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ATUAÇÃO DA FAMÍLIA JUNTO AO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS:
UMA PROPOSTA PSICOPEDAGÓGICA
Por
MARTA MUNIZ DA GAMA
______________________
Monografia apresentada à UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Como exigência do Curso de Pós-Graduação Em Psicopedagogia
Junho/2003
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MARTA MUNIZ DA GAMA
ATUAÇÃO DA FAMÍLIA JUNTO AO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS FILHOS:
UMA PROPOSTA PSICOPEDAGÓGICA
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES RIO DE JANEIRO
Agradecimentos
5
Ao meu Deus, porque me sinto privilegiada por ter conseguido concluir a
Pós-Graduação. Muitos momentos difíceis passei, mas Jesus me sustentou durante
esse trabalho. Para mim foi algo marcante e gratificante.
As minhas filhas, Raphaelle, Rayssa, Rayanne e Rachel, que mesmo sendo
crianças sempre me apoiavam com a sua alegria.
Os meus alunos da 4a série e os seus familiares.
Todas as pessoas que estiveram diretamente ou indiretamente me ajudando e
auxiliando na conclusão da minha Monografia.
Marta Muniz da Gama
INDICE
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Introdução ................................................................................................
Capitulo I – A Psicopedagogia e sua fundamentação .............................
Família na história ............................................................................... Relações Familiares, afeto e desempenho escolar ............................ Sujeito aprendente à luz de um novo olhar ........................................ Limite: existe o momento certo de aplicá-lo? ..................................... Em questão a criança: o desejo de querer e a possibilidade de ser ..
Capitulo II – Procedimentos Metodológicos ............................................
Resultados ......................................................................................... Relações familiares afetando o comportamento dos filhos ................ Ressignificando o sintoma na família ................................................
Capitulo III – Conclusões e Recomendações ..........................................
Recomendações aos Pais .................................................................
Referências Bibliográficas ........................................................................
Anexo I ....................................................................................................
Anexo II ...................................................................................................
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INTRODUÇÃO
A atuação da família junto ao processo de escolarizacão dos filhos:
uma proposta psicopedagógia
Depois da família, é na escola que a criança permanece mais
tempo. Inicialmente, a escola surge como um jogo, no qual ela produz o
trabalho dos adultos. Em seguida, entre os sete e dez anos, na fase da
escolaridade, a criança desenvolve desejo de agradar, satisfações no
trabalho escolar, curiosidade, etc. (Piaget, 1998).
É importante também abordar a questão do relacionamento pais –
professores, que tem sido ponto de discussão em todas as instituições
escolares, com o objetivo de possibilitar, o crescimento do aluno como um
todo.
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Sabemos que são inúmeros os fatores que interferem no
desenvolvimento de uma criança, principalmente, o familiar e o escolar.
Logo, a escola e os pais devem, juntos, permitir o aparecimento das
potencialidades do aluno.
A proximidade entre pais e professores só é positiva quando a
criança se desenvolve conforme o esperado por ambas as partes. Todavia,
quando a criança começa a manifestar dificuldades em alguma área, seja de
aprendizagem ou emocional, o relacionamento pode tornar-se conflituoso e
frustrante.
Crianças apresentando certas dificuldades podem gerar ansiedade
nos pais, professores, na coordenação e Direção da escola, etc.
Se os professores compreendem melhor a dinâmica que aflui na
relação professor-aluno-pais, possivelmente poderão criar expectativas mais
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autênticas sobre o que podem esperar da ajuda dos pais, bem como lidar
melhor com a situação e assim, ajudar mais a criança em seu processo de
aprendizagem.
Algumas queixas como, desempenho escolar insatisfatório,
desmotivação, problemas de relacionamento escolar, entre outras, se
tornaram comuns no âmbito escolar.
Motivos estes que nos levaram a pesquisar sobre a atuação da
família no processo ensino-aprendizagem; já que a “culpa” sempre é
depositada na escola. Mas será que esta é a única culpada? E o papel dos
pais no ensino do seu filho? Devemos evitar direcionar o problema em
questão a apenas a um único culpado e passar a analisar o contexto numa
perspectiva mais ampla, “olhando” o sujeito como um todo e não em partes.
O objetivo principal deste estudo está em buscar com criticidade,
caminhos que nos conduzam a discutir a respeito da atuação da família junto
à Escola no que se refere ao acompanhamento do processo de
escolarização dos seus filhos numa abordagem psicopedagógica.
Pretendemos esclarecer as seguintes questões:
- o papel compete à família, cada um dos membros que compõem, tendo
uma atuação, assumindo papéis e trabalhando em função do
desenvolvimento saudável do seu filho. Por isso, a importância da família
estar integrada com a vida escolar dos filhos e com a escola, para terem
consciência do papel que devem assumir e trabalhar a partir dele.
- a segunda questão se refere a dinâmica da família e os tipos de
relacionamentos existentes entre pais e filhos, enfocando o processo
ensino-aprendizagem. Sabemos que a aprendizagem envolve o sujeito
como um todo, visto nos aspectos afetivo, cognitivo e social. Será que a
família tem procurado estimular seus filhos, oferecendo um ambiente que
propicie um desenvolvimento integral, atendendo o sujeito na sua
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totalidade e que o estimule a buscar de forma prazerosa o novo, o
desconhecido?
Como Sinaliza Silva, ao conceituar o ser humano, “... um ser
pluridimensional com uma dimensão racional, uma dimensão afetiva
desiderativa e uma dimensão relacional, esta última implicando um aspecto
contextual e um aspecto interpessoal”. (1998, p.30)
- a terceira questão se refere a seguinte questão: como a
Psicopedagogia pode auxiliar a atuação da família junto ao processo
de aprendizagem dos filhos? Quando nos referimos ao fracasso
escolar, será que a “culpa” está localizada em um só contexto: a
escola? Como então prevenir tais “fracassos”, que só tiram da criança
o prazer de aprender, conhecer? E qual seria o papel da família junto
a aprendizagem de seus filhos?
Ao trabalharmos a questão da atuação familiar no processo de
aprendizagem, estamos nos referindo a sua postura frente à importância
do seu papel como primeira educadora e incentivadora para o
desempenho do filho na escola.
A essência deste estudo está em possibilitar e facilitar a
compreensão dos problemas que norteiam a práxis familiar.
Esta pesquisa tem como característica ser qualitativa e por se
tratar de um estudo que envolve observação e que tem como
instrumentos: entrevista e questionário, mais a análise desses
documentos, se trata de uma pesquisa qualitativa-etnográfica.
Compõe-se este estudo de três capítulos, assim distribuídos por
sessões: A Psicopedagogia e sua fundamentação; Família na história;
Relações familiares, afeto e desempenho escolar; O sujeito aprende à luz
de um novo olhar; Limite: existe o momento certo de aplicá-lo?;
Pensando as dificuldades de aprendizagem à luz das relações familiares;
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Em questão a criança: desejo de querer e a possibilidade de ser; Relações
familiares afetando o comportamento dos filhos; Ressignificando o
sintoma na família.
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CAPÍTULO I
A Psicopedagogia e sua fundamentação
Inicialmente, a Psicopedagogia nasceu como uma ocupação
empírica pela necessidade de atender a crianças com dificuldades de
aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia.
Com o passar do tempo, foi se tornando um “conhecimento independente
e complementar, possuidor de um objeto de estudo e de recursos
diagnósticos, corretores e preventivos próprios”. (Jorge Fasce, in Visca,
1987, p. 07).
Passou por três momentos históricos: o primeiro priorizava a
reeducação (objetivo de estudo: sujeito que não aprende); o segundo, o
não aprender é tido como carregado de significados (objeto de estudo:
sujeito aprendente); o terceiro (atual), concepção de aprendizagem a qual
participa desse processo um equipamento biológico com disposições
afetivas, intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o
meio.
O corpo teórico da Psicopedagogia é influenciado pelas
seguintes áreas: Pedagogia, Psicologia, Psicanálise, Lingüística,
Fonoaudiologia e Medicina.
A Psicopedagogia, com seu caráter interdisciplinar, surgiu no
Brasil, justamente para clarificar este “não-aprender”. Resgatar no aluno
o prazer de aprender, em explicitar o porquê o aluno não aprende.
No início, o seu objetivo de estudo se resumia nos sintomas de
não aprendizagem. Dessa forma, o sujeito, o ser cognoscente, não era
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visto como um todo, o lado afetivo, o social, o cognitivo... Havia apenas
a preocupação de analisar o seu “produto”, o sintoma.
No momento em que o sintoma passou a ser visto como um
valor
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relativo, “a Psicopedagogia mudou de objeto. Não é mais o sintoma que
se visa, não é mais o desempenho, os bons e os maus resultados que se
considera, mas a gênese da aprendizagem”. (1997)
Golbert (1992), entende que o objeto de estudo da
Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: o
preventivo e o terapêutico. O preventivo considera o ser “humano em
desenvolvimento”; focalizando suas possibilidades de aprendizagem
num sentido amplo. Não se restringindo apenas em uma área: a escola,
mas indo também na família, a comunidade. No segundo enfoque, o
terapêutico, identifica-se a causa, ou as possíveis causas do
comprometimento com a não aprendizagem, elaborando o diagnóstico
para que possa acontecer a superação da dificuldade instalada.
A Psicopedagogia Institucional propõe uma atuação preventiva
dentro do âmbito escolar no sentido de instrumentalizar a criança como
um todo, propiciando-lhe uma educação integrada que compreenda as
capacidades reais adequadas à própria proposta pedagógica. Geralmente
é praticada em grupo.
Já a Psicopedagogia Clínica, normalmente é praticada em
consultórios psicopedagógicos: o atendimento é geralmente individual,
se desenvolvendo sob diferentes modalidades de intervenção que
representam as teorias que a fundamenta. O trabalho clínico não deixa de
ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de
aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros.
É importante ressaltar que o trabalho do psicopedagogo deve-se
restringir “apenas” ao campo cognitivo e social; quando o problema
ultrapassa o campo de aprendizagem, o sujeito deve ser encaminhado a
outro profissional.
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Psicopedagogia é um campo do conhecimento onde se
interligam a Psicologia e a Pedagogia do sujeito que tem como
objetivo de estudo
a aprendizagem sistemática ou assistemática do sujeito em todos os seus
aspectos: afetivo, cognitivo, sócio-cultural.
Segundo Bossa: “A Psicopedagogia não é sinônimo de
Psicologia Escolar ou Psicologia Educacional. É uma área recente,
resultante da articulação de conhecimentos dessas e de outras
disciplinas, apontando como novos caminhos para a solução de
problemas antigos”. (1994, p.2)
O corpo teórico da Psicopedagogia ainda está em construção.
Ainda não é possível ser considerada um saber científico. Em relação a
esta afirmação, Mamede faz a seguinte colocação: “Para chegar a
grandeza de um saber científico, ela precisa ir além da mera
constatação de fatos que se agrupam sem grandes critérios críticos e
abandonar o nível de representações esquemáticas e sumárias formadas
apenas pela prática e para a prática. É necessário e imprescindível que
os dados coletados sejam efetivamente referenciados a um contexto
teórico tal, que permita a interpretação desses dados brutos e oriente a
investigação”. (Revista Psicopedagogia 21 SP-1991)
No momento, Silva (1998), num estudo recente feito a respeito
da fundamentação teórica da Psicopedagogia, defende que esta apresenta
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seu objeto de estudo bem definido e como o mesmo se configura, não se
trata, simplesmente, de uma junção de ciências.
Segundo ela, a Psicopedagogia “é um campo do conhecimento
que, como o próprio nome sugere, implica uma integração entre a
Psicologia e a Pedagogia tendo como objeto de estudo o processo de
aprendizagem visto como estrutural, construtivo e interacional,
integrando nele os aspectos cognitivos, afetivos e sociais do ser humano.
(...) tem como objetivo, facilitar esse processo de aprendizagem
removendo os obstáculos que impedem que ele se faça”. (p.26)
No parecer de Visca, a Psicopedagogia é denominada
de
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Epistemologia Convergente, “uma conceituação da aprendizagem e suas
dificuldades em função da integração das contribuições das escolas
psicanalítica, piagetiana e da psicologia social”. Segundo ele, de acordo
com esta conceituação, é possível “compreender a participação dos
aspectos afetivos, cognoscitivos e do meio, que confluem no aprender do
ser humano”. (Visca, 1987, p.7)
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Família na História
O papel da família é um assunto bastante discutido hoje nas
escolas por estar apresentando certas dificuldades de atuação para com
os membros que a compõe.
Sabe-se que a principal função da família é promover em seus
membros um crescimento sadio, possibilitando que este cresça com
autonomia e segurança.
A família representa o primeiro espaço que possibilita a
satisfação das necessidades básicas de seus membros, o desenvolvimento
da personalidade dos mesmos.
Segundo Minuchin, “a estrutura familiar é o conjunto invisível
de exigências funcionais que organizam as maneiras pelas quais os
membros da família interagem. É um sistema que opera através de
padrões transacionais”. (p.57)
Local onde se determinam os papéis, as funções de cada
membro, que variam de família para família. É onde ocorrem misturas de
sentimentos, ora de prazer, quando os membros têm suas necessidades
atendidas; ora de desprazer, de frustração, quando sente negado um
desejo seu. Nesta hora que se estabelecem as regras (limites) e onde os
pais aproveitam para deixar claros os papéis de cada um.
Desta forma, dentro de um grupo familiar existem subsistemas.
“Cada subsistema familiar tem funções especificas e faz exigências
específicas a seus membros; e o desenvolvimento de habilidades
interpessoais, conseguidas nestes subsistemas, está baseado na
liberdade do subsistema de interferências de outros subsistemas”.
(op.cit.p.59).
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É importante perceber que a família está passando por profundas
transformações, principalmente a partir doas anos sessenta.
Essas
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transformações, na realidade, redirecionam a vida do ser humano e da
sociedade para algo mais do que a simples imposição de valores, do que
é certo e errado.
O modelo de família que imperava até então, principalmente na
classe média, era o “tradicional”, composto de um pai, de uma mãe e de
um número considerável de filhos. Os papéis desempenhados pelos
diferentes membros dessa família eram bem determinados. Ao pai, o
provedor, competia o trabalho externo para garantir a subsistência
material e impor o respeito à ordem vigente na família. À mãe, os
cuidados da casa e dos filhos. A vida destes consistia, principalmente,
em estudar, brincar e ocasionalmente, executar algum trabalho em casa
ou fora.
Naquela época, em relação a televisão, poucas pessoas a
possuíam e esta não expunha as pessoas a assistirem cenas tão violentas
e de provocante sexualidade, como hoje mostra sem pudor algum, sendo
até denominada a “TV do bumbum”.
A evolução tecnológica do pensamento; as conseqüentes
transformações sociais e dos costumes, agiram sobre a estrutura da
família, provocando importantes transformações: o termo família deixou
de ser reservado ao conceito tradicional, sou seja, à família constituída
por pais casados e vivendo juntamente com seus filhos. A este conceito
forma, acrescentado aqueles resultantes das uniões de fato, as famílias
reconstituídas, as monoparentais, etc. A emancipação da mulher e sua
conseqüente integração no mercado de trabalho, que embora tenham sido
uma grande conquista para a mesma, não deixaram de produzir também
seus efeitos na família, a começar pelo fato de a mulher ter hoje, em
relação ao casamento, uma outra postura. O casamento não se apresenta
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mais como única opção de vida para ela. São inúmeras as que optam
hoje pelo celibato, como já faziam muitos homens há tempos, seja em
função de uma
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maior liberdade de ação, de uma maior possibilidade de realização no
campo profissional, ou mesmo em função da necessidade de manter um
certo trabalho.
Existem mesmo mulheres que fazem tal opção por entenderem
ser esta a única forma de não perder a individualidade. Entretanto, não
faltam aquelas que, sentindo com o passar do tempo a nostalgia da
maternidade, buscam outras formas de a exercer.
As mulheres não começaram a se rebelar e mostrar sua
capacidade a pouco tempo, já vem desde o século XVIII: “através dos
testamentos e dos processos de divórcio, mulheres de diferentes níveis
sociais trouxeram tensões para o casamento, provocadas por rebeldia
ou mesmo insatisfação”. (Samara, p.35)
A partir deste episódio foi possível encontrar na sociedade da
época e que repercuti até os dias de hoje, “(...) inúmeras mulheres com
participação ativa, quer na família, quer na sociedade, gerindo negócios
e propriedade de maior e menor vulto, assumindo a chefia da família e
trabalhando para a sobrevivência da sua prole”. (op.cit.35)
Lembramos aqui um outro fator que teve seu reflexo na atual
postura da mulher com o aparecimento e a difusão do divórcio, muitas se
viram em situação econômica difícil após a separação. Em vista dessas
ocorrências, são muitas as que buscam hoje, no trabalho profissional, não
apenas a satisfação própria, uma realização mais integral como pessoa
humana, a colaboração necessária com o orçamento doméstico, mas
também uma certa independência econômica.
Mas, a pressão estressante a que são submetidos hoje, ambos os
cônjuges, em razão ao trabalho profissional e ao longo tempo que
passam fora do lar em especial nos grandes centros urbanos, têm seus
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sua maior parte, confiada a terceiros. Tem-se mesmo notícias de crianças
que passam horas diante da televisão, recebendo todas as mensagens
negativas, destrutivas mesmo, sem passar por nenhuma espécie de
“crivo”, na ausência dos pais. Esse fato pode ter, bem o sabemos,
conseqüências seríssimas para a sua formação.
Os membros da família são pessoas que vivem no mundo, que
estão inseridas numa sociedade. Eles sofrem, pois, uma influência dessa
sociedade, cujas relações nem sempre são pautadas pelos princípios que
regem a vida de suas famílias. Essa influência que a sociedade exerce
sobre a família, através de seus meios de comunicação, dificulta
enormemente seu papel de formadora de pessoas, ela será tanto mais
desintegradora da família, quanto mais vulnerável esta for.
“(...) a família é uma instituição fundamental no processo de
socialização da subjetividade. Ela será de algum modo construída,
elaborada ou desenvolvida, dependendo do ponto de partida, em função
de certas agências, mediante determinadas instituições, e a família é
uma instituição privilegiada.” (Samara, 1985, p.80)
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Relações Familiares, Afeto e Desempenho Escolar
Ao nascer, a criança apresenta seu aparelho psíquico numa
condição de total incompletude. Essa situação faz com que seu
desenvolvimento dependa das pessoas que fazem parte de sua vida.
A criança, assim como todos os demais membros da família,
necessita de seu grupo familiar para sobreviver, desenvolver todas as
etapas de crescimento e adquirir habilidades para sobreviver.
As necessidades atendidas primordialmente pela família são
aquelas relativas à sobrevivência que implicam na segurança física,
alimentação e moradia; ao desenvolvimento emocional e cognitivo de
seus membros mediante a transmissão de um senso de valor, de ser
aceito como realmente é, e de ser cuidado, e um senso de ligação afetiva
permanente.
O contexto social é essencial para definir-se características
estruturais e funcionais da família; portanto, ao se falar sobre
desenvolvimento, sobrevivência e necessidades, fala-se das finalidades
básicas da família, que variam em função da sociedade a que pertence.
De acordo com as idéias de Piaget, psicólogo suíço que se
dedicou ao estudo do desenvolvimento cognitivo de uma criança, o bebê
ao nascer, traz consigo uma carga genética que vai se aprimorando de
forma interacionista, ou seja, em interação entre o sujeito e o meio.
Logo, quanto mais a criança for sendo estimulada, mais adquirirá meios
para responder às solicitações do ambiente físico e social.
Seu desenvolvimento se processa de forma intrínseca, ou seja, de
dentro para fora.
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“O desenvolvimento ocorre no sentido de o sujeito adquirir uma
determinada visão do mundo que o cerca, que lhe permita um estado de
adaptação e de equilíbrio em relação às situações as quais está
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continuamente exposto. Isto é, assim como o organismo é
biologicamente dotado de estruturas e de um modo de funcionamento
destas estruturas que lhe permite procurar manter um estado de
conforto interno (homeostase), do ponto de vista da evolução mental irá
buscar conseguir também processos que lhe permitam manter-se em
interação harmoniosa com as solicitações advindas do mundo exterior,
qualquer que seja sua natureza”. (Rappaport, 1981, p.41)
O desenvolvimento do ser humano se dá em etapas, passo a
passo. Essas etapas são flexíveis e variam de criança para criança, pois
nenhum ser é igual ao outro. O que não pode ocorrer, com base nos
estudos de Piaget, é o pular de etapas, eliminando a anterior, visto que, a
criança depende dessa seqüência para que seu desenvolvimento seja
completo e se dê de forma harmoniosa.
A importância de se conhecer as etapas de desenvolvimento
cognitivo de uma criança, está na forma do adulto estimulá-la com
procedimentos adequados a sua faixa etária que corresponde a uma etapa
do desenvolvimento. Esta forma de proceder conduzirá a criança a
explorar o seu ambiente físico e social com mais vivacidade.
A primeira etapa, segundo estudos de Piaget, faz referência a
faixa etária de 0 a 2 anos, denominada sensório-motor. É a fase de
descoberta do próprio corpo, do domínio dos movimentos, aprendizagem
dos sentidos. Ocorre a imitação direta, a aprendizagem das primeiras
palavrinhas...
Esta etapa caracteriza-se por um conjunto de fases que se
relacionam, dependendo uma da outra.
Será apresentado, de forma resumida, as características
marcantes de cada etapa, possibilitando uma intervenção adequada.
26
consciência do Eu (adualismo inicial).
- 2.ª Fase (4 meses) - Reações circulares primárias – formação dos
primeiros hábitos: repetição de comportamentos emitidos
casualmente pela criança, sempre voltado ao próprio corpo.
- 3.ª Fase (8 meses) – Coordenação de visão e preensão e começo das
reações circulares secundárias. A criança repete os comportamentos
que produziram certo efeito e o faz intencionalmente.
- 4.a Fase (11 meses) – Coordenações dos esquemas secundários com
utilização em certos casos. A criança que alcança um efeito e,
determinado comportamento, utilizará o mesmo esquema para
obtenção de um objeto novo.
- 5.ª Fase (18 meses) – Diferenciação dos esquemas de ação para
reação circular terciária. A criança tenta outros meios para atingir
seus objetivos.
- 6.ª Fase (2 anos) – Início da integração dos esquemas e solução de
alguns problemas após interrupção da ação e ocorrência de
compreensão súbita.
Inicialmente, este momento de descobertas pela criança
(coordenação dos movimentos, deslocamentos), está centrado no próprio
corpo, não se colocando em interação com o mundo a sua volta.
Gradativamente, a criança se percebe como um elemento entre
outros e descobre o objeto permanente, dá-se início a fase da
representação. Logo, conclui-se que a transição entre a inteligência
prática (sensório-motor) e a inteligência representativa se efetiva através
da imagem mental.
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Na 2.ª etapa do desenvolvimento mental da criança, denominada
PRÉ-OPERATÓRIA, que se estende dos 2 a 7 anos (mais ou menos),
a criança que antes estava centrada nela mesma, volta-se
para a
28
realidade. Começa a falar, utiliza-se de jogos de faz-de-conta,
instalando o simbólico.
O quadro a seguir mostra, de forma clara, os fatos marcantes
para cada faixa etária, de acordo com esta nova etapa:
2 A 4 ANOS 4 A 5 ANOS 6 A 7 ANOS
• Função simbólica.
• Interiorização dos
esquemas de ação
em representações.
• predomina, nesta
fase, a transdução
(pré-conceitos sem
generalizações).
• Fase dos porquês.
• Configurações
estáticas
• Tipo dominante de
raciocínio e a
intuição.
• Regulações
representativas
articuladas.
• Fase intermediária
entre não
conservação e a
conservação.
• Início das ligações
entre estados e
transformações.
Flavell, 1998, (in Goulart) ao abordar a natureza do pensamento
pré-operacional, distingue algumas características, como:
a) Egocentrismo: a criança encontra-se centrada nela mesma,
apresentando uma certa dificuldade de expressar seu próprio ponto de
vista. “É uma disposição afetivo-intelectual que se apresenta sempre
que uma alteração da realidade social do sujeito não é acompanhada
da capacidade de representar tal realidade”. (p.32).
b) Incapacidade de descentração: a criança centra sua atenção numa
característica de determinado objeto/situação.
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c) Estados X transformações: a criança não atingiu o conceito de
conservação e ainda não reconhece que um copo pequeno de leite tem
o mesmo volume, quer seja visto em um copo grande e estreito.
d) Ação: se efetiva a partir de imagens concretas.
e) Irreversibilidade: a criança ainda não se encontra amadurecida o
suficiente de raciocinar retrospectiva e prospectivamente no tempo
(reversibilidade).
A partir dos 7 anos, mais ou menos, a criança encontra-se em
uma outra etapa, denominada: OPERATÓRIO CONCRETO. Nesta fase
ela pensa logicamente sobre os objetos e não mais a partir das ações; o
que se evidencia na imitação, na memória – através dos desenhos,
imitação, linguagem, faz de conta...
Observa-se um espiral ascendente em relação ao
desenvolvimento da inteligência. Atingiu o conceito de conservação e a
possibilidade de pensar retrospectivamente e prospectivamente no tempo
(conquista muito importante nesta etapa).
Goulard, em seus estudos sobre Piaget, define esta etapa como
uma fase de transição entre ação e as estruturas lógicas. Resumidamente
cada uma seria caracterizada da seguinte maneira:
a) operações lógico-matemáticas: semelhanças (classes e relações
simétricas); diferenças (relações assimétricas) simultâneas; número;
objetos contínuos e descontínuos.
b) São formadoras da noção de objeto: conservação, matéria, peso,
volume, espaço (comprimento, superfície, perímetro, horizontais,
verticais).
30
Com toda esta estrutura desenvolvida e chegando a idade de 11
anos em diante, a pessoa se encontra no período das OPERAÇÕES
FORMAIS, o último na teoria do desenvolvimento mental de Piaget.
Este período tem por característica marcante a capacidade de
hipotetizar. A pessoa é capaz de raciocinar indutiva e dedutivamente,
baseada numa determinada proporção, coisa ou propriedade abstrata.
A fala desenvolve-se tornando-se mais estruturada e há um
domínio
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completo das estruturas lingüisticas.
Como já pudemos observar anteriormente, a criança necessita de
todos os membros de sua família para sobreviver, desenvolver todas
as suas etapas de crescimento, e adquirir habilidades que a tornará capaz
de se separar e individualizar.
Após o nascimento, sofre “agressões” constantes que geram
angústia. Então a criança chora, comunicando essa angústia e começa a
descobrir formas de diminuir essa ansiedade. Por isso, é indispensável
que esta cresça num ambiente favorável com carinho, proteção...
A princípio, a família atende a duas necessidades primordiais ao
desenvolvimento da criança, que são: questão da segurança física,
alimentação e moradia; a segunda refere-se ao desenvolvimento
emocional e cognitivo de seus membros mediante a transmissão de um
senso de valor, de ser aceito como realmente é, de ser cuidado e um
senso de ligação afetiva permanente.
Os primeiros dias de uma criança, é de total dependência para
com sua mãe. Ambos constituem uma simbiose “mãe-bebê” (Mahler,
1963). Esse período possui uma importância enorme para uma
estruturação saudável da criança, pois esta está envolvida de afeto e tem
suas necessidades saciadas de forma imediata. Exemplificando: ao
chorar, a mãe logo lhe oferece o seio (seu objeto de prazer e satisfação).
Nesta fase, o bebê não se diferencia da mãe, ainda não possui
uma idéia formada do “eu - não eu”.
O desenrolar desta relação vai se tornando mais conflituosa, a
partir do momento em que a mãe passa a se “distanciar” um pouco,
deixando que a criança vá tendo contato com o meio por ela mesma. Até
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pelo fato da mãe, que trabalha fora, ter que trabalhar, deixando-a um
período do dia com uma substituta.
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Encontra-se neste episódio um momento de frustração da
criança. A maneira como esta se comporta na ausência de sua mãe, vai
refletir na relação saudável ou não de ambas.
Segundo Mahler, “se a mãe estiver “tranqüilamente disponível”,
com imediata oferta de libido objetal, se partilhar das explorações
aventurosas do filho, se corresponder alegremente e, desse modo,
auxiliar suas tentativas de imitação e identificação, o relacionamento
entre mãe e bebê progride até o ponto em que sobrevem a comunicação
verbal, embora predominando ainda a mímica, isto é, a conduta afeto-
motora. A vaticinada participação emocional da mãe parece facilitar o
rico desenvolvimento dos processos mentais do bebê”. (1963, p.20)
Neste recorte, o papel da mãe é em ser “suficientemente boa”, ou
seja, é aquela que se ajusta quase totalmente a suprir as necessidades da
criança, pois ela gera a satisfação e a desilusão, fundamentais para a
estruturação da personalidade.
Segundo Winnicott: “a mãe suficientemente boa começa com
uma adaptação quase completa às necessidades de seu bebê, e à medida
que o tempo passa, adapta-se cada vez menos completamente, de modo
gradativo, segundo a crescente capacidade do bebê em lidar com o
fracasso dela”. (1975, p.25)
Por isso é fundamental que a mãe vá se distanciando aos poucos
e não provoque uma ruptura brusca. Este tipo de comportamento pode
gerar muita ansiedade na criança, tornando-a agressiva e levando-a a
procura de substituições, denominado por Winnicott como o “objeto
transicional”.
34
A criança quando se sente “desprezada” pelo seu outro eu (a
mãe), esta se torna perseguidora da mesma. Isto vem retratar o lado
negativo da frustração, como foi mencionado anteriormente.
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“A “perseguição” torna-se apelo desesperado e contínuo. O
bebê exclui agressivamente qualquer outra atividade objetivo-dirigida
ou substitui a pessoa que conforta por qualquer outra que não a mãe”.
(Mahler, 1963, p.21)
Se por acaso, este tipo de comportamento não for bem
conduzido, neutralizado, pode gerar um certo desequilíbrio na
estruturação do ego da criança, podendo gerar um “conflito
intrapsíquico”.
O comportamento de certo modo estereotipado, como arremessar
coisas, bater, ... logo aparece. Se tal conduta agressiva, difusa e atípica
não for neutralizada pelo amor objetal, pode levar o bebê, muito cedo a
voltar sua agressão contra o próprio corpo.
A criança investe libido no seu objeto transicional.
O objeto é tratado pela criança como algo criado por ela e passa
a perceber que é algo do seu NÃO – EU, sentimento de posse:
proporcionando-lhe segurança.
Freud foi um grande estudioso do psiquismo infantil e
evidenciou que o ser humano, desde a mais tenra idade, busca conhecer
o mundo que o cerca; particularmente os objetos vinculados a seus
desejos.
Enquanto Piaget baseou seus estudos no desenvolvimento
adaptativo e de interação do sujeito com o meio; Freud se dedicou a
conhecer o sujeito como ser sexuado, em constante busca de satisfazer
sua libido.
Segundo Freud, o desenvolvimento da criança está agrupado em
cinco fases que se complementam. Trataremos, de forma bem resumida e
clara, cada uma delas.
36
A primeira é a fase oral (nascimento até 1 ano) – ao nascer a
estrutura mais desenvolvida é a boca. É através da boca que a
criança
37
conhece o mundo e faz sua primeira descoberta importante: o seio
(afetividade). Quando há alguma ruptura em ter o seu “seio” para
satisfazer seu prazer, este é substituído por qualquer outro objeto,
levando-o a boca como forma de substituição.
A fase anal (mais ou menos 1 ano até 3 anos) – a criança começa
a organizar sua psicomotricidade de base. É o período em que se inicia o
andar, o falar e se estabelece o controle de esfíncteres.
A mão passa do rateio e busca desenvolver grande precisão na
pinça indicador-polegar (educação infantil).
Este período é denominado de fase anal, porque a libido passa a
organizar-se sobre a zona erógena anal. A fantasia básica será ligada ao
primeiro produto (fezes) e poder controlar o mesmo onde verificamos a
projeção e o controle.
Quando a criança ama e se sente amada pelos pais, cada
elemento que a mesma produz, é sentido como bom e valorizado. Da
mesma forma acontece no período da pré-escola, onde a criança começa
a construir seus primeiros passos de conquista, desta forma tudo que
constrói, recebe de informações faz com que viva sua atividade (relações
externas e internas), liberdade – tentar expressar o que é, autoridade –
começa a coordenar o prazer, deveres e direitos começa a trabalhar a
criatividade para um futuro, isto é, começa a correr em busca do que
deseja.
Neste momento, a escola e os pais precisam estar bem
integrados, para contribuir nesse processo de aprendizagem e limite.
Pois, da mesma forma que faz o controle dos esfincteres, ela também
pode querer controlar seu mundo de forma errada. Desta maneira e neste
38
momento, a criança começa a viver os processos de indiferenciação,
diferenciação, separação, integração, respectivo a sua idade.
Freud coloca que neste período, o menino começa a ter medo
da
39
castração, se unido ao pai com medo que o mesmo o castre e começa a
se tornar agressivo com a mãe. Porém, numa família bem equilibrada,
esse período passa sem deixar seqüelas.
Fase Fálica (3 até 5 anos) – é a fase que começa a descoberta dos
órgãos genitais, onde o menino descobre o pênis e a menina acha que
ainda crescerá o pênis nela. Mas, à medida em que o desenvolvimento se
processa, a percepção correta da realidade confirmará aos olhos infantis,
que só o homem é portador de pênis ficando a mulher castrada. Nesta
fase começa a procura pelo sexo oposto.
Também verificamos quando estão brincando juntos, a relação
de quem domina e de quem é dominado, fazendo uma analogia na sua
fantasia, passa o quem castra e o que é castrado.
Nesta fase, as brincadeiras de casinha (pai e mãe) são assumidos
e verdadeiros no marido da sua mãe ou a esposa de seu pai em suas
fantasias. Dá-se o início ao que Freud denominou Complexo de Édipo
(menino) e Electra (menina), ou seja, sempre tem a entrada de um
terceiro mais forte com que a criança não poderá lutar e a mesma se
sentirá castrada. Neste momento, a criança reprime esta atração
caracterizando a etapa fálica infantil.
Mas o modelo de busca de um amor heterossexual foi
estabelecido e será posteriormente retomado com a adolescência.
A quarta fase é denominada de latência, ela acontece com as
crianças entre os 12 anos. Esta fase é intermediária entre a fálica e a
genital. Neste momento nossas crianças estarão com sua energia voltada
mais para a vida social, escolaridade e começando a buscar toda sua
energia para viver momentos importantes durante o período da
40
puberdade. Desta forma este processo de canalizar sua energia para as
realizações sociais, chamamos de sublimação.
41
A última fase, a genital, é onde se passa a puberdade e o
adolescente começa seus encontros com o sexo oposto. Suas relações
sexuais, suas buscas de trabalho...
42
Sujeito Aprendente a Luz de um Novo Olhar
A preocupação com a inteligência já existia na Antiga Grécia,
com o surgimento dos filósofos.
De acordo com a época e estudiosos, a inteligência passou a ser
vista por prismas distintos: ou sua aquisição era de acordo com a carga
genética (inatismo) ou então, a vida mental de um indivíduo dependia da
atuação do meio, particularmente da percepção (empirismo).
Com o passar do tempo, foi possível medir a inteligência, através
de testes que forneciam o quoeficiente intelectual, o QI. Este teste,
contudo, limitava a ver o sujeito aprendente em apenas duas
inteligências: a lógico-matemática e a linguística.
Piaget (1993), através de suas pesquisas, trouxe idéias novas a
respeito do sujeito aprendente, em relação ao processo de construção da
inteligência. Defendia que a inteligência não era estática, mas que se
desenvolvia, passando por diferentes estágios, que se caracterizavam por
tipos de respostas lógicas que a criança emitia frente às situações
desequilibradoras. Estes estágios correspondiam aproximadamente
determinadas faixas etárias da criança. O pensamento infantil era
qualitativamente diferente do pensamento adulto, idéia esta que
contradizia à idéia dominante de até àquela época dos estudos de Piaget
de que a criança era uma adulto em miniatura.
Para Piaget (1993), a construção de um novo conhecimento se
realiza a partir da interação do organismo com o meio, e nessa interação
ambos exercem influência. Isto gera conflitos no sujeito e este, por sua
vez, gera mudanças e novas elaborações (visão interacionista).
44
Gardner (1995), defensor das idéias piagetianas, vem desenvolvendo
uma teoria que busca explicar o conceito de inteligência. Trata-se das
Inteligências Múltiplas (TIM).
Gardner (1995) propõe que a inteligência se constitui num
potencial biológico e psicológico e que este potencial se realiza, mais ou
menos, como conseqüência de experiências e fatores culturais e
motivacionais que afetam as pessoas. A cultura influencia mais uma
parte do cérebro que outras, e desenvolve uma área de pensamento que
varia de país para país, dependendo dos fatores sócio-históricos e
culturais também.
A escola tem a sua própria cultura. Ela define inteligência como
a capacidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam
válidos ou aceitos em um ou mais ambientes culturais. Seguindo esta
linha, muitas vezes a família acaba por estimular apenas um tipo de
inteligência, eliminando outras que descobre no seu filho. Mas como a
escola, o meio social valoriza o raciocínio, a família se sente coagida e
temerosa, desejando sempre a aprovação de seus filhos.
Gardner (op.cit.) sugere que há em todos os sujeitos, pelo menos,
sete inteligências, relativamente autônomas, que se desenvolvem e se
combinam entre si, numa multipluralidade. Elas possuem um
funcionamento próprio, funcionamento este que não é independente e
nem isolado, mas que se desenvolvem e se combinam entre si.
Os tipos de inteligência são: a lógico-matemática (capacidade de
raciocínio e compreensão de modelos matemáticos); lingüística (domínio
da expressão através da linguagem verbal); espacial (sentido de
movimento, localização e direção); musical (domínio da expressão
através de sons); cinestésica (domínio dos movimentos do corpo);
45
intrapessoal (capacidade de auto-compreensão e conhecimento de si
mesmo) e interpessoal (capacidade de se relacionar com o outro).
46
Esta visão ampla e integrada da inteligência obriga o educador a
repensar sua prática e os paradigmas que nortearam e norteiam a
educação neste século. Lançando um desafio, que é o de passar para os
pais formas de estimularem os outro tipos de inteligência que seu filho
possa apresentar, visto que, a família está a mais tempo com eles.
Todos os seres humanos possuem possibilidades e limitações.
Cabe aos pais, em parceria com o professor, buscar identificar as
diferenças, procurando ajudar seu filho a desenvolver “todas” as
inteligências, proporcionando um ambiente que favoreça esse
desenvolvimento.
Conforme o sujeito for amadurecendo sua forma de pensar, lhe
será possível descobrir seus pontos fortes, para os quais sinta mais
habilidade de desempenho e, consequentemente, prevaleça o seu
potencial criador. Caberá aos pais e professores ajudá-lo a desenvolver
essas habilidades, incentivando-o e criando situações estimuladoras. O
sucesso das pessoas depende dos pontos fortes delas e não apenas de
suas fraquezas. Resgatando no sujeito aprendente o prazer de conhecer o
novo, de aprender.
47
Limite: Existe o momento certo de aplicá-lo?
A criança, no início de sua vida, nos seus primeiros contatos
com a mãe, não se diferencia do mundo externo que está a sua volta.
Tudo faz parte de seu mundo.
Piaget (1993), caracterizou a fase de desenvolvimento da criança
até aproximadamente 5 ou 6 anos de fase egocêntrica; e a criança
conserva seu estado de onipotência, que inconscientemente ela sustenta
desde seu nascimento. Nesta fase a criança dá mais valor às suas idéias,
além de querer as coisas para si. O limite entre o que é seu e o que é do
outro não se estabelece prontamente. É nas trocas interpessoais que ela
irá percebendo o que pode, o que deve, quando deve, quando pode:
querer e poder situando-se no interjogo pessoa/pessoa.
Segundo Vygotsky (1995), a aprendizagem se realiza pela
mediação de um adulto ou de uma outra criança ou jovem, que atuando
na zona de desenvolvimento potencial, vão ajudando a criança a
estabelecer o limite, as aprendizagens e suas potencialidades. Essas
aprendizagens de limites começam na maternagem, nas primeiras trocas
mãe/bebê, marcadas pela ação de um ser que está inteiramente movido
pelo reflexo e por um adulto (mãe) consciente de seu papel de ensinante.
Quando iniciamos um trabalho com crianças, o dar limites é
essencial para lhes mostrar que nem tudo podemos ter na hora em que
desejamos. Estas idéias nos transportam a Winnicott (1982), quando se
refere a mãe suficientemente boa, aquela que estabelece, na relação com
o filho, o momento do “eu quero e posso” e do “eu quero, mas não
posso”. A mãe suficientemente boa é a que trabalha o princípio de
49
onipotência do filho.
É importante, no entanto, que transmita segurança para a criança,
pois ela necessita confiar.
É a partir desta mãe suficientemente boa que atitudes diante do
mundo, valores e a própria personalidade da criança vai se construindo.
Desta forma, mãe educadora, professora / educadora, em suas
atuações, devem se portar com clareza, num interjogo em que a diferença
se estabeleça.
Se a criança tem tudo a tempo e hora que deseja, sem que se
estabeleça limite algum, não conseguirá vivenciar a angústia da espera,
da perda, da falta, pois não foi preparada para este tipo de sentimento. na
aprendizagem o que nos move a aprender é o que falta ao nosso saber. O
sentimento de busca, do esperar, do buscar por si próprio para encontrar
o caminho, é vivido em cada indivíduo, e se estrutura dentro do princípio
de realidade.
“O educador é aquele que deve buscar, para seu aluno o justo
equilíbrio entre o prazer individual (prazer inerente à ação das pulsões
sexuais) e as necessidades sociais (a repressão e a sublimação dessas
pulsões)”. (Freud. In: Kupfer, 1995, p.52).
A criança, desde pequena, deve aprender a esperar para que sua
vontade seja atendida, para que se crie o espaço de pensar o seu próprio
desejo e caminhe em busca de sua realização de forma saudável ao seu
desenvolvimento.
Segundo Madalena Freire (1992), “o educador educa a dor da
falta, cognitiva e afetiva, para a construção do prazer. É da falta que
nasce o desejo. Educa a aflição da tensão da angústia de desejar. Educa
a fome do desejo”. (p. 158).
51
vezes são utilizadas porque as pessoas não sabem porque as pessoas não
sabem explicar o porquê; estão proibindo e simplesmente dizem não,
conduzindo, desta forma, um relação de autoritarismo com a criança,
sem que esta possa argumentar para que hajam trocas.
A criança de 5 a 7 anos já elabora regras e aprende que elas
existem para serem respeitadas nos jogos ou no próprio convívio com
crianças ou adultos, refletindo, principalmente a lógica de sua faixa
etária.
A compreensão e o respeito às etapas de desenvolvimento da
criança para chegar a idade adulta, proposta por Piaget, é de fundamental
relevância para um crescimento saudável e produtivo.
“A descrição de cada um dos níveis de desenvolvimento é
ilustrada por respostas típicas, apresentadas pelos sujeitos classificados
neste ou naquele nível. Tem-se, assim, um inventário completo de como
a criança passa de um nível ao seguinte, e a razão dos diferentes níveis
na construção daquela noção”. (Macedo, 1994, p.47)
As famílias que se organizam em função de somente atender aos
desejos da criança, com medo de causar-lhe “bloqueios, traumas”, estão
deixando de lado a questão do limite, estão formando cidadãos que não
aprenderam a respeitar o espaço do outro. A essência da educação está
em assumir uma atitude de dar liberdade com responsabilidade,
esclarecendo sempre as razões que o levam a adotar o limite, frente ao
direito do aluno.
Estabelecimento do limite faz parte da educação da geração mais
velha sobre a mais nova, do processo civilizatório e ela se processa
apoiada numa escala de valores. Essa escala de valores varia de
sociedade para sociedade.
53
Em Questão a Criança:
O desejo de querer e a possibilidade de ser
Cada grupo familiar introduz expectativas e valores sobre como
o filho deve ser, como deve se comportar e passa, mesmo sem o saber, os
sonhos sobre a vida profissional futura da criança. Desde seu nascimento
começam as profecias, os mandatos, as comparações, as lealdades, os
segredos. Todas estas situações marcam profundamente o
desenvolvimento futuro da criança, impondo-lhe tarefas que estão em
desarmonia com suas capacidades, aptidões ou mesmo desejos.
Para que uma criança aprenda é necessário que ela tenha o
desejo de aprender. E que, sobretudo o desejo dos pais a autorizem.
Desde bem cedo, é colocado para a criança que se espera que ela
seja bem sucedida. Desde a educação infantil, os pais se inquietam com
as performances intelectuais de seus filhos e suas possibilidades de
sucesso. Quando o sujeito não corresponde a este panorama para ele
imposto, aparece o chamado sintoma. O traço do sintoma tem
significações múltiplas e para ser bem compreendido deve ser avaliado
sistematicamente, isto é, considerando-se o contexto mais amplo no qual
está inserido e sua forma relacional de se expressar.
“A criança, ao nascer, instala-se em uma constelação de
significações. Vêm preencher muitos desejos, carências, objetos dos
pais. É lhe designado um nome, seja um nome da moda, o do pai... A
criança terá que se inserir no lugar que o nome signifique“. (Fernandez,
1991, p.41)
Sintoma pode ser definido como uma mensagem que emerge em
determinada circunstância e que tem uma função para aquele sistema.
54
Em busca de homeostase, o sintoma na família adquire um significado
de funcionalidade, onde segundo Alicia Fernandez, a impossibilidade de
simbolizar é que opera na sua base.
Procurar compreender o sintoma é antes de tudo, tentar explicar
os significados que aprender e não aprender tem para a família, e mais
ainda, buscar as relações vinculares, os mitos, segredos e lealdade
que muitas vezes estão engajados no processo dando-lhes sustentação.
Quando se trata de uma criança cujo sintoma é dificuldade de na
parendizagem tenta-se buscar, além dos padrões de interação do grupo
familiar, a modalidade de aprendizagem que opera no sistema.
Alicia Fernandez observou que cada família tem uma
modalidade de aprendizagem, que seria a maneira pela qual cada grupo
familiar se aproxima (ou se afasta) do saber. Esta modalidade seria
passada de pai para filho determinando assim, como as gerações mais
novas vão se relacionar com o conhecimento. A modalidade de
aprendizagem faz parte da história pessoal de cada sujeito, mais é na
família que ela vai se constituir, obedecendo à dinâmica imposta pelo
grupo. “A modalidade opera como uma matriz que está em permanente
reconstrução e sobre a qual vão se incluindo as novas aprendizagens”.
(Fernandez, 1991, p.116)
Embora dificuldade da Aprendizagem seja uma condição ligada
a múltiplos fatores internos do sujeito, ela está sobremaneira pelo meio
familiar – social – escolar – ao qual o sujeito está inserido, e ainda, que a
forma como a família lida com esta dificuldade terá um papel decisivo
na condução e na evolução do problema.
55
CAPÍTULO II
Procedimentos Metodológicos
Este estudo baseia-se em uma pesquisa Qualitativa, na qual
enfatizará as questões ligadas à famíla, Psicopedagogia e aprendizagem.
Será um estudo de caso numa 4.ª Série do ensino Fundamental
numa Escola particular do Município de Duque de Caxias.
Segundo Bogdan e Biklen (in Lüdke, 1986) a pesquisa envolve:
“a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do
pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o
produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”.
(p.13)
Os instrumentos utilizados para a obtenção dos dados, foram:
observação, entrevista (anexo) com os pais e questionário (anexo) para
os alunos.
As respostas foram analisadas e organizadas em forma de texto,
abrindo uma nova sessão.
56
Resultados
Para um estudo mais aprofundado sobre os aspectos relacionais
(pertinentes) a atuação da família no processo ensino-aprendizagem,
promoveu-se uma pesquisa direcionada, tendo como cenário o Colégio
Santo Antônio, localizado em Duque de Caxias. Sendo o pessoal
entrevistado oriundo desta escola, tendo os seguintes sujeitos
entrevistados: alunos das 4.as séries do turno da tarde, 85 crianças no
total, e seus respectivos pais/responsáveis.
As pesquisas foram elaboradas de forma a obter-se de maneira
simples e precisa a importância que a família atribui ao
acompanhamento de seu filho no processo de aprendizagem, qual o tipo
de postura é adotada por ela em relação aos seus filhos, quanto ao
acompanhamento da vida escolar; verificar até que pondo esse “olhar”
dos pais sobre as produções dos filhos contribui para uma aprendizagem
mais estimulante.
A seguir estão registrados os principais pontos colhidos por esta
pesquisa realizada com os alunos da 4.ª Série.
ALUNOS DA 4.ª SÉRIE
Em relação aos resultados da entrevista realizada com os alunos,
a maioria aponta como conceito de família, “a união de pessoas que se
amam, respeito, dedicação, responsabilidade, esforço e acima de tudo
amor”; “refúgio depois da tempestade, amor infinito”; “companheirismo
e bastante amizade”; “um tesouro da vida que ilumina tdos nós, igual a
um sol”.
57
As crianças vêem suas famílias como o princípio de tudo, a coisa
mais importante que elas possuem.
De acordo com a realidade em que nós vivemos, os pais têm
passado algumas dificuldades para educarem seus filhos. Os alunos
quando
58
foram questionados a respeito deste assunto, mostraram bastante clareza
e atualidade sobre a questão: a situação financeira, drogas, assaltos,
assassinatos, desunião da família. Um fato que despertou atenção, foi a
questão de um grupo considerável de crianças, apontarem a rebeldia
delas mesmas como uma grande dificuldade para os pais.
Alguns deles até colocaram questões relacionadas ao seu
contexto escolar, como uma das dificuldades que os pais enfrentam para
educá-los como: preocupação em estar corrigindo os erros, olhar os
materiais, ver o comportamento, pois o tempo é curto; a falta de interesse
dos filhos pelos estudos.
Hoje, devido à situação econômica do nosso país, a maioria dos
pais se vê obrigado a trabalhar, para ter condições de propiciar uma boa
escola para seus filhos, boa alimentação, conforto... e o corre-corre passa
a ser inevitável para os pais darem conta de tudo.
Por outro lado, a questão do tempo se torna um obstáculo entre
pais e filhos. Os filhos se sentem sozinhos, principalmente, quando o
assunto é a escola, já que eles gostam que seus familiares valorizem suas
produções.
Vejamos alguns depoimentos dos alunos para elucidar esta
questão: “Um pouco ruim, pois eles trabalham desde cedo e faço tudo
sozinho”; “Eles ficam fora o dia todo e à noite eles chegam e perguntam
o que se eu fiz o dever”; “Meu pai não mora comigo, e minha mãe não
olha o meu material porque não tem tempo. Ela trabalha de meio-dia até
às dezessete horas e quando chega, está muito cansada”.
Já um outro grupo em que os pais são presentes, acompanham
seus filhos, valorizam suas produções, as crianças apresentaram uma
relação muito positiva com a escola e com o aprender. Vindo reforçar a
59
impotância que os pais exercem na vida escolar da criança. Elas se
sentem mais protegidas e confiantes quando se deparam com o
novo, o
60
desconhecido.
Quando os alunos foram questionados a respeito do
posicionamento em relação às tarefas escolares e o desinteresse dos
filhos nos estudos, a maioria foi unânime em apontar que muitas vezes o
desinteresse pelo estudo é devido a falta de incentivo dos pais. Alegaram
que se os pais não olham o material, não demonstram interesse pelo seu
desempenho na escola, então não há motivo para que se dediquem e
fiquem “perdendo tempo” em estudaer e fazer coisas bonitinhas.
Outros alegam que a separação dos pais afeta muito a mente
delas, dificultando a aprendizagem.
Quanto à preocupação dos pais com os filhos a maioria das
crianças sente que seus pais estão muito preocupados com o futuro delas,
mas a questão do tempo para o diálogo, para o contato com o filho, ainda
é muito cobrada por elas.
Tem pais que possuem muitas tarefas e só têm tempo para o
filho no fim de semana; e assim, acabam ficando a semana toda sem
falar direito com o filho e às vezes, nem têm contato devido ao horário.
Alguns dados da pesquisa apontam para a necessidade que as
crianças têm de se sentirem “olhadas” pelos pais. De sentirem suas
produções valorizadas. Caso contrário, o desânimo passa a fazer parte de
seu dia-a-dia.
PAIS / RESPONSÁVEIS DOS ALUNOS DA 4.ª SÉRIE
Os resultados da entrevista com os pais mostram que a maioria
das famílias tem consciência da importância que eles têm na vida escolar
dos filhos, principalmente como incentivadores no processo de
62
valor, perdendo-se no estabelecimento dos limites. Em algumas famílias,
está clara a ausência da figura paterna, na qual a mãe tem assumido os
dois papéis: o de mãe e o de pai...
Os pais, por estarem mais tempo fora de casa, acabam se
sentindo culpados e passam a permitir tudo aos filhos, ou então, se
tornam ausentes, bem distanciados dos filhos, por estarem cansados e/ou
com pouco tempo para participarem de atividades extra-escolares nas
quais estão envolvidos.
Atualmente, as crianças têm tudo muito fácil e sem
questionamentos por parte dos pais. Muitos até fazem questão de
matricular seus filhos em cursinhos e no esporte, mas um grupo
significativo, não demonstra interesse, apenas cumpre com sua
obrigação, pagando a mensalidade, mas nào reserva um tempinho para
participar.
Algumas famílias mantêm o hábito de ajudar seus filhos nas
tarefas escolares, enquanto outras delegam a responsabilidade para eles,
sem se envolverem ou para a própria escola.
Também se observou que alguns pais que foram convidados a
comparecer à escola para participarem da entrevista e que confirmaram
presença, não compareceram. Ao analisar os filhos dos respectivos pais
faltosos, constatamos que essas crianças eram justamente, as que
apresentavam as seguintes características: timidez, desinteresse, pouca
organização com o material, pouca estimulação, uma aparência apática...
A partir dessa constatação, verifica-se como a família influencia
e muito o comportamento dos filhos.
63
Relações familiares afetando o
comportamento dos filhos
O aprendizado das crianças começa muito antes delas
frequentarem a escola, contudo, trazem dentro de si características que
assimilam no seu contexto social, a família, a qual possui tarefas e
caracterísiticas próprias e importantes na formação do sujeito. É na
família que as pulsões e os desejos estão soltos num constante digladiar.
No processo inicial de socialização, a família possui um papel
importantíssimo, que o de modelar e programar o comportamento e o
sentido de identidade da criança. Fornecer maios que a façam interagir
com o seu ambiente, dando a seus membros o cunho da individualidade.
Quando nos deparamos com crianças ciumentas, autoritárias,
tímidas, introvertidas,... Não podemos supor que elas já nasçam assim.
Todo esse tipo de comportamento está relacionado as “predisposições ou
tendências fisiológicas e hereditarias”, as quais influenciam na formação
da personalidade da criança.
Neste caso, o papel da educação se torna imprescindível, pois é
ela que “modifica ou reforça o nosso temperamento”. Muitas vezes o
aluno, em sala de aula, exterioriza o que vivencia em casa. Sejam brigas
com os pais, desprezo, ... E várias outras. Todo esse festival de
comportamentos dos pais para com os filhos, resulta na conduta dos
destes na escola, provocando problemas de aprendizagem, como nos
mostra Pierre Weil (1998):
“... a maioria dos problemas de comportamento, tais como
ausência de atenção, brutalidade ou instabilidade, são causados pela
64
conduta e pelas atitudes dos pais. Já é lugar comum a afirmação de que
há mais “pais problemas”do que “filhos problemas”. (p.45)
65
Ressignificando o sintoma na família
A criança quando se encontra em idade pré-escolar sabe que
necessita ter sucesso nos estudos. Essa é uma exigência feita por seus
pais, familiares, colegas, professores, pela sociedade como um todo. O
sucesso se encontra acima do fracasso, e este implica num valor que
deve corresponder a um ideal a ser perseguido.
Esse ideal normalmente é ditado por valores familiares que são
transmitidos de geração em geração. Há famílias de engenheiros, que
espera que o filho manis velho o seja também. Há famílias de
advogados, de médicos ou de negociantes, onde o destino da criança já
está selado nem bem ela nasceu. Pode-se observar aqui o papel dos mitos
familiares que tentam a construção de uma realidade irreal desejada para
a coninuação da história familiar.
“No processo inicial de socialização, as famílias modelam e
programam o comportamento e o sentido de identidade da criança. O
sentido de pertencimento aparece com uma acomodação de parte da
criança aos grupos familiares e com sua pressuposição de padrões
transacionais na estrutura da familiar, que são consistentes durante
todos os diferente acontecimentos da vida”. (Minuchin, 1990, p.53)
O mito familiar designa as posições de cada um dentro do grupo
e fornece modelos de conduta; que acaba impondo escolhas
profissionais, incumbências de ordem cognitiva e mesmo a forma como
cada sujeito pode se aproximar ou se distancia do saber. Como a criança
ainda é pequena, esta missão não pode ser questionada.
Na maioria das vezes, o sujeito aprendente é levado a cumprir
tarefas e responder a lealdades impostas pelo meio familiar. Em relação
67
segredo de um só. O segredo age tanto na mente de quem o comunica
como de quem o recebe. O segredo é em algumas famílias um elemento
estrutural. Trata-se de informações vinculadas com a história do grupo
familiar ou aspectos particulares de um de seus membros, que em feral
são ocultados parcialmente, com a certeza de que não são
desconhecidos por outros integrandes”. (p.101)
Pode também, tentar rebelar-se contra eles, mas sempre terá
como referencial o modelo de família de origem. Comparações e
identificações também fazem parte do processo de aprendizagem. É
preciso corresponder a padrões impostos, onde as limitações,
dificuldades ou mesmo preferências individuais, muito poucom ou quase
nada, são levadas em conta na hora das cobranças familiares.
No sistema familiar, a capacidade de proporcionar um ambiente
seguro para o desenvolvimento intelectual está primeiramente ligada à
forma como os membros da família se relacionam com seus próprios
conflitos relativos à realização pessoal, das expectativas e conflitos dos
filhos.
Muitas famílias acabam sofrendo a síndrome da ansiedade (não
vejo a hora do meu filho ler, quando ele vai ler e escrever) e do tédio
(não adianta forçar que ele não faz).
“Quando a criança apresenta problemas para aprender, a forma
com que a família reage pode agravar ou ajudar sua recuperação. Além
disso, o contato com as famílias pode trazer informações sobre os
fatores que interferem na aprendizagem e apontar os caminhos mais
adequados para ajudar a criança. Também torna possível orientar os
pais para que compreendam a enorme influência das relações familiares
no desenvolvimento dos filhos“.(Scoz, 1998, p.144)
68
A criança apresentando alguma dificuldade de aprendizagem,
seguidas de sintomas, como: notas baixas, falta de atenção,
não
69
cumprimento de tarefas... É de fudamental importância conhecer a
estrutura familiar onde esta criança está inserida. Conhecer um pouco a
família possibilita olhar a criança como um todo e nem apenas uma parte
dela, quando a analisa apenas no âmbito escolar.
70
CAPÍTULO III
Conclusões e Recomendações
Frente ao novo, do lugar do não saber, o aprendente executa o
movimento dialético, que parte de um saber já construído para a
assimilação/acomodação. Nesse movimento circulam experiências
previamente adquiridas, fantasias de perdas e de ataque ao já sabido,
momentos, por vezes confusionais (Pichon Rivière, 1989 e Bleger, 1990)
intercalando-se com o desejo de poder apropriar-se de um não saber
significativo, que a realidade está apontando. Assim, o
sujeito/aprendente vive este fenômeno desequilibrando-se, para em
seguida equilibrar-se, quando aprende, quando acomoda a seus
esquemas, de forma estruturante, o conteúdo. Surgem, dessa forma,
reações diversas, que variam da curiosidade ao medo, por se perceber
ainda indiferenciado diante do novo.
À medida, no entanto, em que ele vai tendo contato com o desejo
numa interação ativa, vai saindo da simples sensação da falta, da
percepção do não–saber, e se permitindo conhecer, abstrair e reconhecer,
avaliar para a diferenciação. Agora, já existem dois níveis de percepção:
do eu e do outro. Assim, quando o sujeito já diferencia o que é seu di que
é do outro, consegue encontrar o novo, num outro patamar, porque
tomou uma distância ótima que não o confunde. Só então, poderá dividir,
avaliar, separar. A separação ocorre então, de forma saudável, na medida
em que, ao perceber o objeto distanciado dele, pode trabalhar em
diferentes planos e classificações (categorias): analisa-o, discrimina-o,
71
classifica-o, etc. É o processo de autonomia da reallidade que se vai
construindo.
No momento em que o sujeito conquista esta autonomia e tem
consciência do seu EU, e de seu poder sobre o objeto, consegue unir
as
72
partes, o que antes estavam separadas na realidade, organiza estas partes
(informações) e constrói uma rede de conexões internas, integrando-as.
Sente o desejo do saber diante do dever (prazer e regras). Este
movimento dialético do antigo/do novo e a ressiginificação conduzem o
sujeito à aprendizagem, que se apresenta em diferentes níveis.
Essa espiral dialética está presente em todos os momentos da
vida do ser humano. Nossa vida é marcada por mudanças, e
ressignificações constantes. Daí, porque Pichon (1989) afirmar que “o
homem é um ser da práxis, é um ser em movimento”.
Esse movimento possibilita ao sujeito viver mudanças, sejam
elas positivas ou negativas, mas que o transformam em aprendente a
aprender. Estas reflexões nos conduzem a pensar nas atitudes dos pais,
no seu nível de consciência, de responsabilidades frente a um ser, que é
único e que vive estes momentos do indiferenciado ao integrado. Suas
atitudes e influências que dizem respeito ao prendizado e
desenvolvimento do aluno como pessoa são fundamentais.
Os pais precisam ter claro para si, bem definido, qual a postura
que devem adotar diante de seu filho, quer ele seja um desatento, um
aluno lento, ou mesmo uma pessoa com múltiplas necessidades. É
preciso que a família se integre com a escola, a qual possui professores
que têm instrumentos teóricos para lidar com estes casos, sem, no
entanto, deixar de exercer sua autoridade, que não se confunde com
autoritarismo.
Freire (1992) tem, aliás, uma postura clara em relação à
autoridade do professor. Vejamos:
“O professor libertador (...) assume papel diretivo necessário
para educar. Essa diretividade não é uma posição de comando, de “faça
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isso”ou “faça aquilo”, mas uma postura para dirigir um estudo sério
sobre algum objeto pelo qual os alunos refletem sobre a intimidade
da existência do
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objeto”. (p.201)
Assim, ele aponta que é uma atitude democrática, de diretividade
e liberdade ao mesmo tempo, porém sem o uso do autoritarismo, nem do
laissez-faire do professor.
O relacionamento entre os membros que compõe a família
precisa ser harmonioso e aberto, favorecedor do movimento dialético
entre eles. Para que ocorra um ambiente mais estimulante para o sujeito
aprendente, faz-se necessário que os pais valorizem suas produções, se
interessem pelas atividades que exercem, que saibam ouvir seus filhos.
Educar, orientar mais do que simplesmente ensinar, implica em
ver o aprendente como uma pessoa repleta de potencialidades. Desta
maneira, a família deve ter a capacidade de conhecer seu filho, entendê-
lo como um sujeito de cognosibilidade. Se assim o percebe, há trocas de
potencialidades.
Muitas vezes essas potencialidades se encontram “escondidas” e
inibidas. Cabe a família, integrada com a escola, descobrir e ajudar seu
filho a estruturar-se para que ocorra o seu crescimento, não apenas
através de conhecimentos didáticos, mas como um aprendiz de si mesmo
e da vida.
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Recomendações aos Pais
A seguir, listam-se algumas recomendações de atitudes que
poderão ser incluídas no cotidiano da família, com o objetivo de melhor
orientar seu filho no processo de aprendizagem:
- é fundamental os pais se mostrarem compreensivos. Certas
atitudes adotadas arbitrárias pelos pais, só reforçam o estado
emocional desfavorável do eu filho, quando este se apresenta
inseguro, insatisfeito ou até mesmo agressivo;
- quando surgirem notas baixas, deve-se procurar buscar ajuda
da escola, para juntos (família e professores) analisarem as
possíveis causas. Procurar manter um contato freqüente com os
professores, independente de nota, mas para obtenção de
informações a respeito da vida escolar de seu filho. Muitas
vezes, os filhos se comportam de um modo na escola e de outro
em casa. Para que não ocorram surpresas, é válido os pais se
tornarem ativos neste processo;
- assessorar seu filho na reorganização do horário de estudo, para
que este adquira uma disciplina;
- participar de homenagens, atividades que ele desempenha fora
da escola, como: natação, inglês, dança, ... A presença dos pais
nestes eventos fz com que ele adquira segurança e sinta-se
estimulado a continuar a dsempenhar suas tarefas com mais
prazer;
- a família deve estabelecer diálogo aberto e franco com seu
filho, para que este sinta segurança em compartilhar desejos,
angústias, de forma bem natural e de confiança;
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pessoa insegura, dependente, mas ir aos poucos delegando
responsabilidades (de acordo com a sua faixa etária) para que
este saia, gradativamente da “moralidade da heterônomia”
(Piaget, in Kamii, 1982) desenvolvendo sua autonomia.
Para Kamii (1982): “A essência da autonomia é que as
crianças tornem-se aptas a tomar decisões por si mesmas. Mas
a autonomia não é a mesma coisa que a liberdade completa. A
autonomia significa levar em consideração os fatos relevantes
para decidir agir da melhor forma para todos. Não pode haver
moralidade quando se considera apenas o próprio ponto de
vista. Quando uma pessoa leva em consideração os pontos de
vista das outas, não está mais livre para mentir, quebrar
promessas e ser leviano”. (p. 108)
- não confundir autonomia com libertinagem. A família deve ter
bem claro a importância do seu papel como principal
educadora e incentivadora, não deixando perder de vista esta
responsabilidade e que jamais poderá ser outrogada para
outros;
As mudanças só acontecerão se os principais interessados se
mobilizarem. As mudanças não vêm de fora nem vêm de graça. As
mudanças são sempre resultado da ação dos que não estão satisfeitos,
que exigem uma família diferente, que saiba “olhar” seus filhos e
valorizá-los em todos os sentidos, respeitando suas limitações,
respeitando-os como seres em processo de desenvolvimento e
descobertas.
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A família se reestruturando, descobrindo sua importância,
estará contribuindo muito para o processo de escolarização de seus
filhos. Tanto a família como a escola devem caminhar juntas, tendo
como principal objetivo favorecer um desenvolvimento saudável para as
crianças.
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Referências Bibliogáficas
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de Janeiro, Paz e Terra, 1992.
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São Paulo, Editora Scipione, 1995.
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81
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MINUCHIN, Salvador. Famílias: Funcionamento & Tratamento. Porto
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termo e muitas significações. In Revista da Associação Brasileira de
Psicopedagogia. São Paulo, volume 10, n.º 21, 1.º Sementre, 1991.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um
processo sócio histórico. 2.ª Edição, São Paulo, Editora Scipione,
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São Paulo, Artes Médicas, 1985.
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Pré-escolar – volume 3, 8.ª Edição, São Paulo, E.P.U., 1981.
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Psicopedagogia. Porto Alegre, Artes Médicas, 1992.
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fundamentação teórica. 2.ª Edição. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
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Porto Alegre, Aster Médicas, 1987.
WEIL, Pierre. A Criança, o Lar e a Escola. 19.ª Edição, Petrópolis,
Editora Vozes, 1998.
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ANEXO I
QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS DA 4.ª SÉRIE
1. Qual o significado que a família tem para você?
2. Na sua opinião, quais são as dificuldades que os pais encontram
para educar seus filhos?
3. Por que atualmente, há tantos conflitos entre pais e filhos?
4. Como seus pais se posicionam em relação as suas tarefas
escolares?
5. Você sente preocupação de seus pais em relação ao seu estudo?
6. Se você tivesse oportunidade de enviar um recado para seus pais,
que recado daria?
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ANEXO II
QUESTÕES DA ENTREVISTA COM OS PAIS
1. Na sua opinião, como se encontra hoje, a relação entre pais e
filhos?
2. Que dificuldades os pais encontram na educação dos filhos?
3. Os filhos ainda carregam valores adquiridos na família?
4. Por que há conflitos entre pais e filhos?
5. Como administrar esses conflitos?
6. Existe alguma relação entre a “violência” na escola e o
relacionamento dos filhos em casa?
7. Você concorda com a seguinte afirmação: “A família é vista como
o primeiro espaço psicossocial, protótipo das relações a serem
estabelecidas com o mundo. É a matriz da identidade pessoal e
social, uma vez que nela se desenvolve o sentimento de
pertinência que vem com o nome e fundamenta a identificação
social”?
8. Você concorda com esta afirmação: “os pais de hoje não sabem
impor limites à ação dos filhos”?
9. Qual a sua opinião em relação a seguinte tíade: FAMÍLIA /
ALUNO / ESCOLA?
10. Como a família se relaciona com o conhecimento? (se costumam
estudar, fazer leituras,...).
11. Como os pais vêem as produções de seus filhos?