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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA VULNERABILIDADE EXTERNA E O IMPACTO DA CRISE GLOBAL NA AMÉRICA LATINA THAÍS KRUTMAN REZENDE Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA

VULNERABILIDADE EXTERNA E O IMPACTO DA CRISE GLOBAL NA AMÉRICA LATINA

THAÍS KRUTMAN REZENDE

Rio de Janeiro 2010

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THAÍS KRUTMAN REZENDE

VULNERABILIDADE EXTERNA E O IMPACTO DA CRISE GLOBAL NA AMÉRICA LATINA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Economia do Instituto

de Economia da Universidade Federal do

Rio de Janeiro como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre

em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Gonçalves

Rio de Janeiro 2010

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THAÍS KRUTMAN REZENDE

VULNERABILIDADE EXTERNA E O IMPACTO DA CRISE GLOBAL NA AMÉRICA LATINA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Economia do Instituto de

Economia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Economia.

Banca Examinadora: ___________________________________________ Prof. Dr. Reinaldo Gonçalves (orientador) - UFRJ ___________________________________________ Profa. Dr. Edson Peterli Guimarães - UFRJ ____________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Dias Carcanholo - UFF

Rio de Janeiro, Dezembro de 2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, ao professor Reinaldo Gonçalves por todo seu apoio na

construção deste trabalho, desde o início da elaboração de seu projeto. Também devo

agradecer aos outros professores do Instituto de Economia com quem tive a oportunidade de

conviver durante este curso e foram fundamentais à minha formação acadêmica neste período.

Aos amigos que estiveram ao meu lado durante esses anos de mestrado devo agradecer

por todos os momentos juntos, dentro ou fora das salas de aula, em especial, Lívia Lima, Paula

Martins, Rodrigo Madeira e Gabriel Dib.

Finalmente, agradeço aos meus pais, Joviano e Silvia, e meus irmãos, Ana, Thiago e

Laura, pelo apoio, compreensão e paciência, bem como à minha sobrinha, Alice, por suas

incontáveis gargalhadas.

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RESUMO A eclosão da crise internacional, no segundo semestre de 2008, gerou impactos de diferentes magnitudes nas variáveis macroeconômicas dos países da América Latina. Esta crise funcionou como um fator desestabilizador sobre as economias da região, que se beneficiavam da fase ascendente do ciclo internacional iniciado em 2003. A exposição destes países aos efeitos da crise está, em parte, vinculada à articulação e dependência de suas economias frente ao exterior. Isto evidencia as fontes de fragilidade externa de cada país a partir das esferas das relações econômicas internacionais. Com base na metodologia de Gonçalves (2005), foram calculados índices de vulnerabilidade externa para onze economias selecionadas da região: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Este trabalho busca estudar a relação entre a fragilidade externa e os impactos da crise internacional sobre o painel regional. E, por fim, testar a hipótese de que os países mais vulneráveis sofreram maiores impactos com a crise internacional. Palavras-chave: crise internacional; vulnerabilidade externa; América Latina; impacto macroeconômico. ABSTRACT The outbreak of the international crisis, in the second half of 2008, produced impacts of different magnitudes on the macroeconomic variables in Latin America. This crisis worked as a destabilizing factor on the region's economies, which had been benefiting from the upward period of the international cycle since 2003. The exposure of these countries to the effects of this crisis is partly linked to the relationship and dependence of their economies on the global economy. This highlights the sources of external vulnerability of each country in the spheres of international economic relations. Based on the methodology of Gonçalves (2005), indices of external vulnerability were calculated for eleven selected economies of the region: Argentina, Bolivia, Brazil, Chile, Colombia, Ecuador, Mexico, Paraguay, Peru, Uruguay and Venezuela. This work intends to study the relationship between the external fragility and the impacts of global crisis on the regional panel. Finally, it tests the hypothesis that the most vulnerable countries have suffered major impacts from the international crisis. Keywords: international crisis; external vulnerability; Latin America; macroeconomic impact.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8

CAPÍTULO 1 VULNERABILIDADE EXTERNA E CRISE GLOBAL:

FUNDAMENTOS ANALÍTICOS.................................................................................. 10

1.1 Fundamentos analíticos ................................................................................................. 10

1.1.1 Do modelo desenvolvimentista ao modelo neoliberal ................................................ 11

1.1.2 Vulnerabilidade externa, desregulamentação e liberalização ..................................... 17

1.2 Crise global: causas, natureza e extensão .................................................................... 22

CAPÍTULO 2 VULNERABILIDADE EXTERNA DA AMÉRICA LATINA:

METODOLOGIA E EVIDÊNCIA EMPÍRICA........................................................... 29

2.1 Metodologia de análise e construção da base de dados ..............................................29

2.2 Evidência empírica......................................................................................................... 32

CAPÍTULO 3 CRISE GLOBAL E AMÉRICA LATINA: IMPACTO

MACROECÔNOMICO.................................................................................................. 46

3.1 Renda, investimento e emprego .................................................................................... 46

3.2 Inflação e finanças públicas........................................................................................... 56

3.3 Contas Externas ............................................................................................................. 66

CONCLUSÃO......................................................................................................................... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 89

ANEXO I – PAÍSES UTILIZADOS PARA O CÁLCULO DOS ÍNDICES DE VULN ERABILIDADE

EXTERNA ............................................................................................................................ 93

ANEXO II – ÍNDICE REFERENTE À EXPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS / PRODUTO

INTERNO BRUTO ................................................................................................................ 94

ANEXO III – ÍNDICE REFERENTE AO GRAU DE CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTA ÇÕES.......... 96

ANEXO IV – ÍNDICE REFERENTE AO INGRESSO ACUMULADO DE IED / PIB........................ 98

ANEXO V – ÍNDICE REFERENTE À DÍVIDA EXTERNA TOTAL / EXPORTAÇÃO DE BENS E

SERVIÇOS......................................................................................................................... 100

ANEXO VI – ÍNDICE REFERENTE À IMPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS / RESERVAS

INTERNACIONAIS ............................................................................................................. 102

ANEXO VII – ÍNDICE DE VULNERABILIDADE EXTERNA ..................................................... 104

ANEXO VIII – DADOS REFERENTES ÀS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS DA AMÉRICA

LATINA ............................................................................................................................ 106

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

GRÁFICO 2.1 ÍNDICE REFERENTE À EXPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS / PRODUTO

INTERNO BRUTO ................................................................................................................ 32

GRÁFICO 2.2 ÍNDICE REFERENTE AO GRAU DE CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTA ÇÕES........... 33

GRÁFICO 2.3 ÍNDICE REFERENTE AO INGRESSO ACUMULADO DE IED / PIB......................... 35

GRÁFICO 2.4 ÍNDICE REFERENTE À DÍVIDA EXTERNA TOTAL / EXPORTAÇÃO DE BENS E

SERVIÇOS........................................................................................................................... 37

GRÁFICO 2.5 ÍNDICE REFERENTE À IMPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS / RESERVAS

INTERNACIONAIS ............................................................................................................... 39

GRÁFICO 2.6 RESERVAS INTERNACIONAIS (EM MILHÕES DE DÓLARES ): 2005-2008 ............ 40

GRÁFICO 2.7 PARTICIPAÇÃO DE CADA ÍNDICE NO IVE .......................................................... 41

GRÁFICO 2.8 ÍNDICE DE VULNERABILIDADE EXTERNA ......................................................... 44

GRÁFICO 3.1 TAXAS DE CRESCIMENTO DO PIB (EM %) : 2006-2009 .................................... 47

GRÁFICO 3.2 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NA TAXA DE CRESCIME NTO DO PIB

E O IVE.............................................................................................................................. 48

GRÁFICO 3.3 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NA TAXA DE CR ESCIMENTO

DO PIB E O IVE................................................................................................................. 49

GRÁFICO 3.4 TAXAS DE INVESTIMENTO (EM %): 2006-2009................................................. 50

GRÁFICO 3.5 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NA TAXA DE INVESTIM ENTO E O

IVE. ................................................................................................................................... 51

GRÁFICO 3.6 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NA TAXA DE IN VESTIMENTO

E O IVE.............................................................................................................................. 52

GRÁFICO 3.7 TAXAS DE DESEMPREGO (EM %): 2006-2009 ................................................... 53

GRÁFICO 3.8 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NA TAXA DE DESEMPRE GO E O IVE . 54

GRÁFICO 3.9 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NA TAXA DE DE SEMPREGO E

O IVE................................................................................................................................. 55

GRÁFICO 3.10 TAXAS DE INFLAÇÃO (EM %): 2006-2009....................................................... 56

GRÁFICO 3.11 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NA TAXA DE INFLAÇÃO E O IVE..... 58

GRÁFICO 3.12 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NA TAXA DE IN FLAÇÃO E O

IVE. ................................................................................................................................... 59

GRÁFICO 3.13 FINANÇAS PÚBLICAS (EM % DO PIB): 2006-2009........................................... 61

GRÁFICO 3.14 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NO RESULTADO PRIMÁR IO E O

IVE. ................................................................................................................................... 62

GRÁFICO 3.15 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NO RESULTADO GLOBAL E O IVE .. 63

GRÁFICO 3.16 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NO RESULTADO PRIMÁRIO

E O IVE.............................................................................................................................. 64

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GRÁFICO 3.17 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NO RESULTADO GLOBAL E

O IVE................................................................................................................................. 65

GRÁFICO 3.18 BALANÇA COMERCIAL (EM % DO PIB): 2006-2009 ....................................... 67

GRÁFICO 3.19 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NA BALANÇA COMERCIA L E O IVE 68

GRÁFICO 3.20 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NA BALANÇA CO MERCIAL E

O IVE................................................................................................................................. 69

GRÁFICO 3.21 BALANÇO DE RENDAS (EM % DO PIB): 2006-2009......................................... 69

GRÁFICO 3.22 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NO BALANÇO DE RENDA S E O IVE.. 70

GRÁFICO 3.23 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO NO BALANÇO DE RENDA S E O IVE.. 71

GRÁFICO 3.24 TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS CORRENTES (EM % DO PIB): 2006-2009 ... 72

GRÁFICO 3.25 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NAS TRANSFERÊNCIAS

UNILATERAIS CORRENTES E O IVE................................................................................... 73

GRÁFICO 3.26 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NAS TRANSFERÊ NCIAS

UNILATERAIS CORRENTES E O IVE................................................................................... 73

GRÁFICO 3.27 TRANSAÇÕES CORRENTES (EM % DO PIB): 2006-2009 ................................. 74

GRÁFICO 3.28 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NAS TRANSAÇÕES CORR ENTES E O

IVE. ................................................................................................................................... 75

GRÁFICO 3.29 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NAS TRANSAÇÕE S

CORRENTES E O IVE ......................................................................................................... 76

GRÁFICO 3.30 CONTA CAPITAL E FINANCEIRA (EM % DO PIB): 2006-2009 ......................... 77

GRÁFICO 3.31 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NA CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

E O IVE.............................................................................................................................. 78

GRÁFICO 3.32 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NA CONTA CAPI TAL E

FINANCEIRA E O IVE......................................................................................................... 79

GRÁFICO 3.33 INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO LÍQUIDO (EM % DO PIB): 2006-2009 ...... 80

GRÁFICO 3.34 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO IMEDIATO NO IED LÍQUIDO E O IVE............... 81

GRÁFICO 3.35 RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO DE CURTO PRAZO NO IED LÍQUIDO E O IVE... 82

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 2.1 EXPORTAÇÃO DE COMMODITIES / EXPORTAÇÃO TOTAL DE BENS E SERVIÇOS .. 34

TABELA SÍNTESE: RELAÇÃO ENTRE O IMPACTO NA VARIÁVEL MACROECONÔMICA E O

IVE. ................................................................................................................................... 87

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INTRODUÇÃO

A hegemonia da estratégia desenvolvimentista, de 1950 a 1980, defendia o

desenvolvimento com base em uma grande participação do Estado. No entanto, o

desenvolvimentismo entrou em crise em decorrência do não cumprimento da agenda

econômica, que deveria buscar: estabilidade, redução da fragilidade externa e crescimento.

Isto enfraqueceu a legitimidade política deste modelo de crescimento. A crença de que este

padrão se baseava em um tripé – repressão financeira no mercado internacional, protecionismo

e intervenção do Estado – que produziria uma alocação de recursos ineficiente, gerando baixo

crescimento e alta inflação ganhou espaço nos países desenvolvidos, sendo este o diagnóstico

sobre o que ocorria nos países em desenvolvimento.

A solução que trilharia um caminho rumo ao desenvolvimento estaria baseada, então,

na adoção de ‘reformas estruturais’, defendidas pelo Consenso de Washington em 1989. As

transformações macro-estruturais deste período estão associadas à mudança substancial no

grau de proteção relacionado aos investimentos estrangeiros; à expansão dos processos de

privatização; ao aumento do fluxo de comércio, decorrente de reduções unilaterais de tarifas e

barreiras por parte dos países em desenvolvimento; e à expansão dos fluxos financeiros,

essenciais ao crescimento desses países, que se apoiaram na poupança externa. Essa realidade

atinge a América Latina de forma explosiva nos anos 1990, condicionando suas estratégias e

possibilidades de desenvolvimento.

A expansão de processos de liberalização e de desregulamentação nas economias

latino-americanas faz com que fatores externos tornem-se cada vez mais influentes sobre a

evolução econômica destes países. Desta forma, a observação de mudanças concentradas em

determinados momentos e regiões demonstra que a evolução das economias, incluindo casos

de crescimento bem sucedidos e casos de colapsos, é essencialmente explicada por fatores

externos, que podem ser compartilhados entre diversos países. “A concentração de sucessos e

colapsos implica que o ‘ciclo’ ou ‘trajetória’ do desenvolvimento global tem influenciado os

padrões de crescimento dos países em desenvolvimento.” (OCAMPO e PARRA, 2007, p. 104,

aspas do original, tradução nossa)

Neste contexto, o estudo da vulnerabilidade externa na América Latina passa a ser

fundamental, ou seja, como fatores desestabilizadores e choques externos provocam impactos

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sobre os países da região. Além disso, é necessário analisar as esferas das relações econômicas

internacionais – comercial, produtivo-real, tecnológica e monetário-financeira – por meio das

quais a vulnerabilidade externa se manifesta, tendo em vista que os países latino-americanos

se deparam com diferentes fontes de fragilidade.

O ciclo recente de crescimento da economia mundial iniciado em 2003 foi revertido

com a eclosão da crise internacional em meados de 2008. Este é um exemplo de fator

desestabilizador que influenciou o desempenho de diversos países, dentre eles os latino-

americanos. Assim, este trabalho apresenta como tema central a análise dos impactos

macroeconômicos da crise global sobre países latino-americanos selecionados: Argentina,

Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. O

objetivo específico é o estudo da relação entre a vulnerabilidade externa destes países e os

impactos da crise, de modo a observar se o impacto sofrido por países mais vulneráveis foi

maior.

A hipótese levantada por este trabalho, portanto, é que países mais vulneráveis – ou

seja, com baixa capacidade de resistência a fatores desestabilizadores e choques externos –

sofreram maior impacto da crise global, que se tornou evidente no segundo semestre de 2008.

A relevância deste estudo está em que a crise global funciona como um fator desestabilizador.

Desta forma, de acordo com definição de vulnerabilidade externa apresentada neste trabalho,

espera-se que a hipótese seja comprovada.

Do ponto de vista da estrutura, esta dissertação está dividida em três capítulos e mais

uma seção dedicada às conclusões. O primeiro capítulo apresenta os fundamentos analíticos

que suportam as análises empíricas realizadas nos capítulos seguintes. No segundo capítulo é

estudada a presença de vulnerabilidade externa nos países latino-americanos selecionados. Já o

terceiro capítulo concentra-se na observação dos impactos macroeconômicos imediatos e de

curto prazo provocados pela crise internacional sobre estes países. Para avaliar o impacto

imediato confronta-se a média das variáveis macroeconômicas para os anos de 2006 e 2007 ao

valor observado em 2008, enquanto no impacto de curto prazo compara-se o resultado de 2009

à média do biênio anterior. Desta forma, é possível examinar a relação destes impactos com os

índices de vulnerabilidade externa calculados no segundo capítulo. Na seção conclusiva, são

retomados os principais pontos da análise e verifica-se a comprovação, ou não, da hipótese

proposta nesta pesquisa.

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CAPÍTULO 1 VULNERABILIDADE EXTERNA E CRISE GLOBAL:

FUNDAMENTOS ANALÍTICOS

O presente capítulo tem como objetivo apresentar a fundamentação teórica para dar o

suporte às análises empíricas desenvolvidas no segundo e terceiro capítulos, nos quais serão

estudados a vulnerabilidade externa nos países da América do Sul – Argentina, Bolívia, Brasil,

Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela – e no México, assim como

os impactos macroeconômicos da crise sobre esses países.

Para tanto, serão expostos os fundamentos analíticos relacionados à vulnerabilidade

externa e os motivos que contribuíram para a eclosão da atual crise internacional iniciada em

meados de 2008.

1.1 Fundamentos analíticos

A partir do início da década de 1980, o processo de globalização econômica ganha

espaço no cenário mundial. Este fenômeno apresenta características marcantes, como: (i) a

aceleração do processo de internacionalização da produção – que ocorre sempre que residentes

de um país acessam bens e serviços com origem em não-residentes, seja através de comércio,

investimento externo direto ou relações contratuais – e dos fluxos de capitais; (ii) o aumento

da contestabilidade, ou seja, do grau de concorrência do mercado mundial; e (iii) maior

interdependência entre empresas e economias nacionais. A globalização ocorre juntamente a

um aumento da desregulamentação e liberalização.

“A liberalização representa a redução das barreiras comerciais de acesso aos mercados nacionais. A desregulamentação envolve a eliminação ou afrouxamento das normas reguladoras da atividade econômica. O que o neoliberalismo faz é a troca de sinais: intervenção estatal x iniciativa privada; regulação x mercado; barreiras comerciais x liberalização; controle do investimento externo x abertura.” (GONÇALVES, 2003, p.28)

Tanto a desregulamentação quanto a liberalização são pilares do modelo neoliberal, que se

tornou hegemônico como resultado da descrença em relação ao modelo desenvolvimentista.

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1.1.1 Do modelo desenvolvimentista ao modelo neoliberal

O desenvolvimento econômico se tornou um tema de preocupação entre os países

periféricos com o fim da Segunda Guerra Mundial. Diferente do crescimento que expressa

simplesmente “mais do mesmo”, o processo de desenvolvimento envolve transformações

estruturais. De acordo com Ocampo (2007), o pensamento da “escola estruturalista”1 latino-

americana se apoiava na idéia de desenvolvimento econômico definido como:

“Trata-se de aumentar a renda per capita, de ter sucesso na realização de transformações estruturais necessárias, e de adotar as estratégias macroeconômica e financeira adequadas, dentro das restrições que a posição de cada país na hierarquia mundial cria e com base nas estruturas internas dos países em desenvolvimento que são parcialmente funcionais a essa posição e parcialmente determinadas pelo seu próprio desenvolvimento histórico.” (p. 7, tradução nossa)

O desenvolvimento econômico não pode ser descrito como um processo contínuo, pois

se submete a processos de ruptura, ou seja, vincula-se a elementos de descontinuidade, que

necessitam do poder político e da capacitação do Estado. O dinamismo do desenvolvimento,

para a escola estruturalista, está relacionado a seguidas mudanças nas estruturas produtivas,

puxadas por algumas firmas e setores específicos, que gerem maiores efeitos de encadeamento

e maiores rendimentos de escala. Ou seja, nem todos os setores possuem este poder de liderar

um desenvolvimento dinâmico, valorizando a dimensão da transformação nas estruturas

produtivas.

Hegemônico do fim da Segunda Guerra Mundial até a década de 1970, o paradigma

desenvolvimentista, em que se pode inserir o pensamento estruturalista, defendia a

importância do papel do Estado e da intervenção direta nas transformações da estrutura

produtiva, ou seja, buscando a promoção da industrialização2. De acordo com a abordagem

estruturalista, o argumento central que justifica a necessidade de industrializar os países

periféricos é a diferença entre as elasticidades-renda do que esses países exportavam e

importavam. Em outras palavras, os produtos agrícolas exportados pelos países periféricos,

dependentes do nível de renda do “resto do mundo”, teriam uma elasticidade-renda inferior

1 Também chamada, de forma menos precisa, de “pensamento Cepalino”. Ver Fiori (2001). 2 Vale mencionar que o desenvolvimento da indústria é uma condição necessária, porém não suficiente ao desenvolvimento econômico. No entanto, esta questão está além do escopo desta dissertação.

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aos produtos importados, dependentes do nível de renda doméstico3. Assim, a longo prazo,

para manter as contas externas equilibradas, esses países deveriam crescer a taxas menores que

os países industrializados. À luz dessa justificativa, fica clara a crítica à teoria do comércio

internacional ricardiana baseada nas “vantagens comparativas”.

O papel do Estado ganhou legitimidade acadêmica com o trabalho de Gerschenkron

(1962), de forma que o mercado não seria o guia para o desenvolvimento. Assim, não

existiriam instituições ótimas e o desenho institucional dependeria do grau de atraso do país,

de modo que podem ser consideradas diferentes trajetórias de industrialização. Defende-se que

cada país deva buscar a solução adequada aos seus problemas, pois não existem fases iguais

pelas quais todos os países devam passar a caminho do desenvolvimento, criticando a teoria de

estágios de Rostow (1964), pois, como afirmado por Furtado (1961): a história dos países em

desenvolvimento não é um reflexo do passado dos países desenvolvidos.4 Quanto maior o grau

de atraso, maior seria o papel do Estado no processo de industrialização, seja como

financiador, comprador ou produtor, em outras palavras, maior o ‘salto’ que se deveria dar em

direção à industrialização. Isso demonstra o papel de destaque conferido às políticas públicas

na industrialização das economias em desenvolvimento.

Dentre os desenvolvimentistas, podem ser observados os estudos da Comissão

Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) que partem de uma especificidade da

América Latina, a industrialização por substituição de importações (ISI)5. A partir desta

experiência peculiar os pensadores cepalinos fazem uma generalização através de um método

que combina análise estrutural com análise histórica. É preciso ressaltar que a CEPAL buscava

dialogar com policy makers. Para estes, o planejamento seria uma técnica a serviço da política:

o fundamental é planejar.

O contexto internacional no qual a convenção desenvolvimentista perde a hegemonia é

constituído pelo fim do socialismo real e o fim do mundo organizado por Bretton Woods. O

primeiro pode ser observado através da marcha, mesmo que gradual, da China rumo ao 3 Além disso, economias com abundância de recursos naturais podem experimentar casos de doença holandesa, sendo este um argumento favorável à diversificação. Ver Palma (2007). 4 Ocampo (2007) reafirma esta idéia: “desenvolvimento econômico não é uma questão de passar por ‘estágios’ dentro de um padrão uniforme associado ao crescimento da renda per capita já seguido por países industrializados.” (p. 7, aspas do original, tradução nossa) 5 “Como afirmam Cárdenas, Ocampo y Thorp (2003, capítulo 1), este último conceito não resiste a uma análise histórica profunda, portanto, esses autores propuseram o termo ‘industrialização liderada pelo Estado’ para se referir ao período histórico que começou timidamente nos anos trinta e acabou na década de 1970.” (OCAMPO, 2005, p. 8, aspas do original, tradução nossa)

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capitalismo, formando uma sociedade híbrida que não é capitalista nem socialista, e através da

rápida desagregação do bloco soviético. As pressões norte-americanas juntamente ao

desencanto com um projeto que não evoluiu fez com que se propusesse um conjunto de

reformas em 1985 visando a modernização do socialismo na União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas, que acabaram por romper com a autonomia de comando do Estado. Com o

desaparecimento do socialismo real, desaparece a utopia do planejamento, o que representava

a vitória do discurso defensor da desregulação e da abertura.

No mundo capitalista, nota-se, ao final da década de 1960, quando os Estados Unidos

apresentam déficit fiscal e déficit no balanço de pagamentos, o princípio do fim do mundo de

Bretton Woods, que disciplinava o desenvolvimento do capitalismo por meio da liberalização

comercial e da estabilidade cambial. Quando, em 1971, os saldos comerciais e de conta

corrente tornam-se negativos, os Estados Unidos decretam “unilateralmente a

inconversibilidade do dólar em ouro (...), como preparação para a iniciativa de desvalorização

do dólar, que começaria em 1973.” (SERRANO, 2002, p. 249)

Tendo em vista a maior volatilidade no cenário internacional, pós-Bretton Woods, o

sistema bancário começou a negociar empréstimos com taxas de juros reajustáveis, o que,

juntamente com o fim das taxas de câmbio fixas, aumentava o risco dos tomadores.

Entretanto, havia um excesso de endividamento por uma pressão do lado da oferta (loan push),

que reduzia as exigências para empréstimos, pois se tinha muito para ofertar6. Assim, a

expansão do financiamento externo privado permitia que países em desenvolvimento

observassem uma aceleração de suas taxas de crescimento econômico.

Em 1973 e 1979, os choques do petróleo, combinados com a flutuação cambial,

afetaram os preços relativos e geraram inflação. O epicentro desta crise de estagflação foram

os Estados Unidos. A mudança na política monetária norte-americana, em 1979, com o choque

dos juros de Paul Volcker, fez com que as taxas atingissem níveis sem precedentes, gerando

6 Na década de 1970 as mudanças do ponto de vista da abertura financeira foram fundamentais para os chamados países do ‘terceiro mundo’. Os Estados Unidos, no início dos anos 1970, estabeleceram impostos sobre empréstimos de instituições financeiras no exterior, o que estimulou a internacionalização do sistema financeiro americano. Isto fez com que fossem criadas operações em dólares no mercado financeiro inglês, gerando o mercado de “eurodólar”. A aplicação dos excedentes recebidos através de atividades petrolíferas no Oriente Médio, intitulados ‘petrodólares’, foi direcionada para o mercado financeiro em Londres, possibilitando a entrada de financiamento externo nos países do ‘terceiro mundo’, os quais estavam sofrendo restrição externa e foram beneficiados com esta ‘explosão’ de liquidez internacional. Além do aumento dos preços do petróleo, estiveram conjugadas neste momento outras características que favoreceram a liquidez internacional, tais quais: a fase de maturidade do paradigma tecnológico predominante e a desregulamentação do sistema financeiro.

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recessão mundial e valorização do dólar, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos

restabeleceram sua hegemonia. Ganha legitimidade, assim, uma onda conservadora a favor de

políticas monetaristas. Como destacado por Goodhart (1995) pôde-se observar:

“(...) um retorno a visão Clássica anterior de que a economia se tornaria auto-estabilizadora, voltando ao seu equilíbrio natural, se não fosse perturbada por políticas Governamentais inadequadas. Sob essas circunstâncias, em que o Governo é pensado como incapaz de gerenciar a demanda real beneficamente, o que restava era sua capacidade de alterar a evolução monetária, para atingir o grau adequado de estabilidade dos preços.” (p. 214, tradução nossa)

Quanto aos países do chamado ‘terceiro mundo’ destaca-se a trajetória de instabilidade

e crise na América Latina com quatro choques na década de 1980. O primeiro foi o choque em

virtude da elevação da taxa de juros dos “eurodólares”, o que provocou um aumento da taxa

de juros sobre a dívida externa. O segundo foi um choque sobre os termos de troca, já que o

preço dos produtos exportados por esses países caiu. O aumento da taxa de juros norte-

americana, que fazia parte de uma política deflacionista, fez com que muitos países buscassem

uma desaceleração do seu crescimento para combater este ajuste, o que provocou uma

desaceleração das exportações mundiais, sendo este o terceiro choque. O quarto choque foi

causado em função do estoque de dívida existente, o que fez com que o financiamento externo

parasse de entrar na América Latina após a moratória mexicana em 1982. (MEDEIROS, 1997)

Esses choques fizeram com que as estratégias desenvolvimentistas de industrialização

tivessem que ser interrompidas nos países latino-americanos, uma vez que a resposta

encontrada à crise se baseou em um ajuste recessivo, para reduzir as importações, e em uma

promoção das exportações, através de fortes políticas cambiais. O resultado deste ajuste

externo foi a estagnação econômica simultânea ao aumento da inflação. É preciso enfatizar

que, dos anos 1950 a 1980, ocorreu um aumento da heterogeneidade deste ‘terceiro mundo’,

constituído por países que não eram nem do primeiro, nem do segundo mundo, eram países

não-alinhados. Isto impossibilitava a tomada de uma ação coletiva por parte desses países, já

que a maior heterogeneidade dificultava a união entre esses países.

Segundo a crítica conservadora, o keynesianismo teve uma influência nefasta sobre o

terceiro mundo, pois teria introduzido nestes países uma visão pessimista a respeito do

capitalismo. O subdesenvolvimento seria, portanto, um resultado da precária implantação do

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sistema capitalista nesses países, de modo que sem intervenção e com a devida implantação do

mercado, os problemas atuais não existiriam de acordo com os conservadores. (ERBER,

2008a)

Mesmo durante o período de hegemonia do desenvolvimentismo, seus fundamentos

teóricos baseados na excessiva intervenção estatal e na priorização dada à indústria eram alvo

de críticas dos liberais. De acordo com o paradigma liberal, o resultado desta combinação seria

o baixo crescimento e a inflação, isto é, a ineficiência, caso a eficiência alocativa fosse maior

poder-se-ia crescer mais. Diversas circunstâncias contribuíram para o fim da hegemonia

desenvolvimentista fazendo com que o ataque ao núcleo duro7 deste modelo – ou seja, a

industrialização sob intervenção estatal – fosse inevitável.

O ataque da contra-revolução neoliberal-neoclássica às idéias desenvolvimentistas foi

facilitado pela falta de um núcleo duro axiomático com elementos consistentes entre si,

enquanto os neoliberais apresentavam um corpo analítico bem estruturado, com base em

algumas escolas de pensamento. Seu núcleo duro contava com um forte apoio epistemológico:

a fé no mercado, apoiada pela revolução das expectativas racionais, individualismo

metodológico e a “invasão” das ciências políticas e sociais pela economia.8 Apesar da

supremacia acadêmica e ideológica das idéias neoliberais neste período, isso não significa que

essas idéias sejam cientificamente corretas.9 O núcleo duro apresentado por esta visão de

mundo é considerado utópico por Fiori (2001), pois acredita em:

“um capitalismo sem fronteiras, gerido por Estados nacionais reduzidos a suas funções mais elementares e a certeza de que a desregulação dos mercados e a liberalização das economias nacionais promoveriam, no médio prazo, a convergência da riqueza das nações e a redução das desigualdades entre as classes sociais.” (p. 39-40)

7 A estrutura de uma convenção é composta por um ‘núcleo duro’ de caráter axiomático, em torno deste é estabelecido um ‘cinturão protetor’, no qual é possível operacionalizar os axiomas e acomodar mudanças no contexto. O conteúdo cognitivo das convenções de desenvolvimento inclui conhecimentos tácitos e codificados. Este segundo possui diversos níveis de discussão na medida em que se dirige a públicos distintos. O primeiro grupo (V1) é formado por membros da academia, que constituem as idéias a respeito do núcleo duro; o segundo (V2) é constituído por entendedores do que é discutido no primeiro que aplicam estas idéias, são os policy makers; a terceira versão (V3) é direcionada aos estudantes através de manuais, habituando-os a pensar desta forma; a última (V4) é a que dá legitimidade à convenção, pois a mídia é a grande formadora de opinião na sociedade. As três versões seguintes ao V1 constituem o cinturão em volta do núcleo duro. (ERBER, 2008a) 8 Ver Erber (2008a). 9 Ver Medeiros e Serrano (2004).

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Nota-se, portanto, através da prescrição de algumas medidas – tais quais: a defesa do

Estado mínimo, liberalização e políticas não-discricionárias – que os neoliberais defendiam

idéias simetricamente opostas ao que era defendido pelos desenvolvimentistas. Para os

teóricos da nova ortodoxia na ofensiva, mesmo que a intervenção estatal agisse para retirar

uma falha de mercado, geraria outras maiores, ou seja, as falhas de governo superariam as de

mercado. “Segundo o discurso padrão: quanto menos intervenção existir, mais crescimento e

melhor alocação de recursos haverá.” (GUERRIERO, 2007, p. 2)

Dentre as correntes de pensamento que constituem a base da ideologia neoliberal

podem ser ressaltadas: a nova economia institucional, a teoria política da escolha pública, os

novos clássicos e o crescimento endógeno. Dentre elas identificam-se semelhanças do ponto

de vista epistemológico: o individualismo metodológico, instituições universais e o modo de

pensar a economia com base em desejos infinitos e escassez de meios. Desta forma, observam-

se: argumentos a favor de instituições que contribuam para um bom funcionamento dos

mercados, garantindo, por exemplo, os direitos de propriedade para promover a inovação e

reduzir os custos de transação; indicações de redução do papel do Estado, que deve se

submeter a regras de conduta, e maior transparência nas suas ações, caso contrário a

interferência estatal pode criar oportunidade de rendas diferenciais; a defesa de uma maior

abertura dos países aos investimentos diretos, tecnologias e comércio internacional, visando

uma maior transferência do progresso tecnológico, considerada uma das benesses da

liberalização.

O individualismo metodológico e o institucionalismo universal dão coerência à

estrutura teórica da convenção neoliberal. Guerriero (2007) ressalta que:

“A Nova Ortodoxia oferece, então, embasamento teórico para todos os aspectos da economia e da sociedade, incluindo soluções e recomendações que os policy-makers dos países em desenvolvimento poderiam adotar. (...) Esse caráter universalista colabora para o entendimento de que a Nova Ortodoxia constitui um paradigma sólido inexaurível – e de certa forma pretensioso – ilustrado por trabalhos de grande impacto dentro e, principalmente, fora do mundo acadêmico, dentre os quais pode se destacar o ‘Consenso de Washington’, de John Williamson.” (p. 9)

Em 1989, o Consenso de Washington, também chamado de ‘convergência universal’,

representava uma lista das principais reformas estruturais indicadas pelas instituições

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internacionais10 aos países em desenvolvimento para que estes alcançassem o nível de países

desenvolvidos, tal como um caminho à “terra prometida”11. Foi organizado em dois pilares:

inserção internacional e papel do Estado. Os dez pontos destas reformas eram: liberalização

comercial, liberalização financeira, abolição de barreiras ao investimento externo direto, taxa

de câmbio “competitiva” (para evitar distorções), privatização, desregulação, direitos de

propriedade bem definidos, prioridade para gastos públicos com alto retorno econômico

(prioridades sociais), reforma tributária e disciplina fiscal.

Este “consenso” funcionou, portanto, como a cristalização da hegemonia neoliberal, ao

dialogar com os policy makers, operacionalizando o núcleo duro deste paradigma. Williamson

(1993) defende a utilidade desta agenda para limitar o escopo de ação estatal: “Um benefício

adicional do consenso político a favor da convergência universal é que vai ajudar a limitar o

dano que pode ser feito pela hipotética máfia política, de acordo com a teoria da escolha

pública.” (p. 1330, tradução nossa)

A hegemonia das idéias neoliberais, assim como o anterior predomínio da tradição

estruturalista, esteve presente no pensamento político e acadêmico latino-americano,

demonstrando que as mudanças nas políticas econômicas atravessam as fronteiras nacionais e

são difundidas em escala global. Vale ressaltar ainda que os processos de liberalização e

desregulamentação, que têm contribuído para elevar a vulnerabilidade externa de grande parte

dos países da América Latina, estão inseridos neste contexto de mudança de paradigma

hegemônico. Ou seja, o crescente predomínio das idéias neoliberais foi essencial para

fundamentar a defesa destes processos.

1.1.2 Vulnerabilidade externa, desregulamentação e liberalização

O acréscimo das interdependências entre os sistemas econômicos não acontece de

forma simétrica, de modo que alguns países sofrem maior ou menor interferência de outros

devido à estrutura hierárquica presente no cenário internacional. O principal ator que exerce

10 Williamson (1993) explica o nome dado ao consenso: “Tem esse nome simplesmente porque eu tentei me perguntar qual era a sabedoria convencional do momento entre as influências econômicas de Washington, ou seja, o governo dos EUA e as instituições financeiras internacionais.” (p.1329, tradução nossa) 11 Ao dividir os países em históricos e pós-históricos, Fukuyama (1989) demonstra sua crença na tendência de toda sociedade ao fim da história, representando um retorno ao etapismo. Os países pós-históricos seriam os que atingiram uma situação de economia regida pelo mercado e são democracias liberais. A história terminaria por não haver alternativa melhor que o capitalismo, sistema que melhor promoveria o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

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poder neste cenário é o Estado, e este poder depende em grande medida do poder do outro, ou

seja, é um poder relacional. A partir de Gonçalves (2005), é possível verificar que Weber

define poder de um ator político como “a probabilidade de realizar a sua própria vontade

independentemente da vontade alheia.” (p. 125)

Deve ser sublinhado que muitos países, dentre os quais os latino-americanos, não

estavam preparados para este processo de liberalização e desregulamentação, já que tais

processos vêm provocando um aumento da vulnerabilidade externa, o que significa uma baixa

capacidade de resistência aos fatores desestabilizadores, pressões e choques externos. Lacerda

(2009) afirma que o “aumento da fragilidade, de acordo com Minsky, se manifesta na menor

autonomia do país, tanto em conduzir sua política econômica, como em contágio de crises

externas.” (p. 9)

Quando transformações em uma economia não impactam de forma significativa outros

países, observa-se a presença de vulnerabilidade unilateral no país. Isto vai de encontro à idéia

de soberania nacional, na qual o governo de um país pode realizar sua vontade

independentemente da ação de agentes econômicos de outros países.

Segundo Gonçalves (2005) a vulnerabilidade externa apresenta duas importantes

dimensões. Por um lado, deve-se avaliar os instrumentos de políticas disponíveis para se

responder às pressões externas, por outro, os custos de enfrentamento referentes a estas

pressões devem ser avaliados. Deste modo, quanto mais opções de políticas puderem ser

utilizadas, assim como quanto menores forem os custos mencionados anteriormente, menor

será a vulnerabilidade externa de um país. Como observado por Lacerda (2009):

“As limitações impostas para a autonomia das políticas macroeconômicas domésticas podem tornar instáveis o nível de atividade e os demais indicadores da economia. O resultado é que o desempenho da economia nacional tende a ficar cada vez mais dependente do que ocorre no cenário internacional.” (p. 9)

A manifestação da vulnerabilidade externa é observada em diversas esferas das

relações econômicas internacionais, são elas: comercial, produtivo-real, tecnológica e

monetário-financeira. A esfera comercial diz respeito ao comércio mundial de bens e serviços,

que envolve o deslocamento de produtos ou de consumidores. Desta forma, a abertura

comercial, reduzindo barreiras à entrada de bens e serviços ou diminuindo impostos de

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importação, sinaliza um aumento da fragilidade externa. Além disso, quanto mais o país for

dependente do mercado externo para expandir sua demanda agregada maior a vulnerabilidade

externa da economia.

A esfera produtivo-real trata das operações de empresas transnacionais12, que através

do Investimento Externo Direto (IED) instalam filiais e subsidiárias em outro país, que não o

de sua origem. Apesar de ser um capital com um horizonte de longo prazo, a entrada de IED

resulta em uma elevação do passivo externo13 de uma economia, uma vez que é acompanhado

por remessas de lucros e dividendos para as matrizes das empresas transnacionais no exterior.

Vale ressaltar ainda que parte destes investimentos é constituído por fusões e aquisições, o que

não gera, pelo menos no curto prazo, um aumento da capacidade produtiva, modificando

apenas o proprietário da indústria.

A esfera tecnológica refere-se à movimentação de ativos intangíveis, tais como direitos

de propriedade e know how, que envolve as tecnologias do produto e as tecnologias de

produção, além das técnicas gerenciais, organizacionais e mercadológicas. Para que uma

nação não fique a margem no mercado globalizado e sua influência em outros países seja

maior é fundamental que este país apresente capacidade de produção tecnológica. Desta

forma, os efeitos da abertura desta esfera devem ser discutidos. Como Gonçalves (2003)

destaca alguns governos ao mesmo tempo em que removem barreiras à aquisição de

tecnologias no exterior, eliminam o incentivo para o avanço do sistema nacional de inovações,

levando seus países a uma trajetória de instabilidade, em decorrência da “falta crônica de

dólares” (p. 72), uma vez que estes são necessários para o pagamento dos royalties devido à

tecnologia adquirida. Esta esfera apresenta uma significativa relação com a esfera produtivo-

real, pois a maior presença de empresas transnacionais segmenta ainda mais a divisão do

trabalho, tendendo a concentrar a parcela da produção referente à pesquisa e desenvolvimento

no país da matriz.

12 A empresa transnacional é uma empresa de grande porte que, além de ser proprietária, controla ativos em pelo menos dois países e possui importantes ativos específicos de sua propriedade, tais como: tecnologia (do processo de produção e/ou do produto), capacidade gerencial, capacidade organizacional, capacidade mercadológica, capital, dentre outros. (GONÇALVES, 2003) 13 O passivo externo líquido corresponde ao “Saldo devedor dos empréstimos contraídos pelo país no exterior – Saldo credor dos empréstimos concedidos pelo país ao exterior + Estoque de capitais estrangeiros de risco investidos no país - Estoque de capitais nacionais de risco investidos no exterior + Saldo das obrigações a curto prazo do país com o exterior – Saldo das reservas internacionais” (SIMONSEN; CYSNE, 1995, p.92)

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A última esfera das relações econômicas internacionais considerada, em que atuam os

atores nacionais e transnacionais, é a monetário-financeira. Esta esfera expressa as transações

internacionais de capitais que incluem: empréstimos, financiamentos e investimentos de

portfólio, que demonstra a busca por maior rentabilidade. Através da globalização financeira,

por exemplo, pode-se observar um aumento do fluxo financeiro entre as economias, de modo

que nota-se uma maior mobilidade de capitais, gerando uma crescente volatilidade deste fluxo,

o que aumenta a vulnerabilidade das economias em desenvolvimento. Ou seja, países

dependentes de recursos externos para cobrir suas necessidades de financiamento do balanço

de pagamentos sofrerão maiores impactos de crises iniciadas em outras economias.

“Nos momentos de turbulências, os mercados ficam mais seletivos, diminuindo as suas aplicações nos países considerados de maior risco e isso cria um campo fértil para a especulação e a fragilidade, muitas vezes inviabilizando o crescimento econômico em bases sustentadas.” (LACERDA, 2009, p. 10)

Quando as economias estão abertas financeiramente tanto do ponto de vista da entrada

como da saída, o fluxo de capitais subordina-se a vontade dos credores e investidores

internacionais. Levando em consideração que o “comportamento dos investidores num

ambiente de incerteza e informações incompletas não é condicionado pela evolução dos

valores fundamentais ou por perspectivas de longo prazo, mas pela busca de ganhos de curto

prazo e pela adoção de convenções” (PRATES, 2000, p. 36), os impactos provocados por

efeitos de ‘manada’ resultantes deste contexto não são positivos e extrapolam a esfera

financeira.

A abertura desta esfera expõe, portanto, as economias a um maior grau de

instabilidade, uma vez que o fluxo internacional de capitais apresenta volatilidade mais

elevada que o fluxo de bens ou serviços, derivada do aparecimento de novos instrumentos

financeiros e inovações tecnológicas que permitem uma elevada movimentação de ativos

monetários e financeiros. Esta conjuntura agrava os riscos e incertezas de crises econômicas,

nacionais e internacionais. (GONÇALVES, 2003)

A esfera monetário-financeira foi fortemente impactada pelo processo de liberalização.

Como mencionado na seção anterior, o mundo pós-Bretton Woods estaria calcado em uma

“maior mobilidade do capital financeiro” que “passaria a ser não só legalmente permitida

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como incentivada.” (TORRES, 2009, p. 3) O contexto no qual se origina este processo de

liberalização apresentava regulamentação muito rígida e detalhada nos anos 1970. Observou-

se o surgimento de instituições financeiras que buscavam fugir desta regulamentação. A

política de liberalização financeira veio a reboque da desregulamentação que veio em função

da vontade das instituições financeiras, que tentavam explorar “brechas” nas regulamentações,

apontando para a ineficácia dos controles antes existentes. Assim, a presença de uma

regulamentação rígida foi o embrião para o surgimento de inovações.

A tendência à fuga das regulamentações pode ser explicada através do embate entre

eficiência macroeconômica e microeconômica. Por mais que do ponto de vista

macroeconômico o período de 1950 a 1970 possa ser considerado bom, tendo em vista o forte

crescimento sem crises financeiras, do ponto de vista microeconômico, a regulamentação

gerava – pelo menos potencialmente – perdas para as instituições financeiras. Esta fuga teve

início nos anos 1960, mas, em virtude do contexto macroeconômico, foi agravada nos anos

1970 com os choques do petróleo e do câmbio, ou seja, com a crescente instabilidade.

O aumento da desregulação e da liberalização do sistema financeiro apoia-se na

hipótese de mercados eficientes14 (HME). Esta propõe que os mercados financeiros devem ser

livres para que os vetores das taxas reais e nominais de juros sejam levados a níveis eficientes,

de forma que o crescimento alcance o máximo possível, assumindo que a informação no

mercado de ativos seja perfeita, assim como a flexibilidade de preços.

A essencialidade da HME à defesa das políticas de liberalização está em que

“mercados financeiros livres (des-reprimidos) garantem a eficiência, no sentido de Pareto.”

(CASTRO, 2008, p. 287) Ou seja, se os agentes podem escolher preços e quantidades dos

ativos livremente, atingirão o ótimo de Pareto, alocando os ativos da “melhor” forma15, não

existindo excesso de oferta ou demanda. Sob esta ótica, a intervenção governamental seria

sempre sub-ótima frente à liberalização financeira, que ao desregulamentar os mercados

financeiros tem por objetivo torná-los eficientes.

Além disso, a livre mobilidade de bens e ativos no plano internacional tem como

justificativa a busca de mercados “eficientes” na presença de economias abertas, ou seja, ajuda

14 A hipótese de mercados eficientes é formada por três enunciados: (i) o mercado é eficiente quando utiliza toda a informação disponível na formação dos preços dos ativos, em outras palavras, o preço incorpora toda informação disponível; (ii) dado um conjunto de informações relevantes, nenhuma informação deste conjunto, revelada a todos participantes, é capaz de alterar os preços; (iii) inexistem ganhos de arbitragem. 15 O ótimo de Pareto é atingido quando nenhum agente pode melhorar sua situação sem piorar a de outro.

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a realizar o ajuste das economias. Recomenda-se, portanto, que os países estejam abertos tanto

do ponto de vista comercial quanto financeiro.

Dentre as transformações recentes no sistema financeiro deve ser destacada a maior

abertura dos mercados, favorecendo bancos como também outras instituições financeiras

concorrentes. A grande novidade, no entanto, foi no mercado de capitais que observou uma

forte expansão. Ademais, o crescente processo de securitização tem recebido grande impulso,

o que indica a necessidade de regular o mercado de capitais. Afinal, este processo tem

ampliado o risco de contágio, pois ao transformar empréstimos em títulos faz com que uma

crise tenha maiores chances de se alastrar, tal como observado na atual crise global.

1.2 Crise global: causas, natureza e extensão

O debate em torno das causas da presente crise internacional é amplo, de modo que

podem ser apontadas, fundamentalmente, duas famílias de explicações: (i) uma aposta em

processos domésticos que conduzem a este resultado e (ii) a busca da explicação em

desequilíbrios macroeconômicos, como por exemplo no balanço de pagamentos.

De acordo com Barry Eichengreen (2008), as decisões internas aos Estados Unidos,

tais quais: a desregulamentação a partir dos anos 1970 e a eliminação de restrições quanto à

atuação de instituições financeiras em diversos segmentos nos anos 1990, fazem parte das

raízes da crise. Esses são fatores estruturais que contribuem para a expansão das operações

creditícias, juntamente com o menor dinamismo do setor real, o que gerou maiores fluxos de

capital para o setor financeiro, principalmente em escala global. O autor identifica, ainda, a

falta de regulamentação sobre instituições financeiras com importante atuação nos mercados

financeiros – bancos de investimento – como parte das causas da crise.

Eichengreen, assim como Gonçalves (2008b), trata dos determinantes conjunturais da

crise mundial, mencionando a relevância do “conjunto de políticas que deu origem aos

desequilíbrios mundiais”16, uma vez que o governo Bush reduziu impostos e o Federal

Reserve diminuiu os juros. Gonçalves (2008b) aponta que a “taxa básica caiu de 6% no início

de 2001 para 1% em meados de 2004. Este fato causou a expansão da demanda por

empréstimos em geral e, por empréstimos imobiliários, em particular.” (p. 1) Nota-se,

16 EICHENGREEN, B. (2008) – “Anatomia de uma crise”, Valor Econômico. Publicado por: Coped. 23 setembro.

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portanto, que a atual crise mundial está relacionada à “insolvência generalizada no sistema de

hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos” (GONÇALVES, 2008b, p. 1)

Inovações financeiras, como processos de “originar e distribuir” – isto é, o agente que

origina o crédito não é o mesmo que mantém este crédito em carteira – são consideradas por

Eichengreen entre as primeiras causas da crise. Desta forma, quando as inovações financeiras

são somadas às medidas políticas, observa-se que há uma contribuição para o barateamento do

crédito e o aumento de sua disponibilidade, o que resulta em uma elevação dos gastos e

redução da poupança das famílias nos Estados Unidos. Segundo Chesnais (2007), a

manutenção de um alto nível de atividade esteve relacionada ao “poder de expansão do

crédito”, que pôde “sustentar uma demanda agregada em crescimento rápido”17,

desconectando o consumo da renda disponível.

Outra explicação para a crise internacional está relacionada à ascensão chinesa e o

declínio de investimentos em outros países da Ásia, principalmente a partir do fim dos anos

1990 com a crise financeira asiática, nota-se que a elevada poupança chinesa direcionava-se

para títulos do Tesouro norte-americano e obrigações da Fannie Mae e do Freddie Mac18. Em

outras palavras, as famílias dos Estados Unidos poderiam tomar empréstimos a baixos custos e

o dólar seria sustentado, tendo em vista a disponibilidade de poupança de outros países. De

acordo com Eichengreen, o afrouxamento das políticas junto à entrada de capital externo

gerou uma elevação do crédito que poderia ter sido controlada com maior regulamentação,

neste sentido nota-se que o autor tenta compor as explicações antes mencionadas.

A análise de Daniel Gros (2009) referente às causas da crise está focada nos

desequilíbrios de conta corrente. O autor afirma que lidar com desequilíbrios entre poupadores

e investidores é algo inerente ao sistema financeiro, no entanto, os desequilíbrios em conta

corrente criaram uma enorme crise financeira. Nesse sentido, ele indica que o aumento

insustentável do consumo nos Estados Unidos provocou o déficit em conta corrente e este

excesso de gastos domésticos foi financiado principalmente através de dívidas imobiliárias.

Por estas dívidas serem de longo prazo, ocorreu um aumento da oferta de ativos com maiores

17 CHESNAIS, F. (2007) – “Até onde irá a crise financeira”. Le Monde Diplomatique Brasil, novembro. 18 Essas entidades semipúblicas são “encarregadas de assegurar um mercado secundário para os empréstimos concedidos pelos bancos e instituições financeiras. A primeira (Fannie Mae) foi estabelecida, em 1938, para compensar os impactos políticos e sociais da grande crise. Foi preciso criar uma segunda, em 1970 (Freddy Mac), para enfrentar o aumento rápido das necessidades de transformação dos empréstimos hipotecários em ativos realizáveis. O recurso à securitização das hipotecas, portanto, é antigo e sua utilização vem aumentando sem parar.” (CHESNAIS, 2007)

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maturidades. No entanto, as poupanças externas excedentes buscavam aplicações,

principalmente, de curto prazo, seguras e líquidas. Fazia-se necessária, portanto, uma

transformação de maturidades e riscos para “driblar” esse descasamento de oferta e demanda

de ativos.

Apesar de estar focado nos déficits em conta corrente para explicar a crise, Gros

admite que esta relação não seja tão direta. Sob outro ponto de vista, também relacionado à

existência de capitais externos, pode-se observar que o “aumento da demanda de bancos

centrais de economias emergentes pela dívida pública dos Estados Unidos levou ao menor

rendimento, forçando, assim, os poupadores nos países da OCDE, que normalmente teriam

mantido ativos governamentais, a ‘busca por retornos’ freneticamente.” (GROS, 2009, p. 2,

aspas do original, tradução nossa) Ou seja, a maior demanda por títulos públicos norte-

americanos elevava o preço destes, reduzindo sua taxa de retorno, de modo que se buscavam

aplicações em ativos seguros e com maior retorno. As “fatias” (tranches) dos títulos

empacotados classificadas como AAA19 pareciam solucionar este problema, pois seriam

seguras e com retornos maiores. No entanto, isso dependia de uma valorização contínua do

mercado imobiliário, para que os ativos baseados em hipotecas fossem pagos.

Daniel Gros (2009) afirma ainda que, buscando equilibrar a oferta e a demanda de

ativos:

“O sistema financeiro teria, portanto, que transformar milhares de bilhões de dólares de hipotecas domésticas dos Estados Unidos no tipo de ativos com excesso de demanda desses investidores, que haviam sido excluídos do mercado da dívida pública devido à acumulação de reservas pelos bancos centrais de mercados emergentes.” (p. 3, tradução nossa)

Essa transformação dependeu, principalmente, do processo de securitização, o qual tentaria

transformar títulos baseados em hipotecas em ativos líquidos e seguros. Esses títulos seriam

aparentemente seguros tendo em vista que seriam empacotados com outros classificados pelas

agências de rating como AAA, de modo que os riscos foram “mascarados”. Além disso, esses

papéis seriam comprados por instituições que emitiriam títulos de curto prazo baseados

naqueles, o que representava a transformação de maturidades. A garantia de liquidez seria

dada pelo sistema bancário, que daria uma linha de suporte de crédito.

19 Deve-se ressaltar que não se considerou o incentivo das agências de rating atribuírem uma classificação favorável aos títulos, o que seria um bom motivo para desconfiar desta classificação.

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Gros ressalta, portanto, que é preciso observar o modo como são financiados os déficits

em conta corrente. No caso de um déficit criado pelo governo, a oferta de ativos seria do

mesmo tipo do que era (e ainda é) demandado pelos bancos centrais das economias

emergentes com recursos excedentes, diferentemente da oferta de ativos de longo prazo como

os títulos baseados em hipotecas. Questiona-se, no entanto, se uma elevação da oferta de

títulos públicos norte-americanos não seria incompatível com a manutenção do dólar como

moeda de reserva internacional, ou seja, com Bretton Woods II, entrando em choque com as

idéias da permanência deste sistema.

Segundo Michael P. Dooley, David Folkerts-Landau e Peter M. Garber (2009) o

sistema de Bretton Woods II não é a causa da crise financeira atual, em outras palavras,

acredita-se na manutenção do status quo de modo que os Estados Unidos possam continuar a

ter déficits em transações correntes, pois há quem os financiem. Assim, por mais que os

críticos de Bretton Woods II previssem uma crise financeira, esta não ocorreu em função da

interrupção do fluxo de capitais de mercados emergentes para os Estados Unidos, ou seja, não

foi provocada por desequilíbrios internacionais, mesmo porque os fluxos de capitais em

direção aos Estados Unidos não foram interrompidos.

A contribuição do estudo de Kregel (2007) sobre as origens da crise atual deve ser

destacada. Para o autor, está claro que a crise atual envolve a presença da postura Ponzi e a

redução das margens de segurança. No entanto, estas são produzidas por processos diferentes

dos descritos pela análise tradicional de Minsky. A reforma na regulação bancária em 1999

nos Estados Unidos, que permitiu a criação de holdings com todos os tipos de atividade

financeira, foi uma importante mudança para os sistemas financeiros. Além disso, com a

criação do sistema de “originar e distribuir” o banco deixa de se interessar pela avaliação do

crédito, uma vez que o principal e o juros serão pagos aos compradores finais dos ativos

colateralizados. Com isto, deixa de fazer sentido relacionar a redução das margens de

segurança à avaliação do banco quanto ao risco de crédito do tomador. A securitização de

ativos contribui para este processo de “originar e distribuir”.

Nesse cenário, a avaliação do crédito passa a ser feita por agências de rating de crédito,

rompendo-se com os processos de concessão de crédito e avaliação de risco, tornando a

avaliação e precificação dos papéis muito mais “cega”. Ademais, o uso de métodos de scoring,

que agrupa os tomadores de empréstimo de acordo com determinadas características, não

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26

incorpora o acúmulo de conhecimento sobre os mutuários em condições estáveis. Assim,

utiliza-se a história de tomadores anteriores para fazer uma previsão do risco de crédito do

grupo atual. Kregel observa que a utilização de métodos de scoring no caso de hipotecas

“subprime” e “alt-a” é perigoso, uma vez que esses tipos de empréstimos são recentes, não

possuindo uma série de desempenho passada, além do que não se possui a informação

necessária para classificar os tomadores em grupos. Deve ser ressaltado, ainda, que essas

hipotecas representavam empréstimos de má qualidade no setor imobiliário.

Outra inovação essencial para que fossem financiadas hipotecas “subprime” foi o

processo de layering, que divide o pacote de títulos, tal como uma securitização secundária,

em “fatias” com diferentes margens de segurança. Mais uma vez nota-se a importância do

papel das agências de rating, que vão determinar a margem de segurança apropriada. Cabe,

neste ponto, ressaltar que o poder dado a essas agências foi excessivo. Ademais, a crescente

alavancagem dos agentes financeiros apoiou-se em uma expectativa de contínua valorização

do ativo, no caso, imobiliário.

O diagnóstico de Kregel (2007) sobre o que elevou a fragilidade pode ser sintetizado

em:

“o aumento da fragilidade não se atribuiu ao processo de desempenho positivo do crédito observado ao longo do tempo produzindo uma redução da margem de segurança, foi a simples revelação das margens de segurança insuficientes que foram produzidas pela análise estatística das correlações entre as características de crédito dos tomadores anteriores e as relações às mudanças nas condições financeiras.” (p. 13, tradução nossa)

Desta forma, a maior fragilidade na crise atual não pode ser atribuída ao comportamento dos

tomadores de empréstimos, a fragilidade e as margens de segurança insuficientes sempre

estiveram presentes, sendo reveladas com a evolução da crise.

Na data de elevação das taxas – no caso de hipotecas com taxas de juros ajustáveis –

seria observado um crescimento da inadimplência e da execução de hipotecas. Assim, a

redução na valorização de imóveis se transformaria em uma queda dos preços tamanha a

crise20. Deste modo, a alavancagem deixaria de ser sustentada. Nesse contexto de grande

alavancagem, qualquer evento que fugisse do esperado geraria problemas. A reavaliação das 20 Tal como observado por Prado (2009), o “estouro de uma bolha (um crash) é o colapso dos preços de ativos, tais como ações ou títulos negociados em bolsas de valores ou a quebra de um grande banco ou de um grupo de empresas em um setor da economia.” (p. 3, destaques do original)

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27

agências de rating piorou a classificação de diversos ativos, confirmando que suas estimativas

iniciais estavam incorretas. Desta forma, investidores institucionais que só poderiam manter

em carteira ativos com certo grau de investimento tiveram que vendê-los, gerando uma

“deflação de débitos”.

Nessa análise deve ser destacado o papel dos bancos, que participavam deste sistema

não apenas originando crédito, como também comprando hipotecas originadas por outras

instituições financeiras. Além disso, o processo de deflação de débitos fez com que os ativos

que os bancos tentaram “retirar” dos seus balanços, através da securitização, retornassem, uma

vez que se esperava que o banco provesse liquidez.

A análise de Kregel indica que a insuficiência dos colchões de estabilidade era um

resultado estrutural da avaliação do crédito neste novo sistema financeiro com processos de

“originar e distribuir”. Isto revelou uma inadequação sistemática da avaliação do crédito21,

tendo em vista a separação entre os agentes que avaliam e suportam o risco, o que foi

permitido pela modernização dos serviços financeiros. Desta forma, sem que se possa afirmar

que exista um modo eficiente de avaliar o risco não se poderá dizer que exista uma forma

eficiente de distribuí-lo. Portanto, a dinâmica interna do sistema financeiro é identificada por

Kregel como essencial para explicar as origens da crise atual.

Ao estudar os diagnósticos da crise financeira atual deve ser reconhecida a importância

de mudanças em mecanismos internos ao sistema, que contribuíram para uma deterioração da

qualidade do crédito, ao absorver tomadores menos capacitados. Em função da ampla

desregulação nos mercados financeiros, observa-se uma necessidade em reformar a estrutura

regulatória. Apesar disso, não se pode afirmar que sem os desequilíbrios macroeconômicos

internacionais a crise alcançaria a mesma magnitude, uma vez que o excesso de poupança

externa também viabilizou o sobre-endividamento das famílias norte-americanas. Portanto, os

fatores internacionais devem ser levados em consideração ao explicar a dimensão da crise

econômica, que atingiu não somente os Estado Unidos, mas também se estendeu

internacionalmente. Como apontado por Gonçalves (2008b):

21 No novo sistema financeiro, o risco foi, com grande freqüência, avaliado de forma errada, tornando o crédito muito barato: “a estrutura básica do sistema financeiro (...) superestima a capacidade de solvência e subavalia o risco.” (KREGEL, 2007, p. 18, tradução nossa)

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28

“A globalização envolve crescente interdependência entre os sistemas financeiros nacionais. Esta interdependência gera a extensão global da crise. De fato, a crise afeta o centro do sistema econômico (Estados Unidos), atinge o extremo oriente (Japão e Coréia do Sul), chega praticamente ao pólo norte (Islândia e Rússia) e repercute no sul das Américas (Chile e Brasil).” (p. 2, destaque do original)

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29

CAPÍTULO 2 VULNERABILIDADE EXTERNA DA AMÉRICA LATIN A:

METODOLOGIA E EVIDÊNCIA EMPÍRICA

O segundo capítulo deste trabalho tem como objetivo realizar uma análise empírica da

vulnerabilidade externa dos onze países da América Latina selecionados de forma comparada

ao resto do mundo. Assim, expõe-se a metodologia de análise utilizada e os procedimentos de

elaboração da base de dados necessária ao cálculo dos índices. Na seção seguinte são feitas

análises empíricas a partir de cada um dos indicadores empregados no cálculo do índice de

vulnerabilidade externa.

2.1 Metodologia de análise e construção da base de dados

A metodologia de análise a ser utilizada no presente trabalho está baseada em

Gonçalves (2005), que utiliza índices específicos para examinar a questão do poder e da

vulnerabilidade externa. Essa metodologia foi escolhida por contemplar as diversas esferas das

relações econômicas internacionais – são elas: comercial, produtivo-real, tecnológica e

monetário-financeira. Cada um destes índices é calculado para cada país, comparando-se o

desempenho deste país com o pior desempenho de uma amostra de 113 países22, realizando

uma divisão deste valor pela diferença entre os países com o melhor e o pior resultado.

A fórmula matemática básica a ser aplicada neste estudo teve como variáveis: X, que é

a variável para cada país, ou seja, o valor calculado de cada índice; Xmáx é o maior valor

encontrado para o índice dentre o conjunto de países estudado e Xmín, o menor. Vale ressaltar

que a escolha dos valores máximos e mínimos para cada indicador esteve baseada na

utilização do sexto maior valor encontrado na série e do sexto menor valor, respectivamente.

Isto é fundamental para que se evite o emprego de valores extraordinariamente altos ou

baixos, evitando o efeito de outliers. Desta forma, o índice obteve resultados entre zero e 100,

e quanto mais próximo de 100, maior a vulnerabilidade externa do país. Exposta esta idéia, a

fórmula supracitada é:

Índice = [(X – X mín)/(X máx – X mín)] x 100

O Índice de Vulnerabilidade Externa (IVE) foi calculado com base em uma média

simples de cinco índices, que expressam a vulnerabilidade nas esferas das relações

22 Para a listagem dos 113 países ver anexo I.

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30

econômicas internacionais mencionadas anteriormente. Em função da disponibilidade de

dados serão utilizados cinco indicadores, com base nos 16 indicadores apresentados por

Gonçalves (2005, capítulo 5), são eles: exportação de bens e serviços / produto interno bruto

(PIB); grau de concentração das exportações; ingresso acumulado de investimento externo

direto (IED) / PIB; dívida externa total / exportação de bens e serviços; e importação de bens e

serviços / reservas internacionais.

A análise da vulnerabilidade externa na esfera comercial está relacionada a dois

indicadores: exportação de bens e serviços sobre o PIB e o grau de concentração das

exportações. O primeiro indicador expressa o grau de abertura comercial, isto é, quanto maior

este indicador, maior o grau de dependência da expansão da demanda agregada do país em

relação ao exterior e maior a vulnerabilidade externa. O segundo indicador, também conhecido

como índice de Herfindahl-Hirschmann, possui valores de zero a um, sendo a proximidade de

um, uma indicação de que a pauta de exportações é bastante concentrada, ou seja, é um indício

de que a vulnerabilidade externa de certa economia é mais elevada. No que se refere à esfera

produtivo-tecnológica23, o estudo se baseará na proporção do ingresso acumulado de IED em

relação ao PIB, demonstrando a relevância deste tipo de investimento para o país, o que

expressa o controle do aparelho produtivo pelos não-residentes (transnacionais). Quanto à

vulnerabilidade externa a partir da esfera monetário-financeira, serão utilizados dois

indicadores: o primeiro é constituído pela dívida externa total como proporção da exportação

de bens e serviços, sugerindo um desequilíbrio de estoque gerado pelo endividamento externo;

e o segundo, a importação de bens e serviços sobre as reservas internacionais, expressando a

falta de proteção da atividade interna frente a transformações no contexto internacional. Os

cinco indicadores são diretamente proporcionais à vulnerabilidade externa, de modo que

quanto maiores eles forem, maior a vulnerabilidade externa das economias.

A base de dados utilizada no cálculo dos indicadores de vulnerabilidade externa teve

como referência bases de dados da United Nations Conference on Trade And Development

(UNCTAD) e do Banco Mundial. Dessas bases, foram retirados os dados referentes a uma

amostra de 113 países, assim como no trabalho de Gonçalves (2005, capítulo 5), tendo em

vista que o interesse da dissertação está no estudo comparativo da vulnerabilidade externa.

23 A esfera tecnológica foi agregada à esfera produtivo-real por uma questão de disponibilidade de informação.

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31

O tema central da dissertação é a análise da relação entre os impactos da última crise

global e a vulnerabilidade externa das economias latino-americanas selecionadas – Argentina,

Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Por

isso, foram utilizados os indicadores referentes aos anos imediatamente anteriores ao início da

crise – 2005, 2006 e 2007 – a partir dos quais foi calculada uma média simples. Através dessa

média os 113 países foram classificados de forma decrescente e o sexto maior valor foi

utilizado como Xmáx e o sexto valor mínimo como Xmín, para que a fórmula supracitada fosse

aplicada. Assim, foi possível que os cinco indicadores fossem transformados de modo que

ficassem sem dimensão. Isso possibilitou o cálculo do IVE através da média simples desses

cinco índices referentes aos indicadores anteriormente mencionados.

No caso de valores indisponíveis para determinados anos, as informações foram

preenchidas através da média geométrica dos dois anos imediatamente anteriores ou

posteriores. O uso da média aritmética esteve restrito a casos em que havia pelo menos um

valor negativo entre um dos anos do par, em especial no caso do indicador “ingresso

acumulado de IED / PIB”, uma vez que foram acumulados valores desde 1980 até o último

ano de referência (2005, 2006 ou 2007), principalmente para países das antigas União das

Repúblicas Socialistas Soviéticas e Iugoslávia.

A partir do cálculo do IVE para cada país, as economias estudadas no presente trabalho

foram classificadas de acordo com seus níveis de vulnerabilidade externa, para que depois, no

terceiro capítulo, esses níveis sejam relacionados aos impactos macroeconômicos. Dessa

forma, o estudo das variáveis macroeconômicas será essencial para verificar se os países com

maior vulnerabilidade externa foram os que sofreram maiores impactos da crise global, tal

como proposto na hipótese deste trabalho. Os dados referentes a tais variáveis

macroeconômicas foram pesquisados em base de dados da CEPAL e do Fundo Monetário

Internacional (FMI). Dentre as variáveis macroeconômicas de interesse da dissertação estão:

renda, investimento, emprego, inflação, finanças públicas e contas externas. Vale ressaltar que

foram pesquisados dados principalmente para os anos anteriores à crise e para os anos de 2008

e 2009, de modo que possam ser analisados os impactos imediato e de curto prazo da crise.

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32

2.2 Evidência empírica

A construção da base de dados com os índices referentes aos indicadores mencionados

na seção anterior permite analisar a vulnerabilidade externa nas diversas esferas das relações

econômicas internacionais. Através do índice relacionado à proporção da exportação de bens e

serviços em relação ao PIB, nota-se que a média dos onze países selecionados fica 34,6%

abaixo da média dos 113 países24. Isso aponta para uma menor dependência dos países latino-

americanos em relação à demanda internacional. No entanto, deve ser ressaltado que a

distribuição da posição destes países selecionados no ranking pertinente a este índice não é

homogênea.

Gráfico 2.1 Índice referente à exportação de bens e serviços / produto interno bruto

0

10

20

30

40

50

60

70

Parag

uaiChile

Méd

ia m

undi

al

Bolívi

a

Venez

uela

Equad

or

Méd

ia do

s 11

paíse

s

Urugu

ai

Méx

icoPe

ru

Argen

tina

Colôm

bia

Brasil

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

Como pode ser observado no gráfico 2.1 acima, o Paraguai é o país mais vulnerável

quando se trata dos dados das exportações como proporção do PIB, seguido pelo Chile, sendo

estes os dois países dentre os onze selecionados que possuem um índice maior que a média

24 Para os resultados do índice referente à exportação de bens e serviços / produto interno bruto dos 113 países ver anexo II.

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mundial. Mesmo que o Paraguai seja o país com a pior classificação no conjunto dos

selecionados, a sua posição no ranking mundial, com a amostra de 113 países, é a 29ª. Assim,

os onze países latino-americanos não parecem estar tão expostos a choques e impactos

internacionais no que tange a esfera comercial quando se analisa este primeiro índice.

Diferentemente do primeiro índice, quando o segundo índice utilizado na construção

do índice de vulnerabilidade externa25 é estudado, observa-se que a média dos onze países

supera a média mundial em 14,8%. Isso é uma indicação de que as pautas de exportação são

mais concentradas no caso dos países selecionados, demonstrando-se que esses países estão

mais vulneráveis a oscilações de preço e quantidade no sistema mundial de comércio.

Gráfico 2.2 Índice referente ao grau de concentração das exportações

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Venez

uela

Equad

or

Bolívia

Chile

Para

guai

Méd

ia do

s 11 p

aíses

Méd

ia mu

ndial

Peru

Urugu

ai

Colôm

bia

Méx

ico

Argen

tina

Brasil

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da UNCTAD.

Deve ser destacado que o primeiro país da América Latina a aparecer no ranking

referente ao índice de concentração das exportações, a Venezuela, apresenta uma posição

bastante ruim em termos de vulnerabilidade externa, aparecendo em segundo lugar na

25 Para os resultados do índice referente ao grau de concentração das exportações dos 113 países ver anexo III.

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classificação dos 113 países, ficando atrás apenas da Nigéria. Isso é explicado pela

concentração da pauta de exportação venezuelana em hidrocarbonetos, que chegou a

representar em média – dos três anos imediatamente anteriores a crise: 2005, 2006 e 2007 –

83,7% das exportações de bens e serviços. Com menor intensidade, o caso se repete para

Equador e Bolívia, onde as exportações de hidrocarbonetos constituem em média 51,9% e

41,7% das exportações totais, respectivamente.

Ao comparar o gráfico 2.2 com o gráfico 2.1, ambos relacionados à esfera comercial,

pode ser sublinhado que os países que apresentam um índice inferior à média dos 11 países

são os mesmos: Peru, Uruguai, Colômbia, México, Argentina e Brasil, embora em ordem

diferente no caso do índice relacionado às exportações de bens e serviços como proporção do

PIB, com exceção do Brasil que permaneceu com o menor nível do índice dentre os onze

países do painel regional nos dois casos.

Tabela 2.1 Exportação de commodities / Exportação total de bens e serviços

Países 2005 2006 2007 MédiaVenezuela 85,7% 87,3% 86,7% 86,6%

Equador 79,7% 81,7% 78,9% 80,1%

Bolívia 73,4% 79,9% 81,7% 78,3%

Peru 73,7% 79,7% 78,8% 77,4%

Chile 66,7% 72,5% 74,6% 71,3%

Argentina 59,2% 58,4% 58,2% 58,6%

Colômbia 55,7% 54,6% 52,4% 54,2%

Uruguai 45,4% 47,9% 46,7% 46,6%

Brasil 40,9% 42,7% 44,6% 42,7%

Paraguai 38,0% 31,0% 39,3% 36,1%México 21,2% 22,6% 23,2% 22,3%

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e da UNCTAD.

No entanto, a pauta exportadora de grande parte das onze economias selecionadas está

fortemente concentrada na exportação de commodities26, como indicado na tabela 2.1 acima.

Este fato prejudica o ajuste das contas externas dessas economias, uma vez que os preços de

tais produtos são mais voláteis do que os preços de produtos manufaturados. Além disso, a

26 De acordo com a base de dados da UNCTAD são incluídas como commodities: alimentos e animais vivos; bebidas e fumo; materiais em bruto, não comestíveis, exceto combustíveis; combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados; óleos animais e vegetais; metais não-ferrosos; pérolas, pedras preciosas e semipreciosas, trabalhadas ou não; ouro, não-monetário, exceto minérios de ouro e seus concentrados.

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35

demanda por commodities apresenta menor dinamismo do que a demanda por produtos com

alta intensidade tecnológica.

A análise da vulnerabilidade externa a partir da esfera produtivo-tecnológica está

vinculada ao índice correspondente ao indicador de ingresso de IED acumulado como

proporção do PIB27. Assim como no índice referente ao grau de concentração das exportações,

a média deste índice para os onze países selecionados (48,9) supera a média da amostra

mundial de 113 países (41,2), em 18,7%. Esta é uma indicação do controle do aparelho

produtivo por empresas transnacionais nas economias latino-americanas.

O gráfico 2.3 abaixo permite a comparação entre a posição relativa de cada economia

no cenário internacional. É notório que Bolívia, Chile e Argentina apresentam grande parte do

seu aparelho produtivo controlado por empresas transnacionais, ficando em sétimo, décimo

segundo e vigésimo lugar, respectivamente, a frente da média dos onze países selecionados.

Quando o indicador de ingresso acumulado de investimento externo direto como proporção do

PIB foi calculado esses três países tiveram, respectivamente, como resultado da média de 2005

a 2007: 65,2%, 61,3% e 48,8%.

Gráfico 2.3 Índice referente ao ingresso acumulado de IED / PIB

0102030405060708090

100

Bolívia

Chile

Argen

tina

Méd

ia do

s 11 p

aíses

Peru

Colôm

bia

Méd

ia m

undia

l

Méx

ico

Equad

or

Urugu

ai

Brasil

Paragu

ai

Venez

uela

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e da UNCTAD.

27 Para os resultados do índice referente ao ingresso acumulado de IED / PIB dos 113 países ver anexo IV.

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36

O caso da Bolívia pode ser em grande medida explicado pela dependência da sua

economia em relação ao setor de hidrocarbonetos, que foi responsável, em média, por 41,7%

das exportações de 2005 a 2007. A participação de empresas transnacionais, como a brasileira

Petrobras, na extração de gás natural influencia a posição boliviana no ranking referente ao

índice de ingresso acumulado de IED como razão do PIB, mesmo que em maio de 2006 tenha

sido declarada na Bolívia a nacionalização de segmentos do setor de hidrocarbonetos, uma vez

que este índice incorpora fluxos de anos anteriores.

A posição do Chile como o segundo, dentre os onze países selecionados, com o maior

índice de ingresso acumulado de IED como proporção do PIB não surpreende, uma vez que

este foi o país pioneiro na implementação de políticas neoliberais em sua economia já na

década de 1970, tais quais: privatização, desregulação de mercados e liberalização do

comércio e entrada de IED. Deve ser ressaltado que o Chile foi o país que implementou com

maior fidelidade o programa formulado pelo Fundo Monetário Internacional e o Banco

Mundial, que seria pré-condição para empréstimos futuros.

O estudo da vulnerabilidade externa a partir da esfera monetário-financeira será

realizado, como mencionado na seção anterior, através de dois índices. Com relação ao índice

referente à dívida externa total como proporção da exportação de bens e serviços28, pode-se

observar que a distribuição da posição dos países selecionados no ranking formado pela

amostra mundial é mais homogênea do que no caso dos índices anteriores. Ou seja, dentre os

onze países estudados, cinco – Bolívia, Colômbia, Brasil, Equador e Peru – estão entre a 34ª e

a 42ª posição. Isso é evidenciado quando calculada a variância das posições das economias

sul-americanas, pois este primeiro índice da esfera monetário-financeira apresenta a menor

medida de dispersão.

É possível notar, a partir do gráfico 2.4 abaixo, que sete dentre os países selecionados

na América Latina apresentam valores para o índice referente à dívida externa total como

proporção das exportações de bens e serviços superiores à média mundial. A média dos onze

países, portanto, superou a média mundial em 28,2%, sendo este o índice formador do IVE

que exibiu maior variação positiva frente à média mundial. Esta é uma indicação de que os

28 Para os resultados do índice referente à dívida externa total / exportação dos 113 países ver anexo V.

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países selecionados sofrem com o desequilíbrio de estoque gerado pelo endividamento

externo, o qual os torna mais vulneráveis do ponto de vista da esfera monetário-financeira.

Gráfico 2.4 Índice referente à dívida externa total / exportação de bens e serviços

0

10

20

30

40

50

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70

80

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Argen

tina

Urugu

ai

Bolívi

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Brasil

Equad

or

Méd

ia do

s 11 p

aíses

Peru

Méd

ia m

undi

al

Chile

Para

guai

Venez

uela

Méx

ico

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

Da menor heterogeneidade entre os onze países selecionados e da elevada média destes

em relação à média mundial, pode-se inferir que as economias latino-americanas são, em

grande medida, dependentes de financiamento externo para o fechamento das contas do

balanço de pagamentos, o que evidencia a fragilidade financeira das contas externas

(CARCANHOLO, 2010). A dependência do fluxo internacional de capitais deixa estes países

mais vulneráveis, tendo em vista que “a esfera monetário-financeira tende a ser mais instável

do que as esferas comercial e produtivo-real”. (GONÇALVES, 2005, p. 133)

A Argentina é o primeiro país latino-americano a figurar no ranking construído para

este primeiro índice relacionado à esfera monetário-financeira, com uma dívida externa total

equivalente a 2,3 vezes suas exportações. Isso lhe conferiu a décima segunda posição, ficando

atrás de países – como: Burundi, Líbano, Ruanda, Sudão, Laos, Malauí, Nepal, Guiné,

Burkina Fasso, Nicarágua e Letônia – com menores valores exportados quando calculada a

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média de exportação para 2005, 2006 e 2007. Ou seja, analisando este índice pode-se concluir

que a vulnerabilidade argentina está, de fato, relacionada ao montante de dívida externa da

economia. Desta forma, a média das exportações argentinas deixa o país na 43ª posição no

ranking de exportações de bens e serviços, enquanto, a Argentina apresenta a 9ª maior dívida

externa total média dos anos 2005 a 2007, com um valor de 122,8 bilhões de dólares. A frente

da Argentina estão, em ordem decrescente, China, Rússia, Turquia, Brasil, México, Índia,

Polônia e Indonésia.

O segundo índice através do qual a vulnerabilidade externa a partir da esfera

monetário-financeira é analisada é a razão entre a importação de bens e serviços e as reservas

internacionais29, que são necessárias para realizar transações comerciais no exterior. Este é o

índice de vulnerabilidade externa que apresenta maior variação negativa quando se compara a

média dos onze países do painel regional à média mundial. Apenas o Equador ficou acima da

média mundial (vide gráfico 2.5). Quando calculada a variância dos índices dos onze países,

encontrou-se a menor medida de dispersão, indicando maior homogeneidade na

vulnerabilidade externa destes na esfera monetário-financeira.

Em outras palavras, as economias selecionadas podem ser consideradas menos

vulneráveis que a amostra mundial de 113 países, tendo em vista que sua média para esse

índice fica 63,3% abaixo da média mundial. Esse resultado favorável aos países estudados tem

forte relação com a conjuntura internacional nos anos pré-crise – 2005, 2006 e 2007 – quando

a taxa de crescimento do PIB real mundial foi, respectivamente, 3,5%, 4,0% e 3,8%30. Tal

como apontado por Filgueiras e Gonçalves (2007):

“A fase ascendente do ciclo da economia mundial se expressa pela expansão da produção, da liquidez, e do comércio internacional a partir de 2003. Esta conjuntura internacional favorável tem permitido a redução de indicadores de vulnerabilidade externa conjuntural do conjunto dos países em desenvolvimento. Vale lembrar que a vulnerabilidade externa conjuntural é determinada pelas opções e custos do processo de ajuste externo.” (p. 61)

29 Para os resultados do índice referente à importação / reservas internacionais dos 113 países ver anexo VI. 30 Dados do Handbook of Statistics 2009, UNCTAD.

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39

Gráfico 2.5 Índice referente à importação de bens e serviços / reservas internacionais

0

5

10

15

20

25

30

35

Equad

or

Méd

ia m

undi

al

Méx

ico

Parag

uai

Chile

Méd

ia do

s 11

paí

ses

Colômbi

a

Urugua

i

Brasil

Venez

uela

Argen

tina

Bolívi

aPe

ru

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

A conjuntura internacional é, portanto, a principal responsável pelo acúmulo de

reservas internacionais nos onze países em desenvolvimento selecionados no presente trabalho

(vide gráfico 2.6), uma vez que o crescimento da demanda internacional31 por commodities32 e

seus preços contribuem para a expansão dos superávits comerciais. Serrano (2008) aponta que

uma “das características marcantes do ciclo recente de crescimento da economia mundial foi o

intenso e quase contínuo aumento dos preços de praticamente todas as commodities” (p. 143).

Além disso, os fluxos de divisas para essas economias também cresceu em virtude da

ampliação da liquidez internacional, que contribuiu para a redução de taxas de juros

internacionais, e das transações de ativos financeiros, que são mais voláteis que transações

comerciais.

31 Filgueiras e Gonçalves (2007) afirmam que o “dinamismo das ‘locomotivas’ do sistema econômico internacional, a saber, Estados Unidos e China” (p. 38) é a causa mais importante do ciclo de expansão da economia mundial nos anos 2000. As demandas norte-americana e chinesa por importações geram um impacto positivo na renda mundial, ao expandir as exportações do resto do mundo tanto em volume como em preço. 32 Como evidenciado pela tabela 2.1, as commodities desempenham um importante papel na pauta exportadora das onze economias.

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40

Gráfico 2.6 Reservas internacionais (em milhões de dólares): 2005-2008

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

200.000

220.000

Argen

tina

Bolívia

Brasil

Chile

Colôm

bia

Equado

r

Méx

ico

Parag

uaiPeru

Urugu

ai

Venez

uela

2005 2006 2007 2008

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

O bom desempenho dos países selecionados frente à amostra mundial no que tange o

índice referente à importação como razão das reservas internacionais está, portanto,

relacionado à conjuntura internacional. O Equador foi o único país, dentre os onze

selecionados, a superar a média mundial, estando em 25º lugar no ranking deste índice, com

uma média anual para o período 2005-2007 na qual as importações são 5,6 vezes maiores que

as reservas internacionais.

O estudo de diferentes índices de vulnerabilidade externa referentes às esferas das

relações econômicas internacionais contribui para a verificação das fontes de fragilidade em

cada economia estudada. Desta forma, a análise acima permite observar que os países

selecionados não estavam igualmente vulneráveis em cada uma das esferas das relações

econômicas internacionais nos anos anteriores à crise.

O impacto de cada um dos cinco índices no IVE varia, tal como demonstrado pelo

gráfico 2.7 abaixo. Para a maioria dos países – Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, México,

Peru e Uruguai –, os principais responsáveis pelo resultado final do índice de vulnerabilidade

externa são o ingresso acumulado de IED como proporção do PIB e a dívida externa total

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41

como razão das exportações. Isto não surpreende já que esses foram os indicadores nos quais a

média dos países latino-americanos apresentou maior variação percentual (positiva em termos

quantitativos) frente à média mundial.

A Argentina e o Brasil são casos extremos no que se trata da influência desses dois

indicadores na composição do IVE, uma vez que a soma destes obteve como total,

respectivamente, 85,1% e 93,7%, sendo que em ambos os casos a participação do indicador

relacionado à dívida externa total na composição do IVE foi maior. Este é um resultado

problemático, pois evidencia a fragilidade dessas economias nas esferas produtivo-tecnológica

e monetário-financeira, apontando para a presença de vulnerabilidade externa estrutural33, que

é um fenômeno de longo prazo.

Gráfico 2.7 Participação de cada índice no IVE

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Argen

tina

Bolívi

a

Brasil

Chi le

Colôm

bia

Equad

or

Méx

ico

Parag

uai

Peru

Urugu

ai

Venezu

ela

Exportação/PIB Concentração das exportaçõesIngresso acumulado de IED/PIB Dívida externa total/exportaçãoImportação/reservas internacionais

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e da UNCTAD.

33 “Vulnerabilidade externa estrutural decorre das mudanças relativas ao padrão de comércio, da eficiência do aparelho produtivo, do dinamismo tecnológico e da robustez do sistema financeiro nacional. A vulnerabilidade externa estrutural é determinada, principalmente, pelos processos de desregulamentação e liberalização nas esferas comercial, produtivo-real, tecnológica e monetário-financeira das relações econômicas internacionais do país.” (FILGUEIRAS e GONÇALVES, 2007, p. 35)

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

42

Duas verdadeiras exceções entre os países estudados, quando nem o ingresso

acumulado de IED sobre o PIB nem a dívida externa em relação às exportações estão entre os

dois principais explicadores do IVE, foram a Venezuela e o Paraguai. No caso desses dois

países, os índices relacionados à esfera comercial tiveram maior influência sobre o IVE de

suas economias, principalmente no caso da Venezuela, no qual o índice de concentração das

exportações é responsável por explicar 53,8% do valor do índice de vulnerabilidade externa da

economia venezuelana. Vale lembrar que a Venezuela havia sido classificada como o segundo

país no ranking dos 113 países para o índice de concentração das exportações.

Ao mesmo tempo que os índices referentes ao ingresso acumulado de IED sobre o PIB

e à dívida externa total como razão das exportações figuram como os maiores causadores de

vulnerabilidade externa para grande parte dos países estudados, o índice com menor impacto

sobre o IVE é o que diz respeito às importações como proporção das reservas internacionais.

Este é o caso de Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. O gráfico

2.7, acima, permite observar que no caso do Equador e do México este índice tem um papel

mais importante que nos outros casos.

Como resultado da média dos cinco indicadores anteriormente observados foi obtido o

índice de vulnerabilidade externa, que permite comparar o desempenho dos onze países

selecionados à amostra mundial de 113 países34. Desta forma, nota-se que o resultado final

para os países da América Latina fica 4,2% abaixo da média mundial, tendo em vista o forte

impacto negativo (em termos quantitativos) do índice relacionado às importações como razão

das reservas internacionais. No entanto, como descrito anteriormente este resultado está

associado às circunstâncias conjunturais extremamente favoráveis nos anos pré-crise.

O cálculo da variância deste painel de onze países no caso do IVE revelou o segundo

menor valor, quando comparado ao cálculo da variância para os índices individuais analisados

anteriormente. Isso aponta para um resultado final de menor heterogeneidade no conjunto dos

países selecionados, o que pode ser justificado pela explicação da vulnerabilidade externa a

partir “de fatores estruturais (por exemplo, território e população) bem como de estratégias e

políticas de Estado.” (CARCANHOLO et al., 2008a, p. 6)

Mesmo que nas décadas de 1980 e 1990 as economias latino-americanas tenham

observado diferentes processos de ajuste externo frente às crises e choques internacionais do

34 Para os resultados do índice de vulnerabilidade externa dos 113 países ver anexo VII.

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43

período, os processos de liberalização e desregulamentação estiveram presentes nas diversas

esferas das relações econômicas internacionais dos países com maior ou menor profundidade,

de modo que as reformas neoliberais foram implementadas e influenciaram o atual quadro de

vulnerabilidade na região. Dentre as características fundamentais do modelo implementado

destacam-se: abertura comercial, desregulamentação financeira, privatizações e flexibilização

do mercado de trabalho. Carcanholo et al. (2008a) conclui:

“ainda que o modelo liberal tenha embasado, de uma maneira geral, as estratégias de desenvolvimento dos países na América Latina a partir dos anos 1980, as formas de implementação, a seqüência das reformas, e o caráter das políticas de estabilização, possuem especificidades de país para país.” (p.10)

Estas especificidades justificam a heterogênea distribuição das posições das onze

economias estudadas no ranking da amostra mundial. A partir do gráfico 2.8 pode-se notar que

a Bolívia é o país com maior IVE na região, aparecendo em 16º lugar no ranking, já o Brasil

apresenta o menor valor para o IVE, estando na 106ª posição.

A economia boliviana esteve entre as três primeiras posições em quatro dos cinco

índices formadores do IVE – a exceção foi o índice que relaciona importações às reservas

internacionais. Assim, a economia depara-se com a primeira posição no conjunto de países

estudados. Esta posição da economia boliviana, como observado anteriormente, é justificada,

principalmente, pelo índice relacionado ao ingresso acumulado de IED como razão do PIB,

que de acordo com o gráfico 2.7 explica 41,8% do IVE, além de ser uma economia

extremamente dependente da exportação de hidrocarbonetos, o que explica a posição da

Bolívia no que tange os índices que cobrem a esfera comercial.

Neste painel regional, o Chile aparece com o segundo maior IVE, o que tem grande

relação com a estratégia de liberalização econômica iniciada já na década de 1970. Além

disso, a dependência da pauta exportadora chilena em relação ao cobre aponta para uma

especialização da economia na produção de commodities, ou seja, com o retorno ao modelo

primário-exportador, o país passa a depender da demanda internacional para determinar o

desempenho da economia.

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44

Gráfico 2.8 Índice de Vulnerabilidade Externa

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Bolívi

aChil

e

Equado

r

Venez

uela

Argen

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l

Parag

uai

Méd

ia dos

11 p

aíses

Urugu

aiPer

u

Colôm

bia

Méx

icoBra

sil

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e da UNCTAD.

Apesar de o IVE médio para os países latino-americanos estar abaixo da média

mundial, isso não significa que os países da região estão fortalecidos no cenário internacional

a ponto de não sofrerem com pressões, fatores desestabilizadores e choques externos. De fato,

o cenário internacional extremamente favorável iniciado em 2003 permitiu que certos

indicadores qualitativamente positivos apontassem para uma menor vulnerabilidade externa na

região.

A melhora, no entanto, não gerou resultados em termos estruturais para os países da

região, tendo em vista que alguns países ampliaram suas exportações sem diversificar sua

pauta exportadora, exportando predominantemente commodities, que apresentaram elevação

em seus preços no período, o que teve impacto positivo nos saldos das balanças comerciais.

Além disso, o acúmulo de reservas internacionais não constitui uma estratégia ativa de

inserção no cenário internacional. O aumento das reservas sozinho não é suficiente para que os

países latino-americanos estejam blindados a crises externas, visto que a liberalização

financeira ocorreu do ponto de vista da entrada e da saída de capitais, não sendo possível

controlar uma fuga de capitais.

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45

Em suma, os anos que antecederam a crise mundial de 2008 fizeram parte da fase

ascendente do ciclo econômico internacional, que foi revertido com o estouro da bolha

imobiliária nos Estados Unidos. Desta forma, os países da América Latina sofreram impactos

decorrentes da reversão da conjuntura externa, que serão analisados através de variáveis

macroeconômicas, sendo possível averiguar se os países mais vulneráveis são os que sofrem

maior impacto da crise global, como será discutido no capítulo a seguir.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

46

CAPÍTULO 3 CRISE GLOBAL E AMÉRICA LATINA: IMPACTO

MACROECÔNOMICO

O foco do terceiro capítulo do presente trabalho é o estudo dos impactos imediato e de

curto prazo provocados pela crise internacional nos países latino-americanos, bem como

relacionar estes impactos com a vulnerabilidade externa de cada economia a fim de examinar

se as economias mais vulneráveis sofreram maiores impactos. Para tanto serão analisadas as

seguintes variáveis macroeconômicas: taxa de crescimento do PIB, taxa de investimento, taxa

de desemprego, taxa de inflação, resultado primário e resultado global do governo central,

balança comercial, balanço de rendas, transferências unilaterais correntes, transações

correntes, conta capital e financeira, e investimento externo direto.

3.1 Renda, investimento e emprego

A análise dos impactos macroeconômicos provocados pela crise foi baseada em dados

do balanço preliminar divulgado pela CEPAL no final de 2009 e do World Economic Outlook

divulgado pelo Fundo Monetário Internacional em 201035. A primeira variável

macroeconômica estudada é a renda dos onze países selecionados. Para tanto, utilizou-se a

taxa de crescimento do produto interno bruto, através da qual pode ser observado o impacto no

ritmo de crescimento econômico.

Tendo em vista que a crise global foi evidenciada em meados de 2008, seu impacto

imediato nas onze economias destacadas será analisado através da comparação entre a média

das taxas de crescimento do PIB de 2006 e 2007 e a taxa correspondente a 2008, com o

objetivo de atenuar o efeito de um ano específico do final do ciclo de expansão. Já neste

primeiro momento pode se notar em cinco dentre as onze economias – México, Colômbia,

Argentina, Venezuela e Chile – que ocorreu uma queda no ritmo de crescimento, de modo que

se observa uma variação negativa na taxa de crescimento média de 2006 e 2007 para 2008.

No entanto, é preciso ressaltar que nenhum dos países selecionados se deparou com

uma taxa de crescimento negativa já em 2008. Ou seja, a crise internacional não provocou

imediatamente uma queda do produto interno bruto, mas sim provocou quedas nas taxas de

crescimento deste produto, como demonstrado pelo gráfico 3.1 abaixo.

35 Para os dados referentes às variáveis macroeconômicas da América Latina ver anexo VIII.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

47

Gráfico 3.1 Taxas de crescimento do PIB (em %) : 2006-2009

- 8,0

- 6,0

- 4,0

- 2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0A

rgen

tina

Bol

ívia

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sil

Chi

le

Col

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Equ

ador

Méx

ico

Par

agua

i

Per

u

Uru

guai

Ven

ezue

la

2006 2007 2008 2009 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

A fim de relacionar os impactos da crise internacional com a vulnerabilidade externa

dos onze países selecionados, tal como proposto no presente trabalho, foram construídos

gráficos de dispersão com os valores de cada país para o índice de vulnerabilidade externa no

eixo X e as variações relativas e absolutas36 na taxa de crescimento no eixo Y. Além disso, nos

gráficos de dispersão o eixo Y cruza o eixo X no valor da mediana do IVE, representado pelo

IVE paraguaio. Desta forma, é possível avaliar se existe uma relação de dependência entre

essas variáveis tal como proposto na hipótese do presente trabalho, ou seja, se os países mais

vulneráveis foram os que sofreram maiores impactos com a crise internacional.

Diferentemente do que seria esperado pela hipótese deste trabalho, ao traçar uma linha

de tendência no gráfico de dispersão, nota-se que os países com maiores índices de

vulnerabilidade externa, como Bolívia e Equador, não sofreram um impacto imediato com a

crise, como observado nos gráficos abaixo. A elevação da taxa de crescimento do PIB

equatoriano em 3,3 pontos percentuais da média de 2006 e 2007 para 2008 influenciou este

resultado, visto que este é o país com terceiro maior IVE, quando analisados os anos pré-crise

no capítulo anterior.

36 A variação relativa representa uma variação proporcional entre o valor atual e o valor de referência anterior. Enquanto a variação absoluta subtrai do valor atual o valor da média dos anos anteriores.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

48

Gráfico 3.2 Relação entre o impacto imediato na taxa de crescimento do PIB e o IVE

(Variação na taxa de crescimento no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

Além disso, México e Colômbia, países que apresentaram o segundo e terceiro menor

IVE, respectivamente, registraram as maiores variações negativas nas taxas de crescimento

neste primeiro momento de análise, ou seja, as maiores taxas de desaceleração do crescimento

do PIB, respectivamente, 68,2% e 66,4%, que corresponderam a reduções absolutas de 2,9 e

4,8 pontos percentuais. Este fato também levou a um resultado diferente do esperado pela

hipótese. Caso esses três países – Equador, Colômbia e México – fossem excluídos da análise

gráfica, as linhas de tendência observadas nos gráficos de dispersão referente às variações

relativas e absolutas seriam positivamente inclinadas, de modo que quanto maior o IVE maior

seria o impacto macroeconômico observado, mesmo que imediato.

Traçando uma linha na seqüência de cinco países em ordem crescente de IVE – Peru,

Uruguai, Paraguai, Argentina e Venezuela – na parte mais central do gráfico, pode se observar

que há uma relação negativa entre o IVE e o impacto macroeconômico, de modo que quanto

menor o IVE menor o efeito negativo da crise sobre as economias. Isto estaria de acordo com

a hipótese levantada neste trabalho, como pode ser visto no gráfico 3.2 acima, o que pode ser

uma indicação de que em casos extremos de IVE a hipótese possa ser contestada.

Ao comparar a média das taxas de crescimento do PIB de 2007 e 2008 com a taxa de

2009, busca-se realizar uma análise dos impactos da crise global no curto prazo. Olhando para

a evolução das taxas de crescimento do PIB, nota-se que as onze economias selecionadas se

Venezuela

Uruguai

Peru

Colômbia

México

Brasil

Equador

Paraguai

Bolívia

Argentina Chile

y = 0,0184x - 0,6473

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

0 10 20 30 40 50IVE

Chile

Argentina

VenezuelaColômbia

México

Paraguai

Bolívia

Equador

Uruguai

PeruBrasil

y = 0,0642x - 2,7212

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

0 10 20 30 40 50IVE

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49

depararam com uma desaceleração do crescimento em 2009, assim como evidenciado pelo

gráfico 3.1 acima. Ou seja, nenhum país deste painel regional escapou dos impactos da crise.

E dentre os países selecionados, cinco tiveram retração em seus produtos em 2009, foram eles:

Chile, Equador, México, Paraguai e Venezuela. O México foi o país com pior resultado para a

taxa de crescimento do PIB em 2009, -6,7%, sendo o país que sofreu mais intensamente em

termos de nível de atividade. Este fato não surpreende, tendo em vista a forte relação entre a

economia mexicana e a economia norte-americana, epicentro da crise internacional.

Este forte impacto sobre a economia mexicana prejudicou em grande medida a

observação de uma relação diretamente proporcional entre a vulnerabilidade externa dos

países da região e os respectivos impactos macroeconômicos negativos da crise internacional

sobre os países no curto prazo, como pode se examinar através do gráfico 3.3 abaixo.

Gráfico 3.3 Relação entre o impacto de curto prazo na taxa de crescimento do PIB e o

IVE (Variação na taxa de crescimento no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

O impacto negativo da crise internacional sobre o ritmo de crescimento econômico

provoca deterioração nas expectativas dos agentes econômicos, de modo a afetar as taxas de

investimento dos países. Através da razão entre formação bruta de capital fixo e o PIB, é

possível observar como a crise compromete o investimento. Olhando para a evolução da

formação bruta de capital fixo como proporção do PIB no gráfico 3.4 abaixo pode se observar

que a taxa de investimento não sofreu um impacto imediato – ou seja, no ano de 2008 – com a

crise internacional. Em 2008, a taxa de investimento continuou a crescer no painel regional

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

ColômbiaEquador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = 0,0314x - 2,3174

-400%

-350%

-300%

-250%

-200%

-150%

-100%

-50%

0%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

EquadorColômbia

ChileBrasil

Bolívia

Argentina

y = 0,0867x - 9,4301

-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

0 10 20 30 40 50IVE

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50

estudado, tal como ocorria em anos anteriores ao estouro da crise. A Venezuela foi a exceção,

pois já em 2008 apresentou uma taxa de investimento menor que a média dos dois anos

antecedentes.

Gráfico 3.4 Taxas de investimento (em %): 2006-2009

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

Argen

tina

Bolívi

a

Brasil

Chi le

Colôm

bia

Equad

or

Méx

ico

Paragu

aiPer

u

Urugua

i

Venezu

ela

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

De 2008 para 2009, dez dos países selecionados observaram queda em suas taxas de

investimento, sendo a única exceção o Equador, que registrou crescimento de 1,0% em sua

taxa de investimento, o que realmente representou uma elevação do investimento, uma vez

que este país apresentou queda de 0,4% do PIB em 2009. Deve ser ressaltado que o

crescimento dos investimentos no Equador foi impulsionado por investimentos públicos e de

empresas estatais.

A queda da taxa de investimento na maioria dos países deste painel regional é uma

reflexão de que o impacto da crise global sobre o investimento nas economias não acontece

imediatamente, mas pode ocorrer no curto prazo, tendo em vista que o desaquecimento da

economia provoca mudança nas expectativas sobre a demanda. Em outras palavras, é possível

afirmar que a crise gerou repercussões sobre o setor real das economias sul-americanas e sobre

o México.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

51

Ao analisar a relação entre a variação na taxa de investimento a partir da média de

2006 e 2007 para 2008 e o índice de vulnerabilidade externa, no gráfico 3.5, nota-se que os

três países mais vulneráveis do painel regional – Bolívia, Chile e Equador – não sofreram

imediatamente com os efeitos negativos da crise. As taxas de investimento destas economias

apresentaram variações positivas absolutas superiores à média regional de 2,3 pontos

percentuais.

Gráfico 3.5 Relação entre o impacto imediato na taxa de investimento e o IVE

(Variação na taxa de investimento no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

Por um lado, a Venezuela foi a economia mais vulnerável que sofreu maior impacto da

crise internacional neste primeiro momento, como mencionado anteriormente, apresentando

uma variação negativa da taxa de investimento de 0,7%, equivalente a uma redução de 0,2

pontos percentuais em sua taxa de investimento. Por outro, o Brasil foi a economia com o

menor IVE que foi menos afetada pela crise, registrando uma variação relativa da taxa de

investimento de 12,3%, acima da média do painel regional (11,2%), quando se compara 2008

à média dos dois anos anteriores.

Na avaliação dos efeitos de curto prazo sobre o investimento, destaca-se o severo

impacto sobre a economia chilena, com o segundo maior IVE do painel regional, que

apresentou a maior queda da taxa de investimento em valores absolutos, 2,5 pontos

percentuais, o que expressou uma queda relativa de 8,8%. Tanto a taxa de investimento

venezuelana quanto a argentina registraram reduções absolutas de 2,1 pontos percentuais. No

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = 0,0009x + 0,0827

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

0 10 20 30 40 50

IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

BrasilBolívia

Argentina

y = 0,0226x + 1,519

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

0 10 20 30 40 50IVE

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52

entanto, a variação relativa foi de -7,0% na Venezuela e de -9,9% na Argentina, na

comparação entre 2009 e os dois anos antecedentes.

Como se evidencia através do gráfico 3.6, três economias exibiram crescimento em

suas taxas de investimento no curto prazo: Bolívia, Equador e Uruguai, em ordem decrescente

de IVE. É importante destacar que Bolívia e Equador estão entre os países mais vulneráveis da

amostra latino-americana e sofreram pouco com a crise internacional no que se refere ao setor

real da economia.

Gráfico 3.6 Relação entre o impacto de curto prazo na taxa de investimento e o IVE

(Variação na taxa de investimento no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

Desta forma, nota-se uma dificuldade em relacionar de forma linear os impactos sobre

os investimentos sofridos com a crise à vulnerabilidade externa. Como se pode observar, os

impactos nos países selecionados foram dispersos, de modo que a variação da taxa de

investimento no curto prazo não pode ser relacionada à fragilidade das economias sul-

americanas e do México.

O efeito negativo da crise internacional sobre o setor real nos países selecionados

também pode ser estudado através da taxa média anual de desemprego, que aponta o impacto

sobre a demanda por trabalhadores. Diferentemente das duas variáveis macroeconômicas

analisadas anteriormente, no caso da taxa de desemprego, a influência negativa da crise fica

aparente através de uma elevação na variável. Desta forma, quanto maior a variação positiva

na taxa de desemprego, maior o impacto negativo da crise internacional.

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = 0,0012x - 0,0737

-12%

-10%

-8%

-6%

-4%

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = 0,0156x - 1,3305

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

0 10 20 30 40 50IVE

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53

Nos anos anteriores à crise, a taxa de desemprego apresentava tendência de queda na

maioria dos países, o que é um sinal positivo do aquecimento econômico anterior ao estouro

da crise em meados de 2008. Através do gráfico 3.7 nota-se queda da taxa de desemprego em

seis dos onze países selecionados ainda em 2008, o que, tal como no caso da taxa de

investimento, sinaliza para o fato de a demanda por trabalhadores não sofrer um impacto

imediato da crise. A economia peruana foi a única que não sofreu alteração em sua taxa de

desemprego. Dentre os outros quatro países – Chile, Colômbia, México e Paraguai – o

impacto negativo sobre a taxa de desemprego não foi muito forte, sendo a economia chilena a

com maior variação positiva (em termos quantitativos) 9,9%, o que significou uma elevação

de 0,7 pontos percentuais na taxa de desemprego em termos absolutos.

Gráfico 3.7 Taxas de desemprego (em %): 2006-2009

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

Argen

tina

Bolívi

a

Brasil

Chi le

Colôm

bia

Equad

or

Méx

ico

Parag

uaiPeru

Urugu

ai

Venez

uela

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

A repercussão da crise sobre a taxa de desemprego passa a ser evidente em 2009,

quando oito das economias selecionadas se depararam com um aumento da taxa de

desemprego, que em quatro desses países – Chile, Colômbia, Equador e México – foi superior

a um ponto percentual. Desta forma, nota-se que o impacto da crise global sobre o processo de

crescimento gerou efeitos negativos no mercado de trabalho. Além disso, a redução do

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

54

dinamismo nas economias provoca ainda uma redução na geração de postos de trabalhos de

maior qualidade.

A economia chilena, segunda mais vulnerável, exibiu o maior impacto imediato

(confrontando o resultado de 2008 com a média dos dois anos anteriores) em sua taxa de

desemprego dentre as onze economias do painel regional selecionado neste estudo. No

entanto, outras economias bastante vulneráveis – Bolívia, Equador e Venezuela – registraram

uma taxa de desemprego inferior a média do biênio anterior, o que significa uma melhora

nesta variável macroeconômica, de modo que não sofreram um impacto imediato da crise

internacional.

Relacionando a variação relativa da taxa de desemprego ao IVE encontra-se uma linha

de tendência com inclinação negativa pouco acentuada, indicando que os países com maiores

índices de vulnerabilidade externa apresentaram uma maior redução no primeiro momento de

análise do impacto da crise, ou seja, teriam sofrido menos, como observado no gráfico 3.8a

abaixo. No entanto, a linha de tendência baseada na variação absoluta da taxa de desemprego

exibe um resultado diferente, possuindo inclinação positiva e mais acentuada que no caso

anterior, o que é um sinal de que quanto mais vulnerável um país maior seria o aumento

imediato em sua taxa de desemprego, ou menor a queda nesta taxa. Este seria um caso

favorável à comprovação da hipótese do presente trabalho (vide gráfico 3.8b).

Gráfico 3.8 Relação entre o impacto imediato na taxa de desemprego e o IVE

(Variação na taxa de desemprego no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

ArgentinaBolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = -0,0003x - 0,0875

-30%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

EquadorColômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = 0,0065x - 1,1596

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

0 10 20 30 40 50IVE

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55

Através da análise de curto prazo (comparando o resultado de 2009 com a média dos

dois anos anteriores) é possível constatar que o impacto, em termos percentuais, sobre a

economia mexicana, a segunda menos vulnerável, ultrapassa em grande medida o impacto

médio observado no painel regional (aumento de 8,2%). O aumento da taxa de desemprego no

México foi de 40,2%, o que resultou em uma elevação de 2,0 pontos percentuais na taxa de

desemprego. O único país que apresentou uma elevação da taxa de desemprego superior em

termos absolutos – de 2,4 pontos percentuais – foi o Chile, segundo país mais vulnerável do

painel regional selecionado.

Gráfico 3.9 Relação entre o impacto de curto prazo na taxa de desemprego e o IVE

(Variação na taxa de desemprego no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

A presença de uma relação entre o impacto na taxa de desemprego e o índice de

vulnerabilidade externa, tal como esperada pela hipótese deste trabalho, torna-se evidente

através do gráfico 3.9, no qual se observa o impacto da crise no curto prazo. Ambas as linhas

de tendência geradas com base nas variações relativa e absoluta são positivamente inclinadas,

indicando que quanto maior a vulnerabilidade externa de uma economia, maior o impacto

negativo da crise. Vale lembrar que a linha de tendência projetada com base na variação

absoluta da taxa de desemprego já apresentava inclinação positiva quando analisado o impacto

imediato em 2008, porém na análise de curto prazo a linha de tendência é mais inclinada,

sugerindo que a vulnerabilidade tenha maior influência sobre o impacto na variável

macroeconômica com o transcorrer do tempo.

Argentina

BolíviaBrasil

Chile

Colômbia

Equador

México

ParaguaiPeru

Uruguai

Venezuela

y = 0,001x + 0,0498

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru Paraguai

México

EquadorColômbia

Chile

Brasil Bolívia

Argentina

y = 0,0162x + 0,0143

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 10 20 30 40 50

IVE

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56

Como mencionado anteriormente, o caso mexicano é bastante particular dentre os onze

países estudados, tendo em vista sua forte dependência em relação à economia norte-

americana, assim ao excluir este país da análise as linhas de tendência baseadas nos impactos

de curto prazo sobre a taxa de desemprego se tornariam ainda mais inclinadas, de modo a

corroborar a hipótese proposta.

3.2 Inflação e finanças públicas

O primeiro efeito da crise sobre as taxas de inflação da maioria dos países estudados

foi de elevação destas taxas, o que teve forte relação com a depreciação das moedas nacionais

em relação ao dólar, principalmente com o estouro da crise no segundo semestre de 2008.

Vale ressaltar que nos primeiros oito meses de 2008, foi sustentado e intensificado o processo

de elevação no preço de alimentos e de combustíveis iniciado em meados de 2007. Mesmo

com a reversão na alta dos preços internacionais, com o início da crise, a depreciação das

moedas nacionais suavizou a queda destes preços. Assim, nove das onze economias

registraram aumento de suas taxas de inflação de 2007 para 2008 (vide gráfico 3.10), as

exceções foram as economias argentina e chilena, que apresentaram taxas de inflação 15,3% e

9,0% menores frente ao ano anterior, respectivamente.

Gráfico 3.10 Taxas de inflação (em %): 2006-2009

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

Arg

entin

a

Bol

ívia

Bra

sil

Chi

le

Col

ômbi

a

Equa

dor

Méx

ico

Para

guai

Peru

Uru

guai

Ven

ezue

la

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

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57

As projeções para as taxas de inflação realizadas em 2008 já esperavam uma redução

destas taxas dos países do painel em 2009. No entanto, a queda da inflação na região superou

as expectativas, uma vez que a desaceleração econômica e a redução do comércio produziram

efeitos nos preços dos alimentos e da energia, além de um maior espaço entre o PIB observado

e o potencial, contribuindo para restringir a pressão inflacionária37. A apreciação das moedas

em relação ao dólar colaborou para que a queda dos preços internacionais fosse repassada aos

preços domésticos. Desta forma, os onzes países do painel regional observaram quedas em

suas taxas de inflação de 2008 para 2009. A economia chilena chegou a registrar deflação em

2009, em virtude da contração da demanda interna e da redução de alguns preços externos.

Buscando relacionar o índice de vulnerabilidade externa com o impacto imediato

(confrontando o resultado de 2008 com a média dos dois anos anteriores) sobre as variáveis

macroeconômicas, foram encontradas relações distintas quando a variação na taxa de inflação

era relativa ou absoluta. No caso da variação relativa observa-se uma linha de tendência

negativamente inclinada, de modo que quanto maior a vulnerabilidade externa menor o

aumento observado na taxa de inflação dos países. Já quando o IVE é relacionado à variação

absoluta na taxa de inflação a linha de tendência possui inclinação positiva, ou seja, quanto

maior a vulnerabilidade externa maior o aumento observado na taxa de inflação dos países.

Quatro países sofreram variação relativa em suas taxas de inflação, superiores à média

regional de 58,4%, são eles: Equador, Peru, México e Venezuela, com variações de 183,9%,

164,0%, 64,6% e 61,5%, respectivamente. No entanto, ao realizar uma análise a partir das

variações absolutas, o México não figura entre os países mais impactados, o que contribui para

a alteração na inclinação da linha de tendência. Além disso, a Bolívia passa a figurar entre as

economias mais afetadas em termos absolutos, com uma variação de 3,5 pontos percentuais na

taxa de inflação, superando a média do painel (3,0 pontos percentuais). A presença da Bolívia

colabora para a inclinação positiva da linha de tendência do gráfico 3.11b, tendo em vista que

esta é a economia mais vulnerável da região.

Como mencionado anteriormente, esse impacto imediato de elevação das taxas de

inflação teve grande relação com a depreciação cambial observada nos momentos iniciais da

crise. Tal depreciação foi em grande medida influenciada pela redução de liquidez no cenário

internacional, que gera impactos mais rapidamente sobre as economias ao atuar através da

37 Ver CEPAL (2009b).

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58

esfera monetário-financeira. Assim, países nos quais a vulnerabilidade externa decorre

principalmente desta esfera observaram elevações em suas taxas de inflação, como por

exemplo o Brasil, que registrou um aumento 55,3% em sua taxa de inflação, que correspondeu

a uma taxa 2,1 pontos percentuais maior em 2008 em termos absolutos.

Gráfico 3.11 Relação entre o impacto imediato na taxa de inflação e o IVE

(Variação na taxa de inflação no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

As linhas de tendência geradas a partir das variações relativa e absoluta na taxa de

inflação a partir da média de 2007 e 2008 para 2009 (vide gráfico 3.12) apresentam inclinação

negativa mais acentuada do que a variação relativa imediata, observada no gráfico 3.11a

acima. Como evidenciado pela linha de tendência, a queda foi mais expressiva em países mais

vulneráveis, como a Bolívia e o Chile, que registraram quedas de 93,2% e de 125,5%,

respectivamente, que, por sua vez, expressaram reduções de 11,0 e 9,4 pontos percentuais,

superando em termos absolutos a média regional para o período (-3,5 pontos percentuais). No

caso boliviano, a acentuada diminuição da inflação está vinculada à redução de preços dos

alimentos, que tem relação com a queda nos preços internacionais de produtos básicos, além

de condições climáticas que favoreceram o aumento da oferta interna de alimentos. Para a

economia chilena, tanto a queda nos preços externos como a redução na demanda colaboraram

para a queda da inflação, como mencionado anteriormente.

Dez dos onze países estudados tiveram queda em suas taxas de inflação. A exceção foi

a Venezuela, que registrou uma variação relativa positiva de 6,3% equivalente a um aumento

Argentina

BolíviaBrasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = -0,0019x + 0,6471

-50%

0%

50%

100%

150%

200%

0 10 20 30 40 50

IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

ColômbiaChileBrasil

Bolívia

Argentina

y = 0,0601x + 0,9968

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

59

absoluto de 1,7 pontos percentuais em 2009 na comparação com a média dos dois anos

anteriores. Este fato pode ser explicado, em parte, pela redução na disponibilidade de divisas a

taxa de câmbio oficial – uma vez que a Venezuela adota um regime de câmbio fixo – o que

levou à importação de mercadorias com dólares obtidos a um preço maior no mercado

paralelo. Além disso, os agregados monetários venezuelanos registraram crescimento em

2009. A economia venezuelana se destacou por apresentar a maior taxa de inflação do painel

regional de 2006 a 2009, sendo a única a se deparar com uma taxa de inflação de dois dígitos

em 2009.

Gráfico 3.12 Relação entre o impacto de curto prazo na taxa de inflação e o IVE

(Variação na taxa de inflação no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

Países menos vulneráveis, como o Brasil e o México, observaram uma redução na taxa

de inflação inferior, em termos de módulo, do que a média das onze economias – 19,2% e

12,6%, respectivamente – quando se compara 2009 à média dos dois anos anteriores.

Analisando em termos absolutos as quedas das taxas de inflação brasileira e mexicana foram

de 1,0 e 0,7 pontos percentuais, enquanto o painel regional registrou uma queda média de 3,5

pontos percentuais. Desta forma, nota-se a presença de uma relação inversamente proporcional

entre o IVE e a variação da taxa de inflação no curto prazo.

A análise do impacto da crise internacional sobre as economias latino-americanas

também deve ser realizada a partir de variáveis macroeconômicas relacionadas às finanças

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = -0,0183x + 0,1127-140%

-120%

-100%

-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

0 10 20 30 40 50IVE Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,2117x + 3,3969-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

60

públicas, como o resultado primário38 e o resultado global do governo central em proporção ao

PIB, o que colabora para a comparação dos resultados entre os países. Além disso, a avaliação

das contas públicas é essencial para o estudo da capacidade de atuação dos governos através

de políticas públicas contracíclicas que visem combater os efeitos negativos provocados pela

crise, compensando em parte a redução de outros componentes da demanda e contribuindo

para a recuperação. Entretanto, estes estímulos fiscais prejudicaram a situação fiscal de grande

parte dos países não só na América Latina, como no resto do mundo.

A tendência de elevação de preços internacionais de produtos energéticos e

alimentícios, no primeiro semestre de 2008, fez com que alguns países aplicassem subsídios

ou reduções de impostos para amenizar a pressão inflacionária. Além disso, esta pressão fez

com que alguns países da região aumentassem suas taxas de juros, o que restringiu o uso da

política monetária para impulsionar o crescimento econômico. Com a eclosão da crise no

segundo semestre, os governos teriam novas responsabilidades, de modo que em 2008 são

observados impactos sobre as contas públicas, tanto no resultado primário, quanto no global.

O resultado primário de sete dentre as onze economias estudadas – Bolívia, Chile,

Colômbia, Equador, México, Uruguai e Venezuela – foi menor em 2008, quando comparado

apenas com 2007, como mostrado no gráfico 3.13a. No entanto, a piora no resultado global é

verificada em apenas cinco países, uma vez que os déficits globais da Colômbia e do Uruguai

foram reduzidos em 2008 (vide gráfico 3.13b).

A aplicação de políticas macroeconômicas contracíclicas de fato contribuiu para que a

desaceleração do crescimento em 2009 fosse inferior ao esperado, mas provocou

desequilíbrios fiscais, por um lado, porque a queda do nível de atividade gerou redução nas

receitas públicas e, por outro, porque a implementação destas políticas aumentou os gastos

públicos. Vale ressaltar que em alguns países latino-americanos a receita pública apresenta

forte dependência em relação à exportação e aos preços de commodities, que sofreram

acentuada queda com o início da crise.

Em 2009, nenhum dos onze países do painel regional escapou dos impactos sobre as

contas públicas, visto que foram registradas reduções em todos os saldos primários e globais,

quando comparado ao ano anterior. Desta forma, a média do resultado primário da região saiu

de um superávit de 2,1 pontos percentuais em 2008 para um déficit de 0,9 pontos percentuais

38 O resultado primário exclui o pagamento do serviço da dívida pública.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

61

do PIB em 2009. O incremento médio no déficit global também foi observado, passando-se de

um superávit de 0,3 pontos percentuais a um déficit de 2,7 pontos percentuais do PIB.

Gráfico 3.13 Finanças públicas (em % do PIB): 2006-2009

a) Resultado primário b) Resultado global

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

A reversão do ciclo de expansão – em que ocorreu aumento no superávit primário e

redução do déficit global – afetou as contas públicas em grande medida, de modo que tanto o

resultado primário como o resultado global em 2009 foram piores do que nos três anos

anteriores para todos os países da região, como mostrado no gráfico 3.13 acima. Ademais, de

2006 a 2008, todos os países do painel, a exceção do Equador em 2008, registraram superávit

primário, enquanto em 2009, seis países passaram a apresentar déficits.

Ao estudar a relação entre a vulnerabilidade externa e o impacto imediato da crise

sobre as finanças públicas das economias latino-americanas é possível constatar que quanto

maior o IVE, maior o efeito negativo sobre o resultado primário. A linha de tendência

construída com a variação absoluta imediata, ou seja, de 2008 com a média dos dois anos

antecedentes, apresenta inclinação mais acentuada do que no caso da variação relativa,

sinalizando que a relação entre o IVE e o impacto em termos absolutos é ainda mais forte

(vide gráfico 3.14).

Deve ser destacado que em ambos os casos os quatro países mais vulneráveis –

Bolívia, Chile, Equador e Venezuela – foram afetados mais do que a média regional, que

registrou uma queda relativa de 16,8%, correspondente a uma redução do superávit primário

em 1,2 pontos percentuais do PIB. Dentre as quatro economias menos vulneráveis, três –

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

Arg

entin

a

Bol

ívia

Bra

sil

Chi

le

Col

ômbi

a

Equ

ador

Méx

ico

Par

agua

i

Per

u

Uru

guai

Ven

ezue

la

2006 2007 2008 2009-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

Arg

entin

a

Bol

ívia

Bra

sil

Chi

le

Col

ômbi

a

Equ

ador

Méx

ico

Par

agua

i

Per

u

Uru

guai

Ven

ezue

la

2006 2007 2008 2009

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

62

Brasil, Colômbia e Peru – observaram aumentos em seus superávits primários ainda em 2008,

na comparação com a média de 2006 e 2007.

Gráfico 3.14 Relação entre o impacto imediato no resultado primário e o IVE

(Variação no resultado primário no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

A avaliação da relação entre o IVE e o impacto no resultado global das finanças

públicas é bastante similar ao verificado para o resultado primário, de modo que os quatro

países mais vulneráveis novamente deparam-se com reduções absolutas em seus saldos

globais superiores, em termos de módulos, à média dos onze países (vide gráfico 3.15). Nota-

se que o estudo da variação relativa é prejudicado pela presença de valores menores que uma

unidade, como o caso da economia mexicana. O México registrou uma queda de 300,0% em

seu resultado global, sendo a economia do painel mais afetada em termos relativos, o que

provoca uma redução da inclinação da linha de tendência observada no gráfico 3.15a, uma vez

que apresenta o segundo menor IVE do painel. No entanto, ao olhar para a variação absoluta a

queda no resultado global mexicano foi de 0,2 pontos percentuais do PIB.

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = -0,0351x + 0,9809-150%

-100%

-50%

0%

50%

100%

150%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,1546x + 3,8411-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

0 10 20 30 40 50

IVE

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

63

Gráfico 3.15 Relação entre o impacto imediato no resultado global e o IVE

(Variação no resultado global no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

Como mencionado anteriormente, em 2009, todos os países do painel regional

registraram uma piora em seus resultados primários e globais, visto que a evolução das

receitas públicas depende da evolução do nível de atividade, que desacelerou em 2009. Além

disso, alguns países latino-americanos utilizaram como uma das medidas contracíclicas a

redução de impostos, prejudicando ainda mais a arrecadação. O aumento da despesa, com

objetivo de estimular a economia e contrabalançar os efeitos da crise internacional, contribuiu

para a piora nas finanças públicas.

Através do gráfico 3.16 abaixo torna-se evidente a queda no resultado primário dos

onze países na comparação de 2009 com os dois anos anteriores. Assim como na avaliação da

relação entre os impactos imediatos e as contas públicas, constata-se a existência de uma

relação entre o IVE e as alterações nas variáveis macroeconômicas tal como esperada pela

hipótese deste trabalho. Bolívia, Chile, Equador e Venezuela estão novamente entre os países

mais afetados do que a média regional tanto no que diz respeito à variação relativa quanto na

variação absoluta. Estes países têm em comum o fato de serem altamente especializados em

produtos básicos, que influenciam as receitas fiscais, ou seja, as contas públicas são

impactadas pela variação nos preços das commodities.

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

PeruUruguai

Venezuela

y = -0,0201x + 0,2885

-400%

-300%

-200%

-100%

0%

100%

200%

300%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

UruguaiPeru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,1595x + 4,4672

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

0 10 20 30 40 50

IVE

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

64

Gráfico 3.16 Relação entre o impacto de curto prazo no resultado primário e o IVE

(Variação no resultado primário no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

A queda nos preços médios do petróleo provocou deterioração das finanças públicas

boliviana, equatoriana e venezuelana. Realizando um estudo sobre as contas públicas da

Bolívia observa-se que, em 2009, ocorreu elevação dos gastos públicos ao mesmo tempo em

que houve diminuição das receitas, por causa da menor arrecadação alfandegária (relacionada

à redução das importações) e de impostos de renda, além da perda de receita oriunda do

imposto sobre petróleo, explicada pelo menor nível de atividade deste setor. A diminuição do

preço do petróleo influenciou direta e indiretamente as contas públicas equatorianas. Por um

lado, parte da receita pública do Equador é derivada de receitas do petróleo, por outro, a queda

dos preços afetou fortemente o desempenho da economia equatoriana, impactando

negativamente, como conseqüência, suas finanças públicas. Apesar de apresentar contenção

em seus gastos públicos, principalmente despesas de capital, a queda nas receitas públicas

venezuelanas foi ainda maior, em razão da redução das receitas do petróleo e das receitas de

imposto de renda, especialmente, derivadas do petróleo.

A economia chilena se beneficiou da construção de uma situação fiscal tranqüila nos

anos anteriores a crise, o que possibilitou a adoção de medidas contracíclicas visando à

recuperação do crescimento. No entanto, a desaceleração da atividade econômica e a redução

do preço do cobre provocaram perdas na arrecadação e geraram déficits primário e global em

2009.

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México ParaguaiPeru

Uruguai

Venezuelay = -0,0389x - 0,0768

-300%

-250%

-200%

-150%

-100%

-50%

0%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,1842x + 2,4745-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

65

Ao examinar a relação entre o impacto de curto prazo da crise sobre o resultado global

das economias latino-americanas e seus respectivos índices de vulnerabilidade externa nota-se

que a linha de tendência construída no gráfico referente à variação relativa do resultado global

apresenta inclinação positiva, enquanto no segundo gráfico, referente à variação absoluta, tem

inclinação negativa. Ou seja, o gráfico 3.17a se depara com uma relação entre os impactos

sobre o resultado global e o IVE diferente dos casos anteriores.

Gráfico 3.17 Relação entre o impacto de curto prazo no resultado global e o IVE

(Variação no resultado global no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e da CEPAL.

Como mencionado anteriormente, a análise através da variação relativa pode ser

prejudicada em virtude da existência de valores com módulo inferior a uma unidade

percentual do PIB, que distorcem o cálculo da variação relativa e conseqüentemente sua

relação com o IVE. Ao observar os resultados para a economia mexicana, que registrou um

déficit global médio de 0,1% do PIB em 2007 e 2008 e de 2,1% do PIB em 2009, fica evidente

a distorção na relação, visto que em termos absolutos há um incremento no déficit de 2,0

pontos percentuais do PIB, enquanto em termos relativos esta variação é de 4000,0%, devido

ao valor de comparação básico (0,1%). Desta forma, a exclusão do México permitiria a

observação de uma linha de tendência negativamente inclinada no gráfico 3.17a, assim como

se verifica no gráfico 3.17b.

Olhando para a variação absoluta do resultado global, pode se constatar mais uma vez

que os quatro países mais vulneráveis foram os que sofreram impactos acima da média do

Argentina Bolívia

Brasil ChileColômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = 0,2496x - 14,937-4500%

-4000%

-3500%

-3000%

-2500%

-2000%

-1500%

-1000%

-500%

0%

0 10 20 30 40 50

IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

ParaguaiMéxico

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,1926x + 2,8418

-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

66

painel regional, colaborando para a comprovação da hipótese deste trabalho no que diz

respeito às variáveis macroeconômicas relacionadas às finanças públicas.

3.3 Contas Externas

A desaceleração do crescimento do nível de atividade mundial, principalmente em

países desenvolvidos, como conseqüência da crise financeira, provocou retração no comércio

mundial, repercutindo sobre as economias latino-americanas, que observaram queda na

demanda por suas exportações. Desta forma, devem ser destacados entre os canais de

transmissão da crise internacional para a região a queda: no comércio mundial, no turismo, nas

remessas de trabalhadores e nos investimentos externos. É importante sublinhar que esta

transmissão gera efeitos multiplicadores nas economias, de modo que as repercussões da crise

superam os impactos iniciais.

Até meados de 2008, antes da eclosão da crise internacional, observava-se o

crescimento das exportações latino-americanas, em grande medida explicado pelo aumento

dos preços de commodities. A elevação dos preços também contribuiu para o crescimento das

importações na América Latina. No entanto este fator não atuou sozinho, uma vez que o

aumento do volume importado é explicado pelo aquecimento interno das economias, assim

como pela apreciação cambial – observada no primeiro semestre de 2008 – em diversas

economias da região.

Com o estouro da crise internacional, houve retração no comércio mundial,

especialmente no último trimestre do ano, tendo em vista o abalo às exportações provocado

pela queda no preço das commodities, fato que também impactou as importações, além da

redução no nível de atividade. Apesar disso, a excepcional tendência de elevação nos preços

das commodities teve forte influência sobre os saldos comerciais dos países latino-americanos

em 2008.

Ao examinar a evolução da balança comercial39 como proporção do PIB, nota-se que

em seis das onze economias do painel regional o saldo comercial foi positivo em 2008. Vale

ressaltar que em oito delas observa-se uma tendência de queda no superávit comercial ou de

aumento no déficit de 2007 para 2008, como pode ser observado no gráfico 3.18.

39 Balança comercial inclui transações de bens e serviços.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

67

Gráfico 3.18 Balança comercial (em % do PIB): 2006-2009

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0A

rgen

tina

Bo

lívia

Bra

sil

Chi

le

Co

lôm

bia

Equ

ado

r

xico

Pa

rag

uai

Per

u

Uru

gua

i

Ven

ezue

la

2006 2007 2008 2009 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.

O contexto internacional de crise gerou queda na demanda internacional, bem como na

demanda interna, provocando retração tanto nas exportações quanto nas importações latino-

americanas em 2009. Ao avaliar a variação na balança comercial como proporção do PIB

entre 2008 e 2009, é possível observar que apenas quatro países do painel regional – Bolívia,

Colômbia, Equador e Venezuela – apresentaram reduções em seus saldos, estes são justamente

países exportadores de petróleo, que registraram significativa deterioração em seus termos de

troca em 2009.

Quando se analisa a relação entre o impacto imediato provocado pela crise

internacional na balança comercial e o índice de vulnerabilidade externa encontram-se linhas

de tendência com inclinações diferenciadas para as variações relativas e absolutas. A linha de

tendência gerada pelas variações relativas nos saldos comerciais dos países do painel indica a

presença de uma relação direta entre estas variações e o IVE, de modo que quanto maior o

IVE, maior o impacto positivo no saldo comercial. Este resultado foi, em grande medida,

influenciado pela variação relativa verificada na economia uruguaia (queda de 13.210,8% no

saldo comercial), devido à base de comparação fundamentada na média entre 2006 e 2007,

que registrou módulo inferior a uma unidade percentual do PIB uruguaio.

A variação absoluta imediata observada nas balanças comerciais latino-americanas

sugere uma relação com o IVE diferente da variação relativa (vide gráfico 3.19). Neste caso, a

linha de tendência encontrada apresenta inclinação negativa, ou seja, quanto maior o IVE,

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

68

maior o impacto negativo sobre a balança comercial na comparação de 2008 com a média de

2006 e 2007. Estudando a variação absoluta verifica-se que a economia que sofreu maior

redução em seus saldos comerciais foi a chilena, segunda mais vulnerável do painel regional,

que registrou queda em suas exportações, tanto por reduções no volume das exportações de

minérios, quanto pela queda de preços das commodities nos mercados internacionais com o

estouro da crise financeira em setembro de 2008, que diminuiu ainda mais o volume

exportado.

Gráfico 3.19 Relação entre o impacto imediato na balança comercial e o IVE

(Variação na balança comercial no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

O estudo da relação entre o impacto de curto prazo na balança comercial das onze

economias selecionadas e seus respectivos índices de vulnerabilidade externa demonstra a

existência de uma relação tal como a proposta na hipótese deste trabalho, de modo que os

países mais vulneráveis foram os que mais sofreram com a crise internacional. Ambas as

linhas de tendência encontradas com base nas variações relativas e absolutas são

negativamente inclinadas, constatando que quanto maior o IVE, maior a queda no saldo

comercial. Examinando o gráfico 3.20b torna-se evidente que os quatro países mais

vulneráveis – Bolívia, Chile, Equador e Venezuela – são exatamente os mesmos que

apresentam maiores reduções em termos absolutos em seus saldos comerciais, registrando

efeitos negativos além da média do painel regional (queda de 1,6 pontos percentuais do PIB).

Argenti na

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = 0,4138x - 26,11

-14000%

-12000%

-10000%

-8000%

-6000%

-4000%

-2000%

0%

2000%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México Equador

Colômbia

Chile

Brasil

BolíviaArgentina

y = -0,0302x - 1,3084-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

69

Gráfico 3.20 Relação entre o impacto de curto prazo na balança comercial e o IVE

(Variação na balança comercial no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

A evolução do balanço de rendas como proporção do PIB permite observar que de

2007 para 2008 houve piora no saldo de seis das onze economias do painel regional, o que

significou aumento do déficit do balanço de rendas para Argentina, Brasil, Colômbia, Paraguai

e Uruguai, e redução do superávit venezuelano. Os países que sofreram maiores aumentos em

seus déficits (ou redução de seu superávit) foram: Brasil, Colômbia e Venezuela, devido às

remessas de lucros e dividendos para seus países de origem, gerando aumentos dos

pagamentos de renda ao exterior, especialmente com o início da crise internacional.

Gráfico 3.21 Balanço de rendas (em % do PIB): 2006-2009

-14,0

-12,0

-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

Argen

tina

Bolívia

Brasil

Chile

Colôm

bia

Equad

or

Méx

ico

Paragu

aiPer

u

Urugu

ai

Venezu

ela

2006 2007 2008 2009 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.

Argentina

Bolívia

Brasil

Chil e

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = -0,2143x + 5,0317-2500%

-2000%

-1500%

-1000%

-500%

0%

500%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,1568x + 3,551

-7,0

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

0 10 20 30 40 50

IVE

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

70

Em 2009, a piora no balanço de rendas, na comparação com o ano anterior, foi

verificada em quatro das onze economias selecionadas – Argentina, México, Uruguai e

Venezuela (vide gráfico 3.21). No entanto, a média do painel regional registrou uma queda do

déficit do balanço de rendas como razão do PIB de 3,1% em 2008 para 2,9% em 2009, ou seja,

a média regional observou redução dos pagamentos de renda ao exterior, o que pode ser

explicado em parte pela redução no envio de remessas de lucros ao exterior.

Ao relacionar as variações imediatas – de 2008 contra a média dos dois anos anteriores

– nos balanços de rendas com o IVE, nota-se que quanto maior o IVE, menor o impacto

sofrido, isto é, menor o aumento do déficit de rendas. A média da variação relativa sobre os

onze países foi de 4,9%, ou seja, um aumento no saldo de rendas (queda do déficit), de modo

que apenas quatro países apresentaram resultados inferiores à média regional – Brasil,

Colômbia, Paraguai e Venezuela. Através do gráfico 3.22b, destaca-se que países mais

vulneráveis como Chile e Equador registraram as maiores quedas absolutas nos déficits de

rendas, enquanto países menos vulneráveis como Brasil e Colômbia figuram entre os que

registraram elevações em seus déficits de renda como proporção do PIB, explicados pelo

crescimento de remessas de lucros efetuadas por empresas transnacionais.

Gráfico 3.22 Relação entre o impacto imediato no balanço de rendas e o IVE

(Variação no balanço de rendas no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

A comparação do saldo do balanço de rendas de 2009 com a média entre 2007 e 2008

permite analisar o impacto de curto prazo da crise internacional e sua relação com o índice de

vulnerabilidade externa. As relações encontradas no caso de variações relativas ou absolutas

Argentina Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

PeruUruguai

Venezuela

y = 0,0081x - 0,2159

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

0 10 20 30 40 50

IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

BolíviaArgentina

y = 0,0587x - 1,3399

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

71

foram diferentes, como pode se observar no gráfico 3.23. Quando se relaciona o IVE à

variação relativa chega-se a uma linha de tendência com inclinação negativa, de modo que

quanto maior o IVE, maior o aumento do déficit no balanço de rendas, o que seria esperado

pela hipótese deste estudo. No entanto, observando a variação absoluta, a linha de tendência

encontrada apresenta inclinação positiva, ou seja, quanto maior o IVE, maior o aumento no

saldo do balanço de rendas, isto é, maior a redução do déficit.

Gráfico 3.23 Relação entre o impacto de curto no balanço de rendas e o IVE

(Variação no balanço de rendas no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

No caso da variação relativa é possível examinar a forte influência do impacto sobre o

balanço de rendas venezuelano (queda de 193,4%) na média da variação regional, que é

negativa (queda de 9,3%). Já no caso da variação absoluta, verifica-se que a média dos onze

países é positiva (0,4 pontos percentuais), sinalizando para uma redução média no déficit no

balanço de rendas, bem como se observa em sete das onze economias.

Na conta de transferências unilaterais correntes são registradas as remessas de

trabalhadores, que emigraram, para familiares. Com os efeitos negativos da crise sobre países

desenvolvidos, como Estados Unidos e Espanha, destinos de grande parte dos latino-

americanos emigrantes, são observadas reduções nas remessas de trabalhadores. Através do

gráfico 3.24 abaixo, nota-se que a conta de transferências unilaterais correntes é mais

importante para alguns países latino-americanos do que para outros, quando examinada em

proporção ao PIB. Este é o caso justamente de economias mais vulneráveis, como Bolívia e

Equador.

Argentina

BolíviaBrasil ChileColômbiaEquador

México Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuela

y = -0,0064x + 0,1179

-250%

-200%

-150%

-100%

-50%

0%

50%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

ParaguaiMéxico

Equador

Colômbia

Chile

Brasil Bolívia

Argentina

y = 0,0207x - 0,2325-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 10 20 30 40 50

IVE

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

72

Gráfico 3.24 Transferências unilaterais correntes (em % do PIB): 2006-2009

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

Argen

tina

Bolívia

Brasil

Chi le

Colôm

bia

Equad

or

Méx

ico

Parag

uai

Peru

Urugua

i

Venezu

ela

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.

Entre 2007 e 2008, a queda no saldo de transferências unilaterais como proporção do

PIB foi generalizada em todos os países do painel regional, uma vez que os sinais de retração

no nível de atividade começaram a aparecer nos países mais desenvolvidos. O processo de

recuperação iniciado a partir de meados de 2009 colaborou para que a redução de 2008 para

2009 nesta conta fosse atenuada. México, Paraguai e Venezuela registraram aumento neste

saldo já em 2009. No entanto, deve-se destacar que quando avaliados em termos de milhões de

dólares – ou seja, não como proporção do PIB – dez dos onze países do painel regional

observaram quedas em suas transferências unilaterais correntes de 2008 para 2009.

Verifica-se a presença de uma relação entre o impacto imediato da crise e a

vulnerabilidade externa nos países latino-americanos tal como esperada pela hipótese. As

linhas de tendência com inclinações negativas indicam que quanto maior o IVE, maior foi a

redução no saldo de transferências unilaterais correntes (vide gráfico 3.25). Os países que

observaram efeitos negativos em termos relativos além da média – que registrou queda de

29,7% – foram: Venezuela, Argentina e Paraguai, que apresentam índices de vulnerabilidade

superiores à maioria dos países. A variação absoluta média foi de uma redução de 0,5 pontos

percentuais. Países mais vulneráveis como Bolívia e Equador estão entre os que sofreram

maiores efeitos negativos de 0,6 e 1,8 pontos percentuais, respectivamente.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

73

Gráfico 3.25 Relação entre o impacto imediato nas transferências unilaterais correntes e

o IVE (Variação nas transferências unilaterais correntes no eixo vertical e IVE no eixo

horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

Na avaliação do impacto de curto prazo da crise internacional sobre os países latino-

americanos, constata-se novamente que quanto maior o IVE, maiores os efeitos negativos da

crise sobre a variação nas transferências unilaterais correntes. Esta relação é ainda mais

acentuada no caso da variação absoluta, quando Bolívia e Equador registram as maiores

reduções no saldo desta conta (vide gráfico 3.26), que como mencionado anteriormente são

países nos quais as transferências unilaterais apresentam maior proporção em relação ao PIB.

Gráfico 3.26 Relação entre o impacto de curto prazo nas transferências unilaterais

correntes e o IVE (Variação nas transferências unilaterais correntes no eixo vertical e

IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

Argentina

Bolívia

Brasil

ChileColômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuelay = -0,0054x - 0,1207

-90%

-80%

-70%

-60%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

0 10 20 30 40 50IVE VenezuelaUruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,0238x + 0,2963-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0 10 20 30 40 50IVE

Argentina

BolíviaBrasil

Chile

Colômbia

Equador

México

ParaguaiPeru

Uruguai

Venezuela

y = -0,0009x - 0,1183-80%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

UruguaiPeru Paraguai

México

Equador

Colômbia

ChileBrasil

Bolívia

Argentina

y = -0,0412x + 0,916-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

0 10 20 30 40 50IVE

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

74

Como resultado dos saldos na balança comercial, no balanço de rendas e das

transferências unilaterais correntes chega-se à conta corrente do balanço de pagamentos. De

2007 para 2008, nove das onze economias latino-americanas registraram redução em seus

saldos de transações correntes como razão do PIB, fazendo com que países superavitários se

tornassem deficitários em 2008, como foi o caso de: Brasil, Chile, Paraguai e Peru (vide

gráfico 3.27). A deterioração no saldo das transações correntes em 2008 é explicada, em

grande medida, pela queda no saldo da balança comercial, por causa do forte aumento nas

importações, e pelo aumento nos déficits no balanço de rendas.

Apenas dois países observaram aumentos em seus saldos de transações correntes em

2008, Bolívia e Venezuela, justamente economias exportadoras de petróleo. Como ressaltado

no balanço preliminar da CEPAL de 2008: “Superávits foram alcançados nos países que são

fortemente especializados na exportação de cereais, hidrocarbonetos e certos minerais, em

outras palavras, nos produtos que se beneficiaram do acentuado aumento nos preços

internacionais das commodities.” (2008, p. 66, tradução nossa)

Gráfico 3.27 Transações correntes (em % do PIB): 2006-2009

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

Arg

ent

ina

Bo

lívia

Bra

sil

Chi

le

Co

lôm

bia

Equ

ado

r

Méx

ico

Pa

rag

uai

Pe

ru

Uru

gua

i

Ve

nezu

ela

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do FMI.

Diferentemente da variação anual anterior, em 2009, a conta corrente como proporção

do PIB registrou uma queda inferior, tendo em vista que a maioria dos países latino-

americanos se deparou com aumentos em seus saldos. Esta melhora relativa no saldo de

transações correntes está relacionada à redução nas importações superior a queda nas

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75

exportações, explicada pela contração na demanda interna das economias latino-americanas.

As exceções foram Bolívia, Equador e Venezuela, uma vez que estes países sofreram

significativa deterioração em seus termos de troca.

Através da análise do impacto imediato sobre o saldo de transações correntes constata-

se que na comparação de 2008 com a média dos dois anos anteriores quase todos os países do

painel regional registraram quedas em seus saldos. Assim como no estudo da variação de um

ano para outro, Bolívia e Venezuela foram os únicos países a observarem aumentos em seus

saldos nesta conta. Desta forma, a relação entre as variações imediatas nas transações

correntes e o IVE pode ser verificada por meio da construção de linhas de tendência

positivamente inclinadas, indicando que quanto maior o IVE menor o impacto negativo sobre

o saldo, tal como evidenciado no gráfico 3.28. Além disso, destaca-se que em termos relativos,

o país que sofreu maior impacto negativo foi o Brasil, que apresenta o menor IVE da amostra

regional. A economia brasileira observou forte reversão em seu saldo de transações correntes

que passou de um superávit médio de 0,7% do PIB a um déficit de 1,7% do PIB em 2008,

dado o crescimento extraordinário das importações.

Gráfico 3.28 Relação entre o impacto imediato nas transações correntes e o IVE

(Variação nas transações correntes no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e do FMI.

Como observado anteriormente, os países mais vulneráveis sofreram maiores impactos

da crise internacional na análise de curto prazo – ou seja, na comparação de 2009 com a média

de 2007 e 2008 – nas contas da balança comercial e das transferências unilaterais correntes.

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia Equador

México

ParaguaiPeru

Uruguai

Venezuela

y = 0,0773x - 3,8713-400%

-350%

-300%

-250%

-200%

-150%

-100%

-50%

0%

50%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = 0,014x - 2,7638-7,0

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

0 10 20 30 40 50IVE

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76

Este mesmo resultado é verificado quando o IVE é relacionado à variação de curto prazo no

saldo das transações correntes, uma vez que as linhas de tendência apresentam inclinação

negativa (vide gráfico 3.29).

Gráfico 3.29 Relação entre o impacto de curto prazo nas transações correntes e o IVE

(Variação nas transações correntes no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD e do FMI.

Três dentre os quatro países mais vulneráveis figuram entre os países mais afetados

pela crise no curto prazo tanto em termos relativos quanto absolutos, apresentando variações

negativas que superam o impacto médio do quadro regional (queda de 15,0% e redução de 1,2

pontos percentuais do PIB), são eles: Bolívia, Equador e Venezuela, que são exportadores de

petróleo. A exceção foi a economia chilena, segunda mais vulnerável, o que pode ser

explicado pela contração na demanda interna que gerou forte redução no volume de

importações, em especial de bens duráveis e de capital, bem como pelo declínio no preço de

combustíveis. Vale ressaltar que mesmo que a queda de preços influencie o valor exportado, o

volume exportado pelo Chile não foi tão impactado em 2009. Desta forma, a conta corrente

chilena registrou uma variação positiva de 1,1 pontos percentuais do PIB da média de 2007 e

2008 para 2009, exibindo superávit de 2,6% do PIB.

Além do estudo da conta corrente deve ser avaliado o impacto da crise internacional

sobre a conta capital e financeira. Já em meados de 2007 foram observadas elevações em

diversas classificações de riscos de países emergentes, por causa da crise das hipotecas

subprime nos Estados Unidos. O cenário internacional no primeiro semestre de 2008 manteve-

se favorável. Como apontado pelo balanço preliminar da CEPAL: “Isso se refletiu nos

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

PeruUruguai

Venezuela

y = -0,0203x + 0,5148

-250%

-200%

-150%

-100%

-50%

0%

50%

100%

150%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

ColômbiaChile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = -0,1906x + 5,0721-10,0

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

77

indicadores de termos de comércio, no acesso aos recursos externos e nos fluxos financeiros

para a região.” (2008, p. 68, tradução nossa)

Com o estouro da crise internacional do segundo semestre de 2008, acentuou-se a

tendência de elevação nos riscos levando a aumentos nos custos dos recursos financeiros,

assim como a reduções na entrada de capitais na América Latina, devido à incerteza

dominante nos mercados financeiros internacionais. Desta forma, saídas líquidas de capitais

foram impulsionadas, contribuindo para a queda nas bolsas de valores latino-americanas, em

especial no caso das maiores economias da região, isto é, Argentina, Brasil e México. A

contração de liquidez no sistema financeiro internacional afetou as taxas de câmbio dos países

da região, ou seja, diversas economias depararam-se com depreciações em suas taxas de

câmbio. Apesar disso, a manutenção do dinamismo na entrada de capitais no primeiro

semestre de 2008 superou o abalo financeiro em grande parte dos países do painel regional.

Examinando a evolução da conta capital e financeira como proporção do PIB, nota-se

que em 2008 cinco das onze economias do painel regional – Argentina, Bolívia, Brasil,

Colômbia e Peru – apresentaram reduções em seus superávits nesta conta, na comparação com

o ano imediatamente anterior (vide gráfico 3.30). Ainda assim, a média das variações de 2007

para 2008 apontou para um aumento no saldo da conta capital e financeira.

Gráfico 3.30 Conta capital e financeira (em % do PIB): 2006-2009

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

Arg

ent

ina

Bo

lívia

Bra

sil

Chi

le

Co

lôm

bia

Equ

ado

r

Méx

ico

Pa

rag

uai

Pe

ru

Uru

gua

i

Ve

nezu

ela

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.

Em 2009, em especial no primeiro semestre, persistiram os elevados prêmios de risco,

as saídas de capitais e a restrição de liquidez no cenário externo, como conseqüências do forte

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

78

impacto da crise internacional, provocando reduções nas reservas internacionais e elevações

nas taxas de câmbio latino-americanas. A adoção de programas de ajuda ao sistema financeiro

em países desenvolvidos, bem como de políticas contracíclicas em países da América Latina,

favoreceram mudanças nas expectativas, colaborando para que os mercados financeiros

fossem normalizados, ao longo do ano, e os prêmios de risco da região fossem reduzidos.

Ainda que seis dos onze países registrem quedas em seus superávits da conta capital e

financeira em 2009, frente a 2008, apenas quatro economias apresentaram déficit nesta conta –

Argentina, Bolívia, México e Venezuela – sendo que a economia venezuelana já se deparava

com saldos deficitários em anos anteriores.

Ao analisar a relação entre o IVE e o impacto imediato da crise internacional sobre a

conta capital e financeira é possível notar, através de linhas de tendência com inclinações

positivas, que para índices de vulnerabilidade externa superiores foram registradas maiores

elevações no saldo desta conta como proporção do PIB – isto é, aumentos nas contas

superavitárias ou reduções nas contas deficitárias. Argentina e Brasil foram os dois países que

observaram piora na conta capital e financeira na comparação de 2008 com a média dos dois

anos anteriores, como pode ser examinado no gráfico 3.31 abaixo.

Gráfico 3.31 Relação entre o impacto imediato na conta capital e financeira e o IVE

(Variação na conta capital e financeira no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

Tanto para a economia argentina quanto para a brasileira o principal componente na

construção de seus índices de vulnerabilidade externa, como exposto no capítulo anterior, foi o

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

EquadorMéxico

ParaguaiPeru

Uruguai Venezuela

y = 0,0195x - 0,3716

-300%

-200%

-100%

0%

100%

200%

300%

0 10 20 30 40 50IVE

VenezuelaUruguaiPeru

ParaguaiMéxicoEquador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = 0,142x - 3,3839

-8,0

-6,0

-4,0

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

79

índice referente à dívida externa total como razão das exportações, o que evidencia a

exposição das economias argentina e brasileira na esfera monetário-financeira. A redução no

superávit da conta capital e financeira brasileira é explicada em grande parte pelo menor fluxo

de investimentos diretos externos, assim como pela redução da entrada de investimentos de

portfólio. No caso da economia argentina, as saídas de capitais provocaram impactos no

mercado cambial.

A relação entre o IVE e o impacto de curto prazo sobre a conta capital e financeira em

proporção ao PIB também aponta para a presença de uma relação diferente da esperada pela

hipótese deste trabalho, uma vez que a construção de linhas de tendência com inclinação

ascendente indica que para maiores índices de vulnerabilidade externa são observados maiores

aumentos (ou menores reduções) no saldo desta conta. Em sete das onze economias do painel

regional nota-se que, ao comparar os resultados de 2009 com a média dos dois anos

imediatamente anteriores, ocorreu queda no saldo da conta capital e financeira (vide gráfico

3.32), de modo que estas economias registraram reduções em seus superávits, que em alguns

casos se tornaram déficits. Os quatro países a registrarem melhoras em seus saldos foram

justamente Chile, Equador, Paraguai e Venezuela, que apresentam índices de vulnerabilidade

externa igual ou superior à mediana do painel regional (representada pelo IVE paraguaio).

Gráfico 3.32 Relação entre o impacto de curto prazo na conta capital e financeira e o

IVE (Variação na conta capital e financeira no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

Um importante componente da conta capital e financeira é o investimento externo

direto (IED), que pode ser analisado em termos líquidos, o que corresponde ao IED em uma

Argentina

Bolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru Uruguai

Venezuela

y = 0,1038x - 2,8647

-400%

-200%

0%

200%

400%

600%

800%

1000%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

Bolívia

Argentina

y = 0,0686x - 2,6773

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

0 10 20 30 40 50IVE

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

80

determinada economia depois que são deduzidos os investimentos realizados por residentes

deste país no exterior, inclusive reinvestimentos de lucros. O crescimento da entrada de IED

nos países latino-americanos em 2008, mesmo que menor do que em anos anteriores, está

relacionado em grande medida a elevação do preço das commodities, em especial, petróleo e

minérios. É importante destacar que as decisões de investimentos são tomadas em momentos

anteriores as suas realizações, de modo que os efeitos da crise internacional sobre esta variável

macroeconômica devem ser observados em um prazo maior.

O fluxo de IED para o exterior também cresceu em 2008, impulsionado por decisões

anteriores à eclosão da crise internacional em setembro, bem como por decisões de

investimentos em projetos com longo prazo de maturação, antecipando a recuperação da

economia global. Ainda assim, o IED líquido em 2008 manteve-se positivo e registrou

aumento quando avaliada a variação média do painel regional frente a 2007.

Gráfico 3.33 Investimento externo direto líquido (em % do PIB): 2006-2009

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

Arg

entin

a

Bo

lívia

Bra

sil

Chi

le

Co

lôm

bia

Equ

ado

r

Méx

ico

Pa

rag

uai

Per

u

Uru

gua

i

Ven

ezue

la

2006 2007 2008 2009

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.

A redução no fluxo de investimentos externos diretos já era esperada para 2009, devido

a alguns efeitos provocados pela crise internacional, tais quais: a desaceleração do crescimento

em diversos países latino-americanos; o aumento da incerteza; a contração de recursos

financeiros e aumento dos custos do crédito; a redução e a lenta recuperação dos preços de

commodities; e a recessão norte-americana. (CEPAL, 2010) Através do gráfico 3.33 acima

pode se notar a retração do IED em oito das onze economias do painel regional em 2009,

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

81

mesmo que o fluxo de entrada de IED ainda supere o fluxo de saída em praticamente todas as

economias, com exceção da Venezuela, como se examinará mais adiante.

Na comparação da variação do fluxo de IED líquido em 2008 com a média de 2006 e

2007, é possível observar que a maioria das economias latino-americanas registrou aumentos

em seus saldos como proporção do PIB, demonstrando que o impacto da crise internacional

sobre esta variável macroeconômica não parece ser imediato. Assim, a análise da relação entre

o impacto imediato da crise internacional sobre o investimento externo direto líquido e o IVE,

leva a conclusão de que a variação positiva do IED líquido em países mais vulneráveis supera

a variação examinada em países com menor IVE. Este fato está vinculado às variações

negativas do IED líquido em economias pouco vulneráveis (com IVE inferior a mediana do

painel regional) como Colômbia e Peru, assim como às elevadas variações positivas em

economias mais vulneráveis como Chile e Equador, em especial quando observadas as

variações absolutas (vide gráfico 3.34). Deve ser ressaltado que a alta no preço das

commodities nos primeiros oito meses de 2008 contribuiu para a atração de investimentos

externos para os setores relacionados a recursos naturais, dos quais depende a maior parte dos

países com IVE superior a mediana do painel regional.

Gráfico 3.34 Relação entre o impacto imediato no IED líquido e o IVE

(Variação na conta capital e financeira no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

Ao examinar os impactos de curto prazo da crise internacional nota-se que em 2009 os

países latino-americanos não escaparam da contração nos fluxos de investimentos. Como pode

ser observado no gráfico 3.35 abaixo, ao confrontar o resultado de 2009 com a média dos

ArgentinaBolívia

Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

ParaguaiPeru

Uruguai

Venezuela

y = 0,0052x + 0,2951

-50%

0%

50%

100%

150%

200%

250%

300%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

BolíviaArgentina

y = 0,027x - 0,5116

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

0 10 20 30 40 50IVE

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO … · A eclosão da crise internacional, ... ao aumento do fluxo de comércio, ... barreiras por parte dos países em desenvolvimento;

82

resultados de 2007 e 2008, registrou-se retração no IED líquido em oito das onze economias

do painel regional. Além disso, nota-se, através de linhas de tendência com inclinação

negativa, que para maiores índices de vulnerabilidade externa são observadas maiores

reduções nos superávits da conta de IED líquido, como seria esperado pela hipótese deste

trabalho.

No caso da variação relativa deve ser ressaltada a influência do resultado venezuelano,

que é distorcido pelo saldo médio de 2007 e 2008 com módulo inferior a uma unidade

percentual utilizado como base de comparação. Ainda assim vale destacar que, em 2009, a

realização de nacionalizações na economia venezuelana contribuiu para a queda no fluxo de

IED em direção ao país. Como mencionado anteriormente, a queda dos investimentos

direcionados a exploração de commodities, por causa da redução em seus preços, afetou países

mais vulneráveis, que são especializados neste setor.

A variação positiva do fluxo líquido de IED na economia brasileira, a menos

vulnerável do painel, está relacionada em parte à redução de investimentos brasileiros no

exterior, pois, bem como empresas transnacionais de países desenvolvidos, as filiais brasileiras

no exterior enviaram às matrizes pagamentos de empréstimos e amortizações, impulsionadas

pelo cenário de incerteza.

Gráfico 3.35 Relação entre o impacto de curto prazo no IED líquido e o IVE

(Variação na conta capital e financeira no eixo vertical e IVE no eixo horizontal)

a) Variação Relativa b) Variação Absoluta

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

ArgentinaBolívia

BrasilChile

Colômbia

Equador

México

Paraguai

Peru

Uruguai

Venezuelay = -0,0652x + 0,6156

-1600%

-1400%

-1200%

-1000%

-800%

-600%

-400%

-200%

0%

200%

0 10 20 30 40 50IVE

Venezuela

Uruguai

Peru

Paraguai

México

Equador

Colômbia

Chile

Brasil

BolíviaAr gentina

y = -0,0141x - 0,4727-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

0 10 20 30 40 50

IVE

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83

CONCLUSÃO

A reversão no cenário internacional a partir do segundo semestre de 2008, com a

eclosão da crise internacional, repercutiu sobre os países latino-americanos, mesmo que com

diferentes magnitudes. A primeira variável macroeconômica analisada é a taxa de crescimento

do PIB, que permite a avaliação da desaceleração do ritmo de crescimento do nível de

atividade. Já em 2008 cinco economias da região registraram queda no ritmo de crescimento

do PIB, mas nenhum país chegou a observar taxas de crescimento negativas. Em 2009, os

impactos da crise internacional sobre a taxa de crescimento do PIB foram generalizados na

região e alguns países apresentaram taxas negativas, uma vez que a recuperação iniciada a

partir do segundo semestre de 2009 não foi suficiente para reverter os resultados negativos do

primeiro semestre.

Ao relacionar a variação nas taxas de crescimento dos países da América Latina com

seus respectivos índices de vulnerabilidade externa não foi verificado um resultado como o

esperado pela hipótese levantada nesta pesquisa, tanto em uma análise imediata quanto em

uma análise de curto prazo. Por um lado, países mais vulneráveis, como Bolívia e Equador,

não sofreram fortes impactos. Por outro, a economia mexicana, segunda menos vulnerável, foi

fortemente abalada por causa da proximidade e da dependência em relação à economia norte-

americana.

É interessante estudar os impactos da crise internacional sobre a taxa de investimento,

pois esta variável macroeconômica não sofre impacto imediato. No entanto, o desaquecimento

da economia provoca deterioração nas expectativas, influenciando as decisões de

investimento. Portanto, a queda da taxa de investimento na maioria dos países da região só foi

observada em 2009. Assim como na relação entre o índice de vulnerabilidade externa e a

variação na taxa de crescimento do PIB, não se pode afirmar que os países mais vulneráveis

sofreram os maiores abalos em suas taxas de investimento, quando comparados com os outros

países do painel regional.

A tendência de queda na taxa de desemprego nos países do painel regional foi revertida

em 2009, quando os impactos da crise se tornaram evidentes sobre esta variável

macroeconômica. Diferente da relação examinada entre o IVE e as duas variáveis

macroeconômicas anteriores, no caso do impacto de curto prazo sobre a taxa de desemprego

foi possível observar uma relação tal como esperada pela hipótese deste trabalho. Isto é, os

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84

países com maiores índices de vulnerabilidade apresentaram maiores elevações em suas taxas

de desemprego.

A elevação no preço de commodities iniciada em meados de 2007 se estendeu até o

segundo semestre de 2008, influenciando a elevação na taxa de inflação da maioria dos países

da América Latina. Além deste fator, a depreciação cambial em grande parte das economias da

região, com a eclosão da crise internacional, contribuiu para a crescente pressão inflacionária

em 2008. A relação entre este impacto imediato sobre a taxa de inflação e o IVE foi distinta no

caso da variação relativa ou absoluta, no primeiro caso observou-se menor incremento na

inflação para países mais vulneráveis, enquanto no segundo caso, o aumento da inflação foi

maior para países mais vulneráveis. Isto foi provocado pela presença da economia mexicana

entre as mais impactadas em termos relativos, mas não em termos absolutos, dentre as quais

passou a figurar a economia boliviana.

Em 2009, fatores como a desaceleração econômica e a redução do comércio atuaram

sobre o preço das commodities, ou seja, ocorreu queda nos preços internacionais. A apreciação

cambial, após o choque inicial provocado pela crise internacional, também influenciou a

redução das taxas de inflação. Desta forma, a grande maioria dos países do painel regional

registrou quedas em suas taxas de inflação. No entanto, esta queda foi maior em países com

maiores índices de vulnerabilidade externa, tais quais Bolívia e Chile. Já países como Brasil e

México, com os menores índices da região, observaram um impacto menor sobre a variação da

inflação.

Ao analisar a evolução das finanças públicas nos países da America Latina constata-se

que em 2008 há uma tendência de aumento dos desequilíbrios fiscais, tanto pela aplicação de

políticas voltadas ao combate da pressão inflacionária na primeira metade do ano, quanto pelo

início da crise que incitou a adoção de políticas contracíclicas. Assim, a elevação dos gastos

juntamente à redução das arrecadações provocaram quedas nos resultados de alguns países da

região já em 2008. No ano seguinte nenhum país escapou da piora nas contas públicas, tendo

em vista a crescente utilização de políticas contracíclicas, que levaram ao aumento de gastos e

a reduções de impostos que somadas à queda no nível de atividade prejudicaram os resultados

fiscais.

De modo geral, ao relacionar o IVE às variações imediata e de curto prazo nos

resultados globais e primários foram observadas linhas de tendência com inclinação negativa,

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85

indicando que os países mais vulneráveis foram mais afetados que a média do painel regional.

Isto pode ser explicado pela especialização dos quatro países mais vulneráveis na produção de

commodities, que influenciam o resultado fiscal destas economias, uma vez que a queda nos

preços internacionais provocou redução nas receitas públicas vinculadas às exportações e ao

preço de commodities.

O impacto da crise internacional observado sobre as contas externas reflete a

importância dos canais de transmissão da crise nos países latino-americanos. A desaceleração

do crescimento do nível de atividade em países desenvolvidos em 2008 somada à retração do

comércio mundial influenciou a queda nas exportações, principalmente no último trimestre de

2008, devido à queda dos preços internacionais. O aquecimento interno da região juntamente à

alta nos preços e à apreciação cambial, na primeira metade de 2008, foi determinante para o

forte aumento das importações. Desta forma, quase todos os países registraram reduções em

seus saldos comercias em 2008. Já em 2009, a influência da redução na demanda interna

superou a queda da demanda internacional na maioria dos países, atenuando a redução do

saldo comercial. Vale notar que os países mais vulneráveis, com suas pautas de exportações

mais concentradas em commodities, sofreram maiores impactos em 2009, tendo em vista a

significativa deterioração em seus termos de troca.

A variação no balanço de rendas foi influenciada pela remessa de lucros às empresas

transnacionais, que buscavam liquidez, em especial, no último trimestre de 2008, levando à

redução do saldo desta conta em alguns países da América Latina. As remessas de

trabalhadores são contabilizadas nas transferências unilaterais correntes, assim, com o estouro

da crise em países desenvolvidos, observa-se uma redução nas remessas destes países em

direção à América Latina. Com os sinais de recuperação em 2009, a queda no saldo desta

conta foi atenuada. É relevante apontar que esta conta é mais importante para alguns países

como Bolívia e Equador, justamente países dentre os mais vulneráveis do painel. Desta forma,

tanto na análise dos impactos imediatos quanto de curto prazo, os países mais vulneráveis

sofreram as maiores quedas no saldo de transferências unilaterais correntes.

Dados estes resultados para as contas integrantes das transações correntes, a maioria

dos países latino-americanos se deparou com reduções nos saldos desta conta em 2008.

Apenas duas economias registraram elevações no saldo das transações correntes no ano de

eclosão da crise internacional, Bolívia e Venezuela, economias exportadoras de petróleo e

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86

mais vulneráveis no painel regional. Desta forma, verificou-se que na análise dos impactos

imediatos da crise internacional os países mais vulneráveis não apresentaram as maiores

reduções no saldo das transações correntes. No ano seguinte, a queda no saldo das transações

foi menor em alguns países, devido à forte contração nas importações. As economias mais

afetadas no curto prazo foram as que sofreram maior deterioração em seus termos de troca –

Bolívia, Equador e Venezuela – e estão entre as mais vulneráveis da região, sinalizando para

um resultado tal como seria esperado pela hipótese desta pesquisa. Além disso, a redução na

conta de transferências unilaterais em 2009 também foi mais significativa para países mais

vulneráveis.

Estudando a evolução da conta capital e financeira nota-se que para a maioria dos

países da região, o dinamismo na entrada de capitais no primeiro semestre de 2008 superou a

instabilidade gerada pela crise internacional, de modo que em média o saldo desta conta na

América Latina aumentou em 2008. A eclosão da crise gerou mudança no cenário, ampliando

a incerteza nos mercados financeiros e contraindo a liquidez internacional, ou seja, aumentou

o fluxo de capitais para o exterior, provocando quedas nas bolsas de valores dos países da

região, bem como depreciação cambial em diversas economias. Mesmo com a normalização

nos mercados financeiros e a redução dos prêmios de risco ao longo de 2009, a maioria dos

países apresentou queda no saldo da conta capital e financeira, devido à persistência do

cenário de instabilidade financeira em parte de 2009. Ao relacionar as variações imediatas e de

curto prazo na conta capital e financeira aos índices de vulnerabilidade externa dos países do

painel regional foi observado que as economias mais vulneráveis sofreram menos,

contrariando o que se esperava por hipótese.

O impacto da crise internacional sobre o IED líquido não parece ser imediato, uma vez

que em 2008 esta variável apresentou, em média, aumento na região, influenciado pela

elevação nos preços das commodities. Já em 2009, diversos fatores gerados pela crise – a

desaceleração do crescimento na América Latina, o aumento da incerteza, a redução de

liquidez, a queda nos preços das commodities e a recessão na economia norte-americana –

atuaram para que se observasse um menor incentivo à entrada de investimentos na região,

provocando redução no saldo de IED líquido da maioria dos países da região. A variação nos

preços das commodities parece ter forte influência sobre os impactos verificados em 2008 e

2009, já que em 2008, com a alta nos preços, o aumento do IED líquido foi maior nos países

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mais vulneráveis, enquanto em 2009 a queda do investimento líquido foi maior nestes mesmos

países, que são fortemente especializados em commodities. Assim, sinaliza-se para um

resultado tal como esperado pela hipótese na análise do impacto de curto prazo.

Através da avaliação deste conjunto de resultados é possível observar que a relação

esperada pela hipótese foi evidenciada no caso de algumas variáveis macroeconômicas latino-

americanas – taxa de desemprego, finanças públicas, balança comercial, transferências

unilaterais, transações correntes e IED líquido – e, especialmente, no impacto de curto prazo,

uma vez que os primeiros oito meses de 2008 ainda refletiam a influência do final do ciclo de

expansão. Ou seja, o dinamismo latino-americano em 2008 era explicado pela demanda

externa, bem como pelo aumento da demanda interna. Portanto, o impacto da crise

internacional sobre a América Latina foi verificado com maior intensidade em 2009.

Tabela Síntese: Relação entre o impacto na variável macroeconômica e o IVE

Coeficiente do IVE ( ββββ)

Coeficiente de Determinação

Coeficiente do IVE ( ββββ)

Coeficiente de Determinação

Taxa de crescimento do PIB 0,0184 0,1295 0,0642 0,0578Taxa de investimento 0,0009 0,0120 0,0226 0,0149Taxa de desemprego -0,0003 0,0012 0,0065 0,0050Taxa de inflação -0,0019 0,0009 0,0601 0,0243Resultado primário -0,0351 0,2887 -0,1546 0,5200Resultado global -0,0201 0,0188 -0,1595 0,5941Balança comercial 0,4138 0,0105 -0,0302 0,0085Balanço de rendas 0,0081 0,1280 0,0587 0,2347Transferências unilaterais correntes -0,0054 0,0362 -0,0238 0,1629Transações correntes 0,0773 0,3687 0,0140 0,0036Conta capital e financeira 0,0195 0,0290 0,1420 0,1303Investimento externo direto líquido 0,0052 0,0040 0,0270 0,1349

Taxa de crescimento do PIB 0,0314 0,1178 0,0867 0,1268Taxa de investimento 0,0012 0,0489 0,0156 0,0155Taxa de desemprego 0,0010 0,0034 0,0162 0,0203Taxa de inflação -0,0183 0,1982 -0,2117 0,3099Resultado primário -0,0389 0,2446 -0,1842 0,3891Resultado global 0,2496 0,0416 -0,1926 0,4192Balança comercial -0,2143 0,1059 -0,1568 0,3388Balanço de rendas -0,0064 0,0100 0,0207 0,0354Transferências unilaterais correntes -0,0009 0,0016 -0,0412 0,3397Transações correntes -0,0203 0,0370 -0,1906 0,2659Conta capital e financeira 0,1038 0,1283 0,0686 0,0531Investimento externo direto líquido -0,0652 0,0226 -0,0141 0,0246

Nota: Equação de regressão: Y = α + β (IVE)Impacto imediato: comparação dos valores observados em 2008 frente à média de 2006-2007.Impacto de curto prazo: comparação dos valores observados em 2009 frente à média de 2007-2008.

Impacto de Curto

Prazo

Variação Relativa Variação Absoluta

Impacto Imediato

Variáveis Macroeconômicas

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial, da UNCTAD, da CEPAL e do FMI.

Além disso, a variação dos preços de commodities internacionais de 2008 para 2009

exerceu forte impacto nas variáveis macroeconômicas latino-americanas, expressando a

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reversão da fase ascendente do ciclo internacional, principalmente no caso de economias

exportadoras de hidrocarbonetos, que, como examinado anteriormente, apresentam maiores

índices de vulnerabilidade externa.

Vale notar que para a maioria das economias latino-americanas o indicador com menor

participação na composição do índice de vulnerabilidade externa foi o que se refere às

importações como proporção das reservas internacionais. Isto é atribuído em grande medida

ao cenário externo extremamente favorável que contribuiu para o acúmulo de reservas

internacionais, tanto pelo crescimento das exportações quanto pela crescente entrada de

capitais externos. No entanto, o aumento da contribuição do fluxo de capitais no crescimento

das reservas internacionais fragiliza a composição das reservas, uma vez que estes recursos

são mais voláteis do que recursos advindos de superávits das transações correntes. Ademais,

se a abertura financeira funciona como solução para o desequilíbrio das contas externas no

curto prazo, em momentos posteriores implicará “elevação do passivo externo líquido e,

portanto, o crescimento do serviço desse passivo em momentos posteriores”

(CARCANHOLO, 2010, p. 118).

É possível, desta forma, que a ordenação dos países da América Latina de acordo com

seus índices de vulnerabilidade possa ter sido prejudicada pelas diferentes influências da

conjuntura externa extremamente favorável sobre os países da região, que não conseguiu

apagar, mas apenas mascarar outras fragilidades externas de algumas economias nos anos

anteriores à eclosão da crise internacional. A reversão da fase ascendente do ciclo

internacional pode, portanto, provocar a deterioração das contas externas, demonstrando que

as restrições externas continuam presentes e que o desempenho das economias latino-

americanas permanece condicionado à conjuntura internacional.

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ANEXO I – Países utilizados para o cálculo dos índices de vulnerabilidade externa

África do Sul Estados Unidos NepalAlbânia Estônia NicaráguaAlemanha Etiópia NigériaArábia Saudita Filipinas NoruegaArgentina Finlândia Nova ZelândiaArmênia França OmanAustrália Gabão PanamáÁustria Gana Papua Nova GuinéAzerbaijão Geórgia PaquistãoBangladesh Grécia ParaguaiBélgica Guatemala PeruBenin Guiné PolôniaBielorrússia Holanda PortugalBolívia Honduras QuêniaBotsuana Hungria Quirguízia, Rep.Brasil Índia Reino UnidoBulgária Indonésia RomêniaBurkina Fasso Irã, Rep. Islâmica RuandaBurundi Irlanda Russa, Fed.Camboja Israel SenegalCanadá Itália Síria, Rep. ÁrabeCasaquistão Jamaica Sri LankaCheca, Rep. Japão SuazilândiaChile Jordânia SudãoChina Laos SuéciaColômbia Letônia SuíçaCoréia, Rep. Líbano TailândiaCosta do Marfim Lituânia TanzâniaCosta Rica Macedônia TogoCroácia Madagascar Trinidad e TobagoDinamarca Malásia TunísiaDominicana, Rep. Malauí TurquiaEgito, Rep. Árabe Marrocos UcrâniaEl Salvador Maurício UgandaEquador México UruguaiEslováquia, Rep. Moçambique VenezuelaEslovênia Moldávia ZâmbiaEspanha Mongólia

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ANEXO II – Índice referente à exportação de bens e serviços / produto interno bruto Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

1 Malásia 117,5 116,7 110,2 114,8 100,0

2 Bélgica 86,6 87,3 88,8 87,6 100,0

3 Suazilândia 89,1 84,6 78,3 84,0 100,0

4 Eslováquia, Rep. 76,3 84,4 86,7 82,5 100,0

5 Irlanda 81,6 79,9 79,4 80,3 100,0

6 Papua Nova Guiné 73,6 82,1 81,3 79,0 100,0

7 Panamá 75,5 76,7 80,0 77,4 97,5

8 Estônia 77,7 80,2 72,8 76,9 96,7

9 Checa, Rep. 72,2 76,4 80,1 76,2 95,7

10 Hungria 66,0 77,1 80,4 74,5 93,1

11 Tailândia 73,6 73,6 72,7 73,3 91,2

12 Holanda 69,6 73,1 74,9 72,5 90,1

13 Trinidad e Tobago 69,3 68,3 64,6 67,4 82,2

14 Eslovênia 62,2 66,6 70,2 66,3 80,6

15 Camboja 64,1 68,6 65,3 66,0 80,1

16 Azerbaijão 62,9 66,5 68,1 65,9 79,9

17 Mongólia 64,3 65,3 64,3 64,6 78,0

18 Arábia Saudita 60,9 63,2 64,9 63,0 75,5

19 Gabão 64,7 61,9 62,3 63,0 75,5

20 Bulgária 60,2 64,6 63,4 62,7 75,1

21 Bielorrússia 59,8 60,1 60,9 60,3 71,3

22 Maurício 59,9 61,6 58,7 60,1 71,0

23 Lituânia 57,5 59,1 54,4 57,0 66,3

24 Áustria 54,0 56,6 59,6 56,7 65,9

25 Oman 58,0 55,8 55,9 56,6 65,6

26 Honduras 59,0 56,1 51,8 55,6 64,2

27 Jordânia 52,5 54,7 53,9 53,7 61,3

28 Suíça 48,9 52,4 55,9 52,4 59,2

29 Paraguai 51,2 53,7 50,9 51,9 58,6

30 Tunísia 49,7 50,4 54,1 51,4 57,8

31 Casaquistão 53,5 51,1 49,4 51,4 57,7

32 Dinamarca 49,0 52,0 52,3 51,1 57,3

33 Suécia 48,8 51,5 52,6 51,0 57,1

34 Costa do Marfim 51,1 52,7 47,8 50,5 56,4

35 Macedônia 45,5 48,1 53,4 49,0 54,1

36 Botsuana 48,7 50,7 47,6 49,0 54,1

37 Costa Rica 48,5 49,1 48,8 48,8 53,8

38 Moldávia 51,1 45,3 47,5 48,0 52,5

39 Ucrânia 51,5 46,6 44,8 47,6 52,0

40 Filipinas 47,6 47,3 42,5 45,8 49,1

41 Noruega 44,6 46,4 45,8 45,6 48,9

42 Letônia 47,9 44,9 42,2 45,0 47,9

43 Chile 41,3 45,8 47,2 44,8 47,6

44 Alemanha 41,1 45,4 46,9 44,5 47,1

45 Finlândia 41,9 45,2 45,7 44,3 46,8

46 Nigéria 46,5 42,9 41,0 43,5 45,6

47 Croácia 42,6 43,4 42,8 42,9 44,8

48 Israel 42,6 42,8 42,7 42,7 44,4

49 Jamaica 41,0 44,0 42,5 42,5 44,1

50 Togo 40,3 42,3 41,9 41,5 42,6

51 Quirguízia, Rep. 38,7 41,7 44,0 41,5 42,6

52 Coréia, Rep. 39,3 39,7 41,9 40,3 40,7

53 Síria, Rep. Árabe 41,5 40,1 38,5 40,0 40,3

54 Bolívia 35,6 41,4 41,8 39,6 39,6

55 Polônia 37,1 40,4 40,8 39,4 39,4

56 China 37,4 39,9 39,7 39,0 38,8

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Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

57 Gana 36,5 40,2 40,0 38,9 38,5

58 Zâmbia 34,7 38,6 42,1 38,5 37,9

59 Moçambique 32,5 39,7 36,9 36,4 34,8

60 Canadá 37,8 36,0 34,7 36,2 34,4

61 Laos 33,1 38,4 35,7 35,7 33,8

62 Venezuela 39,7 36,2 31,0 35,6 33,6

63 Guiné 33,8 39,3 30,1 34,4 31,7

64 Marrocos 32,3 34,2 35,8 34,1 31,2

65 Equador 30,9 34,0 35,1 33,3 30,1

66 Russa, Fed. 35,2 33,8 30,3 33,1 29,7

67 Geórgia 33,8 32,9 31,2 32,6 29,0

68 Irã, Rep. Islâmica 33,1 32,5 32,2 32,6 28,9

69 Indonésia 34,1 31,0 29,5 31,5 27,3

70 Nicarágua 29,1 31,1 33,2 31,1 26,7

71 Romênia 32,9 29,6 30,7 31,1 26,6

72 Portugal 28,5 31,0 32,7 30,8 26,1

73 Sri Lanka 32,3 30,1 29,1 30,5 25,8

74 Egito, Rep. Árabe 30,3 30,0 30,3 30,2 25,2

75 Dominicana, Rep. 30,0 30,0 29,1 29,7 24,5

76 África do Sul 27,4 29,7 31,5 29,5 24,2

77 Uruguai 30,4 29,1 28,0 29,2 23,7

78 Madagascar 26,9 29,9 30,0 28,9 23,3

79 Nova Zelândia 27,8 29,1 29,0 28,6 22,8

80 México 27,2 28,1 28,3 27,9 21,7

81 Itália 25,9 27,7 29,0 27,6 21,2

82 Peru 25,1 28,5 28,8 27,5 21,1

83 Reino Unido 26,4 28,5 26,4 27,1 20,5

84 Quênia 28,5 26,4 26,0 27,0 20,4

85 El Salvador 26,5 27,2 27,2 27,0 20,3

86 França 26,1 26,7 26,5 26,4 19,5

87 Espanha 25,7 26,4 26,5 26,2 19,1

88 Senegal 26,9 25,6 25,4 26,0 18,8

89 Albânia 22,3 25,1 28,4 25,3 17,7

90 Guatemala 25,1 24,9 25,3 25,1 17,4

91 Argentina 25,1 24,8 24,6 24,8 17,0

92 Armênia 28,8 23,4 19,2 23,8 15,5

93 Grécia 22,0 23,3 23,0 22,8 13,9

94 Turquia 21,9 22,7 22,3 22,3 13,2

95 Líbano 21,4 21,3 22,5 21,7 12,3

96 Tanzânia 21,0 21,7 21,3 21,3 11,7

97 Índia 19,9 22,2 21,2 21,1 11,3

98 Malauí 19,6 18,8 22,3 20,2 10,0

99 Austrália 18,7 20,3 20,6 19,9 9,5

100 Bangladesh 16,6 19,0 19,8 18,4 7,3

101 Sudão 18,2 16,5 20,1 18,3 7,0

102 Colômbia 17,3 17,8 16,9 17,3 5,6

103 Japão 14,3 16,1 17,6 16,0 3,6

104 Uganda 14,2 15,3 16,7 15,4 2,6

105 Paquistão 15,7 15,2 14,2 15,0 2,1

106 Brasil 15,1 14,4 13,7 14,4 1,1

107 Etiópia 15,1 13,9 12,7 13,9 0,3

108 Nepal 14,6 13,5 13,0 13,7 0,0

109 Benin 13,5 11,4 16,2 13,7 0,0

110 Estados Unidos 10,6 11,3 12,1 11,3 0,0

111 Burundi 11,4 10,7 11,1 11,1 0,0

112 Burkina Fasso 10,0 11,5 10,7 10,8 0,0113 Ruanda 10,3 9,7 9,7 9,9 0,0

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

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96

ANEXO III – Índice referente ao grau de concentração das exportações Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

1 Nigéria 1,0 0,9 0,9 0,9 100,0

2 Venezuela 0,9 0,9 0,9 0,9 100,0

3 Sudão 0,8 0,9 0,8 0,8 100,0

4 Gabão 0,8 0,8 0,8 0,8 100,0

5 Irã, Rep. Islâmica 0,8 0,8 0,8 0,8 100,0

6 Arábia Saudita 0,8 0,8 0,8 0,8 100,0

7 Botsuana 0,7 0,7 0,6 0,7 91,1

8 Guiné 0,6 0,6 0,7 0,7 85,8

9 Oman 0,7 0,7 0,6 0,6 84,2

10 Zâmbia 0,5 0,7 0,7 0,6 83,0

11 Jamaica 0,7 0,6 0,6 0,6 78,0

12 Casaquistão 0,6 0,6 0,6 0,6 75,8

13 Moçambique 0,6 0,6 0,6 0,6 75,0

14 Azerbaijão 0,5 0,6 0,6 0,6 74,3

15 Malauí 0,5 0,6 0,5 0,5 67,5

16 Equador 0,5 0,5 0,5 0,5 66,9

17 Benin 0,6 0,4 0,5 0,5 60,7

18 Ruanda 0,5 0,5 0,5 0,5 58,6

19 Burundi 0,6 0,4 0,4 0,5 57,8

20 Burkina Fasso 0,7 0,3 0,3 0,5 56,0

21 Gana 0,4 0,4 0,5 0,4 53,5

22 Mongólia 0,4 0,4 0,5 0,4 52,5

23 Noruega 0,5 0,4 0,4 0,4 51,8

24 Camboja 0,4 0,4 0,4 0,4 48,8

25 Síria, Rep. Árabe 0,6 0,3 0,3 0,4 48,6

26 Etiópia 0,4 0,4 0,4 0,4 46,8

27 Bolívia 0,4 0,4 0,4 0,4 46,6

28 Trinidad e Tobago 0,4 0,4 0,4 0,4 45,0

29 Panamá 0,4 0,4 0,4 0,4 44,9

30 Chile 0,3 0,4 0,4 0,4 42,5

31 Laos 0,3 0,4 0,4 0,4 42,0

32 Russa, Fed. 0,4 0,4 0,3 0,4 41,7

33 Israel 0,4 0,3 0,4 0,4 41,2

34 Bangladesh 0,4 0,4 0,3 0,4 41,0

35 Paraguai 0,4 0,3 0,4 0,4 40,4

36 Filipinas 0,4 0,3 0,4 0,4 40,3

37 Suazilândia 0,4 0,3 0,3 0,3 37,6

38 Togo 0,3 0,3 0,4 0,3 36,7

39 Costa do Marfim 0,3 0,3 0,3 0,3 35,7

40 Egito, Rep. Árabe 0,3 0,3 0,3 0,3 35,5

41 Tanzânia 0,3 0,3 0,3 0,3 33,0

42 Armênia 0,4 0,3 0,3 0,3 32,7

43 Papua Nova Guiné 0,3 0,3 0,3 0,3 32,7

44 Bielorrússia 0,3 0,3 0,3 0,3 31,6

45 Quirguízia, Rep. 0,3 0,3 0,3 0,3 31,1

46 Maurício 0,3 0,3 0,3 0,3 30,7

47 Albânia 0,3 0,3 0,2 0,3 26,6

48 Peru 0,2 0,3 0,3 0,3 25,4

49 Honduras 0,3 0,2 0,2 0,2 24,8

50 Nicarágua 0,2 0,3 0,2 0,2 24,7

51 El Salvador 0,3 0,2 0,2 0,2 24,5

52 Uganda 0,3 0,3 0,2 0,2 23,4

53 Irlanda 0,2 0,2 0,2 0,2 21,8

54 Paquistão 0,2 0,2 0,2 0,2 21,2

55 Senegal 0,2 0,2 0,2 0,2 20,8

56 Uruguai 0,2 0,2 0,2 0,2 18,8

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97

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

57 Colômbia 0,2 0,2 0,2 0,2 18,7

58 Sri Lanka 0,2 0,2 0,2 0,2 18,6

59 Quênia 0,2 0,2 0,2 0,2 18,5

60 Costa Rica 0,2 0,2 0,2 0,2 18,5

61 Madagascar 0,2 0,2 0,2 0,2 17,9

62 Líbano 0,1 0,1 0,4 0,2 17,3

63 Moldávia 0,3 0,2 0,1 0,2 16,7

64 Dominicana, Rep. 0,2 0,2 0,2 0,2 16,5

65 Geórgia 0,2 0,2 0,2 0,2 15,8

66 Macedônia 0,2 0,2 0,2 0,2 15,7

67 Malásia 0,2 0,2 0,2 0,2 15,0

68 Finlândia 0,2 0,2 0,2 0,2 14,3

69 Tunísia 0,2 0,2 0,2 0,2 14,2

70 Lituânia 0,2 0,2 0,1 0,2 13,5

71 Austrália 0,2 0,2 0,2 0,2 12,4

72 Coréia, Rep. 0,2 0,2 0,2 0,2 11,5

73 Marrocos 0,2 0,2 0,2 0,2 11,1

74 Guatemala 0,2 0,2 0,1 0,2 11,1

75 Jordânia 0,2 0,1 0,2 0,2 11,0

76 Nepal 0,2 0,1 0,1 0,2 10,6

77 México 0,1 0,2 0,2 0,2 10,3

78 África do Sul 0,1 0,2 0,2 0,1 10,3

79 Eslováquia, Rep. 0,1 0,1 0,2 0,1 9,9

80 Ucrânia 0,1 0,1 0,1 0,1 9,2

81 Japão 0,1 0,1 0,1 0,1 9,1

82 Índia 0,1 0,1 0,2 0,1 9,1

83 Suíça 0,1 0,1 0,1 0,1 8,9

84 Hungria 0,1 0,1 0,1 0,1 8,8

85 Estônia 0,1 0,2 0,1 0,1 8,5

86 Nova Zelândia 0,1 0,1 0,1 0,1 8,5

87 Argentina 0,1 0,1 0,1 0,1 8,4

88 Bulgária 0,1 0,2 0,1 0,1 8,3

89 Holanda 0,1 0,1 0,1 0,1 7,4

90 Indonésia 0,1 0,1 0,1 0,1 7,2

91 Canadá 0,1 0,1 0,1 0,1 6,2

92 Eslovênia 0,1 0,1 0,1 0,1 5,2

93 Croácia 0,1 0,1 0,1 0,1 5,2

94 Romênia 0,1 0,1 0,1 0,1 5,0

95 Suécia 0,1 0,1 0,1 0,1 4,5

96 Letônia 0,1 0,1 0,1 0,1 4,3

97 Grécia 0,1 0,1 0,1 0,1 4,2

98 China 0,1 0,1 0,1 0,1 4,1

99 Espanha 0,1 0,1 0,1 0,1 3,8

100 Reino Unido 0,1 0,1 0,1 0,1 3,6

101 Bélgica 0,1 0,1 0,1 0,1 3,3

102 Checa, Rep. 0,1 0,1 0,1 0,1 2,5

103 Portugal 0,1 0,1 0,1 0,1 2,3

104 Alemanha 0,1 0,1 0,1 0,1 2,1

105 Turquia 0,1 0,1 0,1 0,1 1,5

106 Tailândia 0,1 0,1 0,1 0,1 1,4

107 Brasil 0,1 0,1 0,1 0,1 1,3

108 Polônia 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

109 França 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

110 Dinamarca 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

111 Estados Unidos 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

112 Áustria 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0113 Itália 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da UNCTAD.

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98

ANEXO IV – Índice referente ao ingresso acumulado de IED / PIB

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

1 Papua Nova Guiné 0,9 0,8 0,7 0,8 100,0

2 Líbano 0,7 0,8 0,8 0,8 100,0

3 Panamá 0,7 0,8 0,8 0,8 100,0

4 Bulgária 0,5 0,7 0,9 0,7 100,0

5 Trinidad e Tobago 0,8 0,7 0,6 0,7 100,0

6 Zâmbia 0,8 0,6 0,6 0,7 100,0

7 Bolívia 0,7 0,6 0,6 0,7 99,5

8 Estônia 0,7 0,7 0,6 0,7 99,4

9 Holanda 0,6 0,6 0,7 0,6 99,2

10 Jamaica 0,6 0,7 0,7 0,6 98,9

11 Jordânia 0,5 0,7 0,7 0,6 93,8

12 Chile 0,7 0,6 0,6 0,6 92,8

13 Azerbaijão 1,0 0,6 0,2 0,6 92,5

14 Suécia 0,6 0,6 0,6 0,6 88,8

15 Irlanda 0,6 0,5 0,5 0,6 82,6

16 Malásia 0,6 0,6 0,5 0,6 82,0

17 Nicarágua 0,5 0,5 0,5 0,5 77,5

18 Suazilândia 0,5 0,5 0,5 0,5 73,8

19 Tunísia 0,5 0,5 0,5 0,5 73,7

20 Argentina 0,5 0,5 0,4 0,5 71,3

21 Bélgica 0,3 0,5 0,6 0,5 70,9

22 Checa, Rep. 0,5 0,5 0,5 0,5 70,2

23 Hungria 0,5 0,5 0,5 0,5 69,4

24 Geórgia 0,4 0,5 0,5 0,4 64,0

25 Costa Rica 0,4 0,4 0,4 0,4 62,6

26 Reino Unido 0,4 0,4 0,5 0,4 62,1

27 Casaquistão 0,4 0,4 0,4 0,4 59,4

28 Moldávia 0,4 0,4 0,4 0,4 56,3

29 Honduras 0,4 0,4 0,4 0,4 56,0

30 Camboja 0,4 0,4 0,4 0,4 55,2

31 Tailândia 0,4 0,4 0,4 0,4 52,2

32 Eslováquia, Rep. 0,4 0,4 0,4 0,4 51,8

33 Moçambique 0,4 0,4 0,4 0,4 50,0

34 Suíça 0,3 0,3 0,4 0,4 48,4

35 Egito, Rep. Árabe 0,3 0,4 0,4 0,4 48,3

36 Nigéria 0,3 0,3 0,4 0,3 47,4

37 Nova Zelândia 0,3 0,4 0,3 0,3 47,3

38 Israel 0,3 0,4 0,4 0,3 46,9

39 Togo 0,3 0,4 0,3 0,3 46,6

40 Peru 0,3 0,3 0,3 0,3 44,2

41 Croácia 0,3 0,3 0,4 0,3 44,0

42 Canadá 0,3 0,3 0,4 0,3 43,2

43 Macedônia 0,3 0,3 0,3 0,3 42,4

44 Dominicana, Rep. 0,3 0,3 0,3 0,3 42,1

45 Mongólia 0,3 0,3 0,3 0,3 41,7

46 Letônia 0,3 0,3 0,3 0,3 41,6

47 Colômbia 0,3 0,3 0,3 0,3 41,2

48 Finlândia 0,3 0,3 0,3 0,3 41,1

49 Portugal 0,3 0,3 0,3 0,3 41,0

50 Dinamarca 0,3 0,3 0,3 0,3 40,4

51 Botsuana 0,3 0,3 0,3 0,3 39,8

52 França 0,3 0,3 0,3 0,3 39,1

53 Sudão 0,3 0,3 0,3 0,3 39,0

54 Tanzânia 0,3 0,3 0,3 0,3 38,4

55 Espanha 0,3 0,3 0,3 0,3 38,3

56 Quirguízia, Rep. 0,3 0,3 0,3 0,3 38,0

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99

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

57 Marrocos 0,3 0,3 0,3 0,3 37,8

58 Austrália 0,3 0,3 0,3 0,3 35,7

59 México 0,3 0,3 0,3 0,3 35,6

60 Síria, Rep. Árabe 0,3 0,3 0,3 0,3 35,6

61 Equador 0,3 0,3 0,3 0,3 35,3

62 Armênia 0,3 0,3 0,3 0,3 35,2

63 Polônia 0,3 0,3 0,3 0,3 35,1

64 Uruguai 0,2 0,3 0,3 0,3 33,8

65 Costa do Marfim 0,3 0,3 0,3 0,3 33,8

66 Uganda 0,2 0,3 0,3 0,3 33,4

67 Romênia 0,2 0,3 0,3 0,3 33,3

68 China 0,3 0,3 0,2 0,3 32,5

69 Laos 0,2 0,2 0,3 0,3 31,4

70 Brasil 0,3 0,2 0,2 0,2 30,5

71 Lituânia 0,2 0,3 0,2 0,2 29,0

72 Áustria 0,2 0,2 0,3 0,2 28,6

73 Paraguai 0,3 0,2 0,2 0,2 28,3

74 Guiné 0,2 0,3 0,3 0,2 28,1

75 El Salvador 0,2 0,2 0,3 0,2 27,3

76 Albânia 0,2 0,2 0,2 0,2 26,2

77 Ucrânia 0,2 0,2 0,2 0,2 26,2

78 Gana 0,2 0,2 0,2 0,2 25,5

79 Venezuela 0,3 0,2 0,2 0,2 25,4

80 Filipinas 0,2 0,2 0,2 0,2 24,9

81 Etiópia 0,2 0,2 0,2 0,2 24,1

82 Malauí 0,2 0,2 0,2 0,2 23,5

83 Madagascar 0,2 0,2 0,3 0,2 22,2

84 Alemanha 0,2 0,2 0,2 0,2 20,9

85 Guatemala 0,2 0,2 0,2 0,2 20,5

86 Noruega 0,2 0,2 0,2 0,2 19,5

87 Arábia Saudita 0,1 0,2 0,2 0,2 19,1

88 Estados Unidos 0,2 0,2 0,2 0,2 18,9

89 Oman 0,1 0,2 0,2 0,2 17,8

90 Benin 0,2 0,2 0,2 0,2 17,4

91 África do Sul 0,2 0,2 0,2 0,2 16,6

92 Eslovênia 0,2 0,2 0,2 0,2 14,6

93 Maurício 0,1 0,1 0,2 0,1 12,4

94 Sri Lanka 0,1 0,1 0,1 0,1 11,6

95 Senegal 0,1 0,1 0,1 0,1 11,4

96 Paquistão 0,1 0,1 0,2 0,1 9,5

97 Russa, Fed. 0,1 0,1 0,1 0,1 6,7

98 Grécia 0,1 0,1 0,1 0,1 6,1

99 Itália 0,1 0,1 0,1 0,1 5,9

100 Indonésia 0,1 0,1 0,1 0,1 5,7

101 Turquia 0,1 0,1 0,1 0,1 5,5

102 Ruanda 0,1 0,1 0,1 0,1 4,3

103 Bangladesh 0,1 0,1 0,1 0,1 3,7

104 Bielorrússia 0,1 0,1 0,1 0,1 2,0

105 Irã, Rep. Islâmica 0,1 0,1 0,1 0,1 0,8

106 Gabão 0,1 0,1 0,1 0,1 0,4

107 Coréia, Rep. 0,1 0,1 0,1 0,1 0,4

108 Índia 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

109 Quênia 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0

110 Burkina Fasso 0,0 0,0 0,1 0,1 0,0

111 Burundi 0,1 0,1 0,0 0,1 0,0

112 Japão 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0113 Nepal 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e da UNCTAD.

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100

ANEXO V – Índice referente à dívida externa total / exportação de bens e serviços

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

1 Burundi 14,58 14,32 15,40 14,76 100,0

2 Líbano 5,00 5,27 4,54 4,94 100,0

3 Ruanda 6,20 1,52 1,75 3,16 100,0

4 Sudão 3,48 3,03 2,06 2,86 100,0

5 Laos 3,15 2,47 2,86 2,83 100,0

6 Malauí 5,70 1,46 1,04 2,73 100,0

7 Nepal 2,68 2,78 2,69 2,72 99,3

8 Guiné 2,91 2,75 2,48 2,71 99,2

9 Burkina Fasso 3,68 1,69 2,42 2,60 95,0

10 Nicarágua 3,49 2,49 1,80 2,59 94,8

11 Letônia 1,89 2,55 3,24 2,56 93,6

12 Argentina 2,72 2,19 1,98 2,29 83,9

13 Paquistão 1,93 1,85 2,00 1,93 70,5

14 Togo 1,98 1,91 1,89 1,93 70,5

15 Tanzânia 2,81 1,30 1,64 1,92 70,1

16 Jamaica 1,64 1,73 2,36 1,91 69,9

17 Benin 3,19 1,51 0,95 1,89 69,0

18 El Salvador 1,98 1,94 1,72 1,88 68,8

19 Quirguízia, Rep. 2,13 2,00 1,50 1,88 68,6

20 Uruguai 2,10 1,73 1,69 1,84 67,3

21 Etiópia 3,34 1,08 1,07 1,83 66,9

22 Bangladesh 1,90 1,75 1,62 1,75 64,1

23 Uganda 3,46 0,83 0,78 1,69 61,8

24 Casaquistão 1,42 1,79 1,86 1,69 61,8

25 Turquia 1,59 1,72 1,72 1,68 61,4

26 Guatemala 1,61 1,63 1,70 1,65 60,2

27 Moldávia 1,34 1,58 1,52 1,48 54,2

28 Croácia 1,59 1,48 1,23 1,43 52,5

29 Romênia 1,19 1,49 1,62 1,43 52,4

30 Armênia 1,30 1,34 1,64 1,43 52,3

31 Costa do Marfim 1,43 1,40 1,46 1,43 52,2

32 Sri Lanka 1,43 1,37 1,49 1,43 52,2

33 Madagascar 2,58 0,90 0,77 1,42 51,9

34 Bolívia 2,04 1,22 0,91 1,39 50,8

35 Moçambique 2,09 1,04 1,01 1,38 50,5

36 Colômbia 1,51 1,32 1,25 1,36 49,8

37 Brasil 1,40 1,24 1,30 1,31 48,1

38 Indonésia 1,50 1,17 1,12 1,26 46,2

39 Equador 1,47 1,19 1,08 1,25 45,6

40 Tunísia 1,24 1,19 1,08 1,17 42,8

41 Filipinas 1,31 1,09 1,08 1,16 42,3

42 Peru 1,45 1,08 0,93 1,16 42,3

43 Senegal 1,65 0,80 0,90 1,12 40,9

44 Quênia 1,20 1,10 1,04 1,12 40,8

45 Bulgária 0,96 1,03 1,31 1,10 40,2

46 Zâmbia 2,17 0,55 0,57 1,10 40,1

47 Lituânia 0,77 1,04 1,39 1,07 39,0

48 Macedônia 1,12 1,07 0,98 1,06 38,7

49 Polônia 0,96 1,01 1,13 1,03 37,7

50 Gana 1,72 0,62 0,75 1,03 37,7

51 Jordânia 1,16 0,99 0,91 1,02 37,4

52 Albânia 0,98 1,03 0,90 0,97 35,5

53 Ucrânia 0,75 0,99 1,15 0,96 35,3

54 Egito, Rep. Árabe 1,09 0,91 0,83 0,94 34,5

55 Russa, Fed. 0,85 0,75 0,94 0,85 31,0

56 Dominicana, Rep. 0,72 0,82 0,87 0,80 29,3

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101

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

57 Marrocos 0,84 0,79 0,76 0,80 29,2

58 Geórgia 0,88 0,77 0,72 0,79 29,0

59 Chile 0,93 0,72 0,73 0,79 29,0

60 Índia 0,75 0,71 0,82 0,76 27,7

61 Camboja 0,87 0,71 0,67 0,75 27,4

62 Panamá 0,79 0,79 0,66 0,75 27,3

63 Mongólia 0,88 0,68 0,63 0,73 26,7

64 Honduras 0,92 0,69 0,53 0,71 26,1

65 Paraguai 0,84 0,69 0,57 0,70 25,7

66 Venezuela 0,78 0,66 0,65 0,69 25,4

67 México 0,73 0,61 0,67 0,67 24,4

68 Costa Rica 0,67 0,63 0,65 0,65 23,8

69 Síria, Rep. Árabe 0,56 0,83 0,54 0,64 23,5

70 Gabão 0,69 0,71 0,40 0,60 21,9

71 Papua Nova Guiné 0,63 0,51 0,43 0,52 19,1

72 África do Sul 0,47 0,46 0,49 0,47 17,3

73 Tailândia 0,41 0,37 0,34 0,37 13,6

74 Estônia 1,04 0,00 0,00 0,35 12,7

75 China 0,34 0,31 0,28 0,31 11,3

76 Malásia 0,32 0,30 0,30 0,31 11,2

77 Hungria 0,91 0,00 0,00 0,30 11,1

78 Bielorrússia 0,26 0,24 0,37 0,29 10,7

79 Irã, Rep. Islâmica 0,34 0,27 0,23 0,28 10,3

80 Nigéria 0,42 0,12 0,13 0,22 8,2

81 Trinidad e Tobago 0,25 0,22 0,19 0,22 8,1

82 Azerbaijão 0,25 0,19 0,16 0,20 7,2

83 Suazilândia 0,19 0,18 0,17 0,18 6,6

84 Oman 0,19 0,18 0,15 0,18 6,4

85 Maurício 0,21 0,16 0,15 0,17 6,2

86 Eslováquia, Rep. 0,51 0,00 0,00 0,17 6,2

87 Checa, Rep. 0,44 0,00 0,00 0,15 5,4

88 Botsuana 0,09 0,07 0,07 0,08 2,8

89 Alemanha 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

90 Arábia Saudita 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

91 Austrália 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

92 Áustria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

93 Bélgica 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

94 Canadá 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

95 Coréia, Rep. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

96 Dinamarca 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

97 Eslovênia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

98 Espanha 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

99 Estados Unidos 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

100 Finlândia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

101 França 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

102 Grécia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

103 Holanda 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

104 Irlanda 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

105 Israel 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

106 Itália 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

107 Japão 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

108 Noruega 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

109 Nova Zelândia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

110 Portugal 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

111 Reino Unido 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

112 Suécia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0113 Suíça 0,00 0,00 0,00 0,00 0,0

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

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102

ANEXO VI – Índice referente à importação de bens e serviços / reservas internacionais

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

1 Irlanda 161,5 184,9 193,8 180,0 100,0

2 Grécia 33,2 30,6 28,7 30,8 100,0

3 Bélgica 26,0 25,0 23,9 24,9 100,0

4 Espanha 20,3 20,9 25,1 22,1 100,0

5 Holanda 19,1 18,4 19,1 18,9 100,0

6 Reino Unido 15,6 16,4 14,6 15,5 100,0

7 Eslovênia 2,7 3,7 31,7 12,7 80,3

8 Bielorrússia 13,3 17,1 7,3 12,6 79,6

9 Áustria 12,9 12,9 10,9 12,2 77,3

10 Guiné 10,6 11,5 14,5 12,2 76,9

11 Canadá 11,7 12,2 11,4 11,8 74,1

12 Alemanha 9,8 10,4 9,7 10,0 61,6

13 Finlândia 6,5 11,2 11,9 9,9 61,0

14 Estados Unidos 10,8 10,1 8,5 9,8 60,6

15 Panamá 8,8 8,9 7,6 8,4 51,1

16 Portugal 6,7 7,7 7,8 7,4 44,1

17 Malauí 7,6 9,5 3,9 7,0 41,4

18 França 7,8 6,5 6,4 6,9 40,4

19 Itália 7,0 7,0 6,6 6,9 40,4

20 Dominicana, Rep. 6,5 6,4 6,4 6,5 37,5

21 Suazi lândia 9,7 6,3 3,0 6,3 36,6

22 Suécia 6,0 6,1 6,6 6,2 35,9

23 Sudão 4,1 6,0 8,0 6,1 34,8

24 Estônia 6,0 5,5 5,5 5,7 32,1

25 Equador 5,5 6,8 4,5 5,6 31,5

26 Geórgia 6,9 4,8 4,3 5,3 29,8

27 Síria, Rep. Árabe 5,3 5,3 5,3 5,3 29,4

28 Etiópia 4,2 6,4 4,8 5,1 28,3

29 Togo 6,2 3,7 3,6 4,5 23,9

30 Zâmbia 4,7 4,5 3,7 4,3 22,7

31 Austrália 3,3 2,9 6,7 4,3 22,6

32 El Salvador 4,1 4,5 4,3 4,3 22,5

33 Costa do Marfim 5,4 4,1 3,3 4,3 22,4

34 Hungria 4,0 4,1 4,5 4,2 22,1

35 Irã, Rep. Islâmica 4,2 4,2 4,2 4,2 21,8

36 Bangladesh 4,9 4,0 3,5 4,1 21,6

37 Madagascar 4,3 3,9 4,1 4,1 21,2

38 Dinamarca 3,3 4,3 4,5 4,1 21,1

39 Costa Rica 4,7 4,0 3,4 4,0 20,8

40 Gana 3,5 3,7 4,8 4,0 20,6

41 Moldávia 4,6 4,0 3,2 3,9 20,3

42 Eslováquia, Rep. 3,2 4,6 3,9 3,9 19,9

43 Lituânia 4,4 3,6 3,4 3,8 19,3

44 Sri Lanka 3,7 4,1 3,6 3,8 19,3

45 Azerbaijão 5,9 3,3 2,2 3,8 19,3

46 Laos 4,3 3,6 3,1 3,7 18,3

47 Nicarágua 3,9 3,5 3,5 3,6 18,2

48 Camboja 3,9 3,9 2,9 3,6 17,9

49 Arábia Saudita 3,0 3,7 3,9 3,5 17,5

50 México 3,3 3,7 3,5 3,5 17,1

51 Letônia 4,2 2,9 3,1 3,4 16,7

52 Honduras 3,2 3,2 3,8 3,4 16,5

53 Quênia 3,7 3,4 3,0 3,4 16,4

54 Checa, Rep. 2,9 3,3 3,7 3,3 16,0

55 África do Sul 3,3 3,3 3,0 3,2 15,2

56 Maurício 3,0 3,6 2,8 3,2 14,9

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103

Países 2005 2006 2007 Média Simples Índice

57 Guatemala 3,0 3,1 3,3 3,1 14,7

58 Senegal 3,1 3,0 3,3 3,1 14,6

59 Gabão 3,6 2,7 3,1 3,1 14,5

60 Burundi 3,6 3,3 2,2 3,0 14,0

61 Paraguai 3,2 3,2 2,7 3,0 13,9

62 Papua Nova Guiné 4,2 2,6 2,1 2,9 13,4

63 Jamaica 2,7 2,7 3,3 2,9 13,1

64 Polônia 2,7 3,0 2,8 2,8 12,6

65 Nova Zelândia 3,7 2,4 2,3 2,8 12,4

66 Suíça 2,7 2,7 2,6 2,7 11,7

67 Tunísia 3,2 2,4 2,5 2,7 11,5

68 Albânia 2,7 2,5 2,8 2,6 11,3

69 Quirguízia, Rep. 2,3 2,7 2,9 2,6 11,3

70 Moçambique 2,6 2,7 2,5 2,6 11,2

71 Casaquistão 3,6 1,7 2,5 2,6 11,2

72 Chile 2,3 2,3 3,2 2,6 11,2

73 Armênia 3,2 2,3 2,2 2,6 10,7

74 Macedônia 2,7 2,3 2,5 2,5 10,4

75 Burkina Fasso 3,2 2,8 1,4 2,5 10,1

76 Mongólia 3,7 1,8 1,9 2,4 9,8

77 Filipinas 2,8 2,5 1,8 2,3 9,3

78 Turquia 2,3 2,3 2,3 2,3 9,1

79 Ucrânia 2,2 2,4 2,2 2,3 8,8

80 Croácia 2,5 2,2 2,2 2,3 8,7

81 Israel 2,1 2,1 2,6 2,2 8,6

82 Indonésia 2,5 2,2 1,9 2,2 8,2

83 Bulgária 2,4 2,2 1,9 2,2 8,2

84 Tailândia 2,5 2,2 1,8 2,2 8,1

85 Colômbia 2,0 2,3 2,1 2,1 7,9

86 Oman 2,2 2,3 1,8 2,1 7,7

87 Paquistão 1,9 2,3 1,9 2,1 7,3

88 Jordânia 2,2 1,9 2,0 2,0 7,0

89 Nepal 1,5 1,8 2,1 1,8 5,6

90 Noruega 1,8 1,7 1,9 1,8 5,5

91 Romênia 2,0 1,6 1,8 1,8 5,4

92 Uruguai 1,6 2,0 1,7 1,8 5,3

93 Malásia 1,9 1,8 1,6 1,8 5,3

94 Ruanda 1,6 1,8 1,7 1,7 4,7

95 Tanzânia 1,9 1,7 1,4 1,7 4,6

96 Uganda 1,7 1,6 1,5 1,6 4,0

97 Coréia, Rep. 1,5 1,5 1,6 1,5 3,7

98 Benin 1,7 1,2 1,4 1,4 3,1

99 Brasil 1,9 1,5 0,9 1,4 2,9

100 Egito, Rep. Árabe 1,3 1,3 1,4 1,4 2,4

101 Marrocos 1,4 1,3 1,4 1,3 2,3

102 Venezuela 1,0 1,1 1,7 1,2 1,7

103 Argentina 1,3 1,3 1,2 1,2 1,6

104 Índia 1,3 1,3 1,1 1,2 1,6

105 Bolívia 1,7 1,0 0,8 1,2 1,3

106 Trinidad e Tobago 1,2 1,1 1,1 1,2 1,1

107 Nigéria 1,2 1,0 0,8 1,0 0,0

108 Peru 1,1 1,1 0,9 1,0 0,0

109 China 0,9 0,8 0,7 0,8 0,0

110 Russa, Fed. 0,9 0,7 0,6 0,7 0,0

111 Japão 0,7 0,7 0,7 0,7 0,0

112 Líbano 0,6 0,5 0,6 0,5 0,0113 Botsuana 0,5 0,4 0,4 0,5 0,0

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial.

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104

ANEXO VII – Índice de Vulnerabilidade Externa

Países Índice X/PIBÍndice

Concentração das X

Índice IED acumulado/PIB

Índice DET/X Índice M/RI IVE

1 Guiné 31,7 85,8 28,1 99,2 76,9 64,32 Panamá 97,5 44,9 100,0 27,3 51,1 64,23 Irlanda 100,0 21,8 82,6 0,0 100,0 60,94 Jamaica 44,1 78,0 98,9 69,9 13,1 60,85 Holanda 90,1 7,4 99,2 0,0 100,0 59,36 Zâmbia 37,9 83,0 100,0 40,1 22,7 56,77 Sudão 7,0 100,0 39,0 100,0 34,8 56,28 Bélgica 100,0 3,3 70,9 0,0 100,0 54,89 Azerbaijão 79,9 74,3 92,5 7,2 19,3 54,610 Casaquistão 57,7 75,8 59,4 61,8 11,2 53,211 Papua Nova Guiné 100,0 32,7 100,0 19,1 13,4 53,012 Suazilândia 100,0 37,6 73,8 6,6 36,6 50,913 Estônia 96,7 8,5 99,4 12,7 32,1 49,914 Malauí 10,0 67,5 23,5 100,0 41,4 48,515 Nicarágua 26,7 24,7 77,5 94,8 18,2 48,416 Bolívia 39,6 46,6 99,5 50,8 1,3 47,617 Trinidad e Tobago 82,2 45,0 100,0 8,1 1,1 47,318 Bulgária 75,1 8,3 100,0 40,2 8,2 46,319 Líbano 12,3 17,3 100,0 100,0 0,0 45,920 Camboja 80,1 48,8 55,2 27,4 17,9 45,921 Laos 33,8 42,0 31,4 100,0 18,3 45,122 Chile 47,6 42,5 92,8 29,0 11,2 44,623 Moçambique 34,8 75,0 50,0 50,5 11,2 44,324 Togo 42,6 36,7 46,6 70,5 23,9 44,125 Malásia 100,0 15,0 82,0 11,2 5,3 42,726 Gabão 75,5 100,0 0,4 21,9 14,5 42,527 Arábia Saudita 75,5 100,0 19,1 0,0 17,5 42,428 Jordânia 61,3 11,0 93,8 37,4 7,0 42,129 Equador 30,1 66,9 35,3 45,6 31,5 41,930 Mongólia 78,0 52,5 41,7 26,7 9,8 41,831 Hungria 93,1 8,8 69,4 11,1 22,1 40,932 Letônia 47,9 4,3 41,6 93,6 16,7 40,833 Nigéria 45,6 100,0 47,4 8,2 0,0 40,234 Costa do Marfim 56,4 35,7 33,8 52,2 22,4 40,135 Tunísia 57,8 14,2 73,7 42,8 11,5 40,036 Moldávia 52,5 16,7 56,3 54,2 20,3 40,037 Bielorrússia 71,3 31,6 2,0 10,7 79,6 39,038 Quirguízia, Rep. 42,6 31,1 38,0 68,6 11,3 38,339 Checa, Rep. 95,7 2,5 70,2 5,4 16,0 38,040 Eslováquia, Rep. 100,0 9,9 51,8 6,2 19,9 37,641 Botsuana 54,1 91,1 39,8 2,8 0,0 37,542 Honduras 64,2 24,8 56,0 26,1 16,5 37,543 Suécia 57,1 4,5 88,8 0,0 35,9 37,244 Reino Unido 20,5 3,6 62,1 0,0 100,0 37,245 Venezuela 33,6 100,0 25,4 25,4 1,7 37,246 Argentina 17,0 8,4 71,3 83,9 1,6 36,547 Oman 65,6 84,2 17,8 6,4 7,7 36,348 Eslovênia 80,6 5,2 14,6 0,0 80,3 36,249 Costa Rica 53,8 18,5 62,6 23,8 20,8 35,950 Síria, Rep. Árabe 40,3 48,6 35,6 23,5 29,4 35,551 Gana 38,5 53,5 25,5 37,7 20,6 35,252 Áustria 65,9 0,0 28,6 0,0 77,3 34,453 Burundi 0,0 57,8 0,0 100,0 14,0 34,454 Ruanda 0,0 58,6 4,3 100,0 4,7 33,555 Geórgia 29,0 15,8 64,0 29,0 29,8 33,556 Lituânia 66,3 13,5 29,0 39,0 19,3 33,4

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105

Países Índice X/PIBÍndice

Concentração das X

Índice IED acumulado/PIB

Índice DET/X Índice M/RI IVE

57 Paraguai 58,6 40,4 28,3 25,7 13,9 33,458 Tailândia 91,2 1,4 52,2 13,6 8,1 33,359 Etiópia 0,3 46,8 24,1 66,9 28,3 33,360 Filipinas 49,1 40,3 24,9 42,3 9,3 33,261 El Salvador 20,3 24,5 27,3 68,8 22,5 32,762 Finlândia 46,8 14,3 41,1 0,0 61,0 32,663 Irã, Rep. Islâmica 28,9 100,0 0,8 10,3 21,8 32,364 Macedônia 54,1 15,7 42,4 38,7 10,4 32,365 Espanha 19,1 3,8 38,3 0,0 100,0 32,266 Burkina Fasso 0,0 56,0 0,0 95,0 10,1 32,267 Canadá 34,4 6,2 43,2 0,0 74,1 31,668 Tanzânia 11,7 33,0 38,4 70,1 4,6 31,569 Croácia 44,8 5,2 44,0 52,5 8,7 31,070 Benin 0,0 60,7 17,4 69,0 3,1 30,071 Dominicana, Rep. 24,5 16,5 42,1 29,3 37,5 30,072 Uruguai 23,7 18,8 33,8 67,3 5,3 29,873 Armênia 15,5 32,7 35,2 52,3 10,7 29,374 Egito, Rep. Árabe 25,2 35,5 48,3 34,5 2,4 29,275 Israel 44,4 41,2 46,9 0,0 8,6 28,276 Bangladesh 7,3 41,0 3,7 64,1 21,6 27,577 Madagascar 23,3 17,9 22,2 51,9 21,2 27,378 Maurício 71,0 30,7 12,4 6,2 14,9 27,079 Peru 21,1 25,4 44,2 42,3 0,0 26,680 Alemanha 47,1 2,1 20,9 0,0 61,6 26,481 Ucrânia 52,0 9,2 26,2 35,3 8,8 26,382 Suíça 59,2 8,9 48,4 0,0 11,7 25,683 Sri Lanka 25,8 18,6 11,6 52,2 19,3 25,584 Noruega 48,9 51,8 19,5 0,0 5,5 25,285 Uganda 2,6 23,4 33,4 61,8 4,0 25,186 Polônia 39,4 0,0 35,1 37,7 12,6 25,087 Grécia 13,9 4,2 6,1 0,0 100,0 24,888 Guatemala 17,4 11,1 20,5 60,2 14,7 24,889 Colômbia 5,6 18,7 41,2 49,8 7,9 24,690 Romênia 26,6 5,0 33,3 52,4 5,4 24,591 Dinamarca 57,3 0,0 40,4 0,0 21,1 23,792 Albânia 17,7 26,6 26,2 35,5 11,3 23,593 Nepal 0,0 10,6 0,0 99,3 5,6 23,194 Portugal 26,1 2,3 41,0 0,0 44,1 22,795 Marrocos 31,2 11,1 37,8 29,2 2,3 22,396 Paquistão 2,1 21,2 9,5 70,5 7,3 22,197 México 21,7 10,3 35,6 24,4 17,1 21,898 Russa, Fed. 29,7 41,7 6,7 31,0 0,0 21,899 Senegal 18,8 20,8 11,4 40,9 14,6 21,3100 França 19,5 0,0 39,1 0,0 40,4 19,8101 Quênia 20,4 18,5 0,0 40,8 16,4 19,2102 Indonésia 27,3 7,2 5,7 46,2 8,2 18,9103 Nova Zelândia 22,8 8,5 47,3 0,0 12,4 18,2104 Turquia 13,2 1,5 5,5 61,4 9,1 18,2105 China 38,8 4,1 32,5 11,3 0,0 17,3106 Brasil 1,1 1,3 30,5 48,1 2,9 16,8107 África do Sul 24,2 10,3 16,6 17,3 15,2 16,7108 Austrália 9,5 12,4 35,7 0,0 22,6 16,0109 Estados Unidos 0,0 0,0 18,9 0,0 60,6 15,9110 Itália 21,2 0,0 5,9 0,0 40,4 13,5111 Coréia, Rep. 40,7 11,5 0,4 0,0 3,7 11,3112 Índia 11,3 9,1 0,0 27,7 1,6 9,9113 Japão 3,6 9,1 0,0 0,0 0,0 2,5

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e da UNCTAD. Nota: Índice X/PIB refere-se às exportações como razão do PIB. Índice concentração das X refere-se à concentração das exportações. Índice DET/X refere-se à dívida externa total como proporção das exportações. Índice M/RI refere-se à relação entre importações e reservas internacionais.

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ANEXO VIII – Dados referentes às variáveis macroeconômicas da América Latina

Países 2006 2007 2008 2009 Países 2006 2007 2008 2009Argentina 8,5 8,7 6,8 0,7 Argentina 19,5 20,4 20,9 18,6Bolívia 4,8 4,6 6,1 3,5 Bolívia 14,0 15,1 16,9 16,5Brasil 4,0 5,7 5,1 0,3 Brasil 15,7 16,9 18,3 16,3Chile 4,6 4,7 3,2 - 1,8 Chile 24,0 25,7 29,8 25,3Colômbia 6,9 7,5 2,4 0,3 Colômbia 21,8 23,4 23,9 22,5Equador 3,9 2,5 6,5 - 0,4 Equador 26,8 26,8 29,2 29,5México 5,0 3,4 1,3 - 6,7 México 22,3 23,1 23,9 22,8Paraguai 4,3 6,8 5,8 - 3,5 Paraguai 16,2 17,3 19,3 17,1Peru 7,7 8,9 9,8 0,8 Peru 21,2 24,0 28,7 25,7Uruguai 7,0 7,6 8,9 1,2 Uruguai 15,2 15,1 16,4 16,3Venezuela 9,9 8,2 4,8 - 2,3 Venezuela 26,4 30,6 28,3 27,4

Taxa de crescimento do PIB (em %) Formação bruta de capital fixo (em % do PIB)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL. Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

Países 2006 2007 2008 2009 Países 2006 2007 2008 2009Argentina 10,2 8,5 7,9 8,8 Argentina 9,8 8,5 7,2 6,5Bolívia 8,0 7,7 6,7 6,8 Bolívia 4,9 11,7 11,8 0,8Brasil 10,0 9,3 7,9 8,1 Brasil 3,1 4,5 5,9 4,2Chile 7,8 7,1 7,8 9,8 Chile 2,6 7,8 7,1 -1,9Colômbia 13,1 11,4 11,5 13,0 Colômbia 4,5 5,7 7,7 2,7Equador 8,1 7,4 6,9 8,6 Equador 2,9 3,3 8,8 3,5México 4,6 4,8 4,9 6,8 México 4,1 3,8 6,5 4,5Paraguai 8,9 7,2 7,4 7,3 Paraguai 12,5 6 7,5 2,8Peru 8,5 8,4 8,4 8,3 Peru 1,1 3,9 6,6 0,7Uruguai 11,4 9,6 7,9 7,7 Uruguai 6,4 8,5 9,2 6,5Venezuela 9,9 8,3 7,4 8,0 Venezuela 17 22,5 31,9 28,9

Taxa de desemprego média anual (em %) Taxa de inflação (em %)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL. Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

Países 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009Argentina 2,7 2,7 2,8 1,4 1,0 0,6 0,7 -0,8Bolívia 5,3 3,5 0,8 -1,4 3,5 2,3 0,0 -3,2Brasil 2,1 2,3 2,5 0,9 -2,9 -1,9 -1,3 -2,9Chile 8,4 9,4 5,8 -3,1 7,7 8,8 5,3 -3,6Colômbia 0,1 1,0 0,9 -0,6 -3,5 -2,7 -2,3 -3,7Equador 5,4 4,0 -0,2 -3,1 3,3 2,1 -1,5 -3,8México 2,1 1,9 1,6 0,1 0,1 0,0 -0,1 -2,1Paraguai 1,5 1,8 3,3 0,0 0,5 1,0 2,6 -0,7Peru 3,2 3,5 3,6 -0,1 1,5 1,8 2,2 -1,4Uruguai 3,2 2,1 1,7 0,6 -1,0 -1,6 -1,0 -2,1Venezuela 2,1 4,5 0,1 -4,1 0,0 3,0 -1,2 -5,5

Resultado globalFinanças públicas (em % do PIB)

Resultado primário

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL.

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Países 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009Argentina 6,3 5,0 4,4 5,6 -2,9 -2,3 -2,3 -2,8 0,2 0,1 0,0 0,0Bolívia 7,7 6,1 7,6 2,5 -3,4 -3,7 -3,2 -3,0 7,1 9,5 7,7 6,6Brasil 3,4 2,0 0,5 0,6 -2,5 -2,1 -2,5 -2,0 0,4 0,3 0,3 0,2Chile 15,0 13,8 4,8 7,5 -12,6 -11,3 -8,5 -7,3 2,2 1,9 1,7 1,6Colômbia -1,1 -1,5 -0,9 -1,0 -3,7 -3,7 -4,4 -3,7 2,9 2,5 2,4 2,0Equador 1,1 1,0 -0,5 -5,1 -4,7 -4,5 -2,9 -2,6 7,4 7,1 5,5 4,7México -1,2 -1,6 -2,2 -1,6 -1,5 -1,8 -1,6 -1,6 2,5 2,6 2,3 2,5Paraguai -2,7 -0,1 -3,8 -2,7 -0,6 -1,3 -1,3 -1,3 4,6 3,1 2,4 2,6Peru 8,8 6,6 0,9 2,3 -8,2 -7,8 -6,4 -5,2 2,4 2,3 2,2 2,0Uruguai -0,5 0,5 -2,6 0,7 -2,2 -1,4 -1,5 -1,6 0,6 0,6 0,5 0,4Venezuela 15,4 7,1 12,0 3,2 -0,6 1,1 0,2 -0,6 0,0 -0,2 -0,2 -0,1

Balança comercial (em % do PIB) Balanço de rendas (em % do PIB) Transferências unilaterais (em % do PIB)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.

Países 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009Argentina 3,2 2,3 1,5 2,0 3,2 1,6 -3,3 -2,7 1,4 1,9 2,3 1,1Bolívia 11,3 12,0 12,1 4,6 1,0 2,7 2,2 -1,9 2,4 2,7 3,1 1,8Brasil 1,2 0,1 -1,7 -1,5 1,5 6,3 1,9 3,5 -0,9 2,0 1,5 1,8Chile 4,9 4,5 -1,5 2,6 -3,3 -6,3 5,8 0,6 3,1 5,8 5,8 3,5Colômbia -1,9 -2,8 -2,9 -2,2 1,9 5,0 4,0 3,2 3,5 3,9 3,6 1,5Equador 3,9 3,6 2,2 -0,7 -4,2 -0,6 -0,3 3,1 0,6 0,4 1,8 1,2México -0,5 -0,8 -1,5 -0,6 0,1 1,8 2,1 -0,2 1,4 1,9 2,0 1,0Paraguai 1,4 1,8 -2,5 -1,0 2,8 4,3 5,0 7,3 1,8 1,4 1,4 1,7Peru 3,1 1,3 -3,7 0,2 0,0 7,8 5,7 2,9 3,8 5,1 3,2 3,5Uruguai -2,0 -0,9 -4,8 0,7 14,1 4,6 10,8 5,6 7,5 4,8 6,6 4,0Venezuela 14,8 8,8 12,0 2,6 -12,0 -10,5 -9,0 -5,4 -1,5 0,4 -0,3 -0,9

Transações correntes (em % do PIB) IED líquido (em % do PIB)Conta capital e financeira (em % do PIB)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CEPAL e do FMI.