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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Polyanna Silva Moreira
ENSINO-APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE:
UM ENFOQUE NAS PARASITOSES
João Pessoa - 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ENSINO-APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE:
UM ENFOQUE NAS PARASITOSES
Polyanna Silva Moreira
Monografia apresentada ao Curso de
Ciências Biológicas como requisito
parcial à obtenção do grau de Licenciado
em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profª Drª Cristine Hirsch
Monteiro - DFP/CCS/UFPB
João Pessoa – 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Polyanna Silva Moreira
ENSINO-APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE:
UM ENFOQUE NAS PARASITOSES
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas, como requisito parcial à
obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.
Data: 24 de março de 2014
Resultado: Aprovada – 10,0
BANCA EXAMINADORA:
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me concedido perseverança e sabedoria durante o meu curso.
Aos meus pais Antônio de Pádua Moreira e Maria José da Silva Moreira, por toda
dedicação e preocupação com minha educação.
A minha irmã Paula Christina, por seu apoio e carinho.
Ao meu namorado Gustavo, pelo seu amor e apoio.
A minha orientadora professora Cristine, pelos seus ensinamentos e orientação, que
contribui bastante para que este trabalho se concretizasse.
Aos meus amigos da graduação Larissa Rodrigues, Wilson Miranda, Daiana Frade,
Julie Anne, Jéssica Bernardo, Nathan Duarte, pela amizade e companheirismo durante
todos os momentos de dificuldades e vitória.
A minha amiga Vanessa Pereira, pelos seus conselhos e orientação para a construção de
minha monografia.
RESUMO
A escola é uma instituição que visa formar cidadãos preparados para as situações da
vida em sociedade. É de extrema importância que o professor de Biologia aborde temas
contextualizados na realidade da saúde da população. A educação pode incentivar
atitudes e modos de vida voltados para a promoção da saúde e para a prevenção de
doenças, como aquelas causadas por parasitos. Este trabalho visa avaliar a educação
para a saúde no contexto das parasitoses em turmas do Ensino Médio em uma escola
pública da cidade de João Pessoa/PB. Foi realizada análise do livro didático adotado na
escola usando formulário baseado nos seguintes critérios: abordagem do conteúdo
parasitologia, linguagem utilizada e atividades propostas. Questionários
semiestruturados sobre características dos educandos e seu conhecimento sobre o tema
foram aplicados aos educandos das turmas do 3º ano do Ensino Médio turno noite. A
docente, responsável pelo ensino de Biologia, na escola parceira, para as turmas
estudadas, foi entrevistada usando roteiro semiestruturado, visando descrever sua
experiência didática e formação, além de seu conhecimento sobre o tema. A pesquisa
atendeu ao que preconiza o estudo com seres humanos no que tange os aspectos éticos
com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e aprovação pelo Comitê
de Ética do CCS/UFPB protocolo Nº. 0644/13. Os resultados demonstraram que os
educandos das três turmas apresentam desempenho insuficiente no questionário de
conhecimento sobre as parasitoses, apesar de demonstrarem interesse em aprender sobre
tal temática, sugerindo a utilização de estratégias didáticas não tradicionais. Por outro
lado, a docente demonstrou tentar abordar a temática de acordo com a situação de cada
turma, mas não sugeriu fazer relação da parasitologia com a saúde. O livro didático que
deveria ser o material básico, tanto para a docente quanto para os discentes, não trouxe
abordagem da educação para a saúde e a linguagem é complexa, podendo dificultar a
interpretação. Com isso foi possível concluir que o ensino das parasitoses com enfoque
na educação para saúde precisa ser melhor inserido na educação básica, o que poderia
contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida.
Palavras-chave: saúde, Biologia, educação, ensino médio, parasitoses
ABSTRACT
The school is an institution that aims to educate citizens prepared for the situations of
life in society. It is extremely important that the biology teacher actually addressing
contextual issues of population health. Education can encourage attitudes and lifestyles
aimed at promoting health and preventing diseases such as those caused by parasites.
This study aims to evaluate the health education in the context of parasitic classes in
high school (HS) in a public school in the city of João Pessoa/PB, Brazil. Analysis of
textbooks adopted in school-based form was performed using the following criteria:
content parasitology approach, language used and proposed activities. Semistructured
questionnaires about characteristics of students and their knowledge of the subject to
students of classes 3rd year of high school night shift were applied. The teacher, that
was responsible for teaching Biology in the partner school for the classes studied, was
interviewed using semi-structured, in order to describe their teaching and training
experience, and his knowledge on the subject. The research recommends that met the
study of humans in relation to the ethical signing the informed consent issues and
approval by protocol 0644/13 from the Ethics Committee of the CCS/UFPB. The results
showed that students from three classes exhibit poor performance in the parasite
knowledge questionnaire, although they showed interest in learning about this theme,
suggesting the use of non-traditional teaching strategies. On the other hand, the teacher
demonstrated try to address the issue according to the situation of each class, but do not
suggest the relationship with health and parasitology. The textbook should be the basic
material, both for the teacher and for the students, did not bring the health education
approach and its language is complex and may prevent the interpretation. Thus it was
concluded that the teaching of parasites with a focus on health education needs to be
better inserted in basic education, which could contribute to the improvement of their
quality of life.
Keywords: Health education, biology, high school, parasites.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 Distribuição da amostra de educandos (n=39) e por turma em
relação ao sexo 18
Figura 2 Distribuição da amostra de educandos (n=39) e por turma em
relação à faixa etária 19
Figura 3 Desempenho dos educandos das turmas da 3º ano do EM nas
questões sobre as parasitoses (n=39) 20
Figura 4 Exemplo de ilustração com esquema do ciclo biológico do
cestódeo parasito Taenia solium retirado do livro didático 22
Figura 5 Exemplo de ilustração com esquema do ciclo biológico do
trematódeo parasito Schistosoma mansoni retirado do livro
didático 22
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO 8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9
2.1 Biologia e o ensino da Parasitologia 9
2.2 Parasitoses Humanas 10
2.3 Livro didático: distribuição dos conteúdos de Parasitologia 11
2.4 Educação para saúde 11
3. OBJETIVOS 15
3.1 Geral 15
3.2 Específico 15
4. METODOLOGIA 16
4.1 Tipo de estudo 16
4.2 População alvo e amostra 16
4.3 Coleta de dados junto à disciplina de Biologia 16
4.4 Coleta de dados junto à docente da disciplina 16
4.5 Coleta de dados junto aos educandos 17
4.6 Análises dos dados 17
4.7 Aspectos éticos 17
5. RESULTADOS 18
5.1 Descrição da amostra 18
5.1.1 Docente 18
5.1.2 Educandos 18
5.1.3 Conhecimentos específicos sobre a temática 19
5.2 Análise das estratégias didáticas 21
5.2.1 Análise do livro didático 21
5.2.2 Plano de ensino e o uso de outras estratégias didáticas 23
6. DISCUSSÃO 25
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 27
REFERÊNCIAS 28
APÊNDICES 31
ANEXOS 37
8
1. INTRODUÇÃO
De um modo geral, as doenças resultam da interação entre o meio e as condições
de vida com características pessoais (BARBOSA et al., 2009). As parasitoses atendem a
este preceito. O termo parasitismo apresenta um conceito amplo onde a relação entre os
seres vivos ocorre de modo que um dos organismos se beneficia do outro, prejudicando-
o, em prol de sua sobrevivência (NEVES, 2005). Neste contexto, as parasitoses vêm
causando grande prejuízo à saúde das populações. O sucesso da relação parasitária se
deve à variedade de formas de contágio, assim como por deficiências na higienização e
a determinados estilos de vida ou hábitos.
Aspectos da saúde humana e animal vêm sendo abordados pela parasitologia,
incluindo inúmeras infecções provocadas por protozoários e helmintos. O parasito pode
ser encontrado em diferentes tecidos, em fluidos corporais (sangue, linfa) e também em
cavidades como o intestino e o sistema geniturinário (NEVES, 2005).
As doenças parasitárias diminuem a qualidade de vida e podem estar associadas
a índices relevantes de morbidades e mortalidade. Podem incluir com frequência
sintomas como diarreia crônica, desnutrição, prejuízo da função de órgãos vitais,
diminuição da produtividade, podendo comprometer, inclusive, faixas etárias mais
jovens, comprometendo o desenvolvimento físico e intelectual (SILVA, SANTOS,
2001).
A falta de conhecimento sobre medidas profiláticas para as parasitoses e a
precariedade nas condições de higiene e de saneamento básico têm sido correlacionadas
à prevalência de doenças parasitárias em uma dada população (PEREIRA-CARDOSO,
2010).
A educação é um dos caminhos mais indicados para promoção da saúde no
contexto da prevenção das doenças causadas por parasitoses, em que as disciplinas de
Ciências e Biologia assumem um papel importante para a promoção desta temática. É
necessário que a escola propicie as condições adequadas para o processo ensino-
aprendizagem em saúde, incluindo as formas de contágio, prevenção e tratamento das
parasitoses. A educação para saúde requer que os professores de Biologia tenham esta
preocupação, principalmente no que diz respeito às doenças mais prevalentes em uma
comunidade.
9
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Biologia e o ensino da Parasitologia
A disciplina Biologia apresenta uma diversidade de conteúdos que mantém
relação com a natureza, com a sociedade e o homem, isto é, ensinar Biologia é para o
professor um grande desafio na formação de seus discentes.
O papel do professor é possibilitar que, ao acessar a informação, o estudante
tenha condições de decodificá-la, interpretá-la e, a partir daí, emitir um
julgamento. O professor de Biologia se depara também, com outra tarefa:
conduzir o educando a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, outro dos
objetivos do ensino médio (BRASIL, 2006, p. 34).
Dentre o conteúdo da disciplina de Biologia, a parasitologia permite abordar o
conhecimento sobre várias características dos parasitos, sua relação com os hospedeiros,
formas de transmissão, dentre outros aspectos.
Alguns livros didáticos abordam este conteúdo de uma maneira minimizada, com
o assunto inserido no tópico referente à zoologia. Deste modo, cabe ao professor buscar
outro material didático para fazer sua exposição sobre as parasitoses, de maneira mais
interdisciplinar.
O livro de texto simboliza aquela autoridade de onde emana o conhecimento.
Professores e estudantes se apoiam em demasia no livro texto. Parece que o
conhecimento está ali à espera que o estudante venha a aprendê-lo, sem
questionamento. Artigos científicos, contos, poesias, crônicas relatos, obras
de arte e tantos outros materiais representam muito melhor a produção do
conhecimento humano. São maneiras de documentar de maneira compacta o
conhecimento produzido. Descompactá-lo para fins institucionais implica
questionamento (MOREIRA, 2005, p.21)
Para o ensino das parasitoses, portanto, o professor precisa fazer uso da
transversalidade para abordar o contexto da saúde, de modo que seja um facilitador das
descobertas e reflexões dos educandos sobre a realidade e a partir disso tornar os
discentes autônomos e responsáveis.
10
2.2 Parasitoses Humanas
Sabe-se que as parasitoses correspondem a doenças provocadas por organismos
chamados de parasitas. Tais doenças são chamadas de parasitoses humanas pelo fato de
os parasitas entrarem e se instalarem no corpo humano, como também nos animais e
assim provocando vários danos ao organismo, podendo levar até a morte.
Os parasitos estão associados a locais sujos, como os esgotos, córregos,
lagoas e riachos contaminados, pois esses podem acumular grande
quantidade de dejetos e fezes eliminados por pessoas enfermas, bem como o
lixo que costuma atrair numerosos insetos e roedores, o que facilita a
Proliferação desses parasitas. (CANIVATTO, 1994, p.34)
Segundo Rey (2001) o parasitismo humano, em se tratando de parasitas
intestinais, surgiu, a partir de alguns indivíduos de vida livre através da ingestão de
alimentos contaminados. Isto é, uma vez que este parasita transita pela primeira vez no
sistema digestório, se ele encontra condições que favoreçam sua permanência, inicia-se
então uma relação de parasitismo no ser humano. As principais parasitoses que afetam o
ser humano incluem, entre protozoários e helmintos parasitas, Malária, Doença de
Chagas, Leishmaniose, Giardíase, Amebíase, Tricomoníase, Toxoplasmose, Ascaridíase
e Enterobiose. Ovos e larvas de helmintos parasitas e cistos, oocistos, esporozoítos e
trofozoítos de protozoários parasitas se disseminam pelo solo, por alimentos de origem
vegetal e animal podendo ser carreados ou inoculados por vetores, contaminarem o ser
humano através de penetração ou ingestão.
A distribuição geográfica das parasitoses humanas se estabelece de acordo com
as várias ações e relações com fatores tanto bióticos, como abióticos. (BRANCO JR;
RODRIGUES, 1999). Segundo Neves (1998), essa distribuição tem ainda relação com
outros fatores como hábitos religiosos, presença de hospedeiros susceptíveis e também
da condição do ambiente. As parasitoses representam um grave problema na saúde
pública no Brasil, principalmente em regiões carentes ou desassistidas, corroborando a
correlação entre condições socioeconômicas precárias e culturais favorecedoras com o
elevado predomínio das parasitoses.
Segundo Siqueira, Fiorino (1999), as parasitoses podem ser entendidas como
indicadoras do processo de formação socioeconômica de uma sociedade, em que tais
doenças podem afetar o público jovem que se encontra na fase escolar, acarretando
vários problemas de saúde, que pode influenciar no nível da aprendizagem, afetando o
11
rendimento dos estudantes em suas atividades. Do mesmo modo, Tavares et al (2001),
completa que as parasitoses acometem um alto percentual da população humana,
principalmente a comunidade de baixa renda que possui condições climáticas e
ambientais favoráveis para sua evolução e propagação. A maioria das infecções
causadas pelos parasitas costuma ser adquirida por via oral através da contaminação
fecal da água e alimentos e são mais endêmicas em países com mais condições de
saneamento de água.
2.3 Livro didático: distribuição dos conteúdos de Parasitologia
Atualmente apesar das novas tecnologias e avanços científicos, o livro didático
ainda permanece como um dos recursos pedagógicos mais utilizados por docentes e
discentes, podendo influenciar nas atividades pedagógicas e na realidade da sala de aula.
(BRASIL, 2003). Além disso, a rede mundial de computadores (internet) vem se
configurando como um potente instrumento para o processo ensino-aprendizagem.
O livro didático pode ser definido como “um instrumento impresso,
intencionalmente estruturado para se inscrever num processo de aprendizagem, com o
fim de lhe melhorar a eficácia” (GÉRARD, ROEGIERS, 1998). No entanto, sua
utilização assume papel diferenciado de acordo com o ponto de vista de cada educador
ou educando.
Em relação à distribuição dos conteúdos sobre parasitoses nos livros didáticos de
Biologia usados para o Ensino Médio (EM), consiste no uso de algumas imagens que
demonstram os modos de vida da população em risco, morfologia dos parasitos,
aspectos de seu ciclo de vida, como forma de transmissão e hospedeiros. A partir disso a
parasitologia representa uma área bastante importante das Ciências Biológicas, pelo fato
de estar associada à Saúde Pública. No entanto, segundo o PNLD (BRASIL, 2012), tais
imagens de livros didáticos de Biologia ilustram os conteúdos de modo fragmentado.
2.4 Educação para saúde
O processo saúde/doença é inerente à vida. Conhecimentos, dores e
perplexidades associados às enfermidades, bem como recomendações para a
conquista da longevidade e do vigor físico e mental, foram sendo
transmitidos de geração a geração ao longo da história humana. As
interpretações sobre as circunstâncias nas quais as pessoas se protegem das
12
doenças, sobre suas causas, o relato de sua repercussão na história de cada
indivíduo e/ou grupo social foram elementos sempre presentes nas diferentes
formações culturais. (BRASIL, 2006)
Mas, apesar de o conceito de saúde ter sido ampliado, muitas vezes “a saúde é
vista como uma questão relativa ao organismo, seus aspectos psicológicos, sociais e
ambientais não são levados em conta” (FREITAS; MARTINS, 2008, p.13).
O processo ensino-aprendizagem envolvendo questões ligadas à saúde torna-se
extremamente importante e desafiante para a educação que visa à formação de cidadãos
responsáveis e socialmente referenciados. O objetivo é permitir, na escola, uma
aprendizagem significativa e transformadora do modo de vida das pessoas (BRASIL,
1998). Neste contexto o simples fato de compreender o modo de funcionamento do
corpo e a mera apresentação das doenças não leva o educando, jovem cidadão, a
desenvolver atitudes que promovam mudanças de hábitos de vida. É preciso uma
abordagem diferenciada, que se volte para o cotidiano dos educandos e encontre apoio
nas suas experiências de vida.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, é de grande importância se trabalhar
o processo saúde-doença no ambiente escolar, pois é na escola que os valores culturais,
o gerenciamento, as metodologias de ensino-aprendizagem e a qualidade física podem
ser abordados no momento adequado para promover a questão da saúde (SÁ-SILVA et
al., 2010). A educação é um componente nobre na complexa teia preventiva das
doenças parasitárias. Sendo a escola local fundamental para a mediação e transmissão
de conceitos, hábitos de vida, valores e atitudes, possuindo impacto na formação da
criança e do adolescente, essa instituição contribui para o desenvolvimento de atitudes
saudáveis (BRASIL, 2006).
A educação para a saúde tornou-se obrigatória e oficial, no Brasil, a partir da lei
5.692/71, através da modificação dos currículos do primeiro e segundo graus, hoje
denominado de ensino fundamental e médio que permitiu a inclusão dos Programas de
Saúde (PS):
Art. 7º Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação
Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos
estabelecimentos de 1º e 2º graus, observado quanto à primeira o disposto no
Decreto-Lei n. 369, 12 de setembro de 1969. (BRASIL, 1971, p.2)
De acordo com o documento Saúde dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) a abordagem dos conteúdos de saúde devem ser executados a partir do
13
reconhecimento da realidade e dos problemas sociais, isto é, tomar conhecimento sobre
os costumes dos educandos e com isso discutir, no caso das parasitoses, sobre as várias
doenças causadas e também das ações que podem ser realizadas como forma de
prevenção e mudanças das atitudes e hábito de vida.
Naturalmente, a educação para a Saúde não cumpre o papel de substituir as
mudanças estruturais da sociedade, necessárias para a garantia da qualidade
de vida e saúde, mas pode contribuir decisivamente para sua efetivação.
Educação e saúde estão intimamente relacionadas e, em especial, a educação
para a Saúde é resultante da confluência desses dois fenômenos. A despeito
de que educar para a saúde seja responsabilidade de muitas outras instâncias,
em especial dos próprios serviços de saúde, a escola ainda é a instituição que,
privilegiadamente, pode se transformar num espaço genuíno de promoção da
saúde. (BRASIL, 2006, p.259)
Ao se trabalhar o contexto da educação para a saúde é preciso que os docentes
revejam suas práticas pedagógicas e ampliem seus conhecimentos, ou seja, os
professores precisam estar preparados para contribuir com o desenvolvimento no caso
dos educandos do ensino médio dos adolescentes e também das crianças no ensino
fundamental, principalmente ao que se refere a questões ligadas ao processo saúde-
doença (SÁ-SILVA, 2004). Desta forma, quando as metodologias de ensino são bem
aplicadas, os educandos aprendem como se prevenir e reduzir a incidência das doenças
parasitárias (BARBOSA et al., 2009). O professor de Biologia deve então
contextualizar o conteúdo a ser ministrado levando em conta a realidade dos educandos.
O conhecimento da realidade dos educandos permite aos professores devem inserir os
conteúdos de Programas de Saúde em seu planejamento de modo a leva-los a
compreender como se dá o ciclo biológico de um parasito e compreender o modo de
transmissão e a profilaxia adequada em cada caso. Desta forma, a educação em saúde
pode ser abordada a partir da disciplina de Biologia no ensino médio.
A mudança de determinados comportamentos e a aquisição de outros
relacionados com a saúde, só são possíveis se esses comportamentos
puderem ser integrados no cotidiano dos indivíduos de maneira adequada e
efetiva, com vistas à recuperação, manutenção e promoção de saúde.
(BAGNATO, 1990, p.56)
Por outro lado, tais práticas de ensino no contexto da saúde obedecem a
metodologias tradicionais, segundo ele, mesmo que o Ministério da Saúde, desde o ano
de 1980, promova a orientação no enfoque das ações educativas, os docentes muitas
14
vezes ainda ministram aulas sem contextualização, sem fazer referência às experiências
e à realidade dos educandos (ALVES, 2011).
15
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral:
- Caracterizar a educação para a saúde no contexto das parasitoses nas turmas de
terceira série do ensino médio de uma escola pública estadual em João Pessoa/PB.
3.2 Objetivos Específicos:
- Descrever as estratégias e material pedagógico usado no ensino Biologia de acordo
com a temática das parasitoses nas turmas do 3º ano do EM na Escola Estadual Liceu
Paraibano;
- Avaliar as concepções sobre educação para a saúde e sobre parasitologia do professor
de biologia do EM da Escola Estadual Liceu Paraibano;
- Avaliar o processo ensino-aprendizagem dos escolares no 3º ano do EM quanto à
educação para a saúde no contexto das parasitoses.
16
4. METODOLOGIA
4.1 Tipo de estudo
Trata-se de uma pesquisa descritiva, com análise documental referente ao material
pedagógico e de dados colhidos através de questionário aplicado com os discentes do
ensino médio e entrevista com a docente de Biologia de uma escola pública estadual da
cidade de João Pessoa/PB.
4.2 População alvo e amostra
O público alvo incluiu a docente e os discentes do 3º ano do ensino médio, turno
da noite, da Escola Estadual Liceu Paraibano. A escola oferta turmas de Ensino Médio
(EM) em três turnos – manhã, tarde e noite. No turno noturno, são ofertadas três turmas
do 3º ano do ensino médio, com 109 educandos matriculados e uma única professora de
Biologia responsável por essas turmas.
A amostra foi composta pela professora de Biologia e pelos 39 discentes,
representantes das três turmas (1, 2 e 3) do 3º ano do EM noite e que aceitaram
participar do presente estudo.
4.3 Coleta de dados junto à disciplina de Biologia
O livro didático Bio (LOPES; ROSSO, 2010), utilizado pela docente para
ministrar o conteúdo parasitologia em suas aulas, foi analisado usando formulário
semiestruturado (Apêndice A), buscando caracterizar três tópicos: abordagem de
conteúdo de parasitologia, linguagem utilizada e atividades proposta.
O plano de curso preparado pela docente também foi analisado com esta mesma
finalidade.
4.4 Coleta de dados junto à docente da disciplina
Foi realizada entrevista à docente usando roteiro (Apêndice B), abordando de
modo geral a visão sobre o tema e a forma como o mesmo é abordado em sala de aula.
17
4.5 Coleta de dados junto aos educandos
Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário
semiestruturado elaborado especificamente para este estudo (Apêndice C). O
questionário continha nove questões abordando “perfil socioeconômico do educando” e
“conhecimentos específicos sobre o tema da pesquisa”. Só foram incluídos na amostra
estudantes que aceitaram participar da pesquisa e compareceram à convocação feita em
sala de aula com o agendamento da coleta de dados.
4.5 Análise dos dados
Os dados coletados foram consolidados fazendo uso do Programa EPI-INFO e o
teste estatístico utilizado foi o de Sidak’s de comparação múltipla com intervalo de
confiança de 95% e toda análise foi gerada através do software Graphpad Prism 6, onde
se buscou a significância da ordem de p<0,05.
4.7 Aspectos éticos
Tendo a escola parceira emitido termo de colaboração, o trabalho foi devidamente
analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro de Ciências da
Saúde (CCS) protocolo Nº. 0644/13, conforme parecer Nº. 463.476 de 19 de novembro
de 2013 (ANEXOS I e II), em atendimento ao que preconiza a Resolução CNS Nº.
466/12.
A docente e os discentes foram devidamente esclarecidos e aqueles que aceitaram
participar da pesquisa, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE - Apêndice D), foram submetidos à entrevista ou à aplicação do questionário,
respectivamente, para a professora e os discentes.
O nome e imagem dos participantes foram preservados, garantindo-lhes sigilo,
além de que foi permitido o contato com os pesquisadores e com o CEP/CCS foi
disponibilizado na cópia do TCLE para quaisquer esclarecimentos posteriores.
Vale ressaltar que todos os educandos da presente amostra eram maiores de 18
anos, dispensando autorização dos responsáveis.
18
5. RESULTADOS
5.1 Descrição da amostra
5.1.1 Docente
A docente participante atua em uma escola da rede pública da cidade de João
Pessoa há menos de 10 anos, tendo sua formação acadêmica nas modalidades da
Licenciatura e Bacharelado na Universidade Federal da Paraíba, onde concluiu seu
curso no ano de 2006. Recentemente, no ano de 2013, concluiu uma especialização na
área da educação.
5.1.2 Educandos
Do total de 109 educandos das 3 turmas do 3º ano do ensino médio, apenas 39
educandos (35,7%) aceitaram participar da presente pesquisa. Entre os 39 educandos, 12
(30,7%) faziam parte da turma 1, 19 (48,7%) da turma 2 e 8 (20,5%) da turma 3. A
maioria deles era do sexo masculino (Fig. 1) e na faixa etária entre 18 e 25 anos (Fig. 2).
Figura 1: Distribuição da amostra de educandos do 3º ano do EM por turma em relação ao sexo
(n=39).
19
Figura 2: Distribuição da amostra de educandos do 3º ano do EM por turma em relação à faixa
etária (n=39).
5.1.3 Conhecimento específico sobre a temática
Os educandos também foram questionados quanto ao conhecimento específico
acerca da temática: conhecimento das doenças causadas por parasitos, sintomas
associados às parasitoses, principais formas de contágio e de prevenção para
parasitoses. O desempenho dos educandos foi relativamente baixo (Fig. 3), ou seja,
numa escala de 0 a 12 pontos, atingiram 6,4 + 3,4 pontos em média. Apesar de o
desempenho da Turma 1 (7,2 + 3,32) ter sido maior que as demais (6,1 + 3,48 e 4,9 +
3,00, respectivamente, para Turmas 2 e 3), não houve significado estatístico entre os
dados.
Este baixo conhecimento sobre doenças causadas por parasitoses, incluindo suas
principais formas de contágio e prevenção, aponta para deficiências no processo ensino-
aprendizagem.
20
Figura 3: Desempenho dos educandos das turmas do 3º ano do EM nas questões sobre as
parasitoses (n=39).
Quanto à importância e ao interesse dado ao tema, a maioria dos estudantes
(97,4%) demonstrou considerar importante discutir sobre as formas de prevenção das
doenças causadas por parasitoses nas aulas de Biologia. Quando questionados quanto à
maneira que gostariam que o tema parasitoses fosse abordado nas aulas de Biologia,
utilização de vídeos e palestras com profissionais de saúde foram as formas mais
referenciadas, com nenhuma indicação para a utilização de jogos (Tab. 1).
Turma 1 Turma 2 Turma 3 Total
Vídeos 6 8 6 20
Cartazes - 3 - 3
Jogos - - - -
Aula extraclasse 1 5 - 6
Palestras com profissionais
de saúde 7 7 2 16
Tabela 1: Sugestões dos educandos das três turmas como estratégias para abordagem do tema
parasitologia nas aulas de Biologia da 3º ano do EM (n=39).
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
Turma 1 Turma 2 Turma 3 Média Geraldas Turmas
7,2
6,1
4,9
6,4 Notas
21
5.2 Análise das estratégias didáticas
5.2.1 Análise do livro didático
A análise do livro didático de Biologia adotado (LOPES; ROSSO, 2010) foi
realizada a partir da observação de três tópicos: abordagem do conteúdo de
parasitologia; linguagem utilizada; e atividades proposta.
Quanto ao conteúdo, o tema parasitoses foi abordado de maneira insuficiente
dentro do assunto sobre protistas e diversidade animal, que explica apenas as
características dos animais, incluindo seus filos e classes, incluindo breve introdução
sobre cada grupo e aspectos de sua reprodução.
Doenças de amplo conhecimento popular (no capítulo 4: Protistas) - como a
Doença de Chagas, Leishmania, Malária e Toxoplasmose - são explanadas de forma
melhor detalhadas, uma vez que há indicação de medidas profiláticas, formas de
contágio e interação parasito-hospedeiro.
No entanto, o conteúdo “Diversidade animal I” (Capítulo 11), que inclui os
helmintos, apresenta apenas algumas medidas profiláticas e esquemas dos ciclos
biológicos de algumas doenças causadas por esses vermes (Fig. 4 e 5). Citam, entre as
doenças causadas por parasitoses, apenas Esquistossomose e Teníase (helmintíases
provocadas por platelmintos), Doença de Chagas e Toxoplasmose (protozooses
relevante), como também, alguns parasitos nematódeos, incluindo doenças como
Oxiurose, Filariose, Ancilostomose.
As figuras sobre os ciclos se mostraram insuficientes para uma abordagem
adequada ao tema o que deveria ser complementado com a recomendação de outras
leituras e o uso de outros instrumentos e estratégias pedagógicas.
Em relação à linguagem, pode-se perceber que o texto apresenta complexa
terminologia, com expressões técnicas, de difícil entendimento para o estudante, o que
pode assim interferir na interpretação dos estudantes ao fazer uso do livro.
Sobre as atividades propostas, ao final de cada capítulo o livro propõem seis
seções de atividades, são elas: tema para discussão, roteiro de estudos, retomando,
ampliando e integrando conhecimentos, questões discursivas, testes; tais atividades
apresentam objetivos amplos, de acordo com cada temática abordada nos capítulos.
22
Figura 4: Exemplo de ilustração com esquema do ciclo biológico do cestódeo parasito Taenia
solium retirado do livro didático. Fonte: LOPES; ROSSO, 2010.
Figura 5: Exemplo de ilustração com esquema do ciclo biológico do trematódeo parasito
Schistosoma mansoni retirado do livro didático. Fonte: LOPES; ROSSO, 2010.
23
Deste modo, a abordagem do tema parasitos voltada para a educação para a
saúde não se apresenta de maneira satisfatória, uma vez que tais grupos de helmintos
parasitos precisariam de mais detalhes para dar a devida ênfase à abordagem da saúde
no contexto da educação.
Segundo Peduzzi (1997), tais atividades propostas ao final de cada capítulo do
livro didático são de grande importância na perspectiva de incentivar o estudante a
refletir na consolidação das informações obtidas previamente.
Dentre estas atividades, no capítulo 11, onde se discute sobre os animais
incluindo os vermes, há uma atividade nomeada como “Higiene e Verminoses”, que
apresenta algumas questões discursivas sobre medidas profiláticas das doenças causadas
por parasitoses, citando a higiene pessoal e o consumo de alimentos, além de outros
hábitos de vida das pessoas. Isto é uma maneira de alertar os estudantes sobre as formas
de contágio das parasitoses. Além dessas atividades também são propostas questões que
incluem o texto principal, onde se insere o assunto exposto, como também, dá enfoque a
como se dá os ciclos biológicos, sendo ilustrado na questão e a nomenclatura dos
agentes causadores das doenças, no entanto tais atividades se tornam insuficientes em
relação à abordagem desta temática.
5.2.2 Plano de Ensino e o uso de outras estratégias didáticas
Visando conhecer como ocorria o ensino das parasitoses, no enfoque de
educação para a saúde, o domínio do tema pela docente e a forma como o assunto era
tratado em sala foram caracterizados pela entrevista realizada, uma vez que não foi
possível vivenciar o processo na prática. O planejamento da docente contemplou apenas
parte do conteúdo e não foi feita nenhuma correlação do tema com a educação para
saúde.
Durante a entrevista, a professora respondeu que o tema vem sendo abordado de
acordo com o perfil de cada turma. Segundo a docente, as estratégias podem variar e o
estudante geralmente é orientado a utilizar material complementar em fontes variadas.
Além disso, a docente relatou trabalhar com cartazes como forma de ilustrar o assunto.
Em outra situação, a docente faz uma explanação geral do assunto e em seguida divide a
turma em pequenos grupos de estudos, dividindo o tema, para que preparem
apresentação oral em seminários.
24
Afirmou que suas aulas são praticamente elaboradas a partir de material obtido
da internet, incluindo vídeos, documentário ou tabelas. Mas a docente informou nunca
ter se preocupado em conhecer o material sobre o assunto possivelmente disponível na
biblioteca da escola.
Em relação à educação para saúde no contexto das parasitoses, a professora
reconhece a importância para a realidade dos estudantes e que é preciso, a partir disso,
dar enfoque principalmente às formas de transmissão e profilaxia das parasitoses, com
aulas dialogadas e exposição de imagens.
25
6. DISCUSSÃO
O baixo desempenho dos estudantes no questionário sobre parasitoses revela a
fragilidade do processo ensino-aprendizagem a cerca desses conteúdos. A falta de
planejamento da docente pode ter influenciado neste comportamento, uma vez que não
foi possível mostrar aos estudantes os conteúdos sobre as parasitoses e suas doenças,
nem tampouco fazer uma correlação com a temática saúde.
Além de haver um planejamento adequado por parte da docente é preciso
manter uma relação dos conteúdos de parasitologia com a promoção da saúde. O
professor de Biologia precisa disponibilizar o conhecimento científico ao discente e
fazer uma correlação do conteúdo ministrado em sala de aula, com a realidade
vivenciada pelos discentes, isto é, unir a teoria com a prática (BRASIL, 2006). Neste
contexto, apesar das mudanças realizadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN (BRASIL, 1996), com a reformulação da Educação Básica,
percebe-se que o ensino de Biologia ainda faz uso de metodologias tradicionais e que
não contribuem para uma aprendizagem satisfatória, os discentes não conseguem
interpretar as informações e não fazem relação com a realidade.
A falta de conhecimento dos estudantes deveria ser diagnosticada pelo professor
em avaliações contínuas do processo ensino-aprendizagem. Uma vez constatado que o
estudante se encontra com dificuldades, é preciso que o professor planeje mudanças em
suas estratégias pedagógicas, principalmente em se tratando de abordar as parasitoses no
contexto da saúde (BARBOSA et al., 2009).
Apesar do baixo desempenho sobre a temática, os estudantes demonstraram
interesse no ensino das parasitoses com enfoque à educação para saúde, de uma forma
diferenciada, ou seja, sem ser da maneira do ensino tradicional, em que não faz a
contextualização do assunto, utilizado pela maioria dos docentes como já descrito em
outras situações (ALVES, 2011). Entretanto, a maior parte dos discentes não se
mostrou interessado por jogos pedagógicos. Este comportamento pode se dever à faixa
etária dos educandos e pelo desconhecimento da validade da estratégia.
A educação para saúde precisa ser abordada em todas as escolas e ao longo de
toda a educação básica, é o que afirmam os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 2006). A escola é, sem dúvida, um dos lugares mais importantes para se
promover a saúde, pois a orientação deve ser levada não apenas pelos professores, mas
também deve ser alvo da gestão escolar. A escola não deve deixar esta responsabilidade
26
para os serviços de saúde, mas partir do princípio de que as crianças e os jovens
precisam ficar informados sobre esta temática.
Sabe-se que o professor de Biologia é o principal responsável quando a questão
envolve informar os estudantes sobre o processo saúde-doença, mas é necessário que
haja a inclusão desta temática em outras disciplinas, isto é, cada docente precisa fazer
relação a tal temática.
O livro didático é outro instrumento que pode ser utilizado pelo professor, não
podendo ser a única metodologia pedagógica do docente, mas como forma de auxiliá-lo
em algumas de suas atividades, com isso é importante que além desse objeto de estudo,
o professor possa ampliar o seu conhecimento e de seus estudantes fazendo uso de
outras técnicas de ensino. Neste contexto, Moreira (2005) afirma que outros artifícios,
como a utilização de artigos científicos, auxiliam na aprendizagem, não devendo se
restringir ao uso do livro didático de Biologia no ensino médio.
Além disto, o livro didático analisado não trazia o assunto de parasitologia com
enfoque à saúde. A responsabilidade deste enfoque fica vinculada à iniciativa dos
professores por buscar outras fontes para promover a educação para saúde. A patente
necessidade de se adequar o livro didático para a abordagem sobre a temática,
explorando melhor os parasitos e o comprometimento com a saúde humana.
Como os parasitos se disseminam em locais sujos, como esgotos e lixos, é
necessário mudar o hábito de vida das pessoas, e em relação ao ambiente escolar, o
hábito de vida dos estudantes, conscientizando-os para os cuidados com a higiene dos
alimentos, pessoal e também fazer uso de saneamento básico adequado (CANIVATTO,
1994).
27
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os dados obtidos nesta pesquisa foi possível concluir que o
ensino das parasitoses com enfoque a educação para saúde não tem sido abordado de
forma adequada e precisa ser otimizado na escola. Esta postura deve permear tanto no
ensino fundamental como no médio, pois a temática saúde é necessária não apenas para
aquisição do conhecimento, mas também é uma maneira dos discentes se manterem
informados do processo saúde/doença. Além disso, os docentes precisam estar sempre
buscando se atualizar a respeito dos conteúdos e sobre novas estratégias de ensino e
assim se manter preparado para o processo ensino-aprendizagem de qualidade.
A presente pesquisa aponta para a premente necessidade da reorientação dos
planos e estratégias didáticas na escola parceira e em qualquer outra instituição de
ensino onde a educação para a saúde for meta em seu planejamento pedagógico.
28
REFERÊNCIAS
ALVES, G. G.; AERTS, D. As práticas educativas em saúde e a Estratégia Saúde
da Família. Ciênc. Saúde Coletiva, v.16, n.1, p.319-325. 2011.
BAGNATO, M.H.S. O ensino da saúde nas escolas de 1º grau. Proposições, v.1, p.53-
59. 1990.
BARBOSA, L. A. et al. A Educação em saúde como instrumento na prevenção de
parasitoses. Rev. Bras. Promoção Saúde, v.22, n.4, p.272-277. 2009.
BRANCO JR., A.C.; RODRIGUES, J.C. Importância de aspectos sanitários e
educacionais na epidemiologia de enteroparasitoses em ambientes rurais. Rev. Bras.
Análises Clín., v.31, n.2, p.87-90. 1999.
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o
ensino de 1ºe 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 12
ago. 1971.
BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: n° 9.394, de 20 de
dezembro de 1996.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Saúde. Brasília, 2006. 284 p.
BRASIL. Programa Nacional do Livro Didático 2004. Guia de livros didáticos 1ª a 4ª
séries. Brasília: Ministério da Educação, 2003a.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental, Ministério da Educação e do Desporto.
Parâmetros curriculares nacionais: Temas Transversais - Saúde. Brasília, 1998a.
BRASIL. Ministério da Educação. Guia de livros didáticos: Biologia. Plano Nacional
do Livro Didático - PNLD. 2012.
29
CAVINATTO, V.M. Saneamento básico. São Paulo: Moderna, 1994.
FREITAS, E.O.; MARTINS, I. Transversalidade, formação para a cidadania e
promoção da saúde no livro didático de ciências. Ensino, Saúde Ambiente, v.1, n.1,
p.12-28, ago. 2008.
GÉRARD, F.-M.; ROEGIERS, X. Conceber e avaliar manuais escolares. Porto:
Porto Editora. 1998.
LOPES, S.; ROSSO, S. Bio. v.3. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 480p.
MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa Crítica. São Leopoldo – RS, 2005.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana, 9ª edição. São Paulo: Atheneu, 1998.
NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 10ª edição. São Paulo: Atheneu, 2005.
PEDUZZI, L.O.Q. Sobre a resolução de problemas no ensino de física. Cad. Bras.
Ensino Física, v.14, n.3, p.229-253, 1997.
PEREIRA-CARDOSO, F. D. et al. Prevalência de enteroparasitoses em escolares
de 06 a 14 anos no município de Araguaína – Tocantins. Rev. Eletrônica Farmácia, v.
7, n.1, p. 54-64, 2010.
REY, L. Parasitologia. 3ª edição. São Paulo: Guanabara Koogan, 2001
SÁ-SILVA, J. R. Representações sociais de professores do ensino fundamental da
rede pública municipal de São Luís sobre a hanseníase. Dissertação (Mestrado em
Saúde e Ambiente) - Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, Universidade
Federal do Maranhão, São Luís. 104 p. 2004.
SÁ-SILVA, J. R. et al. Escola, educação em saúde e representações sociais:
problematizando as parasitoses intestinais. Pesquisa em Foco, v.18, n.1, p. 82-95, 2010.
30
SILVA, C. G.; SANTOS, H. A. Ocorrências de Parasitoses Intestinais da Área de
Abrangência do Centro de Saúde Idelfonso da Regional Oeste da Prefeitura Municipal
de Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil). Rev. Biol. Ciênc. Terra, v.1, n.1, 2001.
SIQUEIRA, R. V.; FIORINI, J. E. Conhecimento e procedimentos de crianças em idade
escolar frente as parasitoses intestinais. Rev. Universitária Alfenas, Minas Gerais, v. 5,
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TAVARES, A. D. et al. Prevalência de parasitose em uma escola pública
frequentada por crianças de baixo nível socioeconômico. In: Congresso Brasileiro de
Extensão Universitária UFPB, 2001, Campina Grande -PB. Anais do I Congresso
Brasileiro de Extensão Universitária UFPB, Campina Grande – PB, 2001. (CD-ROOM)
31
APÊNDICES
32
APÊNDICE A – Formulário de avaliação do livro didático
IDENTIFICAÇÃO:
Série/Volume/Autor/Ano:
Descrição do conteúdo como é abordado no livro:
(verificar: ciclos biológicos, forma de contágio, interação parasito-hospedeiro e a
fisiopatogenia, medidas de profilaxia, etc.)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Classificação do texto: ( ) Adequado ( ) Incompleto ( ) Insuficiente
Descrição da linguagem usada no livro:
(verificar: termos, clareza na exposição, etc.)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Classificação do texto: ( ) Adequado ( ) Inadequado
Descrição das atividades propostas no livro: ( ) Existentes ( ) Inexistentes
(listar atividades e principais objetivos)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Classificação do texto: ( ) Adequado ( ) Incompleto ( ) Inadequado
33
APÊNDICE B – Roteiro para entrevista a docente:
Parte 1: PERFIL DO DOCENTE:
1. A quanto tempo leciona Biologia para o EM?
( ) um ano ou menos
( ) menos de 5 anos
( ) menos de 10 anos
( ) mais de 10 anos
2. Escola que leciona:
_____________________________________________________________________
Para que Ano/Turma/Turno?
______________________________________________________________________
3. Sexo: Masculino ( )
Feminino ( )
4. Escolaridade:
( ) Pedagógico ( ) Ensino médio
( ) 3ª grau: ( ) completo ( ) incompleto
Qual o curso/Instituição/ano da conclusão:
__________________________________________________________
( ) PG: ( ) Esp. ( ) Mestr. ( ) Doutor.
Qual o curso/Instituição/ano da conclusão:
___________________________________________________________
Parte 2: CONHECIMENTO ESPECÍFICO:
1. Como o tema de parasitologia é abordado em suas aulas?
2. Além do livro didático, você costuma utilizar outro recurso quando se trabalha o
conteúdo de parasitologia?
3. Na biblioteca da escola, existe livro de ensino superior de parasitologia? Se existe
você faz uso deles para preparação das aulas?
4. Você costuma relacionar tal temática abordando conteúdos no contexto da saúde,
inserindo as formas de transmissão e profilaxia das parasitoses?
5. O que você considera mais importante para a vida do estudante, nos conteúdos como
parasitoses, na abordagem da educação para saúde?
6. Qual o tipo e atividade/metodologia mais indicada para a abordagem do no conteúdo
de parasitologia no contexto da educação para saúde (filmes sobre incidência de
parasitoses, palestras, leitura de artigos científicos, aula extraclasse, outros)?
34
APÊNDICE C: Questionário para avaliação do conhecimento dos educandos
Parte 1: PERFIL DO EDUCANDO:
1. Ano/Turma: ____________________ Turno: ________________________________
Escola: ________________________________________________________________
2. Sexo: Masculino ( ) 3. Idade: ( ) 14 a 18 anos
Feminino ( ) ( ) 18 a 25 anos
( ) 25 a 40 anos
( ) acima de 40 anos
Parte 2: CONHECIMENTO ESPECÍFICO:
4. São doenças causadas por parasitoses?
( ) infecções por vermes e protozoários
( ) infecções por bactérias e fungos
( ) infecções por vírus
( ) qualquer infecção que provoque doença
5. Identifique abaixo sintomas geralmente associados a parasitoses?
( ) diarreia e vômito
( ) insônia e dor no corpo
( ) dor de cabeça
( ) coceira na pele
( ) indisposição
( ) desnutrição
6. Qual a principal forma de contágios das parasitoses?
( ) penetração através
da pele
( ) contato com os
olhos
( ) penetração pelos
ouvidos
( ) ingestão de água ou
frutas e hortaliças
( ) ingestão de carne
mal passada ou crua
( ) inoculação por
insetos vetores
7. Você acha importante discutir sobre as formas de prevenção as doenças causadas
por parasitoses nas aulas de Biologia? ( ) Sim ( ) Não
8. Se respondeu “sim” na questão anterior, de que maneira você gostaria que o tema
“parasitoses” fosse abordado nas aulas de Biologia?
( ) através de vídeos
( ) através de cartazes
( ) através de jogos pedagógicos
( ) através de aulas extraclasse
( ) através de palestras com
profissionais de saúde
9. Indique formas de prevenção para parasitoses?
( ) Cortar as unhas
( ) Lavar as frutas
antes de comer
( ) Dormir oito horas
( ) Beber água filtrada
( ) Manter uma
alimentação regulada
( ) Controle de insetos
vetores
( ) Andar calçado
( ) Cozer a carne ante
de comer
( ) Evitar juntar lixo
no peridomicílio
( ) Lavar as mãos
35
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro(a) Professor(a),
Sabendo que a prevenção é o melhor caminho e que para prevenir é importante conhecer, a
presente pesquisa visa avaliar como o conhecimento a respeito das parasitoses vem sendo
ministrado aos educandos da 3ª série do ensino médio. Para tanto, estamos convidando o
educando sob sua responsabilidade. Não haverá divulgação de imagem ou de dados pessoais,
preservando o sigilo, tanto da família quanto do educando. Os dados serão usados para a
análise e a publicação de trabalho científico, monografia e/ou artigo, e estarão á disposição
para consulta a qualquer momento. A participação como educador é voluntária e não
acarretará nenhum ônus ou prejuízo. Você pode desistir da participação nesta pesquisa a
qualquer momento, bastando simplesmente avisar aos pesquisadores, sem que haja qualquer
consequência. Sua participação é muito importante para alcançarmos nossos objetivos, por
isso, contamos com sua colaboração.
Equipe de Pesquisadores
Eu, _________________________________________________________________,
declaro conhecer o projeto de pesquisa intitulado “ENSINO-APRENDIZAGEM E
EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: UM ENFOQUE NAS PARASITOSES”, sob coordenação
da Profª Drª Cristine Hirsch Monteiro (UFPB), e autorizo a coleta de dados, conforme
proposto no projeto.
João Pessoa, ______ de ____________________ de 2013.
Assinatura do(a) docente
Identificação:
Nome: _______________________________________________________________
Instituição: ____________________________________________________________
Turno(s) em que leciona: _____________ Turma para as quais leciona: __________
Assinaturas e contatos com os pesquisadores:
Profª Drª Cristine Hirsch Monteiro Acadêmica Polyanna Silva Moreira
UFPB 32167246 Celular: 8801-5757/98043224
e.mail: [email protected] e.mail: [email protected]
Comitê de Ética em Pesquisas – CEP/ Centro de Ciências da Saúde/ UFPB
Campus I da UFPB – Bairro Castelo Branco – João Pessoa/PB ([email protected])
36
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro(a) Educando(a),
Sabendo que a prevenção é o melhor caminho e que para prevenir é importante conhecer, a
presente pesquisa visa avaliar como o conhecimento a respeito das parasitoses vem sendo
ministrado aos educandos da 3ª série do ensino médio. Para tanto, estamos convidando o
educando sob sua responsabilidade. Não haverá divulgação de imagem ou de dados pessoais,
preservando o sigilo, tanto da família quanto do educando. Os dados serão usados para a
análise e a publicação de trabalho científico, monografia e/ou artigo, e estarão á disposição
para consulta a qualquer momento. A participação do educando sob sua responsabilidade é
voluntária e não acarretará nenhum ônus ou prejuízo. Vocês podem desistir da participação
nesta pesquisa a qualquer momento, bastando simplesmente avisar aos pesquisadores, sem
que haja qualquer consequência. A participação do educando sob sua responsabilidade será
muito importante para alcançarmos nossos objetivos, por isso, contamos com sua
colaboração.
Equipe de Pesquisadores
Eu, ___________________________________________________________ educando(a) da
Escola __________________________________________, na turma ______, turno ___,
declaro conhecer o projeto de pesquisa intitulado “ENSINO-APRENDIZAGEM E
EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: UM ENFOQUE NAS PARASITOSES”, sob
coordenação da Profª Drª Cristine Hirsch Monteiro (UFPB), e autorizo a coleta de dados,
conforme proposto no projeto.
João Pessoa, ______ de ____________________ de 2013.
Assinatura do(a) educando(a)
Assinatura ou impressão do polegar do(a) Responsável
Identificação do responsável:
Nome: _______________________________________________
Parentesco com educand@: ( ) filho(a) ( ) sobrinho(a) ( ) neto(a) ( ) tutor legal
( ) enteado(a) ( ) outro (Especificar: ________________________________).
Assinaturas e contatos com os pesquisadores:
Profª Drª Cristine Hirsch Monteiro Acadêmica Polyanna Silva Moreira
UFPB 32167246 Celular: 8801-5757/9804-3224
e.mail: [email protected] e.mail: [email protected]
Comitê de Ética em Pesquisas – CEP/ Centro de Ciências da Saúde/ UFPB
Campus I da UFPB – Bairro Castelo Branco – João Pessoa/PB ([email protected])
37
ANEXOS
38
ANEXO I – Parecer consubstanciado do CEP/CCS
39
40
41
ANEXO II – Certidão de aprovação do CEP/CCS