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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS – CUR INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DEGEO JANAINA PAULA GOES DA SILVA O TRABALHO INFORMAL NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO APLICADO AS PRAÇAS NA REGIÃO CENTRAL DE RONDONÓPOLIS-MT Rondonópolis-MT 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS – CUR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DEGEO

JANAINA PAULA GOES DA SILVA

O TRABALHO INFORMAL NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO

APLICADO AS PRAÇAS NA REGIÃO CENTRAL DE RONDONÓPOLI S-MT

Rondonópolis-MT

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS – CUR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DEGEO

JANAINA PAULA GOES DA SILVA

O TRABALHO INFORMAL NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO

APLICADO AS PRAÇAS NA REGIÃO CENTRAL DE RONDONÓPOLI S-MT

Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso, como exigência parcial para obtenção do título de Licenciatura Plena em Geografia/ICHS/CUR/UFMT. Orientador: Professor Me Josenilton Balbino de Melo.

Rondonópolis-MT

2018

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JANAINA PAULA GOES DA SILVA

O TRABALHO INFORMAL NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO

APLICADO AS PRAÇAS NA REGIÃO CENTRAL DE RONDONÓPOLI S-MT

Esta monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso, no Curso de Geografia, do ICHS/CUR/UFMT, como requisito parcial à obtenção do título de Licenciatura Plena em Geografia, tendo sido aprovada pela banca examinadora abaixo identificada e assinada. Data da defesa: ____/____/ ______.

_____________________________________________________________

Prof. Me Josenilton Balbino de Melo – Orientador

____________________________________________________________

Profa. Dra. Adenilce Ferreira de Oliveira – Membro Avaliador

____________________________________________________________

Prof. Dr. Aires José Pereira – Membro Avaliador

Rondonópolis-MT, ______ de _____________ de 2018

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DEDICATÓRIA

A minha mãe (Elza), que sempre me incentivou a busca meus

objetivos, e meu esposo (Geovani) sempre esteve do meu lado

compartilhando meus piores e melhores momentos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que tem me sustentado aqui até o presente

momento.

A minha família que sempre me deu apoio e esteve comigo nos dias mais

difíceis da minha vida em especial ao meu esposo Geovani da Silva Morais e minha

filha Giovanna Vitória Góes da Silva.

Também agradeço a todos os meus professores da UFMT Rondonópolis,

que me ajudaram nessa etapa do saber conhecimento;

Ao meu orientador Josenilton Balbino, o qual contribuiu para meu

crescimento e desenvolvimento intelectual.

Enfim a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para

realização deste sonho.

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RESUMO

O mercado informal tem crescido na Praça dos Carreiros e Praça Brasil, localizadas na região central da cidade de Rondonópolis-MT. O comércio informal tem se tornando uma alternativa de sobrevivência para as pessoas que não conseguem se inserir no mercado de trabalho formal. Cada vez mais, em decorrência das modernizações tecnológicas poucos empregos são criados, fazendo com que um significativo número de pessoas recebam salários muito baixos, vivendo de atividades ocasionais. Tornar-se claro que o trabalho é uma força da dinâmica do capital, configurando-se em uma forma de seleção da mesma que absorve a demanda, se exclui outra, demonstrando as contradições do sistema capitalista e evidenciando que o trabalho informal é resultado de um processo que envolve várias condições, principalmente, as de ordem social, econômica e educacional. Nesta pesquisa buscamos levantar dados desses trabalhadores que se encontram nestes espaços públicos, entender o que trouxe a viver da informalidade, ou mesmo, se teve oportunidade no trabalho formal. Observamos com a pesquisa trabalhadores, que os ambulante em sua maioria vieram de outras cidades, com o processo de migração, procurando novas oportunidades nos centros urbanos da cidade de Rondonópolis. Atualmente o emprego tem se tornado cada vez mais escasso, o que tem aumentado de forma significativa os números do desemprego, resultando no aumentando de trabalhadores que vivem da informalidade, sendo única ou mesmo complementa a sua fonte de renda. Palavras-chave : Comércio informal. Espaço Público. Praça dos Carreiros. Praça Brasil. Rondonópolis-MT.

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ABSTRACT

The informal market has grown in Praça dos Carreiros and Praça Brasil, located in the central region of the city of Rondonópolis-MT. Informal trade has become a survival alternative for people who are unable to enter the formal labor market. Increasingly, as a result of technological modernization, few jobs are created, causing a significant number of people to receive very low wages, living from occasional activities. It is clear that labor is a force of the dynamics of capital, configuring itself in a form of labor selection that absorbs demand, excludes another, demonstrates the contradictions of the capitalist system and proves that informal labor is the result of a process that involves several conditions, mainly those of social, economic and educational order. In this research we seek to collect data from these workers who are in these public spaces, to understand what brought them to live from informality, or even if they had opportunity in formal work. We observed with the survey workers, that the itinerant mostly came from other cities, with the process of migration, looking for new opportunities in the urban centers of the city of Rondonópolis. Currently, employment has become increasingly scarce, which has significantly increased the numbers of unemployment, resulting in the increase of workers who live from informality, being unique or even complements their source of income. Keywords: Informal trade. Public place. Carreiros Square. Praça Brasil. Rondonópolis-MT.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da Praça dos Carreiros e da Praça Brasil .............................. 29

Figura 2: Feira livre na Praça dos Carreiros na década de 1970 .............................. 32

Figura 3: Localização da Praça dos Carreiros e ruas adjacentes ............................. 33

Figura 4: Localização da Praça Brasil e ruas adjacentes .......................................... 34

Figura 5: Local de moradia dos trabalhadores (Bairros) ........................................... 44

LISTA DE FOTOS

Foto 1: Praça dos Carreiros em destaque o carro de boi .......................................... 33

Foto 2: Praça Brasil ................................................................................................... 35

Foto 3: Os comércios informais na Praça dos Carreiros ........................................... 54

Foto 4: Os comércios informais na Praça Brasil ........................................................ 55

Foto 5: Os comércios informais na Praça Brasil ........................................................ 55

Foto 6: Os comércios informais na Praça Brasil ........................................................ 56

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Quantidade de pessoas que responderam o questionário ........................ 36

Gráfico 2: Faixa etária dos pesquisados ................................................................... 37

Gráfico 3: Naturalidade dos entrevistados ................................................................ 39

Gráfico 4: Estado civil ................................................................................................ 40

Gráfico 5: Possui algum dependente financeiro? ...................................................... 41

Gráfico 6: Quantidade de filhos ................................................................................. 42

Gráfico 7: Nível de escolaridade ............................................................................... 42

Gráfico 8: Possui residência própria .......................................................................... 43

Gráfico 9: Renda Fixa mensalmente ......................................................................... 44

Gráfico 10: Renda dos trabalhadores ........................................................................ 46

Gráfico 11: Já Trabalhou com Carteira de Trabalho Assinada .................................. 47

Gráfico 12: Tempo de trabalho no mercado informal ................................................ 48

Gráfico 13: Atualmente procura trabalho com carteira assinada ............................... 49

Gráfico 14: Possui ponto de comércio fixo ................................................................ 50

Gráfico 15: Você é cadastrado na prefeitura ............................................................. 51

Gráfico 16: Atualmente você contribui com o INSS ................................................... 52

Gráfico 17: Sabe quais são os benefícios de contribuir com o INSS? ...................... 53

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

1.1 Justificativa ...................................................................................................... 10

1.2 Problema .......................................................................................................... 10

1.3 Hipótese ........................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 12

2.1 Objetivo Geral: ................................................................................................. 12

2.2 Objetivos Específicos: ...................................................................................... 12

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 13

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 15

4.1 A Teoria dos Circuitos com base em Milton Santos ......................................... 15

4.1.1 Circuito Superior e Circuito Inferior: principais características ................... 16

4.2 O trabalho formal e informal ............................................................................. 18

4.2.1 Aspectos relevantes para o surgimento do circuito inferior no Brasil ......... 23

4.3 Os espaços públicos ........................................................................................ 26

4.4 Área de estudo ................................................................................................. 30

4.4.1 A Praça dos Carreiros ................................................................................... 30

5.3 A Praça Brasil .................................................................................................. 34

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................... 36

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57

7 REFERENCIAS ...................................................................................................... 59

APÊNDICE: QUESTIONÁRIO APLICADO................................................................ 63

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1 INTRODUÇÃO

A teoria dos dois circuitos da economia urbana foi apresentada por Milton

Santos na década de 1970, surgiu como uma nova proposta de leitura da

organização do espaço nos países subdesenvolvidos, sendo considerada uma

ferramenta subsidiária ao planejamento regional e urbano desses países.

Santos (1979) propôs uma análise espacial do meio urbano pautada nas

diferenças temporais de apropriação das técnicas pelos lugares e nas diferenças de

renda dos indivíduos. Sob a perspectiva da seletividade espacial, o autor sugeriu o

uso dos termos circuito superior e circuito inferior da economia para designar duas

realidades, distintas e complementares, que habitam o mesmo espaço-tempo.

Desta forma, compreendemos que as modernizações atuais são fruto do

sistema tecnológico. Nos países subdesenvolvidos a informação e o consumo

começam a se espalhar, por conseguinte, há uma revolução na forma de consumir

da população, o que conduz a novas formas de produção e de comércio. Em virtude

dessas modernizações poucos empregos são criados, fazendo com que um

significativo número de pessoas recebam salários muito baixos, vivendo de

atividades ocasionais. Surge, então, a divisão social entre aqueles que têm acesso

permanente aos bens e serviços oferecidos, e aqueles que têm as mesmas

necessidades, mas, não têm condições de satisfazê-las. Manifesta-se aí, os dois

circuitos na economia urbana: o circuito superior, moderno, monopolístico; e o

circuito inferior, não-moderno pobre (QUEIROZ, 2012).

Neste contexto podemos citar Rondonópolis, uma cidade do estado de Mato

Grosso, que apesar de ter um desenvolvido industrial muito acelerado nos últimos

anos, ainda em algumas localidades apresenta características do circuito inferior em

se tratando de economia. Partindo deste princípio esta pesquisa tem como foco

principal analisar o desenvolvimento econômico e dinâmico do circuito inferior

presente pelo trabalho informal nos espaços públicos da região central de

Rondonópolis, de forma mais precisa, o estudo compreende os espaços públicos da

Praça Brasil e Praça dos Carreiros.

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1.1 Justificativa

Entendemos que a Geografia é a ciência humana que estuda o espaço

geográfico bem como a sua composição, analisando a interação entre sociedade e

natureza. Na busca por representar os aspectos naturais, sociais, econômicos, sua

evolução tecnológica, para subsidiar os tomadores de decisão o que implica

diretamente na vida de todos os cidadãos.

Sendo assim, o despertar para esse estudo e o aprofundamento desta

temática vieram através do contato diário com esses trabalhadores no centro da

cidade de Rondonópolis-MT. Este estudo justifica-se ainda na condição de

apresentar à sociedade esclarecimentos sobre a informalidade nas praças centrais

do centro de Rondonópolis, com o intuito de compreender quais as condições de

trabalho destes trabalhadores informais.

1.2 Problema

A pesquisa propõe analisar a informalidade existente nas praças centrais de

Rondonópolis-MT, no que consistem suas mercadorias, os vendedores ambulantes,

vendedores de lanches etc. Para tanto, temos como questão identificar as diferentes

atividades econômicas existentes na área em estudo bem como traçar o perfil sócio

econômico desses trabalhadores.

Com relação aos problemas levantados, tecemos os seguintes

questionamentos que foram essenciais para a construção desta pesquisa, sendo

assim, a pesquisa propõe a seguinte problemática: quais os fatores que levaram

esses trabalhadores a serem informais? Em algum período, buscou-se formalizar e

atender as legislações do município? Quais os motivos de estarem instalados

nesses locais públicos? Que tipo de atividade econômica ocorre nos locais em

estudo?

1.3 Hipótese

Inicialmente temos como possíveis respostas aos questionamentos

levantados para realização dessa pesquisa, que o principal fator condicionante do

trabalho informal nas cidades está estritamente relacionado ao desemprego. E

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também relacionado à concentração desses trabalhadores nas praças centrais de

Rondonópolis-MT, é em consequência do grande fluxo de pessoas que transitam

nas proximidades desses espaços, pois a Praça Brasil está localizada na

proximidade de um grande número de agências bancárias da cidade, também está

localizadas nas suas proximidades 3 escolas públicas, além de outras lojas que

compõem o centro formal comercial.

Já na Praça dos Carreiros, além de todo o contexto histórico e cultural que

representa para Rondonópolis, também está localizada juntamente ao comércio

formal da cidade, está localizado o terminal do transporte público municipal, o que

atrai um grande fluxo de pessoas nessa localidade.

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2 OBJETIVOS

Este tópico apresenta os objetivos geral e específicos necessários para o

desenvolvimento do presente estudo.

2.1 Objetivo Geral:

Compreender as diferentes atividades econômicas que ocorrem nos

espaços públicos da região central de Rondonópolis-MT.

2.2 Objetivos Específicos:

- Conceituar o que é espaço público;

- Caracterizar o que é trabalho formal e informal;

- Identificar as diferentes atividades econômicas existentes na área em

estudo.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Entende-se a pesquisa científica como a concretização de um estudo bem

delineado cujo objetivo está em reconhecer cientificamente um ou mais aspectos de

determinado assunto, em virtude disso precisa ser realizada de maneira sistemática

seguindo métodos com bastante critério, já que o seu resultado deve contribuir para

o avanço do conhecimento humano.

Desta forma, Gil (2007, p. 17) explica que “a pesquisa é procedimento

racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas

que são propostos”. Portanto, neste processo há várias fases, desde a formulação

do problema até a apresentação e discussão dos resultados.

Para que o estudo seja concluído com sucesso é necessário seguir uma

metodologia. Sendo assim, na concepção de Fonseca (2002), a metodologia

consiste no estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se

realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Isto significa que,

originalmente, a metodologia pode significar o estudo dos instrumentos utilizados

para fazer uma pesquisa científica.

A metodologia deve representar a “espinha dorsal” de qualquer pesquisa. Qualquer que seja o caráter da pesquisa, essa deve apoiar-se em um tripé fundamental que se define: a) pelo domínio do conhecimento específico, teórico e conceitual; b) pelo domínio da metodologia a ser aplicada; c) pelo domínio das técnicas de apoio para operacionalização do trabalho (ROSS, 1990, p. 32).

Neste sentido pode-se afirmar que os critérios adotados para classificar o

tipo de pesquisa variam de acordo com a metodologia. Os interesses do

pesquisador, o enfoque dado ao estudo, o campo da pesquisa, enfim, cada objeto

de estudo conduzirá o pesquisador para uma modalidade de pesquisa específica.

Esta pesquisa tem caráter quali-quantitativo e busca compreender as

diferentes atividades econômicas que ocorrem nos espaços públicos da região

central de Rondonópolis-MT.

Para o desenvolvimento da pesquisa foi necessário seguir etapas de

construção com os seguintes procedimentos metodológicos;

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1ª Etapa: Inicialmente para um melhor embasamento teórico foi realizada

uma revisão bibliográfica em livros, artigos e publicações relacionados à área em

estudo com a finalidade de tecer os conceitos elementares para o trabalho.

2ª Etapa: Elaboração de mapa de localização utilizando o Software do

Google Earth, sendo identificados e destacados os espaços públicos objeto de

estudo dessa pesquisa;

3ª Etapa: Coleta de dados através da aplicação de questionário semi-

abertos, contendo perguntas abertas para que os pesquisados pudessem relatar

determinadas situações e também perguntas fechados com múltipla escolha,

composto de um conjunto de perguntas ordenadas de acordo com um critério

predeterminado, que foi respondido sem a presença do entrevistador para

posteriormente realizar a tabulação dos mesmos;

4ª Etapa: Durante a realização do trabalho de campo, também buscou-se

realizar o registro fotográfico da área de estudo, registrando o comércio que ocorre

nesses espaços públicos, bem como algumas fotografias de visão geral.

Os questionários foram aplicados em dois dias diferentes, na Praça dos

Carreiros ocorreu no dia 24 de agosto de 2018 e respectivamente no dia 25 de

agosto, recolhemos os questionários respondidos. Já na Praça Brasil, no dia 27 de

agosto deixamos os questionários com os comerciantes informais que estavam

presentes, e no dia 28 de agosto foram recolhidos.

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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 A Teoria dos Circuitos com base em Milton Santo s

A teoria dos dois circuitos da economia urbana foi apresentada por Milton

Santos na década de 1970, como uma nova proposta de leitura da organização do

espaço nos países do terceiro mundo, sendo considerada, uma ferramenta

subsidiária do planejamento regional e urbano desses países. Antes mesmo da

publicação do livro o autor já havia publicado muitos artigos na França em 1975. Foi

após essa data que a teoria se tornou amplamente conhecida. No mesmo ano a

obra foi publicada também em inglês sob o titulado “The Shaed Spance” e, em 1979,

traduzida e publicada em português sendo titulada “O Espaço Dividido”.

Na concepção de Santos (1979), os países subdivididos apresentam

características próprias, nada similares aos países desenvolvidos nem mesmo antes

de sua industrialização. Durante as décadas anteriores a publicação da obra “O

Espaço Dividido”, várias teorias foram produzidas por diferentes autores, a fim de

destacar o planejamento econômico, mas sem levar em consideração o trabalho

informal das cidades, assim encontrando barreiras de se explicar as teorias sobre os

planejamentos econômicos nos países subdivididos, por isso Milton Santos

considerou a necessidade de uma teoria do desenvolvimento para esses países, o

que resultou na formulação da teoria dos dois circuitos da economia.

Em sua teoria, a principal contribuição de Milton Santos foi à apresentação

de uma proposta de análise do espaço urbano pautado nas diferenças temporais de

apropriação das técnicas pelos chamados agentes produtivos, que segundo o autor

é baseado na tecnologia empregada pelas firmas de produção, comércio,

distribuição ou prestação de serviço. De acordo com o autor, os fatores tecnológicos

e organizacionais seriam os principais responsáveis pela dispersão do consumo e

concentração espacial da produção, o autor ressalva ainda quanto à dispersão do

consumo, já que nos países subdesenvolvidos as disparidades de renda é

comprometedora quanto à capacidade de consumo dos indivíduos.

Santos (1979. p, 15) nos remete “que o nível de renda também é função da

localização do indivíduo, o qual é determinante, por sua vez, a situação de cada um

como consumidor e como produtor”.

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Com efeito a essas diferenças de produção e de consumo quanto aos

lugares e camadas sociais, Milton Santos denomina esse contexto de seletividade

espacial no qual possui raízes na distribuição desigual da renda entre os indivíduos

da sociedade.

Sob a perspectiva da seletividade espacial, Milton Santos sugere o uso dos

termos circuito superior e circuito inferior da economia urbana para caracterizar duas

realidades distintas e ao mesmo tempo complementares, que habitam o mesmo

espaço-tempo. Dessa forma Santos (1979, p. 33) afirma que “cada circuito seria

definido em primeiro como sendo o conjunto das atividades realizadas em certo

contexto e em segundo pelo setor da população que se liga a ele essencialmente

pela atividade e pelo consumo”.

Quanto à produção, o circuito superior responderia pelas atividades que

envolvem capital intensivo e a organização burocrática das firmas, ao contrário do

circuito inferior que é o trabalho que passa a ser intensivo baseadas numa

organização primitiva das atividades, podendo se resumir da seguinte forma: “a

diferença fundamental entre o circuito superior e inferior está baseada nas

diferenças tecnológicas e organização” dos grandes agentes econômicos (SANTOS,

1979, p. 33).

4.1.1 Circuito Superior e Circuito Inferior: princi pais características

A análise da modernização pode-se constituir numa das melhores formas de

entender as relações temporais no espaço (SANTOS, 2004). As transformações no

espaço ocorrem devido às primeiras modernizações, quando o espaço entra no

sistema mundial, bem como devido aos impactos sucessivos de outras

modernizações. Neste contexto de transformações que resulta nas diferentes

situações de desenvolvimento.

O mundo tem passado por sucessivas e progressivas modernizações, e

cada período é caracterizado pela existência de um conjunto de ordem econômica,

social, política e moral, o que é um verdadeiro sistema, e cada um desse período

representa uma modernização (SANTOS, 2001).

“A cada modernização, o sistema tende a desdobrar sua nova energia para

os subsistemas subordinados. Isso representa uma pressão para que, nos

subsistemas antigos, haja também modernização” (SANTOS, 2001, p. 32).

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De acordo com Santos (1979), remete os países subdesenvolvidos a três

períodos de modernização, sendo o primeiro correspondendo ao fim do século XV e

se estendendo até a Revolução Industrial, fruto da modernização comercial; o

segundo período começa na metade do século XVIII e estende-se até o fim da

Segunda Guerra Mundial, fruto da modernização industrial. Por fim, temos o terceiro

momento o qual se inicia em meados do século XX e se estende até o presente,

fruto da modernização tecnológica, demonstrando a revolução do consumo e um

processo contraditório e desigual de industrialização dos países subdesenvolvidos

(QUEIROZ, 2012).

“As modernizações atuais são fruto do sistema tecnológico, comandadas

pelas firmas multinacionais, monopólios e oligopólios” (SANTOS, 2001, p. 32). A

informação e o consumo se difundem nos países subdesenvolvidos graças a

revolução tecnológica, as unidades de consumo tendem a serem maiores e

concentram-se economicamente e espacialmente, criando poucos empregos nos

países subdesenvolvido, fazendo com que um número significativo de pessoas

recebam salários muito baixos, vivendo de atividades aleatórias e ou segregadas.

Cria-se a divisão social entre aqueles que têm acesso permanente aos bens e

serviços oferecidos, e aqueles que têm as mesmas necessidades, mas, não têm

condições de satisfazê-los.

Nesse sentido surge à teoria dos dois circuitos na economia urbana, o

circuito superior e o circuito inferior, no sentido de explicar o funcionamento das

cidades a partir das relações entre os grupos sociais privilegiados e os menos

abastados dentro da sociedade de classes.

A teoria dos dois circuitos da economia urbana mostra que os dois circuitos

são subsistemas que compõem o sistema urbano dos países subdesenvolvidos.

Segundo Santos (2001 p. 22) “o circuito superior origina-se diretamente da

modernização tecnológica representando pelos bancos, comércios e indústrias de

exportação, indústria urbana moderna, serviços modernos, atacadistas e

transportadores”.

Desse modo, complementa ainda Santos (2001, p. 41) distinguindo o circuito

superior em atividades puras, impuras e mistas:

As atividades puras são aquelas especificas da cidade e do circuito superior como a indústria moderna, o comércio e os serviços modernos. As atividades impuras são aquelas que o interesse está fora da cidade como as

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indústrias de exportação, o comércio de exportação, e os bancos. As atividades mistas são aquelas que têm laços com o circuito superior e com o circuito inferior da economia urbana e regional, como os atacadistas e os transportadores.

O circuito inferior é formado por atividades de pequena dimensão voltadas

principalmente a população pobre e da produção de bens manufaturados de capital

não intensivo, constituída em grande parte de artesanato e também de toda uma

gama de serviços não modernos.

O circuito inferior ‘é igualmente um resultado da mesma modernização, mas um resultado indireto, que se dirige aos indivíduos que só́ se beneficiam parcialmente ou não se beneficiam dos processos técnicos recentes e das atividades a eles ligadas’ (SANTOS, 2011, p. 38).

O circuito inferior funciona através de diferentes fatores ligados entre si por

uma lógica que é ao mesmo tempo econômica, social e política.

4.2 O trabalho formal e informal

O trabalho, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é considerado

como fundamental para a ordem social, o que esclarece a importância de todas as

outras definições que possam existir. De acordo com Moraes (2004, p. 52):

[...] é através do trabalho que o homem garante sua subsistência e o crescimento do país, prevendo a Constituição em diversas passagens, a liberdade, respeito e a dignidade ao trabalhador. A garantia de proteção ao trabalho não engloba somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador, enquanto empreendedor do crescimento do país.

Deste modo, é importante ressaltar que foi através da evolução das relações

de trabalho que se chegou à atual relação empregatícia, passando-se pela transição

da escravidão a servidão, da servidão as corporações de ofício e destas para pós

revolução industrial, que se transformou na relação de emprego subordinado.

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no artigo 442,

define a relação de empregado e empregador como um contrato, mais afirma que

um contrato corresponde a uma relação de emprego, ou seja, a relação de emprego

é sempre uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é relação de

emprego. É notório que a definição e o valor atribuído ao trabalho vêm a ser

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específico, pois para cada grupo social por questões culturais, criam-se suas

próprias definições e impõe valores de acordo com seus princípios.

Para analisar as causas e a distribuição de renda das estratégias do

crescimento econômico, no ano de 1969 a Organização Internacional do Trabalho

(OIT) lançou o Programa Mundial do Emprego, sobre análise de sete fatores de

características próprias do trabalho informal.

[...] (1) pequena escala produção; (2) propriedade familiar; (3) dependência de recursos locais; (4) atividade intensiva do trabalho com tecnologia adaptada às condições locais; (5) qualificação profissional adquiridas fora do sistema escolar formal; (6) facilidade de ingresso (7) participação em mercados não regulamentados e competitivos pelo estado (CACCIAMALI, 2000, p. 46).

A informalidade pode ser encontrada nas ruas da cidade, local de trabalho

de um ambulante que vende sapatos, em um mercado onde um pai conta com a

ajuda de seus filhos, nas tarefas de um lar, ou mesmo que depende dos serviços de

uma diarista. O que diferencia o trabalhador com ou sem carteira de trabalho

assinada é a relação com o governo em termos de pagamento de impostos sobre a

folha de pagamento, em especial, a Previdência Social com arrecadação do INSS. A

partir disso, entende-se que os trabalhadores informais dependem do movimento do

mercado de trabalhadores regulamentados, ou seja, da renda dos trabalhadores

assalariados para sobreviverem.

Nomeadamente em situações de forte desemprego, de sub-emprego e de pobreza, a economia informal é uma fonte potencial de criação de empregos e de rendimentos, pelo fato de ter um acesso relativamente fácil, mesmo sem muita instrução ou qualificações, nem grandes meios técnicos ou financeiros (OIT, 2006, p. 8).

Nesse sentido para compreender o fenômeno da informalidade é preciso

recorrer a uma análise de suas causas e de seus efeitos, avaliando as principais

causas da informalidade e os seus respectivos efeitos, elegendo aqueles que podem

ser percebidos nos vários contextos, dentre eles político, econômico e social ao

redor do mundo, interligando a questão da economia informal com a promoção do

trabalho legalizado.

Do ponto de vista da OIT (2006) a economia informal advém muitas vezes

de questões concernentes ao social e a política, levando a um debate sobre as

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condições de trabalho, elevados custos de produção, alta carga tributária dentre

outros fatores. Essas condições podem ser compreendidas a partir do pensamento

de Singer (1996, p. 11):

No debate sobre trabalho informal, convém lembrar que ele – como quer que o chamemos: subemprego, desemprego disfarçado, estratégia de sobrevivência – é algo relativamente antigo, datando dos primórdios da Revolução Industrial. Marx, em O Capital (vol.1), denominou a quarta seção do capítulo 23 de ‘Diversas formas de existência da população relativamente excedente’. Por que relativamente excedente? Porque ela excede momentaneamente as necessidades do capital, ou seja, a procura por mão-de-obra das empresas. Mas ela de modo algum é excedente, no sentido de redundante, desnecessária à economia como um todo, inclusive ao modo de produção capitalista.

Neste aspecto, verifica-se que o trabalho formal passa a ser uma prática a

partir do momento que o desenvolvimento de uma sociedade industrial passa a ser

uma nova organização social, tomando uma dimensão revelando por meio da

expansão do capital, e da otimização da produção, sob uma racionalidade

capitalista. Contudo, não se pode deixar de dizer que mesmo com toda a demanda

de vagas de emprego, muitas pessoas ainda encontram-se desempregadas, por

infinidades de motivos, dentre eles podemos citar a baixa escolaridade e também

por não terem qualificação para atuar nas fábricas. Essa problemática criou um

excedente de pessoas desempregadas e que acabam migrando para o que se

denominou de mercado informal.

Todas essas questões se colocam como um dos principais fatores para o

surgimento do trabalho informal, isto porque se evidencia nesse cenário que a

procura por emprego está na ordem do dia. Assim, surge uma nova categoria: o

trabalhador informal, que também passou a ter valor de mercado, tendo em vista a

baixa qualificação e escolaridade dos trabalhadores até então no mercado. No

âmbito dessa discussão destaca-se o pensamento de Santos (2010, p. 24):

As relações de trabalho sofrem constantemente alterações ditadas pelo sistema capitalista. Novas descobertas científicas e tecnológicas impulsionam tendências, sendo responsáveis pelo surgimento de atividades que demandam especializações cada vez mais pontuais, bem como pela ruptura de muitos postos de trabalho, acelerando o desemprego e acirrando o processo de desigualdade nos níveis de renda, e, por consequência, nos padrões de vida. Essas transformações são responsáveis também pela implementação de novos conceitos, que buscam tratar das novidades que interferem no cotidiano das pessoas, na economia, na sociedade do conhecimento, na economia digital, entre outros.

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Fica claro que o trabalho é uma força da dinâmica do capital, configurando-

se em uma forma de seleção da mesma forma que absorve uma demanda, se exclui

outra, demonstrando as contradições do sistema capitalista e evidenciando que o

trabalho informal é resultado de um processo que abarca várias condições,

principalmente, as de ordem social, econômica e educacional. Considera-se que

para estar no mercado, o trabalhador formal precisa estar sintonizado com a mão de

obra altamente qualificada, como forma de estar preparado para as mudanças que

possam surgir, uma vez que com a chegada da industrialização surgiram novas

formas de trabalho.

Exigência essa que também deixou muitas pessoas fora do mercado,

levando-as a buscar outras formas de trabalho, mais especificamente o que se

denominou de trabalho informal. Daí a importância de se discutir essa dicotomia

entre setor formal e informal.

Souza (1982, p. 17) nos coloca a seguinte distinção entre setor formal e

setor informal, o que ajuda entender de forma mais clara o que vem a ser trabalho

formal:

A distinção do Setor Formal e Informal nessa interpretação, prende-se à forma de organização da produção e não apenas à tecnologia utilizada nos processos produtivos. As atividades informais para os autores ligados ao novo dualismo são modernas, criadas pelo próprio processo de desenvolvimento econômico. O padrão de desenvolvimento capitalista e as relações de dependência nos países economicamente atrasados criam desequilíbrio entre geração de empregos, crescimento da população urbana e educação.

Desse modo o trabalho informal perpassa pela questão de ter uma

estratégia de geração de emprego e renda, e pode ser uma oportunidade ou mesmo

uma necessidade para aqueles que não conseguiram um posto de trabalho no

mercado formal, fato que é resultado da necessidade humana no que concerne a

sua própria sobrevivência.

Pochmann (1999, p. 50-51) pontua de forma precisa essa dinâmica:

Podem-se discriminar, nos últimos 50 anos, dois momentos no comportamento geral do mercado de trabalho nas economias latino americanas. O primeiro ocorreu durante as três décadas subsequentes à Segunda Guerra Mundial, quando predominou a expansão do emprego assalariado, junto com mecanismos de proteção social e trabalhista (Estado

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de bem estar europeu). E, o segundo período vai do final da década de 70 aos dias de hoje, onde se tem um movimento geral de precarização do mercado de trabalho, ou seja, redução da capacidade de geração de novos empregos regulares e regulamentados, a destruição de parte das ocupações formais existentes, a diminuição do poder de compra dos salários e a ampliação do subemprego.

Todas essas questões são representativas quando se trata de compreender

em que contexto surge à informalidade, com destaque ainda o fato do trabalho

informal não gerar o pagamento de tributos ao governo, isto porque, deixa-se de

recolher impostos que deveriam ser pagos. Deste modo configura-se que a

informalidade também está relacionada às questões de ordem tributária, condição

essa explicitada no pensamento de Siqueira (2008, p. 20):

A explosão do mercado informal pode ser considerada um fenômeno típico das economias desequilibradas. A ineficiência do sistema estatal, caracterizado pela cobrança excessiva de impostos, pela burocracia e pela corrupção, faz com que a vida dentro das regras, através do pagamento correto de impostos e respeito aos direitos individuais e sociais do cidadão, torne-se inviável, estimulando-se, dessa maneira, o surgimento de sistemas alternativos que, apesar de burlarem a ordem jurídica, garantem condições sociais.

Nesse contexto fica evidenciado que a informalidade tem um viés que

comporta uma série de fatores, entre os quais estão os concernentes a arrecadação

de impostos, considerando-se a responsabilidade do Estado no que diz respeito à

cobrança do mesmo. De acordo com Paula (2009, p.12) considera-se que “esse tipo

de atividade surge a partir de um cenário em que se está buscando a consolidação

de um mercado tecnicamente qualificado quanto à mão de obra e com todo aval do

sistema tributário, tendo em vista o recolhimento de todos os impostos”.

Nessa perspectiva a informalidade mesmo que organizada fora dos padrões

legais, representa hoje uma parte do processo que sustenta muitas economias, além

de impedir que o caos se instale, tendo em vista o alto índice de desempregados

existentes, sem qualquer possibilidade de inserção no mercado de trabalho.

Os dados da PNAD 2014 indicam que do total de aproximadamente 21,2

milhões de trabalhadores por conta própria do país, 12,5% possuem o registro no

CNPJ e, simultaneamente, contribuem para a previdência social. Outros 21,1% ou

contribuem exclusivamente para a previdência (14,6%) ou possuem somente o

CNPJ (6,5%). Ou seja, um terço (33,6%) dos trabalhadores autônomos do Brasil se

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relacionam com instituições formais da previdência social ou têm seus negócios

registrados (NAGALES, 2017).

4.2.1 Aspectos relevantes para o surgimento do circ uito inferior no Brasil

Após a segunda metade do século XX, especificamente, por volta da década

de 1970, o mundo passou a viver uma nova realidade e um novo modo de produção

capitalista. De acordo com Santos (1994) esta nova configuração está baseada na

difusão da técnica e na expansão de um meio técnico científico informacional, que

segundo o autor estes são elementos que estruturam tanto o território quanto a

sociedade.

No Brasil, a existência do setor informal esteve associada a uma insuficiente,

ainda que dinâmica geração de emprego no setor formal. A existência do setor

informal foi também resultado do incremento da população em idade ativa resultante

do crescimento vegetativo e das migrações. Com a acentuada redução nas últimas

décadas do dinamismo econômico do setor formal em termos de geração de

emprego, especialmente do emprego industrial, a informalidade tornou-se uma

alternativa duradoura para muitos trabalhadores, sejam eles assalariados

desempregados do setor formal ou trabalhadores que fizeram sua inserção

ocupacional no setor informal, e daí têm poucas chances de sair.

Desta forma as mudanças começaram a acontecer, afetando principalmente

a população de países menos desenvolvidos como o Brasil. Conforme Cacciamali

(2004 apud MONTENEGRO, 2006) dentre as principais alterações impostas à

sociedade nos anos de 1980, destacam-se a expansão da privatização e a

desestruturação dos serviços sociais públicos, a privatização de empresas públicas

(setores como telefonia, energia elétrica, metalurgia, ferrovias etc.) e a

desregulamentação de mercados. Neste último aspecto, inserem-se as medidas no

sentido de acelerar a flexibilização e desregulamentação do mercado de trabalho

brasileiro.

Sendo assim, podemos destacar a desestabilização do mercado de trabalho

como sendo um dos fatores que contribuíram para haver mudanças no sistema da

economia urbana brasileira. Segundo Montenegro (2006, p. 22) “no final do século

XX, precisamente, nas duas últimas décadas, o mercado de trabalho brasileiro

passou por um processo de crescente desorganização institucional e aumento da

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inseguridade laboral”. Isto deriva de uma política econômica mais voltada para o

mercado internacional, ao invés, de estar centrada na geração de empregos e na

distribuição de renda.

Para Montenegro (2006, p. 23):

Esse novo modelo econômico de inserção internacional revela-se fortemente desfavorável ao emprego nacional. O aumento do desemprego no Brasil durante a década de 1990, especialmente a partir da segunda metade, assumiu proporções sem paralelos na história do país, atingindo valores próximos a 15% e 20% nas principais regiões metropolitanas do país.

Como pode-se notar, de acordo com a autora nos anos de 1990 as taxas de

desemprego aumentaram consideravelmente no Brasil.

Na concepção de Montenegro (2006) no final do século XX, o mercado de

trabalho brasileiro estava caracterizado da seguinte forma: forte redução do

emprego assalariado formal, aumento do número assalariado de vagas sem registro

e das ocupações não assalariadas, recuo da produção social e trabalhista,

precarização das condições e das relações de trabalho. A autora prossegue

afirmando que “esse cenário de precarização no mercado de trabalho está

diretamente atrelado ao processo do agravamento da pobreza que vem

acontecendo no país desde a década de 1980” (MONTENEGRO, 2006, p. 25).

Portanto, na atualidade, percebe-se que todo esse processo de globalização

gerado justamente pela fluidez da ciência, da técnica, da informação e da

racionalidade, traz algumas consequências negativas para a sociedade como o

aumento do desemprego, a precarização das relações de trabalho e a pobreza

estrutural.

Santos (2008) enfatiza que a pobreza é histórica e espacialmente

construída. Sobretudo, nos dias atuais, entende-se a pobreza como estrutural-

globalizada, ou seja, “uma produção científica da pobreza”. Hoje a pobreza é criada,

programada e administrada cientificamente.

De acordo com a autora, a princípio com a colonização européia, a pobreza

era gerada também por condições naturais, e como o homem explorava as

possibilidades da natureza, não se tratava de exclusão social. Em seguida, com a

mecanização do território, algumas cidades ganham um caráter regional porque

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criam uma área de influência a partir dos sistemas técnicos que aos poucos são

implantados, como ferrovias e portos.

Já a industrialização e a integração do território geram um forte processo de

urbanização que conduz a pobreza do campo para as cidades que, por sua vez,

produziram outro tipo de pobreza. Entretanto, é na década de 1970, com a expansão

dos meios de transporte e telecomunicações e a implantação dos projetos

agroexportadores que uma nova divisão territorial do trabalho é criada, na qual a

desigualdade regional e intra-urbana é ampliada em nome de uma nova inserção na

divisão internacional do trabalho. Enfim, conclui-se que toda essa modernização só

contribuiu para a diminuição da criação de empregos e o agravamento da pobreza

(SILVEIRA, 2005).

Na perspectiva de Santos (2012), as tendências de modernização

contemporânea vivida pelos países de Terceiro Mundo, limitam o número de

empregos, uma vez que nas indústrias tem sido investido capital intensivo, em razão

disso, empregos são gerados cada vez menos e, portanto, nas cidades de países

subdesenvolvidos o mercado de trabalho está se deteriorando, e uma alta

porcentagem de pessoas não tem emprego nem renda permanentes.

Santos (2012, p. 94) reforça que “as tendências da modernização

contemporânea, produtos do sistema tecnológico, são controladas pelo poder da

indústria em grande escala, basicamente representada pelas firmas multinacionais”.

Logo, no cenário econômico brasileiro temos por um lado uma massa

populacional com salários muito baixos, dependendo de trabalho ocasional para

viver, ao lado de uma minoria de altos salários, cria-se na sociedade urbana uma

distinção entre os que têm permanente acesso aos bens e serviços oferecidos e os

que, mesmo apresentando necessidades similares, não podem satisfazê-las. Isto

cria ao mesmo tempo as diferenças qualitativas e quantitativas do consumo. Estas

diferenças são, ambas, causa e efeito de existência, isto é, da criação ou

manutenção, nestas cidades, de dois sistemas de fluxo que afetam a fabricação, a

distribuição e o consumo de bens e serviços (SANTOS, 2012).

Afim de compreender melhor a reprodução da desigualdade na economia

urbana dos países mais pobres, geógrafos passaram a analisar as cidades através

de dois subsistemas da economia urbana: o circuito superior e o circuito inferior.

Neste sentido, entendemos que o tema dos dois circuitos da economia urbana

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aparece então como um verdadeiro e novo paradigma da Geografia Urbana e do

planejamento em países subdesenvolvidos.

Santos (2012) afirma que o circuito superior é o resultado direto da

modernização e diz respeito às atividades criadas para servir ao progresso da

tecnologia e a população que dele se beneficia. Enquanto que o circuito inferior é

também um resultado da modernização, porém, um resultado indireto, já que remete

àqueles indivíduos que se beneficiam parcialmente, ou absolutamente não se

beneficiam do recente progresso técnico e das vantagens a ele ligados.

Em se tratando de circuito inferior da economia, a princípio, é válido

entender que este sistema envolve todas as formas de trabalho que proporcionam

renda e que sejam desenvolvidas com capital reduzido e com baixo grau de

organização nas cidades. Para Montenegro (2006) o papel do circuito inferior muito

antes de ser o provedor de ocupações e de fornecedor de meios de sobrevivência, é

o de perpetuador da pobreza. O circuito inferior vem se consolidando enquanto

abrigo e fornecedor de renda para grande parte da população, ao mesmo passo que

se afirma como uma manifestação da pobreza estrutural do país.

4.3 Os espaços públicos

Com relação às definições sobre os espaços públicos, estes podem ser

configurados como espaço livre ou como uma edificação utilizada para questões

políticas e culturais, representando o local para cidadania. Contudo o espaço público

pode ser também privado tendo acesso restrito, sendo utilizado pela sociedade.

De acordo Lavalle (2005 apud TREVISAN, 2012, p. 1):

[...] três dimensões do ‘público’ correlacionados com seus adjetivos do mundo ‘privado’: 1. público versus privacidade, intimidade ou sociabilidade primária; 2. público versus propriedade ou interesse particular e 3. público versus não conquistado, de conhecimento particular ou restrito.

O espaço público também pode ser idealizado como o local de distintas

práticas sociais, tanto cultural ou quanto política, aproximando-se em parte das

concepções de espaço público do senso comum, ou seja, de controle social do

poder e acesso irrestrito.

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Vaz (1991 apud SANTANA, 2014) distingue os espaços públicos de três

formas: espaços livres, exemplos de vias públicas, praças e jardins (usos múltiplos);

espaços temporariamente livres (semi-especializados), como exemplos temos os

pontos nos centros comerciais, galeria e parques; e espaços controle de acesso

(especializado), exemplo de pontos comerciais, serviços e instituição.

No período tecnológico ao qual vivemos, vem se alterando cada vez mais os

espaços públicos criando-se novos cenários, modificando a estrutura social, a

economia e as suas particularidades de uso, permitindo identificar suas

funcionalidades, circulação, comunicação e produção, dando formação de um

espaço que influencia diretamente na sua territorialidade.

Segundo Santos (1996 apud TRESIAN, 2012, p. 1),

[...] o Espaço ‘é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá’. Santos complementa a definição de espaço ao dizer que ‘a configuração territorial, ou configuração geográfica, tem, pois uma existência material própria, mas sua existência social, isto é, sua existência real, somente lhe é dada pelo fato das relações sociais’.

De acordo com Narciso (2001) esse novo urbanismo, usualmente conhecido

como o urbanismo do espaço público, veio alterar as linhas orientadoras de

interferência do espaço público. Organizam-se, especialmente em torno dos

espaços formais, onde o processo cognitivo assume as linhas base de intervir.

Entretanto, o novo urbanismo vai admitir o acréscimo da densidade, o uso de suas

variadas formas tanto para comércio e residência deste espaço urbano vai se

modelando, alterando sua rugosidade, antes o que era para lazer passa a ser

espaço informal.

Entretanto, o espaço urbano vai se marginalizando, estas áreas onde há

uma grande vazão de pessoas que usam para lazer, vai lhe dando nova

funcionalidade para esse espaço. Os trabalhadores informais se apropriam do

espaço público como um local de trabalho, no entanto, o uso deste para fins

privados criam uma dicotomia e até mesmo conflitos internos entre os trabalhadores,

que competem por “pontos” de atuação. Imediatamente os que não se inserem no

mercado de trabalho formal ocupam o espaço público em busca de novas

oportunidades de emprego ou para evitar quaisquer conflitos familiares ocasionados

pelo desemprego (BARREIRA e STROH, 1984 apud KITANI, 2014).

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Portanto esses espaços públicos, como praças e parques, passam a exercer

uma nova estrutura fomentada pela população comerciante que começa a agir de

forma informal, esses espaços de lazer vão se marginalizando e se intensificando,

surgindo inseguranças sobre o espaço de lazer.

Dentre os diferentes tipos de espaço público, as praças podem não ser

consideradas como área verde quando não possuir vegetação em seu perímetro. A

praça como espaço público, compõe desde os seus primórdios, um referencial

urbano marcado pelo convívio social humano. As praças são importantes áreas

históricas e culturais urbanas, que divulgam a origem e o incremento de inúmeras

cidades, principalmente no Brasil (SANTANA, 2014).

Os processos espaciais podem ser centralização e área central; descentralização e os núcleos secundários; coesão e as áreas especializadas segregação e as áreas sociais, dinâmica espacial da segregação; inércia e as áreas cristalizadas (CORRÊA, 1991, p.37apud Santana 2014).

Na área central urbana das cidades, é onde ocorre a maior concentração

das atividades comerciais, o circuito superior e inferior da economia, de serviços, da

gestão pública e privada, e os terminais de transportes inter-regionais e intra-

urbanas. Essa área se destaca pela sua verticalização, são nas áreas centrais que

se concentram as praças mais antigas da cidade.

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Figura 1: Localização da Praça dos Carreiros e da P raça Brasil

Fonte: Google Earth (2018) Org.: GOES, Janaina Paula (2018)

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Atualmente temos uma visão que as praças foram perdidas a sua função

que originalmente foram feitas para propor a população um espaço de lazer, ou a

elas lhes conferiram uma função totalmente diferente da sua finalidade, então

passam a ser território de andarilho, hippie, trabalhadores informais (vendedores de

salgados, fruteiro, espetinhos etc...). Sendo assim, estes espaços público, Praça

Brasil e Praça dos Carreiros, localizadas no centro de Rondonópolis, vem perdendo

a identidade de ser um espaço de lazer para se tornar um espaço público comercial.

Conforme analisado nas praças centrais do município de Rondonópolis-MT

os vendedores que optaram pelo mercado informal nessas localidades estão

ocupando as calçadas das praças muitas das vezes obstruindo a passagem para os

pedestres.

4.4 Área de estudo

4.4.1 A Praça dos Carreiros

O espaço público nos últimos anos constitui-se em um ambiente onde a

atuação do capital, do poder público e de diversos grupos sociais organizados ou

não, impuseram controle sobre determinadas porções espaciais que determinam

novos usos às frações da cidade. Em Rondonópolis esse fato se manifesta em uma

série de lugares, sobressaindo-se dentre eles na área central, a Praça dos Carreiros.

A Praça dos Carreiros está localizada no quadrilátero central da cidade de

Rondonópolis com uma área de aproximadamente 10.000 m². Abordando o contexto

histórico dessa praça, Demamman (2011, p. 59) expõe que:

A praça nasceu de ‘uma propriedade particular’ e transformou-se em um ponto de encontro de pessoas, principalmente nos finais de semana, que vinham comprar produtos frescos que eram trazidos das pequenas roças dos agricultores e sitiantes.

Segundo Souza e Silva (2006, p. 33):

Em 1949, não havia ainda uma divisão rural e urbana da cidade, existia somente a Avenida Marechal Rondon em que se desenvolvia o comércio, o restante dos moradores vivia ainda com costumes rurais, isto é, com a criação de porcos, galinhas, vacas etc. espalhados pela cidade, sem se preocuparem com o desenvolvimento urbano do lugarejo. Domingos de Lima, a primeira pessoa a se preocupar com a habitação desordenada que

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vinha ocorrendo na época, fez uma demarcação geral, e subdividiu em quadras a cidade, e para isso foi necessário demolir várias casas que se situavam entre a Avenida Marechal Rondon e a Rua Rio Branco.

No ano de 1980, o quadrilátero da praça, após projeto do poder municipal,

passou a assumir novas funções, como terminal do transporte coletivo local, e

adequação aos modelos de praças comumente encontrados pelo país, após a

conversão do terreno baldio em um espaço urbanizado.

A Praça da Bandeira, atual Praça dos Carreiros, segundo Carmo (2005, p.

172) “levou esse nome em razão da convergência ali dos carros de boi que

chegavam à cidade” e foi inaugurada em homenagem aos carreiros no ano de 1982

na gestão do prefeito Valter de Souza Ulisséia. A praça por estar em um ponto

central se tornou um dos mais belos lugares da cidade, por sua beleza paisagística,

possui espelho d’água, e local destinado ao hasteamento da bandeira.

Após todas as controvérsias para as referidas mudanças que pretendia

Domingos de Lima, a Praça dos Carreiros era um terreno grande e baldio e ficaria

isolado, sendo assim, serviu como ponto de referência para a divisão urbana e

suburbana a partir desta, contava-se área urbana.

E, a partir de 1950 de acordo com a declaração da Senhora Maria Oliveira Chaminski, na Praça dos Carreiros (como já era chamado pelos antigos moradores), iniciava-se um grande centro de comercialização, onde a compra e venda foi bastante explorada (SOUZA; SILVA, 2006, p. 33).

Assim na gestão do prefeito Dr. Castilho, foram construídas várias barracas

de madeira, com a intenção de organizar uma futura feira (Figura 2), mas a mesma

acabou tornando-se uma favela, pois os feirantes passaram a utilizar a barracas

como moradia, assim essas barracas foram demolidas. A partir daí, a praça passou

a ser ponto de caminhões de frete e vendedores que se organizavam em carreiras,

daí o nome da praça, Praça dos Carreiros, devido esses vendedores que se

organizavam em carreiras (SANTANA, 2013).

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Figura 2 : Feira livre na Praça dos Carreiros na década de 1 970

Fonte: NDHOC –

Na Figura 2 podemos observar feirantes na Praça dos Carreiros vendendo

seus produtos. O restante do

parques e circos que vinham para a cidade. Também servia de estacionamento para

cavalos, carroças e carros de bois, que eram alojado

O carro de boi representa um po

quando os comerciantes traziam as mercadorias para serem vendidas na

os carros de boi.

A Praça dos Carreiros foi um local tradicional de encontro da comunidade desde o período da fundação do povoado. No locarros de bois que prestavam o serviço de transporte da época. Por um longo período o espaço era ocupado para a realizaçãoRondonópolis (DEMAMANN, 2011, p.

A área onde se localiza a Praça dos Carreiros já exist

1950, conforme destacado por Demamann (2011), a cidade de Rondonópolis se

desenvolveu em sua proximidade, e ela era utilizada como ponto de comércio. E

também como especulação imobiliária.

A Praça dos Carreiros, local privilegiado, inparticular de um sitiante de origem suburbana. Devido sua localização estratégica, transformouprincipalmente no final de semana, que vinha comprar produtos frescos que

: Feira livre na Praça dos Carreiros na década de 1 970

– Depto. História UFMT/CUR apud Santana 2014

Na Figura 2 podemos observar feirantes na Praça dos Carreiros vendendo

restante do terreno era o espaço livre, destinado a receber

parques e circos que vinham para a cidade. Também servia de estacionamento para

cavalos, carroças e carros de bois, que eram alojados embaixo de um pé de figueira.

oi representa um pouco da história da Praça dos Carreiros,

quando os comerciantes traziam as mercadorias para serem vendidas na

A Praça dos Carreiros foi um local tradicional de encontro da comunidade desde o período da fundação do povoado. No locarros de bois que prestavam o serviço de transporte da época. Por um longo período o espaço era ocupado para a realizaçãoRondonópolis (DEMAMANN, 2011, p. 60).

A área onde se localiza a Praça dos Carreiros já existia desde a década de

1950, conforme destacado por Demamann (2011), a cidade de Rondonópolis se

desenvolveu em sua proximidade, e ela era utilizada como ponto de comércio. E

também como especulação imobiliária.

A Praça dos Carreiros, local privilegiado, integrava uma propriedade particular de um sitiante de origem suburbana. Devido sua localização estratégica, transformou-se em ponto de encontro de pessoas, principalmente no final de semana, que vinha comprar produtos frescos que

32

: Feira livre na Praça dos Carreiros na década de 1 970

História UFMT/CUR apud Santana 2014

Na Figura 2 podemos observar feirantes na Praça dos Carreiros vendendo

terreno era o espaço livre, destinado a receber

parques e circos que vinham para a cidade. Também servia de estacionamento para

s embaixo de um pé de figueira.

uco da história da Praça dos Carreiros,

quando os comerciantes traziam as mercadorias para serem vendidas na praça com

A Praça dos Carreiros foi um local tradicional de encontro da comunidade desde o período da fundação do povoado. No local se contratavam os carros de bois que prestavam o serviço de transporte da época. Por um longo período o espaço era ocupado para a realização da feira livre de

ia desde a década de

1950, conforme destacado por Demamann (2011), a cidade de Rondonópolis se

desenvolveu em sua proximidade, e ela era utilizada como ponto de comércio. E

tegrava uma propriedade particular de um sitiante de origem suburbana. Devido sua localização

se em ponto de encontro de pessoas, principalmente no final de semana, que vinha comprar produtos frescos que

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eram trazidos das pequenas roças dos agricultores e sitiantes. A Praça dos Carreiros, inicialmente uma propriedade particular, por ocupar uma localização estratégica e condições ambientais favoráveis, com uma frondosa figueira, que abrigava os carreiros que vinham para a cidade e a usavam para descansar [...] (DEMAMANN, 2011, p. 59).

Do início da construção aos dias de atuais, podemos ver a situação da Praça

dos Carreiros em seus diversos momentos históricos, e ao analisar a historicidade

desse local entende-se qual a sua importância para os comerciantes que ali se

encontram, haja visto, que as atividade comerciais nesse espaço ocorrem desde a

sua fundação.

Figura 3: Localização da Praça dos Carreiros e ruas adjacentes

Fonte: Google Earth (2018) Org.: GOES, Janaina Paula (2018)

Foto 1: Praça dos Carreiros em destaque o carro de boi

Fonte: GOES, Janaina Paula (2018)

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O espaço perdeu sua identidade e não tem mais a importância que já teve

em outros tempos, servindo para abrigar moradores de rua. Até mesmo o carro de

boi que foi um dos símbolos principais da época em que a praça abrigava os

carreiros na sombra de suas árvores foi substituído por um boi perdendo a

originalidade de sua história. O processo de degradação da praça é o resultado do

abandono por parte da prefeitura e do descaso da população, devido o atual estado

da praça impregnada de buracos, mato e lixo por toda a parte.

5.3 A Praça Brasil

A Praça Brasil está situada na região central da cidade, entre as ruas

Fernando Corrêa da Costa e Arnaldo Estevam, e avenidas Cuiabá e Amazonas.

Nas suas proximidades localiza-se a Escola Estadual Major Otávio Pitaluga

e a Escola Estadual Alfredo Marien, além da Agência dos Correios e uma grande

quantidade de agências bancárias da cidade. A praça ocupa uma área de 10.000

m². Nesse espaço, no passado era um campo de futebol e também local para festa

de Corpus Christi. Esse espaço foi destinado á praça na gestão do segundo prefeito

da cidade, o Dr. Luthero Lopes (SOUZA; SILVA, 2006 apud SANTANA, 2014).

Figura 4: Localização da Praça Brasil e ruas adjace ntes

Fonte: Google Earth (2018) Org.: GOES, Janaina Paula (2018)

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Santana (2014) destaca que a Praça Brasil é palco de inúmeros eventos

promovidos pelo Poder Público, além disso, como dito anteriormente, está localizada

em uma região da cidade que podemos caracterizá-la como o centro financeiro de

Rondonópolis.

Foto 2: Praça Brasil

Fonte: GOES, Janaina Paula (2018)

Na área verde da Praça Brasil, é importante ressaltar que é um ambiente

bem arborizado e arejado, com árvores de grande porte, arbustos e gramíneas.

Expõe com uma grande diversidade de espécies: chuva de ouro, flamboyant,

palmeiras entre outras.

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5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa estudou os espaços públicos nas áreas centrais de

Rondonópolis, especificamente a Praça dos Carreiros e Praça Brasil, dentre as

características que merece destaque relacionado a esses locais, foi observada a

existência de uma grande concentração de trabalhadores ambulantes, no seu

entorno se localizam um grande número de estabelecimentos comerciais e grande

fluxo de pessoas que transitam nesses locais.

Essas características vem a propiciar a constituição de um mercado

consumidor para as atividades informais, que se originam e permanecem paralelas

ao desenvolvimento das atividades formais. O resultado dessa pesquisa está

calcado nas coletas de dados realizada através de entrevista com trabalhadores

localizados na área de estudo.

Entre os trabalhadores que foram entrevistados, tanto homens quanto

mulheres, 67% se dispuseram a responder o questionário e 33% negou-se a

responder (Gráfico 1 ).

Gráfico 1: Quantidade de pessoas que responderam o questionário

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Dentre esses trabalhadores que não responderam a pesquisa, observamos

que eles demonstravam certa insegurança, desde a minha presença naquele

espaço, também quanto à finalidade ou mesmo a curiosidade como alguns

Sim

67%

Não

33%

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responderam em estar realizando o questionário. Haja visto, que muitos desses

trabalhadores ocupam esses espaços de maneira irregular, e temiam que poderia

ser alguma pessoa relacionada à fiscalização da Prefeitura de Rondonópolis ou

mesmo da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (SEFAZ-MT).

Em análise aos questionários respondidos, buscou-se saber a faixa etária

desses trabalhadores, onde 50% responderam que possuem mais de 51 anos de

idade, nessa faixa etária, é bastante relevante destacar, que um dos entrevistados

possui 75 anos de idade. Já outros 30% dos pesquisados, estão entre os 31 a 40

anos. Sendo assim, se analisarmos e fizermos a soma apenas das duas últimas

faixas etárias, 80% dos trabalhadores pesquisados possuem idade superior aos 41

anos (Gráfico 2 ).

Gráfico 2: Faixa etária dos pesquisados

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Também vale ressaltar, ao analisar a última faixa etária que corresponde a

50% dos trabalhadores, confirmamos o que muitos autores já afirmam, sobre a

desigualdade acompanhado de um forte preconceito por parte do mercado de

trabalho formal, que por conta do grau de competitividade e também a exigência de

uma qualificação maior, o que sobremaneira ocasiona um intenso processo de

exclusão que afeta principalmente essa faixa etária.

Nesse contexto, Teixeira (2008) afirma que o processo produtivo acarreta

para o idoso a desvalorização de sua mão obra, o qual muitas vezes é rejeitado até

10%0%

30%

10%

50%

Até 20

31 a 40

41 a 50

51 ou mais

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mesmo para fins de exploração no mercado de trabalho, por não estar preparado

suficientemente para lhe dar com as novas demandas do capital que acima de tudo

almeja se expandir e garantir sua lucratividade.

Essa lógica ocasiona sérios prejuízos para o trabalhador que envelhece,

pois de acordo com Teixeira (2009, p. 163):

[...] a população que chega a alcançar idade mais elevada encontra dificuldades de se adaptar às condições de vida atuais, pois além das dificuldades físicas, psíquicas, sociais e culturais decorrentes do envelhecimento, sente-se relegada ao plano secundário no mercado trabalho, no seio da família e na sociedade em geral.

Para o capital, o idoso já está de certa maneira eximido de capacidade

suficiente para produzir e gerar lucro, o que tende a excluí-lo do mercado de

trabalho formal e inserindo-os a desenvolver atividades informais, colocando-os em

uma condição precária, uma vez que para o idoso essa situação de exclusão vai

representar a perda um papel social, sentindo-se desvalorizado e inútil perante a

sociedade, e isso vai intervir no seu modo e na sua condição de vida.

Inicialmente imaginávamos que teríamos muitos estrangeiros trabalhando no

local, devido à grande migração de pessoas de outros países para Rondonópolis

nos últimos anos, o que não se mostrou como resultado do trabalho de campo, e

sim, que todos os trabalhadores são de nacionalidade brasileira. Foi possível

observar que 40% dos entrevistados são do estado de Mato Grosso, como exemplos

podemos citar as cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Alto Araguaia e Rondonópolis

(Gráfico 3 ).

Verifica-se que muitas dessas pessoas vieram do estado de Minas Gerais,

cerca de 30%, destacando as cidades de Alfena, Campo Belo, Ituiutaba e outras. O

restante dos entrevistados, vieram da região nordeste do país, respectivamente 10%

de cada um desses estados (Alagoas, Maranhão e Sergipe).

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Gráfico 3: Naturalidade dos entrevistados

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Vale ressaltar que grande parte desses trabalhadores não são mato-

grossenses, como explicação para essa situação, podemos citar que devido não

encontrarem trabalho nas suas cidades de origem, buscam através do processo de

migração novas de oportunidades de emprego. Inicialmente eles saem de suas

cidades de origem em busca de um emprego formal, mas quando chegam nessas

novas localidades, se deparam com outras realidades, ou seja, não havendo

quantidade de empregos que venha a suprir essa demanda de migrantes, esses

trabalhadores buscam uma outra fonte de renda para sua sobrevivência, no

mercado informal, ou mesmo através do seu próprio negócio.

Na pesquisa de campo, também questionamos o estado civil dos

trabalhadores pesquisados, 50% deles responderam que são casados, e 30% são

solteiros (Gráfico 4 ).

40%

30%

10%

10%

10%

MT

MG

AL

MA

SE

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40

Gráfico 4: Estado civil

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

A explicação por fazer esse questionamento, é que grande parte dos

trabalhadores atuante na área em estudo, os 50% que são casados, utilizam da

atividade informal como meio de sustentarem ou manterem suas famílias. Essa

realidade também pode ser direcionada aos outros grupos.

Sendo assim, também foi questionado se essas pessoas que participaram

da pesquisa de campo, possuem dependentes financeiros. Como resultado,

verificamos que 50% dessas pessoas possuem algum dependente financeiro

(Gráfico 5 ).

30%

50%

20%

Solteiro

Casado

Outros

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Gráfico 5: Possui algum dependente financeiro?

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Destaca-se nessa questão relacionado aos dependentes financeiros, que

levou-se em consideração apenas os filhos como dependentes do mesmo, ou seja,

não pensou-se a esposa como dependente, pois senão teríamos que somar a renda

dela juntamente com a do pesquisado, sendo que o objetivo da pergunta, era

sabermos a importância dessa renda para a família.

Nessa mesma perspectiva, levantou-se dados com relação ao número de

filhos que são dependentes financeiros dos pesquisados, onde 30% desses

responderam que possuem 4 ou mais filhos que moram na mesma residência e

dependem financeiramente. Outros 30%, possuem 3 filhos, e respectivamente com

10% possuem 1 e 2 filhos. Já 20% não tem filhos (Gráfico 6 ).

50%50%Sim

Não

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Gráfico 6: Quantidade de filhos

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Com relação à escolaridade, 40% dos entrevistados não concluíram o

ensino fundamental, outros 40% também não concluíram o ensino médio. E

respectivamente com 10%, tem superior incompleto e superior completo (Gráfico 7 ).

Gráfico 7: Nível de escolaridade

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Nesse sentido, de uma maneira geral, podemos ter como possível

explicação para a grande quantidade de trabalhadores informais no país, o baixo

20%

10%

10%

30%

30% Não tem

1 Filho

2 Filhos

3 Filhos

4 Filhos ou mais

40%

0%

40%

0%

10%

10%

Fund. Incompleto

Médio Incompleto

Superior Incompleto

Superior

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nível de escolaridade, que acarretaria no sentido que o mercado de trabalho cada

vez mais busca mão de obra qualificada. Dentre os principais motivos destacados

por essas pessoas que participaram da pesquisa, relataram que quando crianças

não tiveram a oportunidade de estudar, muitas delas apenas fizeram as primeiras

séries iniciais, ou seja, apenas se alfabetizaram.

Com o objetivo de obter informações relacionadas à situação sócio

econômicas desses trabalhadores, também foi perguntado se possuem residência

própria, onde 60% desses responderam que sim, os outros 40% estão na condição

de casas alugadas ou de favor, ou seja, cedidas de forma gratuita por um parente ou

amigo (Gráfico 8 ).

Gráfico 8: Possui residência própria

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Relacionado a esse questionamento, um dos motivos que dificultaram a

nossa análise foi devido aos trabalhadores que são viajantes, que apenas passam

pela cidade. Na grande maioria, são os trabalhadores ligados a atividade do

artesanato, bastante comum na Praça do Brasil onde expõem seus trabalhos. Na

figura 5, destacamos os bairros que esses trabalhadores residem e se deslocam

diariamente para trabalhar.

60%

40%

Sim

Não

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Figura 5: Local de moradia dos trabalhadores (Bairr os)

Fonte: Google Eart (2018) Org.: GOES (2018)

O Gráfico 9, apresenta dados referentes aos trabalhadores que possuem

alguma renda fixa, ou seja, além da renda obtida através da atividade informal, se

ele possuem alguma renda extra. Como resultado, verificamos que 70% dos

trabalhadores informais não possuem renda fixa, sobrevivem apenas da venda de

seus produtos no dia a dia, não tendo nenhuma estabilidade financeira.

Gráfico 9: Renda Fixa mensalmente

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

30%

70%

Sim

Não

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Vale destacar que 30% desses trabalhadores responderam que possuem

renda fixa, que pode ser explicado se fizermos a relação com o gráfico 2, quando

questionados com relação a faixa etária, que 50% responderam que possuem 51

anos ou mais de idade, que explicaria a renda fixa dessas pessoas relacionados ao

contexto da aposentadoria por idade ou mesmo por tempo de contribuição. Alguns

desses trabalhadores, também relataram que possuem algum imóvel de aluguel, e

que a atividade informal é apenas um complemento de renda.

Ainda nesse contexto relacionado a renda (Gráfico 10 ), também foi

questionado a renda média mensal desses trabalhadores, onde 60% enquadram-se

na categoria de até 1 salário mínimo (cerca de R$ 954,00 vigente ao ano de 2018).

Outros 30%, responderam que ganham em média de 1 a 3 salários mínimos, e

somente 10% dos trabalhadores informais ganham 4 ou mais salários mínimos,

nessa última faixa, podemos concluir que está relacionado aos trabalhadores que

utilizam a atividade informal apenas como complemente de renda, haja visto que

este possui uma renda fixa.

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Gráfico 10: Renda dos trabalhadores

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Dentre os motivos que esses trabalhadores obtém uma renda inferior a um

salário mínimo, está diretamente relacionada às condições de trabalho, pois nesses

espaços contemplados pelo estudo, não possuem as mínimas condições de

infraestrutura, são espaços inadequados, falta de investimento em produtos ou

mesmo falta de capital de giro, problemas relacionados a logística, tecnologias

através de acesso a bancos, de uma maneira geral falta apoio do Poder Público.

Como forma de caracterizar a realidade presente desses trabalhadores,

também foi questionado se os mesmos já trabalharam com carteira de trabalho

assinado (trabalho formal), onde 70% afirmaram que já trabalharam. Já para 30%

desses trabalhadores, relataram que nunca trabalharam com carteira de trabalho

assinada, e destacaram a falta de oportunidade no mercado, buscando assim

alternativas no mercado informal. Em alguns casos, foi relatado que o comércio

informal já fazia parte da realidade familiar, sendo passado de pai para filho.

60%

30%

10%

Até 1 Salário

1 a 3 Salário

4 Salário ou mais

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Gráfico 11: Já Trabalhou com Carteira de Trabalho A ssinada

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

É importante destacar que nos últimos três anos (2015, 2016, 2017), o Brasil

tem passado por um processo de crise econômica, o que tem acarretado o aumento

dos números de pessoas desempregadas no país. A partir desse fato, podemos

também fazer a relação com o aumento da informalidade ou mesmo a quantidade de

trabalhadores por conta própria. Podemos observa nos últimos anos de 2012, o trabalho

por conta própria envolvia 20,61 milhões de pessoas, já 2017, passou para 22,7 milhões -

ou 25% do total de trabalhadores, de acordo com o IBGE.

O próximo questionamento foi relacionado a quanto tempo que esses

trabalhadores estão na condição de informais, 60% nos responderam que tem mais de

4 anos que exerce esta atividade no mercado informal, os outros 40% tem de 1a 3

anos na informalidade como apresentado Gráfico 12.

70%

30%

Sim

Não

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Gráfico 12: Tempo de trabalho no mercado informal

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Ao analisar os resultados do Gráfico 12, muitos desses trabalhadores já tem

muito tempo na informalidade, onde destacaram que buscaram este mercado

informal como alternativa ao desemprego e acabaram gostando dessa forma de

trabalho, devido aos mesmos poderem trabalhar e fazer os horários que querem,

como destacaram, serem seus próprios patrões.

A principal vantagem do trabalho informal é o fato de o mesmo ser uma

forma que as pessoas têm de obter rendimentos. Ao mesmo tempo, a possibilidade

de obter uma renda melhor e o fato de poder gerir o tempo são outros proveitos

tirados dessa forma de trabalho. Dentre as desvantagens, o maior prejuízo é a

inexistência de renda fixa, sendo esse o principal fator que resulta na falta de acesso

a créditos e financiamentos, e também a não contribuição com o INSS, que em caso

de doença ou mesmo de alguma invalidez, esse trabalhador estaria segurado por

uma renda.

Nesse sentido o Gráfico 13 apresenta que 90% dos trabalhadores informais

que se encontram na área em estudo, querem permanecer na informalidade não

almejando a empregabilidade, tendo a vantagem de negociar livremente, a

flexibilidade de horário nas relações de trabalho obrigando a serem os seus próprios

patrões, uma vez que sua renda é subordinada ao ritmo de trabalho traçados pelos

mesmos, considerando essa forma de trabalho como alternativa à não submissão à

figura do patrão, representando a exploração de uma classe sobre a outra.

40%

60%

1 a 3 Anos

4 Anos ou mais

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Entretanto, os outros 10% responderam que procuram trabalho na

modalidade do mercado formal, em busca de estabilidade e direitos garantidos pela

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo acesso aos benefícios da

previdência social.

Gráfico 13: Atualmente procura trabalho com carteir a assinada

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Os espaços públicos com enfoque para as praças e calçadas, são os

ambientes mais utilizados para localização dos ambulantes/camelôs, uma vez que

estes são lugares privilegiados na área central, que possibilitam uma grande

circulação diária de pessoas, e consequentemente, vem a fortalecer essa

modalidade de comércio.

Os espaços públicos em questão passam a ter valor de mercadoria, pois os

mercadores ambulantes, apropriam-se privadamente desses lugares, por não terem

nenhum custo de localização, não pagarem aluguel e nem impostos, utilizando-o

assim, para comércio informal. A rua, enquanto um espaço público assume papel

multifuncional, pois de acordo com os diferentes períodos do dia, apresenta funções

diferenciadas para os diferentes usuários desses logradouros.

Por ser atividade econômica característica de rua, a localização do comércio

e serviços ambulantes, depende exclusivamente do espaço público, como os

logradouros e as vias. Dentre as formas exercidas dessa atividade pelos

ambulantes/camelôs, predominam três tipos de pontos: 1) ponto móvel (efetivo),

10%

90%

Sim

Não

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50

com equipamentos (barracas e pequenas bancas) desmontáveis ou veículos

automotores; 2) ponto em circulação, com carrinhos de mão, tabuleiros e demais

suportes de apoio que sirvam para expor suas mercadorias; e 3) ponto fixo, ou seja,

barracas não removíveis.

Nesse sentido o Gráfico 14 retrata que 70% dos trabalhadores informais

pesquisados, são da modalidade não fixa no local, havendo uma rotatividade do

comércio informal. Todavia, outros 30% tem como local as praças centrais de

Rondonópolis, na modalidade fixa, devido ao grande fluxo de pessoas que passam

nessas praças. Nas proximidades da Praça Brasil, estão localizados os bancos e o

comércio central da cidade Rondonópolis que utiliza horário do comércio para

atender aquele trabalhador formal e as populações locais vizinhas.

Gráfico 14: Possui ponto de comércio fixo

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

A presença desses vendedores do mercado informal nas praças não pode

ser desprezada pelo poder público local. A relação entre os camelôs e os

comerciantes, requer especial atenção quando o mercado de ambulantes não está

regulamentado. A Prefeitura Municipal deveria ser atenta para a desfiguração do

espaço público que a presença de ambulantes de maneira não organizada pode

proporcionar, barracas em espaços públicos nos lugares destinados a função da

convivência social ou próximas a monumentos públicos. Tudo isso pode causar o

estranhamento do cidadão em relação a esses espaços e, em seguida, o

30%

70%

Sim

Não

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51

rompimento afetivo do morador com a sua própria cidade. Isso também deve ser

uma preocupação da Poder Público.

Nesse sentido, 60 % dos trabalhadores informais da área em estudo não

estão cadastrados na prefeitura. Dentre os motivos que relatam a sua não

regulamentação, além dos custos atribuídos, também relatam a burocracia dos

órgãos públicos, tanto na esfera municipal como estadual. Os outros 40% dos

trabalhadores são cadastrados. Estes já utilizam esses espaço a vários anos, muitos

desses na modalidade de comércio móvel. Ao final do dia recolhem suas barracas,

como exemplo temos o comércio de espetinho, caldo de cana, barracas de

cosméticos (Gráfico 15).

Gráfico 15: Você é cadastrado na prefeitura

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

Na modalidade dos trabalhadores formalizados, muitos desses relataram

que são Micro Empreendedores Individuais (MEI), ou seja, possuem um empresa

aberta, que nela recolhem os diversos tributos em uma única guia. O Governo

Federal ao observar a quantidade de trabalhadores informais no país, criou essa

modalidade de empresa com o objetivo de estar recolhendo uma pequena

contribuição desse grande número de trabalhadores, haja visto, que as burocracias

e exigência são menores do que em uma empresa comum.

Desse ponto, torna-se importante destacar a pesquisa realizada pelo Serviço

Brasileiro de Apoio as Pequenas Empresas (SEBRAE), houve um crescimento no

40%

60%

Sim

Não

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52

número de empresas em 29% no ano de 2014 e no ano de 2015, esse crescimento

totalizou 43% somente nesse ano.

Apesar da situação não legalizada desses trabalhadores na prefeitura, isso

não torna-se um fator impeditivo para que os mesmos contribuam com o INSS de

maneira espontânea, através do pagamento do carnê de forma mensal, sendo

assim, o Gráfico 16 a seguir nos informa que 50% dos trabalhadores informais

realizam essa contribuição para INSS, objetivando atender as especificações em

busca da aposentadoria. Já os outros 50% não contribuem, relatam a falta de apoio

dos órgãos públicos através de incentivos, ou mesmo, devido a condição instável de

trabalho.

Gráfico 16: Atualmente você contribui com o INSS

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

A partir das informações relatadas, foi proposto no questionário se esses

trabalhadores sabem dos benefícios de contribuírem com o recolhimento do INSS de

forma mensal (Gráfico 17 ).

50%50%Sim

Não

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Gráfico 17: Sabe quais são os benefícios de contrib uir com o INSS?

Fonte: Trabalho de Campo (2018)

A partir da análise do gráfico 17, 80% desses trabalhadores relataram que

sabem dos benefícios adquiridos a partir da contribuição. Muitos relataram que os

benefícios estariam apenas em se aposentar, não mencionando outros benefícios

previstos, como o auxílio doença, que ajuda o trabalhador quando ele se encontra

impossibilitado de realizar suas atividades laborais por conta de uma doença,

protegendo o cidadão em horas de dificuldades.

Já para 20% desses trabalhadores, relataram que não têm esclarecimento

dessas vantagens, porém muitas vezes eles não têm rendimentos suficientes para

estarem recolhendo esses tributos, que acabaria comprometendo o próprio sustento

familiar.

Para atender aos objetivos propostos, também levantamos os tipos de

atividades comerciais que foram encontradas na área de estudo.

Na pesquisa de campo podemos observar a grande quantidade de

trabalhadores, com diversos tipos de comércio, a maioria na prestação de serviços

voltados para o ramo alimentício, como barracas de suco, salgados, carrinhos de

espetinhos e tapiocas. Devido a localização central (terminal de transporte urbano),

ocorre um grande fluxo de pessoas que transitam nesse espaço, bem como, uma

renovação de pessoas de forma constante.

80%

20%

Sim

Não

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Foto 3: Os comércios informais na Praça dos Carreir os

Fonte: GOES, Janaina Paula (2018)

A Praça Brasil, como mencionado anteriormente, está localizada de forma

privilegiada na região central da cidade, o que resulta nesse espaço, abrigar uma

grande variedade de tipo do comércio informal, alguns estabelecimentos com

estrutura de alvenaria, como exemplos temos: sorveteria, lanchonetes com vendas

de salgados, sucos e outros. Nesse mesmo espaço, temos trabalhadores que

colocam seus produtos expostos em barracas, ou mesmo, em carriolas improvisadas

com diferentes produtos, como podemos observar nas fotos: meias, cosméticos.

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Foto 4: Os comércios informais na Praça Brasil

Fonte: GOES, Janaina Paula (2018)

Diferentemente do que encontramos na Praça dos Carreiros, a Praça Brasil

é um ambiente que abriga um grande número de trabalhadores na modalidade de

artesanato, eles afirmam que é um espaço melhor, devido a grande quantidade de

árvores existentes no local, além do grande fluxo de pessoas, principalmente alunos

das escolas que estão nas proximidades.

Foto 5: Os comércios informais na Praça Brasil

Fonte: GOES, Janaina Paula (2018)

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A Praça Brasil tem uma diversidade de comércio, dentre eles temos ainda,

vendedores de água de coco, açaí no copo, garapa, de bilhetes de loteria, remédios

caseiros, raspadinhas e outros.

Foto 6: Os comércios informais na Praça Brasil

Fonte: GOES, Janaina Paula (2018)

Devido às condições desses trabalhadores, muitos destacam as dificuldades

no dia a dia, como a falta de seguranças nesses espaços, além de estarem expostos

as condições climáticas, como o excesso de calor durante o dia e também sujeitos

as chuvas.

Vale ressaltar, que tanto os comerciantes da Praça dos Carreiros como da

Praça Brasil, devido a sua característica não fixa, além dos trabalhos desenvolvidos

nas praças, também participam de feiras no período noturno durante a semana,

buscando assim, melhorar sua renda com a atividade.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo apresentar a realidade dos trabalhadores

informais nas praças centrais de Rondonópolis, destacando quais os tipos atividades

que são exercidas nesses locais, o que levaram estes trabalhadores a buscarem

estas áreas públicas; reestruturação, instabilidade da economia brasileira faz com

que o mercado de trabalho formal ocorra uma transformação do comércio, nas áreas

urbanas das cidades.

Portanto estes trabalhadores que buscam o emprego formal, alguns deles

não consegue devido às oscilações da economia, ou até mesmo pelo grau de

escolaridade, idade ou técnicas de trabalho. Com o avanço da tecnologia, faz que

estas empresas busquem mão de obra barata e cada vez mais especializada,

resultando para muitos desses trabalhadores não conseguirem se encaixar no

mercado (formal), e acabam buscando alternativas no mercado informal.

A escolha por este tema justifica-se por considerá-lo de fundamental

importância para o desenvolvimento urbano, diante dos resultados apresentados,

verificou-se que os fatores mais relevantes para o crescimento da informalidade na

área de estudo foram decorrentes do processo de expansão do centro urbano que

torna-se atrativo para os processos migratórios populacionais para cidade de

Rondonópolis-MT.

Desse modo, foi possível observar o descaso e abandono das praças pelo

poder municipal resultando na desvalorização desses espaços público, que de uma

maneira geral, se apresentam mal cuidados, sucateadas, não destacando a

verdadeira importância e tampouco as condições para exercer sua real finalidade.

Essa falta de interesse nas praças, que tem como função ser um espaço de lazer

para população, quando observarmos as verdadeiras práticas ocorridas nesses

locais, do ponto de vista econômico, esses espaços têm sido utilizados para fins de

comércio informal, abrigando diferentes tipos, onde as pessoas buscam aferir uma

renda para sobrevivência, ou mesmo como um complemento da renda que

possuem.

Tendo vista que o trabalhador busca aqueles locais para desenvolver estas

atividades, as táticas de sobrevivência desde trabalhador, sem ter local adequado,

sem recursos, ou até mesmo devido a falta de capital para investir em produtos,

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estes estão ali empreendendo e atendendo os seus clientes, que na maioria são

trabalhadores formais que ali passam buscando produto mais barato.

Observou-se durante o trabalho de campo, que esses trabalhadores, tanto

da Praça dos Carreiros quanto da Praça Brasil, fazem parte de um sindicato de

trabalhadores informais. Este sindicato, que estava desativado desde o ano

passado, retomou suas atividades em fevereiro deste ano, buscando melhorias para

sua categoria.

A maioria dos trabalhadores não são naturais da cidade de Rondonópolis,

vieram de outras cidades em busca de oportunidade de emprego no setor formal,

mas acabaram trabalhando por conta própria. Dentre os relatos, muitos afirmaram

que não querem voltar mais ao mercado formal, pois o trabalho informal proporciona

uma melhor renda, o que eles buscam é melhorias nos locais para poder expor seus

produtos, não estando exposto ao ar livre, sujeitos ao sol e a chuva, ou mesmo a

certa instabilidade/insegurança de estarem em um local impróprio, sujeitos a

qualquer momento ao poder público retirá-los dos locais.

É de se considerar que esta pesquisa não apresenta soluções frente às

problemáticas levantadas, mas agrega elementos para uma análise de avaliação e

planejamento na construção dos espaços públicos urbanos. Também proporciona

dados relevantes do percentual de trabalhadores informais localizados nas áreas em

estudo, e como tem crescido o número de trabalhadores informais.

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APÊNDICE: QUESTIONÁRIO APLICADO

Questionário aplicado com a finalidade de levantar informações para colaborar para a conclusão da pesquisa intitulada “O TRABALHO INFORMAL NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: UM ESTUDO DE CASO APLICADO AS PRAÇAS NA R EGIÃO CENTRAL DE RONDONÓPOLIS-MT ”. Discente: Janaina Paula Goes Orientador: Josenilton Balbino de Melo Nome: _________________________________________________________ Idade: __________________________________________________________ Estado onde nasceu? _____________________________________________ Estado Civil: ( ) Casado ( ) Solteiro ( ) Outros: ___________________ Quantidade de Filhos: _____________________________________________ Se tem filhos, eles moram com você? ( ) Sim ( ) Não Escolaridade: ( ) Fundamental Incompleto ( ) Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Superior ( ) Outros:___________________ Onde mora: _____________________________________________________ Casa própria: ( ) Sim ( ) Não Possui Renda Fixa: ( ) Sim ( ) Não Aproximadamente qual a sua renda mensal? ( ) Até 1 Salário ( ) 1 até 3 ( ) 4 ou mais Já trabalhou com carteira assinada? ( ) Sim ( ) Não Qual o seu último trabalho com carteira assinada? ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo trabalha como ambulante? ( ) Até 1 Ano ( ) 1 até 3 ( ) 4 ou mais Procura emprego com carteira assinada atualmente? ( ) Sim ( ) Não

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Você fica fixo na praça? ( ) Sim ( ) Não Quais os motivos de escolher esse local?______________________________ _______________________________________________________________ Você está cadastrado na prefeitura como ambulante? ( ) Sim ( ) Não Atualmente contribui com a Previdência Social recolhendo o INSS mensal? ( ) Sim ( ) Não Você sabe as vantagens de ser contribuinte mensal do INSS? ( ) Sim ( ) Não Autorização Eu, ____________________________________________________________, autorizo a divulgação das informações fornecidas.