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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI ANTONIO LUIZ ARCA SEDA E JOSÉ HENRIQUE DOS SANTOS JÚNIOR ATERRO SANITÁRIO SIMPLIFICADO: PROPOSTA DE ADAPTAÇÕES DO MODELO DA CONDER, PARA OS MUNICÍPIOS DE ALCOBAÇA E CARAVELAS/BA. Salvador - Bahia 2004

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH

CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE

NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL –

SENAI

ANTONIO LUIZ ARCA SEDA E JOSÉ HENRIQUE DOS SANTOS JÚNIOR

ATERRO SANITÁRIO SIMPLIFICADO: PROPOSTA DE ADAPTAÇÕES DO MODELO DA CONDER, PARA OS

MUNICÍPIOS DE ALCOBAÇA E CARAVELAS/BA.

Salvador - Bahia 2004

1

ANTONIO LUIZ ARCA SEDA

JOSÉ HENRIQUE DOS SANTOS JÚNIOR

ATERRO SANITÁRIO SIMPLIFICADO: PROPOSTA DE ADAPTAÇÕES DO MODELO DA CONDER, PARA OS

MUNICÍPIOS DE ALCOBAÇA E CARAVELAS/BA.

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão Ambiental Municipal da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como requisito para a obtenção do Grau de Especialista.

Orientadora: Prof. Msc Rita de Cássia Góes Cardoso.

Salvador - Bahia 2004

2

A nossos familiares, que relevaram pacientemente mais esta etapa de nossas vidas. Em especial, a nossas esposas, Ana Lúcia e Andréa Muraro e a nossos filhos, Joana, Thiago e Sophia; e a Andressa e Vanessa.

3

AGRADECIMENTOS

À DEUS, essência das nossas vidas.

Aos familiares pelo apoio a nós dedicado.

Às nossas esposas, Ana Lúcia e Andréa Muraro que, incondicionalmente

nos encorajaram a enfrentar mais um desafio em nossas vidas.

À nossa orientadora Msc. Rita de Cássia Góes Cardoso que durante esse

trabalho foi solícita e prestativa com sua bagagem intelectual, dando-nos

as devidas orientações pra a concretização deste trabalho.

À amiga Profª Maria da Cruz, uma das responsáveis pela municipalização

da gestão ambiental, razão do nosso curso.

Às Prefeituras Municipais de Alcobaça e Caravelas nas pessoas dos

Ilustríssimos Secretários de Administração, o Sr. José Crispim Dias de

Almeida e a Sra. Eliane Anne Gonçalves de Oliveira Ferraz,

respectivamente.

Aos funcionários do NEAMA, pelo acolhimento carinhoso que nos

dispensaram.

Aos colegas do Curso pelo convívio e troca de experiências.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho como Marcus Vianna Soares, Anilda Souza e Elna Cândida .

A todos vocês, O NOSSO SINCERO MUITO OBRIGADO!!!

4

“A decisão de proteger os ambientes naturais e controlar a poluição não está apenas nas mãos dos políticos e das grandes indústrias”. Está também na rotina diária de cada cidadão comum do planeta ...”

SOS Planeta Terra

5

RESUMO

A disposição final adequada dos resíduos sólidos consiste em um dos maiores problemas urbanos da atualidade, agravado pelo crescimento populacional e pelo incremento de produção de lixo per capta. O gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (GIRSU) tem como objetivos a redução da quantidade gerada, a reutilização ou reciclagem com inserção sócio - econômica e a disposição dos resíduos finais em locais apropriados, como aterros sanitários que podem restringir, quando bem localizados e operados, os impactos sócio – ambientais das cidades que se utilizam desta tecnologia. Nesse contexto, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) apresentou um modelo de aterro sanitário simplificado para ser implantado em pequenos municípios do Estado entre eles Alcobaça e Caravelas. O presente trabalho fundamenta também os estudos dos modelos de aterros simplificados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) e do Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (PROSAB), além de utilizar outras fontes bibliográficas (Estudo de impacto ambiental, por exemplo) e entrevistas com a população e técnicos locais. O resultado referendado por estes estudos constitui de um conjunto de críticas e recomendações baseadas nos aspectos construtivos, ambientais, operacionais e sociais, entre outros, adaptados ao modelo da CONDER nos municípios de Alcobaça e Caravelas, objetos desta pesquisa. Palavras – chave: Resíduos Sólidos, Gerenciamento Integrado de

Resíduos, Reciclagem, Aterros Sanitários, Impactos Sócio – ambientais.

6

LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIAÇÕES

% – Percentagem

> – Maior (símbolo matemático)

< – Menor ou Igual (símbolo matemático)

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA – Área de Proteção Ambiental

APP – Área de Preservação Permanente

ASPE – Área Sob Proteção Especial

BVQI – Bureau Veritas Quality International

CEMPRE – Centro Empresarial para Reciclagem

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CH4- – Metano (gás)

CI – Conservação Internacional do Brasil

cm – Centímetro (unidade de comprimento)

CO2 – Dióxido de Carbono (gás)

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

COMDEMA – Conselho Municipal de Defesa de Meio Ambiente

CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

CRA – Centro de Recursos Ambientais / BA

DAC – Departamento de Aviação Civil

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

DQO – Demanda Química de Oxigênio

EIA – Estudo Prévio de Impacto Ambiental

7

EMBASA – Empresa Baiana de Água e Saneamento

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FAB – Força Aérea Brasileira

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler

GIRSU – Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos

ha – Hectare (unidade de área)

hab – Habitante

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBJ – Instituto Baleia Jubarte

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

k – Coeficiente de Permeabilidade

kg – Quilograma (unidade de massa)

km – Quilômetro (unidade de comprimento)

km² – Quilômetro Quadrado (unidade de área)

m – Metro (unidade de comprimento)

m² – Metro Quadrado (unidade de área)

m³ – Metro Cúbico (unidade de volume)

mm – Milímetro (unidade de comprimento)

N – Nitrogênio (gás)

nº – Número

NBR – Norma Brasileira

º – Grau (unidade angular)

O2 – Oxigênio (gás)

ºC – Grau Celsius (unidade de temperatura)

8

ONG – Organização Não Governamental

PARNAM – Parque Nacional Marinho

PEAD – Polipropileno de Alta Densidade

PET – Politereftalato de Estileno

pH – Potencial Hidrogeniônico (unidade de acidez)

PN – Projeto de Norma

PRAD – Plano de Recuperação de Área Degradada

PROBIO – Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade

Brasileira

PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico

PVC – Cloreto de Polivinil

R$ – Real (unidade monetária brasileira)

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural

RSS – Resíduos dos Serviços de Saúde

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

s – Segundo (unidade de tempo)

SIG – Sistema de Informação Geográfico

t – Tonelada (unidade de massa)

TECOTAF – Termo de Cooperação Técnica Administrativa e Financeira

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Comparação entre modelos de Aterros Sanitários 76 Quadro 2.1 - Comparação entre modelos de Aterros Sanitários - continuação 77

Quadro 3.1 – Distância dos Distritos à sede de Alcobaça 99

Quadro 3.2 – Distância dos Distritos à sede de Caravelas 111

Quadro 4.1 – Situação da Coleta e disposição dos resíduos sólidos no município de Alcobaça 116

Quadro 4.2 - Situação da Coleta e disposição dos resíduos

sólidos no município de Caravelas 117

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Região do Extremo Sul da Bahia

Figura 2 – Região de Alcobaça, Caravelas e Nova Viçosa

Figura 3 – Invasão da ASPE

Figura 4 – Atual Área do Lixão de Alcobaça – sede

Figura 5 – Entrega de contentores plásticos para disposição de RSU

Figura 6 – Área do Antigo Lixão de Caravelas – sede

Figura 7 – Antiga Área do Lixão – Distrito Barra de Caravelas

Figura 8 – Cerca Viva e Guarita do Aterro Simplificado de Caravelas

Figura 9 – Construção de Diques sobre camada de areia no fundo da vala aberta anteriormente – Aterro

Simplificado de Alcobaça

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14

1 MARCO CONCEITUAL 21

1.1 Alternativas de Aterros Sanitários para pequenos

Municípios 23

1.2 Concepção de Projeto Simplificado 25

1.2.1 Estudos Preliminares 25

1.3 Variação Tecnológica 27

1.3.1 Escolha da Área 27

1.3.2 Aspectos Construtivos 28

1.3.3 Plano de monitoramento 31

1.4 Tecnologia de Tratamento e Disposição Final de Resíduos

Sólidos Urbanos para Pequenos Municípios 33

1.4.1 Simplificado (modelo CONDER) 33

1.4.2 Valas (modelo CETESB) 44

1.4.3 Aterro Sustentável (modelo PROSAB) 53

2 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS DA CONDER,

CETESB E PROSAB 67

3 EXTREMO SUL DA BAHIA: CARACTERÍSTICAS GERAIS 78 3.1 Localização, limites da região 78

3.1.1 Clima / meteorologia 78

3.1.2 Geomorfologia 80

3.1.3 Geologia 81

3.1.4 Geologia das águas subterrâneas 83

12

3.1.5 Bacias hidrográficas 85

3.1.6 Qualidade das águas subterrâneas 86

3.2 Caracterização do meio biótico 88

3.2.1 Ecossistemas predominantes 90

3.2.2 Flora ameaçada 91

3.2.3 Unidades de conservação 93

3.3 Aspectos sócio – econômicos 93

3.3.1 Contexto sócio – econômico 93

3.4 Breve Histórico: Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos 96

3.4.1 Alcobaça 96

3.4.2 Caravelas 99

4 SISTEMA DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NOS MUNICÍPIOS DE ALCOBAÇA E CARAVELAS 112 4.1 Atual Área De Disposição Final 113

4.2 Proposta (Aterro Simplificado) 118

4.3 Processo de Licenciamento Ambiental 120

5 CRÍTICAS E RECOMENDAÇÕES 125 REFERÊNCIAS ANEXO A - MAPAS

Mapa 1 – Político e Administrativo do Extremo Sul da Bahia Mapa 2 – Precipitação Média Anual

Mapa 3 – Áreas de Preservação Ambiental

ANEXO B – DOCUMENTOS

Documento 1 – Licença Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça para o aterro sanitário

13

(Portaria 1700 / 03 de 25/11/2003) Documento 1.1 –

Licença Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça para o aterro sanitário - verso

(Portaria 1700 / 03 de 25/11/2003)

Documento 2 – Licença Ambiental da Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas para o aterro sanitário (Portaria 130 / 03 de 01/09/2003)

Documento 3 – Licença Ambiental da Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas para o aterro sanitário (Portaria 031 / 04 de 18/03/2004)

Documento 3.1 –

Licença Ambiental da Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas para o aterro sanitário - verso (Portaria 130 / 03 de 01/09/2003)

ANEXO C – FIGURAS

14

INTRODUÇÃO

A Produção de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) vem, desde o

surgimento da raça humana, através dos povos de características nômades

que produziam os seus resíduos através de suas atividades cotidianas

limitadas à sua sobrevivência. Nessa época, com impactos ambientais eram

insignificantes, pois a população era muito reduzida e os resíduos

essencialmente biodegradáveis ou inertes (ex. matéria orgânica, vidros e

cerâmicas) (CARDOSO,1998).

A Revolução Agrícola ocorrida há 8,0 a 10,0 mil anos atrás resultou na

fixação do homem no campo surgindo aí as aldeias, vilas e posteriormente as

cidades. Durante este período, as características físico-químicas dos resíduos

sólidos não se modificaram, alterando-se apenas sob o aspecto quantitativo

(CARDOSO,1998).

No final da Idade Média (476-1453) deu-se o início a Revolução

Comercial na Europa, onde grandes transformações sociais, políticas,

religiosas e econômicas foram verificadas, tendo como conseqüência, a

procura de novos mercados consumidores e fornecedores, principalmente de

produtos agrícolas, metais preciosos e especiarias. Estimula-se esse momento

(1453 – 1789) a expansão comercial marítima européia que foi fator decisivo

para o processo de colonização por parte das potências européias da época.

Em decorrência deste movimento expansionista verifica-se o aumento da

população mundial e conseqüentemente dos resíduos urbanos gerados

(DARÓS; CARDOSO, 1986, 1998).

15

A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra em 1760, na Europa e

E.U.A. promoveu descobertas tecnológicas significativas que resultaram no

surgimento de novos produtos, em quantidade maior, aumentando a geração

de emprego provocando a migração do homem do campo a migração do

homem do campo para as cidades. Como conseqüência, a população cresceu

desordenada, sem qualquer planejamento, gerando problemas de ordem

social, econômica, saneamento básico e saúde pública. As cidades não

dispunham de estrutura para o adequado recolhimento dos resíduos urbanos e

destinação final, permitindo a proliferação de epidemias (varíola, peste

bubônica) que mataram milhões de pessoas. Foram adotadas as práticas de

queima e aterramento de resíduos que não resolveram o problema devido

grande acúmulo destes resíduos e a enorme quantidade de roedores e insetos

no local da disposição (LIMA, 1991).

No Brasil, entre os séculos XVIII e início do século XX, foram

estabelecidas determinadas áreas ao longo da cidade para a disposição dos

resíduos através de decretos estaduais e municipais. Estes locais eram

geralmente de baixo valor imobiliário (depressões, encostas, vales,

manguezais). Na Bahia, alguns registros históricos relatam várias ocorrências

de deslizamento de pontos de encostas nas cidades que tiveram como causa o

lançamento inadequado de “lixo” urbano, causando prejuízos materiais e

mortes (CARDOSO, 1998).

A partir do século XX, os resíduos urbanos sofrem grandes

transformações na sua composição química. Neste período, surge uma grande

quantidade de pesticidas, herbicidas, fungicidas e outros defensivos usados na

agricultura que contaminaram corpos d’água, águas subterrâneas, solo/subsolo

16

e o próprio homem. Outros tantos surgiram para fins bélicos que foram usados

durante a II Guerra Mundial. O setor petroquímico se desenvolve em escala

industrial, surgindo diversos compostos e entre eles, “o plástico”

(CARDOSO,1998).

É indiscutível a importância que estes compostos complexos exercem na

nossa vida, melhorando o nosso bem estar, porém a natureza não dispõe de

mecanismos capazes de reincorporá-los nos diversos ciclos naturais, repondo

o equilíbrio ambiental (CARDOSO; SCHNEIDER, 1998, 2001). Como resultado,

são acumulados resíduos perigosos (químicos, biológicos, radioativos), com

distintos graus de periculosidade, ocasionando o seu lançamento no ambiente

ou no surgimento de seus depósitos de forma inadequada, pondo em risco à

saúde humana (CARDOSO, 1998).

No século XXI, o volume crescente de resíduos sólidos urbanos

acontece em decorrência do modelo capitalista que induz à elevação do padrão

de consumo de maneira exacerbada, tendo como conseqüência direta o

desperdício, intensificando assim, a geração de resíduos e aumentando os

impactos ambientais na destinação final, que é feita na maioria das cidades

baianas em áreas a céu aberto (CARDOSO,1998).

A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia -

CONDER preocupada com esta problemática, apresentou, como solução, um

modelo de aterro Sanitário Simplificado para pequenos municípios, baseado no

baixo custo; na quantidade de resíduos gerados; no número de habitantes e

nos aspectos sanitários e ambientais aceitáveis (BAHIA, 2002a).

Destacamos, no Extremo Sul, os municipais de Alcobaça e Caravelas,

que foram contemplados por este novo modelo de aterro Sanitário. Estes

17

municípios são abastecidos das águas subterrâneas dos Aqüíferos Caravelas e

Sedimentar de Deposito Quaternário existindo uma preocupação com a

contaminação destes mananciais, devido a implantação desta alternativa

tecnológica (BAHIA, 1997a).

Outras propostas de aterros Sanitários foram apresentadas como

alternativas neste trabalho para atender a disposição adequada dos RSU para

pequenos municípios, como os modelos da Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental - CETESB e do Programa de Pesquisa em

Saneamento Básico - PROSAB – Edital 3.

As variações tecnológicas que diferem estes modelos podem ser

alternativas de ajustes da proposta simplificada da CONDER, para as

condições específicas dos municipais de Alcobaça e Caravelas, com objetivo

de minimizar os riscos de contaminação dos recursos hídricos locais.

Tendo em vista as considerações acima discutidas, o objetivo deste

trabalho é de analisar criticamente a adequação do modelo de aterro Sanitário

Simplificado proposto pela CONDER, ajustando-o de acordo com algumas

propostas técnicas e operacionais dos modelos de aterros da CETESB e

PROSAB, para os municípios, objeto desta pesquisa.

Para atingir o objetivo formulado neste trabalho, o mesmo foi conduzido

em etapas, conforme descrito a seguir:

SELEÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE DISPOSIÇÃO FINAL PARA

MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE. O modelo simplificado da CONDER foi

selecionado, pois o mesmo está sendo implantado nos municípios de Alcobaça

e Caravelas. O modelo de CETESB foi elencado pela simplicidade de

implantação e operação, sendo muito utilizado em pequenos municípios no

18

Estado de São Paulo. O modelo do PROSAB foi escolhido por se tratar de uma

proposta conduzida por um grupo de pesquisadores que têm como objetivo

buscar a melhor adequação ambiental de aterros sanitários para pequenos

municípios.

FONTES, COLETA E ANÁLISE DE DADOS. Os dados empregados

neste trabalho são secundários, obtidos por meio de análise dos projetos de

aterro para os municípios de pequeno porte, e de materiais bibliográficos

adquiridos de órgãos estaduais. Complementou-se com entrevistas abertas,

não estruturadas, realizadas com antigos moradores dos municípios em foco,

com responsáveis técnicos da CONDER (autores do modelo de Aterro

Sanitário Simplificado) e nas prefeituras locais. Alguns dados foram obtidos por

documentação fotográfica, análise de documentações técnicas (EIA-RIMA da

HIGESA e outros) e de mapas (geológico, hidrológico, solos, vegetais, divisão

política-administrativa e outros).

Os dados obtidos foram analisados de maneira qualitativa e comparativa

entre as três alternativas tecnológicas de disposição final para municipais de

pequeno porte, sugerindo alterações técnicas e operacionais mais adequadas

às condições locais.

ÁREA DE ESTUDO E DURAÇÃO. Para área de estudo foram

escolhidos Alcobaça e Caravelas, pois estes municípios foram contemplados

pelo Governo do Estado da Bahia, através do CONDER, que está implantando

unidades do aterro Sanitário Simplificado, nestas localidades. O período de

coleta de dados de campo foi de 60 dias e 30 dias de pesquisa bibliográfica.

Durante o workshop que aconteceu em 29 de novembro de 2003, sobre

gestão de limpeza urbana em pequenos municípios, com foco no Aterro

19

Simplificado, sediado e ministrado pela CONDER, para capacitar os técnicos

dos municípios mencionados, onde foram observados que alguns aspectos

técnico-operacionais não estariam de acordo com as condições ambientais de

suas localidades. Agregando a estes fatos, a participação dos autores deste

trabalho no I° Curso de Pós-graduação em Gestão Ambiental Municipal

consolidou o desejo e execução deste trabalho.

Este trabalho está constituído em capítulos descritos a seguir:

1 MARCO CONCEITUAL - Este capítulo relata as alternativas de

modelos de aterros sanitários para pequenos municípios (modelos da

CONDER, CETESB e PROSAB), ressaltando os aspectos de escolha de área

(levantamentos geológicos, pedológicos e uso das águas), aspectos

construtivos (dimensionamento do aterro, sistema de drenagem, sistema de

gás, impermeabilização e outros), medidas operacionais, monitoramento e

análise de custos, fazendo uma análise comparativa entre os mesmos.

2 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS DA CONDER,

CETESB E PROSAB - Neste capítulo compara-se os modelos de aterros

sanitários simplificados da CONDER, CETESB e PROSAB, levando em

consideração critérios operacionais, construtivos, ambientais e sociais como:

aquisição e escolha de área; vida útil; cobertura dos resíduos; sistemas de

drenagem; educação ambiental; plano de monitoramento; estrutura de apoio;

valas de resíduos de serviços de saúde; entre outros.

3 EXTREMO SUL DA BAHIA: CARACTERÍSTICAS GERAIS - Neste

capítulo, ressaltam-se a localização e limites da região especificando os

aspectos: climáticos; geomorfológicos; geológicos; das bacias hidrográficas e

da qualidade das águas subterrâneas. O meio biótico está caracterizado

20

através dos ecossistemas predominantes, da flora ameaçada, das unidades de

conservação e dos aspectos sócio-econômicos da região.

Descreve ainda a história dos surgimentos dos municípios de Alcobaça e

Caravelas retratando a forma da disposição dos resíduos urbanos produzidos

até os dias atuais.

4 SISTEMA DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS NOS MUNICÍPIOS DE ALCOBAÇA E CARAVELAS - Este capitulo

descreve a atual área de disposição final dos resíduos sólidos destes

municípios assim como a proposta de aterro sanitário feita pela CONDER e o

procedimento do licenciamento ambiental nestes locais.

5 CRÍTICAS E RECOMENDAÇÕES - Neste capitulo, descrevem-se

críticas do modelo de aterro sanitário da CONDER nos aspectos construtivos,

ambientais, operacionais, monitoramento e outros, além do processo de

licenciamento ambiental. Recomendando ainda, alterações, adaptando-as aos

aterros dos municípios de Alcobaça e Caravelas, baseadas nas características

e/ou técnicas indicadas pelos modelos da PROSAB e CETESB, que podem

maximizar o modelo proposto.

21

1 MARCO CONCEITUAL

No Brasil, 4.026 municípios têm população menor ou igual a 20.000

habitantes, correspondendo a 73,1% do total brasileiro, e que, 68,5% dos

resíduos gerados nestes, são vazados em lixões e em áreas alagadiças (IBGE,

2002). Estes municípios, na sua grande maioria, apresentam problemas

comuns ressaltando-se, dentre outros, a questão de serem muito pobres com

baixa geração de recursos, para atender às condições básicas de saúde dos

seus concidadãos, tanto do saneamento básico, quanto da Gestão Integrado

dos Resíduos Sólido Urbanos. De acordo com IPT/CEMPRE (2000), estes são

dois grandes desafios que se impõem para municípios na faixa populacional de

20.000 habitantes. Conforme BAHIA (1997d, 2003), Alcobaça e Caravelas

possuem 22.355 e 20.481 habitantes respectivamente, portanto incluídos neste

contexto. Diante da impossibilidade do atendimento destas premissas básicas

pela grande maioria dos municípios, o Estado é o responsável em criar as

condições mínimas necessárias para que os danos à saúde pública e ao meio

ambiente sejam sanados, com reflexo na melhoria da qualidade de vida destas

comunidades.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia - CONDER, o

Programa de Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB – Edital 03, a

Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo -

CETESB apresentaram alternativas de soluções tecnológicas, com bases

científicas, para a disposição final sustentável dos RSU. Estas alternativas de

solução para os RSU se propõem a serem adaptáveis às condições específicas

de cada localidade, com simplicidade operacional e integrada,

22

simultaneamente, às demais etapas do Gerenciamento Integrado dos RSU

(GIRSU).

Esta proposta alternativa pode atender a pequenos municípios, que têm

como características comuns, a baixa disponibilidade de recursos financeiros e

deficiência no quadro de técnicos habilitados efetivos. Segundo Castilhos

Junior e outros (2003), o treinamento e a capacitação dos profissionais

envolvidos na operação é de fundamental importância, para bom andamento

dos trabalhos desenvolvidos. O manejo adequado dos aterros propostos, se

executados criteriosamente os procedimentos técnicos recomendados,

diminuem os riscos à saúde humana e de contaminações do meio ambiente

CETESB (1997). Os riscos mais evidenciados nestes projetos são,

principalmente, com relação aos recursos hídricos, pela sua imprescindibilidade

à vida e a disponibilidade finita, com previsões pouco otimistas para o futuro

deste bem renovável (IPT/CEMPRE, 2000).

O monitoramento, conforme CETESB (1997), é o acompanhamento da

evolução de um processo passível de alterações corretivas, diante dos

subsídios obtidos pelas avaliações constantes da influência do aterro sobre o

ambiente local.

O envolvimento na gestão dos RSU pelas comunidades locais deve ser

estimulado, para que possam interferir positivamente no processo,

possibilitando a não geração, a reutilização, os aumentos do volume de

material segregado na fonte implementando a reciclagem, assim contribuindo

efetivamente para o equacionamento dos RSU:

23

Para que isto ocorra, entretanto, é necessário que haja um relacionamento estreito entre o órgão responsável pelos serviços e a população, o que pode ser conseguido através de canais de comunicação permanentemente abertos,...[...]... são também importantes as campanhas de sensibilização da sociedade para estas questões,...”. (IBGE, 2002, p. 62).

A educação ambiental contínua tem valor preponderante para efetivar as

propostas de equacionamento dos RSU, principalmente, em pequenos núcleos

urbanos.

Para a implantação e operação dos modelos simplificados de aterros

sanitários é necessária a elaboração de projetos aonde são previstos estudos

técnicos, com os levantamentos básicos preliminares e seleção de área,

conforme Castilhos Junior e outros (2003), que acompanham o

empreendimento durante todas as suas etapas, até o encerramento das

atividades, como descritas a seguir:

1.1 Alternativas de Modelos de Aterros Sanitários para pequenos

municípios

Os modelos de aterros sanitários alternativos para pequenos municípios

devem manter os aspectos sanitários e segurança ambiental dos aterros

convencionais, de acordo com as normas técnicas e leis pertinentes, porém,

devendo ser um sistema de baixo custo de implantação e operação (BAHIA,

2002a).

Este equipamento vem sendo adotado em outros países da América

Latina como a Colômbia, Cuba e o Peru (BAHIA, 2002a). A Resolução

CONAMA n°. 308/02, foi uma resposta a esta problemática no nosso país,

24

demonstrando o interesse do Ministério do Meio Ambiente, que legalmente

viabiliza o licenciamento de unidades de disposição com estas características,

para municípios com população de até 30.000 habitantes (BRASIL, 2002).

Os modelos alternativos consistem na aplicação do método da trincheira,

conforme IPT/CEMPRE (2000), escavando-se, com retroescavadeiras, valas

ou trincheiras feitas em solo argiloso, para dispor os RSU, que podem ser

espalhados manualmente com ferramentas e posteriormente aterrados. As

valas têm pequenas dimensões e configurações apropriadas, sob condições

especiais de solo, para a construção de aterros sanitários. O solo retirado nas

escavações deverá ser reservado para as coberturas intermediárias (final da

jornada diária de trabalho) e a cobertura final, no encerramento da vala. Esta

técnica pode ser aplicada a terrenos planos ou com baixa declividade,

(CASTILHOS JUNIOR e outros, 2003).

Os aterros alternativos sugeridos pela CETESB, PROSAB E CONDER,

apresentam as seguintes limitações: implantação em relação às possibilidades

locais de escavação; regiões onde o lençol freático está muito próximo da

superfície ou nos terrenos rochosos; a distância da jazida para operações do

aterro e a população de até 20.000 habitantes ou a quantidade gerada de até

20,0 t/dia de resíduos.

25

1.2 Concepção de projeto de Aterros Sanitários para pequenos

municípios

1.2.1 Estudos Preliminares

Para a implantação e operação de aterros sanitários são previstos

estudos técnicos que vão desde o levantamento básico até a elaboração do

projeto, sendo recomendados, indiferentemente, do porte do empreendimento

(LIMA,1991).

A escolha da área é primordial para a viabilização do projeto nos

aspectos técnicos, socio-econômicos e ambientais, com base nos estudos

preliminares; na caracterização específica de cada comunidade; e no

diagnóstico da gestão integrada dos RSU. Os dados sobre os resíduos gerados

são a base de cálculos para determinação das dimensões da área a ser

adquirida, além da vida útil que se deseja dar ao aterro (mínimo de 5,0 anos).

Sugere-se também que se deva reservar uma área do mesmo tamanho, para

futuras expansões ou para construções com fins sociais e educacionais

(FEPAM, 2003).

Nestes estudos preliminares leva-se em consideração:

LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS E GEOTÉCNICOS, USO DA ÁGUA

E DO SOLO. Para escolha da área, Castilhos Junior e outros (2003),

recomendam também, que pode ser usado o Sistema de Informações

Geográficas (SIG), com base em análise de dados, permitindo a otimização do

tempo com credibilidade e transparência, garantindo as condições de suporte

ambiental, para a disposição dos RSU e aplicando de forma adequada os

26

recursos públicos. Os critérios técnicos preliminares em uso pela FEPAM

(2003), baseado neste sistema, para escolha de área, são:

• Se possível, inicialmente, seleciona-se as áreas com base em

fotografias aéreas e cartas topográficas;

• Estar de acordo com a legislação de proteção dos recursos hídricos,

de preservação da flora e fauna e a legislação do uso do solo

vigente.

• A área estar a mais de 200,0 metros (m) de recursos hídricos,

medida horizontalmente a partir da cota máxima de inundação.

• O nível do lençol freático deve estar no mínimo a 2,0 m da base da

vala.

• A distância de núcleos habitados deve estar entre 2.0 e 15,0

quilômetros (Km).

• Os ventos predominantes não soprarem em direção a núcleos

residenciais.

• Manter distância mínima de 20,0 m a partir da fixa de domínio de

rodovias, estradas ou caminhos e de 10,0 m das divisas com

propriedades vizinhas.

• A área não deve estar sujeita a inundações, desmoronamento ou

fenômenos similares.

• A declividade deve situar-se entre 2% e 20%.

• O solo local pode ser material adequado e suficiente para cobrir os

RSU ou jazidas próximas, ambas deverão estar licenciadas.

• Vida útil de no mínimo 10 anos, para o aterro.

27

• A área deve permitir a operação e o acesso mesmo em época de

chuva.

• Dispor de área para ampliação.

• A área deve situar-se a no mínimo a 100,0 m da borda de patamar ou

de linha de ruptura de relevo nas regiões serranas.

A FEPAM (2003) recomenda ainda que priorizem, de acordo com

realidade de cada município, os aspectos mais significativos, atribuindo valores

a estes critérios acima descritos, visando adequar ambientalmente a escolha

da área, com resultado adaptado às necessidades locais.

1.3 Variação Tecnológica

1.3.1 Escolha da área

A escolha da área representa a etapa mais importante do GIRSU, pela

proteção ambiental e pela redução significativa de custos operacionais

envolvidos, para permitir a viabilização técnica da implantação e operação do

aterro (GUIMARÃES, 2000).

Por ocasião da escolha da área para a implantação deste modelo

alternativo, recomenda-se que o solo tenha baixa permeabilidade, em torno de

K= 10-7 cm/s (centímetros por segundo), como depósito de argilas, siltes e suas

misturas, baixa declividade, próximo a 10% de declividade, além das

exigências legais comuns aos aterros convencionais (CETESB, 1997).

28

1.3.2 Aspectos construtivos

As propostas, para municípios de pequeno porte, têm como premissas: a

simplicidade, o baixo custo de implantação e de operação. Para tanto, algumas

variações tecnológicas não aplicadas aos aterros convencionais foram

introduzidas, pela CONDER, CETESB e PROSAB em função das pequenas

dimensões das valas ou trincheiras e do baixo volume de resíduos aterrados.

Desta forma, alguns elementos assumem importância nestes modelos, com a

função de baixar os custos referentes à impermeabilização das valas e a

implantação/operação de sistema de tratamento de líquidos lixiviados, que são

implementadas sob condições especiais de solo. Outras variações como a

eliminação da balança para pesagem dos caminhões da coleta e a utilização

de máquinas leves são previstas nestas propostas. Os modelos têm diferenças

entre si e os elementos básicos referendados por estas entidades, são

descritos a seguir:

SISTEMA DE DRENAGEM SUPERFICIAL - o Sistema de Drenagem de

Águas Pluviais, como mencionado por Guimarães (2000), tem a função de

evitar a entrada de água do escoamento superficial, para o interior das

trincheiras, que é primordial, nestes modelos alternativos, minimizando o

volume de líquidos lixiviados, além de evitar os efeitos danosos das águas

sobre as estruturas do aterro (formação de poças; erosão do solo; impedir o

transporte indevido do solo da escavação, que será utilizado no fechamento

das valas). Com este objetivo são construídos drenos localizados próximos aos

taludes, nas curvas de níveis, e próximas ao acumulo de solo da escavação da

29

vala. A quantidade de drenos depende da área de contribuição (quanto maior o

volume, maior número de canaletas escavadas). Estes podem ser de:

• Drenagem Definitiva - quando permanecem ativos mesmo após o

encerramento das atividades do aterro, portanto necessitam de aplicação

de material de revestimento e técnicas especiais;

• Drenagem Provisória - quando são destruídos e construídos pela própria

evolução do aterro, refeitos sempre que necessário (IPT/CEMRE 2000).

Com base no levantamento topográfico e climatológico, conforme

Castilhos Junior e outros (2003), é definido e dimensionado esse sistema,

através da construção de canaletas que são abertas manualmente, na direção

preferencial do fluxo de escoamento superficial.

SISTEMA DE DRENAGEM E TRATAMENTO DE EFLUENTES

LÍQUIDOS (LIXIVIADOS). Os líquidos lixiviados são formados a partir da

degradação do RSU no sistema, e das águas das chuvas que incidem

diretamente sobre as trincheiras. Estes líquidos devem ser removidos do

sistema de disposição e tratados, citando-se dentre outras tecnologias: lagoas

de estabilização; filtros biológicos e recirculação que é operada percolando os

lixiviados através da massa dos resíduos aterrados (LIMA, 1991).

Para a remoção desses líquidos, conforme IPT/CEMPRE (2000), são

necessárias as seguintes medidas:

• as valas ou trincheira sejam projetadas com declividade interna, para um

dos lados e escavadas diretamente no solo ou na camada

impermeabilizante do fundo destas;

• que sejam construídos drenos distribuídos nessa superfície e cobertos com

material drenante (pedra britada). Estes drenos devem ser interligados para

30

um ponto de convergência, permitindo o fluxo dos lixiviados para um local

de menor cota (ponto mais baixo do aterro). Assim, os lixiviados ficarão

armazenados para posterior remoção e/ou tratamento na própria vala. Em

condições especiais de clima e solo pode ser dispensado este sistema

(CASTILHOS JUNIOR e outros, 2003).

IMPERMEABILIZAÇÃO. Na impermeabilização das laterais e fundo das

valas, conforme IPT/CEMPRE (2000), podem ser utilizadas camadas de solos

argilosos compactados (com 0,6m de espessura), denominada manta mineral e

geomembanas ou membranas sintéticas (Polipropileno de Alta Densidade –

PEAD ou Cloreto de Polivinil – PVC). Independentemente do material

empregado, o Sistema de Impermeabilização deverá apresentar resistência

mecânica e química a eventuais agressões:

• dos materiais aterrados, dos líquidos e gases gerados, durante um

espaço de tempo (longevidade);

• dos processos naturais de estabilização dos resíduos, não permitindo

a passagem de líquidos para o solo (estanqueidade).

A manta mineral, conforme Castilhos Junior e outros (2003), pode ser

indicada como revestimento das trincheiras de RSU, para municípios de

pequeno porte, quando o levantamento geotécnico obtenha dados confiáveis

em relação à geologia local. Castilhos Junior e outros (2003), justificam ainda

o uso da manta mineral, desde que, observada à distância mínima de 2,0 m do

fundo da vala até o lençol freático e sua correta implantação.

31

1.3.3 Plano de Monitoramento

A elaboração e a execução de um plano de monitoramento de um aterro

sanitário está prevista no GIRSU, como comentado por Castilhos Junior e

outros (2003), com abrangência nas etapas de implantação, operação e pós-

encerramento do projeto. O plano de monitoramento é um conjunto de medidas

adotadas para avaliar a eficiência real dos sistemas de proteção ambiental,

assegurando que aquelas sejam suficientes para manter as emissões sob

controle, ao longo do tempo. Estas medidas devem promover, possíveis

alterações corretivas durante todo o período de duração do processo, com os

dados obtidos pelas avaliações constantes da influência do aterro sobre o

ambiente local.

O MONITORAMENTO DURANTE A FASE DE IMPLANTAÇÃO - são

utilizados 2 métodos para análise dos recursos hídricos subterrâneos

(CETESB, 1997):

• Nos métodos diretos são perfurados poços em pontos estratégicos do

terreno visando cercar a área de influência do aterro, permitindo a retirada

de amostras para análises laboratoriais.

• Os métodos indiretos, sem perfuração, utilizam o conhecimento da

eletricidade (pela sondagem ou caminhamento elétrico), para que, por meio

da resistividade dos materiais do subsolo detecte-se alterações causadas

por poluentes, bem como o seu caminhamento, posicionamento,

concentração, rastreamento etc.

Os recursos hídricos são enfatizados nesta fase, com abertura de 4

poços de monitoramento na área do aterro, um à montante (no sentido da

32

entrada do fluxo das águas) e 3 à jusante (no sentido de saída do fluxo das

águas), coletando-se amostras das águas de subsolo e superficiais e enviadas

para análise em laboratório, estabelecendo parâmetros naturais (testemunhas).

Para a coleta das amostras, são utilizados os procedimentos constantes

nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) bem como a

amostragem. Os parâmetros para monitoramento das águas superficiais e

subterrâneas são baseados na listagem apresentada pela Portaria do

Ministério da Saúde n° 1469, de 29 de dezembro de 2000, conforme Brasil

(2000), que estabelece os padrões de potabilidade da água para consumo

humano.

Para o lançamento de efluentes nas coleções hídricas, conforme

Castilhos Junior e outros (2003), deve-se coletar amostras a 100,0 m à

montante do ponto de descarga e 50,0 m à jusante do mesmo ponto. Os

parâmetros monitorados são os estabelecidos na Resolução CONAMA n°

20/86, conforme BRASIL (1986), e a amostragem segue as normas da ABNT.

O MONITORAMENTO NA FASE DE OPERAÇÃO - nesta fase

monitora-se, como citado pelo IPT/CEMPRE (2000), as características físico-

químicas dos lixiviados e dos sólidos, além da qualidade das águas

subterrâneas e recalques das trincheiras. Utiliza-se para este fim:

- monitoramento direto da massa dos resíduos (recalque),

- monitoramento indireto (quali-quantativamente o biogás e lixiviados).

A coleta e a análise das amostras seguem as normas da Associação

Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). Os parâmetros usuais a serem

monitorados são: pH (Potencial Hidrogêniônico), DQO (Demanda Química de

Oxigênio), DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), nitrogênio amoniacal e

33

fosfatos totais. Castilhos Júnior e outros (2003) recomendam que a

amostragem seja realizada mensalmente, dependendo da avaliação dos

resultados destas análises.

Para o biogás, os parâmetros monitorados são os gases metano (CH4),

dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N) e oxigênio (O2).

MONITORAMENTO DE PÓS-ENCERRAMENTO DO ATERRO - no

pós-encerramento, conforme Castilhos Junior e outros (2003), dá-se

continuidade ao monitoramento da qualidade das águas de superfície e

subterrâneas, como anteriormente definido (efluentes líquidos, biogás e os

recalques), podendo sofrer alterações e adaptações quanto a freqüência e aos

parâmetros monitorados.

MONITORAMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA

DEGRADADA (PRAD) - o PRAD de lixão tem por objetivo corrigir ou mitigar

impactos ambientais, como comentado pelo IPT/CEMPRE (2000), após sua

identificação e diagnóstico, estabelecendo padrões de qualidade a serem

atingidos (adequação). O monitoramento do lixão é análogo ao monitoramento

de aterros sanitários.

1.4 Tecnologia de Tratamento e Disposição Final de Resíduos

Sólidos Urbanos para Pequenos Municípios: Aterro Simplificado

1.4.1 Aterro Simplificado (modelo CONDER)

O modelo de “Aterro Sanitário Simplificado” apresentado pela CONDER

“preconiza um sistema que seja de baixo custo de implantação e operação,

sem descuidar dos aspectos sanitários e ambientais que lhe são inerentes”

34

(BAHIA, 2002, p.7). É proposto como uma alternativa para a solução da

disposição final do RSU, para pequenos municípios com baixa geração de

recursos. O Aterro Simplificado deve ser a unidade principal e indispensável do

GIRSU, atendendo a municípios e cidades com até 20.000 habitantes e/ou que

gerem até 20,0 t/dia, justificando a necessidade real da solução deste grave

desafio. A CONDER menciona a possibilidade de encontrar dificuldades na

implantação deste equipamento em municípios que nada desembolsam para

dispor os RSU, pois estas instituições não fazem distinção entre em Lixões e

Aterros Sanitários.

Este modelo de aterro tem as seguintes características técnicas:

A. Processo de escolha de área

I. Caracterização da Área

A área escolhida para construção deste modelo de aterro é de

fundamental importância para garantir a viabilidade econômica, social e

ambiental do empreendimento. No aterro simplificado recomenda-se o uso

mínimo de 5,0 hectares (ha), porém é sugerida, ao município, a aquisição de

10,0 ha para salvaguardar futuras expansões ou para construções com fins

sociais e educacionais.

A redução dos custos, na fase de aquisição da área, deve ser o objetivo

das prefeituras, já que este ônus é atribuição dos municípios. Quando for

possível, podem ser utilizadas cavas de jazidas de solo ou pedreiras já fora de

uso, possibilitando a recuperação da área com a implantação deste modelo de

35

aterro. Caso contrário, devem ser escolhidos terrenos, quando disponíveis, de

baixa importância ecológica, econômica, sócio-cultural e paisagística, além da

disponibilidade de material de cobertura final situado na própria área.

LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS E PEDOLÓGICOS, DE USO DA

ÁGUA E DO SOLO - são preferidas as áreas com geologia e pedologia

favoráveis à minimização da poluição das águas subterrâneas e superficiais

(BAHIA, 2002a):

• afastamento do lençol freático conforme normas ambientais

• declividade do terreno deve ser de no máximo de 10%;

• vegetação do local sem expressividade ecológica de preferência

afastada de mananciais, e respeitando o zoneamento urbano;

• acesso fácil e distando no máximo 20,0 Km do centro gerador, para

viabilizar o transporte municipal de resíduos;

• evitar proximidade de vizinhos;

• a titulação da área escolhida de fácil aquisição;

• localizada próxima à jazida para material de cobertura (na própria

área se possível);

• distância mínima de 500,0 m de núcleos habitados e de rodovias,

para evitar incômodos por odores desagradáveis.

II. Aspectos Construtivos

As valas são costruídas escavando-se o solo com maquinários leves

(retroescavadeiras) ou manualmente e mantendo o solo escavado em local

36

próximo dentro da área do aterro para ser utilizado posteriormente em

operações do próprio aterro, minimizando gastos de transporte.

O projeto da CONDER propõe 2 opções de aterro, a saber:

ATERROS EM VALAS – tem como principal característica ser de baixo

custo de implantação e operação não descuidando dos aspectos ambientais e

atendendo municípios e cidades com até 20.000 habitantes com produção de

até 20,0 t/dia. As dimensões das valas são;

• altura alcançando no máximo 4,0 metros, para a segurança dos

operadores desde que, “...o lençol freático estiver a mais de 8,0m de

profundidade e se o solo for coeso a ponto de permitir a profundidade

sem riscos” (BAHIA, 2002a, p. 15);

• distância mínima entre as valas é de 5,0 metros;

• comprimento variável de acordo com a topografia local, preferindo-se

valas com no mínimo de 100,0 metros;

• largura na base desta estrutura é variável, podendo ter no mínimo de

4,0 até 6,0 metros quando previsto o acesso de veículos para dispor

o lixo no seu interior; laterais da vala ou taludes devem ter de 45º a

90º de inclinação, dependendo da condição de coesão1 do solo. Em

solos argilosos é possível a utilização de paredes verticais,

otimizando a utilização da área.

Uma alternativa tecnológica do modelo Simplificado é a construção de

valas superpostas que consiste, somente, em construir novas valas entre as já

cheias, cobertas definitivamente. Assim, favorecem a otimização do uso da

1 A argila é um colóide mineral que compõe a fração do solo. Uma de suas características físicas é o aumento da atração entre as partículas coloidais, à medida que se reduz a água da massa do solo (BUCKMAN; BRADY, 1976).

37

área, pois são construídas, de forma a permitir a ampliação, no sentido vertical,

da área do aterro.

As valas superpostas ficam localizadas sobre a superfície do solo,

utilizando-a como fundo destas valas. A altura de 1,0 metro do fechamento

definitivo, de duas valas já encerradas, forma as paredes laterais (taludes) da

nova vala superposta. A altura dos resíduos dispostos, do mesmo modo que as

valas cavadas, deve ser de no máximo 1,0 a 1,5 m acima do nível do

fechamento destas. Após estarem cheias, recebem a cobertura definitiva com

solo argiloso.

ATERRO EM CÉLULAS – o modelo possibilita uma variante com

aplicabilidade para cidades e municípios com precariedade de recursos e que

possuam população até 8.000 habitantes (BAHIA, 2002a). Esta opção tem

custos ainda menores que os evidenciados na opção anterior, não implicando

na utilização de equipamentos pesados nas fases de implantação e de

operação. Todo o processo é manual, desde o início com a construção e

abertura das células, trincheiras ou valetas como podem ser chamadas, até a

cobertura final dos RSU. As células são construídas seqüencialmente, a partir

do preenchimento e cobertura final de uma, inicia-se a construção da próxima.

As células são fechadas, no máximo, em uma semana, quando estas têm a

previsão de estarem cheias. As células devem ser de 1,0 a 2,0 m de altura

cavadas no solo, com a seção quadrada da área (comprimento é igual a

largura) variando de 2,0 a 6,0 m. A sucessão destas valetas depois de

encerradas, formam o corpo do aterro sanitário, não havendo

impermeabilização do fundo destas e com distância superior a 4,0 m do lençol

freático.

38

O SISTEMA DE DRENAGEM SUPERFICIAL E INTERNO - tem função

primordial neste modelo de controlar a ação das chuvas, não permitindo que

adentrem as valas provocando danos a esta; dos acessos às valas; evitar o

aumento do volume de chorume; impedir o transporte indevido (erosão) do solo

da escavação, que será utilizado no fechamento das valas; desviar as águas

da chuva de dentro da vala para a lagoa de captação para sua infiltração ou

bombeamento manual ou mecânico para fora das valas. Os drenos são

divididos em: permanentes calculados com base em fórmula racional e os

provisórios. Estes drenos superficiais são localizados próximo aos taludes, nas

curvas de níveis, e próximas ao acumulo de solo da escavação da vala.

SISTEMA DE DRENAGEM E TRATAMENTO DE LIXIVIADOS - neste

modelo, não está previsto o sistema de tratamento dos líquidos lixiviados. A

CONDER considera que a cobertura final dos RSU acontece em poucos dias

ou semanas. “Com este procedimento será drasticamente reduzida a produção

de chorume podendo o solo através de condições naturais ou solo de

empréstimo (num primeiro momento) promover o tratamento do pouco chorume

gerado.” (BAHIA, 2002a, p.10). Esta companhia considera ainda, que o seu

modelo de aterro bem operado, proporciona principalmente, o tratamento dos

metais pesados pelo solo. Havendo a opção da retirada dos RSU úmidos

(matéria orgânico), este problema será ainda mais amenizado.

SISTEMA DE DRENAGEM DE GASES - este sistema, da mesma

forma, não é recomendado para o Aterro Simplificado, devido ao seu

dimensionamento e reduzido volume de resíduos dispostos, gerando baixo

volume de gases, permitindo que os gases saiam livres do sistema sem ocorrer

acúmulos perigosos, com riscos de explosões.

39

MEDIDAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL - com propósito de garantir

condições de segurança para que os resíduos aterrados ou os seus

subprodutos, da decomposição, não contaminem os recursos hídricos, a

CONDER propõe, no seu projeto básico, a construção de valas com

declividade de 2% no sentido lateral. Essas valas são dotadas de diques no

seu interior (pequenas barragens de terra) dispostas a de 30,0 em 30,0 m, com

a função de evitar que em dias chuvosos, o excesso de água contaminada com

chorume, se espalhe por toda a vala. A água da chuva é bombeada para fora

do sistema. O líquido contaminado é espalhado no interior da área interna da

vala subseqüente, para que infiltre no solo e o excesso fique retido no dique.

IMPERMEABILIZAÇÃO - a retenção do chorume, no fundo da vala, se

dá pela compactação relativa do solo, na ordem de 90% e/ou seu capeamento

(manta mineral). A adição de 50,0 cm de manta mineral, devido às condições

de solo local, é utilizada como recurso para aumentar a impermeabilidade e

garantindo a velocidade máxima de infiltração da ordem de K= 10-6 cm/s.

III. Medidas Operacionais

IMPLANTAÇÃO - os projetos fornecidos, em manual, pretendem

capacitar aos interessados em implantar os Aterros Simplificados, apenas

adaptando-os à topografia e as condições de solo local (BAHIA, 2002a). A

Companhia baiana além de implantar opera estes modelos durante um período

de uma semana, treinando o pessoal das prefeituras, envolvidos na atividade,

capacitando-os adequadamente para a operação/manutenção, mantendo a

qualidade dos equipamentos e dos serviços prestados. A CONDER

40

disponibiliza a Educação Ambiental, através de solicitação da autoridade

municipal, para ser ministrada junto a agentes multiplicadores da comunidade

solicitante2.

OPERAÇÃO - segundo (BAHIA, 2002a), a disposição dos resíduos é

feita pelos veículos coletores e se dá diariamente, descarregando-os pelas

bordas da vala, no período chuvoso, e diretamente no seu interior, pela rampa

de acesso durante o período de baixa precipitação. Os resíduos são dispostos

no sentido vertical no interior da vala e espalhados com ferramentas manuais,

para ocupar os espaços vazios, facilitando a cobertura com a lona de Cloreto

de Polivinil – PVC - e a sua compactação pelo peso das camadas superpostas

de resíduos. Opcionalmente pode-se fazer a compactação manual dos RSU.

A cobertura se dá com a aplicação de uma camada de 0,1 a 0,2 m de

solo impermeável local, ao final da jornada de trabalho, ou ao término do

enchimento das valas, desta forma reduzindo o volume de resíduos, em

detrimento desta adição compulsória. A técnica que permite maior longevidade

do aterro, acontece com a cobertura dos RSU com a lona plástica de PVC, ao

final da atividade do dia. A impermeabilidade do material cria uma condição de

isolamento parcial dos resíduos com o meio, evitando o espalhamento pela

ação dos ventos e a presença de vetores de doenças e aves.

O encerramento das valas acontece após os RSU, compactados

manualmente, atingir a altura de 1,0 a 1,5 m a cima do nível do terreno.

Procede-se a adição de solo argiloso, como cobertura final, com 0,6 m de solo

impermeável sobre os RSU, que é compactado, manualmente ou por um trator

agrícola, para a impermeabilização da superfície, mantendo-se a forma

2 Conforme relato de viva voz de Maurício Fiúza, Coordenador de Resíduos Sólidos da CONDER.

41

abaloada, para que não formem poças. Só então, recebe uma camada de solo

orgânico para plantio de gramíneas e/ou arbustos (recuperação do degradado).

A vegetação, além da função já citada, ainda, no seu processo fisiológico de

evapotranspiração, reduz o volume de água das chuvas que podem penetrar

nos resíduos.

O Aterro Simplificado deverá ser operado por no mínimo por 5

funcionários com suas respectivas atribuições: 1 supervisor dos trabalhos,

preferencialmente, de nível superior3, 2 serventes se ocupando da arrumação e

cobertura, 1 servente faz a limpeza geral, podendo ajudar na operação, nas

horas ociosas e 1 vigia noturno. Nas operações simplificadas do aterro são

utilizadas ferramentas manuais (carro de mão, pá, enxada, rastilho, apiloadores

de madeira, e rolo compressor), e que, necessariamente os operadores devem

estar usando Equipamentos de Proteção Individual – EPIs (farda, mascara,

luvas e botas), além de capacitados sobre a importância da sua utilização

(BAHIA, 2002a).

VALAS PARA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE

- a disposição dos resíduos dos serviços de saúde (RSS) é operada em valas

especialmente construídas com esta finalidade, onde os resíduos são lançados

sobre uma manta de PVC, previamente instalada. Por serem resíduos

contaminantes, não devem ser manuseados pelos operadores, minimizando

riscos à saúde. Ao encerramento, da mesma, os RSS são envolvidos pela

manta, recebendo a cobertura final de 0,6 m de solo e compactando-o

manualmente (BAHIA, 2002a).

3 Conforme relato de viva voz de Maurício Fiúza, Coordenador de Resíduos Sólidos da CONDER, em reunião de apresentação e treinamento para operação de Aterro Simplificado, promovido e ministrado nas dependências desta Companhia, aos municípios contemplados com este equipamento no dia 28/11/2003.

42

INSTALAÇÕES DE APOIO - no projeto de Aterro simplificado prevê

(BAHIA, 2002a):

• a construção de cercamento da área com estacas de madeira com 1,8 m de

altura, usando 8 fios de arame farpado com 0,2 m de espaçamento, para

evitar o acesso de pessoas não autorizadas (catadores) e animais.

• “Cerca viva”, constituída do plantio de árvores e arbustos (eucaliptos e

sanção do campo) com alinhamento paralelo a cerca ao redor da área, com

função de reduzir assim, dispersão dos odores característicos.

• a construção de uma guarita (dotada de sanitário) junto a um portão de

acesso, uma portaria e poço de água para abastecimento próprio. As

funções da portaria são: - recepção dos resíduos, com a certificação do

cadastro dos veículos, transportadores dos RSU; - verificar a procedência e

somente permitir a entrada dos resíduos classe II, de serviços de saúde,

podas de árvores e entulhos; - indicação da frente de trabalho para o

deposito do resíduos; e, - controle do volume diário recebido do resíduo.

• “Sistema–Híbrido” - opcionalmente na área do aterro, quando assim

solicitado pelo município, pode ser instalado que consiste em Galpão de

triagem e compostagem dos resíduos úmidos, desta forma aumentando a

vida útil do aterro. A concepção híbrida deste modelo reforça a redução do

chorume gerado, já que, a decomposição da matéria orgânica dos RSU, em

determinadas condições, é a responsável por tal geração.

• eletrificação para suas instalações, com a finalidade de extrair água dos

poços de monitoramento, de equipamentos do galpão de triagem e dar

conforto e segurança aos funcionários.

43

IV. Monitoramento

O monitoramento, segundo (BAHIA, 2002a), deverá ser orientado pela

autoridade ambiental competente, consistindo na comparação entre resultados

obtidos das análises das amostras de água coletadas em poços construídos

em pontos estratégicos para o monitoramento das águas subterrâneas.

Existe a possibilidade, em alguns casos, somente do controle visual,

desde que indicado pelo órgão ambiental responsável pelo licenciamento, ou

haja dificuldades significativas na obtenção do material para coleta.

MANUTENÇÃO - para que um aterro simplificado possa operar de forma

rápida e eficiente, far-se-á necessário um serviço constante de manutenção,

principalmente, a desobstrução dos drenos superficiais para obter boas

condições de descargas durante os períodos chuvosos e limpeza de material

disperso (BAHIA, 2002a).

Outros serviços devem ser mantidos como: supervisão das atividades

propostas, controle dos investimentos anuais (gastos com mão de obra e

outros); controle de proliferação de vetores de doenças e formigueiros,

vigilância da área e cuidar para que não haja instabilidade dos taludes.

V. Análise de custos

Este modelo propõe-se a manter os aspectos sanitários e ambientais

dos aterros tradicionais, a baixo custo de implantação. O custo financeiro aos

cofres do Estado com a implantação desta unidade simplificada de disposição

do RSU, segundo BAHIA (2002a), são da ordem de R$ 88.500,00, e a

44

operação tem custo de mão-de-obra de, no máximo, R$ 3.500,00

mensalmente. Já com os encargos sociais, o valor atual é aproximadamente,

de R$ 150.000,00 (BAHIA, 2004). Enquanto que os 15 aterros convencionais já

implantados, pela CONDER, em municípios com população com faixa acima de

60.001 habitantes, conforme a BAHIA (2002a), representando 3,6% dos

municípios baianos com os recursos da mesma fonte, que variam de R$

500.000,00 a 2.600.000,00 e custo médio de operação entre R$ 15.000,00 a

R$ 20.000,00.

1.4.2 Valas (modelo CETESB)

A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB do

Estado de São Paulo apresentou em 1997, o Aterro em Valas de Pequenas

Dimensões, como uma proposta na busca do equacionamento da problemática

dos pequenos municípios, de pequeno porte, com escassos recursos

financeiros e de pessoal qualificado e que geram pequenas quantidades de

resíduos, impossibilitados de implantarem o modelo convencional nos seus

territórios, “Esse é o grande obstáculo oferecido por todos os tipos de aterros,

quando aplicados a pequenas comunidades, exceto aqueles em valas e

operados sem a utilização de equipamentos” (CETESB, 1997, p.9). Esta

técnica só é viável economicamente para municípios com geração de até 10

t/dia de resíduos.

Devido à principal característica da tecnologia do aterro sanitário

(aterramento de resíduos no solo), uma das maiores preocupações consiste na

proteção da coleção de água subterrânea. Neste sentido, é imprescindível, a

45

observância já desde o processo de seleção de área para implantação de um

aterro sanitário, da distância entre o fundo da vala e o nível mais alto do lençol

freático e as características do solo local. O solo deve ser mais homogêneo

possível, trabalhável, isento de blocos grandes de rochas e matações (grandes

pedras soltas) e com permeabilidade em torno de K= 10-7 cm/s, como depósito

de argilas, siltes e suas misturas.

Este modelo de aterro tem as seguintes características técnicas:

A. Processo de seleção de área.

I. Caracterização da Área

LEVANTAMENTO GEOLÓGICO E GEOTÉCNICO, USO DA ÁGUA E

DO SOLO - a proposta valas/ CETESB está norteada pela legislação do uso do

solo e de proteção dos recursos naturais hídricos, fundamentalmente, os

levantamentos: geologia, geomorfologia, tipo de solo local, além de

predominância dos ventos, relevo, uso do solo no entorno e pela facilidade de

acesso em qualquer época do ano e menor distância dos centros geradores,

possíveis.

As características do solo da área escolhida, indicadas pela CETESB,

que devem ser analisadas são: coeficiente de permeabilidade em torno de K=

10-7 cm/s; consistência; resistência à compressão simples; granulometria; limite

de liquidez; índice de plasticidade.

A área deve ter a declividade máxima em torno de 10%, com distância

mínima de 500,0 m de áreas residências isoladas e 2.000,0 m de áreas

urbanizadas.

46

A distância mínima de quaisquer corpos de água superficiais (várzeas de

rio, pântano e manguezal) é de 200,0 m, e de 3,0 m para distância de águas

subterrâneas em solos argilosos, e superiores a esta distância em solos

arenosos, deixando a avaliação final para técnico especializado.

O solo deve ter as características: de não apresentar grande quantidade

de pedras, rochas aflorantes e grandes pedras soltas (matações); composição

argilosa predominantemente; o mais impermeável e homogêneo possível.

B. Etapas do Projeto

A CETESB (1997) utiliza como exigência mínima para projetos aterros

sanitários para resíduos classe II, na qual podem ser enquadrados os resíduos

domiciliares, o projeto de norma PN 1:603.06.006 – “Aterros de Resíduos não

Perigosos – Critérios para Projeto, Construção e Operação” elaborado pela

ABNT.

I. Aspectos construtivos

DIMENSIONAMENTO DO MODELO SUSTENTÁVEL - consiste na

escavação de valas ou trincheiras em pequenas dimensões, destinadas ao

confinamento dos resíduos sólidos urbanos, compreendendo:

• as laterais (taludes) sub-verticais (com angulação menor ou próximos a

90°);

• com dimensões pré-fixadas em 3,0 m, tanto a altura quanto a largura;

47

• tendo o seu comprimento variável, dependente do volume diário a ser

disposto, porém, atinge o máximo de 27,0 m para o volume de 10,0 ton/dia

(tonelada por dia);

• Com base em cálculo, nos dados de estudos preliminares, imprescindível

para o dimensionamento de qualquer aterro sanitário, segundo a CETESB,

(1997), deve-se reservar cerca de 1,0 m² (um metro quadrado) de terreno

por tonelada de resíduo a ser aterrado.

• Vida útil maior que 5 anos.

• Área de 7,3 ha.

SITEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS - é primordial a

redução do volume de líquidos percolados gerados em um aterro, implantando-

se um sistema adequado de drenagem das águas pluviais, desviando ao

máximo, a entrada de águas de chuva na célula de lixo. Nos períodos

chuvosos, a CETESB (1997) recomenda a redução do comprimento das valas

ou secção destas, diminuindo o tempo de fechamento, com a finalidade de

minimizar o contato das águas das chuvas com os RSU.

O sistema de drenagem de águas pluviais deve captar as águas das

chuvas e desviá-las por canaletas escavadas no terreno, de forma, a

proporcionar uma declividade conveniente ao dreno. A quantidade de drenos a

serem escavados depende da área de contribuição, ou seja, quanto maior o

volume das águas precipitadas, maior número destas canaletas. O

dimensionamento dos drenos é feito de forma analítica com base nos dados do

levantamento climatológico.

SISTEMA DE DRENAGEM E TRATAMENTO DOS LIXIVIADOS - o

sistema de drenagem de lixiviados dos aterros em valas não é recomendado,

48

pois quando o dimensionamento das valas for adequado e nas estações

chuvosas forem utilizadas valas menores, reduzindo assim a área exposta às

chuvas, o volume de líquidos percolados gerados será muito pequeno,

mantendo-os acumulados na própria vala em operação.

Outra alternativa é construir valas seccionadas transversalmente (como

uma vala subdividida), evitando o contato da água de chuva com os resíduos,

podendo esta ser descartada sem tratamento. Quando as valas são

encerradas, devido à espessura da cobertura de solo que recebe,

praticamente, impossibilitando a produção de líquidos (CETESB, 1997).

O Sistema de Tratamento de Lixiviados é dispensado neste

equipamento, pois os volumes gerados são muito pequenos, ficando

acumulados dentro da própria vala, desde que, seguindo corretamente, todos

os procedimentos de operação recomendados pela CETESB, exceto em locais

com alto nível de precipitações pluviométricas.

SISTEMA DE DRENAGEM DE GASES - no modelo de valas para

pequenos municípios, a formação e a dispersão de volumes pouco

significativos de gases gerados, segundo o projeto da CETESB (1997), está

diretamente relacionado com a reduzida quantidade de resíduos acumulados e

a pequena profundidade das valas, permitindo que saiam livres das valas.

Desta forma é dispensável a construção de sistemas especiais para a

drenagem de gases, pela impossibilidade destes formarem acúmulos

perigosos.

IMPERMEABILIZAÇÃO - quando há a necessidade da

impermeabilização das valas, a única alternativa é a utilização de mantas ou

membranas sintéticas de Polietileno de Alta Densidade – PEAD de 2,0 mm

49

(milímetros) de espessura. A utilização de solo argiloso compactado para

impermeabilização do fundo da vala, “... é inviável devido à técnica construtiva

e às dimensões reduzidas das valas, devendo-se, obrigatoriamente, escolher-

se áreas que naturalmente reúnam condições de permeabilidade favorável à

implantação do aterro sem o uso de impermeabilizações.” (CETESB, 1997, p.

16).

II. Medidas Operacionais

Para a abertura das valas, o solo deve dar sustentação de taludes sub-

verticais (solo argiloso), e pode ser operado por qualquer equipamento, com

capacidade de escavação, contudo, a CETESB condiciona essas operações à

capacidade operacional das retroescavadeiras, pela possibilidade destes

modelos de máquinas leves estarem disponíveis nas pequenas comunidades,

com baixos recursos financeiros.

As valas são abertas com vida útil que não excedam um mês, e

seccionadas por 0,5 m de solo, a cada 20,0 m. O solo resultante da escavação

deve ser acumulado sobre a vala já encerrada mais próxima (opção de

compactação).

Os resíduos são dispostos verticalmente pelo lado livre fora das valas,

sem ingresso dos veículos no seu interior. Não é prevista a compactação dos

RSU neste modelo, sendo estes manualmente nivelados e cobertos com terra,

diariamente, tolerando-se freqüências menores, apenas, em circunstâncias

especiais. Os resíduos atingem 0,5 m cima do nível do terreno, para então

receber a cobertura final de 0,5 m de terra, prevendo prováveis recalques.

50

Desta forma, a partir do total preenchimento do primeiro trecho da vala, passa-

se para outro até o completo aterramento desta.

A CETESB (1997) sugere que diante da disponibilidade de trator de

esteiras no município, poderá se promover melhor compactação dos resíduos,

com a passagem deste equipamento diversas vezes sobre o local aterrado. Na

impossibilidade da compactação referida, o procedimento da abertura da vala

seguinte deve permitir que a terra de escavação seja acumulada sobre as valas

já aterradas, impondo assim, uma certa compactação, desta forma acelerando

os recalques.

INSTALAÇÕES DE APOIO - esta proposta de aterro prevê a construção

de cerca de arame e uma cerca viva ao redor da área do aterro; um sistema

viário construído de forma a permitir acesso à frente de trabalho na área do

aterro, inclusive, em dias chuvosos; “tela móvel” para evitar o espalhamento

dos resíduos pela ação dos ventos; e uma portaria, conforme descrito:

[...] “num portão de entrada com uma guarita onde, se possível, deverá permanecer um vigia. Quando o aterro for localizado distante de comunidade, sendo improvável a presença de catadores, é admissível que a portaria resuma-se num portão fechado, ficando a chave de posse do motorista do veículo coletor e do encarregado dos serviços de limpeza pública.” (CETESB, 1997, p. 15).

PLANO DE UTILIZAÇÃO DA ÁREA - este plano visa o aproveitamento

integral da área. O plano de utilização da área consiste nas recomendações

básicas da escolha da área, disposição das estruturas de apoio, as valas e os

sistemas de drenagem e viário, não permitindo que seja reduzida sua vida útil,

bem como, a qualidade operacional do sistema.

51

III Monitoramento

A CETESB (1997) recomenda a consulta do projeto de norma - PN

1:63.06.003 – “Construção de Poços de Monitoramento e Amostragem de

Aqüífero Freático”, elaborado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

– ABNT. Pois, diante da inexistência de procedimentos padronizados que

sejam válidos em quaisquer circunstâncias, deve-se combinar as diferentes

técnicas de avaliação existentes com o objetivo de controle efetivo desse

manancial, pelos métodos diretos e indiretos. Nos métodos diretos são

perfurados poços visando a área de influência do aterro, permitindo a retirada

de amostras para análises laboratoriais. Os métodos indiretos, sem perfuração,

pela sondagem ou caminhamento elétrico.

MANUTENÇÃO - o projeto não apresenta uma proposta objetiva de

manutenção do aterro, evidenciando apenas, os aspectos operacionais de

drenagem de águas pluviais, para evitar sua entrada nas valas, minimizando a

formação dos líquidos percolados, e o acumulo de água próximo os montes de

terra (que irão servir de cobertura dos resíduos dispostos) (CETESB, 1997).

ENCERRAMENTO DO ATERRO - as áreas ocupadas pelos aterros

sanitários deixam alterações na topografia, nas condições de escoamento

superficial e subterrâneo das águas, bem como, outras características locais.

Mesmo os aterros já encerrados exigem obras que protejam suas estruturas

durante um tempo, que dependem das dimensões construtivas, até sua

integração, com relativa estabilidade, ao ambiente local.

No caso dos aterros sanitários em valas, algumas medidas simples

podem minorar os problemas, como: questão ambiental deve ser resolvida ao

52

longo da escolha da área; operação criteriosa; nivelamento da superfície da

área do aterro encerrado (com motoniveladoras); plantio de culturas que não

apresentem raízes profundas, nem contato com o solo e nem consumidas in

natura (cana-de-açúcar, milho) podem ocupar imediatamente a área, após o

encerramento das atividades; alternativamente pode ser aproveitada a área, da

forma acima descrita, a medida que o aterro vai sendo executado.

Recomendando para cada situação particular a consulta a um engenheiro

agrônomo. Segundo a CETESB (1997), empregando-se as recomendações

apresentas no manual de ATERROS SANITÁRIOS EM VALAS, CETESB,

1997, o encerramento do aterro consistirá em operações relativamente fáceis

de execução, de baixo custo e não necessitar de outras providências, além das

mencionadas.

IV Análise de Custos

O manual do modelo simplificado de aterro sanitário da CETESB, do ano

de 1997, não apresenta análise de custos.

1.4.3 Aterro Sustentável (modelo PROSAB)

O Aterro Sustentável, conforme modelo concebido pela Rede de

Pesquisa em Saneamento Básico do Programa de Pesquisa em Saneamento

Básico – PROSAB – Edital 3 – Resíduos Sólidos, é uma tecnologia alicerçada

em procedimentos científicos, para a disposição final sustentável dos RSU

gerados em municípios de pequeno porte, propondo-se a compatibilizar a

concepção, projeto e operação com requisitos ambientais e com as

53

potencialidades locais, aliado a uma simplicidade operacional. Esta alternativa

busca atender as condições peculiares dos municípios de pequeno porte

quanto às dimensões: ambiental; sócio-cultural; política; econômica; financeira

e integrada, simultaneamente, às demais etapas do GIRSU.

O modelo tecnológico de Aterro Sustentável/PROSAB, segundo

Castilhos Junior e outros (2003), visa:

• manejo ambientalmente adequado dos RSU;

• capacitar tecnicamente as equipes responsáveis pelo projeto, operação,

monitoramento e encerramento do aterro;

• adequar os custos à realidade sócio-econômica dos municípios;

• gerar emprego e renda e envolver efetivamente os atores políticos,

institucionais e da população local.

Este modelo de aterro tem as seguintes características técnicas:

A. Estudos Preliminares.

O modelo prevê estudos preliminares, com o levantamento de

informações necessárias para a escolha da área e do tipo de sistema a ser

empregado, bem como o controle posterior ao longo de toda a operação do

aterro. Os estudos preliminares podem ser divididos em duas partes: na

caracterização do município e no diagnóstico do GIRSU adotado.

54

I. Caracterização do Município

São levantadas informações tais como dados sobre a população,

principais atividades sócio-econômicas desenvolvidas e a infra-estrutura

existente para os serviços de saneamento básico. Este levantamento de dados

permite o maior conhecimento da geração de RSU da comunidade.

II. O diagnóstico do GIRSU em andamento no município

O diagnóstico do GIRSU em andamento no município deve abranger

todas as etapas, desde a geração até a destinação final, colhendo dados quali-

quantitativos, recomendando-se a elaboração de um questionário

contemplando:

Geração – geração per capta e composição gravimétrica, ou seja, o

percentual correspondente entre diferentes componentes da quantidade do

total RSU;

Varrição – número de funcionários lotados nesta atividade, tipos e

número de equipamentos, freqüência, volume gerado, comprimento das ruas,

percentual de área da cidade contemplada por este serviço;

Coleta/Transporte – tipo de veículo utilizado, percentual de cobertura por

este serviço, percentual de coleta convencional e seletiva, freqüência e

quantidade coletada/mês pelo método de cubagem (avaliação volumétrica) ou

pesagem;

55

Tratamento – indicar a existência de alternativas de tratamento a

exemplo de compostagem da fração orgânica e de resíduos de podas e

capinas e de triagem de materiais recicláveis visando posterior reciclagem;

Destinação final – descrição do sistema empregado (aterro controlado,

lixão), localização e análise de áreas de proteção permanente – APP e outras

restrições legais, área total, caracterização ambiental da área e do seu entorno,

relação da área com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, presença de

recursos hídricos inclusive nível do lençol freático, geologia, geomorfologia, tipo

de solo local, direção predominante dos ventos, relevo e uso do solo no

entorno, dentre outros.

Os estudos preliminares citados anteriormente subsidiarão a conclusão

da necessidade de recuperação da atual área, por meio da adoção de ações

de caráter mitigador, ou que, a área é segura para a instalação do aterro

sustentável, assim como, podem indicar a viabilidade de implantação de um

sistema de compostagem ou de uma usina de triagem, visando posterior

reciclagem.

B. Processo de Seleção de Área.

O processo de seleção de área para municípios de pequeno porte,

conforme modelo do PROSAB, pode ser simplificado. No entanto, devem ser

considerados três critérios: ambientais; de uso e ocupação do solo; e

operacionais. Com matriz de pontuação para cada critério adotado, incluindo

definição, justificativa, observações, faixa de avaliação e correspondente

nota/peso, a ser aplicado a cada área cogitada no processo de seleção. Segue

56

relação dos critérios ambientais; de uso e ocupação do solo; e operacionais

adotados pelo citado modelo:

critérios ambientais - distância de recursos hídricos superficiais e

subterrâneos; áreas inundáveis; geologia e potencial hídrico; condutividade

hidráulica; profundidade do lençol freático e fauna e flora (presente ou

ausente).

critérios de uso e ocupação de solo - distância de vias; distância dos

centros urbanos e legislação municipal e outras restrições legais.

critérios operacionais - clinografia; espessura do solo (horizonte B) e

reaproveitamento do lixão.

C. Etapas do Projeto.

I. Caracterização da Área

LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO - o modelo de aterro

sustentável/PROSAB recomenda a realização de levantamento topográfico

planialtimétrico na escala de 1:1000 (escala de detalhe). O mapa resultante

deverá constar o relevo com curvas de nível e a indicação dos usos da área,

delimitação da área indicada para disposição de RSU, dos acessos, dos

prédios, da vegetação e dos recursos hídricos superficiais.

LEVANTAMENTO GEOLÓGICO E GEOTÉCNICO - o modelo de aterro

sustentável/PROSAB sustenta a necessidade da realização de levantamento

geológico e geotécnico nas etapas de seleção de área e posteriormente na sua

implantação apresentando metodologias simplificadas de ensaios para análise

57

granulométrica, limite de liquidez, limite de plasticidade, ensaio de

permeabilidade e ensaio de peso específico real dos grãos.

LEVANTAMENTO CLIMATOLÓGICO - o modelo de aterro

sustentável/PROSAB evidencia a necessidade de determinação dos índices

pluviométricos da região para dimensionar o sistema de drenagem superficial,

estimar a geração de lixiviados e a definição quanto à necessidade de

instalação de uma cobertura na trincheira em operação, visando a minimização

desta geração, o que justificaria a dispensa de implantação de um sistema de

tratamento de lixiviados, reduzindo os custos financeiros do projeto. Uma

alternativa é colocar uma manta de PVC entre os resíduos e a camada de solo,

a segunda, sugerida por Castilhos Júnior e outros (2003), consiste na cobertura

da trincheira em operação, por um modelo de “Telhado móvel”, construído com

lona plástica e estrutura de bambu ou eucalipto, dependendo da disponibilidade

local. Este telhado pode ser montado e remontado a cada nova trincheira a ser

operada, apresentando as seguintes vantagens:

• não aumentar o volume de lixiviados pela adição da água das chuvas;

• quando prevista a recirculação, a não utilização de cobertura com terra

minimiza os custos financeiros e os impactos locais ou em outra área, com

a retirada de solo para cobertura dos RSU;

• uso desta cobertura que pode justificar ausência do sistema de tratamento

destes líquidos, pelo baixo volume gerado;

• oferecer condições de trabalho mais amenas para os operadores.

LEVANTAMENTO DE USO DA ÁGUA E SOLO - o modelo de aterro

sustentável/PROSAB prevê o levantamento de usos da água e do solo na área

de intervenção e no seu entorno.

58

AQUISIÇÃO DA ÁREA - conforme Castilhos Júnior e outros (2003), a

aquisição e desapropriação do local representa um dos principais custos da

fase de planejamento do aterro sustentável, dando-se preferência aos terrenos

de propriedade da própria prefeitura ou de baixo valor econômico. Quando a

área escolhida for o lixão são previstos outros gastos para adequar o local para

implantação do aterro sanitário.

II. Aspectos Construtivos

O método utilizado neste modelo é o de escavação de trincheiras feitas

no solo, para posterior aterramento dos resíduos. O solo retirado no processo

de construção das mesmas deverá ser reservado para as coberturas

intermediárias (final da jornada de trabalho) e a cobertura final. Esta técnica

pode ser aplicada em terrenos planos ou com baixa declividade. As trincheiras,

construídas por retroescavadeiras, podem ter a forma de paralelepípedo

(laterais são verticais em relação ao fundo, inclinação 1:1) que depende das

características do solo, ou trapezoidal (laterais pouco inclinadas 1:2 a 1:3)

utilizadas quando é recomendado a geomembrana, para impermeabilização do

fundo da trincheira.

DIMENSIONAMENTO DO ATERRO SUSTENTÁVEL/PROSAB E DAS

TRINCHEIRAS - o dimensionamento visa:

• quantificar o volume diário que será disposto;

• utilizar cobertura diária com 0,1 a 0,2 m de solo local, com compactação

média (250,0 a 350,0 Kg/m³) ou 25% do volume de resíduos a serem

aterrado;

59

• estimativa de vida útil para cada trincheira entre 2 e 4 meses;

• estimativa de vida útil mínima de 5 anos para o aterro;

• definir índice de compactação (sem compactação a densidade média é de

100,0 a 150,0 Kg/m³ e compactado manualmente é de 250,0 a 350,0

Kg/m³);

• definir a profundidade da trincheira que dependerá do nível do lençol

freático e da camada de solo, sendo sugerida em torno de 2,0 a 3,0 m;

• largura da trincheira estimada entre 3,0 a 6,0m;

• comprimento é função da quantidade de resíduos a serem dispostos,

inferior a 40,0 m³/dia, ou limitado a uma população de 10.000 habitantes,

máximo de 35,0 m;

• espaço para a construção dos acessos viários para o trânsito dos

caminhões para o descarregamento do material nas trincheiras, sempre

observando as cotas do terreno a fim de diminuir a movimentação de terra.

SISTEMA DE DRENAGEM SUPERFICIAL - é prevista a implantação de

sistema de drenagem superficial no modelo de aterro sustentável/PROSAB

cujas canaletas serão abertas manualmente, na direção preferencial do fluxo

de escoamento superficial minimizando os custos.

SISTEMA DE DRENAGEM E TRATAMENTO DE EFLUENTES

LÍQUIDOS (LIXIVIADOS) - conforme comentário de Castilhos Junior e outros

(2003), a menor geração de lixiviados em aterros de pequeno porte é uma

questão que cabe discussão, no tocante à real necessidade da implantação de

um sistema específico de tratamento dos efluentes líquidos. O modelo proposto

pelo PROSAB propõe a recirculação dos lixiviados como viável para acelerar a

degradação dos resíduos, como pela supressão de um sistema de tratamento,

60

podendo ser implementada por: infiltração (rega), ou bombeamento. Para as

duas alternativas propostas de recirculação de lixiviados torna-se necessário

um sistema de drenagem de lixiviados, coleta para reservatório e posterior

bombeamento para retorno à trincheira. O volume a ser recirculado é função da

precipitação média mensal local. Castilhos Junior e outros (2003), propõem

recirculação mensal para cada trincheira, após a passagem da fase ácida da

digestão anaeróbia, com a função de manter as condições ótimas (umidade

alta) para a rápida degradação microbiana dos RSU e evitar a recirculação de

altas taxas de concentração de microrganismos.

Em regiões com alto índice pluviométrico, em determinadas épocas do

ano, aconselha-se construção de telhado cuja estrutura poderá ser móvel, para

o período de preenchimento da trincheira, evitando a chuva direta sobre esta e

melhorar as condições de trabalho dos funcionários.

IMPERMEABILIZAÇÃO - a manta mineral é indicada como o

revestimento para as trincheiras de RSU em aterros de pequeno porte

conforme modelo proposto pelo PROSAB, desde que o levantamento

geotécnico obtenha dados confiáveis em relação à geologia local. Caso

contrário, deve se utilizar a geomembra de PEAD ou PVC. Para o sistema

simplificado/PROSAB analisam-se, especificamente, as seguintes

características do solo:

• espessura da camada;

• granulometria do solo;

• baixa permeabilidade do solo (< 10-7 cm/s);

• condutividade hidráulica;

• baixo índice de vazios;

61

• capacidade de carga;

• distância do lençol freático (mais de 2,0 m do fundo da trincheira); e,

• ausência de falhas geológicas.

O emprego exclusivo de revestimento mineral deverá garantir a

utilização de materiais apropriados na construção do revestimento, a

disposição e compactação adequada dos materiais apropriados e que a

camada é adequadamente protegida contra possíveis danos. Os tipos de solos

apropriados para tal fim, de acordo com o sistema de classificação unificado

(ASTM D-2487), são os solos argilosos de baixa e de alta plasticidade e os

areno-argiloso, obtidos no próprio local, de preferência, ou trazidos de jazidas

próximas do aterro.

O solo pode ser, ainda, utilizado diretamente ou processado. O

processamento do solo consiste em remover, dentre outros, pedras e outros

materiais maiores e grandes partículas, alterar o conteúdo de água ou

adicionar materiais (bentonita, argila comercial) visando reduzir a condutividade

hidráulica (10-7 cm/s).

SISTEMA DE DRENAGEM DE GASES - no modelo de aterro

sustentável/PROSAB recomenda-se, por segurança, pelo menos, a instalação

de um dreno vertical para o biogás gerado. Na confecção deste utiliza-se cano

de PVC de 40,0 mm (perfurando sua parede) envolvido com brita, da base até

o topo da trincheira, podendo ser utilizado opcionalmente outros materiais

encontrados no aterro, a exemplo de pneus descartados e garrafas PET,

devidamente furadas, o que contribuirá para a redução dos custos financeiros.

62

III. Medidas Operacionais

IMPLANTAÇÃO - na etapa de implantação do aterro são executadas

todas as atividades cabíveis a qualquer tipo de aterro.

O procedimento adequado para a construção do revestimento mineral,

conforme Castilhos Junior e outros (2003), devem ser seguidas as seguintes

indicações: - espalhamento em camadas de 0,2 m de solo sobre a superfície

regularizada do terreno; - compactar o solo (podem ser usados soquetes e

compactadores manuais do tipo pé de carneiro e/ou liso) para garantir o

amassamento, passando 5 vezes antes de lançar a próxima camada; - a

preparação da superfície para o receber a próxima camada, consiste em

escarificá-la (com ranhuras de 0,2 – 0,3 m) para melhorar a adesão entre

estas, procedendo do mesmo modo anterior, até atingir 0,6 m de espessura; -

molhar ou revestir com lona plástica as superfícies, assim impermeabilizadas,

para evitar o ressecamento (fissuras).

Os operadores devem utilizar os Equipamentos de Proteção Individual,

além, de vacinados contra hepatite A, B e tétano.

OPERAÇÃO - esta fase do aterro sanitário sustentável está ligada a

todas as etapas do GIRSU, que determinam a forma de operação das

trincheiras. Castilhos Junior e outros (2003), recomendam que o encarregado

de operação tenha no seu perfil a responsabilidade, a desenvoltura, a

paciência e a metodicidade e que receba treinamento específico. Desta forma,

sugere que as prefeituras invistam na capacitação profissional, como uma das

medidas mais importantes para o bom gerenciamento da área.

63

A qualidade e o porte dos equipamentos necessários para implantação e

operação do aterro sanitário são bastante variáveis, dependendo das

especificidades da área, da época do ano, complexidade de execução e da

fase em que se encontra o projeto.

A operação consiste na disposição dos RSU, descarregados diretamente

do caminhão coletor, independendo da existência ou não da triagem antes do

descarte, nas trincheiras. Durante a aproximação dos veículos coletores para

descarga nas trincheiras devem ser tomados cuidados, evitando riscos de

acidentes, tanto para o operador, quanto para o revestimento de geomembrana

(caso seja empregada, é sugerido a cobertura desta com solo, evitando o

contato direto caminhão-manta), além da possibilidade do veículo entrar na

trincheira para a descarga.

Os resíduos descarregados na trincheira podem ser espalhados

manualmente com gadanho, enxadas e pás em camadas horizontais de 0,3 m,

assegurando o preenchimento uniforme da trincheira e sua compactação, com

rolo compactador manual.

A cobertura diária é aplicada ao final da jornada de trabalho, enquanto

que a cobertura intermediária dos resíduos pode ser utilizada ou não,

dependendo da alternativa adotada (não é recomendável quando esteja

prevista a recirculação dos lixiviados). Esta operação tem a função de diminuir

a taxa de formação dos lixiviados, eliminar a proliferação de vetores de

doenças, reduzir a geração de odores desagradáveis e a saída descontrolada

de biogás.

Após o preenchimento de cada trincheira, são colocadas camadas de

20,0 cm e compactadas até atingir 0,6 m (cobertura final) de solo compactado,

64

recobrindo-o com terra fértil para plantio de gramíneas, que auxiliam tanto na

estética quanto na diminuição da infiltração da água das chuvas.

INSTALACÕES DE APOIO - as instalações de apoio do aterro

sustentável do PROSAB são:

• vias de acesso interno e externo;

• isolamento da área;

• cancela e guarita de controle;

• dependências para o pessoal da operação;

• galpão para manutenção,

• galpão de triagem para reaproveitamento reciclagem e compostagem dos

resíduos (opcional)

• valas para aterramento de animais mortos.

• pesagem dos RSU, para o controle e pesagem de resíduos, Castilhos

Junior e outros (2003), propõem um controle periódico, utilizando-se,

trimestralmente, balanças da região, durante 7 dias seguidos.

O modelo não prevê valas para resíduos de serviço de saúde – RSS.

IV. Monitoramento

Para municípios de pequeno porte, o plano de monitoramento pode

trazer implicações financeiras consideráveis, sendo relevante fazer

adequações do seu dimensionamento, garantindo a sua efetiva execução, ou

seja, cada caso deverá ser avaliado considerando-se as peculiaridades locais.

Neste modelo, está previsto o monitoramento na fase de Implantação,

65

operação pós-encerramento do aterro e o monitoramento de área degradada

do lixão.

Os parâmetros a serem monitorados do aqüífero para este modelo de

aterro (que deve receber exclusivamente resíduos de origem domiciliar e que

adote, também, a recirculação dos lixiviado), são: pH, DQO, DBO, nitrogênio

amoniacal e fosfatos totais, dependendo do modelo operacional do sistema

(CASTILHOS JÚNIOR e outros, 2003).

Para o biogás, os parâmetros monitorados são os gases metano (CH4),

dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), recomendando-se

para o modelo de aterro sustentável a “cromatografia de fase gasosa” para

análise.

As implicações geotécnicas deverão ser analisadas, para municípios de

pequeno porte, nas fases de caracterização da área, projeto e implantação da

obra. O monitoramento geotécnico é projetado em função do risco de

contaminação envolvida, podendo ser dispensado, quando forem bem

avaliadas as seguintes características:

• Físicas, da estratigrafia e espessura da camada de subsolo;

• Intensidade pluviométrica, fluxo de subsuperfície e a profundidade do lençol

freático;

• Estruturas do sistema de disposição final adotado, enumerando: sistemas

de contenção dos líquidos, de biogás; de drenagem pluvial, camada de

cobertura, espessura total do sistema e das células dos resíduos; volume e

composição dos resíduos; recalques.

66

V. Análise de Custos

A análise de custos envolve avaliação econômica de todas as etapas do

aterro, sendo determinada pelos aspectos específicos de cada projeto e

dependendo do local onde esse será implantado. Desta forma, Castilhos Junior

e outros (2003), exemplificam com valores estimativos de custo relativo à obra

de implantação de uma trincheira pelo modelo de aterro sustentável/PROSAB

na cidade de Catas Altas, MG, que apresenta uma população urbana de 2.969

habitantes, produção per capita de 0,470 Kg/RSU, produção diária de 1.250,0

Kg de RSU e abrangência da coleta de 90%. A trincheira construída foi

projetada para ter vida útil de 90 dias e dimensionamento de 30,0 m de

comprimento, com 5m de largura de topo, com 3,0 m de base e com 3,0 m de

profundidade apresentou um custo estimado de execução, operação e

fechamento de R$ 3.269,31 e um custo estimado para implantação das obras

de infra-estrutura e equipamentos de R$ 13.860,32.

67

2 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MODELOS DA CONDER,

CETESB E PROSAB

Os Elementos Elencados Pertinentes aos Modelos Simplificados em Foco são:

AQUISIÇÃO DA ÁREA - a CONDER e o PROSAB afirmam que um dos

principais custos para os municípios é a aquisição e a desapropriação do local,

dando-se preferência aos terrenos da própria prefeitura ou de baixo valor

econômico. Ainda recomendam, nos seus projetos, que as prefeituras

adquiram áreas excedentes para a disposição final dos RSU destes municípios,

com base na projeção do aumento populacional do IBGE. A CONDER

recomenda a aquisição de 10,0 ha, que é o dobro da área calculada para a

implantação do seu projeto, enquanto o PROSAB recomenda a aquisição de

5ha. O objetivo desta sugestão de acréscimo de área, visa a atender

ampliações futuras do aterro, de impedir construções de empreendimentos ou

residências, próximas e espaço para ações sociais, (BAHIA, 2002a). A

CETESB não faz estas previsões.

ESCOLHA DA ÁREA - o processo de escolha da área, Castilhos Junior

e outros (2003), sugerem critérios: ambientais, de uso e ocupação do solo, e

operacionais, que a partir da definição do local são realizados levantamentos

nos estudos preliminares: geológicos, geotécnicos, climatológicos e de usos da

água, além, da caracterização do município e no diagnóstico do GIRSU

adotado. A CETESB utiliza critérios comuns aos acima propostos, contudo, não

faz a caracterização do município nem o diagnóstico da Gestão dos RSU local,

calculando o volume de resíduos gerados por valores obtidos pelas diversas

experiências da Companhia. Segundo o projeto da CONDER, as informações e

68

os projetos, fornecidos em seu manual, pretendem capacitar aos interessados

em implantar seus aterros, apenas adaptando-os à topografia e as condições

de solo local, além de que possuam as condições sugeridas pela Companhia,

para a escolha da área.

A CONDER (nos caso de Alcobaça e Caravelas) e o PROSAB

recomendam a recuperação da área degradada dos lixões ou aterros

controlados nos municípios, por ocasião da implantação destes modelos. A

CETESB não faz menção a este tópico.

VIDA ÚTIL - a vida útil do aterro de no mínimo de 10 anos é

recomendada no processo de escolha de área (BAHIA, 2002a). Contudo, a

CETESB e o PROSAB prevêem uma vida útil de, no mínimo 5 anos, para seus

modelos. Porém o segundo, como descrito acima, pode compensar esta

carência de área, com o excedente disponibilizado para implantação do projeto.

A CONDER e o PROSAB recomendam, quando adequada, a implantação do

aterro utilizando áreas de jazidas de solo ou pedreiras desativadas, podendo

recuperar o local degradado. A CETESB não faz menção a este alternativa.

COBERTURA DOS RESÍDUOS - considerando-se as distâncias do

lençol freático utilizadas pelos modelos, o emprego das técnicas para evitar o

contato direto das águas das chuvas com os RSU (lona de PVC – CONDER e

telhado móvel e manta de PVC – PROSAB e manta mineral – os 3 modelos),

reduzindo o volume de lixiviados, que poderiam ser formados pelo acréscimo

das chuvas, e pelo tipo de solo escolhido para implantá-los (argiloso e

variações de argiloso), desta forma, podem aumentar o tempo de passagem

dos pequenos volumes de lixiviados pelo solo, possibilitando a sua filtragem,

depurando os percolados (GUIMARÃES, 2000). A CETESB não apresenta

69

alternativas com este fim, além da redução das dimensões ou seccionamento

das valas nos dias chuvosos.

VALAS SUPERPOSTAS - o Aterro de Superfície, conforme Lima (1991),

pode ser operado pelo método de trincheiras ou valas, de rampa e de área. O

método de acordo com a CETESB e a CONDER, têm como alternativa a

construção de Valas Superpostas, que otimizam a vida útil dos aterros,

reduzindo os gastos com escolha de novas áreas, os impactos inerentes do

empreendimento e a possibilidade de risco ambientais nestas áreas. Dentre os

modelos propostos somente o PROSAB não menciona esta alternativa.

NÚMERO DE HABITANTES ATENDIDOS PELO MODELO DE

ATERROS - a população atendida é, aproximadamente, de 20.000 habitantes

pelo Aterro Simplificado, considerando-se 0,7 Kg/hab/dia para o cálculo do

volume de RSU e que, até pouco mais de 20t/dia destes resíduos, é possível

operar o modelo, conforme o projeto da CONDER. Os valores de resíduos

sólidos gerados dependem do porte da cidade, conforme CETESB (1997), que

ainda afirma, com base em nossas experiências na área de assistência aos

municípios, pode ser utilizado nestes dimensionamentos o valor 0,4 Kg/hab/dia.

O modelo do PROSAB e da CETESB atendem municípios ou cidades com até

10.000 habitantes, utilizando para cálculo de volume de RSU o valor sugerido

pela CETESB.

SISTEMAS EMPREGADOS NOS MODELOS DE ATERROS – o

Sistema Drenagem das águas pluviais é de fundamental importância para os

modelos em discussão pela função de evitar a formação de grandes volumes

de lixiviados. No sistema de drenagem de gases, somente, o projeto do

PROSAB emprega pelo menos um dreno por trincheira, com as dimensões

70

propostas do seu modelo, além de utilizar alternativamente (dependendo da

profundidade do lençol freático), um sistema de tratamento de lixiviados por

recirculação (rega ou bombeamento sobre a massa de resíduos). Os modelos

da CONDER e CETESB dispensam estes sistemas.

OPERAÇÃO DOS MODELOS DE ATERROS - a descarga dos

caminhões coletores de RSU no interior das valas ou trincheiras oferece

menores riscos aos operadores comparados à descarga pela lateral das

mesmas. Esta é uma alternativa dos modelos da CONDER e do PROSAB. Nos

dias chuvosos, os três modelos se igualam nesta operação, com a descarga

executada pela lateral das valas, todavia, sugerem que esta atividade seja

criteriosa, com o máximo de atenção e segurança.

O ato de espalhar os RSU, com ferramentas manuais nos três modelos,

tem a função de melhor ocupar o volume das valas ou trincheiras. A

compactação, após o espalhamento, pode aumentar a quantidade de RSU por

unidade de volume, conforme afirmam Castilhos Junior e outros (2003),

quando sem compactação a densidade média dos resíduos é da ordem de

100,0 a 150,0 kg/m³ e para a compactação manual é da ordem de 250,0 a

350,0 kg/m³. Os modelos do PROSAB e da CONDER apresentam as

vantagens do método manual de compactação, além de sugestões de

ferramentas para esta operação. O modelo CETESB recomenda a

compactação mecânica, quando possível, ou o peso do solo removido da vala

subseqüente depositado sobre esta, para executar esta operação e os

possíveis recalques.

A cobertura com lona de PVC diretamente sobre os RSU após o

encerramento do dia de trabalho (CONDER), ou o uso de telhado móvel

71

(PROSAB) tem a função primordial de evitar o aumento do volume de lixiviados

pelo acréscimo das águas das chuvas, possibilitando reduzir os custos do

projeto, por dispensar o sistema de tratamento destes líquidos, dependendo

das condições, anteriormente analisadas, de solo e distância do lençol freático.

A cobertura dos RSU com camada de 0,1 a 0,2 m de solo diariamente, tem a

mesma função, segundo os autores dos três modelos, além de minimizar os

impactos; visual, da proliferação de vetores, dos odores e o espalhamento dos

materiais leves. A lona de PVC disposta como recomendada possibilita a

atender às duas funções, evita os impactos acima citados e impede o aumento

de volume por acréscimo das águas das chuvas e melhor aproveitamento do

volume das valas, por não ser adicionado volumes de solo a estas (BAHIA,

2002a).

TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO - a maior dificuldade observada

para os municípios de pequeno porte, segundo Castilhos Junior e outros

(2003), talvez seja a limitação de pessoal qualificado para coordenar e

operacionalizar um programa de monitoramento ambiental e geotécnico. Para

amenizar esta questão, são sugeridas parcerias com instituições públicas e

privadas, desde que tenham atividades afins. O treinamento e a capacitação da

equipe de operação é recomendado pelo PROSAB e pela CONDER, nos

municípios de Alcobaça e Caravelas, a CONDER além de apresentar o modelo

simplificado, em forma de palestra, para técnicos e secretários municipais,

treinou durante uma semana os operadores do aterro implantado e prestam

assistência periódica aos municípios.

TRIAGEM E COMPOSTAGEM - a triagem dos RSU para

reaproveitamento, reciclagem e compostagem pode promover a reinserção de

72

grande volume de materiais com economia dos recursos naturais, podendo

gerar emprego e renda. Esta operação, conforme Nunesmaia (2002), a partir

da participação das comunidades neste processo promovendo a inclusão

social, podendo melhorar as condições sanitárias, ambientais e econômicas

para estas pessoas e para os munícipes. Desta forma, as políticas públicas

devem incentivar o uso racional de materiais, aprimorando-se assim, a gestão

dos RSU dos municípios. Os modelos da CONDER e PROSAB apresentam

como alternativa a instalação de galpão, para a realização desta operação,

quando solicitada pelo município. Quando uma prefeitura optar por esta

alternativa, o IPT/CEMPRE (2000), afirma que, podem ser reduzidos cerca de

50% dos RSU destinados ao aterro, somente, com a compostagem. Contudo,

uma decisão estratégica deve ser tomada para implementá-la, optando-se pela

implantação da coleta seletiva ou triagem dos RSU. No caso da fração

orgânica o recomendado é a coleta seletiva com segregação na fonte, para

evitar à contaminação com resíduos perigosos.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL - visando valorizar os recicláveis, se deve

evidenciar a coleta seletiva como instrumento do GIRSU. Contudo, a

viabilidade da sua implantação depende fundamentalmente, da pesquisa de

mercado de recicláveis, dentre outros, além de que se deve nortear a educação

ambiental para privilegiar sempre todas as partes deste processo, pois os

resíduos segregados na fonte de origem obterão maior qualidade, como

matéria - prima secundária. Assim a educação ambiental:

[...] é instrumento da maior importância na gestão dos resíduos sólidos. Através dela pode-se levar a população a conscientizar-se da sua própria responsabilidade, fazendo que reduzam o lixo que produz e desenvolva nova visão e atitude em relação a ele [...] O instrumento educação ambiental poderá

73

e deverá intervir, a médio e longo prazo, na relação que o homem estabelece com o lixo.” (NUNESMAIA, 1997, p.36).

A CONDER oferece a educação ambiental em forma de palestras para

multiplicadores dos municípios na fase de implantação do Aterro Simplificado,

se solicitada oficialmente pelos prefeitos. O PROSAB sugere que, a

comunicação possibilite a participação social nos processos decisórios e a

educação ambiental junto ao programa de GRSU, se implementada para

formação da consciência coletiva, sobre a limpeza pública, favorecem a

melhoria dos serviços prestados.

VALAS DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - a responsabilidade

sobre a disposição final adequada dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) é

do gerador, conforme a Resolução CONAMA n° 283, de 30 de julho de 2001

(BRASIL, 2001). Estes resíduos devem ser dispostos em valas especialmente

construídas para este fim. A CONDER prevê no projeto de Aterro Simplificado

a implantação de valas com as dimensões de 2,0 x 2,0 x 2,0 m para a

disposição dos resíduos infectantes ou biológicos, impermeabilizada no fundo e

laterais com geomembrana de PVC, cabendo ao município esta operação. Os

modelos PROSAB e CETESB não prevêem esta alternativa.

PLANO DE MONITORAMENTO - o Plano de Monitoramento, segundo

Castilhos Junior e outros (2003), é um conjunto de medidas adotadas para

avaliar os impactos e riscos ambientais de um aterro sanitário, determinando a

eficiência real dos sistemas de proteção ambiental ao longo do tempo. Este

plano deve, necessariamente, contemplar as etapas de implantação, operação

e pós-encerramento e que, pode ser periodicamente adaptado. O PROSAB

recomenda o monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, dos gases,

74

da massa dos resíduos e do recalque. A CETESB evidencia o monitoramento

do aqüífero freático, visando o controle efetivo desse manancial com os

métodos disponíveis. Dependendo da disponibilidade de maquinários no

município, a CETESB recomenda o nivelamento da área, das valas já

encerradas ou no encerramento do aterro com o uso de motoniveladora ou

trator de esteira. A CONDER recomenda a análise das águas subterrâneas na

área de influência do aterro, caso haja dificuldades significativas na coleta de

amostras de água ou, se o órgão ambiental julgar necessário, pode ser

realizado somente uma avaliação visual das condições do aterro (asseio da

área de disposição, confinamento dos resíduos em áreas reduzidas e o

recobrimento). No encerramento das valas da CONDER, são promovidos os

recalques com a compactação mecânica ou manual destas.

ESTRUTURAS DE APOIO - as estruturas de apoio como o cercamento,

o portão com cadeado e acessos internos são comuns aos modelos, bem como

a manutenção dos drenos, acessos viários e da limpeza da área do aterro. As

estruturas da guarita, instalações para o pessoal e o galpão de triagem são

comuns aos modelos da CONDER e PROSAB. A CETESB recomenda,

utilização de tela móvel evitando o espalhamento dos RSU, o cercamento da

área do aterro com um portão com cadeado e copias das chaves com o

motorista do caminhão coletor.

A CONDER e o PROSAB recomendam a obrigatoriedade do uso de

EPIs, sendo que o segundo inclui vacinas contra doenças, não sendo

mencionada, pela CETESB, esta recomendação.

AVALIAÇÃO DO VOLUME DE RESÍDUOS COM DESINO AO ATERRO

- entre os modelos estudados, somente a CONDER e o PROSAB propõem

75

uma alternativa de avaliação da massa de resíduos que são dispostos no

aterro, por métodos indiretos.

ENCERRAMENTO DO ATERRO - o recalque das valas ou trincheiras já

encerradas pode favorecer ao aproveitamento da mesma área com a

continuidade da disposição dos RSU, como sugerem Castilhos Junior e outros

(2003), além do monitoramento do pós-encerramento. A CETESB recomenda,

como alternativa a terraplanagem gradual (das valas enceradas), caso

disponível, motoniveladoras no município, e plantio de culturas de cana-de-

açúcar ou milho, podendo assim, reduzir os custos, com a geração de renda. A

CONDER recomenda, nas trincheiras já encerradas, a compactação manual ou

mecânica, adição de terra vegetal e cobertura de grama.

O uso futuro da área é previsto na fase de projeto, conforme Castilhos

Junior e outros (2003), que pode ser reintegrada a natureza, cultivo de culturas,

como área de lazer e/ou outras atividades.

As informações deste capítulo estão sintetizadas nas páginas seguintes,

visualizadas no quadro n.° 2.1, comparando os aterros sanitários simplificados

dos modelos da CONDER, CETESB e PROSAB para municípios com até

20.000 habitantes.

76

MODELOS

Critérios

Especificações CONDER CETESB PROSAB

Estudos preliminares

sim sim sim

tamanho 5 ha 7,3 ha >2ha vida útil 10 anos >5 anos >5 anos

área para uso futuro 5ha - sim

recuperação de lixão - - sim

Distância de casas/núcleos

urbanos 0,5km a 20km 0,5km a 15km 0,5km a 15km

Distância mínima do lençol freático 4m 3m 2-3m

Escolha da área

águas superficiais 500m >200m >200m K = 10-7 cm/s sim sim sim

argiloso - sim - Solo argiloso variações sim - sim

Comp. x largura x altura (m)

(tr) >100 x 3-6 x 2-4 (c) 2-6 x 2-6 x 1-2

(v) 27 x 3 x 3 (tr) 35 x 3 a 6 x 3

ângulo dos taludes 45° a 90° 90° < 90°

Dimensão das valas (v),

trincheiras (tr) e célula (c)

valas superpostas sim/opcional não não população < 20.000 hab. < 10.000 hab < 10.000 hab. População atendida

tonelada/dia 20t/dia 10t/dia 10t/dia águas superficiais sim sim sim

lixiviados não não alternativo Sistemas de drenagens

gases não não sim

descarga interior ou lateral lateral interior ou lateral

espalhamento sim sim sim

compactação Manual ou mecânica

Mecânica (opcional)

Manual (opcional)

cobertura diária Lona de PVC ou 10-20cm de solo

10-20cm (de solo )

10-20cm de solo / Telhado Móvel

treinamento sim não sim capacitação técnica não não sim/parceria

triagem e compostagem opcional não opcional

Operacionais

tela móvel não sim não

Social Educação ambiental opcional não Opcional

Quadro n°. 2.1 - Comparação entre modelos de aterros sanitários: Simplificado/CONDER, Valas/CETESB e Sustentável/PROSAB.

77

MODELOS

Critérios

Especificações CONDER CETESB PROSAB

Disposição de RSS

vala específica/RSS sim não menciona não menciona

cobertura final 60cm 50cm 60cm

controle de recalque

sim sim sim

recalque com RSU não não sim

Encerramento da vala ou trincheira

recuperação da

área sim sim sim

águas superficiais e subterrâneas

opcional (visual) sim sim

gases não não sim Monitoramento

ambiental

pós-encerramento não não sim

cerca/cerca viva sim sim sim portão com

cadeado sim sim sim

portaria com sanitário sim não sim

instalações para pessoal

(chuveiro/sanitário) opcional não sim

cubagem sim não menciona sim

Estruturas de apoio

utilização de EPIs sim não menciona sim, inclui vacinação

Galpão de triagem compostagem/ reciclagem opcional não opcional

nivelamento da área sim sim recalque

plantio de vegetação sim sim sim

Encerramento do aterro

plantio de culturas não sim não

Quadro n°. 2.1. Comparação entre modelos de aterros sanitários: Simplificado/CONDER, Valas/CETESB e Sustentável/PROSAB. (Continuação).

78

3 EXTREMO SUL DA BAHIA: Características Gerais

3.1 Localização e limites da Região

A Região do Extremo Sul da Bahia faz fronteiras ao sul, com o Espírito

Santo, ao norte com a bacia do rio Jequitinhonha, a oeste com Minas Gerais e

a leste com o oceano Atlântico (BAHIA 1997a). No Anexo - A, Mapa 1 e no

Anexo - C, Figuras 1 e 2 visualiza-se a Região do Extremo Sul da Bahia e a

localização dos municípios de Alcobaça e Caravelas.

3.1.1 Clima / Meteorologia

CLIMA- dos tipos climáticos do Nordeste, apenas o tropical úmido está

representado na região, segundo Köppen (CEPEMAR, 2000).

Segundo índice (T-E) de THORNTHWAITE, a área está completamente

inserida dentro de um clima megatérmico, próximo ao litoral, passando a

mesotérmico em direção ao interior. A partir do índice (P-E), observa-se que a

área está quase que completamente inserida em um clima sub-úmido, o qual

passa a úmido em direção à porção litoral norte da área. (BAHIA, 1997a).

VELOCIDADE E DIREÇÃO DOS VENTOS - os ventos sopram

predominantemente de Nordeste-Sudeste durante todo o ano, com uma

velocidade média de 3,0 m/s, diminuindo a partir do litoral em direção ao

interior ( BRASIL,1997).

CHUVA - a região é caracterizada pelo elevado nível de chuvas

superiores a 1000,0 mm e pela sua uniformidade ao longo de todo o ano, sem

79

uma estação seca ou chuvosa definida. O período mais chuvoso acontece

entre outubro e fevereiro. Já o menos chuvoso ocorre entre julho e setembro,

no trecho do litoral sul da área, entre os municípios de Prado e Mucuri. A chuva

média anual encontra-se entorno de 1.400,0 mm para o Extremo Sul por ano,

(BAHIA, 1997b). As cidades de Caravelas e Alcobaça apresentam isoietas que

se desenvolvem paralelamente à costa e as precipitações têm influências dos

ventos úmidos do litoral, atingindo 1770,0 mm por ano. A distribuição das

chuvas diminui no sentido leste-oeste, onde a região litorânea caracteriza-se

pela sua maior umidade (CEPEMAR, 2000), conforme expresso no Anexo - A,

Mapa n. 2.

UMIDADE RELATIVA DO AR E EVAPORAÇÃO - a distribuição ao

longo do ano dá-se, conforme BAHIA (1997b), da seguinte forma: a primavera

e o verão são os períodos de menor umidade relativa do ar, com um valor

médio para o semestre, de 81,0%; As maiores umidades relativas do ar são

observadas nos meses de maio, junho e julho, onde a média para o trimestre é

de 83,7% e média anual de 80,0% no Sul; Os níveis de evaporação mais

elevados ocorrem nos meses de verão, atingindo os maiores valores médios

em janeiro da ordem 100,9 mm a região, caindo até o mês de junho

gradativamente, quando atinge um mínimo de 76.3 mm em Caravelas. A

evaporação média anual da região é de 1093,0 mm (BAHIA, 1997b).

TEMPERATURA - a temperatura média compensada é de 24,5°C pouco

variando ao longo do ano sendo os meses de dezembro a abril, ligeiramente,

mais quentes que os demais. Alcobaça e Caravelas apresentam média

compensada das temperaturas dos meses mais frios 22,5°C (julho a setembro)

e nos meses mais quentes 26,5°C (janeiro).

80

A nebulosidade apresenta um grau de cobertura do céu superior a

50,0% e o período de maior insolação na região acontece nos meses de

janeiro, fevereiro e março (HIGESA, 2000).

3.1.2 Geomorfologia.

Na Região do Extremo Sul ocorrem três tipos de relevo: Tabuleiros

Costeiros; Planícies Costeiras e Depósitos Fluviais, refletindo a ação dos

processos morfogenéticos sobre as unidades geológicas. A estas unidades,

conforme HIGESA (2000), correspondem relevos suaves, localmente com

encostas abruptas, predominando extensas planícies e tabuleiros.

TABULEIROS COSTEIROS - são constituídos por sedimentos terciários

do grupo Barreiras. Esta unidade está posicionada no sentido norte-sul,

apresenta largura variável (entre 20,0 e 120,0 Km), altitudes de 10,0 a 100,0 m

com leve inclinação em direção ao Oceano Atlântico, destacando-se a

presença de Falésias, como ao norte do município de Prado, e paleo-falésias

associadas principalmente aos estuários afogados, como dos rios Caravelas,

Itanhém, Peruipe e Jucuruçu. Os tabuleiros são entalhados por inúmeros vales

em forma de “U”, as paredes com inclinação entre média a fortemente

íngremes e fundo chato, nos vales dos principais rios e córregos (BAHIA,

1997b).

Destacam-se numerosas lagoas, brejos e áreas alagadiças que se

desenvolvem sobre esta unidade como resultado de camadas argilosas pouco

permeáveis, abaixo de coberturas arenosas, principalmente, nas áreas de

81

borda dos Tabuleiros, onde a influência dos depósitos costeiros facilita o

desenvolvimento de horizontes superficiais arenosos (BAHIA, 1997a).

PLANÍCIES COSTEIRAS as Planícies Costeiras associam-se aos

depósitos sedimentares resultantes dos processos marinhos e dos estuários

dos rios no período Quaternário, por variações do nível do mar e mudanças

climáticas. As Planícies Costeiras ocupam uma posição intermediária entre os

Tabuleiros Costeiros e o Oceano Atlântico, possuindo largura variável (estreitas

nos extremos norte e sul e alargada na área mediana) desde as faixas de praia

muito estreitas até 25,0 Km de largura (BRASIL, 1997). Destacam-se três

modelados, que retratam diversos processas atuantes na faixa costeira,

conforme HIGESA (2000): Depósitos Flúvio-Marinhos (Afm), Depósitos

Marinhos (Am) e Terraços Marinhos (Atm).

3.1.3 Geologia

Na região, foram individualizados três grandes domínios geológicos. As

Unidades Geológicas, segundo HIGESA (2000) são: o Complexo Metamórfico-

Magmatítico, o Grupo Barreiras e os Depósitos Aluvionares.

• Complexo Metamórfico-Magmatítico. As rochas do Complexo Metamórfico-

Magmatítico (PEKZ), de idade pré-cambriana, constituem o embasamento

cristalino da área capeadas por sedimentos do Grupo Barreiras. Esta

unidade, de acordo com BAHIA (1997a), apresenta rochas com xistosidade

desenvolvida e submetidas a diversos episódios de deformação tectônica. É

composto por metatexitos de composição kinzigítica, com faixas

neossomáticas leucocráticas, graníticas e pegmatíticas.

82

• Grupo Barreiras. Os sedimentos do Grupo Barreiras (Tb), do período

Terciário, recobrem as rochas do Complexo Metamórfico-Magmatítico e

apresenta ampla distribuição na região, com seu característico relevo em

tabuleiro e a formação de falésias no litoral. Os sedimentos Barreiras são

representados sedimentos terrigenos de ambiente continental pouco

consolidado, ou seja, por níveis lenticulares onde se alternam horizontes de

composição areno-argilosa e conglomerados, com espessuras muito

variável atingindo valores entre 3,0 e 250,0 metros.

• Depósitos Aluvionares. Os Depósitos Aluvionares de idade do Quaternário,

representados por sedimentos fluviais e flúvio-marinhos, ocorrem na costa,

principalmente ao sul de Prado até Caravelas, onde são mais

desenvolvidos, e avançam pelo continente nos vales dos principais rios da

Região, como os depósitos de planície de maré associados aos

manguezais, cordões litorâneos, barras de pontal e aluviões fluviais.

SOLOS - os principais tipos de solos encontrados na região, conforme

HIGESA (2000), e BAHIA (1997a), são:

• Latossolo Vermelho Amarelo – utilizados com predominância para

pastagens, seguido de grandes extensões de reflorestamento, em menor

escala culturas de cana-de-açúcar, mamão, melão e pimenta do reino.

• Latossolo Vermelho-Amarelo Húmico – Utilizados com pastagens e

reflorestamento.

• Podzólico Vermelho-Amarelo Escuro – Pela baixa fertilidade natural tem

limitações do seu uso, utilizado com pastagens.

• Podzol Hidromórfíco – Utilizado com pastagens naturais, por sua baixa

fertilidade e drenagem deficiente, tem pouco aproveitamento agrícola.

83

• Solos Indiscriminados de Mangues –Os substratos dos manguezais em

geral têm muita matéria orgânica, que ajudam a reter o silte (inclusive os

sistemas radiculares dos mangues são armadilhas para reter o silte),

conforme Vannucci (1999), muita matéria orgânica, alto conteúdo de sal,

pouco consistentes, com cor normalmente cinza. Utilizado para o

extrativismo de peixes, crustáceos e moluscos, além de ser muito

importante para a cadeia alimentar de muitas espécies de animais

(SHAEFFER-NOVELLI, 1995).

• Aluviais Distróficos - São representados por sedimentos fluviais e flúvio-

marinhos, compostos por areia e argila com matéria orgânica transportados

pelos cursos d’água. Uso agrícola limitado relacionado às inundações

periódicas, cultivos de subsistência, pastagens (BAHIA, 1997a).

• Areias Quartzosas Marinhas - Constituídas de areias de quartzo dos

depósitos marinhos na era anterior, caracterizados por cordões litorâneos

amalgamados, formando uma planície com ondulações alongadas e

estreitas, aonde predominam os sedimentos arenosos. Utilizado para

cultura de coco-da-baía, dendê, e outros (BAHIA, 1997a).

3.1.4 Geologia das Águas Subterrâneas.

A região possui duas unidades aqüíferas distintas: Cristalino e

Sedimentar.

AQÜÍFERO CRISTALINO - as rochas do cristalino e a camada de rocha

alterada pela ação do tempo (quando presente) de acordo com BAHIA (1997a),

é que formam este aqüífero, o qual apresenta pouca capacidade de armazenar

84

e produzir água subterrânea quando comparada a outras unidades aqüíferas.

Ocorre na porção extremo sul e a montante das principais bacias, formando o

embasamento cristalino, a chuva é um dos fatores responsáveis pela

alimentação do sistema.

AQÜÍFERO SEDIMENTAR - é representado pelos Depósitos

Quaternários de sedimentos fluviais e flúvio-marinhos e pelos sedimentos da

Formação Caravelas e Grupo Barreiras, conforme HIGESA (2000), sendo

subdividido em três aqüíferos:

• Aqüífero dos Sedimentos Quaternários concentra-se nos vales dos rios e no

litoral, entre a linha de praia e as falésias da Formação Barreiras, já

explorado em grande escala para o abastecimento de particulares e mesmo

de órgãos públicos entre as cidades de Prado e Nova Viçosa;

• Aqüífero Caravelas, onde as melhores áreas de exploração estão na faixa

entre Alcobaça e Nova Viçosa, a chuva é a principal alimentação deste

ocorrendo com atraso de um mês aproximadamente. A espessura varia

entre 140,0 m em Cumuruxatiba (Prado) no litoral e 45,0 m em Posto da

Mata (Nova Vicosa) mais para o interior, constituída por seqüências de

calcários, argilas margosas e arenitos calcíferos intercalados com areitos

grosseiros, às vezes argilosos, com folhelhos intercalados, como um

aqüífero confinado;

• Aqüífero Barreiras que permite a obtenção de duas vazões, com água de

excelente qualidade, conforme BAHIA (1997a), ocupando a porção a leste

da região, em uma faixa variável que do litoral ergue-se ao continente,

sendo uma significativa opção para o abastecimento de comunidades

urbanas e rurais.

85

3.1.5 Bacias Hidrográficas

As Bacias hidrográficas da região, conforme (BAHIA; BRASIL,

1997b,1997), são:

BACIA DO RIO MUCURI. O rio Mucuri sul nasce próximo a cidade de

Malacacheta, em Minas Gerais, a uma altitude de 800m e o Mucuri Norte nasce

a 950m próximo ao povoado de Concordia, no mesmo Estado, que juntos

formam o rio Mucuri, com vazão média de 110,79m³/s. Percorrendo uma

extensão de 450,40 km até o oceano Atlântico.

BACIA DO RIO PERUÍPE - rio Peruípe Sul e Peruípe Norte, principais

afluentes que formam o rio Peruípe. O ponto de confluência dos dois rios

acontece aproximadamente a 5 km a antes da cidade de Helvécia, com vazão

média de 26,72 m³/s. Com extensão de 144.50km até sua foz.

BACIA DO RIO ALCOBCA OU ITANHÉM - o rio Itanhém nasce em

Minas Gerais, no município de Pampã, a uma altitude de 320,0 m, com vazão

media de 43,37 m³/s. Este rio tem uma extensão de 248,0 Km até sua foz no

Oceano Atlântico.

BACIA DO RIO JUCURUÇU - o Rio Jucuruçu nasce no município de

Felizburgo, em Minas Gerais, a uma altitude de 840,0 m, e é formado a partir

da confluência dos rios Jucuruçu Braço Sul e Jucuruçu Braço Norte,

percorrendo uma extensão de 241,0 Km até o deságua no Oceano Atlântico,

com vazão media de 27,40 m³/s, próximo a cidade de Prado.

BACIA DO RIO BURANHÉM. O rio Buranhém tem o curso total de 148

km e antes de desaguar no Oceano Atlântico forma um estuário de 12 km de

comprimento, com vazão media conforme BAHIA (1997), de 25,32 m³/s, com

86

manguezais e espécies estuarinas características. O Rio Buranhém é

navegável por pequenas embarcações desde a Vila de Lage até a sua foz na

cidade de Porto Seguro, contudo, a lâmina d’água sofre influência marcante da

maré.

As características climáticas regionais possibilitam uma riqueza, pelo

seu potencial hídrico, deste recurso de fácil acesso, conforme CEPEMAR,

(2000), mesmo com a devastação da Mata Atlântica, cobertura vegetal original,

a disponibilidade hídrica é considerada muito boa.

3.1.6 Qualidade da água subterrânea.

Os poços localizados na região têm condições de serem utilizados para

abastecimento humano, pois os seus teores médios de sólidos totais, dureza,

cloretos e nitratos estão abaixo do máximo permissível, apresentando

condições de potabilidade apropriadas para o consumo (HIGESA, 2000).

VULNERABILIDADE DOS AQÜÍFEROS À POLUIÇÃO - a falta de

sistema de captação e tratamento de esgotos domésticos dos núcleos urbanos

(condicionados a fossas sépticas), na disposição inadequada dos resíduos

domiciliares e de serviços de saúde, através de lixões, e a existência de

algumas áreas de mineração e industria de transformação que despejam seus

rejeitos diretamente nos rios, estariam relacionados principalmente, como

possíveis fontes de poluição dos mananciais superficiais e subterrâneos

(BAHIA, 1997a).

• AQÜÍFERO BARREIRAS - dadas suas características litológicas, o Aqüífero

Barreiras apresenta um baixo risco de Poluição, devido ao fato de

87

apresentar um nível estático médio da água subterrânea mais profundo

(em torno de 18,0 m), além de sua composição, por vezes argilosa,

impedir a penetração direta da água de superfície. Esta, a medida que se

infiltra pelo nível não-saturado do solo fica limpa de praticamente todos os

elementos contaminantes, contudo, recomenda-se um acompanhamento

criterioso quando encontrar sobre ele área urbana e for utilizado como

fonte de abastecimento local (BAHIA, 1997a).

• AQÜÍFERO DOS SEDIMENTOS QUATERNÁRIOS - o aqüífero formado

pelos sedimentos Quaternários, aflora principalmente as margens dos rios,

onde estão situados grande parte dos núcleos urbanos e algumas sedes

municipais, é particularmente vulnerável à contaminação. Colabora para

esta condição, também, a sua natureza de aqüífero granular (arenoso),

onde as velocidades de recarga das águas subterrâneas são mais altas. O

nível estático médio deste aqüífero também contribui como um fator de risco

adicional, por ser este quase aflorante como se percebe em extensos

trechos a leste da Rodovia BA-001 entre as cidades de Alcobaça e

Caravelas (BAHIA, 1997a).

• AQÜÍFERO CARAVELAS. O aqüífero Caravelas, devido à espessura

das camadas e a sua constituição, que lhe conferem características de

confinamento, além da recarga de forma indireta, não apresenta riscos

de contaminação iminente (BAHIA, 1997b).

88

3.2 Caracterização do meio biótico

3.2.1 Ecossistemas predominantes

MATA ATLÂNTICA - a Mata Atlântica ocupava originalmente na região,

os tabuleiros costeiros e as partes mais úmidas das serras próximas ao litoral.

A Mata Atlântica, de forma geral, encontra-se em processo de regeneração,

podendo ser encontradas plantas como a juerana (Parkaia pendula), a canela -

gigante (Ocotea gardneri), a maçaranduba (Manilkara longifolia) e a sapucaia

(Lacythis pisinis) (HIGESA, 2000). A Mata Atlântica é um ambiente natural dos

mais importantes do mundo, devido à representatividade de espécies animais e

vegetais com alto grau de endemismo, que nela convivem. Contudo, a área

entre o Prado e Mucuri encontra-se desprovida desta cobertura vegetal,

restritas às áreas de proteção ambiental, particulares, do governo ou as áreas

de preservação permanentes e reserva legal exigidas no Código Florestal de

1965 (BRASIL, 1965).

As condições de clima e relevo, propiciam a formação de diferentes

regiões fitoecológicas, como: Floresta Ombrófila Densa, restinga, manguezal,

áreas brejosas/alagadiças, e mussunungas (CEPEMAR, 2000).

FLORESTA OMBRÓFILA DENSA: apesar da devastação, que vem

ocorrendo desde a época do descobrimento do Brasil, até os dias atuais, ainda

abriga uma grande diversidade de espécies animais e vegetais. As áreas mais

importantes são constituídas por espaços protegidos pelo governo e por

particulares e as Áreas de Preservação Permanentes situadas nas margens

dos rios e lagoas (BAHIA, 1997a). Dos remanescentes, a formação arbórea é

89

semelhante a Amazônica com concentração de grande variedade e quantidade

de madeira de valor, mas que rareiam em certos trechos e se adensando em

outros, podendo atingir mais de 30,0 m de altura (FERREIRA; PORTUGAL,

1991).

MANGUEZAL: o ecossistema costeiro de transição entre os ambientes

terrestres e marinhos, de acordo com Shaeffer-Novelli (1995), está sujeito ao

regime de marés, ambientes de grande importância ecológica e econômica

para as comunidades de pescadores ribeirinhos e marisqueiros dos municípios

de Alcobaça e principalmente, de Caravelas e Nova Viçosa, pois é nele que

buscam seu sustento com o extrativismo de animais, com evidência para os

crustáceos Caranguejo uçá (Ucides cordatus) e Guaiamu (Cardisoma

guanhumi), e para os moluscos Ostra de mangue (Crassostrea rhizophorae),

Sururu (Mytella falcata) e Lambreta ou ameixa (Lucina pectinata).

A sua flora é pouco diversificada, só existindo praticamente o mangue

vermelho (Rhizophora mangle), mangue branco (Laguncularia racemosa),

Siriba (Avicennia schaueriana), mangue de botão ( Conocarpus erectus),

algodão-da-praia (Hibiscus tiliaceus), gravatá (Tillandsia usneoides). No

município de Caravelas, a população que vive do extrativismo se utiliza de

árvores secas dos manguezais, como fonte de energia para beneficiamento,

bem como, para cozimento dos seus alimentos.

Os manguezais próximos dos núcleos habitados são aterrados para

expansão urbana e habitualmente, nos municípios de Alcobaça e Caravelas, do

lançamento dos efluentes sanitários e resíduos sólidos urbanos (RSU)

(HIGESA, 2000).

90

BREJOS: nessas áreas, as formações de vegetação pantanosas variam

de herbáceos até arbustivos e que foram gradativamente desmatadas, dando

lugar a implantação de vários cultivos na região, como o cultivo de cacau, e

outras frutíferas e vastas áreas de plantio de eucalipto, além de áreas de

pastagens. (HIGESA, 2000). Nas zonas urbanas, principalmente, do município

de Caravelas, estas áreas foram aterradas com RSU, para a expansão

imobiliária e para construção de vias de acesso.

RESTINGA: as restingas ocorrem nas planícies quaternárias com

predominância de Areias Quartzosas Marinhas na faixa litorânea entre

Alcobaça e Caravelas (CEPEMAR, 2000). As espécies ai encontradas são

adaptadas a altas concentrações de sal, insolação e deficiência nutricional do

solo (BAHIA, 1997a). Segundo BVQI, (2004) é comum a presença de Mangaba

(Hancornia spesiosa), Cajueiro (Anacardium occidentalis) e Pitanga (Eugenia

uniflora) entre outras.

A expansão urbana e a implantação de loteamentos na ocupação do

litoral tem degradado áreas significativas de restingas do Extremo sul da Bahia

(BAHIA, 1997a).

3.2.2 Flora Ameaçada.

Vários vegetais são citados na relação de Espécies da Flora Brasileira

Ameaçadas de Extinção pelo IBAMA n°. 37, de 03/04/1992, que para a região

destacamos: palmito (Euterpe edulis), jacarandá-da-bahia (Bdalbergia nigra),

brauna (Melanoxylon brauna) dentre outros (BRASIL, 1992).

91

FAUNA PRESUMÍVEL ASSOCIADA: a grande diversidade de ambiente

que existe na região reflete diversidade da fauna, ou seja, a Mata Atlântica

(Floresta Ombrófila Densa), com seus ecossistemas associados (manguezais e

restingas com suas áreas úmidas características), conforme Prado e outros

(2003), dada a seu elevado grau de endemismo diante da degradação

contínua, o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade

Brasileira (PROBIO) está financiando o projeto Corredor de Biodiversidade da

Mata Atlântica do Sul da Bahia em um esforço para proteger uma das regiões,

biologicamente, mais ricas e ameaçadas do planeta, onde Alcobaça e

Caravelas estão inseridas.

ANIMAIS AMEAÇADOS: a fauna da Mata Atlântica é a mais ameaçada

do país e vários animais deste ecossistema estão incluídos na Lista Oficial

Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, como: entre os

mamíferos, o primata mono-carvoeiro ou muriqui (brachyteles arachnoides), o

roedor ouriço-preto (Chetomys subsinosus), o tatu-canastra (Priodontis

giganteus) a ave sabiá-pimenta (Carponis melanocephalus), e o réptil, cágado

(Phrinops hojei), dentre outros (BRASIL, 1992).

3.2.3 Unidades de Conservação

Foram identificadas as seguintes Unidades de Conservação nos

municípios estudados (HIGESA, 2000):

• APA Ponta da Baleia/Abrolhos - criada pelo Governo do Estado da

Bahia, através do Decreto n° 2218 de 14/06/1993. Esta APA possui

34.600 ha na faixa costeira dos municípios de Alcobaça, Caravelas e

Nova Viçosa. É constituída por ecossistemas especiais e raros, como

recifes e bancos coralíneos com espécies endêmicas como Muricea

flama, Plexaurella regia, e Favia leptophylla, associados à fauna e

92

flora marinhas, (HETTZEL e outros, 1994). Na linha paralela às

praias ocorrem lagoas costeiras e uma restinga herbácea, arbóreo e

arbustiva. Os extensos manguezais formados pelos estuários dos

rios, principalmente, entre Caravelas e Nova Viçosa, refletem a

riqueza da diversidade da fauna marinha local.

• Área Sob Proteção Especial (ASPE) - criada pelo Decreto Municipal

nº 192 de 7 de junho de 1999, a área é formada por manguezal e

restingas. no Anexo – C a Figura 3.

• Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (PARNAM/Abrolhos) - criado

pelo decreto federal n° 88218, de 6 de abril de 1983, localizado no

Arquipélago Marinho de Abrolhos, com área total de 91.000 hectares,

distante cerca de 36,0 milhas náuticas do litoral do Terminal Fluvio-

Marinho de Caravelas, (BRASIL, 1986). O Parque guarda uma

grande riqueza de corais, com a formação coralínea endêmica

denominada Chapeirões. O solo das ilhas é raso, com o

desenvolvimento de uma vegetação quase que exclusivamente

herbácea de gramíneas e ciperáceas. A fauna terrestre tem sua

maior expressão nas aves. A administração do Parque está sob as

cuidados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiental e dos Recursos

Naturais Renováveis – IBAMA.

• Reserva Particular Bosque Maria Amélia Siquara - área de

preservação com 2,0 ha, aproximadamente, no perímetro urbano de

Caravelas.

• Reserva Particular do Patrimônio Natural da Fazenda Havaí (RPPN) -

criada pela portaria federal nº 701/90, situada na zona rural do

município de Caravelas, com uma área de 469,0 ha. A área é

formada por remanescentes da Mata Atlântica.

• Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Cassurubá - Estão

sendo realizados os estudos preliminares sócio-econômicos pela

organização não governamental (ONG), Conservação Internacional

do Brasil e biológicos pelo IBAMA, para atender uma demanda das

comunidades de Caravelas e Nova Viçosa que reivindicam a criação

desta reserva, como forma de conter o processo de degradação de

93

área de manguezal em especial, devido à captura intensiva de

caranguejos. A área estimada é de 43.851,0 ha, abrangendo trecho

destes municípios.

Todas as unidades de conservação citadas anteriormente encontram-se

plotadas no Anexo – A, Mapa 3.

3.3 Aspectos Sócio-Econômicos

3.3.1 Contexto Sócio-econômico

A primeira atividade econômica do Extremo Sul baiano, de acordo com

HIGESA (2000), foi a exploração do pau brasil, além da produção de açúcar e

pela pesca. No século XX houve a introdução da lavoura do cacau, por volta

dos anos vinte, seguido da pecuária.

A partir dos anos cinqüenta do século XX, com a intensificação da

exploração madeireira, a região sai do isolamento, a partir do investimento de

capitais e da articulação econômica com os estados de Minas Gerais, Espírito

Santo e Rio de Janeiro, iniciando uma nova orientação do seu

desenvolvimento. A dinâmica de ocupação populacional modifica da tênue rede

urbana esparsa e litorânea, em função principalmente, do extrativismo vegetal,

para a interiorização da ocupação regional, com a introdução de atividades

econômicas diversificadas. A pecuária foi a atividade de expressiva expansão

na ocupação da região, devido ao favorecimento de sua implantação, diante

das grandes extensões de terras desmatadas (BAHIA, 1998b).

Nos anos setenta, com o término da construção da BR-101 e o início da

diversificação da produção agropecuária e da fruticultura moderna, com

destaque para o mamão; da pecuária; da silvicultura, articulada à produção de

94

celulose e madeira, surgiu um novo vetor de crescimento econômico do

Estado da Bahia (HIGESA, 2000). Houve a expansão do turismo ao lado

destas atividades, principalmente no município de Porto Seguro e Santa Cruz

Cabrália. Já nos municípios de Prado, Alcobaça, Caravelas, Nova Viçosa e

Mucuri, esta atividade foi considerada pouco atrativa a nível turístico (BAHIA,

1997c). Com a inclusão do PARNAM/Abrolhos aos municípios citados, a região

passou a ser denominada de Complexo Turístico Ponta da Baleia/Abrolhos,

evidenciando a perspectiva de Caravelas se tornar o principal ponto de apoio

urbano deste Complexo, por sua infra-estrutura aeroviária, pelas facilidades

portuárias, beleza paisagística com seus ecossistemas ainda preservados,

além de variada flora e fauna (BAHIA, 1994). O resultado da expansão do

turismo neste Complexo está profundamente relacionado com o asfaltamento

de parte da malha viária entre estes municípios do Extremo Sul da Bahia,

sendo as artérias principais: BR-101, BA-001 e BA-290 (BRASIL, 1997).

A atividade turística, em toda a região do extremo sul baiano, apresenta

picos, principalmente, no período de férias escolares (janeiro, fevereiro março e

julho) e nos feriados nacionais.

A possibilidade de geração de empregos na região deve-se

principalmente, pelo fluxo turístico acentuado em Porto Seguro e Santa Cruz

Cabrália, refletindo, também, para os demais municípios da região (HIGESA,

2000).

É preciso atentar para a necessidade de preservação do patrimônio

natural, principalmente, os manguezais e restingas ameaçados pela

proliferação de casas, condomínios e barracas de praia, como do patrimônio

histórico, pela ação predadora de alguns turistas. A preocupação com a

95

preservação ambiental e do ordenamento dos centros turísticos demonstra a

necessidade da criação de legislação que discipline a utilização do solo e dê

proteção aos monumentos, limitando a especulação imobiliária e as atividades

predatórias desta atividade (BAHIA, 1997c).

Nos anos noventa, a principal atividade regional é a indústria de papel e

celulose, bem como, se observa até esta data (BAHIA, 1997a).

OCUPAÇÃO DO SOLO: dados do IBGE (2000), totalizam na região

Extremo Sul do Estado uma área plantada de 662.833,0 ha e um total de 13.

311 empresas agrícolas. Da área, 545.394,0 ha estão ocupados com apenas

duas atividades: pastagem e silvicultura.

O desenvolvimento da silvicultura no Extremo Sul teve início em 1972. A

estimativa da área florestal regional na atualidade é de 350,0 mil ha plantados

com pinus e eucaliptos.

Entre as principais lavouras da região, destaca-se o mamão (cuja

produção é relevante tanto a nível nacional como internacional), além de,

cacau, café, côco, abacaxi, melancia, mandioca e outros (HIGESA, 2000).

Caravelas destaca-se como 5° produtor baiano de batata-doce e 7° em cana-

de-açúcar (BAHIA, 1997 d).

A pecuária, de natureza semi-extensiva, tem como principal produção o

gado bovino. Esta atividade ocupava a maior área da região, quando

comparada com a agricultura (áreas de lavouras existentes) e as áreas de

florestas implantadas. Com o advento do “Fomento” da silvicultura, observa-se

que este quadro se altera aceleradamente com o crescimento das áreas de

eucaliptos em detrimento das de pecuária e agricultura4.

4 Fonte: Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios de Alcobaça e Caravelas .

96

Há atividade de mineração e Usina de Beneficiamento de Caulim no

município de Prado, e existe projeto de investimento previsto para a mineração

no período 2000-2004, resultante de um empreendimento a ser realizado

através da parceria entre a Petrobrás e a Chevron, na Bacia de Cumuruxatiba

(HIGESA, 2000).

PESCA - a exploração pesqueira (peixe, crustáceos e moluscos) do mar

e dos rios é uma atividade econômica de peso, principalmente nos municípios

costeiros, com menor intensidade no inverno; sendo disciplinada mediante

legislação, freqüentemente não cumprida. Os dados oficiais recentes sobre a

produção pesqueira indicam o Extremo Sul como grande produtora de pescado

da Bahia (BAHIA, 2002b).

ARTESANATO - a produção artesanal dos municípios é diversificada,

mas quantitativamente é pouco representativa nos estabelecimentos de

comércio, ressalta-se a produção artesanal dos índios, que está sendo

comercializada para Salvador, com perspectiva de atingir o Mercosul e o

mercado europeu (HIGESA, 2000).

3.4 Breve Histórico: Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos

3.4.1 Alcobaça

Segundo dados oficiais, os fundadores e colonizadores de Alcobaça

foram Antônio Gomes Pereira e Antônio Mendes. Membros de suas famílias

estabeleceram-se à margem esquerda do rio Itanhém, em terras pertencentes

a sesmaria, concedida ao capitão Francisco Martins Pereira em 06 de

97

novembro de 1697. Mais adiante, em 1752 foi fundado nesta região, o povoado

de Itanhém (BAHIA, 1997d).

Surgiram as primeiras casas de taipa e coberta com palhas de licuri

(oleaginosa), às margens deste rio. Eram circundadas com cercas de pau-a-

pique, para garantir a defesa dos moradores contra as feras e os gentios que

habitavam o litoral.

Por carta régia 3 de março de 1755, assinada pelo rei de Portugal, D. José I, foi criado o município e elevada sua sede à categoria de vila com o nome de São Bernardo de Alcobaça, a qual foi instalada em 12 de novembro de 1772, pelo Desembargador José Xavier Machado Monteiro, ouvidor e provedor da Comarca de Pôrto Seguro”. (BAHIA, 1997d, p.26).

Alcobaça recebeu este nome em homenagem a cidade natal de seus

fundadores e os terrenos deste novo município foram desmembrados das

antigas vilas de Prado e Caravelas, criando os primeiros limites territoriais

(BAHIA, 1997d).

Sua elevação à categoria de cidade deu-se por força da Lei Estadual n.º

122, de 20 de julho de 1896, tendo como governador do Estado o Conselheiro

Luís Viana. A inauguração solene foi em 22 de agosto do mesmo ano através

do juiz de direito Dr. Clemente Mendes (BAHIA, 1997d).

Em 1911, Alcobaça era formada pelo distrito da sede porém, em 1933, já

configurava também o distrito de Nossa Senhora do Itanhém. Em 30 de

dezembro 1953, através de Lei Estadual n° 628, foram criados mais 5 distritos

e o município passou a ter a seguinte constituição: Alcobaça, Batinga,

Cachoeira do Mato, Ibirajá, Itanhém, Itupeva e Medeiros Neto (BAHIA, 1997d).

A disposição dos resíduos sólidos em Alcobaça acontecia de maneira

bastante peculiar, pois esta se restringia desde a rua Vila Pena (na época

98

conhecida como rua da Palha pelas casas serem feitas de palha) até o bairro

Novelo que eram os limites da cidade, no final da década de 40. O lixo era

jogado pelos moradores através de carroças em alguns pontos próximos à

praia, onde não havia moradias5.

Só a partir do final da década de 60, a coleta dos RSU foi realizada por

um caminhão, sem um local apropriado para serem depositados os resíduos,

normalmente, junto a praia6.

Por ser uma cidade litorânea, o crescimento populacional e o aumento

do consumo aconteceram de maneira desordenada, principalmente com o fim

da obra de construção da BR-101, iniciando-se o fluxo turístico para a região

(BRASIL, 1997). Assim, esta nova fonte de recursos financeiros para o

município trouxe o aumento significativo do volume produzido de RSU,

causando danos ao meio ambiente, pois, a maior preocupação dos gestores

era atrair pessoas para o município, que no entanto não possuía uma infra-

estrutura adequada.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, os

RSU produzidos desde 2001 até os dias atuais são dispostos a céu aberto em

área localizada a 7,0 km da sede do município junto a BA-290 na Fazenda

Esperança em área de propriedade particular, conforme Anexo – C, Figura 4.

O município de Alcobaça tem a superfície de 1.825,0 Km² e dista 944,0

Km de Salvador. Ocupa o 68° lugar do Estado referente ao número de

indústrias, 44ª posição dentre os municípios baianos em número de

estabelecimentos comerciais e 54° no ranking dos municípios baianos no item

5 Conforme relato de viva voz de D. Madil Castro Pereira, antiga funcionária da prefeitura. 6 Relato do Sr. Natival Santos antigo funcionário da prefeitura e do fórum de justiça de Prado.

99

consumo de energia elétrica. O seu parque hoteleiro registra 1557 leitos com

uma população estimada em 2003 de 22.355 habitantes (BAHIA, 1977d, 2003).

O município de Alcobaça é formado por sua sede, com o mesmo nome, pelos

distritos São José, Igrejinha, Novo Destino, Pouso Alegre, Taquari, Aparaju,

Itaitinga e o Projeto 40/45, popularmente conhecido por Reforma.

No quadro abaixo estão relacionados estes distritos com suas

respectivas distâncias da sede.

Distrito

Distância da Sede

São José 30 km

Igrejinha 75 km

Novo destino 45km

Pouso Alegre 60 km

Aparaju 35 km

Taquari 50 km

Itaitinga 70 km

Projeto 40/45 (Reforma) 50 km

Quadro nº 3.1 Distância entre Alcobaça (sede) e seus distritos

Fonte: Secretaria de Obras de Alcobaça

3.4.2 Caravelas

A. Cronologia Histórica.

SÉCULO XVI - em 1503 a segunda expedição exploradora, a mando de

D. Manoel I, o Venturoso, sai do Tejo. Américo Vespúcio que comandava uma

dos navios da esquadra, dirigiu-se sozinho para o sul, depois de ver frustrada

100

sua entrada na Baia de Todos os Santos a procura do Capitão-mor, conforme

relato a seguir:

[...]não encontrou Gonçalo Coelho; dirigindo-se para o sul, costeou a terra até 18° de latitude, entrando em um pôrto, onde permaneceu alguns meses, fundando uma feitoria em que deixou 24 homens, fortificada com 12 peças de artilharia, fez negócio com o gentio, carregou pau-brasil e voltou para Lisbôa, alí chegando a 18 de junho de 1504. ...[...]... Tomando-se em consideração vários pesquizadores de nossa história, o pôrto tocado por Vespucci ou Gonçalo Coelho foi o de CARAVELAS.” (RALILE, 1949, p. 13-14).

Em 1534, Pero do Campo Tourinho por carta régia recebe a capitania de

Porto Seguro, com limite ao sul com o rio Doce e ao norte com o rio

Jequitinhonha. O atual município de Caravelas está inserido entre estes limites

(BRASIL, 1958).

Antônio Dias Adorno em 1574, foi quem deu nome ao estuário de

Caravelas, chamando-o de “RIO SANTO ANTÔNIO”, em razão de ter aportado

no dia em que a igreja comemora a morte deste santo, apelidando-o ainda de

Rio das Caravelas (RALILE, 1949).

Em 1581 foi fundada a Aldeia de Santo Antônio do Campo dos

Coqueirais (BAHIA, 1980).

NO SÉCULO XVIII – a aldeia foi elevada à categoria de Vila com o nome

de Santo Antônio do Rio das Caravelas, ato confirmado por D. Pedro II por

Carta Régia de 7 de junho de 1701, com território desmembrado de Porto

Seguro. Mais tarde, foi elevada a categoria de Freguesia Eclesiástica de Santo

Antônio de Caravelas, por Alvará Régio datado de 18 de janeiro de 1755

(BRASIL, 1958).

101

NO SÉCULO XIX - Caravelas foi elevada à sede da Comarca, entre as

vilas de Alcobaça, Prado, Viçosa e São José do Porto Alegre (atual município

de Mucuri). Neste século foi estabelecida a primeira linha marítima regular

Salvador-Caravelas com 4 vapores (RALILE, 1949).

EM 1855, foi elevada à categoria de cidade com a denominação de

Constitucional de Cidade de Caravelas, pela Lei Provincial de 23 de abril deste

ano (BAHIA, 1997d).

I. Histórico da Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos

Este histórico terá como marco inicial a década de 20 do século XX,

devido à inexistência de registros anteriores a este período, referentes à gestão

dos RSU.

DÉCADA DE 20 – a coleta dos resíduos já ocorria semanalmente, na

cidade de Caravelas. A disposição dos RSU tinha como destino o aterramento

de áreas alagadas, (manguezais e várzeas) que foram consideradas focos de

proliferação de mosquitos da malária7.

DÉCADA DE 50 - na sede do município foi implementado o serviço

semanal de coleta de resíduos mecanizada, com a importação de trator para

rebocar caçamba8. A disposição final dos resíduos era inadequada a céu

aberto e não havia um único local determinado para realizar esta operação.

Antigos moradores do município enfatizaram que a Capitania dos Portos de

Caravelas nunca permitiu o lançamento de resíduos nas praias e nos rios,

7 Relato de viva voz de Elias de Jesus Siquara, antigo morador nascido no município. 8 Conforme relato de Jordonio Alves da Silva, funcionário da Prefeitura Municipal de Caravelas desde 1955.

102

principalmente na área do porto de Caravelas, inclusive, multando os

transgressores.

DÉCADA DE 60 - a decadência paulatina do modelo agro-exportador

principalmente, no nordeste brasileiro à medida que surgia no centro-sul o

processo de industrialização, diminuiu os fluxos para a região, fazendo cair em

depressão a estrutura regional alicerçada na costa, inclusive as suas cidades

(BAHIA, 1994).

Em Caravelas, abateu-se uma grave crise9, tendo como principal fator

responsável pela decadência regional a paralisação da estrada de ferro BAHIA-

MINAS e a remoção dos seus trilhos, tão bem narrada em trecho citado a

seguir da canção intitulada Ponta de Areia “Ponta de Areia ponto final, da Bahia

- Minas estrada natural, que ligava Minas ao porto ao mar. Ao caminho de ferro

mandaram arrancar...” (NASCIMENTO, 1975)

O gerenciamento do RSU resumia-se à sua coleta semanal ou com

maior freqüência, a depender das demandas, utilizando-se trator - caçamba em

Caravelas e de carroça puxada por tração animal, no povoado da Barra de

Caravelas. A disposição dos RSU era solicitada, algumas vezes, por

moradores ou proprietários de sítios próximos a núcleos habitados, utilizando

basicamente, o material para aterramento, registrando-se vários pontos

simultâneos de disposição inadequada de resíduos10.

O desconhecimento generalizado sobre os perigos à saúde pública e ao

meio ambiente, relacionados à prática inadequada de disposição dos resíduos,

foi o responsável para que, este quadro persistisse até as três últimas décadas

9 Relato de Viva Voz de Elias de Jesus Siquara, antigo morador nascido no município. 10 Conforme relato de Jordônio Alves da Silva, funcionário da Prefeitura de Caravelas desde 1955.

103

do século passado. Os resíduos eram utilizados, com maior freqüência, como

fonte de alimentação para animais domésticos, devido à fração predominante

de matéria orgânica, ou como aterramento de depressões de cavas deixadas

pela operação nas jazidas de barro, em área de manguezal, da “Olaria do Seu

Laurindinho”11 (empresa localizada às margens do rio Caravelas, que funcionou

até 1984, hoje, atual “Bairro da Olaria”), conforme observado no Anexo – C,

Figura 3. Outro bairro que surgiu do aterramento de lixo em áreas alagadiças

de manguezal e mussununga, é conhecido como “Bairro Novo”. Com o objetivo

de conter estes tipos de invasões, o município criou a Área Sob Proteção

Especial (ASPE).

DÉCADA DE 80- neste período, ocorreu um incremento da atividade

turística na região litorânea dos municípios da costa do Extremo Sul do Estado

da Bahia, como um reflexo do “boom” turístico experimentado nos municípios

de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (BRASIL, 1997). Como conseqüência,

registra-se em Caravelas um aumento da geração de resíduos urbanos, em

especial em determinados períodos do ano (férias escolares, feriados),

impelindo a uma melhoria no serviço municipal de coleta diárias dos resíduos

urbanos na sede (trator-carroça) e varrição das ruas e carroça tração animal na

Barra de Caravelas, não ocorrendo entretanto modificações na forma

inadequada de disposição final, a céu aberto e sem um local específico para a

operação12.

O município introduz melhorias na prestação de coleta dos resíduos

11 Conforme relato de viva voz de Fabiano Antonio Costa, filho do Proprietário da extinta empresa e Ailton Francisco Paranaguá, ex – proprietário e Carpinteiro naval do “Estaleiro Olaria”, situado no local aterrado. 12 Conforme relato de viva voz de Gerson Luiz Matos Dias, motorista e prestador de serviço de coleta de RSU, desde 1986.

104

urbanos em 1986, diante do volume crescente de resíduos causado também,

pelo aumento do fluxo turístico. Na operação utilizava-se um caminhão-

caçamba, em dias alternados, na sede do município e tração animal no

povoado da Barra de Caravelas13. O destino final persistiu na disposição a céu

aberto e sem local específico, citando-se Fazenda Cajueiro, em jazida de

extração manual de areia, nas cavas da Olaria, às margens do rio Caravelas, e

na rua dos Eucaliptos. Em 1989 são criados o Departamento de Meio Ambiente

Municipal e a Seção de Paisagismo e Jardinagem, locados na Secretaria de

Saúde. O Departamento assumiu a supervisão dos serviços de coleta e

disposição final dos resíduos urbanos em interação com a Secretaria de Viação

e Obras, tendo a função de apoiar ações de educação ambiental, como a

produção de mudas utilizadas na arborização da sede do município, do

povoado e dos distritos. Ocorreu, periodicamente, distribuição de latões no

centro da cidade e nos distritos para coleta de RSU.

Os mutirões de limpeza da cidade, de praias e as campanhas de

educação ambiental com moradores promovidos pela Secretaria de Saúde não

surtiram os resultados esperados. O baixíssimo desempenho destas ações foi

atribuído à falta de continuidade das ações propostas pelos órgãos municipais

responsáveis, a difícil articulação / integração entre as secretarias e estas com

o poder privado, além do desinteresse da população. As instituições de

educação e ensino municipal e estadual foram as que mais provocaram

discussão sobre as questões ambientais, no município de Caravelas, com

trabalhos escolares sobre temas ambientais ao longo dos períodos letivos14.

13Conforme relato de viva voz de Gerson Luiz Matos Dias, motorista e prestador de serviço de coleta de RSU, desde 1986. 14 Conforme relato de viva voz de Kletslova S. Campos, ex-chefe de Divisão de Meio Ambiente Municipal.

105

DÉCADA DE 90 - o aumento do número flutuante de habitantes devido

ao turismo, desde o começo dos anos 90, gerou quantidades crescentes de

resíduos produzidos pelo turismo altamente consumidor. O comércio entre os

municípios intensificou-se, com ênfase para o mercado de frutos do mar.

Caravelas ainda é um dos maiores produtores de pescados do sul da Bahia,

principalmente, de crustáceos atraindo empresas que se instalaram com este

fim (BAHIA, 2002b).

Neste período, o município aumentou a freqüência da coleta municipal,

diante do crescente volume de resíduos e pela falta de planejamento do seu

gerenciamento. Esta operação foi ampliada abrangendo o distrito de Ponta de

Areia (carroça com tração animal e logo depois com caminhão caçamba).

Todavia, não existia a pré-determinação de horários e roteiros de coleta15 e os

RSU eram dispostos, pelos moradores, em vasilhames sem tampa e/ou em

sacos plásticos, expostos durante muito tempo até a coleta, à mercê de

animais que os espalhavam pelas cidades.

Os RSU, que habitualmente foram dispostos nos quintais por solicitação

dos moradores, geraram manifestos de populares. Desta forma, o poder

público municipal limitou a disposição destes resíduos, somente, nas áreas

mais afastadas dos centros urbanos, de maneira inadequada, a céu aberto.

A junção destes fatores - crescimento do fluxo de visitantes e o

incremento da atividade de pescado - não foi devidamente acompanhada de

melhorias na infra-estrutura da sede de Caravelas, implicando dentre outros, na

geração de volumes crescentes de resíduos. Neste período, foram registradas

15 Conforme Relato de Gerson Luiz Matos Dias, motorista e prestador de serviços de coleta de RSU, desde 1986.

106

muitas reclamações da comunidade pela grande proliferação de ratos e insetos

geração de mau cheiro16.

Como resultados da crescente pressão da comunidade local,

enfaticamente, do setor turístico e Organizações Não Governamentais - ONGs,

sobre o poder público local, registrou-se ainda em 1994, a aprovação do

Código de Posturas do Município e a criação do Conselho Municipal de Defesa

de Meio Ambiente de Caravelas – CONDEMA17.

Em 1997, foi realizado um diagnóstico pela então Divisão de Meio

Ambiente ligada à Secretaria de Cultura, Turismo e Meio Ambiente

encaminhando proposta de ordenamento da coleta do lixo, que também não

logrou o êxito desejado. O avanço foi tímido no ordenamento do horário da

coleta, estabelecido diariamente no centro da cidade de Caravelas e em dias

alternados nos bairros mais afastados e também, no distrito de Ponta de Areia

e do povoado da Barra de Caravelas.

A Divisão de Meio Ambiente encaminhou proposta de sugestão de

elaboração de lei para adequar o município à Federal Lei n.º 9605/98 de

Crimes Ambientais, culminando com a aprovação da Lei Municipal n.° 100, de

22 de abril de 1998, Código do Meio Ambiente de Caravelas . Desta forma foi

imposta a coleta diferenciada de restos de podas de vegetais na sede, no

distrito de Ponta de Areia e no povoado de Barra de Caravelas e o

ordenamento da coleta do lixo. Os RSU gerados em Caravelas (sede) e no

distrito de Ponta de Areia, foram dispostos a céu aberto a 2,0 Km do centro da

sede do município, na Fazenda Cajueiro. Nesta propriedade, a atividade de

16 Conforme relato de viva voz de Kletslova S. Campos, ex-chefe de Divisão de Meio Ambiente Municipal. 17 Consta como primeiro da Região do Extremo Sul do Estado da Bahia.

107

mineração de extração de areia em restinga18 foi exercida pelo proprietário,

para uso na construção civil, inclusive pela prefeitura. A disposição dos RSU

tinha como objetivo a recuperação de área degradada, cobrindo as depressões

deixadas pela atividade. Os resíduos gerados no povoado da Barra de

Caravelas foram dispostos a céu aberto, à beira da estrada de acesso à praia

de Yemanjá19. Algumas iniciativas em busca de alternativas para solução, com

o intuito de minimizar os impactos negativos causados pelo gerenciamento

inadequado dos RSU, envolveram a Prefeitura Municipal de Caravelas, as

ONGs Instituto Baleia Jubarte – IBJ e Conservação Internacional do Brasil – CI,

e empresários de vários seguimentos comerciais. As ações incrementadas

neste período foram:

• educação ambiental, com a proposta de não lançamento dos resíduos

resultantes do beneficiamento de pescados em logradouros públicos e no

rio Caravelas:

• limpeza em mutirões, dos núcleos urbanos consolidados de Caravelas,

Ponta de Areia e Barra de Caravelas.

• divulgação de programa educativo por meio de serviço de sonorização nas

ruas de Caravelas.

• distribuição em pontos estratégicos de contentores plásticos de 200 litros,

para disposição de resíduos gerados em vias públicas, visualizados

conforme Anexo - C, Figura 5.

Estes esforços não foram suficientes para alterar o grave quadro de limpeza

urbana instalado no eixo beira mar nesta ocasião. No caso dos contentores,

estes foram criminosamente subtraídos por pessoas da comunidade, para

18 Área de Preservação Permanente com função estabilizadora de manguezal. 19 Conforme relato de Kletslova S. Campos, ex-chefe de Divisão de Meio Ambiente Municipal.

108

serem usados como reservatórios d’água em suas residências. Mesmo quando

reinstalados, (atentando-se para que os mesmos fossem furados,

previamente), o lamentável fato repetiu-se, pois, estes foram indevidamente

apoderados e calafetados20 para uso como recipiente de armazenamento

d’água21.

No dia 10 de junho de 2000 foi emitida multa, pelo Instituto Brasileiro do

Meio Ambiental e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, à Prefeitura de

Caravelas, pela disposição inadequada de resíduos na Fazenda Cajueiro,

visualizada no Anexo - C, Figura 6. O prefeito persistiu em manter vários

pontos de disposição inadequada, inclusive em Área de Preservação

Permanente e de segurança aeroviária22. Diante dos protestos expressos pela

administração do aeroporto de Caravelas, a prefeitura concentrou a disposição

em sítio localizado no povoado da Barra de Caravelas.

O COMDEMA, motivado pela inadequação do local que a prefeitura

passou a dispor os RSU, elabora o documento intitulado Parecer Técnico de 22

de agosto de 2000. Este documento registra que os resíduos não eram

cobertos e que o local escolhido é área de restinga, próximo a lagoas costeiras,

apresentando lençol freático muito alto. Ainda solicita ao governo local, a

transferência desta para a área sugerida pelo estudo da HIGESA Engenharia

Ltda. e pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do e Estado da Bahia -

CONDER para implantação do aterro sanitário municipal.

Na negociação entre a Prefeitura de Municipal de Caravelas e o

COMDEMA, foi estabelecido um acordo, em que todos os RSU gerados em

20 Vedados os furos 21 Conforme relato de Kvetoslava S. Campos ex chefe de Divisão de Meio Ambiente Municipal 22 Conforme relato de Gerson Luiz Matos Dias, motorista e prestador de serviço de Coleta de RSU, desde 1986

109

Caravelas, Ponta de Areia e Barra de Caravelas deveriam ser dispostos no

mesmo local (restinga). Para tanto, a prefeitura se comprometia a construir

valas rasas e a recobrir a massa de resíduos, além de remover aquele disposto

em manguezal na Fazenda Cajueiro (lixão anterior multa pelo IBAMA). A

disposição deverá observar também outros critérios técnicos e operacionais de

um aterro controlado, conforme Lima (1991), pelo prazo máximo de 2 anos.

Caso a implantação de um aterro sanitário não ocorresse neste período,

deveria ser estudada e apresentada pela prefeitura, uma nova área, para dar

continuidade à disposição dos resíduos em conformidade com este acordo. As

exigências constantes no acordo não foram cumpridas a contento, uma vez

que a disposição e a cobertura não foram implementadas, tão pouco a

remoção dos resíduos da área de manguezal23.

No processo de escolha do local, conforme HIGESA (2000), para

implantação do aterro de Caravelas pela Equipe Técnica do Estudo de Impacto

Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) dos aterros sanitários

de Prado, Alcobaça e Caravelas, só foi identificada uma área, por apresentar

viabilidade ambiental. Desta forma foi assim indicada a área a 4,5 Km do

aeroporto de Caravelas, e em média, a 32,0 Km, dos centros geradores de

RSU, sendo metade deste percurso de estrada de barro batido.

No dia 02 de novembro de 2000, o IBAMA aplicou nova penalidade

(multa nominal) ao prefeito, pela disposição inadequada na área do aterro

controlado (lixão da Barra de Caravelas), como visualiza-se no Anexo – C,

Figura 7. No dia seguinte (03/11/2000) duas novas multas foram aplicadas:

uma por reincidência nesta mesma área e outra na localidade conhecida como

caminho da praia de Yemanjá.

23 Relato de Guilherme F. Dutra, vice – presidente do CONDEMA de Caravelas (1999-2004)

110

SÉCULO XXI - o serviço de coleta dos RSU é instituído em todo o

município a partir de 2001. Quanto ao aterro controlado, sua utilização está

limitada à sede do município ao distrito de Ponta de Areia e ao povoado de

Barra de Caravelas, ainda não atendendo a todas exigências técnicas legais e

ambientais. O município está cumprindo o acordo estabelecido mantendo o

aterro controlado operando regularmente.

O IBAMA - Regional de Teixeira de Freitas, bienalmente, realiza

fiscalização nas 2 áreas onde foram aplicadas as multas (Fazenda Cajueiro e

aterro controlado), acompanhados de técnico da Divisão de Meio Ambiente,

locado na atual, Secretaria de Turismo, Esporte e Meio Ambiente.

O município de Caravelas tem a superfície de 2.267,0 Km², distando

822,0 Km de Salvador. Ocupa o 88° lugar do Estado referente ao número de

indústrias, 80ª posição dentre os municípios baianos em número de

estabelecimentos comerciais e 66° no ranking dos municípios baianos no item

consumo de energia elétrica. O seu parque hoteleiro registra 482 leitos, com

uma população estimada em 2003 de 20.481 habitantes (BAHIA, 1997d, 2003).

O município de Caravelas é formado pela sede, com o mesmo nome, pelo

povoado de Barra de Caravelas e pelos distritos de Ponta de Areia, Juerana,

Taquari, Ferrasnópolis, Nova Tribuna, Barcelona.

No quadro da página seguinte estão relacionados estes distritos com

suas respectivas distâncias da sede.

111

Distritos

Distância da sede

Santo Antônio de Barcelona 140 km

Nova Tribuna 128 km

Rancho Alegre 109 km

Nova Esperança ou

(Espora gato) 73 km

Juerana 52 km

Taquari 36 km

Barra de Caravelas 8 km

Ponta de Areia 4 km

Quadro 3.2 distâncias entre a Sede e os distritos de Caravelas

Fonte: Secretaria de Educação de Caravelas.

112

4 SISTEMA ATUAL DE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS NOS MUNICÍPIOS DE ALCOBAÇA E CARAVELAS

A disposição a céu aberto dos RSU durante décadas teve baixos custos

financeiros para os municípios de Alcobaça e Caravelas. Muito pouco foi feito

para minimizar ou solucionar este grave problema de saúde pública e

ambiental, tanto que, os lixões são uma realidade que persistem nos dias

atuais (ver Quadros 4.1 e 4.2, pág 116 e 117). O descaso com esta questão

macula núcleos habitacionais com marcos do consumimos desmedido e a falta

de políticas públicas adequadas às realidades locais, permitindo agressões

tanto às comunidades, como também, dentre outras, às áreas de preservação

permanentes, principalmente os recursos hídricos e ecossistemas como

manguezais e restingas.

O município de Alcobaça não dispõe de um planejamento para o destino

final dos resíduos sólidos e a disposição é feita a céu aberto, em lixões, tanto

na sede como nos distritos. A “coleta diferenciada” de restos de podas de

árvores está restrita a sede e ao distrito de São José.

Na atual gestão dos RSU no município de Caravelas, somente a sede, o

distrito de Ponta de Areia e o povoado de Barra de Caravelas possuem a

disposição no mesmo Aterro Controlado. Nos outros distritos, os resíduos são

dispostos em lixões, alguns, muito próximos aos núcleos urbanos

consolidados.

113

4.1 Atual Área de Disposição Final

A escolha das áreas dos lixões se dá pela administração pública

municipal, que leva em consideração principalmente o aspecto econômico. São

escolhidas áreas que possuem menor distância dos pontos de coleta, assim

como, outras, impróprias para construções e não causem impactos visuais

(encostas). Estas áreas podem mudar de local de acordo com as pressões

populares, quando causam incômodo à vizinhança. No caso de áreas doadas

ao município por particulares e que reservam uma distância que não interfiram

diretamente nas comunidades, são menores as queixas24.

No município de Caravelas, os lixões são encontrados nos distritos de

Taquari, Ferrasnopolis, Nova Tribuna, Santo Antônio de Barcelona e Juerana.

Em Alcobaça, estas áreas se encontram de maneira representativa nos

distritos de Pouso Alegre, Novo Destino, São José e Sede, conforme dados da

Secretaria de Obras dos Municípios de Alcobaça e Caravelas,

respectivamente.

Ainda de acordo com estas secretarias, a operação dos lixões de modo

geral inicia-se com o transporte dos RSU, provenientes dos núcleos geradores,

utilizando-se caminhões, camihões-basculantes ou tratores-carretas. A

operação de transportes não ocorre a contento, visto que espalham papéis,

plásticos e outros resíduos no seu percurso, devido à ausência de

recobrimento das carrocerias. Os municípios em voga possuem apenas uma

alternativa adequada do transporte de RSU - caminhão compactador. No local

24 Conforme relato de viva voz de Eudir Rodrigues Siqueira, Secretario de Viação e Obras de Caravelas, encarregado pela coleta dos RSU

114

da disposição final o descarregamento acontece de forma aleatória, sem

critério de aproveitamento da área. Os funcionários que executam esta

operação utilizam ferramentais como enxadas, pás e garfos, ou, muitas vezes,

as próprias mãos, usando apenas luvas e algumas vezes botas como únicos

equipamentos de proteção individual.

Os lixões de Alcobaça (sede e distritos) não possuem áreas cercadas,

sendo observado a presença de animais (bovinos , suínos, muares e eqüinos);

aves (urubus); vetores de doenças (ratos, moscas, mosquitos, etc.) e de

pessoas (catadores) sem usar nenhuma proteção individual. Os RSU ali

depositados não sofrem nenhum recobrimento com solo e estão próximos a

rios ou a áreas com lençol freático raso, contaminando estes recursos hídricos.

Esta situação é mais agravante no lixão da sede, pelo volume de resíduos

coletados (36m³/dia), gerando grande volume de lixiviados que podem

comprometer o Aqüífero Sedimentar de Areias Quaternárias, pois a área de

disposição é plana e possui lençol freático raso, localizado a 1,0 m de

profundidade.

Em Caravelas, os lixões localizados nos distritos já mencionados,

apresentam problemas que se não diferem daqueles já relatados para o

município de Alcobaça (ausência de cercamento, presença de animais,

proximidade de recursos hídricos, presença de catadores, ausência de

cobertura dos RSU). As áreas de disposição são planas, com exceção do

distrito de Juerana, que utiliza encosta para disposição destes resíduos,

próxima a rodovia BA-001, trazendo perigo aos motoristas que passam por

esta via de acesso. Na sede, como também, no distrito de Ponta de Areia e no

115

Povoado de Barra de Caravelas é utilizado um único Aterro Controlado, que

pela proximidade de lagoas costeiras põem em risco estes recursos hídricos.

O volume estimado de RSU gerado é de 60m³ diários para cada

município, sofrendo flutuação sazonal, principalmente, nos meses de janeiro,

fevereiro e julho, em função do fluxo turístico regional, acrescendo até 40%

destes resíduos durante período de férias escolares e feriados nacionais, de

acordo com as informações das Secretarias de Obras destes municípios. Em

conseqüência deste fluxo, em Alcobaça, novas áreas são abertas para

disposição do excedente. Nestes valores estimados, está incluído o volume de

matéria orgânica provinda da coleta diferenciada de restos de podas de

vegetais, estimadas em 25,5 m³ para Caravela e 9,0 m³ para Alcobaça.

Ainda de acordo com as fontes citadas, em Caravelas, os resíduos de

“coleta diferenciada” não são dispostos e aterrados junto com os resíduos

residenciais dentro das valas, mas sim, dispostos sobre o terreno da área do

aterro controlado ou levado para recuperação de área degradada de lavra de

extração de areia. No caso específico de Alcobaça, por não possuir aterro

controlado, os restos vegetais são dispostos na mesma área do lixão, porém,

colocados separadamente.

As informações do sistema atual de disposição final dos RSU dos

municípios de Alcobaça e Caravelas estão sintetizadas nos quadros 4.1, e 4.2

(páginas 116 e 117), respectivamente.

116

Localidade Volume de Resíduos gerados (m³/dia)

Transporte Número de viagens/dia

Forma de disposição

final

Distância entre coleta e

disposição final (Km)

Alcobaça

(Sede)

36,0

compactador

03 basculantes 2,0/ veículo Lixão 7,0

São José 4,5 basculante 1,0 Lixão 1,0

Novo Destino 4,5 trator-carreta 1,0 Lixão 1,0

Igrejinha Não há controle

pelo Município - - Lixão *

Taquari Não há controle

pelo Município trator-carreta - Lixão *

Pouso Alegre 4,5 trator-carreta 1,0 Lixão 2,0

Itaitinga Não há controle

pelo Município - - Lixão *

Projeto 40/45

(Reforma)

Não há controle

pelo Município - - Lixão *

Quadro 4.1. Situação da coleta e disposição dos resíduos no município de Alcobaça. *A disposição é feita pelos próprios moradores em um só ponto.

Fonte: Secretaria de Obras do Município de Alcobaça.

117

Localidade

Volume de Resíduos gerados

( m³ / dia)

Transporte Número de viagens/dia

Forma de disposição

final

Distância entre coleta e

disposição final (Km)

Caravelas

(Sede) 10,0 a 12,0

Caminhão

compactador 2,0 a 3,0

Aterro

controlado* 2,0

Ponta de Areia 4,5 Caminhão

basculante Dias alternados

Aterro

controlado* 6,0

Barra de

Caravelas 4,5

Caminhão

basculante Dias alternados

Aterro

controlado* 2,0

Juerana 12,0 Caminhão

basculante 4,0

Lixão/lado da

(BA-001) 3,0

Taquari 0,3 Trator - carreta 3,0 Lixão 0,3

Ferrasnópolis 0,3 Carroça –

animal 1,0 a 2,0 Lixão 0,3

Nova Tribuna 0,3 Carrinho de

mão 6,0 Lixão 1,50

St. Antônio de

Barcelona 09

Caminhão

basculante 02 Lixão 0,50

Quadro 4.2. Situação da coleta e disposição dos resíduos no município de Caravelas. * Aterro Controlado da Barra de Caravelas

Fonte: Secretaria de Obras do Município de Caravelas.

118

4.2 Proposta

o ano de 2000, a CONDER, através da HIGESA Engenharia Ltda, fez o

levantamento de dados preliminares (EIA/RIMA), para a implantação de uma

solução de aterro sanitário convencional conjunta, para os municípios de

Prado, Alcobaça e Caravelas e antevendo a negativa dos administradores

públicos destes municípios, estudou a alternativa individual para os mesmos. A

proposta de aterro individual para estes municípios foi a escolhida por seus

administradores. O modelo simplificado sugerido pela equipe técnica da

empresa consultora, tem diferenças tecnológicas, quando comparado ao

modelo apresentado em 2002 pela CONDER do ano de 2002. As condições e

características que devem ser atendidas para os aterros de Alcobaça e

Caravelas segundo a equipe técnica da HIGESA, são:

• Adoção de Aterro Sanitário Simplificado associado a instalação simplificada

de Reciclagem e Compostagem; (consta no modelo CONDER/2002 as

instalações de reciclagem e compostagem de maneira opcional);

• Sistema de Drenagem e Tratamento do chorume por meio de Lagoa de

Estabilização impermeabilizada com argila compactada, cujos efluentes

deverão ser irrigados no solo; (não consta no modelo CONDER/2002)

• O aterro deverá atender a sede municipal de Alcobaça, neste município, e

as localidades de Ponta de Areia, Barra de Caravelas e a sede no município

de Caravelas; (como recomenda o modelo CONDER para estes

municípios);

119

• Construção e operação segundo o Método das Trincheiras, sendo

impermeabilizado o fundo e as laterais com argila compactada; (consta a

compactação somente do fundo da vala no modelo CONDER/2002);

• Operação do aterro de acordo com as boas práticas de Engenharia

Ambiental. Simultaneamente, deverá ser implantado o Plano de

Recuperação da Área Degradada (PRAD) de todos os lixões das

localidades contempladas com o aterro simplificado. Estes que serão

encerrados imediatamente, a partir do início desta atividade, que será

licenciado como o único local de recebimento de RSU das localidades

acima citadas; (como recomenda o modelo CONDER/2002);

• Monitoramento da área de influência direta do aterro inclusive na etapa de

encerramento do aterro; (como recomenda o modelo CONDER/2002);

• Recomenda atividade permanente de reciclagem e compostagem. (consta

como opcional no modelo CONDER/2002)

O Governo do Estado vem adotando uma política de implantação,

inicialmente, em 30 municípios com unidades de Aterro Sanitário Simplificado,

constando entre estes, Alcobaça e Caravelas.

A proposta apresentada em 2002 tem como premissas (BAHIA, 2002 a):

• 87,2% municípios baianos possuem população até 20.000 habitantes,

• falta de estrutura para o adequado recolhimento e disposição final de RSU,

permitindo a proliferação de doenças acarretando problemas de saúde

pública como: febre tifóide, cólera giardíase, amebíase e outros (vetores:

baratas e moscas); leptospirose, peste bubônica e tifo murino (vetores:

ratos e pulgas); teníase e cisticercose (vetores: bovinos e suínos) e

toxoplasmose (vetores: cão e gato).

120

• De baixo custo com valor atual de, aproximadamente, R$ 150.000,00

(BAHIA, 2004).

Desta forma, para a implantação desta proposta de aterro, utilizaram-se

os resultados da escolha de áreas apresentadas pela HIGESA (2000). No

município de Alcobaça, esta área está localizada a 13,0 Km da sede nas

margens da BA - 290 e no município de Caravelas está a 32,0 Km dos centros

geradores de RSU e 4,5 Km do aeroporto, sendo a metade deste percurso de

estrada de barro.

4.3 Processo de Licenciamento Ambiental

Definido, segundo a Resolução 237 de 19/12/1997 do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em seu artigo 1°, parágrafo I, como:

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. (BRASIL, 1997).

Ainda na mesma Resolução e artigo, no parágrafo II, entende-se como

licença ambiental:

...ato administrativo pelo qual o órgão ambienta competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. (BRASIL, 1997).

121

Como órgãos locais, os municípios de Alcobaça e Caravelas celebraram

convênio de cooperação técnica e administrativa com o Centro de Recursos

Ambientais (CRA) visando a descentralização da gestão ambiental,

licenciamento e fiscalização de atividades de impacto ambiental local

registrados sob o n.° 050/01 e 015/01 respectivamente. Desta forma,

Caberá aos Órgãos Locais executar as atividades de licenciamento e fiscalização das atividades efetiva ou potencialmente degradadoras com impacto direto ambiental local, nos termos do disposto na legislação federal pertinente, ou da atividade com impacto que extrapole o território municipal mediante celebração de convênio com o CRA, observadas as exigências e condições estabelecidas em regulamento. (BAHIA, 2001, p.11).

A CONDER, em agosto de 2003, informou através de telefonema aos

municípios citados que os mesmos foram agraciados com um aterro sanitário e

para a sua implantação fár-se-ia necessário a obtenção da licença ambiental e

o registro da área que seria ocupada, pelo aterro sanitário em nome da

prefeitura que deveriam ser encaminhados para esta companhia com

urgência25.

Os técnicos dessas prefeituras de posse do EIA/RIMA da HIGESA e

sem o projeto de Aterro Sanitário Simplificado (consta que até a presente data

não foi disponibilizado para os municípios) fundamentaram a Licença Ambiental

sob o processo n.° 2003-0052/TEC/LS-037 de Alcobaça e 2003-026/LS-016 de

Caravelas, conforme Anexo – B, Documentos 1, 1.1 e 2.

Em 13/11/03, através da circular n.° 008/2003, a CONDER oficializou a

contemplação de Aterro Sanitário Simplificado para os municípios em foco,

25 Conforme relato de José Crispim Dias de Almeida e Eliane Anne Gonçalves de Oliveira Ferraz, Secretários de Administração de Caravelas e Alcobaça respectivamente.

122

tendo como conseqüência a participação destes em um workshop na sede

desta Companhia, no dia 28/11/2003, sobre gestão de limpeza urbana em

pequenos municípios. Este encontro teve como objetivo preparar as 30

prefeituras contempladas para a correta dinâmica dos aterros, incluindo os

aspectos legais, ambientais, sociais, administrativos e operacionais.

Durante este encontro a prefeitura de Alcobaça promove a entrega da

licença ambiental e a cópia da escritura da área a ser ocupada pelo

empreendimento (já enviadas pelo município de Caravelas), que foram

solicitados anteriormente.

Consta na licença ambiental de Alcobaça que o aterro sanitário tem

localização na área indicada pela equipe técnica do EIA/RIMA da HIGESA

ocupando aproximadamente 6,0 ha. Após a visita técnica municipal nesta área,

não se constatou problemas quanto aos aspectos ambientais; de uso e

ocupação do solo e operacionais, para a implantação do aterro. Por este

motivo foi formalizado a Licença Ambiental Prévia que prevê entre outros

condicionantes: implantação de programas de redução de geração de resíduos

na fonte; implantação de programa que estimulem a reutilização de resíduos;

disponibilização de área de reserva para localização de construções que

permitam reciclagem e compostagem, ver Anexo – B, Documentos 1 e 1.1.

Na licença ambiental de Caravelas prevê nos seus condicionantes:

implantação do projeto de aterro sanitário na área determinada pela HIGESA ;

operar de acordo com o projeto e normas de segurança pessoal e ; promover a

coleta seletiva para realização da reciclagem. Este município, após o workshop

percebendo que modelo agora proposto possuía características que

anteriormente foram apresentadas. Desta forma publicou-se uma nova licença

123

ambiental em 18/04/2004, sob o n.° 2003-033/LS-021 ver Anexo – B,

Documentos 3 e 3.1.

Neste ultimo processo, Caravelas, solucionou o problema da escolha da

área (próxima ao aeroporto) levando em consideração a Portaria - DAC n.°

1116/GMS do Departamento de Aviação Civil, que prevê a implantação de

empreendimentos a 4,5Km no mínimo, fora do cone de aproximação das

aeronaves durante o pouso e decolagem em relação as cabeceiras das pistas,

com prévia autorização da Força Aérea Brasileira (FAB), em detrimento da

Resolução CONAMA n.° 004/95, que estabelece uma distância mínima de 13,0

Km de raio entre aeródromos e vazadouros de lixo. Por não se tratar de um

vazadouro de lixo e a área solicitada para implantação do aterro sanitário estar

situado nas distâncias indicadas pela legislação pertinente, foi concedida a

autorização pela FAB.

Uma outra problemática neste município concebida, nesta ocasião, é

que a área em questão está situada a 32,0 Km dos centros geradores de

resíduos por este motivo, nesta ultima licença se prevê a implantação de uma

unidade de triagem, fora da área do aterro viabilizando a operacionalidade e

aumento da vida útil deste, pois havendo uma triagem ocorrerá a redução do

volume de RSU direcionados ao aterro. Ressalta-se que nos arquivos desta

prefeitura existem registros de solicitações para implantação de um galpão de

triagem e equipamentos de apoio ao funcionamento deste.

Na implantação do aterro de Caravelas através da empresa Construção

e Meio Ambiente Ltda (CEEMA), vencedora de licitação para implantação dos

aterros simplificados nestes municípios objetos deste trabalho, tomou-se

conhecimento que o projeto de Caravelas abrangeria 12,0 ha, contrariando a

124

solicitação de 6,0 ha feita pela CONDER (consta na escritura desta área 7,0

ha), inclusive parte desta área está locada em Área de Preservação

Permanente26 (120,0 m do manguezal). Pela falta do projeto do Modelo de

Aterro Simplificado da CONDER, a área prevista para sua implantação não

consta na licença ambiental deste município.

26 Conforme relato de viva voz de Antonio Carlos Pires Nunes, Secretario de Turismo, Esporte e Meio Ambiente de Caravelas.

125

5 CRÍTICAS E RECOMENDAÇÕES

O modelo de Aterro Simplificado da CONDER que está sendo

implantado nos municípios de Alcobaça e Caravelas possui características

peculiares, sendo necessário evidenciá-las recomendando possíveis soluções

de baixo custo e que minimizem os riscos ambientais, principalmente, a

contaminação dos recursos hídricos. Assim sendo, a seguir, foram

mencionadas críticas e recomendações baseadas nos modelos da CETESB e

PROSAB para serem adaptadas ao modelo destes municípios, nas condições

locais.

TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA ADMINISTRATIVA E

FINANCEIRA – (TECOTAF) - na concepção das tecnologias de tratamento e

disposição final de RSU para pequenos municípios, não foi observado

oficialmente um conjunto de compromissos entre o Estado e o município, que

preveja dentre outros objetivos:

• participação do município no processo de escolha de área; na

escolha dos equipamentos/instalações de apoio prioritários e na

elaboração do projeto do aterro, adaptando-os para a realidade

local;

• cooperação técnica e a elaboração de convênio entre a

CRA/CONDER e instituições de ensino/pesquisa, para capacitação

dos técnicos municipais, promoção da educação ambiental, análise

dos parâmetros de monitoramento do aterro, licenciamento de

jazidas utilizadas neste equipamento e elaboração do GIRSU;

126

• participação técnico/financeiro do Estado na etapa de elaboração do

GIRSU do município.

• orçamento municipal para garantir a implantação e manutenção do

GIRSU, visando a implementação da educação ambiental que

promova a inserção social dos catadores, a redução da geração de

RSU, o reaproveitamento e a reciclagem.

• participação técnico-financeira do Estado para os municípios de

baixa geração de recursos permitindo a ampliação, manutenção e

operação do aterro.

• cumprimento da legislação ambiental vigente com a efetiva

fiscalização do CRA

Deste modo recomendamos a criação e celebração do Termo de

Cooperação Técnica Administrativa e Financeira (TECOTAF) entre o Município

(contemplado com aterro simplificado), CRA e CONDER.

ESCOLHA DA ÁREA - os estudos preliminares, além dos

levantamentos geológicos e geotécnicos para escolha de área destinada para

aterro sanitário, não são indicados pela CONDER, deixando possivelmente

para as prefeituras este ônus, que, conforme Guimarães (2000), privilegiam os

parâmetros econômicos (adequando-os ao seu orçamento) em detrimento dos

parâmetros técnicos e ambientais.

No caso específico do Município de Caravelas, a CONDER, que prevê

no seu manual a distância de 500,0 m dos corpos d’água superficiais,

contrariando a sua proposta, locou o modelo Simplificado a 120,0 m do

manguezal. A empresa Construção e Meio Ambiente Ltda. – CEEMA,

responsável pela implantação do mesmo, apresentou a planta construtiva com

127

esta orientação, que necessita portanto de alterações. Recomenda-se que a

escolha da área seja feita com critérios ambientais, de uso, de ocupação do

solo e de técnicas operacionais, como indicado por Castilhos Junior e outros

(2003), com participação do município como previsto no TECOTAF.

REDUÇÃO DO VOLUME DE LIXIVIADOS - a Cobertura com lona de

PVC dos RSU e o bombeamento das águas não contaminadas para fora do

sistema são as indicações da CONDER, contudo, não são suficientes para

evitar a formação de lixiviados, conforme apresentado no experimento de

Teixeira e outros (2003), com riscos reais de contaminação e poluição dos

recursos hídricos. Esta situação agrava-se nos municípios em foco, cuja

precipitação pluviométrica anual conforme CEPEMAR (2000), é de 1770,0 mm,

aumentando, acentuadamente, a possibilidade da geração dos lixiviados.

Recomenda-se a redução do comprimento ou secção das valas, nos períodos

chuvosos, para evitar o aumento do volume de lixiviados, conforme indicado

pelo modelo valas/CETESB, além de um “Telhado móvel”, conforme indicado

pelo modelo trincheiras/PROSAB, por reduzir o volume de água no sistema nos

períodos mais chuvosos do ano, além de, melhorar as condições de trabalho

dos operadores. Estas técnicas somadas às já previstas pela CONDER podem

minimizar o volume dos lixiviados, reduzindo-se a entrada de águas das

chuvas.

RISCO DE CONTAMINAÇÃO DOS AQÜÍFEROS SUBTERRÂNEOS.

As distâncias do lençol freático utilizadas pelo modelo e o tipo de solo

escolhido para implantá-lo (argiloso e variações de argiloso), podem aumentar

o tempo de passagem dos lixiviados pelo solo, possibilitando a sua filtragem,

depurando os percolados (GUIMARÃES, 2000). Contudo, esta afirma que a

128

detecção do processo de contaminação não é imediata, pois a migração dos

poluentes é governada pela advecção (o contaminante é transportado pelo

fluxo natural da massa d’água subterrânea), pela dispersão e diluição do

contaminante, que apresentam velocidades reduzidas de deslocamento,

podendo ser percebidos anos ou décadas após o início do processo de

poluição. Recomenda-se a impermeabilização das valas conforme descrição no

item IMPERMEABILIZAÇÃO DO FUNDO E LATERAIS DAS VALAS, neste

capítulo. Também propõe-se realizar, periodicamente, o monitoramento das

águas superficiais e subterrâneas, através da avaliação mensal ou conforme

resultado das análise realizadas (CASTILHOS JÚNIOR e outros, 2003).

COMPACTAÇÃO - a compactação dos RSU pelo método manual,

conforme experimento de Teixeira e outros (2003), com a utilização de

compactador de concreto de 0.25 x 0.25 x 0.15 m com 23,0 Kg de peso, caindo

de uma altura de 1,5 m, resultando em uma pressão de 368,0 Kg/m², pode

acrescer 60% na quantidade de resíduos disposta por unidade de volume.

Porém, o modelo da CONDER apresenta esta técnica de maneira opcional não

obrigatória, como definido na NBR 8419 de 1985 da ABNT, onde afirma, que

devem ser utilizados princípios de engenharia para confinar na menor área

possível e no menor volume permissível, os RSU e permitindo o uso, de modo

mais eficiente, dos recursos municipais, sem degradar novas áreas.

Recomenda-se a obrigatoriedade da compactação manual, ou mecânica,

quando possível, dos resíduos para o modelo CONDER em Alcobaça e

Caravelas. Esta exigência poderá ser prevista no TECOTAF, caso formalizado.

IMPERMEABILIZAÇÃO DO FUNDO E LATERAIS DAS VALAS - o

modelo simplificado da CONDER não prevê a impermeabilização total das

129

superfícies internas das valas ou trincheiras com manta mineral e que, após o

encerramento da vala, a espessura da camada de solo não permite a produção

de líquidos percolados. Contudo, Guimarães (2002), cita que a alteração de pH

(acidificação) do solo faz com que haja uma interação deste com alguns

materiais de limpeza doméstica, presentes nos líquidos lixiviados, alterando

sua capacidade de troca catiônica e modificando a estrutura cristalina do solo,

criando condições que facilitam a percolação. No experimento de Teixeira e

outros (2002), os resultados encontrados demonstram que a falta de

impermeabilização do fundo e das laterais das valas apresentam real

capacidade de poluição e/ou contaminação do solo, e eventualmente dos

recursos hídricos (mesmo com as valas cobertas com 50 cm de solo e manta

plástica), enfatizando a necessidade de que nestes procedimentos serem

utilizadas as geomembranas. Contudo, existe uma real dificuldade financeira

dos pequenos municípios, pelo alto custo, na aquisição destas membranas

sintéticas. Recomenda-se portanto a impermeabilização do fundo e das laterais

das valas com manta mineral, conforme recomendado por Castilhos Júnior e

outros (2003), juntamente com implantação de “Sistema Híbrido” (aterro-

compostagem), principalmente para Caravelas (BAHIA, 2002a).

VALAS DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - a CONDER inclui

nos projetos de Aterros Simplificados as valas específicas para a disposição de

RSS, para ser operado pela prefeitura local. Todavia, não estabelece com os

responsáveis pela geração destes resíduos, uma adequação de uso, que

enfatize a obrigatoriedade de dispor, somente nestas valas, os resíduos

infectantes e biológicos, como previsto pela ABNT. Recomenda-se o

estabelecimento de um Termo de Responsabilidade para o cumprimento legal

130

das resoluções e normas pertinentes entre a Vigilância Sanitária Municipal e o

gerador dos RSS permitindo assim, o bom andamento dos trabalhos evitando

riscos de contaminação dos operadores e do ambiente. Uma outra

recomendação é a solicitação dos geradores dos RSS (prevista na sua licença

ambiental), para a CONDER promover a orientação e capacitação dos

operadores, quanto ao manejo adequado do RSS.

As valas de RSS que estão sendo implantadas nos municípios de

Alcobaça e Caravelas têm dimensões de 2,0x2,0x2,0 m. A CONDER prevê no

seu modelo de aterro a impermeabilização do fundo e das laterais com a

utilização manta sintética de PVC. Contudo, conforme Castilhos Júnior e outros

(2003), este material é susceptível às variações de pH e da ação direta dos

raios solares, portanto, o seu uso será mais apropriado, como cobertura dos

resíduos (sem contato com os lixiviados). Além disso, esta manta pode sofrer

deformações devido às variações de tensões provocadas pela cobertura final

dos resíduos com solo local. Recomenda-se a utilização da manta mineral no

fundo e laterais da vala de RSS, anteriormente à manta de PVC ou manta de

PEAD, dependendo dos resultados dos estudos preliminares realizados

(condições locais) e/ou condições financeiras do município (CASTILHOS

JÚNIOR e outros, 2003).

MONITORAMENTO - a CONDER recomenda o monitoramento do

aqüífero freático sob os aterros visando o controle efetivo desse manancial, e

em caso de dificuldades significativas para coleta das amostras, ou mesmo, por

julgamento do órgão ambiental, a realização somente de um controle visual

(asseio, confinamento e recobrimento dos RSU dentre outros). Entretanto,

Castilhos Júnior e outros (2003), indicam o monitoramento nas fases de

131

implantação, operação, pós-encerramento do aterro e o monitoramento de área

degradada do lixão. Recomenda-se, portanto, o monitoramento em todas as

etapas do aterro, buscando parcerias com instituições afins, como a

Universidade Estadual de Santa Cruz, EMBASA e outros conforme o autor

acima citado.

RECUPERAÇÃO DE LIXÕES - a CONDER está se responsabilizando

pela recuperação da área degradada , que será realizada após a implantação

do modelo Simplificado, para os lixões de Alcobaça e Caravelas. A

recuperação mencionada se limita, simplesmente, no aterramento dos

resíduos, cercamento da área e a fixação de uma placa indicativa de “antigo

lixão”. Observa-se que os municípios citados, se abastecem somente, de

aqüíferos de águas subterrâneas, podendo ocasionar a contaminação destes

recursos hídricos, diante da sua vulnerabilidade (GUIMARÃES, 2000).

Recomenda-se, o estabelecimento de parcerias com ONG’s e instituições de

ensino e pesquisa para a realização de levantamentos dos dados de avaliação

do aqüífero, bem como, da massa de resíduos, nas áreas de influência dos

lixões, nos municípios onde serão implantados esta tecnologia de disposição

de RSU da CONDER (CASTILHOS JÚNIOR e outros, 2003).

AVALIAÇÃO DO VOLUME DE RESÍDUOS DISPOSTOS NO ATERRO

– devido ao custo, a CONDER não prevê a instalação de balanças rodoviárias

para mensurar a massa de resíduos que são dispostos nas valas, durante a

vida útil dos seus modelos simplificados de aterros sanitários, propondo uma

alternativa para a avaliação volumétrica por cubagem diária. Recomenda-se,

periodicamente, realização de análise gravimétrica dos RSU, em parceria com

ONG’s, instituições de ensino e pesquisa que irá gerar dados que subsidiarão

132

uma avaliação quanto à potencialidade de realizar a compostagem ou

implantar coleta seletiva, visando posterior comercialização dos materiais

recicláveis (CASTILHOS JÚNIOR e outros, 2003). Esta recomendação poderá

estar prevista no TECOTAF, caso formalizado.

SISTEMA DE DRENAGEM DE GASES E DE LIXIVIADOS - a CONDER

dispensa estes sistemas com a justificativa de que, seu modelo tem pequenas

dimensões contendo pequenos volumes de resíduos, e portanto, os gases não

se acumulariam perigosamente, dispersando-se pela camada de recobrimento

para a atmosfera. Da mesma forma, devido aos cuidados elencados para não

ser adicionada água ao sistema, a quantidade de lixiviados gerada será

minimizada podendo ser tratada pela infiltração no solo. No experimento de

Teixeira e outros (2002), evidencia a real capacidade de poluição e/ou

contaminação do solo, e eventualmente dos recursos hídricos, principalmente

em regiões de alto índice pluviométrico que é o caso dos municípios em

análise. Desta forma, recomenda-se a implantação do Sistema de Drenagem

de Lixiviados, para locais onde a área de implantação do aterro for susceptível

à contaminação das águas subterrâneas. Recomenda-se, ainda, para os

aterros Simplificados de Alcobaça e Caravelas, durante o processo de

disposição dos RSU nas valas, a implantação de drenos de gases, conforme

indicado por Castilhos Júnior e outros (2003), podendo substituir o cano de

PVC de 40,0 mm por pneus descartados e/ou garrafas PET. Esta última

recomendação é justificada pelos possíveis bolsões de gases, formados a

partir do processo de degradação da matéria orgânica dos RSU disposta na

vala, de dimensão considerável, quando comparadas com o modelo/PROSAB.

133

SISTEMA DE TRATAMENTO DE LIXIVIADOS – a CONDER não indica

o tratamento dos lixiviados para o seu modelo de aterro. Contudo, conforme já

descritos por Teixeira e outros (2002), estes efluentes podem poluir e

contaminar o solo e os aqüíferos dos municípios objeto desta pesquisa.

Recomenda-se, portanto a implantação obrigatória de uma estrutura de apoio,

conforme descrito no item GALPÃO DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM,

(capitulo 5, página 137), além de programa de ações de conscientização

descritas no item EDUCAÇÃO AMBIENTAL (capitulo 5, página 138).

CINTURÃO VERDE – a CONDER prevê no seu manual de Aterro

Sanitário Simplificado, a implantação de um cinturão verde formado por um

único alinhamento de árvores, de eucaliptos e sansão do campo, para que

possa reduzir os impactos visuais, ruídos, poeiras, odores e a ação dos ventos,

neste modelo. Porém o cinturão verde dos aterros de Alcobaça e Caravelas

estão restritos, somente, a uma linha de eucaliptos plantados com um

espaçamento entre árvores de 2,5 m, no entorno das áreas, conforme

visualiza-se no Anexo – C, Figura 8. Recomenda-se, o plantio de sansão do

campo nos espaços entre as árvores de eucaliptos, para os aterros destes

municípios (BAHIA, 2002a). Esta recomendação está relacionada,

principalmente, aos fortes ventos (3m/s, em média), constantes nestas

localidades, que promovem os impactos citados (BRASIL, 1997).

TREINAMENTO PARA OPERAÇÃO - a CONDER, prevê nos casos de

Alcobaça e Caravelas, o treinamento de uma equipe de operadores do aterro

durante uma semana, após a implantação do mesmo, resumindo-se a um

conteúdo teórico em forma de palestra conforme a apresentação do modelo

simplificado para os técnicos e secretários municipais. Recomenda - se adotar

134

um programa de treinamento contemplando também aulas práticas,

simultaneamente, a operação do aterro em um período não inferior a três

meses.

DIQUES NO INTERIOR DAS VALAS - o modelo da CONDER indica a

construção de diques no interior das valas distando 30,0 m entre si, com a

função de evitar a contaminação das águas pluviais não contaminadas pelos

lixiviados, confinando-as e promovendo seu bombeamento para o exterior da

vala. Contudo, nestes municípios, a construção destes diques deve ser

reavaliada, pois foram dispostas camadas de solo argiloso sobre o fundo da

vala, sem promover a devida aderência entre os solos, como se visualiza no

Anexo - C, Figura 9. Possivelmente a função destes diques pode ser

comprometida, pois, conforme Guimarães (2000), a migração dos poluentes se

dá pela advecção (o contaminante é transportado pelo fluxo natural da massa

d’água subterrânea), pela dispersão e diluição do contaminante. Recomenda-

se, desta forma, a construção adequada dos diques internos das valas,

promovendo a raspagem do solo no interior destas, misturando-o com o solo

adicionado para a formação do dique, que com a compactação posterior,

promove-se a devida aderência entre ambos. Nos períodos de alta intensidade

pluviométrica nestas localidades (outubro a fevereiro), ainda recomenda-se a

utilização de valas de menores comprimento ou valas seccionadas, conforme

CETESB (1997) , desta forma possivelmente evita-se o excesso do acúmulo de

água contaminada.

COMPRIMENTO E NÚMERO DE VALAS ABERTAS - nos municípios

de Alcobaça e Caravelas, a CONDER estará entregando a obra do aterro

simplificado com 4 valas (com mais de 100m de comprimento) para dispor os

135

RSU. As valas foram projetadas para estarem encerradas no prazo médio de

1,5 anos, ou seja, cada vala com vida útil de 4,5 meses, recebendo a cobertura

argilosa final mais solo orgânico e cobertura de gramíneas. Contudo, nos

municípios que possuem pluviosidade bem distribuída durante o ano, mais

acentuada nos meses entre outubro e fevereiro, as valas que estão à espera

do encerramento da sua antecedente, podem sofrer assoreamento parcial, com

o processo de erosão dos taludes e a ação dos ventos (erosão eólica) (BAHIA,

1997a). Neste período, as manobras dos caminhões na operação de descarga

colocam em risco os operadores e os bens materiais. Recomendam-se

aberturas de valas, de menor comprimento de acordo com Castilhos Júnior e

outros (2003), com vida útil entre 2 e 4 meses e que as mesmas sejam

construídas pela prefeitura de forma gradual, minimizando os efeitos negativos

relacionados anteriormente.

LOCALIDADES ATENDIDAS - o modelo de aterro sanitário em

Alcobaça atende somente a sede, e em Caravelas também nos distritos de

Ponta de Areia e Barra de Caravelas. Para os demais distritos destes

municípios não se prevê, por enquanto, solução para os lixões aí formados.

Os distritos de São José em Alcobaça e Taquari em Caravelas estão

localizados a uma distância inferior a 20,0 Km recomendados pelo projeto da

CONDER e portanto os RSU gerados, podem ser dispostos no aterro.

Recomenda-se, portanto, a implantação, em médio prazo, de “Galpões para

triagem e compostagem” nessas localidades que resultaria na minimização do

volume de resíduos destinados ao aterro e na maximização de outros materiais

(vidros, papel, papelão, latas de alumínio e garrafas PET) que serão vendidos

para empresas de reciclagem. Outros, como restos vegetais de podas, serão

136

utilizados na compostagem. Essas práticas aumentam a vida útil do aterro

sanitário destes municípios, além de reduzir os efeitos negativos decorrentes

da geração de lixiviados gerando também empregos.

Para os distritos como Pouso Alegre, Novo Destino em Alcobaça e

Ferrasnópolis e Nova Tribuna em Caravelas recomenda-se a implantação de

um aterro (modelo da CONDER) com impermeabilização das laterais e fundo

das células com manta mineral (CASTILHOS JÚNIOR e outros, 2003).

Especificamente, no distrito de Santo Antônio de Barcelona (Caravelas)

que tem uma produção de 9,0 m³ diário de RSU (volume alto segundo modelo

da PROSAB), recomenda-se o modelo misto CONDER/PROSAB/CETESB, de

aterro com as seguintes características adaptadas:

• do modelo PROSAB - dimensão e impermeabilização das valas,

telhado móvel e sistema de drenagem de gases;

• do modelo CONDER - cobertura diária com lona de PVC dos RSU,

descarga dos caminhões coletores dentro da vala, sistema de diques

para bombeamento das águas não contaminadas do fundo da vala e

secção das valas para evitar o acúmulo de água da chuva;

• do modelo CETESB - tela móvel armada para interceptar papeis e

plásticos.

As recomendações acima mencionadas, antes da implantação destas

alternativas mistas propostas, devem ser precedidas de todos os

procedimentos indicados por Castilhos Júnior e outros (2003), adicionadas, às

de educação ambiental na rede pública municipal e do Galpão de Triagem e

compostagem.

137

GALPÃO DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM - a implantação do Galpão

de Triagem e Compostagem como estrutura de apoio consta no projeto básico

da CONDER como opcional para o município. Contudo, dependendo da fonte

de recursos financeiros para a realização deste empreendimento, esta

premissa pode se modificar, chegando a inviabilizar esta opção27. A

compostagem no município, segundo IPT/CEMPRE (2000), pode reduzir até

50% do volume dos resíduos orgânicos (restos vegetais de podas, feiras livres,

domicílios e outros) com destino ao aterro sanitário, além de contribuir

significativamente com a minimização dos danos causados ao meio ambiente,

podem ser utilizados como fertilizantes (LIMA, 1997). Em Alcobaça, há uma

produção total de RSU, em média, de 20,0 m3/dia e em Caravelas de 35,0

m3/dia. Neste, já estão contabilizados os restos vegetais provenientes do

transporte marítimo de toros de eucaliptos do terminal da Aracruz Celulose.

Recomenda-se a implantação desta estrutura de apoio,

obrigatoriamente, em locais estratégicos, tendo como conseqüência a geração

de emprego e renda, além de aumentar a vida útil do aterro sanitário,

especialmente, em Caravelas, onde o aterro sanitário, a ser implantado,

encontra-se à 32,0 Km da principal fonte geradora (sede) de RSU, viabilizando

a operacionalibildade do mesmo.

A redução de geração de resíduos na fonte através de uma educação

ambiental eficaz, conforme Nunesmaia (2002), também, é uma medida

recomendada e imprescindível na gestão dos RSU.

OBTENÇÃO DE DADOS DE PESQUISA E OUTROS - a dificuldade de

obtenção de dados junto à Administração Pública Municipal ficou evidenciada

27 Conforme relato de viva voz de Maurício Fiuzza, Coordenador de Resíduos Sólidos da CONDER.

138

durante o processo de licenciamento ambiental dos aterros simplificados e está

relacionada à desorganização ou inexistência de arquivos que possuam

documentos técnicos, principalmente, por ocasião da mudança de

administração28.

Recomenda-se a criação de arquivos técnicos sob organização do

Conselho Municipal do Meio Ambiente e a criação de uma Biblioteca Ambiental

Municipal.

LICENCIAMENTO DAS JAZIDAS PARA COBERTURA DO FUNDO

DAS VALAS - o modelo de aterro sanitário da CONDER prevê uma camada de

30 cm de areia depositada no fundo das quatro valas, inicialmente abertas,

com o objetivo de não ocorrer alagamento, prejudicando a entrada de

caçambas durante a disposição dos RSU. Esta areia é proveniente de outro

local e, portanto, faz-se necessário a Licença de Lavra junto ao Departamento

Nacional de Produção Mineral – DNPM prevista em legislação própria,

juntamente com o Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) sob

responsabilidade de um profissional habilitado. Essas exigências não são

pontuadas no projeto da CONDER, ficando o município à margem da

legislação pertinente. Recomenda-se que tal licença seja prevista durante a

concepção do projeto do aterro sanitário simplificado para os pequenos

municípios.

EDUCAÇAO AMBIENTAL - a CONDER dá pouca ênfase para a

educação ambiental no seu projeto. Contudo, de acordo com Nunesmaia

(1997), esta deve ser utilizada como instrumento do GIRSU e pode intervir,

positivamente, conscientizando o indivíduo, fazendo com que estabeleça, a

28 Conforme relato de viva voz de Antonio Carlos Pires Nunes, Secretario de Turismo, Esporte e Meio Ambiente de Caravelas.

139

médio e longo prazo, uma nova relação com os RSU (pela percepção das suas

responsabilidades com o meio ambiente), reduzindo assim sua produção. Para

estimular o envolvimento das comunidades locais neste processo, há a

necessidade do estreitamento de relações entre o órgão responsável pelos

serviços e a população, através de canais de comunicação permanentemente

abertos, e campanhas de sensibilização (BRASIL, 2002). Recomenda-se,

contudo, a elaboração de um Termo de Cooperação Técnica Administrativa e

Financeira, que evidencie o efetivo funcionamento do aterro, e que seja

responsabilidade das prefeituras municipais, o estabelecimento de diretrizes

educacionais a médio e longo prazo por meio de programa de educação

ambiental visando: a redução da geração, na fonte, dos RSU e valorar os

recicláveis, evidenciando a coleta seletiva.

140

REFERÊNCIAS BAHIA, Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Anuário Estatístico da Bahia, 2003, SEI. Salvador, 2003. 694p. . Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER. Aterro Sanitário Manual Modelo CONDER- Concepção, Projeto, Manual de Operações, Salvador, 2002 a. 36p. . Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia. Boletim Estatístico da Pesca Marítima e Estuarina Ano, 2002. Publicação em CD-ROM Salvador, 2002 b. Não paginado. . Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI. Celulose e Turismo. Extremo Sul da Bahia. Salvador, 1995. 132p. (Série Estudos e Pesquisas, 28). . Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia – CONDER. Concorrência Pública n.° 011/2003. – Licitante: CEEMA Construção e Meio Ambiente Ltda. Salvador, 2003. Não paginado. . Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI. Divisão Política-Administrativa Estado da Bahia-2000. Mapa em CD-ROM, Salvador, 2001. . Secretaria da Cultura e Turismo. Guia Cultural da Bahia. Salvador, 1997 d. 232p. . Centro de Recursos Ambientais da Bahia. Licenciamento Ambiental Passo a Passo – Normas e Procedimentos. Guia Para Empreendedores, Consultores e Técnicos que atuam na área ambiental. Salvador, 2000. p. . Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI. Mudanças Sociodemográficas Recentes: Extremo Sul da Bahia 1998. Salvador, 1998. 120p. (Série Estudos e Pesquisas n. 40) . Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Habitação. Superintendência de Recursos Hídricos do Estado da Bahia – SRH. Plano Diretor de Recursos Hídricos das Bacias do Extremo Sul. Salvador, 1997 b. 104p. v. II – Tomo 1/3: Inventário de Recursos Hídricos. . Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Habitação. Superintendência de Recursos Hídricos do Estado da Bahia - SRH. Plano Diretor de Recursos Hídricos das Bacias do Extremo Sul. Salvador, 1997 a. 432p. v. VI: Documento Síntese. . Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR. Política de Desenvolvimento para o Extremo Sul da Bahia. Salvador, 1994. 142p.(caderno CAR, 3).

141

. Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR. Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável - PDRS: Sul da Bahia. Salvador, 1997 c. Não paginado. BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 237/1997. Diário Oficial da República Federal do Brasil, Brasilia, DF, 22 dez. 1997. _______. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 20/1986. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 jul. 1986. _______. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Conama nº 283/2001. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 01 out. 2001. _______. Lei Federal nº 4771, de 15 de setembro de 1965. Código Florestal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 set. 1965. . Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Departamento de População e Indicadores Sociais. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico: IBGE/2000. Rio de Janeiro, 2002. 431p. . Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA. Portaria n°. 37, de 03/04/1992. Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. 1992. . IBAMA / Conservação Internacional do Brasil. Projeto Abrolhos 2000: Diagnóstico Ambiental, Sócio-Econômico e Institucional. 1997. 163p. . Ministério da Marinha de Guerra do Brasil. ROTEIRO COSTA LESTE – Carta Náutica n. 1.130. – Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN, Rio de Janeiro, 1986. DH – 8. 358 p. BUKMAN, Harry O., BRADY, Nyle C. Natureza e Propriedades dos Solos: Compêndio Universitário sobre Edafologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1976. 594 p. BVQI DO BRASIL SOCIEDADE CERTIFICADORA LTDA. Relatório Sumário de Avaliação do Sistema de Manejo Florestal da Aracruz Celulose S/A no Sul do Estado da Bahia. Rio de Janeiro, 2004. 63p. CARDOSO, Rita de Cássia Góes. Gestão Integrada de Resíduos sólidos Urbanos. (Apostila do II Curso de Especialização em Planejamento e Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC). Salvador, 2004. 34p.

142

CASTILHOS JUNIOR, Armando Borges et al. (coordenador). Resíduos Sólidos Urbanos: Aterro Sustentável para Municípios de Pequeno Porte. Rio de Janeiro: ABES, RIMA 2003. 249p. PROSAB. CEPEMAR, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental do Terminal de Barcaças para embarque e desembarque de Toras de Eucaliptos da Aracruz Celulose S.A., em Caravelas – Bahia. Vitória: 2000. 224p. COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL – CETESB. Aterros Sanitários em Valas. São Paulo, 1997. 34p. (Apostilas ambientais). FEPAM, 2003. Método para seleção de áreas para a disposição de resíduos sólidos urbanos: estudo de caso para o município de Pelotas, RS. Coordenação FERRARO, Lilian Waquil. Porto Alegre, 2003. 28 p.(Caderno de Planejamento e Gestão Ambiental, 3) GUIMARÃES, L.T. Utilização do sistema de informação geográfica (SIG) para identificação de áreas potenciais para disposição de resíduos na bacia do Paquequer, Município de Teresópolis - RJ. Tese. Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE. Rio de Janeiro: 2000. 172p. HETTZEL, Bia. CASTRO, Clovis Barreiras. Corais do sul da Bahia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira S.A. 1994. 199 p. HIGESA ENGENHARIA LTDA. Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental dos Aterros Sanitários de Prado, Alcobaça e Caravelas. CONDER, Salvador, 2000. 170p. IPT/CEMPRE, 2000. Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo.Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado / Coordenação: Maria Luiza Otera D’Almeida, André Vilhena –2.ed. São Paulo:2000, 370p. (Publicação - IPT 2622). LIMA, L. M. Q., Tratamento de Lixo. 2a ed. São Paulo, Hemus Editora Ltda. 1991. 240p. MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. 323p. NASCIMENTO, Milton. Minas - Ponta de Areia, do disco Minas, Gravadora Som Livre. Rio de Janeiro, 1975. NUNESMAIA, Maria de Fátima da Silva. Lixo: soluções alternativas – projeto a partir da experiência UEFS / Maria de Fátima da Silva Nunesmaia.- Universidade Estadual de Feira de Santana - BA. Feira de Santana: Editora UEFS, 1997. 152 p. 1

143

. Produtos Potencialmente Recicláveis e seu valor nos Resíduos Sólidos Domiciliares. Universidade Estadual de Feira de Santana/DTEC. Feira de Santana, 2002. 8p. – XXVIII Congresso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambietal. Cancúm México, 27 al 31 de octubre, 2002 FERREIRA, Jaenisch Fátima R., PORTUGAL, Sonia Regina Silva. Remanescentes de Mata Atlântica do Sul da Bahia. Salvador,1991. 139p. PRADO, P. I. et al, Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus, 2003. Publicação em CD-ROM, IESB/CI/CASB/UFMG/UNICMP. RALILE, Benedito P, História de Caravelas, Monografia para apresentação no Primeiro Congresso de História da Bahia, Caravelas-Bahia, 1949, p. 108. SCHAEFFER-NOVELLI, Yara., Manguezal. Ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995. 64p. TEIXEIRA, Eglé Novaes et al. Avaliação do Potencial Poluidor/Contaminados de Aterros em Valas (Aterros Manuais). Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Civil – Departamento de Saneamento e Ambiente. São Paulo. 2002. 8p. - XXVIII Congresso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambietal. Cancúm México, 27 al 31 de octubre, 2002 VANNUCCI, Marta. Os Manguezais e Nós: Uma Síntese de Percepção/ Marta Vannucci; versão em português Denise Navas Pereira. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999. 233p.

144

ANEXO A – MAPAS

145

Mapa 1: Mapa Político e Administrativo do Extremo Sul da Bahia Fonte: DERBA – BA

(www.derba.ba.gov.br/db_map_teixeiradefreitas_amp.htm)

146

Mapa 2: Mapa de Precipitação Média Anual Fonte: Plano Diretor de Recursos Hídricos do Extremo Sul da Bahia –

1997

147

Mapa 3: Áreas de Preservação Ambiental. Fonte : Conservação Internacional do Brasil.

148

ANEXOS B – DOCUMENTOS

149

Documento 1 - Licença Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de

Alcobaça para o aterro sanitário (Portaria 1700 / 03 de 25/11/2003) Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça

150

Documento 1.1 - Licença Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça para o aterro sanitário - verso (Portaria 1700 / 03 de 25/11/2003)

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça

151

Documento 2 - Licença Ambiental da Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas para o aterro sanitário (Portaria 130 / 03 de

01/09/2003) Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas

152

Documento 3 - Licença Ambiental da Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas para o aterro sanitário (Portaria 031 / 04 de

18/03/2004) Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas

153

Documento 3.1 - Licença Ambiental da Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas para o aterro sanitário - verso (Portaria 130 /

03 de 01/09/2003) Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas

154

ANEXO C – FIGURAS

155

Figura 1: Foto Aérea do Extremo Sul da Bahia

Fonte: www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br

156

Figura 2: Foto Aérea de Alcobaça, Caravelas e Nova Viçosa Fonte: www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br

157

Figura 3: Invasão da ASPE Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas

158

Figura 4: Atual Área do Lixão de Alcobaça (sede) Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça

159

Figura 5: Entrega de contentores plásticos para disposição de RSU Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas

160

Figura 6: Área do Antigo Lixão de Caravelas - sede Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio Ambiente de Caravelas

161

Figura 7: Antiga Área do Lixão – Distrito Barra de Caravelas Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio ambiente de Caravelas

162

Figura 8 - Cerca Viva e Guarita do Aterro Simplificado de Caravelas Fonte: Secretaria de Turismo, Esportes e Meio ambiente de Caravelas

163

Figura 9 - Construção de Diques sobre camada de areia no fundo da vala aberta anteriormente – Aterro Simplificado de Alcobaça

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça