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UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ILHÉUS, BAHIA 2002 QUALIDADE E USO DOS ESPAÇOS URBANOS COMO INSTRUMENTO FOMENTADOR DE TURISMO E GERADOR DE DESENVOLVIMENTO NA CIDADE DE ILHÉUS - BAHIA MARIA LÍCIA SILVA QUEIROZ

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UESC

Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

ILHÉUS, BAHIA 2002

QUALIDADE E USO DOS ESPAÇOS URBANOS COMO INSTRUMENTO

FOMENTADOR DE TURISMO E GERADOR DE DESENVOLVIMENTO NA CIDADE DE

ILHÉUS - BAHIA

MARIA LÍCIA SILVA QUEIROZ

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Fonte: Dados do IBGE, 2000, citado por SEI, 2007c. Adaptado.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

QUALIDADE E USO DOS ESPAÇOS URBANOS COMO INSTRUMENTO FOMENTADOR DE TURISMO E GERADOR DE DESENVOLVIMENTO NA CIDADE DE ILHÉUS - BAHIA.

MARIA LÍCIA SILVA QUEIROZ

ILHÉUS - BAHIA 2002

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MARIA LÍCIA SILVA QUEIROZ

QUALIDADE E USO DOS ESPAÇOS URBANOS COMO INSTRUMENTO FOMENTADOR DE TURISMO E GERADOR DE DESENVOLVIMENTO NA

CIDADE DE ILHÉUS - BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Guerreiro de Freitas

Co-orientador: prof. Dr. Flávio Pietrobon Costa

ILHÉUS - BAHIA 2002

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III

A minha vó Anna (in memoriam),

por tudo que me ensinou, e ainda ensina...

por tudo que me amou, e ainda ama...

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IV

AGRADECIMENTOS

A DEUS, sem o consentimento do Qual nem minha própria vida seria possível, e ao

UNIVERSO, que conspira a meu favor.

A meus pais, Antonio e Zizete, e a meus irmãos, Zaca e Liu, por compreenderem as

ausências e me apoiarem sempre, mas especialmente, pelo grande amor que nos une.

A Olimpio, por suas valiosas contribuições desde o pré-projeto até a versão final desta

tese, mas especialmente pelo companheirismo e paciência com que dividiu comigo este

período tão egoísta da vida.

A Terezinha, pelas palavras de incentivo, mas especialmente pela forma maternal de me

acolheu.

Ivete, Marilia, Mulata e Soninha... quatro grandes amigas, quatro grandes torcidas,

quatro grandes corações. Pela acolhida, incentivo e estímulo que recebi de cada uma.

Suzie e Guerreiro, pela confiança que depositaram em mim nos primeiros momentos

deste processo, à qual foi fundamental para o início de tudo.

Flávio e Ana por terem sido muito mais que co-orientador e tutora de estatística, por

terem sido dois grandes apoios e dois grandes incentivadores.

Max e Monica, pelos ombros que serviram de sustentáculo durante toda a trajetória do

mestrado e, especialmente, pela amizade que se consolidou durante este tempo.

Aos professores, pelos novos ensinamentos, pela diversidade de pensamentos e por

participarem do início de um novo trajeto... o que cada um deixou ficará sempre.

Aos colegas de turma que tornaram o tempo de convivência inesquecível, e souberam

deixar saudades. Fica aqui registrado meu desejo de poder revê-los sempre.

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V

A todo o pessoal do NUPPE - Núcleo de Pós-Graduação e Pesquisa da UESC,

especialmente Alzira, Andréa, Zaíra e Isis, pela constante disposição em facilitar, resolver,

colaborar, contribuir e, principalmente, por fazerem tudo isso sempre com um grande sorriso

e um gesto de carinho.

Ao professor Marcelo Ferraz, pelo desprendimento com que compartilhou comigo

alguns dados, para mim muito importantes.

A todos que tão gentilmente me receberam, responderam aos formulários, expuseram

suas opiniões, disponibilizaram seu tempo e contribuíram com este trabalho.

A todos os amigos, pela torcida, preocupação e oferecimentos de ajuda, mas

principalmente por fazerem parte da minha vida.

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VI

SUMÁRIO

LISTAS - de tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VIII

de gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . IX

de figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XI

RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XIII

ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XI

V

01 _ INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

02 _ BREVE PANORAMA LOCAL . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

O legado dos fundadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

O legado da cana-de-açúcar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

O legado do cacau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

O legado dos coronéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

03 _ A ATIVIDADE DO TURISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

04 _ O PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

05 _ METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Levantamento histórico-cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Os eixos da cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Coleta de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Os critérios de seleção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 19

Ferramentas da pesquisa, os formulários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Análise da impressão visual de algumas imagens da cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Tratamento de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

06 _ RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

06.1 _ Perfil da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

A receptividade da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Tempo de atuação no mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

A atividade econômica e seu reflexo no desenvolvimento do comércio local . . .

. 24

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VII

06.2 _ Perfil do turista na percepção da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

O turista de primeira visita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

O tempo de permanência do turista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

A forma de acompanhamento do turista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

A motivação para a viagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

06.3 _ Sazonalidade da atividade turística e interferência na atividade econômica . .

. 30

O turismo de acesso rodoviário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

O turismo de acesso portuário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

O turismo de acesso aeroviário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

A geração de empregos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

06.4 _ Qualidade do espaço urbano: suas deficiências e influências na captação da demanda turística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

A atividade do turismo e o crescimento da população urbana . . . . . . . . . . . . . . . 36

Os serviços de infra-estrutura urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

A potencialidade da cidade e os segmentos do mercado turístico . . . . . . . . . . . . 40

Os locais visitados pelo turista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

As queixas e elogios dos turistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

07 _ AS IMAGENS DA CIDADE HOJE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

08 _ RECEPTIVIDADE DAS INTERVENÇÕES SUGERIDAS . . . . . . . . . . . . . . . 58

No espaço construído . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Que incrementem as manifestações culturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

No espaço natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

09 _ CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Como resultado dos objetivos específicos estipulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Como resultado do objetivo geral estipulado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

Como resultado da hipótese adotada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

APÊNDICE A - formulários aplicados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

APÊNDICE B - quadros de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

ANEXO - alguns conceitos adotados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 _ Receita internacional de exportação e turismo – 1975/1999 . . . . . . . . . . . 9

Tabela 02 _ Receita cambial turística – Brasil (1985/1988) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Tabela 03 _ Percentual de respostas obtidas para cada segmento pesquisado – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Tabela 04 _ Tempo de atuação no mercado, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . 24

Tabela 05 _ Tempo de atuação no mercado, em porcentagem, para as locadoras de veículos – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Tabela 06 _ Local de aquisição dos insumos, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . 24

Tabela 07 _ Frequência de turistas vindos pela primeira vez a ilhéus, em porcentagem, segundo a percepção dos setores de hospedagem e locação de veículos – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Tabela 08 _ Tempo médio de permanência do turista, em porcentagem, segundo a percepção dos pesquisados nos setores de hospedagem e locação de veículos – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Tabela 09 _ Forma de acompanhamento do turista, em porcentagem, segundo a percepção dos pesquisados nos setores de hospedagem e locação de veículos – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Tabela 10 _ Movimentação de transatlânticos no porto do Malhado - Ilhéus/BA, 1993/2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Tabela 11 _ Segmento turístico com potencial no mercado turístico de Ilhéus/BA . . . . 41

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IX

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 _ Receptividade da pesquisa em função da atividade econômica do entrevistado – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Gráfico 02 _ Percepção dos custo dos produtos segundo hotéis e pousadas pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Gráfico 03 _ Percepção dos custo dos produtos segundo barracas de praia pesquisadas – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Gráfico 04 _ Percepção dos custo dos produtos segundo prestadores de serviços de apoio pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Gráfico 05 _ Desembarque de passageiros interestaduais – Ilhéus/BA, 1998/2001 . . . . . 30

Gráfico 06 _ Desembarque de passageiros intermunicipais – Ilhéus/BA, 1998/2001 . . . . 31

Gráfico 07 _ Desembarque de passageiros no Aeroporto Eduardo Gomes - Ilhéus/BA, 1998/2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Gráfico 08 _ Empregos gerados pela atividade turística, segundo percepção dos setores pesquisados, nos períodos do ano entre mar/mai e ago/out – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Gráfico 09 _ Empregos gerados pela atividade turística, segundo percepção dos setores pesquisados, no período do ano entre nov/fev – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . 34

Gráfico 10 _ Empregos gerados pela atividade turística, segundo percepção dos setores pesquisados, no período do ano entre jun/jul – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . 35

Gráfico 11 _ Crescimento populacional – Ilhéus/BA, 1970/1999 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Gráfico 12 _ Qualidade da limpeza urbana na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Gráfico 13 _ Qualidade do transporte público urbano na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

Gráfico 14 _ Qualidade do serviço de táxi na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Gráfico 15 _ Qualidade do serviço de segurança pública na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Gráfico 16 _ Locais visitados pelos turistas, na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Gráfico 17 _ Queixas dos turistas na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

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X

Gráfico 18 _ Elogios dos turistas na percepção dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Gráfico 19 _ Qualificação das intervenções no espaço construído segundo opinião dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Gráfico 20 _ Qualificação das intervenções para o conjunto de igrejas, segundo opinião dos pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Gráfico 21 _ Qualificação das intervenções para novas construções, segundo opinião dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Gráfico 22 _ Qualificação das intervenções incrementadoras das manifestações culturais, segundo opinião dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . 61

Gráfico 23 _ Qualificação das intervenções no espaço natural, segundo opinião dos setores pesquisados – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

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XI

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 _ Ponto de acúmulo de lixo em via pública, bairro Pontal – Ilhéus/BA, 2001. . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Figura 02 _ Estado de conservação da faixa de acostamento, Rod. Pontal/Olivença – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Figura 03 _ Ponto de acúmulo de lixo em terreno baldio às margens da Rod. Pontal/Olivença – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Figura 04 _ Ponto de despejo de esgoto in natura, Praia do Malhado – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Figura 05 _ Canal de escoamento de esgoto “a céu aberto” e ponto de acúmulo de lixo, bairro Malhado – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Figura 06 _ Rótula de distribuição, Av. Antonio Lavigne, Litoral Norte – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Figura 07 _ Apropriação clandestina do espaço, em frente à estação rodoviária – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Figura 08 _ Unidade habitacional clandestina, em frente à estação rodoviária – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 09 _ Terminal urbano de transporte coletivo, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . 52

Figura 10 _ Ocupação da via pública por barracas na Praça Visconde de Cairú, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

52

Figura 11 _ Ocupação da via pública pelo comércio informal na Praça Coronel Pessoa, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Figura 12 _ Barracões do antigo porto na Av. Alm. Aurélio Linhares, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Figura 13 _ Ancoradouro do antigo porto na Av. Alm. Aurélio Linhares, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Figura 14 _ Despejo e acúmulo de lixo às margens da baía do Pontal (sob a ponte Lomanto Junior) – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Figura 15 _ Vista parcial do comércio, rua Marquês de Paranaguá, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Figura 16 _ Edificação de uso comercial, esquina das ruas Marquês de Paranaguá e Prado Valadares, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Figura 17 _ Edificação de uso comercial, rua Dom Pedro II, Centro – Ilhéus/BA, 2001

55

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XII

2001

Figura 18 _ Edificação de uso comercial, rua Marquês de Paranaguá, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Figura 19 _ Edificação de uso comercial, esquina das ruas Marquês de Paranaguá e Dom Pedro II, Centro – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Figura 20 _ Marco de fundação da cidade na praça Cadete, Outeiro de São Sebastião – Ilhéus/BA, 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

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XIII

RESUMO

A qualidade do espaço público é considerada um componente importante no fomento

ao turismo. Com o objetivo de avaliar esta relação entre qualidade do espaço público e

fomento ao turismo para a área urbana do município de Ilhéus-Bahia, foi realizada uma

pesquisa em parte da comunidade ilheense composta por prestadores de serviços de

alimentação, hotéis e pousadas e locadoras de veículos. As agências de viagens emissoras de

turistas foram desconsideradas da pesquisa em função do baixo número de respostas

recebidas. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram formulários, aplicados dois a

cada entrevistado. O critério de seleção da amostra foi baseado na localização do

empreendimento num dos eixos pré-selecionados da cidade e relacionados ao percurso

natural do turista. Os dados foram trabalhados por análise exploratória, organizados em

tabelas de freqüência com o auxílio do pacote estatístico SPSS 10.0. Como resultado foi

observado que a qualidade e uso do espaço público em Ilhéus como fomentador de turismo

encontra-se deficitário, apesar do grande potencial apresentado. Uma das causas desta

deficiência esta na precariedade da prestação dos serviços públicos e na carência de infra-

estrutura urbana, especialmente a carência de equipamentos de apoio e lazer.

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XIV

ABSTRACT

The quality of the public space is considered na important component in the

fomentation to the tourism. With the objective of evaluating this relationship between quality

of the public space and fomentation to the tourist for the urban area of the municipal district

of Ilhéus-Bahia, a research was accomplished in part of the community of Ilhéus composed

by food services, hotels and inns and vehicles location. The travels agencies were not

considered in the research because of the low number of received answers. The instruments

used in the data collection were formularies, applied two to each interviewee. The selection

approach was based on the location or the enterprise in one of the axes pré-selected in the city

related to the natural course of the tourist. The data were worked by exploratory analysis with

the statistical package SPSS 10.0. The quality and use of the public space in Ilhéus as

promoting of tourism is deficient, in spite of the great potential presented. One of the causes

of this deficiency is in the precarious installment of the public services and in the lack of

urban infrastructure, especially in the support and recreation equipments.

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Q3 Queiroz, Maria Lícia Silva. Qualidade e uso dos espaços urbanos como instrumento fomentador de turismo e gerador de desenvolvimento na cidade de Ilhéus - Bahia/ Maria Lícia Silva Queiroz. - Ilhéus: UESC, 2002 xiv, 86f. : il. Orientador: Antônio Guerreiro de Freitas Co-orientador: Flávio Pietrobon Costa Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz/ Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Espaços públicos – Ilhéus (BA). 2. Turismo e planejamento urbano . 3. Espaços públicos – Aspectos ambientais. I. Título. CDD 307.76098142

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01

INTRODUÇÃO

A cidade de Ilhéus, no litoral Sul da Bahia, constitui-se num núcleo urbano de médio porte

com população de 161.898 hab. (SEI, 2000). Sua origem como vila, fundada para ser a sede da

Capitania de mesmo nome, data de 1534, o que “brinda” a cidade hoje com 467 anos de história.

Nesses 467 anos de história Ilhéus passou por conflitos com os indígenas, pelo ciclo do

açúcar, tanto que abriga em suas terras o primeiro engenho da Bahia e pelo cacau, com seus

coronéis e jagunços. Tudo isto alternando períodos de apogeu e decadência.

Hoje o município aparece como o principal portão de entrada para a Costa do Cacau, e

juntamente com a Costa do Dendê e do Descobrimento compõe o cenário turístico do Litoral Sul

da Bahia.

Até o final da década de 80 do século XX a economia local e regional estava baseada na

monocultura do cacau. Com a crise na lavoura cacaueira a região entrou num acelerado processo

de empobrecimento. Esse empobrecimento acabou por estimular a busca pela diversificação

econômica e agrícola, levando ao surgimento de diversos outros empreendimentos e atividades

econômicas, entre elas o turismo.

A adoção do turismo como uma das alternativas de desenvolvimento econômico para a

região parece ser um caminho bastante acertado. Segundo declaração do presidente da

EMBRATUR, Caio de Carvalho, no ano de 2001 o turismo gerou, no Brasil, mais de 10 milhões

de empregos diretos e indiretos, além de ser uma atividade que impacta positivamente cerca de 52

itens da economia municipal ou regional (Radiobras, 2002).

Muito mais que impactos econômicos, o turismo provoca impactos na cultura, na

valorização histórica, no patrimônio natural e construído, no custo do comércio local, na educação

e nas artes. Trata-se de uma atividade abrangente que, segundo Gallero (1999), sustenta-se da

diversidade de lugares, culturas e expressões da vida humana.

Por ser uma atividade tão abrangente, as comunidades receptoras precisam estar preparadas

e estruturadas para implementar o turismo e receber bem o turista. Seus impactos, quando

positivos, contribuem para o desenvolvimento local e regional seja nas artes e na cultura, na

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valorização da história e do folclore, na preservação do acervo arquitetônico e natural, enfim,

contribuem para a preservação e o desenvolvimento racional da comunidade.

Em contraponto seus impactos, quando negativos, podem deteriorar o que há de diferencial e

tradicional no lugar. Como este diferencial, em geral, constitui o elemento impulsionador da

atividade turística, o impacto negativo acaba comprometendo a qualidade e capacidade de

manutenção da própria atividade turística. Segundo Arlete Rodrigues (1999), trata-se de um

processo que se inicia pelas transformações dos espaços.

Dentro da atividade turística os benefícios recebidos pela comunidade receptora dependem

diretamente da qualidade dos serviços prestados “em um entorno agradável” (Ascanio, 1998). Este

entorno significa também espaço público, logo, os benefícios do turismo estão relacionados com a

qualidade e o uso dos espaços públicos.

Neste trabalho, buscou-se avaliar a qualidade e o tipo de uso dos espaços públicos urbanos

na cidade de Ilhéus, tendo como referência sua provável capacidade fomentadora de turismo.

Serviu de base para a pesquisa parte dos prestadores de serviços em hotelaria, alimentação e

locação de veículos. Verificou se que os espaços urbanos, e seu tipo de uso, são efetivos

instrumentos fomentadores de turismo, embora na realidade específica de Ilhéus estes espaços têm

sua capacidade de fomento prejudicada em função da sua baixa qualidade.

A dissertação está dividida em 09 capítulos abordando os seguintes temas: capítulo 01,

‘introdução’, contém um apanhado geral do trabalho; capítulo 02, ‘breve panorama local’, aborda,

de forma geral e sucinta, a história de fundação da cidade, das duas principais culturas agrícolas da

região, da formação da sociedade local, relacionando-os com o potencial turístico local; capítulo

03, ‘a atividade do turismo’, aborda a evolução e o desenvolvimento da atividade turística e inter-

relaciona turismo com meio ambiente, economia e manifestações histórico-culturais nas

comunidades destino; capítulo 04, ‘o problema’, associa a qualidade do espaço urbano e as

interferências da cacauicultura com as condições de oferta e o processo de desenvolvimento do

turismo no município de Ilhéus; capítulo 05, ‘metodologia’, descreve o método adotado, a forma

de levantamento e os instrumentos de coleta dos dados, os critérios de seleção da amostra, dos

eixos e das imagens da cidade e o tratamento estatístico dos dados; capítulo 06, ‘resultados e

discussão’, apresenta e discute os dados obtidos com a pesquisa; capítulo 07, ‘as imagens da

cidade’, analisa indiretamente a qualidade dos espaços urbanos através de imagens fotográficas da

cidade, registradas nas principais vias de distribuição e locomoção dos turistas; capítulo 08,

‘receptividade das intervenções sugeridas’, analisa a aceitação, da amostra pesquisada, para

possíveis intervenções no espaço construído e natural e para ações de incremento às manifestações

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culturais, com o intuito de inferir o grau de aceitação da comunidade como um todo e capítulo 09,

‘considerações finais’, concluindo a dissertação, referencia os resultados encontrados com cada

um dos objetivos específicos, com o objetivo geral e com a hipótese levantada no início do

trabalho.

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02

BREVE PANORAMA LOCAL

Em 1534, na faixa costeira das terras recém descobertas pelos portugueses, o Brasil, foi

fundada a Vila de São Jorge dos Ilhéus como sede da Capitania de mesmo nome, doada ao

português Jorge de Figueiredo Correia, seu primeiro donatário. Como este jamais abandonou a

côrte portuguesa, a incumbência de concretizar a ocupação da capitania e fundação da vila ficou a

cargo do castelhano Francisco Romero, que veio para o Brasil como representante de Jorge

Correia (Silva, 1994).

Como as principais cidades litorâneas fundadas sob o domínio português nos séculos XVI e

XVII, Ilhéus foi situada na foz de um grande rio e desenvolveu-se sobre uma elevação topográfica,

no caso o rio Cachoeira e o outeiro de São Sebastião, respectivamente. O núcleo urbano primitivo

desenvolveu-se em dois níveis: a cidade alta que abrigava os poderes civil e religioso, e a cidade

baixa que abrigava o porto e o centro comercial (Macêdo e Ribeiro, 1999). Em 28 de junho de

1881 a vila foi oficialmente elevada à categoria de cidade.

Hoje, a antiga vila tornou-se um núcleo urbano de referência regional. O município abriga

uma população de 254.970 habitantes numa extensão territorial de 1.847,7 km2 (SEI, 2000).

Situado na microrregião cacaueira, a uma distância de 465 km da capital do Estado, o acesso pode

ser feito por qualquer uma das três principais vias de locomoção do país que são: via aérea, pelo

aeroporto Eduardo Gomes; via marítima, pelo porto do Malhado e pelas rodovias BR 415, BA 001

e BA 262.

Analisando Ilhéus com vistas ao turismo tem-se que: seus diferentes meios de acesso

dinamizam o chegar e sair dos visitantes; sua riqueza histórica, sua diversidade e singularidade

cultural, sua localização, numa área detentora de incontestável beleza natural que abriga parte

importante do remanescente de Mata Atlântica do Estado e seu litoral, que dispõe de uma área

aproximada de 1.000 ha de manguezais, além de belíssimas praias, dotam-na assim de um

importante papel na manutenção e preservação tanto da biodiversidade quanto dos valores e

tradições histórico-culturais. Desta forma é possível afirmar que, tanto a cidade quanto o

município de Ilhéus são detentores de significativo potencial turístico.

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Aliado aos aspectos naturais, existe uma gama de outros fatores que deixaram um importante

legado tanto para a região quanto para a cidade propriamente dita e que atuam como enfatizadores

da potencialidade turística. Alguns legados importantes:

O legado dos fundadores

A seleção do sítio geográfico para implantação da cidade e sua forma primitiva de

distribuição, descrito anteriormente, assemelha-se ao processo de fundação de cidades como o Rio

de Janeiro e Salvador, entre outras que compõem o conjunto das primeiras cidades brasileiras

fundadas pelos portugueses. Segundo Santos (1988) a escolha das características topográficas do

sítio e a forma de distribuição das cidades possuíam regras urbanísticas pré-estabelecidas, cujos

esboços dos traçados urbanos foram concebidos ainda em solo lusitano e atravessaram o Oceano

Atlântico de Portugal até o Brasil.

A cidade de Ilhéus mantém hoje, no Outeiro de São Sebastião, um conjunto representativo

como marco de sua fundação. A localização do conjunto deixa perceptível a função de defesa do

local, especialmente pela amplitude visual que possibilitava observar todo o perímetro da vila e

seus acessos.

O legado da cana-de-açúcar

Tendo sua história iniciada em período contemporâneo à colonização do país, Ilhéus teve

seus primeiros anos marcados pela cultura da cana-de-açúcar. A capitania chegou a abrigar oito

engenhos de cana-de-açúcar, consequentemente, a vila de São Jorge dos Ilhéus tornou-se um

importante núcleo para a Bahia no período colonial. Contudo, as tentativas de escravização dos

índios levaram-os à revolta, o que resultou em sucessivos ataques dos nativos contra os

colonizadores, seguidos da destruição dos engenhos e fuga dos habitantes da vila (Barbosa, 1994).

Em termos cronológicos de ocupação territorial, os povoados oriundos da cana-de-açúcar,

assim como os litorâneos, tiveram suas origens por volta de 1530 a 1575 (Pólvora e Padilha,

1997). A origem da vila de Ilhéus, vale relembrar, data de 1534, enquanto que as cidades

continentais da região tiveram suas origens em períodos recentes, muitas delas com menos de um

século de existência.

Hoje, o principal marco deste período é o antigo engenho na vila do Rio do Engenho onde se

encontra a Igreja de Santana, a terceira igreja mais antiga do Brasil e o primeiro engenho de cana-

de-açúcar da Bahia.

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O legado do cacau

O Theobroma cacao é originário das Américas Central e do Sul. Cultivado pelas civilizações

pré-colombianas, especialmente Astecas e Incas, tinha entre estes povos tanta importância que sua

semente chegou a circular como moeda e o chocolate considerado uma bebida sagrada, o manjar

dos Deuses (Schaun, 1999).

No Brasil é endêmico da região Amazônica. Quando introduzido na região sul da Bahia

adaptou-se rápida e plenamente ao novo ambiente. Contudo, o fruto do cacau não foi tão bem nem

tão rapidamente assimilado pelos hábitos alimentares, nem pelos interesses econômicos dos

habitantes locais (Pólvora e Padilha, 1979). Apesar das primeiras plantações em terras da Bahia

datarem de 1746, época em que a base da economia agrícola local era pautada na cana-de-açúcar,

a lavoura do cacau só passou a adquirir importância econômica para a região aproximadamente

um século depois, a partir de 1822, quando as lavouras de cana-de-açúcar entraram em decadência,

passando o cacau a dotar a região da perspectiva de prosperidade (Sales, 1981).

Apesar da capacidade produtiva e do grande desenvolvimento que a lavoura cacaueira

representou para a região, tendo sido durante um longo período de tempo sua principal base de

desenvolvimento econômico, os resquícios das quatro crises sofridas pela cacauicultura nas

décadas de 20, 30, final de 50 e a iniciada entre o final da década de 80 e o início da década de 90,

todas no século XX, (sendo que a última perdura até o presente) salientaram a necessidade de

desenvolvimento dos demais setores econômicos e de diversificação da base agrícola regional.

A principal contribuição da lavoura cacaueira para o meio ambiente foi a manutenção da

Mata Atlântica. Por se tratar de um cultivo que se desenvolve sob sombreamento, a mata nativa

acabou servindo de quebra sol para os cacauais, o que garantiu sua conservação ou, pelo menos, a

conservação de uma boa parte. Para se ter uma idéia, estima-se que aproximadamente 20% da área

do município de Ilhéus tem remanescentes de mata como cobertura vegetal.

O legado dos coronéis

Apesar do caráter hierárquico e militar da patente, no contexto da microrregião cacaueira, o

título de “coronel” adquire significado próprio. Está diretamente relacionado com o status social,

com o poder político e até mesmo com poder de vida e morte sobre os indivíduos da comunidade e

do convívio local e/ou regional (Schaun, 1999).

O “coronelismo” representou o governo de fato na região cacaueira até meados da década de

30 do século XX. Os coronéis detinham uma espécie de poder político que, baseado na

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propriedade da terra e na produção econômica da região, permitia que mantivessem relações de

força com o governo instituído, ou seja, com o governo de direito (Schaun, 1999). As

transformações sofridas pela região em decorrência das sucessivas crises na lavoura cacaueira

acabaram por reduzir o poder político e econômico dos coronéis, já que o poder econômico era o

suporte e o sustentáculo para o poder político dos mesmos.

Esta peculiar estrutura sócio-político-econômica pode ser simbolizada pelas figuras do

“coronel do cacau” e de seus “jagunços”, um tipo de guarda-costas que, segundo relato de Sá

Barreto, existiram até a década de 30 do século XX (Freitas, 2001). Tanto a estrutura quanto os

personagens mencionados geraram um grande número de histórias e estórias na região e sobre a

região, o que culminou com a adoção do ambiente cacaueiro para cenário em várias formas de

manifestações artísticas, principalmente romances e telenovelas.

Das manifestações artísticas regionais com ênfase na literatura, destaca-se especialmente a

obra de Jorge Amado que, em seus inúmeros romances, trata e descreve as disputas pelo poder

entre os coronéis, as relações sociais e de ódio entre as famílias, o matar e mandar matar, _lugar

comum entre os coronéis_ e muitas outras peculiaridades da região cacaueira. Dentre alguns dos

seus romances tratando a região destacam-se: Gabriela, Cravo e Canela; Tocaia grande; Terras do

sem fim, Cacau entre outros.

Historicamente esta realidade regional é também retratada por Vinháes (2001) quando

descreve alguns relatos sobre as disputas pelo poder ocorridas nos primeiros anos do séc XX entre

algumas famílias até hoje bastante conhecidas na região.

Este tipo de divulgação acabou por dotar a região e a cidade de um poderoso instrumento de

marketing que é o merchandising. Segundo Ignarra (1999), dentro da linguagem da propaganda,

merchandising significa promover a venda de um produto dentro do próprio ponto de venda.

Quando o produto a ser vendido é um destino turístico o merchandising passa a ser entendido

como a divulgação deste destino e seus atrativos via cenas de filmes e ou novelas.

Foi muito em função deste instrumento de marketing que tanto a região do cacau quanto a

cidade de Ilhéus, um dos seus núcleos urbanos mais importantes, ultrapassaram as fronteiras do

local e passaram a fazer parte do cenário turístico nacional e internacional, exportando histórias,

lendas, tradições, cultura e revelando paisagens e cenários, provocando assim o desejo de se fazer

conhecer.

Diante deste breve panorama local, do reconhecimento do seu potencial turístico e da

constatação de que cenários e paisagens instigam, ao pretenso visitante, o desejo de conhecer

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locais, surgiu a hipótese norteadora deste trabalho de pesquisa, a qual busca detectar se “a

qualidade dos espaços públicos urbanos e seu uso direcionado para as atividades turísticas na

cidade de Ilhéus são instrumentos fomentadores de turismo, contribuindo assim para o

desenvolvimento local e regional”.

São escassos os estudos técnicos-científicos que abordam o tema. Na urbanização brasileira

há algumas experiências de revitalização urbana, como o Corredor Cultural do Rio de Janeiro, o

Projeto Reviver em São Luís do Maranhão. As mais recentes foram a do Bairro do Recife Velho,

em Recife-PE, e a do Pelourinho, em Salvador-BA. Sabe-se que este último, na opinião de

Zancheti (2001), é um projeto polêmico de alto custo social, cujas intervenções nas unidades

arquitetônicas e urbanísticas causaram descaracterização e perda de autenticidade das mesmas.

Contudo, não há referência específica à qualidade dos espaços, em si, como fomentador,

estimulador ou inibidor do turismo.

No intuito de auxiliar na averiguação da veracidade ou falsidade desta hipótese foi

estipulado como objetivo geral: investigar as inter-relações que associem tipo de uso e qualidade

do espaço público urbano como fomento das atividades turísticas na cidade de Ilhéus.

Alguns objetivos mais específicos também foram estipulados buscando:

i. avaliar a aceitabilidade, por parte dos prestadores de serviços turísticos, de possíveis

programas e ações de incentivo ao uso dos espaços públicos;

ii. analisar as principais rotas de locomoção e ou de passagem pelo espaço urbano de Ilhéus e

avaliar seu aspecto, apresentação e impacto provocado no turista efetivo e na demanda potencial

turística da cidade;

iii. avaliar o efeito da sazonalidade nas atividades de apoio ao turismo no município de Ilhéus e

iv. detectar, na percepção dos prestadores de serviços turísticos e de apoio ao turista, as

condições de oferta dos serviços de limpeza urbana, transporte e segurança públicos.

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03

A ATIVIDADE DO TURISMO

A atividade do turismo movimenta um elevado montante financeiro e gera uma quantidade

expressiva de empregos diretos e indiretos, consequentemente pode reverter, para as regiões

receptoras, em aumento de arrecadação, de divisas e de qualidade da vida local (Gottschall,

1993).

Segundo dados da Organização Mundial de Turismo - OMT, entre os anos de 1975 e 1999, a

atividade de turismo aumentou progressivamente sua cota de participação na receita internacional

de exportação (tabela 01).

Tabela 01 _ Receita internacional de exportação e turismo - 1975/1999

Período

Valor das exportações (US$ bilhões)

Valor do turismo (US$ bilhões)

Contribuição do turismo no total exportado (%)

1975-1979 5.724,1 292,8 5,07 1980-1984 9.107,9 528,9 5,81 1985-1989 11.974,6 864,0 7,15 1990-1994 18.564,8 1.539,7 8,28 1995-1999 26.965,7 2.176,6 8,07

FONTE: EMBRATUR-2001.

A receita cambial de turismo, especificamente para o Brasil, (tabela 02) tem seguido um

comportamento condizente com a receita internacional de exportação do turismo (tabela 01), isto

é, tem apontado uma tendência geral de crescimento no período analisado.

Tabela 02 _ Receita cambial turística – Brasil (1985/1988)

Ano

Receita cambial (US$ milhões)

Crescimento no período (%)

Crescimento médio 85/98 (%)

1985 1.739 ⎯ 1990 1.368 - 21,33 1995 2.097 53,30 24,67 1996 2.469 17,74 1998 3.678 48,97

FONTE: EMBRATUR-2001.

Além da potencialidade econômica, o turismo é também uma atividade altamente dinâmica,

cujas interrelações entre destino alvo e perfil do usuário são mutáveis no decorrer do tempo.

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Nesse sentido, Ruschmann (1997), descreve cronologicamente o inter-relacionamento entre

o perfil do turista e o ambiente visitado ou local receptor. A autora identifica quatro fases distintas

e descreve o perfil comportamental dos visitantes em relação ao ambiente ou local visitado no

decorrer das respectivas fases:

a -A primeira fase, localizada cronologicamente entre os séculos XVIII e XIX, quando o turista

redescobre a natureza das comunidades receptoras. Os interesses estão voltados para os aspectos

únicos da região e para os ambientes não industrializados e ou à beira mar. Surgem os primeiros

equipamentos turísticos e se desenvolvem os centros de férias do Mar Mediterrâneo.

b -Na segunda fase, entre o final do século XIX e início do século XX, o foco da atividade turística

está voltado para as elites. Inexistem as preocupações com aspectos naturais, a natureza é um

elemento a ser domado. Neste período se desenvolvem os centros turísticos nos núcleos mais

antigos da Europa.

c - Na terceira fase, iniciada nos anos 50 e perdurando até meados dos anos 80 do século XX,

estimulou-se o turismo de massa. Há um domínio brutal da natureza e das comunidades

receptoras, sendo que essas últimas sofrem indiscriminadamente os malefícios da expansão

abrupta e desordenada do território urbano.

d -A quarta fase, ou fase atual, tem seu marco inicial a partir da década de 80 do século XX e o

elemento de destaque é o meio ambiente, o turismo de natureza ou ecoturismo e a busca pelo

ecológico. Quando em ambientes urbanos, o turista busca conhecer mais profundamente o local

visitado, buscando saber da história, cultura, folclore, particularidades e peculiaridades que tornem

o local visitado diferenciado do local vivido.

Assim como Ruschmann (1997) fez uma análise cronológica do perfil do turista e seu objeto

de destino no contexto global, Coriolano (1998) fez uma localização cronológica do turismo

litorâneo no Brasil. Constatou que o turismo no século XIX era motivado por questões medicinais,

isto é, a busca da cura pelas águas, originando assim as estâncias hidrominerais e as estações

termais. Já no século XX surgiram os conhecidos balneários à beira mar, contudo só após a

Segunda Grande Guerra é que o turismo litorâneo passou a ganhar corpo e se consolidar. A partir

desse marco, o sol passou a ser associado à saúde e aos apelos sexuais. Atualmente, ainda segundo

Coriolano (1998), o turismo costeiro é o mais vendido nos países emissores de turistas.

Considerando o objeto de análise com seu recorte direcionado para o ambiente natural, o

turismo litorâneo e a preservação ecológica, alguns pesquisadores como Adyr Rodrigues (1999)

apontam uma peculiaridade bastante significativa no perfil do turista. Apesar da essência na

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motivação para a viagem ser a busca da aventura, do inusitado, do natural, este público espera

contar também com segurança e conforto em seu destino turístico. Deste modo, na hora de definir

“para onde ir?...” além da opção pelo cenário natural: mar, montanha, floresta, a escolha do

destino acaba por considerar também a qualidade social do local, pois é esta que possibilita, ou

não, conforto e segurança.

Ainda de acordo com o pensamento de Adyr Rodrigues (1999), concomitantemente ao

desenvolvimento da atividade turística, se faz necessário dotar o lugar da estrutura básica de apoio

e serviços para gerar o conforto e a segurança esperados pelos visitantes. Essa (re) estruturação

leva à transformação e à (re) produção sócio-espacial do lugar, alterando o construído e as relações

trabalhistas, econômicas e sociais originais, o que pode ser considerado como um efeito adverso

do turismo.

Figueiredo (1995) também chama a atenção para os riscos dos efeitos danosos do turismo.

Ele aborda que no turismo ecológico a busca pelo exótico pode vir a equivaler à busca pelo

distante do moderno que pode ser entendido como a busca pelo atraso, sendo assim, o atraso

tende a se transformar em atrativo turístico. Salienta também os riscos das manifestações culturais

terem seus objetivos transformados de fator de integração social para elemento meramente atrativo

de visitantes. O que condiz com o pensamento de Arlete Rodrigues (1999), que levanta a

possibilidade do turismo acabar por destruir as atividades bucólicas e tradicionais do local pela

transformação do espaço, que é pré-requisito da própria atividade.

Quando o objeto de análise tem seu recorte direcionado para o patrimônio histórico-cultural

é possível identificar uma forte interdependência entre patrimônio e turismo. O desenvolvimento

das comunidades receptoras necessita de fluxo turístico e o turista por sua vez busca inter-

relacionamento e conhecimento com o local, sua cultura e história. Dessa forma, a preservação do

patrimônio e da cultura local se interrelacionam e contribuem direta e proporcionalmente para o

incremento do turismo (Gottschall 1993).

O turismo incita a necessidade de preservação do patrimônio com uma dinâmica nova de uso

do espaço. Nos pólos turísticos foi constatada a necessidade de preservar e revitalizar o conjunto

que compõe o patrimônio, dotando-o de elementos, equipamentos e tecnologia que viabilizem,

atualizem e facilitem o viver, o visitar e o fazer uso do espaço, tanto pelo habitante local quanto

pelo turista (Porto Filho, 1976). Essa afirmativa, em tese, condiz com a linha adotada para a

recuperação e revitalização do Centro Histórico de Salvador, onde espaços urbanos foram dotados

de equipamentos e estruturas de apoio que dinamizaram e modernizaram seu uso pela população.

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A experiência do município de Bahía Blanca, na Argentina, é um exemplo de dinamização

espacial voltada para a valorização do habitante local. Seu circuito alternativo urbano de turismo

cultural, percorrido através da arquitetura ferroviária histórica, quando posto à disposição da

comunidade local acabou abrindo para esta algumas possibilidades: de conhecer uma atividade

turística; das escolas efetuarem passeios educativos e de conhecer o espaço e o patrimônio local, o

que possibilitou o estímulo e a valorização dos mesmos. As possibilidades abertas pela arquitetura

ferroviária de Bahía Blanca e seu aproveitamento direcionado para o turismo beneficiaram e

dinamizaram a referida atividade, mas também, e principalmente, beneficiou o habitante local

(Grippo, 1995).

Uma outra experiência, que vale a pena ser citada, é o uso que o governo cubano vem

fazendo de sua história recente para estimular e fomentar o turismo. Nas montanhas de Sierra

Maestra, os espaços que serviram de apoio à resistência durante a Revolução cubana de 1959 e os

cenários que marcaram o início da trajetória política do atual governante Fidel Castro estão sendo

aproveitados agora como pontos de visitação turística (Reuters 2002).

Iniciativas no sentido de preservar e manter o patrimônio construído e de valorizar culturas e

comunidades locais são tão importantes que o Programa de Ação para o Desenvolvimento de

Turismo do Nordeste (PRODETUR/NE) direciona um dos seus setores de investimento para

alocação e destinação de recursos voltados à recuperação de patrimônios históricos, em especial da

época colonial, e revitalização do contorno urbano degradado que tenha potencial cultural,

comercial ou habitacional. Isso denota o quanto se embute importância aos componentes do

conjunto histórico- artístico-cultural (EMBRATUR, 2000) e à qualidade do espaço e da vida de

seus habitantes.

Também como elemento fomentador de turismo, além do patrimônio arquitetônico e da

valorização da comunidade local, há o fator folclórico-cultural. Essas manifestações, geralmente

relacionadas às raízes étnicas e/ou religiosas, compõem a oferta turística e representam um

elemento diferencial do local. Contudo, a atividade turística propicia o intercâmbio entre culturas

distintas, ou seja, entre as culturas do visitante e do visitado. Como em toda atividade de

intercâmbio, critérios são necessários para evitar a violação e ou destruição dos hábitos e costumes

de parte ou do todo envolvido no processo, especialmente da parte referente ao local visitado que é

a parte mais frágil e mais facilmente modificável do processo, função da continuidade, frequência

e diversidade de origens dos visitantes (Salva, 1995).

Como consequência do turismo, a maior preocupação é com o comprometimento cultural

do local visitado que pode sofrer alterações em sua dinâmica de relações e essas alterações podem

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vir a comprometer suas próprias raízes, visto que estas manifestações, são direcionadas para o

turismo, tendem a embutir um sentido de espetáculo que não faz parte de sua essência (Pellegrini

Filho, 1997).

É inegável que manifestações folclórico-culturais são naturalmente mutáveis dentro do

próprio processo de dinâmica sócio-cultural, em que uma dada comunidade está inserida. Contudo,

estas modificações devem ocorrer no núcleo do próprio grupo e segundo o curso natural do

processo social. As modificações instigadas pela proximidade do turista são provenientes de

fatores exógenos e, conseqüentemente, interferem no processo natural de desenvolvimento da

sociedade ou grupo em questão (Pellegrini Filho, 1997).

Desta forma as iniciativas para fomentar a atividade turística devem ser acauteladas,

especialmente no tocante aos efeitos da padronização cultural e do comprometimento da paisagem

e dos atrativos cênicos. O risco de padronização do local é abordado por Seabra (1999) ao tratar

dos efeitos sócio-ambientais danosos causados pela atividade do turismo. Ele lista, entre outros, os

seguintes danos: geração de empregos sazonais e subempregos; incremento da prostituição;

mendicância e vadiagem; violência; perda da diversidade cultural e ambiental; absorção da cultura

e dos costumes dos visitantes pelos visitados; contaminação de ambientes naturais como rios e

praias. Esses efeitos, geralmente consequência de um turismo mal planejado e sem dimensão

social, provocam desinteresse pelo local e acabam expulsando o turista que, em última instância,

foi o gatilho que disparou o processo de padronização do local.

O que se busca é um turismo de qualidade, um turismo que não vá ao encontro da

autodestruição, em suma, um turismo sustentável que requer redução da pobreza; incremento da

educação; resgate e fortalecimento da cultura; criação e valorização de postos de trabalho entre

outros. O setor turístico, como atividade econômica, deve priorizar ações que contemplem e

valorizem as populações locais, especialmente as de média e baixa renda e atuar articuladamente

com os demais setores da economia para assim conseguir o desenvolvimento integrado e

minimizar, ou até mesmo sanar, os efeitos danosos inerentes à atividade (Seabra, 1999).

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04

O PROBLEMA

Uma bela morena, muito mal vestida!...

É desta maneira que muitos ilheenses ou habitantes mais antigos de Ilhéus a definem. Foi a

partir desta afirmação que surgiu a interrogação: como será que essa “bela morena” se apresenta

hoje aos seus visitantes?...

Analisando a questão à luz dos conceitos e definições adotados por Ignarra (1999), Ilhéus

possui atrativos turísticos naturais, históricos e culturais. É, portanto, um complexo turístico;

compondo a zona turística denominada Costa do Cacau, é o portão de entrada para a região

cacaueira, Costa do Dendê e do Descobrimento. Assim, a cidade pode ser apontada como um

potencial pólo turístico.

Pólvora e Padilha (1979), identificaram a tendência e potencialidade da cidade, apontando-a

como o centro de lazer regional, assinalando, assim, sua natureza turística. Essa percepção de

potencialidade ocorreu aproximadamente dez anos antes de ser efetivamente iniciada a atividade

turística que só começou a compor o cenário econômico local a partir do final da década de 80 do

século XX.

Em 1995 foi realizado, pelo Centro de Recursos Ambientais - CRA, um diagnóstico

ambiental para o município de Ilhéus que, ao abordar o desenvolvimento da atividade turística,

apontou carências em áreas como: equipamentos voltados para o lazer; infra-estrutura, ou seja,

transporte, saneamento, limpeza urbana; e de formação profissional no setor turístico, pois

comenta claramente sobre o amadorismo com que os pontos turísticos de valores cênicos e ou

históricos são tratados (CRA, 1995).

Quando foi elaborado o diagnóstico ambiental pelo CRA, o município e a região cacaueira já

estavam enfrentando a crise da sua principal lavoura e, consequentemente, a decadência

econômica há aproximadamente meia década. É neste contexto que o turismo, desde final da

década de 80 do século XX, vem sendo apontado como uma alternativa econômica para a região.

Considerando-se que em 1989 a cidade dispunha de 1.400 leitos, compondo sua rede de

hospedagem, e que em 1995 este número subiu para 4.127, um aumento em torno de 295% em

menos de uma década (Ilheustur, 2000), é possível supor que a cacauicultura tenha interferido de

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forma distinta no processo de “turistização” do município e da região. Em princípio, na fase pré-

crise da lavoura1, atuando como inibidor da nova atividade, o turismo não se fazia necessário e

pelo perfil da sociedade local supõe-se que era até indesejável. Já na fase pós-crise a dita

sociedade cacaueira passa a estimular outras atividades econômicas, em especial o turismo. A

diversificação da economia local e regional se fez necessária para minimizar o empobrecimento da

região. É assim que desponta o turismo no cenário econômico regional. A prova disso pode estar

no grande número de residências de cacauicultores locais que foram transformadas em pousadas

ou que abrigam atividades de apoio ao turismo.

A questão é: diante do surgimento da atividade turística no município de Ilhéus se, e de que

forma, o espaço urbano está sendo preparado para comportar esta nova atividade?

Dados demonstram o quanto o turismo pode ser um estimulador da economia e

consequentemente, um facilitador do desenvolvimento. O setor turístico, entre os anos de 1997 e

1998, aumentou sua receita na pauta das exportações brasileiras em 41%, enquanto para o minério

de ferro e o açúcar, o crescimento no mesmo período foi de 13 e 11%, respectivamente. Também

na geração de empregos o turismo tem apresentado uma performance positiva: R$ 40 mil

investidos possibilita o surgimento de um emprego direto no setor hoteleiro; R$ 10 mil possibilita

o surgimento de um emprego num restaurante e R$ 50 possibilita emprego e matéria-prima para

um artesão. Para se ter uma referência comparativa, a indústria automobilística necessita investir

R$ 170 mil para gerar 1 único emprego (EMBRATUR, 2001).

Na Venezuela o turismo é uma importante fonte de riqueza para as contas nacionais,

apresentando uma elevada produtividade por unidade monetária investida. Para se ter uma idéia a

cada dólar investido em turismo são gerados 24 dólares, enquanto que em outros setores

econômicos a relação é de 1 para 6 dólares. Também na geração de empregos os números são

bastante representativos, a atividade turística emprega 6% da população economicamente ativa

daquele país (Ascanio, 1998).

Essa rápida demonstração da capacidade econômica do setor turístico aponta que o caminho

almejado pelo município de Ilhéus para buscar solidificar-se enquanto destino turístico, a priori, é

uma boa alternativa para reestruturar a economia local e regional.

É importante ressaltar que, pelo perfil comportamental, o turista atual tende a buscar cultura,

esporte e natureza. Dessa forma se faz prioritário, para as localidades destino, resgatar, manter e

preservar as condições do patrimônio histórico, cultural e ecológico, a qualidade de vida dos

1 Com referência a crise iniciada no final da década de 80 do século XX.

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habitantes e a qualidade paisagística local. Salientando a questão da qualidade da paisagem, Tuan

(1980) afirma que essa qualidade é percebida inicialmente pelo visitante sob parâmetros

puramente estéticos, sendo possível notar méritos ou defeitos não mais perceptíveis aos habitantes

locais.

Esses aspectos referentes à qualidade de vida dos residentes, às condições do patrimônio e à

estética visual da paisagem local são tão importantes que podem ser sintetizados numa frase de

Caio Luiz de Carvalho, então presidente do Instituto Brasileiro de Turismo, “... o Brasil nunca será

bom para o turista estrangeiro se não for bom PRIMEIRO para o brasileiro que mora aqui...”

(EMBRATUR, 2001).

Adotando essa linha de pensamento busca-se constatar como essa “bela morena” veste-se

hoje, considerando que seu objetivo maior seja “seduzir”, como ela é “ofertada” ao turista ou

“divulgada” pelos agentes de viagens e turismo.

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05

METODOLOGIA

O estudo teve como objeto a cidade de Ilhéus, sede do município de mesmo nome, situada

no litoral sul do Estado da Bahia. O escopo do trabalho ficou restrito ao perímetro urbano, mais

especificamente à qualidade dos espaços e vias públicas com potencial para diversificação na

apropriação e uso, para cenário suporte e fomento à atividade turística local e regional.

O método utilizado foi a pesquisa descritiva qualitativa sincrônica, isto é, a pesquisa

realizada num momento específico do tempo. A técnica adotada para o levantamento dos dados

primários foi via formulário, os dados secundários foram coletados junto a órgãos e publicações

oficiais tipo: EMBRATUR, IBGE, Prefeitura Municipal de Ilhéus, CEPLAC, entre outros. A

abordagem foi direcionada para segmentos da economia local relacionados mais diretamente com

o turismo. A seleção da amostra tomou como base a localização do equipamento no perímetro

urbano.

No levantamento dos dados, o turista não foi abordado, pois o foco da pesquisa estava

voltado mais diretamente para os prestadores de serviços e de apoio à atividade turística que atuam

no local.

Levantamento histórico-cultural

A primeira etapa do trabalho de campo consistiu num levantamento histórico-cultural em

nível de região, município e núcleo urbano com o objetivo de contextualizar o processo de

desenvolvimento local e regional, desde sua colonização até o momento atual. Para tanto, se

buscou como fonte de dados os escritos históricos de autores preferencialmente regionais, por

entender que esses tenham vivência e convivência com e no lugar.

Os eixos da cidade

Para as pesquisas in loco foram selecionados quatro eixos (vias) da cidade:

1. Avenida Soares Lopes, centro da cidade. Selecionada por sua demanda turística, por

comportar um número representativo de empreendimentos de serviços turísticos, especialmente

bares e restaurantes, e por integrar o cenário do centro histórico. Nessa avenida estão localizados

alguns dos atrativos turísticos da cidade como a Catedral de São Sebastião e o Centro de

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Convenções; em seu entorno imediato estão o quarteirão Jorge Amado, a Prefeitura Municipal, a

Praça do Cacau, entre outros, além de abrigar o Porto do Malhado, portão de entrada para os que

chegam à cidade por via marítima.

2. Avenida Dois de Julho, centro da cidade. Selecionada por suas características históricas: nela

estão localizadas as ruínas do antigo porto e da famosa casa de espetáculos Bataclã. Até

aproximadamente o final da década de 70 abrigou o centro de abastecimento da cidade. No

período compreendido entre meados da década de 80 e início da década de 90 do século XX

representou o principal centro de lazer noturno da cidade, abrigando um elevado número de bares

e restaurantes.

3. Avenida Lomanto Júnior, Pontal. Selecionada por representar um dos principais eixos de

expansão da cidade; por compor a via de acesso às praias mais movimentadas do município e às

cidades situadas ao sul de Ilhéus, que compõem a Costa do Cacau e do Descobrimento e por

situar-se nas proximidades do aeroporto Eduardo Gomes, servindo como corredor de escoamento

do fluxo de visitantes que acessam a cidade ou região por via aérea. Por volta dos primeiros anos

da década de 80 do século XX, teve sua apropriação espacial transformada de uso

predominantemente residencial para o uso misto, residencial e comercial. Hoje apenas 55% das

unidades imobiliárias desta avenida são de uso residencial, os outros 45% comportam uso

comercial ou de serviços, sendo que o filão do comércio voltado para a gastronomia ocupa 12% do

total de unidades imobiliárias.

4. Faixa Litorânea Sul, no trecho da Rodovia Pontal-Olivença que corta o bairro Jardim

Atlântico, indo até a Praia dos Milionários. Selecionada por representar um dos principais pontos

de concentração do setor de hospedagem, hotéis e pousadas, e pela importância para o lazer diurno

local, sendo essa a faixa de praia, próxima ao núcleo urbano, mais usada pela população residente

e visitantes.

Coleta de dados

Os dados primários foram levantados via formulário entre:

1. Comerciantes do núcleo urbano, em pontos normalmente utilizados por turistas a exemplo de

hotéis, pousadas, locadoras de veículos, bares, restaurantes, churrascarias, lanchonetes, sorveterias,

pizzarias e barracas de praia. O critério de seleção da amostra, para aplicação dos formulários, foi

a localização dos empreendimentos num dos quatro eixos da cidade acima especificados, isto é:

nas avenidas Soares Lopes, Dois de Julho, Lomanto Júnior e na Faixa Litorânea Sul.

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Os formulários foram entregues em todos os estabelecimentos e com data definida para

recebimento dos mesmos, entre quatro e seis dias após a entrega. Os entrevistados que não

responderam o formulário dentro do prazo inicial receberam um novo prazo de igual duração. Se

dentro deste segundo prazo o formulário não fosse preenchido seria desconsiderado.

2. Agentes de viagens emissores de turistas.

O formulário foi enviado por meio eletrônico (e-mail) para os respectivos endereços na

internet e com prazo definido de dez dias para retorno dos mesmos. Os entrevistados que não

responderam o formulário dentro do prazo inicial receberam uma nova correspondência, também

via e-mail, quando foi salientada a importância das informações e o formulário reenviado. Foi

definido também um novo prazo igual ao primeiro para recebimento das respostas.

Os critérios de seleção

1. Para os pontos comerciais prestadores de serviços de alimentação _ bares, restaurantes,

sorveterias e similares _ o critério de seleção foi a localização dos mesmos, devendo situarem-se

em três dos quatro eixos selecionados da cidade que foram as avenidas: Soares Lopes, Dois de

Julho e Lomanto Júnior. Dos eixos da cidade, os três selecionados são os que concentram o maior

número de serviços de apoio ao turista.

2. Para os hotéis e pousadas, o critério de seleção, baseado nos quatro eixos da cidade, foi

extrapolado para abranger também: a avenida Bahia, paralela à Soares Lopes; a rua Eustáquio

Bastos que abriga o Ilhéus Hotel, um dos mais antigos da cidade; a rua Cons. Antônio Badaró, no

Malhado, que abriga o Hotel Barravento, um dos primeiros grandes empreendimentos em hotelaria

da cidade e a rua 13 de Maio no Pontal, por ser via de ligação entre a Av. Lomanto Júnior e a

Faixa Litorânea Sul.

3. Para as locadoras de veículos houve também uma extrapolação dos eixos da cidade

previamente definidos para comportar também parte da rua David Maia no Pontal, mais

especificamente o trecho em frente ao Aeroporto Eduardo Gomes. A inclusão desse trecho é

função da concentração de empreendimentos destinados à locação de veículos estabelecidos

naquele local.

4. Para as agências de viagens, emissoras de turistas, o critério de seleção foi o de localizarem-

se numa das 11 capitais dos estados brasileiros apontados como os maiores emissores de turistas e

constarem na lista das agências registradas na EMBRATUR (EMBRATUR, 2001). A seleção dos

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estados2 para compor a amostra foi baseada em três estudos: o ESTUDO DO MERCADO

DOMÉSTICO DE TURISMO NO BRASIL, realizado pela FIPE (EMBRATUR, 2001), donde

foram selecionados os cinco principais estados emissores de turistas do Brasil; a PESQUISA DE

DEMANDA TURÍSTICA - ILHÉUS/BA (BAHIATURSA, 2000) e a pesquisa de TURISMO

RECEPTIVO (BAHIATURSA, 1999). Dos dois últimos foram selecionados os dez principais

estados emissores de turistas para Ilhéus.

Ferramentas da pesquisa, os formulários

Foram aplicados quatro formulários, sendo dois para cada estabelecimento, com exceção das

agências de viagens que, por localizarem-se fora do núcleo urbano de Ilhéus, receberam apenas

um formulário específico.

1. Relação prestador de serviço x cidade - Destinado especificamente a prestadores de serviços

de alimentação, comumente utilizados por turistas, tais como: bares, restaurantes, barracas de

praia, pousadas, hotéis e outros (apêndice A, formulário 1). Os objetivos foram: detectar a

interferência da sazonalidade turística no funcionamento do empreendimento propriamente dito;

detectar as condições de oferta dos serviços de limpeza urbana, transporte e segurança públicos e

dos custos da matéria prima e dos produtos adquiridos pelos estabelecimentos no comércio local.

A parte do formulário, restrita aos estabelecimentos de hospedagem, buscou também detectar o

perfil do turista, os locais mais visitados e a impressão deixada pela cidade nesse turista.

2. Locadoras de veículos _ Destinado às locadoras de veículos (apêndice A, formulário 2). Os

objetivos foram: detectar o perfil do turista que faz uso dos automóveis locados; a impressão

deixada pela cidade nesse turista, os problemas encontrados e os locais percebidos como os mais

visitados pelos turistas que fazem uso desse serviço.

3. Diversificação no uso do espaço: programas e propostas de intervenções _ Destinado a todos

os que responderam a um dos formulários anteriores, exceto às agências de viagens emissoras de

turistas (apêndice A, formulário 3). O formulário contém três linhas de intervenções _ no espaço

construído, no incentivo às manifestações culturais e no espaço natural _ com possíveis propostas

de ações que incentivariam a atividade turística na cidade. Teve como objetivo detectar, entre as

possíveis linhas de intervenção, qual(is) a(s) mais aceita(s) por parte dos prestadores de serviços.

4. Agências de viagens emissoras de turistas _ Destinado às agências de viagens das capitais

dos estados apontados como os principais estados emissores ou potencialmente emissores de

2 Os Estados selecionados para compor a amostra foram:Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

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turistas para Ilhéus (apêndice A, formulário 4). Os objetivos foram: quantificar a oferta de pacotes

turísticos para Ilhéus e para a região cacaueira; traçar o perfil do turista de Ilhéus que usa os

serviços dos agentes de viagens e detectar o(s) principal(is) atrativo(s) usado(s) para o marketing

da cidade.

Análise da impressão visual de algumas imagens da cidade

Além dos dados primários e secundários foram analisadas, a título de medida indireta de

qualidade, algumas imagens fotográficas da cidade. Selecionadas a critério da pesquisadora e

tendo como base a condição de portão de entrada da cidade em relação à região As imagens foram

registradas nas principais rotas de acesso e distribuição dos turistas, ou seja, Aeroporto-Litoral Sul,

Aeroporto-Litoral Norte, Rodoviária-Centro da Cidade e Centro Comércial-Núcleo Histórico.

Tratamento de dados

Os dados foram trabalhados por análise exploratória e organizados em tabelas de freqüência

com o auxilio do pacote estatístico SPSS 10.0 (Statistics Package for Social Sciences).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos com a pesquisa foram agrupados de forma a indicar o perfil da amostra e

do turista, a sazonalidade da atividade e seus reflexos na economia local e regional, a qualidade do

espaço e sua contribuição para captação de turistas, assim como a receptividade da comunidade

pesquisada para com possíveis intervenções de incentivo ao uso dos espaços natural e construído e

em atividades relacionadas às manifestações culturais.

06.1 Perfil da amostra

A receptividade da pesquisa

Os formulários para levantamento dos dados primários foram enviados a um total de 1069

unidades amostrais, sendo que desse total apenas 56 unidades responderam ao formulário,

representando uma receptividade de 5%. Desconsiderando as 905 unidades representadas pelas

agências de viagens, os números se alteram para um total de 164 unidades amostrais onde 51

unidades responderam aos formulários, representando uma receptividade de 31% (gráfico 01).

Gráfico 01 _ Receptividade da pesquisa em função da atividade econômica do entrevistado _ Ilhéus/BA, 2001

9055Agências de viagens

7Locadoras de veículos 129Barracas de praia 27

25

65

6010

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Prestadores de serviços

ousadasHotéis e p

FormuláriosAp

Formulários licados Respondidos Nº formulários

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Analisando a receptividade por grupo, em função da atividade exercida:

a) um primeiro grupo, que são os entrevistados sediados em Ilhéus, composto pelos itens 1, 2, 3 e

4 do tabela 03, apresentando uma receptividade média de 37% e

b) um segundo grupo, que são os entrevistados sediados fora de Ilhéus, composto pelo item 5 do

tabela 03, apresenta uma receptividade de 0,6%. Em consequência de tão baixo número de

respostas este grupo específico foi desconsiderado na pesquisa3.

Dentro do primeiro grupo ainda é possível perceber que os prestadores de serviços, cuja

clientela alvo está mais diretamente relacionada com o turista, itens 2, 3 e 4 do tabela 03,

apresentam uma receptividade média de 44,6%, superior em 27,9% com relação à média dos

entrevistados sediados em Ilhéus, cuja clientela alvo se dilui entre turistas e residentes locais, item

1 do tabela 03.

Tabela 03 _ Percentual de respostas obtidas para cada segmento pesquisado _ Ilhéus/BA, 2001 Item Segmento pesquisado % respostas

1 Prestadores de serviços de apoio4 16,7 2 Hotéis e pousadas 38,5 3 Barracas de praia 33,0 4 Locadoras de veículos 58,3 5 Agencias de viagens emissoras de turistas 0,6

Tempo de atuação no mercado

Segundo os dados levantados, 46,5% dos estabelecimentos (tabela 04) iniciou suas

atividades nos últimos 7 anos e, 71% das locadoras de veículos nos últimos 5 anos (tabela 05)

desse modo é possível afirmar que o turismo influenciou positivamente nesse crescimento.

3 A baixa receptividade do grupo para com a pesquisa pode ser conseqüência, entre outras causas: da não existência de um contato direto entre pesquisador e pesquisado; da distância geográfica entre pesquisado e local da pesquisa, gerando desinteresse pela mesma ou por seus resultados; da não percepção, por parte dos pesquisados, de possíveis benefícios que venham a surgir dos resultados da pesquisa, do baixo interesse do público por pacotes de viagens para Ilhéus e ou região. 4 O segmento denominado PRESTADORES DE SERVIÇOS DE APOIO é composto por: bares, restaurantes, sorveterias, pizzarias e estabelecimentos do gênero.

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Tabela 04 _ Tempo de atuação no mercado, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

até 2 anos

acima de 2 até 4 anos

acima de 4 até 7 anos

acima de 7 até 10 anos

mais de 10 anos

Hotéis e pousadas 0 17 33 17 33 Barracas de praia 22 11 0 33 34 Serviços de apoio 10 30 10 0 50

Tabela 05 _ Tempo de atuação no mercado, em porcentagem, para as locadoras de veículos _ Ilhéus/BA, 2001

até 1 anos

acima de 1 até 3 anos

acima de 3 até 5 anos

acima de 5 até 7 anos

mais de 7 anos

Locadoras de veículos 14 43 14 0 29

Vale ressaltar que os segmentos de locação de veículos e barracas de praia são os que

apresentam o percentual de crescimento mais elevado nos últimos anos. Esses valores confirmam

a tendência de crescimento da atividade turística, apontada nos números referentes ao crescimento

de leitos disponíveis no município que aumentaram 295% em menos de 10 anos (Ilhéustur, 2000).

A atividade econômica e seu reflexo no desenvolvimento do comércio local

A aquisição dos produtos de consumo e insumos concentra-se basicamente no próprio

município e em cidades da região, especialmente para os segmentos de hospedagem e barracas de

praia, como pode ser visto no tabela a seguir.

Tabela 06 _ Local de aquisição dos insumos, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio Ilhéus 96 89 50 Cidades da região 4 22 40 Bahia, fora da região 0 0 10 Salvador 8 11 40 Outros estados 12 0 50 Outro país 0 0 0

Esta questão permite mais de uma resposta por entrevistado, por isso o somatório total pode ser superior a 100%.

De maneira geral, apesar dessa aquisição concentrar-se no próprio município, em média,

67% da amostra pesquisada considera alto ou muito alto o custo do comércio local (gráficos 02 a

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04). Em contrapartida, as outras praças comerciais, onde os entrevistados costumam adquirir seus

produtos, são qualificadas como de custo bom ou regular para aproximadamente 69% dos

entrevistados.

Há uma diferença de opinião entre os três grupos de atividades que é mais perceptível

quando referente ao comércio fora de Ilhéus. A diferença na percepção dos custos, muito alto e

alto para o comércio de Ilhéus e bom e regular para o comércio fora de Ilhéus, é mais salientada

para os prestadores de serviços e barracas de praia que para os hotéis e pousadas (gráficos 02 a

04).

Gráfico 02 _ Percepção do custo dos produtos segundo hotéis e pousadas pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

100

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

805460 Comércio de Ilhéus

50 Fora do comércio de Ilhéus40 28 22

211720 8

00 00Muito Alto Bom Regular Baixoalto

Gráfico 03 _ Percepção do custo dos produtos segundo barracas de praia pesquisadas _Ilhéus/BA, 2001

0 0

11

45 44

0 0 0 0

60

80

100

Muitoalto

Alto Bom Regular BaixoQua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

100

Comércio de Ilhéus40

Fora do comércio de Ilhéus20

0

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26Gráfico 04 _ Perceção do custo dos produtos segundo prestadores de serviços de apoio

pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

80

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

6360

4040 Comércio de Ilhéus3030

25Fora do comércio de Ilhéus20

12 0 0 00 0

Muito alto Alto Bom Regular Baixo

Essa diferença de opinião entre os três grupos de atividades pode ser reflexo: dos diferentes

tipos de produtos; da quantidade e periodicidade das aquisições e dos diferentes locais de

aquisições. Vale lembrar que quase metade dos serviços de apoio adquirem seus produtos em

Salvador e outros estados, o que é um diferencial com relação a cada um dos outros dois grupos de

atividade.

A percepção do custo do comércio local em Ilhéus como alto ou muito alto pode incrementar

o número de consumidores e comerciantes que adquirem seus produtos de consumo e ou insumo

em outras cidades ou até mesmo em outras regiões e/ou estados. Atualmente é comum os

habitantes de Ilhéus buscarem o comércio de Itabuna para efetivarem suas compras.

Com relação ao turismo, é possível também que essa percepção, caso seja compartilhada

pelos turistas, acabe por provocar a redução no número de bens adquiridos, o que reduz a receita

gerada pela atividade. Apesar dessa relação de causa e efeito (aumento dos custos redução do

consumo), o turismo é, provavelmente, o agente instigador dessa elevação nos custos do comércio

local e possivelmente no comércio regional também.

Em contrapartida, a consolidação e o desenvolvimento do turismo em Ilhéus pode iniciar

uma reação em cadeia que beneficie também às outras cidades da região, provocando o

fortalecimento individual dos comércios locais e, conjuntamente, do comércio regional. Este efeito

poderá ser benéfico, especialmente para cidades como Itabuna que já possui um comércio bastante

representativo e de referência regional.

Esse efeito positivo do turismo no comércio foi detectado na Venezuela e em outros países,

referentes à geração de receita e de empregos (Ascanio, 1998), e pode ser também percebido na

Região Cacaueira da Bahia, evidentemente, guardando as devidas proporções. Para tanto, é

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27

necessário garantir uma certa constância no número de visitantes nos períodos chamados de baixa

estação pois isso pode reduzir a elevação dos preços durante a alta estação e possibilitar ao

comércio, tanto local quanto regional, uma maior homogeneização no volume de vendas nos

diferentes períodos do ano e a transformação em permanente de boa parte das chamadas vagas de

temporada.

06.2 Perfil do turista na percepção da amostra

O turista de primeira visita

Os dados, numa primeira análise, apontam uma percepção difusa com relação ao percentual

de visitantes vindos pela primeira vez a Ilhéus (tabela 07). Contudo, interpolando os resultados de

maior valor e tirando a média dos mesmos, tem-se o valor de 40% de indicações para turistas

vindos pela primeira vez.

Tabela 07 _ Frequência de turistas vindos pela primeira vez a Ilhéus, em porcentagem, segundo a percepção dos pesquisados nos setores de hospedagem e locação de veículos _ Ilhéus/BA, 2001

até 10%

acima de 10 até 25%

acima de 25 até 50%

acima de 50 até 75%

acima de 75 até 100%

não sabe

Hotéis e pousadas

9

23

32

32

0

4

Locadoras de veículos

0

29

29

14

14

14

O resultado da média dos valores interpolados é condizente com os resultados da pesquisa de

Turismo Receptivo (Bahiatursa, 1999) e da pesquisa de Demanda Turística (Bahiatursa, 2000) que

apontam, respectivamente, 39 e 31% do total de turistas vindos pela primeira vez a Ilhéus.

O tempo de permanência do turista

Na percepção dos setores pesquisados, em média 82% dos turistas permanecem de 1 a 6

dias, sendo que a maior concentração de respostas, 37% em ambos os setores, aponta para uma

permanência de 2 a 3 dias (tabela 08).

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28

Tabela 08 _ Tempo médio de permanência do turista, em porcentagem, segundo a percepção dos pesquisados nos setores de hospedagem e locação de veículos _ Ilhéus/BA, 2001

Permanência Hotéis e pausadas Locadoras de veículos Até 1 dia 21 18 de 2 a 3 dias 37 37 de 4 a 6 dias 26 23 de 7 a 10 dias 10 11 de 11 a 15 dias 3 6 Mais de 15 dias 3 5

Os dados da pesquisa de Turismo Receptivo (Bahiatursa, 1999) e da pesquisa de Demanda

Turística (Bahiatursa, 2000), apontam uma permanência média entre 9,7 e 14,6 dias,

respectivamente. A diferença nos resultados obtidos deve considerar que os dados primários estão

relacionados à percepção de dois dos grupos pesquisados, os prestadores de serviços de

hospedagem e de locação de veículos, enquanto que as pesquisas referenciadas apresenta dados

levantados junto ao próprio turista.

A forma de acompanhamento do turista

Para o setor de hospedagem o maior número de turistas é composto por casais ou famílias, já

para o setor de locação de veículos, os turistas que fazem uso desse serviço estão sozinhos ou em

casal. Numa visão mais geral, 73% dos turistas viajam em casal e em família (tabela 09).

Tabela 09 _ Forma de acompanhamento do turista, em porcentagem, segundo a percepção dos pesquisados nos setores de hospedagem e locação de veículos Ilhéus/BA, 2001

Sozinho Casal Família Grupo Hotéis e pousadas 13 38 39 10

Locadoras de veículos 30 40 22 8

O resultado obtido encontra-se próximo dos resultados da pesquisa de Turismo Receptivo

(Bahiatursa, 1999) e da pesquisa de Demanda Turística (Bahiatursa, 2000) que apontam como 57 e

67%, respectivamente.

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29

A motivação para a viagem

Segundo o setor de hotelaria, o lazer5 é apontado por 63% d amostra como motivação ao vir

para Ilhéus enquanto 28% aponta negócios e apenas 8% da amostra aponta a cultura como

motivador das viagens.

Na pesquisa de Turismo Receptivo (Bahiatursa, 1999), e na pesquisa de Demanda Turística

(Bahiatursa, 2000), o lazer como motivação da viagem aparece com 67 e 74%, os negócios

aparecem com 14 e 13%, respectivamente. Nas referidas pesquisas, a opção cultura, como

motivação da viagem, não aparece explicitamente.

Considerando o lazer como principal eixo de captação do turismo, a cidade de Ilhéus oferece

poucas opções para seus visitantes. Mesmo com o incremento das atividades e eventos nos últimos

anos, o ponto forte do local continua sendo, quase que exclusivamente, o lazer de praia. O turismo

cultural, apesar do potencial existente, não é explorado e o turismo de negócios e eventos só agora

começam a despontar no cenário local, com a instalação do Centro de Convenções Luiz Eduardo

Magalhães, que dotou o município de um dos equipamentos da estrutura edificada necessário à

atividade.

No que tange ao turismo de negócios e eventos, vale lembrar que em São Paulo, segundo

declarações de Eduardo Sanovicz, presidente do Anhembi Turismo e Eventos, esse segmento da

atividade é o responsável por 75% do volume de turistas estrangeiros no município, sendo esse

turismo impulsionado com a reconstrução do Anhembi6, que abriga o maior pavilhão de

exposições da América Latina, além da diversidade de opções gastronômicas, culturais e

comerciais (Scinocca, 2002). Guardando as devidas proporções, é possível fazer um paralelo com

a realidade atual de Ilhéus que pode começar a estimular esse segmento da atividade. Nesse

sentido o Centro de Convenções é parte do aparato necessário à viabilização e sustentabilidade

dessa vertente turística.

Segundo o setor de locação de veículos, a maior motivação do turista ao alugar um veículo é

circular pela região e/ou permanecer em outra cidade, apontado por 81% da amostra, apenas 19%

das locações são para turistas que tenham indicado pretensão de permanecer na cidade. Fazendo

um paralelo com a pesquisa de Turismo Receptivo (Bahiatursa, 1999) e a pesquisa de Demanda

5 Admitindo que a motivação do turismo pode ser diferenciada entre: lazer, cultura, aventura, religião história, arquitetura entre outros. 6 Reconstruído na década de 90 do século XX.

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30

Turística (Bahiatursa, 2000), para ambas, em média 95% das indicações de motivação do passeio

são os atrativos naturais.

Considerando que boa parte dos atrativos naturais encontram-se fora do perímetro urbano e

mesmo do município de Ilhéus, esse fato pode explicar a busca por outras localidades que, além da

relação com a diversidade de cenários naturais disponíveis a nível regional, com o número de

municípios que compõem a Costa do Cacau7, da qual Ilhéus é o portão de entrada, possivelmente

essa busca está também relacionado às poucas opções de lazer que a cidade oferece, especialmente

do lazer noturno.

06.3 Sazonalidade da atividade turística e sua interferência na atividade econômica

O turismo de acesso rodoviário

Com base nos dados do acesso rodoviário (gráficos 05 e 06) é possível inferir que: exceto

para os meses de junho/julho a distribuição no fluxo de passageiros desembarcados na estação

rodoviária de Ilhéus, tanto intermunicipais quanto interestaduais, ocorre com certa

proporcionalidade.

No período de verão, dezembro a fevereiro, época de férias escolares, o número de

desembarques na estação rodoviária de Ilhéus aumenta, em média geral, 26% (apêndice B, tabelas

A e B).

Gráfico 05 _ Desembarque de passageiros rodoviários interestaduais _ Ilhéus/BA, 1998/20018

7 Municípios que compõem a Costa do Cacau: Itacaré, Uruçuca (Serra Grande), Ilhéus, Olivença, Una (Comandatúba) e Canavieiras. 8 Os dados do mês junho/2001 estão fora dos padrões esperados, é possível que haja um erro quanto ao número de embarques informados.

-

10.000

20.000

30.000

40.000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

º de

pass

agei

ros

N

Nov Dez

1998 1999 2000 2001 FONTE: SINART

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31

Quanto ao período de recesso escolar do meio do ano, junho/julho, o aumento no número de

desembarques na estação rodoviária de Ilhéus é mais perceptível para os trajetos intermunicipais

(tabela 06). Neste período do ano acontece, em média, 15% do total de desembarque

intermunicipal anual (apêndice B, tabela B).

É possível inferir que a maior ênfase no aumento no número de passageiros, para os trajetos

intermunicipais, no período de meio de ano, junho/julho, seja conseqüência de uma forte tradição

cultural nordestina, as Festas Juninas. Neste caso tem-se um exemplo de tradição cultural

fomentando o turismo.

Gráfico 06 _ Desembarque de passageiros rodoviários intermunicipais _ Ilhéus/BA, 1998/2001

-

1.000

2.0003.000

4.000

5.000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nº d

e pa

ssag

eiro

s

1998 1999 2000 2001 FONTE: SINART

Fica perceptível a questão da sazonalidade na atividade do turismo, enfatizada nos meses de

dezembro a fevereiro e, com menor ênfase, nos meses de junho e julho. Este pico periódico no

número de desembarques provavelmente reflete na cidade de Ilhéus e, por extensão, na região em:

aumento nos custos do comércio local, levando-o a ser considerado um centro de custo elevado;

incremento no fluxo de pedestres e automóveis, gerando engarrafamentos e tornando o trânsito

mais lento e perigoso; colapso em serviços básicos como transporte coletivo, fornecimento de

água9 e energia; aumento na demanda do serviço de limpeza urbana. Todos estes reflexos,

especialmente os três últimos, comprometem a qualidade e o uso dos espaços urbanos, tanto

públicos quanto privados e podem, se persistirem por um período de médio e/ou longo prazo,

comprometer a qualidade e a manutenção da atividade turística no local.

9 Na cidade de Itacaré o abastecimento d’água ficou comprometido no período de final do ano, 2000/2001, em Porto Seguro falta água potável quase todos os verões, em Ilhéus o abastecimento também fica comprometido, chegando a faltar água nos bairros mais periféricos.

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32

O turismo de acesso portuário

O oferecimento da cidade de Ilhéus como destino a ser visitado nos pacotes turísticos por

meio marítimo sofreu redução nos últimos 2 anos (tabela 10). Tomando por base a média de

atracações dos últimos 9 anos que é de 11,8 navios/ano, observa-se uma redução no ano de 2001

de 57,6% no número de embarcações. Tomando por base o ano de 199810, a redução no número de

embarcações atracadas no ano de 2001 foi de 70,6%.

Tabela 10 _ Movimentação de transatlânticos no porto do Malhado _ Ilhéus-BA, 1993/2001

Ano

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Total anual

Perma- nência

média (h) 1993 3 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 8 13:35 1994 5 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 13 15:45 1995 6 3 2 0 0 0 0 0 0 0 0 5 16 16:00 1996 4 3 1 0 0 0 0 0 1 0 0 3 12 13:20 1997 5 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 14 13:15 1998 5 5 0 1 0 0 0 0 0 0 2 4 17 10:30 1999 4 6 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 14 10:07 2000 3 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 7 10:20 2001 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 5 11:40

Média 4 3,3 0,4 0,2 0 0,1 0 0 0,1 0 0,4 3,1 11,8 13:04 FONTE: CODEBA - Ilhéus-BA

O ano de 1998 registra o maior número de navios de passageiros atracados no porto, no

entanto, a maior média anual no tempo de permanência por embarcação foi registrada no ano de

1995, demonstrando assim uma relação independente entre demanda de navios de passageiros e

tempo médio de permanência no ancoradouro.

Independente da quantidade de atracações e do tempo de permanência das embarcações, o

período de movimentação dessas concentra-se entre dezembro e fevereiro, o que confirma a

tendência sazonal da atividade (tabela 10).

Como o tempo médio de permanência das embarcações no porto de Ilhéus é curto,

aproximadamente 13:00h, é possível inferir que este turista não cria condições que possam

comprometer a qualidade do espaço. Em contrapartida, pela redução na freqüência e número

desses visitantes no último ano, os benefícios econômicos trazidos por eles, especialmente para o

comércio local e condutores de táxi, ficaram bastante reduzidos. Vale salientar que o gasto médio

10 Ano que apresenta o maior número de atracações de transatlânticos nos últimos 9 anos no porto do Malhado em Ilhéus-BA.

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33

per capta/dia do turista estrangeiro, excluídos os gastos com transporte internacional, foi de US$

67 em 1998 e de US$ 79 em 1999 (Embratur, 2002).

O turismo de acesso aeroviário

Entre os anos de 1998 e 2000 a média anual de desembarques no aeroporto Eduardo Gomes

em Ilhéus foi de 101.755 passageiros/ano, apresentando uma pequena variação em torno de 7,5%.

A distribuição no número de desembarques por mês demonstra haver uma intensificação do

movimento nos meses de janeiro, julho e dezembro (gráfico 07).

Gráfico 07 _ Desembarque de passageiros no aeroporto Eduardo Gomes _ Ilhéus/BA, 1998/2001

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Nº d

e pa

ssag

eiro

s

1998 1999 2000 2001FONTE: INFRAERO/ILHÉUS

A exemplo dos dois itens anteriores, o turismo de acesso rodoviário e portuário, a variação

no número de desembarques no aeroporto Eduardo Gomes também confirma a tendência sazonal

da atividade turística, tendo os picos periódicos no número de desembarque nos meses de

dezembro, janeiro e julho.

Os reflexos dessa sazonalidade são, possivelmente, os mesmos já descritos na análise do

turismo rodoviário e portuário, sendo que, os usuários do transporte aéreo provavelmente têm uma

parcela menor de contribuição nesses reflexos, pois eles representam, em média, 25% do total de

passageiros desembarcados em Ilhéus por ano, considerando para efeito comparativo o total anual

de desembarques rodoviários e aéreos nos anos de 1998, 1999 e 2000 (apêndice B, tabelas A a C).

Se comparados por perfil econômico é possível inferir que, individualmente, os usuários do

transporte aéreo possivelmente dispõem de um gasto diário médio maior que os usuários do

transporte rodoviário, conseqüentemente devem deixar no comércio local uma receita per capta

maior.

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Contudo é importante não perder de vista que o desembarque de passageiros no aeroporto de

Ilhéus, segundo dados da EMBRATUR (2002), representa em média 0,3% do total de

desembarques nos aeroportos brasileiros. Esse número indica a pouca procura pelo município de

Ilhéus e pela Região Cacaueira da Bahia. Respalda também a medição de receptividade das

agências de viagens para com a pesquisa (Item 06.1).

A geração de empregos

Dentro da amostra pesquisada a capacidade de absorção de mão-de-obra fica praticamente

concentrada em até 10 empregados por empreendimento. O número de contratações temporárias

nas estações turísticas, novembro/fevereiro e junho/julho é variável para cada grupo. No entanto, a

maior concentração de contratações temporárias encontra-se também em até 10 empregados por

empreendimento (gráficos 08 a 10).

Gráfico 08 _ Empregos gerados pela atividade turística, segundo percepção dos setores pesquisados, nos períodos do ano entre mar/mai e ago/out _ Ilhéus/BA, 2001

18 18

36

23

05

33

45

110 0

1120 20

30

0

2010

010203040506070

(%)

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

até 3 4 a 6 7 a 10 11 a 15 16 a 20 mais de 2 0

Nº empregosServiços de apoio Hotéis e pousadas Barracas de praia

Gráfico 09 _ Empregos gerados pela atividade turística, segundo percepção dos setores pesquisados, no período do ano entre nov/fev _ Ilhéus/BA, 2001

70

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

56 6050

50

45 40

2530 22 221720 11 11 11 11 1110

4

4 000 00até 3 0 4 a 6 7 a 10 11 a 15 16 a 20 mais de 2

Nº empregos

Serviços de apoio Hotéis e pousadas Barracas de praia

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Gráfico 10 _ Empregos gerados pela atividade turística, segundo a percepção dos setores pesquisados, no período do ano entre jun/jul _ Ilhéus/BA, 2001

No geral, a capacidade de absorção de mão-de-obra dentro dos setores pesquisados mais que

duplica o número de empregos durante os períodos de alta estação, especialmente no período entre

novembro e fevereiro (gráficos 09 e 10). É possível inferir que esse aumento no número de

empregos ocorra também nos demais setores da economia local, especialmente no comércio

varejista. Um exemplo desse poder multiplicador do turismo são as informações da Associação

Brasileira de Locadoras de Automóveis – ABLA, segundo a ABLA os serviços de locação de

automóveis empregaram 48 mil pessoas, sendo 16 mil em empregos diretos e 32 mil em empregos

indiretos (EMBRATUR, 2002).

Analisado de forma simplificada o aumento na absorção de mão-de-obra e a capacidade de

geração de empregos, esses efeitos parecem ser bastante positivos, porém avaliando a questão pelo

foco do comprometimento no espaço urbano, é possível considerar que: estando a região ainda sob

os efeitos da crise na lavoura cacaueira; que esta crise comprometeu a produtividade da zona rural

e desencadeou um processo migratório campo-cidade e que a cidade de Ilhéus é um dos núcleos

urbanos regionais que exerce forte poder de atração para essa população imagina-se como alguns

problemas e processos tipicamente urbanos (apropriação desordenada das faixas periféricas,

carência de infra-estrutura e saneamento básico, habitações clandestinas e insalubres,

comprometimento da segurança pública) foram acelerados a agravados com a referida crise. Além

disso, o emprego de temporada não costuma estimular ações de qualificação profissional, o que

pode acabar comprometendo a qualidade do atendimento e dos serviços prestados no local.

6770

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

6050

5040 33 33 33

25 253020 1111 1110

0 00 0 0 00 00até 3 4 a 6 7 a 10 11 a 15 16 a 20 mais de 20

Nº empregos

Serviços de apoio Hotéis e pousadas Barracas de praia

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36

06.4 Qualidade do espaço urbano: suas deficiências e influências na captação da demanda

turística

A atividade do turismo e o crescimento da população urbana

Entre os anos de 1970 e 1991 o crescimento, tanto da população municipal quanto da

população urbana, ocorreu de forma equivalente. Contudo, no período entre 1991 e 1999, esse

equilíbrio foi rompido e a população urbana apresentou um crescimento superior a 15,11% com

relação ao crescimento da população total do município no mesmo período (gráfico 11 e apêndice

B tabela D).

Gráfico 11 _ Crescimento populacional _ Ilhéus/BA

29%

79%

22%

14%70%

22%

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

1970 1980 1991 1999

População urbana

População total

NOTA: Valores em % representam a taxa de

crescimento populacional no período

, 1970/1999.

Uma das contribuições a esse aumento nos índices de urbanização do município de Ilhéus é

o incremento da atividade turística na região visto que, o período que apresenta a maior taxa de

urbanização corresponde aproximadamente à mesma faixa de tempo em que a atividade turística

iniciou na região como atividade economicamente representativa. No entanto, o fenômeno do

êxodo rural não pode ser desprezado, embora não componha o foco de estudo deste trabalho, sabe-

se que, em conseqüência da decadência da lavoura cacaueira, as cidades da região tiveram seus

índices de crescimento populacional majorados em função da migração campo cidade que empurra

os trabalhadores rurais para a condição de desempregados ou sub-empregados urbanos.

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37

Os serviços de infra-estrutura urbana

a) Limpeza urbana

Quanto ao serviço de limpeza urbana, 74% dos entrevistados qualificam o serviço como

regular e péssimo, enquanto apenas 26% qualifica como bom (gráfico 12).

Quanto ao conjunto dos serviços composto pela limpeza, coleta e horário de coleta, há

discordância de opiniões entre os entrevistados. Enquanto para os serviços de apoio e hospedagem,

as opiniões praticamente se dividem entre os que qualificam como muito bom e bom e os que

qualificam como regular e péssimo (apêndice B, tabela E). Para 100% dos entrevistados na

atividade de barracas de praia, o serviço de limpeza é qualificado entre regular e péssimo, o

serviço de coleta recebe esta mesma qualificação na opinião de 78% dos entrevistados. Em

contraponto, 88% destes mesmos entrevistados classificam a qualidade da coleta como muito boa

e boa (apêndice B, tabela E).

Gráfico 12 _ Qualidade da limpeza urbana na percepção dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

25 29

0

252112

50

00

3850

30

10 100

0

20

40

60

80

Péssimo Ruim Regular Bom Muito bomQua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio

Essa discordância de opiniões pode estar refletindo diferenças na qualidade dos serviços

prestados nos diversos pontos ou áreas da cidade ou deficiência na fiscalização do serviço

prestado.

É importante ressaltar que a limpeza urbana é um elemento marcante na paisagem, cuja má

qualidade no serviço se reflete no espaço em pontos de acúmulo de lixo, proliferação de vetores

tipo insetos e roedores, exalação de odores além de outros inconvenientes.

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38

Especificamente para a realidade de Ilhéus, a limpeza pública já era apontada como

deficiente no diagnóstico ambiental elaborado para o município de Ilhéus em 1995 pelo CRA

(CRA, 1995).

b) Transporte urbano

O sistema de transporte urbano, tanto o transporte coletivo público quanto o serviço de táxi,

tem sua qualificação concentrada como boa e regular (gráficos 13 e 14). As variações mais

marcantes de qualificação são apontadas pelos prestadores de serviços em barracas de praia.

Gráfico 13 _ Qualidade do transporte público urbano na percepção dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

38

54

4 4 0

33 45

011 11

67

0

22

110

0

20

40

60

80

Péssimo Ruim Regular Bom Muito bomQua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio

A percepção de 33% dos barraqueiros indica o sistema de transporte público como péssimo.

Durante recolhimento dos formulários muitos desses entrevistados queixaram-se do tempo de

espera e da insegurança nos pontos de transporte coletivo. É provável que esses dois fatores sejam

os responsáveis por esta má qualificação do serviço.

O serviço de táxi, apesar da qualificação geral como bom ou regular, apresenta maiores

discordâncias nas opiniões que o serviço de transporte público (gráfico 14). O maior grau de

insatisfação, 66%, foi registrado pelos barraqueiros. Vale ressaltar que parte deles afirmam usar o

serviço de chamada por telefone, mas que a demora no atendimento é grande. Além dos

barraqueiros, 30% do total dos serviços de apoio também registram uma opinião negativa quanto

ao sistema.

A insatisfação dos barraqueiros pode estar relacionada com a distância entre o local das

barracas e o centro da cidade, onde normalmente se localizam os pontos de táxis, demandando

assim um certo tempo para locomoção dos mesmos. Em contrapartida, 100% dos prestadores de

serviços de apoio ao turismo entrevistados localizam-se na área central da cidade e, mesmo assim,

demonstram insatisfação com o serviço, o que vem a apontar deficiência no atendimento.

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39

Gráfico 14 _ Qualidade do serviço de táxi na percepção dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001.

2029

4 8

59

0

33 33 33

0 010

70

0 00

20

40

60

80

Péssimo Ruim Regular Bom Muito bom

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio

Vale lembrar que o turista, em férias ou a negócio, deseja um serviço eficiente e que, uma

má qualidade no sistema de transporte urbano, tanto público quanto privado, pode afetar

negativamente para a qualificação do município frente ao turista e interferir na sua vontade de

regressar ao local.

c) Segurança pública

A questão da segurança pública, dos três itens selecionados para análise da infra-estrutura

urbana é o pior qualificado, contando com a quase totalidade das opiniões concentrada na faixa

entre regular e péssimo (gráfico 15).

Gráfico 15 _ Qualidade do serviço de segurança pública na percepção dos setores pesquisados Ilhéus/BA, 2001

18 22

52

4 4

33 33 33

0 0 10

20

70

0 00

20

40

60

80

Péssimo Ruim Regular Bom Muito bom

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio

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40

Os dados chamam a atenção para a distribuição das opiniões dos barraqueiros, pois são os

que, comparativamente, pior qualificam os serviços. Essa demonstração de insatisfação é bastante

perceptível entre eles, especialmente quando queixam-se do total descaso das autoridades locais

para com a segurança nas praias da cidade. À noite esse trecho da cidade fica completamente

deserto e convidativo à marginalidade, sendo impraticável qualquer tentativa de uso do local para

fins de lazer noturno.

Essa impressão de pouca segurança vai de encontro às expectativas do turista em relação ao

lugar visitado. Segundo Adyr Rodrigues (1999), o turista tem a segurança como um dos critérios

importantes que interferem na escolha e definição do local a visitar.

A potencialidade da cidade e os segmentos do mercado turístico

Ignarra (1999) adota, em seus estudos, uma divisão da atividade turística em 38 segmentos

com base em critérios que caracterizam, por exemplo, o perfil do turista; o meio de locomoção; a

duração da viagem; o tipo de atividade ofertada no local de destino entre outros. Com base nesta

divisão, dos 38 segmentos adotados, 32 segmentos foram apontados como potencialmente

existentes no município de Ilhéus (tabela 11).

Os dados apontam uma perspectiva positiva quanto à possibilidade de crescimento e

diversificação da atividade turística no município. Concomitantemente, mostra o sub-

aproveitamento do potencial turístico local quando reconhece que dos 32 segmentos existentes na

localidade apenas 14 estão efetivamente sendo explorados atualmente.

Estes dados podem ser usados como base indicativa para novos investimentos no setor, pois

permite visualizar as carências locais quanto à referida atividade e os filões de mercado ainda por

desenvolver.

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41

Tabela 11 _ Segmento turístico com potencial no mercado turístico de Ilhéus/BA

Critério de segmentação Segmentos Potencial existente *

Potencial explorado *

Turismo infantil Turismo juvenil Turismo de meia idade Faixa etária

Turismo de terceira idade Turismo aéreo Turismo rodoviário Turismo ferroviário Meio de transporte

Turismo marítimo Turismo de curta duração

(até 3 dias)

Turismo de média duração (de 4 a 10 dias)

Tempo de permanência

Turismo de longa duração (mais de 10 dias)

Turismo local Turismo regional Turismo nacional

Distância do mercado consumidor

Turismo continental Turismo internacional Turismo individual Turismo de casais Turismo de famílias

Tipo de grupo

Turismo de grupos Turismo de praia Turismo de montanha Condições geográficas da

destinação turística Turismo de campo Turismo étnico Turismo religioso Aspecto cultural Turismo histórico Turismo de grandes metrópoles Turismo de pequenas cidades Turismo rural

Grau de urbanização da destinação turística

Turismo de áreas naturais Turismo de negócio Turismo de eventos Turismo de lazer Turismo de saúde Turismo educacional Turismo de aventuras Turismo esportivo

Motivação da viagem

Turismo de pesca Fonte: Ignarra, 1999. P80-81

(*) acrescimo da pesquisa.

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42

Os locais visitados pelo turista

Antes de iniciar a análise é importante lembrar que, neste item os dados apresentados no

gráfico 16 mostram a percepção dos locais visitados pelos turistas por parte de dois grupos de

entrevistados, o grupo do setor de hospedagem e do setor de locação de veículos. Vale salientar

que a percepção destes dois grupos pode estar equivocada com relação à realidade efetiva do

turista, contudo a título de análise da qualidade do espaço (tema principal da pesquisa) e da

receptividade e tendência dos grupos para com possíveis intervenções no ambiente urbano (Cap.

08) os dados são plenamente satisfatórios pois busca a percepção do residente, principal agente de

atuação e mudança no meio ambiente urbano.

A percepção dos grupos, em especial dos locadores de veículos, aponta para um grande

número de visitas a locais fora da cidade e às praias mais afastadas do centro urbano. Chama

atenção a pouca percepção de visitação no Antigo Porto, apesar de boa parte da história local ter

acontecido nessa área da cidade (gráfico 16).

Gráfico 16 _ Locais visitados pelos turistas, na percepção dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

79

14

14

43

43

63

17

0

92

25

12

8

67

67

33

17

43

14

0

86

57

14

43

10

0 20 40 60 80 100

As igrejas de Ilhéus

O quarteirão Jorge Amado

O antigo porto - Av. 2 de Julho

Prédios e construções antigas

Praias do sul

Praias do norte

Praias do centro da cidade - Morro do Pernambuco e

0

praia do Cristo

Eco-parque de Una

Olivença

Itacaré

Lagoa Encantada

Fazendas de cacau

Quantidade de respostas (%)

Locadoras de veículos Hotéis e pousadas

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43

Agrupando as respostas de acordo com os locais indicados tem-se: grupo 1, locais fora do

espaço urbano, composto por fazendas de cacau, Lagoa Encantada, Itacaré, Olivença e Eco-parque

de Una; grupo 2, espaço natural urbano, composto por praias do centro da cidade, do norte e do sul

e grupo 3, espaço construído urbano, composto por prédios e construções como o Antigo Porto, o

quarteirão Jorge Amado e as Igrejas de Ilhéus. Analisando as respostas por grupo percebe-se que

há uma “maior” percepção de visitas aos grupos 1 e 2, locais fora do espaço urbano e espaço

natural urbano, respectivamente.

Esses dados, quando comparados com as quatro fases do turismo, identificadas por

Ruschmann (1997), devido a pouca percepção de visitas ao espaço urbano e da baixa qualificação

da infra-estrutura urbana, especialmente limpeza e segurança (p. 40,42 e 43), possibilita inferir que

Ilhéus encontra-se na transição entre a 3ª fase, a do turismo de massa e domínio da natureza, e a 4ª

fase, a do turismo ecológico e de conhecimento do lugar.

A “menor” percepção de visitas ao grupo 3, espaço construído urbano, pode estar indicando

deficiência na divulgação, pouca valorização ou pouco conhecimento da história local, má

qualidade de conservação e manutenção dos referidos espaços, tornando-os pouco atraentes,

inexistência de horários pré-definidos para visitação às áreas internas das construções entre outros.

Contudo essa percepção acaba por concentrar, nos locais aparentemente mais visitados ou em

locais semelhantes, os possíveis investimentos na atividade turística. Esse efeito atrativo e

concentrador acaba por enfatizar a preferência pelo espaço natural e ou externo ao perímetro

urbano o que não beneficia o espaço construído e a valorização do seu referencial histórico e

cultural.

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44

As queixas e elogios dos turistas

A percepção dos grupos aponta para um grande número de queixas relacionadas à qualidade

no atendimento, às poucas opções de lazer e à limpeza e saneamento básicos (gráfico 17).

Gráfico 17 _ Queixas dos turistas na percepção dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

A percepção de queixas relacionadas ao saneamento básico, mais especificamente à limpeza

pública, já apareceu anteriormente na pesquisa de Turismo Receptivo (Bahiatursa, 1999), com

11% das indicações dos 48% que responderam à questão, e na pesquisa de Demanda Turística

(Bahiatursa, 2000), com 25% das indicações. Esses números demonstram, tanto a pré-existência

do problema quanto à ineficiência ou descaso frente as questões relacionadas aos serviços básicos

de infra-estrutura prestados pelo município.

8

8

71

43

20

29

2020

96

20

8

46

58

33

0

25

0

14

29

14

100

57

43

43

0

0

0

0

140

0 20 40 60 80 100

Dificuldade em obter informações turísticas

Dificuldade em conhecer os locais e construçõesturísticas

Pouca opção de lazer diurno

Pouca opção de lazer noturno

Pouca opção de lazer cultural

Mau atendimento dos prestadores de serviços

Povo mal educado e pouco hospitaleiro

Cidade suj

N

Praias sujas

Pouco policiamento

Transporte ruim

Comércio ruim, sem opções

Custo elevado no comércio

a

ão faz queixas

Quantidade de respostas ( )Locadoras de veículos

%Hotéis e pousadas

Dificuldade de locomoção, faltam placas informativas

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45

A segurança pública e carência de lazer não aparecem nas pesquisas anteriores, mas o

primeiro ratifica o já demonstrado pela deficiência na segurança pública e o segundo demonstra o

despreparo do destino turístico para receber e acolher seus visitantes. É importante lembrar que

opções de lazer levam o turista a aumentar tempo de permanência e gastos diários. Entretanto as

queixas relacionadas à qualidade no atendimento mostram o amadorismo e falta de qualificação do

profissional local, envolvido direta ou indiretamente com o turismo.

Quanto aos elogios dos turistas, a percepção dos grupos aponta marcadamente para

características da população como educação, cordialidade e hospitalidade (gráfico 18). Os demais

itens relacionados, de forma geral, não conseguem grande destaque.

Gráfico 18 _ Elogios dos turistas na percepção dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA,2001

4

12

14

71

14

8

17

4

17

12

0

17

67

0

4

17

8

0

29

14

29

0

029

029

29

0

0

0

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Facilidade de localização e locomoção

Facilidade em obter informações turísticas

turísticas

Boa opção de lazer diurno

Boa opção de lazer noturno

Boa opção de lazer cultural

Bom atendimento dos prestadores de serviços

Povo educado, cordial e hospitaleiro

Cidade limpa

Praias limpas

Bom sistema de policiamento

Bom sistema de transporte

Comércio com boas opções de compras

Bom custo dos produtos no comércioNão faz elogios

Quantidade de respostas (%)Locadoras de veículosHotéis e pousadas

Facilidade em conhecer os locais e construções

Na pesquisa de Turismo Receptivo (Bahiatursa, 1999) e na pesquisa de Demanda Turística

(Bahiatursa, 2000), dentre os itens mais citados como os que mais agradaram ao turista estão as

praias e os atrativos naturais, apenas na primeira pesquisa aparece também o item hospitalidade.

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46

Considerando que grande parte dos atrativos naturais (item mais elogiado nas duas pesquisas

referendadas) estão fora da localidade e até mesmo do município de Ilhéus, e que a hospitalidade

(item mais elogiado no levantamento dos dados primários) faz referência a pessoas, seu cotidiano

e seu perfil comportamental, fica assim demonstrado a pouca atratividade da cidade de Ilhéus.

Há nesse resultado um questionamento dicotômico interessante. Como os resultados podem

indicar tão baixa atratividade no município quando este apresenta potencialidade em 32 segmentos

da atividade turística (tabela 11)? Esse questionamento pode esta reafirmando o despreparo

estrutural local, bem como o descaso do poder público e dos empresários do turismo, para

desenvolvem e manter a atividade turística.

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47

07

AS IMAGENS DA CIDADE HOJE

O espaço público é entendido como um estruturador urbanístico e um “cartão de visita”

do lugar. É por meio dele que o turista chega e trava contato com o “universo” local (Yázigi,

2001). Adotando este entendimento e rebatendo-o para a condição que o município de Ilhéus

assume frente à atividade turística, portão de entrada e cartão de visita local e regional, são

analisadas algumas das imagens da cidade. A análise é iniciada tomando como base de

referência as vias de deslocamento do turista que adentra a região via Ilhéus:

a) As imagens apresentadas aos que acessam à cidade via aeroporto e seguem para o litoral

Sul ou para as cidades de Olivença, Uma e Canavieiras mostram-se alguns elementos

degradantes da paisagem, pontos de acúmulo constante de lixo (figuras 01 e 03) e o estado de

má conservação da faixa de acostamento na rodovia Pontal-Olivença (figura 02). As imagens

tendem a difundir um aspecto de sujeira e insalubridade no local e uma impressão de

insegurança e periculosidade do trânsito.

As intervenções sugerem recuperação e direcionamento no uso de antigas edificações

para atividades ligadas ao turismo, fixação de horários para visita ao patrimônio construído,

transporte alternativo como charretes, arborização e construção de ciclovias na área urbana,

apropriação do cemitério como ponto de visitação turística, entre outros.

Figura 01 _ Ponto de acúmulo de lixo em via pública, Bairro Pontal Ilhéus/BA, 2001

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48

Figura 02 _ Estado de conservação da faixa de acostamento, Rod.

Pontal/Olivença _ Ilhéus/BA,2001

Figura 03 _ Ponto de acúmulo de lixo em terreno baldio às margens da Rod. Pontal/Olivença _ Ilhéus/BA,2001

b) As imagens apresentadas aos que acessam à cidade via aeroporto e seguem para o litoral

Norte ou para as cidades de Itacaré e Maraú mostram-se, como elementos degradantes da

paisagem, ponto de despejo de esgoto in natura na faixa de praia (figura 04), canal a céu

aberto para escoamento de esgoto, tendo ao lado um ponto de acúmulo constante de lixo

(figura 05) e, no final do trajeto delimitado para análise, a rótula do Litoral Norte (figura 06).

As duas primeiras imagens (figuras 04 e 05) tendem a difundir um aspecto de sujeira e

insalubridade do ambiente urbano. Já a imagem da rótula tende a difundir um aspecto de

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49

carência no tratamento paisagístico da área o que acaba não destacando a qualidade e

importância do espaço em questão. Esse “não tratar” gera estranheza visto ser a rótula no

Litoral Norte um ponto de passagem quase que obrigatório, para o turista potencial e para o

turista efetivo da cidade de Ilhéus, pois dá acesso tanto à orla do Litoral Norte quanto a BA-

001, trecho Ilhéus-Itacaré, também conhecido como Estrada Ecológica.

Figura 04 _ Ponto de despejo de esgoto in natura, Praia do Malhado Ilhéus/BA, 2001

Figura 05 _ Canal para escoamento de esgoto “a céu aberto” e ponto de

acúmulo de lixo, bairro Malhado _ Ilhéus/BA, 2001

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50

Figura 06 _ Rótula de distribuição, Av. Antonio Lavigne, Litoral Norte Ihéus/BA, 2001

c) As imagens apresentadas aos que acessam à cidade por rodovia e seguem até o centro

mostram-se, como elementos degradantes da paisagem; a ocupação desordenada do espaço

como resultado de invasão popular (figura 07) e a precariedade das habitações populares

clandestinas no local (figura 08), ambas às margens do manguezal. As imagens tendem a

difundir uma impressão de descaso e ou desrespeito para com a qualidade de vida e as

condições de preservação do meio ambiente natural.

Figura 07 _ Apropriação clandestina do espaço, em frente à estação rodoviária _ Ilhéus/BA, 2001

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51

Figura 08 _ Unidade habitacional clandestina, em frente à estação rodoviária _ Ilhéus/BA, 2001

Considerando a condição de cidade turística, prossegue a análise de algumas das

imagens da cidade, agora tomando como base de referência as áreas centrais onde o turista

tende a circular e ou visitar:

d) As imagens apresentadas aos que circulam ou visitam as áreas centrais da cidade

mostram-se, como alguns dos elementos degradantes da paisagem, a “superposição” de usos

no espaço do Terminal Urbano de Transporte Coletivo (figura 09) e a invasão dos limites da

via pública para atividades comerciais (figuras 10 e 11). A primeira imagem (figura 09) tende

a difundir a disputa por espaço entre os usuários do sistema de transporte coletivo,

barraqueiros e vendedores ambulantes. Essa disputa se dá tanto no âmbito do espaço de

permanência quanto do espaço para circulação. Já as imagens que retratam o uso indevido das

vias públicas tendem a difundir uma impressão de desordem e desrespeito, especialmente

quanto aos limites de apropriação e uso das calçadas e vias públicas, espaços destinados à

circulação de pedestres e veículos, respectivamente, além de resultar em poluição visual e

acústica, tornando o espaço pouco atraente, especialmente para o turista.

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Figura 09 _ Terminal urbano de transporte coletivo, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

Figura 10 _ Ocupação da via pública por barracas na Praça Visconde de Cairú, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

Figura 11 _ Ocupação da via pública pelo comércio informal na Praça Coronel Pessoa, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

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53

e) As imagens apresentadas aos que circulam ou visitam a área do Antigo Porto e suas

imediações mostram-se, como alguns dos elementos degradantes da paisagem, o estado de

ruínas em que se encontram os antigos cais e barracões (figuras 12 e 13) e o acúmulo de

dejetos e lixo às margens do rio (figura 14). As imagens tendem a difundir um aparente

descaso para com o aproveitamento, preservação e manutenção de elementos da paisagem

urbana com valor histórico e também para com a qualidade e preservação do ambiente natural

que compõe o entorno urbano.

Figura 12 _ Barracões do antigo porto na Av. Alm. Aurélio Linhares, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

Figura 13 _ Ancoradouros do antigo porto na Av. Alm. Aurélio Linhares, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

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54

Figura 14 _ Despejo e acúmulo de lixo às margens do rio (sob a ponte Lomanto Junior) _ Ilhéus/BA, 2001

f) As imagens apresentadas aos que circulam ou visitam o centro comercial da cidade

mostram-se, como alguns dos elementos que comprometem a qualidade da paisagem, a

poluição visual na área comercial (figura 15) e a descaracterização de edificações históricas

ou de época (figuras 16, 17 e 18). A primeira imagem (figura 15) tende a difundir um aspecto

visualmente poluído, confuso e tumultuado do espaço, tornando-o pouco atraente para o

turista. Este efeito é bastante desinteressante, pois áreas comerciais tendem a buscar salientar

a atratividade do local. Já as imagens que retratam a descaracterização das edificações

históricas e ou de época, podem induzir o observador a perceber o fato como reflexo de

desvalorização histórico-cultural do local ou região.

Figura 15 _ Vista parcial do comércio - rua Marquês de Paranaguá, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

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55

Figura 16 _ Edificação de uso comercial – esquina das ruas Marquês de Paranaguá e Prado Valadares, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

Figura 17 _ Edificação de uso comercial – rua Dom

Pedro II, Centro _ Ilhéus/BA, 2001

Figura 18 _ Edificação de uso comercial – rua Marquês de Paranaguá, Centro Ilhéus/BA, 2001

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56

Ainda quanto às imagens apresentadas aos que circulam ou visitam o centro comercial

da cidade, e fazendo um contraponto ao parágrafo anterior, mostram-se alguns elementos que

salientam a qualidade da paisagem. Entre eles tem-se a adaptação de uma construção de época

para uso comercial (figura 19) e a praça Cadete que abriga o marco de fundação da cidade

(figura 20). A imagem da edificação recuperada e adaptada ao novo uso remete o imaginário

do observador a “tempos idos” e possibilita ao elemento construído uma identidade

diferencial de tempo, estilo e valorização historico-cultural. Quanto à praça que abriga o

marco de fundação, esta retrata um espaço referencial da história local associado a usos e

necessidades contemporâneas.

Figura 19 _ Edificação de uso comercial – esquina das ruas Marquês de Paranaguá e Dom Pedro II, entro _ Ilhéus/BA, 2001

Figura 20 _ Marco de fundação da cidade na praça Cadete, Outeiro de

São Sebastião _ Ilhéus/BA, 2001

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57

No contexto geral estas imagens parecem refletir exatamente o oposto ao pensamento de

Ascanio (1998) quando afirma que o turismo não pode seguir os caminhos de

desenvolvimento que seguiu a industria e a agricultura, ou seja, alcançar desenvolvimento e

prosperidade dentro d’uma área restrita (parques industriais e ou fazendas) num entorno pobre

e ou miserável. Para Ascanio, como para muitos estudiosos da área, o turismo deve

ultrapassar o objetivo mais imediato de equipar as comunidades receptoras com estrutura de

hospedagem e lazer. Antes deve proporcionar melhores condições de infra-estrutura urbana,

serviços de educação, saúde, segurança, moradia e transporte buscando o desenvolvimento da

comunidade como um todo. Comparando esta linha de pensamento com as imagens

apresentadas, fica aparente que, caso o município pretenda se firmar no cenário nacional ou

até mesmo internacional do turismo, é necessário rever e ou prever ações e intervenções de

melhoria do espaço natural, do ambiente construído e dos equipamentos e infra-estrutura

urbanos além de intervenções na área social que possam contribuir com a elevação na

qualidade de vida dos seus habitantes.

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58

08

RECEPTIVIDADE DAS INTERVENÇÕES SUGERIDAS

Como já explicado no capítulo 05 (metodologia) cada unidade amostral recebeu dois

formulários, sendo um deles comum a toda a amostra. Este formulário comum (apêndice A,

formulário 3) contém um leque diversificado de possíveis intervenções sugeridas pela

pesquisadora, buscando mensurar a aceitabilidade de ações que objetivem revitalizar e ou

recuperar o espaço urbano e avaliar a consciência comunitária quanto à preservação e

valorização do patrimônio histórico, tradições culturais e ambiente natural.

No espaço construído11

As intervenções sugerem recuperação e direcionamento no uso de antigas edificações

para atividades ligadas ao turismo, fixação de horários para visita ao patrimônio construído,

transporte alternativo como charretes, arborização e construção de ciclovias na área urbana,

apropriação do cemitério como ponto de visitação turística, entre outros.

Os dados levantados mostram que, em média aproximadamente 59% da amostra total

qualifica as intervenções no espaço construído como boa, os outros 41% qualifica entre

regular e ruim (gráfico 19).

Gráfico 19 _ Qualificação das intervenções no espaço construidosegundo opiniõa dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA,2001

10073

80 66

11 Os dados levantados estão apresentados integralmente no apêndice B, tabela F.

57 57

13 16 21 2314 18 22 20

0

20

40

60

Locadoras deveículos

Hotéis epousadas

Barracas depraia

Serviços de

resp

osta

sQ

uant

idad

e m

édia

de

(%)

apoio

Bom Regular Ruim

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59

Com base nos dados obtidos é possível inferir que ações e ou intervenções no espaço

construído tendem a dividir as opiniões quanto a sua aceitabilidade. Essa divisão, quase que

proporcional de opiniões, pode criar dificuldades na viabilização e implementação de

possíveis propostas e ações desta natureza. Significa dizer também que a necessidade de

preservação do patrimônio, segundo Porto Filho (1976) gerada pelo próprio turismo, foi

pouco percebida pela comunidade local pesquisada. Essa pouca percepção pode ser resultado

do pouco tempo de efetiva existência da atividade ou do amadorismo dos que atuam na

atividade.

Os dados mostram também a necessidade de um trabalho prévio envolvendo e

conscientizando a comunidade quanto às necessidades e benefícios que o uso planejado e

direcionado do espaço construído pode proporcionar para fomentar o turismo e incrementar o

comércio, tanto local quanto regional.

Das possíveis propostas de intervenção no espaço construído, listadas para qualificação

pelos pesquisados, alguns itens apresentam resultados diversos dos esperados. Destes pontos

dois foram selecionados para uma análise mais detalhada, dentre eles temos:

a) o conjunto das três igrejas; Catedral de São Sebastião, Piedade e São Jorge dos Ilhéus. As

possíveis intervenções são qualificadas como regular ou ruim para 42% da amostra (gráfico

20). O resultado, apesar de condizente com a média geral, é considerado inesperado por

serem, as edificações religiosas, pontos tradicionais de visitação turística, tanto por motivação

religiosa quanto por motivação histórico-arquitetônica;

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Gráfico 20 _ Qualificação das intervenções para o conjunto de igrejas, segundo opinião dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

52

3343

58

2847

291914

29 2820

0

20

40

60

80

100

Locadoras deveículos

Hotéis epousadas

Barracas depraia

Serviços de apoio

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Bom Regular Ruim

b) o conjunto composto pela Nova Ponte, as Ciclovias e o Complexo Esportivo. Estas

possíveis intervenções, que representam novas construções, são qualificadas como boas por

82% da amostra (gráfico 21). O resultado, superior à média geral de qualificação bom que é

de 59%, pode ser interpretado como acima do esperado considerando tratar-se de uma cidade

histórica. Pode estar também demonstrando a valorização do novo em possível detrimento do

antigo.

Gráfico 21 _ Qualificação das intervenções para novas construções, segundo opinião dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

0 00 0 0 0

100 97

87 100

133

020406080

100

Locadoras deveículos

Hotéis epousadas

Barracas depraia

Serviços deapoio

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Bom Regular Ruim

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Que incrementem as manifestações culturais12

As intervenções sugerem incentivo às artes e festas tradicionais, uso das praças públicas

pela comunidade, implementação de festividades para divulgar a cultura das diversas etnias

formadoras da sociedade regional, entre outros.

Os dados levantados mostram que, em média geral, aproximadamente 82% da amostra

total qualifica as intervenções de incremento às manifestações culturais como boa, os outros

18% qualificação entre regular e ruim (gráfico 22).

Gráfico 22 _ Qualificação das intervenções incrementadoras das manifestações culturais, segundo opinião dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

Com base nos dados obtidos é possível inferir que ações e ou intervenções de incentivo

às manifestações culturais tendem a aglutinar opiniões, função da sua boa aceitabilidade. Esta

aglutinação pode facilitar a viabilização e implementação de possíveis propostas e ações desta

natureza, assim como estimular o envolvimento da comunidade para com o fomento às

atividades e a qualidade do turismo.

Contudo é imprescindível uma especial atenção para que as intervenções de fomento

cultural não acabem comprometendo as próprias raízes destas manifestações. O risco de

comprometer a autenticidade das manifestações folclórico-culturais locais é abordado no

trabalho de Pellegrini Filho (1997), quando salienta que as interações entre cultura erudita e

12 Os dados levantados estão apresentados integralmente no apêndice B, tabela G

94 93 96 98100

80

60

40

203 63 2 21 1 10

Locadoras d Hotéis e Barracas deeveículos pousadas praia

Serviços deapoio

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

Bom Regular Ruim

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popular podem descaracterizar as manifestações folclóricas. Como contraponto, o próprio

autor chama a atenção para o fato de que a proteção a estas manifestações pode provocar-lhes

uma sobrevida destituída de valor e/ou significado.

No espaço natural13

As intervenções sugerem o aproveitamento da vegetação de Mata, tanto em área interna

quanto externa ao perímetro urbano, e a adoção de um circuito das águas, com o

aproveitamento dos rios e costa litorânea para visitação, especialmente nas áreas de mangue.

Os dados levantados mostram que, em média, 86% da amostra qualifica as intervenções

no espaço natural como boa, os outros 14% qualificação entre regular e ruim (gráfico 23).

Gráfico 23 _ Qualificação das intervenções no espaço natural, segundo opinião dos setores pesquisados _ Ilhéus/BA, 2001

97 98 92 100100

Qua

ntid

ade

de re

spos

tas (

%)

80

60

40

20

Com base nos dados obtidos é possível afirmar que ações e ou intervenções no

patrimônio natural apresentam a maior média geral aproximada de aceitação 86%, quando

comparado aos resultados para o espaço construído que é de 59% e das manifestações

culturais que é de 82%. O valor e a proximidade dos dados referentes ao patrimônio natural e

às manifestações culturais podem estar apontando um ponto de partida para trabalhar o

“turismo” na cidade e região, pois tendem a representar focos de ações, tendencialmente,

aglutinadoras de esforços.

13 Os dados levantados estão apresentados integralmente no apêndice B, tabela H.

2 00 083 0 00

Locadoras d Hotéis e Barracas de Serviços deeveículos pousadas praia apoio

Bom Regular Ruim

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09

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo dos objetivos levantados no início deste trabalho, e com base nos resultados

dos dados analisados tem-se:

como resultado dos objetivos específicos estipulados

Avaliar a aceitabilidade, por parte dos prestadores de serviços turísticos, de possíveis

programas e ações de incentivo ao uso dos espaços públicos.

i. Os resultados demonstram uma melhor aceitação para possíveis intervenções de incentivo

às manifestações culturais e ao de uso do espaço.

ii. A avaliação dos resultados aponta uma possível resistência dos habitantes a adoção de

novas formas de apropriação e uso dos espaços públicos.

iii. É indicado um trabalho de resgate histórico local, recuperação, divulgação e valorização

do espaço público construído e de “ufanização” da cidade frente a sua comunidade residente.

Analisar as principais rotas de locomoção e ou de passagem pelo espaço urbano de Ilhéus e

avaliar seu aspecto, apresentação e impacto provocado no turista efetivo e na demanda

potencial turística da cidade.

i. Os resultados demonstram tratar-se de trechos e áreas urbanas que geram uma impressão

estética positiva e um efeito aconchegante, no entanto apresentam pontos críticos que, na

composição da paisagem, induzem a percepção de abandono, descaso, pouca educação,

despreocupação ambiental, degradação das condições de vida e salubridade da população

entre outros.

ii. A avaliação dos resultados aponta um espaço urbano com grande potencial para fomentar o

turismo.

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iii. É indicada uma intervenção, séria e urgente, para sanar questões elementares como

recuperação e manutenção de vias e rodovias, limpeza urbana, tratamento paisagístico,

revitalização do patrimônio e despoluição visual e acústica das áreas centrais da cidade.

Avaliar o efeito da sazonalidade nas atividades de apoio ao turismo no município de Ilhéus.

i. Os resultados demonstram haver um incremento no número de pessoas que chegam a Ilhéus

nos meses de dezembro, janeiro e julho e uma multiplicação no número de empregos nestes

mesmos períodos.

ii. A avaliação dos resultados aponta a necessidade de captar o fluxo turístico nos períodos

considerados de baixa estação.

iii. É indicado um trabalho de divulgação do município como destino alternativo para as

diversas categorias de turismo, especialmente as que independem da estação climática, para

possibilitar a absorção desta mão-de-obra também nos períodos de baixa estação.

Detectar, na percepção dos prestadores de serviços turísticos e de apoio ao turista, as

condições de oferta dos serviços de limpeza urbana, transporte e segurança pública.

i. Os resultados demonstram que, no geral, estes serviços são qualificados como regulares,

com especial atenção para o item segurança pública, o pior qualificado dentre os itens

avaliados. Demonstra também a possibilidade de diferenciação na qualidade da prestação

destes serviços em função da região da cidade que esteja sendo atendida.

ii. A avaliação dos resultados aponta a necessidade de homogeneizar a qualidade na prestação

dos serviços públicos municipais.

iii. É indicado equipar, treinar e fiscalizar o pessoal responsável pela prestação dos serviços

de limpeza urbana, elaborar e efetivar plano de segurança pública e intensificar o atendimento

do transporte público coletivo, com treinamento e qualificação de pessoal.

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como resultado do objetivo geral estipulado

Investigar as inter-relações que associem tipo de uso e qualidade do espaço público urbano

como fomento das atividades turísticas na cidade de Ilhéus. Agrupando os dados tem-se:

Um primeiro grupo de dados, indicando o perfil do turista de Ilhéus, um segundo grupo de

dados, indicando as potencialidades da cidade e um terceiro grupo de dados, indicando a

percepção dos entrevistados quanto aos locais mais visitados, as queixas e elogios dos turistas

i. Para o primeiro grupo de dados os resultados demonstram: permanência média de 2 a 3

dias, viajam em casal ou família e são motivados pela busca do lazer.

i. Para o segundo grupo de dados os resultados demonstram não haver exploração local de

parte do seu potencial turístico, como exemplo tem-se o turismo infanto-juvenil, histórico,

educacional, cultural entre outros.

i. Para o terceiro grupo de dados os resultados demonstram que o maior contingente de

visitantes buscam as áreas naturais e outras localidades, que os maiores elogios são referentes

à hospitalidade do povo e que as maiores carências são de lazer e saneamento básico. Só as

queixas são diretamente relacionadas ao espaço urbano.

ii. A avaliação dos resultados aponta que o turismo hoje, em Ilhéus, está voltado basicamente

para o turismo de praia, embora com algumas iniciativas do poder público para melhor

capacitar o espaço urbano do local, iniciativas estas ainda atreladas ao espaço litorâneo e à

estação de verão.

iii. É indicado: fomentar o turismo durante os demais períodos do ano; criar opções de lazer

para o turismo infanto-juvenil e de terceira idade; promover e estimular a implantação de

atividades que diversifiquem o aparato local de entretenimento diurno e noturno; resgatar,

valorizar, divulgar e estimular as tradições folclórico-culturais, o acervo histórico, artístico,

ambiental e cênico do local.

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como resultado da hipótese adotada

A qualidade dos espaços públicos urbanos e seu uso direcionado para as atividades

turísticas na cidade de Ilhéus são instrumentos fomentadores de turismo, contribuindo

assim para o desenvolvimento local e regional.

i. Os resultados demonstram a veracidade parcial da hipótese. A qualidade do espaço público

urbano e seu uso direcionado para as atividades do turismo são instrumentos fomentadores de

turismo logo, contribuem para o desenvolvimento local e regional. Contudo, na cidade de

Ilhéus a capacidade fomentadora destes espaços encontra-se ainda deficitária.

ii. A avaliação dos resultados aponta como uma possível explicação para a deficiência dos

espaços públicos e de sua qualidade a existência de problemas urbanos elementares como

precariedade na prestação dos serviços públicos, carência de infra-estrutura básica e de

equipamentos de apoio, especialmente os voltados para o lazer entre outros.

iii. É indicado: a elaboração de outros estudos, de caráter técnico-científico, com foco de

análise direcionado para algumas das questões específicas aqui levantados, a fim de indicar

soluções e alternativas de intervenções específicas para cada um dos problemas levantados.

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APÊNDICE A

FORMULÁRIOS APLICADOS

FORMULÁRIO 1

RELAÇÃO PRESTADOR DE SERVIÇO x CIDADE

Questionário nº________ Data:___________________ Nome do entrevistado: _____________________________________________________________ Função: _________________________________________________________________________ Caracterização do local - Nome do estabelecimento:_________________________________________________________ - Endereço: ______________________________________________________________________ _______________________________________________Bairro____________________________ - Tipo:

hotel pousada restaurante churrascaria pizzaria sorveteria outros. Qual? __________________________________________

- Tempo de funcionamento

até 2 anos acima de 2 até 4 anos acima de 4 até 7 anos acima de 7 até 10 anos mais de 10 anos

.-. Número total de empregados fora da estação turística (março a maio e agosto a outubro)

até 3 empregados de 4 a 6 empregados de 7 a 10 empregados de 11 a 15 empregados de 16 a 20 empregados acima de 20 empregados

- Número de empregados contratados, além dos já existentes na casa, para a estação turística (novembro a fevereiro)

até 3 empregados de 4 a 6 empregados de 7 a 10 empregados de 11 a 15 empregados de 16 a 20 empregados acima de 20 empregados

- Número total de empregados contratados, além dos já existentes na casa, para a estação turística (junho e julho)

até 3 empregados de 4 a 6 empregados de 7 a 10 empregados de 11 a 15 empregados de 16 a 20 empregados acima de 20 empregados

Como prestador de serviço, qual sua opinião sobre: - O serviço de limpeza urbana (limpeza das ruas).

muito bom bom regular ruim péssimo - Qual a regularidade do serviço de coleta do lixo.

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diária 3 vezes na semana 2 vezes na semana 1 vez na semana menos de 1 vez por semana

- A coleta do lixo é.

muito bom bom regular ruim péssimo - O horário da coleta do lixo.

muito bom bom regular ruim péssimo Se respondeu regular, ruim ou péssimo: por quê? _________________________________________________________________________________ - O sistema de transporte público (ônibus) é:

muito bom bom regular ruim péssimo Se respondeu regular, ruim ou péssimo: por quê?

demora de passar risco de assalto mal conservado sujo outros. Quais?________________________________________________________________

- O serviço local de taxi usado pelo turista é:

muito bom bom regular ruim péssimo Se respondeu regular, ruim ou péssimo: por quê?

difícil de encontrar risco de assalto mal conservado sujo muito caro indiferente, a maioria dos clientes não costumam usar. outros. Quais?________________________________________________________________

- O serviço de segurança pública (o policiamento) é:

muito bom bom regular ruim péssimo Se respondeu regular, ruim ou péssimo: por quê?

pouco policiamento policiamento concentrado em pontos da cidade policiais violentos não atendem chamados outros. Qual?________________________________________________________________

- Onde costuma adquirir os produtos ou insumos que comercializa.

em Ilhéus em cidades da região em cidades da Bahia, fora da região em Salvador em outros estados em outro país

- O custo dos produtos adquiridos no comércio de Ilhéus é:

muito alto alto bom regular baixo - O custo dos produtos adquiridos no comércio da região cacaueira, fora de Ilhéus é:

muito alto alto bom regular baixo

APENAS PARA HOTÉIS E POUSADAS

Caracterização do turista - Os turistas que chegam a Ilhéus costumam vir: (responder em porcentagem aproximada) sozinhos:____% em casal:____% em família:____% em grupo:____% - Qual principal motivo da viagem? (responder em porcentagem aproximada) lazer:_____% negócio/trabalho:______% cultura:_____% não sabe - Quanto tempo o turista costuma permanecer? (responder em porcentagem aproximada) até 1 dia:____% de 2 a 3 dias:____% 4 a 6 dias:____%

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de 7 a 10 dias:____% de 11 a 15 dias:____% mais de 15 dias:____% não sabe - Dos turistas recebidos quantos declaram estar vindo pela primeira vez? (responder em porcentagem aproximada)

menos de 10% de 10 a 25% de 26 a 50% de 51 a 75% acima de 75% não sabe

-Ao deixar a cidade, quais as principais queixas do visitante (pode marcar até 3 opções).

dificuldade de localização, não tem placas informativas dificuldade em obter informações turísticas dificuldade em conhecer as locais (construções) turísticos pouca opção de lazer diurno pouca opção de lazer noturno pouca opção de lazer cultural prestadores de serviços recebe e atende mal aos turistas povo é mal educado, não hospitaleiro cidade suja praias sujas pouco policiamento transporte ruim comercio ruim/sem opções comércio muito caro não faz queixas

outros:____________________________________________________________________________ -Ao deixar a cidade, quais os principais elogios do visitante (pode marcar até 3 opções).

facilidade de localização e locomoção na cidade facilidade em obter informações turísticas facilidade em conhecer as locais (construções) turísticos boas opções de lazer diurno boas opções de lazer noturno boas opções de lazer cultural prestadores de serviços recebem e atende bem o turista povo educado, cordial e hospitaleiro cidade limpa praias limpas bom sistema de policiamento bom sistema de transporte comércio com boas opções de compras bom custo dos produtos no comércio não faz elogios

outros:____________________________________________________________________________

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- Quais os principais locais visitados pelos turistas (marcar até 3 opções) as igrejas de Ilhéus o quarteirão Jorge Amado o antigo porto (Av. 2 de Julho) prédios e construções antigas praias do sul praias do norte praias do centro da cidade (morro Pernambuco, cristo) ecoparque de Una Olivença Itacaré Lagoa Encantada fazendas do cacau

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FORMULÁRIO 2

LOCADORAS DE VEÍCULOS

Questionário n.º____________ Data:________________________ Nome da locadora:_________________________________________________________________ Nome do entrevistado:______________________________________________________________ Função:_____________________Endereço:_____________________________________________ ________________________________________________________________________________ - Tempo de atuação da locadora no mercado

até 1 ano acima de 1 até 3 anos acima de 3 até 7 anos acima de 7 até 10 anos mais de 10 anos

- O turista que loca um carro costuma está: (responder em porcentagem aproximada) sozinhos:____% em casal:____% em família:____% em grupo:____% - Qual principal motivo para o turista locar um carro (responder em porcentagem aproximada) circular na própria cidade:_____% permanecer na cidade, mas circular pela região:______% ir e permanecer em outras cidades:_____% - Quanto tempo costuma permanecer com o carro? (responder em porcentagem aproximada) até 1 dia:____% de 2 a 3 dias:____% 4 a 6 dias:____% de 7 a 10 dias:____% de 11 a 15 dias:____% mais de 15 dias:____% não sabe - Dos turistas atendidos quantos declaram estar vindo pela primeira vez? (responder em porcentagem aproximada)

menos de 10% de 11 a 25% de 26 a 50% de 51 a 75% acima de 75% não sabe

- Na devolução dos carros, quais as principais queixas do turista com relação à cidade de Ilhéus (marcar até 3 opções)

dificuldade de localização, não tem placas informativas dificuldade em obter informações turísticas dificuldade em conhecer as locais (construções) turísticos pouca opção de lazer diurno pouca opção de lazer noturno pouca opção de lazer cultural prestadores de serviços recebe e atende mal aos turistas povo é mal educado, não hospitaleiro cidade suja praias sujas pouco policiamento transporte ruim comercio ruim/sem opções comércio muito caro não fez queixas

outros:____________________________________________________________________________

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- Na devolução dos carros, quais os principais elogios à cidade de Ilhéus (marcar até 3 opções) facilidade de localização e locomoção na cidade facilidade em obter informações turísticas facilidade em conhecer as locais (construções) turísticos boas opções de lazer diurno boas opções de lazer noturno boas opções de lazer cultural prestadores de serviços recebem e atende bem o turista povo educado, cordial e hospitaleiro cidade limpa praias limpas bom sistema de policiamento bom sistema de transporte comércio com boas opções de compras bom custo dos produtos no comércio não fez queixas

outros:___________________________________________________________________________ - Quais os principais locais visitados pelos turistas

as igrejas de Ilhéus o quarteirão Jorge Amado o antigo porto (Av. 2 de Julho) prédios e construções antigas praias do sul praias do norte praias do centro da cidade (morro Pernambuco, cristo) ecoparque de Una Olivença Itacaré Lagoa Encantada fazendas do cacau

Outros. Qual? ___________________________________________________________________

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FORMULÁRIO 3

DIVERSIFICAÇÃO NO USO DO ESPAÇO: PROGRAMAS E PROPOSTAS DE

INTERVENÇÕES

Questionário n.º____________ Data:_________________________ Nome do entrevistado:_______________________________________________________________ Local de trabalho:____________________________________ Bairro:________________________ Função: __________________________________________________________________________

Qual sua opinião em relação às seguintes propostas de intervenção e intensificação no uso do espaço públicos na cidade de Ilhéus, visando incentivar o turismo.

PROGRAMA EXPLORANDO O PATRIMÔNIO CONSTRUIDO PATRIMÔNIO ABERTO - Com horários diários e pagamento de taxa para visitação pública nos locais tipo: excelente muito bom bom Ruim Catedral de São Sebastião Igreja e Convento da Piedade Igreja Matriz São Jorge dos Ilhéus Prefeitura Palacete Misael Tavares Teatro Municipal Grupo escolar General Osório Museu do Cacau Associação Comercial Bataclã Vezúvio

Recuperação dos barracões do ANTIGO PORTO com uso destinado ao turista.

muito bom bom regular ruim péssimo Ampliação do TERMINAL URBANO DE TRANSPORTE COLETIVO, reconstruindo o antigo terminal ferroviário.

muito bom bom regular ruim péssimo ARBORIZANDO ILHÉUS nas ruas praças e paria, em campanha junto à comunidade local

muito bom bom regular ruim péssimo ALBUM FOTOGRÁFICO - Locação de painéis com fotografias antigas e ampliadas nos respectivos locais possibilitando a visualização da transformação do espaço com o tempo.

muito bom bom regular ruim péssimo PASSEIO DE CHARRETE - entre vários pontos da cidade.

muito bom bom regular ruim péssimo AMPLIAÇÃO DA PONTE ILHÉUS-PONTAL _ incluindo ciclovia e via exclusiva para pedestres.

muito bom bom regular ruim péssimo

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77

Construção de NOVA PONTE unindo Ilhéus ao Pontal muito bom bom regular ruim péssimo

Construção de CICLOVIAS em vários trechos da cidade.

muito bom bom regular ruim péssimo VISITA AO CEMITÉRIO - Com guias treinados.

muito bom bom regular ruim péssimo Implantação de COMPLEXO ESPORTIVO.

muito bom bom regular ruim péssimo Sugestões: ________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________

PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES E

TRADICIONAIS. PROGRAMA DE INCENTIVO ÀS ARTES tipo teatro, dança, música, poesia, pintura etc.

muito bom bom regular ruim péssimo FESTAS TRADICIONAIS - Revitalizar, divulgam e ampliar o alcance das festas tradicionais tipo: Lavagem da Catedral 15/01 Festa de São Sebastião 20/01 Carnaval oficial variável Carnaval cultural variável Festa Iemanjá 02/02 Festa de São Jorge 23/04 Festas Juninas 13 a 29/06 Aniversário da cidade 28/06 Travessia Ilhéus/Pontal 11/07 Festival do camarão 15 a 23/07 Festa de Nossa Sra. Vitória 15/08

muito bom bom regular ruim péssimo Implementação dos festejos de SÃO JOÃO seguindo as tradições.

muito bom bom regular ruim péssimo Estímulo ao uso das PRAÇAS PÚBLICAS pela comunidade

muito bom bom regular ruim péssimo TERREIRO DE CANDOMBLÉ - Participação no culto religioso e conhecimento da tradição.

muito bom bom regular ruim péssimo SEMANAS TRADICIONAIS - Festival de comidas típicas e apresentações de teatro com temas tipo árabe, portuguesa, africana, indígena, nordestina, oriental etc.

muito bom bom regular ruim péssimo Implantação do CHOCOLATE IN’FEST, ou seja do festival do chocolate

muito bom bom regular ruim péssimo

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78

CAPOEIRA NA PRAÇA, com aulas e exibições. muito bom bom regular ruim péssimo

Intensificar e diversificar o uso do CIRCO, especialmente pela comunidade com usos tipo: Escolinha de circo Circo escola Teatro no circo Comunidade no circo Dançando no circo Arte no circo

muito bom bom regular ruim péssimo GUIA MIRIM do patrimônio histórico arquitetônico.

muito bom bom regular ruim péssimo PROGRAMAÇÃO INFANTIL com atividades tipo: teatro de marionetes ,aprendendo a brincar, fazendo seu próprio brinquedo etc.

muito bom bom regular ruim péssimo Sugestões: _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

PROGRAMA EXPLORANDO O PATRIMÔNIO NATURAL Programas tipo PASSEIO DE BARCO na costa e rios de Ilhéus

muito bom bom regular ruim péssimo Passeios ecológicos, programação educativa, comunitária etc, na MATA DA ESPERANÇA.

muito bom bom regular ruim péssimo Programa de recuperação da MATA ATLÂNTICA em parceria com o público visitante e a comunidade local

muito bom bom regular ruim péssimo Implantação do PARQUE MUNICIPAL de Ilhéus.

muito bom bom regular ruim péssimo CIRCUITO MANGUEZAL - roteiro de visitas às áreas de mangue

muito bom bom regular ruim péssimo Sugestões: _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

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FORMULÁRIO 4

AGÊNCIAS DE VIAGENS EMISSORAS DE TURISTAS

Questionário n.º___________ Data:______________________ Nome da agência________________________________________Cidade_______________________ Nome do entrevistado:___________________________________ Função:______________________ Caracterização da agência Nome da agência: Endereço Rua Bairro nº Cidade UF CEP

- Tempo de atuação no mercado até 1 ano de 2 a 3 anosde 4 a 5 anos de 6 a 7 anos mais de 7 anos

Caracterização do turista - Os visitantes destinados a Ilhéus costumam vir: (responder em porcentagem aproximada) sozinhos % em casal % em família % em grupo %

- Qual principal motivo das viagens destinadas a Ilhéus? (responder em porcentagem aproximada) lazer % negócio/trabalho % cultura % não sabe

- Quanto tempo o visitante costuma permanecer em Ilhéus? (responder em porcentagem aproximada) até 1 dia % de 1 a 3 dias % 4 a 6 dias % de 7 a 10 dias % de 11 a 15 dias % mais de 15 dias % não sabe

- Dos visitantes de Ilhéus quantos estão vindo pela primeira vez? (responder em porcentagem aproximada) menos de 10% de 11 a 25% de 26 a 50%de 51 a 75% acima de 75% não sabe

Serviços oferecidos x demanda para Ilhéus - No trimestre dez/jan/fev Qual número de viajantes Quantos para o território nacional Quantos para a Bahia Quantos para a cidade de Ilhéus - No trimestre mar/abr/mai Qual número de viajantes Quantos para o território nacional Quantos para a Bahia Quantos para a cidade de Ilhéus

- No trimestre jun/jul/ago Qual número de viajantes Quantos para o território nacional Quantos para a Bahia Quantos para a cidade de Ilhéus - No trimestre set/out/nov Qual número de viajantes Quantos para o território nacional Quantos para a Bahia Quantos para a cidade de Ilhéus

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- Quantas opções de roteiro são oferecidas para a região sul da Bahia? Considerar a região sul a partir de Itacaré até a divisa com Vitória do Espírito Santo nenhuma até 2 opções de 3 a 5 opções mais de 5 opções

- Quantas opções de roteiro são oferecidas para a cidade de Ilhéus? nenhuma 1 opção 2 opções 3 opções 4 ou mais opções

- Nos roteiros que constam a cidade de Ilhéus, quais os principais atrativos oferecidos? (marcar até 3 opções)

as praias o manguezal a mata atlântica o clima a sensualidade feminina (referente a Gabriela cravo e canela) a paisagem natural da região a cidade a cidade em função dos romances de Jorge Amado as histórias do cacau a cultura regional e local

outros:___________________________________________________________________________ - Na sua opinião, qual destes pontos usado como marketing e propaganda venderia melhor a cidade de Ilhéus?

As praias o manguezal a mata atlântica o clima a sensualidade feminina (referente a Gabriela cravo e canela) a paisagem natural da região a cidade a cidade em função dos romances de Jorge Amado As histórias do cacau a cultura regional e local

outros:____________________________________________________________________________ - Quais suas maiores dificuldades hoje para divulgar e enviar turistas à cidade de Ilhéus? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________

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APÊNDICE B

TABELAS DE DADOS

Tabela A _ Número de desembarques interestaduais – Rodoviária, Ilhéus/BA

1998 1999 2000 2001

Janeiro 30.536 35.039 32.801 39.221

Fevereiro 21.776 28.224 24.345 25.864

Março 21.445 19.238 21.596 22.272

Abril 19.660 19.758 24.700 24.404

Maio 11.530 17.494 21.424 20.125

Junho 18.512 20.449 26.100 2.305

Julho 18.814 20.167 19.455 20.107

Agosto 16.315 18.345 23.046 20.917

Setembro 18.221 21.183 23.259 20.815

Outubro 20.206 21.098 26.234 21.682

Novembro 19.046 18.906 16.707

Dezembro 26.544 25.561 31.688 FONTE: SINART, 2001.

Tabela B_ Número de desembarques intermunicipais – Rodoviária, Ilhéus/BA

1998 1999 2000 2001

Janeiro 3.315 3.994 3.583 3.556

Fevereiro 2.422 2.594 2.169 2.256

Março 1.098 1.425 1.825 1.167

Abril 1.227 1.108 1.313 1.607

Maio 1.012 994 1.208 988

Junho 1.254 1.257 1.416 1.124

Julho 1.908 1.779 1.926 1.005

Agosto 1.169 1.284 1.388 1.013

Setembro 1.236 1.075 1.110 1.001

Outubro 1.122 1.053 1.036 1.009

Novembro 1.029 1.114 1.094

Dezembro 2.701 2.515 2.403 FONTE: SINART, 2001.

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Tabela C _ Desembarque de passageiros no aeroporto Eduardo Gomes, Ilhéus-BA

1998 1999 2000 2001 Desembarque

passageiros

% Desembarque passageiros

%

Desembarque passageiros

%

Desembarque passageiros

Jan 9.738 9,6 12.963 11,8 10.473 11,1 9.788 Fev 5.099 5,0 8.817 8,0 6.166 6,5 7.032 Mar 6.047 6,0 8.872 8,1 6.753 7,2 6.690 Abr 6.369 6,3 8.925 8,2 7.683 8,2 8.098 Mai 6.474 6,4 8.246 7,5 7.276 7,7 7.352 Jun 8.083 7,9 7.774 7,0 7.251 7,7 8.405 Jul 10.774 10,6 13.123 12,0 8.874 9,4 ⎯⎯⎯ Ago 9.372 9,2 7.260 6,6 8.926 7,4 ⎯⎯⎯ Set 8.654 8,5 7.441 6,8 7.117 7,6 ⎯⎯⎯ Out 10.298 10,2 9.113 8,3 7.479 7,9 ⎯⎯⎯ Nov 8.082 8,0 7.088 6,5 7.302 7,8 ⎯⎯⎯ Dez 12.530 12,3 9.976 9,1 10.849 11.5 ⎯⎯⎯ Total anual 101.520 100,0 109.598 100,0 94.149 100,0 ⎯⎯⎯

FONTE: INFRAERO/ILHÉUS1

Tabela D _ População urbana, taxa de urbanização e crescimento populacional - Ilhéus/BA

Ano População urbana Crescimento pop. urbana População total Crescimento pop total Taxa urbanização 1970 66.037 —— 107.971 —— 61.16% 1980 80.802 22,36% 131.454 21,75% 61.47% 1991 144.014 78,82% 223.482 70,00% 64.44%

1999 * 186.052 29,19% 254.970 14,09% 72.97% Fonte: Centro de Estatística e Informações.

(*) Anuário Estatístico 2000.

1 Só foi possível disponibilizar dados a partir do ano de 1998.

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Tabela E _ Qualidade do serviço de infra-estrutura urbana, em porcentagem, segundo a opinião de diferentes grupos prestadores de serviços

Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio MB B Re Ru P MB B Re Ru P MB B Re Ru P Limpeza urbana 0 29 25 25 21 0 0 38 12 50 0 50 30 10 10 Qualidade da coleta 0 48 44 04 04 25 63 12 0 0 10 30 60 0 0 Horário da coleta 0 52 39 04 04 0 22 45 0 33 10 50 10 10 20 Transporte público 0 54 38 4 4 11 45 11 0 33 0 11 67 22 0 Serviço de táxi 8 59 29 4 0 12 76 0 0 12 11 45 44 0 0 Segurança pública 4 4 52 22 18 0 0 33 33 33 0 0 70 20 10

MB = Muito Bom; B = Bom; Re = Regular; Ru = Ruim; P = Péssimo.

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Tabela F_ Percepção e qualificação de possíveis propostas de uso e intervenção no espaço construído da cidade, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços

Locadoras de veículos Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio B Re Ru B Re Ru B Re Ru B Re Ru PATRIMÔNIO ABERTO - Catedral de São Sebastião 72 14 14 57 14 29 40 40 20 50 12 38 PATRIMÔNIO ABERTO - Igreja e Convento da Piedade

72 14 14 52 24 24 40 40 20 30 50 20

PATRIMÔNIO ABERTO - Igreja São Jorge dos Ilhéus 29 57 14 48 19 33 20 60 20 50 25 25 PATRIMÔNIO ABERTO – Prefeitura 57 14 29 40 20 40 20 20 60 0 43 57 PATRIMÔNIO ABERTO - Palacete Misael Tavares 72 14 14 45 22 33 20 20 60 25 50 25 PATRIMÔNIO ABERTO - Teatro Municipal 57 29 14 52 29 19 40 20 40 29 14 57 PATRIMÔNIO ABERTO - Grupo Escolar General Osório 57 14 29 34 33 33 20 20 60 29 42 29 PATRIMÔNIO ABERTO - Museu do Cacau 71 0 29 48 28 24 20 60 20 22 56 22 PATRIMÔNIO ABERTO - Associação Comercial 57 14 29 35 24 41 20 40 40 26 37 37 PATRIMÔNIO ABERTO – Bataclã 72 14 14 48 26 26 0 60 40 42 29 29 ANTIGO PORTO – recuperação 86 0 14 80 8 12 100 0 0 90 0 10 TERMINAL URBANO DE TRANSPORTE

COLETIVO – ampliação

86

14 0

87

9

4

100

0

0

80

20

0

ARBORIZANDO ILHÉUS 86 0 14 100 0 0 100 0 0 100 0 0 ALBUM FOTOGRÁFICO 86 0 14 92 8 0 100 0 0 90 10 0 PASSEIO DE CHARRETE 57 29 14 80 20 0 100 0 0 80 0 20 PONTE ILHÉUS-PONTAL – ampliação 86 0 14 96 0 4 100 0 0 70 10 20 NOVA PONTE – construção 100 0 0 100 0 0 80 20 0 100 0 0 CICLOVIAS – construção 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 CEMITÉRIO – visitação 57 29 14 36 36 28 40 0 60 20 60 20 COMPLEXO ESPORTIVO – implantação 100 0 0 92 8 0 80 20 0 100 0 0

B = Bom (agrupando as respostas muito bom e bom); Re = Regular; Ru = Ruim (agrupando as respostas ruim e péssimo).

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Tabela G_ Percepção e qualificação de possíveis propostas de valorização das manifestações populares e tradicionais, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços

Locadoras de veículos Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio B Re Ru B Re Ru B Re Ru B Re Ru INCENTIVO ÀS ARTES 86 0 14 79 21 0 100 0 0 100 0 0 FESTAS TRADICIONAIS – revitalização 86 14 0 96 4 0 100 0 0 100 0 0 SÃO JOÃO – implementação 86 0 14 100 0 0 100 0 0 100 0 0 PRAÇAS PÚBLICAS - estímulo ao uso 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 TERREIRO DE CONDOMBLÉ 100 0 0 83 13 4 80 0 20 80 10 10 SEMANAS TRADICIONAIS 86 14 0 96 4 0 100 0 0 100 0 0 CHOCOLATE IN’FEST - implantação 100 0 0 87 13 0 100 0 0 100 0 0 CAPOEIRA NA PRAÇA 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 CIRCO - intensificar e diversificar o uso 100 0 0 86 13 0 80 20 0 100 0 0 GUIA MIRIM do patrimônio 100 0 0 96 0 4 100 0 0 100 0 0 PROGRAMAÇÃO INFANTIL 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0

B = Bom (agrupando as respostas muito bom e bom); Re = Regular; Ru = Ruim (agrupando as respostas ruim e péssimo).

Tabela H_ Percepção e qualificação de possíveis propostas de uso e intervenção no patrimônio natural, em porcentagem, segundo os diferentes grupos prestadores de serviços

Locadoras de veículos Hotéis e pousadas Barracas de praia Serviços de apoio B Re Ru B Re Ru B Re Ru B Re Ru PASSEIO DE BARCO - nos rios e costa 100 0 0 96 4 0 80 20 0 100 0 0 MATA DA ESPERANÇA 100 0 0 100 0 0 80 20 0 100 0 0 MATA ATLÂNTICA 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 PARQUE MUNICIPAL 100 0 0 100 0 0 100 0 0 100 0 0 CIRCUITO MANGUEZAL 86 14 0 96 4 0 100 0 0 100 0 0

B = Bom (agrupando as respostas muito bom e bom); Re = Regular; Ru = Ruim (agrupando as respostas ruim e péssimo).

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ANEXO

ALGUNS CONCEITOS ADOTADOS

Área turística _ Território circundante ao centro turístico contendo atrativos ou estrutura

de apoio.

Atrativo turístico _ Recurso que atrai o turista, podendo ser natural, cultural ou edificado.

Centro turístico _ Aglomeração urbana dotada de atrativo turístico ou quando o atrativo

encontra-se no seu raio de influência.

Complexo turístico _ Atrativo turístico acrescido de infra-estrutura de apoio, mas que não

se caracteriza como um centro urbano.

Corredor turístico _ Via de ligação entre áreas ou centros turísticos.

Demanda turística efetiva _ Demanda que já consome determinado produto turístico

Demanda turística potencial _ Demanda que tem condições de consumir um dado produto

turístico, mas não o faz.

Infra-estrutura básica _ Conjunto de elementos que beneficiam diretamente a comunidade

local e sua qualidade de vida, contribuindo também com a qualidade do produto turístico.

Exemplos: saneamento básico, vias de acesso, comunicação, iluminação, segurança pública

etc.

Pólo turístico _ Centro turístico mais importante da região e mais equipado em termos de

infra-estrutura turística, tem o papel de atrair o fluxo turístico e irradiá-lo para a região.

Portão de entrada _ Local que concentra a entrada e ou saída de turistas da zona turística.

Serviços turísticos _ Elementos básicos de apoio ao turismo como: meio de hospedagem,

serviços de alimentação, transporte, locação de veículos, serviços de informações,

entretenimentos etc.

Serviços urbanos de apoio ao turismo _ Serviços disponíveis à população local também

utilizado pelos turistas como: serviços bancários, de assistência à saúde, comércio etc.

Zona turística _ Território com mais de um centro turístico.

Fontes: Ignarra, 1999.

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Q3 Queiroz, Maria Lícia Silva. Qualidade e uso dos espaços urbanos como instrumento fomentador de turismo e gerador de desenvolvimento na cidade de Ilhéus - Bahia/ Maria Lícia Silva Queiroz. - Ilhéus: UESC, 2002 xiv, 86f. : il. Orientador: Antônio Guerreiro de Freitas Co-orientador: Flávio Pietrobon Costa Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz/ Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Espaços públicos – Ilhéus (BA). 2. Turismo e planejamento urbano . 3. Espaços públicos – Aspectos ambientais. I. Título. CDD 307.76098142