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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA PATRÍCIA ANDRADE DE ARAÚJO CONTEXTUALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE GUAIÚBA-CE: SUBSÍDIOS AO ORDENAMENTO TERRITORIAL FORTALEZA - CEARÁ 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

MESTRADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA

PATRÍCIA ANDRADE DE ARAÚJO

CONTEXTUALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE GUAIÚBA-CE:

SUBSÍDIOS AO ORDENAMENTO TERRITORIAL

FORTALEZA - CEARÁ

2016

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PATRÍCIA ANDRADE DE ARAÚJO

CONTEXTUALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE GUAIÚBA-CE:

SUBSÍDIOS AO ORDENAMENTO TERRITORIAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará – UECE, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia. Área de Concentração: Análise Geoambiental e Ordenamento de Territórios de Regiões Semiáridas e Litorâneas Orientador: Prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza

FORTALEZA – CEARÁ

2016

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PATRÍCIA ANDRADE DE ARAÚJO

CONTEXTUALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE GUAIÚBA-CE:

SUBSÍDIOS AO ORDENAMENTO TERRITORIAL

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia. Área de Concentração: Análise Geoambiental e Ordenamento de Territórios de Regiões Semiáridas e Litorâneas

Aprovada em: 18 de novembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Profº. Drº Marcos José Nogueira de Souza (Orientador)

Universidade Estadual do Ceará -UECE

__________________________________________________

Profª. Drª Andrea Bezerra Crispim

Centro Universitário Católica de Quixadá – UNICATÓLICA

___________________________________________________

Profª. Drª Maria Lúcia Brito da Cruz

Universidade Estadual do Ceará -UECE

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A minha doce menina, minha Flor de

Lótus, Maria Clara, dedico.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer primeiramente a Deus e a Nossa Senhora de Lourdes pela certeza da

presença em minha vida, por dar força e saúde para chegar até aqui;

À minha família, em especial a minha doce filha Maria Clara Araújo Nocrato, o

motivo para eu continuar. Papai e mamãe pelo apoio que me deram para dar

continuidade aos meus estudos;

Ao meu orientador, a quem sou muito grata, professor Dr. Marcos José Nogueira de

Souza, pela valiosa orientação, pela presteza, seriedade na pesquisa e

disponibilidade na orientação, meu muito obrigada;

Aos professores do Propgeo-UECE pelas contribuições neste mestrado, em especial

a Professora Drª Claúdia Maria Granjeiro (in memorian);

Ao coordenador do Propgeo-UECE, professor Dr. Otávio José Lemos Costa e a

professora Drª Maria Lúcia Brito da Cruz;

Aos professores Dr. Jader Oliveira Santos e Drª Andrea Bezerra Crispim pelo aceite

em participar da qualificação, e as contribuições que foram significativas para esta

pesquisa;

À professora Drª Fátima Maria Leitão Araújo pela gentileza de ceder os dados

históricos escritos pelo seu pai Professor Sinval Leitão Filho (In memorian);

À Secretaria de Educação do Ceará – SEDUC, órgão ao qual eu tenho orgulho de

ser servidora pública, pelo incentivo profissional concedido;

Ao núcleo gestor da Escola Municipal Padre Antônio Monteiro da Cruz, Edinaldo

Guimarães, Ednúzia Alexandre e Paula Claudino pela compreensão e apoio nesta

jornada;

Ao Laboratório de Geografia Física e Estudos Ambientais – LAGEO;

Aos meus colegas do mestrado pelo companheirismo;

Aos amigos Edmundo Rodrigues de Brito, Guilherme Souza e Taylana Marinho

pelas dúvidas sanadas no mapeamento;

Às amigas Júnia de Cássia, Ozete Melo, Rênia Cardoso, Daniely Guerra, Karinne

Wendy, Eveline Andrade, Denise Brito e Cleide Madeiro pela força nesta caminhada;

Aos amigos Leandro Almeida e Ícaro Paiva pelo auxílio nos trabalhos de campo;

Aos amigos Lucas Botelho e Kélio Hermínio pela colaboração;

Por fim agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a

realização desta pesquisa.

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“Bom mesmo é ir à luta com

determinação, abraçar a vida e viver com

paixão, perder com classe e vencer com

ousadia, pois o triunfo pertence a quem

se atreve e a vida é muito bela para ser

insignificante”.

(Charles Chaplin)

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RESUMO

Esta pesquisa possui como recorte espacial o município de Guaiúba, Nordeste do

Brasil, Estado do Ceará, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza-RMF.

Dentro da perspectiva de divisão político-administrativa, Guaiúba encontra-se em

uma área propícia a mudanças rápidas. Prontamente se evidencia ocupação

indevida, comprometimento dos recursos naturais, poluição dos recursos hídricos e

empobrecimento da biodiversidade devido ao desmatamento indiscriminado e as

queimadas. Fatores estes que vão interferir na dinâmica da paisagem, e assim

comprometer a qualidade do meio ambiente. Emerge a necessidade do município

buscar alternativas de sustentabilidade para o seu desenvolvimento, bem como, é

de fundamental importância considerar a relação entre a sociedade e a natureza,

destacando as potencialidades e limitações dos sistemas ambientais, através do

método de análise integrada de todos os componentes e processos envolvidos.

Nesse ponto de vista, foi feita uma revisão bibliográfica criteriosa para em seguida

fazer uso da teoria geossistêmica e assim entender a dinâmica dos sistemas

ambientais. Os domínios naturais que abrangem o município são a depressão

sertaneja, maciços residuais e planícies fluviais. Abordou-se ainda os dados

históricos, aspectos demográficos e socioeconômicos. Em virtude da falta de

políticas que conduzam ao ordenamento territorial para assim evitar futuras

degradações no município e colaborar com o desenvolvimento sustentável, o

objetivo principal deste ensaio é fazer a contextualização ambiental e determinar

diretrizes propulsoras de sustentabilidade. Ademais, entende-se que a

compartimentação geoambiental que dá ênfase ao conhecimento integrado será de

fundamental importância para subsidiar o ordenamento territorial no município de

Guaiúba.

Palavras-chave: Sistemas ambientais. Uso e ocupação. Ordenamento territorial.

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ABSTRACT

This research refers to the county of Guaiúba, Northeast of Brazil, State of Ceará,

located in the Metropolitan Region of Fortaleza-RMF. With perspective of

administrative-political division, Guaiúba is placed in an area with imminent

perspective of changing. Promptly, there is evidence of undue occupation,

impoverishment of natural resources, pollution of water resources and the threat to

the biodiversity due to indiscriminate deforestation and fires. These factors will

interfere with the dynamics of the landscape, and thus compromise the quality of the

environment. The county needs to seek for sustainable alternatives for its

development, as well as it is of fundamental importance to consider the relationship

between society and environment, highlighting the potentialities and limitations of

environmental systems, through the integrated analysis of all components And

processes involved. In this context, a careful bibliographic review has been made

with the intuit of using the geosystemic theory to understand the dynamics of

environmental systems. The natural domains that cover the county are the

“sertaneja” depression, residual hills and fluvial plains. It was also taken in

consideration the historical data, demographic and socioeconomic aspects. Due to

the lack of policies that lead to spatial planning in order to avoid future degradation of

the county and to collaborate with sustainable development, the main objective of

this paper is to make environmental contextualization and determine guidelines for

sustainability. In addition, it is understood that the geoenvironmental subdivision that

emphasizes the integrated knowledge will be of fundamental importance to support

territorial planning in the county of Guaiúba.

Keywords: Environmental systems. Use and occupation. Spatial planning.

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem SRTM após ser projetada, reprojetada, convertido os

dados do tipo 32bits para 16bits e recortada na poligonal do

município de Guaiúba ...................................................................... 39

Figura 2 - Sombreamento, poligonal do município de Guaiúba, com direção

de azimute 120º e altura 60º ............................................................ 40

Figura 3 - Fluxograma metodológico ................................................................ 44

Figura 4 - Ilustração dos maciços de Baturité e Aratanha na poligonal do

município de Guaiúba ...................................................................... 47

Figura 5 - Dissecação da Vertente subúmida do Maciço de Baturité, distrito

de Itacima - Guaiúba .................................................................... 50

Figura 6 - Presença de colina no distrito de Dourado - Guaiúba-Ce ................. 52

Figura 7 - Relevo aplainado e dissecado, vista do distrito de Dourado-

Guaiúba-Ce ...................................................................................... 53

Figura 8 - Argissolos Vermelho Amarelos na estrada que liga o distrito de

Itacima a CE 060 .............................................................................. 72

Figura 9 - Casa Assombrada na propriedade do Senhor Waldir Cavalcante,

“Didi” distrito de Água Verde .......................................................... 80

Figura 10 - Pirâmide etária do município de Guaiúba .......................................... 83

Figura 11 - Construções indevidas nas margens do Rio Guaiúba ....................... 88

Figura 12 - Afluente do Rio Guaiúba com mata ciliar degradada, ocupação da

planície fluvial e água poluída .......................................................... 88

Figura 13 - Esgoto a Céu aberto no bairro Santo Antônio .................................. 88

Figura 14 - Lixão a Céu aberto na Sede do Município ........................................ 88

Figura 15 - Cultivo irrigado em áreas de inundação na comunidade de

Carrapateiras ................................................................................... 90

Figuras16e17-Queimadas e posteriormente plantação de milho em propriedade

privada próximo ao distrito de São Jerônimo, janeiro e abril de

2016, respectivamente ..................................................................... 91

Figura 19 - Olaria no distrito de Água Verde e armazenamento de argila .......... 92

Figura 20 - Olaria na área de Planície fluvial no Rio Baú ................................... 93

Figura 21 - Flagrante da extração de argila na Planície de inundação-Distrito

de Baú.............................................................................................. 93

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Figura 22 - Extração mineral e pesquisa para exploração (manganês, granito

e água mineral) dentro do município de Guaiúba - SIGMINE ........... 94

Figura 23 - Local para implantação do condomínio químico industrial do

Ceará ............................................................................................... 95

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LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação da paisagem .................................................................... 25

Quadro 2 - Ecodinâmica das paisagens, vulnerabilidade e sustentabilidade

ambiental ............................................................................................... 29

Quadro 3 - Características espectrais do satélite Landsat 8 .................................... 37

Quadro 4 - Parte da Imagem de Satélite Landsat 8 em diferentes composições,

Município de Guaiúba, 2015 .................................................................. 37

Quadro 5 - Dados extraídos da imagem SRTM ........................................................ 39

Quadro 6 - Dados dos mapas elaborados na pesquisa ............................................ 41

Quadro 7 - Dados dos postos pluviométricos ........................................................... 45

Quadro 8 - Estimativas das temperaturas mensais da localidade dos postos

pluviométricos ....................................................................................... 46

Quadro 9 - Unidades geológica-geomorfológicas do município de Guaiúba-Ce ....... 55

Quadro 10- Balanço hídrico com dados do Posto Guaiúba (1988-2015) .................. 68

Quadro 11- Balanço hídrico com dados do posto Pacajus (1988-2015) ................... 69

Quadro 12- Balanço hídrico com dados do posto Redenção (1988-2015) ............... 70

Quadro 13- Associação das classes de solos e unidades geomorfológicas de

Guaiúba ................................................................................................. 72

Quadro 14- Tipologia dos solos, características e limitações de uso ........................ 74

Quadro 15- Espécies do Bioma Caatinga ................................................................ 76

Quadro 16- Fotos da antiga Estação Ferroviária ...................................................... 79

Quadro 17- Fotos da rua principal do distrito Sede Guaiúba .................................... 80

Quadro 18- Comportamento expectral das classes de uso e ocupação da terra ...... 96

Quadro 19- Compartimentação Geoambiental do Município de Guaiúba ............... 101

Quadro 20- Características naturais dominantes, capacidade de suporte,

cenários e ecodinâmica/vulnerabilidade .............................................. 104

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LISTAS DE MAPAS

Mapa 1 - Localização geográfica do município de Guaiúba .................................... 20

Mapa 2 - Unidades geológicas do município de Guaiúba ........................................ 56

Mapa 3 - Unidades Geomorfológicas do município de Guaiúba .............................. 57

Mapa 4 - Mapa hipsométrico de Guaiúba a partir das curvas de nível 10 ............... 58

Mapa 5 - Mapa de Declividade do município de Guaiúba ....................................... 59

Mapa 6 - Mapa de localização dos postos pluviométricos ....................................... 65

Mapa 7 - Mapa pedológico do município de Guaiúba.............................................. 75

Mapa 8 - Mapa de uso e ocupação ......................................................................... 98

Mapa 9 - Mapa dos sistemas ambientais .............................................................. 102

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LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Condições de Relevo em porcentagem ................................................. 54

Gráfico 2 - Total e média da precipitação pluviométrica (mm) do posto Guaiúba

da FUNCEME, no período de 1988 a 2015 ........................................... 63

Gráfico 3 - Total e média da precipitação pluviométrica (mm) do posto Pacajus

da FUNCEME, no período de 1988 a 2015 ........................................... 63

Gráfico 4 - Total e média da precipitação pluviométrica (mm) do posto Redenção

da FUNCEME, no período de 1988 a 2015 ........................................... 64

Gráfico 5 - Média mensal da precipitação pluviométrica para os postos (Guaiúba,

Pacajus e Redenção) da FUNCEME ..................................................... 66

Gráfico 6 - Temperatura de Guaiúba estimada no CELINA ..................................... 67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - População Urbana e Rural dos anos de 1991, 2000 e 2010 ................. 82

Tabela 2 - Número de professores, matrículas e escolas, Guaiúba-2014 .............. 84

Tabela 3 - Unidades, profissionais de saúde ligados ao Sistema de saúde –

SUS e indicadores de saúde, Guaiúba-2014 ......................................... 85

Tabela 4 - Números de empregos formais - 2014 .................................................. 86

Tabela 5 - Área destinada à colheita e quantidade produzida das lavouras

permanentes e temporárias - 2014 ........................................................ 89

Tabela 6 - Efetivo de rebanhos e aves – 2014 ....................................................... 91

Tabela 7 - Área/km² das classes de uso e cobertura da terra no município ........... 99

Tabela 8 - Área/km² dos subsistemas Ambientais do município de Guaiúba ....... 101

Tabela 9 - Área/km² das classes de Ecodinâmica/vulnerabilidade no município .. 106

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LISTAS DE SIGLAS

APA Área de Proteção Ambiental

CAD Armazenamento de Água no Solo.

CEASA Centrais de Abastecimento do Ceará.

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais.

DNPM Departamento Nacional de produção Mineral/Ministério de minas e

energias.

DOE Diário Oficial do Estado.

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

EP Evapotranspiração Potencial.

ER Evaporação Real.

FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos.

GPS Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global).

GTP Geossistema-Território-Paisagem.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IDACE Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará.

IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

LANDSAT Land Remote Sensing Satellite.

MDE Modelo Digital de Elevação.

MTB Ministério do Trabalho.

NASA National Aeronautics and Space Administration.

OMS Organização Mundial da Saúde.

RMF Região Metropolitana de Fortaleza.

SEDUC Secretaria de Educação do Estado do Ceará.

SESA Secretaria da Saúde do Estado do Ceará.

SHP Shapefile.

SIGMINE Sistema de Informação Geográficas da Mineração.

SRH Secretaria de Recursos Hídricos.

SIG Sistema de Informações Geográficas.

SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas.

SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

SPRING Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas.

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SRTM Shuttle Radar Topographyc Mission.

SUS Sistema Único de Saúde.

UECE Universidade Estadual do Ceará.

USGS U.S. Geological Survey.

UTM Projeção Universal Transversal de Mercator.

WGS World Geographic System Datum.

TCGEO Sistemas de Transformações de Coordenadas.

TGS Teoria Geral dos Sistemas.

ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico.

ZCIT Zona de Convergência Intertropical.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 19

2 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS ...................... 23

2.1 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO......................................... 23

2.1.1 Geossistema e Estudos Ambientais ..................................................... 23

2.1.2 Ecodinâmica da Paisagem .................................................................... 26

2.1.3 Análise Geoambiental como Base para o Ordenamento Territorial ... 30

2.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS ...................................................... 34

2.2.1 Levantamento de acervo bibliográfico e de informações disponíveis

sobre o contexto geoambiental do município de Guaiúba ................. 35

2.2.2 Preparação da cartografia básica em um Sistema de Informações

Geográficas (SIG) ................................................................................... 35

2.2.3 Levantamentos de campo para fins de reconhecimento da verdade

terrestre .................................................................................................. 43

3 ATRIBUTOS GEOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUAIÚBA ............ 47

3.1 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS ........................... 47

3.2 CONDIÇÕES HIDROCLIMÁTICAS .......................................................... 60

3.3 CONDIÇÕES PEDOLÓGICAS E COBERTURA VEGETAL ..................... 71

4 CONDIÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO .................................................... 78

4.1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO .................................................................. 78

4.2 DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO ..................................................... 82

4.2.1 População ............................................................................................... 82

4.2.2 Educação e Saúde ................................................................................. 84

4.2.3 Emprego e Renda ................................................................................... 86

4.3 USO E OCUPAÇÃO DA TERRA E PROBLEMAS AMBIENTAIS ............. 86

4.3.1 Ocupação Urbana .................................................................................. 87

4.3.2 Lavouras Permanentes e Temporárias ................................................. 88

4.3.3 Pecuária .................................................................................................. 91

4.3.4 Extrativismo Mineral e Vegetal .............................................................. 92

4.3.5 Indústria .................................................................................................. 94

4.3.6 APA da Aratanha .................................................................................... 95

5 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS AMBIENTAIS E O

ORDENAMENTO TERRITORIAL .......................................................... 100

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18

5.1 COMPARTIMENTAÇÃO GEOAMBIENTAL ........................................... 100

5.2 CAPACIDADE DE SUPORTE E ECODINÂMICA ................................... 103

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 107

REFERÊNCIAS...................................................................................... 110

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19

1 INTRODUÇÃO

A ciência geográfica propõe-se estudar a relação sociedade/natureza,

atentando para as formas espaciais que são oriundas dessa relação e contribuindo

para a elaboração de instrumentos que subsidiem propostas de desenvolvimento

sustentável. Segundo Moraes (1996) o espaço produzido é resultado da ação

humana sobre a superfície terrestre que expressa, a cada momento, as relações

sociais que lhes deram origem.

A atuação humana nos ambientes naturais tem se tornado cada vez mais

intensa nos últimos séculos, mais precisamente depois da Primeira Revolução

Industrial. Com o advento e aprimoramento da tecnologia, as chances da

intervenção humana na natureza vêm se multiplicando. A produção exagerada e o

consumismo são as premissas do capitalismo que têm conduzido a sociedade a

enfrentar sérios problemas ambientais.

No atual estágio de desenvolvimento tecnológico, científico e econômico

que a humanidade atingiu, é impossível desconsiderar a necessidade que a

sociedade tem de recorrer à natureza para suprir suas necessidades. Questiona-se

o uso exacerbado dos recursos naturais sem atentar para a manutenção do

equilíbrio ambiental. Isso tem se manifestado na intensificação da degradação dos

geossistemas.

A degradação ambiental constitui uma ameaça constante para a

existência de muitas espécies da fauna e da flora, com repercussões negativas para

a vida da população. A diminuição contínua das áreas de abrigo da fauna provoca

uma consequente redução de suas populações, ocasionando a extinção de espécies

endêmicas. Conforme Souza (2001) o homem em pouco tempo promoveu tanta

degradação ambiental que gerou uma crise ecológica planetária, de tal forma que

algumas espécies animais e vegetais já foram eliminadas da sua área de

convivência ou até mesmo extintas.

A falta de planejamento ambiental vem contribuindo para a intensificação

da degradação ambiental. Cunha e Guerra (2004) afirmam que a degradação

ambiental tem causas e consequências físicas e sociais. Nesta perspectiva, é

necessário que o problema seja entendido de forma global, integrada e holística.

Para isso, devem-se levar em conta as relações existentes entre a natureza e a

sociedade.

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20

Na intenção de colaborar com o desenvolvimento sustentável do

município de Guaiúba, amenizando os problemas ambientais e consequentemente

evitar a degradação ambiental da área, vem à justificativa da pesquisa que está

traçada no objetivo geral. Expõe-se a necessidade de elaborar a contextualização

geoambiental do município para subsidiar o ordenamento territorial. Assim, este

trabalho fundamentou-se na análise sistêmica, seguindo o pressuposto teórico-

metodológico proposto por Bertrand (1972), os princípios da ecodinâmica de Tricart

(1977) com adaptações de Souza (2000).

Sobre a configuração geoambiental do município a maior parte de sua

área está inserida na depressão sertaneja, destacando ainda as planícies fluviais,

maciços residuais, cristas e colinas. Quanto à localização geográfica, o município

está situado próximo à Capital do Ceará, inserido na Região Metropolitana de

Fortaleza – RMF (Mapa 1).

Mapa 1 - Localização geográfica do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora, IBGE, IPECE, 2016.

A área em estudo tem apresentado expressivo crescimento populacional,

segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, conforme

será oportunamente tratado. Silva (2007) informa que a RMF apresentou maior

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21

crescimento urbano em relação a outras regiões metropolitanas do Nordeste

brasileiro. Para o autor, o município de Guaiúba não acompanhou este crescimento.

É importante frisar que a inserção deste na RMF se deu não por conta de sua

importância urbana e econômica, mas pelo seu desmembramento do Município de

Pacatuba, que por sua vez já pertencia à RMF.

Sabe-se que as mudanças ocorridas no espaço geográfico diante da

ocupação, têm ido de encontro ao equilíbrio ambiental acelerando o processo de

degradação ambiental. O uso inadequado dos recursos naturais tem provocado

danos ao meio ambiente com a incidência de aspectos negativos para a qualidade

de vida da população. Com base no exposto cabem as seguintes problematizações:

Quais problemas ambientais foram causados pelo uso e ocupação dos sistemas

ambientais de Guaiúba? A ocupação tem-se dado nas áreas mais vulneráveis

ambientalmente? O estudo das condições geoambientais e socioeconômicas da

área podem auxiliar o planejamento do poder público?

Os sistemas ambientais foram discutidos tendo em vista as relações

sociedade/natureza, dando ênfase à capacidade de suporte dos mesmos e suas

condições ecodinâmicas. Para isso levantou-se a seguinte hipótese que norteará a

pesquisa: O ordenamento territorial do município de Guaiúba tendo como unidade

referencial os sistemas ambientais diminuirá os problemas ambientais frente aos

processos de uso e ocupação.

Os objetivos específicos foram traçados de forma a contemplar o objetivo

geral e estão descritos abaixo:

a) Realizar diagnóstico geoambiental do município;

b) Caracterizar os sistemas ambientais do município ressaltando suas

potencialidades e limitações;

c) Identificar os problemas ambientais ocorridos devido ao uso e

ocupação;

d) Elaborar mapas temáticos utilizando o sensoriamento remoto como

suporte para a análise espacial;

e) Fornecer subsídios ao Ordenamento Territorial.

Destarte, o trabalho busca expor conhecimentos geoambientais do

município de Guaiúba, de tal modo que, a gestão municipal e a sociedade poderá tê-

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la como instrumento para potencializar o uso e ocupação, minimizando os

problemas ambientais e colaborando com o ordenamento territorial.

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23

2 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

2.1 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

Neste estudo os pressupostos teórico-metodológicos utilizados partem do

enfoque sistêmico por proporcionar a realização da análise integrada do meio físico,

facilitando a interpretação da dinâmica da paisagem e a sua relação com a

sociedade. Nesta perspectiva tem-se a intenção de fazer a análise integrada da

paisagem, bem como entender a dinâmica socioambiental e assim subsidiar o

ordenamento territorial do município de Guaiúba.

Neste sentido selecionaram-se autores que tratam de conceitos e

categorias tais como: paisagem, geossistema, sistemas ambientais, análise

geoambiental e ordenamento territorial. Portanto, autores como Sotchava (1976),

Bertrand (1972), Bertrand & Bertrand (2007) e Ross (2009) foram imprescindíveis

para o desenvolvimento da pesquisa. Dá-se destaque à análise Ecodinâmica de

Tricart (1977) com adaptações de Souza (2000) para estabelecer os níveis de

vulnerabilidade do ambiente e assim atingir o objetivo proposto.

2.1.1 Geossistema e Estudos Ambientais

Os estudos ambientais a partir do conhecimento fragmentado são

evidentes até metade do século XX, onde se deu excessiva ênfase à análise

unitemática. Deve-se reconhecer que os estudos disciplinares através dos

levantamentos tradicionais dos recursos naturais, conduzem ao reconhecimento da

realidade ambiental. Mas, esse conhecimento é incompleto e não permite apreender

o ambiente e avaliar os recursos naturais de um território na sua integralidade

(SOUZA; OLIVEIRA, 2011). Para Christofoletti (1979) os estudos a partir da década

de 1960 começaram a utilizar as concepções sistêmicas de modo mais incisivo. Com

isto, deu-se um novo rumo aos estudos ambientais.

Vários estudiosos tentaram fazer a análise integrada do meio físico se

apropriando dos conceitos de paisagem e geossistema. A geografia física redefine

seu papel com a questão ambiental após a década de 70, devido à necessidade

contemporânea, que por sua vez levou os geógrafos a vincularem suas

preocupações com a demanda ambiental. Consequentemente, buscam a

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24

compreensão da dinâmica da natureza, incorporando suas análises para a avaliação

das derivações da natureza pela dinâmica social (SUERTEGARAY; NUNES, 2001).

Ross (2014) salienta que não se pode ter a pretensão de que o geógrafo

seja o profissional mais apropriado para o desenvolvimento dos estudos ambientais.

Porém, a geografia com sua vocação para análises parciais e globais, sínteses e

generalizações, tem papel marcante nos estudos ambientais. À medida que a

ciência não considera o ambiente apenas o meio físico e biótico, mas inclui o

socioeconômico, isso coloca a ciência geográfica em situação de privilégio frente às

outras ciências nas análises ambientais.

A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) apresentada pela primeira vez em

1937 durante o seminário de Filosofia de Charles Morris, na Universidade de

Chicago (Bertalanffy, 1975) serviu de base para que mais adiante o geógrafo Victor

Sotchava propusesse a teoria geossistêmica para a geografia física. A TGS permitiu

uma nova maneira de compreender como os elementos se organizam e se

relacionam formando o espaço geográfico, estabelecendo assim um novo olhar para

entender as questões ambientais.

A Teoria Geral dos Sistemas (TGS), conforme Bertalanffy,

moldada em uma filosofia que adota a premissa de que a única maneira inteligível de estudar uma organização é estudá-la como sistema, uma vez que a análise dos sistemas trata a organização como um sistema de variáveis mutuamente dependentes (1975, p.25).

No final da década de 60 na antiga União Soviética, Sotchava propõe a

teoria geossistêmica. No entendimento deste autor o geossistema está

hierarquizado em três ordens dimensionais: planetária, regional e topológica. As

classes de unidades homogêneas são chamadas de geômeros e as unidades de

estrutura diferenciada de geócoros (SOTCHAVA, 1976).

Seguidamente o Geógrafo francês Georges Bertrand (1972), baseado na

teoria da biorresistasia do pedólogo alemão Earhart aperfeiçoou o conceito de

geossistema. Procurou enquadrar cada geossistema em determinada condição de

maior ou menor estabilidade, com isto se projeta a ação humana que tende a

conduzir rupturas do equilíbrio ambiental e, por consequências, as condições de

instabilidade (SOUZA, 2000).

Para Bertrand (op.cit.) os geossistemas, são os resultados da combinação

do potencial ecológico, da exploração biológica e da ação antrópica. Ross (2012)

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25

relata que os geossistemas frente às intervenções humanas apresentam maior ou

menor fragilidade em função de suas características genéticas.

Nesta lógica, percebe-se que os geossistemas são afetados pela

sociedade, embora sejam sistemas naturais. Portanto, as ações humanas são

responsáveis também pelas variadas formas de evolução. Neste contexto segue a

afirmação de Veado (1995) sobre geossistema:

os geossistemas são sistemas naturais, mas, o homem atua neles e estabelece uma infindável variedade de fatores de ordem sócio-econômica que, na verdade, constitui o verdadeiro motivo, ou, pelo menos, o principal, hoje em dia, que leva o geossistema a apresentar formas diferentes de evolução (1995, p11).

Souza (2007) afirma que o geossistema representa dados originários de

combinações parciais como as dos fatores morfo-estruturais e hidroclimáticos.

Destas relações surgem condições para uma exploração biólogica, resultando em

um espaço onde um uso e ocupação pelo homem tende a adquirir características

comuns.

Souza e Oliveira (op.cit.) ressaltam que o geossistema é um sistema

geográfico ligado a um território e brota das relações mútuas entre os componentes

do potencial ecológico e da exploração biológica e destes com ação antrópica.

Bertrand (op.cit.) considera a escala fundamental no estudo das

paisagens. O autor baseado nas escalas têmporo-espaciais de Cailleux e Jean

Tricart classifica o geossistema em unidades superiores (zona, domínio e região

natural) e inferiores (geossistema, geofácies e geótopo). Estas unidades inferiores

surgiram após vários ensaios,

Na verdade, geo “sistema” acentua o complexo geográfico e a dinâmica do conjunto; geo “fácies” insiste no aspecto fisionômico e o geo “topo” situa essa unidade no último nível da escala espacial, (BERTRAND, 1972, p.145).

O quadro 1 que segue apresenta um modelo de classificação das paisagens.

Quadro 1 - Classificação da paisagem Ordens de Grandeza

Unidade da paisagem

Escala têmporo-espacial (Cailleux , Tricart)

Exemplo numa mesma série de paisagem

Elementos básicos

Superiores

Zona G: grandeza G.I + de 1.000.000 km²

Intertropical. Climáticos e estruturais.

Domínio G.II 100.000 a 1000.000 km²

Caatingas Semiáridas.

(continua)

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26

Região Natural G.III-IV 1000 a 100000 Km²

Depressão sertaneja; Maciços residuais úmidos.

Inferiores

Geossistema

G. IV- V “+10 a 1 Km²”

Depressão sertaneja; Maciço residual da Aratanha.

Geomorfológicos e antrópicos.

Geofácies

G. VI

Planície fluvial do rio Guaiúba; Vertente úmida da serra da Aratanha.

Geótopo

G. VII

Planície alveolar na serra da Aratanha.

Fonte: Adaptado de Santos (2006) a partir de Bertrand (1972).

A geofácies é um setor fisionomicamente homogêneo, que por sua vez se

desenvolvem na mesma fase de evolução do geossistema. O geótopo (menor

unidade homogênea de um geossistema) se caracteriza em uma parcela restrita e

diferenciada, onde crescem complexos biótopo-biocenose (ROSS, 2006).

Dentre os objetivos do estudo dos geossistemas, pode-se salientar a

busca pelo uso e ocupação ordenado da terra, uso racional dos recursos naturais e

consequentemente o desenvolvimento beneficiando a sociedade. O processo de uso

e ocupação, e a apropriação dos recursos naturais pela sociedade culminam em

alterações no meio ambiente.

Assim sendo, é preciso que se conheça o ambiente de uma maneira

holística, para estabelecer diretrizes que venham a nortear as atividades da

sociedade, proporcionando uma relação harmoniosa com a natureza. Para tanto,

teve-se uma preocupação em desenvolver o referido trabalho na abordagem

geossistêmica.

2.1.2 Ecodinâmica da Paisagem

Na perspectiva de analisar a dinâmica ambiental e a evolução dos

sistemas naturais, Tricart (1977) propôs o termo ecodinâmica baseado na dinâmica

dos ecótopos. Conforme o autor o conceito de ecodinâmica é integrado ao conceito

de ecossistema, fundamentado no instrumento lógico dos sistemas, focaliza as

relações mútuas entre os vários componentes da dinâmica ambiental e os fluxos de

matéria/energia presentes no meio ambiente. A morfodinâmica de acordo com o

Tricart é fundamental no entendimento do processo, e o processo depende do solo,

cobertura vegetal, clima, rocha, dentre outros elementos.

Quadro 1 - Classificação da paisagem

(conclusão)

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27

Sobre a ecodinâmica de Tricart, Ross (2006) preconiza que a obra veio

direcionar novo modo de perceber a natureza e a sociedade através de uma

abordagem integrada, principalmente em questões da natureza sob os efeitos da

sociedade. Ross sobre a ótica de Tricart, fala da importância de se adotar tal

concepção no trato com os recursos naturais e que para isto requer uma avaliação

da dinâmica do geossistema, ou seja, dos fluxos de energia e matéria.

Para Tricart (op.cit.) os meios ecodinâmicos estabelecidos em função do

balanço entre morfogênese e pedogênese são considerados, como meios estáveis,

meios de transição ou intergrades e meios instáveis e assim é possível avaliar as

condições de estabilidade/instabilidade dos geossistemas,

A análise morfodinâmica recomendada por Tricart baseia-se em estudo

do sistema morfogenético (função das condições climáticas), no estudo dos

processos atuais, caracterizando os tipos, a densidade e a distribuição, nas

influências antrópicas e por último os graus de estabilidade morfodinâmica oriundos

da análise integrada dos sistemas morfogenéticos e dos processos atuais e da

degradação antrópica (ROSS, 2014).

Para tanto, Tricart (op.cit.) considera que as unidades ecodinâmicas com

comportamento morfodinâmico estável têm como elemento predominante a

pedogênese e apresentam as seguintes características: cobertura vegetal densa

capaz de pôr freio eficiente ao desencadeamento dos processos mecânicos da

morfogênese; dissecação contida do relevo, sem incisão violenta dos cursos d’água,

sem solapamentos vigorosos dos rios, e vertentes da branda evolução; ausência de

manifestações vulcânicas e abalos sísmicos que venham a desencadear paroxismos

morfodinâmicos de aspectos catastróficos.

Quanto aos meios de transição ou intergrades Tricart (op.cit.) afirma que

se situa entre os meios estáveis e instáveis. O que caracteriza estes meios é o

balanço permanente entre a morfogênese e a pedogênese que atuam ao mesmo

tempo e espaço, ou seja, estão em transição gradual entre a estabilidade e

instabilidade.

Ross (2014) parafraseando Tricart descreve que no meio instável vai

preponderar a morfogênese e dentre os fatores que favorecem o quadro instável

estão: condições climáticas agressivas, com ocorrência de variações e irregulares de

ventos e chuvas; relevo com vigorosa dissecação, exibindo declives extensos;

presença de solos rasos ou constituídos por partículas com baixo grau de coesão; a

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28

falta de cobertura vegetal e de floresta densa; planícies e fundos de vales

subordinados a inundação e geodinâmica interna intensa.

Ainda sobre a unidade ecodinâmica instável é importante considerar a

ação antrópica que acelera a morfodinâmica e assim tem contribuição para a

alteração do meio ambiente, por exemplo, podem acentuar os processos erosivos

com o resultado da degradação dos solos. As atividades humanas provocam

alterações no meio ambiente com diferentes graus de intensidade, podendo

conduzir, em alguns casos, a processos de degradação até mesmo irreversíveis, a

exemplo da desertificação.

Ross (2009) salienta que Tricart conjuntamente com Conrad

Kiewietdejonge publicou em 1992 uma obra na qual amplia o seu entendimento da

relação sociedade/natureza ao desenvolve o conceito de ecogeografia. A

ecogeografia estuda como os seres humanos são integrados nos ecossistemas e

como esta integração é diversificada em função do espaço terrestre. Afirma ainda

que o homem com suas inserções tecnológicas modificam o ecossistema, sendo,

portanto, agentes decisivos da ecodinâmica.

Os objetivos da pesquisa na concepção ecodinâmica incidem em um bom

manejo da terra, no redirecionamento ou alteração da dinâmica existente por outra.

Para Tricart e Kiewietdejonge (1992), a visão descritiva e estática do ambiente é

insuficiente. Necessita ir em direção do entendimento da sensibilidade do ambiente

sob o ponto de vista da intervenção humana (ROSS 2009, p.46).

E quanto à análise integrada do ambiente, sob a perspectiva de sua

dinâmica, os autores consideram que a análise morfodinâmica é fundamental para

compreender o comportamento do ambiente para o uso racional da terra e fazer a

avaliação da suscetibilidade de certos tipos e riscos de uso da terra diante da

degradação ambiental (ROSS 2009, p.46).

A metodologia para definir as condições de vulnerabilidade ambiental nos

sistemas ambientais, está baseada na ecodinâmica de Tricart (op.cit.) com

adaptações de Souza (2000) em estudos no semiárido do Nordeste brasileiro, mais

especificamente no Estado do Ceará. Souza (op.cit) considera importante a análise

da ecodinâmica da paisagem associada às formas de uso e ocupação. Para a

definição da vulnerabilidade, o autor, estabeleceu os seguintes níveis de

vulnerabilidades - baixa, moderada e alta e de sustentabilidade – muito baixa, baixa,

moderada e alta (quadro 2).

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29

Souza (2009) frisa que cada uma dessas categorias, definidas para os

diferentes sistemas ambientais, serve para avaliar a tipologia, o comportamento e a

fragilidade desses sistemas.

Quadro 2 - Ecodinâmica das paisagens, vulnerabilidade e sustentabilidade

ambiental

Ecodinâmica dos

Ambientes

Condições de Balanço entre Morfogênese e Pedogênese

Vulnerabilidade Ambiental

Sustentabilidade Ambiental

Ambientes medianamente estáveis

O modelado evolui lentamente, há predomínio dos processos pedogenéticos. Apresentam fraco potencial erosivo decorrente da estabilidade morfogenética, favorecendo a pedogênese. A cobertura vegetal protege bem os solos contra os efeitos morfogenéticos e de dissecação e erosão moderada.

Nula ou muito baixa.

Alta.

Ambientes de Transição

Garantem a passagem gradual entre os meios medianamente estáveis e os meios instáveis. Há um balanço permanente da morfogênese e da pedogênese efetuando-se de modo concorrente sobre um mesmo espaço, sem que exista nenhuma separação abrupta. A tendência para a situação de estabilidade ou de instabilidade pode ser, sobremaneira, influenciada pela ação da sociedade ensejada pelas atividades socioeconômicas.

Moderada. Moderada.

Ambientes Instáveis

A morfogênese é o elemento predominante da dinâmica atual. A deterioração ambiental é evidente e a capacidade produtiva dos recursos naturais está comprometida devido à intensa atividade do potencial erosivo que diminui a densidade vegetacional, formando processos morfogenéticos mais atuantes, provocando a ablação dos solos. Os recursos paisagísticos estão comprometidos.

Alta ou muito forte.

Baixa a muito baixa.

Fonte: Adaptado de SOUZA (2000).

Analisando por esta ótica é viável avaliar à compreensão das

potencialidades e limitações de uso, dos processos atuantes, bem como o estado

atual de conservação dos recursos naturais. Com uma percepção holística da área é

possível propor ações para o uso e ocupação do solo, assegurando ao homem o

direito ao meio ambiente saudável.

De acordo com Ross (2014) no ambiente é preciso ter uma postura de

prevenção, pois o custo da prevenção de acidentes ecológicos e da degradação

generalizada é bem menor do que o custo de corrigir o quadro ambiental

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deteriorado. Portanto, com a postura de prevenir faz-se necessário a elaboração dos

diagnósticos ambientais para que se possa elaborar o prognósticos e assim

estabelecer diretrizes dos recursos naturais de forma mais racional. Para isto é

importante considerar as questões paisagísticas e também a questão

socioeconômica.

O estudo da área no tocante às dinâmicas que modelam a paisagem, as

condições de vulnerabilidades e ao uso e ocupação do solo vão contribuir com

propostas concretas de conservação e preservação dos recursos naturais,

permitindo indicar tendências futuras que assegurem o desenvolvimento sustentável

no município de Guaiúba.

Conforme Souza (2003) a concepção de desenvolvimento sustentável

tem como pressuposto fundamental a possibilidade de manter-se no tempo e no

espaço. O conceito consolidou-se como uma proposta de desenvolvimento global a

partir da Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

realizado no Rio de Janeiro em 1992, do que resultou a Agenda 21.

A Agenda 21 é um documento que visa à construção de um plano de

ação e de um planejamento participativo em nível global, nacional e local, capazes

de permitir um novo modelo de desenvolvimento baseado na justiça social, no

equilíbrio ambiental e na eficiência econômica (SOUZA et. al. 2003).

2.1.3 Análise Geoambiental como Base para o Ordenamento Territorial

A análise geoambiental que permeia esta proposta de estudo é de grande

valor para fornecer o diagnóstico ambiental, bem como verificar as potencialidades e

limitações dos sistemas ambientais do município de Guaiúba e assim propor o

ordenamento territorial para a área. Souza (2007), afirma que a análise

geoambiental é uma concepção integrativa que deriva do estudo unificado das

condições naturais que conduz a uma percepção do meio em que vive o homem e

onde se adaptam os demais seres vivos.

Nessa perspectiva, cada sistema ambiental é caracterizado por vários

elementos que mantêm relações mútuas entre si, e são ininterruptamente

submetidos aos fluxos de matéria e energia. Sendo assim, são produtos de fatores

relacionados às condições geológicas/geomorfologias, hidrológicas/climáticas, solos

e cobertura vegetal e apresentam características de vulnerabilidades e

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31

potencialidades que permitem a sua utilização para o planejamento territorial

(ALBUQUERQUE, et. al. 2014).

Para a análise geoambiental são importantes alguns requisitos: promover

diagnóstico integrado dos componentes ambientais e os processos do meio natural;

executar trabalhos de sensoriamento remoto para a produção geocartográfica;

avaliar o potencial dos recursos naturais, identificar as formas de uso e ocupação;

prognosticar as perspectivas da evolução geoambiental; promover macro e

microzoneamentos geoambientais (NASCIMENTO; SAMPAIO, 2005).

O diagnóstico ambiental do que trata esta pesquisa, prioriza a visão

holística para a caracterização dos sistemas ambientais que está apoiada na análise

dos fatores citados, bem como das relações mútuas entre si. Desse modo, o

conceito de paisagem assume significado para delimitar os sistemas ambientais, em

função da exposição de padrões uniformes ou relativa homogeneidade (SOUZA,

2000).

A noção de paisagem, no âmbito da ciência geográfica, tem origem na

geografia alemã, com o conceito de landschaft, atrelada a uma compreensão de

natureza. Como categoria de análise vem passando por várias definições, com a

aplicabilidade da análise sistêmica, a paisagem passa a ser percebida como algo

delimitado, com padrões e atributos para cada elemento (SOBRINHO, 2007).

Sobre o conceito de paisagem, Bertrand (op.cit.) considera que não é a

simples soma de elementos geográficos desconectados. É, em uma porção do

espaço, o resultado da combinação dinâmica de elementos físicos, biológicos e

antrópicos que, reagindo dialeticamente uns com os outros, fazem da paisagem um

conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.

Ainda conceituando a paisagem, Ab’Saber (2003) considera que todos

que estudam a natureza chegam a ideia de que a paisagem é uma herança: “uma

herança em todo o sentido da palavra: herança de processos fisiográficos e

biológicos, e patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como

território de atuação de suas comunidades” (AB’SABER 2003, p.9). Na intenção de

contemplar os estudos integrados os conceitos acima citados foram priorizados pela

definição holística e abrangente dos autores.

Os estudos integrados são fundamentais nos estudos da geografia física,

propiciando a síntese do espaço geográfico, pois permitem, dialeticamente, a

elaboração de diagnósticos socioambientais, determinam zonas de uso

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indiscriminado, conservação e preservação, elaboração de cenário sobre as

tendências de evolução e dinâmica do ambiente (NASCIMENTO; SAMPAIO, 2005).

A análise geoambiental tem a finalidade prática de servir como

instrumento técnico de manejo dos recursos naturais, visando à proteção dos

sistemas ambientais. O zoneamento presume a definição de zonas com desígnio de

proporcionar os meios para que a conservação da natureza e a sustentabilidade de

uso dos recursos naturais possam ser alcançadas de modo harmônico e eficaz

(SOUZA; OLIVEIRA, op.cit).

O zoneamento ambiental apresenta-se como um instrumento de

planejamento que coleta, organiza dados e informações sobre o território, indicando

alternativas de uso para as unidades geoambientais de acordo com a sua

capacidade de suporte e conforme suas tendências vocacionais. Configura-se como

instrumento fundamental para a prática do desenvolvimento sustentável (SOUZA;

OLIVEIRA, op.cit).

Sob a perspectiva de planejamento do território, Ross (2009) afirma que é

necessário que as intervenções humanas sejam planejadas com objetivos claros de

ordenamento territorial, tomando-se como premissas a potencialidades e as

fragilidades naturais, bem como pôr em prática as políticas públicas que visem o

ordenamento territorial, que valorizem a conservação e preservação da natureza

para o desenvolvimento sustentável.

As análises geoambientais integradas perseguem o caminho do

ordenamento territorial e, logo, para o planejamento dos usos racionais dos recursos

naturais, a partir da década de 1970, as pesquisas geográficas voltaram-se para as

questões ambientais, com destaque para os estudos de impactos ambientais,

diagnósticos ambientais, zoneamento e planejamento ambiental culminando por

fornecer as bases que subsidiam a gestão territorial com enfoque ambiental e com

bases técnico-cientificas no Zoneamento Ecológico-Econômico-ZEE (ROSS, 2009).

Sob a ótica da compreensão do conceito de ordenamento territorial, é

apresentada uma proposta de Souza (2006): o ordenamento territorial consubstancia

um esboço de Zoneamento ambiental com informações socioambiental sobre a base

territorial. Estas informações auxiliará o planejamento dos gestores, da sociedade

em conformidade com as potencialidades e limitações dos recursos naturais. Para

isto, requer a identificação, avaliação e a capacidade de uso dos sistemas

ambientais.

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33

O mencionado autor na busca de um cenário desejável para o

ordenamento territorial considera que algumas ações devem ser inseridas:

a) Implantação do ZEE que abriga a compreensão integrada e holística da

realidade geoambiental e socioeconômica do território;

b) O zoneamento como instrumento capaz de garantir o ordenamento

territorial deve ser modulado no tempo, em função do enriquecimento

do banco de dados e de informações e análises disponíveis a cada

momento;

c) Elaboração de planos diretores de desenvolvimento sustentável com a

caracterização socioambiental integrada;

d) Ocupação demográfica e produtiva compatível com a capacidade de

suporte dos recursos naturais e conforme o seu estado de

conservação;

e) Reestruturação fundiária orientada para o desenvolvimento de

atividades agropecuárias feito em bases sustentáveis;

f) Desenvolvimento urbano com a identificação de vocações produtivas

para os pequenos núcleos (SOUZA, 2006).

No Brasil existem vários instrumentos voltados para o planejamento,

dentre estes, o ZEE é o principal. O decreto Nº 4.297/2002, que define os critérios

para o ZEE, entende que é um instrumento de organização do território, devendo ser

seguido na implantação de planos, de modo a considerar as fragilidades dos

ambientes estabelecendo restrições e alternativas de exploração do território.

Dentre os benefícios do ZEE citado por Ross (2009) está a “contribuição

para a racionalização do ordenamento território, com a redução das ações

predatórias e indicando as atividades sustentáveis”.

O ZEE surge como marco referencial para o planejamento e a gestão do

processo de desenvolvimento sustentável, na Constituição Federal, o embasamento

para o zoneamento do território pode ser encontrado em vários artigos (SOUZA et.

al. 2003).

No caso dos municípios a Constituição Federal no seu artigo 30, inciso

VIII esclarece ser de competência do município “promover no que couber, adequado

ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento

e da ocupação do solo urbano”.

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Outra lei de grande importância para os municípios é o Estatuto da

Cidade (Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001), que constitui as diretrizes gerais da

política urbana e normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da

propriedade urbana em prol do coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos,

bem como o equilíbrio ambiental (SOUZA et. al. 2003).

O Estatuto das Cidades destaca que o Plano Diretor é parte integrante do

processo de planejamento municipal, a lei que o institui deverá ser revista, pelo

menos, a cada dez anos. O Estatuto prevê que o Plano Diretor é obrigatório no caso

dos municípios com mais de vinte mil habitantes, dos integrantes da Região

Metropolitana e aglomerações urbanas, dos integrantes de área especiais com

interesses turísticos e os inseridos na área de influência de empreendimentos com

significativo impacto ambiental (SOUZA et. al. 2003). No que concerne à área de

estudo, o Plano diretor de Guaiúba, lei 270/2001 é de 20/09/2001, portanto, está em

desacordo com o Estatuto das Cidades.

O município se expandiu sem planejamento, e por, estar inserida no

contexto da RMF, tem fortes tendências ao crescimento populacional e econômico.

Partindo deste princípio, vem à necessidade urgente de implantar políticas públicas

voltadas para o ordenamento territorial. A falta de planejamento somado com o

rápido crescimento populacional implicará na apropriação de um ritmo mais intenso

do território e de seus recursos naturais resultando em impactos ambientais.

2.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Neste momento são exibidos os materiais utilizados e a metodologia para

o desenvolvimento da pesquisa. O objetivo central da pesquisa é realizar a analise

geoambiental do município de Guaiúba e para isto foi seguido às orientações de

(SOUZA, et. al. 2009).

Os resultados do diagnóstico ambiental do meio físico de uma área

resultam de uma revisão sistemática dos levantamentos anteriormente procedidos

sobre a base de dados dos recursos naturais. As análises desse material e dos

produtos do sensoriamento remoto, além das visitas de campo constituem os meios

utilizados para alcançar os objetivos (SOUZA, et. al. 2009).

As etapas fundamentais para a obtenção dos resultados estão detalhadas

a seguir.

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35

2.2.1 Levantamento de acervo bibliográfico e de informações disponíveis

sobre o contexto geoambiental do município de Guaiúba

Nesta etapa da pesquisa foram realizadas leituras que auxiliaram no

desenvolvimento como, por exemplo, livros, artigos, dissertações e teses que tratam

dos estudos geoambientais. As leituras visam as seguintes temáticas: teoria

sistêmica, geossistema, ecodinâmica, análise geoambiental, ordenamento territorial,

vulnerabilidade ambiental, geotecnologias como técnicas de sensoriamento remoto e

Sistema de Informações Geográficas – SIG.

Foram realizadas visitas a órgãos estaduais (SEMACE, FUNCEME,

COGERH, IPECE, UECE) e órgãos federais (IBGE, CPRM, INPE, UFC), bem como

a Prefeitura do Município de Guaiúba, para levantar dados geoambientais,

estatísticos e socioeconômicos sobre a área.

2.2.2 Preparação da cartografia básica em um Sistema de Informações

Geográficas (SIG)

A etapa relacionada à cartografia e ao geoprocessamento é básica

para a pesquisa, uma vez que é a partir do armazenamento, interpretação,

tratamento das informações das imagens que serão elaborados os mapas temáticos.

Os produtos conseguidos por meio da tecnologia do sensoriamento remoto, imagens

de satélites, radar, dentre outros, são muito utilizados na análise ambiental.

1) Base Cartográfica

I. Imagem do satélite Landsat 8, com resolução espacial de 15 metros,

datada de agosto/2015, obtida através do USGS;

II. Cena 04_S_39_ZN.tif mageada pelo Shuttle Radar Topographyc

Mission – SRTM/NASA, após processada, revisada é disponibilizada

gratuitamente através do site http://www.dsr.inpe.br/topodata/ do

Banco de Dados Geomorfométrico do Brasil – PROJETO

TOPODATA – INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais);

III. Base cartográfica no formato shapefile (shp) contendo os limites

municipais do Estado do Ceará. Disponível

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36

emhttp://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm. Acesso

em 30.01.2016;

IV. Base digital de geomorfologia em formato shapefile, escala

1:500.000, adquirida do Mapa de Geodiversidade do Ceará de 2010,

CPRM, disponível em http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-

Territorial/Geodiversidade/Mapas-de-Geodiversidade-Estaduais-

1339.html, acesso em: 26.03.2016 ;

V. Mapa geomorfológico da dissertação de mestrado em geografia da

UECE - Modelagem ambiental para a delimitação de brejos de

altitude com estudo de casos para os Maciços da Aratanha,

Maranguape, Juá e Conceição – Estado do Ceará. Autoria de

(SOUZA, 2014);

VI. Mapa Geológico da Região Metropolitana de Fortaleza de 1995, do

Serviço Geológico do Brasil - CPRM, na escala 1:150.000,

Residência de Fortaleza (REFO), do Projeto SINFOR – Sistema de

Informações para Gestão e Administração Territorial da Região

Metropolitana de Fortaleza;

VII. Base digital de solos em formato shapefile, escala 1:600.000,

adquirida no IDACE;

VIII. Dados dos postos pluviométricos da FUNCEME, disponível em

http://www.funceme.br/produtos/script/chuvas/Download_de_series_

historicas/DownloadChuvasPublico.php acessado em 21.04. 2016.

2) Organização do material selecionado

As imagens obtidas através de sensoriamento remoto fornecem uma

ampla visão de conjunto multitemporal da superfície terrestre. Esta visão da

paisagem possibilita estudos integrados, envolvendo vários campos do

conhecimento. Mostram os ambientes e a sua transformação, destacam os impactos

causados por fenômenos naturais e antrópicos, tais como inundação, erosão,

desmatamentos, expansão urbana, ou outras alterações do uso e da ocupação da

terra (FLORENZANO, 2002).

As imagens orbital do satélite Landsat 8 são orientadas ao norte

verdadeiro de Projeção Universal Tranversa de Mercator - UTM, Datum WGS 84

( World Geographic System), portanto foi necessário reprojetá-las para o SIRGAS

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37

2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas). E no caso específico

da imagem adquirida para este trabalho foi à cena de mosaico órbita/ponto 217/63,

datada em 08 de agosto/2015, Projeção UTM, Datum WGS 1984, 24N.

O quadro 3 traz as características espectrais dos instrumentos

imageadores OLI e TIRS.

Quadro 3 - Características espectrais do satélite Landsat 8

Landsat-8 Bandas Intervalo de comprimento

de onda Resolução

espacial (m)

Band 1 – Coastal aerossol 0.43 – 0.45 30

Band 2 – Blue 0.45 – 0.51 30

Band 3 – Green 0.53 – 0.59 30

Band 4 – Red 0.64 – 0.67 30

Band 5 – Near Infrared (NIR) 0.85 – 0.88 30

Band 6 – SWIR 1 1.57 – 1.65 30

Band 7 – SWIR 2 2.11 – 2.29 30

Band 8 – Panchromatic 0.50 – 0.68 15

Band 9 – Cirrus 1.36 – 1.38 30

Band 10 – Thermal Infrared (TIRS) 1 10.60 – 11.19 100

Band 11 – Thermal Infrared (TIRS) 2 11.50 – 12.51 100

Fonte: adaptado de USGS, 2016. http://landsat.usgs.gov/band_designations_landsat_satellites.php. Acesso em 24 jan.2016.

A composição das bandas citadas do satélite Landsat 8 apresenta uma

variedade de possibilidades. Por exemplo, a fusão da banda pancromática (tons de

Cinza) de 15 metros de resolução espacial com outras bandas multiespectrais

(coloridas) de 30 metros terá na resolução espacial final 15 metros. O quadro 4 traz

algumas destas composições. Ressalta-se que a fusão da banda pancromática com

a composição colorida Red, Green e Blue - RGB 654 foi feita no SPRING 5.3.

Quadro 4 - Parte da Imagem de Satélite Landsat 8 em diferentes composições, Município de Guaiúba, 2015

Parte da imagem de satélite Landsat 8, composição colorida RGB654, resolução 30 metros, município de Guaiúba, ano de 2015.

Parte da imagem de satélite Landsat 8, composição colorida RGB654 fusão com a banda pancromática, resolução 15 metros,

município de Guaiúba, ano de 2015.

(continua)

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38

Fonte: Elaborado pela autora.

Após realizada a composição das bandas, foi feito o recorte da imagem

de acordo com a poligonal da área de estudo, procedimento feito no ArcGIS 10.2.2

utilizando a ferramenta para tal função. O uso da imagem Landsat 8 foi fundamental,

permitindo o mapeamento geomorfológico, e do uso e ocupação da terra.

Com o intuito de obter informações do relevo a partir de modelos digitais

de elevação que servissem de orientação para o mapeamento altimétrico, curvas de

nível, declividade, rede de drenagem e para auxiliar na delimitação do relevo

buscou-se dados SRTM adquiridos por sensores orbitais. Mais, especificamente a

cena 04_S_39_ZN.tif, que corresponde à área de estudo.

Os dados SRTM surgiram de uma colaboração entre a NASA e as

agências espaciais (alemã e italiana). No ano 2000, realizou-se um sobrevoo com

duração de 11 dias a bordo do ônibus espacial Shuttle, onde foram percorridas 176

órbitas, cobrindo 80% da superfície terrestre (VALERIANO, 2008).

Esta imagem SRTM necessita de um ajuste de projeção e reprojeção para

o Sistema de Coordenadas Planas UTM, conforme a localização de estudo e precisa

converter os dados 32bits para 16bits. A imagem correspondente à área da pesquisa

foi projetada, reprojetada e recortada, sendo foi feita a conversão dos dados 32bits

para 16bis (FIGURA 1).

(conclusão)

Quadro 4 - Parte da Imagem de Satélite Landsat 8 em diferentes

composições, Município de Guaiúba, 2015

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE … · Geografia do Centro de Ciências e ... Dentro da perspectiva de divisão político-administrativa, ... Mapa pedológico do município

39

Figura 1 - Imagem SRTM após ser projetada, reprojetada, convertido os dados do tipo 32bits para 16bits e recortada na poligonal do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

Conforme dito anteriormente, esta imagem foi adquirida através do

Topodata, Segundo Florenzano (2005) citando Valeriano (2005, 2004) este projeto

foi desenvolvido no INPE com o alvo de construir uma base nacional de dados

topográficos.

O Topodata teve como objetivo formar e colocar à disposição um Modelo

Digital de Elevação- MDE de todo o território nacional e outras variáveis topográficas

associadas à altitude, declividade, orientação de vertentes, dentre outros. Neste

projeto utilizam-se métodos de interpolação por krigagem para transformar o MDE

SRTM original em um novo com a resolução melhorada de 90 m para 30 m

(FLORENZO, 2005).

O quadro 5 abaixo apresenta alguns exemplos das informações que

foram extraídas da SRTM:

Quadro 5 - Dados extraídos da imagem SRTM

Dre

na

gem

(continua)

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE … · Geografia do Centro de Ciências e ... Dentro da perspectiva de divisão político-administrativa, ... Mapa pedológico do município

40

Quadro 5 - Dados extraídos da imagem SRTM

Curv

as d

e n

ível-

10m

Fonte: Elaborado pela autora.

Importante ressaltar que a drenagem após ser extraída, apresentou

pequenas distorções, logo, necessitou fazer as correções, realizada no arcmap. O

traçado das curvas de nível possibilitou a confecção do mapa hipsométrico. O

sombreamento (figura 2) que foi de suma importância para melhorar a aparência das

feições do relevo também foi produzido a partir da imagem SRTM.

Figura 2 - Sombreamento, poligonal do município de Guaiúba, com direção de

azimute 120º e altura 60º

Fonte: Elaborado pela autora, imagem SRTM, 2016.

Segundo Souza (2014) para obter o sombreamento é necessário entrar

com os valores angulares de iluminação nas posições horizontal (azimute) e na

vertical (altura). Assim, o sistema identifica as elevações contidas nos pixels da

imagem e realiza o sombreamento. Acrescenta ainda, que o efeito pode ser aplicado

em diferentes direções de azimute (0º a 360º) e altura (0º a 90º). Entretanto, obtêm-

se melhores resultados incidindo a direção da luz perpendicular ao padrão linear das

(conclusão)

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41

estruturas geológicas. Quanto maior for a altura da iluminação, menos efeito de

sombra ocorrerá.

Foram elaborados os seguintes mapas (quadro 6):

Quadro 6 - Dados dos mapas elaborados na pesquisa

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS, MATERIAIS E METODOLOGIA OBJETIVO

I. M

ap

a d

e

Lo

ca

liza

ção

. Usou-se do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.2.2 para fazer o recorte da poligonal do Município, bem como confeccionar o mapa. Base Cartográfica do IBGE-Limites Municipais.

Situar a área de estudo.

II.

Ma

pa

Hip

so

tric

o O mapa hipsométrico foi elaborado a partir das curvas de

nível/10m geradas do modelo digital de elevação SRTM com 30 metros de resolução espacial. Através do ArcGIS foi utilizada a ferramenta para tal função.

Verificar as feições topográficas mais significativas do relevo auxiliando na compreensão da geomorfologia.

III.

Map

a d

e D

ec

liv

idad

e.

Foi utilizado o Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.2.2 para o tratamento do modelo digital de elevação SRTM, processo de filtragem, geração das declividades em porcentagem e reclassificação seguindo as orientações de Lemos e Santos (1996). Portanto, as classes obtidas estão adaptadas de acordo com os autores acima, que consideram os seguintes variantes: relevo plano (0 a 3%), relevo suave ondulado (3 a 8%), relevo ondulado (8 a 20%), relevo forte ondulado (20 a 45%), relevo montanhoso (45 a 75 %) e escarpado (maior que 75%).

Apoiar as orientações para uso e ocupação da terra.

IV.

Ge

oló

gic

o Usou-se do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS

10.2.2. Mapa Geológico da Região Metropolitana de Fortaleza de 1995, do Serviço Geológico do Brasil – CPRM.

Auxiliar na análise integrada do ambiente.

V.

Ma

pa

Geo

mo

rfo

lóg

ico

.

Elaborado com base no mapa geomoforlógico da dissertação de Mestrado em Geografia da UECE - Modelagem ambiental para a delimitação de brejos de altitude com estudo de casos para os Maciços da Aratanha, Maranguape, Juá e Conceição – Estado do Ceará (SOUZA, 2014); O mapa geomorfológico da dissertação se encontrava em arquivo digital shapefile e foi cedido pelo próprio autor, porém, a escala em que foi produzido não era satisfatória à escala de trabalho desta pesquisa. Para tanto, fez-se um novo mapeamento com escala de 1:50.000 com o objetivo de enriquecimento da delimitação das unidades de relevo. Base digital de geomorfologia em formato shapefile, escala 1:500.000, adquirida do Mapa de Geodiversidade do Ceará de 2010, CPRM; Consulta a metodologia utilizada pelo RADAMBRASIl; Para auxiliar no novo mapeamento, utilizou-se o ArcGIS 10.2.2, arquivos rasters obtido através do Landsat 8.

Auxiliar na análise integrada do ambiente; Elaborar mapas temáticos utilizando o sensoriamento remoto como suporte para à análise espacial -OBJETIVO ESPECÍFICO.

(continua)

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42

Quadro 6 - Dados dos mapas elaborados na pesquisa

VI

. M

ap

a d

e lo

ca

liza

çã

o

do

s P

os

tos

plu

vio

tric

os

.

Usou-se o Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.2.2 para confeccionar o mapa e o software TCGEO do IBGE para transformar as coordenadas decimais dos postos pluviométricos em coordenadas UTM; Base Cartográfica do IBGE-Limites Municipais; Dados dos postos pluviométricos da FUNCEME.

Situar os postos pluviométricos.

VII

. M

ap

a

pe

do

lóg

ico

.

Usou-se do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.2.2. Mapa geomorfológico da pesquisa; Base digital de solos em formato shapefile, escala 1:600.000, adquirida no IDACE.

Elaborar mapas temáticos utilizando o sensoriamento remoto como suporte para à análise espacial -OBJETIVO ESPECÍFICO.

VII

I. M

ap

a d

e U

so

e

Oc

up

o

Segmentação realizada no SPRING 5.3, com similaridade de pixels 6, crescimento de áreas 15; Usou-se do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 10.2.2 para realizar as classificações; Imagem do LandSat 8.

Perceber as formas de uso e ocupação; Identificar os problemas ambientais ocorridos devido ao uso e ocupação -OBJETIVO ESPECÍFICO.

IX.

Ma

pa

do

s S

iste

ma

s

Am

bie

nta

is

Mapa dos Sistemas Ambientais do Ceará, publicado pela FUNCEME elaborado por (SOUZA 2000). Imagem LandSat 8. O mapeamento foi realizado na escala de trabalho de 1/50.000 a partir da interpretação da imagem do satélite LANDSAT 8 , teve como componente Guia o relevo, além do campo.

Caracterizar os sistemas ambientais do município ressaltando suas potencialidades e Limitações- OBJETIVO ESPECÍFICO; Com base nestas características teve-se a possibilidade de alcançar o OBJETIVO ESPECÍFICO que segue - Fornecer subsídios ao Ordenamento Territorial.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em suma, para essa etapa foram utilizados os softwares ArcMap 10.2.2

versão free trial, SPRING 5.3 e o sistemas de transformações de coordenadas -

TCGEO. As imagens foram georreferenciadas de acordo com o Datum SIRGAS

2000, por ser o datum oficial adotado no Brasil nos últimos anos.

Toda ação que objetiva o ordenamento territorial deve incluir a análise

dos variados componentes do ambiente, inclusive a ação humana. Neste sentido o

(conclusão)

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43

mapeamento temático vem colaborar com a organização do espaço, com objetivo de

auxiliar o planejamento territorial com vistas ao desenvolvimento sustentável.

2.2.3 Levantamentos de campo para fins de reconhecimento da verdade

terrestre

Esta fase da pesquisa certamente é de extrema importância para o seu

desenvolvimento, tendo em vista o contato com o empírico, dando a possibilidade de

se verificar o processo de uso e ocupação da área, a conservação dos recursos

naturais e os problemas ambientais causados pelas mais diversas atividades

econômicas.

Primeiramente, foi realizado um campo em janeiro de 2016, na ocasião foi

visitado todos os distritos e algumas comunidades do município, com o objetivo de

reconhecimento da área, identificar e georreferenciar os tipos de uso e ocupação,

bem como foi coletado fotografias locais.

As coordenadas UTM foram adquiridas pelo GPS, modelo Etrex Garmin,

posteriormente transformados em bancos de dados no formato shapefile (*shp) para

serem lidos pelo um sistema de informação geográfica, software de

geoprocessamento. Este programa espacializou os pontos adquiridos no GPS que

auxiliou na interpretação da imagem de satélite e confecção dos mapas temáticos.

Um segundo campo foi realizado partindo da sede do município seguindo

para os distritos de São Jerônimo e Dourado, no mês de abril de 2016. Na ocasião

foram fotografadas algumas áreas, para auxiliar no mapa de uso e ocupação. O

terceiro campo foi realizado no mês de Julho de 2016.

O quarto campo foi realizado com a presença do orientador desta

pesquisa, no mês de agosto/2016, para reconhecimento dos sistemas ambientais.

Utilizou-se o mesmo GPS do primeiro campo.

Os procedimentos que foram adotados no trabalho estão sintetizados no

fluxograma (figura 3) e conduziu o desenvolvimento do trabalho visando o

planejamento adequado para orientar o uso e ocupação dos sistemas ambientais

conforme a sua capacidade de suporte.

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44

Figura 3 - Fluxograma metodológico

Fonte: Adaptado de Souza (2005)

OBJETIVO DO ESTUDO Contextualização Geoambiental do Município de

Guaiúba-ce: Subsídios ao Ordenamento Territorial

Levantamento bibliográfico; Cartografia básica e imagens de sensoriamento remoto em escalas compatíveis; trabalho de campo; geoprocessamento e geração de mapas

temáticos.

Análise e correlação dos

componentes naturais

GEOLOGIA/GEOMORFOLOGIA

Unidades crono-lito-estratigráficas;

Unidades Geomorfológicas.

ASPECTOS HIDROCLIMÁTICOS

Condições termo-pluviométricas, águas

superficiais e

subterrâneas.

SOLOS/ CORBETURA VEGETAL

Principais propriedades das classes de solos;

unidades

Fitoecológicas.

USO E OCUPAÇÃO DA

TERRA

Situação atual.

SISTEMAS AMBIENTAIS

DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL Uso e ocupação e

comprometimento ambiental.

ECODINÂMICA DA PAISAGEM Potencialidades e limitações ambientais, capacidade de

suporte.

SUBSÍDIOS AO ORDENAMENTO TERRITORIAL

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45

3) Procedimentos do balanço hídrico

Para o balanço hídrico foram escolhidos três postos pluviométricos

fornecidos pela FUNCEME, o posto Guaiúba, o único disponível no município, o

posto Pacajus e o posto Redenção. As informações foram sistematizadas em

planilhas do excel, para em seguida serem elaborados os gráficos sobre as

condições pluviométricas do município. Os dois últimos postos citados foram

escolhidos por ser o que apresentavam informações mais completas dos anos

(1988-2015) elegidos pela pesquisa, bem como a proximidade com o município em

análise.

Primeiramente foi preciso estimar os valores da temperatura média

mensal dos postos, onde foi utilizado o software Celina 1.0. Para tanto, foram

necessários os valores de latitude e longitude em graus de cada posto e para isto foi

utilizado o Software TCGEO, bem como foi necessário à altitude de cada posto, que

foi obtida através das curvas de nível extraída a partir da imagem

SRTM/TOPODATA.

O quadro 7 apresenta os dados dos postos pluviométricos.

Quadro 7 - Dados dos postos pluviométricos

COORDENADAS

POSTOS ALTITUDE DECIMAIS UTM GRAUS

Posto Guaiúba 80m Latitude -4,04652777778

Longitude -38,6373611111

E 540213,946

N 9552678,757

Latitude -4° 2' 48,86489"

Longitude -38° 38' 15,76508"

Posto Pacajus 90m Latitude -4,183

Longitude -38,4666944444

E 559148,507

N 9537582,471

Latitude -4º11’0,16911”

Longitude -38° 28' 1,35998"

Posto Redenção 95m Latitude -4,22316666667

Longitude -38,7294722222

E 529982,779

N 9533157,447

Latitude -4° 13' 24,76985"

Longitude -38° 72' 982451"

Fonte: Elaborado pela Autora, FUNCEME, SRTM 2016.

Em seguida, para fazer o calculo do balanço hídrico foram utilizados na

variável de temperatura os registros estimados (quadro 8) através do Software

Celina 1.0. Outro dado necessário é a capacidade de armazenamento de água no

solo (CAD). Este foi estimado na planilha HIDROCEL com base na metodologia de

Thornthwaite & Mather (1955), atendendo as condições texturais das classes de

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46

solos. A planilha que permitiu realizar os cálculos e construir os gráficos do balanço

hídrico foi organizada por Rolim, Sentelhas e Barbieri (1998).

Quadro 8 - Estimativas das temperaturas mensais da localidade dos postos

pluviométricos

ESTIMATIVA DAS TEMPERATURAS MÉDIAS MENSAIS

MESES DO ANO

POSTO GUAIÚBA

POSTO PACAJUS

POSTO REDENÇÃO

Janeiro 27,5º

27,5º

27,7º

Fevereiro 27,2º

27,2º

27,2º

Março 26,7º

26,7º

26,5º

Abril 26,4º

26,4º

26,3º

Maio 26,5º

26,5º

26,5º

Junho 26,2º

26,2º

26,3º

Julho 25,9º

25,8º

26,1º

Agosto 26,5º

26,5º

27,0º

Setembro 26,8º

26,8º

27,4°

Outubro 26,9º

26,9º

27,5º

Novembro 27,2º

27,2º

27,7º

Dezembro 27,4°

27,4°

27,8º

Fonte: Elaborado pela autora, Software CELINA 1.0.

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47

3 ATRIBUTOS GEOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUAIÚBA

A análise geoambiental implica na compreensão dos componentes

geoambientais de modo sistêmico. Dentro desta perspectiva, o estudo destes

elementos naturais pressupõe os aspectos geológicos, geomorfológicos,

hidroclimáticas, as características pedológicas e da cobertura vegetal, somados aos

fatores socioeconômicos. O conhecimento dos sistemas ambientais fornece

elementos para a identificação das potencialidades e limitações naturais e constitui

um passo importante para apontar medidas favoráveis ao desenvolvimento

sustentável, no caso específico, para o Município de Guaiúba.

3.1 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS

A paisagem natural de Guaiúba, do ponto de vista geomorfológico,

compreende as seguintes unidades: depressão sertaneja, parte dos maciços

residuais de Baturité e da Aratanha (figura 4) e planícies fluviais.

Figura 4 - Ilustração dos maciços de Baturité e Aratanha na poligonal do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

Baturité

Aratanha

Guaiúba

Sem escala

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48

De modo geral as depressões sertanejas estão situadas em níveis

altimétricos inferiores a 400m. A morfologia se expõe através de pedimentos que se

inclinam desde a base dos maciços residuais, dos planaltos sedimentares e dos

inselbergs. O caimento topográfico é feito no sentido dos fundos dos vales e do

litoral (SOUZA,1988).

A depressão sertaneja é marcada pela primazia de topografias planas ou

onduladas, sendo que nas altitudes superiores a 300m a dissecação é mais

evidente, isolando feições colinosas, tabuliformes ou lombadas e se caracterizam

por serem os níveis mais elevados das depressões sertanejas. Possuem uma

complexidade litológica e compõem superfícies aplainadas onde o trabalho erosivo

truncou indistintamente, os mais variados tipos de rochas (SOUZA, 2000). A

depressão sertaneja é a unidade geomorfológica de maior expressão no município,

englobando aproximadamente 167,60 km², exibindo topografia plana ou levemente

ondulada formando pedimentos na base dos maciços cristalinos (mapa

geomorfológico - 3).

O mapa 4 hipsométrico gerado a partir das curvas de nível com

equidistância de 10 metros mostra que Guaiúba apresenta um relevo relativamente

plano, apresentando ainda, com menor expressão, áreas elevadas como os maciços

e cristas. O mapa traduz uma relação entre a altitude e as formas de relevo, solos,

litologias e o uso da terra. As cotas altimétricas estão distribuídas na seguinte forma:

1) 40 a 100 metros: Constitui-se como um dos principais compartimentos

altimétricos identificados. É a maior área de abrangência do município,

dominadas por litoestratigrafias complexo gnáissico-migmatítico e

manchas de (Granitoides e coberturas colúvio-eluviais), recobertas em

grande parte por solos luvissolos e Neossolos Flúvicos;

2) 100 a 200 metros: Áreas situadas principalmente próximas aos

maciços Aratanha/Baturité e serrotes Baú e Bolo; dominadas por

litoestratigrafias complexo gnáissico-migmatítico, Complexo granitoide-

migmatítico e manchas de (Granitoides), recobertas em grande parte

por solo Argissolos Vermelhos Amarelos e em menor proporção

próximo ao serrote do Bolo os Neossolos Litólicos;

3) 200 a 300 metros: Corresponde a área de transição da depressão

sertaneja/Maciços. Presente ainda no topo dos serrotes do Baú e Bolo.

Áreas dominadas por litoestratigrafias complexo gnáissico-migmatítico,

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49

Complexo granitoide-migmatítico e manchas de (Granitoides),

recobertas em grande parte por solo Argissolos Vermelhos Amarelos e

Neossolos Litólicos;

4) 300 a 400, 400 a 500 e ainda 500 a 600 metros: correspondem aos

compartimentos altimétricos dos maciços Aratanha e Baturité. Áreas

dominadas por litoestratigrafias complexo gnáissico-migmatítico,

Complexo granitoide-migmatítico, recobertas por solo Argissolos

Vermelhos Amarelos;

5) 600 a 700 metros: Compartimento altimétrico pouco expressivo,

presente nas serras da Aratanha e Baturité;

6) 700 a 800 metros: Representa o menor compartimento altimétrico,

situado no topo da Aratanha.

Para Souza (2011) os maciços residuais são superfícies topograficamente

elevadas, submetidos às influências de mesoclimas de altitude e representam ilhas

verdes no domínio morfoclimático das caatingas. No que se refere às

potencialidades indicam-se condições hidroclimáticas favoráveis, turismo de

aventura, média e alta fertilidades dos solos. As limitações naturais decorrem da

declividade forte das vertentes e altas susceptibilidade à erosão.

Os maciços residuais apresentam extensões variadas que interrompem a

continuidade das depressões sertanejas e as seguintes características comuns:

dissecação em formas de topos aguçados e pequenas manchas dissecadas em

formas conversas, litologias cristalinas com rochas predominantemente

metamórficas e raramente intrusiva, afloramento rochoso, solos Argissolos

vermelho-amarelos Eutróficos e Litólicos. Vertentes de barlavento voltadas para

leste e drenagem densa de padrão dentrítico (RADAMBRASIL, 1981, p. 231).

O maciço de Baturité e os sertões no entorno, sob as características

geológicas, prevalece às rochas do embasamento cristalino pré-cambriano

(complexo gnáissico-migmatítico), exceções expressas pelas depressões alveolares

e planícies fluviais que são recobertas por depósitos aluviais quaternários. As

condições geomorfológicas são marcadas pela ocorrência de níveis elevados de

relevo (750 a 850m e 150-250m) respectivamente serras e sertões (SOUZA, 2001).

Sobre este maciço, Souza (1988, 2001) acrescenta que se constitui um

dos mais expressivos compartimentos de relevos elevados próximo ao litoral e tem

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orientação no sentido Norte-Nordeste e Sul-Sudoeste - NNE/SSW. A morfologia da

porção úmida, sujeita à morfogênese química, é muito dissecada com formas

convexas, lombas, cristas, interflúvios tabulares e vales.

Os vales tem forma de V e vão demonstrar forte capacidade de entalhe

da drenagem, quando se alargam propiciam a formação de planícies alveolares

(SOUZA, 1988). As pequenas planícies alveolares tem cobertura sedimentar e se

dispõe discordantemente sobre o embasamento cristalino (SOUZA; OLIVEIRA

2006). O contato da vertente de barlavento com as depressões sertanejas se faz

através de pedimentos dissecados (SOUZA, 1988). Importante frisar que apenas

parte da vertente subúmida (figura 5) do maciço de Baturité está inserida no

Município de Guaiúba.

Figura 5 - Dissecação da Vertente subúmida do Maciço de Baturité, distrito de

Itacima - Guaiúba

Fonte: Elaborada pela autora.

A predominância de rochas cristalinas faz com que exibam propriedades

geomorfológicas particulares, as quais resultam no modelado dos maciços residuais.

A impermeabilidade das rochas cristalinas permite a esculturação do relevo em

formas dissecadas, impedido a infiltração d’água proveniente da chuva e

condicionando um escoamento superficial, de forma que as rochas menos coesas e

mais heterogêneas, vão sendo desagregadas. (PENTEADO, 1981, p. 25).

O maciço da Aratanha localiza-se a oeste da cidade de Pacatuba, o

relevo é representado por formas aguçadas, orientação Sudeste/Nordeste –SO/NE e

altitude de 775m. O contato desta com a superfície pediplanada se faz de modo

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abrupto, com desníveis bem pronunciados que atingem a 200m. Encontra-se

inselbergs em pouca quantidade em sua periferia e atingem 90m de altitude

(RADAMBRASIL, 1981. p. 231). Vale o destaque que a Aratanha é um importante

dispersor de água para a RMF, Sousa (2002) fala que esta dispersão da drenagem

se orienta para o rio Maranguapinho, a oeste, e para o rio Cocó a leste.

A serra da Aratanha é constituída por rochas do Complexo Nordestino e

apresenta migmatitos e núcleos de granitóides, sobre estas rochas, nos locais de

declive mais íngremes desenvolvem os solos Argissolos vermelho-Amarelos

Eutróficos e abrigam uma Floresta secundária estacional semideciduais

(RADAMBRASIL, 1981, p. 231).

Sobre a litologia, Santos (2006) expõe que a litologia é fundamental para

os processos de formação e evolução das paisagens, à medida que as propriedades

das rochas influenciam nos processos de formação e evolução do relevo terrestre.

Sobre a geologia destas áreas serranas, Souza e Oliveira acrescentam:

“Geologicamente, as áreas serranas são compostas por rochas do embasamento cristalino Pré-cambriano. Dentre as litologias predominantes destacam-se os granitos, migmatitos, gnaisses, pegmatitos, quartzitos, leptinitos, anfibolitos, diabásios, calcários, entre outras. O Quaternário, a exemplo das áreas serranas cristalinas do Nordeste, é composto por depósitos aluviais e coluviais” (SOUZA; OLIVEIRA, 2006, p.90.)

O mapa 3 mostra que aproximadamente 56,50 km² da área são

superfícies dissecadas em serras, cristas, morros, colinas e lombadas (figura 6). No

tocante as cristas residuais, estas possuem áreas de dimensões menores que os

maciços residuais, apresentando-se dispersas pela depressão sertaneja. Resultam

do trabalho de erosão diferencial em setores de rochas muito resistentes,

ocasionando a elaboração de relevos rochosos ou com solos muito rasos, declives

íngremes e fortes limitações à ocupação humana (SOUZA, 2000).

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Figura 6 - Presença de colina no distrito de Dourado - Guaiúba-Ce

Fonte: Elaborada pela autora.

Quanto às planícies fluviais tem aproximadamente 42,80 km². Para Souza

(1988) as planícies fluviais são áreas de acumulação de correntes da ação fluvial,

em geral, se constituem áreas de diferenciação nos sertões semiáridos, por

abrigarem as melhores condições de solos e disponibilidade hídrica.

Os fundos dos vales são constituídos por depósitos aluvionares, com

predominância de areias, siltes, cascalhos e argilas com ou sem matéria orgânica

(Brandão, 1995). Dispostos em discordância sobre os terrenos cristalinos constituem

faixa estreitas, na grande maioria, formados por sedimentos grosseiros ao longo dos

canais. Nas áreas de inundação exibem granulometria mais fina (SOUZA, 2009).

Resumidamente quanto aos processos geomorfológicos, o município

apresenta áreas aplainadas e dissecadas (figura 7) que mostram uma relação direta

com os climas pretéritos.

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Figura 7 - Relevo aplainado e dissecado, vista do distrito de Dourado-Guaiúba-

Ce

Fonte: Elaborada pela autora.

Os movimentos tectônicos passados e as variações climáticas do

Cenozoico influenciaram o mecanismo da evolução dos maciços justificando suas

características geomorfológicas. A semiaridez pronunciada durante o Pleistoceno

promoveu complexos esquemas de erosão diferencial no nordeste brasileiro

havendo o aplainamento de grandes compartimentos do relevo. Entretanto, o

comportamento desigual das rochas proporcionou a existência de planaltos residuais

dispersos pela depressão sertaneja, diversificando a paisagem.

A existência da superfície pediplanada conservada significa o retorno ao

clima semiárido, razão pela qual os processos de pediplanação se faziam a partir

dos novos níveis de base. O arranjo dos componentes geoambientais influenciados

pelo clima úmido proporciona, no contexto morfodinâmico atual, a configuração de

um ambiente de exceção em relação ao domínio morfoclimático das Caatingas

semiáridas, onde o posicionamento do relevo em face ao deslocamento dos ventos

úmidos oriundos do Oceano Atlântico, propicia a ocorrência de chuvas orográficas

na vertente úmida e no platô potencializando a existência de um mesoclima de

altitude em meio ao semiárido (SOUZA; OLIVEIRA, 2006).

No tocante à declividade, o mapa 5, mostra que o município apresenta

condições aproximadamente 78,04 km² de relevo plano, 107,20 km² relevo suave

ondulado, 34,77 km² relevo ondulado, 33,21 km² relevo forte ondulado, 13,64 km²

relevo montanhoso. Através do cálculo da área, usando técnicas de

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geoprocessamento foi possível identificar o percentual para cada tipo de relevo.

Têm-se os seguintes valores 29,04% de relevo plano, 40,17% de relevo suave

ondulado, 13,02% de relevo ondulado, 12,44% de relevo forte ondulado e apenas

5,11% de relevo montanhoso, conforme o gráfico 1.

Gráfico 1 - Condições de Relevo em porcentagem

Fonte: Elaborado pela autora.

Deste modo, grande parte do território municipal não possui limitações

topográficas em relação à declividade. As áreas de relevo com declividade mais

acentuada estão nos maciços de Baturité, Aratanha e nas cristas: serrote do Baú e

serrote do Bolo. Frisa-se que é um dado importante, uma vez que, a declividade

pode ser considerada um fator limitante ao uso e ocupação da terra, além de ser

parâmetro para a delimitação de áreas de preservação permanente. Assim sendo

esta é uma informação útil para o ordenamento territorial.

Resumidamente, no que tange aos aspectos geológico-geomorfológicos

de Guaiúba, há uma predominância de rochas dos complexos gnáissico-migmatítico

e granitoide-migmatítico do Proterozoico. Com menor expressão há presença de

granitoides mesocráticos. Tratam-se de superfícies aplainadas, bem como de

superfícies dissecadas nos níveis de serras. Os depósitos aluviais são oriundos da

sedimentação Cenozoica que associadas às áreas de acumulação como as

planícies fluviais e lacustres; e coberturas coluviais-eluviais (mapa 2 e 3).

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O quadro 9 mostra sucintamente os dados geológico-geomoforlógicos.

Quadro 9 - Unidades geológica-geomorfológicas do município de Guaiúba-Ce

Litoestratigrafia Compartimentação do Relevo Feições geomorfológicas

Cen

ozo

ico

Depósitos aluviais (Qa)

Planície de acumulação:

superfícies planas resultantes de acumulação flúvio-lacustre sujeitas a inundações que

circundam as calhas dos rios e entorno dos reservatórios.

Planície Fluvial

Coberturas colúvio-eluviais

Planície de Inundação: Desenvolvido em sedimentos

Plioquaternários.

Planície de Inundação

Sazonal

Pré

-ca

mb

ria

mo

Complexo gnássico-

migmatítico (Pign-mg)

Maciços residuais: superfícies

serranas, com vertentes íngremes e dissecadas em

cristas, lombadas e colinas em formas de V.

Depressão sertaneja: superfície

aplainada ou parcialmente dissecada em suaves

ondulações intercaladas por fundos de vales rasos e com

eventuais ocorrências de cristas e inselbergs.

Formas dissecadas em colinas e cristas

Complexo granitoide-

migmatítico (Pigr-mg)

Superfícies aplainadas

Granitoides mesocráticos

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Souza (1998, 2001) RADAMBRASIL (1981).

O entendimento do relevo não enfoca apenas a sua estrutura e forma,

direciona-se como elemento norteador de tomada de decisões visando ao

planejamento de uso dos sistemas naturais. Para tanto, o mapeamento

geomorfológico contém informações importantes ao planejamento ambiental, já que

as formas, os materiais e processos, dão a compreensão da dinâmica do relevo e as

tendências evolutivas (SOBRINHO, 2007).

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Mapa 2 - Unidades geológicas do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

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Mapa 3 - Unidades Geomorfológicas do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

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Mapa 4 - Mapa hipsométrico de Guaiúba a partir das curvas de nível 10

Fonte: Elaborado pela autora.

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Mapa 5 - Mapa de Declividade do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

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3.2 CONDIÇÕES HIDROCLIMÁTICAS

A dinâmica atmosférica tem profundos reflexos climáticos e ambientais.

Ela impõe as mais significativas características dos componentes metereológicos, de

modo especial às temperaturas e precipitações. A paisagem é a herança de

paleoclimas e de processos que atuam modelando a superfície terrestre. Fatores

como o relevo, solo, vegetação, recursos hídricos e ainda uso e ocupação da terra

são ajustados às condições climáticas.

Os processos naturais são influenciados pelo clima. O Relevo, solo,

vegetação, recursos hídricos e ainda a vida humana, são ajustados às condições

atmosféricas e climáticas. Nos programas de planejamento territorial o conhecimento

da periodicidade com que ocorrem os eventos atmosféricos e suas implicações,

oferece uma contribuição imprescindível para uma área (BRANDÃO, 1998).

De acordo com Brandão (op.cit.) o Nordeste brasileiro está submetido a

condições de anômalas com períodos prolongados de seca. Ab’Saber (2003) expõe

que a região possui drenagem intermitentes zonais extensivas relacionadas com o

ritmo desigual e pouco frequente das precipitações que tem uma variação entre 350

a 600mm anuais, com irregularidades no volume global das precipitações, de ano

para ano, com anos secos, outrora anos que provocam inundações.

A razão de um espaço semiárido, insulado num quadrante de um

continente úmido, é bastante complexa. Há uma importância no fato da massa de ar

equatorial continental regar as depressões interplanálticas nordestinas. Outro fator

importante, células de alta pressão atmosférica penetram fundo no espaço dos

sertões durante o inverno austral a partir das condições meteorológicas do atlântico

centro-ocidental. Porém, a massa de ar tropical atlântica tem baixa condição de

penetrar no continente, beneficiando apenas a zona da mata, durante o inverno

(AB’SABER, 2003).

No Estado do Ceará a circulação atmosférica é conduzida por três

sinóticos geradores de precipitação: as frentes frias com formação no pólo sul, a

Zona de Convergência Intertropical - ZCIT, que oscila dentro da faixa de trópicos e

um centro de vorticidade ciclônica, com tempo de atuação variável dentro do período

de chuvas (BRANDÃO apud CEARÁ, 1998). A ZCIT, para Ferreira e Mello (2005) é

importante na determinação de quão abundante ou deficiente serão as chuvas no

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norte do Nordeste do Brasil. Em março/abril ela atinge a sua posição mais

meridional no hemisfério Sul gerando precipitação para todo o Estado do Ceará.

Os autores afirmam:

A Zona de Convergência Intertropical pode ser definida como uma banda de nuvens que circunda a faixa equatorial do globo terrestre, formada principalmente pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos alísios do hemisfério sul, em baixos níveis (o choque entre eles faz com que o ar quente e úmido ascenda e provoque a formação das nuvens), baixas pressões, altas temperaturas da superfície do mar, intensa atividade convectiva e precipitação (FERREIRA; MELLO, 2005 p. 18).

Brandão (1998) ressalta que a ZCIT é o principal sistema sinóptico

responsável pelo estabelecimento do período chuvoso no Ceará. A ZCIT atinge sua

posição máxima, no hemisfério sul, em torno do equinócio de outono em março,

retornando ao hemisfério norte em maio, quando o período chuvoso esta diminuindo.

Quanto a RMF o autor afirma que o clima é razoavelmente homogêneo, estando às

pequenas variações relacionadas ao regime pluviométrico.

Com base nos índices de precipitação média anual, o autor esboça o

seguinte zoneamento pluviométrico para a RMF:

a) Uma zona predominante com índice pluviométrico entre 1200 a 1400

mm e as temperaturas amenas nas zonas litorâneas;

b) Climas localizados, nas áreas de altas latitudes, como a serra de

Pacatuba, que por sua vez está inserida na área da pesquisa, há

incidência de chuvas orográficas com uma pluviometria numa faixa de

1400-1600 mm. Também se destacam por serem áreas com

temperaturas mais baixas;

c) Climas de condições mais secas, na porção ocidental com precipitação

entre 900 a 1200 mm e temperaturas mais elevadas.

Em relação aos maciços, mais precisamente a Serra de Pacatuba, Sousa

(2002) afirma que a pluviometria da área se destaca quando comparado ao

semiárido do Ceará. Que o enclave úmido é derivado da ação combinada da

altitude, da localização próxima ao litoral e pela disposição do relevo em face dos

deslocamentos das massas úmidas provenientes do oceano. Estas condições

climáticas têm reflexos diretos nas características hidrológicas de superfície.

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Brandão (op.cit) cita outras características que predominam no panorama

climático da RMF: baixos índices de nebulosidade, ventos alísios que sopram do

quadrante leste, forte insolação e altas taxas de evaporação. Estas características

não correspondem aos maciços.

No que corresponde à rede hidrográfica, Sousa (2002) diz que a

impermeabilidade das rochas, aliada ao forte gradiente dos perfis longitudinais,

justifica a elevada densidade de cursos d’água com padrões subdentríticos,

eventualmente subparalelos a angulares. Possui controle exercido pelas estruturas

oriundas da tectônica ruptural.

A drenagem do platô e do flanco oriental tem um regime semiperene e

perene. No flanco ocidental, a escassez e irregularidades das chuvas promove aos

cursos d’água um escoamento torrencial, com características similares à drenagem

das depressões sertanejas (SOUZA, 2002).

Neste contexto, Santos (2011) fala que as condições climáticas têm

influência sobre os recursos hídricos, principalmente por meio das precipitações, à

medida que estas são a principal fonte de alimentação dos mananciais e modificam

temporariamente a quantidade de água disponível na superfície e subsuperfície.

O município está inserido na bacia hidrográfica metropolitana e na sub-

bacia do Pacoti. Os principais riachos que drenam o município são os riachos (Mata

Fresca, Baú, Água Verde, Guaiúba, Boa Esperança, Catolé, Baixa Funda).

A análise das condições climáticas de uma área é importante, pois o

clima se reflete nos processos geomorfológicos. Estas representadas pela

sazonalidade das precipitações mantêm uma relação direta com o comportamento

fluvial. A distribuição das chuvas aliadas às formações geológicas são fatores

condicionantes do regime dos rios, e, portanto, da disponibilidade de recursos

hídricos numa área (Zanella, 2007).

1) Análise dos parâmetros climáticos

Ao traçar o perfil pluviométrico do município de Guaiúba foram coletados

os dados (gráficos 2, 3, 4) dos postos pluviométricos, mapa 6, referentes aos anos

(1988-2015), totalizando 27 anos. Estes dados permitiu fazer o balanço hídrico e,

por conseguinte, ter uma visão das condições climáticas locais.

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Gráfico 2 - Total e média da precipitação pluviométrica (mm) do posto Guaiúba da FUNCEME, no período de 1988 a 2015

Fonte: Elaborado pela autora, FUNCEME.

Gráfico 3 - Total e média da precipitação pluviométrica (mm) do posto Pacajus da FUNCEME, no período de 1988 a 2015

Fonte: Elaborado pela autora, FUNCEME.

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Gráfico 4 - Total e média da precipitação pluviométrica (mm) do posto Redenção da FUNCEME, no período de 1988 a 2015

Fonte: Elaborado pela autora, FUNCEME.

Com base nos gráficos acima, verifica-se que no total dos 27 anos

estudados, a média pluviométrica para a região não ultrapassa a 1200 mm. O posto

Guaiúba tem uma média pluviométrica de 1010,1 mm, posto Pacajus de 929,05 e o

posto redenção de 1124,8 mm. Comprova-se que o ano mais crítico foi 1993 e o ano

com maior precipitação 2009. Apresenta uma proporção razoável de anos que ficou

a cima da média pluviométrica da região.

Constata-se que há uma alternância significativa nas chuvas, onde ora se

tem ano chuvoso, outrora baixa precipitação. Fato que é comum para o Estado do

Ceará, segundo Souza (2000) uma das características mais importante que serve

para singularizar o regime pluviométrico do Estado é a irregularidade do ritmo das

chuvas no tempo e no espaço.

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Mapa 6 - Mapa de localização dos postos pluviométricos

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado do IBGE e FUNCEME, 2016.

O ritmo mensal das chuvas no Ceará concentra-se no primeiro trimestre

do ano, indistintamente no litoral, nas serras úmidas e depressões sertanejas

(SOUZA, 2000). Fato este comprovado ao observar os dados pluviométricos

mensais, gráfico 5. O gráfico mostra que as chuvas ocorrem com mais intensidade

nos primeiros meses do ano, tendo aumento significativo nos meses de março e

abril que são as chuvas provocadas pela ZCIT, correspondendo às chuvas de

verão/outono.

Em contrapartida, no restante do ano tem-se o declínio acentuado na

precipitação, principalmente entre os meses de agosto a novembro. Segundo Souza

(op.cit.) a ZCIT é o principal sistema atmosférico das condições climáticas do

Estado, e que, durante a maior parte do ano se mantém acima da faixa equatorial. O

autor acrescenta que em anos secos a ZCIT tem uma atuação insignificante.

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Gráfico 5 - Média mensal da precipitação pluviométrica para os postos

(Guaiúba, Pacajus e Redenção) da FUNCEME

Fonte: Elaborado pela autora, FUNCEME.

De um modo geral, o município apresenta característica bastante variável

quanto ao regime pluviométrico, além dos anos alternados entre seco e chuvoso,

mostra irregularidade na distribuição das chuvas no decorrer do ano.

A característica climática do município expõe dados de que há escassez

hídrica sazonalmente e os recursos hídricos de superfície refletem estes dados. Há

assim, obrigação de armazenar água que garanta as necessidades da população, a

exemplo de açudes, cisternas e até mesmo poços profundos apesar da salinidade

presente em poços perfurados na depressão sertaneja.

Na busca de solucionar as necessidades da população local, foram

construídos açudes de médio e pequeno porte. A importância desses reservatórios

está no abastecimento e na utilização dos sangradouros para a produção agrícola.

Dentre os reservatórios de maior importância destacam-se os açudes (Aristeu, Baú,

França Leite, Jaguará, Leiria, Mata Fresca, parte do açude Pacoti, Quandú, Tibúrcio

e açude Zizi).

Em relação à temperatura estimada no software Celina, os dados obtidos,

gráfico 6, demostram que ao longo do ano as variações térmicas são insignificantes,

ficando em torno de 26º a 27,5º Celsius.

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Gráfico 6 - Temperatura de Guaiúba estimada no CELINA

Fonte: Elabora pela autora, Software CELINA, 2016.

2) Balanço Hídrico

No que referir-se ao balanço hídrico, conforme Brandão (1988) a

disponibilidade de água no solo é essencial para a demanda das plantas e

consequentemente para a agricultura. No entendimento do autor o balanço hídrico

consiste do confronto entre as necessidades das plantas e a quantidade de chuvas

que ocorre. Brandão apud Bezerra (1998) descreve os fatores do balanço hídrico:

I. Precipitação (P) - Processos naturais (chuvas) e artificias (irrigação);

II. Evapotranspiração Potencial (EP) - Quantidade de água necessária à

manutenção da planta verde;

III. Evaporação Real (ER) – água que retorna a atmosfera;

IV. Excesso Hídrico - água precipitada, não absorvida pelo solo e não

evaporada, incorporando-se a rede de drenagem superficial e

subterrânea;

V. Deficiência Hídrica – água que falta ao desenvolvimento da planta.

O balanço hídrico fornece informações sobre a disponibilidade hídrica,

água armazenada no solo, excedente e déficit hídrico de uma área, conforme

mostram os quadros 10, 11 e 12. Portanto, é fundamental para as políticas públicas

voltadas para o uso dos recursos hídricos, agricultura, bem como para a

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comunidade em geral. É um procedimento imprescindível para o ordenamento

territorial de uma região.

Os quadros 10, 11 e 12 apresentam valores bem aproximados. Verifica-se

que há excedente hídrico nos meses chuvosos (março, abril e maio) e

consequentemente armazenamento de água do solo – CAD, estes fatores estão

coerentes ao período chuvoso na área. O déficit hídrico prepondera no restante do

ano, embora haja presença dos enclaves úmidos, que são áreas onde os totais

pluviométricos ultrapassam as depressões sertanejas.

Ressalta-se que o cálculo do (CAD) corresponde a uma estimativa

variável em função das características de textura presentes na classe de solo. No

caso específico do município de Guaiúba há predominância de Luvissolos e em

menor proporção Argissolos vermelho-amarelo, tais solos possuem textura argilosa

com capacidade máxima de água 45 mm, conforme os dados obtidos através da

metodologia de (THORNTHWAITE; MATHER, 1955).

A evaporação real e a evaporação potencial se mostram equivalentes no

período de excedente hídrico. Nos meses seco a evaporação potencial se mantém

praticamente estável e a evaporação real diminui consideravelmente, o que

corresponde à longa estação seca. Nos três postos analisados houve excedente no

mês de abril.

Quadro 10 - Balanço hídrico com dados do Posto Guaiúba (1988-2015)

Gráficos do Balanço hídrico com dados do Posto Guaiúba (1988-2015)

I

(continua)

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69

II

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Rolim, Sentelhas e Barbieri, 1998.

Quadro 11 - Balanço hídrico com dados do posto Pacajus (1988-2015)

Gráficos do Balanço hídrico com dados do Posto Pacajus (1988-2015)

I

Quadro 10- Balanço hídrico com dados do Posto Guaiúba (1988-2015)

(conclusão)

(continua)

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70

II

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Rolim/, Sentelhas e Barbieri, 1998.

Quadro 12 - Balanço hídrico com dados do posto Redenção (1988-2015)

Gráficos do Balanço hídrico com dados do Posto Redenção (1988-2015)

I

(conclusão)

(continua)

Quadro 11 - Balanço hídrico com dados do posto Pacajus (1988-2015)

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71

II

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Rolim, Sentelhas e Barbieri, 1998.

3.3 CONDIÇÕES PEDOLÓGICAS E COBERTURA VEGETAL

Um fator importante para o ordenamento territorial de uma área é o

conhecimento dos solos, a partir deste conhecimento se tem suporte para

implantação de projetos voltados para a conservação dos solos e agricultura. A

caracterização dos solos da área de estudo está de acordo com o Sistema Brasileiro

de Classificação de Solos – SiBCS (EMBRAPA, 1999).

Os solos do Ceará têm estreita relação com a compartimentação

geomorfológica (SOUZA, 2000). Em relação, aos solos do município de Guaiúba

verificou-se solos Argilossos Vermelho Amarelos em relevos dissecados e

aplainados, Luvissolos em relevos aplainados, Neossolos Litólicos em relevos

dissecados (serrote do bolo) e aplainados. Os Neossolos Flúvicos em áreas de

planícies fluviais, quadro 13.

(conclusão)

Quadro 12 - Balanço hídrico com dados do posto Redenção (1988-2015)

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Quadro 13 - Associação das classes de solos e unidades geomorfológicas de Guaiúba

Feiçoes Geomorfológicas Associações de Solos

Superfícies Dissecadas

Argissolos Vermelho Amarelos

Neossolos Litólicos

Superfícies Aplainadas

Luvissolos

Neossolos Litólicos

Argissolos Vermelho Amarelos

Planície Fluvial Neossolos Flúvicos

Fonte: Adaptado de Jacomine (2008; 2009)

Na sequência têm-se as características dos tipos de solos encontrados no

município, com base em (BRANDÃO, 1988).

3) Argissolos Vermelho Amarelos

Distribuem-se em grande parte na região RMF, em relevos variando de

plano até os maciços residuais, e são originados de materiais distintos. São bem

desenvolvidos, com horizonte B textural, argila de atividade baixa ou alta, baixa

acidez e contêm materiais primários. No horizonte A, frequentemente moderado,

possui textura arenosa a franco-argilosa-arenosa e tonalidade bruna a acinzentada.

Na mudança para o horizonte B pode ser gradual, sendo este textural (argiloso),

apresentando uma cerosidade variável e a coloração chega a ser avermelhada

(BRANDÃO, 1988). No caso de Guaiúba encontra-se nas serra da Aratanha, e de

Baturité e em menor expressão nas áreas aplainadas (figura 8).

Figura 8 - Argissolos Vermelho Amarelos na estrada que liga o distrito de

Itacima a CE 060

Fonte: Elaborado pela autora.

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4) Luvissolos

Encontrados na maior parte da área que corresponde ao município, nas

superfícies aplainadas. De acordo com Brandão (1988) estes solos ocupam áreas

de relevo plano a ondulado, nas depressões sertanejas, na predominância das

rochas gnáissico-migmatícicas. Normalmente associados aos Neossolos Litólicos.

São solos rasos, moderadamente drenados, ácidos a praticamente neutros e com

bastante quantidade de minerais primários no perfil. Outra característica é a

frequência de pavimentos detríticos em sua superfície.

5) Neossolos Litólicos

Ocorrem em áreas dissecadas, ocupam as encostas de relevo que variam

desde suavemente ondulados até escarpados. Podem ocupar áreas de relevo

praticamente plano. São rasos a muito rasos, não hidromórficos, pouco

desenvolvidos, bem drenados, com pedregosidade e rochosidade na superfície.

Apresentam um horizonte A diretamente assentado sobre a rocha ou sobre um

horizonte C de pequena espessura (BRANDÃO, 1988).

Constituem solos que sofreram fraca evolução pedogenética. Solos bem

drenados, de textura arenosa, susceptíveis a erosão. Apresentam pedregosidade e

rochosidade além de ser comum estarem associados a afloramento rochoso

(SOUZA, 2002). No município estes solos de neoformação encontram-se no serrote

do bolo.

6) Neossolos Flúvicos

Solos oriundos da sedimentação fluvial recente, encontrados ao longo das

planícies fluviais. Algumas vezes estão associados aos solos halomórficos. São

medianamente profundos a muito profundos, de texturas variadas, moderada a

imperfeitamente drenados e com pH entre moderadamente ácido a levemente

alcalino. O horizonte A é normalmente fraco a moderado, com textura de arenosa a

argilosa e coloração bruno-acizentada-escura e bruno muito escura. As camadas

subjacentes apresentam textura variável de arenosa a siltosa e cores brunadas,

sendo mosqueadas nos solos argilosos de drenagem imperfeita (BRANDÃO, 1988).

O quadro 14 exibe as classes de solos do município, suas características

dominantes e limitações de uso.

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Quadro 14 - Tipologia dos solos, características e limitações de uso

Fonte: Adaptado de Sousa, 2000.

O mapa 7 mostra as classes de solos mapeadas em Guaiúba.

Solos Características dominantes Limitações de uso

Argissolos Vermelho Amarelos

Rasos e profundo; Textura média ou argila; Moderadamente ou imperfeitamente drenados; Fertilidade natural média alta.

Relevo fortemente dissecado; Drenagem imperfeita; Pouca profundidade; Impedimento à mecanização.

Luvissolos Moderadamente profundos; Textura média ou argila; Moderadamente drenados; Fertilidade alta.

Pouco profundo; Susceptíveis a erosão; Pedregosidade; Impedimento à mecanização.

Neossolos Flúvicos

Solos profundos; Mal drenados; Textura indiscriminada; Fertilidade natural alta.

Drenagem imperfeita; Riscos de inundações; Altos teores de sódio; Susceptibilidades a erosão.

Neossolos Litólicos

Solos rasos; Textura argilosa; Fertilidade natural média; Muito susceptíveis à erosão com fases pedregosas.

Pouca profundidade; Pedregosidade; Relevo acidentado; Alta susceptibilidade à erosão.

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Mapa 7 - Mapa pedológico do município de Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

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Conforme Brandão (1998) a vegetação é um recurso natural que fornece

uma quantidade grande de benefícios ao homem e deve ser preservada, sob pena

de se comprometer a qualidade de vida das gerações futuras. Para tanto, o estudo

da flora de uma área é importante para a execução de uso e ocupação do solo.

Sobre as unidades fitoecológicas presentes em Guaiúba, há presença das

caatingas, mata plúvio-nebular, mata seca e mata ciliar:

7) Caatinga

Conforme Brandão (1998) a caatinga está associada aos domínios dos

terrenos cristalinos da depressão sertaneja. Constitui a vegetação típica dos sertões

nordestinos, ostentando padrões fisionômicos e florísticos heterogêneos. Expõe

espécies arbóreas e arbustivas, podendo ser densa ou aberta, refletindo as relações

mútuas entre os componentes do meio físico, tais como: relevo, tipo de rocha, solos

e grau de umidade.

A distribuição da cobertura vegetal na superfície sertaneja se condiciona

pela adaptação do bioma caatinga ao ambiente semiárido. As deficiências hídricas

impõem um caráter peculiar de natural xerofilismo reservado ao aspecto caducifólio

do revestimento florístico. Desta forma, a queda temporária das folhas se constitui

na melhor forma de defesa da planta para reduzir a transpiração durante a estação

seca. De tal modo, a vitalidade do suporte fitoecológico se explica pela acumulação

de nutrientes nas raízes, dada à capacidade de retenção da água no solo

(FERNANDES, 2006).

O quadro 15 exibe algumas espécies do Bioma Caatinga.

Quadro 15 - Espécies do Bioma Caatinga

Nome Popular Nome Científico

Marmeleiro Croton Sonderianus

Xiquexique Ploceurus Gounelli

Jurema Preta Mimosa Hostile

Mandacaru Cereus Jamacaru

Sabiá Mimosa caesalpina

Fonte: Adaptado de Fernandes, 2006.

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8) Mata Plúvio-Nebular

Localizada em setores mais altos das serras, a altitude e a exposição aos

ventos úmidos, que favorecem as chuvas orográficas, são os principais fatores que

condicionam a instalação desse ecossistema. A presença de Argissolos Vermelho

Amarelo favorece a fixação deste revestimento vegetal de grande porte (BRANDÃO,

1988). Souza, parafraseando Ab’Saber (1970) “a área serrana compreende um

enclave florestal inserido no domínio morfoclimático semiárido das caatingas”

(SOUZA, 2001, p.30)

Ab’saber (2006) salienta que a vegetação ficou reduzida às manchas

locais de floresta, ocorrendo em áreas bem pontuais, popularmente conhecidas por

brejos, que se destacam no domínio das caatingas no sertão nordestino do Brasil.

Esses lugares são considerados por Ab’Sáber como “ilhas locais de umidade” e

representam áreas de refúgios florestais. O comportamento atmosférico do passado,

mais precisamente no Quaternário, favoreceu estes ambientes de refúgio.

9) Mata Seca

Encontra-se entre 330m até 600m de altitude, acima das caatingas,

possui um maior porte e cobertura mais densa que as caatingas. Esta unidade de

vegetação também desce em direção à base da serra, bordeando os fundos dos

vales, onde a unidade edáfica e atmosférica é maior (SOUZA, 2002).

10) Mata Ciliar

No Ceará, as planícies fluviais bordejam os cursos dos principais

coletores de drenagem regional. Souza parafraseando Fernandes (1990) “a

vegetação ribeirinha, bordeja as calhas fluviais em razão das melhores condições

oferecidas pelas partes marginais dos rios” (SOUZA, 2000, p.57).

Neste mesmo contexto, Brandão (1998) afirma que as planícies fluviais

são áreas que apresentam boas condições hídricas e solos férteis para a cobertura

vegetal, com fisionomia de mata ciliar.

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4 CONDIÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO

Este capítulo trata das informações gerais do município, inicia com o

histórico de ocupação baseado em dados do IBGE, IPECE, site da prefeitura, livro e

relatos deixados por um pesquisador e professor do município. Para os aspectos

socioeconômicos do município, foram abordadas informações relacionadas aos

dados demográficos, educação, saúde, renda e atividades econômicas.

4.1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO

O município foi inserido na RMF em 05 de agosto de 1991 sob a lei

11.845. O nome Guaiuba possui alguns significados. O primeiro, mais popularmente

conhecido, foi traduzido do tupy-guarani pelo escritor José de Alencar, significando

“por onde vêm as águas do vale” (IBGE, 2016). Uma segunda variante marcou o

termo como sendo “bebida da lagoa”, ambas fazendo relação com a água

(GUAIÚBA, 2016).

O município tem como limites ao Norte, os Municípios de Pacatuba e

Maranguape; ao Sul, os Municípios de Redenção e Acarape; a Leste, os Municípios

de Pacajus, Horizonte, Itaitinga e Pacatuba; e a Oeste, os Municípios de Redenção,

Maranguape e Palmácia. O principal acesso a Guaiúba se dá pela rodovia CE- 060,

distando em linha reta, cerca de 38 km da capital cearense (CEARÁ, 2015).

Relatos não oficiais do pesquisador Sinval Leitão Filho1, mostram que os

primeiros habitantes foram os índios Tamoios do grupo Tupy-Guarany, que

batizaram o lugar de Gayba, depois Guayuba, que geraria na fala de José de

Alencar o termo Guaiúba. A sede Guaiúba fica situada nos arredores da Serra da

Aratanha “Bico da Jandaia”, tradução feita também pelo escritor José de Alencar.

O pesquisador Sinval Leitão Filho, aponta que as terras que pertencem

hoje ao município de Guaiúba surgiram por doações que ocorreram em 08 de

setembro de 1682, na época da colonização do Brasil. As terras foram doadas pelo

Capitão-Mor Sebastiao de Sá (administrador da Capitania do Ceará) a três

donatários: Francisco Dias de Carvalho - alto funcionário da coroa, Jorge Martins -

1 Professor de história e pesquisador do município de Guaiúba. Deixou alguns manuscritos sobre a

história do município In arquivo privado da sua filha historiadora e professora da Universidade Estadual do Ceará-UECE, Fátima Maria Leitão Araújo.

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sargento reformado e Manoel de Sousa - cabo de esquadra. A Certidão encontra-se

no livro de tombamento histórico - 1º das sesmarias, 3º coleção nas páginas 42 a 43.

Apesar das terras terem sido doadas ainda no século XVII, Guaiúba

passa a ser ocupada somente no século XIX, pois os donatários não tomaram posse

dessas terras. No entanto, pode-se falar em processo de ocupação a partir da

migração para a região que ocorreu por conta da produção de café nas serras de

Baturité e Aratanha. Ocupação esta que foi se organizando em torno da estação

ferroviária (QUADRO 16), inaugurada em 1872 (ARAÚJO; SAMPAIO, 2013).

Quadro 16 - Fotos da antiga Estação Ferroviária Fotos: Antiga estação ferroviária, sem data. Atual Câmara de Vereadores, 2016 respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora.

Atualmente, o município de Guaiúba ainda é incipiente no que se reporta

à urbanização. Segundo o senso de 2010 (IBGE) a população é de 24.091

habitantes, com densidade demográfica de 94,83 hab/km² com percentual

significativo morando nos pequenos núcleos urbanos. A sede do município

apresenta comércio diversificado e com estrutura de pequeno porte, concentrados

na rua principal (Quadro 17) e na CE 060.

O distrito sede dispõe ainda dos prédios administrativos, uma agência

bancaria – Banco do Brasil, e um posto de atendimento do Banco Bradesco. Pode-

se ressaltar ainda uma agência de correios, fórum e uma delegacia pública.

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Quadro 17 - Fotos da rua principal do distrito Sede Guaiúba Rua principal do distrito Sede Guaiúba, sem data e 2016, respectivamente.

Fonte: Elaborado pela autora.

Apesar de ser um município recente (29 anos), possui alguns

monumentos centenários, tais como a antiga estação ferroviária e atual Câmara de

Vereadores, a Igreja Matriz e ainda a famosa casa assombrada (figura 9), na

propriedade do senhor Waldir Cavalcante “Didi” em Água Verde. A casa tem uma

fachada belíssima, dois pavimentos, cômodos amplos no primeiro pavimento, que

aponta uma residência de alto padrão, porém encontra-se em péssimo estado de

conservação. Herdeiros da propriedade e os moradores de Água Verde relatam

histórias de assombração em relação a este casarão, por isso é conhecida por “casa

assombrada”. Esta foi ameaçada de demolição pela expansão da CE 060.

Figura 9 - Casa Assombrada na propriedade do Senhor Waldir Cavalcante, “Didi” distrito de Água Verde

Fonte: Elaborado pela autora.

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Em relação à formação administrativa do município, foi criado o distrito

com a denominação de Guaiúba, por ato provincial de 15.01.1883 e por lei de

08.02.1893, subordinado ao município de Pacatuba. No século XX, foi elevado à

categoria de município com a denominação de Guaiúba, pela lei estadual nº 4465 de

23.03.1959, tendo como sede o antigo distrito de Guaiúba e foi constituído por três

distritos: Guaiúba, Água Verde e Itacima, todos desmembrados de Pacatuba. Pela

lei Estadual nº 8339, de 14.12.1965, é extinto o município de Guaiúba, sendo seu

território anexado ao município de Pacatuba, como simples distrito (IBGE, 2016).

Guaiúba foi definitivamente emancipada do município de Pacatuba pela

lei 11.301 de 13.03.1987, publicado no Diário Oficial do Estado-DOE em 17.03.1987.

O Município apresenta uma área total de 267,20 km² (IPECE, 2015), sendo

composto por seis distritos (2003): o distrito-sede, Guaiúba, existente desde a

emancipação do município, geograficamente é o distrito mais próximo de Fortaleza.

Conta ainda com os distritos de Água Verde, Itacima, Baú, Dourado e Núcleo

Colonial Pio XII, conhecido popularmente por São Jerônimo (IBGE, 2016).

Os distritos de Água Verde e Itacima, outrora pertencentes ao Município

de Pacatuba, tornaram-se oficialmente distritos de Guaiúba, após a emancipação

em 1987. Água Verde é o segundo maior distrito em densidade demográfica,

situando-se apenas a 13 km da sede, e às margens da CE 060, principal via de

acesso. Quanto a Itacima é o segundo maior distrito em densidade demográfica, tem

características rurais e se distancia do distrito-sede em 18 km (ARAÚJO; SAMPAIO,

2013).

São Jerônimo conjuntamente com Dourado foi elevado à condição de

distrito em 1997, cerca de dez anos após a emancipação guaiubana. São Jerônimo

dista da sede em apenas 9 km. É formado por um pequeno núcleo urbano, muitos

sítios e fazendas. Dourado está localizado a 13 km da sede, é o menor distrito em

contingente demográfico e tem características rurais.

A localidade de Baú foi elevada a distrito em 1999. Constituindo-se até o

presente momento como último a ser oficializado, possui um pequeno aglomerado

urbano, e expressa dentre os outros distritos a posição intermediária quanto à

densidade populacional. Baú está situado às margens da CE 060 (via principal de

acesso) e a cerca de 8 km do distrito-sede (ARAÚJO; SAMPAIO, 2013).

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4.2 DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO

4.2.1 População

De acordo com o perfil básico municipal do IPECE (2015), o município de

Guaiúba tem apresentado um pequeno crescimento populacional. A população total

conforme os Censos demográficos do IBGE de 1991, 2000 e 2010 apresentam

respectivamente os seguintes dados: 17.562 mil/hab, 19.884mil/hab e

24.091mil/hab. Para Silva (2007) o município enquadra-se dentro do contexto da

RMF, sendo o que menos cresceu tanto no aspecto populacional quanto econômico.

Segundo os dados do último Censo Demográfico do IBGE (2010), a

população do município tem 24,091 habitantes, sendo 18.877 residentes nas áreas

urbanas, o que corresponde 78,36% do total populacional do município, com

estimativa de 26,091 para 2016. A população rural é de 5.214 habitantes, o que

equivale a 21,64%.

Observa-se na tabela 1 que há maior quantidade de pessoas morando na

área urbana, o que configura leve processo de urbanização, diferindo da realidade

de outros municípios da RMF, que por sua vez tiveram um celerado processo de

urbanização, devido a vários fatores. Pode-se citar Maracanaú, este teve um

crescimento populacional e econômico acentuado devido à presença do polo

industrial.

Tabela 1 - População Urbana e Rural dos anos de 1991, 2000 e 2010

População Residente

Discriminação

1991 2000 2010

Nº % Nº % Nº %

Total 17.562 100 19.884 100 24.091 100

Urbana 10.048 57,21 15.611 78,51 18.877 78,36

Rural 7.514 42,79 4.273 21,49 5.214 21,64

Homens 8.899 50,67 10.082 50,70 12.139 50,39

Mulheres 8.663 49,33 9.802 49,30 11.952 49,61

Fonte: IPECE/2015, IBGE – Censos Demográficos 1991/2000/2010.

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Sobre a dinâmica da Região Metropolitana de Fortaleza, Costa (2009)

discorre que a RMF vem experimentando transformações aceleradas, com

mudanças substanciais em sua estrutura e fisionomia urbana. Nas últimas décadas

do século XX, políticas públicas levaram a implantação de indústrias, criação de

novos serviços, implementação de atividades terciárias e geração de fluxos que

dinamizaram o espaço, levando à reorganização das cidades.

Observa-se que na dinâmica populacional do município, há um equilíbrio

quantitativo da população do sexo feminino e masculino (tabela 1). A pirâmide a

seguir (figura 10), mostra o comportamento da estrutura etária do município,

percebendo-se um percentual maior da população nas faixas etárias, jovem e adulta,

correspondendo um número significativo de mão de obra produtiva à disposição das

atividades econômicas. Deste modo, aumenta a necessidade pela oferta da

educação básica e cursos de capacitação profissional para qualificação da mão de

obra.

Figura 10 - Pirâmide etária do município de Guaiúba

Fonte: IBGE (2010)

Há estreitamento na base da pirâmide de 0-9 anos, correspondente à

população economicamente inativa. O que demonstra queda na natalidade, em

razão principalmente de métodos contraceptivos e a entrada da mulher no mercado

de trabalho.

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O topo da pirâmide também se apresenta bem adelgaçada, ou seja,

número de idosos reduzidos em relação aos jovens e adultos. Há, contudo, um

número considerável de pessoas nesta faixa, isto decorre em função dos avanços

na área da saúde. Estes dados são fundamentais para o planejamento público a

médio e longo prazo. Tanto no que se refere à educação, saúde e aposentadoria,

bem como para reconhecimento da evolução populacional em âmbito municipal.

4.2.2 Educação e Saúde

O sistema de educação do município está sob a responsabilidade das

redes de ensino estadual, municipal e privada segundo a Secretaria de Educação do

Estado do Ceará – SEDUC. A tabela 2 expõe as informações referentes ao número

de professores, de escolas e de matrículas registradas, segundo os critérios de

dependência administrativa. De acordo com a tabela 2, a maior quantidade de

escolas pertence à esfera municipal (89,9 %) do todo.

Tabela 2 - Número de professores, matrículas e escolas, Guaiúba-2014

Dependência administrativa Nº de professores Nº de matrículas Nº de escolas

Nº % Nº % Nº %

Total 288 100 6.596 100 28 100

Estadual 58 20,1 1.365 20,7 2 7,1

Municipal 227 78,8 5.154 78,1 25 89,3

Privada 3 1,04 77 1,2 1 3,6

Fonte: Perfil básico municipal, IPECE, 2015.

O município tem duas escolas estaduais: José Tristão Filho a mais antiga

e a recente Escola Estadual Profissionalizante José Ivanilton Nocrato, ficando o

setor privado reduzido a uma escola, todas situadas no distrito-sede que conta ainda

com doze das escolas municipais.

No que concerne à saúde, a tabela 3 traz os dados referente às unidades,

profissionais de saúde ligados ao Sistema de Saúde - SUS e indicadores de saúde.

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Tabela 3 - Unidades, profissionais de saúde ligados ao Sistema de saúde – SUS e indicadores de saúde, Guaiúba-2014

Tipo de Prestador Unidade de saúde ligadas ao SUS - 2014

Total 15

Pública 15

Privada -

Profissionais de saúde, ligados ao SUS - 2014

Total 191

Médicos 39

Dentistas 13

Enfermeiros 20

Outros profissionais de saúde/nível superior 15

Agentes comunitários de saúde 40

Outros profissionais de saúde/nível médio 64

Discriminação Principais indicadores de saúde

Município Estado

Médicos/1.000 hab. 1,52 1,38

Dentistas/1.000 hab 0,51 0,34

Leitos/1.000 hab. 0,51 2,25

Unidades de saúde/1.000 hab. 0,59 0,43

Taxa de mortalidade infantil/1.000 nascidos vivos

2,70 12,36

Fonte: IPECE, 2015, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA).

O município dispõe de 15 unidades de saúde pública, com capacidade de

atendimento de 0,51 leitos por mil habitantes. A tabela 3 mostra o número de

médicos por habitantes com valor de 1,52, este dado se apresenta acima do

recomendado pela Organização Mundial da Saúde - OMS e da média do Estado do

Ceará.

Comparando a mortalidade infantil com o Estado do Ceará, o município

apresenta melhor dado, o que demonstra um bom indicador na saúde municipal.

Para Medeiros (2014) historicamente a taxa de mortalidade infantil tem sido utilizada

na análise de políticas públicas como um dos principais indicadores para mensurar

as condições de saúde da população. De um modo geral a saúde do município é

precária, dispõe de um hospital de pequeno porte, inexistência de maternidade,

havendo necessidade de maiores investimentos.

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4.2.3 Emprego e Renda

A descrição das condições de empregos formais de Guaiúba expostos na

tabela 4, extraídos do IPECE, refletem a realidade socioeconômica da população

local.

Tabela 4 - Números de empregos formais - 2014

Discriminação Município Estado

Total Masculino Feminino

Total das Atividades 2.289 1.389 900 1.552.447

Extrativa Mineral - - - 3.336

Indústria de Transformação

250 186 64 264.640

Serviços Industriais de Utilidade Pública

- - - 8.974

Construção Civil 1 1 - 92.801

Comércio 211 109 102 274.168

Serviços 22 10 12 489.854

Administração Pública 1.265 561 704 391.925

Agropecuária 540 522 18 26.749

Fonte: IPECE, 2015, Ministério do Trabalho (MTb) – RAIS

O município de Guaiúba mantem dependência empregatícia no serviço

público, fato provocado pela ausência de indústrias e falta de politicas públicas que

priorizem a pecuária e agricultura. A administração pública apresenta um valor de

1.265 pessoas, sendo 561 e 704 dos sexos masculino e feminino respectivamente.

O setor agropecuário apresenta um total de 540 de empregos formais.

Seguidamente vem à indústria de transformação com 250 e em terceiro lugar o

comércio com 211 empregos formais. Empregos informais não estão agregados na

tabela.

4.3 USO E OCUPAÇÃO DA TERRA E PROBLEMAS AMBIENTAIS

As atividades econômicas realizadas no município ilustram a atuação dos

agentes produtores do espaço geográfico. O agente produtor se apropria dos

recursos naturais e modificam a dinâmica dos sistemas ambientais, portanto, estas

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atividades demostram a relação sociedade e natureza. Neste sentindo, deve-se

aludir a contribuição de Ross (2009). O autor menciona que as relações sociedade-

natureza são objeto da geografia e exercem um importante papel, não somente na

produção do conhecimento humano, mas também para transformar este

conhecimento em um bem voltado para a humanidade.

Tais atividades em sua grande maioria não estão conforme a capacidade

de suporte dos sistemas ambientais, acarretando danos aos recursos naturais e

consequentemente perdas socioeconômicas e ambientais. Desse modo, há

necessidade do planejamento territorial visando o econômico, social e ambiental.

4.3.1 Ocupação Urbana

A tipologia de uso e ocupação neste item corresponde aos núcleos

urbanos presentes no município que apresentam variedades no adensamento

populacional. No município há ausência de planejamento, precariedade nas

habitações, desorganização do espaço como a falta de lazer e apresenta segundo o

IPECE (2015) uma taxa de saneamento básico 45,07 %.

A pressão urbana e o crescente adensamento populacional

conjuntamente com a falta de gestão política de desenvolvimento urbano ocasionam

problemas ambientais. As figuras 11, 12, 13 e 14 mostram aspectos da ocupação

confrontando com a qualidade de vida na sede do município, fato comum em todo

município.

As ocupações e o arruamento passam despercebidos pelo poder público

e descumpre a Lei 274/2001 que trata do parcelamento do solo de Guaiúba. Podem-

se mencionar construções urbanas desordenadas dificultando o acesso de carros,

formação de bairros com deficiência de praças e calçadas para pedestres e ainda

falta de áreas verdes.

Nos bairros da sede há residências com carência de serviços de sistema

de esgoto, lixo jogado nas ruas, havendo riscos de contaminação e proliferação de

doenças. Situações que também comprometem a qualidade dos recursos hídricos,

cujos rios confluem para o açude Pacoti. A problemática se torna mais relevante

pelo fato deste reservatório atender a parte da demanda de abastecimento da RMF.

A falta de gerenciamento do lixo acarretou a formação de depósitos de

lixo a céu aberto (lixão) presente na sede, desencadeando a degradação e poluição

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ambiental, bem como pode vir a gerar problemas socioeconômicos a partir do

momento que houver relações de trabalho, como por exemplo, os catadores de lixo.

Figura 11 - Construções indevidas nas margens do Rio Guaiúba

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 12 - Afluente do Rio Guaiúba com mata ciliar degradada,

ocupação da planície fluvial e água poluída

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 13 - Esgoto a Céu aberto no bairro Santo Antônio

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 14 - Lixão a Céu aberto na Sede do Município

Fonte: Elaborado pela autora.

4.3.2 Lavouras Permanentes e Temporárias

Conforme os dados da tabela 5, extraídos do Anuário Estatístico do Ceará

(CEARÁ, 2015), no ano de 2014, o município de Guaiúba se destacou na exploração

das seguintes culturas: banana, cana-de-açucar, castanha de caju, coco da baía,

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feijão, laranja, mamão, mandioca, manga, maracujá, milho e tomate. No que

concerne à participação no cenário estadual, à quantidade produzida no município

de Guaiúba, apresenta um percentual pequeno da produção total dessas lavouras

no Estado do Ceará.

Observa-se uma maior produção de cana-de-açúcar, banana, milho e

mamão. Em menor expressão está a castanha de caju, tomate e laranja

respectivamente. Estas lavouras indicam a fonte de renda básica dos produtores

rurais.

Tabela 5 - Área destinada à colheita e quantidade produzida das lavouras permanentes e temporárias - 2014

Lavouras

Área (ha)

Produção/Quantidade (t)

Ceará Guaiúba Ceará Guaiúba

Banana 46.654 140 452.541 1500

Cana-de-açucar 25.190 60 1.176.523 1.558

Castanha de Caju 378.094 50 51.211 13

Coco da Baía 42.168 80 246.959 451

Feijão 403.666 860 108.998 238

Laranja 1812 9 12.684 32

Mamão 2.480 20 98.773 700

Mandioca 60.747 20 478.453 232

Manga 5.559 15 49.305 150

Maracujá 6.500 15 144.024 180

Milho 474.619 1110 347.828 1110

Tomate 2.230 1 113.724 27

Fonte: Adaptado do Anuário Estatístico do Ceará - Ano 2015.

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90

A figura 15 a seguir ilustra registro referente ao cultivo de banana e feijão

no município de Guaiúba, utilizando-se de irrigação provenientes de poços

profundos em área de inundação sazonal.

Figura 15 - Cultivo irrigado em áreas de inundação na comunidade de

Carrapateiras

Fonte: Elaborado pela autora.

Utilizam-se no município de Guaiúba práticas agrícolas temporárias

ligadas ao período chuvoso, ocorre à inexistência de alta tecnologia, uso de

agrotóxico indiscriminado, presença de desmatamento e queimadas (figura 16 e 17).

Destaca-se o empobrecimento da biodiversidade devido ao desmatamento e as

queimadas, uma vez que a área encontra-se bastante descaracterizada da

vegetação nativa, tanto no aspecto fisionômico como florístico.

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Figuras 16 e 17 - Queimadas e posteriormente plantação de milho em propriedade privada próximo ao distrito de São Jerônimo, janeiro e abril de

2016, respectivamente

Fonte: Elaborado pela autora.

As condições de fertilidade do solo também são afetadas devido ao mau

uso da terra, com o desmatamento o solo fica exposto às ações erosivas e as

queimadas causam a eliminação dos microrganismos reduzindo consideravelmente

a matéria orgânica do solo.

A agricultura de subsistência se caracteriza por possuir baixa

produtividade atendendo à demanda da população local, com baixo investimento de

capital e mão de obra barata. Vale salientar que parte da produção agrícola é

dirigida e comercializada na Central de Abastecimento do Ceará - CEASA.

4.3.3 Pecuária

Na pecuária, conforme os dados da tabela 6, extraídos do Anuário

Estatístico do Ceará (2015) o município em 2014 apresenta efetivos de bovinos,

bubalinos, caprinos, equinos, galináceos, ovinos e suínos. Os galináceos têm

grande expressão no efetivo de animais, seguidamente vêm os bovinos.

Tabela 6 - Efetivo de rebanhos e aves – 2014

Efetivo de animais Ceará Guaiúba

Bovinos 2.597.139 5.778

Bubalinos 1.470 47 Caprinos 1.055.937 345 Equinos 131.851 58 Galináceos 28.141.656 232.001

Ovinos 2.229.327 1.269

Suínos 1.188.106 4.312

Fonte: Adaptado do Anuário Estatístico do Ceará, 2015.

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92

A criação do gado bovino tem se dado predominantemente de forma

extensiva em pequenas, médias e grandes propriedades. Assim sendo, esta

atividade tem contribuído para justificar profundas transformações na paisagem, com

o desmatamento para ampliar as pastagens e consequentemente intensificando a

ação dos processos morfodinâmicos.

4.3.4 Extrativismo Mineral e Vegetal

Em termos de extrativismo mineral as cerâmicas adquirem um papel de

destaque dentro do município, situadas predominantemente próximas às planícies

fluviais, por exemplo, na planície do rio Baú. A produção é baseada em métodos

tradicionais, como a retirada da vegetação para a produção de lenha (fonte

energética) na queima e confecção de tijolos e telhas (figuras 18,19 e 20).

Frisa-se a importância desta atividade econômica que tem contribuído

para a geração de emprego e renda no município. Todavia, a presença das olarias

impõem modificações no relevo, na drenagem, causando alterações na paisagem.

Dentre outros problemas ambientais destacam-se a erosão dos solos devido à

retirada indiscriminada de argila, gases poluentes expelidos pelos fornos, que

podem vir a causar doenças respiratórias na população local e comprometimento do

sistema ambiental (planície de inundação).

Figura 18 - Olaria no distrito de Água Verde e armazenamento de argila

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 19 - Olaria na área de Planície fluvial no Rio Baú

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 20 - Flagrante da extração de argila na Planície de inundação-Distrito de

Baú

Fonte: Elaborado pela autora.

Conforme consulta ao Sistema de Informação Geográficas da Mineração

– SIGMINE, que por sua vez, tem como objetivo ser um sistema de referência nas

informações relativas às áreas dos processos minerários cadastrados no

Departamento Nacional de produção Mineral- DNPM/Ministério de Minas e Energias,

o município de Guaiúba apresenta os seguintes dados: extração de areia para

construção civil, extração de argila, pesquisas para extração de manganês, granito e

água mineral (figura 21).

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Figura 21 - Extração mineral e pesquisa para exploração (manganês, granito e água mineral) dentro do município de Guaiúba - SIGMINE

Fonte: Elaborado pela autora. (dados do SIGMINE, IBGE) 2016.

4.3.5 Indústria

No que concerne ao setor industrial, o município se apresenta incipiente

em relação a outros municípios da RMF. Esta atividade econômica é pouco

expressiva na economia municipal. Contudo, há perspectiva de instalação de um

parque industrial no município (figura 22). O poder público tem ressaltado a

importância do condomínio industrial no quesito de desenvolvimento econômico e

social, havendo a necessidade de políticas públicas que ressaltem a questão

ambiental.

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Figura 22 - Local para implantação do condomínio químico industrial do Ceará

Fonte: Elaborado pela autora.

Para a instalação do condomínio industrial que será implantado na sede

do município, já se percebe interferência na paisagem e consequentemente na

dinâmica ambiental. Houve a retirada da cobertura vegetal que tende a acarretar

impactos ambientais bastante expressivos como a perda da biodiversidade, redução

da infiltração e intensificação do escoamento superficial.

4.3.6 APA da Aratanha

A Área de Proteção Ambiental- APA da Serra da Aratanha foi criada por

meio do Decreto Estadual Nº 24.959 de 05 de junho de 1998. A delimitação da APA

começa a partir da cota de 200m envolvendo os municípios de Maranguape,

Guaiúba e Pacatuba, com área total é de 6.448,29 hectares, ou seja, a APA vai além

do limite municipal.

A referida APA tem como objetivos a conservação de remanescentes da

Mata Atlântica, de leitos naturais das águas pluviais e das águas fluviais e das

reservas hídrica; Proporcionar à população regional métodos e técnicas apropriadas

ao uso do solo de maneira a não interferir no funcionamento dos refúgios ecológicos,

assegurando a sustentabilidade dos recursos naturais e respeito às peculiaridades

histórico-culturais, econômicas e paisagísticas da região com ênfase na melhoria da

qualidade de vida dessas populações, dentre outros.

O quadro 18 traz a síntese do uso e ocupação da terra através do comportamento espectral das classes.

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Quadro 18 - Comportamento expectral das classes de uso e ocupação da terra Classe Comportamento espectral da classe na

imagem Caracterização

Mata Ciliar

Mata ciliar ribeirinha

degradada com características de

recobrimento vegetal secundário alterado pelo

extrativismo mineral - trecho do rio baú.

Caatinga

Caatinga degradada com

características de recobrimento vegetal

secundário alterado pelas lavouras temporárias e

pecuária.

Mata Seca

Mata seca moderadamente

degradada com características de

recobrimento vegetal primário e secundário

alterado pelas lavouras temporárias - maciço de

Baturité (vertente subúmida dissecada em colinas com ocorrência eventuais de

planícies alveolares). .

Fonte: Elaborado pela autora. imagem Landsat 8/2015, 2016.

O mapa de uso e cobertura da terra a seguir traz a organização das

atividades econômicas do município. Buscou-se como referência metodológica a

terceira edição do Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2013). A composição da

legenda atende o tipo de vegetação predominante e o tipo de uso/ocupação. Trata-

se de diferentes tipos de vegetação (Mata Plúvio-Nebular, Caatinga/Mata Seca,

Mata Ciliar). A Mata seca se estende até certa altitude dos maciços da Aratanha e

Baturité, associada à Caatinga. A Mata Plúvio-Nebular encontra-se em altitudes

mais altas dos maciços.

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97

As matas ciliares circundam as calhas dos rios e planícies de inundação

sazonal e tem associações com a agropecuária e extrativismo mineral. Pode-se

averiguar a importância econômica da agricultura de subsistência, do extrativismo

mineral no entorno dos recursos hídricos. A caatinga abrange parte da depressão

aplainada e está bastante associada à agropecuária, fato comum as tradições da

ocupação dos sertões semiáridos pela pratica da pecuária extensiva e agricultura

rudimentar.

No município predomina propriedades pequenas e assentamentos com

práticas de agricultura de subsistência. As práticas econômicas predatórias marcam

o município e têm efeitos diretos na sociedade, diante do exposto, tornam-se

necessárias ações humanas que ultrapassam os limites de interesses econômicos e

priorize a sustentabilidade dos recursos naturais.

Considera-se este mapeamento importante, uma vez que toma

conhecimento das atividades desenvolvidas nos sistemas ambientais e seus efeitos

e assim pode auxiliar no planejamento adequado e de acordo com a dinâmica

ambiental.

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Mapa 8 - Mapa de uso e ocupação

Fonte: Elaborado pela autora.

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99

A tabela 7 apresenta o quantitativo de área das classes mapeadas no

mapa de uso e cobertura da terra do município de Guaiúba. Constata-se uma

prevalência das classes da vegetação de caatinga associada com a atividade da

agropecuária (41,96%). Em seguida a agropecuária com (9,26%), a mata

ciliar/agropecuária apresenta um percentual de 4,99% mostrando que a economia

do município tem uma expressão significativa no setor primário da economia.

Tabela 7 - Área/km² das classes de uso e cobertura da terra no município

Uso e Cobertura da Terra Área/km² Percentual (%)

Agropecuária 24,72 9,26

Área Urbanizada 2,55 0,95

Caatinga 19,54 7,32

Caatinga/agropecuária 111,97 41,96

Caatinga/Mata Seca 31,07 11,64

Espelho d'agua 5,05 1,89

Extrativismo Mineral 0,85 0,31

Lixão 0,01 0,003

Mata Ciliar 4,01 1,50

Mata Ciliar/agropecuaria 13,33 4,99

Mata Ciliar/Extrativismo Mineral 1,81 0,67

Mata Pluvio-Nebular/Mata Seca 40,62 15,22

Solo exposto 11,38 4,26

TOTAL 266,8

Fonte: Elaborado pela autora.

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100

5 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS AMBIENTAIS E O ORDENAMENTO

TERRITORIAL

Os sistemas ambientais foram identificados conforme a integração,

dimensão e características dos seus componentes geoambientais. Assim sendo, a

análise dos sistemas ambientais, procurou identificar as potencialidades, limitações,

impactos sofridos e a capacidade de suporte ao uso e ocupação. A análise constitui

uma importante contribuição para o ordenamento territorial, objetivando o

desenvolvimento econômico e a qualidade de vida da população.

5.1 COMPARTIMENTAÇÃO GEOAMBIENTAL

Para identificar os sistemas ambientais, optou-se pelo critério

geomorfológico, tendo em vista que o relevo expressa melhor as relações existentes

entre os elementos ambientais, e é relativamente mais perceptível na descrição da

paisagem. De acordo com Souza (2000) os limites do relevo e as feições do

modelado são facilmente identificados, portanto, mais passíveis de uma delimitação

mais rigorosa. Deve-se reconhecer que a compartimentação geomorfológica deriva

da evolução geoambiental, e cada compartimento tende a ter padrões próprios de

drenagem superficial, arranjos típicos de solos e características fitofisionômicos

singulares.

De acordo com a diversidade dos geossistemas, foram delimitadas

subunidades, os geofácies. O entendimento da paisagem adquire uma importância

significativa para a delimitação dos geofácies, devido à homogeneidade. Dentro

desta perspectiva foram identificados os seguintes geossistemas: Os Maciços

Aratanha e Baturité com os seguintes geofácies (vertente úmida dissecada em

colinas e cristas, Vertente Subúmida dissecada em colinas), Depressão Sertaneja e

seus geofácies (sertões subúmidos aplainados, sertões dissecados em colinas

rasas, cristas e inselbergs), as planícies fluviais e os geofácies (planície de

inundação e áreas de inundação sazonal).

A compartimentação geoambiental do município de Guaiúba se define

como resultante da combinação dos componentes geoambientais e reflete a

diversidade dos recursos naturais. A síntese da Compartimentação Geoambiental

está inserida no quadro 19 e mapa 9.

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Quadro 19 - Compartimentação Geoambiental do Município de Guaiúba

GEOSSISTEMA (sistemas ambientais) GEOFÁCIES (subsistemas ambientais)

Maciço da Aratanha Vertente úmida dissecada em colinas e cristas.

Maciço de Baturité

Vertente subúmida dissecada em colinas com ocorrência eventuais de planícies alveolares.

Depressão Sertaneja

Sertões subúmidos aplainados com ocorrência dispersa de cristas e inselbergs.

Sertões dissecados em colinas rasas.

Planícies Fluviais

Planícies de Inundação e Áreas de Inundação Sazonal.

Fonte: Adaptado de Souza (2000, 2007).

Fundamentado na compartimentação dos sistemas ambientais do

município de Guaiúba, conclui-se que 21,78Km² correspondem à vertente úmida

dissecada em colinas e cristas; 30,66km² envolvem a vertente subúmida dissecada

em colinas com ocorrências eventuais de planícies alveolares; 158,59 km² abrangem

as áreas sertões subúmidos aplainados com ocorrência dispersa de cristas e

inselbergs, 12,98km² de sertões dissecados em colinas rasas e 42,79Km² de

Planícies de inundação/áreas de inundação sazonal, como pode ser constatado com

mais propriedade na tabela 8 e mapa 9.

Tabela 8 - Área/km² dos subsistemas Ambientais do município de Guaiúba

SUBSISTEMAS AMBIENTAIS Área/km²

Vertente úmida dissecada em colinas e cristas.

21,78

Vertente subúmida dissecada em colinas com ocorrência eventuais de planícies alveolares.

30,66

Sertões subúmidos aplainados com ocorrência dispersa de cristas e inselbergs.

158,59

Sertões dissecados em colinas rasas.

12,98

Planícies de Inundação e Áreas de Inundação Sazonal.

42,79

TOTAL 266,8

Fonte: Elaborado pela autora.

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Mapa 9 - Mapa dos sistemas ambientais

Fonte: Elaborado pela autora.

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103

5.2 CAPACIDADE DE SUPORTE E ECODINÂMICA

Os sistemas ambientais exibem características específicas quanto às

relações mútuas entre os componentes de natureza; geológica, geomorfológica,

hidroclimática, pedológica e bioecológica, consolidando-se na configuração dos

diferentes padrões de paisagem. Cada sistema representa uma unidade de

organização do ambiente natural na interface com a sociedade. Como tal, reagem

também de modo singular às condições de uso e ocupação da terra em virtude da

exploração dos recursos naturais disponíveis (SOUZA, 2000).

Neste sentido, a ação antrópica ao apropriar-se dos espaços é

responsável pelas diferentes tipologias de uso e ocupação da terra promovendo

alterações sobre os sistemas ambientais, modificando os fluxos energéticos e

causando impactos. Deste modo, as ações antrópicas devem ser tratadas como

parte essencial da dinâmica de fluxos energéticos.

Reconhece-se que o entendimento da ecodinâmica das paisagens é

primordial para o aproveitamento dos recursos naturais. Dentro desta ótica o uso e

ocupação assumem suas particularidades diante das condições ambientais.

O quadro 20 a seguir está conforme a metodologia de Souza (op.cit.)

expondo a caracterização dos componentes ambientais, as condições de

potencialidades, limitações cenários tendenciais, desejáveis, a ecodinâmica das

paisagens, subsidiando as políticas públicas com vistas ao ordenamento territorial.

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104

Subsistema Ambiental

Características Naturais Dominantes Capacidade de Suporte Cenários Tendenciais Cenários Desejáveis

Ecodinâmica e

Vulnerabilidade

Potencialidades Limitações

Planícies de Inundação e Áreas de Inundação Sazonal

Superfícies planas resultantes da acumulação fluvial. Sedimentos aluviais e coluviais Quaternários. Presença de Neossolos Flúvicos. Planícies dos Rios: Guaiúba, Rio Água Verde e Rio Baú. Presença de Mata Ciliar (carnaúba). Áreas planas embutidas na depressão sertaneja, submetida a inundações periódicas.

Reservas hídricas; Solos férteis; Pesca; Extrativismo mineral.

Inundações periódicas; Dificuldades de mecanização dos solos argilosos; Áreas protegidas por legislação ambiental.

Extrativismo vegetal e mineral; Erosão e assoreamento; Poluição dos recursos hídricos; Atividades agrícolas; Ocupação de APPs em torno da drenagem.

Cumprir as restrições legais de acordo com a Legislação Ambiental pertinente; Controle das atividades agrícolas em torno das planícies; Controle da expansão urbana evitando a ocupação da APP (Rio Guaiúba).

Ambientes mediamente estáveis com vulnerabilidade média à ocupação.

Sertões subúmidos aplainados com ocorrência dispersa de cristas e inselbergs

Superfície aplainada com ocorrências de cristas e inselbergs dispersos, suaves ondulações intercaladas por fundos de vales rasos. Predominam rochas do embasamento cristalino que apresentam grande variedade de tipos, sendo truncadas por superfície de erosão. Presença de Luvissolos. Padrão dendrítico da drenagem e regime hídrico intermitente sazonal. Recoberta por caatinga que se apresenta parcialmente degradada.

Topografia favorável; Agropecuária; Extrativismo vegetal;

Solos pouco profundos e susceptíveis a erosão; Chuvas escassas e irregulares;

Desmatamento da vegetação primária para a agropecuária; Queimadas para o plantio de lavouras temporárias; Solos expostos; Ampliação das pastagens.

Controle do desmatamento e queimadas; Controle da pecuária extensiva.

Ambientes de transição com vulnerabilidade alta a média à ocupação.

Sertões dissecados em colinas rasas

O contato das vertentes dos maciços com as depressões sertanejas se faz através de pedimentos dissecados.

Agropecuária; Extrativismo vegetal;

Solos pouco profundos e susceptíveis à erosão; Chuvas escassas e irregulares;

Desmatamento da vegetação primária para a agropecuária; Queimadas para o plantio de lavouras temporárias;

Controle do desmatamento e queimadas; Controle da pecuária extensiva.

Ambientes de transição com vulnerabilidade média a alta à ocupação.

Quadro 20 - Características naturais dominantes, capacidade de suporte, cenários e ecodinâmica/vulnerabilidade (Continua)

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105

Ampliação das pastagens.

Vertente Úmida dissecada em colinas e cristas

Apresenta paisagem diferente no âmbito municipal, relevo elevado, melhores condições ambientais nos aspectos climático, pedológico e hidrológico. Possui litotipos variados, do complexo cristalino pré-cambriano (migmatitos e núcleos de granitoides) e Argissolos vermelho-amarelos eutróficos e abriga uma floresta secundária estacional semidecidual. As superfícies são com encostas de barlavento medianamente dissecadas em feições de cristas, colinas e lombadas, intercaladas por vales em V. (Serra de Pacatuba).

Condições hidroclimáticas favoráveis; Média a alta fertilidade dos solos; Extrativismo vegetal e mineral; Dispersão da drenagem para a RMF; Ecoturismo.

Declividade forte das vertentes; Impedimentos à mecanização; Alta suscetibilidade à erosão; Áreas protegidas pela legislação ambiental em encostas com declividade fortes.

Degradação do recobrimento vegetal primário; Poluição das nascentes fluviais.

Ecoturismo; Proteção da biodiversidade; Cumprimento da legislação ambiental; Conservação dos remanescentes de mata plúvio-nebular.

Ambientes instáveis com vulnerabilidade alta à ocupação.

Vertente subúmida dissecada em colinas com ocorrência eventuais de planícies alveolares

Interrompem a continuidade dos sertões e tem as seguintes características: dissecação em formas de topos aguçados e pequenas manchas dissecadas em formas convexas, litologias cristalinas, Argissolos vermelho-amarelos Eutróficos e Litólicos, drenagem densa de padrão dentrítico. Os vales tem forma de V e vão demonstrar forte capacidade de entalhe da drenagem, quando se alargam propiciam a formação de planícies alveolares. Apenas parte da vertente subúmida do maciço de Baturité está na área do Município.

Condições hidroclimáticas favoráveis; Média à alta fertilidade dos solos; Extrativismo vegetal e mineral;

Relevo fortemente dissecado; Drenagem imperfeita; Áreas protegidas pela legislação ambiental em encostas com declividade fortes.

Degradação do recobrimento vegetal primário; Atividade agrícola (lavouras temporárias); Solos expostos; Descaracterização das paisagens serranas; Turismo de aventura (voo de parapente).

Ecoturismo; Proteção da biodiversidade; Cumprimento da legislação ambiental.

Ambientes instáveis com vulnerabilidade alta à ocupação.

Fonte: Adaptado de Souza (2000)

Quadro 20 - Características naturais dominantes, capacidade de suporte, cenários e ecodinâmica/vulnerabilidade (Conclusão)

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106

A ecodinâmica anteriormente apresentada segue as orientações de

Tricart (1997) com adaptações de Souza (2000). Busca-se compreender a dinâmica

dos sistemas ambientais favorecendo o melhor aproveitamento dos recursos

naturais e o uso racional da terra contribuindo com o planejamento e o ordenamento

territorial. Ao definir as categorias de ambiente deve-se considerar o uso e

ocupação, que são fatores que influenciam os processos morfodinâmicos (Tabela 9).

Tabela 9 - Área/km² das classes de Ecodinâmica/vulnerabilidade no município

Ecodinâmica Vulnerabilidade Área/ Km² e porcentagem

SUBSISTEMAS AMBIENTAIS

Área/km²

Ambiente

medianamente estável

Média

42,79 km² e

16,03 %

Planícies de Inundação e

Áreas de Inundação Sazonal

42,79

Ambiente Instável

Alta

52,44 km² e 19,65%

Vertente úmida dissecada em cristas e colinas.

21,78

Vertente subúmida dissecada em colinas com ocorrência eventuais de planícies alveolares.

30,66

Ambiente de transição

Alta à média

171,27 km² e 64,19 %

Sertões subúmidos aplainados com ocorrência dispersa de cristas e inselbergs.

158,59

Sertões dissecados em colinas rasas.

12,98

TOTAL 266,8

Fonte: Elaborado pela autora.

Dos sistemas ambientais delimitados, constata-se que 16,03% da área

tem vulnerabilidade média, enquanto que 19,65% tem vulnerabilidade ambiental alta

à ocupação, e 64,19% alta à média vulnerabilidade. Diante dos dados expostos,

tem-se como evitar ocupações impróprias que podem ocasionar a degradação

ambiental do município, portanto, se constitui um dado importante para o

ordenamento da área.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Município de Guaiúba situado na Região Metropolitana de Fortaleza-

RMF, tem população pouco numerosa, e é considerado incipiente quanto a sua

economia, apresenta problemas ambientais causados pela ocupação desordenada

da área. Nas planícies fluviais, por exemplo, é notório o uso da terra em atividades

relacionadas à agricultura, pecuária, mineração e ainda expansão urbana, sem levar

em consideração a ecodinâmica ambiental.

Na intenção de contemplar o objetivo geral da pesquisa foi feito o

diagnóstico geoambiental, realizado de forma integrada e sistêmica, percebendo

assim a forma de como os componentes ambientais interagem entre si e configuram

a diversidade paisagística. Em seguida foi feita uma análise socioeconômica para

perceber a forma como a sociedade se apropria dos recursos naturais e interfere na

dinâmica ambiental.

A contextualização geoambiental do município propõe-se a ser um

instrumento de informação técnica sobre a área, buscando o desenvolvimento

municipal em bases sustentáveis, colocando-se como instrumento corretivo e

estimulador do processo. O produto do diagnóstico do meio físico decorre da

identificação dos sistemas ambientais naturais que foi definido conforme a sua

capacidade de suporte ao uso e ocupação da terra. Avaliou-se ainda as suas

características naturais dominantes e a ecodinâmica.

Para isto procedeu-se a organização do mapeamento dos sistemas

ambientais, tendo como guia o critério geomoforlógico. Usou-se a imagem do

Landsat 8/2015, efetuaram-se visitas ao campo para reconhecimento da verdade

terrestre. Houve coleta, armazenamento, processamento da base de dados, esta

etapa que se constituiu como peça fundamental para a aplicabilidade no

ordenamento territorial.

No capítulo que trata do uso e ocupação, foram diagnosticados problemas

ambientais provocados pelas atividades econômicas, dentre estes, poluição dos

recursos hídricos, desmatamentos, queimadas, perda da biodiversidade, ocupação

desordenada, dentre outros.

Diante do exposto, os sistemas ambientais podem ser tomados como

unidades de referência para o ordenamento territorial, servindo de subsídio para a

elaboração de cenários desejáveis, auxiliando nas políticas públicas, no sentido de

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implementar medidas que promovam o desenvolvimento sustentável. Dos sistemas

ambientais presentes, no que concerne às potencialidades da área, destacam-se

nas planícies: reservas hídricas, solos férteis, pesca, extrativismo mineral; nos

sertões: topografia favorável, agropecuária, extrativismo vegetal; nas vertentes dos

maciços: condições hidroclimáticas favoráveis, média à alta fertilidades dos solos,

ecoturismo, extrativismo vegetal e mineral.

Salienta-se quanto as principais limitações, nas planícies: inundações

periódicas, dificuldades de mecanização dos solos, áreas protegidas por legislação

ambiental; nos sertões: solos pouco profundos e susceptíveis a erosão, chuvas

escassas e irregulares; nas vertentes dos maciços: declividade forte das vertentes,

Impedimentos à mecanização, alta suscetibilidade à erosão, áreas protegidas pela

legislação ambiental em encostas com declividade fortes.

A contextualização geoambiental e a delimitação dos sistemas ambientais

possibilitam a análise integrada das condições ambientais, indicando alternativas

sustentáveis a partir dos princípios de suas potencialidades e limitações, prevendo,

os cenários tendenciais e os desejáveis. Ademais, enumeram-se um conjunto de

ações orientativas, que podem colaborar com a legislação, planejamento e gestão

ambiental do município:

a) Cumprimento da legislação ambiental referentes às APPs visando à

preservação das planícies fluviais;

b) Recuperação das matas ciliares em torno planícies fluviais;

c) Conservação da Mata Plúvio-Nebular;

d) Proteger e recuperar os recursos hídricos;

e) Atividades econômicas de mineração devidamente controladas;

f) Controle de desmatamentos e queimadas nos sistemas agrícolas;

g) Implantar técnicas eficientes de conservação dos solos, como uso

adequado de irrigação, adubação orgânica e rotatividade de culturas;

h) Controle da pecuária extensiva;

i) Concessão de créditos aos pequenos agricultores e incentivo a

agricultura orgânica;

j) Apoio à prática do ecoturismo incluindo as populações locais no

processo de gestão ambiental;

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k) Tratamento adequado dos resíduos sólidos com a finalidade de

extinguir o lixão do município;

l) Aumentar a infraestrutura básica (abastecimento de água, saneamento

básico, saúde e educação) promovendo assim a qualidade ambiental e

o bem estar social no município;

m) Aprovar leis municipais para promover políticas públicas ambientais

que venham promover ações de prevenção e recuperação do meio

ambiente;

n) Criar e manter espaços públicos permanentes por meio de legislação

municipal;

o) Medidas que priorize o verde urbano, obedecendo às normas

científicas e técnicas;

p) Atualizar o Plano Diretor de modo a contemplar a qualidade do meio

ambiente e o bem estar da população.

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