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PAULO RENIERE SILVA DE SOUZA

NANOPARTÍCULAS A PARTIR DA COMPLEXAÇÃO DE

QUITOSANA E POLI(METACRILATO DE SÓDIO): ESTUDOS DE

ESPALHAMENTO DE LUZ

NATAL

2016

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Química, Instituto de

Química, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como parte dos requerimentos necessários à

obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. José Luiz Cardozo Fonseca

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Souza, Paulo Reniere Silva de. Nanopartículas a partir da complexação de quitosana epoli(metacrilato de sódio): estudos de espalhamento de luz /Paulo Reniere Silva de Souza. - 2016. 112 f: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Instituto de Química, Programa de Pós-graduação emQuímica, Natal, 2016. Orientador: Prof. Dr. José Luis Cardozo Fonseca.

1. Colóides - Dissertação. 2. Polímeros - Dissertação. 3.Complexos polieletrolíticos - Dissertação. 4. Quitosana -Dissertação. 5. Poli(metacrilato de sódio) - Dissertação. 6. Luz- Espalhamento - Dissertação. 7. Química - Dissertação. I.Fonseca, José Luis Cardozo. II. Título.

RN/UF/BS-IQ CDU 544.77(043.3)

Catalogação da Publicação na FonteUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBICatalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Instituto de Química - IQ

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, criador da natureza e de todas as ciências.

A toda a minha família pelo apoio, carinho e motivação.

A minha amiga e companheira Stefanie por me motivar e estar sempre ao meu lado.

Ao meu orientador Prof. José Luís, pelos ensinamentos, paciência e confiança.

Aos meus colegas do Laboratório de Membranas e Colóides, pela ajuda nos

experimentos e conhecimento transmitido.

A banca examinadora por aceitar o convite de participar da defesa deste trabalho.

Ao NUPEG e ao LNLS por ceder os equipamentos para que este trabalho fosse

realizado.

A Capes, ao CNPq e a UFRN pelo apoio financeiro e acadêmico.

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“Ter sucesso na vida é ser e estar feliz antes, durante e depois

de conquistar os seus objetivos, não importando o tamanho,

a aparência e nem o valor que estes venham ter”.

José Luiz Cruz

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RESUMO

Dispersões de complexos polieletrolíticos (PEC) foram preparadas a partir de quitosana e

poli(metacrilato de sódio), através da mistura de suas soluções, a diferentes razões molares

carboxila/amino, rCA. O raio de giro foi determinado por SAXS e revelou que na medida que

rCA aumentava as dimensões das PEC’s decresciam, atingindo um mínimo a rCA = 0.75, a qual

foi considerada a razão na qual as dimensões dos agregados eram mínimas, sendo seguido de

colapso e crescimento de partículas maiores. Distribuições de distância entre pares, P(r),

tornaram-se mais estreitas até rCA = 0.75, aumentando suas larguras a partir deste ponto.

Parâmetros relacionados à relaxação, retirados de funções de correlação de intensidade (ICF)

de DLS identificaram três processos principais de relaxação. O processo mais rápido,

relacionado a movimentos aleatórios de moléculas de polieletrólito livres desapareceu, na

medida em que rCA aumentou. Os outros dois processos de relaxação foram funções de rCA e

apresentaram mudanças características a rCA = 0.75. No mesmo valor de rCA, a energia de

ativação para a taxa de relaxação média indicou a ocorrência de uma clara mudança na

natureza das interações nas estruturas de PEC. O diâmetro hidrodinâmico, determinado por

DLS, foi muito maior que o raio de giro, determinado por SAXS. Partículas de PEC podem

ser descritas, consequentemente, como composta por um caroço sólido, rico em material

segregado, insolúvel, envelopado por aglomerados solúveis de PEC, possivelmente na forma

de géis altamente hidratados.

Palavras-chave: Complexos polieletrolíticos, quitosana, poli(metacrilato de sódio),

espalhamento dinâmico da luz, espalhamento a baixo ângulo de raios-X.

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ABSTRACT

Polyelectrolyte complex (PEC) dispersions were prepared from chitosan and poly(sodium

acrylate), NaPMA, by mixing their solutions., at different carboxyl to aminium molar ratio,

rCA. Gyration radius was determined by SAXS and showed that, as rCA increased, PEC

dimensions decreased and reached a minimum at rCA = 0.75, which was considered the ratio at

which PEC cluster dimensions was minimum, following collapse and growth of larger

particles. Pair distance distributions, P(r), became narrower up to rCA = 0.75, increasing its

width from this point. Relaxation-related parameters from DLS intensity correlation functions

(ICF) identified three main relaxation process. The fast process, related to free polyelectrolyte

molecules random motion disappeared as rCA was increased. The other two relaxation process

were a function of rCA and presented marked changes at rCA = 0.75. At the same value of rCA

the energy of activation for the average relaxation rate showed the occurrence of a clear

change in the nature of PEC-related interactions. As hydrodynamic diameter, determined by

DLS was much larger than the gyration radius determined by SAXS, PEC particles could be

described as being composed by a core, rich in segregated, insoluble material, enveloped by

PEC soluble clusters, possibly in the form of water-rich gels.

Keywords: Polielectrolyte complexes, chitosan, sodium polymethacrilate, dynamics light

scattering, small angle X-ray scattering.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação do tipo integral da cadeia de polieletrólito em solvente polar.

Círculos negativos representam os contra-íons.....................................................15

Figura 2 - Representação esquemática da dupla camada elétrica em torno da partícula, onde:

Ψo é o potencial eletrostático, ζ é o potencial zeta, κ-1 é a espessura da camada

de íons e a é o raio da partícula.............................................................................17

Figura 3 - Representação da estrutura química da quitosana, onde: nA representa o número de

unidades acetiladas e nD o número de unidades desacetiladas.............................18

Figura 4 - Representação da fórmula estrutural do NaPMA.....................................................20

Figura 5 - Esquema para provável interação entre polímeros carregados, e a formação de

PECs. Círculos positivos e negativos cargas dos contra-íons...............................21

Figura 6 - Representação do modelo “escada”, que descreve a interação entre polieletrólitos

na formação dos PECs...........................................................................................23

Figura 7 - Representação do modelo “ovos mexidos”, que descreve a interação entre

polieletrólitos na formação dos PECs...................................................................24

Figura 8 - Representação da oscilação do dipolo induzido devido à luz incidente...................26

Figura 9 - Luz incidente, I0, quando passa por uma amostra é atenuada, I, devido

aocoeficiente de absorção da amostra e também é espalhada, IE.........................27

Figura 10 - Comportamento dos raios-X primários que interagem com átomos e a resposta no

detector..................................................................................................................29

Figura 11 - O fator forma gerado a partir do espalhamento característico de determinadas

partículas. A representação gráfica: intensidade em função do vetor de

espalhamento.........................................................................................................30

Figura 12 - Influência dos padrões de interferência devido ao aumento de organização das

amostras.................................................................................................................32

Figura 13 - Esquema experimental para o SAXS.....................................................................34

Figura 14 - A Função de Distribuição de Distância Par e a classificação dos formatos das

partículas...............................................................................................................37

Figura 15 - A flutuação da Intensidade detectada, I(t), em função do tempo...........................39

Figura 16 - Intensidades correlacionadas médias em função do tempo de correlação.............40

Figura 17 - Aparelhagem experimental em uma análise de espalhamento de luz....................43

Figura 18 - (a) Gráfico de Kratky para dispersões com diferentes valores de razão molar, rCA.

(b) Raio de giração, RG, em função de rCA.........................................................49

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Figura 19 - (a) Gráfico da distribuição da distância dos pares, P(r), para dispersões com

valores diferentes de rCA. (b) Parâmetros relacionados a contribuição da função

P(r), como descrito nas equações 24 e 27.............................................................50

Figura 20 - (a) Função de correlação de intensidade, g(2), em função do tempo de decaimento,

tD, para um PEC de rCA = 0.6 a 25ºC. (b) f1 (quadrados), f2 (círculos) e f3

(losangos) obtidos a partir do fit não linear da equação 29 nos dados

experimentais em função de rCA..........................................................................53

Figura 21 - Taxas de relaxação características ΓC,1 (quadrado), ΓC,2 (círculo) e ΓC,3

(losango), obtidos pelo fit não linear da equação 29 nos dados experimentais, em

função de rCA.......................................................................................................56

Figura 22 - (a) Constante relacionada ao parâmetro de heterogenidade, ν,obtido a partir do fit

não linear da equação 29 nos dados experimentais, em função de rCA. (b) Taxa

de relaxação média ΓM, calculada a partir da equação 33, em função de rCA.. . .58

Figura 23 - Razão volumétrica média das partículas de PECs, φ, em função da razão molar

carboxila/amino, rCA............................................................................................62

Figura 24 - f1 (quadrados), f2 (círculos) e f3 (losangos), obtidos a partir do fit não linear da

equação 29 nos dados experimentais, em função da temperatura, T, para

rCA=0.15, 0.45 e 0.75...........................................................................................64

Figura 25 - (a) Taxas de relaxação características ΓC,1 (quadrado), ΓC,2 (círculos) e ΓC,3

(losangos), obtidos pelo fit da equação 29 nos dados experimentais, em função da

temperatura, T, para rCA = 0,15, 0,45 e 0,75. (b) constante relacionada a

heterogeneidade do processo de relaxação, ν,obtida a partir do fit da equação 29

nos dados experimentais, em função da temperatura, T, para rCA = 0,15, 0,45 e

0,75........................................................................................................................65

Figura 26 - (a) Gráfico de Arrhenius para a taxa de relaxação média, ΓM, para rCA = 0,15,

0,45 e 0,75. (b) energia de ativação em função de rCA = 0,15, 0,45 e 0,75, EA,1

(10ºC≤T≤20ºC, triângulo) e EA2 (20ºC≤T≤50ºC, triângulo invertido)................66

Figura 27 - Esquema de formação das partículas de PECs compostas por quitosana e

poli(metacrilato de sódio)......................................................................................68

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LISTA DE SÍMBOLOS

DLS

SAXS

PEL

IUPAC

EDL

CS

MM

NaPMA

PMAA

PEC

E(x,t)

E0

λ

vc

q

P(q)

I

E

E*

S(q)

v

p

K

RG

QP

NA

p(r)

ICF

t

τ

g(1)

g(2)

Espalhamento dinâmico da luz

Espalhamento de raios-X à baixo ângulo

Polieletrólito

União internacional de química pura e aplicada

Dupla camada elétrica

Quitosana

Massa molar

Poli(metacrilato de sódio)

Poli(ácido metacrílico)

Complexo polieletrolítico

Variação do campo elétrico

Amplitude do campo elétrico

Comprimento de onda

Velocidade da luz no vácuo

Vetor espalhamento

Fator forma

Intensidade do campo elétrico

Campo elétrico

Complexo conjugado do campo elétrico

Fator estrutura

Volume

Densidade eletrônica

Constante relacionada ao contraste da partícula

Raio de giração

Invariante

Número de Avogadro

Função de distribuição de distância de pares

Função de correlação de intensidade

Tempo de análise

Tempo de correlação (DLS)

Função de correlação de primeira ordem

Função de correlação de segunda ordem

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β

Γ

ΓM

D

η

T

kB

Rh

rCA

n

C

XD

LNLS

I0

R

c

LMMM

A

tD

f

ν

φ

ξ

A0

EA

Constante associada as propriedades ópticas

Taxa de relaxação

Taxa de relaxação média

Coeficiente de difusão translacional

Viscosidade

Temperatura

Constante de Boltzmann

Raio hidrodinâmico

Razão molar carboxila/amino

Número de mols

Concentração (g/L)

Grau de desacetilação

Laboratório Nacional de Luz Sícroton

Intensidade da radiação em q = 0

Centro da distribuição

Relacionado a LMMM

Largura máxima na metade do máximo

Área da distribuição centrada em R

Equivalente a τ

Influência do processo de relaxação

Parâmetro de homogeneidade

Fração volumétrica

Dimensão da “bolha”

Constante pre exponencial

Energia de ativação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12

2 OBJETIVOS.........................................................................................................................13

2.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................................13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................14

3.1 SISTEMAS COLOIDAIS...................................................................................................14

3.2 POLÍMEROS E POLIELETRÓLITOS..............................................................................15

3.2.1 Quitosana........................................................................................................................17

3.2.2 poli(metacrilato de sódio)..............................................................................................19

3.3 COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS............................................................................21

3.4 ESPALHAMENTO DA LUZ..............................................................................................25

3.4.1 Espalhamento de raios-x à baixo ângulo - SAXS........................................................27

3.4.2 Espalhamento dinâmico da luz – DLS.........................................................................37

4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................44

4.1 MATERIAIS.......................................................................................................................44

4.2 MÉTODOS.........................................................................................................................44

4.2.1 obtenção dos complexos polieletrolíticos......................................................................44

4.2.2 Análises de SAXS...........................................................................................................46

4.2.3 Análises de DLS..............................................................................................................47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................48

5.1 ESPALHAMENTO DE RAIOS-X À BAIXO ÂNGULO – SAXS....................................48

5.2 ESPALHAMENTO DINÂMICO DA LUZ – DLS.............................................................53

5.2.1 Efeito da razão molar carboxila/amino – rCA...............................................................55

5.2.2 Efeito da temperatura....................................................................................................63

6 CONCLUSÕES....................................................................................................................69

7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................70

8 APÊNCIDE...........................................................................................................................75

APÊNDICE A: NANOPARTICES FROM COMPLEXATION OF CHITOSAN AND

POLY(SODIUM METHACRYLATE): LIGHT SCATTERING STUDIES.................76

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1 INTRODUÇÃO

Complexos polieletrolíticos, na sua forma solúvel e insolúvel, vem sendo usados como

soluções, membranas, géis e são aplicados em diversas áreas, envolvendo sistemas

biológicos/farmacêuticos(MIZRAHY; PEER, 2012; MYRICK; VENDRA; KRISHNAN,

2014). Os processos experimentais envolvidos na sua formação são simples e diretos, sem

necessidade de equipamentos muito caros ou laboratórios sofisticados(DA TRINDADE

NETO et al., 2005). No caso específico destas partículas, elas são obtidas pela mistura de

soluções de polieletrólitos catiônicos e aniônicos e sua formação é resultado tanto do fator

entálpico, devido à atração eletrostática dos grupos de cagas opostas, bem como o fator

entrópico, devido a deslocalização dos contra-íons(STOPILHA et al., 2016).

A quitosana é um dos polímeros mais abundantes na natureza, e vem sendo usado

como polieletrólito catiônico, quando em meio ácido, por ser biocompatível, biodegradável,

capaz de se ligar a proteínas, genes, ácidos nucleicos, lipídios bem como é capaz de melhorar

a absorção e adesão a mucosas sem toxicidade(TAKAHASHI et al., 1990).

Trabalhos anteriores estudaram este sistema usando turbidez, viscosidade, potencial

zeta, pH-metria, microscopia de força atômica, condutividade e espalhamento dinâmico da luz

para medir tamanho de partícula(STOPILHA et al., 2016).

Desta forma o presente trabalho visa fazer uma análise mais sofisticada deste sistema,

usando as funções de correlação obtidas no DLS (sigla em inglês para espalhamento dinâmico

da luz) e resultados de SAXS (sigla em inglês para espalhamento de raios-X a baixo ângulo),

além de verificar a influência da variação da temperatura neste sistema, visando obter uma

caracterização mais completa, visto que trabalhos usando estes métodos são escassos na

literatura.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho foi, obter e caracterizar, de forma mais sofisticada, o

mecanismo de formação do complexo polieletrolítico, visto que este sistema é bastante usado

na indústria de fármacos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Obtenção das partículas de quitosana e poli(metacrilato de sódio);

• Caracterização físico-química do complexo utilizando DLS e SAXS;

• Estudar a influência da temperatura na formação do complexo.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 SISTEMAS COLOIDAIS

A ciência dos coloides tem uma história bastante antiga e estima-se que tenha iniciado

em 1840, com os estudos do toxicologista italiano Francesco Selmi. Em 1861, o químico

escocês Thomas Graham introduziu o termo “coloide”, por relacionar alguns dos seus

sistemas com o aspecto da cola – do grego κόλλα. Apesar de hoje conhecermos que a maioria

dos coloides não são semelhantes à cola, o termo ainda é usual (COSGROVE, 2009;

LYKLEMA, 2005a).

A ciência dos coloides é interdisciplinar em muitos aspectos e desperta interesse em

diversas áreas, como física, biologia, ciência de materiais e várias outras. Para essa ciência o

fator mais importante na definição de coloide é a dimensão da partícula, não levando em

consideração a composição química ou estado físico. Portanto, qualquer partícula que possua

dimensão linear compreendida entre 1 e 1000 nm será definida como coloide. De forma geral,

o sistema coloidal é composto por pelo menos duas fases: uma fase, denominada dispersa, que

é finamente difundida em outra fase, denominada de contínua (RAJAGOPALAN; HIEMENZ,

1997). Em relação à afinidade da fase dispersa pela fase contínua, os coloides também podem

ser classificados em liófilos e liófobos. Estes são sistemas que podem possuir mais de duas

fases; aqueles são sistemas monofásicos, ou seja, soluções (GUCHT et al., 2011).

Neste trabalho, o sistema coloidal foi do tipo liófobo, sendo os complexos de macro

íons catiônicos (quitosana) e aniônicos (poli (metacrilato de sódio)) considerados como fase

dispersa e solução de ácido acético 2% como fase contínua.

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3.2 POLÍMEROS E POLIELETRÓLITOS

Os polímeros são macromoléculas formadas por unidades de repetição denominadas

de meros (COSGROVE, 2009). De acordo com a definição da IUPAC, os polieletrólitos

(PELs) fazem parte de uma classe de polímeros em que uma porção substancial dos meros

possui grupos iônicos e/ou ionizáveis (HESS et al., 2006). Quando dissolvidos em solvente

polar, os grupos geralmente ionizam-se e podem adquirir carga positiva (policátions), negativa

(poliânions) ou ambas (polianfóteros). Em relação aos polímeros, os polieletrólitos destacam

se pela habilidade de interagir fortemente com macromoléculas e superfícies carregadas com

carga oposta e são mais hidrofílicos. No geral, são sensíveis à variação de pH e à quantidade e

tipos de eletrólitos presentes na solução (LYKLEMA, 2005b).

Em solução, os polieletrólitos adquirem carga por dois mecanismos: os íons presentes

na solução podem se ligar a eles e pela dissociação dos grupos de superfície. A carga de

superfície é equilibrada por uma carga igual e oposta, denominada de contra-íon. Estes são

íons que se dissociaram da superfície são ex-parceiros dos íons adsorvidos, uma vez que o

eletrólito era originalmente eletroneutro (ATTARD, 2007; LYKLEMA, 2005b).

Figura 1 - Representação do tipo integral da cadeia de polieletrólito emsolvente polar. Círculos negativos representam os contra-íons

Fonte: Gärdlund; Wågberg; Norgren, 2007

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As propriedades de soluções de polieletrólitos apresentam notáveis diferenças em

relação às soluções de polímeros neutros. A presença de cargas ao longo da cadeia leva a

interações intra e intermoleculares que têm grandes consequências para as propriedades

dinâmicas e estáticas do sistema (GUERRA, 2011).

Embora atraídos para a superfície de carga oposta, devido à entropia esses contra íons

permanecem dispersos e móveis no solvente próximos à superfície. Esta separação espacial de

carga é denominada de dupla camada elétrica, do inglês electric double layer (EDL)

(ATTARD, 2007; LYKLEMA, 2005b).

A EDL formada em torno dos polieletrólitos tem formação espontânea e é

caracterizada pela queda de potencial através da interface sólido-líquido, e depende da

concentração e da natureza das espécies iônicas. A distribuição dos contra íons nas

proximidades de uma superfície carregada pode ser descrita através da teoria Stern-Gouy-

Chapman, que relaciona a carga com o potencial elétrico. A EDL é dividida entre uma camada

interna compacta e uma camada externa difusa. Quando duas partículas se aproximam, suas

camadas difusas se sobrepõem e a força repulsiva resultante pode superar a força de atração

(Van der Waals) tornando a suspensão estável. A distribuição dos íons na camada difusa é

proporcional à concentração do eletrólito, a carga formal do íon, ao solvente e ao potencial no

limite entre os íons da camada compacta e difusa. O potencial desta interface é

frequentemente equiparado ao potencial zeta (ζ) (COSGROVE, 2009; LYKLEMA, 2005b).

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Os polieletrólitos podem ser classificados como fortes e fracos. Aqueles que possuem

alta densidade de carga ao longo da cadeia (poliestireno sulfonato e o poli (dialidimetil cloreto

de amônia)) são denominados fortes; os fracos, baixa densidade de carga (poliaminas e os

poliácidos) (SILVA, 2010).

3.2.1 Quitosana

A quitosana (CS) é um derivado da quitina e é obtida a partir de uma reação de

desacetilação parcial em meio alcalino. A quitina é um polissacarídeo linear amplamente

Figura 2 - Representação esquemática da dupla camada elétrica emtorno da partícula, onde: Ψo é o potencial eletrostático, ζ é o potencial

zeta, κ-1 é a espessura da camada de íons e a é o raio da partícula.

Fonte: Cosgrove, 2009

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distribuído na natureza, considerado o segundo polímero natural de maior importância no

mundo depois da celulose. A quitina faz parte dos constituintes estruturais do exoesqueleto de

crustáceos e parede celular de alguns fungos e leveduras. Tanto a quitina quanto a quitosana

são insolúveis em solução aquosa, entretanto a quitosana apresenta solubilidade em solução

levemente ácida, devido à protonação do grupo amino –NH2, isso viabiliza sua utilização,

enquanto que a quitina possui aplicação limitada (DASH et al., 2011; JAYAKUMAR et al.,

2007; RINAUDO, 2006).

A quitosana é um copolímero catiônico linear de 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose

(unidade desacetiladas) e 2-acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose (unidade acetilada) ligados

por ligações glicosídicas β (1→4) (DASH et al., 2011).

O grau de desacetilação (XD), a massa molar (MM) e a distribuição dos grupos acetil

através da cadeia principal afetam diretamente as propriedades físico-químicas e biológicas da

quitosana (RINAUDO, 2006). A quitosana é um policátion fraco com pKA variando entre 6,2

e 7,3, dependendo do grau de desacetilação. Devido às ligações de hidrogênio e ionização dos

grupos amino, a quitosana é insolúvel em pH neutro ou alcalino e é solúvel em meio

Figura 3 - Representação da estrutura química da quitosana, onde: nA representa o número deunidades acetiladas e nD o número de unidades desacetiladas.

Fonte: Caroni et al., 2009

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levemente ácido, como mencionado anteriormente (DASH et al., 2011; DRAGAN; MIHAI;

SCHWARZ, 2009; SARMENTO; DAS NEVES, 2012; SCHATZ et al., 2003). O ácido

acético diluído é comumente usado para solubilizar a quitosana, pois apresenta maior

capacidade de solubilização em relação a ácidos mais fortes (RINAUDO; PAVLOV;

DESBRIÈRES, 1999).

A quitina é chamada de quitosana quando o XD é superior a 50%. Acima de 75% a

quitosana apresenta alta densidade de carga e comporta-se como um polieletrólito forte. Entre

50 e 75%, há equilíbrio entre as interações hidrofílicas e hidrofóbicas. Abaixo de 50% as

interações hidrofóbicas são predominantes, o que favorece a formação de agregados

(DELAIR, 2011; SARMENTO; DAS NEVES, 2012; SCHATZ et al., 2003).

A quitosana é um biopolímero versátil possuindo aplicações em diversas áreas. Para

aplicações farmacêuticas, por exemplo, a quitosana apresenta características atrativas, como:

biocompatibilidade, biodegradabilidade e baixa toxicidade, ela também é considerada um

polímero biodegradável, pois in vivo ela é degradada pela lisozima, uma protease não

específica, e por quitinases produzidas por micro-organismos intestinais (NAGPAL; SINGH;

MISHRA, 2010; SARMENTO; DAS NEVES, 2012).

3.2.2 poli(metacrilato de sódio)

O poli(metacrilato de sódio) (NaPMA) é um sal sódico derivado do poli(ácido

metacrílico – PMAA). Este é um ácido fraco, pKA entre 6 e 7, e pertence ao grupo dos

polímeros vinílicos. É solúvel em água e em álcoois, entretanto apresenta solubilidade

limitada em solventes orgânicos como acetona, benzeno e éter. Possui aplicação em diversos

campos, desde a área de cosméticos até fabricação de tecidos e recuperação de petróleo

(IZUMRUDOV; KHARLAMPIEVA; SUKHISHVILI, 2005; ORWOLL; YONG, 1999). O

PMAA, em meio ácido, é caracterizado por uma estrutura compacta hiperglobular estabilizada

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por interações hidrofóbicas dos grupos α-metil e formação de ligações de hidrogênio

intramoleculares. Em meio neutro, o PMAA é caracterizado por uma estrutura mais estendida,

mas ainda há fragmentos hidrofóbicos. Em pH superior a 8, esses fragmentos são

completamente destruídos devido a repulsão eletrostática dos grupos carboxílicos ionizados

(KUDRYASHOVA et al., 2001).

O NaPMA apresenta grupo carboxilato dissociado que pode interagir com o

grupamento amino da quitosana. A unidade repetitiva do NaPMA possui fórmula molecular

igual a C4H5O2Na.

Figura 4 - Representação da fórmulaestrutural do NaPMA.

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3.3 COMPLEXOS POLIELETROLÍTICOS

Uma das características mais interessantes dos polieletrólitos é a capacidade de formar

complexos interpoliméricos, que também são conhecidos como Complexos Polieletrolíticos,

do inglês Polyelectrolyte Complexes (PECs) (SCHATZ et al., 2004).

A formação dos PECs ocorre de forma espontânea, pela simples mistura dos

polieletrólitos de cargas opostas (policátions e poliânions) com liberação dos conta-íons. A

principal força que conduz a formação dos PECs é o ganho de entropia ocasionado pela

liberação dos contra-íons de baixa massa molar. No entanto, ligações de hidrogênio,

interações hidrofóbicas e forças de Van der Waals, ou a combinação dessas interações,

desempenham um papel fundamental na formação dos complexos (RUBINSTEIN;

DOBRYNIN, 2001).

Figura 5 - Esquema para provável interação entre polímeroscarregados, e a formação de PECs. Círculos positivos e negativos

cargas dos contra-íons.

Fonte: Michaels, 1965

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Essa mistura dependerá das propriedades dos dois polieletrólitos, como: massas

molares grandes ou pequenas, condições de solução (por exemplo, pH e concentrações

iônicas), razão molar da mistura de cargas entre catiônico e aniônico PECs, natureza dos

grupos iônicos, rigidez das cadeias, a forma das cadeias dos polieletrólitos e a estratégia de

mistura. Os polieletrólitos de cargas opostas formam complexos um com o outro devido à

forte interação eletrostática atrativa (HARTIG et al., 2007).

Este processo pode ser separado em dois passos de formação de complexos: primeiro,

processo de difusão cinética dos emaranhados poliméricos em tempos curtos; e segundo, a

reconfiguração termodinâmica aos agregados já formados devido às mudanças

conformacionais e os desemaranhados em tempos longos, causando instabilidade nos PECs

(HARTIG et al., 2007).

Os complexos formados podem ser solúveis ou insolúveis em água. A solubilidade é

principalmente determinada pelas cargas livres deixadas sobre as cadeias, isto é, as cargas que

não complexam os poliíons. Ligações de hidrogênio, interações hidrofóbicas e hidrofílicas

também contribuem para a solubilidade dos complexos. A composição do solvente, força

iônica, pH, natureza dos contra-íons, concentração de polímeros e a dissociação dos poliíons

são fatores que regulam a formação de PECs (ANDERSSON et al., 2003; ANKERFORS et

al., 2010; HARTIG et al., 2007). Com isso, três tipos de PECs podem ser formados:

(1) PECs solúveis: sistemas macroscopicamente homogêneos, compostos por pequenos

agregados de PECs;

(2) Sistema coloidal turvo: partículas de PECs suspensas (transição para separação de

fases);

(3) Sistema bifásico: consiste de duas fases, sobrenadante líquido e PECs precipitados,

que são totalmente separáveis após lavagem e secagem.

As interações entre os polieletrólitos podem ser definidas como estequiométricas 1:1,

ou seja, os complexos apresentam a mesma quantidade de cargas opostas, o que significa que

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a neutralização é praticamente completa, ou não estequiométricas. Essa definição é

relacionada a neutralidade ou não dos complexos resultantes e estas interações resultam em

diferentes estruturas, dependendo das características dos componentes usados e das condições

externas de reação. Existem dois modelos estruturais discutidos na literatura, chamados

“escada” e “ovos mexidos” (PHILIPP et al., 1989; RUBINSTEIN; DOBRYNIN, 2001).

No modelo “escada”, os dois polieletrólitos têm flexibilidade suficiente e densidade de

carga aceitável que possibilitam alinhar suas cadeias de uma forma cooperativa. Sistemas

“hospedeiro” e “convidado”, em que um dos polieletrólitos possui massa molar menor que o

outro, é bem explicado por este modelo (CHEN; HEITMANN; HUBBE, 2003).

Figura 6 - Representação do modelo “escada”, que descreve ainteração entre polieletrólitos na formação dos PECs.

Fonte: Chen; Heitmann; Hubbe, 2003

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Entretanto, para polieletrólitos com massa molar elevada ou com sítios iônicos fortes,

como grupos sulfonato ou amônio quaternário, não é interessante assumir que as cadeias

interagem em linha como no modelo de “escadas”. Assim, o modelo de “ovos mexidos” é

esperado ser a melhor descrição dentro das condições limites de alta massa molecular,

concentração, e/ou fluxo, onde a taxa de colisões irreversíveis entre as macromoléculas é

relativamente alta comparada a taxa de ajustamento conformacional (CHEN; HEITMANN;

HUBBE, 2003).

Figura 7 - Representação do modelo “ovos mexidos”, que descreve ainteração entre polieletrólitos na formação dos PECs.

Fonte: Chen; Heitmann; Hubbe, 2003

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Neste trabalho, ambos os poliíons analisados possuem grupos iônicos fracos. A

quitosana é o policátion de cadeia longa denominado de “hospedeiro”, enquanto que o

poli(metacrilato de sódio) é a contra parte de cadeia curta classificado como “hóspede”.

3.4 ESPALHAMENTO DA LUZ

Nas aplicações em química coloidal, a maioria dos trabalhos envolvendo radiação

luminosa é realizada na parte visível do espectro, resultando na designação comum de

espalhamento da luz. Radiação eletromagnética consiste das oscilações dos campos elétrico e

magnético que são perpendiculares um ao outro (RAJAGOPALAN; HIEMENZ, 1997).

Considerando a interação da luz com a matéria, dois modelos são tratados para melhor

interpretar os fenômenos que ocorrem nesta interação. Os modelos tratam a luz como onda

e/ou partícula. A luz como onda: uma modulação do campo elétrico e magnético no espaço e

no tempo. Na equação 1, a luz é tratada como uma onda em função do tempo (SCHÄRTL,

2007).

E (x , t )=E0(sin (2π xλ

)+sin (2π

νc

λt

)) (1)

Onde E(x, t) , é a variação do campo elétrico em função de x , posição, e t, tempo. E0 é

a amplitude do campo elétrico. Essa luz polarizada se propaga na direção x e com

comprimento de onda λ, sendo vc a velocidade da luz no vácuo (SCHÄRTL, 2007).

A luz interage com as moléculas provocando o remodelamento da distribuição espacial

de cargas, devido à mudança de polarização das partículas (SCHÄRTL, 2007).

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A magnitude deste efeito é dada pela polarizabilidade da molécula, sendo esta, o quão

fácil pode ser a mudança de cargas dentro da molécula. A distribuição de cargas segue a

modulação em tempo do vetor de campo elétrico do raio de luz incidente, portanto, a

molécula constitui um dipolo oscilante devido à oscilação do campo elétrico. Este dipolo

oscilante emite uma onda eletromagnética de mesmo comprimento de onda da luz incidente

(espalhamento elástico), emitida isotropicamente em todas as direções, perpendicular ao

oscilador (SCHÄRTL, 2007).

O ângulo de observação da direção do raio da luz incidente é chamado de ângulo de

espalhamento, provendo a medida do comprimento da escala observado no experimento de

espalhamento de luz, considerando-o como um processo puramente elástico em que a luz

emitida tem o mesmo comprimento de onda da luz incidente. Partículas em solução,

entretanto, possuem um movimento randômico (movimento browniano) causado pelas

flutuações de densidade do solvente. Como consequência das mudanças nas posições entre as

partículas e, também, das flutuações da concentração, ambas em função do tempo, o padrão

de interferência e a intensidade de espalhamento resultante sobre um determinado ângulo de

Figura 8 - Representação da oscilação do dipolo induzido devido à luz incidente.

Fonte: Schärtl, 2007

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espalhamento também mudam com o tempo, refletindo no movimento Browniano das

partículas espalhadoras (SCHÄRTL, 2007).

3.4.1 Espalhamento de raios-x à baixo ângulo - SAXS

Raios-X são ondas eletromagnéticas semelhantes à luz visível. Porém, o comprimento

de onda é bem menor, aproximadamente 1 nm, enquanto a luz visível, em torno de 500 nm.

Essas ondas eletromagnéticas são constituídas de campos elétricos e campos magnéticos

alternados, que se propagam sempre em certos ângulos entre si. Pelo modelo de transferência

de impulso e o modelo oscilatório, os raios-X podem ser descritos como fótons e ondas,

respectivamente. O raio-X ao interagir com a matéria resulta em absorção e espalhamento.

Uma fração de raios-X que interage com a matéria passará através dela, outra fração será

absorvida e transformada em outras formas de energia, tais como: calor, radiação fluorescente

e parte dela será espalhada. Essa luz espalhada possuirá direção de propagação diferente da

luz incidente (CREAGH; HUBBELL, 2006).

Figura 9 - Luz incidente, I0, quando passapor uma amostra é atenuada, I, devidoaocoeficiente de absorção da amostra e

também é espalhada, IE.

Fonte: Creagh; Hubbell, 2006

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A Figura 9 mostra uma luz incidente, I0, sendo atenuada, I, devido ao coeficiente de

absortividade da amostra. Outro processo mostrado na Figura 9 é o espalhamento, também

ocasionado pela passagem de luz incidente em uma amostra. As setas mostradas indicam que

o espalhamento acontece isotropicamente, ou seja, a intensidade espalhada é similar em todas

as direções, círculos concêntricos, considerando o processo elástico.

A irradiação de um átomo com fótons de raios-X pode ocasionar a expelida de um

elétron do átomo, assim a energia dos raios-X é usada e o fóton é absorvido, isso, deixa um

“buraco” no átomo, deixando-o instável devido à emissão do elétron. O átomo deseja

restaurar sua configuração inicial, ou seja, reconfigurar seus elétrons para restaurar essa

lacuna. Como resultado, ele emitirá radiação fluorescente, raios-X com outros comprimentos

de onda de luz incidente. No SAXS, para a obtenção de alta qualidade de resultados, a

absorção deve ser mantida baixa (CREAGH; HUBBELL, 2006).

O espalhamento pode ser com ou sem perda de energia. Isto reflete no comprimento

de onda de luz espalhada, se energia for perdida, o comprimento de onda de luz incidente será

diferente do comprimento de onda de luz espalhada. Um exemplo desse processo de

espalhamento com perda de energia é o espalhamento Compton, chamado de espalhamento

incoerente. O espalhamento Rayleigh é dito como espalhamento coerente, pois não existe

perda de energia no espalhamento (CROMER; WABER, 2006).

Os raios-X são espalhados por átomos, todos os átomos emitem ondas esféricas

advindas da posição inicial do átomo. Contudo, essas ondas podem interagir entre si, podendo

ser construtivamente ou destrutivamente. Na interferência construtiva as ondas interagem em

fase, e as destrutivas estão fora de fase. Esse processo é dependente do ângulo de observação

2θ, da orientação e da distância, r, dos átomos emissores aos receptores de luz espalhada

(SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

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A Figura 10 mostra os raios-X primários, que se propagam em uma direção de

incidência, traços na horizontal, e atingem os átomos que estão nas amostras, resultando em

luz espalhada que se propaga até o detector, traços em direção diagonal. O resultado do que é

registrado no detector depende da distância r dos átomos que interagem com a luz incidente e

suas orientações em relação a direção de incidência e observação. As ondas ao chegarem no

detector, em paralelo padrões brilhosos são detectados, ondas em fase, em antiparalelo,

padrões escuros, ondas fora de fase. O resultado é um gráfico de padrões em 2D, onde a

intensidade varia de posição a posição no detector (normalmente medido em termos de ângulo

de espalhamento, 2θ). Os padrões de interferência são característicos da estrutura interna do

material, ou seja, a orientação e distâncias dos átomos entre si (SCHNABLEGGER; SINGH,

2011).

Figura 10 - Comportamento dos raios-X primários que interagem com átomos e a resposta nodetector.

Fonte: Schnablegger; Singh, 2011

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As distâncias r mensuradas são relativas ao comprimento de onda, λ, da radiação

aplicada. Para retirar a dependência com o comprimento de onda, os padrões de espalhamento

são apresentados em função de q:

q=4 πλ

⋅sin (θ) (2)

Na Equação 2 , q é o vetor de espalhamento e λ é o comprimento de onda incidente. O

vetor de espalhamento possui unidade recíproca de dimensão.

O fator forma, P(q), de uma partícula é um padrão de interferência. É uma oscilação

que é típica da forma das partículas (SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

Figura 11 - O fator forma gerado a partir do espalhamentocaracterístico de determinadas partículas. A representação gráfica:

intensidade em função do vetor de espalhamento.

Fonte: Schnablegger; Singh, 2011

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A Figura 11 mostra o espalhamento característico, EE, de partículas esféricas, gerado a

partir da luz incidente, E0, e detectada em 2θ. O gráfico mostra a função P(q) em função de q,

que é característico para partículas esféricas (SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

A intensidade é obtida através da relação entre o produto do campo elétrico pelo seu

complexo conjugado (RAGHUNATHAN, 2005).

I =∑ E⋅∑ E∗ (3)

onde I é a intensidade do campo elétrico, e Σ indica a soma sobre todos os espalhamentos, E é

o campo elétrico, e E* denota o complexo conjugado.

Em sistemas concentrados, as distâncias relativas entre as partículas possuem

magnitudes parecidas com as distâncias dentro das partículas. O padrão de interferência

possuirá contribuição das partículas vizinhas, também. Essa interferência adicional

multiplicado o fator forma das partículas simples é chamado de fator estrutura, S(q)

(SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

O efeito da concentração é visualizado em ângulos baixos pela formação de ondas

adicionais. A diminuição da intensidade em pequenos valores de q é resultante de forças

repulsivas. Um acréscimo de intensidade indica interação atrativa (PUTNAM; LOWE JR.;

MEILER, 2013).

Em sistemas com altas concentrações, a probabilidade de se encontrar uma partícula

vizinha de uma partícula com um distância específica é aumentada. Em sistemas diluídos, a

distância entre as partículas se torna totalmente aleatória. A existência de interações

particulares, dentre elas, as forças repulsivas, leva o sistema a adquirir um estado de semi-

organização, que resulta na construção do fator estrutura nos padrões de interferência no

SAXS. O aumento dos picos no fator estrutura é devido às posições das partículas que se

tornam cada vez mais organizadas (SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

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A ordenação de posição pode influenciar em uma orientação preferencial das

partículas em respeito uma a outra, principalmente, se as partículas não forem esféricas

(SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

O grau de orientação pode ser facilmente detectado em um gráfico de padrão de

espalhamento em duas dimensões, 2D. Quando a amostra é orientada aleatoriamente,

isotropicamente, tais como os sistemas diluídos, o padrão de interferência possui intensidades

de forma de círculos concêntricos ao redor da luz incidente. Em fibras, que possui uma

organização parcial o resultado é uma modulação nos padrões de interferência. As amostras

completamente organizadas, o resultado são manchas de intensidade (SCHNABLEGGER;

SINGH, 2011).

Figura 12 - Influência dos padrões de interferência devido ao aumento de organização dasamostras.

Fonte: Schnablegger; Singh, 2011

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Os raios-X são espalhados pelos elétrons, quanto mais elétrons estão no volume, densidade

eletrônica, mais raios-X são espalhados. Se a amostra é constituída somente por uma partícula

de volume v1 e densidade eletrônica p1, então v1. p1 é o número de amplitudes de ondas que

chegam no detector, onde a intensidade elevada ao quadrado de todas as amplitudes de ondas

vem desse volume. Com isso, a intensidade total da partícula, I(q), é definida pela seguinte

equação:

I 0(q)= I 0⋅p12 v1

2⋅P (q) (4)

onde P(q) é o fator forma.

Somente os fótons interferentes carregam informações sobre a estrutura. O

espalhamento do material matriz causa somente um acréscimo no nível de radiação, linha de

base, na região do SAXS e pode ser atribuído o valor zero. Na prática, é subtraído do valor do

espalhamento da amostra, os valores de espalhamento da cubeta vazia e da matriz. Para gerar

o contraste entre a amostra e a matriz, suas densidades eletrônicas devem ser diferentes

(SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

A equação 4 é modificada quando partículas de densidade eletrônica p1 estão

incorporadas em uma matriz de densidade eletrônica p2 gerando a equação 5:

Δ I 1(q)= I 0⋅(Δ p)2 v1

2⋅P (q ) (5)

Na equação 5 , ∆I1(q) é a variação de intensidade para uma partícula e a matriz, ∆p é a

variação das densidades eletrônicas das partículas e da matriz. A equação 5 mostra que o sinal

de detecção do SAXS aumenta com o quadrado do volume da amostra, v1 , e que, o contraste

∆p, é o grande responsável pelo sinal do SAXS.

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Assim, para um conjunto n de partículas idênticas em um volume de amostra V, a

intensidade por volume de amostra é dada por:

Δ I (q)=n⋅Δ I 1(q)⋅S (q) (6)

Na Equação 6, n é a quantidade de partículas, ∆I(q) é a variação de intensidade para o

conjunto n de partículas e S(q) é o fator estrutura (SCHNABLEGGER; SINGH, 2011).

Os componentes básicos de um aparelho de SAXS são: fonte de raios-X, sistema de

colimação, porta amostra, atenuador de luz e um detector. Quando a luz irradia a amostra, essa

interação é captada pelo detector através do recebimento da luz espalhada que advém da

amostra chegando em vários ângulos distintos. O sistema de colimação deixa a luz incidente

mais fina e define o ângulo zero. O atenuador previne que a luz espalhada atinja diretamente o

detector, podendo até danificá-lo, e também, permite que a luz espalhada de menor

intensidade seja mensurada.

Figura 13 - Esquema experimental para o SAXS.

Fonte: Schnablegger; Singh, 2011

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Após a coleta de intensidade no detector e realizada as correções na linha de base,

obtêm-se os resultados primários para a análise de SAXS, que ficam melhor interpretado

através da equação abaixo:

Δ I (q)=K⋅P(q)⋅S (q) (7)

onde K é uma constante, relacionada ao contraste da partícula, volume e concentração; P(q) é

o fator forma que contém informação do formato e os perfis de densidade interna das

partículas; S(q) é o fator estrutura que é referente as interações partícula-partícula, tais quais:

as distâncias entre as partículas e o grau de ordenação.

Qualquer fator forma, P(q), pode ser aproximado por uma curva Gaussiana em

ângulos baixos. Guinier (1939) relatou que essa Gaussiana é relativo ao tamanho total das

partículas, assim:

P (q)≃a0 e−RG

2 q 2

3 (8)

onde o tamanho do parâmetro RG é chamado “raio de giração” que, por sua vez, não está

relacionado a P(q) e S(q). O parâmetro a 0 é a extrapolação da intensidade para o ângulo zero.

Porod (1951) discutiu duas regras aplicadas nos perfis de espalhamento de qualquer

sistema particular: o perfil de espalhamento de qualquer sistema decai, em ângulos altos,

através de Kp/q4 (Kp é proporcional a superfície por volume de amostra); o segundo momento

de qualquer perfil de espalhamento é uma constante universal, chamada de “invariante”,Qp:

Q p=∫0

q2Δ I (q)dq (9)

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O invariante contém fatores instrumentais que não são fáceis de se obter, tais como:

intensidade primária do raio e o volume da amostra iluminado (SINHA; SIROTA; GAROFF,

1988).

O parâmetro K, que foi descrito na Equação 7, é definido como:

K=i0(Δ p)2 v1

2 n (10)

e com ele podemos encontrar a massa molecular

MM =N A Δ I (0)

i0 c (Δ p)2 v−2 P (0)S (0)

(11)

onde MM é a massa molar, c é a concentração em gramas por centímetro cúbico, NA é o

número de Avogadro e v-2 é o volume específico parcial (SINHA; SIROTA; GAROFF, 1988).

A inclinação do fator forma, P(q), em função de q, em baixos ângulos é relativo ao

tamanho total, RG , e em ângulos altos, é relativo à superfície. A parte que concerne a forma

está situada entre esses dois extremos. A parte oscilante do fator forma pode ser investigada

através da transformação em “espaço real”, aplicando o método da Transformada de Fourier;

a curva resultante é chamada de “Função de Distribuição de Distância Par”, p(r). O formato

das partículas pode ser classificado em esférica (globular), cilíndrica e lamelar através de p(r)

(WEBER; LENGELER, 1992).

A figura a seguir mostra que a característica simétrica da distribuição p(r) define o

formato esférico ou globular. O formato cilíndrico é característico de uma deformação da

curva em valores baixos de p(r). Para formatos lamelares a curva tende a ficar mais

assimétrica (WEBER; LENGELER, 1992).

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3.4.2 Espalhamento dinâmico da luz – DLS

Espalhamento Quase Elástico da Luz (Quasi-Elastic Light Scattering - QELS),

Espectroscopia de Correlação de Fótons (Photon Correlation Spectroscopy – PCS) e

Espalhamento Dinâmico da Luz (Dynamic Light Scattering – DLS) são os termos

encontrados na literatura para a técnica (HOLOUBEK, 2007). O termo moderno,

Figura 14 - A Função de Distribuição de Distância Par e aclassificação dos formatos das partículas.

Fonte: Weber; Lengeler, 1992

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Espalhamento Dinâmico da Luz, tem sido o mais descritivo, já que este depende sempre da

movimentação e da dinâmica dos centros espalhadores (DALGLEISH; HALLETT, 1995).

Esta técnica vem sendo extensamente utilizada em físico-química, química coloidal,

ciências dos polímeros, bioquímica, biofísica, ciência médica e outras áreas. Determinação de

tamanho, distribuição de tamanho de partículas coloidais em dispersão, partículas poliméricas

em solução, processos de gelificação, e vitrificação são alguns dos processos que vêm sendo

investigados (SHIBAYAMA; KARINO; OKABE, 2006).

A formação de complexos entre polieletrólitos e proteínas também pode ser estudada

pelo DLS (MATSUNAMI et al., 2007). Assim como soluções aquosas de polieletrólitos e o

efeito da massa molecular, densidade de cargas e adição de sais (FÖRSTER; SCHMIDT;

ANTONIETTI, 1990). A encapsulação de enzimas, devido à sua baixa estabilidade, por

polieletrólitos também sem sendo estudada (ANTSJE, 2013).

Espalhamento dinâmico da luz é uma técnica para a determinação do movimento dos sistemas

coloidais e os seus coeficientes de difusão. As flutuações, que são funções do tempo, medidas

em um determinado ângulo de espalhamento é a propriedade mensurável por esta técnica

(SCHÄRTL, 2007).

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Estas flutuações na intensidade I(t) em função do tempo são diretamente relacionadas

com o Movimento Browniano das Partículas espalhadoras, causada pelas flutuações térmicas

das moléculas do solvente (SCHÄRTL, 2007; YAMAMOTO et al., 2002).

A Figura 15 mostra que o espalhamento de luz é um processo aleatório. Entretanto,

informações essenciais podem ser extraídas da espectroscopia de correlação de fótons

utilizando métodos estatísticos. A característica mais simples de uma variável é o seu valor

médio. Mas, o valor médio de uma amplitude complexa de um campo eletromagnético de

espalhamento é igual a zero e não contém nenhuma informação. O mais complexo e

conhecido método estatístico para um processo aleatório, e que não é igual a zero, é a função

de correlação, que é o produto da média de uma variável f em dois tempos diferentes, t1 e t2,

Figura 15 - A flutuação da Intensidade detectada, I(t), em função do tempo

Fonte: Schärtl, 2007

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de modo que C(t1, t2)= <f(t1). f(t2)>. A função C(t1, t2) é uma das principais características

de processos aleatórios (GUN’KO et al., 2003).

Utilizando os tempos τ1 e τ2 ao invés de t1 e t2 na função de correlação C(t1, t2), e

sendo f igual a intensidade do campo, os tempos τ1 e τ2 são bem curtos, da ordem de µs, os

quais podem ser encontrados na Figura 15. Na Figura 16 é mostrada a utilização da função de

correlação em função do tempo de correlação.

Onde o símbolo < >T, no eixo y, representa o valor médio em função do tempo

(SCHÄRTL, 2007). Este gráfico mostra a função de correlação de intensidade g(2) (τ), ou

função de correlação de segunda ordem, que é obtida pela multiplicação das intensidades em

tempos curtos distintos (SCHÄRTL, 2007).

Figura 16 - Intensidades correlacionadas médias em função do tempo decorrelação.

Fonte: Schärtl, 2007

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A função de correlação de intensidade (ICF), g(2) (τ), é descrita como

g (2)(τ)=I (t) I (t+ τ)

I (t)2 (12)

onde τ é o tempo de correlação e t é o tempo de análise (ALATORRE-MEDA et al., 2009).

Em uma solução diluída de polímero, cada partícula é capaz de se mover através de

todo o volume da amostra. Cada centro espalhador perde memória da sua velocidade inicial

após um tempo característico que depende da densidade dos centros espalhadores. Esta perda

de memória torna-se notável no decaimento da função de correlação de tempo, que é obtida

através da flutuação da intensidade espalhada. Tais sistemas são caracterizados como

ergódicos, assim, dentro de intervalos de tempo, todas as configurações espaciais possíveis

podem ser realizadas e as médias de tempo e do conjunto do sistema não são semelhantes

(OKABE et al., 2003).

Para sistemas que possuem ergodicidade, g(2) (τ) é descrito em função da correlação de

campo elétrico, g(1) (τ), pela equação de Siegert (ALATORRE-MEDA et al., 2009):

g (2)(τ)=1+β[ g(1)

(τ)]2 (13)

onde β é uma constante e depende das propriedades ópticas do sistema.

Para sistemas esféricos a função, g(1) (τ), decai de acordo com (ALATORRE-MEDA et

al., 2009)

g (1 )(τ)=e−Γ τ (14)

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Portanto, a partir do decaimento da função de correlação de primeira ordem, g (1)(τ),

obtemos o coeficiente de difusão translacional através da equação de Stokes-Einstein.

Γ=Dq2 (15)

onde Γ é definido como taxa de relaxação (ALATORRE-MEDA et al., 2009).

Para Γ, D é o coeficiente de difusão translacional e q é o vetor espalhamento

D=k B T

6 πηRh

(16)

q=4π ηλ

sin (θ2) (17)

Para D, κB é a constante de Boltzmann, e Rh, o raio hidrodinâmico relacionado com as

partículas em movimento. Para q, η é a viscosidade do solvente e θ é o ângulo de

espalhamento (ALATORRE-MEDA et al., 2009).

O raio hidrodinâmico, Rh, de uma esfera hipotética rígida, é definido como sendo o

raio da partícula que se movimenta com a mesma velocidade daquela partícula que é

examinada. Na realidade, as partículas são solvatadas e os raios calculados a partir das

propriedades de difusão das partículas indicam o tamanho das partículas solvatadas em

movimento (HOLOUBEK, 2007).

De acordo com a Equação 16 parâmetros como temperatura e viscosidade do solvente

influenciam diretamente o coeficiente de difusão translacional, pois quanto maior o tamanho

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das moléculas maior será a viscosidade (DE VASCONCELOS; PEREIRA; FONSECA,

2001).

A figura a seguir mostra o esquema da aparelhagem experimental em uma análise de

espalhamento dinâmico da luz.

A luz passa no colimador, passa pela célula da amostra onde acontece o espalhamento

da luz. O detector está situado a um determinado ângulo, θ. O correlator armazena os dados e

faz os devidos cálculos que são captados no computador.

O campo elétrico, que passa através da célula da amostra, é detectado. Entretanto,

detectores de luz não conseguem medir campos elétricos, mas a intensidade do campo, E, é

mensurável. De acordo com a Equação 3 (GUN’KO et al., 2003).

Figura 17 - Aparelhagem experimental em uma análise deespalhamento de luz.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 MATERIAIS

A quitosana (Polymar Ltd, Brasil) usada nesse trabalho apresentou grau de desacetilação de

88% determinado pela análise elementar de CHN e titulação condutimétrica (DOS SANTOS

et al., 2009). A massa molar viscosimétrica média, M = 1.6∙105 g mol-1, foi determinada

usando a equação de Mark – Howink – Sakurada a partir de dados viscosimétricos

(TAVARES et al., 2012). O poli(metacrilato de sódio) (Sigma-Aldrich, Alemanha) foi usado

como recebido. O solvente utilizado em todas as análises foi o ácido acético 2% diluído em

água bidestilada.

4.2 MÉTODOS

4.2.1 obtenção dos complexos polieletrolíticos

A dispersão foi obtida pela simples mistura de concentrações variáveis (0,224, a 2,24 g

L-1) e volume fixo (VNaPMA = 20 mL) de poli(metacrilato de sódio) em concentração e volume

fixo de quitosana (VCS = 20 mL; CCS = 2,5 g L-1). A dispersão resultante foi deixada em

repouso por 18 horas até que o equilíbrio fosse atingido. O parâmetro que variou nesse estudo

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45

foi a razão entre os grupos carboxílicos do poli(metacrilato de sódio) dissociado e o

grupamento amina da quitosana. Esta razão foi definida como:

r CA=nCOO ⁻

nNH 3⁺

=nC 4 H 5 O 2 Na

nNH3⁺

=V NaPMA C NaPMA

M NaPMA nNH 3⁺

(18)

onde nCOO ⁻ é o número de mols do grupo carboxilato proveniente da solução de NaPMA,

nNH 3⁺é o número de mols do grupo amino da solução de quitosana, nC 4 H 5 O2 Na é o número

de mols do metacrilato de sódio (mero da solução polimérica de NaPMA), VNaPMA é o volume

da solução de NaPMA, CNaPMA é concentração massa/volume e MNaPMA é a massa molar do

metacrilato de sódio. O parâmetro rCA foi controlado pela variação da concentração do

poliânion, CNaPMA. O número de mols do grupo amino pela massa de quitosana é dado pela

seguinte equação:

nNH3⁺

mCS

=nNH3⁺

CCS V CS

=X D

X D M D+(1−X D)M A

→nNH3⁺=

CCS V CS X D

X D M D+(1−X D) M A

(19)

onde, Ccs é a concentração massa/volume da solução de quitosana, Vcs é o volume, mC é massa

da quitosana, XD é o grau de desacetilação, MD é a massa molar da unidade desacetilada

161,1558 g mol-1 e MA é a massa molar da unidade acetilada 203,1925 g mol-1. Substituindo

(19) em (18) e rearranjando os campos:

C NaPMA=V CS CCS M NaPMA

V NaPMA

X D

X D M D+(1−X D) M A

rCA (20)

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substituindo os valores na Equação 20 temos como resultado:

C NaPMA=1,492 gL−1 rCA (21)

essa equação foi usada para calcular a concentração da solução de NaPMA para obtenção da

dispersão na razão desejada.

4.2.2 Análises de SAXS

As análises de SAXS foram feitos no LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron),

usando feixes de luz SAXS2. Os parâmetros operacionais foram o tempo de análise, 10 min,

fonte, curvatura magnética e campo magnético, 1.67 T, energia, 7.0 keV, distancia da fonte,

2.5 m. Foi usada uma cubeta de mica e o detector MAR-165. Todas as análises foram feitas à

temperatura ambiente [(25±1)ºC]. Todo o tratamento dos dados foram feitos usando o

software ATSAS (PETOUKHOV et al., 2012).

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4.2.3 Análises de DLS

As análises de DLS foram feitas 6 vezes para cada amostra usando o 90 Plus Particle

Analyzer (Brookhaven Instruments Corp., USA). Os parâmetros usados foram: tempo de

análise, 5 min (média de 10 medidas a cada 30 segundos), comprimento de onda, 659 nm,

ângulo de espalhamento, θ = 90º, as análises foram feitas à temperatura ambiente [(25±1)ºC],

três amostras foram selecionadas para fazer as análises variando a temperatura de 10ºC à 50º e

foram repetidas 12 vezes.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Antes de começar a analise dos resultados, vamos fazer uma breve descrição do estado, em

termos de ionização, dos polieletrólitos utilizados neste trabalho para formar os PECs. O

NaPMA tem o pKA entre 6 e 7, em um pH em torno de 3 (que é o usado neste trabalho),

significa que ele será protonado e em solução a macromolécula irá existir predominantemente

na sua forma não ionizada, PMAA. Entretanto isto não significa que não irão existir grupos

carboxílicos ionizados, se analisarmos uma cadeia isolada de PMAA, a concentração do

grupo carboxílico é maior no interior da cadeia, então a ionização da carboxila, seguida pela

deslocalização do H3O (que aumenta a entropia configuracional) irá favorecer o⁺

aparecimento de grupos com carga negativa ao longo da cadeia, principalmente nas partes

mais externas da cadeia. Por outro lado a quitosana tem o pKA em torno de 6.5, então em

solução ela irá estar na sua forma protonada, totalmente carregada.

5.1 ESPALHAMENTO DE RAIOS-X À BAIXO ÂNGULO – SAXS

A figura 18a mostra os gráficos de Kratky (q²I(q)) para dispersões de algumas razões

molares, rCA.

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Quantitativamente podemos ver que para rCA = 0.15, a curva tem um máximo bastante

pronunciado, indicando a presença de partículas quase esféricas. Com o aumento de rCA para

0.75, a curva sugere a aparição de estruturas mais longas, de acordo com o modelo de escada.

Para valores de rCA maiores, as estruturas tendem a colapsar, voltando ao formato de esferas,

indicado pelo máximo bastante pronunciado nas curvas.

O tamanho de partícula pode ser determinado a partir das regiões de baixo-q de I(q),

usando a equação de Guinier:

Figura 18 - (a) Gráfico de Kratky para dispersões com diferentes valores de razão molar, rCA.(b) Raio de giração, RG, em função de rCA.

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lnI (q)=ln I 0−q ² RG

2

3(22)

onde I0 é a intensidade da radiação em q = 0 e RG é o raio de giração da partícula. A figura 18b

mostra a relação entre RG e rCA e podemos ver que, apesar da estrutura da partícula se tornar

cada vez mais longa, o raio de giração cai em rCA ≈ 0.75, indicando o colapso das partículas

nesta razão. Acima deste valor de rCA o tamanho das partículas aumenta, certamente devido a

nucleação e formação de novas e maiores partículas.

Figura 19 - (a) Gráfico da distribuição da distância dos pares, P(r), para dispersões comvalores diferentes de rCA. (b) Parâmetros relacionados a contribuição da função P(r), como

descrito nas equações 24 e 27.

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Mais informações estruturais podem ser retiradas determinado P(r), a distribuição

distância dos pares, definida como:

P (r )=r

2π2∫

0

qI (q)sin (qr )dq (23)

A função P(r) nos dá valiosas informações sobre o formato das partículas, permitindo uma

interpretação mais intuitiva do perfil de intensidade, I(q). A figura 19a mostra a distribuição

de distancia dos pares para rCA = 0.15 e 0.75. podemos ver que P(r) para rCA = 0.15 é bem mais

larga e centrada em valores maiores de r, nos dizendo que o colapso das partículas ocorre em

0.15, mas também sugerindo partículas de natureza mais homogênea.

Para ter uma melhor compreensão, descrever o sistema quantitativamente, em termos

de P(r), todas as distribuições foram transformadas em Gaussianas, na seguinte forma:

P (r )=a1 e(r−R1) ²

2 c ² +a2 e(r− R2) ²

2 c ² +a3 e(r−R 3)²

2 c ² (24)

onde para cada i-ésima distribuição, Ri é o centro, c é relacionado à sua largura máxima na

metade do máximo como LMMM =2√(2 ln 2 c) , e ai é uma constante. A determinação

destes parâmetros foram feitas utilizando uma regressão não linear, usando o Originlab 8.5,

fazendo um fit da equação acima de forma simultânea e global em todos os dados de P(r),

considerando R1, R2 e R3 como parâmetros compartilhados, todos os outros parâmetros (ai e c)

foram independentes. Fazendo o fit da Equação 24 nos dados de P(r) resultou em três

distribuições centradas em R1 = 12nm, R2 = 23nm e R3 = 43nm. A transformação também foi

mostrada na figura 19a.

Os parâmetros ai e c podem ser usados para estimar a contribuição de cada distribuição

para a distribuição total. Se sua contribuição, Si, é relacionado a uma fração da área total de

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P(r) que é associado ao centro de cada distribuição centrada em Ri, então podemos defini-lo

como:

S i=100Ai

∑i

Ai

, (25)

onde Ai é a área da distribuição centrada em Ri. Para esta distribuição Ai é

Ai=∫−∞

+∞

a i e(r−Ri) ²

2 c ² dr=ai c √π (26)

então substituindo a Equação 26 na Equação 25 temos:

S i=100c√π ai

c √π∑i

ai

=100ai

∑i

a i

(27)

A figura 19b mostra os gráficos de S1, S2, S3 e c em função de rCA. Podemos ver que a

contribuição de R1 aumenta com o aumento da razão molar, atingindo o máximo em rCA =

0.75, e neste mesmo ponto a contribuição de R2 e R3 são mínimas. Isto corrobora com o valor

mínimo de RG para a mesma razão na figura 18b.

Independente da largura da distribuição, de acordo com a figura 19b, o parâmetro c

um mínimo em rCA = 0.9, isto significa que as partículas nesta razão são maiores mas com

uma distribuição mais estreita. Deste ponto em diante, a nucleação e crescimento das

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partículas de PEC resultam no aumento da largura da distribuição, ou seja, as partículas vão

ficando mais homogêneas.

5.2 ESPALHAMENTO DINÂMICO DA LUZ – DLS

Figura 20 - (a) Função de correlação de intensidade, g(2), em função do tempo de decaimento,tD, para um PEC de rCA = 0.6 a 25ºC. (b) f1 (quadrados), f2 (círculos) e f3 (losangos) obtidos a

partir do fit não linear da equação 29 nos dados experimentais em função de rCA.

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A figura 20a mostra a relação entre a intensidade da função de correlação, g (2), em

função do tempo de decaimento, tD, para uma dispersão de PECs com rCA = 0.60, a 25ºC.

Podemos ver a presença de três processos de relaxação:

• O maior processo de relaxação, o mais importante, é identificado por “Relaxation 1”;

• Um segundo processo, menos intenso e mais lento, aparecendo em valores maiores de

tD, identificado por “Relaxation 2”;

• E um terceiro processo, de menor intensidade mas mais rápido, aparecendo em valores

menores de tD, identificado por “Relaxation 3”.

Para expressar matematicamente a relaxação envolvida nas ICFs, foi usado a equação

KWW(Kohlrausch-Williams-Watts) tripla:

g (1 )= f 1e−(ΓC ,1 tD)

ν

+ f 2e−(ΓC ,2 tD)ν

+ f 3 e−(ΓC ,3t D)ν

(28)

que, quando substituída na equação 13, temos

g (2)=1+β[ f 1 e−(ΓC ,1 t D)

ν

+ f 2 e−(ΓC ,2t D)ν

+ f 3 e−(ΓC ,3 t D)ν

]2 (29)

Na equação acima, tD é equivalente ao τ descrito no tópico 3.4.2, ΓC,1 é a relaxação

característica do processo 1 (mostrado na Figura 20a), ΓC,2 e ΓC,3 relacionados,

respectivamente, às relaxações 2 e 3. Essas relaxações específicas representam, na verdade, os

centros de três distribuições de relaxações, que tem sua largura relacionada ao parâmetro ν. Se

ν=1, teremos três taxas de relaxação discretas, bem definidas, se 0<ν<1, teremos distribuições

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contínuas das taxas de relaxação e a largura desta distribuição aumenta quando ν diminui. Por

fim os parâmetros f1, f2 e f3, onde cada f varia entre 0 e 1, e o somatório deles é igual a 1, são

usados para quantificar a influência do processo.

5.2.1 Efeito da razão molar carboxila/amino – rCA

A figura 20b mostra os parâmetros f1, f2 e f3 em função de rCA. O processo de relaxação

principal, relacionado a f1, parece se manter constante até rCA=1. Após este ponto ele se torna

cada vez mais importante. Por outro lado, o processo de relaxação mais rápido, relacionado à

f3, se torna cada vez menos importante com o aumento de rCA. O processo mais lento,

relacionado à f2, atinge o máximo em 0,75 <rCA< 1, em seguida diminui.

A análise das taxas de relaxação características, ΓC, nos dá informações mais

relevantes e podemos ver, analisando a Figura 21, que mostra as taxas de relaxações

características ΓC,1, ΓC,2 e ΓC,3 em função de rCA.

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Podemos ver que a magnitude de ΓC é na ordem de 10-4, 10-6 e 10-1 μs-1 para as

relaxações 1, 2 e 3 respectivamente. ΓC,3 parece não sofrer influencia de rCA; enquanto que há

mudanças significativas em ΓC,1 e ΓC,2. Em relação à ΓC,1, esta taxa relaxação pode ser

Figura 21 - Taxas de relaxação características ΓC,1 (quadrado), ΓC,2

(círculo) e ΓC,3 (losango), obtidos pelo fit não linear da equação 29nos dados experimentais, em função de rCA.

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relacionada ao movimento Browniano das partículas em colapso, num todo, o movimento

Browniano se torna mais rápido, como consequência da diminuição do tamanho das

partículas, percebemos isso com a aplicação da relação de Stokes-Einstein (substituindo a

Equação 16 e 17 na Equação 15) aos resultados.

Γ=k B T q2

6 πηRh

(30)

É notório que, para ΓC,1, na rCA = 0,75 ocorre uma mudança significativa, gerando uma

diferença entre duas curvas contínuas. Esta mudança é devida a mudança da natureza do

movimento Browniano, parte das partículas tendem a ser insolúveis resultando em menos

interações com a fase contínua e relaxações mais rápidas, como consequência. Se tratando de

ΓC,2, ele pode ser relacionado à movimentos aleatórios de partes solubilizadas, resultante das

interações entre as especies solubilizadas. Com o aumento de rCA, essas interações tendem a

aumentar, resultando na diminuição da taxa de relaxação; em rCA = 0,75 ΓC,2 aumenta,

certamente por que a concentração de PECs solubilizados diminui, diminuindo essas

interações locais (movimento aleatório é mais livre, relaxação é mais rápida). Quando rCA > 1,

ocorre um aumento aparente em ΓC,2,com um máximo em torno de rCA = 1,3. Este aumento,

seu máximo e subsequente decréscimo é resultado das influências: (i) diminuição nas

interações na solução, devido a diminuição dos PECs solubilizados, como mencionado, e (ii)

o aumento das interações locais (devido principalmente à ligações de hidrogênio entre as

macromoléculas de PMA solubilizadas) como resultado do aumento da sua concentração na

solução.

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58

A Figura 22a mostra a dependência do parâmetro de heterogeneidade, ν, em função de

rCA.

Podemos ver que primeiro ν aumenta e atinge o máximo em torno de rCA = 0,5, este

aumento está relacionado ao aumento das interações entre os PECs solubilizados, quando rCA

aumenta resulta num processo mais e mais homogêneo. A diminuição que ocorre em rCA =

0,75 coincide com o colapso dos PECs solubilizados: neste ponto temos uma mistura de PECs

solúveis e insolúveis. O processo de relaxação, como consequência, se torna mais

heterogêneo, com a diminuição de ν. Após este mínimo, o valor de ν aumenta novamente,

Figura 22 - (a) Constante relacionada ao parâmetro deheterogenidade, ν,obtido a partir do fit não linear da

equação 29 nos dados experimentais, em função de rCA. (b)Taxa de relaxação média ΓM, calculada a partir da equação

33, em função de rCA.

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desta vez, devido a transformação de PECs solúveis em insolúveis. Como resultado o

processo de relaxação se torna mais homogêneo.

Podemos explorar o efeito de rCA usando o conceito de taxa de relaxação média, ΓM. A

vantagem de usar este conceito é que ΓM incorpora em seus valores a influência de todos os

ΓC,i’s assim como a constante ν. Esta abordagem tem sido usada com os tempos de relaxação

(o recíproco da taxa de relaxação) (CHOI; KWAK, 2004; PICH et al., 2006) e aplicadas a

distribuição das taxas de relaxação com uma e duas taxas de relaxação características (DE

OLIVEIRA et al., 2012; DOS SANTOS; PEREIRA; FONSECA, 2013). Do mesmo jeito que

ela é usada para um processo com uma única taxa de relaxação, com um único tempo de

relaxação, temos que

∫0

g(1)(tD)dt D=∫

0

e−Γ t D dt D=1Γ (31)

Uma taxa de relaxação média, ΓM, pode analogamente ser definida como:

ΓM=1

∫0

g(1)(t D)dtD

(32)

substituindo a equação 28 na equação acima temos

ΓM= νΓF (1/ν)

(f 1

ΓC ,1+

f 2

ΓC ,2+

f 3

ΓC ,3)−1

(33)

onde ΓF(1/ν) é a função gama de 1/ν:

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60

ΓF (1/ ν)=∫0

x1 / ν−1e− x dx (34)

A Figura 22b mostra a influencia da razão molar dos grupos carboxilato/amino na taxa

de relaxação média. Podemos ver que a taxa de relaxação média aumenta com o aumento de

rCA, mostrando que o efeito do volume diminui, isto mostra que o que governa a relaxação são

os grupos internos dos PECs. Até rCA = 0,75 o sistema parece atingir um valor assintótico de

ΓM; neste exato valor de rCA, entretanto, há um salto no valor de ΓM para um valor maior e

constante, este aumento é causado pela presença de grande quantidade de PECs insolúveis.

Levando isso em conta, de acordo com a equação 30, o raio da partícula é

inversamente proporcional ao ΓM, a Figura 22b sugere que que o diâmetro da partícula

diminui constantemente com o aumento de rCA. O SAXS mostra outro comportamento, o raio

de giração diminui até chegar num mínimo e depois aumenta (figura 18b). Para começar a

análise desse paradoxo em potencial, vamos estimar o valor mínimo do diâmetro da partícula

da figura 22b (ln[ΓM / (μs-1)]=-7.0, θ=90º, no=1.33, η=0.89mPas e λ=659nm). Combinando a

equação 17 com a 30 temos que o raio médio da partícula, Rh,será

R̄h=8π kT3η Γ [n0

λsin (θ2 )]=

8⋅π⋅1.38⋅10−23 m2 kg s−1 K−1⋅298 K

3⋅0.89⋅10−3 Pas⋅e−7.0⋅106 s−1 [ 1.33

659⋅10−9 msin(45 º )]

2

⋅109 nm

m≈85nm (35)

Este valor para o diâmetro médio diverge dos valores encontrados usando o SAXS (o

maior diâmetro foi na faixa de RG ≈ 23nm). Esta discrepância no tamanho é causada pela

existência de duas fases em todas as partículas. Mais precisamente, a partícula é formada por

um centro de alta densidade, que refrata a radiação eletromagnética, e uma parte externa

formada por estruturas solubilizadas, com uma grande quantidade de água, não muito

diferente da fase contínua. O SAXS detecta este núcleo denso, que tem uma densidade

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eletrônica consideravelmente diferente da fase contínua (composta por água, ácido acético e

macromoléculas solubilizadas). Já o DLS mede o tamanho das partículas detectadas como

oscilação do centro de espalhamento da luz, devido ao movimento aleatório das partículas.

Apesar da luz espalhada vir do centro das nanopartículas, a região exterior (mesmo sendo

transparente) determina o caminho que a luz espalhada vai oscilar. A fração volumétrica do

centro da partícula, φ, pode ser estimado a partir da seguinte expressão

ϕ=V centro

V hidrodinâmico

=( RG

R̄h)

3

(36)

onde RG é o raio de giração, determinado por SAXS pela equação 22 , e Rh é o diâmetro

hidrodinâmico médio, determinado pelo DLS usando a equação 35. A figura a seguir mostra a

dependência de Φ em relação a razão molar rCA.

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Podemos ver claramente que as partículas são formadas, principalmente, por material

solúvel, apesar de do componente insolúvel das partículas aumentar com o aumento de rCA.

Por outro lado, Shibayama interpretou o DLS para soluções concentradas de polímeros

como regiões ligadas fisicamente, que se comportam como géis (SHIBAYAMA, 2006), neste

caso, as regiões ligadas entre si fisicamente flutuam randomicamente, etão a equação de

Stokes se torna-se

Figura 23 - Razão volumétrica média das partículas dePECs, φ, em função da razão molar carboxila/amino, rCA.

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Dc≈kT

6π ηξ(37)

onde Dc é o coeficiente de difusão coletado e ξ é a dimensão da “bolha” formada pela

macromolécula solubilizada. Em outras palavras, isto nos mostra a possibilidade da

contribuição para funções de correlação de intensidade (ICFs) os PECs completamente

solúveis, como pontos de flutuação reticuladas ionicamente.

5.2.2 Efeito da temperatura

Como visto na seção 5.2.1, a produção de partículas insolúveis começa em rCA=0.75.

Como consequência, se tentarmos estudar as interações entre polieletrólitos aniônicos e

catiônicos, razões rCA≤0.75 são melhores. Por causa disto este estudo foi feito usando as

razões rCA=0.15, 0.45 e 0.75.

A figura a seguir mostra os gráficos de f1, f2 e f3 em função da temperatura, para PECs

com estas razões molares.

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É notório que, com o aumento da temperatura, há uma tendência de decréscimo para a

relaxação 1 e um decréscimo seguido de aumento para a relaxação 2, para a relaxação 3

parece haver um leve aumento com o aumento da temperatura. Quantitativamente isto nos

mostra que com o aumento da temperatura, relaxações mais rápidas se tornam mais

importantes.

Figura 24 - f1 (quadrados), f2 (círculos) e f3 (losangos), obtidos a partir do fit não linear daequação 29 nos dados experimentais, em função da temperatura, T, para rCA=0.15, 0.45 e 0.75.

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Podemos ver na figura 25a que, independente da taxa de relaxação, todas parecem

sofrer um leve aumento, com o aumento da temperatura, isto é esperado pois este processo é

caracterizado como cinético. A constante relacionada a homogeneidade do processo de

relaxação nos dá informações mais interessantes, figura 25b. Apesar do resultado final ser um

pouco espalhado, podemos ver que há um mínimo entre 20 e 30ºC. Este mínimo sugere que

neste ponto o sistema está no seu processo de relaxação menos homogêneo e que deve estar

relacionado a algum processo termodinâmico que começa em torno de 20ºC. Se isso for

Figura 25 - (a) Taxas de relaxação características ΓC,1 (quadrado), ΓC,2 (círculos) e ΓC,3

(losangos), obtidos pelo fit da equação 29 nos dados experimentais, em função datemperatura, T, para rCA = 0,15, 0,45 e 0,75. (b) constante relacionada a heterogeneidade doprocesso de relaxação, ν,obtida a partir do fit da equação 29 nos dados experimentais, em

função da temperatura, T, para rCA = 0,15, 0,45 e 0,75.

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verdade, um gráfico de Arrhenius para ΓM deve nos fornecer informações interessantes, isto

foi confirmado como mostra a figura 26a, que ilustra o gráfico.

É evidente que há duas energias de ativação aparentes, relacionadas à equação

Figura 26 - (a) Gráfico de Arrhenius para a taxa de relaxação média, ΓM, para rCA = 0,15, 0,45e 0,75. (b) energia de ativação em função de rCA = 0,15, 0,45 e 0,75, EA,1 (10ºC≤T≤20ºC,

triângulo) e EA2 (20ºC≤T≤50ºC, triângulo invertido).

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ln ΓM=ln A0, i−E A, i

RT(38)

onde i=1 e 2, EA,1 é a energia de ativação aparente para T< 20ºC (curva com maior coeficiente

angular), EA,2 é a energia de ativação aparente para T >20ºC (curva com menor coeficiente

angular), lnA0,i é o logaritmo das constantes pré exponenciais e R é a constante universal dos

gases. Nos parece que, em 20ºC existe alguma transição conformacional no sistema que torna

a relaxação mais rápida. Podemos esperar que quando rCA se aproxima de 0.75, esta transição

se torne mais evidente e, analisando a figura 26b, que nos mostra os gráficos de EA,1 e EA,2 em

função de rCA, podemos ver que a energia de ativação 1 está relacionada à interações mais

fortes, que resulta no aumento do seu valor para a razão molar 0.75, no caso da energia de

ativação 2, ela está relacionada á interações mais fracas e aumenta com o aumento da razão de

forma linear, sem nenhum aumento intenso, isto ocorre por que os processo de relaxação são

regidos pelas interações mais fortes.

A figura a seguir ilustra o processo de formação das partículas de PECs estudadas.

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Figura 27 - Esquema de formação das partículas de PECs compostas por quitosana e poli(metacrilato de sódio).

Fonte: Stopilha et al., 2016

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6 CONCLUSÕES

O complexo polieletrolítico feito a partir da mistura de de soluções ácidas de

quitosana e poli(metacrilato de sódio) em diferentes razões molares de carboxila/amino pôde

ser caracterizado como um núcleo de alta densidade (feito por partículas insolúveis de PECs)

e uma região externa, uma camada larga de material solúvel.

O espalhamento de luz estático (SAXS) foi usado, com sucesso, para determinar o

tamanho do núcleo das partículas enquanto que o espalhamento dinâmico (DLS) pôde ser

usado para estimar sua dimensão total.

Partículas com a razão molar até 1.5 são feitas de material solúvel (mas aprisionado).

Independente do volume da partícula, o professo de formação consiste em um

contínuo decréscimo das dimensões do PEC até chegar num ponto em que parte das estruturas

do PEC solubilizado colapsam e aumentam o tamanho do núcleo da partícula resultante.

Uma descontinuidade no gráfico de Arrhenius para a taxa de relaxação média do DLS

nos mostrou a presença de dois tipos de interações, também mais evidentes nas mesmas

razões, fortalecem a validade deste mecanismo de formação da partícula.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A: NANOPARTICES FROM COMPLEXATION OF CHITOSAN AND POLY(SODIUM METHACRYLATE): LIGHT SCATTERING STUDIES.

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