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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA- PPGSC NATHÁLIA GIOVANA GOMES DA SILVA Programas Federais de Provimento Médico e Acesso à Atenção Básica no Estado de Pernambuco RECIFE - PE 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE

COLETIVA- PPGSC

NATHÁLIA GIOVANA GOMES DA SILVA

Programas Federais de Provimento Médico e Acesso à Atenção Básica no Estado

de Pernambuco

RECIFE - PE

2016

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NATHÁLIA GIOVANA GOMES DA SILVA

Programas Federais de Provimento Médico e Acesso à Atenção Básica no Estado

de Pernambuco

.

Orientador: Prof. Dr. Petrônio José de Lima Martelli

Coorientadora: Prof. Dra. Adriana Falangola Benjamin Bezerra

RECIFE - PE

2016

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

do Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal de Pernambuco, como requisito parcial

para obtenção do título de mestre.

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NATHÁLIA GIOVANA GOMES DA SILVA

Programas Federais de Provimento Médico e Acesso à Atenção Básica no Estado

de Pernambuco

Aprovada em: 30/08/2016

BANCA EXAMINADORA

Orientador: ____________________________________________________ Prof. Dr. Petrônio José de Lima Martelli Departamento de Medicina Social- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Examinador Interno: ____________________________________________________ Prof. Dra. Albanita Gomes da Costa de Ceballos Departamento de Medicina Social- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Examinador Externo: ____________________________________________________ Prof. Dra. Petra Oliveira Duarte Departamento de Saúde Coletiva- Universidade Federal de Pernambuco/ Campus Vitória (UFPE/CAV)

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

do Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal de Pernambuco, como requisito parcial

para obtenção do título de mestre.

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Aos que sempre proporcionaram força e coragem...

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela força para superar todos os desafios e pela inspiração de poder

traduzir minha paixão pela Saúde Coletiva em palavras expressas nessa dissertação.

À minha família, em especial minha mãe, Cecília Gomes, meu pai, Edivando Luiz

(in memoriam) que sempre investiram em minha educação, bem como estiveram sempre

prontos com palavras de apoio e incentivo. Agradeço aos meus irmãos, André Luiz e

Sandra Regina, obrigada por todo apoio.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Petrônio Martelli, exemplo de paciência e de amor à

docência, por seus ensinamentos acadêmicos e pessoais que tanto colaboraram com

meu crescimento durante o período do mestrado. Não posso deixar de agradecer pela

forma humana com a qual conduziu todo processo de orientação.

À minha coorientadora, Prof. Dra. Adriana Falangola, por suas contribuições

sempre tão valiosas, pelos momentos de diversão junto ao grupo de pesquisa e

principalmente pela oportunidade de ter bebido um pouco junto à fonte inesgotável dos

seus conhecimentos em Saúde Coletiva.

À professora Dra. Ronice Franco de Sá, por suas colaborações valiosas no

processo de qualificação desta dissertação.

Às professoras participantes da banca de defesa, Prof. Dra. Petra Oliveira Duarte

e Prof. Albanita Gomes da Costa de Ceballos, por suas contribuições no processo de

avaliação final dessa dissertação.

Aos amigos da querida Coorte 2014! Vocês me proporcionaram ótimos momentos

de risadas e partilha de conhecimento! Meu querido trio ternura (Taci e Vick), obrigada

pelos momentos juntas! Minha querida amiga Marília Gabrielle, minha consultora para

assuntos acadêmicos e extra acadêmicos, obrigada por todo seu apoio! Maria Helena,

obrigada pelo incentivo nos momentos finais dessa caminhada.

Aos meus amigos da “comunidade extra científica” por compreenderem minhas

ausências e me incentivarem na busca da minha realização pessoal.

A Hudson Henry por tanto companheirismo e apoio.

Aos profissionais da Vigilância Epidemiológica do Distrito Sanitário VIII do

município de Recife. Vocês me dão muita força e apoio na caminhada profissional!

Obrigada pela partilha diária de conhecimentos.

Aos professores e funcionários do PPGSC, em especial Moreira, por sua boa

vontade em ajudar a qualquer momento.

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À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

bolsa de estudos concedida durante o Mestrado.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a concretização deste

trabalho.

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RESUMO

Diante de entraves para consolidação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde

(SUS), principalmente no que tange ao acesso às ações e serviços de saúde, o Ministério

da Saúde tem lançado algumas estratégias para provimento e fixação dos profissionais

de medicina, como o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica

(PROVAB) e o Programa Mais Médicos (PMM). Nesse contexto, esse estudo teve como

objetivo analisar o processo de implantação dos programas federais de provimento

médico no estado de Pernambuco, através da descrição da implantação, análise da

evolução da cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF), bem como correlação

com a tendência das taxas de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica

(ICSAB). Para tal, foram utilizados dados secundários disponibilizados pela Secretaria

Estadual de Saúde, Ministério da Saúde, Departamento de Informática do SUS

(DATASUS), Departamento de Atenção Básica (DAB) e Sistema de Informações Hospi-

talares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Os principais resultados do estudo

apontam que 84% dos municípios do estado contam com médicos oriundos de pelo

menos um dos programas de provimento, sendo a maioria advinda do PMM (76%). As

coberturas da ESF apresentaram aumento na maioria dos municípios pernambucanos.

Já em relação às taxas de ICSAB, observou-se um padrão misto em relação à tendência.

Quando comparados os municípios que receberam médicos dos programas de

provimento federal, com os que não receberam e correlacionando com os grupos de

doenças, observou-se diminuição em ambos os grupos, com diferença estatisticamente

significante para o grupo de municípios que recebeu profissionais oriundos dos

programas de provimento médico (p< 0,05) apenas para a Asma. Conclui-se que além de

impactar positivamente no indicador de cobertura da ESF, os programas federais de

provimento médico podem auxiliar no processo de consolidação do SUS, através do

fortalecimento da resolutividade da Atenção Básica, auxiliando na redução das ICSAB.

Palavras-chave: Atenção Básica. Estratégia de Saúde da Família. Recursos Humanos

em Saúde. Hospitalização.

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ABSTRACT

Facing obstacles to consolidation and strengthening of the Unified Health System (SUS),

especially with regard to access to health actions and services, the Ministry of Health has

launched some strategies for providing and fixing of medical professionals, such as the

Program enhancement of the Primary Care Professional (PROVAB) and the More

Doctors program (PMM). In this context, this study aimed to analyze the implementation

process of the federal programs of medical provision in the state of Pernambuco, through

the description of the implementation process, analysis of the evolution of the coverage of

the Family Health Strategy (FHS) and correlation with the trend of Hospitalization rates for

Sensitive Conditions Primary Care. To this end, secondary data were collected through

the State Department of Health, Ministry of Health, Department of SUS (DATASUS), the

Department of Primary Care (DAB) and Hospitalares Information System of the Unified

Health System (SIH / SUS). The main results of the study indicate that 84% of

municipalities in the state have come from doctors of at least one provision of programs,

most of the PMM (76%). The coverage of the FHS showed an increase in most

municipalities of Pernambuco. In relation to rates ICSAB, there was a mixed pattern in

relation to the trend. When comparing the cities that received medical of federal provision

programs with those who did not receive and correlate with disease groups, there was a

decrease in both groups only in asthma, and this difference was statistically significant for

the group of municipalities that received professionals from the medical provision of

programs (p <0.05). We conclude that in addition to impact positively on the FHS

coverage indicator, the federal programs of medical provision can assist in SUS

consolidation by strengthening the resoluteness of primary care, impact on reducing

ICSAB.

Keywords: Primary Care. Health Strategy for the Family. Human Resources for Health. Hospitalization.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1- Distribuição dos profissionais participantes dos programas federais de provimento médico de acordo com os programas aos quais foram direcionados e por GERES de lotação, 2016.

59

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Lista de Condições Sensíveis à Atenção Primária 24

Quadro 2- Classificação municipal quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDHm) 43

Quadro 3- Critérios de classificação dos municípios de acordo com o porte

populacional 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Distribuição do total de médicos por 1.000 habitantes nas Unidades

Federativas do Brasil, 2012. 28

Artigo 1:

Tabela 1- Classificação dos municípios pernambucanos quanto ao recebimento

de profissionais dos programas federais de provimento médico no período de

2011 a 2015.

54

Tabela 2- Distribuição dos participantes do Programa Mais Médicos quanto ao

perfil profissional, 2016. 55

Tabela 3- Distribuição dos municípios pernambucanos de acordo com o IDHm e a

adesão aos programas federais de provimento médico, 2016. 56

Tabela 4- Distribuição dos municípios pernambucanos de acordo com o porte

populacional e adesão aos programas federais de provimento médico, 2016. 56

Tabela 5- Distribuição dos municípios pernambucanos conforme critérios de

prioridade estabelecidos na legislação regulamentadora do Programa Mais

Médicos, 2016.

58

Tabela 6- Distribuição dos municípios pernambucanos quanto ao impacto dos

programas federais de provimento médico na cobertura de ESF, 2016. 60

Tabela 7- Distribuição dos municípios pernambucanos quanto ao porte

populacional e impacto dos programas federais de provimento médico na

cobertura de ESF, 2016.

61

Artigo 2:

Tabela 1- Distribuição das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica

ocorridas no Estado de Pernambuco, no período de 2012 a 2015. 72

Tabela 2- Tendência observada nos anos de 2012 a 2015 para a taxa de ICSAB

por grupo de doença, estratificada de acordo com os municípios de Pernambuco

que aderiram aos programas federais de provimento médico.

74

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB- Atenção Básica

ACSC- Ambulatory Care Sensitive Conditions

AIH- Autorização de Internação Hospitalar

ANS- Agência Nacional de Saúde Suplementar

APS- Atenção Primária à Saúde

CFM- Conselho Federal de Medicina

CID 10- Classificação Internacional de Doenças- 10ª Revisão

CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CREMESP- Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo

DAB- Departamento de Atenção Básica

DATASUS- Departamento de Informática do SUS

DSEI- Distritos Sanitários Especiais Indígenas

eSF- Equipes de Saúde da Família

ESF- Estratégia de Saúde da Família

FIES- Fundo de Financiamento Estudantil

GEQAP- Gerência de Expansão e Qualificação da Atenção Primária

GERES- Gerências Regionais de Saúde

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICSAB- Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica

IDHm- Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IES- Instituições de Ensino Superior

MFC- Medicina de Família e Comunidade

OPAS- Organização Pan-Americana da Saúde

PACS- Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PIASS- Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento

PISUS- Programa de Interiorização do Sistema Único de Saúde

PITS- Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde

PMM- Programa Mais Médicos

PROVAB- Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica

PSF- Programa de Saúde da Família

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SGTES- Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

SIH- Sistema de Informações Hospitalares

SUS- Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 19

2.1 Atenção Básica à Saúde ............................................................................. 19

2.1.1 Acesso às ações e serviços de saúde na Atenção Básica ................... 21

2.1.1.1 Cobertura da Estratégia de Saúde da Família ......................................... 22

2.1.1.2 Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica ........................ 23

2.2 Déficit quantitativo do profissional médico ............................................. 26

2.3 Fatores relacionados ao déficit quantitativo do profissional médico .... 29

2.4 Iniciativas para provimento de médicos no Brasil ................................... 32

2.4.1 Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica-

PROVAB ............................................................................................................ 34

2.4.2 Programa Mais Médicos .......................................................................... 36

2.4.2.1 Projeto Mais Médicos para o Brasil ......................................................... 37

3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 41

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 41

3.1 Objetivos Específicos .................................................................................... 41

4 PERCURSO METODOLÓGICO ........................................................................ 42

4.1 Local do Estudo .......................................................................................... 42

4.2 Desenho do Estudo .................................................................................... 42

4.3 Coleta dos Dados ........................................................................................ 43

4.3.1 Artigo 1 ..................................................................................................... 43

4.3.2 Artigo 2 ..................................................................................................... 45

4.4 Análise dos Dados ...................................................................................... 45

4.4.1 Artigo 1 ..................................................................................................... 45

4.4.2 Artigo 2 ..................................................................................................... 46

4.5 Considerações Éticas ................................................................................ 46

5 RESULTADOS ................................................................................................... 47

Artigo 1- Programas Federais de Provimento Médico e impacto na

cobertura da Estratégia de Saúde da Família no Estado de Pernambuco ...

48

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Artigo 2- Programas Federais de Provimento Médico e Internações por

Condições Sensíveis à Atenção Básica: uma análise no Estado de

Pernambuco ......................................................................................................

66

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 82

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 83

ANEXO A- Anexo da Portaria nº 221, de 17 de abril de 2008 ......................... 91

ANEXO B- Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos ...... 94

ANEXO C- Instruções aos autores- Revista Physis ....................................... 97

ANEXO D- Instruções aos autores- Revista Saúde e Sociedade .................. 101

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1 INTRODUÇÃO

Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a população brasileira

passou a ter o direito à saúde garantido constitucionalmente, mediante a universalidade

do acesso aos serviços e ações de saúde. Atualmente, o Brasil adota o modelo de

atenção à saúde baseado na Atenção Básica (AB), considerado como a melhor

alternativa para enfrentamento dos problemas de saúde da população brasileira,

decorrentes da acelerada transição demográfica e epidemiológica.

A atual situação epidemiológica do Brasil é marcada pela tripla carga de doenças

existentes: persistência de doenças infecto parasitárias, aumento da carga das doenças

crônicas e por fim, o aumento da morbimortalidade por causas externas e violência.

Diante desse contexto, o sistema de saúde não pode continuar funcionando de forma

fragmentada e voltado apenas para as condições agudas de saúde. A persistência do

modelo de atenção à saúde médico hegemônico, hospitalocêntrico e fragmentado é

considerado um importante entrave na efetivação do SUS. A fragmentação da oferta de

ações e serviços em saúde dificulta o acesso da população, causa descontinuidade na

assistência e compromete a integralidade da atenção (SCHRAMM, 2004; VAITSMAN;

MOREIRA; COSTA, 2009; MENDES, 2012).

Logo, considera-se o acesso às ações e serviços de saúde, principalmente da

Atenção Básica, uma questão fundamental para efetivação do direito à saúde, sendo um

fator que interfere diretamente no cuidado integral. Vaitsman, Moreira e Costa (2009)

acrescentam que embora exista a garantia constitucional de acesso às ações e serviços

de saúde, ainda existem graves barreiras nesse processo (SOUZA et al., 2008;

BRITO-SILVA, 2013).

Dentre os fatores que podem dificultar o acesso estão principalmente os aspectos

geográficos, relacionados à localização dos serviços, a infraestrutura restrita e os

aspectos relacionados à força de trabalho (LAVRAS, 2011; RODRIGUES et al., 2013).

No que tange à força de trabalho, Costa et al. (2015) ressaltam a atuação dos

profissionais de saúde como fator fundamental para estabelecer o sucesso de um modelo

de atenção à saúde, apesar do conceito de máquinas, exames e tecnologias duras estar

cada vez em maior destaque. Como na Atenção Básica o uso de tecnologias duras é

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quase incipiente, o sucesso desse nível de atenção se dá pelo trabalho desenvolvido

pelos profissionais das equipes.

De acordo com Girardi et al. (2011), entre os anos de 2003 a 2010 houve um

aumento de cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) de apenas 1,5% a cada

ano, sendo a dificuldade dos gestores para atrair e fixar profissionais médicos em seus

municípios, um dos principais fatores que dificultaram essa expansão. Rodrigues et al.

(2013) corroboram com os achados anteriores, reforçando que a falta de profissionais

para compor a Equipe de Saúde da Família (eSF) é um problema recorrente,

principalmente se tratando do profissional médico. Quanto mais distante da capital ou

mesmo em periferias das grandes cidades, maior a dificuldade de atrair e fixar os

profissionais de medicina, comprometendo assim o cuidado e a qualidade dos serviços

ofertados.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2013 o Brasil apresentava um dos

menores números de médicos por habitantes encontrados na América Latina: 1,8

médicos/mil habitantes. Países vizinhos como Argentina e Uruguai apresentam 3,9 e 3,7,

respectivamente. Comparando com países que possuem sistemas de saúde universais,

como Cuba (6,7) e Reino Unido (2,7), reafirma-se a escassez na oferta desse profissional

no Brasil (BRASIL, 2015).

Ademais, existe uma distribuição desigual destes profissionais nas regiões do

país: 22 estados estão abaixo da média nacional, esses localizados principalmente nas

regiões Norte e Nordeste. O estado de Pernambuco apresenta o coeficiente de 1,39

médicos/ mil habitantes. Embora esse número seja o maior entre os demais estados do

Nordeste, é menor do que todos os estados do Sul e Sudeste e encontra-se aquém da

média nacional (BRASIL, 2015).

Diante dessa realidade, são comuns iniciativas governamentais com intenção de

atrair e fixar o profissional médico no SUS. Em uma das iniciativas mais recentes, o

Ministério da Saúde criou o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica

(PROVAB). No entanto, mesmo com incentivo financeiro através da concessão de bolsas

de estudos, além de bonificação de 10% na prova da residência, não houve quantidade

suficiente de inscritos para suprir as necessidades da maioria dos municípios. Assim,

como mais uma medida para suprir a necessidade de médicos e melhorar os indicadores

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de saúde da população, principalmente de regiões mais distantes e carentes, foi criado o

Programa Mais Médicos (PMM), no ano de 2013 (BRASIL, 2013).

Nesse contexto, considerando o acesso aos serviços e ações de saúde na

Atenção Básica um ponto problemático do SUS, e o fato dos programas federais de

provimento médico supracitados serem uma iniciativa recente, com grande destaque na

mídia, porém com escassez de estudos científicos acerca desse tema, principalmente

trazendo a realidade do estado de Pernambuco, considera-se que o desenvolvimento de

pesquisas acerca desse tema são de suma importância, pois poderão auxiliar no

processo de tomada de decisão no âmbito da gestão do SUS.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Atenção Básica à Saúde

A Atenção Básica (AB), internacionalmente chamada de Atenção Primária à

Saúde (APS), apresenta-se como uma estratégia de organização da atenção à saúde

voltada para responder à maior parte das necessidades de saúde de uma população.

O conceito de APS vem sendo difundido desde a elaboração do Relatório Dawson,

documento elaborado pelo Ministério da Saúde do Reino Unido em 1920. Na ocasião,

surgiu como uma perspectiva de organização de sistemas de saúde de forma

regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade e com área geográfica definida

(MATTA; MOROSINI, 2006).

De acordo com o Relatório Dawson, a saúde do Reino Unido seria organizada

através de centros de saúde primários e secundários, serviços de atendimento domiciliar,

serviços suplementares e hospitais de ensino. Os primeiros níveis de atenção, centros de

saúde primários e serviços domiciliares contavam com médicos com formação em clínica

geral, organizados de forma regionalizada. Havendo necessidade, os usuários deveriam

ser encaminhados para hospitais, na indicação de internação ou cirurgia, ou para os

centros de atenção secundária, onde seriam atendidos por médicos especialistas

(MATTA; MOROSINI, 2006).

A real expansão do termo APS se deu apenas após a realização da Conferência

Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, no ano de 1978, na cidade de

Alma-Ata. Logo, a partir dos princípios trazidos nessa conferência e do processo de

Reforma Sanitária, o SUS foi implantado e o Brasil passou a adotar o modelo de saúde

com os princípios norteadores da APS, porém com a denominação de Atenção Básica.

Gil (2006) traz os termos ‘Atenção Básica’ e ‘Atenção Primária à Saúde’ como sinônimos,

nas perspectivas de serviços de saúde do primeiro nível de atenção e de modelo de

atenção à saúde. Salienta-se que nesse estudo optou-se pela nomenclatura Atenção

Básica, conforme encontrado nos documentos oficiais do Ministério da Saúde (LAVRAS,

2011; BRASIL, 2012).

Nesse contexto, a Atenção Básica é caracterizada por um conjunto de ações no

âmbito individual e coletivo, que envolvem a proteção, a promoção e a manutenção da

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saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação dos

pacientes. É responsável pelo primeiro contato do indivíduo e da comunidade com o

sistema de saúde, devendo ser ordenadora da rede e do cuidado em saúde (BRASIL,

2012).

A equidade é uma forte preocupação dos países que adotaram a APS como base

para seus sistemas de saúde, como Canadá, Inglaterra e Brasil. Esse modelo de atenção

à saúde acumula diversas evidências positivas, como melhoria nos indicadores de

mortalidade infantil, de internações potencialmente evitáveis, maior equidade, mais

acesso e continuidade do cuidado, melhor satisfação dos usuários e uso dos recursos

financeiros de maneira mais eficiente (STARFIELD, 2002; MALTA et al., 2016; CONNIL,

2006).

Ademais, uma atenção básica resolutiva e eficaz pode ser responsável pela

otimização e economia de recursos empregados nos demais níveis assistenciais, uma

vez que esse nível de atenção está associado com o funcionamento adequado de todo

sistema de saúde. O objetivo é que as atividades preventivas, os diagnósticos precoces e

os tratamentos de enfermidades crônicas, desenvolvidos continuamente pelas Equipes

de Saúde da Família, diminuam a necessidade de acesso aos níveis assistenciais de

maior complexidade, assim como a quantidade de internações hospitalares. Assim, é

possível assegurar a redução das iniquidades e garantir o cuidado em saúde (MAFRA,

2011; LAVRAS, 2011).

No Brasil, a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde para a expansão da AB e

reorientação do SUS é a Estratégia Saúde da Família (ESF), criada em 1994, sob a

denominação de Programa de Saúde da Família (PSF). O PSF surgiu após experiências

exitosas do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), com foco no indivíduo

e na família, na tentativa de superar o enfoque predominantemente curativo e hospitalar

existente no país. Inicialmente, a intenção do Ministério da Saúde era estender a

cobertura de PSF para as áreas de maior risco social. Apenas com a crescente

valorização da Atenção Básica e a concepção de que PSF deveria ser uma política

permanente e contínua, a expansão se deu para o restante do país, a partir da criação da

ESF (GIOVANELLA et al., 2009).

No entanto, a expansão da ESF veio acompanhada de desigualdades sociais e

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disparidades entre os municípios. O processo de implantação foi acelerado nos

municípios de pequeno porte, porém, nos grandes centros urbanos foi mais lentificado,

principalmente devido questões relacionadas à concentração demográfica e falta de

estruturação da rede assistência (ESCOREL et al., 2007; SOUSA et al., 2000).

Tanaka (2011) acrescenta que ao passo que os municípios de pequeno porte

encontraram facilidades operacionais para implantar a ESF, em médio prazo começaram

a surgir problemas quanto à fixação médica, dificultando a manutenção do vínculo com o

usuário.

No entanto, é importante ressaltar que grande parte dos municípios brasileiros,

independentemente do porte populacional, apresenta dificuldades relacionadas à baixa

responsabilização do sistema de saúde, com o deficiente ordenamento do cuidado por

parte da Atenção Básica, associadas a questões de carência e fixação profissional

(CARVALHO, 2013).

2.1.1 Acesso às ações e serviços de saúde na Atenção Básica

A partir da estruturação da oferta de serviços e da maior responsabilização dos

municípios brasileiros na saúde de seus munícipes, sobretudo, na Atenção Básica, o

debate sobre o acesso ganhou destaque. O acesso aos serviços de saúde encontra-se

como um dos elementos centrais da qualificação da atenção à saúde, dentre as

dimensões da integralidade do cuidado, principalmente nos contextos de expansão e

reestruturação do sistema de saúde (SOUZA et al., 2008).

Os conceitos de acesso e acessibilidade são complementares. Enquanto o acesso

permite o uso oportuno dos serviços para alcançar melhores resultados possíveis, sendo

a forma como o usuário experimenta o serviço de saúde, a acessibilidade possibilita que

as pessoas cheguem aos serviços (STARFIELD, 2002).

Nesse contexto, a acessibilidade, juntamente com a localização geográfica do

serviço, sua forma de funcionamento e o processo de utilização dos serviços pela

população, são elementos essenciais para que a atenção primária seja considerada a

porta de entrada do sistema de saúde e ordenadora do cuidado em saúde (MALTA et al.,

2016).

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De acordo com Szwarcwald, Mendonça e Andrade (2006), o interesse na

equidade em saúde e justiça social na distribuição e acesso aos serviços de saúde,

tomou destaque nos debates científicos. Com objetivo de justificar estratégias e

programas e auxiliar na racionalização dos gastos públicos são comuns avaliações e

análises de políticas e programas, auxiliando no processo de tomada de decisão no

âmbito da gestão e evitando o desperdício de recursos financeiros e humanos com a

implementação e manutenção de programas ineficazes (FACHINNI et al., 2008;

VAUGHAN, 2004).

Com esse fim, são encontrados na literatura alguns indicadores que mostram

indiretamente dados sobre efetividade da atenção básica no que tange ao acesso. Os

indicadores de saúde são importantes ferramentas para monitoramento assistencial e

processo de tomada de decisão, favorecendo a identificação de necessidades individuais

e coletivas. No estudo em questão, utilizaremos dois indicadores com objetivo de auxiliar

na análise da Atenção Básica de Pernambuco, sendo esses: Percentual de Cobertura da

Estratégia de Saúde da Família (ESF) e a Taxa de Internações por Condições Sensíveis

à Atenção Básica (ICSAB) (FRANÇA, 2001).

2.1.1.1 Cobertura da Estratégia de Saúde da Família

O indicador de cobertura da Estratégia de Saúde da Família estabelece a

existência das ações e serviços e a magnitude da implantação das ações em um dado

território ou população. Cardoso e Vieira-da-Silva (2012) destacam que a avaliação da

cobertura se refere à disponibilidade e distribuição social dos recursos. Sendo assim, a

cobertura é uma relação dinâmica entre problemas de saúde, necessidades de saúde

(percebidas pela população) e a oferta de ações que as satisfaçam.

Apesar da ESF ter sido implantada em 1994 (à época, denominada de Programa

Saúde da Família), o monitoramento de sua cobertura só teve início no segundo

semestre de 1998. Embora o uso do indicador historicamente tenha enfoque meramente

administrativo, como critério para cumprimento de metas ou exclusivamente técnicos,

atualmente são encontrados na literatura científica usos mais abrangentes para esse

indicador (RIBAS, 2016; AQUINO; BARRETO, 2008).

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A cobertura da ESF é obtida através do produto do número de equipes de saúde

da família implantadas no mês de dezembro de cada ano (ou no último mês do ano com

informações do município) pelo número médio estimado de pessoas acompanhadas por

equipe dividido pela população total do município. Segundo o padrão adotado pelo

Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde, considera-se a média

de 3.450 pessoas para cada equipe.

A extensão de cobertura, principalmente a populações desassistidas é

fundamental para a reorganização dos sistemas locais de saúde e para mudança no

modelo hegemônico de assistência, no entanto, ressalta-se que apenas a expansão é

insuficiente para propiciar a reorientação do modelo. Ademais, o cuidado não deve ser

apenas na ampliação da cobertura, mas também na manutenção da cobertura elevada

em locais que já atingiram percentuais adequados (SILVA; GARNELO; GIOVANELLA,

2010; MALTA, et al., 2016).

2.1.1.2 Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica

O indicador de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica (ICSAB)

costuma ser um dos instrumentos utilizados para verificar o desempenho da AB. Seu uso

remonta a década de 1990 nos Estados Unidos, sendo encontrado na literatura

internacional como Ambulatory Care Sensitive Conditions (ACSC) (PEREIRA; SILVA;

LIMA- NETO, 2015).

Mafra (2011) define condições sensíveis à atenção básica como os problemas de

saúde tratados por ações típicas do primeiro nível de atenção em saúde, cuja evolução,

em caso de ausência de atendimento efetivo e oportuno, pode requerer a hospitalização

dos pacientes, como pneumonias bacterianas, complicações da diabete e da

hipertensão, asma, entre outros.

Alfradique et al. (2009) relatam evidências na literatura da relação entre taxas

elevadas de internações por condições sensíveis à atenção básica e problemas de

acesso e cobertura dos serviços de saúde ou à baixa capacidade resolutiva da atenção

básica. Neste sentido, as taxas de Internações por Condições Sensíveis à Atenção

Básica costumam ser utilizadas como indicador indireto para avaliar e monitorar a

efetividade da atenção primária, bem como avaliação e monitoramento da qualidade da

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resolutividade e do acesso aos serviços de saúde, contribuindo para a avaliação da

implantação e implementação de políticas de saúde e programas (REHEM; EGRY, 2011;

NEDEL et al., 2010).

Como exemplo, pode-se encontrar o uso da proporção de ICSAB como um dos

indicadores de efetividade da AB que são avaliados no IDSUS. O IDSUS é um indicador

síntese, capaz de proporcionar uma aferição de forma contextualizada do desempenho

do SUS com relação ao acesso (potencial ou obtido) e à efetividade da atenção básica,

das atenções ambulatorial e hospitalar e das urgências e emergências (OLIVEIRA;

SELLERA; REIS, 2013).

A partir do uso frequente desse indicador, na tentativa de padronizar os diversos

estudos que traziam listas de acordo com os critérios de cada pesquisador, o Ministério

da Saúde criou a Lista Brasileira de Internações por Condições Sensíveis à Atenção

Primária, publicada como anexo da Portaria de nº 221, de 17 de abril de 2008. A lista é

composta por 19 grupos de causas, com 74 diagnósticos classificados de acordo com a

décima revisão da Classificação Internacional de Doenças- CID 10. No quadro a seguir,

encontram-se descritos os grupos de causas e seus respectivos códigos CID-10

(BRASIL, 2008). O Anexo A apresenta todas as doenças enquadradas em cada grupo.

Quadro 1- Lista de Condições Sensíveis à Atenção Primária (Continua)

Grupo- Diagnóstico CID 10 Códigos Selecionados

1. Doenças preveníveis por imunização e condições sensíveis

A37; A36; A33 a A35; B26; B06; B05; A95; B16; G00.0; A17.0 A19; A15.0 a A15.3; A16.0 a A16.2, A15.4 a A15.9, A16.3 a A16.9, A17.1 a A17.9; A18; I00 a I02; A51 a A53; B50 a B54

2. Gastroenterites infecciosas e complicações E86; A00 a A09

3. Anemias D50

4. Deficiências nutricionais E40 a E46; E50 a E64

5. Infecções de ouvido, nariz e garganta H66; J00; J01; J02; J03; J06; J31

6. Pneumonias bacterianas J13; J14; J15.3, J15.4; J15.8, J15.9;

J18.1

7. Asma J45, J46

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(Conclusão)

Grupo- Diagnóstico CID 10 Códigos Selecionados

8. Doenças pulmonares J20, J21; J40; J41; J42; J43; J47; J44;

9. Hipertensão I10; I11

10. Angina I20

11. Insuficiência cardíaca I50; J81

12. Doenças cerebrovasculares I63 a I67; I69, G45 a G46

13. Diabetes mellitus

E10.0, E10.1, E11.0, E11.1, E12.0, E12.1; E13.0, E13.1; E14.0, E14.1; E10.2 a E10.8, E11.2 a E11.8; E12.2 a E12.8; E13.2 a E13.8; E14.2 a E14.8; E10.9, E11.9; E12.9, E13.9; E14.9

14. Epilepsias G40, G41

15. Infecção no rim e trato urinário N10; N11; N12; N30; N34; N39.0

16. Infecção da pele e tecido subcutâneo A46; L01; L02; L03; L04; L08

17. Doença inflamatória órgãos pélvicos

femininos

N70; N71; N72; N73; N75; N76

18. Úlcera gastrointestinal K25 a K28, K92.0, K92.1, K92.2

19. Doenças relacionadas ao pré-natal e parto O23; A50; P35.

Fonte: Portaria SAS/MS n. 221, de 17 de abril de 2008.

No entanto, apesar de ser um indicador bastante utilizado, algumas limitações são

encontradas. Os dados referentes às ICSAB são retirados do Sistema de Informações

Hospitalares do SUS (SIH/SUS), que processa as Autorizações de Internações

Hospitalares (AIHs). Vale salientar que só é considerada internação, aquele atendimento

no qual o usuário fica no hospital por um período superior a 24 horas. Logo, o fato de uma

AIH não ser gerada, não significa que o usuário não procurou o hospital para tentar sanar

o problema do qual estava se queixando. Além disso, os dados estão sujeitos a erros de

digitação e o sistema não consegue identificar transferências de outro hospital ou

reinternações, fazendo com que o mesmo usuário seja contabilizado duas vezes.

Questões relacionadas às hospitalizações que fogem do controle dos profissionais da

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AB, também não estão explícitas no sistema de informação. Portanto, o uso desse

indicador apenas sugere possíveis melhorias na Atenção Básica (REHEM; EGRY, 2011).

2.2 Déficit quantitativo do profissional médico

A temática escassez dos profissionais médicos vem tomando cada vez mais

destaque no âmbito científico, com objetivo de subsidiar o planejamento e priorizar

investimentos na formação de especialistas em determinado território. Carvalho e Sousa

(2013) apontam a escassez de profissionais de saúde, em especial da categoria

profissional médica, como um grave problema, devido seu impacto na igualdade ao

acesso aos serviços de saúde. Para Garcia, Rosa e Tavares (2014), a escassez na oferta

de médicos é um ponto crítico na captação de recursos humanos para o SUS. Girardi et

al. (2011) ressalta a complexidade do tema, pois para os autores não existe uma fórmula

universal que abarque toda diversidade existente nos territórios.

Maciel Filho (2007) ressalta que desde a década de 1960 o problema da má

distribuição de médicos em diversos países pelo mundo vem sendo discutido e

analisado. De acordo com desse autor, em 1975, a Organização Pan-Americana de

Saúde (OPAS) já ressaltava que os países da América do Sul e América Central

apresentavam apenas cerca de um terço da disponibilidade de médicos existente na

América do Norte, ao passo que a já era crescente a concentração desses profissionais

nos grandes centros urbanos.

Corroborando com esses achados, Campos, Machado e Girardi (2009) relatam o

tema provimento médico como um ponto crítico do sistema de saúde canadense desde o

início dos anos 1990. Mais recentemente, Buykx et al (2010) e Walton - Roberts (2015)

evidenciam fortemente que mesmo países desenvolvidos sofrem com a escassez médica

em regiões rurais ou remotas, em virtude da concentração desproporcional destes

profissionais no território.

Em países com sistema de saúde universal, como o Brasil, considera-se

inaceitável a perpetuação de situações que não assegurem o acesso a um mínimo de

assistência e serviços de saúde para a população (CARVALHO; SOUZA, 2013).

Logo, diante das discussões a respeito da necessidade de solucionar as

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dificuldades e desigualdades no acesso à assistência em saúde através do incremento

do número de médicos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional

de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) realizaram uma pesquisa no ano de

2011, com objetivo de fazer um diagnóstico da população médica no Brasil.

As entidades médicas defendem que o problema está na má distribuição dos

profissionais médicos e não na escassez, visto que no final do ano de 2011 havia 371.788

médicos em atividade no Brasil. De 1970 a 2011, houve um crescimento de 530% da

categoria, superior ao crescimento da população brasileira, que foi de apenas 104,8%.

Essa má distribuição é causada pela pouca atratividade do setor público, em termos de

condições de trabalho, acesso a materiais e insumos e principalmente à boa

remuneração (SCHEFFER; BIACARELLI; CASSENOTE, 2011).

Em contrapartida, os dados do Ministério da Saúde (2015) afirmam que nos

últimos anos, a infraestrutura de saúde no Brasil cresceu em ritmo mais acelerado do que

o número de médicos contratados. No período de 2008 a 2013, houve um crescimento de

apenas 13,4% na oferta de médicos, ao passo que o crescimento dos equipamentos de

saúde e dos estabelecimentos médicos foi de 72,3% e 44,5% respectivamente.

O levantamento do Ministério da Saúde ainda revela que o índice de médicos/mil

habitantes é de apenas 1,8 no Brasil, valor inferior ao de países vizinhos, como Argentina

e Uruguai, que apresentam respectivamente 3,2 e 3,7 médicos/mil habitantes, também

inferior ao índice do Reino Unido (2,7 médicos/mil habitantes), país que apresenta um

dos melhores sistemas de saúde pública baseados na atenção básica (BRASIL, 2015).

Apesar da discordância quanto à suficiência quantitativa do profissional médico no

país, ambos os levantamentos trazem em seus resultados a desigual distribuição desse

profissional nas regiões do país. No Distrito Federal encontra-se o maior número de

médicos por mil habitantes, 3,46. Em seguida, o Rio de Janeiro apresenta 3,44 médicos

por mil habitantes, enquanto na região Nordeste e Norte, os índices são mais baixos, de

0,58 (Maranhão) e 0,76 médicos/mil habitantes (Amapá), respectivamente. As distorções

na distribuição geográfica da categoria médica podem ser constatadas desde a década

de 1970, quando cerca de 80% dos médicos se concentravam nas regiões Sul e Sudeste

(BRASIL, 2015; MACIEL FILHO, 2007).

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A tabela abaixo mostra a disparidade na distribuição do profissional médico entre

os estados do país:

Tabela 1 – Distribuição do total de médicos por 1.000 habitantes nas Unidades Federativas do

Brasil, 2012.

Região Unidade

Federativa Total de

Médicos (1) População

(2) Razão (3)

NORTE

Roraima 540 445.043 1,21 Tocantins 1.426 1.323.231 1,08 Amazonas 3.744 3.534.574 1,06 Rondônia 1.562 1.531.920 1,02

Acre 679 721.006 0,94 Pará 5.938 7.726.888 0,77

Amapá 505 662.927 0,76

NORDESTE

Pernambuco 12.547 9.015.728 1,39 Sergipe 2.701 2.074.528 1,30

Rio Grande do Norte 3.977 3.221.581 1,23 Paraíba 4.488 3.843.916 1,17 Alagoas 3.632 3.233.234 1,12 Bahia 16.311 15.001.484 1,09 Ceará 9.277 8.810.603 1,05 Piauí 2.971 3.214.556 0,92

Maranhão 3.767 6.533.540 0,58

DISTRITO FEDERAL Distrito Federal 9.494 2.741.213 3,46

CENTRO- OESTE Mato Grosso do Sul 3.733 2.426.518 1,54

Goiás 8.917 6.145.928 1,45 Mato Grosso 3.441 3.120.442 1,10

SUDESTE

Rio de Janeiro 56.391 16.383.401 3,44 São Paulo 105.658 42.390.043 2,49

Espírito Santo 7.040 3.577.833 1,97 Minas Gerais 37.149 20.529.623 1,81

SUL Rio Grande do Sul 24.741 11.073.282 2,23

Santa Catarina 10.656 6.297.460 1,69 Paraná 18.406 10.945.791 1,68

TOTAL 359.691 196.526.293 1,83 Fonte: DEPREPS/SGTES/MS.BRASIL, 2015.

(1) Médicos registrados no Conselho Federal de Medicina: endereço informado ao CRM (CFM, 2012); (2) População geral (IBGE, 2012); (3) Razão médico registrado/1.000 habitantes.

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Como é possível observar na Tabela 1, Pernambuco apresenta a taxa de 1,39

médicos por mil/habitantes. Embora seja o maior percentual da Região Nordeste, o valor

ainda está aquém do desejado, principalmente devido sua vasta extensão territorial, o

que faz com que diversos vazios assistenciais existam, principalmente nas cidades de

interior.

2.3 Fatores relacionados ao déficit quantitativo do profissional médico

Atualmente um dos maiores desafios do país é avaliar a falta/excesso de médicos

e optar por medidas que resolvam a problemática, ao passo que ao mesmo tempo é

necessário atingir os objetivos previstos na Constituição (garantir a universalidade, a

equidade e a integralidade), obter os melhores resultados de saúde, assegurando a

viabilidade do sistema dentro do contexto de subfinanciamento (SCHEFFER;

BIACARELLI; CASSENOTE, 2011).

O estudo “Demografia Médica” argumenta algumas possíveis explicações para as

diferenças regionais. Questões de densidade demográfica e de quantitativo de

profissionais formados em cada região são fundamentais, pois segundo o levantamento

realizado, a concentração de médicos costuma ser maior nas cidades mais

desenvolvidas, onde se concentram estabelecimentos de ensino, maior quantidade de

serviços de saúde e consequentemente maior oferta de trabalho (SCHEFFER;

BIACARELLI; CASSENOTE, 2011).

Além do mais, estudos mostram que há uma tendência de o médico fixar moradia

e local de trabalho na cidade ou região onde fez sua graduação ou residência. As cidades

que abrigam escolas médicas, por sua vez, são também aquelas que concentram maior

número de serviços de saúde. Esses fatores já vinham sendo debatidos desde a década

de 1980, como ressalta Maciel Filho (2007), ao citar que nos anos 1980, 98,6% dos

médicos residiam em regiões urbanas, pois naturalmente o mercado médico busca se

concentrar próximo da população que detém poder de compra para pagar os custos de

um possível tratamento de saúde, ou onde existam melhores condições de atender

trabalhadores contribuintes da Previdência Social.

As desigualdades sociais e econômicas do país também influenciam

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negativamente no quadro, pois as regiões que são menos desenvolvidas, mais pobres e

os municípios localizados no interior dos estados, que possuem grandes territórios e

zonas rurais extensas, também tem maior dificuldade para atrair e fixar profissionais.

Nesses casos, embora o salário seja um dos atrativos para os médicos se apresentarem

para contratação, este não tem garantido a sua fixação (CAMPOS; MALIK, 2008;

SCHEFFER; BIACARELLI; CASSENOTE, 2011).

A situação é ainda mais grave quando se trata da escassez de médicos na

Atenção Básica, pois historicamente é sabido das dificuldades de atrair médicos para

trabalhar nessa área. Nos últimos 20 anos houve uma grande expansão das Equipes de

Saúde da Família (eSF), porém essa expansão não veio acompanhada da ampliação de

vagas nas residências em Medicina de Família e Comunidade (MFC). De acordo com

dados do Ministério da Saúde, no ano de 2013 havia em torno de 34 mil eSF implantadas

no país, mas apenas 3.253 médicos especialistas em MFC (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2014; SCHEFFER; BIACARELLI; CASSENOTE, 2013).

De acordo com Rodrigues et al. (2013), embora atualmente existam menos de 1%

de médicos especializados em MFC e seja possível encontrar vagas ociosas em alguns

programas de residência no país, o Brasil necessita de maior oferta de vagas de

residências nessa especialidade. Vale ressaltar que as vagas ainda ficam ociosas, pois a

especialização não é pré-requisito para trabalhar na atenção básica. Mello et al. (2009)

acrescentam como fator agravante, o fato de que as eSF são tidas como área de atuação

de baixo prestígio econômico e social.

Campos e Malik (2008) encontraram correlação entre a satisfação no trabalho dos

médicos e a rotatividade desses profissionais. Dentre os fatores elencados com

influência negativa na satisfação profissional estavam o baixo investimento em

capacitações, a distância geográfica das unidades de saúde e a falta de materiais para

realizar as atividades profissionais.

Rodrigues et al. (2013) acrescentam a insuficiente regulação estatal sobre a

formação profissional e sobre o exercício da profissão médica no país, principalmente no

que tange a formação de especialistas.

Além das questões expostas anteriormente, aparecem também fatores

relacionados a direitos trabalhistas como jornada e condições de trabalho e

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remuneração. Escorel et al. (2007) ressaltam a presença de contratos trabalhistas

temporários e vínculos profissionais precários, fatores que podem afetar a

sustentabilidade da Estratégia Saúde da Família.

De acordo com Santos e Pinho (2008), a grave competição entre os municípios,

gerada pelo alto custo de manter o profissional médico com recursos próprios,

compromete grande parte dos recursos e sua capacidade de pagamento, fazendo com

que a probabilidade da descontinuidade do pagamento seja maior, aumentando assim, a

flexibilização dos contratos de trabalho, com redução da carga horária do profissional

efetivamente cumprida, diminuindo assim o acesso da população aos serviços de saúde.

Em seus estudos, Capozzolo (2003) apresenta questões como sobrecarga de

trabalho, a falta de medicamentos, materiais e retaguarda de outros níveis de atenção,

além da insegurança gerada pela falta de capacitação dos profissionais para exercer a

prática de generalista, como outras justificativas para a dificuldade de fixação dos

médicos e alta rotatividade.

A relação dos interesses públicos e privados também influencia diretamente na

disponibilidade de especialidades médicas. Existe uma distorção entre o quantitativo

médico absorvido pelos setores públicos e privado, onde ocorre uma concentração de

profissionais no setor privado em detrimento do setor público. No entanto, a relação dos

postos de trabalho entre o sistema público e o privado é inversamente proporcional à

demanda da população usuária de cada sistema (cerca de 157 milhões de pessoas

utilizam exclusivamente o SUS contra aproximadamente 48 milhões de pessoas que têm

acesso ao sistema privado), favorecendo a manutenção da iniquidade no acesso a

médicos, sofrida pela maioria da população brasileira (SCHEFFER; BIACARELLI;

CASSENOTE, 2011; ANS, 2016).

Rodrigues et al. (2013), defendem que juntamente ao incremento de vagas,

também são necessários maiores investimentos na regulação da oferta de médicos e em

políticas de estímulo para atrair profissionais para o SUS, principalmente para atenção

básica, como por exemplo, a criação de uma carreira de estado federal para os locais de

difícil provisão e fixação de médicos, proposta pelo estudo Demografia Médica

(SCHEFFER; BIACARELLI; CASSENOTE, 2011).

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A experiência internacional tem demonstrado que são necessárias estratégias

variadas para lidar com essa problemática, incluindo ao menos quatro dimensões:

políticas educacionais, como mudanças nos currículos de medicina e admissão de

estudantes provenientes de áreas rurais; políticas de regulação, como serviço civil e

incentivo para o ingresso na formação especializada para quem trabalha em áreas

remotas; incentivos monetários, tais como bolsas de estudo e salários mais elevados; e

incentivos não monetários, como extensão de visto de permanência para estrangeiros e

supervisão com apoio entre pares (BRASIL, 2015).

Nesse contexto, o Brasil resolveu apostar em alguns programas federais de

provimento médico, que abarcam políticas educacionais e incentivos monetários. Há um

relativo consenso na literatura mundial de que existe a necessidade de mudanças na

formação médico, proporcionando profissionais habilitados ao cuidado integral e à

resolução dos problemas mais prevalentes na população (COSTA et al., 2015).

2.4 Iniciativas para provimento de médicos no Brasil

Como citado anteriormente, a dificuldade em atrair e fixar médicos para certas

regiões do país são históricas, logo, as iniciativas de provimento médico no Brasil datam

da época da ditadura militar. O Projeto Rondon, criado em 1967, é considerado um dos

primeiros programas de interiorização da saúde. Tinha como objetivo levar estudantes

para atuar em locais de difícil acesso, como municípios localizados nas regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste (MACIEL FILHO, 2007).

As equipes eram compostas por estudantes universitários e professores de

diversas áreas do conhecimento, como área de saúde, educação, engenharia, dentre

outras. No âmbito da saúde eram realizados atendimentos médicos, de enfermagem e

odontologia, além de vacinação, controle e combate a endemias, pesquisas e educação

sanitária (MACIEL FILHO, 2007).

O Projeto Rondon foi extinto em 1989. Nos 22 anos em funcionamento chegaram

a participar do projeto cerca de 350 mil universitários e 13 mil professores.

Posteriormente, no ano de 2005, o Rondon voltou a ser executado com uma nova

roupagem, já tendo levado mais de 12.000 rondonistas a aproximadamente 800

municípios (LOPES, 2013).

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Com o passar do tempo surgiram iniciativas como o Programa de Interiorização

das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), o Programa de Interiorização do Sistema

Único de Saúde (PISUS) e o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS).

O PIASS foi um programa instalado na década de 1970, ainda na ditadura militar,

com objetivo de implantar estrutura básica de saúde em comunidades de até 20 mil

habitantes, especialmente na região Nordeste e contribuir para melhoria da saúde

dessas populações. Dentre suas diretrizes, destaca-se ênfase na prevenção de doenças

transmissíveis, inclusive as de caráter endêmico (MACIEL FILHO, 2007).

O Decreto nº 78.307/1976 previa que o PIASS realizaria, além de ações de saúde,

serviços de saneamento básico, com objetivo que a população tivesse acesso a água

potável e destino adequado para os dejetos (BRASIL, 1976).

Lopes (2013) destaca alguns avanços deixados pelo PIASS, como a construção

de unidades de saúde com boa infraestrutura, além de estimular a municipalização dos

serviços, com a criação de centros de saúde na sede dos municípios e postos de saúde

nas zonas rurais.

O PISUS surgiu na década de 1990, mais precisamente no ano de 1993, criado

pelo Departamento de Desenvolvimento, Controle e Avaliação dos Serviços de Saúde,

da então Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde. Previa, inicialmente,

atender municípios dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e

Tocantins, que não dispusessem de médicos. Sua estrutura advinha de quatro eixos:

Unidades de Pronto Atendimento; Interiorização do Médico; Interiorização do Enfermeiro;

Agente Comunitário de Saúde (LOPES, 2013).

O eixo relacionado à Interiorização do Médico demonstra ações semelhantes às

dos atuais programas do governo federal, no qual a meta era a fixação de pelo menos um

profissional de medicina residindo no município ao qual estava ligado pelo programa.

Para isso, o Ministério da Saúde realizava o pagamento a esse profissional através da

modalidade de produção de consultas, pelo dobro do valor vigente da tabela SUS. No

entanto, mesmo com essas medidas, não ocorreu a devida fixação dos médicos, pois os

municípios continuavam com infraestrutura precária e falta de materiais e insumos,

fazendo com que depois de 11 meses de funcionamento, o PISUS foi extinto no ano 1994

(MACIEL FILHO, 2007; LOPES, 2013).

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O PITS foi criado pelo Ministério da Saúde no ano de 2001, e teve como objetivo

ampliar a cobertura do PSF por meio do incentivo à alocação de médicos e enfermeiros

em áreas cujo PSF ainda não tenham sido implantados. Esses profissionais eram

direcionados para municípios mais carentes e distantes e recebiam incentivos financeiros

e formação profissional (BRASIL, 2001; MOURA; LIMA; BRAQUEHAIS, 2005).

As oportunidades de formação profissional se davam a partir do recebimento de

bolsas de estudos através do Ministério da Saúde, curso introdutório do PSF,

especialização em Saúde da Família, tutorias e supervisões continuadas pelo Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de seguro de vida e

acidentes pessoais, moradia, alimentação e transporte (SILVA; SILVA; FARIAS, 2008).

De acordo com Lopes (2013), no primeiro processo seletivo foram disponibilizadas

300 vagas para médicos, no entanto apenas 60,3% dessas vagas foram preenchidas.

Nos anos seguintes, o percentual de participação dos médicos continuou reduzindo, o

que fez com que muitas prefeituras desistissem de continuar com o programa. Por fim,

em julho de 2004, o PITS foi encerrado e suas equipes foram direcionadas para o PSF.

Diante do exposto, observa-se que embora tenham existido diversas iniciativas do

governo para reforçar o provimento de profissionais para o SUS, estas ainda foram

incipientes. Nesse contexto, desde 2011, o Ministério da Saúde, em parceria com o

Ministério da Educação, resolveu lançar um conjunto de medidas que buscam atrair

profissionais de saúde, mais especificamente médicos, para localidades de difícil acesso

e periferias das grandes cidades. Entre essas medidas, destacam-se o Programa de

Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB) e o Programa Mais Médicos.

2.4.1 Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica- PROVAB

O Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB) foi

criado no ano de 2001 através da Portaria Interministerial MEC/MS nº 2.087, de 1º de

setembro de 2011. Tem como objetivo o enfrentamento da baixa fixação dos profissionais

médicos, enfermeiros e cirurgiões dentistas, principalmente em áreas remotas e de maior

vulnerabilidade (BRASIL, 2011).

Os municípios que podiam manifestar interesse em ter profissionais do programa

foram enquadrados nos seguintes perfis: capital e região metropolitana, município maior

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que 100.000 habitantes, grupo intermediário (aquele que não se encaixasse em nenhum

perfil), população rural e pobreza intermediária, população rural e pobreza elevada e

populações quilombolas, indígenas e assentados rurais (BRASIL, 2011).

O PROVAB tem como pressuposto investir em medidas que busquem qualificar e

valorizar o trabalho realizado pelas equipes de atenção básica, ofertando condições de

trabalho, tanto físicas quanto financeiras, e acesso à formação em serviço, por meio de

estratégias de educação à distância e supervisão pedagógica. Para tal, o profissional

deveria permanecer no município para qual foi selecionado por pelo menos um ano, sob

acompanhamento de uma Instituição Supervisora. Ao final desse período, caso o

profissional obtivesse bom desempenho em sua atuação, poderia adquirir uma

bonificação de 10% na prova da residência (CARVALHO; SOUZA, 2013).

O acréscimo na nota das provas de residência foi alvo de duras criticas, sendo

considerado como um dos principais atrativos do programa, geralmente feitas por jovens

médicos em busca de especialidades distantes da atenção básica, não ocorrendo a

devida valorização da Atenção Básica (FEUERWERKER, 2013).

No que tange à execução do programa, os municípios ficam responsáveis pela

contratação dos profissionais, gastos com remuneração e auxílio moradia. Já o governo

federal fica encarregado do financiamento das bolsas de estudo do curso de

especialização em Saúde da Família. A coordenação e a supervisão dos profissionais

médicos ficaram a cargo das Instituições Supervisoras (BRASIL, 2011).

A bolsa de estudos mensal é paga integralmente pelo Ministério da Saúde, no

valor de R$ 10.000. A carga horário de trabalho é de 32 horas semanais nas Unidades de

Saúde da Família e 8 horas semanais para realizar o curso de pós-graduação em Saúde

da Família (BRASIL, 2011).

Apesar disso, em 2012, primeiro ano do programa, apenas 381 médicos se

inscreveram. Desse total, 289 foram lotados na Região Nordeste. No segundo ano

chegou a garantir a participação de mais de 3 mil médicos, estando 67% dos médicos

distribuídos na região Nordeste. Do total de médicos participantes, aproximadamente

20% foram direcionados para municípios com população rural e pobreza elevada; 20%

para as periferias das regiões metropolitanas; 5% para municípios com população maior

que 100 mil habitantes; 33% para cidades intermediárias; 21% para áreas de população

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rural e pobreza intermediária; e 1% para localidades com populações quilombola,

indígena e dos assentamentos rurais (FERREIRA, 2016).

Mesmo assim, isoladamente não conseguia atender toda a necessidade

apresentada, a exemplo da campanha “Cadê o Médico?” da Frente Nacional de Prefeitos

no início do ano de 2013, fazendo com que o Ministério da Saúde implantasse um novo

programa federal de provimento médico, o Programa Mais Médicos (PMM). É importante

salientar que mesmo com a criação de um novo programa, o PROVAB permaneceu em

vigência, mantendo suas atividades em paralelo. (CARVALHO, SOUSA, 2013;

FERREIRA, 2016; FEUERWERKER,2013).

2.4.2 Programa Mais Médicos

Diante da necessidade de maior investimento no âmbito de recursos humanos na

área médica para o SUS, o Governo Federal criou o Programa Mais Médicos.

Inicialmente através de uma medida provisória (MP nº 621, de 8 de julho de 2013) e de

uma Portaria Interministerial dos Ministérios da Saúde e Educação (Portaria

Interministerial nº 1.369). Posteriormente, a MP foi convertida na Lei nº 12.871, de 22 de

outubro de 2013 (RODRIGUES et al., 2013).

Dentre os objetivos principais do programa estão reformas e melhorias na

infraestrutura das Unidades de Saúde, além de buscar diminuir a carência do profissional

médico nas áreas prioritárias do SUS, como a atenção básica, minimizando as

desigualdades regionais no acesso aos serviços de saúde (BRASIL, 2013).

O programa é uma iniciativa governamental para intervenção sobre o estoque de

profissionais, visando à ordenação da formação médica, e não um programa

prioritariamente assistencial. Nesse caso, os investimentos estão ligados às

necessidades de fortalecimento da aprendizagem prática dos estudantes de medicina, os

quais devem ter a Atenção Básica como principal campo de prática. Ademais, se faz

necessário que esses profissionais estejam de acordo com as necessidades da

população, visto que na Constituição Federal (Art. 200, inciso III) fica estabelecido como

competências do SUS o ordenamento da formação de recursos humanos na área de

saúde (RODRIGUES et al.,2013).

De acordo com a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, o PMM atua em três

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principais frentes:

1. Investimento na formação médica: Reformas curriculares no curso de medicina,

ampliação do número de vagas para graduação e para as residências, seguindo

critérios epidemiológicos do local a serem implantadas e com mudanças

fundamentais no processo de regulação da formação médica, como a exigência

de um ou dois anos de Residência em MFC para o acesso à maioria das demais

especialidades que hoje são de acesso direto, além da criação do Cadastro

Nacional de Especialistas, ferramenta para aprimorar a gestão de recursos

humanos em saúde.

2. Infraestrutura da Rede de Serviços em Saúde: Através do Programa de

Requalificação das Unidades Básicas de Saúde, serão construídas mais UBS e

reformadas as já existentes. Além disso, investimento em iniciativas como a

informatização das UBS através do Plano Nacional de Banda Larga e a

implantação da estratégia eSUS, facilitando a comunicação entre os sistemas de

informação e os serviços da rede de atenção à saúde, por meio do prontuário

eletrônico do paciente.

3. Provimento emergencial dos profissionais médicos: Chamado de Projeto Mais

Médicos para o Brasil e será foco do subtítulo a seguir.

2.4.2.1 Projeto Mais Médicos para o Brasil

No âmbito do PMM está o eixo do ‘Projeto Mais Médicos para o Brasil’,

coordenado pelos Ministérios da Educação e da Saúde e com foco no provimento

emergencial de profissionais médicos. Podem participar do Projeto os médicos formados

em instituições universitárias brasileiras ou com diploma revalidado no País e os médicos

formados em instituições de educação superior estrangeiras, por meio de intercâmbio

médico internacional (BRASIL, 2013).

Por ordem de prioridade, podiam se candidatar às vagas oferecidas no programa:

Médicos com registro no Brasil, brasileiros ou estrangeiros formados no Brasil, ou de

qualquer nacionalidade formados fora do Brasil, porém com diploma revalidado no país.

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O segundo grupo de prioridade era composto por médicos brasileiros formados no

exterior, porém sem diploma revalidado e sem registro no CRM. O terceiro grupo era

formado por médicos estrangeiros com habilitação para exercício da medicina no

exterior, porém como no grupo anterior, sem diploma revalidado e sem registro no CRM.

Por fim, o Ministério da Saúde necessitou de um acordo de cooperação

internacional com objetivo de trazer médicos para atuação no programa, visto que os

critérios de prioridade anteriormente citados não foram suficientes para preencher as

vagas disponíveis. O acordo foi firmado com a Organização Pan-Americana de Saúde

(OPAS), que por sua vez, estabeleceu cooperação com o governo Cubano, que

disponibilizou médicos com experiência e formação para atuação na Atenção Básica.

Inicialmente os médicos participantes tem um limite de atuação no Projeto de três

anos, podendo ser prorrogado por igual período, e recebem uma bolsa-formação no valor

de R$ 10 mil. Ainda existe a possibilidade de receberem ajuda de custo para moradia no

valor de até três bolsas-formação, determinadas de acordo com a região que estará

alocado: a) R$ 30 mil para região da Amazônia Legal, de fronteira ou indígenas; b) R$ 20

mil para Nordeste, Centro-Oeste ou do Vale do Jequitinhonha-MG, e c) R$ 10 mil para

Capitais, Regiões Metropolitanas, Distrito Federal ou outros municípios não citados

(BRASIL, 2013).

A legislação do PMM traz ainda os critérios de definição das áreas e regiões

prioritárias para adesão do programa, de acordo com a carência e dificuldade para

fixação de médicos. Por ordem de prioridade os critérios são:

a) Municípios enquadrados na categoria de “POBREZA”- Aqueles com 20% (vinte por

cento) ou mais da população vivendo em alta vulnerabilidade social, com base nos dados

do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

b) “G100” – Os cem Municípios com mais de 80 mil habitantes, com os mais baixos níveis

de receita pública "per capita" e alta vulnerabilidade social de seus habitantes;

c) “DSEI” – município situado em área de atuação de Distrito Sanitário Especial Indígena

(DSEI/SESAI/MS), órgão integrante da Estrutura Regimental do Ministério da Saúde;

d) Capital ou região metropolitana em que existam áreas com populações em situação de

maior vulnerabilidade.

Ainda no que tange aos municípios interessados em receber médicos do Projeto,

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existem algumas diretrizes a serem seguidas: Em relação à solicitação de profissionais,

não será permitido ao município substituir médicos que já fazem parte das ESF por

médicos participantes do Projeto, sendo esses últimos, alocados prioritariamente em

equipes em funcionamento, mas sem o profissional médico em sua composição. Caso o

município deseje ampliar sua cobertura, somente após o preenchimento das vagas em

equipes já em funcionamento, o sistema permitirá o cadastramento de novas equipes de

Atenção Básica.

Ao iniciarem suas atividades, todos os médicos realizaram um processo de

acolhimento com duração de três semanas, no qual receberam orientações quanto à

legislação do SUS, características e especificidades do sistema de saúde brasileiro, bem

como a respeito do perfil epidemiológico e cultural e também comunicação em português.

São submetidos a uma avaliação e somente após aprovação podem se dirigir para os

municípios de sua escolha (BRASIL, 2013).

O processo de aprovação também está ligado ao processo de autorização do

exercício da Medicina, por meio da criação do Registro Único, dispensando a

necessidade de revalidação do diploma pelo período que o profissional participar do

programa, no entanto, fica permitido o exercício da medicina exclusivamente no âmbito

do Programa e na localidade específica ao qual foi destinado (BRASIL, 2013).

O programa também prevê que os profissionais sejam acompanhados por tutores

e supervisores ligados a instituições de ensino, hospitais-escola, programas de

residência, dentre outros. O acompanhamento tem objetivo de contribuir, apoiar e

orientar o processo de educação permanente dos participantes do programa. Além do

mais, todos deverão participar de atividades de aperfeiçoamento que integram ensino e

serviço (BRASIL, 2013).

No ano de 2015 foram realizadas mudanças no edital divulgado para inscrição no

PMM (Edital n. 02, de 15 de janeiro de 2015). O processo de inscrição, adesão e de

lotação dos profissionais do PROVAB passou a ser integrado ao PMM, possibilitando que

os participantes do PROVAB ingressem no PMM na mesma localidade onde estão

atuando por mais dois anos, promovendo mais segurança na continuidade do

atendimento à população.

Com o edital integrado, o Brasil não precisou mais de cooperação internacional e

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todas as vagas do programa foram preenchidas por brasileiros, visto que o PMM foi alvo

de muitas críticas durante o processo de implantação, principalmente relacionadas ao

eixo de provimento emergencial, bem como os objetivos da cooperação internacional

(BRASIL, 2015).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar o processo de implantação dos programas federais de provimento médico no

estado de Pernambuco de acordo com a Cobertura da Estratégia de Saúde da Família e

as Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica.

3.2 Objetivos específicos

Descrever o processo de implantação dos programas federais de provimento

médico- PROVAB e Mais Médicos no estado de Pernambuco e sua correlação

com o indicador de cobertura da Estratégia de Saúde da Família;

Caracterizar as Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica no

Estado de Pernambuco;

Verificar a relação da implantação dos Programas Federais de Provimento

Médico com as Taxas de Internações por Condições Sensíveis à Atenção

Básica no Estado de Pernambuco;

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4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.1 Local do Estudo

A pesquisa foi realizada no estado de Pernambuco, localizado na região Nordeste

do Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem a

população de 9.410.288 habitantes e extensão territorial de 98.311 km2. Possui 185

municípios, considerando o arquipélago de Fernando de Noronha.

Devido a grande extensão territorial e diversidade entre os municípios,

Pernambuco é dividido em 12 Gerências Regionais de Saúde (GERES), para melhor

direcionamento e planejamento das ações e serviços de saúde (FIGURA 1)

(PERNAMBUCO, 2011).

Figura 1- Mapa das Gerências Regionais de Saúde (GERES) no Estado de

Pernambuco, 2011.

4.2 Desenho do Estudo

Trata-se de uma pesquisa exploratória com dados secundários, a qual gerou dois

artigos científicos como produto. O primeiro artigo científico trata-se de um estudo de

corte transversal, com finalidade descritiva e abordagem quantitativa. De acordo com

Rouquayrol e Almeida-Filho (2006), estudos de corte transversal, ou estudos

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transversais, são estudos que visualizam a situação de uma população em um

determinado momento, como instantâneos da realidade. A execução desse tipo de

estudo traz algumas vantagens, como o baixo custo e o alto poder descritivo, que gera

embasamento para o planejamento em saúde e tomada de decisão no âmbito da gestão.

Já o segundo artigo científico, é um estudo do tipo ecológico. Nesse tipo de estudo

compara-se a ocorrência do desfecho (doença/condição relacionada à saúde) e a

exposição de interesse entre agregados de indivíduos (populações de países, regiões ou

municípios, por exemplo) para verificar a possível existência de associação entre elas

(ROUQUAYROL; ALMEIDA-FILHO, 2006).

Os percursos metodológicos de ambos os artigos serão detalhados a seguir.

4.3 Coleta de dados

4.3.1 Artigo 1

Na primeira etapa da investigação, foi realizada uma análise descritiva do

processo de implantação dos programas federais de provimento médico, caracterizando

os municípios quanto ao perfil de enquadramento no programa, quanto ao Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal (IDHm) e ao porte populacional.

Em relação ao perfil de enquadramento no programa, buscou-se caracterizar os

municípios quanto ao tipo de programa aderido, quantitativo de médicos recebidos, e

critérios prioritários utilizados no processo de adesão, através de dados disponibilizados

pela Gerência de Expansão e Qualificação da Atenção Primária (GEQAP) da Secretaria

Estadual de Saúde de Pernambuco e pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da

Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde.

O IDHm é um índice que compreende indicadores de três dimensões do

desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1.

Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. A classificação dos

municípios se deu a partir de tais escores:

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Quadro 2- Classificação municipal quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDHm)

ESCORE IDHm CLASSIFICAÇÃO

0 – 0,499 Muito baixo

0,500 – 0,599 Baixo

0,600 – 0,699 Médio

0,700 – 0,799 Alto

0,800 – 1 Muito alto

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD; Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea; Fundação João Pinheiro – FJP

Por fim, de acordo com dados do IBGE (2014), a classificação por porte

populacional dos municípios se dá de tal forma:

Quadro 3- Critérios de classificação dos municípios de acordo com o porte

populacional.

Porte Quantidade de habitantes

Pequeno Até 50.000 habitantes

Médio 50.001 a 100.000 habitantes

Grande 100.001 até 900.000 habitantes

Metrópole Mais de 900.001 habitantes

Fonte: IBGE, 2014.

Em seguida, através dos sites do Departamento de Informática do SUS

(DATASUS) e do Departamento de Atenção Básica (DAB), foi realizado o levantamento

do indicador municipal de Cobertura da Estratégia de Saúde da Família, investigando o

período de 2011 a 2015. Optou-se por iniciar a análise dos dados a partir do ano de

criação do PROVAB (2011).

Para construção do indicador de Cobertura da Estratégia de Saúde da Família,

utilizou-se a seguinte fórmula:

IC ESF= Nº de Equipes de Saúde da Família x 3450

Pop. – Pop. saúde suplementar

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Considerou-se como numerador o número de Equipes de Saúde da Família e a

média de 3450 pessoas, conforme padrão utilizado pelo DAB. No denominador

utilizou-se a estimativa da população elaborada pelo IBGE para cada ano. Ressalta-se

que a população usuária de saúde suplementar foi excluída do denominador. Os dados

referentes a essa população foram colhidos no site da Agência Nacional de Saúde

Suplementar (ANS). O indicador de Cobertura de ESF foi calculado para cada mês do

período de análise, sendo a média anual utilizada para fins de comparação.

4.3.2 Artigo 2

A segunda etapa da pesquisa consistiu na realização de um estudo do tipo

ecológico, considerando o Estado de Pernambuco como unidade de análise. Foram

utilizados dados secundários referentes às Internações por Condições Sensíveis à

Atenção Básica, advindos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de

Saúde (SIH/SUS) e coletados através da ferramenta Tabnet, disponibilizada pelo

governo estadual no site http://www.tabnet.saude.pe.gov.br. Utilizou-se as 19 categorias

encontradas na Portaria SAS/MS Nº 221, de 17 de abril de 2008. O período analisado

compreendeu os anos de 2012 a 2015.

Em seguida, foram calculadas as taxas de Internações por Condições Sensíveis à

Atenção Básica por cada 100.000 habitantes, através da razão entre o número de ICSAB

(segundo o SIH/SUS) entre residentes de cada município pernambucano e sua

população total, em cada ano do período avaliado, multiplicada por 100 mil habitantes. A

base populacional para a elaboração das taxas foi fornecida pelo IBGE, a partir de dados

disponíveis no site do DATASUS. É importante ressaltar que a população usuária de

saúde suplementar foi excluída do denominador.

Assim como na etapa anterior, as informações relativas à presença de médicos em

cada município pernambucano foram disponibilizadas pela GEQAP/SES/PE e SGTES/

MS.

4.4 Análise dos dados

4.4.1 Artigo 1

Os dados foram analisados a partir da estatística descritiva, apresentando

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distribuição de frequências e médias, e expostos através de gráficos e tabelas gerados

no Microsoft Excel versão 2010.

4.4.2 Artigo 2

Para analisar a tendência das taxas de internação em relação a cada doença foi

utilizado o coeficiente de regressão, calculado para as taxas em relação ao ano para

cada doença separadamente. A partir dos valores destes coeficientes, os municípios

foram classificados de acordo com a tendência de aumento ou de diminuição na taxa de

internação. Para identificar a existência de relação entre a tendência das taxas e a

presença ou não de médicos dos programas federais, utilizou-se o teste de qui-quadrado.

As análises descritas foram realizadas no software SPSS versão 13.0. Os gráficos e

tabelas foram criados no Microsoft Excel versão 2010.

4.5 Considerações Éticas

O presente estudo faz parte de um projeto maior intitulado “Iniciativas Inovadoras

na Organização das Redes Assistenciais e Regiões de Saúde e seu Impacto na

Estruturação da Oferta no SUS: um Estudo Avaliativo”, financiado pelo Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através do Edital

Chamada MCTI/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTIE/Decit Nº 41/2013- Rede Nacional de

Pesquisa sobre Política de Saúde: conhecimento para efetivação do direito universal à

saúde.

Embora não tenha sido utilizada nenhuma abordagem direta a seres humanos, as

planilhas disponibilizadas pela SGTES e GQAP continham informações pessoais dos

médicos oriundos dos programas em estudo. Por tal motivo, o estudo foi previamente

aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, de acordo com a resolução do

Conselho Nacional de Saúde nº 466/12, sob o CAAE nº 30694814.1.0000.5208 (Anexo

B).

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5 RESULTADOS

Os resultados da presente pesquisa serão apresentados em forma de dois artigos

científicos e serão apresentados a seguir. Ressalta-se que o primeiro artigo científico,

será submetido à Revista Physis (Instruções aos autores- Anexo C) e o segundo será

submetido à Revista Saúde e Sociedade (Instruções aos autores- Anexo D).

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Artigo 1- Programas Federais de Provimento Médico e impacto na cobertura da

Estratégia de Saúde da Família no Estado de Pernambuco

Nathália Giovana Gomes da Silva¹

Adriana Falangola Benjamin Bezerra²

Petrônio José de Lima Martelli³

¹ Programa de Pós Graduação Integrado em Saúde Coletiva- Universidade Federal de Pernambuco

² Departamento de Medicina Social- Universidade Federal de Pernambuco

³ Departamento de Medicina Social- Universidade Federal de Pernambuco

RESUMO

O estudo teve como objetivo analisar o processo de implantação dos programas

federais de provimento médico no Estado de Pernambuco, bem como o a evolução da

cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no período de 2011 a 2015. Foi

realizada uma análise descritiva do processo de implantação dos programas federais de

provimento médico, caracterizando os municípios quanto ao perfil de enquadramento no

programa, quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHm) e quanto ao

porte do município. Observou-se que a maioria dos municípios (49%) tem médicos

apenas do Programa Mais Médicos (PMM). O PMM trouxe o maior contingente de

profissionais, englobando 76% (706 médicos) da força de trabalho médica

recém-chegada ao estado. A cobertura da Estratégia de Saúde da Família teve um

incremento de 8,9% no período de 2011 a 2015. 40% dos municípios pernambucanos

que receberam médicos oriundos dos programas de provimento obtiveram aumento no

indicador de cobertura da ESF. Concluiu-se que os programas federais de provimento

médico trouxeram um grande contingente de profissionais para o Estado, aumentando a

cobertura de Atenção Básica, diminuindo a existência de vazios assistenciais e trazendo

o profissional médico para mais próximo das comunidades com perfil de vulnerabilidade

prioritário.

Palavras-chave: Atenção Básica; Estratégia de Saúde da Família; Recursos Humanos

em Saúde;

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ABSTRACT

The study aimed to analyze the implementation process of the federal programs of

medical provision in the state of Pernambuco, as well as the evolution of the coverage of

the Family Health Strategy (FHS) in the period 2011 to 2015. A descriptive analysis of the

implementation of federal programs providing medical process was held, featuring the

municipalities regarding the framing profile in the program as the Municipal Human

Development Index (IDHM) and on the city's size. It was observed that most of the

municipalities (49%) have only physicians Program More Doctors (PMD). PMD brought

the largest contingent of professionals, comprising 76% (706 physicians) medical

workforce newcomer to the state. The coverage of the Family Health Strategy had an

increase of 8.9% in the period from 2011 to 2015. 40% of Pernambuco municipalities that

received originating physicians provision of programs have increased ESF coverage

indicator. It was concluded that the federal programs of medical provision brought a large

contingent of professionals for the state, increasing primary care coverage, decreasing

the existence of care gaps and bringing the medical professional closer to the

communities with priority vulnerability profile.

Keywords: Primary Care; Health Strategy for the Family; Human Resources for Health;

*Artigo elaborado a partir da dissertação de Mestrado Acadêmico em Saúde Coletiva,

intitulada ‘Programas Federais de Provimento Médico e Acesso à Atenção Básica no

Estado de Pernambuco’, defendida por Nathália Giovana Gomes da Silva junto ao

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE) no ano de 2016.

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INTRODUÇÃO Apesar do SUS estar garantido na Constituição, ainda existem graves barreiras no

acesso e na continuidade da atenção, causadas principalmente por problemas na

organização dos serviços de saúde, dentre elas infraestrutura restrita e questões de

recursos humanos (VAITSMAN; MOREIRA; COSTA, 2009).

Um dos grandes entraves para o pleno desenvolvimento da Atenção Básica é a

dificuldade em manter a força de trabalho necessária para manter as atividades,

principalmente se tratando dos profissionais de medicina (SOUZA; PAULETTE, 2015).

Em relação ao déficit de profissionais de medicina, recente levantamento do

Ministério da Saúde revela que o índice de médicos/mil habitantes no Brasil é de apenas

1,8 médicos/mil habitantes, valor inferior ao de países vizinhos, como Argentina e

Uruguai, que apresentam respectivamente 3,2 e 3,7 médicos/mil habitantes. Esse índice

também é inferior ao índice do Reino Unido (2,7 médicos/mil habitantes), país que

apresenta um dos melhores sistemas de saúde pública baseados na atenção básica

(BRASIL, 2015).

Além do mais, a oferta de médicos é desigual nas regiões do país, bem como

dentro das zonas urbanas e rurais de cada município. No Distrito Federal encontra-se o

maior número de médicos por mil habitantes, 3,46. Em seguida, o Rio de Janeiro

apresenta 3,44 médicos por mil habitantes, enquanto na região Nordeste e Norte, os

índices são mais baixos, de 0,58 (Maranhão) e 0,76 médicos/mil habitantes (Amapá),

respectivamente. As distorções na distribuição geográfica da categoria médica podem

ser constatadas desde a década de 1970, quando cerca de 80% dos médicos se

concentravam nas regiões Sul e Sudeste (BRASIL, 2015; MACIEL FILHO, 2007).

No ano de 2013, o Estado de Pernambuco apresentava a taxa de 1,39 médicos

por mil/habitantes. Embora seja o maior percentual da Região Nordeste, o valor ainda era

aquém do desejado, principalmente devido sua vasta extensão territorial, o que faz com

que diversos vazios assistenciais existam, principalmente nas cidades mais afastadas da

capital (BRASIL, 2015).

Nesse contexto, o Ministério da Saúde tem pensado em diversas estratégias para

atrair e fixar médicos em regiões de difícil acesso e mesmo periferia das grandes cidades.

Dentre elas encontram-se os programas federais de provimento médico, como o

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Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB) e o Programa

Mais Médicos (PMM).

O Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB) foi

criado no ano de 2001 através da Portaria Interministerial MEC/MS nº 2.087, de 1º de

setembro de 2011. Tem como objetivo o enfrentamento da baixa fixação dos profissionais

médicos, enfermeiros e cirurgiões dentistas, principalmente em áreas remotas e de maior

vulnerabilidade (BRASIL, 2011).

Já o Programa Mais Médicos, criado no ano de 2013, através da Lei nº 12.871, de

22 de outubro de 2013, tem como principais objetivos reformas e melhorias na

infraestrutura das Unidades de Saúde, além de buscar diminuir a carência do profissional

médico nas áreas prioritárias do SUS, como a atenção básica, minimizando as

desigualdades regionais no acesso aos serviços de saúde. É importante salientar que o

PMM é uma iniciativa de formação de recursos humanos, de ordenamento da formação

médica e não um programa prioritariamente assistencial (BRASIL, 2013).

O PMM também é tido como uma iniciativa governamental para intervenção sobre

o estoque de profissionais, no sentido de regular a formação de especialistas que

estejam de acordo com as necessidades da população, visto que na Constituição Federal

(Art. 200, inciso III) fica estabelecido como competências do SUS o ordenamento da

formação de recursos humanos na área de saúde (RODRIGUES et al.,2013).

Nesse contexto, considerando o acesso aos serviços e ações de saúde na

Atenção Básica um ponto problemático do SUS, e o fato de que desde seu surgimento o

PMM esteve como foco da mídia e por se tratar de uma iniciativa recente, ainda existe

uma carência de estudos científicos, principalmente trazendo a realidade do estado de

Pernambuco. Logo, o objetivo desse trabalho foi descrever o processo de implantação

dos programas federais de provimento médico- PROVAB e Mais Médicos no estado de

Pernambuco, bem como analisar a evolução da cobertura da Estratégia de Saúde da

Família (ESF) antes e após a implantação dos programas supracitados.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O estudo foi realizado no estado de Pernambuco, localizado na região Nordeste do

Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem a

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população de 9.410.288 habitantes e extensão territorial de 98.311 km2. Possui 185

municípios, considerando o arquipélago de Fernando de Noronha. Devido à grande

extensão territorial, acompanhada da diversidade entre os municípios, foram criadas 12

Gerências Regionais de Saúde (GERES), para melhor direcionamento e planejamento

das ações e serviços de saúde (PERNAMBUCO, 2011).

Figura 1- Mapa das Gerências Regionais de Saúde (GERES) no Estado de

Pernambuco, 2011.

Foi realizada uma análise descritiva do processo de implantação dos programas

federais de provimento médico, caracterizando os municípios quanto ao perfil de

enquadramento no programa, quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

(IDHm) e ao porte populacional.

Em relação ao perfil de enquadramento no programa, buscou-se caracterizar os

municípios quanto ao tipo de programa aderido, quantitativo de médicos recebidos, e

critérios prioritários utilizados no processo de adesão, através de dados disponibilizados

pela Gerência de Expansão e Qualificação da Atenção Primária (GEQAP) da Secretaria

Estadual de Saúde de Pernambuco e pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da

Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde.

O IDHm é um índice que compreende indicadores de três dimensões do

desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1.

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Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. A classificação dos

municípios se deu a partir de tais escores:

0 – 0,499: Muito baixo

0,500 – 0,599: Baixo

0,600 – 0,699: Médio

0,700 – 0,799: Alto

0,800 – 1: Muito alto

Por fim, de acordo com dados do IBGE (2014), a classificação por porte

populacional dos municípios se dá de tal forma:

Pequeno: até 50.000 habitantes;

Médio: 50.001 a 100.000 habitantes;

Grande: 100.001 até 900.000 habitantes;

Metrópole: mais de 900.001 habitantes.

Em seguida, através dos sites do Departamento de Informática do SUS

(DATASUS) e do Departamento de Atenção Básica (DAB), foi realizado o levantamento

do indicador municipal de Cobertura da Estratégia de Saúde da Família, investigando o

período de 2011 a 2015. Optou-se por iniciar a análise dos dados a partir do ano de 2011,

por ser o ano de criação do PROVAB.

Para construção do indicador de Cobertura da Estratégia de Saúde da Família,

considerou-se como numerador o número de Equipes de Saúde da Família implantadas

multiplicado pela média de 3450 pessoas, conforme padrão utilizado pelo DAB. No

denominador utilizou-se a estimativa da população elaborada pelo IBGE para cada ano.

Ressalta-se que a população usuária de saúde suplementar foi excluída do denominador.

Os dados referentes a essa população foram colhidos no site da Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS). O indicador de Cobertura de ESF foi calculado para cada

mês do período de análise, sendo a média anual utilizada para fins de comparação.

Os dados foram analisados a partir da estatística descritiva e expostos através de

gráficos e tabelas gerados no Microsoft Excel versão 2010.

O estudo foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do

Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, de acordo com a

resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/12, sob o CAAE nº

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30694814.1.0000.5208.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a classificação dos municípios quanto ao recebimento de

profissionais dos programas em estudo. Observa-se que a maioria dos municípios (49%)

tem médicos apenas do Programa Mais Médicos. O PMM trouxe o maior contingente de

profissionais, englobando 76% (706 médicos) da força de trabalho médica

recém-chegada ao estado, ao passo que apenas 24% é participante do PROVAB (218

médicos).

Vale ressaltar que o número de participantes do PMM também se apresenta

maior, pois no ano de 2015 houve uma fusão dos dois programas. Ribas (2016)

acrescenta que o fato de um novo programa ter sido criado em 2013, mostra que não

havia possibilidade de suprir a demanda de vagas levantada pelas prefeituras caso o

governo federal adotasse a estratégia de continuar apenas com o PROVAB como

programa de provimento. Como é possível observar na Tabela 1, atualmente apenas 3%

dos municípios tem apenas profissionais do PROVAB.

Tabela 1- Classificação dos municípios pernambucanos quanto ao recebimento de

profissionais dos programas federais de provimento médico no período de 2011 a 2015.

Enquadramento nos programas N %

Não aderiu 29 16%

Apenas PMM 91 49%

Apenas PROVAB 6 3%

Ambos os programas 59 32%

TOTAL 185 100% Fonte: Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) - Ministério

da Saúde, 2015.

Por apresentar um contingente maior de profissionais, alguns aspectos do PMM

merecem ser destacados. A chegada dos médicos do programa se deu de maneira

gradativa, através de sete ciclos. O primeiro ciclo é datado do segundo semestre do ano

de 2013 e trouxe uma pequena quantidade de profissionais para o estado, apenas 69. O

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segundo e terceiro ciclo foram os responsáveis pelo maior contingente de profissionais,

acrescentando respectivamente 356 e 111 médicos à rede de Atenção Básica de

Pernambuco. Os demais ciclos trouxeram uma quantidade menor de médicos.

A Tabela 2 mostra que apenas 22% dos profissionais inscritos no PMM estão

inseridos na categoria “CRM Brasil”, a qual está designada a médicos formados em

Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil ou com diploma revalidado e registro ativo

no Conselho de Medicina. Devido à baixa adesão dos médicos com CRM brasileiro, o

país recorreu à cooperação internacional através da Organização Pan-Americana de

Saúde e o governo cubano, fazendo com que o Brasil tivesse acesso a milhares de

profissionais com larga experiência em cuidados primários. 71% do total de profissionais

instalado aqui em Pernambuco se encontram nessa categoria.

Em menor porcentagem (7%), aparecem os Intercambistas individuais,

provenientes de IES de outros países, especialmente da América Latina. Alguns

profissionais dessa categoria tem nacionalidade brasileira, se graduaram fora do Brasil e

agora tem a oportunidade de retornar para seu país de origem.

Tabela 2- Distribuição dos participantes do Programa Mais Médicos quanto ao perfil

profissional, 2016.

Perfil Médicos %

Intercambistas individuais 47 7%

CRM Brasil 156 22%

Cooperados 503 71%

Total 706 100% Fonte: Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) - Ministério

da Saúde, 2016.

Em relação ao quantitativo de médicos recebidos por município, destaca-se que a

maioria dos municípios (58%) recebeu entre um e cinco médicos advindos dos

programas federais, ao passo que 16% dos municípios receberam entre seis e 10

médicos e com igual porcentagem encontram-se os municípios que não receberam

médicos. Em menor número (10%) aparecem os municípios que receberam mais de 10

médicos em suas equipes.

Faz-se necessário fazer uma descrição acerca dos municípios que não aderiram

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aos programais federais de provimento médico. Conforme apresentado na Tabela 1,

esse universo é de apenas 29 (16%) dos municípios. Em relação ao IDHm, esses

municípios podem ser classificados em: IDHm baixo (15 municípios), médio (13

municípios) e alto (1 município) (Tabela 3). Entre os municípios de IDHm baixo, 13

(86,6%) são de porte pequeno, porém já contavam com a cobertura de ESF em 100%

desde 2011. Dois municípios desse grupo apresentavam coberturas entre 80% e 90%.

Acredita-se que esses municípios não receberam médicos, pois seus indicadores

de cobertura já se encontravam elevados e possivelmente a fixação desses profissionais

não era uma das suas maiores problemáticas, embora de acordo com relatório publicado

pela Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado (ESPM/FNESCON/UFMG), apenas

2,4% dos municípios brasileiros não apresentam escassez dessa categoria profissional.

Entre os municípios de IDHm médio, 11 (85,6%) são de pequeno porte, 1 de porte

grande e 1 de porte médio. O município de porte médio já contava com 100% de

cobertura. O de porte grande apresentava menos de 80% de cobertura. Ao passo que

entre os de pequeno porte, 6 já apresentavam 100% de cobertura e 5 apresentavam

coberturas entre 70 e 90%. Já o município de IDHm alto e que não recebeu médicos, é de

porte pequeno e já contava com a cobertura de ESF em 100%.

Ainda no que diz respeito ao IDHm, a maioria dos municípios do Estado de

Pernambuco estão na classificação de IDHm baixo (58%). A Tabela 3 mostra que os

municípios com IDHm baixo tiveram 86% de adesão aos programas federais de

provimento. A alta adesão pode ser justificada, pois de acordo com Araújo e Maeda

(2013), localidades que apresentam baixos índices de renda per capita têm 14 vezes

menos chance de manter um médico atuando no mesmo posto de trabalho por mais de

um ano.

Tabela 3- Distribuição dos municípios pernambucanos de acordo com o IDHm e a

adesão aos programas federais de provimento médico, 2016.

IDH

Total Muito baixo Baixo Médio Alto

N % N % N % N %

Recebeu 1 100 92 86 59 82 4 80 156

Não recebeu 0 0 15 14 13 18 1 20 29

TOTAL 1 100% 107 100% 72 100% 5 100% 185

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Fonte: IBGE e Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) -

Ministério da Saúde, 2016.

Tabela 4- Distribuição dos municípios pernambucanos de acordo com o porte

populacional e adesão aos programas federais de provimento médico, 2016.

Adesão

Porte Total

Pequeno Médio Grande Metrópole

N % N % N % N %

Aderiu 123 82% 21 95% 11 92% 1 100% 156

Não aderiu 27 18% 1 5% 1 8% 0 0% 29

Total 150 100% 22 100% 12 100% 1 100% 185

Fonte: IBGE e Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) -

Ministério da Saúde, 2016.

No que diz respeito à classificação por porte populacional, a maior parte dos

municípios pernambucanos são de pequeno porte (81%). Esse grupo teve 82% de

adesão aos programas federais de provimento médico (Tabela 4).

De acordo com Campos, Machado e Girardi (2009) um ponto crucial no tema

escassez do profissional médico é que a quantidade de municípios no Brasil dobrou em

50 anos. Eram 2.763 no ano de 1964, passando para 5.562 em 2004. No entanto, essa

expansão não foi acompanhada de melhores condições, pois mais de 70% dos

municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes e dependem de grande auxílio

financeiro dos Estados e da União para se manter.

Nesse contexto, a justificativa para a grande adesão dos municípios de pequeno

porte e IDHm baixo pode ser a alta carga de responsabilidades financeiras advindas com

as propostas de municipalização, fazendo com que o pagamento dos vencimentos dos

profissionais de saúde, especialmente médicos, ocupe uma grande parcela dos gastos

das secretarias. Ribas (2016) acrescenta que em média, 60% dos gastos dos municípios

pequenos são relativos a Recursos Humanos, sendo que os encargos e vencimentos

com os profissionais médicos se configuram na principal despesa.

Campos (2015) corrobora com esse argumento, ao passo que reforça que sem o

auxílio financeiro do Ministério da Saúde, os estados e principalmente municípios não

conseguiriam alcançar esse contingente de médicos no SUS em tão pouco tempo, devido

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as dificuldades já instaladas de construção de uma política de recursos humanos em

saúde que assegure qualidade e estabilidade aos profissionais do SUS.

A Tabela 5 apresenta a distribuição dos municípios de acordo com os critérios que

foram utilizados para serem selecionados na adesão do programa. Observa-se que 107

(69%) correspondem ao critério de pobreza, perfil semelhante ao nacional, encontrado no

estudo de Souza- Lima et al. (2015), que mostra que 82% dos municípios com 20% ou

mais da população vivendo em extrema pobreza aderiu ao Programa Mais Médicos. De

acordo com o autor, trata- se de fortalecimento de atenção à saúde da população que

tinha dificuldade de acesso primário ao profissional médico. Esse fato pode ser explicado

devido à dificuldade de contratação de médicos para AB de municípios com alta

vulnerabilidade social (CARVALHO; SOUZA, 2013).

Em estudo realizado por Ribas (2016), 65% dos médicos estavam atuando em

municípios enquadrados dentro dos perfis prioritários definidos pelas normas do PMM,

demonstrando uma tendência do Programa a atingir os municípios mais vulneráveis

socialmente.

Ainda na Tabela 5, observamos municípios enquadrados no perfil de Capital e

Região Metropolitana, que embora tenham o IDH mais alto e padrões de vida e de

consumo mais elevados, também apresentam diversas dificuldades na fixação do

profissional médico, especialmente em bairros da periferia. No caso de Recife, mesmo

contando com uma razão de 6,27 médicos por mil habitantes e concentrando 69,32% de

todos os médicos do estado, muitas Equipes de Saúde da Família responsáveis por

áreas mais próximas da periferia não dispunham de médicos (SOUZA; PAULETTE,

2015).

O perfil Outros (21%) diz respeito a municípios que não correspondiam aos

critérios de alocação preferencial, porém apresentavam necessidades de provimento

médico, bem como aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Nesse último

caso, os médicos são considerados alocados nos municípios onde os DSEIs estão

localizados, porém não fazem parte de Equipes de Saúde da Família tradicionais.

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Tabela 5- Distribuição dos municípios pernambucanos conforme critérios de prioridade

estabelecidos na legislação regulamentadora do Programa Mais Médicos, 2016.

Critérios Quantidade de municípios %

Pobreza 107 69

G100 11 7

Outros 33 21

Reg. Metr. 4 3

Capital 1 1

Total 156 100

Fonte: Gerência de Expansão e Qualificação da Atenção Primária (GEQAP) - Secretaria Estadual

de Saúde de Pernambuco, 2016.

No Gráfico 1 é apresentada a distribuição de acordo com as Gerências Regionais

de Saúde (GERES) do Estado. Observa-se que a I GERES foi a que mais recebeu

médicos dos programas, seguida pela IV GERES, contando com 27% e 21%,

respectivamente. Esse fato pode ser justificado por essas serem as GERES com maior

contingente populacional do Estado, a I abrangendo a capital (Recife) e toda sua Região

Metropolitana, e a IV abrangendo 32 municípios no seu território, dentre eles alguns de e

grande porte, como Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe.

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Gráfico 1- Distribuição dos profissionais participantes dos programas federais de

provimento médico de acordo com os programas aos quais foram direcionados e por

GERES de lotação, 2016.

Fonte: Gerência de Expansão e Qualificação da Atenção Primária (GEQAP) - Secretaria Estadual

de Saúde de Pernambuco, 2016.

Quanto à expansão da cobertura da ESF, no mês de dezembro de 2011, antes da

implantação dos programas de provimento médico, a cobertura da Estratégia de Saúde

da Família no estado de Pernambuco era de 68,2%. Já em dezembro de 2015, a

cobertura foi de 77,1%, representando um aumento de 8,9%. Ribas (2016) relata que a

cobertura da ESF no Brasil teve um incremento de 15,7% nos anos de 2014 e 2015,

comparada ao ano de 2013. De acordo com o autor, incrementos dessa magnitude só

foram registrados no período correspondente ao de maior expansão da ESF, entre os

anos 2000 e 2005.

Souza e Paulette (2015) acrescentam que o aumento de cobertura gerado pelos

programas PROVAB e Mais Médicos é de uma cobertura qualificada, pois esses

profissionais estão inseridos em regime trabalhista de 40 horas semanais e tem acesso a

especializações em Saúde da Família e supervisão realizada por médicos, que em sua

maioria tem formação em Medicina de Família e Comunidade. Além do mais, a inserção

desses profissionais nos municípios propiciou uma avaliação aprimorada dos principais

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII

PMM

Provab

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problemas de saúde encontrados, fato que auxilia na melhoria do atendimento a

população (BERTÃO, 2015).

Em relação ao impacto dos programas no indicador de cobertura de ESF,

observou-se que na maioria dos municípios que receberam os profissionais dos

programas de provimento (40%), obteve aumentos de cobertura. Em segundo lugar,

apareceram municípios que mantiveram a cobertura estável, os quais já apresentavam

percentual de cobertura de 100% ou valores próximos disso (35%). Já os municípios que

não receberam médicos dos programas em questão, o percentual de municípios que

mantiveram a cobertura inicial foi de 55%. Apenas 24% dos municípios que não

receberam médicos dos programas obtiveram aumentos na cobertura (Tabela 6).

Tabela 6- Distribuição dos municípios pernambucanos quanto ao impacto dos programas

federais de provimento médico na cobertura de ESF, 2016.

S % N % Total

Diminuição na cobertura 38 24% 6 21% 44

Manteve a cobertura inicial 55 35% 16 55% 71

Aumento na cobertura 63 40% 7 24% 70

TOTAL 156 100% 29 100% 185

Fonte: Departamento de Atenção Básica, 2016.

Achados do Ministério da Saúde corroboram com os resultados encontrados em

relação ao aumento de cobertura. Atualmente, todos os DSEI contam com equipes

completas com médico. As evidências também trazem a presença dos médicos em

Unidades Básicas de Saúde fluviais para o atendimento da população ribeirinha da

Amazônia, no Semiárido e muitas comunidades rurais, quilombolas, assentamentos,

periferia e morros das grandes cidades (BRASIL, 2015).

No entanto, Ribas (2016) acrescenta uma limitação quanto à avaliação da

expansão da cobertura através da inserção dos programas federais de provimento

médico, uma vez que nos documentos oficiais que os fundamentam não existe a

definição de metas quantitativas em relação à assistência à saúde da população. As

metas estão descritas de maneira genérica, apontando apenas questões como

“ampliação de acesso”, “redução de iniquidades”, “diminuição da carência de médicos”.

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Como último critério de análise, optou-se por verificar o impacto na cobertura de

ESF de acordo com o porte dos municípios. A Tabela 7 mostra que em relação aos

municípios que receberam programas de provimento médico, 41% dos de pequeno porte

mantiveram sua cobertura inicial e 36% apresentaram aumento na cobertura. Ao passo

que 52% dos municípios de médio porte e 72% dos municípios de grande porte

apresentaram aumento da cobertura. Diante do exposto, observa-se que não houve

diferenças no impacto causado, independentemente do porte populacional, ressaltando o

argumento anterior de que a maioria dos municípios pernambucanos sofria com a falta de

médicos.

Tabela 7- Distribuição dos municípios pernambucanos quanto ao porte populacional e

impacto dos programas federais de provimento médico na cobertura de ESF, 2016.

Porte

Pequeno Médio Grande Metrópole

S % N % S % N % S % N % S % N %

Diminuição na cobertura

29 24% 5 19% 6 29% 0 0% 2 18% 1 100% 1 100% 0 0%

Manteve a cobertura inicial

50 41% 15 56% 4 19% 1 100% 1 9% 0 0% 0 0% 0 0%

Aumento 44 36% 7 26% 11 52% 0 0% 8 73% 0 0% 0 0% 0 0%

TOTAL 123 100% 27 100% 21 100% 1 100% 11 100% 1 100% 1 100% 0 0%

Fonte: IBGE e Departamento de Atenção Básica, 2016.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os programas federais de provimento médico trouxeram um grande contingente

de profissionais para o Estado, aumentando a cobertura de Atenção Básica, diminuindo a

existência de vazios assistenciais e trazendo o profissional médico para mais próximo

das comunidades com perfil de vulnerabilidade prioritário. Esse é um avanço

fundamental, pois muitas vezes os profissionais que faziam parte da eSF não tinham

desejo ou perfil para trabalhar na AB, além da ausência em muitos horários de

funcionamento das unidades de saúde, resultante da flexibilização de vínculo que muitos

municípios ofereciam, devido a grave competição entre gestores, na tentativa de

contratação dos poucos profissionais disponíveis. Esses fatores implicavam diretamente

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no vínculo com a própria equipe e com os usuários, fragilizando a continuidade do

cuidado.

Pressupõe-se que mesmo em municípios nos quais o aumento da cobertura não

foi expressivo, com a chegada dos profissionais médicos advindos desses programas, a

Atenção Básica do estado passou a ser mais qualificada e resolutiva, devido ao processo

de supervisão ao qual esses profissionais estão submetidos, além do próprio perfil de

formação, em sua maioria, médicos cubanos com larga experiência em cuidados

primários. Com isso, fica claro que não se trata apenas de avanços quantitativos, mas

acima de tudo, qualitativos.

Pode-se citar como outro importante avanço, o fato que desde a Constituição

Federal de 1988, estava posta a responsabilidade de ordenamento e regulação da

formação profissional em saúde, dentre as atribuições do Sistema Único de Saúde.

Embora tenham existido diversos programas com objetivo de prover e interiorizar

médicos para áreas de difícil acesso, somente com a criação do Programa Mais Médicos,

o Ministério da Saúde assumiu essa atribuição de forma mais expressiva.

O recrutamento de médicos estrangeiros já era realidade em outros países do

mundo, como Canadá e Reino Unido, que também adotam sistemas universais de saúde

e enfrentam dificuldades para ampliar o acesso à população residente em áreas rurais e

remotas. Apesar de essa iniciativa ter sido alvo de muitas críticas, as quais eram

direcionadas às questões dos entraves que o idioma poderia causar e a falta de direitos

trabalhistas dos profissionais inseridos nos programas, fica claro que surgiram avanços

no panorama sanitário brasileiro.

Conforme exposto nos resultados, a distribuição dos profissionais do PMM se deu

através dos critérios de prioridade elencados na Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013.

Embora existam muitos municípios que não se enquadravam nesse perfil, também

aderiram aos programas, devido à dificuldade de viabilização da Atenção Básica em sua

plenitude em grande parte dos municípios pernambucanos.

Os resultados aqui expressos respondam algumas questões a respeito do

funcionamento e efetividade dos programas federais de provimento médico, no entanto,

ainda se fazem necessários estudos que aprofundem outros aspectos, como de que

maneira a inserção desses profissionais modificou a prática de trabalho interdisciplinar

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64

dentro das Equipes de Saúde da Família.

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Artigo 2- Programas Federais de Provimento Médico e Internações por Condições Sensíveis

à Atenção Básica: uma análise no estado de Pernambuco.

Nathália Giovana Gomes da Silva¹

Adriana Falangola Benjamin Bezerra²

Petrônio José de Lima Martelli³

¹ Universidade Federal de Pernambuco- Centro de Ciências da Saúde- Programa de Pós-Graduação

em Saúde Coletiva. E-mail: [email protected]

² Universidade Federal de Pernambuco- Centro de Ciências da Saúde- Departamento de Medicina

Social. E-mail: [email protected]

³ Universidade Federal de Pernambuco- Centro de Ciências da Saúde- Departamento de Medicina

Social. E-mail: [email protected]

Endereço para correspondência:

Nathália Giovana Gomes da Silva

R. Dr. Raul Lafayette, 122 apt. 603

Boa Viagem, Recife/PE

CEP: 51021-220

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RESUMO

Objetivos: Analisar a tendência das taxas de Internações por Condições Sensíveis à Atenção

Básica (ICSAB) e verificar sua correlação com a implantação dos programas federais de

provimento médico, Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB) e

Programa Mais Médicos (PMM) no estado de Pernambuco. Procedimentos metodológicos: Foi

realizado um estudo ecológico, tendo o estado de Pernambuco como unidade de análise. Foram

utilizados dados secundários oriundos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS

referentes ao período de 2012 a 2015 e calculadas as taxas de ICSAB por cada 100 mil habitantes.

Para analisar a tendência das taxas de internação em relação a cada grupo de doença foi utilizado o

coeficiente de regressão. Para identificar a existência de relação entre a tendência das taxas e a

presença ou não de médicos dos programas federais, utilizou-se o teste de qui-quadrado. As

análises foram realizadas no software SPSS versão 13.0. Resultados: Observou-se comportamento

variado na análise de tendência dos grupos de doenças. A asma foi o único grupo no qual foi

possível observar diferença estatisticamente significante para os municípios que receberam

profissionais do PMM e PROVAB. Os resultados indicam semelhança no comportamento de

alguns grupos de doenças e o descrito na literatura científica, no entanto, não é possível esperar

uma padronização das tendências em todo território nacional. Foi possível correlacionar a

tendência de diminuição da asma com a ampliação de cobertura da ESF causada pelos programas

em questão no estado de Pernambuco.

Palavras-chave: Saúde da Família. Hospitalização. Atenção Primária à Saúde. Estudos

Ecológicos.

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ABSTRACT

Objectives: To analyze the rate of hospitalizations for primary care sensitive conditionsand check

its correlation with the implementation of federal programs providing medical, Professional

Enhancement Program of Primary Care and More Doctors Program in the state of Pernambuco.

Methodological procedures: An ecological study was conducted with the Pernambuco state as the

unit of analysis. Secondary data coming from the Hospital Information System (SIH) for the period

2012-2015 and calculated the rate of hospitalizations for primary care sensitive conditionsand per

100 thousand inhabitants. To analyze the trend in hospitalization rates for each disease group was

used the regression coefficient. To identify the existence of a relationship between the trend of rates

and the presence or absence of doctors of federal programs, we used the chi-square test. Analyses

were performed using SPSS software version 13.0. Results: There was a varied behavior in trend

analysis of disease groups. Asthma was the only group in which we observed a statistically

significant difference for the municipalities that received professional Professional Enhancement

Program of Primary Care and More Doctors Program. The results indicate similarity in the

behavior of some disease groups and described in the scientific literature, however, you can not

expect a standardization trends nationwide. It was possible to correlate the trend of reduction in

asthma with FHT coverage expansion caused by the programs in question in the state of

Pernambuco.

Keywords: Primary Health Care; Family Health; Hospitalization; Ecological Studies.

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INTRODUÇÃO

O modelo de atenção à saúde baseado na Atenção Básica, predominante no Brasil, a partir

da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), acumula diversas evidências positivas, como

melhoria nos indicadores de mortalidade infantil, de internações potencialmente evitáveis, maior

equidade, mais acesso e continuidade do cuidado, melhor satisfação dos usuários e uso dos

recursos financeiros de maneira mais eficiente (STARFIELD, 2002; MALTA et al., 2016;

CONNIL, 2006).

No entanto, atualmente são encontradas algumas dificuldades no processo de real

implementação da Atenção Básica no país, ligadas especialmente à falta de acesso e diminuição da

resolutividade esperada desse nível de atenção.

Um dos fatores que interferem no acesso às ações e serviços de saúde é a falta de

profissionais de saúde, especialmente médicos. Regiões de difícil acesso e periferias de grandes

cidades sofrem com a dificuldade para provimento e fixação desses profissionais. A alta

rotatividade dos profissionais de medicina, principalmente generalistas, é citada como fator

limitante dos trabalhos desenvolvidos nas Equipes de Saúde da Família (eSF) (FERNANDES

JUNIOR, 2012).

Como alternativa para enfrentar essas questões, o Ministério da Saúde criou recentemente

duas medidas de provimento e fixação de médicos, o Programa de Valorização do Profissional da

Atenção Básica (PROVAB) e o Programa Mais Médicos (PMM). Com a chegada de novos

médicos, principalmente aqueles com experiência em cuidados primários, espera-se que os

indicadores de saúde brasileiros melhorem, pois, a falta de profissionais qualificados também é

responsável pela diminuição da resolutividade da AB.

Nesse contexto, uma AB mais resolutiva, implica diminuição das internações hospitalares,

uma vez que estudos demonstram que as chances de hospitalização são maiores entre os indivíduos

que não estão vinculados a Equipes de Saúde da Família. Porém, observa-se que os serviços de

média e alta complexidade, sejam ambulatoriais ou de urgência/emergência, encontram-se

superlotados e servindo como porta de entrada do sistema. (FERNANDES JUNIOR, 2012;

FERNANDES et al., 2009).

A estreita correlação das internações potencialmente evitáveis com as características dos

sistemas de saúde, especialmente aqueles baseados na Atenção Básica, vem sendo estudada desde

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a década de 80, quando Billings e Teicholz observaram que essas internações eram reflexo indireto

de problemas com acesso e efetividade do primeiro nível de atenção.

Desde então, surgem na literatura estudos de monitoramento e avaliação da Atenção

Básica, utilizando como indicador indireto a taxa de Internações por Condições Sensíveis à

Atenção Básica. As Condições sensíveis à atenção básica são problemas de saúde comumente

tratados por ações do primeiro nível de atenção em saúde, cuja evolução, em caso de ausência de

atendimento efetivo e oportuno, pode requerer a hospitalização dos pacientes, como pneumonias

bacterianas, complicações da diabete e da hipertensão, asma, entre outros. Resumidamente, são

hospitalizações que poderiam ser evitadas se os serviços de atenção básica fossem acessíveis e

efetivos (MAFRA, 2011; NEDEL et al., 2010; MACINKO et al., 2010).

Diante da variedade de condições sensíveis elencadas por diversos autores, o Ministério da

Saúde optou por realizar uma padronização e criou a Lista Brasileira de Internações por Condições

Sensíveis à Atenção Primária, publicada como anexo da Portaria de nº 221, de 17 de abril de 2008.

De acordo com suas recomendações, a lista deve ser utilizada como instrumento de avaliação da

Atenção Básica e/ou da utilização da atenção hospitalar (BRASIL, 2008).

Tendo em vista o processo de implantação dos programas federais de provimento médico e

seu possível impacto na Atenção Básica, o objetivo principal deste trabalho foi analisar a tendência

das taxas de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica (ICSAB), aqui vistas como

indicador indireto de efetividade da AB, no estado de Pernambuco e verificar sua correlação com a

implantação dos programas federais de provimento médico.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Foi realizado um estudo ecológico, utilizando dados secundários oriundos do Sistema de

Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), coletados a partir do portal eletrônico do

DATASUS. As informações utilizadas referiam-se ao período de 2012 a 2015.

As taxas das internações foram calculadas pela razão entre o número de ICSAB (segundo o

SIH/SUS) entre residentes de cada município de Pernambuco e a população total desse município,

em cada ano do período avaliado, multiplicada por 100 mil habitantes. A base populacional para a

elaboração das taxas foi fornecida pelas estimativas populacionais de cada ano, fornecidas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É importante ressaltar que a população

usuária de saúde suplementar foi excluída do denominador. Os dados referentes a essa população

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foram colhidos no site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Utilizou-se as ICSAB relacionadas na lista nacional elaborada pelo Ministério da Saúde e

publicada por meio da Portaria SAS/MS nº 221, de 17 de abril de 2008. A lista é composta por 19

grupos de causas, com 74 diagnósticos classificados de acordo com a décima revisão da

Classificação Internacional de Doenças- CID 10. No quadro a seguir, encontram-se descritos os

grupos de causas e seus respectivos códigos CID-10.

Quadro 1- Lista de Condições Sensíveis à Atenção Primária (Continua)

Diagnóstico CID 10 Códigos Selecionados

1. Doenças preveníveis por imunização e

condições sensíveis

A37; A36; A33 a A35; B26; B06; B05; A95;

B16; G00.0; A17.0 A19; A15.0 a A15.3; A16.0

a A16.2, A15.4 a A15.9, A16.3 a A16.9, A17.1

a A17.9; A18; I00 a I02; A51 a A53; B50 a B54

2. Gastroenterites infecciosas e complicações E86; A00 a A09

3 Anemias D50

4 Deficiências nutricionais E40 a E46; E50 a E64

5 Infecções de ouvido, nariz e garganta H66; J00; J01; J02; J03; J06; J31

6 Pneumonias bacterianas J13; J14; J15.3, J15.4; J15.8, J15.9; J18.1

7 Asma J45, J46

8 Doenças pulmonares J20, J21; J40; J41; J42; J43; J47; J44;

9 Hipertensão I10; I11

10 Angina I20

11 Insuficiência cardíaca I50; J81

12. Doenças cerebrovasculares I63 a I67; I69, G45 a G46

13. Diabetes mellitus

E10.0, E10.1, E11.0, E11.1, E12.0, E12.1;

E13.0, E13.1; E14.0, E14.1; E10.2 a E10.8,

E11.2 a E11.8; E12.2 a E12.8; E13.2 a E13.8;

E14.2 a E14.8; E10.9, E11.9; E12.9, E13.9;

E14.9

14. Epilepsias G40, G41

15. Infecção no rim e trato urinário N10; N11; N12; N30; N34; N39.0

16. Infecção da pele e tecido subcutâneo A46; L01; L02; L03; L04; L08

17. Doença inflamatória órgãos pélvicos

femininos

N70; N71; N72; N73; N75; N76

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(Conclusão)

Diagnóstico CID 10 Códigos Selecionados

18. Úlcera gastrointestinal K25 a K28, K92.0, K92.1, K92.2

19. Doenças relacionadas ao pré-natal e parto O23; A50; P35.

Fonte: Portaria SAS/MS n. 221, de 17 de abril de 2008.

A partir do cálculo da taxa de ICSAB, foram identificados os principais grupos

responsáveis pelas maiores taxas de internação no Estado, bem como a tendência dessas taxas para

cada grupo de doença listado.

Para analisar a tendência das taxas de internação em relação a cada doença foi utilizado o

coeficiente de regressão, calculado para as taxas em relação ao ano para cada doença

separadamente. A partir dos valores destes coeficientes, os municípios foram classificados de

acordo com a tendência de aumento ou de diminuição na taxa de internação. Para identificar a

existência de relação entre a tendência das taxas e a presença ou não de médicos dos programas

federais, utilizou-se o teste de qui-quadrado. As análises descritas foram realizadas no software

SPSS versão 13.0. Os gráficos e tabelas foram criados no Microsoft Excel versão 2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 apresenta o quantitativo de internações por cada grupo de doença, dos anos de

2012 a 2015. Observa-se que dos anos de 2012 a 2015 ocorreram 433.588 Internações por

Condições Sensíveis à Atenção Básica. Em 2012 ocorreram 109.088 internações, ao passo que em

2015 ocorreram 103.092, uma diferença de 5.996 internações, o que corresponde a uma queda de

6,5%.

Outros estudos demonstram redução das ICSAB, como o de Rodrigues-Bastos et al. (2014)

e Alfradique et al. (2009), apresentando quedas de 8,5% e 15,8% respectivamente. O estudo de

Rehem e Egry (2011) também apresentou diminuição nas taxas de internações, ao passo que houve

aumento da cobertura de ESF no estado. Os autores reforçam que essa relação não foi uniforme em

todo estado, o que pode ser explicado pelo fato de que a expansão da cobertura sem a qualidade

necessária não provoca um impacto sobre as ICSAB (REHEM; EGRY, 2011).

Vujicic et al. (2010) vão de encontro a esse argumento, afirmando que o aumento pontual

no número de ICSAB em municípios vulneráveis pode se dar a partir da ampliação do acesso aos

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serviços de saúde, devido a existência de uma demanda reprimida.

Apesar de muitos estudos mostrarem a tendência a diminuição das ICSAB, de acordo com

Castro et al. (2015), os índices brasileiros ainda permanecem elevados, quando comparados aos de

outros países com sistemas de saúde universais, como a Espanha e Austrália. No Brasil, o índice

varia em torno de 20% das internações, enquanto a Espanha e Austrália apresentam taxas em torno

de 7% a 13%, respectivamente.

Tabela 1- Distribuição das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica ocorridas no

Estado de Pernambuco, no período de 2012 a 2015 (Continua).

Doença 2012 2013 2014 2015 TOTAL %

Pneumonia

19.948

21.896

21.093

19.533

82.470 19%

Gastroenterites

18.497

18.238

13.084

9.653

59.472 14%

Cerebrovasculares

6.118

10.798

11.830

12.590

41.336 10%

Infecção Renal/Trato

Urinário

9.388

9.587

9.400

9.190

37.565 9%

Insuficiência Cardíaca

8.657

7.839

8.862

8.885

34.243 8%

Doenças Pulmonares

6.910

7.002

6.304

6.295

26.511 6%

Diabetes

6.995

6.339

5.750

5.325

24.409 6%

Asma

6.403

5.458

4.666

4.865

21.392 5%

Infecção da Pele

3.857

3.941

4.422

4.482

16.702 4%

Preveníveis por Imunização

3.391

3.490

2.720

2.550

12.151 3%

Hipertensão

4.105

3.613

3.265

2.833

13.816 3%

Angina

3.608

3.250

3.515

3.443

13.816 3%

Epilepsia

2.361

2.849

2.924

3.072

11.206 3%

Úlcera gastrointestinal

2.100

2.443

4.399

4.650

13.592 3%

Deficiências Nutricionais

2.038

1.912

1.549

1.129

6.628 2%

Pré-natal e parto

1.896

2.151

2.276

2.445

8.768 2%

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(Conclusão)

Doença 2012 2013 2014 2015 TOTAL %

Anemias

1.155

909

767

854

3.685

1%

Ouvido/nariz/Garganta

648

609

620

524

2.401 1%

Órgãos Pélvicos femininos

1.013

803

835

774

3.425 1%

TOTAL 109.088 113.127 108.281 103.092 433.588 100%

Conforme descrito na Tabela 1, as ICSAB mais comuns no estado de Pernambuco foram

causadas por pneumonias, gastroenterites, doenças cerebrovasculares e infecção no rim e trato

urinário. As internações por esses grupos correspondem a 52% do total de internações por ICSAB

do estado. Esses achados corroboram com outros estudos brasileiros, como o de Rodrigues-Bastos

et al. (2014), que trazem as gastroenterites, infecções no rim e trato urinário, doenças

cerebrovasculares e pneumonias entre as principais causas de internamento. Brasil e Costa (2016)

destacam as pneumonias e doenças cerebrovasculares como as causas mais frequentes em estudo

realizado na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.

No estudo realizado por Pereira, Silva e Lima-Neto (2015), as pneumonias apareceram

como principal causa de ICSAB em todas as regiões do país. Os autores relatam que por ser uma

patologia que pode atingir tanto crianças quanto idosos, o alto contingente populacional dessas

faixas etárias pode justificar os valores encontrados.

No que tange às gastroenterites infecciosas e suas complicações, Pernambuco tem muitos

municípios de IDH baixo e com contingente da população vivendo em situação de pobreza. Nesse

contexto, Moura et al. (2010) destacam a associação de condições socioeconômicas mais baixas

com a falta de saneamento básico, aumentando o risco de adoecimento por diarreia.

O grupo das doenças cerebrovasculares aparece como um dos mais frequentes dentre as

causas de hospitalização no estado de Pernambuco, além de apresentar tendência crescente,

conforme apresentado na Tabela 2. O aumento da morbimortalidade pelas doenças

cerebrovasculares é considerado um problema de saúde pública mundial, visto que acomete tanto

os países em desenvolvimento, quanto os desenvolvidos e em geral requerem altos custos com

internações hospitalares e medicamentos, ocasionando internações diversas e mortes precoces.

Então incluídos no grupo: acidentes vasculares isquêmicos transitórios, síndrome vascular

cerebral, infarto cerebral, acidente vascular cerebral (AVC) não esclarecido como hemorrágico ou

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isquêmico, oclusão e/ou estenose de artéria pré-cerebral e/ou cerebral, outras doenças

cerebrovasculares e sequela de doenças cerebrovasculares (BRASIL, 2008; VILLELA; GOMES;

MELÉNDEZ, 2014).

O padrão das ICSAB em Pernambuco reflete o processo de transição epidemiológica

brasileira, mostrando que o sistema de saúde deve estar preparado para enfrentar patologias agudas

e crônicas, transmissíveis e não transmissíveis, focando no controle dos fatores de risco, prevenção

de complicações e ações contínuas de promoção da saúde (BRASIL; COSTA, 2016).

Tabela 2 – Tendência da taxa de ICSAB, observada nos anos de 2012 a 2015, por grupo de doença,

estratificada de acordo com a adesão aos programas de provimento médico pelos municípios de

Pernambuco (Continua).

GRUPO/DOENÇA TENDÊNCIA

PROVAB e Mais

Médicos

Valor de p(1)

SIM NÃO

N % N %

Anemia Diminuição 48 31,0 8 27,6

0,828 Aumento 107 69,0 21 72,4

Angina Diminuição 77 50,0 15 51,7

1,000 Aumento 77 50,0 14 48,3

Asma Diminuição 115 74,7 16 55,2

0,043 Aumento 39 25,3 13 44,8

Doenças

Cerebrovasculares

Diminuição 30 19,2 3 10,3 0,303

Aumento 126 80,8 26 89,7

Deficiência

nutricional

Diminuição 107 69,0 18 62,1 0,517

Aumento 48 31,0 11 37,9

Diabetes Diminuição 109 69,9 19 65,5

0,665 Aumento 47 30,1 10 34,5

Doenças

Imunopreveníveis

Diminuição 99 63,5 23 79,3 0,135

Aumento 57 36,5 6 20,7

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76

(Continuação)

GRUPO/DOENÇA TENDÊNCIA

PROVAB e Mais

Médicos

Valor de p(1)

SIM NÃO

N % N %

Epilepsia Diminuição 68 43,6 14 48,3

0,687 Aumento 88 56,4 15 51,7

Gastroenterites Diminuição 142 91,0 27 93,1

1,000 Aumento 14 9,0 2 6,9

Hipertensão Diminuição 120 76,9 19 67,9

0,341 Aumento 36 23,1 9 32,1

Insuficiência

Cardíaca

Diminuição 86 55,5 14 50,0 0,681

Aumento 69 44,5 14 50,0

Infecção Renal Diminuição 96 61,5 16 55,2

0,540 Aumento 60 38,5 13 44,8

Infecção pele Diminuição 53 34,2 12 44,4

0,384 Aumento 102 65,8 15 55,6

Órgãos pélvicos

femininos

Diminuição 90 60,0 17 65,4 0,668

Aumento 60 40,0 9 34,6

Infecção de Ouvido,

Nariz e Garganta

Diminuição 71 50,4 14 51,9 1,000

Aumento 70 49,6 13 48,1

Pré-natal e Parto Diminuição 46 29,7 10 34,5

0,662 Aumento 109 70,3 19 65,5

Pneumonia Diminuição 85 54,5 14 50,0

0,685 Aumento 71 45,5 14 50,0

Doenças Pulmonares Diminuição 81 51,9 10 34,5

0,106 Aumento 75 48,1 19 65,5

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77

(Conclusão)

GRUPO/DOENÇA TENDÊNCIA

PROVAB e Mais

Médicos

Valor de p(1)

SIM NÃO

N % N %

Úlcera Diminuição 43 27,6 6 20,7

0,501 Aumento 113 72,4 23 79,3

(1) Valor de p é relativo ao teste Qui-Quadrado para a associação entre a tendência e a

inserção de profissionais advindos dos programas PROVAB e Mais Médicos.

Conforme observado na Tabela 2, algumas doenças apresentaram tendência de aumento,

como as úlceras, questões relacionadas ao pré-natal e parto, doenças de pele, epilepsia, doenças

cerebrovasculares e anemia, independentemente da inserção de médicos dos programas federais de

provimento, visto que não foi encontrada diferença estatisticamente significante na comparação

entre ambos os grupos.

A tendência de aumento das internações por questões relacionadas ao pré-natal e ao parto

também foi encontrada nos estudos de Rehem e Egry (2011) ao avaliar as ICSAB no Estado de São

Paulo e de Rodrigues-Bastos et al. (2014) ao avaliar as ICSAB no Estado de Minas Gerais. Para os

autores, essa tendência crescente é alarmante, pois são diagnósticos que deveriam fazer parte da

abordagem e cuidado sistemático das eSF, evidenciando a necessidade de melhores investigações a

respeito do pré-natal e dos mecanismos de referência e da qualidade no cuidado no parto.

Elias e Magajewski (2008) acrescentam que disparidades nas internações por certas

doenças consideradas de fácil prevenção, ou por aquelas que seriam passíveis de diagnóstico e

tratamento precoce de modo a evitar a hospitalização, refletem a inadequação da atenção à saúde às

necessidades de determinadas comunidades.

Em contrapartida, as internações pelos grupos de infecções de ouvido, nariz e garganta,

infecção de órgãos pélvicos femininos, infecção renal/urinária, hipertensão, gastroenterites,

doenças imunopreveníveis, diabetes mellitus e deficiências nutricionais apresentaram tendência

decrescente. No entanto, não foram encontradas diferenças significantes estatisticamente entre os

grupos que receberam profissionais e os que não receberam.

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As gastroenterites merecem destaque na discussão, pois apesar da tendência à redução nas

taxas de internações e mortalidade, ainda possuem alta representatividade no perfil de morbidade

da população brasileira, especialmente nos menores de cinco anos. Apesar da existência de

medidas terapêuticas efetivas e de baixa complexidade, como a reidratação oral e administração de

antibióticos, a fragilidade sanitária que muitos municípios apresentam ainda é um fator impeditivo

para sanar o problema (MOURA et al., 2010).

Pereira, Silva e Lima-Neto (2015) destacam o declínio das doenças preveníveis por

imunização, revelando a eficácia do Programa Nacional de Imunização (PNI) e a mudança no

padrão de adoecimento da população, visto que em décadas passadas essas causas eram as

responsáveis pela morte da maioria da população.

Achados semelhantes quanto à tendência das taxas de internação por hipertensão arterial e

diabetes mellitus foram descritos no estudo de Rodrigues-Bastos et al. (2014). Os autores

observaram queda das internações por essas causas no período estudado, afirmando que esses

grupos de doenças estão entre os mais sensíveis à Atenção Básica, cujo controle e monitoramento

fazem parte de ações prioritárias no cotidiano das eSF e são indicadores presentes no Pacto pela

Saúde.

A asma foi a única doença que apresentou tendência declinante, com diferença

estatisticamente significante entre os grupos (Tabela 2). Nesse caso, a tendência observada foi de

diminuição tanto nos municípios que receberam médicos advindos de programas de provimento,

como em municípios que não receberam, porém essa diferença foi maior no primeiro grupo

(p<0,05). Corroborando com esse achado, Rodrigues-Bastos et al. (2014) apresenta em seus

resultados a tendência declinante da asma. Castro et al. (2015) encontraram correlação do total de

médicos por mil habitantes com a diminuição das ICSAB na Região Nordeste e sugerem que a

presença do profissional de saúde se faz mais importante do que a disponibilidade de equipamentos

de apoio diagnóstico na redução das internações por condições sensíveis à atenção primária.

Por fim, alguns grupos de doenças tiveram comportamento diferenciado entre os

municípios com e sem a presença de médicos dos programas federais. É o caso do grupo das

infecções pulmonares, pneumonias, doenças cardíacas e angina. As três primeiras tiveram

tendência de diminuição nos municípios que receberam e comportamento variado nos municípios

que não receberam, porém a diferença não foi estatisticamente significante quando comparados os

grupos. No estado de São Paulo observou-se aumento das hospitalizações por doenças pulmonares

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e pneumonias. A angina apresentou uma tendência estável em ambos os grupos, ao passo que em

estudo no Estado de Minas Gerais apresentou tendência de aumento. Este fato pode significar que a

atenção primária está menos organizada para atender a estes diagnósticos ou eles são menos

sensíveis a este nível de atenção (RODRIGUES-BASTOS et al., 2014; REHEM; EGRY, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ocorrência de uma Internação por uma Condição Sensível à Atenção Básica traz diversas

implicações, tanto para o usuário, quanto para o sistema de saúde. O usuário passa a ter um prejuízo

à sua condição de saúde, pois não foi atendido oportunamente, ao passo que revela fragilidade

estrutural para o SUS.

Nesse contexto, o conhecimento das ICSAB mais prevalentes e de seus fatores

determinantes são importantes na perspectiva do uso das taxas de ICSAB como indicador indireto

de monitoramento do desempenho da Atenção Básica, bem como para identificar problemas de

acesso aos serviços e ações de saúde. No entanto, faz-se necessário destacar as limitações que

trabalhos com dados secundários podem ter. Os sistemas de informação em saúde muitas vezes

podem ser alimentados de forma inadequada, especialmente com registro intencional de um

diagnóstico diferente do real com intuito de obter mais receita do SUS. Logo, a análise dos dados

expostos requer cautela.

Em relação à tendência das ICSAB e a presença de médicos dos programas federais de

provimento, não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos,

apenas na tendência declinante da asma, maior nos municípios que aderiram aos programas

PROVAB e Mais Médicos. De todo modo, esse achado sugere uma melhoria no quadro das ICSAB

com possível relação com a ampliação de cobertura da ESF causada pelos programas em questão.

Os resultados aqui expostos indicam semelhança no comportamento de alguns grupos de

doenças e o descrito na literatura científica, no entanto, diante da grande diversidade biológica,

política, cultural, social e econômica encontrada no Brasil, não é possível esperar uma

padronização das tendências das ICSAB em todo território nacional. Existe uma gama de fatores

que podem interferir no impacto das ações de saúde, dificultando a confirmação de uma associação

entre as ações executadas e o desfecho avaliado (RODRIGUES- BASTOS et al., 2014).

Ademais, não se pode considerar a diminuição das hospitalizações sem conhecer o

contexto, pois Ceccon, Meneguel e Viecili (2014) alertam que a redução das ICSAB muitas vezes

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pode ocorrer por número de leitos insuficiente e/ou barreiras no acesso hospitalar. Os autores

acrescentam a importância da avaliação de outros fatores, como acessibilidade ao hospital e os

critérios adotados para hospitalização na análise das ICSAB. Além do mais, na literatura existem

evidências científicas de que locais onde existe população mais idosa, com baixa renda e baixa

escolaridade, apresentam frequência maior de internações.

Sendo assim, ressalta-se a importância da realização de novos estudos, com desenhos de

estudo mais complexos e que incorporem um período maior de análise, explorando em maiores

detalhes outros fatores que podem interferir nas taxas de ICSAB.

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6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado, a distribuição desigual e as dificuldades de fixação de

profissionais de saúde, especialmente médicos, no âmbito da Atenção Básica, são

entraves importantes para melhoria do acesso e resolutividade desse nível de atenção.

Nesse contexto, o presente estudo permitiu a compreensão do processo de implantação

dos programas federais de provimento médico no Estado de Pernambuco, sua

correlação com o indicador de Cobertura da ESF, bem como com as ICSAB.

Embora o PROVAB e o PMM sejam alternativas que se apresentaram viáveis e

trouxeram bons resultados no que tange ao acréscimo de profissionais de medicina no

âmbito do SUS e ao aumento de cobertura da ESF, não se pode negligenciar a

necessidade de continuar com os outros eixos do PMM, promovendo uma reforma

educacional no que diz respeito à formação do profissional médico e também dos demais

profissionais da saúde, para que sejam cada vez mais próximos do contexto da

população brasileira, bem como uma reforma na administração dos recursos humanos no

SUS, com a finalidade que os profissionais sejam devidamente reconhecidos e adquiram

remuneração e condições de trabalho adequadas.

Os resultados aqui expostos podem ser de grande valia para a gestão dos

serviços de saúde, melhoria na assistência à população, contribuindo para a avaliação e

monitoramento das políticas de saúde estudadas, culminando no aprimoramento da

atenção primária. No entanto, são encontradas algumas limitações no estudo,

principalmente por utilizar dados secundários. Embora alguns estudos demonstrem a

confiabilidade do sistema de informação utilizado, é sabido que existem problemas com a

alimentação das bases de dados, como a inexatidão das informações ali contidas. Além

do mais, podem surgir dificuldades para controlar os efeitos dos fatores de

confundimento.

Portanto, esse estudo não pretende esgotar a discussão acerca da temática.

Recomenda-se a realização de novos estudos, utilizando metodologias com maior poder

analítico e fontes primárias de dados, para sanar questões que foram levantadas durante

essa pesquisa e melhor avaliar as variáveis envolvidas na complexidade do tema.

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TANAKA, O.Y. Avaliação da atenção básica em saúde: uma nova proposta. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 927-934, dez. 2011.

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ANEXO A- ANEXO DA PORTARIA Nº 221, DE 17 DE ABRIL DE 2008

LISTA DE CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA

Grupo Diagnósticos CID 10

1 Doenças preveníveis por imunização e condições sensíveis

1,1 Coqueluche A37

1,2 Difteria A36

1,3 Tétano A33 a A35

1,4 Parotidite B26

1,5 Rubéola B06

1,6 Sarampo B05

1,7 Febre Amarela A95

1,8 Hepatite B B16

1,9 Meningite por Haemophilus G00.0

001 Meningite Tuberculosa A17.0

1,11 Tuberculose miliar A19

1,12 Tuberculose Pulmonar A15.0 a A15.3, A16.0 a A16.2,

A15.4 a A15.9, A16.3 a A16.9,

A17.1 a A17.9

1,16 Outras Tuberculoses A18

1,17 Febre reumática I00 a I02

1,18 Sífilis A51 a A53

1,19 Malária B50 a B54

001 Ascaridíase B77

2 Gastroenterites Infecciosas e complicações

2,1 Desidratação E86

2,2 Gastroenterites A00 a A09

3 Anemia

3,1 Anemia por deficiência de ferro D50

4 Deficiências Nutricionais

4,1 Kwashiokor e outras formas de desnutrição proteico calórica

E40 a E46

4,2 Outras deficiências nutricionais E50 a E64

5 Infecções de ouvido, nariz e garganta

5,1 Otite média supurativa H66

5,2 Nasofaringite aguda [resfriado comum]

J00

5,3 Sinusite aguda J01

5,4 Faringite aguda J02

5,5 Amigdalite aguda J03

5,6 Infecção Aguda VAS J06

5,7 Rinite, nasofaringite e faringite crônicas

J31

6 Pneumonias bacterianas

6,1 Pneumonia Pneumocócica J13

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6,2 Pneumonia por Haemophilus infuenzae

J14

6,3 Pneumonia por Streptococus J15.3, J15.4

6,4 Pneumonia bacteriana NE J15.8, J15.9

6,5 Pneumonia lobar NE J18.1

7 Asma

7,1 Asma J45, J46

8 Doenças pulmonares

8,1 Bronquite aguda J20, J21

8,2 Bronquite não especificada como aguda ou crônica

J40

8,3 Bronquite crônica simples e a mucopurulenta

J41

8,4 Bronquite crônica não especificada J42

8,5 Enfisema J43

8,6 Bronquectasia J47

8,7 Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas

J44

9 Hipertensão

9,1 Hipertensão essencial I10

9,2 Doença cardíaca hipertensiva I11 10 Angina

10,1 Angina pectoris I20

11 Insuficiência Cardíaca

11,1 Insuficiência Cardíaca I50

11,3 Edema agudo de pulmão J81

12 Doenças Cerebrovasculares

12,1 Doenças Cerebrovasculares I63 a I67; I69, G45 a G46

13 Diabetes mellitus

13,1 Com coma ou cetoacidose E10.0, E10.1, E11.0, E11.1, E12.0, E12.1; E13.0, E13.1; E14.0, E14.1

13,2 Com complicações (renais, oftálmicas, neurológicas, circulatórias, periféricas, múltiplas, outras e NE)

E10.2 a E10.8, E11.2 a E11.8; E12.2 a E12.8; E13.2 a E13.8; E14.2 a E14.8

13,3 Sem complicações específicas E10.9, E11.9; E12.9, E13.9; E14.9

14 Epilepsias

14,1 Epilepsias G40, G41

15 Infecção no Rim e Trato Urinário

15,1 Nefrite túbulo-intersticial aguda N10

15,2 Nefrite túbulo-intersticial crônica N11

15,3 Nefrite túbulo-intersticial NE aguda crônica

N12

15,4 Cistite N30

15,5 Uretrite N34

15,6 Infecção do trato urinário de localização NE

N39.0

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16 Infecção da pele e tecido subcutâneo

16,1 Erisipela A46

16,2 Impetigo L01

16,3 Abscesso cutâneo furúnculo e carbúnculo

L02

16,4 Celulite L03

16,5 Linfadenite aguda L04

16,6 Outras infecções localizadas na pele e tecido subcutâneo

L08

17 Doença Inflamatória órgãos pélvicos femininos

17,1 Salpingite e ooforite N70

17,2 Doença inflamatória do útero exceto o colo

N71

17,3 Doença inflamatória do colo do útero N72

17,4 Outras doenças inflamatórias pélvicas femininas

N73

17,5 Doenças da glândula de Bartholin N75

17,6 Outras afecções inflamatórias da vagina e da vulva

N76

18 Úlcera gastrointestinal

18 Úlcera gastrointestinal K25 a K28, K92.0, K92.1, K92.2

19 Doenças relacionadas ao Pré-Natal e Parto

19,1 Infecção no Trato Urinário na gravidez

O23

19,2 Sífilis congênita A50

19,3 Síndrome da Rubéola Congênita P35.0

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ANEXO B- APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: INICIATIVAS INOVADORAS NA ORGANIZAÇÃO DAS REDES ASSISTENCIAIS

E REGIÕES DE SAÚDE E SEUIMPACTO NA ESTRUTURAÇÃO DA OFERTA NO SUS: UM ESTUDO AVALIATIVO

Pesquisador: Adriana Falangola Benjamin Bezerra

Área Temática:

Versão:

CAAE: 30694814.1.0000.5208

Instituição Proponente: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Patrocinador Principal: MINISTERIO DA CIENCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 674.336

Data da Relatoria: 04/06/2014

Apresentação do Projeto:

Projeto de título "Iniciativas inovadoras na organização das redes assistenciais e regiões de saúde e seu

impacto na estruturação da oferta no sus: um estudo avaliativo", que tem como pesquisador responsável

a Profª Adriana Falangola Benjamin Bezerra, do Departamento de Medicina Social da UFPE. Projeto

aprovado pela Chamada MCTI/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTIE/Decit N º 41/2013 – Rede Nacional de

Pesquisas sobre Política de Saúde: Conhecimento para Efetivação do Direito Universal à Saúde, obteve

apoio financeiro pelo CNPq. Conta com equipe, cujos currículos dos integrantes foram anexados.

Objetivo da Pesquisa:

Sendo um projeto que comporta três subprojetos, tem-se:

Subprojeto 1 (Redes assistenciais e seu potencial na efetivação da integralidade)

Objetivo geral: avaliar a integralidade na atenção utilizando o Câncer de Colo Uterino (CCU) como

condição marcadora em Regiões de Saúde do Nordeste brasileiro.

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Objetivos específicos: 1)Mapear as redes de atenção existentes destinadas ao cuidado do CCU;

2)Identificar a cobertura de Papanicolau nas Regiões de Saúde de estados do Nordeste, e 3)Traçar

potencialidades e fragilidades na linha de cuidado ao CCU em Região de Saúde.

Subprojeto 2 (Avaliação do Programa Mais Médicos na organização das redes assistenciais e estruturação da oferta: uma investigação mista)

Objetivo geral: avaliar a eficiência e a efetividade o Programa Mais Médicos na organização das redes

assistenciais e estruturação da oferta no Nordeste.

Objetivos específicos: 1)traçar o perfil dos Profissionais atuantes no PMM; 2)avaliar a eficiência e a

efetividade do PMM no campo do acesso às ações e serviços de saúde; 3)avaliar o impacto do PMM nas

diferentes dimensões da integralidade sob o olhar de profissionais, usuários e gestores locais;

4)identificar potencialidades e fragilidades do PMM.

Subprojeto 3 (Desafios e perspectivas da regionalização)

Objetivo geral: analisar o processo de regionalização da saúde no Nordeste na perspectiva da gestão

estadual, das representações municipais e dos usuários.

Objetivos específicos: 1)comparar o discurso dos gestores estaduais (Nível Central e Macrorregiões

e Gerências Regionais de Saúde), na condução da regionalização, com o arcabouço legal e normativo

que garante e orienta a operacionalização desse processo; 2) confrontar os discursos dos gestores

estaduais, diante da condução na implementação da regionalização da saúde, com os discursos dos

gestores municipais, dos representantes das instâncias de participação social e dos usuários;

3)examinar o processo de regionalização da saúde no Nordeste a partir da compatibilidade entre os

discursos, o arcabouço legal e normativo e as estratégias de operacionalização traçadas pelos atores

envolvidos; 4)propor estratégias de operacionalização que estimulem o fortalecimento da

implementação da regionalização da saúde no Nordeste.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Riscos: identificados como constrangimento em responder as questões abordadas, mas garantido que

a qualquer momento é possível desistir de participar e retirar seu consentimento.

Benefícios: contribuições do entrevistado para sistematização de trabalho que poderá propiciar garantia

da integralidade da assistência ao usuário do sistema público de saúde.

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Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Pesquisa avaliativa desenvolvida com base no método misto (quantitativo e qualitativo),sendo os dados

quantitativos coletados e analisados, feito com os dados qualitativos, para s interpretação integrada de

todos os dados. Metodologia adequada ao que se pretende, cronograma ajustado às atividades, critério

de inclusão e exclusão nos três grupos definidos.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Apresentados principais termos. Recomendações:

Destacar dentre os benefícios, a devolução dos resultados.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Nenhuma

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

Considerações Finais a critério do CEP:

O Colegiado aprova o parecer do protocolo em questão e o pesquisador está autorizado para iniciar a

coleta de dados.

Projeto foi avaliado e sua APROVAÇÃO definitiva será dada, após a entrega do relatório final, na

PLATAFORMA BRASIL, através de “Notif icação” e, após apreciação, será emitido Parecer

Consubstanciado.

RECIFE, 04 de Junho de 2014.

Assinado por:

GERALDO BOSCO LINDOSO

COUTO (Coordenador)

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ANEXO C- INSTRUÇÕES AOS AUTORES- REVISTA PHYSIS

ISSN 0103-7331 versão impressa

ISSN 1809-4481 versão online

Escopo e política

Physis é uma revista trimestral publicada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo geral é divulgar a produção acadêmica em Saúde Coletiva. Sua linha editorial enfatiza abordagens interdisciplinares, críticas e inovadoras em temas atuais no campo da Saúde Coletiva. A revista é composta basicamente de artigos originais de demanda livre e seções de resenhas, entrevistas, cartas e comentários. O Conselho Editorial poderá, ocasionalmente, propor temas específicos considerados relevantes, e publicar trabalhos de autores convidados especialistas no tema, e que também irão passar por um processo de revisão por pares.

Atualmente, Physis está classificada como B1 na área de Saúde Coletiva, segundo os critérios Qualis da CAPES.

Forma e preparação de manuscritos

A Revista Physis publica artigos nas seguintes categorias:

Artigos originais por demanda livre (até 7.000 palavras, incluindo notas e referências): textos inéditos provenientes de pesquisa ou análise bibliográfica. A publicação é decidida pelo Conselho Editorial, com base em pareceres - respeitando-se o anonimato tanto do autor quanto do parecerista (double-blind peer review) - e conforme disponibilidade de espaço.

Artigos originais por convite (até 8.000 palavras, incluindo notas e referências): textos inéditos provenientes de pesquisa ou análise bibliográfica. O Conselho Editorial e o editor convidado podem tanto solicitar a autores de reconhecida experiência que encaminhem artigos originais relativos a temáticas previamente decididas, conforme o planejamento da revista, quanto deliberar, ao receber os artigos, com base em pareceres (double-blind peer review), sobre a publicação. Revisões e atualizações são em geral provenientes de convite. Artigos que, devido a seu caráter autoral, não podem ser submetidos anonimamente a um parecerista, são analisados, com ciência do autor, com base em pareceres em que só o parecerista é anônimo (single-blind peer review). O número de autores será limitado ao máximo de dois

por manuscrito, sendo que cada autor só poderá figurar em um único artigo por número.

Resenhas (até 4.000 palavras, incluindo notas e referências): podem ser provenientes de demanda livre ou convite. O Conselho Editorial decide quanto à publicação, levando em conta temática, qualidade, boa redação e disponibilidade de espaço. Só serão aceitas resenhas com um único autor.

Seção de Entrevistas (até 4.000 palavras): publica depoimentos de pessoas cujas histórias de vida ou

realizações profissionais sejam relevantes para as áreas de abrangência da revista.

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Seção de Cartas (até 1.500 palavras): publica comentários sobre publicações da revista e notas ou

opiniões sobre assuntos de interesse dos leitores.

Seção de Comentários (até 1.500 palavras): publica ensaios curtos e notas ou opiniões sobre temas relevantes para a Saúde Coletiva.

Instruções para encaminhamento de textos:

1. O processo de submissão é feito apenas online, no sistema ScholarOne Manuscripts, no endereçohttp://mc04.manuscriptcentral.com/physis-scielo. Para submeter originais, é necessário se cadastrar no sistema, fazer o login, acessar o "Author Center" e dar início ao processo de submissão. 2. Os artigos devem ser digitados em Word ou RTF, fonte Arial ou Times New Roman 12, respeitando-se o número máximo de palavras definido por cada seção, que compreende o corpo do texto, as notas e as referências. Resumos são considerados separadamente. O texto não deve incluir qualquer informação que permita a identificação de autoria; os dados dos autores deverão ser informados apenas nos campos específicos do formulário de submissão. 3. Os estudos que envolvam a participação de seres humanos deverão incluir a informação referente à aprovação por comitê de ética na pesquisa com seres humanos, conforme a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil. Os autores devem indicar se a pesquisa é financiada, se é resultado de dissertação de mestrado ou tese de doutorado e se há conflitos de interesse envolvidos na mesma. Informações sobre financiamento devem constar no item Agradecimentos, ao final do artigo ou em nota de fim. 4. Os artigos devem ser escritos em português (preferencialmente), inglês ou espanhol. A Editoria reserva-se o direito de efetuar alterações e/ou cortes nos originais recebidos para adequá-los às normas da revista, preservando, no entanto, estilo e conteúdo. Eventualmente, serão aceitos artigos traduzidos, já publicados em outro idioma, que, pela sua relevância, possam merecer maior divulgação em língua portuguesa. Os textos são de responsabilidade dos autores, não coincidindo, necessariamente, com o ponto de vista dos editores e do Conselho Editorial da revista. 5. O resumo do artigo e as palavras-chave em português devem ser incluídos nas etapas indicadas do processo de submissão(primeira e segunda, respectivamente). Resumo e palavras-chave em inglês devem ser incluídos no corpo do artigo, após as referências (somente nas seções de artigos originais por demanda livre e temáticos). Contendo, cada um até 200 palavras, devem destacar o objetivo principal, os métodos básicos adotados, os resultados mais relevantes e as principais conclusões do artigo. Devem ser incluídas de 3 a 5 palavras-chave em português e inglês. O título completo do artigo também deverá ser traduzido. A revista poderá rever ou refazer as traduções. 6. Imagens, figuras ou desenhos devem estar em formato tiff ou jpeg, com resolução mínima de 200 dpi, tamanho máximo 12x15 cm, em tons de cinza, com legenda e fonte Arial ou Times New Roman 10. Tabelas e gráficos-torre podem ser produzidos em Wordou similar. Outros tipos de gráficos devem ser produzidos em Photoshop ou Corel Drawou similar. Todas as ilustrações devem estar em arquivos separados e serão inseridas no sistema no sexto passo do processo de submissão, indicadas como "image", "figure" ou "table", com respectivas legendas e numeração. No texto deve haver indicação do local de inserção de cada uma delas. 7. As notas, numeradas sequencialmente em algarismos arábicos, devem ser colocadas no final do texto, após as referências, com fonte tamanho 10. As notas devem ser exclusivamente explicativas, escritas da forma mais sucinta possível. Não há restrições quanto ao número de notas. 8. As referências devem seguir a NBR 6023 da ABNT (de agosto de 2002). No corpo do texto, citar apenas o sobrenome do autor e o ano de publicação, seguidos do número da página no caso de citações. Todas as referências citadas no texto deverão constar nas referências, ao final do artigo, em ordem alfabética. Os autores são responsáveis pela exatidão das referências, assim como por sua correta citação no texto. 9. Os trabalhos publicados em Physis estão registrados sob a licença Creative Commons Attribution CC-BY. A submissão do trabalho e a aceitação em publicá-lo implicam cessão dos direitos de publicação para a Revista Physis. Quando da reprodução dos textos publicados em Physis, mesmo que parcial e para uso não comercial, deverá ser feita referência à primeira publicação na revista. A declaração de autoria deverá ser assinada por todos os autores, digitalizada e inserida no

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sexto passo do processo de submissão, e indicada como "supplemental file not for review", de modo que os avaliadores não tenham como identificar o(s) autor(es) do artigo. Quaisquer outros comentários ou observações encaminhados aos editores deverão ser inseridos no campo "Cover letter". 10. Tendo em vista o crescimento no número de coautores em muitos artigos encaminhados a Physis, o número máximo de autores está limitado a quatro, e só com justificativas excepcionais será aceito número maior. Além disso, será avaliada com bastante rigor a contribuição efetiva de cada autor. A Editoria se reserva o direito de recusar artigos cujos autores não prestem esclarecimentos satisfatórios sobre este item, e/ou solicitar a remoção de participantes sem contribuição substancial. As responsabilidades individuais de todos os autores na preparação do artigo deverão ser indicadas na "Declaração de responsabilidade" (vide modelo a seguir), conforme o International Committee of Medical Journal Editors. Essa declaração também deverá ser assinada pelos autores, digitalizada e encaminhada como documento suplementar no sexto passo do processo de submissão. Poderá ser incluído no final do corpo do artigo ou como nota de fim um item de "Agradecimentos", caso seja necessário citar instituições que de alguma forma possibilitaram a realização da pesquisa e/ou pessoas que colaboraram com o estudo mas não preenchem os critérios de coautoria. 11. Em atendimento às normas da SciELO, a identificação da afiliação de cada autor deverá restringir-se a nomes de entidades institucionais, cidade, estado e país. O endereço eletrônico poderá ser informado. 12. Não serão aceitos trabalhos que não atendam às normas fixadas, mesmo que eles tenham sido aprovados no mérito (pelos pareceristas). Os editores se reservam o direito de solicitar que os autores adequem o artigo às normas da revista, ou mesmo descartar o manuscrito, sem nenhuma outra avaliação. Quaisquer outros comentários ou observações poderão ser encaminhados no campo "Cover letter". 13. A Revista Physis não cobra taxa de submissão e avaliação de artigos. 14. Em caso de artigo já aceito para publicação, será possível publicá-lo em inglês também, se for de interesse do autor. No entanto, a tradução deverá ser feita por empresa qualificada (ou recomendada pela Editoria de Physis), e os custos de tradução correrão por conta do autor. 15. Os autores são responsáveis por todos os conceitos e informações apresentados nos artigos e resenhas.

16. Os casos omissos serão decididos pelo Conselho Editorial.

Declaração de responsabilidade e transferência de direitos autorais (Enviar no sexto passo do processo de submissão, indicada como "supplemental file not for review")

A contribuição de cada autor para o artigo/a resenha ____________________ foi a seguinte: (identificação de autor 1): (atividades desempenhadas) (identificação de autor 2): (atividades desempenhadas) (identificação de autor n): (atividades desempenhadas) O texto é um trabalho inédito e não foi publicado, em parte ou na íntegra, nem está sendo considerado para publicação em outro periódico, no formato impresso ou eletrônico. Em caso de aceitação deste texto por parte de Physis: Revista de Saúde Coletiva, concordo(amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da revista e, em caso de reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação, impressa ou eletrônica, farei(emos) constar os respectivos créditos. Assinaturas: ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva Instituto de Medicina Social - UERJ Rua São Francisco Xavier, 524 - 7º andar, bl. D - Maracanã 20550-013 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2334-0504 ramal 108 Endereço eletrônico: [email protected] Web: http://www.ims.uerj.br

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Política de Privacidade

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.

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ANEXO D- INSTRUÇÕES AOS AUTORES- REVISTA SAÚDE E SOCIEDADE

ISSN 0104-1290 versão impressa

ISSN 1984-0470 versão on-line

Escopo e política

Política editorial: Veicular produção científica de caráter crítico e reflexivo em torno do campo da saúde pública/coletiva de modo a socializar novas formas de abordar o objeto. Igualmente, veicular produção de técnicos de diversos órgãos, tais como secretarias estaduais e municipais de saúde, que divulgam resultados de seus trabalhos, com contribuições importantes e que não devem ficar restritas a relatórios de circulação interna, contribuindo para o avanço do debate e da troca de ideias sobre temas desafiantes, cujas raízes encontram-se na própria natureza multidisciplinar da área.

São particularmente valorizados artigos que façam interface da saúde com as ciências sociais e humanas.

Áreas de interesse: Desde sua criação, em 1992, Saúde e Sociedade tem publicado trabalhos de diferentes áreas do saber que se relacionam ou tenham como objeto de preocupação a saúde pública/coletiva. Nesse sentido, abarca a produção de diferentes ramos das ciências humanas e sociais e da ciência ambiental, incorporando a produção científica, teórica e aquela mais especificamente relacionada às propostas de intervenção e prática institucional.

Tipos de artigos:

Publica matérias inéditas de natureza reflexiva, de pesquisa e atualização do conhecimento, sob a forma de:

a) artigos de pesquisas originais;

b) análise de grandes temas de interesse da área;

c) ensaios de natureza teórica, metodológica ou técnica, que estimulem a polêmica ou o tratamento de temas específicos sob diferentes enfoques;

d) dossiês - textos ensaísticos ou analíticos resultantes de estudos ou pesquisas originais sobre tema indicado pelos editores e a convite deles.

e) relatos de experiências nas áreas de pesquisa, do ensino e da prestação de serviços de saúde;

f) cartas à redação com comentários sobre ideias expressas em matéria já publicada pela revista, tendo em vista fomentar uma reflexão crítica acerca de temas da área;

g) comentários curtos, notícias ou críticas de livros publicados e de interesse para a área, definidos pelo Conselho Editorial;

h) entrevistas / depoimentos de personalidades ou especialistas da área visando, quer a reconstrução da história da saúde pública/coletiva, quer a atualização em temas de interesse definidos pelo Conselho

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Editorial; e

i) anais dos congressos paulistas de saúde pública promovidos pela APSP, bem como de outros eventos científicos pertinentes à linha editorial da Revista.

A Revista veicula contribuições espontâneas que se enquadrem na política editorial da Revista bem como matéria encomendada a especialistas.

São particularmente valorizados artigos que façam interface da saúde com a área de humanas.

Procedimentos de avaliação por pares:

Na seleção de artigos para publicação, avalia-se o mérito científico do trabalho e sua adequação às normas editoriais adotadas pela revista. Todo texto enviado para publicação é submetido a uma pré-avaliação, pelo Corpo Editorial. Uma vez aprovado, é encaminhado à revisão por pares (no mínimo dois relatores), cujos nomes são mantidos em sigilo, omitindo-se, também, o(s) nome(s) dos autores perante os relatores. O material será devolvido ao(s) autor(es) caso os relatores sugiram mudanças e/ou correções. Em caso de divergência de pareceres, o texto será encaminhado a um terceiro relator, para arbitragem. A decisão final sobre o mérito do trabalho é de responsabilidade do Corpo Editorial (editores e editores associados).

Os textos são de responsabilidade dos autores, não coincidindo, necessariamente, com o ponto de vista dos editores e do Corpo Editorial da revista.

Do ineditismo do material

O conteúdo dos artigos enviados para publicação não pode ter sido publicado anteriormente ou encaminhado simultaneamente a outro periódico. Os artigos publicados na Saúde e Sociedade, para serem publicados em outros locais, ainda que parcialmente, necessitam de aprovação por escrito por parte dos Editores e neles deverá constar a informação de que o texto foi publicado anteriormente na revista Saúde e Sociedade, indicando o volume, número e ano de publicação.

A ocorrência de plágio implica em exclusão imediata do sistema de avaliação.

Da autoria

As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboração dos artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo. A qualificação como autor deve pressupor: concepção e o delineamento ou a análise e interpretação dos dados; redação do artigo ou a sua revisão crítica; e aprovação da versão a ser publicada. No final do texto devem ser especificadas as contribuições individuais de cada autor na elaboração do artigo.

Forma e preparação de manuscritos

Formato

Papel tamanho A4, margens de 2,5 cm, espaço 1,5, letra Times New Roman 12. Número máximo de páginas: 20 (incluindo ilustrações e referências bibliográficas).

Estrutura

Título: Conciso e informativo. Na língua original e em inglês. Incluir como nota de rodapé a fonte de

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financiamento da pesquisa.

Nome(s) do(s) autor(es): todos devem informar a afiliação institucional (em ordem decrescente, por exemplo: Universidade, Faculdade e Departamento) e e-mail. O autor responsável pela correspondência também deve informar seu endereço completo (rua, cidade, CEP, estado, país).

Resumos: Devem refletir os aspectos fundamentais dos trabalhos, com no mínimo 150 palavras e no máximo 250, incluindo objetivos, procedimentos metodológicos e resultados. Devem preceder o texto e estar na língua do texto e em inglês (abstract).

Palavras-chave: De 3 a 6, na língua do texto e em inglês, apresentados após o resumo.

Gráficos e tabelas: Os gráficos e tabelas devem ser apresentados em seus programas originais (por exemplo, em Excel: arquivo.xls), devidamente identificados, em escala de cinza, em arquivos separados do texto. Além disso, os gráficos e tabelas também devem estar inseridos no texto original.

Imagens: As imagens (figuras e fotografias) devem ser fornecidas em alta resolução (300 dpi), em JPG ou TIF, com no mínimo 8 cm de largura, em escala de cinza, em arquivos separados do texto. Além disso, todas as imagens também devem estar inseridas no texto original.

Citações no texto: Devem ser feitas pelo sobrenome do autor (letra minúscula), ano de publicação e número de página quando a citação for literal, correspondendo às respectivas referências bibliográficas. Quando houver mais de três autores, deve ser citado o primeiro, seguido de “et al.”. Exemplo: Martins et al. (2014) ou (Martins et al., 2014).

Referências

Será aceito no máximo 40 referências por artigo com exceção dos artigos de revisão bibliográfica. Os autores são responsáveis pela exatidão das referências bibliográficas citadas no texto. As referências deverão seguir as normas da ABNT NBR 6023, serem apresentadas ao final do trabalho e ordenadas alfabeticamente pelo sobrenome do primeiro autor. A seguir alguns exemplos:

Livro

FORTES, P. A. de C.; RIBEIRO, H. (Org.). Saúde global. São Paulo: Manole, 2014.

Capítulo de Livro

GOTLIEB, S. L. D.; LAURENTI, R.; MELLO JORGE, M. H. P. Crianças, adolescentes e jovens do Brasil no fim do século XX. In: WESTPHAL, M. F. Violência e criança. São Paulo: EDUSP, 2002. p. 45-72.

Artigo de Periódico

BASTOS, W. et al. Epidemia de fitness. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 485-496, 2013.

Tese

SANTOS, A. L. D. dos. Histórias de jovens que vivenciaram a maternidade na adolescência menor: uma reflexão sobre as condições de vulnerabilidade. 2006. Tese (Doutorado em Saúde Materno-Infantil)-Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

Documento on-line

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WHO GLOBAL MALARIA PROGRAMME. World malaria report: 2010. Geneva: WHO, 2010. Disponível em: <http://www.who.int/malaria/world_malaria_report_2010/worldmalariareport2010.pdf >. Acesso em: 7 mar. 2011.

Legislação ( Lei, Portaria etc.)

- Versão impressa

BRASIL. Lei nº 9887, de 7 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1996. Seção 1, p. 13.

- Versão eletrônica

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a Norma Regulamentadora nº 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 nov. 2005. Disponível em:

<http://www.mte.gov.br/legislacao/portarias/2005/p_20051111_485.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2007.

Artigo ou matéria de jornal

CUPANI, G. População sedentária preocupa médicos reunidos em simpósio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 out. 2010. Equilíbrio e Saúde, p. 14.

Trabalho apresentado em evento (congresso, simpósio, seminário etc.)

- Versão impressa

COUTO, M. T.; SOTT, R. P. Ética, diversidade e saúde reprodutiva. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAS EM SAÚDE, 2., 1999, São Paulo. Livro de resumos... São Paulo: Abrasco: Unifesp,

1999, p. 100.

- Versão eletrônica

CARVALHO, C. A. Religião e aids: segredos e silêncios. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PREVENÇÃO EM DST/AIDS, 4., 2001, Cuiabá.Anais... Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001, p. 71-72.

Disponível em: <http://www.portalsaudebrasil.com/artigospsb/public007.pdf>. Acesso em: 18 ago.2006.

Open Access

A Saúde e Sociedade utiliza o modelo Open Access de publicação, portanto seu conteúdo é livre para

leitura e download, favorecendo a disseminação do conhecimento.

Taxas

A Saúde e Sociedade não cobra taxas de submissão, avaliação ou publicação de artigos.

Envio do material

http://submission.scielo.br/index.php/sausoc/login