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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL PAULO VICTOR LOPES GAMA ANÁLISE DOS ACIDENTES DE TRABALHO NOS SUBSETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA OCORRIDOS NOS ANOS DE 2006 E 2007 Feira de Santana 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PAULO VICTOR LOPES GAMA

ANÁLISE DOS ACIDENTES DE TRABALHO NOS SUBSETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA OCORRIDOS

NOS ANOS DE 2006 E 2007

Feira de Santana

2009

PAULO VICTOR LOPES GAMA

ANÁLISE DOS ACIDENTES DE TRABALHO NOS SUBSETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA OCORRIDOS

NOS ANOS DE 2006 E 20007

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina Projeto Final II do curso de

Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Orientador: Prof. Sérgio Tranzillo França

Feira de Santana

2009

PAULO VICTOR LOPES GAMA

ANÁLISE DOS ACIDENTES DE TRABALHO NOS SUBSETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA OCORRIDOS

NOS ANOS DE 2006 E 2007

Monografia apresentada ao Departamento de Tecnologia da Universidade

Estadual de Feira de Santana, como requisito parcial para a obtenção

do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Feira de Santana, 18 de agosto de 2009.

__________________________________________ Sérgio Tranzillo França Orientador/ UEFS

_____________________________________ Eduardo Antônio Lima Costa /UEFS

_____________________________________ Sarah Patrícia de Oliveira Rios/UEFS

AGRADECIMENTOS

Inicialmente e acima de tudo e de todos, a Deus, que me deu força,

inspiração, dedicação e persistência para iniciar, desenvolver e concluir não só

esta etapa, como também todas as outras da minha vida acadêmica e pessoal.

Agradecimento especial aos meus pais, Edson Gama e Edvane Gama,

que plantaram em meu coração a educação, o bom senso e a ética que

durante toda minha vida irá florescer e me dar bons frutos.

Agradecimento ao professor Sérgio Tranzillo França, pelo auxílio em

mais uma etapa da minha vida acadêmica. Este que como bom educador,

sempre soube representar a ética profissional e pessoal, na qual todo discente

se espelha.

Agradecimento a todo corpo docente que desde o primeiro ensinamento

até o mais técnico conhecimento, contribuiu direta e indiretamente para a

minha formação atual.

Agradecimento a todos os colegas que, seja através de conselho, ou

seja através do esclarecimento de uma dúvida, me auxiliaram em alguma etapa

de minha vida.

“O trabalho tem uma tal fecundidade e tal eficácia, que se

pode afirmar, sem receio de engano, que ele é a fonte única de onde procede a riqueza das nações”. Papa Leão XIII

RESUMO

Este trabalho faz uma abordagem a respeito dos acidentes de trabalho

registrados nos setores da construção civil brasileira e baiana nos anos de

2006 e 2007. Objetiva-se comparar as estatísticas divulgadas pelo Ministério

da Previdência e Assistência Social (MPAS) para os referidos anos entre os

subsetores da indústria da construção destacando os que possuem maior e

menor numero de acidentes registrados além das taxas de incidência,

letalidade e mortalidade. Busca-se uma análise quantitativa e qualitativa

levando em consideração, além do numero de acidentes registrados, os tipos e

a gravidade dos acidentes, complementando o estudo destacando a presença

e a influência da subnotificação nas estatísticas além de comentários a respeito

de causas e consequências dos acidentes registrados. A metodologia de

análise esta fundamentada no estudo dos conceitos associados ao tema e que

são de grande importância para a formação da conclusão a respeito do mesmo

seguida da exposição das estatísticas colhidas. O trabalho está focado na

analise dos dados estatísticos e a discussão dos mesmos, de maneira que tal

discussão tem papel importante para a definição dos subsetores críticos, os

quais, ao final do trabalho, ganham destaque afim de direcionar as ações de

segurança e saúde ocupacional na indústria da construção civil.

Palavras-chave: Construção Civil, Acidente de Trabalho, Estatísticas.

ABSTRACT

This job make an approach of the works accidents registered in the

brazilian and baiana construction sectors in the years 2006 and 2007. The

objective was to compare the statistics publicized of the Ministério da

Previdência e Assistência Social for the years mentioned between the

subsectors of construction industry standing out the most and lowest in the

number of cases and mortality and letality rates in the statistics. It has find make

a quality an quantity analysis considering, as well as the numbers of accidents

registered, the kind and the seriousness of the accidents, completing the study

standing out the presence and the influence of the sub notification in the

statistics as well as commentaries about causes and consequences of

accidents registered. The methodology of analysis is fundamentally on the

study about the definitions about the subject what have a lot of importance to

the formation of the conclusion about the subject and then there is the

exposition of the statistics collected. The job is focused on the analysis of the

statistics’ informations and the discussion about it. So, the discussion is has an

important part to the definition of the subsectors trouble, the ones that in the

end of the job, earns highlight to drive the safe and health work actions in the

civil construction industry.

Keywords: Civil Construction, Work Accident, Statistics.

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho

CID – Classificação Internacional de Doenças

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social

MPT – Ministério Público do Trabalho

MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego

NBR – Norma Brasileira Registrada

NR – Norma Regulamentadora

NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico

PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho

SindusCon – Sindicato da Construção de São Paulo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9 1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 11

1.2 OBJETIVOS....................................................................................................... 12

1.2.1 OBJETIVOS GERAIS ................................................................................ 12

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 12

1.3 METODOLOGIA ................................................................................................ 12

1.4 ESTRTUTURA DA MONOGRAFIA.................................................................... 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 15

2.1 CONCEITUAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO ........................................... 15

2.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE SEGURANÇA E SAÚDE CUPACIONAL........ 18

2.3 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO ................ 22

2.4 REGISTRO DOS ACIDENTES DE TRABALHO NO CENÁRIO

BRASILEIRO ..................................................................................................... 22

3. ESTATÍSTICAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA .................................... 29

4. INDICADORES DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA

DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA .................................... 32

5. DISCUSSÃO Á RESPEITO DAS ESTATÍSTICAS E INDICADORES

FORNECIDOS PELO MPAS PARA O SETOR E SUBSETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................... 35

ANEXO A ............................................................................................................ 44

ANEXO B ............................................................................................................ 45

ANEXO C ............................................................................................................ 46

ANEXO D ............................................................................................................ 48

ANEXO E............................................................................................................. 50

ANEXO F............................................................................................................. 52

ANEXO G ........................................................................................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 56

1. INTRODUÇÃO

É significativa a influência dos acidentes de trabalho em uma empresa

independente do ramo de atuação, pois a ocorrência de tais fatos acarreta

conseqüências físicas, econômicas e sociais para os diversos participantes de

um processo de produção. A incidência destes fatos desperta a atenção para o

estudo da sua influencia no setor da construção civil. Apesar de não ocupar

mais o primeiro lugar entre os setores econômicos com o maior número de

acidentes de trabalho, a indústria da construção no Brasil, mantém elevados

índices de ocorrências o que demanda mais atenções para o setor.

O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) publicou em

2008 seu ultimo Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, que define e

fornece os indicadores e dados estatísticos dos acidentes de trabalho ocorridos

no cenário brasileiro. Este constitui uma das principais armas utilizadas no

estudo da problemática em questão. Os dados apresentados com

detalhamentos por unidade federativa e Classificação Nacional de Atividade

Econômica (CNAE) nos permitem verificar a incidência de acidentes de

trabalhos nos setores econômicos da produção brasileira com determinação de

níveis de risco para cada um deles, além de suas particularidades para cada

estado.

O caso da construção civil, enquadrado nos itens 41,42 e 43 do CNAE,

merece relevante destaque, posto a influencia do setor na economia nacional e

seu alto número de acidentes de trabalho registrados. Análise feita por

Rodrigues (2008) com base em dados do MPAS indica que o número de

acidentes de trabalho em todos os setores cresceu entre 2004 e 2006 no país,

passando de 465.700 para 537.457. Os dados referentes à construção civil

ficaram, nesse mesmo período, em 28.875 e 31.529, respectivamente. O

percentual em relação ao total permaneceu igual: 6,2%. O setor de construção

ocupava em 2006 o quinto lugar no ranking dos acidentes de trabalho, atrás de

alimentação e bebidas (48.424), comércio varejista (41.419), saúde de serviços

sociais (40.859) e agricultura (34.388).

As estatísticas fornecidas pelo Ministério não englobam todos os

acidentes ocorridos que vão desde um simples corte até a invalidez total ou

morte do trabalhador. Costuma-se registrar os acidentes somente quando

estes resultam em conseqüências graves. Acidentes leves, em geral, são

desconsiderados e acabam não participando das estatísticas. Consiste na

chamada subnotificação, que faz com que as estatísticas indiquem maior

ocorrência de acidentes graves do que leve, quando na realidade ocorre o

oposto. Este resultado inverso interfere no estudo da incidência dos acidentes

de trabalho dificultando ainda mais a aplicação de técnicas preventivas.

Sabe-se que o setor vem se modernizando há tempos e destacando

atenção a instrução da mão-de-obra nele aplicada. Segundo Medeiros (2008),

desde os anos 90 o treinamento da mão-de-obra ganhou destaque além do

aumento da preocupação com segurança e prevenção de acidentes. Atitudes

como estas constituem o básico para a diminuição dos acidentes ocorridos.

Mas, se por um lado os progressos científicos e tecnológicos facilitaram

o processo de trabalho em vários aspectos, por outro geraram novos riscos.

Nos países desenvolvidos, a prevenção é um fator muito importante e,

realmente, tem contribuído para a proteção da integridade física e saúde do

trabalhador, em suas atividades laborais. Nos países em desenvolvimento não

ocorrem estes fatos. As taxas de mortalidade na Europa Central e Oriental,

China e Índia são 100% maiores que nas economias industrializadas. Na

América Latina e no Caribe, a mortalidade por acidente de trabalho é ainda

maior (AYRES, 2001).

Assim sendo, levando em consideração todas as situações expostas, vê-

se a necessidade de um estudo mais aprofundado a respeito dos acidentes de

trabalho ocorridos no setor da construção civil a fim de melhor entender os

altos números registrados e a alta mortalidade e invalidez por acidente dos

trabalhadores do setor.

1.1 JUSTIFICATIVA

O fenômeno “acidente do trabalho” possui natureza complexa,

apresentando-se como resultado indesejado da interação de uma rede de

múltiplos fatores. No entanto, para este fato nada incomum, existe um

encadeamento que torna previsível o acidente, tornando passível a

intervenção.

As razões para explicar o elevado número de ocorrências de acidentes

de trabalho são as mais diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas

de trabalho, dos equipamentos, das ferramentas, deficiências nos processos de

manutenção dos diversos elementos componentes do trabalho. (COLETA,

1991)

O estudo das diversas variáveis que acarretam um acidente é uma

atividade longa e persistente e para tal deve-se tomar como premissas os

acidentes acontecidos para a pesquisa de métodos preventivos que ao menos

diminuam a incidência e a gravidade dos acidentes ocorridos e as

consequências destes. Assim, se faz interessante consultar dados e registros

de acidentes acontecidos a fim de associar os dados comuns aos diversos

acidentes registrados (gravidade, situação, causas, etc.) a fim de levantar os

possíveis “sintomas” que levariam a ocorrência de um acidente de trabalho.

Na construção civil não é diferente. Na Bahia e no Brasil são diversos os

fatores que levam a ocorrência de um acidente, de maneira que muito é

interessante obter o que estes acidentes têm em comum. Desta forma buscar

os locais mais propícios a ocorrência dos acidentes e as atividades que mais

geram acidentados seria um passo importante para o progresso nos estudos

na área de segurança do trabalho na construção civil brasileira e baiana.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral:

Analisar a ocorrência de acidentes de trabalho nos subsetores da

construção civil do Brasil e da Bahia nos anos de 2006 e 2007.

1.2.2 Específicos:

Analisar comparativamente dados estatísticos dos acidentes de trabalho

nos subsetores da construção civil do Brasil e da Bahia para os anos de 2006 e

2007.

Destacar os subsetores com maior incidência, risco e casos registrados.

Enfatizar a presença da subnotificação nos acidentes de trabalho

registrados pelo MPAS bem como sua influência na resolução do problema.

Discutir a respeito das estatísticas de maior relevância e citar prováveis

causas e consequências.

1.3 METODOLOGIA

Retrospectiva teórica, com revisão bibliográfica das definições para a

temática acidentes de trabalho envolvendo legislação, conceituação e outros

dados atuantes no problema.

Este estudo deverá ter metodologia quantitativa e qualitativa, uma vez

que serão coletados dados do Ministério da Previdência e Assistência Social e

outros órgãos aos quais competem as atividades estatísticas, a quantidade e

os tipos e a incidência de acidentes de trabalho ocorridos no setor da

construção civil de maneira geral e em seus subsetores.

Após a análise dos dados e da incidência destes, serão verificados os

subsetores com maior e menor índice de acidentes e sua gravidade. O objetivo

final será discutir a respeito dos tipos, quantidades e incidência dos acidentes

de trabalho ocorridos no cenário da construção civil nacional e baiana,

buscando reunir e expor informações que possam futuramente resultar em

possíveis soluções para o problema apresentado.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O presente trabalho será estruturado com seis capítulos conforme

descriminação a seguir.

No Capítulo 1 expõe-se uma diversidade de pontos importantes a

respeito do tema onde o problema “acidente de trabalho na construção civil” é

apresentado e as diversas variáveis que o compõem são indicadas. Na mesma

linha de raciocínio no capítulo 1 justifica-se a escolha do tema citando as

situações que o tornam importante para o a segurança do trabalho na

construção civil. Após isso são expostos os objetivos para o estudo da temática

em questão além de destacar a metodologia que será utilizada na elaboração

do trabalho.

No Capítulo 2, de fundamentação teórica, apresentam-se os requisitos

básicos para qualquer entendimento na área de acidente de trabalho, onde

inicialmente faz-se uma abordagem da conceituação de acidente de trabalho

diferenciando e comparando as diversas definições existentes nos acervos

teóricos sobre o tema. Posteriormente é feita uma abordagem sobre a

Legislação Brasileira de Segurança e Saúde Ocupacional onde são destacados

alguns trechos da Constituição Federal, e das Normas Regulamentadoras que

têm relevante importância para a temática. Direcionam-se neste momento as

atenções ao estudo das causas e consequências dos acidentes de trabalho

apresentando a atual evolução teórica sobre este estudo e as principais

definições pertinentes ao tema. Ao final, busca-se discriminar a metodologia

utilizada para o registro dos acidentes de trabalho e elaboração das estatísticas

dos acidentes.

No capítulo 3 são expostos dados estatísticos de acidentes de trabalho

para o setor e os subsetores da construção civil brasileira e baiana nos anos de

2006 e 2007 divulgados pelo Ministério da Previdência e Assistência Social

bem como outras informações que são pré-requisitos para a visualização e

entendimento destes dados.

No capítulo 4 constam os Indicadores de Acidentes de trabalho na

construção civil brasileira e baiana no ano de 2007. Estes, que fazem parte do

Anuário Estatístico do MPAS, estão locados separadamente dos outros dados

estatísticos a fim de ganhar maior ênfase.

No capítulo 5 é feita uma análise comparativa das estatísticas

destacadas nos capítulos 3 e 4 a fim de enfatizar aqueles que possuem maior

numero de registros e maiores taxas de incidência. Ainda é feita neste capítulo

uma análise qualitativa destas estatísticas levando em consideração a

gravidade e o tipo de acidente ocorrido em cada subsetor. É aberta, então, uma

discussão a respeito dos dados destacados onde é possível dissertar a

respeito das causas e consequências das estatísticas encontradas e

analisadas nos capítulos anteriores bem como expor a presença e a influência

da subnotificação nos registros de acidente de trabalho na construção civil.

No capítulo 6 são feitas as considerações finais a respeito da pesquisa

onde se destaca os subsetores da construção que devem receber mais

atenção no que se refere à segurança e saúde ocupacional

Posteriormente, são apresentadas as referências bibliográficas e os

anexos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Fazer uma revisão teórica sobre o tema que se quer discutir é de

extrema importância para qualquer trabalho, visto que a teoria nos dá

convicção e alicerce para a tomada de decisão e posicionamento acerca de

uma problemática independente destes serem aceitos ou repugnados pela

sociedade.

Não ocorre diferente quando se quer analisar os acidentes de trabalho

na construção civil. Para tanto, se faz necessário um entendimento prévio a

respeito da conceituação e legislação de acidente de trabalho. Como se dará

um enfoque nas estatísticas de acidentes da trabalho divulgadas pelo MPAS, é

importante destacar definições pertinentes a causas e consequências de

acidentes de trabalho, bem como registro de acidente de trabalho.

Assim, inicia-se o estudo entendendo as diversas conceituações sobre

acidente de trabalho.

2.1 CONCEITUAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

Há vários enunciados para conceituação do Acidente de Trabalho e os

estudos destes se fazem necessários a fim de interpretarmos o objetivo de

cada um, definindo o fato. Algumas definições são encontradas em dicionários

e enciclopédias. Segundo Aurélio (1986),

“acidente é um acontecimento infeliz, causal ou não, e de que resulta ferimento, dano,

estrago, prejuízo, avaria, ruína etc. Acidente de trabalho, é toda lesão corporal ou

perturbação funcional que, no exercício ou por motivo de trabalho, resultar de causa

externa, súbita, imprevista ou fortuita, determinando a morte do empregado ou a sua

incapacidade para o trabalho, total ou parcial, permanente ou temporária.”

No entanto, tal conceito serve apenas como embasamento para

classificar um acidente como acidente de trabalho visto que toma como

princípio as consequências do fato e sua associação com o ambiente laboral, o

que de certa maneira classifica o acontecimento, mas não nos transmite uma

idéia de como preveni-lo. Outra conceituação similar está prevista na

Legislação Brasileira na Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991 e nas leis

subseqüentes que a modificaram, tem em seu artigo 19 a seguinte redação:

“Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da

empresa ou, ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando lesão

corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da

capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.”

Tal conceituação está baseada na NBR 14280 – Cadastro de Acidentes

de Trabalho: Procedimento e Classificação que, segundo sua própria redação,

visa “fixar critérios para o registro, comunicação, estatística, investigação e

análise de acidentes do trabalho, suas causas e conseqüências, aplicando-se a

quaisquer atividades laborais.”. Vale ressaltar que além desta especificação

restrita, a Legislação Brasileira e a NBR também acusam como acidente de

trabalho as doenças profissionais produzidas ou desencadeadas pelo exercício

do trabalho que sejam peculiares a determinadas atividades e se relacionem

diretamente com elas e constante na relação elaborada pelo MPAS, as

doenças do trabalho desencadeadas em função de condições especiais em

que o trabalho é realizado e se relacionem diretamente com ele e constante na

relação elaborada pelo MPAS e ainda casos excepcionais que a doença não

consta na relação do MPAS, mas resultou de condições especiais em que o

trabalho é executado.

Ainda são feitas ressalvas na mesma lei que descrevem circunstancias

diversas que se equiparam a acidentes de trabalho e enquadram-se no

conceito legal. Relacionam-se assim acidentes ligados ao trabalho, embora

não tenha sido a causa única, que haja contribuído diretamente para a morte,

para a perda ou a redução da capacidade para o trabalho, ou produzido lesão

que exija atenção médica para a recuperação. São elas atos de sabotagem ou

de terrorismo praticado por terceiros ou companheiro de trabalho; ofensas

físicas intencionais, inclusive de terceiros, por motivo de disputa relacionada

com o trabalho; atos de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro

ou de companheiro de trabalho; atos de pessoa privada do uso da razão;

desabamento, inundação ou incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de

força maior; doença proveniente da contaminação acidental do empregado no

exercício de sua atividade; acidente sofrido, ainda que fora do local e do

horário de trabalho; na execução de ordem ou na realização de serviço sob a

autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à

empresa, para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito: em viagem a

serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiado por esta, dentro

de seus planos para melhorar a capacitação de mão-de-obra,

independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de

propriedade do empregado; no percurso da residência para o local de trabalho

ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive

veículo de propriedade do empregado.

Segundo o MPAS, para que o acidente, ou a doença, seja considerado

como acidente do trabalho é imprescindível que seja caracterizado

tecnicamente pela Perícia Médica do INSS (Instituto Nacional de Seguridade

Social), que fará o reconhecimento técnico do nexo causal entre o acidente e a

lesão; a doença e o trabalho; a causa da morte e o acidente. Na conclusão da

Perícia Médica, o médico-perito pode decidir pelo encaminhamento do

segurado para retornar ao trabalho ou emitir um parecer sobre o afastamento.

A definição legal tem como principal objetivo especificar quais acidentes

podem ser classificados como acidentes de trabalho associando a

consequência do acidente a atividade executada pelo operário em seu

trabalho. Assim sendo, o conceito organizado pelo Ministério da Previdência

Social tem como ponto de partida, as conseqüências do acidente.

O MPAS considera acidente somente aquele do qual resulte perdas

físicas. No conceito técnico o resultado do acidente não é o fator

preponderante para a prevenção, tendo em vista que, teoricamente, quando se

perde não existirá mais prevenção. Restará apenas correção. (PIZA, 1997).

Percebemos então que os conceitos acima, mesmo juntos, não definem

a idéia prevencionista de acidentes de trabalho. Somente associam aspectos

causais as variedades de conseqüências destes acidentes. Assim, a visão

técnico-prevencionista vem formar um conceito mais amplo que tem como

principal objetivo prever o acidente e evitá-lo, o qual indica, baseado nos

conceitos de Frank Bird e Henrich que, segundo Michel (2001):

“Acidente de trabalho é qualquer ocorrência não programada, que

interfere ou interrompe o processo normal de uma atividade, trazendo como

consequência isolada ou simultaneamente perda de tempo, dano material ou

lesões ao homem”.

Do ponto de vista prevencionista, quando uma ferramenta cai do alto de

um andaime, por exemplo, esse fato caracteriza um acidente, mesmo que

ninguém seja atingido. E o que é mais importante: na visão prevencionista,

fatos como esses devem e podem ser evitados.

Todos os conceitos são o ponto de partida para o estudo dos acidentes

de trabalho. A diferença básica entre eles consiste na linha de raciocínio que o

conceito prevencionista segue. Assim, a partir de um incidente ou quase

acidente é possível, com o estudo das causas, evitar o acidente, que é o

objetivo do estudo do conceito em questão.

2.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE SEGURANÇA E SAÚDE

OCUPACIONAL

O acidente de trabalho é um fato indesejado que traz prejuízos aos

trabalhadores, aos empresários, às famílias e a toda a nação. As entidades

organizadoras (sindicatos, associações e, indiscutivelmente, o governo) detêm

a responsabilidade de promover a prevenção e interferir na diminuição das

ocorrências.

Assim sendo, o Título II da Constituição Federal de 1988, dispõe

especificamente sobre segurança e saúde dos trabalhadores a seguinte

redação:

Título II – Dos direitos e Garantias Fundamentais

Capítulo II – Dos Direitos Sociais

Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a

previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene

e segurança,

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas,

na forma da lei;

XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a

indenização a que este está obrigado, quando ocorrer em dolo ou culpa;

XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e

de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz.

Para manter a saúde e evitar a ocorrência de doenças e acidentes de

trabalho, a melhor maneira é a prevenção. Para tanto, foram criadas leis que

obrigam as empresas e os trabalhadores a dedicarem atenção à saúde da

população economicamente ativa da nação.

A regulamentação da prevenção de acidentes no Brasil está prevista na

Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (disponível no site do Ministério do

Trabalho e emprego). A lei Nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977 que altera o

Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo

Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, relativo à segurança e medicina

do trabalho e outras providências indica dentre outros, os seguintes artigos:

SEÇÃO I - Disposições Gerais

Art. . 157 - Cabe às empresas:

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a

tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional

competente;

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

Art. . 158 - Cabe aos empregados:

I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções

de que trata o item II do artigo anterior;

Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.

Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:

a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do

artigo anterior;

b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

Não menos importante que as citações acima, ainda deve-se considerar

como acervo pertinente a legislação de segurança e saúde ocupacional a

conceituação adotada pelo MPAS no item 1.1 do trabalho, visto que esta

constitui a base legal para a definição de acidente de trabalho no país. Esta

vem definindo e classificando cada um dos tipos de acidentes relacionando a

sua consequência com a atividade laboral e tornando mais fácil a interpretação

dos fatos.

Os artigos citados acima têm também como objetivo definir diretrizes

gerais para as obrigações dos empregados e das empresas no que diz respeito

à segurança do trabalho. Tais obrigações, assim como outras diretrizes, são

melhor determinadas pelas Normas Regulamentadoras (NRs). Estas,

aprovadas pela Portaria MTB Nº 3.214, de 08 de junho 1978, incorporam-se às

leis brasileiras a fim de complementar a legislação do trabalho. Nestas estão

estipulados os efetivos detalhamentos dos requisitos prevencionista e

constituem o alicerce da legislação de Segurança do Trabalho e Saúde

Ocupacional no Brasil.

De grande relevância para a temática em questão, temos as NR-4, NR-

5, NR-6, NR-7, NR-9 e a NR-18. Segue abaixo descrições sucintas elaboradas

pelo Ministério do Trabalho para cada uma delas com base nas suas

respectivas redações.

NR-4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho: Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas, que

possuam empregados regidos pela CLT, de organizarem e manterem em

funcionamento, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina

do Trabalho - SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade

do trabalhador no local de trabalho. A fundamentação legal, ordinária e específica, que

dá embasamento jurídico à existência desta NR, é o artigo 162 da CLT.

NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA: Estabelece a

obrigatoriedade das empresas públicas e privadas organizarem e manterem em

funcionamento, por estabelecimento, uma comissão constituída exclusivamente por

empregados com o objetivo de prevenir infortúnios laborais, através da apresentação

de sugestões e recomendações ao empregador para que melhore as condições de

trabalho, eliminando as possíveis causas de acidentes do trabalho e doenças

ocupacionais. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento

jurídico à existência desta NR, são os artigos 163 a 165 da CLT.

NR-6 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI: Estabelece e define os tipos de

EPIs a que as empresas estão obrigadas a fornecer a seus empregados, sempre que

as condições de trabalho o exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade física

dos trabalhadores. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá

embasamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 166 e 167 da CLT.

NR-7 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional: Estabelece a

obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores

e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação

da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. A fundamentação legal, ordinária e

específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 168 e

169 da CLT.

NR-9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais: Estabelece a obrigatoriedade

de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que

admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade física dos

trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente

controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no

ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos

recursos naturais. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento

jurídico à existência desta NR, são os artigos 175 a 178 da CLT.

NR-18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção:

Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento de organização, que

objetivem a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de

segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria

da construção civil. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá

embasamento jurídico à existência desta NR, é o artigo 200 inciso I da CLT.

A NR-18, por tratar especificamente da situação da indústria da

construção, ganha relativo destaque, visto o enfoque deste trabalho. Nesta

norma estão especificadas algumas obrigações das empresas de engenharia

que objetivam o bem estar da saúde do trabalhador como a elaboração e o

cumprimento do PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente do

Trabalho) nos estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais e a

organização de uma CIPA centralizada para empresas que possuírem, na

mesma cidade, 1 ou mais canteiros de obra ou frentes de trabalho com menos

de 7 empregados.

As Normas Regulamentadoras - NRs, são de observância obrigatória

pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração

direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário,

que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho -

CLT.

O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre

segurança e medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das

penalidades previstas na legislação pertinente.

2.3 CAUSAS E CONSQUÊNCIAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Assim como qualquer acontecimento, um acidente de trabalho tem em

sua ocorrência consequências e valores causais agregados. Todos os dois

aspectos são bem estudados e tem sua relativa importância no que se refere à

prevenção de acidentes. No entanto, anteriormente a ocorrência do acidente e

a causa do mesmo, existe outro conceito a ser estudado: o conceito de risco. A

existência do risco potencializa a probabilidade da ocorrência de um acidente.

De acordo com Michel (2001), toda pessoa está sujeita a pelo menos

três modalidades de risco. Em primeiro lugar, o risco genérico a que se expõem

todas as pessoas, em seguida, na sua qualidade de trabalhador está sujeito ao

risco específico do trabalho. Por fim, em determinadas circunstâncias, onde um

risco genérico ou específico é agravado.

Fazendo-se uma analogia, temos que a possibilidades de acidente de

transito é um risco genérico. A possibilidade de um trabalhador se acidentar na

máquina que opera é um risco específico. E a possibilidade de ele se acidentar

por estar trabalhando na mesma máquina sobre um período de trabalho mais

extenso e cansativo constitui um risco agravado.

Não deve se desperdiçar os conhecimentos sobre risco quando se

investiga um acidente. Tal conceito indica as possíveis causas e elimina tantas

outras otimizando o processo. Assim sendo, embasado nos conceitos de risco,

podemos então buscar um aprofundamento no estudo das causas dos

acidentes de trabalho. O acervo teórico sobre causas divide o estudo em três

grupos de causas que, segundo a NBR 14280/ABNT – Cadastro de acidentes

do trabalho – Procedimento e Classificação, estão listadas abaixo:

1. Fator pessoal de insegurança

2. Atos inseguros

3. As condições de ambientes inseguras

No entanto, sabe-se que normalmente um acidente de trabalho tem mais

de uma causa, sendo comum a associação de duas ou mais causas. Para

entender melhor vamos definir segundo Piza (1977), o que representa cada

uma das causas supracitadas:

Fator Pessoal de Insegurança: é o nome técnico dado ás falhas humanas decorrente,

na maior parte das vezes, de problemas de ordem psicológica, (...) social, (...)

congênitos ou de formação cultural que alteram o comportamento do trabalhador

permitindo que ele cometa atos inseguros. (...) Um indivíduo que é distraído - fator

pessoal de insegurança – (...) e a falta de atenção que é um ato inseguro.

Ato Inseguro: entende-se por ato inseguro todos os procedimentos do homem que

contrariem normas de prevenção de acidentes. (...) Normalmente quando essas

atitudes não são propositais, o homem deve estar sendo motivado por problemas

psicossociais.

Condição Insegura: (...) tem como definição as circunstâncias externas de que

dependem as pessoas para realizar seu trabalho que sejam incompatíveis ou

contrárias as normas de segurança e prevenção de acidentes – ventilação inadequada,

empilhamento inadequado, EPC inadequado.

A multicausalidade de um acidente de trabalho torna o processo

complexo e de difícil investigação de tal maneira que muitas destas causas são

ignoradas posto que em geral, satisfaz associar o acidente a somente uma das

causas, ignorando a possibilidade de associações. Tal ato interfere no estudo

dos fatos e impossibilita a resolução ou a minoração das ocorrências.

A NBR 14280 estrutura e classifica o acidente em acidentes impessoal,

pessoal e lesão pessoal. Tal classificação nos orienta a perceber a ordem dos

fatos que resultam nos acidentes de trabalho. Para tal ele define e exemplifica:

Acidente Impessoal - Acidente cuja caracterização independe de existir acidentado, não podendo ser considerado como causador direto da lesão pessoal;

Acidente Pessoal - Acidente cuja caracterização depende de existir acidentado;

ACIDENTE IMPESSOAL ACIDENTE PESSOAL LESÃO PESSOAL queda de um objeto impacto sofrido por pessoa fratura

inundação imersão afogamento

Quadro 01 – Exemplos de acidente impessoal, acidente pessoal e lesão pessoal

Visualizando o quadro 01, percebe-se que entre um acidente impessoal

e uma lesão pessoal sempre existirá um acidente pessoal. A diferenciação das

etapas do acidente é importante para entender o fluxo do acontecimento, o que

ajuda a perceber que evitar acidentes impessoais, que nunca são registrados e

não entram em estatísticas, interfere diretamente na ocorrência de uma lesão

pessoal. Esta ultima por sua vez vale ressaltar que também deve receber

relativa importância diante do fato de que são elas que são registradas e

compõem as estatísticas.

A última das etapas e não menos importante a ser estudada é a

consequência do acidente de trabalho. Tal fato constitui o evento mais

chamativo do processo e é o maior motivador de todo estudo sobre a temática.

Quando falamos em consequências dos acidentes de trabalho podemos

citar episódios como a simples queda de um objeto, lesões e morte dos

trabalhadores. Ao final ainda pode-se indicar como consequência o aumento

dos custos da produção das empresas e geral da nação.

Dentre as conseqüências dos acidentes de trabalho, podemos iniciar os

estudos trabalhando com o que podemos chamar de lesões pessoais que, de

acordo com a NBR 14280, classificam-se em:

Lesões Imediatas: lesão que se manifesta no momento do acidente

Lesões mediatas: lesão que se manifesta após a circunstância acidental da qual

resultou

Como lesões pessoais imediatas, podemos citar as escoriações,

distensões, fraturas e até a morte do trabalhador. Como lesões pessoais

mediatas, nosso maior representante são as chamadas doenças ocupacionais

geradas pela característica da atividade laborais, que implica em perda total ou

parcial da capacidade de trabalho por parte do trabalhador.

Dentre as lesões pessoais, podemos ainda classificar algumas

consequências, de acordo ao resultado para a vítima que, segundo a NBR

14280, podem ser:

Lesão com incapacidade temporária: perda total da capacidade de trabalho que

resulte em um ou mais dias perdidos.

Lesão sem afastamento: perda parcial da capacidade de trabalho que não impeça

que o acidentado retorne ao trabalho no dia imediato ao dia de trabalho.

Lesão com incapacidade permanente parcial: redução parcial da capacidade de

trabalho, em caráter permanente.

Lesão com incapacidade permanente total: perda total da capacidade de trabalho

em caráter permanente sem morte.

Morte: Cessação da capacidade de trabalho pela perda da vida, independente do

tempo decorrido desde a lesão.

O que estamos tratando até o momento são somente as consequências

que atingem principalmente o acidentado. No entanto, existem outras

conseqüências que atingem não só os trabalhadores, mas também as

empresas e toda a nação. Assim sendo, baseado no conceito técnico-

prevencionista, citado na secção 1.1 deste trabalho, devemos considerar ainda

as consequências que um chamado incidente traz a máquinas e equipamentos,

instalações e matérias-primas, mesmo que na ocorrência do fato não exista

“acidentado”, e o quanto estes incidentes oneram as produções.

Um exemplo de um incidente e suas consequências - na existência ou

não de um acidentado – pode ser ilustrado abaixo segundo Michel (2001):

(...) a simples perda de tempo para normalizar a situação já representa um custo. Por

exemplo, a queda de um fardo de algodão mal armazenado, em princípio, teria como

consequência:

a) O rearmazenamento que já acarretará em desperdício de tempo e esforço por parte do

trabalhador.

b) O empregador pagará duplamente pelo serviço de rearmazenagem.

c) Ocorrerá a diminuição da produção, pela necessidade de repetir o serviço.

Assim, todos estes fatos acarretaram em custos que serão adicionados

a produção da empresa, e que diminuirão seus lucros. Todos estes problemas,

quando analisados de forma geral, terão influencia sobre a produção e a

economia nacional. Torna-se ainda mais complicado, quando a existência do

acidente, associa-se a ocorrência de uma lesão pessoal, pelo fato de que

perdas materiais, por mais indiretas que sejam, são mensuráveis. No entanto, a

ocorrência de óbitos perda permanente ou temporária de capacidade de

trabalho ou ainda um simples afastamento acarreta e prejuízos impossíveis de

serem calculados.

2.4 REGISTRO DOS ACIDENTES DE TRABALHO NO CENÁRIO

BRASILEIRO

Segundo Aquino (1996), no Brasil, as fontes oficiais de dados de

acidentes do trabalho são a Ficha de Informações da Norma Regulamentadora

Nº 5 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), os Quadros III, IV e VI, da

Norma Regulamentadora Nº 4 e a Ficha de Acidente do Trabalho, da Norma

Regulamentadora Nº 18 e a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

As fichas que constam nas NRs citadas, por mais que haja a

obrigatoriedade do envio na ocorrência do acidente ou risco dele, não formam

estatísticas, tão pouco são divulgadas. Assim sendo, os registros pertinentes

aos acidentes de trabalho ocorridos no Brasil e mais especificamente nos

setores e subsetores da construção civil restrigem-se aos divulgados nos

Anuários Estatísticos do MPAS e que se baseiam nos registros do INSS – que

é um setor do MPAS – através das CATs.

A CAT consiste no meio mais comum e mais usado dentre os citados e

possibilita o cadastro junto ao INSS e ao MPAS dos Acidentes de Trabalho e

das Doenças Ocupacionais ocorridas, havendo ou não afastamento do trabalho

por parte do acidentado. Esta pode ser preenchida através de uma aplicação

eletrônica via Internet ou de um formulário Impresso (ANEXO A). (Brasil,2008)

Para que o acidente, ou a doença, seja considerado como acidente do

trabalho é imprescindível que seja caracterizado tecnicamente pela Perícia

Médica do INSS, que fará o reconhecimento técnico do nexo causal entre o

acidente e a lesão; a doença e o trabalho; e a causa mortis e o acidente.

(Brasil, 2008)

Para o registro das CATs, o Ministério da Previdência e Assistência

Social desenvolve e trabalha com definições conceituais e legislativas

constantes nos itens 1.1 e 1.2 do trabalho e que se baseiam na

NBR14280/2001. Assim, tendo em mãos a definição legal de acidente de

trabalho e a sua classificação, pode-se identificar o acidente de trabalho e

classificá-lo como tal iniciando os procedimentos de registro para

posteriormente se produzir os dados estatísticos.

Por lei, a empresa deverá comunicar o acidente de trabalho, ocorrido

com seu empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, até o primeiro

dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à

autoridade competente. Caso contrário, o trabalhador acidentado, seus

dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou

qualquer autoridade pública deve procurar meios para formalizar o fato. A

comunicação por parte do acidentado ou de seus dependentes não exime a

empresa de responsabilidade pela não comunicação do acidente de trabalho.

Atualmente o MPAS ainda conta com outro método para a identificação

e registro do acidente de trabalho ou doença ocupacional. É o chamado Nexo

Técnico Epidemiológico (NTEP) que vem ajudando o órgão nos registros e

minimizando a subnotificação. Tal método relaciona a ocorrência de

determinadas doenças, enfermidades lesões e outras consequências

diretamente a algumas atividades desenvolvidas pelo trabalhador. Assim existe

atualmente uma matriz que associa diversas enfermidades cadastradas na

Classificação Internacional de Doenças (CID) as variadas atividades listadas na

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) permitindo uma

rápida identificação da ocorrência de uma doença ocupacional comparando a

lesão/doença com a atividade exercida pelo trabalhador o que otimiza os

registros do MPAS. Desde 2007 as estatísticas do MPAS já englobam os

chamados “acidentes sem CAT” através do NTEP, o que torna os dados mais

confiáveis.

3. ESTATÍSTICAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA

DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA

As estatísticas constituem uma das ferramentas mais importantes no

estudo de diversas problemáticas. Não é diferente no caso da construção civil,

e mais especificamente tratando dos acidentes acontecidos no setor. As

estatísticas são úteis para a elaboração de planos de ações que objetivem

melhorias no setor. Quando a intenção é melhorar a qualidade de trabalho dos

colaboradores do ramo e diminuir o numero de acidentes de trabalho, devemos

nos basear em dados estatísticos pertinentes ao tema.

A partir deste ponto inicia-se um aprofundamento nas estatísticas

colhidas no MPAS que nos ajudarão a visualizar o ambiente da segurança de

trabalho da indústria da construção civil brasileira e seus subsetores. Para

tanto iniciaremos o estudo conhecendo a Classificação Nacional das Atividades

Econômicas (CNAE) que já foi citada no trabalho e é imprescindível para o

estudo estatístico no setor.

A CNAE é a classificação oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional do

Brasil e pelos órgãos federais, estaduais e municipais gestores de registros administrativos e

demais instituições do Brasil, com base na resolução do presidente do IBGE n° 054, de 19 de

dezembro de 1994. (WIKIPÉDIA, 2009).

Assim sendo, buscou-se padronizar a forma com que os diferente

órgãos do País classificam as unidades econômicas segundo suas atividades.

Em novembro de 2007 a CNAE recebeu sua mais recente revisão, de maneira

que algumas publicações estatísticas ainda não se adequaram a mudança e

ainda existem outras que adotam classificações semelhantes, mas não iguais.

No anexo B, consta a CNAE atualizada em 2007 (CNAE 2.0) associada à

CNAE antiga, desenvolvida e utilizada a partir do ano de 1995 (CNAE 95). Os

dados das CNAE foram colhidos no site do MPAS.

Os índices constantes no anexo B ainda são subdivididos em grupos

que elevam a diferenciação entre a atividades. Para o tema em questão,

destaca-se somente o setor e os subsetores da indústria da construção que

estão incluídos no item 45 da CNAE 95 e nos itens 41,42 e 43 da CNAE 2.0,

visto que a análise dos acidentes ira se restringir a esfera desta atividade

econômica. Para melhor visualização, o anexo C traz a tabela com os setores

associados ao tema e suas subdivisões de acordo com a CNAE 2.0 que

também foram colhidos no site do MPAS.

De posse dos conhecimentos a respeitos da CNAE, pode-se então dar

ênfase ao estudo dos acidentes de trabalho nos subsetores de construção civil

que consiste no foco do trabalho. Para tanto, deveremos expor inicialmente os

dados de acidentes acontecidos nos subsetores. Nos restringiremos aos anos

de 2006 e 2007 visto que entre estes, há uma compatibilidade entre o CNAE

adotado. Após a revisão do CNAE em 2007, o MPAS dedicou-se a converter os

dados estatísticos do ano de 2006, que estavam classificados com o CNAE 95,

para o CNAE 2007 a fim de proporcionar parâmetros comparativos para o

anuário de 2007. Assim sendo é possível trabalhar com os dados de 2006 e

2007 paralelamente, no entanto a análise junto aos anos de 2005 e 2004 torna-

se impraticável visto a divergência de CNAE. No anexo D constam os registros

de acidentes de trabalho na Bahia e no Brasil no ano de 2006 e 2007

divulgados pelo MPAS, que estão classificados de acordo com a CNAE 2.0 e

de acordo com o motivo do acidente (típico, de trajeto ou doença ocupacional).

Os dados contidos no anexo citado provem da chamada CAT inicial, na

qual apenas registra-se o evento do acidente classificando-o como típico, de

trajeto ou doença ocupacional (entre outras informações), de acordo com as

circunstancias do evento. Neste momento, as consequências do fato são de

baixa relevância para o registro. Os dados são complementados pelos registros

de NTEP que só começaram a ser aplicados a partir do ano de 2007. Os dados

provenientes do NTEP estão locados na coluna “Sem CAT Registrada” do IV.

Ao final das avaliações, verificam-se as consequências do acidente e é

feita a reabertura da CAT a fim de liquidar o acidente ocorrido para as devidas

providências por parte dos órgãos competentes. No anexo E, constam os

registros de acidentes liquidados acontecidos nos anos de 2006 e 2007,

classificados de acordo com a CNAE 2.0 e separados por consequência do

acidente.

É comum que hajam diferenças entre a quantidade de acidentes

registrados e acidentes liquidados. Isto ocorre pela característica do processo

no qual são efetuadas diversos procedimentos e reavaliações até o final do

procedimento, tornando-se comum a abertura do processo em um ano e o

fechamento em outro.

As estatísticas contidas nos anexo D e E consistem em valores brutos

que nos demonstram quais subsetores possuem o maior numero de casos

registrados. No entanto, tais valores não transmitem a idéia de risco e

incidência de acidentes visto que estes não estão relacionados à população de

trabalhadores e quantidade de acidentados de cada subsetor. Esta análise será

feita no Capítulo 4, a fim de dar uma ênfase maior a tais índices.

Os registros do MPAS têm como fonte de dados os comunicados de

acidente de trabalho CATs que já foram tratados no item 2.4 deste trabalho.

Sabe-se que tais registros sofrem influencia direta do fenômeno subnotificação.

Desde 2007 o MPAS vem aplicando NTEP a fim de diminuir esta

subnotificação. No entanto o NTEP inclui nas estatísticas, na maioria dos

casos, somente as doenças ocupacionais remediando pouco ou nada o caso

dos acidentes de trajeto e típicos (vale ressaltar que os acidentes típicos

constituem mais 70% dos acidentes registrados). Usualmente, os acidentes só

são registrados quando são graves e/ou fatais enquanto que acidentes médios

e leves normalmente não entram nas estatísticas. Desta forma, as estatísticas

acabam indicando uma maior quantidade de acidentes graves em relação a

acidentes médios e leves, o que na realidade não ocorre. Tal situação é

genérica a qualquer setor e característica das estatísticas de acidentes de

trabalho brasileira. No entanto, não se deve desmerecer a importância dos

levantamentos estatísticos mas sim utilizá-los consciente de suas deficiências.

4. INDICADORES DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA

DA CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA E BAIANA

Para dar importância e destaque aos setores de maior risco e

probabilidade de ocorrer acidentes de trabalho, faz-se necessário associar os

quantitativos destacados no capítulo anterior á população economicamente

ativa de cada subsetor da construção. Para isto foram criados os indicadores

de acidentes de trabalho. Desta forma, o estudo ganha subsídios relevantes

que garantem a confiabilidade das análises feitas permitindo o planejamento de

ações nas áreas de segurança e saúde do trabalhador.

O MPAS divulga em seus anuários estatísticos de acidentes de trabalho

diversos indicadores, cada qual com a sua aplicabilidade. Para a pesquisa em

questão, destacaremos 4 deles: a taxa de incidência de acidentes de trabalho,

a taxa de incidência de Incapacidade Temporária, taxa de mortalidade e taxa

de letalidade. Estes três índices já fornecem informações suficientes para

visualizar a probabilidade de ocorrência e a gravidade dos acidentes

registrados em cada subsetor. Isto permitirá a análise comparativa dos valores

encontrados entre os subsetores e destacar as situações mais críticas. Para

um melhor entendimento, vamos expor o que cada uma das taxas significa:

Taxa de incidência de acidentes de trabalho:

Consiste na relação entre os acidentes de trabalho ocorridos e a média

de trabalhadores exposto ao risco no mesmo período de tempo (no caso 1

ano). Tal taxa constitui a forma mais geral e simplificada do risco e é calculada

pela seguinte expressão:

NÚMERO DE NOVOS CASOS DE ACIDENTE REGISTRADO X 1.000 NÚMERO MÉDIO ANUAL DE VÍNCULOS

Taxa de incidência específica para incapacidade temporária:

Consiste na relação entre os acidentes de trabalho ocorridos que

resultaram em incapacidade temporária (independente de ser menos ou mais

que 15 dias) e a média de trabalhadores exposto ao risco no mesmo período

de tempo (no caso 1 ano). É expressa pela seguinte razão.

NÚMERO DE NOVOS CASOS DE ACIDENTE REGISTRADO .

QUE RESULTARAM EM INCAPACIDADE TEMPORÁRIA X 1.000 NÚMERO MÉDIO ANUAL DE VÍNCULOS

Taxa de mortalidade:

Consiste na relação entre o número total de óbitos decorrente de

acidentes de trabalho ocorridos e a média de trabalhadores exposto ao risco no

mesmo período de tempo (no caso 1 ano). Esta taxa indica a possibilidade de

ocorrer um acidente fatal num setor. É calculada pela seguinte expressão:

NÚMERO ÓBITOS DECORRNTES DE ACIDENTES DE TRABALHO X 100.000

NÚMERO MÉDIO ANUAL DE VÍNCULOS

Taxa de letalidade:

Consiste na relação entre o número total de óbitos decorrente de

acidentes de trabalho ocorridos e o numero total de acidentes registrados no

mesmo período de tempo (no caso 1 ano). Tal coeficiente indica a possibilidade

de um acidente resultar na morte do trabalhador acidentado. É um bom

indicador para medir a gravidade do acidente e é calculado pela seguinte

expressão:

NÚMERO ÓBITOS DECORRNTES DE ACIDENTES DE TRABALHO X 1.000 NUMERO TOTAL DE ACIDENTES

Os vínculos constituem a quantidade de trabalhadores vinculados a

atividade do setor. Vale ressaltar que um trabalhador pode estar vinculado a

mais de uma atividade e setor bem como existem trabalhadores que não

entram nas estatísticas por não possuírem vínculos (trabalhadores autônomos,

empregados domésticos, entre outros). Há ainda situações em que o

trabalhador está vinculado a um setor/atividade e desenvolve suas atividades

em outro devido à possibilidade de terceirizações e outros contratos

empregatícios.

As respectivas parcelas multiplicadoras por 1.000 e por 100.000 das

expressões tem o papel de tornar o índice um valor representativo. Desta forma

os indicadores representam estatísticas para cada 1.000 e 100.000

vínculos/acidentes.

Tendo em vista estas informações, podemos agora destacar os

indicadores de acidente de trabalho fornecidos pelo MPAS. Para isso, no anexo

F constam os taxas de incidência, Incidência de Incapacidade Temporária,

letalidade e mortalidade dos subsetores da construção civil no ano de 2007 na

Bahia e no Brasil. Para o ano de 2006, o MPAS somente elaborou os índices

com base no CNAE 95, o que inviabiliza o estudo comparativo.

Com estes indicadores é possível visualizar de forma mais coerente o

cenário dos acidentes de trabalho registrados na construção civil e a partir

destes, determinar os subsetores com maiores taxas e assim poder focalizar

ainda mais o estudo.

5. DISCUSSÃO A RESPEITO DAS ESTATÍSTICAS E INDICADORES

FORNECIDOS PELO MPAS PARA O SETOR E SUBSETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A análise comparativa das estatísticas fornecidas pelo MPAS para o

setor e subsetores da construção civil pode ser feita de diversas formas

levando em consideração as diversas variáveis presentes nas próprias

planilhas como local, ano, causa e consequência do acidente. Ainda pode-se

considerar crescimentos e decrescimentos bem como setores com maiores e

menores registros e incidências. Mais interessante ainda, pode-se combinar as

diversas variáveis presentes nos dados e aprofundar o estudo verificando

falhas e qualidades das estatísticas do MPAS e as utilizar de forma correta

para a remediação do problema.

Deveremos então seguir uma linha de raciocínio para facilitar a análise e

o estudo. Para isso, a ordenação da análise terá como principio a ordem com

que foram comentados os dados estatísticos, que é a mesma dos anexos.

Comecemos então visualizando a quantidade de acidentes registrados

na Bahia e no Brasil presente no anexo D. Sabe-se que os números constantes

no anexo têm relação direta com o numero de trabalhadores que atua em cada

subsetor. Desta forma, não se pode mensurar somente com base nos dados de

acidentes registrados a probabilidade de ocorrência de acidentes de trabalho

deste setor. No entanto, facilmente percebe-se que a nível nacional e na Bahia

o subsetor 4120 (Construção de Edifícios) possui a maior quantidade de

acidentes registrados. Oposto ao que acontece com o subsetor 4319 (Serviços

de Preparação do Terreno exceto obras de terraplenagem, perfurações,

sondagens e demolições) que acusa o menor numero de acidentes registrados

no Brasil. Não acontece o mesmo na Bahia. Nesta caso o subsetor foi excluído

das estatísticas devido à ausência de informações. Isto acontece porque

muitos subsetores registram poucos ou nenhum acidente. Tal fato se deve a

distribuição das empresas atuantes em cada subsetor ser desigual em todo

território nacional. Para exemplificar tal fato pode-se citar os subsetores 4299

(Obras de Engenharia Civil e infra-estrutura não especificadas anteriormente –

vide CNAE 2.0 Anexo C) e 4221 (Obras de infra-estrutura para geração e

distribuição de energia elétrica e para telecomunicações) que na Bahia estão

em 2 e 3 lugar respectivamente no numero de registros de acidente enquanto

que no Brasil ocorre o inverso.

Em relação ao numero total de acidentes é possível perceber um relativo

aumento de acidentes registrados entre os anos de 2006 e 2007. Volta-se a

afirmar que estes valores dependem do numero de trabalhadores vinculados

ao subsetor sendo comum a proporcionalidade direta entre número de

acidentes registrados e a população vinculada. Assim sendo, não se pode

afirmar que o aumento de registros deve-se somente a desatenção com a

segurança e saúde do trabalhador. Ainda é possível verificar que o aumento

também teve influencia direta dos acidentes registrados através do NTEP que

não se aplicou nos anos anteriores á 2007.

Com base nos dados do anexo D, é possível tecer comentários a

respeito de quais subsetores mais e menos promovem gastos com segurança

e saúde ocupacional, bem como indicar para quais deve se ter menor e maior

atenção. Desta forma, é possível direcionar a obrigatoriedade de algumas

normas regulamentadoras como a NR 18 que indica que empresas com mais

de 20 funcionários devem possuir PCMAT bem como empresas com mais de

um canteiro na mesma cidade devem possuir uma CIPA, visto a relação direta

já citada entre a população economicamente ativa do subsetor e os acidentes

nela registrados.

Quanto ao quesito gravidade dos acidentes ocorridos, podemos nos

basear no anexo E e no anexo F.

Os dados de acidente constantes no anexo E são provenientes da

reabertura da CAT, onde se informa as consequências do acidente no

acidentado. Desta forma, nele estão classificados os acidentes de acordo as

diversas conseqüências. Os dados totais são muito parecidos com os do anexo

D, no entanto diferem pelo fato de que é comum ocorrer o registro em um ano

e a reabertura com a finalização do processo em outro ano. Assim sendo,

reafirmando os dados do anexo D, os subsetores de maior e menor numero de

registro respectivamente são os setores 4120 e 4319. É interessante também

considerar os setores que mais contribuem para o número de óbitos oriundos

dos acidentes ocupacionais no Brasil. São eles: em 1º lugar, o subsetor 4120

(construção de edifícios) seguido do subsetor 4221 (Obras para geração e

distribuição de energia elétrica e para telecomunicações) e em 3º o 4211

(construção de rodovias e ferrovias).

Quando visualizamos o anexo E, podemos então dedicar atenção as

proporções entre os acidentes e seus diversos níveis de gravidade. Para isso,

é interessante comparar os dados do anexo E intrinsecamente. Então

visualizemos o caso do subsetor 4311 (Demolição e preparação de canteiro de

obras) que se destaca a nível nacional como subsetor com grande numero de

óbitos em relação aos acidentes leves (com simples assistência médica)

registrando em 2006 uma morte para cada acidente leve. Na Bahia a situação

ainda demonstra ser pior. Podemos destacar o subsetor 4221 (Obras de infra-

estrutura para geração e distribuição de energia elétrica e para

telecomunicações) com cinco mortes para cada dois acidentes leves ocorrido

no ano de 2006. Tal situação não é improvável, no entanto é no mínimo

interessante. França (2002) destaca em seu trabalho a respeito das estatísticas

nacionais de acidente de trabalho diversas relações entre acidentes leves e

graves baseadas em dados internacionais. A relação mínima divulgada seria

de três acidentes leves para cada acidente grave, ressaltando possibilidades

de até dezenove acidentes leves para cada acidente grave. É fato que trata-se

de dados internacionais, que entretanto nos serve como parâmetro para a

realidade brasileira.

Em entrevista ao portal Agência Brasil em 05 de agosto de 2008, o

presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas

Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), Waldemar Pires de Oliveira,

afirma que a informalidade e os “maus empresários” impedem seus

empregados de notificar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e

falseiam os números. Ele informa ainda que o baixo nível de instrução dos

trabalhadores e a transitoriedade do vínculo empregatício impedem os

empregados de reivindicar seus direitos, relegando a própria segurança.

A verdade é que se tornou comum no cenário Brasileiro a omissão de

acidentes leves. Assim, usualmente trata-se e remedia-se o acidentado no

próprio ambiente de trabalho a fim de evitar o processo de registro de CATs e a

inclusão do acidente nas estatísticas. É mais difícil verificar isto desde 2007

devido à inclusão dos acidentes registrados através do NTEP nas estatísticas

que obviamente, em 2006, estavam no montante de acidentes subnotificados.

Logo é visível que as práticas que originam as subnotificações não estão tão

distantes do cenário da indústria da construção civil brasileira.

Como já foi citado, os valores fornecidos nos anexos D e E são valores

brutos e que não estão associados à população economicamente ativa de cada

subsetor. Assim sendo, podemos iniciar a análise dos indicadores de acidentes

de trabalho divulgados pelo MPAS para o ano de 2007 na Bahia e no Brasil.

Como já foi citado anteriormente, a análise do ano de 2006, para estes

indicadores, fica impossibilitada devido à incompatibilidade de CNAEs. Assim,

visualizemos os dados constantes no anexo F.

Logo de início e seguindo o raciocínio dos parágrafos anteriores,

podemos relembrar o caso do setor 4120 que lidera no numero de registros na

Bahia e no Brasil. O mesmo não acontece quando visualizamos os indicadores

do anexo F. O setor não está nem entre os cinco primeiros em incidência de

acidentes. Assim sendo é possível afirmar que o grande número de casos esta

diretamente ligado ao grande número de profissionais vinculados ao subsetor.

Segundo a revista Conjuntura da Construção, publicada pelo SindusCon-SP

(Sindicato da Construção de São Paulo), em todos os meses de 2007, o

subsetor registrou mais de um milhão de trabalhadores, enquanto que a

construção civil como um todo registrou entre 1,5 á 1,7 milhões. Assim, devido

ao grande número de vínculos, os números expostos nos anexos D e E para o

subsetor não são os mais prejudiciais à saúde ocupacional do trabalhador

brasileiro. No entanto, sabe-se que os números influenciam diretamente nos

gastos e investimentos na área de segurança do trabalho o que demanda

atenção para o subsetor.

As estatísticas do MPAS acusam que para o ano de 2007 a situação

mais crítica brasileira se encontra no subsetor 4223 (construção de redes de

transporte por dutos, exceto água e esgoto). Já o subsetor mais seguro a nível

nacional é o 4319 que já indicava baixo numero de registros o que vem para

confirmar os dados comentados anteriormente sobre o subsetor. Na Bahia o

subsetor não entra nas estatísticas e o provável motivo pode ser os números

de baixa relevância. Quando nos referimos á altas taxas, na Bahia não ocorre o

mesmo que no Brasil, visto que temos como subsetores de maior taxa de

incidência o 4321 (Instalações elétricas) seguido pelo 4313 (obras de

terraplenagem).

É interessante visualizarmos os setores aqui destacados a fim de

entender as principais causas de acidentes de trabalho. Em entrevista ao site

Agência Brasil em 04 de agosto de 2008, o engenheiro e consultor do

Ministério Público do Trabalho (MPT), Sérgio Antônio, cita que no mundo inteiro

a maior causa de acidentes fatais é a queda de trabalhadores e também

materiais sobre os funcionários, o segundo fator são choques elétricos e o

terceiro são os soterramentos. Tais situações vêm a confirmar a gravidade

presente nos setores destacados como de edificações que apesar de não ser o

mais perigoso é o que mais registra acidentes e onde estão locados a maior

parte dos acidentes provenientes de queda de material e queda de

funcionários, sejam eles fatais ou não. Considerando então o subsetor de obras

para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações (4221),

este que já foi citado como o 2º em registro de óbitos e acidentes

nacionalmente nos anos de 2006 e 2007 seria o maior representante de

acidentes e óbitos devido a choques elétricos. O setor 4211 (construção de

rodovias e ferrovias) está em 3º no número de óbitos e de acidentes e pode ser

um representante para as estatísticas provenientes de soterramentos. Como

exemplo disto podemos relembrar o caso do desabamento da estação de

Metrô Pinheiros (zona oeste de São Paulo) que no dia 12 de janeiro de 2007

deixou sete mortos.

Na Bahia, o caso do subsetor 4321, ainda é mais grave. Tal setor acusa

maiores taxas de mortalidade e letalidade (que são bons indicadores de

gravidade para os acidentes do setor) registrando para cada 1.000 acidentes

registrados 38 resultam em óbito e para cada 100.000 trabalhadores vinculados

ao subsetor, 204 morrem por causa de sua atividade laboral. O interessante é

que na Bahia este tipo de atividade não está enquadrada nem entre os 5

maiores causadores de acidentes no entanto, a periculosidade do subsetor

chama atenção devido à alta letalidade e mortalidade nele registrada.

Por mais que se foque em somente um subsetor, ainda é possível

diferenciar em vários níveis os acidentes acontecidos neste. Diversas são as

causas das elevadas estatísticas, por mais que estas se associem a somente

um subsetor. Isto se deve a variedade de atividades que cada um destes

engloba. Ou pior, cada atividade proporciona diferentes riscos e ainda pode ser

executada com uma grande heterogeneidade de métodos e formas e cada

empresa adota uma política de segurança e saúde ocupacional (lembrando que

existem aquelas que não se interessam por tal prática). Assim, um estudo de

causas dos acidentes de trabalho se torna intimo e variando até mesmo dentro

de um subsetor. Esta variação é majorada ainda mais quando se ultrapassa os

limites estaduais e se verifica a ocorrência a nível regional e nacional. Para

uma conclusão a respeito de tal tema, se faz necessário um estudo

aprofundado como o da reportagem presente no anexo G, divulgada pelo site

PINIweb no dia 08 de agosto de 2009. Tal reportagem tece comentários a

respeito dos resultados de uma pesquisa sobre as principais causas dos

acidentes de trabalho nos canteiros de São Paulo. A pesquisa indica que

73,39% dos acidentes são causados pela falta de atenção dos trabalhadores,

7,49% são causados pelo desuso dos EPIs, 7,22% são causados pela falta de

proteção e 2,41% dos acidentes laborais da mais populosa metrópole nacional

são causados pelo descuido dos gestores de obra. No entanto, afirmar que a

culpa de 73,39% dos acidentes ocorridos é dos próprios acidentados é muito

confortável e vai de encontro a prevenção dos acidentes de trabalho visto que

tal afirmação retira do processo os responsáveis pelo gerenciamento e controle

da segurança e saúde ocupacional nos canteiros: os gestores. Estes, por

ocuparem postos de gerenciamento têm a obrigação de sanar qualquer risco á

saúde do trabalhador, seja ele consequência da desatenção, cansaço, ato

inseguro do trabalhador ou condições inseguras. É interessante lembrar ainda

o que foi exposto no capítulo 2: é comum que a causa de um acidente não seja

única e normalmente é a resultante de uma ou mais associações, o que indica

que o estudo, ainda pode ser mais complicado. Assim sendo, para

“descomplicar” o processo e eliminar os possíveis acidentes os gestores devem

estar bem instruídos e conscientes do problema para buscar uma

administração do canteiro em prol da organização e saúde. Um estudo na

Bahia, por mais modestos que sejam seus canteiros se comparados ao da

metrópole, não seria simples. No entanto, como a cultura, os investimentos, o

incentivo e fiscalização pública e até fatores climáticos interferem no bem estar

ocupacional, faz-se válido um esforço para o estudo das principais causas dos

acidentes ocorridos no estado ou em pelo menos algumas cidades.

Os acidentes de trabalho, tenham eles grande ou baixa incidência e

frequência, afetam de diversas maneiras desde o trabalhador até o País como

todo. As consequências são muitas que vão desde um simples “susto” até

grandes prejuízos materiais, humanos e sociais. É praticamente impossível

mensurar a influência do susto no trabalhador. Mais impraticável ainda é avaliar

os prejuízos oriundos de um acidente catastrófico. Basicamente contenta-se

em se calcular os custos com o acidentado e os prejuízos materiais. No entanto

vai muito além disto. O “susto” por mais simples que seja tem influência direta

na produtividade e na eficiência da empresa. Quando nos referimos ao setor da

construção civil, que possui presença marcante no PIB nacional, e verificamos

os diversos “sustos” e catástrofes que o setor presenciou, podemos imaginar

as perdas em desenvolvimento que já tivemos. O que 35.000 acidentes

registrados pode trazer como consequência ao país? E aos mais de 1,6

milhões de trabalhadores do setor? Quanto se gasta dos recursos públicos e

privados com acidentes de trabalho? E os acidentes que ficaram fora destas

estatísticas? Estas são algumas das indagações que podem ser feitas

pertinentes a problemas advindos das estatísticas registradas.

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS Á RESPEITO DO

TEMA

O estudo dos acidentes de trabalho na construção civil é dificultado

pelas diversas variáveis características do próprio setor. A diversidade entre os

subsetores é muito grande independente do fato de todos participarem do

mesmo setor. Podem ainda haver grande diferenças de processos, grau de

instrução e tecnologias utilizadas pelas empresas participantes do mesmo

subsetor. Multiplicando todas estas variáveis por diversos problemas como falta

de políticas de segurança, responsabilidade empresarial, falta de fiscalização,

atos inseguros e condições inseguras que são genéricas a qualquer setor

nacional teremos a dimensão do problema acidentes de trabalho na construção

civil brasileira. Assim, direcionar o estudo a fim de identificar os subsetores

protagonistas da problemática para ao menos remediar a situação começando

pelos pontos mais críticos pode ser uma solução.

Podemos então resumir o estudo destacando os setores mais críticos a

fim de focalizar possíveis tomadas de decisão na área de segurança

ocupacional. Assim temos como representantes dos maiores números de

registros e principais demandantes de custos com acidentes os subsetores

4120 (Construções de Edifícios) e 4221 (obras para geração e distribuição de

energia elétrica e para telecomunicações) e com maior taxa incidência e

mortalidade os subsetores 4223 (construção de redes de transporte por dutos,

exceto água e esgoto) e 4222 (construção de redes de abastecimento de água

coleta de esgoto e construções correlatadas). Por fim deve-se destacar os

subsetores que mais matam por acidente ocorrido, o subsetor 4321(instalações

elétricas) seguido pelo 4322 (instalações hidráulicas e sistemas de ventilação).

Pode-se ainda dedicar atenção aos subsetores mais seguros a fim de entender

os motivos de taxas e números tão baixos como os do subsetor 4319.

O setor da construção como um todo está ciente da problemática e vem

tomando decisões acerca de resolver o problema, de maneira que pouco a

pouco as empresas do ramo vêm se conscientizando do quão prejudicial são

os acidentes de trabalho e organizando seus canteiros para melhor atender

seus trabalhadores e proporcionar uma condição laboral mais agradável.

Contudo, esta não é uma tarefa fácil e requer um esforço conjunto de todos os

envolvidos com o problema, a fim de mudar a atitude dos trabalhadores, dos

empresários e do governo (em seus vários níveis) e motivar a sociedade em

geral para a grande importância da prevenção.

ANEXO A

Modelo de CAT

ANEXO B

Classificação Nacional das Atividades Econômicas atualizada em 2007 (CNAE 2.0) associada

à Classificação antiga, desenvolvida e utilizada a partir do ano de 1995 (CNAE 95). Fonte:

Ministério da Previdência e Assistência Social MPAS (maio/09)

SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA CNAE 95 CNAE 2.0 AGRICULTURA: 01, 02, 03 01, 02, 03 INDÚSTRIA: Extrativa Mineral 10, 11, 13, 14 5, 6,7 8, 9 Construção 45 41, 42, 43 Serviços Industriais de Utilidade Pública 40, 41, 90 35, 36, 37, 38, 39 TRANSFORMAÇÃO: Produtos Alimentares e Bebidas 15 10, 11 Produtos Têxteis 17 13, 14 Fabricação de Papel e Celulose 21 17 Refino de Petróleo e Produção de Bicombustíveis 23 19 Produtos Químicos 24 20, 21 Artigos de Borracha e Plástico 25 22 Produtos de Minerais Não-Metálicos 26 23 Metalurgia Básica 27 24 Fabricação de Produtos de Metal 28 25 Fabricação de Máquinas e Equipamentos 29 28 Fabricação de Máquinas e Aparelhos Elétricos 31 27 Montagem de Veículos e Equipamentos de Transporte 34, 35 29, 30

Outras Indústrias de Transformação 16, 18, 19, 20, 22, 30,

32, 33, 36, 37 12, 15, 16, 18, 26,

31, 32, 33 SERVIÇOS: Comércio de Veículo e Combustíveis 50 45 Comércio por Atacado 51 46 Comércio Varejista 52 47 Alojamento e Alimentação 55 55, 56

Transporte e Armazenagem 60, 61, 62, 63 49, 50, 51, 52, 53,

79 Comunicações 64 58, 59, 60, 61 Intermediários Financeiros 65, 66, 67 64, 65, 66 Atividades Imobiliárias 70 68 Atividades de Informática e Conexas 72 62, 63, 95

Serviços Prestados Principalmente a Empresas 74 69, 70, 71, 73, 74, 75, 78, 80, 81, 82

Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 75 84 Educação 80 85 Saúde e Serviços Sociais 85 86, 87, 88 Atividades Associativas, Culturais e Desportivas 91, 92 90, 91, 93, 94

Outros Serviços 71, 73, 93, 95, 99 72, 77, 92, 96, 97,

99

ANEXO C

Classificação Nacional das Atividades Econômica da construção e seus subsetores atualizada

em 2007 (CNAE 2.0). Fonte: Ministério da Previdência e Assistência Social MPAS (maio/09)

CONSTRUÇÃO

41 CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS Grau de Risco

(%) 41.1 Incorporação de empreendimentos imobiliários 41.10-7 Incorporação de empreendimentos imobiliários 2 41.2 Construção de edifícios 41.20-4 Construção de edifícios 3

42 OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA Grau de Risco

(%) 42.1 Construções de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras-de-arte especiais 42.11-1 Construção de rodovias e ferrovias 2 42.12-0 Construção de obras-de-arte especiais 2 42.13-8 Obras de urbanização - ruas, praças e calçadas 2

42.2 Obras de infra-estrutura para energia elétrica, telecomunicações, água, esgoto e transporte por dutos

42.21-9 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações 3

42.22-7 Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas 3 42.23-5 Construção de redes de transportes por dutos, exceto para água e esgoto 3 42.9 Construção de outras obras de infra-estrutura 42.91-0 Obras portuárias, marítimas e fluviais 3 42.92-8 Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas 3 42.99-5 Obras de engenharia civil não especificadas anteriormente 3

43 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS PARA CONSTRUÇÃO Grau de Risco

(%) 43.1 Demolição e preparação do terreno 43.11-8 Demolição e preparação de canteiros de obras 2 43.12-6 Perfurações e sondagens 2 43.13-4 Obras de terraplenagem 2 43.19-3 Serviços de preparação do terreno não especificados anteriormente 2 43.2 Instalações elétricas, hidráulicas e outras instalações em construções 43.21-5 Instalações elétricas 2 43.22-3 Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação e refrigeração 2 43.29-1 Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente 2 43.3 Obras de acabamento 43.30-4 Obras de acabamento 2 43.9 Outros serviços especializados para construção 43.91-6 Obras de fundações 3 43.99-1 Serviços especializados para construção não especificados anteriormente 3

Classificação Nacional das Atividades Econômica da construção e seus subsetores com

aplicabilidade entre 1995 e 2007 (CNAE 95). Fonte: Ministério da Previdência e Assistência

Social MPAS (maio/09)

CNAE 95 - CONSTRUÇÃO (CÓDIGO 45)

CÓDIGO DESCRIÇÃO RISCO (%)

45.1 PREPARAÇÃO DO TERRENO 45.11-0 Demolição e preparação do terreno 3 45.12-8 Perfurações e execução de fundações destinadas à construção civil 3 45.13-6 Grandes movimentações de terra 3 45.2 CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS E OBRAS DE ENGENHARIA CIVIL

45.21-7 Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) - inclusive ampliação e reformas completas 3

45.22-5 Obras viárias - inclusive manutenção 3 45.23-3 Grandes estruturas e obras de arte 3 45.24-1 Obras de urbanização e paisagismo 3 45.25-0 Montagens industriais 3 45.29-2 Obras de outros tipos 3

45.3 OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA PARA ENGENHARIA ELÉTRICA, ELETRÔNICA E ENGENHARIA AMBIENTAL

45.31-4 Construção de barragens e represas para geração de energia elétrica 3 45.32-2 Construção de estações e redes de distribuição de energia elétrica 3 45.33-0 Construção de estações e redes de telefonia e comunicação 3 45.34-9 Construção de obras de prevenção e recuperação do meio ambiente 3 45.4 OBRAS DE INSTALAÇÕES 45.41-1 Instalações elétricas 3 45.42-0 Instalações de sistemas de ar condicionado, de ventilação e refrigeração 3

45.43-8 Instalações hidráulicas, sanitárias, de gás, de sistema de prevenção contra incêndio, de pára-raios, de segurança e alarme 3

45.49-7 Outras obras de instalações 3

45.5 OBRAS DE ACABAMENTOS E SERVIÇOS AUXILIARES DA CONSTRUÇÃO

45.51-9 Alvenaria e reboco 3 45.52-7 Impermeabilização e serviços de pintura em geral 3 45.59-4 Outros serviços auxiliares da construção 3

45.6 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO COM OPERÁRIOS

45.60-8 Aluguel de equipamentos de construção e demolição com operários 3

ANEXO D Acidentes ocorridos no ano de 2006 e 2007 na Bahia e no Brasil registrados pelo MPAS

através de CATs e pelo NTEP (sem CAT registrada).

BRASIL E GRANDES REGIÕES

Quantidade de acidentes do trabalho registrados, por motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil - 2006/2007

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO REGISTRADOS

Acidente Com CAT Registrada Motivo Total Total

Típico Trajeto Doença do Trabalho

Sem CAT Registrada CNAE

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 4110.... 625 933 625 787 548 692 68 78 9 17 146 4120.... 11016 14084 11016 11024 9335 9355 1257 1316 424 353 3060 4211.... 3226 4114 3226 3536 2832 3184 339 317 55 35 578 4212.... 1025 1020 1025 846 917 748 65 81 43 17 174 4213.... 464 634 464 495 383 399 60 83 21 13 139 4221.... 4014 4491 4014 4088 3383 3396 433 482 198 210 403 4222.... 285 398 285 340 251 304 28 30 6 6 58 4223.... 220 274 220 247 195 231 17 14 8 2 27 4291.... 70 143 70 126 61 115 4 6 5 5 17 4292.... 1322 1849 1322 1560 1167 1370 102 173 53 17 289 4299.... 2257 2853 2257 2244 1896 1903 264 253 97 88 609 4311.... 53 65 53 44 47 37 4 5 2 2 21 4312.... 97 97 97 87 88 81 8 5 1 1 10 4313.... 714 915 714 695 556 567 86 88 72 40 220 4319.... 1 5 1 3 1 3 2 4321.... 768 895 768 727 593 596 126 118 49 13 168 4322.... 235 327 235 256 190 182 37 68 8 6 71 4329.... 658 744 658 581 492 458 137 100 29 23 163 4330.... 1236 1557 1236 1152 989 907 185 189 62 56 405 4391.... 401 534 401 451 347 379 37 42 17 30 83

4399.... 367 535 367 409 321 346 37 52 9 11 126 TOTAIS 29.054 36.467 29.054 29.698 24.592 25.253 3.294 3.500 1.168 945 – 6.769

BAHIA

Quantidade de acidentes do trabalho registrados, por motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no estado da Bahia - 2006/2007

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO REGISTRADOS Acidente Com CAT Registrada

Motivo Total Total

Típico Trajeto Doença do Trabalho

Sem CAT Registrada CNAE

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 4110.... 18 35 18 20 14 17 4 1 2 15 4120.... 575 653 575 430 423 343 88 61 64 26 223 4211.... 97 136 97 110 78 100 11 6 8 4 26 4212.... 74 59 74 45 53 38 5 4 16 3 14 4213.... 4 17 4 13 3 13 1 4 4221.... 113 141 113 114 83 87 26 23 4 4 27 4222.... 1 2 1 1 2 4223.... 30 23 30 17 24 14 1 3 5 6 4291.... 7 7 7 5 7 4 1 2 4292.... 36 143 36 108 28 70 2 35 6 3 35 4299.... 195 184 195 144 158 130 12 12 25 2 40 4311.... 0 1 1 4312.... 1 1 1 1 1 4313.... 72 110 72 65 42 49 12 8 18 8 45 4319.... 4321.... 49 78 49 67 30 57 17 7 2 3 11 4322.... 18 10 18 8 15 3 3 3 2 2 4329.... 45 47 45 28 30 22 10 2 5 4 19 4330.... 39 53 39 27 21 23 7 2 11 2 26 4391.... 13 22 13 16 10 14 2 2 1 6 4399.... 13 17 13 13 11 11 1 2 1 4 TOTAIS 1.400 1.739 1.400 1.230 1.032 995 201 171 167 64 – 509

Fonte: Dataprev, MPAS, CAT, 2009

ANEXO E

Acidentes liquidados no ano de 2006 e 2007 na Bahia e no Brasil registrados pelo MPAS

através de CATs e pelo NTEP (sem CAT registrada).

BRASIL E GRANDES REGIÕES

Quantidade de acidentes do trabalho liquidados, por consequência, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil - 2006/2007

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS

Consequência Total Assistência

Médica Afastamento <

15 dias Afastamento

> 15 dias Incapacidade Permanente Óbito

CNAE

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 4110...... 679 1006 16 36 410 532 231 420 18 15 4 3 4120...... 12303 15275 1321 1340 6239 6311 4281 7183 357 326 105 115 4211...... 3487 4405 507 531 2017 2271 858 1498 68 62 37 43 4212...... 1103 1110 301 262 582 473 198 350 19 22 3 3 4213...... 505 681 40 28 313 331 143 301 7 17 2 4 4221...... 4300 4733 631 929 2646 2380 910 1329 56 51 57 44 4222...... 311 422 49 54 163 212 91 148 4 4 4 4 4223...... 226 287 149 196 56 44 20 43 2 1 2 4291...... 78 151 18 36 33 72 24 40 3 2 1 4292...... 1454 2009 846 972 358 416 228 588 14 19 8 14 4299...... 2523 3117 325 380 1292 1237 810 1420 75 57 21 23 4311...... 60 69 1 4 37 25 19 37 2 3 1 4312...... 99 103 12 13 63 51 23 38 1 1 4313...... 780 988 108 136 401 379 246 456 17 12 8 5 4319...... 1 5 1 3 2 4321...... 856 983 132 93 431 418 266 430 15 27 12 15 4322...... 265 361 23 18 147 149 84 179 9 11 2 4 4329...... 736 799 200 194 343 249 172 334 16 13 5 9 4330...... 1415 1719 114 154 718 613 526 895 49 42 8 15 4391...... 455 566 47 93 225 226 160 235 19 9 4 3

4399...... 422 583 17 29 202 211 182 326 19 14 2 3 TOTAIS: 32058 39372 4857 5469 16677 16603 9472 16252 768 709 284 310

BAHIA

Quantidade de acidentes do trabalho liquidados, por consequência, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no estado da Bahia - 2004/2006

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS

Consequência Total Assistência

Médica Afastamento

< 15 dias Afastamento

> 15 dias Incapacidade Permanente Óbito

CNAE

2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 4110...... 28 44 1 10 16 12 25 5 3 4120...... 685 749 103 71 301 237 238 398 41 40 2 3 4211...... 109 142 12 18 51 64 39 58 6 1 1 1 4212...... 86 71 47 28 17 11 18 28 3 4 1 4213...... 4 20 2 4 1 8 1 7 1 4221...... 131 151 2 6 79 67 41 72 4 4 5 2 4222...... 1 3 1 2 1 4223...... 30 26 17 14 10 2 3 9 1 4291...... 10 7 4 4 5 3 1 4292...... 44 165 22 37 10 49 9 75 2 3 1 1 4299...... 213 206 41 30 112 87 49 82 9 4 2 3 4311...... 1 1 1 1 4312...... 1 2 1 1 1 4313...... 80 130 3 27 49 31 26 70 2 1 1 4319...... 4321...... 57 88 12 18 21 32 23 33 2 1 3 4322...... 20 11 9 3 4 8 6 1 4329...... 52 48 24 5 12 16 16 27 4330...... 48 60 3 3 24 18 17 37 3 2 1 4391...... 17 24 2 4 8 8 4 12 3

4399...... 21 18 2 1 7 8 6 8 5 1 1 TOTAIS: 1638 1966 302 266 719 662 517 954 85 69 15 15

Fonte: Dataprev, MPAS, CAT, 2009

ANEXO F

Indicadores dos acidentes ocorridos no ano de 2006 e 2007 na Bahia e no Brasil registrados

pelo MPAS através de CATs e pelo NTEP, de acordo com conceituação do capítulo 4

BRASIL

Indicadores de acidentes do trabalho, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), Brasil - 2007

INDICADORES DE ACIDENTES DO TRABALHO

CNAE Incidência (por 1.000 vínculos)

Incidência de Incapacidade

Temporária (por 1000 vínculos)

Taxa de Mortalidade (por 100.000

vínculos)

Taxa de Letalidade (por 1.000 acidentes)

4110........ 34,29 34,99 11,03 3,22 4120........ 19,60 18,78 16,00 8,17 4211........ 33,78 30,95 35,31 10,45 4212........ 31,26 25,22 9,19 2,94 4213........ 29,10 29,01 18,36 6,31 4221........ 39,86 32,92 39,05 9,80 4222........ 82,34 74,48 82,76 10,05 4223........ 153,12 48,62 111,76 7,30 4291........ 60,00 47,00 41,96 6,99 4292........ 28,18 15,30 21,34 7,57 4299........ 20,89 19,46 16,84 8,06 4311........ 13,88 13,24 – – 4312........ 32,97 30,25 – – 4313........ 28,24 25,77 15,43 5,46 4319........ 5,01 5,01 – – 4321........ 17,80 16,86 29,83 16,76 4322........ 13,82 13,86 16,91 12,23 4329........ 18,72 14,67 22,64 12,10 4330........ 25,87 25,05 24,92 9,63 4391........ 36,10 31,17 20,28 5,62 4399........ 23,68 23,77 13,28 5,61

BAHIA

Indicadores de acidentes do trabalho, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), Bahia - 2007

INDICADORES DE ACIDENTES DO TRABALHO

CNAE Incidência (por 1.000 vínculos)

Incapacidade Temporária (por 1000 vínculos)

Taxa de Mortalidade (por 100.000

vínculos)

Taxa de Letalidade (por 1.000 acidentes)

4110........ 37,05 43,40 4120........ 15,37 14,95 7,06 4,59 4211........ 24,22 21,72 17,81 7,35 4212........ 17,83 11,79 4213........ 33,62 29,66 4221........ 20,78 20,49 29,48 14,18 4222........ 5,09 5,09 4291........ 27,78 27,78 4292........ 36,97 32,06 25,86 6,99 4299........ 18,84 17,31 30,72 16,30 4312........ 7,10 7,10 4313........ 44,47 40,83 40,42 9,09 4321........ 53,22 44,35 204,71 38,46 4322........ 11,40 11,40 113,96 100,00 4329........ 20,99 19,20 4330........ 21,59 22,41 4391........ 23,94 21,76 4399........ 10,33 9,72

Fonte: Dataprev, MPAS, CAT, 2009

ANEXO G

Reportagem extraída do portal PINIweb em 08 de agosto de 2009

6/Agosto/2009 Pesquisa aponta principais causas dos acidentes nos canteiros de obras

Estudo encomendado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo revela que falta de atenção responde por 73,39% das ocorrências Ana Paula Rocha

O Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo) apresentou no dia 5 de agosto uma pesquisa que aponta a falta de atenção dos trabalhadores como a principal causa de acidentes de trabalho nos canteiros de obras. O estudo foi realizado pelo IEC (Instituto de Ensino e Cultura) e entrevistou 659 operários entre 5 e 30 de junho de 2009 na cidade de São Paulo.

Segundo a amostragem, 8,35% dos trabalhadores entrevistados já sofreram algum acidente que gerou afastamento. Para os operários, a falta de atenção responde por 73,39% das causas das ocorrências, seguida da falta do uso de equipamentos de proteção individual (7,49%), da falta de proteção (7,22%) e do descuido dos gestores de obras (2,41%).

"A pesquisa serviu para mostrar quais pontos o sindicato tem de 'atacar' para evitar os acidentes", afirma Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon. "Porém, vários aspectos não foram esclarecidos ainda. Sabemos que a maior causadora das ocorrências é a falta de atenção, mas que falta de atenção é essa? De onde e por que ela acontece?". O sindicato vai repetir a pesquisa no final do ano com outra abordagem para tentar entender mais especificamente esta resposta dos trabalhadores

Para o auditor fiscal de trabalho Juarez Correia, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, do Ministério do Trabalho e Emprego, a interpretação dos trabalhadores pode estar equivocada. "Não estou afirmando que a pesquisa está errada, acredito, aliás, que está certa. Mas o trabalhador não tem informação suficiente para analisar que os acidentes podem surgir nos canteiros por falta de investimento da empresa, de uma política interna de prevenção, de treinamento, de uma série de outros fatores dos gestores. Ele traz para si a responsabilidade. Essa é a minha preocupação", explica.

O auditor acredita que falhas no processo levam às ocorrências. "Sempre trabalhamos com a lógica de que pode haver falhas na organização da tarefa, da gestão da empresa, da formação do trabalhador, de treinamento, falta de acesso dos operários às decisões da empresa, de assistência etc. Isso tudo influencia, não só uma falta de atenção do trabalhador", finaliza Correia.

Parte do corpo atingida

Motivo de ocorrência de acidentes

Fonte: PINIweb

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

AQUINO, José Damásio de. Considerações Críticas Sobre a Metodologia de Coleta e Obtenção de Dados de Acidentes de Trabalho no Brasil. São Paulo, Universidade de São Paulo, 1996

AYRES, Dennis de Oliveira/ CORRÊA, José Aldo Peixoto. Manual de prevenção de acidentes de trabalho: aspectos técnicos e legais. São Paulo, ATLAS, 2001.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Secretaria de Emprego e Salário. Segurança e saúde no trabalho, legislação - normas regulamentadoras. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/> Acesso em: 27/08/2008.

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COLETA, José Augusto Dela. Acidentes de Trabalho: Fator Humano, Contribuições da Psicologia do Trabalho, Atividades de Prevenção. 2ª Ed. São Paulo , ATLAS, 1991.

Emprego na Construção Brasileira por Segmento, Revista Conjuntura da Construção, São Paulo, p. 38, Ano VII, nº 2, junho 2009, Sinduscon-sp.

FRANÇA, Sérgio Tranzillo, Análise Crítica das Estatísticas de Acidentes de Trabalho no Brasil. Feira de Santana, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2002

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.

MEDEIROS, HELOISA - Seja um profissional qualificado, Revista Equipe de Obra, Ed.18 jul/2008. p. 32 e 33. PINI, 2008.

MICHEL, Oswaldo – Acidentes de Trabalho e Doenças Ocupacionais – 2ª Ed., São Paulo: Ed LTr, 2001.

PIZA, Fábio de Toledo – Informações Básicas Sobre Saúde e Segurança no Trabalho. São Paulo: CIPA, 1997

ROCHA, Ana Paulo, Pesquisa aponta principais causas dos acidentes nos canteiros de obras, PINIweb, ago/2009. Disponível em: <http://www.piniweb.com.br/construcao/carreira-exercicio-profissional-

entidades/pesquisa-aponta-principais-causas-dos-acidentes-nos-canteiros-de-obras-146022-1.asp> , Acesso em: 08/08/2009.

RODRIGUES, ALEX, Construção civil ainda registra muitos acidentes de trabalho, Agência Brasil, ago/2008. Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/08/01/materia.2008-08-01.0017233754/view> Acesso em: 01/09/2008.

RODRIGUES, ALEX, Construção pode ter mais acidentes de trabalho do que registros da Previdência. Agência Brasil, ago/2008. Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/08/04/materia.2008-08-04.9202151747/view > Acesso em: 01/09/2008.

Wikipédia: A Enciclopédia Livre. Definição de CNAE <http://pt.wikipedia.org/wiki/Classificação_Nacional_de_Atividades_Econômica> Acesso em 31/05/2009