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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Curso de Engenharia de Produção JULIO CESAR BARBOSA MACHADO JUNIOR RODRIGO BIOLCHINI RODRIGUES VALORAÇÃO DE EMPRESAS: um estudo sobre a Eletrobras Rio de Janeiro 2015

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Curso de Engenharia de Produção

JULIO CESAR BARBOSA MACHADO JUNIOR

RODRIGO BIOLCHINI RODRIGUES

VALORAÇÃO DE EMPRESAS: um estudo sobre a Eletrobras

Rio de Janeiro

2015

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JULIO CESAR BARBOSA MACHADO JUNIOR

RODRIGO BIOLCHINI RODRIGUES

VALORAÇÃO DE EMPRESAS: um estudo sobre a Eletrobras

Projeto de Graduação em Engenharia de

Produção, pela Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

apresentado como um dos requisitos à colação de

grau.

Orientador(a): José Roberto Ribas

Rio de Janeiro

2015

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M149v Machado Junior, Julio Cesar Barbosa

Valoração de empresas: um estudo sobre a Eletrobrás./ Julio Cesar

Barbosa Machado Junior; Rodrigo Biolchini Rodrigues. – Rio de Janeiro,

2015.

53 f. : il.

Orientador: José Roberto Ribas

Projeto de Graduação (Graduação em Engenharia de Produção) –

Curso de Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

1. Valoração de empresas. 2. Eletrobrás. I. Rodrigues, Rodrigo

Biolchini. II. Ribas, José Antônio. III. Título.

CDD: 658.15

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VALORAÇÃO DE EMPRESAS: um estudo sobre a Eletrobras

Julio Cesar Barbosa Machado Junior

Rodrigo Biolchini Rodrigues

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. José Roberto Ribas, D.Sc.

________________________________________________

Profª. Klitia Valeska Bicalho de Sá, D.Sc.

________________________________________________

Profª Thereza Cristina Nogueira de Aquino, D.Sc.

.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Agosto de 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente aos familiares, em especial aos nossos pais, que se

fizeram presentes durante esta jornada, nos fornecendo amparo e aconselhamento, nos

garantindo também a base para alcançar mais este objetivo.

Aos nossos amigos, que em certos momentos nos apoiaram enquanto eram

apoiados, além de compartilhar alegrias e expectativas ao longo destes anos de faculdade.

Que esta relação nunca se perca.

Agradecemos à Juliana Rodrigues dos Santos pelo apoio e orientação no processo

de normalização do projeto de acordo com as normas da ABNT.

Um obrigado a UFRJ que, através de seu corpo docente e técnicos administrativos,

proporcionou a estrutura necessária para que eu pudesse me tornar um Engenheiro de

Produção. Agradecemos especialmente ao Prof. José Roberto Ribas pela dedicação e

apoio, sem os quais esse projeto seria inviável.

Somos gratos também a todos que torceram por nós e de alguma contribuíram

para nosso processo de formação.

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“Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você vir o

caminho em tudo que fizer, você se tornará o caminho.”

Miyamoto Musashi

“A vida é um processo fluente e em alguns lugares do caminho coisas desagradáveis

ocorrerão. Podem deixar cicatrizes, mas a vida continua a fluir. É como água fluente,

que ao estagnar-se, torna-se podre; não pare! Continue bravamente... porque cada

experiência nos ensina uma lição.”

Bruce Lee

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MACHADO JUNIOR, Julio Cesar Barbosa; RODRIGUES, Rodrigo Biolchini.

Valoração de empresas: um estudo sobre a Eletrobras. 2015. 50f. Monografia

(Graduação em Engenharia de Produção) – Escola Politécnica, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

RESUMO

O presente estudo busca realizar uma valoração das ações ordinárias da Eletrobras –

Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – no intuito de fornecer base para a tomada de decisão

estratégica a respeito da negociação de seus ativos. Sendo assim, para o entendimento da

empresa, aborda-se o setor de energia elétrica de modo geral, apresentando sua

importância para o país em relação a outras fontes de energia. São relatados também os

segmentos atuantes no setor elétrico brasileiro, além de ser caracterizado o mapeamento

organizacional das instituições participantes no setor em questão. Posteriormente, realiza-

se uma revisão bibliográfica a respeito de Furnas, umas das principais subsidiárias da

holding Eletrobras, onde são apresentados dados informativos financeiros,

empreendimentos e projetos envolvidos e suas perspectivas futuras, além de informações

relativas à sua estrutura societária e principais processos . Em seguida, algumas técnicas

de valuation, ou valoração, de empresas são apresentadas, com destaque para as

relacionadas a fluxo de caixa descontado. O método de Gordon, devido ao seu potencial

de simplificação, é, então, o escolhido para delinear o estudo, sendo aplicada, para a

definição dos dividendos esperados no próximo período, a técnica de média geométrica

a partir de dados oriundos das demonstrações financeiras da Eletrobras advindas dos

relatórios divulgados publicamente pela empresa nos anos de 2004 a 2015. É definido um

cenário econômico básico para o estudo, de modo que o crescimento da empresa é

atrelado diretamente ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Na análise

de resultados, observa-se, para as ações ordinárias da Eletrobras, um valor inferior ao

praticado pelo mercado, determinando assim, possível queda nas ações da empresa. Dessa

forma, são propostas alternativas de investimento, levando em consideração uma possível

desvalorização dos ativos da organização.

Palavras-chave: Valoração de empresas; Eletrobras; Energia elétrica; Método de

Gordon.

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ABSTRACT

This study aims to carry out a valuation of the common shares of Eletrobras - Centrais

Elétricas Brasileiras SA - in order to provide a basis for strategic decision making

regarding the trading of its assets. Therefore, to understand the company addresses the

electricity sector in general, with its importance for the country in relation to other energy

sources. Also reported are the segments operating in the Brazilian electric sector, and is

characterized organizational mapping of the participating institutions in the sector in

question. Subsequently, the study carried out a literature review about Furnas, one of the

main subsidiaries of Eletrobras holding, which are presented financial information data,

projects and ventures involved and its future prospects, as well as information relating to

its corporate structure and key processes. Then some techniques of valuation, or

valuation, businesses are presented, especially those related to discounted cash flow. The

Gordon method, due to its potential of simplification, is, then, chosen to delineate the

study, being applied for the definition of the expected dividends for the next period. The

linear regression from data from the financial statements of Eletrobras arising from

reports made public by the company for the years 2004 to 2015. They are built standard

economic scenarios for study, as optimistic and pessimistic realistic to yield different

results for the implementation of the model in each of them. In results analysis, are

observed for common shares of Eletrobras, lower than those practiced by the market,

which extends to all scenarios, determining, possible fall in company stock. Thus,

alternatives investments are proposed, taking into account a possible devaluation of the

organization's assets.

Keywords: Valuation of business; Eletrobras; electric energy; Gordon method.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Geração elétrica por setor energético no Brasil. 12

Tabela 2 Quantidade e potência instalada por tipo de empreendimento gerador

de energia elétrica. 14

Tabela 3 Capacidade instalada (MW) das subsidiárias da Eletrobras 31

Tabela 4 Linhas de transmissão (Km) das subsidiárias da Eletrobras 31

Tabela 5 Estrutura societária de Furnas. 34

Tabela 6 Empreendimentos de geração de energia em operação. 37

Tabela 7 Empreendimentos sob administração temporária. 37

Tabela 8 Novos projetos de geração de energia hidráulica. 38

Tabela 9 Novos projetos de geração de energia eólica. 39

Tabela 10 Novas linhas de transmissão cuja operação se iniciou em 2014. 40

Tabela 11 Empreendimentos de transmissão de energia em construção. 41

Tabela 12 Ocorrências climáticas severas. 43

Tabela 13 Dividendos distribuídos anualmente pela Eletrobras. 48

Tabela 14 Construção das variáveis para aplicação da média geométrica. 53

Tabela 15 Relação anual entre os dividendos distribuídos e o PIB. 54

Tabela 16 Valor total das ações ELET3 para o cenário mais provável. 55

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 Segmentos do setor elétrico. 14

Figura 2 Mapeamento organizacional das instituições do setor elétrico nacional 17

Figura 3 Estrutura organizacional da Eletrobras 30

Gráfico 1 Evolução do ISE Bovespa de Furnas 36

Gráfico 2 Indicador de robustez com cortes de carga (%) em 2014. 42

Gráfico 3 Situação hidrológica dos reservatórios de Furnas em 2014. 45

Gráfico 4 Progressão dos dividendos da Eletrobras. 52

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11

1.1 Apresentação ..................................................................................................... 11

1.2 Objetivos ........................................................................................................... 11

1.3 Metodologia ....................................................................................................... 11

1.4 Estrutura do Projeto .......................................................................................... 11

1.5 O Setor elétrico .................................................................................................. 12

1.6 Segmentos do setor elétrico ................................................................................ 13

1.7 Caracterização do setor elétrico brasileiro ......................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 17

2.1 Metodologias de valuation .................................................................................. 18

2.2 Justificativa de escolha de método ..................................................................... 19

2.3 Avaliação por fluxo de caixa descontado ............................................................ 20

2.3.1 Aspectos gerais .................................................................................................... 20

2.3.2 Abordagens de avaliação por fluxo de caixa descontado .................................... 21

2.4 Justificativa de abordagem ................................................................................ 26

2.5 Caracterização da empresa ................................................................................ 27

2.5.1 Capacidade instalada e linhas de transmissão ..................................................... 30

2.6 Caracterização da empresa – Furnas ................................................................. 31

2.6.1 Dados informativos de 2014 ............................................................................... 32

2.6.2 Estrutura societária .............................................................................................. 33

2.6.3 Estrutura de governança corporativa ................................................................... 33

2.6.4 Gestão de sustentabilidade empresarial ............................................................... 34

2.6.5 Empreendimentos e projetos envolvidos ............................................................. 35

2.6.6 Operação do sistema ............................................................................................ 40

2.6.7 Indicador de robustez .......................................................................................... 41

2.6.8 Disponibilidade operacional de geração e transmissão ....................................... 41

2.6.9 Ocorrências climáticas severas ............................................................................ 42

2.6.10 Situação hidrológica dos reservatórios de Furnas ............................................... 43

2.6.11 Manutenção do sistema ....................................................................................... 44

3 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 46

3.1 Definição do método de avaliação ...................................................................... 46

3.2 Premissas utilizadas ........................................................................................... 46

3.2.1 Taxa de remuneração aos investidores ................................................................ 46

3.2.2 Dividendos para o próximo período .................................................................... 46

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3.3 Taxa perpétua de crescimento dos dividendos ................................................... 53

3.4 Cálculos ............................................................................................................. 54

3.5 Análise dos resultados ........................................................................................ 54

4 CONCLUSÃO ................................................................................................. 56

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 58

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

Segundo Porter (1980), podemos definir uma indústria como um grupo de empresas

fabricantes de produtos substitutos bastante próximos entre si. Com relação à indústria de

eletricidade, o produto em questão é a energia elétrica, um produto impalpável que é

utilizado de forma indireta para produzir iluminação, movimentação, calor e outras

transformações energéticas.

1.2 Objetivos

O presente trabalho possui o objetivo de realizar a valoração da empresa Eletrobras,

uma das principais empresas do setor elétrico brasileiro, em relação a expectativa futura

de dividendos, de forma a avaliar se é válido o investimento futuro para potenciais

acionistas. Será utilizado como referência Furnas, a principal subsidiária da holding

Eletrobras, com o objetivo de simplificar o estudo e será adotando o método de Gordon

para avaliação do desempenho esperado de dividendos futuros.

1.3 Metodologia

O presente estudo se iniciou com uma pesquisa bibliográfica sobre o tema do trabalho,

como a estrutura do setor elétrico, a situação do setor elétrico brasileiro, situação da

empresa objeto de estudo, além de técnicas para a valoração de empresas. Também foram

levantadas informações de dados sobre o desempenho econômico-financeiro da

Eletrobras, obtidas de relatórios públicos disponibilizadas pela mesma, de forma a

permear o estudo de caso e a utilização do método definido de avaliação.

1.4 Estrutura do Projeto

O primeiro capítulo tem como objetivo inserir o leitor na temática do trabalho, bem

como apresentar os objetivos e a metodologia utilizada no presente estudo. Neste capítulo

também é apresentada as principais informações referente ao setor elétrico em geral e a

situação do setor elétrico brasileiro.

Posteriormente, no segundo capítulo é apresentado a fundamentação teórica

relacionada a técnicas de valoração de empresas com uma breve descrição do seu uso.

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Nesse caso, é informado e detalhado o método de valoração que será utilizado no estudo

de caso que será apresentado em capítulo posterior.

No capítulo 2 também é feita uma caracterização mais detalhada da empresa

Eletrobras, demonstrando sua estrutura e projetos nos quais está envolvida.

No capítulo 3, o estudo de caso é demonstrado na forma de valoração dos dividendos

da Eletrobras através do método de Gordon, demonstrando as premissas e cálculos

utilizados, além da avaliação de investimento adotando 3 cenários distintos.

1.5 O Setor elétrico

O sistema de energia elétrica possui características distintas quando comparado a

outros sistemas de redes, como, por exemplo, saneamento e gás. De acordo com a

Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), a eletricidade

não pode ser armazenada de forma economicamente viável, o que implica na necessidade

de equilíbrio constante entre a oferta e a demanda. Sendo assim, torna-se necessário que

o consumo seja instantâneo à produção.

No Brasil, segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica (AEEE) de 2013, a

produção de energia tem como sua principal fonte as usinas hidrelétricas, possuindo

também parcelas advindas de meios termelétricos, termonucleares, eólicos e outros. O

percentual produzido em cada meio, no Brasil, pode ser observado a seguir:

Tabela 1: Geração elétrica por setor energético no Brasil (GWh)

Fonte: EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional 2014

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De acordo com a ABRADEE, um dos aspectos regulatórios mais importantes do setor

elétrico é que tal indústria é constituída por agentes independentes, que podem realizar as

funções de produção, transporte ou comercialização de tal produto. A então chamada

“indústria de rede” é composta por geradores espalhados pelo país e pelas linhas de

transmissão e distribuição de energia. E ainda segundo a ABRADEE, os fluxos

financeiros no sistema são diferentes dos fluxos energéticos físicos, tal fato ocorre devido

à impossibilidade do recebimento de energia elétrica de um único gerador, ocorrendo o

mesmo através de todos os geradores simultaneamente.

1.6 Segmentos do setor elétrico

Iniciando na década de 1990, o setor elétrico mundial, tendo por objetivo aumentar a

eficiência e a autonomia econômica, passou por uma série de reformas estruturais que

buscavam, em geral, o seu seccionamento. Foi onde surgiram os segmentos de geração,

transporte e comercialização de energia, sendo os mesmos geridos por agentes distintos.

O Estado, então, buscou recolher-se à função de regulação do setor, permitindo que a

ampla concorrência prevalecesse onde fosse possível com relação aos segmentos citados.

Senso assim, devido à existência de muitos agentes e ao fato da energia elétrica, como

um produto, ser considerado uma commodity, os segmentos de geração e comercialização

são considerados, em teoria, segmentos competitivos, onde existe maior facilidade de

entrada no mercado.

De outra forma, o setor de transporte, que engloba a transmissão e a distribuição de

energia elétrica, é considerado um monopólio natural, pois existem limitações físicas

estruturais que dificultam a existência de mais de uma via de movimentação de energia

em uma mesma área, tornando tal possibilidade economicamente inviável. Devido a este

fato, existe um sistema de concessão, onde o Estado designa a responsabilidade do

transporte de energia elétrica a empresas privadas, estas ganhando o direito de exploração

total da atividade em determinadas áreas.

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Figura 1: Segmentos do setor elétrico

Fonte: http://www.abradee.com.br/setor-eletrico/visao-geral-do-setor

Segundo dados divulgados no relatório gerencial do terceiro semestre de 2014 da

ANEEL, a geração de energia no Brasil conta com 3377 empreendimentos geradores. Tal

segmento, o de geração de energia, é o responsável pela produção da energia elétrica e

injeção da mesma nos sistemas de transporte para que alcance os consumidores. Mais da

metade desses empreendimentos, 1871, são usinas termelétricas de médio porte, movidas,

geralmente a gás natural, biomassa, óleo diesel, óleo combustível e/ou carvão natural.

Entretanto, em torno de 67% da capacidade instalada no país é de origem hidrelétrica e

limpa, onde existem 198 empreendimentos de grande porte, representados pelas Usinas

Hidrelétricas de Energia (UHE), 470 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e 473

Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH).

A seguir, pode ser visualizada uma tabela com o número de empreendimentos por

forma de geração e a potência instalada para cada um.

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Tabela 2: Quantidade e potência instalada por tipo de empreendimento gerador de energia elétrica

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Relatório de Informações Gerenciais de

Setembro de 2014

De acordo com a ABRADEE, até o ano de 2012, o segmento de geração era

considerado competitivo, sendo a maioria absoluta dos geradores livres para negociar

seus preços, mesmo que através de leilões regulados. A partir de 2013, muitas das antigas

usinas passaram a ter seus preços controlados pela ANEEL, já que esta foi uma condição

imposta para a renovação de seus contratos de concessão.

O segmento de transporte se divide em transmissão e distribuição de energia

elétrica. No caso do primeiro, este é responsável por transportar grandes quantidades de

energia, advindas das usinas geradoras. Segundo a ABRADEE, no Brasil, esse segmento

se caracteriza por operar com tensões superiores a 230 mil Volts, sendo operado por 77

concessionárias, que operam mais de cem mil quilômetros de linhas de transmissão por

todo o país. Ao ser interrompida, uma linha de transmissão pode acabar por cortar o

fornecimento de energia para cidades inteiras e até mesmo estados. Tais linhas fornecem

energia para grandes consumidores ou, na maioria das vezes, para empresas

distribuidoras. Estas, por sua vez, contam com 63 concessionárias, as quais se

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responsabilizam pela operação de linhas de transmissão que trabalham abaixo de 230 mil

Volts, tendo como função a distribuição de energia elétrica para residências e pequenos

comércios e indústrias. A ANEEL também é responsável pelo controle dos preços no

setor de transporte.

Segundo a ABRADEE, tendo seu surgimento relacionado à reestruturação do setor

elétrico ocorrida na década de 1990, o segmento de comercialização é relativamente novo,

no Brasil e no mundo, sendo que seu contexto está muito mais relacionado aos aspectos

econômicos e institucionais do que a fatores de produção e transporte em si. Atualmente,

existem mais de 100 agentes de comercialização de energia elétrica, estes atuam

intermediando as relações em as usinas e consumidores livres.

1.7 Caracterização do setor elétrico brasileiro

Como apresentado anteriormente, o setor elétrico brasileiro passou por reformas

institucionais recentes, ocorridas entre os anos de 1995 e 2004. Tais reformas levaram a

atual estrutura do setor, que almeja, entre outros, manter o equilíbrio institucional entre

agentes públicos, privados e o governo.

Segundo a ABRADEE, no Brasil, o governo é responsável pela política energética

do setor, sua regulação, operação centralizada e comércio de energia. Tais atividades são

exercidas por entidades como: Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), Comitê

de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e Ministério de Minas e Energia (MME).

As atividades de fiscalização são exercidas pela ANEEL, já apresentada anteriormente.

As atividades relacionadas ao planejamento, operação e contabilização são realizadas por

empresas públicas ou de direito privado sem fins lucrativos como a Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), o ONS (Operador Nacional de Sistema Elétrico) e Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Resta então, aos geradores, transmissores,

distribuidores e comercializadores de energia elétrica realizar as atividades permitidas e

reguladas.

Sendo assim, o esquema a seguir ilustra o mapeamento referente ao

funcionamento do setor elétrico nacional, por nível de influência e decisão.

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Figura 2: Mapeamento organizacional das instituições do setor elétrico nacional

Fonte: http://www.abradee.com.br/setor-eletrico/visao-geral-do-setor

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta fundamentação aborda metodologias de valuation, ou valoração, de

empresas, concedendo destaque para as relacionadas a fluxo de caixa descontado, estas

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técnicas fornecerão auxílio matemático para o cálculo do preço das ações da empresa

analisada, de modo a posteriormente, fornecer insumos para a comparação e análise

relacionadas aos preços praticados.

2.1 Metodologias de valuation

Devido a existências de diversos modelos de valuation, é comum englobar técnicas

que possuam características similares em grupos. Segundo Damodaran (2006), podemos

englobar as técnicas utilizadas pelos avaliadores em quatro grandes grupos, as relativas

ao modelo de fluxo de caixa descontado, as de avaliação relativa, as de avaliação por

contingente e as de natureza contábil.

Segundo Endler (2004), a avaliação por fluxo de caixa descontado se baseia na

idéia de que um negócio vale tanto quanto ele irá produzir no futuro, obviamente,

descontado para um valor presente para que então se reflita sua situação atual.

As técnicas de avaliação relativa buscam avaliar o preço de um ativo com base

nos preços de ativos similares existentes no mercado. Segundo Damodaran (2006),

existem três passos básicos neste tipo de avaliação. Em primeiro lugar, deve-se encontrar,

no mercado, ativos similares e comparáveis ao ativo em questão, aquele o qual se busca

precificar. O segundo passo seria ligar os preços de tais ativos a uma variável comum, ou

a um conjunto de variáveis, as quais seriam utilizadas para definir preços padronizados

em função das mesmas. O terceiro e último passo, após já a obtenção do preço

equacionado, seria a realização de ajustes referentes às diferenças entre os ativos

analisados.

Com relação as técnicas de liquidação e de caráter contábil, estas buscam avaliar

o valor de uma empresa por meio de seus ativos e passivos. Segundo Damodaran (2006),

o valor de uma empresa seria a soma dos valores individuais de seus ativos. Porém, o

próprio Damodaran afirma que existe uma diferença entre avaliar o valor de uma empresa

e dos ativos que a mesma possui. No primeiro caso, avalia-se não somente a rentabilidade

dos investimentos atuais, mas também de futuros investimentos esperados, já no segundo

caso, limita-se a situação atual dos investimentos.

Sobre as avaliações de direito contingente, estas são utilizadas para avaliar ativos

que possuam características similares às opções. Ou seja, caso se assemelhe a uma opção

de compra, onde o preço no vencimento é definido pela diferença entre o valor do ativo

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e o preço de exercício, ou a uma opção de venda, onde o valor é definido pelo preço de

exercício subtraído do valor do ativo. Em ambos os casos, quando negativado o preço em

questão se torna nulo. Sendo assim, quando um ativo possuir tais características, se torna

propensa a utilização de tal técnica de avaliação. Segundo Ferrer (2011), que cita Black

e Scholes (1972), uma opção pode vir a ser avaliada através das seguintes variáveis: valor

corrente de tal ativo, a variância do mesmo, o preço de exercício da opção, o prazo de

vencimento da mesma e a taxa de juros livre de qualquer risco.

2.2 Justificativa de escolha de método

Embora os processos de avaliação de ativos sejam concretizados através de

modelos matemáticos, estes envolvem julgamentos subjetivos, o que leva à

suscetibilidade a incertezas e erros. Estas incertezas estão relacionadas, principalmente, à

subjetividade de informações utilizadas, já que o retorno de um ativo é calculado com

base na expectativa de resultados futuros. (ENDLER, 2004)

Segundo Damodaran (1997), a subjetividade existente nos processos de

mensuração representa uma das maiores dificuldades para a mensuração do valor real de

um ativo e “quaisquer preconcepções ou preconceitos que o analista trouxer para o

processo de avaliação acabarão por se incorporar ao valor”. Sendo assim, para que a

avaliação seja o mais próxima possível da realidade, é necessário que o avaliador se

abstenha de gerar qualquer influência nas informações a serem utilizadas nos modelos de

avaliação.

De certo, as avaliações de valor de uma empresa possuem desvios, entretanto

existem métodos que em função das circunstâncias ou informações disponíveis, se

apresentam como mais consistentes e tecnicamente mais adequados.

A técnica de avaliação por fluxos de caixa descontados se utiliza de todos os

elementos que afetam o valor de uma empresa de forma abrangente, além de ser

caracterizada como uma técnica de natureza econômica, que reflete o valor de uma

empresa de forma mais consistente do que as técnicas de natureza contábil, já que estas

últimas se baseiam no lucro contábil e desconsideram o investimento exigido para gerar

tais lucros, assim como o momento onde os mesmos ocorrem.

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Segundo Endler (2004), os analistas se utilizam de vários métodos para avaliação,

porém os métodos mais difundidos, tanto empiricamente como na literatura, são os

baseados nos valores projetados de fluxos de caixa descontados a valor presente,

utilizando-se como taxa de desconto - considerada por muitos como principal geradora

de incertezas - aquela que reflita o risco inerente ao ativo. Sendo assim, o presente estudo

busca avaliar o valor de uma empresa através do método de avaliação por fluxo de caixa

descontado.

2.3 Avaliação por fluxo de caixa descontado

Serão apresentados os aspectos gerais e algumas abordagens relacionadas à

avaliação por fluxo de caixa descontado.

2.3.1 Aspectos gerais

A avaliação proposta pela metodologia de fluxo de caixa descontado tem base na

teoria de que o valor de uma empresa é diretamente ligado aos benefícios futuros que ela

irá produzir, descontados para um valor presente, se utilizando de uma taxa de desconto

apropriada, esta que visa refletir os riscos inerentes aos fluxos estimados. Partindo da

premissa que as empresas não possuem um prazo de vida determinado e considerando o

princípio da continuidade, este cálculo se baseia na estimativa de fluxos infinitos. Sendo

assim, em um instante de tempo “t”, o valor é representado pelo somatório dos valores

presentes dos fluxos futuros, que deverão ser descontados a uma taxa que representa a

taxa de retorno almejada.

Para calcular através do método de fluxo de caixa descontado, utilizamos a

seguinte fórmula:

𝑉𝑃𝐹𝐶 = ∑𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑟)𝑡

𝑡=∞

𝑡=1

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Onde:

VPFC = Valor Presente dos Fluxos de Caixa

n = Vida útil do ativo

r = Taxa de desconto

FCt = Fluxo de caixa no período t

Segundo Damodaran (1997), esta metodologia é a mais utilizada em empresas que

apresentem fluxos de caixa positivos, estes podendo ser estimados para períodos futuros

de forma confiável, e onde exista um substituto para o risco que possa ser utilizado para

se obter taxas de desconto adequadas.

2.3.2 Abordagens de avaliação por fluxo de caixa descontado

A avaliação pelo método de fluxo de caixa descontado pode ser realizada de duas

formas, uma avaliando somente a participação acionária da empresa, ou seja, o valor desta

para o acionista, e a outra avaliando a empresa como um todo. Tais abordagens descontam

fluxos de caixa esperados, mas possuem definições diferentes para o próprio fluxo de

caixa e para as taxas de desconto.

2.3.2.1 Abordagem do Fluxo de Caixa do Acionista

A avaliação por fluxo de caixa do acionista leva em consideração o valor residual

após o pagamento de todas as necessidades de investimento e das devidas obrigações

financeiras, tais como despesas, bônus fiscais e pagamento de juros. Deve-se definir

também uma taxa de retorno a ser exigida pelos investidores.

O cálculo para avaliação pelo fluxo de caixa do acionista é representado pela

seguinte fórmula:

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𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑎

(1 + 𝐾𝑎)𝑡

𝑡=∞

𝑡=1

Onde:

VPL = Valor Presente Líquido

FCa = Fluxo de caixa do acionista no período t

Ka = Custo de Patrimônio Líquido (taxa de retorno exigida pelos acionistas)

2.3.2.1.1 Estimativa de Taxas de Desconto de Custo de Capital Próprio

Por custo de patrimônio líquido entende-se a taxa de retorno exigida pelos

investidores para a realização de um investimento patrimonial em determinada empresa.

Caso o investimento em análise não proporcione uma taxa de retorno maior que as

ofertadas no mercado financeiro, o investidor certamente optará pelo mercado financeiro.

O cálculo desta taxa de retorno se constitui como um dos pontos mais difíceis do

processo de avaliação de empresas, já que esta taxa precisa ser estimada por um processo

que envolve certo grau de subjetividade, se tornando, assim, passível de erros.

Segundo Damodaran (1997), existem dois métodos para estimar esta taxa de

retorno do investidor, ou custo de capital próprio, um deles seria a aplicação de um

modelo de crescimento de dividendos, o outro envolveria a utilização de um modelo de

risco e retorno.

Modelo de Crescimento de Dividendos

Considerado por Endler (2004) como a abordagem mais fácil de ser utilizada e

compreendida, o modelo de crescimento de dividendos se apresenta como a maneira de

estimativa de custo de capital próprio mais propensa de ser utilizada para situações em

que as empresas demonstrem situação de estabilidade, ou seja, possuam crescimento

constante. Seu uso, inclusive, se restringe a esse caso especial, o que torna esse método

inutilizável para muitas empresas. Além disso, Endler (2004) também declara que o custo

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de capital próprio apresenta certa sensibilidade em relação a taxa de crescimento estimada

e, também, não considera explicitamente o risco.

Tendo sido abordadas as características do modelo de crescimento de dividendos,

a seguinte fórmula define o custo ponderado de capital através de tal modelo:

𝑘𝑒 = 𝐷𝑃𝑆1/𝑃0 + 𝑔

Onde:

ke = Custo de patrimônio líquido

DPS1 = Dividendos por ação esperados no ano seguinte

P0 = Preço da ação na data de avaliação

g = Taxa de crescimento dos dividendos (situação estável)

Modelo de Risco e Retorno

O método mais indicado por Ross (1995) e Damodaran (2004) para a obtenção do

custo de capital próprio através da utilização de modelos de risco e retorno é o Capital

Asset Princing Model (CAPM). Este modelo é calculado através de uma equação que

demonstra a relação entre o retorno esperado e o beta. Endler (2004) cita Ross (2000),

quando diz que o CAPM mostra que tal retorno esperado depende de três componentes:

a. Valor puro do dinheiro no tempo: a ser medido pela taxa livre de risco, Rf, ou

seja, retorno exigido ao não serem assumidos riscos;

b. Recompensa por assumir risco sistemático: esta é medida pelo prêmio por risco

de mercado, calculado por [E(Rm) - Rf]. Corresponde à recompensa de mercado

por assumir um risco inerente ao mesmo; e

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c. Nível de risco sistemático: este é medido pelo beta (β), que representa o nível de

risco sistemático em determinado ativo.

Dessa forma, o CAPM é representado pela seguinte fórmula:

𝐸𝑅 = 𝑅𝑓 + 𝐵𝑒𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝐸[𝑅𝑚] − 𝑅𝑓)

Onde, mais especificamente:

ER = Retorno esperado

Rf = Retorno livre de risco

[E(Rm) - Rf] = Recompensa pelo risco de mercado

β = Nível de risco sistemático

2.3.2.2 Abordagem do fluxo de caixa da empresa

Avaliando pelo enfoque da empresa, obtemos o valor presente da mesma como

um todo através dos fluxos de caixa esperados para a empresa, descontados pelo custo

médio ponderado de capital, denominado weighted average cost of capital (WACC).

A fórmula para obtenção do fluxo de caixa da empresa é definida por:

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑒

(1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑡

𝑡= ∞

𝑡=1

Onde:

VPL = Valor Presente Líquido

FCe = Fluxo de caisa da empresa no período t

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WACC = Custo médio de capital ponderado (Weighted average cost of capital)

2.3.2.2.1 Estimativa da Taxa de Desconto do Custo Médio Ponderado de Capital

Segundo Endler (2004), o custo médio de capital ponderado representa o valor do

dinheiro no tempo, utilizado para converter os fluxos de caixa futuros a valor presente,

ou seja, é o retorno exigido pela empresa sobre o capital investido para que a mesma atinja

o equilíbrio desejado em sua aplicação.

De modo simples, podemos dizer que a taxa de desconto a ser utilizada é a taxa

mínima de retorno que um investimento precisa oferecer para ser considerado atraente.

Entretanto, tal taxa pode ser influenciada por elevada subjetividade e pela falta de

informações seguras, o que induz a erros nos cálculos de avaliação das empresas. Apesar

das dificuldades supracitadas para a produção do WACC, ou taxa mínima de retorno,

podemos defini-lo através da seguinte fórmula:

𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝐾𝑝𝑙[𝑃𝐿/(𝑃𝐿 + 𝐷)] + 𝐾𝑑[𝐷/(𝑃𝐿 + 𝐷)]

Onde:

Kpl = custo de patrimônio líquido

Kd = custo da dívida após impostos

PL = patrimônio líquido a valor de mercado

D = dívida a valor de mercado

2.3.2.3 Modelo de Gordon

De acordo com Damodaran (1999), o modelo de avaliação econômica de Gordon

integra sob uma mesma equação o valor de uma ação, os seus dividendos esperados para

o próximo período de tempo, a taxa de retorno exigida para tal ação e a taxa de

crescimento esperada para os dividendos.

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O economista Myron J. Gordon publicou o modelo em questão pela primeira vez

em 1959 como sendo uma variação do modelo de análise de fluxos de caixa descontados.

Na utilização de tal modelo pressupõem-se o crescimento de dividendos a uma taxa

constante, dessa forma, sendo aconselhado para a análise de empresas com crescimento

baixo e constante ao longo do tempo (DAMODARAN, 1999).

Consequentemente, existe uma série de cenários onde a utilização de tal modelo

não é aconselhada, como, por exemplo, empresas com dificuldades financeiras, onde

exista a possibilidade de fluxo de caixa negativo, ou até mesmo empresas de caráter

cíclico, onde os lucros e fluxos de caixa seguem as variações econômicas.

O modelo de Gordon, resumidamente, segue a fórmula apresentada a seguir:

𝑃0 =𝐷1

(𝑘 − 𝑔)

Onde:

Po = valor teórico da ação

D1 = valor dos dividendos esperados para daqui a 1 ano

k = taxa de retorno exigida para a ação pelos investidores

g = taxa perpétua de crescimento dos dividendos

2.4 Justificativa de abordagem

Por se tratar de uma holding, controladora de 12 empresas, para elucidar o negócio

da Eletrobras, foi escolhida uma abordagem de descrição de uma de suas mais

importantes subsidiárias, a Eletrobras Furnas (Furnas Centrais Elétricas S.A.). A

importância de Furnas para a carteira da Eletrobras se caracteriza pelo fato de, segundo

(Furnas, 2015), mais de 40% da energia consumida no Brasil passar pelo seu sistema.

Concomitantemente, Furnas pode ser considerada a subsidiária de maior

importância socioambiental para o país, pois mantém um amplo trabalho em conjunto

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com órgãos de controle ambiental, através da alocação de recursos para 24 áreas de

preservação protegidas por lei, atuando neste sentido nos estados de São Paulo, Rio de

Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Tocantins e no Distrito Federal (FURNAS, 2015).

Além é claro da relevância que a mídia trouxe à empresa, na ocasião da falha tentativa de

privatização no ano de 1999.

2.5 Caracterização da empresa

A Eletrobras é uma holding que possui o controle de grande parte dos sistemas

de geração e transmissão de energia elétrica do Brasil através de seis subsidiárias:

Eletrobras Chesf, Eletrobras Furnas, Eletrobras Eletrosul, Eletrobras Eletronorte,

Eletrobras CGTEE e Eletrobras Eletronucelar, além da metade do capital de Itaipu

Binacional.

Segundo o Relatório Anual – 2014, a Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

(Eletrobras) é uma empresa de economia mista e capital aberto, criada em 1962 e

atualmente a maior companhia de capital aberto do setor de energia elétrica da América

Latina

A Eletrobras atua nos segmentos de geração, distribuição, transmissão e

comercialização por meio de 16 empresas: Eletrobras holding, CGTEE, Chesf,

Eletronorte, Eletronuclear, Eletrosul, Furnas, Amazonas Energia, Distribuição Acre,

Distribuição Alagoas, Distribuição Piauí, Distribuição Rondônia, Distribuição Roraima e

metade do capital de Itaipu Binacional. Adicionalmente, a holding controla o Centro de

Pesquisas de Energia Elétrica (Eletrobras Cepel) e a Eletrobras Participações S.A.

(Eletrobras Eletropar). Em janeiro de 2015, foi concluído o processo de aquisição do

controle acionário da Celg-D.

A Eletrobras é controladora de empresas de geração, transmissão, distribuição e

detentora de uma das matrizes mais limpas do mundo para a geração de energia elétrica,

a Eletrobras tem sede em Brasília (DF) e escritório central no Rio de Janeiro (RJ). Seu

maior acionista é o Governo Federal (54,46% das ações ordinárias) e a empresa possui

ações negociadas nas Bolsas de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), de Madri e de

Nova Iorque.

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Com capacidade instalada total de geração de 44.156 MW referente ao ano de

2014, a Eletrobras é a maior empresa de geração de energia elétrica brasileira e tem uma

participação de 33% do total da capacidade instalada do país. Cerca de 91% dessa

capacidade instalada vem de fontes com baixa emissão de gases de efeito estufa, o que

faz da Eletrobras uma das maiores do mundo em geração de energia limpa e renovável e

a maior responsável pela matriz elétrica brasileira ser a segunda mais limpa e renovável

do mundo.

A Eletrobras possui uma malha de linhas de transmissão de abrangência nacional,

com aproximadamente 60.502 km, equivalente a 48% do total do país em sua rede básica,

em alta e extra-alta tensão.

No segmento de distribuição, considerando os ativos da Celg-D, a Eletrobras

cobre uma área correspondente a 31% do território brasileiro distribuindo energia elétrica

a mais de 6,6 milhões de consumidores, por meio de uma rede de distribuição com mais

de 464 mil km.

A Eletrobras também trabalha de forma constante na busca de fontes alternativas

de energia e na criação de novos modelos de negócio, como as participações em

Sociedades de Propósitos Específicos (SPE) e operações no exterior (Lei nº 11.651/2008).

A seguir, pode-se observar como é a estrutura organizacional da Eletrobras, na

qual pode ser visto o percentual acionário que a Eletrobras possui de cada

empreendimento, além do número de Sociedades de Propósito Específico (SPE) existente

em cada subsidiária.

As SPEs são empresas criadas para tocar empreendimentos, em geral concessões

de infraestrutura. No setor elétrico, em geral, as concessionárias de projetos, como usinas

hidrelétricas e administradoras de linhas de transmissão, costumam ser SPEs quando

atuam em consórcio. Dessa forma, os investidores, sejam estatais ou privados, não

comprometem todo seu capital. Além, quando pedem empréstimo para obras, quem se

endivida é a SPE, aliviando a conta dos sócios.

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Figura 3: Estrutura organizacional da Eletrobras

Fonte: Relatório Anual e de Sustentabilidade 2014 - Eletrobras

A Eletrobras possui um vasto parque gerador de energia elétrica bem como como

linhas de transmissão para fornecer capilaridade para a energia elétrica gerada por suas

subsidiárias

2.5.1 Capacidade instalada e linhas de transmissão

A Eletrobras possui um vasto parque gerador de energia elétrica bem como como

linhas de transmissão para fornecer capilaridade para a energia elétrica gerada por suas

subsidiárias.

A seguir, demonstra-se a capacidade instalada e as linhas de transmissão

distribuídas através de suas subsidiárias, bem como o percentual de contribuição em cada

caso.

Empresa Eletrobras Responsabilidade

Integral

Responsabilidade Integral sob

Regime de O&M SPE

SPE sob Regime

de O&M

Total %

Eletrobras Holding - - 13 - 13 0,03%

Eletronorte 9.281 78 121 - 9.480 21,27%

Chesf 1.401 9.215 588 - 11.204 25,14%

Furnas 4.212 4.617 1.645 403 10.877 24,40%

Eletronuclear 1.990 - - - 1.990 4,46%

Eletrosul 428 - 700 - 1.128 2,53%

CGTEE 670 - - - 670 1,50%

Itaipu 7.000 - - - 7.000 15,71%

Empresas Distribuidoras 2.207 - - - 2.207 4,95%

Total 27.189 13.910 3.067 403 44.569 100,00%

Tabela 3: Capacidade instalada (MW) das subsidiarias da Eletrobras

Fonte: Elaborado a partir de informe aos Investidores 2T15 da Eletrobras.

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Empresa Eletrobras Responsabilidade

Integral

Responsabilidade Integral sob

Regime de O&M SPE Total %

Eletronorte 710 10.005 2.072 12.787 18,85%

Chesf 1.129 18.596 1.189 20.914 30,82%

Furnas 1.148 18.759 1.361 21.268 31,35%

Eletrosul 1.258 9.838 1.083 12.179 17,95%

Empresas Distribuidoras 701 - - 701 1,03%

Total 4.946 57.198 5.705 67.849 100,00%

Tabela 4: Linhas de transmissão (Km) das subsidiarias da Eletrobras

Fonte: Elaborado a partir de informe aos Investidores 2T15 da Eletrobras.

2.6 Caracterização da empresa – Furnas

Como abordado anteriormente, a empresa a ser analisada no presente trabalho é a

Furnas, que, conforme Furnas(2015), se caracteriza como uma sociedade anônima de

capital fechado, sendo controlada pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras),

cujo principal acionista é a União. Furnas, consequentemente, se demonstra como uma

empresa de economia mista vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Sua

criação data de 28 de fevereiro de 1957, pelo Decreto n° 41.066, seu objetivo, então, era

construir e operar a primeira usina hidrelétrica de grande porte no Brasil, assim como o

sistema de transmissão associado, realizando interface entre Minas Gerais, São Paulo e

Rio de Janeiro (FURNAS, 2015).

Furnas atua nos setores de geração, transmissão e comercialização de energia

elétrica, possuindo instalações em diversas regiões, como o Distrito

Federal e os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás,

Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Ceará,

Bahia, Pará, Rondônia e Tocantins (FURNAS, 2015).

Segundo Furnas (2015), há um total de 27 usinas integrando seu parque gerador,

as quais se apresentam como próprias ou partilhadas com a iniciativa privada. Mais

especificamente, 19 destas usinas são hidrelétricas, onde 4 são próprias, 6 sob

administração especial – afetadas pela Lei nº 12.783/2013, 2 em parceria com a iniciativa

privada e 7 em regime de SPE (Sociedade de Propósito Específico), a potência total

instalada para estas é de 13.902 MW; 3 usinas são eólicas, onde o potencial total instalado

é de 187 MW,sendo administradas em regime de SPE; 3 são PCHs, com potência

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instalada total de 10,3 MW e; 2 são termoelétricas, onde o potencial total instalado é de

530 MW. Todo este conjunto, o parque gerador de Furnas, é responsável por suprir 14.629

MW de potência instalada ao mercado de energia elétrica brasileiro, dos quais Furnas

possui 10.888 MW.

Ainda segundo Furnas(2015), o parque transmissor conta com 24.410 km de

linhas, onde 4.233 km são administrados sob a forma de SPE. Além de 68 subestações,

que possuem, em conjunto, capacidade total de transformação de 118.243 MVA, já

contando com 14.875 MVA referentes às 18 subestações sob o regime de SPEs.

Em relação à força de trabalho, a entidade vem adequando seu quadro de

funcionários para um novo contexto setorial, contando, ao final do exercício de 2014,

com 3.517 empregados efetivos e 1.330 não efetivos, sendo que no exercício do ano

anterior possuía 3.547 e 1.339, respectivamente (FURNAS, 2015).

Quanto à sua relação com a sociedade, Furnas(2015), apresenta que a empresa

mantém programas de preservação da biodiversidade, assim como de conservação do

patrimônio arqueológico e histórico-cultural do Brasil. Furnas também possui programas

para conscientização do uso racional de energia, além de ações sociais e de apoio à cultura

brasileira (FURNAS, 2015).

2.6.1 Dados informativos de 2014

Conforme relatórios financeiros disponibilizados por Furnas(2015), no ano de

2014, foram totalizados R$2.308 milhões em investimentos, sendo R$ 849 milhões

alocados em investimentos próprios e R$ 1.459 milhões em empreendimentos sob o

regime de SPEs, nas quais possui participação.

Segundo Furnas(2015), a produção total de energia foi de 42.186 GWh, onde

25.149 GWh foram gerados por usinas próprias e 17.037 GWh por usinas onde possuía

participação.

Além de ter a responsabilidade pela Operação e Manutenção (O&M) de grande

parte dos empreendimentos onde está envolvida, Furnas ainda atua no setor de

comercialização de energia elétrica, como foi citado anteriormente, tendo realizado no

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ano de 2014, a venda de 40.561 GWh e a compra de 3.332 GWh, obtendo um total de

43.893 GWh comercializados (FURNAS, 2015).

Informações financeiras em detalhamento serão apresentadas mais à frente no

decorrer do trabalho.

2.6.2 Estrutura societária

Segundo Furnas(2015), o capital social no término do exercício acumulava um

total de R$ 6.531.154.365,54 (Seis bilhões, quinhentos e trinta e um milhões, cento e

cinquenta e quatro mil, trezentos e sessenta e cinco reais e cinquenta e quatro centavos).

Sob as supracitadas condições, o capital social da entidade encontrava-se assim

distribuído:

Tabela 5: Estrutura societária de Furnas – (FURNAS, 2015).

Furnas está classificada como uma sociedade anônima de economia mista federal

de capital fechado. Sendo uma subsidiária da Eletrobras, atende aos requisitos da lei

norte-americana Sarbanes-Oxley (SOX) na divulgação de informações, tendo por

objetivo que a Holding detenha o direito de manter a negociação de suas ações na forma

de American Depositary Receipts (ADR) Nível 2, assim como participar do Dow Jones

Sustainability Index (DJSI) da bolsa de Nova York, além, é claro, de estar atrelada ao

Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo (ISE-Bovespa)

(FURNAS, 2015).

2.6.3 Estrutura de governança corporativa

Conforme Furnas(2015), Furnas apresenta sua governança corporativa regida

pelos processos internos e relacionamentos da administração superior, composta por:

Assembléia Geral de Acionista, Conselho de Administração, Diretoria Executiva,

Conselho Fiscal e Auditoria Interna.

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Em detrimento do disposto da Instrução CVM nº 381, de 14 de janeiro de 2003, a

Eletrobras, possuindo a Furnas como subsidiária, contrata serviços de auditoria

independentes, os quais se utilizam de procedimentos técnicos específicos objetivando

atestar a conformidade de atos e fatos, tendo por finalidade conferir confiabilidade à

atividade da empresa. No caso de demonstrações financeiras, a auditoria teria por

finalidade a emissão de pareceres a respeito da adequação das contas da empresa, levando

em consideração a legislação específica pertinente, assim como as práticas contábeis

adotadas no Brasil (FURNAS, 2015).

2.6.4 Gestão de sustentabilidade empresarial

Segundo Furnas(2015), a sustentabilidade é considerada uma importante

ferramenta de gestão na empresa, tanto no âmbito de elevar sua pontuação relacionada a

indicadores de mercado, quanto na análise criteriosa de lacunas, objetivando a melhoria

de processos internos.

Considerando a participação de Furnas e de outras empresas do sistema, a holding

Eletrobras permanece listada no Dow Jones Sustainability Emerging Markets Index,

carteira que reúne ações de um total de 86 empresas sediadas em 12 países, onde 17

somente no Brasil, inclusive com duas outras participantes no setor elétrico, são estas a

Cemig e a CPFL Energia (FURNAS, 2015).

Conforme Furnas(2015), em relação ao ano de 2014, o desempenho da holding

apresentou tendência de evolução, atingindo as condições necessária para benchmark em

temas como códigos de conduta e compliance, gestão de crise e de risco, políticas

anticorrupção, manejo de recursos hídricos e sistemas de monitoramento.

Devido aos esforços de sustentabilidade das empresas integrantes do sistema, com

destaque para Furnas, a Eletrobras, como dito anteriormente, se mantém listada também

no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bolsa de Valores de São Paulo. Para

o ano de 2015, a carteira do ISE Bovespa acolhe ações de 40 empresas referentes a 19

setores da economia, possuindo um valor de mercado total de R$ 1,22 trilhão, o que

corresponde a metade do valor total das companhias com ações negociadas na

BM&FBovespa. O ISE Bovespa também adquire função primordial para Furnas, pois é

utilizado como indicador de desempenho na execução do planejamento estratégico. Além

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disso, tal índice também é utilizado pelo Sistema Eletrobras, se tornando parte dos

parâmetros de avaliação pertencentes ao Contrato de Metas e Desempenho Empresarial

(CMDE), que é definido para as empresas pertencentes a holding (FURNAS, 2015).

Gráfico 1: Evolução do ISE Bovespa de Furnas – (FURNAS, 2015, p. 09).

2.6.5 Empreendimentos e projetos envolvidos

Seja isoladamente ou por intermédio de parcerias com empresas privadas ou

estatais, Furnas tem participação em empreendimentos de geração e transmissão de suma

importância para a garantia da manutenção e aumento da oferta de energia elétrica no país

(FURNAS, 2015).

2.6.5.1 Setor de geração de energia elétrica

Como abordado anteriormente, segundo Furnas (2015) a empresa possui 27 usinas

em operação. Produzindo um total de 14.629,45 MW. A distribuição da capacidade

instalada pelos respectivos empreendimentos relacionados à geração de energia é

apresentada a seguir.

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Tabela 6: Empreendimentos de geração de energia em operação – (FURNAS, 2015).

Além disso, conforme Furnas(2015) também foi designada para administração

temporária das PCHs abaixo, estando condicionada ao término do processo licitatório

legal.

Tabela 7: Empreendimentos sob administração temporária – (FURNAS, 2015).

2.6.5.1.1 Novos projetos de geração e implantação

Para os novos projetos, segundo Furnas(2015), a organização está buscando focar

no desenvolvimento e fortalecimento de parcerias relacionadas a agentes de mercado que

possuam direcionamento para competitividade e mitigação de riscos naturais dos

empreendimentos.

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A entidade está no comando de três novos empreendimentos de geração

hidráulica, buscando agregar mais 3.082 MW ao parque elétrico brasileiro (FURNAS,

2015).

Tabela 8: Novos projetos de geração de energia hidráulica – (FURNAS, 2015).

Em outra vertente, Furnas participa, também, da implantação de 48 parques

eólicos, que possuem um potencial total instalado de 1.095,6 MW, sendo que 625,05 MW

serão de sua posse. Tais projetos estão sendo executados em parceria com a iniciativa

privada, em regime de SPE. O investimento total se aproxima de R$ 1,2 bilhão

(FURNAS, 2015,). Os novos projetos eólicos são apresentados a seguir.

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Tabela 9: Novos projetos de geração de energia eólica – (FURNAS, 2015).

2.6.5.2 Setor de transmissão de energia elétrica

Como dito anteriormente, segundo (FURNAS, 2015), Furnas abrange um total de

24.139,90 km em linhas de transmissão, dos quais 4.223,40 km através de participações

em SPEs. Dentre os empreendimentos construídos e já operantes da empresa, destaca-se

o Sistema de Transmissão de Itaipu, composto por cinco linhas de transmissão, cruzando

900 km entre os estados de São Paulo e Paraná.

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De acordo com (FURNAS, 2015), entraram em operação, neste mesmo ano, duas

novas linhas de transmissão e quatro subestações, operadas sob regime de SPE, além de

uma linha de transmissão e uma subestação operadas em regime de propriedade integral.

Tais empreendimentos são listados a seguir.

Tabela 10: Novas linhas de transmissão cuja operação se iniciou em 2014 – (FURNAS, 2015)

2.6.5.2.1 Novos projetos de transmissão e implantação

A expansão do sistema de transmissão é feita através da construção de novas

linhas de transmissão, assim como de subestações. No presente momento, 329 km das

linhas em desenvolvimento são próprios e 4.554 km estão sob o regime de SPE

(FURNAS, 2015). Os empreendimentos citados são descritos detalhadamente a seguir.

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Tabela 11: Empreendimentos de transmissão de energia em construção – (FURNAS, 2015)

2.6.6 Operação do sistema

Em Furnas, a operação do sistema é caracterizada pela busca da melhoria contínua

em seus processos e atividades, objetivando a manutenção da qualidade e confiabilidade

no fornecimento de energia elétrica em sua área de abrangência (FURNAS, 2015).

Conforme Furnas (2015), o Centro de Operação do Sistema (COS), localizado no

Escritório Central, no Rio de Janeiro, é responsável por supervisionar o sistema de

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transmissão. O COS, em conjunto com os centros de operação regionais, contabiliza,

através de modernas tecnologias de comunicação, informações das mais remotas áreas.

Sendo assim, os centros de operação dispõem de um panorama on-line completo do

Sistema Interligado Nacional (SIN) (FURNAS, 2015).

2.6.7 Indicador de robustez

A empresa define tal indicador, em seu Relatório da administração de 2014, como

uma relação entre as perturbações no sistema e o suprimento às cargas, verificando a

capacidade da rede de suportar contingências sem causa interrupções no fornecimento de

energia elétrica aos consumidores (FURNAS, 2015).

Furnas mantém bons resultados em relação a este indicador, melhorando

constantemente com o passar dos anos (FURNAS, 2015). Alcançando em 2014,

resultados próximos a 100%, como apresentado a seguir.

Gráfico 2: Indicador de robustez com cortes de carga (%) em 2014 – (FURNAS, 2015)

2.6.8 Disponibilidade operacional de geração e transmissão

Segundo Furnas (2015), em 2014, foi aferida no Sistema para Cálculo de

Indicadores de Desempenho (SCID) uma disponibilidade acumulada anual de 86,9%, ou

seja, apresentou 13,1% de indisponibilidade, sendo apenas 2,4% devido a desligamentos

forçados, provenientes de falhas de equipamentos ou sistemas. Os outros 10,7% foram

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advindos de desligamentos programados para a realização de manutenções preventivas

ou revisões gerais de unidades geradoras. Com relação ao sistema de transmissão, o fator

de disponibilidade operacional médio encontrado foi de 99,76%.

2.6.9 Ocorrências climáticas severas

Segundo Furnas (2015), Furnas enfrentou, no mesmo ano, oito eventos de queda

de torre, sendo os mesmos descritos a seguir.

Tabela 12: Ocorrências climáticas severas – (FURNAS, 2015).

Embora os adventos climáticos prejudiciais, o SIN não atestou perda de carga.

Isso foi possível devido a uma medida de controle onde, na ocorrência do desligamento

de alguma unidade geradora presente em quaisquer das usinas, outras usinas suprem a

demanda energética, não acarretando, dessa forma, perda de carga e providenciando a

manutenção do índice de robustez, citado anteriormente (FURNAS, 2015).

Na ocorrência de cada uma das quedas, Furnas acionou seu Plano de Atendimento

A Emergências (PAE) de linhas de transmissão, buscando restabelecer o serviço prestado

pelas torres danificadas o mais rapidamente possível, entretanto sem comprometer a

segurança de seus colaboradores, não sendo registrado qualquer acidente no ano de 2014

(FURNAS, 2015).

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2.6.10 Situação hidrológica dos reservatórios de Furnas

O ano de 2014 apresentou elevado período de estiagem, assim como 2013,

culminando em níveis de água nos reservatórios muito abaixo dos valores médios

históricos durante a maior parte do tempo. Foi aferido ao término do exercício, nível de

armazenamento da ordem de 15% nos reservatórios das UHEs Furnas, Funil,

Marimbondo e Itumbiara, 25% no reservatório da UHE Serra da Mesa, 45% da UHE

Corumbá e 75% na UHE Manso. Sendo que o reservatório equivalente, que representa o

volume total de água alocada nos reservatórios das hidrelétricas de Furnas, finalizou o

período em 23% de sua capacidade (FURNAS, 2015).

Convém registrar que embora os níveis de água estivessem relativamente baixos,

tal fato não comprometeu a geração de energia elétrica. As usinas fazem parte do SIN,

sendo a operação das mesmas planejada e programada pela ONS. E abordando

especificamente as hidrelétricas, o nível de água e a energia transmitida são, também,

definidos pela ONS, que opera os reservatórios brasileiros de forma integrada (FURNAS,

2015).

O gráfico a seguir ilustra a situação dos reservatórios de Furnas, abordando o

percentual de acumulação ao longo do ano de 2014.

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Gráfico 3: Situação hidrológica dos reservatórios de Furnas em 2014 – (FURNAS, 2015).

2.6.11 Manutenção do sistema

Segundo Furnas (2015), a empresa adota o modelo denominado por Manutenção

Centrada na Confiabilidade (MCC) onde são identificadas as funções e padrões de

desempenho dos equipamentos e realizado um levantamento das possibilidades de falha,

assim como suas prováveis causas e consequências. Sendo assim, as estratégias de

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manutenção, sejam elas preditivas, preventivas, corretivas ou detectivas podem ser

aplicadas de modo a se buscar resultados otimizados no que tange a segurança, a

eficiência e a disponibilidade dos equipamentos e instalações.

É importante destacar a importância do Plano geral de empreendimentos de

transmissão em instalações em operação (PGET), assim como do Plano geral de

empreendimentos de geração em instalações em operação (PGER), que são programas de

modernização dos sistemas de transmissão e geração respectivamente. Através de tais

programas a empresa busca a excelência operacional (FURNAS, 2015).

Somente visando reforçar o parque de transmissão de Furnas, foram investidos em

2014, no âmbito do PGET, R$ 429 milhões, além de outros R$ 92 milhões alocados em

projetos vinculados ao sistema de transmissão já atuante. Neste mesmo contexto, foram

concluídos entre 2011 e 2014, 75 projetos de reforços e melhorias (FURNAS, 2015).

Conforme Furnas (2015), no que diz respeito ao PGER, busca-se a substituição

dos equipamentos analógicos por digitais, a troca de peças antigas de geradores e turbinas

por novos componentes de tecnologia superior e a substituição de elementos integrantes

mecânicos por hidráulicos, o que tornará possível a operação remota das usinas.

Para o ano de 2014, está prevista a continuação dos projetos de modernização das

UHEs Furnas e Luiz Carlos Barreto de Carvalho. Também estão planejadas atividades

relacionadas à modernização das UHEs Mascarenhas de Moraes, no início de 2016, Funil,

início de 2017 e Porto Colômbia, início de 2019 (FURNAS, 2015).

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3 ESTUDO DE CASO

Nesta etapa do trabalho, busca-se analisar a empresa sob a ótica da fundamentação

teórica apresentada, para posteriormente gerar recomendações de acordo com os

resultados obtidos.

3.1 Definição do método de avaliação

Por se tratar de um modelo simplificado e de mais fácil entendimento em sua forma

final, foi escolhida a metodologia de Gordon para o presente estudo. Dessa forma, reduz-

se a complexidade da empresa abordada, permitindo uma análise mais direta. Nesse caso,

utilizou-se a subsidiária Furnas para permear o estudo.

A definição das variáveis utilizadas, assim como as premissas adotadas para a

composição do cálculo inerente ao modelo, serão abordadas a seguir.

3.2 Premissas utilizadas

3.2.1 Taxa de remuneração aos investidores

De acordo com o MME, a taxa de remuneração básica permitida ao setor elétrico

é de 12%. Esta taxa de remuneração corresponde ao valor líquido que será repassado aos

acionistas considerando já pagos os impostos. Segundo a ANEEL, agência responsável

pelo cálculo e divulgação da referida taxa, são utilizadas regras de cálculo de custo médio

ponderado de capital, o que leva em conta as relações existentes entre o risco e o retorno

dos investimentos.

3.2.2 Dividendos para o próximo período

Para a definição dos dividendos a serem distribuídos no próximo período, ou seja,

no ano seguinte, buscou-se, primeiramente, analisar os dividendos distribuídos nos anos

de 2005 a 2016, entendendo os motivos que levaram à obtenção de tais resultados e,

posteriormente, utilizá-los para a composição de uma série temporal que nos auxilie em

uma previsão.

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A simples disposição dos valores distribuídos pode ser observada a seguir:

Ano Dividendos

2004 R$ 129.306.000,00

2005 R$ 153.411.946,74

2006 R$ 119.479.000,00

2007 R$ 363.416.000,00

2008 R$ 1.343.855.000,00

2009 R$ 370.755.000,00

2010 R$ 753.198.448,81

2011 R$ 632.992.033,80

2012 R$ 432.729.052,90

2013 R$ 432.729.052,90

2014 R$ -

2015 R$ -

Tabela 13: Dividendos distribuídos anualmente pela Eletrobras.

Fonte: Elaborado a partir de demonstrações financeiras anuais da Eletrobras.

No ano de 2005, foi verificada a recuperação da venda da energia existente, sendo

a mesma promovida, em sua maioria, devido aos leilões de energia, iniciados em

dezembro de 2004, onde a Eletrobras participou de forma ativa, seja individualmente ou

através de parcerias com o setor privado, obtendo também concessões para novos

empreendimentos. Essa atuação proporcionou um resultado levemente superior em

relação a 2004 (ELETROBRAS, 2006).

O ano de 2006 foi marcado pela consolidação das estratégias empresariais da

empresa, que acompanhou a tendência das grandes organizações, de modo que ampliou

sua transparência e implementou novos modelos de gestão e governança corporativa,

além de buscar atender a critérios presentes da lei Sarbanes-Oxley, necessários para a

passagem do American Depositary Receipts (ADRs) do nível 1 para o nível 2,

conquistando assim, maior confiança dos investidores na Bolsa de Valores de Nova York,

levando a empresa a obter grande sucesso nas captações financeiras. Os recursos obtidos

foram utilizados em grande parte no setor interno, através de investimentos em novos

empreendimentos de geração e transmissão de energia, além da participação em diversos

programas e ações socioambientais (ELETROBRAS, 2007).

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Em 2007, a Eletrobras implantou o Comitê de Sustentabilidade das Empresas do

Sistema Eletrobras, onde se buscou aliar as dimensões sociais, ambientais e as boas

práticas de governança corporativa, com o objetivo de interferir positivamente na

dimensão econômica, promovendo a sustentabilidade interna, a diversidade e a ética na

aplicação de seus negócios. Devido a este empenho, a Eletrobras foi inserida pela

Bovespa no seleto grupo que compõe o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). As

adequações referentes à Lei Sarbanes-Oxley continuaram, visando consolidar ainda mais

as práticas de governança corporativa na empresa. Além disso, houve a conclusão de

diversos de seus empreendimentos, ou etapas dos mesmos, ampliando assim, o parque

gerador da empresa. Foi um ano de colheita onde os dividendos obtidos mais do que

triplicaram em relação ao ano anterior (ELETROBRAS, 2008).

Em 2008, a Eletrobras obteve o maior resultado do período analisado, novamente,

mais de três vezes maior que o período anterior. Tal resultado é devido, dentre outros

fatores, à sanção da Lei 11.651, que ampliou a flexibilidade da empresa que a mesma

atuasse no setor internacional e possibilitando o desenvolvimento de consórcios

empresariais e a participação em sociedades internas e externas ao país. Esse resultado

também foi devido à reformulação dos negócios da empresa nas regiões Norte e Nordeste

no intuito de reduzir custos e realizar um planejamento estratégico integrado. Além disso,

empresas do sistema Eletrobras saíram vitoriosas dos leilões da hidrelétrica de Jirau e das

linhas de transmissão para as usinas do Rio Madeira e da linha Tucuruí-Manaus-Macapá

(ELETROBRAS, 2009).

Em relação ao ano de 2009, a Eletrobras consolidou grandes conquistas, frutos

das transformações realizadas desde 2008. Além disso, a sanção da Lei 12.111, definindo

condições do serviço de energia nos Sistemas Isolados, trouxe perspectiva de recuperação

da saúde financeira de algumas de suas subsidiárias que se encontravam em dificuldades.

Ressalta-se que os investimentos nas obras de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira,

continuaram, além de notável expansão das linhas de transmissão, garantindo a maior

parte das linhas leiloadas, no período em questão, pela ANEEL, por parte de empresas do

Sistema Eletrobras. Entretanto, a crise de liquidez, praticamente em todo o mundo,

restringiu o crescimento econômico do presente setor, assim como de vários outros

(ELETROBRAS, 2010).

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O ano de 2010 foi marcado pelas consequências do processo de transformação

iniciado em 2007, de modo que foram inaugurados diversos escritórios no exterior e

realizadas participações efetivas nas maiores obras de infraestrutura do Brasil. A

Eletrobras não teve problema em captar R$ 1 bilhão no mercado internacional,

possibilitando assim a alavancagem dos negócios da empresa tanto no Brasil como no

próprio exterior (ELETROBRAS, 2011).

Em 2011, a holding obteve lucro de R$ 3,73 bilhões, o que se configura 66%

acima do obtido no ano de 2010. Nessa ocasião houve forte influência da variação cambial

e resultados positivos advindos de melhorias na eficiência operacional. Embora o elevado

lucro, os dividendos foram mais baixos do que no período anterior, pois a holding investiu

um total de R$ 10 bilhões, recorde histórico até sua ocasião, em expansão do parque

gerador e das linhas de transmissão e distribuição, assim como na revitalização de parte

da infraestrutura já existente (ELETROBRAS, 2012).

Para o ano de 2012, embora a Eletrobras tenha realizado um total de investimentos

da ordem de R$ 9,9 bilhões e alcançado um recorde mundial de geração através da

hidrelétrica Itaipu Binacional, atingindo 98,3 milhões de MWh, os efeitos da Lei 12.783

foram extremamente nocivos para a empresa. Tal lei propôs o vencimento antecipado dos

contratos de concessão, considerando automática a prorrogação dentro de condições

estabelecidas pelo Governo Federal, a alternativa seria a relicitação da concessão. A

holding manteve suas atividades e o contrato de concessão, auferindo grande prejuízo,

que deve ser considerado pontual, resultantes dos efeitos da aplicação da lei supracitada

(ELETROBRAS, 2013).

O ano de 2013 foi marcado pelo forte contingenciamento do orçamento de

materiais, serviços e outras despesas. A companhia atuou ativamente visando à obtenção

do valor remanescente das indenizações provenientes dos efeitos da Lei 12.783/2013,

sendo que os valores justos estão sendo discutidos junto a ANEEL. A empresa auferiu

prejuízo neste ano, no entanto melhorou o EBITDA em 50% em relação ao ano de 2012

(ELETROBRAS, 2014).

Em 2014, a geração de energia por parte das hidrelétricas foi afetada pela crise

hídrica sem precedentes, de modo que, visando preservar os reservatórios, o ONS limita

o despacho energético, impossibilitando a Eletrobras de gerar energia suficiente para

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atender aos montantes contratuais, expondo a mesma ao mercado de energia de curto

prazo, sendo liquidada financeiramente ao valor de PLD (Preço de Liquidação das

Diferenças), que busca encontrar uma solução equilibrada entre o benefício presente de

uso da água e o benefício futuro de seu armazenamento. A empresa demonstrou prejuízo,

porém desta vez não foram direcionados recursos para o pagamento de dividendos, sendo

os mesmos nulos. (ELETROBRAS, 2015).

Para o ano de 2015, a Eletrobras auferiu prejuízo referente ao primeiro semestre,

sendo apontada como a principal causa do problema os reflexos das novas tarifas de

geração e transmissão de energia elétrica, sendo as concessões dos referidos ativos

renovadas de acordo com a Lei 12.783/2013. Além disso, houve também aumento da

energia comprada para revenda, influenciada principalmente pela exposição de Furnas

advinda dos baixos níveis de seus reservatórios. Neste mesmo período, as investigações

referentes a um suposto esquema de corrupção envolvendo a Eletrobras também

prejudicaram suas atividades e o nível de confiança do investidor (ELETROBRAS,

2015).

Devido à complexidade dos eventos que atribulam a holding, tais como a crise

hídrica, os termos compulsórios da Lei 12.783/13 e as denúncias de corrupção, prevê-se

a manutenção do prejuízo para o ano de 2015, assim como para o ano seguinte, 2016. Os

efeitos da lei citada se estenderiam até 2017, que seria a época do vencimento original

das concessões estabelecidas anteriormente. Sendo assim, devido aos prejuízos

esperados, não é prevista a distribuição de dividendos para os anos de 2015 e 2016.

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Gráfico 4: Progressão dos dividendos da Eletrobras.

Fonte: Elaborado a partir de demonstrações financeiras anuais da Eletrobras.

Para o cálculo dos dividendos esperados para daqui a um ano, no caso para o ano

de 2017, decidimos por utilizar um método baseado em média geométrica, que leva em

consideração as diferenças entre os valores ocorridos caso a caso, de modo a determinar

a taxa média de crescimento e, posteriormente, aplica-la ao último valor ocorrido dos

dividendos. Entretanto, não poderíamos multiplicar os valores incorridos de 2014 a 2016,

pois devido ao prejuízo contabilizado pela empresa, os dividendos auferidos se

apresentaram nulos. Por esse motivo e por apresentar dados não habituais, ou seja, que

destoam do desempenho padrão da empresa, devido aos efeitos da Lei 12.783/13, já citada

anteriormente, não utilizamos os anos de 2014 a 2016 para compor a previsão de

dividendos distribuídos de 2017.

Dessa forma, utilizaremos o seguinte cálculo para compor a taxa média de

crescimento dos dividendos:

𝑡𝑐𝑚é𝑑𝑖𝑎 = √∑(1 + 𝑡𝑐𝑖

𝑛

𝑖=1

)𝑛

− 1

Onde:

𝑡𝑐𝑚é𝑑𝑖𝑎 = taxa média de crescimento

(R$200)

R$0

R$200

R$400

R$600

R$800

R$1.000

R$1.200

R$1.400

R$1.600

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Milh

ões

Dividendos

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n = número de ocorrências analisadas

i = número da ocorrência

𝑡𝑐𝑖 = taxa de crescimento do ano i-1 para o ano i

Sendo que a taxa de crescimento da ocorrência i será definida por:

𝑡𝑐𝑖 = 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠𝑖 − 𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠𝑖−1

𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠𝑖−1

Desse modo, através da fórmula supracitada foi constituída a seguinte tabela:

valores:

Ano Dividendos Diferenças tc tc + 1

2004 R$ 129.306.000,00 - - -

2005 R$ 153.411.946,74 R$ 24.105.946,74 0,186426 1,1864256

2006 R$ 119.479.000,00 -R$ 33.932.946,74 -0,22119 0,7788116

2007 R$ 363.416.000,00 R$ 243.937.000,00 2,041673 3,0416726

2008 R$ 1.343.855.000,00 R$ 980.439.000,00 2,697842 3,6978421

2009 R$ 370.755.000,00 -R$ 973.100.000,00 -0,72411 0,2758891

2010 R$ 753.198.448,81 R$ 382.443.448,81 1,031526 2,0315261

2011 R$ 632.992.033,80 -R$ 120.206.415,01 -0,15959 0,8404054

2012 R$ 432.729.052,90 -R$ 200.262.980,90 -0,31638 0,6836248

2013 R$ 432.729.052,90 R$ 0 0 1

Tabela 14: Construção das variáveis para aplicação da média geométrica.

Fonte: Elaborado a partir de demonstrações financeiras anuais da Eletrobras.

Após aplicar os valores da coluna tc + 1 na fórmula da taxa média de crescimento,

o valor obtido para tal variável foi de 0,1436. Tal valor, aplicado à última distribuição de

dividendos retorna um dividendo de R$ 494.885.411,48 para o próximo período, o ano

de 2017. Considerando, devido ao fim dos efeitos negativos gerados pela Lei 12.783/13,

a retomada dos lucros a partir do ponto onde os mesmos cessaram.

Outro caminho para quantificar os dividendos do ano seguinte, com base da

regressão linear, seria através da previsão do lucro líquido, onde posteriormente seria

utilizada a taxa de remuneração básica da Eletrobras para seus acionistas, que em seu

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estatuto é estabelecida em 25% deste lucro líquido, ajustado nos termos da legislação

societária da empresa. Entretanto, a remuneração proposta sempre se mostrava superior a

esse percentual, não seguindo um parâmetro exposto nas demonstrações financeiras da

organização, o que dificultaria a manutenção da acurácia nessa forma de cálculo,

aumentando a possibilidade de erros.

3.3 Taxa perpétua de crescimento dos dividendos

Para definirmos a taxa de crescimento perpétuo dos dividendos, no cenário mais

provável, utilizaremos uma relação direta entre os dividendos e o PIB (Produto Interno

Bruto) no período analisado. Para isso, em um primeiro momento, vamos encontrar um

percentual médio do que os dividendos distribuídos pela empresa representam segundo

PIB. Basicamente, dividiremos anualmente o valor dos dividendos pelo valor do PIB e

faremos uma média aritmética ao final.

Ano Dividendos PIB Dividendos/PIB

2004 R$ 129.306.000,00 R$ 1.959.000.000.000,00 6,60061E-05

2005 R$ 153.411.946,74 R$ 2.172.000.000.000,00 7,06317E-05

2006 R$ 119.479.000,00 R$ 2.410.000.000.000,00 4,95763E-05

2007 R$ 363.416.000,00 R$ 2.718.000.000.000,00 0,000133707

2008 R$ 1.343.855.000,00 R$ 3.108.000.000.000,00 0,000432386

2009 R$ 370.755.000,00 R$ 3.328.000.000.000,00 0,000111405

2010 R$ 753.198.448,81 R$ 3.887.000.000.000,00 0,000193774

2011 R$ 632.992.033,80 R$ 4.375.000.000.000,00 0,000144684

2012 R$ 432.729.052,90 R$ 4.713.000.000.000,00 9,18161E-05

2013 R$ 432.729.052,90 R$ 5.158.000.000.000,00 8,38947E-05

2014 R$ - R$ 5.521.000.000.000,00 0 Tabela 15: Relação anual entre os dividendos distribuídos e o PIB.

Fonte: Elaborado a partir de demonstrações financeiras anuais da Eletrobras e do PIB brasileiro.

Dessa forma, realizando uma simples média na coluna “Dividendos/PIB”, foi

obtido um valor de 0,000137788.

O próximo passo é encontrar uma média geométrica que possa esboçar uma

variação média do PIB. Para este cálculo, foi utilizada a mesma teoria apresentada no

item anterior, sendo constatada uma variação média de 0,1092.

Por fim, acrescentando ao primeiro fator a variação encontrada no segundo e

posteriormente trazendo para a mesma ordem de grandeza dos dividendos, encontramos

um valor aproximado de 0,015, ou seja, 1,5%, para a taxa de crescimento perpétuo.

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3.4 Cálculos

Tendo por base o cenário básico, ou seja, o mais provável, utilizamos as variáveis

obtidas no item anterior para compor a equação do modelo utilizado.

A relação entre as variáveis é expressa através da fórmula já apresentada referente

ao modelo de Gordon.

𝑃0 =𝐷1

(𝑘 − 𝑔)

Onde:

Po = valor teórico da ação

D1 = valor dos dividendos esperados para daqui a 1 ano

k = taxa de retorno exigida para a ação pelos investidores

g = taxa perpétua de crescimento dos dividendos

Os valores das variáveis utilizadas e o obtido para o preço são apresentados na

tabela a seguir:

D1 K g P

R$ 494.885.411,48 0,12 0,015 R$ 4.713.194.395,05

Tabela 16: Valor total das ações da ELET3 para o cenário mais provável.

Fonte: Elaboração própria

Observa-se um preço total estimado para as ações ordinárias da Eletrobras,

ELET3, de R$ 4.713.194.395,05.

3.5 Análise dos resultados

O objetivo deste tópico é comparar o preço obtido através do modelo de Gordon

para as ações da Eletrobras com o preço praticado atualmente no mercado. Para isso

dividiremos o preço total das ações pelo volume de ações disponíveis da empresa,

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obtendo assim, o preço médio teórico de cada ação da Eletrobras para o cenário

econômico mais provável.

Na BM&FBovespa, as ações da Eletrobras são denominadas por ELET6 ou

ELET3, sendo que a primeira se refere às ações preferenciais, que são as que possuem

prioridades na distribuição dos dividendos, entretanto não conferindo direito a voto na

assembléia geral da empresa. Já a segunda, diz respeito às ações ordinárias, que são

aquelas que conferem ao portador os direitos essenciais do acionista, como a

possibilidade de voto nas assembleias.

Para este estudo, serão utilizadas as ações ordinárias da empresa, ou seja, ELET3.

Sendo assim, o volume total de ações existentes é de 1087050297, de modo que, ao

término do dia 31 de Julho de 2015, apenas 947700 estavam sendo negociadas na

BM&FBovespa, sendo que o preço em vigência era de R$5,64 por ação.

O preço teórico obtido para cada ação ELET3 através da aplicação do modelo de

Gordon foi de R$ 4,34. Para este cálculo, bastou-se dividir o preço total teórico das ações

ordinárias pelo número total de ações disponíveis.

No cenário mais provável, observa-se então um valor de R$ 4,34 por ação, o que

representa R$ 1,30 a menos em relação ao preço praticado atualmente.

Sendo assim, ao levar em consideração o cenário mais provável, as perspectivas

futuras para a Eletrobras não se apresentam otimistas, mostrando que a compra de suas

ações ordinárias não se configura como um investimento inteligente, pois devido à

discrepância de valores apresentada, existe tendência de desvalorização do ativo.

Sob esta ótica negativa em relação às ações da ELET3, para um investidor mais

conservador recomenda-se que estas sejam vendidas enquanto ainda estão em alta com

relação ao preço teórico, evitando futuros prejuízos.

Caso o investidor possua um perfil mais arrojado, existem estratégias para que

lucre com esta possível queda. O aluguel de ações é uma delas. Um investidor poderia

alugar determinada quantia de ações da empresa em questão, vende-las enquanto estão

em alta relativa, para depois compra-las mais baratas no ato de devolução ao proprietário

original, embolsando a diferença.

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Outra alternativa para lucrar com a referida queda desta ação, seria adentrar no

mercado de opções, onde, segundo a própria BM&FBovespa, é o mercado onde são

negociados os direitos de compra ou venda de um lote de ações, estabelecendo

previamente preços e prazos de exercício. Dessa forma, poderiam ser adquiridas opções

de venda onde o valor estabelecido para negociação seja elevado em comparação com a

perspectiva de preço futuro destas ações. Sendo assim, mesmo que a ação tenha sofrido

quedas relevantes, o detentor da opção de venda poderá vendê-la por um preço mais

elevado.

Ainda há outras formas de lucrar com a queda das ações, como por exemplo, os

fundos long short, os fundos quantitativos e os fundos de capital protegido.

4 CONCLUSÃO

Neste estudo, conseguimos descrever a estrutura de funcionamento do mercado

de energia elétrica no Brasil, para então abordarmos de modo prático algumas das

metodologias utilizadas para avaliação de empresas, finalizando com um estudo de caso

de valoração de empresas, aplicando o método de Gordon para a Centrais Elétricas

Brasileiras, Eletrobras, empresa estatal do setor de energia elétrica, atualmente instalada

em todo o território nacional.

Depois de aplicado o modelo de Gordon para a obtenção de um preço teórico em

um cenário mais provável, foi realizada uma comparação com os preços atualmente

praticados no mercado para as ações da Eletrobras, mais especificamente ELET3, de

modo que pudessem ser verificadas possíveis discrepâncias e desenvolvidas estratégias

de investimento gerais para a situação apresentada.

Foi determinado que o preço praticado no mercado através de suas ações

ordinárias, ELET3, se apresenta superior ao preço obtido no cenário básico analisado,

definindo que o investimento em questão deve ser evitado. Entretanto, para investidores

que possuem maior conhecimento sobre alternativas de investimento e que ao mesmo

tempo, demonstrem um perfil que possibilite maior risco em sua carteira, foram

apresentadas algumas estratégias que poderiam proporcionar lucro através da previsão de

queda das ações ELET3.

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É interessante destacar que o modelo de Gordon apresenta limitações e possíveis

deficiências. A aplicação do mesmo apresenta resultados mais satisfatórios quando a

empresa a ser analisada é considerada estável no mercado, apresentando dividendos

crescendo a uma taxa que possa ser identificada a longo prazo (DAMODARAN, 1999

apud GELEILATE, 2008).

Levando em consideração o estudo de caso, podemos abordar algumas

deficiências na implementação do modelo em questão. O modelo de Gordon, como dito

anteriormente, provê melhores resultados para empresas estáveis. No caso, a Eletrobras

apresentava dificuldades financeiras no final do período analisado, o que dificultaria

estimar lucros e, consequentemente, os dividendos provenientes do próximo ano. No

entanto, tal situação não impossibilitaria a utilização do modelo de Gordon, somente

tornaria o resultado obtido menos exato.

O presente estudo apresenta possibilidades de complementação, já que existem

algumas questões que não foram aqui abordadas. Poderia ter sido realizada uma análise

das perspectivas futuras do mercado de energia elétrica, levando em consideração

também a concorrência para composição dos preços futuros. Questões referentes ao prazo

de concessão do fornecimento de energia também não foram abordadas, tão quanto

possíveis mudanças na legislação e questões socioambientais.

O trabalho poderia ser estendido de modo a abranger maior utilização de

ferramentas estatísticas no que se relaciona a possibilidade de ocorrência de diferentes

cenários, de modo a fornecer embasamento para o cálculo de um preço teórico composto

das ações da empresa, facilitando assim, o processo decisório de um modo geral.

Outra possibilidade que viria a enriquecer o estudo seria a utilização simultânea

de diversos métodos de valoração de empresas, posteriormente os comparando e

definindo aquele que melhor descreve a situação da organização em questão no momento

abordado no trabalho.

De um modo geral, o projeto obteve um resultado positivo, tanto para fins

acadêmicos quanto para fins de compreensão e análise do mercado de energia elétrica.

Além de colaborar para o entendimento da situação da empresa analisada sob a ótica da

situação econômica vigente.

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