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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL JAQUELINE PORTAL DA SILVA Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada no Sistema de Abastecimento Público do Município de Belém (PA) BELÉM/PA SETEMBRO/2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JAQUELINE PORTAL DA SILVA

Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada no

Sistema de Abastecimento Público do Município de Belém

(PA)

BELÉM/PA

SETEMBRO/2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JAQUELINE PORTAL DA SILVA

Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada

no Sistema de Abastecimento Público do Município de

Belém (PA)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Engenharia Civil do Instituto de

Tecnologia da Universidade Federal do Pará, para

obtenção de grau de Mestre em Recursos

Hídricos e Saneamento Ambiental.

Área de concentração: Saneamento Ambiental e

Infra - Estrutura Urbana.

Orientadora: Dra. Maria de Lourdes Souza

Santos.

BELÉM/PA SETEMBRO/2010

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JAQUELINE PORTAL DA SILVA

Avaliação da Qualidade da Água Superficial Utilizada

no Sistema de Abastecimento Público do Município de

Belém (PA)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Engenharia Civil do Instituto de Tecnologia da

Universidade Federal do Pará, para obtenção de grau de

Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.

Área de concentração: Saneamento Ambiental e Infra -

Estrutura Urbana.

Orientadora: Dra. Maria de Lourdes Souza Santos.

Data: _____ /_____ /_____

Banca examinadora: _____________________________________________

Profa. Maria de Lourdes Souza Santos - Orientadora Doutora em Oceanografia Universidade Federal Rural da Amazônia

______________________________________________ Prof. Nuno Filipe Alves Correia de Melo - Membro Doutor em Oceanografia Universidade Federal Rural da Amazônia

_______________________________________________________

Prof. Rui Guilherme Cavaleiro de Macêdo Alves - Membro Doutor em Engenharia Ambiental Universidade Federal do Pará

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Dedico este trabalho a minha mãe Luzia que

em muitos momentos supriu minha ausência

na vida de minha filha dando a ela atenção,

carinho e amor permitindo assim que eu

concluísse este trabalho.

A minha filha Letícia e meu marido Izaelson

pela compreensão e apoio incondicional

recebidos.

Jaqueline Portal da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por sua presença em todos os momentos de minha

vida.

A meus pais Agenor (in memorian) e Luzia, pelo amor e apoio

incondicional a mim dedicado ao longo de minha vida.

Aos meus familiares que direta ou indiretamente me ajudaram para que

pudesse chegar a este momento.

A professora Dra. Maria de Lourdes pela confiança depositada em mim

desde o primeiro momento, ensinamentos e paciência ao longo desses três

anos de convívio.

Ao professor Dr. José Almir Pereira coordenador do Grupo de Pesquisa

de Hidráulica e Saneamento – GPHS.

A Fundação de Amparo a Pesquisa – FAPESPA, pela concessão da

bolsa de estudo.

Aos amigos do Laboratório de Controle de Resíduos - LCR (Rosiane,

Marcus, Luciano, Igor, André, Aldenor, Rodrigues, Sá e Rafael) pela troca de

conhecimentos, pela convivência e apoio durante este período de quase três

anos.

Aos amigos do Grupo de Pesquisa de Hidráulica e Saneamento - GPHS

da graduação, mestrado e doutorado pelo apoio nunca negado.

A todas as pessoas não mencionadas, porém não esquecidas, que, de

alguma maneira, contribuíram para a realização deste trabalho, meus sinceros

agradecimentos.

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RESUMO

Os mananciais do Utinga, formados pelos lagos Bolonha e Água Preta, estão

contidos em uma Área de Proteção Ambiental - APA e são utilizados pela

Companhia de Saneamento do Pará - COSANPA, para abastecer de forma

indireta aproximadamente 2 milhões de pessoas, correspondente a 65% da

população da RMB. Esse sistema de abastecimento tem início com a captação

de água do rio Guamá, que tem o objetivo de manter os níveis de água dos

lagos, a qual é lançada através de adutoras no lago Água Preta, sendo

interligada ao lago Bolonha por meio de um canal artificial, e segue em direção

a ETA. O estudo avaliou qualidade da água de novembro de 2008 a outubro

2009 em cinco pontos distribuídos ao longo do sistema de captação de água.

A análise de componentes principais explicaram cerca de 45% da variância

original. A primeira componente (PC1) explicou 28% e apresentou como

principais elementos o pH (-0,62), a turbidez (-0,79), o coliforme

termotolerantes (-0,45), o fósforo total (-0,64), o sólidos totais (-0,76) em

contraste com a temperatura (0,54).

A segunda componente (PC2) explicou cerca de 17% da variância total

apresentando um contraste entre DBO (0,54), pH (0,48), nitrogênio total (0,44)

e o OD (-0,68).

A avaliação do IQA classificou a qualidade das águas em “aceitável” e o IET

classificou todas as estações de amostragem como eutróficas. O fósforo total

foi principal nutriente responsável pelo enriquecimento dessas águas.

Palavras - chave: Mananciais do Utinga; Índice de Qualidade de Águas; Índice

de Estado Trófico.

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ABSTRACT

The springs of Utinga, formed by lakes Bolonha and Água Preta, are contained

in an environmental protection area (APA – Área de Proteção Ambiental) and

are used by the water supply company COSANPA (Companhia de Saneamento

do Pará) to indirectly supply about 2 million people, which corresponds to 65%

of the metropolitan region of Belém.

This supply system starts with the abstraction of water from the Guamá river

through pipelines to lake Agua Preta. Lake Bolonha is connected to lake Agua

Preta by a canal. The water flows from there to ETA. They study evaluated the

water quality of samples collected at five points along the water collection

system from November 2008 to October 2009. The analysis of main

components explained about 45% of the original variance. The first component

(PC1) explained 28% and represented as key elements

pH (-0.62), turbidity (-0.79), thermotolerant coliform (-0.45), total phosphorus (-

0.64), total solids (-0.76) in contrast to the temperature (0.54). The second

component (PC2) explained about 17% of the total variance presenting a

contrast between DBO (0.54), pH (0.48), total nitrogen (0.44) and OD (-0.68).

The Water Quality Index evaluation classified the water quality as “acceptable”

and the Trophic State Index classified all sampling points as eutrophic. The total

phosphorus was the main nutrient responsible for the enrichment of the water.

Key words: Springs of Utinga, Water Quality Index, Trophic State Index.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Ciclo do nitrogênio (ESTEVES, 1998)..............................................

29

Figura 2: Ciclo do fósforo (SILVA, 2006)..........................................................

31

Figura 3: Localização geográfica da Região Metropolitana de Belém..........

40

Figura 4: Canalização das águas do Utinga.................................................

50

Figura 5: Canal Yuna....................................................................................

51

Figura 6: Canal de ligação Água Preta – Bolonha............................................

52

Figura 7: Limites da Área de Proteção Ambiental e Parque Ambiental de Belém...........................................................................................

52

Figura 8: Fluxograma do sistema de captação de água..............................

56

Figura 9: Mapa de localização da área de estudo........................................

58

Figura 10: Pesos das variáveis nas duas primeiras componentes principais com os dados obtidos durante os períodos de estiagem e chuvoso, nos cinco pontos de estudo...........................................................

64

Figura 11: Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise feita com os dados obtidos durante os períodos de estiagem e chuvoso, nos cinco pontos de estudo............................................

65

Figura 12: Distribuição dos valores de oxigênio dissolvido (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo...........................................................................

66

Figura 13: Média anual de OD (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo.............

67

Figura 14: Distribuição dos valores de pH nos cinco pontos de estudo.........

69

Figura 15: Média anual de pH nos cinco pontos de estudo...........................

70

Figura 16: Distribuição dos valores de DBO (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo...........................................................................................

72

Figura 17: Média anual de DBO (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo..........

73

Figura 18: Distribuição dos valores de nitrogênio total (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo...........................................................................

74

Figura 19: Média anual de nitrogênio total (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo

75

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Figura 20: Distribuição dos valores de fósforo total (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo.......................................................................................

77

Figura 21: Média anual de fósforo total (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo

77

Figura 22: Distribuição dos valores de temperatura (°C) nos cinco pontos de estudo. .........................................................................................

80

Figura 23: Média anual de tempertura (°C) nos cinco pontos de estudo......

81

Figura 24: Distribuição dos valores de turbidez (UNT) nos cinco pontos de estudo..........................................................................................

82

Figura 25: Média anual de turbidez (UNT) nos cinco pontos de estudo........

83

Figura 26: Distribuição dos valores de sólidos totais (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo...............................................................................

85

Figura 27: Distribuição dos valores de sólidos totais fixos (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo.........................................................................

86

Figura 28: Distribuição dos valores de sólidos totais voláteis (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo...............................................................

86

Figura 29: Média anual de sólidos totais, fixos e voláteis (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo..........................................................................

88

Figura 30: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo. .............................................................

90

Figura 31: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos fixos (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo.......................................................

90

Figura 32: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos voláteis (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo................................................

91

Figura 33: Média anual de sólidos totais dissolvidos, fixos e voláteis (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo........................................................

92

Figura 34: Distribuição dos valores de sólidos sedimentáveis (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo.............................................................

93

Figura 35: Média anual de sólidos sedimentáveis (mg.L-1) nos cinco pontos de estudo.........................................................................................

94

Figura 36: Distribuição dos valores de coliformes fecais (NMP/100 ml) nos cinco pontos de estudo.............................................................

95

Figura 37: Média anual de coliformes fecais (NMP/100 ml) nos cinco pontos de estudo..................................................................................

96

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Figura 38: Distribuição dos valores de clorofila a (mg.m-3)nos cinco pontos de

estudo........................................................................................

98

Figura 39: Média anual de clorofila a (mg.m-3) nos cinco pontos de estudo

98

Figura 40: Distribuição dos valores do IET nos cinco pontos de estudo.......

101

Figura 41: Média anual do IET nos cinco pontos de estudo......................

102

Figura 42: Distribuição dos valores do IQA no ponto P1...........................

103

Figura 43: Distribuição dos valores do IQA no ponto P2...........................

104

Figura 44: Distribuição dos valores do IQA no ponto P3...........................

105

Figura 45: Distribuição dos valores do IQA no ponto P4...........................

106

Figura 46: Distribuição dos valores do IQA no ponto P5............................

107

Figura 47: Média anual do IQA nos cinco pontos de estudo........................

111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das águas doces e tratamento requerido

segundo o CONAMA...................................................................

22

Tabela 2 - Limites estabelecidos para águas Classe 2................................. 24

Tabela 3 - Peso dos parâmetros que compõe o IQA.................................... 25

Tabela 4 - Classificação da qualidade das águas......................................... 26

Tabela 5 - Classificação do Estado Trófico da água..................................... 37

Tabela 6 - Dados meteorológicos (média mensal do período de 2008 –

2009) ...........................................................................................

41

Tabela 7 - Dados meteorológicos (média anual do período de 2008 –

2009). ..........................................................................................

42

Tabela 8 - Identificação e localização dos pontos de coleta......................... 60

Tabela 9 - Parâmetros determinados, princípios do método e referências...................................................................................

61

Tabela 10 - Pesos e variância explicadas pelas duas primieiras

componentes principais da análise dos dados obtidos,

durante os períodos de estiagem e chuvoso nos cinco

pontos de estudo.....................................................................

64

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Am Clima Tropical Monçônico

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA Área de Proteção Ambiental

APHA American Public Health Association

ATP Adenosina Trisfofato

Aw Clima Tropical

BASA Banco da Amazônia

BPA Batalhão de Polícia Ambiental

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

C CODEM Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área

Metropolitana de Belém

C CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COSANPA Companhia de Saneamento do Pará

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagens

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ETA Estação de Tratamento de Água

GPHS Grupo de Pesquisas de Hidráulica e Saneamento

GPS Sistema de Posicionamento Global

IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico Social

IET Índice de Estado Trófico

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Inmet Instituto Nacional de Meteorologia

IQA Índice de Qualidade da Água

LCR Laboratório de Controle de Resíduos

mg.L-1 Miligrama por litro

µm Micrômetro

µg.L-1 Micrograma por litro

nm Nanometro

OD Oxigênio Dissolvido

OMS Organização Mundial da Saúde

pH Potencial Hidrogênionico

PAB Parque Ambiental de Belém

PMB Prefeitura Municipal de Belém

PROSANEAR Programa de Saneamento para População de Baixa Renda

RMB Região Metropolitana de Belém

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................. 7

LISTA DE TABELAS...................................................................................... 10

LISTA DE ABREVIATURAS,SIGLAS E SÍMBOLOS.................................... 11

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 15

2 OBJETIVOS................................................................................................... 20

2.1 OBJETIVO GERAL......................................................................................... 20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 20

3 QUALIDADE DA ÁGUA................................................................................. 21

3.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA.................................................. 21

3.2 PADRÕES E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS............................................... 21

3.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA – IQA..................................................... 24

3.3.1 Oxigênio Dissolvido...................................................................................... 26

3.3.2 Potencial Hidrogeniônico............................................................................. 27

3.3.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio ............................................................. 28

3.3.4 Nitrogênio Total ............................................................................................ 28

3.3.5 Fósforo Total................................................................................................. 30

3.3.6 Temperatura................................................................................................... 32

3.3.7 Turbidez......................................................................................................... 32

3.3.8 Sólido Total.................................................................................................... 33

3.3.9 Coliformes Termotolerantes....................................................................... 34

3.4 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO - IET............................................................ 35

3.4.1 Clorofila a...................................................................................................... 37

4 ÁREA DE ESTUDO........................................................................................ 39

4.1 REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM.............................................. 39

4.2 CLIMA............................................................................................................. 40

4.3 GEOLOGIA..................................................................................................... 42

4.4 GEOMORFOLOGIA........................................................................................ 43

4.5 VEGETAÇÃO................................................................................................ 43

4.6 TOPOGRAFIA................................................................................................. 44

4.7 HIDROGRAFIA............................................................................................... 44

4.7.1 Baia do Guajará............................................................................................. 45

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4.7.2 Rio Guamá..................................................................................................... 45

4.7.3 Lago Água Preta............................................................................................ 46

4.7.4 Lago Bolonha................................................................................................ 47

4.8 HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELÉM........................ 48

4.9 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA......................................................... 55

5 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 58

5.1 ATIVIDADES DE CAMPO............................................................................... 58

5.2 TRATAMENTO DOS DADOS......................................................................... 62

6 RESULTADOS E DICUSSÕES................................................................... 63

6.1 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS................................................. 63

6.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO................................................................................ 66

6.3 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO................................................................... 68

6.4 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO....................................................... 71

6.5 NITROGÊNIO TOTAL..................................................................................... 73

6.6 FÓSFORO TOTAL.......................................................................................... 76

6.7 TEMPERATURA............................................................................................. 79

6.8 TURBIDEZ...................................................................................................... 81

6.9 SÓLIDOS TOTAIS, FIXOS E VOLÁTEIS........................................................ 84

6.10 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS, FIXOS E VOLÁTEIS.............................. 89

6.11 SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS.......................................................................... 93

6.12 COLIFORMES TERMOTOLERANTES.......................................................... 94

6.13 CLOROFILA a................................................................................................. 97

6.14 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO .................................................................... 100

6.15 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA............................................................... 103

7 CONCLUSÕES............................................................................................... 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 112

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15

1 INTRODUÇÃO

O homem sempre se preocupou com o problema da obtenção e,

conseqüentemente, da qualidade da água destinada ao seu consumo. Também

muito cedo, e isto devido ao aumento do consumo pelas comunidades, o

homem aprendeu a melhorar a qualidade da água e à medida que as

aglomerações humanas foram se tornando mais densas, com a formação das

cidades, a necessidade de grandes volumes de água passou a constituir um

problema que obrigou os antigos a executarem obras destinadas à captação,

transporte e armazenamento desse líquido. Assim, estas etapas surgiram como

conseqüência do aumento do consumo, resultante do desenvolvimento das

comunidades, enquanto que o tratamento, embora incipiente, nasceu da

repulsa do homem pelo aspecto estético da água e se desenvolveu em

decorrência do crescimento da poluição (LEME, 1990).

Além das preocupações com a qualidade da água, acrescentam-se as

de ordem econômica, visto que, com a crescente demanda de recursos

hídricos, motivada pelo crescimento dos centros urbanos e pela

industrialização de diversas áreas, a água destinada ao seu abastecimento

necessita ser buscada a distâncias cada vez maiores de forma a alcançar

mananciais que tenham bacias de contribuição de dimensões adequadas e que

estejam a salvo da crescente poluição que se vem verificando em todo o

planeta (VIANNA, 1992).

A poluição hídrica exige graus de tratamento da água cada vez mais

sofisticados e onerosos para sua potabilização. É certo que existem

possibilidades amplas, praticamente ilimitadas do ponto de vista técnico, para a

potabilização de águas poluídas. Entretanto, o custo desse tratamento, e a

possibilidade de ocorrência de falhas operacionais nas estações de tratamento,

de conseqüências imprevisíveis, quase sempre conduzem a escolha de um

manancial mais distante e menos poluído. Normalmente, o corpo d’água

captado é selecionado de forma que, suas características indesejáveis a serem

removidas não excedam as limitações naturais das chamadas estações

convencionais de tratamento de água (isto é: que tratam a água através de sua

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floculação, decantação e filtração) que em geral conseguem apenas eliminar os

colóides e materiais em suspensão nela presentes, que arrastam consigo, em

conseqüência, os organismos patogênicos a eles associados. Os organismos

remanescentes, desprovidos de possíveis barreiras protetoras, são submetidos

em seguida à ação de desinfetantes (normalmente o cloro) durante certo

tempo, sendo então destruídos (VIANNA, 1992).

As técnicas de captação-transporte e tratamento não se desenvolveram

no mesmo ritmo. Inicialmente, foi à captação-transporte que se desenvolveu,

mantendo-se durante muito tempo o tratamento na linha clássica, constituído

de sedimentação e filtração. O tratamento sofreu grande impulso a partir de

1908, com o emprego de substâncias como o hipoclorito de cálcio, para

desinfecção da água. É a partir dessa época que se obtém a máxima eficiência

na defesa da saúde das comunidades, com a eliminação das doenças de

veiculação hídrica (LEME, 1990).

Ainda no que se refere à poluição das águas, Zagatto e Bertoletti (2006)

descreve que as fontes de poluição pontuais (efluentes líquidos) e difusas

(lixiviação dos terrenos agrícolas, sedimentos e águas subterrâneas

contaminadas, acidentes ambientais, águas pluviais e etc...) têm contribuído

significativamente para as modificações ambientais, reduzindo a diversidade de

espécies autóctones e aumentando desordenadamente a densidade de

determinadas espécies indesejáveis. As freqüentes florações de algas são

exemplos típicos dessas modificações, o significativo decréscimo da qualidade

das águas, as freqüentes mortandades de peixes e, até mesmo, a morte de

rios.

Nesse contexto destaca-se que um dos grandes problemas ambientais

brasileiro é a deterioração dos rios que atravessam as localidades povoadas.

Essa deterioração ocorre porque a maioria das cidades brasileiras não possui

coleta e tratamento de esgotos doméstico, sendo estes jogados in natura nos

rios (TUCCI et al., 2001).

No Brasil, vários lagos foram afetados com a dinâmica da urbanização

em suas bacias de drenagem. As lagoas Rodrigo de Freitas, Araruama e

Saquarema, no Rio de Janeiro, a lagoa da Conceição, em Florianópolis, as

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17

lagoas de Mandaú e Manguaba, em Maceió, e lago Paranoá em Brasília são

alguns exemplos, dentre muitos outros, de ecossistema lacustre que sofrem a

pressão da ocupação urbana (RIBEIRO, 1992). Como resultado, os recursos

hídricos poluídos por descargas de resíduos humanos e de animais

transportam grande variedade de patógenos, entre eles bactérias, vírus,

protozoários ou organismos multicelulares, que podem causar doenças de

veiculação hídrica (TUNDISI, 2005).

As substâncias químicas também são consideradas outro tipo de

contaminação para águas superficiais, ocasionando doenças hídricas. Essas

substâncias podem ser inorgânicas (como os metais pesados e os nitratos) e

orgânicas (como os pesticidas, trihalometanos) de toxicidade adversa à saúde

dos seres humanos. Os problemas ocasionados pelos contaminantes químicos

na água estão relacionados com os efeitos cumulativos das microdoses

quando ingeridas por tempo prolongado.

De acordo com Ribeiro (2004), essas substâncias podem estar

presentes naturalmente no manancial ou ser proveniente de poluição. Na

população, os efeitos se refletem no aumento da incidência de câncer, defeitos

congênitos perduráveis por diversas gerações, alterações genéticas e

neurológicas.

Em função, da poluição a que os corpos d’água estão sujeitos, causadas

por diferentes fontes de origem urbana, rural e industrial, há a necessidade de

planos de prevenção e recuperação ambiental, a fim de garantir condições de

usos atuais e futuros, para diversos fins. Esses planos, além de medidas de

acompanhamento de suas metas, através de fiscalização, requerem para sua

proposição e efetiva implementação, dados que indiquem o estado do

ambiente aquático. Para esse fim, são estabelecidos programas de

monitoramento da qualidade da água para avaliar as substâncias presentes na

água, avaliadas sob os aspectos físicos, químicos e biológicos (SANTOS e

FLORÊNCIO 2001).

Neste sentido, os índices ambientais nasceram como resultado da

crescente preocupação social com os aspectos ambientais do

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18

desenvolvimento, processo que requer um número elevado de informações em

graus de complexidade cada vez maiores (CETESB, 2006).

O Índice de Qualidade da Água – IQA é empregado como uma

metodologia integradora, por converter várias informações em um único

resultado numérico. Este índice foi desenvolvido para avaliar a qualidade da

águas, tendo como determinante principal a sua utilização para abastecimento

público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas. Entre as

vantagens do índice estão a facilidade de comunicação com o público leigo e o

fato de representar uma média de diversos parâmetros em um único número,

combinando unidades de medidas diferentes em uma única unidade. No

entanto, sua principal desvantagem está na perda de informação dos

parâmetros individuais e da sua interação (CETESB, 2006).

Outro índice utilizado é o Índice do Estado Trófico - IET que tem por

finalidade classificar os corpos da água em diferentes graus de trofia, ou seja,

avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu

efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas ou ao aumento da

infestação de macrófitas aquáticas. Nesse índice, os resultados

correspondentes ao fósforo, devem ser entendidos como uma medida do

potencial de eutrofização, já que este nutriente atua como o agente causador

do processo. A avaliação correspondente à clorofila a, por sua vez, deve ser

considerada como uma medida da resposta do corpo hídrico ao agente

causador, indicando de forma adequada o nível de crescimento de algas que

tem lugar em suas águas. Assim, o índice médio engloba, de forma satisfatória,

a causa e o efeito do processo (CETESB, 2006).

As informações adquiridas com o emprego do IQA e do IET servem para

descrever o grau de poluição hídrica de um determinado ecossistema aquático.

No que se refere a poluição hídrica, a cidade de Belém, localizada no

estado do Pará, não é uma exceção ao descrito por Ribeiro (1992). Nessa

cidade encontram-se os mananciais do Utinga, formados pelos lagos Bolonha e

Água Preta, que são administrados pela Companhia de Saneamento do Pará

(COSANPA) para servirem como fonte de abastecimento de água para parte

da população da Região Metropolitana de Belém, englobando os bairros da

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Marambaia, São Brás, Cidade Nova, Pedreira, Terra Firme, Jurunas e Guamá,

produzindo atualmente quatro mil litros por segundo (PEREIRA, 2004).

Dentro desse contexto o objetivo deste trabalho foi monitorar a qualidade

da água ao longo do Sistema de Captação de Água do Município de Belém

(PA), com base em dados abióticos e bióticos, em períodos sazonais distintos

da região (de menor e de maior precipitação), durante um ano, a fim de

diagnosticar a atual situação das características desse ecossistema.

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20

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a qualidade da água do sistema de captação utilizado para o

abastecimento público da Região Metropolitana de Belém, com base em dados

abióticos e bióticos, em períodos sazonais distintos da região, ou seja, o

período de menor precipitação (junho a novembro) e o período de maior

precipitação pluviométrica (dezembro a maio).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar a influência das águas oriundas do rio Guamá na distribuição dos

parâmetros abióticos e bióticos, nos lago Bolonha e Água Preta.

Aplicar o Índice de Estado Trófico no sistema de captação de água do

município de Belém;

Aplicar o Índice de Qualidade da Água no sistema de captação de água

utilizado para o abastecimento público da Região Metropolitana de

Belém.

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21

3 QUALIDADE DA ÁGUA

3.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA

A água contém diversos componentes, os quais provêm do próprio

ambiente natural ou foram introduzidos a partir de atividades humanas. Para

caracterizar uma amostra de água, são determinados diversos parâmetros, que

representam as suas características físicas, químicas e biológicas. Esses

parâmetros são indicadores da qualidade da água e constituem impurezas

quando alcançam valores superiores aos estabelecidos para determinado uso

(VON SPERLING, 1996).

Entre esses parâmetros podem ser citados: coliformes, demanda

bioquímica de oxigênio, turbidez, oxigênio dissolvido, temperatura, sólidos

totais, fósforo, nitrogênio, demanda química de oxigênio e condutividade.

3.2 PADRÕES E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS

A água destinada a consumo humano deve preencher condições

mínimas para que possa ser ingerida ou utilizada para fins higiênicos, o que se

consegue por meio das estações de tratamento quando a água do manancial

oferece riscos à saúde pública (DI BERNARDO, 1995).

A Organização Mundial da Saúde – OMS considera prioritária a proteção

da saúde pública e recomenda aos países em geral, em função das sugestões

apresentadas, o estabelecimento dos parâmetros de qualidade e os valores

limites a serem fixados, especialmente aqueles que podem causar dano ao ser

humano, levando em conta as condições locais, uma vez que a adoção de

parâmetros muito exigentes limita o emprego de alguma tecnologia econômica.

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA publicou

a Resolução n° 357/05, que classifica as águas doces, salobras e salinas,

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estabelecendo o tipo de tratamento requerido para as águas destinadas ao

abastecimento público, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação das águas doces e tratamento requerido segundo a

Resolução do CONAMA nº 357/05.

Classificação Tratamento requerido ao abastecimento para consumo humano

Classe especial Desinfecção

Classe 1 Tratamento simplificado

Classe 2 Tratamento convencional

Classe 3 Tratamento convencional ou avançado

Fonte: (Di Bernardo, 1995)

.

Para cada classe são estabelecidos limites dos parâmetros de qualidade

física, química, biológica e radiológica associados à classificação da Tabela 1.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT através da NB –

592 “Projeto de Estação de Tratamento de Água para Abastecimento Público”,

considera os seguintes tipos de águas naturais:

Tipo A: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias

sanitariamente protegidas, de acordo com o padrão de potabilidade.

Tipo B: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não

protegidas, que possam atender parâmetros de qualidade de acordo com o

padrão de potabilidade com tecnologias de tratamento que não exijam

coagulação química.

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Tipo C: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não

protegidas e que exijam a coagulação química para atender o padrão de

potabilidade.

Tipo D: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não

protegidas sujeitas a poluição e que requerem tecnologias de tratamento

especiais para atender ao padrão de potabilidade.

As características das tecnologias de tratamento recomendadas para

cada tipo de água são:

Tipo A: desinfecção e correção do pH;

Tipo B: desinfecção, correção do pH e:

1 - decantação simples para água contendo sólidos sedimentáveis, de

modo a tender ao padrão de potabilidade;

2 - filtração, precedida ou não da decantação, quando a turbidez e a cor

a parente forem inferiores a, respectivamente, 40 UNT e 20 UH;

Tipo C: coagulação, seguida ou não de decantação, filtração rápida,

desinfecção e correção de pH;

Tipo D: tratamento mínimo de água Tipo C e tratamento complementar para

cada caso.

A Tabela 2 mostra os limites que a Resolução CONAMA n° 357/05,

estabelece, aos parâmetros avaliados, para águas doces de Classe 2.

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Tabela 2 – Limites estabelecidos para águas doces de Classe 2.

Parâmetros Limites estabelecidos

Oxigênio Dissolvido não inferior a 5 mg.L-1

Coliformes Fecais 1000 /100ml

pH 6,0 a 9,0

Demanda Bioquímica de Oxigênio até 5 mg.L-1

Fósforo Total até 0,030 mg.L-1

Temperatura -

Nitrogênio Total -

Turbidez até 100UNT

Sólidos Totais -

Clorofila a até 30 mg.m-3

3.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA - IQA

Para facilitar a interpretação das informações sobre qualidade da água

de forma abrangente e útil, para especialistas ou não, a partir de um estudo

feito em 1970 pela National Sanitation Foundation dos Estados Unidos, na

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) foi adaptado e

desenvolvido o Índice de Qualidade das Águas (IQA), que é determinado pelo

produto ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros

de temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido, DBO, coliformes fecais,

nitrogênio total, fósforo total e sólido total. A cada parâmetro foi atribuído um

peso, listados na Tabela 3, de acordo com sua importância relativa no cálculo

do IQA (ROCHA et al., 2004).

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Tabela 3 – Pesos dos Parâmetros que compõe o IQA

Parâmetro Peso Relativo - wi

Oxigênio Dissolvido (% OD) 0,17

Coliformes Fecais (NPM/100 ml) 0,15

pH 0,12

Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO (mg.L-1) 0,10

Fósforo Total (mg.L-1) 0,10

Temperatura (°C) 0,10

Nitrogênio Total (mg.L-1) 0,10

Turbidez (UNT) 0,08

Sólidos Totais (mg.L-1) 0,08

Fonte: CETESB, 2006.

Os parâmetros de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA

refletem, principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo

lançamento de esgotos domésticos. É importante também salientar que este

índice foi desenvolvido para avaliar a qualidade das águas, tendo como

determinante principal a sua utilização para o abastecimento público,

considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas (CETESB, 2006).

O IQA é calculado pela fórmula:

IQA = p. qi. wi

onde:

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IQA= índice de qualidade da água (varia de 0 e 100);

p = número "pi" (3,14...);

qi = qualidade do i-ésimo parâmetro (entre 0 e 100); obtido da respectiva

"curva de qualidade", em função de sua concentração ou medida.

wi = peso correspondente ao i-ésimo parâmetro; atribuído por sua

importância para a conformação global da qualidade, um número entre 0 e 1.

Os valores do índice variam entre 0 e 100. A Tabela 4 mostra a

classificação da qualidade das águas conforme o especificado:

Tabela 4 - Classificação da qualidade das águas.

Valor Qualificação

0 – 19 Imprópria

19 – 36 Imprópria para tratamento convencional

36 – 51 Aceitável

51 – 79 Boa

79 – 100 Ótima

Fonte: CETESB, 2006.

3.3.1 Oxigênio Dissolvido

Dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio (O2) é um dos mais

importantes na dinâmica e na caracterização dos ecossistemas aquáticos.

Esse gás é considerado como moderadamente solúvel, sendo este fator

diretamente dependente da temperatura e pressão (ESTEVES, 1998).

As principais fontes de oxigênio para a água são: a atmosfera e a

fotossíntese. Por outro lado, as perdas são o consumo pela decomposição da

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matéria orgânica (oxidação), perdas para a atmosfera, respiração de

organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos, como ferro e manganês

(ESTEVES, 1998).

Segundo Esteves (1998), durante o período de chuva há um aumento da

concentração de matéria orgânica dissolvida e particulada, que se origina pela

própria ressuspensão de sedimento ou a partir de águas tributárias e águas

superficiais (escoamento superficial). Esta matéria orgânica é formada por

inúmeros compostos em diferentes graus de decomposição.

Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias utilizam o

oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a causar uma redução

da sua concentração no meio, que dependendo da magnitude desse

fenômeno, pode causar a morte de diversos organismos aquáticos, inclusive os

peixes. Caso o oxigênio seja totalmente consumido, têm-se condições

anaeróbias (ausência de oxigênio), com geração de maus odores (VON

SPERLING, 1996).

3.3.2 Potencial Hidrogênionico

O pH da água representa as condições de acidez ou alcalinidade em

que mesma se encontra, pois expressa a concentração de íons de hidrogênio,

ou mais precisamente a atividade do íon hidrogênio, na água. Nas águas

naturais o pH varia de acordo com o terreno atravessado pela mesma. Áreas

ricas em calcários conferem a água elevados valores de pH, enquanto que, as

águas poluídas apresentam baixos valores, devido a decomposição de matéria

orgânica (BRAZ, 1985).

O pH fica entre 4 e 9 em águas naturais na maioria das vezes são

ligeiramente alcalinos, devido a presença de carbonatos e bicarbonatos Do

ponto de vista ambiental é um parâmetro que determina o desenvolvimento

aquático pois os organismos aquáticos estão geralmente adaptados às

condições de neutralidade e, em conseqüência, alterações bruscas do pH de

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uma água podem acarretar o desaparecimento dos seres nela presentes

(CETESB, 2005).

3.3.3 Demanda Bioquímica de Oxigênio

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) representa a quantidade de

oxigênio que é consumido pela respiração aeróbia na oxidação da matéria

orgânica existente no meio aquático. Corresponde, na prática, a quantidade de

oxigênio necessária à estabilização das matérias presentes oxidáveis

bioquimicamente (BRANCO, 1978).

Quando a DBO é alta o oxigênio rarefaz-se, e daí resulta condições

anaeróbicas que retardam a decomposição de matéria orgânica, produzindo

odores desagradáveis, além de eliminar peixes e destruir inúmeros

microorganismos, cujas ausências por serem menos visíveis do que a dos

peixes, são pouco sentidas, apesar de não menos importantes para o equilíbrio

dos ecossistemas aquáticos (PROCHNOW, 1981; MOTA, 1999).

3.3.4 Nitrogênio Total

O nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de

ecossistemas aquáticos. Esta importância deve-se principalmente à sua

participação na formação de proteínas, um dos componentes básicos da

biomassa. O ciclo do nitrogênio em águas continentais é mostrado na Figura 1,

destacam-se as formas de nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As

duas primeiras chamam-se formas reduzidas e as duas últimas formas

oxidadas. Pode-se associar a idade da poluição com relação as formas de

nitrogênio (ESTEVES, 1998).

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Figura 1: Ciclo do nitrogênio (ESTEVES, 1998).

Ainda segundo Esteves (1998), o nitrogênio está presente nos

ambientes aquáticos sob várias formas, por exemplo: nitrato (NO3-), nitrito

(NO2-), amônia (NH3), íon amônio (NH4

+), óxido nitroso (N2O), nitrogênio

molecular (N2), nitrogênio orgânico dissolvido (peptídeos, purinas, aminas,

aminoácidos, etc.), nitrogênio orgânico particulado (bactérias, fitoplâncton,

zooplâncton e detritos), etc.

O nitrogênio é um indicador de poluição por matéria orgânica, esgotos,

despejos industriais, fertilizantes, etc. A maior parte do nitrogênio originalmente

presente encontra-se na forma de nitrogênio orgânico. Este é gradualmente

convertido a nitrogênio amoniacal e, posteriormente, se condições aeróbicas

estão presentes, ocorre a oxidação da amônia a nitritos e nitratos. Assim,

águas que contém maiores quantidades de nitrogênio orgânico e amoniacal

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são consideradas como recentemente poluídas e apresentam-se

potencialmente perigosas. Águas que contém nitrogênio na forma de nitratos

são consideradas como tendo sido poluídas há longo tempo e oferece pequeno

risco a saúde pública (SAWYER e MCCARTY, 1978 apud MENEZES, 1985).

O nitrogênio total é o resultado da amônia livre e nitrogênio orgânico,

sendo que o nitrogênio orgânico é definido como aquele nitrogênio

organicamente ligado e no estado de oxidação (CETESB, 2000).

3.3.5 Fósforo Total

O fósforo é um constituinte importante nos sistemas biológicos. Esta

importância deve-se à participação deste elemento em processos fundamentais

do metabolismo dos seres vivos, tais como: armazenamento de energia (forma

uma fração essencial da molécula de ATP) e estruturação da membrana celular

(através dos fosfolipídios) (ESTEVES, 1998).

Em águas naturais este elemento pode ter a seguinte nomenclatura,

de acordo com Chapra (2003) apud Silva (2006):

a) P orgânico particulado: presentes nos seres vivos e nos detritos

orgânicos;

b) P inorgânico particulado: fosfatos minerais e fosfatos

complexados a materiais sólidos;

c) P orgânico dissolvido: presentes em colóides de compostos

orgânicos que contenham fósforo. São originados pela decomposição do

fósforo orgânico particulado;

d) P inorgânico dissolvido: ortofosfatos ou fósforo reativo dissolvido.

Representados por: H2PO4, HPO4-2, PO4

-3;

e) Fósforo total: representa a soma das formas orgânicas e

inorgânicas, particuladas e dissolvidas.

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O ciclo do fósforo é relativamente simples quando comparado ao do

nitrogênio. As principais formas de fósforo são: fosfato, o qual é assimilado

pelas algas e bactérias dentro da matéria orgânica celular; fósforo orgânico

particulado, excretado na forma de fosfato ou como fósforo orgânico dissolvido,

este último pode ser decomposto pela ação da bactéria liberando fosfato

(DAY,1989 apud SANTOS, 2004).

Na Figura 2 é representado o ciclo do fósforo sem a influência da cadeia

alimentar segundo Silva (2006) fica resumido aos seguintes processos:

1) Absorção: nutrientes inorgânicos dissolvidos são utilizados pelos

produtores primários para formação de sua biomassa; 2) Adsorção: fósforo

dissolvido adsorvido pelos sólidos suspensos; 3) Excreção: processo de

excreção pelo fitoplâncton; 4) Morte: nutrientes tornam-se disponíveis após

a morte dos produtores primários (autólise e decomposição da matéria

orgânica morta); 5) Decomposição: a decomposição da matéria orgânica

morta (particulada e dissolvida) libera nutriente inorgânico dissolvido; 6)

Sedimentação: matéria orgânica particulada e sólidos suspensos podem

sedimentar; 7) Ressuspensão: retorno do fósforo do sedimento para a

coluna de água.

Figura 2: Ciclo do fósforo (SILVA, 2006).

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32

3.3.6 Temperatura

A temperatura é uma variável de grande importância no meio aquático,

pois influencia no metabolismo das comunidades, como produtividade primária,

respiração dos organismos e decomposição da matéria orgânica (SANTOS et

al., 2003).

Em lagos tropicais outro fator a ser considerado é o fenômeno de

estratificação da massa d’água. Segundo Esteves (1998), existe a presença de

três camadas de diferentes gradientes de temperatura: uma camada superior

chamada de epilímio, caracterizada por uma temperatura uniforme e quente, e

uma camada inferior, o hipolímio, mais fria e mais densa. Entre as duas existe

uma camada com uma marcada descontinuidade de temperatura, chamada

metalímio.

A grande maioria dos lagos de regiões tropicais, devido aos processos

geológicos que os originaram, apresenta profundidades reduzidas. Além disso,

nestas regiões a variação sazonal da temperatura é pouco acentuada em

relação à variação diária. Na região amazônica, por exemplo, a amplitudes de

variação diária de temperatura da atmosfera é maior do que a amplitude

sazonal. Assim, devido a estes dois fatores, observam-se normalmente, em

lagos tropicais, estratificações e desestratificações diárias da coluna d’água, ou

seja, estratificação que se desenvolve durante o período do dia, culminando

com o máximo de estabilidade térmica por volta das 16 e 17 horas e

desestratificação noturna, devido à perda de calor para a atmosfera. Este

processo de desestratificação diária, nestes lagos, é facilitado pela pouca

diferença de temperatura entre o epilímio e o hipolímio (ESTEVES, 1998).

3.3.7 Turbidez

É o grau de atenuação de intensidade que um feixe de luz sofre ao

atravessá-la (e esta redução se dá por absorção e espelhamento, uma vez que

as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o

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comprimento de luz branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais

como partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e

bactérias, plâncton em geral, etc. (CETESB, 2005).

A erosão das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo

de fenômeno que resulta em aumento da turbidez das águas, que pode

decorrer do mau uso do solo em que se impede a fixação da vegetação. Este

exemplo mostra também o caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-

relações ou transferência de problemas de um ambiente (água, ar ou solo) para

outro (CETESB, 2005).

Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e

algas. Logo a turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas.

Além disso, afeta adversamente os usos domésticos, industrial e recreacional

de uma água (SOUZA; LIMA, 2003).

3.3.8 Sólido Total

Os sólidos presentes na água podem ser classificados em sólidos

dissolvidos, que são capazes de atravessar papel de fibras de vidro e sólidos

em suspensão que são retidos pelo papel de fibras de vidro de 0.45 µm. Os

sólidos dissolvidos e em suspensão, por outro lado, diferenciam-se em fixos,

que são as substâncias inorgânicas e em voláteis, que compreendem a matéria

orgânica e os compostos transformáveis em vapor quando aquecidos a 600° C

(BATALHA, 1998).

As operações de secagem, calcinação e filtração são as que definem as

diversas frações de sólidos presentes na água em sólidos totais, suspensão,

dissolvidos, fixos e voláteis, com exceção dos sólidos sedimentáveis que são a

porção dos sólidos em suspensão que sedimenta sob a ação da gravidade

durante um período de uma hora, a partir de um litro de amostra mantida em

repouso em um cone Imhoff (PIVELI, 2005).

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Sob o ponto de vista do tratamento, os sólidos em suspensão (partículas

com diâmetro médio superior a 1µm), são os mais fáceis de serem separados

da água, pois prevalecem sobre eles os fenômenos de massa (gravitacionais),

e geralmente são removidos por sedimentação simples. Os sólidos presentes

no estado coloidal (diâmetro médio na faixa de 1nm - 1µm), já são

suficientemente pequenos sendo removíveis por sedimentação, desde que

precedida do processo de coagulação e floculação. Os flocos que apresentam

baixas velocidades de sedimentação nos decantadores podem ser separados

em filtros de areia ou filtros de camada dupla de areia e carvão antracito. A

dificuldade maior sob o ponto de vista do tratamento consiste na separação de

moléculas muito pequenas e íons dissolvidos na água. Nestes casos, apenas

processos especiais de tratamento apresentam uma boa capacidade de

remoção. Dentre estes processos, destacam-se aqueles que têm como

princípio os fenômenos de adsorção, troca- iônica, precipitação químico e

osmose reversa (PIVELI, 2005).

3.3.9 Coliformes Termotolerantes

A preservação da qualidade das águas, particularmente em relação aos

mananciais e águas de consumo humano, visto que sua contaminação por

excretas de origem humana ou animal pode torná-las veículo na transmissão

de agentes de doenças infecciosas e parasitárias, impõe a necessidade de

exames para avaliação de sua qualidade do ponto de vista bacteriológico

(CETESB, 1995).

A identificação completa dos microrganismos patogênicos não se faz

necessária, bastando à determinação de grupos de significado higiênico e

sanitário. Para tanto se utiliza organismos indicadores de contaminação fecal.

Na seleção deste indicador microbiológico têm-se como requisitos sua

ocorrência em grande número nas fezes humanas, não se multiplicar no

ambiente aquático e ser quantificável por métodos laboratoriais rápidos e

simples (CETESB, 1995).

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O grupo coliforme é um bom indicador porque aparece em grande

quantidade nas fezes humanas. Cada pessoa pode eliminar até 100 bilhões

deles num único dia, com isso a possibilidade deles serem encontradas é muito

grande. Por serem exclusivos das fezes de animais homeotérmicos, uma vez

identificada sua presença, pode-se afirmar que a água teve contato com as

excretas desses animais. São tão resistentes quanto os patogênicos e sua

identificação, do ponto de vista laboratorial, requer técnicas simples

(JOHNSON & ROSENBERG, 1993).

Este grupo abrange espécies que integram a família das

enterobactérias, incluídos os gêneros: Klebsiella, Citrobacter, Enterobacter e

Escherichia, sendo este último típico da flora intestinal, mas podendo ser a

maioria deles encontradas em outros locais, como solo e vegetais (BRASIL,

2004b).

É interessante ressaltar, que na maioria das águas brutas com que o

sanitarista trabalha, os organismos patogênicos costumam, quase sempre,

estar associados a partículas responsáveis pela turbidez, que parecem utilizá-

las como substrato e forma de proteção. Assim sendo, quando se promove a

redução da turbidez da água bruta, são também removidos os patogênicos a

ela associados. Além disto, os organismos que porventura atravessem essa

fase do tratamento ficam expostos a ação dos compostos desinfetantes, sendo

por eles eliminados (VIANNA, 1992).

3.4 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO - IET

Um dos principais processos causadores da degradação da qualidade

das águas em ambientes lênticos tem sido a eutrofização que consiste no

enriquecimento excessivo de nutrientes, tais como fósforo e nitrogênio,

provocando o crescimento descontrolado da vegetação. Gera-se então uma

biomassa superior àquela que o sistema poderia naturalmente controlar. O

aumento excessivo na população e sua posterior degradação no corpo

aquático geram uma demanda de oxigênio grande, a qual pode então provocar

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a morte de animais aquáticos (peixes) e também a proliferação de organismos

anaeróbios (GRASSI, 2001).

O Índice do Estado Trófico - IET tem por finalidade classificar os corpos

da água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água

quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao

crescimento excessivo das algas ou ao aumento da infestação de macrófitas

aquáticas, a Tabela 5 mostra a classificação do Estado Trófico segundo o

Índice de Carlson modificado (CETESB, 2006).

O índice de trofia empregado neste trabalho foi o de Carlson (1977)

modificado por Tolledo et al. (1983), sugerido para regiões de clima tropical:

IET (PT) = 10 x {6 - [ln (80, 32/PT) / ln2)]}

IET (CL) = 10 {6 - [(2, 04 – 0,695 ln * CL) / ln2]

Onde:

CL: concentração de clorofila a medida à superfície da água, em µL-1; PT: concentração de fósforo total medida à superfície da água, em µL-1; ln: logaritmo natural.

Nos meses em que estejam disponíveis dados de ambas variáveis, o

resultado será a média aritmética simples dos índices relativos ao fósforo total

e clorofila a, segundo a equação:

IET = [IET (PT) + IET (CL)] / 2

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Tabela 5 – Classificação do Estado Trófico da água.

Valor Estado Trófico Classes do IET

IET ≤ 44 Oligotrófico 1

44 < IET ≤ 54 Mesotrófico 2

54 < IET ≤ 74 Eutrófico 3

IET > 74 Hipereutrófico 4

Fonte: CETESB, 2006.

3.4 Clorofila a

A clorofila a é um tipo de pigmento encontrado em parte dos cloroplastos

nas células vegetais que captam seletivamente fótons de comprimento de onda

definidos e utilizam essa energia para desencadear o processo fotossintético

(BRANCO, 1993).

Existem vários tipos de clorofila, porém as mais conhecidas são as

clorofilas a, b e c. A clorofila a, é a mais comum e o principal pigmento da

maioria dos vegetais e algas superiores. A clorofila b é particularmente

abundante nos vegetais terrestres (CLAYTON, 1974).

As concentrações de clorofila têm sido medidas em ecossistemas

aquáticos, pois permitem abordagem sobre a ocorrência de microorganismos

fitoplanctônicos e fornecem informações úteis sobre a qualidade da água,

principalmente em processos de eutrofização. A determinação da clorofila nas

águas pode avaliar a capacidade de reoxigenação do corpo d’água e também

de sua população de algas (ESTEVES, 1998).

Segundo Esteves (1998), a classificação de ambientes aquáticos

utilizando o critério de clorofila a, associada à questão da produtividade, é a

seguinte:

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a) Oligotróficos: lagos claros e baixa produtividade e teores máximos de

clorofila a de 2 µg.L-1;

b) Mesotróficos: lagos com produtividade intermediária e teores de clorofila

a na faixa de 2 a 6 µg.L-1;

c) Eutróficos: lagos com elevada produtividade comparada ao nível natural

básico e teores de clorofila a na faixa de 6 a 18 µg. L-1;

d) Hipertróficos: enriquecimento máximo de nutrientes; número excessivo

de algas e plantas aquáticas ao ponto de impedir ou dificultar a

navegação com teores de clorofila a acima de 18 µg. L-1.

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4 ÁREA DE ESTUDO

4.1 A REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM

A Região Metropolitana de Belém - RMB (Figura 3) é constituída pelos

municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara.

Abrange uma área de aproximada 1.200 km2, correspondendo a 0,1 % da

superfície do Estado do Pará (OLIVEIRA, 2002). Nela residem cerca de

2.197.807 de pessoas, aproximadamente, 30% da população do Estado (IBGE,

2010).

Fisiograficamente está localizada na Zona Guajarina, entre as

coordenadas geográficas 01º 03’ e 01º 32’ de latitudes sul e 48º 11’ e 48º 39’

de longitudes oeste de Greenwich. Limita-se ao sul com o rio Guamá, ao norte

com a Baia de Marajó, a oeste com a Baia do Guajará e a leste com o

município de Santa Isabel do Pará (OLIVEIRA, 2002).

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Figura 3: Localização geográfica da Região Metropolitana de Belém.

Fonte: Universidade Federal do Pará (2004).

4.2 CLIMA

A Região Guajarina, onde se localiza a área estudada, é caracterizada

por um clima, quente e úmido, em virtude, também, de sua baixa altitude, da

topografia plana e da vegetação densa. O tipo climático atual, de acordo com a

classificação de Köppen, varia entre Am e Aw tropical úmido de floresta. É uma

região chuvosa, com período de chuvas de dezembro a abril, enquanto de

agosto a outubro registra-se a menor pluviosidade (OLIVEIRA, 2002).

O regime térmico se caracteriza pela temperatura elevada em todos os

períodos, resultando na média anual de 26,9 º C (Inmet, 2009).

Os ventos alcançam a velocidade média mensal calculada para uma

série de 2 anos (2008 - 2009) é 1,6 m/s, notando-se que são mais fortes no

verão do que no inverno. Sobre a pressão atmosférica média mensal e anual

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calculadas para uma série de 2 anos (2008 - 2009), os valores são muito

próximos em quase todos os meses (Inmet, 2009).

A umidade do ar, no transcorrer do ano, acompanha de perto o regime

pluviométrico, ocorrendo os maiores valores no período de dezembro a junho,

atingindo marcas de até 90%, e valores médios anuais de 70% (IDESP, 1991)

As médias anuais de temperatura, precipitação pluviométrica, umidade

relativa, vento, pressão e evaporação calculadas para uma série de 2 anos

(2008 - 2009), estão representadas nas Tabelas 6 e 7 respectivamente,

segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia – Belém (Inmet, 2009).

Tabela 6 – Dados meteorológicos (média mensal do período de 2008 – 2009).

Temperatura °C

Precipitação Pluviométrica

(mm)

Umidade Relativa

(%)

Velocidade Vento (m/s)

Evaporação (mm)

Pressão (atm)

Janeiro 25,95 443,35 90,0 0,95 29,15 1.009

Fevereiro 25,70 436,40 91,0 0,95 22,45 1.009

Março 25,90 519,85 89,5 0,95 24,40 1.009

Abril 26,10 487,50 89,5 0,95 27,30 1.009

Maio 26,25 382,35 88,5 0,85 22,00 1.010

Junho 26,75 308,15 84,5 1,15 36,80 1.011

Julho 27,20 151,00 79,5 1,65 64,40 1.012

Agosto 27,75 122,10 77,5 1,80 76,80 1.010

Setembro 27,55 121,85 77,5 1,90 84,90 1.010

Outubro 27,70 126,45 77,0 2,0 77,10 1.009

Novembro 27,90 90,15 77,5 2,0 61,80 1.008

Dezembro 27,30 212,45 83,0 1,35 55,40 1.008

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet / Belém.

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Tabela 7 – Dados meteorológicos (média anual do período de 2008 – 2009).

Dados Meteorológicos / Ano 2008 2009 Total

Temperatura °C 25,13 25,20 25,16

Precipitação Pluviométrica (mm) 278.3 288,63 283,4

Umidade Relativa (%) 83,25 83,91 83,58

Velocidade Vento (m/s) 1,39 1,35 1,37

Evaporação (mm) 48,45 49,99 49,22

Pressão (atm) 1.008 1.009 1.008

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet / Belém.

4.3 GEOLOGIA

A área da RMB está representada geologicamente, em sua quase

totalidade, por sedimentos arenosos da unidade Pós-Barreiras constituídos por

latossolos amarelos e, ainda, por sedimentos do Grupo Barreiras e sedimentos

Holocênicos e, em subsuperfície, sedimentos pertencentes à Formação

Pirabas (MATTA, 2004).

Matta (2004) ressalta que as principais unidades lito-estratigráficas que

ocorrem na região de Belém e Ananindeua são os do Grupo Barreiras, a

unidade Pós-Barreiras e os Sedimentos Holocênicos.

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4.4 GEOMORFOLOGIA

Segundo Dias (1991), os lagos do Utinga estão inseridos numa grande

região morfológica, a dos “baixos platôs amazônicos e planícies litorâneas”

caracterizada pelas suas cotas altimétricas mais baixas, variando de 3 a 8 m,

onde é possível distinguir vários elementos que participam da estrutura

morfológica da região dos baixos platôs:

a) Plataformas intermediárias, correspondendo ao nível altimétrico de 10 a 15

m do patamar terciário, representando os rebordos das cabeceiras dos cursos

de água. Contornadas por encostas e escarpas, tem topo aplainado

tabuliforme e solos predominantemente arenosos e concrecionários

característicos do Grupo Barreiras. Apresenta pontos de estrangulamento,

provenientes dos processos de erosão, remontando às nascentes dos

aqüíferos, de superfície;

b) Níveis de terraços escalonados em altitudes inferiores com cotas variando

de 5 a 10 m - baixos patamares;

c) Baixadas inundáveis correspondentes ao 4° nível geral do terraço,

apresentam-se esculpidas sobre terrenos recentes, em sedimentos do

quaternário.

4.5 VEGETAÇÃO

Segundo Moreira (1996), no município de Belém ocorre três tipos

principais de vegetação: a) de várzea típica de áreas inundáveis, sobre

influência periódica das marés; b) de floresta densa, associadas aos terrenos

mais elevados (terra firme) e c) florestas secundárias, em áreas uma vez

desmatadas. Dentro do espaço, urbano nada mais resta da floresta tropical que

existiu originalmente.

A cobertura vegetal predominante na área do Utinga foi originalmente à

floresta Tropical Úmida Perenifólia, apresentando uma grande heterogeneidade

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na composição de espécies dicotiledôneas de porte médio a alto e, grandes

variações na densidade. A variação do porte e da freqüência de determinadas

espécies em ocorrências localizadas, vem em função da inundação de áreas

florestais, provocada pela barragem dos cursos d’água do Água Preta e

Bolonha, pelo desmatamento para ocupação agrícola e urbana (DIAS, 1991).

Devido à interferência dos solos e dos principais processos

modificadores como inundação e desmatamento, a floresta primitiva – foi sendo

alterada na sua cobertura original. Atualmente as áreas desmatadas ou

alteradas diretamente pela ação antrópica existem em maior proporção,

comparadas às áreas contendo florestas primitivas (DIAS, 1991).

4.6 TOPOGRAFIA

O relevo de Belém apresenta-se de plano a suavemente ondulado na

forma de baixos platôs, sem escarpamentos, exceto no litoral. É caracterizado

por um conjunto de canais recentes, furos, igarapés, paranás, meandros

abandonados e lagos, marcado por um complexo sistema de terra e água, com

partes submetidas a inundações freqüentes, tanto pelas águas das chuvas,

como pelas águas das marés ou de equinócio. A topografia da cidade é pouco

variável e baixa, variando de 25 m na ilha de Mosqueiro (parte mais alta) a 4 m

nas cotas mais baixas. Esta região apresenta-se constituída por solos tipo

concrecionário laterítico, amarelos e nas margens do rio Guamá, o tipo “Gley

pouco úmido” (MERCÊS,1997).

4.7 HIDROGRAFIA

O sistema hidrográfico de Belém é constituído por duas grandes bacias:

a baia de Guajará e o rio Guamá.

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4.7.1 Baia do Guajará

O Estuário Guajarino é parte integrante de outro maior, o Estuário

Amazônico ou Golfão Marajoara, situado na foz do rio Amazonas, um ambiente

fluvial com influências marítimas, forma-se nas confluências dos rios Pará,

Acará e Guamá (PARÁ,1990).

A baía situa-se a oeste da cidade de Belém e recebe as águas do rio

Guamá e Acará. Possui forma alongada e estreita, e está comprimida entre as

terras continentais e as ilhas fluviais da Onça, Arapiranga, Cotijuba, Jararaca,

Mirim, Paquetá Açu e Jutuba. Comunica-se com a baia do Marajó e sofre

diretamente a influência das marés oceânicas.

4.7.2 Rio Guamá

O rio Guamá, afluente do rio Pará, tem 700 km de extensão. Nasce na

Serra dos Coroados, correndo em direção Sul – Norte até a cidade de Ourém,

situada em sua margem direita. Seguindo para Oeste, encontra-se com o rio

Capim. É navegável por pequenas embarcações até sua primeira cachoeira, a

225 km de Belém. Na foz, na Baia do Guajará, atinge 900 km de largura. O rio

Guamá também é de fundamental importância, não somente no abastecimento

de água para esta cidade como também no seu aspecto hidrológico (RIBEIRO,

1992).

O rio Guamá e seus afluentes sofrem influências de marés e recebe

constantemente sedimentos da baía do Guajará, esta que possui suas águas

barrentas e, temporariamente, salobras no ápice do verão. A oscilação de suas

águas, provocando variações sazonais, chegam a alagar parte das dezenas de

ilhas e elevam o nível d’água dos inúmeros canais, inclusive de alguns setores

da Região Metropolitana de Belém. Essa situação, aliada a outros parâmetros

ambientais, é prejudicial ao abastecimento público, pois grande parte da água

distribuída à população de Belém é aduzida do rio Guamá para o lago Água

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Preta e daí, passando pelo lago Bolonha, transportada para a Estação de

Tratamento de Água do Utinga (OLIVEIRA, 2002).

4.7.3 Lago Água Preta

O lago Água Preta apresenta um volume de aproximadamente

9.905.000 m3 e uma área de 3.116.860 m2 (JUNIOR, M. I; COSTA, F. R, 2003),

é formado pelas bacias hidrográficas dos igarapés Catu e Água Preta, do qual

recebe o nome, encontra-se em grande parte nas terras do Utinga, as quais

pertencem a COSANPA, em terras da EMBRAPA, e em áreas pertencentes a

terceiros (CENSA/COSANPA, 1983).

Considerado como principal lago que serve como fonte de

abastecimento da cidade de Belém e com obras na barragem do lago em

1973, o lago Água Preta inicialmente com 6,0 x 106 m3 de água acumulada

foi ampliado a fim de permitir uma reserva de 10,55 x 106 m3 de água

acumulada, 3.116.868 m2 de área de lâmina d’água (CENSA/COSANPA,

1983).

A carta batimétrica do lago Água Preta registra uma profundidade

máxima de 4,4 m na porção central da bacia e profundidade mínima de 0,50 m

na área próxima a do rio Guamá (SODRÉ, 2007).

Apresenta uma larga faixa de vegetação e proteção. Possui três

nascentes designadas como nº 3; nº 4 e nº 5. A nascente conhecida como

n° 3 encontra-se localizada nos fundos de um conjunto habitacional

Tropical, área onde estão instaladas indústrias, clubes recreativos e imóveis

de ocupação residencial, a área é de terceiros, penetrando cerca de 1.800

m além dos limites das terras do Utinga. A nascente n° 4 localiza-se fora

dos limites do Utinga e a nascente nº 5 penetra cerca de 750 m em terras de

terceiros, ou seja, fora dos limites do Utinga, que são propriedades da

COSANPA.

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4.7.4 Lago Bolonha

O lago Bolonha apresenta uma forma alongada, com 2,10 x106 m3 de

água acumulada, 512.540 m2 de lâmina d’água e profundidade máxima em

torno de 7,64 m, é um dos mananciais que vem contribuindo ao longo do

tempo, como fonte de água para o abastecimento da cidade de Belém

(COSANPA, 1983).

Possui duas nascentes designadas com o n° 1 e n° 2, a de n° 1

encontra-se nos fundos da Granja Santa Lúcia, do Ministério da Agricultura, e

se localiza nas terras do Utinga, de propriedade da COSANPA, a nascente n° 2

encontra-se fora de suas propriedades, suas margens estão totalmente

ocupadas, o qual direta ou indiretamente são lançados detritos no próprio

manancial (CENSA/COSANPA apud RIBEIRO, 1992).

A bacia hidrográfica do lago Bolonha encontra-se localizada na região

metropolitana de Belém, entre a BR 316 e o limite da bacia hidrográfica do lago

Água Preta, limitando-se ao Norte e a Leste: com terras do Hospital da

Aeronáutica, da Assembléia Paraense, da fundação Pestalozzi, da Tuna Luso

Brasileira, do Conjunto BASA, do DNER e cerca de 300 outros lotes

pertencentes a terceiros; ao Sul com os terrenos da bacia do lago Água Preta e

a Oeste com a barragem do Bolonha (CENSA/COSANPA, 1983).

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4.8 HISTÓRICO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE BELÉM

Dentro da história do abastecimento de água da cidade de Belém é

possível observar que, os habitantes da cidade no período colonial,

encontravam muitas dificuldades para obter água em quantidade e qualidade

satisfatória. Os registros históricos revelam que os portugueses construíram

poços e bicas públicas, para o uso de todos os moradores (RIBEIRO, 2002).

No “Ensaio Corográfico sobre o Pará”, Baena (apud CRUZ, 1944) relata

a existência de um igarapé no sítio Tapanã, denominado Domingos, nome de

um antigo morador – o índio Domingos -, de águas cristalinas, do qual bebiam

os capitães generais, bispos, capitalistas e altos funcionários públicos. A água

era transportada em barris colocados nas canoas que faziam o transporte

diuturnamente entre Fortaleza da Barra e a cidade. Em 1801, os governantes

portugueses mandaram construir para uso dos moradores e áreas adjacentes,

na Travessa Piedade, um chafariz enterrado de pedra, para o qual havia uma

descida feita de duas escadas laterais de cinco degraus de ladrilho. Além

dessa fonte de água outros dez poços públicos foram construídos, sendo seis

de pedra e quatro de madeira. Existiam também poços particulares que eram

franqueados pelo público. Também por essa época existia um alagadiço que

mais tarde foi transformado em manancial (Paúl d’Água), que instituiu um

rendoso comércio de venda de água para a população.

Entretanto, esse manancial se encontrava em precárias condições de

conservação e utilização, devido à intensa exploração e a falta de recursos

financeiros do governo da província para realização de obras de proteção e

recuperação (FEITOSA, 1994).

Assim, em 1854, o presidente da Província, Sebastião do Rêgo Barros,

sancionou a primeira lei para construção do sistema de abastecimento de água

da cidade de Belém, com o objetivo de proteger a qualidade da água oriunda

do manancial Paul D’Água e sua distribuição à população. No entanto, só

foram realizados os estudos preliminares (FEITOSA, 1994).

No governo do presidente Francisco Araújo Brusque, em 1862, a fim de

melhorar o abastecimento de água da cidade de Belém, foi firmado contrato

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com a empresa Mediclott & Cia. que propôs a utilização dos mananciais do

Una como fonte de abastecimento, sem, no entanto, ter sido executado, pois,

segundo Feitosa (1994), em 1864, havia divergências contratuais com a

referida firma, pelo então Presidente Couto de Magalhães, o que contribuiu

para que os serviços de distribuição de água continuassem a cargo dos

“aguadeiros”.

Em julho de 1865, o serviço passou à responsabilidade do Tesouro

Provincial. Quatro anos mais tarde, em 1869, foi firmado entre o Presidente

Conselheiro João Bento da Cunha Figueiredo e o Coronel João Augusto

Corrêa, o primeiro contrato para o fornecimento de água canalizada da cidade

de Belém. Toda via esse contrato foi reincidido sem que as obras tivessem sido

iniciadas. A essa altura, dois mananciais, de Ananindeua e Marituba, já haviam

sido objeto de estudos e concluída a aprovação dos mesmos para o

abastecimento de Belém (IDESP, 1991).

A poluição desses mananciais devido aos dejetos urbanos determinou a

transferência das fontes de abastecimento de água para as novas estradas

paralelas as de São Bráz e Constituição. Somente com a criação da

Companhia das Águas do Grão Pará, em 1881 é que finalmente foram

demarcados os terrenos que deviam ser desapropriados no Utinga, como

necessários à conservação dos mananciais. De acordo com o Dr. Souza

Dantas Filho, essa fonte poderia produzir, no inverno, nove milhões de litros de

água e no verão cerca de quatro milhões, pelo que foi logo aceito como

principal manancial aqüífero da Companhia (DIAS, 1991). A Figura 4, mostra

em 1883 as obras de canalização das águas do Utinga.

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Figura 4: Canalização das águas do Utinga.

Fonte: COSANPA (2009).

O serviço de abastecimento pela Companhia das Águas do Grão-Pará

foi inaugurado em 1883, com captação de águas dos mananciais do Utinga

(FEITOSA, 1994).

Entre 1901 e 1907, quando o Utinga já se mostrava insuficiente para

atender a demanda de água potável na cidade de Belém, foi determinada a

captação de suas águas por meio de galerias subterrâneas filtrantes e a

construção de uma represa em toda sua bacia. Nesta ocasião, foi também

determinada a construção de muros ao longo de um pequeno canal (“rego”)

que conduzia as águas de três nascentes (Utinga, Buiussuquara e Catu) para

um poço de acumulação, evitando assim o seu contato com as áreas

inundáveis (CODEM, 1987).

Os lagos formadores dos mananciais de Belém foram criados na década

de 30, a partir de barragens de cursos d’água. O primeiro a ser represado foi o

rio Catu e os igarapés Buiussuquara e Utinga e, o segundo foi o rio Água Preta

(SILVA, 1999).

Em 1932 houve a construção do Canal Yuna (Figura 5), pelo qual as

águas dos rios Água Preta e Catu eram desviadas para o Buiussuquara para

que juntas chegassem até as bombas do Utinga (SILVA, 1999).

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Figura 5: Canal Yuna.

Fonte: COSANPA (2009).

Em 1945, houve a reconstrução da barragem do lago Água Preta,

elevando a sua altura em aproximadamente 0,8 m e também da barragem do

lago Bolonha, elevada em aproximadamente 2,3 m. Deu-se também o inicio da

construção de um novo canal que remanejava as águas do canal do Yuna e do

igarapé Buiussuquara, finalizado em 1949 (SILVA, 1999).

Em 1955, iniciou-se a construção da Estação de Tratamento de Água e

a estabilização da barragem do lago água Preta. Após a conclusão destas

obras, em 1957, foi instalada uma bomba de recalque para captar água do rio

Guamá e, assim, complementar o abastecimento de água potável para a

cidade de Belém, pois o sistema de lagos do Utinga não atendia a demanda da

cidade durante o período de estiagem. Em 1968, procedeu-se a ampliação da

capacidade de bombeamento (CODEM, 1987; FEITOSA, 1994).

Na década de 80 houve a construção do atual canal de interligação entre

os lagos Água Preta e Bolonha (Figura 6), como forma de manutenção de seus

níveis. Apesar de receber as águas drenadas de suas bacias, o volume destes

lagos é mantido pela captação de água do rio Guamá (SILVA, 1999).

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Figura 6: Canal de ligação Água Preta - Bolonha

Novas medidas no sentido de desapropriação da área de proteção

sanitária e de preservação dos mananciais foram tomadas em abril de 1984

quando o Governador Jader Fontenelle Barbalho baixou dois decretos: n.º

3.251 em seu Art. 1º declara de utilidade pública para fins de desapropriação a

área de proteção sanitária, os lagos Bolonha e Água Preta, no Utinga, com

dimensão de 1.598,10 ha, alcançando parte dos municípios de Belém e

Ananindeua; e o decreto n.° 3.252, que define em seu Art. 1°, como área de

proteção especial para fim de preservação dos mananciais da Região

Metropolitana de Belém, os terrenos que integram as Bacias Hidrográficas e a

área de proteção sanitária dos lagos Bolonha e Água Preta, no Utinga, com

áreas de aproximadamente 1.825,20 ha e 1.598,10 ha, respectivamente,

alcançando também parte dos municípios de Belém e Ananindeua (DIAS,

1991).

Na década de 90, com o agravamento do problema de captação de

águas destinadas ao abastecimento da cidade, houve a necessidade de se

aprimorar os instrumentos legais para que fossem preservadas as florestas

marginais na área de entorno dos lagos. Portanto, amparada pelo Decreto n.º

1.551 de 03 de maio de 1993, foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA)

dos mananciais de abastecimento de água de Belém, com 7.226 ha, a qual

objetiva assegurar a potabilidade da água dos mananciais através da

restauração e da manutenção da qualidade ambiental dos lagos Água Preta e

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Bolonha, do rio Aurá e respectivas bacias hidrográficas, ordenando, com base

em critérios urbanísticos e ecológicos, o uso do solo, com proposta de

promover a recuperação das áreas degradadas, incluindo o seu

reflorestamento (PARÁ, 1993).

O Decreto N.° 1.552/84 dispõe sobre a criação do Parque Ambiental de

Belém, objetivando reavaliar e redimensionar para possível mudança de

categoria de manejo a proteção sanitária dos lagos Bolonha e Água Preta,

passando a ter a área de 1.206 ha e perímetro de 2.400 m. O Utinga ocuparia,

a partir de então, uma área total de 8.989,500 m2, conforme representado na

Figura 7 (PARÁ, 1993).

Figura 7: Limites da Área de Proteção Ambiental e Parque Ambiental de Belém.

Fonte: Batalhão de Policia Ambiental (2010).

O ”Projeto Belém 2000“ foi desenvolvido pela COSANPA com o apoio do

BNH, tendo como objetivo melhorar o abastecimento de água no município de

Belém e previa a implantação de novas unidades de captação, adução,

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tratamento, recalque de água tratada, reservação e redes de distribuição assim

como o aproveitamento, recuperação e ampliação das unidades existentes

atendendo além de Belém, as localidades de Marituba, Ananindeua e Icoaraci.

Esse projeto dividia a Região Metropolitana de Belém em duas zonas de

abastecimento de água: (i) Zona central: o projeto abrangeria todos os bairros

da área central de Belém; (ii) Zona de expansão: previa o atendimento dos

bairros das áreas mais afastadas (MERCÊS, 1997).

Em 1987 foi elaborado o Programa de Recuperação das Baixadas de

Belém (Projeto UNA), financiado pelo Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID) e executada pelo Governo do Estado do Pará e pela

Prefeitura Municipal de Belém, com o propósito de expandir a cobertura do

sistema de abastecimento de água e recuperação das baixadas das Bacias de

Belém (SILVA, 2001).

Em 1993, foi elaborado o Programa de Saneamento para População de

Baixa Renda (PROSANEAR) que visava promover a melhoria das condições

de saúde e de qualidade de vida da população, por meio de ações de

saneamento, integradas e articuladas com outras políticas setoriais (PEREIRA,

2003).

O Programa de Ação Social em Saneamento – PROSEGE foi um projeto

apresentado em 1993 tendo como objetivos a melhoria das condições

sanitárias em dois bairros (Marambaia e Guanabara) e a proteção sanitária dos

lagos Bolonha e Água Preta, localizados na área do Utinga e utilizado como

reservatórios naturais do sistema de abastecimento de água da RMB. O projeto

prevê a coleta de esgoto através de rede convencional e tratamento em

encaminhamento a duas estações de tratamento de esgoto localizadas na rua

da Mata e na Avenida Tavares Bastos, as quais, após a conclusão das obras,

lançaram seus efluentes no canal água Cristal com previsão de atendimento de

115.601 habitantes (PEREIRA, 2003).

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55

4.9 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

O sistema de abastecimento da Companhia de Saneamento do Pará –

COSANPA tem início com a captação de água através da estação elevatória de

produção de água bruta à margem do rio Guamá, onde funcionam quatro

conjuntos motor-bomba de eixo vertical, que produzem 20.511 m3/hora,

aduzidas por meio de duas adutoras de aço com diâmetro de 1.500 mm e

1.750 mm e uma de concreto com diâmetro de 800 mm. Essa água é lançada

no lago Água Preta, e este por sua vez esta ligado ao lago Bolonha através do

canal Água Preta - Bolonha, de concreto armado com extensão de 1.052 m

(AGUIAR, 2004).

No lago Bolonha existe uma tomada d’água, cuja função é controlar o

fluxo de água para o canal a céu aberto denominado Yuna, que por sua vez,

conduz a água por gravidade, até a estação elevatória do Utinga (AGUIAR,

2004).

A estação elevatória do Utinga consiste de cinco conjuntos motor-bomba

de eixo vertical, sendo que três conjuntos recalcam água para a estação de

tratamento de São Braz e dois conjuntos para a estação de tratamento do 5º

setor, com vazões de 3.940 m3/hora e 2.173 m3/hora, respectivamente. Na

Figura 8 é representado o fluxograma do sistema de captação de água da RMB

(AGUIAR, 2004).

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56

Figura 8: Fluxograma do sistema de captação de água.

Fonte: Universidade Federal do Pará (2004).

A Estação de Tratamento de Água – São Braz é a mais antiga,

localizada na sede da COSANPA, e é responsável pelo tratamento e

distribuição de água à população dos bairros de São Braz, Umarizal, Comércio

e Batista Campos. Tem capacidade para tratar até 1.200 litros por segundo

(COSANPA, 2004).

A segunda ETA funciona no 5º Setor Operacional, no bairro do Marco,

sendo responsável pelo tratamento e distribuição de água para a população

dos bairros do Marco e parte do Souza, e produz 700 litros por segundo

(COSANPA, 2004).

A terceira, a ETA – Bolonha, fica localizada próximo ao lago Bolonha, no

Utinga, e é responsável tanto pelo tratamento quanto pela distribuição de água

a população e adjacências da Marambaia, São Braz, Cidade Nova, Pedreira,

Terra Firme, Jurunas e Guamá, produzindo atualmente quatro mil litros por

segundo (COSANPA, 2004).

A capacidade de produção na ETA do Bolonha está sendo quase que

duplicada – passará de 3.200 para 6.400 litros por segundo de água – e

praticamente dobrará a captação de água bruta do Guamá para os lagos

Ponto 1 Ponto 2

Ponto 3

Ponto 4

Ponto

5

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57

Bolonha e Água Preta. O volume captado, que hoje é de cinco mil será de nove

mil litros por segundo de água. Atualmente existem apenas quatro motores de

200 cavalos que fazem o bombeamento de água, com a conclusão do projeto,

serão oito motores, sendo que dois ficarão para a reserva e seis ficarão

funcionando permanentemente. Com isso, espera-se garantir o abastecimento

de água para os próximos 20 anos e beneficiar até 3,2 milhões de pessoas. A

capacidade atual de abastecimento é de 1,2 milhões de pessoas (COSANPA,

2009).

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58

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 ATIVIDADES DE CAMPO

Para o desenvolvimento da pesquisa foram definidos cinco pontos de

coleta de água superficiais distribuídos ao longo do sistema de captação de

água (Figura 9) utilizado para o abastecimento da Região Metropolitana de

Belém pela COSANPA.

Figura 9: Mapa de localização da área de estudo.

Fonte: Adaptado do Google Earth, 2009.

As coletas foram iniciadas em novembro de 2008, tiveram a duração de

um ano, sendo realizadas mensalmente, de maneira a obter dados do período

de maior precipitação pluviométrica (dezembro a maio) e período de estiagem

(junho a novembro).

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59

No mês de março, em função do período chuvoso, não foi possível

realizar a coleta no ponto P1, devido às condições da estrada que dá acesso

ao rio Guamá.

As coletas hidrológicas foram realizadas com garrafa de Van-Dorn e

armazenadas em dois frascos de polietileno de 1000 mL cada, devidamente

identificados de acordo com o ponto de coleta, resfriadas e acondicionadas.

Para as análises de coliformes termotolerantes as amostras de água

foram coletadas em frascos estéreis preenchidos até 2/3 da capacidade

volumétrica total, vedados e identificados.

Todos os procedimentos de coleta, conservação e transporte das

amostras de água superficial seguiram as recomendações do American Public

Health Association (APHA, 1998). As amostras foram levadas ao Laboratório

de Controle de Resíduos – LCR da Universidade Federal do Pará - UFPA.

No local de coleta foram realizadas as leituras dos valores de pH das

amostras, com um pHmetro portátil da marca pHTECK; verificada a

temperatura com um termômetro digital modelo TE-300, feita a fixação do

oxigênio dissolvido para posterior análise. Os pontos foram georeferenciados

com o auxilio do GPS (Sistema de Posicionamento Global ) da marca Garmin

Plus (Tabela 8).

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60

Tabela 8 – Identificação e localização dos pontos de coleta.

Pontos de coleta

Coordenadas Geográficas

Descrição

Ponto 1 01°27’18.6’’ S

Captação de água do rio Guamá 48°24’06.7’’ W

Ponto 2 01°25’54.9’’ S

Ponto de transição 48°24’32.7’’ W

Ponto 3 01°25’34.2’’ S

Água Preta 48°25’07.8’’ W

Ponto 4 01°25’30.9’’ S

Bolonha 48°25’53.6’’ W

Ponto 5 01°25’15.2’’ S

Entrada da ETA 48°26’02.5’’ W

No Laboratório foram realizadas as análises de turbidez, DBO, oxigênio

dissolvido, sólidos totais, fixos e voláteis, sólidos dissolvidos totais, fixos e

voláteis; sólidos sedimentáveis, nitrogênio total, fósforo total e clorofila a. A

Tabela 9 apresenta os parâmetros determinados, o princípio do método e

referências das análises.

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61

Tabela 9 - Parâmetros determinados, princípios do método e referências.

Parâmetros

Método/Equipamento Referência

DBO

Incubação por 5 dias APHA, 1976

Clorofila a Espectrofotométrico APHA, 1976

Coliformes Fecais Tubos Múltiplos APHA, 1976

Oxigênio Dissolvido Método de Winkler APHA, 1976

pH

pHmetro (pHTECK)

_

Temperatura Termômetro digital modelo TE-300

_

Turbidez

Turbidimetro 2100P HACH

_

Sólidos Sedimentáveis

Método Gravimétrico

AP

HA

, 1

97

6

Sólidos Totais (Fixos e Voláteis)

Método Gravimétrico

Sólidos Dissolvidos (Fixos e Voláteis)

Método Gravimétrico

Fósforo Total

Oxidação com persulfato de potássio

Nitrogênio Total

Oxidação com persulfato de potássio

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62

5.2 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados dos parâmetros abióticos foram analisados através de

métodos de estatística descritiva e de análise de componentes principais.

Na análise de componentes principais as variáveis originais são

linearmente combinadas com o objetivo de projetar o máximo de informação no

menor número de dimensões. A informação total contida no conjunto de dados

de partida é quantificada pela matriz de covariância. A primeira componente

principal (PC1) é a direção de máxima variância e, portanto, de máxima

informação no espaço multidimensional original. A segunda componente (PC2)

é ortogonal a PC1 e corresponde ao eixo que explica o máximo possível da

informação que não pôde ser representada pela primeira componente. Juntas,

PC1 e PC2 definem o plano de máxima informação no espaço

multidimensional. Se as variáveis apresentarem muitas correlações

significativas, é possível que esse plano já contenha informação suficiente para

permitir inferir os padrões de associação existentes nos dados de partida

(MASSART et al., 1998).

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63

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS

A análise de componentes principais com os dados para os períodos

chuvoso e de estiagem nos cinco pontos de estudo, explicaram cerca de 45%

da variância original (Figura 10 e Tabela 10). A primeira componente (PC1)

explicou 28% e apresentou como principais elementos o pH (-0,62), a turbidez

(-0,79), o coliforme fecal (-0,45), o fósforo total (-0,64), o sólidos totais (-0,76)

em contraste com a temperatura (0,54). A correlação positiva entre a

concentração do fósforo total e a turbidez, os sólidos totais e o coliforme fecal

indica a presença de fontes difusas de poluição e a correlação negativa entre o

pH e a temperatura, mostra que durante o período de estiagem foram

encontrados os menores valores do pH.

A segunda componente (PC2) explicou cerca de 17% da variância total

apresentando um contraste entre DBO (0,54), pH (0,48), nitrogênio total (0,44)

e o OD (-0,68). A correlação negativa entre o OD e o DBO decorre do fato da

demanda biqouímica de oxigênio afetar diretamente os níveis de oxigênio

dissolvido no ambiente aquático, ou seja, quanto maior a DBO maior foi o

consumo de oxigênio dissolvido do sistema, e uma menor quantidade deste

gás estará disponível no ambiente aquático (Figura10).

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64

DBO

OD

pH

Turbidez

Colif orme f ecal

Temperatura

Fósf oro total

Nitrogênio total

Clorof ila aSólidos totais

-1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6

Pesos em PC1 (28%)

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

Pesos e

m P

C2 (

17%

)

Figura 10: Pesos das variáveis nas duas primeiras componentes principais com os dados

obtidos, durante os períodos de estiagem e chuvoso, nos cinco pontos de estudo.

Tabela 10 - Pesos e variância explicadas pelas duas primieiras componentes

principais da análise dos dados obtidos, durante os períodos de estiagem e

chuvoso, nos cinco pontos de estudo. Os valores mais significativos estão em

negrito.

VARIÁVEL PC1 PC2

DBO -0,04 0,54

OD -0,30 -0,68

pH -0,62 0,48

Turbidez -0,79 -0,33

Coliforme fecal -0,45 -0,08

Temperatura 0,54 -0,31

Fósforo total -0,64 0,33

Nitrogênio total 0,13 0,44

Clorofila a 0,33 0,30

Sólidos totais -0,76 -0,32

Variância explicada (%) 28 17

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65

A Figura 11 apresenta os escores nas duas primeiras componentes

principais, estratificados de acordo com o período de coleta. Os dados

apresentaram uma separação entre os períodos de coletas ao longo da PC1,

com os escores mais positivos para o período de estiagem, indicando os

maiores valores de temperatura, enquanto no período chuvoso os escores

foram mais negativos indicando maiores valores de pH, turbidez, sólidos totais,

coliforme fecal e fósforo total. Na PC2 os escores mais positivos durante o

período chuvoso indica maiores valores de DBO, nitrogênio total e pH.

-3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Pesos em PC1 (28%)

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Pe

so

s e

m P

C2

(1

7%

)

Período chuvoso

Período de estiagem

Figura 11: Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise feita com os dados

obtidos, durante os períodos de estiagem e chuvoso, nos cinco pontos de estudo.

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66

6.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO

A determinação do teor de oxigênio dissolvido é um dos ensaios mais

importantes no controle de qualidade da água. Águas superficiais relativamente

límpidas geralmente são saturadas de oxigênio dissolvido, porém, caso ocorra

uma entrada de esgoto doméstico este pode ser rapidamente consumido.

O conhecimento da concentração desse gás em mananciais utilizados

para abastecimento de água é preponderante para avaliar a qualidade da água,

uma diminuição acentuada em sua concentração pode acarretar problemas em

uma Estação de Tratamento de Água - ETA devido à redução da qualidade da

água bruta.

O menor (0,2 mg.L-1) e o maior (8,0 mg.L-1) teor de oxigênio dissolvido

do período de estudo foram detectados nos pontos P3 (janeiro, chuvoso) e P4

(junho, estiagem), respectivamente (Figura 12).

Figura 12: Distribuição dos valores de oxigênio dissolvido (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

O presente estudo detectou valores mínimos e máximos de oxigênio

dissolvido nos pontos P1 (4,8 mg.L-1 em abril - 7,4 mg.L-1 em outubro) e P2 (3,1

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67

mg.L-1 em abril - 7,3 mg.L-1 em dezembro). Mazzeo (1991) encontrou na baía

do Guajará e no rio Guamá valores de oxigênio dissolvido entre 6,5 mg.L-1 e 8,0

mg.L-1.

O ponto P3 teve valores (0,2 mg.L-1 em janeiro - 7,0 mg.L-1 em maio) de

oxigênio dissolvido próximo aos descritos por Ribeiro (1992) que registrou

valores na faixa de 0 mg.L-1 a 8,9 mg.L-1. Sodré (2007) encontrou valores de

3,1 mg.L-1 a 5,1 mg.L-1.

No ponto P4 e P5 os menores valores (P4 - 1,2 mg.L-1, P5 - 1,5 mg.L-1)

de oxigênio dissolvido foram registrados no mês de fevereiro e os maiores em

junho (P4 - 8,0mg.L-1, P5 - 7,2 mg.L-1), os resultados ficaram abaixo aos

obtidos por Ribeiro (1992) que registrou no lago Bolonha valores entre 2,5

mg.L-1 a 9,2 mg.L-1.

Com relação à média anual da concentração de oxigênio dissolvido, esta

oscilou de 3,1 mg.L-1 a 6,5 mg.L-1, detectados nos pontos P4 e P2,

respectivamente (Figura13).

Figura 13: Média anual de OD (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

A avaliação da média anual do teor de oxigênio dissolvido mostra um

padrão na distribuição desse gás, com uma tendência dos maiores valores

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68

estarem situados nos pontos P1 e P2. No ponto P1 (6,4 mg.L-1) os valores mais

elevados da média anual deste gás podem ser explicados pela maior

velocidade que as águas dos rios possuem em relação velocidade das águas

de lagos o que provoca uma maior movimentação da massa d’água. No ponto

P2 (6,5 mg.L-1) os maiores valores da média anual de oxigênio dissolvido

podem ser atribuídos à intensa agitação que a água apresenta neste ponto o

que favorece a distribuição desse gás.

A média anual da concentração de oxigênio dissolvido nos pontos P4

(3,1 mg.L-1) e P5 (3,7 mg.L-1) foram inferiores quando comparadas com a

média anual do valor obtido no ponto P3 (4,8 mg.L-1), fato que pode ser

atribuído a diferença de volume de água entre os lagos (Bolonha e Água

Preta), como também pelo bombeamento das águas do rio Guamá que

provoca, uma maior movimentação da massa d’água tornando uma fonte

geradora de oxigênio dissolvido no lago Água Preta, ou ainda, pela grande

quantidade de vegetação no lago Bolonha que acarreta uma redução da

penetração de energia solar reduzindo o processo fotossintético que é um dos

responsáveis pela entrada de oxigênio no meio aquático.

De modo geral o oxigênio dissolvido apresentou significativa variação de

concentração em todos os pontos estudados, entre de valores relativamente

baixos a elevados, mas compatíveis quando comparados com dados da

literatura para os mesmos pontos avaliados.

6.3 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO

O pH é outro parâmetro considerado importante na caracterização de

ambientes aquáticos. Von Sperling (1996) ressalta que o pH é importante em

diversas etapas do tratamento da água, sendo que pH baixo (pH<7 condições

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69

ácidas) ocorre corrosividade e agressividade pH elevado (pH>7 condições

básicas) a possibilidade de incrustações nas águas de abastecimento.

O menor (3,7) e o maior (6,9) valor de pH foram detectados nos pontos

P5 em agosto (estiagem) e P2 em março (chuvoso), respectivamente (Figura

14).

Figura 14: Distribuição dos valores de pH nos cinco pontos de estudo.

No ponto P1 os valores de pH oscilaram entre 4,2 em junho e 6,6 em

fevereiro, os quais estão dentro do esperado para as águas do rio Guamá,

onde Pereira (2007) encontrou pH de 6,2; Ramos (2004) entre 6 e 7; e

Menezes (1999) de 6,0 a 6,3.

Os valores obtidos no ponto P2 de 4,3 em junho e 6,9 em março foram

próximos aos encontrado no ponto P1. Neste local, Pereira (2007) encontrou

pH na faixa de 6,9.

Em P3 o pH ficou entre 4,0 em agosto e 6,8 em janeiro e março, com

valor máximo (6,8) igual ao descrito por Pereira (2007).; e próximo aos valores

encontrados por Braz (1985) de 6,8; Ribeiro (2005) de 5,9 a 6,8 e Ribeiro

(1992) de 4,9.

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70

No ponto P4 a variação do pH foi entre 4,0 em outubro e 6,7 em março,

na faixa dos valores descritos por Pereira (2007) para o mesmo ponto (6,9), e

por Sodré (2007) de 6,2.

No ponto P5 foi detectado menor valor de pH que oscilou de 3,7 em

agosto e 6,5 em março. Neste ponto o valor (6,5) verificado por Pereira (2007)

foi igual ao máximo encontrado, e abaixo ao encontrado por Braz (1985) de

7,8.

Ou seja, os menores valores de pH foram detectados durante o periodo

de estiagem e no período chuvoso os maiores valores.

Quanto à média anual o menor e o maior valor de pH foram detectados,

respectivamente, nos pontos P5 (5,0) e P2 (5,4) (Figura 15). Os resultados

obtidos de pH em todos os pontos e em ambos períodos conferem

características ácidas a água.

Figura 15 : Média anual de pH nos cinco pontos de estudo.

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71

6.4 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO

Para avaliar a poluição orgânica a análise da DBO é utilizada como

indicadora das condições de poluição do meio. Quando se mede a DBO não se

determina qual a principal fonte consumidora de oxigênio: se são as algas vivas

que consomem oxigênio pela respiração ou se são as bactérias que consomem

pela decomposição da matéria orgânica. No entanto, sabe-se que há um

grande predomínio deste último processo sobre o primeiro quando se

considera a demanda em um dado instante ou em certo espaço de tempo,

significando, talvez, que a respiração das algas deva consumir oxigênio muito

lentamente que a decomposição por atividade bacteriana (SAWYER &

McCARTY,1978 apud RIBEIRO,1992).

Ao comparar os pontos estudados, observa-se que no ponto P2 (junho,

estiagem) a DBO teve o menor valor (0,5 mg.L-1) e no ponto P4 (dezembro,

período chuvoso) o maior valor (11,5 mg.L-1) (Figura 16).

Os dados de DBO nos pontos P1, P2 e P3 apresentaram os valores

mínimos (P1 - 1,2 mg.L-1, outubro; P2 - 0,5 mg.L-1, junho; P3 - 0,5 mg.L-1,

outubro) e máximos (P1- 8,0 mg.L-1, novembro; P2 - 8,1 mg.L-1,agosto; P3 -

7,9 mg.L-1, novembro) durante o período de estiagem.

Em águas poluídas como o igarapé Mata Fome, Lopes (2007) encontrou

o valor máximo no período chuvoso de 10,2 mg.L-1 e de 12,1 mg.L-1 no período

de estiagem.

Cunha (2003) registrou no lago Água Preta concentrações de DBO entre

1,3 mg.L-1 e 4,0 mg.L-1, no período de estiagem, e entre 3,3 mg.L-1 e 8,6 mg.L-

1, no período chuvoso. Ao comparar esses valores com os dados obtidos no

ponto P3 no presente estudo observa-se que o mínimo obtido está abaixo ao

descrito por Cunha em ambos os períodos.

No ponto P4 o menor valor (0,9 mg.L-1) foi registrado em outubro

(período de estiagem), e o maior (11,5 mg.L-1) em dezembro (período

chuvoso). Para o ponto P5 o mínimo (1,6 mg.L-1) foi detectado em junho

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72

(período de estiagem) e o máximo (8,3 mg.L-1) em novembro (período de

estiagem).

Souza e Lima (2003) em estudo realizado no lago Bolonha, no período

de estiagem, encontraram em um ponto a 50 m da entrada da ETA valor

máximo DBO de 24,0 mg.L-1, o que confirma a depreciação na qualidade da

água dentro desse lago.

Figura 16: Distribuição dos valores de DBO (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

O menor valor da média anual de DBO foi de (4,1 mg.L-1) encontrado no

ponto P3 e o maior de (6,0 mg.L-1) no ponto P5 (Figura17).

A média anual nos pontos P4 (6,0 mg.L-1) e P5 (6,5 mg.L-1) mostra que

foram encontrados os maiores valores de DBO entre as estações de

amostragem em oposição a baixos teores de OD (P4 - 3,1 mg.L-1, e P5 - 3,7

mg.L-1), que mostra o maior consumo desse gás devido ao processo de

decomposição da matéria orgânica. Esse processo ocorrente pode ser

atribuído ao modelo de urbanização sem planejamento nos limites do Parque

Ambiental, que aumentam a entrada de carga orgânica na área em estudo.

Essa relação negativa entre a DBO e o OD foi confirmada pela análise de

componentes principais ao longo da PC2.

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73

Figura 17: Média anual de DBO (mg.L-1

) nos cinco pontos de estudo.

6.5 NITROGÊNIO TOTAL

Dentre os nutrientes responsáveis pela perda da qualidade da água,

destacam-se o nitrogênio e o fósforo, ambos são relacionados diretamente com

o processo de eutrofização, que acarreta na proliferação de macrófitas

aquáticas. Em lagos essa proliferação pode afetar, por exemplo, o nível de

oxigênio dissolvido, temperatura, passagem da luz ou ainda produzir toxinas.

Os teores de nitrogênio total variaram entre 0,2 mg.L 1 e 2,9 mg.L 1. No

mês de junho (período de estiagem) no ponto P1 foi registrada a menor

concentração e no ponto P4 o maior valor no mês de dezembro (período

chuvoso), conforme Figura 18.

No ponto P1, a menor (0,2 mg.L-1, junho) e a maior (1,4 mg.L-1, outubro)

concentração de nitrogênio total foram detectadas no período de estiagem.

Para os demais pontos foi observada uma variação sazonal, com as

menores concentrações (P2 - 0,2 mg.L-1, junho; P3 - 0,2 mg.L-1, outubro; P4 -

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74

0,3 mg.L-1, junho; P5 - 0,3 mg.L-1, junho) detectadas durante o período de

estiagem, e as maiores (P2 - 1,1 mg.L-1; P3 - 2,2 mg.L-1

; P4 - 2,9 mg.L-1; P5 -

1,0 mg.L-1) no mês de dezembro, durante o período chuvoso.

Observa-se ainda que no ponto P1 no mês de outubro, nos pontos P2,

P3 e P4 em dezembro e o ponto P4 em julho, os valores registrados foram

superiores aos demais encontrados. Essas exceções no mês de dezembro

podem ter relação com o carreamento de materiais para os corpos d’água

através de escoamento superficial decorrente do período chuvoso, conforme

verificado na análise de componentes principais. Nos meses de julho e outubro,

nos pontos P4 e P1, respectivamente, podem ser resultado de descargas

difusas de esgoto doméstico e industrial.

Figura 18: Distribuição dos valores de nitrogênio total (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

A média anual da concentração de nitrogênio total teve o menor valor

(0,4 mg.L-1) no ponto P2, e o maior (0,7 mg.L-1) no ponto P4 (Figura 19).

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75

Figura 19: Média anual de nitrogênio total (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

Em termos de média anual as concentrações de nitrogênio total foram

de 0,5 mg.L-1 e 0,4 mg.L-1 nos pontos P1 e P2, respectivamente. Fracaro

(2005) analisou a qualidade rio Vitorino (PR) e encontrou valor mínimo de (0,02

mg.L-1) e valor máximo de (4,3 mg.L-1) de nitrogênio total e concluiu que os

índices detectados não comprometem a qualidade da água.

A média anual de nitrogênio total nos pontos P3 (0,6 mg.L-1), P4 (0,7

mg.L-1) e P5 (0,5 mg.L-1) foram menores aos valores detectados por Souza e

Lima (2003) que registraram concentrações entre 4,3 mg.L-1 e 15,7 mg.L-1 no

lago Água Preta, e no lago Bolonha concentrações entre 5,6 mg.L-1 e 7,6 mg.L-

1.

A diferença nos resultados do presente estudo e os valores encontrados

por Souza e Lima (2003) podem ser atribuídos à escolha de diferentes pontos

de coletas dentro dos lagos, ou que apesar da forte influência antrópica, os

lagos ainda passam por um processo de autodepuração e renovação de suas

águas.

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76

6.6 FÓSFORO TOTAL

Os resultados obtidos de fósforo total não mostraram um padrão de

distribuição claramente definido quanto às estações de amostragem. No que se

refere à sazonalidade os meses de janeiro, fevereiro e março (período

chuvoso) apresentaram certa elevação dos níveis de fósforo total em todos os

pontos de coleta quando comparado aos demais meses, conforme verificado

na análise das componentes principais ao longo da (PC1).

A menor concentração de fósforo total (0,02 mg.L-1) foi detectada no

ponto P3 (julho, período de estiagem) e a maior (0,46 mg.L-1) no ponto P2

(março, período chuvoso), conforme Figura 20.

No ponto P1 a menor concentração de fósforo total (0,08 mg.L-1) foi

detectada nos meses de novembro e junho (ambos período de estiagem) e a

maior (0,35 mg.L-1) em fevereiro (período chuvoso).

Nos demais pontos foram encontrados as menores concentrações (P2 -

0,06 mg.L-1 e P3 - 0,02 mg.L-1 em julho; P4 - 0,05 mg.L-1, novembro; P5 – 0,05

mg.L-1, junho) durante o período de estiagem e as maiores concentrações (P2

– 0,46 mg.L-1, março; P3 – 0,37 mg.L-1

, fevereiro; P4 – 0,44 mg.L-1, março; P5

– 0,36 mg.L-1, fevereiro) no período chuvoso.

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77

Figura 20: Distribuição dos valores de fósforo total (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

A Figura 21 representa média anual de fósforo total, o menor valor foi de

0,14 mg.L-1 e o maior de 0,22 mg.L-1, encontrados nos pontos P5 e P2,

respectivamente.

Figura 21: Média anual de fósforo total (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

No ponto P1 a avaliação do resultado obtido de fósforo total em termo de

média anual foi de 0,17 mg.L-1, valor próximo ao encontrado por Pereira (2007)

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78

no rio Guamá (0,1 mg.L-1). Fracaro (2005) detectou valores para fósforo total

entre 0,03 mg.L-1 e 1,73 mg.L-1, o valor máximo registrado segundo este autor

é relacionado a péssima qualidade da água, comprometida com excesso de

fósforo.

No ponto P2 a média anual (0,2 mg.L-1) da concentração de fósforo total

foi a mais elevada, quando comparada as outras estações de amostragem.

Esse valor foi próximo ao valor máximo (0,25 mg.L 1) descrito por Pereira

(2007).

Alves (2007) avaliou as diferentes formas de fósforo dentro do lago Água

Preta, e encontrou para fósforo total valor mínimo de 0,057 mg.L-1 e máximo de

0,205 mg.L-1, e classificou o lago como eutrófico. Cunha (2003) obteve o valor

mínimo de 0,01 mg.L-1 e máximo de 0,02 mg.L-1; Souza e Lima (2003)

encontraram o mínimo de 0,0267 mg.L-1 e máximo de 0,140 mg.L-1. Ao

comparar a média anual de fósforo total no ponto P3 (0,15 mg.L-1), observa-se

que o valor ficou dentro da faixa descrita por esses autores.

A média anual de fósforo total no ponto P4 (0,19 mg.L-1) foi maior ao

valor obtido Pereira (2007) de 0,09 mg.L-1. Para o ponto P5 a média anual

(0,14 mg.L-1) foi próxima ao encontrado por esse autor (0,13 mg.L-1), porém,

menor ao detectado por Ribeiro (1992) no lago Bolonha (0,38 mg.L-1).

De modo geral, as médias anuais de fósforo total entre as estações de

amostragem eram esperadas, pois como já mencionando, o rio Guamá em

função da deficiência do sistema de saneamento da cidade acaba sendo o

destino final de grande parte de todo esgoto que é produzido na RMB, e dentro

dos mananciais as concentrações de fósforo total podem ser associada a

fontes difusas, provenientes das ocupações às margens dos lagos.

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79

6.7 TEMPERATURA

Nas regiões tropicais a temperatura apresenta valores elevados e um

ciclo sazonal definido. A temperatura das águas superficiais resulta

principalmente das condições climáticas da área, varia com a profundidade e à

hora do dia e, afetam diretamente muitas características físicas, químicas e

biológicas da água, influencia no retardamento ou aceleração da atividade

biológica, na absorção de oxigênio, precipitação de compostos, formação de

depósitos, desinfecção com cloro e também indiretamente, nos processos de

mistura, floculação, sedimentação e filtração (WAICHAMAN, 2002).

Segundo Rodier (1981) temperaturas acima de 33°C tornam a água

imprópria para consumo público, pois nesta faixa, as reações químicas e

bioquímicas se aceleram, e favorece o desenvolvimento de microrganismos

nas próprias canalizações e intensifica ao mesmo tempo odores e sabores.

A análise do perfil de temperatura ao longo do período de estudo

mostrou que a mesma apresentou pequena variação entre os períodos

sazonais (mínimo de 27,5° e máximo de 31,5° C) (Figura 22).

No ponto P1 o menor valor (27,5 °C) de temperatura foi registrado em

setembro (período de estiagem) e o maior (31,5 °C) no mês de janeiro (período

chuvoso).

Em P2 os meses de fevereiro e março (chuvoso) registraram os

menores valores de temperatura (27,5 °C) e o maior valor de (30,5 °C) foi

detectado no mês de novembro (estiagem).

No ponto P3 o mês de março (chuvoso) registrou o menor valor de

temperatura (27,5 °C) e o maior valor de (30,5 °C) foi detectado nos meses

novembro (estiagem); dezembro e janeiro (chuvoso); julho, agosto e outubro

(estiagem)

No ponto P4 o mês de fevereiro (chuvoso) registrou o menor valor de

temperatura (27,5 °C) e o maior valor de (31,5 °C) foi detectado nos meses de

agosto e outubro (estiagem).

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80

Em P5 os meses de fevereiro e março (chuvoso) registraram o menor

valor de temperatura (27,5 °C) e o maior valor de (30,5 °C) foi detectado nos

meses de novembro (estiagem); dezembro (chuvoso); julho, agosto e outubro

(estiagem).

Figura 22: Distribuição dos valores de temperatura (°C) nos cinco pontos de estudo.

Observa-se que ao longo do espaço, P1 registra as maiores médias de

temperatura (30,5 °C) e P2 as menores (28,7 °C). Porém, tanto ao longo do

tempo quanto ao longo do espaço os resultados de temperatura demonstram

certa homogeneidade ao longo do período de estudo e encontram-se bem

próximos aos valores de temperatura ambiente local (Figura 23).

A média anual de temperatura foi mais elevada no ponto P1 (30,5° C), o

que pode ser atribuído ao fato de não existir nenhum tipo de cobertura vegetal

próximo ao ponto de coleta, possibilita que a radiação solar direta promova um

maior aquecimento destas águas. No ponto P2 (28,7° C) ao contrário, há pouco

contato da radiação solar com a água devido à intensa cobertura vegetal local,

o que explica as temperaturas mais amenas.

Já os locais onde foram realizadas as coletas dos pontos P3 (29,5° C),

P4 (29,4 °C) e P5 (29,3 °C) possuem características semelhantes com a

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81

existência de grande quantidade de plantas aquáticas sobrenadantes que

formam uma barreira e dificultam a entrada e propagação do calor nestas

águas e explicam faixas de temperatura muito próximas nestes pontos de

coleta.

Figura 23: Média anual da tempertura (°C) nos cinco pontos de estudo.

Segundo Sioli (1949) a temperatura dos grandes rios amazônicos é

muito estável, entre 28 °C e 30 °C, valores que se assemelham à faixa de

temperatura registrada neste estudo.

6.8 TURBIDEZ

As águas dos rios Amazônicos também são caracterizadas com relação

à turbidez. As medidas desse parâmetro são importantes na avaliação conjunta

das propriedades das águas destinadas ao consumo humano. Em geral,

localidades cujos mananciais para abastecimento são rios ou outras fontes

superficiais, requerem floculação química devido à elevada turbidez, como é o

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82

caso de Belém. Além dos prejuízos de natureza estética, a turbidez elevada

pode funcionar como uma proteção física aos microrganismos, contra a ação

do desinfetante (MENEZES,1985).

Ao logo de todo período de estudo o menor valor de turbidez (2,5 UNT)

foi registrado no ponto P4, no mês de julho (estiagem), e o maior (286 UNT) no

ponto P2, no mês de fevereiro (chuvoso), conforme Figura 24.

Em todas as estações de amostragem os menores valores de turbidez

foram detectados no período de estiagem (P1 - 18,83 UNT em julho; P2 - 32,15

UNT em julho; P3 - 3,65 UNT em agosto; P4 - 2,5 UNT em julho; P5 - 2,25 em

fevereiro UNT) e os valores mais elevados no período chuvoso (P1 - 276 UNT

em janeiro; P2 - 286 UNT em fevereiro; P3 - 109 UNT em fevereiro; P5 - 25,4

UNT em março) com exceção de P4, com o maior valor (88,4 UNT) detectado

no mês de novembro.

Apesar de apresentar valores mais elevados no decorrer do período

chuvoso, independente do período de coleta os valores de turbidez diminuem

progressivamente do ponto P1 em direção ao ponto P5, o que revela que os

lagos funcionam como pré-decantadores naturais.

Figura 24: Distribuição dos valores de turbidez (UNT) nos cinco pontos de estudo.

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83

A menor (9,22 UNT) e a maior média anual (137 UNT) de turbidez foram

registradas em P5 e P2, respectivamente (Figura 25).

Figura 25: Média anual da turbidez (UNT) nos cinco pontos de estudo.

O valor da média anual da turbidez no ponto P1 (120 UNT) pode ser

atribuído à influência das águas oriundas do rio Guamá. Pereira (2007) avaliou

a qualidade das águas do rio Guamá, e encontrou valor máximo de 142 UNT,

valor próximo ao detectado no presente estudo.

Ribeiro (1992) encontrou no rio Guamá turbidez de 51 UNT, no período

de estiagem, e de 20 UNT, no período chuvoso. Resultados que diferem aos

encontrados neste trabalho no que se refere à influência da sazonalidade, uma

vez que para esse autor o aumento da precipitação provocou a diluição das

águas, e índices mais baixos de turbidez. No presente estudo os valores mais

elevados de turbidez foram registrados no período chuvoso.

Brigante et al. (2003) citam que, além da natureza geológica da bacia de

drenagem dos rio brasileiros, a contribuição das fortes chuvas tropicais carreia

componentes dos solos erodíveis ou agricultados, transportando partículas de

argila, silte, fragmentos de rocha e óxidos metálicos do solo para dentro dos

ambientes aquáticos, o que eleva a turbidez.

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84

No ponto P2, ponto de transição de conduto fechado para conduto livre,

que provoca intensa movimentação da água e dificulta a sedimentação dos

sólidos em suspensão foi detectada a maior média anual de turbidez 137 UNT.

Ao avaliar o mesmo ponto de estudo Pereira (2007) encontrou valor de turbidez

de 95 UNT, próximo ao detectado no presente trabalho.

A média anual de turbidez no ponto P3 foi de 31,4 UNT, resultado acima

do encontrado por Sodré (2007) que registrou média anual de 21,9 UNT, para o

referido lago. Nos pontos P4 (17,5 UNT) e P5 (9,2 UNT), Pereira (2007)

encontrou para os respectivos pontos valores de 18 UNT e 15 UNT.

A diminuição da turbidez do ponto P1 em direção ao ponto P5 pode ser

explicada pelo fato de que à medida que se distancia do ponto de lançamento

das águas do Guamá dentro do lago Água Preta ocorre uma menor

movimentação das águas o que favorece a deposição dos sólidos.

6.9 SÓLIDOS TOTAIS, FIXOS E VOLÁTEIS

Altos teores de sólidos totais podem resultar em problemas estéticos,

depósitos de lodo, proteção a organismos patogênicos. Por incluir todos os

tipos de sólidos (dissolvidos, em suspensão e sedimentáveis), os sólidos totais

podem também apresentar concentrações elevadas, particularmente de sulfato

e cloreto, os quais encontram-se associados à tendência a corrosão em

sistemas de distribuição, formação de banco de lodo, além de conferir gosto as

águas (WAICHMAN, 2002).

Ao comparar os resultados dos sólidos totais e de turbidez, pode-se

observar uma correlação entre ambos, que possibilita verificar que a oscilação

de sólidos faz com que haja variação da turbidez. Essa correlação positiva

entre os sólidos totais e turbidez também foi verificada na análise da primeira

componente principal (PC1).

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85

O menor valor de sólido total foi registrado no periodo de estiagem no

ponto P3 (36 mg.L-1) em maio, e o maior no período chuvoso no ponto P1 (215

mg.L-1 ) em janeiro (Figura 26).

Figura 26: Distribuição dos valores de sólidos totais (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

A fração de sólidos totais fixos apresentou menor concentração no

periodo de estiagem e maior período chuvoso. Sendo a menor concentração

fixa no ponto P3 (10 mg.L-1) em setembro, e a maior concentração no ponto P2

(164 mg.L-1) em janeiro (Figura 27).

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86

Figura 27: Distribuição dos valores de sólidos totais fixos (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

A menor concentração da fração volátil (5,0 mg.L-1) foi nos pontos P3 e

P5 em julho e outubro, respectivamente. E a maior concentração no ponto P1

(92 mg.L-1) em janeiro (Figura 28).

Figura 28: Distribuição dos valores de sólidos totais voláteis (mg.L

-1) nos cinco pontos de

estudo.

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87

Semelhante a distribuição de turbidez os sólidos totais, fixos e voláteis

apresentaram em todos os pontos de estudo menores valores no período de

estiagem (P1 - 93 mg.L-1 em julho; P2 - 82 mg.L-1 em outubro; P3 - 36 mg.L-1

em maio; P4 - 47 mg.L-1 em junho; P5 - 38 mg.L-1 em julho) com predomínio da

fração fixa (P1 - 51 mg.L-1 em agosto; P2 - 66 mg.L-1 em outubro; P3 - 10 mg.L-1

em setembro; P4 - 14 mg.L-1 em junho; P5 - 21 mg.L-1 em dezembro) sobre a

fração volátil (P1- 7,0 mg.L-1 em maio; P2 - 9,0 mg.L-1 em julho e agosto; P3 -

5,0 mg.L-1 em julho; P4 - 8,0 mg.L-1 em janeiro; P5 - 5,0 mg.L-1 em outubro).

E valores mais elevados no período chuvoso (P1 - 215 mg.L-1 em

janeiro; P2 - 199 mg.L-1 em fevereiro; P3 - 136 mg.L-1 em dezembro; P4 - 131

mg.L-1 em janeiro; P5 - 92 mg.L-1 em novembro) sendo novamente com fração

fixa predominante (P1 - 163 mg.L-1 em fevereiro; P2 - 164 mg.L-1 em janeiro;

P3 - 53 mg.L-1 em janeiro; P4 - 123 mg.L-1 em janeiro ; P5 - 66 mg.L-1 em

novembro) sobre a fração volátil (P1 - 92 em janeiro; P2 - 40 mg.L-1 em

dezembro; P3 - 87 mg.L-1 em setembro; P4 - 69 mg.L-1 em setembro; P5 - 32

mg.L-1 em abril).

Na Figura 29 está representada a média anual de sólidos totais, fixos e

voláteis do período estudado. No ponto P5 (55,7 mg.L-1) e no ponto P2 (132

mg.L-1) foram encontradas respectivamente a menor e a maior média anual de

sólidos totais.

No ponto P1 a média anual de sólidos totais foi de 126 mg.L-1, que pode

ser atribuída à influência das águas oriundas do rio Guamá. No entanto, a

maior média anual foi detectada no ponto P2 (132 mg.L-1), e pode ser explicada

pela intensa movimentação da água neste ponto que não permite a deposição

dos materiais em suspensão. Os resultados de sólidos totais nestes pontos

apresentam-se compatíveis quando comparados com dados da literatura que

segundo Pinheiro (1987) as águas do estuário Guajarino são turvas devido à

quantidade de argila parda procedentes das regiões andinas e com

características das águas do tipo “águas brancas”.

Nos demais pontos houve decréscimo dos valores de sólidos totais (P3 -

66,8 mg.L-1; P4 - 72,0 mg.L-1; P5 - 55,7 mg.L-1) decorrente da menor

movimentação das águas que favorece a deposição das partículas em

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88

suspensão. Em estudo realizado no período de estiagem Souza e Lima (2003)

encontraram concentrações de 0,2 mg.L-1 de sólidos totais no lago Bolonha, e

de 10,10 mg.L-1 no lago Água Preta, valores que de modo geral são bem

menores quando comparados com o presente trabalho, que pode ter relação

com diferentes pontos e período de coleta.

Em relação ao teor de sólido total fixo a menor média anual foi no ponto

P3 (31,8 mg.L-1 ) e a maior no ponto P2 (111 mg.L-1), o que indica que no ponto

P2 a maior fração corresponde à fração inorgânica de sólidos totais.

No ponto P5 (21 mg.L-1) e no ponto P3 (35 mg.L-1) foram registrados o

menor e maior valor de sólidos totais voláteis, o que indica que no ponto P3 a

maior fração corresponde à fração orgânica de sólidos totais.

Figura 29: Média anual de sólidos totais, fixos e voláteis nos cinco pontos de estudo.

Na avaliação da média anual de sólidos totais a fração de sólidos totais

fixos foi mais elevada que fração de sólidos totais voláteis em todas as

estações de amostragem, o que sugere que a maior fração é composta por

substâncias inorgânicas resultado que pode ser atribuído a influência das

águas do rio Guamá a qual transporta quantidades significativas de partículas

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89

inorgânicas (areia,silte,argila) ou ainda decorrente da erosão no entorno dos

lagos provocadas por desmatamento.

Em drenagens poluídas como o igarapé Mata Fome, Lopes (2007)

encontrou no período chuvoso média de 237,8 mg.L-1 (ST), 70 mg.L-1 (STF) e

167,8 mg.L-1 (STV). E no período de estiagem a média foi de 99,1 mg.L-1 (ST),

63,7 mg.L-1 (STF) e 35,4 mg.L-1 (STV), valores semelhantes aos obtidos neste

estudo. Porém, com predomínio de sólidos totais voláteis sobre os sólidos

totais fixos evidenciando poluição por compostos orgânicos, fato não verificado

no presente estudo.

6.10 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS, FIXOS E VOLÁTEIS

Nas águas brutas, os sólidos dissolvidos estão constituídos

principalmente por carbonatos, bicarbonatos, cloretos, sulfatos, fosfato e

possivelmente nitratos de cálcio, magnésio, potássio, pequenas quantidades de

ferro e outras substâncias. Os minerais contidos na água podem diminuir por

diluição (água da chuva) ou aumentar pela adição de despejos industriais

(BRANCO,1986). O excesso de sólidos dissolvidos na água pode provocar

alterações no sabor e problemas de corrosão.

Os sólidos totais dissolvidos são uma fração dos sólidos totais, e como

era esperado também há uma correlação entre sólidos totais dissolvidos e

turbidez, que possibilita verificar que a oscilação de sólidos faz com que haja

variação da turbidez. A distribuição da média anual também acompanhou a

distribuição da turbidez, com o maior valor detectado no ponto P2 (72,5 mg.L-1),

e menores nos pontos P1(67,3 mg.L-1), P3 (39,8 UNT), P4 (40,0 UNT) e P5

(34,1 UNT).

O menor valor de todo período de estudo de sólido total dissolvido foi

registrado no periodo de estiagem no ponto P4 (18 mg.L-1) em julho, e o maior

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90

no período chuvoso no ponto P2 (195 mg.L-1) em fevereiro, conforme a Figura

30.

Figura 30: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos (mg.L

-1) nos cinco pontos de

estudo.

No ponto P2 foi detectado a menor e maior concentração de sólido total

dissolvido fixo (3,0 mg.L-1 em dezembro, período chuvoso) e o maior (163 mg.L-

1 em fevereiro, período chuvoso), respectivamente (Figura 31).

Figura 31: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos fixos (mg.L

-1) nos cinco pontos

de estudo.

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91

A menor concentração de sólido total dissolvido volátil encontrada foi em

dezembro no ponto P5 - 2,0 mg.L-1 (período chuvoso). E a maior concentração

no ponto P2 - 67 mg.L-1 em setembro no período de estiagem (Figura 32).

Figura 32: Distribuição dos valores de sólidos totais dissolvidos volateis (mg.L

-1) nos cinco

pontos de estudo.

Com predomínio dos menores valores no período de estiagem (P1 - 37

mg.L-1 em maio; P2 - 25 mg.L-1 em maio; P3 - 19 mg.L-1 em outubro; P4 - 18

mg.L-1 em julho; P5 - 21 mg.L-1 em outubro) com fração fixa (P1 - 3,0 mg.L-1 em

junho; P2 - 3,0 mg.L-1 em dezembro; P3 - 5,0 mg.L-1 em abril; P4 - 6,0 mg.L-1

em julho; P5 - 4,0 mg.L-1 em junho, julho e setembro) e fração volátil (P1- 4,0

mg.L-1 em julho; P2 - 4,0 mg.L-1 em outubro e agosto; P3 - 3,0 mg.L-1 em

outubro; P4 - 9,0 mg.L-1 em outubro; P5 - 2,0 mg.L-1 em dezembro).

E valores mais elevados no período chuvoso (P1 - 174 mg.L-1 em

fevereiro; P2 - 195 mg.L-1 em fevereiro; P3 - 75 mg.L-1 em novembro; P4 - 80

mg.L-1 em janeiro; P5 - 63 mg.L-1 em novembro) com fração fixa predominando

(P1 - 134 mg.L-1 fevereiro; P2 - 163 mg.L-1 em fevereiro; P3 - 58 mg.L-1 em

novembro; P4 - 69 mg.L-1 em janeiro; P5 - 40 mg.L-1 em fevereiro) sobre a

fração volátil (P1 - 55 em novembro; P2 - 67 mg.L-1 em setembro; P3 - 44 mg.L-

1 em abril; P4 - 24 mg.L-1 em novembro; P5 - 48 mg.L-1 novembro).

.

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92

A Figura 33 representa a média anual de sólidos totais dissolvidos, fixos

e voláteis do período de estudo. No ponto P5 foi encontrada a menor média

anual (34,16 mg.L-1) e no ponto P2 foi encontrada a maior média anual (72,5

mg.L-1) de sólidos totais dissolvidos. A fração fixa acompanha a mesma

tendência dos sólidos totais dissolvidos, com menor média em P5 - 16,41 mg.L-

1 e maior média em P2 - 41,16 mg.L-1. Para sólido total dissolvido volátil a

menor média foi encontrada em P4 - 15,83 mg.L-1 e a maior média em P1 -

30,8 mg.L-1.

Figura 33: Média anual de sólidos totais dissolvidos, fixos e voláteis nos cinco pontos de

estudo.

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93

6.11 SÓLIDOS SEDIMENTÁVEIS

O menor valor (0,1 mg.L-1) de sólido sedimentável foi registrado no ponto

P1 (agosto, estiagem), P3 (fevereiro e abril, período chuvoso), P4 e P5

(fevereiro, período chuvoso), ou seja, não apresentou um padrão sazonal

definido. O maior valor (1,7 mg.L-1) foi detectado no ponto P2 (março, período

chuvoso).

Percebe-se novamente que ao longo do espaço os valores diminuiram

de P1 em direção a P5. Os pontos P3, P4 e P5 predominou concentrações de

sólidos sedementáveis iguais a 0 mg.L-1, conforme observa-se na Figura 34.

Figura 34: Distribuição dos valores de sólidos sedimentáveis (mg.L

-1) nos cinco pontos de

estudo.

Na Figura 35 está representada a média anual de sólidos sedimentáveis

no período de estudo. No ponto P5 foi encontrada a menor média anual (0,1

mg.L-1) e ponto P2 foi encontrada a maior média anual de sólidos

sedimentáveis (0,55 mg.L-1).

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94

Figura 35: Média anual de sólidos sedimentáveis (mg.L

-1) nos cinco pontos de estudo.

6.12 COLIFORMES TERMOTOLERANTES

As análises bacteriológicas visam estabelecer indicações a respeito do

grau de contaminação da água por bactérias e interferem na escolha dos

processos de tratamento, principalmente naquele que se relaciona com a

desinfecção, que é a cloração (LEME, 1990).

O valor mínimo de coliformes termotolerantes foi de 23 NMP/100 ml,

detectado nos pontos P2 e P5 (novembro, período de estiagem) e no ponto P4

(abril, período chuvoso). E o valor máximo, acima de 1600 NMP/100 ml foi

detectado no ponto P1 (dezembro, janeiro, fevereiro, julho, agosto e setembro),

P2 (fevereiro e setembro), P4 (março), P5 (março e junho), o que indica não

haver um padrão sazonal na distribuição deste parâmetro (Figura 36).

No ponto P1 o menor valor 280 NMP/100 ml de coliformes

termotolerantes foi de registrado no mês de junho (estiagem) e o maior valor,

acima de 1600 NMP/100 ml, foi registrado nos meses de dezembro, janeiro,

fevereiro, julho, agosto, setembro e outubro.

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95

De acordo o laudo técnico da COSANPA (2004) a média anual de

coliformes termotolerantes, na captação de água do rio Guamá foi de 4100

NMP/100 ml, os altos valores confirmam a contaminação urbana destas águas.

Para Ribeiro (2004) os índices de coliformes termotolerantes nas águas do rio

Guamá são resultado da contaminação por esgoto doméstico e industrial.

O ponto P2 registrou o menor valor (23 NMP/100 ml) em novembro

(estiagem) e nos meses de agosto e outubro (período de estiagem) valores

mais elevados (acima de 1600 NMP/100 ml).

Em P3 o menor valor de coliformes termotolerantes (26 NMP/100 ml),

registrado no mês de dezembro (chuvoso) e o maior valor foi 1600 NMP/100

ml, registrado nos meses de março (chuvoso), junho e julho (estiagem).

O menor valor (23 NMP/100 ml) foi encontrado em P4 ro mês de abril

(chuvoso) e o maior valor (acima de 1600 NMP/100 ml), registrado nos meses

de fevereiro e março (chuvoso).

No ponto P5 o menor valor de coliformes termotolerantes foi (23

NMP/100 ml) foi registrado em novembro (estiagem) e o maior valor, acima de

1600 NMP/100 ml, foi registrado em março (estiagem).

Figura 36: Distribuição dos valores de coliformes termotolerantes (NMP/100ml) nos cinco

pontos de estudo.

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96

A média anual de coliformes termotolerantes (Figura 37) teve o menor

valor no ponto P3 (708 NMP/100 ml) e a maior no ponto P1 (1190 NMP/100

ml).

Figura 37: Média anual de coliformes termotolerantes (NMP/100ml) nos cinco pontos de

estudo.

A análise das médias anuais de coliformes termotolerantess ao longo do

sistema de captação de água oscilou entre 708 a 1190 NMP/100 ml, média de

909 NMP/100 ml. As maiores concentrações foram detectadas no ponto P1,

resultados que já eram esperados conseqüência da precariedade do setor de

saneamento, onde aproximadamente 60% do esgoto da cidade são lançados in

natura em vários pontos do rio Guamá e da baía do Guajará.

Os altos índices de coliformes termotolerantes e a freqüência com que

os mesmos foram encontrados, principalmente no ponto P5, merecem especial

atenção, uma vez que se trata de um ponto na entrada da estação de

tratamento. Os altos índices de coliformes fecais nas águas aduzidas do rio

Guamá aliados a contaminação difusa por esgoto doméstico e industrial

proveniente das ocupações às margens dos lagos podem ser fatores que

contribuem para esses índices.

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97

6.13 CLOROFILA a

Outro problema nos mananciais utilizados para abastecer as estações

de tratamento de água é a proliferação de algas. Di Bernardo (1995) afirma que

a presença elevada de algas em mananciais afeta o desempenho das estações

de tratamento, causa problemas operacionais, tais como aumento do consumo

de produtos químicos, surgimento de sabor e odor, obstrução dos filtros, etc.

Uma das formas de avaliar a densidade da população de algas é por meio da

concentração de clorofila a (BRANCO, 1986).

Ao longo do período de estudo a clorofila a teve menor valor encontrado

em P2 (0,4 mg.m-3) e o maior valor (34,3 mg.m-3) em P3, ambos registrados em

junho, período de estiagem (Figura 38).

Em P1 a clorofila a teve valor mínimo de (1,10 mg.m-3) em junho

(estiagem) e valor máximo de (7,70 mg.m-3) em setembro (estiagem).

O menor valor registrado de clorofila a no ponto P2 foi de (0,4 mg.m-3)

também em junho (estiagem) e maior valor de (11,3 mg.m-3) em fevereiro

(chuvoso).

No mês de abril (chuvoso) a clorofila a teve menor valor de (3,6 mg.m-3)

e maior valor de (34,4 mg.m-3) no mês de junho (estiagem) no ponto P3.

Em P4 o menor valor registrado de clorofila a foi de (1,1 mg.m-3) no mês

outubro (estiagem) e maior valor de (10,3 mg.m-3) no mês de fevereiro

(chuvoso).

No ponto P5 a clorofila a o valor mínimo foi de (2,0 mg.m-3) em

dezembro (chuvoso) e valor máximo de (16,7 mg.m-3) em junho (estiagem).

Os resultados obtidos de clorofila a indicam não haver um padrão

sazonal na distribuição deste parâmetro (figura 38).

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98

Figura 38: Distribuição dos valores de clorofila a (mg.m

-3) nos cinco pontos de estudo.

A Figura 39 representa a média anual de clorofila a, observa-se no ponto

P1 o menor valor (3,9 mg.m-3) e no ponto P3 o maior valor (10,6 mg.m-3).

Figura 39: Média anual de clorofila a (mg.m

-3) nos cinco pontos de estudo.

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99

A média anual de clorofila a nos pontos P1 e P2 foram, respectivamente,

de 3,9 mg.m-3 e 5,0 mg.m-3. Pereira (2007) para os mesmos pontos de estudo

detectou concentrações menores de clorofila a (2,5 mg.m-3 e 2,3 mg.m-3).

Geraldo e Carneiro (2000) encontraram concentrações de clorofila a no

lago Água Preta (12 a 20,8 mg.m-3) acima dos obtidos no presente estudo

(ponto P3 a média de clorofila a foi de 10,6 mg.m-3) e concluiu que o mesmo

tende a hipereutrofização. Pereira (2007) encontrou concentração de 5,3 mg.m-

3; Ribeiro (1992) valores na faixa de 4,6 mg.m-3 e Matthiensen (1999) valores

de 13 mg.m-3.

A média anual de clorofila a ponto P4 foi de 4,7 mg.m-3, e no ponto P5

de 8,1 mg.m-3. Pereira (2007) encontrou concentrações de 4,8 mg.m-3 e 2,2

mg.m-3 para os mesmos pontos; Geraldo e Carneiro (2000) detectou resultados

na faixa de 16 a 20 mg.m-3; Ribeiro (1992) encontrou valores próximos de 5,0

mg.m-3 no lago Bolonha.

As concentrações de clorofila a, de modo geral, se mostraram mais

baixas em todas as estações de amostragem durante o período chuvoso. No

período de estiagem, ocorre o inverso, percebe-se que as concentrações de

clorofila a tendem a se elevar principalmente os pontos P3 e P5, fato que pode

estar relacionado à influência no aumento da temperatura e da radiação solar,

que aumentam a taxa de fotossíntese, porém no ponto P4, ocorre diminuição

na concentração de clorofila a, que pode ser atribuída à grande quantidade de

plantas aquáticas neste ponto de coleta que forma uma barreira e dificulta a

penetração de energia solar e reduz o processo fotossintético. Esta hipótese é

reforçada quando se observa uma diminuição da concentração de oxigênio

dissolvido nesse ponto no mesmo período.

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100

6.14 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO

Para o cálculo do IET foi aplicada as variáveis de clorofila a e fósforo

total, os resultados correspondentes ao fósforo, devem ser entendidos como

uma medida do potencial de eutrofização, já que este nutriente atua como

agente causador do processo. A avaliação correspondente à clorofila a, por sua

vez, deve ser considerada como uma medida da resposta do corpo hídrico ao

agente causador, indicando de forma adequada o nível de crescimento das

algas que tem lugar em suas águas. Assim, o índice médio engloba, de forma

satisfatória, a causa e o efeito do processo (CETESB, 2006).

O cálculo do IET mostra que no ponto P1 o menor valor deste índice

(58,99) foi registrado no mês de agosto, valor que classifica a água como

eutrófica, essa classificação ocorreu em função do menor valor da clorofila a. O

maior valor do IET (66,75) foi registrado no mês de fevereiro que resultou em

uma classificação da água em eutrófica, decorrente do elevado valor de fósforo

total.

No ponto P2, no mês de agosto, foi registrado o menor valor de IET

(56,44) recebendo a classificação de eutrófico, relacionado ao menor valor de

clorofila a. O máximo valor de IET neste ponto foi de (67,64) no mês de

fevereiro, que classifica a água como eutrófica, ocasionado também pelo maior

valor de fósforo total.

No mês de julho, no ponto P3 foi detectado o menor valor do IET (58,82)

atribuído ao baixo valor de fósforo total e no mês de junho o maior valor deste

índice (67,43) foi devido ao alto valor da clorofila a, o que classifica ambos

como eutróficos.

O menor e o maior valor do IET no ponto P4 foram em novembro (59,44)

e março (68,18) classificados em eutróficos, decorrente do menor e maior valor

de fósforo total.

No ponto P5 o menor (59,08) valor do IET foi em dezembro, classifica a

água como eutrófica em função do menor registro de clorofila a. Neste ponto o

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101

maior valor do IET (66,00), no mês de maio, permitiu classificar como eutrófica,

relacionado aos valores elevados de fósforo total.

Ao longo do período de estudo os resultados obtidos o Índice de Estado

Trófico foi predominantemente eutrófico mostrou não existir relação entre os

níveis de trofia e sazonalidade (Figura 40).

Figura 40: Distribuição dos valores do IET nos cinco pontos de estudo.

A avaliação do IET em função da média anual permite observar que

foram registradas em P1 (62,56) e P3 (64,00) o menor e maior valor do índice,

que classifica todas as estações de amostragem como eutróficas (Figura 41).

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102

Figura 41: Média anual do IET nos cinco pontos de estudo.

Silva (2006) avaliou a qualidade da água com relação ao estado trófico

no reservatório de Jacarecica I (SE) e constatou que o mesmo apresenta

características de sistemas oligotróficos a eutróficos, tornando-se mais

eutrofizados no final do período de estiagem e início do período chuvoso

atribuído a entrada de nutrientes, através de escoamento superficial

proveniente principalmente de fertilizantes. Ou seja, a classificação do nível de

trofia detectado para o presente estudo apresenta-se comparável a ambientes

com elevada fertilidade atribuída à atividade agrícola, decorrente

predominantemente de contaminação por esgoto doméstico.

Alves (2007) com base em concentrações de fósforo total classificou o

lago Água Preta como eutrófico. Sousa (2007) com base nos dados de fósforo

total e clorofila a classificou o lago Água Preta entre mesotrófico e eutrófico no

mês de agosto de 2005 e oligotrófico e mesotrófico no mês de março de 2006.

Dessa forma observa-se a dinâmica existente dentro do lago Água Preta com

modificações em seu estado de trofia, pois, no presente trabalho os dados de

fósforo total permitiram classificar o referido lago como eutrófico.

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103

6.15 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA

O ponto P1 nos meses de janeiro (33,27) e abril (32,15), durante o

período chuvoso, registrou valores de IQA que classificaram a água como

imprória para tratamento convencional. A ánalise dos parâmetros neste período

de estudo mostra que no ponto P1 foi registrado um alto valor de turbidez (276

UNT), assim como um alto valor de sólidos totais (215 mg.L-1), que podem ser

justificados pela incidência de chuvas do período, aliados aos teores elevados

de coliformes fecais (acima de 1600 NMP/100 ml).

Os altos índices de coliformes provavelmente são o resultado do que

afirmou Ramos (2004): “o rio Guamá assim como a baia do Guajará recebe os

efluentes de 30 km de drenagens naturais, em parte transformadas em canais,

que cortam a zona urbana da cidade e transportam poluentes e contaminantes.

Os esgotos sanitários assim como os efluentes industriais também contribuem

com a elevação de turbidez na água. Para os demais meses a qualidade da

água ficou dentro dos níveis aceitáveis para tratamento convencional.”

Para os demais meses avaliados ao longo do periodo de estudo no

ponto P1 a qualidade da água ficou classificada como aceitável para

tratamento concencional (Figura 42).

Figura 42: Distribuição dos valores do IQA no ponto P1.

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104

No ponto P2 no mês de abril (chuvoso) o valor de IQA foi 28,67

(impróprio). A avaliação dos demais parâmetros no mesmo período de estudo

mostra que foi registrado um alto valor de turbidez (224 UNT), um alto valor de

sólidos totais (158 mg.L-1), um baixo valor de oxigênio dissolvido (3,0 mg.L-1),

aliados a um alto valor de demanda bioquimica de oxigênio (7,0 mg.L-1).

Além da elevação da turbidez e dos sólidos totais decorrentes do

período chuvoso, as características do ponto de coleta, que possui intensa

agitação das águas, não favorece a deposição dos sólidos naquele ponto. Para

os outros meses a qualidade da água ficou dentro dos níveis aceitáveis para

tratamento convencional.

Ainda no ponto P2, para os demais meses avaliados a água ficou

classificada como aceitável (Figura 43).

Figura 43: Distribuição dos valores do IQA no ponto P2.

Ao longo do período de estudo o menor valor (29,42 ) de IQA (imprório)

foi registrado no ponto P3 (janeiro, chuvoso). A ánalise dos parâmetros neste

período mostra que foi registrado no mesmo o menor valor de oxigênio

dissolvido (0,2 mg.L-1), parâmetro ao qual se atribui o maior peso relativo na

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105

elaboração do IQA. É possível observar ainda um alto valor na demenda

bioquimica de oxigênio (7,3 mg.L-1).

Os baixos valores de oxigênio dissolvidos podem ser resultado das

características locais do ponto de coleta, que apresentavam bastante

vegetação sobrenadante o que dificulta a troca de gases com a atmosfera e

impedem a realização do processo de fotossíntese pelas algas, que também

são fontes de oxigênio para o ambiente aquático, somado ao impacto

ambiental decorrente da ação antrópica a que os mananciais estão

submetidos.

Para os demais meses no P3 a água ficou classificada como aceitável

(Figura 44)

Figura 44: Distribuição dos valores do IQA no ponto P3.

No ponto P4 os meses de fevereiro (35,36), abril (36,81), junho (35,63),

setembro (29,68) e outubro (34,80), a qualidade da água ficou classificada

como imprópria para tratamento convencional.

O mês de fevereiro apresentou um valor elevado de DBO (8,3 mg.L-1)

que é uma indicação do potencial consumo do oxigênio, diretamente

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106

relacionado com o baixo índice de oxigênio dissolvido (1,2 mg.L-1), somado a

nível de coliformes fecais acima de 1600 NMP/100ml.

O mês de abril teve um baixo valor de oxigênio dissolvido (3,5 mg.L-1) e

um alto valor de demanda bioquimica de oxigênio (7,3 mg.L-1). Já o mês de

junho (2,3 mg.L-1), setembro (1,4 mg.L-1) e outubro (3,0 mg.L-1), foram os

índices de oxigênio dissolvido que comprometeram a qualidade das águas. Os

demais meses tiveram a qualidade de suas águas classificadas com aceitáveis

(Figura 45).

Figura 45: Distribuição dos valores do IQA no ponto P4.

Os valores de IQA do ponto P5 nos meses de abril, setembro e outubro

foram de (33,75), (35,12) e (33,08), respectivamente, o que classifica as águas

como impróprias. A avaliação desse período de estudo revelou que o mês de

abril teve um baixo valor de oxigênio dissolvido (3,6 mg.L-1), um alto valor de

sua demanda bioqímica de oxigênio (7,3 mg.L-1) e a menor faixa de pH (3,8) de

todo período de estudo e uma alta concentração de coliformes fecais (1600

NMP/100 mL). Os meses de setembro (2,7 mg.L-1) e outubro (2,9 mg.L-1)

ficaram comprometidos por baixos níveis de oxigênio dissolvido.

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107

Os demais meses avaliados no ponto P5 tiveram suas águas

calassificadas como aceitáveis (Figura 46).

Figura 46: Distribuição dos valores do IQA no ponto P5.

A avaliação dos resultados de IQA mostrou que entre as estações de

amostragem os pontos P4 e P5 apresentaram com maior freqüência menores

níveis na qualidade de suas águas. Um fato que já era esperado uma vez que

o lago Bolonha, assim como o lago Água Preta, sofre com a influência das

ações antrópicas no seu entorno, no entanto, devido ao menor volume que o

primeiro possui a sua capacidade de autodepuração tem se mostrado

insuficiente em suportar a carga poluente a que o mesmo está submetido. Esta

constatação apesar de esperada é bastante preocupante, visto que, são pontos

que estão localizados próximos a entrada da ETA.

De maneira geral, ao longo do período de estudo, houve o predomínio

do nível aceitável de qualidade da água. Sendo que nos pontos P1e P2 os

níveis de qualidade imprópria para tratamento convencional ocorreram

predominantemente no período chuvoso decorrentes da elevação dos níveis de

sólidos totais e turbidez. E nos pontos P3, P4 e P5 como já comentado

anteriormente apresentaram qualidade de suas águas comprometidas em

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108

grande parte devido às descargas de matéria orgânica a que os lagos estão

submetidos e sem relação direta com a sazonalidade.

Lopes (2007) determinou o IQA no igarapé Mata Fome e classificou o

mesmo tanto no período chuvoso como no período de estiagem na faixa de

ruim ou péssimo, demonstrando a situação atual deste corpo hídrico que

recebe in natura o esgoto sanitário.

Martins (2004) caracterizou a água e sedimento do rio Murucupi em

Barcarena classificou como aceitável, porém muito próximo da faixa de

qualidade ruim no período chuvoso.

A média anual nos pontos estudados indicou valores aceitáveis para o

IQA, o menor valor foi de (37,73) no ponto P4 e o maior (41,53) no ponto P3

(Figura 47).

Figura 47: Média anual do IQA nos cinco pontos de estudo.

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109

7 CONCLUSÕES

A temperatura da água ficou em média 2,26 °C acima da temperatura do

ar e ao longo do período de estudo apresentou uma discreta variação quanto à

sazonalidade.

Os valores de turbidez e sólidos sedimentáveis apresentaram perfil de

distribuição semelhante ao longo de todo período de estudo, ou seja, maiores

valores no período de maior precipitação e entre as estações de amostragens

em concentrações diminuíram em direção a ETA.

Os valores de oxigênio dissolvido não apresentaram um padrão de

distribuição definido quanto à sazonalidade. Entre as estações de amostragem

os pontos P4 e P5 se apresentam menos oxigenados reflexo tanto da menor

influência que sofrem das águas oriundas do rio Guamá que possuem maior

velocidade e acabam contribuindo com uma melhor oxigenação da água,

quanto do menor volume de águas que os mesmo possuem e

conseqüentemente da menor capacidade de autodepuração.

Assim como para o oxigênio dissolvido o perfil de distribuição da DBO

não apresentou um padrão de distribuição definido quanto à sazonalidade.

Entre as estações de amostragem nos pontos P4 e P5 foram encontrados

elevados teores de DBO em oposição a baixos teores de OD que revelam um

processo de decomposição de matéria orgânica em ascendência reflexo dos

fortes impactos ambientais decorrentes de um processo de ocupação

desordenada no entorno do Parque Ambiental.

Ao longo de todo período de estudo e em todas as estações de

amostragem os valores de pH apresentaram características acidas típicos da

região amazônica.

As concentrações de fósforo total entre as estações de amostragem não

mostrou um padrão claramente definido. Já ao longo de todo período de

estudo, no período chuvoso, observa-se uma sensível elevação nas

concentrações de fósforo total em todas as estações de amostragem. De modo

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geral, a fertilidade dessas águas apresentou níveis elevadas quanto aos teores

de fósforo total.

As concentrações de coliformes termotolerantes não apresentaram um

perfil de distribuição definido nem ao longo do período de estudo nem entre as

estações de amostragem. No entanto, o ponto P5 merece atenção especial,

por apresentar teores elevados do contaminante microbiológico e pela

freqüência com que os mesmo ocorreram ao longo de todo período de estudo,

uma vez que se trata do ponto de entrada da água bruta na estação de

tratamento.

Ao longo de todo período de estudo e em todos os pontos de coleta os

teores de nitrogênio total não apresentam resultados anômalos que mostrem

que a fertilidade dessas águas seja resultado do enriquecimento por este

nutriente.

Apesar dos pontos P3, P4 e P5 apresentarem uma sutil elevação no

período de estiagem, a estimativa da biomassa planctônica, através da

quantificação da clorofila a, revelou tanto ao longo de todo período de estudo

quanto entre as estações de amostragem um ambiente pouco produtivo.

No que se refere à distribuição dos sólidos totais houve uma diminuição

deste parâmetro ao longo do sistema de captação de água bruta até a entrada

da ETA Bolonha, assim como foram detectados valores mais elevados no

período chuvoso com predomínio da fração inorgânica sobre a fração orgânica

em todo período de estudo e em todos os pontos de coleta tanto decorrente da

influência das águas aduzidas do rio Guamá como da erosão das margens

provocada pelo retirada da cobertura vegetal no entorno dos mananciais.

Por serem uma fração dos sólidos totais, os sólidos dissolvidos, também

apresentaram o mesmo perfil de distribuição dos sólidos totais tanto no que se

refere à sazonalidade quanto entre as estações de amostragem, também com

predomínio da fração inorgânica sobre a fração orgânica em todo período de

estudo.

A média anual do Índice de Estado Trófico classificou todas as estações

de amostragem em sistemas com características eutróficas, sendo o fósforo

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111

total o principal nutriente responsável pelo enriquecimento dessas águas. Os

resultados obtidos mostraram não existir relação entre os níveis de trofia e a

sazonalidade.

A média anual do Índice de Qualidade da Água ao longo do sistema de

captação classificou a qualidade das águas em todas as estações de

amostragem em “aceitável” para tratamento convencional. No entanto, na

avaliação anual entre as estações de amostragem os pontos P4 e P5 mostram

ao longo do período de estudo com relativa freqüência níveis de qualidade da

água “imprópria” para tratamento convencional, fato preocupante por se tratar

dos últimos pontos antes da entrada da água bruta na ETA, relativos a

elevadas concentrações de DBO e principalmente baixos teores de oxigênio

dissolvido que indicam um processo de decomposição de orgânica em

ascendência resultado de um modelo de urbanização sem planejamento nos

limites do Parque Ambiental.

Apesar dos fortes impactos ambientais a que as águas superficiais que

são utilizadas no abastecimento público da Região Metropolitana de Belém

estão submetidas, observa-se que as mesma ainda mantém sua capacidade

de autodepuração e renovação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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