universidade federal de santa catarina - rexlab.ufsc.br · 11 resumo o uso de tecnologias...
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Aline Colho dos Santos
INTEGRAO DE TECNOLOGIA NA EDUCAO BSICA:
UM ESTUDO DE CASO NAS AULAS DE BIOLOGIA
UTILIZANDO LABORATRIOS ON-LINE
Dissertao submetida ao Programa de
Ps-graduao em Tecnologias da
Informao e Comunicao da
Universidade Federal de Santa
Catarina, para a obteno do Grau de
Mestrado em Tecnologias da
Informao e Comunicao.
Orientador: Prof. Dr. Juarez Bento da
Silva
Ararangu-SC
2018
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Ficha de identificao da obra elaborada pelo autor
atravs do Programa de Gerao Automtica da Biblioteca Universitria
da UFSC.
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Dedico este trabalho ao meu esposo,
minha filha, e aos meus pais pelo apoio
incondicional, compreenso, amor e
incentivo, durante essa jornada.
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AGRADECIMENTOS
A concluso desse projeto s se tornou possvel mediante a
contribuio de diversas pessoas, que se tornaram imprescindveis nesse
processo, e, portanto, merecem toda minha gratido. Sendo assim,
gostaria de agradecer:
Em primeiro lugar, a Deus, por toda sade que me foi concebida,
e por toda energia e sabedoria depositada em momentos sinuosos e de
cansao.
Aos meus pais e irmos, pelo amor, afago, cuidado e estmulo
confiado a mim e a minha filha durante todo o processo.
Ao meu esposo, Rafael, que sempre esteve ao meu lado, no
permitindo que eu perdesse o foco, e me incentivando incansavelmente
para minha permanncia e xito. A ele minha imensa gratido por sempre
estar presente, me motivando a prosseguir, e cuidando de nossa famlia.
minha filha, Maria Eliza, pelos momentos de descontrao
preenchidos com brincadeiras, risos e carinho.
Aos professores membros da banca examinadora, por aceitarem o
convite para defesa, e aos demais professores do programa de Ps-
Graduao em Tecnologia da Informao e Comunicao, por seus
conhecimentos compartilhados e por todo apoio prestado.
Aos colaboradores do RExLab, por todo suporte proporcionado,
em especial Andria Panchera Schneider e Carinna Nunes Tulha, agora
j graduadas em TIC, pelo acompanhamento e apoio tcnico nos perodos
de construo das sequncias didticas e nos momentos de aplicao da
ferramenta em sala de aula.
Ao Instituto Federal de Santa Catarina/ Campus Ararangu por
permitir a ocorrncia da pesquisa, bem como incentiv-la, fornecendo
todos os recursos necessrios para sua consolidao.
uma grande amiga Priscila Cadorin Nicolete, que pode ser
considerada a principal incentivadora para meu ingresso no mestrado,
meu muito obrigado, de corao!
Aos amigos, companheiros de mestrado por tornar essa caminhada
mais leve.
E por fim, gostaria de agradecer imensamente ao meu orientador,
Juarez Bento da Silva, pela confiana em mim depositada e por todo o
suporte fornecido para a concluso deste trabalho.
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O Homem est no mundo e com o mundo. Est na
realidade e com a realidade, agindo e refletindo
sobre a sua realidade, inserido nela. Estando no
mundo, relaciona-se com ele.
Paulo Freire
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RESUMO
O uso de Tecnologias Educacionais no processo de ensino e
aprendizagem tem proporcionado ao aluno novas formas de aprender. No
ensino de cincias e biologia, por exemplo, estas ferramentas tm sido
responsveis inclusive pela possibilidade da oferta de aulas experimentais
em escolas que no provm de equipamentos fsicos de laboratrio.
Dentro desse cenrio, este estudo investigou sobre o uso de laboratrios
on-line (remoto e virtual) integrados Sequncias Didticas
Investigativas (SDI), disponibilizados em Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), em aulas de biologia para o ensino mdio.
Procurou-se, dessa forma, identificar as percepes apresentadas pelos
alunos aps o uso da ferramenta proposta, respondendo a seguinte
questo: Como o uso de laboratrios virtuais e remotos, integrados s sequncias didticas investigativas, podem aumentar a qualidade no
ensino de Biologia na formao bsica de alunos do Ensino Mdio, melhorando sua motivao e interesse dentro do contexto escolar?. Para
isso, foram construdas trs SDI: (i) pigmentao foliar; (ii) impulsos
nervosos; e (iii) histologia vegetal. Logo, realizou-se as aplicaes da
ferramenta nas aulas de biologia e efetuou-se a coleta de dados por meio
de questionrios que versavam sobre as percepes apresentadas pelos
alunos quanto usabilidade, aprendizagem, satisfao e utilidade, e que
tambm exploravam suas opinies sobre o uso da tecnologia educacional
em questo. O tratamento dos dados deu-se por meio de escala likert de
cinco pontos para as questes objetivas e anlise SWOT das questes
discursivas. Nesse sentido, foram realizadas 5 aplicaes, totalizando
uma amostra de 116 estudantes. Os resultados obtidos apontaram muitas
opinies favorveis ao uso da ferramenta nas aulas de biologia,
identificando uma tendncia expressivamente positiva em relao a todas
as percepes analisadas. Identificou-se percentuais de concordncia
muito superiores aos de discordncia, compreendendo os benefcios
gerados pelo uso de laboratrios on-line integrados SDI no cotidiano
escolar dos alunos.Dessa forma, esse estudo propem que a proposta
investigativa utilizada na metodologia de ensino juntamente com o uso de
laboratrios on-line integrados em AVA contribui para a motivao do
estudo da biologia e proporciona melhor compreenso dos contedos,
tornando a aprendizagem mais eficaz e significativa.
Palavras-chave: Laboratrios On-line. Ensino de Cincias. Integrao da
Tecnologia na Educao.
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ABSTRACT
The use of Educational Technologies in the teaching and learning process
has provided students with new ways of learning. In science and biology
teaching, for example, these tools have been responsible even for the
possibility of offering experimental classes in schools that do not have
laboratory equipment. Within this scenario, this study investigated the use
of Online Laboratories (remote and virtual) integrated into the
Investigative Didactic Sequences (IDS) available in Virtual Learning
Environment (VLE), in biology classes for high school. In this way, we
sought to identify the perceptions presented by the students after the use
of the proposed tool, answering the following question: "How can the use
of virtual and remote laboratories, integrated to didactic sequences of
research, increase the quality of Biology teaching in basic education of
high school students, improving their motivation and interest within the
school context? " For this, three SDI were constructed: (i) foliar
pigmentation; (ii) nerve impulses; and (iii) plant histology. Therefore, the
applications of the tool were carried out in biology classes and data were
collected through questionnaires that dealt with the perceptions presented
by students about usability, learning, satisfaction and usefulness, and also
explored their opinions about the use of the educational technology in
question. The treatment of the data occurred through a five-point likert
scale for the objective questions and SWOT analysis of the discursive
issues. In this sense, 5 applications were carried out, totaling a sample of
116 students. The results obtained pointed out many opinions favorable
to the use of the tool in Biology classes, identifying an expressive positive
trend in relation to all the analyzed perceptions. Percentages of agreement
that were much higher than those of discordance were identified,
including the benefits generated by the use of online laboratories
integrated with SDI in the school attendance of students. Thus, this study
proposes that the research proposal used in teaching methodology
together with the use of online laboratories integrated in AVA contributes
to the motivation of the study of biology and provides a better
understanding of the contents, making learning more effective and
meaningful.
Keywords: Online labs. Teaching science. Integration of technology in
education.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Comparao entre os nveis de proficincia apresentados pelos pases
da OCDE e pelos estudantes brasileiros na avaliao PISA 2015. ....................31 Figura 2 - Evoluo da proficincia mdia dos estudantes brasileiros
considerando os erros de ligao. PISA CINCIAS: 2006 2015 .................32 Figura 3 - Mdia geral dos estudantes brasileiros considerando as diferentes
instituies de ensino. PISA CINCIAS: 2015 ..............................................33 Figura 4 - Nveis de Ensino que fizeram aplicao de LVR nos ltimos 5 anos.
...........................................................................................................................38 Figura 5 - Interseo entre as linhas de pesquisa do PPGTIC/UFSC.................40 Figura 6 - Infraestrutura das escolas de Educao Bsica brasileiras - 2016 .....55 Figura 7 Notas estatsticas que relacionam n de escolas pelo n de alunos e
computadores. ....................................................................................................56 Figura 8 - Abrangncia de escolas que possuem acesso internet - 2016 .........56 Figura 9 - Modelo de Instruo proposto por Thaiposri e Wannapiroon (2015)71 Figura 10 - Modelo de Instruo proposto por Miranda et. al. (2011) ...............71 Figura 11 - Fases e subfases de investigao proposto por Pedaste et al. (2015)
...........................................................................................................................72 Figura 12 - Caracterizao de Sequncia Didtica proposta por Zabala (1998) 76 Figura 133 - Etapas de uma SDI construda pelo GT-MRE/ RexLab - UFSC ...79 Figura 14 - Funcionalidade do AVA proposta por Milligan (1999). .................81 Figura 15 - Interao entre sujeitos e recursos dentro do AVA. ........................82 Figura 16 - Conceitos que fundamentam o desenvolvimento do Moodle. .........84 Figura 17 - Caractersticas e recursos presentes no Moodle. .............................85 Figura 18 - Classificao de laboratrios ...........................................................87 Figura 19 - Representao geral da constituio de um laboratrio remoto. .....89 Figura 20 - Experimentao Remota Mvel ......................................................91 Figura 21 - Representao geral da constituio de um laboratrio virtual. ......93 Figura 22 - Captura de tela pgina inicial plataforma PhET ..............................93 Figura 23 - N de produo cientfica por rea territorial ..................................99 Figura 24 - Tipos de abordagens tratadas nas publicaes investigadas. ...........99 Figura 25 - Uso de laboratrios on-line no processo de ensino-aprendizagem.
.........................................................................................................................101 Figura 26 Caracterizao e classificao da pesquisa ...................................105 Figura 27 - Procedimento metodolgicos de pesquisa .....................................107 Figura 28 Representao da matriz SWOT ...................................................110 Figura 29 Quadro docente IFSC Campus Ararangu .................................117 Figura 30 - Microscpio Remoto .....................................................................120 Figura 31 - Acesso ao Microscpio Remoto pela SDI .....................................121 Figura 32 - Integrao entre MRE, SDI e AVA. ..............................................122 Figura 33 - Simulador de Neurnio .................................................................122 Figura 34 - Captura de tela do Simulador Reflexos Nervosos ........................123 Figura 35 - Simulador Reflexo Nervoso explorando conceitos de Fsica ........124 Figura 36- Projeto GT-MRE e Repositrio de SDI. ........................................130
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Figura 37 - Guia de planejamento para construo das SDI. ........................... 131 Figura 38 - Ciclo de aprendizagem por inqurito e duas fases. ....................... 132 Figura 39 - Imagem parcial da 1 etapa da SD - Orientao ............................ 134 Figura 40 Viso geral da Contextualizao de uma SDI .............................. 136 Figura 41 - Viso geral da fase Investigao .................................................. 138 Figura 42 Experimentao no Microscpio Remoto .................................... 139 Figura 43 Viso geral da discusso............................................................... 140 Figura 44 Viso geral da concluso .............................................................. 141 Figura 45 Viso geral SDI Orientao Histologia Vegetal ..................... 143 Figura 46 Contextualizao Histologia Vegetal ........................................ 144 Figura 47 Investigao Histologia Vegetal ................................................ 145 Figura 48 Discusso Histologia Vegetal .................................................... 146 Figura 49 Orientao Impulsos Nervosos .................................................. 147 Figura 50 Contextualizao Impulsos Nervosos ........................................ 149 Figura 51 Investigao 1 e 2: Impulsos Nervosos ........................................ 150 Figura 52 Discusso Impulsos Nervosos ................................................... 150 Figura 53 Concluso Impulsos Nervosos .................................................. 151 Figura 54 Faixa etria da amostra ................................................................. 153 Figura 55 Gnero da amostra ........................................................................ 154 Figura 56 Cor ou Raa da amostra ............................................................... 154 Figura 57 Quanto a algum tipo de deficincia .............................................. 155 Figura 58 Quanto ocupao profissional da amostra ................................. 155 Figura 59 Renda familiar da amostra ............................................................ 156 Figura 60 Tipo de escola frequentada pela amostra ...................................... 156 Figura 61 Quanto possuir computador e ter acesso a internet. ................... 157 Figura 62 Onde acessa a internet .................................................................. 157 Figura 63 Quanto ao aparelho que utiliza para acessar a internet ................. 158 Figura 64 Quanto ao tempo de uso dirio da internet ................................... 158 Figura 65 Quanto a frequncia que l os e-mails .......................................... 159 Figura 66 Quanto aos meios de comunicao mais explorados .................... 159 Figura 67 Anlise por questo da subescala Usabilidade na aplicao teste
......................................................................................................................... 162 Figura 68 Grfico sobre a percepo de usabilidade apontada na Aplicao
Teste ................................................................................................................ 163 Figura 69 Anlise por questo da subescala Percepo de Aprendizagem na
aplicao teste .................................................................................................. 165 Figura 70 Grfico sobre a percepo de aprendizagem apontada na Aplicao
Teste ................................................................................................................ 166 Figura 71 - Anlise por questo da subescala Satisfao na aplicao teste . 168 Figura 72 - Grfico sobre a percepo de satisfao apontada na Aplicao
Teste ................................................................................................................ 168 Figura 73 - Anlise por questo da subescala Utilidade na aplicao teste ... 170 Figura 74 - Grfico sobre a percepo de utilidade apontada na Aplicao Teste
......................................................................................................................... 171 Figura 75 Viso geral dos resultados por subescala na aplicao Teste. ...... 171
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Figura 76 Matriz SWOT: Aplicao-Teste ...................................................174 Figura 77 Aes de reestruturao da SDI ....................................................178 Figura 78 Reestruturao da SDI ..................................................................179 Figura 79 - Anlise por questo da subescala Usabilidade............................182 Figura 80 - Grfico sobre a percepo de usabilidade apontada na Aplicao
Ps-Teste .........................................................................................................183 Figura 81 - Anlise por questo da subescala Percepo da Aprendizagem na
aplicao Ps-Teste .........................................................................................185 Figura 82 - Grfico sobre a percepo da aprendizagem apontada na Aplicao
Ps-Teste .........................................................................................................185 Figura 83 - Anlise por questo da subescala Satisfao na aplicao Ps-
Teste ................................................................................................................187 Figura 84 - Grfico sobre a percepo de satisfao apontada na Aplicao
Teste ................................................................................................................188 Figura 85 - Anlise por questo da subescala Utilidade na aplicao Ps-Teste
.........................................................................................................................190 Figura 86 - Grfico sobre a percepo de satisfao apontada na Aplicao
Teste ................................................................................................................191 Figura 87 Escores Mdios apresentados em cada subescala .........................192 Figura 88 - Viso geral dos resultados por subescala nas aplicaes Ps-Teste
.........................................................................................................................193 Figura 89 Matriz SWOT: Aplicaes Ps-Teste ...........................................199 Figura 90 Mapa mental sobre os encaminhamentos desse trabalho de pesquisa
.........................................................................................................................208
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Linhas de Pesquisa do PPGTIC e objetivos. ....................... 41 Quadro 2 - Comparao entre Laboratrios Virtuais e Laboratrios
Remotos................................................................................................. 94 Quadro 3 Nveis de concordncia e seus valores correspondentes... 109 Quadro 4 Interpretaes sobre resultados obtidos a partir do
coeficiente alfa de Conbrach. .............................................................. 112 Quadro 5 - Quadro de infraestrutura fsica do IFSC Campus
Ararangu ............................................................................................ 116 Quadro 6 Definio de Populao Amostral .................................... 117 Quadro 7: Organizao curricular e carga horria para disciplina de
Biologia ............................................................................................... 118 Quadro 8 Guia de Construo para elaborao de Planos de Aula .. 126 Quadro 9 - Subescalas avaliadas e definies ..................................... 161 Quadro 10 Relatos de experincia nvel Insatisfatrio ................. 201 Quadro 11 - Relatos de experincia nvel Satisfatrio ..................... 202 Quadro 12 - Relatos de experincia nvel Bom ............................... 203 Quadro 13 - Relatos de experincia nvel timo ............................. 204
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Nveis de proficincia em cincias definidos pela OCDE com
seus escores mnimos e percentuais atingidos pelos pases da OCDE e
pelos alunos brasileiros. ........................................................................ 30
Tabela 2 - Descrio resumida dos nveis 1b, 1a e 2, definida pela
OCDE .................................................................................................... 32
Tabela 3 - N de equipamentos, municpio atendidos e instituies
beneficiadas pelo PROINFO, entre os anos de 1997 2006................. 50
Tabela 4 - Tecnologias Educacionais para ensino e aprendizagem
elencadas pelo Guia de Tecnologias Educacionais em 2008. ............ 52
Tabela 5 - Tendncias para acelerar a aderncia de Tecnologia
Educao. .............................................................................................. 59
Tabela 6 - Desafios significativos identificados 2012 a 2017 pelo NMC,
sendo os de 2017 vlidos para os prximos 5 anos. .............................. 61
Tabela 7 - Importantes desenvolvimentos em Tecnologias Educacionais.
............................................................................................................... 62
Tabela 8 - Ciclo de inqurito proposto por Pedastes et al. (2015) ......... 73
Tabela 9 - Publicaes que definem a amostra final de anlise e coleta
de dados. ................................................................................................ 96
Tabela 10 Medio de confiabilidade por alfa de Conbach ............. 113
Tabela 11 Organizao do trabalho pedaggico Aplicao 1
Pigmentao Foliar TIEM04/2016 ................................................... 128
Tabela 12 - Organizao do trabalho pedaggico Aplicao 2
Impulsos Nervosos TIVES04/2016 .................................................. 129
Tabela 13 Construo SDI ............................................................... 133
Tabela 14 Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
usabilidade durante a aplicao teste. ............................................... 162
Tabela 15 - Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Percepo de Aprendizagem durante a aplicao teste..................... 164
Tabela 16- Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Satisfao durante a aplicao teste. ................................................. 167
Tabela 17 - Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Utilidade durante a aplicao teste. .................................................. 169
Tabela 18 - Avaliao das atividades propostas na aplicao 1:
pigmentao foliar - TIEM 04/2016 .................................................... 173
Tabela 19 Escores Mdios e Desvio Padro apresentados na subescala
Usabilidade .......................................................................................... 181
Tabela 20 - Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Usabilidade durante a aplicao Ps-Teste. ...................................... 182
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Tabela 21 - Escores Mdios e Desvio Padro apresentados na subescala
Percepo da Aprendizagem .............................................................184
Tabela 22 - Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Percepo da Aprendizagem durante a aplicao Ps-Teste. ............184
Tabela 23 - Escores Mdios e Desvio Padro apresentados na subescala
Satisfao ..........................................................................................186
Tabela 24 - Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Satisfao durante a aplicao Ps-Teste. ..........................................186
Tabela 25 - Escores Mdios e Desvio Padro apresentados na subescala
Utilidade ............................................................................................189
Tabela 26 - Frequncia relativa e absoluta identificadas na subescala
Satisfao durante a aplicao Ps-Teste. ..........................................189
Tabela 27 Relatrio de notas das atividades propostas na SDI:
TIVES04/2016 .....................................................................................194
Tabela 28 - Relatrio de notas das atividades propostas na SDI:
TIEM03/2016 .......................................................................................195
Tabela 29 - Relatrio de notas das atividades propostas na SDI:
TIEM04/2017 .......................................................................................196
Tabela 30 - Relatrio de notas das atividades propostas na SDI:
TIVES03/2017 .....................................................................................197
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABI - Aprendizagem Baseada em Investigao
ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem
BNCC - Base Nacional Comum Curricular
CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CNE - Conselho Nacional de Educao
CNPq - Conselho Nacional de Pesquisas
EDUCOM - Educao e Computador
FIC - Formao Inicial Continuada
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao
GT-MER - Grupo de Trabalho em Experimentao Remota Mvel
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsticas
IDEB - ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
IFRGS - Instituto Federal do Rio Grande do Sul
IFSC - Instituto Federal de Santa Catarina
LOE - Laboratrios On-line de Experimentao
LVR - Laboratrios Virtuais e Remotos
MEC - Ministrio de Educao e Cultura
MOODLE - Modular Object Oriented Distance Learning MRE - Experimentao Remota Mvel
NSES - National Science Education Standards
OCDE - Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
PBL - Aprendizagem Baseada em Problemas
PCNs - Parmetros Curriculares Nacionais
PDE - Plano de Desenvolvimento da Educao
PhET - Physics Education Technology
PISA - Programa Internacional de Avaliao de Estudantes
PPC - Plano Pedaggico de Curso
PPGTIC - Programa de Ps-Graduao em Tecnologias da Comunicao
e Informao
PROEJA-FIC - Ensino fundamental integrado com um curso
profissionalizante
PROINFO - Programa de Ps-Graduao em Tecnologias da
Comunicao e Informao
RELLE - Remote Labs Learning Environment
REXLAB - Laboratrio de Experimentao Remota
SBIE - Simpsio Brasileiro de Informtica na Educao
SD - Sequncias Didticas
SDI - Sequncias Didticas Investigativas
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SEB - Secretaria de Educao Bsica
SEI - Secretaria Especial de Informtica
STEM - Science, Technology, Engineering, and Mathematics SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats
TDIC - Tecnologias Digitais da Informao e Comunicao
TIC - Tecnologias da Informao e Comunicao
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................ 27 1.1 PROBLEMATIZAO .............................................................. 30
1.1.1 Problema de Pesquisa ......................................................... 34 1.2 MOTIVAO ............................................................................. 35
1.3 OBJETIVOS ................................................................................ 37
1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................... 37
1.3.2 Objetivos Especficos .......................................................... 37 1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................ 38
1.5 ADERNCIA AO PPGTIC E LINHA DE PESQUISA ........... 39
1.6 ESTRUTURA DO TEXTO ......................................................... 42
2 REFERENCIAL TERICO ........................................................... 45 2.1 A INTEGRAO DE TECNOLOGIA NAS ESCOLAS
BRASILEIRAS ................................................................................. 45
2.2 O ENSINO DE CINCIAS BASEADO EM INVESTIGAO . 63
2.2.1 Ensino de Cincias e Biologia no Brasil ............................ 64
2.2.2 Aprendizagem Baseada em Investigao .......................... 68
2.2.3 Sequncias Didticas Investigativa .................................... 75 2.3 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ..................... 80
2.3.1 Moodle .................................................................................. 83
2.4 LABORATRIOS ON-LINE ...................................................... 86
2.4.1 Laboratrios de Experimentao Remota ........................ 89
2.4.2 Laboratrios Virtuais ......................................................... 91
2.4.3 Laboratrios Virtuais X Laboratrios Remotos .............. 94
2.4.4 Integrao entre Laboratrios Virtuais e Remotos
integrados ...................................................................................... 95
3 METODOLOGIA .......................................................................... 105 3.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA ..................................... 105
3.2 ETAPAS DA PESQUISA .......................................................... 106
3.3 COLETA E TRATAMENTO DE DADOS ................................ 108
3.4 VALIDADE E CONFIABILIDADE DA COLETA DE DADOS
......................................................................................................... 111
4 APRESENTAO DOS RESULTADOS PR-APLICAO . 115 4.1 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA ...................................... 115
4.2 LABORATRIOS ON-LINE UTILIZADOS NA PESQUISA . 120
4.2.1 Microscpio Remoto ......................................................... 120
4.2.2 Simulador de Neurnio ..................................................... 122
4.2.3 Simulador Reflexos Nervosos ........................................... 123 4.3 ELABORAO DOS PLANOS DE AULA ............................. 125
4.4 CONSTRUO DAS SEQUNCIAS DIDTICAS ................ 129
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4.4.1 Processo de Construo .....................................................131 4.4.1.1 SDI: Pigmentao Foliar ...............................................133
4.4.1.2 SDI: Histologia Vegetal ..............................................142
4.4.1.3 SDI: Impulsos Nervosos .............................................147
4.4.2 Consideraes sobre a construo de SDI .......................151
5 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS PS-
APLICAO .....................................................................................153 5.1 PERFIL DA AMOSTRA TOTAL ..............................................153
5.2 APLICAO TESTE.................................................................160
5.2.1 Resultados referentes ao Questionrio de avaliao da
utilizao de laboratrios on-line integrados SDI ...............160 5.2.1.1 Usabilidade .................................................................161
5.2.1.2 Percepo da Aprendizagem .......................................164
5.2.1.3 Satisfao ....................................................................166
5.2.1.4 Utilidade .....................................................................168
5.2.1.5 Viso Geral .................................................................171
5.2.2 Resultados referentes ao Questionrio de Opinio .....173
5.2.3 Reestruturaes realizadas aps anlise dos dados da
aplicao teste ..............................................................................177 5.3 APLICAES PS-TESTE ......................................................179
5.3.1 Resultados referentes ao Questionrio de avaliao da
utilizao de laboratrios on-line integrados SDI ...............180 5.3.1.1 Usabilidade ....................................................................181
5.3.1.2 Percepo da Aprendizagem .........................................183
5.3.1.3 Satisfao ......................................................................186
5.3.1.4 Utilidade ........................................................................188
5.3.1.5 Viso Geral....................................................................191
5.3.2 Resultados referentes ao Questionrio de Opinio .....197
6 CONCLUSO .................................................................................207 REFERNCIAS ..................................................................211
APNDICE A ......................................................................229
APNDICE B .......................................................................235
APNDICE C ......................................................................241
APNDICE D ......................................................................237
APNDICE E .......................................................................239
APNDICE F .......................................................................243
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1 INTRODUO
A presente dissertao de mestrado apresenta um estudo sobre a
integrao de tecnologia na educao bsica mediante o uso de
laboratrios virtuais e remotos, que para fins de validao foram
disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem, Moodle, em forma de Sequncias Didticas Investigativas, em turmas do Ensino
Mdio, na disciplina de biologia.
Nesse sentido, essa pesquisa explora conceitos sobre o ensino de
cincias por investigao, metodologias ativas de aprendizagem como a
Aprendizagem Baseada em Investigao, ensino hbrido e tecnologias
educacionais como a experimentao em laboratrios on-line e realizao
de atividades em AVA.
Dessa forma, esse estudo mostra maneiras de como esses conceitos
integram-se entre si e como so possveis de serem aplicados em uma
situao real em sala de aula. Rompendo, assim, obstculos presentes na
realidade das escolas brasileiras, oferecendo aos professores novas
formas de ensinar cincias e aos alunos outras possibilidades de aprender.
Dentro desse contexto, importante ressaltar que o ensino de
biologia fundamental para a formao bsica do cidado, j que tem
como objeto de estudo os fenmenos naturais que esto intrnsecos vida
em toda sua diversidade de manifestaes. Nesse sentido caracteriza-se
por um conjunto de processos organizados e integrados que esto sujeitos
transformaes ao mesmo tempo em que so capazes de ressignificar o
ambiente (MINISTRIO DA EDUCAO, 2006).
Sendo assim, importante ressaltar que o desenvolvimento do
conhecimento cientfico, assim como o ensino de biologia no Brasil foi
reconhecido tardiamente como disciplina obrigatria, sendo inserido aos
poucos nas escolas, a partir do sc. XIX, por meio da traduo de projetos
curriculares americanos, a fim de levar aos alunos os ltimos avanos da
cincia (LINSINGEN, 2010).
Seu incio foi marcado por um processo linear de ensino, sem
quaisquer intervenes pessoais, polticas e ideolgicas, ou seja, sem
questionamentos acerca do conhecimento estudado, apenas aulas
expositivas com transmisso do conhecimento por parte do professor e
recebimento por parte do aluno (LINSINGEN, 2010). Desde ento, o
processo de ensinar biologia no Brasil, assim como todo o sistema de
ensino, passou por muitas tendncias e mudanas, no entanto ainda
possvel identificar essas caractersticas tradicionais, que se encontram
muito.
-
28
Atualmente, o sistema de ensino brasileiro est em processo de
transio, marcado por fortes mudanas que o direcionam tanto para uma
possvel reestruturao de currculo como para insero de novas
prticas-pedaggicas que atentem para formao integral do aluno,
integrando Tecnologias Digitais da Informao e Comunicao (TDIC)
no processo de ensino, e oportunizando a ele permanncia e xito no
perodo escolar.
Tal fato evidencia-se no atual documento normativo da Educao
Bsica no Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Este
documento define um conjunto orgnico e progressivo de aprendizagens
essenciais (competncias) que todos os alunos devem desenvolver ao
longo das etapas e modalidades da Educao Bsica, entre elas a de
utilizar tecnologias digitais de comunicao e informao de forma
crtica, significativa, reflexiva e tica nas diversas prticas ao se
comunicar, acessar e disseminar informaes, produzir conhecimentos e
resolver problemas (BNCC, 2017, p. 18).
Nesse sentido, possvel perceber que, ao mesmo tempo em que
se percebem as deficincias existentes nos processos de ensino, entende-
se que uma reestrutura em seus moldes precisa abranger atividades que
aproximem os alunos a um contexto real. necessrio fazer uso de
ferramentas digitais que esto disponveis, e so parte do cotidiano do
aluno. Concomitante a isso, necessrio propor atividades que estimulem
a reflexo e produo do conhecimento, ou seja, a escola precisa
acompanhar as mudanas e avanos tecnolgicos que surgem juntamente
com a nova gerao de estudantes.
A BNCC (2017, p. 57) declara que todo esse quadro impe
escola desafios ao cumprimento do seu papel em relao formao das
novas geraes. A normativa esclarece que a escola precisa preservar o
seu compromisso de estimular a reflexo e oportunizar ao aluno
atividades que o faa desenvolver uma postura crtica em relao ao
contedo e multiplicidade de ofertas miditicas e digitais (BNCC,
2017, p. 57).
O documento em questo considera que a cultura digital tem
proporcionado mudanas sociais relevantes nas sociedades
contemporneas, devido difuso das TDIC, mais especificamente, dos
dispositivos mveis, e sugere:
[...] essa cultura apresenta forte apelo emocional e
induz ao imediatismo de respostas e efemeridade
das informaes, privilegiando anlises
superficiais e o uso de imagens e formas de
-
29
expresso mais sintticas, diferentes dos modos de
dizer e argumentar caractersticos da vida escolar.
Ao aproveitar o potencial de comunicao do
universo digital, a escola pode instituir novos
modos de promover a aprendizagem, a interao e
o compartilhamento de significados entre
professores e estudantes. (BNCC, 2017, pg. 57)
Nesse sentindo a Aprendizagem Baseada em Investigao (ABI),
definida como um dos tipos de metodologias ativas de aprendizagem, e
tambm como uma abordagem mais profunda de aprendizagem, pelo
NMC Horizon Report (2017), se enquadra como uma proposta de
melhoria na qualidade de ensino, pois cria oportunidades para a
integrao de tecnologia no ambiente escolar, explorando com magnitude
seu potencial, atravs de atividades investigativas que estimulam a
reflexo crtica, abrindo espaos para prticas experimentais, que podem
ser viabilizadas por meio de laboratrios on-line (virtuais e remotos).
Sobre as metodologias ativas de aprendizagem Valente (2014)
esclarece que estas prticas no so novidades na rea educacional, e que
no necessariamente implementam TDIC em sua prtica, mas que tm
adaptado as mesmas para a gerao de novas modalidades de ensino como
o PeerInstruction (PI), Aprendizado por pares e Flipped Classroom (Sala
de Aula Invertida), ou ainda fortalecido o emprego, em sala de aula, de
novas estratgias como Project Based Learning (PBL), aprendizagem baseada em projetos; o Game Based Learning (GBL), ensino e
aprendizagem por meio de jogos; a Inquiry-based learning, aprendizagem baseada em investigao, entre outras que preocupam-se em focar no
aprender e no no ensinar.
Considerando tal cenrio, a presente pesquisa visou verificar a
aceitao e viabilidade da utilizao de laboratrios on-line integrados
Sequncias Didticas Investigativas, disponibilizadas em Ambiente
Virtual de Aprendizagem, voltadas ao ensino de biologia para turmas de
Ensino Mdio, por meio de aplicaes da ferramenta e avaliao feita
pelos alunos aps as aplicaes.
Sendo assim, este estudo versa sobre (i) integrao de tecnologia
nas escolas brasileiras; (ii) ensino de cincias por investigao; (iii) o uso
de sequncias didticas no processo de ensino e aprendizagem; e por fim,
(iv) laboratrios on-line e AVA. Alm disso, o mesmo descreve sobre o
processo de pesquisa e desenvolvimento da construo das SDI,
disponibilizadas no AVA - Moodle, abordando os temas Pigmentao
Foliar, Histologia Vegetal e Impulsos Nervosos. E por fim, explora
-
30
as percepes apresentadas pelos alunos quanto usabilidade, utilidade,
satisfao e aprendizagem durante e aps a aplicao da ferramenta, por
meio de questionrios de avaliao.
1.1 PROBLEMATIZAO
Este estudo, quanto sua problematizao, pautou-se sobre trs
pilares, so eles: (i) baixo ndice de rendimento dos alunos brasileiros nas
disciplinas referentes ao ensino de cincias; (ii) desmotivao e
desinteresse no contexto escolar; e (iii) pouco uso de atividades que
envolvem investigao e experimentao prtica nas aulas de biologia, no
Ensino Mdio.
Dados divulgados pelo Programa Internacional de Avaliao de
Estudantes (PISA) em dezembro de 2016, referentes as avaliaes
realizadas no ano de 2015, apontam que o Brasil decaiu no ranking
mundial de educao, ocupando 63 lugar em cincias, entre os 70 pases
pertencentes Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento
Econmico (OCDE). Essa avaliao feita trienalmente, em diferentes
instituies de ensino (institutos federais, escolas particulares e pblicas
estaduais e municipais) e participam dela alunos com idade entre 15 e 16
anos, que tenham cursando no mnimo at o 7 ano.
No ano de 2015, especificamente, segundo a OCDE (2016), a rea
de cincias foi o foco da prova, sendo os resultados analisados sob trs aspectos:
(i) explicar fenmenos cientificamente; (ii) avaliar e planejar experimentos
cientficos; e (iii) interpretar dados e evidncias cientificamente.
Nesse sentido, a OCDE definiu sete nveis de proficincia em
cincia para os alunos que realizaram a avaliao do PISA, sendo que para
cada nvel estipulou-se um escore mnimo, como pode ser analisado na
tabela 1, que aponta os nveis de proficincia com seus respectivos
escores mnimos, percentual atingido pelos pases da OCDE e percentual
atingido pelos estudantes brasileiros.
Tabela 1 - Nveis de proficincia em cincias definidos pela OCDE com seus escores mnimos e percentuais atingidos pelos pases da OCDE e pelos alunos
brasileiros. Nveis 1b 1a 2 3 4 5 6
Escore mnimo 261 335 410 484 559 633 708
% OCDE 4,91% 15,74% 24,80% 27,23% 19,01% 6,67% 0,65%
% Brasil 19,85% 32,37% 25,36% 13,15% 4,22% 0,65% 0,02%
Fonte: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (2016)
-
31
Nesse sentido, possvel identificar que 52,2% dos estudantes
brasileiros encontra-se no nvel 1 de proficincia, ou seja, possuem uma
compreenso bsica sobre os contedos e procedimentos explorados, que
so necessrios para identificar e reconhecer fenmenos naturais. Os
resultados tambm evidenciaram que apenas 24,80% dos participantes da
avaliao atingiram o nvel 2, com escore mnimo de 410 pontos. Nesse
mbito, importante salientar que o nvel 2 pressuposto pela OCDE
como fundamental, pois fornece a aprendizagem necessria para a plena
participao na vida social de um mundo globalizado (ORGANIZAO
PARA A COOPERAO E DESENVOLVIMENTO ECONMICO,
2016).
Seguindo a anlise possvel detectar um decrscimo significativo
nos percentuais dos nveis mais elevados, identificando que menos de
10% de estudantes brasileiros encontram-se entre os nveis 4 e 6. Toda
essa anlise e comparao, pode ser claramente realizada na figura 1.
Figura 1 - Comparao entre os nveis de proficincia apresentados pelos pases
da OCDE e pelos estudantes brasileiros na avaliao PISA 2015.
Fonte: Elaborado pela autora.
Vale ressaltar, que para cada nvel de proficincia apontado pela
OCDE no h apenas um escore mnimo, mas habilidades e competncias
que devem ser desenvolvidas pelos alunos que atingem essa pontuao. Nesse sentido, como apontam os resultados apresentados pela figura 1,
fica evidente que os maiores picos atingidos pelo Brasil esto
concentrados nos nveis 1b, 1a e 2. A tabela 2 traz de forma clara e
sintetizada as caractersticas que so apresentadas pelos alunos que
atingem esses nveis.
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
1b 1a 2 3 4 5 6
Nveis de proficincia em cincias atingidos pelos pases da OCDE e
Brasil na avaliao PISA 2015
% OCDE % Brasil
-
32
Tabela 2 - Descrio resumida dos nveis 1b, 1a e 2, definida pela OCDE
Nvel Caractersticas
2
Os estudantes conseguem recorrer a conhecimento cotidiano e a conhecimento
procedimental bsico para identificar uma explicao cientfica adequada, interpretar dados
e identificar a questo abordada em um projeto experimental simples. So capazes de usar
conhecimento cientfico bsico ou cotidiano para identificar uma concluso vlida a partir
de um conjunto simples de dados. Esses estudantes demonstram ter conhecimento
epistemolgico bsico ao conseguir identificar questes que podem ser investigadas
cientificamente.
1a
Os estudantes conseguem usar conhecimento de contedo e procedimental bsico ou
cotidiano para reconhecer ou identificar explicaes de fenmenos cientficos simples. Com
apoio, eles conseguem realizar investigaes cientficas estruturadas com no mximo duas
variveis. Conseguem identificar relaes causais ou correlaes simples e interpretar dados
em grficos e em imagens que exigem baixo nvel de demanda cognitiva. Esses estudantes
so capazes de selecionar a melhor explicao cientfica para um determinado dado em
contextos global, local e pessoal.
1b
Os estudantes podem usar conhecimento cientfico bsico ou cotidiano para reconhecer
aspectos de fenmenos simples e conhecidos. Conseguem identificar padres simples em
fontes de dados, reconhecer termos cientficos bsicos e seguir instrues explcitas para
executar um procedimento cientfico.
Fonte: Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (2016)
Verificando os resultados obtidos, nos ltimos anos, pelos alunos
brasileiros com relao a disciplina de cincias, pode-se identificar um
avano de seis pontos entre os anos 2006 e 2009. No entanto, a mdia
manteve-se praticamente estagnada entre 2009 e 2015, como pode ser
visto na figura 2, o que gera preocupaes e questionamentos sobre a
eficcia do ensino ofertado atualmente nas escolas.
Figura 2 - Evoluo da proficincia mdia dos estudantes brasileiros
considerando os erros de ligao. PISA CINCIAS: 2006 2015
Fonte: Programa Internacional de Avaliao de Estudantes (2015)
390
405
402
401
380
385
390
395
400
405
410
2006 2009 2012 2015
Desempenho dos brasileiros em Cincias
PISA - 2015
-
33
Diante desse cenrio, torna-se ainda importante destacar, que a
OCDE, sobre a mdia de 2015, reporta que o desempenho dos jovens
estudantes da rede municipal e estadual de ensino apresentam o menor
ndice de desempenho (figura 3).
Silva et al. (2013) explica que essa situao, aqui no Brasil, pode
estar diretamente relacionada com as carncias no sistema de ensino
brasileiro, que no oferece conceitos consistentes nas disciplinas que
envolvem o ensino de cincias, e na falta de servios bsicos
(infraestrutura) encontrada nas escolas da rede pblica. O autor ressalta
que o atual cenrio da educao brasileira pode levar a diminuio
significativa de profissionais atuantes nas reas de tecnologia e inovao.
Viecheneski, Lorenzetti e Carletto (2012), complementam que
alm das deficincias supracitadas, lidamos com o despreparo do
professor para realizar aulas experimentais, e que o ensino de Cincias,
na maioria das vezes, se reduz exposio oral do contedo e realizao
de atividades em livros didticos.
Figura 3 - Mdia geral dos estudantes brasileiros considerando as diferentes
instituies de ensino. PISA CINCIAS: 2015
Fonte: Programa Internacional de Avaliao de Estudantes (2015)
Zancul (2008) afirma que os professores, quando indagados a
respeito da pouca utilizao de experimentao em aula, justificaram no
possuir os materiais necessrios para sua realizao, bem como
dificuldades em manter a disciplina em sala de aula, j que estes espaos
normalmente encontram-se lotados, com grande nmero de alunos por
sala.
487
517
394
329
Escolas Particulares
Escolas Federais
Escolas Estaduais
Escolas Municipais
Mdia em Cincias por escolas
-
34
Para autora, as justificativas apontadas so possveis de serem
solucionadas. A mesma concorda que muitos professores no possuem
preparo para tais atividades, e que esse despreparo reflexo da sua m
formao profissional. Zancul (2008, p.67) salienta que se ele prprio (o
professor) nunca realizou uma atividade de investigao ou envolveu-se
na resoluo de problemas, ter poucos elementos para orientar os
estudantes na explorao de procedimentos como este.
A ausncia de aulas experimentais, principalmente nas etapas da
Educao Bsica, tem resultado em pontos negativos para a formao de
profissionais que marcam o desenvolvimento cientfico, tecnolgico e
econmico de um pas, pois dessa forma os alunos no so estimulados a
seguirem carreira nas reas de STEM (acrnico em ingls Science,
Technology, Engineering, and Mathematics) (GUTL ET AL., 2012).
Estudos realizados por Gutl et al. (2012) apontam que muitos
alunos tm dificuldades com a apropriao do conhecimento cientfico e
com o desenvolvimento de habilidades necessrias investigao. O
autor ainda sugere que tal fato reflete em baixo interesse geral pelas
carreiras cientficas (GUTL ET AL., 2012).
Carvalho (2004), quando focaliza no ensino de cincias, sugere que
todo empenho em investigao e experimentao que acarretou no avano
cientfico dos ltimos sculos, no tem feito parte do ambiente escolar. O
mesmo ainda reitera, que apesar de haver currculos e programas
bastante atualizados, estes se encontram submetidos a tratamento didtico
obsoleto, em desacordo com o processo de fazer e pensar cincias
(CARVALHO, 2004, p. 2).
Nesse sentido, Gutl et al. (2012) apontam que os alunos da gerao
atual desejam ambientes de aprendizagem mais dinmicos, modernos e
interativos, apoiados em tecnologias de ponta, que permitem que
contedo possa ser explorado e experimentado, combinando assim,
aprendizado, entretenimento e trabalho em equipe.
Posto isso, possvel entender que a necessidade por inovao no
sistema de ensino frente s atuais geraes e ao advento das TDIC torna-
se latente. Nesse sentido, o uso de Tecnologias Educacionais aliadas s
propostas de ensino que considerem a importncia de atividades
investigativas e de experimentao, podem configurar-se como uma
interveno positiva no processo de ensino.
1.1.1 Problema de Pesquisa
Considerando tal cenrio, esperou-se com essa pesquisa, responder
seguinte questo: Como o uso de laboratrios virtuais e remotos,
-
35
integrados a sequncias didticas online investigativas, podem aumentar
a qualidade no ensino de Biologia na formao bsica de alunos do Ensino
Mdio, melhorando sua motivao e interesse dentro do contexto escolar?
1.2 MOTIVAO
O interesse e motivao por essa pesquisa vm sendo construdo j
h alguns anos, e se renova a cada entrada e sada de uma sala de
aula. No h mais como negar que a abordagem sistemtica e conteudista
impregnada h anos nas aulas de Biologia no me faam refletir e
questionar sobre o tipo de aluno que quero deixar para o mundo do
trabalho e do desenvolvimento.
A frustrao da maioria dos alunos evidente a cada contedo
transmitido, fcil perceber que os conceitos no so apropriados por
eles como deveriam, pois no carregam valor significativo. O aluno pode
at aprender o que determinado conceito, mas dificilmente far ligao
do para que serve, ou seja, esse conhecimento pouco provavelmente
ser aplicado na prtica.
Infelizmente, a maioria das aulas de Biologia planejadas por mim,
at ento, foram carregadas de nomes tcnicos e cientficos, transmitidos
aos alunos de forma linear e sistematizada como forma de cumprir o
proposto nos currculos.
Alm do mais, difcil encarar que os sistemas de avaliao e
seleo para entrada nas universidades, na sua grande maioria, ainda
empregam esse sistema de decoreba de conceitos, e pouco exigem do
aluno o conhecimento aplicado, fazendo com que ns, professores, ainda
fiquemos presos a essa situao, de ter que garantir ao aluno condies
para que ele passe no vestibular atravs de ensino sistemtico e linear.
No entanto, a m formao desse aluno acaba o desestimulando
para carreira cientfica, ou ainda tornando sua formao deficiente, o
transformando em um profissional pouco criativo e sem aptido para
resoluo de problemas cotidianos e especficos de suas atribuies, ou
seja, retiramos desse aluno o poder de reflexo e autonomia, necessrios
para o bom desenvolvimento de qualquer funo no mercado de trabalho.
Alm de perceber que essa abordagem conteudista s tem
aumentado nos alunos o desinteresse pela vida escolar, nos ltimos trs
anos, a prtica pedaggica em sala de aula tem sido marcada pela
incessante corrida contra o smartphone, ou seja, esse dispositivo no
apenas chegou ao mercado como se popularizou entre os alunos, sendo
presena constante na vida de quase todos, inclusive dentro do espao
escolar.
-
36
E diante desse cenrio surgiram diversos questionamentos, entre
eles: Como tornar minhas aulas mais interessantes?; Como motivar meu
aluno para seguir carreira cientfica?; Como tornar meu aluno mais ativo,
reflexivo, questionador, crtico e criativo?; Como ensinar meu aluno a
aprender?; Como fazer do smartphone um aliado em minhas aulas?; Entre
tantos outros questionamentos que me fizeram buscar por suporte, ou seja,
por pessoas que pudessem me orientar sobre como integrar a tecnologia
nas minhas aulas, fazendo dela uma aliada.
Foi nessa busca constante, que conheci o grupo de pesquisa
RexLab, localizado na Universidade Federal de Santa Catarina, em
Ararangu. Nesse momento pude conhecer o trabalho desenvolvido por
essa equipe, passar por capacitaes e participar da construo de material
de apoio-didtico para o experimento remoto conhecido como
microscpio remoto.
Fundado em 1997, o RexLab um laboratrio que desenvolve e
disponibiliza gratuitamente experimentos remotos de baixo custo,
estimula e d suporte para sua replicao, e capacita docentes com
objetivo de atender a necessidade de apropriao social da cincia e da
tecnologia. Dessa forma, acaba popularizando os conhecimentos
cientficos e tecnolgicos, incentivando os jovens para carreira cientfica,
e promovendo a melhoria do ensino por meio da
atualizao/modernizao, enfatizando aes e atividades que valorizem
e estimulem a criatividade, a experimentao e a interdisciplinaridade
(REXLAB, 2017).
Por meio do RexLab tive a oportunidade de conhecer um de seus
projetos, o Grupo de Trabalho em Experimentao Remota Mvel (GT-
MRE), que tem como objetivos o desenvolvimento e aplicao de
proposta de estratgia para a integrao de tecnologias no ensino das
disciplinas STEM (Cincia, Tecnologia, Engenharia e Matemtica),
utilizando Experimentao Remota Mvel. Para isso o grupo desenvolveu
uma plataforma capaz de integrar AVA atravs da disponibilizao de
contedos didticos abertos online, acessados por dispositivos mveis ou
convencionais, e complementados pela interao com experimentos
remotos (GT-MRE, 2017).
Dessa forma, fui capacitada pela equipe para o uso das ferramentas
disponibilizadas, como tambm tive acesso a inmeros estudos que tratam
sobre o potencial da ferramenta em questo. Esses recursos
disponibilizados pelos GT-MRE configuram-se no somente como uma
incluso da tecnologia na educao, como tambm propem
interferncias nas prticas-pedaggicas de sala de aula, proporcionando
assim uma melhoria completa no atual cenrio de ensino que encontramos
-
37
nas escolas. Para as aulas de Biologia, em especfico, a proposta coube
perfeitamente, pois alm do AVA disponibilizado para a construo de
atividades investigativas, ainda houve a possibilidade de acesso a
experimento remoto, sendo possvel o desenvolvimento de aulas prticas.
Diante do cenrio exposto, a motivao e interesse pelo
desenvolvimento dessa pesquisa consolidaram-se, pois, a execuo da
mesma foi uma forma de confrontar as prticas-pedaggicas por mim
executadas em sala de aula, bem como incorporar a ela o desafio de fazer
da tecnologia uma aliada, uma facilitadora dentro do processo de ensino
e aprendizagem.
1.3 OBJETIVOS
A partir do exposto nas sees anteriores a seguir sero
apresentados os objetivos gerais e especficos desse trabalho de pesquisa.
1.3.1 Objetivo Geral
Propor um ambiente virtual de investigao que possibilite ao
aluno acesso atividades de experimentao prtica por meio de
laboratrios on-line, nas aulas de biologia em turmas do Ensino Mdio,
demonstrando como o uso de tecnologias educacionais, atreladas
metodologias de aprendizagem ativa, podem aumentar a qualidade de
ensino de Biologia.
1.3.2 Objetivos Especficos
Visando atingir ao objetivo geral deste projeto tem-se os seguintes
objetivos especficos:
OE.1 Verificar, atravs de revises bibliogrficas sobre Integrao de
Tecnologia na Educao, Laboratrios Virtuais e Remotos, Ensino de
Cincias e Aprendizagem Baseada em Investigao, o estado da arte dos
temas abordados.
OE.2 Disponibilizar Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem para
classe piloto.
OE.3 Construir Sequncias Didticas inspiradas em investigao
utilizando Laboratrios Virtuais e Remotos.
OE.4 Realizar aplicao das sequncias didticas nas aulas de Biologia
no Ensino Mdio.
-
38
OE.5 Desenvolver e aplicar questionrios para validao, aceitao e
viabilidade da utilizao do ambiente proposto aplicando-o em turmas do
Ensino Mdio, nas disciplinas de Biologia.
1.4 JUSTIFICATIVA
Diante do quadro exposto, a presente pesquisa justifica-se pela
necessidade de se encontrar ferramentas para o ensino de cincias e
Biologia que estimulem a motivao dos alunos no contexto escolar,
aumente seu interesse pela disciplina, e melhore a qualidade de seus
estudos e aprendizado, principalmente no mbito da Educao Bsica.
Sobre essas questes, foi possvel, por meio de uma reviso
sistemtica da literatura sobre o uso de Laboratrios Virtuais e Remotos
(LVR) na Educao, realizada nas bases de dados Scopus, Web of Science e Proquest, identificar que essas ferramentas tm estado presentes em
diferentes contextos de ensino, como tambm tm ganhado espao no
meio educacional, caracterizando-se como potencializadoras no processo
de ensino e aprendizagem. No entanto, essas aplicaes encontram-se
ainda muito restritas ao Ensino Superior, como pode ser identificado na
figura 4.
Figura 4 - Nveis de Ensino que fizeram aplicao de LVR nos ltimos 5 anos.
Fonte: Santos, Fernandes e Silva (2017)
Contudo, apesar de poucas aplicaes realizadas na Educao
Bsica, evidenciadas na reviso sistemtica O uso de laboratrios online
no ensino de cincias de Santos; Fernandes & Silva (2017), estes estudos
traam pontos muito positivos com relao aos resultados obtidos,
14%
86%
Nveis de Ensino que fizeram aplicao de LVR
Educao Bsica Ensino Superior
-
39
relatando melhor apropriao de conceitos e aumento na motivao e
interesse em estudar, mostrando, dessa forma, que esse um nvel de
ensino em potencial para o recebimento de LVR.
Todavia, cabe ressaltar que esses estudos realizados no mbito da
Educao Bsica tambm apontam para a importncia de integrar
tecnologias educacionais novas prticas de ensino. Nesse sentido,
autores sugerem que novas abordagens devem ser fomentadas a fim de
encaminharem o aluno para um aprendizado mais consistente, condizente
com a realidade atual (ABDULWAHED; NAGY, 2013; ANTONIO;
MARCELINO; DA SILVA, 2015; GARDEL et al., 2012; LOWE;
NEWCOMBE; STUMPERS, 2013; MACKAY; FISHER, 2012;
TUMKOR et al., 2012).
Vale salientar tambm, que os estudos que relatam sobre
aplicaes didticas utilizando experimentos remotos e virtuais,
demonstram a carncia de suporte didtico-pedaggico do qual esses
laboratrios poderiam estar inseridos, como a escolha de uma
metodologia que permite a personalizao do ensino, ou ainda a falta de
materiais de apoio para que o professor possa colocar essa ferramenta em
prtica.
Sendo assim, diante do problema exposto e das oportunidades e
desafios apresentados em pesquisas relacionadas ao tema, esse estudo se
consolida atravs da aplicao de laboratrios on-line integrados SDI
na Educao Bsica, em turmas do Ensino Mdio, nas aulas de Biologia.
Em sntese essa pesquisa integra tecnologia ao processo de ensino
por meio da aplicao de LVR e uso de AVA, promovendo novas formas
de aprender, modificando a abordagem comumente utilizada em sala de
aula e fornecendo material de apoio didtico-pedaggico para o uso dos
LVR, mediante da construo de SDI.
Ademais, dos trabalhos encontrados sobre aplicao de LVR no
processo de ensino na Educao Bsica, no foi encontrado qualquer
projeto que verificasse a percepo dos alunos frente ao uso dessas
ferramentas no ensino de Biologia.
1.5 ADERNCIA AO PPGTIC E LINHA DE PESQUISA
O Programa de Ps-Graduao em Tecnologia da Informao e
Comunicao (PPGTIC) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) Campus Ararangu um programa interdisciplinar, constitudo
por trs linhas de pesquisa que se correlacionam na rea de concentrao,
denominada Tecnologia e Inovao", conforme evidencia a figura 5.
-
40
O PPGTIC procura fomentar inovao com suporte de tecnologias
computacionais para o desenvolvimento social. Nesse sentido, as
tecnologias computacionais so estudadas com o intuito de subsidiar o
desenvolvimento de solues que atentam para o desenvolvimento nos
processos de ensino e aprendizagem ou para o progresso da gesto de
forma ampla (PPGTIC, 2017).
Figura 5 - Interseo entre as linhas de pesquisa do PPGTIC/UFSC
Fonte: Elaborado pela autora.
Consequentemente, as inovaes tecnolgicas estudadas podero
configurar-se em pesquisas bsicas ou aplicadas, desde que a inovao se
apresente como ponto de destaque. Sendo assim, suas linhas apresentam-
se assim estruturas (quadro 1).
Pode-se identificar, analisando o quadro 1, o quanto as trs linhas
de pesquisa esto relacionadas entre si, e articuladas diretamente com o
eixo norteador, tecnologia e inovao. Esto to vinculadas que
dificilmente consegue-se, em uma pesquisa, restringir-se a apenas uma
delas. No entanto, torna-se importante perceber as suas particularidades.
O PPGTIC, como mencionado anteriormente, um programa
interdisciplinar, pois integra diversas reas do conhecimento, permite o
compartilhamento de diferentes saberes, e oportuniza a construo de
diferentes solues para o mundo real.
Tecnologia Computacional
Tecnologia Educacional
Tecnologia, Gesto e Inovao
T&I
-
41
Quadro 1 - Linhas de Pesquisa do PPGTIC e objetivos. Linha de Pesquisa Descrio
Tecnologia Educacional
Estuda e trabalha no desenvolvimento e na construo de materiais de
apoio ao ensino e aprendizagem para diferentes nveis de educao,
com objetivo de fomentar o desenvolvimento de habilidades e
competncias para uso de tecnologias como apoio a inovaes
educacionais.
Tecnologia Computacional
Desenvolve modelos, tcnicas e ferramentas computacionais auxiliando
na resoluo de problemas de natureza interdisciplinar.
Especificamente, esta linha de pesquisa procura desenvolver novas
tecnologias computacionais para aplicao nas reas de educao e
gesto.
Tecnologia, Gesto e Inovao
Estuda e trabalha novas tecnologias da informao e comunicao para
o desenvolvimento de novas metodologias, tcnicas, processos para a
gesto das organizaes.
Fonte: Elaborado pela autora.
De acordo com Almeida (2012):
A interdisciplinaridade supe como ponto de
partida a unio e como meta uma possibilidade de
projeto integrador das cincias. Este projeto s
pode acontecer no caso de se visar a integrao de
vrias dimenses da sociedade que, em sua
essncia, produz um saber e um poder de
fragmentos. A integrao interdisciplinar do
conhecimento que mais que o saber, pois supe
deciso, reflexo, criao e descoberta s
possvel numa sociedade aberta participao de
todos (ALMEIDA, 2012, p. 49).
Dessa forma, tendo como base o estudo e desenvolvimento de
tecnologia e inovao, integrado ao fator da interdisciplinaridade, o
programa consegue atingir na ntegra o seu objetivo, pois trabalha para o
desenvolvimento global, ou seja, desenvolve solues para diferentes
problemas presentes e pertinentes em nossa sociedade.
Ademais, ao se tratar da linha de pesquisa Tecnologia Educacional,
as TIC apresentam-se tambm como facilitadoras no processo de
oportunizar a interdisciplinaridade no ensino. Amem & Nunes (2006)
relacionam tal fato com as vantagens que estas tecnologias apresentam se
comparadas aos mtodos convencionais de ensino. As autoras afirmam
que as TIC facilitam a troca imediata de informaes, a adaptao de
informao aos estilos individuais de aprendizagem, a maior e melhor
organizao das ideias, maior integrao e interao, agilidade na
recuperao da informao entre outros proveitos, que contribuem para
desfragmentar o ensino e integrar os saberes (AMEM; NUNES, 2006).
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42
A pesquisa aqui desenvolvida trata-se da integrao de tecnologia
dentro do contexto escolar, utilizando Tecnologias Digitais da
Informao e Comunicao, por meio de aplicao de laboratrios online
integrado sequncias didticas virtuais disponibilizadas em AVA.
A pesquisa em questo no faz apenas uso de TDIC como tambm
traz uma nova abordagem didtico-pedaggica para o contexto de sala de
aula, apontando mudanas no atual cenrio escolar, ou seja, inovando em
seus mtodos, propondo solues para algumas defasagens existentes.
Sendo assim, este estudo adere ao programa em questo, pois est
sustentado pelos dois pilares que o norteiam, Tecnologia e Inovao, e
ainda percorre pelas trs linhas de pesquisa quando trabalha no
desenvolvimento e na construo de materiais de apoio ao ensino e
aprendizagem, desenvolve novas tecnologias computacionais para
aplicao nas reas de educao, e empenha-se no desenvolvimento de
novas metodologias e processos.
1.6 ESTRUTURA DO TEXTO
A fim de atender aos objetivos propostos para esse trabalho, o
mesmo foi estruturado em 5 captulos, descritos a seguir:
Captulo 1: Constitui-se da parte introdutria do trabalho, pois
preocupa-se com a focalizao temtica, direcionando o leitor para desde
as problemticas iniciais que instigaram a elaborao do projeto at aos
objetivos traados para sua execuo. Sendo assim, ele est constitudo
pela problematizao seguido do problema de pesquisa, logo apresenta-
se as motivaes que levaram a construo desse estudo, os objetivos
definidos para seu desenvolvimento, e as justificativas apontando sobre a
relevncia dessa pesquisa. Por fim, esse captulo relata sobre a aderncia
dessa pesquisa ao Programa de Ps-graduao em Tecnologia da
Informao e Comunicao, seguido de como esta est estruturada.
Captulo 2: Apresenta o embasamento terico utilizado para
elucidar sobre a temtica em questo, bem como para a construo das
sequncias didticas virtuais, aplicao da ferramenta, coleta, anlise e
tratamento de dados. Logo, o mesmo versa sobre a Integrao de
Tecnologias na Educao, Ensino de Cincias Baseado em
Investigao, AVA e Laboratrios Online de Experimentao.
Captulo 3: Aborda sobre a Metodologia utilizada para o
desenvolvimento dessa pesquisa, iniciando pela sua caracterizao e
elucidando sobre as etapas traadas para sua execuo. As etapas se
iniciam com a construo das sequncias didticas investigativas em
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ambiente virtual de aprendizagem, relatam sobre as aplicaes e por fim
demonstram como ocorreu a coleta de dados.
Captulo 4: Apresenta os resultados obtidos com essa pesquisa na
fase de pr-aplicao, caracterizando os sujeitos envolvidos, bem como o
local de aplicao. Logo so apresentados os laboratrios on-line
explorados nesses estudos, as sequncias didticas produzidas e os planos
de aula planejados para sua aplicao.
Captulo 5: Evidencia os resultados gerados com a aplicao da
ferramenta em estudo, dividindo-se em duas partes, uma que apresenta os
resultados da aplicao teste e outra que apresenta e discute os resultados
das demais aplicaes, ponto forte dessa pesquisa.
Captulo 6: Trata sobre as consideraes finais, apontando os
pontos mais significativos da pesquisa, as contribuies geradas com sua
concretizao, bem como sugestes para futuros estudos na rea. Por fim,
esto organizados os anexos, apndices e referncias utilizadas.
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2 REFERENCIAL TERICO
Esse captulo apresenta o quadro terico de referncias que tratam
sobre integrao de tecnologia no processo educacional, bem como
discusses acerca do modelo de aprendizagem baseado em investigao
(inqurito), AVA e Laboratrios On-line de Experimentao (LOE). Os
trs ltimos itens apresentam-se nessa dissertao de forma integrada,
caracterizando-se como um exemplo de metodologia ativa de
aprendizagem, uma tendncia educacional identificada no relatrio de
2017, edio para Educao Bsica, do NMC HORIZON Report1.
Em sntese, essa sequncia do trabalho preocupa-se em discutir
sobre a integrao de tecnologia na educao, principalmente no Brasil,
apresentar metodologias ativas de aprendizagem que contribuem
fortemente para essa integrao, e logo explorar sobre o modelo de
Aprendizagem Baseada em Investigao, e os conceitos que envolvem
Ambiente Virtuais de Ensino e Aprendizagem e Laboratrios Online de
Experimentao, como forma de subsidiar o desenvolvimento da pesquisa
no que se refere ao desenvolvimento da ferramenta utilizada nas
aplicaes, como tambm o tratamento dos dados coletados com essas
aplicaes.
2.1 A INTEGRAO DE TECNOLOGIA NAS ESCOLAS
BRASILEIRAS
fato consolidado que as tecnologias digitais presentes na
contemporaneidade do sc. XXI alteraram as formas de comunicao e
consequentemente transformaram a vida de grande parte da humanidade.
Esse segmento do trabalho preocupa-se em entender como estes recursos
tem estado presente no mbito educacional e como tem ocorrido sua
integrao no Brasil, ou seja, como esto sendo utilizados no processo de
ensino e aprendizagem. Pois claramente percebido que, ao mesmo
tempo em que se vive a Era Digital, nosso pas passa por uma forte crise
no cenrio educacional, no que diz respeito a sua eficcia (MORAN,
2007).
A lentido com que esses recursos foram e ainda esto sendo
1 um projeto de pesquisa, de iniciativa global sobre tecnologias emergentes,
conta com mais de 200 universidades e museus extraordinrios, em todo o
mundo, que trabalham em conjunto para expandir os limites do ensino,
aprendizagem e expresso criativa.
https://www.nmc.org/members/organizationshttps://www.nmc.org/members/organizations
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integrados aos processos de ensino e aprendizagem est diretamente
relacionada a sua incorporao no contexto escolar. A presena dos
computadores nas escolas, assim como posteriormente o surgimento e
popularizao da internet marcaram a necessidade de mudana no sistema
de ensino. Era evidente que se os recursos no eram mais os mesmos, a
prtica-pedaggica em sala tambm no poderia ser, no entanto no foi
sob essa tica que esse processo se desenvolveu.
As discusses acerca da informtica na escola tornaram-se fortes,
aqui no Brasil a partir da dcada de 80, com a estruturao da Secretaria
Especial de Informtica, setor responsvel pela elaborao, gesto e
aplicao da Poltica Nacional de Informtica, e posteriormente com o
surgimento e difuso de seminrios, debates, conferncias, entre outros
movimentos que tinham o objetivo de debater sobre sua implementao
(ALMEIDA, 2012).
Vale destacar, diante desse quadro, que o primeiro seminrio sobre
a temtica em questo, no Brasil, foi realizado em Braslia no ano de
1981, intitulado I Seminrio Nacional de Informtica na Educao,
promovido pelo antigo Ministrio da Educao e Cultura (MEC) em
conjunto com a Secretaria Especial de Informtica (SEI) e o Conselho
Nacional de Pesquisas (CNPq). De acordo com Almeida (2012, p. 35),
nesse seminrio reuniram-se quarenta especialistas de inmeras
instituies de ensino e informtica para falarem da convenincia ou no
de utilizar o computador como instrumento auxiliar no processo de ensino
e aprendizagem (ALMEIDA, 2012).
Desse seminrio juntamente com o posterior a ele originou-se o
EDUCOM (Educao e Computador) em 1983. A EDUCOM, conforme
Almeida (2012), consistia na elaborao de pequenos projetos elaborados
nas universidades e aplicados no antigo 2 grau da Educao Bsica,
correspondente hoje ao Ensino Mdio. Esses projetos se encarregavam de
produzir materiais programados para serem testados nas escolas e
validados por equipes multidisciplinares.
Realizado em cinco universidades, Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e
Unicamp. Esse projeto contemplou a diversidade
de uso do computador em diferentes abordagens
pedaggicas, como o desenvolvimento de
softwares educacionais e o uso do computador
como recurso para resoluo de problemas. E, do
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ponto de vista metodolgico, o trabalho de
pesquisa foi realizado por equipes
interdisciplinares, formadas por professores das
escolas escolhidas e por um grupo de profissionais
da universidade. (VALENTE, 1999, p. 20)
Ainda sobre a implementao da informtica na educao,
Almeida (2012), afirma que esta foi marcada pelo uso indevido do recurso
tecnolgico e pela falta de preparo dos professores e gestores das escolas.
O autor ainda indaga, sobre pontos que marcaram o atraso nesse processo,
entre eles
a) Que pas esse?: A falta de levantamento dos problemas
prioritrios da populao brasileira, ou seja, a implantao
da tecnologia se deu em um terreno desconhecido, em
uma populao que sofria ainda com fome e desnutrio.
b) Esperana oportuna, Limites da Unidade e
Racionalidade Irracional na Educao: Retratavam
sobre toda desigualdade histrica do Brasil implantada por
uma poltica explcita que poderia ser renovada pela
implantao de tecnologias para poucos. O autor salienta
que o aperfeioamento trazido pela tecnologia da
informtica tende a trazer uma diferenciao social
extremada (ALMEIDA, 2012).
c) Interdisciplinaridade na educao valor poltico:
Apontava o ensino da informtica na escola para os alunos,
desconsiderando suas potencialidades (ALMEIDA, 2012).
Um fato interessante nesse processo de integrao de tecnologias
na educao, ocorreu em 1991, quando o MEC apresentou o programa
Salto para o Futuro para estimular a integrao da informtica nas
escolas. Conforme o Ministrio da Educao (1998), a informtica
aplicada educao tem dimenses mais profundas, que no aparecem
primeira vista. De acordo com o programa Salto para o Futuro:
[...] no se trata apenas de informatizar a parte
administrativa da escola (como o controle de notas ou dos
registros acadmicos), ou de ensinar informtica para os
jovens (eles aprendem sozinhos, fuando,
experimentando, testando sua curiosidade, ou quando
precisam usar esse ou aquele software ou jogo). O
problema est em como estimular os jovens a buscar novas
formas de pensar, de procurar e de selecionar informaes,
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de construir seu jeito de trabalhar com o conhecimento e
de reconstru-lo continuamente, atribuindo-lhe novos
significados, ditados por seus interesses e necessidades
(SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO, 1998, p.
49).
Nesse contexto, interessante observar que h 19 anos atrs, j
haviam publicaes de documentos oficiais pelo Ministrio da Educao
sobre abertura de programas, como Salto para o Futuro, que visavam
sanar essa resistncia e as deficincias encontradas com a chegada das
tecnologias educacionais, ou seja, reportava-se sobre questes
emergentes, que ainda esto presentes em nossa atualidade.
O programa supracitado, por exemplo, j trazia a perspectiva para
novas abordagens pedaggicas que poderiam, ou, deveriam subsidiar
as tecnologias que tinham entrado nas escolas. O documento sustentava a
ideia de que integrar tecnologias educao no significava ensinar os
velhos contedos de forma eletrnica, por meio de telas iluminadas,
animadas e coloridas, mas sim adotar medidas que contribussem com o
desenvolvimento de cidados abertos e conscientes, que soubessem
trabalhar em equipe e tomar decises (MINISTRIO DA EDUCAO,
1998).
Almeida (2012) aborda em seu livro Educao e Informtica,
que aos poucos os governos estaduais e municipais foram sensibilizando-
se com a nova realidade, construindo e implantando polticas de
informatizao, unindo a obteno de equipamentos tecnolgicos com a
formao continuada de professores. O Programa Nacional de Tecnologia
Educacional (PROINFO), cabe, nesse contexto, como um exemplo de
ao conjunta entre a Unio, Estados e Municpios, resultado dessa
sensibilizao.
O PROINFO foi criado pelo Ministrio da Educao, atravs da
portaria n 522, de 09 de abril de 1997, com o intuito de disseminar o
uso pedaggico das tecnologias de informtica e telecomunicaes nas
escolas pblicas de ensino fundamental e mdio pertencentes s redes
estadual e municipal (BRASIL, 1997). Seu desenvolvimento ocorria de
forma descentralizada, em articulao com as Secretarias de Educao da
Unio, dos Estados e dos Municpios.
De acordo as diretrizes do projeto, os objetivos definidos para o
funcionamento do PROINFO visavam o melhoramento na qualidade do
processo de ensino e aprendizagem, bem como a incorporao adequadas
das novas tecnologias da informao, atravs da criao de ambientes
voltados para o desenvolvimento cientfico e tecnolgico (BRASIL,
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1997).
Em 2007, atravs do decreto n 6.300, de 12 de dezembro de 2007,
o programa passou a funcionar com uma nova verso, agora denominava-
se Programa Nacional de Tecnologia Educacional, e objetivava
contribuir com a incluso digital, ampliando, dessa forma, o acesso a
computadores e outras tecnologias educacionais, bem como aumentando
a conexo rede.
Vale ressaltar que essa nova nomenclatura do projeto traz a
expresso Tecnologia Educacional, j utilizada mundialmente desde os
anos 60-70, carregando consigo toda preocupao que se tinha com essa
reforma, a de atender as necessidades pedaggicas dentro do contexto
escolar (SILVA, 2006).
Conforme Silva (2006, p. 77), essa nova nomenclatura denota
a relao entre os recursos humanos e materiais, aplicados para
conseguir uma melhor aprendizagem, como meio de promoo do ensino,
agora com um enfoque educacional amplo e contextualizado.
Silva (2006, p. 76), ainda refora que Tecnologia Educacional
atende ao estudo dos meios nos processos didticos, pois analisa os
equipamentos tecnolgicos que serviro de suporte no processo de ensino
e aprendizagem. Nesse caso, essas ferramentas esto em funo dos
objetivos a alcanar e das caractersticas dos alunos aos que vo
destinados (SILVA, 2006, p. 74).
No entanto, apesar da nova nomenclatura adotada pelo programa,
os resultados encontrados no fazem jus a suas definies, tal fato
evidencia-se tanto em publicaes cientficas a respeito do tema, como
frente a atual situao das escolas brasileiras.
Estudos apontam que o nmero de computadores fornecidos s
escolas foi insatisfatrio, pois no atendia a demanda, alm disso
constatam sobre a precariedade na conservao, e descaso com a
manuteno tanto do maquinrio como dos softwares (RONSANI, 2005;
DE PAULA & NUNES, 2011).
Paula & Nunes (2011), relatam que mesmo quando as escolas
possuam laboratrios equipados, os mesmos no eram devidamente
utilizados, e ainda faz crticas quanto formao fornecida para os
professores, pois das escolas investigadas em seu artigo, nenhuma delas
havia recebido formao.
Com relao essa realidade, outros estudos tambm apontam para
a formao insuficiente ou inexistente para os professores, necessria para
que eles aprendessem a fazer uso pedaggico da ferramenta, e no apenas
aprendessem a manusear os equipamentos (DE PAULA & NUNES,
2011; ANDAVALLI & PEDROSA, 2014).
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Dos apontamentos realizados sobre a formao dos profissionais
para a integrao de tecnologia nas escolas foram mencionados:
a) Infrequncia na oferta; b) Cursos eventuais, com carga horria insuficiente; c) Formao exclusivamente tcnica, focada no pacote
Windows;
d) Sem abordagem pedaggica, ou seja, como demostrar mtodos que pudessem integrar a tecnologia num contexto
de sala de aula;
e) Indisponibilidade dos professores para frequentar os cursos; f) Relutncia dos professores em fazer uso do computador no
processo pedaggico;
g) Poucos professores-formadores; h) Falta de investimentos para o deslocamento dos
professores-formadores ou para o deslocamento dos
professores das escolas at os ncleos de formao.
O portal do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao
(FNDE) do MEC traz os indicativos do PROINFO, desde sua
implementao at o ano de 2006, como pode ser analisado na tabela 3.
Tabela 3 - N de equipamentos, municpio atendidos e instituies beneficiadas
pelo PROINFO, entre os anos de 1997 2006. Ano N de equipamentos
adquiridos
N de Municpios
atendidos
N de instituies
Beneficiadas
1997 3.125 135 169
1998 34.079 1.215 3.259
1999 0 0 0
2000 16.691 1.167 1.871
2001 0 0 0
2002 0 0 0
2003 0 0 0
2004 5.620 1.125 530
2005 12.040 950 1.112
2006 75.800 4.800 7.580
TOTAL 147.355 9.392 14.521
Fonte: Secretaria de Educao Distncia. Ministrio da Educao (MEC).
Disponvel em: https://www.fnde.gov.br/sigetec/relatorios/indicadores_rel.html.
Acesso em 18 de setembro de 2017.
Diante desse cenrio, vale ressaltar que em 2006 o Brasil contava
com 203,9 mil estabelecimentos educacionais, que ofertavam diferentes etapas e modalidades de ensino da educao bsica: educao infantil
(creche e pr-escola), ensino fundamental, ensino mdio, educao
especial, educao de jovens e adultos e educao profissional, e que
nesse mesmo ano foram realizadas aproximadamente 55,9 milhes de
https://www.fnde.gov.br/sigetec/relatorios/indicadores_rel.html
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matrculas (INEP, 2006).
Nesse sentido possvel identificar a distncia entre o total de
instituies atendidas e as existentes, ou seja apenas 7% das instituies
brasileiras foram atendidas pelo programa at o ano de 2006.
Silva (2006), relata sobre essa rejeio e frustrao que ocorreu na
chegada das TIC nas escolas quando comparadas ao seu recebimento em
outros departamentos, como na medicina e segurana, por exemplo. O
autor afirma que as escolas sempre dispuseram de vrios aparatos
tecnolgicos, mas que foram apenas introduzidos e no incorporados. O
autor salienta que: [...] incorporar tecnologia muito mais que
introduzir aparatos de diversas ndoles. mudar
atitudes e metodologias para dar-lhes um sentido
superador. E fundamentalmente, compreender
que essa mudana, como todas, provocam um
realinhamento de nossas estruturas que muitas
vezes custamos a assumir, porm que
posteriormente torna-se benfica. O xito da escola
depende de certa forma de nossa habilidade para
fazer qu