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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CÁSSIA RENATA SCHERER LINO O IMPÉRIO DAS POLÍCIAS. FEDERALISMO E ESTADO UNITÁRIO NO IMPÉRIO DO BRASIL (1831-1850). CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CÁSSIA RENATA SCHERER LINO

O IMPÉRIO DAS POLÍCIAS. FEDERALISMO E ESTADO UNITÁRIO NO IMPÉRIO DO BRASIL

(1831-1850).

CURITIBA

2011

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CÁSSIA RENATA SCHERER LINO

O IMPÉRIO DAS POLÍCIAS. FEDERALISMO E ESTADO UNITÁRIO NO IMPÉRIO DO BRASIL

(1831-1850).

Monografia apresentada ao curso de Graduação em História, Departamento de História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel e licenciada em História.

Orientador: Profº Dr. Luiz Geraldo Silva.

CURITIBA

2011

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, aos meus pais e minhas irmãs que foram os responsáveis para

que pudesse concluir esta graduação.

Ao meu orientador Luiz Geraldo pela extrema dedicação e paciência comigo

desde o primeiro momento de conversa.

Aos meus amigos Ana Carolina, Anne, Andrea, Caroline, Thiago e Luiz pela

compreensão e ajuda em todos os momentos ao longo destes quatro anos.

Ao Danilo por todo amor e carinho.

A todos que de alguma forma contribuíram para meu crescimento profissional e

pessoal até hoje.

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Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a criação de forças policiais em cada província durante o período regencial (1831-1840). Este foi marcado pelo enfraquecimento do poder central e pela promulgação do Ato Adicional (1834), que permitiu a criação daquelas forças. Ao restringir o estudo aos corpos policiais, pretendo discutir seu impacto na relação entre as províncias e o Estado unitário. Com o auxílio da Constituição Brasileira de 1824, dos Relatórios dos Presidentes das Províncias, das leis imperiais, dos debates no Senado do Império, podemos refletir e repensar novas possibilidades de interpretação do papel dos corpos policiais nas províncias de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Estas foram escolhidas devido à sua participação em processos fundamentais da história brasileira no século XIX, especificamente, a Independência (1822) e a Abdicação (1831). Após um período de 10 anos sem reformas, a Constituição Brasileira sofreu mudanças com a promulgação da emenda constitucional denominada de Ato Adicional pela Lei n° 16 (12 de Agosto de 1834), pela qual as províncias adquiriram autonomia administrativa com a criação das Assembleias Legislativas Provinciais substituindo os Conselhos Gerais. As províncias passaram a legislar sobre os diversos assuntos internos: impostos, empregos, renda pública e segurança para a população. Nas províncias estudadas os corpos policiais exerciam atividades que eram de apoio à ação das autoridades para a manutenção da ordem. Por outro lado, a força policial, pela análise das fontes escolhidas, desempenhava papéis que não tinham nenhuma vinculação direta com a segurança pública. No Rio de Janeiro, por exemplo, cobrança de passagens em pontes e barcas. Nas províncias de Minas Gerais e São Paulo realizavam funções como construção de novas barreiras em diversas estradas e forneciam destacamentos para as diligências da polícia em lugares de maior importância. Para concluir, considero que a noção de polícia ainda permaneceu relacionada, no começo do século XIX, com a função voltada para a administração interna da cidade ou província, isto é, para as tarefas ligadas à “civilização”. Nesse sentido, a força policial era necessária por se constituir como um dos mecanismos que fazia parte da nação civilizada, embora suas tarefas consistissem em reprimir a população mais pobre ou auxiliar na construção de pontes.

Palavras-chave: império, polícia, regência

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Sumário

Introdução...................................................................................................................6

Capítulo 1: Primeiro Reinado...............................................................................10 1.1 Províncias: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo........................................13

1.2 Fim do Primeiro Reinado....................................................................................16

Capítulo 2: Autonomia das Províncias...................................................................18

2.1 Período Regencial................................................................................................18

2.2 Ato Adicional......................................................................................................22

2.3 Províncias e o Ato Adicional...............................................................................23

Capítulo 3: Força Policial........................................................................................26

3.1 Criação dos Corpos Policiais...............................................................................26

3.2 Policiais nas Províncias........................................................................................29

Considerações Finais..................................................................................................35

Fontes.........................................................................................................................37

Referências bibliográficas.........................................................................................38

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Introdução

No período regencial (1831- 1840), devido ao enfraquecimento do poder central

e a autonomia concedida pelo Ato Adicional (1834), foi possível a criação de uma força

policial em cada província do império. Isto nos leva a questionar qual foi o impacto dos

corpos policiais na relação entre as províncias e o Estado unitário. Antes disso é preciso

entender primeiramente o significado da palavra polícia.

A concepção da palavra polícia durante os séculos XVIII e XIX estava

relacionada à própria ideia de civilização, desenvolvida a partir do século XVI. As

novas formas de sociabilidade são pautadas pela razão e por novas regras de

comportamentos que buscam o aperfeiçoamento do ser humano. Ou seja, vai se

construir a imagem de um “homem civilizado” que se autocontrola e racionaliza-se. 1

Nesse sentido, a polícia adquire importância como um exemplo de civilidade,

pelo fato de representar o controle sobre os indivíduos que não se encaixam nessa

sociedade. Cabe ao policial fiscalizar e punir as pessoas que não cumprem as

determinadas regras sociais de convivência.

Para tal análise, considerei as distintas definições da palavra polícia durante os

séculos XVIII e XIX. Entre as quais, destaco a definição do padre Rafael Bluteau, que

ressalta no seu “Vocabulário Português e Latino”, de 1712-1722, que a polícia

Divide-se em civil e militar. A primeira governa aos cidadãos, a segunda, os soldados. Se forma pelas ações, pelos gestos, limpeza, garbo, trato ao conversar, no vestir, as leis que a prudência estabelece para a sociedade humana, a boa fé que se observa. Não se encontra polícia nos povos bárbaros.2

1 ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Volume 1 . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994, p.91. 2 BLUTEAU, Raphael. Vocabulário português & latino: áulico, anatômico, arquitetônico. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 – 1728;

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Bluteau completa citando o padre Simão de Vasconcelos, o qual se refere ao fato

de que “no Brasil as pessoas andam em manadas e nuas, parecendo brutos em pé, sem

luz da razão, sem arte, sem polícia alguma.” Percebemos a vinculação da polícia com o

processo civilizatório visto que temos um conjunto de ações para se definir a polícia,

desde os seus aspectos físicos (limpeza, gestos, vestimenta), aos seus traços

psicológicos (trato ao conversar, garbo). Essas características vão determinar o que se

entende por policial. De modo que somente os povos ditos civilizados têm polícia.

Neste caso, o Brasil colonial está excluído.

É interessante notar que o Dicionário da Língua Portuguesa de Antonio de

Morais Silva, publicado em Lisboa em 1789, que foi considerado o primeiro

monolíngue da língua portuguesa, constitui na verdade uma redução do extenso

dicionário de Bluteau. Apesar de brasileiro, Morais e Silva se insere em uma tradição

portuguesa comum da era colonial, um momento no qual os brasileiros estudavam em

Portugal. 3 Para ele, o significado de polícia está relacionado a:

O governo e a administração interna da República, principalmente no que respeita as comodidades, limpeza, fartura de víveres, e vestiaria, e segurança dos Cidadãos. Para o dito povo viver em boa, e direta polícia. No tratamento decente; cultura, adorno, urbanidade dos Cidadãos, no falar, no termo, na boa maneira.4

Através da leitura do dicionário de Morais Silva notamos que a polícia está

vinculada a segurança dos cidadãos e limpeza da cidade, noções que estão ligadas a

ideia de civilização. Ao considerarmos os conceitos de “limpeza” e “segurança”

percebemos que estão ligados, na medida em que para se ter segurança é preciso fazer

uma limpeza no que é considerado sujo. Essas características citadas acima são comuns

se nos referimos a uma cidade que busca ser civilizada.

3 NUNES, J. H. Dicionário, sociedade e língua nacional: o surgimento dos dicionários monolíngües no

Brasil. In: LIMA, Ivana Stolze; CARMO, Laura. (Org.). História social da língua nacional. 1 ed. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2008, p. 353. 4 SILVA, Antonio Moraes. Dicionário da Língua Portuguesa. Lisboa: Tipografia Lacerdina,1789.

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Outra obra importante é a de Silva Pinto, que foi o primeiro dicionário geral

brasileiro, publicado em Ouro Preto no ano de 1832. 5 Neste glossário, a definição de

polícia está mais enxuta e objetiva: Governo e administração interna: a limpeza,

fartura, segurança, etc. Fig: Cultura e urbanidade. Podemos concluir que a concepção

da palavra polícia continuava a mesma um século depois. O verbete apenas repete o que

já foi mostrado pelos anteriores, que a função da polícia está intimamente ligada com a

administração interna da província, principalmente nos quesitos de segurança e limpeza.

Apesar das particularidades envolvendo os dicionários citados o significado da

palavra polícia não sofreu alterações significativas entre inícios do século XVIII e as

primeiras décadas do século seguinte, ou seja, seu papel continuou sendo relacionado

com a noção de civilização e segurança dos cidadãos. Este era ainda, portanto, o

significado que lhe era atribuído quando da criação das polícias militares nas províncias

do império.

Neste sentido como uma peça fundamental na construção de uma nação, o

surgimento da instituição policial nas principais províncias brasileiras é o objeto desta

pesquisa. Com o auxílio de documentos históricos como a Constituição Brasileira, os

Relatórios dos Presidentes das Províncias, as leis imperiais, os debates no Senado do

Império, podemos refletir e repensar novas possibilidades de interpretação do papel dos

corpos policiais nas províncias de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Estas

foram escolhidas devido à participação nos processos fundamentais da história brasileira

no século XIX, especificamente, a Independência (1822) e a Abdicação (1831).

A província de Minas Gerais apresenta a particularidade de possuir a maior

população de escravos do império. Outro aspecto importante foi a descoberta do ouro

que trouxe significativas alterações estruturais não só para a sociedade mineira, mas

para todo o país. Um exemplo disso foi o deslocamento do eixo econômico para o

Centro Sul, o crescimento das cidades mineiras, o aumento da população na província,

dentre outros aspectos. 6

Levando em conta o período estudado, a província do Rio de Janeiro se

configura como objeto de estudo essencial, pelo fato de nela se localizar a capital do

5 Idem, p. 355. 6 SILVA, A. R. C. Identidades políticas e emergência do novo estado nacional. In: JANCSÓ, István (Org). Independência: história e historiografia. São Paulo: Hucitec/FAPESP, 2005, p. 527.

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Império. Isto gerou modificações profundas na província e na cidade, as quais

adquiriram vasto aparato burocrático administrativo. 7

Já a escolha de São Paulo deve-se principalmente pela importância política dos

parlamentares da região detinham na esfera nacional. Os políticos paulistas tinham

cargos de representação espalhados para todo o Brasil, e isto se configurava, como um

dos fatores de extrema importância para entendermos o papel de São Paulo em

acontecimentos deste período. Por exemplo, Feijó, que foi um dos regentes provisórios

era paulista. Ou seja, São Paulo detinha de força política e estava envolvida nos

principais projetos que definiram um rumo ao Brasil pós- independente.

Os parlamentares mais conhecidos e que ocupavam cargos de destaque eram:

Nicolau Vergueiro e como já citado anteriormente, Diogo Feijó, que participaram da

regência. No campo econômico, sabe-se que a agricultura canavieira possibilitou à

província uma estrutura produtiva que lhe tornou viável competir no mercado externo 8

Contudo, para entendermos o processo de formação da força policial nas

províncias, é necessário compreender o panorama político anterior à sua criação. Ou

seja, os motivos que levaram a Abdicação de Dom Pedro: perda da Guerra Cisplatina

(1825-1828), estigma português, inflação, Noite das Garrafadas (entre os dias 11 e 14 de

Março de 1831), dentre outros aspectos. Este conjunto de fatores serviu para se repensar

a unidade nacional, e a forma de como abranger províncias tão distintas não só pelo seu

aspecto geográfico, mas também pelos aspectos políticos e sociais.

7 OLIVEIRA, C. H. L. S. Sociedade e projetos políticos na província do Rio de Janeiro. Op., cit. p. 483. 8 DOLHNIKOFF, Miriam. São Paulo na Independência. Op., cit. p.557.

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Primeiro Capítulo Primeiro Reinado.

A partir do ano de 1808, com a chegada da Família Real no Brasil, o panorama

político, social, econômico e cultural da América portuguesa foi drasticamente

alterado.9 Para adequar a sede provisória da Corte foram criados vários órgãos

administrativos (Intendência de Polícia, tribunais, Banco do Brasil), bem como se

procedeu na abertura dos portos às nações amigas (1810) e à introdução dos modelos

europeus no comportamento dos brasileiros.

Em 1815 a elevação da ex-colônia à categoria de Reino Unido à Portugal, e

Algarve significou a confirmação política de todas as medidas efetivadas para

manutenção da corte portuguesa em terras brasileiras. Para Lyra, a transição da colônia

brasileira para a categoria de Reino tinha como objetivo consagrar a unidade da nação

luso-brasileira. Além de justificar a permanência da Monarquia no Reino mais

promissor. 10

A presença da Corte no Brasil simbolizava a inversão dos papéis entre as partes

da monarquia portuguesa. Tal presença e desenvolvimento comercial nos portos

americanos ressaltavam o papel secundário da economia do reino português, então

relegado a sua própria produção. A intervenção inglesa nos assuntos portugueses foram

aceitas passivamente devido à guerra no continente europeu. Essas medidas eram

enxergadas como transitórias e serviram para evitar uma possível anarquia no país. 11

Entretanto com o fim das pressões em torno de Portugal, a partir de 1816 inicia-se um

movimento para retomada da antiga posição de centro do império, diversos segmentos

da sociedade portuguesa mostraram insatisfação com tais mudanças. Os portugueses

reivindicavam reaver o papel de entreposto no comércio e o restabelecimento da

metrópole na Europa, tendo a centralidade de Lisboa na administração do império.12

No ano de 1820 em Lisboa ocorre a Revolução do Porto liderada por setores

ligados ao comércio, indústria, profissões liberais, magistratura e exército, os quais

pretendiam elaborar um projeto constitucional português. Para isso exigiram a volta do 9 SILVA. A. R. C. Minas Gerais, p. 522.

10 LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império. Portugal e Brasil: Bastidores da

política. Rio de Janeiro: Sette Letras. 1994, p. 155. 11 Idem, p.150. 12 BERBEL, Márcia. Os apelos nacionais nas cortes constituintes de Lisboa (1821-1822) In: MALERBA, Jurandir (Org). A Independência Brasileira: Novas dimensões. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006, p.16.

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rei D. João VI, estabeleceram medidas anulando o poder de D. Pedro I: as províncias

brasileiras deveriam responder a Lisboa politicamente, também houve a extinção de

repartições públicas criadas no Brasil, dentre outros aspectos.

A discussão em torno das províncias ganhou força após a criação das províncias

substituindo as capitanias no ano de 1821. Apesar de que na prática como ressalta Lyra,

não teve mudanças na administração das recém-nomeadas províncias. Nesse contexto

diversos interesses estavam em jogo: os portugueses que defendiam a permanência da

Corte na América, os portugueses que exigiam a volta para Europa, as distintas formas

de reação das províncias brasileiras, foram determinantes para o rompimento da unidade

luso-brasileira em 1822. 13

Em maio de 1823, formou-se uma Assembleia Constituinte e Legislativa do

Brasil para a elaboração de uma constituição que sem a adesão de todas as províncias,

visava fortalecer as bases para a construção de um pacto político.14 Essa Constituinte foi

concluída apenas em outubro, após três etapas de discussão.

Slemian aponta como primeira polêmica a questão da extinção das Juntas

Provisórias. Os deputados que eram contra essa medida alegavam que não deveriam ser

substituídas por um só indivíduo, no caso D. Pedro I. Outra afirmação era que o

fechamento das Juntas causaria desordens nas províncias do Norte.

No tocante a disputa entre os deputados pairava, na Assembleia Constituinte e

Legislativa do Brasil instalada em maio de 1823, a controvérsia em torno da autonomia

das províncias que passaram a ter o presidente e um secretário escolhidos pelo

Imperador, além de um Conselho privativo eletivo. Por um lado, deputados como o

padre Venâncio Henriques de Resende (representante da província de Pernambuco)

defendiam que os presidentes fossem homens de suas respectivas províncias, ainda que

escolhidos pelo monarca. Por sua vez, deputados como Manuel José de Sousa França,

deputado pelo Rio de Janeiro, afirmavam que era necessário que os cargos subalternos

fossem escolhidos por D. Pedro I como uma forma de controlar a representação popular

direta.

13 Idem, p. 172. 14 SLEMIAN, Andréa. Delegados do chefes da nação: a função dos presidentes das províncias na formação do Império do Brasil ( 1823-1834). Revista Almanack brasiliense. Vol. n° 6. Novembro, 2007,p. 23.

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Um mês antes da dissolução da Assembleia Constituinte que se deu em

novembro de 1823 pelo Imperador, o projeto que dava forma provisória aos governos

provinciais foi transformado em decreto no dia 20 de outubro de 1823: as juntas foram

extintas e se estabeleceu o presidente e um secretário indicados pelo monarca e a

confirmação do Conselho privativo eletivo.15 Portanto, os presidentes detinham de

amplos poderes, ainda que sua atuação tivesse limites diante instituição do Conselho. 16

No dia 22 de abril de 1824 foi promulgada a Primeira Constituição Brasileira

que estabeleceu os princípios básicos pelo qual seria regida a sociedade brasileira: uma

monarquia constitucional com amplos poderes ao Imperador concedido pelo poder

moderador, poder hereditário (permanência dos Bragança no poder) e a manutenção da

escravidão. 17

Os três primeiros Artigos da Constituição de 1824 evidenciam a permanência da

desigualdade entre as províncias e os cidadãos brasileiros. Além de certo receio

envolvendo a Independência, devido a uma possível fragmentação do território, a

primeira coisa a destacar é que não admite qualquer laço de união que se oponha a ela.

Art. 1 O Império do Brasil é a associação política de todos os Cidadãos Brasileiros. Eles formam uma nação livre, e independente, que não admite com qualquer outra laço algum de união, ou federação, que se oponha a sua Independência.

Este primeiro artigo nos deixa bem explícito que a noção de federação era

contrária ideia da independência. Portanto para preservar o país independente não podia

haver qualquer laço baseado no federalismo. Também não ocorreu uma associação

política de todos os brasileiros, visto que só podiam ter representação quem tivesse uma

determinada renda. Aliás, foi preservada a dinastia dos Braganças pelo fato de o poder

ser hereditário.

Art. 3. O seu Governo é Monárquico Hereditário,

Constitucional, e Representativo.

15 Idem, pp. 26-27 16 Idem, p. 27. 17 GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. O Império das Províncias: Rio de Janeiro, 1822-1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, FAPERJ, 2008, p. 22.

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Como podemos ver o governo passou a ser monárquico hereditário, ou seja,

comandado pelo rei que tinha sua posição garantida até a morte, ao passo que o cargo

era hereditário, ou seja, passava de pai para filho. Além de ser regido pela constituição e

representativo, ao qual o povo participa na escolha de seus líderes.

Art. 2. O seu território é dividido em Províncias na

forma em que atualmente se acha, as quais poderão ser

subdivididas, como pedir o bem do Estado.

Este segundo artigo nos mostra que as províncias ficaram atreladas ao governo

central. Outro aspecto em questão é a divisão territorial destas regiões que permaneceu

inalterada com a constituição. As províncias brasileiras não apresentavam uma unidade

nacional entre si, uma vez que as províncias do Norte não mantinham muito contato

com as províncias do Sul.

Essas questões apontadas a partir dos artigos constitucionais servem para

confirmar que havia se elaborado uma Carta Magna conservadora. Neste processo,

várias medidas foram editadas pelo governo central na década de 1830, momento onde

as principais características do Império foram estabelecidas e consolidadas. 18

1.1 Províncias: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Minas Gerais

Com a descoberta do ouro em 1690, criou-se um aparato administrativo para

controlar a produção aurífera e evitar o contrabando. Ocorreu o crescimento das

cidades, já que pessoas de todas as regiões brasileiras se dirigiram a Minas na procura

de ouro, a produção artística adquiriu notoriedade, graças ao dinheiro acumulado que

permitiu uma renovação e progresso cultural, dentre outros aspectos.

18 IGLESIAS, Francisco. Minas Gerais. HOLANDA, Sérgio Buarque de(org.). História Geral da

Civilização Brasileira. O Brasil Monárquico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1997, tomo II, vol. 2. p. 349.

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No ano de 1819, a província mineira possuía a maior concentração de cativos do

Brasil, com 15,2% do total de escravos que ficavam concentrados nas atividades de

abastecimento do mercado interno (pecuária e a agricultura).19 Uma interessante

discussão proposta por Fragoso20 é sobre os setores de abastecimento que não eram

apenas suporte para a atividade mineradora. Mesmo com o declínio do ouro, as

atividades ligadas ao mercado interno não desapareceram, pelo contrário, elas crescem e

adquirem uma dimensão cada vez mais inter-regional passando a alimentar mercados de

outras regiões, no caso o Rio de Janeiro. Aliás, ambas as províncias já estabeleciam

uma relação devido ao litoral carioca servir de escoamento para a mineração.

Na época da Independência a província desempenhou um papel fundamental

quando o Imperador buscou apoio político dos mineiros e conseguiu. Com isso Minas

ligou-se definitivamente ao cenário nacional juntamente com o Rio de Janeiro e São

Paulo.

No ano de 1831, D. Pedro recorreu ao território mineiro novamente para garantir

alianças políticas e repetir o êxito da época da independência. Porém o resultado não

saiu como esperava o que acabou impactando no seu governo em nível nacional.

Rio de Janeiro

No final do século XVIII e início do século XIX, a província do Rio de Janeiro

apresenta todas as características de uma economia escravista colonial, onde predomina

o trabalho escravo, as grandes áreas agrícolas e a exportação especialmente para o

mercado internacional.21 Um fato que chama a atenção e foi determinante para as

relações sociais era a presença maciça de escravos, sendo que o porto carioca

funcionava como a principal área de concentração e distribuição de escravos vindos da

África para todo Sudeste brasileiro. O que evidencia a supremacia do Rio de Janeiro

tanto na exportação quanto na importação da colônia, antes da chegada da Família Real.

A historiografia apresenta concepções distintas em relação à organização política

do Rio de Janeiro. Por um lado, Buarque ressalta que a população desta província em

19

FRAGOSO, J. L. R. Homens de grossa aventura: Acumulação e hierarquia na praça mercantil do Rio de Janeiro (1790- 1830). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998, p. 125. 20 Idem, Ibidem. 21 Idem, p.92.

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nenhum momento se excitou em inquietações de origem políticas e partidárias pelo fato

de ter ocupado o papel de capital do Império, e o de centro de todo processo político que

agitou o país sob D. Pedro. Além de atrair um contingente significativo de pessoas de

toda parte que vinham em busca de uma ascensão social e econômica. 22 Por outro lado,

Wernet defende que a população carioca era contaminada por ideais liberais e

revolucionários.

A relação entre a cidade do Rio de Janeiro e a província sofreu profundas

modificações. A partir da década de 1820, a economia fluminense passou por uma

rápida expansão, devido ao processo de ocupação de terras na província, onde vários

municípios foram criados. Esta expansão econômica demandava a implantação de um

aparato administrativo mais eficiente para gerir as várias questões que envolviam a

esfera do governo provincial. 23

Vários políticos fluminenses eram convocados pelo governo para a

administração de outras províncias ou até mesmo cargos públicos em nível nacional.

São Paulo

A historiografia sobre São Paulo apresenta pontos divergentes em relação à sua

força política. Dolhnikoff e Buarque enfatizam a importância dos políticos paulistas

como Diogo Feijó, Nicolau Vergueiro, entre outros, que tinham poder e representação

política em nível nacional, além de estarem envolvidos com a construção do Estado

nacional.24 Por outro lado, Wernet 25 afirma que os chefes locais eram desconectados de

ideais políticos, devido às características da província, onde não predominavam as

grandes cidades, nem grupos marginalizados e movimentos revolucionários de grande

vulto. 26

Levando em conta, o papel político das lideranças paulistas, considero que não

podemos enxergar São Paulo com uma região desconectada dos acontecimentos

políticos da nação.

22 Idem, Ibidem. 23

GOUVEA, Maria de Fátima Silva. O Império das... Op., cit, p. 37. 24

DOLHNIKOFF, Miriam. São Paulo na Independência . In: JANCSÓ, István (Org). Independência:

história e historiografia. São Paulo: Hucitec/FAPESP, 2005, p. 560. 25

WERNET, Augustin. São Paulo. In: MOTA, Carlos Guilherme. 1822: Dimensões. São Paulo: Perspectiva, 1986, p. 344. 26

Idem, Ibidem

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A região paulista era uma província pobre em fins do século XVIII e inícios do

século seguinte, quando comparada com outras, como Pernambuco e Bahia. Sua

estrutura econômica, contudo, sofreu alterações profundas por esses anos com a

implantação da cultura da cana de açúcar, que permitiu a sua integração ao comércio

atlântico.

Portanto deixava de ser uma região caracterizada por uma economia de

subsistência com policultura, pequena propriedade, pouco poder aquisitivo e região

autárquica e isolada, para adquirir outros traços: os de uma lavoura de cunho comercial

sustentada pelo trabalho escravo. Ou seja, por intermédio do desenvolvimento da cana

de açúcar, São Paulo começara a participar do comércio mundial. 27

1.2 Fim do Primeiro Reinado

As decisões políticas do Imperador foram consideradas cruciais para determinar o

fim de seu reinado. Inúmeros fatores contribuíram para precipitar sua queda como: a

inflação, o estigma português, a perda da Guerra Cisplatina (1828), as condições

desfavoráveis em troca do reconhecimento da Independência. Para a legitimação

política o Brasil no ano de 1825, foi necessário um empréstimo de dinheiro da Inglaterra

inaugurando a dívida externa.

O acordo fechado para o fim do tráfico negreiro em 1826 foi outra atitude do

Imperador que desagradou à elite agrária por dependerem da mão de obra escrava nas

suas plantações. Com a morte do rei D. João VI, em 10 de Março de 1826, o sucessor D.

Pedro passou o trono para sua filha, porém foi usurpada pelo seu tio D. Miguel. Esses

conflitos de sucessão fizeram com que o Imperador dedicasse mais atenção a Portugal

que ao Brasil. Em 11 de março de 1831, o episódio conhecido por Noite das Garrafadas,

na qual os portugueses e brasileiros se confrontaram fisicamente, agravou essa situação.

Entretanto o ápice da crise foi à nomeação em 5 de abril de um ministério

considerado conservador e reacionário, conhecido como Ministério dos Marqueses ou

Ministério dos Medalhões integrados por cinco marqueses e um visconde, a maneira do

27 Idem, p.341.

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Antigo Regime. Após esse episódio ocorreram manifestações de rua contra o governo

com a participação dos políticos paulistas Nicolau Vergueiro e Diogo Feijó. 28

A saída mais prudente foi à abdicação de D. Pedro I, no dia 7 de abril de 1831

como uma forma de evitar uma guerra civil e garantir o trono para seu filho, Pedro de

Alcântara.

28MOREL, Marco. O período das regências (1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, p.19.

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Segundo Capítulo Autonomia das Províncias

2.1 Período Regencial

Com a saída de D. Pedro I do poder a medida tomada para consolidar o poder foi

a nomeação em 7 de abril de 1831, de uma Regência Trina Provisória para assumir a

direção do país, composta pelos senadores José Joaquim Carneiro de Campos, Marquês

de Caravelas (BA), Nicolau Pereira de Campos Vergueiro (MG) e o Brigadeiro

Francisco de Lima e Silva para concluir os negócios do império até a eleição da

Regência Trina Permanente.29 Outra mudança significativa foi a extinção do poder

moderador que podia dissolver a Câmara dos deputados. O trecho abaixo retirado dos

Anais do Parlamento Brasileiro nos mostra como se deu a formação dessa Regência

Trina Provisória e seus objetivos:

Presidente Senhor Bispo Capelão- Mor. A reunião neste paço do senado, dos augustos representantes da nação que se achavam na corte, os quais impelidos pela urgência das circunstâncias e animados pelo voto do povo e tropa, nomearam uma regência provisória de três membros para não se conservarem em abandono as rédeas do governo e prevenirem-se os desastrosos efeitos da anarquia. 30

Percebemos que o principal intuito de estabelecer rapidamente a regência era o

temor de uma possível contestação do regime com impactos irreversíveis.

Posteriormente, no dia 31 de Junho de 1831, a Regência Trina Permanente foi escolhida

pelos parlamentares e durou quatro anos, os seus membros eram: os Deputados José da

29 SILVA NETO, Casimiro Pedro da. A construção da democracia: síntese histórica dos grandes momentos da Câmara dos Deputados, das Assembleias Nacionais Constituintes do Congresso Nacional. Brasília: Câmara dos Deputados, 2003, p. 170. 30 Anais do Parlamento Brasileiro. Câmara dos Srs. Deputados. Segundo Ano da Segunda Legislatura. Dia 03 de Maio de 1831. Rio de Janeiro: Typographia do H. J. Pinto.1878.

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Costa Carvalho, Marquês de Monte Alegre (BA), João Bráulio Moniz (MA) e o

Brigadeiro Francisco de Lima e Silva ( RJ), Barão da Barra Grande.31

Os debates acerca do Ato Adicional que começaram em 1831 revelam a

emergência da ideia de que cada província possuía um conjunto de assuntos distintos

daqueles que eram comuns a todo o Império e também interesses de grupos diversos em

jogo no cenário político brasileiro.

Por exemplo, os liberais se constituíam de grupos heterogêneos e estavam

divididos entre diferentes propostas políticas em torno da organização do país. Para

Maria Odila Leite da Silva Dias32 os liberais brasileiros enxergavam o federalismo

como a conjugação entre a autonomia provincial e a participação das elites no governo

central, com o objetivo de ampliar o papel político das elites tanto nas suas províncias

como na Corte.

Os políticos se dividiam em dois grupos. Os primeiros, ligados aos reformadores

da década de 1830, defendiam uma autonomia para as províncias brasileiras como uma

forma de se manter a unidade do Império como um todo, ao considerar que as várias

províncias apresentam divergentes entre si e tinham como elementos centrais a defesa

da federação. Por sua vez, o segundo grupo identificados como geração da

Independência entendia que não se deveria conceder a autonomia provincial pelo fato de

afetar a soberania nacional e pretendiam uma reforma centralizada no governo central.

Nas palavras do deputado baiano Lino Coutinho, percebemos as vantagens que o

Ato Adicional proporcionaria as províncias e ao Império em geral.

Não há povo que queira estar assim apertado e oprimido. Todos querem que as suas província tenham certos meios administrativos, certa governança que tenda a promover o bem particular da província, no que vai igualmente compreendido o bem geral do império.33

31 MOREL, Marco. O período... Op., cit, p. 27. 32

DOLHNIKOFF, Miriam. O pacto imperial: origens do federalismo no Brasil do século XIX. São Paulo: Globo, 2005, p. 33 Idem, p. 95.

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Portanto o Ato Adicional seria um avanço para as províncias e

consequentemente beneficiaria todo o império por possibilitar que cada região tenha

autonomia para resolver seus interesses específicos.

Por outro lado, a oposição contra esta emenda constitucional tinha como um dos

seus representantes José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu que foi deputado pela

Bahia, o qual, afirmava que a criação das Assembleias Legislativas Provinciais ia contra

a própria constituição brasileira por conceder soberania as províncias:

A primeira coisa de que se trata é de uma metamorfose, é de mudar as coisas para uma forma inteiramente nova, o que é contrário ao que diz o artigo 1° da Constituição de que o império do Brasil é a associação política dos cidadãos brasileiros, e não a associação das províncias.34

Pela fala do Visconde Cairu, notamos que a associação das províncias, não era

uma medida bem compreendida e aceita plenamente por todos os parlamentares. Ele

considerava que essa autonomia prejudicaria a nação por delimitar poderes as esferas

locais.

Nesse sentido, percebemos que a solução de conceder liberdade administrativa

para as províncias não foi um debate passivo, visto que dividiu consideravelmente os

políticos. As reformas constitucionais que ocorrem no ano de 1831 alteraram doze itens,

dos quais, destaco a transformação do Brasil numa monarquia federativa, o

reconhecimento de apenas três poderes (limitação do poder moderador), um senado

eletivo e temporário, a supressão do Conselho de Estado, criação das Assembleias

Legislativas Locais no lugar dos Conselhos Gerais da província e a divisão das rendas

públicas em nacionais e provinciais.

A aprovação do Código de Processo Criminal (1832) possibilitou a ampliação

das atribuições dos juízes de paz que passaram a julgar os pequenos delitos, prender,

reunir provas, fazer a denúncia em processos criminais. 35

34

Idem, Ibidem. 35 Idem, p. 92.

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Após discussões na Câmara, os senadores continuaram com cargos vitalícios,

porém, a monarquia federativa foi confirmada, e ocorreu tanto a substituição dos

Conselhos Provinciais pelas Assembleias Legislativas Provinciais como a diminuição

do tempo da legislatura para dois anos. Outra alteração significativa foi que para se

elegerem os deputados teriam que ter a maioria dos votos em toda a província e não

apenas em uma localidade, visto que deveriam trabalhar para atender os interesses da

província em questão e não de determinados grupos.

Essas novas medidas enfatizam a alteração na organização jurídica do país que

tinham como objetivo garantir uma determinada unidade nacional, visto que o governo

central não conseguia chegar as mais remotas partes do território brasileiro. Portanto era

necessário ter uma representação política nestes lugares. A forma mais viável foi

empregar as pessoas disponíveis no próprio território. 36

Esse período ficou caracterizado também pelas revoltas que ocorreram nas

diversas províncias brasileiras, entre elas a da Bahia (Sabinada- 1837-1938), Rio

Grande do Sul (Revolução Farroupilha 1835-1845) e Pará (Cabanagem 1835-1840) que

reivindicavam maior atenção do governo central porque se sentiam prejudicadas por

este mesmo governo. Desse modo, era necessário articular o poder que emana da cidade

do Rio de Janeiro para as áreas mais remotas do país.

Considero que um dos principais problemas do Império foi a grande distância

territorial e as diferenças entre as províncias. Dessa maneira para se garantir a

integridade e indivisibilidade do país foi necessário conceder autonomia para as

províncias para se evitar uma possível fragmentação. Creio que o Ato Adicional foi

uma resposta para acalmar os ânimos e garantir certa liberdade (mesmo que entrelaçada

ao poder central) para não se perder o todo.

36 Idem, p. 85.

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2.2 Ato Adicional

Como consequência das discussões iniciadas após a Independência sobre como

se governar e preservar a unidade nacional, a Constituição Brasileira sofreu mudanças,

ou seja, foi promulgado o Ato Adicional pela Lei n° 16 (12 de Agosto de 1834):

Artigo 01: O direito reconhecido e garantido pelo Art° 71 da Constituição será exercitado pelas Câmaras dos distritos e pelas Assembléias que substituindo os Conselhos Gerais se estabelecerão em todas as províncias com o título de Assembléias Legislativas Provinciais.

Este primeiro artigo, destaca à criação das Assembleias Legislativas Provinciais

substituindo os Conselhos Gerais. Na Câmara dos Deputados, as Assembleias deviam

ter determinado número de deputados para representar as províncias. Neste caso, para a

escolha dos parlamentares o critério utilizado foi o contingente populacional em cada

província. Com isso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo obtiveram vantagem:

Artigo 02: Cada uma das Assembléias Legislativas Provinciais constará de 36 membros nas Províncias de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas e São Paulo, de 28 nas de Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Alagoas e e Rio Grande do Sul e de 20 em todas as outras. Este número alterável por lei geral.

Os artigos a seguir enfatizam a força policial como parte essencial da

organização provincial que ficou a cargo das Assembléias Legislativas Provinciais.

Artigo 10: Compete as Assembleias legislar: Sobre a Polícia e economia municipal precedendo propostas das Câmaras

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Artigo 11: Também competem as Assembleias Legislativas Provinciais: Fixar sobre informação do Presidente da Província, a Força Policial respectiva.

Cabiam as províncias, na figura de seu presidente a composição, organização e

estruturação do corpo policial.

Outras transformações foram: supremacia do Legislativo (limite ao poder dos

regentes), repartição da contribuição direta pelos municípios da província, fixação das

despesas provinciais sobre o orçamento do Presidente da província, promoção da

estatística da província, extinção do poder moderador, criação de cargos eletivos e

temporários para os senadores, estabelecimento de uma monarquia federativa,

subordinação das câmaras municipais a administração da província (esta por sua vez

ligada aos poderes centrais), criação de regras para a eleição de um regente único. 37

2.3 Províncias e o Ato Adicional

Na província de Minas Gerais, as lutas entre os grupos políticos (restauradores e

exaltados) se acirram durante o período regencial. Os exaltados, moderados e

restauradores eram os partidos que compunham a fisionomia política no período regencial

pelo fato de terem propostas diferentes para o Brasil com o fim do Primeiro Reinado.

Com o Ato Adicional, a província adquire uma maior autonomia com a criação

das Assembleias Legislativas. Contudo a lei se revela de certo modo ineficaz, devido ao

fato das principais atribuições ficarem a cargo do governo central. Um exemplo disso é

a nomeação dos presidentes das províncias.

Para o Rio de Janeiro o Ato Adicional trouxe uma significativa mudança para a

província com a criação do município neutro. Ou seja, a separação entre a cidade que

era capital do país e a província fluminense. Como pontos negativos, perdeu seu maior

37 SLEMIAN, Andréa. Sob o império das leis: Constituição e unidade nacional na formação do Brasil (1822-1834). 2006. Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2006, p. 301.

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porto e sua maior cidade. Entretanto ganhou autonomia, com isso podendo se

desenvolver sem a interferência dos assuntos nacionais.

A cidade carioca passou a funcionar com maior liberdade cumprindo o seu papel

de capital do Império:

Centro aglutinador das vontades nacionais, ponto de encontro de todos os anseios que movimentavam as áreas nacionais, tirando-lhes os aspectos rudes, aplainando-lhes e disciplinando-lhes os entusiasmos que pudessem prejudicar a unidade nacional.38

Buarque 39 ressalta a função do Rio de Janeiro como capital, ou seja, lidar com

os problemas de ordem nacional na busca pela unidade. Sem preocupações com

questões de âmbito regional. Quero dizer a cidade passou a representar o Brasil como

um todo e não precisava mais em se preocupar com os anseios de uma determinada

região. Tanto a cidade quanto a província ganharam autonomia para lidar com os seus

interesses, não ficando uma dependente da outra devido à administração ser unida.

Em São Paulo, os políticos nascidos nesta localidade ocuparam cargos

importantes durante a Regência. Apesar de ser uma província relativamente pobre em

fins do século XVIII e início do século seguinte, deste território saíram regentes e

ministros. A elite compartilhou com os representantes de outras províncias a direção do

país, desde a abdicação em 1831 até o Regresso em 1837. 40 Por fim, o Ato Adicional

representou o fortalecimento dos políticos paulistas que detinham cargos de esfera

nacional em outras províncias.

O principal desafio para as diversas regiões brasileiras foi saber conciliar a

autonomia adquirida com a falta de recursos para a sua administração. Por um lado elas

possuíam liberdade para legislar e tomar decisões sobre assuntos internos, por outro

ficavam submetidas ao governo central pela dificuldade da própria administração

devido à escassez de recursos financeiros. Para agravar mais a situação o presidente não

era escolhido na própria província, o que aumentava cada vez mais a dependência com

o centro. Além disso, as províncias tinham que enfrentar o problema de a pessoa

38 REIS, Arthur Cézar Ferreira. Rio de Janeiro. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de(org.). História

Geral... Op., cit, p.334. 39

Idem, Ibidem. 40 DOLHNIKOFF, Miriam. O Pacto.... Op., cit, p. 28.

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designada para presidente desconhecer a realidade local ou mesmo não ter nenhum

vínculo com ela. Ou seja, em alguns momentos o vice-presidente que exercia a função

que cabia ao presidente, visto que este podia acumular dois cargos públicos.

Um aspecto importante a se pensar é a questão levantada por Andrea Slemian.

Conforme sugere não podemos usar somente o binômio centralização/descentralização

como categorias explicativas para compreender a criação constitucional do império.

Devemos ter cuidado para não se generalizar a autonomia das províncias para se

explicar as relações com a Corte.

Claro que ocorreu uma mudança significativa nas províncias que ganharam

mais liberdade administrativa, porém ao mesmo tempo se ligavam cada vez mais ao

governo central. 41 A relação entre governo central e províncias foi permeada por

conflitos gerados pelos parlamentares na busca pela melhor forma de se manter a

unidade nacional. Portanto, o que predominou neste período é um complexo de relações

entre a centralização de descentralização como formas de se governar o Brasil.

Uma das mudanças mais significativas, com a criação das Assembleias

Legislativas Provinciais, para o estudo em questão, diz respeito à necessidade de

garantir segurança aos seus habitantes e a manutenção da ordem nas províncias. Destaco

a criação dos Corpos Policiais pelo decreto de 9 de Dezembro de 1835, cujo objeto era

auxiliar na segurança e nos negócios públicos da província.

41 SLEMIAN, Andréa. Sob o império das leis... Op., cit, p. 303.

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Terceiro Capítulo Força Policial

3.1 Criação dos Corpos Policiais

No dia 12 de outubro de 1835 a Regência Trina Permanente foi substituída por

uma Regência Una, devido às alterações propostas pelo Ato Adicional (1834) sob o

comando do Senador pela província do Rio de Janeiro o padre Diogo Feijó (nascido em

São Paulo) eleito como regente com um total de 2.836 votos para um mandato de quatro

anos.

Conforme as instruções do deputado da província de Minas Gerais, Antonio

Paulino Limpo de Abreu que era representante de uma comissão especial que também

contava com Bernardo Pereira de Vasconcelos (MG) e Francisco de Paula Araújo e

Almeida (BA), responsáveis por apresentar a redação das reformas da constituição, pelo

decreto de 9 de dezembro de 1835, parágrafo 11, deu-se a criação dos corpos policiais

nas províncias:

Outra instituição de suma vantagem será a organização de um corpo policial, composto por todas as pessoas excluídas da Guarda Nacional e que não concorrendo de ordinário para as despesas do Estado, devem ao menos prestar com as suas pessoas o contingente de serviço que a sociedade tem o direito de exigir de todo cidadão que goza dos seus benefícios. Este Corpo Policial, distribuído por turnos poderá sem vexame guardar as cadeias, prestar auxílio à justiça, e servir as autoridades no expediente dos negócios públicos. As Câmaras Municipais, dando sustento e quartel a estes pequenos destacamentos, pouco aumentarão a sua despesa, ao mesmo passo que com isso concorrerão muito para a sua segurança, e comodidade geral dos Municípios. Este corpo que formará parte da força pública deve ser organizado pelo presidente, e ficar debaixo da sua direção, ou da dos seus delegados, sobre a base que decretar a Assembleia Legislativa Provincial. 42

42 Decreto de 9 de Dezembro de 1835 . Dá Instruções aos Presidentes para a execução da Lei de 14 de Junho de 1831, que marca as atribuições dos mesmos Presidentes, e de 12 de Agosto de 1834 que reformou alguns artigos da Constituição do Império. Atos do Poder Executivo. Coleção das Decisões do

Governo e Leis do Império do Brasil. Rio de Janeiro: Typografia Nacional, 1835, pp. 138-139.

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De acordo com o decreto acima que tem como objetivo auxiliar os presidentes

das províncias na maneira de proceder nas questões relativas à administração provincial,

temos a criação dos Corpos Policiais, com a função de preservar a ordem e manter a

tranquilidade pública. Aliás, a polícia é um dos meios mais eficazes de coibir, proibir ou

castigar os crimes, e por consequência é um dos maiores sustentáculos da ordem.

Entretanto não servia apenas para a segurança pública, mas também para auxiliar na

organização da província.

As Câmaras Municipais auxiliavam com o empréstimo do quartel para os

destacamentos que não tinham um contingente muito numeroso. Considerando que os

corpos policiais eram reduzidos, o município não arcava com um custo muito alto para

manter essa força com seus recursos.

Contudo, no decorrer dos anos, os municípios não tinham condições de arcar

com os gastos desta corporação e a falta de policiais gerou um contingente insuficiente

para suprir a demanda que o trabalho policial exigia. O que foi considerado um

problema constante na força policial como consequência da escassez de recursos

financeiros. O decreto de 9 de dezembro de 1835 também destaca que devido a falta de

recursos da Guarda Nacional, a mesma teve que diminuir seu contingente e alguns

homens foram remanejados para os corpos policiais.

A entrada na instituição policial significava para os negros, mulatos e pardos ou

ex-escravos uma forma de adquirir reconhecimento oficial. A sua própria lei de criação

nos mostra a clara distinção que prevalecia nos corpos policiais. Como policial o

indivíduo ganhava nome, sobrenome, passava a ter direitos e deveres.43 Logo, podemos

concluir que era para os negros uma forma de inserção na sociedade brasileira.

Os corpos policiais constituíram-se como parte da segurança pública de cada

província visando zelar pelo cumprimento das leis. O recrutamento deste contingente

podia ser voluntário ou não e o prazo para engajamento era de dois anos que podia ser

renovados. 44 Entretanto, dos homens que faziam parte da instituição poucos

prorrogavam seu trabalho, visto que as dificuldades encontradas eram inúmeras.

43 ROSEMBERG, André. Para quando o calo aperta – os trabalhadores-policiais do Corpo Policiais Permanente de São Paulo no final do Império. Revista de História. Juiz de Fora, Vol. 15, n° 01. 2009, p.83. 44 BRETAS, Marcos Luiz. A Polícia Carioca no Império. Revista Estudos Históricos. Vol. 12, n° 22. outubro, 1998, p. 223.

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Através da análise dos Relatórios dos presidentes das províncias de Minas

Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, verifica-se que a força policial não desempenhava

apenas funções relativas à segurança pública, mas também desenvolviam atividades

relacionadas a organização e administração da província.

No Rio de Janeiro, os policiais auxiliavam na construção de pontes, de barreiras

e na cobrança de passagens em diversas estradas, feitas por uma porção significativa dos

praças (soldados de baixa patente). Aliás, o presidente da província fluminense no ano

de 1843, João Caldas Vianna, reclama que os soldados são destinados à segurança

pública e não devem exercer a função de cobrança de taxas e impostos nas barreiras e

estradas, quando são necessários para manter a vigilâncias nas cadeias. Por outro lado,

esses praças, pelo fato de ficarem distantes dos seus comandantes, perdem a disciplina e

a sua subordinação aos oficiais.45 Em Minas Gerais e São Paulo, os corpos policiais

também ocupavam funções relativas a guarnição de recebedorias de taxas e impostos.

As três províncias apresentavam como característica comum o fato de

recorrerem ao auxílio da Guarda Nacional para prestar coadjuvar nas diligências. Um

aspecto interessante é que com o passar dos anos, a ajuda desta corporação não servia

mais para os policiais, devido aos problemas internos da própria guarda. Levando com

conta o orçamento apertado das províncias, a força policial teve que ser mantida de

acordo com as rendas disponíveis.

Apesar de suas características particulares e específicas, as províncias imperiais

possuem corpos policiais que apresentam semelhanças, como exemplo, a sua estrutura

que era precária. No período estudado que compreende os anos 1831 até 1850, os

relatórios dos presidentes das províncias brasileiras são a principal base desta pesquisa

para se definir como era a força policial e sua importância neste contexto que estava

relacionada à manutenção da ordem e tranquilidade pública do império. Conforme

ressalta Dolhnikoff, a força policial da província garantia a elite regional capacidade de

exercer parte do poder coercitivo estatal e exercer seu domínio pela província pelo fato

de reprimir tudo que era classificado como desordem pelo governo regional.

45Fala dirigida a Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro pelo presidente João Caldas Vianna no ano dia 5 de Março de 1843.Niteroi,Typo. Amaral&Irmão,1843, p.5.

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3.2 Policiais nas Províncias

Minas Gerais

A Força Policial passava por dificuldades provenientes das várias diligências

que realizou na província, estando dividida em diversos destacamentos. Desse modo,

ocorrências importantes eram feitas por cabos que algumas vezes não gozavam do

necessário respeito.

A partir da fala do presidente Herculano Ferreira Penna, no ano de 1842,

podemos deduzir que o número de oficiais para o comando destes corpos era escasso,46

o que prejudicava a divisão dos policiais que tinham que delegar funções para cabos ou

inferiores, algo que não era visto como um método eficaz do trabalho policial por não

possuírem o preparo adequado para exercer tal função.

No ano de 1849 temos um clima de tranquilidade na província, conforme fala o

seu presidente:

É de esperar que continuando o estado de paz, que felizmente se mantém em todo o império, conserve o governo imperial nesta, a mais populosa e importante província, alguma força de linha para sua guarnição; e assim por enquanto parece suficiente a policial atualmente decretada. 47

Podemos concluir pelas palavras do presidente José Ildefonso de Sousa Ramos

que o estado de paz que impera em todo o Brasil, faz com que a força policial não tenha

muitas dificuldades para a realização do seu trabalho. Isso nos mostra um indício de que

a força policial serve para a manutenção da ordem e repreensão do que é considerado

desordem pelo governo, ao passo que seu trabalho é mais necessário quando o país não

está em estado de paz, ou seja, passa por crises.

46 Fala dirigida á Assembleia Legislativa Provincial de Minas-Gerais na abertura da sessão ordinária do ano de 1842, pelo vice-presidente da província, Herculano Ferreira Penna. Ouro-Preto, Typ. do Correio de Minas, 1842, p. 3. 47Fala dirigida á Assembleia Legislativa Provincial de Minas Gerais na sessão ordinária do ano de 1849 pelo presidente da província, José Idelfonso de Sousa Ramos. Ouro Preto, Typ. Imp. de B.X.P. de Souza, 1849, p.7.

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No dia 25 de março de 1850, o presidente da província mineira, Alexandre

Joaquim de Siqueira no relatório dirigido ao governo central justifica a necessidade de

aumentar o contingente da força policial:

Duas razões me levam a pedir para a elevação do número da Força do Corpo Policial. A primeira é a necessidade de atender as instantes e repetidas reclamações das Autoridades dos diversos termos que pedem, que lhes preste força que faz respeitar a autoridade das leis, e sirva para a Guarda das Cadeias e da prisão dos criminosos. A segunda e que se deriva da primeira é a necessidade de ter o governo um contingente disponível, na Capital da província, para acudir a qualquer emergência, que por ventura se de no sentido de perturbar a ordem pública. 48

Na fala do presidente Alexandre Joaquim de Siqueira, percebemos que a

principal função da polícia, a segurança pública não está sendo cumprida, motivo da

reclamação. Os policiais estão realizando outras atividades para a província, o que faz

com que a Capital fique desprotegida.

Outro problema diz respeito ao dinheiro público destinado a esta corporação e a

maneira como é distribuído para as inúmeras despesas. Para Siqueira, precisa-se de um

fiscal para fazer a inspeção dos recursos financeiros disponíveis que são necessários,

visto que os armamentos estavam em péssimo estado de conservação e já deveriam ter

sido substituídos por outros mais novos.

Rio de Janeiro

A população fluminense se caracteriza pela pouca confiança e inclinação que

tem para a profissão militar. Sobre este aspecto, Bretas observa que a falta de interesse

para exercer a atividade policial devia-se ao fato de que o engajamento no corpo militar

não significava uma mudança de status e o imediato afastamento de sua condição

anterior de filhos, irmãos, amigos, ou amantes. Ou seja, os policiais conviviam com os

48 Relatório do presidente da província de Minas Gerais, o Ilmo. e Exmo. dr. Alexandre Joaquim de Siqueira, na abertura da sessão extraordinária da Assembleia Legislativa Provincial no dia 25 de março de 1850. Ouro Preto, Typ. Social, 1850, p. 7.

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mesmos problemas de outros grupos de trabalhadores e com alguns mais, decorrentes de

seu ofício. Por isso, a vida policial nunca foi atrativa, ao passo que a função policial está

inserida na constituição de mecanismos de dominação e repressão.

Conforme as observações do presidente Soares de Sousa, em 18 de outubro de

1836, “os indivíduos recrutados para esta corporação, só conseguiram permanecer

subordinados se estiverem regidos por uma disciplina e obediência militar, por outro

lado, a falta desse regime podia suprir a boa índole e morigeração dos praças.”49

No ano seguinte (1837) Vaz Vieira ( atual presidente da província) enfatiza o

controle sobre a força policial:

Os destacamentos existem em todas as comarcas da província. Os policiais que pertencem aos corpos mais distantes da capital e consequentemente não estarem sob uma vigilância constante adquirem certos hábitos que são custosos para abandonar. Desse modo o governo provincial tem tratado de mudar o seu pessoal de cidades.

50

Na fala do presidente Vaz Vieira é possível constatar que havia uma vigilância

da instituição policial sobre seus membros com o intuito de manter a ordem dentro da

corporação. Neste caso, a distância configura-se como uma inimiga da corporação pelo

fato dos policiais quando estão longe do comando sentirem-se acomodados para agirem

de acordo com suas vontades.

Considero importante também a queixa do presidente Soares de Sousa, no

relatório de 1838 sobre o pagamento dos praças que passam por dificuldades porque

em alguns municípios os gêneros de primeira necessidade são tão escassos que o

vencimento diário não basta para o seu sustento, ainda mais quando tem que se deslocar

para lugares longínquos devido ao seu serviço. Este aspecto serve para ressaltar o

quanto o salário era baixo e a profissão recrutava a camada mais carente da população e

juntamente com a carestia de determinados alimentos faziam o trabalho do policial

penoso e cansativo. 49

Fala dirigida a Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro pelo presidente Soares de Sousa em 18 de Outubro de 1836, p. 12. 50Fala dirigida a Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro pelo vice-presidente Vaz Vieira em Outubro de 1837, p. 16.

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Desse modo, o pequeno número de recrutas em relação às necessidades

crescentes da atividade policial, o fornecimento do destacamento para sete comarcas, a

frequente condução de presos e recrutas de grandes distâncias e as repetidas diligencias

que são empregadas aos praças, foram alguns dos motivos que levaram a deserção dos

soldados. O que é um grande prejuízo visto que várias vilas precisam de destacamentos

para manter a polícia de seus municípios e prestar auxilio a ação das Autoridades

Locais. 51

A partir dessas palavras é possível notar que a polícia não representava uma

profissão que garantia estabilidade financeira, ao passo que quando o recrutamento

termina os soldados e até mesmo oficiais ficam jogados a própria sorte, sem assistência

alguma.

A carência de recursos financeiros é uma das principais queixas dos presidentes

das províncias em relação aos corpos policiais. Neste sentido a preocupação constante

com a renda de cada província é um fator presente em quase todos os relatórios, ou seja,

não gastar mais do que se tem no orçamento anual era uma medida de extrema

necessidade. Com uma infraestrutura precária, com a insuficiência de equipamentos e

soldos baixos, os policiais atendiam a população da esfera local.

São Paulo

Nesta província temos a Guarda Policial que auxilia a força policial, visto que

esta se encontra em completa desorganização e que só existe em nome e não tem

condições de se manter. Dentre as causas, a principal é a falta de preparo dos juízes que

são homens inteiramente leigos no Direito e julgam os feitos nas pequenas vilas, nas

quais o conselho de Jurados mal compostos decidem caprichosamente a sorte dos réus e

em regra estabelecem a impunidade e a geração de novos crimes. Para reverter à

situação o presidente Vicente Pires Motta 52 no ano de 1849, procura uma maneira de

diminuir as influências dos interesses locais que sempre são perniciosas.

51Fala dirigida a Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro pelo presidente Soares de Souza em 8 de Abril de 1838, p. 16. 52 Discurso com que ilustríssimo e excelentíssimo senhor doutor Vicente Pires da Motta, presidente da província de São Paulo, abriu a Assembleia Legislativa Provincial no dia 15 de fevereiro de 1849. São Paulo, Typ. do Governo, 1849.

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O papel destinado a Guarda Policial é de guardar as cadeias, conduzindo presos,

realizados prisões de criminosos e desempenhando ordem de autoridades criminais e

policiais. 53

O Corpo Fixo está dividido em vários pontos, e faz a guarnição da Capital

juntamente com os Corpos Municipais Permanentes que estão sobrecarregados de

serviços. Ademais como nas outras províncias, os soldados quando saem para realizar

diligências sofrem privações devido ao pequeno salário que recebem não ser suficiente

para todas as despesas.

Para o presidente da província paulista Miguel de Souza Mello e Alvim, no ano

de 1842, a guarda policial enfrenta problemas causados pelo intrometimento das

Câmaras Municipais no alistamento e divisão que acabam por desorganiza-la. Ele

completa afirmando que é um estorvo para a administração, visto que os comandantes

que procuram cargos de comando na guarda buscam fugir da Guarda Nacional ou de

outros encargos.

Apresenta como solução, organizar a guarda policial:

[...] em corpos por municípios que trariam consigo a vantagem de ser um meio de polícia preventiva e eficaz, sendo que a necessidade de ter certa subordinação, o receio de praticar certos atos, que causem a desaprovação de seus superiores vai lentamente imprimindo no ânimo das classes, como esta, absolutamente inculta, uma notável e benéfica disposição a adquirirem costumes mais brandos a ordem pública.

54

Um detalhe que chama a atenção nos relatórios da província paulista diz respeito

às várias instituições policiais que o presidente descreve: a Guarda Policial, os Corpos

Permanentes da Corte que não aparecem nas outras províncias e ganham um amplo

destaque nesta.

Outro aspecto importante na constituição e manutenção da força policial diz

respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (1832) que limitava o orçamento das

53 Discurso recitado pelo Exmo. presidente, Manuel Felisardo de Souza e Mello, no dia 7 de janeiro de 1844, por ocasião da abertura da Assembleia Legislativa da província de S. Paulo. S. Paulo, Typ. do Governo, 1844. 54 Discurso recitado pelo ex.mo presidente, Miguel de Souza Mello e Alvim, no dia 7 de janeiro de 1842 por occasião da abertura da Assembléa Legislativa da provincia de S. Paulo. S. Paulo, Typ. Imparcial de Silva Sobral, 1842, p. 18.

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províncias, visto que estas tinham que controlar os gastos de acordo com o dinheiro

disponível em caixa. Por um lado, essa medida controlava os gastos dos presidentes das

províncias, contudo limitava o atendimento aos serviços prestados a população local, no

caso o aparato policial. Ao levarmos em conta que os recursos provinciais eram

escassos, tal lei se configurava como um entrave para o desenvolvimento de cada

província brasileira devido à desigualdade orçamentária entre o Estado unitário e as

províncias.

Ao estudarmos os corpos policiais notamos como dependia dos presidentes das

províncias e a forma como elaboravam políticas voltadas para tal força, em consonância

ou não com as assembleias provinciais, visto que muitas vezes não tinham nenhuma

familiaridade com a província que estavam representando, juntamente com o tempo

curto do seu mandato.

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Considerações Finais

A pesquisa sobre os corpos policiais nas províncias imperiais possibilitou

compreender como se estruturavam e principalmente as muitas dificuldades referentes à

falta de apoio da própria província que os policiais enfrentavam após o engajamento.

Segundo Bretas 55, a construção do aparato estatal brasileiro no século XIX teve

na elaboração de um sistema repressivo um de seus pontos principais. Neste sentido, os

corpos policiais, no contexto imperial, serviram para garantir a manutenção,

preservação da ordem e harmonia entre as classes vigentes que trouxe tranquilidade para

os grupos da elite. Mesmo exercendo funções tão diversas, não só relacionadas à

segurança, os policiais são enxergados como um elemento de repressão sobre a camada

mais pobre da população para atender aos interesses de uma minoria. O que é um

paradoxo, posto que esses sujeitos eram em geral retirados da população miúda das

províncias, isto é, fazem parte da parcela que, sem condições de se manter, vislumbra na

instituição policial um meio de melhorar sua condição econômica.

Sob esse aspecto, Bretas observa que a falta de interesse para exercer a atividade

policial decorria justamente do fato de que o engajamento no corpo militar não

significava uma mudança de status e o imediato afastamento de sua condição anterior de

filhos, irmãos, amigos, ou amantes dos grupos que deveriam reprimir. Ou seja, os

policiais conviviam com os mesmos problemas de outros grupos de trabalhadores e com

alguns mais, estes decorrentes de seu ofício, já que muitas vezes, eles tinham que

reprimir pessoas com quem conviviam. Por isso, a vida policial nunca foi atrativa, ao

passo que a função policial está inserida na constituição de mecanismos de dominação e

repressão.

Os relatórios dos presidentes das províncias pesquisados constituíram-se como

importantes fontes documentais para compreender a maneira pela qual, a polícia se

organizava, quais eram seus problemas que estavam relacionados à falta de perspectiva

na carreira juntamente com o fato de ser um trabalho extremante desgastante e

cansativo.

55 BRETAS, Marcos Luiz. A Polícia Carioca no Império. Revista Estudos Históricos. Vol. 12, n° 22. outubro, 1998, p.220.

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Para concluir considero que a noção de polícia ainda permaneceu relacionada,

no começo do século XIX, com a função voltada para a administração interna da cidade

ou província, isto é, para as tarefas ligadas à “civilização”. Dessa forma, a força policial

era necessária por se constituir como um dos mecanismos que fazia parte da nação

civilizada, embora suas tarefas consistissem em reprimir a população mais pobre ou

auxiliar na construção de pontes.

Uma das futuras modificações da pesquisa tem como objetivo ampliar o campo

de estudo sobre as províncias brasileiras, não ficando presa apenas ao Centro-Sul, mas

fazer uma análise geral dos Corpos Policiais no Império. Outra possibilidade um pouco

mais complicada devido à carência das fontes é a busca pela parte da história que

corresponde à vida dos policiais.

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oimperio/

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