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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL TIAGO MACHADO DOS SANTOS ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO EM FEIRA DE SANTANA - BA Feira de Santana 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

TIAGO MACHADO DOS SANTOS

ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

EM FEIRA DE SANTANA - BA

Feira de Santana 2010

TIAGO MACHADO DOS SANTOS

ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

EM FEIRA DE SANTANA - BA

Trabalho de conclusão de curso da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, apresentado à disciplina projeto final II, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Florentino Carvalho Pinto

Feira de Santana 2010

TIAGO MACHADO DOS SANTOS

ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO EM FEIRA DE SANTANA - BA

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para obtenção do título de BACHAREL em ENGENHARIA CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

Feira de Santana, ___ de ___________ de ____ Banca Examinadora:

________________________________ Prof. MSc. Florentino Carvalho Pinto

Orientador

_________________________________ Profª. MSc. Janeide Vitoria de Souza

Avaliador

________________________________ Economista José Aristóteles Rios Nery

Avaliador

Feira de Santana 2010

“O conhecimento torna o homem inteligente. Mas somente o bom uso deste conhecimento é que o torna sábio”

(Pe. Ciriaco Bandinu)

DEDICATÓRIA

A Deus.

A minha bisavó Enedina Reis (in memorian) por ter me ensinado os

princípios e virtudes para que eu me torna-se um homem integro.

A todos os amigos e colegas que direta ou indiretamente contribuíram

para a realização deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por ter me concedido a vida, possibilitando

meu caminho com felicidades e vitórias.

À toda a minha família que sempre me deu carinho e apoio. Em especial a

minha mãe, Marizete, por sua dedicação e afeto.

A meu orientador, Professor Florentino Carvalho, por todo o conhecimento

passado, por toda a ajuda, paciência e disponibilidade, indispensáveis à realização

desta conquista.

Ao grupo de estudos “Balança Mas Não Cai”, de onde tenho certeza que

levarei verdadeiros amigos por toda a vida e que citando-os em ordem alfabética

para evitar ponderações: Barba, Cabeça, Cabelinho, Franclin, Klebão, Jel, Sandro,

Xicó e Xiriú.

Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Fluxo da Cadeia de Abastecimentos ...................................................... 32

Figura 02 – Perspectiva de um CD ........................................................................... 44

Figura 03 – Funções básicas de um CD ................................................................... 49

Figura 04 – Fluxo de informações no processo de recebimento ............................... 50

Figura 05 – Empilhadeira .......................................................................................... 53

Figura 06 – Esteira transportadora ............................................................................ 53

Figura 07 – Ponte rolante .......................................................................................... 54

Figura 08 – Transelevador ........................................................................................ 54

Figura 09 – Provável localização do CD.................................................................... 66

Figura 10 – Concepção e desenho funcional ............................................................ 67

Figura 11 – Uso de áreas do CD ............................................................................... 67

SUMÁRIO DE QUADROS

Quadro 01 – Evolução da população de Feira de Santana ....................................... 22

Quadro 02 – Evolução do PIB de mercado e per-capta no município de Feira

de Santana ................................................................................................................ 24

Quadro 03 – Rebanhos efetivos de Feira de Santana .............................................. 25

Quadro 04 – Formação do Produto Interno Bruto de Feira de Santana .................... 28

Quadro 05 – Vantagens e desvantagens do modal rodoviário .................................. 36

Quadro 06 – Características operacionais relativas por modal de transporte ........... 41

Quadro 07 – Vantagens e Desvantagens na utilização de um CD ............................ 61

SUMÁRIO DE SIGLAS

ASLOG – Associação Brasileira de Logística.

CAF – Centro de Abastecimento de Feira de Santana.

CD – Centro de Distribuição.

CIS – Centro Industrial Subaé.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço.

IMAM – Inovação e Melhoramento na Administração Moderna.

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego.

PIB – Produto Interno Bruto.

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais.

UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana.

TI – Tecnologia de Informações.

RESUMO

Atualmente, com a existência de um espaço empresarial cada vez mais disputado, a

implementação dos processos logísticos que consistem em planejar, organizar e

controlar com grau considerável de eficiência, tem sido um diferencial importante

entre as empresas que almejam melhor atender ao cliente. Para que aconteça esta

eficiência em serviços ao consumidor, os Centros de Distribuição surgem com a

perspectiva de assegurar a gerencia das mercadorias e a redução de custos até a

chegada do produto ao cliente final. Sendo apresentados neste trabalho os

prováveis benefícios que surgirão na cidade de Feira de Santana situada no Estado

da Bahia com a implantação de um Centro de Distribuição, que demonstra como

características positivas, sua considerável malha rodoviária, seu potencial

econômico incrementado nas ultimas décadas, sua excelente localização geográfica

e ainda a presença de linhas férreas em suas proximidades, viabilizando também a

utilização diversificada de modais de transporte. A investigação se pautou na

importância existente para instauração de um Centro de Distribuição em Feira de

Santana que apresenta as condições essenciais para sua implantação, levando em

conta ainda os benefícios agregados para consolidação deste investimento.

Palavras-Chave: Centro de Distribuição, Logística e Transporte.

ABSTRACT

Currently, the existence of an area business increasingly competitive, the

implementation of logistics processes that are to plan, organize and manage with

considerable degree of efficiency is a key differentiator between companies that aim

to better serve the customer. For this to happen efficiency in consumer services, the

distribution centers arise with a view to ensuring the management of goods and cost

reduction to the time-to-end customer. As presented in this paper the likely benefits

that will arise in the city of Feira de Santana in Bahia located with the establishment

of a distribution center, which demonstrates how positive characteristics, its

substantial road network, its economic potential increased in recent decades, its

excellent geographical location and also the presence of railways in their vicinity,

allowing also the use of diverse modes of transportation. The investigation was

based on the existing importance for the establishment of a distribution center in

Feira de Santana has all the essential conditions for its implementation, taking into

account also the added benefits to consolidating this investment.

Keywords: Distribution Center, Logistics and Transportation.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

1.1 JUSTIFICATIVA................................................................................................ 14

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 16

1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 16

1.3 METODOLOGIA ............................................................................................... 17

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ..................................................................... 18

2 ASPECTOS E FATORES LOCACIONAIS DO ESTADO DA BAHIA E FEIRA DE SANTANA .............................................................................................................. 19

2.1 HISTÓRICO ...................................................................................................... 19

2.2 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................ 21

2.3 ECONOMIA ...................................................................................................... 23

2.3.1 Agropecuária ................................................................................................. 24

2.3.2 Indústria ......................................................................................................... 25

2.3.3 Comércio e Serviços ...................................................................................... 26

3 ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LOGÍSTICA ................................................ 29

3.1 LOGÍSTICA EMPRESARIAL ............................................................................ 30

3.1.1 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ................................................... 31

3.1.2 Logística de Transportes ................................................................................ 33

3.1.3 Comparação entre as características operacionais dos diversos modais ....... 40

3.1.4 Multimodalidade............................................................................................. 41

3.1.5 Armazenagem ............................................................................................... 42

3.1.6 Tecnologia de informação ............................................................................. 43

4 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................ 44

4.1 ESTRUTURA DE DISTRIBUIÇÃO .................................................................... 45

4.2 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................ 48

4.3 RECEBIMENTO ............................................................................................... 49

4.4 MOVIMENTAÇÃO ............................................................................................ 52

4.5 ARMAZENAGEM.............................................................................................. 55

4.5.1 Alternativas de Armazenagens ...................................................................... 57

4.6 EXPEDIÇÃO ..................................................................................................... 58

4.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS .................................................................. 61

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 64

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 69

13

1 INTRODUÇÃO

Feira de Santana tem uma grande importância no escoamento de

mercadorias no estado da Bahia, tanto para o Sul/Sudeste quanto para o exterior,

visto que as cargas passam pela cidade antes de chegarem ao destino final. Outro

fator relevante é que a cidade também funciona como portal de entrada para

mercadorias vindas do exterior e de outras regiões do país, ou seja, Feira tem uma

localização estratégica entre o mercado consumidor e o fornecedor.

Para melhor aproveitamento do potencial desta cidade, a logística vem com

suas técnicas que consistem em otimizar o processo de transportes e de

distribuição, assegurar um melhor gerenciamento organizacional transformando a

potencialidade em resultados que virão a promover o desenvolvimento do mercado

local e regional, dinamizando a economia e atraindo novos mercados consumidores.

Para melhor aproveitamento dos processos logísticos, os CD’s podem ser

utilizados, uma vez que, proporcionam que os produtos sejam manipulados de forma

a agregar valores aos mesmos e agilizarem os processos de entrega, já que utilizam

procedimentos de recebimento, movimentação, armazenagem e fornecimento de

forma integrada e utilizando de mão de obra especializada.

A implantação de um CD em Feira de Santana que se apresenta como uma

localidade importante no interior da Bahia e que aos poucos tem obtido credibilidade

no território nacional, vem proporcionar o desenvolvimento da logística na região,

aumentando a importância do município no estado e tornando-o desta forma mais

atrativo para novos investimentos.

Portanto, a partir da ligação entre a cidade mencionada, a implantação de

CD’s e o gerenciamento oferecido pelos processos logísticos este trabalho

consistindo em referenciais teóricos apresentará pontos que concernem para

demonstrar o crescimento econômico quando a logística trabalha de forma

sincronizada com as principais necessidades das empresas.

14

1.1JUSTIFICATIVA

A escolha para elaboração deste projeto surge de uma percepção de

necessidades em estudar inicialmente como é estruturado o funcionamento de um

centro de distribuição, mas dada a sua complexidade e importância, o trabalho não

abarca todos os argumentos, centralizando os esforços para justificar a importância

da implantação de um CD em Feira de Santana, este é o alvo das pesquisas

realizadas para sustentar os argumentos expostos mais adiante.

A montagem de CD traz consigo diversas implicações de natureza social,

econômica, estratégica e infra-estrutural conduzindo o processo de implantação e

funcionamento para ganhos de escala na área de distribuição. Os seus impactos

mais imediatos não se restringem apenas à movimentação de cargas, todavia na

sustentável economia de escala gerando um efeito multiplicador da renda regional,

emprego e sobretudo na dinamização e velocidade de distribuição com custos

operacionais mais baixos. Uma das idéias mais importantes geradas na montagem

de um CD é a de centralização de atividades aproveitando os ganhos da integração

e transferindo-os para a cadeia de distribuição final, chegando os benefícios até os

consumidores do varejo.

A escolha de montar um CD em Feira de Santana, parte da premissa de que

a Cidade está situada estrategicamente nas confluências de três grandes eixos

rodoviários, sendo a BR101, BR116 e a BR324, mais dezenas de interligações

periféricas que fornece um fluxo de mercadorias e serviços de grande impacto

regional. A dinâmica de um projeto de tal natureza, se relaciona ainda com outras

peculiaridades que são a proximidade da capital do estado, três centros industriais,

dois portos, um aeroporto internacional e outro local em fase de expansão e uma

ferrovia. Agrega-se a tudo isto, a dinâmica regional que se organiza em torno de 23

cidades com uma população estimada em mais de um milhão de habitantes, o que

justifica ainda a mobilidade de bens e serviços, transformando o município de Feira

de Santana em um pólo natural de distribuição.

Com toda esta dinâmica dos negócios regionais, o trabalho mostra que há

uma lacuna muito grande quando se estuda as relações de trocas oferecidas dentro

15

da cadeia de distribuição em Feira de Santana e a estrutura de logística perde

ganho de escala e de oportunidade ao se defrontar com pontos deficientes de

planejamento de gestão de demanda de negócios, otimização de redes estratégicas

e a interligação com a cadeia de suprimentos no sentido de flexibilizar melhor os

processos de acondicionamento, estocagem, fracionamento, redução de custo de

frete e planejamento das atividades de logística integral.

16

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Estudar a viabilidade para implantação de um Centro de Distribuição em

Feira de Santana.

1.2.2 Objetivos Específicos

Mostrar os benefícios que a cidade alcançaria com a implantação de um

Centro de Distribuição.

Externalizar a importância de um Centro de Distribuição para um melhor

desenvolvimento das práticas logísticas.

17

1.3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos deste trabalho com cunho qualitativo, foi utilizado

como instrumento a coleta de referencias bibliográficas de diversos autores que

estudam a logística, transportes e que apontam características de grande relevância

para a instalação de um Centro de Distribuição a fim de obter crescimento

econômico em determinadas localidades.

Além de obras bem conceituadas sobre os temas abordados na pesquisa,

serão utilizados para melhor ilustrar, figuras, artigos, documentos publicados em

livros e periódicos especializados, com a finalidade de respaldar a partir de um

quadro teórico a sustentação e defesa do tema proposto.

A pesquisa qualitativa que Cunha (1995) conceitua como, “caracterizada

pela investigação que utiliza dados em forma de palavras, discurso ou em outras

maneiras não-numéricas de expressão”, buscando com esta metodologia qualificar a

grande importância dos processos logísticos para melhor poderio organizacional das

empresas e em se tratando da cidade de Feira de Santana oferecer reconhecimento

no cenário nacional e qualidade econômica para os empreendedores, trazendo

também beneficiamento para a população local.

Este trabalho foi desenvolvido em quatro etapas, sendo que a primeira

descreve a contextualização do cenário onde será implantado o empreendimento, na

segunda desenvolve-se uma fundamentação sobre a logística e sua interferência na

cadeia de suprimentos e no transporte, na terceira apresenta-se o Centro de

Distribuição, como são desenvolvidas as atividades e como elas otimizam o

processo, por fim fez-se um cruzamento das informações obtidas nas etapas

anteriores no intuito de se obter a o resultado da pesquisa.

18

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Este trabalho está, inicialmente, dividido em cinco capítulos. O presente

capítulo faz uma introdução geral sobre o tema: Centro de Distribuição; além da

justificativa e importância a cerca da sua escolha; apresenta o objetivo geral e

objetivos específicos; a metodologia de estudo, onde são citados os indicadores de

pesquisa; incluindo ainda a própria estrutura da monografia.

No capítulo 2 é realizado uma contextualização da cidade de Feira de

Santana, abordando fatores históricos, questões locacionais, população e

indicadores econômicos.

No terceiro capítulo é realizada uma revisão sobre logística, que engloba a

logística empresarial, o gerenciamento da cadeia de suprimentos, a logística de

transportes e os seus modais e a utilização da multimodalidade.

O capítulo 4 discorre sobre o Centro de Distribuição e o seu funcionamento,

a estrutura de distribuição, a questão localização para instalação de uma estrutura

dessa, abordando também as atividades de recebimento, movimentação,

armazenagem e expedição. Apresenta ainda vantagens e desvantagens de um CD.

No capitulo 5 são mostradas as conclusões sobre o trabalho além de

sugestões para futuros trabalhos que tenham relação com o tema.

19

2 ASPECTOS E FATORES LOCACIONAIS DO ESTADO DA BAHIA E FEIRA DE

SANTANA.

2.1 HISTÓRICO

A Bahia apresenta uma formação geográfica, dividindo-se em duas regiões

distintas, sendo, a primeira detentora de uma estreita planície litorânea, que possui

área agrícola bastante rica, abastecida pelas chuvas de inverno. Comportamento

que se estende por toda costa marítima do estado e que apesar de representar uma

pequena fração da área total da Bahia é povoada por mais de um quarto da

população do Estado, tendo uma maior concentração na cidade de Salvador e nos

municípios ao redor da baía de Todos os Santos. A segunda trata-se do sertão, um

vasto planalto de clima semi-árido que equivale à maior parte do interior do Estado.

É uma região de secas periódicas, de invernos frios, compridos e sem chuva, de

verões quentes, apenas interrompidos por temporais, (trovoadas) ocasionais

(POPPINO, 1968). Estas diferenças regionais trouxeram a necessidade de distribuir

para o interior os produtos chegados e produzidos no litoral assim como abastecer o

litoral com produtos típicos do interior, gerando uma movimentação de mercadorias

e impulsionando o surgimento do transportes e o desenvolvimento da logística no

estado.

Dentro do estado da Bahia, a cidade de Feira de Santana se posiciona

estrategicamente entre a região litorânea e o sertão, tendo um potencial hídrico no

seu território, banhado por três bacias hidrográficas, a do Rio Subaé, Jacuipe e

Pojuca, que fizeram da cidade um ponto de passagem obrigatório dos viajantes,

transformando-a em um elo entre o litoral e o interior, destacando assim o potencial

de distribuição de mercadorias do município. Segundo Poppino apud Oliveira (2004),

o clima agradável, as boas pastagens, sua localização favorável entre o litoral úmido

e o semi-árido, e distante cerca de 108 quilômetros da capital, Salvador,

transformaram Feira de Santana em passagem obrigatória dos mercadores que se

deslocavam do sertão para o litoral.

Assim, a cidade começava a mostrar seu futuro arrendado pelo comércio e

mostrava que o mesmo poderia ser promissor e de grande importância para

20

vendedores, compradores e principalmente para o crescimento da população local e

adjacente.

Segundo Oliveira (2004), No século XVIII Feira de Santana tornou-se ponto

de encontro de tropeiros e viajantes oriundos do sertão, vindos de várias regiões do

estado da Bahia, além dos Estados de Minas Gerais, Piauí e Goiás, com destino ao

porto de Nossa Senhora do Rosário em Cachoeira, a margem do Rio Paraguaçu,

principal centro comercial da região, onde se localizavam grandes estabelecimentos

comerciais. Por ser um local abundante de nascentes e lagos, a fartura de água e o

entroncamento de estradas proporcionaram o encontro dos viajantes, essas

condições otimizaram um comércio incipiente do tipo escambo que foi crescendo,

vindo a formar uma feira que se tornou conhecida por todo o Nordeste, pois, tinha

uma diversidade e concentração muito grande de produtos, colocando a cidade

como um dos pontos mais importantes da cadeia de suprimentos do interior

nordestino. Em 1819 a localidade foi elevada a categoria de povoado, denominado

Santana dos Olhos D´água, nome ligado às suas origens, trazendo a cidade durante

décadas as características de um pólo comercial de base agropecuária e de um

setor industrial pouco desenvolvido.

Conforme Oliveira (2004), até 1878 a cidade se desenvolveu seguindo as

linhas básicas do núcleo de origem. Com a implantação da estrada de ferro, ligando

Feira de Santana à Cachoeira, propiciou o crescimento urbano ao redor da linha

férrea e outras áreas transversais em decorrência da existência de muitos terrenos e

ações do poder público municipal, com a abertura de ruas e praças. Com estas

transformações a cidade obteve um ritmo diferenciado no crescimento demográfico,

econômico e político, e no nível de eficiência no atendimento das necessidades da

população regional proporcionando assim a consolidação logística do município, que

sempre desfrutou de uma localização privilegiada no espaço econômico estadual.

Segundo Silva apud Oliveira (2004), a consolidação de Feira de Santana

como pólo de distribuição foi determinante para que a cidade se colocasse como

centro do sistema de rodovias implantado pelos governos estadual e federal,

tornando-se ponto de ligação entre as regiões Sul/Sudeste com o Norte/Nordeste do

país. A malha rodoviária que atende a região foi um dos fatores que estimularam a

21

vinda do Centro industrial do Subaé, já que facilitaria o escoamento da produção das

indústrias e a aquisição dos insumos, que não teriam problemas para chegar até as

unidades produtoras que além das rodovias estariam próximo de porto e aeroporto,

incorporando um novo setor na economia local e alterando as características de

município de setor industrial pouco desenvolvido. De acordo Barros e Almeida

(2001), esta realidade passou a se transformar a partir da década de 1970 com a

criação do Centro Industrial do Subaé (CIS), e da Universidade Estadual de Feira de

Santana (UEFS).

2.2 LOCALIZAÇÃO

Inserida num espaço geográfico centralizado em relação às demais regiões

brasileiras, funciona como centro regional de passagem de pessoas e produtos,

exercendo papel de entroncamento de vias de transporte, na fronteira da capital

Salvador com o sertão, do recôncavo aos tabuleiros do semi-árido da Bahia (LIMA,

2008).

O município de Feira de Santana ocupa historicamente posição estratégica

na região Nordeste e no Estado da Bahia, entrecruzado por rodovias ele se constitui

num importante eixo rodoviário do país, do Nordeste e do Estado da Bahia, formado

por um anel de contorno, interligado pela BR - 324, BR - 116, BR - 101 e as BA -

052, BA – 502, BA - 503 e BA - 504, com acessos paras as BR - 242 e BR - 110,

interligando o Norte/Nordeste do País com as regiões do Sul, Sudeste, Centro Oeste

e Salvador com o interior (LIMA, 2008).

Esta característica de entroncamento de rodovias é um dos fatores que mais

influenciou no desenvolvimento econômico e social do município, proporcionando a

entrada de capitais e aumento da população que, num processo de crescimento

urbano, adquirindo assim um porte de cidade regional. Esta posição privilegiada

demonstra sua dinâmica interna, marcada pela contribuição ao desenvolvimento e

pelos benefícios que adquire devido à sua posição estratégica em relação ao

mercado nacional e regional. Essa malha rodoviária demonstra que a cidade tem um

potencial distribuidor gigantesco visto que, consegue captar e enviar produtos para

qualquer região usando de sua posição geográfica e da rede de rodovias que

22

disponibiliza.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2009),

Feira de Santana é uma cidade média não metropolitana que durante boa fase de

sua existência, atuava como parte de um sistema urbano primaz, dependente de

Salvador. Porém o desenvolvimento regional colocou este núcleo urbano como pólo

de distribuição de serviços, produtos e de conhecimento.

De acordo com Lima (2008), o município serve como ponto de apoio às

atividades econômicas e sociais, realizadas na região passando então a exercer

importante papel no inter-relacionamento regional, o desenvolvimento e expansão

do mercado intra-regional no interior do Estado, com destaque para o papel de

intermediação de Feira de Santana evidenciou sua função de centro da dinâmica

regional e seu relacionamento com a metrópole Salvador.

Segundo dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), em 2010 Feira de Santana tem uma população de 556.756 habitantes ocupa

a segunda posição em população do Estado atrás de Salvador, maior do que o

somatório da terceira cidade Vitória da Conquista com 306.374 habitantes e a quarta

Juazeiro com 197.984 habitantes. Ocupando a 31ª colocação no ranking nacional,

maior que nove capitais, estando classificada como capital regional, abrangendo 96

municípios com população de 3.035.969, sendo que na microrregião contém 23

municípios com uma população de 993.796 habitantes, o equivalente a: 20,72% do

total de habitantes do Estado da Bahia, 23,02% dos municípios do estado, 27,88%

da área territorial do Estado.

QUADRO 01 – Evolução da população de Feira de Santana.

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE FEIRA DE SANTANA

ANO POPULAÇÃO1991 406.4471996 447.7812000 480.9492010 556.756

Fonte: IBGE, 2010.

23

Analisando os dados no quadro 1 podemos inferir que com o crescimento

populacional, acima de 15% na ultima década cresceu-se também a necessidade de

desenvolver uma estrutura logística para suprir a nova demanda de mercado, onde a

implantação de um centro de distribuição (CD) viria a otimizar o fluxo de transportes

no centro urbano e regiões periféricas.

2.3 ECONOMIA

Com uma economia diversificada atuante tanto no setor primário

(agropecuária), quanto no setor secundário (indústria) e terciário (comércio e

serviço), Feira de Santana tem incorporado uma grande gama de negócios, se

destacando assim, como principal município do interior da Bahia.

Segundo Lima (2008), o município com uma tamanha diversificação de

negócios incorporou nas últimas três décadas, uma importância econômica que age

como pólo gravitacional na confluência da produção e distribuição de bens e

serviços, transformando-se num eixo básico da região, expandindo suas atividades

às áreas do recôncavo, do semi-árido baiano, atingindo outros Estados da

Federação.

Feira de Santana tem um PIB de R$ 4,7 bilhões ocupando a 82°

(octogésima segunda) economia nacional, e detêm 0,18% do PIB (Produto Interno

Bruto) do país, A nível Nordeste responde pela 14ª (décima quarta) economia com

1,36% do PIB Nordestino, Na Bahia é a quarta economia com amplitude de vínculos

econômicos e relações de transações comerciais de um complexo de regiões, sua

economia diversificada, agropecuária, comércio, indústria e de serviços de apoio

urbano, a cidade ostenta posição de centro distribuidor da produção regional e pólo

de negócios e atividades dinâmicas, (IBGE 2007).

O quadro 2 apresenta a evolução das taxas de crescimento do Produto

Interno Bruto (PIB) de Feira de Santana, sendo este utilizado como indicador

econômico para calcular o processo de desenvolvimento da economia de um

município, estado ou país, em um determinado período, calculado pelo IBGE,

possibilitando mensurar a produção de bens e serviços, isto é, riquezas.

24

QUADRO 02 – Evolução do PIB de mercado e per-capta no município de Feira de Santana.

8.254

3.5583.9034.4375.4516.6357.191

2007

1.494.5851.657.5841.772.6381.960.7092.264.3032.830.0293.500.5503.853.3474.685.555

200120022003200420052006

EVOLUÇÃO DO PIB DE MERCADO E PER CAPITA NO MUNICIPIO DE FEIRA DE SANTANA

ANO PIB (R$ 1.000) PER CAPITA (R$)19992000

3.1303.412

Fonte: IBGE, 2007.

Os dados apresentados no quadro 2 demonstram a evolução do PIB em oito

anos passando de 1,5 bilhões para 4,7 bilhões tendo um crescimento de 264% tanto

no PIB como na renda per capita. A instalação de empreendimentos de porte, como

Nestlé, Rigesa, Belgo, Yazaki e ampliação da Pirelli, além de grandes lojas de

departamentos, centrais de distribuição de mercadorias, os atacadões, o “boom”

imobiliário, a consolidação de Feira como pólo universitário, entre outros

investimentos, foram fatores determinantes para tal crescimento.

Mostrando assim, que a influência de Feira de Santana tem aumentado na

economia regional, tornado-se um ponto de referencia para obtenção de produtos de

diversos setores, alguns produzidos na cidade e outros oriundos de mercados

externos. Sendo então referencia para abrigar atividades de distribuição,

apresentando um grande potencial para a implantação de um CD regional.

2.3.1Agropecuária

A economia de Feira de Santana se desenvolveu a partir do setor

agropecuário o qual até a década de 1920 era preponderante em relação as demais

atividades econômicas, responsável pela formação do seu núcleo urbano original.

Até hoje o município é considerado um dos mercados de referência nacional na

cotação do preço da arroba do boi, sendo um dos mais importantes centros de

25

comercialização de bovino, suíno e caprino, abate e produção de seus derivados,

para o mercado interno e externo. A atividade avícola tem sido um novo pólo de

desenvolvimento econômico que tem se destacado e consolidado na microrregião

do município. A agricultura tradicional tem perdido espaço tendo em vista o processo

acelerado de urbanização do município, o qual, sendo territorialmente pequeno e

fortemente urbanizado, acompanhado a tendência de outros municípios como os da

região metropolitana de Salvador, onde a produção agrícola praticamente já não

mais existe, (Lima, 2008).

QUADRO 03 – Rebanhos efetivos de Feira de Santana.

Ovinos 58.000Aves 1.392.791

Muares 3.143Suínos 65.879

Caprinos 8.915

REBANHOS EFETIVOS DE FEIRA DE SANTANA

Bovinos 69.265Equinos 16.520Asininos 11.617

Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2008.

A pecuária traz um dinamismo logístico, pois além dos animais tem os

subprodutos como ração, remédios, etc., que vem de outras regiões e até de outros

países, produtos que chegam para abastecer o mercado local e por conseqüência

as cidades da região, que tem um potencial de compras menor, vindo suprir suas

necessidades no mercado de Feira de Santana.

2.3.2Indústria

A partir dos anos de 1960 implantou-se uma política nacional

desenvolvimentista na qual visava o crescimento industrial e tecnológico a nível

regional, Feira de Santana sendo a segunda maior cidade do estado da Bahia e

tendo grande influência política e econômica no interior do estado, além de possuir

uma localização geográfica privilegiada, foi contemplada com a implantação do

Centro Industrial do Subaé (CIS) no início da década de 1970, firmando a cidade no

setor industrial, sendo que historicamente sua principal atividade econômica é o

26

comercio.

O Centro Industrial de Subaé tem espaços dotados de toda infra-estrutura

básica, Incentivos fiscais e facilidades de acesso ao crédito, em ramos como

química, material elétrico e de transportes, eletrodomésticos, bebidas, alimentos,

vestuário, calçados e artefatos de tecidos, metalurgia, papel, papelão e embalagem.

O setor arrecadou, em 2007, R$ 6,6 milhões de ICMS, correspondendo a 22,98% do

total arrecadado no município. Conforme dados da relação anual de informações

sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTe) de 2007 existiam no

mercado formal (estabelecimentos constituídos juridicamente) 1.368 unidades fabris

instaladas no município, espalhadas pelo tecido urbano da cidade e no Centro

Industrial de Subaé (CIS) nos dois núcleos: Tomba e BR - 324, gerando 19.858

empregos diretos e mais de 59 mil empregos indiretos.

A diversidade de indústrias gera produtos com destinação para mercados

variados fazendo com que as fabricas implantem sistemas de logística que abranjam

a fase interna (produção), assim como externa (distribuição) para que possa atender

seus clientes de forma que os produtos cheguem no prazo certo e com que o valor

do transporte não onere o produto final. De acordo com Ching (2001), a logística é o

gerenciamento do fluxo físico de materiais no qual fazem parte, controle de

processos e materiais, processos de produção e transformação, além de

compreender todo o gerenciamento de transporte e distribuição, desde depósitos

intermediários até a chegada dos produtos aos consumidores finais. Tendo assim, a

logística um papel fundamental na gestão de produção e de distribuição do setor

industrial otimizando o processo e proporcionando maior eficácia do fluxo físico dos

produtos.

2.3.3Comércio e Serviços

O comércio é o seguimento econômico de maior relevância da estrutura

produtiva do município em geração de emprego e de renda. Segundo a RAIS de

2007, existiam 4.311 estabelecimentos, sendo 81,4% varejista e 18,6% atacadista

gerando 27.223 empregos diretos e mais de 81 mil indiretos, sendo que os

atacadistas atendem em geral todo o estado e até outros estados, sendo que essa

27

atividade poderia ter uma abrangência maior caso dispor-se de uma estrutura

logística unificada. Em 2007 foram arrecadados R$ 200,5 milhões de ICMS

representando 66,46% do total arrecada no município. Dentro da estrutura

econômica do setor, a cidade conta com o shopping Boulevard que é um atrativo

para compras diretas do consumidor, tendo influência na microrregião, o Centro de

Abastecimento de Feira de Santana (CAF), administrado pela secretária de

desenvolvimento econômico da Prefeitura Municipal, concentra comerciantes de

carnes, cereais, artesanatos e hortifrutigranjeiros, varejistas e atacadistas, exerce

papel importante na cotação e regulação de preços e no abastecimento da

macrorregião além de funcionar como um Centro de Distribuição (CD) de gêneros

alimentícios, principalmente os produtos hortifrutigranjeiros, que atende toda

macorregião, reunindo 2.162 comerciantes, gerando mais de sete mil empregos

diretos e indiretos.

Nos últimos anos, surgiu uma nova estrutura econômica na cidade onde se

comercializa produtos importados e nacionais, denominado Feiraguai, reunindo

cerca de 600 comerciantes de produtos importados de outros países, que abastece

a macrorregião de influência da cidade, gerando mais de 1.800 empregos diretos e

indiretos, segundo a associação dos vendedores do Feiraguai, Esta estrutura atrai

comerciantes do interior e da Capital funcionado como CD de produtos

eletroeletrônicos, brinquedos nacionais e importados do Paraguai na sua maioria.

O segmento de serviços vem se fortalecendo como mais uma vocação para

o município, com o surgimento de inúmeras empresas. Segundo a RAIS de 2007

foram contabilizadas 2.313 empresas no mercado formal (empresas constituídos

juridicamente), gerando 28.079 empregos diretos e 85 mil indiretos. Dentro do

seguimento destacamos os ramos assistência médica, educação, transporte,

assessorias: contábil, empresarial, telecomunicações, informática, engenharia,

imobiliária, assim como hotéis, restaurantes, agências de viagens e empresas de

segurança.

28

QUADRO 04 – Formação do Produto Interno Bruto de Feira de Santana

1.494.585

DISTRIBUIÇÃO DO PIB (R$ 1.000) 2007 EM FEIRA DE SANTANA

COMÉRCIO / SERVIÇO3.143.981

AGROPECUARIA INDÚSTRIA46.989

Fonte: IBGE, 2007.

O quadro 4 demonstra o domínio do comércio e serviço em relação à

indústria e a agropecuária, porém os três setores são tidos como referencia no

estado sendo preciso uma logística de distribuição dos produtos que eles oferecem

principalmente para os setores atacadistas.

Com a criação de um CD em Feira de Santana terá um melhor

aproveitamento econômico do fluxo de cargas que passam diariamente pelas

rodovias que cruzam o sistema viário da cidade, proporcionando um melhor

gerenciamento do transporte e distribuição das mercadorias. Transformando a

cidade em um pólo de distribuição moderno, gerando novos postos de trabalho,

aprimorando o seu posicionamento político e econômico na região, que por

conseqüência aumentará o dinamismo do comércio e da industria visto que haverá

uma maior quantidade de capital circulando na economia local e regional e ainda

reduzindo o fluxo inverso das mercadorias que seguem para Salvador em containers

fechados e retornam posteriormente para Feira de Santana e distribuídas na cadeia

de suprimentos.

29

3 ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA LOGÍSTICA

Hodiernamente há uma repercussão muito grande a respeito da logística

como tendo responsabilidade na ascensão ou fracasso das organizações. Todavia o

que pode se notar no mercado é que pouco se sabe verdadeiramente sobre as

atividades desenvolvidas no processo logístico e como este é definido nas

organizações. É relevante então evitar nas práticas logísticas a sua má conceituação

por modismo, ou mesmo a sua má aplicação.

De acordo com Fleury et al (2009, p.27), “a logística é uma das atividades

econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos e o seu

surgimento se confunde com a origem da atividade econômica organizada”. Assim

sabe-se que desde que o homem aderiu às práticas produtivas organizadas, vendo

a necessidade de comercializar o excedente, e como essa comercialização não

acontecia de forma imediata foi preciso desenvolver técnicas de armazenagem e de

transporte para realizar a movimentação das mercadorias, sendo então este o

processo que deu origem ao que conhecemos hoje como logística.

Por isso se compreende a logística como um processo de planejar, implantar

e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo e armazenagem de matérias-

primas e estoque durante a fabricação de produtos acabados, e as informações

relativas a essas atividades, desde o ponto de origem até o local de consumo,

visando atender aos requisitos do cliente. De acordo (Ching, 2001), a logística é o

gerenciamento do fluxo físico de materiais no qual fazem parte, controle de

processos e materiais, processos de produção e transformação, além de

compreender todo o gerenciamento de transporte e distribuição, desde depósitos

intermediários até a chegada dos produtos aos consumidores finais.

A logística tem um campo de atuação significativo e subdivide-se em várias

ramificações, sendo que a logística empresarial um ponto com grande relevância no

seu processo, engloba o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, a logística de

transporte e a logística de distribuição.

30

3.1 LOGÍSTICA EMPRESARIAL

De acordo com Fleury et al (2009), o conceito de logística empresarial é

bastante recente no Brasil. O processo de difusão teve inicio, ainda de forma tímida,

nos primeiros anos da década de 1990, com a abertura comercial; mas veio a

acelerar a partir de 1994 com estabilização econômica propiciada pelo Plano Real.

Devido à situação econômica que antecedeu aos anos de 1990, houve um atraso na

implementação da logística no Brasil, pois com os altos índices inflacionários tornava

atrativo para os empresários a conservação da economia fechada, levando a um

déficit do Brasil em ralação aos países desenvolvidos, deixando o país

despreparado a nível político, econômico, tecnológico e de infra-estrutura para as

práticas da logística empresarial.

A logística empresarial integra todas as atividades de movimentação de

produtos e transferência de dados, contudo para que este processo funcione de

forma eficaz a logística deve ser trabalhada como um sistema que visa otimizar cada

etapa, com o objetivo de evitar perdas e facilitar o fluxo das mercadorias. Segundo

Ballou (1998), a logística empresarial estuda como a administração pode prover

melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e

consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivo para as

atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos.

A logística é um assunto de suma importância para a gestão das empresas,

visto que tanto os recursos quanto os seus consumidores estão espalhados numa

ampla área geográfica. Além disso, os consumidores não residem próximos onde os

bens ou produtos estão sendo produzidos ou armazenados. Este é o problema

enfrentado pela logística: diminuir o hiato entre a produção e a demanda, de modo

que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na

condição física que desejarem, almejando assim, um certo período de tempo entre a

aquisição e a entrega do pedido ao consumidor.

Vindo então a logística empresarial surgir da importância de reduzir custos

no processo fabril e de distribuição, e principalmente na relevância que se tem

atualmente de suprir as necessidades do cliente, que hoje vivendo em um mundo

31

onde o tempo é comprimido e as prioridades e exigências aumentam, querem ao

seu dispor uma grande variedade de produtos e serviços com uma maior

acessibilidade dos mesmos, fincando a logística com papel de aperfeiçoar o

processo levando-o a um alto índice de eficiência e eficácia.

3.1.1Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.

Supply Chain Management ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

representa todo o processo que se inicia desde a compra da matéria-prima, até a

entrega do produto ao cliente final. Almejando dados reais do grau de satisfação dos

consumidores buscando o aprimoramento em seus processos.

Conforme Cecatto (2004), Supply Chain Management surge para aprimorar

e desenvolver todas as atividades relacionadas com o fluxo e transformação de

produtos e serviços associados, desde a obtenção de matérias-primas, até a

chegada do produto ao usuário final, bem como os fluxos de informação

relacionados e a geração de valor para todos os componentes da cadeia.

Ainda afirma Ballou (2006), que essa definição abrange de modo oportuno a

noção de fluxo das mercadorias e de serviços, o que mostra uma visão de processo,

incluindo as atividades importantes para disponibilização de bens e serviços aos

consumidores quando e onde quiserem adquiri-los.

Em suma é o cliente que define o que será produzido pelo seu fornecedor,

ou seja, que produto, em que quantidade e quando entregar. Cabendo a empresa

gerenciar seu processo de forma integrada para atender adequadamente e no prazo

os anseios de seus clientes.

Percebe-se assim, que o ciclo do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

começa da vontade do cliente, e que fica por responsabilidade das empresas

gerenciar seu serviços de forma que tordos os setores trabalhem em consonância

para que o produto final tenha custo que o cliente está disposto a pagar, e o valor

que a empresa possa praticar. Sobre esta afirmação Cecatto (2004), observa que

hoje, o novo enfoque das atividades logísticas exige que se trabalhe em equipe,

valorizando a integração de todos os departamentos da empresa, e estabelecendo

32

alianças com outras organizações, o que ainda é uma barreira nas empresas

brasileiras, onde é muito comum encontramos estruturas muito departamentalizadas

e com má comunicação interna.

Até a década de 1960, o ciclo de produção iniciava-se pelo fornecedor,

passando ao distribuidor até chegar ao consumidor final, no entanto, a partir da

década de 1980 o processo de fabricação passou por grandes modificações sendo

então, os clientes que ditavam a demanda, ou seja, o ciclo se inverteu começando

pelo cliente, indo ao distribuidor, para então chegar ao fabricante.

A figura 1 representa de forma sucinta o processo de movimentação dos

produtos em uma cadeia de suprimentos, mostrando o fluxo e as interações entre os

setores envolvidos nas atividades processuais. Onde parte do cliente as solicitações

dos produtos, mostrando também os diversos setores envolvidos para atender a tais

solicitações de forma ágil e que agregue “valor” ao produto final.

Figura 01 - Fluxo da Cadeia de Abastecimento.

Fonte: Marques, 2004.

Devido a esse dinamismo as empresas tem investido cada vez mais em

novas tecnologias, afim de obter com mais rapidez respostas de seus clientes,

33

sendo que muitas ainda não transpassaram algumas barreiras numa adequação

com o intuito de satisfazerem seus consumidores com mercadorias e serviços, além

de garantir uma “fatia” no mercado.

De acordo com Pires (2004), Um objetivo básico no Gerenciamento da

Cadeia de Suprimentos é maximizar e tornar realidade as potenciais sinergias entre

as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final mais

eficientemente, tanto através da redução dos custos, como através da adição de

mais valor aos produtos finais.

Para que estes produtos cheguem até os clientes é preciso transportá-los de

forma que fiquem disponíveis em pontos estratégicos de vendas próximos e

freqüentados pelos consumidores. Para isso alguns modais de transporte são

disponibilizados ao processo logístico conforme descritos a seguir nos próximos

parágrafos.

3.1.2 Logística de Transportes

O transporte é um dos mais importantes dos processos logísticos, tanto pela

quantidade e valor dos recursos que consome, como por movimentar materialmente

produtos de um ponto geográfico a outro. É o lado mais visível do processo logístico,

pois concretiza a entrega das mercadorias.

O transporte tem um papel fundamental dentro do processo logístico, entre

outras razões pela sua parcela no custo final do produto, sendo o modo de

transporte que será utilizado o responsável pelo aumento ou diminuição do valor

desta parcela, porém as características físicas do produto, o tempo disponível para

entrega e conjuntura do mercado de transportes são os definidores de qual o melhor

modal a ser utilizado. Afirma Ballou (2001), a seleção de um modal de transporte

pode ser usada para criar uma vantagem competitiva do serviço e em várias

situações como envolvendo volume, distancia, acondicionamento e redistribuição de

mercadorias. Um CD atrelado a um modal torna-se mais evidente a resolução de um

processo de viabilidade de integração entre produção e distribuição de bens e

serviços.

34

Os modais estão classificados basicamente em cinco que são: o ferroviário,

o rodoviário, o aéreo, o aquaviário e o dutoviário.

Modal Ferroviário

A ferrovia de Mauá foi a primeira linha férrea do Brasil. Em 1852 foi

concedido a Irineu Evangelista de Souza, mais tarde Barão de Mauá, o direito de

construir e explorar a ferrovia entre o Porto de Estrela e a Baía de Guanabara no

estado do Rio de Janeiro, permitindo então a integração das modalidades de

transporte aquaviário e ferroviário, introduzindo a primeira operação intermodal do

Brasil.

No Brasil, o transporte ferroviário é usado para realizar o deslocamento de

grandes quantidades de produtos em geral homogêneos e com distâncias

consideravelmente extensas, oferecendo algumas vantagens como a redução no

custo do frete, possibilidades de transportar uma grande quantidade de mercadorias

de uma só vez, além de não oferecer conturbações relacionadas a

congestionamento. Segundo Ballou (1993), a ferrovia é basicamente um

transportador lento de matérias-primas ou manufaturados de baixo valor para longas

distâncias.

Sobre o transporte ferroviário Ballou (1993), ainda afirma que existem duas

formas de serviço ferroviário, o transportador regular e o privado. Um transportador

regular presta serviços para qualquer usuário, sendo regulamentado em termos

econômicos e de segurança pelo governo. Já o transportador privado pertence a um

usuário particular, que o utiliza em exclusividade.

Em se tratando do Transporte Ferroviário regular o CD entraria como agente

integrador, já que este transporte não consegue ter a mobilidade necessária para

levar o produto direto ao cliente, então após o produto chegar ao CD, este seria

entregue ao cliente utilizando-se de outro modal, tornando assim o serviço mais

eficiente.

E se tratando do fator custos, o modal ferroviário apresenta um alto custo de

35

implantação, devido ao preço dos equipamentos, terminais e as vias férreas, que

geram ônus iniciais muito elevados. Porém os custos com manutenção e operação

são relativamente baixos se comparados a outros modais. Mesmo sendo menos

oneroso que o modo rodoviário este não está amplamente difundido no Brasil, isto

se deve a não aplicação de recursos em ferrovias e infra-estrutura.

Modal Rodoviário

O Brasil está entre os maiores países do mundo em dimensões territoriais,

possuindo uma malha rodoviária das mais extensas do planeta. Praticamente todo

produto movimentado no país utiliza das rodovias para chegar ao seu destino final e

para dar suporte a esta demanda existe uma frota de milhares de caminhões, isso

demonstra o porquê existe um trafego tão grande de veículos pesados nas rodovias

nacionais.

De acordo com Freitas (2004), o transporte rodoviário é aquele que se

realiza em estradas de rodagem, com utilização de veículos como caminhões e

carretas. O transporte rodoviário pode ser em território nacional ou internacional,

inclusive utilizando estradas de vários países na mesma viagem.

O modal rodoviário é o principal meio utilizado para transporte de cargas no

Brasil, já que disponibiliza de uma malha de rodovias que possibilita a entrega de

mercadorias em quase todos os pontos do país. Conforme Ferreira; Ribeiro (2002) é

o modal mais expressivo no transporte de cargas no Brasil, atingindo praticamente

todos os pontos do território nacional, pois desde a década de 1950, com a

implantação da indústria automobilística e a pavimentação das rodovias, esse modo

se expandiu de tal forma que hoje é o mais procurado.

A grande procura por este modal está relacionada ao relativamente baixo

custo de implantação, além de obter uma demanda financeira média para operação

e manutenção. Segundo Nazário (2009), o transporte rodoviário apresenta custos

fixos baixos (rodovias estabelecidas e construídas com fundos públicos); custo

variável médio (combustível, manutenção, etc.).

Além dos dados elencados acima podemos apresentar como vantagens

36

deste modal o transporte porta a porta, atendimentos de prazos, freqüência e

disponibilidade, tendo a desvantagem o transportes em pequenas quantidades.

Conforme Ferreira; Ribeiro (2002), As vantagens deste modal estão na possibilidade

de transporte integrado porta a porta e de adequação aos tempos pedidos, assim

como freqüência e disponibilidade dos serviços. Apresenta como desvantagem a

possibilidade de transportar somente pequenas cargas.

Este modal apresenta ainda outras vantagens que o torna mais atrativo e

dinâmico, levando a sua utilização ser preferencial tanto por parte dos fornecedores

quanto dos clientes, porém, apresenta alguns fatores onde seu uso acarretará em

uma minimização da eficiência deste transporte, conforme o quadro 5.

QUADRO – 05 Vantagem e desvantagem do modal rodoviário.

VANTAGENS DESVANTAGENS

Agilidade e rapidez na entrega da mercadoria em curtos espaços a

percorrer

Seu custo de fretamento é mais expressivo que os demais

concorrentes com próximascaracterísticas

A unidade de carga chega até a mercadoria, enquanto nos outros modais a mercadoria deve ir ao encontro da unidade de carga

Sua capacidade de tração de carga é bastante reduzida

Vendas que possibilita a entrega na porta do comprador

Os veículos utilizados para tração possuem um elevado grau de poluição ao meio ambiente

Exigência de embalagens a um custo bem menor

A mercadoria pode ser entregue diretamente ao cliente sem que este

tenha que ir buscá-laUma movimentação menor da

mercadoria, reduzindo assim, os riscos de avarias

A malha rodoviária deve estar constantemente em manutenção ou

em construção, gerandocustos ao erário ou a contribuinte,

visto que, existem estradas privatizadas que cobram pedágio

Fonte: Freitas (2004).

Sendo que estas vantagens e desvantagens são relacionadas ao modal

ferroviário e o aquaviário.

37

Ainda afirma Freitas (2004), que este modal é um dos mais adequados para

o transporte de mercadorias com alto valor agregado uma vez que possibilita o

fretamento do espaço total ou parcial de carga do caminhão. O que possibilita a

diversificação de embarcadores na mesma remessa, diluindo assim, o custo entre os

clientes na sua fração de utilização.

O CD tem papel fundamental neste processo de fragmentação das cargas,

possibilitando que os fornecedores tragam suas cargas com produtos destinados a

vários clientes e deixe em um só local, sendo função do CD a desunitização dessas

cargas e customização das mesmas direcionado-as a clientes diversos de uma

mesma região. Assim, o modal rodoviário tem participação expressiva na logística do

país, por oferecer uma malha rodoviária que atende de forma eficaz a demanda

exigida pelo atendimento ao consumidor.

Modal Aéreo

Ainda apresentando os modais de transportes pode-se citar o modal aéreo,

que devido ao seu custo elevado atende apenas uma pequena demanda do

mercado, mas já apresenta uma maior solicitação por parte das empresas para

atender de forma mais rápida aos seus clientes.

De acordo com Ballou (1993), o transporte aéreo tem tido uma demanda

crescente de usuários no segmento de cargas com serviço regular, mesmo apesar

de seu frete exceder o valor do frete rodoviário mais de três vezes e quatorze vezes

o ferroviário.

Por isso o transporte aeroviário é tido como um meio de custo elevado,

porque é normalmente utilizado para o transporte de mercadorias com valores

elevados, porém é utilizado para oferecer uma grande velocidade na entrega, o que

compensa o alto custo do frete.

Assim Nazário (2009), afirma que o transporte aeroviário apresenta custo

fixo alto (aeronaves e manuseio e sistema de carga); alto custo variável

(combustível, mão-de-obra, manutenção, etc.). Em função do alto custo de

38

implantação dispõe-se de poucos aeroportos, o dificulta uma difusão do modal.

Como a utilização deste modal para transporte de cargas é pouco utilizado

no Brasil, devido ao seu alto custo, sendo então, fechados os carregamentos com

materiais diversos e pertencentes a vários clientes tornando-se necessário a

implantação junto aos aeroportos, de estruturas capazes de desunificar a carga e

realizar a entrega aos consumidores, sendo estas estruturas caracterizadas como

CD.

O modal aquaviário

O Brasil possui um grande conjunto de bacias hidrográficas, onde a sua

maioria ultrapassa as suas fronteiras ou originam-se em outras nações. Além dos

rios o país possui uma grande extensão costeira banhada pelo oceano Atlântico o

que concede ao país um notável potencial de navegação. De acordo com Cecatto

(2002), o modal aquaviário é fundamental para promover e integrar o país interna e

externamente. Afinal, são oito bacias com 48 mil km de rios navegáveis, reunindo,

pelo menos, 16 hidrovias e 20 portos fluviais.

Mostrando-se como um modal de grande relevância para a indústria e a

logística brasileira, o transporte aquaviário não tem seu potencial devidamente

explorado. Sendo a intermodalidade sua principal influência no processo logístico,

gerando empregos, dinamizando a movimentação de cargas e consolidando o setor

de logística no mercado nacional.

Este modal apresenta a desvantagem da lentidão, mas por outro lado

consegue transportar uma maior quantidade de cargas com tamanhos variados.

Sendo as condições climáticas o que mais influência na sua disponibilidade, ou seja,

podendo atrasar a entrega das mercadorias ao cliente.

Conforme Ballou (1993), o serviço hidroviário tem sua abrangência limitada

por diversas razões. As hidrovias domésticas estão confinadas ao sistema

hidroviário interior, exigindo, portanto, que o usuário ou esteja localizado em suas

margens ou utilize outro modal de transporte, combinadamente. Além disso, o

39

transporte aquático é, em média, mais lento que a ferrovia. Disponibilidade e

confiabilidade são fortemente influenciadas pelas condições meteorológicas.

Sendo o transporte hidroviário utilizado em sua maioria para a

movimentação de cargas a granéis ou em contêineres, este tipo de transporte pode

ser abordado em três formas de navegação sendo elas: a cabotagem que é a

navegação realizada entre portos do país; a navegação de interior servindo como via

os rios; e a navegação de longo curso que se dá entre portos nacionais e

internacionais.

Nazário (2009), diz que o transporte aquaviário oferece custo fixo médio

(navios e equipamentos) e custo variável baixo (capacidade para transportar grande

quantidade de tonelagem). Sendo assim um transporte a se investir, pois requer

uma quantidade relativamente pequena de recurso financeiro em sua implantação e

operações.

Para o setor da logística, o transporte marítimo também significa

crescimento. É um mercado muito grande e praticamente virgem, se considerarmos

a magnitude do potencial brasileiro. Há muito que se fazer nos portos e nos elos de

ligação com o transporte rodoviário e ferroviário (CECATTO, 2002).

As mercadorias que chegam através das embarcações aquaviárias

normalmente não apresentam condições para serem entregues diretamente aos

clientes, devido as embalagens que utilizam (contêiner), ou não utilizam (a granel),

precisando então passar por procedimentos como embalagem, por exemplo, para

serem disponibilizados aos clientes, ficando então com o CD a função de realizar

estes procedimentos oferecendo assim, um maior dinamismo ao processo,

disponibilizando a mercadoria mais rapidamente ao cliente.

Modal dutoviário

O transporte dutoviário não é um meio de grande abrangência, ou seja,

atende a poucos setores da cadeia produtiva. Está vinculado principalmente dos

fluidos que ocorre em grandes quantidades, sendo a movimentação bastante lenta.

40

Porém a sua continuidade (opera 24 horas por dia e 7 dias por semana) compensa a

velocidade de movimentação.

O processo de implantação que envolve direito de acesso, construção e

requisitos para controle das estações o torna bastante oneroso. No entanto por não

possuir um custo com mão-de-obra de grande relevância, torna o seu custo de

operação relativamente baixo. Conforme Nazário (2009), o transporte dutoviário

possui custo fixo mais elevado (direitos de acesso, construção, requisito para

controles das estações e capacidade de bombeamento); e custo variável mais baixo

(nenhum custo com mão-de-obra de grande importância).

Segundo Ballou (1993), Até hoje, o transporte dutoviário oferece um rol

muito limitado de serviços e capacidades. Petróleo bruto e derivados são os

principais produtos que têm movimentação economicamente viável por dutos. Com

isso pode-se inferir que trata-se de um transporte para fins específicos, pois não

consegue atender a todos os setores da cadeia produtiva.

No caso dos dutos que transportam os gases é interessante a criação de

centrais de distribuição, tendo em vista que eles vem em canalizações principais e

precisam passar para ramais secundários até chegarem aos clientes.

3.1.3 Comparação entre as características operacionais dos diversos modais.

Para se escolher o modal certo para o transporte do produto que se deseja

entregar, deve-se observar as características operacionais relativas por modal de

transporte, para que ele venha a atender a contento as necessidades do cliente e ao

mesmo tempo possa trazer ganhos para as empresas. De acordo com Nazário (In:

Fleury et al. 2000), em relação aos modais, há cinco pontos importantes para se

classificar o melhor transporte: velocidade, disponibilidade, confiabilidade,

capacidade e freqüência. Tendo o quadro 6 uma apresentação da relação entre os

modais e mostrando como estas características se desempenham dentro de cada

um deles, mostrando de forma qualitativa o modal mais favorável a ser utilizado de

acordo com a necessidade.

41

QUADRO 06 – Características operacionais relativas por modal de transporte. Caracteristicas Operacionais Ferroviário Rodoviário Aquaviário Dutoviário Aeréo

Velocidade 3 2 4 5 1Disponibilidade 2 1 4 5 3Confiabilidade 3 2 4 1 5Capacidade 2 3 1 5 4Frequência 4 2 5 1 3Resultado 14 10 18 17 16 Fonte: Nazário (2009).

Tendo em vista os dados apresentados no quadro 6 percebe-se que o modal

rodoviário apresenta uma melhor eficiência em relação aos demais, visto que quanto

menor a pontuação melhor o desempenho do modal.

3.1.4 Multimodalidade

O Brasil começou a investir de forma mais intensa nos últimos anos no setor

de transportes, passando então por uma fase de transição onde a utilização de dois

ou mais modais começa a se tornar realidade na cadeia de suprimentos. Conforme

Nazário (2000), o sistema de transporte no Brasil, que ficou vários anos sem receber

investimentos significativos, está passando por um momento de transição no que diz

respeito às possibilidades de utilização de mais de um modal na movimentação de

cargas por toda cadeia de suprimentos.

Segundo Rodrigues (2003) o conceito de multimodalidade no Brasil foi

introduzido pela lei nº 6.288, de 11/12/75, complementada pelo Decreto nº 80.145,

de 15/08/77, ambos já revogados. A regulamentação definitiva para o transporte

multimodal no Brasil veio com a lei 9.611/98 regulamentada pelo Decreto nº 3.411,

de 12/04/2000, o qual cria a figura do Operador de Transporte Multimodal.

A multimodalidade pode ser conceituada como a integração entre os modais

com o uso de vários equipamentos. Segundo Keedi (2002), a multimodalidade é a

operação que se realiza pela utilização de mais de um modal de transporte. Isto quer

dizer transportar uma mercadoria do seu ponto de origem até a entrega no destino

final por modalidades diferentes.

42

Para que o processo de multimodalidade ocorra é necessário a existência de

um CD que possua características que atendam as necessidades dos modais

envolvidos, ou seja, a disponibilidade de infraestrutura e equipamentos que

possibilite a transbordo das mercadorias de maneira adequada e no menor tempo

possível.

3.1.5 Armazenagem

A Armazenagem almeja principalmente atender de forma hábil e eficaz o

mercado consumidor, sem que o produto oferecido não fique em déficit nas

prateleiras e que também não passem muito tempo armazenados no estoque.

Segundo Fleury (2009), A armazenagem, é uma das áreas mais tradicionais

da Logística, tem passado nos últimos anos por profundas transformações, por isso

exige uma nova abordagem gerencial. Com isso é preciso que se aborde os novos

sistemas de informação para viabilizar um bom gerenciamento da armazenagem,

facilitando assim a movimentação e separação das mercadorias dando novo

dinamismo a estocagem dos produtos.

De acordo com Lacerda (2009), o serviço de armazenagem deve oferecer

níveis de serviços cada vez mais altos em termos de disponibilidade de estoques e

tempo de atendimento, para atender de forma eficiente às metas estabelecidas de

nível de serviço dependerá da funcionalidade dessas instalações e da estrutura de

distribuição adotada pela empresa.

Uma das premissas dos serviços de armazenagem é oferecer serviços com

maior qualidade, devendo então elaborar-se um estudo sobre o estoque mínimo de

cada produto, ou seja, o tempo médio de saída desses produtos terá que ser maior

ou igual ao tempo médio de entrega da mercadoria pelo fornecedor. Se as

demandas pelos produtos da empresa forem conhecidas com exatidão e se as

mercadorias puderem ser fornecidas instantaneamente, teoricamente não há

necessidade para manter espaço físico para o estoque. Portanto, as empresas usam

estoques para melhorar a coordenação entre oferta e demanda e diminuir os custos

totais (Ballou, 1993).

43

3.1.6 Tecnologia de informação

Atrelado aos itens anteriores vem os sistemas de informação que atuam

como elos que ligam as atividades logísticas em um processo integrado. Neste

sentido, o uso da Tecnologia da Informação (TI) confere uma vantagem competitiva

para as empresas que desejam diferenciar no mercado em que atuam.

Segundo Porter (1989), a vantagem competitiva surge da maneira como as

empresas desempenham suas atividades dentro da cadeia de valor. Neste contexto,

a utilização da Logística associada à Tecnologia de Informação é significativa para

que as empresas alcancem o objetivo almejado, ou seja, maior competitividade.

Estas ferramentas têm potencial para auxiliar a organização a obter tanto vantagem

em custo e produtividade, como a vantagem em valor.

A informação sempre foi um elemento de vital importância nas operações

logísticas. Mas, atualmente, com as possibilidades oferecidas pela tecnologia, ela

está proporcionando a força motriz para a estratégia competitiva da logística. A

transferência e o gerenciamento eletrônico das informações permitem às empresas

reduzir seus custos mediante melhor coordenação. Além disso, possibilita também a

prestação de um serviço de maior qualidade, devido principalmente à melhoria de

oferta de informações aos clientes.

Segundo Fleury (2000), atualmente, três razões justificam a importância de

informações rápidas e precisas para sistemas logísticos eficazes. Em primeiro lugar,

os clientes percebem que informações sobre a situação do pedido, disponibilidade

de produtos, programação de entrega e faturas são elementos necessários do

serviço ao cliente. A segunda razão relacionase ao uso da informação para reduzir o

estoque e minimizar as incertezas em torno da demanda. Finalmente, a informação

aumenta a flexibilidade e permite identificar os recursos que podem ser utilizados

para que se obtenha uma vantagem estratégica.

44

4 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

O Centro de Distribuição (CD) oferece como principal objetivo garantir o

gerenciamento de produtos, assegurando que eles sejam entregues de maneira

rápida e eficaz, reduzindo custos e desperdícios. De acordo com a Associação

Brasileira de Logística (Aslog), o CD é um armazém que tem por objetivo realizar a

gestão dos estoques de mercadorias na distribuição física. A figura abaixo mostra

um panorama geral de um CD.

Figura 02 – Perspectiva de um CD.

Fonte: www.progem.com.br, 2010.

O aumento da competitividade tem feito com que as empresas busquem

diferenciais para continuarem inseridas no mercado, o CD tem sido um forte aliado

neste processo de recebimento, estocagem, separação de pedidos, embalagem e

expedição conseguindo assim, reduzir os custos em logística. O CD constitui um dos

mais importantes e dinâmicos elos da cadeia de abastecimento, podendo ser

conceituado como um armazém cuja missão consiste em gerenciar o fluxo de

materiais e informações, consolidando estoques e processando pedidos para a

distribuição física (IMAM, 2002).

Segundo Hill (2003), os centros de distribuição são projetados para colocar

produtos em movimento, e não apenas para armazená-los. Tendo o CD como uma

45

de suas características receber um grande volume de produtos de várias fábricas e

fornecedores no intuito de atender com eficiência os pedidos de clientes regionais

além de melhorar o tempo de entrega. Ainda segundo Sakaguti (2007), para melhor

funcionalidade deste processo são usados caminhões que se posicionam em áreas

próprias tanto para o recebimento de mercadorias vindas de outros pontos de

fabricação, quanto para a expedição dos produtos armazenados no CD.

A implantação de um Centro de Distribuição pode racionalizar os níveis de

estoques contribuindo para a redução do custo logístico total, pois o estoque

centralizado permite acompanhar melhor a quantidade de cada mercadoria e

controlar as necessidades de reabastecimento (SANTOS, 2006). Pode se inferir

então que com a centralização dos produtos e aplicação dos processos logísticos,

será conseguido um nível de eficiência na movimentação e estocagem das

mercadorias.

Para que um CD funcione adequadamente é necessária a realização de um

planejamento do sistema de distribuição que será implantado para os produtos que

serão movimentados no CD, visando tornar o processo mais dinâmico. Portanto

esses sistemas terão uma abordagem mais detalhada a seguir.

4.1 ESTRUTURA DE DISTRIBUIÇÃO

Um questionamento que sempre ocorre quando se fala de gerenciamento

logístico é de que maneira se fará a estruturação dos sistemas de distribuição para

que possa, de forma econômica, atender os mercados que se encontram distantes

das fontes de distribuição, oferecendo serviços cada vez melhores em termo de

disponibilidade de estoque e habilidade no atendimento.

Inserido nessa realidade, direciona-se as atenções para as instalações de

armazenagem e de que maneira elas podem ajudar na prestação de um serviço

eficaz ao cliente. De acordo com Lacerda (2000), a funcionalidade destas

instalações dependerá da estrutura de distribuição adotada pela empresa.

Segundo Garnier (2002), os sistemas de distribuição física, podem ser

46

classificados em: seqüenciais, diretos ou mistos.

Os sistemas seqüenciais tem como principal característica o alto volume de

atividades que não agrega valores nos processos fabril e de fornecimento. Em sua

maioria são projetados para tirar partido de consolidação, evitar faltas e oferecer

pronta entrega aos clientes (GARNEIR, 2002). Lacerda (2000) acrescenta que uma

rede de distribuição escalonada típica possui um ou mais armazéns centrais e um

conjunto de armazéns ou centros de distribuição avançados próximos das áreas de

mercado.

Os sistemas diretos são sistemas de distribuição onde os produtos são

expedidos de um ou mais armazéns centrais diretamente para os clientes

(GARNIER, 2002). Os sistemas mistos são sistemas de distribuição onde a empresa

utiliza tanto o sistema seqüencial como direto.

A maioria das grandes redes logísticas tem investido na utilização de CD’s,

sendo estes típicos dos sistemas de distribuição sequencial, ou seja, o estoque é

disponibilizado em vários pontos de uma cadeia de suprimentos. Para prover

utilidade no tempo, avançam-se os estoques para um ponto próximo aos clientes e

os pedidos são então atendidos por este centro avançado, a partir do seu próprio

estoque (LACERDA, 2000). Segundo Pizzolato & Pinho (2003), cada empresa deve

analisar a conveniência de se ter poucos ou muitos depósitos, ou seja, centralizar

versus descentralizar a distribuição, em contraposição aos custos resultantes e à

qualidade do serviço oferecido ao cliente.

A disponibilidade de estoques em vários pontos, típicos do sistema

sequencial, desencadeia no aumento da disponibilidade de estoque para atender

melhor as solicitações dos consumidores, vindo então o seu gerenciamento torna-se

mais trabalhoso. A incerteza gerada pela divisão da demanda, em virtude dos

costumes regionais, torna o gerenciamento dos produtos dos CD’s vulneráveis as

faltas no estoque. Lacerda (2000), afirma que o objetivo inicial de prover rápido

atendimento e alta disponibilidade pode ser prejudicado pela ocorrência de pedidos

incompletos. Além do risco da falta de estoque, são maiores também os riscos de

obsolescência em função da estratégia adotada de antecipação de demanda.

47

Os CD’s atualmente são considerados como um setor estratégico dentro das

empresas dentre outros motivos por possibilitar um atendimento mais rápido ao

cliente conquistando assim a sua fidelidade, e porque em um país de dimensões

continentais como o Brasil as empresas que almejam uma cobertura de serviços

nacional precisam ter pontos de apoio localizados estrategicamente para garantir a

entrega dos produtos. Por esses motivos segundo Almeida (2004), os CDs saíram

do papel secundário que tinham até então e passaram a fazer parte da estratégia

logística das empresas nacionais.

A grande otimização oferecida pelos CD’s está ligada principalmente a

atribuir aos seus clientes atenção e qualificação na mediação dos seus serviços.

Concomitantemente a esta prestação de serviço oferecida pelos CD’s, a agilidade, a

minimização dos custos e uma crescente de pedidos colocará os processos

logísticos de uma empresa num nível de competitividade necessário para sua

notória participação no mercado.

Conforme Moura (2000), a principal finalidade dos CDs consiste em oferecer

melhores níveis de serviço ao cliente, através da redução do lead time (tempo de

ressuprimento) pela disponibilidade dos produtos o mais próximo do ponto de venda,

na localização geográfica junto ao principal mercado consumidor, oferecendo

condições para agilizar o atendimento dos pedidos. Assim haverá um aumento na

quantidade de pedidos, diminuindo o volume de estoque, reduzindo desta forma o

custo total com logística e melhorando o nível de serviço, elevando a empresa

contratante do serviço a um novo patamar de competitividade, proporcionando

então, que a mesma consiga uma maior participação no mercado (aumento de

market share).

Ainda afirma Hill (2003), que os principais fatores que levam ao uso dos

Centros de Distribuição são basicamente:

Redução do lead time (tempo de ressuprimento);

Desempenho nas entregas;

Localização geográfica;

Melhoria no nível de serviço;

48

Redução dos custos logísticos;

Aumento do market share (fatia do mercado);

Novo patamar de competitividade.

4.2 LOCALIZAÇÃO

Segundo Lacerda (2000), o objetivo principal dos CDs é permitir uma

resposta rápida às necessidades dos clientes de determinada área geográfica,

normalmente distante dos centros produtores, e com isso melhorar o nível de serviço

prestado. Logo, a localização do CD próximo ao seu mercado consumidor vem a

beneficiar a distribuição física dos produtos, já que diminui as distâncias, aumenta o

volume de entregas e consegue uma maior taxa de ocupação do veiculo, vindo a

otimizar tempo e custo.

Os CD’s são pólos geradores de cargas, devendo então ser implantados em

uma localização com fácil acesso e deve possuir uma infra-estrutura que acomode

adequadamente os produtos a serem armazenados. De acordo com Gurgel (2000),

sua localização é de extrema importância tanto para a velocidade da operação como

para a qualidade do serviço prestado. Já a infra-estrutura estará associada

diretamente com a qualidade do serviço prestado, visto que determinados produtos

precisam de armazenagem especial, como por exemplo produtos refrigerados.

Ainda para Lacerda (2000), a localização dos CD’s além de melhorar o nível

de atendimento, permite uma redução no custo de transporte, já que operam muitas

vezes como consolidadores de cargas. Sendo então o CD utilizado por vários

fornecedores permitindo assim, a realização de transferências das fábricas com o

CD de cargas consolidada, sendo este mesmo procedimento utilizado para atender

os clientes efetuando a consolidação de pedidos de fornecedores diversos,

reduzindo assim o custo do transporte e o tempo de operação.

As empresas tem buscado de forma incessante a redução de etapas no

processo de distribuição, o que vai gerar uma redução dos estoques, ou seja, os

produtos vão passar menos tempo no canal de distribuição. Segundo Pozo (2004),

outra ação que tem ajudado a reduzir os custos é a utilização do cross-docking, em

49

que os produtos são descarregados dos caminhões que chegam e carregados

diretamente nos caminhões que irão sair, sem necessidade de usar estoque. Com a

utilização do cross-docking necessita-se apenas de um espaço adequado para

realizar a transferência dos produtos de um caminhão para o outro.

As principais atividades em um CD, segundo a Aslog, englobam:

recebimento, movimentação, armazenagem, seleção de pedidos, expedição. A

figura 3 representa as atividades normalmente desempenhadas em um CD.

FIGURA 03 – Funções básicas de um CD.

Fonte: Revista Log & Mam, 2002 – Adaptado pelo autor.

4.3 RECEBIMENTO

O início das atividades em um CD se dá através do recebimento das

mercadorias, estando incluso também a aceitação ou não dos produtos. De acordo

com Moura (1997), Durante o recebimento devem ser conferidas as quantidades e a

qualidade dos produtos entregues pelos fornecedores e a nota fiscal dentre outros

itens. Qualquer diferença entre o solicitado e o entregue deve ser sinalizado neste

momento, antes dos produtos entrarem propriamente no CD. Embalagens

danificadas deverão também ser percebidas e comunicadas ainda durante o

50

processo de recebimento.

Moura (1998), considera que na maioria das organizações o recebimento é

uma atividade não valorizada, sendo portanto, o portão de entrada da ineficiência ou

baixa produtividade. Apesar das novas tecnologias encontra-se ainda em CD’s

modernos procedimentos de recebimentos realizados de forma arcaica, ou seja,

descarga manual sem planejamento de fluxo, ocorrendo na lentidão do

processamento, atrasando assim as etapas posteriores. O processo de recebimento

de mercadorias inicialmente se divide em dois, o primeiro sendo a ação física, que

resulta na recepção do veiculo, e o segundo seria o sistema de informação que tem

a função de analisar a aceitação ou não da carga. A Figura 4 demonstra o fluxo de

informações no processo de recebimento:

FIGURA 04 – Fluxo de informações no processo de recebimento.

Fonte: Moura, 2005 – Adaptado pelo autor.

Ao propor uma análise do fluxo de materiais no recebimento, Moura (1998),

51

sugere que os métodos de descarga devem ser padronizados para cada tipo de

carga além de se fazer uma avaliação das cargas de acordo com suas

características, observando o tipo de embalagem das cargas (caixas de madeira,

papelão, tambores, paletes); as quantidades de cada tipo de carga que serão

recebidas; o tamanho das embalagens; o peso das cargas/movimento; as

peculiaridades de cada tipo de carga; o número de recebimento por período; o

número de recebimento por tipo de veículo; os métodos de descarga e o tempo

necessário para descarga.

Neste processo deve se fazer também uma avaliação das atividades de

abertura das caixas ou volumes para conferência qualitativa e quantitativa,

permitindo o desenvolvimento de planos para reduzir essas atividades, além de

avaliar a documentação (recebida e emitida) durante o recebimento e o

desenvolvimento de planos para reduzi-la. A mecanização das operações de

descarga é outro ponto a ser observado, não esquecendo dos horários programados

para recebimento de cargas e o planejamento para movimentação de cargas

diretamente do ponto de recebimento para o ponto de estocagem.

O recebimento inclui, portanto, todas as atividades envolvidas na recepção

dos materiais, cujo objetivo principal para Moura (1997), geralmente envolve:

Controle e programação das entregas para evitar que a entrega atrase com o

produto já disponível em estoque;

Obtenção e processamento de todas as informações para que a armazenagem

possa identificara necessidade de estocagem especial, localização do

estoque existente, considerações de estocagem FIFO (First In - First Out),

primeiro a entrar, primeiro a sair.

Análise de documentos para subsidiar planejamento;

Programação e controle para manter a operação balanceada;

Sinalização que permita facilitar a descarga e evitar demora; e

Coordenação do processo burocrático envolvido na inspeção de materiais com

o trabalho físico de descarga.

52

4.4 MOVIMENTAÇÃO

De acordo com Bowersox & Closs (2001), a movimentação é realizada após

o recebimento dos produtos, sendo sua primeira atividade a descarga dos veículos.

A movimentação dentro de um CD pode ser realizada de duas maneiras:

transferência é o procedimento que consiste em transferir os produtos do local de

recebimento para o estoque, e separação que se dá de maneira contraria, ou seja, o

material é retirado do estoque e levado para a área de consolidação dos pedidos. O

processo poderá ser realizado com o uso da força física humana, ou através de

equipamentos. Segundo Moura (1997), a classificação dos equipamentos de

movimentação de materiais segue uma generalização geométrica e funcional,

incluindo inclusive dispositivos para carga, descarga e manuseio, tais como:

Transportadores – Correias, correntes, fitas metálicas, roletes, rodízios, roscas

e vibratórios;

Guindastes, talhas e elevadores – Guindastes fixos e móveis, pontes rolantes,

talhas, guinchos, monovias, elevadores, etc.;

Veículos industriais – Carrinhos de todos os tipos, tratores, trailers e veículos

especiais para transporte a granel;

Equipamento de posicionamento, pesagem e controle – Plataformas fixas e

móveis, rampas, equipamentos de transferência; e

Containers e estruturas de suporte - Vasos, tanques, suportes e plataformas,

estrados, paletes, suportes para bobinas e equipamento auxiliar de

embalagem.

Para Ballou (1993), dado à grande variedade de equipamentos de

movimentação de materiais, considera que agrupá-los pelos tipos mais comuns

permite um melhor entendimento. Sendo então agrupados da seguinte maneira:

Empilhadeiras e pequenos veículos. Meios mecânicos para movimentar

materiais, evitando operações manuais lentas e cansativas. Variam desde

pequenas plataformas manuais até pequenos tratores;

53

FIGURA 05 – Empilhadeira

Fonte: www.epepilhadeiras.com.br, (2010). Transportadores e Esteiras. Meios de uso mais freqüentes para movimentar

materiais. São particularmente interessantes no movimento de grandes

quantidades ao longo de uma mesma rota; e

FIGURA 06 – Esteira transportadora

Fonte: www.nortesulequipamentos.com.br, 2010.

Guinchos, pontes rolantes e pórticos. Equipamentos que geralmente operam

sobre as áreas de armazenagem, não necessitando do uso de corredores

54

movimentar cargas extremamente pesadas com agilidade e segurança.

FIGURA 07 – Ponte rolante

Fonte: www.cursodeponterolante.com.br, 2010.

Transelevadores. Máquinas concebidas para trabalhar em corredores mais

estreitos e com alturas superiores a 30 metros. A sua velocidade de

deslocação, tanto na horizontal como na vertical, assim como o seu

funcionamento automático, permitem triplicar a capacidade de manipulação e

extração das mercadorias.

FIGURA 08 – Transelevador.

Fonte: www.winkel.de/es/productos/sistemas-de-elevacion/transelevador, 2010.

55

4.5 ARMAZENAGEM

O processo de armazenagem acontece desde que o homem percebeu a

necessidade de estocar parte do que era produzido para suprir suas necessidades

nos períodos de escassez. Afirma Rodrigues (2007), que a armazenagem foi

estabelecida no exato momento em que o ser humano primitivo descobriu que podia

guardar para uso futuro os produtos excedentes às suas necessidades atuais, ou

ainda para permutá-los com outros produtos dos quais não dispunha.

Tendo assim um melhor aproveitamento dos excedentes utilizando as

práticas de armazenamento, que permitiam o abastecimento em períodos futuros

onde o produto estava escasso, além de estimular a troca por outros produtos que

se tinha necessidade.

Com o passar do tempo o armazenagem deixou de ser vista apenas como o

procedimento de guardar mercadorias e ganhou força dentro do processo logístico.

De acordo com Rodrigues (2007), pode-se definir armazenagem como a gestão

econômica do espaço necessário para manter estoques de mercadorias

pertencentes a terceiros englobando todas as funções de localização,

dimensionamento de área, arranjo físico, recuperação do estoque, projeto de docas

ou baías de atracação e a configuração do armazém.

A atividade de armazenagem é de suma importância na organização do CD,

proporcionando que a sua produtividade operacional seja otimizada. A correta

armazenagem, ou seja, a colocação adequada dos produtos em seus respectivos

lugares, respeitando suas características físicas, assim como a utilização de um

sistema de armazenagem adequado, pode possibilitar uma boa utilização do

espaço, boa utilização dos recursos operacionais, além de otimização no tempo da

mão-de-obra para localizar os pedidos/ produtos no interior do armazém, dentre

outros benefícios (Calazans, 2001).

Os armazéns terão sua configuração de acordo com o tipo de armazenagem

que se pretende fazer no mesmo, ou seja, as mercadorias que serão estocadas.

Sendo assim, os armazéns podem ser classificados como gerais, refrigerados,

56

alfandegados, commodities especiais e de móveis e utensílios domésticos. Cada um

destes diferenciam-se na tecnologia de armazenagem e no manuseio que será

empregado.

Depósitos gerais são projetados para manusear todo tipo de mercadorias

embaladas. Depósitos refrigerados, de ambiente congelado ou de temperatura

intermediária manuseiam e armazenam alimentos, medicamentos e produtos

químicos que exigem baixa temperatura. Depósitos especiais para commodities são

projetados para manusear grandes volumes ou itens que exigem condições

especiais de manuseio, como pneus ou roupas.

Depósitos alfandegados são licenciados pelo governo para armazenar

mercadorias antes do pagamento de impostos ou direitos alfandegários. Exercem

forte controle sobre todas as movimentações de saída e de entrada de mercadorias,

pois exigem preenchimento de documentos legais para cada movimentação.

Finalmente, os depósitos de móveis e de utensílios domésticos são

projetados para manusear e armazenar itens volumosos, de difícil arrumação.

Os procedimentos de armazenagem, manuseio e controle das mercadorias

são essenciais no sistema logístico de um CD, tendo em vista que seus custos são

responsáveis por uma fatia considerável dos gastos totais em logística. Pozo (2004)

afirma que seus custos podem absorver de 10 a 40% das despesas logísticas de

uma empresa. Ao contrário do sistema de transporte, que ocorre entre locais e

tempos diferentes, a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem, na

grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas. Além desse fato, os

estoques podem servir como redutor dos custos de transportes.

Segundo Ballou (2001), a armazenagem de estoques pode conduzir a

custos de transporte mais baixos através do embarque de quantidades maiores e

mais econômicas. A questão é usar apenas armazenagem suficiente de forma que

um bom equilíbrio econômico entre os custos de armazenagem, produção e

transporte possa ser alcançado.

57

4.5.1 Alternativas de Armazenagens.

Os armazéns podem ser próprios, públicos ou contratados (Bowersox

&Closs, 2001) e Ballou (1993), completa dizendo que cada alternativa oferece

diferentes níveis de custo, risco e envolvimento gerencial.

Afirma Ballou (2009), que a maioria das indústrias e empresas de serviços

possui seu próprio espaço físico para armazenagem, afim de evitar custos com

aluguéis, obter maior controle sobre as operações de armazenagem e manter o alto

nível do serviço. Tendo assim as empresas autonomia nas tomadas de decisões e

maior flexibilidade para adequar o espaço de acordo com as suas necessidades.

Os depósitos próprios são tidos como mais econômicos que os públicos já

que não tem a computação sobre seu custo a margem de lucro, tendo assim custos

fixos e variáveis mais baixos. Entretanto esta conclusão pode está equivocada, uma

vez que os depósitos públicos normalmente atingem níveis de eficiência maiores e

praticam salários mais baixos. De acordo com Bowersox (2001), o importante é

proceder a avaliações precisas do total de custos envolvidos, antes de tomar uma

decisão sobre a estratégia a ser adotada.

Os depósitos privados exigem que a empresa aplique um grande montante

de capital, diferente dos públicos onde o investimento é feito por terceiros, além de

conseguir um maior nível de eficiência. Segundo Meneses (2009), a utilização de

armazéns privados esta em declínio, devido ao interesse crescente das empresas

usuárias em reduzir seus ativos logísticos e a maior competitividade dos armazéns

públicos.

De acordo com Bowersox & Closs (2009), O uso de depósitos públicos é

intensamente adotado em sistemas logísticos. Uma vez que oferece a empresa uma

maior flexibilidade financeira com um nível de profissionalização e habilidades

operacionais e de gerenciamento, pois são especializados no processo de

armazenagem.

Os depósitos públicos conseguem ofertar aos seus clientes uma flexibilidade

58

de localização, de tamanho e quantidade de depósito, além de conseguir a

diminuição dos custos com transporte, uma vez existe a possibilidade de consolidar

cargas de vários clientes, porém nem sempre conseguem atender aos produtos que

necessitam de uma acomodação especial. Segundo Dias & Luís (2009), este tipo de

armazém possui vantagens como a não necessidade de se fazer um investimento

fixo; capacidade de ajustar a dimensão disponível (sazonalidade) e flexibilidade

estrutural (localização, dimensão e tecnologia) e desvantagens por ter falhas na

comunicação; falta de serviços especializados, etc.

Devido à exigência cada vez maior de atender melhor ao cliente visto a

competitividade ascendente do mercado, surge um terceiro tipo de CD (depósitos

contratados) que proporciona a união das melhores características dos depósitos

citados anteriormente. Segundo Bowersox & Closs (2004), os depósitos contratados

combinam as melhores características da armazenagem pública e da armazenagem

própria.

Este tipo de CD pode proporcionar vantagens de especialização,

flexibilidade e economia de escala, por compartilhar em recurso de gerenciamento,

mão-de-obra, equipamento e informação, com muitos clientes. Estando esses então,

hoje, diversificando a quantidade de serviços oferecidos nas diferentes áreas da

logística como transporte, controle de estoque, pedidos, processamento de

devoluções, além de atendimento ao cliente. Sendo então capazes de assumir o

gerenciamento total da logística para as empresas que buscam focar-se apenas na

produção e vendas.

4.6 EXPEDIÇÃO

A expedição é o último procedimento que as mercadorias passam dentro de

um CD, nesta etapa são realizadas atividades como: verificação dos pedidos e das

notas fiscais, a conformidade dos produtos, emissão de documentos de expedição,

pesagem do carregamento para determinar o valor do frete, etc. Necessárias para

liberação dos produtos. De acordo com Rodrigues & Pizzolato (2003), A expedição

consiste, basicamente, na verificação e carregamento dos materiais nos veículos,

envolvendo procedimentos como conferência, preparação de documentos, pesagem

59

da carga e determinação do custo do transporte.

Para Bowersox & Closs (2001), assim como o recebimento, a expedição

também é realizada na maioria das vezes de forma manual. A embalagem mais uma

vez apresenta importante papel na expedição, já que cargas unitizadas reduzem o

tempo de carregamento do veículo.

A carga geral ou solta, inclui os volumes de carga acondicionados sob

dimensões e formas diversas, ou seja: sacaria, fardos, caixas de papelão e madeira,

engradados, tambores etc. Não permite obter índices mais elevados de

produtividade nas operações de carga e descarga, obrigando a realizar a operação

manualmente.

A unitização corresponde à transformação de mercadorias com dimensões

menores em uma única unidade com dimensões padronizadas, o que facilita as

operações de armazenagem e movimentação da carga sob a forma mecanizada. Há

vários tipos de unitização, sendo o palete uma das formas mais utilizadas e o

conteiner o sistema mais avançado.

Paletes são plataformas de madeira, com dimensões padronizadas,

sustentadas por pés ou vigas de madeira, nas quais as mercadorias são

empilhadas. A altura dos paletes deve ser tal, de modo a permitir a entrada de garfo

de empilhadeira mas também não deve ser excessiva para não roubar espaço nos

compartimentos de carga. Geralmente possuem (1,00x1,00)m ou (1,00x1,20)m,

embora esta última seja a preferida, devido ao maior número de combinações

possíveis para a arrumação da carga.

O contêiner, que segue o padrão internacional estabelecido pela ISO, é um

equipamento de transporte, e não apenas uma forma de acondicionamento de

carga, tendo em vista que é parte integrante das unidades de transporte quer sejam:

vagões ferroviários, veículos rodoviários ou navios. Possuem as seguintes

características: de natureza permanente, e, desta forma, resistente o bastante para

permitir utilização repetida, projetado especialmente para facilitar o transporte de

mercadorias por uma ou mais modalidades de transporte, sem recarregamentos

60

intermediários, equipado com dispositivos que permitem sua pronta movimentação,

particularmente sua transferência de uma modalidade de transporte a outra,

projetado de forma a ser facilmente enchido e esvaziado.

O estudo dos aspectos relativos à construção do contêiner foi iniciado pela

ISO já em 1961, de modo a determinar padrões internacionais para contêineres de

carga. Estes devem ser construídos de tal forma que possam ser transferidos de um

meio de transporte para outro, de modo a permitir a automatização de sua

movimentação, assim como a compatibilidade entre os sistemas de transporte

nacional e internacional de contêineres.

A determinação de padrões de desempenho, a serem atendidos na

fabricação de contêineres, possibilitou a cada elemento integrante da rede de

transporte e distribuição (compreendendo companhias de navegação, ferrovias,

empresas de transporte rodoviário, embarcadores, operadores de portos e terminais)

tornar-se capaz de desenvolver equipamentos de movimentação, veículos de

transporte e demais dispositivos necessários para um sistema de transporte

totalmente integrado, capaz de propiciar a movimentação direta das unidades da

origem ao destino.

Para Calazans (2001), existem alguns fatores que podem minimizar o grau

de eficiência da operação de expedição. Sendo eles:

Atrasos de transportadoras, gerando acúmulo na área de expedição;

Quebra de sincronia entre os processos de recebimento e expedição nas

operações de cross-docking. Com isso, a área de expedição pode-se

transformar em área de estocagem, dificultando a operação de expedição em

si;

Criação de procedimentos complexos e detalhistas de conferência, diminuindo

a velocidade do fluxo de expedição;

Picos de demanda não planejados em relação ao processo de expedição.

61

4.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Todo elemento da cadeia de suprimentos apresenta aspectos vantajosos e

desvantajosos, com o CD não poderia ser diferente, sendo então necessário avaliar

criteriosamente a viabilidade de implantação de um centro de distribuição para cada

localidade. O quadro 7 mostra algumas vantagens e desvantagens de um CD.

Quadro 07 – Vantagens e Desvantagens na utilização de um CD.

VANTAGENS

Melhoria nos níveis de serviço em função de reduções no tempo e no desempenho das entregas ao cliente

Redução nos gastos com transporte de distribuição

Facilita a gestão de materiais

Tende a melhorar o nível de serviço e o atendimento de pedidos completos isentos de danos, avarias e não conformidades

Reduz custos de armazenagem

Melhora o marketing

Reduz a burocracia

Reduz custos de controle

Reduz custos de comunicação

Aumenta a produtividade

DESVANTAGENS

Aumento nos custos de manutenção de estoques em função de aumentos nos níveis de estoque de segurança necessários para proteger cada armazém contra incertezas da demanda

Menor segurança física dos materiais

Menor flexibilidade de rotas

Diminui a proximidade com o cliente

Um fator relevante na implantação do CD é o impacto que trará na

62

diminuição do fluxo de tráfego de grandes caminhões no centro urbano, uma vez

que, estes se deslocaram diretamente para o CD e as mercadorias serão entregues

em caminhões menores, minimizando assim, os problemas com congestionamento,

poluição ambiental, acidentes que são onerosos para o poder público, etc. Outro

ponto é a infraestrutura das vias que passaram a ter uma vida útil maior, já que,

normalmente não são projetadas para suportar o tráfego de veículos muito pesados.

Todos esses pontos citados mostram quanto à implantação de um CD pode

viabilizar o processo logístico. Lembrando que só a infra-estrutura física não é

suficiente para se apresentar um bom nível de eficiencia, sendo necessário ainda,

investir em equipamentos adequados, tecnologia de informação e principalmente na

qualificação de funcionários.

Assim, a logística vem a ser o último recurso na busca de vantagem

competitiva real, vindo reforçar com o uso do Centro de Distribuição para possibilitar

a entrada em novos mercados, aumentando desta forma, a sua cota de participação

e possibilitando a conquista de uma posição sustentável, ou seja, a participação em

um mercado cada vez mais concorrido, exigente e sincronizado com os anseios de

seus clientes, reforçando desta forma a importância da implantação de um CD que

dentre outros fatores também auxilia na formação de uma nova estrutura da cadeia

de suprimentos a ser criada ou fortalecimento a que já existe.

Atualmente o procedimento de armazenagem realizado pela maioria das

empresas de Feira de Santana, é inadequado aos produtos, tendo em vista o alto

investimento que elas teriam que realizar em infraestrutura, equipamentos e

qualificação da mão de obra. Tendo a cidade hoje, várias empresas atacadistas e

distribuidoras, a implantação de um CD traria para as mesmas um maior nível de

competitividade, porque conseguiriam investir em novas técnicas de armazenagem e

distribuição com um custo reduzido, já que este seria dividido por todas empresas

envolvidas no processo.

A distribuição das mercadorias, principalmente para microregião, é um fator

que demonstra a necessidade de implantação de um CD em Feira, visto que as

empresas muitas vezes deslocam veículos para atender apenas um cliente,

63

tornando assim o custo com transporte muito elevado uma vez que o caminhão fica

com boa parte da sua capacidade de carga ociosa. O CD pode proporcionar que

uma empresa junte sua carga com de outras empresas, com o mesmo destino

diminuindo assim o valor do por tonelada transportada e assim o custo de retorno é

bem menor.

64

5 CONCLUSÃO

Analisando as informações estudadas neste trabalho que inclui o grande

fluxo de bens de consumo e duráveis, considerando a sua localização privilegiada é

possível concluir que a cidade de Feira de Santana tem potencialidades para

viabilizar a implantação de um Centro de Distribuição.

E esta implantação a médio prazo trará grandes efeitos multiplicadores

benéficos para a economia regional, destacando-se o surgimento de novos

investimentos, a geração de empregos, novas empresas, arrecadação e tributos,

assim Feira de Santana deverá buscar a implementação de práticas estratégicas de

desenvolvimento para fixação de atividades logísticas a fim de expandir os fluxos

nacionais e internacionais de mercadorias, acompanhando as novas tendências da

economia centrado no novo modelo de flexibilidade e competitividade.

A implantação de um CD trás consigo um crescimento marginal do fluxo de

veículos, movimentando uma quantidade gigantesca de mercadorias e serviços

gerando milhares de empregos diretos e indiretos, além de atrair uma enorme

variedade de atividades complementares associadas aos processos logísticos, o que

transforma o Centro de Distribuição, de fato, em uma ferramenta determinante para

auxiliar o desenvolvimento regional e por extensão, contribuir como um elemento

central de novas estratégicas territoriais.

A localização é um fator determinante para implantação de um CD, sendo

assim, Feira de Santana com sua situação privilegiada e articulada com mais de 35

municípios e a capital do estado apresenta-se como uma cidade em potencial para

instalação de um Centro de Distribuição de médio para grande porte, visto que

possui um privilegiado posicionamento geográfico, além de ser um entroncamento

rodoviário de notoriedade nacional, tendo em vista que a maior parte das

mercadorias vindas do sul e sudeste do país passam por Feira de Santana, da

mesma forma que, os produtos oriundos da região nordeste com destino a outras

regiões.

Outro fator de grande relevância para se implantar um CD é a influência que

65

a cidade exerce sobre a sua microrregião composta de 23 municípios e uma

população de quase um milhão de habitantes (IBGE, 2007), além do papel que

desempenha como capital regional de transições comerciais e de distribuição, vindo

então, a convergir com uma população de mais de três milhões de habitantes

aproximadamente, ou seja, possui um grande mercado consumidor já que as os

minicípios onde exerce influência tem características de produtores de bens

primários de origem rural e grandes demandadores de bens de consumo não

duráveis, e vindo suprir suas necessidades de mercadorias e serviços.

Assim, a implantação de um Centro de Distribuição em Feira de Santana,

proporcionará o desenvolvimento da logística na região, aumentando a importância

do município no estado e tornando-o desta forma, mais atrativo para novos

investimentos e formando um aglomerado de negócios e oportunidades

empresariais.

As intervenções dos governos Estadual e Municipal poderão fomentar

parcerias, para trazer novos investimentos em infraestrutura de logística, sendo o

CD, uma fonte de atração de empresas que poderão se instalar no CD ou próximo a

ele, vinda a usufruir dos benefícios da logística.

A participação do governo será proporcionar um ambiente propício à

competitividade, estimulando a busca de novas tecnologias e métodos avançados

para compor parcerias para investimentos com o intuito de melhorar a infraestrutura

de movimentação, armazenagem, transportes e distribuição de produtos e serviços.

Durante a realização desta pesquisa para concretizar este estudo, foi

detectado a intenção por parte do Governo do Estado em incentivar juntamente com

a Prefeitura Municipal de Feira de Santana, a instalação de um CD, com localização

provável nas proximidades do cruzamento entre as BR 324 com a BR 101, conforme

desmostra a figura 8 a seguir.

66

FIGURA 09 – Provável localização do novo CD.

Fonte: Vetec engenharia (2010).

O estudo em fase adiantada e já foi discutido com vários segmentos

empresariais local, deverá ter como escopo do projeto, de acordo com Vetec

engenharia (2010), abranger serviço de apoio que está segmentado nos seguintes

atributos:

a) Vias de acesso com equipamentos de pesagem e medição de carga

envolvendo as vias internas de movimentação de veículos.

b) Equipamentos de uso comum para movimentação interna de cargas.

c) Realização de serviço aduaneiro através de uma Estação Aduaneira do interior

(EADI), facilitando a exportação e importação de produtos.

d) Linha férrea interna interligada a uma linha já existente, sendo então

necessária a construção de um ramal.

e) Sendo também disponibilizada toda infraestrutura básica (água, luz,

esgoto,etc.), além de área de arrendamento, prestação de serviço e uma

administração central para gerir e organizar todos os procedimentos internos.

A figura 9 representa uma concepção das instalações que seriam

disponibilizadas no CD.

67

Figura 10 – Concepção e desenho funcional.

Fonte: Vetec engenharia (2010).

Sendo então feita uma projeção de possibilidades para utilização destas

áreas conforme figura 10, demonstrando uma possibilidade para implantação do

empreendimento em estudo de acordo com a equipe de profissionais da Vetec.

Figura 11 – Uso de áreas do CD.

Fonte: Vetec engenharia (2010).

O interesse por parte do poder público em estudar a viabilidade de

68

implantação de um CD em Feira de Santana, só vem a ratificar o potencial da cidade

para receber este tipo de investimento.

Fica como sugestão para trabalhos futuros o desenvolvimento de estudo de

campo para obtenção de dados no intuito de reiterar este trabalho de forma

analítica.

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6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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