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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental Análise da paisagem de uma área reflorestada no município de Cerro Negro, SC Ac: Germano Guidali Koeche Orientador: Rosemeri Marenzi, Doutora Co-orientador: Hélia Espinoza, Mestre Itajaí, Junho/2013

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U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

Análise da paisagem de uma área reflorestada

no município de Cerro Negro, SC

Ac: Germano Guidali Koeche

Orientador: Rosemeri Marenzi, Doutora

Co-orientador: Hélia Espinoza, Mestre

Itajaí, Junho/2013

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U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Análise da paisagem de uma área reflorestada

no município de Cerro Negro, SC

Germano Guidali Koeche Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Itajaí, Junho /2013

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais José Luiz e Jane, a meus irmãos

Felipe e Betina, a minha avó Celira Koeche e a

minha namorada Maria Eduarda, pela paciência e

amor que me dedicam.

Aos meus professores orientadores Rosemeri

Carvalho e Hélia Farias.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Rosemeri Marenzi Carvalho pela atenção e incentivo em todas as

orientações e por sua amizade.

À minha co-orientadora Hélia Farias Espinoza por toda atenção e paciência dedicada nas

frequentes orientações e por sua amizade.

Aos professores avaliadores da banca Dalva Sofia Schuch e Rafael Sperb.

Aos meus pais por me bancarem financeiramente por todos esses anos e principalmente

pelo carinho e amor dedicado em todos os momentos.

À minha namorada Maria Eduarda Ristow, por todo amor, carinho e principalmente apoio e

incentivo na realização deste trabalho.

Aos meus irmãos, pela amizade, companheirismo e amor.

Aos colegas pelos momentos vividos juntos e a amizade que partilhamos.

As amizades mais próximas que fiz durante toda faculdade.

Aos meus amigos/colegas que me deram dicas, força, e apoio.

A professora Cristina Ono Horita pela sua amizade e atenção dentro e fora da sala de aula.

Ao professor Franklin Misael Pacheco Tena pelo método didático e facilidade de ensinar,

facilitando o meu aprendizado.

E a todos os professores.

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RESUMO

Uma das maiores ameaças ao meio ambiente são as pressões antrópicas que geram

fragmentações no ambiente natural, por consequência gerando a perda de habitats e da

biodiversidade. A exploração madeireira da Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de

Araucária na região da Serra Catarinense estimulou o desenvolvimento e o crescimento dos

municípios da Serra, favorecendo a economia local, mas incorrendo em impactos de

fragmentação. Este trabalho teve como objetivo analisar a paisagem de uma propriedade

particular localizada no município de Cerro Negro, na Serra Catarinense. A propriedade

estudada tem reflorestamento de oito tipos de madeira para corte, Cryptomeria japônica,

Cupressus lusitânico, Eucalipto (benthamii e dunnii), Pinus (elliotii, greggi, patula e taeda).

Por meio do geoprocessamento a partir da utilização do sistema de informação geográfico

Spring 5.2.2 e a utilização de imagens de satélite e cartografia foram elaboradas mapas de

uso e ocupação do solo e identificação das diferentes Áreas de Preservação Permanente

(APPs). Desta forma, foi possível analisar a estrutura espacial da paisagem (manchas,

matriz e corredores) e propor o cenário ideal com medidas voltadas para a conservação da

biodiversidade, com o intuito de fornecer a proteção dos recursos naturais da propriedade e

ao mesmo tempo manter suas atividades econômicas. Com isso pode-se concluir que houve

conflito do reflorestamento principalmente com a Floresta Ombrófila Mista, a qual sofreu

fragmentação de habitat, causando alguns impactos negativos. Para isso foi proposto no

cenário ideal à retirada de 81,11 ha de reflorestamento em conflito, para a reflorestação

desses locais com mudas nativas, assim seguindo a legislação, melhorando o fluxo de

genes entre as florestas e contribuindo com a biodiversidade local.

Palavras-chaves: Ecologia da Paisagem, conservação, reflorestamento.

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ABSTRACT

One of the biggest threats to the environment is the anthropogenic pressures that cause

fragmentation of the natural environment, therefore causing the loss of habitats and

biodiversity. The logging of the Rain Forest and Araucaria Forest in the mountain range of

Santa Catarina stimulated the development and growth of the municipalities of favoring the

local economy, but incurring impacts of fragmentation. This study aimed to analyze the

landscape of a private property located in the municipality of Cerro Negro, in the mountain

range of Santa Catarina. The property has studied reforestation eight types of wood to cut,

Cryptomeria japonica, Cupressus Lusitanic, Eucalyptus (benthamii and dunnii), Pinus (elliotii,

Greggi, patula and taeda). Through the GIS from the use of Geographic Information System

Spring 5.2.2 and using satellite images and maps were prepared maps and land use and

identification of different Areas of Permanent Preservation (APPs). Thus, it was possible to

analyze the spatial structure of the landscape (patches, corridors and matrix) and propose

the ideal scenario with measures for the conservation of biodiversity, in order to provide

protection of the natural resources of the property and at the same time maintaining their

economic activities. Thus it can be concluded that there was conflict of reforestation

especially with Araucaria forest, which has suffered fragmentation of habitat, causing some

negative impacts. With this ideal scenario has been proposed in the withdrawal 81,11 há of

reforestation in conflict, to reforest these areas with native plants, thus following the law,

improving the flow of genes between forests and contributing to local biodiversity.

Keywords: Landscape ecology, conservation, reforestation.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... i

AGRADECIMENTOs ............................................................................................................. iii

Resumo ................................................................................................................................ iv

Abstract ................................................................................................................................. v

Sumário ................................................................................................................................ vi

1 Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1 Objetivos ................................................................................................................. 3

1.1.1 Geral ................................................................................................................ 3

1.1.2 Específicos ....................................................................................................... 3

2 Fundamentação Teórica ................................................................................................. 4

2.1 Ecologia da Paisagem ............................................................................................. 4

2.1.1 Conceito ........................................................................................................... 4

2.1.2 Estruturas da Paisagem ................................................................................... 5

2.1.3 Fragmentação de Habitat ................................................................................. 7

2.1.4 Efeito de Borda ................................................................................................. 8

2.2 Trabalhos Sobre Ecologia da Paisagem .................................................................. 8

2.3 Floresta Ombrófila Mista ........................................................................................ 10

2.4 Campos de Altitude ............................................................................................... 14

2.5 Reflorestamento .................................................................................................... 16

2.5.1 Impacto do Reflorestamento ........................................................................... 17

2.5.2 Medidas de Mitigação de Impactos ................................................................. 19

2.6 Legislação Ambiental Pertinente ............................................................................ 20

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3 Sistema de Informação Geográfica ............................................................................... 23

4 Metodologia .................................................................................................................. 24

4.1 Área de Estudo ...................................................................................................... 24

4.1.1 Localização Geográfica e Caracterização ....................................................... 24

4.1.2 Características Gerais do Município ............................................................... 25

4.1.3 Característica das Espécies Reflorestadas da Área de estudo ....................... 26

4.2 Procedimentos Metodológicos ............................................................................... 28

4.2.1 Elaboração de mapas ..................................................................................... 28

5 Resultados e Discussão ............................................................................................... 38

5.1 Uso e Cobertura do Solo ....................................................................................... 38

5.2 Área de Preservação Permanente (APP) .............................................................. 43

5.3 Estrutura Espacial da Paisagem ............................................................................ 47

5.4 Proposta de Cenário Ideal ..................................................................................... 53

6 Considerações Finais ................................................................................................... 60

6.1 Recomendações .................................................................................................... 61

7 Referências .................................................................................................................. 62

8 Bibliografia consultada .................................................................................................. 66

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Perfil esquemático da Floresta Ombrófila Mista..................................................... 13

Figura 2: Perfil esquemático dos Estepes............................................................................. 15

Figura 3: Localização da área de estudo, fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC................. 25

Figura 4: Imagem base para os mapeamentos da Fazenda dos Tijolos e o entorno, Cerro

Negro, SC.............................................................................................................................. 30

Figura 5: Etapas do procedimento metodológico.................................................................. 31

Figura 6: Processo de mapeamento do uso e cobertura do solo.......................................... 32

Figura 7: Processo de mapeamento das áreas de preservação permanente....................... 34

Figura 8: Processo de mapeamento da estrutura espacial da paisagem. ............................ 36

Figura 9: Processo de mapeamento do cenário ideal........................................................... 37

Figura 10: Mapa de Uso e Ocupação da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC. ............... 39

Figura 11: Mapa de APPs da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC................................... 44

Figura 12: Mapa da Estrutura Espacial da Paisagem da Fazenda dos Tijolos e o entorno,

Cerro Negro, SC. .................................................................................................................. 48

Figura 13: Machas de F.O.M. da Estrutura Espacial da Paisagem da Fazenda dos Tijolos e o

entorno, Cerro Negro, SC...................................................................................................... 51

Figura 14: Mapa das áreas a serem recuperadas para atingir o Cenário Ideal da Fazenda

dos Tijolos, Cerro Negro, SC................................................................................................. 54

Figura 15: Comparativo do cenário real com o cenário ideal da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.............................................................................................................................. 57

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1: Principais Leis ambientais pertinentes a nível federal......................................... 20

Quadro 2: Principais Leis ambientais pertinentes a nível estadual...................................... 22

Quadro 3: Principais Leis ambientais pertinentes a nível municipal. ................................... 23

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LISTA DE TABELA

Tabela 1: Dados do uso e cobertura do solo da fazenda dos Tijolos – Cerro Negro, SC..... 40

Tabela 2: Dados das espécies cultivadas na fazenda dos Tijolos – Cerro Negro, SC. ........ 42

Tabela 3: Tipologias em conflito com APP dos cursos d’água da Fazenda dos Tijolos, Cerro

Negro, SC. ............................................................................................................................ 45

Tabela 4: Tipologias em conflito com a APP dos topos de morro da Fazenda dos Tijolos,

Cerro Negro, SC. .................................................................................................................. 46

Tabela 5: Área e quantidade das tipologias consideradas mancha para analise da paisagem

da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC

............................................................................................................................................... 49

Tabela 6: Área e quantidade das manchas do tipo F.O.M. interna e externa da Fazenda dos

Tijolos, Cerro Negro, SC. ...................................................................................................... 49

Tabela 7: Área e quantidade dos tipos de corredores da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro,

SC. ........................................................................................................................................ 50

Tabela 8: Área e as subdivisões por curso d’água e estradas de cada mancha de F.O.M da

Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.................................................................................. 52

Tabela 9: Total das áreas (ha) recuperadas para alcançar o cenário ideal da Fazenda dos

Tijolos, Cerro Negro, SC........................................................................................................ 55

Tabela 10: Comparação da área e proporcionalidade do cenário real com o cenário ideal da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.................................................................................. 58

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LISTA DE ABREVIATURAS

APP – Área de Preservação Permanente

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DAP – Diâmetro a Altura do Peito (corresponde a 1,30 metros do solo)

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MMA – Ministério do Meio Ambiente

PIB – Produto Interno Bruto

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SIG – Sistema de Informação Geográfica

SRTM – Shuttle Radar Topographic Mission

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1 INTRODUÇÃO

Com o grande crescimento populacional e econômico da humanidade nos últimos

séculos fez-se transformações no planeta, que antes eram grandes paisagens com florestas

naturais. Este processo de crescimento acelerado resultou na fragmentação florestal, isto é,

áreas extensas sendo reduzidas em uma grande coleção de ilhas de floresta constituídas

por manchas remanescentes das florestas originais cercadas por áreas alteradas pelo

homem (FERNANDEZ, 2000).

Segundo Primack e Rodrigues (2001) as maiores causas da destruição de habitat

são as atividades em larga escala, tais como mineração, pesca comercial, criação de gado,

silvicultura, agricultura, fabricação, construção de represas, entre outros. Para Muchailh

(2007) a maior ameaça para a biodiversidade é a fragmentação de habitat, gerando

consequências como o isolamento das formações e populações remanescentes, alteração

nos fluxos genéticos, intensificação das competições, alteração da estrutura e qualidade de

habitat, extinção e perda de biodiversidade.

Alguns cientistas alegam que controlar o tamanho da população humana é a chave

para a proteção da diversidade biológica. O crescimento e a acelerada demanda de

recursos naturais incorreram em perdas da biodiversidade. Outro fator relevante é a

desigualdade social devido a distribuição das riquezas estar nas mãos de uma pequena

porcentagem da população, assim resultando que as pessoas mais pobres no meio rural

sendo forçadas a destruir comunidades biológicas e caça à espécies em extinção por não

terem recursos próprio (PRIMACK; RODRIGUES, 2001).

Grande parte do estado de Santa Catarina possui uma topografia bastante

movimentada, onde a erosão se torna um dos fatores mais acentuados para a degradação

dos solos, portanto é necessário um estudo com a utilização destes espaços de forma mais

adequada. A forma de utilização mais adequada destes solos é o emprego de espécies

nativas, sendo as que melhor se prestam à preservação do ambiente microbiológico do solo.

Portanto, isto é um fator importantíssimo no desenvolvimento da vegetação e da

fauna (REITZ; KLEIN; REIS, 1979).

A humanidade necessita produzir madeira de forma ambientalmente correta, sendo o

reflorestamento uma opção adequada. Esse, pode ainda contribuir na redução do efeito

estufa, devido às árvores captar grande quantidade de CO2 através da fotossíntese, além de

possibilitar a conservação da biodiversidade aumentando o estoque de madeira. Porém, os

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reflorestamentos causam alguns impactos para a biodiversidade por substituírem a

vegetação nativa ou até mesmo o uso irregular e inconsciente (SCARPINELLA, 2002).

A biologia da agricultura, silvicultura, de gerenciamento da vida selvagem e da

piscicultura empregam-se basicamente com o desenvolvimento de métodos para administrar

poucas espécies. Essas disciplinas geralmente não cuidam da proteção de todas as

espécies encontradas nas comunidades ou as tratam como assunto secundário. A biologia

da conservação fornece uma abordagem mais teórica e geral nas disciplinas aplicadas para

a proteção da diversidade biológica, se diferenciando das outras disciplinas, pois leva em

consideração em primeiro lugar a preservação em longo prazo de todas as comunidades

biológicas e coloca os fatores econômicos em segundo plano. (PRIMACK; RODRIGUES,

2001)

Por meio do estudo da estrutura espacial da paisagem é possível analisar o padrão

da composição de manchas, matriz e corredores para a biodiversidade, pois normalmente

em uma paisagem alterada, a fragmentação não propicia uma continuidade de vegetação,

sendo utilizada diferentemente por espécies, populações ou comunidades (ZIEMBOWIC,

2011).

Um meio ambiente bem conservado significa um ambiente com boas condições dos

ecossistemas, comunidades e espécies, ou seja, um ambiente com grande valor econômico,

estético e social (PRIMACK; RODRIGUES, 2001).

Portanto, esse projeto objetiva analisar a paisagem de uma área reflorestada na

Serra catarinense no município de Cerro Negro, buscando entender a estrutura espacial

como forma de vislumbrar um cenário ideal e propiciar medidas de conservação da

biodiversidade conciliada ao uso econômico da propriedade.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Analisar a paisagem de uma área reflorestada no município de Cerro Negro da Serra

Catarinense visando à conservação da biodiversidade da fazenda.

1.1.2 Específicos

a) Atualizar mapa existente de uso e cobertura do solo do ano de 2006, fornecidos pela

empresa RR Gestão Florestal;

b) Mapear as diferentes áreas de preservação permanente de acordo com o código

florestal de 2012 e o código ambiental de Santa Catarina, com fins de subsidiar a

análise da paisagem;

c) Mapear e caracterizar a estrutura espacial da paisagem;

d) Propor cenário ideal com proposição de medidas voltadas a conservação da

biodiversidade da área de estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ECOLOGIA DA PAISAGEM

2.1.1 Conceito

Paisagem é uma área heterogênea composta de um conjunto de ecossistemas

interagindo e se repetindo de forma similar, ou seja, possui uma estrutura comum e

fundamental, composta pelos elementos fragmentos ou manchas, matriz e corredor

(FORMAN & GODRON, 1986). Baydry & Burel (2002) afirmam que a ecologia da paisagem

é considerada ao homem uma parte constituinte dos ecossistemas que formam a biosfera,

sendo um grande colaborador na integração das ciências naturais e sociais. Para Leite et al.

(2004), ecologia da paisagem é uma forma útil no estudo dos remanescentes de vegetação

nativa existente. Atualmente ela tem sido empregada para integralizar diferentes disciplinas

relacionadas com análise ambiental.

Segundo Crawshaw et al. (2007) ecologia da paisagem é um avanço da biologia na

compreensão das relações estabelecidas entre o meio ambiente com a modificação da

sociedade, ou seja, ela combina desde aspectos socioeconômicos até processos

ecológicos. Já Casimiro (2003) cita Bertrand (1968) em que a paisagem é a combinação

dinâmica dos elementos físicos, biológicos e antropogênicos que reagindo entre si tornam a

paisagem um conjunto único e indissociável. Para Rempel et al (2008) ecologia da

paisagem é a parte da ecologia que os resultados se dão com a inter-relação entre o

homem e a paisagem. Atualmente, a ecologia da paisagem é conhecida como uma ciência

básica para o desenvolvimento, manejo, conservação e planejamento da paisagem, assim

podendo avaliá-la com diferentes pontos de vista, permitindo que os processos biológicos

possam ser estudados em diversos tipos de escala temporais e espaciais (VALENTE, 2001).

O estudo dos processos biológicos atualmente foi considerado uma nova ciência que

emergiu da biologia da conservação, que é uma ciência multidisciplinar voltada para a

conservação da diversidade biológica atualmente, seguindo duas etapas: primeiro, entender

os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas e, segundo,

reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional. (PRIMACK &

RODRIGUES, 2001)

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2.1.2 Estruturas da Paisagem

A paisagem é formada através de um mosaico, sendo uma área heterogênea composta

por variedades de diferentes comunidades ou até mesmo de um agrupamento de

ecossistemas de tipos diferentes composto por três elementos principais: as matrizes, as

manchas e os corredores (ODUM, 2002; FORMAN & GODRON, 1986).

O estudo da estrutura espacial da paisagem indica a área necessária para uma certa

espécie usufruir como seus hábitat ou mesmo nicho ecológico. Normalmente em uma

paisagem modificada não existe uma continuidade de vegetação como em uma floresta

intacta, devido a isso, as manchas de fragmentação de vegetação são empregadas como

hábitat por uma espécie, população ou comunidade (BAUDRY & BUREL, 2002).

2.1.2.1 Matriz

Matriz é o elemento dominante em uma paisagem, sendo uma extensa área com

tipos de paisagem similares, na qual estão embutidas as manchas e corredores (ODUM,

2002). A matriz engloba todos os elementos da estrutura paisagística (BAUDRY & BUREL,

2002). Forman & Godron (1986) afirmam que em uma paisagem dominada por pastagem,

com diferentes tipos de fragmentos, o elemento matriz será pastagem, portanto, a matriz

dependerá da escala de investigação.

A matriz representa o tipo de elemento com maior conectividade e que ocupa a

maior extensão na paisagem, por este motivo, tem maior influência no funcionamento dos

outros ecossistemas (VALENTE, 2001).

2.1.2.2 Manchas

As manchas da paisagem são áreas homogêneas se diferenciando da matriz. Em

uma paisagem, as manchas possuem elementos que podem influenciar quanto a sua

utilidade, como o distanciamento, forma e tamanho. O distanciamento das manchas se

refere ao obstáculo da movimentação de fauna, sendo medido pelo grau de distanciamento

de habitat e considerando esse um dos principais fatores na preservação da extinção. A

forma e o tamanho estão diretamente relacionados com o efeito de borda (MEURER, 2011).

As manchas podem ser referidas como uma mancha de baixa qualidade ou de alta

qualidade, isso depende da cobertura vegetal, da qualidade das plantas e também da

composição específica (ODUM, 2002). Para Baudry & Burel (2002), um mosaico de

unidades de paisagem tem a mesma tipologia quando o mesmo é constituído por um

conjunto de manchas.

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2.1.2.3 Corredores

Corredor é um ambiente que se diferencia da matriz. É uma faixa natural ou planejada

associando duas ou mais manchas de habitat similar. Sua função na maioria das vezes é a

conectividade entre as manchas, porém sua funcionalidade não se restringe apenas em ligar

um fragmento a outro, sendo que existem espécies que habitam estes (ODUM,2002). Para o

autor, os corredores podem ser classificados em cinco tipos básicos: corredores de

perturbação, corredores plantados, corredores regenerados, corredores de recurso (natural)

e corredores remanescentes. Alguns corredores podem ter efeitos negativos, como

transmitindo doenças contagiosas.

No entanto, nem todo corredor conecta manchas, alguns tipos podem fragmentá-las

ainda mais. Para Formam & Godron (1981; 1986) os corredores podem ser classificados em

três diferentes tipos: as linhas, corredores de forma linear composto por estradas, trilhas,

cercas, diques e outros; Faixa corredores mais largos que as linhas e comumente com

presença de vegetação composta por autoestradas e sistemas de torres de energia, e

cursos d’água. Cada um destes corredores se difere pela sua largura e conectividade.

Marenzi (2004) cita Formam (1995) para estabelecer as diferentes funções sendo:

a) Habitat: é uma área de borda e microclima que contem uma combinação de recursos

(abrigo e alimento) e condições ambientais para a reprodução e sobrevivência das

espécies, ou seja, possibilitam maneiras de habitat para espécies generalistas,

invasoras e algumas introduzidas;

b) Condutor: é o fluxo de forma linear de determinadas espécies para o mesmo sentido

na exploração e reprodução, assim proporcionando uma condição natural;

c) Filtro: é o nível de permeabilidade na limitação entre mancha e matriz, podendo

impedir a presença, ou podendo permitir a penetração de algumas espécies, isto

depende do gradiente ambiental da borda das espécies;

d) Fonte: são as espécies que se movimentam ou vivem nos corredores que

desempenham recursos para a matriz adjacente, assim promovendo diversidade

genética;

e) Sumidouro: é o desaparecimento de espécies, sementes, sedimentos, entre outros,

que são carreados para o corredor e acabam ficando inativos ou morrendo por não se

depararem em condições adequadas. Um bom exemplo é o fluxo fluvial, vento, neve,

entre outros, que podem se armazenar nos corredores, assim propiciando a maior

exposição das espécies a predadores no ambiente mais aberto.

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Valeri & Senô (2012) classificam corredores como habitat, condutor ou dispersor, filtro

e barreira, fonte e sumidouro, basicamente com os mesmos conceitos apresentados

anteriormente.

2.1.3 Fragmentação de Habitat

Para Primack e Rodrigues (2001), as causas que podem levar uma espécie à extinção

podem ser desde as espécies que não estão adaptadas às condições ambientais do local,

que com o passar dos anos tem uma tendência de extinção de sobreviver no mesmo local,

até as causas mais significativas que são as perturbações em massa causadas pelo

homem, que tem alterado, degradado e destruído a paisagem rapidamente, destruindo

espécies e comunidades inteiras até o ponto de extinção. Para o mesmo Autor, as maiores

ameaças à diversidade biológica causadas pela ação humana são: destruição,

fragmentação, degradação de hábitat, superexploração das espécies para uso humano,

introdução de espécies exóticas e invasoras e o aumento de ocorrência de doenças.

A fragmentação de habitat esta cada vez mais comum nos dias de hoje, ou seja, áreas

extensas anteriormente são frequentemente divididas em pequenas áreas por estradas,

campos, cidades e outras atividades humanas. A fragmentação de habitat nada mais é do

que dividir uma área em outras. Portanto, quando o habitat é destruído, geralmente são

deixados pra trás fragmentos de habitat, assim sendo isolados uns dos outros fragmentos

por uma paisagem altamente modificada ou degradada. Estes fragmentos funcionam como

ilhas de habitat em um “mar”, ou seja, diferentes manchas de paisagem cercadas por uma

matriz (PRIMACK & RODRIGUES, op. cit).

Para Muchailh (2007) a maior ameaça para a biodiversidade é a fragmentação de

habitat, gerando consequências como o isolamento das formações e populações

remanescentes, alteração nos fluxos gênicos, intensificação das competições, alteração da

estrutura e qualidade de habitat, extinções e perda de biodiversidade. Fragmentação está

inserida na matriz variando seu tamanho, forma, tipo de heterogeneidade e limites

(FORMAN & GODRON, 1986).

A ameaça da biodiversidade biológica esta diretamente ligada a possível extinção de

alguma espécie, sendo que uma vez que uma espécie é extinta, a informação genética

única contida em seu DNA e a combinação especial de caracteres que ela possui, estarão

perdidas para sempre, assim tornando a comunidade em que esta espécie habitava

empobrecida (PRIMACK; RODRIGUES, 2001).

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2.1.4 Efeito de Borda

O efeito de borda é conhecido como áreas circundantes entre os fragmentos

vegetais remanescentes e também como o habitat dominante que influencia a intensidade

dos fluxos bióticos. Quanto menor for à relação entre o perímetro e a área, menor será a

borda. Os fragmentos florestais de formato irregular tem maior proporção de borda,

enquanto os fragmentos mais circulares sofrem menos com o efeito de borda (BAUDRY &

BUREL, 2002).

Devido a fragmentação de habitat, a quantidade de borda é aumentada, portanto os

efeitos de borda de fragmento se difere daquele no interior de uma floresta. Os efeitos de

borda mais importantes são: aumento no nível de luz, temperatura, umidade e vento. Esses

efeitos são frequentemente notáveis 35 metros para dentro da floresta, por exemplo, sendo

que espécies sensíveis à umidade são rapidamente eliminadas pela fragmentação do

habitat (PRIMACK; RODRIGUES, 2001). Para o mesmo autor, a largura da borda de um

fragmento florestal é essencial no planejamento, legislação e manejo de paisagens. Existem

diferentes larguras de bordas, devido à impossibilidade de definir uma única largura de

borda, assim existindo largura de borda para microclima, para composição de espécies

arbóreas, para densidade de plantas, entre outras.

Segundo Primack & Rodrigues (2001, pág. 102) “Quanto mais distante da borda, menor

seria a intensidade de borda”. A borda da floresta tem a função de preservar a composição

do fragmento de floresta, porém no processo a composição de espécies de borda é

altamente alterada e a área ocupada por espécies de interior de floresta é ainda mais

reduzida. Assim, a fragmentação de uma floresta causa o aumento de ventos, redução da

umidade e as temperaturas mais elevadas na borda, propiciando a ocorrência de incêndios.

Com a fragmentação de habitat aumenta as chances de invasão de espécies exóticas e

espécies nativas ruderais, ou seja, aumenta a vulnerabilidade do ambiente.

2.2 TRABALHOS SOBRE ECOLOGIA DA PAISAGEM

Ziembowicz (2012) estudou os maciços costeiros no centro norte de Santa Catarina no

por meio de uma análise da ecologia da paisagem, utilizando o uso e a cobertura do solo, os

aspectos sócio culturais, geológicos/geomorfológicos e a estrutura espacial da paisagem

dos maciços costeiros da Praia Vermelha em Penha, Cabeçudas em Itajaí e Costa Brava

em Balneário Camboriú. A espécie chave na indicação de integridade ecológica foi a

Euterpe edullis. Para estas analises foram utilizadas fotos de satélites, saídas de campo,

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entrevistas com a população residente e medidas da paisagem (forma, perímetro e área).

Estas analises resultaram em mapas temáticos onde foi possível observar a ausência da

Floresta Ombrófila Densa Clímax na Costa da Barra e Cabeçudas. Também pode-se

observar a fragmentação entre os maciços, assim prejudicando a biodiversidade devido a

ausência de corredores e a presença de sumidouros.

Valente (2001) aplicou a análise da estrutura da paisagem na bacia do Rio Corumbataí,

devido o elevado nível de desmatamento na Bacia que motivaram a análise da estrutura da

paisagem desta área. Para análise desta área utilizou-se o mapa de uso e cobertura do solo

pela classificação digital. Os indicadores de ecologia da paisagem foram calculados pelo

software FRAGTATS e foram determinados por sub-bacias. Assim os indicadores referentes

às classes proveram as caracterizações das classes floresta nativa e cerrado e os

referentes a fragmentos a caracterização dos seus respectivos remanescentes. Para se

caracterizar quantitativamente os níveis de fragmentos levou-se em consideração área,

densidade, tamanha e viabilidade métrica (área nuclear, forma e proximidade, dispersão e

justaposição). Com base nesses índices pôde-se observar diferenças de fragmentação na

bacia do rio Comrumbataí. Portanto conclui-se que quando a ecologia da paisagem é

analisada em conjunto permitem a caracterização da estrutura florestal das sub-bacias e a

avaliação sob um ponto de vista da preservação e conservação florestal.

Marenzi (2004) relatou em sua tese de doutorado que os ecossistemas costeiros

sofreram grandes alterações devida a intensa ocupação da zona litorânea, assim restando

poucas amostras representativas do ambiente original. Aplicou um método de estrutura

espacial da paisagem no entendimento da ecologia da paisagem a um promontório costeiro,

analisando as manchas, corredores e matriz, e a dinâmica das espécies arbóreas

consideradas clímax da Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana e de seus potenciais

dispersores. A área de estudo foi a Morraria da Praia Vermelha no município de Penha, SC.

Devida a intensificação antrópica a área se apresenta de forma fragmentada. O foco da tese

esta na distancia entre as biodiversidades do local, reduzindo o número de espécies e

dificultando a polinização e dispersão, assim provocando o isolamento delas. Concluiu-se

que se não forem adotadas medidas para a implantação de programas de restauração,

fiscalização e educação ambiental, podem causar perda da biodiversidade local.

Crawshaw et al (2007) comentaram no boletim Gaúcho de geografia a diminuição dos

campos nativos do Rio Grande do Sul devido ao crescimento e expansão agrícola. Para isto

foi aplicado uma perspectiva da ecologia da paisagem nos campos do Rio Grande do Sul

utilizando documentos cartográficos, dados quantitativos relacionados às áreas ocupadas

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pelos principais cultivos do estado, agropecuária, dados social e cultural estabelecidos

pelo IBGE e Censo.

Luz (2002) teve como objetivo subsidiar ações na recuperação de uma área afetada

pelo derramamento de óleo, através de imagens de satélite Ikonos e SIG para analisar a

ecologia da paisagem. Com as imagens Ikonos se obteve um mapa temático de toda a área

de estudo. Também foram utilizados outros métodos para classificação das imagens de alta

resolução, assim permitindo realizar simulações de condições ecológicas mais favoráveis

visando a medidas para a mitigação dos impactos gerados pelo acidente.

Périco & Cemin (2006) descrevem a caracterização da paisagem do município de

Arvorezinha no Rio Grande do Sul, visando compreender as mudanças espaciais da

paisagem do município. Seus objetivos foram delimitar, analisar e diagnosticar as alterações

ocorridas entre 1985 e 2002. Para isto utilizou-se bases cartográficas, imagens de satélites

e informações complementares, aplicando-as nos sistemas de informações geográficas

(SIG) e índices de ecologia da paisagem. Com isto pode-se observar um aumento no

numero de fragmentos, indicando uma perda de qualidade ambiental.

2.3 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

O Bioma Mata Atlântica é composta por diferentes formações florestais, como a

Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecídua ou Decidual do planalto,

Floresta Ombrófila Mista, Manguezais, Restingas e Campos de Altitude. Portanto, F.O.M. é

uma formação florestal pertencente ao Bioma Mata Atlântica (TONHASCA JUNIOR, 2005).

O termo ombrófila significa formação florestal situada em uma região de alta

pluviosidade, sendo locais que incidem chuvas bem distribuídas ao longo do ano. E o termo

mista esta ligado a duas floras distintas, sendo uma a temperada Austro-Brasileira e a outra

a Tropical Afro-Brasileira (IBGE, 1992 ; MAGGIONI & LAROCCA, 2009).

A Araucaria angustifolia, mais conhecida como “pinheiro brasileiro” ou “pinheiro do

Paraná”, é a predominante na F.O.M. sendo a única espécie de seu gênero com ocorrência

natural no Brasil, assim tendo realizado um papel muito importante na economia do país,

pois a espécie fornece madeira de ótima qualidade, sendo um dos produtos mais

importantes na exportação do país há muitos anos atrás (SHIMIZU; OLIVEIRA, 1981).

Por isto, este tipo de floresta onde predomina a Araucaria angustifolia também é

conhecida como “mata de araucária ou pinheiral”. É um tipo de floresta que ocorre com mais

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frequência no planalto meridional, ou seja, é considerada uma área clímax para este tipo

de ambiente. Porém, esta floresta apresenta diferentes tipos de florística em refúgios

localizados acima da floresta atlântica em pontos isolados na Serra do Mar e na Mantiqueira

em altitudes elevadas. Este tipo de formação integra variavelmente os elementos da floresta

pluvial, assim obtendo várias comunidades florestais mistas (IBGE, 1992; RIZZINI, 1997).

Há muitas décadas atrás a floresta de araucária cobria cerca de 40% da superfície do

Paraná, 30 % da superfície de Santa Catarina e até 25% do Rio Grande do Sul, também

chegando a ocupar parte do sudeste do Brasil, cobrindo 3% de São Paulo e 1% do Rio de

Janeiro e Minas Gerais em áreas isoladas, além disso, também se podem observar

pequenas manchas dessa floresta na Argentina e Paraguai. Com o passar do tempo

ocorreram modificações, onde o clima frio e seco beneficiava as condições ideias para que

ocorresse a expansão da floresta de araucária, sendo que a medida que a temperatura foi

subindo a araucária foi ilhando-se, assim crescendo muito mais em lugares de temperaturas

mais frias e altitudes maiores, correspondendo uma pequena parcela da superfície total do

sudeste e sul do país. (KOCH & CORRÊA, 2002).

Segundo Negrelle e Silva (1992), décadas atrás, cerca de 36% da área de Santa

Catarina era coberta por mata composta pela Araucaria angustifolia, exceto as regiões dos

vales do afluente do Rio Itajaí e Rio Uruguai. Já para Shimizu e Oliveira (1981), naquela

época as florestas de araucária cobriam cerca de 200.000 km2, sendo as maiores

concentrações no estado de Santa Cataria e Paraná. Hoje em dia estima-se que seus

remanescentes não chegam nem a 0,7% da sua área original Estas grandes áreas foram

transformadas em práticas de silvicultura e agricultura como feijão, arroz, café, soja e outras

culturas, ocasionando a extinção de várias espécies (MMA, 2002). De acordo com Klein

(1960), a formação florestal mais importante e de maior área no estado de Santa Catarina

era a mata com Araucária, sendo abundante e distribuída por quase todo o planalto em

diferentes altitudes, variando de 500 a 1500 metros. A mata de Araucária é encontrada

geralmente em áreas contínuas, estendendo-se no formato de ilhas de vegetação,

frequentemente nas localidades de grandes altitudes (TONHASCA JUNIOR, 2005).

Segundo Ferreira (1992), o remanescente de floresta de Araucária é muito reduzido

devido ao desmatamento para usos agrícolas, além da extração da araucária, imbuia,

diversos tipos de canela (Ocotea ssp.), entre outras espécies de alto valor comercial, para

depois ser aplicada a prática de silvicultura na qual há produção de madeira de melhor

qualidade em menor espaço de tempo. Devido a estes fatores a Floresta Ombrófila Mista é

um dos ecossistemas brasileiros mais ameaçados de extinção. Para Medeiros et al (2005),

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esta exploração florestal se deu mais intensa a partir de 1934, atingindo o seu auge entre

1950 a 1970, sendo exportados 90% da madeira retirada.

O pinheiro é uma espécie pioneira, fortemente heliófila que avança sobre extensões

campestres abertas, porém não se regenera mais com o intenso sombreamento (o

sombreamento prejudica seu crescimento). Com isso, a Araucaria angustifolia compõe

muitos capões em meio do campo limpo. A descida dessa espécie para altitudes mais

baixas se dá pelo principio ecológico com a compensação de altitude pela latitude e vice-

versa (KLEIN, 1960).

As aglomerações de pinheiros são aos poucos envolvidas por árvores e arbustos, assim

dando inicio a sucessão. Essas comunidades iniciais são muito variáveis e se diferenciam

de local para local, não sucedendo com as fases futuras. As espécies iniciais associadas ao

pinheiro nos capões são: Schinus spp, Litheraea brasiliensis, Myrceugenia euosma, Drymis

brasiliensis, Gomidesia sellowiana, Clethra scabra, Capsicodendron dinisii, Dicksonia

sellowiana, entre outros. Depois de um período, estas comunidades crescem

demasiadamente e o próprio pinheiro já não encontra luz o suficiente para a regeneração

através das sementes (RIZZINI, 1997). Além dessas espécies Klein (1960) cita que esta

floresta também refugia grandes densidades de erva mate (Ilex paraguariensis), várias

mirtáceas e lauráceas.

A araucária possui altura que varia de 30 a 50 metros e o seu tronco é reto, uniforme e

cilíndrico, possuindo um diâmetro de um metro até dois metros e meio. As árvores jovens

exibem a copa em formato de cone. Já os indivíduos adultos apresenta a copa em forma de

guarda chuva, sendo que a copa é sempre alta (acima dos vinte metros) e possui galhos e

ramos simétricos e a medida que vai ficando mais velha (senil), a copa assume o formato de

taça (MMA, 2010; KOCH; CORRÊA, 2002).

Entre os meses de agosto e outubro ocorre na região sul do país a polinização dessas

espécies. O vento carrega o pólen da flor masculina (mingote) até a flor feminina (pinha),

estas são características que introduzem a araucária como uma espécie entre as

gimnospermas. Sua semente amadurecida é mais conhecida como pinhão e serve de

alimento para os animais e também para os homens (KOCH & CORRÊA, 2002).

A Floresta Ombrófila Mista refugia uma ampla diversidade de animais, desde

grandes mamíferos até os menores invertebrados, todas desempenhando um papel

fundamental para a manutenção desta formação florestal. A araucária é de extrema

importância para maioria desses animais, sendo que em algumas épocas do ano, como no

inverno, que é o mês em que os animais mais necessitam de energia extra (calorias) para

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manter a temperatura do corpo, para isto as araucárias oferecem o pinhão, por ser uma

semente muito nutritiva e calórica (KOCH & CORRÊA, 2002).

Segundo a classificação vegetal do IBGE (1992) ilustrado na figura 1, a Floresta

Ombrófila Mista esta subdividida em quatro tipologias, Aluvial, Sub-Montana, Montana e Alto

Montana.

Figura 1 - Perfil esquemático da Floresta Ombrófiula Mista.

Fonte: IBGE, 1991.

Floresta Ombrófila Mista Aluvial

É uma formação ribeirinha que ocupa sempre os terrenos próximos dos cursos de

água, ou seja, geralmente em terrenos úmidos. Está situada nas serras costeiras ou dos

planaltos, sendo dominada pela Araucaria angustifolia, integrada a uma variedade espécie

que variam de acordo com as altitudes dos cursos d’água. Nas maiores altitudes pode se

encontrar, além da Araucaria angustifalia, Podocarpus lambertii e Drymis brasiliensis. Já

nas menores altitudes encontram-se junto a Araucaria angustifolia as espécies do gênero

Ocotea, Cryptocaryae e Nectandra.

Floresta Ombrófila Mista Sub-Montana

Esta formação é geralmente encontrada nas encostas dos morros aproximadamente

acima de 50 metros até 500 metros de altitude. Porém, nos dias de hoje é encontrada sob

forma de pequenas ilhas separadas, devido a grande degradação do homem. Assim

tornando-se uma floresta secundária, tornando-se cada vez mais raro encontrar a espécie

Araucaria angustifolia, que esta tendendo ao desaparecimento total.

Floresta Ombrófila Mista Montana

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Esta formação é geralmente encontrada no planalto a 500 metros até 1000 metros

de altitude em poucas reservas particulares nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio

Grande do Sul e no Parque Nacional do Iguaçu. No norte de Santa Catarina e ao sul do

Paraná a Araucaria angustifolia estava integrada com a imbuia (Ocotea porosa), compondo

agrupamentos peculiares, chegando a ocupar aproximadamente 70% do planalto

meridional, porém na década de 80 estes agrupamentos foram substituídos pela

monocultura da soja e trigo. Com isto restaram-se pequenos remanescentes, causando a

falta de expressão paisagística e econômica, sendo apresentados poucos indivíduos em

pontos isolados e inacessíveis ou entre as grandes culturas de soja e trigo.

Floresta Ombrófila Mista Alto Montana

Esta formação florestal esta situada acima dos 1000 metros de altitude, com maior

ocorrência no Parque do Taimbezinho (RS) e na crista do planalto Meridional, ocupando as

encostas das colinas diabásicas e em encostas constituídas pela ação do vulcanismo na

formação da Serra Geral. Sua exploração predatória começou na década de 60, restando

apenas poucos exemplares jovens ou raquíticos, tendendo ao desaparecimento aos poucos.

2.4 CAMPOS DE ALTITUDE

Campos de altitude, também conhecidos como estepes e campos gerais, são áreas

subtropicais, onde as plantas são submetidas à dupla estacionalidade, sendo uma estação

fria com frentes polares e a outra seca, curta e com falta de água (IBGE, 1992).

Atualmente os ecossistemas de campo natural localizado na região sul do Brasil

abrangem os campos subtropicais e os campos de altitude, e compreendem uma menor

área que a florestal. Os campos subtropicais são parecidos com os Pampas Uruguaios e

Argentinos, sendo que esses campos podem ser deparados na depressão Central, Serra do

Sudeste, região da Campanha e na metade do estado do Rio Grande do Sul. Já os campos

de altitude compõem com frequência, mosaicos de floresta de Araucária. Esses campos são

localizados no sul do Brasil chamados de Planalto, onde ocorrem nos picos das Serras,

principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (MMA, 2009).

Segundo Safford (1999) (apud Mocoshinski e Scheer 2008) os campos de altitude

fazem parte na diversidade do bioma Mata Atlântica e são encontrados nas partes mais

elevadas da serra do Mar, nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de

Janeiro e na Serra da Mantiqueira, contendo uma área de aproximadamente 350 km2. O seu

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crescimento junto a outras formações florestais vizinhas esta relacionado ao clima e as

condições pedológicas. A sua formação lembra uma paisagem campestre antiga, com o

clima frio e seco que domina a região da América do Sul. Nesses ambientes há um elevado

número de espécies endêmicas indicando que esses ambientes são relativamente antigos,

incidindo frequentemente sobre rochas graníticas e migmáticas (RIZZINI, 1997).

A maior parte dos campos de altitude constitui um dos raros modelos da natureza

conservada nas regiões sul e sudeste do Brasil. Porém, a sua integridade consiste em ser

ameaçada por processos como a contaminação biológica (presença de Pinus) e pela

pressão do turismo (MOCOSHINSKI; SCHEER, 2008).

Segundo Tonhasca Junior (2005) nos locais de altitudes acima de 1500 metros na

região sudeste e 700 metros em pontos mais ao sul, a Floresta Ombrófila Mista dá espaço à

mata de altitude ou mata nebular (Floresta Ombrófila Mista Alto Montana). Na maior parte

onde se encontra esta formação esta frequentemente cobertas por serração devido à

condensação do ar úmido ascendente do oceano, sendo os seus solos pouco desenvolvido,

rasos e de baixíssima fertilidade, resultante da baixa luminosidade gerada pelo nevoeiro e o

baixo teor de umidade do solo. O autor destaca que a vegetação destes locais são

geralmente raquíticas (árvores de 6 e 8 metros de altura), com muitas características

xeromórficas (folhas grossas e duras) e com abundância de plantas epífitas, musgos e

hepáticas, além disso, nos locais de altitude entre 1800 e 2000 metros, a mata nebular é

trocada pelos campos de altitude, sendo que sua vegetação é constituída por gramíneas e

arbustos de caráter xerófilo. Embora ocupem áreas pequenas, os campos de altitude são

importantes centros de riqueza de espécies e endemismo.

Segundo a classificação vegetal do IBGE (1992) os estepes são divididos em três

subgrupos sendo: Estepe Arborizada, Parque e Gramineo-Lenhosa. No caso dos estepes

que correspondem aos campos de altitude da área deste presente estudo, são

estabelecidos dois tipos, sendo parque (1) e gramíneo-lenhoso (2), ilustrado na Figura 2.

Figura 2 - Perfil esquemático do Estepes.

Fonte: IBGE, 1991.

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Estepe Arborizada: localizada no planalto do Rio Grande do Sul e nos divisores de

águas dos rios Camaquã e Ibicuí. Sua maior característica é a dominância dos solos

rasos com afloramentos rochosos. Este tipo de subdivisão sofre degradação do solo

devido às constantes queimadas e ao pisoteio do gado.

Estepe Parque: Localizada nos planaltos das Araucárias, Rio Grande do Sul, nas

Campanhas e também nos divisores de águas dos rios Camaquã e Ibicuí da Cruz.

Local de ocorrência e ecótipos da família Anacardiaceae: Lithraea brasiliensis

(bugreiro), Schinus mollis (aroeira-salsa) e Astronium balansae (pau-ferro), além de

outros ecótipos com menor representatividade. Esta fisionomia dos estepes parque é

causada pela ação do homem para aumentar os campos de pastagem, assim

degradando cada vez mais os terrenos pelo mau uso do solo.

Estepe Gramíneo-Lenhosa: é formada por “florestas-de-galeria” de porte baixo

rodeando algumas drenagens. Esta formação é constituída por graminóides e

hemicriptófitos, onde ambas apresentam folhas e colmos para se adaptar a

ambientes relativamente secos. Esta fisionomia sofre com a compactação do solo

devido às queimas e o pisoteio do gado. O estepe gramíneo-lenhoso também é

considerado campos limpos, em que nas épocas desfavoráveis demonstram uma

coloração acinzentada, sendo dominados por ecótipos dos gêneros Stipa,

Andropogon, Aristida e Erianthus. Esta formação vem sofrendo desertificação no Rio

Grande do Sul e no planalto Meridional pelo mau uso do solo.

2.5 REFLORESTAMENTO

O reflorestamento popularmente mais conhecido como “plantação florestal” ou

“silvicultura” (VITAL, 2007), é uma ciência de métodos naturais e artificiais de regenerar e

melhorar os povoamentos florestais, focando o uso racional das florestas e as necessidades

do mercado. Esta prática tem como objetivo buscar outras espécies de crescimento em um

espaço de tempo menor do que as espécies nativas. Dessas espécies as mais utilizadas no

Brasil são o Eucalipto e o Pinus (PEREIRA, 2005).

Portanto, o reflorestamento (silvicultura) brotou como uma alternativa de recurso para

substituir a fonte de matéria prima na produção de móveis, chapas, aglomerados, papel,

celulose, entre outros, sendo um recurso economicamente viável por utilizar espécies de

crescimento rápido (GUIMARÃES et al., 2010).

Pereira (2005) comenta que o eucalipto apresenta mais de 600 espécies que se

adaptam com facilidade a diversas condições do solo e clima. Essa espécie começou a ser

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utilizada para plantio no inicio do século XVIII na Europa, Ásia e África, chegando no

Brasil por volta do século XX, direcionando o seu cultivo na utilização da construção de

ferrovias. Hoje em dia, o Brasil é um dos países com maiores extensões de eucalipto

plantado, sendo que segundo o Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (IPEF 2003), o

Brasil em 2002 possuía 5,5 milhões de hectares florestais plantados, dos quais 64% eram

plantados com eucaliptos.

O setor florestal do Brasil vem contribuindo com uma pequena parcela do produto

interno bruto (PIB), chegando a corresponder 2,6% do total do país, sendo essa parcela

muito importante para economia nacional, pois gera consumo interno, exportação, impostos

e empregos. Porém, a exploração desta prática de reflorestamento ainda tem uma parcela

muito pequena no território nacional, abrangendo apenas 0,6% de todo território brasileiro

(VITAL, 2007).

2.5.1 Impacto do Reflorestamento

A prática da silvicultura é uma alternativa que gera preocupações devido ao uso de

espécies exóticas e também da prática de monocultura sobre o ecossistema local. Esta

atividade cultivada em grande escala provoca a exportação de nutrientes e sedimentos para

os mananciais mais próximos e também o consumo demasiado de água devido o

metabolismo das espécies arbóreas (GUIMARÃES et al., 2010).

Há muitos anos as grandes áreas de florestas garantiam a sobrevivência dos vegetais e

animais, dando um equilíbrio ao meio ambiente e executando um papel importantíssimo na

conservação da água e do solo. Porém, com o passar dos anos o homem usufrui com

excesso essas grandes áreas, desmatando-as para outras atividades. Com isso o que

restou hoje são fragmentos florestais, sendo na sua maioria sem ligações uns com os

outros, assim impedindo a locomoção livre dos animais e impedindo que as sementes sejam

produzidas e espalhadas, afetando a manutenção dos animais e da vegetação (MIRANDA,

2009).

Conforme a Resolução N 1º do CONAMA, de 23 de janeiro de 1986, a avaliação de

impactos ambientais no Brasil são dispositivos legais, onde esse impacto ambiental é

considerado qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia causada pela atividade

humana, direta ou indiretamente que afetem a saúde, segurança e bem-estar da população,

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atividade social e econômica, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente e por fim a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986).

O reflorestamento aplicado em grandes extensões territoriais tem sido ultimamente alvo

de controvérsias quanto aos seus impactos no meio ambiente, entre eles podem se destacar

efeitos sobre o solo causando empobrecimento e erosão, sobre a água que pode impactar a

umidade do solo, aquíferos e lençóis freáticos e a baixa biodiversidade causada pela

monocultura (VITAL, 2007). Para Albuquerque et al. (2006) a silvicultura de eucalipto esta

entre as atividades potencialmente degradadoras dos recursos hídricos e o reflorestamento

com Pinus vem trocando as amplas extensões de campos no planalto sul do Brasil.

É visível o contínuo aumento da pressão antrópica sobre os recursos naturais

impactando esses ambientes na forma de contaminação dos corpos d’água, poluição

atmosférica (através das queimadas), substituição da cobertura vegetal nativa (resultando

na redução de habitat silvestre), entre outros (CARVALHO, 2009). O Autor menciona

Andrade (2003) afirmando que na fase do corte florestal (extração da madeira) tem um

grande potencial na alteração do meio biofísico. Além de ocorrer o excesso de compactação

do solo, assim potencializando a ocorrência de fenômenos erosivos, e por fim prejudicando

a fertilidade do solo e os danos a cepas que comprometem a produtividade florestal.

Ziller e Galvão (2000) comentam que o Pinus elliottii e taeda são espécies exóticas

invasoras, e que o estepe gramíneo-lenhoso esta repleto dessas invasoras. O principal

impacto causado pelas espécies invasoras é o fato de modificar processos sistêmicos

naturais, na qual este processo é atualmente a segunda maior ameaça da biodiversidade do

mundo. Os impactos mais relevantes dessas espécies é a alteração do processos

ecológicos como a ciclagem de nutrientes, produtividade vegetal, cadeias tróficas, estrutura,

dominância, distribuição e funções de espécies, distribuição de biomassa, densidade de

espécies, porte da vegetação, índice de área foliar, queda de serrapilheira, taxa de

decomposição, processos evolutivos e relações entre polinizadores e plantas. Além de

alterar a adequação do habitat dos animais, modificar as características físicas do

ecossistema, causando processos erosivos, sedimentação e alteração no ciclo hidrológico,

no regime de incêndios e no balanço energético. Também pode ocorrer o cruzamento

genético das espécies nativas com as exóticas e diminuindo os genótipos das espécies

nativas, sendo ocupados pelas espécies exóticas, por consequência disso causando o

aumento do risco de extinção de populações e espécies.

Silva (1999) diferenciada os impactos gerados pela ação da silvicultura, subdividindo o

meio ambiente em meio físico, biótico e antrópico, onde para cada uma dessas subdivisões

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existem outros componentes. O ar é impactado temporariamente na sua qualidade,

devido o aumento da concentração de partículas e gases dos motores das máquinas, já o

solo é impactado na forma direta compactando-se, devido ao uso de maquinários pesados,

principalmente no momento da queda e retirada de madeira, assim potencializando os

fenômenos erosivos ao longo da rede viária, e por fim a água impacta aumentando a

turbidez e o assoreamento, devido ao impacto sofrido no solo. Também pode ocorrer o

aumento de insetos, fungos e ervas competidora. A flora sofre impacto na remoção da

cobertura vegetal original, causando o estreitamento da base genética. Já a fauna sofre a

redução de habitat silvestre. O meio antrópico tem como principal impacto o êxodo rural, ou

seja, populações rurais migram para os centros das cidades em busca de melhores

condições de vida.

2.5.2 Medidas de Mitigação de Impactos

A mitigação de impactos segundo Miranda (2009), é uma classificação dos impactos

ambientais potenciais decorrentes do planejamento, instalação e operação do

empreendimento. Com isto uma equipe multidisciplinar pode avaliar estes fatores e

proporem ações visando a redução ou eliminação dos impactos negativos e também

visando ações para maximizar os impactos positivos (medidas potencializadoras).

Existem algumas alternativas de mitigação dos atuais impactos gerados pela

silvicultura, como a definição do formato dos povoamentos florestais seguindo as

características locais de relevo, posição de cursos d’água e direção dos ventos, visando

maximizar a dispersão de sementes das espécies cultivadas dentro dos próprios

povoamentos, definir em volta dos povoamentos florestais três faixas de quebra-vento com

espécies não invasoras com o intuito de minimizar a dispersão de sementes fora desses

povoamentos, manter e restaurar as florestas naturais que margeiam os cursos d’água para

proteger da disseminação de sementes de espécies invasoras e estabelecer processos de

certificação ambiental para prevenção, controle e monitoramento da dispersão natural de

espécies invasoras (ZILLER; GALVÃO, 2000).

Silva (1999) descreve cada medida de mitigação para cada impacto gerado pelo

reflorestamento em relação ao meio físico, biótico e antrópico. Para o meio físico deve-se

fazer a manutenção devida das máquinas e racionalizar o seu uso a fim de minimizar os

impactos no ar. No solo são necessários implantações de eficientes planos de

construção/manutenção de rede viária e de corte na extração de madeira, feitos através de

dados georreferenciados, assim minimizando os impactos gerados. Já para a água, o uso

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de produtos para o controle biológico de pragas e doenças. Para proteção da flora é

indicado o emprego de técnicas preventivas de coleta do material botânico, com o intuito de

recomposição vegetal nas APP’s e reserva legal, também se aplicam proteção e manejo das

áreas ocupadas com vegetação nativa, além de conectar de alguma forma os fragmentos

florestais, com plantio enriquecido de espécies nativas e recuperação de ambientes

degradados. E na prevenção de impactos na fauna recomenda-se a intercalação de

plantações florestais com vegetação nativa, com o objetivo de aumentar a porosidade

ambiental, assim facilitando a movimentação dos animais, os quais são predadores naturais

das pragas, também é necessária a reintrodução de espécies com base no inventário

faunístico qualitativo e quantitativo. E para minimizar o impacto do êxodo rural é indicado

elaborar e executar um programa de comunicação, com o objetivo de integrar as

comunidades rurais, incluindo parcerias, inclusão social e cooperação com indivíduos que

as representam. Também é importantíssimo salientar uma boa infraestrutura dos

empreendimentos florestais para as comunidades locais.

2.6 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PERTINENTE

A legislação ambiental pertinente consiste em uma gama significativa de instrumentos legais

relacionados ao reflorestamento. Esses instrumentos se dividem em nível federal, estadual e

municipal os quais podem ser verificados nos quadros 1, 2 e 3.

Quadro 1: Principais Leis ambientais pertinentes a nível federal.

Nível Federal

Legislação Características

Lei Nº 4.771/65 Instituído pelo Código Florestal de 1965 que considera área de preservação

permanente formas de vegetação naturais situadas ao longo de qualquer corpo

d’água (rios, lagos, lagoas e nascentes), topo de morros, montes, montanhas,

serras, encosta de morro com declividade superior a 45 º e em altitudes superior a

1800 metros nos campos naturais.

Lei Nº 5.106/66 Dispõe sobre os incentivos fiscais outorgados a empreendimentos florestais.

Lei Nº 6.938/81 Dispõe sobre a Política nacional do meio ambiente que estabelece sues fins e

mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio

Ambiente (Sisnama) e institui o cadastro de defesa ambiental.

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Constituição Federal de

1988

É direito de todos os cidadãos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, estabelecer ao Poder

Público e à coletividade a obrigação de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e

futuras gerações.

Lei Nº 9.605/98 Dispõe sobre crimes ambientais, nas quais sofrem sanções penais e

administrativas por condutas e atividades que levem a lesão do meio ambiente.

Considera crime ambiental destruir ou lesar florestas nativas ou plantadas.

Lei Nº 9.985/00 Regulamenta o artigo 225 da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC) da Natureza.

Resolução CONAMA nº

303/2002

Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação

Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.

Lei Nº 11.428/06 Dispõe sobre a utilização, proteção e conservação da vegetação nativa do bioma

Mata Atlântica.

Lei Nº 12.651/12 Dispõe sobre o Novo Código Florestal de 2012 que estabelece os mesmo

requisitos que o código florestal de 1965, porém atualiza com modificações nas

distancias mínimas legais de APP.

Cabe destacar a Constituição Federal de 1988 na preservação e restauração de

recursos naturais, principalmente na forma de controle no emprego de técnicas e métodos

que comprometam risco à qualidade do meio ambiente, protegendo a função ecológica da

fauna e flora (BRASIL, 1988). O código florestal de 1965 que cita as distância mínimas

legais ao longo dos cursos d’água que é atualizado no novo Código Florestal de 2012, com

o intuito de não permitir o uso direto, ou seja, não se pode utilizar essa área de preservação

(BRASIL, 1965; BRASIL, 2012). Também é importante destacar que na resolução do

CONAMA 303 de março de 2002 que é considerado área de preservação permanente como

instrumento de relevante interesse ambiental, que integram o desenvolvimento sustentável,

objetivando a preservação deste para as presentes e futuras gerações. No artigo 2º desta

resolução foram adotadas algumas definições para estabelecer os locais de APP que foram

complementadas no artigo 3º (BRASIL, 2002).

Na Lei Nº 9.985/00 do SNUC é importante destacar o corredor ecológico, disposto no 2º

artigo “como porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, conectando unidades de

conservação, permitindo o fluxo de genes e movimento da biota, assim facilitando a

dispersão de espécies e a recolonizarão de áreas degradadas” (BRASIL, 2000).

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A reserva legal foi criada pelo Código Florestal Brasileiro e reforçada pela Lei

12.651/2012, e tem como objetivo a proteção da vegetação natural, porém pode ser utilizada

somente de forma sustentável, ou seja, produzir sem prejudicar os recursos que a natureza

oferece.

No artigo 35º do novo código florestal cabe destacar o plantio de espécies nativas ou

exóticas, independe de autorização prévia, porém deve-se atender as limitações e

condições previstas na lei, informando ao órgão competente no prazo de até um ano.

Também neste artigo produtos florestais plantados que não são considerados APPs e

reserva legal pode-se extrair (BRASIL, 2012).

Quadro 2: Principais Leis ambientais pertinentes a nível estadual.

Nível Estadual

Legislação Características

Constituição do Estado

de Santa Catarina de

1989

Protege a Mata Atlântica e a Zona Costeira por serem interesses ecológicos, sendo

que qualquer utilização é necessária autorização.

Lei Estadual Nº 9.428/94 Dispõe sobre a Política Florestal do Estado de Santa Catarina.

Lei Nº 14.675/09 Institui o Código Estadual do Meio Ambiente.

Lei Nº 15.167/10 Dispõe a criação do programa de reflorestamento do pinheiro Brasileiro

(Araucaria angustifolia) no Estado de Santa Catarina.

Cabe ressaltar o programa de reflorestamento do pinheiro Brasileiro (Araucaria

angustifolia) disposta na Lei Nº 15.167/10 que tem como objetivo garantir a conservação da

espécie. Conforme o artigo 2º desta lei, a Araucaria angustifolia localizada de forma isolada

e fora da APP poderá ser explorada mediante de formas de compensação (SANTA

CATARINA, 2010).

Quadro 3: Principais Leis ambientais pertinentes a nível municipal para reflorestamento.

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Nível Municipal

Legislação Características

Lei Nº 526/2010 Dispõe sobre o Plano Diretor Urbano de Cerro Negro

Lei Orgânica de 2002 Dispõe da constituição municipal de Cerro Negro, visando um conjunto de

normas jurídicas que regem o município.

Cabe ressaltar na constituição municipal de Cerro Negro disposta na Lei Orgânica de

2002 o intuito de preservar a fauna e a flora das florestas conforme o artigo 3º. No artigo 45º

é importante destacar o código de zoneamento e o código de parcelamento e uso do solo

como um dos objetivos desta lei. Além disso, a Lei Orgânica dispõe de uma política do meio

ambiente assegurando o direito a todos a um ambiente ecologicamente saudável e promove

a ordenação do território definindo o zoneamento e diretrizes gerais de ocupação dispostas

nos artigos 174º até o artigo 181º (PMCN, 2002).

Quanto ao Plano Diretor e ao zoneamento e parcelamento de solos, os mesmos não

se aplicam a zona rural, onde está inserida a área de estudo.

3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

O Sistema de Informações Geográficas (SIG) é um importante recurso tecnológico

para se planejar, avaliar e monitorar as dinâmicas espaciais e temporais relativas as

interferências antrópicas. Este sistema é composto por um grande banco de dados por

hardware, programas, dados geográficos e atributos que permitem a obtenção,

armazenamento, atualização, manipulação, analise e exibição de todas as formas de

informação geograficamente referenciada (ROCHA, 2000).

Para analisar a estrutura da paisagem é necessário o monitoramento e conservação

da biodiversidade, podendo ser feito através de dados cartográficos, mapeamento do uso e

cobertura do solo, fotografias aéreas e utilização de imagens de satélite (dado obtido

através de sensores capazes de coletar energia proveniente do objeto). Todos os dados

citados anteriormente podem ser integrados no SIG, fazendo o auxilio do monitoramento

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dos ambientes e acompanhando o desenvolvimento dos diversos tipos de atividades e

localizações geográficas através de coordenadas levantadas em campo (NOVO, 1989).

Ziembowicz (2012) utilizou imagens de satélites processadas no Spring 5.1.5,

juntamente com cartas topográficas do Epagri (IBGE), saídas de campo e entrevistas com a

população local, resultando em mapa temático do uso e cobertura do solo e estrutura

espacial da paisagem. Marenzi (2004) também se utilizou de imagens de satélite juntamente

com arquivos digitais dos mapas limites da área, hidrografia, pedologia e altimetria cedidos

pela Associação Catarinense de Preservação da Natureza (ACAPRENA), processadas no

auto CAD e Arcview, obtendo mapas temáticos para estudo da paisagem.

4 METODOLOGIA

4.1 ÁREA DE ESTUDO

4.1.1 Localização Geográfica e Caracterização

A área de estudo compreende a Fazenda dos Tijolos, localizada no município de

Cerro Negro/SC (Figura 3), com área total de 1007,60 ha. Na área há o plantio de

Eucalyptus benthamii e dunnii, Pinus taeda, elliiotti, patula e greggii, Cupressus lusitanico e

Cryptomeria japonica, intercalados com fragmentos florestais nativos. Esta fazenda pertence

a empresa FLOKO (Reflorestadora Koeche) e está localizada na bacia do rio Pelotas que

faz divisa com o estado do Rio Grande do Sul. Está situada entre os meridianos

51º00’46.96’’O e 50º57’48.15’’O de longitude Oeste e os paralelos 27º53’32.36’’S e

27º56’00.61’’S de latitude Sul, sua altitude fica entre 750 e 1200 metros e o relevo varia de

suave a montanhoso (BAESA, 2005).

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Figura 3 - Localização da área de estudo, fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Imagem QuickBird, 2010.

4.1.2 Características Gerais do Município

O município de Cerro Negro abrange uma área de aproximadamente 418 km2, à uma

altitude de média de 886 metros acima do nível do mar. Localizado no Planalto Serrano, na

microrregião dos campos de Lages, a 278 Km de Florianópolis, próximo dos municípios de

Capão Alto, Anita Garibaldi, Campo Belo do Sul e Abdon Batista. O clima é mesotérmico

úmido, com verão fresco e temperatura média do mês mais quente de 22ºC (BAESA, 2005).

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O município tem uma população de 4.045 habitantes até o ano de 2009 conforme

o Censo (2010). É cortado pelo Rio dos Portões, Rio Canoas e Rio Caveira, sendo o limite

norte definido pelos rios Canoas e Caveiras e ao sul pelo rio Pelotas. (IBGE, 2010).

4.1.3 Característica das Espécies Reflorestadas da Área de estudo

4.1.3.1 Eucalyptus

O gênero eucalyptus conta com cerca de 700 espécies. A escolha por este gênero vem

aumentando cada vez mais no Brasil, devido ao rápido crescimento, grande gama de

espécies, grande facilidade de propagação, além de outras vantagens (MARCHIORI, 1996).

Eucalyptus benthamii

É uma espécie originária da Austrália com grande resistência ao frio e a severas geadas.

Desenvolve-se com mais facilidade em clima temperado. Cresce aproximadamente 2,3

metros de altura e 2,7 centímetros de DAP por ano. A madeira é mais utilizada para fins

energéticos (EMBRAPA, 2006).

Eucalyptus dunnii

É uma espécie originária da Austrália com extrema resistência ao frio e sobrevivem

longos períodos sem chuva de até cinco meses. Cresce em média três metros de altura e

três centímetros de DAP por ano. É ausente de galhos até os 30 metros de altura. A

madeira produzida é considerada de resistência média com coloração clara e utilizada para

fins energéticos (produção de carvão), estruturas leves, confecção de chapas e para

celulose, sendo indicado para clima temperado (EMBRAPA, 2006).

4.1.3.2 Pinus

Este nome é genérico correspondente ao termo “pinheiro”, é um dos gêneros mais

abundantes e mais importantes das gimnospermas, com aproximadamente 90 espécies

distribuídas principalmente pelo Hemisfério Norte (MARCHIORI, 1996).

Pinus taeda

Está espécie é originária do Canadá e se desenvolve em altitudes até 950 metros.

Cultivada nas terras de maiores altitudes da Serra Gaúcha e Planalto Catarinense. Atinge

cerca de 20 metros de altura com 100 centímetros de DAP, produzindo copa densa, casca

gretada e ramos acinzentados. A espécie taeda se assemelha ao elliotti, porém se diferencia

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pelas acículas curtas e cor mais escura. A madeira desta espécie produz bastante resina

e é indicada para construções, móveis e caixotaria, além de produzir fibras longas, o que é

ideal na produção de papel (MARCHIORI, 1996).

Pinus elliotti

Está espécie é originária do Canadá e se desenvolve em terras de baixa altitude (até

150 metros), tendo seu crescimento em zonas de clima subtropical úmido, sendo muito

cultivado no Brasil. Com altura atingindo cerca de 30 metros de altura e DAP de 60 a 90

centímetros, tem a casca com coloração acinzentada. É uma espécie heliófila de

crescimento rápido, de alta competitividade em relação às gramíneas e arbustos e sensível

ao fogo. Diferencia-se do Pinus taeda pelas acículas longas e cor verde mais clara. A

madeira produzida é normalmente utilizada para construções leves e pesadas, como a

confecção de embarcações e caixas, assim como o taeda produz muita resina e possui

fibras longas sendo ideal para fabricação de papel (MARCHIORI, 1996).

Pinus patula

É uma espécie de origem da América Central, que se desenvolve em grandes

altitudes entre 1800 a 2700 metros. No sul do país como no Rio Grande do Sul é cultivado

como árvore ornamental, por possuir forma atrativa. É uma árvore de porte médio

alcançando cerca de 20 metros de altura, com ampla copa (no ponto de vista para uso

madeireiro é uma desvantagem), casca escamosa na fase jovem, sendo modificada para

gretada na fase adulta e acículas longas. A madeira produzida é leve, clara e com pouca

resina, possui baixa resistência mecânica, sendo de fácil processamento e impregnação. É

utilizada para confecção de caixas, embalagens, carpintaria, chapas aglomerados e papel

(MARCHIORI, 1996).

Pinus greggii

É uma espécie de origem Mexicana e encontrada em altitudes entre 2300 a 2700 metros

e clima semiárido. É extremamente resistente a geadas, tem o florescimento precoce e as

acículas são mais curtas e rígidas. A madeira dessa espécie é amarela pálida e produz

pouca resina, é de altíssima qualidade para produção de papel e celulose, porém não é uma

madeira de qualidade para produção industrial por concentrar grandes números de nós na

madeira (SHIMIZU, 1981).

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4.1.3.3 Cupressus lusitanico

É uma espécie originária da América Central, que participa da composição de

florestas pluviais se desenvolvendo nas grandes altitudes entre 1000 a 2000 metros. Pode

alcançar até 30 metros de altura e 100 centímetros de DAP. É muito utilizada no Brasil como

planta ornamental, cercas-vivas e quebra-ventos, além de produzir madeira e celulose. A

madeira produzida tem odor parecido com o do cedro, fácil trabalhabilidade, ótima

impregnação e tem alta resistência a intempéries, sendo indicado para uso em interiores ou

obras externas (MARCHIORI, 1996).

4.1.3.4 Cryptomeria japonica

Mais conhecida como “cedro-japonês”, sendo de origem japonesa, ocupando cerca de

30% da área florestal do Japão. A introdução desta espécie no Brasil se deu por volta do

século XX com fins ornamentais e com intuito de produção de celulose. É uma espécie de

grande porte com forma piramidal ou colunar e casca de coloração castanho-acinzentada.

Produz madeira para construção civil em geral, desde que não entre em contato com o solo

(MARCHIORI, 1996).

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método de análise da paisagem partiu da abordagem utilizando o referencial teórico:

Burel & Baudry.(2002), Forman & Godron (1986), Primack & Rodrigues (2001), Reitz et. al

(1979) e Scarpinella (2002), além do referencial dos trabalhos pesquisados sobre este

assunto, como: Crawshaw et al (2007), Luz (2002), Marenzi (2004), Périco & Cemin (2006),

Valente (2001) e Ziembowic (2011). A prática se deu por meio do uso de imagens de

satélites para elaboração de mapas temáticos no laboratório de ecologia da vegetação

costeira do CTTMar da UNIVALI, além de algumas visitas a campo para validar os

resultados obtidos.

4.2.1 Elaboração de mapas

Na elaboração dos mapas foram utilizadas a carta topográfica (curvas de nível e

hidrografia em escala 1:100.000), dados do SRTM que consistem em um Modelo Digital de

Elevação (disponibilizados em níveis de cinza), cobertura global (com resolução espacial de

90 metros), além da delimitação da área fornecidas pela empresa RR Gestão Florestal

(Lages, SC), a qual forneceu para área de estudo, um mapa de uso de solo e estradas do

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ano de 2006 na escala 1:7.500. Outros dados foram obtidos em fontes primárias em

órgãos como: EMBRAPA, EPAGRI (CIRAM), IBGE e também consulta a Prefeitura

Municipal de Cerro Negro.

Para iniciar o mapeamento foi necessário adquirir uma imagem base da área de estudo

(Figura 4). Para isto, utilizou-se imagens do satélite QUICKBIRD fornecida pelo Google

Earth Pro (2010) de alta resolução (4800 x 3336), aproximada a uma altitude de quatro mil

metros, sendo necessário o registro de nove imagens. Com estas imagens registradas, fez-

se a junção utilizando o software Regeemy 0.2.43, aplicando a função de “registre” e

“mosaic”, e assim formando um mosaico das imagens da área de estudo e o entorno.

Em seguida, se aplicou o processo de georreferenciamento do mosaico, utilizando o

SIG Spring 5.2.2, tendo como base de georreferenciamento os vetores de estradas do mapa

existente da empresa RR Gestão Florestal (2006), sendo adquiridos 37 pontos de controle.

Utilizou-se os dados do mapa da empresa, devido a carta topográfica do IBGE (estradas e

cursos de água), obtida no site da Epagri da área de estudo estava na escala de 1/100.000,

assim não sendo adequada para o georreferenciamento, sem o detalhe cartográfico

necessário.

Também não constavam dados topográficos de melhor escala do município, tanto na

EMBRAPA, quanto na própria prefeitura, onde se encontravam disponíveis os mesmo dados

do EPAGRI. Outra tentativa de obter o georreferenciamento, foi através do SIG Arcgis 10,

onde na função basemap não foi possível adquirir imagens com escalas abaixo de 1:75.000,

e as imagens oferecidas abaixo desta escala, eram compostas por falhas, ou seja, não

existiam imagens da área de estudo.

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Figura 4 - Imagem base para os mapeamentos da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Fonte: Autor, 2013.

Para conferir o georreferenciamento, foi realizado uma saída de campo utilizando o

GPS Garmin 76CSx, para obtenção de pontos em encruzilhadas das estradas, para que

fosse possível comparar com os vetores das estradas fornecidos pela empresa RR Gestão

Florestal. Com isso pode-se concluir que é possível utilizar os vetores da estrada sem que

hajam ajustes, pois os pontos e linhas levantadas pelo GPS coincidiram com a imagem.

A delimitação da área de estudo foi realizada através de 56 pontos de GPS já

existentes, fornecidos pela empresa RR Gestão Florestal (2006) que delimitam a fazenda

dos Tijolos, sendo importados para o SIG Spring 5.2.2. Dentro do sistema foram conectados

os pontos, formando um polígono chamado delimitação, com isso foi possível determinar a

área e perímetro da fazenda.

Após a realização do mosaico e georreferenciamento, foram realizados os

procedimentos metodológicos (Figura 5), para atingir os objetivos específicos propostos no

trabalho. Então seguiu-se uma sequência cronológica na realização dos mapas, começando

delimitação da fazenda, e em seguida o mapeamento do uso e cobertura do solo,

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mapeamento das APPs utilizando dados fornecidos no mapa de uso e cobertura do solo,

depois se realizou o mapa de estrutura espacial da paisagem, e por fim com a utilização de

todos o mapas fez-se o mapa do cenário ideal.

Figura 5 - Etapas do procedimento metodológico da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Fonte: Autor, 2013.

4.2.1.1 Atualização do mapa de uso e cobertura do solo

A atualização do mapa de uso e cobertura do solo foi realizada a partir do mapa de

uso e cobertura do solo fornecida pela RR Gestão Florestal (2006) do local de estudo e a

interpretação da imagem georreferenciada. .

A partir da imagem georreferenciada foi realizada uma classificação manual no SIG

Spring 5.2.2, onde foi interpretada a imagem de satélite na composição colorida 3,2,1

(RGB), gerando os polígonos, assinando a respectiva classe e armazenando no sistema.

Com isso foi possível determinar e digitalizar as diferentes tipologias de vegetação das 17

classes identificadas (Espete, Eucalipto, Floresta Ombrófila Mista, Pinus e outros) (Figura

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6). Também foram coletados em campo, pontos de GPS e fotografias panorâmicas da

área para conferência das informações. Com isso foi possível obter um mapa temático da

fitofisionomia do uso e cobertura do solo. E por fim, pode-se calcular a área de influência de

cada tipologia dentro da área de estudo.

Figura 6 - Processo de mapeamento do uso e cobertura do solo da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Fonte: Autor, 2013.

Uma vez terminada a classificação se procedeu a análise da paisagem conforme

metodologia de Forman & Godron (1986) e Burel & Baudry.(2002). Este mapeamento foi

realizado no Laboratório de Ecologia da Vegetação Costeira do CTTMar/UNIVALI.

4.2.1.2 Mapeamento das APPs

A elaboração da carta das Áreas de Preservação Permanente (APPs), foi realizada

com base na lei 12.651 de 25 de maio de 2012 e Resolução do CONAMA 303 de 2002

(BRASIL, 2012; CONAMA, 2002).

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33

Para elaboração do mapa de APPs, foi necessário levar em consideração as

APPs mais relevantes contidas na área, como: açudes, banhados, cursos d’água,

declividades igual ou superior a 45 graus, nascentes e topo de morros, previstas nas

legislações.

Algumas dessas classes já haviam sido encontradas e mapeadas quando foi

realizado o mapeamento de uso e cobertura do solo, como: açudes, banhados, cursos

d’água e nascentes.

A obtenção das APPs para cada uma dessas tipologias foi realizada no SIG Spring

5.2.2, realizando um mapa de distâncias e definindo qual a distância de APP para cada

tipologia disposta na legislação (Figura 7).

Figura 7 - Processo de mapeamento das Áreas de Preservação Permanente da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Fonte: Autor, 2013.

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Já para o mapeamento das declividades igual ou superiores a 45 graus foi

necessário “estipular” um método de observa-las, isto porque não foi possível obter carta

topográfica adequada para a área de estudo, devido a isso foi utilizado o plano de voo do

Google Earth e considerando superficialmente locais com declividades iguais ou superiores

a 45 graus. Foram registrados os pontos com esta declividade, para depois através do

Spring 5.2.2 realizar o mapeamento destes locais como pequenos polígonos representativos

da área que nestas condições deve ser preservada.

Para os topos de morro também foram utilizadas as mesmas técnicas utilizadas para

determinar as declividades, por plano de voo do Google Earth. Conforme a legislação do

novo código florestal de 2012, para determinar o topo de morro, se deve considerar morros

com inclinação media de 25 graus, sendo que a partir de 2/3 (dois terços) da altura máxima

em relação a altura mínima do morro, definida pelo curso d’água adjacente, ou seja, sendo

que o terço superior do morro com essas características são considerados APP de topo de

morro. Com isso aplicou-se o cálculo (conforme a fórmula abaixo) do terço superior, para a

partir do resultado, obter a altitude que se encontra o topo de morro. Assim pode-se registrar

os polígonos manualmente das áreas dos topos de morro.

TS= (2/3)*H

Onde: H= altitude topo do morro (base hidrográfica mais próxima)

TS= Terço superior

A determinação da declividade e do topo de morro foi realizada dessa forma, por ser

a ultima maneira encontrada para determiná-las. Devido a Prefeitura do Município,

EMBRAPA e IBGE não constarem dados apropriados de topográfico e altimetria. Então a

única fonte onde se obteve dados digitais, foi o EPAGRI (CIRAM), onde o mapa altimétrico,

mapa topográfico e modelo de elevação digital constavam apenas na escala de 1/100.000.

A partir desses dados fornecidos, foram utilizadas as curvas de nível para elaboração do

modelo de elevação digital, para isso foi utilizado o SIG Spring 5.2.2. Porém, não se obteve

êxito na elaboração dos mapas com estes dados, devido a escala não ser adequada para

este tipo de mapeamento.

Como mencionado anteriormente, para confecção das APPs, principalmente de topo

de morro, foi realizada uma saída de campo com o GPS Garmin 76CSx, buscando localizar

os topos de morros já levantadas a partir da imagem de satélite.

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35

4.2.1.3 Mapeamento da estrutura espacial da Paisagem

A partir dos mapas de uso e cobertura e de APP foi elaborada a carta de Estrutura

Espacial da Paisagem no SIG Spring 5.2.2, localizando as manchas, matriz e corredores do

local de estudo, conforme indicam Forman & Godron (1986) e Baudry & Burel (2002). Como

manchas foram destacadas as diferentes tipologias de reflorestamento, remanescentes de

floresta nativa (F.O.M.) e Estepes (campo). Como corredores, foram discriminados os cursos

d’água, estradas e cercas. A matriz foi analisada com base no mosaico de manchas e de

corredores existentes, de acordo com a literatura estudada Forman & Godron (1986),

Baudry & Burel (2002), Odum (2002) e Meurer (2011).

A análise da estrutura espacial da paisagem (Figura 8) foi definida pela interpretação

das imagens, definindo as variáveis (área, perímetro e distanciamento) obtidas no SIG

Spring 5.2.2. Para isso se utilizou três tipologias, Espetes (campo), Floresta Ombrófila Mista

e Reflorestamento, onde parte dos mesmos já haviam sidos representados anteriormente no

mapa de uso e ocupação do solo. As modificações foram desde a dissociação das outras

tipologias, a associação de todas as espécies de reflorestamento determinando somente

uma classe, até a adição das florestas nativas ao redor da área de estudo através do SIG

Spring, utilizando a classificação manual. Com isso foi realizado o mapa de estrutura

espacial da paisagem da fazenda dos Tijolos e o entorno.

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Figura 8 - Processo de mapeamento da estrutura espacial da paisagem da Fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Fonte: Autor, 2013.

Para analisar as manchas da Floresta Ombrófila Mista, foi necessário realizar outro

mapa da estrutura espacial da paisagem demonstrando as diferentes manchas, as quais

estão separadas por cercas, curso d’água, estradas e reflorestamentos. Então fez-se a

classificação das 14 manchas encontradas separadas umas das outras, desde as internas e

externas da fazenda.

4.2.1.4 Proposta de Cenário Ideal

Esta proposta foi elaborada visando a conservação da biodiversidade da fazenda,

através do cenário real. Foi utilizado o SIG Spring 5.2.2 sobrepondo o mapa de uso e

ocupação do solo com o mapa de APP e utilizando o mapa da estrutura espacial da

paisagem (Figura 9). Com isso pode-se obter as áreas irregulares da área de estudo, ou

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37

seja, áreas em conflito com APPs e Corredor Ecológico. Então foi realizado a

classificação manual das áreas que devidamente obtinham conflitos conforme dispostos na

lei 12.651 de 2012 e na Resolução do CONAMA 303 de 2002 (BRASIL, 2012; CONAMA,

2002).

Figura 9 - Processo de mapeamento do cenário ideal

Fonte: Autor, 2013.

Como resultado se teve um mapa temático demonstrando o cenário ideal da fazenda

dos Tijolos, indicando as áreas que necessitam posteriormente recuperação com o plantio

de floresta nativa ou outros procedimentos. .

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 USO E COBERTURA DO SOLO

A paisagem no mapa de uso e cobertura do solo (Figura 10) demonstra fragmentação

de habitat na área de estudo, sendo que parte do reflorestamento teve avanço sobre a

vegetação e os remanescentes da Floresta Ombrófila Mista, assim podendo afirmar que

houve degradação das manchas de vegetação.

O uso e cobertura do solo da área de estudo é constituída por 17 classes, definidas

por polígonos, resultando em um mosaico fragmentado, sendo as classes: Área de

Pesquisa, açude, banhado, capoeira, cascalho, Cryptomeria japonica, Cupressus lusitano,

estepe (campo), Eucaliptos (benthamii e dunii), Floresta Ombrófila Mista, Pinus (eliotii,

greggi, patula e taeda), sedes e solo exposto. Também foram definidas: a delimitação da

propriedade (cerca), estradas, açudes, banhados, nascentes e os cursos d’água existentes

no interior da fazenda dos Tijolos. Com isso pode-se obter área de influencia de cada

tipologia, demonstrado pela Tabela 1, considerando a área de influencia de cada tipologia

dentro da delimitação, sendo a área total da fazenda de 1007,8 ha.

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Tabela 1 - Dados do uso e cobertura do solo da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Tipologia Área (ha) Proporção (%)

Área Pesquisa SC 1,08 0,11

Açude 0,71 0,07

Banhado 13,66 1,36

Capoeira 0,73 0,07

Cascalheira 0,14 0,01

Cryptomeria japonica 0,31 0,03

Cupressus lusitano 2,90 0,29

Eucalipto benthamii 54,67 5,42

Eucalipto dunii 83,20 8,26

Estepe 10,45 1,04

Floresta Ombrófila Mista 509,63 50,57

Pinus eliiotii 104,18 10,34

Pinus greggi 18,00 1,79

Pinus patula 48,43 4,81

Pinus taeda 114,39 11,35

Solo Exposto 45,32 4,50

Total 1007,8 100

A predominância mais representativa é composta pela Floresta Ombrófila Mista,

ocupando 509,53 ha da área da fazenda, ou seja, 50,57% da área total, sendo circundada

por tipologias resultantes da alteração humana e reflorestamento. Segundo a classificação

do IBGE (1991) a F.O.M. do local de estudo é na maior parte do tipo Montana, onde o

mesmo se encontra em altitudes entre 500 à 1000 metros, outra parte é do tipo Alto

Montana, que está situada acima de 1000 metros, sendo apenas uma pequena parcela nos

topos de morro, e outra parte é do tipo Aluvial, nas partes próximas aos cursos d’água e em

terrenos úmidos. Já a tipologia com menor predominância é a cascalheira com apenas 0,14

ha (0,01%) de ocupação do solo da propriedade. Está “cascalheira” foi utilizada para o

cobrimento das estradas da fazenda, porém esta desativada desde 2011, devido a

desnecessidade de uso.

A área de solo exposto ocupa 45,32 ha ou 4,50% do total da propriedade, ocorreu

devido à retirada das espécies cultivadas (reflorestamento), sendo que os maiores polígonos

de solo exposto estão conectados com algum tipo de reflorestamento, ou seja, nestes locais

está sendo feita a extração destas espécies cultivadas, resultando em solo exposto,

enquanto não há replantio. A reflorestação dessas áreas ocorreu na metade de 2011 com o

replantio de espécies exóticas (Pinus e Eucalipto), para reformar um novo ciclo de

reflorestamento.

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A propriedade conta com dois açudes ocupando uma pequena área de 0,71 ha,

sendo 0,07% de ocupação no solo da propriedade. Nestes açudes são cultivados apenas a

espécie Carpa capim, utilizada somente para fins de recreação e consumo dos funcionários.

Já os banhados ocupam uma área de 13,66 ha ou 1,36% da propriedade, sendo divididos

em cinco banhados.

As áreas de estepes, mais conhecidas como campos gerais ou campos de altitude

segundo a nomenclatura do IBGE (1992), ocupam uma área de 10,45 ha, ou seja, 1,04% da

área total. Em quase todos os locais de campo foram construídos galpões, alojamentos ou

garagens, servindo de infraestrutura para sede da propriedade. De acordo com Mocoshinski

e Scheer (2008) as áreas de incidência de campo são pequenas devido à ameaça do plantio

de espécies exóticas como o Pinus, assim avançando sobre estas.

. Os estepes da fazenda encontram-se no subgrupo do estepe parque (IBGE,1992),

devido apresentarem um estrato herbáceo constituído basicamente por gramíneas em meio

de exemplares isolados ou agrupados de Araucária angustifolia.

Existe também a possibilidade de que estes estepes possam não ser naturais, ou

seja, resultantes do corte da floresta para ocupação humana, pois pelo arranjo observa-se

pouca distribuição em meio ao ambiente basicamente florestal.

As áreas de atividade econômica da fazenda são 100% reflorestamento, abrangendo

uma área de 426,60 ha, sendo cultivadas nove tipologias diferentes de espécies, como:

Cryptomeria japônica, Cupressus lusitano, Eucalipto (benthamii e dunii) e Pinus (Eliotii,

greggi, patula e taeda), Estas áreas ocupam 42,33% do total da propriedade, sendo que a

espécie mais cultivada é o Pinus taeda, ocupando 11,35% do total da fazenda, conforme a

Tabela 1, ou 26,85% de atividade econômica da propriedade, conforme a Tabela 2,

ocupando uma área de 114,39 ha, seguido do Pinus elliotii (104,18 ha), Eucalipto dunii

(83,20 ha), Eucalipto benthamii (54,67 ha), Pinus patula (48,43 ha), Pinus greggi (18,00 ha),

e em menor quantidade apresenta-se as espécies Cupressus lusitano com 2,90 ha e a

Cryptomeria japônica com 0,31 ha. Todas essas espécies geralmente são comercializadas

na região de Lages, principalmente para indústria madeireira e de papel e celulose. A

propriedade cultiva estas espécies (Pinus e Eucalipto) devido ao rápido crescimento em um

espaço de tempo reduzido do que outras espécies de acordo com Pereira (2005). Assim

surgindo como uma alternativa de recurso, porém a propriedade usa a pratica de

monocultura, assim modificando a paisagem local conforme cita Guimarães et al. (2010).

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Tabela 2 - Dados das espécies cultivadas na fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Espécies cultivadas Área (ha) Proporção (%) da

área total

Proporção (%) da área das espécies cultivadas como atividade econômica da

propriedade

Cryptomeria japonica 0,31 0,03 0,07

Cupressus lusitano 2,90 0,29 0,68

Eucalipto benthamii 54,67 5,42 12,82

Eucalipto dunii 83,20 8,24 19,46

Pinus eliiotii 104,18 10,34 24,45

Pinus greggi 18,00 1,79 4,22

Pinus patula 48,43 4,81 11,37

Pinus taeda 114,39 11,35 26,85

Total 426,60 42,33 100

As estradas são todas rurais do tipo “chão batido” e cascalho, com largura máxima

de cinco metros. Uma das estradas é de domínio municipal com aproximadamente 4,8 km,

utilizada como estrada geral que corta a área de estudo, ligando a outras fazendas. As

outras estradas são de domínio particular, sendo utilizadas para ter acesso aos

reflorestamentos, tendo comprimento total de 41,5 km.

Os cursos d’água dentro da propriedade tem comprimento aproximadamente de 9,80

km e com largura máxima de cinco metros, sendo em sua maioria riachos. Estes são

divididos em seis cursos de água pertencentes à bacia do rio Pelotas, que desaguam no rio

Pelotas.

A Área de Pesquisa abrange uma pequena área de 1,08 ha, onde é uma área de

pomar de semente clonal (APSC), feita através da empresa Terrapinus (Lages, SC), com o

objetivo de obter as melhores espécies de Pinus taeda. Este experimento é feito através da

coleta de galhos das melhores árvores adultas e enxertados em mudas, assim se obtém

uma árvore de pequeno porte, porem adulta, para que nos próximos anos possa ser feita a

coleta de sementes da melhor qualidade. Para isto, é importante observar que ao redor

deste experimento existe apenas F.O.M. e Eucalipto, pois é necessário isolar as espécies

experimentais das outras espécies de Pinus, para que não haja cruzamento entre as

espécies.

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5.2 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP)

As áreas de Preservação Permanente são áreas protegidas, tendo o objetivo de

preservar os recursos hídricos, paisagem, estabilidade geológica e biodiversidade, assim

facilitando o fluxo genético da fauna e flora, e por fim proteger o solo e garantir o bem estar

de todos (BRASIL, 2012).

Para o mapeamento das APPs da área de estudo (Figura 11), foi analisado o novo

código florestal, ditada no capitulo III (Áreas de Preservação Permanente), seção I

(Delimitação das APPs), do artigo 4., e também a Resolução do CONAMA 303 do artigo 3.

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Os seis cursos de água presentes no interior da fazenda tem largura máxima de 5

metros, portanto, “trinta metros, para os cursos d’água com larguras até dez metros”

(BRASIL, 2012). Então foram mapeados como APP às margens com trinta metros de

distância de todos os cursos d’água presentes na propriedade.

De acordo com a Tabela 3, a tipologia de solo exposto é que mais conflita com a zona

de APP de curso d’água, ocupando área irregular de 1,54 ha. Já as zonas de conflito

contendo reflorestamento são de pequena escala, sendo que a espécie com maior conflito é

o Eucalipto dunii com aproximadamente 0,64 ha plantados na zona de APP, seguido do

Pinus taeda com 0,31 ha. Com isso pode-se determinar que a área total em conflito com a

APP de curso d’água é de 3,17 há ou 0,31% da área total.

Tabela 3 - Tipologias em conflito com APP dos cursos d’água da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Tipologia Área (ha) Proporção (%) em relação a área Total

Eucalipto benthamii 0,16 0,02

Eucalipto dunii 0,64 0,06

Pinus eliiotii 0,30 0,03

Pinus patula 0,22 0,02

Pinus taeda 0,31 0,03

Solo Exposto 1,54 0,15

Total 3,17 0,31

As três nascentes identificadas devem seguir a legislação de acordo com o item

quatro disposto no artigo 4 desta lei, no que refere sobre “ás áreas no entorno das

nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio

mínimo de cinquenta metros” (BRASIL, 2012), portanto as nasceste foram classificadas com

cinquenta metros de distância. Essa distancia só não é respeitada em uma pequena parcela

com o Pinus eliiotii invadindo a zona de APP em 0,05 ha.

Foram identificadas apenas quatro áreas com declividade acima de 45° no interior da

propriedade, ocupando 42,83 ha da propriedade. De acordo com a legislação “as encostas

ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior

declividade” (BRASIL, 2012), ou seja, as encostas com declividade igual ou acima de 45°

são áreas de preservação permanente. Não foram identificadas tipologias irregulares nesta

área, constando apenas tipologia de Floresta Ombrófila Mista nestes locais.

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De acordo com a Tabela 4, a APP de topo de morro foi a que mais sofreu conflito

com o uso e ocupação do solo da propriedade. Com aproximadamente 71,64 ha ou 7,12%

de área ocupada com alguma tipologia de reflorestamento irregular, sendo que o

reflorestamento com Eucalipto benthamii e Pinus greggi são os com maiores áreas de

ocupação irregular em topos de morro, com 20,13 ha (2,00%) e 17,10 ha (1,70%)

respectivamente.

Tabela 4 - Tipologias em conflito com a APP dos topos de morro da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Tipologia Área (ha) Proporção (%) em relação a área Total

Eucalipto benthamii 20,13 2,00

Eucalipto dunii 3,36 0,33

Pinus eliiotii 8,91 0,88

Pinus greggi 17,10 1,70

Pinus patula 9,65 0,96

Pinus taeda 3,93 0,39

Solo Exposto 8,66 0,86

Total 71,74 7,12

A área de APP de banhado e açude foi demandada de acordo com o novo código

florestal de 2012, que devem seguir distancia mínima de dez metros. De acordo com mapa

de uso e ocupação do solo (Figura 10) e o mapa de APPs (Figura 11), houve conflito com

estas tipologias apenas com o plantio de Eucalipto benthamii (0,12 ha) e Pinus greggi (0,11

ha).

Portanto o total de área em conflito com as zonas de APP é de 75,19 ha ou 7,46% da

área total, a qual devem ser recuperadas/restauradas, através do plantio de mudas nativas

nesses locais.

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5.3 ESTRUTURA ESPACIAL DA PAISAGEM

Conforme Baudry & Burel (2002), o estudo espacial da paisagem permite quantificar

a área necessária para uma determinada espécie usufrua do habitat durante seu ciclo de

vida, se reproduzindo, se alimentando e se abrigando.

A estrutura espacial da paisagem (Figura 12) foi classificada de acordo com a

fitofisionomia da área de estudo com fins de ecologia da paisagem. Para isto foram

determinadas as tipologias mais relevantes para este estudo, como: cerca, curso d’água,

estepes, estradas, Floresta Ombrófila Mista (interna e externas da fazenda) e

reflorestamento. Determinados como elementos da paisagem: matriz, mancha e corredor.

Como as manchas mais representativas na área de estudo e o entorno foram

considerados os Estepes, Floresta Ombrófila Mista e Reflorestamento. Já os corredores

segundo Odum (2002), são faixas naturais ou planejadas associando duas ou mais

manchas, então se considerou como corredor: as estradas, cercas e cursos d’água. De

acordo com Valente (2001), matriz é considerada o elemento com maior influência no

funcionamento dos outros ecossistemas, portanto a matriz da área de estudo é o

reflorestamento, por ter alta conectividade e adentrar na floresta, sendo o elemento

dominante que influencia na paisagem, na qual estão contidas as manchas e corredores, ou

seja, englobando todos os elementos da estrutura da paisagem (BAUDRY & BUREL, 2002).

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Por meio do mapa de estrutura espacial da paisagem (Figura 12), é possível

observar que os estepes estão desconectados em pequenas machas, devido ao cultivo de

espécie exótica, o qual avança sob os estepes (MOCOSHINSKI & SCHEER, 2008).

Também é possível observar que a Floresta Ombrófila Mista esta mais fragmentada no

interior da fazenda do que no exterior da fazenda, pois o cultivo do Eucalipto e do Pinus fez

com que a paisagem se fragmentasse em pequenas e grandes manchas de floresta.

Na Tabela 5, é definida a área de influência e quantidade das tipologias

consideradas como manchas para analise da paisagem da área de estudo e o entorno. Para

isto observou-se que a mancha com maior predominância é a Floresta Ombrófila Mista com

aproximadamente 1365,70 ha (75,78%), divididas em 14 manchas, seguido do

reflorestamento com 426,08 ha (23,64%), dividido em 13 manchas, e o estepe com pouco

mais de 10 ha (0,58%), dividido em cinco manchas. Assim a área analisada ocupa

aproximadamente 1802,75 ha contendo 32 manchas.

Tabela 5 - Área e quantidade das tipologias consideradas mancha para analise da paisagem da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Manchas Área (ha) Proporção (%) Quantidade

Estepe (Campo) 10,45 0,58 5

Floresta Ombrófila Mista 1.365,70 75,78 14

Reflorestamento 426,60 23,64 13

Total 1.802,23 100,00 32

A mancha de Floresta Ombrófila Mista foi dividida em interna e externa da fazenda

(Tabela 6), para analisar separadamente esta tipologia e também por conter cerca na

delimitação da fazenda, na qual serve de bloqueio para algumas espécies, assim

fragmentando esta área. As manchas internas ocupam uma área de 509,53 ha ou 37,32%,

divididas em nove manchas. Já as manchas externas ocupam uma área de 856,07 ha

(62,68%), divididas em cinco manchas.

Tabela 6 - Área e quantidade das manchas do tipo F.O.M. interna e externa da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Mancha de Floresta Ombrófila Mista Área (ha) Proporção (%) Quantidade

Interna 509,63 37,32 9

Externa 856,07 62,68 5

Total 1.365,70 100,00 14

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Também foi possível obter o comprimento e a quantidade de cada corredor (Tabela

7). Com isso pode-se considerar que existe somente uma cerca, a qual esta delimitando a

fazenda, com comprimento de 15,85 Km. Também foram identificados seis corredores de

cursos de água (corredor natural), na qual a soma de todo seu comprimento é de 9,81 Km.

Já as estradas são corredor do tipo faixa com função de sumidouro (FORMAN, 1995), sendo

consideradas somente as estradas internas da fazenda, pois não foi possível a realização

da confecção das estradas externas. As estradas internas chegam ao comprimento de 41,45

Km, correspondentes a aproximadamente 34 estradas. Além disso, foram identificados 10

corredores ecológicos, ou seja, corredores de vegetação naturais, que conectam uma

floresta a outra, permitindo o fluxo de genes e movimento da biota, conforme Primack &

Rodrigues (2001). Portanto o total de corredores em comprimento é de 67,11 Km.

Tabela 7 - Área e quantidade dos tipos de corredores da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Corredores Comprimento (Km) Quantidade

Cerca 15,85 1

Curso d'água 9,81 6

Estrada 41,45 34

Corredor Ecológico - 10

Total 67,11 51

É possível considerar eventuais atropelamentos nas estradas. No entanto, é

possivelmente diferente de vias com mais circulação e velocidade, como o caso da BR 174

na região do Amazonas em que foram registrados 27 animais atropelados e mortos, no

período de 2 anos (OMENA JUNIOR et al, 2012). No caso da fazenda dos Tijolos é rara a

ocorrência de atropelamentos de animais, pois as vias são de baixa velocidade, estreitas e a

maior parte privada, tendo pouca circulação de veículos no local. Marenzi (2004), ressalta o

problema de atropelamentos mesmo em estradas de “chão batido”.

De acordo com a Figura 13 e a Tabela 8, a Floresta Ombrófila Mista mostra-se

fragmentada, sendo dividida em 14 manchas, nas quais são fragmentadas em 46 sub-

manchas, devido a cerca, curso d’água e as estradas que cortam e separam essas

manchas, formando sub-manchas. Conforme Primack e Rodrigues (2001), a fragmentação

de habitat pode levar a extinção de algumas espécies, devido essas espécies ficarem

ilhadas em algumas manchas, podendo ocorrer o aumento na competição por abrigo e

alimento.

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Tabela 8 - Área e as subdivisões por curso d’água e estradas de cada mancha de F.O.M da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Manchas Área (ha) Submanchas (no)

1 310,88 18

2 41,41 9

3 150,01 7

4 2,71 0

5 0,23 0

6 0,14 0

7 1,77 0

8 1,56 0

9 0,92 0

10 422,74 0

11 109,85 4

12 241,36 2

13 33,46 2

14 48,66 2

Total 1365,7 46

Conforme Fernandez (2000), a maior ameaça à extinção das espécies esta

diretamente ligada à fragmentação e introdução de espécies exóticas, por sua vez apontada

por Ziller e Galvão (2000). Portando, o reflorestamento é a maior consequência de perda de

biodiversidade no local, por serem utilizadas espécies exóticas que podem adentram na

Floresta Ombrófila Mista. Com isso gera formação de populações remanescentes, por

consequência alterando os fluxos genéticos, aumentando a competição e alterando a

estrutura e qualidade de habitat, causando perda de biodiversidade (FORMAN & GODRON,

1986; MUCHAILH, 2007).

De acordo com Odum (2002), os corredores podem ser faixas naturais ou

planejadas, portanto o corredor curso d’água é do tipo faixa natural, já os corredores cerca e

estradas são do tipo faixa planejada ou do tipo linhas de corredor de forma linear segundo

Forman e Godron (1981).

A forma das manchas também influencia na situação do local, pois as manchas mais

compactas e de formato similar ao circulo tem capacidade de proteger os recursos

interiores, como é o caso das sub-manchas contidas nas manchas 1, 3, 10 e 12. Assim

evitando que os efeitos de borda externos influenciem no interior do fragmento,

especialmente espécies intolerantes a maior intensidade de luz, vento, temperatura e

intervenções humanas (ODUM, 2002).

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A forma mais irregular aumenta o efeito de borda por apresentar maior perímetro,

mas pode compensar por apresentar mais heterogeneidade de ambientes, beneficiando

algumas espécies, como é o caso das manchas 1, 2, 3, 11 e 12 (MARENZI, 2004).

Conforme Carmo (2000), as manchas de paisagem com pequenas áreas podem servir

de áreas de descanso para as espécies que se locomovem entre manchas, como as

manchas de 4 a 9. Por outro lado, uma mancha de tamanho menor não suporta grandes

populações e com isso deriva numa menor biodiversidade em comparação a uma floresta

continua.

Portanto, a estrutura espacial da paisagem demonstrou que o reflorestamento é o

elemento dominante influenciando diretamente os outros elementos da paisagem,

resultando em fragmentação, pela formação de sub-manchas separadas. Por outro lado, há

presença de algumas porções lineares de floresta se comportando como corredor ecológico

e, nesse caso, podendo propiciar o fluxo de genes, bem como o deslocamento de fauna

(BRASIL, 2000).

5.4 PROPOSTA DE CENÁRIO IDEAL

A proposta foi elaborada voltada a um cenário ideal da fazenda dos Tijolos (Figura

14). Para isso se utilizou o mapa de uso e ocupação do solo (Figura 10), mapa de APPs

(Figura 11) e mapa da estrutura espacial da paisagem (Figura 12 e 13), focando quais

seriam os locais com mais fragilidades ambientais que necessitariam de conservação e/ou

recuperação. A Figura 14 indica os locais em conflito com a silvicultura, que devem ser

recuperadas com o plantio de mudas nativas.

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Algumas faixas de vegetação que se comportam como corredor ecológico deverá

ser ampliado, pois alguns se encontram muito estreitos, para isso fez-se o alargamento dos

mesmos (com média de 100 metros de largura), conforme demonstrado na Figura 14,

buscando uma maior capacidade de deslocamento da fauna, bem como fluxo genético da

biota, conforme indica Primack & Rodrigues (2001). Estes corredores minimizarão o efeito

de fragmentação de habitats das manchas de floresta, sendo que a largura proposta (100

metros) teve caráter empírico, já que a literatura pertinente não indica um valor, pois

depende do comportamento da biota que se almeje considerar.

Quanto à recuperação em área de estepe não são previstas medidas, considerando

que estes ambientes se encontram em pequenas porções da área de estudo, e sem a

certeza de que são naturais, pela sua dimensão e distribuição em meio ao ambiente

florestal, que predomina.

Importante considerar a implantação da reserva legal, sendo que na legislação é

necessário assegurar pelo menos 20% do imóvel (BRASIL 2012). Na propriedade em

questão este área abrange 20,84%, considerando a manutenção de cinco manchas com

pouca fragmentação (Figura 14). Esta área deverá ser averbada em cartório e informada ao

órgão competente no prazo de até um ano (BRASIL, 2012). Portanto essa área de reserva

legal tem como objetivo de proteger a vegetação natural, porém poderá ser utilizado

segundo manejo sustentável (coleta de pinhão, poda de folha de Ilex paraguaensis com fins

de produção de erva mate, plantas medicinais, atividades de recreação e educação

ambiental), ou seja, produzir algum produto secundário sem prejudicar os recursos que a

natureza oferece.

Na Tabela 9 podem ser verificadas as áreas a serem recuperadas de acordo com suas

exigências legais (APP e proposta de ampliação do corredor ecológico), assim podendo

alcançar o cenário ideal.

Tabela 9 – Total das áreas (ha) recuperadas para alcançar o cenário ideal da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Recuperação Área (ha)

APP Banhado/ Açude 0,23

APP Curso D'água 3,17

APP de Nascente 0,05

APP Topo de Morro 71,74

Corredor Ecológico 5,92

Total a ser recuperado 81,11

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. Considerando que a APP de topo de morro é a que mais sofre conflito, ocupando

71,74 ha de plantio irregular de espécies exóticas, é a maior área a ser recuperada. Como

também o corredor ecológico deve ser ampliado com floresta nativa, sendo necessária a

substituição de 5,92 ha de reflorestamento.

As medidas de recuperação devem estar voltadas a restauração ambiental. Segundo

Brasil (2000), restauração é a restituição o mais próximo possível de sua condição original

de um ecossistema ou população que sofreram degradação. Odum & Barrett (2007) se

refere à ecologia da restauração como uma forma em restaurar a heterogeneidade e os

padrões da paisagem alterados pela perturbação humana. Para o autor, este foco também

aumenta o valor da conservação das paisagens fragmentadas. Portanto, considerando a

área de 81,11 ha (Tabela 9) a ser recuperada (restaurada), haverá um acréscimo da área

de Floresta Ombrófila Mista, totalizando 609,49 ha (Tabela 10). No entanto, é preciso

considerar a necessidade de aguardar o período de adequação de corte de reflorestamento

sem que haja perdas no investimento financeiro.

Ainda, buscando uma melhor visualização do cenário ideal comparado com o real, foi

elaborado Figura 15 para facilitar a comparação entre esses dois mapas.

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Figura 15 - Comparativo do cenário real com o cenário ideal da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

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É possível verificar (Figura 15) que na situação ideal existe uma maior

conectividade entre as manchas de floresta, diminuindo o efeito negativo da matriz

(reflorestamento). Assim como os corredores ecológicos mais largos fazem mais conexões

entre as manchas de Floresta Ombrófila Mista. Também é importante observar que no

cenário ideal, a silvicultura diminui em 81,11 ha para o plantio de floresta nativa,

possivelmente incorrendo em perdas econômicas para a propriedade.

Conforme a Tabela 10 e a Figura 15, a Floresta Ombrófila Mista teve aumento de

9,91%, devido a diminuição do cultivo de espécies exóticas com o objetivo de respeitar as

legislação e conciliar a silvicultura com a conservação da biodiversidade. Também é

importante relevar que na tipologia solo exposto do cenário real foi transformado em

reflorestamento nos locais que não havia conflitos. Portanto, podendo compensar parte da

perda econômica.

Tabela 10 - Comparação da área e proporcionalidade do cenário real com o cenário ideal da fazenda dos Tijolos, Cerro Negro, SC.

Cenário Real Cenário Ideal

Tipologia Área (ha) Proporção (%) Área (ha) Proporção (%)

APSC 1,08 0,11 1,08 0,11

Açude 0,71 0,07 0,71 0,07

Banhado 13,66 1,36 13,66 1,36

Capoeira 0,73 0,07 0,73 0,07

Cascalheira 0,14 0,01 0,14 0,01

Cryptomeria japonica 0,31 0,03 0,31 0,03

Cupressus lusitano 2,90 0,29 2,59 0,26

Eucalipto benthamii 54,67 5,42 36,12 3,58

Eucalipto dunii 83,20 8,26 76,14 7,56

Estepe 10,45 1,04 10,45 1,04

F.O.M. 509,63 50,57 609,49 60,48

Pinus eliiotii 104,18 10,34 80,91 8,03

Pinus greggi 18,00 1,79 0,59 0,06

Pinus patula 48,43 4,81 36,59 3,63

Pinus taeda 114,39 11,35 103,49 10,27

Solo Exposto/Reflorestação 45,32 4,50 34,80 3,45

Total 1007,8 100 1007,8 100

Como medida de gestão em um cenário ideal se recomenda que a propriedade adote

um sistema de sinalização, com placas das espécies cultivadas, identificando o gênero,

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espécie e ano de plantio. Também deve utilizar o sistema de placas para identificar a

velocidade máxima permitida para não haver atropelamento de animais. Além disso, esse

sistema de placas também pode ser utilizado numerando as ruas, assim facilitando a

organização da propriedade.

Outra medida importante se refere à educação ambiental dos funcionários, para que

tenham uma visão ampliada como e porque respeitar a biodiversidade. Com isso trará

benefícios positivos a propriedade, desde profissionais melhor capacitados até uma

propriedade com silvicultura conciliada com a conservação da biodiversidade em seu

interior.

Nos limites de cada tipologia de silvicultura deve-se adotar em volta 3 faixas de

quebra-vento com espécies não invasoras, com o objetivo de minimizar a dispersão de

sementes fora desses povoamentos (ZILLER; GALVÃO, 2000).

Com isso pode-se concluir que o cenário ideal teve como objetivo demonstrar ao

proprietário qual seria a melhor situação para a conservação da biodiversidade, analisando

a estrutura de mosaico de paisagem e propondo arranjos com corredores ecológicos,

reserva legal, APPs, conciliados com as áreas de reflorestamento, bem como buscando

medidas mitigatórias dos impactos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o auxiliou do Sistema de Informações Geográficas Spring 5.2.2., facilitou a

compressão da analise da ecologia da paisagem, mostrando-se eficiente na obtenção dos

mapas para atingir os objetivos propostos neste trabalho.

Com o mapa de uso e cobertura do solo foi possível caracterizar quantitativamente, em

termos de área e número de fragmentos, observando que houve fragmentação de habitat,

na qual o reflorestamento teve avanço sobre os remanescentes da Floresta Ombrófila Mista,

ou seja, houve degradação das manchas de vegetação. Também é importante ressaltar que

a propriedade pratica monocultura, assim modificando a paisagem local, mas comparado a

maioria das atividades econômicas, o reflorestamento, se manejado adequadamente, tem

impactos negativos menos expressivos.

A tipologia com maior predominância é a Floresta Ombrófila Mista em relação ao

reflorestamento que tem a segunda maior predominância, mesmo no cenário ideal com a

diminuição considerável de sua área.

A espécie mais cultivada é Pinus taeda e Pinus elliotii, por serem espécies de

crescimento rápido em curto tempo de espaço. Porém, a propriedade vem apostando nos

últimos anos nas espécies Eucalipto benthamii e dunii, pois estas tem crescimento maior em

um espaço de tempo menor do que as espécies de Pinus.

Em relação aos estepes da propriedade, pode-se dizer que sofreram transformações

com a atividade humana, pois nas pequenas parcelas dessa formação vegetal na

propriedade, há presença de infraestrutura da propriedade, além do cultivo de espécies

exóticas que adentram nestes locais. No entanto, ainda existe dúvida se esta formação é

original ou resultado da retirada da Floresta com fins de ocupação humana.

Pode-se concluir que há reflorestamento em conflito de uso com áreas de preservação

permanente de acordo com a legislação pertinente, sendo que a APP de topo de morro foi a

que mais sofreu com o conflito de uso, sendo que de acordo com o proprietário da fazenda,

alega que desconhecia a legislação ambiental quanto a este tipo de APP. Com isso foi

proposto a substituição do reflorestamento nas áreas de conflito (APPs) pelo plantio de

espécies arbóreas nativas, demonstrado no cenário ideal da propriedade.

Pode-se verificar heterogeneidade na paisagem pelo conjunto de manchas e de

corredores. Entre os corredores existem os que fragmentam, e outros que conectam, esses

reconhecidos como corredores ecológicos. A Floresta Ombrófila Mista é a mancha com mais

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destaque na paisagem, pois além de ser predominante, ressalta sua exuberância. Porém,

o elemento com maior influência (matriz) é o reflorestamento, pois este é o elemento

dominante que envolve diretamente os outros elementos, determinando a quantidade e

qualidade dos elementos naturais, e assim, modificando a paisagem. Com isso, pode-se

concluir que o cultivo de espécies invasoras como o Eucalipto e Pinus, contribuiu

diretamente com a fragmentação da paisagem, ocorrendo à formação de ilhas em manchas,

dificultando a dispersão genética, aumentando a competição por abrigo e alimento e, por

consequência, alterando a estrutura e qualidade de habitat, ou seja, causando perda e

prejuízo a biota.

No cenário ideal a Floresta Ombrófila Mista foi ampliada para atendar a legislação

(APPs, Reserva Legal e Corredor Ecológico), e desta forma, contribuindo com a

conservação da biodiversidade, minimizando processos erosivos, de assoreamento e de

inundações, nas margens de rios, topo e encostas de morros. Para isso, as áreas de

reflorestamento foram diminuídas e, por consequência, diminuindo o lucro da propriedade.

Porém, a mesma poderá servir de modelo de gestão, atendendo as exigências do sistema

de certificação ambiental exigidos pela indústria de papel e celulose, podendo agregar valor

ao produto. Também é importante ressaltar que a reserva legal, assim como os outros

remanescentes florestais não localizados em APPs podem proporcionar recursos

econômicos complementares por meio do manejo florestal sustentável. Além disso, é de

relevante destacar a prevenção dos impactos na fauna através de intercalações de

plantações florestais com a reintrodução de vegetação nativa, aumentando a porosidade

ambiental e facilitando a movimentação dos animais.

6.1 RECOMENDAÇÕES

Como recomendações para trabalhos e ações futuras podem ser citados:

• A aplicação deste estudo em outros municípios da região, com características semelhantes

a fim de possibilitar aumentar a rede de propriedades sustentáveis;

• Calcular as perdas econômicas na propriedade, área de estudo, com a implantação da

proposta deste trabalho com fins de verificar a sua viabilidade, comparando aos ganhos com

um processo de certificação florestal;

• A implantação da proposta deste trabalho na propriedade, área de estudo, servindo de

propriedade modelo na região;

• Estudar alternativas de mitigação de impacto que não foram abordadas neste trabalho.

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1989.

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________ Lei Estadual Nº 9.428/94. Estabelece a Política Florestal do Estado de Santa

Catarina, Florianópolis, 1994.

________ Lei Nº 14.675/09. Estabelece o Código do Meio Ambiente, Florianópolis, 2009.

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ANEXOS

MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO FORNECIDO PELA

EMPRESA RR GESTÃO FLORESTA

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