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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA UNIPAMPA CAMPUS CAÇAPAVA DO SUL MESTRADO EM TECNOLOGIA MINERAL CANDIDO FRANCISCO DE AVILA BAPTISTA METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARA O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL PROPOSTO PELA NBR ISO 14001:2004 ESTUDO DE CASO MINA DO MANGUEIRÃO, CAÇAPAVA DO SUL, RS. Fevereiro 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – UNIPAMPA – CAMPUS CAÇAPAVA

DO SUL – MESTRADO EM TECNOLOGIA MINERAL

CANDIDO FRANCISCO DE AVILA BAPTISTA

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARA O

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL PROPOSTO PELA NBR ISO 14001:2004 –

ESTUDO DE CASO MINA DO MANGUEIRÃO, CAÇAPAVA DO SUL, RS.

Fevereiro 2015

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CANDIDO FRANCISCO DE AVILA BAPTISTA

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARA O

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL PROPOSTO PELA NBR ISO 14001:2004 –

ESTUDO DE CASO MINA DO MANGUEIRÃO, CAÇAPAVA DO SUL, RS.

Dissertação apresentada ao curso de Pós-graduação em Tecnologia Mineral – PPGTM, da Universidade Federal do Pampa, Campus de Caçapava do Sul, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Tecnologia Mineral. Orientador: Prof. Dr. Raul Oliveira Neto

Fevereiro 2015

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CANDIDO FRANCISCO DE AVILA BAPTISTA

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARA O SISTEMA

DE GESTÃO AMBIENTAL PROPOSTO PELA NBR ISO 14001:2004 – ESTUDO DE

CASO MINA DO MANGUEIRÃO, CAÇAPAVA DO SUL, RS.

Dissertação apresentada ao curso de Pós-graduação em Tecnologia Mineral – PPGTM, da Universidade Federal do Pampa, Campus de Caçapava do Sul, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Tecnologia Mineral.

Dissertação apresentada a Universidade Federal do Pampa para obtenção do título

de Mestre em Tecnologia Mineral.

Dissertação defendida e aprovada, em 04 de fevereiro de 2015.

Banca Examinadora:

______________________________________________________

Prof. Dr. Raul Oliveira Neto.

Orientador

UNIPAMPA

______________________________________________________

Prof. Dr. Regis da Rocha Motta, Ph.D.

UFRJ

______________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Curia

UFRGS

______________________________________________________

Prof.ª Drª. Caroline Wagner

UNIPAMPA

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Dedico este trabalho in memoriam dos meus pais Numa Candido Saraiva Baptista e Joaquina de Avila Baptista exemplos de dedicação e honestidade. E a minha amada Esposa Daiane Aparecida Linhares Gonçalves Baptista fonte de inspiração, apoio, compreensão e amor.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Raul Oliveira Neto pela orientação e apoio durante todo o mestrado.

A todos os professores pela forma atenciosa e dedicada na condução durante o curso.

A empresa Dagoberto Barcellos S/A., pelo apoio e incentivo em conceder espaço

dentro da organização para a realização desta pesquisa.

À Universidade Federal do Pampa, Campus de Caçapava do Sul que me recebeu e

deu-me a oportunidade de realizar este curso.

A minha família que durante os meus estudos sempre me apoiou.

Aos meus colegas pelos momentos de amizade e alegria.

As demais pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

estudo.

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RESUMO

A presente dissertação concentrou-se na pesquisa de um método de análise

quantitativa para avaliar os impactos ambientais, nas operações de extração de

rochas metamórficas dolomíticas para a produção da cal e de calcário, da área de

estudo, situada no Município de Caçapava do Sul, RS. Esta metodologia teve como

referência a matriz de análise e caracterização de Leopold (1971), contemplando as

premissas da NBR ISO 14001:2004 e construída para avaliar os impactos negativos

produzidos pelas ações antrópicas no empreendimento. Inseriu novos atributos,

parâmetros e outros incrementos de análise para identificar, mensurar, hierarquizar e

classificar correlacionando atividade x etapa x aspecto x impacto, observando os

princípios da referida norma, garantindo em todas as fases uma avaliação eficaz,

objetiva, dinâmica, simples e adequada para todos os setores da organização e a

efetiva implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Foram identificados 16

(dezesseis) aspectos ambientais que produziram 71 (setenta e um) impactos

ambientais, para os quais a soma dos atributos avaliou a magnitude e a importância.

Sendo 15 (quinze) classificados como pequenos (não significantes), 41 (quarenta e

um) médios (significantes) e 15 classificados no nível grave (significantes). Todos os

impactos significantes devem ser tratados, porém os graves são os primeiros. Para os

impactos graves foi proposta uma planilha (Quadro 7) contendo todos impactos

ambientais graves por ordem de prioridade, indicadores, metas, limites da legislação,

planos de ações sugerindo medidas mitigadoras e monitoramentos. Na análise do

atributo de controle, verificou-se que o empreendimento é deficitário. Após a

classificação dos impactos foi criado o mapa de risco dos impactos ambientais que

podem ser construídos para visualizar os riscos das atividades ou setorial. Isto servirá

como uma ferramenta de gestão, para orientar e interagir com os colaboradores,

tornando a comunicação mais ágil.

PALAVRAS-CHAVE: Metodologia de AIA, AIA na mineração de rochas dolomíticas,

Mapa de risco dos impactos ambientais.

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ABSTRACT

This dissertation focused on the search for a quantitative analysis method to assess the

environmental impacts, in metamorphic rocks of mining operations for the production of

dolomitic lime and limestone, the study area, located in the Municipality of South Caçapava,

RS. This methodology was to reference the matrix analysis and characterization of Leopold

(1971), covering the premises of ISO 14001: 2004 and constructed to evaluate the negative

impacts produced by human activities in the project, inserting new attributes, parameters and

other increments analysis to identify, measure, classify and prioritize correlating activity x step

x aspect x impact following the principles of this standard, ensuring at all stages of an effective

evaluation, objective, dynamic, simple and suitable for all sectors of the organization and the

effective implementation Environmental Management System (EMS). Were identified sixteen

(16) environmental aspects that produced 71 (seventy-one) environmental impacts, for which

the sum of the attributes evaluated the magnitude and importance. Fifteen (15) classified as

small (not significant), 41 (forty-one) average (significant) and 15 classified as serious level

(significant). All significant impacts should be treated. However, serious are the first. For severe

impacts proposed a spreadsheet (Table 7) containing all serious environmental impacts in

order of priority, indicators, targets, the legislation limits, action plans suggesting mitigation

measures and monitoring. In the control attribute analysis, it was found that the project is

unprofitable. After the classification of impacts created the risk map of the environmental

impacts that can be built to view the risks of the activities or sector. This will serve as a

management tool to guide and interact with employees, making more agile communication.

KEYWORDS: EIA methodology, EIA in mining dolomitic rocks, Risk map of the

environmental impacts.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo e seus principais acessos..............17

Figura 2 - Roda de Deming com as fases do gerenciamento ambiental......................27

Figura 3 - Localização da área de estudo e contexto geológico no qual está inserida.28

Figura 4 - Operações unitárias da lavra.......................................................................29

Figura 5 - Fluxograma da britagem primária do minério..............................................31

Figura 6 - Frentes de lavra em encosta.......................................................................33

Figura 7 - Contato mármore-granito, na porção norte da Mina da Corticeira...............37

Figura 8 – Imagem geofísica utilizando o método elétrico, na área de estudo.............38

Figura 9 – Balanço hídrico do município de Caçapava do Sul.....................................39

Figura 10 – Mapa da área de estudo com os pontos de amostragem de água............41

Figura 11 – Média das análises físico-químicos..........................................................42

Figura 12 – Níveis de ruídos produzidos pelos equipamentos nas operações............53

Figura 13 – Sequenciamento dos dados que compõe cada coluna da matriz.............57

Figura 14 - Fluxograma das etapas da metodologia aplicada na matriz da AIA...........59

Figura 15 – Mapa de risco dos impactos ambientais da atividade.............................61

Figura 16 – Mapa de risco dos impactos ambientais setorial.....................................62

Figura 17 – Apresenta os elementos inter-relacionados que compõe a matriz............64

Figura 18 – Gráfico com a pontuação obtida pelos impactos ambientais....................65

Figura 19 – Distribuição do número de avaliações de valores da escala.....................66

Figura 20 – Distribuição dos níveis de impactos pela classificação.............................67

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Cronologia da legislação ambiental brasileira...........................................21

Quadro 2 – Principais fatores que mais degradam os solos........................................47

Quadro 3 – Procedimento de qualificação dos atributos.............................................58

Quadro 4 – Classificação e significância dos impactos ambientais.............................60

Quadro 5 – Apresenta a condição dos impactos ambientais.......................................63

Quadro 6 – Lista dos impactos ambientais classificados no nível grave....................68

Quadro 7 – Indicadores, metas, planos de ação e monitoramentos............................68

Quadro 8 – Matriz de avaliação dos aspectos e impactos ambientais.........................81

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LISTA E TABELAS

Tabela 1 – Divisão das bacias hidrográficas...............................................................40

Tabela 2 – Síntese dos resultados obtidos dos parâmetros químicos.........................43

Tabela 3 – IDESE (2013), de Caçapava do Sul...........................................................51

Tabela 4 – Concentração da poeira respirável na área de estudo...............................54

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LISTA DE ABREVIATURAS

cm – centímetro

dB – decibéis

l - litro

ha - hectare

Hz – hertz

m – metro

m² - metro quadrado

m³ - metro cúbico

mg –miligrama

mm – milímetro

N – Norte

NE - Nordeste

pH – potencial Hidrogeniônico

t – tonelada

R – resíduos

S – Sul

SE - Sudeste

W - Oeste

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIA – Avaliação dos Impactos Ambientais

ANFO – Ammonium Nitrate – Fuel Oil

APP – Área de Proteção Permanente

BR – Brasil

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CF/88 – Constituição Federal de 1988

CNPF – Conselho Nacional de Proteção à Fauna

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CaCO3 – Carbonato de cálcio

CaO – Óxido de cálcio

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

EIA – Estudo dos Impactos Ambientais

EPI – Equipamentos de Proteção Individual

FEE – Fundação de Economia e Estatística

FEPAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente

FIERGS – Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDESE – Índice de Desenvolvimento Socioeconômico

IDH – Índice do Desenvolvimento Humano

IRAM – Instituto Brasileiro de Mineração

ISO – International Organization for Standardization

LT – Limite Tolerável

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MgO – Óxido de Magnésio

NBR – Norma Brasileira Registrada

NEPA – National Environmental Policy Act

PNAP – Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas

RIMA – Relatório dos Impactos sobre o Meio Ambiente

ROM – Run of Mine

RS – Rio Grande do Sul

S/A – Sociedade Anônima

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

SGI – Sistema de Gestão Integrada

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa

www – World Wide Web

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SUMÁRIO

Capítulo 1............................................................................................................................................. 14

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14

1.1 Localização da área de estudo ...................................................................................... 17

Capítulo 2............................................................................................................................................. 18

2.1 Conceitos e definições ......................................................................................................... 18

2.2 Aspectos legais ...................................................................................................................... 20

2.3 Estado da arte ......................................................................................................................... 23

Capítulo 3............................................................................................................................................. 28

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................... 28

3.1 Identificação do empreendimento ................................................................................ 29

3.2 Área de Influência do Projeto Mineiro .......................................................................... 30

3.3 Beneficiamento do minério ............................................................................................. 31

3.4 Rejeitos................................................................................................................................. 32

3.5 Jazida mineral ..................................................................................................................... 32

3.6 Geologia regional .............................................................................................................. 33

3.7 Geologia Local ................................................................................................................... 37

3.8 Clima ..................................................................................................................................... 39

3.9 Solos ..................................................................................................................................... 45

3.10 Meio biótico ....................................................................................................................... 47

3.11 Meio antrópico ................................................................................................................. 50

3.12 Ruídos, vibrações e qualidade do ar .......................................................................... 52

CAPÍTULO 4 ....................................................................................................................................... 56

4 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 56

4.1 Análise dos resultados ........................................................................................................ 63

4.2 Indicadores, metas, planos de ação e monitoramento ............................................... 66

4.3 Recomendações para a implantação do Sistema de Gestão Ambiental ................ 72

CAPÍTULO 5 ....................................................................................................................................... 75

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 75

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 77

APÊNDICE A............................................................................................................ 81

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Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a exploração dos recursos naturais cresceu

vertiginosamente, principalmente a partir da revolução industrial no século XVIII e com

aumento da população humana, essa questão passou a ser vital para o homem e aos

demais seres vivos do nosso planeta, surgindo a necessidade de resguardar o meio

ambiente de maneira mais eficaz, pois os recursos naturais são limitados, instituindo-

se o direito de tê-lo de forma equilibrada, como condição indispensável a uma salutar

qualidade de vida. A proteção, a recuperação, a preservação e a fiscalização dos bens

ambientais são deveres do Estado porque com o crescimento populacional gera maior

demanda dos recursos naturais não renováveis, sendo indispensável o seu controle.

Em 1969, quando o Presidente dos Estados Unidos da América sancionou pela

primeira vez o National Environmental Policy Act – NEPA, os procedimentos de

avaliação de impacto ambiental (AIA) passaram a ser utilizados com variações e

adaptações em diversos níveis, disseminando-se amplamente e nos dias atuais vem

sendo adotado em mais de duzentos países.

A NEPA passou a ser empregada como um instrumento de avaliação das

consequências futuras das ações antrópicas sobre o meio ambiente. A avaliação dos

impactos ambientais rapidamente congregou variáveis de caráter técnico e econômico

do planejamento e passou a acompanhá-lo nas decisões finais e nas fases de

implementação, operação e desativação dos projetos, consolidando-se como um

processo.

Porém, muitas vezes, são realizados exaustivos levantamentos de informações

sem a reflexão necessária ou aplicação correta de um método de avaliação que possa

torná-los importantes para o sistema de gestão do empreendimento.

De maneira geral, os órgãos ambientais no Brasil são estruturados

precariamente, limitando-se a demoradas fiscalizações e liberações de

empreendimentos. Não tem condições de acompanhar e emitir pareceres técnicos

com base em estudos mais aprofundados de avaliação de impacto ambiental. Desta

forma, as empresas geralmente não aprofundam seus estudos de identificação e

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15

avaliação de impactos, limitando-se a utilizar métodos mais simplificados e com alto

grau de subjetividade.

Em 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, editou a

Resolução nº 1/86, que lista a atividade de extração e beneficiamento de minerais, a

qual deve elaborar a AIA como condição para o seu licenciamento estabelecendo que

o proponente do projeto apresente o estudo de impacto ambiental (EIA) e o relatório

dos impactos sobre o meio ambiente (RIMA), trazendo a conclusão do EIA. Em 1988

a Constituição Federal incorporou estas exigências.

A Empresa que propiciou esta pesquisa sobre a metodologia da AIA para a

implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), pretende adotá-la em todo o seu

empreendimento para poder controlar permanentemente os efeitos ambientais de

todo o seu processo de produção, desde a escolha da matéria-prima até o destino

final do produto e dos resíduos líquidos, sólidos e gasosos, levando-a a operar da

forma mais sustentável. Pretende obter maior controle dos seus processos,

identificando e avaliando quantitativamente os seus impactos ambientais, prevenindo

e diminuindo a poluição, aplicando a recuperação ou a mitigação ambiental de forma

efetiva e pontual, garantindo melhoria nos seus processos de gestão.

A avaliação dos impactos ambientais é um mecanismo legal, podendo-se

utilizar várias metodologias. Porém, neste estudo, foi desenvolvida uma metodologia

com variação do método matricial de Leopold et al. (1971) para quantificar os impactos

negativos gerados no empreendimento, seguindo a normatização do Sistema de

Gestão Ambiental ISO 14001:2004.

As questões relativas ao meio ambiente têm ocupado parcelas cada vez

maiores dos investimentos e esforços administrativos de todos os segmentos da

atividade econômica, tanto que atualmente não basta parecer e declarar-se

comprometido com o meio ambiente ou com uma produção sustentável, é necessário

demonstrar que se está agindo de forma responsável e que se está procurando

aprimoramentos consistentes e diretamente relacionados com as atividades da

organização.

Entretanto, todos os programas de recuperação ambiental devem estar

voltados e sintonizados com a real necessidade das comunidades afetadas para que

elas realmente possam se reintegrar ao novo ambiente.

Este modelo de gestão ambiental, quando devidamente implementado, permite

a mitigação e controle dos impactos ambientais adversos identificados na AIA com o

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16

acompanhamento dos indicadores ambientais e metas propostos no mesmo estudo,

planos de ações e monitoramentos para garantir que as técnicas de proteção, de

manejo e de recuperação ambiental para cada situação sejam aplicadas da forma

mais adequada, criando as condições operacionais necessárias para a implantação e

acompanhamento dos programas ambientais de mitigação e/ou de compensação em

todas as áreas da empresa.

A certificação voluntária é acreditada como instrumento capaz de referendar a

credibilidade das empresas frente ao comprometimento ambiental. A aplicação desse

processo permite a elas uma maior competitividade dentro dos seus mercados de

atuação.

Dessa forma, o objetivo geral deste estudo é elaborar uma metodologia para

avaliar os impactos ambientais adversos na mineração de rochas dolomíticas para a

produção da cal e calcário. Construir um modelo que sirva como referência para todas

as áreas da organização e adequado ao SGA da NBR ISO 14001:2004 e a sua

integração ao sistema ISO. Sendo definidos como objetivos específicos:

i) Identificar, avaliar, hierarquizar e classificar os impactos ambientais na lavra

de rochas dolomíticas;

ii) estabelecer os indicadores e metas específicas para os impactos graves;

iii) elaborar plano de ações e monitoramentos para atender as metas e os

indicadores planejados com medidas de mitigação dos impactos ambientais

graves; e

iv) promover experiência e maior conhecimento tecnológico ao profissional

inserido no setor mineral para atender a demanda deste tema, nas

organizações empresariais.

Este trabalho, encontra-se estruturado em cinco capítulos, sendo o primeiro a

Introdução. O capítulo 2 aborda os principais conceitos, definições, aspectos legais e

estado da arte.

O capítulo 3 apresenta a caracterização da área de estudo, com as operações

de mineração.

No capítulo 4 é detalhada a metodologia de avaliação dos impactos ambientais

com a adaptação da matriz de Leopold et al.(1971) desenvolvida e a análise dos

resultados encontrados e recomendações para a implantação do SGA. No capítulo 5

são abordadas as conclusões mais importantes deste estudo e recomendações para

trabalhos futuros.

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17

No apêndice A é apresentada a matriz de avaliação dos impactos ambientais

objeto da metodologia proposta.

1.1 Localização da área de estudo

A poligonal da concessão DNPM nº 811030/1970, da Mina do Mangueirão

possui uma área de 264 hectares e está localizada no município de Caçapava do Sul,

região da Campanha, do Estado do Rio Grande do Sul, localizando-se na rodovia BR-

392, km 249,5, a uma distância de 252 km de Porto Alegre, conforme Figura 1.

Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo e seus principais acessos.

Fonte: Gomes, E. (2014) modificado pelo Autor.

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18

Capítulo 2

2 Conceitos e definições, aspectos legais e estado da arte

Os diversos ramos da ciência desenvolveram terminologia própria, dando às

palavras um significado mais exato possível, eliminando ambiguidades e reduzindo a

margem para interpretações de significado. A área ambiental, ao contrário, utiliza

vários termos do vocabulário comum. Palavras como “impacto”, “avaliação”, e mesmo

“ambiente” ou “meio ambiente”, por exemplo, foram apropriadas do vernáculo e fazem

parte do jargão dos profissionais desse campo, Sánchez (2006). Por isso, é

necessário estabelecer com clareza os conceitos e definições dos termos utilizados

neste trabalho, estabelecendo a base terminológica utilizada.

2.1 Conceitos e definições

A seguir, com base na literatura específica e na legislação ambiental,

apresentam-se conceitos e definições dos principais termos empregados na área

ambiental e neste trabalho.

a. Aspecto ambiental – elemento das atividades, produtos ou serviços de uma

organização que pode interagir com o meio ambiente, Sánchez (2006).

b. Avaliação de impacto ambiental (AIA) – instrumento de política ambiental, formado

por um conjunto de procedimentos, capaz de assegurar, desde o início do processo,

que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta e

de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao

público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles sejam considerados,

Moreira (1992).

c. Degradação ambiental – qualquer alteração adversa dos processos, funções ou

componentes ambientais, ou alteração adversa da qualidade ambiental, Sánchez

(2006).

d. Diagnóstico ambiental – descrição das condições ambientais existentes em

determinada área no momento presente. Descrição e análise da situação atual de uma

área em estudo feita por meio de levantamento de componentes e processos do meio

físico, biótico e antrópico e de suas interações, Sánchez (2006).

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19

e. Estudo de impacto ambiental (EIA) – documento integrante do processo de

avaliação de impacto ambiental, cuja estrutura e conteúdo devem atender aos

requisitos legais e estabelecidos pelo sistema de avaliação de impacto ambiental em

que esse estudo deve ser realizado e apresentado.

f. Impacto ambiental - qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: (i) a saúde, a

segurança e o bem estar da população; (ii) as atividades sociais e econômicas; (iii) a

biota; (iv) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e (v) a qualidade dos

recursos ambientais, Resolução CONAMA 001/86, art. 1º.

g. Licenciamento ambiental - procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental

competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas

efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam

causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares

e as normas técnicas aplicáveis ao caso, Resolução CONAMA 237/97, Artigo 1º,

Inciso I.

h. Medidas compensatórias – ações com a finalidade de compensar a perda de um

bem ou função que será perdido em decorrência do projeto em análise, Sánchez

(2006).

i. Medidas mitigadoras – ações com a finalidade de reduzir a magnitude ou a

importância dos impactos adversos, Sánchez (2006).

j. Medidas potencializadoras – ações propostas com a finalidade de realçar a

magnitude ou a importância dos impactos benéficos Sánchez (2006).

k. Meio ambiente - é o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas

formas, Lei Federal nº 6.938/81, art. 3º, Inciso I.

l. Poluição - a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta

ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população,

criem condições adversas às atividades socioeconômicas, afetem desfavoravelmente

a biota, afetem condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e lancem matérias

ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos na Lei Federal nº

6.938/81, art. 3º, Inciso III.

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m. Prognóstico ambiental – projeção da provável situação futura do ambiente

potencialmente afetado, caso a proposta em análise seja implementada.

n. Recuperação ambiental – aplicação de técnicas de manejo visando tornar o

ambiente degradado apto para um novo uso produtivo, desde que sustentável.

Sánchez (2006).

o. Relatório de impacto ambiental (RIMA) – documento que sintetiza as conclusões

do estudo de impacto ambiental e apresenta as informações em linguagem simples e

acessível ao público não especializado Verdum, (2006).

p. Resiliência - capacidade de um ecossistema retornar à condição original de

equilíbrio após suportar alterações ou perturbações ambientais, Tommasi (1994).

2.2 Aspectos legais

A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938, editada em 1981,

configurou o primeiro marco do moderno direito ambiental brasileiro, tendo como

objetivo a racionalização no uso dos recursos ambientais, expresso no seu Artigo 2º,

Inciso II, e que passou a ser objeto do direito ambiental. Com a Lei da Política Nacional

do Meio Ambiente, foi aberto caminho para a efetiva institucionalização do

desenvolvimento sustentável, e foi imposta a obrigatoriedade da implementação deste

princípio de natureza econômica, Teixeira (2006)

Entretanto, para efetivar a proteção ao meio ambiente, foi editada a Lei

nº 7.347/85, que disciplina a ação civil pública ambiental como instrumento para

promover em juízo a defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado, assim

como outros bens de natureza coletiva ou difusa.

Em 1997, a Resolução nº 237/97 − CONAMA, regulamentou o licenciamento

ambiental, que também é um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente,

sendo obrigatório em função de norma constitucional. A responsabilidade

administrativa, por sua vez, foi regulamentada pelo Decreto nº 3.179/99, dispondo

sobre as sanções aplicáveis às condutas e às atividades lesivas ao meio ambiente.

Como terceiro marco na evolução legislativa do direito ambiental vem a

Constituição Federal de 1988 (CF/88). No caput do Artigo 225, da CF/88, garante a

todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, conceituando-o como

“bem de uso comum do povo”. A CF/88 considerou o meio ambiente como elemento

indispensável ao desenvolvimento da atividade de infra- estrutura econômica.

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O direito ambiental possui princípios próprios, constantes no Artigo 225 da

CF/88. O advento da CF/88 proporcionou a recepção da Lei Federal nº 6.938/81 − Lei

da Política Nacional do Meio Ambiente − em quase todos os seus aspectos, criando

também competências legislativas concorrentes − inclusive as competências

complementares dos Municípios no Artigo 30, incisos I e II, dando prosseguimento à

Política Nacional de Defesa Ambiental. Referida política, destaca-se na CF/88, ao ser

utilizada a expressão ecologicamente equilibrado, porquanto isso exige harmonização

entre os aspectos que compõem o meio ambiente.

Dentre os instrumentos criados para a tutela do meio ambiente está o estudo

dos impactos ambientais (EIA) e o seu respectivo RIMA, instituídos pela Lei nº

6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, que foi

regulamentada pelas Resoluções 001/86 e 237/97, ambas do CONAMA. Além disso,

a CF/88, em seu Artigo 225, Parágrafo 1º, inciso IV, passou a exigir a realização de

EIA para a instalação das atividades que causem ou possam causar impacto

ambiental significativo.

O EIA é um importante instrumento de proteção ao meio ambiente, por ter como

base o princípio da prevenção. A sua essência é preventiva e compõe uma das etapas

do licenciamento ambiental.

A seguir, apresenta-se uma relação da legislação ambiental básica no Brasil,

abrangendo os aspectos relativos à proteção do patrimônio natural, ordenação

territorial e mecanismos de controle e fiscalização. Cronologicamente, a legislação

ambiental brasileira está estruturada, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Cronologia da legislação ambiental brasileira.

Legislação Ementa

Decreto nº 24.643/1934 Decreta o Código de Águas.

Decreto-Lei nº 25/1937 Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

Lei nº 3.924 26/07/1961 Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.

Lei nº 4.771 15/09/1965 Institui o Código Florestal.

Lei nº 5.197 03/01/1967 Dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras providências.

Decreto-Lei nº 227/1967 Cria o Código de Mineração.

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22

Continuação do Quadro 1 – Cronologia da legislação ambiental brasileira.

Decreto nº 84.017/1979 Aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.

Lei nº 6.766/1979 Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano, e dá outras providências.

Lei nº 6.938/1981

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Lei nº 9.605/1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Decreto nº 88.821/1983

Aprova o Regulamento para a Execução de Serviço de Transporte Rodoviário de Cargas ou Produtos Perigosos, e dá outras providências.

Decreto nº 89.336/1984 Dispõe sobre Reservas Ecológicas e Áreas de Relevante Interesse ecológico, e dá outras providências.

Lei nº 7.347/1985

Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e dá outras providências.

Decreto nº 97.632/1989

Regulamenta o artigo 2º, inciso VIII, da Lei nº. 6.938, de 31/08/1981, que dispõe sobre a recuperação de áreas degradadas.

Decreto nº 97.633/1989 Dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção à Fauna – CNPF, e dá outras providências.

Lei nº 7.797/1989 Cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências.

Decreto nº 99.274/1990

Regulamenta a Lei nº. 6.902, de 27/04/1981, e a Lei nº. 6.938, de 31/08/1981, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Decreto nº 24/1991 Dispõe sobre as ações visando à proteção do meio ambiente em terras indígenas.

Decreto nº 750/1993

Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, e dá outras providências.

Lei nº 9.795/1999 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

Decreto nº 4.339/2002

Institui princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Biodiversidade.

Decreto nº 4.340/2002 Regulamenta artigos da Lei nº. 9.985, de 18/07/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, e dá outras providências.

Decreto nº 5.092/2004

Define regras para identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio Ambiente.

Decreto nº 5.746/2006

Regulamenta o artigo 21 da Lei nº. 9.985, de 18/07/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC.

Decreto nº 5.758/2006. Institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias, e dá outras providências.

Fonte: IBRAM, 2014.

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23

2.3 Estado da arte

A avaliação dos impactos ambientais (AIA) é o conjunto de procedimentos

necessários e suficientes para avaliação dos prováveis impactos ambientais de

projetos novos, ampliações e dos já existentes para a adoção de medidas protetivas

ao meio ambiente.

A AIA foi instituída inicialmente nos Estados Unidos através da National

Environmental Policy Act (NEPA) aos projetos governamentais e empreendimentos

privados que dependiam de autorização ou financiamento do governo.

A Alemanha adotou o sistema de estudo de impacto ambiental (EIA) em 1971.

Seguiu-se entre outros, Canadá em 1973, a Irlanda e a França em 1976, a Holanda

em 1981. Hoje, mesmo países subdesenvolvidos adotaram, com adaptações locais,

algum tipo de avaliação ambiental, adaptando a sua legislação e processos de

planejamento aos princípios da AIA, utilizando-os, ainda que sem exigências formais

quanto à aprovação dos estudos à tomada de decisões, Sánchez (2006).

A primeira avaliação ambiental realizada no Brasil ocorreu em 1972, para a

barragem e usina hidroelétrica de Sobradinho, na Bahia, por exigência do Banco

Mundial para o financiamento do empreendimento. Em 1973, elaborou-se o parecer

técnico ambiental sobre o projeto de extensão da Titânio do Brasil S.A. E em 1975, o

EIA para o lançamento no mar por barcaças, dos resíduos provenientes da fábrica de

dióxido de titânio, para o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia.

Após algumas adaptações e aprimoramentos, a AIA consolidou-se como

processo institucional a partir da década de 1980, com avanços nas discussões sobre

sua concepção e fases de execução, principalmente no que se refere à participação

da sociedade nas diferentes fases de avaliação dos projetos.

No Brasil, a Lei nº 6938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, em seu Artigo 9º, Inciso III, estabelece os instrumentos de aplicação, entre

eles a avaliação de impactos ambientais. Esta lei configurou o primeiro marco do

moderno direito ambiental brasileiro.

Segundo a Resolução CONAMA 01/86, Artigo 3º, a licença ambiental para

empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras

de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental

e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente. O EIA é um dos instrumentos

e faz parte da Avaliação de Impacto Ambiental.

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O licenciamento ambiental é um dos instrumentos definidos pela Política

Nacional de Meio Ambiente no Brasil e dá-se mediante a concessão de três tipos de

licenças. Estas são denominadas: (i) licença prévia; (ii) licença de instalação; e (iii)

licença de operação. Estas licenças podem ser expedidas isoladamente ou

sucessivamente, sendo que isto dependerá da natureza, características e fase da

atividade impactante em análise.

A exigência do estudo de impacto ambiental também foi fundamentada pelo

Artigo 225. Parágrafo 1º e Inciso IV da Constituição Federal de 1988, declarando que,

“exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora

de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a

que se dará publicidade”. Como apontaram Sánchez (2006) e Verdum & Medeiros

(2006), o EIA deve preceder a instalação do projeto, para que os efeitos adversos que

possam ser evitados ou reduzidos a níveis aceitáveis. Sánchez (2006), considera que

o EIA é o documento mais importante de todo o processo de avaliação de impacto

ambiental. É com base nele que serão tomadas as principais decisões quanto à

viabilidade ambiental de um projeto, quanto à necessidade de medidas mitigadoras e

o alcance dessas medidas.

Para a elaboração desses estudos, os órgãos licenciadores (estaduais ou

federais) estabelecem um roteiro denominado termo de referência, que consta com o

conteúdo mínimo necessário ao atendimento da Resolução CONAMA 01/86 para fins

de licenciamento dos projetos. O termo de referência (ou escopo) é o documento

orientador para elaboração de qualquer tipo de projeto.

O EIA deve contemplar no mínimo as seguintes atividades técnicas (Resolução

CONAMA 01/86, Artigo 6º: (i) diagnóstico ambiental da área de influência do projeto,

com completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal

como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da

implantação do projeto; (ii) análise dos impactos ambientais do projeto e de suas

alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da

importância dos prováveis impactos relevantes; (iii) definição das medidas mitigadoras

dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de

tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas; e (iv) elaboração

do programa de acompanhamento e monitoramento, os impactos positivos e

negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.

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Um bom entendimento dos objetivos da avaliação de impacto ambiental, assim

como das possibilidades e limites deste instrumento é essencial para que se possa

obter o máximo de sua aplicação, segundo Tommasi (1994) e Sánchez (2006). Desta

forma, o trabalho da equipe responsável, preparada e capacitada nesses temas,

possibilitará que a melhor alternativa em discussão seja implantada com

sustentabilidade.

Os métodos de avaliação de impacto ambiental são mecanismos estruturados

para coletar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais

da implantação de um empreendimento, incluindo os meios para a apresentação

escrita e visual dessas informações ao público e aos responsáveis pela tomada de

decisão, Bisset (1982). Todavia, também podem ser aplicados em empreendimentos

já consolidados, como é o caso do presente estudo.

Em síntese, os métodos são uma sequência de passos recomendados para

colecionar e analisar os efeitos de uma ação sobre a qualidade ambiental e a

produtividade do sistema natural e avaliar seus impactos no meio natural e sócio

econômico, Fogliatti et al (2004).

Segundo Sánchez (2006), há diversos tipos de ferramentas para auxiliar na

tarefa de identificar os impactos ambientais. A aplicação destes instrumentos

necessita de grande conhecimento da equipe executora do EIA e demanda

principalmente: (i) razoável domínio dos conceitos subjacentes; (ii) compreensão

detalhada do projeto analisado e de todos os seus componentes; e (iii) razoável

entendimento da dinâmica sócio ambiental da região potencialmente afetada.

À medida que evoluíram as discussões sobre a aplicabilidade da AIA diversos

métodos foram desenvolvidos e a sua grande maioria são subjetivos. Também, foi se

tornando claro que entre as metodologias tradicionais não há uma técnica que sozinha

atenda todos os aspectos envolvidos no processo devido as suas particularidades e

avaliar de forma completa todos os impactos gerados no projeto ou atividade,

Tommasi (1994) e Sánchez (2008).

A matriz mais conhecida e utilizada é a de Leopold, a partir dela muitas outras

foram formuladas. É um método muito útil no processo de avaliação e descrição,

porque possibilita o confronto entre os componentes ambientais e os componentes de

projeto, Leopold et al. (1971).

Em sua concepção original, a matriz possui 88 linhas e 100 colunas, perfazendo

um total de 8.800 quadrículos ou células matriciais. No ponto correspondente ao

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cruzamento entre a linha do componente impactante do projeto e a coluna do

componente do meio ambiente impactado, tem-se uma célula na matriz que

representará o impacto ambiental previsto.

Essas células matriciais são divididas em quatro campos, destinados à

colocação dos valores dos seguintes atributos: caráter (C); magnitude (M);

importância (I); e duração (D).

São vários os métodos empregados e muitos deles são empregadas técnicas

de avaliação subjetivas as quais não fornecem uma avaliação mais precisa sobre os

impactos ambientais e não os correlacionam com os seus respectivos aspectos e

atividades. E algumas técnicas mais objetivas apresentam pontuações dos impactos

de forma limitada.

Avaliar os aspectos e impactos ambientais visa, principalmente, identificar as

ações humanas e as decorrentes consequências. A avaliação e hierarquização destas

ações gerarão subsídios para a definição e elaboração de programas e projetos,

focando as ações que precisam ser monitoradas, mitigadas e ou evitadas, Schneider,

(2011).

Este estudo adaptou a matriz de impactos de Leopold et al. (1971)

correlacionando e avaliando os diversos impactos com os aspectos ambientais os

quais tem origem na atividade desenvolvida no empreendimento, através de uma

análise quantitativa em relação as suas caraterísticas de magnitude e importância e

se eles agridem mais ou menos o meio ambiente. De posse dos resultados serão

avaliados em quanto eles poderão ser mitigados, compensados e monitorados.

Estabelecendo atributos de frequência, abrangência, vizinhança e controle com

escala de valores para as citações que compõe cada atributo, de maneira que cada

impacto possa ser avaliado de maneira mais objetiva e ser aplicada em qualquer área

da empresa, servindo de um referencial as boas práticas da gestão ambiental e a

melhoria contínua em todas as áreas da empresa.

Segundo Sánchez (2006), as “boas práticas de gestão ambiental incluem, para

cada setor da atividade, um conjunto de procedimentos reconhecidos pelas principais

empresas como economicamente viáveis para reduzir os impactos ambientais de

atividades, produtos e serviços.” Portanto, aqui também fica claro que as metodologias

devem se basear em algum referencial de “boas práticas”, ou seja, procedimentos

padrões a partir de base normativa nacional ou estrangeira, mas certamente

desenvolvida com critérios técnicos e/ou econômicos. Metodologias neste sentido

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podem ser associadas à filosofia da NBR ISO 14001:2004, pois podem fornecer

subsídios de avaliação objetiva e prática, atendendo as fases do gerenciamento

ambiental (planejar, implantar, controlar e aperfeiçoar) e buscar o melhoramento

contínuo, conforme Figura 2.

Figura 2 – Roda de Deming com as fases do gerenciamento ambiental para o

melhoramento continuado.

Fonte: ABNT NBR ISO 14001:2004.

Para tanto, a NBR ISO 14001 tem como objetivo estabelecer um padrão de

Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que possa trazer como consequência o

equilíbrio da proteção ambiental, a prevenção da poluição gerada pelo

empreendimento e assegurar a sua conformidade com a política ambiental definida.

A avaliação ambiental consiste na caracterização dos aspectos ambientais, os

quais tem origem nas etapas das diversas atividades da organização para a adoção

de um SGA. A deficiência e a carência de informações para se definir um

procedimento de avaliação ambiental pode contribuir para o fracasso da implantação

de um sistema efetivo. Para que isso não ocorra, todas as atividades, produtos e

serviços devem ser analisados por um modelo de método que possa identificar os

aspectos e impactos ambientais, utilizando uma metodologia com avaliação

quantitativa, sistemática, dinâmica, simples que possa ser compreendida por todos.

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Capítulo 3

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Mina do Mangueirão está inserida no complexo minerário da Empresa

Dagoberto Barcellos S/A, trata-se de uma concessão de lavra – DNPM 811.030, data

do título de lavra 10/03/1980, localizada na BR-392, km 249,5; Caçapava do Sul, RS.

Esta mina é caracterizada pela extração de rocha calcária dolomíticas

metamórfica pertencentes ao Complexo Metamórfico Passo Feio, do Cinturão

Vacacaí, com ocorrência limitada ao Bloco São Gabriel, na porção ocidental do

Escudo Sul-Rio-Grandense, conforme Figura 3.

Figura 3 – Localização da área de estudo e contexto geológico no qual está inserida.

Fonte: CPRM, Mapa Geológico do Estado Rio Grande do Sul, 2006, modificado pelo Autor.

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O desenvolvimento das operações mineiras é afetado diretamente pelas

diversas variáveis naturais, as quais são descritas neste trabalho e se constituem em

importantes elementos para a avaliação dos impactos ambientais.

3.1 Identificação do empreendimento

O método de lavra empregado é a céu aberto, geralmente em bancadas

descendentes com alturas entre 5 a 15 metros e inclinações médias de 75º, em função

das características estruturais, da variabilidade de teores, da cobertura e em relação

do minério com as demais litologias encaixantes.

Após a decapagem, lavra se desenvolve de forma rotineira, seguindo a

seguinte ordem: i) furação; ii) desmonte da bancada com explosivos preenchendo os

furos; iii) carregamento de minério run of mine (ROM); e iv) transporte de minério

ROM, conforme Figura 4, até a unidade de beneficiamento que possui uma distância

média de 2.900 metros.

Figura 4 – Operações unitárias da lavra: i) furação; ii) carregamento dos furos com

explosivos; iii) carregamento de caminhões com minério; e iv) transporte de minério.

Fonte: Autor.

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A decapagem remove os estéreis que é constituído pelo solo orgânico, argilas,

diabásicos, xistos, granitoides que compõem o estéril da mina e são retirados com

escavadeiras para serem transportados até às áreas de bota-foras.

A furação é o conjunto de furos que obedecem uma malha e inclinações pré-

definidas e são feitos com a utilização de três conjuntos (perfuratriz + compressor de

ar) de perfuratrizes pneumáticas e, após a sua conclusão, são preenchidos com

explosivos.

O desmonte é a etapa da detonação com emulsão encartuchas e Ammonium

Nitrate – Fuel Oil - ANFO que são usados como explosivos ligados com acessórios,

na série de furos das bancadas que requer um plano de fogo. Servem para a extração

dos estéreis e do minério de interesse.

Carregamento é a operação de carregar com escavadeira ou pá-carregadeira

o estéril ou minério de interesse em caminhões que transportam até as áreas definidas

para cada tipo de material. Para estas operações são utilizadas quatro escavadeiras,

uma pá-carregadeira e dez caminhões para o transporte.

3.2 Área de Influência do Projeto Mineiro

As áreas de influências do empreendimento estão condicionadas a qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente causado

por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades antrópicas que

direta ou indiretamente afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as

atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Foi definida como área de influência

direta, para os meios físicos e bióticos, o que constou no memorial descritivo do

processo DNPM 811.030/1970, que compreende 264 hectares, destinados a

pesquisa, explotação de minérios e demais infraestruturas necessárias ao seu

funcionamento. Com uma ocupação efetiva de 12,4 hectares, nas demais partes estão

os bota-foras (são locais onde é depositado os estéreis da mina), áreas de proteção

permanentes, estradas e acessos e áreas de servidão futura.

As áreas em que as incidências dos impactos ocorrem de maneira indireta

estão definidas como sendo áreas de influência indiretas, englobando as porções ao

redor da poligonal da concessão.

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3.3 Beneficiamento do minério

O beneficiamento do minério, extraído das frentes de lavra da área da

concessão é realizado no parque industrial que ocupa uma área de 72.000 m².

O minério é transportado das frentes de lavra até o descarregamento na calha

do britador primário e entra no circuito da britagem, dando-lhe um tamanho

granulométrico de areia até 125mm e rejeito, conforme fluxograma apresentado na

Figura 5.

Figura 5 – Fluxograma da britagem primária do minério para a produção da cal e

calcário corretivo de solo.

Fonte: Dagoberto Barcellos S/A.

A Figura 5, mostra o fluxograma da britagem e a classificação do minério ROM,

para a produção da cal e produção de calcário. Nesse processo ocorre uma perda de

10% do minério que são os rejeitos constituídos por materiais que não atendem as

especificações do produto, os quais são carregados em caminhões e transportados

para as áreas de bota-foras.

FLUXOGRAMA BRITAGEM

F-V

Legenda:

CT - Correia transportadora

F - Forno

AD - Área descarga

CASCALHO

BALANÇ

FCC-

100

F-VII

F-VI

F-II

F-III

F-IV

CT - 28

CT - 15

CV - 01 PILHA PILHA CT - 05 CT - 22

CT - 11

CT - 21 PILHA

ROM P/CAL ROM

CT - 13

CT - 10

AD - 01

CT - 14

CT - 27

CT - 03

CT - 26

CT - 06

MINÉRIO

BRITADO

MINÉRIO

BRITADO

CT - 12

CT - 09

REJEITO

PILHA TF - 02 CT - 04

Britado

CT - 01

PILHA CV - 02

CT - 07

CT - 02

CT - 20

TF - 01

PV - 01

CT - 23 CT - 25

CT - 24

CV - 04

CT - 19

CT - 17 CV - 03 PILHA

CT - 08

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3.4 Rejeitos

Dois tipos de rejeitos são produzidos pelo empreendimento, os provenientes

dos descartes da cobertura da jazida (os estéreis) que podem ser um solo, argila ou

uma rocha encaixante; e os provenientes do processo de beneficiamento.

O perfil de solo na região é pouco desenvolvido atingindo em média 20cm e

possuí uma cobertura vegetal de gramíneas e arbustos, seguido de uma camada de

material argiloso de cor avermelhada com fragmentos de rochas, com espessura

média de 80 cm. Este tipo de material é removido mecanicamente. É utilizado na

recuperação de áreas degradadas.

Enquanto as rochas que não são de calcários dolomíticos as suas encaixantes

como os xistos, diabásicos, gnaisses, granitos, calcários impuros devido a presença

de silicatos. Este material rejeitado é depositado em bota-foras ou em cavas de frentes

de lavra já exauridas.

Os rejeitos produzidos pelo processo de beneficiamento são constituídos de

material argilosos e rochas não calcárias, com uma granulometria variando de 20mm

até a fração argilosa. São depositados em bota-fora.

3.5 Jazida mineral

A jazida mineral explotada se constitui de mármores de rochas calcárias

dolomíticas, formando um pacote com larguras variando de 20 a 220 m, extensões de

100 a 900 m e espessura de 5 a 90 m, sendo que as maiores espessuras encontram-

se nas encostas. Em determinados locais estas rochas formam bolsões no interior do

granito, apresenta direção geral nordeste, embora as atitudes indiquem direções norte

sul e norte oeste, com mergulhos variando de 20º a 60º para o quadrante oeste.

Apresentam cores variáveis, predominando a branca e cinza clara, de acordo com a

Figura 6.

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Figura 6 – Frentes de lavra em encosta: i) Mina da Corticeira com espessura de 50 m;

e ii) Mina do Cerro com espessura de 90 m.

Fonte: Autor.

A sua textura é geralmente sacaroide, sendo destacada pelos grãos

cristalizados da calcita e dolomita, que correspondem a 90% dos seus constituintes.

Além destes dois minerais, ocorrem secundariamente quartzo, anfibólios e outros

constituintes calcissilicáticas.

3.6 Geologia regional

Dentre os três grandes domínios do território brasileiro está a Província

Mantiqueira que abarca rochas sedimentares, ígneas e metamórficas que constituem

o Escudo Sul-Rio-Grandense. Esta província é compartimentada em blocos,

geralmente delimitados por falhas que guardam um estilo deformacional, grau de

metamórfico, idade e significado geotectônico próprio, estruturação observada por

Picada (1971). Caçapava do Sul faz parte da região denominada Bloco São Gabriel e

compreende as associações petrotectônicas aflorantes no extremo ocidental do

Escudo Sul-Rio-Grandense.

As rochas de Caçapava do Sul são mais conhecidas a partir do mapeamento

geológico realizado por Leinz e Teixeira (1941). Esses autores enquadram os

metamórficos epi a mesozonais, até então conhecidos, na região de Caçapava do Sul,

com a denominação de “Série Porongos”, de idade Pré-Cambriana Superior, a qual

foi atribuída também aos granitos neles intrusivos.

Em mapa elaborado pelos alunos do curso de geologia da UNISINOS, em

1981, os metamórficos da região de Caçapava do Sul foram agrupados sob a

denominação de “Suíte Metamórfica Passo Feio”, representada pela Sequência de

Anquizona Arroio das Pedras e uma associação metamórfica, de fáceis, xistos verdes

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a anfibolitos, composta por metabásicos, xistos magnesianos com serpentinitos, raros

quartzitos, mármores, rochas calcossilicatadas, metapelitos e gnaisses quartzo-

feldspáticos.

Bitencourt (1983), propõe a designação informal de Complexo Granítico de

Caçapava do Sul, para a ocorrência de uma massa granítica, complexamente

arranjada, de proporções batolíticas, cuja variação composicional se dá entre termos

sienograníticos até graodioríticos, com raras ocorrências de tonalitos. No mesmo

trabalho também propõe a designação informal de Complexo Metamórfico Passo Feio

para os metamórficos da região de Caçapava do Sul, constituídos por uma espessa

sequência disposta em estrutura antiformal parcialmente arrasada, em cuja porção

mais interna se encontra o complexo granítico.

Nardi e Bitencourt (1989) indicam que o Complexo Granítico de Caçapava do

Sul e suas encaixantes metamórficas foram submetidas a metamorfismo e

deformação há 550 Ma, estando associados às fases tardias de evolução da

Orogênese Brasiliana, relacionada com a formação de bacias ensiálicas e zonas de

cisalhamento.

No mapa Geológico do Rio Grande do Sul e parte do Escudo Sul-Rio-

Grandense, publicado pelo 1º Distrito Regional do DNPM, apresenta as rochas do

Complexo Metamórfico Passo Feio, dentro de duas unidades maiores, denominadas

de Complexo Vulcano Sedimentar e Cinturão Vacacaí, que ocorrem

concordantemente associados formando os terrenos granito-greenstone.

Ao leste da faixa dos metamórficos da região de Caçapava do Sul, ocorrem

sequências sedimentares e vulcânicas, pertencentes ao Grupo Maricá. Constituem,

essa associação, rochas sedimentares clásticas, conglomerados, arenitos, siltitos e

lamitos, geralmente ritmicamente intercalados, predominantemente continentais, de

origem fluviolacustre, de cores oxidantes, que com intercalações locais de derrames

e piroclásticos de caráter essencialmente subaéreo e natureza andesitica, encontram-

se afetadas por falhamentos transcorrentes e inversos, exibindo um padrão

deformacional ainda não bem definido. Essas rochas são capeadas por derrames

riolíticos.

Apesar da diversidade litológica da porção oeste do Escudo Sul-Rio-

Grandense, foram abordados com maior detalhamento o Complexo Granítico de

Caçapava do Sul, o Complexo Metamórfico Passo Feio e as Formações Arroio dos

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Nobres e Hilário do Grupo Maricá, devido estas sequências fazerem parte do contexto

regional da área estudada.

O complexo Metamórfico Passo Feio segundo Bitencourt (1983), esses

metamórficos da região de Caçapava do Sul constituem uma espessa sequência

disposta em estrutura antiformal parcialmente arrasada, em cuja porção mais interna

se encontra o complexo granítico. No mapa geológico, área da borda leste, perfazem

26,4 km². Toda a sequência está intensamente deformada, sendo a superfície

regionalmente dobrada penetrativa, metamórfica e espacialmente concordante em

todos os tipos litológicos.

O complexo metamórfico é constituído principalmente por xistos pelíticos,

fílitos, mármores, rochas calcossilicatadas, quartzitos, xistos anfibolíticos, rochas

magnesianas, gnaisses, quartzo-feldspáticos, rochas metavulnoclásticas e

metavulcâncias.

Os metapelitos, Bitencourt (1983), compreendem xistos e fílitos a muscovita,

biotita ou clorita, contendo granada, cloritóide ou estaurolita.

As ocorrências de mármores, essencialmente dolomíticos, possuem uma

coloração que varia de branco-leitoso, amarelado e róseo, com níveis irregulares e

descontínuos de coloração verde, rósea, preta até um cinza claro-azulado.

Granulação média, bandeamento nítido, encontrando-se encaixados em muscovita-

clorita xistos e quartzitos a muscovita. Ocorrem na forma de lentes boudinadas, de

dimensões variáveis que se alongam na direção da foliação regional. Essas lentes

são interpenetradas por apófises graníticas, concordantes e discordantes ao

acamadamento visível.

Bortolotto, (1987), estudou amostras desses mármores, por vários métodos,

com o objetivo de identificar a caracterizar os minerais carbonáticos e silicáticos. Foi

possível a distinção de dolomita, calcita e calcita ferrífera. As análises modal e química

indicaram predominância de carbonatos sobre silicatos, estando estes últimos

relacionados mais às bandas da rocha. Os minerais silicáticos detectados foram talco,

tremolita, diopsídio, forsterita, clorita e flogopita. Em menores quantidades aparecem

titanita, apatita e quartzo, sendo comum, também a serpentina oriunda de alterações

da forsterita.

As rochas calcossilicatadas, segundo Bitencourt, (1983), compreendem biotita

calco-xisto e quartzo diopsídio gnaisses de ocorrências restrita, associadas a lentes

de mármores impuros e apresentando contatos gradacionais com os mesmos.

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Os quartzitos ocorrem na forma dos níveis intercalados a outras litologias, ou

como bancos individuais concordantes com o restante da sequência. Termos mais

puros são restritos, compreendendo, dominantemente, muscovita quartzitos e biotita

quartzitos, com quantidades inferiores a 1%, em volume de epidoto, zircão, turmalina,

esfeno e granada.

Os xistos anfibolíticos ocorrem por vezes, associados aos mármores da

sequência sem que haja gradação entre as unidades. São rochas de coloração preta

ou esverdeada, com forte estrutura planar, contínua e intimamente espaçada.

As rochas magnesianas são representadas por tremolita xistos e talco-tremolita

xistos, intercalados na sequência regional, concordantemente com a estrutura planar

dominante.

Gnaisses quartzo-feldspáticos ocorrem na área adjacente à borda sudeste do

complexo granítico. São assim denominados por apresentarem mais de 55%, em

volume, desses minerais, O restante dos constituintes é bastante diversificado,

compreendendo granada, anfibólios cálcicos e biotita nas mais diversas combinações.

O complexo acima descrito, onde se insere as jazidas de calcário do município

de Caçapava do Sul, bordejam de modo interpenetrante o granito homônimo do

município.

O metamorfismo regional do Complexo Passo Feio é de baixo grau, sendo

considerado como pertencente à fácies xisto verde. Superpondo-se ao metamorfismo

regional, registra-se o metamorfismo de contato causado pela intrusão granítica, com

efeitos térmicos que provocaram a marmorização do calcário e metassomáticos que

formaram alguns silicatos, tais como serpentina, anfibólios, talco, olivina, etc.

No contato leste, entre os metamórficos e o complexo granítico, local da área

de estudo é comum a presença de níveis e pequenas apófises de composição

granítica intercalados com os metamórficos, estando concordantes ou em baixo

ângulo com a foliação principal dos mesmos.

O Complexo Granítico de Caçapava do Sul forma um corpo aflorante com cerca

de 250 Km². Possui um formato, em planta, que se assemelha a uma elipse, com eixo

maior orientado para norte. No conjunto, apresenta-se em contato com granulitos e

gnaisses do Complexo Cambaí, rochas xistosas do Complexo Metamórfico Passo

Feio, rochas vulcânicas e sedimentares do Grupo Maricá.

Totalmente envoltas pelas rochas xistosas, calcossilicatadas, metapelitos,

mármores e quartzitos atribuídos ao Complexo Metamórfico Passo Feio, as rochas

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graníticas mostram, com estas rochas, contatos ora por falhas, ora concordantes,

verificando-se, no último caso, concordância entre a foliação dos metamórficos e a

foliação milonítica da rocha granítica.

O contato das rochas graníticas com os metamórficos encaixantes foi descrito

por Bitencourt, (1983), como nítido e dominantemente concordante nas bordas sul e

norte, com anfibólios e xistos pelíticos, porém não reconheceu nestes locais a

presença de cornubianitos, embora estes tenham sido mencionados na literatura sem

ter sua localização e extensão especificadas Leins et al. (1941) e Ribeiro et al. (1966).

3.7 Geologia Local

Na área de estudo as litologias encontradas se referem ao quartzito

feldspáticos, biotita-carbonato-xisto, quartzo-clorita-xisto, calcário marmorizado,

granito e matabásico.

Em alguns locais o pacote apresenta intrusões de corpos diabásicos, apófises

graníticas e intercalações de xistos. Esses materiais constituem o estéril da mina e

são colocados em pilhas de aterro dentro da área licenciada e na recuperação de

cavas de frentes de lavra já exauridas.

A situação mais comum é ter o xisto como capa, após o solo e as argilas e o

granito como lapa. Nas rochas onde ocorre o contato mármore-granito, verifica-se que

o mesmo se dá através de uma superfície bem definida, não se notando auréolas de

influência, conforme Figura 7.

Figura 7 – Contato mármore-granito, na porção norte da Mina da Corticeira.

Fonte: Autor.

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Outro fato importante a ser considerado é que, algumas vezes, o granito

incorpora verdadeiros bolsões de mármores em seu interior, o que exige um bom

controle de sondagem para um melhor planejamento. Conforme observa-se na Figura

8, nos resultados da inversão 2D de resistividade elétrica em linha retilínea na

superfície, utilizando a técnica de caminhamento elétrico com arranjo dipolo-dipolo,

espaçamento de 5 metros entre eletrodos.

Figura 8 – Imagem geofísica utilizando o método elétrico, na área de estudo.

Fonte: Ilha el at. Modificado pelo Autor.

O local da pesquisa é delimitado pelas coordenadas: Latitudes -

30°31'16.7101"S e 30°35'45.7195"S; Longitudes - 53°26'55.2296"W e

53°22'52.7285"W. Foram realizados três furos de sonda com recuperação de

testemunhos para delimitar o corpo de minério e, posteriormente, foram feitos outros

furos para confirmar a direção e comprimento do bolsão. Atualmente está sendo

lavrado.

Esses mármores constituem grandes corpos. A atitude do pacote possui

direção preferencial (NE 0º-10º) e mergulho SE que varia de 24º a 37º, e em alguns

locais os depósitos são aflorantes.

Ocorrem afloramentos da rocha dolomítica nas descontinuidades, ocasionando

erosões naturais, encontrando-se mais na zona deprimida do contato das duas

unidades geomorfológicas e que coincidem com a área de influência direta.

A sua composição química apresenta teores médios de 19% MgO e de 32% de

CaO, possibilitando o aproveitamento dessas rochas para a produção de calcário

agrícola como corretivo de solo nas lavouras e para a produção da cal.

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3.8 Clima

A classificação climática da região de Caçapava do Sul podem ocorrer duas

variações climáticas; clima subtropical úmido, com chuvas todos os meses,

temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC e a do mês mais frio podendo

oscilar entre - 3ºC e 18ºC; e clima temperado, em que a temperatura média do mês

mais quente é inferior a 22ºC.

Entretanto, não há estudos que determine se este empreendimento ou outros

na região com as mesmas características, possam causar impactos suficiente para

provocar alterações climáticas.

3.8.1 Balanço hídrico

O balanço hídrico da área de estudo foi calculado pela diferença entre a

precipitação média mensal de Caçapava do Sul e a evapotranspiração potencial na

mesma localidade, também determinada por médias mensais, entre os anos de 1961

2000, apresentando os resultados que estão no Figura 9.

Figura 9 – Balanço hídrico do município de Caçapava do Sul, no período entre 1961

e 2000.

Fonte: Embrapa, Estação de Encruzilhada do Sul, RS, 2010.

A retirada e reposição hídrica indica que nos meses de junho, julho e agosto

são registrados os maiores excedentes sendo superiores a 100mm. Nos meses

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de janeiro a maio e de outubro a dezembro os excedentes são inferiores a 80mm.

Em outubro o excedente é de 98mm, não ocorrendo deficiência hídrica ao longo

de um ano em que é mantida a média de precipitações pluviais para esta região.

3.8.2 Recursos hídrico superficiais

A área de estudo inserida no município de Caçapava do Sul abrange três

bacias hidrográficas, Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA (2008). De

acordo com a divisão estadual, as bacias hidrográficas do Vacacaí-Vacacaí Mirim

e do Baixo Jacuí pertencem à região hidrográfica do Guaíba, enquanto a bacia

hidrográfica do Camaquã está inserida na região hidrográfica das Bacias

Litorâneas. Com a distribuição apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Divisão das bacias hidrográficas, contendo o percentual de áreas do

município, população urbana e rural.

Bacias Hidrográficas

Área do Município na Bacia

(%)

População Urbana

População

Rural Urbana

na Bacia

Rural na

Bacia

Total na Bacia

Vacacaí- Vacacaí

Mirim 30,38 25.410 8.280 2.825 2.516 5.341

Baixo Jacuí 40,08 25.410 8.280 22.585 3.378 25.963

Camaquã

28,82 25.410 8.280 _______ 2.386 2.386

Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente (2008).

A bacia do Baixo Jacuí banha 40,08% da área do município e envolve a área

do trabalho, nela estão inseridos a população urbana e rural.

O principal curso d’água que cruza a área de estudo é o Arroio do Salso, cujos

usos principais são para a captação industrial e dessedentação animal.

O Arroio do Salso nasce nas imediações da Vila do Segredo, a oeste das

minerações, na altitude média dos 420m. Das cabeceiras aos primeiros 3km de curso

desce a cotas próximas dos 300m, suavizando-se depois para altitude de 200m aos

10km de curso, chegando a 120m de cota após 14km, antes da passagem pela BR-

392.

A sua bacia total na confluência com o Arroio Mangueirão, é de 61,7km².

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Nos pontos: P1, P2, P3 e P4 são realizadas coletas de água para análise físico-

químicos, de acordo com a Resolução CONAMA 357/05, mapa da Figura 10.

Figura 10 – Mapa da área de estudo com os pontos de amostragem de água, no Arroio

do Salso.

Fonte: Gomes, E. (2014) modificado pelo Autor.

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As análises dos últimos dez anos estão de acordo com os parâmetros exigidos

pela legislação, no gráfico da Figura 11, estão as médias das análises feitas nos

pontos P1, P2, P3 e P4.

Figura 11 – Média das análises físico-químicos dos pontos P1, P2, P3 e P4 realizadas

nos últimos 10 anos nas águas do Arroio do Salso.

Fonte: Autor.

Embora as análises mostram que os resultados atendem os parâmetros da

Resolução CONAMA 357/2005, verificou-se que a condutividade, sólidos totais e

sólidos totais voláteis aumentam a jusante em relação ao ponto a montante. Com

relação a óleos e graxas está em desacordo porque a norma estabelece a ausência,

porém a incidência ocorre a montante e continua no curso do Arroio do Salso.

Esta pesquisa, integrou o Programa de Monitoramento de Águas de Mina, da

Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA, Campus de Caçapava do Sul,

realizando um estudo pioneiro no monitoramento das águas de mina.

Estas águas são as que percolam pelas fraturas das rochas metamórficas e,

também, são fortemente afetadas pelas alterações das drenagens, depositando-se no

fundo das cavas e de lá retiradas por bombas hidráulicas ou por gravidade, nas frentes

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de lavra de encosta. A extração do minério gera muitos finos sendo carreados por

essas águas, o que pode afetar a sua condição físico-química.

Na área de estudo foram coletadas amostras de água em 4 (quatro) pontos:

Mina Corticeira – AM 1, Arroio do Salso – AM 2, Mina Mangueirão AM 3 e no Pé do

Aterro R 1 – AM 4, conforme indicado no mapa da Figura 10.

Os resultados das amostragens subsidiaram a avaliação da poluição das águas

do empreendimento, sendo apresentado na Tabela 2, uma síntese dos resultados dos

parâmetros químicos analisados.

Tabela 2 – Síntese dos resultados dos parâmetros químicos analisados, das águas

coletadas nos pontos AM 1, AM 2, AM 3 e AM 4.

Parâmetro Mínimo Máximo Média Mediana CONAMA

Potencial hidrogeniônico - pH 7,18 9,74 8,34 8,27 6 a 9

Alcalinidade (mg/L) 5,5 432 67,93 40 Sem índice

Condutividade (uS/cm 54 1314 401,92 356,5 Sem índice

Dureza (mg/L) 55 714 269,07 260 500 mg/L

Mg/L Cl- 3,91 89,8 12,1 8,25 250 mg/L

Fonte: Autor.

A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais se dá diretamente

devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. Também, o seu efeito

indireto é muito importante podendo em determinadas condições de pH contribuírem

para a precipitação de elementos químicos tóxicos como metais pesados. Os pH

mantem-se no limite da legislação, mas em cinco análises eles apresentaram

resultados elevados chegado a 9,74. Verificou-se que em épocas de chuvas eles

obtiveram os menores índices.

A alcalinidade das águas não representa risco potencial à saúde pública.

Provoca alteração no paladar e a rejeição da água em concentrações inferiores

àquelas que eventualmente pudessem trazer prejuízos mais sérios. A alcalinidade não

se constitui em padrão de potabilidade, ficando este efeito limitado pelo valor do pH.

De acordo com os resultados, a alcalinidade apresentou menores valores nos meses

de agosto e setembro, períodos chuvosos, nos demais foi elevado chegando a 432

mg/l.

A condutividade elétrica está relacionada à concentração de íons dissolvidos

nos corpos de águas. Portanto, quanto maior a concentração desses íons dissolvidos,

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maior o valor da condutividade elétrica, a média das análises ficou em 401,92 µS/cm.

O CONAMA não estabelece índice para este parâmetro. Porém, os valores

registrados não comprometem a sobrevivência da comunidade aquática porque não

há relatos por moradores na região de mortandade de animais aquáticos. E, durante

o período, de realização deste trabalho não foi verificado registro de morte de animais

aquáticos.

São quatro os principais compostos que conferem dureza às águas:

bicarbonato de cálcio, bicarbonato de magnésio, sulfato de cálcio e sulfato de

magnésio. A principal fonte de dureza nas águas é a sua dissolução da rocha calcária

pelo gás carbônico da água. A água pode ser classificada segundo a sua dureza em:

mole ou branda < 50 mg/l CaCO3; dureza moderada entre 50 e 150 mg/l CaCO3; dura

entre 150 e 300 mg/l CaCO3, e muito dura > 300 mg/l CaCO3. A água dura é

indesejável não só porque o sabão forma sais solúveis com os compostos de cálcio,

mas também, porque os sais de cálcio e magnésio se depositam nas caldeiras de

vapor, formando incrustações.

Entretanto, a concentração de sais dissolvidos na água pode afetar os peixes

se houver mudança da pressão osmótica e da densidade da água.

Já a toxidade de várias substâncias e elementos possui uma variação conforme

o nível de dureza da água e em alguns pontos da análise a dureza atingiu 714 mg/l

A Portaria n 1469/2000 do Ministério da Saúde, limita a dureza em 500 mg/l

CaCO3 como padrão de potabilidade. Este padrão não é muito restritivo, pois uma

água com 500 mg/l de dureza é classificada como “muito dura”.

As analises apontaram como dureza mínima 55 mg/l e a máxima de 714 mg/l,

extrapolando o limite legal. A água que percola a Pilha R 1 apresenta o valor máximo

de dureza.

O cloreto não apresenta toxicidade ao ser humano, exceto no caso da

deficiência no metabolismo de cloreto de sódio. Concentrações acima de 250 mg/l

causam sabor detectável na água, mas o limite depende dos cátions associados. Os

consumidores podem, no entanto, habituarem-se a uma concentração de 250 mg/l,

limite máximo estabelecido pelo CONAMA.

O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas, oriundo da

percolação da água através de solos e rochas, as análises não apresentaram valores

suficientes para ultrapassar o limite legal.

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3.9 Solos

O estudo do solo, através da ótica do controle ambiental, é de vital importância

uma vez que sustenta os ecossistemas terrestres, tendo influência direta sobre o

restabelecimento do meio biótico.

O solo pode ser considerado um recurso natural não renovável ou renovável a

longo prazo, mas altamente vulnerável aos processos de degradação. Sua

recuperação normalmente é muito demorada e de custo financeiro elevado. Desta

forma, sua proteção é fundamental, evitando as perdas que acarretariam em

problemas futuros, especialmente no que se refere à reabilitação das áreas.

As áreas de extração de calcário estão todas situadas sobre solos litólicos, mais

especificamente na Unidade de Mapeamento Pinheiro Machado que ocupa

aproximadamente 44 km² (57% da área). Os restantes 33 km² são ocupados pelos

solos lateríticos da Unidade de mapeamento São Jerônimo. Adjacentes a estas

unidades e, sofrendo impactos indiretos, ocorrem as Unidades de Mapeamento Ibaré

e Cambai. Os quais apresentam as seguintes características.

Os solos litólicos da Unidade Pinheiro Machado de origem granítica ocorrem

em relevos ondulados e fortemente ondulados, com declividades em torno de 8 a 15%

e situam-se em altitudes que vão de 200 a 500 m. São comuns os afloramentos de

rochas constituídas, principalmente, por boulders de granito de diversos tamanhos.

São solos minerais não hidromórfico, rudimentares, pouco evoluídos e rasos, com

profundidade em torno de 50 cm até o substrato rochoso. Bem drenados, de coloração

escura, textura média e com porcentagens elevadas das frações mais grosseiras de

areia grossa e cascalhos.

Apesar da pouca espessura, o que de certa forma limita o crescimento das

plantas, o substrato deste solo é constituído por rochas brandas ou fragmentadas que,

segundo Oliveira et al. (1992) permitem a penetração das raízes das plantas através

das fendas e entre os fragmentos rochosos, para buscar nutrientes e água a

profundidades maiores.

Os solos lateríticos, da Unidade São Jerônimo são na sua maioria profundos e

bem drenados, originados a partir de granitos. Ocorrem em relevos ondulados com

pendentes em centenas de metros, em altitudes entre 100 e 250 m aproximadamente.

A cobertura vegetal original era predominantemente de campos mistos, sendo que a

vegetação mais alta é arbustiva, ocorrendo principalmente em forma de capões de

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mirtáceas. São solos de coloração bruno avermelhada, textura franco argilosa e

argilosa com cascalhos e porosos.

A susceptibilidade à erosão é menor que nas demais unidades descritas apesar

de ocorrer em terreno ondulado, estando propenso principalmente a erosão laminar.

A fertilidade natural baixa, a acidez e a baixa soma de bases impõem a estes solos

uma forte limitação ao uso agrícola, que apresentam uma ligeira limitação quanto a

falta d’água e ao uso de implementos.

Os processos de degradação do solo, segundo Dedecek (1992) podem ser

divididos em degradação por deslocamento e por deterioração interna. O primeiro diz

respeito ao efeito causado pelo deslocamento do solo para longe do seu ponto de

origem, incluindo deposição local ou fora da área. O segundo, refere-se às alterações

das características naturais do solo, quer sejam químicas, físicas ou biológicas.

Na área de estudo, observa-se a ocorrência desses processos, perdendo-se,

com o avanço da extração, grandes qualidades de solo. Isto acontece porque durante

a decapagem as camadas do solo não são separadas, e a armazenagem também não

é feita de forma e em local adequado. Além disto, muitas toneladas de solo são

perdidas anualmente pelos impactos indiretos da exploração sobre as áreas

adjacentes.

As observações feitas a campo, na área de estudo, mostram que houve

modificações químicas e físicas ocorridas nos solos devido a sua movimentação

provocando alterações na sua estrutura e afetando algumas destas características

porque vários tipos de solos foram misturados e outros foram perdidos ao se juntarem

com os estéreis nos bota-foras e com os rejeitos provenientes da britagem.

Outro fator importante é a compactação dos solos o que está diretamente

relacionado a aeração e ao regime hídrico que controla a retenção e a liberação de

água, que é vital para o desenvolvimento e crescimento das plantas, dificultando mais

para a recuperação da área. No Quadro 2, apresenta os principais fatores que mais

influenciam na degradação do solo.

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Quadro 2 – Principais fatores que mais degradam os solos.

Lavra Indicadores Quantidades/ano

Decapagem Volume retirado 4.500m³

Aumento das taxas de erosão 20%

Extração de recursos Quantidade extraída/ano 1.100.000 t

Geração de estéril Quantidade/ano em pilhas 800.000 t

Pilhas de estoques Nível dos estoques/mês 30.000t

Fonte: Autor.

O volume de solo retirado anualmente não é reaproveitado integralmente e

muitas vezes são depositados junto as pilhas de estéril, provocando erosões

sucessivas.

A maioria das vezes as pilhas de estéril e de estoques são feitas em cima do

solo, não havendo a preocupação na sua retirada e na construção do sistema de

drenagens.

3.10 Meio biótico

3.10.1 Vegetação

O compartilhamento da vegetação sobre o relevo se dá através da presença

de campos limpos no alto da serra e coxilhas, campo sujos e vassourais nas partes

planas, ocorrendo matas de galeria até florestas latifoliadas subtropicais, bem como

capões e pinhais nativos.

A vegetação característica dessa região é variada, devido aos fatores

climáticos e edáficos. As nativas se restringem as encostas dos cerros e depressões

acentuadas, onde o aspecto fitofisionômico dessa formação se encontra bastante

preservado. Muitas constituem as áreas de preservação permanente – APP.

A mata arbustiva apresenta como componentes principais, as Mirtáceas. Entre

outras espécies arbóreas destacam-se o camboim (Myrceugenia spp), o molhe

(Schinus dependens) e o branquilho (Scbastiana Klotzchiana). A mata alta tem como

principais representantes o açoita-cavalo (Luchea divaricata), espirilhos (Fagara spp),

chal-chal (Allophylus edulis), cocão (Erythoxylum sp), canelas (Nectandra spp),

figueiras (Ficus sp), cedro (Cedrela fissilis), cangerana (Cabralea glaberrima), Ipê

(Tabebuia spp), algumas vezes aparecem entremeados de cipós e barba de pau

(Tillandsia usneóides),

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A região da Encosta da Serra, onde está inserida a cidade de Caçapava do Sul,

tem sua maior extensão composta por áreas cobertas de gramíneas, formando os

campos. A vegetação arbórea tem caráter hidrófilo e concentra-se no fundo dos vales,

junto aos córregos, nas encostas dos cerros ou em meio ao campo formando

pequenos e esparsos capões.

A área de influência direta e indireta que corresponde ao processo de

mineração, encontra-se totalmente antropizada, apresentando esparsas áreas

cobertas por vegetação de porte, onde ocorrem a presença de poucos indivíduos

remanescentes da cobertura original. Por se tratar de uma área afetada pela ocupação

humana, os ecossistemas terrestres e aquáticos, encontram-se parcialmente

descaracterizados devido ao desmatamento, a poluição sonora, do ar e o

assoreamento dos cursos d’água.

A espécie vegetal mais utilizada tanto na área de estudo com nas demais áreas

adjacentes é a do gênero Eucalyptus, para fins comerciais. Esse plantio, localiza-se

tanto em áreas originalmente de campo, como em áreas de florestas desmatadas.

Começa a ser introduzida como uma espécie de recuperação de área, devido ao seu

uso comercial, especialmente, pela indústria da cal.

Parte da área de pesquisa antes das atividades de mineração era utilizada para

o cultivo de pequenas lavouras com plantações de milho, feijão e hortaliças. A outra

parte, em maior quantidade, era ocupada para a criação bovina, ovina e equina,

inclusive nas áreas de influência indireta e, nessas áreas, predominava o cultivo de

gramíneas.

Atualmente, ainda é possível observar a paisagem descrita no parágrafo

anterior nas áreas em que não estão ocupadas pelas atividades de minerações.

No entanto, ocorreu derrubadas e o aterramento de vegetação existente, na

fase do decapeamento do corpo de minério, alterando e assoreando os cursos d’água

das drenagens existentes, misturando horizontes edáficos e compactando-os. A

média dos últimos 3 (três) anos de supressão de área com vegetação nativa foi de

4.000m² e a taxa de perda de solo de 50%.

Esses distúrbios ocorrem mesmo quando há a retirada do solo orgânico para

uso imediato ou futuro na recuperação de áreas degradadas, comprometendo a

sucessão secundária do ecossistema.

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3.10.2 Fauna

A área de estudo está inserida na região denominada Serra do Sudeste, cujas

características físicas e biológicas são típicas. Porém, o avanço das atividades

mineiras sobre os ambientes naturais, embora alguns já degradados por outras

atividades antrópicas pretéritas, fez com que espécies faunísticas fossem ameaçadas.

Contudo, ainda se vê uma enorme variedade de espécies, mas há ausência da

catalogação, quantificação e informações específicas sobre elas.

Com relação à ornitofauna, as espécies mais comuns são o joão-de-barro

(Furnarius rufus), quero-quero (Vanellus chilensis), urubu-de-cabeça-preta (Coragyps

atratus), anu-branco (Guira guira), cardeal (Paroaria coronata), jacuaçu (Penelope

obscura), pombão (Patagioenas picazuro), juriti-pupu (Leptotila verreauxi), codorna-

amarela (Nothura maculosa), perdiz (Rhynchotus rufescens), tiriba-de-testa-vermelha

(Pyrrhura frontalis) e a caturrita (Myiopsitta monachus).

No grupo da mastofauna merecem destaque espécies de bugio (Alouatta

fusca), tamanduá-mirim (Tamandua tectradactila), lontra (Lontra longicaudis), veado-

mateiro (Mazama americana), quati (Nasua nasua), paca (Agouti paca), gato-do-mato-

pequeno (Leopardus tigrinus), e gato-do-mato-grande (Oncifelis geoffroyi), morcego

vampiro (Desmodus rotundus), espécie de morcego hematófago transmissor do vírus

da raiva. Esses animais constam da lista das espécies da fauna silvestre ameaçadas

de extinção no Rio Grande do Sul, Decreto nº 41.672/02.

Na herpetofauna as espécies mais comuns são o lagarto (Tupinambas

merianae), falsa-coral-comum (Oxyrhopus rhombifer), cobra-espada-comum

(Tomodom dorsatus), cobra-verde-listrada (Philodryas olfersii), papa-pinto (Philodryas

patagoniensis), cobra-cipó-verde (Philodryas aestiva), caninana verde-oliva

(Chironius exoletus), caninana-verde-comum (Chironius bicarinatus), corredeira-do-

campo (Thamnodynastes strigatus), jararaquinha d'agua-comum (Lhiophis anomalus),

cobra-verde-comum (Liophis poecilogyrus ), oveira-bagual (Mastigodryas bifossatus),

cabeça-preta-pampeana (Phalotrys lemniscatus), muçurana-comum (Boiruna

maculata), corredeira-do-mato (Echinanthera occipitalis), cobra-d’água-comum

(Helicops infrataeniatus), cobra-cega sulina (Leptotyphlops munoai), cruzeira

(Bothrops alternatus), jararaca-pintada (Bothrops pubescens), coral-verdadeira

(Micrurus altirostris), rã (Hypsiboas pulchellus), rã-arlequim (Pseudis minuta),

pererecas (Scinax spp) e sapos (Leptodactylus spp).

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Com o início das atividades de mineração ocorreu a eliminação do habitat

natural da fauna, tornando a área mais hostil possível. É importante uma ação rápida

para revigorar outros habitats e dar uma sustentação de vida a fauna afastada até que

a área impactada seja recuperada ou restaurada

Na análise dos impactos ambientais esta área foi apontada, por este trabalho,

como a mais deficiente e os ecossistemas que abrigam essas espécies precisam de

maior atenção e cuidados. Sendo necessários estudos para definir uma estratégia de

recuperação ambiental e o estabelecimento de planos de ações, indicadores e

monitoramentos futuros.

3.11 Meio antrópico

O munícipio de Caçapava do Sul possui grande diversidade de recursos

minerais, mas, atualmente, ocorre pouca explotação de argilas e muito de rochas de

calcário dolomíticos para a indústria de calcário agrícola, cal e argamassas.

De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) existem

diversos requerimentos e autorizações de pesquisa mineral para areia, carvão

mineral, cascalho, chumbo, cobre, gabro, granito, ouro, zinco, ouro, prata, talco, entre

outros. Dentre essas substâncias, o minério de cobre predomina com o maior número

de requerimentos e autorizações de pesquisa ao longo de toda área municipal.

As sete indústrias de calcário juntas são responsáveis pela produção de 85%

de calcário dolomítico do Estado do Rio Grande do Sul. Destaca-se a Dagoberto

Barcellos S/A como maior empresa do município que atua no beneficiamento de rocha

calcária dolomítica para a produção da cal, argamassa e corretivo de solo.

As atividades florestais para fins comerciais, restringem-se ao cultivo do

Eucalyptus spp e Acacia mearnsi, servem para as indústrias de calcário, para a

produção de celulose e como subsistência nas propriedades rurais. Segundo a

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) (2013), o município

possuí 15.000 hectares plantadas de eucalipto e 500 hectares cultivadas com acácia-

negra.

Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2010), a

população do município no ano de 2010 atingiu 33.690 pessoas, apresentando uma

pequena redução em relação ao ano de 2000 que foi de 34.643. Entretanto, verifica-

se que o êxodo rural ocorre ano a ano a uma taxa de 4,6%/ano, desde o ano de 2000.

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Atingindo, no último censo 8.280 habitantes no meio rural e 25.410 na zona urbana.

Com uma densidade demográfica de 11,05 habitantes/km². Mesmo com este elevado

índice de êxodo rural, ainda, mantém uma atividade forte na pecuária. As principais

atividades agrícolas são o cultivo do arroz, soja, trigo, milho e feijão.

Na última década, a construção do Campus da UNIPAMPA foi o maior e o mais

importante investimento sucedido no município e que ainda está em expansão,

aumentando a cada ano o número de alunos, servidores e professores,

proporcionando um crescimento positivo na sua economia.

Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), que criou o Índice de

Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE), que avalia o grau de desenvolvimento

dos municípios e das regiões de todo o país, com parâmetros internacionais idênticos

aos adotados pela Organização das Nações Unidas para o cálculo do Índice do

Desenvolvimento Humano (IDH), onde os resultados flutuam entre 0 a 1. Valores mais

próximos a 0 (zero) são ruins e quanto mais próximos a 1 (um) são bons. Caçapava

do Sul apresentou os seguintes resultados no ano de 2009, que foram publicados em

2013, Tabela 3.

Tabela 3 – IDESE (2013), de Caçapava do Sul comparado com o Estado do Rio

Grande do Sul, referente a 2009.

Unidade Geográfica

Educação Renda Saneamento Saúde IDESE

Índice Ordem Índice Ordem Índice Ordem Índice Ordem Índice Ordem

Caçapava do Sul

0,872 210° 0,668 302° 0,567 66° 0 ,849 306° 0,739 134°

RS 0,870 0,813 0,569 0,850 0,776

Fonte: FEE (2013).

Verifica-se que o melhor desempenho do município foi no bloco Saneamento e

Domicílios que leva em consideração o percentual de domicílios abastecidos com

água, atendimento com esgoto sanitário e a média de moradores por domicílio. No

bloco Saúde, com relação ao restante dos municípios, Caçapava do Sul obteve o seu

pior desempenho, ocupando a posição 306º. Nos blocos Educação e Renda o

município ocupa a 210º e 302º posição, respectivamente.

A atividade industrial mineral é representativa na vida econômica do município,

segundo dados da Secretária Municipal da Fazenda essa atividade corresponde a

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35,7% de toda a economia de Caçapava do Sul de forma direta, enquanto que a

atividade agropecuária participa com 19,2%.

3.12 Ruídos, vibrações e qualidade do ar

Na área de influência direta não existem dados disponíveis para a

caracterização dos impactos ambientais sobre ruídos, vibrações e qualidade do ar

existentes na época da instalação do empreendimento.

Por semelhança, atualmente é possível avaliar nas áreas não ocupadas pela

mineração que ocorrem várias atividades antrópicas coma a agricultura, pecuária,

comércio e outros micros empreendimentos individuais que produzem ruídos,

vibrações e podem afetar a qualidade do ar.

Com o início das atividades mineira, começou a utilização de equipamentos

como perfuratriz e compressor de ar, explosivos, pá-carregadeira, caminhões

basculantes, escavadeiras, trator de esteiras, bomba d’água e passou a ocorrer

impactos negativos com a produção de ruídos e poeiras.

A partir do início deste trabalho começaram as medições dos ruídos produzidos

pelos equipamentos, medidos com aparelho Digital Sound Level Meter Wilh RS 232,

marca Extech, calibrado em 08 de julho de 2013, pela Walm Lab. Os pontos de

medição atendem a norma e foram feitos na posição do respectivo operador e a uma

distância de 5 metros do equipamento (Figura 12).

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Figura 12 – Níveis de ruídos produzidos pelos equipamentos nas operações de lavra,

durante um turno de 8 (oito) horas de trabalho.

Fonte: Autor.

A maioria dos resultados estão acima dos 85 dB, indicado pela norma

regulamentadora NR 15 – ABNT, levando em consideração a máxima exposição diária

que é de 8 (oito) horas, tempo que normalmente está exposto o trabalhador (Figura

12).

As perfuratrizes pneumáticas Wagon Drill apresentaram os níveis mais alto de

ruídos 110 dB, enquanto que o nível mais baixo foi da pá-carregadeira com 86 dB,

com medições na posição do operador e na distância de 5 metros.

Para as detonações foram utilizados três sismógrafos Geo Sonics 3000 EZ,

dentro do Programa de monitoramento de vibrações e ruídos, da UNIPAMPA, Campus

de Caçapava do Sul. Foram executadas diversas medições de vibrações e ruídos,

constatando-se que alguns níveis de ruídos atingiam o máximo permitido pela NBR

9653 (1986) - Guia para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas

minerações em áreas urbanas – Procedimento, mas estavam dentro da área de

influência. Todas as medições ocorreram dentro da área de influência.

As vibrações são decorrentes do uso de equipamentos pesados e

principalmente pelo desmonte de rochas com o uso de explosivos, que causam

sobrepressão, vibrações no terreno, ruídos e ultralançamentos.

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As principais fontes de sobrepressão numa detonação de bancada são:

deslocamento da rocha, decorrente diretamente do deslocamento físico da rocha;

vibrações na superfície rochosa, devido à reflexão das ondas sísmicas em faces livres,

onde uma parcela da energia é transmitida como um pulso para o ar; escape de gases,

decorrente do escape de gases pelas fraturas; ejeção do tampão, decorrente de gases

saindo com a ejeção do tampão e do sistema de iniciação, como uso de cordel

detonante e espoletas em superfície, não confinados.

Os limites de vibração do terreno sugeridos pela NBR 9653 (1986) são divididos

em três faixas, de acordo com a frequência das ondas sísmicas, medidas através da

velocidade de partícula: de 15 a 20 mm/s, para frequências abaixo de 15 Hz, de 20 a

50 mm/s, para frequências entre 15 e 40 Hz e acima de 50 mm/s, para frequências

acima de 40 Hz. Os monitoramentos realizados na área de influência não

apresentaram valores superiores a norma.

A emissão de particulados (poeiras diversas) indica a qualidade do ar

respirável, interferindo no sistema respiratório e pode afetar os pulmões e todo o

organismo dos seres humanos. O material particulado serve de meio de transporte

para outras substâncias, como hidrocarbonetos e metais, que se agregam às

partículas, Netto (1999); Quiterio (2004).

Na área de estudo, em alguns pontos os limites da poeira respirável

apresentaram resultados superiores aos parâmetros da NBR 15 (1978), conforme

Tabela 4.

Tabela 4 – Concentração da poeira respirável na área de estudo.

Indicador Concentração Limite de tolerância p/poeira respirável

(mg/m³)

Poeira respirável 2,332mg/m³ 2,755

Sílica livre 0,904mg/m³

Fonte: Autor.

Observa-se que o limite de tolerância (LT) para poeira respirável deve ser

calculado de acordo com a fórmula abaixo em mg/m³ para jornada de até 48

horas/semana:

LT = 8 / %quartzo + 2 ... (1)

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As medições dos limites da poeira respirável foram realizadas pela Fundação

Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO),

vinculada ao Ministério de Trabalho e Emprego.

Os resultados desses impactos negativos determinaram a quantificação do

valor da gravidade, frequência e controle nas suas respectivas avaliações.

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CAPÍTULO 4

4 METODOLOGIA

Foi realizado uma pesquisa de campo para identificar os impactos ambientais

gerados pela lavra de rocha dolomítica para a produção da cal e de calcário, na Mina

do Mangueirão (área de estudo) que utiliza o método de lavra a céu aberto e possui

as quatro operações unitárias de lavra (perfuração, desmonte, carregamento e

transporte).

A Matriz de Leopold faz uma análise quantitativa dos impactos ambientais.

Porém, não contempla a identificação das ações humanas (aspectos ambientais) e

traz uma lista de impactos pré-selecionados que de certa maneira restringe a análise,

cria uma certa dificuldade devido o número elevado de interações, não considera o

aspecto temporal e de espacialidade.

Assim, optou-se em criar uma metodologia de análise quantitativa para que os

impactos ambientais fossem comparados e compreendidos rapidamente pelas partes

envolvidas no processo de avaliação, de gestão e pela direção da organização.

Contemplando os requisitos da NBR ISO 14001:2004, onde as avaliações dos

impactos ambientais resultem da correlação atividade x etapa x aspecto x impacto

ambiental e que os atributos de gravidade, temporalidade, espacialidade e controle

dos impactos sejam avaliados e, posteriormente, obtendo-se a magnitude e a

importância dos impactos ambientais identificados. Elaborando-se um modelo capaz

de ser aplicado em todas as áreas da organização.

Várias fases compõem esta metodologia, sendo a primeira a identificação da

atividade que altera a situação base, ou seja, a situação ambiental anteriormente

existente. Sendo estas, constituídas pela sondagem e pela lavra, tendo essas

atividades diversas etapas, conforme relação na matriz de AIA, no Apêndice A, que

são os diversos tipos de intervenção humana para realizar as obras necessárias do

empreendimento.

A seguir, foi realizado um levantamento das ações das etapas correlacionando-

as com as atividades para encontrar os aspectos ambientais que estão associados a

elas. Essas ações são os aspectos ambientais e seus efeitos que produzem os

impactos ambientais.

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Conhecendo os aspectos, procedeu-se a identificação dos impactos ambientais

adversos que são aqueles que trazem algum tipo de dano ao meio ambiente,

correlacionando-se impacto x aspecto x etapa x atividade.

Portanto, os aspectos são as causas enquanto que os impactos ambientais são

os efeitos da ação.

Com estes elementos correlacionados, elaborou-se uma matriz para a análise

dos impactos ambientais, inserindo método de análise com atributos de avaliação

adaptados à realidade da organização. Estruturando-se então, uma nova metodologia

de avaliação dos impactos ambientais atendendo os requisitos da NBR ISO

14001:2004, conforme mostra a Figura 13.

Figura 13 – Sequenciamento dos dados que compõe cada coluna da matriz.

Fonte: Autor.

Avaliar os aspectos e impactos ambientais visa principalmente identificar as

ações humanas e as decorrentes consequências. A avaliação e hierarquização destas

ações gerarão subsídios para a definição e elaboração de programas e projetos,

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focando as ações que precisam ser monitoradas, mitigadas e ou evitada, Schneider

(2011).

Para avaliar os impactos foram fixados os seguintes atributos: periodicidade,

vizinhança, gravidade e controle. Estabelecendo-se procedimentos de quantificação

dos atributos numa escala de 1 (um) a 6 (seis), conforme Quadro 3.

Quadro 3 – Procedimento de qualificação dos atributos que compõe o método de

análise quantitativa.

Escala

Procedimento de quantificação dos atributos

Periodicidade (P)

Vizinhança (V)

Gravidade (G)

Controle (C)

1 ≥ 2 anos Sem

reclamação

Evento pouco perceptível, e reversível por uma ação imediata e simples.

Controle total

2 Anual Anual

Baixa, apresenta prejuízo moderado ao MA, porém reversível com ação concomitante a operação.

Controle eficiente, 20% dos resultados do monitoramento não correspondem aos índices previstos nas normas internas e na legislação.

3 Semestral Semestral

Média, evento causa prejuízos ao MA, porém reversível com ação preventiva anterior a operação.

Média eficiência, 40% dos resultados do monitoramento não correspondem aos índices previstos nas normas internas e na legislação.

4 Trimestral Trimestral

Grande, evento causa prejuízos ao MA, requer ação complexa antes e após a operação.

Com baixa eficiência no monitoramento previsto nas normas internas e na legislação.

5 Mensal Mensal Irreversível temporariamente, ≤ 4 anos.

Péssima eficiência atende parte das normas internas e legislação ou sem monitoramento.

6 Diária Diária Irreversível temporariamente, > 4 anos

Sem controle, sem monitoramento.

Fonte: Autor.

A periodicidade (P) se refere ao número de vezes em que o impacto ocorre em

um determinado tempo, que vai de diário até igual ou mais de 2 (dois) anos.

A vizinhança (V) é pontuada de acordo com a quantidade de queixa ou

reclamação recebida pela empresa em um espaço de tempo, que vai de queixas

diárias até sem queixas ou reclamação.

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A gravidade (G) se refere sobre a percepção, a capacidade de reversão ou não

do evento ocorrido.

A escala de controle (C) ficou atrelada a existência ou não de monitoramentos

e nos casos em que há, em quanto os resultados obtidos atingem os parâmetros legais

ou não.

A falta de indicadores e a ausência de monitoramentos foi entendida como

ausência de controle, portanto aumentando o valor deste atributo. Também,

prejudicou a análise estatística sobre o comportamento de cada impacto num

determinado horizonte de tempo.

A magnitude do impacto é dada pela soma dos valores conferido a cada atributo

dentro de uma escala que vai de 1 (um) a 6 (seis), de acordo com a Equação 2.

Magnitude (M) = (P+V+G+C) ... (2)

A análise dos impactos ambientais segue o fluxograma da Figura 14,

correspondendo o ordenamento da matriz.

Figura 14 - Fluxograma das etapas da metodologia aplicada na matriz da AIA.

Fonte: Autor.

A avaliação inicia depois da identificação dos impactos com o respectivo

enquadramento na escala de valores dos atributos, Quadro 3.

Esta avaliação numérica pode ser confrontada e analisada com facilidade pelos

agentes e gestores não envolvidos diretamente no procedimento de quantificação dos

atributos. Este procedimento de análise quantitativa é de fácil modificação,

independente do período de tempo entre as análises ou na implantação de novas

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atividades. Podendo ser utilizado para reanálise sistematicamente e de maneira

fragmentada.

O impacto ambiental que atinge o maior valor na soma dos atributos é o 1º na

ordem da hierarquia dos impactos, enquanto que o de menor valor é o último. Esta

hierarquização reflete a importância da magnitude dos impactos.

A importância do impacto é dada pelo nível de classificação que lhe é conferido

com o valor da soma dos atributos, que varia entre 4 (quatro) a 24 (vinte e quatro)

pontos.

Os níveis de classificados são: pequeno, médio e grave.

Nível pequeno são os impactos com até 8 (oito) pontos, que corresponde a 33%

do valor máximo da soma. São impactos que não ultrapassam os parâmetros

estabelecidos pela legislação.

Nível médio são os impactos que corresponde a menos de 63% do valor

máximo da soma, ficando entre 9 (nove) a 15 (quinze) pontos.

Nível grave são os impactos acima de 63% ou acima de 15 pontos. Exigem

atenção especial porque são os mais complexos e já apresentam alguma ineficiência

nos controles. São os primeiros a serem tratados, atendendo um dos objetivos deste

trabalho.

Os impactos ambientais são distribuídos de acordo a soma dos valores dos

atributos avaliados e classificados nos respectivos níveis de significância, conforme o

Quadro 4.

Quadro 4 – Classificação e significância dos impactos ambientais, a partir da

pontuação obtida.

Classificação de

Impacto

Soma dos

atributos (Eq. 2)

Significância

(Importância)

Pequeno De 4 a 8 Não

Médio De 9 a 15 Sim

Grave Acima de 15 Sim

Fonte: Matriz de AIA, Apêndice I.

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Através da classificação dos impactos foi definida a sua significância, sendo

considerados significantes todos os impactos classificados como médios e graves, os

demais como não significantes. Os significantes são tratados, iniciando pelos graves.

As cores verde, amarela e vermelha foram escolhidas para identificar

visualmente os impactos classificados como pequeno, médio e grave

respectivamente. Para criar um mapa de risco dos impactos ambientais das atividades

envolvendo todas as suas etapas que serve de macro controle visual para os gestores

e direção, Figura 15. Passou a integrar os treinamentos dos colaboradores antes de

desenvolver uma das etapas da atividade de lavra.

Figura 15 – Mapa de risco dos impactos ambientais das atividades e suas etapas.

Fonte: Autor.

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O mapa de risco dos impactos ambientais (Figura 15) foi desdobrado em cada

etapa da atividade para que a informação sobre os impactos das operações seja

alcançada de maneira simples e rápida pelos colaboradores, através do contato visual

no local de trabalho sobre os níveis de impactos produzidos e mantenham os cuidados

recomendados, tendo o objetivo de prevenir a poluição. A Figura 16, mostra um

exemplo do mapa desdobrado para a etapa do desmonte.

Figura 16 – Mapa de risco dos impactos ambientais setorial, exemplo da etapa do

desmonte.

Fonte: Autor.

No treinamento aos colaboradores foi explicado que a sinalização verde indica

um impacto ambiental pequeno e deve ser mantido controlado, o de cor amarela é um

impacto médio que requer atenção e precisa ser diminuído, e o de cor vermelha indica

impacto grave e requer muita atenção e solicita de todos os cuidados para reduzir os

seus efeitos, conforme os procedimentos da rotina operacional desta etapa.

Após a classificação este trabalho tratou dos impactos graves instituindo

indicadores, metas, plano de ações e monitoramentos. Estas ações devem ser

implantadas, de maneira padronizada para todas as demais classificações.

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Na análise dos impactos também foi identificado a sua condição em relação a

rotina operacional a que estão atrelados, sendo identificados, conforme Quadro 5.

Quadro 5 – Apresenta a condição dos impactos ambientais.

Normal (N) Rotineiro

Anormal (A) Não rotineiro

Emergencial (E) Associado a situação de risco e rotineiro.

Fonte: Matriz de AIA, Apêndice A.

Esta condição do impacto em relação a rotina operacional é importante

conhecer para implementar medidas mais eficazes de mitigação ou recuperação.

Com base nos resultados obtidos na matriz de avaliação dos impactos

ambientais, constante do Apêndice A, foram elaborados os indicadores, metas, planos

de ações e monitoramentos dos impactos ambientais.

4.1 Análise dos resultados

Para a elaboração dos estudos dos impactos ambientais do empreendimento e

ações decorrentes, foram consideradas duas áreas de influência: i) área de influência

direta; e ii) área de influência indireta.

A área de influência direta compreende a poligonal licenciado pelos órgãos

federal e estadual, sendo dispensado atenção especial as áreas com frentes de lavra,

pilhas de estéril e rejeitos e vias de acesso.

Esta área está inserida nas bacias hidrográficas dos arroios Mangueirão e do

Salso, sub-bacias do Arroio Irapuazinho, às margens da rodovia BR-392, que liga as

cidades de Caçapava do Sul a Rio Grande.

A área de influência indireta compreende a porção de entorno, onde são

sentidos os impactos indiretos do empreendimento sobre o meio ambiente.

Este estudo considerou as características do meio antrópico, climáticas,

geológicas, morfológicas, recursos hídricos, solos, meio biótico do empreendimento

que estão descritas no Capítulo 3. E foi elaborado a matriz de avaliação dos impactos

ambientais a partir da sequência de elementos inter-relacionados, como mostra a

Figura 17.

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Figura 17 – Apresenta os elementos inter-relacionados que compõe a matriz de

avaliação dos impactos ambientais.

Fonte: Matriz de AIA, Apêndice A.

Muitas vezes os impactos ambientais, nominalmente, são iguais, porém com

intensidades diferentes devido a sua inter-relação dos elementos geradores da matriz

de avaliação, atividade x etapa x aspecto ambiental x impacto ambiental. Portanto,

foram analisados e avaliados isoladamente seguindo esta cadeia até a sua origem e,

consequentemente, as ações de prevenção e mitigação são diferentes, mesmo para

impactos com nomes iguais.

Nesta premissa, foram identificados e avaliados na matriz da AIA 71 (setenta e

um) impactos ambientais, conforme Apêndice I, obtendo diversas pontuações. Quanto

maior o valor obtido, maior o grau de risco do impacto sobre a natureza. Esses valores

servem para hierarquizar e classificar os impactos ambientais identificados, na matriz

(Figura 18).

Impactos

ambientais

(71)

Aspectos

(16)

Etapas

(11)

Atividades

(2)

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65

Figura 18 – Gráfico com a pontuação obtida pelos impactos ambientais e respectiva

classificação.

Fonte: Matriz de AIA, Apêndice A.

Dos 71 impactos ambientais identificados 15 (quinze) foram classificados como

pequenos, 41 como médio e 15 impactos ambientais foram classificados como grave,

que corresponde a 21,13% dos impactos das atividades mineiras. Estes são os

primeiros a serem tratados e a metodologia aplicada a eles devem ser a mesma para

os demais.

A produção de dados medidos e demais informações encontradas nos arquivos

do empreendimento impossibilitou um estudo sobre a tendência desses impactos,

servindo apenas para fazer uma avaliação quantitativa inicial para estabelecer

indicadores, metas, planos de ação e monitoramentos futuros que permitiram uma

reanálise dos impactos identificados.

Verificou-se a falta de monitoramento e de dados armazenados sobre os 71

(setenta e um) impactos ambientais avaliados, que é conferido pelo atributo controle,

o qual possui 6 (seis) níveis de avaliação com escala de valores de 1 a 6 pontos, onde

a partir da escala 4 (quatro) os controles são de baixa eficiência. Sendo que 45% dos

controles estão nesta faixa, agravando a severidade do impacto, Figura 19.

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Figura 19 – Distribuição do número de avaliações de valores da escala do atributo de

controle.

Fonte: Matriz da AIA, Apêndice A.

Na avaliação do atributo de controle nenhum impacto possui controle total, a

maior concentração de valores da escala atinge a pontuação 3, indicando média

eficiência, 40% dos resultados do monitoramento não correspondem aos índices

previstos nas normas internas e na legislação, correspondendo a 31% dos impactos

identificados.

4.2 Indicadores, metas, planos de ação e monitoramento

Com o objetivo de alcançar um padrão de desempenho ambiental saudável é

necessário o compromisso organizacional com a abordagem sistemática e com a

melhoria contínua de seu Sistema de Gestão Ambiental. Através dele a empresa se

mobiliza interna e externamente para conquistar a qualidade ambiental desejada com

a disposição de metas em processo contínuo e que identifiquem oportunidades de

melhorias com a preparação de indicadores ambientais. Segundo Sánchez, 2008, há

uma enorme quantidade de indicadores e índices ambientais que podem ser utilizados

em AIA. Selecionar os indicadores mais adequados é tarefa importante para o

analista.

Os indicadores são informações quantificadas e de cunho científico, de fácil

compreensão para ser usadas no processo de gestão. São úteis como ferramentas

17

22

9

6

17

0

5

10

15

20

25

2 3 4 5 6Escala de valores do atributo controle

Núm

ero

de a

valia

ções

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67

de avaliação de determinados fenômenos, apresentando suas tendências e

progressos que se alteram num horizonte de tempo.

Porém, essas informações são simplificadas para que se possa lidar com uma

realidade de medidas que venham a ilustrar e comunicar o conjunto de fenômenos

ocorridos no meio ambiente em decorrência da extração dos recursos naturais e das

atividades humanas correlacionadas, que podem diminuir ou aumentar os

investimentos em tempo e recursos financeiros.

Na classificação os impactos ficaram arranjados da seguinte forma: pequeno

21,13%, médio 57,74% e grave 21,13%, Figura 20.

Figura 20 – Distribuição dos níveis de impactos pela classificação.

Fonte: Matriz de AIA, Apêndice A.

Um dos objetivos específicos deste estudo é priorizar o tratamento dos

impactos graves que correspondem 21,13%, dos 71 (setenta e um) impactos

identificados, estabelecendo indicadores e metas.

O modelo proposto de indicadores deve atender os parâmetros do processo e

a premissa básica da NBR ISO 14001:2004 da melhoria continua e ser implementado

continuamente. Esta formulação deve conter informações simplificadas e de fácil

compreensão, com metas exequíveis, planos de ações bem definidos e

monitoramentos adequados aos parâmetros da legislação.

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A listagem dos impactos na classificação grave, conforme Quadro 6, ocorre

nominalmente semelhança, mas são impactos diferentes e de hierarquias distintas.

Quadro 6 – Lista de impactos ambientais classificados no nível grave e com a ordem

alcançada na hierarquização que indica a sua severidade.

Etapa Aspecto ambiental Impacto ambiental Ordem

Perfuração

Geração de ruídos Poluição sonora 4º

Óleos e graxas Poluição da água 4º

Poluição do solo 3º

Desmonte Geração de ruídos Poluição sonora 3º

Geração de vibrações Dano geotécnico 4º

Carregamento Óleos e graxas Poluição da água 4º

Poluição do solo 4º

Pilha de estéril Deposição do estéril

Alteração da paisagem 2º

Erosão 4º

Deslizamento de material 4º

Pilha de run of mine Deposição do minério Alteração da paisagem 3º

Cava de mina Remoção do minério

Afastamento da fauna 1º

Alteração da paisagem 3º

Alteração de drenagens Erosão 4º

Fonte: Matriz da AIA, Apêndice A.

A lista dos impactos do quadro acima segue a ordem operacional e da Matriz

da AIA, Apêndice A.

A organização dos indicadores, das metas, dos planos de ação e

monitoramentos foi construída atendendo a ordem de importância dada pela

classificação dos impactos ambientais, de acordo com a sua magnitude. O Quadro 7,

segue a ordem hierárquica dos impactos, iniciando pelo 1º (primeiro) impacto, que é

o afastamento da fauna em virtude da remoção do minério da cava de mina, seguindo

da alteração da paisagem provocada pelas pilhas de estéril e, assim, sucessivamente.

Atendendo mais um dos objetivos específicos,

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Quadro 7 – Indicadores, metas, planos de ação e monitoramentos aos impactos

ambientais classificados no nível grave.

Ordem Impactos ambientais

1º Afastamento da fauna decorrente da remoção do minério

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Área de cava recuperada 0,5 ha/ano - 1 ha/ano

Plano de ação: iniciar o trabalho de recuperação de áreas nas cavas remanescentes das frentes de lavras exauridas dentro da poligonal. A sequência de recuperação abrange as fases de preenchimento da cava com estéril, argila, solo orgânico, preparação da área para plantar gramíneas, depois arbóreas nativas frutíferas e condições para a formação de novo ecossistema para que sobrevenha a sucessão ecológica.

Monitoramento: Medir anualmente a área que foi recuperada.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Catalogar e contar espécies em área de referencia Não há - 20 espécies

Plano de ação: Realizar identificação e contagem de 20 espécies anualmente, na área de referência (área de mata natural que não foi alterada) e, após fazer a identificação das mesmas em áreas de recuperação.

Monitoramento: Efetuar a conferencia das espécies semestralmente.

Indicador Nível

medido Limite da legislação

Meta

Revegetar área recuperada 300

mudas/ano -

600 mudas/ano

Plano de ação: Após a preparação do solo, revegetar aplicando a técnica de ilhas de diversidade.

Monitoramento: Acompanhar o crescimento das mudas bimestralmente e o retorno de animais para formar novo ecossistema. Realizar contagem dos animais semestralmente.

Ordem Impactos ambientais

2º Alteração da paisagem decorrente da deposição de estéril

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Revegetar taludes das pilhas 200

mudas/anos -

500 mudas/ano

Plano de ação: Após a configuração dos taludes das pilhas colocar solo orgânico e material orgânico de outras áreas para formar serrapilheiras e plantar as mudas de arbóreas nativas com coveamento aleatório.

Monitoramento: controlar o crescimento das mudas mensalmente e ação das formigas. Contar a chegada das espécies nesse local.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta reduzir

Deposição de estéril 700 t/ano - 100 t/ano

Plano de ação: Planejar as cavas das frentes de lavras de modo que, após a sua exaustão seja possível receber o estéril produzido pela mineração.

Monitoramento: Medir mensalmente as quantidades de estéril depositados nas pilhas e nas cavas.

Ordem Impactos ambientais

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70

Continuação do Quadro 7 - Indicadores, metas, planos de ação e monitoramentos aos impactos ambientais classificados no nível grave.

3º Alteração da paisagem decorrente da deposição de minério

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Arbóreas exóticas e nativas plantadas em torno 100 árvores - 50

mudas/ano

Plano de ação: Plantar arbóreas exóticas e nativas que atingem altura elevada, em torno das pilhas de estoques.

Monitoramento: controlar o crescimento das mudas mensalmente e ação das formigas.

Ordem Impactos ambientais

3º Alteração da paisagem decorrente da remoção de minério.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Área de cava recuperada 0,5 ha/ano - 1 ha/ano

Plano de ação: iniciar o trabalho de recuperação de áreas nas cavas remanescentes das frentes de lavras exauridas dentro da poligonal. A sequência de recuperação abrange as fases de preenchimento da cava com estéril, argila, solo orgânico, preparação da área para plantar gramíneas, depois arbóreas nativas frutíferas e condições para a formação de novo ecossistema para que sobrevenha a sucessão ecológica.

Monitoramento: Medir anualmente a área que foi recuperada.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Configurar ângulos de taludes. 75º 60º 35º

Plano de ação: Suavizar os ângulos de taludes da recuperação da cava para que não haja erosão do solo orgânico com a ação das chuvas. Reforçar cristas dos taludes para evitar erosões.

Monitoramento: Medir os ângulos dos taludes quando houver recuperação da área.

Ordem Impactos ambientais

3º/4º Poluição do solo com óleos e graxas na perfuração e no carregamento.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta (diminuir)

Quantidades de óleos e graxas derramados. 864 l/ano Ausente 150 l/ano

Plano de ação: revisar as mangueiras das máquinas e equipamentos de acordo com a recomendação do fabricante. Substituir por peças genuínas. Treinar os lubrificadores e operadores de máquinas e equipamentos sobre a maneira correta de fazer as trocas de óleos e engraxamentos.

Monitoramento: registrar as marcas de mangueiras adquiridas. Conferir as trocas de óleo com as horas programadas para a manutenção preventiva.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Remover solo contaminado. 87 t/ano Ausente 20 t/ano

Plano de ação: Criar Comissão interna de prevenção ambiental (CIPA) e capacita-los para atuar nos acidentes ambientais e adotar medidas emergenciais necessárias, dando a destinação correta para o solo contaminado.

Monitoramento: cadastrar os acidentes ambientais.

Ordem Impactos ambientais

3º Poluição sonora decorrente da geração de ruídos da perfuração de rochas

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

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Continuação do Quadro 7 - Indicadores, metas, planos de ação e monitoramentos aos impactos ambientais classificados no nível grave.

Medição raio de 5 metros (dB) 105 dB 85 dB 85 dB

Plano de ação: Controlar regulagem do martelo e pressão de ar. Utilizar ferramenta de perfuração adequada (bit balístico para a rocha dolomítica). Operadores devem usar protetores auricular tipo concha e plug, durante a perfuração.

Monitoramento: Mensalmente medir o ruído no raio de 5 metros do equipamento.

Ordem Impactos ambientais

4º Poluição sonora decorrente do desmonte de rochas

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Média dos ruídos das detonações 146 dB 134 dB 134 dB

Plano de ação: Eliminar o uso de cordel detonante para a ligação dos furos e utilizar tubo de choque.

Monitoramento: Medir bimestralmente, com sismógrafo o ruído de 3 (três) desmontes.

Ordem Impactos ambientais

4º Poluição da água com óleos e graxas no carregamento.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta

Quantidades de óleos e graxas derramados. 864 l/ano Ausente 150 l/ano

Plano de ação: revisar as mangueiras das máquinas e equipamentos de acordo com a recomendação do fabricante. Substituir por peças genuínas. Treinar os lubrificadores e operadores de máquinas e equipamentos sobre a maneira correta de fazer as trocas de óleos e engraxamentos.

Monitoramento: registrar as marcas de mangueiras adquiridas. Conferir as trocas de óleo com as horas programadas para a manutenção preventiva.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta (Redução)

Contaminação das águas. 8 mg/l Ausente 3 mg/l

Plano de ação: remover óleos e graxas que caem no solo e impermeabilizar o piso das oficinas canalizando a água com óleos e graxas para caixas de separação.

Monitoramento: Medir semestralmente as águas superficiais para ver se há contaminação.

Ordem Impactos ambientais

4º Dano geotécnico decorrente das vibrações produzidas no desmonte de rochas

Indicador Nível

medido Limite da legislação

Meta (redução/ano)

Reduzir a carga máxima de espera 162 kg - 30 kg

Plano de ação: adequar plano de fogo com tempos de retardos para reduzir o impacto da última linha e ligações que reduza a carga máxima por espera. Iniciar detonação com carga de fundo do furo. Planejar bancadas com no máximo 12 m de altura e direcionar as frentes de avanço, sempre que possível, de acordo com o maior número de falhamentos e mergulho preferencial.

Ordem Impactos ambientais

4º Erosão decorrente da deposição de estéril em pilhas

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta (reduzir/ano)

Área de erosões nos taludes das pilhas. 180 m² Ausente 60 m²

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Continuação do Quadro 7 - Indicadores, metas, planos de ação e monitoramentos aos impactos ambientais classificados no nível grave.

Plano de ação: Reforçar crista dos taludes e deixar ângulo final de talude 35º, junto com o solo orgânico colocar matéria orgânica retirada de outras áreas para formar serapilheira. Plantar gramíneas nativas logo após a configuração dos taludes.

Monitoramento: Medir ângulos finais dos taludes logo após as configurações. Mensalmente verificar o crescimento das gramíneas nativas.

Ordem Impactos ambientais

4º Erosão decorrente da alteração de drenagens, na cava da mina.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta (reduzir/ano)

Área de assoreamento nas drenagens próximas a cava das frentes de lavra.

420 m² Ausente 140 m²/ano

Plano de ação: Estabelecer canal de configuração em torno das frentes de lavra, mantendo-os limpos e construir bacias de sedimentação a jusante dos canais. Bombear água de mina para as bacias de sedimentação. Colocar leiras nas cristas das bancadas. Projetar as vias de acesso com elevação entre 1 a 3 % no seu leito e canalizar as águas pelas laterais.

Monitoramento: Mensalmente limpar os canais de configuração. Inspecionar as leiras. Trimestralmente medir áreas de assoreamento. Semestralmente limpar bacias de sedimentação.

Ordem Impactos ambientais

4º Deslizamento de material decorrente das pilhas de estéril.

Indicador Nível medido Limite da legislação

Meta (reduzir/ano)

Rupturas de taludes 180m linear Ausente 60 m linear

Plano de ação: Construir pilhas ascendente com ângulos máximos de 70º. Não misturar material argiloso dos materiais grosseiros. Drenar as águas das pilhas no sentido oposto a frente de descarregamento. Manter cristas dos taludes com leiras e berma mínima de 4m.

Monitoramento: Mensalmente verificar visualmente se há trincas nas pilhas. Anualmente verificar com instrumentos se há deslocamento do depósito.

Fonte: Autor.

O estabelecimento das metas levou em consideração o aporte financeiro

destinado anualmente para a recuperação ambiental e a disponibilidade de

equipamentos, porque são os mesmos utilizados nas operações de lavra.

4.3 Recomendações para a implantação do Sistema de Gestão Ambiental

Como se trata de um empreendimento em operação, não foi seguida a

sequência da estrutura raiz do Sistema de Gestão Ambiental, que é compreendido

pela criação da política ambiental, planejamento, implementação e operação,

verificação, análise pela administração e melhoria contínua.

A partir de todos os resultados obtidos foi recomendada a organização

responsável pelo empreendimento uma sequência de procedimentos, fundamentados

na NBR ISO 14001:2004, para a implantação do SGA. E que esta metodologia seja

referência para os demais impactos em todos os setores da empresa.

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Tratando inicialmente dos impactos negativos e os mais acentuados do

empreendimento, tais como: poluição sonora, poluição da água, poluição do solo,

dano geotécnico, alteração da paisagem, erosão, afastamento da fauna e

deslizamento de material.

Estes impactos ambientais abordados foram definidos por análise quantitativa,

concedendo-lhes a respectiva classificação e significância, de acordo com a referida

norma, com estudo que adotou critérios próprios baseados na Matriz de Leopold

(1971), de acordo com a legislação ambiental, conhecimento prévio do autor das

atividades inerentes a área de estudo e a preocupação da alta direção.

Definidos os impactos ambientais pela classificação e significância,

implantando uma melhor eficiência dos controles dos impactos é estabelecido o

planejamento, baseado em objetivos e metas.

Os objetivos ambientais e metas são intenções que uma organização se propõe

a atingir, os mesmos devem ser quantificados com o estabelecimento de prazos

exequíveis e buscar o atendimento da legislação vigente. Deve-se estabelecer

indicadores para serem usados como referencial das medições e/ou análises por meio

de planilhas, por isto, devem ser definidos em valores para poder avaliar os níveis de

desempenho ambiental do empreendimento.

Para atender os objetivos específicos foram elaboradas propostas que estão

no Quadro 7, iniciando pela ordem de gravidade dos impactos ambientais, contendo

indicador, meta, plano de ação e monitoramento.

O modelo proposto da matriz de avaliação dos impactos ambientais com

análise quantitativa permite que se faça novas avaliações, ou identifique novos

aspectos ambientais, ou outras atividades e etapas. Possui uma flexibilidade

suficiente para atender as diversas caraterísticas do meio ambiente, podendo ser

descritos rapidamente novos impactos identificados, bem como os efeitos das

medidas mitigadoras.

É de enorme relevância para o sucesso da implantação do SGA o treinamento

para todos os colaboradores sobre a importância da adoção desse sistema e saber

identificar e interpretar o mapa de risco dos impactos ambientais do seu setor, agindo

conforme as orientações contidas nos procedimentos de cada operação e impedindo

que atos falhos podem impactar ainda mais o local de trabalho. A união de todos os

fatores pode promover uma melhoria efetiva no controle dos impactos e na sua

mitigação.

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74

Sugere-se que a aplicação desses treinamentos seja feita por empresas

terceirizadas de acordo com às áreas específicas de cada setor. E, após seja criada

uma comissão interna de prevenção ambiental, paralela ou integrada a comissão

interna de prevenção de acidentes, para identificar potenciais acidentes ambientais,

adotar procedimentos de emergências, procedimento para comunicação com órgãos

ambientais, etc.

Para a finalizar a implantação do SGA, devem ser elaboradas as diretrizes de

forma participativa, por um grupo de pessoas internas e/ou externas à organização. E

que as diretrizes sejam cumpridas em todos os níveis da organização. Outro ponto de

grande relevância é a avaliação de forma periódica e sistêmica do andamento dos

trabalhos de implantação ao longo do processo, visando à tomada de decisões das

ações corretivas em relação ao plano inicial e nos desdobramentos e detalhamentos

dos mesmos, incluindo nessa avaliação a Matriz da AIA.

Além da implementação de todas as ações recomendadas, a alta direção deve

buscar a criação de uma política ambiental a fim de prover e promover os recursos

mínimos para o controle dos níveis de poluentes gerados, bem como, a contratação

de uma auditoria para a implantação efetiva do Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

E estruturar um departamento a nível de gerência com equipe técnica multidisciplinar

para atender a todos os procedimentos exigidos pelas normas e legislação vigente.

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75

CAPÍTULO 5

5. CONCLUSÃO

A presente dissertação apresenta sugestões que visam melhorar

continuamente o desempenho ambiental da organização, através de implantação da

metodologia proposta e que atende a NBR ISO 14001:2004, com uma análise

quantitativa dos impactos ambientais, estabelecendo uma correlação entre atividade

x etapa x aspecto x impacto ambiental.

No total foram identificados, avaliados, hierarquizados e classificados 71

(setenta e um) impactos ambientais no empreendimento mineiro, onde 15 obtiveram

a classificação, no nível pequeno, 41 a classificação, no nível médio e 15 na

classificação do nível grave. Dentre eles, 56 são significantes (os médios e os graves)

e 15 não significantes.

Foi elaborado o mapa de risco dos impactos ambientais para a implantação em

todas os setores da organização, tornando-o de domínio de todos os colaboradores e

envolvendo-os nesse processo de proteção do meio ambiente. Servindo como

ferramenta de gestão e maior controle visual dos impactos ambientais em toda

organização ou por setor, dando agilidade na comunicação.

Este trabalho atendeu o seu principal objetivo de elaborar uma metodologia

para a análise quantitativa dos impactos ambientais de acordo com a norma referida

e que fosse de fácil aplicação por todos os setores da organização, permitindo

reavaliações periódicas e avaliações em todas as fases de expansão do

empreendimento.

Os impactos ambientais foram classificados de acordo com a sua importância

que foi dada pela equação da magnitude (soma dos atributos).

Para os impactos ambientais do nível grave, atendendo um dos objetivos

específicos, foi definido e organizado os indicadores, metas, planos de ação e

monitoramentos para eles, no Quadro 7.

O afastamento da fauna devido à falta de controle e de cuidados em recuperar

os ecossistemas das espécies foi considerado o impacto mais grave, principalmente,

porque muitos animais desse lugar estão na lista das espécies em extinção,

requerendo uma atenção especial e rápida intervenção.

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Entretanto, para o total atendimento ao SGA é necessário controlar e monitorar

os impactos individualizados, via análises periódicas e avaliar sistematicamente a

classificação e a significância dos impactos ambientais.

Depois de implementado o SGA, a organização pode optar pela busca de sua

certificação por meio de organismos especializados. A adoção da NBR ISO

14001:2004 possibilita a obtenção de certificados de conformidade com

reconhecimento nacional e/ou internacional.

Este trabalho, proporcionou maior conhecimento e preparação ao profissional

que realizou esta pesquisa e agregou maior experiência com o desenvolvimento de

todas as atividades para coletar e produzir os dados necessários para as análises.

5.1 Estudos futuros

Recomenda-se estudos sobre a qualidade dos solos na região de extração das

rochas calcárias dolomíticas para confrontar com os valores de referência de

qualidade estabelecidas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique

Luiz Roessler/RS - FEPAM.

Bem como, estudos sobre os impactos das alterações de drenagens na região

de mineração de rochas calcárias sobre os recursos hídricos, na região de Caçapava

do Sul.

Recomenda-se também, pesquisa sobre a percepção climática de Caçapava

do Sul, com ênfase na região de mineração de rochas dolomíticas para a produção

de cal e calcário.

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APÊNDICE A

Quadro 8 – Matriz de avaliação dos aspectos e impactos ambientais da Mina do Mangueirão.

Matriz de avaliação dos aspectos e impactos ambientais da Mina do Mangueirão.

CLASSIFICAÇÃO

Atividades

Etapas

Aspectos Impactos

Método de análise Hierarquia Significativo Condição Nível de

impacto F V G C Soma Ordem Sim (S) ou Não

(N) N/A/E

Pesquisa Sondagem

Limpeza de área Desmatamento 3 1 2 2 8 12º N N Pequeno

Poço de lama Poluição da água 1 1 1 2 5 15º N N Pequeno

Alteração da paisagem 2 1 1 2 6 14º N N Pequeno

Geração de resíduos Poluição da água 2 1 2 2 7 13º N A Pequeno

Poluição do solo 2 1 2 2 7 13º N A Pequeno

Consumo de água Comprometimento da

disponibilidade e do recurso 2 1 1 2 6 14º N N Pequeno

Óleos e graxas Poluição da água 1 1 4 6 12 8º S E Médio

Lavra

Decapeamento

Limpeza da área Desmatamento 2 1 6 2 11 9º S N Médio

Afastamento da fauna 2 1 6 6 15 5º S N Médio

Remoção do solo Poluição da água 2 1 4 3 10 10º S A Médio

Alteração da paisagem 2 1 6 4 13 7º S N Médio

Alteração drenagens Erosão 2 1 4 4 11 9º S E Médio

Poluição da água 2 1 4 3 10 10º S E Médio

Geração de ruídos Poluição sonora 2 1 3 3 9 11º S N Médio

Geração de resíduos Poluição do ar 2 1 4 3 10 10º S A Médio

Poluição da água 2 1 4 3 10 10º S A Médio

Perfuração

Geração de ruídos Poluição sonora 6 1 4 5 16 4º S N Grave

Geração de poeiras Poluição do ar 6 1 4 4 15 5º S N Médio

Óleos e graxas Poluição da água 5 1 4 6 16 4º S E Grave

Poluição do solo 6 1 4 6 17 3º S E Grave

Desmonte

Geração de ruídos Poluição sonora 6 2 4 5 17 3º S N Grave

Geração de vibrações

Dano em edificações 1 1 3 2 7 13º N A Pequeno

Dano geotécnico 5 1 5 5 16 4º S E Grave

Modificação na vazão dos

recursos hídricos 4 1 3 4 12 8º S A Médio

Geração de gases Poluição do ar 6 1 4 3 14 6º S N Médio

Geração de poeiras Poluição do ar 6 1 4 3 14 6º S N Médio

Ultralançamentos Dano ao meio antrópico 2 1 4 2 9 11º S E Médio

Dano ao meio biótico 3 1 4 2 10 10º S N Médio

Geração de resíduos Poluição do solo 6 1 4 2 13 7º S N Médio

Carregamento

Geração de ruídos Poluição sonora 6 1 2 2 11 9º S N Médio

Geração de poeiras Poluição do ar 6 1 3 2 12 8º S E Médio

Óleos e graxas Poluição da água 5 1 4 6 16 4º S E Grave

Poluição do solo 5 1 4 6 16 4º S N Grave

Transporte

Geração de poeiras Poluição do ar 6 1 4 4 15 5º S E Médio

Óleos e graxas Poluição da água 4 1 4 6 15 5º S E Médio

Poluição do solo 4 1 4 6 15 5º S N Médio

Geração de ruídos Poluição sonora 6 1 2 3 12 8º S N Médio

Emissão de C02 Poluição do ar 6 1 4 3 14 6º S N Médio

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APÊNDICE A

Continuação da Quadro 8 – Matriz de avaliação dos aspectos e impactos ambientais da Mina do Mangueirão.

Lavra

Pilhas de Estéril

Limpeza da área Desmatamento 1 1 6 5 13 7º S N Médio

Afastamento da fauna 1 1 6 6 14 6º S N Médio

Geração de ruídos Poluição sonora 6 1 2 3 12 8º S A Médio

Geração de resíduos Poluição do solo 1 1 3 4 9 11º S A Médio

Poluição da água 1 1 4 4 10 10º S A Médio

Alteração drenagens Erosão 4 1 5 6 16 4º S A Grave

Assoreamento drenagens 1 1 4 6 12 8º S N Médio

Deposição do estéril

Alteração da paisagem 5 1 6 6 18 2º S A Grave

Erosão 4 1 5 6 16 4º S E Grave

Deslizamento material 4 1 5 6 16 4º S E Grave

Incêndio ou queima 1 1 1 2 5 15º N N Pequeno

Decomposição química 1 1 4 2 8 12º S N Pequeno

Pilhas de ROM

Limpeza da área Desmatamento 1 1 6 5 13 7º S N Médio

Afastamento da fauna 1 1 6 6 14 6º S A Médio

Geração de resíduos Poluição do solo 1 1 3 3 8 12º N A Pequeno

Poluição da água 1 1 4 3 9 11º S N Médio

Deposição de ROM

Alteração da paisagem 5 1 6 5 17 3º S A Grave

Erosão 1 1 2 3 7 13º N E Pequeno

Deslizamento material 2 1 3 2 8 12º N E Pequeno

Incêndio ou queima 1 1 1 2 5 15º N N Pequeno

Vias de acesso

Geração de ruídos Poluição sonora 2 1 2 3 8 11º S N Pequeno

Geração de poeiras Poluição do ar 6 1 4 3 14 6º S N Médio

Geração de resíduos Poluição do solo 6 1 5 3 15 5º S N Médio

Limpeza da área Desmatamento 2 1 6 3 12 8º S N Médio

Afastamento da fauna 2 1 6 6 15 5º S N Médio

Cava da Mina

Remoção do minério Afastamento da fauna 6 1 6 6 19 1º S N Grave

Alteração da paisagem 6 1 6 4 17 3º S A Grave

Alteração drenagens

Erosão 6 1 6 3 16 4º S E Grave

Deslizamento de bancadas

3 1 4 3 11 9º S E Médio

Ruptura dos taludes finais 1 1 4 4 10 10º S N Médio

Recuperação da cava

Geração de ruídos Poluição sonora 2 1 2 3 8 12º S N Pequeno

Geração de poeiras Poluição do ar 6 1 4 3 14 6º S N Médio

Geração de resíduos Poluição do solo 6 1 5 3 15 5º S E Médio

Legenda: N - Inerente a rotina F - Frequência

A - Associado a operação não rotineira V - Vizinhança

E - Associado a situação de risco e inerente a atividade G - Gravidade

C - Controle

Fonte: Autor.