escola de engenharia departamento de engenharia … · escola de engenharia departamento de...

57
ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER REIS PERFIL DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NITERÓI 2018

Upload: others

Post on 21-Oct-2019

11 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

ALICE BALLIESTER REIS

PERFIL DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO

ESTUFA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NITERÓI 2018

Page 2: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

ALICE BALLIESTER REIS

PERFIL DAS EMISSÕES DEGASES DE EFEITO ESTUFA NO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao Curso de Engenharia

Agrícola e Ambiental, da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial à

obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Agrícola e Ambiental.

Orientador(a):

Prof. Dr. Marcos Teixeira

NITERÓI

2018

Page 3: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e

Instituto de Computação da UFF

Observação: A ficha catalográfica deve ser impressa no verso da folha

anterior e não deve ser incluída no número total de páginas do Trabalho de

Conclusão de Curso.

R375p Reis, Alice Balliester Perfil das emissões de gases de efeito estufa no estado do rio de janeiro / Alice Balliester Reis ; Marcos Alexandre Teixeira, orientador. Niterói, 2018. 57 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental)-Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia, Niterói, 2018.

1. Emissões. 2. Gases de efeito estufa. 3. Rio de Janeiro. 4. Produção intelectual. I. Título II. Teixeira,Marcos Alexandre, orientador. III. Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia. Departamento de Engenharia Agrícola e do Meio Ambiente. CDD -

Page 4: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER
Page 5: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Miriam e Marcio, que me proporcionaram educação

de qualidade durante toda a minha vida e sempre me apoiaram em todas as etapas.

Agradeço ainda pela amizade, companheirismo, paciência que sempre tiveram

comigo durante meu período de formação acadêmica e principalmente, durante a

conclusão deste trabalho.

Agradeço a minha irmã Thereza que sempre me apoiou e auxiliou em

assuntos acadêmicos e profissionais e, principalmente, por servir de exemplo pra

mim.

Agradeço a Flavia Soares, que esteve presente desde a minha infância e que

sempre me ajudou e cuidou de mim.

Agradeço a todos os meus amigos de faculdade que estiveram ao meu lado

durante esses anos. E principalmente, a Julia Coelho e Carolina Lourenço, que

sempre estiveram ao meu lado e foram as melhores amigas e companheiras de

estudo. Agradeço ainda ao meu amigo Leonardo Dias, que esteve ao meu lado e me

apoiou durante a conclusão deste trabalho.

Agradeço ao governo federal pela oportunidade de ter participado do

Programa Ciências sem Fronteiras. Foi o ano de maior aprendizado acadêmico e

crescimento profissional e pessoal.

Agradeço aos meus amigos de intercâmbio que fizeram parte do melhor ano

da minha vida e que foram a minha família e me apoiaram durante esse tempo.

Agradeço aos meus colegas de trabalho do INEA. Foram dois anos de muito

aprendizado e que acrescentaram imensamente a minha carreira de engenheira.

São pessoas que me serviram de exemplo profissional. Além disso, agradeço pelo

carinho, amizade, dedicação e paciência.

Agradeço aos professores da Universidade Federal Fluminense pelo

compromisso, paciência e dedicação, em especial ao professor Marcos Teixeira, por

toda a ajuda e comprometimento para a conclusão deste trabalho.

Agradeço aos professores da University of Technology Sydney, que

proporcionaram o ano de maior aprendizado da minha vida e por terem me mostrado

uma nova visão de educação.

Page 6: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

RESUMO

A crescente emissão de gases de efeito estufa (GEE) pode provocar diversos

impactos ambientais negativos, como maior temperatura global, degelo das calotas

polares, aumentos do nível do mar, secas, enchentes e furacões. Diante desse

contexto, é a contabilização dos gases de efeito estufa para que se conheça o perfil

de emissão. O estado do Rio de Janeiro, por meio da Resolução INEA 64,

estabeleceu a obrigatoriedade da elaboração do inventário de emissões de gases de

efeito estufa para determinados empreendimentos. O objetivo deste trabalho foi

analisar o banco de dados do INEA comparando-o com outras fontes de dados e

também, estimaras emissões onde foi identificada ausência ou possíveis erros nos

dados, e assim qualifica-lo como uma ferramenta de gestão do perfil das emissões

do estado. Os resultados mostraram que a irregularidade quanto ao envio dos

inventários resultou em um erro sistemático no cômputo das emissões de GEE.

Contudo, o banco de dados, no geral, é representativo das emissões dos principais

empreendimentos das tipologias definidas na referida resolução (siderurgias,

termelétrica a combustíveis fósseis e a indústria química), podendo ser usado como

base para políticas com foco nas emissões de GEE do setor industrial.

PALAVRAS – CHAVE: Emissões, Gases de efeito estufa, Rio de Janeiro

Page 7: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

ABSTRACT

Increased greenhouse gas emissions can cause a number of negative

environmental impacts, such as increasing global temperatures, melting of polar ice

caps, rising sea levels, droughts, floods and hurricanes. In this context, it is of huge

importance to count with a greenhouse gases inventories from that the emission

profile of these gases is known. The state of Rio de Janeiro, through Resolution

INEA 64, established the obligation to issue an inventory of greenhouse gas

emissions for certain activities. In this sense, the objective of this work was to

analyze the INEA database comparing it with other sources of data and also to

estimate emission where absence or possible errors were identified. The results

showed that the irregularity regarding the continuity on the issue of the inventories

resulted in a systematic error in the summing up of the GHG emissions. However, the

database, in general, represented the emissions of the main sector set by the

resolution (iron and pig iron production, fossil fuels thermal generation and chemical

industry), therefore represent a good representation of GHG emissions of the

industrial sector.

KEY WORDS: Emissions, Greenhouse gases, Rio de Janeiro

Page 8: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Emissão de GEE. Tipologia: Aterro Sanitário .................................. 32

Figura 2- Emissão de GEE. Tipologia: ETE .................................................... 34

Figura 3- Emissões de GEE. Tipologia: Indústria Petroquímica ..................... 36

Figura 4- Emissões de GEE. Tipologia: Indústria de Petróleo ........................ 37

Figura 5 - Emissões de GEE. Tipologia: Indústrias Químicas ........................ 39

Figura 6- Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Produção de Cimento..... 41

Figura 7- Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro ......... 43

Figura 8- Emissão de GEE. Tipologia: Siderurgia .......................................... 44

Figura 9- Emissão de GEE. Tipologia: UTE .................................................... 46

Figura 10- Emissão de GEE. Tipologia: UPGNs ............................................. 48

Figura 11- Participação das tipologias ............................................................ 49

Page 9: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

LISTA DE QUADROS OU TABELAS

Tabela 1 - Número de inventários recebidos, tipologia Aterro Sanitário ......... 33

Tabela 2 - Comparação das emissões de GEE. Tipologia: Aterros Sanitários

.................................................................................................................................. 33

Tabela 3- Número dos inventários recebidos, tipologia ETE. ......................... 34

Tabela 4- Comparação das Emissões. Tipologia: ETE .................................. 35

Tabela 5 - Entrega de inventários. Tipologia: Indústria Petroquímica ............. 36

Tabela 6- Inventários Entregues: Tipologia: Indústria de Petróleo ................. 37

Tabela 7- Inventários Entregues. Tipologia: Indústria Química ...................... 39

Tabela 8- Inventários Recebidos. Tipologia: Indústria de Produção de Cimento

.................................................................................................................................. 41

Tabela 9- Comparação de Emissões. Tipologia: Indústria de Produção de

Cimento ..................................................................................................................... 41

Tabela 10- Inventários Entregues. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro

.................................................................................................................................. 43

Tabela 11- Comparação. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro ............. 43

Tabela 12- Inventários Entregues. Tipologia: Siderurgia ................................ 45

Tabela 13- Inventários Recebidos. Tipologia: UTE ......................................... 46

Tabela 14- Comparação de Emissões. Tipologia: UTE .................................. 47

Tabela 15- Inventários Recebidos. Tipologia: UPGNs .................................... 48

Page 10: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFOLU - Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento

CQNUMC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima

COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia

COV –Compostos Orgânicos Voláteis

EPA- Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States

Environmental Protection Agency em inglês)

ETE- Estação de Tratamento de Esgoto

FE -Fator de emissão

FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente

GEE - Gases de Efeito Estufa

GWP - Potencial de aquecimento global (Global Warming Potential em inglês)

HFCs – Hidrofluorcarbonos

INEA – Instituto Estadual do Ambiente

IPPU Processos Industriais e Uso de Produtos

IPCC- Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (Intergovernmental

Panel on Climate and Climate Change em inglês)

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

NOx– Óxido de Nitrogênio

PFCs–Perfluorcarbonos

SEMA – Secretária de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

UPGNs - Unidades de Processamento de Gás Natural

UTE –Usina Termelétrica de Energia

Page 11: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

2 OBJETIVO ........................................................................................................................ 15

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 15

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 16

3.1 IMPORTÂNCIA DOS INVENTÁRIOS DE GASES DE EFEITO ESTUFA ....................................... 16

3.2 METODOLOGIAS DE ELABORAÇÃO DOS INVENTÁRIOS DE GASES DE EFEITO ESTUFA ......... 17

3.2.1 GHG Protocol Brasil ............................................................................................. 19

3.3 A EXIGÊNCIA DE INVENTÁRIOS DE GASES DE EFEITO ESTUFA NO BRASIL .......................... 22

3.4 INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GEE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO .............................. 26

3.5 INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GEE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO- 2015 .................... 27

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 29

4.1 BANCO DE DADOS DOS INVENTÁRIOS DE EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA .............. 29

4.2 OUTRAS BASES DE DADOS DE REFERÊNCIA ................................................................... 30

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 32

5.1 ATERROS SANITÁRIOS .................................................................................................. 32

5.2 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS ..................................................................... 34

5.3 INDÚSTRIA PETROQUÍMICA ........................................................................................... 35

5.4 INDÚSTRIA DE PETRÓLEO.............................................................................................. 37

5.5 INDÚSTRIA QUÍMICA ..................................................................................................... 38

5.6 INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO ........................................................................ 40

5.7 INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE CERÂMICA ....................................................................... 40

5.8 INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE CIMENTO ......................................................................... 41

5.9 INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO DE VIDRO ............................................................................. 42

5.10 SIDERURGIA ................................................................................................................ 44

5.11 TERMELÉTRICAS A COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS .................................................................. 46

5.12 UNIDADES DE PROCESSAMENTO DE GÁS NATURAL ....................................................... 47

5.13 COMPARAÇÃO TIPOLOGIAS ........................................................................................... 49

6 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 51

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 53

Page 12: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

13

1 INTRODUÇÃO

Fenômenos tais como o aumento da temperatura global, degelo das calotas

polares, elevação do nível do mar, secas, enchentes e furacões estão ocorrendo

com uma frequência e intensidades cada vez maiores; sendo que se relacionam

estas mudanças com o aumento de gases de efeito estufa na atmosfera de origem

antrópica.

A primeira revolução industrial, apesar de ter trazido avanços econômicos e

sociais, trouxe inúmeros problemas ao meio ambiente. Esta revolução foi marcada

pela invenção da máquina a vapor (e o uso indiscriminado de carvão mineral), que

utiliza como fonte de energia, o combustível fóssil (a exemplo do petróleo). A queima

de combustíveis fósseis emite o dióxido de carbono, um dos principais gases de

efeito estufa. Esse desenvolvimento industrial, portanto, marca o início do aumento

do uso de combustíveis fosseis como fonte de energia, e consequentemente, o

aumento de emissão de gases de efeito estufa (IPCC, 2013).

O efeito estufa é essencial para a sobrevivência humana no planeta, pois ele

mantém a temperatura da Terra aproximadamente 30ºC mais quente do que seria

na sua ausência, assim como diminui variação extremas. No entanto, devido às

atividades humanas, como a geração de energia, a produção industrial, a produção

agrícola e o uso do solo, intensificou-se o processo de emissão dos gases de efeito

estufa, levando ao chamado aquecimento global (MENDES, 2014).

A fim de contabilizar as emissões de gases de efeito estufa, são produzidos

inventários. Esses documentos têm sua importância na medida em que possibilitam

conhecer o perfil de emissões de acordo com as suas fontes e localidade, e,

portanto, identificar as áreas de atuação para o controle e eventual redução na

emissão de GEE.

No estado do Rio de Janeiro, foi estabelecido pelo Instituo Estadual do

Ambiente (INEA), por meio da Resolução 64, a obrigatoriedade do envio dos

inventários de gases de efeito estufa de determinados empreendimentos de acordo

com seu porte e potencial poluidor (INEA, 2012).

Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar as emissões de

GEE do banco de dados elaborado a partir dos inventários de gases de efeito estufa

recebidos no INEA, e compará-lo com o material elaborado pelo Centro

Clima/COPPE (também focado nas emissões estaduais), para desta forma, buscar

Page 13: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

14

uma análise do perfil de emissões no estado – e assim – avaliar possível linhas de

ação focados na sua redução.

Page 14: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

15

2 OBJETIVO

Analisar as emissões de gases de efeito estufa no Estado do Rio de Janeiro

segundo a Resolução INEA/PRES Nº 64, visando identificar o perfil de emissões no

estado – e assim – avaliar possível linhas de ação focados na sua redução.

2.1 Objetivos específicos

✓ Analisar o banco de dados de emissões de gases de efeito estufa no

Estado do Rio de Janeiro buscando falhas, falta de dados e/ou

inconsistências;

✓ Estimar as emissões do banco de dados e comparar com outras

possíveis fontes de dados;

✓ Comparar o resultado de emissões de gases de efeito estufa do ano de

2015 do banco de dados com o resultado de emissões de gases de

efeito estufa apresentado no Inventário de emissões de gases de efeito

estufa 2015 realizado pelo Centro Clima/Instituto Alberto Luiz Coimbra

de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE - Instituto

Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia).

✓ Avaliar eventuais divergências e/ou características próprias do perfil de

emissão do Estado; e

✓ Propor linhas de ação prioritárias para a gestão das emissões de gases

de efeito estufa.

Page 15: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Importância dos inventários de gases de efeito estufa

Os inventários governamentais de emissões de gases de efeito estufa

permitem ao poder público conhecer o perfil atual de emissões, e então identificar

possíveis áreas de ação de mitigação desses gases e, portanto, atualizar seus

planos de ação para combate as mudanças climáticas. (CENTROCLIMA, 2017)

Em sua essência, a elaboração de inventários quantifica as emissões atuais e

suas respectivas fontes. A partir destes dados, é possível realizar uma construção

de dois cenários distintos. O primeiro consiste em uma projeção futura de emissões

no presente senários (sem medidas com impacto no perfil das emissões). E o

segundo cenário, seria uma avaliação de diferentes estratégias em favor do clima

que possam ser adotadas, como ações e projetos que objetivem reduzir emissões.

(DUBEUX, 2007)

Segundo Oliveira (2007), os inventários locais e regionais têm uma grande

importância, pois estes dados poderão subsidiar políticas de planejamento urbano.

Como por exemplo, políticas que busquem alternativas de mitigação e adaptação

para infraestruturas urbanas devido à elevação de temperatura. Nesse sentido, os

resultados indicarão os setores mais significativos em emissões, que poderão

auxiliar na tomada de decisão e no direcionamento de ações mais específicas de

mitigação e adaptação em nível regional e local.

As ações de mitigação que visam à redução das emissões de gases de efeito

estufa, pode também melhorar a qualidade de vida da população local, uma vez que

a emissão de GEE pode estar também relacionada à emissão de poluentes

atmosféricos locais e regionais. Segundo Dubeux (2007), políticas de mudança do

clima que tem como foco a redução de dióxido de carbono (CO2) emitidos pela

queima de combustíveis fosseis, como aumento da eficiência dos equipamentos ou

substituição por energias de fontes alternativas, acarreta também na redução de

monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), óxido de nitrogênio (NOx) e

compostos orgânicos voláteis (COV), entre outros poluentes.

Além disso, os inventários permitem a identificação e oportunidades de

participação em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e no Mercado

de Créditos de Carbono. (NEVES &DOPICO, 2013) O Mecanismo de

Page 16: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

17

Desenvolvimento Limpo permite que os países desenvolvidos efetuema redução da

emissão de gases de efeito estufa foram de seus territórios, em países em

desenvolvimento, onde os custos de tal redução são menores. (MACIENL et. al.,

2009).

Em relação aos inventários corporativos, a quantificação das emissões

permite a identificação de oportunidades de redução mais efetivas e a elaboração de

metas de redução de emissões. Estas medidas de redução podem reduzir custos de

produção, como também melhorar a imagem da organização perante os

consumidores e o público. (Programa Brasileiro GHG Protocol, s.d)

Deve-se ressaltar que alguns estados já possuem legislações que exigem a

elaboração deste tipo de inventário. E no caso de ainda não ter uma legislação, um

inventário e suas reduções de emissões voluntárias podem ser reconhecidas em

futuros programas regulatórios. (Programa Brasileiro GHG Protocol, s.d)

3.2 Metodologias de elaboração dos Inventários de gases de efeito estufa

O Brasil, como País signatário da Convenção de Quadro das Nações Unidas

sobre Mudança do Clima (CQNUMC) tem como obrigação, elaborar o Inventário

Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não

Controlados pelo Protocolo de Montreal. No entanto, apesar de não existir uma

obrigação internacional, alguns estados e cidades brasileiras já apresentam

inventários de gases de efeito estufa. Estes podem ser elaborados de forma

voluntária, ou então, podem ser exigências segundo políticas estaduais, visto que

não há uma política nacional que exija a apresentação do mesmo.

Diante das diferentes categorias de inventários e suas peculiaridades, é

necessário que se escolha a metodologia que mais se adéqüe a cada situação, de

forma a se obter os dados de emissão mais precisos possíveis. A principal

metodologia para elaboração de inventário é a estabelecida pelo IPCC, no

documento “IPCC Guidelines for NationalGreenhouseGasInventories”(IPCC, 2006).

Por se tratar de diretrizes para inventário nacional, ao ser utilizado para elaboração

de inventários locais ou municipais, são encontradas divergências, nesse sentindo, é

necessário que sejam feitas algumas adaptações na metodologia.

Segundo Dubeux (2007), a metodologia do IPCC visa padronizar as

informações, de forma a comparar as emissões dos países signatários da

Page 17: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

18

Convenção do Clima, logo os inventários nacionais são exaustivos e padronizados.

No caso dos inventários municipais e estaduais, que não possuem esse mesmo

compromisso, eles devem ser elaborados de maneira distinta.

Nesse sentido, ao aplicar esta metodologia a um nível local, o inventário

deverá ser mais detalhado. Portanto, haverá uma maior complexidade em relação

ao ajuste dos fatores de emissão, como também, a definição de responsabilidades

(CARLONI, 2012).

A fim de atender a diferentes necessidades e adequações a diversos

cenários, diversos protocolos e ferramentas internacionais, nacionais e regionais

foram desenvolvidos, tais como: Protocolo de Comunidade dos Estados Unidos, o

Baseline Emissions Inventory Guideline, o HEAT, o CACPS, o CO2 Grobbilanz, o

Eco2 Region, o GRIP, o BilanCarbone e o CO2 calculator. (NEVES & DOPICO,

2013).

Cabe ressaltar, que, devido questões de ordem metodológica e gerencial, por

mais que todos os estados brasileiros elaborassem seus próprios inventários, a

soma das emissões de cada estado não seria utilizada para compor um inventário

nacional. (MMA, 2008). Segundo Oliveira (2007), para que a soma das emissões de

esfera municipal e regional resultassem no inventário nacional, os dados deveriam

ser tratados de forma homogênea, ou seja, o uso dos mesmos fatores de emissão

(do mesmo Tier – metodologia de cômputo de emissões), além da mesma

abordagem para a representação de categorias e setores.

Além dos inventários nacionais e locais, existem ainda os inventários

corporativos. Estes são os inventários elaborados por empreendimentos que visam

mensurar as emissões de gases de efeito estufa produzidos durante a cadeia

produtiva de sua organização. Segundo o documento “Especificações do Programa

Brasileiro GHG Protocol (PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, s.d), a

metodologia elaborada pelo Greenhouse Gas Protocol- A coporate Accounting and

Reporting Standard – é a ferramenta mais utilizada mundialmente pelas empresas e

governos (GHG PROTOCOL, s.d). Além disso, uma outra metodologia de

elaboração de inventários corporativos é a estabelecida pela Norma Brasileira

aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT NBR ISO 14064,

que detalha os princípios e requisitos para planejar, desenvolver, gerenciar e relatar

inventários de GEE em organizações e empresas. (ANTUNES & QUALHARINI,

2008)

Page 18: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

19

3.2.1 GHG Protocol Brasil

O documento “Especificações do Programa GHG Protocol” estabelece as

diretrizes para a elaboração do inventário de gases de efeito estufa corporativos. A

metodologia do GHG Protocol é compatível com as normas da International

Organization for Standardization (ISO) e as metodologias de quantificação do Painel

Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) (PROGRAMA BRASILEIRO

GHG PROTOCOL, s.d).

Além deste documento, o programa publica notas técnicas que tem como

objetivo atualizar e complementar às Especificações do Programa Brasileiro GHG

Protocol.

Segundo as Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol (s.d.), a

primeira etapa na elaboração de um inventário é o estabelecimento das fronteiras

para a contabilização das emissões de GEE. São três os limites estabelecidos por

este documento: limites geográficos, limites organizacionais e limites operacionais.

Para este trabalho, o limite geográfico será o de todas as emissões de gases

de efeito estufam que um empreendimento emite no estado do Rio de Janeiro.

“Para efeitos de contabilidade de GEEs, os limites organizacionais são tratados de acordo com as regras estabelecidas, que dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes envolvidas.”(Programa Brasileiro GHG Protocol, s.d)

Os limites organizacionais são o controle operacional e a participação

societária. Segundo este documento, no controle operacional, os participantes

devem incluir no inventário 100% das emissões de fontes que estejam sob o seu

controle, e nenhuma das emissões de fontes que estejam sob o seu controle,

independentemente de sua participação societária nas fontes. Enquanto, na

participação societária, a organização contabiliza as emissões de GEE decorrentes

de suas operações conforme sua participação no capital de determinada operação.

O limite operacional classifica a emissão em três categorias: escopo 1,

escopo 2 e escopo 3.

As emissões de escopo 1 são as emissões diretas do empreendimento, ou

seja, são as emissões que pertencem ou são controladas pela organização.

Segundo a Nota Técnica “Definição das categorias emissões de gases de efeito

estufa (GEE) de Escopo 1 – Versão 4.0”, (PROGRAMA BRASILEIRO GHG

Page 19: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

20

PROTOCOL, 2018) as emissões de escopo 1 devem ser informadas separadamente

de acordo com as categorias abaixo.

- Combustão Estacionária: são as emissões de fontes fixas provenientes da

queima de combustível, onde a energia gerada é geralmente utilizada para produzir

vapor de água ou energia elétrica.

- Combustão móvel: são as emissões de fontes móveis provenientes da

queima de combustível, onde a energia gerada é utilizada para produzir movimento

e percorrer um trajeto.

- Processos Industriais: são as emissões decorrentes dos processos

produtivos das indústrias, como a transformação química ou física de algum

material, exceto combustão.

- Resíduos sólidos e efluentes líquidos: são as emissões provenientes do

tratamento de resíduos sólidos e de efluentes líquidos, como a decomposição em

aterros sanitários, processo de compostagem, tratamento de efluentes.

- Fugitivas: são as emissões que não passam por chaminés ou outra abertura

funcionalmente equivalente. Esta emissão ocorre durante a produção,

processamento, transmissão ou uso do gás.

- Agrícolas: são as emissões não mecânicas provenientes das atividades de

agricultura ou pecuária.

- Mudanças no uso do solo: são emissões não mecânicas provenientes da

mudança no uso do solo, ou seja, quando ocorre conversão entre diferentes

categorias de uso, que podem gerar fluxos de CO2 (emissões e remoções).

As emissões de escopo 2 são aquelas provenientes da aquisição de energia

elétrica e térmica que é consumida pela empresa. Portanto, as emissões deste

escopo são indiretas, uma vez que estas ocorrem fisicamente no local onde a

energia é produzida.

As emissões de escopo 3 são emissões de GEE indiretas pois estas não

ocorrem em consequência das atividades da empresa. No entanto, ocorre fora da

empresa devido ao seu processo produtivo. Segundo a Nota Técnica “Definição das

categorias emissões de gases de efeito estufa (GEE) de Escopo 3 – versão 2.0”

(Programa Brasileiro GHG Protocol, 2018), as emissões podem ser emissões

upstream ou dowstream. As emissões upstream são aquelas relacionadas a bens e

Page 20: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

21

serviços comprados ou adquiridos, como as emissões que ocorrem no ciclo de vida

dos produtos comprados, no deslocamento dos funcionários até o trabalho, viagens

de negócio, disposição final e tratamento dos resíduos gerados na produção

realizados em propriedades gerados por terceiros.

Enquanto as emissões downstream são aquelas relacionadas a bens e

serviços que não foram comprados ou adquiridos, como o processamento ou uso

dos produtos vendidos, assim como seu tratamento e disposição final.

Segundo o documento “Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol”

(PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, s.d)., após as escolhas dos limites

citados acima, os próximos passos serão:

1) Identificar fontes de emissão - Primeiramente, é necessário identificar quais

as fontes que emitem gases de efeito estufa, e depois separá-las por escopo.

2) Escolher a abordagem de cálculos - A mensuração das emissões de gases

de efeito estufa pode ser feita de forma direta, por meio do monitoramento ou então

pode ser calculada através do cálculo utilizando fatores de emissão documentados.

As empresas devem, portanto, utilizar a ferramenta mais precisa à sua disposição e

que seja mais apropriada ao contexto do seu inventário.

3) Coletar dados e escolher fatores de emissão - No geral, a emissão de GEE

serão calculados a partir da quantidade de combustíveis comercias adquiridos e

utilizando fatores de emissões publicados.

4) Aplicar ferramentas de cálculos - É aconselhável que a empresa utilize as

ferramentas de cálculo disponibilizadas nos sites do GHG Protocol(GHG

PROTOCOL, s.d) e do Programa Brasileiro GHG Protocol (PROGRAMA

BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 2018). No entanto, elas podem utilizar outros

métodos desde que estes sejam consistentes com as diretrizes do Programa GHG

Protocol. Em utilizando metodologias complementares e fatores de emissões

diferentes deve ser apresentada uma justificativa para tal utilização.

Cabe ressaltar que, uma etapa essencial do cálculo de emissões é a escolha

do Potencial de Aquecimento Global (GWP, do inglês Global Warming Potential). O

GWP são valores de contribuição dos diversos gases de efeito estufa de acordo com

sua influência no aumento de temperatura em uma única unidade, o CO2

equivalente.

Ainda, segundo este documento, o GWP a ser utilizado nos cálculos de

emissões deve ser o estabelecido pelo segundo relatório de avaliação do IPCC

Page 21: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

22

(IPCC,1995). No entanto, a nota técnica “Valores de referência para o potencial de

aquecimento global (GWP) dos gases de efeito estufa – versão 1.0” (Programa

Brasileiro GHG Protocol. 2016) estabelece uma atualização destes valores. A nota,

publicada em 22 de dezembro de 2016, passa a adotar, portanto, os valores de

GWP contidos no Quarto Relatório de Avaliação do IPCC (IPCC, 2007).

5) Compilar dados no nível corporativo- Após a coleta de dados e cálculos de

emissão, é necessário copilá-los. Para isto, existem duas abordagens, a centralizada

e a descentralizada. A primeira consiste no envio de dados das unidades

empresariais para o nível corporativo, onde as emissões são calculadas. E a

segunda, cada unidade individual coleta os dados, calcula as emissões e então,

relatam ao nível corporativo.

3.3 A exigência de inventários de gases de efeito estufa no Brasil

Diante da necessidade de redução de emissão de GEE, e da importância da

quantificação destes gases, quatro estados brasileiros já possuem legislação

referente à apresentação de inventários corporativos.

O estado de Minas Gerais, por meio do Decreto nº 45.229, de 3 de dezembro

de 2009, instituiu o Registro Público Voluntário das Emissões Anuais de Gases de

Efeito Estufa de Empreendimentos no Estado (MINAS GERAIS, 2009). O

decreto 46.674, de 17 de dezembro de 2014(MINAS GERAIS, 2014) altera o

Decreto 45.229 (MINAS GERAIS, 2009) que diz respeito às medidas do poder

público do estado de Minas Gerias referentes ao combate às mudanças climáticas e

gestão de emissões de gases de efeito estufa e dá outras providências.

Segundo o decreto 46.674, de 17 de dezembro de 2014(MINAS GERAIS,

2014), os inventários devem ser elaborados segundo a metodologia Greenhouse

Gas Protocol, o GHG Protocol. Os empreendimentos que aderirem ao programa,

poderão fazer jus a diversos benefícios, na medida da manutenção de seus registros

anuais e ocorrência comprovada de redução de intensidade de suas emissões de

gases de efeito estufa. Os benefícios, apresentado no Artigo 4º são:

“I – direito de figurar na lista dos “Empreendimentos Integrantes do Registro Público de Emissões Anuais de Gases de Efeito Estufa”, a ser publicada anualmente pela Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM;

Page 22: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

23

II – direito de figurar na lista dos “Empreendimentos com Redução de Intensidade de Emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE” a ser publicada anualmente pela FEAM; III – desconto percentual sobre o valor do custo de análise do requerimento de revalidação de Licença de Operação – LO – ou de renovação da AAF; e IV – incremento de um ano no prazo da LO a ser revalidada ou da AAF a ser renovada, a ser aplicado quando da revalidação ou da renovação e observados os limites legais da legislação pertinente.”

(MINAS GERAIS, 2014)

O estado de São Paulo, por meio da decisão de diretoria nº 254/2012/V/I, de

22 de agosto de 2012, institui a elaboração obrigatória de inventários de gases de

efeito estufa de determinados empreendimentos (CETESB, 2012). Segundo o

Artigo 3º, os empreendimentos que desenvolvem as seguintes atividades deverão

apresentar, anualmente, o inventário de emissões para a Companhia Ambiental do

Estado de São Paulo (CETESB, 2012):

I. Produção de alumínio;

II. Produção de cimento;

III. Coqueria;

IV. Instalações de sinterização de minerais metálicos;

V. Instalações de produção de ferro gusa ou aço com capacidade superior a

22.000 t/ano;

VI. Fundições de metais ferrosos com capacidade de produção superior a

7.500t/ano; VII. Instalações de produção de vidro, incluindo as destinadas à

produção de fibras de vidro, com capacidade de produção superior a 7.500

t/ano;

VIII. Indústria petroquímica;

IX. Refinarias de petróleo;

X. Produção de amônia;

XI. Produção de ácido adípico;

XII. Produção de negro de fumo;

XIII. Produção de etileno;

XIV. Produção de carbeto de silício;

XV. Produção de carbeto de cálcio;

XVI. Produção de soda cáustica;

Page 23: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

24

XVII. Produção de metanol;

XVIII. Produção de dicloroetano (EDC);

XIX. Produção de cloreto de vinila (VCM);

XX. Produção de óxido de etileno;

XXI. Produção de acrilonitrila;

XXII. Produção de ácido fosfórico;

XXIII. Produção de ácido nítrico;

XXIV. Termelétricas movidas a combustíveis fósseis;

XXV. Indústria de papel e celulose com utilização de fornos de cal;

XXVI. Produção de cal;

XXVII. Outras instalações com consumo de combustível fóssil que emitam

quantidade superior a 20.000 tCO2eq/ano.

XXVIII. Instalações que emitam os gases HFCs, PFCs, SF6 em quantidade

superior a 20.000 tCO2eq/ano.

XXIX. Outras que a CETESB julgar relevantes.

O decreto estabelece, ainda, que as metodologias para elaboração do

inventário deverão ser a da norma ABNT NBR ISO 14.064-1- Gases de Efeito Estufa

(ABNT, 2007), ou a do GHG Protocol (GHG PROTOCOL, s.d). O decreto também

ressalta que o Potencial de Aquecimento Global utilizado nos cálculos, deverá ser o

utilizado na Comunicação Nacional, conforme estabelecido pelo IPCC, definido pelo

documento “Climate Change 2007: The Physical Science Basis” (IPCC, 2007). Além

disso, os inventários deverão apresentar as emissões de escopo 1 e 2. As emissões

de escopo 1 são as emissões diretas provenientes das seguintes categorias: queima

de combustíveis para geração de energia e vapor; outros processos que emitam

GEE; Transporte de pessoas, materiais, produtos ou resíduos, em veículos do

empreendimento; Emissões fugitivas ou evaporativas. As emissões de escopo 2 são

as emissões indiretas resultantes da eletricidade adquirida e consumida pela

empresa.

O estado do Paraná, por meio da Resolução SEMA Nº 9 de 19/06/2017,

estabelece o registro público estadual de emissões, onde a adesão a este programa

ocorrerá de forma voluntária por meio da apresentação da declaração de emissões

de gases se efeito estufa à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos

Hídricos (SEMA) (SEMA, 2017).

Page 24: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

25

A declaração de Emissões de Gases de Efeito Estufa contém informações

extraídas do inventário, contendo as emissões de escopo 1 e 2. Além disso, o

cálculo de emissões deve ser feito a partir do método elaborado pelo Programa

Brasileiro GHG Protocol, ou outro método passível de ser verificado por Organismo

de Verificação. Ainda, o GHG Protocol deve ser utilizado para a definição dos limites

organizacionais e operacionais e as diretrizes devem seguir a norma ABNT NBR ISO

14.064(ABNT, 2007).

Às organizações que aderirem ao Registro Público será outorgado o selo

CLIMA PARANÁ. De acordo com a redução de emissão em relação ao ano base e a

verificação dos inventários, três são os tipos de selo: Selo Clima Paraná, Selo Clima

Paraná Ouro e Selo Clima Paraná Ouro Plus. Os selos Ouro e Ouro Plus conferem

as organizações o direito à prorrogação de um ano no prazo de validade da licença

de operação. Cabe destacar que a adesão ao Registro Público estadual está restrita

aos empreendimentos que declararem emissão igual ou superior a

200 tCO2eq/ano(SEMA, 2017).

Segundo a Resolução INEA/PRES Nº 64, de 12 de dezembro de 2012 para

fins de licenciamento ambiental no Estado do Rio de Janeiro, passa a ser

obrigatório, a partir de 12 de dezembro de 2012, a apresentação do inventário de

emissões de gases de efeito estufa para determinados empreendimentos (INEA,

2012).

A obrigatoriedade da apresentação destes inventários ao Instituto Estadual do

Ambiente – INEA se aplica aos empreendimentos de acordo com a sua tipologia e a

sua classe de acordo com o Decreto Estadual Nº 42159/2009 (RIO DE JANEIRO,

2009). As seguintes tipologias, enquadradas como classe 4,5 e 6, possuem a

obrigatoriedade de apresentar os inventários (INEA, 2012):

I - aterros sanitários;

II - estações de tratamento de esgotos;

III - indústria petroquímica;

IV - indústria de petróleo;

V - indústria química;

VI - indústria de produção de alumínio;

VII - indústria de produção de cerâmica;

VIII - indústria de produção de cimento;

IX - indústria de produção de vidro;

Page 25: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

26

X - siderurgia;

XI - termelétricas a combustíveis fósseis;

XII - UPGNs (Unidades de Processamento de Gás Natural)

O inventário deve ser realizado de acordo com as orientações estabelecidas

pelo Protocolo de Gases de Efeito Estufa, o GHG Protocol (GHG PROTOCOL, s.d).

Além disso, o inventário deve ser verificado por um organismo de verificação,

acreditado por entidade competente para certificação de Inventário de Emissões de

GEE.

Os gases a serem inventariados são (INEA, 2012): Dióxido de Carbono (CO2),

metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (HF6), hidrofluorcarbonos

(HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs).

3.4 Inventário de Emissões de GEE do Estado do Rio de Janeiro

A Lei Nº 5690, de 14 de abril de 2010 institui a Política Estadual sobre

mudança global do clima e desenvolvimento sustentável dá outras providências(RIO

DE JANEIRO, 2010). Segundo o Art 1º, esta lei estabelece princípios, objetivos,

diretrizes e instrumentos para prevenir e mitigar os efeitos e adaptar o Estado às

mudanças climáticas, além de facilitar a implantação de uma economia de baixo

carbono no Estado (RIO DE JANEIRO, 2010).

Ela estabelece como instrumento o inventário estadual de emissões de GEE

elaborados a cada cinco anos. Ainda, o decreto Nº 43.216, de 30 de setembro de

2011(RIO DE JANEIRO, 2011), que regulamenta a lei Nº 5690 (RIO DE JANEIRO,

2010), estabelece que as emissões de CO2equivalente contabilizarão os gases CO2,

CH4 e N2O provenientes dos seguintes setores: energia; processos industriais e uso

de produtos; agricultura, floresta e outros usos do solo; resíduos(RIO DE JANEIRO,

2011).

Deve-se ressaltar ainda, que a Lei Nº 5690 estabeleceu o prazo de um ano

para a elaboração do Plano Estadual sobre Mudanças do Clima(SEA, 2012).O

documento, elaborado em fevereiro de 2012, tem como objetivo promover o

realinhamento do modelo de desenvolvimento do estado segundo uma economia de

baixo carbono, estabelecendo metas de mitigação de emissões de GEE e também

medidas de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas(SEA, 2012).

Page 26: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

27

Portanto, o inventário estadual de emissões de gases de efeito estufa do Rio

de Janeiro, tem como objetivo, conhecer o perfil de emissões de GEE e identificar

possíveis áreas de ação de mitigação dos gases, e também avaliar o cumprimento

das metas de mitigação estabelecidas pelo decreto nº 43.216(RIO DE JANEIRO,

2011).

Os inventários estaduais de emissões de gases de efeito estufa são

elaborados a cada 5 anos pelo Centro Clima/ COPPE e tem o acompanhamento da

Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). Este utiliza a metodologia desenvolvida

pelo Centro Clima/COPPE/UFRJ(CENTROCLIMA, 2017) que segue as diretrizes do

Guia IPCC-2006(IPCC, 2006).

3.5 Inventário de Emissões de GEE do Estado do Rio de Janeiro- 2015

O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de

Janeiro- 2015 foi elaborado de acordo com a metodologia desenvolvida pelo Centro

Clima/COPPE/UFRJ, a partir das diretrizes do Guia IPCC 2006, considerando as

adaptações realizadas pelas comunicações nacionais do Brasil.

As emissões de gases de efeito estufa foram segregadas pelos seguintes

setores(CENTROCLIMA, 2017): setor de energia, setor de processos industriais e

uso de produtos (IPPU), setor de agricultura, floresta e outros usos da terra (AFOLU)

e setor de resíduos.

Quanto ao limite operacional, o documento seguiu o formato estabelecido

pela metodologia GHG Protocol. Portanto, as emissões foram separadas por 3

escopos(CENTROCLIMA, 2017). O escopo 1 relata as emissões que ocorrem dentro

do Estado. As emissões de escopo 2 são provenientes da geração de energia

importada da rede elétrica nacional. As emissões de escopo 3 são emissões

indiretas, ou seja, são as emissões que não ocorrem dentro do Estado, mas que são

induzidas pelas atividades dentro dele.

A Tier representa o nível de complexidade metodológica. A Tier 1 é o método

mais básico, enquanto a Tier 2 é o método intermediário e a Tier 3 é a mais

complexa e que utiliza o maior número de dados(CENTROCLIMA, 2017). Para este

inventário, foram utilizadas diferentes Tiers, de acordo com a disponibilidade de

dados. Em relação aos fatores de emissão, quando possível, foram utilizados

valores locais. No entanto, na ausência de fatores locais, foram utilizados valores

Page 27: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

28

nacionais fornecidos pelas comunicações nacionais do Brasil, e por último, utilizados

valores de fatores padrões estabelecidos pelo guia do IPCC– 2006(IPCC, 2006).

Quanto ao potencial de aquecimento, foi utilizado o estabelecido pelo no

quinto relatório do IPCC (AR-5) (IPCC, 2013).

Neste trabalho, com a análise do inventário do INEA, foram estimadas as

emissões dos seguintes gases: Dióxido de Carbono (CO2), metano (CH4), óxido

nitroso (N2O) hexafluoreto de enxofre (HF6), hidrofluorcarbonos (HFCs) e

perfluorcarbonos (PFCs).

Assim como o banco de dados elaborado neste trabalho, este documento

relata as emissões de gases de efeito estufa do estado do Rio de Janeiro. Portanto,

será feita uma comparação das emissões apresentadas neste documento com as

emissões obtidas a partir do banco de dados.

Page 28: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

29

4 Material e Métodos

4.1 Banco de dados dos inventários de emissão de gases de efeito estufa

O Objeto de estudo destra trabalho é o inventário que segundo a resolução

INEA/PRES Nº 64, publicado em 12 de dezembro de 2012, determina quais

empreendimentos devem apresentar ao Instituo Estadual do Ambiente o inventário

de emissões de gases de efeito estufa. Portanto, os inventários referentes a 2012

começaram a ser entregues em 2013 (INEA, 2012).

Foi elaborado um banco de dados de emissões de gases de efeito estufa com

informações sobre a empresa, como CNPJ, endereço, licença ambiental. E

informações referentes ao inventário de gases de efeito estufa, como: organização

inventariante, organização verificadora, tipologia, GWP de referência e as emissões

de gases de efeito estufa.

As emissões de gases de efeito estufa foram divididas em escopo 1, 2 e 3.

Dentro de cada escopo, as emissões foram informadas por gás. É obrigatória a

apresentação de emissão dos seguintes gases: dióxido de Carbono (CO2), metano

(CH4), óxido nitroso (N2O),hexafluoreto de enxofre (HF6), hidrofluorcarbonos (HFCs)

e perfluorcarbonos (PFCs), divisão esta que foi respeitada ao longo deste trabalho.

Além disso, a emissão de escopo 1 é dividida nas seguintes categorias: combustão

estacionária, combustão móvel, processos industriais, resíduos sólidos e efluentes

líquidos, fugitivas e agrícolas.

A partir do levantamento desses dados, foram gerados os gráficos de

resultados das emissões por tipologia compreendendo o período de 2012 a 2016. As

tipologias deste banco de dados são aquelas citadas na Resolução INEA 64: aterros

sanitários; estações de tratamento de esgotos; indústria petroquímica; indústria de

petróleo; indústria química; indústria de produção de alumínio; indústria de produção

de cerâmica; indústria de produção de cimento; indústria de produção de vidro;

siderurgia; termelétricas a combustíveis fósseis; UPGNs (Unidades de

Processamento de Gás Natural).

Nos casos de dados faltantes durante o período analisado, foram estimados

os valores de emissões para o inventário, pela média calculada a partir das

emissões apresentadas durante o período dos últimos5 anos. Além dos dados

Page 29: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

30

faltantes, essa emissão calculada levou em consideração algumas mudanças devido

a dados inconsistentes.

Cabe ressaltar que não foi obtida uma lista com todas as indústrias das

tipologias em questão, das classes 4, 5 e 6. No entanto, a partir dos dados inventário

estadual quantidade de indústrias de cada tipologia foi levantada de acordo com os

inventários recebidos no período entre 2012 e 2016.

4.2 Outras bases de dados de Referência

Para realizar a análise do banco de dados foram utilizadas algumas fontes

como base de dados de referência.

Primeiramente, foi utilizado o inventário estadual (CENTROCLIMA, 2017) para

comparar as emissões com o banco de dados do INEA, visto que o banco de dados

e esta publicação possuem o mesmo objetivo, o de estimar as emissões de gases

de efeito estufa do estado do Rio de Janeiro.

Além disso, foi consultado o banco de dados da ANEEL(ANEEL, s.d).. A partir

do banco de dados foi possível determinar o número de usinas termelétricas

instaladas no estado Rio de Janeiro, bem como quais utilizavam combustíveis

fósseis e também suas potências de geração de energia.

Por último, foi consultado o documento Estimativas Anuais de Emissões de

Gases de Efeito Estufa no Brasil – 4ª edição” (MCTIC, 2017) a fim de comparar as

emissões com o banco de dados do INEA.

Os objetos de comparação para o setor de energia neste trabalho serão os de

consumo final do setor energético e das indústrias, além dos subsetores de centros

de transformação de energia e o de emissões fugitivas.

Segundo o inventário, são apresentadas as seguintes definições para os

subsetores a serem analisados:

- Emissões do consumo do setor energético são as emissões do consumo de

energia na exploração e refino de petróleo, exploração e processamento de gás

natural, geração de energia elétrica, coquerias, destilarias e carvoarias.

- Emissões do centro de transformação são as emissões da transformação de

energia nas coquerias, termelétricas e carvoarias.

Page 30: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

31

- Emissões fugitivas compreendem aquelas provenientes do processo de

extração, transporte e processamento de petróleo e gás natural úmido por dutos, e

da distribuição de gás natural seco por dutos.

Quanto ao setor de Processos industriais e uso de produtos, serão

comparados os dados de emissão da indústria mineral, indústria química e indústria

metalúrgica. Em relação ao uso de produtos, este relata a emissão total do uso de

lubrificantes, parafinas, anestésicos, refrigeração e ar condicionado, equipamentos

elétricos. Portanto, não foi possível separá-los pelas tipologias utilizadas no banco

de dados.

Em relação ao setor de resíduos, o objeto de comparação dos resíduos

sólidos será o de aterro sanitário, enquanto o de resíduos líquidos será o de

estações de tratamento de esgoto das companhias de saneamento.

Page 31: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

32

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo, foram levantados dados de 457 inventários de 158 organizações

distintas. Foram apresentados 4 inventários referentes as emissões do ano 2011, 86

inventários referentes ao ano 2012, 82 inventários referentes ao ano 2013, 104

inventários referentes ao ano 2014, 92 inventários referentes ao ano 2015, 89

inventários referentes ao ano 2016.

Os resultados obtidos a partir do banco de dados e as emissões calculadas

geraram os gráficos abaixo, em que a barra azul representa as emissões

apresentadas nos inventários de emissões de gases de efeito estufa, enquanto a

barra vermelha representa as emissões calculadas.

Quanto às tabelas de contabilização do número de inventários, a

porcentagem foi calculada encima do espaço amostral do banco de dados.

Em relação à tabela de comparação de emissões, não foi utilizada a emissão

total da tipologia. Em algumas situações, determinados escopos foram

desconsiderados a fim de comparar com o inventário estadual.

5.1 Aterros sanitários

As emissões referentes à tipologia de aterro sanitário podem ser vistas, na sua

evolução histórica na Figura 1, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na Tabela 1e a comparação entre as bases de dados de referência

na Tabela 2.

Figura 1- Emissão de GEE. Tipologia: Aterro Sanitário

1

100

10.000

1.000.000

100.000.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Aterro Sanitário

Banco de Dados

Estimado

Page 32: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

33

Tabela 1 - Número de inventários recebidos, tipologia Aterro Sanitário

Número de inventários recebidos –

Tipologia Aterro Sanitário

Ano Quantidade Porcentagem

2012 5 55,5%

2013 5 55,5%

2014 9 100%

2015 8 88,89%

2016 5 55,5%

Tabela 2 - Comparação das emissões de GEE. Tipologia: Aterros Sanitários

Fonte Inventário Estadual Banco de Dados Estimado

Emissão (tCO2eq) 2.352.800 1.845.569 2.642.545

A partir da figura 1 foi possível observar que a emissão de 2013 foi de

356.121.359 tCO2eq. Esse alto valor de emissão se deve a emissão de um aterro

sanitário. Portanto, o dado foi considerado inconsistente uma vez que este valor é

aproximadamente quatro vezes superior a emissão de GEE do estado do Rio de

Janeiro estimada pelo Centro Clima (CENTROCLIMA, 2017). Diante desse contexto,

a emissão desse empreendimento foi substituído pela média do empreendimento

para o cálculo de emissão estimada.

Segundo o inventário de emissões do Estado do Rio de Janeiro, existem vinte

e um aterros sanitários no estado. No banco de dados, apenas nove aterros

apresentaram inventários, ou seja, apenas 42,9% dos aterros localizados no estado.

A partir da tabela 2 foi possível observar que os resultados apresentados pelo

banco de dados divergem do resultado apresentado no inventário estadual. Essa

diferença é esperada, uma vez que apenas 38,09% dos aterros apresentaram o

inventário no ano de 2015. Ainda em relação aos resultados do documento, a

emissão calculada neste trabalho supera a emissão calculada no inventário. Isso

pode ser explicado pelo fato de que a metodologia utilizada por este trabalho tenha

superestimado a emissão, uma vez que esta foi calculada a partir da média de

emissão dos demais anos, e por isso não retrata com precisão as emissões. Além

disso, essa diferença pode ter sido causada pela utilização de metodologias no

Page 33: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

34

cálculo de emissões, como, diferentes valores de GWP ou fator de emissão,

diferentes volumes de resíduos ou diferente composição gravimétrica.

5.2 Estações de tratamento de esgotos

As emissões referentes à tipologia tratamento de esgotos podem ser vistas, na

sua evolução histórica na figura 2, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 3e a comparação entre as bases de dados de referência

na tabela 4.

Figura 2- Emissão de GEE. Tipologia: ETE

Tabela 3- Número dos inventários recebidos, tipologia ETE.

Número de inventários entregues

Ano Quantidade Porcentagem

2012 0 0%

2013 8 18,6%

2014 8 18,6%

2015 8 18,6%

2016 34 79,1%

-

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Estação de Tratamento de Esgoto

Banco de Dados

Estimado

Page 34: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

35

Tabela 4- Comparação das Emissões. Tipologia: ETE

Fonte Inventário Estadual Banco de Dados Estimado

Emissão (tCO2eq) 940.300 14.595 43.929

Segundo o inventário de emissões do Estado do Rio de Janeiro, existem

dezessete companhias de saneamento no estado. No banco de dados, apenas seis

companhias apresentaram inventários, ou seja, apenas 35,29% das companhias

localizadas no estado. Cabe destacar que o número de inventários contabiliza a

quantidade de ETE, que totaliza em seis companhias de saneamento e uma estação

de tratamento de resíduos industriais.

A partir da tabela 4, foi possível observar que os resultados apresentados

pelo banco de dados divergem do resultado apresentado no inventário estadual.

Essa diferença é esperada, uma vez que apenas uma companhia de saneamento

apresentou inventário em 2015. Ainda em relação aos resultados do documento, a

emissão calculada neste trabalho é significativamente inferior visto que as emissões

foram calculadas a partir dos inventários apresentados, ou seja, foram

contabilizados apenas dados de 35,29% das companhias de saneamento presentes

no estado.

5.3 Indústria Petroquímica

As emissões referentes à tipologia indústria petroquímicas podem ser vistas, na

sua evolução histórica na figura 3, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 5.

Page 35: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

36

Figura 3- Emissões de GEE. Tipologia: Indústria Petroquímica

Tabela 5 - Entrega de inventários. Tipologia: Indústria Petroquímica

Número de inventários entregues tipologia Indústria Petroquímica

Ano Quantidade Porcentagem

2012 10 71,43

2013 11 78,57

2014 12 85,71

2015 11 78,57

2016 8 57,14

O inventário estadual não apresenta as emissões das indústrias

petroquímicas no estado, no entanto, este apresenta a emissão proveniente da

produção de etileno. Portanto, não foi possível comparar as emissões da indústria

petroquímica do banco de dados com as emissões do estado.

A partir da figura 3 foi possível observar que houve uma redução de emissão

de GEE no período de 2012 a 2016. Além disso, o gráfico também mostra que,

apesar da irregularidade de inventários apresentados, não houve uma grande

diferença entre a emissão apresentada nos inventários com a emissão calculada.

Isso se deve ao fato de que a emissão referente a esta tipologia é emitida

predominantemente por uma pequena parcela dos empreendimentos.

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Indústria Petroquímica

Banco de Dados

Estimado

Page 36: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

37

Cabe destacar que não foi possível obter uma lista de todas as indústrias

petroquímicas instaladas no Rio de Janeiro.

5.4 Indústria de petróleo

As emissões referentes à tipologia indústria do petróleo podem ser vistas, na

sua evolução histórica na figura 4, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 6.

Figura 4- Emissões de GEE. Tipologia: Indústria de Petróleo

Tabela 6- Inventários Entregues: Tipologia: Indústria de Petróleo

Número de inventários recebidos tipologia Industria do petróleo

Ano Quantidade Porcentagem

2012 17 73,91

2013 14 60,87

2014 20 86,96

2015 17 73,91

2016 11 47,83

A partir da análise da figura 4 e da tabela 6conclui-se que a emissão não está

proporcionalmente relacionada ao número de inventários. Isso se deve ao fato de

que determinados empreendimentos são responsáveis por maior parte das

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

3.500.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Petróleo

Banco de Dados

Estimado

Page 37: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

38

emissões do setor. Dessa forma, o ano de 2013 apresentou uma emissão

insignificante em relação ao demais anos.

A figura 4 mostra ainda que, de modo geral, as emissões não apresentaram

grandes variações, com exceção do ano de 2014.

Em relação ao inventário estadual, não foi possível comparar os resultados

com o banco de dados devido à estruturação dos setores. O documento apresenta

as emissões do consumo do setor de energia referentes às emissões da exploração

e refino de petróleo, exploração e processamento de gás natural, geração de

energia elétrica, coquerias, destilarias e carvoarias. Além disso, o inventario estima

as emissões fugitivas provenientes do processo de extração, transporte e

processamento de petróleo e gás natural. Portanto, devido ao fato das emissões

serem relatadas como “consumo do setor de energia” e emissões fugitivas”, não foi

possível compará-las ao banco de dados.

Por último, apesar de não ter sido obtida uma relação de todas as indústrias

de petróleo instaladas na região fluminense, foi possível observar a ausência de um

importante empreendimento pertencente a esta tipologia, o que pode causar uma

redução da emissão.

5.5 Indústria Química

As emissões referentes à tipologia indústria química, podem ser vistas, na sua

evolução histórica na figura 5, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 7.

Page 38: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

39

Figura 5 - Emissões de GEE. Tipologia: Indústrias Químicas

Tabela 7- Inventários Entregues. Tipologia: Indústria Química

Número de inventários entregues topologia indústria química

Ano Quantidade Porcentagem

2012 26 68,42

2013 24 63,16

2014 24 63,16

2015 24 63,16

2016 18 47,37

A partir da análise da figura 5 foi possível observar uma grande variação de

emissão proveniente das indústrias químicas no estado. Essa diferença é explicada

devido ao fato de que uma empresa, a maior emissora desta tipologia, apresentou

uma grande variação de emissão de gases de efeito estufa entre relatórios.

Portanto, os altos valores dos anos de 2012, 2014 e 2015 se devem ao fato de que

esta indústria apresentou um alto valor de emissão, enquanto nos anos de 2013 e

2016 a mesma apresentou um baixo de valor de emissão, no que se entende que

ela acumulou dados de anos anteriores.

Esses dados são considerados inconsistentes uma vez que dificilmente, uma

empresa consegue variar suas emissões de forma tão significativa, e atingir um nível

tão alto como foi apresentado nos inventários. Essas emissões incoerentes podem

-

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

18.000.000

20.000.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Indústrias Químicas

Banco de Dados

Estimado

Page 39: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

40

ter ocorrido, possivelmente, devido a erro de cálculo ou digitação durante a etapa de

elaboração do inventário corporativo.

Em relação ao inventário estadual, não foi possível comparar os resultados

devido à estruturação dos setores. O setor de energia apresenta as emissões do

consumo do setor de indústria química juntamente com o de indústria petroquímica.

Além disso, não foi especificado quais indústrias químicas foram consideradas nesta

tipologia. Quanto ao setor de processos industriais e uso de produto, as únicas

indústrias químicas consideradas foram as de produção de metanol e de etileno. A

indústria de produção de etileno foi enquadrada na tipologia de indústria

petroquímica, enquanto a indústria de produção de etanol foi enquadrada em

indústria química neste trabalho.

5.6 Indústria de Produção de Alumínio

Durante o período analisado nenhum inventário de emissão de gases de

efeito estufa foi apresentado, portanto não houve emissão relativa a esta tipologia no

banco de dados. Segundo o inventário estadual de 2010, o estado do Rio de Janeiro

não possui indústria de produção de alumínio. (CENTROCLIMA, 2013)

5.7 Indústria de Produção de Cerâmica

Durante o período analisado nenhum inventário de emissão de gases de

efeito estufa de indústria de produção de cerâmica foi recebido, portanto não houve

emissão relativa a esta tipologia no banco de dados. No entanto, segundo inventário

de emissões estadual, o estado possui aproximadamente 200 indústrias de

produção de cerâmica e sua emissão foi de 51.500 tCO2eq no ano de 2015.

(CENTROCLIMA, 2017)

Cabe destacar que a emissão estimada pelo inventário estadual é

relativamente pequena em comparação com as demais tipologias analisadas neste

trabalho.

Page 40: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

41

5.8 Indústria de Produção de Cimento

As emissões referentes à tipologia produção de cimento podem ser vistas, na

sua evolução histórica na figura 6, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 8e a comparação entre as bases de dados de referência

na tabela 9.

Figura 6- Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Produção de Cimento

Tabela 8- Inventários Recebidos. Tipologia: Indústria de Produção de Cimento

Número de inventários entregues tipologia indústria de cimento

Ano Quantidade Porcentagem

2012 5 71,4%

2013 5 71,4%

2014 5 71,4%

2015 3 42,8%

2016 3 42,8%

Tabela 9- Comparação de Emissões. Tipologia: Indústria de Produção de Cimento

Fonte Inventário Estadual Banco de Dados Estimado

Emissão (tCO2eq) 1.206.400 1.145.766 1.920.726

Segundo o inventário de emissões do Estado do Rio de Janeiro, existem oito

indústrias de produção de cimento no estado. E o banco de dados apresenta

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Produção de Cimento

Banco de Dados

Estimado

Page 41: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

42

emissões de sete indústrias. Portanto, apenas uma indústria não apresentou os

inventários no período analisado.

Segundo o inventário estadual, o setor de IPPU considerou as emissões de

três cimenteiras, pois estas são as únicas indústrias integradas. As emissões de

processo ocorrem apenas nas indústrias integradas, onde há a produção de

clínquer, insumo intermediário na produção do cimento, enquanto as restantes

compram o clínquer externamente. As emissões deste subsetor foram calculadas a

partir de uma combinação das informações dos inventários corporativos utilizados

neste banco de dados, junto com as informações do setor no Estado, segundo o

SNIC (Inventário).

A tabela 9 mostra que a emissão encontrada no banco de dados é inferior a

emissão apresentada no inventário estadual. Esse resultado é esperado visto que o

banco de dados contabilizou emissão de apenas 37,5% das indústrias do estado. No

entanto, é possível concluir que as emissões dos maiores empreendimentos estão

contabilizadas no banco de dados.

Em relação à projeção de emissão, o valor encontrado supera a emissão

estimada no inventário estadual. Isso pode ser explicado pelo fato de que a projeção

de emissão foi feita por média dos demais anos, e por isso não retrata com precisão

as emissões.

5.9 Indústria de Produção de Vidro

As emissões referentes à tipologia produção de vidro podem ser vistas, na sua

evolução histórica na figura 7, na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 10 e a comparação entre as bases de dados de referência

na tabela 11.

Page 42: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

43

Figura 7- Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro

Tabela 10- Inventários Entregues. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro

Número de inventários entregues tipologia indústria de vidro

Ano Número Porcentagem

2012 3 71,4%

2013 4 71,4%

2014 4 71,4%

2015 3 42,8%

2016 2 42,8%

Tabela 11- Comparação. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro

Fonte Inventário Estadual Banco de Dados Estimado

Emissão (tCO2eq) 266.600 295.694 301.120

Como pode ser observado na figura 7, em 2016, a emissão de GEE

proveniente da indústria de produção de vidro foi aproximadamente 80 vezes maior

que as emissões dos anos anteriores. Isso ocorreu devido ao fato de que uma

empresa apresentou o dado de emissão muito superior em relação aos demais anos

e, em relação às outras tipologias que são consideradas potencialmente maiores

emissoras de gases de efeito estufa. Portanto, considerou-se que este erro pode ter

ocorrido por um possível erro de cálculo ou digitação na elaboração do relatório por

1

10

100

1.000

10.000

100.000

1.000.000

10.000.000

100.000.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Indústria de Produção de Vidro

Banco de Dados

Estimado

Page 43: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

44

parte do empreendimento durante a elaboração do inventário. Logo, a média foi

calculada a partir dos dados de emissão dos demais anos, desconsiderando o ano

de 2016.

Segundo o inventário de emissões do Estado do Rio de Janeiro, existem sete

indústrias de produção de vidro no estado. E o banco de dados apresenta dados de

quatro indústrias. Portanto, três indústrias não apresentaram o inventário.

A partir da análise das tabelas 10 e 11, foi possível observar que, apesar de o

banco de dados contabilizar a emissão de menos empreendimentos do que o

inventário estadual, a emissão obtida a partir do banco de dados é superior. Da

mesma forma, a emissão estimada neste trabalho ultrapassa a emissão do

inventário estadual. Isso pode ser explicado pelo uso de diferentes metodologias,

com usos de GWP, fatores de emissão, ou diferenças na estimativa do consumo de

energia.

5.10 Siderurgia

As emissões referentes à tipologia siderurgia podem ser vistas, na sua

evolução histórica na figura 8 e na sua representatividade percentual dentro do

inventário INEA na tabela 12.

Figura 8- Emissão de GEE. Tipologia: Siderurgia

-

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: Siderurgia

Banco de Dados

Estimado

Page 44: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

45

Tabela 12- Inventários Entregues. Tipologia: Siderurgia

Número de inventários entregues tipologia siderurgia

Ano Quantidade Porcentagem

2012 4 80%

2013 5 100%

2014 5 100%

2015 3 60%

2016 4 80%

Segundo o inventário estadual, o estado do Rio de Janeiro possui cinco

indústrias siderúrgicas, portanto o banco de dados contabilizou a emissão de todas

as siderurgias. Não tendo sido detectados desvio significativo.

Em relação à comparação das emissões, esta se mostra improdutiva em

virtude da variedade das etapas do processo produtivo desta tipologia. O inventário

estadual, quando em comparação com outros inventários (exemplo o elaborado pela

COPPE), apresenta as emissões das siderurgias no setor de energia e no setor de

processos industriais e uso de produtos. No setor de energia foram identificadas

emissões no subsetor de consumo final energético de indústria metalúrgica e

também nas coquerias no subsetor de centros de transformação de energia. O setor

IPPU apresenta as emissões da indústria metalúrgica nas etapas de produção de

sínter e produção de gusa e aço. Portanto, as emissões relatadas no inventário

estadual podem diferir da do banco de dados uma vez que as emissões relatadas

nos inventários corporativos podem envolver mais setores que aquelas

apresentadas no inventário estadual. Ainda, a estimativa de emissões das

siderurgias calculadas no inventário estadual teve como base os inventários

utilizados no banco de dados. Portanto, pode-se concluir que não foi realizada a

comparação das emissões devido a uma diferença na estruturação das emissões.

Contudo, a emissão de gases de efeito estufa do banco de dados é

representativa em âmbito estadual uma vez que todos os empreendimentos

apresentaram os inventários no período analisado.

Portanto, a partir da figura 8, foi possível observar que, de modo geral, houve

um aumento das emissões provenientes das siderurgias no período analisado. Cabe

Page 45: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

46

ressaltar ainda que o setor de siderurgia foi o maior emissor de gases de efeito

estufa dentre as tipologias analisadas no banco de dados.

5.11 Termelétricas a Combustíveis Fósseis

As emissões referentes à tipologia termoelétricas a combustíveis fósseis (UTE)

podem ser vistas, na sua evolução histórica na figura 9, na sua representatividade

percentual dentro do inventário INEA na tabela 13e a comparação entre as bases de

dados de referência na tabela 14.

Figura 9- Emissão de GEE. Tipologia: UTE

Tabela 13- Inventários Recebidos. Tipologia: UTE

Número de inventários entregues tipologia termoelétricas a combustíveis fósseis

Ano Quantidade Porcentagem

2012 5 62,5%

2013 6 75%

2014 7 87,5%

2015 7 87,5%

2016 2 25%

-

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE: Tipologia: Termelétricas a Combustíveis Fósseis

Banco de Dados

Estimado

Page 46: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

47

Tabela 14- Comparação de Emissões. Tipologia: UTE

Fonte Inventário Estadual Banco de Dados Estimado

Emissão (tCO2eq) 20.633.400 12.642.933 13.739.947

Segundo o banco de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), o estado possui 150 usinas termelétricas, dentre as quais 145 utilizam o

combustível fóssil. No entanto, cabe destacar que a maioria das usinas termelétricas

apresentadas no banco dados da ANEEL são de pequeno porte, responsáveis por

uma baixa produção de energia elétrica. A tabela 13 mostra que apenas oito UTEs

apresentaram os inventários de GEE. No entanto, a partir do banco de dados da

ANEEL, foi possível concluir que os maiores empreendimentos desta tipologia

estavam contabilizados no banco de dados.

A tabela 14 mostra que as emissões apresentadas no banco de dados e a

estimada neste trabalho são inferiores à aquela quantificada no inventário estadual.

No inventário estadual não foi informada a quantidade de usinas termelétricas que

foram contabilizadas no cálculo de emissões das termelétricas no subsetor de centro

de transformação no setor de energia. No entanto, pela diferença de emissão e pela

quantidade de UTE no estado, é possível concluir que essa diferença de emissão

pode estar relacionada a quantidade de UTE contabilizadas no banco de dados.

Em relação à figura 9, é possível concluir que houve um aumento de emissão

de GEE no Estado. No entanto, a redução de emissão estimada no ano de 2016,

pode ser explicada pelo fato que apenas dois empreendimentos apresentaram os

inventários, portanto a média utilizada das demais indústrias podem ter subestimado

a emissão referente à este ano.

5.12 Unidades de Processamento de Gás Natural

As emissões referentes à tipologia unidades de processamento de gás natural

(UPGNs) podem ser vistas, na sua evolução histórica na figura 10 e na sua

representatividade percentual dentro do inventário INEA na tabela 15.

Page 47: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

48

Figura 10- Emissão de GEE. Tipologia: UPGNs

Tabela 15- Inventários Recebidos. Tipologia: UPGNs

Número de inventários entregues tipologia: UPGNs

Ano Quantidade Porcentagem

2012 2 100%

2013 2 100%

2014 2 100%

2015 1 50%

2016 0 0%

Segundo o inventário estadual, o estado conta com duas unidades de

processamento de gás natural, portanto, o banco de dados contabilizou 100% das

UPGNs do estado.

A partir da análise da figura 10, foi possível observar que, de modo geral,

houve um aumento de emissões de gases de efeito estufa provenientes das

unidades de processamento de gás natural.

Em relação ao inventário estadual, não foi possível comparar o resultado das

emissões das unidades de processamento de gás natural devido a estruturação dos

setores do documento. O setor de consumo do setor energético estima as emissões

das UPGNS juntamente com o processo de exploração e refino do petróleo, geração

de energia elétrica, coquerias, destilarias e carvoarias, enquanto o setor de

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

2012 2013 2014 2015 2016

Emis

são

de

GEE

em

tC

O2

eq

Emissão de GEE. Tipologia: UPGNs

Banco de Dados

Estimado

Page 48: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

49

emissões fugitivas estima as emissões provenientes do refino e processamento de

petróleo e gás natural.

5.13 Comparação tipologias

As emissões referentes às tipologias no ano de 2015 foram agrupadas no

gráfico abaixo como pode ser visto na figura 11, tendo como base os dados

computados – segundo a Resolução INEA 64.

Figura 11- Participação das tipologias

A partir da figura 11, é possível observar que os principais emissores de GEE

são as siderurgias, termelétrica a combustíveis fósseis e a indústria química. No

entanto, cabe ressaltar que a indústria química apresentou um perfil de emissões

incoerente uma vez que suas emissões variaram significativamente e em virtude

apenas de um empreendimento. Portanto, a emissão da indústria química pode não

representar 16% das emissões das tipologias, como computado no banco de dados.

Aterro Sanitário4%

ETE0% Indústria

Petroquímica2%

Indústria de Petróleo

5%

Indústria Química16%

Indústria de Produção de Cimento

2%

Indústria de Produção de Vidro1%

Siderurgia45%

Termelétrica a combustíveis

fósseis25%

UPGNs0%

PARTICIPAÇÃO DAS TIPOLOGIAS NO PERFIL DE EMISSÕES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EM 2015

Page 49: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

50

Contudo, é possível afirmar que os maiores emissores são as siderurgias e as

termelétricas a combustíveis fósseis, responsáveis por 70% das emissões das

tipologias analisadas.

Em relação aos demais anos, pode-se concluir que estas duas tipologias

continuam sendo as maiores emissoras, e que esse gráfico, de maneira geral,

representa corretamente as emissões de todas as tipologias durante período

analisado. No entanto, apenas as emissões provenientes das indústrias químicas

representaram dados inconsistentes e que, diferentemente das outras

inconsistências encontradas nas demais tipologias, não foi possível definir um perfil

de emissão.

Cm relação ao documento Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito

Estufa no Brasil – 4ª edição” (MCTIC, 2017), com as emissões do III Inventário

Nacional, não foi possível realizar essa comparação visto que as emissões

provenientes de processos industriais e do tratamento de resíduos não foram

segregadas por estado.

Page 50: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

51

6 CONCLUSÕES

A partir da análise do banco de dados elaborado neste trabalho foi possível

concluir que o maior problema encontrado foi a irregularidade quanto à frequência

de entrega dos inventários recebidos do INEA; de forma que esta irregularidade fez

com que os dados de emissão obtidos no banco de dados, no geral, não tenham

uma boa representatividade em âmbito estadual.

No entanto, o banco de dados – a despeito da inconsistência temporal –

representa bem as emissões dos maiores empreendimentos industriais da região

fluminense, em especial as associadas do setor industrial que se mostraram

consistentes quando comparadas com os outros inventários de emissões de gases

de efeito estufa e demais fontes de dados para o estado do Rio de Janeiro-2015.

Foram encontradas algumas diferenças nas emissões das tipologias

analisadas, mas essa diferença foi dentro de um valor esperado visto que os

inventários foram elaborados a partir de diferentes metodologias, o que faz com

ocorra essas diferenças nos resultados das emissões estimadas.

Portanto, pode-se concluir que o inventário estadual é mais representativo em

relação à estimativa de emissões de gases de efeito estufa no estado do Rio de

Janeiro. Primeiramente porque ele inclui qualquer fonte de emissão desses gases na

região fluminense, bem como as tipologias citadas na Resolução 64, enquanto o

banco de dados do INEA tem como base apenas as emissões definidas na referida

resolução. Por último, o banco de dados sofre uma defasagem devido à

irregularidade de envio dos inventários por parte dos empreendimentos.

No entanto, os dados de emissão obtidos a partir dos inventários exigidos na

Resolução INEA 64 têm uma enorme importância para o Estado. Primeiramente,

este banco de dados pode auxiliar no processo de licenciamento, uma vez que

identificado os empreendimentos de maior potencial poluidor em relação aos gases

de efeito estufa, pode-se estabelecer condições, restrições e medidas de controle de

emissões desses gases, melhor direcionando os esforços do estado na contratação

de técnicos e montagem de equipe para poder cumprir os prazos previstos. De igual

forma, poder indicar ritos sumários de análise para outros setores, dados serem de

baixa representatividade no estado, como a indústria de produção de vidro e

indústria de produção de cerâmica.

Page 51: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

52

Ainda, os dados informados nos inventários são úteis para analisar o perfil de

emissões anualmente, uma vez que o inventário estadual relata emissões a cada

cinco anos. Portanto, esses dados podem ajudar na análise das emissões

detalhadamente, visto que a estimativa a cada cinco anos pode apresentar um ano

atípico e não a realidade das emissões naquele ano.

Neste sentido, as emissões do banco de dados pode ser um importante

instrumento de política pública, caso, futuramente, sejam estabelecidos limites de

emissão de gases de efeito estufa, indicando os setores prioritários e facilitando a

justificativa de serem estes, alvo de restrições em detrimento de outros. Neste

particular, as tipologias que mais poderia ser fruto de controle de emissões seriam

(em ordem de importância): siderurgia, termelétricas a combustíveis fósseis e

indústria de petróleo

Pode-se concluir, portanto que, de forma bruta, as emissões relatadas no

banco de dados e no inventário de emissões de gases de efeito estufa do estado do

Rio de Janeiro-2015 não podem ser comparadas efetivamente devido à estruturação

dos setores e tipologias distintos analisados em cada um, e também devido à

diferença nas metodologias utilizadas. No entanto, ambos possuem dados

complementares, e que ao serem analisados conjuntamente, são essências para o

melhorentendimento do perfil de emissão do estado. Cabe ressaltar ainda que as

duas fontes de estimativa de emissões possuem particularidades que podem ser

utilizadas para diferentes finalidades.

Page 52: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

53

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT NBR ISO 14064-1:2007. Gases de efeito estufa – Parte 1: Especificação e

orientação a organizações para quantificação e elaboração de relatórios de

emissões e remoções de gases de efeito estufa., Disponível em: <

http://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1258>, acessado em: 10 julho

2018.

ANTUNES, R.G; QUALHARINI E.L, 2008, A Norma Brasileira de Mudanças

Climáticas – ABNT NBR ISSO 14064, IV Congresso Nacional de Excelência em

Gestão: Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras, Niterói, RJ,

Brasil. Disponível em <http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis.php>, acessado

em: 03 mar 2018.

ANEEL. Banco de Informações de Geração, Disponível em

<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/GeracaoTipoFase.asp>,

acessado em: 01 de julho de 2018.

CARLONI, F. B. B. A., 2012. Gestão do Inventário e do Monitoramento de Emissões

de Gases de Efeito Estufa em Cidades: O Caso do Rio de Janeiro. Tese de D. Sc,

Planejamento Energético, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em

<http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis.php>, acessado em: 05 abr 2018.

CENTROCLIMA, 2013, Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do

Estado do Rio de Janeiro – 2010. Centro Clima/COPPE/UFRJ. Disponível em:

<http://www.rj.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=bc698383-59af-4131-a6ee-

32b06680932e&groupId=132946>, acessado em: 18 jan 2018

CENTROCLIMA, 2017, Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do

Estado do Rio de Janeiro – 2015: Relatório Final. Centro Clima/COPPE/UFRJ.

CETESB, Decisão de Diretoria Nº 254/2012/V/I, de 22 de agosto de 2012: Dispõe

sobre os critérios para a elaboração do inventário de emissões de gases de efeito

estufa no Estado de São Paulo e dá outras providências. Disponível

Page 53: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

54

em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12187.html>,

acessado em: 05 maio 2018.

DUBEUX, C. B. S., 2007, Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa por

Municípios Brasileiros: Metodologias para Elaboração de Inventários Setoriais e

Cenários de Emissões como Instrumentos de Planejamento. Tese de D.Sc,

Planejamento Energético, COPPE/ UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em

<http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/dubeauxcbsd.pdf>, acessado em: 13 abr

2018.

GHG PROTOCOL, s.d. Calculation Tools. Disponível em:

<https://ghgprotocol.org/calculation-tools>, acessado em: 23 fev 2018

IPCC, 1995: Climate Change 1995: The Science of Climate Change. Contribution of

Working Group I to the Second Assessment Report of the Intergovernmental Panel

on Climate Change. Cambridge University Press, 1996. Disponível em:<

http://www.ipcc.ch/ipccreports/sar/wg_I/ipcc_sar_wg_I_full_report.pdf>, acessado

em: 22 maio 2018.

IPCC, 2006: Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, 2006. Prepared by

the National Greenhouse Gas Inventories Programme, Eggleston H.S., Buendia L.,

Miwa K., Ngara T. and Tanabe K. (eds.) Published: IGES, Japan. Disponível em:<

https://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/public/2006gl/>, acessado em: 22 maio 2018.

IPCC, 2007: Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of

Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on

Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New

York, NY, USA, 996 pp.Disponível em :<http://www.ipcc.ch/pdf/assessment-

report/ar4/wg1/ar4_wg1_full_report.pdf>, acessado em: 22 maio 2018.

IPCC, 2013: Climate Change 2013: The Physical Science Basis. Contribution of

Working Group I to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on

Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New

York, NY, USA, 1535 pp. Disponível em:<

Page 54: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

55

http://www.climatechange2013.org/images/report/WG1AR5_ALL_FINAL.pdf>,

acessado em: 17 mar 2018.

IPCC, 2013, Alterações Climáticas 2013 A base Científica, Disponível em:

<http://www.ipcc.ch/pdf/reports-nonUN-translations/portuguese/ar5_wg1_spm.pdf>,

acessado em: 03 abr 2018.

INEA - Instituto Estadual do Ambiente. Resolução INEA/PRES N° 64 de 12 de

dezembro de 2012, dispõe sobre a apresentação de inventário de emissões de

gases de efeito estufa para fins de licenciamento ambiental no estado do Rio de

Janeiro. Disponível em:

<http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwff/mda2/~edisp/i

nea_006665.pdf>, acessado em: 06 jul 2018.

RIO DE JANEIRO, Decreto Nº 42.159, de 02 de dezembro de 2009: Dispõe sobre o

Sistema de Licenciamento Ambiental – SLAM e dá outras providências.

RIO DE JANEIRO, Decreto Nº 43.216, de 30 de setembro de 2011: Regulamenta Lei

nº 5.690, de 14 de abril de 2010, que dispões sobre a Política Estadual sobre

Mudança Global do Clima e desenvolvimento sustentável. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12187.html>,

acessado em: 23 Jan. 2018.

RIO DE JANEIRO, LEI Nº 5.690, de 14 de abril de 2010: Institui a política estadual

sobre mudança global do clima e desenvolvimento sustentável e dá outras

providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-

2010/2009/Lei/L12187.html>, acessado em: 05 abr 2018.

MACIEL, Carolina Veloso et al., 2009, Crédito de Carbono: Comercialização e

Contabilização a partir de Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. RIC -

Revista de Informação Contábil - ISSN: 1982-3967, [S.l.], v. 3, n. 1, p. 89-112, jul.

2009. Disponível em:

<https://periodicos.ufpe.br/revistas/ricontabeis/article/view/7914/7991>, acessado

em: 21 maio 2018.

Page 55: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

56

MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Estimativas

Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil, 4ª Ed, Brasília, 2017.

Disponível em: <

http://sirene.mcti.gov.br/documents/1686653/1706227/4ed_ESTIMATIVAS_ANUAIS

_WEB.pdf/a4376a93-c80e-4d9f-9ad2-1033649f9f93> acessado em: 05 mar 2018.

MENDES, T. A., 2014, Desenvolvimento Sustentável, Política e Gestão da Mudança

Global do Clima: sinergias e contradições brasileiras, Tese de Doutorado, Centro de

Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível

em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/17168>, acessado em: 16 abr 2018.

MINAS GERAIS, Decreto Nº 45.229, de 03 de dezembro de 2009: Regulamenta

medidas do Poder Público do Estado de Minas Gerais referentes ao combate às

mudanças climáticas e gestão de emissões de gases de efeito estuda e dá outras

providências.

MINAS GERAIS, Decreto Nº 46.674, de 17/12/2014: Altera o Decreto nº 45.229, de 3

de dezembro de 2009, que regulamenta medidas do Poder Público do Estado de

Minas Gerais referentes ao combate às mudanças climáticas e gestão de emissões

de gases de efeito estuda e dá outras providências

MMA, 2008, PLANO NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA – PNMC- BRASIL,

Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/estruturas/smcq_climaticas/_arquivos/plano_nacional_mud

anca_clima.pdf>, acessado em: 23 maio 2018.

NEVES,C.G; DOPICO,Y.B,C., 2013, Análise de Metodologias de Produção de

Inventários de Gases de Efeito Estufa de Cidades, Projeto de Graduação de

Engenharia Ambiental, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em

<http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/dubeauxcbsd.pdf>., acessado em: 25

jan 2018.

Page 56: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

57

OLIVEIRA, I.C.P., 2013, Sistema de Indicadores para Identificação das principais

fontes de emissão dos gases de efeito estufa nas cidades: uma proposta teórico-

metodológica, Tese de D.Sc, Programa de pós-graduação em desenvolvimento

urbano, UFPE, Recife, PE, Brasil. Disponível

em<http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/dubeauxcbsd.pdf>. Acesso em: 25

jan. 2018.

PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL,s.d,Especificações do Programa

Brasileiro GHG Protocol: Contabilização, Quantificação e Publicação de Inventários

Corporativos de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Segunda Edição. Centro de

Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas da

Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV) e World ResourcesInstitute (WRI), Brasil.

Disponível em:<http://ghgprotocolbrasil.com.br/especificacoes-e-notas-tecnicas-do-

programa-brasileiro-ghg-protocol/?locale=pt-br>, acessado em: 17 mar 2018.

PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 22 de dezembro de 2016, NOTA

TÉCNICA: Valores de referência para o potencial de aquecimento global (GWP) dos

gases de efeito estufa – versão 1.0, Equipe do Programa Brasileiro GHG Protocol,

São Paulo, Brasil. Disponível em: <http://ghgprotocolbrasil.com.br/especificacoes-e-

notas-tecnicas-do-programa-brasileiro-ghg-protocol/?locale=pt-br>, acessado em: 17

mar 2018.

PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 05 de março de 2018, NOTA

TÉCNICA: Definição das categorias emissões de gases de efeito estufa (GEE) de

Escopo 1– versão 4.0, Equipe do Programa Brasileiro GHG Protocol, São Paulo,

Brasil. Disponível em: <http://ghgprotocolbrasil.com.br/especificacoes-e-notas-

tecnicas-do-programa-brasileiro-ghg-protocol/?locale=pt-br>, acessado em:17 mar

2018.

PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 05 de março de 2018, NOTA

TÉCNICA: Definição das categorias emissões de gases de efeito estufa (GEE) de

Escopo 3– versão 2.0, Equipe do Programa Brasileiro GHG Protocol, São Paulo,

Brasil. Disponível em: <http://ghgprotocolbrasil.com.br/especificacoes-e-notas-

Page 57: ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA … · ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ALICE BALLIESTER

58

tecnicas-do-programa-brasileiro-ghg-protocol/?locale=pt-br>, acessado em:17 mar

2018.

PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 2018, Ferramenta de Cálculo.

Disponível em <http://www.ghgprotocolbrasil.com.br/ferramenta-de-calculo>,

acessado em: 25 mar 2018.

SEA, 2012. Plano Estadual Sobre Mudança do Clima, Rio de Janeiro, RJ.

SEMA, Resolução Sema Nº 9 de 19/06/2017: Dispõe sobre o registro público

estadual de emissões de gases de efeito estufa.