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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO GABRIEL ENGENHARIA FLORESTAL Relatório de Estágio Pesquisa inicial para criação de uma unidade de conservação no Município de São Gabriel RS. Simone Silveira Simon Orientadora: Dr.ª Mirla Andrade Weber Supervisor: Relso A. Borges São Gabriel, RS, Brasil. Dezembro, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS SÃO GABRIEL

ENGENHARIA FLORESTAL

Relatório de Estágio

Pesquisa inicial para criação de uma unidade de

conservação no Município de São Gabriel – RS.

Simone Silveira Simon

Orientadora: Dr.ª Mirla Andrade Weber

Supervisor: Relso A. Borges

São Gabriel, RS, Brasil.

Dezembro, 2011

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SIMONE SILVEIRA SIMON

Pesquisa inicial para criação de uma unidade de conservação

no Município de São Gabriel – RS.

Relatório de Estágio apresentado ao

Curso de Graduação em Engenharia

Florestal da Universidade Federal do

Pampa – UNIPAMPA, como

requisito parcial para obtenção do

grau de Engenheira Florestal.

Relatório de estágio defendido e aprovado em: 22/12/2011.

Banca examinadora:

______________________________________

Prof.ª Dr.ª Mirla Andrade Weber

Engenharia Florestal - UNIPAMPA

(Presidente/Orientadora)

_____________________________________

Prof.ª Dr.ª Cibele Rosa Gracioli

Engenharia Florestal - UNIPAMPA

_____________________________________

Prof. Dr. Italo Filippi Teixeira

Engenharia Florestal - UNIPAMPA

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RESUMO

O presente relatório tem como objetivo apresentar atividades

desenvolvidas na Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente durante o período

de estágio. Mecanismos de preservação e conservação como áreas protegidas

amparadas por leis são estratégias utilizadas para que a qualidade do meio

ambiente assim como o equilíbrio ecológico de alguns espaços territoriais

sejam protegidos. Foram realizadas pesquisas referentes ao processo de

criação de uma Unidade de Conservação (UC) no município de são Gabriel -

RS, englobando as nascentes próximas ao divisor de águas das três regiões

hidrográficas do Estado localizadas entre São Gabriel e Lavras do sul na

localidade de Meia Lua. Características da região foram abordadas, sendo

confrontadas com as leis do Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC). Durante o período de pesquisas, não foi possível uma avaliação

completa do local, sendo necessários mais estudos para definir claramente a

área a ser delimitada. Essa delimitação é necessária para definir o órgão gestor

desta UC. Mas, dentro dos levantamentos feitos no local, concluiu-se que a

área tem características necessárias para a implantação de uma UC.

Palavras-Chave: Área de preservação ambiental, Regiões Hidrográficas.

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SUMMARY

This report aims to describe activities developed in Department of

Agriculture and Environment during training course period. Preservation and

conservation mechanisms for protected areas supported by lows are strategies

used for the environmental quality and ecological balance preservation of some

territorial spaces. Researches were carried out on the a conservation unit (UC)

creation process in São Gabriel town - RS, encompassing some headwaters in

a area inside of three main watersheds of RS located in Meia Lua county,

between São Gabriel and Lavras do Sul town. Characteristics of the site were

discussed, as well as laws of the National System of Protected Areas (SNUC).

During the research period, it was not a full assessment of the site, more

research is needed to clearly define the area to be delimited. This definition is

necessary to define the UC governing body. But within the surveys done on

site, it was concluded that the area has features necessary for deploying a UC.

Keywords: Environmental conservation area, river basin districts.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul.......................... 12

Figura 2-.Marco da divisa entre as regiões hidrográficas do RS......... 22

Figura 3- Nascente da bacia Vacacaí- Vacacaí Mirim......................... 23

Figura 4- Vista do marco e da nascente na localidade de Meia Lua... 24

Figura 5- Divisor de águas das três regiões hidrográficas................... 24

Figura 6 – Flora local .......................................................................... 25

Figura 7- Fauna local.......................................................................... 26

Figura 8- Criação de eqüinos e aves na localidade de Meia Lua........ 26

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Etapas necessárias para criação de uma UC .................... 29

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LISTA DE SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

MMA – Ministério do Meio Ambiente

PDDUA - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de São

Gabriel

SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC – Unidade de Conservação

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SUMARIO

1 ORGANIZAÇÃO.................................................................................... 08

2 INTRODUÇÃO...................................................................................... 09

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 10

3.1 Preservação Ambiental......................................................................... 10

3.2 Regiões Hidrográficas........................................................................... 11

3.2.1 Caracterização das Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul. 11

3.2.1.1 Região Hidrográfica do Guaíba.................................................. 12

3.2.1.2 Região Hidrográfica do Uruguai................................................. 13

3.2.1.3 Região Hidrográfica do Litoral.................................................... 14

3.3 Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC................... 15

3.4 Unidades de conservação.................................................................... 16

3.5 Área de Proteção Ambienta (APA)...................................................... 17

3.6 Criação de uma Unidade de Conservação........................................... 17

3.6.1 Competência do conselho de cada mosaico................................... 19

4 OBJETIVOS.......................................................................................... 20

5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................................................ 21

5.1 Metodologia.......................................................................................... 21

5.2 Resultados Observados........................................................................ 22

5.3 Conclusões e recomendações............................................................... 30

6 AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO................................................................... 31

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 32

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1. ORGANIZAÇÃO

A cidade de São Gabriel tem sua prefeitura formada pelo prefeito e pelas

dezesseis (16) dependências administrativas (secretarias).

Entre as dependências administrativas, encontra-se a Secretaria da

Agricultura e Meio Ambiente que é responsável por questões relacionadas às

atividades agrícolas do município, cabendo-lhe promover o fomento

agropecuário, prestando orientação e assistência técnica, especialmente aos

pequenos produtores e incentivando as atividades rurais ou agrícolas em todos

os seus ramos. Essa secretaria tem como secretário Erasmo Chiapetta, e como

Diretor Municipal de Meio Ambiente, Relso A. A. V. Borges, que o auxilia nas

questões ambientais no intuito de buscar da preservação do meio ambiente.

Uma das prioridades da secretaria do Meio Ambiente é a criação de uma

Unidade de Conservação na região, pois há uma preocupação com a

conservação do bioma pampa, em especial, na área onde acontece o encontro

das três regiões hidrográficas existentes no Rio Grande do Sul.

O município de São Gabriel está localizado no Estado do Rio Grande do

Sul, região da Campanha, possui uma área total de 5.023,843 km² e uma

população de 60.425 habitantes (IBGE, 2011).

São Gabriel faz divisa com os municípios de Cacequi, Dilermando de

Aguiar, Dom Pedrito, Lavras do Sul, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul,

São Sepé, Santa Maria e Vila Nova do Sul (PDDUA, 2007).

O município atualmente divide-se nos seguintes distritos: Sede, Azevedo

Sodré, Suspiro, Tiarajú, Vacacaí, Batovi, Catuçaba e Cerro do Ouro (PDDUA,

2007).

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2. INTRODUÇÃO

Procura-se nos últimos anos meios de proteção e preservação dos

recursos naturais existentes em nosso planeta.

Essa preocupação com o correto manejo dos recursos naturais e a

promoção do desenvolvimento sustentável, promoveu estratégias de

conservação do nosso ecossistema.

Mecanismos de preservação e conservação como áreas protegidas

amparadas por leis sejam elas de âmbito federal, estadual ou municipal, foram

algumas das estratégias utilizadas para que a qualidade do meio ambiente

assim como o equilíbrio ecológico de alguns espaços territoriais fossem

protegidos.

Entre as áreas protegidas, as unidades de conservação recebem

destaque no Brasil, já que é um mecanismo que junto às leis, preservam os

recursos ambientais possibilitando seu uso de maneira sustentável.

O bioma pampa, característico do Rio Grande do Sul, sofreu alterações

em sua paisagem no decorrer dos anos, mas ainda mantêm particularidades

naturais da região. É necessária a criação de unidades de conservação no

bioma pampa, sejam elas de manejo integral ou de uso sustentável, para que

se mantenham preservadas as paisagens regionais, buscando manter um

equilíbrio biológico próprio do bioma.

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3. REVISÃO BIBLIOBRÁFICA

3.1. Preservação Ambiental

O Rio Grande do Sul é composto pelo bioma Mata Atlântica e pelo

bioma Pampa (IBGE, 2004).

O bioma Mata Atlântica corresponde a uma vegetação florestal

predominante e relevo diversificado. Este bioma ocupa toda a faixa continental

atlântica leste brasileira e se estende para o interior no Sudeste e Sul do País

(IBGE, 2004).

O Pampa, bioma presente no Brasil apenas no Rio Grande do Sul,

possui 63% do território e apresenta uma vegetação campestre em relevo de

planícies. É constituído por quatro conjuntos principais de fitofisionomias

campestres naturais (Planalto da Campanha, Depressão Central, Planalto Sul-

Rio- Grandense e Planície Costeira), e delimita-se apenas com o Bioma Mata

Atlântica (IBGE, 2004; BEHLING et.al., 2009).

Os atuais ecossistemas, tanto florestais como campestres,

apresentaram mudanças em sua vegetação original devido à influência das

atividades humanas, através da agricultura, pastoreio e plantios de Pinus e

Eucalyptus (BEHLING et.al., 2009 apud KLEIN, 1978).

Apesar da elevada riqueza de espécies e da ameaça pelas mudanças

do uso da terra, menos de 0,5% da área total dos Campos Sulinos (453 km²)

estão protegidos em Unidades de Conservação (UC) de proteção integral,

(OVERBECK et.al., 2009 apud MMA, 2000).

A importância de conservar os habitats de campo, mantém a

característica da biota obtendo a proteção de diferentes organismos da flora e

da fauna e seus processos ecossistêmicos. Exemplos de conservação de

habitats são as áreas de nascentes nas regiões de campos, dos mananciais

hídricos e das áreas de recarga do aqüífero Guarani. A manutenção de áreas

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naturais bem preservadas é essencial para manter a qualidade da água dos

rios e dos lençóis freáticos (MMA, 2007 apud PILLAR et al., 2009).

3.2. Regiões Hidrográficas

As regiões hidrográficas são divisões hidrográficas nacionais,

estabelecidas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Estas

regiões hidrográficas são compostas por uma bacia ou grupo de bacias

hidrográficas. A Bacia Hidrográfica é um conjunto de terras drenadas através

da declividade do terreno por um ou mais rios principais e seus afluentes,

formando cursos de água. O corpo de água principal é que dá o nome à bacia.

Em uma bacia pode existir vária sub-bacias. O que delimita uma bacia de outra

é o relevo, onde as áreas mais elevadas são consideradas os divisores de

água (SEMA, 2010).

3.2.1. Caracterização das Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, dividiu

o Estado em três regiões hidrográficas, poder esse embasado na Lei Estadual

Nº 10.350, de 1994 para facilitar a gestão dos recursos hídricos. Encontra-se

distribuído nessas regiões hidrográficas um total de vinte e cinco (25) bacias

(Figura 1).

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FIGURA 1 – Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul

Fonte: http://www.scp.rs.gov.br/uploads/BaciasHidrograficas.pdf

3.2.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba

Situada na região centro-leste do RS, abrange 30% da área total do

Estado. Esta região compreende as bacias do rio Gravataí, do rio dos Sinos, do

rio Caí e do Baixo Jacuí, que estão localizadas na porção norte e central do

Estado e são drenadas para o Lago Guaíba. Compreende também a bacia do

Lago Guaíba (subdividido em uma bacia individualizada) e as bacias do rio Alto

Jacuí, do rio Taquari-Antas, do rio Pardo, dos rios Vacacaí – Vacacaí Mirim

(bacias que drenam para o Baixo Jacuí). O exutório de toda esta bacia é a

Laguna dos Patos (SEMA, 2007; FEPAM, 2011).

Nesta região Hidrográfica, localizam-se, ao norte, as cotas altimétricas

mais elevadas do estado e as menores altitudes, na Depressão Periférica. Ao

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sul da região é encontrado o Planalto Sul-Riograndense (Escudo Sul-Rio

Grandense).

Atualmente, restam alguns remanescentes das formações vegetais

originais (Floresta Estacional e as Savanas (Campos)), nas encostas íngremes

dos vales, especialmente dos rios Taquari-Antas e Jacuí (FEPAM, 2011).

3.2.1.2. Região Hidrográfica do Uruguai

Esta região encontra-se na porção norte, noroeste e oeste do Estado e

apresenta destaque agroindustrial e um importante potencial hidrelétrico.

Abrange 57% do total da área no Estado e 2,0% do território nacional. Sua

região hidrográfica é formada pelas seguintes bacias: bacia dos rios Apuaê-

Inhandava, bacia do rio Passo Fundo, bacia do rio da Várzea, bacia

hidrográfica dos rios Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo, bacia do rio Piratinim,

bacia dos rios Butui-Icamaquã, bacia do rio Ibicuí, bacia do rio Quaraí, bacia do

rio Ijuí (drenam diretamente para o Rio Uruguai – compreendem as bacias do

extremo norte e oeste do Estado) bacia do rio Santa Maria (drena

indiretamente para o rio Uruguai, através do rio Ibicuí) e bacia do rio Negro

(não drena para o rio Uruguai, mas para a fronteira com o país vizinho) (SEMA,

2007; ANA, 2011; FEPAM, 2011).

Antigamente os campos e a Mata com Araucária eram presentes na

nascente do rio Uruguai, assim como a Mata Atlântica e a Mata do Alto Uruguai

na direção sudoeste. Atualmente, apenas as regiões restritas conservam esta

vegetação original.

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3.2.1.3. Região Hidrográfica do Litoral

Totalizando 17% do total da área do Estado, esta região é formada pelas

bacias do leste e do extremo sul do Estado. Possuem as duas maiores lagoas

do Brasil: a Laguna dos Patos e a Lagoa Mirim, além do cordão de lagoas

costeiras do RS (SEMA, 2007).

A região hidrográfica é composta pelas bacias: do Tramandaí, do Litoral

Médio, do rio Camaquã (drenado para a Laguna dos Patos), Mirim - São

Gonçalo, do rio Mampituba (drenado para o Oceano Atlântico) (SEMA, 2007;

FEPAM, 2011).

As bacias que abrangem as nascentes em estudo possuem as seguintes

características (SEMA, 2010):

- Bacia hidrográfica do Vacacaí-Vacacaí Mirim (região hidrográfica do

Guaíba) - encontra- se na porção centro-ocidental do Estado (29°35' a 30°45'

de latitude Sul e 53°04' a 54°34' de longitude Oeste) abraçando as Províncias

Geomorfológicas Depressão Central e Escudo Sul Rio – Grandense. Esta

bacia tem como os principais cursos de água, os arroios Igá, Acangupa e

Arenal e os rios Vacacaí, dos Corvos, São Sepé e Vacacaí Mirim. Abrange as

cidades de Caçapava do Sul, Júlio de Castilhos, Santa Maria e São Gabriel. A

água é destinada a irrigação, ao abastecimento da população e para criação de

bovinos.

- Bacia hidrográfica do rio Santa Maria (região hidrográfica do rio

Uruguai)- encontra-se a sudoeste do Estado (29°47' a 31°36' de latitude Sul e

54°00' a 55°32' de longitude Oeste), abrangendo as Províncias

Geomorfológicas Planalto Meridional e Depressão Central. Nesta bacia

encontram-se as cidades de Bagé, Dom Pedrito, Rosário do Sul, Santana do

Livramento e São Gabriel. Entre os principais cursos de água, estão os arroios

Três Divisas, da Divisa, da Cruz o rio Santa Maria, que nasce à nordeste do

município de Dom Pedrito e desemboca no rio Ibicuí, e os rios Cacequi e

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Upamaroti. Há a existência de déficits hídricos na bacia no verão,

principalmente durante a demanda de água para as lavouras de arroz.

- Bacia do rio Camaquã (região hidrográfica do Litoral)- encontra-se na

região central do Estado do Rio Grande do Sul (28º50' a 30º 00' de latitude Sul

e 52º 15' a 53º 00' de longitude Oeste), abrangendo as províncias

geomorfológicas Escudo Sul-riograndense e Planície Costeira. Têm nessa

região os municípios de Arambaré, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Feliciano e

Tapes. Entre os principais corpos de água, encontra-se o rio Camaquã, que

tem suas nascentes a oeste da bacia, com desembocadura a Leste na Laguna

dos Patos e os Arroios Sutil, da Sapata, Evaristo, dos Ladrões, Maria Santa, do

Abrânio, Pantanoso, Boici e Torrinhas. A água é destinada ao abastecimento

da população e à irrigação.

3.3. Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

A Lei no. 9.985/00 (BRASIL, 2000) é a lei que institui o Sistema Nacional

de Unidades de Conservação, conhecida como SNUC, esta lei estabelece

critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de

conservação, que são os mecanismos que possibilitam essa proteção e

conservação ambiental sem impedir o uso dos recursos naturais oferecidos

pela natureza.

Entre os objetivos do SNUC, estão:

- a contribuição para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos

genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais, assim como a

contribuição para a preservação e a restauração da diversidade de

ecossistemas naturais;

- a proteção das espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e

nacional, assim como a proteção de paisagens naturais e pouco alteradas de

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notável beleza cênica; as características relevantes de natureza geológica,

geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; e

recuperação de recursos hídricos e edáficos;

- a promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais e

da utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo

de desenvolvimento;

3.4. Unidades de Conservação

Segundo a lei n° 9.985/00 (BRASIL 2000), lei do SNUC, entende-se por

unidade de conservação, o espaço territorial e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,

legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e

limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam

garantias adequadas de proteção.

O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação

federais, estaduais e municipais, assim com as Unidades de Conservação

(UCs) nela descrita.

O SNUC dividiu as UC em dois grupos, sendo estes em:

Proteção integral – que tem por objetivo básico preservar a

natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos

naturais, com alguma exceção prevista em Lei. Nesta estão inseridas

as Estações Ecológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos

Naturais, os Refúgios de Vida Silvestre e as Reservas Biológicas.

Uso sustentável – que tem por objetivo básico compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus

recursos naturais. Onde estão inseridas as Áreas de Proteção

Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas

Nacionais, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, as

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Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna e as Reservas

Particulares do Patrimônio Natural.

Entre as categorias de UC existentes no SNUC as de uso sustentável,

em particular as Áreas de Preservação Ambiental, terão uma maior abordagem

no decorrer do trabalho.

3.5. Área de Proteção Ambiental (APA)

O Art. 15. da lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000, diz que, a APA é uma

unidade de conservação de uso sustentável em geral extensa, com um certo

grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou

culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar

das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade

biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do

uso dos recursos naturais.

Segundo esta lei, a APA pode ser constituída por terras públicas ou

privadas, sendo estabelecidas, é claro, normas e restrições para a utilização de

uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.

O órgão gestor da unidade é que estabelecerá as condições para que

pesquisas científicas e visitações públicas aconteçam nas áreas sob domínio

público. Já nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer

as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências

e restrições legais.

A lei nº 9.985/00 institui que uma APA deverá ser administrada através

de um Conselho, presidido pelo órgão responsável por sua administração e

constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da

sociedade civil e da população residente.

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3.6 . Criação de uma Unidade de Conservação

Segundo o decreto Nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 (BRASIL, 2000),

que regulamenta artigos da lei nº 9.985/00 sobre o SNUC, o ato de criação de

uma unidade de conservação deve indicar dados como: a denominação, a

categoria de manejo, os objetivos, os limites, a área da unidade e o órgão

responsável por sua administração; a população tradicional beneficiária, no

caso das Reservas Extrativistas e das Reservas de Desenvolvimento

Sustentável; a população tradicional residente, quando couber, no caso das

Florestas Nacionais, Florestas Estaduais ou Florestas Municipais; e as

atividades econômicas, de segurança e de defesa nacional envolvidas.

A denominação de cada unidade de conservação deverá basear-se,

preferencialmente, na sua característica natural mais significativa, ou na sua

denominação mais antiga, dando-se prioridade, neste último caso, às

designações indígenas ancestrais (Decreto nº 4.340/02).

Este decreto cita ainda que, compete ao órgão executor proponente de

nova unidade de conservação elaborar os estudos técnicos preliminares e

realizar, quando for o caso, a consulta pública e os demais procedimentos

administrativos necessários à criação da unidade. Esta consulta tem a

finalidade de subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos limites

mais adequados para a unidade. A consulta pública deverá ser procedida de

reuniões públicas e durante esta consulta, o órgão executor competente deve

indicar, de maneira clara e acessível, as implicações para a população

residente no interior e no entorno da unidade proposta.

Há preocupações com os limites da unidade de conservação, tanto em

relação ao subsolo, quanto em relação ao espaço aéreo. Estes limites são

estabelecidos no ato de sua criação ou no plano de manejo, no caso de

Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Estes limites são embasados em

estudos técnicos realizados pelo órgão gestor da unidade de conservação,

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consultada a autoridade aeronáutica competente e de acordo com a legislação

vigente (decreto 4.340/02).

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) deverá reconhecer no ato, a

pedido dos órgãos gestores da unidade de conservação, o mosaico de

unidades de conservação. O mosaico deverá dispor de um conselho de

mosaico, com caráter consultivo e a função de atuar como instância de gestão

integrada das unidades de conservação que o compõem.

A composição do conselho de mosaico é estabelecida na portaria que

institui o mosaico e deverá obedecer a critérios estabelecidos no decreto

4.340/02. Este conselho terá como presidente um dos chefes das unidades de

conservação que o compõem, o qual será escolhido pela maioria simples de

seus membros.

3.6.1. Competência do conselho de cada mosaico

O decreto nº 4.343/02 (BRASIL, 2000) estabelece que o conselho, além

de elaborar seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da sua

instituição, deve propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e

aperfeiçoar as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservação, e a

relação com a população residente na área do mosaico;

Deve manifestar-se sobre propostas de solução para a sobreposição de

unidades; e manifestar-se, quando provocado por órgão executor, por conselho

de unidade de conservação ou por outro órgão do Sistema Nacional do Meio

Ambiente - SISNAMA, sobre assunto de interesse para a gestão do mosaico.

Diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e aperfeiçoar atividades

desenvolvidas em cada unidade de conservação:

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Os usos na fronteira entre unidades;

O acesso às unidades;

A fiscalização;

O monitoramento e avaliação dos Planos de Manejo;

A pesquisa científica; e

A alocação de recursos advindos da compensação referente ao

licenciamento ambiental de empreendimentos com significativo

impacto ambiental;

Os corredores ecológicos, reconhecidos em ato do Ministério do Meio

Ambiente, integram os mosaicos para fins de sua gestão. Quando há ausência

de mosaico, o corredor ecológico que interliga unidades de conservação terá o

mesmo tratamento da sua zona de amortecimento.

4. OBJETIVOS

As atividades desenvolvidas durante o estágio realizado na Secretaria

da Agricultura e Meio Ambiente, têm como objetivo proporcionar uma vivência

profissional ao acadêmico do curso de Engenharia Florestal, tendo como foco a

pesquisa e coleta de dados para a criação de uma Unidade de Conservação na

área rural de São Gabriel, RS. O interesse nessa atividade partiu da prefeitura,

á qual tem intenções de proteger e preservar o encontro das águas das três

regiões hidrográficas (identificadas com um marco) e das nascentes presentes

no local.

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5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

5.1. Metodologia

O presente relatório de estágio descreve as atividades desenvolvidas

durante o estágio curricular obrigatório do curso de Engenharia Florestal da

Universidade Federal do Pampa durante o período ocorrido de 23 de setembro

a 02 de dezembro de 2011, na Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, sob

supervisão de Relso A. A. V. Borges (Diretor Municipal de Meio Ambiente) e

orientação da Prof.ª Mirla Andrade Weber.

A principal atividade proposta a ser desenvolvida durante o estágio foi a

pesquisa de dados e levantamento das condições necessárias para a criação

de uma Unidade de Conservação na região.

No decorrer do estágio, foi possível conhecer parte da área em questão,

onde particularidades da região foram registradas em fotos.

Foi possível também contato com a Gestora da Área de Proteção

Ambiental do Ibirapuitã através de e-mail, que forneceu informações para a

criação de uma UC.

O perímetro proposto para a criação de uma APA tem por princípio a

proteção dos recursos naturais da área, em especial, as nascentes que estão

presentes no local. Foi com base em especial neste atributo que se cogitou a

possibilidade de um processo de criação de uma UC no município de São

Gabriel, RS.

A área de estudo está localizada na região da Campanha, entre os

municípios de São Gabriel e Lavras do sul na localidade de Meia Lua, e

abrange as três regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul e contempla três

nascentes.

Durante o estágio, foram feitas pesquisas bibliográficas, contatos com a

gestora da APA do Ibirapuitã e registros fotográficos bem como uma visitação

na localidade da Meia Lua, região esta que se encontra na bacia do Guaíba,

pertencente à região hidrográfica do rio Guaíba.

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5.2. Resultados Observados

Durante o período de estágio, foi realizada uma saída de campo na

localidade da Meia Lua, tendo como acesso a RS 473.

Esta localidade situa-se na região hidrográfica do rio Guaíba onde as

características da região foram mencionadas no tópico 3.2.2.

Pôde-se observar durante a visita ao local a presença de um marco

(Figura 2), o qual identifica a divisa das três regiões hidrográficas do Rio

Grande do Sul (Região Hidrográfica do Uruguai, Região Hidrográfica do Guaíba

e Região Hidrográfica do Litoral).

FIGURA 2 - Marco da divisa entre as regiões hidrográficas do RS. São Gabriel. 2011.

Fonte: A autora

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As nascentes da região em estudo situam-se próximas aos divisores de

água, e apenas uma foi visitada e fotografada (Figura 3), sendo esta localizada

no interior de propriedade particular.

FIGURA 3 - Nascente da Bacia Vacacaí- Vacacaí Mirim. São Gabriel. 2011.

Fonte: A autora

A localização geográfica da nascente assim como do marco, pode ser

vista com mais detalhes através de imagens obtidas com o Google Earth. Com

esta ferramenta, é possível também observar os divisores de água das três

regiões hidrográficas, assim como os afloramentos rochosos e vegetação local

(Figura 4 e Figura 5).

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FIGURA 4 - Vista do marco e da nascente na localidade de Meia Lua. São Gabriel.

2011.

Fonte: Google Earth.

FIGURA 5 - Divisor de águas das três regiões hidrográficas. São Gabriel. 2011.

Fonte: Google Earth.

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Exemplos da flora local (Figura 6) como plantas das famílias

Anacardiaceae, Arteraceae, Oxalidaceae, Poaceae, Solanaceae, entre outras,

são encontradas em grande quantidade.

FIGURA 6 - Flora local. Localidade da Meia Lua, São Gabriel – RS. 2011.

Fonte: A autora

A fauna local (Figura 7) que também foi registrada durante a visita, está

representada pelo Furnarius rufus (João-de-barro) e pelo Ramphocelus

bresilius (sangue- de- boi).

A vegetação campestre serve de hábitat para muitas espécies animais

encontradas nessa região.

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FIGURA 7 - Fauna local. Localidade de Meia Lua, São Gabriel-RS. 2011.

Fonte: A autora

A região é baseada em atividades rurais como a criação de bovinos,

ovinos, eqüinos e aves (Figura 8). A agricultura também foi observada na

região.

FIGURA 8 – Criação de eqüinos e aves na localidade de Meia Lua. São Gabriel - RS.

2011.

Fonte: A autora

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Foi cogitada a realização de outras visitas ao local, com o intuito de

adquirir mais informações e possibilitar registros de outras nascentes

presentes. Estas visitas seriam para melhor avaliar a região, a qual foi

prejudicada pelo fato do transporte a ser usado, estar em manutenção.

Através de uma análise de pesquisa e da visita a uma pequena área do

local de interesse, foi observado que é possível a criação de uma Unidade de

Conservação, seguindo parâmetros e leis que orientam a construção desta

categoria.

Para dar início a criação de uma unidade de conservação, deve-se

objetivar o que se quer conservar e para quê. A localidade em questão possui

nascentes próximas aos divisores de água das bacias, onde cada nascente

pertence a uma região hidrográfica do Rio Grande do Sul. Estas nascentes são

responsáveis por abastecer parte de alguns corpos de água da região

fornecendo meios de perpetuação para espécies daquela província.

Outra característica da área são os afloramentos rochosos e suas

particularidades vegetais, próprias da região da “campanha” onde serve de

habitat para algumas espécies de animais da região.

Para que esta área seja conservada, é necessária a demarcação

territorial do local. Pretende-se delimitar a APA conforme o limite administrativo

do município. Mas, como durante a visita feita ao local, não foi possível a

localização exata de duas nascentes devido ao tempo escasso e a

impossibilidade de retorno ao local. Entretanto acredita-se que exceda os

limites administrativos do município de São Gabriel.

Através de imagem obtida com o Google Earth foi identificada a região

provável da unidade de conservação a ser criada (Figura 5).

Após designar o motivo e definir a área a ser conservada, a categoria da

unidade de conservação deve ser escolhida conforme situação local.

Sabendo-se que a função da APA é proteger a diversidade biológica,

disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos

recursos naturais podendo abranger propriedades tanto públicas quanto

particulares, acredita-se que esta seja a melhor alternativa. Uma UC de uso

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sustentável se encaixa muito bem á uma área habitada por moradores que

possuem propriedades rurais, com suas criações e produções agrícolas.

Há a necessidade de definir o órgão gestor após acepção da categoria e

o tipo de UC para que se possa adequar esta categoria dentro das leis e

normas estabelecidas pelo SNUC.

Se a UC estiver localizada apenas no município de São Gabriel, o órgão

gestor poderá ser a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Meio

Ambiente, e a criação será feita por lei ou decreto municipal.

Acredita-se que a área territorial apropriada para a unidade de

conservação deva abranger as três regiões hidrográficas, no qual inclui as

nascentes citadas neste trabalho. Pela impossibilidade de conferir se as

nascentes estão todas localizadas no território gabrielense, é possível que a

área para a UC atinja outras cidades. Neste caso, a UC deverá ser criada por

lei ou decreto estadual, tendo como órgão gestor responsável a Secretaria

Estadual do Meio Ambiente - SEMA/RS.

Para que o processo de criação da UC seja aberto, todas as

informações referentes ao local devem estar presentes. Entre estas

informações, incluem estudos da área, mapas dos atributos físicos,

justificativas técnicas elaboradas por uma equipe de profissionais para a

criação da UC, relato com resultado de audiência pública com a comunidade a

respeito da criação da UC e a Minuta do Decreto de Criação da UC, assim

como outros documentos que venham a ser necessários para concluir a

criação de uma UC.

Objetivos e restrições ambientais que porventura surgirem, conforme

previstas em dispositivos legais, serão estabelecidos no ato legal de criação da

APA. Estes parâmetros são definidos conforme o desenvolvimento

socioeconômico local com as necessidades de conservação.

A APA é um instrumento da política ambiental onde a população deve

estar ciente e ser inclusa na questão da criação e planejamento desta Unidade

de Conservação.

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Esta categoria permite pesquisas científicas, possibilita o turismo

ecológico, incentivam o desenvolvimento regional integrado, fomenta o uso

sustentado do ambiente e serve de zona tampão para as categorias mais

restritivas. Todas estas atividades são permitidas conforme a autorização do

órgão gestor responsável e proprietários.

No quadro 1, são apresentadas resumidamente as etapas para a criação

de uma UC. A elaboração deste quadro foi compilada pela autora a partir de

informações obtidas através de contato com a gestora da APA do Ibirapuitã e

baseadas nas leis do SNUC.

Etapas Procedimentos necessários

1ª Identificação dos fatores

ambientais a serem conservados

É feito um levantamento dos atributos

de interesse

2ª Delimitação da área da UC Confecção de mapa limítrofe

3ª Definir a categoria e o tipo de UC Proteção integral (Estações

Ecológicas, Reservas Biológicas,

Parques Nacionais, etc) ou uso

sustentável (áreas de proteção

ambiental, Florestas Nacionais,

Reservas extrativistas, etc.)

4ª Definir o órgão gestor Prefeitura; SEMA/RS; ICMBio/MMA

5ª Abrir processo de criação junto ao

órgão

Apresentação de documentos com

estudos da área; mapas; audiências

públicas com a comunidade; Minuta

do Decreto de Criação da UC.

QUADRO 1: Etapas necessárias para criação de uma UC.

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5.3. Conclusões e Recomendações

Nas pesquisas realizadas durante o estágio, constatou- se não haver

uma metodologia padrão para a criação de áreas protegidas. A análise para a

criação de uma UC é baseada nas peculiaridades de cada região e

classificação do tipo de preservação de interesse.

São Gabriel possui aspectos favoráveis dentro das características

abordadas para a criação de uma UC no município. Resta a continuidade dos

estudos, através de mais pesquisas e visitação na área de interesse para

definir mais precisamente os limites da UC a ser criada e, com isso, definir

claramente a que órgão gestor será de competência.

Após concretização de todos os procedimentos descritos em leis, a UC a

ser criada, passará por uma avaliação pelo órgão competente, estando

passível ou não de aprovação.

O processo de criação de uma UC é um tanto moroso sendo necessária

dedicação a causa.

Apesar do curto período, as pesquisas referentes a possibilidade de

criação de uma unidade de conservação, possibilitou ampliar os conhecimentos

no presente estágio.

Foi possível compartilhar conhecimentos e adquirir experiências

relevantes ao curso de Engenharia Florestal para uma carreira profissional na

área ambiental.

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6. AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO

A oportunidade de estágio obtida na Secretaria da Agricultura e Meio

Ambiente da Prefeitura de São Gabriel, trouxe possibilidades de melhorar os

conhecimentos do presente estágio em uma área em que a sustentabilidade e

a preservação ambiental junto ao cumprimento das leis estão a pleno vapor.

Todo o processo para a criação de uma UC deve ser estudado, pois há

a necessidade da pesquisa, do cumprimento das leis e da participação da

comunidade do entorno, tornando este processo demorado.

Como o estágio foi desenvolvido basicamente nesta área de

conservação, sem outras atividades realizadas durante o período de estágio, a

recomendação é restringida a esta área.

Aos alunos que tem interesse neste campo, é um assunto amplo, pois,

este foi um pequeno passo no estudo para o desenvolvimento de criação de

uma UC no município de São Gabriel.

Referente às instituições de estágio oferecidas pela Unipampa, nota-se

deficiência em algumas áreas no ramo da Engenharia Florestal. Esta

deficiência limita a participação de alguns professores especializados em

outras áreas na orientação dos alunos.

O trabalho de pesquisa trouxe uma melhor compreensão sobre os

aspectos burocráticos na criação de uma UC e possibilitou contatos com

profissionais da área. Este contato facilita uma interação no meio profissional

para troca de experiências no mercado de trabalho.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Gabriel. Livro II. Porto Alegre, 2007.

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SEMA: Secretaria do Meio Ambiente. Relatório Anual sobre a Situação dos Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007. 71p. SEMA: Secretaria do Meio Ambiente. Bacias Hidrográficas do RS. Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br/conteudo.asp?cod_menu=54>. Acesso em: 01 dez. 2011.