universidade federal do ceara departamento de engenharia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA
ACLIMATAÇÃO DE PÓS-LARVAS DO CAMARÃO MARINHO Litopenaeus
vannamei (BOONE, 1931) PARA AGUAS OLIGOHALINAS
DAVID ARAUJO BORGES
Dissertação apresentada ao Departamento de Engenharia de Pesca do Centro
de Ciências Agrarias da Universidade Federal do Ceara, como parte das
exigências para obtenção do título de Engenheiro de Pesca.
Fortaleza — CE / dezembro de 2003
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca UniversitáriaGerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
B731a Borges, David Araujo. Aclimatação de pós-larvas do Camarão Marinho Litopenaeus vannamei (BOONE, 1931)para águas Oligohalinas / David Araujo Borges. – 2003. 30 f. : il. color.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centrode Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2003. Orientação: Prof. Dr. Masayoshi Ogawa.
1. Camarão. I. Título.
CDD 639.2
COMISSÃO EXAMINADORA:
MASAYOSHI OGAWA Ph.D.
Orientador
Patricia Rodrigues de Carvalho D.Sc.
Membro
Maria Lúcia Nunes D. Sc.
Membro
VISTO:
MOISÉS ALMEIDA OLIVEIRA D.Sc.
Chefe do Departamento
ARTAMÍZIA MARIA NOGUEIRA MONTEZUMA M.Sc.
Coordenadora do Curso
AGRADECIMENTOS
A DEUS por, em sua profunda sabedoria, nos dar a oportunidade de erra e de corrigir nossos erros.
Ao professor Masayoshi Ogawa por todas as suas sábias orientações, não somente neste trabalho como em todos os outros, tendo sido o responsável direto por minha formação acadêmica.
As Professoras Vera Lucia e Norma Perdigão por sua paciência e ajuda nas correções diárias dos trabalhos publicados.
A Herbet Aragão, proprietário da Aqüicultura Vale D'Ouro, por ceder as dependências de sua propriedade para a execução da Monografia.
Ao amigo e mestre Jucimar Carvalho, por todos os seus ensinamento na profissão de carcinicultor.
Ao Técnico João Bosco, que mesmo sem um conhecimento acadêmico, ensinou-me lições sobre a vida e a profissão, as quais nunca aprenderia em sala de aula.
Aos amigos Jeffresson, Horácio, Cristiano, Tullio, Tiago, Wesley e Emanuel, por todo o incentivo e coleguismo durante a graduação.
Aos FULDOGS e aos CAMURUPINS SELVAGENS, pelos momentos agradáveis de descontração vividos na Universidade, e fora dela.
Aos componentes da CORAQ, na formação de minha visão empresarial, e na divulgação do meu potencial para a sociedade.
Aos novos e antigos membros do Laboratório de Recursos Aquáticos — LARAq, no auxilio do desenvolvimento de inúmeras pesquisas.
A todos os Professores do Departamento de Engenharia de Pesca, pelos seus valiosos ensinamentos.
A todos os meus amigos que não foram citados, mas também não foram esquecidos.
suyamo
Pág.
Lista de tabelas ii Lista de figuras iii
1 INTRODUÇÃO 1 2 OBJETIVOS 2 2.1 OBJETIVO GERAL 2 2.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS 2 3 REVISÃO DE LITERATURA 3 3.1. A produção de camarão 3 3.2. Influência da salinidade e outros fatores no cultivo de camarão 5 4 METODOLOGIA 8 4.1. Localização do Experimento 9 4.2. Tanque Berçário 9 4.3. Cuidados Preliminares 11 4.4. Aclimatação Primária 11 4.5. Processo de Aclimatação Quanto 6 Salinidade 13 4.6. Alimentação 13 4.7. Filtragem, Fertilização e Drenagem. 15 4.8. Despesca e Amostragem 15 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 17 5.1. Características da Aclimatação 17
Aclimatação primária 17 Aclimatação quanto a salinidade 18
5.2. Parâmetros Físico-químicos 19 Sobrevivência das Pós-larvas 20 Alimentação 22
6 CONCLUSÃO 22 7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 23
LISTA DE TABELAS
TABELA I Principais Paises Produtores de Carnal-5.o e suas Respectivas Produtividades no Período de 2001/2002
Principais Espécies Cultivadas na América do Sul em 2001 4
Evolução da carcinicultura no Brasil no período de 2001 e 2002 4
Quadro Geral da Carcinicultura Marinha por Estado no Ano de 2002 5
Classificação de Aguas Interiores por Faixas de Salinidade
Aclimatação do L. vannamei na larvicultura a águas de baixa salinidade em diferentes estágios de pós-larva Tabela de arraçoamento do berçário.
Variação da temperatura e pH das caixas de recepção, após sucessivas adições de água proveniente do tanque berçário, durante aclimatação primária.
7
8
14
18
Aclimatação de Pós—larvas de L. vannamei em berçário intensivo em 19 diferentes intervalos de salinidade. Sobrevivência das PL, por caixa de coleta, proveniente do 21 tanque berçário.
Pig. 3
TABELA II
TABELA BI
TABELA IV
TABELA V
TABELA VI
TABELA VII
TABELA VIII
TABELA IX
TABELA X
11
Aclimatação de Pós-larvas do Camarão Marinho Litopenaeus vannamei (BOONE, 1931) Para Aguas Oligohalinas.
DAVID ARAUJO BORGES
1 — INTRODUÇÃO
O cultivo comercial de camarões marinhos no Brasil teve inicio na década
de 70, na região Nordeste, com a introdução da espécie exótica Marsupenaeus
japonicus e, logo depois, com o domínio do ciclo reprodutivo e da produção em
escala comercial de pós-larvas de espécies nativas (Farfantepenaeus brasiliensis,
F. subitilis, Litopenaeus schirnitti). Apenas no inicio dos anos 90 iniciou se o cultivo
do Litopenaeus vannamei na Fazenda Maricultura da Bahia, quando se observou
o seu elevado grau de rusticidade, crescendo bem em condições ambientais
variadas e apresentando níveis bons de produtividade.
Em 1997, em conjunto entre o Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos
Ambientais, da Universidade Federal do Parana, e a Fazenda Borges — Cultivos
Marinhos Ltda., localizada no litoral paranaense, o L. vannamei passou a ser
cultivado também na região Centro-Sul. A produtividade média regional, de 350
kg/ha/ciclo, quando eram utilizadas espécies nativas, passou, já nos primeiros
anos, para 1200-1400 kg/ha/ciclo (BARBIERI & OSTRENSKY, 2002), atingindo,
atualmente, a nível nacional, 5.458kg/ha/ano (ROCHA & RODRIGUES, 2003).
Durante a década de 80 e inicio da década de 90 o camarão Macro bachium
rosenbergii, conhecido como "Gigante da Malásia", era a espécie de camarão de
agua doce mais cultivada no mundo (NEW, 1995), por possuir rápido crescimento
sob cultivo, comportamento dócil, fácil adaptação as diversas regiões, alta
tolerância as variações ambientais como temperatura e salinidade, curto período 2
larval, além de suportar altas densidades de estocagem (COELHO et al., 1981).
Porém mesmo com todas estas vantagens, no Brasil não se verificou a difusão do
cultivo do camarão de agua doce, devido a elevada proporção cabeça/cauda
existente nas espécies do gênero Macrobachium. Outro fator da não difusão das
1
espécies ducicolas foi a inferior palatibilidade, quando comparada com as
espécies marinhas, e elevada perda de peso quando conservado em gelo. Tais
fatores restringiram a aquicultura de águas interiores.
Deste modo, para a viabilização da carcinicultura, no meio rural, o cultivo de
camarão marinho em águas oligohalinas é de fundamental importância.
Em virtude da problemática de se determinar, dentro do ecossistema
manguezal, as regiões de salgado, onde pode—se ou não desenvolver alguma
atividade aqüicola, principalmente a carcinicultura, o cultivo do camarão marinho
L. vannamei em águas oligohalinas se mostrou bastante viável, já que a atividade
está sendo desenvolvida em áreas que não são de manguezais e, a utilização da
referida espécie surge como uma alternativa para o aproveitamento integral de
águas interiores no tocante à aquicultura, especificamente a carcinicultura.
2— OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Aclimatar pós — larvas do camarão marinho Litopenaeus vannamei para águas oligohalinas, utilizando tanques berçários de cultivo intensivo avaliando o tipo e freqüência de arraçoamento. .
2.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS
Determinar a taxa de sobrevivência das PL após a aclimatação de 10 %0 para 0%0, aproximadamente.
Elaborar plano de arraçoamento para o berçário intensivo, no tocante a: tipo de alimento empregado, quantidade utilizada e freqüência adotada.
2
3- REVISÃO DE LITERATURA
3.1. - A produção de camarão
Atualmente, o camarão branco do pacifico, Litopenaeus vannamei é o
segundo crustáceo mais cultivado do mundo (BORGHETTI et al., 2003), perdendo
apenas para o camarão tigre, Penaeus monodon.
No ano de 2002 obteve-se uma produção mundial de 1.319.128 t. do
camarão marinho, sendo a China o maior produtor (310.750 t.); ficando o Brasil
em sétimo lugar na produção mundial com 60.128 t, e no tocante a produtividade
ocupou o primeiro lugar com 4706 kg/ha/ano (Tabela l).
Tabela I - Principais paises produtores de camarão e suas respectivas produtividades no período de 2001/2002
Principals países
p
2001 2002
Produção (t,)
Area em produção
Produtividaderodutores (kg/hatano)
Produção (t.)
Area em produção
Produtividade (1<g/ha/ano)
(ha.) (ha.) China 263.203 219.399 1.200 310.750 268.400 1.158
Tailândia 320.000 86.000 3.695 260.000 76.000 3.421
Vietnã 155.000 478.800 324 178.000 699.613 254
India 100.000 150.000 667 102.940 157.000 656
Indonésia 99.000 380.000 260 102.000 380.000 268
Bangladesh 63.000 140.000 450 63.164 144.202 438
Brasil 40.000 8.500 4.706 60.128 11.016 5.458
Equador 58.736 90.000 653 57.000 90.000 633
México 40.000 35.000 1.147 38.000 35.000 1.086
Honduras 15.000 14.000 1.071 18.000 16.000 1.125
Outros 109.797 150.000 732 129.146 172.195 900
TOTAL 1.263.736 1.751.699 721 1.319.128 2.049.426 644
FONTE: ROCHA & RODRIGUES (2003)
3
Na América Latina a aquicultura tem como destaque a produção de Salmão
do Atlântico (BORGHETTI et al., 2003), que ocupa o primeiro lugar no ranking
tanto de produção, como de receitas. 0 L. vannamei ocupa o segundo lugar,
referente a receitas geradas (Tabela II).
No Brasil o cultivo do L. vannamei ocorre quase em toda a extensão de sua
costa, indo desde o Pará até Santa Catarina (Rocha & Rodrigues, 2003), com um
constante crescimento na sua produção anual, da ordem de 50%, do ano de 2001
para 2002. Este bom resultado é decorrente do incremento de 16% na
produtividade em 2002, em relação a 2001(Tabela Ill).
Tabela IT — Principais Espécies Cultivadas na América do Sul em 2001
PRODUÇÃO RECEITAS GERADAS
Posição Nome Comum Toneladas Posição Nome Comum US$ mil
1 Salmão do Atlântico 253.850 1 Salmão do Atlântico 812.320,00 2 Saimaa (coho) 136.870 2 Camarão branco do 682.173,10 3 Truta arco-iris 127.101 Pacifica, 4 Camarão branco do 114.041 3 Salmão (coho) 479.045,00
Pacific() 4 Truta arco-iris 380.427,30 5 Carpa comum 65.906 5 Carpa comum 204.133,70 6 Graciliria 65.550 6 Vieiras 111.138,10 7 Mexilhão chileno 34.648 7 Cachama 59.670,00 8 Vieiras 22.447 8 Camarão de água doce 47.558,40 9 Cachama 16.160 9 Pirapatinga 41.011,00 10 Pirapatinga 15.780 10 Gracilfiria 29.501,70
FONTE. BORGHETTI, OSTRENSKY & BORGHETTI (2003)
Tabela Ill — Evolução da carcinicultura no Brasil no período de 2001 e 2002
Variáveis Levantadas / ano 2001 2002 Variação
Numero total de produtores 507 680 + 34,10 %
Area total de viveiros em produção(ha.) 8.500 11.016 +29,60%
Produção total (t.) 40.000 60.128 +50,30%
Produtividade media nacional (kg/lia/ano) 4.706 5.458 +16,00 %
FONTE: ROCHA & RODRIGUES (2003)
4
Apesar do estado do Rio Grande do Norte ser o maior produtor, em 2002
(18.500 t., 30,77% da produção nacional), o Ceará com 16.383 t. (27,25% da
produção nacional), se destaca mundialmente por possuir a maior produtividade
do mundo, atingindo a notável marca de 7.249 kg/ha/ano (Tabela IV).
Tabela IV - Quadro geral da carcinicultura marinha por estado no ano 2002
Estado N° de Fazendas Area (ha.) Produção (t.) Produtividade (kg/haiano)
Participação por estado (%)
RN 280 3.591 18.500 5.152 30,77 CE 126 2.260 16.386 7.249 27,25 BA 36 1.710 7.904 4.622 13,15 PE 74 1.031 6.792 6.588 11,30 PB 50 582 3.018 5.186 5,02 PI 12 590 2.818 4.776 4,69 SE 40 352 1.768 5.023 2,94 SC 41 560 1.650 2.946 2,74 MA 5 155 727 4.690 1,21 ES 10 97 250 2.577 0,42 PR I 50 140 2.800 0,23
AL 2 16 100 6.116 0,17 PA 3 22 78 3.545 0,13
TOTAL 680 11.016 60.128 5.458 100,00 FONTE: ROCHA & RODRIGUES (2003)
3.2. - Influência da salinidade e outros fatores no cultivo de camarão
0 L. vannamei possui um ciclo de vida bem definido. A sua reprodução e
desova se dá no oceano, sendo as larvas carreadas, por correntes marinhas, para
o interior dos estuários aonde irão se desenvolver até a fase adulta (Figural).
Devido ao ciclo das marés, sazonalmente, estes camarões ficam expostos a
grandes variações de salinidade, tendo assim de desenvolver mecanismos de
sobrevivência - a osmorregulação (FAO, 2003).
5
STIMIMME OUTER LITTORAL
*Sp A
J - Juvenile As - Adolescent SAd - Sub Adult Ad -Adult Sp-Spawner E - Eggs N - Nauptius P - Protozoea My - Mysis Mg - Megalope
Mg My 9q1SK
Ao surgir uma modificação na concentração iônica do meio, observa-se
duas reações distintas nos animais: Os mesmos podem adaptar seus fluidos
corpóreos à concentração do meio, tomando-se isotônicos; sendo denominados
osmorreguladores, ou podem simplesmente utlilizar—se de mecanismos
reguladores para manterem constante a concentração de seus fluidos corpóreos,
muitas vezes ficando hiper ou hipotônicos com relação ao meio; sendo
denominados osmoconformados.
Figura 1 — Desenvolvimento larval de camarões Peneideos. FAO (2003)
Os camarões peneideos possuem espécies estenohalinas, isto 6, não
toleram grandes variações de salinidade, e espécies eurihalinas, que suportam
grandes variações de salinidade. Dentre as espécies eurihalinas (VALENÇA &
MENDES, 2003) podemos citar os camarões Penaeus monodon, Litopenaeus
schimit e o Litopenaeus vannamei. A espécie L. vannamei é conhecida como
potente osmorreguladora, podendo habitar desde águas com salinidade superior a
40%0 até águas com salinidade muito próxima a zero.
6
Salinidade (960) Classificação > + 40
±40 a ±30 (+ 40) a + 30+ 0,5
> + 30 ±30 a ±18 +18 a +5 + 5 a + 0,5 _ _
<±0,5
hiperalina euhalina mixohalina mixoeuhalina (mixo) polihalina (mixo) mesohalina (mixo) oligohalina Agua doce
Segundo estudos de ANDRADE et al.(1999), pós-larvas do tipo PL12 e PLia
do L. vannamei apresentaram boas taxas de sobrevivência, quando expostas a
salinidade zero, quando provavelmente, já estavam morfologicamente e
fisiologicamente aptas a se ajustar as variações de salinidade do meio.
Salientando que os estudos foram realizados em pequena escala e não em escala
comercial.
Um dos principais fatores físico-químicos que influenciam as respostas
funcionais de organismos aquáticos, tais como o crescimento, metabolismo,
reprodução e sobrevivência, é a salinidade (KINNE, 1964).
A ótima salinidade para o cultivo de determinada espécie de camarão é
aquela que se aproxima de seu ponto isosmótico, devido à diminuição do gasto
energético durante o processo de osmorregulação. 0 ponto isosmático de juvenis
de L. vannamei (CASTILLE et al., 1981; CHAVES, 1989) está entre 24,7 a 26,0 %
Segundo ESTEVES (1988) águas oligohalinas são as que possuem uma
variação de salinidade da ordem de 0,5%0 a 5%0 (Tabela V). Em se tratando de um
cultivo, em águas oligohalinas, é de se esperar que as taxas de crescimento sejam
inferiores às verificadas em águas de salinidade ótima, porém mesmo com este
fator adverso a atividade é rentável (BEZERRA & CARVALHO, 2002).
Tabela V — Classificação de águas interiores por faixa de salinidade
FONTE: ESTE \TES (1988) MODIFICADO
7
Vale ressaltar que um outro fator de extrema importância para o cultivo do L.
vannamei, em águas oligohalinas, é a dureza da água. Segundo MENDES et al.
(1999) a dureza minima em CaCO3 das Aguas de cultivo seria de 60 mg/L.
4— METODOLOGIA
Para o experimento foi utilizado um total de 1.000.000 de pós-larvas (PL) do
tipo FL11, obtidas no laboratório Equabrás. Neste laboratório, um dia antes da
entrega das PL à fazenda, foi realizada a redução gradativa da salinidade de 35%0
para 10%0, conforme descriminado na Tabela VI.
Tabela VI— Aclimatação do L. vannamei na larvicultura a Aguas de baixa salinidade em diferentes estágios de pós-larva
Faixa de salinidade (940) > PL18 <PL18 35 —20 Reduzir 296o a cada 20 min Reduzir 2%0 a cada 20 min 25— 15 Reduzir 2%0a cada 30 min Reduzir 1%0a cada 30 mn-i 15 — 10 Reduzir 1960 a cada 30 mm Reduzir 1%0 a cada 30 min 10-5 Reduzir 1%0a cada 30 min Reduzir 1%0a cada 2h 5— >1 Reduzir 1%0 a cada 1 h Reduzir 1%0a cada 5 h
FONTE: NUNES (2001)
Para a verificação da qualidade das larvas fornecidas pelo laboratório, foi
realizado um teste de estresse em uma aliquota do lote que seria adquirido.
teste de estresse consistiu na deposição de 100 PL, que originalmente se
encontravam em água com salinidade 10°/00 e temperatura ambiente
(aproximadamente 29°C), em água com salinidade 0%0 e temperatura 18°C. As
pós- larvas foram deixadas sob estas condições durante 30 min. Após este
intervalo as PL foram transferidas novamente para um recipiente contendo água
com 10%0 de salinidade e temperatura de 29°C. Novamente foram aguardados 30
min. Ao final dos 30 min foi feita a contagem das larvas mortas.
8
4.1. Localização do Experimento
0 experimento foi realizado na Fazenda Vale D'Ouro, localizada a 90 km de
Fortaleza, na localidade de Cágado, no Município de Paraipaba/CE. A referida
Fazenda é margeada pelo Rio Curl",r, o qual apresenta águas oligohalinas durante
todo o ano, predominando a salinidade inferior a 1%0.
Para assegurar que a água do Rio Curta era adequada ao cultivo do L.
vannamei, foi feita uma análise físico-química da mesma, dentre as quais:
Oxigênio dissolvido, DQO, pH e dureza.
4.2. Tanque Berçário
Na fazenda a principal estrutura utilizada na aclimatação foi o tanque berçário,
o qual consistia de uma estrutura de alvenaria, revestido de cimento queimado, de
forma circular com raio de 4 m, fundo côncavo de declividade 3,75% e altura de
1,10 m (55m3).
Para a obtenção de uma aeração intensa e homogênea utilizou-se no centro
do berçário uma tubulação de cano PVC com um layout de "espinha de peixe"
(Figura 2). A espinha dorsal (40mm (1)) não possui saída de ar, apenas serve de
apoio para as espinhas secundárias (25mm cl) ). As espinhas secundárias são
alternadas com uma distância média de 25 cm entre cada uma, e possuem furos
de (3mmcD) para a saída de ar, separados por uma distância de 15 a 20 cm. Perto
do centro do berçário, devido a um peso maior da coluna d'água, foi utilizado um
diâmetro um pouco maior para o furo da saída de ar na espinha secundária, de
forma a se obter aeração adequada no centro do berçário, onde instalou-se um
cano de 150mmcl) para levar as larvas direto para a caixa de coleta. Para o
suprimento de ar comprimido utilizou-se um soprador radial de 2,0 cv, sendo
sempre mantido um similar de reserva.
9
f
25cm
150mm0
VISTA SUPERIOR Espinha dorsal 40mmil)
Espinhas secundarias 25mma.
4m de raio
VISTA LATERAL
Berçário
1,25m
Caixa de coleta
Figura 2 — Layout do tanque berçário Dreno400mm0
Para garantir o fornecimento constante da aeração ao berçário, foi instalado
um gerador a diesel, no caso de ocorrer algum problema na rede pública de
energia elétrica.
10
4.3. Cuidados Preliminares
Antes do povoamento do tanque berçário foi realizado a assepsia do mesmo
com ácido clorídrico diluído. As paredes foram esfregadas e deixadas com o ácido
durante 2h de sol intenso. Posteriormente o tanque foi lavado com água
abundante e deixado secar por dois dias, antes de receber a água que seria
utilizada na aclimatação.
Previamente foi solicitado ao laboratório que as larvas fossem enviadas com a
salinidade de 100lo0. A aclimatação na fazenda iniciou se as 19:00 com a chegada
das PL e a confirmação da salinidade de transporte. Só então foi ajustada a
salinidade do berçário, que estava aproximadamente 15%0, para 10%0. Não se
deixou logo a salinidade do berçário em 10%0, pois os laboratórios de larvicultura
são passíveis de erro, e no caso das larvas virem a uma salinidade um pouco
mais elevada que o esperado a sobrevivência final seria comprometida.
4.4. Aclimatação Primaria
Tendo sido definida a salinidade do berçário em 10%0, iniciou-se a retirada das
larvas dos sacos de transporte das PL para as caixas de aclimatação primária.
Durante o transporte das bolsas plásticas do caminhão para as caixas de
aclimatação primária, foram escolhidas bolsas, aleatoriamente, para a visualização
das PL; sendo observado motilidade, coloração e se havia presença de larvas
mortas. Para esta aclimatação foram utilizadas 4 quatro caixas de fibra de vidro,
de 1000 L contendo, cada uma, 4 pedras de aeração.
Para a medição dos parâmetros: físico-químicos foram utilizados os seguintes
equipamentos: medidor de oxigênio F-1055 (Bernauer), medidor de pH F-1002
(Bemauer) e refratômetro de salinidade F-3000 (Bemauer).
11
Para a equiparação dos parâmetros acrescentou—se a cada uma das caixas,
que se encontravam as PL, um volume de 140 L de água proveniente do berçário.
Esperou—se 10 min e novamente verificou-se, ainda, elevada diferença entre as
temperaturas do berçário e das caixas. Considerando que a água das caixas
encontrava-se com temperatura de 26,6 °C e pH 7,8, foi realizada sifonação das
caixas utilizando sifão com tela de 300pm em forma de "T", para qu e a pressão
de sucção lateral fosse dividida e não agredisse as PL (Figura 3).
Posteriormente, foram adicionados mais 180 L de água As caixas. Novamente
aguardou—se mais 10 min para a verificação dos parâmetros. A água se
encontrava com temperatura de 27,5°C e pH 7,9. Sendo ainda elevada a diferença
de temperatura entre a água das caixas e do berçário, repetiu—se o procedimento
de sifonação e de adição de água, sendo desta vez acrescentado um volume de
240 L. Após mais 10 min verificou—se que a diferença, tanto na temperatura (28,3
°C), quanto no pH (8,1), entre a água do berçário e das caixas das PL, era inferior
a 0,5 unidades de medida; diferença essa aceitável. Utilizando uma mangueira de
50mm de diâmetro transferiu—se, por sifonamento, as larvas das caixas de
aclimatação primária para o berçário.
Quanto à alimentação, nesta fase, foi fornecido ntuplios de artêmia
aleatoriamente As PL durante esta primeira aclimatação, principalmente após cada
sifonamento.
Figura 3— Equipamento de sifonação
12
4.5. Processo de Aclimatação Quanto à Salinidade
Durante o primeiro dia após o povoamento, devido ao grande estresse sofrido
pelas PL no decorrer do transporte e da aclimatação primária, não se modificou a
salinidade do tanque berçário. A partir do segundo dia, após o povoamento,
iniciou-se a aclimatação propriamente dita, reduzindo-se diariamente a salinidade
do berçário em 2%0, conforme sugerido por NUNES (2001). Esta redução foi feita
com o prévio sifonamento do berçário e uma posterior adição de água ao mesmo;
água esta com mesma origem da água que foi utilizada para o abastecimento do
viveiro o qual recebeu as PL após a fase de berçário. Os horários selecionados
para as reduções de salinidade foram ás 06:00 e As 18:00, em decorrência da
temperatura ser mais amena nesses horários, estressando menos as PL.
4.6. Alimentação
A alimentação das PL foi constituída de três dietas diferentes: biomassa de
artêmia; sururu moido(Tagelus plebeius) e ração comercial farelada BURRIS MILL
com 40% de proteína bruta, e granulometria de 300 a 500 pm. Durante todo o
processo de aclimatação as larvas foram alimentadas de duas em duas horas, ou
seja, 12 refeições por dia.
No primeiro dia foi ofertada apenas biomassa de artêmia. A partir do segundo
dia, introduziu-se A dieta das PL o sururu moído, e no terceiro dia também a ração
farelada, alternando-se a oferta de cada um dos supracitados alimentos. Utilizou-
se, inicialmente, 120 g de biomassa de artêmia, 150 g de sururu e 80 g de ração
farelada. Diariamente, foi feito um incremento de 20% das quantidades de
alimento ofertado Os PL (Tabela VII). Durante todo o processo de aclimatação,
periodicamente, eram examinadas visualmente as PL para a verificação de uma
boa motilidade, coloração e análise do trato digestivo confirmando-se assim que
as mesmas se encontravam bem alimentadas.
13
Tabela VII - Tabela de arragoamento do berçário.
Horário
Data
02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 , 16:00 18:00 20:00 22:00 24:00 Salinidade
%o
PL
07/10/03 -- 120B 120B 10 11
08/10/03 120B 120B 120B 120B 120B 120B 120B 120B 120B 120B 120B 120B 10 12
09/10/03 144B 150S 144B 150S 144 B 150 S 144B 150S 144B 150S 144B 150S 08 13
10/10/03 173B 180S 90R 173B 180S 90R 173B 180S 90R 173B 180S 90R 06 14
11/10/03 207B 216S 108R 207B 216S 108R 207B 216S 108R 207B 216S 108R 04 15
12/10/03 249 B 260 S 130 R 249 B 260 S 130 R 249 B 260 S 130 R 249 B 260 S 130 R 02 16
13/10/03 300B 312S 156R 300B 312S 156R 300B 312S 156R 300B 312S 156R :-_-- 0 17
14/10/03 360B 375S 188R 360B 375S 188R 360B 375S 188R -- — 0 18
B — Biomassa de artemia S — Sururu moído R — Racao farelada comercial (BURRIS Mill)
* Valores expressos em gramas
4.7. Filtragem, Fertilização e Drenagem.
Toda a água utilizada no berçário foi filtrada com tela de 300 pm, para evitar a
entrada de larvas de peixes e camarões indesejáveis ao cultivo. Mesmo assim,
devido a abertura da malha do filtro, foi possível a entrada da comunidade
planctânica natural ao berçário.
Antes da fertilização mediu-se a transparência da água do berçário, com o
auxilio de um disco de Secchi. Para a elevação da produtividade primária do
tanque berç,ário, foi realizado uma fertilização no quarto dia após o povoamento. A
fertilização consistiu de 110 g de uréia, 55 g de silicato e 11 g de superfosfato
triplo. Os fertilizantes foram dissolvidos em água algumas horas antes de serem
aplicados ao berçário. A fertilização foi feita pela manhã (10:00h), com um dia de
céu limpo, para a obtenção de melhor rendimento do fertilizante. Não é
aconselhável a fertilização do berçário com uma coluna d'água inferior a 30 cm.
A partir do 5° dia de povoamento realizou-se sifonamento do fundo do berçário,
utilizando-se sifão linear com tela de 500pm para a retirada de restos de alimento
não consumidos, de modo a preservar a qualidade da água.
4.8. Despesca e Amostragem
Tendo sido atingida a salinidade desejada, aproximadamente zero (valor
registrado por refratômetro), deu-se um descanso de um dia ás PL antes de se
realizar a amostragem para determinação da sobrevivência da aclimatação e
posterior transferência para os viveiros de engorda.
A despesca do berçário teve inicio às 16:00. 0 parâmetro temperatura da água
foi fator determinante da escolha do horário a ser utilizado. Ao final de 4 h todas as
larvas haviam sido despescadas. Durante a despesca as PL desceram pelo ralo
central do berçário diretamente para a "caixa de coleta", onde as mesmas foram
15
coletadas por um coletor de larvas circular com tela de 300 pm (Figura 4). Do
coletor as larvas foram transferidas, com auxilio de sacolas de 250 pm, pra quatro
caixas d'água de 500 L (Figura 5).
F1G.4 — Caixa de coleta.
As caixas estavam com um volume de 300 L cada. A água utilizada para
encher as mesmas foi a que estava sendo drenada do berçário. Cada uma das
caixas possuía quatro pedras de aeração e 150 g de biomassa de artêmia.
Tendo sido transferido todas as PL para as quatro caixas, realizou-se a
homogeneização das PL nas caixas, retirando-se de cada uma delas 3 amostras
de 300 mL. Para facilitar a contagem das PL amostradas, aplicou-se um choque
térmico As mesmas.
16
Fig. 5— Caixas de coleta para amostragem.
As PL foram transferidas para um recipiente contendo água e gelo, e só
quando foi verificada a ausência de movimentação das mesmas é que foi
realizada a contagem.
— RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. Caracteristicas da Aclimatação
Aclimatação primária
aclimatação primária teve como objetivo equiparar os parâmetros físico-
químicos, como temperatura e pH da água do berçário e, a de transporte das PL.
As pós-larvas chegaram à fazenda a uma temperatura de 25,5°C e pH 7,6 , e a
água do berçário estava a uma temperatura de 28,7°C e pH 8,3. Com o manejo
adotado obteve-se os seguintes resuttados conforme apresentados na Tabela
VIII.
17
Tabela VIII — Variação da temperatura e pH das caixas de recepção, após sucessivas adições de água proveniente do tanque berçário, durante aclimatação primária.
Parâmetros Diluições nas caixas de recepção
Temperatura (V) pH
Volume Inicial 25,5 7,6 Adição de 140 L 26,6 7,8 Adição de 180L 27,5 7,9 Adição de 240L 28,3 8,1
Com as sucessivas adições de água, às caixas de recepção, conseguiu-se
uma diferença inferior a 0,5 unidades de medida entre os parâmetros físico-
químicos do tanque berçário (temperatura 28,7°C e pH 8,3) e das caixas de
recepção (temperatura 28,3°C e pH 8,1).
Utilizou-se uma densidade de 250.000 PL por caixa de 1.000 L, nas caixas
de recepção, embora BARBIERI & OSTRENSKY (2002) recomendem se utilizar
até 250.000 PL por caixa de 500 L. Com a redução da densidade de estocagem a
taxa de oxigênio dissolvido foi mantida em 5,0 mg/L.
Aclimatação quanto a salinidade
O processo de aclimatação ocorreu conforme os dados apresentados na
Tabela IX. Para se conseguir a realização do cultivo do camarão marinho
Litopenaeus vannamei em águas oligohalinas fez-se necessário a realização de
um processo gradual de aclimatação das pós—larvas, requerendo uma atenção de
24 h por dia, durante todo o período.
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Tabela IX — Aclimatação de Pós—larvas de L. vannamei em berçário intensivo em diferentes intervalos de salinidade
Tempo de Aclimatação
35%0 --> >1%0 20%0 --) >1%0 10%0 4 >1%0
Dia 01 Reduzir 8 °/oo Reduzir 4 %o Reduzir 2 %o Dia 02 Reduzir 8 96o Reduzir 4 960 Reduzir 2 960 Dia 03 Reduzir 8 %o Reduzir 4 %o Reduzir 2 %o Dia 04 Reduzir 4 °/00 Reduzir 2 (Yoo Reduzir 2 %o Dia 05 Reduzir 2 %o Reduzir 2 %o Reduzir 2 960 Dia 06 Reduzir 2 %o Reduzir 2 %o -- Dia 07 Reduzir 2 %o Reduzir 2 960 -- Dia 08 Reduzir 2 960 -- -- Dia 09 Reduzir 1 %o -- --
FONTE: NUNES (2001)
Conforme sugerido por NUNES (2001), a aclimatação de PL a uma
salinidade 10%0 para 0%0, aproximadamente, ocorre em 5 dias. No presente
experimento o processo de aclimatação teve uma duração de 7 dias, devido ao
descanso fornecido às PL antes do inicio da aclimatação, e depois da finalização
da mesma.
5.2. Parâmetros Físico-químicos
0 resultado da análise físico-química da água do Rio CurCi mostrou que a
mesma apresentou uma dureza em CaCO3 de 131mg/L, elevada taxa de oxigênio
dissolvido 6,7 mg/L; pH ligeiramente alcalino 7,57 e carga orgânica DQO 8,0 mg/L.
Estes parâmetros estão de acordo com os sugeridos por BOYD(1999) para cultivo
em águas marinhas. Entretanto, quanto a dureza da água, em estudos com
cultivo de L. vannamei em água doce, MENDES et al (1999) cita que a dureza
minima recomendada é de 60 mg/L de CaCO3.
Quanto â coloração da água, antes da fertilização no tanque berçário, a
mesma apresentava transparência de aproximadamente 50 cm de Secchi, e uma
coloração marrom muito claro. Após a fertilização, gradativamente, a água atingiu
19
uma transparência de 35cm de Secchi, considerada adequada por BOYD (1999)
com coloração marrom escura e traços esverdeados. Tal coloração foi
provavelmente, devido ao florescimento de diatomáceas e cloroficeas,
microalgas normalmente utilizadas na alimentação das PL.
Sobrevivência das Pós-larvas
No que se refere ao teste de estresse foram contadas apenas três larvas
mortas, correspondendo a uma sobrevivência de 97%.
O tempo de viagem entre o laboratório e a fazenda foi de 3,5 h, e a
temperatura de chegada das larvas foi de 25,5°C. Esta temperatura favoreceu um
mais baixo metabolismo das PL inibindo assim a excreção das mesmas na água
de transporte, como também reduziu o estresse sofrido pelas PL durante o trajeto
do Laboratório à Fazenda.
Na recepção das PL não se verificou a presença de pós-larvas mortas
dentro dos sacos. Estas possuíam excelente motilidade e uma coloração
translúcida, característica das mesmas. Praticamente, todas as PL apresentavam
o trato digestivo repleto, indicando que estavam bem alimentadas. Dentro do saco
de transporte foi observada a presença dispersa de náuplios de artêmia recém
eclodidos.
Durante a aclimatação primária, com a densidade adotada (250.000 PL por
caixa de 1.000 L), aproximadamente 250 PL por litro, não se verificou mortalidade
de larvas. 0 valor do oxigênio dissolvido situou-se em 5,0 mg/L,
aproximadamente.
Em relação à aclimatação quanto a salinidade de 10%0 a praticamente 0%0,
observou-se que do total de 1.000.000 de PL submetidas a aclimatação, 893.320
20
PL sobreviveram correspondendo assim a um percentual de sobrevivência de
89,33%. Tal resultado confirma a perfeita adaptabilidade do camarão L. vannamei
a aguas de baixa salinidade, levando em conta ajustes realizados por BORGES &
OGAWA (2003) a pianos de arragoamento já propostos.
Tabela X —Sobrevivência das PL, por caixa de coleta, proveniente do tanque berçário.
Recipiente Amostra
Caixa 01 Caixa 02 Caixa 03 Caixa 04 Total de PL do tanque
berçário
Amostra 01 217 223 214 233 ---
Amostra 02 228 235 227 210 ---
Amostra 03 225 221 219 228 ---
Media Amostra 223,33 226,33 220,00 223,66 ---
Desvio padrão da média
3,28 4,37 3,79 6,98 ---
Coeficiente de variação (%)
2,54 3,34 2,98 5,41 ---
Total de PL 223.330 226.330 220.000 223.660 893.320
* Volume das caixas: 300 L **Volume das amostras: 0,300 L
Das amostras oriundas das caixas de coleta observamos uma variação do
desvio padrão médio de 3,28 a 6,98, e uma variação do coeficiente de variação de
2,54% a 5,41%.
Os resultados de sobrevivência podem ser considerados satisfatórios
quando comparados com taxas de sobrevivências de cultivo comercial, desta
espécie, em ambiente marinho, como também aos observados no experimento,
em pequena escala, realizados ern aguas de baixa salinidade por Mendes et al.
(2003) cuja taxa de sobrevivência correspondeu a faixa de 81 a 92%.
21
Alimentação
A utilização do sururu moído teve boa aceitação pelas pós-larvas. Em
amostras obtidas do berçário, logo após a oferta do sururu, foram visualizadas
Arias PL agarradas aos pedaços de sururu. Mesmo apresentando uma textura
mais rígida que a da biomassa de artêmia, as PL não tiveram dificuldades em se
alimentar deste molusco.
Segundo BORGES & OGAWA (2003) para 1.000.000 de PL deve-se utilizar
100 g de biomassa de artêmia, 70 g de sururu e 60 g de ração comercial farejada,
com incrementos de peso da ordem de 20% a cada três dias. No presente
experimento utilizou-se uma maior proporção destes alimentos, entretanto, não foi
constatado excesso de alimento em suspensão, nas amostras de Agua coletada
do tanque berçário.
Foi também observado que as PL apresentavam o trato intestinal repleto,
confirmando que o incremento diário de 20% na alimentação foi adequado.
6 — CONCLUSÃO
A aclimatação lenta e gradual das PL quanto a salinidade de 10%0 a
0%0, aproximadamente, bem como a utilização de sururu, artêmia e ração
comercial com 40% de proteína, na alimentação das mesmas, durante o período
de aclimatação, possibilitaram uma taxa de sobrevivência elevada,
correspondente a 89,33%, indicando assim adequabilidade da metodologia
proposta.
22
7— REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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23
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24
coletadas por um coletor de larvas circular com tela de 300pm (Figura 4). Do
coletor as larvas foram transferidas, com auxilio de sacolas de 254am, pra quatro
caixas d'água de 500 L (Figura 5).
FIG.4 — Caixa de coleta.
As caixas estavam com um volume de 300 L cada. A água utilizada para
encher as mesmas foi a que estava sendo drenada do berçário. Cada uma das
caixas possuía quatro pedras de aeragao e 150 g de biomassa de artêmia.
Tendo sido transferido todas as PL para as quatro caixas, realizou-
se a homogeneização das PL nas caixas, retirando-se de cada uma
delas 3 amostras de 300 mL. Para facilitar a contagem das PL
amostradas, aplicou-se um choque térmico às mesmas.
16