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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO CICLO DE VIDA RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA ILHÉUS BAHIA 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA

AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO CICLO DE VIDA

RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA

ILHÉUS – BAHIA

2011

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RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA

ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA AVALIAÇÃO DE

IMPACTO DO CICLO DE VIDA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação

em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) da

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) como requisito

final para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento

Regional e Meio Ambiente.

Área de Concentração: Uso de Recursos Naturais

Orientador: Prof. Dr. José Adolfo de Almeida Neto

ILHÉUS – BAHIA

2011

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B813 Braga, Rita de Cássia Silva Braga e.

Análise de indicadores de biodiversidade na avaliação de impacto do ciclo de vida / Rita de Cássia Silva Braga e Braga. – Ilhéus, BA : UESC , 2011.

xiii, 105 f. : il.

Orientador : José Adolfo de Almeida Neto.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de

Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Inclui referências e apêndice.

1. Impacto ambiental – Avaliação. 2. Biodiesel.

3. Biodiversidade. 4. Indicadores ambientais. 5. Delphi,

Método. I. Título.

CDD 363.7

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RITA DE CÁSSIA SILVA BRAGA E BRAGA

ANÁLISE DE INDICADORES DE BIODIVERSIDADE NA AVALIAÇÃO DE

IMPACTO DO CICLO DE VIDA

Ilhéus, 14/02/2011

_____________________________________________

José Adolfo de Almeida Neto – DS

(UESC/DCAA)

(Orientador)

_____________________________________________

Sofia Campiolo – DS

(UESC/DCB)

_____________________________________________

Danielle Maia de Souza – DS

(Universidade de Bayreuth - Alemanha)

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Dedico a vocês...

minha mãe Rute e meu pai Joveniano Braga (in memorian)

meu esposo Oswaldo e meus amados filhos Newiton e João Paulo.

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Para muitas filosofias e religiões AGRADECER significa não apenas reconhecer a ação

generosa de alguém para conosco....é sim...um movimento de gratidão e amor a todas as

criaturas do universo pela simples razão de sermos todos UM.

Imbuída desse sentimento é que agradeço...

A DEUS, razão maior por ter me permitido chegar até aqui com VIDA...SAÚDE e FÉ.

Ao meu esposo, Oswaldo pelo incentivo e apoio em todos os momentos.

Aos meus adoráveis e amados filhos Newiton e João Paulo, dois tesouros dados por DEUS.

Aos meus pais, Joveniano Braga (in memorian) e Rute e aos meus irmãos e irmãs. Saibam

que são muito importantes na minha vida.

A minha família inteira por fazerem parte da minha vida.

Ao professor Max de Menezes (in memorian) por ser o grande entusiasta do PRODEMA e de

todos os mestrandos.

Ao professor José Adolfo, pela orientação e incentivo na busca do conhecimento.

Às “colegas de apartamento” e mais que isso às amigas Paty e Poli, mesmo cientes do quão

difícil é dividir o dia a dia com o outro, aceitamos o desafio.

A Ittana pela receptividade e os ensinamentos da vida como mestranda. Meu carinho por você

é muito grande.

A minha amiga Jaque pelo carinho e acolhimento.

A Luluzinha “minha filhinha” que amarei sempre.

A Fabi por ter me acolhido quando fui ser aluna especial na sua turma e por fim ficamos

amigas.

A Léa um presente de DEUS que espero ter por toda vida.

A Camille que com todo carinho abriu as portas do AP e me acolheu, serei sempre grata.

Aos colegas e amigos profissionais das diversas áreas que me auxiliaram na realização do pré-

teste da pesquisa (Marcinha, Tiago, Léa, Liana, Dani, Jaqueline e Jaque do doc PRODEMA).

Aos membros do Grupo Bioenergia e Meio Ambiente da UESC, pela oportunidade de

exercitar a diversidade e a interdisciplinaridade.

À turma XII do PRODEMA em especial aos amigos conquistados durante o tempo do

mestrado, e para não ser injusta não citarei nomes, pois sei que cada um de vocês sabe o lugar

que ocupam em minha vida.

Aos membros do Colegiado do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela

oportunidade.

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Aos vários pesquisadores-professores que nos proporcionaram momentos únicos de

aprendizado e reflexão.

Ao casal de professores que tenho um carinho especial, Paulo Hellmeister e Raquel Oliveira.

Ao professor Marcelo Inácio pela contribuição na reta final com a análise estatística.

A Maria Schaun que mesmo nos momentos de silêncio tinha algo a nos dizer. Lembrarei

sempre de você com muito carinho.

Aos pesquisadores das áreas:

Avaliação do Ciclo de Vida: Cássia Ugaya, Danielle Maia, Maria Cléa e Ottar Michelsen.

Biocombustíveis: Iracema Nascimento, Rosenira Serpa da Cruz e Osvaldo Stella,

Cultivos Energéticos: Fabio Pinto, Jonas Souza, José Roberto, José Stanley.

Ecologia e Biodiversidade: Deborah Faria, Eduardo Mariano, Regina Sambuichi e Talita

Fontoura.

Sem a valorosa contribuição de todos vocês, ilustres mestres e doutores seria impossível a

concretização desse estudo.

Ao grupo de Biodiesel da CEPLAC, pelo apoio e vários esclarecimentos sobre a cultura do

Dendê.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado.

Ao PRODEMA por oportunizar o crescimento acadêmico.

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“O Saber se aprende com os mestres. A sabedoria só com o corriqueiro da vida...e, por falar

em vida... o que importa, não é o ponto de partida, mas a caminhada.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”

(Cora Coralina)

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Análise de Indicadores de Biodiversidade na Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida

RESUMO

A crise energética mundial promove o desafio de compatibilizar demanda por energia e

preservação dos recursos ambientais, tendo como uma de suas vertentes a substituição da

matriz energética de origem fóssil por fontes alternativas com menor potencial de impacto.

Nesse sentido, os biocombustíveis surgem como alternativa, especialmente relacionados ao

potencial de mitigação das emissões de gases estufa. Para que os biocombustíveis sejam

efetivamente considerados uma alternativa ambientalmente sustentável é imprescindível uma

avaliação com base no seu ciclo de vida, especialmente considerando os potenciais impactos

da fase agrícola de produção da matéria-prima, como a perda de biodiversidade associada à

mudança no uso da terra. Com o objetivo de identificar, selecionar e escolher o◦(s)

melhor◦(es) modelo◦(s) de avaliação de impacto do uso da terra para aplicação na avaliação

do ciclo de vida de biocombustíveis, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma consulta

Delphi com especialistas das seguintes áreas do conhecimento: biocombustíveis

(BIOCOMB), cultivos energéticos (CULTEN), ecologia e conservação da biodiversidade

(ECOBIO) e avaliação do ciclo de vida (ACIVID). Foram identificados dezesseis modelos de

interesse para o estudo na literatura especializada, cinco deles foram pré-selecionados: riqueza

de espécies de plantas vasculares por área ocupada e transformada; riqueza de espécies (SR),

escassez do ecossistema (ES) e condições para manutenção da biodiversidade (CMB);

proporção de espécies de aves e mamíferos ameaçados ou em perigo de extinção, riqueza de

espécies (SR), escassez inerente do ecossistema (ES) e vulnerabilidade dos ecossistemas

(EV), combinados com a qualidade da biodiversidade (Q biodiversidade) e diversidade de

espécies de plantas vasculares. Para a pré-seleção foram considerados os critérios:

representatividade, mensurabilidade, consistência, aplicabilidade, dependência local,

escala e transferência. Vinte e dois especialistas foram consultados através de um painel

Delphi, distribuídos em quatro áreas do conhecimento relacionadas à temática do estudo.

Foram realizadas duas rodadas de consulta aos especialistas, sendo verificado que, na 1ª

rodada houve grande heterogeneidade de opiniões entre os especialistas e entre as 4 (quatro)

áreas pré-definidas, não havendo convergência para a escolha de um modelo ou indicador. Na

2ª rodada, a opinião dos especialistas convergiu no sentido de priorizar modelos com

seguintes indicadores: (i) a complexidade estrutural dos ecossistemas; (ii) diversidade

funcional; e (iii) a associação de parâmetros qualitativos e quantitativos, enquanto uma parte

dos modelos propostos tendem a captar elementos distintos da biodiversidade, apontando a

riqueza de espécies de plantas vasculares como o melhor indicador, especialmente, por

considerando a disponibilidade de dados em escala global. A disponibilidade de informações

em escala global e regional limita a aplicação de muitos modelos e indicadores. Diante desta

limitação e considerando as diferentes escalas de aplicação em níveis local, regional ou

global, conclui-se que não houve consenso na definição de um modelo ideal, que seja capaz

de sintetizar a complexidade dos diferentes aspectos associados à biodiversidade. Sugere-se

como foco dos próximos estudos, a realização de levantamentos de dados que permita a

aplicação de modelos que considerem a mudança da paisagem e a complexidade estrutural

dos ecossistemas, incluindo a sua diversidade funcional. A análise interdisciplinar dos

resultados deve ser considerada com bastante relevância, tendo em vista a complexidade e

interdependência de fatores disciplinares envolvidos.

Palavras-chaves: Delphi., Bioenergia, Biodiesel, Avaliação do Ciclo de Vida e Categorias de

Impacto.

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Analysis of Indicators of Biodiversity in the Impact's Assessment of Life Cycle

ABSTRACT

The world energy crisis promotes the challenge of reconciling the demand for energy and

environmental resources, and as one of its aspects, the replacement of the energy produced

from fossil fuels by alternative sources with less potential impact. In this sense, biofuels

emerge as an alternative, especially related to the mitigation's potential of greenhouse gas

emissions. To biofuels be actually considered an environmentally sustainable alternative, it's

essential an assessment based on their life cycle, especially considering the potential impacts

of agricultural production's stage of raw material, like loss of biodiversity associated with the

change in land use . In order to identify, select and choose the best model(s) of impact's

assessment of land use to application in the life cycle's assessment of biofuels, was performed

a literature search and a Delphi consultation with experts in the following subject areas:

biofuels (BIOCOMB), energy crops (CULTEN), ecology and biodiversity conservation

(ECOBIO) and life cycle's assessment (ACIVID). Were identified sixteen models of interest

to study in the specialized literature, five of them were pre-selected: species' richness of

vascular plants in the occupied and transformed area, species richness (SR), ecosystem

scarcity (ES) and conditions for maintenance of biodiversity (CMB); species' proportion of

birds and mammals threatened or in extinction risk, species richness (SR), inherent scarcity of

the ecosystem (ES) and ecosystem vulnerability (EV), combined with the biodiversity quality

(biodiversity Q ) and diversity of vascular plants' species. For pre-selection criteria were

considered: representativeness, measurability, consistency, applicability, local dependency,

scale and transfer. Twenty-two experts were consulted using a Delphi panel, divided into four

areas of knowledge related to the thematic study. Two rounds of consultation with the experts

were realized, with the results of the first round showing great diversity of opinions among

the experts and between the 4 (four) pre-defined areas, without convergence for the choice of

a model or indicator. In the second round , the opinion of the experts converged to give

priority to models with the following indicators: (i) the structural complexity of ecosystems,

(ii) functional diversity, and (iii) the combination of qualitative and quantitative parameters,

while some of the proposed models tend to capture different elements of biodiversity,

pointing to the species richness of vascular plants as the best indicator, especially by

considering the availability of data on a global scale. The availability of information on global

and regional scale limits the application of many models and indicators. In the face of this

limitation and considering the different scales of application at the local, regional or global

levels, it is concluded that there was no consensus on the definition of an ideal model able to

synthesize the complexity of the various aspects related to biodiversity. Thus, as a focus of

future studies, the collection of data should focus on the application of models that consider

the changing of landscape, and the structural complexity of ecosystems, including their

functional diversity. Considering the complexity and interdependence of the disciplinary

factors involved in this kind of analysis, the interdisciplinary analysis of the results should be

considered with adequate diligence.

Keywords: Delphi., Bioenergy, Biodiesel, Life Cycles's Assessment and Impact's Categories.

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Características desejáveis de um indicador (Milà i Canals, 2007) ........................... 42 Tabela 2. Resumo da escolha e opinião dos especialistas ........................................................ 63

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Lista de Quadros

Quadro 1. Principais categorias de impactos ambientais consideradas na ACV...................... 24

Quadro 3. Modelos para avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados .................... 50

Quadro 3. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados ....................... 51

Quadro 4. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra da 2ª rodada Delphi .................. 57

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Lista de Figuras

Figura 1. Uso da terra por um processo de transformação, ΔQ representa a mudança inicial na

qualidade da terra, e a área sombreada representa o impacto da transformação (MILÀ I

CANALS, 2007). ...................................................................................................................... 26

Figura 2. Uso da terra por um processo de ocupação, sem alteração na qualidade da terra

durante o processo de ocupação (ΔQ = 0, a área sombreada representa o impacto de

ocupação). (MILÀ I CANALS, 2007)...................................................................................... 27

Figura 3. Modelo de pressão – estado – resposta, adaptado de (OECD, 2003). ...................... 29

Figura 4. Esquema do modelo de Köllner. ............................................................................... 34

Figura 5. Fluxograma simplificado das etapas de aplicação da consulta Delphi ..................... 45

Figura 6. Comparação da aplicabilidade média (Índice de Aplicabilidade – IAN) para os cinco

indicadores de biodiversidade da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por área

de conhecimento. ...................................................................................................................... 52

Figura 7. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média das áreas

de conhecimento da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por critério de

avaliação. ................................................................................................................................. 53

Figura 8. Comparação do IAN entre a 1ª (A) e a 2ª rodada (B) o – para os indicadores de

biodiversidade por área de conhecimento. ............................................................................... 58

Figura 9. Comparação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) média dos

indicadores de biodiversidade da área de ACIVID para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. ............. 59

Figura 10. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média dos

indicadores de biodiversidade da área de CULTEN para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi ............ 60

Figura 11. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos

indicadores de biodiversidade da área de BIOCOM para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. ........... 60

Figura 12. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos

indicadores de biodiversidade da área de ECOBIO para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi. ............ 61

Figura 13. Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN)

dos indicadores de biodiversidade com a média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas. ............ 62

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 18

2.1. Biodiversidade e Conservação .......................................................................................... 18

2.2. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) .................................................................................. 21

2.3. Categorias de Impacto em ACV........................................................................................ 23

2.4. Categoria ambiental uso da terra ...................................................................................... 25

2.5. Indicadores Ambientais ..................................................................................................... 28

2.5.1. Indicadores de biodiversidade e modelos propostos para uso da terra em AICV. ....... 30

2.6. Biocombustíveis ................................................................................................................ 39

3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 41

3.1. Delimitação, caracterização e etapas da pesquisa ............................................................. 41

3.2. Levantamento, pré-seleção e avaliação dos indicadores ................................................... 41

3.3. O Delphi ............................................................................................................................ 42

3.3.1. Escolha dos especialistas .............................................................................................. 45

3.3.2. Elaboração do questionário ........................................................................................... 46

3.3.3. Envio do questionário ................................................................................................... 47

3.3.4. Tratamento estatístico ................................................................................................... 48

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 50

4.1. Levantamento e pré-seleção dos modelos ......................................................................... 50

4.2. 1ª rodada da consulta Delphi ............................................................................................. 51

4.3. Avaliação preliminar dos indicadores ambientais na 1ª rodada ........................................ 55

4.4. 2ª rodada da consulta Delphi ............................................................................................. 56

4.5. Discussão dos resultados do Delphi .................................................................................. 63

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 67

6. PERSPECTIVAS .............................................................................................................. 69

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 70

APÊNDICE A - MATRIZES PARA ESCOLHA DOS INDICADORES ............................... 75

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO ENVIADO AOS ESPECIALISTAS ............................... 83

APÊNDICE C - CRITÉRIOS E INDICADORES PRÉ-SELECIONADOS ........................... 91

APÊNDICE D - ESPECIALISTAS PARTICIPANTES DA CONSULTA DELPHI ............. 97

APÊNDICE E - RETORNO DA 1ª RODADA DELPHI ........................................................ 98

APÊNDICE F - ANÁLISES ESTATÍSTICAS ...................................................................... 101

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea lida com a necessidade de compatibilizar

desenvolvimento socioeconômico e equacionar a relação do homem com o meio ambiente

natural, de tal forma que a preocupação com os impactos decorrentes de suas ações seja uma

premissa fundamental no planejamento e nas propostas de desenvolvimento, especialmente

com referência à produção e uso da energia.

A energia, em suas diversas formas, é um dos principais constituintes da sociedade

moderna. Assim, o desenvolvimento socioeconômico e os elevados padrões de vida

demandam processos produtivos cada vez mais complexos, que compartilham um

denominador comum: a disponibilidade de um abastecimento adequado e confiável de energia

(HINRICHS, 2003).

De forma mais incisiva, nas últimas décadas, tem havido um incentivo internacional

para a substituição da matriz energética mundial de origem fóssil por fontes renováveis, tidas

como ambientalmente sustentáveis, especialmente relacionado ao seu potencial de mitigação

das emissões de gases-estufa, associados à combustão dos derivados fósseis.

Uma alternativa apontada como importante fonte de energia renovável é a produção de

biocombustível, a partir de espécies oleaginosas, obtendo o biodiesel como produto final.

O governo Federal, como forma de incentivar e regulamentar a produção, uso e

comercialização do biodiesel, lançou oficialmente em janeiro de 2005, por meio de um

programa interministerial, o PNPB – Programa Nacional de Uso e Produção do Biodiesel,

tendo como principal objetivo a promoção da inclusão social no contexto do desenvolvimento

regional, favorecendo a inclusão da agricultura familiar no mercado da produção de

bioenergia (ACCARINI, 2006; COUTO et al., 2006).

O PNPB define biodiesel como: “biocombustível derivado de biomassa renovável,

sendo um produto biodegradável, não tóxico, que reduz a emissão de gases tóxicos oriundos

do escapamento dos veículos, e os gases que provocam o efeito estufa e chuva ácida”. O

mesmo documento aponta que a emissão de dióxido de carbono (CO2) é reduzida em cerca de

7% com o uso da mistura B5 (adição de 5% de biodiesel ao diesel convencional) ou 9,5%

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com B20 (adição de 5% de biodiesel ao diesel convencional) e até 46% com B-100 (biodiesel

puro) (PNPB, 2004; CONAB, 2006).

O Biodiesel é um produto com múltiplas potencialidades, podendo ser utilizado como

substituto parcial ou total do diesel e, quando misturado, pode variar de baixas concentrações

(1 a 5%), como um aditivo, ou na forma de misturas mais concentradas, como: B20 (20%),

B30 (30%) e B50 (50%) (CONAB, 2006).

Dentre as oleaginosas com potencial para produção de biodiesel destaca-se o dendê

(Elaeis guineensis), uma palmeira de origem africana, que se desenvolve em áreas tropicais

úmidas e com um dos maiores potenciais para a produção de óleos vegetais atingindo, em

áreas comerciais, produtividades médias de até 5,0 toneladas de óleo por hectare e ano (FGV,

2003).

No Brasil, as primeiras indústrias de extração de óleo de palma se estabeleceram na

Bahia, na década de 50, mas a organização da agroindústria só ocorreu na década de 70, no

estado do Pará, com a implantação da primeira empresa produtora de óleo, sendo atualmente

o estado que concentra a produção de aproximadamente 85% do óleo de dendê do Brasil,

(KALTNER et al. 2003). No contexto mundial, os principais produtores de dendê são:

Indonésia, Malásia, Nigéria e Colômbia, ficando o Brasil como o 11º produtor mundial (FAO,

2008).

Na Região Sul da Bahia predomina o uso da variedade dura em detrimento da

variedade tenera, resultado do cruzamento entre as matrizes africanas, dura e pisífera. Como

resultado, a produtividade média estadual encontra-se abaixo de 1.000 kg de óleo por hectare

e ano (CEPLAC, 2008).

Diante disso e como forma de aproveitar o potencial edafoclimático para implantação e

ampliação do cultivo de oleaginosas aptas à produção do biodiesel, com destaque para o

dendê, o governo da Bahia lançou, em 2006, O PROGRAMA DE BIODIESEL DA BAHIA,

cujo objetivo estratégico constitui na produção de combustível proveniente de matéria-prima

100% renovável e sua posterior introdução na matriz energética estadual e nacional.

(BAHIA, 2010)

Nesse contexto, o estado possui uma disponibilidade de área da ordem de 854.000

(oitocentos e cinquenta e quatro mil) hectares, em áreas litorâneas, que se estendem desde o

Recôncavo Baiano até os tabuleiros do Sul da Bahia (CEPLAC, 2008).

Nessa perspectiva, mesmo considerando a importância da substituição da matriz

energética por fontes renováveis, faz-se necessário ponderar que a substituição dos

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combustíveis fósseis por fontes renováveis, desconsiderando uma avaliação ambiental, não

representa garantia na redução das emissões dos gases do efeito estufa (GEE), principalmente

quando há um incentivo à expansão agrícola para produção de biodiesel.

Miller Jr. (2003) destaca que o crescimento exponencial das atividades humanas, como

a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de florestas, pode ser responsável pela

mudança no clima da terra, capaz de interferir na dinâmica das áreas agrícolas, nas reservas

hídricas, além de alterar e reduzir a biodiversidade.

Para Lindeijer (2005), a expansão de áreas para cultivos energéticos deve ser avaliada

do ponto de vista da mudança no uso da terra devendo, esta, ser uma preocupação mundial,

uma vez que a terra fornece as funções essenciais para a manutenção da vida, incluindo a

ciclagem de nutrientes, além de ser o habitat de todas as formas de vida do planeta.

Diante do exposto, para que o biodiesel produzido a partir do dendê seja uma

alternativa ambientalmente sustentável, é imprescindível uma avaliação sistêmica, com base

no seu ciclo de vida, considerando especialmente os potenciais impactos no uso da terra, e o

consequente efeito sobre a biodiversidade.

Para avaliar o desempenho ambiental da produção agrícola, uma ferramenta

importante tem sido a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conhecida na literatura

internacional com Life Cycle Assessment que, como o próprio nome sugere, avalia todo o

ciclo de vida do produto ou processo, desde a obtenção da matéria prima até o descarte, ou

combustão, no caso dos biocombustíveis.

Os estudos ambientais com base na ACV, inicialmente mais voltados para produtos e

processos industriais, não contemplavam aspectos ambientais típicos de produtos e processos

agropecuários (ANTÓN et al., 2007; MILÀ I CANALS et al., 2007).

A ACV considera categorias de impacto agrupadas em: impactos relativos à poluição

e impactos relacionados à depleção dos recursos naturais, sendo importante mencionar que

a categoria de impacto adotada para o desenvolvimento dessa pesquisa será uso da terra, com

foco na perda da biodiversidade.

A categoria ambiental uso da terra tem sido avaliada a partir de dados empíricos da

ocorrência de espécies indicadoras, associadas a determinado ecossistema (plantas

vasculares), em função do tipo de uso da terra e tamanho da área. Na avaliação, leva-se em

conta tanto o dano local da área ocupada ou que teve o seu uso transformado, como a

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qualidade regional do ecossistema considerado (MILÀ I CANALS et al., 2007; GARRAIN et

al., 2009).

Dada a importância de se avaliar essa categoria no âmbito da ACV e reconhecendo as

limitações e a complexidade de mensurar a perda da biodiversidade, faz-se necessário o

estudo de indicadores ambientais apropriados. Segundo Milà i Canals (2003), indicadores

ambientais são substitutos para os atributos ambientais, que não podem ser medidos

diretamente.

Os indicadores de biodiversidade devem permitir a determinação das características

bióticas ou abióticas, refletindo o estado de um ecossistema, do habitat ou de outros

componentes da biodiversidade, sendo uma expressão da diversidade da comunidade, (MILÀ

I CANALS, 2007; TREWEEK et. al., 2006).

Considerando, por um lado, a importância desta temática na orientação do

desenvolvimento tecnológico e das políticas públicas na área de biocombustíveis e, por outro,

a ausência de indicadores adequados para avaliar a perda de biodiversidade, no contexto da

ACV, esta pesquisa objetiva estudar indicadores ambientais de biodiversidade relacionados à

categoria de impacto uso da terra para aplicação na avaliação do ciclo de vida de

biocombustíveis. Para isso, os seguintes objetivos específicos foram contemplados: i)

Identificar os principais indicadores utilizados na avaliação da categoria ambiental uso da

terra; ii) selecionar os principais indicadores para a avaliação da perda de biodiversidade; iii)

escolher o(s) indicador(es) mais adequado(s) para aplicação em estudos de ACV de

biocombustíveis, como o biodiesel produzido a partir de óleo de dendê (Elaeis guineensis).

A inclusão da problemática da perda da biodiversidade no debate científico do

biodiesel é essencial para garantir uma visão sistêmica e mais ampla na avaliação da

sustentabilidade da produção dos biocombustíveis e permitir uma comparação mais equânime

do seu desempenho ambiental com seu concorrente fóssil – diesel, avançando com as

pesquisas nesta área, que têm se concentrado na análise das emissões de gases do efeito estufa

(GEE) e de outras categorias ambientais, em que majoritariamente favorecem o diesel.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Biodiversidade e Conservação

O termo biodiversidade foi introduzido em 1988 pelo biólogo evolucionista E.

O. Wilson, um dos principais especialistas nessa área, sendo amplamente empregado nos

debates científicos e políticos, especialmente nas últimas duas décadas.

Em 1992, durante a Convenção da Diversidade Biológica – CBD, o termo

biodiversidade foi definido como “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,

incluindo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos

ecológicos dos quais fazem parte, incluindo a diversidade dentro da espécie, entre as espécies

e a diversidade de ecossistemas” (CBD, 2005).

A biodiversidade desempenha um papel fundamental no funcionamento dos

ecossistemas e na disponibilidade de serviços importantes para os seres humanos, que vão

desde a simples oferta de matérias primas, a alimentos, medicamentos e cosméticos. Sua

perda, por outro lado, pode trazer consequências negativas para diversos aspectos do bem-

estar humano, como: a segurança alimentar, a vulnerabilidade ambiental, os desastres

naturais, o abastecimento de energia e o acesso à água potável. (HASSAN; SCHOLES;

ASCH, 2005).

Tudo isso interfere sobremaneira nas relações econômicas, sociais e ambientais,

gerando consequências, muitas vezes irreversíveis, podendo comprometer substancialmente a

sobrevivência de todas as formas de vida na terra.

Para direcionar esforços, no sentido de proteger a biodiversidade, é preciso concebê-la

sobre todos os níveis que a envolvem e entender todas as suas dimensões, que vão desde a

diversidade de espécies, aos níveis mais complexos de diversidade de ecossistemas.

A Agência Americana de Desenvolvimento Internacional (USAID) pontua que as

espécies são consideradas a unidade fundamental da vida e os elementos essenciais dos

ecossistemas, constituídas geralmente de um grupo identificável de organismos capazes de

produzir descendentes viáveis. Algumas espécies desempenham um papel maior nos

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ecossistemas do que outras: espécies com forte influência (espécies-chave) são as que, se

extintas, provocam repercussões significativas em pelo menos uma ou mais espécies do

ambiente e com um efeito significativo sobre todo o ecossistema, podendo ter uma influência

dominante sobre sua estrutura (USAID 2005).

A diversidade genética refere-se à variação no gene e fornece um mecanismo para que

as populações se adaptem ao meio ambiente. Quanto maior o número de variações, maior a

chance dos indivíduos se adaptarem às mudanças do meio, reproduzindo estas características

de adaptação nas gerações futuras, resultando num processo conhecido por evolução, sendo

um dos elementos fundamentais da diversidade biológica (USAID, 2005).

Neste contexto, emerge o conceito de redundância (hipótese de redundância) e

hipótese de Rivett, sobre a "complementariedade" de funcões exercidas em um ecossistema.

A hipótese de redundância propõe que algumas espécies possuem habilidade de expandir seus

nichos no ecossistema e com isso compensar a extinção de espécies vizinhas. O ponto central

dessa hipótese é a idéia de que as espécies podem ser separadas por grupos funcionais. Desta

forma, espécies pertencentes a um mesmo grupo funcional possuem maior probabilidade de

expandir seus nichos, quando comparadas a espécies de grupos funcionais distintos

(WALKER, 1992)

A hipótese Rivett, fundamenta-se na idéia de que algumas espécies podem ser extintas

sem causar perturbações evidentes, implicando na existência de espécies redundantes.

(EHRLICH; EHRLICH, 1981).

Por fim, a diversidade de ecossistemas que envolvem os diversos processos ecológicos

e as comunidades, constituindo outro aspecto central da biodiversidade. As espécies

interagem umas com as outras, através de uma variedade de relações ecológicas, para

formarem o que os biólogos chamam de ecossistemas, sendo definido como a interação de

uma comunidade natural (vida biológica), com seu ambiente físico e químico e os processos

ecológicos resultantes dessa interação (USAID, 2005).

A diversidade de vida na terra distribui-se entre a diversidade de habitats que, com

suas especificidades, abrigam todos os tipos de organismos que possuem adaptações para

sobreviverem em vários ambientes, que vão desde florestas tropicais e cavernas a fontes

salinas e hidrotermais, ambientes considerados hostis para abrigar qualquer forma de vida.

(USAID, 2005).

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Daí a importância da preservação de todos os tipos de ecossistemas, uma vez que a

perda ou fragmentação desses habitats pode comprometer a vida de espécies que, muitas

vezes, dependem exclusivamente desses ambientes.

Nesse sentido, a biodiversidade das florestas tropicais é influenciada por inúmeras

atividades humanas, associadas a processos que operam em diferentes escalas temporais e

espaciais, desde a agropecuária (tradicional e moderna), a silvicultura, a urbanização e outras

ações antrópicas que, juntas, contribuem para acelerar os padrões de desmatamento,

fragmentação florestal e intensificação do uso dos solos (GARDNER et.al., 2009).

De acordo com Hassan; Scholes e Asch (2005) as atividades humanas têm aumentado

a taxa de extinção em pelo menos 100 (cem) vezes, se comparada à taxa natural. Pontua,

ainda, que praticamente todos os ecossistemas do planeta Terra têm sido drasticamente

transformados, por meio de ações humanas, sendo que a expansão das atividades agrícolas

desempenha um papel central nestas transformações.

Há uma clara evidência de que os vários tipos de uso da terra exercem danos aos

ecossistemas, reduzindo a diversidade de espécies, através da alteração e da diminuição de

habitats de plantas e animais, sendo que a mudança no uso da terra tem sido considerada a

principal causa para o aumento drástico do número de espécies ameaçadas de extinção,

contribuindo para o declínio da biodiversidade (MARRIS, 2009).

Uma das maiores preocupações com a perda de biodiversidade tem incidido sobre a

extinção de espécies, principalmente por se desconhecer quantas espécies existem na Terra ou

quão rápido elas tem desaparecido. Estudos apontam que menos de dois milhões de espécies

foram catalogadas e as estimativas totais variam entre sete e oitenta milhões (USAID, 2005).

Cabe aos estudiosos da área de conservação buscar alternativas capazes de mitigar os

efeitos da ocupação humana nos ecossistemas naturais e, com isso, possibilitar meios para

implantação de políticas ambientais que venham garantir a preservação da diversidade de vida

do planeta.

Para isso, algumas estratégias de conservação da biodiversidade têm sido

desenvolvidas, como: o incentivo por meio de instrumentos de mercado; pagamentos diretos

pelos serviços do ecossistema ou transferências de direitos de propriedade particulares,

podendo fornecer incentivos econômicos para a conservação da biodiversidade e para o uso

dos ecossistemas de forma sustentável; prevenção e intervenção precoce, que sido

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considerada a mais bem sucedida estratégia de conservação (HASSAN; SCHOLES; ASCH,

2005).

Outra estratégia de conservação, que merece ser destacada, envolve a criação de

Unidades de Conservação, instituídas no Brasil pelo SNUC – Sistema Nacional de Unidades

de Conservação (Lei. 9.985/2000). Nesse sentido, é importante salientar que nem sempre as

estratégias de conservação da biodiversidade com base em áreas protegidas constituem

alternativas seguras para garantir a sobrevivência das espécies, especialmente por essas áreas

possuírem limites geográficos definidos, se levados em conta o tamanho e a conectividade

entre os fragmentos, além da dificuldade em se mediar conflitos provenientes do uso e

ocupação da terra.

Outro ponto de discussão fundamental constitui-se na limitação dos indicadores de

biodiversidade, utilizados e aceitos atualmente como os indicadores que avaliam a riqueza de

espécies, que capta valores quantitativos, mas não engloba aspectos relativos à distribuição

dessas espécies nos ecossistemas.

2.2. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)

O ambiente natural tem passado por sérias transformações ao longo da história da

ocupação humana, o que levou a sociedade a buscar alternativas de gestão dos recursos

naturais, baseando-se no que preconizam os princípios do Desenvolvimento Sustentável, que

busca compatibilizar desenvolvimento e crescimento econômico com a preservação dos

recursos naturais para as presentes e futuras gerações.

Visando garantir a sustentabilidade ambiental, diversas ferramentas têm sido

desenvolvidas nos últimos anos, com o objetivo de auxiliar na concepção de produtos e

processos ambientalmente menos impactantes, destacando-se a Avaliação do Ciclo de Vida

(ACV), conhecida na literatura internacional com Life Cycle Assessment, definida pela ISO

(International Organization Standartization) como uma “compilação e avaliação das entradas

e saídas e dos impactos ambientais potenciais de um sistema-produto ao longo do seu ciclo de

vida” (ISO, 2006)).

A avaliação inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade, envolvendo

extração e processamento de matérias-primas; fabricação, transporte, e distribuição; uso/

reuso/ manutenção; reciclagem e disposição final.

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De acordo com Milà i Canals (2007), a ACV teve origem na crise energética dos anos

sessenta e setenta, período em que as indústrias entenderam a necessidade de encontrar

soluções energéticas eficientes para seus produtos.

Recentemente, tem crescido o uso desta ferramenta na avaliação ambiental de

produtos de origem agrícola, sendo uma metodologia que permite avaliar os impactos nos

diferentes compartimentos ambientais e fases do processo de produção e uso dos

biocombustíveis, incluindo desde a fase agrícola de produção da matéria prima como, por

exemplo, o cultivo de oleaginosas, passando pela extração do óleo vegetal, produção do

biodiesel, até o seu uso final como combustível (ciclo de vida).

Outra característica da ACV é a avaliação dos impactos numa perspectiva sistêmica,

podendo incluir os impactos gerados nas cadeias de produção à montante e a jusante dos

processos de produção relacionados diretamente à cadeia de produção do biodiesel, sendo

conhecida por este motivo como avaliação do “berço ao túmulo” (ISO, 2006)

Para Narayanaswamy et. al. (2002), a ACV é uma ferramenta para avaliar os impactos

ambientais de um produto ou processo em todo seu ciclo de vida, a partir de culturas, através

de transformação de alimentos, utilização e eliminação de resíduos associados ao seu uso

final. Isto inclui a identificação e quantificação de energia e materiais usados e os resíduos

liberados para o meio ambiente.

Os estudos de ACV dos bicombustíveis apontam para algumas vantagens destes com

relação aos seus concorrentes fósseis, quando se considera a maioria das categorias de

impactos ambientais relacionados à produção e consumo dos combustíveis. (SCHMIDT 2008;

MICHELSEN 2008).

Entretanto, pesquisas realizadas na última década evidenciam que, no caso dos

bicombustíveis, a mudança no uso da terra, se associada à expansão agrícola, é capaz de

impactar significativamente os componentes ambientais: biodiversidade, solos, recursos

hídricos e atmosfera e, a depender do tipo de manejo e dos cenários de referência adotados,

resultarem em indicadores de sustentabilidade ambiental desfavoráveis, com relação a outras

alternativas energéticas. (LINDEIJER, 2000, MILÀ I CANALS, 2003; SCHMIDT, 2008).

Para que os impactos ambientais sejam considerados em todas as suas dimensões e a

ACV utilizada como uma ferramenta eficaz na mitigação dos impactos ambientais de

produtos e processos, a ISO (2006) preconiza a compartimentalização desses impactos em

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categorias ambientais, as quais são fundamentais para permitir uma organização e

hierarquização na avaliação ambiental de determinado processo.

2.3. Categorias de Impacto em ACV

De acordo com a ISO 14044 (ISSO 2006b), os estudos que envolvem a avaliação

ambiental devem considerar a seleção de categorias e classificar os impactos relevantes que

são atribuídos a essas categorias de impacto em função da sua capacidade em contribuir para

diferentes problemas ambientais como: o consumo de recursos naturais e as emissões para a

atmosfera entre outros impactos significativos. Neste sentido, as categorias de impacto

ambiental de ponto médio, ou intermediárias, podem ser agrupadas nas seguintes categorias

de ponto final: uso de recursos naturais, saúde humana e qualidade do ecossistema,

As principais categorias de impactos ambientais utilizadas em ACV, suas

características individuais e os indicadores utilizados para avaliação estão sinteticamente

apresentados no Erro! Fonte de referência não encontrada..

A categoria ambiental de ponto final qualidade do ecossistema dentro da ACV tem sido

avaliada a partir de danos ao funcionamento deste sistema, expressos na percentagem de

espécies desaparecidas de determinada área, devido aos impactos das atividades humanas

(GOEDKOOP; SPRIENSMA 2000). Esta definição não é homogênea e exige uma divisão em

subcategorias ou categorias de ponto médio, para um tratamento adequado:

- a categoria aquecimento global envolve uma série de etapas, iniciando com a liberação de

gases do efeito estufa, que podem resultar em alterações climáticas, com consequentes

impactos na saúde humana e nos ecossistemas (HAUSCHILD, 2009).

- a categoria ecotoxicidade é expressa como a percentagem de todas as espécies presentes no

ambiente sob estresse tóxico (PAF - Potentially Affected Fraction) (GOEDKOOP;

SPRIENSMA 2000)

- a acidificação e eutrofização, tratadas com uma única categoria de impacto que, neste caso,

o dano causado a espécies indicadoras (plantas vasculares) é avaliado a partir de modelos

matemáticos (LINDEIJER, 2000);

- e a categoria ambiental uso da terra, que tem sido avaliada a partir de dados empíricos da

ocorrência de espécies indicadoras associadas a determinado ecossistema (plantas vasculares)

em função do tipo de uso da terra e tamanho da área. Na avaliação, leva-se em conta tanto o

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dano local à área ocupada, ou que teve o seu uso transformado, como a qualidade regional do

ecossistema considerado (CANALS et al., 2007; GARRAIN et al., 2009).

Quadro 1. Principais categorias de impactos ambientais consideradas na ACV

CATEGORIAS

AMBIENTAIS

(ponto médio)

DEFINIÇÃO INDICADOR

Utilização de recursos

energéticos

Somatório da energia utilizada nas fases de

extração, distribuição e transporte, acrescido

da energia consumida.

MJ/cal

Aquecimento global

Aquecimento provocado pela emissão de

dióxido de carbono na atmosfera a partir do

uso de combustíveis fósseis.

Kg de CO2 equivalente

Toxicidade humana

Avaliação da atividade de substâncias tóxicas

como causa de incapacidade ou morte em

seres humanos.

Liberação de 1,4

diclorobenzeno

Acidificação

atmosférica Avaliação das emissões de NOx, SOx e NH3

Kg de SO2

equivalente

Eutrofização aquática

Avaliação da presença de nitratos e fosfatos

nos ambientes aquáticos provenientes de

lançamentos de efluentes domésticos

contaminando os corpos aquáticos e o solo.

Kg de PO4

equivalente

Salinização da terra

Avaliação do acúmulo sistemático de sal em

determinadas áreas devido ao manejo

insustentável do uso e ocupação da terra.

ha de terra salinizada

Uso da terra –

Perda da

biodiversidade

Avaliação quantitativa da perda da

biodiversidade em áreas cultivadas a partir do

uso e ocupação da terra.

Fração de espécies nativas

que desaparecem por região

e por ha de terra cultivada.

Fonte: Adaptado de NARAYANASWAMY, et al., 2002.

Para Weidema (2002), a categoria de impacto uso da terra em ACV tem sido

utilizada para designar os impactos ambientais relacionados à ocupação física e

transformações no uso da terra.

Para Milá i Canals et al. (2007) essa categoria de impacto atribui importância à perda

da biodiversidade, pela ocupação e transformação de uma área e a redução da qualidade

físico-química do solo, pela ocorrência de processos erosivos, de compactação, salinização e

outros processos associados à degradação das propriedades biológicas e físico-químicas do

solo.

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O indicador perda de biodiversidade, quando associado à AICV de biocombustíveis,

objetiva avaliar a qualidade ambiental de áreas cultivadas, de acordo com o número de

espécies da fauna ou flora eliminadas a partir da expansão das áreas de produção agrícolas,

utilizando alguns critérios qualitativos com base na avaliação indireta da biodiversidade, com

base em aspectos qualitativos.

A salinização do solo é outra categoria que merece atenção na mensuração dos

impactos associados ao uso da terra, estando relacionada à aplicação de sais em determinadas

áreas, devido aos processos de irrigação e fertirrigação. Sua avaliação está relacionada às

alterações na qualidade do solo, definida por Milá i Canals (2003) a partir do desempenho de

funções de suporte à vida, incluindo: a produção biótica, a ciclagem de nutrientes e a

regulação do clima. A produção biótica é umas das principais funções do solo, estando

diretamente relacionada às atividades antrópicas.

2.4. Categoria ambiental uso da terra

Milà i Canals (2003) define o termo uso da terra como uma atividade humana que

ocupa determinada área da Terra. De forma bastante ampla, a Organização das Nações Unidas

para Agricultura e Alimentação (FAO) define Terra como sendo a área da superfície do globo

terrestre com as características que incluem todos os atributos estáveis e cíclicos da biosfera,

situados verticalmente acima e abaixo desta área, incluindo: solo, geologia, hidrologia, fauna

e flora, bem como os resultados das atividades humanas passadas e presentes. (FAO, 1976).

Para Canals, (2007), o termo uso da terra no contexto da ACV pode ser definido

como um tipo específico de intervenção ambiental, identificado no inventário do ciclo de vida

de um produto ou serviço, que ocasionará modificações na capacidade do solo em realizar

suas funções (CANALS et al. 2007).

De acordo com Michelsen (2008), para a avaliação de impacto do uso da terra, devem

ser considerados os seguintes parâmetros: tempo de ocupação da terra, extensão da área

afetada, tempo de recuperação da terra, tipo inicial e final do uso da terra, além da situação de

referência, ou seja, os parâmetros iniciais de qualidade utilizados para comparar os impactos.

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O mesmo autor aponta que os processos de ocupação e transformação da terra devem

ser descritos quantitativamente, com o objetivo de determinar a qualidade da terra e prever

cenários: antes, durante e pós-ocupação (MICHELSEN, 2008).

Milà i Canals et al. (2007) diferencia os dois processos, pontuando que a

transformação da terra refere-se à fase inicial de mudança no seu uso, enquanto que a

ocupação está ligada à fase do uso produtivo da área, propriamente dita.

A produção de biocombustíveis, portanto, pode afetar importantes sistemas globais,

isto é, habitats naturais como as florestas e outras áreas inexploradas que, em seu conjunto,

constituem o núcleo da biodiversidade global. Nesse sentido, a mudança no uso da terra

relacionada à expansão agrícola pode, em maior ou menor grau, interferir de maneira

irreversível na dinâmica e nas funções ecológicas dos ecossistemas, com potenciais impactos

nos componentes ambientais: biodiversidade, solos, recursos hídricos e atmosfera. (HO, 2006

apud SCHMIDT et al., 2009).

De acordo com Schmidt et. al. (2009), as implicações do uso da terra para produção

de biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis são muitas vezes referidas como

uma troca entre a redução dos gases do efeito estufa (GEE), por um lado, e os impactos na

biodiversidade e na segurança alimentar, por outro.

Com isso, se o processo de transformação de áreas naturais em áreas antropizadas não

for seguido de um processo de uso e ocupação da área, e esta permanecer abandonada após a

transformação, a perda da qualidade ambiental inicial, provocado pelo processo de

transformação, será gradualmente revertida em direção à recuperação da qualidade ambiental

inicial, devido a forças da natureza (Figura 1) (MILÀ I CANALS, 2007).

Figura 1. Uso da terra por um processo de transformação, ΔQ representa a mudança inicial na

qualidade da terra, e a área sombreada representa o impacto da transformação (MILÀ I

CANALS, 2007).

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Figura 2. Uso da terra por um processo de ocupação, sem alteração na qualidade da terra

durante o processo de ocupação (ΔQ = 0, a área sombreada representa o impacto de

ocupação). (MILÀ I CANALS, 2007)

Mesmo que um processo de ocupação de uma área não altere a qualidade da terra, a

ocupação provoca um retardo da atuação das forças naturais de recuperação, equivalente ao

tempo de ocupação da área (Figura 2) (MILÀ I CANALS, 2007).

Milà i Canals (2007) ressalta que o uso da terra geralmente consiste da atuação

conjunta desses dois processos: de uma transformação, seguida por um ou vários processos de

ocupação e o processo de ocupação, podendo ser acompanhado por pequenas mudanças na

qualidade da área transformada.

A mudança no processo de ocupação e transformação da terra para fins de agricultura,

silvicultura, mineração ou urbanização, podem provocar impactos ambientais significativos

do ponto de vista da biodiversidade da área, relacionados a significativas alterações na

composição de espécies da superfície do solo, além de exercer efeitos indiretos sobre a

biodiversidade e a qualidade do solo propriamente dito, com impactos significativos nos

componentes ambientais responsáveis pela manutenção das funções vitais dos ecossistemas

terrestres (MÜLLER-WENK, 1998; WEIDEMA, 2002; LINDEIJER ET AL., 2002; MILÀ I

CANALS, 2007).

Diante disso, o futuro da biodiversidade, em especial das florestas tropicais, depende

cada vez mais da gestão efetiva dos recursos naturais e das paisagens modificadas pelo

homem, representando um desafio para estudiosos da área de biologia da conservação e

planejamento do uso e ocupação da terra (GARDNER et.al., 2009).

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Neste contexto, encontra-se a motivação para inclusão da categoria ambiental uso da

terra, mais especificamente da perda da biodiversidade, no contexto da ACV dos

biocombustíveis. A sua consideração busca garantir uma visão sistêmica e mais ampla na

avaliação da sustentabilidade ambiental de produtos que dependem de área agrícola no seu

ciclo de vida, possibilitando uma comparação mais equânime, por exemplo, do desempenho

ambiental do biodiesel com seu concorrente fóssil – o diesel, ampliando os horizontes da

avaliação para além da análise restrita das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e de

outros gases poluentes.

Nesse sentido, destaca-se a importância dos indicadores como ferramentas nos

estudos, com foco na mitigação dos efeitos da mudança no uso da terra, considerando tanto

as mudanças no uso da terra (transformação), quanto o uso da terra p.p. dito (ocupação),

associados à perda da biodiversidade.

2.5. Indicadores Ambientais

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define o

termo indicador como um parâmetro ou um valor dele derivado que aponta e fornece

informações sobre o estado de um fenômeno, ambiente, área, com uma extensão significativa.

(OECD, 2003).

A partir dessa concepção desenvolveu o modelo de PSR – pressão – estado - resposta (

Figura 3), que destaca as relações de causa-efeito, contribuindo para a tomada de decisão na

mitigação dos impactos ambientais, oriundos das diversas atividades antrópicas (OECD,

2003).

De acordo com Ribeiro et. al. (2006), os indicadores devem ser selecionados de forma

que contribuam para atender os seguintes princípios: capacidade de identificar os elementos

de pressão sobre o meio ambiente, o estado do meio ambiente decorrente dessas pressões e

as respostas sociais a tais pressões, informando não apenas o estágio atual, mas as tendências

de qualidade do meio ambiente e do estoque de recursos naturais.

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Desta forma, o autor descreve que indicadores de pressão, são aqueles que procuram

responder sobre as causas do problema. Indicadores desta natureza incluem emissões e

acumulação de resíduos.

Os indicadores de estado destacam o estado do meio ambiente, mensurado por meio da

qualidade do ar no meio urbano, a qualidade das águas superficiais ou subterrâneas, as

concentrações de substâncias tóxicas ou o número de espécies em risco de extinção.

Indicadores de resposta, respondem sobre o que tem sido feito para resolução do

problema, o que inclui os compromissos internacionais, taxas de reciclagem ou de eficiência

energética.

Figura 3. Modelo de pressão – estado – resposta, adaptado de (OECD, 2003).

Os indicadores, além da sua relevância técnica, devem estar disponíveis ou serem de

fácil acesso, devendo-se considerar as limitações para sua obtenção, seja pelo custo de

produção, escala de representatividade, assim como pela sua capacidade de compartilhamento

nos níveis local, regional e nacional (OECD, 2002 e RIBEIRO et. al., 2006).

Nessa perspectiva, tomando como premissa o modelo da OECD, o estado da

biodiversidade pode ser afetado por pressões específicas que estão sendo avaliadas, como

também por uma infinidade de outros fatores, denominados por efeitos cumulativos. Tal

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característica dificulta a identificação de indicadores genéricos, que possam ser aplicáveis em

qualquer situação (CESWORKING, 2006).

No âmbito da ACV, indicadores ambientais são substitutos mensuráveis dos atributos

ambientais que não podem ser medidos diretamente, determinando as características bióticas

ou abióticas que refletem o estado de um ecossistema, do habitat ou de outros componentes da

biodiversidade, e selecionados com base na expressão dos componentes ambientais e pela sua

sensibilidade às práticas de gestão e uso da terra (MILA I CANALS, 2007; TREWEEK et. al.,

2006).

Os indicadores devem ser apresentados sempre associados a sua aplicação e, na

maioria das vezes, a aplicabilidade é considerada mais importante que o próprio indicador em

si. Com isso, o grande desafio constitui em encontrar indicadores genéricos que possam ser

aplicáveis em qualquer situação e em diferentes escalas. (CESWORKING, 2006).

Nessa perspectiva, a partir das estatísticas ambientais disponíveis, os indicadores

devem ser de fácil construção, capazes de simplificar uma realidade complexa, por meio de

atributos ambientais mensuráveis, os quais não poderiam ser medidos diretamente. (SMEETS;

WETERINGS 1999 apud MILÀ I CANALS, 2007).

2.5.1. Indicadores de biodiversidade e modelos propostos para uso da terra em

AICV.

A quantidade de estudos com base na ACV dos biocombustíveis, que consideram a

perda da biodiversidade associada à mudança no uso da terra na sua avaliação, é considerada

reduzida, além de restringirem-se apenas às análises preliminares. Este fato está diretamente

associado à falta de procedimentos metodológicos cientificamente validados para avaliação

nesta área do conhecimento, limitando a aplicação da ferramenta ACV como instrumento para

a tomada de decisão.

Nesse contexto, os especialistas em ACV têm envidado esforços para a escolha de

indicadores possíveis de associar os impactos decorrentes dos processos de uso da terra e a

perda de biodiversidade.

Para Mattson (2000), a biodiversidade da forma, como é definida pela UNEP 2002,

não pode ser medida diretamente, especialmente se considerarmos a complexidade dos

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ecossistemas e a própria diversidade genética. Por este motivo, diferentes abordagens têm

sido conduzidas, no sentido de encontrar indicadores que atendam aos objetivos específicos

de cada estudo.

Ecologistas afirmam que o termo diversidade de espécies é de difícil definição e

mensuração e apontam formas de medi-la, incorporando informações sobre o número (riqueza

de espécies) e a abundância relativa de indivíduos em cada espécie (abundância de espécies)

(HAMILTON, 2005).

O mesmo autor afirma que a diversidade pode ser medida por meio de índices

matemáticos conhecidos como Índices de Diversidade (ID), sendo os mais usuais: o índice de

Simpson e o de Shannon-Weaver, ambos calculados a partir das proporções de cada espécie

(pi) na amostra total de indivíduos, ou seja, combinando informações sobre a riqueza e a

abundância de espécies numa única medida, observando padrões de abundância de espécies,

os chamados modelos de abundância.

Cabe salientar que, embora existam medidas mais eficazes do que a riqueza de

espécies para mensurar a biodiversidade, há um consenso entre os estudiosos da área sobre a

dificuldade de disponibilidade de dados, associados a determinados usos da terra em

ecossistemas específicos, principalmente se considerarmos as especificidades de cada espécie

e as funções que cada uma desempenha no ecossistema.

Segundo a OECD (2002a), um índice pode ser compreendido como o resultado da

agregação de vários indicadores, podendo ser constituído por vários níveis de agregação

(OECD, 2002a).

Milà i Canals et. al. (2006) afirma que há pouco consenso sobre os melhores

indicadores de uso terra, principalmente devido ao pouco conhecimento acerca do que se quer

proteger, incluindo a biodiversidade, os serviços ambientais e o uso econômico dos recursos

naturais.

Diversos modelos têm sido propostos para avaliação da categoria uso da terra,

levando em consideração, além da perda da biodiversidade, outros componentes ambientais

que interferem direta e indiretamente na qualidade da terra.

Os modelos para avaliação qualitativa da terra consideram aspectos referentes à

qualidade física e química do solo e, para tanto, analisam a massa do solo erodida, o acúmulo

de metais pesados e teor de fósforo e potássio (COWELL; CLIFT, 2000, MILA I CANALS;

ROMANYÀ; COWELL, 2006; MATTSON; CEDERBERG; BLIX, 2000).

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Especificamente para avaliar a perda da biodiversidade, inúmeros modelos com

potencial para aplicação na ACV têm sido desenvolvidos, com destaque para:

Ruedi Müller-Wenk (1998)

O autor propõe um modelo de uso da terra com base em dados da Suíça, que leva em

consideração o percentual de espécies de plantas vasculares ameaçadas de extinção, tomando

como base dados históricos do grau de intensidade de uso da terra, se baixo ou alto, além de

informações acerca das espécies ameaçadas de extinção.

A partir destes dados, o autor realiza um cálculo da redução na extensão de atividades

de alta intensidade, de modo que haja uma redução significativa no percentual de espécies

ameaçadas de extinção.

O autor faz um levantamento das espécies de plantas vasculares que existiam em 10

regiões da Suiça, sem mencionar o ano de referência para os dados, sendo que cada espécie é

classificada de acordo ao grau de ameaça:

Ex – extintas, E – em perigo, V – vulneráveis, R – espécies raras ou potencialmente

vulneráveis e U – não ameaçadas. Através deste levantamento, foi constatado que todas as

espécies correm algum risco de desaparecer na Suiça.

Portanto, pode-se elaborar a função de dano, de acordo a intensidade de uso da terra e

o grau de ameaça das espécies de plantas vasculares, que do número total de 2696 espécies,

1.815 (67%) não estão sob ameaça de extinção, 223(8%) correspondem às espécies raras ou

potencialmente vulneráveis, 579 (22%) espécies mais vulnerávies à extinção e 79 (3%) são

consideradas extintas ou em processo de extinção.

Daí, pode-se determinar um percentual atual de espécies de plantas vasculares

potencialmente ameaçadas (Sp%threat) por meio da equação [1]:

Para Müller-Wenk (1998) a escolha de plantas vasculares como indicador deve-se ao

fato de ser um grupo grande dentro do total de espécies europeias, de modo que possuam certa

representatividade de todos os seres vivos.

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O autor enfatiza que embora outras categorias de impacto, em especial a acidificação

atmosférica, a eutrofização e a ecotoxicidade exerçam influência na perda de espécies e a

emissão de gases do efeito estufa comprometa a diversidade de espécies no futuro, não apenas

na Europa, mas em todo o mundo, essa perda está diretamente relacionada à mudança no uso

da terra.

Erwin Lindeijer (2000)

O autor afirma que a biodiversidade local expressa o valor intrínseco da natureza de

uma determinada região. Com base nesta premissa, propõe medir a biodiversidade usando

apenas a diversidade de espécies de plantas vasculares como indicador. Segundo o autor, a

escolha deste grupo taxonômico deve-se ao fato de possuírem disponibilidade de dados em

escala mundial.

Para o autor, a diversidade de espécies pode ser medida em diferentes escalas,

devendo ser normalizada em um parâmetro, conforme exemplificado na equação 2.

Smap __

Sref cell = α* LOG (Amap/ Aref cell) [2]

Sendo que Smap representa o mapa da área que os dados foram coletados e Srefcell é um

mapa de referência em que cada metro quadrado deverá conter 10 espécies. De acordo com o

autor, essa relação permite a comparação de dados de vários sistemas, mas é preciso escolher

uma área onde a diversidade de espécies seja elevada, o que permite uma comparação entre a

mudança no uso da terra com uma situação, antes e após a intervenção, estabelecendo uma

relação de causa e efeito.

Thomas Köllner (2003)

Köllner (2003) estabelece uma relação entre o uso da terra e a qualidade ambiental e,

para isso, utiliza como indicadores a diversidade de espécies de plantas vasculares, associada

aos diferentes tipos de uso da terra e a um fator de vulnerabilidade do ecossistema.

Köllner (2003) apud por Souza (2010) propõe a modelagem de impactos do uso da terra,

segundo a diversidade de espécies. Para tanto, são definidos fatores de caracterização para as

escalas local e regional, para 30 tipos de uso da terra e oito diferentes intensidades de uso.

O dano total ao ecossistema, resultante das análises de danos regional e local, é

finalmente expresso através da perda da diversidade de espécies de plantas vasculares que

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ocorrem em certa região. O autor utiliza o termo “regional species pool” para expressar o

conjunto de espécies de uma determinada região.

O modelo tem como base fatores qualitativos dos impactos ao ecossistema no que se

refere à perda de espécies e quantitativo, que consiste na quantificação dos impactos de uso

de terra na diversidade de espécies em escalas regionais e locais, os quais são, posteriormente,

agregados em um fator único (KÖLLNER, 2003).

A

Figura 4 representa um resumo esquemático do modelo de Köllner (2003)

Figura 4. Esquema do modelo de Köllner.

Fonte: Adaptado de Köllner (2003) apud (SOUZA, 2010).

Weidema e Lindeijer (2001)

Fonte de dados Análise de efeitos

Análise

danos/benefícios Validade e análise de

incertezas

Escala Local

Escala Regional

Meta-análise dos

dados utilizando a

relação entre

espécies-área

Transformação dos

efeitos em

danos/benefícios.

Fator de caracteriza

ção local (EDPlocal)

Agregação em um fator de

caracterização total (EDPtotal)

Estatísticas de áreas

na Suiça (BFS 99) Fator caracterização

regional DPregional) Intensidade de

uso do solo

Transformação dos

efeitos em

danos/benefícios.

Análise de correlação

da intensidade de uso

do solo e

espécies perdidas

Atlas de tipos de

vegetação da Suiça

em ameça de

extinção

Avaliação de

incertezas com

simulação

Monte Carlo

Julgamento

qualitativo da

validade e

confiabilidade

Riqueza de espécies

de plantas de um tipo

específico

de uso do solo.

Riqueza de espécies de

plantas da Suiça

(EDVFlora)

Espécies de plantas

potencial/te perdidas

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Os autores propõem avaliar a perda de biodiversidade a partir de três fatores: dois

deles referem-se às características do ecossistema (vulnerabilidade e escassez) e o terceiro, à

riqueza de espécies. A escassez inerente do ecossistema é expressa como o inverso do

potencial de área que poderia ser renaturalizada, caso não houvesse nenhuma atividade; a

vulnerabilidade do ecossistema é indicada pelo número relativo de espécies afetadas por uma

mudança na área do ecossistema, expressa numa relação espécie-área. Aliada a isso, os

autores propõem a combinação desses fatores na composição de um indicador adequado de

biodiversidade, que inclua aspectos quantitativos e qualitativos.

Os autores afirmam que o fator mais simples para avaliar a biodiversidade é a riqueza

de espécies, ou seja, o número de espécies por região. Para normalizar a riqueza de espécies

(SR), de modo que o valor da menor pontuação seja a unidade do ecossistema, divide-se pela

riqueza de espécies de plantas vasculares mínimas (SRmin), chegando-se à equação [3]:

nSR = SR/SRmin. [3]

A escassez do ecossistema é inversamente proporcional à área, ou seja, quanto menor for a

área de um ecossistema mais escasso ele se apresenta. A equação [4] expressa esta relação:

ES = 1/Apot. [4]

Por outro lado, a vulnerabilidade do ecossistema apresenta uma relação direta de

proporcionalidade, ou seja, quanto maior for a ocupação de área do ecossistema, mais

vulnerável e pressionado ele se apresenta.

Desta forma, os autores consideram que o número de espécies seja um bom indicador

para avaliar a biodiversidade de um determinado ecossistema. A vulnerabilidade do

ecossistema (EV) indica o número relativo de espécies afetadas por alterações (transformação

ou ocupação) no uso da terra, em seu habitat natural, expressos pela curva “espécie x área”

(SCHILLING 2007).

Para se chegar a um índice de biodiversidade, os três fatores são combinados através

de uma multiplicação, associando a qualidade da terra com a perda ou o ganho de

biodiversidade, expresso na equação [5], resultando num índice que mede a quantidade de

espécies que se perde por m2

de área por ano, durante o processo de ocupação.

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Qbiodiversity = nSRa * nESb * nEVc [5]

No modelo proposto por Weidema e Lindeijer (2001), seis classes de uso da terra são

divididas em três grupos, de acordo com a hipótese de redução de espécies de plantas

vasculares. São eles: (i) áreas urbanas e agricultura (culturas temporárias e permanentes); (ii)

pastagens com alta e baixa produtividade e áreas desérticas (por ação antrópica); e (iii) áreas

em processo de regeneração, após desflorestamento.

Ottar Michelsen (2008)

Propõe avaliar a biodiversidade indiretamente a partir de três fatores: a escassez do

ecossistema (ES), vulnerabilidade do ecossistema (EV) (Weidema e Lindeijer, 2001) e as

condições da biodiversidade mantida (CMB), sendo a qualidade em um determinado local e

tempo, avaliada como um produto desses três fatores, conforme a equação [6]:

Q = ES x EV x CMB [6]

De acordo com o autor, os indicadores sobre escassez e vulnerabilidade dos

ecossistemas dão informações sobre o valor intrínseco da biodiversidade de uma área. Por

outro lado, o indicador relativo às Condições da Biodiversidade Mantida (CMB) fornece

informações sobre as condições atuais do ecossistema, avaliadas segundo a condição da

biodiversidade da área, ou seja, intacta ou reduzida.

A CMB é um índice composto por indicadores, conhecidos por serem importantes

para se chegar ao índice para as condições da manutenção da biodiversidade. O autor sugere a

identificação de fatores-chave (KF) propostos por Larsson (2001).

Dentre 17 fatores-chave (KFi) identificados, apenas três são inicialmente apontados

por serem os mais importantes para se avaliar a biodiversidade nas florestas boreais da

Europa. São eles: a quantidade de madeira em decomposição; a percentagem de áreas

abandonadas e a introdução de espécies de árvores exóticas. Neste sentido, cada fator-chave é

analisado de acordo com dois parâmetros, utilizando a seguinte escala de pontuação numérica:

0 = nenhum impacto, 1 = leve impacto, 2 = impacto moderado e 3 = maior impacto.

A metodologia proposta prevê a possibilidade de distinguir o impacto do uso da terra a

partir de vários tipos de manejo florestal em diferentes ecorregiões.

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Jannick Schmidt (2008)

O indicador, proposto por Schmidt (2008), avalia a diversidade de espécies de plantas

vasculares por área ocupada e transformada e pode ser determinado a partir de curvas de

“espécie x área”. Para tanto, o número de espécies afetadas por área padrão, estimada em

100m2 é multiplicado pela duração da ocupação. O cálculo do indicador é realizado por meio

da multiplicação dos seguintes fatores: (i) área ocupada; (ii) número de espécies afetadas, em

uma área padrão; (iii) vulnerabilidade do ecossistema; e (iv) duração da ocupação e

recuperação da terra. É importante observar que a distinção entre espécies raras e em extinção

e entre espécies invasoras ou endêmicas não foi indicada. O autor propõe fatores de

caracterização segundo diferentes tipos de uso da terra para a Dinamarca, extrapolando os

dados para o Norte da Europa, para a Malásia e Indonésia (Sudeste da Ásia). Schmidt (2008)

propõe equações que simplificam seu modelo.

A Eq. [7] descreve o cálculo do fator de vulnerabilidade do ecossistema, que assim

como em Weidema e Lindeijer (2001) e em Köllner (2000) é derivada do número de espécies,

calculada por meio da curva espécie versus área (S= a*Ab), sendo normalizada com o número

de espécies da região (SOUZA, 2010).

Na Eq. [7], “b” é o fator de acumulação de espécies para uma área relativa com baixa

intensidade de uso da terra (LI). O valor de “b” é de 0,22 para a Dinamarca e 0,23 para

Malásia e Indonésia. O fator b/LI representa a vulnerabilidade do Ecossistema e "c” é o

parâmetro para riqueza de espécies. Considerando que o modelo proposto lida apenas com

usos da terra de baixa intensidade, Schmidt (2008) realizou o cálculo da forma apresentada na

Eq. [8], na qual ALI(pp), ALI(f&w) são, respectivamente, a área permanente de pastagens e de

florestas com baixa intensidade de uso, e ALI(total) é a área total (alta e baixa intensidade de

uso).

O valor de LIcountry calculado para a Dinamarca corresponde a 0,24, enquanto para a

Malásia e Indonésia, o valor encontrado foi 0,56. Realizando o cálculo apontado na Eq. [8],

[7]

[8]

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foi possível encontrar o fator de vulnerabilidade do ecossistema para a Dinamarca (0,92) e

para Malásia e Indonésia (0,41).

Tempos de recuperação

Para o cálculo do tempo de recuperação – trec –, Schmidt (2008) utilizou os valores

estimados por Köllner (2003) – trec.K –, para o norte da Europa, tendo-se como referência o

fator de relaxamento (trelax) igual a 100, para latitudes 40° e altitudes de 0-1000m. Para o

sudeste da Ásia, o autor utilizou o fator de relaxamento como correção (índice 71, para

latitude 0° e altitude 0-1000 m), relativamente ao fator europeu.

Fatores de caracterização

Para os fatores de caracterização para ocupação e transformação, Schmidt (2008)

utiliza, respectivamente, as Eq. [10] e Eq. [11]. Na Eq. [12], o cálculo do fator de

caracterização é realizado por meio da subtração de valores do estado de referência para o

relaxamento natural e do uso da terra em questão. S100 representa a diversidade de espécies

em uma área padrão de 100m².

Na Eq. [11], trec indica o tempo de recuperação para o uso da terra em questão.

Diversos indicadores têm sido utilizados para mensurar a biodiversidade no campo da

ecologia, porém quando se considera as especificidades de cada ecorregião, especialmente os

fatores ecológicos e as diferenças climáticas e geofísicas, estas podem se constituir como

fatores limitantes ao uso e aplicação destes indicadores.

Embora a inserção da categoria ambiental uso da terra na ACV seja uma discussão

recente e metodologicamente complexa, especialmente no que se refere à definição de

indicadores para sua quantificação, constitui-se em uma etapa de significativa importância

para embasar estudos que forneçam parâmetros seguros aos tomadores de decisão na

[9]

[10]

[11]

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formulação de políticas públicas, considerando aspectos ecológicos e ambientais relevantes

para a produção de bicombustíveis (ANTÓN et al., 2002).

2.6. Biocombustíveis

Com a crise energética e ambiental mundial, o desafio tem sido compatibilizar a

crescente demanda por energia e a proteção ambiental. Com isso, surgem alternativas

energéticas, a exemplo dos biocombustíveis, cuja produção vem para atender a demanda em

ritmo crescente, estimulada pelo crescimento populacional.

A produção de biocombustíveis, conforme destaca a EPE (2009), além dos aspectos

econômicos positivos, deve estar alinhada com os objetivos internacionais de mitigação do

aquecimento global.

O termo biocombustível1 é definido como combustível derivado de biomassa

renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento, para outro

tipo de geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem

fóssil (BRASIL, 2005).

No Brasil, o governo federal tem incentivado a produção de biocombustível,

especialmente o biodiesel, por meio do PNPB – Programa Nacional de Uso e Produção de

Biodiesel, lançado oficialmente no ano de 2005, como um programa interministerial

concebido com o objetivo de incentivar a produção e uso do biodiesel.

O PNPB considera as três principais vertentes da sustentabilidade: a social, através da

inclusão de agricultores familiares, a econômica, através da promoção do desenvolvimento de

regiões economicamente desfavorecidas e a ambiental, através da redução de emissões

atmosféricas oriundas dos motores de combustão ciclo diesel.

Diversas oleaginosas apresentam potencial para produção de biodiesel, com destaque

para o pinhão manso (Jatropha curcas), a soja (Glycinea max) e o dendê (Elaeis guineensis),

palmeira de origem africana, que se desenvolve em áreas tropicais úmidas e que apresenta um

1 Autores ligados aos movimentos sociais têm proposto a utilização do termo “agrocombustível” no lugar dos

biocombustíveis, para designar os combustíveis produzidos a partir de cultivos energéticos, como: a cana-de-açúcar e as

oleaginosas. Tal proposição está baseada no argumento de que o prefixo “bio” em muitas línguas está associado aos

conceitos de “verde”, “ecológico”, “orgânico”, “renováveis” e que os “biocombustíveis” produzidos a partir de cultivos

energéticos, em geral, possuem sistemas produtivos intensivos no uso de insumos agroquímicos sintéticos, derivados de

petróleo e utilizam sistemas agrícolas baseado em monocultivos (GOMES et al., 2009).

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dos maiores potencias de produção de óleos vegetais, atingindo em áreas comerciais,

produtividades médias de até 5.000 kg de óleo por hectare e ano (COUTO et al.,2006).

Embora o biodiesel seja apontado como uma alternativa ambientalmente vantajosa,

quando comparado ao seu concorrente de origem fóssil, ao considerarmos o ciclo de vida

completo, da produção ao uso final do combustível, impactos significativos, especialmente

relacionados à fase agrícola, podem relativizar o desempenho comparativo entre os dois

combustíveis utilizados em motores diesel. Nessa perspectiva, Dutra e Almeida Neto (2003)

apontam que a fase mais crítica da cadeia de produção do biodiesel é a produção da matéria-

prima, que se concentra na fase agrícola de produção do óleo vegetal.

Para Fernandes (2009), o ciclo de vida dos combustíveis, derivados fósseis ou da

biomassa pode ser considerado sistema energético, com atividades de extração,

processamento, distribuição e uso final do combustível/energia e, ocasionalmente, ser

responsável por significativos impactos ambientais na sociedade moderna. Com isso, os

efeitos adversos podem não se restringir tão somente ao nível local onde se realizam as

atividades de produção ou de consumo da energia, com impactos diretos na qualidade do solo

na biodiversidade, mas se estenderem ao nível regional ou global, se considerarmos categorias

de impacto como aquecimento global, toxicidade humana, dentre outras.

Uma abordagem mais detalhada permite observar que impactos ambientais

significativos podem ocorrer tanto na transformação, como na ocupação de áreas para

produção da matéria-prima utilizada na produção de biocombustíveis, como a alteração da

cobertura vegetal existente e a interferência no estoque de carbono no solo e na biomassa da

superfície, no caso da transformação e a geração de emissões de poluentes associadas aos

processos produtivos, durante a fase de ocupação.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Delimitação, caracterização e etapas da pesquisa

A presente pesquisa, do ponto de vista dos seus objetivos, caracteriza-se como uma

pesquisa exploratória que, segundo Gil (1991), visa proporcionar ao pesquisador a

familiaridade com o tema, para o qual o conhecimento e a compreensão ainda são

insuficientes ou incipientes.

Quanto à natureza, enquadra-se como do tipo quanti-qualitativa, combinando

elementos que permitem uma abordagem qualitativa com aspectos que podem ser

quantificados e avaliados estatisticamente.

Para o alcance dos objetivos propostos, a pesquisa foi dividida em duas etapas

distintas, onde a primeira é caracterizada como pesquisa documental, por meio de consulta a

fontes bibliográficas secundárias, empíricas e teóricas, incluindo: periódicos científicos

nacionais e internacionais, dissertações e teses, relatórios técnicos, publicações oficiais e anais

de congressos. Nesta etapa, foi realizado o levantamento e a pré-seleção dos indicadores para

avaliar impactos do uso da terra na biodiversidade.

A segunda etapa consistiu na realização de uma consulta a especialistas de 4 (quatro)

áreas do conhecimento, relevantes ao problema da pesquisa, utilizando-se da técnica Delphi,

ou método de consulta Delphi (GORDON e HELMER, 1964).

O uso da técnica Delphi se justifica nesta pesquisa por se tratar de um tema complexo,

que envolve conhecimentos especializados derivados de diversas disciplinas e áreas do

conhecimento. Esta técnica permite consultar a opinião desses especialistas, independente da

sua distribuição geográfica, além de possibilitar um intercâmbio de opiniões entre os

especialistas das diferentes áreas, com vistas à identificação de uma posição consensual, ou

aspectos consensuais e dissensões sobre o tema.

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3.2. Levantamento, pré-seleção e avaliação dos indicadores

Inicialmente, foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica para pré-seleção dos

indicadores, a partir de consulta ao portal de periódicos da Capes e em periódicos

especializados nas áreas de Avaliação do Ciclo de Vida, Ecologia e Conservação e

Indicadores Ambientais.

Por meio deste levantamento foram escolhidos dezesseis indicadores, dentre os

inúmeros encontrados, que serviram de base para a segunda etapa da pesquisa. Para essa

seleção, utilizaram-se como critérios: a sua aplicabilidade, a frequência e a relevância da sua

utilização em publicações da área de ACV, uso da terra e indicadores de biodiversidade.

Uma vez definido o grupo inicial de indicadores, eles foram organizados em uma

matriz de avaliação e enviados aos especialistas selecionados para a consulta Delphi. A

avaliação foi realizada com base numa escala discreta variando de 0 a 2, sendo 0 não

aplicável, 1 parcialmente aplicável e 2 aplicável para o indicador com relação aos sete

atributos mencionados anteriormente.

Tabela 1. Características desejáveis de um indicador (Milà i Canals, 2007)

CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO

Representatividade Avalia o quão representativo é o indicador para avaliar a categoria ambiental uso da terra

(“land use”) no aspecto perda de biodiversidade (“loss of biodiversity”);

Mensuralidade Como todo indicador, ele deve possibilitar uma avaliação quantitativa dos atributos

relevantes quanto a degradação ou proteção da biodiversidade;

Consistência Devem ser consistentes com a estrutura de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida

(AICV) e com os objetivos e escopo definidos para o estudo.

Aplicabilidade As informações necessárias à sua aplicação devem estar disponíveis e serem de simples

uso, possibilitando ser utilizada por não especialistas em biodiversidade.

Dependência local Os indicadores devem refletir a dependência local associada á biodiversidade, e serem

relevantes para os objetivos do estudo.

Escala Os indicadores devem trabalhar numa escala adequada de modo a atender os objetivos e

escopo do estudo.

Transferência

Numa ferramenta de aplicação global como a ACV, os indicadores usados devem ser

transferíveis e aceitos internacionalmente, permitindo a comparação de estudos realizados

em diferentes situações, como por exemplo, possibilitar a comparação de biocombustíveis

produzidos a partir de matérias-primas cultivadas em diferentes ecossistemas (óleo de

dendê na Amazônia, óleo de soja no Cerrado e Girassol na Patagônia Argentina).

Fonte: Milà i Canals, (2007)

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3.3. O Delphi

O método, técnica ou consulta Delphi consiste em consultar especialistas acerca de um

determinado tema, utilizando um questionário, sem a necessidade de um contato presencial. A

consulta pode ser repetida, quantas vezes forem necessárias, para a obtenção de uma resposta

satisfatória ao problema proposto.

O Delphi originalmente nasceu na RAND Corporation, Califórnia, em 1950, tendo

sido utilizado pela primeira vez para conduzir uma pesquisa na Força Aérea Americana com

fins militares. Uma década depois se popularizou ao ser aplicado em previsões tecnológicas e

no planejamento corporativo (DALKEY, 1969).

No Japão, na década de 60, o Delphi foi utilizado para obter informações sobre o

futuro da área de ciência e tecnologia e, posteriormente, se expandiu no ocidente em estudos

que envolvem previsões tecnológicas e avaliação de problemas sociais (GORDON;

HELMER, 1964).

A partir deste momento, o Delphi, que se caracteriza por ser um método de pesquisa

qualitativa, passou a ser cada vez aplicado em outras áreas do conhecimento, tendo sido cada

vez mais utilizado para pesquisas nas áreas acadêmicas, empresariais, agricultura, educação,

transporte, gestão e planejamento estratégico (GORDON; HELMER, 1964; STEINERT,

2009).

Consensualmente, o Delphi caracteriza-se por seu um método que estrutura um

processo de comunicação efetivo, capaz de possibilitar a interação de um grupo de indivíduos

com vistas a solucionar um problema complexo, sobre o qual se dispõe de pouca informação

registrada (STEINERT, 2009).

É um método de fácil aplicação, que se distingue dos demais métodos

qualitativos, pelo anonimato dos participantes, pela interação com feedback controlado e

permitir análises estatísticas das respostas do grupo (DALKEY, 1969). Destacam se algumas

características importantes do método:

O primeiro aspecto da interação Delphi é que os especialistas são consultados

pelo menos duas vezes sobre a mesma questão e, por meio da repetição, os

participantes têm a possibilidade para alterar suas opiniões e rever seus

julgamentos, em função da opinião dos demais especialistas consultados;

O anonimato permite que as respostas de um participante não exerçam

influência direta nas respostas dos demais, além de preservar a identidade dos

respondentes, não expondo as suas opiniões individuais;

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A terceira característica que é o feedback controlado objetiva dar retorno aos

participantes, após o final de cada rodada da consulta, informando e

comparando a opinião dos outros respondentes com as respostas individuais de

cada especialista, por meio de tabulações estatísticas simples.

O Delphi parte da hipótese de que o julgamento coletivo, produto da interação entre os

julgamentos individuais de especialistas, pode trazer resultados mais satisfatórios do que a

simples justaposição dos julgamentos individuais.

Em linhas gerais, é uma técnica que busca a resposta mais consensual de um grupo de

especialistas, acerca de um problema para o qual não se dispõe de métodos mais objetivos e

quantitativos para ser utilizado (PATARI, 2010).

Não existe a exigência de um número mínimo ou máximo participantes, podendo

variar de um pequeno grupo até um grupo numeroso, dependendo do tipo de problema a ser

investigado e da população e/ou amostra definida em cada estudo.

Nesta pesquisa, a escolha do método Delphi justificou-se, principalmente, por se tratar

de uma temática recente, ainda pouco estudada, principalmente quando consideramos a

inserção da categoria de impacto uso da terra na avaliação de impacto do ciclo de vida.

Outro fator relevante na escolha do método foi a diversidade de modelos e a falta de

consenso de opiniões na escolha do(s) melhore(s) ou mais indicado(s) para avaliar a perda da

biodiversidade neste contexto.

A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta um fluxograma das várias

etapas de aplicação da consulta Delphi.

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Figura 5. Fluxograma simplificado das etapas de aplicação da consulta Delphi Fonte: Elaboração própria

3.3.1. Escolha dos especialistas

A escolha dos especialistas para a consulta Delphi foi realizada a partir da

identificação das áreas do conhecimento relevantes ao problema científico do estudo. Foram

identificadas quatro áreas de conhecimento envolvidas na avaliação de indicadores de

biodiversidade para aplicação na AICV dos biocombustíveis: Avaliação do Ciclo de Vida

(ACIVID), Cultivos Energéticos (CULTEN), Biocombustíveis (BIOCOM) e Ecologia e

Conservação da Biodiversidade (ECOBIO). A orientação para a escolha dos especialistas se

deu com base, inicialmente, no currículo Lattes do profissional e o no currículo acadêmico, no

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caso de especialistas estrangeiros e, em seguida, através de indicações por outros

especialistas, considerando a disponibilidade e o interesse em participar do estudo.

Os especialistas da área de ACIVID foram selecionados com base em consultas às

suas publicações, por meio do portal de periódicos disponíveis para acesso, contatos

institucionais entre grupos de discussão que trabalham com Avaliação do Ciclo de Vida em

instituições nacionais e internacionais, destacando-se a EMBRAPA – Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária, Universidade Federal de Santa Catarina, Rede Peruana do Ciclo de

Vida e Norwegian University of Science and Technology.

Para a escolha dos especialistas em CULTEN, buscou-se pesquisadores especializados

nos aspectos agronômicos, necessários à produção agrícola, com destaque para instituições de

produção, pesquisa e ensino que desenvolvem estudos em cultivos típicos do trópico úmido,

destacando-se: a CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, a

Universidade Estadual de Santa Cruz e uma empresa privada de plantio comercial de dendê,

com sede localizada no estado do Pará.

Na área de BIOCOM, foram selecionados especialistas das seguintes instituições:

Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade Federal da Bahia e do Instituto de

Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), instituições com reconhecida experiência

acadêmica e de pesquisa neste setor.

Para escolha dos especialistas em ECOBIO, foram consultadas instituições atuantes

nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, com foco no Bioma da Mata Atlântica, destacando-

se: a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e a Universidade Federal da Bahia

(UFBA).

Os especialistas foram contatados via correio eletrônico, telefone e/ou contato pessoal.

Ao concordarem com a participação na pesquisa, foi enviada uma carta-convite explicando

em que consiste o Delphi, o objetivo da pesquisa e a importância da participação deles como

especialistas na área. Aos que concordaram em participar, foi enviado o questionário

(apêndice B) junto com o apêndice explicativo (apêndice C III).

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3.3.2. Elaboração do questionário

O questionário foi elaborado em linguagem adequada ao entendimento, por um grupo

multidisciplinar, de forma simplificada visando, ao mesmo tempo, atender aos objetivos da

pesquisa e não exigir um período longo de dedicação dos respondentes. Foram seguidas as

seguintes recomendações para elaboração de consultas Delphi: tornar o questionário simples

de ser respondido; evitar questões ambíguas; limitar o número de questões e permitir

complementações dos respondentes (MARTINO 1993) apud (WRIGHT; GIOVINAZZO,

2000).

Para validação do questionário e da metodologia adotada na condução do Delphi, foi

realizado um pré-teste com um grupo de estudantes de Mestrado e Doutorado com formação

multidisciplinar, visando simular as condições da pesquisa. A partir dos resultados e retornos

do pré-teste, foram realizadas alterações e ajustes, bem como foi possível estimar e otimizar o

tempo gasto para responder ao questionário.

3.3.3. Envio do questionário

Após o término da etapa de elaboração e estruturação do questionário, o mesmo foi

enviado via correio eletrônico aos 22 (vinte e dois) especialistas (apêndice D), identificados

numericamente, para facilitar a tabulação dos dados e garantir a preservação do anonimato,

conforme prevê o método Delphi.

Alguns especialistas, principalmente de instituições próximas à UESC, instituição sede

da pesquisa, receberam pessoalmente os questionários, por solicitação própria, na forma

impressa.

Após envio dos e-mails, foi confirmado o recebimento dos arquivos, através de

contato telefônico e ressaltada a importância de cumprimento do prazo fornecido para o

retorno do questionário. Antes de expirar o prazo estipulado para devolução do questionário

respondido, foram enviados novos e-mails aos especialistas, solicitando o envio e se

disponibilizando para esclarecimentos, caso tivessem qualquer dúvida ou dificuldade em

responder ao Delphi, além de ressaltar a importância da participação na pesquisa. Após esse

novo contato alguns especialistas solicitaram mais esclarecimentos acerca da consulta e o

pedido de envio de referências bibliográficas para melhor compreensão do objeto de

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investigação abordado no Delphi. Ficou evidenciado que essa estratégia foi correta, pois a

partir da interação entre pesquisador e especialista, o retorno dos questionários ocorreu de

forma mais rápida.

O tempo de retorno dos questionários variou de algumas semanas até

aproximadamente quatro meses, prazo limite determinado pelo autor da pesquisa. Dos 22

questionários enviados, 16 (dezesseis) retornaram na 1ª rodada da consulta, correspondendo a

aproximadamente 70%, percentual considerado satisfatório, quando comparado com os

resultados encontrados na literatura, que informam abstenções entre 30 a 50% de retorno para

a 1ª rodada de pesquisas dessa natureza (WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000).

Dos seis especialistas que não retornaram dentro prazo, após terem sido novamente

requisitados, um encaminhou e-mail informando da incapacidade técnica em colaborar com a

pesquisa. Os demais responderam informando que devido às inúmeras ocupações

profissionais, não haviam ainda conseguido responder, e que, tão logo fosse possível, dariam

um retorno. Por limitação de tempo para conduzir as demais etapas do Delphi, incluindo a

sistematização dos dados, o envio de feedback aos respondentes e o preparo da 2ª rodada, a 1ª

rodada foi encerrada com cerca de 79% dos questionários devolvidos.

Dos 16 (dezesseis) questionários recebidos, 01 (um) não foi contabilizado, por não ter

atendido às regras estabelecidas na pesquisa.

3.3.4. Tratamento estatístico

Os dados obtidos com a consulta Delphi foram tratados por meio da estatística

descritiva que, segundo Morettin et. al. (2006), trata da organização e descrição dos dados

(dedutiva); pretende somente descrever e analisar um dado grupo, sem tirar quaisquer

conclusões ou inferências sobre um grupo maior. Os dados podem ser apresentados através de

gráficos ou tabelas, além do cálculo de coeficientes.

Para a 2ª rodada Delphi, os questionamentos foram reestruturados com a

inserção de quatro novos indicadores sugeridos pelos especialistas das áreas de ACIVID e

ECOBIO, perfazendo um total de nove, considerando os cinco anteriormente enviados,

(apêndice E).

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Tendo em vista a inclusão de quatro novos indicadores na 2ª rodada, a partir da

avaliação dos resultados da 1ª rodada Delphi, foi aplicado o teste dos sinais, com o objetivo

de realizar comparações entre as duas rodadas, identificando convergências e divergências na

opinião dos especialistas entre estas duas etapas da pesquisa.

O teste de sinais é um teste não paramétrico, no qual se define, em cada par, a

diferença dos scores (valores) antes e depois do procedimento investigatório, baseando-se

apenas no sentido das diferenças dos scores, registrados sob a forma de sinais: (+) e (−). Os

pares com resultados iguais - considerados empatados - são eliminados dos cálculos pelo

programa. Quando o número de pares (não empatados) for maior que 30, calcula-se a

probabilidade pela curva normal N (0,1), caso contrário, utiliza-se a distribuição binomial.

Para a aplicação do teste, foi utilizado o programa Bioestat, um pacote estatístico com

ampla utilização na área das ciências biomédicas.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Levantamento e pré-seleção dos modelos

Após levantamento bibliográfico, foram selecionados dezesseis modelos,

considerando a aplicabilidade e a relevância para os objetivos do presente estudo, além da

disponibilidade de dados. A escolha dos modelos deve-se ao fato de apresentarem maior

disponibilidade de dados em escalas regional e local para a Europa, principalmente onde está

concentrada a maior parte dos estudos, além de serem modelos-objeto de décadas de estudo

ao longo da trajetória das pesquisas nessa área específica do conhecimento. Os modelos pré-

selecionados estão apresentados no Erro! Fonte de referência não encontrada..

Quadro 2. Modelos para avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados

MODELOS / INDICADORES AUTOR(ES)

1- Modelo com base em dados da Suiça - % de espécies de plantas

vasculares ameaçadas de extinção.

Muller-Wenk (1998)

2- Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000)

3- Efeitos potenciais de um conjunto de espécies (SPEP) Köllner (2000)

4- Apenas descrições qualitativas Mattsson et al. (2000)

5- A riqueza de espécie (SR), a escassez de ecossistema Inerente (ES), a

vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – combinados de Qualidade

(Qbiodiversidade)

6- Com base em Köllner (2003) e Müller-Wenk(1998) - realiza a avaliação

de impactos do uso da terra em escala local e regional

Weidema &

Lindeijer (2001)

Goedkoop & Spriensma (2001)

7- Aplicação do conceito de hemerobia (escala intensiva de uso, %). Brentrup et al. (2002)

8- Riqueza de espécies indicadoras (SRI) e indicador de raridade

ecossistêmica (ERI).

Vogtländer et al. (2004)

9- O método de biótopos (quatro categorias de biótopos). Kyläkorpi et al. (2005)

10- Indicadores baseados na termodinâmica ecossistêmica. Wagendorp et al. (2006)

11- Indicadores com base na proporção de aves e mamíferos que estão

ameaçados, ou em perigo de extinção.

Schenck (2006)

12- Indicadores com base na incolumidade, a integridade, a fragmentação, o

endemismo, a escassez dos ecossistemas.

Mila i Canals et al. (2006)

13- Impactos da paisagem. Garrain (2007)

14- Impactos na biodiversidade e na manutenção das funções vitais do

ecossistema.

Garrain (2007)

15- Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para

manutenção da Biodiversidade (CMB).

Michelsen (2008)

16- Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e

transformada.

Schmidt (2008)

Fonte: Elaboração própria

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Dos dezesseis modelos mais utilizados em ACV para avaliar a categoria uso da terra

(Erro! Fonte de referência não encontrada.), foram pré-selecionados cinco (Quadro 3) para

integrarem a 1ª rodada da consulta Delphi, considerando os atributos definidos por Milà i

Canals (2003).

Na escolha de modelos ambientais é importante considerar a capacidade de

identificação dos potenciais impactos dos produtos e processos a serem avaliados, bem como,

a capacidade do modelo ou indicador para simplificar adequadamente a realidade.

Quadro 3. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra pré-selecionados

4.2. 1ª rodada da consulta Delphi

A Figura 6Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o resultado da 1ª

rodada Delphi, sintetizado através de um Índice de Aplicabilidade Normalizado – IAN,

calculado a partir dos resultados obtidos dos questionários. Este índice permitiu a comparação

entre a avaliação da aplicabilidade dos modelos de biodiversidade, obtido a partir das

respostas dos especialistas das quatro áreas: ACIVI, CULTEN, BIOCOM e ECOBIO, com a

média dos valores obtidos por todas as áreas, variando de não aplicável (0) a aplicável (1).

Código Modelos Propostos por:

I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000)

I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema (ES), a

vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – utilizados para avaliar a

qualidade da terra em termos de biodiversidade (Qbiodiversidade).

Weidema &

Lindeijer (2001)

I3 Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em

perigo de extinção

Schenck (2006)

I4 Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e condições para

manutenção da biodiversidade (CMB).

Michelsen

(2008)

I5 Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e

transformada

Schmidt, 2008

Fonte: Elaboração própria

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Figura 6. Comparação da aplicabilidade média (Índice de Aplicabilidade – IAN) para os cinco

indicadores de biodiversidade da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por área

de conhecimento.

Considerando todas as quatro áreas no seu conjunto (dezesseis respondentes), o IAN

não indicou favorecimento de nenhum indicador em específico, variando entre 60% e 70%

para todos os cinco indicadores.

Observa-se, através da Figura 6, que o IAN calculado para a média dos especialistas

em ACIVID foi ligeiramente superior ao da média de todos os especialistas para todos os

cinco indicadores, não tendo se diferenciado nenhum indicador em especial, com um IAN

variando entre 70 e 80% para todos os indicadores.

O IAN proposto pelos especialistas em CULTEN não apresentou variação

significativa, se comparado à média de todos os especialistas para I1, I2, I3, e I4, sendo o I5 mais

favorecido, atingindo um índice acima de 80%.

Comparando a média dos especialistas em BIOCOM, observa-se que o IA proposto foi

superior ao da média de todas as áreas para os I2, I3, I4 e I5, e inferior para I1, tendo sido

favorecido o I2 (~80%), o que indica que a área de atuação dos profissionais envolvidos pode

exercer influência na escolha dos indicadores.

Para os especialistas em ECOBIO, o IAN proposto foi ligeiramente superior ao da

média dos quatro especialistas para o I1 e inferior para os demais indicadores, sendo o I5, o que

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

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1,00

ACV C. Energéticos Bioenergia Biodiversidade Todas as áreas

I1

I2

I3

I4

I5

ECOBIO ACIVID CULTEN BIOCOM

M

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apresentou o menor IAN (~40%), tendo apontado o I1 como o indicador mais favorecido, com

IAN de 70%.

A Figura 7 mostra a comparação do Índice de Aplicabilidade Normalizado – IAN dos

indicadores de Biodiversidade dos especialistas em ACIVID, CULTEN, BIOCOM e

ECOBIO, com a média das quatro áreas por critério, seguindo a mesma escala de valoração

(0) não aplicável a (2) aplicável.

Observa-se que o IA proposto pelos especialistas em ECOBIO foi inferior ao IAN

médio, considerando todas as áreas, para todos os critérios, sendo que a Aplicabilidade e a

Transferabilidade apresentaram o menor IAN, ~40%.

O IAN calculado para os especialistas em ACIVID foi ligeiramente inferior ao da

média das demais áreas para os critérios representatividade e mensurabilidade com IAN 50%,

sendo superior aos outros cinco critérios, destacando-se dependência local, e

transferabilidade como os mais bem aceitos, alcançando IAN entre 80- 95%.

Figura 7. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média das áreas de

conhecimento da 1ª rodada do Delphi, com base nos valores médios por critério de avaliação.

Para os especialistas em BIOCOM o IAN foi ligeiramente superior ao da média de

todas as áreas nos quesitos representatividade, mensurabilidade, aplicabilidade e

dependência local, variando de 70 a 90%, e inferior no item dependência local (~90%),

alcançando o maior valor para o IAN.

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Represent. Measurab. Consist. Aplicab. Depend.Local Escala Transferab.

ACV

C. Energéticos

Bioenergia

Biodiversidade

Todas as áreas

ACIVID

CULTEN

BIOCOM

ECOBIO

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O IAN proposto pelos especialistas em CULTEN foi ~70%, ligeiramente superior ao

da média de todos os especialistas para os critérios mensurabilidade, consistência e escala,

ligeiramente inferior, ~65% para os critérios aplicabilidade e dependência local e para os

critérios (representatividade, e transferabilidade), tendo os critérios mensurabilidade e escala

alcançado os maiores valores para o IAN, variando entre 80% e 90%.

Os especialistas em ECOBIO sugeriram a inserção de dois novos modelos, o que

justifica, em parte, os baixos IAN obtidos pelos cinco critérios apresentados na 1ª rodada

Delphi. Um dos indicadores propostos tem seu foco na complexidade estrutural dos

ecossistemas, explorando a existência de uma relação positiva entre a diversidade de aves e

habitat e a complexidade estrutural (MACARTHUR e MACARTHUR, 1961).

O outro indicador proposto toma como base os estudos de Weidema e Lindeijer

(2001), seguindo os critérios para escolha dos hotspots (MYERS, 2000). Neste caso, o

indicador para avaliar a perda de biodiversidade será a riqueza de espécies x escassez do

ecossistema x vulnerabilidade do ecossistema. Sendo a riqueza de espécies, o número total de

espécies de plantas vasculares na área (Sr/Srmin.); a escassez do ecossistema, a proporção

inversa da área remanescente do ecossistema, além da vulnerabilidade, e do número de

espécies endêmicas e/ou ameaçadas, dividido pelo número total de espécies.

Um dos especialistas em ACV (ACIVID) enfatizou a limitação da escolha de um

único modelo para avaliar a perda da biodiversidade. Levou em consideração que cada

modelo apresenta um ponto em particular, que contribui, de alguma forma, para o avanço

cada vez maior da concepção de um modelo mais adequado para a avaliação de impactos do

uso da terra em AICV.

O mesmo especialista, sugeriu a inclusão de um modelo que não havia sido

contemplado na pré-seleção. Este modelo foi originalmente proposto por Köllner (2003), por

ser um dos mais referenciados na atualidade, especialmente por ter sido fruto de uma meta-

análise de dados existentes.

Köllner (2003) propõe a modelagem de impactos do uso da terra, segundo a

diversidade de espécies. Para tanto, são definidos fatores de caracterização, para as escalas

local e regional, incluindo 30 tipos de uso da terra e oito diferentes intensidades de uso. O

dano total ao ecossistema, resultante das análises de dano regional e local é expresso através

da perda da diversidade de espécies de plantas vasculares que ocorrem em certa região.

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Os especialistas sugeriram alterações no questionário Delphi enviado na 1ª rodada,

como: melhoria da apresentação dos modelos, explicação mais detalhada e ampliação da

escala.

Os especialistas em BIOCOM e em CULTEN, embora não tenham sugerido a inclusão

de nenhum indicador específico, fizeram considerações importantes sobre a expansão de áreas

para o plantio de dendê destinado à produção de biodiesel.

Destacaram que devem ser observados, por exemplo: (i) critério para escolha de áreas

com potencial de expansão da cultura, as terras marginais de baixa produtividade;

(ii) possibilidade futura; (iii) relações entre clima e meio ambiente; (iv) atores sociais

envolvidos na política de produção e uso de biocombustíveis e (v) produção orgânica

sustentável do biodiesel.

De acordo com o especialista em CULTEN, participante da consulta Delphi, a

produção orgânica, caso mantenha os níveis de produtividade próximos aos obtidos com o

cultivo convencional no futuro, traria benefícios para a biodiversidade como um todo, uma

vez que o uso excessivo de adubos sintéticos causa danos ao solo e consequentes impactos

adversos, todos com componentes ambientais do ecossistema.

4.3. Avaliação preliminar dos indicadores ambientais na 1ª rodada

Considerando o avanço das pesquisas na área de ACV, nota-se que existe uma

tendência pela opção por indicadores que quantificam a biodiversidade de forma direta, como

os propostos por Lindeijer (2000), Schenck (2006), Schmidt (2008), que avaliam a

diversidade e a riqueza de espécies com base em dados existentes de inventários de fauna e

flora. Este conjunto de indicadores apresenta a limitação da dependência de informações, que

muitas vezes, não estão disponíveis para todas as regiões do globo. Aspecto relevante, que

deve ser levado em conta na escolha de um indicador ou grupo de indicadores, especialmente

quando se considera que a ACV busca ser uma ferramenta de aplicação global.

Embora o critério mais usualmente utilizado para selecionar a diversidade da espécie

como um indicador único para a biodiversidade seja a disponibilidade de dados com

qualidade em escala global, a combinação de números de espécies e de indivíduos como um

indicador - como, no caso índice do Shannon-Weaver -, não se aplica em uma escala global

para todos os tipos de uso da terra. (LINDEIJER, 2000).

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Outro conjunto de especialistas opta por mensurar a biodiversidade de forma indireta,

conforme propõe Weidema & Lindeijer (2001) e Michelsen (2008), levando em consideração

além da diversidade/riqueza de espécies, valores intrínsecos como: (i) a escassez e a

vulnerabilidade do ecossistema e (ii) as condições para a manutenção da biodiversidade.

4.4. 2ª rodada da consulta Delphi

A 2ª rodada da consulta Delphi seguiu os mesmos procedimentos adotados na rodada

anterior: os questionários foram enviados aos respondentes via e-mail ou entregues

pessoalmente.

Juntamente com o novo questionário, foram enviados aos especialistas participantes os

resultados da 1ª rodada, possibilitando que cada participante tivesse acesso ao conjunto de

resultados obtidos e pudesse reavaliar sua opinião a partir da comparação com a opinião dos

demais profissionais consultados. O apêndice E apresenta um modelo da documentação

enviada aos especialistas na 2ª rodada.

Para esta etapa, foram incluídos 04 (quatro) novos indicadores sugeridos pelos

especialistas na rodada anterior, além dos cinco já apresentados. Os questionários foram

enviados aos mesmos profissionais que responderam à 1ª, tendo tido o retorno de doze

questionários.

O Quadro 4, apresenta os 9 (nove) modelos de impactos de uso da terra enviados aos

especialistas na 2ª rodada da consulta Delphi.

Uma terceira rodada de aplicação da consulta Delphi poderia ter acontecido, mas em

virtude do tempo disponível para a concretização deste estudo, não foi possível a realização, o

que possivelmente poderia avançar ou não na direção de uma convergência de opiniões entre

as posições dos especialistas, na escolha do modelo mais adequado para avaliar a perda de

biodiversidade no contexto da ACV de biocombustíveis.

Para avaliar se houve mudança de opinião por parte dos especialistas, após a

apresentação dos resultados da 1ª rodada, aplicou-se o teste dos sinais, a partir da subtração

dos dados da segunda variável dos dados da primeira, nesse caso da pontuação na 2ª e 1ª

rodada respectivamente, os sinais das diferenças foram registrados tendo sido ignorados os

pares com valores iguais (Apêndice F).

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Quadro 4. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra da 2ª rodada Delphi

Código Indicadores de Biodiversidade Propostos por:

I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000)

I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema

(ES), a vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – utilizados para

avaliar a qualidade da terra em termos de biodiversidade

(Qbiodiversidade).

Weidema &

Lindeijer (2001)

I3 Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas

ou em perigo de extinção

Schenck (2006)

I4 Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e

condições para manutenção da biodiversidade (CMB).

Michelsen (2008)

I5 Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e

transformada

Schmidt, 2008

I6 Efeitos potenciais sobre um conjunto de espécies (SPEP) Köllner, (2003)

I7 Indicadores com base na complexidade estrutural dos

ecossistemas.

Faria (2010)

I8 Riqueza de espécies x escassez do ecossistema x vulnerabilidade

do ecossistema (Adaptado de Weidema, Lindeijer (2001)).

Sambuichi (2010).

I9 Indicador com base em parâmetros de espécies e ecossistemas Souza (2010)

Fonte: Dados da pesquisa

Após a realização do teste dos sinais (apêndice F) aceitou-se a hipótese nula,

tendo sido constatado que não houve mudança significativa de opinião dos especialistas entre

as duas rodadas.

Por outro lado, considerando as opiniões dos especialistas por área e as especificidades

e complexidade envolvidas na avaliação da biodiversidade, é pouco provável que se pudesse

alcançar uma mudança significativa na direção de uma convergência de opiniões das quatro

áreas de conhecimento propostas neste estudo.

A Figura 8 apresenta os resultados da 1ª e 2ª rodadas, a qual permite comparar as

diferenças entre as convergências e divergências das opiniões dos especialistas na escolha do

melhor modelo.

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Figura 8. Comparação do IAN entre a 1ª (A) e a 2ª rodada (B) o – para os indicadores de

biodiversidade por área de conhecimento.

Embora numa análise superficial dos resultados apontados nas figuras 8 (A e B), seja

possível observar as diferenças do conjunto das opiniões dos especialistas entre a 1ª e a 2ª

rodadas, indicado pelo valor do IAN em cada uma das rodadas, o teste estatístico não apontou

a convergência de opiniões entre as duas rodadas (Apêndice F). Analisando porém, área por

área, nota-se que os resultados não possuem um comportamento homogêneo.

Como resultado, observa-se que não houve mudança significativa entre os resultados

da 1ª e 2ª rodadas para os especialistas em ACIVID (. Com a inserção de novos indicadores

observou-se que o IAN do I2 variou de 70 a 80% não tendo, nenhum indicador, obtido a

preferência dos especialistas.

Os especialistas em CULTEN apresentaram uma variação na resposta, se comparados

o IAN da 1ª com o da 2ª rodada. Observou-se que houve alteração nas respostas, enquanto na

1ª rodada o I5 foi o indicador favorecido, na 2ª rodada os especialistas optaram pelo I4, com

IAN acima de 80%.

Tanto na 1ª quanto na 2ª rodada não foi constatada nenhuma preferência por um

indicador em especial, entre os especialistas em BIOCOM. Não foi constatada também,

nenhuma mudança significativa da opinião dos especialistas entre as duas rodadas, com

exceção do I2, o qual o IAN variou de 80% na 1ª para 67% na 2ª rodada.

Os especialistas em ECOBIO não apontaram preferência por nenhum indicador em

especial, mas observa-se que o IAN variou para todos os indicadores de uma rodada para

outra, não tendo sido uma variação significativa, exceto para o I2 que passou de 73% para

67%. Para os especialistas em ECOBIO houve uma convergência para a escolha do I7, com

IAN próximo de 70%.

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I1 I2 I3 I4 I5

ACIVID

CULTEN

BIOCOM

ECOBIO

Todas as áreas

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

ACIVID

CULTEN

BIOCOM

ECOBIO

Todas as àreas

B

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Por fim, quanto ao IAN dos indicadores para todas as áreas, observa-se que não houve

mudanças entre as duas rodadas. Na 1ª rodada o IAN variou entre 60% para o I1 até ~70 %

para o I5 e na 2ª rodada 60 e 57%, respectivamente, para I1 e I5.

Figura 9. Comparação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) média dos

indicadores de biodiversidade da área de ACIVID para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi.

Quando se compara o IAN das áreas entre a 1ª e a 2ª rodadas, observa-se que para os

especialistas em ACIVID não houve mudança de opinião para os I3, I4 e I5, enquanto para o I1

e I2 pode ser observado um ligeiro aumento no valor do IAN calculado para a 2ª rodada.

Enquanto na 1ª rodada o I1 foi ligeiramente favorecido com IAN acima de 70%, na 2ª rodada o

I6 foi o indicador que alcançou a maior pontuação, com IAN acima de 80% (Figura 9Figura 9).

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0,30

0,40

0,50

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0,70

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

I Rodada

II Rodada

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Figura 10. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média dos

indicadores de biodiversidade da área de CULTEN para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi

Os especialistas em CULTEN mudaram de opinião na 2ª rodada, tendo sido observado

que o indicador I5, favorecido na 1ª rodada, com IAN próximo de 90%, foi preterido pelos

indicadores I4 e I8, com IAN acima de 80% (Figura 10).

Figura 11. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos

indicadores de biodiversidade da área de BIOCOM para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi.

0,00

0,10

0,20

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

I Rodada

II Rodada

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

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II Rodada

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Os especialistas em BIOCOM mantiveram a média de pontuação para I1, I3 e I4, tendo

reduzido a pontuação para os indicadores I2 e I5. Observa-se que, enquanto na 1ª rodada o I2

foi o indicador favorecido, com IAN próximo de 80%, na 2ª rodada seu IAN foi reduzido para

menos de 70%. Os indicadores I3 e I4 foram os que receberam a maior pontuação na 2ª rodada

(Figura 11).

Figura 12. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos

indicadores de biodiversidade da área de ECOBIO para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi.

Dentre todas as áreas avaliadas, a dos especialistas em ECOBIO foi a que mais alterou

sua pontuação na 2ª rodada (Figura 12). O IAN, para todos os cinco indicadores utilizados na

1ª rodada, foi reduzido. Enquanto na 1ª rodada o I1 foi o indicador favorecido, com IAN acima

de 70%, na 2ª rodada os especialistas em ACIVID apontaram o I7, como sendo o indicador

mais favorável, com IAN acima de 70% (Figura 13)

Vale ressaltar que embora alguns estudos considerem importante incorporar o conceito

de espécies–chave na escolha dos indicadores de biodiversidade, tanto pelo papel que

exercem no funcionamento dos ecossistemas, como por atuarem como indicadores da

degradação da qualidade do habitat natural, os especialistas em ECOBIO optaram por

0,00

0,10

0,20

0,30

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

I Rodada

II Rodada

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favorecer na escolha, grupos taxonômicos que possuem dados de qualidade em escala global,

como o grupo das plantas vasculares.

Essa escolha pelo modelo ideal tem sido apontada na literatura como uma das

principais dificuldades, conforme destacam TREWEEK, 2006; SCHENCK, 2006;

GARDNER et al. 2009, confirmada pelos especialistas das áreas ECOBIO e ACIVID, em se

incorporar aspectos referentes à diversidade genética, de habitats ou de ecossistemas.

Ao comparar o resultado da média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas, observa-se que

não houve alteração no sentido de convergência de opiniões entre os especialistas, para

favorecer um modelo ou um indicador específico.

Observa-se, porém, que o I8 obteve um IAN levemente superior aos demais indicadores

na avaliação dos especialistas, porém sem diferença estatisticamente significativa.

Figura 13. Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN)

dos indicadores de biodiversidade com a média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas.

0,00

0,10

0,20

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

I Rodada

II Rodada

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4.5. Discussão dos resultados do Delphi

A Tabela 2, abaixo, sintetiza as principais opiniões dos especialistas nas duas rodadas

de aplicação do Delphi

Tabela 2. Resumo da escolha e opinião dos especialistas

Fonte: Dados da pesquisa

O uso de indicadores que possibilitem o monitoramento dos impactos e a busca de

diretrizes que apontem melhoria do desempenho ambiental de produtos e processos têm sido

cada vez mais estimulado por pesquisadores de diversas áreas e por tomadores de decisão, nos

âmbitos empresarial, governamental e acadêmico.

Com relação aos indicadores ambientais, especificamente os modelos utilizados para

avaliação da perda de biodiversidade associada à mudança no uso da terra, os resultados da 1ª

rodada não apontaram para uma convergência de um modelo específico, uma vez que a

maioria dos pesquisadores opta por usar apenas uma espécie associada a alguns fatores de

qualidade dos ecossistemas, como representante das demais, considerada uma limitação desse

tipo de modelo, conforme destacam Michelsen, (2008) e Souza (2010) sobre a dificuldade

acerca da disponibilidade de dados, que associem as mudanças de uso da terra ao impacto

sobre espécies.

Especialista Área Indicador escolhido Comentário/Sugestão

2 ACIVID I6 A escolha do modelo tem relação direta com a

escala de aplicação, especialmente quando se

quer avaliar um determinado impacto.

.

3 ACIVID I1 e I4 Nenhum indicador é 100% aplicável quando

se avalia os critérios separadamente, outro

aspecto ponderado foi a limitação da escala

utilizada na pesquisa.

7 ACIVID I1 I2 I3 I8 --------------------------------------------------------

8 ECOBIO I1 I3 I7 --------------------------------------------------------

11 ECOBIO I9 --------------------------------------------------------

12 ECOBIO I7 I8 A escolha de um índice único parece ser uma

saída simplista para sistemas naturais que são

intrinsecamente complexos. Uma idéia seria a

um conjunto de variáveis únicas associadas a

variáveis locais.

13 CULTEN I4 I9 --------------------------------------------------------

14 CULTEN I4 I7 I8 --------------------------------------------------------

15 CULTEN I6I4 I7 I8 --------------------------------------------------------

16 CULTEN I2 I3 I4 I5 I8 --------------------------------------------------------

20 BIOCOM I6 --------------------------------------------------------

21 BIOCOM I4 --------------------------------------------------------

22 BIOCOM I8 --------------------------------------------------------

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Souza (2010) destaca que os modelos de avaliação de impacto do uso da terra tendem

a utilizar as mesmas espécies para representar o conjunto da biodiversidade de uma

determinada área: as espécies de plantas vasculares. Isto, possivelmente, se deve ao fato deste

grupo taxonômico possuir uma maior disponibilidade e melhor qualidade de dados em escala

global.

A autora afirma, ainda, que é necessária a inserção de outros grupos taxonômicos,

como forma de reduzir as incertezas dos modelos na representação da biodiversidade como

um todo.

Comparando os resultados das duas rodadas, observou-se que a opinião dos 15

(quinze) especialistas não exerceu influência na opinião de cada um em particular, ficando

evidente que, além da área afetada, a diversidade genética, o grau de endemismo e as espécies

invasoras, ainda deve ser considerada a área de formação do especialista como fator

determinante na escolha do modelo, o que justifica as limitações e dificuldades encontradas

no estudo.

Outro aspecto relevante a ser considerado, indicado pelo especialista 2, diz respeito

aos critérios para escolha de um modelo, indicador ou grupos de indicadores de aplicação

global. O mesmo pontuou que a “representatividade” na sua avaliação foi um pouco

influenciada por estar, neste momento, trabalhando com biodiversidade funcional, tendo nesse

caso favorecido o indicador I7 em detrimento dos demais.

Com relação ao critério “escala”, o especialista 3 acrescenta limitações no modelo de

Thomas Köllner (2003), considerado ideal para a Suíça, mas relativiza quanto à possibilidade

da aplicação do modelo no Brasil, devido às dimensões territoriais do país.

Quanto à “mensurabilidade”, sua posição foi bastante desfavorável diante da

possibilidade de se encontrar um indicador que consiga realizar uma avaliação quantitativa,

abrangente dos atributos relevantes. Sugeriu alterar a escala de valoração proposta, para

permitir diferenciar comparativamente modelos propostos no questionário da consulta Delphi.

Em termos de escala de aplicação, o especialista indica que dois dos indicadores

propostos podem ter relevância em termos de escala de aplicação, mas terem um nível de

relevância diferenciado. Cita como exemplo, que o I1 é aplicável, em uma escala local e

mesmo global, mas deve ser considerada a complexidade definida para o modelo.

Outro aspecto destacado por este especialista refere-se à possibilidade de que dois

indicadores sejam semelhantes, mas o processo de cálculo seja distinto, devendo neste caso

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ser avaliado não apenas o indicador, mas o modelo como um todo, citou como exemplo os

indicadores I1 e I5.

O posicionamento do especialista 3 converge na mesma direção para o critério

"representatividade", na avaliação dos modelos, reafirmando sobre a limitação quanto à

representação da biodiversidade, através de um indicador ou modelo. Para este especialista,

todos os indicadores propostos na consulta Delphi capturam alguns aspectos da

biodiversidade, deixando de representar outros. Opinião semelhante o especialista manifestou

quanto ao critério “mensurabilidade”.

Ainda argumenta que o uso de plantas vasculares como único parâmetro na avaliação

da diversidade, conforme previsto em I1, I5 e I6, é inadequado, já que esses grupos

taxonômicos representam, em geral, uma pequena fração da biodiversidade de uma

determinada área. Em acordo com esta posição, Michelsen (2008) destaca que quando se

pensa em avaliar a perda da biodiversidade do ponto de vista de uma única espécie, deve-se

considerar que a maioria dos estudos aponta a inexistência de correlação entre a riqueza de

espécies de um grupo taxonômico e a riqueza de espécies de outros grupos.

A mesma limitação pode ser constatada para I2, I3 e I8, ainda que tenham sido

acrescentados para estes modelos aspectos qualitativos, como: (i) escassez e vulnerabilidade

dos ecossistemas; (ii) condições para a manutenção da biodiversidade e (iii) complexidade

estrutural dos ecossistemas associados à riqueza e diversidade de plantas vasculares.

Concluindo sua opinião, o especialista 3 aponta vantagens nos indicadores I2, I4, I7 e I9, por

considerarem parâmetros estruturais que avaliam tanto os aspectos quantitativos de

levantamento de espécies, quanto aspectos qualitativos dos ecossistemas.

Algumas afirmações que foram pontuadas na 2ª rodada da consulta Delphi merecem

ser destacados: (i) a importância de se identificar quais aspectos da intervenção humana estão

sendo levados em consideração para a escolha dos modelos; (ii) e em que situação se

encontram os ecossistemas em termos de vulnerabilidade, escassez e distribuição de espécies,

de tal modo que os modelos ou indicadores propostos estejam em compatibilidade com o

modelo PSR (Pressão – Estado – Resposta).

Neste sentido, considera-se mais apropriado que as alterações ecológicas decorrentes

de mudança no uso da terra sejam avaliadas a partir do registro das variações na composição

de espécies, possibilitando a inserção de outros grupos taxonômicos.

Outro fator que deve ser considerado é o número total de espécies. No entanto, cabe

salientar que uma limitação seria sua aplicabilidade em escalas regional e local.

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Quanto aos impactos físicos do uso da terra, um indicador de biodiversidade ideal

deveria considerar o grau de endemismo das espécies, em detrimento do número total de

espécies. No entanto, os dados atualmente disponíveis sobre a biodiversidade em escala

mundial não permitem essa distinção. Neste caso, o ideal é a atualização na base de dados

sobre biodiversidade em escala mundial, de tal forma que seja possível avaliar a

biodiversidade seguindo critérios específicos para cada espécie, bioma e ecorregião.

A Tabela 2 apresenta um resumo das opiniões dos especialistas, com o(s)

indicador(es) preferencial(is) e principais comentários do questionário.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A consulta Delphi evidenciou a falta de consenso na proposição de um modelo ideal

para a avaliação da perda da biodiversidade, dentro do escopo proposto neste estudo. Os

resultados obtidos coincidem com os encontrados na literatura, mais especificamente, nos

estudos de aplicação e escolha de modelos de uso da terra em AICV na Dinamarca, Noruega,

Nova Zelândia e em outros países, relacionados à avaliação ambiental da produção de cultivos

energéticos.

Considerando o estado da arte nesta temática, os especialistas apontam a necessidade

de priorizar aspectos qualitativos, como a complexidade estrutural dos ecossistemas, a

vulnerabilidade e escassez, as condições para a manutenção da biodiversidade e a diversidade

funcional, no uso de modelos para incorporação da categoria ambiental biodiversidade dentro

do escopo da Avaliação Impacto do Ciclo de Vida (AICV).

Quanto aos critérios para a escolha dos modelos a serem utilizados, embora cada

especialista ou área de conhecimento contemple características específicas, houve uma

convergência destacando o critério dependência local, como o fator de maior relevância, uma

vez que os modelos, embora necessitem ser de aplicação global, devem ser dependentes

quanto à representatividade local de cada ecossistema e dos diferentes tipos de uso da terra.

Ainda que, estatisticamente, não tenha havido uma opinião consensual entre os

participantes da consulta Delphi, os especialistas da área de ECOBIO, autores da proposição

de dois novos modelos na 2ª rodada do Delphi, destacaram as limitações da proposição de um

único indicador ou grupo de indicadores com aplicação global, especialmente quando se

considera a complexidade dos ecossistemas naturais, com suas múltiplas interações entre

diferentes populações, entre níveis tróficos e entre os meios biótico e abiótico.

Com base nos resultados obtidos nesta pesquisa e, considerando o fato da ACV ser

uma ferramenta proposta para aplicação global, considera-se essencial que o aprofundamento

da discussão dos modelos de avaliação da perda da biodiversidade no contexto da AICV seja

desenvolvido de forma interdisciplinar, incluindo especialistas das áreas centrais da avaliação

ambiental e da biologia da conservação.

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Diante dessas considerações e tendo em vista a diversidade de modelos de avaliação de

impactos do ciclo de vida, esse estudo confirmou a dificuldade em se estabelecer uma única

via na utilização de indicadores de biodiversidade. Dentre os fatores que determinam esta

limitação, destacam-se a diversidade de habitats, os diferentes modos e intensidades de uso e

manejo agrícola relacionados ao uso da terra.

Cabe salientar que, embora os resultados não tenham apontado para uma convergência

de opinião dos especialistas no sentido de favorecer um indicador em particular, os

especialistas das áreas de ACIVID e ECOBIO pontuaram a necessidade de associar

parâmetros qualitativos e quantitativos aos modelos existentes de avaliação da categoria de

impacto uso da terra, para que possam representar melhor a realidade de cada ecorregião.

A aplicação da técnica Delphi, neste estudo, possibilitou a socialização do

conhecimento categoria de impacto uso da terra em ACV, além de uma melhor compreensão

acerca da cronologia dos modelos de avaliação de impactos do ciclo de vida; proporcionou

uma análise sistêmica do seu potencial e limitações, através da interação entre as opiniões das

principais áreas do conhecimento relevantes à temática, contribuindo para a inclusão desta

categoria de impacto na ACV de produtos e processos relacionados à sustentabilidade

ambiental.

De todas as categorias de impacto estudadas na ACV, a categoria o uso da terra, com

enfoque no componente biodiversidade, apresenta-se como uma das menos evoluídas,

considerando, em especial, a concepção dos modelos de AICV, uma vez que suas

características de dependência local não permitem uma extrapolação direta para as escalas

global, regional e local, conduzindo a diferentes opiniões sobre qual modelo possibilita uma

melhor avaliação, de modo a retratar a realidade em cada ecorregião.

Os trabalhos mais recentes indicam como perspectiva a ser estudada, a

incorporação de alguns novos elementos na discussão, com destaque para a mudança na

paisagem. A sua incorporação é justificada por constituir um fator com influência direta na

distribuição das espécies e no modo como elas se relacionam com o ambiente para a

manutenção do funcionamento dos ecossistemas. Outro elemento indicado nestes estudos foi

a complexidade estrutural dos ecossistemas, incluindo a diversidade funcional, bem como as

interações ali estabelecidas.

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6. PERSPECTIVAS

A mudança no uso da terra tem sido apontada como uma das principais causas do

declínio da biodiversidade. Nesse contexto, alguns modelos de AICV têm sido propostos

para avaliar os impactos nesse componente essencial dos ecossistemas terrestres. No entanto,

fatores ecológicos, diferenças climáticas e geofísicas, além das especificidades de cada bioma

são desafios na escolha desses modelos.

Para que haja avanços nessa área de estudo sugere-se que pesquisas futuras sejam

dedicadas ao levantamento de dados de campo, que venham possibilitar a aplicação de

modelos consolidados em situações reais e proporcionar uma análise interdisciplinar dos

resultados e do potencial de aplicação em diferentes tipos e intensidade de uso da terra em

escala local, regional e global, conforme previsto na ACV.

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APÊNDICE A - MATRIZES PARA ESCOLHA DOS INDICADORES

ACV - 2

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 1 1 1 1 2 2 1 1 0,61

Mensurabilidade 1 2 1 2 1 2 2 2 2 0,83

Consistência 2 2 1 1 2 2 0 1 1 0,67

Aplicabilidade 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1,00

Dependência Local 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,50

Escala 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,50

Transferência 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0,56

IAN por critério 0,64 0,71 0,57 0,64 0,64 0,79 0,64 0,64 0,71

Indicadores

Critérios

ACV - 3

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,46

Mensurabilidade 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,46

Consistência 2 2 1 2 1 2 2 2 2 0,69

Aplicabilidade 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,46

Dependência Local 2 1 1 2 2 2 2 2 2 0,78

Escala 2 1 1 2 1 2 2 2 2 0,67

Transferência 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1,0

IAN por critério 11 9 8 11 7 7 7 7 7

Indicadores Critérios

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ACV - 7

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 2 1 2 1 1 2 2 2 0,78

Mensurabilidade 2 2 2 2 2 2 1 2 2 0,94

Consistência 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1,00

Aplicabilidade 2 1 2 1 1 1 1 1 1 0,61

Dependência Local 2 2 2 2 2 2 1 2 2 0,94

Escala 2 2 2 1 1 2 1 2 2 0,83

Transferência 2 2 2 2 1 2 1 2 1 0,83

IAN por critério 0,93 0,93 0,93 0,86 0,71 0,86 0,64 0,93 0,86

Indicadores

Critérios

Indicadores Escolhidos - ACV

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 3 4 3 4 3 4 5 4 4 34

Mensurabilidade 4 5 4 5 4 5 4 5 5 41

Consistência 6 6 4 5 5 6 4 5 5 46

Aplicabilidade 5 4 5 4 4 4 4 4 4 38

Dependência Local 5 4 4 5 5 5 4 5 5 42

Escala 5 4 4 4 3 5 4 5 5 39

Transferência 5 5 5 5 4 5 4 5 5 43

IAN por critério 33 32 29 32 28 34 29 33 33

Indicadores

Critérios

Pontuação dos indicadores e critérios por área

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 0,50 0,67 0,50 0,67 0,50 0,67 0,83 0,67 0,67 0,63

Mensurabilidade 0,67 0,83 0,67 0,83 0,67 0,83 0,67 0,83 0,83 0,76

Consistência 1,00 1,00 0,67 0,83 0,83 1,00 0,67 0,83 0,83 0,85

Aplicabilidade 0,83 0,67 0,83 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,70

Dependência Local 0,83 0,67 0,67 0,83 0,83 0,83 0,67 0,83 0,83 0,78

Escala 0,83 0,67 0,67 0,67 0,50 0,83 0,67 0,83 0,83 0,72

Transferência 0,83 0,83 0,83 0,83 0,67 0,83 0,67 0,83 0,83 0,80

IAN por critério 0,79 0,76 0,69 0,76 0,67 0,81 0,69 0,79 0,79

Indicadores

Critérios

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Dendê - 13

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 2 2 1 2 2 1 2 2 2 0,89

Mensurabilidade 2 2 1 1 1 2 1 1 1 0,72

Consistência 1 2 1 2 2 1 1 2 2 0,83

Aplicabilidade 2 1 1 2 1 1 2 1 2 0,72

Dependência Local 1 1 2 1 1 2 1 1 1 0,56

Escala 1 2 1 2 2 1 1 2 2 0,78

Transferência 1 1 2 2 1 1 2 2 2 0,72

IAN por critério 0,71 0,79 0,64 0,86 0,71 0,64 0,71 0,79 0,86

Indicadores

Critérios

Dendê - 14

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 0 1 1 2 2 2 2 2 1 0,72

Mensurabilidade 0 1 2 2 2 2 2 2 2 0,83

Consistência 0 1 2 2 2 2 2 2 2 0,83

Aplicabilidade 0 1 1 2 1 1 2 2 2 0,67

Dependência Local 0 2 2 2 1 1 1 1 1 0,61

Escala 0 1 1 1 2 1 1 1 2 0,56

Transferência 0 2 2 1 1 1 2 2 1 0,67

IAN por critério 0 0,64 0,79 0,86 0,79 0,71 0,86 0,86 0,79

Indicadores Critérios

Dendê - 15

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 2 2 2 2 2 2 1 2 2 0,94

Mensurabilidade 2 2 2 1 2 2 2 2 1 0,89

Consistência 2 1 2 2 1 2 1 2 1 0,78

Aplicabilidade 1 1 1 1 1 2 1 1 1 0,56

Dependência Local 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1,00

Escala 1 2 1 2 1 1 1 2 1 0,67

Transferência 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0,17

IAN por critério 11 10 10 10 10 12 8 11 8

Critérios

Indicadores

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Dendê - 16

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0,78

Mensurabilidade 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0,78

Consistência 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0,78

Aplicabilidade 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0,78

Dependência Local 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0,78

Escala 1 2 2 2 2 1 1 2 1 0,78

Transferência 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00

IAN por critério 0,43 0,86 0,86 0,86 0,86 0,43 0,43 0,86 0,43

Indicadores Critérios

Indicadores escolhidos – Dendê

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 5 7 6 8 8 6 6 8 6 60

Mensurabilidade 5 7 8 6 7 7 6 7 5 58

Consistência 4 6 8 8 7 6 5 8 6 58

Aplicabilidade 4 5 5 7 5 5 6 6 6 49

Dependência Local 4 7 7 7 6 6 5 6 5 53

Escala 3 7 5 7 7 4 4 7 6 50

Transferência 2 3 3 3 3 3 4 4 3 28

IAN por critério 27 42 42 46 43 37 36 46 37

Indicadores

Pontuação dos indicadores e critérios

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 0,63 0,88 0,75 1,00 1,00 0,75 0,75 1,00 0,75 0,83

Mensurabilidade 0,63 0,88 1,00 0,75 0,88 0,88 0,75 0,88 0,63 0,81

Consistência 0,50 0,75 1,00 1,00 0,88 0,75 0,63 1,00 0,75 0,81

Aplicabilidade 0,50 0,63 0,63 0,88 0,63 0,63 0,75 0,75 0,75 0,68

Dependência Local 0,50 0,88 0,88 0,88 0,75 0,75 0,63 0,75 0,63 0,74

Escala 0,38 0,88 0,63 0,88 0,88 0,50 0,50 0,88 0,75 0,69

Transferência 0,25 0,38 0,38 0,38 0,38 0,38 0,50 0,50 0,38 0,39

IAN por critério 0,48 0,75 0,75 0,82 0,77 0,66 0,64 0,82 0,66

Critérios

Indicadores

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Bioenergia - 20

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 2 1 2 1 2 2 1 2 0,78

Mensurabilidade 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0,83

Consistência 1 1 1 1 1 2 1 1 2 0,61

Aplicabilidade 1 1 2 1 1 2 1 1 1 0,61

Dependência Local 2 2 1 2 2 2 1 1 2 0,83

Escala 2 1 2 1 2 2 1 1 2 0,78

Transferência 1 2 2 2 1 2 2 1 2 0,83

IAN por critério 0,71 0,79 0,79 0,79 0,71 1,00 0,64 0,50 0,86

Indicadores

Critérios

Bioenergia - 21

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 2 1 2 1 1 1 2 1 0,67

Mensurabilidade 0 1 2 1 1 1 1 1 1 0,50

Consistência 0 1 0 2 2 1 1 2 1 0,56

Aplicabilidade 1 1 2 2 1 1 1 2 2 0,72

Dependência Local 2 1 2 1 1 1 2 2 1 0,72

Escala 1 2 1 2 1 1 1 1 1 0,61

Transferência 1 2 1 2 2 1 1 1 0 0,61

IAN por critério 0,43 0,71 0,64 0,86 0,64 0,50 0,57 0,79 0,50

Indicadores

Critérios

Bioenergia - 22

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 1 2 1 1 1 1 2 2 0,67

Mensurabilidade 1 1 2 1 1 1 2 2 2 72

Consistência 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0,50

Aplicabilidade 1 1 1 1 1 0 0 0 1 0,39

Dependência Local 2 1 2 2 1 2 2 2 0 0,83

Escala 1 1 1 1 1 2 1 1 2 0,67

Transferência 1 1 1 1 0 1 0 1 1 0,33

IAN por critério 0,57 0,50 0,71 0,57 0,43 0,57 0,50 0,79 0,71

Indicadores

Critérios

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Indicadores escolhidos por área

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 3 5 4 5 3 4 4 5 5 38

Mensurabilidade 3 4 6 4 4 4 4 4 4 37

Consistência 2 3 2 4 4 4 3 4 4 30

Aplicabilidade 3 3 5 4 3 3 2 4 4 31

Dependência Local 6 4 5 5 4 5 5 5 4 43

Escala 4 4 4 4 4 5 3 4 5 37

Transferência 3 5 4 4 3 4 3 3 3 32

IAN por critério 24 28 30 30 25 29 24 29 29

Indicadores

Critérios

Pontuação dos Indicadores e critérios

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 0,5 0,83 0,67 0,83 0,5 0,67 0,67 0,83 0,83 0,70

Mensurabilidade 0,5 0,67 1 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,69

Consistência 0,33 0,50 0,33 0,67 0,67 0,67 0,50 0,67 0,67 0,56

Aplicabilidade 0,5 0,5 0,83 0,67 0,5 0,5 0,33 0,67 0,67 0,57

Dependência Local 1 0,67 0,83 0,83 0,67 0,83 0,83 0,83 0,67 0,80

Escala 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67 0,83 0,50 0,67 0,83 0,69

Transferência 0,5 0,83 0,67 0,67 0,5 0,67 0,5 0,5 0,5 0,59

IAN por critério 0,57 0,67 0,71 0,71 0,60 0,69 0,57 0,69 0,69

Indicadores

Critérios

Biodiversidade - 8

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 2 1 2 1 0 1 2 1 2 0,67

Mensurabilidade 2 1 2 0 1 1 2 2 2 0,72

Consistência 2 1 2 0 0 1 2 1 2 0,61

Aplicabilidade 2 1 2 0 0 1 2 1 1 0,56

Dependência Local 2 1 2 1 1 1 2 2 2 0,78

Escala 2 1 2 1 0 1 2 2 1 0,67

Transferência 2 1 2 1 0 1 2 1 1 0,61

IAN por critério 1 0,5 1 0,29 0,14 0,5 1 0,71 0,79

Indicadores

Critérios

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Biodiversidade - 11

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 1 0 1 0 1 1 1 2 0,44

Mensurabilidade 2 1 1 1 1 1 1 1 1 0,56

Consistência 1 1 0 1 0 1 1 1 1 0,39

Aplicabilidade 1 1 0 1 0 1 1 1 2 0,44

Dependência Local 1 1 0 1 0 1 1 1 1 0,39

Escala 1 1 0 1 0 1 1 1 1 0,39

Transferência 1 1 0 1 0 1 1 1 1 0,39

IAN por critério 0,57 0,50 0,07 0,50 0,07 0,50 0,50 0,50 0,64

Indicadores

Critérios

Biodiversidade - 12

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 1 0 2 1 1 1 2 2 1 0,61

Mensurabilidade 0 1 2 1 0 1 2 1 2 0,56

Consistência 0 1 1 1 0 0 2 2 2 0,50

Aplicabilidade 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0,17

Dependência Local 2 1 0 2 2 2 1 1 0 0,61

Escala 2 1 0 2 2 2 1 1 0 0,61

Transferência 0 0 1 0 0 1 1 2 2 0,39

IAN por critério 0,43 0,29 0,50 0,50 0,43 0,50 0,64 0,64 0,50

Indicadores

Critérios

Indicadores escolhidos

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 4 2 4 3 1 3 5 4 5 31

Mensurabilidade 4 3 5 2 2 3 5 4 5 33

Consistência 3 3 3 2 0 2 5 4 5 27

Aplicabilidade 4 2 3 1 1 2 3 2 3 21

Dependência Local 5 3 2 4 3 4 4 4 3 32

Escala 5 3 2 4 2 4 4 4 2 30

Transferência 3 2 3 2 0 3 4 4 4 25

IAN por critério 28 18 22 18 9 21 30 26 27

Indicadores

Critérios

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Pontuação dos indicadores e critérios

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 0,67 0,33 0,67 0,50 0,17 0,50 0,83 0,67 0,83 0,57

Mensurabilidade 0,67 0,50 0,83 0,33 0,33 0,50 0,83 0,67 0,83 0,61

Consistência 0,50 0,50 0,50 0,33 0,00 0,33 0,83 0,67 0,83 0,50

Aplicabilidade 0,67 0,33 0,50 0,17 0,17 0,33 0,50 0,33 0,50 0,39

Dependência Local 0,83 0,50 0,33 0,67 0,50 0,67 0,67 0,67 0,50 0,59

Escala 0,83 0,50 0,33 0,67 0,33 0,67 0,67 0,67 0,33 0,56

Transferência 0,50 0,33 0,50 0,33 0,00 0,50 0,67 0,67 0,67 0,46

IAN por critério 0,67 0,43 0,52 0,43 0,21 0,50 0,71 0,62 0,64

Indicadores

Critérios

Soma de todas as áreas

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 15 18 17 20 15 17 20 21 20 163

Mensurabilidade 16 19 23 17 17 19 19 20 19 169

Consistência 15 18 17 19 16 18 17 21 20 161

Aplicabilidade 16 14 18 16 13 14 15 16 17 139

Dependência Local 20 18 18 21 18 20 18 20 17 170

Escala 17 18 15 19 16 18 15 20 18 156

Transferência 13 15 15 14 10 15 15 16 15 128

IAN por critério 15 18 17 20 15 17 20 21 20

Indicadores

Critérios

Média de todas as áreas

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representatividade 0,63 0,75 0,71 0,83 0,63 0,71 0,83 0,88 0,83 0,82

Mensurabilidade 0,67 0,79 0,96 0,71 0,71 0,79 0,79 0,83 0,79 0,85

Consistência 0,63 0,75 0,71 0,79 0,67 0,75 0,71 0,88 0,83 0,81

Aplicabilidade 0,67 0,58 0,75 0,67 0,54 0,58 0,63 0,67 0,71 0,70

Dependência Local 0,83 0,75 0,75 0,88 0,75 0,83 0,75 0,83 0,71 0,86

Escala 0,71 0,75 0,63 0,79 0,67 0,75 0,63 0,83 0,75 0,79

Transferência 0,54 0,63 0,63 0,58 0,42 0,63 0,63 0,67 0,63 0,65

IAN por critério 0,67 0,71 0,73 0,75 0,63 0,72 0,71 0,80 0,75

Indicadores

Critérios

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO ENVIADO AOS ESPECIALISTAS

Att:

Prezada Senhora,

Temos a honra em convidá-la para participar no Projeto de Mestrado Intitulado

“Impactos Ambientais da Produção de Biodiesel de Dendê no Estado da Bahia: Aplicação de

Indicadores de Uso da Terra na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)”, na qualidade de

especialista dentro de uma consulta utilizando o método Delphi, para orientar a escolha do(s)

melhor(es) indicador(es) para a categoria de impacto perda da biodiversidade.

O referido projeto tem como objetivo geral: Avaliar indicadores ambientais

relacionados à categoria de impacto uso da terra na avaliação ambiental do biodiesel do óleo

de dendê produzido no estado da Bahia Brasil, e objetivos específicos:

- Levantar os principais indicadores utilizados na avaliação da categoria ambiental uso

da terra;

- Selecionar os principais indicadores chaves para a avaliação da qualidade dos

ecossistemas e da perda de biodiversidade;

- Escolher um dos indicadores para conduzir um estudo de ACV para o biodiesel de

óleo de dendê produzido na região Sul do Estado da Bahia.

Informo que o método Delphi prevê o anonimato do especialista em todas as fases da

pesquisa e que, caso a senhora aceite participar, disporá de 15 dias para emitir a sua opinião.

O tempo para resposta às perguntas está estimado entre 60 e 90 minutos.

Gostaríamos também de solicitar a sua indicação de possíveis pesquisadores da área

que pudéssemos contatar para participar da pesquisa.

Agradecendo antecipadamente a sua atenção e disponibilidade,

Atenciosamente,

Rita de Cássia Silva Braga e Braga

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Formulário para escolha dos indicadores para avaliar a categoria de impacto perda da

biodiversidade.

Dados cadastrais do especialista

Nome completo:

Endereço de email: Telefone

Formação Acadêmica: Titulação:

Instituição(ões) à(s) qual(is) está vinculado:

Sobre o método Delphi

O método Delphi consiste na consulta a especialistas acerca de determinado por meio de um

questionário que pode ou não ser até que haja convergência das respostas. O Delphi, parte da

hipótese de que o julgamento coletivo traz resultados mais satisfatórios que a resposta de um

só indivíduo.

Em linhas gerias o método Delphi é uma técnica para a busca de um consenso de opiniões de

um grupo de especialistas acerca de eventos futuros.

Diante da importância de se identificar indicadores ambientais capazes de avaliar os efeitos da

mudança no uso da terra na biodiversidade, esse instrumento pretende consultar especialistas

nacionais e internacionais que trabalham com Análise do Ciclo de Vida (ACV), na literatura

internacional conhecido com Life Cycle Assessment (LCA) Ecologia e Conservação, a fim de

selecionar o indicador ou os indicadores mais adequados para esse fim.

O presente questionário objetiva avaliar indicadores considerando uma série de características

propostas em (Milá i Canals, 2003). Foram pré-selecionados cinco (05) indicadores, dentre

mais de uma dezena encontrados na literatura. A pré-escolha considerou o potencial de

aplicação do indicador para avaliação da perda biodiversidade dentro de um estudo de ACV e

a disponibilidade de informações e recursos para realizar um estudo de caso para o óleo de

dendê no Estado da Bahia.

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Orientações para a avaliação dos indicadores:

1. Dentre os indicadores propostos no quadro 1, na sua opinião qual ou quais são os mais

apropriados para avaliar a perda da biodiversidade? Utilizar como critério para

avaliação as características desejáveis para um indicador propostos em (Milá i Canals,

2003).

2. Além dos indicadores para avaliação da biodiversidade propostos para este estudo, a

Sra sugeriria algum outro indicador que tenha interesse para ACV de

biocombustíveis? Em caso positivo, favor incluí-lo como “I6“ e utilizar a última

coluna do quadro 1 para avaliar a sua pertinência com relação aos atributos propostos.

Quadro A: Matriz para escolha dos indicadores

Indicadores

Critérios

I1 I2 I3 I4 I5 I6

Representatividade [1] [2] [1] [2] [2] [Código]

Mensurabilidade [2] [2] [2] [2] [1] [Código]

Consistência [2] [2] [2] [2] [2] [Código]

Aplicabilidade [2] [2] [2] [2] [1] [Código]

Dependência Local [1] [1] [1] [2] [2] [Código]

Escala [2] [2] [2] [2] [1] [Código]

Transferência [2] [2] [2] [2] [2] [Código]

Legenda: 0 = Não aplicável; 1 = Parcialmente Aplicável; 2 = Aplicável

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Características desejáveis para um indicador (Milá i Canals, 2003):

Representatividade – Avalia o quão representativo é o indicador para avaliar a categoria

ambiental uso da terra (“land use”) no aspecto perda de biodiversidade (“loss of

biodiversity”);

Mensurabilidade – como todo indicador, ele deve possibilitar uma avaliação quantitativa dos

atributos relevantes quanto a degradação ou proteção da biodiversidade;

Consistência – devem ser consistentes com a estrutura de Avaliação de Impacto do Ciclo de

Vida (AICV) e com os objetivos e escopo definidos para o estudo.

Aplicabilidade – as informações necessárias à sua aplicação devem estar disponíveis e serem

de simples uso, possibilitando ser utilizada por não especialistas em biodiversidade.

Dependência local – os indicadores devem refletir a dependência local associada á

biodiversidade, e serem relevantes para os objetivos do estudo.

Escala - Os indicadores devem trabalhar numa escala adequada de modo a atender os

objetivos e escopo do estudo.

Transferência - Numa ferramenta de aplicação global como a ACV, os indicadores usados

devem ser transferíveis e aceitos internacionalmente, permitindo a comparação de estudos

realizados em diferentes situações, como por exemplo, possibilitar a comparação de

biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas cultivadas em diferentes ecossistemas

(óleo de dendê na Amazônia, óleo de soja no Cerrado e Girassol na Patagônia Argentina).

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Quadro 2: Indicadores de biodiversidade pré-selecionados

Breve descrição dos indicadores

I1 O indicador Diversidade de espécies de plantas vasculares: proposto por Lindeijer, (2000)

propõe que a biodiversidade de uma determinada área seja medida utilizando a diversidade

(número de espécies ou riqueza) de plantas vasculares.

I2 Weidema e Lindeijer (2001) propõe avaliar a perda de biodiversidade medindo a riqueza de

espécies por meio de dois fatores: a escassez inerente do ecossistema , que é expressa como o

inverso do potencial de área que poderia ser renaturalizada caso não houvesse nenhuma

atividade; e a vulnerabilidade do ecossistema indicado pelo número relativo de espécies

afetadas por uma mudança na área do ecossistema expressa numa relação espécie-área. Aliado

a isso propõe a combinação desse fatores para chegar a um indicador adequado de

biodiversidade, de forma quantitativa e qualitativa.

Os autores afirmam que a medida mais simples para avaliar a biodiversidade é a riqueza de

espécies, ou seja, o número de espécies por região.

Para normalizar SR (riqueza de espécies) de modo que o valor da menor pontuação seja a

unidade do ecossistema, divide-se pela riqueza de espécies de plantas vasculares mínimas

chegando a: nSR = SR/SRmin;

Escassez do ecossistema - quanto menor for a área de um ecossistema mais escasso ele se

apresenta, isso implica que a escassez inerente de um ecossistema pode ser expressa por uma

relação inversa entre a área potencial do ecossistema, resultando na seguinte fórmula: ES =

1/Apot

Código Indicadores propostos Autores

I1 Diversidade de espécies de plantas

vasculares

Lindeijer (2000)

I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez

inerente do ecossistema (ES), a

vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) –

combinados com a qualidade da

biodiversidade (Q biodiversidade)

Weidema & Lindeijer (2001)

I3 Proporção de espécies de aves e

mamíferos que estão ameaçadas ou em

perigo de extinção

Schenck (2006)

I4

Riqueza de Espécies (SR), escassez do

ecossistema (ES) e condições para

manutenção da biodiversidade (CMB)

Michelsen (2008)

I5 Riqueza de espécies de plantas

vasculares por área ocupada e

transformada

Schmidt, 2008

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Vulnerabilidade do Ecossistema – quanto maior for a ocupação de área do ecossistema, mais

vulnerável e estressado ele é, assim, assumimos que o número de espécies são um bom

substituto para avaliar a biodiversidade de um local. A vulnerabilidade dos ecossistemas

deverá indicar o número relativo de espécies afetadas por uma mudança na área do

ecossistema. Expressos pela curva espécie área

Combinando os fatores de biodiversidade

Para se chegar a um índice de biodiversidade os três fatores são combinados através da

mutiplicação, de forma a refletir a qualidade da biodiversidade.

Qbiodiversity = nSRa * nESb * nEVc

I3 O indicador proposto por Schenk, 2006 sugere como indicador para avaliação da

biodiversidade de uma determinada área, que seja analisada a proporção de espécies de aves e

mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção e para isso utiliza o livro vermelho

da fauna ameaçada de extinção.

I4 Michelsen (2008) propõe avaliar a biodiversidade indiretamente a partir de três fatores: a

escassez do ecossistema (ES), vulnerabilidade do ecossistema (EV) (Weidema e Lindeijer,

2001) e as condições para a manutenção da biodiveresidade (CMB), sendo a qualidade em um

determinado local e tempo podendo ser avaliada como um produtos desses três fatores.

Q = ES x EV x CMB

De acordo com o autor, os indicadores sobre escassez e vulnerabilidade dos ecossistemas dão informações sobre

o valor intrínseco da biodiversidade de uma área, enquanto o indicador relativo às Condições para Manutenção

Biodiversidade (CMB) oferece informações sobre as condições atuais para a biodiversidade da área, ou seja, se

está intacta ou reduzida.

Para se chegar ao índice para as condições da biodiversidade mantida o autor sugere a identificação dos fatores

chave (KF) (Larsson, 2001) por meio do uso de uma escala

0 = nenhum impacto, 1 = leve impacto, 2 = impacto moderado e 3 = maior impacto.

I5 O indicador proposto por Schimidt, 2008 avalia a riqueza de espécies de plantas vasculares

por área ocupada e transformada e pode ser determinado a partir de curvas de espécie área,

em que se multiplica o número de espécies afetadas por área padrão, estimada em 100m2 a

duração da ocupação e o tempo de renaturalização da transformação associado a um fator de

vulnerabilidade do ecossistema.

Referências

ISO. 2000. ISO 14042:2000. Environmental management. Life cycle assessment. Life

Cycle impact assessment. International Organisation for Standardisation (ISO). (Switzerland).

LINDEIJER, E. 2000b. Biodiversity and life support impacts of land use in LCA. Journal

of Cleaner Production 8: 313-319, 2000.

CANALS, LM. (2003): Contributions to LCA Methodology for Agricultural Systems:

Site-dependency and soil degradation impact assessment. PhD thesis, Barcelona, Spain,

Autonomous University of Barcelona. Available at <http://www.tdx.cesca.es/ TDX-1222103-

154811/>

MICHELSEN, O. 2008. Assessment of land use impact on biodiversity: Proposal of a new

methodology exemplified with forestry operations in Norway Int J LCA 13 (1) 22-3.

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SCHENCK, R.C. 2001. Land Use and Biodiversity Indicators for Life Cycle Impact

Assessment. Int. J. LCA 6(2): 114 – 117. disponível em

http://www.springerlink.com/content/346068w2l142229/ acesso em 08/04/2009

SCHMIDT, J.H (2008b), Development of LCIA Characterization Factors for Land Use

Impacts on Biodiversity. J. of Cl. Production, 16(18), 1929–1942.

WEIDEMA B.P & LINDEIJER E (2001): Physical impacts of land use in product life

cycle assessment. Final report of the EURENVIRON-LCAGAPS subproject on land

use. Department of Manufacturing Engineering and Management, Technical University of

Denmark, Lyngby.

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Avaliação do Ciclo de Vida – ACV (LCA)

A metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida definida pela SETAC (Society of

Environmental Toxicology and Chemistry) como: “o processo objetivo de avaliar as cargas

ambientais associadas com um produto, processo ou atividade através da identificação e

quantificação do uso de energia e matéria e de emissões ambientais, o impacto do uso de

energia e material e das emissões, e a determinação de oportunidades de melhorias

ambientais. A avaliação inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade,

envolvendo extração e processamento de matérias-primas; fabricação, transporte, e

distribuição; uso/ reuso/ manutenção; reciclagem; e disposição final”.

A ISO 14042 (ISO 2000) de forma complementar define ACV como um conjunto de

procedimentos sistemáticos que permite compilar e avaliar as entradas e saídas de materiais

em um sistema e os potenciais impactos ambientais de um produto ou sistema, considerando

todo seu ciclo de vida.

De acordo com esta mesma norma, o ciclo de vida de um determinado produto compreende

etapas consecutivas e interligadas, iniciando-se na fase de aquisição de matéria prima,

passando por todos os processos produtivos chegando até a fase de uso e destinação final do

produto.

No caso específico de produtos de origem agrícola e do ponto de vista da avaliação ambiental

de biocombustíveis, o foco da ACV direciona-se para estudos quem envolvem a mudança no

uso da terra.

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APÊNDICE C - CRITÉRIOS E INDICADORES PRÉ-SELECIONADOS

Características desejáveis para um indicador (Milá i Canals, 2003):

CARACTERÍSTICAS DESCRIÇÃO

Representatividade

Avalia o quão representativo é o indicador para avaliar a categoria

ambiental uso da terra (land use) no aspecto perda de biodiversidade

(loss of biodiversity);

Mensuralidade

Como todo indicador, ele deve possibilitar uma avaliação

quantitativa dos atributos relevantes quanto a degradação ou

proteção da biodiversidade;

Consistência

Devem ser consistentes com a estrutura de Avaliação de Impacto do

Ciclo de Vida (AICV) e com os objetivos e escopo definidos para o

estudo.

Aplicabilidade

As informações necessárias à sua aplicação devem estar disponíveis

e serem de simples uso, possibilitando ser utilizada por não

especialistas em biodiversidade.

Dependência local Os indicadores devem refletir a dependência local associada á

biodiversidade, e serem relevantes para os objetivos do estudo.

Escala Os indicadores devem trabalhar numa escala adequada de modo a

atender os objetivos e escopo do estudo.

Transferência

Numa ferramenta de aplicação global como a ACV, os indicadores

usados devem ser transferíveis e aceitos internacionalmente,

permitindo a comparação de estudos realizados em diferentes

situações, como por exemplo, possibilitar a comparação de

biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas cultivadas

em diferentes ecossistemas (óleo de dendê na Amazônia, óleo de soja

no Cerrado e Girassol na Patagônia Argentina).

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Código Indicadores de Biodiversidade Propostos por:

I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000)

I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez

inerente do ecossistema (ES), a

vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) –

utilizados para avaliar a qualidade da terra em

termos de biodiversidade (Qbiodiversidade).

Weidema & Lindeijer (2001)

I3 Proporção de espécies de aves e mamíferos

que estão ameaçadas ou em perigo de

extinção

Schenck (2006)

I4

Riqueza de Espécies (SR), escassez do

ecossistema (ES) e condições para

manutenção da biodiversidade (CMB).

Michelsen (2008)

I5 Riqueza de espécies de plantas vasculares por

área ocupada e transformada

Schimidt, 2008

I6 Efeitos potenciais sobre um conjunto de

espécies (SPEP)

Kollner, (2003) indicador incluso

por sugestão do especialista 2

I7 Indicadores com base na Complexidade

estrutural dos ecossistemas.

Indicador sugerido pelo

Especialista 8 (2010)

I8 Riqueza de espécies x escassez do

ecossistema x vulnerabilidade do ecossistema

(Adaptado de Weidema, Lindeijer (2001)).

Indicador sugerido pelo

Especialista 11 (2010).

I9 Indicador com base em parâmetros de

espécies e ecossistemas

Indicador sugerido pelo

Especialista 2 (2010)

Breve descrição dos indicadores

I1 - indicador Riqueza de espécies de plantas vasculares: proposto por Lindeijer (2000), o

autor propõe que a biodiversidade de uma determinada área seja medida utilizando a (número

de espécies ou riqueza) de plantas vasculares.

I2 - Weidema e Lindeijer (2001) propõe avaliar a perda de biodiversidade por meio de três

fatores: dois deles referem-se ás características do ecossistema (vulnerabilidade e escassez) o

terceiro se refere a riqueza de espécies. A escassez inerente do ecossistema que é expressa

como o inverso do potencial de área que poderia ser renaturalizada caso não houvesse

nenhuma atividade; e a vulnerabilidade do ecossistema indicado pelo número relativo de

espécies afetadas por uma mudança na área do ecossistema expressa numa relação espécie-

área. Aliado a isso os autores propõem a combinação desses fatores para chegar a um

indicador adequado de biodiversidade, de forma quantitativa e qualitativa.

Os autores afirmam que a medida mais simples para avaliar a biodiversidade é a riqueza de

espécies, ou seja, o número de espécies por região.

Para normalizar SR (riqueza de espécies) de modo que o valor da menor pontuação seja a

unidade do ecossistema, divide-se pela riqueza de espécies de plantas vasculares mínimas

chegando a: nSR = SR/SRmin;

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Escassez do ecossistema - quanto menor for a área de um ecossistema mais escasso ele se

apresenta, isso implica que a escassez inerente de um ecossistema pode ser expressa por uma

relação inversa entre a área potencial do ecossistema, resultando na seguinte fórmula:

ES = 1/Apot

Vulnerabilidade do Ecossistema – quanto maior for a ocupação de área do ecossistema, mais

vulnerável e pressionado ele se apresenta. Desta forma, os autores consideram que o número

de espécies seja um bom indicador para avaliar a biodiversidade de um determinado

ecossistema. A vulnerabilidade dos ecossistemas indica o número relativo de espécies afetadas

por alterações (transformação ou ocupação) no uso da terra, em seu habitat natural, expressos

pela curva “espécie x área” (SCHILLING 2007).

Combinando os fatores de biodiversidade

Para se chegar a um índice de biodiversidade os três fatores são combinados através da

mutiplicação, de forma a refletir a qualidade da terra segundo a perda ou ganho da

biodiversidade, expresso na equação abaixo, resultando no quantitativo de espécies que se

perde por m2

de área ao ano, durante o processo de ocupação.

Qbiodiversity = nSRa * nESb * nEVc

I3 - O indicador proposto por Schenck (2006) sugere como indicador para avaliação da

biodiversidade de uma determinada área a proporção de espécies de aves e mamíferos que

estão ameaçadas ou em perigo de extinção e para isso utiliza o livro vermelho da fauna

ameaçada de extinção (SCHENCK 2006).

I4 - Michelsen (2008) propõe avaliar a biodiversidade indiretamente a partir de três fatores: a

escassez do ecossistema (ES), vulnerabilidade do ecossistema (EV) (Weidema e Lindeijer,

2001) e as condições para a manutenção da biodiversidade (CMB), sendo a qualidade em um

determinado local e tempo podendo ser avaliada como um produto desses três fatores.

Q = ES x EV x CMB

De acordo com o autor, os indicadores sobre escassez e vulnerabilidade dos ecossistemas dão

informações sobre o valor intrínseco da biodiversidade de uma área. Por outro lado, o

indicador relativo às Condições para Manutenção Biodiversidade (CMB) fornece informações

sobre as condições atuais do ecossistema, avaliadas segundo a condição da biodiversidade da

área, ou seja, intacta ou reduzida.

CMB é um índice composto por indicadores conhecidos por serem importantes para a

biodiversidade e para se chegar ao índice para as condições da biodiversidade mantida o autor

sugere a identificação de fatores chave (KF) (Larsson, 2001).

Segundo Souza (2010) o autor dentre 17 fatores-chave (KFi) identificados apenas três são

inicialmente apontados para se avaliar as florestas da Europa. Sendo: a quantidade de madeira

em decomposição; a percentagem de áreas abandonadas e a introdução de espécies de árvores

exóticas, assim sendo, cada fator-chave é analisado de acordo com dois parâmetros e para

cada um desses, é construída uma escala de pontuação numérica, que consiste em 0 = a nenhum

impacto, 1 = leve impacto, 2 = impacto moderado e 3 = maior impacto.

I5 - O indicador proposto por Schmidt (2008) avalia a riqueza de espécies de plantas

vasculares por área ocupada e transformada e pode ser determinado a partir de curvas de

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espécie x área. Para tanto, o número de espécies afetadas por área padrão, estimada em 100m2

é multiplicado pela duração da ocupação. Já o tempo de renaturalização da terra associado a

um fator de vulnerabilidade do ecossistema.

I6 - Kollner (2003) estabelece uma relação entre o uso da terra e a qualidade ambiental e para

isso utiliza como indicadores a diversidade de espécies de plantas vasculares, associada aos

diferentes tipos de uso da terra e a um fator de vulnerabilidade do ecossistema.

Köllner (2003) citado por Souza (2010) propõe a modelagem de impactos do uso da terra,

segundo a diversidade de espécies. Para tanto, são definidos fatores de caracterização para as

escalas local e regional, para 30 tipos de uso da terra e oito diferentes intensidades de uso.

O dano total ao ecossistema, resultante das análises de dano regional e local, é finalmente

expresso através da perda da diversidade de espécies de plantas vasculares que ocorrem em

certa região, o autor utiliza o termo “regional species pool” para expressar o conjunto de

espécies de uma determinada região.

I7 - O especialista 8 propõe um indicador com base na Complexidade estrutural dos

ecossistemas, conforme destacam MacArthur & MacArthur (1961) cujos estudos mostram a

existência de uma relação positiva entre a diversidade de aves e habitat complexidade

estrutural. De acordo com a hipótese da complexidade do hábitat "(Simpson 1949) tem sido

geralmente assumida uma ligação entre as oportunidades de nicho e a diversidade local de

espécies (August, 1983).

Em uma recente revisão sobre os estudos que avaliam a relação da heterogeneidade de habitat

e a diversidade de espécies, Tews et al. (2004) mostrou que a maioria das pesquisas sobre o

tema relatou a existência de relações positivas, e as variações sobre este resultado podem ser

atribuídas, principalmente, a dois fatores: a diferenças na maneira como as diferentes espécies

ou grupos biológicos percebem seus habitats, e a escala na qual os estudos são desenvolvidos

(Atauri & Lucio, 2001).

I8 - O especialista 11 propôs um indicador modificado baseado nos critérios para indicação de

Hotspots (Myers 2000) e no indicador proposto por Weidema e Lindeijer (2001). O indicador

para avaliar a perda de diversidade será é a riqueza de espécies x escassez do ecossistema x

vulnerabilidade do ecossistema.

Riqueza de espécies: número total de espécies de plantas vasculares na área (Sr)/Srmin

Escassez do ecossistema: 1/ proporção de área remanescente do ecossistema

Vulnerabilidade: número de espécies endêmicas e (ou) ameaçadas/número total de espécies.

I9 - O especialista 2 propõe a construção de um indicador com base parâmetros relacionados a

espécies e ecossistemas. A escala de resolução espacial do modelo é para escorregões

brasileiras, definidas segundo (OLSON et al. 2001).

Em relação a espécies, foram considerados o grau de endemismo e o grau de ameaça, para

cada uma das ecorregiões brasileiras. O grau de ameaça é obtido através da Lista Vermelha de

espécies em extinção, segundo a IUCN (2001). No que tange aos ecossistemas, foram

definidos o grau de escassez e o grau de vulnerabilidade da ecorregião.

Ao contrário de outros modelos em ACV, a autora utiliza dados de riqueza de espécies de

vertebrados pertencentes a quatro classes do filo chordata: (i) Mammalia (mamíferos); (ii)

Reptilia (répteis); (iii) Aves; e (iv) Amphibia (anfíbios), disponibilizados pelo WWF (2009).

Os tipos de uso da terra empregados foram àqueles definidos pelo IBGE (IBGE, 2006). A

distinção entre os impactos de transformação e ocupação é realizada segundo Milà i Canals et

al. (2007) e Weidema e Lindeijer (2001). Como referência para a comparação dos impactos

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resultantes do uso da terra, Souza (2010) utiliza a situação próxima do natural, definida por

cenários de recuperação da terra: a vegetação natural potencial. Os tempos de recuperação

estimados para cada um dos biomas do Brasil são estimados, baseado em Köllner (2003

Referências

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richness distribution of birds, amphibians, reptiles and lepidopterans in Mediterranean

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IBGE, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Uso da

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ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursosnaturais/usodaterra/manualusodaterra.pdf>.

Acesso em: 23 fev. 2010.

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Ambiental) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal

de Santa Catarina. Florianópolis, 2010.

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Denmark, 2001 (EUREKA Project EU-1296, IPL-033-01).

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APÊNDICE D - ESPECIALISTAS PARTICIPANTES DA CONSULTA DELPHI

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APÊNDICE E - RETORNO DA 1ª RODADA DELPHI

Att:

Prezado Senhor,

Agradecemos a sua participação como um dos especialistas da área de Dendê na

consulta Delphi do Projeto de Mestrado intitulado “Impactos Ambientais da Produção de

Biodiesel de Dendê no Estado da Bahia: Aplicação de Indicadores de Uso da Terra na

Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)”, com o objetivo de orientar a escolha do(s) melhor(es)

indicador(es) de perda de biodiversidade para aplicação em Avaliação de Impactos do Ciclo

de Vida (AICV) na categoria ambiental uso da terra (Land use).

A consulta Delphi prevê a possibilidade de realização de mais de uma rodada, até que

os objetivos previstos na pesquisa sejam alcançados. Tendo como base para sua reavaliação,

estou enviando um retorno sintético da rodada anterior, onde foram consultados 22

especialistas de quatro áreas de conhecimento, tendo obtido retorno de 16 respondentes. Nesta

2ª rodada o Senhor terá oportunidade de reavaliar sua posição frente a opinião média de todos

os especialistas e dos especialistas da sua área de conhecimento.

Esperando continuar contando com sua preciosa colaboração, agradeço

antecipadamente a sua atenção e disponibilidade,

Atenciosamente,

Rita de Cássia Silva Braga e Braga

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1. Síntese dos resultados preliminares da 1ª rodada

Após receber o retorno dos questionários, os dados foram tabulados e analisados em conjunto,

considerando uma comparação entre a avaliação do especialista 16 (Dr. José Stanley com os

valores médios do grupo de especialistas em dendê e com todos os especialistas estão

apresentados nas Figuras 1 e 2.

Figura 1: Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade - IA) dos

indicadores de biodiversidade do especialista 16 com a média do grupo e de todas as áreas por

indicador (variando de 0 (não aplicável) até 1 (aplicável)).

Observa-se na Figura 1, que o IA proposto pelos especialistas em Dendê não apresentou

variação significativa se comparado à média de todos os especialistas para I1, I2, I3, e I4, sendo o

I5 o maior IA. Enquanto a avaliação do especialista 16 foi nitidamente superior para todos os

cinco indicadores. Considerando todas as áreas no seu conjunto (dezesseis especialistas) o IA

não indicou favorecimento de nenhum indicador em específico, variando entre 60 e 70% para

todos os cinco indicadores. Os especialistas em dendê indicaram o favorecimento do I5

ficando com um índice acima de 80%, enquanto o Especialista 16 foi claramente favorável a

todos os cinco indicadores variando entre 80 - 90%.

Figura 2: Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IA) dos

indicadores de biodiversidade do especialista 16 com a média do grupo e de todas as áreas por

critério (variando de 0 (não aplicável) até 1 (aplicável)).

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

I1 I2 I3 I4 I5

Especialista

Dendê

Todas as áreas

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

Represent. Measurab. Consist. Applicab. Local Depend. Scale Transferab.

Especialista

Dendê

Todas as áreas

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Observa-se na Figura 2, que o IA proposto pelos especialistas em dendê foi ligeiramente

superior ao da média de todos os especialistas para os critérios (Mensurabilidade,

Consistência e Escala), ligeiramente inferior para os critérios Aplicabilidade e Dependência

local e para os critérios (Representatividade e Transferabilidade, não houve variação. O IA

do especialista 16 foi nitidamente superior para os critérios Representatividade,

Mensurabilidade, Consistência Dependência Local e Escala (100%),equilibrado para os

critérios Aplicabilidade e Transferabilidade (50 - 70%) , Considerando todas as áreas no seu

conjunto (dezesseis especialistas) o IA indicou a Dependência local como o critério com

maior aplicabilidade (~75%), divergindo com a avaliação dos especialistas em dendê que o IA

indicou os critérios Mensurabilidade e Escala (~ 80 - 90%) e do especialista 16 que indicou

os critérios Representatividade, Mensurabilidade, Consistência Dependência Local e Escala

(100%) e foi desfavorável ao critério Aplicabilidade com IA 50%.

2. 2ª Rodada da consulta Delphi

2.1 Orientações para avaliação dos indicadores:

3. Dentre os 05 (cinco) indicadores propostos inicialmente (Quadro 1), mais 03 (três)

indicadores incluídos a partir da 1ª rodada, avalie, com base nos critérios propostos

por (Milá i Canals, 2003), o(s) indicador(es) mais apropriados para avaliar a perda da

biodiversidade.

4. Além da escolha do(s) indicadores, o (a) Sr(a) pode comentar sobre qualquer aspecto

relativo à pesquisa?

Quadro 2. Matriz para seleção dos indicadores do especialista 16 – 2ª Rodada

Indicators

Criteria

I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

Representativeness [] [] [] [] [] [] [] [] []

Measurability [] [] [] [] [] [] [] [] []

Consistency [] [] [] [] [] [] [] [] []

Applicability [] [] [] [] [] [] [] [] []

Local Dependency [] [] [] [] [] [] [] [] []

Scale [] [] [] [] [] [] [] [] []

Transferability [] [] [] [] [] [] [] [] []

Legenda: 0 = não aplicável; 1 = parcialmente aplicável; 2 = aplicável

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APÊNDICE F - ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Indicador I (I1)

Resultados

Tamanho da amostra (n) = 13

Número de sinais positivos = 5

Número de sinais negativos = 4

Número de escores empatados = 4

p (Binomial) = 0.5000

Poder do teste = 0.5000

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Indicador II (I2)

Resultados

Tamanho da amostra (n) = 13

Número de sinais positivos = 5

Número de sinais negativos = 4

Número de escores empatados = 4

p (Binomial) = 0.5000

Poder do teste = 0.5000

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Indicador III (I3)

Resultados

Tamanho da amostra (n) = 13

Número de sinais positivos = 5

Número de sinais negativos = 5

Número de escores empatados = 3

p (Binomial) = 0.6230

Poder do teste = 0.6241

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Indicador IV (I4)

Resultados

Tamanho da amostra (n) = 13

Número de sinais positivos = 5

Número de sinais negativos = 6

Número de escores empatados = 2

p (Binomial) = 0.5000

Poder do teste = 0.5000

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Indicador V (I5)

Resultados

Tamanho da amostra (n) = 13

Número de sinais positivos = 6

Número de sinais negativos = 3

Número de escores empatados = 4

p (Binomial) = 0.2539

Poder do teste = 0.7475