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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
GUILHERME GOUVEIA SIMÕES
IMPLANTAÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA DE CANAVIAL E
ALAMBIQUE PARA PRODUÇÃO DE CACHAÇA
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2016
GUILHERME GOUVEIA SIMÕES
IMPLANTAÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA DE CANAVIAL E
ALAMBIQUE PARA PRODUÇÃO DE CACHAÇA
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Federal de Viçosa
como parte das exigências para a obtenção do
título de Engenheiro Agrônomo. Modalidade:
Projeto.
Orientador: Márcio Henrique Pereira Barbosa
Coorientadores: Luis Cláudio Inácio da Silveira
Tiago Mencaroni Guazzelli
VIÇOSA – MINAS GERAIS
2016
GUILHERME GOUVEIA SIMÕES
IMPLANTAÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA DE CANAVIAL E ALAMBIQUE
PARA PRODUÇÃO DE CACHAÇA
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Universidade Federal de Viçosa
como parte das exigências para a obtenção do
título de Engenheiro Agrônomo. Modalidade:
Projeto.
APROVADO: 28 de novembro de 2016.
Prof. Márcio Henrique Pereira Barbosa
(orientador)
(UFV)
RESUMO
O presente projeto consiste na implantação de um canavial e alambique para
produção artesanal de cachaça. A cachaça constitui-se de uma bebida destilada a base de
cana-de-açúcar, amplamente consumida em território nacional, onde é considerada um
patrimônio cultural. Numa escala de produção o projeto inicia em 15.450 litros até alcançar
um total de 75.450 litros, num prazo de 6 anos após a implantação. Constatou-se que o
projeto irá gerar um negócio lucrativo a médio-longo prazo (pay back = 72 meses), taxa
interna de retorno (TIR) de 27,4 %, contudo é necessário um investimento inicial de R$
378.350,00, além da necessidade de uma provisão para capital de giro, já que o negócio só
começa a prover lucros à partir do terceiro ano de produção. Outras características do
projeto são: i) a viabilidade econômica para pequenas propriedades, ii) não há a necessidade
de vastas áreas de terra, iii) cenário positivo sabendo que o produto possui alto valor
agregado, iv) necessidade de alto valor de investimento. Visando ser competitivo no mercado
consumidor existe a necessidade de investimentos em regulamentação, marketing e
prospecção de novos mercados, sendo dependente de associações de produtores,
fortalecimento da cadeia produtiva, bem como de uma ação política por parte de órgãos,
governo e entidades de classe.
Palavras-chave: canavial, cana-de-açúcar, cachaça, viabilidade econômica.
ABSTRACT
This project is about an implantation of a sugar cane plantation and alembic, for the
handicraft production of cachaça. Cachaça is a distilled sugar cane-based drink, very
consumed in Brazil and it’s considered cultural heritage. In a production scale, this project
started with 15.450 liter until it reaches a total of 75.450 liter, in a period of 6 years after the
implantation. It’s noticed that this project generated a profitable business in a medium-long-
term (pay back = 72 months), internal rate of return (IRR) of 27, 4%, but it was necessary an
initial investment of R$ 378.350,00, besides of the necessity of a provision for working
capital because the business start to be lucrative form the third year of production. Others
project characteristics’ are: i) the economic viability for little properties, ii) it’s not need a vast
land area, iii) a positive scene because it’s knowing that the product has high added value, iv)
the necessity of a high value of investment. To be competitive in the consuming market it’s
necessary to invest in regulation, marketing and new market´s prospection. It’s depending of
producers association, strengthening of productive chain and a political action by the
institutions, government and class entities.
Key words: sugar cane plantation, sugar cane, cachaça, economic viability.
SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA / PROPONENTE 7
2 JUSTIFICATIVA 8
3 OBJETIVOS E METAS 9
4 REFERENCIAL TEÓRICO 9
5 METODOLOGIA 10
6 CRONOGRAMA 18
7 REFERÊNCIAS 18
7
1 IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA
A) Identificação da Proposta
_____________________________________________________________________
Título: Implantação e viabilidade econômica de canavial e alambique
para produção de cachaça
Proponente: Guilherme Gouveia Simões
CPF: 407785208-03 -
Tel: (16) 9 8120-2341
E - mail
:
Formação: Engenheiro Agrônomo,
Cargo/Função: Estudante
Instituição e xecu tora do projeto (Brasil) :
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
.
8
2 JUSTIFICATIVA
A cana-de-açúcar para produção de cachaça está extremamente relacionada com a
história do Brasil, pois há relatos que a primeira destilação de cachaça foi feita por volta de
1532. Assim como a história do Brasil a história da cachaça está relacionada com a chegada
dos portugueses que trouxeram a cana-de-açúcar, quando um escravo que trabalhava no
engenho, deixou armazenada a “cagaça” – um caldo esverdeado e escuro que se forma
durante a fervura do caldo da cana. O líquido fermentou naturalmente e, devido às mudanças
de temperatura, ele evaporou e condensou, formando pequenos pingos de cachaça nos tetos do
engenho (MARANHÃO, 2014).
Segundo CASCUDO (1967), em seu livro “Prelúdio da Cachaça”, aponta que a
primeira cachaça foi destilada por volta de 1532 em São Vicente, onde surgiram os primeiros
engenhos de açúcar no Brasil. Nessa versão de Cascudo, foram os portugueses, após
aprenderem as técnicas de destilação com os árabes, que produziram os primeiros litros da
bebida.
O fato é que a cachaça, produto que inicialmente era de consumo de escravos, veio a
se tornar popular, tornando uma importante fonte para a economia. Levada por comerciantes à
Europa e África a bebida também fez sucesso e veio a se tornar moeda de troca para compra
de escravos (MARANHÃO, 2014).
Em Minas Gerais a cachaça começou a tomar grandes proporções por volta dos
séculos XVI e XVII, devido a descoberta do ouro e pedras preciosas. Entretanto sua produção
era realizada em alambiques no estado de São Paulo e Minas Gerais. Com isso durante seu
transporte a cachaça branca (pura), que era colocada em toneis de madeira para transporte,
acabava amarelando e adquirindo aromas e sabores próprios. Há quem diga que daí surgiu o
hábito de se envelhecer e armazenar cachaças em barris de madeira. Devido a esses fatos
podemos observar que em Minas Gerais os produtores optam sempre por armazenar suas
cachaças em barris para que a mesmas adquiram características sensoriais, como cor e sabor,
provenientes da madeira e, consequentemente obter um produto com maior valor agregado
(TRINDADE, 2003).
Nas últimas décadas, importantes acontecimentos têm contribuído para a valorização
da cachaça e seu reconhecimento como patrimônio nacional. Em 1996, o então presidente
Fernando Henrique Cardoso legitima a cachaça como produto tipicamente brasileiro,
estabelecendo critérios de fabricação e comercialização através da assinatura dos Decretos n.º
4.062/2001 e 4.072/2002.
9
Segundo dados levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB,
2016) a área de cana-de-açúcar em Minas Gerais vem crescendo, estima-se que na safra 16/17
a produção de cana-de-açúcar aumente em 3,7% comparada com a safra 15/16. O estado de
Minas Gerais está entre os grandes estados produtores e exportadores de cachaça segundo o
SEBRAE (2012) movimentando o equivalente a R$ 1,2 bilhão no setor (MAPA, 2011).
Dentro da produção de cachaça apenas 30% é de caráter artesanal (processadas em
alambique), 70% é feita de forma industrial (SEBRAE, 2012).
No Brasil existem cerca de 40.000 produtores de cachaça sendo que 98% são micro e
pequenos empresários. É sabido que apenas 1% da produção é exportada e que é o 3°
destilado mais consumido no mundo, portanto o mercado da cachaça é um mercado com
elevado potencial econômico interno e externo (SEBRAE, 2012). Fatos que motivaram a
execução deste projeto.
3 OBJETIVOS E METAS
O projeto à ser realizado tem como objetivo a implantação de um canavial, com o
objetivo de produção de cachaça (aguardente). Espera-se que esse projeto uma produtividade
de cana-de-açúcar suficiente para atender a demanda para a produção, além de levantar dados
para se obter a viabilidade econômica do projeto. Espera-se que a atividade seja viável do
ponto de vista econômico e assim ser implantado. O público alvo será os residentes das
cidades próximas à propriedade, além do comercio da região, como vendas, padarias e
supermercados.
Meta –
- Implantação do canavial;
- Construção e implantação do alambique;
- Colheita da cana e início da produção de cachaça;
- Estabilização do canavial;
- Viabilidade econômica da atividade.
4 REFERENCIAL TEÓRICO
- Descrição da cultura
A Cana-de-açúcar é um grupo de espécies de gramíneas perenes altas do gênero
Saccharum spp., sua principal utilização é a produção de açúcar e etanol, pois seus caules são
ricos em sacarose.
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O porte da planta está entre 2 e 6 metros, quanto a época de plantio, ocorre três
espécies de plantio de cana-de-açúcar: cana de ao e meio, cana de inverno, cana de ano.
A cana de ano e meio após o seu primeiro corte e a sua rebrota (cana soca) terá sempre
duração de 12 meses de ciclo, podendo ser utilizado cultivares de ciclo precoce, médio ou
tardio. Além desses aspectos, outra vantagem é que a colheita não coincide com o plantio.
O plantio de inverno ocorre entre os meses de julho a agosto, com corte em média
após 12 meses de ciclo. A cultura possui altas produtividades logo no primeiro ano de
produção, porém nesse sistema é necessário que se tenha água disponível, ou seja, irrigação
da lavoura.
O plantio de ano ocorre entre os meses de setembro e novembro, tendo duração em
média de 12 meses de ciclo. Essa cana época de plantio, é utilizada por pecuaristas, pela
necessidade de produção de alimentos, em um menor tempo. A cana é cortada no período
seco do próximo ano, para ser fornecida ao gado. Devido as condições de plantio na estação
chuvosa (setembro a novembro), essa cana tem uma menor produtividade do que em outras
épocas de plantio, por ter menor período de desenvolvimento vegetativo, além de ter pouca
disponibilidade de água e temperatura adequada quando os colmos começarem a se
desenvolver (em janeiro). Para essa época de plantio é recomendado o uso de cultivares de
ciclo tardio (BERNARDES et al, 2002).
O projeto será realizado na cidade de Viçosa-MG, localizado na Zona da Mata
mineira, que possui o clima tropical de altitude, com pluviosidade média anual de 1229 mm e
temperatura média de 20,6° (INMET, 2016). Serão utilizadas uma área de 15 ha, sendo 10,5
ha destinados a produção de cana-de-açúcar e 130 m² ocupados pelo alambique e galpão de
armazenamento.
5 METODOLOGIA
- Medidas pré-implantação
Antes da implantação do canavial deve-se dividir a área em talhões homogêneos e em
seguida realizar a amostragem do solo na forma de “zigue-zague”, coletando de 15 (dez) a 20
(vinte) amostras por talhão de aproximadamente 300 gramas cada, nas profundidades de 0-20
cm e de 20-40 cm. De cada talhão serão retiradas duas amostras representativas, uma da
mistura dos solos coletados de 0-20 cm e outra dos solos de 20-40 cm. Em seguida as
11
amostras deverão ser encaminhadas para que seja feita a análise físico-química do solo
(VITTI et al., 2011).
Tendo em mãos a análise de solo é possível determinar as características do solo onde
será implantado o canavial e realizar as correções necessárias para o pleno desenvolvimento
da cultura.
- Preparo do solo
Antes à implantação da cultura é necessário realizar a limpeza do terreno e preparo do
solo. Para isso será necessário realizar uma aração e duas gradagens, à a fim de revolver e
inverter uma camada profunda de solo, destruir e incorporar restos vegetais, expor pragas de
solo a insolação, para seu controle, destorroar, nivelar o terreno e ser possível a estabilização
da cultura. A primeira gradagem será feita após a realização da aração, juntamente com a
calagem, a segunda, feita em seguida com a intenção de destorroar, nivelar o terreno e
incorporar o calcário.
- Adubação
Tendo o solo preparado e a análise de solo em mãos é possível determinar as correções
necessárias para favorecer o desenvolvimento da cultura. Caso seja necessário realizar
calagem com a função de correção da acidez do solo e, consequentemente, a elevação do pH
As seguintes formulas serão utilizadas para realizar os cálculos de calagem (equação 1) e
gessarem (equação 2) (VITTI et al, 2011):
Equação 1 (calagem):
{[( ) ] [( ) ]}
em que:
NC = necessidade de calagem, em t ha-1
V1 = saturação por bases encontrada na
análise de solo;
CTC = capacidade de troca de cátions, em mmolс dm-3
;
PNRT = poder relativo de neutralização do calcário, em %;
¹ = camada de 0 – 20; e
² = camada de 0 – 40
Observação: Recomenda-se o uso de calcário dolomítico pela presença do
micronutriente Mg.
12
Equação 2 (gessagem):
*( ) +
em que:
NG = necessidade de gesso, em t ha-1
;
V1 = saturação por bases encontrada na análise de solo de 20 – 40 cm; e
CTC = capacidade de troca de cátions da camada de 20 – 40 cm, em mmolс dm-3
.
De acordo com VITTI et al (2011) a adubação no sulco de plantio para N, P2O5 e K2O
será feita em função do histórico da área (para N) e da análise de solo (para P2O5 e K2O). Na
adubação nitrogenada deve-se atentar para dois fatores: dose e fonte. Além do fornecimento
de macronutrientes (N-P2O5-K2O) é fundamental o fornecimento dos micronutrientes,
principalmente B, Zn e Cu, considerando que o Ca, Mg e S foram fornecidos por meio de
práticas corretivas.
- Cultivares
Para a realização desde projeto foram recomendadas as seguintes cultivares RB
975201, RB 855536, RB 966928 e RB 867515 (RIDESA, 2010), por apresentam as melhores
características agronômicas para a produção de cachaça, sendo a última a mais utilizada.
Tabela 1 – Cultivares
Variedade Desenvolvimento Teor de
sacarose
Colheita Maturação
RB 975201 Médio Alto Out Tardia
RB 855536 Rápido Alto Ago-Set Média/
tardia
RB 966928 Rápido Alto Abr-jun Precoce
RB 867515 Rápido Alto Jul-set Média/
tardia
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Recomenda-se que no plantio utilize variedades de diferentes ciclos de maturação,
para que seja possível colher cana-de-açúcar durante todo o período de safra (150 dias). A
produtividade média esperada é de 86,33 toneladas por hectare (BARBOSA et al, 2012).
- Implantação do canavial
O plantio será realizado de forma manual entre fevereiro e março. Para tanto, serão
abertos sulcos de 30 cm de profundidade, para que seja depositada a cana-de-açúcar cortada
na base e próximo a gema apical (ponteiro/palmito) livre das folhas. Após a distribuição da
cana no sulco, é feita a picação (fracionamento) em rebolos de aproximadamente 50 cm, para
quebrar a dominância apical da planta e garantir uma germinação mais uniforme (RIPOLI et
al., 2006)
O plantio será feito de forma escalonada para que se obtenha a estabilização do canavial no
sexto ano, como demonstrado na tabela 2 (PAIVA et al., 2007).
Tabela 2 – Plantio e estabilização da lavoura
- Manejo de pragas e doenças
O manejo de pragas e doenças deve ser feito de forma preventiva, visando redução de
custos com produtos químicos e mão-de-obra. Para as pragas de solo, como cigarrinha-das-
raízes, formigas cortadeiras e nematoides, o controle é predominantemente feito de forma
química no plantio ou após a colheita sobre as soqueiras (PINTO, 2006).
Caso ocorra a incidência de pragas como broca-da-cana-de-açúcar, o monitoramento
da população da praga, realizado por meio de levantamentos da quantidade de lagartas, serve
para definir o momento certo para ser adotada uma medida de controle. Esse monitoramento é
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feito durante a fase vegetativa da cultura, até sua maturação, quinzenalmente (DINARDO-
MIRANDA, 2008).
O manejo de plantas daninhas será feito de forma integrada.
Controle preventivo: tem a função de evitar a entrada e, ou, a disseminação, na área de
propágulos de plantas daninhas, entre outras, que são eles:
- Limpar máquinas e implementos quando ocorre transferência para outro talhão;
- Utilizar mudas provenientes de viveiros com ótimo controle de plantas daninhas; e
- Controlar as plantas daninhas nas áreas adjacentes aos talhões de cana-de-açúcar.
Controle cultural: tem o objetivo de tornar a cultura da cana-de-açúcar mais
competitiva em relação as plantas daninhas:
- Utilizar variedades com características mais competitivas;
- Utilizar mudas em ótimo estado de sanidade e nutricional;
- Adubar adequadamente a cultura, de modo a favorecer o seu crescimento; e
- Reduzir o espaçamento em áreas que não apresentam aptidão à mecanização.
Controle mecânico: Uso de métodos mecânicos de controle de plantas daninhas,
destacando-se o arranque manual, a capina manual, a roçada, cultivo mecanizado e o
impedimento físico que a palhada da cana gera sobre as plantas daninhas
Controle químico: em caso de necessidade os herbicidas poderão ser aplicados, em
pré-emergência, pós-emergência (inicial ou tardia – normalmente em jato dirigido). A forma
como será aplicado irá depender da planta daninha infestante ou da finalidade da aplicação
(PROCÓPIO et al, 2003).
- Colheita
A colheita será realizada de forma manual, atentando-se a segurança dos trabalhadores
que deverão estar sempre utilizando equipamentos de proteção individual e devidamente
treinados (RIPOLI, 1974).
- Implantação do alambique
Para a implantação do alambique é necessário realizar o registro do estabelecimento de
acordo com a Instrução Normativa nº19 de 15 de dezembro de 2003 (área de bebidas)
descritas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento de a. Temos também que
nivelar o terreno, preparar a área e tomar todas as medidas necessárias para que seja realizada
a construção dos galpões e posterior instalação dos equipamentos de produção (MYRRHA,
1997):
15
- Galpão de produção de cachaça, onde estarão instalados os alambiques e os
equipamentos necessário para que a produção de cachaça seja realizada; e
- Galpão para armazenamento e envelhecimento da cachaça.
Para produzir 100 litros de cachaça é necessária uma tonelada de cana (WATANABE
et al, 2005). Cada hectare de terra é capaz de produzir em média 86 toneladas de cana. Para
atender a produção proposta de 75.000 litros de cachaça faz-se necessário 750 toneladas de
cana e 10,5 hectares de terra para o plantio. Sabendo que haverá o crescente incremento na
produção, no primeiro ano (implantação) não existe produção, no segundo ano a produção
será de 15.450 litros de cachaça e após a estabilização da produção, no sétimo ano, 75.000
litros de cachaça.
O período de safra será de 150 dias. Após a estabilização da lavoura, serão cortadas e
moídas 5 toneladas de cana-de-açúcar por dia, totalizando 500 litros de cachaça.dia-1
. Será
ainda considerado a cachaça descartada equivalente aos 8 primeiros litros que sair do
alambique (cabeça) e os últimos 8 litros da destilação (cauda), sendo o coração, a cachaça que
será aproveitada.
Tabela 3 – Produção de cachaça por safra
No projeto teremos três tipos de cachaça, cachaça descansada (branca/pura), cachaça
envelhecida 2 anos e outra envelhecida 3 anos, sendo o valor agregado no produto final
aumentado em relação ao tempo de envelhecimento.
A
no
Volume (litros) Cachaça 1 (50%) Cachaça 2 (30%) Cachaça 3 (20%)
1 Plantio - - -
2 15.450 7.725 4.635 3.090
3 30.450 15.225 9.135 6.090
4 43.950 21.975 13.185 8.790
5 55.950 27.975 16.785 11.190
6 66.450 33.225 19.935 13.950
7 75.450 37.725 22.635 15.090
16
Tabela 4 – Valor Total das Receitas da venda de cachaça
Ano Cachaça Tipo 1
(R$ 4,00 litro-1
)
Cachaça tipo 2
(R$ 9,00 litro-1
)
Cachaça Tipo 3
(R$ 12,00 litro-1
)
2 R$ 30.900,00 - -
3 R$ 60.900,00 - -
4 R$ 87.900,00 R$ 118.665,00 -
5 R$ 111.900,00 R$ 151.065,00 R$ 134.280,00
6 R$ 132.900,00 R$ 179.415,00 R$ 159.480,00
7 R$ 150.900,00 R$ 203.715,00 R$ 181.080,00
Tabela 5 – Custos de Implantação do Alambique
Para a realização deste projeto foi incluído como despesas os seguintes itens: plantio,
colheita, operações manuais, insumos, administração, rolhas e garrafas de 1 litro e 5 litros. Os
valores totais por ano estão dispostos na tabela 6.
17
Tabela 6 – Despesas
Ano Valor Total (R$)
1 R$ 25.057,46
2 R$ 36.484,16
3 R$ 61.229,88
4 R$ 90.854,34
5 R$ 120.478,80
6 R$ 150.103,26
7 R$ 158.517,72
Na tabela 7 observa-se que o tempo de pay-back ou taxa de retorno de capital é de 72
meses, sendo que os anos 0 e 1 equivalem ao investimento necessário para iniciar a produção
e implantação do canavial. Os demais anos fazem referências aos gastos com manutenção do
canavial e venda de cachaça. O presente projeto apresentou taxa interna de retorno de 27,4%,
mostrando a viabilidade econômica do projeto. Outros dados de importância ao final do
horizonte de projeto de 10 anos são os valores de valor presente líquido a 6% e a 12% que
foram de R$ 1.039.568,10 e R$ 568.756,97 respectivamente.
Tabela 7 – Fluxo de caixa
Ano Total
Investimento inicial (Ano 0) - R$ 378.150,00
1 - R$ 25.057,46
2 - R$ 5584,16
3 - R$ 329,88
4 R$ 115.710,66
5 R$ 276.766,20
6 R$ 321.691,74
7 R$ 377.177,28
Taxa Interna de Retorno 27,4%
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Conclusão
Observa-se que o projeto é viável economicamente para produção e comercialização de cachaça, entretanto, exige um alto valor de investimento. Outros fatores como o acompanhamento da produção devem ser levados em consideração para que haja padronização do produto, investimentos em marketing, registro da
marca, distribuição e a legislação vigente.
Também deve-se atentar para o fato que de área necessária é relativamente pequena,
levando em consideração que não é necessário vastas áreas de terra, sendo, portanto, é atrativo
para pequenos e médios produtores, sabendo que o projeto é lucrativo a médio-longo prazo
(pay-back de 72 meses).
Assim para que o projeto tenha êxito existe a necessidade de uma provisão para
capital de giro, já que o projeto começa a ter lucro a partir do terceiro ano de produção.
O atual projeto não levou em consideração uma visão pessimista de produção da cana
ou quebra de produção do produto final. Foi considerada a venda para todo o produto
colocado à disposição do mercado, ou seja, um mercado garantido.
6 CRONOGRAMA
Ano Limpeza
da área
Implantação/ reforma
de 1,5 ha do canavial
Implantação do
alambique
Manejo de
pragas e
doenças
Produção de
cachaça
0 X X X
1 X X
2 X X X
3 X X X
4 X X X
5 X X X
6 X X X
7 X X X
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