigos, viu-se o termo Indústria 4.0 repetir-se inúmeras vezes, estando sua

aplicação presente em diferentes ramos da indústria.

Como a indústria química é uma das principais esferas de atuação do

profissional de Engenharia Química, observou-se a necessidade de evidenciar como

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

16

essas indústrias estão incorporando os fundamentos da Indústria 4.0 e quais os

principais desafios na aplicação e desenvolvimento das novas tecnologias.

Por último, constatou-se que grande parte do conteúdo ministrado nas

universidades está indo de encontro ao processo de transformação digital na

sociedade. Dessa forma, este trabalho demonstra como o âmbito acadêmico deve se

moldar para atender às expectativas da Indústria 4.0 e como o estudante e o

Engenheiro Químico devem se preparar para este novo cenário.

A fim de dar suporte às justificativas apresentadas neste trabalho, elaborou-se

um questionário (Apêndice A) objetivando avaliar o conhecimento dos estudantes de

engenharia química a respeito desta temática. O questionário avaliou um número total

de 94 participantes, através da ferramenta Google Forms, dos quais

aproximadamente 30% são estudantes do último período e formados. Os resultados

obtidos estão apresentados nas Figuras 1.1 a 1.3, bem como as conclusões obtidas.

Fonte: Questionário alunos (Apêndice A)

Figura 1.1 - Percentual de alunos por período que declaram conhecer o termo

Indústria 4.0.

Verifica-se na Figura 1.1 que aproximadamente 80% dos participantes não

conheciam o conceito de Indústria 4.0, tendência esta também observada entre os

estudantes já formados (69%). Esse percentual possivelmente reflete a falta de

abordagem desse tema durante os estudos na universidade.

13%

33%

60%

31% 31%19%

87%

67%

100% 100% 100% 100% 100%

40%

69% 69%81%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° Formado

Período

Você conhece o conceito de Indústria 4.0?

Sim Não

Total

45 3 3 4 2 4 2 5 13 13 94

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

17

Como base para os participantes responderem as demais perguntas do

questionário, foi preliminarmente exposto o conceito de Indústria 4.0, explicitado como

“A Indústria 4.0 é caracterizada pela associação entre os avanços na comunicação e

a tecnologia da informação, a fim de potencializar o grau de automatização e

digitalização da produção e dos processos industriais, através de tecnologias como

Internet das Coisas, Big Data e Realidade Aumentada”. Após apresentada a definição,

96% dos participantes julgaram que adquirir o conhecimento sobre o tema durante a

universidade seria interessante.

Através da Figura 1.2, verifica-se que, apesar dos participantes mostrarem

interesse nesse tema, o ensino superior ainda não está adaptado para atender às

necessidades da Indústria 4.0.

Fonte: Questionário alunos (Apêndice A)

A Figura 1.3 expõe algumas ações (numa escala de 1 a 5 de prioridade) que

as universidades poderiam desenvolver para preparar melhor os estudantes para esse

novo conceito, como a maior interação universidade-empresa, a modernização das

disciplinas, a implantação de laboratórios que permitam ao aluno o acesso às

inovações tecnológicas e o maior incentivo à visitas técnicas em fábricas que

vivenciam o conceito da Indústria 4.0.

Figura 1.2 - Análise do comportamento das universidades no conceito de Indústria

4.0

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

18

Fonte: Questionário alunos (Apêndice A)

A maioria dos participantes consideram que todas as ações propostas no

questionário deveriam ser executadas, principalmente a modernização das disciplinas

– considerando a soma das porcentagens obtidas nas prioridades 3, 4 e 5,

apresentando como o conteúdo se aplica à Indústria 4.0.

Esse resultado vai ao encontro das respostas obtidas na Figura 1.2, no qual os

participantes acreditam que o ensino superior ainda não está moldado para abordar

os princípios e características da Indústria 4.0.

1.3. Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é evidenciar o efeito da digitalização nas

indústrias químicas no Brasil e no mundo, apresentando os aspectos e as tecnologias

da Indústria 4.0 e expondo o impacto dessa transformação digital na Engenharia

Química, no âmbito acadêmico e profissional. Já o objetivo secundário consiste em

destacar a transformação da usina fictícia Ethan LS, uma indústria tradicional

brasileira de produção de etanol, em uma fábrica inteligente, introduzindo-a nesse

novo contexto digital.

Figura 1.3 - Ações empregadas pela universidade para adequar os alunos à

Indústria 4.0

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

19

CAPÍTULO 2

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Aspectos da Indústria 4.0

Os aspectos da Indústria 4.0 englobam seis princípios básicos que sustentam

a automação e digitalização dos processos, além de quatro características principais

que descrevem como os sistemas de produção, produtos, processos e os dados

coletados correlacionam-se na fábrica inteligente.

2.1.1. Princípios básicos

De acordo com Anastasia (2015) a conexão de tecnologias digitais e físicas é

um fundamento básico da Indústria 4.0. Para estabelecer essa interação, seis

princípios são empregados ao longo da cadeia produtiva, possibilitando a criação de

sistemas inteligentes, que controlam um ao outro de forma autônoma. Contudo,

apesar dessas redes inteligentes trabalharem separadamente, elas atuam de forma

associada, a fim de integrar, através da digitalização e automação, todas as etapas e

fases de desenvolvimento do processo.

A seguir, apresentam-se os seis princípios, que são a virtualização,

descentralização, capacidade de operação em tempo real, orientação a serviços,

sistemas modulares e interoperabilidade. Como decorrência das suas aplicações

espera-se resultados como, respostas rápidas às variações do processo, redução dos

riscos da operação, redução da dependência humana e aumento do ciclo de vida dos

equipamentos.

2.1.1.1. Virtualização

A virtualização consiste no uso de sensores para o monitoramento contínuo da

produção para realizar o armazenamento de um grande volume de dados (ESSS,

2017). Essas informações coletadas serão associadas a modelos de simulações e

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

20

plantas virtuais, através de plataformas de softwares, como PDM (Product Data

Management), PLM (Product Life Management), CAE (Computer-Aided Engineering)

e CAM (Computer-Aided Manufacturing) (SKA, 2017).

Essas plataformas podem oferecer a reprodução virtual das operações de

manufatura nas fábricas e a virtualização de ambientes, melhorando o desempenho

do processo de produção e reduzindo o risco de falhas. Caso estas venham a ocorrer,

os dados gerados a partir da contínua leitura da medição de parâmetros, como

temperatura e pH, possibilita uma rápida tomada de decisões (THUEMMLER;BAI,

2017).

2.1.1.2. Descentralização

Hermann et al. (2015) apontaram que o controle de sistemas centrais vem se

tornando cada vez mais complexo devido ao progressivo aumento da demanda por

produtos. Dessa forma, máquinas e dispositivos passam a não apenas receber

informações de uma central de computadores e sim, ter autonomia para controlar a

própria operação, em tempo real, de acordo com a necessidade da demanda, o que

caracteriza o princípio da descentralização.

Silveira (2018) afirmou que esse controle é possível em razão dos dados

fornecidos durante a operação, no qual o ciclo de trabalho de cada equipamento é

individualmente analisado por CPS. A partir das informações processadas por esses

sistemas, os próprios dispositivos irão controlar sua operação a fim de produzir

respostas rápidas e potencializar a produção, reduzindo assim a dependência da ação

humana no controle da operação.

2.1.1.3. Capacidade de operação em tempo real

O acompanhamento em tempo real da operação é um princípio básico para a

execução e manutenção de toda fábrica inteligente, e, segundo Longo (2017),

consiste sobretudo na obtenção, tratamento e análise dos dados coletados durante as

fases da produção. A obtenção dos dados ocorrerá durante todo o processo, desde a

entrada do material na fábrica, seguindo para suas respectivas operações de

manufatura, finalizando na logística de entrega. As informações coletadas serão

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

21

tratadas por especialistas, que utilizam os dados analisados para realizar

manutenções preditivas.

Os principais objetivos dessas manutenções são a não propagação de danos

e o aumento do ciclo de vida do equipamento. Dessa forma, assim como no princípio

de descentralização, o monitoramento em tempo real permite respostas rápidas e

assertivas que reduzem o risco de falhas que podem ocorrer durante o processo,

garantindo oportunidades de otimização e redução de custos indesejáveis de

operação (CIMM, 1997).

2.1.1.4. Orientação a serviços

De acordo com i-Scoop (2016), o princípio da orientação a serviços está

direcionado ao uso da Internet of Services, no qual um produto entregue ao cliente

pode se tornar um compromisso a longo prazo e com valor agregado se adaptado às

novas exigências do mercado.

Geldhof (2016) exemplificou que, os carros vendidos pela empresa Tesla

possuem sensores, que através da internet, conferem ao carro inteligência artificial.

Esses sensores podem sofrer upgrades, tornando possível a venda de serviços

personalizados aos clientes, o que resulta em um aumento da receita final do produto.

Outro exemplo apontado foi da empresa Otis, uma fabricante de elevadores, que

analisa dados coletados a partir de sensores presentes no elevador para oferecer o

serviço de manutenção preditiva, gerando lucro a partir deste serviço prestado. Dessa

forma, esse princípio da Indústria 4.0 está relacionado a criação de serviços prestados

para os clientes, baseados em dados coletados via internet, transformando produtos

em modelos de serviço (I-SCOOP, 2016).

2.1.1.5. Sistemas modulares

A chave para automação do futuro é a descentralização do comando da

produção, de forma a tornar o manuseio e a comunicação dos comandos mais simples

e flexível. Uma maneira de obter essa distribuição do controle é através da instalação

de estruturas modulares, no qual um conjunto de módulos individuais e independentes

forma o denominado sistema modular. O que possibilita a descentralização é a

autonomia de cada módulo, no qual, de acordo com a demanda ou individualidade do

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

22

produto exigida pelo cliente, esses módulos podem ser adicionados, retirados ou

substituídos na estrutura inicial (PILZ, 2016).

Dessa forma, caso ocorram alterações na produtividade ou no processo, a

flexibilidade e simplicidade atribuídas por esses sistemas permitem a fábrica reagir à

essas variações de forma rápida, eficiente e segura (PILZ, 2016).

2.1.1.6. Interoperabilidade

De acordo com i-Scoop (2016) o princípio da interoperabilidade é sobretudo a

perfeita integração entre diversos fatores que compõem a Indústria 4.0, como

processos, softwares, CPS, pessoas e equipamentos. Essa comunicação é realizada

principalmente através da Internet das Coisas, e exige alto nível de convergência entre

TO (Tecnologia da Operação) e TI (Tecnologia da Informação).

Ghosh (2016) afirmou que no passado, a interação TO e TI se viu limitada

principalmente pelas condições específicas que a indústria exige, forçando cada

tecnologia a se desenvolver de forma autônoma. Devido a esses requisitos e a

pressão do mercado por melhorias nos sistemas, a TI sofreu um avanço exponencial

nos últimos anos, como o desenvolvimento de metodologias de processos e

consumerização e padronização tecnológicas. Dessa forma, a comunicação entre TI

e TO se estreitou e a convergência dessas tecnologias vêm atingindo níveis que

permitem interações máquina-máquina, homem-máquina e dispositivos-máquina

mais eficientes, seguras e unificadas, garantindo uma maior interoperabilidade do

sistema.

2.1.2. Principais características

Proponentes da Indústria 4.0 apontam 4 principais características deste

conceito, sendo elas a integração vertical e horizontal dos sistemas, através da

engenharia em toda a cadeia de valor e o impacto de tecnologias exponenciais nas

linhas de produção.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

23

2.1.2.1. Integração vertical dos sistemas

Segundo Kagermann et al. (2013), integração vertical se associa a atuação de

sistemas de TI nos diferentes níveis hierárquicos de uma empresa, a fim de gerar uma

organização automatizada de ponta a ponta.

A base da integração vertical provém da utilização de CPS, que permitem uma

resposta eficaz e ágil a diferentes situações, como na conexão entre o estoque e a

demanda de produtos, na manutenção dos equipamentos e nos atrasos de entrega

das mercadorias (ANASTASIA, 2015).

Uma característica dessa integração vertical é a personificação da manufatura,

ou seja, a possibilidade de atender às especificações do cliente de forma

individualizada. Para isso, torna-se essencial o emprego de sensores no controle das

operações. Além disso, a integração vertical concede um expressivo ganho para as

indústrias em termos de eficiência dos seus recursos, especialmente no uso eficiente

da energia, dos materiais e da mão de obra (DELOITTE, 2015).

Para proporcionar uma integração vertical, torna-se imprescindível a

digitalização em diferentes camadas da indústria, tendo sido estabelecidos 5 níveis

principais. Primeiramente, encontra-se o nível de chão de fábrica, caracterizado pela

interface com o processo de manufatura através do uso de atuadores e sensores. Em

seguida, localiza-se o nível de controle, responsável pela regulagem das máquinas e

dos sistemas. A terceira camada é conhecida como nível de produção, caracterizado

pelo monitoramento, controle e supervisão das linhas de processo. Posteriormente,

encontra-se o nível de operação, definido como o planejamento da produção, o

gerenciamento da qualidade e da eficiência dos equipamentos. Por último, tem-se o

nível de planejamento corporativo, encarregado pelo gerenciamento e processamento

dos pedidos e pelo planejamento geral da produção (I-SCOOP, 2016).

Além disso, Kagermann et al. (2013) destacaram que o uso de sistemas

modulares na verticalização é essencial pois confere um alto grau de

reconfigurabilidade nas linhas de produção.

2.1.2.2. Integração horizontal dos sistemas

Ao contrário da integração vertical, a integração horizontal caracteriza-se pela

conexão entre as atividades internas e os stakeholders, podendo até conectar outras

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

24

empresas a nível nacional e internacional. Nesse processo, diferentes tecnologias são

empregadas no rastreamento de dispositivos e no planejamento e execução das

ações em tempo real (PWC, 2016).

Entretanto, a integração horizontal possui algumas similaridades com a

integração vertical, como o uso de CPS em seus procedimentos. Especificamente na

integração horizontal, o CPS atua desde a logística de entrada, passando pela

manufatura, armazenagem, marketing e vendas, até a logística de saída (DELOITTE,

2015).

Uma vantagem competitiva da integração horizontal é o poder de decisão que

os clientes possuem em toda cadeia produtiva, desde o pedido, o desenvolvimento, a

composição e a distribuição dos produtos, possibilitando um controle dinâmico e em

tempo real de aspectos como tempo, risco, qualidade, preço e sustentabilidade

ambiental (DELOITTE, 2015).

Segundo Kagermann et al. (2013), para viabilizar a implementação da

integração horizontal, alguns desafios devem ser superados, como a padronização

das estratégias, a falta de conhecimento das ferramentas utilizadas por parte dos

funcionários, questões legais e questões de responsabilidade e proteção da

propriedade intelectual.

2.1.2.3. Através da engenharia em toda a cadeia de valor

Para Tjahjono et al. (2017), a engenharia está presente desde o design,

desenvolvimento e fabricação do produto. Segundo Deloitte (2015), o papel da

engenharia na cadeia de valor é conceder acesso integral dos dados de todas as

etapas da fabricação do produto, utilizando-se de tecnologias como Big Data,

proporcionando processos mais flexíveis desde a modelagem até o produto final.

De acordo com Kagermann et al. (2013), para possibilitar um avanço em toda

a cadeia de valor através da engenharia, sistemas de TI devem ser adequados e

modelados de acordo com as especificações exigidas.

A otimização da engenharia por meio de sistemas digitais de ponta a ponta

permite a customização do produto final, no qual clientes não necessitam escolher um

produto que já esteja no portfólio da empresa e sim combinar peças e funcionalidades

para atender suas necessidades. Para que isso seja possível, treinamentos devem

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

25

ser providenciados à equipe técnica e sistemas como CPS devem ser empregados

(KAGERMANN et al.,2013).

2.1.2.4. Aceleração através de tecnologias exponenciais

A quarta característica principal da Indústria 4.0 é a aceleração dos processos

industriais por meio da implementação de novas tecnologias, permitindo a fabricação

de produtos personalizados, maior flexibilidade dos serviços e redução dos custos

operacionais (DELOITTE, 2015).

De acordo com ioTUK (2017), algumas tecnologias como a Realidade

Aumentada concedem uma nova dimensão à manufatura, enquanto outras como a

impressão 3D reduzem os custos de produção, possibilitando a adesão de empresas

de pequeno porte.

Para Santos et al. (2017), a impressão 3D permite uma descentralização dos

processos e uma rápida prototipagem da produção, eliminando assim etapas

intermediárias de fabricação, transporte e armazenamento do produto.

Outras tecnologias como nanomateriais e nanosensores também podem ser

aplicadas no contexto da Indústria 4.0, contribuindo no gerenciamento efetivo da

qualidade e permitindo a criação de robôs automatizados (DELOITTE, 2015).

Omanović-Mikličanin e Maksimović (2016) exemplificam que, no setor

alimentício, nanosensores possibilitam a mitigação de problemas associados à

embalagem de alimentos, devido as suas propriedades químicas e eletro-ópticas.

Esses sensores são capazes de detectar a presença de contaminantes químicos,

aromas e gases tóxicos no ambiente. Dessa forma, eles garantem segurança para os

consumidores, reduzindo significantemente a frequência de infecções alimentares.

2.2. Tecnologias e ferramentas da Indústria 4.0

Existem 9 tecnologias primordiais na composição da fábrica inteligente, sendo

elas: Internet das Coisas, CPS, Realidade Aumentada, Manufatura Aditiva, Big Data

e Analytics, Robôs Automatizados, Simulação de sistemas e Computação em nuvem

e Cibersegurança.

Apesar de muitas tecnologias citadas acima já serem empregadas na indústria

contemporânea, Rüßmann et al. (2015) enfatizaram que o modelo 4.0 pretende

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

26

transformar as atuais linhas de produção, no qual sistemas isolados serão integrados,

automatizados e otimizados, promovendo maior eficiência dos processos e um novo

modelo de relacionamento indústria-stakeholders e homem-máquina.

2.2.1. Internet das Coisas

A origem do conceito de “Internet of Things” (IoT), Internet das Coisas em

português, foi expressa pela primeira vez em 1999 pelo empreendedor e fundador de

start-ups britânico, Kevin Ashton. O termo foi utilizado para expressar um sistema que

utilizava sensores como meio de transmissão de dados entre objetos e computadores

(ORIWOH et al., 2013).

Entretanto, segundo Cisco (2011), o termo “nasceu” entre os anos de 2008 e

2009, pois foi nesse período que o número de dispositivos conectados à

computadores ultrapassou o número de habitantes do planeta, que, de acordo com a

ONU (2018), era de aproximadamente 7 bilhões de habitantes.

De acordo com pesquisas mais recentes realizadas pela própria Cisco (2016),

o número de dispositivos conectados pode chegar a 500 bilhões em 2030, tornando a

IoT parte crucial para a criação de estratégias de negócio. Um estudo promovido pela

IDC demonstra claramente essa importância, no qual 48% dos 2300 executivos

entrevistados em 15 países já implementaram soluções a partir do uso da IoT.

O número de objetos conectados disparou em razão do desenvolvimento de

tecnologias que possibilitaram a expansão do uso da IoT. Oliveira (2017) destacou

quatro dessas tecnologias como responsáveis por essa evolução, a identificação por

radiofrequência (do inglês “Radio-Frequency IDentification” - RFID), as RSSF - redes

de sensores sem fio (do inglês “Wireless Sensor Network” - WST), as tecnologias de

comunicação e redes de computadores e os dispositivos portáteis.

A RFID foi introduzida durante a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de

favorecer a identificação dos aviões de guerra em combate. O conceito básico dessa

tecnologia é a transmissão de um sinal identificador, através de radiofrequência, para

um dispositivo que irá associar o sinal transmitido à uma coisa ou objeto. Um exemplo

de aplicação dessa tecnologia é a utilização das RFID tags ou etiquetas e dos leitores

RFID. Nas RFID tags é realizado o armazenamento de um número serial. Os dados

desse número serial são transmitidos por radiofrequência, através de uma antena, e

captados pelos leitores. Os leitores RFID convertem o sinal identificador emitido em

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

27

dados digitais, que são processados e associados à um objeto. Dessa forma, é

possível identificar individualmente esse objeto ou coisa (ATZORI et al., 2017)

Prosseguindo com as tecnologias que permitiram o desenvolvimento da IoT, as

RSSFs são formadas por inúmeros elementos computacionais, como ilustrado na

Figura 2.1, que são capazes de se comunicar sem o uso de fio. A principal finalidade

dessas redes é o monitoramento e coleta de dados, sendo amplamente utilizadas na

área de segurança das atividades (OLIVEIRA, 2017). Exemplificando a aplicação de

RSSFs, Loureiro et al. (2003) evidenciaram o controle de parâmetros como

temperatura e pressão de processos industriais e o acompanhamento das redes de

distribuição de água, energia e gás.

Fonte: Hill (apud Soares, 2004)

Figura 2.1 - Componentes de uma RSSF

Paralelamente ao desenvolvimento das redes de sensores sem fio, Oliveira

(2017) listou as tecnologias de comunicação e redes de computadores. Em uma linha

temporal popularizou-se primeiro a internet, que utiliza protocolos TCP/IP para

comunicação de computadores através da rede. Posteriormente, o WiFi possibilitou a

conexão sem fio, de pequeno alcance, entre equipamentos. Por fim, ocorreu a

expansão das redes de telefonia 2G, 3G e 4G (padrões e tecnologias de telefonia

móvel), que permitiram a comunicação de dispositivos móveis.

O último passo para concretizar o contexto da IoT foi a evolução dos aparelhos

portáteis, como tablets, smartphones e notebooks. Oliveira (2017) explicou que,

principalmente os smartphones, foram essenciais para a disseminação da Internet das

Coisas, pois revolucionou o acesso à informação, levando a IoT em ambientes

carentes de grandes tecnologias, e facilitou a comunicação entre equipamentos.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

28

Como demonstrado anteriormente em alguns exemplos, a Internet das Coisas

está presente em inúmeras atividades, assim é essencial conhecer a cadeia de valor

que torna todas essas práticas viáveis. Segundo FIRJAN (2016), a cadeia de valor é

dividida em três áreas, como ilustrado na Figura 2.2, no qual cada atividade presente

na cadeia foi adicionada de acordo com os períodos de produção e o fluxo de

agregação de valor.

Fonte: FIRJAN (2016)

Segundo a FIRJAN (2016), a cadeia de valor inicia-se na indústria extrativa,

que representa os produtos do setor primário, responsável pelo suprimento da

matéria-prima para a indústria de transformação, que compreende as atividades que

abrangem a transformações química, biológicas e físicas dos insumos, como cobre e

ferro, em novos produtos. Posteriormente, observa-se a fabricação de componentes

inteligentes utilizados nas tecnologias da informação e comunicação (TIC) em paralelo

à fabricação de máquinas e equipamentos, que conta com mercadorias tradicionais,

como carros e câmeras.

Figura 2.2 - Cadeia de valor - Internet das Coisas

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

29

O estágio seguinte trata-se da fabricação da infraestrutura de TIC que integra

a manufatura dos equipamentos e ferramentas que possibilitam as conexões, o que

torna esta etapa extremamente importante para permitir a conectividade exigida pela

IoT. Concomitantemente, sucede a etapa de Design e Integração de produtos e

serviços, que englobam os procedimentos de concepção e projeto dos derivados da

associação dos produtos inteligentes aos tradicionais e os serviços integrados à eles.

Nesse estágio acontece a escolha das bases e exigências para a estruturação do

negócio oriundo da IoT, como por exemplo, a definição dos sistemas operacionais e

as plataformas que serão utilizadas.

Na próxima etapa, três atividades que acontecem paralelamente foram

incluídas, sendo a primeira a conexão física, entre a internet e os dispositivos,

desenvolvida pelas prestadoras de conectividade, a segunda a fabricação do produto

inteligente final e a terceira relativa ao desenvolvimento dos serviços e da estrutura

de negócio. A cadeia finaliza com a distribuição da rede que permite a conectividade.

Esta atividade ocorre simultaneamente ao momento da venda e acesso do produto

inteligente ao consumidor e ao estudo dos dados processados ao longo da cadeia de

valor.

Por fim, ao longo de toda a cadeia, se desenvolve as atividades de apoio, que

são o suporte da logística para a realização dos processos, práticas para segurança

das informações e finalmente o armazenamento de dados coletados nas últimas

etapas. (FIRJAN, 2016)

De maneira geral, Nepiot (2018) explica que a cadeia de valor é parte essencial

para a estrutura do negócio e que em virtude da quantidade de processos que a

circunda, este é um elemento de alto nível de complexidade. Contudo, essa

multiplicidade de atividades promove oportunidades de colaboração e parcerias entre

fornecedores, operadores, provedores de aplicativos e integradores de sistemas, o

que permite a maturação e o funcionamento da cadeia como um todo.

Parte das tecnologias decorrentes dessa cadeia de valor é direcionada para o

uso industrial, no qual Gilchrist (2016) ponderou que para esse caso em particular, a

GE (General Electric) criou o termo denominado como Industrial Internet of Things ou

IIoT. A IIoT foi apresentada como uma geradora de oportunidades de redução de

custos e ganho de produtividade através de manutenções preditivas e da otimização

de processos e de estoques. De acordo com Accenture (2015), a título de exemplo,

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

30

uma consequência da IIoT é o aumento de 10,6 trilhões de dólares no PIB mundial

em 2030.

Um dos segmentos afetados pela evolução da IIoT é a indústria de Óleo e Gás.

Gilchrist (2016) exemplificou que as técnicas utilizadas na perfuração e exploração do

solo marinho eram onerosas e imprecisas, já que eram baseadas apenas em análises

realizadas por geólogos. Com o advento da IIoT, os custos estão sendo direcionados

para o investimento em novas tecnologias como sensores wireless, armazenamento

de dados na nuvem e ferramentas de análise. Dessa forma, a implementação dessas

tecnologias impactou o monitoramento do processo de perfuração e a acuracidade na

pesquisa de novos campos, o que reduziu os custos totais de operação e exploração,

e melhorou a previsibilidade da descoberta de poços de óleo e gás.

2.2.2. Cyber Physical Systems

Segundo Baheti e Gill (2011), Cyber Physical Systems (CPS) refere-se à

integração de processos físicos e computacionais por meio de diferentes

modalidades. Em outras palavras, Lachenmaier et al. (2017) detalharam que a

informação é coletada do universo físico através de sensores, logo após processada

internamente pelo CPS, que gera um sinal ao painel de controle computacional por

meio de atuadores.

De acordo com Lee et al. (2015), o termo CPS foi criado por Helen Gill e surgiu

pela primeira vez em 2006, na Fundação Nacional de Ciências nos Estados Unidos.

O termo é originário da palavra cibernético, que foi apresentado inicialmente por

Norbert Wiener, um matemático renomado pela criação da teoria de sistemas de

controle. Embora seus estudos não envolvam o uso de computadores digitais, seus

princípios se assemelhavam com os sistemas idealizados atualmente, isto é, CPS.

Alguns exemplos de aplicação dos CPS são destacados por Rajkumar et al.

(2010), sendo eles dispositivos e sistemas hospitalares, sistemas aeroespaciais,

sistemas robóticos e controle ambiental e de processos. Em particular, no controle

ambiental, Kim e Park (2017) evidenciaram que os CPS possibilitam uma redução de

gás carbônico emitidos na atmosfera, por meio de um sistema operacional eficiente.

Além de contribuir para o meio ambiente, essa aplicação concede um maior

aproveitamento energético e uma maior lucratividade para a empresa.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

31

Yu et al. (2015) também reforçaram que os CPS atuam na integração vertical

e horizontal dos sistemas, além de toda a cadeia de valor através da engenharia.

Nesse caso, a utilização de CPS promovem um alto grau de flexibilidade e

adaptabilidade dos processos.

Lee et al. (2015) introduziram um passo a passo para o desenvolvimento e

implementação do CPS na manufatura, desde a etapa de aquisição de dados à

conexão entre o universo cibernético e físico. Esse passo a passo, conhecido como

arquitetura 5C (Conexão Inteligente, Conversão de Dado-para-informação,

Cibernético, Cognição e Configuração), é ilustrado na Figura 2.3, sendo composto por

5 camadas que orientam o funcionamento do CPS:

Fonte: Lee (apud Pisching et al., 2017)

Figura 2.3 - Arquitetura 5C

● Conexão Inteligente: obter dados confiáveis e precisos dos equipamentos é a

primeira fase no desenvolvimento de um CPS. Nessa etapa, sensores,

controladores e ferramentas como ERP (Enterprise Resource Planning), MES

(Manufacturing Execution Systems), SCM (Supply Chain Management) e CMM

(Coordinate Measuring Machine) atuam na aquisição e monitoramento dos dados

(LEE et al., 2015). Além disso, algumas considerações devem ser levadas em

conta, sendo a primeira apresentada por Vijayaraghavan et al. (2008), no qual

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

32

protocolos como MTConnect®1 auxiliam no gerenciamento e transferência de

dados para o servidor central. A segunda consideração foi apontada por Lee et al.

(2015), no qual sensores devem ser escolhidos de forma apropriada (tipo e

especificação), de acordo com as exigências do sistema.

● Conversão de dado-para-informação: em uma empresa, os dados obtidos na

primeira fase expressam as condições dos equipamentos que estão sendo

monitorados. Entretanto, esses dados devem ser convertidos em informações que

podem ser interpretadas e aplicadas no universo físico, como no prognóstico e

acompanhamento da saúde humana (KAO et al., 2015).

● Cibernético: uma vez que as informações foram coletadas, o próximo passo

seria como utilizá-las e analisá-las. Nessa etapa, a informação é usada na

elaboração de modelos virtuais, sendo empregados em máquinas e na construção

de uma matriz de conhecimento para cada equipamento. Após analisada a

informação, cada máquina pode ser comparada com outras máquinas similares

no mesmo espaço de tempo ou até mesmo do passado, obtendo insights como

ciclo de vida do equipamento.

● Cognição: A implementação do CPS nesse estágio fornece um conhecimento

mais profundo do instrumento analisado. A máquina adquire a capacidade de

alertar possíveis falhas de forma antecipada. Após prevista a falha, Lee et al.

(2015) acentuaram que decisões podem ser priorizadas a fim de otimizar o

processo de manutenção.

● Configuração: essa etapa é caracterizada pela transmissão da resposta do

universo cibernético ao universo físico, tornando as máquinas auto ajustáveis e

auto adaptáveis a diferentes variações do processo.

Para Pisching et al. (2017), no contexto da Indústria 4.0, alguns ajustes devem

ser realizados na arquitetura 5C para auxiliar na aplicação do CPS, como apresentado

na Figura 2.4.

1 “MTConnect® é um protocolo de comunicação de manufatura aberto e sem royalties que promove maior

interoperabilidade entre dispositivos de fabricação e software de diferentes fornecedores” (MAZAK, 2018).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

33

Fonte: Pisching et al. (2017)

Figura 2.4 - Arquitetura 5C adaptada à Indústria 4.0

Primeiramente, na camada de conexão inteligente, ao invés de obter dados

unicamente das máquinas e seus componentes, esta etapa se caracteriza pela

aquisição de dados de múltiplos elementos da fábrica, como objetos inteligentes

presentes no processo (PISCHING et al., 2017)

Já a segunda camada é conhecida como inteligência local, no qual,

diferentemente da etapa conversão de dado-para-informação, ocorre uma análise do

objeto inteligente, a fim de promover uma comunicação entre objetos do mesmo nível

hierárquico.

Apesar do terceiro estágio permanecer denominado como cibernético, a função

de analisar o funcionamento do sistema foi deslocada para a camada inferior

(inteligência local) e posterior (cognição), com o objetivo de desmembrar dois

processos complexos (análise das informações compiladas e elaboração do modelo

virtual) de uma única camada.

A quarta camada, também conhecida como cognição, recebe uma nova

responsabilidade, que provém do estágio cibernético, no qual uma análise é realizada

sobre o comportamento do sistema em sua totalidade e não de um objeto inteligente

específico como é feito na camada de inteligência local.

Por último, a camada de configuração foi substituída pela de coordenação, que,

além de servir como um retorno do universo cibernético ao universo físico, possibilita

que o CPS se comunica com sistemas externos (integração horizontal), como

fornecedores e clientes.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

34

Quando aplicado na Indústria, o CPS é conhecido como CPPS (Cyber Physical

Production System). Segundo Thiede et al. (2016), à parte da conexão entre a esfera

cibernética (simulação do processo, análise dos dados, etc.) e a esfera física

(máquinas, objetos inteligentes, etc.), o CPPS também abrange os funcionários da

fábrica. Esse modelo, ilustrado na Figura 2.5, apresenta algumas vantagens, como

aumento da produtividade e maior gerenciamento da qualidade dos produtos.

Fonte: Adaptado de Thiede et al. (2016)

Figura 2.5 - CPPS e seus componentes

Para Kim e Park (2017), os CPS introduzem novos serviços e processos para

a fábrica, provendo modelos de negócio mais flexíveis. Eles destacaram que esses

sistemas já foram implementados em alguns setores industriais, como na fabricação

de semicondutores e na indústria química, originando uma mudança radical no

desenvolvimento, produção e distribuição do produto.

2.2.3. Realidade Aumentada

Porter e Heppelmann (2017) explicaram que o conceito de Realidade

Aumentada (RA) se refere a uma série de dispositivos tecnológicos que são capazes

de sobrepor uma imagem virtual no mundo real. Nesse contexto, o primeiro

equipamento a inserir as pessoas em uma realidade tridimensional sem que haja

distinção entre o que era real e virtual (o Head Mounted Display, ou HMD), foi

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

35

apresentado ao mundo nos anos 60 por Ivan Sutherland. Entretanto, Dini e Mura

(2015) afirmaram que foi apenas durante os anos 90, após amadurecimento das

tecnologias, que a realidade aumentada foi concretizada e utilizada em larga escala.

Após anos de evolução digital, o uso de dispositivos de RA promove suporte

no controle e manutenção de máquinas e nos treinamentos de desenvolvimento

pessoal, sendo peça chave na otimização do tempo e na redução de custos. Dessa

forma, se tornou uma das bases da Indústria 4.0, estimando-se um investimento de

$60 bilhões até 2020 para o desenvolvimento desta tecnologia (REPLY, 2018).

Azuma (1997) destacou que para o uso total dos recursos promovidos pela RA,

existem três características básicas que definem os sistemas, que são a sobreposição

do virtual e o real, a utilização de componentes 3D e a manipulação do processo em

tempo real. Esses sistemas são compostos de três elementos: um material físico que

apresente um traço para criação da imagem digital, um dispositivo com capacidade

de identificar, receber e transmitir a reprodução do material físico e um software para

interpretação do sinal emitido.

Dessa forma, o processo de formação da imagem digital inicia-se com a

assimilação da imagem captada por meio do posicionamento do dispositivo (uma

câmera, por exemplo) em direção ao objeto físico. Logo após o dispositivo interpreta

essas imagens e as enviam em tempo real para o software que gera uma reprodução

virtual do objeto. Por fim, esta imagem é sobreposta no objeto real (por um monitor,

por exemplo), produzindo uma única imagem (INPI, 2017).

Azuma (1997) apresentou que os sistemas de RA que produzem essas

imagens unificadas podem ser classificados de acordo com o modo de apresentação

da imagem, e são divididos em sistemas de visão de ótica e sistemas de visão por

vídeo. Existem dois tipos de sistemas de visão ótica: o direto e o por projeção. O

primeiro utiliza capacetes com lentes ou óculos, que possuem combinadores óticos

que permitem a visão do objeto real e refletem a projeção do objeto virtual sobre os

olhos do usuário, ajustando assim a sobreposição das imagens, como ilustrado na

Figura 2.6. Já o segundo, é restrito ao uso de superfícies do universo real para projetar

as imagens virtuais, porém não é necessário a utilização de dispositivos auxiliares,

como óculos e capacetes.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

36

Fonte: Adaptado de Azuma (1997)

Figura 2.6 - Diagrama de um Sistema de óptica

Já os sistemas de visão por vídeo agrupam imagens de objetos reais

capturadas por uma câmera, com imagens virtuais produzidas por computadores.

Dessa forma, o vídeo combinado é exibido através de um monitor (Figura 2.7) em alta

resolução e proporciona maior conforto aos olhos do que os sistemas de visão de ótica

(AZUMA, 1997).

Fonte: Adaptado de Azuma (1997)

Figura 2.7 - Diagrama de um Sistema de vídeo baseado em monitores

Recentemente, devido às possibilidades tecnológicas criadas nos últimos anos,

esses sistemas apresentados nas Figuras 2.6 e 2.7 estão evoluindo ao uso de um

único dispositivo, como smartphones e tablets. A título de exemplo, a TROX Brasil,

empresa do segmento de sistemas de ventilação e ar condicionado, apresentou um

projeto de RA que tem por objetivo a manutenção preditiva do equipamento. A partir

do posicionamento de um desses dispositivos junto ao ar condicionado, é possível

produzir uma imagem virtual dos componentes internos do equipamento por meio de

dados enviados por sensores, realizando uma espécie de raio-x que permite visualizar

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

37

possíveis falhas sem a necessidade de abertura do mesmo (TROX, 2017). Desse

modo, a realidade aumentada pode evitar erros operacionais graves, reduzindo tempo

e custos de manutenção.

2.2.4. Manufatura Aditiva

Segundo ASTM Standard (apud Mellor et al., 2014), Manufatura aditiva (MA),

também conhecida como impressão tridimensional (3D), é definida pela união de

materiais com o objetivo de construir objetivos em formato 3D, através da

sobreposição de camadas. Conner et al. (2014) destacaram que, diferente das

tecnologias tradicionais, como fabricação subtrativa (moagem, perfuração, etc.),

conjuntiva (soldagem, etc.) e formativa (fundição, forjamento, etc.), a MA promove

design customizado dos produtos, diminui o emprego de ferramentas durante a

produção e concede maior eficiência energética à operação.

Bourell et al. (2009) revelaram que, apesar das técnicas de MA serem aplicadas

pela primeira vez em 1972 por Ciraud, elas possuem raízes na topografia e fotografia,

tecnologias datadas há quase 150 anos, que já se caracterizavam pela construção de

um objeto através da junção de camadas. Wohlers e Gornet (2016) evidenciaram que

a comercialização da MA iniciou-se em 1987, por meio da solidificação de polímeros

sensíveis à luz ultravioleta através de um laser, processo conhecido como

estereolitografia (SL) (Figura 2.8).

Fonte: Grellmann (2018)

Figura 2.8 - Esboço de um processo de estereolitografia

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

38

Ao longo dos anos, observa-se um avanço significativo na pesquisa e

desenvolvimento de novas técnicas e materiais empregados na MA. Alguns exemplos

de aplicação dessa tecnologia são: aparelhos dentários e auditivos, componentes

aeroespaciais, eletrônicos e automotivos, avatares de videogame, vestimentas,

alimentos, etc (ZHAI et al., 2014). Segundo Smith (2013), a multinacional GE Aviation

planeja até 2020 produzir aproximadamente 100 mil bicos injetores de combustível

para suas turbinas de avião com o uso da MA. Ele acentuou que esse bocal pode ser

até 25% mais leve e 5 vezes mais duradouro que o bocal fabricado por meio de

métodos tradicionais, além de apresentar maior resistência à formação de coque.

Dilberoglu et al. (2017) apontaram que a etapa de escolha do material

adequado durante o processo de MA é de extrema importância. Além disso, no

contexto da Indústria 4.0, alguns materiais (Figura 2.9), apresentam maior potencial

de desenvolvimento e aplicação na MA.

Fonte: Adaptado de Dilberoglu et al. (2017)

Figura 2.9 - Materiais em estudo ou já empregados na MA

● Metais: devido a suas propriedades mecânicas, como ductilidade,

maleabilidade e alta condutividade elétrica e térmica, o metal é um dos materiais

mais utilizados na MA. Atualmente, muitos componentes metálicos podem ser

fabricados através da MA com o uso de matérias-primas como aço inoxidável e

titânio (HERZOG et al., 2016). Segundo Ngo et al. (2018), existem duas técnicas

principais aplicadas na impressão 3D de metais, que são fusão em leito de pó e

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

39

deposição direta de energia. Tanto a primeira quanto a segunda técnica podem

ser empregadas em diversas áreas (e.g., aeroespacial e biomédica) e apresentam

inúmeras vantagens, como maior qualidade do produto comparado com os

métodos tradicionais e controle mais preciso da composição final.

● Materiais inteligentes: de acordo com Khoo et al. (2015), esses materiais são

conhecidos por mudarem sua forma geométrica ou suas propriedades devido à

condições externas, como variações de temperatura. O LMF e o PMF são

empregados em diferentes ramos industriais, como na produção de componentes

para sistemas de “robótica macia”. Dilberoglu et al. (2017) destacaram que, na

conjuntura da Indústria 4.0, esses materiais possuem grande potencial de

aplicação em objetos de auto-montagem e programáveis, conhecidos como

materiais de impressão 4D.

● Materiais especiais: à medida que os avanços tecnológicos se propagam em

diferentes esferas da sociedade, muitos setores estão sendo impactados, como

de construção civil, alimentício e varejista. Em primeiro lugar, a MA está

revolucionando o setor imobiliário, no qual objetos são impressos em formato 3D

com a mesma escala do projeto e com menor custo e tempo de produção, além

de desenvolver componentes mais leves que os tradicionais. Já o ramo

alimentício, alguns alimentos como chocolate podem ser produzidos em formato

3D com maior customização e produção sob demanda. No mercado varejista,

alguns desafios como redução do custo associado à logística, fabricação de

produtos mais qualificados e com menor tempo de produção são superados com

a utilização da MA no processo fabril (ATTARAN, 2017).

● Hidráulicos e eletrônicos: Dilberoglu et al. (2017) apontaram que, com o uso de

materiais condutores na MA, circuitos eletrônicos podem ser incorporados no

objeto 3D, permitindo a formação de um sistema integrado. Por outro lado,

MacCurdy et al. (2016) explicaram que os materiais hidráulicos podem ser

caracterizados pela combinação de materiais sólidos e líquidos em um mesmo

componente, com o objetivo de otimizar processos como na montagem eficiente

de robôs automatizados. Além disso, a impressão 3D de objetos hidráulicos

oferece outras vantagens, como baixa fricção e a exclusão da etapa de remoção

de bolhas de ar do objeto, já que a camada sólida e líquida são produzidas ao

mesmo tempo.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

40

Körner (2016) destacou que, além destes materiais apresentados, a MA está

sendo aplicada em materiais com alto grau de porosidade, denominados materiais

celulares. Como exemplificação, na engenharia de processamento, a MA permite a

construção de reatores otimizados por meio da utilização de materiais celulares que

alteram as características locais dos processos a fim de mitigar problemas como hot

spot. Desse modo, a MA tem um papel essencial na fábrica inteligente, por meio da

produção de objetos eficientes e automatizados.

2.2.5. Big Data e Analytics

Big data é um termo que refere-se à um extenso volume de dados que podem

ser gerenciados com o objetivo de gerar insights para criação de ações estratégicas

e melhoria na tomada de decisão de um negócio. Por se tratar de um conceito

complexo e de grande importância, no início do século XXI, Doug Laney estruturou a

definição de Big Data em dimensões, conhecidas como os três Vs, volume,

velocidade, variedade. Para melhor explicação do termo viu-se ainda a necessidade

de incorporação de mais dois, a veracidade e o valor (SAS, 2018).

O primeiro V é referente ao volume, e trata-se da grande quantidade de dados

que são computados. Com o aumento do número de dispositivos conectados à rede,

uma parcela considerável desses dados é considerada de baixa densidade (não

possuem valor conhecido), dessa forma realiza-se o estudo desses dados para

convertê-los em alta densidade (que possuem valor). Para suprir a captura desse

enorme volume de dados, se faz uso de softwares como Hadoop, responsável pelo

armazenamento e processamento das informações (ORACLE, 2016).

O segundo está relacionado à velocidade, e Lee (2017) se referiu a rapidez de

geração, armazenamento e tratamento dos dados, onde sua velocidade de obtenção

exige análises em tempo real para garantir que insights e estratégias sejam criadas

rapidamente.

A terceira dimensão é a variedade, e diz respeito ao incontável número de

fontes, formatos e tipos de dados gerados, que podem ser estruturados, quando

obtidos a partir de databases convencionais, ou não-estruturados, quando adquiridos

a partir de textos, áudios, GPS, transações da bolsa de valores e etc. Como

consequência, quanto maior a variedade, maior o tempo necessário de estudo dos

dados para extrair informações úteis para o negócio. (SAS, 2018)

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

41

Gandomi e Haider (2015) citou que a IBM sugeriu uma quarta dimensão, a

veracidade, que está correlacionada com a confiabilidade e segurança das fontes de

geração de dados. Essa incertezas são relevantes pois se a captura de dados é

inconsistente, os insights produzidos podem gerar ações equivocadas, podendo

impactar de forma negativa nas estratégias de negócio.

A quinta e última dimensão é o valor, e trata-se do valor oculto e inerente de

cada dado extraído e está relacionado a densidade dos mesmos. O objetivo nesse

caso é aumentar a densidade da informação através de técnicas de análise onde é

possível expor o real valor de cada informação. O grande volume de dados capturado

por unidade de tempo facilita esses estudos, já que uma maior amostragem estatística

resulta em respostas mais consistentes e valiosas (ORACLE, 2016).

A geração acelerada de conteúdo digital vem remodelando o conceito de Big

Data desde os anos 90, quando a World Wide Web (www) se popularizou ao redor do

mundo e a produção de dados cresceu exponencialmente. Dessa forma, dividiu-se a

evolução desta tecnologia em três marcos, o Big Data 1.0 (1994 - 2004), o 2.0 (2005

- 2014) e o 3.0 (2015 - presente).

De acordo com Lee (2017), o início do estágio 1.0 é concomitante ao

nascimento das vendas online, no ano de 1994, e é marcado pelo desenvolvimento

da metodologia de web mining (mineração na web). Essa técnica tinha por objetivo a

extração de informações a partir das atividades dos usuários, do conteúdo das

páginas da web e da análise da estrutura dessas páginas. Observou-se que, até 2004,

ainda existiam limites quanto às informações minadas, quando em 2005 desencadeou

o sucesso das mídias sociais e deflagrou a Web 2.0, marco para o início da Big Data

2.0

O período do segundo estágio durou 10 anos e foi marcado pelo crescimento

dos canais de comunicação pela web. Um dos principais recursos para Big Data 2.0

era a coleta e tratamento de dados da mídia social, no qual extraía-se respostas e

resultados a partir de estatísticas geradas dos interesses e comportamentos do

consumidor ativo na web. Como produto desses estudos, foi possível criar ações de

marketing de acordo com as necessidades e preferências dos clientes, facilitando

dessa forma, a venda de serviços e produtos.

A terceira e última etapa iniciou-se em 2015, incorporando as técnicas da Big

Data 1.0 e 2.0 às funcionalidades da IoT para extração de informação de vídeos,

imagens e áudio. A Big Data 3.0 é destacada pelo uso desta tecnologia nas fábricas

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

42

inteligentes associada à conexão entre dispositivos e sensores para a retirada dos

dados de análise em tempo real (LEE, 2017).

Para o processamento dessas informações em tempo real, é necessário a

aplicação de técnicas de análise que sejam capazes de processar um grande volume

de dados em um pequeno intervalo de tempo, dentre elas a data mining (mineração

de dados), web mining (mineração na web), machine learning (aprendizado de

máquina), visualization methods (métodos de visualização), optimization method

(método de otimização). Na Tabela 2.1 listou-se a definição de cada técnica

mencionada.

Tabela 2.1 - Descrição das técnicas de análise de Big Data

Técnicas

Descrição

Data Mining Utilização de algoritmos para encontrar relações e padrões num

determinado conjunto de dados para gerar soluções estratégicas.

Web Mining Busca por padrões em conteúdos na web apresentados por sites e

usuários.

Machine Learning (MC) Automatização baseada no comportamento de máquinas e

dispositivos para tomada de decisão, reduzindo a ação humana

durante o processo.

Visualization methods Representação dos dados através de gráficos para alcançar

resultados qualitativos.

Optimization method Resolução de questões quantitativas.

Fonte: Adaptado de Yaqoob et al. (2016)

As análises realizadas através destas técnicas podem ser divididas em quatro

tipos, a descritiva, a diagnóstica, a preditiva e a prescritiva. A primeira caracteriza-se

pela observação em tempo real da base de dados para entender e estudar as

informações no momento da análise. A segunda é utilizada para a compreensão de

ações tomadas, avaliando suas consequências e sinalizando possíveis melhorias. A

terceira é conhecida por identificar possibilidades futuras e utiliza-se principalmente

da data mining e da web mining para gerar padrões e tendências. A quarta e última

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

43

ainda é pouca conhecida e demonstra as implicações das possibilidades criadas a

partir de uma análise preliminar (HEKIMA, 2016).

Dessa forma, a partir dos possíveis resultados gerados pelas técnicas e

análises apresentadas, é importante destacar o papel fundamental que o Big Data tem

na indústria química, visto que a instrumentação das plantas industriais produz uma

grande quantidade de dados por intervalo de tempo que apresentam alta variedade e

complexidade.

2.2.6. Robôs Automatizados

Segundo Mussomeli e Fitzgerald (2017), o emprego de robôs automatizados

na manufatura é observado desde a década de 1980. No contexto da Indústria 4.0,

estes robôs possuem cada vez mais autonomia em seus processos. Eles destacaram

que os robôs têm a capacidade de aumentar significativamente a produtividade de

toda a cadeia de suprimentos, além de interagir diretamente com seres humanos a

fim de otimizar as operações industriais.

Calderone (2016) acentuou que os robôs estão mudando drasticamente a

dinâmica da produção industrial. Algumas vantagens são levantadas pelo autor, como

maior qualidade do produto final, menor tempo de produção e maior segurança dos

processos. Na Figura 2.10, são apresentados os principais setores industriais em

número de aquisição de robôs nos últimos anos, com uma estimativa de 3 milhões de

robôs operando na indústria até 2020.

Fonte: Adaptado de IFR World Robotics (2017)

Figura 2.10 - Estimativa anual do número de robôs vendidos por setor industrial

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

44

Ao longo dos anos, observa-se que os robôs estão adquirindo maior

capacidade de adaptação e interação com diferentes sistemas industriais. Isso

acontece devido aos avanços tecnológicos, como inteligência artificial (IA) e MC, no

qual o robô tem o poder de julgamento e decisão sobre tarefas que antes eram

realizadas pelo ser humano, principalmente atividades repetitivas, operacionais e de

baixa relevância (MUSSOMELI e FITZGERALD, 2017).

De acordo com Roland Berger Strategy Consultants (2014), no contexto da

Indústria 4.0, os robôs inteligentes operam de forma colaborativa com os seres

humanos, no qual sensores são utilizados para facilitar a interface homem-máquina.

Um exemplo notável da aplicação robótica na manufatura é a operação 24 horas/dia

da planta industrial sem a necessidade da presença humana durante turnos noturnos.

Neste caso, o robô torna-se responsável por alertar o funcionário sobre possíveis

problemas na produção através de uma mensagem, e em seguida projetar uma

imagem da anormalidade. Dessa forma, o funcionário envia instruções de forma

remota sem a obrigatoriedade de retornar à indústria, aumentando significativamente

a produtividade.

Segundo Stavinoha et al. (2014), os robôs possuem um papel fundamental no

processo de automatização da indústria de óleo e gás. Eles surgiram a partir da

necessidade de otimizar custos e garantir maior segurança durante a operação. Como

exemplificação, Langrock (apud Shukla e Karki, 2016) explicou que a utilização de

robôs (por exemplo, Veículo de Operação Remota - VOR) pode reduzir até 66% do

custo diário derivado dos mergulhadores, além de mapear potenciais zonas de

exploração em águas profundas com maior segurança e precisão. Desse modo, as

principais funções dos robôs neste cenário são manutenção, inspeção e reparo dos

equipamentos, principalmente no campo offshore.

2.2.7. Simulação de sistemas

A tecnologia de simulação é responsável pela modelagem computacional de

uma planta industrial ou de parte da operação. O processo de manufatura de um

produto é reproduzido virtualmente, criando o conceito de digital twin (gêmeo digital).

Esses modelos digitalizados permitem, além da identificação prévia de falhas, um

aumento no controle da cadeia de produção e na qualidade dos produtos (CNI

DIGITAL, 2017).

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

45

Abreu et al. (2017) detalharam que a concepção da simulação de sistemas na

indústria data de 1960, quando o matemático inglês Keith Douglas Tocher criou um

programa capaz de simular o status de operação do maquinário de uma fábrica, que

oscilava entre esperando, ocupado, falha e indisponível. Inicialmente, a linguagem de

programação FORTRAN era predominante na criação desses modelos, apresentando

apenas matrizes ou tabelas. A partir desse momento da história, o desenvolvimento

tecnológico permitiu que entre 1970 e 1990 surgissem os primeiros pacotes de

linguagem, como o System Dynamics, que possibilitaram a simplificação dos

softwares de simulação e consequentemente, uma maior adesão desses sistemas nas

fábricas. Foi então que nos anos 90 os programas de virtualização se popularizaram

e se tornaram importantes ferramentas de planejamento e análise.

Com o avanço nos processos de simulação, várias estratégias foram

formuladas para garantir o sucesso num projeto de virtualização. De Paula (2018)

definiu uma delas em uma metodologia composta de algumas ações básicas: definir,

testar, avaliar, melhorar, implementar e monitorar.

Primeiramente, o problema é formulado para definir a modelagem conceitual,

que considera todos os modelos, soluções e métricas geradas para determinar todas

as variáveis do sistema. Em um segundo momento, se inicia o processo de simulação

baseado nos dados inseridos no programa, sendo que a qualidade da informação

introduzida é fundamental para um resultado consistente. Em seguida, acontece o

estudo do modelo simulado, no qual realiza-se diferentes simulações para encontrar

oportunidades de melhoria. Após todas as etapas cumpridas, o modelo é finalmente

implementado na operação, e a partir daí é de extrema importância o monitoramento

das métricas e da performance do modelo computacional para identificar

oportunidades, garantir a funcionalidade da simulação feita e prevenir falhas.

O uso de metodologias como a descrita acima por De Paula (2018) é essencial

para evitar falhas. Kidam e Herme (2012) já indicavam que 17% dos erros de design

estão relacionados com a apresentação incorreta do layout da planta industrial,

seguido por 16% de erros de análise, como mostrado na Figura 2.11.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

46

Fonte: Adaptado de Moran (2016)

Figura 2.11 - Distribuição dos erros de design de simulações

Além da metodologia de criação da simulação do processo, a escolha do

software utilizado para a virtualização da fábrica é de grande importância e varia de

acordo com as necessidades do profissional. Um exemplo muito utilizado nas

indústrias químicas é o Integraph CADWorx, capaz de produzir a digitalização de

plantas 3D inteligentes, como pode ser visto na Figura 2.12. Esse tipo de software

oferece visibilidade em tempo real do processo auxiliando na visualização funcional

da planta e na identificação de otimizações e de riscos à segurança no processo

(MORAN, 2016).

Fonte: Moran (2016)

Figura 2.12 - Layout 3-D de uma planta desenhada com auxílio do software

CADWorx

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

47

2.2.8. Computação em nuvem

Segundo Mell e Grance (2009), a computação em nuvem é uma tecnologia que

fornece acesso remoto à serviços como armazenamento, conexão em rede,

softwares, aplicativos e dentre outros, através do uso da Internet.

O termo computação em nuvem surgiu pela primeira vez em 1997, em uma

palestra ministrada por Ramnath Chellappa. Já o conceito dessa tecnologia foi

exposto anteriormente, datado há mais de 50 anos e associado ao cientista John

Mccarthy, pioneiro na tecnologia de IA. Observa-se que, ao longo dos anos, a

computação em nuvem evoluiu de forma exponencial, sendo introduzido no mercado

entre os anos de 2006 e 2008 (SKY.ONE, 2018).

De acordo com Microsoft Azure (2018), os serviços prestados de computação

em nuvem se dividem em 3 categorias, sendo elas IaaS (infraestrutura como serviço,

do inglês Infrastructure as a Service), PaaS (plataforma como serviço, do inglês

Platform as a Service) e SaaS (software como serviço, do inglês Software as a

Service). Na Tabela 2.2, apresenta-se a definição de cada categoria, além de suas

principais aplicações e vantagens.

Tabela 2.2 - Descrição, aplicações e vantagens dos diferentes serviços da

computação em nuvem

Categorias Descrição Aplicações Vantagens

IaaS Infraestrutura computacional

(geralmente em ambientes

virtualizados) como um serviço. Por

exemplo, ao invés do usuário comprar

servidores, ele terceiriza o serviço

dentro de um data center proporcional

às suas necessidades de

infraestrutura e tem acesso integral à

plataforma e ao software.

Armazenamento, backup e

recuperação

Aplicativos Web

Análise de Big Data

Elimina custos de capitais e

reduz custos contínuos

Mais segurança

PaaS Serviços que fornecem um ambiente

sob demanda para desenvolvimento,

teste, fornecimento e gerenciamento

de aplicativos de software. Por

exemplo, desenvolvedores podem

criar aplicativos móveis ou Web

rapidamente, sem se preocuparem

com os requisitos necessários para o

seu desenvolvimento.

Estrutura de desenvolvimento

Análise ou Business

Intelligence (BI)

Desenvolvimento simplificado

para diversas plataformas

Reduz o tempo de codificação

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

48

SaaS Fornecer aplicativos de software pela

Internet, sob demanda e,

normalmente, em uma base de

assinaturas. Alguns exemplos são

email, calendário e ferramentas do

Office (como Microsoft Office 365).

Email, CRM e ERP Acesso a aplicativos

sofisticados

Redução de custo

Uso de software cliente

gratuito

Acesso de dados de

aplicativos de qualquer lugar

Fonte: Adaptado de Microsoft Azure (2018)

Além das aplicações listadas na Tabela 2.2, a computação em nuvem,

juntamente com a IoT e outras tecnologias presentes na Indústria 4.0, permitem a

criação de um novo modelo industrial conhecido como cloud manufacturing, definido

como o fornecimento de competências técnicas e recursos empregados na

manufatura em formato de serviços, com o intuito de integrar toda a cadeia de

fabricação e até mesmo stakeholders. Um exemplo apontado é o compartilhamento

de serviços de manufatura, como simulação e manutenção dos equipamentos, entre

diferentes pessoas e empresas por meio de uma plataforma virtual construída a partir

da computação em nuvem. A Figura 2.13 ilustra a relação entre a computação em

nuvem e a cloud manufacturing, apresentando os diferentes serviços que compõem o

modelo (TAO et al., 2011).

Fonte: Adaptado de Tao et al. (2011)

Figura 2.13 - Relação entre a computação em nuvem e a cloud manufacturing

Dentro da computação em nuvem, existem 3 diferentes tipos de nuvem que

podem ser escolhidas de acordo com as necessidades do negócio, sendo elas:

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

49

● Nuvem pública: modelo mais utilizado pelas empresas, no qual o serviço

oferecido é alojado em uma rede aberta para uso público, sendo os recursos de

cada usuário compartilhados com o auxílio de dispositivos de controle, como

máquinas virtuais. Algumas vantagens desse modelo são menor custo

operacional, simplificação dos processos e maior capacidade de atender

diferentes demandas com um menor tempo de resposta.

● Nuvem privada: neste modelo, os serviços são alocados em uma

infraestrutura paga e monitorada por uma empresa, que é responsável pela

manutenção integral dos seus serviços. Essa nuvem é comumente utilizada por

empresas que precisam executar um maior controle de seus recursos de TI,

principalmente relacionado à segurança de suas operações. Assim, suas

principais vantagens são maior nível de confiabilidade e alta escalabilidade.

● Nuvem híbrida: modelo que combina características da nuvem pública e

privada, visando extrair o melhor de ambos conforme as necessidades de cada

empresa. Suas principais vantagens para o negócio são maior flexibilidade e

versatilidade operacional e menor custo com TI (SONDA, 2017).

Ottewell (2018) destacou que a computação em nuvem vem contribuindo de

forma significativa para o desenvolvimento da indústria química. Por exemplo, a

multinacional BASF criou uma plataforma em nuvem para auxiliar seus clientes na

identificação do produto químico adequado à suas necessidades. A plataforma

oferece dados sobre dispersões e aditivos, como níveis de pH e viscosidade,

permitindo um vínculo maior com seus clientes em um ecossistema digital. Além disso,

a empresa Dow Chemical economizou mais de $85 milhões em sua cadeia de

produção devido a maior visibilidade dos seus processos proporcionado pelos

serviços oferecidos pela computação em nuvem.

2.2.9. Cibersegurança

A popularização do comércio de serviços e produtos através da rede multiplicou

o número de ataques cibernéticos, desafiando diariamente os profissionais de TI a

utilizarem ferramentas que impeçam a invasão de redes e de hardwares. No ambiente

da planta industrial, mesmo com o uso da automação durante o processo de produção,

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

50

esse impasse ainda não era uma preocupação para os profissionais de TO, visto que

os dados utilizados na operação eram locais e nos dispositivos.

Contudo, duas das principais características da Indústria 4.0, a integração

vertical e a horizontal, expõem os sistemas da fábrica à brechas na segurança em

razão da necessidade do uso da rede para a integração da planta industrial. Essas

falhas ocorrem no momento da comunicação entre os processos, no qual os dados

são transmitidos desde sistemas de nível de fábrica (sensores e atuadores) até ao

nível de negócio (ferramentas de BI). Essa transmissão é realizada por protocolos de

comunicação entre dispositivos de uma rede, como o protocolo internet ou IP (do

inglês, Internet Protocol) ou por protocolo de controle de transmissão ou TCP (do

inglês, Transmission Control Protocol).

Como consequência desses erros de segurança, a fábrica inteligente não está

suscetível apenas a ataques que promovem perdas ou alterações de dados como na

área de TI, mas também à interferências no mundo físico, podendo afetar o ambiente

e as pessoas nele presente e agravando os efeitos de um ataque cibernético na

indústria 4.0 (VENTURELLI, 2018).

Para evitar essas invasões e seus impactos, Chhetri et al. (2018) afirmaram

que uma planta industrial deve conter ferramentas em seus sistemas de segurança

que sejam capazes de detectar riscos, proteger a infraestrutura da rede, identificar

eventos incomuns, reagir à ataques e promover a recuperação do sistema caso este

tenha sido hackeado. Para tanto, foi apresentado três fundamentos para garantir a

segurança desse novo modelo de indústria, a confidencialidade, a integridade e a

disponibilidade.

O primeiro consiste na preservação do sigilo da informação por toda cadeia de

valor, mantendo protegidos os dados de clientes, de propriedade intelectual da

indústria, entre outros. O segundo direciona-se ao compromisso da conservação da

consistência, confiabilidade e precisão das informações, visto que a integração entre

TI e TO presente na indústria 4.0 provoca um aumento na fragilidade da rede. O último

trata-se da proteção que as ferramentas de segurança devem conferir ao

funcionamento dos dispositivos, evitando a desativação dos componentes e a

desestabilização do sistema.

A Tabela 2.3 apresenta alguns dos desafios que as tecnologias de segurança,

como softwares de controle de acesso e monitoramento do sistema, devem superar a

partir da integração entre os equipamentos e a rede.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

51

Tabela 2.3 - Desafios da cibersegurança na Indústria 4.0

Tecnologia Desafios

Internet das coisas Devido ao uso da internet, possui as falhas intrínsecas à rede, como

no controle de autenticação e acesso, privacidade e

confidencialidade.

CPS Com o objetivo de aumentar a produtividade, os sistemas de

monitoramento são conectados à internet através de protocolos

TCP/IP. Estes trazem vulnerabilidades que o CPS pode não ter

proteção.

Realidade Aumentada Está relacionada ao roubo de dados confidenciais de usuários ou da

indústria, principalmente através de ataques à câmeras.

Manufatura Aditiva Está diretamente relacionada aos fundamentos da segurança, e

afeta principalmente assuntos de propriedade intelectual e

integridade dos materiais.

Big Data e Analytics O grande volume de dados gera falhas de segurança inerentes à

essa absorção de informações, como no armazenamento e no

controle de acesso aos dados.

Robôs automatizados Como são formados de diversos componentes, como atuadores,

sensores e softwares, possuem falhas individuais e como um todo,

além da possibilidade de serem afetados por manipulações em

sensores.

Simulação de sistemas As principais falhas de segurança são relativas ao controle de

acesso e o risco de perda de dados.

Computação em nuvem A nuvem possui vulnerabilidades associadas à perda de dados,

invasão de contas e a desativação de serviços por ataques hackers.

Fonte: Adaptado de Chhetri et al. (2018)

2.3. Digitalização da Indústria Química

A indústria química possui grande potencial para absorver as tecnologias

apresentadas ao longo deste capítulo. Após a industrialização e a indústria à base de

carvão (Indústria Química 1.0), o surgimento da petroquímica (Indústria Química 2.0)

e o fenômeno da globalização e da especialização dos produtos químicos (Indústria

Química 3.0), a indústria química está inserida em um novo contexto, conhecido como

Indústria Química 4.0, caracterizado pela digitalização de seus processos e no

desenvolvimento de sistemas mais sustentáveis e integrados ao longo de toda sua

cadeia de produção (Tabela 2.4).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

52

Tabela 2.4 – Transição da Indústria Química 3.0 para Indústria Química 4.0

Indústria Química 3.0

Globalização & Especialização

Indústria Química 4.0

Digitalização

Impulsionadores da

transformação

Fenômeno da globalização, maior

concorrência da indústria química à

base de gás.

Revolução digital, sustentabilidade,

protenção climática.

Matéria-prima Aumento do uso de matérias-primas

renováveis e gás natural.

Uso intensivo de dados, H2 de

energias renováveis em combinação

com CO2 na produção de produtos

químicos básicos.

Tecnologia Novos processos de síntese e produção

através de biotecnologia e tecnologia

genética.

Digitalização e padronização da

linguagem dos processos e

operações.

Pesquisa Estreita cooperação entre pesquisas

universitárias e pesquisa orientada para

aplicações em empresas.

Descentralização de P&D (Pesquisa e

Desenvolvimento), utilização de Big

Data.

Estrutura

corporativa

Internacionalização do comércio e

produção no exterior, criação de

parques químicos.

Cooperação mais flexível com seus

stakeholders, modelos de negócios

digitais, maior integração entre seus

departamentos.

Produtos Produtos químicos especializados

orientados para requisitos específicos

do cliente, novos medicamentos,

substituição de materiais tradicionais por

produtos químicos.

Expansão do espectro da criação de

valor: o setor químico torna-se um

fornecedor de soluções extensivas e

sustentáveis para os clientes e o meio

ambiente.

Meio ambiente,

Saúde e Segurança

Proteção ambiental integrada à

produção, aumento da segurança do

produto por meio de uma revisão

ampliada das propriedades do material.

A sustentabilidade torna-se um

modelo abrangente e um conceito

inerente à indústria.

Fonte: Adaptado de Deloitte (2018)

Neste contexto, Klei et al. (2017) destacaram três principais impactos das

tecnologias da Indústria 4.0 na indústria química, sendo eles:

• Aumento de desempenho na manufatura, marketing, vendas e P&D: a

interpretação dos dados em tempo real fornece às indústrias maior rendimento

do processo, menor consumo de energia e uma manutenção mais assertiva.

Resultados expressivos já foram observados em plantas químicas ao redor do

mundo, como aumento de 10% na produção (sem nenhum investimento em

capital), redução de 25% do custo através da eliminação do vapor de alta

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

53

pressão da planta e redução de 26% no consumo de energia. Além disso, a

digitalização nos departamentos de marketing e vendas auxilia na precificação

dos produtos e no monitoramento dos clientes de forma mais personalizada,

promovendo um aumento de 3 a 5% no ROS (Return on Sales – Retorno das

vendas). Já na área de P&D, identifica-se o desenvolvimento de novos

produtos químicos através de ferramentas de análises estatísticas e da

utilização de MC na simulação de experimentos, além da maior capacidade

preditiva no desenvolvimento de formulações.

• Adaptação às novas exigências dos clientes: da mesma forma que a

indústria química passa por uma transformação digital, seus clientes também

seguem o mesmo caminho. Por exemplo, o setor agrícola está cada vez mais

inserido neste contexto digital, onde o uso de imagens de satélites, dados

meteorológicos e geológicos e informações sobre sementes são integrados a

fim de otimizar a aplicação de pesticidas e fertilizantes, levando a uma redução

significativa na demanda por estes produtos químicos. Dessa forma, as

indústrias químicas que fabricam estes produtos devem buscar alternativas

como o maior investimento em P&D a fim de produzir produtos mais eficazes e

rentáveis.

• Modelos de negócios associados ao desempenho do produto após sua

venda: o monitoramento do desempenho do produto vendido enquanto é

utilizado pelos clientes promove novos modelos de negócios. Por exemplo,

algumas empresas fabricantes de catalisadores estão utilizando o modelo de

pagamento atrelado ao desempenho real do equipamento e não ao produto em

si, viabilizado pelo controle de sua performance em tempo real, levando a

produção de catalisadores mais otimizados e personalizados às necessidades

dos clientes.

Além disso, segundo Deloitte (2018), estas tecnologias impactam de forma

significativa a eficiência de toda a cadeia produtiva, variando de acordo com o

segmento da indústria química. A Figura 2.14 ilustra o ganho máximo de eficiência

esperado em diferentes áreas de uma empresa, observando que em indústrias que

fornecem máteria-prima (por exemplo, energia) como petroquímicas, a manufatura é

o estágio com maior ganho. Por outro lado, nas indústrias que possuem maior

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

54

interface com os clientes (por exemplo, indústria farmacêutica), nota-se um ganho

maior de eficiência nos departamentos de vendas, marketing e administrativos.

Fonte: Adaptado de Deloitte (2018)

Figura 2.14 – Ganho de eficiência esperada na indústria química pelo uso das

tecnologias da Indústria 4.0

Neste cenário, o Engenheiro Químico deve estar atualizado e habituado com

as tecnologias da Indústria 4.0, garantindo processos químicos mais eficientes,

rentáveis, sustentáveis e seguros.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

55

CAPÍTULO 3

3. IMPACTO DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA ENGENHARIA QUÍMICA

3.1. Contexto

A implementação da fábrica inteligente traz impactos inerentes a qualquer

inserção de inovação tecnológica. Na indústria química, as mudanças decorrentes da

aplicação das tecnologias já apresentadas, impacta diretamente na aprendizagem e

atualização do conhecimento técnico para garantir a total comunicação dos sistemas

e funcionalidade das tecnologias. Dessa forma, tanto o estudante quanto o profissional

de Engenharia Química devem se qualificar, principalmente, em relação ao

conhecimento das ferramentas, à análise gerencial dos indicadores de desempenho,

e ao desenvolvimento de habilidades computacionais.

3.2. Âmbito acadêmico

Antes de entrar no mercado de trabalho, as universidades desempenham um

papel fundamental na capacitação dos estudantes, contribuindo no desenvolvimento

de mão-de obra qualificada para os novos modelos industriais formulados. Dessa

forma, observa-se que mudanças devem ser realizadas para adaptar o ensino da

Engenharia Química ao novo conceito da Indústria 4.0. Entretanto, de acordo com os

resultados do questionário do apêndice A, aproximadamente 70% dos estudantes

acreditam que as universidades não estão se adequando a esse novo contexto, indo

em desencontro às necessidades do mercado.

Assim, ações por parte das universidades, como a implantação de laboratórios

e centros de pesquisa que permitam ao aluno acesso às inovações tecnológicas e a

modernização das disciplinas, podem ser decisivas para a melhor preparação dos

alunos. Como exemplo para esses cenários, a USP - Universidade São Paulo criou

uma Central Multiusuário em Manufatura Avançada em Internet das Coisas, que foi

disponibilizada para toda a comunidade científica e apresenta equipamentos de última

geração que visam a utilização da IoT como instrumento de desenvolvimento

sustentável (FAPESP, 2018).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

56

Além disso, sugere-se como exemplo de modernização das disciplinas, um

maior destaque para as disciplinas que abordam linguagens de programação e a

implementação de uma nova disciplina optativa, que irá apresentar os principais

conteúdos que abrangem a Indústria 4.0, além das suas aplicações nos processos e

operações que circundam o Engenheiro Químico. A título de exemplo, apresenta-se a

ementa sugerida para a matéria “Introdução à Indústria 4.0”, como ilustrado na Figura

B.1 que se encontra no Apêndice B.

3.3. Âmbito profissional

A Indústria 4.0 exige um novo perfil profissional do Engenheiro Químico, visto

que as ferramentas utilizadas requerem novos conhecimentos, como em habilidades

computacionais mais específicas, e a ampliação dos atuais escopos de trabalho.

Uma das áreas de atuação que sofrerá maior impacto é na Engenharia de

Processo, no qual o controle complexo das variáveis passará a conter resultados do

monitoramento em tempo real de toda a operação, refletindo diretamente nas análises

e decisões do engenheiro. Neste caso, o conhecimento em linguagem de

programação, como Python, será essencial para a completa utilização de tecnologias

como Big Data, Computação em nuvem e Simulação, que irão auxiliar no

sensoriamento integrado das malhas de controle, na análise de indicadores de

performance, na manutenção preditiva do processo e na identificação de otimizações

ao longo das operações.

Dessa forma, a especialização do Engenheiro Químico através de cursos,

como Pós-Graduação, que apresentem um conteúdo programático voltado para o

contexto da Indústria 4.0 se torna uma alternativa viável para o preparo da construção

do novo perfil profissional exigido. Além disso, cursos específicos de linguagens de

programação (Python, C++, Delphi, etc...) e softwares podem ser boas oportunidades

para uma adaptação mais rápida ao novo modelo de fábrica inteligente. Na tabela 3.1,

encontra-se alguns exemplos de softwares.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

57

Tabela 3.1 – Exemplos de softwares

Empresa Link

BAR http://bar.utoronto.ca/

MicroStrategy http://www.microstrategy.com/br/

Jigsaw http://www.cc.gatech.edu/gvu/ii/jigsaw/

Birst http://www.birst.com/

QLIK http://www.qlik.com/

Thoughtspot http://www.thoughtspot.com/

SAS http://www.sas.com/

Japersoft http://www.jaspersoft.com/

Spotfire http://spotfire.tibco.com/

In-spire http://in-spire.pnnl.gov/

POWER BI http://powerbi.microsoft.com/pt-br/

Palantir http://www.palantir.com/

IBM http://www.ibm.com/software/data/bigdata/

ADVIZOR http://www.advizorsolutions.com/

Salesforce http://www.salesforce.com/

Board http://www.board.com/en/about-us/

Clearstory http://www.clearstorydata.com/

Centrifuge http://centrifugesystems.com/

SiSense http://www.sisense.com/

NetCHARTS http://www.visualmining.com/

Alteryx http://www.alteryx.com/

XHQ (Siemens) http://w3.siemens.com/mcms/automation/en/automation-

systems/automation-software/xhq-operations-intelligence-

software/pages/xhq-operations-intelligence-software.aspx

PI Vision (OSIsoft) http://www.osisoft.com/pi-system/pi-capabilities/pi-system-

LeanWare http://leanware.fi/

JMP http://www.jmp.com/

Tableau http://www.tableau.com/

Fonte: Almeida e Park (2017)

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

58

CAPÍTULO 4

4. ESTUDO DE CASO

4.1. Contexto

Nos últimos anos, observou-se uma crescente preocupação global da grande

dependência do uso do petróleo e seus derivados, sua possibilidade de escassez e

do aumento da temperatura terrestre devido à influência dos gases do efeito estufa

(GEE). Por esse motivo, a busca por fontes renováveis tornou-se prioridade nas

discussões globais, sendo o Brasil responsável por difundir e implementar modelos

sustentáveis e alinhados com as expectativas do mercado estrangeiro. Nesse

contexto, o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar tem sido indicado como uma

fonte mais limpa e alternativa de energia, apresentando vantagens como menor

emissão de dióxido de carbono se comparado com outros combustíveis fósseis como

a gasolina (ALKIMIM e CLARKE, 2018).

De acordo com Brinkman et al. (2018), o Brasil é o maior produtor de cana-de-

açúcar do mundo, sendo o seu cultivo datado há séculos. A utilização dessa matéria

prima na produção do etanol começou em 1975, através de um incentivo do governo

federal pelo programa Proálcool, no qual estimulava o cultivo da cana-de-açúcar na

produção de combustível com o intuito de reduzir o volume de importação do petróleo.

Como exemplificação, Alkimim e Clarke (2018) destacaram a substituição do

combustível derivado do petróleo como gasolina pelo etanol em diferentes meios de

transporte, como carros e caminhões.

Segundo novaCana.com (2016), o Brasil é um dos países-chave no alcance do

compromisso firmado durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança

do Clima (COP21), que é um avanço significativo na produção de etanol nos próximos

anos, chegando a uma produção de 50 bilhões de litros no ano de 2030 (Figura 4.1).

Dessa forma, as usinas de etanol brasileiras estão buscando meios de atender tanto

às expectativas do mercado como do governo brasileiro, sendo a digitalização dos

processos e da produção através da implementação de tecnologias inerentes à

Indústria 4.0 uma alternativa encontrada por algumas usinas presentes no Brasil.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

59

Fonte: Adaptado de novaCana.com (2016)

Figura 4.1 - Projeção da produção de etanol até 2030

Neste capítulo, será abordado a transformação da usina fictícia Ethan LS, uma

indústria tradicional brasileira de produção de etanol, em uma fábrica inteligente,

introduzindo-a no conceito da Indústria 4.0. Para tanto, criou-se situações hipotéticas

para auxiliar na identificação de oportunidades de aplicação das tecnologias

detalhadas no capítulo 2, além da apresentação dos principais resultados derivados

da transformação digital.

4.2. Descrição

A Usina Ethan LS é uma destilaria autônoma (produtora apenas de etanol) de

grande porte situada em São Paulo, estado com maior produção de etanol no Brasil.

Devido aos incentivos fornecidos à produção de biocombustível, como a aprovação

do programa RenovaBio2 no final de 2017, e ao crescimento do número de carros flex

no Brasil, a Ethan LS notou a oportunidade de investir na modernização tecnológica

dos seus processos e instalações ao longo de toda a cadeia de suprimentos, através

das tecnologias base da Indústria 4.0. O objetivo seria criar um meio industrial em que

os equipamentos, dispositivos, informações e pessoas possam interagir no ambiente

físico e virtual, a fim reduzir os custos e aumentar a produtividade das suas operações

2 “O RenovaBio é uma política de Estado que objetiva traçar uma estratégia conjunta para reconhecer o papel

estratégico de todos os tipos de biocombustíveis na matriz energética brasileira, tanto para a segurança energética

quanto para mitigação de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa” (MME, 2018).

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

60

num período de médio a longo prazo, focando também na responsabilidade ambiental

e social.

A empresa fictícia atualmente processa uma média de 2,5 milhões de toneladas

de cana-de-açúcar por ano, produzindo cerca de 175.000 m3 de álcool/ano, depende

de outras empresas para o fornecimento da matéria-prima. Apresentando uma receita

atual de aproximadamente R$57 milhões e um custo atual de cerca de R$36 milhões,

a liderança planeja ter um crescimento de 15% na receita e uma redução total de 16%

do custo ao final de 1 ano após a digitalização dos seus processos. Vale destacar que

essas variações se baseiam apenas nos resultados atuais da empresa,

desconsiderando os custos de implementação das tecnologias.

Como ponto de partida do projeto, a Ethan LS dividiu a cadeia produtiva do

etanol, desde a etapa de fornecimento da cana-de-açúcar até a logística de

distribuição do etanol para os clientes, a fim de facilitar a identificação dos pontos de

melhoria e implementação das tecnologias, como ilustrado na Figura 4.2.

Fonte: Autores

Figura 4.2 - Cadeia de suprimento do etanol

Ao longo de toda a cadeia produtiva apresentada acima, todos os serviços e

processos, tanto do meio físico como virtual, devem ser integrados à um único

sistema, o denominado CPS, pois este é a base que permite a conexão e

comunicação das tecnologias da Indústria 4.0 (Figura 4.3). Para que essa integração

ocorra, os componentes do meio físico, como equipamentos e dispositivos da usina,

devem ser acoplados a sensores inteligentes que alimentam a Big Data através da

IoT, a fim de viabilizar a comunicação com o ambiente virtual.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

61

Fonte: Autores

Figura 4.3 - Configuração do CPS na Ethan LS

Como demonstrado na Figura 4.3, o modelo virtual escolhido pela Ethan LS foi

a Computação em nuvem, já que esta tecnologia é uma peça fundamental da

arquitetura do CPS, combinando dados na Big Data de toda a cadeia produtiva em

tempo real, viabilizando a implementação das outras tecnologias, que serão

abordadas ao longo deste capítulo.

4.2.1. Fornecimento de insumos

4.2.1.1. Planejamento

Antes de iniciar o planejamento, é fundamental saber qual a demanda e o

histórico de vendas do etanol fornecido pelo departamento de vendas da empresa. Na

Ethan LS, a maioria dos pedidos realizados pelos seus clientes eram computados em

um software desenvolvido pela equipe interna de TI, que já não atendia a volatilidade

das informações, gerando falhas no planejamento. Observava-se um elevado custo

associado à sua manutenção e monitoramento, principalmente na proteção dos seus

dados. Nesse contexto, uma solução encontrada pela Ethan LS foi a substituição

desse software pelo ERP integrado à nuvem (SaaS), onde toda a responsabilidade de

gerenciar a infraestrutura do sistema foi transferida para uma empresa terceirizada.

Após a ordem de venda ser processada no ERP, o time de planejamento pode

acessá-la a fim de avaliar quanto de insumo seria necessário, levando em

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

62

consideração o estoque de insumos já existente e o consumo de etanol em tempo

real, eliminando assim desperdícios ao longo da cadeia. A Ethan LS possui uma

equipe de planejamento para cada diferente cenário, sendo dividido em curto, médio

e longo prazo. Até o momento da implementação da nuvem, essas equipes não

estavam completamente integradas entre si e com outros departamentos da empresa

fictícia, criando um fluxo isolado de demanda e gerando um excesso indesejado de

inventário.

Além da integração limitada entre os departamentos da Ethan LS antes da

nuvem, outros desafios como mudança repentina na demanda e a falta de matéria-

prima devido à eventos indesejados prejudicavam o planejamento dos insumos.

Dessa forma, em conjunto com o ERP, a Ethan LS decidiu implementar a Big Data,

associando em um único banco de dados informações internas (por exemplo,

marketing e finanças) com informações externas (por exemplo, de relatórios

meteorológicos), a fim de obter uma previsão da demanda em tempo real, auxiliando

principalmente a equipe de planejamento de curto prazo.

4.2.1.2. Compra

Após a etapa de planejamento de materiais, a equipe de Compras pôde

identificar as demandas através do ERP para iniciar o processo de compra da

quantidade adequada de cana-de-açúcar e insumos. Até o momento, o contato com

o fornecedor é feito isoladamente, não existindo um sistema de comunicação

transparente e integrado entre a Ethan LS e seus fornecedores. Em decorrência disso,

observou-se no passado problemas como falta de insumos para atender uma

demanda projetada.

A partir disso, foi apontada como uma solução para evitar essas perturbações

no processo a implementação de uma plataforma em nuvem (PaaS) para realizar a

interface com todos os fornecedores da empresa. Com a aplicação dessa ferramenta,

as necessidades de compra se tornaram mais transparentes, sendo possível o

direcionamento imediato para um fornecedor alternativo caso a primeira opção não

atenda a demanda programada.

Além disso, foi possível obter uma base de dados única, utilizando a Big Data,

a partir dos dados compartilhados na plataforma. Assim, com o auxílio de ferramentas

de Business Intelligence (BI), é possível realizar diferentes análises das informações

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

63

para desenhar um perfil de cada fornecedor, baseando-se em métricas como tempo

de entrega, custos e evolução dos preços dos insumos, que são atualizadas em tempo

real. Estas informações irão influenciar também no planejamento de armazenamento

dos insumos, planejando a melhor época para compras, produção e estocagem dos

produtos.

4.2.2. Armazenagem de insumos

A partir da compra dos insumos necessários para a fabricação do etanol, parte

da matéria-prima que chega na Ethan LS (cana-de-açúcar) fica armazenada no pátio

da empresa e a outra parte (insumos da fermentação) ficam estocadas sob condições

adequadas de armazenamento, iniciando assim a operação da usina.

O fluxo de processamento da cana-de-açúcar começa com sua pesagem e

amostragem, seguindo até a alimentação das moendas. Durante esse processo,

alguns funcionários relataram que, em muitas situações, uma parcela da cana que

estava na fila para moagem se deteriorou pelo excesso de tempo de armazenagem

no pátio, inviabilizando sua utilização e assim, gerando desperdício.

Dessa forma, identificou-se uma solução, através do ERP, para evitar a perda

de matéria-prima e otimizar a gestão de estoque. Primeiramente, os valores da

pesagem da carga de cana-de-açúcar devem ser registrados na nuvem, identificando

quanto de material entrou no estoque da usina. Em um segundo momento, a

quantidade de cana-de-açúcar que entrar no processo de moagem também deve ser

registrada na nuvem, indicando quanto de material foi consumido. Assim, a equipe de

planejamento terá visibilidade do saldo de cana que está em trânsito no pátio da usina,

auxiliando no ajuste da demanda projetada para a operação, no controle do fluxo de

cana até a moagem e na otimização da etapa de produção do etanol, evitando os

desperdícios identificados.

4.2.3. Produção de etanol

Após a compra e armazenagem dos insumos, a produção de etanol é iniciada

na moenda. Para auxiliar na identificação dos pontos de melhoria ao longo da

produção, o Engenheiro Químico responsável pelo processo foi indicado de forma

hipotética para assessorar nesta ação.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

64

Uma das primeiras ações tomadas pelo Engenheiro foi solicitar a substituição

de todos os sensores já existentes por sensores inteligentes, já que todo controle de

parâmetros era realizado através de uma malha de controle convencional,

caracterizada por uma capacidade limitada de diagnóstico, baixa qualidade do

controle das variáveis e tempo excessivo revertido no reparo de toda infraestrutura

devido à ocasionais danos no cabeamento.

Com a malha de controle inteligente, a usina obteve uma arquitetura mais

integrada entre seus sistemas, viabilizada pela rede IoT wireless. Dessa maneira, os

dados coletados pelos sensores podem ser transmitidos e armazenados em tempo

real, via IoT, na Big Data alojada na nuvem, permitindo que o controle associado à

automação das malhas seja resultado da análise de todas as variáveis da fábrica, e

não somente de parâmetros pré-determinados para cada equipamento. Como

resultado, notou-se uma redução considerável no tempo de paradas de reparo.

A Figura 4.4 representa as etapas envolvidas na produção de etanol, sendo

elas: moagem da cana, tratamento químico do caldo, fermentação do mosto,

centrifugação para recuperação da levedura, geração de etanol hidratado pelo

processo de destilação e desidratação do mesmo para produção de etanol anidro.

Fonte: Autores

Figura 4.4 - Fluxograma de processo da produção de etanol

A moagem da cana por meio da moenda, equipamento destinado ao processo

de extração do caldo da cana-de-açúcar, é a primeira e mais importante etapa de

produção de etanol. A qualidade do maquinário da moenda de cana é crucial para a

eficiência do processo produtivo de etanol como um todo. Assim, a fim de garantir a

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

65

excelente relação entre a quantidade de biomassa que entra na usina e o etanol

obtido, é fundamental que se realize a manutenção deste equipamento.

Uma das principais técnicas de manutenção utilizada pela Ethan LS é a

aplicação de solda de chapisco, que oferece benefícios como melhoria da pega e

maior preservação da integridade dos frisos da moenda com relação ao desgaste. Até

o momento da transformação digital da usina, o profissional conhecido como

“chapiscador” era o responsável pela soldagem das moendas. Devido à agressividade

e periculosidade que essa atividade proporcionava, como altos riscos à mutilações e

contato direto com substâncias tóxicas que traziam consequências à saúde como

disfunção pulmonar e pneumoconiose, o Engenheiro decidiu investir em tecnologias

que mitigassem os riscos envolvidos nesta atividade. Uma solução encontrada foi o

emprego de um robô na soldagem de chapisco que utiliza o eletrodo como consumível

(Figura 4.5), realocando estes “chapiscadores” para outras funções com menor

periculosidade, como na recuperação de faca, martelo e troca de pente da moenda.

Fonte: Duo Automation (2017)

Figura 4.5 – Robô de Chapisco com eletrodo na manutenção de moendas

Esse robô trabalha de forma automatizada, resultando em uma baixa

intervenção humana durante a manutenção. Além disso, tanto a moenda como o robô

possuem sensores inteligentes, possibilitando uma manutenção preditiva da máquina,

já que o sensor da moenda envia seu estado como desgaste ou degradação de sua

superfície para a nuvem onde ocorre a simulação dos dados em tempo real, enviando

para o atuador do robô o comando para executar a soldagem de forma antecipada.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

66

Após a etapa de moagem da cana, o caldo prossegue para a etapa de

tratamento químico, que se refere a eliminação de impurezas que interferem na

qualidade do etanol (cor, resíduos insolúveis, etc.). O mosto preparado nesta etapa é

direcionado para o fermentador, onde ocorre a adição da levedura para promover a

fermentação. Tanto no tratamento químico como na fermentação, torna-se necessária

a medição e o controle de parâmetros como pH, temperatura e pressão, já que

garantem a qualidade do processo e evitam problemas na centrifugação do vinho

(produto de saída do fermentador) e na destilação. Dessa forma, como resultado da

visão do Engenheiro em substituir todas as malhas existentes por malhas inteligentes,

os equipamentos presentes no tratamento químico e o fermentador adquiriram a

capacidade de se auto ajustar nas condições ótimas de cada parâmetro, aumentando

significativamente o rendimento do processo.

Especificamente no tratamento químico, o modelo de controle de

contaminantes se baseava na coleta de amostras, onde eram levadas aos laboratórios

de análise e, após 24h, era possível identificar o nível de contaminantes. Durante o

período de análise, a empresa não tinha condições de saber quantitativamente a

correção necessária, perdendo assim eficiência energética da operação. Desse modo,

com a utilização de malhas inteligentes, uma ação corretiva poderia ser empregada

de forma instantânea e até mesmo preditiva, resultando em uma produção mais eficaz

e com maior qualidade.

Além do controle mais preciso dos parâmetros do fermentador pela malha

inteligente, o Engenheiro identificou outra oportunidade de melhoria nesta etapa. Na

Ethan LS, a fermentação é realizada em batelada devido à disposição do espaço físico

da sua unidade e às características da matéria-prima utilizada. Como nos

fermentadores em batelada os dados coletados estão sujeitos a variação de uma

carga para outra, o Engenheiro empregou a técnica de Data Mining, a fim de identificar

e estruturar um padrão para esses dados, resultando em informações mais

consistentes e assertivas para as análises de performance.

Ao completar a digitalização dos equipamentos e dispositivos, o próximo passo

da Ethan LS foi a implementação de um software de simulação para virtualizar o

ambiente fabril da usina, criando o gêmeo digital. A princípio, o Engenheiro explicou

que diariamente são realizadas diversas análises à nível operacional e tático antes da

tomada decisões técnicas. A partir disso, definiu-se uma modelagem combinando as

variáveis de produção e qualidade, como teor alcoólico do vinho (%GL) e tempo de

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

67

fermentação (hora), e os algoritmos inteligentes presentes no software para obter a

estrutura digital idêntica à fábrica real existente. Dessa forma, integrou-se o software

à nuvem para este capturar os dados da operação armazenados em tempo real,

possibilitando que o engenheiro simule testes e preveja resultados mais assertivos,

aumentando a garantia de melhores decisões.

Além disso, como os dados estão sendo coletados a todo momento, o

engenheiro pode acompanhar através do software todas as operações da usina em

tempo real, possibilitando a identificação de otimizações e a manutenção preditiva dos

processos através do ajuste de variáveis antes que falhas ou erros ocorram, como a

contaminação do mosto.

A partir da implementação das novas tecnologias, uma etapa essencial para

garantir o aproveitamento total de suas funcionalidades e uma adaptação mais rápida

da sua utilização é o treinamento e capacitação dos funcionários da usina. Para

melhoria dessas atividades, a Ethan LS decidiu pela implementação de um óculos de

realidade aumentada para que, por meio da simulação de um cenário virtual das

situações reais da usina, pudesse obter capacitações mais práticas e interativas.

Aproveitando a implementação do óculos e pensando na segurança dos operários, o

engenheiro sugeriu que o treinamento para manutenção das moendas também fosse

realizado com a ajuda da realidade aumentada, em razão da operação possuir alta

periculosidade, dessa forma, os funcionários teriam o treinamento de forma prática e

segura.

4.2.4. Armazenagem do etanol

Finalizada a etapa de produção, o etanol fabricado segue para o armazém,

onde abastece os tanques de armazenamento. O controle de estoque do etanol é uma

etapa crucial para a Ethan LS, já que impacta diretamente várias atividades e setores

da empresa fictícia — desde a produção até o planejamento dos insumos. A falta de

um controle adequado do estoque pode representar um menor volume de vendas,

além de gerar prejuízos consideráveis.

Além disso, torna-se fundamental o controle do etanol produzido no fim da safra

da cana, já que esta é uma variável importante para a análise da capacidade de

suprimento na entressafra e o estoque necessário nas vésperas da nova colheita,

indicando um equilíbrio entre a empresa e seus clientes e fornecedores.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

68

Dessa forma, com a estratégia do Engenheiro em utilizar malhas de controle

inteligentes, é possível fazer uma medição e controle do nível de etanol nos tanques

de armazenamento, coletando as informações através dos sensores e enviando

diretamente para a nuvem. Assim, torna-se viável uma análise mais precisa da

quantidade de etanol disponível, facilitando a gestão do estoque e evitando problemas

de abastecimento na entressafra e nas proximidades da nova colheita.

4.2.5. Logística de distribuição

A etapa de logística de distribuição se refere ao transporte do etanol produzido

na usina às distribuidoras, que são responsáveis por abastecer os postos de

combustíveis em todo território nacional. Antes do projeto de digitalizar a usina, a

Ethan LS utilizava GPS em sua frota de caminhão a fim de rastrear de forma

instantânea a localização de cada veículo. Entretanto, este sistema apresentava

algumas limitações, como bloqueio do sinal em certas áreas como túneis e baixa

conectividade com outros terminais da usina, dificultando a rápida tomada de

decisões.

Dessa forma, uma solução encontrada pela Ethan LS foi a implantação de

etiquetas RFID em sua frota para facilitar o gerenciamento da logística como um todo.

Como mostrado na Figura 4.5, o RFID transmite um sinal do veículo por

radiofrequência para uma antena receptora, que irá enviar o sinal transmitido para a

nuvem da empresa. Além de conferir a localização exata do veículo em tempo real

mesmo sujeito à inibidores de sinais, o RFID fornece outras informações como fiscais

(por exemplo, documentação da carga e do veículo) até detalhes da carga (volume de

etanol, etc.). O conjunto dessas informações oferecem à Ethan LS maior

embasamento para aprimorar seu planejamento logístico.

Fonte: Autores

Figura 4.6 - Etiqueta RFID no rastreio da frota

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

69

Para aumentar a transparência entre as ações da usina e seus clientes, a Ethan

LS implementou uma plataforma na nuvem (PaaS), permitindo que os dados captados

pelo RFID sejam acessados pelos clientes em tempo real. Dessa forma, os clientes

podem enviar feedback sobre o tempo de entrega diretamente para a nuvem de forma

instantânea, promovendo um ambiente de negócios saudável, ético e virtuoso.

4.3. Resultados

Ao final de 1 (um) ano após a implementação de todas as oportunidades de

melhoria do processo, realizou-se um estudo para identificar os resultados financeiros

da digitalização da Ethan LS. As Tabelas 4.1 e 4.2 demonstram estes resultados em

um cenário pessimista, considerando 60% dos valores de redução de custo e aumento

na receita encontrados na literatura. A tabela 4.3 faz uma comparação entre os

resultados.

Tabela 4.1 - Redução de custos anuais a partir da implementação das tecnologias

Atividade

implementada

Efeitos Resultados

(%)

Resultados

(R$)

Referência

Integração do

ERP na nuvem

Redução do custo de

manutenção com TI

9,0% R$ 389.227,67 Blois (2017)

Big Data e

Analytics

Redução do custo

total da usina

6,0% R$ 2.172.722,24 Bi-survey (2018)

Simulação Redução do custo

total da usina

7,8% R$ 2.824.538,91 IAA (2018)

Robôs

automatizados

Redução do custo

total da usina

2,2% R$ 782.180,01 Setor Energético

(2017)

Fonte: Autores

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

70

Tabela 4.2 - Aumento na receita anual a partir da implementação das tecnologias

Atividade

implementada

Efeitos Resultados

(%)

Resultados

(R$)

Referência

Big Data e

Analytics

Aumento na receita

total da usina

4,8% R$ 2.731.422,24 Bi-survey (2018)

Internet da

coisas

Aumento na receita

total da usina

9,0% R$ 5.121.416,71 TCS (2015)

Integração do

ERP na nuvem

Aumento na receita

total da usina

9,0% R$ 5.121.416,71 IDC (2018)

Fonte: Autores

Tabela 4.3 - Comparação entre o resultado planejado e o real

Fonte: Autores

Dessa forma, levando em consideração a premissa que os custos de

implementação das tecnologias foram desconsiderados, observou-se na Tabela 4.3

que a meta planejada pela liderança da empresa fictícia Ethan LS foi atingida, visto

que a implementação resultou em uma redução de 17,03% do custo total e um

aumento de 22,80% na receita total da planta ao final de 1 ano, frente ao valor

planejado de variação que foi de, respectivamente, 16% e 15%.

Total base

(R$)

Variação

planejada (R$)

Variação

planejada (%)

Variação

real (R$)

Variação

Real (%)

Receita Anual 56.904.630,09 8.535.694,51 15,00 12.974.255,66 22,80

Custo Anual 36.212.037,33 5.793.925,97 16,00 6.168.668,83 17,03

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

71

CAPÍTULO 5

5. CONCLUSÕES

O objetivo deste trabalho foi apresentar o efeito da transformação digital na

indústria química, introduzindo os principais aspectos e tecnologias inerentes à

Indústria 4.0 e seu impacto nos estudantes e profissionais de Engenharia Química.

Dessa forma, observou-se que além da universidade se tornar responsável por instruir

os futuros profissionais a atuar neste novo cenário, os profissionais de hoje devem se

familiarizar com as novas tecnologias e estar alinhados com o novo modelo de

negócio.

Entretanto, de acordo com os resultados da pesquisa aplicada aos estudantes

de Engenharia Química em diferentes universidades do Rio de Janeiro, notou-se que

as universidades ainda não estão abordando este novo modelo em suas disciplinas,

já que 81% dos participantes desconheciam o conceito de Indústria 4.0. Como

sugestão, foi proposta a implementação de uma disciplina optativa denominada

“Introdução à Indústria 4.0”, além da implantação de laboratórios e centros de

pesquisa que permitam ao aluno acesso às inovações tecnológicas a fim de melhor

prepará-los. Além disso, a especialização através de cursos, como Pós-Graduação,

se torna uma alternativa viável para o preparo da construção do novo perfil profissional

exigido.

Dessa forma, para demonstrar algumas oportunidades de aplicação dessas

tecnologias nas indústrias, desenvolveu-se um estudo de caso em uma usina de

etanol fictícia chamada Ethan LS. Para auxiliar no desenvolvimento do estudo, criou-

se situações hipotéticas de melhorias ao longo de toda cadeia produtiva do etanol, no

qual foi possível destacar como tecnologias base de uma fábrica inteligente a Internet

das Coisas, Big Data, CPS e Computação em Nuvem. Para validação dos ganhos

operacionais, definiu-se uma variação percentual teórica (desconsiderando os custos

de implementação das tecnologias) de 15% de aumento na receita e 16% de redução

de custo ao final de 1 ano após a digitalização dos processos. A partir de dados

teóricos extraídos da literatura, foi possível quantificar os resultados decorrentes da

transformação digital na empresa fictícia, obtendo uma redução de 17,03% do custo

total e um aumento de 22,80% na receita total da planta, alcançando assim a variação

hipotética planejada.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

72

Desse modo, apesar do conceito da Indústria 4.0 ainda ser recente, observou-

se a crescente adoção deste modelo por parte das indústrias, apresentando bons

resultados a partir da aplicação de suas tecnologias, como aumento da produtividade

e eficiência energética. Assim, não há dúvidas de que é imprescindível o investimento

na digitalização de toda a cadeia de suprimento para garantir o destaque e uma maior

vantagem competitiva no mercado atual.

Como sugestão para trabalhos futuros, destaca-se o levantamento dos custos

de implementação das tecnologias da Indústria 4.0 no estudo de caso apresentado, a

fim de analisar a viabilidade econômica da transição da Ethan LS para uma fábrica

inteligente.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

73

CAPÍTULO 6

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, C.; GONZAGA, D.; SANTOS, F; OLIVEIRA, J; FIGUEIREDO, L.;

NASCIMENTO, M.; OLIVEIRA, P.; YOSHINAGA, S.; OLIVEIRA, T.; MATA, V.;

GONÇALVES, G.;. Indústria 4.0: Como as Empresas Estão Utilizando a Simulação

para se Preparar para o Futuro. Revista de Ciências Exatas e Tecnologia, Minas

Gerais, v. 12, n. 12 p. 49-53, 2017. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.17921/1890-

1793.2017v12n12p49-53>. Acesso em 18 mai. 2018.

ACCENTURE. The Growth Game-Changer: How the Industrial Internet of Things

can drive progress and prosperity. Londres, 2015.

ALMEIDA, G.; PARK, S. Visual Analytics – Buscando o Desconhecido. Revista

Brasileira de Engenharia Química. São Paulo, SP, v. 33, n. 1, p. 27-35. 2

quadrimestre, 2017.

ALKIMIM, A.; CLARKE, K. C. Land use change and the carbon debt for sugarcane

ethanol production in Brazil. Land Use Policy, Viçosa, v. 72, p. 65-73, 2018.

Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2017.12.039>. Acesso em 29

mai. 2018.

ANASTASIA. Industry 4.0: Everything You Need To Know. 2015. Disponível em:

<https://www.cleverism.com/industry-4-0-everything-need-know/>. Acesso em: 17

mar. 2018.

ATTARAN, M. The rise of 3-D printing: The advantages of additive manufacturing over

traditional manufacturing. IBusiness Horizons, Bakersfield, v. 60, p. 677-688, 2017.

Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.bushor.2017.05.011>. Acesso em 19 abr.

2018.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

74

ATZORI, L.; IERA, A.; MORABITOC, G. Understanding the Internet of Things:

definition, potentials, and societal role of a fast evolving paradigm. Ad Hoc Networks,

Itália, v. 56, p. 122-140, 2017. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.adhoc.2016.12.004>. Acesso em 24 mar. 2018.

AZUMA, R. T. A Survey of Augmented Reality. In Presence: Teleoperators and

Virtual Environments, Malibu, v. 6, p. 355-385, 1997. Disponível em: <

https://www.cs.unc.edu/~azuma/ARpresence.pdf >. Acesso em 17 abr. 2018.

BAHET, R.; GILL, H. Cyber-physical Systems. Estados Unidos, 2011.

BI-SURVEY. Benefits of Big Data Analytics: Increased Revenues and Reduced

Costs. Disponível em: <https://bi-survey.com/big-data-benefits>. Acesso em: 19 mai.

2018.

BLOEM, J.; DOORN, M.V.; DUIVESTEIN, S.; EXCOFFIER, D.; MAAS, R.;

OMMEREN, E.V. The Fourth Industrial Revolution—Things to Tighten the Link

between IT and OT. Groningen, 2014.

BLOIS, N. How Much Money Can you Save with a SaaS Cloud ERP?. 2017.

Disponível em: <https://www.acumatica.com/blog/how-much-money-can-you-save-

with-a-saas-cloud-erp/>. Acesso em: 19 mai. 2018.

BOURELL, D.; BEAMAN, J.; LEU, M.; ROSEN, D. A Brief History of Additive

Manufacturing and the 2009 Roadmap for Additive Manufacturing: Looking Back and

Looking Ahead. In: RAPIDTECH 2009: US-TURKEY WORKSHOP ON RAPID

TECHNOLOGIES, 2009.

BRINKMAN, M. L. J.; DA CUNHA, M. P.; HEIJEN, S.; WICKE, B.; GUILHOTO, J. J.

M.; WALTER, A.; FAAIJ, A. P.C.; HILST, F. Interregional assessment of socio-

economic effects of sugarcane ethanol production in Brazil. Renewable and

Sustainable Energy Reviews, Holanda, v. 88, p. 347-362, 2018. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.rser.2018.02.014>. Acesso em: 29 mai. 2018.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

75

CALDERONE. Robots in Manufacturing Applications. 2016. Disponível em:

<https://www.manufacturingtomorrow.com/article/2016/07/robots-in-manufacturing-

applications/8333>. Acesso em: 09 mai. 2018.

CIMM – Centro de Informação Metal Mecânica. Definição - O que é Manutenção

preditiva. Disponível em: <https://www.cimm.com.br/portal/verbetes/exibir/595-

manutencao-preditiva>. Acesso em: 16 mar. 2018.

CISCO. Internet of Things. Estados Unidos, 2016.

CISCO. The Internet of Things How the Next Evolution of the Internet Is Changing

Everything. Estados Unidos, 2011.

CNI DIGITAL – Confederação Nacional da Indústria. Serie Pilares da Industria 4.0

(parte 6 de 9) - Simulação. 2017. Disponível em: <http://www.cnidigital.org/artigo/se-

rie-pilares-da-indu-stria-4-0-parte-6-de-9-simula-o>. Acesso em: 26 abr. 2018.

CONNER, B. P.; MANOGHARAN, G. P.; MARTOF, A. N., RODOMSKY, L. M.;

JORDAN, Dakesha C.; LIMPEROS, J. W. Making sense of 3-D printing: Creating a

map of additive manufacturing products and services. Additive Manufacturing,

Estados Unidos, v. 1-4, p. 64-76, 2014. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.addma.2014.08.005>. Acesso em 15 abr. 2018.

DA SILVA, E. M. Indústria 4.0- A quarta revolução industrial. 2016. Disponível em:

<https://pt.linkedin.com/pulse/ind%C3%BAstria-40-quarta-

revolu%C3%A7%C3%A3o-industrial-edson-miranda-da-silva>. Acesso em: 18 mar.

2018.

DE PAULA, O. M. Simulação e Lean na Indústria 4.0. Disponível em:

<http://excelenciaempauta.com.br/simulacao-e-lean-na-industria-4-0/>. Acesso em:

26 abr. 2018.

DELOITTE. A new development in the chemical industry: the era of Chemistry

4.0. Alemanha, 2018.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

76

DELOITTE. Industry 4.0 Challenges and solutions for the ditigal transformation

and use of exponencial technologies. Suíça, 2015.

DILBEROGLU, U. M.; GHAREHPAPAGH, B.; YAMAN, U.; DOLEN, M. The Role of

Additive Manufacturing in the Era of Industry 4.0. Procedia Manufacturing, Ankara,

v. 11, p. 545-554, 2017. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.promfg.2017.07.148>. Acesso em 18 abr. 2018.

DINI, G.; MURA, M. D. Application of Augmented Reality Techniques in Through-life

Engineering Services. Procedia CIRP, Pisa, v. 38, p. 14-23, 2015. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.procir.2015.07.044>. Acesso em 15 abr. 2018.

DUO AUTOMATION. Robô de Chapisco com Eletrodo. 2017. 1min 46seg.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=42TRgpiUx8I />. Acesso em: 11

jun. 2018

ESSS - Engineering Simulation and Scientific Software. Os pilares da Indústria 4.0.

2017. Disponível em: <https://www.esss.co/blog/os-pilares-da-industria-4-0/>. Acesso

em: 14 abr. 2018.

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. USP inaugura

laboratório de pesquisa em internet das coisas, 2018. Disponível em: <

http://agencia.fapesp.br/usp_inaugura_laboratorio_de_pesquisa_em_internet_das_c

oisas/26962/>. Acesso em: 10 jun. 2018.

FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Indústria 4.0. Rio

de Janeiro. 2016.

GANDOMI, A.; HAIDER, M. Beyond the hype: Big data concepts, methods, and

analytics. International Journal of Information Management, Toronto, v. 35 (2), p.

137-144, 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2014.10.007>.

Acesso em 03 mai. 2018.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

77

GELDHOF, A. The internet of services in Industrie 4.0. 2016. Disponível em:

<https://conceptsystemsinc.com/the-internet-of-services-in-industrie-4-0/>. Acesso

em: 18 mar. 2017.

GHOSH, S. Por que a integração entre TI e Tecnologia da Operação é crucial

para a competitividade da indústria?. 2016. Disponível em:

<http://www.executivosfinanceiros.com.br/artigos/4363-por-que-a-integracao-entre-ti-

e-tecnologia-da-operacao-e-crucial-para-a-competitividade-da-industria>. Acesso em:

20 mar. 2018.

GILCHRIST, A. Industry 4.0: The Industrial Internet of Things.1. ed. Nova York:

Apress, 2016.

GRELLMANN, D. O Processo de microfusão utilizando padrões fabricados por

esteriolitografia. Disponível em: <http://moldesinjecaoplasticos.com.br/o-processo-

de-microfusao-utilizando-padroes-fabricados-por-estereolitografia/>. Acesso em: 21

abr. 2018.

HEKIMA. Tipos de análise de Big Data: você conhece todos os 4?. 2016.

Disponível em: <http://www.bigdatabusiness.com.br/conheca-os-4-tipos-de-analises-

de-big-data-analytics/>. Acesso em: 16 mai. 2018.

HERMANN, M.; PENTEK, T.; OTTO, B. Design Principles for Industrie 4.0 Scenarios:

A Literature Review. Working Paper No. 01. Technische Universität Dortmund. 2015.

HERZOG, D.; SEYDA, V.; WYCISK, E.; EMMELMANN, C. Additive manufacturing of

metals. Acta Materialia, Alemanha, v. 117, p. 371-392, 2016. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.actamat.2016.07.019>. Acesso em 18 abr. 2018.

IAA. Top 5 Industry 4.0 Trends In Manufacturing. 2017. Disponível em:

<http://www.iaasiaonline.com/software-networks/top-5-industry-4-0-trends-

manufacturing/>. Acesso em: 18 mai. 2018.

IDC. IDC FutureScape: Worldwide IT Industry 2018 Predictions. Boston, 2017.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

78

IFR WORLD ROBOTICS – International Federation of Robotics. Executive Summary

World Robotics 2017 Industrial Robots. Alemanha, 2017.

INPI - Instituto nacional de propriedade industrial. Realidade Aumentada, 2017.

Disponível em:

<https://inpi.justica.gov.pt/Portals/6/PDF%20INPI/Tecnologias%20de%20informa%C

3%A7%C3%A3o/Realidade%20Aumentada.pdf?ver=2017-08-28-161233-947>.

Acesso em: 18 abr. 2018.

IoTUK. The Next Industrial Revolution. Londres, 2017.

I-SCOOP. Industry 4.0: the fourth industrial revolution – guide to Industrie 4.0.

2016. Disponível em: <https://www.i-scoop.eu/industry-4-0/>. Acesso em: 17

mar. 2018.

KAO, H.; JIN, W.; SIEGEL, D.; LEE, J. A Cyber Physical Interface for Automation

Systems—Methodology and Examples, 2015, v. 3, p. 93-106. Disponível

em:<doi:10.3390/machines3020093>. Acesso em: 12 mai. 2018.

KAGERMANN, H.; WAHLSTER, W.; HELBIG, J. Recommendations for implementing

the strategic initiative INDUSTRIE 4.0: Final report of the Industrie 4.0 Working Group.

Frankfurt, Alemanha, 2013.

KHOO, Z.; TEOH, J.; LIU, Y.; CHUA, C.; YANG, S.; AN, J.; LEONG, K.; YEONG, W.;

3D printing of smart materials: A review on recent progress in 4D printing. Virtual and

Physical Prototyping. Singapore, v. 10 (3), p. 103-122, 2015. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1080/17452759.2015.1097054>. Acesso em: 15 de abr. 2018.

KIM, S; PARK, S. CPS (Cyber Physical System) based Manufacturing System

Optimization. Procedia Computer Science, Daegu, v.122, p. 518-524, 2017.

Disponvível em:<https://doi.org/10.1016/j.procs.2017.11.401>. Acesso em: 10 abr.

2018.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

79

KLEI, A.; MODER, M.; STOCKDALE, O.; WEIHE, U.; WINKLER, G. Digital in

chemicals: From technology to impact. 2017. Disponível em:

<https://www.mckinsey.com/industries/chemicals/our-insights/digital-in-chemicals-

from-technology-to-impact>. Acesso em: 10 jun. 2018.

KORNER, C. Additive manufacturing of metallic components by

selective electron beam melting — a review. International Materials Reviews, 2016,

v. 61(5), p, 361-377. Disponível em:

<https://doi.org/10.1080/09506608.2016.1176289>. Acesso em 03 mai. 2018.

LACHENMAIER, J. F; LASI, H.; KEMPER, H. Simulation of Production Processes

Involving Cyber-physical Systems. Procedia CIRP, Alemanha, v. 62, p. 577-

582, 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.procir.2016.06.074>. Acesso em

30 mar. 2018.

LEE, E. A. The Past, Present and Future of Cyber-Physical Systems: A Focus on

Models. Sensors (Basel), Suíca, v. 15(3), p. 4837-4869, 2015. Disponível em:

<https://doi:10.3390/s150304837>. Acesso em 31 mar. 2018.

LEE, I. Big data: Dimensions, evolution, impacts, and challenges. Business Horizons,

Macomb, v. 60, p. 293-303, 2017. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.bushor.2017.01.004>. Acesso em 02 mai. 2018.

LEE, J.; BAGHERI, B.; KAO, H. A Cyber-Physical Systems architecture for Industry

4.0-based manufacturing systems. Manufacturing Letters, Cincinnati, v. 3, p. 18-23,

2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.mfglet.2014.12.001>. Acesso em: 10

abr. 2018.

LONGO, C. A. Os 6 princípios básicos da Indústria 4.0. 2017. Disponível em:

<https://pt.linkedin.com/pulse/os-6-princ%C3%ADpios-b%C3%A1sicos-da-

ind%C3%BAstria-40-carlos-augusto-longo>. Acesso em: 20 mar. 2018.

LOUREIRO, A.; NOGUEIRA, J.; RUIZ, L.; MINI, R.; NAKAMURA, E.; FIGUEIREDO,

C. Redes de Sensores Sem Fio, 2003. Disponível em:

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

80

<http://homepages.dcc.ufmg.br/~loureiro/cm/docs/sbrc03.pdf>. Acesso em: 15 mar.

2018.

MACCURDY, R.; KATZSCHMANN, R.; KIM, Y.; RUS, D. "Printable Hydraulics: A

Method for Fabricating Robots by 3D Co-Printing Solids and Liquids”. In: IEEE

INTERNATIONAL CONFERENCE ON ROBOTICS AND AUTOMATION,

2016. Cambridge.

MAZAK. MTConnect. Disponível em: <https://www.mazak.com.br/mtconnect/>.

Acesso em: 11 jun. 2018.

MELL, P.; GRANCE, T. The NIST Definition of Cloud Computing. Disponível em:

<https://www.nist.gov/sites/default/files/documents/itl/cloud/cloud-def-v15.pdf>.

Acesso em: 15 maio 2018.

MELLOR, S.; HAO, L.; ZANG, D. Understanding the Internet of Things: definition,

potentials, and societal role of a fast evolving paradigm Additive manufacturing: A

framework for implementation. International Journal of Production Economics,

Exeter, v. 149, p. 194-201, 2014. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2013.07.008>. Acesso em 15 abr. 2018.

MICROSOFT AZURE. O que é computação em nuvem?. Disponível em:

<https://azure.microsoft.com/pt-br/overview/what-is-cloud-computing/>. Acesso em:

26 abr. 2018.

MME – Ministério de Minas e Energia. RenovaBio. Disponível em:

<http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/petroleo-gas-natural-e-combustiveis-

renovaveis/programas/renovabio/principal>. Acesso em: 16 mai. 2018.

MORAN, S. Process Plant Layout — Becoming a Lost Art?. 2016. Disponível em:

<http://www.chemengonline.com/process-plant-layout-becoming-lost-

art/?printmode=1>. Acesso em: 14 abr. 2018.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

81

MUSSOMELI, A.; FITZGERALD, J. Rise Of The Machines — Autonomous Robots

And The Supply Chain Of The Future. 2017. Disponível em:

<https://www.mbtmag.com/article/2017/11/rise-machines-autonomous-robots-and-

supply-chain-future>. Acesso em: 03 mai. 2018.

NEPIOT. Cadeia de valor em IoT. Disponível em:

<http://www.nepiot.com.br/WP/en/sobre-nepiot/cadeia-de-valor/>. Acesso em: 16

mar. 2018.

NGO, T. D.; KASHANI, A.; IMBALZANO, G.; NGUYEN, K. T. Q.; HUI, D. Additive

manufacturing (3D printing): A review of materials, methods, applications and

challenges. Composites Part B: Engineering, Melbourne, v. 143, p. 172-196, 2017.

Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.compositesb.2018.02.012>. Acesso em 19

abr. 2018.

NOVA CANA. Custos de produção de cana e etanol e as novas tecnologias das

usinas. Disponível em: <https://www.novacana.com/usina/evolucao-setor-melhorias-

proporcionadas-pela-pd/>. Acesso em: 19 mai. 2018.

NOVA CANA. Governo diz que Brasil produzirá 54 bilhões de litros de etanol em

2030. 2016. Disponível em: <https://www.novacana.com/n/etanol/mercado/governo-

brasil-produzira-54-bilhoes-litros-etanol-2030-200716/>. Acesso em: 19 mai. 2018.

OLIVERIA, S. Internet das Coisas com ESP 8266, Arduino e Raspeberry PI. 1.ed.

São Paulo: Novatec, 2017.

OMANOVIĆ-MIKLIČANIN, E.; MAKSIMOVIĆ, M. Nanosensors applications in

agriculture and food industry. Sarajevo, v. 47, p. 59-70, 2016. Disponível em:

<http://www.pmf.unsa.ba/hemija/glasnik/files/Issue%2047/5-59-70-Omanovic.pdf>.

Acesso em: 20 de abr. 2018.

ONU. A ONU e a população mundial. 2018. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/acao/populacao-mundial/>. Acesso em: 14 de abr. 2018.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

82

ORACLE. An Enterprise Architect’s Guide to Big Data. Redwood Shores. 2016

ORIWOH, E.; SANT, P.; EPIPHANIOU, G.. Guidelines for Internet of Things

Deployment Approaches – The Thing Commandments. Procedia Computer Science,

Reuno Unido, v. 21, p. 122-131, 2013. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.procs.2013.09.018>. Acesso em 07 mai. 2018.

OTTEWELL, S. Chemical Makers Embrace the Cloud. Disponível em:

<https://www.chemicalprocessing.com/articles/2018/chemical-makers-embrace-the-

cloud/?start=0>. Acesso em: 28 abr. 2018.

PILZ. Instalações modulares como resposta à Indústria 4.0. 2016. Disponível em:

<https://www.pilz.com/pt-BR/company/news/articles/088837>. Acesso em: 16 mar.

2018.

PISCHING, M.; TASCA, A. A.; PESSOA, M. A. O.; JUNQUEIRA, F.; MIYAGI, P. E.

Arquitetura para desenvolvimento de sistemas ciber-fÍsicos aplicados na indústria 4.0.

In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AUTOMAÇÃO INTELIGENTE, 8., 2017, Porto Alegre:

USP, 2017.

PORTER, M. E.; HEPPELMANN, J. E. Why Every Organization Needs an

Augmented Reality Strategy. 2017. Disponível em: <https://hbr.org/2017/11/a-

managers-guide-to-augmented-reality#why-every-organization-needs-an-augmented-

reality-strategy>. Acesso em: 20 mar. 2018.

PWC - PricewaterCoppers. Indústria 4.0: Digitização como vantagem competitiva

no Brasil. Brasil, 2016.

CHHETRI, S.; RASHID, N.; FAEZI. S.; FARUQUE, M. Security trends and advances

in manufacturing systems in the era of industry 4.0. In: IEEE/ACM INTERNATIONAL

CONFERENCE ON COMPUTER-AIDED DESIGN (ICCAD). Proceedings of 3th

International Conference on computer-aided design. 2017.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

83

RAJKUMAR, R.; LEE, I.; SHA, L.; STANKOVIC, J. Cyber-Physical Systems: The Next

Computing Revolution In: DESIGN AUTOMATION CONFERENCE, 47., 2010,

Anaheim. Proceedings of the 47th Design Automation Conference. Anaheim,

2010.

REPLY. A Indústria 4.0 traz para dentro da empresa a realidade virtual e

aumentada. Disponível em: <http://www.reply.com/br/topics/industrie-4-0/a-industria-

4-0-traz-para-dentro-da-empresa-a-realidade-virtual-e-aumentada>. Acesso em:

13 abr. 2018.

ROLAND BERGER STRATEGY CONSULTANTS. Industri 4.0: The new industrial

revolution. Alemanha, 2014.

RUßMANN, M.; LORENZ, M.; GERBERT, P.; WALDNER, M.; JUSTUS, J.; ENGEL,

P.; HARNISCH, M. The future of productivity and Growth in Manufacturing

Industries. Alemanha, 2015.

SANTOS, K.; LOURES, E.; PIECHNICKI, F.; CANCIGLIERI, O. Opportunities

Assessment of Product Development Process in Industry 4.0. Procedia

Manufacturing, Curitiba, v. 11, p. 1358-1365, 2017. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.promfg.2017.07.265>. Acesso em 21 mar. 2018.

SAS. Big Data: O que é e qual sua importância?. Disponível em:

<https://www.sas.com/pt_br/insights/big-data/what-is-big-data.html>. Acesso em: 20

abr.l 2018.

SETOR ENERGÉTICO. Robô de chapisco de solda com Eletrodo é a mais nova

promessa para moendas de açúcar. 2017. Disponível em:

<http://www.setorenergetico.com.br/empresas/robo-de-chapisco-de-solda-com-

eletrodo-e-mais-nova-promessa-para-moendas-de-acucar/22135/>. Acesso em: 14

mai. 2018.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

84

SHUKLA, A.; KARKI, H. Application of robotics in offshore oil and gas industry— A

review Part II. Robotics and Autonomous Systems, Abu Dhabi, v. 75, p. 508-524,

2016. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.robot.2015.09.013>. Acesso em 25

mai. 2018.

SKA. Guia definitivo da Indústria 4.0. 2017. Disponível em:

<http://www.ska.com.br/ska/guia-definitivo-da-industria-40>. Acesso em: 11 mar.

2018.

SKY.ONE. Quem inventou a computação em nuvem?. Disponível em:

<http://skyone.solutions/pb/quem-inventou-a-computacao-em-nuvem/>. Acesso em:

26 abr. 2018.

SILVEIRA, C. B. O Que é Indústria 4.0 e Como Ela Vai Impactar o Mundo.

Disponível em: <https://www.citisystems.com.br/industria-4-0/>. Acesso em: 18 mar.

2018.

SMITH, H. GE Aviation to grow better fuel nozzles using 3D Printing. 2013.

Disponível em: <http://3dprintingreviews.blogspot.com/2013/06/ge-aviation-to-grow-

better-fuel-nozzles.html>. Acesso em: 10 abr. 2018.

SOARES, H. FTSP: Uma abordagem independente de hardware para

sincronização em redes de sensores sem fio. 2004. 6. Dissertação ( Mestrado em

Computação) – Universidade Federal Fluminense, Niterói.

SONDA. Tipos de nuvem: entenda a diferença entre híbrida, privada e pública.

2017. Disponível em: <https://blog.sonda.com/tipos-de-nuvem/>. Acesso em: 28 abr.

2018.

STAVINOHA, S.; CHEN, H.; WALKER, M.; ZHANG, B.; FUHLBRIGGE,

T. Challenges of robotics and automation in offshore Oil&Gas industry. In: IEEE

INTERNATIONAL CONFERENCE ON CYBER TECHNOLOGY IN AUTOMATION,

CONTROL AND INTELLIGENT, 4., 2014, Hong Kong. Proceedings of the The 4th

Annual IEEE International Conference. Hong Kong, 2014.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

85

TAO, F.; ZHANG, L.; VENKATESH, V C; CHENG, Y. Cloud manufacturing: A

computing and service-oriented manufacturing model. Proceedings of the Institution

of Mechanical Engineers, Part B: Journal of Engineering Manufacture, v. 225(10),

2011. Disponível em: <DOI: 10.1177/0954405411405575>. Acesso em 29 mai. 2018.

TCS. Over 80% of companies increased revenue by investing in Internet of

Things: TCS study. 2015. Disponível em: <https://www.tcs.com/iot-tcs-global-trend-

study-2015>. Acesso em: 18 mai. 2018.

THIEDE, S.; JURASCHEK, M.; HERMANN,C. Implementing Cyber-physical

Production Systems in Learning Factories. Procedia CIRP, Braunschweig, v. 54, p. 7-

12, 2016. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.procir.2016.04.098>. Acesso em:

12 abr. 2018.

THUEMMLER, C.; BAI, C. Health 4.0: Application of Industry 4.0 Design Principles in

Future Asthma Management. Springer International Publishing, 2017. In:

THUEMMLER, C.; BAI, C. (Eds). Health 4.0: How Virtualization and Big Data are

Revolutionizing Healthcare. 1. ed. Switzerland: Springer International Publishing,

2017. cap. 2, p. 23-37.

TJAHJONO, B.; ESPLUGUES, C.; ARES, E.; PELAEZ, G. What does Industry 4.0

mean to Supply Chain?. Procedia Manufacturing, Cranfield, v. 13, p. 1175–1182,

2017. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.promfg.2017.09.191>. Acesso em: 21

mar. 2018.

TROX. New TROX Launch - IoT Technology - "Internet of Things". In: FEBRAVA

SHOW, 2017, São Paulo. Anais eletrônicos da FEBRAVA SHOW 2017. São Paulo:

Trox Brasil, 2017.

VIJAYARAGHAVAN, A.; SOBEL, W.; FOX., A. Improving Machine Tool Interoperability

Using Standardized Interface Protocols: MT

Connect. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON FLEXIBLE AUTOMATION, 2008,

Atlanta. Proceedings of 2008 ISFA. Atlanta: UC Berkeley, 2008.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

86

VENTURELLI, M. A segurança de dados na Indústria 4.0. Disponível em:

<https://www.automacaoindustrial.info/seguranca-de-dados-na-industria-4-0/>.

Acesso em: 25 abr. 2018.

YAQOOB, I.; HASHEM, I. A. T.; GANI, A.; MOKHTAR, S.; AHMED, E.; ANUAR, N.

B.; VASILAKOS, A. V. Big data: From beginning to future. International Journal of

Information Management, Kuala Lumpur, v. 36, p. 1231-1247, 2016. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2016.07.009>. Acesso em 09 mai. 2018.

YU, C.; XU, X.; LU, Y. Computer-Integrated Manufacturing, Cyber-Physical Systems

and Cloud Manufacturing – Concepts and relationships. Manufacturing Letters,

Auckland, v. 6, p. 5-9, 2015. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.mfglet.2015.11.005>. Acesso em 05 abr. 2018.

WOHLERS, T.; GORNET, T. History of additive manufacturing. Estados Unidos,

2016.

ZHAI, Y.; LADOS, D. A.; LAGOY, J. L. Additive Manufacturing: Making Imagination the

Major Limitation. The Minerals, Metals & Materials Society, Estados Unidos, v. 66,

p. 5, 2014. Disponível em: <DOI: 10.1007/s11837-014-0886-2>. Acesso em 16 abr.

2018.

ZHONG X. K.; JOANNE E. M. T.; YONG L.; CHEE K. C.; SHOUFENG Y.; JIA A.;

LEONG, K. F.; YEONG, W. Y.. 3D printing of smart materials: A review on recent

progresses in 4D

printing. Virtual and Physical Prototyping, v. 10 (3), p. 103-122, 2015. Disponível

em: <DOI: 10.1080/17452759.2015.1097054>. Acesso em 18 abr. 2018.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

87

APÊNDICES

APÊNDICE A: Questionário – Indústra 4.0 nas universidades

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

88

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

89

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

90

APÊNDICE B – Programa de Disciplina: Introdução à Indústria 4.0

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Disciplina: INTRODUÇÃO À INDÚSTRIA 4.0

CARGA HORÁRIA SEMANAL TOTAL HORAS

TEÓRICA (30) PRÁTICA (0) ESTÁGIO (0) 30

Objetivo da Disciplina:

Apresentar aos alunos as competências e metodologias do conceito da Indústria 4.0, principalmente em relação às ferramentas tecnológicas, à inovação dos produtos e ao impacto positivo à sustentabilidade.

Conteúdo Programático

Capítulo I - Introdução

1.1 Evolução da indústria até a Quarta Revolução Industrial

1.2 Principais aspectos da Indústria 4.0

Capítulo II - Tecnologias do contexto da Indústria 4.0

2.1 Internet das Coisas

2.2 Cyber Physical Systems

2.3 Realidade Aumentada

2.4 Manufatura Aditiva

2.5 Big Data e Analytics

2.6 Robôs Automatizados

2.7 Simulação de sistemas

2.8 Computação em nuvem

2.9 Cibersegurança

Capítulo III - Aplicações na Engenharia Química

3.1 Noções de estatística aplicada à Indústria 4.0

3.2 Interações entre Big Data e Computação em nuvem

3.3 Sensoriamento – Malhas Inteligentes

3.4 Desenvolvimento de Novos Materiais

Capítulo IV - Sustentabilidade na Indústria 4.0

4.1 Eficiência energética

4.2 Energias Renováveis

4.3 Futuro da Indústria

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE … - João... · 2020-05-27 · 0 universidade federal fluminense escola de engenharia departamento de engenharia

91

Fonte: Autores

Figura B1 – Programa de disciplina: Introdução à Indústria 4.0

Bibliografia Básica

GILCHRIST, A. Industry 4.0: The Industrial Internet of Things.1. ed. Nova York: Apress, 2016. I-SCOOP. Industry 4.0: the fourth industrial revolution – guide to Industrie 4.0. 2016. Disponível em: <https://www.i-scoop.eu/industry-4-0/>

ANASTASIA. Industry 4.0: Everything You Need To Know. 2015. Disponível em: <https://www.cleverism.com/industry-4-0-everything-need-know/>

Bibliografia Complementar

KAO, H.; JIN, W.; SIEGEL, D.; LEE, J. A Cyber Physical Interface for Automation Systems—Methodology and Examples, 2015, v. 3, p. 93-106. Disponível em:<doi:10.3390/machines3020093> BLOEM, J.; DOORN, M.V.; DUIVESTEIN, S.; EXCOFFIER, D.; MAAS, R.; OMMEREN, E.V. The Fourth Industrial Revolution—Things to Tighten the Link between IT and OT. Groningen, 2014. DELOITTE. A new development in the chemical industry: the era of Chemistry 4.0. Alemanha, 2018.