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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA PARÂMETROS GENÉTICOS E TENDÊNCIAS PARA VARIÁVEIS DE DESEMPENHO EM FRANGOS KARINA ROSA DA SILVEIRA SÃO JOÃO DEL REI MG JUNHO DE 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES

CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

PARÂMETROS GENÉTICOS E TENDÊNCIAS PARA VARIÁVEIS DE

DESEMPENHO EM FRANGOS

KARINA ROSA DA SILVEIRA

SÃO JOÃO DEL REI –MG

JUNHO DE 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES

CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

PARÂMETROS GENÉTICOS E TENDÊNCIAS PARA VARIÁVEIS DE

DESEMPENHO EM FRANGOS

KARINA ROSA DA SILVEIRA

Zootecnista

SÃO JOÃO DEL REI–MG

JUNHO DE 2016

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KARINA ROSA DA SILVEIRA

PARÂMETROS GENÉTICOS E TENDÊNCIAS PARA VARIÁVEIS DE

DESEMPENHO EM FRANGOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em

Zootecnia, da Universidade Federal de São João Del Rei-Campus Tancredo de

Almeida Neves, como parte das exigências para a obtenção do diploma de

Bacharel em Zootecnia.

Comitê de Orientação:

Orientador: Leila de Genova Gaya (UFSJ/CTAN)

SÃO JOÃO DEL REI–MG

JUNHO DE 2016

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“E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a

ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e

não tivesse amor, nada seria.”

1 Coríntios 13:2

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Dedicatória & Agradecimentos

A Deus, que me concede toda a sabedoria, esperança e amor;

Aos meus pais Antônio e Vera por toda dedicação e ensinamentos;

Ao meu noivo Marcos, por todo amor e lealdade;

À minha irmã Patrícia e ao meu cunhado Saulo, por toda amizade e cuidado;

A mais que amiga, irmã, Layla, pelo companheirismo inestimável;

Aos amigos Bárbara, Raphaela, Letícia, Flora, Daniel e Alline;

À UFSJ, pela minha formação;

À Leila e Graziela, por toda amizade, conhecimento, dedicação e exemplo;

Aos professores Gabriel, Fausto e Daniel – EPAMIG por toda amizade e

conhecimento;

Aos estimados colegas do Grupo de Melhoramento Animal, Laboratório de

Recursos Genéticos e projeto Eu Como Cultura;

A cada mestre e colega, que nessa caminhada, contribuiu para minha formação de

maneira profissional e pessoal.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. i

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ ii

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................... iii

LISTA DE SÍMBOLOS .............................................................................................. iv

RESUMO ................................................................................................................... v

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 1

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 8

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 19

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RESUMO

Neste trabalho foi utilizado um banco de dados proveniente de um programa de

melhoramento de uma linhagem macho de frangos de rebanho elite comercial, tendo-se

como objetivo estimar as tendências e os parâmetros genéticos das variáveis peso aos 7

dias de idade (P7), peso à seleção aos 28 dias de idade (PS), peso ao abate aos 42 dias de

idade (PA) e ultrassonografia de músculo peitoral aos 28 dias de idade (US). As análises

foram realizadas por meio do método de Máxima Verossimilhança Restrita (REML). O

maior valor de estimativa de herdabilidade direta foi para a característica de PS (0,56),

demonstrando melhor eficiência de seleção para o peso a esta idade. A herdabilidade

materna apresentou maior magnitude para P7 (0,31), podendo inferir-se que nos animais

mais jovens o efeito genético aditivo materno possui maior intensidade. As correlações

entre pesos apresentaram-se todas positivas, destacando-se que a seleção para PS pode

provocar respostas positivas nos pesos aos 7 dias (rg=0,86) e 42 dias (rg=0,92) e as

correlações entre pesos e US foram positivas com exceção da correlação entre as variáveis

US e P7 (rg=-0,21). Destacaram-se as correlações entre PS, PA e US nas quais a seleção

para uma das dadas variáveis pode causar uma resposta correlacionada positiva nas

demais. As tendências genéticas para as variáveis estudadas foram indicativas de ganhos

genéticos ao longo das gerações de seleção, com exceção da tendência genética obtida

para US, enquanto que a tendência fenotípica decresceu na maioria das análises. O

presente trabalho demonstrou que os parâmetros genéticos de herdabilidades e

correlações foram satisfatórios para que as variáveis estudadas sejam utilizadas como

critérios de seleção, enquanto que nas tendências genéticas e fenotípicas observou-se que,

apesar dos ganhos genéticos alcançados, o fenótipo não expressou esse potencial,

provavelmente por interferências ambientais. Assim, os investimentos em melhoramento

genético nestas aves podem não compensar caso as ferramentas disponíveis não sejam

manipuladas corretamente. Recomenda-se a característica PS como critério de seleção

visando-se incrementos em P7 e PA e a característica PS como critério de pré-seleção

visando-se incrementos em US, objetivando o incremento no peso de peito, corte visado

pela indústria e consumidores na atualidade, o que se deve à correlação positiva e alta

entre as características e também aos coeficientes de herdabilidade aditiva direta elevados

para as variáveis apresentadas.

Palavras-chave: Correlação, Ganho de peso, Herdabilidade, Ultrassonografia

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INTRODUÇÃO

A cadeia produtiva de frangos apresenta, desde o surgimento do segmento, grande

dinamismo, passando por importantes mudanças nas formas de produção,

industrialização, comercialização e consumo no mundo inteiro (Costa et al., 2015). Nas

últimas décadas tem havido mudanças consideráveis no padrão alimentar fazendo da

carne de frango uma das mais consumidas atualmente (Voilà & Triches, 2013). Desta

maneira, são necessárias novas tecnologias capazes de sustentar a demanda crescente

deste produto, visto que, a atividade avícola é considerada economicamente

internacionalizada e uniforme, sem fronteiras geográficas de tecnologia (Aguiar et al.,

2011).

O Brasil tem se destacado mundialmente na produção e exportação da carne de

frangos. Neste contexto, o melhoramento animal torna-se uma ferramenta imprescindível

para o sucesso do setor. Assim, teve-se como objetivo desse trabalho estimar os

parâmetros genéticos bem como as tendências genéticas e fenotípicas de características

de desempenho (pesos e medida de ultrassonografia de músculo peitoral) que permitem

auxiliar no direcionamento e acompanhamento dos critérios de seleção aplicados em uma

linhagem macho de seleção de frangos.

REVISÃO DE LITERATURA

PANORAMA DA AVICULTURA DE CORTE

No cenário mundial, a avicultura de corte teve seu início como segmento do setor

agrícola a partir da 2ª Guerra Mundial, em que a priorização do destino das carnes

vermelhas era aos combatentes. Assim, o mercado interno dos países envolvidos no

conflito viu a necessidade de pleitear fontes alternativas de proteína, vendo nos pequenos

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animais fonte de alimento que demandava curto espaço de tempo para atingir peso ao

abate (Ubabef, 2012). Desta maneira, o investimento em tecnologias relacionadas à

genética, alimentação e sanidade na produção de aves teve seu prelúdio e avança até os

dias de hoje.

No Brasil, o grande salto da avicultura se deu em 1965 quando o Governo Federal

publicou o Decreto nº 55.981, de 22 de abril de 1965, que permitia a importação apenas

de avós e proibia a importação de matrizes e pintos comerciais. Com isso, as

universidades começaram a desenvolver programas de melhoramento dessas aves, porém,

a dificuldade de obtenção de material genético pelas mesmas pressionou a continuidade

das exportações (Silva, 2006). Outro marco histórico na expansão do setor avícola no país

foi em 1994 com a implantação do Plano Real que aumentou o poder aquisitivo do

brasileiro e controlou a inflação que até então era considerada alta e instável (Oliveira,

2013), neste período o frango junto com o iogurte foi considerado um dos símbolos do

plano em vigor e o consumo cresceu anualmente cerca de 40% entre os anos de 1994 e

1997, fazendo com que as indústrias se adaptassem a nova demanda (Avisite, 2014).

Desde então, avicultura brasileira tem se mostrado um cenário dinâmico, visto

que, desde 2011 lidera a exportação desse tipo de produto (Rodrigues, 2014) e em 2015

tornou-se o segundo maior produtor mundial (Avisite, 2016). No mercado interno, os

brasileiros gradativamente têm mudado os hábitos de consumo de preferência pela carne

bovina, introduzindo a carne de frango devido ao anseio do mercado consumidor por um

produto saudável e com preço acessível (Brum, 2005). Essa ascensão do mercado tem

evoluído não somente na preferência do frango a outras espécies como também em

relação a como essa carne chega à mesa do consumidor. O frango inteiro era a principal

forma de oferta até 1983, onde aconteceu a primeira exportação de cortes especiais de

frango no Brasil (Santin, 2015). Desde então o mercado de cortes como peito e pernas

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tem crescido ano a ano, passando por mudanças na forma de comercialização do produto

e fazendo com que as indústrias invistam em estratégias para maior rendimento dos cortes

(Sebrae Nacional, 2014).

Os programas de melhoramento, na cadeia da avicultura são de suma importância

devido às decorrentes mudanças de mercado, que fazem com que esse setor apresente os

maiores índices de evolução do ramo agropecuário, principalmente devido ao intenso

processo de seleção aplicado e curto intervalo de gerações que permitem obter resultados

desejados mais rápido que em outras espécies de interesse zootécnico. Com um mercado

tão promissor, torna-se necessário o investimento em tecnologias para aprimorar a

produção e os custos de produção da cadeia produtiva de frango. Assim, o melhoramento

animal, torna-se uma ferramenta imprescindível que prioriza a seleção de indivíduos com

superior mérito genético visando o ganho genético ao decorrer das gerações (Medeiros et

al., 2013).

Os resultados do melhoramento genético trouxeram impactos expressivos na

dinâmica da cadeia produtiva de frango, por meio do aperfeiçoamento de características,

como ganho de peso, conversão alimentar e rendimento de carcaça, permitindo a

produção de aves altamente eficientes na conversão do alimento consumido em ganho em

peso corporal e avanços na taxa de crescimento dos animais (Campos e Pereira, 2004).

MELHORAMENTO GENÉTICO NA AVICULTURA DE CORTE

Os conhecimentos da genética quantitativa, aliados ao uso de técnicas

computacionais e estatísticas, têm assegurado um progresso genético contínuo de todas

as características de produção. O ganho genético obtido nas características de importância

econômica tem sido decorrente da seleção baseada no fenótipo do animal ou na estimativa

do valor genético derivado do fenótipo (Bainy, 2011).

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Um programa de melhoramento se baseia em vários fatores, dentre eles, é

necessário que o objetivo e o critério de seleção estejam bem definidos. Para a correta

definição do critério de seleção, são necessárias informações confiáveis acerca dos

parâmetros genéticos (herdabilidade e correlação). A estimação dos parâmetros genéticos

para as características usadas em seleção, assim como a estimação da tendência genética

dessas características em linhagens de aves de corte, é realizada com os objetivos de

orientar, conduzir e até avaliar a eficiência da seleção empregada (Gaya, 2006).

A herdabilidade é tida como a porção da variância fenotípica atribuída a variação

genética, assim se dá pela variação entre genótipos de indivíduos de uma mesma

população. Portanto, obtendo esta estimativa, pode-se inferir a confiança que o fenótipo

expressa como indicador do valor genético (Cruz & Carneiro, 2003), o que se torna

relevante para se conhecer a capacidade de resposta à seleção de determinada

característica.

A correlação genética entre duas características é a correlação entre os efeitos dos

genes que as influenciam e medem a extensão em que um conjunto de genes afeta a

expressão de tais características. Tanto a pleiototropia, quanto a ligação gênica são

responsáveis pela correlação genética entre duas características, pois a pleiotropia define

o processo em que um gene pode afetar duas ou mais características, e a ligação gênica

está relacionada com a distância entre genes presentes em um mesmo cromossomo

(Pértile, 2011). Assim, a importância do estudo das correlações está no fato de que a

seleção para uma determinada característica pode causar resposta em outra geneticamente

correlacionada (Eler, 2008). A herdabilidade materna até então predominantemente

abordada em trabalhos com mamíferos, representa a influência da mãe e possível

influência da avó na variação da característica (Filho et al., 2001).

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Segundo Bainy (2011), os trabalhos de melhoramento genético trouxeram

impactos expressivos na dinâmica da produção de carne de frango, por meio do

aperfeiçoamento de características como ganho de peso e conversão alimentar,

permitindo o desenvolvimento de linhagens de aves altamente eficientes na conversão de

alimento em peso corporal, característica esta que, no passado, era tida como de maior

importância nos programas de melhoramento de frangos. Contudo, como o peito e as

pernas constituem cerca de 53% do peso da carcaça limpa e concorrem com cerca de 80

a 90% de seu preço (Silva et al., 2003), muitas outras características estão sendo

incorporadas ao processo de seleção, visando avanços em termos de taxa de crescimento

e de rendimentos de carcaça e de cortes dos animais (Grosso et al., 2008).

MATERIAL E MÉTODOS

ORIGEM DOS DADOS

O trabalho foi realizado em parceria com o Grupo de Melhoramento Animal e

Biotecnologia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de

São Paulo. Utilizou-se um banco de dados gerenciado por esse grupo contendo 89.307

registros de fenótipos de desempenho das aves de linhagem macho de rebanho elite e um

arquivo de pedigree com 107.154 informações de matriz de parentesco.

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VARIÁVEIS DE ESTUDO

As variáveis foram peso corporal aos 7 dias de idade (P7), peso corporal à seleção

aos 28 dias de idade (PS), peso corporal ao abate aos 42 dias de idade (PA), e medida de

ultrassonografia de músculo peitoral aos 28 dias de idade (US).

MANEJO DAS AVES

As aves foram alojadas em galpões com ambiente rigorosamente controlado e

submetidas a programas de vacinação e manejo nutricional. As medidas de peso foram

obtidas na granja, com exceção da pesagem ao abate, que foi realizada momentos antes

do abate, no abatedouro. As medidas de ultrassonografia também foram aferidas na granja

e correspondem à profundidade do músculo peitoral aos 28 dias, sendo considerada a

média das medidas aferidas longitudinalmente (junto à quilha) e a transversalmente

(sobre o osso coracóide). Atingindo os 42 dias de idade, os animais foram sexados e

transportados ao Matadouro Escola do campus da USP em Pirassununga-SP, passando

anteriormente por um regime hidro-alimentar de pelo menos 10 horas.

ANÁLISE DOS DADOS

O banco de dados passou por uma conferência para verificação de consistência

utilizando-se o programa Visual Fox Pro® versão 9.0 (Vidal, 1994), aumentando a

confiabilidade dos dados e consequentemente dos resultados das análises. Após a

verificação dos dados, foram removidos registros acima ou abaixo do limite de 3 desvios-

padrão em tono da média de cada característica.

Posteriormente, com auxílio do procedimento PROC MEANS do pacote

estatístico SAS® – Statistical Analysis System (SAS Institute, 2008), foram obtidas as

estatísticas descritivas, estimando-se os valores de média, tamanho amostral, desvio-

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padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo para fenótipos e genótipos de cada

variável.

MODELO DE ANÁLISE

Para as análises genéticas, o modelo matemático utilizado foi y = Xβ+ Zu+ Wm+

e, em que: y= vetor das variáveis dependentes; X = matriz de incidência dos efeitos fixos;

β= vetor dos efeitos fixos; Z= a matriz de incidência dos efeitos aleatórios; u= vetor dos

efeitos aleatórios de valor genético; W= matriz de incidência de efeitos maternos; m=

vetor dos efeitos aleatórios maternos; e= vetor de efeitos do resíduo. Como efeitos

aleatórios foram considerados o efeito genético aditivo direto e materno e como efeitos

fixos foram considerados os grupos de contemporâneos.

Ainda utilizando o SAS® (SAS Institute, 2008), foram determinadas as fontes de

variação a compor os grupos de contemporâneos para cada variável (grupos formados por

indivíduos sujeitos aos mesmos efeitos ambientais para isolar estatisticamente o efeito

fixo que incide sobre as variáveis nas análises genéticas) por intermédio do procedimento

PROC GLM e assumindo-se a significância de 0,05 (5%). Para tanto, foram testados para

todas as variáveis os efeitos de tipo de ração (peletizada ou farelada), sexo, idade da mãe

à eclosão, semana de nascimento e estação do ano ao abate, este último apenas para a

variável peso ao abate. A variável PS foi testada como covariável para a variável US, uma

vez que foram determinadas à mesma idade.

O objetivo da determinação da significância das fontes de variação é de isolar os

fatores ambientais que podem agir na variação das características, salientando-se que o

tipo de ração pode interferir no consumo de ração pelas aves e consequentemente no

ganho de peso das mesmas (Flemming et al., 2002). Considerando-se o fator sexo,

Teixeira et al. (1974) observou diferença significativa nos pesos vivo e abatido entre

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machos e fêmeas, sendo que os machos apresentaram maiores pesos. Segundo Lauvers &

Ferreira (2011), a idade da mãe pode influenciar, dentre outros, na quantidade de gema,

albúmen, tamanho e peso do ovo, além da qualidade e forma da casca. Fatores estes que

podem influenciar no desempenho dos animais.

Para estimar os parâmetros genéticos, foram realizadas análises genéticas uni e bi-

características para cada variável em estudo pelo método de máxima verossimilhança

restrita por meio do programa MTDFREML (Multiple trait derivative-free restricted

maximum like lihood) (Boldman et al.,1995), obtendo-se também os valores genéticos

dos indivíduos da população, assumindo-se como critério de convergência o valor de 10-

6 ou 10-9.

TENDÊNCIAS GENÉTICAS E FENOTÍPICAS

Neste trabalho, as tendências genéticas e fenotípicas foram estimadas por meio da

regressão dos valores genéticos e fenotípicos em relação às gerações das aves. O

coeficiente de regressão obtido foi considerado como a tendência média da característica.

As análises de regressão foram realizadas pelo procedimento PROC REG do SAS® (SAS

Institute, 2008) e, para o cálculo das gerações, foi utilizado o procedimento software

CALGERA (Mourão et al., 2004). A confecção dos gráficos se deu por meio do software

Microsoft Excel®.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

GRUPOS DE CONTEMPORÂNEOS

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Os efeitos de ração e estação do ano ao abate não foram significativos para as

variáveis avaliadas ao nível de 5% de significância estatística. Assim, obtiveram-se três

grupos de contemporâneos (GC):

GC1: formado pelas fontes de variação sexo, semana de nascimento e

idade da mãe à eclosão. Para este grupo foram enquadradas as

características de P7 e PS.

GC2: formado pelas fontes de variação sexo e semana de nascimento.

Neste grupo se enquadrou a característica PA.

GC3: formado pelas fontes de variação semana de nascimento.

Enquadrou-se neste a característica US.

Ainda para a variável US, foi considerada como covariável a variável peso aos 28

dias de idade.

ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS

As estatísticas descritivas dos fenótipos das características estudadas são

apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1- Número de observações (N), médias, desvios-padrão (DP), valores mínimos

(Mín.), valores máximos (Max.) e coeficientes de variação (CV), para os fenótipos das

características estudadas nos frangos avaliados

Característica N Média DP CV(%) Mín. Máx.

P7 (g) 24556 205,91 25,77 12,51 128 283

PS (g) 43974 1854,56 426,86 23,01 730 3100

PA (g) 7961 2628,33 232,27 8,83 2218 3046

US (mm) 12716 26,51 2,44 9,20 19,50 34,00

P7= peso aos 7 dias de idade; PS= peso à seleção aos 28 dias de idade; PA= peso ao abate

aos 42 dias de idade; US= ultrassonografia de músculo peitoral.

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Estão apresentadas na Tabela 2 as estatísticas descritivas dos valores genéticos

das características estudadas.

Tabela 2- Número de observações (N), médias, desvios-padrão (DP), valores mínimos

(Mín.), valores máximos (Max.) e coeficientes de variação (CV), para os valores

genéticos das características estudadas nos frangos avaliados

Característica N Média DP CV (%) Mín. Máx.

P7 (g) 24556 2,65 5,21 196,30 -17,08 23,01

PS (g) 43974 129,31 137,93 106,67 588,54 596,74

PA (g) 7536 -0,10 26,90 26390,38 -100,07 100,34

US (mm) 20820 0,14 0,63 462,05 -3,43 2,91

P7= peso aos 7 dias de idade; PS= peso à seleção aos 28 dias de idade; PA= peso ao abate

aos 42 dias de idade; US= ultrassonografia de músculo peitoral.

PARÂMETROS GENÉTICOS

As estimativas de parâmetros genéticos estão descritas na Tabela 3, sendo que na

parte superior estão apresentados os valores das correlações genéticas entre as

características estudadas e na diagonal as herdabilidades (direta e materna).

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Tabela 3- Estimativa de parâmetros genéticos para as características estudadas, obtidas

por meio de análises uni-características e bi-características com erro padrão entre

parênteses

h 2g

h2m

P7 PS PA US

P7

0,20 (0,029)

0,31 (0,028)

0,86 0,66 -0,21

PS

- 0,56 (0,039)

0,06 (0,011)

0,92 0,43

PA

- 0,17 (0,031)

0,08 (0,024)

0,71

US

- - - 0,42 (0,051)

0,12 (0,034)

h2g = coeficiente de herdabilidade direta; h2

m = coeficiente de herdabilidade materna; P7

= peso aos 7 dias de idade; PS = peso à seleção aos 28 dias de idade; PA = peso ao abate

aos 42 dias de idade; US= ultrassonografia de músculo peitoral; EP= erro padrão. A parte

superior representa os valores das correlações genéticas entre as características e a

diagonal representa as herdabilidades (direta e materna).

A herdabilidade direta para a característica P7 (0,20) (Tabela 3), não foi

expressiva para esta população em comparação com o estudo de Pértile (2011) que

mensurou para a mesma característica o valor de 0,64, podendo ser atribuída essa

diferença de resultado ao modelo de análise adotado e aos efeitos fixos e aleatórios

considerados. Assim sugere-se que nas fases iniciais de vida dos frangos, exista maior

ação do ambiente ou da genética aditiva materna do que da genética aditiva direta. Em

contraste, a herdabilidade materna para P7 (Tabela 3) foi alta, pois a habilidade materna

em aves pode se manifestar no cuidado parental, em casos de criação da prole junto à mãe

e, em casos de chocadeiras mecânicas, ainda sim se manifesta através da qualidade do

ovo como formação da casca, tamanho e qualidade do vitelo, fatores que irão

proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento embrionário e primeiras

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reservas do animal após a eclosão. De acordo com Rondón & Murakami (1998), fatores

genéticos da matriz, junto com as condições fisiológicas no momento da formação do

ovo, influenciam as características da casca, tais como a condutância, espessura, número

e diâmetro dos poros e também na quantidade de energia disponível para o embrião, entre

outros. Neste contexto, a herdabilidade materna tem maior magnitude na primeira fase do

crescimento da ave, no caso deste trabalho no peso aos 7 dias (P7), de acordo com a

Tabela 3, e consequentemente tende a possuir menor magnitude em idades mais

avançadas como se vê em PA (0,08). Isto ocorreu provavelmente porque na fase inicial o

efeito materno atua com maior intensidade.

De acordo com Cardellino e Rovira (1987), a herdabilidade para a característica

peso corporal em linhagens de frangos corte de diferentes idades pode variar de 0,30 a

0,50, sendo estes valores considerados moderados a altos. No presente estudo, a

herdabilidade direta teve maior expressão para PS (0,56) (Tabela 3), o que demonstra que

a seleção pode ser mais eficiente se feita nesta idade, pois nesta ocasião há mais proporção

de variação devida à ação genética aditiva direta em relação à variação total da

característica. Ledur et al. (1992) e Kumar (2004) apresentaram valores para

herdabilidade de peso corporal em frangos de corte aos 28 dias entre 0,12 e 0,56. Este

resultado demonstra que a correlação entre o genótipo e o fenótipo é de moderada a alta

em PS, assim a observação do fenótipo destas características leva a uma provável

indicação do valor genético do animal, facilitando o ganho genético para essa variável.

A herdabilidade direta para PA (Tabela 3) foi de 0,17, estimativa mais baixa que

o intervalo observado por Ledur et al. (1992), de 0,27 a 0,56, Mallik et al. (2003) com

valores de 0,44 a 0,53 e Vayego et al. (2011), que por sua vez foi de 0,37. O resultado

encontrado no presente estudo para PA indica que a variação da característica pode ter

sido principalmente devido a diferenças ambientais e de ação genética não-aditiva, não

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sendo um bom parâmetro para seleção fenotípica, visto que, genótipo e fenótipo

apresentam baixa correlação entre si. Assim, a essa idade, o controle de fatores ambientais

associados ao peso ao abate torna-se imprescindível.

Conforme apresentado na Tabela 3, a herdabilidade direta para a característica US

foi igual a 0,42, demonstrando-se capaz de obter boa resposta à seleção e podendo ser

incorporada nos programas de melhoramento como critério de seleção devido sua

relevância no incremento do peso de peito. Felício (2008) também descreveu em seu

estudo resultado de 0,42 para herdabilidade de ultrassonografia de músculo peitoral. No

trabalho de Grosso et al. (2008), a herdabilidade direta para tal característica foi de 0,35

e materna 0,03.

Exceto para P7, as variáveis do estudo possuem pouca influência do efeito

genético aditivo materno, com herdabilidades maternas variando de 0,06 a 0,12 (Tabela

3).

CORRELAÇÕES GENÉTICAS

As correlações entre pesos (Tabela 3) foram todas positivas e altas, demonstrando

que, selecionando-se para uma das dadas características ocorrerá uma resposta

correlacionada desejável nas demais. Pode-se destacar que a seleção para PS pode

provocar respostas positivas nos pesos aos 7 dias (rg=0,86) e 42 dias (rg=0,92), visto que

a correlação entre PS com as demais características se mostrou alta e com alto coeficiente

de herdabilidade direta. Em programas de melhoramento várias características são

selecionadas ao mesmo tempo e, quanto maior for a quantidade de caracteres

acrescentados, mais oneroso se torna o programa. Desta maneira, obtendo-se correlações

que provoquem repostas favoráveis entre as variáveis correlacionadas, o programa de

melhoramento torna-se uma ferramenta ainda mais viável para a empresa.

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14

A correlação entre US e P7 foi negativa (rg= -0,21) (Tabela 3), portanto

selecionando-se para uma das dadas características, a outra correlacionada estará sendo

selecionada negativamente. Entretanto, as correlações de PS e PA com US foram

positivas (Tabela 3), ou seja, existe associação genética positiva entre as mesmas e

selecionando-se a favor de US pode ocorrer acréscimo nos pesos aos 28 e 42 dias de idade

e vice-versa. Em se tratando de seleção indireta e observando-se as estimativas de

herdabilidade encontradas, a seleção para PS é recomendada visando-se ganhos nas outras

medidas de peso corporal e no tamanho do músculo peitoral aos 28 dias de idade.

Ressalta-se que é possível realizar uma pré-seleção dos indivíduos aos 28 dias de idade

para peso e ultrassonografia de músculo peitoral e isso poderá intercorrer no maior ganho

de peso do músculo peitoral, corte nobre visado pelas indústrias avícolas.

TENDÊNCIAS GENÉTICAS E FENOTÍPICAS

O banco de dados foi composto de 6 gerações, sendo que as regressões dos valores

genéticos em função das gerações foram significativas para todas as variáveis.

A tendência genética para a característica P7 foi significativa (p<0,05) e positiva,

demonstrando que o mérito genético dos indivíduos tem se tornado superior para esta

característica ao longo das gerações de seleção (1,15 g/geração), de acordo com a Figura1.

Pértile (2011) encontrou para peso aos 7 dias aumentos dos valores genéticos nas gerações

de seleção estudadas. A tendência fenotípica para a característica P7 pode ser observada

na Figura 2, em que se demonstra positiva e significativa (p<0,05), havendo, portanto,

um incremento nesta característica geração após geração, devido aspectos genéticos e

ambientais.

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15

Figura 1- Tendência genética para a

característica peso aos 7 dias de idade (P7)

ao longo das gerações

Figura 2- Tendência fenotípica para

característica peso aos 7 dias de idade (P7)

ao longo das gerações

De acordo com o apresentado na Figura 3, a tendência genética para PS foi

significativa (p<0,05) e positiva o que sugere que o peso nesta faixa de idade aumentou

ao longo das gerações (60,78 g/geração). De acordo com a Figura 4, a tendência fenotípica

para PS foi significativa (p<0,05) e está decrescendo ao longo das gerações, havendo uma

drástica perda de 339,56 g/geração. Nos estudos de Vayego et al. (2007) houve declínio

fenotípico para esta característica provavelmente de origem ambiental. No presente

estudo, principalmente em torno da geração 3 observa-se um significativo decréscimo,

mostrando que mesmo havendo aumento do mérito genético para esta característica,

causas provavelmente ambientais estão impossibilitando a expressão do potencial

genético refletindo, assim, no fenótipo do animal.

-2

0

2

4

6

8

Val

or

Gen

étic

o p

ara

P7

Geração

Tendência Genética para P7

Tendência média= 1,15326

g/geração

P < 0,0001

1

2 3

4 5 6

190

200

210

220

230

240

Val

or

Fen

otí

pic

o p

ara

P7

Geração

Tendência Fenotípica para P7

Tendência média= 4,99910

g/geração

P < 0,0001

2

34 5

6

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16

Figura 3- Tendência genética para

característica peso à seleção aos 28 dias

de idade (PS) ao longo das gerações

Figura 4- Tendência fenotípica para

característica peso à seleção aos 28 dias

de idade (PS) ao longo das gerações

A tendência genética para PA (Figura 5) foi positiva e apresentou significância

(p<0,05). O ganho esperado ao longo das gerações para esta característica é de 2,81

g/geração. Vayego et al. (2008) encontrou em sua população de estudo tendência genética

crescente para peso aos 42 dias de idade. A Figura 6 representa a tendência fenotípica

para PA, os resultados foram positivos e significativos (p<0,05). Porém, observa-se que

houve um decréscimo entre as gerações 4 e 5 que pode ser devido a origem genética, visto

que, na tendência genética para a mesma característica houve também um declínio entre

as mesmas gerações.

-100

0

100

200

300

400

Val

or

Gen

étic

o p

ara

PS

Geração

Tendência Genética para PS

Tendência média= 60,78322

g/geração

P < 0,0001

12

3 4

56

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Val

or

Fen

otí

pic

o p

ara

PS

Geração

Tendência Fenotípica para PS

Tendência média= -339.56274

g/geração

P < 0,0001

1

2 3 4 56

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17

Figura 5- Tendência genética para

característica peso ao abate aos 42 dias de

idade (PA) ao longo das gerações

Figura 6- Tendência fenotípica para

característica peso ao abate aos 42 dias de

idade (PA) ao longo das gerações

As tendências genéticas e fenotípicas para a característica de ultrassonografia de

músculo peitoral encontram-se nas Figuras 7 e 8 respectivamente.

Figura 7- Tendência genética para

característica Ultrassonografia de

músculo peitoral (US) ao longo das

gerações

Figura 8- Tendência fenotípica para

característica Ultrassonografia de

músculo peitoral (US) ao longo das

gerações

-20

-10

0

10

20

30

Val

or

Gen

étic

o p

ara

PA

Geração

Tendência Genética para PA

Tendência média= 2,81709

g/geração

P < 0,0001

1

2

3

4 5

6

2400

2500

2600

2700

2800

2900

Val

or

Fen

otí

pic

o p

ara

PA

Geração

Tendência Fenotípica para PA

Tendência média= 129,84904

g/geração

P < 0,0001

23

4

5

Tendência média = -0,487

mm/geração

p<0,0001

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Val

or

Gen

étic

o p

ara

US

Geração

Tendência Genética para US

5 6

2

3

4

1

25.5

26

26.5

27

27.5

Val

or

fen

otí

pic

o p

ara

US

Tendência fenotípica para US

Tendência média= 24,69

mm/geração

P<0,0001

Geração

3

4

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18

De acordo com a Figura 7, que apresenta a tendência genética da variável US

houve declínio, ainda que em pouca magnitude, do valor genético ao longo das gerações

(-0,487 mm/geração). Este decréscimo pode ter ocorrido devido à seleção para alguma

característica correlacionada negativamente com a variável US. A tendência fenotípica

da variável US (Figura 7), está em concordância com sua respectiva tendência genética,

visto que, pode ser observado um acréscimo da característica entre as gerações 3 e 4,

apresentando incremento fenotípico de 24,69 mm/geração (Figura 8). Apenas duas

gerações da base de dados utilizada apresentaram fenótipo para US.

CONCLUSÃO

A seleção para as características de peso corporal e ultrassonografia de músculo

peitoral pode alcançar progresso genético na população de frango de corte estudada, de

acordo com suas respectivas herdabilidades, sendo que para o peso ao abate (PA) é

imprescindível o controle de fatores ambientais. A herdabilidade materna tem maior

magnitude na primeira fase do crescimento da ave, no caso deste trabalho no peso aos 7

dias de idade (P7). Recomenda-se a característica PS como critério de seleção sobre P7 e

PA, devido à correlação positiva e alta entre as mesmas e a maior herdabilidade obtida

para PS. A correlação alta e positiva entre as características US, PA e PS mostra que,

quaisquer uma utilizada como critério de seleção pode gerar respostas positivas nas

demais correlacionadas, principalmente objetivando-se o incremento do peso de peito,

considerado um corte de valor econômico para a indústria. Assim, tratando-se de seleção

indireta e observando-se as estimativas de herdabilidade encontradas, a seleção para PS

é recomendada visando-se ganhos nas outras medidas de peso corporal e no tamanho do

músculo peitoral aos 28 dias de idade. O ganho genético ao longo das gerações demonstra

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19

satisfatório potencial genético para esta população, porém a expressão do fenótipo não é

representativa do genótipo, neste caso, provavelmente por causas de interferências

ambientais, em exceção das tendências observadas para US em que o valor genético

decresceu ao longo das gerações enquanto que o respectivo valor fenotípico obteve

ganhos.

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