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A ORIGEM DO ESPORTE MODERNO A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ESPORTE A DISCUSSÃO INTERNACIONAL DO TERMO ESPORTE O ESPORTE, A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS DOCUMENTOS FILOSÓFICOS INTERNACIONAIS A FUNÇÃO SOCIAL DO ESPORTE ESPORTE, ESTADO E SOCIEDADE O ESPORTE MODERNO E OS ESTADOS CONTEMPORÂNEOS TEORIA GERAL ma& ^gr wÉHfi^db ^^••Vlflb MÍfl GOMES TUBINO o H LIVROS oue CONSTÜOCM

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A ORIGEM DO ESPORTE MODERNO

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ESPORTE

A DISCUSSÃO INTERNACIONALDO TERMO ESPORTE

O ESPORTE, A EDUCAÇÃO FÍSICA E OSDOCUMENTOS FILOSÓFICOS INTERNACIONAIS

A FUNÇÃO SOCIAL DO ESPORTE

ESPORTE, ESTADO E SOCIEDADE

O ESPORTE MODERNOE OS ESTADOS CONTEMPORÂNEOS

TEORIA GERALma& gr wÉHfi db ^ ••Vlflb MÍfl

GOMES TUBINO

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LIVROS oueCONSTÜOCM

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TEORIA GERAL00 ESPORTEM. J. Gomes Tubino

O estudo do esporte a partirde um debate sobre a sua origemcomo esporte moderno, seguido^através da evolução do seuconceito, da discussão internacionaldo seu termo, sua função social,depois passando pelas abordagensemitidas pelos organismosinternacionais a seu respeito eterminando pelo aprofundamento dassuas relações com o Estado e aSociedade, inclusive descrevendocomo os Estados modernos têmtratado esse fenômeno desportivo,estabeleceu a base inicial de umaTeoria Geral do Esporte.

Esta teorização sob a forma.deensaio, por sua vez, abriu aperspectiva da fecunda reflexão noBrasil sobre um novo campo deestudos, denominadoDESPORTOLOGIA.

(Cont. na 1? orelha)

éLIVROS QUECONSTRÓEM

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Biblioteca "DIDÁTICA" — 34 Teoria Geral do Esporte

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Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Tubino, Manoel José Gomes, 1939-C822t Teoria geral do esporte / Manoel José Gomes Tubino

— São Paulo ': IBRASA, 1987.(Biblioteca didática ; 34)

1. Esportes - Aspectos sociais 2, Esportes - Filo-sofia 3. Esportes - História I. Título. II. Série.

87-1639

CDD-796^fjé-796.09

índices para catálogo sistemático:

1. Esportes : Aspectos sociais 7962. Esportes : Filosofia 796.013. Esportes : História 796.09

TEORIAGERAL DOESPORTE

Manoel José Gomes Tubino

.Edição orientada pelos

professores

MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO

CLÁUDIO DE MACEDO REIS

IBRASA

Instituição Brasileira de Difusão Cultural Ltda.

São Paulo

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Direitos desta edição reservados à

IBRASA

INSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE DIFUSÃO CULTURAL LTDA.

Rua Vinte e Um de Abril, 97 — Tel. 92-9639

03047 — SÃO PAULO

Copyright 0 1987 by

MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO

Capa:Ilustração de Wagner L. CoutinhoMontagem de Carlos Cézar

Publicado em 1987

MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO

IMPRESSO NO BRASIL — PRINTED IN BRAZI1

Doutor em Educação Físicapela Universidade Livre de Bruxelas

Mestre em Educação pelaUniversidade Federal do Rio de Janeiro

Presidente doConselho Nacional de Desportos

Decano de Ciências Humanas daUniversidade Gama Filho — RJ

Conselheiro do Comitê Executivo da AssociaçãoInternacional das Escolas Superiores

de Educação Física (AIESEP).

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OBRAS DO AUTOR

METODOLOGIA CIENTÍFICA DO TREINAMENTO DESPORTIVOl.a Edição — IBRASA — 1979

2.a Edição — IBRASA — 19803.a Edição — IBRASA — 19824.a Edição — IBRASA — 19835.a Edição — IBRASA — 1984

AS QUALIDADES FÍSICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS1.» Edição — FÓRUM — 19732.a Edição — FÓRUM — 19743.a Edição — IBRASA — 19794." Edição — IBRASA — 19855.a Edição — IBRASA — 1987

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EM BUSCA DE UMA TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ASESCOLAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

l.« Edição — CULTRIX — MEC 19762.a Edição — IBRASA — 1980

EFICIÊNCIA E EFICÁCIA NAS UNIVERSIDADESl.a Edição — IBRASA — 1981

TECNOLOGIA EDUCACIONAL - DAS MÁQUINAS DE APRENDIZAGEMÀ PROGRAMAÇÃO FUNCIONAL POR OBJETIVOS DE ENSINO

l.a Edição — IBRASA — 1984

OS CONCEITOS DE EFICIÊNCIA E EFICÁCIA COMO ORIENTADORESADMINISTRATIVOS EM CURSOS DE GRADUAÇÃOEM EDUCAÇÃO FÍSICA

MEC — 1977

AVALIAÇÃO DO ENSINO DE FUTEBOL EM ESCOLASDE EDUCAÇÃO FÍSICA

(Co-autor) MEC — 1976

A UNIVERSIDADE ONTEM E HOJE(Co-autor e organizador)l.a Edição — IBRASA - 1985

TERMINOLOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO — UMA INTRODUÇÃOl.a Edição — IBRASA — 1985

SUMÁRIO

Apresentação -*••*

I. A Origem do Esporte Moderno 17

II. A Evolução do Conceito de Esporte . 23

III. A Discussão Internacional do Termo Esporte 37

IV. O Esporte, a Educação Física e os Documentos

Filosóficos Internacionais 43

V. A Função Social do Esporte 55

VI. Esporte, Estado e Sociedade 61

VIL O Esporte Moderno e os Estados

Contemporâneos 71

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APRESENTAÇÃO

A história dos esportes nas civilizações antigas passa pordiversas evidências importantes, mas de registros impre-cisos. Civilizações primitivas como a dos chineses, maias,incas, egípcios, japoneses, aztecas, hindus, e outros povos,deixaram vestígios de jogos praticados com o caráter es-portivo, e que permitiram diversas especulações sobre averdadeira origem do esporte.

Foi na Grécia antiga que os exercícios físicos e as ati-vidades esportivas tiveram realce, primordialmente pelaimportância que receberam na Educação e pelo lugar que

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ocuparam nas celebrações e nas festas. O momento culmi-nante da história dos esportes na Antigüidade grega éatingido nas celebrações dos Jogos Olímpicos, disputadosem Olímpia durante 12 séculos, de 884 a.C., a 394 d.C.,

«de quatro em quatro anos, provocando, inclusive, perío-dos de trégua entre as guerras, durante o período dasdisputas. As provas de caráter individual, abertas so-mente para o sexo masculino, ofereciam aos vencedorescomo recompensa uma coroa traçada por ramos de oli-veira, colhidos em árvores consagradas a Zeus. Nos anosde intervalos dos Jogos Olímpicos na Antigüdade os gre-gos celebravam outras competições desportivas como osJogos ístmicos, Píticos, Nemeus e Fúnebres. Após a con-quista da Grécia pelos romanos, os jogos entraram emdecadência até o seu encerramento por Teodósio.

O esporte, na sua conceituação e revisão histórica, in-dependente da educação física, isto é, com forma insti-tucionalizada, foi recriado no século XIX na Inglaterrapor Thomas Arnold.

Após a institucionalização esportiva descrita, o outroperíodo importante do movimento esportivo moderno teveinício com o francês Pierre de Coubertin, quando restau-rou os Jogos Olímpicos em 1896. Coubertin, após viagemà Inglaterra, ficou entusiasmado em reformar o sistemaeducativo francês, utilizando-se dos esportes. Após váriascampanhas neste sentido, resolve estender sua propostapara o campo internacional, integrando-se totalmente aoresgate do ideal olímpico, reconceituando-o de acordo coma modernidade daquele momento histórico.

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A partir da instalação das Olimpíadas Modernas, o mo-vimento esportivo internacional cresceu em torno dessascompetições promovidas pelo Comitê Olímpico Interna-cional e nas atividades das federações internacionais decada modalidade esportiva, criadas já no século XX.

O esporte na perspectiva da alta competição perma-neceu até 1964, quando, depois dos Jogos Olímpicos deTóquio, em documento assinado por Noel Baker, o es-porte passou a ser estendido também para o homem co-mum, isto é, o não-atleta, na expectativa da utilizaçãoesportiva para a qualidade de vida. Este renovado enten-dimento do fato esportivo, depois de referendado peloConselho da Europa em 1966 e por organismos interna-cionais, como a UNESCO, através de importantes do-cumentos filosóficos, interferiu inclusive com as respon-sabilidades sociais do Estado diante do esporte.

Desse modo, uma teoria geral para o esporte, conside-rando toda a sua modernidade, e colocando-o nas suas in-terseções efetivas com a Sociedade e o Estado, pôde contri-buir para novas reflexões sobre este fenômeno, sem dú-vida, um dos mais importantes deste final de século XX.

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I - A Origem do Esporte Moderno

Uma revisão sobre a origem do esporte, segundo Ueber-horst (1973) justifica-se pela busca do conhecimento dohomem sobre o próprio homem e no sentido do questio-namento sobre a importância que o homem deu ao corpona sua natureza e na sua vida pessoal e comunitária.

Para Diem (1966), a história do esporte é íntima dacultura humana, pois com ela compreendem-se épocas epovos, onde cada época tem o seu esporte e a essência decada povo nele se reflete. Esta percepção de Diem é expli-

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cada pelo fato de que aquele estudioso alemão entendeuo esporte pertencendo ao domínio do jogo.

Entretanto, Ulmann (1965), mesmo tentado a acre-ditar numa perenidade do esporte, e considerando umadiferença de séculos e de civilizações e até o atestado dahistória sobre a permanência dos jogos em todas as épocas,insiste em explicar o esporte na sua origem, a partir dainterpretação moderna deste fenômeno. Nesta perspec-tiva, o esporte teria o seu início formal com Thomas

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rnold em 1$28, quando exercia a direção do Colégio deRugby, na Inglaterra e, utilizando-se dos jogos físicospraticados pela aristocracia e burguesia inglesa, incorpo-rou-os aos métodos de educação, deixando nessa práticaesportiva uma autonomia tal que seus alunos pudessemdirigi-lo, levando-os a organizarem-se segundo os precei-tos do "fair play". Além disso, as regras começaram asurgir naturalmente das práticas e, logo, passaram oslimites de Rugby, estendendo-se rapidamente para forada Inglaterra, atingindo outros países da Europa e o restodo mundo. As percepções de Arnold são consideradas oinício do esporte institucionalizado, do esporte popular edo esporte escolar, isto é, constituem o marco histórico damodernização do esporte. Esta teorização da origem doesporte defendida por Ulmann também recebe o apoio dePoplow, citado por Ueberhorst (1973).

Thomas Arnold, no seu entendimento e utilização doesporte, identificou dois aspectos diferentes, mas insepa-ráveis: o fornecimento de prazer para os jogadores e espec-tadores, e a oportunidade de formação moral. Segundo

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Ulmann, o esporte recebeu com Arnold uma influênciaespecífica do darwinismo, ao recuperar o utilitarismo noqual o pensamento inglês estava compreendido.

O esporte moderno, então originado na concepção deArnold, apresentava neste seu momento histórico inicialtrês características principais:

a) é um jogo;

b) é uma competição;

c) é uma formação.

Essas características, segundo Ulmann, se aproximamàs dos gregos antigos. Apenas quanto à formação do,homem, o esporte não é compreendido do mesmo modo,pois Arnold colocou o esporte a serviço da ação moral, ofe-recendo ao corpo a função de ajudar o homem a obedecerà lei moral. Nesta expectativa, o corpo tornou-se um agen-te, um meio da moralidade, e o esporte um auxiliar docorpo. Ao contrário, esta percepção não representa o pontode vista dos gregos antigos. Platão, citado por Ulmann(1965), que expressou bem o espírito grego, dizia queo corpo deveria ter beleza para que a alma fosse bela ereciprocamente a alma deveria estar pura e bela paraque a beleza e o vigor do corpo não fossem somente apa-rentes. Verifica-se que o esporte para os gregos, diferen-temente da concepção arnoldina, era valorizado, sem tor-nar-se num meio de um meio.

Pierre de Coubertin, citado por Gillet (1975), e queteve influência dos pensamentos de Arnold na sua inicia-tiva, na final do século XIX, de restaurar os Jogos Olím-

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picos, disse que o esporte enquanto cultivado como artepelos gregos provocou um florescimento magnífico e per-sistente. Mas, para ele, ao ficar sem a proteção de certasatenções, debilitou-se, reaparecendo em estado selvageme com vigor na Idade Média para ser aquecido diante dopróprio avanço da sociedade, até reencontrar-se no séculoXIX num processo que o submeteria a uma força inten-siva que o conduziria a um crescimento rápido e a umaprodução de variedades de modalidades que, muitas vezes,se tornou incontrolada.

As reflexões sobre outras teorias sobre a origem do es-porte, embora reconhecendo-as subjetivas em função daspróprias interpretações, das dificuldades do restabeleci-mento das estruturas de passado e das imagens de homemna cosmovisão de cada autor, tornam-se imperativas paraque se possa desenvolver uma melhor compreensão dopresente do fenômeno esportivo.

Uma dessas teorias mais aceitas e consideradas no estu-do do esporte é a de Eppensteiner (1973), que se refe-rencia nas motivações da ação esportiva. Ao distinguirque essas motivações derivam de duas vertentes, a natu-reza e a cultura, e ao entender a cultura como tudo aquiloque advém da vivência do homem em sociedade, esseautor refere-se à origem do esporte como um fenômenobiológico e não histórico. Para ele, em todas as épocas,as causas culturais e biológicas do esporte coexistem, crian-do um instinto esportivo, que pode ser considerado a re-sultante da combinação dos instintos do lúdico, do mo-vimento e da luta.

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Outra teoria importante sobre a origem do esporte mo-derno é a dos historiadores norte-americanos Van Dalen,Mitchel e Bennet, os quais, segundo Ueberhorst (1973),concebem o fato esportivo como um problema pedagógicodesde as épocas primitivas. Nesta perspectiva, a questãoda origem do esporte está ligada aos fins educacionaisdo homem nos tempos primitivos. Desse modo, essa origempode ser buscada pelos aprofundamentos sociológicos e pelainvestigação etnológica nos povos primitivos, pois a des-coberta da consciência e da solidariedade de grupo serãosempre as orientações indicadas.

Em todas as teorias e colocações observadas, é possívelextrair-se alguns pontos comuns, que permanecem no es-porte moderno:

a) que o componente psicossocial fundamental do es-porte é o caráter competitivo;

b) que o esporte, desde o início colocado sempre naperspectiva do progresso do homem, necessita deuma visão interdisciplinar;

c) que o esporte moderno, ao delimitar-se pelas regu-lamentações e codificações, supõe um autocontrole,que se constitui num dos princípios básicos da con-vivência humana.

Concluindo, observa-se que na tentativa da aceitaçãode uma teoria para a explicação da origem do esportemoderno podem-se aceitar os posicionamentos de Ulmanne Poplow, nos quais a ruptura do esporte antigo ocorreuem 1928, com Thomas Arnold, e, sem absolutizá-los,

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admite-se que as demais teorias, como propõe Ueberhorst,apresentam aspectos parciais válidos e relevantes para oentendimento da gênese do fenômeno esportivo contem-porâneo.

Referências Bibliográficas

1. DIEM, C. — História de los Deportes. Barcelona: Luís deCoralt, 1966.

2. EPPENSTEINER, F. — El Origen dei Deporte, In Citius,Altius, Fortius. Madrid: Instituto Nacional de Educacion Fí-sica y Deportes, 1973, XV, 259 — 272.

3. GILLET, B. Histoire du Sport. Paris: Presses Universitairesde France, 1975.

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II - A Evolução do Conceito deEsporte

Os impactos da evolução social britânica do século XVIIIe da estruturação pedagógico-esportiva inglesa do séculoXIX, segundo Cagigal (1979 ), contribuíram decisivamen-

te para a conformação do chamado esporte moderno, comsuas características, de organização por unidades sociais

específicas denominadas clubes, de regulamentações e co-dificações que facilitaram a internacionalização das mo-

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dalidades esportivas, e, ainda, a exaltação da condutaesportiva sintetizada na expressão "fair play", a qualcompreende o cavalheirismo, o respeito ao adversário, aaceitação da derrota, a colaboração em equipe e muitasoutras virtudes. Observa-se desse modo que o conceito deesporte na sociedade moderna recebeu dilatações notáveis,que vieram permitir o entendimento desse fenômeno emtoda a sua renovada amplitude.

O esporte, como entidade multifuncional que compreen-de tantas riquezas e aspectos da vida humana e da socie-dade, também tem evoluído conceitualmente no sentidode uma maior abrangência, para o cumprimento do seupapel de bem cultural, pois, como patrimônio herdado,a sociedade deve dele servir-se e depois transmiti-lo acres-cido das experiências desenvolvidas.

Neste sentido, é importante iniciar a trajetória dessaevolução iniciando com Thomas Arnold (1928), quandopropiciou meios para sua institucionalização. Este edu-cador histórico criou uma utilização educativa do esporte,na qual apresentava uma primeira divisão em elementosou características, como ele chamou:

a) o jogo;

b) a competição;

c) a formação.

Por outro lado, o utilitarismo, de inspiração darwinista,e a busca prioritária da modalidade, constituíram-se emoutras características fundamentais da concepção de es-porte de Arnold. O sucesso da experiência de Arnold

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levou a sua concepção para outras nações, e até a inspira-ções importantes, como para Coubertin, que restaurou oideal olímpico com a certeza de que o esporte serviriapara as finalidades da paz que defendia. Para Coubertin,segundo Gillet (1975), o esporte era entendido como oculto voluntário e habitual do esforço muscular intensivoapoiado sobre o desejo de progresso e podendo chegar atéo risco. Com o Barão Pierre de Coubertin, o esporte criouo seu organismo internacional mais importante, o ComitêOlímpico Internacional (COI), que ficou encarregado dedesenvolver o olimpismo como movimento filosófico doesporte, e a promover as Olimpíadas de quatro em qua-tro aaos, sem dúvida a celebração máxima do esportemundial, e consolidação do fenômeno esportivo na suamanifestação de maior nível técnico.

Entre os conceitos de esporte elaborados por diferentestendências, existem aqueles que se vinculam principal-mente ao conceito de jogo. Para esses, de um modo geral,o esporte, além de ser exercício físico, ter caráter com-petitivo, e cumprir funções relevantes como a higiênica,a educativa, a hedonística, a biológica, a de promoçãosocial, constitui-se numa conduta lúdica de alcance psi-cossomático. A referência principal desse grupo é Caillois(1958), que caracterizou os jogos em:

a) agon (jogos de competição);

b) álea (jogos de azar);

c) mimicry (jogos de mímica);

d) ilintix (jogos de vertigem).

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Para Caillois, o esporte é a forma socializada do agora.Nesta mesma tendência ainda se encontra outro conceitoimportante do esporte, que é o de Diem (1966). Paraele o esporte pertence ao domínio do jogo, e, como ojogo, é de uma índole especial, livremente adotado, plenode valor, levado a sério, regulado com exatidão e, antesde tudo, buscando rendimento.

Por outro lado, Bouet (1968), numa tendência con-trária a Caillois e Diem, ao reconhecer o esporte comointensivo e transcendente, em oposição ao jogo que é ex-tensivo e iminente, considerando ainda que o tempo es-portivo condiciona a preparação do esportista, o qual visaentre outros a máxima rentabilidade no tempo regulamen-tar de uma competição, campeonato, época esportiva ousucessão de épocas esportivas, onde seus .praticantes nelepenetram por intermédio da arbitragem e do espetáculo,afirma:

"O esporte é efetivação, aplicação de princípios, nor-mas, superação, consciência do indivíduo, busca de ob-jetivos, especialização".

Outra percepção das mais interessantes do fenômenoesportivo é a de Eppensteiner (1973), que compreendeo esporte como um atributo originário da natureza huma-na, devendo sua origem a instintos profundamente liga-dos ao prazer, entre os quais o movimento, e a uma claraintenção de conjugar, com repercussões positivas biológi-cas e culturais, o instinto lúdico e o instinto de luta noinstinto esportivo.

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Uma das contribuições mais efetivas para o entendi-mento sobre o esporte foi a do italiano Antonelli (1963),que ao conceituar esse fenômeno identificou seus trêselementos básicos:

a) o jogo;

b) o movimento;

c) o agonismo (competição).

Ainda distinguiu quatro aspectos característicos do

esporte:

a) o ético-social;

b) o psicopedagógico;

c) o psicoprofilático;

d) o psicoterapêutico.

Observa-se que os elementos distinguidos por Antonellicorrespondem às características percebidas por Arnoldcom a substituição da formação pela competição.

Uma outra posição e entendimento sobre o esporte mui-to considerada na literatura esportiva especializada é ade Magnane (1969), que ao examinar o esporte desde oângulo individual, desprezando a sua perspectiva social,o qualifica como atividade de prazer, podendo deixar deexercer este papel com relativa facilidade, quando con-verte a prática esportiva em profissão. Para esse sociólogofrancês o esporte é uma atividade de prazer em que odominante é o esforço físico, que participa em vez dojogo e do trabalho, praticado de maneira esportiva, com-

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portando regulamentos e instituições específicas, e é sus-cetível de transformar-se em atividade profissional.

Entretanto, o grande marco numa revisão no conceitodo esporte foi o Manifesto do Esporte, editado pelo "Con-seil Internationale d'Educatíon Physique et Sport", órgãoligado à UNESCO, no qual o fenômeno esportivo foi tra-tado na perspectiva do tempo livre e da escola, além dareferência ao esporte de alta competição, que já estavaexaustivamente abordado nas concepções anteriores dofato esportivo. Logo a seguir, a Carta Européia de EsportePara Todos, publicada em 1966 sob a responsabilidadedo Conselho da Europa, referendou toda a nova responsa-bilidade do esporte diante do fenômeno da participação.

A partir desses documentos, as conceituações de esportepassaram a referenciar-se nessa nova abrangência, com asinterseções necessárias nas práticas esportivas institucio-nalizadas e populares, e às vezes com abordagens especí-ficas das responsabilidades esportivas no meio escolar.Nesse sentido, são importantes as concepções de NoronhaFeio (1978), Cazorla Prieto (1979), Cagigal (1979)e Clayes (1984).

Para Noronha Feio (1978), o esporte é o lugar ondese desenvolve o comportamento do homem, o homem só,o homem em pequenos grupos ou em multidão, numa si-tuação agonístico-recreativa. Esse autor, para uma melhorcompreensão do fenômeno esportivo na atualidade, tam-bém mostrou a necessidade de isolar-se um dos seus com-ponentes fundamentais: o jogo. Ao entender que o esporteé jogo e algo mais, justifica esta posição ao salientar que

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o homem dele participa na sua totalidade, pois o mesmoé um fenômeno complexo universal, uno e indivisível,que mantém as características essenciais do jogo e acres-centa outros conteúdos. Como jogo, Feio entende o esporteatravés da definição de jogo de Huizinga (1951):

"O jogo é uma ação livre, sentida como fictícia e situa-da fora da vida corrente, capaz de absorver totalmenteo jogador, que se realiza num espaço e num tempoexpressamente circunscrito e se desenvolve ordenada-mente segundo determinadas regras, suscitando navida relações de grupos, os quais voluntariamente seenvolvem de mistério ou acentuam por disfarce a suaestranheza face ao mundo habitual..."

Nesta definição de jogo de Huizinga, Noronha Feioainda acrescentou os dois elementos da atividade lúdica:a tensão e a alegria. Entretanto, o próprio Feio reconheceque o esporte não se identifica totalmente com o jogo,existindo diferenças, e até antagonismos, onde a Psicolo-gia, a Sociologia e a Política tornam-se ciências indispen-sáveis para estudar o homem e/ou agrupamentos huma-nos em situação esportiva.

Cazorla Prieto (1979) por sua vez, ao conceituar oesporte, coloca-o inicialmente como problemática comduas hipóteses: se o esporte é por sua natureza uma ati-vidade finalística, isto é, com um fim em si mesmo, ou,pelo contrário, se é instrumental, ou seja, somente ummeio para alcançar outras metas. A seguir, este autorlistou vários pontos de' vista, pelos quais o fato esportivo

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pode ser examinado: o esporte, meio de aperfeiçoamentopessoal e existencial; o esporte, acumulação de força e raizcriadora; o esporte como jogo; o esporte como fenômenoestético; o esporte como treinamento ético; o esporte,modelo de sociedade competitiva; o esporte, reação decompensação e adaptação frente às condições de vida edo trabalho industrial; o esporte, mundo dos signos; oesporte, válvula de escape da agressividade, reação deinstinto de conservação da espécie; o esporte, meio paraaumentar a produção, a serviço da luta de classes e paraacabar com a alienação; o esporte, simbolização do con-flito e compensação narcisista. Pelas relações apresenta-das, que provocam um grande número de expectativaspara a análise do fato esportivo, Prieto reconheceu ascontradições. Ao continuar na busca de um conceito parao esporte, este autor formulou três pressupostos básicos:

a) o esporte deve ser entendido como expressão indi-vidual e como fato social;

b) o esporte tem um ingrediente de esforço físico no-tável;

c) a natureza do esporte pode ser instrumental oufinalística, segundo a predisposição psicológica da-quele que o pratica e da manifestação esportiva deque se trata.

Assim, para Cazorla Prieto, o esporte é entendido:

a) do ponto de vista individual, como uma atividadehumana predominantemente física, que se praticaisolada ou coletivamente e em cuja realização pode-

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se encontrar a auto-satisfação ou um meio de alcan-çar outras aspirações;

b) do prisma social, como um fenômeno de primeiramagnitude na sociedade, mas também com conse-qüências econômicas e políticas.

Cagigal (1979) compreendeu o esporte como umaconduta humana típica e específica e um sucesso antro-pológico, onde o protagonista, centro desse sucesso, é oesportista, que é um ser humano com uma característicaespecificada por um certo tipo de "praxis", .entendida

como um exercício liberador da evidência lúdica, além

de uma confrontação de capacidades pessoais, evoluciona-

das até uma competitividade. Na verdade, o conceito de

esporte de Cagigal reconheceu a sua veracidade multifun-cional diante da atualidade, mostrando que esta diversi-

dade de realidades humanas e sociais pode ser resumida

em duas grandes direções:

a) o esporte-espetáculo;

b) o esporte-práxis.

O primeiro caracterizado pela sua condição de espe-

tacularidade e organização progressiva, enquanto o segun-do, em outra direção, com características mais higiênicas,educativas, ociosas, lúdicas, è de espontânea relação social.

Outro autor que tem acompanhado o avanço conceituaido esporte é Clayes (1984), quando considera que a am-pliação desse conceito ocorreu justamente pela sua rela-

ção com o movimento "Esporte Para Todos", iniciada há

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alguns anos, mas que em 1966 pela "Carta Européia deEsporte Para Todos" do Conselho da Europa recebeu suaefetiva formulação e passou a apresentar um novo refe-rencial teórico básico. Ao colocar-se diante desse fenôme-no social, porque desconhece que previamente o esporteé uma atitude pessoal, ele defende que o esporte precisaser teorizado a partir do esportista que o pratica. Guima,ao defender que o esporte se define por uma prática,justifica que deve ser estudado pelas atividades e inte-resses, concluindo que o esporte é uma prática e umaatitude. Ao fixar-se de que a prática do esporte afeta oesportista, sem caracterizar suas relações sociais, ele situaque a natureza da atividade esportiva pode ser entendidapela liberdade pessoal, respeito e compreensão. O espor-

tista, para melhorar seus movimentos, necessita conhecer-se e dominar-se, e assimilando seus defeitos e capacidades,comparando-os com os outros, aceitando-se como é e acei-tando os demais como são. Na perspectiva de valores trans-mitidos à sociedade, independentemente se o esporte sejaum espetáculo, uma ocupação do ócio, uma prevençãosanitária, uma tentativa de melhorar a raça e espéciehumana, ou propaganda de um regime político, ele tam-bém admite que o esporte, por sua generalização, chegaa formar parte da cultura. Finalmente, Guima (1984)conclui como conceito de esporte:

"Trata-se de uma atitude pessoal, uma forma de admi-tir a vida, que se consegue pela reiteração de exercíciosfísicos, que se concretiza em conhecer-se e aceitar-se

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e aos demais sem que se produza outro benefício paraa sociedade".

Depois desta passagem por diferentes interpretações dofato esportivo nas suas relações com a sociedade, chega-seà certeza de que a maior amplitude do conceito de esporte,proposta pelo "Manifesto do Esporte", depois validadapela "Carta Européia de Esporte Para Todos" e por inú-meros pensadores da questão esportiva, passa a conside-rar praticamente todas as formas de movimento físicoque se vinculam à recreação e condição física, como ascorridas e outras atividades casuais, localizando-as nasmanifestações do chamado esporte popular. Verifica-seque a abrangência do conceito de esporte absorveu tam-bém o sentido da participação, enriquecendo o entendi-mento do fenômeno esportivo. Na verdade, o conceito, nosentido estrito do esporte, que supunha um número limi-tado de atividades humanas realizadas sob o caráter com-petitivo, deu lugar a um conceito mais amplo, em quetodas as formas possíveis de movimento físico podem serinterpretadas como atividades esportivas. Nesta nova pers-pectiva do esporte, até os processos de aprendizagem es-portiva passaram também por uma revisão, pois agoraterão que ser compreendidos na estrutura social em queestão inseridos. Desse modo, as estruturas sociais nas quaisas pessoas estão situadas são decisivas para os seus com-portamentos esportivos, e a cultura será determinantenesta participação.

Enfim, o esporte nesta renovada interpretação, com oacréscimo do sentido participativo, deverá constituir-se

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muito mais em fator de favorecimento ao bem-estar doque em atividade de utilidade econômica, recriando a pró-pria percepção do fenômeno esportivo, ao estabelecer aslinhas para um novo estatuto, no qual a participação3 con-quista um papel predominante e passa a representar anova característica do esporte contemporâneo, e o esportede alta competição torna-se mais trabalho do que jogo.

Referências Bibliográficas

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III - A Discussão Internacional doTermo Esporte

No século XIV, lembra Cagigal (1979), os marinheirosmediterrâneos usavam as expressões fazer esporte, des-portar-se ou estar de portu para referir-se a diversões deconfronto entre as suas habilidades físicas. Embora o ter-mo esporte tenha um largo emprego, também sobre aforma desporto, ele apresenta algumas diferenças de signi-ficados e conteúdos nos países que mais aprofundaram ainterpretação do fenômeno esportivo.

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Loy Jr. (1968), ao desenvolver a interpretação destetermo na língua inglesa, focaliza o esporte como um acon-tecimento de jogo, no qual é definido como "qualquerforma alegre de competição cujo resultado é determinadopela habilidade física, estratégica, ou oportunidade em-pregada individualmente ou em combinação". Nesta pers-pectiva, o esporte é considerado como a coletividade deesportes individuais que podem ser compreendidos comotipos de jogos especializados. Essa definição de jogo, econseqüentemente de esporte, segundo Broekhoff (1986),é remetida principalmente das concepções de Huizinga(1938) e Caillois (1958). Também Rijsdorp (1966)respalda o conceito de esporte de Loy Jr. ao afirmar queo esporte é "o desenvolvimento da antítese do jogo nadireção da competição". Mas é o próprio Loy Jr. quemconcebe o esporte como um jogo institucionalizado, jáque compreende uma organização, a constituição de equi-pes, responsabilidades, funções simbólicas e outras carac-terísticas, provocando uma relação com a educação, por

considerar que o resultado e o seu conhecimento necessi-tam de mais processos de instrução formal do que informale de aprendizagem casual.

Broekhoff, ao identificar na literatura esportiva alemãdiferenças terminológicas e de conteúdo no vocábuloesporte do alemão para o inglês, encontra uma explicação

,.na reforma educacional germânica de 1950, quando ocor-reu a substituição do termo Leibeseiziechung Korpererzie-chung1"1, que significava educação física, pelo termo "Spor-tunterricht", traduzido por esporte. Essa mudança não

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foi somente semântica como à primeira vista parece, poisa evolução social e a importância política e promocionaldo esporte após a Segunda Guerra Mundial foram deter-minantes nessa alteração, que coincidiu com o apareci-mento de estímulos do governo alemão para a ciênciado esporte, criando instituições científicas e mecanismosde financiamento à pesquisa esportiva nas universidades.

Por sua vez, nos Estados Unidos, embora se registremalgumas tentativas de mudança de terminologia como naAlemanha Federal, segundo Broekhoff (1986), o termoeducação física permaneceu nas escolas públicas e uni-versidades, e o termo esporte continuou com o sentido uti-lizado na Inglaterra. Na França, também ocorreu o mes-mo fenômeno, permanecendo no idioma francês os termos"Education Physique" e "Sport".

A palavra esporte para Haag (1979) até agora nãoprovocou problemas de interpretação internacional quepossam prejudicar a chamada ciência do esporte, pois assuas subdisciplinas, a medicina esportiva, a biomecânicado esporte, a psicologia esportiva, a sociologia esportiva,a história do esporte e a filosofia do esporte, possuemorganismos internacionais próprios, publicações específi-cas e têm realizado números congressos científicos inter-nacionais com seus temas e discussões peculiares. Nãoobstante, está surgindo um novo campo de discussão cien-tífica, já com muitas controvérsias, que é a chamada Pe-dagogia do Esporte ("Sport Pedagogy") que já mereceuuma sessão específica no Congresso Olímpico de Eugene/Oregon (1984) e muitas publicações, consolidando uma

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literatura especializada. Para Haag (1979), a Pedagogiado Esporte constitui a sétima subdisciplina da ciência doesporte. Registre-se que, segundo Broekhoff (1984), aPedagogia do Esporte (Sport Pedagogik) se desenvolvena Alemanha, a partir da teoria da educação física, e emconsonância com o movimento trocou-se o nome de edu-cação física para esporte. Por outro lado, Grupe e Kurtz(1966) no dicionário tfilíngüe da ciência do esporte,ao confirmar a tradução de Pedagogia do Esporte paraTeoria da Educação Física, relacionaram o esporte coma educação, oferecendo a fundamentação para a práticaesportiva educativa, e objetivando a valorização do de-senvolvimento humano e da qualidade de vida, esta colo-cação ultrapassou a definição de esporte de Loy Jr. no seuaspecto da institucionalização, colocando-o como meio parauma consecução ampliada de objetivos pedagógicos.

Na União Soviética, os termos Fizcultura, traduzidopor cultura física, e esporte são muito empregados, ondeo esporte, segundo Adam (1979, Pavlov (1980) Riordan(1980) e Dmitroux (1980), está situado na abrangênciada cultura física, constituindo-se a base de uma estruturaesportiva denominada Gotov k trudi i oborne ( GTO), soba forma de uma pirâmide, que compreende toda a popu-lação esportiva soviética ativa.

No Brasil, especificamente, outro aspecto importantedo debate do esporte é a discussão semântica da utiliza-ção apropriada dos termos desporto, sport, ou esporte.Lyra Filho (1973) é quem oferece a melhor contribuiçãoneste sentido. Ele explica que o vocábulo desport era

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usado no francês antigo com o significado de (prazer,descanso, espairecimento, recreio, transformando-se pos-teriormente em sport para o próprio francês, e tambémchegando ao idioma inglês do mesmo modo. Por outrolado, os espanhóis passaram a utilizar deporte, os italianosDeporto, e os portugueses consagraram o uso do termodesporto. Lyra Filho, após consultar Antenor Nascentes,e explicar a utilização de Desporto na criação da antiga

Confederação Brasileira de Desportos (CBD), como umarcaísmo revivido por Coelho Neto, e ao mostrar que nopaís existe una uso indiscriminado das palavras desporto

e esporte, nos textos legais e na linguagem popular, opta

pelo vocábulo arcaico desporto.

Ao reconhecer-se que no nosso país há apenas umarelativa relevância de relação entre o termo utilizado e oseu conteúdo, nas hipóteses do uso de esporte ou desporto,

conclui-se que qualquer uma das opções atende para apercepção da abrangência conceituai do fato esportivo,

acrescentando-se que por uma questão de hábito se achou

por bem prosseguir no emprego do termo esporte.

Referências Bibliográficas

l. ADAM, Y. — Lê Sport dans Ia vie dês Sovietiques. Moscou:Editions du Progres, 1979.

2. BROEKHOFF, S. — Terminology in Sport and PhysicalEducation: Sport Pedagogy and the Trilingual Dictionaryof Sport Science. Trabalho apresentado no Congresso Nacio-nal AIESEP, Heidelberg, 1986.

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10. RIORDAN, J. — Sport Sovietique. Paris: Vigot, 1980.

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IV ~ O Esporte, a Educação Físicae os Documentos FilosóficosInternacionais

Á partir da década de 1960, surgiu uma série de do-cumentos emitidos pelos organismos internacionais quetratam das questões do esporte e da educação física, osquais evidenciaram a tendência internacional do pensa-mento ideológico na tentativa de uma proposta de resgatedos princípios desses campos de conhecimento e atividade

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w

humana. Segundo Costa Ferreira (1985), essas entida-des, ao formularem seus posicionamentos, mostraram umaconsciência das crises atuais e uma preocupação com avontade de anunciar o futuro, respeitando o passado daeducação física e do esporte.

Os documentos que serviram de reflexões para a comu-nidade educacional e esportiva foram:

a) Manifesto Mundial do Esporte; pelo CIEPS(1964);

b) Carta Européia de Esporte Para Todos, pelo Con-selho da Europa (1966);

c) Manifesto da Educação Física, pela FIEP (1970);

d) Carta Internacional de Educação Física e Esporte,pela UNESCO (1978).

O primeiro documento, o Manifesto Mundial do Espor-te, editado pelo "Conseil Internacionale d'Education Phy-sique et Sport" (CIEPS) da UNESCO, em 1964, logoapós os Jogos Olímpicos de Tóquio, representou umaprimeira grande reflexão internacional sobre o esporte,seu conceito, sua abrangência, suas virtudes e seus peri-gos. Após uma introdução, na qual conceituou o esporte,tratou do grupo desportivo, da promoção do homem pelpesporte, do direito de todos em praticarem esporte, dasobrigações do esporte e dos deveres dos dirigentes espor-tivos, desenvolvendo três capítulos:

a) O esporte na escola;

b) O esporte nos tempos livres;

d) O esporte de alta competição.

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No capítulo I, ao tratar do esporte :ua escola, o do-cumento dividiu-se em partes referentes a: „

a) esporte, parte integrante da educação;

b) uma educação equilibrada;

c) o esporte a serviço do homem;

d) os problemas novos num mundo de transformação;

e) a contribuição do esporte para a solução dos novos

problemas;

f) o desenvolvimento do talento esportivo;

g) a qualificação dos ensinamentos.

No Capítulo II do Manifesto do Esporte, tratou-se doesporte nos tempos livres e, para que esta perspectivaesportiva fosse abordada, foram apresentadas as seguintes

partes:

a) o esporte e os tempos livres;

b) programas apropriados;

c) o esporte, a oportunidade para atividades livres;

d) a importância do "fair play";

e) o espírito esportivo;

f) o equipamento necessário.

No terceiro e último capítulo, este manifesto considerao esporte de alta competição, apresentando colocações

sobre:

a) o esporte e a promoção do campeão;

b) o dilema atual;

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c) os princípios de uma reforma;

d) uma solução;

e) conclusão.

O Manifesto do Esporte, com a autoridade e a relevân-cia da assinatura principal, Philip Noel-Baker, prêmioNobel da Paz de 1939, foi um grande impacto na própriaaceitação do esporte naquela época, pois serviu de marcopara uma nova abrangência do conceito do esporte, con-siderando o esporte na escola e o esporte no tempo livre,além do esporte de alta competição, que até então preen-chia perfeitamente o entendimento sobre o fato esportivo.

O segundo documento de importância para o novo en-tendimento do esporte no mundo foi a Carta Européiado Esporte para Todos, do Conselho da Europa, em 1966,que teve a preocupação de promover o esporte na pers-pectiva da educação permanente e do desenvolvimentocultural. Registre-se que o movimento esporte para todosteve início na Noruega pela campanha denominadaTrimm, sendo logo seguida pela Alemanha Federal, Sué-cia e Bélgica, para depois chegar aos Estados Unidos eCanadá.

A Carta Européia para Todos foi estruturada em cincotextos:

a) adoção e princípios do esporte para todos;

b) o papel das autoridades públicas diante do Esportepara Todos;

c) as formas de cooperação;

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d) as estruturas de cooperação;

e) a resolução geral.

O primeiro texto, compreendendo oito artigos, colocaa sua ^premissa básica logo no primeiro artigo, quandoestabelece que todos têm direito à prática do esporte. Osdemais sete artigos desenvolvem os princípios fundamen-tais do movimento "Esporte para Todos", os quais, pode-se acrescentar, constituem a própria base do chamadoesporte popular. O segundo texto, ao discutir o papeldas autoridades públicas quanto ao desenvolvimento doesporte para todos, distingue o assunto em cinco itens:

a) as responsabilidades das autoridades públicas;

b) participação de distintos grupos sociais;

c) as condições materiais da prática do esporte;

d) o financiamento do esporte;

e) proteção da integridade do esporte e dos esportistas.

Os textos de número três e quatro, ao tratarem dasformas de cooperação e das estruturas de cooperação,apresentam uma série de diretrizes nestas duas perspecti-vas sob a forma de ações e de recomendações. Finalmente,o texto número cinco encerra o documento com o anúncioe os agradecimentos das colaborações prestadas à elabo-ração dos textos, mas, fundamentalmente, esclarece queo documento é apenas uma referência e que o compro-misso permanece com todos.

Para Clayes (1964) a Carta Européia de Esporte paraTodos é o estímulo inicial para o novo conceito de esporte.Entretanto, com o conhecimento do Manifesto do Esporte

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de 1964, verifica-se que aquele documento é realmente0 marco para o alargamento do conceito de esporte. Poroutro lado, esta carta serviu para uma consolidação teóri-ca do que já estava acontecendo na prática, inclusive noBrasil. O movimento esporte para todos é, sem dúvida,a manifestação maior do chamado esporte popular.

O terceiro desses documentos, elaborado a partir de1968 e divulgado pela "Féderation Internacionale d'Edu-cation Physique" (FIEP), é o Manifesto da Educação Fí-sica. Neste documento, de seis capítulos, o primeiro apre-senta o conceito de educação física, o segundo trata dosmeios de educação física, o terceiro trata do lugar dasatividades esportivas na educação física, o quarto abordaas técnicas e formas pedagógicas, o quinto dedica-se aoseducadores, enquanto o último complementa o documentoapresentando preceitos sobre as condições.

No conceito de educação física formulado no Capítulo1 do Manifesto, ela é entendida como o meio de educaçãoque usa as atividades físicas na sua intenção educativa,utilizando-se dos meios naturais, ar, sol e água. Os objeti-vos da educação física são:

a) corpo são e equilibrado;b) aptidão para a ação;c) valores morais.

O objetivo corpo são e equilibrado trata da finalidadehigiênica da Educação Física.

No objetivo aptidão para a ação o documento sugereque o desenvolvimento das qualidades psicomotoras faci-litará a vida diária, subdividindo-se em:

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a) qualidades perceptivas (percepções internas — co-nhecimento do próprio corpo, e percepções externas— apuramento dos sentidos);

b) qualidades motoras (destreza, velocidade, força,habilidade, resistência e descontração);

c) qualidade de autodomínio e raciocínio.

Estes visam a reagir eficazmente pelo equilíbrio psico-fisiológico contra os efeitos nefastos da mecanização, dasedentarização, da poluição, da fadiga nervosa provocadapelo ritmo acelerado e tensões da vida civilizada.

Quanto ao objetivo valores morais, este visa à morali-dade em ação, ressaltando o clima ético das sessões deeducação física e o meio social ativo no qual os educado-res têm função de responsabilidade na formação da juven-tude tanto para o mundo de hoje quanto para o de ama-nhã. Torna-se evidente que tais valores estão diretamentedependentes do conceito de Educação e do quadro políti-co, econômico e humano de cada país.

Observa-se que os objetivos propostos pelo Manifestoe o conceito formulado de educação física no mesmo rea-firmam uma posição humanista de educação na perspec-tiva da totalidade do ser, contrariando a perspectiva dua-

lista de homem.

A seguir, no capítulo III, o manifesto classifica asatividades esportivas utilizadas na educação física em:

a) competição esportiva sistematicamente organizada;

b) treino esportivo;

c ) j ogo-esporte.

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No primeiro caso, o esporte tratado é aquele institucio-

nalizado, com as características da eliminação, seleção,

codificação e outras. Na segunda abordagem o treino.es-

portivo, embora desenvolva as mesmas qualidades físicas

que a educação física, tem uma utilização para a compe-

tição esportiva. E, finalmente, o jogo-desporto é sugerido

no documento como aquele que melhor atende às necessi-

dades da sociedade moderna, por constituir-se numa per-

cepção humanista do esporte, onde o prazer e a satisfação

estão presentes no lúdico, ao contrário do que ocorre nas

competições do esporte federado.

No quarto capítulo, as técnicas e as formas pedagó-

gicas, ao serem abordadas, provocam a evidência da neces-

sidade da investigação científica, ressaltando que a educa-

ção física deve constituir-se numa ciência aplicada e

autônoma, tendo o seu domínio próprio e os seus métodos

específicos. Além disso, neste capítulo foram apresentados

os princípios fundamentais que devem orientar a ação

dos educadores:

a) grau biológico do esforço;

b) dosagem do esforço como adaptação às possibilida-

des individuais;

c) primado da preparação geral;

d) importância das atividades ao ar livre;

e) motivação do exercício;

f) ação educativa do grupo e influência do meio social.

O capítulo cinco fala da importância da formação do-

cente e da valorização dos educadores, enaltecendo a ne-

cessidade do desenvolvimento das qualidades essenciais

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do pedagogo, da dedicação e do respeito aos valores

humanos. Finalmente, aborda os meios, isto é, as condi-

ções administrativas e materiais que devem envolver um

processo de ensino de educação física.

O Manifesto da Educação Física, além do aprofunda-

mento conceituai nas questões da educação física, reconhe-

ceu as relações deste campo educacional com o esporte,

colocando três perspectivas nas quais abordou os aspectos

positivos e negativos, contribuindo também para a elucida-

ção da percepção do esporte na sociedade moderna, quando

esse fenômeno já era entendido numa concepção mais

alargada.

O quinto documento de referência, emitido por orga-

nismos internacionais, e de importância fundamental para

o esporte e a educação física foi a Carta Internacional da

Educação Física e do Esporte da UNESCO, editada em

1978. Essa Carta apresenta-se com dez artigos, e já no

seu preâmbulo evidencia que foi formulada para favore-

cer o desenvolvimento da educação física e do esporte a

serviço do progresso humano e estimular os governos, as

organizações não-governamentais, os educadores, as famí-

lias e os próprios 'ndivíduos, a utilizá-la, difundindo-a e

colocando-a em prática. No seu artigo primeiro, o direito

à prática da educação física e dos esportes é reforçado.

No seu artigo segundo, o documento reafirma que a edu-

cação física e o esporte são elementos essenciais da edu-

cação permanente. No artigo três é colocado que o progra-

ma de educação física e esportes devem corresponder às

necessidades dos indivídoos e da sociedade. O quarto artigo

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aborda a questão da necessidade de qualificação dos recur-sos humanos para atuar no ensino e na administração dosassuntos da educação física e esportes. Os artigos quinto,sexto, sétimo e oitavo tratam respectivamente das ques-

tões dos equipamentos e materiais, da pesquisa e avaliação,da informação e documentação e dos meios de comunica-ção de massa, quando nas suas relações com o processo deeducação física e esportes. Depois, os artigos nono e dé-cimo valorizam a atuação das instituições nacionais e dosprogramas de cooperação internacional, como condiçõespara o desenvolvimento universal e equilibrado da educa-ção física e do esporte.

A carta da UNESCO para a Educação Física e Esportefoi resultante das recomendações da conferência de minis-tros e responsáveis de esporte, promovida pela UNESCOem 1976. Pode-se dizer que esta carta, além de constituiruma posição oficial da UNESCO, tem o mérito de rela-cionar a educação com os processos de educação física eesporte, através de uma referência com a educação per-manente. Acrescente-se que este documento consolidou atendência internacional da ampliação do conceito deesporte, antes visto sornente sob a perspectiva da alta com-petição e agora refletindo também o fenômeno da parti-cipação.

Referências Bibliográficas

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V - A Função Social do Esporte

O homem é um ser delimitado por suas próprias dimensões

e incapacidades físicas, por sua curva biológica, por sua

capacidade psicológica e por suas limitações culturais e

sociais. Quando tenta assumir sua realidade, ele na verda-

de busca uma primeira garantia de liberdade humana.

Mas eis que surge a sociedade na qual está envolvido,

com sua problemática e historicidade, delimitando esse

homem ainda mais.

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A sociedade de hoje, ao receber várias demonstrações

diferentes, como sociedade tecnológica, sociedade de mas-

sa, sociedade pós-industrial, sociedade de rendimento, so-

ciedade de consumo, sociedade cibernética, e outras adje-

tivações, deixa na verdade algumas marcas, que podem

ser aceitas em quaisquer dessas interpretações de socie-

dade: a competitividade, a especialização, o rendimento, o

consumo, a desumani/ação, a desescolarização, o tecnicis-

mo, o mecanicismo, o sedentarismo, a internacionalização,e outras.

O sedentarismo tem levado à chamada doença do sécu-

lo: a hipocinestesia. Esse sintonia da sociedade moderna,

ao levar os homens a uma perda da qualidade de vida,

fez com que esse homem percebesse a valorização da vida.

E foi na busca dessa valorização da vida que surgiu a

necessidade de um aproveitamento mais adequado do ócio

e do tempo livre de trabalho, surgindo, então, o esporte

popular, que também recebe várias denominações, tais co-

mo esporte-participação, esporte de tempo livre, esporte-

lazer, esporte comunitário, esporte para todos, etc., o que,

sem dúvida, aumentou consideravelmente a dimensão so-

cial do esporte ao introduzir-se na abrangência do novo

conceito de esporte. Nesse novo conceito, além do esporte

institucionalizado, antes já assumido conceitualmente,

incorpora-se agora o sentido da participação, relacionando

a perspectiva de bem comum da população. O bem comum,

que consiste no conjunto de meios de aperfeiçoamento que

a sociedade politicamente organizada tem por fim oferecer

aos homens, e que constitui patrimônio comum e reserva

56

da comunidade, passou a representar a finalidade maior

desse renovado esporte de alcance social. E foi justamente

este esporte, considerado como um dos maiores fenômenos

sociais deste final de século XX, que provocou a impor-

tante colocação de Cagigal (1979), segundo a qual, em-

bora não se viva numa sociedade desportiva, pode-se afir-

mar que se trata de uma sociedade esportivizada.

Por sua vez, Cazorla Prieto (1979), ao afirmar a

notável relevância social do esporte, mostra seis referên-

cias para a localização dessa importância:

a) a dupla perspectiva: como fenômeno social universal

e como instrumento de equilíbrio pessoal;

b) o consumismo esportivo;

c) os espetáculos esportivos;

d) os valores que o esporte leva à sociedade;

e) o impacto social do associacionismo esportivo;

f ) a difusão do esporte através dos meios de comuni-

cação.

Para Prieto, o esporte tem uma dupla perspectiva na

análise de sua importância social:

a) como fenômeno social universal;

b) como instrumento de equilíbrio pessoal.

Como fenômeno social universal, o esporte constitui-se

de relações entre grupos sociais urbanos e até nacionais,

contribuindo para a existência biológica, para as combina-

ções de trabalho e vida e para enriquecer a cultura huma-

na. O esporte tornou-se um fenômeno cultural e social

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universal, que reflete objetivos econômicos, ideológicos,políticos, culturais, científicos e sociais.

Por outro lado, numa sociedade que cada vez mais sub-traiu os direitos do homem, estabelecendo um processode desumanização no mundo, a preocupação com o corpoe o lazer tornaram-se imperativos para enfrentar o dese-quilíbrio presente. O esporte, como instrumento de saúdee lazer, oferece ao homem reações importantes aos sinto-mas negativos da sociedade atual, levando-o inclusive auma busca de reencontro com a natureza.

Outro aspecto localizado por Cazorla Prieto é o fatode que uma das coisas que numa sociedade de consumoleva as pessoas a consumir é o esporte. Este consumismoé também impulsionado e influenciado pela sociedadedesportivizada de hoje. O homem, ao envolver-se numconsumismo, transmite-o a outras necessidades que emquadros circunstanciais diferentes talvez fossem prescin-

díveis, mas que atualmente compõem inclusive o próprioestudo de vida daqueles que pertencem da classe médiapara cima. O esporte é, sem dúvida, uma das variáveismais ponderáveis no estilo de vida atual.

Quanto aos espetáculos esportivos, pode-se dizer que,segundo Prieto, eles manifestam a própria importância doesporte, tornando-se verdadeiros retratos da sociedade demassas, ao mesmo tempo que também servem de escapismodo homem moderno. O espetáculo esportivo, para esteautor espanhol, exerce uma grande atração sobre a massa

de cidadãos, suplantando de forma nítida a maioria dosoutros tipos de espetáculo, inclusive, levando os especta-

58

dores a processos de identificação com os ídolos dos está-dios, conduzindo-os a emoções fortíssimas de sofrimento,síress, alegria, prazer, convivência, etc., podendo chegaraté à violência. A imprensa, na sua atuação permanentede busca da notícia sensacionalista, contribui em muito

para a conexão das pessoas com o fato esportivo, a qualpropicia muitas vezes formas de liberação momentânea

dos indivíduos.

Quanto aos valores com que o esporte pode contribuirpara a sociedade, Cazorla Prieto reconhece que o fenô-

meno esportivo conduz os homens a inúmeras virtudessociais, levando-os à convivência, à coesão e identifica-ção social, além de valorizar o tempo do ócio como tempo

eminentemente pessoal. O esporte também é consideradouma atividade idônea, por Prieto, para esta ocupação dotempo livre de trabalho e ainda como meio de promoçãosocial e comercial. Neste último aspecto, ele justifica este

posicionamento pelos precedentes de mobilidade social deatletas profissionais pertencentes a estratos sociais maismodestos, pelo prestígio que os protagonistas esportivosalcançam, gerando novas oportunidades comerciais, em-

bora reconheça a transitoriedade da situação, o estrelatoesportivo efêmero e o fato de que somente alguns poucos

têm mais chance nessa mobilidade social.

Outro aspecto importante citado por Prieto (1979) éo impacto que o associacionismo esportivo provocou, re-cordando-se que Thomas Arnold, ao conduzir o esportepara uma modernização, concluiu que o mundo do es-porte é um microcosmo, uma miniatura da sociedade hu-

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mana. Na verdade, o desenvolvimento e o ordenamentodo desenvolvimento esportivo cabem às associações espor-tivas, sem prejuízos das competências dos poderes públi-cos a esse respeito.

Finalmente, o último aspecto foi a difusão do esporteatravés dos meios de comunicação social. Para CazorlaPrieto, o esporte constitui o grande entretenimento doócio passivo contemporâneo, pois, além da sua repercussãosocial, constitui um meio idôneo para inocular na socie-dade valores extra-esportivos.

Referências Bibliográficas

1. CAGIGAL, J. M. — Cultura intelectual y cultura física.Buenos Aires: Kapelusz, 1979.

2. CAZORLA PRIETO, L. M. — Los poderes públicos ante eideporte popular y ei deporte espetáculo. In Deporte Popular— Deporte de Elite — Elementos para Ia reflexión. Valencia:Ayuntamento de Valencia, 1984.

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VI - Esporte, Estado e Sociedade

A sociedade já era entendida desde o século passado comouma coletividade de indivíduos reunidos e organizadospara alcançar uma finalidade comum (Giddings/1897).A partir dessa concepção de sociedade, para Azambuja(1984), o Estado constitui o próprio prolongamento dessasociedade, tornando-se sociedade política, ordenada deforma política, acrescentada de modo necessário por umdinamismo movido através de uma relação legítima go-vernante-governado, tudo isso promovido e aceito em

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nome do bem comum dessa sociedade. Assim sendo, oEstado (Azambuja/1984), como organização político-ju-rídica de uma sociedade constituída para realizar o bempúblico, com governo próprio e território determinado,aparece aos indivíduos e sociedades como um poder demando, evidenciando um governo onde o aspecto coativoe a generalidade é o que o distingue nas normas por eleeditadas. Os objetivos do Estado estarão permanentemen-te sintetizados no conceito de bem público e serão inva-riavelmente de ordem e defesa social, diferindo em con-teúdo de qualquer tipo de organização. E importante res-saltar que a oportunidade e o direito ao esporte consti-

tuem-se efetivamente em bens públicos. Para propiciar àsociedade os bens públicos, o Estado emprega diversosme/ios, que variam conforme as >épocas, os povos, os cos-

tumes e as culturas.O Estado interátua com a sociedade através de fatos

políticos. As diversas correntes da teoria geral do Estadoestudam os fenômenos ou fatos políticos como fatos so-ciais e não como fatos históricos. Para entender-se o sen-tido dos fatos políticos, é Azambuja quem ainda acres-centa que a utilização do termo político relaciona o fatoao Estado e ao Governo, fazendo parte dele através deuma relação numa justa medida. Desse modo, os fatos,mesmo mantendo a sua natureza, tornam-se políticos, todavez que apresentarem interseções diretas com o Estado,,na abrangência do seu domínio e responsabilidade.

Outro aspecto fundamental para o entendimento dasrelações entre Estado, Sociedade e Esporte é a necessária

62

interdependência entre Estado e Nação, a qual se tornaessencial no aprofundamento da questão do esporte, prin-cipalmente quando é colocada na perspectiva de um Es-tado liberal desejável. A nação, entendida conceptualmen-te por Azambuja (1984) como distinta do Povo, é ex-plicada como um grupo de indivíduos unidos pela mesmaorigem, pelos interesses comuns e principalmente porideais e aspirações comuns.

Garcia-Pelayo (1977) justifica a ação do Estado nasociedade pela incapacidade das leis naturais para condu-zir a um equilíbrio social desejável, ao contrário levandosempre à irracionalidade. Para ele, somente o aprimora-mento de técnicas administrativas, econômicas, de pro-gramação de decisões, etc., pode neutralizar os efeitosdisfuncionais de um desenvolvimento econômico e socialnão controlado. Garcia-Pelayo acrescenta que o Estadonão pode limitar-se a assegurar as condições ambientaisde uma suposta ordem parcial iminente, nem a vigiar osdistúrbios de um mecanismo auto-regulado, devendo tor-nar-se o regulador decisivo do sistema social e apresentardisposições para o exercício de trabalho de estruturar asociedade através de medidas diretas ou indiretas. Fors-thoff (1975) reforça as posições de Garcia-Pelayo aomostrar que as funções do Estado estão confundidas comos processos sociais, não permitindo uma separação deEstado e sociedade.

Por sua vez Cazorla Prieto (1984), ao fundamentara relação Estado, Sociedade e Esporte parte das chama-das necessidades individuais. Entre essas necessidades en-

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contram-se as atividades esportivas, que devem receber

pelo menos condições mínimas, o que explica a presença

do Estado como protagonista e o crescente papel dos po-

deres públicos nas questões do esporte. Prieto propõe:

a) os poderes públicos têm que apoiar tanto econômica

como política e socialmente o esporte popular, como

valor que deve ser colocado à disposição e com fa-

cilidade a todos os cidadãos;

b) a educação física, como instrumento a serviço da

formação do homem e do desenvolvimento inte-

gral da personalidade humana, é outra das mani-

festações que integram com as atividades esporti-

vas, e que devem ser protegidas por todos os pon-

tos de vista, pelo Estado Contemporâneo;

c) o esporte de alta competição, por não apresentar,

em princípio, as mesmas virtudes que o esporte

popular, deve ser considerado um instrumento in-

direto de popularização do esporte, e por isto os

poderes públicos devem protegê-lo. Ao mesmo tem-

po, esse esporte de rendimento promove com fre-

qüência as representações esportivas nacionais, o

que impede que o Estado se desinteresse pelo seu

desenvolvimento e aperfeiçoamento;

d) o Estado deve abster-se da formulação de progra-

mas de fomento do esporte-espetáculo, pela pers-

pectiva inteiramente comercial do mesmo, devendo

apenas acompanhá-lo nos seus aspectos éticos, mo-

rais e políticos.

64

Para Noronha Feio (1978), à medida que os países

se desenvolvem e as grandes massas alcançam progressi-

vamente mais rendimento econômico per capita, humani-

zam-se os horários de trabalho, dando aos cidadãos mais

tempo livre, surgindo o esporte como um dos meios mais

importantes de ocupação útil. Esse novo estilo de vida

impõe, segundo aquele autor, a realização de complexas

estruturas materiais e a existência de quadros humanos

preparados, justificando assim a intensificação da inter-

venção do Estado neste novo âmbito do esporte, inclusive

formulando uma política adequada para essa nova situa-

ção. Feio ainda reconhece a importância dos educadores

e suas preparações para que possam atuar com eficácia

neste novo contexto.

Outro aspecto ponderável é que o Estado cada vez

mais se utiliza de seus recursos públicos para o investi-

mento no esporte, facilitando o seu desenvolvimento. Este

investimento estatal, sob diversas formas, desde o repasse

direto até o estabelecimento de incentivos fiscais, torna a

comunidade esportiva dependente da ideologia política ou

do tipo de governo, condicionando a ação governamental.

Cazorla Prieto (1979) colocou que o esporte não é

exclusivamente um problema da sociedade, em que o Es-

tado permaneça alheio. Ao contrário, cada vez é mais

uma prestação que os poderes públicos facilitam a seus

cidadãos. O Estado tem assumido uma cota crescente no

financiamento do esporte, em consonância com o alto

valor atribuído ao esporte na sociedade moderna. Nesta

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perspectiva, este autor analisou a atuação do Estado emrelação aos seguintes itens:

a) o esporte como instrumento de saúde física e men-tal;

b) o esporte-entretenimento, o esporte popular;

c) o esporte-espetáculo e profissional;

d) o esporte de alta competição;

e) o esporte-educação ou educação física.

No seu posicionamento quanto ao esporte como ins-trumento de saúde física e mental, após compreender queo sedentarismo e a inatividade física conduzidos peloprogresso urbano levam a uma sociedade hipocinética emque a proteção da saúde é a base essencial de todas asatividades do homem, que tem direito à garantia socialde proteção da sua saúde, defende o esporte como a formamais econômica da medicina social, o que já é inequivo^çamente reconhecido. Assim, o esporte, como meio im-portante profilático e terapêutico para enfrentar o dese-quilíbrio físico do homem moderno, mesmo àqueles queocupam na escala social um lugar modesto, passa a exigirdo Estado uma proteção constante na sua adoção comoum elemento a mais na sua política sanitária.

Quanto ao esporte popular, chamado por Prieto tam-bém de esporte-entretenimento, foi considerado como umadas realidades sociais e humanas mais importantes dasociedade moderna. Mesmo considerado como diversão, oesporte tem a possibilidade de causar o reencontro comvalores negados e prejudicados pelos obstáculos sociais

66

contemporâneos. Para esses incômodos do homem, o es-porte popular, na sua perspectiva de entretenimento ediversão, é um instrumento eficaz. Embora saindo dasestruturas clássicas da organização esportiva, o esportepopular teve uma grande proliferação neste final de sé-culo, tornando-se uma nova possibilidade para as grandesmultidões de pessoas desatendidas pelo elitismo do espor-te-performance. O papel do Estado na promoção social

do esporte popular, segundo Cazorla Prieto, seria a cons-trução de instalações mínimas para a prática esportiva,

deixando uma infraestrutura necessária que facilita, comodisse Cagigal (1979), a nível popular e espontâneo. Dessemodo, para esse autor, o Estado propiciaria meios paraatender o povo, na sua grave necessidade de movimento^

jogo e canalização de frustrações em que se encontra ohomem contemporâneo e de que o esporte espontâneo pode

servir de meio de erradicação.

No que diz respeito ao chamado esporte-espetáculo,profissional e/ou de alta competição, embora compreendaa necessidade de autofinanciamento, reconhecem-se as in*terseções de responsabilidade do Estado com as equipesnacionais. O campeão ou o recordista sempre pertencema um país, e é justamente o nacionalismo que conduz oapelo popular até o Estado, no sentido do oferecimentode subvenções ao esporte de alto rendimento, para pre-miar o prestígio atingido com o esporte, ou propiciarmeios de busca desse prestígio nacional através dos seuscampeões e recordistas. A verdade é que os Estados, deum modo geral, têm sido sensíveis ao apelo popular do

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esporte de alto nível. A justificativa do efeito-imitação doesporte de alto nível, repercutindo imediatamente na po-pularidade do esporte com a multiplicação do número departicipantes, tem explicado a colocação, de um interessenacional na ação do Estado em responsabilizar-se pelasdeficiências do esporte de alto rendimento.

Concluindo, a primeira Conferência Internacional deMinistros e Altos Funcionários responsáveis pela Educa-ção Física e Desportos, promovida pela UNESCO em1976, considerou consenso entre a maioria dos Estadosmembros que a cultura física e particularmente os es-portes são elementos fundamentais para a Educação per-manente dos povos, transferindo para os governos todaa responsabilidade das estratégias políticas e das coorde-nações intragovernamentais.

Referências Bibliográficas

1. AZAMBUJA, D. — Teoria Geral do Estado. Porto Alegre,23." edição, 1984.

2. CAGIGAL, J. M. — Cultura intelectual y cultura física.Buenos Aires: Kapelusz, 1979.

3. CAZORLA PRIETO, L. M. — Deporte y estado. Madrid:Editorial Labor, 1979.

4. Los poderes públicos ante ei deporte popular y ei deporteespetáculo. In Deporte Popular — Deporte de Elite — Ele-mentos para Ia reflexión. Valencia: Ajuntamento de Valen-tia, 1984.

5. FEIO, N. — Desporto e política —- ensaios para sua com-preensão. Lisboa: Compendium, 1978.

68

6. FORSTHOFF, E. — Estado de Ia Sociedad industrial. Ma-drid: Instituto de Estudos Políticos, 1975.

7. GARCIA PELAYO, M. — Lãs transformaciones dei Estado

contemporâneo. Madrid: Alianza Universidad, 1977.

8. GIDDINGS, F. H. — Principies de SocioZogie. Paris: Giard

et Biére, 1897.

9. UNESCO. Carta Internacional de Educação Física: Autor,

1978.

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VI - O Esporte Moderno e osEstados Contemporâneos

Os registros, segundo Cazorla Prieto (1979), da primeirainterferência efetiva do Estado com o fato esportivo foino século XVIII, quando Maria Tereza, durante o cha-mado despotismo ilustrado, com o Ratio Educations, em1790, introduziu na Hungria e Bohemia um controle pú-blico sobre a cultura física.

Prieto também mostra que o esporte moderno, assimentendido após a concepção de Thomas Arnold no século

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XIX, foi desde o início considerado como um valor sociale privado, justamente por ter surgido num período histó-rico em que a sociedade recebia forte influência da na-turalidade, onde o naturalismo era uma das manifesta-ções nítidas do liberalismo. Então, o esporte, envolvidopor uma naturalidade privada e regido por suas própriasregras, não admitia as interferências públicas. Desse modo,o esporte moderno, pode-se afirmar, surgiu na Inglaterra,com princípios de autogoverno, autodisciplinado, e comcaracterísticas de autonomia, sendo que muitos destes as-pectos permanecem até os dias atuais. Este quadro cir-cunstancial do esporte moderno nos seus primórdios jus-tifica-se também pela sua pouca solicitação econômicanesta primeira etapa liberal, podendo-se dizer que o es-porte constituía uma atividade social privada autofinan-ciada. Para Cazorla Prieto, nas regras da conjuntura li-beral da época, a coordenação econômica do esporte, prin-cipalmente pela reduzida dimensão financeira, permane-cia sob a responsabilidade das organizações sociais, naperspectiva liberalizante do equilíbrio natural. Até as

construções dos estádios, nesse período, eram de respon-

sabilidade da iniciativa privada, embora em períodos pos-

teriores, quando passaram á exigir mais investimentos,

ocorresse a colaboração financeira pública. Outra obser-

vação importante que explica a ausência do Estado nos

primeiros tempos do esporte institucionalizado era a poucasignificação que apresentava.

A partir dos anos trinta do século XX, quando surgi-ram os grandes agrupamentos esportivos, o autogoverno

72

que preponderava no esporte começou a ceder para umamaior participação do Estado. Foi neste período que oEstado sentiu necessidade de uma ordenação geral do es-porte, pelas implicações sociais, econômicas e políticas quecomeçava a apresentar. Daí em diante, a atenção do Es-tado ao esporte passou a ser crescente, chegando em algunscasos até à incorporação estatal de todos os assuntos doesporte. O exemplo mais doloroso de incorporação do es-porte pelo Estado, contrariando as bases do associacionis-mo esportivo lançado na Inglaterra, foi o do regime nazi-fascista da Alemanha e Itália na década de trinta, quandofizeram do esporte um meio estratégico para as suas am-bições políticas, totalitárias e também para a tentativade evidenciar uma suposta supremacia da raça ariana,através dos resultados dos Jogos Olímpicos de Berlim em1936. Felizmente, o resultado da Segunda Guerra Mun-dial surgiu também para apagar esse mau uso do esportepelos ditadores Hitler e Mussolini.

No mundo atual, faz-se necessária uma análise dos Es-tados socialistas e capitalistas em relação ao esporte, parao entendimento desta relação Estado-Esporte na contem-

poraneidade.

Quanto aos Estados socialistas, é curioso, como disseCazorla Prieto (1979), o fato de que logo após a revo-lução de 1917 os dirigentes soviéticos consideravam oesporte um passatempo eminentemente burguês, tentando,inclusive, erradicá-lo da prática na União Soviética. Mas,alguns anos depois, conforme explica Diem (1966), oesporte começou a reintegrar-se aos hábitos soviéticos

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graças a seus valores educativos. Semaschko, o primeirocomissário soviético para a saúde pública, criou o termoFizkultura, traduzido por Cultura Física, que não erautilizado pelos países capitalistas, passando as atividadesesportivas a fazer parte dos objetivos e diretrizes do par-tido comunista. A seguir, a educação física esportiva so-viética teve um grande impulso, embora o esporte dealta competição permanecesse rejeitado. Assim, segundoAdam (1979), o esporte começou a incorporar-se no idealrevolucionário-marxista, através dos preceitos educacio-nais soviéticos. Na etapa seguinte, o esporte, na perspec-tiva socialista, foi todo revisto e, por uma formulaçãomotivada pelo sentido agonístico contra o bloco ocidental,resultou no ingresso nas disputas esportivas internacio-nais, inclusive Olimpíadas, pelos países socialistas lide-rados pela União Soviética, com um suporte estatal vi-

goroso. Verifica-se que o esporte dirigido pelo Estadonos países socialistas passou por um inevitável processode politização, chegando a uma supremacia esportiva emresultados nas principais competições internacionais, con-

vertendo-se este fato num instrumental de propagandaideológica considerável.

Quanto aos países capitalistas, o Estado tem presençaefetiva principalmente nos vultosos investimentos, alémdas interferências eventuais no processo esportivo. CazorlaPrieto (1979) mostra que o investimento do Estado noesporte dos países capitalistas foi sempre crescente naBélgica, Holanda, Alemanha Ocidental, Espanha e outros.Segundo Noronha Feio (1978), a progressiva expansão

74

da luta de interesses subjacentes ao fenômeno esportivocriou bases para um intervencionismo neutralizador devocação estatal. Essa postura intervencionista nos paísescapitalistas tem-se exacerbado quando as questões políti-cas e ideológicas se fazem presentes, como foi o caso dasOlimpíadas de Moscou, onde as nações do Ocidente boico-taram a competição por determinação dos seus governos,desertando da mesma. Recorde-se que os países socialistas,nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 retribuíramesse boicote com uma nova ausência, também decididapelos seus poderes estatais.

Numa comparação entre a posição do Estado diante doesporte nos países socialistas e capitalistas, pode-se dizerque nos primeiros foi assumido como um instrumento re-volucionário com implicações internas e externas, enquan-to nos Estados ocidentais o esporte foi apoiado em algunspaíses mais e outros menos, na perspectiva do consumopara o chamado esporte de rendimento, e como questão deEstado, para o esporte popular, ou do tempo livre de tra-balho. No esporte de alto nível, um sintoma nítido destadiferença ocorre quando os Estados socialistas convertemseus atletas em funcionários, como servidores públicosdiretos, enquanto os Estados capitalistas resolvem osproblemas dos seus grandes atletas profissionalizando-os.

Ao relacionar-se o esporte moderno com os Estados con-temporâneos, é relevante colocar-se que o homem da atua-lidade, ao ser alijado de seu contato com a natureza eoutras necessidades de sua existência e, além disso, cons-ciente de que o esporte pode constituir um dos meios de

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resgate dessa situação perdida, cada vez mais tem exigidodos governos uma ação neste sentido. Assim, o esportecomo condução pessoal e atividade esportiva espontâneasomente tem obtido as condições necessárias para a suaprática quando os Estados têm apresentado uma posturade respeito, apoio, intervenção e absorção ao esforço co-munitário.

Por sua vez, Garcia Pelayo (1977) explica a atuaçãodo Estado contemporâneo no esporte como conseqüênciado complexo processo em que intervém fatores políticos,econômicos, sociais, técnicos, onde somente a ação estatalpor muitas vezes consegue a possibilidade de desenvolvi-mento e de decisões que neutralizem os efeitos disfuncio-nais de um crescimento sócio-econômico incontrolável.

A presença do Estado na sociedade atual está expressaatravés dos financiamentos, legislações ordinárias especí-ficas, existência de órgãos responsáveis pela formulaçãoe execução de uma política esportiva e da normalizaçãodas questões relativas ao esporte e até com a introduçãonas constituições das aspirações esportivas das sociedades,como foram os casos da República Democrática Alemã(1968), Bulgária (1971), Grécia (1975), China(1975), Cuba (1976), Portugal (1976), Albânia(1976), União Soviética (1977) e outros.

Como conclusão dessa revisão sobre a relação entre osEstados contemporâneos e o esporte, chega-se à convicçãode que o esporte deve ser uma questão de Estado, respei-tadas as circunstâncias políticas, as distinções culturais edemais fatores que diferenciam as diversas sociedades

76

atuais. No caso das sociedades ocidentais, baseadas emprincípios liberais, o associacionismo tem preponderadosobre um papel de apoio e normativo do Estado no esportede alta competição e, ao contrário, uma ação efetiva nochamado esporte popular. Entretanto, no chamado Ter-ceiro Mundo, inclusive no Brasil, mesmo o esporte derendimento nasceu equivocadamente sob a égide da res-ponsabilidade e tutela do Estado.

Referências Bibliográficas

1. ADAM, Y. — Lê Sport dans Ia vie dês Sovietiques. Moscou:Editions du Progrés, 1979.

2. CAZORLA PRIETO, L. M. — Deporte y Estado. Madrid:Editorial Labor, 1979.

3. DIEM, C. — História de los Deportes. Barcelona: Luís deCoralt, 1966.

4. GARCIA-PELAYO, M. — Lãs transformacion.es dei Estadocontemporâneo. Madrid: Alianza Universidad, 1977.

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Treinamento Desportivo15. As Qualidades Físicas na

Educação Física e Desportos16. Teoria Organizacional da

Educação Física e Desportos

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Carlos CattonyJ. M. GonçalvesV. Murça ViottoRuth Sandoval Marcondese outrosRuth Sandoval Marcondese outros

M. J. Gomes Tubino

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J. M. Capinussú

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17. Planejamento e Avaliação doEnsino

18. Em Busca de uma TécnicaEducacional para Escolas deEducação Física

19. O Sentido da Arte20. Os Exercícios Físicos na

História e na Arte21. Ginástica Rítmica Desportiva22. O Cidadão e o Civismo23. Curso Avançado de Psiquiatria24. Educação Nutricional

25. Curso de Secretariado Moderno:(Prática Comercial e Bancária)

26. Jornalismo — DicionárioEnciclopédico

27. Jornal — História e Técnica28. Terminologia Aplicada à

Educação Física29. Planejamento Macro em

Educação Física30. Prática da Educação Física no

1.° Grau:Modelo de Reprodução ouPerspectiva de Transformação?

31. Esporte Para Todos:Um Discurso Ideológico

32. Comunicação e Expressão33. Competições Desportivas —

Organização e Esquemas

P. D. Lafourcade

M. J. Gomes TubinoHerbert Read

Jayr Jordão RamosEstet de A. VieiraVáriosDarcy de M. UchôaDenise Giacomo Mottae Maria F F. Boog

Luiza Chaibub

J. Nabantino RamosJuarez Bahia

M. J. Gomes Tubino

J. M. Capinussú

Vera . Lúcia M. Gosta

Katia Brandão CavalcantiHeraldo M. Vianna

J. M. Capinussú

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Impresso na «ditara gráfica Hdm.

O esporte, como entidademultifuncional que compreendeinúmeras riquezas e aspectos davida humana e da sociedade e,neste final de século XX,entendido como bem cultural, temmerecido inúmeras importantesconcepções, muitas das quaisserviram de referência paraesta obra.

O Prof. Manoel José Gomes Tubino,como Presidente do ConselhoNacional de Desportos, sentiu anecessidade de oferecer àcomunidade esportiva brasileiraa possibilidade de estimular estanova discussão sobre o esporte.

>-£,. aproveitando seu espíritode investigador e seu compromissode intelectual, nos ofereceatravés de sua Teoria Geral doEsporte a oportunidade de umagrande reflexão sobreo fato esportivo.