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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Departamento de Psicologia Programa de Pós-graduação em Psicologia PRISCILA CRISTINE ANDRADE DE SOUSA RELAÇÕES ENTRE INTELIGÊNCIA E FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO NATAL/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Departamento de Psicologia

Programa de Pós-graduação em Psicologia

PRISCILA CRISTINE ANDRADE DE SOUSA

RELAÇÕES ENTRE INTELIGÊNCIA E FUNÇÕES EXECUTIVAS EM CRIANÇAS COM

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

NATAL/RN – 2016

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PRISCILA CRISTINE ANDRADE DE SOUSA

Relações entre inteligência e funções executivas em crianças com altas habilidades/superdotação

Dissertação elaborada sob orientação da Profª. Drª. Izabel

A. Hazin Pires e apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Psicologia.

Natal

2016

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Catalogação da Publicação na Fonte.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Sousa, Priscila Cristine Andrade de. Relações entre inteligência e

funções executivas em crianças com altas habilidades/superdotação /

Priscila Cristine Andrade de Sousa. - 2017. 85f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Ciências Humanas Letras e Artes. Programa de Pós

Graduação em Psicologia.

Orientadora: Profª. Drª. Izabel A. Hazin Pires.

1. Habilidades psíquicas superiores. 2. Função executiva. 3.

Superdotação. I. Pires, Izabel A. Hazin. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 159.95-053.2

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“Todos os dias eu capto e me surpreendo como alguma coisa que ainda

não tinha sabido ver. Que difícil de fazer é essa catedral! Quanto mais

avanço, mais me fatiga restituir o que sinto; eu me digo que aquele que

diz ter terminado uma tela é um terrível orgulhoso”.

(Monet)

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Agradecimentos

À Deus, aquele que me proporcionou viver este sonho e que durante toda esta caminhada

me concedeu força para olhar a vida de modo mais confiante.

Aos meus pais (Socorro e Alaôr) pelo companheirismo dedicado, pela paciência nos

momentos difíceis. Este trabalho não seria o mesmo sem a ajuda de vocês.

Às minhas amadas, vó e tia Rita, que me presenteavam com um profundo carinho.

Às minhas tias de coração, Francisca, Maria Luiza, Ione e Ivone por compartilharem, nos

cafés da tarde, as próprias experiências de vida acadêmica e de cuidado ao outro.

À professora Izabel Hazin por ter acreditado em meus sonhos e intenções; por me motivar

a avançar a cada dia e inspirar minha vida profissional e pessoal com a sua generosidade.

À Edi, Sa, Dani, Luana e Artemis que me ajudaram a expandir as ideias, compartilhando

os conhecimentos com esmero e simplicidade, desde minha inserção no Laboratório de

Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia (LAPEN).

Às minhas amigas, Maria Isabel, Laura, Cyndiane, e Carol que durante esse percurso me

ensinaram, me indagaram, me corrigiram e me presentearam com uma jóia, chamada amizade.

À Juliana pela imensurável colaboração na realização desse trabalho, abdicando de seu

tempo para me dedicar uma aprendizagem significativa sobre o mundo estatístico, com seu

modo acolhedor de ser.

Ao LAPEN, por me ter oferecido a riqueza de aprender em conjunto, compartilhar

conhecimento e pela experiência de conviver nas sextas pelas manhãs, assim como, nos

corredores, com pessoas determinadas e prestativas, carregando meu combustível nessa

jornada.

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Ao grupo “cumplicidade”, formada por Vitor, Lara e Anne que no início desse trajeto

fizeram suas orações, torceram por mim e comemoraram comigo.

Às minhas bolsistas, Leilani, Bruna e Gabriela, que se esforçaram para que este trabalho

fosse possível.

E por fim, e não menos importante, a todos os pequenos que me desafiaram com tanta

criatividade, me rendendo a muitas risadas.

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Sumário

Lista de Figuras .................................................................................................................................. VII

Lista de Tabelas ................................................................................................................................. VIII

Lista de Abreviatura e Siglas ................................................................................................................. X

Resumo ................................................................................................................................................ XI

Abstract .............................................................................................................................................. XII

Considerações Iniciais............................................................................................................................13

1. Inteligência e Altas Habilidades/Superdotação..................................................................................15

1.1 Altas Habilidades/Superdotação....................................................................................................17

2. Funções Executivas.............................................................................................................................23

2.1 Inteligência e Funções Executivas.................................................................................................26

3. Objetivos.............................................................................................................................................30

3.1 Objetivo Geral................................................................................................................................30

3.2 Objetivos Específicos....................................................................................................................30

4. Método................................................................................................................................................31

4.1 Participantes..................................................................................................................................31

4.2 Instrumentos Utilizados................................................................................................................31

4.3 Procedimentos...............................................................................................................................39

4.4 Análise dos Dados........................................................................................................................41

5. Resultados...........................................................................................................................................42

5.1 Descrição da amostra geral..........................................................................................................42

5.2 Média e desvio-padrão dos desempenhos entre grupos clínico e controle..................................43

5.3 Análise de Cluster........................................................................................................................44

5.4 Análises correlacionais do teste de Inteligência com subtestes de Funções Executivas.............46

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6. Discussão dos Resultados...................................................................................................................47

7. Considerações Finais..........................................................................................................................54

8. Referências..........................................................................................................................................55

ANEXOS

APÊNDICES

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Lista de Figuras

Figura 1. Representação gráfica do Modelo dos Três Anéis......................................................20

Figura 2. Folha de Estímulos dos Subtestes Atenção Auditiva e Conjunto de Respostas...........35

Figura 3. Exemplo dos Cartões de Estímulo do Subteste Classificando Animais......................36

Figura 4. Exemplo de Folha de Estímulo do Subteste Fluência de Desenhos (Série Estruturada)

...................................................................................................................................................37

Figura 5. Exemplo de Folha de Estímulo do Subteste Inibindo Respostas (Série Formas).........38

Figura 6. Exemplo de Folha de Caderno de Estímulo do subteste Relógios (Itens 3 e 4) ..........39

Figura 7. Tamanho do Cluster....................................................................................................44

Figura 8. Apresentação das variáveis relevantes para a distribuição da amostra em dois

clusters......................................................................................................................................45

Figura 9. Estrato de criança de 9 anos com Altas Habilidades/Superdotação no subteste

Relógios (NEPSY-II)................................................................................................................49

Figura 10. Estrato de criança de 9 anos com desenvolvimento típico no subteste Relógios

(NEPSY-II)...............................................................................................................................49

Figura 11. Estrato de criança de 10 anos com Altas Habilidades/Superdotação no subteste

Relógios (NEPSY-II)................................................................................................................50

Figura 12. Estrato de criança de 10 anos com desenvolvimento típico no subteste Relógios

(NEPSY-II)...............................................................................................................................50

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Variável sexo na amostra geral ........................................................................... ......42

Tabela 2. Variável idade na amostra geral ................................................................................ 42

Tabela 3. Variável nível socioeconômico na amostra geral ...................................................... 43

Tabela 4. Média e desvio padrão dos desempenhos entre o grupo clínico e controle .............. 44

Tabela 5. Correlações entre subtestes de funções executivas e inteligência geral no grupo clínico

e controle infantil ..................................................................................................................... 46

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Lista de Abreviaturas e Siglas

AA: Atenção Auditiva

AH/SD: Altas Habilidades/Superdotação

CA: Classificando Animais

CPF: Córtex Pré-frontal

CR: Conjunto de Respostas

FE: Função Executiva

FE’s: Funções Executivas

FD: Fluência de Desenhos

Gc: Inteligência Cristalizada

Gf: Inteligência Fluída

(g): Inteligência Geral

IR: Inibindo Respostas

LAPEN: Laboratório de Pesquisa e Extensão em Neuropsicologia

MPCR: Matrizes Progressivas Coloridas de Raven

NAAH/S: Núcleo de Atendimento de Altas Habilidades/Superdotação

NEPSY II: Neuropsychological Assesment

QI: Quoeficiente Intelectual

REL: Relógios

RN: Rio Grande do Norte

SEPA: Serviço Escola de Psicologia Aplicada

SRBCSS – Scales for Rating the Behavioral Characteristics of Superior Students

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TA: Termo de Assentimento

TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Resumo

Na atualidade, identifica-se ampliação do número de estudos que investigam as relações entre

inteligência e funcionamento executivo, notadamente por conta da importância que estes têm

assumido enquanto preditores do desempenho escolar e profissional. Porém, ainda há

controvérsia em termos da existência de correlações entre estes domínios e se há variabilidade

na contribuição de funções executivas específicas para estas. Por outro lado, os estudos têm

investigado população infantil, adolescente e adulta dentro da variação normal de inteligência,

sem considerar os extremos, ou seja, a deficiência intelectual e as altas

habilidades/superdotação (AH/S). Diante do exposto, este estudo objetivou caracterizar o perfil

executivo de crianças com altas habilidades/superdotação. Participaram do estudo 24 crianças,

sendo 12 identificadas com AH/S e 12 com inteligência dentro da variação normal, com idades

entre 7 e 11 anos, pareadas por idade, sexo, escolaridade e nível socioeconômico. Ambos os

grupos foram avaliados a partir do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven

(TMPCR) e dos subtestes de atenção e função executiva da bateria de avaliação

neuropsicológica Nepsy II. Os resultados apontam que o grupo de crianças com AH/S

obtiveram resultados qualitativamente inferiores aos do grupo controle em tarefas que

envolveram atenção sustentada, atenção alternada e controle inibitório. Porém, obtiveram

melhores resultados em tarefas que envolveram flexibilidade cognitiva e criatividade.

Corroborando a estes resultados, foi averiguado que as funções de atenção auditiva e

flexibilidade cognitiva foram identificadas como variáveis de peso para definirem o grupo de

crianças com AH/S e o grupo controle. Por fim, não foram identificadas correlações

significativas entre os subtestes do Nepsy II e o Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de

Raven.

Palavras-chave: função executiva; inteligência; altas habilidades/superdotação;

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Abstract

Currently, identifies increasing the number of studies investigating the relationship between

intelligence and executive functioning, notably because of the importance they have assumed

as predictors of academic and professional performance. However, there is still controversy in

terms of the existence of correlations between these areas and if there is variability in the

specific contribution of executive functions to these. On the other hand, studies have

investigated child population, adolescent and adult within the normal intelligence range,

without considering the extreme, ie, intellectual disabilities and high skills. Given the above,

this study aimed to characterize the executive profile of children with high abilities / giftedness.

24 children, 12 of the clinical group and 12 in the control group were evaluated between 7 and

11 years of age, matched for age, gender, education and socioeconomic status. Both groups

were evaluated from the Test of Coloured Progressive Matrices Raven ( TMPCR ) and subtests

of attention and executive functions of NEPSY II . The results show that the group of children

with AH / S obtained results qualitatively lower than the control group in tasks involving

sustained attention, alternating attention and inhibitory control. Corroborating these results, it

was found that the auditory attention and cognitive flexibility functions were identified as

weight variables to define the group of children with AH / S and the control group. However,

they performed better on tasks involving cognitive flexibility and creativity. Finally, there were

no significant correlations between the subtests of NEPSY II and the Test of Raven 's

Progressive Matrices.

Keywords: executive function; intelligence; child gifted;

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Considerações Iniciais

Atualmente a relação entre inteligência e funcionamento executivo tem sido

exaustivamente discutida nos meios acadêmicos e na clínica (Abreu, Siquara, Conceição,

Leahy, Nikaedo & Abreu, 2014) A investigação desses dois construtos é caracterizada por

reconhecida diversidade de posturas teóricas, que contemplam em geral os resultados dos níveis

de inteligência, da avaliação de funções psicológicas específicas e da investigação acerca do

contexto social subjacente ao desenvolvimento dos sujeitos (Yates, Souza, Borges & Trentini,

2014).

Os conceitos de inteligência, bem como os métodos para seu estudo, estão longe de

representar um uníssono. De forma geral, estudiosos convergem para uma concepção de

inteligência associada à capacidade para aprender relações, a partir da mobilização de

conhecimentos prévios, ou apenas o raciocínio (Laros, Valentini, Gomes & Andrade, 2014).

Por sua vez, as funções executivas (FE’s) também têm sido caracterizadas e

classificadas de maneira diversa. As FE’s atuam com grande impacto sobre a capacidade do

indivíduo para desempenhar tarefas e aprender novas informações, ou seja, são responsáveis

pela coordenação de respostas adaptativas, frente a uma novidade ou complexidade, tais como

comportamento direcionado a um objetivo, planejamento, manutenção da atenção entre outros

(Bodrova & Leong, 2007; Sbicigo, Abaid, Dell’ Aglio & Salles, 2013; Pires, 2010).

Nas últimas décadas, é reconhecida a progressiva busca por evidências, em termos da

comprovação e direção das relações entre o funcionamento executivo e a inteligência. Cattel,

(1943) influenciado pela teoria de Inteligência geral (g) proposta por Spearman (1904),

postulou a existência de dois tipos de inteligência, a inteligência fluída (Gf) e inteligência

cristalizada (Gc). Sendo a primeira responsável por abarcar processos que não estão diretamente

associados ao conhecimento disponível e que possibilita a resolução de problemas em situações

imprevistas e, a segunda (Gc) associada aos conhecimentos adquiridos através de processos

formais e informais de aprendizagem. (Cattel, 1943; Horn, 1991). Pode-se dizer que a

centralidade do desenvolvimento da inteligência e das FE’s pode ser explicada pela influência

desses sobre os desempenhos acadêmicos e laborais (Miyake et al., 2000).

De modo geral, os estudos atuais que abordam a relação entre a inteligência e as FE’s

buscam estabelecer correlações entre os dois construtos, problematizando se tal correlação seria

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positiva para todas as habilidades executivas ou apenas para algumas (Filippetti, Krumm e

Raimond, 2015). Porém, se por um lado, algumas pesquisas destacam evidências de correlações

específicas entre as FE’s e as inteligências fluída e cristalizada (Friedman et al., 2006;

Capovilla, Assef & Cozza, 2007; Godoy et al., 2010) por outro, estudos sugerem que tais

correlações não existem (Zook, Davalos, DeLosh & Davis, 2004; Decker, Hill & Dean, 2007).

Adicionalmente, a investigação das relações entre a inteligência e as FE’s comumente

está direcionada para o impacto que comprometimentos desses componentes causam uns sobre

os outros, bem como nas repercussões destes sobre os desempenhos acadêmico, sócio-

emocional e profissional do indivíduo (Barbey, Colom, Solomon, Krueger, Forbes & Grafman,

2012). Identifica-se escassez de estudos que busquem investigar a relação destes fenômenos em

sujeitos que apresentam inteligência significativamente acima da média e/ou que apresentam

comportamento compatível com altas habilidades/superdotação (AH/S).

Em termos do que foi acima aludido, estudos recentes têm apontado que as relações

entre a inteligência e diferentes construtos, tais como a criatividade, não são lineares e variam

de acordo com os níveis classificatórios dos mesmos (Welter, 2014). No que diz respeito às

relações entre a inteligência e as FE’s, os estudos têm concentrado esforços na população adulta

e falhas metodológicas têm sido sublinhadas, tais como o uso de testes para os quais identifica-

se grande incidência de efeito-teto ou pequena variação nas médias dos QI’s dos participantes.

Adicionalmente, identifica-se escassez de estudos realizados com a população infantil,

notadamente aqueles que consideram uma variação significativa dos níveis de inteligência,

especificamente em termos da consideração de QI’s em patamares superiores àqueles esperados

para a população em geral.

Isso posto, considerando-se a escassez de pesquisas desenvolvidas nos últimos anos que

investigaram na infância as relações entre níveis de inteligência, considerando aquele

significativamente superior à média, e as funções executivas, o presente estudo teve como

objetivo central avançar na compreensão acerca das relações entre o nível da capacidade

intelectiva e o funcionamento executivo de crianças com AH/S.

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1. Inteligência e Altas Habilidades/Superdotação

Após inúmeras antecipações históricas, avançadas por Galton e Catell, dentre outros,

Spearman inaugura a era dos modelos científicos de inteligência. Quase que simultaneamente,

os franceses Simon e Binet publicam um método de identificação de crianças com necessidades

educacionais especiais, decorrentes dos baixos níveis de inteligência. Do diálogo que se

inaugura a partir desse momento, surgem os testes de inteligência e o aprimoramento dos

modelos que buscam explicar e compreender esta habilidade humana (Schneider & Flanagan,

2014). Entretanto, apesar do grande aumento de pesquisas e evidências que colaboraram para a

sua compreensão, é notória a diversidade de posturas teóricas que definem o que constitui o

cerne do que comumente denominamos inteligência.

É interessante notar que em 1921, as respostas de 14 renomados psicólogos, a pedido

de Journal of Educational Psychology (Thorndike, Ed.) à questão: “o que é inteligência? ”,

apresentavam dois pontos em comum: a inteligência envolve a capacidade para aprender a partir

da experiência, assim como, a capacidade para se adaptar às exigências do contexto. Sessenta

e cinco anos depois, a mesma pergunta foi feita a 24 psicólogos, reconhecidos

internacionalmente pelas suas pesquisas na área da inteligência, os quais enfatizaram os

mesmos pontos anteriormente mencionados, acrescentando aspectos relacionados à

metacognição e à cultura (Sternberg & Detterman, 1986). Porém, se houve relativa

concordância entre os dois grupos de pesquisadores supracitados, esta não se estende à toda a

produção psicológica. Verifica-se que o construto inteligência é caracterizado de diferentes

maneiras, a depender da matriz teórica de quem o faz.

Dentre as inúmeras polêmicas subjacentes ao estudo da inteligência está a sua

composição. Para alguns, esta seria unidimensional, podendo-se distinguir um fator geral

explicativo e integrante das demais habilidades cognitivas, como preconizado por Spearman.

Para outros, é preciso admitir a multidimensionalidade deste construto, considerando a

complexidade inerente à inteligência (Schneider & Newman, 2015).

De modo geral, as teorias sobre inteligência podem ser agrupadas em três grandes

grupos: as que defendem a existência de um fator único ou geral, que estaria subjacente a toda

e qualquer atividade cognitiva; as que defendem a existência de fatores independentes entre si

que explicam os desempenhos nas mais variadas atividades intelectuais e, finalmente, as

posições intermediárias ou conciliatórias que supõem a existência de uma hierarquia das

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aptidões humanas, que pode ou não incluir um fator geral.

Admite-se aqui que não é o objetivo deste estudo mapear e descrever as taxonomias de

inteligência existentes, mas sim justificar aqui a eleição de um componente que contribua para

uma maior e melhor compreensão do que são as AH/S. Nesse sentido, como discutido por

Schneider e Newman (2015), quando se trata de posicionamento diante da multiplicidade de

tipos de inteligência que existem, é mais produtivo focar naqueles aspectos da inteligência que

possibilitam o estabelecimento de melhor contrato entre seu desenho de pesquisa e o uso de

uma medida de avaliação.

Isso posto, apresenta-se aqui a teoria CHC, avançada por Raymond Cattell, John Horn

e John Carroll, considerada uma síntese contemporânea de teorias anteriores. Esta, decompõe

conceitos clássicos (tais como a capacidade verbal) em elementos mais básicos (tais como o

conhecimento léxico), contribuindo para a circunscrição do que foi eleito como foco da

investigação, possibilitando adicionalmente a seleção de instrumentos de medida que permitam

uma compreensão mais precisa dos resultados (Schelini, 2006).

Dentre os componentes do modelo acima citado, destacam-se dois subfatores apontados

no início desse estudo, a saber, a inteligência cristalizada (Gc) e a inteligência fluida (Gf). Em

síntese, a Gf envolve habilidades de raciocínio abstrato e de resolução de problemas novos,

para os quais o indivíduo tem pouco conhecimento precedente, já a Gc alude à aquisição e

cristalização de conhecimentos formais e informais assimilados por transmissão cultural ou pela

escola (Schelini, 2006).

O modelo CHC na atualidade tem sido referenciado, com ampla aceitação por parte dos

psicólogos e educadores. Por outro lado, tem guiado a revisão e proposição de instrumentos que

investigam a inteligência, a exemplo da inclusão do subteste Raciocínio Matricial na quarta

edição da WISC, que aprimora a avaliação da Gf. Porém, salienta-se que a WISC IV não

possibilita a avaliação geral da Gf, o que pode ser obtido através do teste das Matrizes

Progressivas de Raven, como discutido posteriormente.

Buscando ainda maior especificidade, foi eleito como foco da presente investigação a

inteligência fluida (Gf), aqui compreendida como habilidade diretamente associada a

componentes não-verbais, pouco dependentes de conhecimentos adquiridos previamente.

Trata-se de mobilização de operações mentais diante de tarefas relativamente novas e que não

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podem ser realizadas automaticamente (Schelini, 2006). Porém, convém ressaltar que não se

defende aqui a ausência de interferência de fatores culturais. Se considerarmos as tarefas que

comumente integram os testes de inteligência que avaliam a Gf, identificamos que os processos

usados para responder às atividades se assemelham a um jogo de quebra-cabeça, usualmente

encontrado em diferentes culturas (Schneider & Newman, 2015).

A capacidade fluida é requisitada durante a realização de operações que exigem: a

formação e o reconhecimento de conceitos, a identificação de relações complexas, a

compreensão de implicações e a realização de inferências. É interessante notar que em alguns

estudos, a carga fatorial da Gf sobre o fator g poderia demonstrar uma equivalência entre os

dois construtos (Schelini, 2006). A Gf pode assim, ser descrita como funcionamento cognitivo

de alto nível, sendo a habilidade mais associada às AH/S (Pfeiffer, 2015), embora estas não

possam ser explicadas unicamente pela presença de níveis de inteligência em patamares

superiores, conforme discutido a seguir.

1.2. Altas Habilidades/Superdotação

Ao longo da história, a humanidade construiu diferentes padrões para o que poderia ser

denominado inteligência, o que consequentemente implicou em diferentes concepções do que

viria a ser alguém com uma inteligência acima ou abaixo do esperado para a sua faixa etária

e/ou escolaridade. Posto isso, conclui-se que de forma similar ao constructo da inteligência, o

de AH/S, foco deste estudo, foi igualmente sendo modificado a partir das teorias de inteligência

vigentes.

Sinteticamente, na Grécia Antiga, Platão denominou de “crianças de ouro” aquelas que

exibiam capacidade intelectual acima da média. Na China, mais de 2000 anos a.c., pessoas com

habilidades muito superiores aos pares eram considerados um sinal de prosperidade e tinham

tratamento especial nas relações sociais (Souza, 2008; Alencar, 2001). Todavia, na Idade

Moderna, notadamente, no período renascentista, não obtiveram benefícios, sendo punidos por

apresentarem habilidades atípicas em relação aos demais, sendo considerados portadores de

doença mental (Virgolim, 1997; Perez, 2003; Aranha, 2005;). A partir do século XIX, com a

emergência das ciências humanas, especificamente a psicologia, as AH/S despertaram

interesse, sendo atreladas à proposição do Coeficiente Intelectual (QI).

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De acordo com a literatura, aproximadamente 5% da população brasileira tem altas

habilidades em algum dos domínios previstos na Resolução no. 02/2001 das Leis de Diretrizes

e Bases para a Educação Especial (Brasil, 2001). Entretanto, no que concerne à Educação

Básica e Superior, destaca-se que apenas 11.000 alunos foram registrados no Censo Escolar de

2012 com AH/S. Tal cenário, sugere a existência de discrepância em termos das incidências

prevista e identificada, desse fenômeno no país. Provavelmente, tal disparidade está associada

a falhas no processo de identificação desses indivíduos dentro e fora do contexto escolar (INEP,

2012; Pérez & Rodrigues, 2013).

Nessa direção, a literatura enfatiza uma gama de fatores interligados que parecem

subjacentes à referida flutuação, destacando, por exemplo, a má formação dos profissionais que

atuam na área da educação. Adicionalmente, pontuam a fragilidade no estabelecimento de

critérios em relação ao perfil de funcionamento desses indivíduos, contribuindo para a

manutenção dos mitos que circundam o quadro, o olhar acerca do fenômeno e qual instrumental

utilizar para realizar o diagnóstico (Pérez & Freitas, 2009; Cianca & Marquezine, 2014).

Diante disso, é imperativo frisar que as problemáticas associadas à identificação das

AH/SD, parecem perpassar a dimensão da sua caracterização endofenotípica sendo, portanto,

subjacentes à definição de inteligência, caracterizada por significativa pulverização teórica

(Mayer, 2005). Por outro lado, comumente os estudos destacam numerosas e, por vezes

contraditórias, características dos indivíduos com AH/S.

Porém, dentre estas teorias, alguns pontos consensuais podem ser identificados,

destacando-se dentre eles, a presença de habilidade significativamente superior, quando

comparado à população geral, em alguma área da atividade e do conhecimento humano

(Alencar, 2001). Não obstante, os mitos que circundam o quadro ainda são bastante presentes,

dentre eles, o de que todos são bem-sucedidos acadêmica e profissionalmente.

Em consonância com os aspectos supracitados, um estudo realizado por Pérez (2011)

destaca que o sucesso escolar nem sempre faz parte da vida dessas pessoas. Em geral, sensíveis,

imperativas, argumentadoras e rígidas, elas podem apresentar dificuldades nas relações com os

outros e consigo mesmo. Winner (1998, 2000;) apontou o quanto esses indivíduos comumente

apresentam comportamento introvertido e dificuldades nas habilidades sociais, demonstrando

uma forma assíncrona no processo de ajustamento social e emocional (Gallagher, 2008;

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Neihart, Reis, Robinson & Moon, 2002). Entretanto, tal assunção é controversa, com alguns

estudiosos contra argumentando que esses sujeitos não necessariamente apresentam

dificuldades no domínio da cognição social (Pérez, 2011; Munro, 2010).

É evidente o aumento de estudos que destacam a dificuldade para identificar as AH/S a

partir de critérios bem estabelecidos, o que gera desafios para a avaliação em contextos de

comorbidade, tais como a, dupla excepcionalidade e; diagnósticos equivocados, que confundem

precocidade ou bom comportamento com tal fenômeno. (Speirs Neumeister, Adams, Pierce,

Cassady, & Dixon, 2007; Pierce et al, 2007; VanTassel-Baska, Feng, Swanson, Quek, &

Chandler, 2009; Peterson, 2009; Fletcher & Speirs Neumeister, 2012; Gibbons, Pelchar, &

Cochran, 2012)

Na atualidade, identificam-se modelos explicativos para o fenômeno, tais como: a

Teoria Triárquica (Sternberg, 1985, 2000, 2005), o Modelo Diferenciado de Superdotação e

Talento (Gagné, 1994; 2004), a Teoria das Inteligências Múltiplas (Gardner, 1995, 2001), e,

por fim, o Modelo dos Três Anéis de Renzulli (2004a, 2004b).

A Teoria Triárquica advoga que a inteligência fornece subsídios para que os indivíduos

constituam seus pensamentos e atuações de maneira coerente e adaptativa, de modo a lidar tanto

com as necessidades internas quanto com as questões do contexto social (Gama, 2014). A

perspectiva de Sternberg destaca-se por defender que a inteligência é um fenômeno de três

componentes, que correspondem à habilidade de se relacionar com o meio, à capacidade de

manter uma relação com a experiência individual e à aptidão de desenvolver relações.

O autor sugere que os indivíduos considerados com altos padrões de inteligência não

necessariamente são habilidosos nos três componentes. Alguns sujeitos têm maior facilidade

com o controle de suas funções psíquicas e com os fatores de aquisição de conhecimento, ou

seja, apresentam alto nível de inteligência analítica. Estes sujeitos, geralmente, são promissores

na vida acadêmica. Outros indivíduos possuem características voltadas para processos

experimentais, utilizando suas funções psíquicas em atividades específicas. São os sujeitos que

apresentam aptidão para lidar com novas situações e para regular o processamento de

informações, a denominada inteligência criativa. Contudo, outro grupo de pessoas possui

melhor desempenho em aplicar os processos de funcionamento cerebral através da experiência

no mundo real, configurando a inteligência prática (Sodré, 2006).

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No que diz respeito à perspectiva de Gagné (1994; 2004), o autor faz distinção em

termos do que considera “superdotação” e “talento”. Este modelo advoga que a superdotação é

inata e é concernente à utilização de habilidades naturais expressas de maneira despretensiosa,

sem treino e exercício para seu aparecimento, denominadas aptidões ou dons. O talento,

entretanto, refere-se a um domínio superior de habilidades, desenvolvidas em, pelo menos, um

campo da atividade humana. Gagné destaca a existência de cinco áreas de talento: intelectual,

criativa, sócio-afetiva, sensório-motora e percepção extra-sensorial.

A perspectiva teórica das Inteligências Múltiplas, adotada como referência para as

políticas públicas brasileiras, consiste em um modelo multidimensional, para o qual a

inteligência seria produto do potencial biológico e das relações culturais e sociais nas quais o

indivíduo está inserido (Almeida, Guisande e Ferreira, 2009). Sendo assim, Gardner propõe a

existência de oito categorias de inteligência: linguística, lógico-matemático, espacial, musical,

cinestésica, naturalista, interpessoal e intrapessoal (Gardner, 2001). Na concepção da Teoria

das Inteligências Múltiplas, as AH/S são a expressão das diversas inteligências inerentes ao ser

humano. Porém, há que se considerar que AH/S é resultante da (inter) ação do sujeito com o

mundo real (Gardner, 2001).

Este estudo adotou a concepção mais aceita na atualidade de AH/S, avançada por J.

Renzulli. Para este autor, a identificação de sujeitos AH/S deve ser guiada pelo modelo que

denominou - Modelo dos Três Anéis. Este caracteriza AH/S como fenômeno situado na

intersecção de três fatores: habilidade acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade

(Renzulli, 2004). (Figura 1).

Figura 1. Representação gráfica do conceito de Altas habilidades/Superdotação – Modelo dos Três Anéis.

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Fonte: Renzulli, J. S; Reis, S. M. The Three-ring conception of giftedness: A Development Model for Creative

Productivity. The Triad Reader. Connecticut: Creative Learning Press, 1986.

Nessa direção, defende a existência de dois tipos de superdotação, a saber, a acadêmica

e a criativo-produtiva. A primeira caracteriza aqueles indivíduos que possuem um bom

desempenho em tarefas que medem o QI, enquanto o segundo tipo caracteriza indivíduos que

exibem aspectos da atividade e do envolvimento humano no qual se valoriza o incremento de

ideias, produtos, demonstrações artísticas originais.

Renzulli e Reis (1997) destacam que algumas habilidades e características atreladas à

superdotação só adquirem expressão quando a criança está engajada em situações que

despertam o seu interesse. Sendo assim, as AH/S deixam de ser consideradas inatas e

cristalizadas, passando a constituir um fenômeno dinâmico e flexível, constituído na interação

do indivíduo com as dimensões histórica e cultural, adotando grande variabilidade em termos

de sua expressão (Renzulli, 1978; 1986). Nessa direção, estudos corroboram que as influências

culturais e a hereditariedade devem ser vistas enquanto fatores que se co-constróem, estando a

sua resultante subjacente à manifestação das AH/S (Mayer, 2005; Vaivre – Douret, 2011).

Um conjunto de pesquisas apoiadas por imagens de ressonância magnética, possibilitou

melhorar a compreensão das características específicas do funcionamento cognitivo em

crianças com alta capacidade intelectiva, com destaque para habilidades como maior velocidade

para resposta em tarefas de habituação (Bornstein & Sigman, 1985; 1986;) habilidades de

atenção (Super, 1981; Anderson,1986; Baddeley, 1974) e inbição de estímulos distratores em

tarefas de seu interesse (Harnishfeger & Bjorklund, 1994; Houd´e et al, 2000).

Nessa direção, os achados levam alguns pesquisadores a concluir que crianças com

capacidade intelectiva acima do esperado podem beneficiar-se de um modo de processamento

de informação do tipo analógico, o que lhes permite estabelecer inter-relações entre as situações

(Ribaupierre, & Riben, 1986; Ferretti & Butterfield,1992; Planche,1985; 1997; 2000). Assim,

são vistas como tendo um modo de funcionamento diferente em termos qualitativos em relação

a seus pares, com a velocidade de processamento em tarefas de resolução de problemas

cognitivos (Bjorklund, Schneider, Cassel, & Ashley, 1994; Gaultney, Bjorklund & Goldstein,

1996), bem como a capacidade de aprendizagem particularmente acentuados e uma excepcional

capacidade de transferir métodos de resolução a uma nova situação (Planche, 1985; 1997). O

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córtex pré-frontal (CPF), reconhecido pela sua relação com as FE é, em parte, responsável pela

implementação das habilidades supracitadas. Assim, no estudo de Duncan et al. (2000), foi

observado que, em tarefas verbais e não verbais em um teste de QI (saturado com fator de não

verbal "g"), houve a ativação da superfície frontal lateral em ambos os hemisférios cerebrais.

No Brasil, verifica-se aumento substancial no número de pesquisas que investigaram as

AH/S, embora verifique-se que tal interesse não foi acompanhado da proposição de modelos de

identificação considerados eficazes, bem como de políticas públicas e de projetos de

intervenção direcionados a estes sujeitos. Essa condição, é refletida na escassez de

oportunidades educacionais diferenciadas para este subgrupo, o que consequentemente, termina

impactando sobre o desenvolvimento do seu potencial (Antipoff, 2010).

Nessa direção, Fonseca (2010) destaca a necessidade de desenvolvimento de um método

de identificação das AH/S que possua dinamicidade, trazendo em seu bojo, definição e

operacionalização claras. Adicionalmente, destaca a importância da adoção de um referencial

teórico por parte do profissional que pretende avaliar o sujeito, de modo a subsidiar as suas

práticas de investigação, respaldando o seu diagnóstico. Por fim, afirma que para a realização

do processo avaliativo é indispensável a consideração dos aspectos familiares, escolares e

sociais do indivíduo, ou seja, considerar o caráter multidimensional do fenômeno, o que implica

em ultrapassar a utilização isolada do QI.

Adicionalmente, para além da capacidade de inteligência acima do esperado, estudos

vêm problematizando acerca da importância de alguns processos cognitivos específicos na

determinação do comportamento inteligente, dentre os quais se destacam significativamente as

denominadas funções executivas (Lépine, Barrouillet, & Camos, 2005; Montero-Linares,

Navarro-Guzmán & Aguilar-Villagrán, 2013; Munro, 2010).

2. Funções Executivas

As Funções Executivas (FE) são consideradas habilidades complexas ou superiores e

estão diretamente associadas ao funcionamento do córtex pré-frontal (CPF) e suas múltiplas

conexões subcorticais. Nesse sentido, Pires (2010) aponta que, apesar do papel privilegiado do

CPF na mediação das FE, é mais apropriado afirmar que tais funções são resultado da atividade

de diferentes circuitos neurais, sendo necessária à participação do cérebro na sua totalidade para

um eficaz funcionamento das mesmas.

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De forma global, as FE’s são responsáveis pela capacidade de autorregulação ou

autogerenciamento e seu desenvolvimento representa um importante marco adaptativo na

espécie humana. Além disso, também se associam a habilidades como conseguir se colocar no

lugar do outro (Teoria da Mente), uso de ferramentas para realizar algo, comunicação,

capacidade de estar e viver em grupo, aprender através da experiência e das relações que

estabelece (Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo, & Cosenza, 2008).

A complexidade inerente ao funcionamento executivo humano, bem como a

centralidade deste para a adaptação, desenvolvimento e aprendizagem, fizeram com que

diferentes concepções e modelos explicativos fossem propostos. Luria (1981), considerou as

FE como funções psíquicas superiores que exercem um importante papel na regulação da vigília

e no controle das formas mais complexas de atividade humana dirigida a metas.

Lezak et al. (2004) propuseram um modelo explicativo para as FE baseado em quatro

componentes: volição, planejamento, comportamento premeditado e desempenho efetivo.

Volição (ou vontade) refere-se à capacidade de envolver-se em um comportamento intencional

e requer a capacidade de formular um objetivo. O planejamento envolve a identificação e a

organização dos passos necessários para este fim. Tal processo envolve a capacidade de iniciar

e manter comportamentos, inclusive alterando seu curso (flexibilidade cognitiva) ou

interrompendo seu sequenciamento (controle inibitório). Por sua vez, o comportamento

premeditado seria a tradução de um plano de atividade, ou melhor, um conjunto de sequências

comportamentais complexas. O desempenho efetivo seria a constante avaliação de todas as

operações citadas, de modo a garantir um sistema de automonitoramento.

Alguns autores propuseram uma classificação para as FE baseada na divisão dos seus

componentes em “frios” e “quentes” (Zelazo, Qu, & Muller, 2005; Zalazo & Carlson, 2012;

Ardila, 2008). O primeiro grupo é caracterizado pelo envolvimento de componentes lógicos e

abstratos relacionados à região pré-frontal dorsolateral (planejamento e resolução de problemas,

memória operacional, atenção, flexibilidade cognitiva, abstração e julgamento). Já as FE

consideradas “quentes” estão estruturalmente ligadas aos circuitos orbitofrontais e

ventromediais, possuindo relações com aspectos emocionais, motivacionais e interpretativos

(Malloy-Diniz et al., 2010; Uehara, E., Mata, F., Fichman, H., Malloy-Diniz, L., 2016).

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Hamdan e Pereira (2002), destacam uma variação significativa entre os modelos

propostos para a classificação das FE, na direção de explicar se estes se tratam de um modelo

de sistema único ou de processamento múltiplo. Os modelos mais complexos consideram que

diferentes componentes estariam implicados no funcionamento executivo, entretanto, poderiam

ser avaliados separadamente em situações experimentais (Stuss & Alexander, 2000; Stuss &

Benson, 1984). Esta consideração merece destaque, em especial se atrelada às evidências

oriundas dos estudos de neuroimagem, neurofisiologia e neuropsicologia, os quais sugerem a

existência de diferentes processos cognitivos envolvidos nas FE e relacionados a diferentes

regiões corticais e subcorticais do cérebro (Joanette et al., 2008; Tonietto, Wagner, Trentini,

Sperb, & Parente, 2011). Em outras palavras, não existiria uma função executiva unitária.

Atualmente, há relativo consenso teórico acerca da natureza multidimensional das

funções executivas. Para as perspectivas, que defendem a multidimensionalidade do constructo

das FE, estas envolvem uma ampla variedade de funções cognitivas, tais como: atenção,

concentração, seletividade de estímulos, capacidade de abstração, flexibilidade mental,

autocontrole, memória operacional, fluência verbal, organização e planejamento (Hamdan &

Pereira, 2002). Porém, ainda há divergências entre os pesquisadores no que se refere à natureza

e quantidade destes componentes.

Isso posto, configura-se como desafio para as neurociências atuais, identificar as FE

mais básicas, a partir das quais se desenvolveriam as mais complexas. Os principais modelos

multidimensionais preconizam a existência de FE elementares (mais diretamente relacionadas

à flexibilidade cognitiva, à capacidade de representação na memória de trabalho e à capacidade

de inibição de respostas prepotentes) e FE complexas e multidimensionais, como a

metacognição e a consciência autoreflexiva (Natale, 2007).

O estudo realizado por Dias et al., (2015) que objetivou testar modelos teóricos em

relação aos componentes das FE’s, com base em uma matriz de correlações entre instrumentos

que avaliam distintos componentes dessa habilidade, verificou a existência de 3 modelos

multidimensionais principais. O primeiro modelo fundamenta-se na evidência mais recente de

Miyake e Friedman (2012) que propõe que os componentes básicos são resultado do arranjo

entre um fator de FE geral e componentes específicos.

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O segundo modelo, considerado o mais robusto pelo estudo em tela, aproxima-se mais

da primeira sugestão de Miyake et al. (2000) que delimitaram a unidade, mas também a

multidimensionalidade das FE, ou seja, apesar de relativamente correlacionadas entre si, as três

habilidades básicas de inibição, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva apresentam

também relativa independência. Por fim, o terceiro modelo baseia-se na concepção de Diamond

(2013), segundo a qual há três habilidades executivas básicas, inibição, memória de trabalho e

flexibilidade cognitiva, estando esta última subjacente às duas outras habilidades.

Apesar da inviabilidade de uma definição uníssona das FE, assim como, da quantidade

destas, propomos nesse estudo descrever as três principais funções que integram os modelos

supracitados: controle inibitório; flexibilidade cognitiva e memória operacional.

O controle inibitório ou inibição é responsável pelo controle da atenção, do

comportamento, dos pensamentos e/ou emoções, possibilitando assim um comportamento mais

flexível e adaptativo (Diamond, 2013). Na presença de comprometimento desta função, o

indivíduo fica à mercê de comportamentos impulsivos, apresenta baixa tolerância à espera,

necessitando de recompensas em curto prazo (Gil, 2002; Dawson & Guare, 2010).

O segundo componente das FE aqui destacado é a memória operacional, responsável

pelo armazenamento temporário de informações, enquanto o sujeito realiza uma atividade

mental. Este sistema permite a manipulação ativa da informação e sua constante atualização,

integrando-a a estímulos ambientais e conhecimentos prévios oriundos da memória de longo

prazo (Dias, Menezes & Seabra., 2010; Fuentes et al., 2008; Lezak et al., 2004).

De acordo com o modelo da memória operacional, proposto por Baddeley (1996), esse

sistema auxiliar limitado de processamento de informações possui diferentes componentes,

sendo estes responsáveis por conectar a percepção, a memória de longo prazo e o ambiente. Um

dos principais componentes da memória operacional é o executivo central, que trabalha em

conjunto com dois outros sistemas: a alça fonológica e o esboço visoespacial. Neste modelo, a

alça fonológica é um sistema de apoio que reverbera, temporariamente, as informações verbais,

enquanto o esboço visoespacial fornece um mapa mental das informações visuais e espaciais.

Por sua vez, o executivo central exerce o papel de gerenciar essas informações, direcionando o

controle atencional e inibindo a interferência de distratores de forma simultânea. Mais

recentemente, Baddeley (2000) reformulou sua proposta original e integrou um quarto

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componente, o chamado “buffer episódico”, que também é controlado pelo executivo central e

atua integrando informações fonológicas e visoespaciais (representação multimodal).

Por fim, a flexibilidade cognitiva pode ser conceituada como a “capacidade de mudar

(alternar) o curso das ações ou dos pensamentos de acordo com as exigências do

ambiente”. Ainda nesse sentido, Seabra, Reppold, Dias e Pedron (2014), destacam que essa

habilidade estaria relacionada ao conceito de criatividade, possibilitando que o indivíduo

adapte-se a situações novas. Dificuldades na flexibilidade cognitiva podem implicar em um

padrão de comportamento rígido.

Estudos atuais têm buscado identificar evidências que caracterizem as relações

existentes entre as FE, a inteligência e o desempenho acadêmico. Diamond (2013) destaca que

há indícios significativos de que as FE sejam fundamentais para a aprendizagem, sendo estas

consideradas preditores da aquisição de leitura e escrita e do raciocínio lógico matemático

(Capovilla & Dias, 2008). No entanto, ainda não são claras as relações entre as FE e a

inteligência, conforme discutido a seguir.

2.1 Inteligência e Funções Executivas

Os estudos acerca das evidências de princípios que regem a inteligência humana

representa um objetivo central e duradouro das neurociências e da psicologia cognitiva (Barbey

& Barsalou, 2009; Barbey et al, 2009a, b, 2011a, b;. Miller & Phelps, 2010; Barbey & Grafman,

2011; Barbey & Patterson, 2011). Convém destacar que em pesquisas recentes, fazendo uso de

neuroimagens funcional, identificou-se que o córtex pré-frontal (CPF) desempenha um papel

central no controle executivo, bem como nos processos considerados centrais para o

comportamento inteligente na espécie humana (Miller, 2000; Miller & Cohen, 2001).

Tais achados, sugerem que pode ser estabelecidas relações entre a inteligência e as FE,

como preconizado pelo estudo de, que buscou, baseando-se no modelo de Miyake et al. (2000)

identificar se alguma das habilidades executivas centrais poderia prever a Gf e/ou a Gc. Os

resultados apontaram evidências de correlação da Gf apenas com a memória operacional, ou

seja, os pesquisadores concluíram que, em adultos, nem todas as FE relacionam-se diretamente

com a inteligência.

Porém, a questão central dessa problemática diz respeito à forma como o CPF contribui

para a arquitetura do processamento das funções psíquicas superiores e, em particular, se as

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redes pré-frontais são computacionalmente necessárias para os principais recursos da

inteligência humana (Colom et al, 2010;. Deary et al., 2010 ; Colom & Thompson, 2011).

Constata-se que a arquitetura da inteligência continua a ser o foco de pesquisa e debate em

curso, na busca por descobrir se esta incorpora uma única capacidade cognitiva implementada

dentro das redes de processamento do CPF (Duncan et al, 2000;.Duncan, 2010) ou se deriva,

de múltiplas operações cognitivas que envolvem um sistema distribuído de regiões corticais

funcionalmente especializadas (Colom et al, 2006a, b, 2007, 2009;. Jung e Haier, 2007; Gla

Scher et al, 2010, 2009;. Colom & Thompson, 2011).

Dentre os estudos que seguiram tal direção de investigação, alguns encontraram

evidências de que algumas habilidades executivas apresentam correlação mais forte com a

inteligência, em detrimento de outras. Por exemplo, em estudos com adultos, a memória, e mais

especificamente, o componente executivo central de trabalho, parece ter relação tanto com a

Gc, quanto com a Gf, enquanto a relação com outras habilidades executivas é menos consistente

(Abreu, Siquara, Leahy, Nikaedo, & Engel de Abreu, 2014;. Friedman et al, 2006).

Para Ardila, Pineda e Rosselli (2000), conforme descrito por Wechsler já em 1944,

alguns dos elementos da inteligência são constituídos pelo: “agir intencionalmente”, controlar

os impulsos, planejar algo e pelo “pensar racionalmente”, ou seja, organizar e dirigir a cognição.

No estudo que realizaram, concluem que os instrumentos tradicionais de avaliação da

inteligência não avaliam efetivamente os construtos das FE, e apontam dois fatores que podem

impedir a identificação de correlações significativas entre esses dois fenômenos: ou os

elementos das FE não fazem parte de um “comportamento inteligente”, ou os testes

psicométricos de inteligência são insuficientes na avaliação do fenômeno que busca investigar.

De modo geral, a literatura aponta que a relação da inteligência com as FE não detém

consenso entre os estudiosos da área. Pesquisas neuropsicológicas com grupos clínicos e não

clínicos, destacam que lesões frontais não necessariamente comprometem o QI (Milner, 1982;

Damásio & Anderson, 1993). Autores problematizam que, as poucas pesquisas que

examinaram a relação entre as FE e inteligência foram inconsistentes, uma vez que ficaram

circunscritas a indivíduos na adultez (Donders & Kirsch, 1991; Johnstone, Holland & Larimore,

2000).

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Pesquisas atuais, tais como a de Chuderski, Taraday, Necka e Smolén (2012) apontam

que a capacidade de armazenamento apresentou-se como um forte preditor da Gf. No entanto,

o controle executivo, composto por três habilidades, como controle da atenção, resolução de

interferência e controle inibitório não apresentou relação significativas com a Gf. Esse mesmo

estudo problematizou acerca da memória operacional ser um preditor da inteligência em

adultos, questionando as decisões metodológicas que teriam comprometido os achados

(Chuderski,2013).

É notório destacar que pesquisas nessa direção têm pautado as investigações apenas em

grupos com adultos, sendo assim há escassez de estudos que tratem dessa relação com grupo

infantil que não apresenta comprometimento, nem dano cognitivo. A maioria deles estão

direcionados para pesquisas empíricas que envolvem grupos clínicos e adultos (Duan et al,

2010;. Lehto et al, 2003;. McAuley & White, 2011; Rose, Feldman, & Jankowski, 2011; Wiebe,

Espy, & Charak, 2008; Willoughby et al, 2012;. Wu et al, 2011). Dentre os estudos que

investigaram grupos de crianças, aqueles desenvolvidos por Duan et al. (2010) e Lehto et al.

(2003), não encontaram associação entre as FE e as Gf e Gc.

Em suma, os seis artigos que tentaram replicar o estudo realizado por Miyake et al.

(2000) concluem que as FE parecem ser unitária até os 7 anos de idade (Shing et al, 2010;.

Wiebe et al, 2008;. Willoughby et al, 2012.). No entanto, em torno dos 10 anos, estas funções

passam a ser distinguíveis (Duan et al, 2010;. Lehto et al., 2003;. Wu et al, 2011.). Além disso,

destacam que o desenvolvimento da inteligência é, em si, caracterizado por diferenciação com

o aumento da idade. Os dois tipos de inteligência, Gf e Gc, não são distinguíveis na primeira

infância (Cattell, 1967), mas só ao final desta adquirem independência (Stankov, 1978).

Por fim, destaca-se o estudo realizado por Brydges, Reyd, Fox e Anderson (2012) que

replicaram o estudo de Friedman et al., (2006), porém em grupo infantil. Este constatou que a

proporção da variância entre Gf e Gc, explicado pelo funcionamento executivo, é muito maior

em crianças. Os autores concluíram que a diferenciação dos dois tipos de inteligência (Gf e Gc)

ocorre mais cedo do que a distinção das FE em crianças. Essa diferença pode ser explicada a

partir de uma perspectiva neuropsicológica, na qual as três prinicpais FE são comumente

associadas com a ativação do córtex pré-frontal (Duncan & Owen, 2000), sendo esta mais difusa

em crianças do que em adultos (Casey et al., 2000).

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Atualmente, a investigação da relação desses construtos tem chegado a patamares

investigativos mais específicos, já que a problemática da maturação cerebral, bem como a

limitação da base conceitual dos instrumentos são variadas.

Diante da falta de consenso acerca de evidências sobre a relação entre as FE’s e a

inteligência, bem como a não identificação de estudos que investigaram essa relação, em

crianças com AH/S, é pertinente considerar a importância deste estudo, que tem como objetivo

central investigar em que medida o funcionamento executivo está diretamente relacionado a

patamares de inteligência significativamente acima da média global.

3. Objetivos

3.1 Objetivo geral

Investigar o funcionamento executivo em crianças com Altas Habilidades/Superdotação

3.2 Objetivos Específicos

Comparar o desempenho nos subtestes de funções executivas de crianças com altas

habilidades/superdotação e crianças com desenvolvimento típico;

Verificar correlação existente entre subtestes de funções executivas e teste de

inteligência fluida.

4. Método

Convém salientar que o presente estudo está em conformidade com as regras do

Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução n° 466/2012, que estabelece as diretrizes e

normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Este foi submetido e

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

– CEP/UFRN (CAEE - 42950315.3.0000.5537). Todos os professores, pais e/ou responsáveis

pelas crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e as crianças

assinaram o Termo de Assentimento.

4.1 Participantes

Participaram do presente estudo 24 crianças, com idades entre 7 e 11 anos de idade, de

ambos os sexos, divididas em dois grupos em função do nível de inteligência:

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O Grupo 1 (G1) foi constituído por 12 crianças com AH/S. Para tanto, foram utilizados

os seguintes critérios: a) classificação de inteligência entre os percentis 95 a 99, obtida através

do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR) e; b) indicadores

comportamentais compatíveis com as AH/S, pautados nos pressupostos da Teoria dos Três

Anéis. As crianças participantes foram recrutadas no Núcleo de Atendimento de Altas

Habilidades/Superdotação (NAAHS) do Rio Grande do Norte e no Laboratório de Pesquisa e

Extensão em Neuropsicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAPEN -

UFRN).

O Grupo 2 (G2) foi composto por 12 crianças com desenvolvimento típico, recrutadas

de forma aleatória no banco de dados do LAPEN-UFRN, pareadas ao G1 em função do sexo,

idade e nível socioeconômico. Foram incluídas crianças que obtiveram classificação da

inteligência em percentis medianos (26 a 75), obtidos através do Teste das MPCR.

Em ambos os grupos, não foram incluídas crianças com quaisquer alterações visuais

e/ou auditivas não corrigidas, de coordenação motora ou qualquer outro comprometimento

desenvolvimental que inviabilizasse a execução das atividades propostas.

4.2 Instrumentos

a) Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven

O Teste das Matrizes Progressivas de Raven foi desenvolvido por John C. Raven na

Universidade de Dumfries, Escócia, sendo padronizado e publicado em 1938. A forma original,

denominada Matrizes Progressivas Standard (Standard Progressive Matrices – SPM), é

conhecida no Brasil como Escala Geral. Em 1947, o autor desenvolveu a escala das Matrizes

Progressivas Coloridas (Coloured Progressive Matrices – CPM), para ser empregada com

crianças pequenas, pessoas idosas e deficientes mentais.

No Brasil, as MPCR são conhecidas como Escala Especial, sendo constituída por três

séries de 12 itens: A, Ab e B. Os itens estão dispostos em ordem de dificuldade crescente em

cada série, sendo cada série mais difícil do que a série anterior. No início de cada série são

sempre colocados itens mais fáceis, cujo objetivo é introduzir o examinando num novo tipo de

raciocínio, que vai ser exigido para os itens seguintes. Os itens consistem em um desenho ou

matriz com uma parte faltando, abaixo do qual são apresentadas seis alternativas, uma das quais

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completa a matriz corretamente. O examinando deve escolher uma das alternativas como a parte

que falta.

A escala colorida recebe este nome porque a maior parte de seus itens são impressos

com um fundo colorido, cujo objetivo é atrair a atenção e motivar as crianças pequenas.

O teste foi elaborado tendo como base o referencial da teoria bifatorial de Charles

Spearman e tem como objetivo avaliar um dos componentes da inteligência, a capacidade

edutiva, vinculada à Gf. A capacidade edutiva consiste em extrair novos insights

(compreensões) e informações do que já é percebido ou conhecido. A relação precisa ser

descoberta para que as variáveis possam ser reconhecidas. Portanto a capacidade edutiva

relaciona-se à capacidade de extrair significado de uma situação confusa, de desenvolver novas

compreensões, de ir além do que é dado para perceber o que não é imediatamente óbvio, de

estabelecer constructos, principalmente não verbais.

b) Scale for Rating the Behavioral Characteristics of Superior Students (SRBCSS -

III)

A SRBCSS foi desenvolvida por J. Renzulli com o objetivo de identificar crianças com

AH/S, através de respostas fornecidas por professores. A escala avalia o aluno em 14 domínios:

aprendizagem, criatividade, motivação, liderança, artes cênicas e plásticas, música,

comunicação (expressão e precisa), planejamento, matemática, leitura, tecnologia e ciências.

Além de proporcionar maior precisão ao professor acerca da expressão das altas habilidades, a

escala permite levantar informações sobre as áreas fortes ou de destaque do estudante,

permitindo a promoção de atividades adaptadas para o desenvolvimento adequado do seu

potencial.

Cada escala apresenta uma lista de comportamentos que o professor assinala de acordo

com a assiduidade observada da característica (nunca; muito raramente, raramente,

ocasionalmente; frequentemente; sempre). As escalas são pontuadas separadamente para se

obter estimativas do professor quanto às características de cada aluno nas 14 áreas, de maneira

que as características mais assinaladas como “sempre”, já denotam para o professor as áreas de

maior interesse por parte do aluno (Renzulli et al., 1976; Renzulli et al., 2002; Renzulli, Smith,

White, Callahan, Hartman, Westberg, Gavin, Reis, Siegle & Sytsma, 2010).

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Para esta pesquisa, foi realizada a tradução e adaptação transcultural do instrumento. O

procedimento foi constituído por seis etapas: solicitação de permissão dos autores, processo de

tradução, retro-tradução, análise da fidedignidade dos itens, julgamento de especialistas e

submissão da escala para avaliação do público que o instrumento é destinado, a saber,

professores do ensino fundamental e médio. Análises estatísticas indicaram correlação

moderada de concordância entre os juízes em termos de compreensão e adequação dos itens

(k=0,5607).

c) Subteste de Atenção/Função Executiva da bateria neuropsicológica (NEPSY-

II):

O NEPSY- II (Korkman, Kirk, & Kemp, 2007) é a segunda edição da Developmental

Assessment (Korkman, Kirk, & Kemp, 1998), constituída de 32 subtestes e quatro tarefas de

avaliação tardia divididos em seis domínios: Atenção e Funções executivas, Linguagem,

Memória e Aprendizagem, Sensório-motor; Processamento Visuoespacial e Percepção Social.

A tradução, adaptação e normatização brasileiras foram realizadas pela pesquisadora N. Argollo

(Argollo et al, 2009).

De modo geral, os subtestes do domínio “Atenção/ Função Executiva” utilizados como

instrumentos de coleta de dados nesta pesquisa são diversificados em termos de apresentação

do estímulo, requisitos de administração, tipo de resposta e pontuação. Estes avaliam a inibição

de respostas aprendidas e automáticas, monitoramento e autoregulação; vigilância; atenção

seletiva e sustentada, capacidade de estabelecer, manter e mudar um conjunto de resposta,

resolução de problemas não verbais, planejamento e organização de uma resposta complexa e

fluência pictórica. Abaixo estão descritos os subtestes empregados. Contudo, um maior

detalhamento, em termos de critérios de aplicação, faixa etária prevista e componentes

executivos predominantemente avaliados está contemplado no Apêndice A.

1) Atenção Auditiva (AA) e Conjunto de Respostas (CR)

Este subteste possui duas etapas: Atenção Auditiva e Conjunto de Respostas. Em ambas,

a criança escuta uma lista de palavras-alvo e vocábulos distratores, com intervalo fixo de 1

segundo entre elas, através de um estímulo sonoro pré-gravado. A atividade consiste em apontar

para o círculo correspondente à palavra-alvo escutada. São registrados no protocolo de

respostas todos os erros cometidos durante a execução das atividades, são eles: erros de ação

(tocar o círculo correto após um intervalo superior a dois segundos ou tocar qualquer círculo

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após uma palavra que não seja a palavra-alvo); erros de inibição (tocar um círculo incorreto

após ouvir a palavra-alvo) e erros de omissão (não tocar o círculo correspondente após a

palavra-alvo).

O subteste Atenção Auditiva (AA) avalia o subcomponente executivo atenção seletiva

e a habilidade para sustentá-la (vigilância). Foi desenvolvido para avaliar essas funções na faixa

etária de 5 a 16 anos. Nesta primeira etapa, a criança é instruída a tocar o círculo vermelho no

caderno de estímulos (Figura 2) disposto a sua frente assim que escutar a palavra-alvo

VERMELHO. Em Conjunto de Respostas (CR), a criança deve inibir a resposta preponderante

aprendida na primeira atividade e tocar o círculo vermelho ao ouvir a palavra-alvo AMARELO,

tocar o círculo amarelo ao ouvir a palavra-alvo VERMELHO e, por fim, tocar o círculo azul ao

ouvir a palavra-alvo AZUL. Esse subteste deve ser aplicado somente a partir dos 7 anos.

Figura 2. Folha de estímulos dos subtestes Atenção Auditiva e Conjunto de Respostas

2) Classificando Animais (CA)

Trata-se de uma atividade desenvolvida para avaliação de crianças e adolescentes de 7

a 16 anos, baseada no paradigma clássico de categorização de cartas que avalia a habilidade de

formular conceitos, transformá-los em ação e alternar de um conceito criado para outro novo.

São dispostos oito cartões com configurações diferentes de cor (azul ou amarelo), forma

(animais e ambientes diversos) e número. A criança é instruída a fazer dois grupos de quatro

cartas escolhendo-as conforme um critério de classificação próprio, em um tempo limite de seis

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minutos. A atividade inicia após o treino da primeira classificação, quando o avaliador

posiciona duas duplas de cartas a ser completadas representando dois grupos (animais grandes

x animais pequenos) para que a criança posicione as duas cartas correspondentes, de modo a

completar os grupos corretamente (Figura 3).

O NEPSY-II prevê doze (12) possibilidades de classificação, são estas: sol/chuva; face

dos animais para a direita/ face dos animais para a esquerda; um animal/ dois animais; bordas/

sem bordas; animais com movimento/ animais sem movimento; água/ sem água; pelo/ sem pelo;

cartão azul/ cartão amarelo; animal de estimação/ animal selvagem; animais listrados/ animais

sem listras; árvore/ sem árvore e paisagem montanhosa/ paisagem plana. O protocolo de

respostas registra o número de classificações corretas, originais (criadas pela criança, mas não

previstas no instrumento) e repetidas.

Para esta pesquisa, foram registrados todos os critérios de classificação adotados pela

criança, para posterior análise qualitativa. Os critérios não previstos pelo instrumento não foram

pontuados como acertos.

Figura 3: Exemplo dos cartões de estímulos do subteste Classificando Animais

3) Fluência em Desenhos (FD)

Esta atividade foi planejada para avaliar a fluência pictórica de crianças e adolescentes

de 5 a 16 anos através de tarefa de conexão de cinco pontos dispostos em grade estruturada

(primeira etapa/ Figura 4) e aleatória (segunda etapa). A criança deve conectar os pontos em

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linha reta utilizando lápis, de modo a criar desenhos originais no tempo limite de 60 segundos

para cada etapa. Cada desenho equivale a um ponto se observadas as seguintes condições: crivo

de correção confirme linhas retas ou com distorções de até 4mm e abertura entre os pontos da

matriz inferior a 2mm. Não são pontuados desenhos repetidos. Cada série inicia após o treino

de quatro desenhos, sendo dois realizados pelo avaliador e dois pelo participante.

Figura 4: Exemplo da folha de estímulo do subteste Fluência em Desenhos (série estruturada)

4) Inibindo Respostas (IR)

Este subteste avalia a habilidade de inibir respostas automáticas em favor de respostas

novas através de duas séries (Formas e Setas) de três etapas cada (Nomeação, Inibição e

Mudança). Todas as etapas possuem um exemplo de treinamento que deverá ser corretamente

respondido pelo avaliado antes do início da atividade. As etapas são cronometradas e utilizam

a mesma distribuição de estímulos, com variações apenas nas instruções e figuras-estímulo

(círculo/quadrado ou setas para cima/setas para baixo) ilustradas abaixo (Figura 5). São

registrados erros autocorrigidos e não corrigidos no decorrer da atividade. Esta atividade foi

desenvolvida para avaliar crianças e adolescentes de 5 a 16 anos. Todavia, o instrumento sugere

que a etapa Mudança seja realizada somente a partir dos 7 anos.

A primeira etapa da série Formas consiste na nomeação das formas geométricas (círculo

e quadrado) conforme dispostas no caderno de estímulos. Na etapa Inibição, a criança deve

nomear as mesmas formas apresentadas anteriormente a partir de um critério de oposição:

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círculos deverão ser nomeados QUADRADO e quadrados deverão ser nomeados CÍRCULO.

A terceira e última etapa, exige a manutenção de dois novos critérios: as formas geométricas

brancas deverão obedecer ao critério de nomeação por oposição (Círculo-QUADRADO/

Quadrado-CÍRCULO), enquanto que as formas em preto deverão ser nomeadas corretamente

(Círculo-CÍRCULO/ Quadrado-QUADRADO).

Na primeira etapa da série Setas, a criança deve nomear as figuras de acordo com sua

posição, ou seja, setas apontando para cima deverão ser nomeadas CIMA e setas apontando

para baixo deverão ser nomeadas BAIXO. Na etapa Inibição, as setas deverão ser nomeadas de

acordo com o critério de oposição (Cima-BAIXO/ Baixo- CIMA). A etapa Mudança adota os

mesmos critérios de cor da série Formas, quais sejam: setas brancas deverão ser nomeadas por

oposição (Cima-BAIXO/ Baixo-CIMA) e setas pretas deverão ser nomeadas conforme apontam

(Cima-CIMA/ Baixo-Baixo).

Figura 5. Exemplo da folha de estímulo do subteste Inibindo Respostas (série formas)

5) Relógios (REL)

Este subteste misto foi desenvolvido para avaliar crianças e adolescentes de 7 a 16

anos através de atividades visuais e executivas planejadas para avaliar o conceito de tempo

relacionado a relógios analógicos, habilidades visoespaciais, bem como organização e

planejamento. As tarefas são gradativamente simplificadas, de modo que dificuldades

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específicas em etapas diferentes do subteste possam ser analisadas com maior sensibilidade.

Então, inicialmente, a criança recebe a instrução de desenhar relógios analógicos com horários

pré-determinados (03:00 e 11:10, respectivamente) em uma folha em branco. Na etapa

posterior, a criança deve basear-se no horário apresentado pelo relógio digital do caderno de

estímulos para completar um relógio analógico, cujo círculo externo já está fixado, com

números e ponteiros correspondentes. A terceira etapa consiste na nomeação dos horários de

quatro relógios-estímulos, sendo dois apenas pela posição dos ponteiros. Já a última atividade

consiste na cópia de um relógio analógico apresentado no caderno de estímulos (Figura 6).

Figura 6: Exemplo do caderno de estímulos do subteste Relógios (itens 3 e 4)

4.3 Procedimentos

Os procedimentos de coleta dos dados foram divididos em três etapas. A primeira etapa

consistiu na constituição do grupo clínico e controle da pesquisa. Para o grupo clínico, foi

estabelecido contato telefônico com os responsáveis pelas crianças com indicativo de altas

habilidades, listadas no banco de dados do Laboratório de Pesquisa e Extensão em

Neuropsicologia da UFRN (LAPEN-UFRN) e no Núcleo de Atividade em Altas

Habilidades/Superdotação (NAAH/S RN). Nesse primeiro momento, estes foram informados

acerca dos objetivos centrais do estudo e convidados a comparecer, na companhia das crianças,

ao Serviço de Psicologia Aplicada da UFRN (SEPA-UFRN).

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Para o grupo controle, foi igualmente utilizado o banco de dados do LAPEN-UFRN, e

realizado contato telefônico com os responsáveis a fim de convidá-los a participar da pesquisa,

explicitando brevemente o objetivo central da mesma.

No momento da primeira entrevista, eram realizadas sequencialmente as seguintes

atividades: a) explicitação dos objetivos e procedimentos do estudo aos pais e/ou responsáveis,

seguido da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os que concordaram

com a participação da criança; b) explicitação dos objetivos e procedimentos do estudo às

crianças, seguido da assinatura do Termo de Assentimento para as que concordaram com a sua

participação e; c) aplicação do MPCR para identificação da capacidade intelectual da criança.

Para a segunda etapa, foram selecionadas para o grupo clínico as crianças que obtiveram

resultados classificados em percentil igual ou maior a 95 na MPCR e, para o grupo controle,

aquelas cujos resultados foram classificados em percentil entre 50 a 70. Esta segunda etapa

também foi composta por anamnese com pais/responsáveis, objetivando contextualizar os

dados clínicos e comportamentais das crianças de ambos os grupos.

Para o grupo clínico, os pais foram informados da necessidade de escolher um professor

da criança para avaliar os componentes das AH/SD mediante o preenchimento da SRBCSS.

Após a indicação, a examinadora agendou nas escolas entrevistas individuais com cada um dos

professores, com o objetivo de explicitar os objetivos do estudo, apresentar a escala e solicitar

a sua participação. Aos que concordaram, foi entregue para a assinatura o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Cada um dos professores teve o tempo máximo de uma

semana para preencher a escala. Ao final deste período, a examinadora retornava a cada um dos

estabelecimentos para recolher as escalas preenchidas.

Por fim, para a terceira etapa foram selecionadas para o grupo clínico as crianças que

cumpriram os seguintes critérios: Percentil no MPCR acima ou igual a 95 e frequência de

comportamento acima da média nas escalas de motivação, aprendizagem e criatividade. Neste

momento, para as crianças de ambos os grupos, foram aplicados os subtestes da Nepsy II, com

o objetivo de avaliar as funções executiva. A aplicação, não adotou uma ordem fixa, de modo

que foi elaborado plano de trabalho específico para cada criança, levando em consideração seu

engajamento e motivação nas atividades propostas. A realização dos subtestes foi conduzida

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individualmente, efetivando-se em duas sessões (em alguns casos houve a necessidade de três

sessões) de aproximadamente uma hora de duração.

4.4 Análise dos dados

Inicialmente, foi realizada análise descritiva dos desempenhos obtidos pelos dois grupos

em cada um dos subtestes aplicados. Os desempenhos dos grupos foram comparados através

do Teste U de Mann-Whitney.

Posteriormente, foi utilizada a análise descritiva multidimensional do tipo Cluster, com

o objetivo de agrupar informações contidas em variáveis categoriais-descritivas, de maneira a

obter características de grupos que pudessem ser interpretáveis pelo pesquisador. Tal

modalidade de análise, possibilita a reunião de dados nominais em agrupamentos, de forma tal

que os componentes de um mesmo agrupamento tenham alta similaridade entre si e elevada

dissimilaridade em relação aos componentes associados a outros grupos (Silva, 2007).

Por fim, realizou-se estatística de correlação linear, para verificar, através do teste de p

de Spearman, a magnitude da correlação existente entre os subtestes de funções executivas e de

inteligência geral (g). Foi adotado como critério para interpretação dos coeficientes de

correlação: 0 a 0,09 (nula); 0,10 a 0,39 (baixa); 0,40 a 0,69 (moderada); 0,70 a 0,99 (alta) e 1,00

(muito alta).

Ressalta-se que as análises estatísticas dos dados foram realizadas mediante o auxílio

do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 21.0). Adotou-se p<0,05 como

nível de significância em todas as análises.

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5. Resultados

5.1 Composição da Amostra Geral

Seguindo os critérios de inclusão e exclusão, a amostra geral constituiu-se de 24

crianças, sendo 12 diagnosticadas com AH/S e 12 de desenvolvimento típico, sendo 18 do sexo

masculino (75%) e 6 do sexo feminino (25%) (Tabela 1). A idade da amostra total variou de 7

a 11 anos, com idade média de 9,00 anos (DP = 1,56) (Tabela 2). Em termos do nível

socioeconômico, 41,7% das crianças pertenciam à classe A (renda familiar acima de R$

15.970,00), 16,7% à classe B1 (renda familiar entre R$ 7.092 a R$ 15.970,00), 16,7% à classe

B2 (renda familiar entre R$ 3.940,00 a R$ 7.092), 16,7% à classe C1 (renda familiar entre R$

1.576,00 a R$ 3.940,00) e 8,3% à classe C2 (renda familiar entre R$ 788,00 a R$ 1.576,00)

(Tabela 3). As médias dos percentis obtidos pelos dois grupos no Teste das MPCR foi de 97

para o G1 e 70 para o G2.

Tabela 1.

Variável sexo na amostra geral

Sexo Frequência (N) Percentual (%)

Masculino 18 57,1

Feminino 6 42,9

Tabela 2.

Variável idade na amostra geral

Idade Frequência (N) Percentual (%)

7 6 25%

8 2 8,3%

9 8 33,3%

10 4 16,8%

11 4 16,6%

Tabela 3.

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Variável nível socioeconômico na amostra geral

Nível Socioeconômico Frequência (N) Percentual (%)

Classe A

(mais de R$ 15.760,00 )

10 41,7%

Classe B1

(entre R$ 7.092 e 15.760,00)

4 16,7%

Classe B2

(entre R$ 3.940 e 7.092)

4 16,7%

Classe C1

(entre R$ 1.576 e 3.940)

4 16,7%

Classe C2

(de R$ 788,00 a 1.576,00)

2 8,3%

5.2 Análise dos desempenhos nos subtestes de funções executivas

Foi realizado a comparação dos desempenhos obtidos pelos dois grupos nos subtestes

Atenção Auditiva, Conjunto de Respostas, Classificando Animais, Fluência de Desenhos,

Inibindo Respostas e Relógios. Os resultados não evidenciaram diferença significativa entre as

médias obtidas (p>0,05), indicando quase similaridade no desempenho entre o grupo clínico e

controle infantil como costa na Tabela 5.

Tabela 4.

Média e desvio padrão dos desempenhos entre os grupos clínico e controle

(grupo clínico)

n=12

(grupo controle)

n=12

U de Mann-Whitney P

(Sig)

Atenção Auditiva 10,17 (± 4,08) 11,00 (±3,41) U=65,500/z = -0,379 0,704

Conjunto de Respostas 9,50 (±2,97) 11,08 (±2,42) U=49,000/z = -1,340 0,180

Classificando Animais 7,92 (±2,10) 7,33(±2,42) U=61,500/z = -0,613 0,540

Fluência de Desenhos 10,17(±2,94) 7,50(±3,68) U=44,000/z = -1,625 0,104

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Inibindo Respostas 9,92 (±4,52) 8,92 (±4,12) U=61,500/z = -0,610 0,542

Relógios 5,83(±3,40) 9,00(±5,36) U=43,500/z = -1,658 0,097

5.3 Análise de Cluster

Foram submetidas à análise descritiva multidimensional do tipo Clusters, sete variáveis

comuns a todos os participantes do estudo, quais sejam: “Atenção Auditiva - Escore total”,

“Conjunto de Respostas – Escore Total”, “Classificando Animais – Escore Total”, “Fluência

de Desenhos – Escore Total”, “Inibindo Respostas – Erros totais” “Relógios – Escore Total” e

“Percentil do Raven”.

Da aplicação da referida análise, evidenciou-se conjunto de variáveis relevantes para a

partição do efetivo global em dois agrupamentos compostos com, respectivamente, 58,3%

(Grupo 1) e 41,7% (Grupo 2) do efetivo da amostra, não havendo perda, ou seja, sujeito-

participante não-incluído em um dos dois grupos, conforme ilustrado a seguir na Figura 7

Figura 7: Tamanhos dos clusters

Destacou-se como partição de qualidade de cluster razoável, em que a medição de

silhueta de coesão e separação foi igual a 0,3. A Figura 8, destaca os preditores de maior

importância na distinção entre os clusters formados. Foram consideradas as variáveis com

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limiar de importância mínima próxima a 0,3 (num intervalo de 0,0 a 1,0, com índice mínimo

usual de 0,5).

De acordo com o exposto na Figura 8, a variável de maior força na partição entre os

Clusters formados, foi “Atenção Auditiva”, seguidas por “Fluência de Desenhos”. As

categorias “Classificando Animais”, “Inibindo Respostas”, “Conjunto de Respostas”,

“Relógios” e “Percentil no Raven” tiveram menor importância para a partição dos grupos,

porém foram analisadas de modo a ampliar a caracterização de cada um dos grupos

segmentados.

Figura 8: Apresentação das variáveis relevantes para a distribuição da amostra em dois clusters.

O Grupo 1 caracterizou-se pela predominância de pontuação média no subteste de

“Atenção Auditiva”, e acima da média em “Fluência de Desenhos”. Por sua vez, o Grupo 2 se

caracterizou pelo maior número de respostas que expressaram a classificação acima da média

no subteste “Atenção Auditiva” e limítrofe em “Fluência de Desenhos”.

5.4 Análises Correlacionas dos testes

A intensidade da relação linear entre o desempenho dos subgrupos de crianças nos

diferentes subtestes da Bateria NEPSY-II e do testes MPCR foi avaliada através do coeficiente

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de correlação de Spearman (r). Trata-se de índice com valores situados ente -1,0 e 1.0 que varia

desde a correlação perfeita (positiva ou negativa) entre duas variáveis quantitativas até a total

independência entre elas. Dancey e Reidy (2006) interpretam a magnitude da correlação da

seguinte forma: r = 0,10 até 0,30 (fraco); r = 0,40 até 0,6 (moderado); r = 0,70 até 1 (forte).

Diante disso, foram investigadas as correlações entre os subtestes que avaliaram as

funções executivas e o Teste das Matrizes Coloridas de Raven (capacidade intelectiva).

Identificou-se correlação positiva, porém fraca, entre o teste MPCR com AA (atenção auditiva)

(p=0,098), CA (classificando animais) (p=0,058), IR (inibindo resposta) (p=0,224) e FD

(fluência de desenho) (p=0,378). Contudo, os subtestes CR (conjunto de respostas) e RL

(relógios) possuem correlação negativa fraca com o teste MPCR, respectivamente, (p=-0,180)

e (p=-0,275), conforme explicitado na Tabela 5.

Tabela 5.

Correlações entre os subtestes de funções executivas e inteligência geral no grupo clínico e

controle infantil

Subtestes P

(Sig)

P

(Spearman) Interpretação

Atenção Auditiva 0.649 0.098 Fraca

Conjunto de Respostas 0.399 -0.180 Negativa Fraca

Classificando Animais 0.789 0.058 Fraca

Fluência de Desenhos 0.069 0.378 Fraca

Inibindo Respostas 0.292 0.224 Fraca

Relógios 0.193 -0.275 Negativa Fraca

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6. Discussão dos Resultados

O presente estudo objetivou investigar as relações entre inteligência fluida e funções

executivas, considerando para tanto dois patamares distintos de inteligência, a saber, aquele

situado dentro da denominada variação normal de inteligência e aquele situado em patamares

superiores. Este último, em associação com características comportamentais como motivação e

criatividade, circunscrevendo o que se denomina altas habilidades/superdotação. Participaram

do estudo 24, sendo 12 crianças identificadas com altas habilidades/superdotação (AH/S), com

idades entre 7 e 11 anos e, 12 crianças hígidas, pareadas por sexo, idade e nível socioeconômico

em relação às crianças com AH/S. Adicionalmente, buscou-se verificar em que medida o

desempenho em tarefas de FE’s correlacionavam-se com a capacidade intelectiva.

Os resultados desse estudo indicam que não houve diferenças significativas entre os

desempenhos de crianças com AH/S e os de crianças típicas nos subtestes de FE’s. Apesar da

inexistência de significância estatística, é interessante notar que o grupo de crianças com altas

habilidades obteve resultados superiores, em comparação com o grupo controle, em apenas dois

dos seis subtestes do domínio de atenção e funções executivas da Nepsy II. Esse resultado pode,

à primeira vista, parecer contraditório, uma vez que se alimenta o mito que tais crianças são

diferenciadas em todos os domínios cognitivos. Entretanto, muitos autores discutem o quanto

o elevado nível de inteligência pode conviver com déficits significativos em habilidades

cognitivas específicas, tais como a escrita, a leitura e a atenção, configurando o que se denomina

‘dupla-excepcionalidade’(Reis, Baum & Burke, 2014).

Entende-se por dupla-excepcionalidade aquelas condições nas quais os alunos

demonstram alto potencial intelectual, ou de criatividade, em um ou mais domínios, tais como

matemática, ciências, tecnologia, artes, dentre outros, acompanhado de uma ou mais

desabilidade. Tais desabilidades incluem transtornos de aprendizagem, alterações de

linguagem, desordens emocionais e sociais, autismo e, de forma mais acentuada, transtornos de

atenção/hiperatividade (Reis, Baum & Burke, 2014).

Isso posto, é interessante notar que as crianças deste estudo apresentaram pior

desempenho, na comparação com as crianças do grupo controle, nos subtestes do Nepsy II:

‘atenção auditiva’, ‘conjunto de respostas’, ‘inibindo respostas’ e ‘relógios’. Os três primeiros

subtestes avaliam respectivamente os mecanismos de atenção sustentada; memória operacional

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e atenção alternada; controle inibitório e automonitoramento. O comprometimento da dimensão

atencional, de forma recorrente, está presente no discurso de pais e professores (Nicpon,

Assouline & Colangelo, 2013), bem como na avaliação comportamental de crianças com AH/S

(Habib, 2015).

Porém, as alterações atencionais nem sempre estão diretamente vinculadas a contexto

de dupla-excepcionalidade. É importante considerar dois aspectos centrais, a ebulição de

pensamentos e ideias que simultaneamente são processadas pelas crianças com AH/S (Lee &

Olenck, 2016) e a falta de interesse em tarefas tradicionais, monótonas e pouco desafiadoras, o

que muito se assemelha à modalidade costumeira de avaliação da atenção sustentada (Habib,

2015).

Estudo sugerem que a combinação de traços das AH/S e do TDA/H contribuem para a

inabilidade em tarefas que envolvem controle inibitório e alternância do foco atencional

(Budding & Chidekel, 2012). Adicionalmente, discute-se que o traço comportamental

denominado por Winner (1998) de “range to master”, exibida por grande parte das crianças

com AH/S, descrita como um persistente e intenso foco em área restrita de interesse; em

interação com traços do TDA/H, consequentemente leva a dificuldades na alternância do foco

e na atenção sustentada, mas exclusivamente para aquelas tarefas pouco motivadoras. Em

alguns casos, o impacto da competição entre os traços pode resultar numa demonstrada

insubordinação e teimosia que faz fronteira com o desafio (Reis, Baum & Burke, 2014).

Outro dado encontrado, e que merece discussão, é o pior rendimento do grupo de

crianças com AH/S, em comparação com o grupo controle, no subteste ‘relógios’, que investiga

os domínios do planejamento, organização espacial e visoconstrução. Autores sugerem que o

perfil cognitivo de crianças com AH/S comporta simultaneamente a presença de dificuldades

nos mecanismos atencionais, como descritos anteriormente, e dificuldades na memória de

trabalho. Esta última, por sua vez, pode vir a comprometer o planejamento das ações (Habib,

2015). Esta é uma hipótese plausível para compreender as dificuldades supracitadas.

Porém, a análise clínico-qualitativa da produção das crianças revela uma característica

relevante, a saber, a criatividade de suas produções. Estudos têm destacado que criatividade é

o componente-chave das AH/S (Kim & Cho, 2016). Nessa direção, é interessante notar que a

produção do grupo controle é composta apenas pelos elementos básicos que compõem um

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relógio, enquanto a produção do grupo de crianças com AH/S busca construir contextos,

apresentando diversos tipos de relógios, sempre com grande quantidade de detalhes, conforme

ilustrado a seguir.

Figura 9: Extrato de criança de 9 anos com Altas Habilidades/Superdotação no subteste Relógios

(NEPSY-II)

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Figura 10: Extrato de criança de 9 anos com desenvolvimento típico no subteste Relógios (NEPSY-II)

Figura 11: Extrato de criança de 10 anos com Altas Habilidades/Superdotação no subteste Relógios

(NEPSY-II)

Figura 12: Extrato de criança de 10 anos com desenvolvimento típico no subteste Relógios (NEPSY-II)

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As relações entre inteligência e criatividade vêm sendo extensivamente estudadas e

documentadas. Nesse domínio, é corrente afirmar que a correlação entre ambos os construtos

só é identificada em sujeitos com QI acima de 120 (Jauk, Benedek, Dunst, & Neubauer, 2013).

Estudos desenvolvidos por Silvia & Nusbaum (2011), P. Silvia (2015), indicam que a

inteligência fluida seria um preditor da criatividade. Adicionalmente, discutem que o efeito da

inteligência sobre a criatividade seria mediado pela habilidade executiva de flexibilidade

cognitiva.

Tais achados são corroborados pelo presente estudo na medida em que o subteste que

mais diferenciou os dois grupos foi ‘fluência de desenhos’, que investiga a flexibilidade

cognitiva, associando-se à criatividade. Destaca-se aqui o quanto a tarefa proposta (criar

diferentes desenhos ligando pontos) assemelha-se ao Teste de Avaliação da Criatividade por

Figuras de Torrance, considerado padrão-ouro na investigação da criatividade pictórica.

Ressalta-se que a flexibilidade cognitiva pode ser descrita como a capacidade de alternar

entre diferentes aspectos de um estímulo, entre diferentes conjuntos de regras ou diferentes

pontos de vista. Sendo assim, tal habilidade está subjacente à execução da tarefa proposta pelo

segundo subteste no qual o grupo AH/S saiu-se melhor que o controle, a saber, ‘classificando

animais’.

De forma global, pode-se concluir que o perfil cognitivo de crianças com AH/S é

caracterizado pelo estabelecimento da flexibilidade cognitiva e da criatividade como pontos de

força, bem como da atenção sustentada e controle inibitório como pontos de fragilidade, isso se

compararmos essas crianças com elas mesmas e o com o grupo de crianças com inteligência

dentro da variação normal.

O segundo conjunto de dados oriundos da presente pesquisa é aquele resultante da

análise de cluster. O uso dessa ferramenta tem como principal objetivo segmentar a amostra

global de participantes do estudo em grupos, estabelecendo fatores explicativos para a tal

partição.

Inicialmente, é interessante notar que a inteligência não despontou como fator com

maior contribuição para a partição entre os grupos, mas sim as habilidades executivas de

atenção sustentada e flexibilidade cognitiva. Os dois grupos são caracterizados por relativo

antagonismo entre as habilidades. O grupo 1 foi caracterizado pelo desempenho mediano em

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atenção sustentada e acima da média em flexibilidade cognitiva, enquanto o grupo 2 obteve

desempenho acima da média em atenção auditiva e limítrofe em flexibilidade cognitiva.

Tais resultados podem ser discutidos no bojo da polêmica em torno da flexibilidade

cognitiva. Seria esta habilidade uma habilidade específica ou uma propriedade de vários

processos cognitivos? (Ionescu, 2011). Os achados sugerem que não há relação entre

flexibilidade e atenção sustentada. Porém, como discutido anteriormente, o desempenho

inferior do grupo de AH/S pode ser explicado pela natureza monótona da tarefa, o que poderia

implicar em desmotivação e rebaixamento do desempenho, e não, necessariamente,

dificuldades atencionais. Tal direção de investigação deve ser aprofundada em estudos futuros

da área.

Por fim, destaca-se que não foi identificada correlação positiva e forte entre os subtestes

do Nepsy II e o TMPCR, ou seja, as habilidades executivas aqui investigadas não possuem

relação significativa com a inteligência fluida. É preciso salientar que tal associação tem

provocado grande polêmica. Se de um lado há estudiosos que apontam para evidências de

relação direta entre os construtos (Friedman et al, 2006; Arffa, 2007; Roca et al, 2013; Abreu,

Siquara, Leahy, Nikaedo, e Engel de Abreu, 2014;), outros destacam a ausência de correlações

ou, no máximo, correlações não significativas, como as encontradas no presente estudo (Welsh,

Pennington e Groisser, 1991; Ardila, Pineda e Rosseli, 2000; Finch, Neumeister, Burney, Cook,

2014)

Arenas, Trujillo – Orrego e Salazar (2010) ao comparar o desempenho de crianças com

inteligência muito superior à média e crianças típicas em tarefas de FE’s, apontou que a única

diferença existente entre os dois grupos, foi encontrada nas tarefas de fluidez verbal fonêmica,

em favor das crianças com capacidade intelectiva muito superior.

Nessa mesma direção, Ardila, Pineda e Rosseli (2000) argumentam que os instrumentos

tradicionais de avaliação da inteligência não avaliam efetivamente os construtos das FE, e

apontam dois fatores que podem comprometer a identificação de correlações significativas

entre esses dois fenômenos: ou os elementos das FE não fazem parte de um “comportamento

inteligente”, ou os testes psicométricos de inteligência são insuficientes na avaliação do

fenômeno que busca investigar.

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Por fim, sabe - se que a inteligência é um preditor robusto de resultados importantes

da vida, incluindo nível educacional, ocupacional, administração com sucesso de situações da

vida cotidiana, boa saúde e longevidade. Diante disso, esse estudo buscou ampliar a

compreensão acerca do perfil cognitivo de crianças com capacidade intelectiva

significativamente acima da média da população. Concluindo que o alto potencial intelectual

não está diretamente relacionado a um funcionamento executivo igualmente acima do esperado.

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Considerações Finais

O objetivo geral do presente estudo foi investigar as funções executivas em crianças

diagnosticadas com AH/S. Os resultados do estudo evidenciaram que os desempenhos das

crianças diagnosticadas com AH/S em tarefas de funções executivas quando comparados aos

de crianças típicas não apresentam significância estatística. No entanto, ao analisar os resultados

qualitativamente, observou-se algumas fragilidades e potencialidades do grupo de crianças com

AH/SD, que corroboram com achados da literatura e atuais discussões da área. Adicionalmente,

não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre as habilidades

executivas investigadas e a inteligência fluida.

Espera-se que os resultados aqui destacados contribuam com a quebra de alguns mitos

que circundam o universo das altas habilidades, notadamente aquele que advoga que tais

crianças são excepcionais em todos os domínios e que a capacidade intelectual e o desempenho

escolar/acadêmico estão fortemente correlacionados (Winner, 2000). Tais mitos dificultam a

identificação deste grupo clínico, pois muitas vezes estes apresentam dificuldades escolares ou

comorbidades que convivem com o talento.

Por outro lado, os dados abrem espaço para a discussão entre a inteligência e a

flexibilidade cognitiva e criatividade. Tais características parecem ser a chave central para

compreender as altas habilidades, ao mesmo tempo em que se configuram como via de

desenvolvimento da criança e de potencialização. Diversos programas de enriquecimento das

altas habilidades são baseados na criatividade, o que pode igualmente ser estendido para o

desenvolvimento típico.

É pertinente considerar que, assim como toda pesquisa, esta também teve suas

limitações, tal como o fato de se ter trabalhado com uma extensa faixa etária (7 a 11 anos), com

número reduzido de participantes, bem como a ausência de avaliação da habilidade executiva

de memória operacional, comumente associada à inteligência, e da criatividade. Tais sugestões

podem ser consideradas em estudos futuros, de forma a ampliar a compreensão acerca do

funcionamento cognitivo dessas crianças, subsidiando dessa forma a proposição de programas

e políticas públicas que garantam e favoreçam o seus potenciais, sem que o Brasil seja

conhecido como um país que desperdiça seus talentos.

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ANEXOS

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética

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APÊNDICES

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APÊNCIA A – Tabela Síntese dos subtestes utilizados

Subtestes Idade Habilidade Avaliada Descrição

Atenção Auditiva

Conjunto de Respostas

5 – 16

7 - 16

Atenção Seletiva

(auditiva) e Controle

Inibitório

Esse subteste possui duas partes: na primeira delas

a criança ouve uma série de palavras e toca o

círculo apropriado quando ouve a cor-estímulo. No

Conjunto de Respostas a criança aprende novas

instruções que exigem a inibição da tarefa

preponderante e responder corretamente à

estímulos contrastantes

Classificação de

Animais

7 - 16 Flexibilidade

Cognitiva

Esse subteste foi desenvolvido para avaliar a

habilidade de formular conceitos básicos, formular

categorias e mudar conceitos em contextos

diferentes. A criança recebe 8 cartões coloridos

com figuras de animais e paisagens e é instruída a

fazer dois grupos de quatro cartas em um tempo

limite de 6 minutos, separando os cartões de acordo

com uma categorização autoiniciada.

Estátua 3 – 6 Controle Inibitório A criança deve manter a posição do corpo com

olhos fechados durante um período de 75 segundos

e inibir comportamentos em resposta a estímulos

distratores produzidos pelo avaliador durante a

tarefa.

Fluência de Desenhos 5 – 12 Flexibilidade

Cognitiva,

Organização e

Planejamento

A criança é instruída a criar desenhos originais de

maneira rápida através conectando pontos

estruturados e aleatórios em linha reta (1 minuto

por categoria).

Inibindo Respostas 5 – 16 Atenção Seletiva

(visual) e Controle

Inibitório

Este subtestes possui três partes: inicialmente o

examinando deve olhar para formas geométricas e

nomeá-las corretamente; logo após deve nomear a

forma inversa, por fim, deve nomear a forma

correta ou oposta dependendo da cor da forma ou

seta.

Relógios 7 – 16 Organização e

Planejamento

Esse subteste divide-se em várias atividades de

nível de complexidade decrescente. Parte da

construção de um relógio com números e ponteiros

até o reconhecimento das horas a partir de um

estímulo visual.

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APÊNCIA B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Grupo Clínico

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para que seu(ua) filho(a) participe da pesquisa FUNÇÕES EXECUTIVAS,

COGNIÇÃO SOCIAL E HABILIDADES SOCIAIS EM CRIANÇAS COM ALTAS

HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO, coordenado pela Profa. Dra. Izabel Hazin e desenvolvida pela

mestranda Priscila Cristine Andrade de Sousa, do Departamento de Psicologia da UFRN. As

informações abaixo esclarecem as etapas e os objetivos dessa pesquisa para que você possa decidir sobre

a participação de seu filho(a). Informamos que a participação na pesquisa é voluntária e seu filho(a)

poderá desistir a qualquer momento da avaliação.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Participarão desta pesquisa crianças com o desenvolvimento típico (normal) e crianças com altas

habilidades/superdotação (AH/S), como o seu filho. As crianças com AH/S, caracterizadas pela

inteligência muito superior em relação aos seus pares, nos testes psicológicos, tem chamado atenção

pelas queixas escolares, familiares e pelas dificuldades de agirem de maneira adaptativa aos contextos

que estão inseridos. Dessa forma, esta pesquisa pretende caracterizar o perfil das funções executivas, da

cognição social e habilidade social das crianças com AH/S de 07 e 11 anos. Espera-se, encontrar

resultados que possam ajudar os professores a compreenderem as dificuldades que a criança possa

apresentar na escola ou em outros contextos, para que possam ajudá-la, assim como, compreender as

funções psíquicas e seus pontos frágeis e fortes. Para tanto, irar-se investigar estes domínios tanto em

crianças com AH/S quanto em crianças com desenvolvimento típico (normais), e através da comparação,

poderemos verificar se as crianças com AH/S apresentam dificuldades não esperadas para a sua idade.

Nesta pesquisa serão aplicados testes psicológicos. Esses testes são parecidos com jogos ou com

tarefas que a criança faz na escola. As aplicações duram, em média, uma hora, cada teste. Todos os

testes serão realizados nas dependências do Serviço Escola de Psicologia Aplicada (SEPA) da UFRN,

durante o período não escolar. Durante a realização das atividades o seu filho não correrá nenhum risco

que possa afetá-lo, mas pode apresentar cansaço após a realização das atividades. Ele terá o direito de

se recusar a responder perguntas que lhes causem constrangimento de qualquer natureza, os testes

poderão ser realizados em outro momento ou até cancelados. Na realização das entrevistas há o risco de

conflitos acerca dos relatos sobre a criança, mas você poderá desistir ou dar continuidade as entrevistas.

Se você tiver algum gasto pela participação do seu filho nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você. Se ele(a) sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta

pesquisa, ele(a) será indenizado. A participação do seu filho é voluntária.

Esta pesquisa pode auxiliar na identificação de dificuldades cognitivas, sociais e/ou

comportamentais. Se a criança demonstrar dificuldades na maioria das atividades propostas,

encaminharemos para uma avaliação neuropsicológica completa e acompanhamento pela Clínica Escola

da UFRN.

Todas as informações da criança serão confidenciais, inclusive seu nome. Os dados serão

guardados em local seguro, sob a responsabilidade da coordenadora do projeto, sendo utilizados somente

para publicações científicas. Toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar

diretamente para a pesquisadora responsável Priscila Cristine Andrade de Sousa, pelo telefone (84)

9649-9464 ou para a coordenadora do projeto, Profa. Izabel Hazin pelo telefone (84) 3215-3590 (ramal

232). Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

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Consentimento Livre e Esclarecido

Eu,______________________________________________________________________,

representante legal do menor _______________________________________________, autorizo sua

participação na pesquisa. Declaro que esta autorização foi dada após as informações que recebi sobre os

objetivos e etapas da pesquisa. Compreendo os riscos, desconfortos e benefícios que essa pesquisa pode

trazer para ele(a) e também todos os direitos que ele(a) terá como participante e eu como seu

representante legal. Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas por ele(a) em congressos

e/ou publicações científicas, desde a identificação do meu filho(a) seja confidencial. Recebi as

informações necessárias para decidir sobre a participação do menor acima citado na referida pesquisa,

sabendo que tanto eu quanto o menor estamos livres para interrompê-la a qualquer momento.

Natal, Setembro de 2015.

Assinatura do representante legal ________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável __________________________________________

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APÊNDICE C – Termo de Assentimento para as crianças

TERMO DE ASSENTIMENTO

Através deste termo esclareço que aceito participar da pesquisa FUNÇÕES EXECUTIVAS,

COGNIÇÃO SOCIAL E HABILIDADES SOCIAIS EM CRIANÇAS COM ALTAS

HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO, coordenada pela Profª Drª Izabel Hazin.

Como sou menor de idade, meu responsável legal assinou um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido onde o pesquisador responsável explica a maneira como a pesquisa será realizada, todos os

meus direitos, riscos e benefícios que terei ao participar dessa pesquisa.

Nesse mesmo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido o pesquisador responsável informou

que cumprirá tudo que ele esclareceu e prometeu.

Juntamente com os meus pais (ou outro responsável), recebi, de forma que entendi, as

explicações sobre essa pesquisa e os endereços onde devo tirar minhas dúvidas sobre a pesquisa e se a

mesma é eticamente aceitável.

Depois de conversar com meu representante legal, resolvi voluntariamente participar dessa

pesquisa.

Natal, Setembro de 2015.

___________________________________________

Assinatura do participante

___________________________________________

Assinatura de uma testemunha

___________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

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APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do grupo controle

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para que seu(ua) filho(a) participe da pesquisa FUNÇÕES EXECUTIVAS,

COGNIÇÃO SOCIAL E HABILIDADES SOCIAIS EM CRIANÇAS COM ALTAS

HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO, coordenado pela Profa. Dra. Izabel Hazin e desenvolvida pela

mestranda Priscila Cristine Andrade de Sousa, do Departamento de Psicologia da UFRN. As

informações abaixo esclarecem as etapas e os objetivos dessa pesquisa para que você possa decidir sobre

a participação de seu filho(a). Informamos que a participação na pesquisa é voluntária e seu filho(a)

poderá desistir a qualquer momento da avaliação.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Participarão desta pesquisa crianças com o desenvolvimento típico (normal), como o seu filho, e crianças

com altas habilidades/superdotação (AH/SD). As crianças com AH/SD, caracterizadas por uma

inteligência muito superior nos testes psicológicos, em relação aos seus pares, têm chamado atenção de

profissionais das ciências humanas pelas queixas escolares, familiares e dificuldades em agirem de

maneira adaptativa aos contextos em que estão inseridos. Dessa forma, esta pesquisa pretende

caracterizar o perfil das funções executivas, da cognição social e habilidade social das crianças com

AH/SD de 07 a 11 anos. Espera-se, encontrar resultados que possam ajudar os professores e aos

responsáveis à compreenderem as dificuldades que essas crianças apresentam, a fim de ajudá-las em

seus pontos frágeis. Para tanto, irar-se investigar estes domínios tanto em crianças com AH/SD quanto

em crianças com desenvolvimento típico (normais), e através da análise do modo de desempenho,

poderemos verificar se as crianças com AH/SD apresentam dificuldades não esperadas para a sua idade.

------------------------------------------------------------------------------------------

Deste modo, a participação do seu filho se dará no grupo de crianças com desenvolvimento típico

(normal). A pesquisa é realizada por meio da aplicação de testes psicológicos e neuropsicológicos, que

são atividades semelhantes a jogos e tarefas que a criança faz na escola. As aplicações dos testes serão

realizadas no Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA) da UFRN ou na própria escola da criança e

ocorrerão em, aproximadamente, três (3) sessões com duração estimada de 30 minutos. O momento da

avaliação ocorrerá quando a criança já estiver concluído sua atividade em sala de aula, sendo assim, a

professora irá liberar a criança para avaliação em uma sala separada. O trabalho será interrompido e/ou

postergado se a criança apresentar desconforto, cansaço, inquietação ou sonolência. -----------------------

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Durante a realização das atividades o seu filho não correrá nenhum risco que possa afetá-lo, e, ele terá

o direito de se recusar a responder perguntas que lhes causem constrangimento de qualquer natureza.

Por outro lado, esta avaliação poderá beneficiá-lo na medida pode ou não explanar a funcionalidade,

que contribui para o aprendizado, assim como, aspectos sociais, possibilitando ajudar na elaboração de

intervenções adequadas às suas necessidades, caso seja necessário. Para tanto, após a avaliação os

resultados serão detalhadamente informados a você e ao seu filho, bem como à equipe escolar. Ao

término da pesquisa, será entregue à todos os interessados, um relatório contendo todas as informações

obtidas na avaliação da criança em nível de pesquisa científica. Os dados que o seu filho irá nos fornecer

serão confidenciais e serão publicados apenas em eventos ou publicações científicas, sendo garantido

que nenhum dado que possa identifica-lo será divulgado. Esses dados serão guardados pelo pesquisador

responsável por esta pesquisa em local seguro e por um período de cinco anos e em qualquer etapa vocês

podem solicitar diretamente aos pesquisadores informações adicionais sobre os resultados encontrados.

Se você tiver algum gasto pela participação do seu filho nessa pesquisa, ele será assumido pelo

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pesquisador e reembolsado para você. Se ele(a) sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta

pesquisa, ele(a) será indenizado. Toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá

perguntar diretamente para a pesquisadora responsável Priscila Cristine Andrade de Sousa, pelo telefone

(84) 99649-9464 ou para a coordenadora do projeto, Profª. Drª Izabel Hazin pelo telefone (84) 3215-

3590 (ramal 232). Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135. ---------------

-----------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu,______________________________________________, representante legal do menor

___________________________________, autorizo sua participação na pesquisa. Declaro que esta

autorização foi dada após as informações que recebi sobre os objetivos e etapas da pesquisa.

Compreendo os riscos, desconfortos e benefícios que essa pesquisa pode trazer para ele(a) e também

todos os direitos que ele(a) terá como participante e eu como seu representante legal. Autorizo, ainda, a

publicação das informações fornecidas por ele(a) em congressos e/ou publicações científicas, desde a

identificação do meu filho(a) seja confidencial. Recebi as informações necessárias para decidir sobre a

participação do menor acima citado na referida pesquisa, sabendo que tanto eu quanto o menor estamos

livres para interrompê-la a qualquer momento.

Natal, Setembro de 2015.

Assinatura do representante legal ________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável __________________________________________

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APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os professores

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para participação da pesquisa FUNÇÕES EXECUTIVAS, COGNIÇÃO SOCIAL E

HABILIDADES SOCIAIS EM CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO,

coordenado pela Profa. Dra. Izabel Hazin e desenvolvida pela mestranda Priscila Cristine Andrade de

Sousa, do Departamento de Psicologia da UFRN. As informações abaixo esclarecem as etapas e os

objetivos dessa pesquisa para que você possa decidir sobre a sua participação. Informamos que a

participação na pesquisa é voluntária e você poderá desistir a qualquer momento da avaliação.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Participarão desta pesquisa crianças com o desenvolvimento típico (normal) e crianças com altas

habilidades/superdotação (AH/S). As crianças com AH/S, caracterizadas pela inteligência muito

superior em relação aos seus pares, nos testes psicológicos, tem chamado atenção pelas queixas

escolares, familiares e pelas dificuldades de agirem de maneira adaptativa aos contextos que estão

inseridos. Dessa forma, esta pesquisa pretende caracterizar o perfil das funções executivas, da cognição

social e habilidades sociais das crianças com AH/S de 07 e 11 anos. Espera-se, encontrar resultados que

possam ajudar os professores a compreenderem as dificuldades que a criança possa apresentar na escola

ou em outros contextos, para que possam ajudá-la, assim como, compreender as funções psíquicas e

seus pontos frágeis e fortes. Para tanto, irar-se investigar estes domínios tanto em crianças com AH/S

quanto em crianças com desenvolvimento típico (normais), e através da comparação, poderemos

verificar se as crianças com AH/S apresentam dificuldades não esperadas para a sua idade. --------------

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Nesta pesquisa o participante professor de escola regular, que é o seu caso, irá colaborar de forma a

auxiliar na identificação da criança com altas habilidades/superdotação, etapa de formação do grupo de

pesquisa. Este irá avaliar o aluno através de um questionário de identificação de Altas Habilidades. Esse

questionário contempla as principais habilidades em que estas crianças destacam-se e o professor irá

informar em qual grau este se apresenta em sala de aula. O questionário será preenchido em lugar que o

professor julgue apropriado, excluindo o período em que o professor esteja em horário de trabalho na

escola. Este questionário pode oferecer risco mínimo de cansaço. Caso o professor sinta-se cansado, o

questionário poderá ser realizado em outro momento ou até cancelado. Em caso de danos materiais

causados pela pesquisa ao participante, o mesmo, terá seu ressarcimento efetuado, assim como, em caso

de despesas, como transporte e alimentação, que forem de investimento para a realização da pesquisa,

serão compensados.-----------------------------------------------------------------------

Esta pesquisa pode auxiliar na identificação de dificuldades cognitivas, sociais e/ou comportamentais

da criança identificada com Altas Habilidades. Se a criança demonstrar dificuldades na maioria das

atividades propostas, encaminharemos para uma avaliação neuropsicológica completa e

acompanhamento pela Clínica Escola da UFRN.

Todas as informações dos professores, assim como das crianças, serão confidenciais, inclusive

seu nome. Os dados serão guardados em local seguro, sob a responsabilidade da coordenadora do

projeto, sendo utilizados somente para publicações científicas. Toda a dúvida que você tiver a respeito

desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para a pesquisadora responsável Priscila Cristine Andrade

de Sousa, pelo telefone (84) 9649-9464 ou para a coordenadora do projeto, Profa. Izabel Hazin pelo

telefone (84) 3215-3590 (ramal 232). Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar

para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-

3135.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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Consentimento Livre e Esclarecido

Eu,____________________________________________________, professora de escola regular do

menor ___________________________________, aceito participar da pesquisa. Declaro que esta

autorização foi dada após as informações que recebi sobre os objetivos e etapas da pesquisa.

Compreendo os riscos, desconfortos e benefícios que essa pesquisa pode me trazer e também todos os

direitos que terei como participante. Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas em

congressos e/ou publicações científicas, desde que a minha identificação seja confidencial. Recebi as

informações necessárias para decidir sobre a minha participação acima citado na referida pesquisa,

sabendo estou livre para interrompê-la a qualquer momento.

Natal, Setembro de 2015.

Assinatura do representante

__________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

_________________________________________